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A Agressividade, Pulsão de Morte e Suas Correlações Com Ato de Viver - RedePsi - Psicologia

O documento discute a teoria freudiana das pulsões, especificamente a pulsão de morte. Explica que a pulsão de morte visa o nirvana, ou ausência de angústia e sofrimento, e que sem a energia agressiva da pulsão de morte não seríamos capazes de nos movimentar ou buscar objetivos. Também discute como a pulsão de morte e a pulsão de vida coexistem dentro de nós e como o masoquismo primário está relacionado à pulsão de morte segundo a teoria freudiana.
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A Agressividade, Pulsão de Morte e Suas Correlações Com Ato de Viver - RedePsi - Psicologia

O documento discute a teoria freudiana das pulsões, especificamente a pulsão de morte. Explica que a pulsão de morte visa o nirvana, ou ausência de angústia e sofrimento, e que sem a energia agressiva da pulsão de morte não seríamos capazes de nos movimentar ou buscar objetivos. Também discute como a pulsão de morte e a pulsão de vida coexistem dentro de nós e como o masoquismo primário está relacionado à pulsão de morte segundo a teoria freudiana.
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05/12/2023 23:45 A agressividade, pulsão de morte e suas correlações com ato de viver - RedePsi - Psicologia

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A agressividade, pulsão de
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morte e suas correlações Acessar

com ato de viver Minha Conta


Posted on 11 de outubro de 2007 by Denise Deschamps in Discutindo
Psicanálise - Denise Deschamps
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05/12/2023 23:45 A agressividade, pulsão de morte e suas correlações com ato de viver - RedePsi - Psicologia

“Assim como Eva, formada por uma costela de Adão, fica a ele
indissoluvelmente ligada, assim a pulsão de vida, nascida da pulsão de
morte, não mais se liberta desta origem”. “Monotype Corsiva”.

Nesse artigo falaremos um pouco da intrincada teoria pulsional


freudiana, aquela que nos traz o conceito de Pulsão de Morte, tão
questionado por algumas outras correntes, tendo como seu motor
principal a questão da compulsão a repetição, fenômeno tão observado
na prática clínica. Supermercados
Supermercados Mundial
Mundial -- Pr
P
A finalidade da pulsão de morte é o nirvana, a ausência de angústia, falta, Seca
Seca
4.4
4.4 (7552)
(7552)
sofrimento. Ela entende a busca da vida como algo que atrapalha a isso, Cadastre-se
Cadastre-se No
No Meu
Meu Mundial
Mundia
portanto "desmancha" as enormes unidades que Eros tende a construir.
Rio de Janeiro ABERTO 07:3
A Pulsão de Vida uniu para Freud suas anteriores formulações sobre as
Compras na loja
pulsões, englobando então as de autoconservação e sexuais, que
caracterizaram sua primeira dualidade.
Informações da loja Rota

Entendemos que sem a energia proveniente da Pulsão de Morte, energia


essa "agressiva", não nos mexeríamos, não buscaríamos quase nada. Se a
Pulsão de Morte, Thanatus, vencer, morreremos (o que é o nosso fim
inevitável). Freud às vésperas de sua morte, chegou a tecer uma
consideração de que, ao final, toda morte seria um suicídio, nesse
sentido mais exato da pulsão de morte (link 1).

Essa conceituação é muito complexa, um primeiro movimento para


entendê-la é deixar de atribuir valores de bem e mal ou bom e mau para
elas. A Pulsão de Vida não é necessariamente a boazinha e a de Morte a
malvada assassina, não é assim que funciona. Podemos pensar, como
exemplo, que sem o trabalho da Pulsão de Morte não teríamos a
descarga que se traduz pelo orgasmo, o gozo, tão estudado por nós.

O corpo é na verdade, o gerador de toda "tensão de necessidade". O


nirvana supõe a ausência de necessidade, de tensão, de angústia, de Fale Conosco! 
falta. Para nós, organismos vivos, esse estado só é atingido antes de
nascermos ou depois com a morte dele.

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“Estaria em contradição à natureza conservadora dos instintos


que o objetivo da vida fosse um estado de coisas que jamais
houvesse sido atingido. Pelo contrário, ele deve ser um estado de
coisas antigo, um estado inicial de que a entidade viva, numa ou
noutra ocasião, se afastou e ao qual se esforça por retornar
através dos tortuosos caminhos ao longo dos quais seu
desenvolvimento conduz. Se tomarmos como verdade que não
conhece exceção o fato de tudo o que vive morrer por razões
internas, tornar-se mais uma vez inorgânico, seremos então
compelidos a dizer que ‘o objetivo de toda vida é a morte’, e,
voltando o olhar para trás, que as coisas inanimadas existiram
antes das vivas”.(1)

Mas de uma maneira geral entenderemos a questão da teoria pulsional,


como algo que é anterior a tudo, como se fosse uma analogia de nossa
fonte energética, que falará de tudo que nos constituirá. Então
pensamos as pulsões, sempre como estado inicial de tudo e acreditamos
que, a conceituação de masoquismo primário, nos levará mesmo nessa
direção.

Esquematizando:
Masoquismo primário->investimento->sadismo<->masoquismo
secundário (em Freud).

"O impulso de vida e o impulso de morte habitam lado a lado


dentro de nós”.(link 1)

A postulação freudiana do masoquismo primário só pode se completar e


se tornar compreensível após sua postulação da Pulsão de Morte (1920).
As pulsões estariam sim, desde sempre, presentes já que sua fonte é o
somático. A questão do sadismo para Freud é posterior a esse
masoquismo inicial, nunca anterior. Já M. Klein nomeia esse sadismo Fale Conosco! 
inicial, seria análogo a esse masoquismo descrito por Freud, mas que
descaracterizaria seu conceito de masoquismo primário. Quando
falamos de investimento estamos nos referindo a essa pulsão
(agressividade) voltada para um objeto exterior. Outro ponto que valerá
ressaltar é que libido é a energia em seu total e que ela só poderá ser
entendida, dessa forma, depois do postulado da Pulsão de Morte.

Está claro que o que Freud descreverá um estado inicial da pulsão de


Morte (masoquismo primário) que só depois que investe pra fora do
organismo será entendido como sadismo.

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“Outro fato notável é que os instintos de vida têm muito mais


contato com nossa percepção interna, surgindo como rompedores
da paz e constantemente produzindo tensões cujo alívio é sentido
como prazer, ao passo que os instintos de morte parecem efetuar
seu trabalho discretamente. O princípio de prazer parece, na
realidade, servir aos instintos de morte. É verdade que mantém
guarda sobre os estímulos provindos de fora, que são encarados
como perigos por ambos os tipos de instintos, mas se acha mais
especialmente em guarda contra os aumentos de estimulação
provindos de dentro, que tornariam mais difícil a tarefa de viver”.

É preciso que se entenda esse "agressivo" como algo que impele,


impulsiona através dessa força intrínseca que Freud chegou a cogitar em
chamar de "destrudo", mas deixou-lhe o nome de libido mesmo, ao final
tudo é libido, acontece de maneira conjunta.

Freud chegou também a dizer, que toda morte ao final, era a vitória da
Pulsão de Morte. Não podemos esquecer que ficaram juntas as pulsões
que faziam dualidade na 1ª Teoria pulsional, então pulsão de
autoconservação (pulsões do ego)+pulsões sexuais=Pulsão de vida= Eros
X Pulsão de Morte.

Freud na mesma entrevista (link 1), diz: "Tudo o que vive perece. Por que
deveria o homem constituir uma exceção?" Então poderemos ter a
certeza que a Pulsão de Morte sempre triunfará, lei inexorável.
Perguntamo-nos então: por que será que vivemos sob a negação da
existência dessa lei? Como se tivéssemos todo o tempo? Como se o
término não marcasse tudo que pulsa sobre a Terra?

“É neste ponto que se insere sua famosa afirmação de que as


pulsões de autoconservação, guardiãs da vida, são também lacaios
da morte, o que significa que todo organismo almeja morrer, Fale Conosco! 
porém à sua própria maneira”.(link 2)

Como Freud diz que a religiosidade parte de um sentimento de


desamparo infantil e que se sustenta em uma idéia delirante, será que
poderemos pensá-la justamente como uma tentativa de negar a finitude
de tudo? Entregar ao destino a uma “força maior” as resoluções que nos
mantêm vivos.

Quantos mecanismos adoecidos e neuróticos desenvolvemos frente a


perdas comuns da vida: de posto de trabalho, de amor, de lugar etc?

Quantos lutos saudáveis de crescimento nos negamos a operar,

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abordando como sofredores uma tragédia engendrada apenas pela


impossibilidade de lidar com o fim de algo? Eros em seu movimento
depende de Thanatus e seus fins para novos começos. Em última
instância negar a morte é recusar-se a viver.

Há movimentos que se colocam na vida do sujeito psíquico que embora


mantenham uma aparente ligação com a vida, desvendam em última
instância seu grande apego à repetição, ao que chamamos de escolha
pela compulsão a repetição, que o leva sempre ao mesmo destino, por
mais que tenha a impressão de que partiu de outro lugar.

“A impressão que dão é de serem perseguidas por um destino


maligno ou possuídas por algum poder ‘demoníaco’; a psicanálise,
porém, sempre foi de opinião de que seu destino é, na maior parte,
arranjado por elas próprias e determinado por influências infantis
primitivas”.

E ainda:

“Os pormenores do processo pelo qual a repressão transforma


uma possibilidade de prazer numa fonte de desprazer ainda não
estão claramente compreendidos, ou não podem ser claramente
representados; não há dúvida, porém, de que todo desprazer
neurótico é dessa espécie, ou seja, um prazer que não pode ser
sentido como tal” (1)

Entenderíamos a partir dessa colocação toda a complicada trama de um


sintoma e como ele ao mesmo tempo em que busca uma repetição
daquilo que impede a realização do recalcado, também, por outro lado,
busca uma descarga, uma suspensão desse mesmo recalque. Os
conteúdos recalcados (ideativos) não deixam jamais de receber carga
pulsional, visando sempre seu irromper à consciência e busca de Fale Conosco! 
realização. Um sintoma teria segundo o próprio Freud um aspecto de
resistência à análise e outro, ainda mais importante, de tentativa de
romper com o recalque(1).

A compreensão da dinâmica e principalmente do ponto de vista


econômico da teoria pulsional a partir da postulação da pulsão de Morte,
torna-se nesse aspecto, fundamental para o entendimento do
funcionamento do aparelho psíquico proposto por Freud.

Entender que o adoecimento também visa uma realização e não



somente é uma “pedra no meio do caminho”, trás em si uma

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funcionalidade que, se não compreendida, jamais poderá ser investigada


e desmanchada em um processo terapêutico.

Vejamos um típico exemplo:

”Os sonhos de ansiedade, como repetida e pormenorizadamente


demonstrei, não oferecem essa exceção, nem tampouco o fazem
os ‘sonhos de castigo’, porque eles simplesmente substituem a
realização de desejo proibida pela punição adequada a ela, isto é,
realizam o desejo do sentimento de culpa que é a reação ao
impulso repudiado”.(Freud – Além do Princípio de Prazer)

Por essa explicação dada por Freud veremos que a realização poderá vir
alimentada para satisfazer mais uma instância que outra, no caso aí
descrito, pelos impulsos do superego se traduzindo para o ego em
necessidade de castigo. Entender isso é avançar no sentido de lidar com
o “sofrimento” que brota para entendimento no longo caminho analítico,
muitas vezes se traduzindo em actings/out com danosas conseqüências
para o analisando, por mais que o psicanalista tenha intentado
propósitos de proteção e sublinhado aquela recomendação proposta
por Freud, para que em determinados momentos analíticos, não fossem
tomadas decisões muito importantes pelo analisando, sem antes levar
para suas sessões. Esse tipo de manifestação, o acting/out, muitas vezes,
exige a tradução concreta para o real do conflito do recalcado, e não
quer de maneira nenhuma dizer de um fracasso da análise, muito pelo
contrário.

Voltemos um pouco mais, então, para o entendimento da complexa


proposta da teoria pulsional definitiva de Freud.

Peter Gay em seu livro da biografia de Freud, conta-nos:

Fale Conosco! 
“Nos anos imediatamente posteriores à guerra, a produção de
Freud foi escassa, se medida apenas pelo número de palavras. Ele
escreveu artigos sobre a homossexualidade e o curioso tema da
telepatia – sempre intrigante aos olhos de Freud. Além disso,
publicou três livros curtos, bem a dizer folhetos: Além do Princípio
do Prazer, em 1920, Psicologia de Grupo e Análise do Ego, em 1921, e
O Ego e o Id, em 1923. Somados, esses textos não ultrapassam
talvez duzentas páginas. Mas o tamanho é enganador; eles
expõem o sistema estrutural de Freud ao qual se manteve fiel pelo
resto da vida”.

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Esse texto nos conta Gay, que aqui tratamos, o Além do Princípio do
Prazer, foi escrito nos anos posteriores à guerra (1ª Grande), onde Freud
preocupava-se com a importação de chocolates e tecidos e marcados
pelo grande sofrimento da guerra e preocupação com parentes que dela
participavam.

Conta-nos que, seu primeiro biógrafo, Fritz Wittels, quis estabelecer essas
relações para o desenvolvimento desse postulado e chegou a dizer:

“Em 1920(com Além do Princípio do Prazer ) Freud surpreendeu-nos


com a descoberta de que, em tudo que é vivo, existe, além do
princípio do prazer, o qual, desde os dias de cultura helênica, tem
sido chamado de Eros, um outro princípio: o que vive quer morrer
de novo. Originando-se do pó, quer ser pó novamente. Há nos seres
não só a pulsão de vida, mas também a pulsão de morte. Quando
Freud fez esse comunicado a um mundo atento, ele estava sob a
impressão da morte de uma filha na flor da idade, que perdeu logo
depois de se preocupar com a vida de vários de seus parentes mais
próximos, que haviam ido para a guerra”.

Diz Peter Gay: “Era uma explicação reducionista, mas


extremamente plausível” (8)

Fale Conosco! 

Sem dúvida que plausível, se o mestre, em toda sua astúcia, não a tivesse
previsto tão habilmente: “Freud se opôs imediatamente a ela. De
fato, ele se antecipara a Wittels há três anos: no começo do verão
de 1920, pedira a Eitingon e outros que atestassem, caso fosse
necessário, que haviam visto um rascunho de Além do Princípio do
Prazer antes da morte de Sophie Halberstadt” (8)

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Dessa forma preserva que tão importante constructo fosse reduzido a


projeções de dores próprias, embora se possa até pensar em um Freud
inscrito em um coletivo ferido, mais uma vez traduzindo-lhes a “alma” em
forma da mais complexo e elaborada construção científica de sua época
e talvez até hoje, em nosso tempo.

Freud com essa construção da Pulsão de Morte nos traz a agressividade


e a belicosidade, para serem pensadas, como inerentes à constituição
humana, embora na verdade, segundo o próprio Peter Gay, Freud já
tratasse do tema da agressão há muito tempo relacionando-a a
hostilidade no Édipo e de maneira importante descreveu em seu “Três
Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade” que: “a sexualidade de
inúmeros homens apresenta uma mescla de agressão” (8)

Importante pensar então, esse sujeito psíquico que se move a partir do


balé pulsional entre Eros e Thanatos, que busca a vida e busca a morte, o
desvario da libido e a paralisação do nirvana. Entre uma coisa e outra,
habita o que entendemos enquanto sujeito psíquico, enquanto aquele
que deseja e atua, que ama e odeia, constrói e destrói. Talvez possamos
pensar que o equilíbrio dessas forças seja nossa meta.

“A substituição do princípio de prazer pelo princípio de realidade é


o grande acontecimento traumático no desenvolvimento do
homem – no desenvolvimento do gênero (filogênese), tanto
quanto do indivíduo (ontogênese)” (6)

Nesse jogo pulsional esses serão conceitos presentes desde sempre e


muito importantes para se ter à dimensão de seu funcionamento, assim
como os conceitos de processo primário e processo secundário,
intimamente relacionado com princípio de prazer e princípio de realidade
atravessados pelas questões culturais (repressivas) que lhe são impostas
desde os seus primórdios. Fale Conosco! 
Todo o aparelho psíquico tende a descarga, isso é algo posto pela teoria
freudiana, se o pensarmos, desde lá, dos modelos da Lagoa ou da
Cebola, modelos conhecidos como pré-científicos, mas que ao nosso ver,
desenharam toda a dinâmica da psicanálise. Tendendo a descarga, o
psíquico se apoiará em seu processo primário, originado na poderosa
fonte do Id, “no começo tudo era id”, que tenderá sempre a realizar, fazer
a ‘catéxis’, mas diante das ameaças do mundo exterior, a satisfação
também está atrelada à obediência às exigências da realidade. Em meio a
toda essa trama dançam nossos impulsos de vida e de morte, de

construção de unidades cada vez maiores em Eros (pulsão de vida) e de

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sua desagregação obedecendo ao princípio de inércia próprio de


Thanatos (pulsão de morte). Substitui-se então a homeostase da
descarga do aparelho psíquico pelo Princípio de Constância, que não
tende mais ao zero, a descarga total, que seria o alvo e meta de
Thanatos. Essa mudança é fundamental para que se possa pensar um
homem combativo, que se rebela contra as forças repressivas da cultura
ao mesmo tempo em que, se não profundamente entendida, poderá
transformá-lo em prisioneiro de seu prazer, no “fast-food” pós-moderno,
como tão bem nos aponta Marcuse em sua obra. Se o prazer traz em si a
força da libertação, também pode e é, aprisionado pelas forças
repressivas da organização social. Nesse sentido, entraria Thanatos como
a grande força desagregadora e com essa característica capaz de propor
novas arrumações.

”Acrescentarei apenas uma palavra para sugerir que os esforços


de Eros para combinar substâncias orgânicas em unidades cada
vez maiores, provavelmente fornecem um sucedâneo para esse
‘instinto para a perfeição’, cuja existência não podemos admitir.
Os fenômenos que lhe são atribuídos parecem passíveis de
explicação por esses esforços de Eros, tomados em conjunto com
os resultados da repressão”.(1)

Para nossa compreensão, avanço e construção de novas expectativas,


entenderemos o pulsional de Freud como aquilo que liberta ou escraviza.
Se pensarmos no sentimento da paixão, tão catexizada, tão enobrecida
pela cultura desde o séc XVIII, veremos que o mesmo sentimento que
possibilita novas relações de objeto com o mundo exterior pode querer
exatamente o contrário, retirando todo interesse do mundo exterior e
voltando-o para um objeto introjetado de paixão, à imagem e
semelhança do que um dia, muito de passagem, esteve localizado
naquilo que em psicanálise entenderemos como “mundo exterior” e
negando-se ao vínculo com o objeto fora de si. Nesse simples exemplo, Fale Conosco! 
poderemos aplicar, sem muita dificuldade, todo o entendimento que a
complexa teoria pulsional de Freud possibilita. Demonstrando de
maneira clara, o constructo apoiado em ações do cotidiano.

“Freud introduz ao nível das pulsões um dualismo fundamental e


irredutível, as pulsões de morte para a redução absoluta das
tensões e as pulsões de vida procurando, pelo contrário, manter e
criar unidades vitais que supõem um nível elevado de tensão” (2)

Eros a procura de objetos, Thanato descarregando a tensão, dessa



maneira simples, nos movimentamos pela vida, entre o mais legítimo

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desejo pulsional (processo primário), o corte do real, a realização possível


(processo secundário) e a descarga entre o mais legítimo Princípio do
Prazer e do para Além do Princípio do Prazer. Entender a economia e a
dinâmica desses conceitos significa quase tocar o que nos movimenta, e
o que nos mantém vivos em busca de nossas satisfações e realizações.

Buscar para além do que está posto, do que nos é conhecido, do que nos
define enquanto seres de determinada cultura ou meio social, e que de
certa maneira, nos lançará naquilo que nos constitui enquanto seres de
uma mesma espécie, nascidos de uma mesma argamassa, seja nos
confins da África, seja aqui, no balneário do Rio de Janeiro.

Freud para construir todas as elaborações teóricas de seu genial texto,


por nós aqui ora estudado, o “Além do Princípio do Prazer”, o faz a
partir de observações simples, como a de seu neto de dezoito meses,
filho de Sophie, o menino Ernst Wolfgang Halberstadt, com o que ficou
conhecido no mundo psicanalítico como o “jogo do carretel” onde jogava
o cilindro de madeira amarrado a um barbante para fora do berço,
dizendo “fort” que significava ido e o trazia de volta e contente dizia “da”
que significa ali, dessa maneira, segundo Freud, trabalhando a ausência
da mãe, ou ainda, em outra hipótese, naquilo que alimentará o que está
posto depois do princípio de prazer, “talvez estivesse se vingando da
mãe – jogando-a fora, por assim dizer, como se não precisasse mais
dela” (8)

Tomando em suas mãos, pela atividade agressiva, o comando da


situação indesejada, concretamente falando.

“Esse jogo infantil fez Freud pensar: Por que o menino reproduzia
incessantemente uma situação que era tão perturbadora para
ele?” (8)

Fale Conosco! 
Dessa maneira chegamos então, ao conceito de “compulsão a repetição”,
de importância fundamental para se entender os eventos psíquicos
propostos pela teoria freudiana, assim como, de fundamental relevância
na prática da clínica psicanalítica.

Freud comparou os eventos da compulsão a repetição a algo de


“demoníacos” e como “uma atividade mental extremamente
primitiva, exibindo um caráter instintivo a um alto grau” (8)

E em que nos interessa esse conceito para o presente artigo? Interessa



na medida que termina de alinhavar a questão e observação que leva o

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velho mestre até a constatação que o organismo busca não somente o


prazer, mas o retorno a algo que já teria experimentado em um estado
anterior e que tenderia à morte: “a finalidade da vida é a morte” (1).

Há algo na busca humana que tange o quase incompreensível, e que


talvez seja, a principal matéria que alimenta crenças e ideologias. Mas,
que ao mesmo tempo, alimenta tudo aquilo que nos movimenta, todas
as mudanças que sofremos ao longo da vida, com pequenas mortes,
separações e mudanças; onde uma forte tendência ao imobilismo das
fontes de tensão pode evitar e impedir a mudança necessária ao
crescimento, ou como diria Ernst: “fort”.

Por outro lado essas forças incontroláveis, dirigidas de maneira adoecida,


alimentam tudo aquilo que há de mais destrutivo para nós.

“Os psicanalistas, praticamente sem exceções, poderiam aceitar o


postulado de que a agressividade faz parte dos dotes do animal
homem: além da guerra e da rapina, as brincadeiras hostis, a
calunias invejosas, as brigas domésticas, as disputas esportivas, as
rivalidades econômicas – e as rixas dos psicanalistas – confirmam
que a agressão está à solta no mundo, alimentada, com todas as
probabilidades, por uma corrente inesgotável de pressões
instintivas”. (8)

O difícil e controverso ainda seria o conceito de masoquismo primário


ligado a esse entendimento, ou seja, de que tudo isso significaria uma
busca a um retorno a um estado anterior, entendido aqui como morte,
inscrito no sentido de Thanatos e sua busca pelo término da tensão de
necessidade de Eros. Que está posto seria que, em toda atividade
humana, estaria inscrito um algo de destruição, de agressão que poderá
atingir objetivos nada edificantes para a moral humana, mas que pela via
da ética poderá ser diligentemente dirigida para alvo de construção Fale Conosco! 
humana de ideais de Eros.

“Em resultado disso, o seu próximo é, para eles, não apenas um


ajudante potencial ou um objeto sexual, mas também alguém que
os tenta a satisfazer sobre ele a sua agressividade, a explorar sua
capacidade de trabalho sem compensação, utilizá-lo sexualmente
sem o seu consentimento, apoderar-se de suas posses, humilhá-lo,
causar-lhe sofrimento, torturá-lo e matá-lo” (9)

O destino que daremos a toda essa complexa teia de energias que nos

habita e move, estará de alguma maneira, em algum momento,

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disponível para que intentemos manobras em prol da vida, daquilo que


constrói algo próximo ao que chamamos de felicidade e paz.

Esse estudo aqui apresentado, é apenas um resumido apanhado,


daquilo que talvez seja, a parte da teoria freudiana mais complexa de se
elaborar e apreender. Ele está longe de esgotar esse assunto, e se propôs
também, a levantar ao longo de sua execução, pequenos convites a
reflexão sobre temas de alguma maneira ligados ao que entendemos por
agressão, ou ainda em outra vertente por agressividade. Tentamos
resgatar aqui, o fato de que algum “quantum” de agressividade é
necessária a tarefa de viver e que, talvez, mantê-la dirigida para as
conquistas e para o bem comum, sem uma repressão cruel por parte da
cultura, talvez possa nos levar para mais longe da barbárie da agressão.

Bibliografia:

1 Além do Princípio de Prazer – S. Freud – Obras Completas – vol

2 Vocabulário da Psicanálise – Laplanche e Pontális

3 O Futuro de uma Ilusão – S. Freud – Obras Completas – vol XXI

4 Introdução a Metapsicologia Freudiana – Luiz Alfredo Carcia-Roza

5 Teoria Psicanalítica das Neuroses – Otto Fenichel

6 Eros e Civilização – Herbert Marcuse

7 Nascer Sorrindo – Frédérick Leboyer

8 Freud – Uma Vida Para o Nosso Tempo – Peter Gay

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9 Mal-Estar na Civilização – S. Freud – Obras Completas – vol. XXI

Links:

1 – Entrevista com Freud

http://www.geocities.com/~mhrowell/entrevista_freud-2.html

2 – EROS/THANATOS – Uma exegese e uma pragmática de “Além do



Princípio do Prazer” – Nahman Armony

https://www.redepsi.com.br/2007/10/11/a-agressividade-puls-o-de-morte-e-suas-correla-es-com-ato-de-viver/ 12/14
05/12/2023 23:45 A agressividade, pulsão de morte e suas correlações com ato de viver - RedePsi - Psicologia

http://www.saude.inf.br/nahman/erosthanatos.doc

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