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Ensino de História Da América

Este documento discute a evolução do ensino de História da América no Brasil ao longo do século XX, desde sua inclusão inicial nos currículos escolares até as reformas educacionais que ora incluíam ora excluíam esses temas. Apesar de sua presença durante a ditadura militar como forma de resistência, a História da América tem recebido menos ênfase nos currículos atuais.

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Este documento discute a evolução do ensino de História da América no Brasil ao longo do século XX, desde sua inclusão inicial nos currículos escolares até as reformas educacionais que ora incluíam ora excluíam esses temas. Apesar de sua presença durante a ditadura militar como forma de resistência, a História da América tem recebido menos ênfase nos currículos atuais.

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O ENSINO DE HISTÓRIA DA AMÉRICA NO BRASIL (VITÓRIA

RODRIGUES E SILVA)
quarta-feira, 1 de novembro de 2023 19:11

RESUMO
Neste artigo procuramos apresentar um quadro geral sobre o ensino de História da América no
Brasil ao longo do século XX, identificando os lugares por ele ocupados nos diferentes currículos
escolares e os conteúdos então abordados. Procuramos caracterizar as conjunturas, tanto do ponto
de vista político como educacional, em que se deram as várias reformas que ora excluíram a História
da América dos programas, ora lhe deram destaque. Por fim, apontamos algumas dificuldades que
enfrentam as mais recentes iniciativas em promover uma ampliação dos estudos históricos
americanos.
INTRODUÇÃO
- Salvo a pesquisa realizada por Maria de Fátima Sabino Dias (1997) e alguns artigos esparsos,
como o de Circe Bittencourt (1996), são poucos os textos que esclarecem no que consistia o
ensino de História da América no nível secundário e praticamente inexistem discussões sobre
um dos paradoxos no ensino dessa disciplina na atualidade: enquanto vigorou a ditadura
militar no Brasil, os temas da História da América, especialmente da América Latina, estiveram
presentes nas salas de aula e nos programas curriculares oficiais – inclusive como forma de
resistência política; mas, à medida que o processo de redemocratização foi se consolidando e
os professores foram adquirindo maior autonomia e liberdade para definir seus programas,
esses temas foram pouco a pouco deixando de fazer parte da pauta das aulas, dos livros
didáticos e dos vestibulares. Hoje, quando as relações do Brasil com seus vizinhos sul-
americanos experimentam uma fase de aproximação, chegando mesmo a formar um bloco
regional, praticamente não se estudam tais temas.
A DISCIPLINA DE HISTÓRIA NO ENSINO SECUNDÁRIO
- História é uma das disciplinas que sempre estiveram presentes nos currículos escolares
brasileiros. No Primário, até a década de 19603, os programas privilegiaram a História do Brasi
- O primeiro ponto a registrar é que desde a Primeira República os programas oficiais de
História contemplavam de algum modo os conteúdos de História da América inseridos no
programa de História Universal, ainda que não constituíssem tópicos relevantes
- Recordemos muito rapidamente que a proclamação da República tinha recolocado o problema
da nacionalidade ou da identidade brasileira na ordem do dia, o que foi discutido por muitos
autores
- Manoel Bonfim, que em 1903 publicara América Latina Males de origem, foi um deles,
preocupando-se em pensar as causas do atraso latino-americano (DIAS, 1997, p.43).
- O primeiro livro didático nacional sobre História da América, destinado aos alunos da Escola
Normal e escrito em 1900 por Rocha Pombo, acompanhava Bonfim na crítica à visão
positivista da História, segundo a qual a civilização ocidental é portadora do progresso. Mas
essa obra parece ter tido pouca aceitação e sua abordagem não foi seguida ( BITTENCOURT,
1996, pp 212-213).
- Em 1931, já durante o governo provisório de Getúlio Vargas, ocorreu a primeira grande
reforma educacional brasileira, conhecida como reforma Francisco Campos, a quem coube a
sua implementação enquanto o primeiro chefe do recém-criado Ministério da Educação e
Saúde Pública. Entre várias mudanças importantes, sempre no sentido de centralizar e
uniformizar o ensino secundário em todo o país, as cadeiras de História Universal e História do
Brasil foram fundidas na disciplina História da Civilização, que deveria ser oferecida nas cinco
séries do curso secundário fundamental (antes só havia História em três séries), o que
representava uma evidente valorização da disciplina
- a reforma era explícita no tocante aos conteúdos de História da América:
História do Brasil e da América constituirão o centro do ensino. É claro, porém, que não se deve
considera-las isoladamente. Ao contrário, cumpre seja adquirido, a princípio, o conhecimento da
situação do mundo até o descobrimento, para se fazer depois o estudo simultâneo da História Geral,
da História da América e da História da Pátria, afim de que possam ser bem apreciadas as influências

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da História da América e da História da Pátria, afim de que possam ser bem apreciadas as influências
que concorrem, de toda parte, para a formação do Brasil e de várias nações americanas, bem como
para que se considere o papel desempenhado pelos diversos países no conjunto da evolução da
humanidade, e se conheçam os problemas humanos em cuja solução cumpre ao Brasil empenhar-se
solidariamente com as demais nações. (HOLLANDA, 1957, p. 19)
- Como se nota, os conteúdos não respeitavam uma seqüência cronológica única, podiam se
repe r de uma série para outra e pouco se avançava ao período pós independência. Isso só
ocorreria no programa da quinta série, quando se estudavam temas relacionados à segunda
metade do século XIX e início do XX, como, por exemplo, o imperialismo norte-americano no
Panamá e na Nicarágua, as repercussões da Grande Guerra na América e o surgimento da
Sociedade das Nações e problemas de então do continente (HOLLANDA, 1957, p. 280-281).
- Portanto, temos aqui outra face dessa questão: embora houvesse preocupação em apresentar
aos alunos temas relativos à história da América, sabemos muito pouco sobre em que
consistiam propriamente esses estudos, dada a precariedade de formação dos professores
responsáveis pelos cursos, com exceção de poucas escolas, como o próprio Colégio Pedro II
em que atuavam professores ligados ao Instituto Histórico e Geográfico, os quais, por isso,
tinham acesso a uma bibliografia mais ampla.
A REFORMA CAPANEMA
- A Lei Orgânica do Ensino Secundário, aprovada na gestão de Gustavo Capanema à frente do
Ministério da Educação, em 1942, marca a instauração de uma nova reforma educacional.
Embora o curso secundário continuasse composto de dois ciclos, o que passou a ser chamado
curso ginasial seria desenvolvido em quatro anos, enquanto o curso colegial passava a ter trêa
anos, com nas orientações de Clássico e Científico,
- Os novos programas eram compostos de duas partes: o sumário da disciplina, também
chamado de unidades didáticas, e a indicação das suas finalidades educativas. Pretendia-se,
assim, estabelecer programas mínimos a partir dos quais os professores poderiam desenvolver
o seu trabalho, considerando as características locais
- No tocante ao aspecto que mais nos interessa aqui, é preciso registrar que a História da
América ficava restrita à segunda série ginasial, quando se estudavam os temas de História
Moderna e Contemporânea. A unidade III era dedicada ao Novo Mundo, enquanto na Unidade
V, denominada “A Era revolucionária”, havia um tópico sobre a Independência dos Estados
Unidos e outro para “A independência das nações latinas na América”. Toda a Unidade VII
dedicava-se ao estudo da América no século XIX, assim organizada: “Estados Unidos da
América: a doutrina Monroe; A guerra de Secessão; As nações latinas da América: principais
vultos e episódios”. “As democracias americanas: os seus maiores vultos e episódios” era um
dos tópicos da unidade seguinte, com o qual se encerrava o estudo do continente (HOLLANDA,
1957, p.287).
A CRIAÇÃO DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA DA AMÉRICA
- Esse quadro só se reverteria a partir de 1951, quando a Lei 1359 determinou uma nova
seriação para a escola secundária, dedicando-se um ano todo, o segundo do ginasial, ao
estudo de História da América e de História Geral. Menos de três meses depois, a Portaria 724
definia o programa da referida série, mas introduzia uma mudança: contemplavam-se quase
exclusivamente conteúdos de História da América. O Prof. Helio Vianna, a propósito dessa
nova determinação oficial, considerava: “... assim atenderemos aos imperativos de nossa
posição na América, nesta hora em que a ela compete tomar a iniciativa dos destinos
mundiais” (DIAS, 1997, p.59)
- Pan-americanismo
- Guy Hollanda é severo em suas críticas aos manuais que serviam de apoio às aulas de História
da América. A maioria dos autores e/ou editores simplesmente aproveitaram partes de textos
publicados em compêndios mais antigos, às vezes mantendo graves erros e raramente
atualizando os conteúdos. Poucos foram os que incluíram tópicos não constantes dos
programas, mesmo quando de evidente importância.
A NOVA LDB DE 1961, A DITADURA MILITAR E UM NOVO ESPAÇO PARA A AMÉRICA LATINA
- Desde os anos 1930, assistia-se no Brasil a um debate sobre a introdução de Estudos Sociais
nos currículos nacionais, substituindo História e Geografia
- Por outro lado, no 2o grau, favorecidos pela maior autonomia que passaram a desfrutar com a
LDB para estabelecer seus guias curriculares, alguns estados promoveram mudanças na sua
grade. Assim, em 1978, no Estado de São Paulo instituiu-se para a 1a. série uma programação

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grade. Assim, em 1978, no Estado de São Paulo instituiu-se para a 1a. série uma programação
toda destinada ao ensino da história do continente americano. Segundo a proposta curricular
para o ensino de História, os programas deveriam, entre outros aspectos, ressaltar as raízes
coloniais de todo o continente e seus traços mais marcantes, sem cair em descrições
minuciosas

REVISÃO INTERNACIONAL DOS MANUAIS ESCOLARES E A BUSCA DE UMA APROXIMAÇÃO NO


ÂMBITO DO MERCOSUL
- Guy Hollanda, quase no final do seu livro, também faz referência a essa Convenção
internacional. Segundo ele, havia uma preocupação das autoridades educacionais brasileiras,
desde os anos 1930, no tocante à presença de estereótipos nos livros e conteúdos escolares.
Entendia-se que tal presença contribuía fortemente para a incompreensão entre os povos, na
medida em que a escola inculcava nos alunos noções errôneas e preconceituosas. As
disciplinas de História e Geografia eram consideradas as duas com maior incidência desse tipo
de problema, razão pela qual o governo brasileiro assinou em 1950 um convênio Internacional
junto à Unesco, de modo que os manuais escolares brasileiros fossem revisados e deles
eliminadas as partes que viessem a promover incompreensão entre os povos. Convênios
semelhantes haviam sido celebrados no início dos anos 1930 com a Argentina e com o México.
- OEI

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