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1 Alexandre Alves Costa - Álvaro Siza - 1990

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{62 | CANDIDATURAS AOS PREMIOS UIA 2005 | PREMIO JEAN TSCHUMI | Alvaro Siza ALVARO SIZA, IMPRENSA NACIONAL, EDITIONS DO CENTRE GEORGES POMPIDOU, 1990 COMEGANDO PELO PRINCIPIO Sem um pais real, numa espécie de Disneylndia qualquer, sem escdndalos, nem suici- dios, nem verdadeios problemas, Alvaro Siza tinha quinze anos quando em 1948, —_“Pskanslsemtach se realizou 0 1 Congresso Nacional de Arquitectura. eae © Congresso, tomando um rumo diferente daquele que as esferas oficiaisdese- arp sve abn javam, transformou-se em marco de um novo periodo da arquitectura moderna em —_pubeagies Dam Portugal ao afirmar,nas suas conclusdes, que @ Arquitectura se deve exprimir numa Quvte.88 linguagem internacional rejeitando as normas do nacionalismo arquitecténico. De facto,o sistema tinha chegado a uma tal perfeigdo que no parecia possivel contra- por uma outra imagem dquela que o regime tao impune mas tao habilmente propunha Sem que essa imagem (ndo apenas ideol6gica, mas cultural) aparecesse como sacrilega contestacdo da verdade portuguesa por ele restituida a sua esséncia e esplendor’ ‘Mas, com o findar dos anos 40, uma embora escassa grande burguesia sentia ‘orcas para impor uma politica de foriento e industrializagao. A agudizac3o das con- ‘radigGes dentro da classe dominante vird a marcar um certo dinamismo no interior de ur regime que acabara condenado pela sua propria rigidez. Por outro lado, fervor nacionalista eo sentimento patriético eram desmascarados, na teoria ena pratica, subordinados a uma nova e revolucionaria concepg3o da Historia que no deixava grande margem para uma identificacao sentimental com nenhuma forma de nacionalismo, O triunfo snacionalista» de Franco, lusitanismo agressivo dos idedlogos mais actives do regime de Salazar souberam utilizar com inegdvel habilidade o recurso 4 mitologia patriético-clerical mais estafada mas ndo de todo exausta, opondo ao «internacionalismo marxista» uma resisténcia de todos os instantes? Pouco a pouce, o internacionalismo, que era na sua pratica cultural reflexo quase automitico do alinhamento ou exaltagao de situagdes estranhas ou no minimo exteriores a nossa ALEXANDRE ALVES COSTA | ALVARO SIZA | 63 realidade, nacionaliza-se por seu turno, mantendo a sua expresso na arquitectura que, ambiguamente encarada por todos como factor de progresso e deserwolvi- mento, se afasta formalmente de outras manifestagdes culturais neorealistas. Na arquitectura, os cainhos para um novo realismo ou de «aspira¢ao a rea- lidade» nao terdo origem nas fileiras nem na linha de pensamento da ortodoxia oposicionista. Os autores que os percorreram foram intervindo quase sempre fora das estruturas tradicionais,fundamentalmente através da pratica disciplinar e da reflexdo permanente sobre o seu significado em relacao a realidade portuguesa E interessante notar como, afastando-se do populismo, souberam utilizar a ima- ginacao como espaco privilegiado de uma liberdade tolerada, s6 aparentemente separada da razdo, mas seguramente em ruptura com 0 ressequido racionalismo de mera configuracao formal e formalista, exercicio rotineito de uma pratica incapaz de descolar do ja visto, sabido e pensado, ausente de qualquer proposicao transfor- madora. £ assim, margem mas paralelamente ao vasto movimento neorealista, que se desenvolve 0 pensamento e a obra de Fernando Tavora, fonte de onde decorrem a primeiras «razdes» na formacdo de Alvaro Siza. ‘Se em 1948, 0 Congresso de Arquitectura exprimiu dominantemente um pro- grama de coesao antifascista, conseguida na circunstancia a partir da existéncia de uma frente unitaria moderna, reclamou também, ao defender as teses dos ciats,0s reajustamentos necessérios face ao processo de desenvolvimento das forcas produ- tivas,ou melhor, antecipou-se a este com os olhos postos no exemplo espectacular da reconstrucdo europela do pés-guerra. A linguagem internacional que reivindicou, com tudo 0 que isso implicava de posigao social e ética, era uma prematura raciona- lizagao que as estruturas do poder vao recusar ainda, mas que vird a sera bandeira 64 | CANDIDATURAS AOS PREMIOS UIA 2005 | PREMIO JEAN TSCHUM! dos reformadores do regime anos mais tarde. So as ilusdes reformistas do movi- mento moderno que, embora tardias, aparecem em condicdes politicas especiais eivadas de revolucionarismo, No entanto, no momento em que sao criadas condicoes mais favordveis para que esta geraco intermédia ponha em pratica os seus princi- pios, construindo ou urbanizando, estao ultrapassadas as incertezas e equivocos que impediam uma renovacao dos seus meios de expresso. 0 International Style, que defendem e praticam através sobretudo dos modelos da obra de Le Corbusier, media- dos pelos seus seguidores brasileiros, reduzidos em breve a uma auténtica arquitec- tura da burocracia, torna clara a necessidade de uma mudanca de caminho. Em 1947, Tavora tinha dado o alarme: Tudo hd que refazer, comecando pelo prin-

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