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Bernardo Cnudde, Padre, e Dizem Alguns, Curador...

O documento descreve a vida e obra do padre Bernardo Cnudde, um sacerdote francês que viveu em Maringá, Paraná. Ele era conhecido por realizar orações e bênçãos que levavam à cura de doenças, por fazer exorcismos, e por dedicar muito tempo a atender aqueles que o procuravam. Pessoas continuam visitando seu túmulo e creditando a ele milagres. O documento explora a memória e legado desse padre por meio de entrevistas e documentos para entender melhor sua prática
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Bernardo Cnudde, Padre, e Dizem Alguns, Curador...

O documento descreve a vida e obra do padre Bernardo Cnudde, um sacerdote francês que viveu em Maringá, Paraná. Ele era conhecido por realizar orações e bênçãos que levavam à cura de doenças, por fazer exorcismos, e por dedicar muito tempo a atender aqueles que o procuravam. Pessoas continuam visitando seu túmulo e creditando a ele milagres. O documento explora a memória e legado desse padre por meio de entrevistas e documentos para entender melhor sua prática
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Bernardo Cnudde, padre e, dizem alguns, curador...

Marcia Regina de Oliveira Lupion1

Introdução
Bernardo Cnudde foi um padre que viveu toda sua vida eclesiástica em Maringá
no norte paranaense. Francês de nascimento, Bernardo chegou ao Brasil em 1966
ainda com vinte e sete anos a convite do bispo diocesano e permaneceu até o ano
2000 quando faleceu de um ataque cardíaco fulminante. Ainda hoje seu túmulo é
motivo de reverências sendo o segundo mais visitado do cemitério. Pessoas que o
conheceram ou não, creditam ao monsenhor milagres de cura, recepção de graças e
práticas exorcistas. Entre seus pares, a lembrança que suscita é a de um sacerdote
dedicado aos que o procuravam, tão dedicado que quando faleceu o mesmo estava
estafado devido ao número expressivo de atendimentos que realizava não somente
junto a seus paroquianos, mas, também a pessoas que vinham de fora do estado e
do país para ter alguns minutos à sós com o “padre que benzia”. Integrantes da
religiosidade espírita não cessam de apontar o monsenhor como dotado de dons
mediúnicos muitas vezes utilizado para indicar a outros médiuns que surgiam na igreja
o caminho de um dos centros espíritas locais.
O fato é que Bernardo tornou-se uma figura pública por promover orações e
bênçãos que muitas vezes levavam à cura de pessoas doentes, por realizar
exorcismos e, sobretudo devido à forma carismática como recebia e atendia os que o
procuravam. Embora de forma velada, sabia-se que transitava por diversos campos
religiosos no afã de tentar resolver a dor e o sofrimento de uma população que o
procurava cada vez mais nos trinta e um anos em que atuou em Maringá. Nesta,
pretendo narrar alguns fatos ligados a essa característica de reza e cura com a qual
o monsenhor Bernardo Cnudde é constantemente lembrado e pela qual tornou-se
conhecido e admirado por um expressivo contingente de católicos e não católicos que
buscavam suas orações e bênçãos ou que apenas ouviram falar do “padre que

1Doutoranda em História das Religiões pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade


Estadual de Maringá com ênfase em História das Sensibilidades e História Oral. Bolsista da Capes.
Orientação: Profa. Dra. Solange Ramos de Andrade. Endereço para acessar este CV:
http://lattes.cnpq.br/6053672753953434. Contato: [email protected].
benzia” considerando a forma como o historiador Alain Corbin aborda a questão do
indivíduo moderno em relação ao corpo, a dor e ao sofrimento.

Porquê Bernardo?
A escolha por trabalhar com a prática sacerdotal de Bernardo se deve a
especialmente a dois fatores. Em primeiro lugar devido a própria religiosidade
observada por Bernardo que não poupava esforços para atender às necessidades
físicas, morais, psicológicas e financeiras daqueles que o procuravam e, em segundo,
ao fato de que a memória da igreja católica em Maringá está intrinsecamente atrelada
ao trabalho realizado por Dom Jaime Luiz Coelho, primeiro bispo e arcebispo da
(arqui)diocese2 cujos feitos empreendedorísticos são inegáveis e dignos das diversas
notas e resenhas com as quais é lembrado. Com o objetivo de ampliar essa memória,
a peculiar prática religiosa de Bernardo apresenta uma outra faceta do catolicismo
maringaense na qual interagem tanto pressupostos do trabalho pastoral com as
Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs, quanto elementos comuns à Renovação
Carismática, a RCC, e em terceiro lugar, o fato de que Bernardo costumava buscar
por conhecimentos oriundos de outras religiões como o espiritismo por exemplo para
realizar os trabalhos juntos ao seu “bom e amado povo” como costumava se referir às
pessoas que o procuravam.
Traços da religiosidade vivida por Bernardo que também foi monsenhor, foram
observados por meio da construção de fontes a partir da oralidade com pessoas que
o conheceram pessoalmente ou que apenas tiveram contato com sua prática. Das
dezesseis entrevistas realizadas, quatro revelam ter recebido curas pessoais para
doenças diretamente das orações e bênçãos realizadas pelo padre e um dos
entrevistados, devido a proximidade com o padre, revela diversos casos de pessoas
que depois de atendidas tiveram suas doenças sanadas. Soma-se a esse depoimento,
dois casos em que o padre teria exorcizado duas jovens, situações em que o clérigo
costumava se recolher após realizados os rituais. Os casos de exorcismos também
são citados por um terceiro entrevistado que conta duas situações para as quais o

2A Diocese de Maringá foi criada no dia 1º de fevereiro de 1956, através da bula Latissimas partire
Ecclesias (Dividir as Igrejas muito extensas), do papa Pio XII e, dom Jaime chega ao município no ano
de 1957 quando se dá a instalação canônica da diocese, com a posse do Bispo, deu-se no dia 24 de
março daquele ano e, a instalação canônica da arquidiocese acontece em 20 de janeiro de 1980.
Disponível em: < http://arquidiocesedemaringa.org.br/historia > Acesso 15 out. 2018.
padre foi chamado e prontamente atendeu aos pedidos. Também nesse caso, duas
jovens teriam sido os pivôs do trabalho realizado com êxito pelo monsenhor.
Toda a movimentação ocorrida na paróquia Divino Espírito Santo não passou
despercebida aos dirigentes da instituição. A fama de Bernardo como curador levou
sua paróquia a adotar um sistema de atendimento com datas e horários agendados
com antecedência para os que desejavam um encontro particularizado com o padre.
Uma missa especialmente dedicada a bênçãos coletivas também passou a ser
realizadas às terças-feiras num primeiro momento e, posteriormente às quartas-feiras.
O envolvimento do padre com o atendimento era tão grande que nos idos dos anos
1990, quando construiu uma casa para si há poucas quadras da igreja, mandou que
fosse feita uma sala exclusiva para quando precisasse atender em casa. Essa sala é
o segundo cômodo para quem entra pela porta da frente da ex-residência do
monsenhor.
Missionário de formação, Bernardo parece ter adotado o atendimento à
população como regra e isso acabou por remeter à sua prática sacerdotal uma
característica que o diferenciava de seus colegas e da proposição pastoral em
vigência naquele momento que era o fomento às CEBs, Comunidades Eclesiais de
Base, como forma de condução dos leigos dentro do catolicismo pós-Vaticano II,
Puebla e Medellín.
O padre Júlio Antonio (2018) conheceu e conviveu com Bernardo e, sobre sua
performance como pároco da Divino Espírito Santo assim se pronuncia:

(...) o caso do padre Bernardo, monsenhor Bernardo, com a cabeça europeia, com
os costumes europeus, ele não conseguiu digerir esse modelo de igreja latino
americano. Por isso que foi, digamos assim, muito mais fácil ele abrir-se a um
modelo europeu, um modelo de primeiro mundo, por que a RCC não sei se você
sabe ela tem o seu nascimento na Europa com o Cardeal Suenens, belga, depois
os americanos transpõem esse modelo de igreja para os Estados Unidos, então o
pentecostalismo católico, para nós, passa via modelo americano (risos). (…) Mas
isso não significou desunião, não significou racha. Pelo contrário! Respeitou-se o
modelo, no caso aqui, o caso concreto, o padre Bernardo. (JULIO ANTONIO DA
SILVA, 2018).

Além do não condicionamento à pastoral proposta para a igreja latino-


americana, Bernardo também acolheu o primeiro grupo da Renovação Carismática de
Maringá, fato que daria a sua paróquia o caráter explicitado por Júlio na citação acima.
De forma que, dentro do universo das igrejas católicas maringaenses dos anos 1980
e 1990, a experiência com a renovação carismática vivida pela paróquia Divino
Espírito Santo tornou-se ao mesmo tempo uma novidade, uma curiosidade e uma
possibilidade de fugir aos imperativos oriundos da vivência leiga baseada no
engajamento social, coletivo e na luta política como propunham as CEBs.
De fato, com o padre Bernardo o que se tinha era um atendimento
personalizado no qual o leigo podia falar de seus dramas pessoais e, acima de tudo,
ser ouvido, aconselhado e abençoado com palavras e ritos que confortavam e
aliviavam dores de diversas naturezas.

Como ouvir o monsenhor


Bernardo deixou pouca escrita de si. As pesquisas realizadas em acervos
institucionais e familiares resultaram num número pouco expressivo de documentos
pessoais como cartões postais enviados a alguns paroquianos, ao bispo Jaime e um
discurso escrito por ocasião da solenidade de posse de Bernardo como Vigário
Episcopal do Vicariato de Maringá no dia onze de dezembro de 1980. São
documentos em linguagem simples e de acordo com a especificidade para as quais
foram criados. Dessa forma, para ouvir Bernardo e traçar sua prática religiosa foi
necessário recorrer à construção de fontes a partir da oralidade dado o expressivo
número de pessoas que o conheceram.
Até o presente momento foram realizadas dezesseis entrevistas temáticas nas
quais se privilegia uma possível reconstrução do perfil do padre a partir de uma
pergunta chave que é saber do entrevistado ou entrevistada quem foi Bernardo para
ela. Narrar casos de recepção de graças, curas ou exorcismos também integram o rol
de questões sobre as práticas religiosas do padre e estão condicionadas ao fato de
terem ou não vivenciado tais momentos ou conhecidos pessoas que tenham passado
por situações como essa junto a Bernardo.
Sobre o trabalho institucional foi possível verificar o trânsito de Bernardo a partir
de levantamentos feitos e paroquiais do município e também na Cúria Metropolitana
e Catedral. Nesses locais são guardados diversos recortes de jornais nos quais o
monsenhor aparece sendo nomeado cidadão benemérito do município e, já em fatos
relacionados à sua morte.
Documentos disponibilizados pelos entrevistados também fazem parte do rol
de fontes sobre as quais nos debruçamos para tentar recriar a imagem de Bernardo
considerando suas diversas facetas, ou seja, como um sacerdote católico, como um
curador, como uma pessoa que acolhia. Mas, também foi possível verificar outras
características de sua personalidade que eram o seu imenso amor pela culinária, pela
pescaria e pelo fumo e por um bom copo de cerveja. Fotografias do padre em ocasiões
informais como passando férias com amigos paroquianos na praia e um conjunto de
vídeos criados após sua morte mostram um padre envolvido em atividades
extrarreligiosas, mostram um Bernardo buscando relaxar e dar um tempo de seu
trabalho. Mas, acima de tudo, o conjunto de fontes arroladas somadas as fontes orais
revelou que aqueles que o conheceram o tinham como uma pessoa extremamente
caridosa e disposta ao atendimento de quem quer seja, independente da religião a
que pertencia.

Bernardo, padre, e dizem alguns, curador...

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Referências
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(sem separação entre livro, tese, obra pesquisada na internet, etc.), com espaço
entrelinhas simples e seguindo-se a normatização da ABNT - NBR 6023:

Livro:
SOBRENOME, Nome. Título do livro em itálico. Subtítulo. Tradução, edição. Cidade:
Editora, ano.
Exemplo:
MALUF, Sônia Weidner. Encontros Noturnos. Bruxas e Bruxarias na Lagoa da
Conceição. 1. ed. Rio de Janeiro: Editora Rosa dos Tempos, 1993.

Capítulo de livro:
SOBRENOME, Nome. Título do capítulo ou parte do livro. In: SOBRENOME, Nome
(Org.). Título do livro em itálico. Tradução, edição. Cidade: Editora, ano, p.
Exemplo:
ISAIA, Artur Cesar. Intolerância e preconceito na obra dos intelectuais da Umbanda.
In: ANDRADE, Solange Ramos de; MANOEL, Ivan Andrade (Org.). Tolerância e
intolerância nas manifestações religiosas. Franca: UNESP-FDHSS, 2010, p. 71-87.
Artigo de revista:
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. In: Título do periódico em itálico, volume,
número, Cidade, p. xx-xx, ano.
Exemplo:
BIRMAN, Patrícia. Transas e transes: sexo e gênero nos cultos afro-brasileiros, um
sobrevôo. In: Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, vol. 13, n. 2, p. 403-414,
2005.
Anais de evento:
SOBRENOME, Nome. Título do Trabalho. In: Nome da/o/e(s) Organizadora/o/e(s) dos
Anais, se houver. Nome dos Anais em itálico. Cidade, Entidade promotora, ano (início
e fim das páginas referentes ao Trabalho).
Exemplo:
GARCIA, Marina Santi Lopes; PINEZI, Ana Keila Mosca. Espaços religiosos de
inclusão e diversidade sexual: um estudo sobre uma igreja inclusiva paulistana e os
elementos sagrados e profanos em torno da noção de sexualidade. In: MARANHÃO
Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque (Org.). Anais do 1º Simpósio Sudeste da
ABHR, 1º Simpósio Internacional da ABHR, Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas.
São Paulo, ABHR, 2013 (p. 1653- 1669).

Tese ou dissertação:
SOBRENOME, Nome. Título da tese ou da dissertação em itálico. Tese ou dissertação
(Mestrado ou Doutorado em determinada área) - Instituição, Cidade, Ano. Orientação
de ____.
Exemplo:
GROISMAN, Alberto. Eu venho da floresta: Ecletismo e práxis daimista no Céu
do Mapiá. Dissertação (Mestrado em Antropologia) - UFSC, Florianópolis, 1991.
Orientação de Esther Jean Langdon.

Obras consultadas na internet:


Exemplo:
SMART, Ninian. The formation rather than the origin of a tradition. In: DISKUS, 1(1),
1993, p. 1. Disponível em: <endereço da internet>. Acesso em: 27 abr. 2005.

Texto em jornal de notícias/revista:


Exemplos:
TOURAINE, Alain. O recuo do islamismo político. Folha de São Paulo, São Paulo, 23
set., 2001, Mais!, p. 13.

ROSADO-NUNES, Maria José Fontelas. As mulheres não terão saudade de João


Paulo II. Superinteressante, São Paulo, 2004, p. 98.
Entrevista:
SOBRENOME, Nome (da pessoa entrevistada). Entrevista (em itálico). Entrevista
concedida a (nome da pessoa que entrevistou). Cidade, Ano.

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