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SEIVA Ano III n10 Out1941

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Sergio Jitu
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Re PAARL ABINO, RIBEIRO & CIA. CASA FUNDADA EM 1885 § proprietarios da Usina “CARAHYBAS", de fabricar assucar, no Municipio de §: F Amaro. — Exportadores de assucar, algodao, sal e cereais. cabos, oleos, cimento, enxadas, etc. Maquinas para % Armazem de ferragens, tintas, ms vina ss lavoura. Materiais para industria. Artigos de eletricidade. Louga sanitaria ‘ % e domestica. Comissarios de xarque. Agentes Representantes A. & W. SMITH & CO. LTD, GLASGOW. | Sa. rriconirico aNcLo. sho PAULO THE GEO. L. SQUIER MFG. CO. BUFALO. N.Y. || MARTINS JORGE & CIA.. PARA. E DE OUTRAS IMPORTANTES FIRMAS DO PAIZ Av. Baréo do Rio Branco, 346-360 CAIXA POSTAL, 9 — END. TELEG. “AURELAN” ARACGCA)JU Bel. Carlos Alberto | Costa Pinto Rua Alvaro Aivim, 33/37- Ed. REX | 5.0 andar - Sala 508 RUA CHILE N- 14 BAHIA Tefegrama CASALBERTO Telefone 5298 RIO DE JANEIRO Procuratorias e Advocacia em geral | ' Acta procuacao para trian, enca- | minhar e resoiver qualquer negocio | na Capital da Repablica { Registro de diplomas, patentes, direitos 4 autorais, montepios, pensdes, recebi- mentos, regisro de professores | no D. N. etc, LARGA PRATICA E | ABSOLUTA CONFIANCA. ( { | 4 Secc&o Especial de Casemiras, Brins, Gravatas, Meias, e Artigos para Homens, Correspondente neste Estedo 4 A COSTA PINTO FILHO S. Pedro, 51 — Tel. 4488 —————— ) FILIAL EM ILHEUS I | RUA D. PEDRO IT, 111 © 113 | EME ENCE REAM MERE CAMEL CAMINHOES Git NEC. e BLITZ Magalhaes & Cia Rutomoveis E fccessorios Oficinas -- Rua Uruguai, 47 -- Fone 8-104 venida 7 n." 158 - Mercés | -- FONE 3016 sec JAPAIO -:- Cidade do Salvador-- BAHIA NCEE CE CAE EAE e 8 g ® . ' ‘ll at ADQUIRIR UM PRESENTE ELEGANTE PARA DEVERES SOCIAIS QU COMERCIAIS ADQUIRIR UM PRESENTE UTIL PARA A SUA ESPOSA ADQUIRIR UM PRESENTE EDUCATIVO PARA OS SEUS FILHOS, NETOS ou Ao eer Sol America Capitalizacao S. A. H Encontrareis O Presente Que O Tempo Nao " _ Sonsome E Aumenta De V slor Cada Ano ee ee a SEIVA uma estrangeird eri luta con* eter et at te eae > talvez forjado pelos Estados Unidos. S QUE SE RELACIONAM COM OU- FATOS QUE STROS FATOS Estando as coisas nesta situacio, perde- se completamente a possibilidade de um am- plo ¢ acertado raciocinio. Quando os servicos de inteligencia interceptam documentos, so- mente eles 6 que sabem se sto ou nao sao’ ver- dadeiros. A opiniao publica, tendo conheci- mento de que os agentes secretos as vezes for- jam missivas assim, para atingir fins espe- ciais, nunca podera se encontrar em condi- ces de averiguar a autenticidade de tais pa- peis. No entanto, quando alguma coisa acon- teve, entre dois ou mais paizes, € evidente que deve haver, na verdade, motivos para isso. Evesta € a unica base que leva a opinizo pu- bliea a fer a certesa de que aguilo que ocorreu entre La Paz e Berlim teve como principal fundamento as jazidas de volframite da pro- pria Bolivia. E’ que s6 de volframite se falou. Os comentarios foram especialmente sobre esse minerio. © resto todo foi suplementar. Isto aconteceu em todos os setores. Tanto nas notas de chancelarias, como nos comentarios da imprensa. Seja nacional ou seja estran- ra A’ MARGEM DO INCIDENTE BOLIVIANO- * ALEMAO SURGEM OUTROS INCI- DENTES. A’ margem do incidente boliviano-alemao, outras aluses surgiram. Houve prdpalacio de levante no Chile por parte de simpatisan- tes da causa alema. Houve tambem na Co- Jombia onde, segundo “La Nacion”, foi desco- berto um “complot” subversive no exercito, sendo presas cerca, de 200 pessoas, entre as Guais se encontram subditos alemaes. Houve ainda apreensées de aparelhos de radio trans. missor de alta potencia e de mala diplomati ea de autoridades alemies na Argentina. Mas, ‘g.mais importante é a alusio de que o episo dio entre o Equador e o Peri tambem resul- tou de manobras que ou sio alemies, tenden= do a perturbar a harmonia reinante’ entre as nacdes americanas, ou sio estadunidenses, fom o objetivo de estimular os ressentimen, tos contra os paizes totalitarios. Ou sio. dos ois a0 mesmo tempo. De. positive, porem nada velu ainda totalmente a tona. A nao ser informacao, dada. pelas ae hatte de 80.000 homens. Para facilitar a sua (arg. fa, 0 Japio realisa campanhas de propacat. da enire os indigenas, mascaradas com » fan. deira de “irmandade racial” entre indios © js. poneses, de “odio ao branco” € a salvacio qua um governo paternal do Mikado traria {ue explorados descendentes dos ineas. A colons japonesa presenteou 4 Cidade de Lima — yn Sente extremamente simbolico — uma ea.” tua do fundador do imperio Tneaico, Mansy Capac, e fez uma profusa ediedo de tim lini. “Manko Kapak foi japones”, escrito por isi obseuro jornalista, Francisco A. Loayza, ss nhecido agente dos interesses japoneses. ‘4, mesmo tempo oferece aos jovens indizens. catequisades, uma viagem a0 Japio © ving educac&o que os converta em futuros “chefes" de seus povos, sob a inspeedo paternal — cs. ta claro — dos “gauleiter” nipoes. Por outso lado, 0s servicos de espionagem deste “exer, cito seereto” funcionam habilmente Por uma rara coincidencia, todos os donos de cantinas dos quarteis pertanos sio de nacionalidade Japonesa, Em Lima, pode-se assinalar con. eretamente os do quartel San Martin, da ar- tilharia da Madalena e do Mariscal Caceres" As coisas estao bastantes claras. No entanto, © Pera classificou de ridicula aquela afirma. tiva do governo equatoriano, embora nao des- mentisse, nem nessa época, nem depois, a no- ticia divulgada pelo “Time”, de Nova York, dizendo que estava provado que o Japio ihe havia, oferecido 5.000 reservistas treinados Para atacar o Equador. Alids, segundo se afir~ ma, isto € inteiramente possivel. Diz-se mes- mo que o numero de japoneses no Pera é m to grande. As estimativas semi-oficiais va- riam entre 40.000 e 60.000. Porém, tudo in- dica, auc 6 possivel que sejam muito mais E ainda que uma grande parte sejam calei- lados como “peruanos” por haverem pe sua naturalisacto. Diz-se que isto se deu por determinacdo de ordem economica e politica MAS AS NOSSAS ESPERANCAS VAO MAIS ,LONGE Esperamos, no entanto, que a cfervecen- cia diplomatiea, financeira e militar, no. se- tor norte da America do Sul, logo se dissipe Nao podemos viver em estado de_intrangui lidade, Fala-se que os Estados Unidos querem nos salvar do perigo nazista. Fala-se tambet que o Reich quer nos salvar do perigo da po litiea de “boa visinhanea”. Mas, que salvaci? sera esta? Nao sera que as verdadeiras inte g0es dos salvadores que tio generosamente * nos oferecem, esto escondidas? No sabio folk- lore nacional existe um dito muito significt tivo: “pobre quando ve esmola grande des: ”... 0 nosso 6 nosso. No pode ser male de ninguem. Tambem s6 pode ser defend? 6 Por isso, agora todos 0s Pe Vos americanos de coracao bem formade, A sejam, sinceramente, que nenhuma outta Mu vem apareca nos horizontes do nosso hems ferio, Aqui s6 se quer harmonia. Aq deseja paz, Aqui s6 se aspira progres A isto tudo ainda podemos acrese incomum progresso des. operacoes comer: ciais do Janao. De 1983 a 1996 este pelt BRS Sou a adquirir no Pert de 39, de sua prods: sto a 11%, 09 ultimos anos tem verti mente aumentado essa poreentagem | BEE Rees esac e ceases, SEIVA - tradigées entre os Estados Us As corner mao, poderao desaparecet te en ng ml = sols Sea it re wate etait ene cca te aria © ea Soa na a te, Sonar. cites ls ma Sate ie eZ cs tipico do que afirmamos. Antes, isto ihe garan- is dos © a fem formidavel. Em virtude da distancia ‘re Set nae Sa, ee fontes de materia prima flcavam livres. des sot. Bair cnslderael 0 Imenso Imperio Brite tancln obrign, no confit aunt as teers els aber dashes faser face nos acontecimentas, ‘see Aido, que @ unidade do Imper td ue este divida a das para bor ou- uma expanse Mustralia “Nova-zelandg uma expanse. Taponest mo Bodo, w Inglaterra nde ports goo Smperio colonial. Pot i! “ parte do mesmo a ‘wank tina rande esse modo, fender sozinha ose, Drefere dar tm Questdes De Politica tnternaciony potencia, ¢ com auxilio desta defender o resto gy Inimigo mais perigoso. E a Inglaterra fol orcas assim a aceltar a condigio de “cacula da fama anglo-saxonfea". Nao teve outra saida. © Walt Street soube aproveitar a oportunidade para tire suas vantagens e eliminar certas “diferencay= Nao reste duvida que 0 senhor Roosevelt tein sq. bido disfarcar muito bem todo o verdadeiro se tido da sua politica de colaboracio anglo-ame cana. Mas, 0 certo é que toda esta “amizades (com a concessiio de bases por 90 anos) nio deye enganar @ ninguem. A chamada unio angio. americana deverd, em todo caso, continuar ainda por algum tempo: enquanto for uma necessidade vital para os interesses da Gri-Bretanha. En. tretanto, existem certas contradicées rieanos, 0 Canada, e tantos outros que neniuma unifio poder resolver. Todas estas contradicées continuam a existir, embora tenham no momento, passado provisoriamente para um plano secunda. rio. 2° — As grandes sociedades anonimas e 9 estado corporativo italiano ‘Tem sido enorme 0 esforgo dos lderes fascis- tas afim de apresentarem 0 estado corporativo como uma forma especial de organizacéo politt- ca, destinada a realizar uma perfeita distribui- Go da riqueza. Em outras palavras isso quer di- zer: um estado ideal que, colocando-se por cima, num plano superior 8 classes, passa a ser um perfeito instrumento de justica social. Mas a ex- perlencia nos mostra que a Tealidade & bem ou- tra. Uma ligeira analise nos esclarecera sobre 0 carater do chamado estado corporativo, isto é 0 seu verdadeiro conteudo economico. 5’ um panto importante e que devemos assinalar, afim de se ter uma compreensio perfelta do fenomeno Mu- ssolinl. E° ainda importante para se por as clarss todo 0 seu complicado sistema de demagogia. 1st0 precisa estar bem nitido para evitar 0 risco de certas afirmagées, como aquela que sempre vemos de que “0 fascismo reatiza por metocos viole miultas aspiragées justas do povo”. Nada mals falso e incoerente. 'F, para se evidenciar isso © mo tambem as insinuagdes anti-imperialistas €&s lideres fascistas — quando procura guerra atual —, nada melhor do que cicar 8 dados fornecides por uma conhecida publica oficial italiana: “O ANUARIO. DAS SOCIEDA: DES ANONIMAS®. Assim, ser facil ver até a Ponto o estado corporativo realiza a fusio do BS tado com os consorcios baricarios, em benefiei os grandes ‘monopalios ea ‘eusta, do empobre mento cada vez maior do. povo italiano. Vela entio, quem so as verdadeiras dirigentes do ct mado’ estado. corporativo Nas 128 empresas bancarias ¢ industrials mal importantes da Talla, que representam um cil tal de 23.000 milhoes’ de liras metade o justiti S tisto ¢ capital das sociedades anonimas italianas), Fam como co-proprietarios ¢ diretores: ay berto Beneduce — administrador de 14 Presas com um capital de 6.000 milhoes, ent Quals figuram cinco onganizagdes monopolist auetigh Saber: © “stitute de: Reco rial", o “Institute Mobiliario”, 0 {ie ,Subvencdes”, dois consorcies de credito, PAP Wrabalhos publicos, sete companhias de eletticlt {is (com umm capital de 4.140 milhes) nhia ferroviaria © grande (uste Montecatini ete A marcha dos Estados Unicios Se aeentuiando de dia para ‘ain, “pet! fonsideré-Io ‘como ‘um’ pais beigeeess? Brande tem sido a sua participacio noe we? acontecimentos. 1850 explica porque: seats in lagrante contraste com os habitos ono ies 2, Pove americano, como e promulgacto “primelro da lei do servico militar’ obrigatcae ® depois do estado de emergencia nacio, mirth te~ “ham cauisado quasi nenhuma agitacso entme coe tas elroulos politicos. Naturalmente, teins duo ta er exeecio para um pequeno grupo stesses on es: € 0 erupo dos “isolacionisins”, constituiae y dos setores mais retrogrados de Well feaso entfo Lindbergh e 0 j4 connect. = Mas, f6ra desse, todos os demais par. influenciados por Wall sirect tom Ge acdrdo com a politica do sr. Roosevelt, todos estiio de acérdo que os Estados Uni intervenham na guerra. Nesse calninho esta ‘se orientando a Nacio America- ta, contando, nfo obstante, com @ oposi¢dio dos setores mais pro- “gressistas do povo americano, Pos- Sivelmente, uma das causas que tm determinado esta marcha para @ guerra é a defesa do pa- ari ouro. Nos Estados Unidos se coneentram, hoje, 80> ou mais Dara a guerra ‘uro tepresenta uma possibilidade | de controle de toda 2 economia do intercambio co- |. Desa maneira, no caso um triunfo nazista, o ouro acu- hos Estados’ Unidos po- ‘feria tornar-se inutil e sem ne- valor. Nao ha duvida que significaria uma catastrofe ‘¥en precedente para os banqueiro, ce o valor desse ouro eons- | title, pots, uma “razio” bastante forte para empenhar a vida de mites de homens americanos, ntma Kita que Ih se exiende poe aaa tro continentes.. © parese gic para ise oye hor, WallStreet, Ja, comooa ¢ Imobilizar ‘ino 00 povo lanqul,” mas tas todo. Hremistetio octaental re nelusio que nao & propriamente conclusig © PPA Esti af una serie de fatos que nos esclare- cem mutta coisa da sltungto. Intemclosel we Acérdo com os mesmos & que devemos nie ob jae Sar 0 seu sentido, como tambem paular saga conduta, Tsso deve ser felto nao de uma mance ogmatica e pasada, mas encarando ar acomers Mentos em seu constante desenvotvimenton “tae mando atitudes de acdrdo com um’ determinggs momento ¢ elreunstancias E 6 0 unico caminho seguir. Seguico, ¢ isso atirmamos sem medo de errar, é a grande inlesto que fol destinada & nossa gerncio, que vive tan dos momentos mais difieels ‘da historia. Hoje te: mos, antes de mais nada, de contintnt a lita inc iad pelas geragdes qué nos precederam. Fol o ue fizeram todos aquetes que vi- veram a primelra guerra mundial ©, som se delxarem turvat pelo odio levantado entre of poves pelo _Sateresse de uma pepena anino- tia, olharam-na eom espirito pro- fundamente humano. Polo que fez um Barbusse, ‘un Romain Rolland, um Remargue e muitos outros, irasformando a experien= cia dolorosa que sentiam na. pro- pria eame numa grande lieao de confratemisaeto universal. Pode- tos hoje avallar quanto nos fol hecessaria uti essa ledo. Temos Thoje uma experiencia. acumulada due. vem de. geragées._ Sabenios, iguatmente, que apezar de ter so enorme o esforco deles, ainda res= ta tuma grande obra’ a. realizar Mas, com sso 10 se pode sentir desfaleeimento, Epreclso que 0s onvengamos de nossa missGo de esclarecer. Pensemes ‘bem nisto: Somos os herdelros esses gran= des. fithos da. humanidade’ que, como nds, sabiam que toda a e~ hergia do tramem pode e deve ser dirigiéa num unteo sentido: @ do- minagdo das foreas da natures para ‘uma yerdadetra tlleldade. © JAPAO DESEJA PESCAR NUM RIO REVOLTO Tait Sitaedo do Japdo é atuaimente triste. Tao Wiste quanto a da Italia de Mussoiini geet: Muairo anos de tuias 0 vincidente” com a C) PAs continia imsoluvet e sem perspectivas de s0~ p ftsfo. Sua crise economica agrava-se, colocan- Bo numa situagdo sem saida, que transparece Matteemuranca e nos sig-zags de sua politica ex- pier. Alguem 4d comparou a situazdo das di- FBtiras nazistas com a do ciclista: quando. para, erat {880 0 Japdo tomou a iniciativa de pron alguem. E esse alguem foi a colonia mente Am iareo.economico. do emalo. de. Hite Pio revolto E BANGUE: Elementos Da Paisayem Rural Do Nordeste A area assucareira do Nor- deste possue na sua paisagem dois elementos distintos e- mesmo antagonicos pelo es- pitito, creados por cireunstan- clas especiais da tecnica de producao: o bangué e a usina. Todos quanto nascem na re- gifio da cana de assucar sa- hemos distinguir perfeitamen- fe essas duas forcas elemen- fares da vida rural de incon- fundiveis caracteristicas eco- nomicas, sociais e humanas. © bangué — a primitiva fa- brica de acucar — é um tra- 0, quasi_a apagar-se, do nos- So passado agrario. A civili- zacio brasileira é sabido que. foi plantada 4 sombra da pri- meira casa-grande de enge- nbo que se levantou no pais pela mao do colonizador au- Gacioso, atraz de fortuna ou de aventura, A nossa histo- tla, nao a dos acontecimen- tos solenes, proprios para co- memoraces e estilo precioso, mas a dos fatos palpitantes € profundos da vida social — & nossa historia escorre ao longo da historia do bangué. Toda a engrenagem do re- gimem patriareal foi montada Ro engenho do tempo da colo- nia, assentadas as suas bases na escravidao e no latifundio. © homem — o negro cativo — foi de inicio o braco indis- Densavel para _movimentar esse apnrelho economico, A tera fertil e béa, de facil conquista. Até certa epoca o acucar bruto foi tudo na vida do nor- le. Media-se a riqueza das Yeioes pela potencia de sua Produedo. E os homens, co- MO aS varzeas, valiam’ em faneao do canavial: 9 senhor @o engenho era o todo pode~ Toso que fazia e desfazia, ma- Bobrando 4 vontade com os individuos © com as coisas. Depots veio a usina, e oape- tite do industrialismo sem en. franhas comecou'a comer aus 08 as terras dos bans 3 com uma fome canina. ‘© grande senhor de onten fol reduzido no seu poderio, WALDEMAR em relagéo com 0 novo rico. Murchou a sua influencia. Deante do usineiro baixou a grimpa, As maquinas hoje nao so mais aquelas, simples ¢ indolentes, que chupavam cana e botavam no mato para, secar ao sol, um bagaco ainda humido. Vieram ~ maquinas poderosas, que tiram da cana tudo que ela pode dar. E fa- zem com os homens o mesmo que fazem com a cana Um novo tipo de sociedade rural se estabeleceu no nor- deste com 0 advento da gran- de fabrica moderna. As re- Tacdes de vida social sto ou- tras e bem diferentes. Ontem era a casa-grande: no alpen- Gre o senhor de engenho ou- via os moradores, tirava as suas ‘séstas, descansava ao cair da tarde, junto da fami- lia; na sala de jantar, a mésa era enorme; a cosinha vivia cheia de gente, unia dois ti- Pos de classes.’ E perto dai se levantava, pequenina e hu- milde, a capela de engenho, onde melhor ainda se dissol. viam quaisquer saliencias de Preconceitos, a sinha moca tie rando as novenas para os mo- radores acompanharem, os ri- cos se ajoelhando no mesmo chao duro que os mais pobres Gos seus trabalhadores do eito, Hoje, nem a casa-grande existe mais: em seu lugar foi montado com todos os requin- tes € fricotes da civilizacdo, o bungalow do engenheiro, ‘as easas de campo dos senhores membros da sociedade anoni- ma. O que o bangué tinha de doce, tem a usina de ostensi- Va e fria, Num, a vida era mansa e a cana ‘ainda deixa~ Va terreno para os sitios, pa- Ta as arvores boas de frutas © sombra; na outra a vida é mais um ‘inferno de dinamis- mo, as turbinas gigantes amesquinham o homem eo canavial tirano toma conta de tudo, Ese contraste violento de sistemas de produgaoe de Vida se revela na arquitetura CAVALCANTI Tural, nos seus estilos pecutia. res ¢ to diferentes ins dag outros: a construcao com dos engenhos € simples o hart moniosa, a casa-grande se en. parramando em argos alpen. dres, a casa de maquinos seas chapada, os proprios mucam, bos sem nenhum traco d> ar. rivismo na sta pobreza imen. Sa: @ 0 que se Vé na wsina a linha dura e agressiva, 9 fisionamia parada e seca’ dog grandes estabelecimentos in- dustriais, que cada dia mais endurece num — formalismo deshumano; sem correspon. dencia com o meio, resalta forte 0 seu carater’ exotico, S80 construeses brutas em re lado ao meio ambiente, cheio de’ delicados efeitos e ‘suges- tGes de beleza pastoril. Um documento vivo e dra- matico, tocado as vezes de um delicioso sentimentalismo, so- bre esta situacdo da paisagem rural nordestina € 0 livro de memorias que o sr. Julio Belo, velho senhor de engenho per- nambueano, acaba de publi- car. E’ um livro profunda- mente real e humano, que re- forea tudo quanto ficara ano- tado nos romances de José Lins do Rego. Fol um dia a aristocracia rural, todo aquele fausto da vida ‘antiga nos feudos agra- rios. O banguezeiro de ou- trora, de chapeu de chile voz grossa, perdeu a géga de suas riquezas e hoje nao pas sa afinal, de um mané-gosto- So nas mios eaprichosas do usineiro. Aquela vida de grat de agora € peor que a vida de pobre, cruel pelas _dece- pedes e Rumilhacdes nos seus tratos com os novos senhores da terra j Centenas de bangués esti” de fogo-morto, A tiririca, In vade a casa das maquina! abandonada, e 0 melio de S40 Caetano cobre vitoriosament Os boelros. As usinas, estls ¢ada vez “mais prosperas @ importantes, queimam 0 se imenso charuto, soprand. fumaca insolente para o ¢ do Nordeste. orna-se indispensavel estabelecer nitidez a posic&io dos humanistas de je, dos partidarios do progresso histo- 0, — perante a literatura. H que por em relevo que para o vo humanismo a literatura e a arte, a desempenhem um papel impor- Perante a 0 mais elevado complemen- mem, no constituem de manei- al. Como disse Jean-Richard Bloch ance d'une Culture), “a literatura no seu lugar, que nao é 0 pri- . A literatura e a arte ndo tém mferesse humano tao elevado que nas da emancipacéio concreta do homem. Muito ao contrario do que al- fingem supor, para os partidarios rogresso historico os problemas da € da literatura sio “problemas da s isolados e meditativos; para poe- iterioristas e desequilibrados; para es que viram as costas 4 humani- Pata se dobrarem sobre o proprio big0; para escritores que ostentam o vergonhoso desprezo pelos outros ms, pelo povo, por aqueles que Ihes am os sapatos os brioches ¢ 0 pa- linho; — para esses, a arte é 0 amental. Diversamente, para os de- Sabem que o homem é um animal © que por isso para transformar é preciso transformar a socie- Porque é a socidade que determina ‘lencia e nao esta que determina RODRIGO aquela; para os que nao querem os ho- mens divididos em dois mundos e sabern que € possivel uma organizacio social em que floresca a fraternidade; — para estes‘a arte nfo pode mobilizar todos og interesses ¢ todas as atenedes. Ha algu- ma coisa de mais importante do que a arte e a literatura. Ha os homens: ung A Literatura que trabalham e nao adquirem e outros que adquirem e nao trabalham. ~ Mas pergunta um critico anafado de oleosa trunfa: porque se interessam en- tao pela literatura, porque nao confes- sam antes lealmente que é a politica que mais os interessa e fingem um apaixo- nado amor pela cultura? A objecdo € tao inconsistente como a brilhantina do critico ou como a sua respeitavel enxindia. Porque a verdade é esta: pedir-nos que optemos, ou por um interesse puramente literario e puramen- mente artistico pela arte, ou por um de- sinteresse pela arte e pela literatura pa- ra s6 nos consagrarmos as questdes de economia e de sociologia — é pretender que pela arte e pela literatura s6 se pode ter o interesse deshumanizado, hirto e pedante dos literatos! Para este senhor os Ieitores de carne e osso nao contam; os leitores que trabalham penosamente oito horas por dia nao tém o direito de julgar a literatura decadentista. E, to- davia, eles podem dizer aos “mistifica- dores mistificados”, com incontida indi- gnacio: 0s vossos romances, 0S Vossos poems, 0s vossos ensaios e as vossas pe-~ gas de teatro so produto inevitavel da vossa conciencia; e vés tendes conciencia de filisteus, de homens que “se debru- cam sobre um mar de sangue que reflete a sombra de Poncio Pilatos”. SOARES rtao ios publicos que tém seu ore fpndo certinho, quer chova quer faea sol, 08 outros nao admitem ger incluidos no grupo dos de situagio. financeira favoravel” ‘A maioria fica nessa lamentacao © acaba nfo concorrendo. Alguns pais, compreendendo a nobrem da tarefa que a Caixa ‘ propée realizar, dio o dinhel- ro. Outros tambem nio se ‘opdem, mas os filhos, levados pelo natural egoisme da infan~ fia, {4 ndo pensam do mesmo modo ¢ dio outro destino & con- tribuicgo. Varios meninos se jus- tifieam: — Eu nfo dou os $500 da Cai- Xa porque meu pai disse que a Caixa nunca fez nada por mim, Nfo compreendem estes pais ate justamente porque podem eontribuir ¢ que nao serao con- templados. Outros entregam aos laos $200 ou um tostao e ainda geham que estéo fazendo favor. — Quinhentos réis 6 muito di- wheiro, j& serve para comprar Papel e lapis. Eu nia sou milio- harlo nein roubei do governo — defendem-se. Somente cerca de 50 alunos sua contribuiefo e a ren- 2 sella entre 20§000 © 218000. Apesar de todos estes entraves a ‘Caixa vem sempre realizando al- Suma coisa. Uma aluna pobre e ™ulto inteligente, a primeira alv Ba do quarto ano, ‘ia deixar 0 Gurso porque néo tinha dinhei- 3 para comprar os livros, © no So nfo ha o recurso das bi- Dublicas. Entao a Caixa SGinbrou alguns dos livros e pre- GiMteou-s com cles. Infetizmen- nem toda a renda da GRIS ode ser destmada a essa Social. A Escola precisa de G2 ¢ ese ainheiro sii da Caixa Gioler ()\. Para 9 futuro a SAU nfo poderd mais. conti- fag ateando com esta atribul- ize fue ihe nao pertence, e en- ada aluno devera tiazer 0 Dara’ c450- Mais um encargo re pai que deseja edu- GEE,2S filhos." Alem do. mais as HEPES com atividaces sporti Sorrem por conta da Caixa Drecisa promover estes agra~ ara os meninos continuarem ® contribuicio. REPORTAGEM DE SEIVA 15 Aldenor Campos Quem vai lé perto & que conhe- ce aud ardua 6 esta uta, ¢ GUEo alferente da teorin 6-4 pra Hea. Um ato functonasio dad Iinistragao estadua), a0. passat Pela eldadesinna, por uma rarao ou outta, Interpelou a. ditetora: — © Grupo daqui da “meren- da escolar” aos alunos? jorque néo? Para que ex: te entiio uma Caixa Escolar? para sustentar uma familia enorme, 0 roceiro nfo pode espe= rar que o filho fiqne frequens tando a escola até os 14 anos, pasando a manhi na “ria”, Assim € que tiram 0s filhos logo Gue eles chegam ao 2° e 3 anos, icam apenas os que moram dentro da cidade e assim mesmo muitos destes desistem. O- nu- mero dos que atingem 0 quinto ‘ano ¢ insignificante. A maioria abandona no meio do curso para Na hora do recreio éles brincam com a bola comprada pela Caiza Escolar A professora nfo iria dizer na- quele instante solene que a Cai- xa tem somente 21$000 de renda para dar merenda escolar a 180 meninos. Supondo um gasto im- possivel de $100 por merenda o rendimento de um més seria ul- trapassado em 2 dias. Mas o alto funcionario estudara o problema om seu gabinete, Iéra cuidadosa~ menie os decretos e papeis rela- cionados, coneluira que 0 menino do sertio precisava de vitaminas no recreio das dez horas, nfio po- dia compreender como é que isso nfo acontecia, de conformidade com 0s artigos e paragrafos. A ROCA E 0 DIPLOMA Muitos dos meninos que fre- quentam 0 “predio” sao filhos de pais que tém roca, que traba~ Tham 0 dia inteiro 'e necessitam do auxilio de toda a familia Desde que o menino endurece fas pernas um bocadinno J ser- ve para ajudar chiquerrando as cabras, no plantio e na colhel- ta do feijio, em uma poreso de servigos. mitdos. rabalhando entrar de rijo na luta pela vida. Sobram naturalmente os que tem pais ricos e ficam malandreando pela cidade ou vém para a Ba~ hia fazer exame de admissiio. Longa experiencia cnsinou a0 sertanejo endinheirado que os meninos que deixam o “predio” no 2° ou 3° ano passam com das notas nos “severissimos” exames dos colegios da capital. Para que entio o diploma? Outro fator que impede maior numero de diplomas é a Idade. A idade escolar 6 7 anos, mas nem todos entram para a esco: la go atingi-la. Vo para 1é mais tarde, e si perdem exames e re~ petem 0 ano, quando atingem os 14 tém de deixar os estudos com= pulsoriamente. As — professoras abrem excecdo para cs meninos de acentuado gosto pelos estudos e bom comportamento. Mas ge~ ralmente 0s rapazotes de 14 anos J& querem falar grosso e nifo ‘obedecem, De par com estas dificuldades ‘ainda existe 0 problema do livzo. © Departamento de Educagao, feira. Falin-Ihe tudo e mais ot menos a mas que consti- ‘onde serao levantadas ‘construcdes ulteriors, ESCOLAS PARTI CULARES “Bio quatro ou cinco dentro da fe nos arredores. Ao pos jquadro negro, nem certei- mem mapas. Dona Izabel — “ma sethora ja velha, tipo de ontadeira de historias — uuma.escola nos arredores, meunhada dela nos explicow qu ‘com a casa cheia de me- | ings e nfo podia mancd-los co entio pediu 4 dona Dona Izabel e, ensinando aos roveitou o ensejo e tar alunos. todo 19, muitos dos auxiliam os pais das seis ez, quando vo para a es- e estudam até meio-dia, Va- eles estavam ausentes na em que visitamos dona ajudando os pais a ba- feljfo. Nos méses de planta- colheita a frequencia dimi- nie sensivelmente, e identica ob- St¥agio nos fol feita pela direto- m do “prédio”. Na escola particular se vai com qusiquer roupa_e mesmo sujo. Aprende-se eetientel ge hum catecismo, numa aria do Brasil sem pagina de ‘Testo. Aprendem a ler, escrever e = Dona Izabel rios diz mo- sslamente que nfo tem “saben- © apenas transmite 0 pouco (la, mas s6 quando comeca € que vemos todo o ei fe dona Izabel, toda a im- janeia que cla tem neste apa- {Scolar brasileivo ainda de- % que apenas atende do litoral e dei- interior quasi que 05 seus proprios recur- 598 alunos vimos um que enquanto os meninos ‘Brande parte no sus- familia. Nao exis- ALEGORIA ALUISIO MEDEIROS Imensas serpentes de fogo cnroscam-se na Estatua da Liberdade. Monumentos partidos ttimulos erguidos. As muralhas do século tremem nas bases © todas as aspiracdes se anulam, ©” a inconstancia das geografias. Os ditadores enfurecidos serao tragados Pelas gigantescas corolas das plantas carnivoras ¢ os homens juntamente com os saxofones Serao precipitados nos abismos. Misteriosos cavalos galopam doidamente no infinito deserto Em torno de minha cabeca revoluteiam constelacdes multicores. No bojo da tempestade chega aos meus ouvidos a cancao soturna do Volga longinquo. Um galo de bronze em cima de um cubo vermelho anuncia 0 arco-iris que envolye o mundo € onde brotam bilhées de gira-sois. Outros pais preferem a escola particular porque nela a palma- toria ainda funciona regularmen- te € no “prédio” as professoras tém idéias modernas sobre edu- cacao das criancas, idéias que Positivamente as mies sertanejas ndo aprovam; quando censurada por uma professora uma delas Tespondeu: — Esté falando da gentel? ‘Nao € casada, como pode saber? Case primeiro, minha filha, e de- pois eu quero vér vocé falar em psicologia infantil! E assim os’ pais potam os fi- thos no “prédio” durante a ma- nh& e 4 tarde colocam-nos em uma escola particular. Querem é vér-se livres déles, seja de que geito for. As escolas particula- res continuam cada vez mais flo- rescentes. A TABOADA E AS “PONTAS” DO “or Nas quatro escolas que team pelo interior do municipio, em Brraiais © fazendas, estudain 0s {Mihoe dos vaauelros’ © moradores de perto, ‘Lay as aistanclas au- Imentam.” Por vezes os meninos apdam wna Wégua pare. atin~ fir a escola, EmtAo os pais del- amends em cis, Vaquero no sa de tabouda.-—refletem breccia de, muta agiidade park ge livrar das pontas do bol de areias movedicas. Em linhas gerais, o panorama do ensino primario no sertéo é esse que vimos. Com ligeiras va- Tiantes ele se repete pelos muni- cipios de pequena renda e até pelos mais importantes. Mitha- res de meninos crescem analfa- betos. Crescem trabalhando a terra ingrata, suando, fazendo filhos © mais filhos que depois viverio 0 mesmo ciclo penoso dos pais. Quando os meninos erescem vio para o “prédio” ou para a escola particular, passam um-ano estidando, deixam tudo, Para que sertanejo quer mais? ractocinam. Sertanejo precisa é trabalhar com a enxada, lidar com o gado, e nfo perder a ma~ nhi inteira’ durante cinco anos para depois de tudo isso voltar 4 enxada igualsino aos que nunca sairam da roca € nunca sentaram os fundilhos rasgados nos bancos do “prédio". Mas eles pensam assim porque quasi todos 65 esforgos que fizeram — éles ou outros por éles — fracassa- ram diante da angustiosa neces sidade de se assegurar 0 plo de cada dia. EB” preciso ir busear ov menino pobre em sua casa para ensind-lo, facilitendo tudo ‘que for possivel, eno ficar a espera que 0 menino frequente fa escola. por alguns meses e de~ pois abandone-a, premido por Clreunstanelas‘superiores, por imperatives que ele sozinho nto pode superar.

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