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Jairo Carioca - Cristologia e Antropologia - IBADERJ

O documento discute a natureza humana de Cristo, afirmando que Ele nasceu de mulher e teve todas as características essenciais da natureza humana, como fraquezas não pecaminosas. A Bíblia demonstra claramente que Cristo tornou-se homem e morou entre nós, sendo um de nós.
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O documento discute a natureza humana de Cristo, afirmando que Ele nasceu de mulher e teve todas as características essenciais da natureza humana, como fraquezas não pecaminosas. A Bíblia demonstra claramente que Cristo tornou-se homem e morou entre nós, sendo um de nós.
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(Reprodução mostrando as cruzes antes de serem levantadas.

)1

1
Nessas cruzes, os criminosos seriam amarrados ou pregados à barra transversal, que seria levantada
lentamente, asfixiando o condenado até a morte.
"Observemos o indício de seu amor. Recebemos tal penhor da
promessa de Deus; temos a morte de Cristo, temos o sangue de Cristo.
Quem morreu? O Filho Único. Por causa de quem ele morreu? Oxalá
fosse por causa dos bons, dos justos. Mas. Então? Diz o apóstolo:" Cristo
morreu pelos ímpios "(Rm 5.6). Quem doou sua morte em prol dos ímpios,
que há de reservar aos justos, a não ser sua vida? Erga-se, portanto, a
fragilidade humana; não desespere, não se choque, não se aparte, não
diga: Não serei eu. Foi Deus quem o prometeu; veio para prometer;
apareceu aos homens, veio assumir nossa morte, prometeu sua vida.
Veio até a região de nossa peregrinação, receber aqui o que existe aqui
fartamente: opróbrios, espinhos, suspensão no madeiro, cruz, morte. De
tais coisas há fartura em nossa região; veio para tal comércio. Que deu e
o que recebeu? Deu exortação, deu doutrina, deu remissão dos pecados;
recebeu injúrias, morte, cruz. Trouxe-nos bens de sua região e em nossa
região suportou os males. No entanto, prometeu-nos estarmos no futuro
ali de onde Ele veio; e disse:" Pai, aqueles que me deste quero que, onde
eu estou, também eles estejam comigo "(Jo 17.24). Houve previamente
tamanho amor! Esteve conosco onde nós estávamos, estaremos nós com
Ele lá onde Ele está."
(Agostinho, Bispo de Hipona)2

SUMÁRIO

Apresentação

CAPÍTULO I
A Natureza Humana de Cristo

CAPÍTULO II
A Natureza Divina de Cristo

CAPÍTULO III
A Expiação de Cristo

CAPÍTULO IV
A Ressurreição e Ascensão de Cristo

CAPÍTULO V
Os Ofícios de Cristo

2
Agostinho, Comentário aos Salmos, 148.8, v.3, p. 1132-3. Col. Patrística. Editora Paulus

2
APRESENTAÇÃO

ristologia é o estudo dos atributos de Cristo como Deus e como Homem e


do relacionamento dessas duas naturezas de forma intrínseca. Totalmente
Deus e totalmente Homem, assim como dito foi no Concílio de Nicéia 3; "...o
Unigênito Filho de Deus,gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz da
Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não criado, de uma
substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual , por nós
homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne pelo Espírito
Santo e da virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob
Pôncio Pilatos, e padeceu e foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras, e subiu aos Céus e assentou-se à direita do Pai, e de
novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu Reino não
terá fim...". Portanto, todo aquele que for salvo deve pensar assim, "...creia na
encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. Porque a fé correta é que creiamos
e confessemos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e
Homem. Deus da substância do Pai, gerado antes dos séculos; e homem da
substância de sua mãe, nascido no mundo. Deus perfeito e Homem perfeito, de
alma racional e subsistindo em carne humana. Igual ao Pai quanto à divindade,
e inferior ao Pai quanto à humanidade. Que, embora seja Deus e Homem, não
é, porém, dois, mas um Cristo...".4
Também é o estudo de uma verdade revelada pelo próprio Deus através
das Escrituras, que nos amou de forma tão intensa, entregando seu próprio
Filho para morrer por nossos pecados (Jo 3.16). Estudar Cristologia é conhecer
o infindável amor do Pai, é a revelação que o próprio Deus faz de si mesmo,
pois conhecer o Filho é conhecer o Pai (Mt 11.27). Conhecimento esse que não
depende do racional, da especulação filosófica ou de uma experiência
esotérica e mística, não! È fruto de uma revelação gratuita e espontânea de
Deus, fruto da graça (Mt 16.13-20).
Quem quiser conhecer todos os mistérios que antes estava oculto (Mt
26.28), depende totalmente da revelação das Escrituras Sagradas (Jo 5.39),
pois somente ela tem a autoridade de afirmação ou de negação, e somente
nela encontraremos palavras de vida eterna, ou seja, encontraremos o próprio
Cristo. "Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua
glória, glória como do Unigênito e vindo do Pai, cheio de graça e de verdade." 5
Portanto, entremos agora no âmbito dessa Revelação e vejamos de coração
contrito o que as Escrituras nos têm reservado sobre o Deus Filho, e que o
Espírito de Cristo possa irradiar em nossa mente sua luz para que possamos
ver e crer. Vermos sua glória em nós e crermos no Verbo encarnado de Deus
que com sua morte nos trouxe a Vida Eterna.

3
325 a.d. - Revisado em Constantinopla em 381 a.d.
4
Credo de Atanásio. Séc. IV e V
5
João 1.14 - Nova Versão Internacional

3
CAPÍTULO I
A Natureza Humana de Cristo

De acordo com a antropologia, a


natureza humana é o conjunto das
características físicas e orgânicas,
mentais, psicológicas, afetivas, etc.,
que, nos seres humanos, são
supostamente comuns a espécie e
"É curioso que as comunidades invariáveis, isto e´, independentes das
cristãs sempre tiveram mais influências das sociedades ou
dificuldade de assimilar, aceitar e culturas específicas em que os
seguir o Jesus que é carne e indivíduos nascem e se desenvolvem.
sangue como nós do que o Jesus Já a filosofia define como o conjunto
que é 'um com o Pai'. As das qualidades percebidas como
interpretações mais equivocadas e idênticas, imutáveis e comuns a todos
mortais acerca de Jesus nestes os seres humanos, e que seria
dois mil anos de cristianismo são, suficiente para caracterizá-los como
de longe, aquelas relacionadas aos tais.7
que desprezam, ignoram ou negam Essas características por si só já
a humanidade de Cristo. Ao que são suficientes para validar a
parece, para um grande número de natureza de Cristo, visto que ele era
pessoas é muito mais fácil crer possuidor de todas essas qualidades.
num Jesus inteiramente divino que A Bíblia demonstra com clareza que
não suja as mãos com a Cristo tornou-se homem e morou
humanidade do que crer num aqui, em nosso meio, sendo um de
Jesus com terra debaixo das nós. Vejamos, portanto, as várias
unhas." provas de sua humanidade.
(Eugene H. Peterson)6  Ele nasceu de mulher.
 Teve todas as características
essenciais da natureza
humana.
 Teve fraquezas não
pecaminosas da natureza
"E o verbo se fez carne e humana.
habitou entre nós..."  Relacionava-se com Deus
(Jo 1.14) como homem.
 Ele teve nomes humanos.
 Foi, por vezes repetidas,
chamado de homem.
 Desenvolveu-se de forma
humana.

6
Peterson,Eugene H. A Maldição do Cristo Genérico - Mundo Cristão - p. 375
7
Novo Aurélio século XXI - verbete 'natureza humana'.

4
 Ele nasceu de mulher.

"Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei". (Gl 4.4)
"Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe,
desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do
Espírito Santo". (Mt. 1.18)
"E, entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe, e, prostrando-
se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, lhe ofertaram dádivas: ouro,
incenso e mirra". (Mt. 2.11)
"E disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, que querem
falar-te".(Mt. 12.47)
"E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a
mãe de Jesus". (Jo 2.1)

Observemos que os textos acima são bem enfáticos quanto a afirmação de


que Ele nasceu de mulher. Mateus o chama de 'Filho de Davi, filho de Abraão'
(Mt 1.1), Lucas traça sua linhagem até a Adão (Lc 3.23-38), Paulo afirma que
'Ele segundo a carne, veio da descendência de Davi' (Rm 1.3)
Apesar de todas essas afirmações, surgiram no período do cristianismo
primitivo, algumas seitas que negavam a realidade do nascimento carnal de
Cristo ou outras que até mesmo divinizaram o seu corpo. Vejamos sobre esses
movimentos.
O Gnosticismo, seita que fez competição com o cristianismo primitivo por
aproximadamente cento e cinqüenta anos, ensinava que Cristo não era o verbo
encarnado de Deus, mas apenas uma das diversas manifestações angelicais
ou 'aeons'. Eles ensinavam que o 'Espírito-Cristo teria vindo possuir o corpo de
Jesus de Nazaré, na ocasião do seu batismo e, depois o abandonou por
ocasião de sua morte, pelo que a morte de Jesus não teria valor como
expiação. Há outra linha de pensamento gnóstico que ensinava que o Cristo
possuiu Jesus na ocasião de seu nascimento, como os coríntios, seja como for
o apóstolo João refutou esse pensamento e combateu os gnósticos ao
escrever sua primeira carta contra o pensamento docetista 8 dos mesmos,
afirmando que "Vocês podem reconhecer o Espírito de Deus deste modo:
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne 9 procede de
Deus; mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus. Esse é
o espírito do anticristo, acerca do qual vocês ouviram que está vindo, e agora já
está no mundo." 10 O Apóstolo Paulo, deixou claro em sua doutrina que Cristo
possui toda a "plenitude" de Deus, ou seja; a sua <pleroma>. 11 Os gnósticos
ensinavam que os aeons possuíam apenas partículas dessa plenitude e nunca
o todo. Essa heresia foi tão perniciosa no começo do cristianismo que oito
livros do Novo Testamento foram escritos para combatê-la, são eles: - As três
epístolas Joaninas, as epístolas aos Colossenses, Judas, e em certas
passagens, Efésios, o Evangelho de João e o Apocalipse.

8
Vem do termo grego dokéo, (parecer). Uma seita surgida dentro do gnosticismo, que negava a realidade
humana do corpo de Cristo.
9
Grifo meu
10
I João 4.2,3 NVI
11
A Natureza de Deus e seus atributos.

5
Entre 318 e 323, o Bispo Alexandre entrou em conflito com o Bispo da Igreja
de Baucalis por nome Ário, a respeito da natureza de Cristo. Em fevereiro de
325, Ário foi condenado num sínodo em Antioquia e no dia 20 de maio de 325,
o Concílio ecumênico de Nicéia condenou Ário de forma definitiva com seus
ensinamentos. Estava presente neste concílio aquele que no decorrer dos anos
foi o maior defensor da fórmula de Nicéia, o Bispo de Alexandria Atanásio, que
na época do concílio fez parte da comitiva de Alexandre como diácono. Ário era
herdeiro da cristologia oriental do logos, sendo um extremado racionalista
grego que reduzia Cristo, em sua teologia, a um simples semideus. Ele
propunha em seu postulado que Cristo não era Deus, mas a primeira criatura
por Ele criado, através de quem todas as outras coisas são feitas. Pode ser
chamado de Deus apesar de não ser Deus na realidade plena, principiou a ser
a partir do não existente através de um ato momentâneo da vontade de Deus,
antes desse momento, "Ele não existia".
A longa luta contra o arianismo ainda não terminou de todo já que renasceu
na era moderna entre os unitaristas, dentre os quais o mais conhecido são as
Testemunhas de Jeová que vem em Ário uma espécie de precursor de Charles
T. Russel.
No século IV surge outra heresia que começou numa tricotomia platônica. O
homem era visto como corpo, alma sensível e alma racional. Apolinário, notável
Bispo de Laudicéia, dizia que se alguém ensinava que Cristo era um homem
completo, por implicação tinha que afirmar que Jesus também possuía uma
alma racional humana onde residia o livre-arbítrio; e sempre que havia livre-
arbítrio, havia pecado. Portanto, o Logos tomou o lugar da alma racional na
humanidade de Jesus, de forma mais clara; em Cristo, o eterno filho, ou Logos,
tomava o lugar da inteligência humana. Essa heresia foi condenada pelo
Concílio de Constatinopla, em 381 e encontrou sua definição máxima no
Concílio de Calcedônia; "Ele mesmo é perfeito tanto na divindade quanto na
humanidade. Ele mesmo também é realmente Deus e realmente homem, com
alma racional e com corpo".
Outro movimento surgido na primeira metade do V século e que negou com
veemência a encarnação do Cristo, foi chamado de Eutiquianismo.
Eutíquio, devotado discípulo de Cirilo de Alexandria, era chefe de alguns
mosteiros na Igreja Oriental. Entre 448 e 451 D.C., ele defendeu o conceito de
que, por ocasião da encarnação, a natureza humana de Cristo foi absorvida
pela natureza divina, ou seja; o corpo humano de Cristo tornou-se divino. Essa
posição negava tanto a dupla natureza de Cristo como a sua própria
humanidade e por isso foi consideradas herética no Concílio de Calcedônia em
451 D.C., e Eutíquico foi desligado de suas funções.
Justamente por causa de sua natureza humana, é que Ele pôde nos salvar
ao derrotar a morte na cruz e anular o poderio que satanás possuía nos
homens por causa do pecado, pois "nele não havia pecado algum" (I Jo 3.5).
Como bem falou Irineu: - "Tomando nossa carne e fazendo-se homem,
recapitulou em si a longa jornada da estirpe humana, obtendo para nós
salvação de modo tão sumário, para que em Jesus Cristo recuperássemos
aquilo que tínhamos perdido em Adão, ou seja, o sermos a imagem e
semelhança de Deus." 12

12
Bettenson, H., Documentos da Igreja Cristã p.69 , Aste.

6
 Teve todas as características essenciais da natureza humana.

1. Ele possuía um corpo humano visível e palpável.


"Ora, derramando ela este ungüento sobre o meu corpo" (Mt 26.12); "Vede as
minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho." (Lc 24.39); "E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós." (Jo 1.14); "Mas ele falava do templo
do seu corpo." (Jo 2.21); "E, visto como os filhos participam da carne e do
sangue, também ele participou das mesmas coisas" (Hb 2.14); "mas corpo me
preparaste." (Hb 10.5); "Na qual vontade temos sido santificados pela oblação
do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez."(Hb 10.10).

2. Ele possuía uma alma.


"Então, lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até à morte; ficai aqui e
vigiai comigo." (Mt 26.38); "Agora, a minha alma está perturbada; e que direi
eu?..." (Jo 12.27); "Pois não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás
que o teu Santo veja a corrupção." (At 2.27); "nesta previsão, disse da
ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no Hades, nem a sua
carne viu a corrupção." (At 2.31).

3. Ele possuía um Espírito.


"E Jesus, conhecendo logo em seu espírito que assim arrazoavam entre si,
lhes disse: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?" (Mc 2.8);
"E, suspirando profundamente em seu espírito," (Mc 8.12); "E, clamando Jesus
com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo
dito isso, expirou." (LC 23.46); "Tendo Jesus dito isso, turbou-se em espírito e
afirmou, dizendo: Na verdade, na verdade vos digo que um de vós me há de
trair." (Jo 13.21).

Como vimos, Cristo possuía todas as características essenciais da natureza


humana, tinha corpo, alma e espírito, mas ao afirmarmos que Ele tomou a
nossa natureza, precisamos sempre deixar bem claro, de modo enfático, a
diferença entre a natureza humana e a natureza carnal que é pecaminosa.
Jesus possuía a primeira, mas não tinha a segunda.

 Teve fraquezas não pecaminosas da natureza humana.

Ao mostrarmos as fraquezas não pecaminosas da natureza de Cristo, temos


que ter em mente e nunca nos esquecermos que Ele também era,
simultaneamente Deus verdadeiro. A tentação só foi possível por causa de
suas fraquezas humana, pois é pela tentação que somos postos em
circunstâncias onde somos obrigados a escolher entre pecar ou negar a
satisfação de um desejo ou apetite realizado. Cristo não pecou, embora fosse
tentado.

7
1. Ficou cansado. (Jo 4.6)
2. Teve fome.(Mt 4.2; 21.18)
3. Teve sede. (Jo 19.28)
4. Dormiu. (Mt 8.24)
5. Limitado em seu conhecimento (Mc 1.35; Jo 6.15; Hb 5.7)
6. Foi tentado. (HB 2.18; 4.15; Tg 1.13)

 Relacionava-se com Deus como Homem.

"E, à hora nona, Jesus exclamou com grande voz, dizendo: Eloí, Eloí, lemá
sabactâni? Isso, traduzido, é: Deus meu, Deus meu,13 por que me
desamparaste?" ( Mc 15.34)

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas
vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu
Deus e vosso Deus." (Jo 20.17)14

 Ele teve nomes humanos.

O nome "Filho do Homem" (em hebraico bem Adam ou em aramaico, bar


nasha) ocorre 82 vezes no Novo Testamento, e conforme aparece no
evangelho de João 12.34, os judeus entendiam que esta expressão significava
o Messias e que havia pouca diferença entre chamá-lo de Filho do Homem ou
Filho de Deus. Jesus tinha uma particular afeição a esse nome e por diversas
vezes fez uso para referi-se a si mesmo.
O nome Jesus é a forma grega do nome Josué, que após o exílio (Ne 8.17)
é chamado de Jesua de onde surge o grego Iesous, " for since the days of
Jeshua15 the son of Nun unto that day had not the children of Israel done so.
And there was very great gladness.16"(Desde o dias de Josué, filho de Num,
esta era a primeira vez que faziam isso, e todos estavam muito alegres.)17
Também é chamado de filho de Abraão (Mt 1.1), e de filho de Davi em
diversas passagens do livro de Mateus.

 Foi, por vezes repetidas, chamado de Homem.

Ele é o Homem por excelência.

13
Grifo meu.
14
Idem
15
Idem
16
Versão King James
17
Tradução livre

8
Aplicou o termo a si mesmo (Jo 8.40), João Batista (Jo 1.30), Pedro (At
2.22) e Paulo (At 13.38; I Co 15.21 e Fp 2.8) o chamaram de homem. Era
reconhecido como judeu (Jo 4.9), acharam que Ele era mais velho do que
realmente o era (Jo 8.57) e foi acusado de blasfêmia por dizer ser algo maior
que homem (Jo 10.33). Após a sua ressurreição continuou com sua aparência
de homem (Jo 20.15; 21.4,5). Existe hoje como homem na glória (I Tm 2.5) e
em sua vinda julgará o mundo com justiça como homem, "Pois ele marcou o
dia em que vai julgar o mundo com justiça, por meio de um homem que
escolheu. E deu prova disso a todos quando ressuscitou esse homem." 18(At
17.31).

 Desenvolveu-se de forma humana.

O desenvolvimento físico e mental de Cristo não foi um fato divino, mas de


forma natural como o é todas as crianças regidas pelas leis comuns do
desenvolvimento humano que o próprio Deus estabeleceu ao criar o homem no
Édem. Seu desenvolvimento mental não foi fruto de um aprendizado nas
escolas de sua época, mas foi o resultado de uma educação em um lar que
temia a Deus, sua regularidade na sinagoga (Lc 4.16), sua visitas ao Templo
(Lc 2.14, 46, 47), através do estudo incansável das Escrituras (Lc 4.17) e sua
intensa comunhão com o Pai (Mc 1.35). Assim sabemos portanto que "Crescia
o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria; e a graça de Deus estava
sobre ele." (Lc 2.40) e que "crescia Jesus em sabedoria, estatura e graça,
diante de Deus e dos homens." (Lc 2.52).

18
Nova Tradução na Linguagem de Hoje

9
CAPÍTULO II
"...porquanto divindade e A Natureza Divina de Cristo
humanidade são duas naturezas,
como a alma e o corpo, mas não há
dois filhos nem dois O cristianismo só é de fato uma
deuses...Ambas as naturezas, por realidade se aceitarmos de forma
meio da união, são uma, seja convicta que o 'Jesus de Nazaré', não
divindade feita homem, seja era apenas um Galileu que andou
humanidade feita Deus, ou seja entre nós, ou como prefere o método
qual for a expressão correta..." histórico crítico, o 'Jesus histórico',
(Gregório Nazianzeno, arcebispo de não! A mensagem cristã só pode ser
Constantinopla)19 sustentada mediante a asserção de
que Jesus é o Cristo.
Vemos na Bíblia que a primeira
"Tão profundo é o abismo - pessoa a aceitar o Jesus de Nazaré
agora fica claro quão profundo ele como Cristo foi o Apóstolo Simão
é - que nos separa dEle, que para Pedro (Mt 16.16), e por causa disso
transpô-lo nada menos que o Jesus lhe confiou a Igreja para ser
próprio Deus será suficiente. Mas o apascentada pelo mesmo. Deve ficar
próprio Deus faz isto, e ao fazê-lo, bem claro que Jesus de Nazaré não
mostra que Ele pode fazê-lo, pois era um Cristo (Xristós - grego) que de
Ele é o Deus triuno, o Pai do Filho, acordo com a tradição mitológica diz
o Filho do Pai, ambos estes não respeito a um personagem especial
apenas em sua revelação, não que desenvolve uma função especial;
apenas em seu reconciliamento mas o Messias (Ungido) que recebeu
nosso para Consigo Próprio, mas uma unção única de Deus para
ambos estes em verdade e poder estabelecer em Israel e no mundo o
na Sua revelação e reconciliação, reinado de Deus. 'Jesus Cristo'
pois de eternidade a eternidade Ele significa literal, original, essencial e
não é nenhum outro senão permanentemente - 'Jesus que é o
exatamente este Deus". Cristo'. Vejamos, portanto, as várias
(Karl Barth)20 provas de sua divindade:

 Pelo Testemunho vétero-


"O cristianismo não nasceu com testamentário.
o nascimento do ser humano
 Pelo ensino Neotestamentário.
chamado 'Jesus', mas no momento
 Pelos escritos de Paulo e João.
em que um de seus seguidores foi
levado a dizer-lhe: 'Tu és o Cristo'.  Pelos nomes divinos.
E o cristianismo continuará  Pelo culto que lhe é prestado.
existindo enquanto houver pessoas  Pela firmeza de seu caráter.
que repitam essa afirmação."
(Paul Tillich)21

 Pelo Testemunho Vétero- testamentário.

19
Bettenson, H., Documentos da Igreja Cristã p.92 , Aste
20
Barth, Karl; Credo, Comentários ao Credo Apostólico, pg 76, Fonte Editorial
21
Tillich, Paul; Teologia Sistemática, pg 388, 5ª Edição Revista, Sinodal-Est

10
Certa vez um pregador afirmou que o Evangelho não começava em Mateus,
mas em Gênesis, e é fato que todo aquele que reconheça Jesus como Messias
precisa o identificar na promessa proferida pelo próprio Deus em Gênesis 3.15
"E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente;
esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Esta promessa continua
por todo o Antigo Testamento, pois em várias ocasiões Deus prometeu enviar o
seu Filho ao mundo (Is 7.14; 9.6; Mq 5.12 etc.). Ele é prefigurado nos
sacrifícios apresentados e é ensinado nos Salmos e nos Profetas.22
Existe pluralidade de pessoas na linguagem empregada no registro de
criação do homem, "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa
semelhança" (Gn 1.26), onde a única explicação satisfatória cabível é aquela
fornecida pela doutrina da Trindade. As Teofanias também sugerem a
presença do divino sob forma humana que já prerrogava a possibilidade da
encarnação de Cristo. O Anjo do Senhor que descortina em todo o Antigo
Testamento, onde se imputam títulos, atributos e as obras de Deus não é outro
senão o próprio Cristo, que possui autoridade divina, exerce prerrogativa divina
e recebe homenagem divina (Gn 16.10; 28.11-22; Os 12.4-5 etc).
Outro exemplo no Antigo Testamento da presença de Jesus, é o termo
Mashiah (Messiah em sua forma transliterada, traduzida em grego como
Christos) cujo significado é 'o ungido'. Esse nome tão facilmente confundido
com um sobrenome, é na verdade um título que só pode ser compreendido em
sua totalidade à luz do Antigo Testamento em relação à vinda do Messias de
Deus.
Resumindo, o Cristo seria aquele que reuniria em sua pessoa as três
grandes funções mediadoras do Antigo Testamento: profeta, sacerdote e rei.
Calvino denominou como o 'múnus triplex Chisti'23, como profeta Ele é aquele
que testemunha e apregoa a graça de Deus; como rei Ele inaugura um reinado
celestial e espiritual, um reino que não é físico e como sacerdote pôde se
oferecer através de sua morte em expiação por nossos pecados; portanto
somente Jesus de Nazaré - o Cristo - cumpre os ministérios de mediação
previstas na Antiga Aliança testemunhada em todo o Antigo Testamento.

 Pelo Ensino Neotestamentário.

22
Para uma melhor compreensão do Messianismo no Antigo Testamento, indico a leitura do livro de
Gerard van Groningen, "Revelação Messiânica no Antigo Testamento", Editora Cultura Cristã.
23
Três ministérios ou funções de Cristo.

11

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