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BRITTO, Luiz Percival Leme. Leitores de Quê. Leitores para Quê.

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Luiz Percival Leme Britto Cc pulo do gato QD suotenaso {nO REVES DO AVESSO —LEITURA F FORMAGAO. ‘© edigéo brasileira: Editora Pulo do Gato, 2015 (© Luiz Percival Leme ‘COORDENAGKO PULO DO GATO Marcia Leite e Leonardo Chianca pinrcko eprroniat Mércia Leite Ko Claudia Maietta To GRArico Mayumi Okuyama DIAGRAMAGKO Miguel Est@vio rupaessio Arvato Bertelsmann A cdo deste liv respeitou 0 novo ‘Acordo Ortogréfico da Lingua Portuguesa. 10 We eters doy ¥ediko * novembro «2015 Todor os dicts desta edigho reservados & Editor Pulo do Gato, Bulo do gato Ru Genera Jardin, con 22 So Mula SB * a ‘rmediorapuodogstacombr- gatlcueda@edospulodognacombe Sumario 60 4 84 10. £ 126 Pelo avesso, pelo direito e por um terceiro lado por Fabiola Farias Prefacio | O mal-estar na leitura Aarte de ler, a arte de viver A liberdade, a autonomia, a critica e a criatividade na formacio do leitor As razGes do dircito a literatura Leitores de qué? Leitores para qué? Promogio da leitura e cidadania A quinta historia e as outras — Sobre leitura € construcao de sentidos O leque do I Ching — Sobre os limites de leitura € interpretacao Maximas impertinentes SOBRE 0 AUTOR Leitores de qué? Leitores para qué?” Este texto incorpora dois outros; a primeira parte corresponde. na esséncia, ao artigo publicado na Revista Aprendizagem, Curitiba, 01 dez 2008, com o titulo Leitores de qué? Leitores pra qué?" a seBund Par resulta da conferéncia Lara yeoocmiet en a urivsidad insteda «em Bogots, Colombia, no Simposio Internacional Cultura Academica P Prdcticas de Lectura y Escritura en la Universidad: Entree ala Y i lerminaciones polticas, em 11 de outubro de 2010 enho insistentemente, a0 dissertar sobre questOes de formagio do leitor € as raz0es do ensino ¢ da promocio da leitura, chamado a atengio para duas concepsbes que, nao obstante serem muito repercutidas tanto por formadores gerais de opinio — como a midia — como por lideranca pedagogicas, sao equivocadas ¢ tem refle- xos bastante negativos na agéo ‘educativa ¢ na promo~ gio da cultura, Uma € a visio catastrofico-denuncista de que esta € uma nacdo de nao leitores ¢ portanto, ‘uma nagdo com uma populacso pobre cultural ¢ inte- lectualmente; a segunda, que anda de méos dadas com a primeira, divulga e repercute com insistenc’s 2 ideia de leitura salvacionista —leitura compreendida como ilizador e edificante. ‘calcadas no senso comum € tomadas a priori, desprezam @ realidade objetiva do que seja e como funciona Jeitura na sociedade contemporanea. Assim, no que ange a ideia de que © Brasil € um pais de nao leitores: se entendemos Por leitor aquele que usa a leitura € 4 escrita para participar um bem em si Estas duas concepsoes, | econdmica, politica ¢ cultural um modelo abstrato ¢ idealizas” ato ¢ idealiz ado detetor como sujeito culto € curioso de cultura a tece anunciada ndo se sustenta: todos 05 indicadore de alfabetismo demonstram que a porcentagem = analfabetos apresenta Curva descendente em todo 9 seculo XX, sendo que, na virada do século XX para o XXI, a redugdo passou a ocorrer também em néimeros absolutos; ademais, nos anos noventa, o Brasil aleancou 4 universalizacao do ensino fundamental; nos tltimos inte anos, o nimero de matriculas na educacio superior mais que quadruplicou. De fato, o alfabetismo (entenda-se a capacidade de ler e a realizacao de multiplas tarefas sociais mediadas pelo uso da escrita) tem se expandido nas sociedades modernas de forma constante, lenta ¢ desigual. Alceu Ferraro, em estudo sobre analfabetismo no Brasil, observa que “hd um movimento de queda do analfabetismo absolutamente lento e gradual, 0 que sugere tratar-se de fenémeno que tem seu curso priprio,imune,no ca brasileiro, a interferéncia leterminacGes legais, de planos, de campanhas ¢ ne de discursos contra 0 analfabetismo” leno gota modelo de organizacao do capita ‘© modo como se fazem a product? 1 FERRARO, , Alceu. In: RIBI sil So Paulo: Global, 2008; p: a Vera Masagao. Leramento no Brest . eansnapec ee eta es mhecimento tecnolé- gico (mesmo que apenas no nivel prético operaiona, que se comuniquem com razoavel desenvoltura em am- pientes puiblicos, que possam encontrar solucdes sufi- ientes para problemas imediatos no Ambito da gestao produtiva, que, no Ambito da normatividade funcional, avaliem suas aG6es € reajustem seus comportamentos conforme as circunstancias. individuo contempordneo, portanto, para sua in- ono mundo do trabalho reorganizado nas novas bases produtivas, bem como no correspondente uni- verso do consumo, tem de possuir dois atributos fur damentais: competitividade e empregabilidade — 0 que implica um nivel basico de alfabetismo Esse nivel seria, conforme o Indicador de Alfabetismo Funcional — Inaf, aquele em que as pessoas. mesmo demonstrando limitagdes em operacoes complexas de Jeitura-escrita e uso da mat Atica, lem e compreen= dem textos de extensdo mediana, ocalizam informacoes plicitas (supoem peauenss infe- dos milhes, resolve de operacoes € tem serca nao imediatamente ex] réncias), lem ntimeros na cas problemas com sequencia simples nogéo de proporcionalidade” aul Montenegro: Disponivel amas/inaf/elatoriosi™ 13 nov. 2015: 2 Inaf — Instituto Pé ipm.org.br/pt-br/pros" defaultaspr>. Acess0 er 64 Ainda segundo 0 indicador 75% da populago aay brasileira encontram-se neste nivel ou acima det 27 restantes sio analfabetos plenos ou analfabey, funcionais, apresentando uma capacidade de leas -escita € matematic insuficente para uma eftiva pr ticipagio na vida moderna). Importa observar que, ny série historica compreendendo um periodo de dez an, (2001-02/2011-12), 0 nivel de alfabetismo bésico puloy de 54% para 47% da populacio adulta, demonstragio cabal da necessidade de certa capacidade de leitura para a insercao apropriada na vida produtiva, De fato, 0 trato com as coisas domésticas, os cuida- dos consigo, o lazer € 0 entretenimento, as instrucées de fazer coisas, as obrigagées ptiblicas, o deslocamento urbano, as tarefas do trabalho, o comércio diario, a parti- cipagao em instancias de sociabilidade (igreja, associacio, clubes) — tudo isso € mediado, em diferentes niveis de complexidade, por ordenagdes escritas cuja compreensdo correspondem ao chamado nivel bésico ou, para ficar com a expresso que venho usando sistematicamente, © nivel pragmatico de alfabetismo? Como, com evidéncias como essas, continuar a sus~ tentar que este é um pais de nao leitores? $6 mesmo tendo por leitor um perfil muito especifico, isto é, “al guém que tenha 0 hdbito de ler, hdbito gratuito, quase 5 BRITTO, Luz Percival me. Escola, Ensino de Lingua, Letramento © Conhecmento Caidescpa, So Leopoldo, v. 5, n 1, jan/abr 2007 P:24-5° sempre igado a curiosidade intelectual ou a0 tipo su- peor de entretenimentoe de reflexio¢, cima de tao, fim comportamento individual: (Que seria ser leitor? & uma pergunta que efetivamente nao se responde — € i880 porque simplesmente nao hi endo uma vaga ideia de leitor como alguém que ests sempre com um livro 4 mo, qualquer que seja (ou

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