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Vingt-un Rosado & Isaura Ester Rosado
Rômulo Argentière,
o País de Mossoró e Outros Países
(Livro 1)
Edição especial para o Acervo Virtual Oswaldo Lamartine de Faria
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Marinês Dantas Argentière,
Uma Heroína de Carnaúba dos Dantas
(Vingt-un Rosado)
Não foi tão longo o nosso convívio com Marinês, mas o su-
ficiente para dimensionar a grandeza daquela menina que nasceu
no chão de Tonheca Dantas, Felinto Lúcio e Donatilla Dantas.
O seu esposo, Rômulo Argentière, cientista de renome na-
cional e internacional, era meu amigo desde março de 1982 e
essa amizade foi uma espécie de herança espiritual do grande e
inesquecível Antônio Campos e Silva, levado para Deus, nas
vossorocas da estrada Apodi – Mossoró, na altura do Mulungu,
no ano de seca de 1972.
Jovem cientista, que já assinava artigos em co-autoria com
Karl Beurlen e James M. Mabesoone.
Rômulo Argentière trabalhava há 40 anos no que seria o
seu grande livro: “O Ciclo d´Água no Nordeste Brasileiro”
(Um estudo da física do globo).
Os títulos da Coleção Mossoroense que interessavam ao tema
do seu trabalho, eu os remeti e ele os recebeu com imensa alegria.
Depois, quando pesquisávamos as projeções lobatianas
sobre o País de Mossoró, ele se entregou a uma busca sem re-
pouso da fazenda Mossoró até localizá-la na folha do mapa do
município de Monteiro Lobato.
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A fazenda, Rômulo Argentière visitou pessoalmente em
dezembro de 1883.
Parece-me hoje que o Barão é que deu o nome à fazenda
Mossoró e não o contrário como acreditei a princípio.
Rômulo Argentière deixou um currículo extraordinário do
qual fiz o folheto nº 710 da Coleção Mossoroense.
Há alguns meses tomei conhecimento da dolorosa situação
financeira que ele atravessava, vítima de um familiar que vende-
ra, à sua inteira revelia, as suas casas, o carro e até o telefone.
O cientista chegou a passar fome e Marinês, que ele en-
contrara nos caminhos de Carnaúba dos Dantas para felicidade
de seus últimos e dramáticos dias, foi a enfermeira dedicada, a
esposa exemplar, afetuosa e diligente.
Exilado de São Paulo, o Rio Grande do Norte simplesmen-
te desconheceu a sua tragédia.
Nem os cientistas, sequer os professores universitários
nem os políticos tomaram conhecimento de que uma casa hu-
milde da rua Juvenal Lamartine, de Carnaúba dos Dantas, trans-
formara-se na última morada do cientista eminente que fora dis-
cípulo de Madame Curie e se correspondera com Einstein.
Apenas 2 políticos potiguares resgataram a dívida do RN
com o seu grande hóspede: Frederico Rosado do Amaral, que
iniciou junto ao Governo do Estado as primeiras demarches para
a concessão de uma pensão especial a Rômulo Argentière. Fre-
derico articulou uma audiência com Garibaldi Filho que se com-
prometeu a aprovar a pensão pleiteada.
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Na noite de 16 de março, o Governador me telefonou para
comunicar que acabara de assinar o decreto que concedia a Rô-
mulo Argentière uma pensão especial de 10 salários mínimos.
O cientista já se encontrava na UTI do Hospital Onofre
Lopes onde veio a falecer no dia seguinte.
Temi em lhe transmitir notícia tão alvissareira que ele es-
perava com tamanha ansiedade.
Ernani Rosado, o grande cirurgião, cercado de uma equipe
em que juntou jovens e valorosos médicos nascidos como ele
em Mossoró, para a cirurgia que durou 6h e que ele me advertira
ser da maior gravidade e do mais alto risco: um carcinoma do
esôfago em estado avançado.
Concluída a operação, Ernani me preveniu: se o paciente
atravessar o pós-operatório terá uma sobrevivência de 3 a 6 me-
ses. Rômulo R. Argentière não atingiu as 72hs, que poderiam
lhe dar alguma esperança de viver mais alguns dias.
Levamos o grande cientista paulista ao humilde Cemitério
do Bom Pastor.
Depois acompanhamos, eu e América, a Marines e visita-
mos o Prefeito de Carnaúba dos Dantas para lhe dizer que de-
volvíamos a heroína silenciosa, aos seus pagos de origem.
Ali ela, que terminara o 2o grau, começara num esforço he-
róico, a fabricar confecções, que vendia e ajudavam na manutenção
do cientista, cuja única receita era uma pensão por invalidez no
valor de um salário mínimo, que lhe concedia a Previdência.
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A menina humilde da terra de Donatilla Dantas, pelo seu
desprendimento, pela sua devoção total ao cientista Rômulo R.
Argentière, tornou-se assim uma autêntica heroína do chão, que
já dera ao Rio Grande do Norte e ao País tantos vultos de proje-
ção.
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Curriculum Vitae de Rômulo Argentière
Por minha solicitação, Argentière organizou o seu Currí-
culo, do qual fiz o folheto 710, da Série “B” da Coleção Mosso-
roense, publicado em 1990.
Ei-lo:
Rômulo R. Argentière é descendente de tradicional família
francesa por parte de seu avô materno. A família é originária de
LR. Argentière, uma pequena cidade produtora de queijos e seda
situada no Departamento do Bas Viverais, na região de Ardèche.
Rômulo R. Argentière nasceu em Amparo, Estado de São
Paulo, a 23 de dezembro de 1916. Realizou seus estudos primá-
rios em Amparo. Em 1925, representando os alunos dos colégios
da região, saudou Madame Curie, que naquela época visitava as
Termas de Lindóia a convite de seu descobridor, o Dr. Tosi.
Realizou os estudos secundários em Amparo, Campinas,
Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.
Embarcou para Paris em fins de 1932, precisamente, no
término da Revolução Paulista, favorecido por uma pequena
bolsa de estudo. Cursou a antiga “École de Physique et Chimi-
que”, de Paris, instituição da qual fora diretora Madame Curie e
Paul Langevin, vindo a bacharelar-se em ciências físicas, quími-
cas e matemáticas (1938). Ao mesmo tempo cursou a “École
Nationale Supérieure des Mines”, de Paris, com interrupção no
curso devido a guerra (1938 – 1948).
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Voltou ao Brasil e em São Paulo foi professor de Física
em várias escolas secundárias. Com Monteiro Lobato participou
ativamente da campanha do petróleo. Foi redator de ciências da
famosa UJB que, naquele tempo, era dirigida por Menotti Del
Picchia. Foi redator de ciências e colaborador dos seguintes jor-
nais: “Jornal da Manhã”, “A Noite” (edição de São Paulo), “O
Estado de São Paulo”, “Folha da Manhã”, “Diário de São Pau-
lo”, “O Roteiro”, “O Planalto” e outros jornais e revistas.
Foi nomeado por Getúlio Vargas para a Superintendência
das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional (Ministério
da Fazenda) no dia em que o Brasil entrou na guerra – 20 de
agosto de 1943 – como redator técnico. Foi assistente técnico do
“Foreign Office” em São Paulo durante todo o tempo da guerra.
Começou, por força deste engajamento, a estudar a região Nor-
deste, da qual seria, anos mais tarde, um conhecedor especiali-
zado em sua geologia. Fez curso de adaptação geológica no IPT
em São Paulo, na Escola de Engenharia de Belo Horizonte com
o prof. Djalma Guimarães e na Escola de Minas de Ouro Preto.
Bacharelou-se em 1948 em Engenharia de Minas pela “É-
cole Nationale Supérieure des Mines” de Paris, completando seu
curso. Foi consultor do E. M. do Exército sobre problemas de
minerais radioativos do Brasil. Em 1950 foi o autor do anteprojeto
sobre a Comissão Nacional de Energia Nuclear, apresentado
na Câmara dos Deputados pelo então Deputado Euzébio Rocha, que
redundou em sua aprovação em 1956, durante o governo de Juscelino
Kubitschek de Oliveira. Participou ativamente da campanha da cria-
ção da PETROBRAS, de cuja campanha foi do Conselho Diretor.
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Em 1951 viajou para a Polônia onde assistiu ao congresso in-
ternacional para aplicação pacífica da energia nuclear e a seguir para
Leningrado onde tomou cursos sobre geoquímica a partir dos traba-
lhos de Feraman e até os mais modernos. Voltando ao Brasil procurou
introduzir estas técnicas de pesquisa nos trabalhos de campo e locação
de jazidas minerais. Neste campo trabalhou muito em colaboração
com o prof. Djalma Guimarães.
Pertenceu ao serviço de campo da Comissão Nacional de Ener-
gia Nuclear de 1956 a 1960 (pesquisa de minerais radioativos no Nor-
deste) e ao serviço de campo da firma “ORQUIMA” para pesquisa de
minerais de tório e urânio.
A serviço de uma firma descobriu no litoral sul de São Paulo
importantes depósitos de minerais de fosfato (1960).
Foi pesquisador de campo da firma Nagib Jafet de 1962 a 1968.
A sua principal atividade foi a pesquisa geológica de depósitos
minerais, mantendo para isso um escritório especializado.
Participou de vários congressos internacionais de geologi-
a, física e astronomia. Proferiu cerca de 500 conferências em
quase todas as capitais de Estados do Brasil sobre mineralogia,
radioatividade, geologia, astronomia, física, geoquímica, geofí-
sica e astronáutica.
De 1939 a 1967 publicou cerca de 300 artigos na imprensa
sobre temas científicos, especialmente sobre minerais radioati-
vos e metais não-ferrosos, geologia, mineralogia, astronomia,
astrofísica, astronáutica, física e química.
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Bibliografia Científica
(Artigos técnicos)
Rômulo Argentière publicou os seguintes artigos em revis-
tas especializadas:
01 – Dois Pontos Entre Kant e Einstein – Problemas A.I., nº 9,
VI - 1938, São Paulo;
02 – Estudos Sobre o Totemismo – Problemas A.I., nº 10, VII,
1938, São Paulo;
03 – Estudos Sobre o Totemismo – Problemas A.I., nº 11, VIII,
1938, São Paulo;
04 – Fragmentos de Filosofia – Problemas, A.II, nº 14, I – II,
1939, São Paulo;
05 – Fragmentos de Filosofia – Problemas, A.II, nº 15, III – IV,
1939, São Paulo;
06 – Estudos Sobre o Totemismo – Substância – A.II, 7 – 8, X –
1941, Tucuman, República Argentina;
07 – Os Animais, Nossos Amigos – Publicações Farmacêuticas
– A. VII, nº 28, IV – 1942, São Paulo;
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08 – Raio X e Radium – Publicações Farmacêuticas – A. X, nº
37, VII – 1944, São Paulo;
09 – Histórias dos Habitantes de Marte – Planalto – nº 1, XI –
1944, São Paulo;
10 – O Ciclotron na Medicina – Publicações Farmacêuticas – A.
XI, nº 41, VII – 1945, São Paulo;
11 – Minerais Radioativos do Brasil e Sua Importância na Era
Atômica. Conferência no Clube Militar a 14 de julho de
1948. Ed. Revista do Clube Militar, 1949, Rio de Janeiro;
12 – O Homem Fabrica Novos Elementos – Boletim do Círculo
de Técnicos Militares, nº 38, A.10, XII – 1948, Rio de Ja-
neiro;
13 – Urânio e Tório do Brasil e Seu Aproveitamento Científico e
Industrial – Conferência Pronunciada no Clube Militar a
26/10/1949. Ed. Revista do Clube Militar, 1949, Rio de
Janeiro;
14 – Máquina de Calcular Que Tem Memória Como os Homens
– Revista Senai – nº 50, A. V.IX – 1949, São Paulo;
15 – Urânio e Tório no Estado de São Paulo - Ciência Ilustrada -
A. IV, nº 2, XII, 1951, São Paulo;
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16 – Surpreendentes Revelações Sobre a Bomba de Hidrogênio
– Opiniões – A. 1, nº 1, XII, 1952, São Paulo;
17 – Influência da Radioatividade nos Seres Vivos – o Mundo
Agrário – A. I, nº 5, VII - 1953, Rio de Janeiro;
18 – A Radioatividade da Crosta Terrestre – O Mundo Agrário,
A. 1, nº 6, VIII - 1953, Rio de Janeiro;
19 – O Feldspato na Indústria Brasileira - Boletim Informativo
do Centro e Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo - A. V, V – XIX , nº 230, III, São Paulo;
20 – O Feldspato na Indústria Brasileira - Boletim Informativo
do Centro e Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo - A. V, V – XIX , nº 231, III, 1954, São Paulo;
21 – Já Pode Ser Iniciada no Brasil a Era Atômica – PN –
05/08/1954 – A. XV, nº 214, Rio de Janeiro;
22 – A Radioatividade do Solo de Rochas Não Uraníferas e To-
ríferas – Rev. Da Escola de Minas de Ouro Preto. A. 19,
nº 2 e 6, XII – 1954, Ouro Preto;
23 – A Evolução do Universo Através da Astrofísica – I – A
Origem dos Elementos e a Expansão do Universo – A-
nhembi – A. IV, nº 45, V. XV, VIII – 1954, São Paulo;
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24 – A Evolução do Universo Através da Astrofísica – II – O
Sol e a Vida – Anhembi – A. IV, nº 46, V. XVI, IX –
1954, São Paulo;
25 – A Evolução do Universo Através da Astrofísica – III – O
Sistema Solar e os Planetas Extra-solares – Anhembi – A.
IV, nº 48, V. XVI, XI – 1954, São Paulo;
26 – A Evolução do Universo Através da Astrofísica – IV – As-
tronáutica, a Ciência do Futuro – Anhembi – A. V, nº 49,
V. XVII, VII – 1954, São Paulo;
27 – Áreas Luminescentes na Lua – Selene, I, nº 2, 5, V – 1957,
São Paulo;
28 – Algumas Ocorrências de Minerais do Grupo de Allanita no
Rio Grande do Norte. Eng. Min. Metalurgia. V. XXV, nº
147, 1957, Rio de Janeiro;
29 – Nota Sobre a Estrutura Radiométrica de Alguns Pegmatitos
Brasileiros. Rev. Escola de Minas, V. XXI, nº 3, 1958,
Ouro Preto;
30 – Os Satélites Artificiais. Ciências, A. I, nº 1, IV, – 1958 –
São Paulo;
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31 – O Brasil no Exterior – Eng. Min. Metalurgia, V. XXVII, nº
161, V – 1958, Rio de Janeiro;
32 – Ocorrências de Monazita ao Sul do Rio. Eng. Min. Meta-
lurgia, V, XXVIII, nº 163, VII, Rio de Janeiro;
33 – Levantamento Geo-econômico dos Minerais de Urânio dos
Pegmatitos do Nordeste Brasileiro. Engenharia, A. XVII,
V. XVII, 1959 – São Paulo;
34 – O Mais Baixo Background do Brasil. Eng. Min. Metalurgi-
a, V. XXIX, nº 172, 1959, Rio de Janeiro;
35 – Nota Sobre a Campanha Radiométrica na Região Centro-
Sul da Bahia. Eng. Min. Metalurgia, V. XXX, nº 178,
1959, Rio de Janeiro;
36 – Elaboração do Mapa Radiométrico Mundial. Rev. Escola
de Minas, V. XXI, nº 5, 1959, Ouro Preto;
37 – A Geologia Relacionada à Selenologia. Rev. Escola de
Minas, V. XXII, nº 1, 1959, Ouro Preto;
38 – A Geologia Relacionada à Selenologia. Rev. Escola de
Minas, V. XXI, nº 6, 1959, Ouro Preto;
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39 – A Prospecção de Urânio e Radiometria dos Terrenos do
Nordeste – Engenharia – A. XIX, V. XIX, 1961 – São
Paulo;
40 – Nota Prévia Sobre novas Ocorrências de Minerais em Caja-
ti, SP – Eng. Min. Metalurgia, V. XXV, nº 206, 1962, Rio
de Janeiro;
41 – Prospecção Expedita de Minerais de Cobre da Chapada
Grande, Estado da Bahia, Guimarães, Djalma – Petrogra-
fia da Chapada Grande. Relatório Inédito. São Paulo,
1963;
42 – Guimarães, Djalma, Dutra, V. C. (R. Argentière, R.) – Pe-
trologia e Geoquímica dos Metamórficos Proterozóicos da
Chapada Grande, Bacia do São Francisco – Oeste da Ba-
hia, DNPM, Av. 86, 1964, Rio de Janeiro;
43 – Propecção Geoquímica das Ocorrências de Minerais de
Chumbo em São Bartolomeu, BA – Rev. Escola de Minas
– V. XXV, nº 3 – 1966 – Ouro Preto;
44 – O Ciclo Solar e as Secas do Nordeste (Comp. Prévia IV
Congresso Latino-Americano de Astronomia, Séc. Fís.
Globo) – Rev. DAE, nº 64, III – 1967 – São Paulo;
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45 – Sobra Jazida Mas Falta Cobre – O Diligente Industrial –
Vol. 9, nº 5, I – 1968 – São Paulo;
46 – O Pobre Rico – Indústria e Desenvolvimento – Vol. I, nº 2,
São Paulo, 8, 1968;
47 – Cobre na Bahia – Indústria e Desenvolvimento – Vol.I, nº
4, 10 – 1968. São Paulo;
48 – Pegmatitos Litioníferos do Nordeste Especialmente Porta-
dores de Ambliogonita. Mineração Metalurgia. Vol LIII,
nº 316, Rio de Janeiro, 1971;
49 – Notas Sobre a Ilha de Trauira. Mineração Metalurgia. Vol.
LIV, nº 321, Rio de Janeiro, 1971;
50 – Jundiapeba, Nova Área de Pegmatitos. Mineração Metalur-
gia. nº 334. A. XXXVI. X – Rio de Janeiro, 1972;
51 – Prospecção de Aluviões e Eluviões de Tantalita e Associa-
dos na Paraíba e Rio Grande do Norte. Mineração Meta-
lurgia. Nº 351. A. XXXVII. III –– IV. Rio de Janeiro,
1974.
52 – Estudo Geo-econômico do Berilo – Mineração Metalurgia.
Ano XL, nº 385 – IV, Rio de Janeiro, 1977.
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53 – A Descoberta das Minas de Prata do Muribeca. Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do RN. Vol. LXV, LXVI,
LXVII, 1973, 1974, 1975. Natal, 1975.
54 – O Programa Lítio no Nordeste. Revista da Escola de Minas.
Ano XLI, vol. XXXIV, nº 1, 1 – 12 x 1977. Ouro Preto,
1977.
55 – Lítio no Nordeste. Mineração Metalurgia. Ano XLIV, nº
420 – VI. Rio de Janeiro, 1980.
56 – Lítio no Nordeste. Mineração Metalurgia. Ano XLIV, nº
421 – VII/VIII. Rio de Janeiro, 1980.
57 – Pegmatitos dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo
– Mineração Metalurgia. Ano XLIV – nº 425. Jan/Fev
1981.
58 – Ocorrência de Ouro em Campo Grande. Mineração Meta-
lurgia. Ano 47 – nº 446. Agosto de 1983.
59 – Notícia Sobre Uma Nova Jazida de Magnesita em Rio do
Antônio. Mineração Metalurgia. Nº 476. Maio de 1986.
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Livros Publicados
1 – No Reino do Radium e do Electron. Ed. Anchieta. São Pau-
lo, 1945.
2 – O Sol e Sua Família. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945, 2a ed.
Ed. Samambaia, São Paulo, 1967.
3 – Estrelas e Universo. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945. 2a ed.
Ed. Samambaia, São Paulo, 1967.
4 – O Dono do Tempo. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945. 2a ed.
Ed. Samambaia, São Paulo 1967.
5 – História da Terra. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945. 2a ed. Ed.
Samambaia, São Paulo, 1967.
6 – A Gazua da Química. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945.
7 – Os Grandes Cavaleiros Cósmicos. Ed. Anchieta. São Paulo,
1945.
8 – Na Aurora da Química. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945.
9 – Fundamentos da Análise da Matéria. Ed. Anchieta. São Pau-
lo, 1945.
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10 – O Homem Imita a Natureza. Ed. Anchieta. São Paulo,
1945.
11 – A Fábrica Química do Corpo Humano. Ed. Anchieta. São
Paulo, 1945.
12 – Explorando as Ondas do Mundo. Ed. Anchieta. São Paulo,
1945. 2a ed. Ed. Samambaia, São Paulo, 1967.
13 – A Biografia do Fio. Ed. Anchieta. São Paulo, 1945. 2a ed.
E. Samambaia, São Paulo, 1967.
14 – A Aventura Humana no Espaço e no Tempo. Ed. Anchieta.
São Paulo, 1945.
15 – Viagem à Lua. Ed. Anchieta. São Paulo, 1947.
16 – Urânio e Tório no Brasil. Ed. LEP. São Paulo, 1954.
17 – A Astronáutica. Ed. Pincar. São Paulo, 1954. 2a ed. Ed.
Fulgor. São Paulo, 1961. 3a ed. Ed. Fulgor, São Paulo,
1966.
18 – Átomos e Estrelas. Ed. Pincar. São Paulo, 1957.
19 – Átomos Para a Paz. Ed. Pincar. São Paulo, 1957. 2a ed. Ed.
Samambaia. São Paulo, 1967.
18
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20 – A Atmosfera. Ed. Pincar. São Paulo, 1957. 2a ed. Ed. Pin-
car. São Paulo, 1960. 3a ed. Ed. Fulgor. São Paulo, 1966.
21 – O Sol e os Planetas. Ed. Pincar. São Paulo, 1957. 2a ed. Ed.
Pincar. São Paulo, 1959.
22 – A Terra. Ed. Pincar. São Paulo, 1957. 2a ed. Ed. Pincar.
São Paulo, 1961.
23 – Ondas e Radar. Ed. Pincar. São Paulo, 1957.
24 – Átomos Para a Guerra. Ed. Pincar. São Paulo, 1957.
25 – Espaço, Tempo e Matéria. Ed. Pincar. São Paulo, 1957.
26 – Átomos e Matéria. Ed. Pincar. São Paulo. 1a ed. 1957, 2a
ed. 1961.
27 – Aventura Humana no Espaço e no Tempo. Ed. Fulgor. São
Paulo, 1962, 2a ed. de “Espaço, Tempo e Matéria, título
25).
28 – A Era do Átomo. Ed. Samambaia. São Paulo, 1967.
29 – Enciclopédia Mundo Juvenil. V. 6o Ed. Fulgor. São Paulo,
1966.
19
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30 – Moderna Enciclopédia da Ciência. Edigraf. São Paulo,
1970.
31 – Dicionário Inglês – Português. Ed. Lisa. São Paulo, 1974.
(em colaboração). Parte Dicionário Termos Técnicos.
20
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Em Colaboração
1 – Gartmann, H. – R. Argentière, R. – … Senão o Mundo Pára.
Cap. IX. Boa Leitura. Ed. São Paulo, 1962.
Traduções
1 – Schopenhauer, A. – A Sabedoria da Vida (do alemão). Cul-
tura Moderna. São Paulo, 1938.
2 – Rusk, H. – A Ciência Avança (do inglês). Cia. Ed. Nac. São
Paulo, 1947.
3 – Ioffe, A. F. – Os Semicondutores e Sua Utilização (do rus-
so). Rev. Radiotécnica, nº 142 e seg. – 1959. São Paulo.
4 – Kudryavtse, B. – Os Sons Que Não Ouvimos (do russo).
Parc. E. M. Amaral. Rev. Radiotécnica, nº 152 e seg. –
1960, São Paulo.
5 – Fersman, A. – A Geoquímica Recreativa (do russo). Parc. E.
M. Amaral – Ed. Fulgor, São Paulo, 1962.
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6 – Oparin – Fessenkov – A Vida no Universo (do russo). Ful-
gor. 1962, São Paulo.
7 – Perelman, J. I. – Brincando Com Astronomia (do russo). Ed.
Fulgor, São Paulo, 1961.
22
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Artigos Sobre Divulgação de Problemas
Relacionados à Aplicação da
Energia Nuclear e Minerais
Radioativos no Brasil
1 – R. Argentière. Júpiter Volta à Terra. Folha da Manhã.
16/12/1943.
2 – R. Argentière. A Bomba Atômica. Jornal de São Paulo.
12/08/1945.
3 – R. Argentière. A França e a Bomba Atômica. Jornal de São
Paulo. 09/02/1946.
4 – R. Argentière. A Rússia e o Segredo da Bomba Atômica.
Correio Paulistano. 21/02/1946.
5 – R. Argentière. Um Segredo Que a Alemanha Sabia. Jornal
de São Paulo. 23/02/1946.
6 – R. Argentière. Corrida Armamentista em Torno do Urânio e
do Tório. Jornal de São Paulo. 31/07/1946.
7 – R. Argentière. Materiais Radioativos no Brasil. Jornal de
São Paulo. 09/11/1946.
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8 – R. Argentière. A Criação de Elementos Artificiais. Jornal de
São Paulo. 05/01/1947.
9 – R. Argentière. A Energia Atômica Para os Tempos de Paz.
Correio Paulista. 13/07/1947.
10 – R. Argentière. Urânio na Argentina Para Fabricar Bombas
Atômicas. Correio Paulistano, 20/07/1947.
11 – R. Argentière. A Radioatividade Cria um Novo Mundo na
Química e na Medicina. Correio Paulistano. 07/09/1947.
12 – R. Argentière. A Radioquímica, Novo Mundo Que se Abre
Para o Homem. Correio Paulistano. 12/10/1947.
13 – R. Argentière. O Homem Fabrica Novos Elementos. Jornal
de São Paulo. 21/10/1947.
14 – R. Argentière. Urânio e Tório do Brasil Para Fabricar
Bombas Atômicas. Jornal de São Paulo, 23/11/1947.
15 – R. Argentière. Gases Radiativos. Jornal de São Paulo.
27/12/1947.
16 – R. Argentière. A Zona de Pomba é a Maior Região Minera-
lógica Radioativa do Mundo. Jornal de São Paulo.
30/12/1947.
24
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17 – R. Argentière. Mesotório na Alemanha. Jornal de São Pau-
lo. 14/01/1948.
18 – R. Argentière. Milhões de Dólares Para Industrializar a
Energia Atômica. Correio Paulistano. 01/02/1948.
19 – R. Argentière. A França e a Energia Nuclear. Jornal de São
Paulo. 07/02/1948.
20 – R. Argentière. É Necessária e Urgente a Criação da Comis-
são de Energia Atômica. Correio Paulistano. 03/04/1948.
21 – R. Argentière. Nuvens Radioativas – A Mais Terrível Arma
de Guerra. Correio Paulistano. 04/04/1948.
22 – R. Argentière. Explodem Internamente Revelando os Se-
gredos do Corpo Humano. Correio Paulistano.
18/04/1948.
23 – R. Argentière. Mártires e Heróis da Humanidade. Correio
Paulistano. 06/06/1948.
24 – R. Argentière. O Precursor do Radar e da Bomba Atômica.
Correio Paulistano. 04/07/1948.
25 – R. Argentière. Meio Século de Radioatividade. Correio
Paulistano. 25/07/1948.
25
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26 – R. Argentière. A Industrialização das Areias Monazíticas
no Brasil. Correio Paulistano. 26/09/1948.
27 – R. Argentière. As novas Leis da Matéria e da Energia. Cor-
reio Paulistano. 28/08/1948.
28 – R. Argentière. Minerais Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 03/10/1948.
29 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 10/10/1948.
30 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 13/10/1948.
31 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 17/10/1948.
32 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 24/10/1948.
33 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 31/10/1948.
34 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 07/11/1948.
26
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35 – R. Argentière. Minérios Radioativos do Brasil e Sua Impor-
tância na Era Atômica. Correio Paulistano. 21/11/1948.
36 – R. Argentière. A Super Bomba de Hidrogênio. Correio
Paulistano. 05/12/1948.
37 – R. Argentière. O Tório, Fonte de Energia Atômica. Correio
Paulistano. 25/12/1948.
38 – R. Argentière. A Grande Corrida em Busca de Um Sonho.
Correio Paulistano. 23/01/1949.
39 – R. Argentière. A Grande Lição da França. Correio Paulis-
tano. 06/02/1949.
40 – R. Argentière. Os Clandestinos da Ciência Proibida. Cor-
reio Paulistano. 27/02/1949.
41 – R. Argentière. A Rússia e a Bomba Atômica. Correio Pau-
listano. 13/03/1949.
42 – R. Argentière. Aplicação da Energia Atômica. Correio Pau-
listano. 27/03/1949.
43 – R. Argentière. O Bombardeio na Medicina e na Biologia.
Correio Paulistano. 17/04/1949.
27
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44 – R. Argentière. O Futuro das Marinhas de Guerra. Correio
Paulistano. 08/05/1949.
45 – R. Argentière. A Indústria Atômica e a Visão de Simonsen.
Correio Paulistano. 25/05/1949.
46 – R. Argentière. Nordeste e Sua Riqueza Mineral. Correio
Paulistano. 29/05/1949.
47 – R. Argentière. Descoberto Urânio nos Xistos Betuminosos.
Correio Paulistano. 12/06/1949.
48 – R. Argentière. Sonhos de Futuro. Correio Paulistano.
19/06/1949.
49 – R. Argentière. Quebrando o Coração dos Átomos. Correio
Paulistano. 26/06/1949.
50 – R. Argentière. Goiaz, Paraíso Mineralógico do Brasil. Cor-
reio Paulistano. 31/07/1949.
51 – R. Argentière. Um Metro Para o Submundo dos Invisíveis.
Correio Paulistano. 14/08/1949.
52 – R. Argentière. A Inglaterra e a Política Atômica. Correio
Paulistano. 21/08/1949.
28
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53 – R. Argentière. As Pesquisas Atômicas na União Soviética.
Jornal de São Paulo. 09/10/1949.
54 – R. Argentière. Terremotos Atômicos. Correio Paulistano.
16/10/1949.
55 – R. Argentière. O Espírito Santo, Ponto Estratégico Mundi-
al. Correio Paulistano. 29/09/1949.
56 – R. Argentière. História da Monazita – os Números Falam
Por Si Mesmos. Correio Paulistano. 30/09/1949.
57 – R. Argentière. História da Monazita – os Números Falam
Por Si Mesmos. Correio Paulistano. 05/10/1949.
58 – R. Argentière. O Nordeste e a Sua Importância Mineral.
Correio Paulistano. 09/10/1949.
59 – R. Argentière. As Pesquisas Atômicas na União Soviética.
Jornal de São Paulo. 09/10/1949.
60 – R. Argentière. Bombas Atômicas em Miniaturas Funcio-
nam no Brasil. Correio Paulistano. 13/11/1949.
61 – R. Argentière. A Batalha do Urânio e Tório no Brasil. Cor-
reio Paulistano. 25/12/1949.
29
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62 – R. Argentière. A Conquista Pacífica da Energia. Correio
Paulistano. 27/11/1949.
63 – R. Argentière. A Batalha do Urânio e Tório no Brasil. Cor-
reio Paulistano. 01/01/1950.
64 – R. Argentière. A Batalha do Urânio e Tório no Brasil. Cor-
reio Paulistano. 08/01/1950.
65 – R. Argentière. A Batalha do Urânio e Tório no Brasil. Cor-
reio Paulistano. 15/01/1950.
66 – R. Argentière. Átomos Explosivos Para Acelerar as Colhei-
tas. Correio Paulistano. 05/02/1950.
67 – R. Argentière. A Radiação e Seu Papel no Mundo. Correio
Paulistano. 05/03/1950.
68 – R. Argentière. Filhos do Sol na Terra. Correio Paulistano.
26/03/1950.
69 – R. Argentière. E se Uma Bomba Atômica Caísse em São
Paulo? Correio Paulistano. 02/04/1950.
70 – R. Argentière. A Monazita e Seu Valor Científico e Indus-
trial. Correio Paulistano. 09/04/1950.
30
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71 – R. Argentière. Fosfato Radioativo no Brasil. Correio Pau-
listano. 04/10/1950.
72 – R. Argentière. Aplicação da Energia Atômica Para Acelerar
as Colheitas. Jornal de São Paulo. 05/11/1950.
73 – R. Argentière. A Produção Brasileira de Zircônio Influindo
na Contribuição do Brasil ao Armamento Atômico. Cor-
reio Paulistano. 26/11/1950.
74 – R. Argentière. Como se Defender das Explosões Atômicas.
Correio Paulistano. 03/12/1950.
75 – R. Argentière. A Revolução Industrial no Brasil e a Energia
Atômica. Correio Paulistano. 25/02/1951.
76 – R. Argentière. As Investigações Atômicas na Argentina.
Correio Paulistano. 22/04/1951.
77 – R. Argentière. Urânio e Tório em São Paulo. Correio Pau-
listano. 24/06/1951.
78 – R. Argentière. Abre novo Caminho na Física Nuclear. Jor-
nal de São Paulo. 01/07/1951.
79 – R. Argentière. Os Átomos Contam a Idade da Morte. Cor-
reio Paulistano. 19/08/1951.
31
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80 – R. Argentière. Um Gás do Sol a Serviço do Homem. Cor-
reio Paulistano. 11/11/1951.
81 – R. Argentière. De Bikini a Puy de Dôme. Correio Paulista-
no. 09/12/1951.
82 – R. Argentière. A Explosão de Monte Belo dá aos Ingleses
Um Novo Trunfo Político. O Tempo. 19/10/1952.
83 – R. Argentière. O Canadá e a Corrida Atômica no Mundo.
Correio Paulistano. 27/01/1953.
84 – R. Argentière. Abriu a Radioatividade Nova Era Para os
Destinos da Humanidade. O Tempo. 01/02/1953.
85 – R. Argentière. Os Objetos da Comissão de Energia Atômi-
ca. A Gazeta. 18/03/1957.
86 – R. Argentière. O Problema da Energia Atômica no Brasil.
A Gazeta. 18/10/1956.
87 – R. Argentière. A Mais Notável Zona de Pegmatitos do
Mundo. A Gazeta. 07/11/1956.
88 – R. Argentière. Nordeste Brasileiro – Pesquisando Minérios.
A Gazeta. 12/11/1956.
32
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89 – R. Argentière. Pesquisas Minerais do Nordeste. A Gazeta.
26/11/1956.
90 – R. Argentière. Bahia, Estado que Apresenta Grandes Possibili-
dades Para o Futuro Atômico do Brasil. A Gazeta.
12/12/1956.
91 – R. Argentière. Caminhando Através da Monazita. A Gaze-
ta. 26/12/1956.
92 – R. Argentière. Em Minas Gerais Repousa o Futuro da In-
dústria Atômica do Brasil. A Gazeta. 08/01/1957.
93 – R. Argentière. Ocorrência de Minerais de Urânio e Tório
no Estado de São Paulo. A Gazeta. 30/01/1957.
94 – R. Argentière. A Situação Real dos Depósitos de Urânio e
Tório no Brasil. A Gazeta. 01/02/1957.
95 – R. Argentière. Política de Energia Atômica no Brasil. A
Gazeta. 09/02/1957.
96 – R. Argentière. Uma Solução Concreta Para o Caso da E-
nergia Atômica no Brasil. A Gazeta. 04/03/1957.
97 – R. Argentière. Monazita do Rio Grande do Norte. A Gaze-
ta. 13/06/1959.
33
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98 – R. Argentière. Reatores de Bolso. A Gazeta. 20/06/1959.
99 – R. Argentière. Os Raios Cósmicos Enganam os Homens de
Ciência. Diário de São Paulo. 16/01/1960.
100 – R. Argentière. Chuvas Radioativas no Brasil. Diário de
São Paulo. 23/01/1960.
101 – R. Argentière. Reações Termonucleares – A Energia do
Futuro. Diário de São Paulo. 30/01/1960.
102 – R. Argentière. A bomba Atômica Francesa Fruto da Tena-
cidade e do Esforço. Diário de São Paulo. 20/02/1960.
103 – R. Argentière. O Núcleo Revela Seus Segredos. Diário de
São Paulo. 07/05/1960.
104 – R. Argentière. Vem Abaixo o Princípio da Paridade no
Universo Atômico. Diário de São Paulo. 23/07/1960.
105 – R. Argentière. A bomba Atômica e a Espionagem. Tribu-
na da Justiça. 25/06 a 01/07/1960.
106 – R. Argentière. Nova Partícula Subatômica. Tribuna da
Justiça. 30/07 a 05/08/1960.
34
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107 – R. Argentière. Zircônio - A Estrela da Era Atômica. Diá-
rio de São Paulo. 13/08/1960.
108 – R. Argentière. Tório em Abundância no Brasil. Diário de
São Paulo. 27/08/1960.
109 – R. Argentière. Os Grandes Aceleradores de Partículas
Atômicas. Tribuna da Justiça. 3 a 9/09/1960.
110 – R. Argentière. Poços de Caldas – Núcleo da Futura Indús-
tria Atômica do Brasil. Diário de São Paulo. 24/09/1960.
111 – R. Argentière. O Congo e o Seu Urânio em Dois Tempos.
Diário de São Paulo. 08/10/1960.
112 – R. Argentière. Lixo Radioativo: Maldição da Era Atômi-
ca. Tribuna da Justiça. 15 a 21/10/1960.
113 – R. Argentière. Como Fabricar Bombas Atômicas. Diário
de São Paulo. 15/10/1960.
114 – R. Argentière. Explosões Atômicas Subterrâneas Pomo de
Discórdia Entre os Grandes. Diário de São Paulo.
22/10/1960.
115 – R. Argentière. A Argentina Entra na Era Atômica. Diário
de São Paulo. 29/10/1960.
35
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116 – R. Argentière. A Argentina Inicia-se na Era Atômica. Tri-
buna da Justiça. 17 a 23/01/1961.
117 – R. Argentière. As Chapas Fotográficas Desvendam o
Mundo do Átomo. Diário de São Paulo. 18/03/1961.
118 – R. Argentière. Uma Página da História da Energia Atômi-
ca no Brasil. Diário de São Paulo. 25/03/1961.
119 – R. Argentière. O Avião Atômico Faz a Sua Estréia nos
Céus do Mundo. Diário de São Paulo. 24/06/1961.
120 – R. Argentière. Bomba N – Liquidação da Humanidade.
Diário de São Paulo. 01/07/1961.
121 – R. Argentière. O Terror Nuclear Volta a Imperar no Mun-
do. Diário de São Paulo. 09/09/1961.
122 – R. Argentière. Submarinos Atômicos na Competição In-
ternacional. Diário de São Paulo. 14/10/1961.
123 – R. Argentière. Super-Bombas H – Monstros Para Arrasar
Cidades Monstros. Diário de São Paulo. 14/10/1961.
124 – R. Argentière. Ameaçam a Vida Humana as Experiências
Nucleares e de Satélites. Diário de São Paulo. 28/10/1961.
36
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125 – R. Argentière. Sondando as Forças Nucleares. Diário de
São Paulo. 11/11/1961.
126 – R. Argentière. Plutônio – O Misterioso Metal Pré-
histórico. Diário de São Paulo. 13/01/1962.
127 – R. Argentière. A Defesa Anti-nuclear, a Última Moda
Americana. Diário de São Paulo. 27/01/1962.
128 – R. Argentière. O Mistério da Natureza dos Sólidos. Diário
de São Paulo. 24/03/1962.
129 – R. Argentière. Uma Revolução nas Bombas Atômicas.
Diário de São Paulo. 28/04/1962.
130 – R. Argentière. A Bomba Atômica Chinesa a Qualquer
Momento. Diário de São Paulo. 26/05/1962.
131 – R. Argentière. O Problema do Solo Nordestino. Diário de
São Paulo. 30/06/1962.
132 – R. Argentière. Guerra Nuclear – o Fim da Humanidade.
Diário de São Paulo. 30/06/1962.
133 – R. Argentière. Água, Combustível do Futuro. Diário de
São Paulo. 04/11/1962.
37
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134 – R. Argentière. Carbono 14 – Cronômetro Natural. Diário
de São Paulo. 14/04/1963.
135 – R. Argentière. O Neutrino Revela os Minérios do Cosmos.
Diário de São Paulo. 16/02/1963.
136 – R. Argentière. Sou Contra os Discos Voadores – 365 – V.
3, nº 2. São Paulo, 1976.1
1
Numerosos artigos não figuram nesta relação porque seus originais foram
extraviados.
38
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Sociedades Científicas e Títulos Honorários
1 – Societé de Chimie Physique da França – Membro efetivo,
1956.
2 – Societé Astronomique de France – Membro efetivo, 1950.
3 – Societé Belge D’Astronomie, de Méteorologie et de Physi-
que du Globe – Membro efetivo, 1950.
4 – Sociedade Brasileira de Geologia – Membro efetivo, 1955.
5 – Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas – Membro
correspondente, 1954.
6 – Centro de Estudos de Astronomia de Cambuquira – Sócio
honorário, 1942.
7 – Sociedade Brasileira Amigos da Astronomia. Fortaleza –
Sócio honorário, 1942.
8 – Associação Norte-rio-grandense de Astronomia, Membro
efetivo, 1960.
9 – Medalha de Mérito Jornalístico da APISP. São Paulo, 1960.
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10 – Medalha do Mérito “Alberto Maranhão” do Governo do
Estado do Rio Grande do Norte (Dec. nº 3622, de 12 de
maio de 1960).
11 – Título de Cidadão Honorário do Rio Grande do Norte (Res.
nº 023/61, da Egreg. Assembléia Legislativa do Rio Gran-
de do Norte) em reconhecimento pelos relevantes serviços
prestados no levantamento e pesquisas do subsolo norte-
rio-grandense, 1960.
12 – Diretor Científico da Liga Latino-americana de Astronomi-
a.
13 – Membro correspondente das Associações de Astronomia da
Argentina, Uruguai, Chile, Peru e Equador.
14 – Voto de Louvor da Egreg. Assembléia Legislativa de São
Paulo. (R.G. 3.282/60).
15 – União Brasileira de Escritores – Membro efetivo, 1945.
16 – Sociedade Amigos de Iguape. Medalha de Mérito Pelos
Relevantes Serviços Que Vem Prestando em Prol do De-
senvolvimento do Vale do Ribeira e da Ilha Comprida
(SP), 1976.
40
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17 – Título da Universidade Federal do RN – Amigo da Univer-
sidade por serviços prestados àquela unidade de ensino
(1976).
18 – Medalha Honra ao Mérito da Fundação Espacial do Recife
(1972), Fundação Para Atividades Espaciais – Recife –
Benemérito.
19 – Sociedade Interplanetária Brasileira – Membro efetivo,
1954.
20 – União Brasileira de Astronomia (UBA) – Membro efetivo e
consultivo.
21 – Sociedade Astronômica Brasileira – Membro – 1982.
22 – Sociedade Brasileira de Geoquímica – Membro – 1986.
23 – Instituto Nacional de Expansão Cultural – Personalidade
Bandeirante –1981.
24 – Associação de Amadores da Astronomia (AAA), São Paulo
– Membro Efetivo.
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“O Ciclo d’Água Água no Nordeste Brasileiro”
“O Ciclo D´Água no Nordeste Brasileiro” seria o grande
livro de Rômulo Argentière.
Eu e muitos amigos batemos em numerosas portas, políti-
cas ou não, em busca do patrocínio indispensável.
Um eminente e querido colega e mestre, o professor Fran-
cisco Alves de Andrade e Castro, empenhou-se valentemente
para que seu irmão, Deputado Paes de Andrade, então exercendo
a Presidência da República, autorizasse a publicação.
Foi tudo em vão.
Encarecemos de Rômulo que escrevesse uma nota explica-
tiva e o índice do Ciclo: é o folheto nº 1067, da Série “B”, da
Coleção Mossoroense, 1991.
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Rômulo Argentière
Índice e Nota Explicativa do Livro
“O Ciclo D´Água no Nordeste Brasileiro”
(Um Estudo de Física do Globo)
“O Rio Grande do Norte será feliz no dia em que os rios
não correrem mais para o mar.”
Padre Guerra
(Discurso pronunciado no Senado do Império – 1834)
(...)
“Do Cabugi além, na sertaneja plaga
Que a estiagem flagela e a chuva enche de vida,
Onde, à tarde, o nordeste acaricia, afaga,
Do verde carnaubal a copa ao alto erguida.”
Antônio Soares
(Lira do Poti)
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“O sertão é a pedra e sobre esta rocha
ardente o sertanejo ergueu a sua verdade
e a sua fé, silenciosas e duras, a verdade
dos fortes, a fé dos impassíveis, tristes,
serena, orgulhosa.”
Nertan Macedo
(Clã dos Inhamuns)
(...)
“O que de mais impressionador posso referir, no meu tra-
balho, em relação à Paraíba e Rio Grande do Norte, é o fato de
ter o povo escolhido, deliberadamente, a pior terra para viver.”
Ralph H. Sopper
(Geologia e Suprimento D´Água Subterrânea no Rio
Grande do Norte e Paraíba – 1913)
A Golde (Olga) Schwartzmann Argentière
Cecília Cíntia e Charles.
Aos meus netos Santa e Emmanuel.
À memória de Frederico de Marco, o gênio da Física no
Brasil, o pioneiro mundial da técnica de chuvas experimentais
com o objetivo de aplicá-las no Nordeste brasileiro (1943).
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À memória de Antônio Campos e Silva, o mais jovem ge-
ólogo do Brasil, morto em serviço na estrada de Mossoró.
A memória de Waddin Sakarov, físico-químico, perten-
cente a uma grande família de cientistas russos, meu grande a-
migo e colaborador, que chegou até a metade deste livro, fale-
cendo repentinamente de um enfisema.
Rômulo Argentière.
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O Ciclo D´Água no Nordeste Brasileiro
Índice dos Capítulos
Primeiro Bloco – As Origens
I – Física e Química da Água
II – A Origem da Água na Terra
III – A Água dos Oceanos no Nordeste
Segundo Bloco – Água na Superfície da Terra
IV – Os Rios do Nordeste
V – O Armazenamento de Água no Nordeste – Os Açudes
VI – As Águas Subterrâneas do Nordeste
VII – A Irrigação – A Democratização da Água
VIII – A Engenharia Planetária da Água
IX – A Significação Bioquímica da Água e o Homem do
Nordeste
X – O Folklore da Água no Nordeste
Terceiro Bloco – A Terra
XI – A Geomorfologia do Nordeste
XII – A Geologia do Nordeste do Brasil
XIII – A Mobilidade dos Continentes e o Nordeste
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Quarto Bloco – A Cobertura Vegetal
XIV – A Vegetação do Polígono das Secas
XV – Os Vegetais das Secas
XVI – As Formas de Agricultura do Nordeste
XVII – A Ecologia – A Ciência do Bem Viver com a
Natureza
Quinto Bloco – A Atmosfera do Nordeste
XVIII – A Climatologia do Nordeste – A Temperatura
XIX – A Meteorologia do Nordeste – A Pluviometria
XX – A Dinâmica da Atmosfera no Nordeste
XXI – O Ciclo Hidrológico Atual no Nordeste
XXII – O Clima do Passado no Nordeste
XXIII – Prognóstico Sobre as Secas no Nordeste
XXIV – As Chuvas e as Secas na Experiência Popular
XXV – A Face Humana das Secas na História do Nordeste
Sexto Bloco – O Sol e o Nordeste
XXVI – O Sol na História das Secas do Nordeste
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Nota Explicativa
Em 1962, a cidade de Natal conheceu uma fase áurea de sua
história: o Prefeito Djalma Maranhão inaugurava a campanha de
alfabetização De Pé no Chão Também se Aprende a Ler. Desta
equipe de iluminados fazia parte o jovem Antonio Campos e Silva.
– Argentière – disse-me um dia. Você tem grande experi-
ência teórica e prática do Nordeste. Por que você não procura
gravar toda esta experiência? Estude esse parangolé dos pro-
blemas da seca. Depois, reúna tudo e publica um livro sobre o
ciclo d´água no Nordeste!
A idéia me fascinou. Reuni todas as anotações e estudos
sobre o Nordeste nestes anos de andanças pelo Polígono das
Secas. Discuti, também, estas anotações com Câmara Cascudo,
Frota, Joel Dantas, Djalma Maranhão, Antônio Soares, Antônio
Campos, Leonardo Bezerra, Rubens de Azevedo, Cláudio Pam-
plona, Baskara Rau, Fernando Wanderley e outros sobre o tema
durante as inúmeras viagens que fiz a Natal, João Pessoa, Reci-
fe, Fortaleza e Salvador.
Antônio Campos e Silva morreu em desastre de automóvel
quando voltava de uma pesquisa em Mossoró. E com sua morte
fiquei com o encargo de publicar o livro. Era uma missão dada
por um morto. E ela deveria ser cumprida. E aqui está.
Não era uma missão fácil. Foi necessário examinar milha-
res de livros, revistas, notas, jornais sobre o Nordeste. Com ex-
ceção de um ou outro assunto, já encontrei o material delineado.
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Por isso, limitei-me a transcrever estes assuntos e concatenar o
pensamento lógico de cada um deles. Em outros, foi preciso
armar tudo de novo. Este o motivo pelo qual o livro demorou 25
anos para ser escrito. O A. agradece vivamente às seguintes pes-
soas e entidades que forneceram material para a elaboração des-
te livro:
Prof. Antônio Soares Filho, de Natal, pela bibliografia e
documentação sobre a história das secas no Rio Grande
do Norte e sua esposa D. Maria Luísa Cavalcante Soares,
que me salvou a vida quando uma grave moléstia tropi-
cal, da qual fui acometido durante o tempo de pesquisa
no Rio Grande do Norte, a gratidão eterna;
Prof. Antônio Campos e Silva, de Natal, pelos seus estu-
dos sobre o Médio Terciário e Quartenário do RN e do
Nordeste e a bibliografia a respeito do mesmo e sua ori-
entação sobre o assunto;
Prof. Jerônimo Vingt-un Rosado, emérito professor da
Escola Superior de Agricultura de Mossoró, diretor da
Coleção Mossoroense, de cujas mãos recebi o mais am-
plo e fundado apoio bibliográfico sobre os aspectos fun-
damentais do Nordeste como secas, água, geologia, açu-
des, meteorologia e outros temas. A COLEÇÃO MOSSO-
ROENSE É A MELHOR COISA QUE JÁ SE FEZ NO NORDESTE,
EM MATÉRIA DE ESTUDO, NESTES ÚLTIMOS 100 ANOS;
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Prof. Joel Celso Dantas, de Natal, descobridor da schee-
lita no Nordeste, meu orientador de pegmatitos na zona
do Seridó e da Borborema, a quem devo muito dos meus
conhecimentos sobre essa matéria;
Miner. José Antônio de Lima, de Parelhas, descobridor
de tantalita nos pegmatitos, antes da II Guerra Mundial,
que, com Joel Celso Dantas, formamos um grande grupo
de pesquisa que durante mais de 30 anos, corremos atrás
de pegmatitos contendo tantalita e minerais de urânio e
tório;
Geólogo Moacir Duarte Pereira, de Natal, outro compo-
nente do grupo de Natal que, como José Antônio de Li-
ma foi guia de Johnston Jr. e durante mais de 30 anos re-
alizamos numerosas pesquisas nas áreas de pegmatitos
do Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia;
Prof. Nagib Jafet, que auxiliou financeiramente a primei-
ra parte desta obra referente a Bahia, a gratidão eterna;
Eng. Tamotsu Sawaki, pelas verbas fornecidas ao A. pa-
ra pesquisar as áreas de Bom Jesus da Lapa, Araci e ou-
tras da Bahia;
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Quim. Francisco das Chagas de Oliveira, de Acari, pelos
estudos sobre salinização do mar do Rio Grande do Nor-
te e sobre estudos de lítio na área de Acari;
Museu Câmara Cascudo, do Instituto de Antropologia de
Natal, pela bibliografia sobre vários temas geológicos do
Quartenário do RN;
Prof. Luís da Câmara Cascudo, de Natal, pela documen-
tação sobre o folklore e tradições da água no Nordeste;
Prof. Veríssimo de Melo, de Natal, pelo material sobre
tradições meteorológicas do Nordeste;
Profa. Marines Dantas pelo trabalho primoroso na orde-
nação de dados sobre o fichário da geologia de Carnaú-
bas dos Dantas; e orientação sobre outros municípios do
RN, PB e PE;
Prof. Cláudio Benevides Pamplona, de Fortaleza, pelo
fornecimento de material sobre problemas meteorológi-
cos e chuvas artificiais no Ceará;
Prof. Julian Ferreira Lima Hull, de Fortaleza, Sobre os
Problemas de Meteorologia e Chuvas no Ceará;
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Prof. Haroldo Cipriano Pequeno, de Fortaleza, Pelos Es-
tudos Sobre Clima e Temperatura do Solo no Ceará;
Prof. Rubens de Azevedo, de Fortaleza, emérito profes-
sor de geografia e astronomia da UEC, pelo grande acer-
vo de informações catalogadas sobre o clima do Ceará,
seu apoio e confecção de desenhos do livro;
Prof. Nirez de Azevedo, de Fortaleza, pelas numerosas
fotografias do arquivo do DNOCS e de seu arquivo par-
ticular sobre as secas e as obras daquela repartição;
Prof. Júlio Goldfaber, de João Pessoa, pelo material so-
bre experiências de radiação solar e sua aplicação na Pa-
raíba;
Prof. Fernando J. Wanderley, de Recife, pela documen-
tação sobre problemas de secas em Pernambuco e pelas
inúmeras viagens proporcionadas ao Nordeste por conta
da Fundação para Atividades Espaciais e pelo apoio vi-
goroso à esta obra em seus aspectos de pesquisa em to-
das as fases, a gratidão do A.;
Biblioteca da SUDENE, de Recife, pelo fornecimento de
material sobre geologia, hidrologia e meteorologia do
Nordeste;
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Prof. Baskara Rau, de Brasília, pela bibliografia sobre os
problemas mineralógicos do Nordeste, devido a sua
grande militância nas pesquisas daquela região no tempo
em que era prof. da UFPE;
Prof. Djalma Guimarães, de Belo Horizonte, o grande
petrógrafo e geólogo que forneceu todo o material cientí-
fico de orientação para estudar o problema do Nordeste
Brasileiro;
Secretaria de Minas e Energia do Estado da Bahia,
(CPM), de Salvador, pelo material de pesquisa colocado
à disposição (livros, relatórios, mapas, estudos e publica-
ções) com especial deferência de seus funcionários, es-
pecialmente D. Terezinha Vasconcelos Maia;
Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), de
Salvador, que forneceu material sobre pesquisa no Esta-
do da Bahia;
Topog. João Oliveira Santos, de Macaúbas, meu auxiliar
de campo, pelas pesquisas nos municípios de Macaúbas,
Buquira, Paramirim, Brumado, Rio do Antônio e outros
municípios;
53
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Biblioteca do Departamento Nacional de Produção Mi-
neral, do Rio de Janeiro, pelo material geológico e hidro-
lógico fornecidos;
D. de M. Sarmento, de Vitória, sobre problemas estatís-
ticos da meteorologia do Nordeste;
Prof. Paulo Krumholz, de São Paulo, excelente compa-
nheiro, especialista em Urânio nuclearmente puro, Tório
e terras rasas, pelas inúmeras análises realizadas de mi-
nerais raros do Nordeste;
“O Estado de São Paulo”, de São Paulo, pelo material
meteorológico e artigos sobre ecologia e secas aqui utili-
zados com a citação da respectiva fonte;
Profa. Odila Silva Jardim, de São Paulo, professora emé-
rita, pelo auxílio inicial nas pesquisas, no tratamento do
material e na preparação dos originais, cuja morte pre-
matura provocou um atraso na publicação deste livro;
Revista da DAE, de São Paulo, pela utilização de materi-
al sobre hidrologia, aqui citado, obtido graças à interven-
ção do prof. J. M. de Azevedo Neto, do qual utilizamos,
também, numerosas observações citadas no livro;
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Sociedade Brasileira de Geologia (SBG), pela utilização
de publicações e pesquisas publicadas na revista e nos
boletins;
Práticos de mineração Geraldo Abranches, de São Paulo,
Ermírio de Souza (Rochão), de Macaúbas, falecidos em
plena luta; Leopoldo Leão Bitencourt, de Salvador, meus
assistentes de campo, que muito auxiliaram no estudo de
áreas de interesse mineralógico na Bahia, Rio Grande do
Norte e Paraíba;
Prof. A. de Vuyst, de Bruxelas, por intermédio da Socie-
té Royale Belge d´Astronomie, de Météorologie et de
Physique du Globe, pelo material geológico sobre mi-
grações dos continentes;
Prof. A. Dauvillier, de Paris, por intermédio da Societé
Royale d´Astronomie, de Méteorologie et de Physique
du Globe, pelo imenso acervo de material de física do
globo utilizado neste livro;
Ao “Scientific American” pelos desenhos e fotografias
aproveitadas no livro;
A “L´Astronomie”, órgão da “Societé d’Astronomie”, de
Paris, pelo aproveitamento de material publicado, além
de outros colaboradores;
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A “Ciel et Terre”, de Bruxelas, órgão da “Societé
d´Astronomie, de Météorologie et de Physique du Glo-
be” pelos fabulosos material aproveitado, de inúmeros
colaboradores;
A Jean Nicolini, do “Observatório do Capricórnio” de
Campinas, pelo apoio que sempre dispensou à esta obra,
quer copiando os originais, quer controlando os proble-
mas solares, dos quais é o mais importante especialista;
Às centenas de colaboradores anônimos e espontâneos –
garimpeiros, empresários, mineradores, físicos, químicos
astrônomos amadores e profissionais, técnicos, professo-
res, estudantes de todos os níveis que auxiliaram envian-
do notícias, observações, estudos e publicações relacio-
nados com o Nordeste.
A todos estes colaboradores – citados e anônimos – fica
aqui registrada a gratidão eterna do autor, que representou ape-
nas um papel de catalisador.
R. A.
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O Ciclo D’Água no Nordeste Brasileiro
(Informações de Argentière)
I – Abertura.............................................................9 pág.
II – Física e Química da Água ..............................39 pág.
III – A Origem da Água na Terra .........................39 pág.
IV – A Água dos Oceanos ..................................129 pág.
V – A Geologia do Nordeste ..............................517 pág.
VI – O Relevo Atual do Nordeste.........................83 pág.
VII – A Mobilidade dos
Continentes e os Mares ...............................68 pág.
VIII – Os Rios do Nordeste ................................136 pág.
IX – Armazenamento D’Água – Os Açudes .... 140 págs.
X – As Águas Subterrâneas do Nordeste............142 pág.
XI – A Irrigação –
A Democratização da Água .........................161 pág.
XII – Engenharia Planetária da Água ...................70 pág.
XIII – O Folklore da Água no
Nordeste Brasileiro ....................................25 pág.
XIV – A Vegetação do Polígono das Secas........145 pág.
XV – Os Vegetais da Seca..................................295 pág.
XVI – As Formas de Agricultura no Nordeste ...128 pág.
XVII – A Ecologia, Ciência do
Bem Viver Com a Natureza....................147 pág.
XVIII – Climatologia do Nordeste –
A Temperatura ......................................179 pág.
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XIX – A Meteorologia do Nordeste –
A Pluviometria.........................................194 pág.
XX – A Meteorologia Dinâmica do Nordeste ....112 pág.
XXI – O Ciclo Hidrológico ..................................90 pág.
XXII – O Clima do Passado no Nordeste...........106 pág.
XXIII – Prognóstico Sobre as Secas...................137 pág.
XXIV – As Chuvas e as Secas na
Experiência Popular................................31 pág.
XXV – O Sol e a Origem das Secas ...................302 pág.
XXVI – Significação Bioquímica da Água ..........62 pág.
XXVII – A Face Humana das Secas
na História do Nordeste .......................184 pág.
Total.................................................................3.670 pág.
1) 4 ou 3 colunas na página como a Revista Manchete;
2) Clichês colocados no alto da página ou no fim da pá-
gina, sangrando. Nunca colocar clichês no meio da
composição;
3) A leitura do texto deve ser contínua e sem interrup-
ções, o que provoca o interesse do leitor, acrescentan-
do a foto ou um desenho qualquer no pé ou na cabeça
da página.
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Orçamento do “Ciclo”
“Recife, 08 de julho de 1987
Ao Dr. Rômulo Argentière.
Nesta.
Prezados Senhores:
Vimos por meio desta, informar a V. Sa. a cotação de pre-
ços do material gráfico abaixo discriminado:
– Composição, arte final, fotolito e impressão do livro “Ciclo
D’Água no Nordeste Braisleiro”, com 3000 (três mil) páginas.
Estão incluídos neste orçamento as fotografias e desenhos
em preto e branco (duzentas páginas). O trabalho será devidamente
digo, dividido em 3 (três) volumes. A impressão é uma cor e em
papel de 24kg. O acabamento será com costura no dorso.
Quantidade Valor
3.000 exemplares Cz$ 27.000.000,00
9.000 volumes
Sem mais para o momento,
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Atenciosamente,
Edilene Maria
IPEL Impressora Pernambucana Ltda.”
“Fundação Guimarães Duque – ESAM_____
Km. 47da BR 47 – Bairro Pres. Costa e Silva –
Cx Postal 137 – Mossoró/RN
Mossoró, 31 de julho de 1987
Exmo. Sr.
Ministro Ivan de Souza Mendes
O Soldado Padioleiro 494, da Companhia Escola de Enge-
nharia, volta a dialogar com o Tenente Ivan de Souza Mendes,
que se distinguia, naqueles idos de 1945, pela sua cultura geral e
pelo apreço às coisas da inteligência.
Um cientista eminente Rômulo Argentière, acaba de con-
cluir um livro da maior importância para o conhecimento da
nossa região, o “Ciclo D’Água no Nordeste Brasileiro”.
Trabalho monumental, que levou mais de 20 anos para ser
redigido.
São três volumes com um total de 3.670 páginas.
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Dificilmente, uma editora assumiria a responsabilidade da
editoração.
Talvez houvesse dificuldade com a própria Lei Sarney.
Não seria o caso do Executivo e do Legislativo, através da
Imprensa Nacional e da Gráfica do Senado, pensarem com sim-
patia no problema?
Nas mãos de V. Excia. deixo o estudo da viabilidade do
projeto.
Saudações atenciosas,
Jerônimo Vingt-un Rosado Maia.”
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Bibliografia de Rômulo Argentière
na Coleção Mossoroense
(Isaura Ester Rosado Rolim)
1 – ARGENTIÈRE, Rômulo. A Ecologia, Ciência do Bem Viver
Com a Natureza. Mossoró, ESAM, 1989. 120p. (Coleção
Mossoroense, Série “C”, vol. 490);
2 – ___________. A Ecologia, Ciência do Bem Viver Com a
Natureza. Mossoró, ESAM, 1989. 2o vol.120p. (Coleção
Mossoroense, Série “C”, vol. 491);
3 – ___________. A Ecologia, Ciência do Bem Viver Com a
Natureza. Mossoró, ESAM, 1989. 3o vol.120p. (Coleção
Mossoroense, Série “C”, vol. 492);
4 – ___________. A Ecologia, Ciência do Bem Viver Com a
Natureza. Mossoró, ESAM, 1989. 4o vol.120p. (Coleção
Mossoroense, Série “C”, vol. 522);
5 – ___________. Índice e Nota Explicativa do Livro “O Ciclo
D’Água no Nordeste Brasileiro”. Mossoró, ESAM, 1991,
(Coleção Mossoroense, Série “B”, nº 1967);
6 – ___________. Minerais e Petróleo no Nordeste e Outras
Histórias. Mossoró. S. ed. 1995. 43p. (Coleção Mossoro-
ense, Série “B”, nº 1273);
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7 – ___________. Paulino Moser Recch, Médico e Naturalista.
Mossoró, ESAM, 1993, 11p. (Coleção Mossoroense, Série
“B”, nº 1258);
8 – ___________. Prospecção de Aluviões de Tantalita e Asso-
ciados na Paraíba e Rio Grande do Norte. Mossoró, E-
SAM/FGD, 1988. Separata de Mineração Metalurgia. Rio
de Janeiro, 36 (351), mar/abr, 1974. (Coleção Mossoroen-
se, Série “B”, nº 495);
9 – ___________. Quatro Estudos de Geologia Econômica do
Rio Grande do Norte. Mossoró, ESAM/FGD, 1988. 22p.
(Coleção Mossoroense, Série “B”, nº 508);
10 – ___________. A Terra – I. Mossoró, ESAM, s. d. (Coleção
Mossoroense, Série “C”, vol. 685);
11 – ___________. A Terra – II. Mossoró, ESAM, s. d. (Cole-
ção Mossoroense, Série “C”, vol. 686);
12 – CURRICULUM Vitae de Rômulo Argentière. Mossoró,
ESAM, 1990, 41p. (Coleção Mossoroense, Série “B”, nº
710);
13 – MAIA, América Fernandes Rosado. Vingt-un em Outros
Depoimentos. Mossoró, ESAM/FGD, 1982, 340p. (Cole-
ção Mossoroense, Série “C”, vol. 232).
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A Comovente Busca da Fazenda Mossoró
(Vingt-un Rosado)
Hoje, estou inclinado a acreditar que o Barão e Visconde
de Mossoró deu nome à fazenda Mossoró e não o contrário co-
mo pensei a princípio.
José Félix tornou-se Barão de Mossoró pelo decreto de 25
de julho de 1877 e Visconde de Mossoró pelo Decreto de 16 de
outubro de 1888.
Ele comprara uma fazenda ao Capitão Antônio Claudiano
D’Abreu em 19 de abril de 1890, 13 anos após o 1o título e dois
anos depois do 2o.
A escritura de compra e venda não menciona o nome
Mossoró.
A fazenda pertence ao atual município de Monteiro Lobato.
Foi Célio Vaz de Lima, corretor em São José dos Campos,
que me transmitiu a informação de que a fazenda se chamava Mos-
soró, mas ele podia ter se equivocado.
O topônimo deve ter sido posterior a 19 de abril de 1890,
porque a escritura daquela data não o menciona.
Há referência a um sítio localizado no baixio de Buquira. Ci-
tam-se as terras dos Pires entre a Fazendinha e a Cachoeirinha.
Mas em 17 de fevereiro de 1940 José Getúlio Monteiro e
D. Adelina Lopes Monteiro, vendiam a Carlos Raimundo da
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Silva um imóvel agrícola batizado S. Diogo, também conhecida
por Mossoró, situado no bairro de Pedra Branca, Boqueira.
Os vendedores tinham herdado S. Diogo do seu pai e so-
gro, em 1892.
Talvez a explicação de Adauto da Câmara sobre o geono-
mástico de José Félix seja a mais convincente.
“Adauto da Câmara liga o nome do Barão de Mossoró à
colaboração que teria feito às vítimas da grande seca de
1877/79, remetendo-lhes farinha, bolachas, tecidos e grande
quantidade de dinheiro.
A concessão do título de Barão de Mossoró, que lhe con-
feriu o Gabinete do Duque de Caxias, estaria estreitamente rela-
cionado com o espírito humanitário de José Félix, solidário com
os irmãos nordestinos. “Para mim não há dúvida de que, no títu-
lo de nobreza de José Félix Monteiro, o geonomástico é a cidade
de Mossoró, no Rio Grande do Norte, a cuja população de fa-
mintos acudiu a filantropia do benemérito paulista. Mossoró e
Fortaleza eram os maiores pontos de concentração dos “retiran-
tes”. Só naquela cidade, a população se elevou a 80.000 indiví-
duos, como informa o 1o Vice-presidente da Província Manuel
Januário Bezerra Montenegro, em seu relatório de 04/12/1876.
vinte mil eram velhos e crianças. Algumas vezes os alimentos
escasseavam e se ficava dependendo da chegada de um navio do
sul. O comércio ameaçado de assaltos. A ordem pública periga
65
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va, a ponto de o inquieto Governador bradar naquele documen-
to: “Ou farinha ou a revolução.”2
Argentière localiza a Fazenda Mossoró, no mapa do muni-
cípio de Monteiro Lobato, folhas SF 23 – Y – B – V – 3 na altu-
ra da latitude 7.460 (22o 56’), visitando-a depois.
Agora, a companhia de Rômulo Argentière:
Rômulo Argentière é um eminente cientista brasileiro, cu-
ja amizade devo, postumamente, a outro amigo comum, prema-
turamente desaparecido, Antônio Campos e Silva.
Lendo o trabalho de minha autoria “Umas Tantas Proje-
ções do Mundo Lobatiano Sobre o País de Mossoró”, Rômulo
Argentière decidiu resolver o problema da História de Mossoró,
que me preocupava há alguns anos. E o fez com rara felicidade.
A correspondência a seguir transcrita é o roteiro da busca
afanosa, afinal coroada do melhor êxito.
“São Paulo, 28/05/1982
Prezado Prof. Vingt-un Rosado
Paz e Saúde.
Li o seu interessante opúsculo “Umas Tantas Projeções do
Mundo Lobatiano Sobre o País de Mossoró”. O título do livro
2
CÂMARA, Adauto da. Algumas Notas Sobre o Barão e Visconde de Mos-
soró. Diário de Natal, 31/12/1949. Reproduzido no Boletim Bibliográfico da
Biblioteca Municipal de Mossoró, nº 42, 30/11/1951).
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chamou-me a atenção. Acontece que Monteiro Lobato foi meu
padrinho de casamento (apesar de muito refratário a esses com-
padrios) e a ele estava ligado por laços de amizade, inclusive por
meio de seus filhos Edgar e Ruth.
Ora, Lobato sabendo que trabalhava no RN sobre proble-
mas de geologia (inclusive com interpelações sobre a existência
de petróleo e a minha costumeira resposta: “sou especialista em
pegmatitos e não em geologia do petróleo”) costumava arreliar-
me a paciência: “Ó, “seu” papa-gerimum, como é que vai sua
terra?”, mesmo sabendo que eu era paulista, de uma tradicional
família paulista, ou, melhor, amparense. Mas, certa vez, em sua
casa, na rua José Getúlio, próxima da minha casa, disse-me
qualquer coisa a respeito deu uma fazenda Mossoró “lá pelas
bandas de Taubaté e São José dos Campos”, porque a família
tinha qualquer problema relacionado com a cidade de Mossoró,
no RN. Para falar a verdade, nunca perguntei a Lobato qualquer
detalhe sobre este problema. Mas, ao ler seu opúsculo descobri
as suas relações com a cidade de Mossoró: o Barão de Mossoró
– José Félix Monteiro.
Conheci a família Ortiz Monteiro, parente muito próxima de
Monteiro Lobato por intermédio deste José Félix Monteiro.
Um destes rapazes era diretor de cinema e até fizemos juntos uma
viagem a Montevidéu por ocasião de um congresso cultural. O
outro, era um advogado e promotor da justiça militar em São Pau-
lo. Este Ortiz foi colega de turma de meu cunhado na Faculdade de
Direito, um homem cem por cento, culto, educado e trocadilhista
67
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famoso. Eu me dava muito com este Ortiz “Batíamos um papo”
todas as semanas num café da Praça da Biblioteca.
Acontece que este Ortiz falou-me várias vezes de Mossoró
e as relações da família com a cidade. Dizia-me tal coisa porque
sabia que trabalhava no RN. A minha resposta era desencoraja-
dora: não conheço Mossoró, só de passagem; não é o meu cam-
po de trabalho; só trabalho no Seridó e nos Cariris. A última vez
que conversei com Ortiz Monteiro foi no final de 64 ou 65, no
qual dissera-me que iria pedir aposentadoria do cargo para não
ter de acusar velhos companheiros de jornada, por causa da re-
volução de 1o de abril. Nunca mais o vi e creio até que se mudou
de São Paulo. Isto mostra a inteireza de seu caráter e de sua
formação moral e educacional.
Conheço o trabalho de Salvador Moya para reconstituir
todos os atos das famílias paulistas. Mas, genealogia é um pro-
blema fora de minha especialidade. Entretanto, se houver opor-
tunidade, vou falar com o Moya porque de quando em vez cos-
tuma freqüentar a sede da UBE. Vou falar sobre este problema.
É este o meu depoimento sobre o fato, muito desvalido,
porque incolor e desbotado pela distância do tempo e as falhas
de memória.
Fraternalmente,
Rômulo Argentière.”
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“São Paulo, 25/03/1983
Prezado Prof. Vingt-un
Um grande abraço
Demorei muito para dar notícia. É que tive muitos traba-
lhos de pesquisa. Acontece que ontem, voltando de Governador
Valadares por terra (optei por este meio por sua causa) passei,
depois de 14 horas de viagem a fim de parar em Taubaté. Con-
fesso-lhe uma coisa os biógrafos de Lobato são todos literatos
de terceira categoria. Não se interessam pelo Lobato Homem,
mas sim pelo Lobato literato, Lobato-mito. Procurei em SP to-
dos os biógrafos e escritores sobre Lobato. Ninguém sabia de
nada. Ninguém tinha informações de nada.
Enfim, o Antonio Olavo acabou descobrindo o caminho: o
homem que sabia da existência da Fazenda Mossoró é o prof.
Paulo Florençano, o grande biógrafo de Taubaté, que conhece a
história da família de Monteiro Lobato, segundo por segundo.
Agora a informação que lhe interessa: peguei o Florençano
na porta do Museu. Ele ia saindo de férias (há dois anos que não
goza férias). Mas como belo cavalheiro, voltou ao Museu, mos-
trou-me toda a documentação que interessa ao Sr. e prometeu,
depois de seu retorno a 15 de abril, já ter em mãos cópias dessa
documentação para que possa remeter-lhe, o que farei com a
maior pressa desse mundo. E para adiantar o expediente, deu-me
uma cópia de uma fotografia histórica: o Visconde de Mossoró
com o irmão, o Barão de Tremembé.
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Entretanto, Moya tinha razão: a Fazenda Mossoró existiu.
Hoje está em ruínas. A lagoa que existia na frente da fazenda cha-
mava-se também Lagoa Mossoró. Esta fazenda está situada no
município recém-criado de Monteiro Lobato. Florençano ficou de
conseguir uma cópia do mapa do município com a localização da
fazenda. Esta propriedade agrícola é vizinha da fazenda Buquira,
então de propriedade do Barão de Tremembé. Ainda existe, e seu
proprietário prontificou-se, através de Florençano, em mostrar o
local certo da Fazenda Mossoró. Florençano ficou também de en-
tregar-me um histórico da Fazenda Mossoró.
Vou ceder ao Museu de Taubaté uma série de publicações sobre
Lobato. Aquele seu opúsculo deixei no Museu e peço-lhe que me man-
de outro sobre o problema lobatiano. Procure enviar uma coleção de
livros da Mossoroense para o Museu. O endereço é o seguinte:
Divisão de Museu e Arquivos Históricos de Taubaté
Prof. Paulo C. Florençano
R: Visconde do Rio Branco, 516
CEP: 12 100 – Taubaté/SP
Logo que receba as informações, mandarei. Quero tam-
bém ter o prazer de ir pessoalmente ao local e tirar fotografias
da Fazenda Mossoró.
Cumpri a minha missão.
Um abraço afetuoso,
Rômulo Argentière.
70
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“Prezado Prof. Vingt-un
Finalmente, estou remetendo-lhe as provas da existência
da Fazenda Mossoró, fornecidas pelo Prof. Paulo Florençano,
que providenciou toda esta documentação. Agora, só faltam as
provas fotográficas que logo mais eu lhe mandarei, pois, preci-
sarei viajar para Monteiro Lobato e aí, junto com o Sr. Ribeiro,
dar um pulo até a Fazenda Mossoró. Ele tratou isto comigo e
terminarei a incumbência.
Recebi todos os livros, inclusive o lobatiano.
Mandou os livros para o Prof. Paulo?
Vou dar a ele uma revista rara sobre a morte de Monteiro Lobato.
Mais os seus livros e teremos compensado o amigo com
alguma coisa também para seu museu.
Continuamos aqui à sua disposição.
Do amigo certo
Rômulo Argentière.”
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“OFÍCIO DMAH 68/83
Taubaté, 26/04/1983.
Prezado Senhor Rômulo Argentière.
Conforme lhe foi prometido, estamos lhe enviando croquis
da área próxima à cidade de Monteiro Lobato (ex-Buquira) onde
está localizada a Fazenda “Mossoró” que, na segunda metade do
século passado, possuiu uma fazenda, o titular do Império –
Visconde de Mossoró, José Félix Monteiro, membro de tradi-
cional família taubateana.
Sua fazenda “Mossoró” ficava nas fraldas da serra da Fa-
zendinha e nela era formado afluente do Rio Buquira, que desa-
guava por sua vez no Rio Buquira.
Informações colhidas entre antigos moradores, confirmam
a existência, próxima da antiga sede, hoje totalmente desapare-
cida, de uma lagoa que emprestara o nome à propriedade rural.
Essa lagoa extravasou-se e, apenas restou o riacho que constituía
sua nascente.
A fazenda “Mossoró” ficava à margem de estrada que ligava a
antiga Buquira a Taubaté, passando nas imediações da “Pedra Bran-
ca”, acidente orográfico da Serra da Mantiqueira, que, por sua vez
dava nome a outra propriedade rural, mais adiante situada.
A fazenda “Mossoró” fazia divisa no rumo SO com a fazenda
“São José” que pertencia ao Visconde de Tremembé, José Francisco
Monteiro, irmão do Visconde de Mossoró, cuja sede permanece intac-
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ta, tornando-se muito conhecida porque o escritor taubateano José
Bento Monteiro Lobato a herdou de seu ilustre avô, isto é, o Visconde
de Tremembé. Foi ali que Monteiro Lobato escreveu o seu célebre
artigo para o jornal “O Estado de São Paulo” – “Velha Praga” e criou
o tipo tão popular do Jeca-Tatu.
Ambas as Fazendas foram, como as demais vizinhas, pro-
dutoras de café, principal produto agrícola da Província de São
Paulo no período de 1836 – 1886 até que, por motivos diversos,
entrou em franca decadência.
Terminando, sugerimos ao prezado amigo que as informa-
ções acima deverão ser melhor complementadas com uma ex-
cursão até Monteiro Lobato, onde deverá procurar o Sr. João
Xavier Ribeiro, proprietário atual da fazenda “São José”, que é
também conhecida por “Sítio do Pica-pau Amarelo” e fica a
8km de Monteiro Lobato.
Atenciosamente,
Prof. Paulo Camilher Florençano
Diretor DMAH.”
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Levantamento da Fazenda Mossoró
14/12/1983
A VIAGEM – Quando saí de São Paulo eram 6:30 da manhã
e começou a chover fortemente. Vacilei por um momento se deve-
ria ou não adiar esta viagem. Finalmente decidi-me: continuaria a
viagem, pois seria difícil para mim voltar ali por causa dos inúme-
ros encargos. Fui direto a São José dos Campos onde reabasteci de
combustível. Um empregado do posto ensinou-me que já existia
uma nova estrada que ia a Campos do Jordão. Esta estrada vai pró-
xima a Taubaté e, depois, volta-se para Norte subindo a Serra da
Mantiqueira e passando por Santo Antônio do Pinhal, onde atra-
vessa os trilhos da Estrada de Ferro de Pindamonhangaba a Cam-
pos do Jordão. Dali tomei um atalho e fui sair em Monteiro Lobato.
Encompridei a viagem por cerca de 50km de Monteiro Lobato
tomei a estrada de terra que liga a cidade a Fazenda São João ou do
Visconde ou como é conhecida hoje Sítio do Pica-pau Amarelo, a
viagem da cidade a fazenda foi dramática porque a estrada estava
em péssima situação: buracos por cada metro e um barro vermelho,
pastoso, liguento e escorregadio. Subi e desci a Serra da Buquira
em primeira e segunda marchas.
A FAZENDA SÃO JOÃO – Esta fazenda é de proprie-
dade do Sr. João Xavier Ribeiro, que já estava a minha espera.
Chovia a cântaros. Depois de descansar por alguns momentos
comecei a visitar a fazenda que Monteiro Lobato herdara e que
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ali vivera por algum tempo e onde começou a sua carreira de
escritor. O que existe em seus livros infantis também existe em
sua fazenda. A sede é um portento: parece uma fazenda do Sul
dos Estados Unidos antes da guerra da Secessão. Um deslum-
bramento. Tem 600m² de edificação. É um monumento da anti-
ga opulência do tempo dos barões do café do Vale do Paraíba.
Só se conservou porque o Sr. João Xavier ali está todos os dias
para olhá-la e providenciar qualquer reparo. Está tudo como
Lobato deixou: os móveis, os utensílios de cozinha, piano de
cauda, a cama de Dona Benta, e tudo o mais. Creio que este mo-
numento deveria ser declarado Patrimônio Nacional, pelo Insti-
tuto Histórico ou outra qualquer sigla nacional. Talvez pela
UNESCO. Procure dar esta idéia à Fundação Globo. Seria feito
um reparo ao injustiçado Monteiro Lobato.
DISTÂNCIA – Da cidade de Monteiro Lobato à fazenda
São João ou do Visconde ou Sítio do Pica-pau Amarelo conta
8km de uma estrada péssima, que já deveria estar asfaltada há
muito tempo. Uma viagem àquelas paragens, em tempo de chu-
vas é uma proeza terrível. Na volta pensei ficar na fazenda por-
que a chuva não parava e com a estrada escorregadia pensei que
o carro não subiria a Serra da Buquira. Mas, com muita calma
consegui subir e chegar à cidade de volta.
A FAZENDA MOSSORÓ – Foi uma viagem das mais
dramáticas. A Fazenda Mossoró fica vizinha a Fazenda São Jo-
ão. Mas é preciso dar uma volta tremenda para se chegar a sua
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antiga sede. Da Fazenda São João à Fazenda Mossoró perfazem
mais 8km por uma estrada ainda pior que a outra. Encontra-se no
entroncamento em direção Norte. Depois de percorrer os 8km, vira-se à
direita, para leste e percorre-se mais 1km até a antiga sede da fazenda.
A sede da Fazenda Mossoró não existe mais. Foi arrasada
pelo tempo e também... pelos homens. A sede foi desmontada pa-
cientemente pelos antigos moradores da terra depois de seu aban-
dono. Portas, janelas, caixilhos, madeiras de telhado, pedras e tijo-
los, tudo foi transportado para construir outras casas em outros
lugares. Pelo que foi visto e interrogado, deveria ter sido uma sede
igual a da Fazenda São João, pois, ambos os proprietários eram
parentes muito ligados. A versão que o Sr. Apurou à pág. 25, últi-
mo parágrafo é a que mais calha na história do nome Mossoró. É o
que apurei no local de outros fazendeiros velhos da região. Esta
estória de tal lagoa de nome Mossoró é só uma estória. Extinta a
sede da fazenda, passou a lagoa a chamar-se “Mossoró”. Apenas
em homenagem a antiga propriedade. Hoje, esta fazenda ainda é
conhecida por Mossoró e figura no Mapa Folha SF – 23 – Y – B –
V – 3 – Monteiro Lobato – na altura da latitude 7460 (22o 56’ + –).
A Fazenda São João está na latitude 7458 (IBGE).
Os que afirmavam que a Fazenda Mossoró não existia na re-
gião nunca estiveram no local e nem se arriscaram a fazer uma via-
gem desse tipo. Mas, ela está ali. Foi plantada e seu nome continua.
O novo proprietário da Fazenda Mossoró é o Sr. Otávio Frias, dire-
tor presidente da Organização “Folha da Manhã” e
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Folhas e outros jornais de São Paulo. Dedica-se a criação de galinhas
que é seu hobby. A Fazenda tem algumas casas modernas para em-
pregados e não tem sede, razão pela qual não fotografei, devido tam-
bém à chuva que caía. Outra coisa: fotografei o local da antiga sede.
Foi arrasada até os alicerces. Procurei alguma coisa simbólica da
fazenda. Não encontrei. Nem sei se a fotografia ficou boa.
Fim. Missão cumprida. O Moya e Vingt-un Rosado ti-
nham razão.
Rômulo Argentière.
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“São Paulo, 18/12/1983
Exmo Sr.
Prof. Vingt-un Rosado
Fazendo pesquisas durante as enchentes do Sul fui aciden-
tado, permanecendo com a perna na tipóia durante 3 meses.
Agora que sarei completamente procurarei cumprir a mi-
nha palavra em visitar a Fazenda Mossoró e trazer subsídios
para firmar não só a sua existência como a origem de seu nome.
Envio-lhe tudo o que consegui dessa viagem.
Atenciosamente,
Rômulo Argentière.”3
3
ROSADO, Vingt-un & ROSADO, América. O Geonomástico do Barão de
Mossoró. Coleção Mossoroense, Série “C”, Vol. CCLXXXIX, 1985.
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Mais Doze Cartas de Argentière a Vingt-un
São Paulo, 25/03/1982
Exmo. Sr.
Dr. Vingt-un Rosado
Saudações cordiais.
Regressando de uma longa viagem, deparei em minha casa
com dois pacotes de livros enviados pelo Sr. Fiquei perplexo e
ao mesmo tempo felicíssimo. São obras de grande valor que eu
precisava para concluir um livro que estou escrevendo há longos
anos por sugestão do Antônio Campos e Silva. É um livro intitu-
lado “O Ciclo da Água no Nordeste Brasileiro”. Eu confesso que
não tinha o menor conhecimento destas obras, a não ser algumas
delas que havia recebido por favor do Antônio Soares Filho e de
um colega do Recife. Para mim estes livros caíram do céu; por-
que tinha muito poucas informações sobre a zona W do RN,
principalmente do Rio Mossoró (Apodi) e da próxima área de
Mossoró, a não ser problemas geológicos, dos quais passei por
aí em 1954/56/58. E nunca mais tive oportunidade de visitar esta
bela e acolhedora cidade. Acontece que me dediquei ao Pré-
Cambriano e minhas visitas foram quase sempre aos pegmatitos
do Seridó. Estou enviando-lhe alguns trabalhos que consegui
apanhar cópias para a sua biblioteca ou a quem destinar.
O meu muito obrigado.
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Agora, falemos de uma coisa triste. Desejaria receber o
seu livro “Antônio Campos e Silva, Numa Viagem de 14 Anos
Através de 50 Cartas”. Conheci Antônio com 14 anos de idade.
Fiquei assombrado com seus conhecimentos paleontológicos.
Estimulei-o. Pedi para ele emprego a todo mundo; ao Djalma
Maranhão, ao Dinarte, ao Zé Tenente e a outros. Até que ele
conseguiu um “gancho” na prefeitura de Natal. Depois, ele me
contou de sua amizade com o Sr. e de seu interesse pela sua
formação. Não sou paleontologista, nem mesmo geólogo; sou
apenas um engenheiro de minas e físico, enfim, um naturalista.
Ele ficou de apresentar-me numerosas vezes, porém eu sempre
tinha uma viagem urgente a fazer e nunca tivemos oportunidade
de nos conhecer e trocarmos algumas idéias. Espero, agora, a-
través deste livro sermos apresentados pelo Antônio e aqui con-
tinuamos a dedicar toda a nossa irmandade e fraternidade a este
menino que foi um gênio da ciência. Teve os dons precoces da
ciência que a natureza lhe deu e foi roubado precocemente de
nosso convívio. Este foi o destino que o grande Arquiteto do
Universo lhe deu: a vida de um cometa.
Com um grande abraço fraternal
Rômulo Argentière.
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São Paulo, 21/05/1982
Prof. Vingt-un Rosado
Paz e Saúde
Estou chegando hoje do interior do Brasil e, eis que en-
contro aqui, uma linda surpresa. O Sr., o Mágico de Oz, tirou da
manga do paletó a edição da “Geologia Elementar de Branner”,
que lhe havia remetido na véspera. E isto com 5 anos de antece-
dência. Ótimo.
Estou recebendo também outros volumes que vou ler para
verificar se tem material aproveitável para o meu livro.
Espero um desses dias fazer-lhe uma visita em Mossoró,
logo que for ao RN.
É meu maior desejo conhecê-lo pessoalmente porque te-
mos pontos de vista comuns sobre problemas de cultura e de
ciências e, ao que me parece, também coincidentes no tempera-
mento: fanatismo pelo trabalho. É o que vale e o que aparece e
permanece na história do homem.
Com abraço cordial do
Rômulo Argentière.
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São Paulo, 1o de maio de 1982.
Exmo. Sr.
Prof. Vingt-un Rosado
Saudações cordiais.
Recebi a sua maravilhosa coleção de livros da Coleção
Mossoroense. Já tinha alguns desses volumes. Mas, fiquei mara-
vilhado com o que acabo de ler. Trata-se de uma obra sem simi-
lar no Brasil. O que o Sr. está fazendo por intermédio da Funda-
ção Guimarães Duque e da ESAM vai ficar na história da cultu-
ra do Brasil: é uma obra fantástica, abordando as reedições de
obras e trabalhos publicados sobre o Nordeste, obrigando-me a
reformular grande parte de minha obra sobre o “Ciclo da Água
no Nordeste Brasileiro”.
O livro de Antônio Campos revela-o de corpo inteiro. É
como se ele estivesse vivo e presente em todas as fases de sua
vida. São as mesmas cartas vivas amigáveis e atentas, como as
tenho aqui. Meu Deus é uma pena que o tenha chamado tão ce-
do!
Em volume em separado estou remetendo-lhe a “Geologia
Elementar” de Branner, que descobri numa livraria do Rio. É
formidável e tem numerosos elementos sobre o Nordeste. Acon-
tece que a tradução dessa obra foi realizada por A. Barros Barre-
to, antigo professor catedrático da Escola Politécnica de São
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Paulo, auxiliado por Orville Derby e a revisão foi realizada por
M. Arrojado Lisboa. Haveria coisa melhor? Derby e Branner
foram as duas melhores jóias que os EE. UU. nos deram de pre-
sente. E Arrojado Lisboa foi o maior e mais completo engenhei-
ro de seu tempo.
Na relação bibliográfica de Antônio notei falta de uma cu-
ja cópia estou enviando-lhe. Não sei se tem esta pequena mono-
grafia. Em todo o caso fica aí a lembrança.
Sempre à sua disposição, agradecendo profundamente este
régio presente e venham outros irmãos destes que serão acolhi-
dos de braços abertos.
Com os melhores votos de saúde e um grande abraço des-
te seu admirador,
Rômulo Argentière.
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São Paulo, 10/08/1982
Prezado Prof. Vingt-un
Um grande abraço
Acuso, com atraso, o recebimento de mais uma remessa de
seus preciosos livros. O que já me mandou é um tesouro de va-
lor incalculável. Não tem preço, porque tem vida eterna.
Estou regressando de várias pequenas viagens de pesquisa
realizadas aqui, no Estado de São Paulo. Daí o motivo do atraso
desta correspondência. Durante uma destas viagens li a corres-
pondência do Antônio Campos. Deus meu! Como é possível que
um homem jovem, em pleno gozo de sua inteligência possa
morrer! E com que graça e elegância de sentimentos ele se refe-
re à sua família e a sua personalidade, o que, aliás, sou testemu-
nha da afeição e admiração que o Antônio lhe dedicava. Enfim,
a leitura dessas cartas provocou-me profundo sentimento de
nostalgia, lembrando dos velhos tempos de Natal de 1960/61,
quando ainda a poluição não infestava nenhuma cidade brasilei-
ra e a vida era franca e risonha, com Cascudo e seu inefável cha-
ruto, contando piadas sem fim, num barzinho qualquer, rodeados
de espectadores como eu, Antônio Campos, Joel, Frota e outros.
Foi uma pena, mas tudo acabou.
Com um abraço de,
Rômulo.”
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“São Paulo, 09/12/1982
Caríssimo Prof. Vingt-un.
NB. Li o seu livro sobre as torres de petróleo em Mossoró
e suas esperanças de um dia poder ver uma multidão delas plan-
tadas em sua terra jorrando o sangue negro da terra. Parabéns
pela profecia. Ela está se cumprindo. Nunca duvidei de que na-
quela área existisse petróleo. Para mim existe uma mancha com
cerca de 200km de comprimento adentrando o mar e a platafor-
ma e encaminhando-se até os confins da divisa com o Ceará
pelo W que contém petróleo. É uma questão de furar no lugar
certo, porque existem muitos falhamentos por intromissão de
calcários. Mas os arenitos estão aí presentes.
Com um abraço do
Argentière.
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Carnaúbas dos Dantas, julho de 1987
Prezado prof. Vingt-un Rosado.
Estou nesta oportunidade transmitindo-lhe o orçamento do
livro sobre o “ciclo d’água”.
Mandei fazer este orçamento em uma gráfica ligada à
SUDENE e, segundo o meu amigo Wanderley, é a de menor
preço no Nordeste.
Não sei se isto é verdade. Mandarei tão logo chegue em
São Paulo, fazer outro orçamento para poder compará-los.
Nesta oportunidade poderemos tomar uma decisão.
Entretanto, trata-se de uma obra cara, muito valorizada por
grande número de fotos originais e também desenhos, todos de
origem nordestina.
Estou em Carnaúba dos Dantas a serviço e se precisar de
mim, estarei pronto a atendê-lo pelo telefone 431-21-44 (084 -
recados).
Com um grande abraço do companheiro à sua disposição.
Rômulo Argentière.
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10/03/92
Prezado Prof. Vingt-un.
Recebi a publicação sobre o livro. E recebi também seu bi-
lhete. Nesta nossa vida é preciso ter paciência. Estou acompa-
nhando o affaire da ESAM. É uma vergonha o que está se pas-
sando. Enfim, não estou entendendo quem ou quais forças polí-
ticas que indicaram o atual reitor e porque a oposição ao mesmo.
Intervenção indevida do poder central na autonomia uni-
versitária?
No momento isto tudo não importa. O que é importante é
sua saúde. O resto é terciário. A sua ausência vai matar a maior
coisa já realizada no Nordeste.
Ignore os seus inimigos. Não valem um centavo furado.
Quanto aos livros que sublinhei no catálogo, no momento
não me lembro. Sei que o catálogo é o último que saiu e ali gri-
fei o que queria e devolvi, conforme instruções inscritas. Só me
mandando outro. Sei que alguns livros grifados têm para mim
uma grande utilidade. Veja o que pode fazer, dado seu estado de
saúde, que ainda merece cuidados.
Desejo-lhe pronto restabelecimento para reassumir seu
posto na Coleção.
Com um grande abraço fraternal e minhas melhores reco-
mendações a Senhora D. América.
Rômulo Argentière.
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Prezado Prof. Vingt-un Rosado
Minhas saudações empressés
Recebi seu cartão de Boas Festas o qual muito lhe agrade-
ço. Não respondi antes porque não tinha dinheiro nem para
comprar selo do correio. Ando com uma urubaca do outro mun-
do. Uma falta de sorte em tudo o que faço. Nada dá certo. Pare-
ce que tenho de pagar por uma coisa que não fiz. Vivo em con-
dições duríssimas. Eu me mantenho, aqui, com o auxílio de uma
mesada dada pelo Antônio Soares e alguns amigos, professores
universitários, antigos colegas.
O governo do Estado prometeu-me dar uma pensão. A
Fundação José Augusto, Academia, Universidade, etc. fizeram a
indicação. A Assembléia recebeu a indicação e foi aprovada por
unanimidade. Isto no mês de abril de 1993. O decreto foi reme-
tido ao governador Agripino, que até hoje não sancionou o
mesmo, transformando-o em artigo de lei para que eu seja socor-
rido. E assim que retribui os serviços feitos para o Estado e mui-
to dinheiro envolvido em pesquisas pagas pelo governo federal e
abertura de novas zonas minerarias no RN graças a estes servi-
ços.
Nós apenas estamos sofrendo o impacto dessa crise: falta
de trabalho, liquidação da mineração do Nordeste, nas ricas á-
reas pegmatíticas dos Estados do RN, PB, CE e PE.
Esta elite mascarada que tome cuidado! O povo ainda está
paciente. Mas, um dia esta paciência pode se esgotar. Então, não
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haverá forças militares capazes de deter esta onda. Como acon-
teceu na revolução francesa, o povo em armas é muito pior do
que a Alemanha nazista ou a Rússia Stalinista. Não tem freios e
nem barreiras. É o que estou prevendo caso este governo não
faça nada pela classe média e os intelectuais.
Quero cumprimentar a Sra. D. América pelo belíssimo
trabalho publicado em defesa de sua memória, suas realizações,
seus trabalhos. Todo homem inteligente quer guardar a memória
de seus trabalhos, sem perdoar as injustiças que sofreu. Isto,
nunca.
Um abraço saudoso do
R. Argentière.
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Caríssimo Prof. Vingt-un
As minhas melhores saudações
Recebi seu livro sobre o petróleo e também a obra sobre o
que pensam os intelectuais deste país sobre a personalidade
Vingt-un Rosado, de autoria sobre o mestre, da companheira D.
América. Muito bom! É preciso que esta gente reconheça e faça
justiça ao homem que com sua ação persistente e contínua con-
seguiu arrancar o petróleo das camadas cretácicas e o colocou a
disposição do Brasil. Conseguiu também publicar livros e teses
sobre a seca do Nordeste, com o intuito de domá-la. Deu à sua
sapiente agricultura uma direção certa através de técnicas mo-
dernas de ensino. Foi um revolucionário das técnicas agrícolas
no Nordeste. Foi derrubado pelos deuses da reação, do conser-
vadorismo coronelesco que domina esse infeliz Nordeste. Caiu como
um deus olímpico, não se vergou nem se dobrou a essas forças ana-
crônicas do obscurantismo medieval e colonialista. Aleluia para o
homem que realizou essa obra gigantesca que será exaltada à medida
que o povo desta terra dela tomar consciência.
Votamos em seu neto Frederico Rosado como uma home-
nagem ao querido companheiro. Porque ser professor é comba-
ter as trevas.
Do companheiro que muito o estima junto a sua esposa.
Muita homenagem a D. América.
Do Rômulo Argentière.
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Carnaúba dos Dantas 24/02/1994
Prezado mestre Vingt-un
Recebi do Correio a quota que o amigo houve por bem
depositar.
Recebi também os folhetins de Paulino Recch. Para ambas
as oferendas só posso dizer MUITO OBRIGADO.
A situação é a mesma: continua estacionária.
Quando esperava uma melhora na indústria de SP, eis que
se declara uma súbita recessão, tirando de minhas mãos a edição
do livro. Espero outro milagre para poder dar à lume esta obra,
que dia dia vai se enriquecendo com, observações originais.
Espero um dia encontrar-me consigo.
Recomendações a D. América.
Com um abraço cordial.
Rômulo Argentière.
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14/04/94
Meu caro mestre
Saudações!
Prof. Vingt-un venho de coração aberto expressar o meu
sincero agradecimento pela ajuda que tem pautado a minha situ-
ação. Apesar de modesta ela traduz o apreço que o mestre sente
por este seu colega que caiu em desgraça. É um castigo bem
merecido. Nunca em minha vida senti qualquer dificuldade nos
governos de Getúlio, Juscelino e nos governos militares. Senti
dificuldades no Collor e quando vim buscar matéria-prima no
Nordeste. Foi uma catástrofe.
Mas, não perdi tempo. Procurei reformar meu livro e a-
crescentar alguma coisa que faltava e que graças às suas edições,
a Mossoroense, consegui muita coisa de primeira ordem no li-
vro, que graças a sua generosidade e a seu espírito de colabora-
ção consegui produzir este depoimento do Nordeste de Hoje.
Agradeço de todo coração esta generosa oferta que deve
ser debitada no seu espírito aberto, filantrópico e generoso. Que-
ro também agradecer a sua esposa que tem proporcionado a mi-
nha esposa uma atenção especial. Lembro que minha avó era de
Minas também – de Juiz de Fora – onde está sepultada a minha
bisavó, vítima de uma epidemia que no século passado grassava
no Brasil colonial.
Ao mestre, com emoção e agradecimento.
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Rômulo Argentière.
15/07/1994
Meu caro Prof. Vingt-un e D. América
Tenho o prazer de comunicar-lhes que na data de 12 do
corrente casei-me com a minha companheira Marinês Dantas,
que me acompanha há anos, desempenhando o seu mister de
amparar um velho senhor de 78 anos de idade, que muito lutou
pela cultura científica em nosso país.
Era o que tinha de comunicar-lhes. E agradeço o gesto de
solidariedade científica que tiveram para comigo.
Um abraço fraternal do
Rômulo Argentière.
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Rubens de Azevedo, Pablo Villarubia Mauso e
Argentière
A Fundação Guimarães Duque, de Mossoró
(Rubens de Azevedo)
O pensador A. Eicher escreveu: “somos agrônomos sem
noção de elementos de ecologia, técnicos florestais que ignoram
a significação da fauna na natureza, engenheiros cuja visão é
bloqueada por paredes de concreto, químicos que produzem
inseticidas e não sabem que atuam como biocida e economistas
que traçam planos e tomam decisões sobre recursos naturais
cujas qualidades nunca estudaram.”
As carapuças devem penetrar até aos pescoços de muitos.
Mas este não é, decisivamente o caso dos que fazem a Escola
Superior de Agricultura de Mossoró, cujo trabalho de significa-
ção já transpôs fronteiras e é conhecido de todos.
A Escola é parte integrante da Fundação Guimarães Duque,
extraordinário pesquisador que deixou à posteridade os nomes mais
respeitáveis da Ciência Brasileira. Essa fundação tem realizado um
trabalho digno dos maiores encômios, principalmente graças aos
esforços de Vingt-un Rosado, ele próprio pesquisador e cientista e
um dos maiores entusiastas do trabalho da Escola.
Tenho recebido inúmeras publicações da Fundação Gui-
marães Duque, todas elas de grande valor para a ciência cabocla,
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que se tem revelado tão operosa quanto às demais instituições
brasileiras existentes no resto do País.
Folheio, neste instante, com devoção, os “Estudos de Pa-
leontologia Potiguar”, volume 167 da Coleção Mossoroense. É
uma coletânea de trabalhos onde se destacam os nomes de Luci-
ano Jacques de Moraes, Llewellyn Ivor Price, Paulo Erichsen de
Oliveira, W. Kegel, Antônio Campos e Silva, Lélia Duarte, Ma-
ria Eugênia C. Marchesini Santos, Rubens da Silva Santos, Karl
Beurlen e muitos outros. A Coleção Mossoroense já publicou
meio milhar de monografias esplêndidas, que distribui aos estu-
diosos. Recentemente, recebi uma batelada de publicações onde
se destacam: “Efeitos da Introdução de Peixes e Crustáceos no
Semi-árido do Nordeste Brasileiro”, “Potencialidades de Utili-
zação da Algaroba”, “Bibliografia de Guimarães Duque”, sendo
esta uma publicação destinada a “minoração dos efeitos que as
secas motivam em nossa região Nordeste”, organizada pelo en-
genheiro E. de Souza Brandão, alentado volume de 200 páginas.
Conheci a Fundação Guimarães Duque e Vingt-un Rosado atra-
vés do cientista Rômulo Argentière, grande conhecedor da Re-
gião Nordeste e profundo admirador do trabalho de Vingt-un.
Aliás, Argentière dá os últimos retoques numa obra fundamental
que deveria ser publicada pelo Governo do Ceará: “O Ciclo da
Água no Nordeste Brasileiro”.
Os cearenses interessados na obra da Fundação Guimarães
Duque poderão escrever para Vingt-un Rosado. Caixa Postal
137 – CEP: 59600 –Mossoró.
Fortaleza, 14 de julho de 1987.
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Universidade Estadual do Ceará
Centro de Ciências e Tecnologia
Núcleo de Astronomia
Observatório Oto de Alencar
Fortaleza, 5 de agosto de 1987
Prof. Dr. Vingt-un Rosado
Cx. Postal 137
Mossoró – RN
Saudações,
Estimado amigo: tenho recebido as excelentes publicações
da Fundação Guimarães Duque. Mando-lhe com esta, “xerox”
de crônica que escrevi na minha coluna do JD – Jornal do Dori-
an, diário cearense de grande penetração.
Até agora nada consegui relativamente ao livro do Rômu-
lo; até parece que ninguém está realmente interessado em resol-
ver problemas, aqui no Nordeste. Estive com um ex-
superintendente da SUDENE, Walfrido Salmito. Ele ficou trans-
figurado com o capítulo que lhe mostrei e me garantiu: “Este
livro sai, aconteça o que acontecer. Vou procurar todos os meios
para isso”. E me telefonou, alguns dias depois, dizendo que,
infelizmente, não tinha conseguido nada. Ora, se um homem da
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importância dele não pode fazer nada, imagine eu, que não te-
nho nenhuma ligação com políticos... Estou desolado e minha
última esperança é uma entrevista com Vicente Fialho – mesmo
assim, sem muita esperança... Neste país, as coisas sérias sempre
ficam de lado. O governo publica montanhas de livros sobre
assuntos que não interessam a ninguém. Na hora de dar ao pú-
blico um trabalho sério, todas se negam. Não recebi orçamento
do livro; Argentière nada me mandou. Mas acredito que vai ser
um livro caro, pois só de capítulos que me mandou somam mais
de 200 páginas. Obrigado pelas publicações.
Tellus ad Sidera
Rubens de Azevedo.
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Fortaleza, 18 de abril de 1995
Prezada Marinês,
Recebi sua carta, com um belo artigo de Vingt-un Rosado.
Fico triste em ver vocês neste impasse. Como o Prefeito de Car-
naúba dos Dantas não deu a mínima para o seu projeto, creio
que o melhor seria doar os livros do Rômulo ao Instituto Câmara
Cascudo, de Natal, exigindo, naturalmente, que a biblioteca te-
nha o nome de Rômulo Argentière. O difícil vai ser trazer este
material. Será preciso que alguém possa custear as despesas do
transporte. Vou escrever ao Vingt-un sobre o assunto.
Encontrei aqui uma boa fotografia do Rômulo, que mandei
ampliar na xerox e estou mandando para você. Este retrato foi
tirado quando o Rômulo trabalhava conosco no Observatório do
Capricórnio. Foram belos tempos em que nos reuníamos para
observar os astros, ouvir músicas e comer belas macarronadas...
Daquela turma, poucos restam. Mas nunca esperei que o Rômu-
lo partisse tão cedo. Ele era um homem animado, corajoso, entu-
siasmado com a vida e com o seu trabalho.
Estou preocupado com o destino do grande livro dele, “O
Ciclo da Água no Nordeste do Brasil”. Pensei que os originais
estavam todos aí, com você. Como ele foi deixar parte do traba-
lho em São Paulo? Tenho aqui um pacote enorme, com o Capí-
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tulo XVI – A Ecologia e a Ciência do Bem Viver. Aliás, foi pu-
blicado, se não me engano pelo Vingt-un.
Achei o artigo do Vingt-un muito comovente. Ele era um
bom amigo do Rômulo, há muitos anos.
Vou escrever para o Vingt-un, dando a minha opinião.
Quem sabe, com a biblioteca do Rômulo do Instituto de Antro-
pologia de Natal, você possa ser aproveitada num cargo como
Curadora da Biblioteca, não? Falarei ao Vingt-un sobre isto e
também com o Antônio Soares.
Relativamente à pensão do Rômulo, será que você não vai
recebê-la? Afinal de contas, o Governo estava prestando uma
homenagem a um cientista que muito fez pelo Rio Grande do
Norte – tanto que é Comendador da Ordem de Alberto Mara-
nhão. Eu acho que a pensão, por justiça deveria ficar para a viú-
va – pelo menos parte dela.
Bom, aguardando notícias, termino aqui mandando-lhe
meu abraço de solidariedade – abraço que, também, da Jandira.
Tellus ad Sidera,
Rubens de Azevedo.
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Fortaleza, 31 de maio de 1995
Dr. Vingt-un Rosado,
Abraços.
Marinês Dantas Argentière escreveu-me, mandando cópia
do seu artigo. “Uma Heroína de Carnaúba dos Dantas”. Bela
página sentida e até mesmo poética. Confesso-lhe que vieram
lágrimas aos olhos ao lê-la. Já o sabia escritor, mas imaginei que
só escrevia de maneira científica. Não me admiro,porém se o
descubro sentimental – afinal, nós, nordestinos, somos todos
românticos.
Quero agradecer-lhe o belo artigo. E também pelo que fez
pelo meu querido amigo nos seus últimos e difíceis momentos.
Vou copiar seu artigo e mandá-lo para os amigos de Rô-
mulo, que não são poucos.
Marinês me pede opinião sobre o destino que dar aos li-
vros de Rômulo. Acho que o melhor a fazer seria uma doação ao
Instituto Câmara Cascudo, de Natal, onde eles poderiam servir
para consultas dos professores e alunos do Rio Grande do Norte.
Talvez até se conseguisse que Marines pudesse cuidar da biblio-
teca científica como Curadora ou outro nome qualquer. Seria
uma forma de o Estado contribuir para a cultura científica e a-
gradecer à memória de quem fez tanto pelo Estado Potiguar.
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Vou escrever ao Antônio Soares sobre o assunto. Creio
que a maior dificuldade será trazer esses livros de São Paulo,
pois alguém terá que cair com as despesas. Mas creio que o Go-
verno não se negaria a fazê-lo.
Foi uma pena que a pensão do Rômulo saísse no justo dia
de sua morte. Essa pensão poderia ser revertida em benefício da
viúva? Creio que seria mais que justo.
Meu velho Rômulo teve uma bela vida de trabalho cientí-
fico: viveu plenamente e derramou conhecimentos por todo o
Brasil através dos seus magníficos livros. Infelizmente teve um
triste fim, salvando-se apenas a extrema dedicação de Marines
que foi, de fato, uma heroína.
Estou muito triste. Há pouco tempo, morria Jean Nicolini,
amigo comum do Argentière e meu, fundador do Observatório
do Capricórnio de São Paulo onde trabalhamos juntos por quase
14 anos. Agora o Rômulo se despede, deixando um vazio imen-
so em nossa alma. É o pior da velhice – ver nossos amigos desa-
parecerem um depois do outro até chegar a nossa vez...
Bom, espero que o assunto dos livros tenha uma boa solu-
ção. Fico aqui em Fortaleza.
Rubens de Azevedo.
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Um Artigo e Uma Carta
(Pablo Villarrubia Mauso)
Viagem de Argentière – Da Lua Até o Nordeste
Sonhos podem se transformar em realidade. A apologia
deste conceito tem sido feita por Rômulo Argentière durante
toda sua vida, dedicada às ciências do céu e da terra e ao Nor-
deste, para o qual busca a solução das secas e da pobreza.
Viagens espaciais, explosões atômicas, previsões meteoro-
lógicas por satélite e uso de energias alternativas foram previstas
há muito tempo. E por um brasileiro: Rômulo Argentière, um
dos mais completos cientistas já nascidos no País. Hoje, aos 73
anos, ele soma centenas de artigos publicados no Brasil e no
exterior, além de cerca de 30 livros e inúmeros trabalhos de in-
vestigação científica.
Em 1943, dois anos antes das explosões das bombas atô-
micas de Hiroshima e Nagasaki, Argentière escrevia um artigo
publicado na imprensa da época revelando a possibilidade do
uso de uma arma secreta e devastadora. Em seguida, foi levado a
um interrogatório pelas Forças Armadas. Como ele sabia de um
segredo guardado a sete chaves pelos norte-americanos? Rômu-
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lo safou-se com a lógica: especialista em radioatividade natural
(estudou na França), soube por publicações inglesas de tentati-
vas de separação de urânio 235 do urânio 238. “A resposta esta-
va contida nessa informação aparentemente inocente”, relembra
Rômulo. “O primeiro é um material fóssil e, portanto, poderia
ser destinado ao belicismo.”
Após a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra
Mundial, a famosa base lançadora de foguetes, Peenemunde, foi
desmontada. Americanos e Soviéticos levaram técnicos alemães
em Astronáutica e vários foguetes, entre eles o V–2, para seus
países. Em 1947, era publicado pela primeira vez no Brasil um
livro sobre a ciência da navegação espacial – “A Viagem à Lu-
a”, escrito por Rômulo Argentière.
“Pensar em viagens espaciais em 1947 era algo limitado a
um pequeno número de cientistas e sonhadores”, comenta o ci-
entista. “A sua concretização, para a opinião pública ou era im-
possível ou era muito distante”. Amigo do pesquisador alemão
Willy Ley (chefe dos engenheiros de Peenemunde), Rômulo
descrevia com detalhes, no seu livro, como deveria ser uma via-
gem tripulada à Lua. Foi ainda mais longe: apoiava a idéia do
uso da energia atômica (do urânio ou hidrogênio) como propul-
sora de naves espaciais. “Os americanos fizeram alguns testes
com esse sistema uns 20 anos, porém logo silenciaram”, comen-
ta. Dez anos após a publicação de “Viagem à Lua”, seria lança-
do o primeiro Sputinik e, em 1969, o homem chegava à Lua
demonstrando que o sonho não era tão impossível.
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Abóboras na Lua
“O inventor do foguete Saturno–5 (que levou os astronau-
tas à Lua), Werner Von Braun, já tinha planejado a viagem tri-
pulada à Marte nos anos 60”, revela Argentière, que mantinha
correspondência com o cientista alemão. “Infelizmente, o proje-
to foi arquivado pelos americanos. Em compensação, acredito
que os soviéticos deverão realizar essa viagem dentro de uns
cinco anos”, prognostica.
Rômulo acredita que, no futuro próximo, haverá um de-
senvolvimento acelerado de agroastronomia, isto é, da agricultu-
ra espacial. Poderão ser ambientados vegetais em nosso satélite,
dentro de estufas, usando o próprio solo lunar. A água será pou-
pada através do sistema hidropônico de irrigação (gota a gota).
Um dos vegetais sugeridos pelo cientista é a abóbora. Nativa da
América Latina, apenas três metros quadrados de suas folhas
podem produzir oxigênio suficiente para um adulto que não exe-
cute trabalhos manuais. Rômulo aventa o estudo da resistência
do jerimum (espécie de abóbora nordestina) na superfície de
outros planetas, em estufas climatizadas, e seus aspectos utilitá-
rios. O jerimum serve de base alimentar do povo do Rio Grande
do Norte, e existem variedades que são resistentes à seca e re-
brotam nas primeiras chuvas com grande vigor.
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Nordeste Gelado
É como geólogo e pesquisador de campo que Rômulo
Argentière logrou um vasto trabalho. Em 1962 iniciou uma obra
que, até o momento, é única no País: um compêndio de cinco
volumes, com 500 páginas cada, sobre todos os conhecimentos
físicos do Nordeste. Terminando este ano, será publicado pela
Coleção Mossoroense, do Rio Grande do Norte, embora a publi-
cação ainda dependa do apoio de algumas empresas, através da
Lei Sarney. A obra tem por objetivo ser útil aos pesquisadores,
empresários e qualquer pessoa que deseje conhecer as riquezas
da região, aproveitar os recursos e integrá-los para melhorar a
vida do povo.
Alguns capítulos são dedicados à origem do atual Nordes-
te. Há 11 mil anos – no fim da última Idade do Gelo – o Nordes-
te era recoberto por espessas camadas de gelo. Testemunhas
desse passado são os vales profundos cavados pelas geleiras e
outros recobertos por sedimentos arrastados pelo derretimento.
Os “morros solitários” são curiosas formações geológicas que se
formaram ao longo desse período. No lugar do gelo surgiu o
cerrado, ocupado por rica fauna. Homens pré-históricos, como
os de São Raimundo, no Piauí, deixaram seus vestígios e pintu-
ras de rituais e caça nas cavernas.
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Sabedoria Popular
“As queimadas e a devastação generalizada da Mata A-
tlântica e do cerrado desertificaram o Nordeste”, diz Argentière.
Durante 26 anos ele coletou também informações sobre a meteo-
rologia da região. “O povo possui uma peculiar sabedoria em
relação aos fenômenos atmosféricos, calcada na observação a-
tenta da atmosfera. Um matuto iletrado pode saber com certa
precisão se o ano vai ser de seca ou de chuva”, diz o geólogo.
O aparecimento de insetos alados em grande quantidade é
sinal de chuva. O mesmo ocorre quando as formigas se retiram
dos baixios e carregam seus ovos para lugares mais altos, fazen-
do um novo formigueiro. Quando as abelhas de verão desapare-
cem, é sinal de ano seco. Os pássaros também são mensageiros
do céu. Andorinhas em vôo baixo indicam chuva. Motivo: os
insetos têm dificuldades em voar alto em razão da mudança de
pressão ocasionada pelo advento da chuva. Ao contrário, sobre-
vivem as secas quando desaparecem os gaviões vermelhos.
Mas a obra não se limita a citar fatos. Apresenta soluções
para a seca e a pobreza do Nordeste. “Devemos criar cooperati-
vas agro-industriais, fazendo conviver minifúndios e latifún-
dios”, diz Rômulo. Os sistemas de irrigação seriam comunitários
e as máquinas de propriedade das cooperativas alugadas aos
usuários. O Estado não precisaria financiar diretamente a produ-
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ção. Centros de ensino educariam e despertariam a consciência
ecológica.
Em termos tecnológicos seria usada a energia solar, devi-
do à grande insolação da região, que também acionaria destila-
dores de poços de água salgada, tornando-a potável. Mais açu-
des deveriam ser construídos para irrigação e biodigestores a-
proveitariam resíduos vegetais e animais para gerar energia e
servir de adubo. No Nordeste estão as maiores reservas de tanta-
lita, comlumbita e berilo, que poderiam ser exploradas graças a
uma economia sólida. Essa concepção futurista ainda está longe
de tornar-se real. Porém, Argentière acredita que a sociedade
pode recorrer a soluções simples e proveitosas usando o bom-
senso e a ciência.
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Madrid, 12 de abril de 1995
Para Marinês Dantas Argentière
Av. Jorge Coelho de Andrade, 25
Mossoró/RN – 59 625-400
ou
Rua Juvenal Lamartine, 278
Carnaúba dos Dantas/RN – 59374-000
Brasil
Estimada Marinês:
Retornei esta semana de viagem e encontrei um telegrama
comunicando o falecimento do prof. Rômulo. Foi um pouco
difícil acreditar na notícia: o prof. na sua última carta, do mês de
fevereiro, falava em seguir batalhando, lutando por seus ideais,
para sobreviver nessa terra, em executar projetos. Fiquei cons-
ternado e ao mesmo tempo indignado, pois nestes últimos anos
falou-me com amargura de um governo corrupto, da falta de
reconhecimento ao seu trabalho de toda uma vida... enfim, coi-
sas que infelizmente acontecem no Brasil.
Quero deixar expresso nesta carta minha profunda admira-
ção pelo prof. Rômulo Argentière, homem de ciências e grande
humanista, acima de tudo. Um homem que nunca se resignou
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em lutar por ideais que suplantaram as barreiras do seu tempo.
Rômulo foi um desses brasileiros de fibra, que adiantou-se a
tudo e a todos. Suas palavras, seus livros – inclusive os não pu-
blicados – soarão como proféticas a todos que possam aproxi-
mar-se de sua obra.
Antes do seu falecimento, enviou-me, tal como lhe havia
pedido, um material informativo biográfico para que eu pudesse
escrever um artigo sobre sua vida e obra no Correio Brasiliense
e dar a conhecer sua situação. Agora o prof. não está entre nós,
mas terminei esse artigo e estou enviando vários jornais aí do
Brasil, para mostrar, principalmente aos nossos governantes, que
o Brasil matou o prof. Rômulo Argentière.
O importante é que não se perca a memória de Rômulo.
Por isso, gostaria de saber se você tem algum projeto de criação
de uma Fundação ou algo parecido. Conte com o meu apoio no
que estiver ao meu alcance, ou seja, em levar isto ao conheci-
mento nos meios de comunicação aos quais tenho acesso aí no
Brasil, ou mesmo escrevendo ao Presidente da República.
Gostaria de saber em que condições faleceu o prof. Rômu-
lo Argentière.
Por favor, responda-me.
Aguardo notícias,
Atenciosamente,
Pablo Villarrubia Mauso.
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Apartado de Correos – 52039
C. P. 28080. Madrid.
España.
P. S.: agradeço se me puder enviar mais alguns dados bio-
gráficos sobre o prof. Ele me enviou um livrinho com sua bio-
grafia e publicações, alguns recortes de jornal (entre eles uma
entrevista feita pelo Jornal do Commércio) e uma carta destina-
da ao Ministro da (in)Previdência Social.
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A Extraordinária Doação de Rômulo Argentière à
UFRN Através de Um Ofício do Reitor
Daladier Pessoa Cunha Lima
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Gabinete do Reitor
Natal, 11 de novembro de 1988.
Ofício nº 631/88-R
Senhor Professor,
Tenho a honra de acusar o recolhimento da valiosa doação
que V. Exa. Acaba de fazer à Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, num gesto generoso de amizade a esta institui-
ção e aos amigos e admiradores que aqui conquistou ao longo
dos anos.
Estou ciente de que a doação da coleção de minérios,
constante de mais de 10.000 espécimes de origem do Brasil e do
exterior, destina-se ao Museu Câmara Cascudo da UFRN – ór-
gão ao qual está ligado desde a sua fundação, através do saudoso
prof. José Nunes Cabral de Carvalho e sua equipe de trabalho. É
importante assinalar, entre as amostras de minérios, as de urâ-
nio, obtidas pela primeira vez no Brasil em 1946, pelo grupo de
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físicos e químicos de São Paulo, sob sua orientação, contando,
inclusive, com a colaboração de Vadim Sakarov, sobrinho do
prof. Sakarov, de Moscou, prêmio Nobel de Física.
Para o Departamento de Geologia, recebemos a coleção de
cerca de 200 volumes da revista “Mineração & Metalurgia”, do
Rio de Janeiro, assim como a coleção da “Revista da Escola de
Minas”, de Ouro Preto. Para o Departamento de Química, rece-
bemos a coleção da “Revue de Chimie Physique”, da Societé de
Chimie Physique – igualmente preciosa e útil.
Pode V. Exa. Ficar certo de que a UFRN, por meu inter-
médio, muito agradece a doação de alto valor que acaba de fazer
à instituição de cultura, atitude esta que o destaca e relaciona
entre os verdadeiros amigos da Universidade.
Desejando-lhe os melhores êxitos nas suas pesquisas de
campo e saúde pessoal, firma-se com o maior apreço e distinta
consideração.
Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor.
Exmo. Sr. Prof.
Rômulo Argentière
Carnaúba dos Dantas/RN.
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Os Cantadores – a Literatura de Cordel
(Vingt-un Rosado)
Talvez um dia o Rio Grande do Norte se comova com a
saga do cientista que padeceu fome no chão da pátria potiguar.
Do cientista que, celebrado em muitos países, não recebeu
do meu Estado a menor consideração, excetuando apenas o em-
penho do Deputado Frederico Rosado, no sentido de que o Go-
vernador Garibaldi Alves Filho concedesse uma pensão de 10
salários mínimos.
O Governador cumpriu o prometido, mas ao assinar o De-
creto, Argentière só teria 24 horas de vida.
Tratando-se de uma pensão especial não pôde ser transfe-
rida a Marinês.
No futuro, os cantadores do Seridó narrarão nas feiras, a
história da menina Marinês, que foi esposa exemplar, enfermeira
dedicada, amiga afetuosa, verdadeira heroína do país do Seridó.
Um dia, a Literatura de Cordel, contará ao povo a história
de uma jovem sertaneja que se imolou no altar do amor, consa-
grando-se por inteiro ao sábio que a insensibilidade dos grandes
e poderosos abandonou numa morada humilde no chão de To-
nheca Dantas, para viver dias dramáticos depois de servir às
ciências, à pátria, à humanidade.
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Entrevista de Rômulo Argentière ao
“Diário de Natal”
Do “Diário de Natal”, edição de 17 de maio de 1966,
transcrevemos reportagem e entrevista dadas pelo cientista Rô-
mulo Argentière, relativas à realização do IV Congresso da Liga
Latino-americana de Astronomia, da qual é Diretor Científico:
“O escritor, engenheiro e físico Rômulo Argentière, que se
encontra no Rio Grande do Norte fazendo pesquisas e traba-
lhando na organização do IV Congresso da Liga Latino-
americana de Astronomia, que se realizará em Natal, em janeiro
do ano vindouro, com a presença de grandes figuras da ciência
mundial, além de delegações da Argentina, Uruguay, Chile, Ve-
nezuela, Peru e do Brasil de, ainda representantes de instituições
culturais da Europa e da Ásia. Falando a nossa reportagem, ex-
plica o cientista Argentière os motivos desse importante Con-
gresso de Astronomia.
A realização do IV Congresso da Liga Latino-americana
de Astronomia será no período de 8 a 15 de janeiro do próximo
ano de 1967. Marcará época na história da ciência do Brasil e do
Rio Grande do Norte, pois é a primeira vez que se realiza um
conclave desta espécie no Brasil. Ele deveria ter lugar em São
Paulo. Mas a diretoria da Liga resolveu transferi-lo para Natal,
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em homenagem à Associação Norte-rio-grandense de Astrono-
mia (ANRA) – que este ano completa 10 anos de existência,
sendo uma das mais velhas associações astronômicas do Brasil.
Muitos aficcionados da Liga acolheram a idéia com entusiasmo,
porque irão conhecer uma das áreas mais fascinantes do Brasil –
o Nordeste, onde já existem condições culturais e de ordem só-
cio-econômicas para abrigar semelhante reunião.
Sobre a realização do IV Congresso, o Dr. Rômulo
Argentière aduziu os seguintes esclarecimentos:
O Congresso será realizado sob os auspícios de várias en-
tidades patrocinadoras. Já contamos com o apoio decisivo da
Federação das Indústrias de São Paulo, cujo secretário, o rio-
grandense do Norte Humberto Dantas, nos prometeu franco a-
poio. Outras grandes firmas do Rio e São Paulo serão também
patrocinadoras, e, dentre elas, os “Diários Associados”, com a
figura líder de Assis Chateaubriand, nos dar apoio e cobertura.
Contamos também com a ajuda das classes empresariais e con-
servadoras do Rio Grande do Norte, por suas figuras mais ex-
pressivas, como também dos estudantes, que poderão nos dar
auxílio decisivo. Não posso deixar de consignar, também, a
promessa que nos fez Monsenhor Walfredo Gurgel de dar agasa-
lho aos cientistas que aqui virão e que serão hóspedes de honra
do Estado. Também do Magnífico Reitor, professor Onofre Lo-
pes, recebemos a certeza de que apoiará o Congresso, com ajuda
moral e material. A última novidade é a seguinte: O orador ofi-
115
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cial da abertura do Congresso será o grande norte-rio-grandense
Luís da Câmara Cascudo, o historiador e etnólogo do Nordeste,
agora também fazendo parte da Ordem do Jerimum Astronáuti-
co. e, por fim, não posso deixar de assinalar o grande esforço
realizado por esta figura notável que é Antônio Soares Filho,a
mola propulsora deste congresso histórico, cujo nome vai figurar
nos Anais da Ciência do Brasil como uma das personalidades
mais interessadas na difusão do ensino e da pesquisa da Astro-
nomia no Brasil.
Esclarecendo como será feito o entendimento das diferen-
tes línguas, o Dr. Rômulo Argentière afirmou que o serviço de
tradução será feito imediatamente por tradutores especializados.
As conferências pronunciadas em espanhol, inglês, francês, ou
qualquer outra língua serão vertidas imediatamente, à medida
que o conferencista estiver falando, para o português, a fim de
que o auditório possa acompanhar e entender o temário das con-
ferências e comunicações. Para isso iremos pedir auxílio da
UNESCO em seu serviço especializado de línguas.
Depois destes esclarecimentos, o Dr. Rômulo Argentière
afirmou que Natal, em janeiro do ano vindouro, será centro de
atração e de debate científico em todo o mundo por causa deste
IV Congresso da Liga Latino-americana de Astronomia, acres-
centando:
Além das delegações de cientistas, amadores e profissio-
nais, da Argentina, Uruguay, Chile, Colômbia, Equador, México
e América Central, serão convidados numerosos cientistas da
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França, Estados Unidos, URSS, Alemanha, Inglaterra, Portugal,
Espanha, Japão, Itália, Bélgica e outros países. Iremos convidar
algumas personalidades científicas de grande projeção mundial.
Neste congresso, serão abordados temas gerais e especiais de
Astronomia, Astronáutica e Física do Globo. Nas sessões diur-
nas serão debatidas teses e comunicações, nas noturnas serão
proferidas conferências de cunho popular sobre temas de grande
atualidade científica. As conferências versarão sobre o estado
atual dos estudos da Lua, o problema do Sol, estudos da atmos-
fera terrestre e dos planetas, física dos planetas e causas físicas
das secas do Nordeste, tema este que será tratado por nós.
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Do Ceará
A “Sociedade Brasileira dos Amigos da Astro-
nomia”
tem nova diretoria
A S.BA.A. é a mais antiga sociedade astronômica do Bra-
sil. Foi fundada em 27 de fevereiro de 1947, pelo amador Ru-
bens de Azevedo. Realizou essa agremiação as duas primeiras
exposições internacionais de Astronomia do Brasil e publicou a
primeira Carta Selenográfica do continente.
Dificuldades de ordem econômica fizeram com que a so-
ciedade tivesse suas atividades paralisadas por algum tempo. No
dia 2 de agosto, porém, reuniram-se os antigos sócios para reor-
ganizar a entidade, aproveitando a presença, em Fortaleza, de
seu fundador. Foi eleita nova diretoria, a qual está assim consti-
tuída: Presidente honorário: Prof. Rubens de Azevedo
Presidente: Dr. Francisco Coelho Filho
Vice-presidente: Dr. Carlos Pamplona
Secretário Geral: Julian Ferreira Lima
Primeiro Secretário: Afrânio Rebouças Costa
Segundo Secretário: Dr. Eduardo Bezerra Neto
Bibliotecário: Hamilton de Castro
Diretora Social: Cândida Galeno
Tesoureiro: Dr. Carlyle Martins
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Relações Públicas: Luiz de Sousa Girão.
Logo após sua organização, a sociedade estabeleceu um
programa de atividades que já teve início com observações pla-
netárias, destacando-se as de Saturno e Urano. Ao mesmo tem-
po, prepara a S.B.A., a agenda de sua contribuição ao Congresso
Latino-americano de Astronomia que se realizará em Natal sob
o patrocínio da ANRA.
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Ainda Rubens de Azevedo
A Aventura do Homem no Tempo e no Espaço
O título acima é de um livro de Rômulo Argentière, cien-
tista brasileiro que completa, neste ano, quarenta e cinco anos de
trabalho ininterrupto de divulgação científica, através de artigos,
livros, conferências e pesquisas. Conhecemo-lo quando nos
transferimos para São Paulo e trabalhamos ao seu lado durante
quase três lustros. Rômulo Argentière é nome conhecido dos
professores e estudantes brasileiros: não há biblioteca universitá-
ria completa sem as suas obras, dentre as quais se destacam: O
Sol e os Planetas, A Terra, A Atmosfera, Átomos Para a Guerra,
Átomos Para a Paz, Átomos e Matéria, Ondas e Radar, Astro-
náutica e muitos outros.
Foi R. Argentière o iniciador do jornalismo científico brasilei-
ro, nos Diários Associados, por convite de Assis Chateaubriand.
Monteiro Lobato o descobriu e, juntos, realizaram uma série de ma-
ravilhosas traduções dos melhores autores internacionais de ciência.
A simbiose magnífica Argentière/Lobato criou uma verdadeira tra-
dição na história da divulgação científica brasileira.
Trabalhou Argentière para a Comissão Nacional de Ener-
gia do CNPq, realizando levantamentos mineralógicos em todo
o território brasileiro, especialmente na região Nordeste, a que
ele se afeiçoou sobremaneira, tanto que acaba de terminar o li-
vro “O Ciclo da Água no Nordeste” – obra fundamental para o
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conhecimento dos nossos recursos hídricos e que deverá ser pu-
blicada em breve. Durante mais de quarenta anos, Rômulo
Argentière pôs ao alcance da mocidade brasileira as noções es-
senciais da Física, da Química, da Astronomia, da Meteorologia,
da Geologia, da Mineralogia, e da Energia Nuclear.
Sua formação é multifária e, ao lado da ciência que hauriu
na Europa, ao lado de cientistas como Paul Langevin, Paul Rivet
e outros, interessou-se por literatura, filosofia e artes.
Magnífico espécime humano, Rômulo Argentière é uma
mistura de Euclides da Cunha, Gustavo Barroso, Luís da Câma-
ra Cascudo, Cândido Mariano da Silva Rondon e Mário Schen-
berg. Sua cultura, vasta e profunda, abrange um largo leque que
se estende por todos os campos do conhecimento humano.
O Nordeste, que ele tanto ama e pelo qual tanto tem traba-
lhado, já lhe outorgou uma Comenda: a Medalha do Mérito Al-
berto Maranhão, do Governo do Rio Grande do Norte, pelos
seus trabalhos naquela unidade da Federação, não seria o caso
de o convidarmos, neste momento, para uma série de conferên-
cias sobre o momento atual, em que sofremos os rigores da mai-
or estiagem de nossa história? Argentière foi pioneiro, junta-
mente com o cientista de Araraquara, Frederico de Marco, da
nucleação artificial, na década de 40.
De qualquer forma, achamos que todo o Nordeste lhe deve
uma homenagem pelo seu trabalho constante e desinteressado.
Rubens de Azevedo.
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Rômulo Argentière
Um dos homens que me pegaram pela mão e abriram no-
vos caminhos à minha curiosidade foi Rômulo Argentière, pau-
lista da cidade de Amparo, autor de meia centena de valiosos
trabalhos de divulgação científica, engenheiro de minas, astrô-
nomo nas horas vagas, escritor fluente e brilhante. Conheci-o
através da correspondência. Eu morava em Fortaleza e corres-
pondia-me com Jean Nicolini, amador de Astronomia, que man-
tinha um observatório na capital paulista. Nicolini me mandara
alguns artigos de Argentière e me falara com entusiasmo dessa
simpática figura que ajudava os amadores da Ciência. Escrevi-
lhe e passamos a nos corresponder, pelo menos uma vez por
semana. Suas cartas eram animadoras e ele me convidava a mu-
dar-me para São Paulo, onde, segundo ele, eu poderia desenvol-
ver melhor as minhas atividades de astrônomo amador e artista
plástico.
As coisas se engrenaram e eu acabei me transferindo para
São Paulo, onde passei a residir e onde, depois de casado com
Jandira de Carvalho, cearense e escritora. Argentière foi meu
guru, meu amigo certo e cicerone na megalópole paulista. Apre-
sentou-me aos jornais e editoras. Conseguiu que publicassem
meu primeiro livro de Astronomia, Selene, A Lua ao Alcance de
Todos e, não contente com isso, passou para mim uma página
semanal do Diário de São Paulo, que ele mantinha há anos. Esta
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página era reproduzida em todo o Brasil, através da cadeia dos
“Associados”.
Ao mesmo tempo, trabalhávamos juntos no Observatório
do Capricórnio, de Jean Nicolini, ao lado de outros entusiastas
da Astronomia, como Paulo Gonçalves, Wadin Sakhariff, F.
Jehovah de Paula, Orlando Zambardino, Fritz Bendinelli, Frede-
rico Luís Funari, Olavo Caiffa, Floreal D’Amore e outros. As
tardes, no Capricórnio, eram verdadeiras aulas magnas de ciên-
cia e arte, onde Rômulo pontificava seu conhecimento e geniali-
dade. Aprendemos com ele a conhecer a boa música, que ele
conhecia muito bem e privava com artistas da maior categoria,
como Hekel Tavares, Guerra Peixe, Túlio de Lemos, Niza de
Castro Tank e tantos outros musicistas da Paulicéia.
Tudo que fiz em São Paulo devo-o ao grande amigo recen-
temente desaparecido depois de uma vida inteira de serviços
prestados ao País através dos seus trabalhos de pesquisa e dos
seus livros, que, felizmente, se encontram em quase todas as
bibliotecas universitárias brasileiras e de outros países vizinhos.
Rubens de Azevedo.
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Rômulo Argentière e o Nordeste
(Rubens de Azevedo)
Rômulo Argentière é um paulista de Amparo, que se deci-
diu pela Ciência. Estudou na França, privando da companhia de
cientistas como Paul Rivet, do Instituto do Homeme Joliot-
Curie. É diplomado pela Escola Superior de Minas, e pela Sor-
bonne, de Paris. Voltando ao Brasil, dedicou-se à Engenharia de
Minas, trabalhando para o Conselho Nacional de Pesquisas e
Indústrias de São Paulo. É um dos mais destacados pesquisado-
res brasileiros no terreno da atomística, da geologia e da minera-
logia. Publicou meia centena de livros que podem ser encontra-
dos nas bibliotecas universitárias, dos quais destacamos alguns
títulos: Aventura do Homem no Espaço e no Tempo, Átomos e
Estrelas, Átomos Para a Guerra, Átomos Para a Paz, Ondas e
Radar, O Sol e os Planetas, Astronáutica, Viagem à Lua, A Gá-
zua da Química e outros, além de inúmeras traduções de livros
de ciência. Seu livro Urânio e Tório no Brasil lhe valeu insidio-
sa perseguição pelo fato de revelar a localização de minas de
urânio e tório por ele mesmo descobertas – mas que deviam fi-
car escondidas!
Argentière é um profundo conhecedor do Nordeste, região
que sempre o atraiu. E acaba de por o ponto final numa obra que
poderíamos chamar de épica, mas cujo título (para nós muito
importante) não sensibilizou os editores do Sul do País: O Ciclo
da Água no Nordeste.
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Esse livro precisa ser editado por nós. O Ceará não poderá
dar a outra unidade da Federação esta honra. Porque o livro nos
toca de perto, é um livro nosso, escrito para nós. Mas que um
livro, é uma obra fundamental, em que cada capítulo é um livro
completo, cabal. Mencionamos apenas alguns títulos: Física e
Química da Água; A Origem da Água na Terra; Águas Oceâni-
cas e Continentais; A Geologia do Nordeste; A Geomorfologia
do Nordeste; Os Rios do Nordeste; O Armazenamento da Água;
Águas Subterrâneas do Nordeste; A Engenharia Planetária da
Água; A Vegetação no Polígono das Secas; Ecologia, a Ciência
do Bem-viver com a Natureza; Os Vegetais das Secas; Climato-
logia do Nordeste; Meteorologia Dinâmica e Secas; Meteorolo-
gia Nordestina; O Ciclo Hidrológico Atual; Nordeste – Prog-
nóstico das Secas e muitos outros. O livro discute todos os pro-
blemas do solo e aponta solução para esses problemas.
Obra monumental, de cerca de 4000 páginas, enfoca os
principais aspectos e problemas do equinócio brasileiro num
tratamento rigorosamente científico.
No momento em que se ampliam os trabalhos da FUN-
CEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Chuvas Artifi-
ciais, em que se instala em Fortaleza a Fundação João Ramos de
Meteorologia, em que se cria o Ministério da Irrigação, é desne-
cessário repisar sobre a importância e a oportunidade da publi-
cação dessa obra capital de Rômulo Argentière.
O Governo do Estado, o Banco do Nordeste, a SUDENE e
outras instituições dedicadas ao progresso da região não podem
ficar alheios a este trabalho. Temos o direito de exigir-lhes a
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atenção para a necessidade da editoração imediata de O Ciclo da
Água no Nordeste.
31 de dezembro de 1986.
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Rômulo Argentière
(Rubens de Azevedo)
Desaparece aos 78 anos de idade, Rômulo Argentière,
paulista de Amparo, que se decidiu pela Ciência. Menino ainda,
foi orador, na França, de uma solenidade, fazendo o elogio a
Mme. Curie, que estava sendo homenageada. Depois disso, aca-
bou por diplomar-se pela Escola Superior de Minas e pela Sor-
bonne, em Paris.
Voltando ao Brasil, dedicou-se à engenharia de Minas,
trabalhando para o Conselho Nacional de Petróleo e indústrias
de São Paulo. Foi um dos mais destacados pesquisadores brasi-
leiros no campo da Geologia, Mineralogia e Petrologia. Escre-
veu meia centena de livros de divulgação científica que podem
ser encontrados nas bibliotecas universitárias. Entre os livros
mais conhecidos, destacamos: A Terra; O Sol e os Planetas,
Ondas e Radar; Átomos Para a Paz; Átomos Para a Guerra; A
Gázua da Química; Astronáutica; Viagem à Lua; Urânio e Tó-
rio no Brasil; Átomos e Estrelas; A Atmosfera, e muitos outros.
Traduziu livros de Oparin, Bertrand Russel, Schopenhauer,
Freud e outros autores. Trabalhou muitos anos com Monteiro
Lobato, fazendo a revisão de obras científicas.
Manteve na imprensa brasileira colunas de divulgação ci-
entífica, valendo destacar a seção semanal do jornal “O Tempo”
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e “Diário de São Paulo”, artigos que eram distribuídos pelo Bra-
sil inteiro através dos Diários Associados.
Foi um dos fundadores, ao lado de Jean Nicolini, do Ob-
servatório do Capricórnio, na Capital Paulista, onse se reunia a
pesquisadores como Orlando Zambardino, Wadin Sakharoff,
Paulo Gonçalves, Rubens de Azevedo, Frederico Luís Funari,
Fritz Bendinelli e outros.
Era um homem alegre, animado, de grande cultura. Com
ele aprendemos, nas nossas reuniões do Capricórnio, a valorizar
a música clássica que ele conhecia profundamente, sendo amigo
de grandes compositores brasileiros, como Guerra Peixe, Dante
Santoro, Hekel Tavares e outros.
Argentière realizou conferências em quase todos os Esta-
dos brasileiros. Depois, apaixonou-se pelo Nordeste, vindo a
fixar-se no Rio Grande do Norte, onde realizou prospecção de
minas, estudos geológicos e de climatologia. Ao falecer, termi-
nava a sua obra maior: O Ciclo da Água no Nordeste, monu-
mental obra de cerca de 4 mil páginas onde estuda a fundo os
problemas do Nordeste Brasileiro, desde a sociologia até o pro-
blema das secas. O livro continua inédito, pois o assunto não
interessa às grandes editoras do Sul do País. De nossa parte,
fizemos tentativas para a publicação dessa obra, recorrendo a
entidades como a SUDENE, o DNOCS e outras. Sem resultado,
porém.
A título de curiosidade, damos alguns capítulos: O Arma-
zenamento da Água no Nordeste; Física e Química da Água; A
Origem da Água na Terra; Águas Oceânicas e Continentais; O
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Ciclo Hidrológico Atual; A Vegetação no Polígono das Secas; A
Engenharia Planetária da Água; Ecologia – a Ciência do Bem-
viver Com a Natureza; Os Vegetais das Secas; Climatologia e
Meteorologia do Nordeste; O Problema das Secas; Prognósti-
cos das Secas e muitos outros. Trata-se de obra fundamental que
servirá de base a qualquer procedimento na tentativa de resolu-
ção dos graves problemas nordestinos.
Argentière morreu quando pensava ter conseguido com o
Governo do Rio Grande do Norte uma modesta aposentadoria;
isto de fato aconteceu, mas a Lei foi assinada quando o ilustre
cientista encontrava-se no Hospital, na UTI, após melindrosa
operação. No dia seguinte, Argentière falecia, depois de uma
vida plena de utilidade. Seu currículo, um dos mais belos, nos
mostra o quanto ele contribuiu para o desenvolvimento do pro-
gresso científico de nosso País.
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Rômulo Argentière
(Marinês Dantas Argentière)
Conheci Rômulo Argentière no dia 1o de março de 1987,
numa das suas constantes visitas a Carnaúba dos Dantas, terra
onde nasci e me criei.
Desde então nos tornamos amigos e companheiros, até que
no dia 12 de julho de 1994 decidimos legalizar, através do ca-
samento civil, nossa união.
Rômulo sempre dedicou-se a pesquisas minerais, onde in-
vestiu até o seu último centavo, não tendo nenhum retorno fi-
nanceiro, chegando a morrer praticamente na miséria, sem um
ordenado fixo, a não ser uma pensão de 100,00 reais, que não
dava nem para comprar seus remédios e os meus, que sou de-
pendente de insulina.
Quando não encontrava nenhuma saída de sobrevivência,
recorria aos seus admiráveis amigos Vingt-un Rosado, que o
ajudou até a última hora. Também Rubens de Azevedo, Fernan-
do José Wanderley e Antônio Soares, que também nunca deixa-
ram de ajudá-lo nas horas mais difíceis.
Vingt-un e os Deputados Frederico Rosado e Leonardo
Arruda custearam as despesas do velório, enterramento e a aqui-
sição de um túmulo no Cemitério Bom Pastor.
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O notável cirurgião Dr. Ernani Rosado e sua equipe mere-
cem aqui uma palavra de gratidão pelo seu devotamento a Rô-
mulo nos últimos momentos dramáticos de sua existência.
Ele era um homem sonhador, é tanto que nunca desistiu
dos seus projetos, que eram destinados ao crescimento e desen-
volvimento do Nordeste, terra escolhida por ele para explorar e
conhecer as riquezas minerais nela existentes. Para registrar tudo
que descobria, escreveu um livro “O Ciclo da Água no Nordeste
Brasileiro”, livro este que era de grande valia pra ele, que so-
nhava dia e noite em publicá-lo, mas não realizou este sonho,
por falta de financiamento.
Além das pesquisas científicas, Rômulo prestou grandes
serviços ao País, foi um dos batalhadores pela criação da Petro-
bras, Comissão de Energia Nuclear no país, etc. como podemos
comprovar através de sua biobibliografia, sempre foi uma pes-
soa desligada de bens materiais, o que importava era a realiza-
ção de suas idéias, vindo a perceber a importância de uma vida
digna no final de sua vida, quando começou a reconhecer que
merecia uma vida melhor, sem muitas dificuldades financeiras.
Foi aí que recorreu aos poderes públicos, à procura de uma
aposentadoria por merecimento, lutou por isso com muita obsti-
nação, mas sempre aparecia um empecilho, é tanto que essa a-
posentadoria foi aprovada pelo Exmo. Governador do Estado do
Rio Grande do Norte, Garibaldi Alves Filho, um dia antes de sua
morte. Conclusão: Rômulo morreu sem realizar os seus sonhos.
Não soube que a aposentadoria tinha sido aprovada, e que infe-
lizmente não chegou nem a ser oficializada, devido a sua morte,
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não publicou o seu livro, não prestou os relevantes serviços que
pretendia realizar em Carnaúba dos Dantas, pois sempre foi re-
jeitado pelos poderes públicos, no entanto, nunca deixou de
prestar informações dos seus conhecimentos a qualquer pessoa
que o procurasse, principalmente aos estudantes de geologia, às
universidades que o procuravam para palestras, simples garim-
peiros da região, que o procuravam para identificação de mine-
rais, tudo isso ele fazia sem cobrar nada.
No entanto, eu sempre estava ao seu lado, costurando dia e
noite, mesmo doente, para ajudá-lo na nossa manutenção, incen-
tivando-o e partilhando com ele dos seus sonhos, fiquei com ele
até o final, e em nenhum momento desisti de ajudá-lo, como
toda Carnaúba dos Dantas pode comprovar, pois todas as pesso-
as daqui viam a minha veneração e dedicação a meu querido
Rômulo Argentière.
Fiquei apenas com uma pensão de 100,00 reais, para com-
prar a minha medicação e parte da minha comida, não realizei
um dos meus sonhos, que foi possuir a minha própria casa, mas
tenho uma esperança e sinto que alguma coisa vai mudar, que
alguém vai reconhecer o que Rômulo fez e vai me ajudar, pois
tenho uma convicção de que ele está olhando por mim e não vai
me desamparar, e está torcendo para que dê tudo certo. Um dia
vou realizar meus sonhos, que eram também os seus, para poder
ter a certeza que ele está descansando em Paz.
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Minerais e Petróleo no Nordeste e Outras Histórias
(Rômulo Argentière)
Um dos mais graves defeitos da economia do Nordeste é a
falta de cooperativas e do espírito de cooperação entre seus ha-
bitantes. É ainda o resíduo do colonialismo lusitano que perma-
nece como herança do nordestino. A cooperativa nasceu do de-
sejo do produtor de se proteger por meio de assentimento entre
os membros de uma comunidade, de fazer a mesma coisa por
um valor único. “Não existe pooling de INTERESSES DOS
CAPITAIS, nem garantia de uma taxa uniforme de lucro, nem
mesmo o preço uniforme de pagamento nos diversos proprietá-
rios de minas”, esclareceu Hobson (1949). O crescimento da
grande empresa toma o caminho da cartelização. “Parece que os
cartéis, em sua maioria, embora relutantes em incentivar o co-
mércio exportador a níveis não lucrativos, de quando em quando
são levados a adotar esse método de funcionamento em suas
minas e fábricas. Não só aprovam e organizam o comércio ex-
portador com base em preços mais baixos como, em muitos ca-
sos, o incentivam” por meio de subsídios, confirma Hobson.
Tratando-se do Nordeste brasileiro, cujas minas de scheelita – as
maiores do continente foram prejudicadas pelo truste do tungs-
tênio da China de Mao Tse Tung. Na realidade, é um truste com
todas as letras, em que a totalidade das ações de diferentes em-
presas associadas é transferida para o conselho estatal que exer-
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ce completo controle na exportação e nos preços. O resultado
dessa intervenção não se deve esperar: fecharam-se as minas de
scheelita no Rio Grande do Norte, porque os produtores nordes-
tinos, com algumas exceções, garimpeiros, não podiam enfrentar
os produtores chineses que vendiam o tungstênio pela metade do
preço, mais o transporte do minério de portos chineses para por-
tos brasileiros. Esta concorrência do truste chinês de tungstênio
ocasionou o fechamento das minas de scheelita do Rio Grande
do Norte e do Nordeste e provocou a dispersão de cerca de
200.000 garimpeiros engajados na produção de minerais de
tungstênio e cassiterita no Nordeste. Como esta produção está
associada à área de pegmatitos, foram fechadas também as pe-
quenas empresas produtoras de tantalita e columbita, utilizadas
para endurecer o aço cujo fornecimento passou a ser feito pelo
Canadá e África, nossos concorrentes no mercado mundial; o
berilo, também produzido nos pegmentos do Nordeste, teve a
sua metalurgia abandonada por falta de clientes; micas, algo
utilizada nas pequenas indústrias elétricas, cujo principal cliente
é uma fábrica de chapas de Fortaleza; pedras semi-preciosas,
como águas-marinhas e granadas ficaram ao sabor dos azares do
mercado consumidor. Restou os feldspatos para as indústrias
cerâmicas e vidrarias. Foi como se uma bomba nuclear tivesse
explodido no coração do Rio Grande do Norte, arrasando tudo.
Os regimes socialistas são estatizantes, formando verdadeiros
trustes dentro das fronteiras nacionais e operam no exterior a-
gredindo as suas próprias congêneres pelo estabelecimento de
preços das materiais primas que liquidam qualquer tipo de con-
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corrência. Por último, os produtores nordestinos de scheelita,
para enfrentar esta concorrência, resolveram fundar uma usina
de produção de carbonato de tungstênio e tungstênio metálico, a
única possibilidade de enfrentar a concorrência chinesa no mer-
cado internacional. Apesar dos anos transcorridos, a construção
da usina (1941) se arrasta sem fim. Ao que parece, quando en-
trar em atividade a usina chinesa de carbonato de tungstênio e de
tungstênio metálico, a similar nordestina também estará em ati-
vidade, com sérios prejuízos ao minerador papa-gerimum, por-
que os asiáticos poderão na forma de trust, rebaixar os preços,
até a liquidação final do similar nordestino. Em toda operação
econômica de mineração ganha a batalha quem tiver a noção do
fator tempo. E a outra maneira de enfrentar o problema é a fun-
dação de cooperativas que funcionam muito bem em mineração.
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A Siderurgia do Seridó
Um dos maiores desejos do povo norte-rio-grandense é o
de obter no Seridó a instalação de um alto forno para o início da
siderurgia no Estado. Na década de 1980 esta aspiração foi em
parte satisfeita com a instalação de alto forno em Currais Novos.
Esta instalação foi realizada por uma firma gaúcha que tomou
todas as providências para a instalação do alto forno que era
embrião da futura siderurgia do Estado do Rio Grande do Norte.
Esta siderúrgica ocupava minério de ferro da Serra da Formiga,
distante do local do forno cerca de 20 ou 30km de distância. O
forno fundia o minério para produção de ferro fundido que seria
tratado em outras fundições. Mas, era o início. O forno funcio-
nava com carvão vegetal, uma invenção que seria importada. A
triste realidade era que o Nordeste, nesse caso, o Rio Grande do
Norte, não possuía florestas para fazer carvão. O alto forno vivia
consumindo madeira espúria da caatinga e por sua influência
causava uma devastação tremenda no Estado, que já apresentava
sinais bem visíveis de pré-deserto. Em 1952, o Presidente Getú-
lio Vargas, inquieto por causa desse problema, chamou o major
Newton Santos e encomendou-lhe um estudo sobre a substitui-
ção do carvão vegetal pelo carvão mineral. O Brasil não tem
carvão mineral. Existem indícios de carvão mineral no Piauí e
no Sul, em Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Mas,
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este carvão mineral está associado ao enxofre e a outros mine-
rais que constituem verdadeiros venenos para o alto forno. O
major Newton chamou-me para resolver o assunto. Pelo que
tinha visto durante o Congresso de Utilização Pacífica da Ener-
gia Nuclear, em 1950, em Varsóvia, a Polônia estava ansiosa por
fazer negócios, com o Brasil. Ela forneceria todo o carvão que o
país necessitasse e em troca, receberia café, gêneros alimentícios
e outros produtos que estariam sobrando no Brasil. Numa reuni-
ão no Catete expliquei ao Presidente a mecânica do acordo. Ge-
túlio concordou. O país não seria nunca mais massacrado em
suas florestas. Mas, sempre existe neste país um mas, o acordo
nunca foi realizado. Eu descobri o por que da questão. Essa não
posso dizer porque envolve problemas de Estado. E assim ter-
minou, melancolicamente, o problema siderúrgico do Nordeste.
Quanto ao alto forno de Currais Novos, foi desativado porque
estava depredando o resto da floresta atlântica e da caatinga do
Rio Grande do Norte. E assim acabou-se o sonho deste valente e
sofredor povo papa-jerimum.
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Suspeita de Petróleo no Brasil
Há muitos anos se suspeita da existência de petróleo no
Brasil. No meu tempo de ginásio, o professor de geografia dizia
que no Brasil ocorrem várias áreas que se suspeitavam conter
petróleo: Mato Grosso, Amazônia, Bahia, Nordeste, etc. Eram
apenas palpites; tivemos vários presidentes da república, que
eram advogados, literatos de palavras buriladas, mas, que não
entendiam patavinas de minerais. O Brasil era um país rico,
porém, rico do quê? De ouro, de matérias-primas para as indús-
trias? Sim! Mas, poucos se moviam com este objetivo. Os norte-
americanos, descendentes de ingleses, mais pragmáticos, busca-
vam riquezas não nos minerais em si, mas na indústria de trans-
formação. Em 1859, foi aberto o primeiro poço nos Estados U-
nidos, em Tittusville, pelo coronel Edwin L. Drake. Tinha a pro-
fundidade de 21 metros e foi perfurado por uma broca que fun-
cionava pelo sistema de percussão à semelhança de um bate-
estaca. Sua produção diária era de 19 barris/dia, cerca de
3m³/dia. A notícia da descoberta de Drake, empolgou a nação e
difundiu-se rapidamente. Milhares de homens foram a Tittusvil-
le ver a nova fonte de riqueza, que passou a ser chamada de “ou-
ro negro”. A sua primeira utilização foi como combustível na
iluminação substituindo o óleo de baleia e as velas e gás de car-
vão. Sendo o povo norte-americano cheio de idéias, alfabetiza-
do, engenhoso, passou a refinar o petróleo em alambiques ou
caldeiras primitivas, obtendo-se então o querosene que era na
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época o principal derivado. Em 1887 foi inventado o motor a
explosão e a diesel e as frações de petróleo que eram até então
desprezadas, passaram a ter novas aplicações. Atrás disso fun-
dou-se uma indústria de bilhões de dólares/ano.
1853
Alinhávamos alguns subsídios históricos para demonstrar
a cronologia, que começa em 1853 e segue até 1994, para expor
o ponto de vista de que a questão do petróleo no Brasil foi um
problema muito sério. Em 1853, enquanto Drake fazia suas pés-
quisas nos Estados Unidos, o padre Florêncio Gomes de Olivei-
ra descobria na Lagoa do Apodi, “em um recanto desta vila, que
está mais em contato com as substâncias minerais da serra, tem-
se coalhado, em alguns anos, uma substância betuminosa, infla-
mável, e de boa luz semelhante à cera, em quantidade, tal que se
pode carregar carros dela.” O mineral era uma elaterita, varieda-
de de betume elástico. Era um cientista perdido nos sertões do
Apodi, foi uma curiosa figura de sacerdote, político, poeta, geó-
logo amador, nascido no chão de Mossoró. A atividade de “geó-
logo amador” quem a informou foi Manoel Antônio de Oliveira
de quem tiramos as notas seguintes. O padre Florêncio teria pre-
parado uma “Memória Topográfica, Geológica, Mineralógica do
território banhado pelas águas do Rio Mossoró ou Apodi e seus
afluentes, principalmente nos limites desta Província do Rio
Grande do Norte com o Ceará.” Data do documento: 12 de maio
de 1861.Uma cópia teria sido endereçada à Sociedade da Indús-
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tria Nacional, do Rio de Janeiro, por intermédio do Dr. José
Bento da Cunha Figueiredo Júnior, presidente da Província do
Rio Grande do Norte. Infelizmente, diligências realizadas por
Vingt-un Rosado em diversas bibliotecas não deram resultado.
Durante certo tempo foi atribuída à descoberta da gipsita de
Mossoró a Louis Jacques Brunet. Antônio Campos e Silva de-
monstrou que o Padre Florêncio e não Brunet, que não veio a
Mossoró, foi seu descobridor. Era um curioso de botânica, de
zoologia, de geologia. E confessava timidamente: “Me emprego
muito em tais indagações, sem o menor conhecimento da ciên-
cia.” Escrevia Florêncio. O padre informou-se das excursões
científicas de Brunet pelo Nordeste através dos jornais. Pensou
que o cientista francês pudesse visitar o chão do Apodi. Daí a
sua carta de 22 de fevereiro de 1854, convidando Brunet para vir
ao Rio Grande do Norte, carta que se encontra no Museu de Ge-
ologia Antonio Campos e Silva, da ESAM.
1894
Manoel Antonio de Oliveira Coriolano em um artigo pu-
blicado no “Almanaque do Rio Grande do Sul”, em 1894 (re-
produzido no nº 497, da série “B”, da Coleção Mossoroense,
1988), repete as palavras do padre Florêncio em 1853, relativo à
“substância betuminosa, inflamável e de boa luz, semelhante à
cera de carnaúba em quantidade tal que se pode carregar carros
delas..”
140
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1908
O farmacêutico Jerônimo Rosado – o pai da ninhada de
leões – admitiu que esta elaterita existisse em grandes quantida-
des, que poderia ser utilizada na iluminação de Caraúbas. Jerô-
nimo Rosado classificou a elaterita como um betume e a consi-
derou um sinônimo de borracha mineral. A elaterita é uma vari-
edade de betume elástico, enquanto fresco, ficando mais dura e
quebradiça quando exposta, na definição de Jardel Borges Fer-
reira, (1980). “O Mossoroense” de 09 de fevereiro de 1908 re-
gistrou a ocorrência no Açude de Caraúbas de elaterita, e a opi-
nião de Jerônimo Rosado.
Os Profetas do Petróleo
O petróleo teve no Brasil na segunda metade do século
XIX e na primeira metade do século XX, os seus profetas, ho-
mens e epigonos que adivinharam as camadas de óleo que esta-
vam depositadas no interior da terra, como se tivessem a visão
de raio x. E todas estas profecias envolvem a região do Nordes-
te, que apresenta muita semelhança com as terras do Texas, Co-
lorado, Novo México, e parte da fronteira sul dos Estados Uni-
dos, área do semi-árido americano.
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1888
Este levantamento começou em 1888 com o geólogo ame-
ricano White (1888) e os fósseis invertebrados do Cretáceo. Ele
levantou os especimens fósseis dos Estados de Sergipe, Pernam-
buco, Bahia e parte do Rio Grande do Norte. A tradução admi-
rável, foi realizada por Orville A. Derby, o grande sábio ameri-
cano, que dedicou toda a sua vida à geologia do Brasil e São
Paulo e a escrever os fatos essenciais de nossa história. Até hoje
é um mistério o suicídio deste homem de ciência. Frustração?
Desencanto, depois de muitos anos de luta? Discussão sobre o
problema profissional? Tudo isto e outros motivos que ninguém
nunca atinou.
A gasolina e o óleo diesel vieram revolucionar os trans-
portes. A obra de White é um estudo para correlação das espé-
cies com a idade geológica, especialmente o Cretáceo, que foi o
fio condutor da pesquisa de petróleo nas áreas de Sergipe, Bahia
e Rio Grande do Norte, quase um século após.
1910 – 1914
Três geólogos americanos fizeram pesquisas no Nordeste:
Roderich Crandall (1910);
Waring (1912) e
Ralph H. Sopper (1914).
Estes geólogos fizeram pesquisas de água no arenito e não
do petróleo.
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1922
Em 1922, o geólogo americano John Casper Branner
(1922), que viera ao Brasil participar da luta contra a seca no
Nordeste brasileiro, escreveu um trabalho sob o título: “Oil pos-
sibilities in Brazil (Possibilidades de petróleo no Brasil). Pouco
antes de seu falecimento, apresentou sua tese em reunião do
Instituto Americano de Mineração e Metalurgia. Referindo-se ao
Terciário, Branner (1923) esclareceu: “Parece inteiramente pos-
sível que esta zona (a de Mossoró) contenha petróleo onde ela se
alarga para o interior, como na Bahia, até 300 milhas e Mossoró
no Estado do Rio Grande do Norte, e Maranhão; mas, em qual-
quer outra parte duvido de sua existência, muito fragmentária e
delgada, para fornecer solo para muito petróleo.” Era a opinião
abalisada de um especialista em petróleo.
1929
Luciano Jacques de Moraes (1929), que se tornou o mais
famoso engenheiro de minas e geólogos do Brasil, escreveu: “O
terreno Cretáceo do Rio Grande do Norte é particularmente inte-
ressante para a possibilidade da ocorrência de petróleo, por ser
marinho, fossilífero e apresentar-se cortado por eruptivas. Po-
demos compará-las de um modo geral, com a formação petrolí-
fera cretácea do México... Nestas condições achamos que se
deve voltar a atenção para essa região nordestina e efetuar mi-
nuciosas pesquisas para petróleo. No Rio Grande do Norte de-
vem merecer toda a consideração o terreno cretáceo, que se es-
143
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tende desde a Chapada do Apodi até a região de Olho D’Água
da Catanduba, à leste de Epitácio Pessoa (hoje Pedro Avelino) e
o terciário da costa... O calcário cretáceo é atravessado por ro-
chas eruptivas como no México, é magnesiano e contém fósseis
dos mares costeiros (Moraes, 1938). Moraes ainda predisse a
existência de petróleo na Paraíba, em Pernambuco, Sergipe, A-
lagoas e Bahia. Nessa época recomendou a prospecção de petró-
leo feita com métodos geofísicos empregados com grande êxito
na Venezuela. As prospecções sismográficas deveriam ser se-
guidas pelas sondagens, para que houvesse melhor possibilidade
de êxito. Hoje, a exploração de petróleo se processa em bases
científicas. Uma seqüência lógica de operações altamente espe-
cificadas permitem obter dados suficientes para fazer um prog-
nóstico das possibilidades da existência de petróleo em determi-
nada região, reduzindo ao mínimo os riscos que se correm na
busca do petróleo. Para procurar e definir as possibilidades pe-
trolíferas de uma dada região, a geologia utiliza-se de ciências
auxiliares, como por exemplo, a estratigrafia, que é o estudo das
rochas no tempo e no espaço e a sua origem; micropaleontologi-
a, o estudo dos microorganismos fósseis; paleontologia, estudo
dos organismos fósseis que viveram há milhões de anos; petro-
grafia, descrição exata e minuciosa das rochas; aerofotograme-
tris, mapeamento com auxílio de fotografias aéreas; estudo de
métodos geofísicos e geoquímicos. Tudo isso queria Moraes
introduzir no Brasil.
144
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1932
Neste ano Luciano Jacques de Moraes insistiu na possibi-
lidade da existência de petróleo no Rio Grande do Norte, cha-
mando a atenção sobre a possibilidade da existência de petróleo
nas “dobras ou outros tipos de estruturas que permitam a acumu-
lação de petróleo. Talvez os processos geofísicos de prospecção
– que o Serviço Geológico (futuro DNPM) em muito boa hora
acaba de instalar – pudessem fornecer dados a este respeito.”
1936
O geólogo americano Melamphy, especialista em técnica
de exploração e aparelhamento geofísico, analisou o programa
de aplicação no Brasil dessas técnicas.
1938
Luciano Jacques de Moraes voltou à carga para reafirmar
sua crença no petróleo do Rio Grande do Norte. Fez um resumo
de todas as suas pesquisas de petróleo do Nordeste.
1938
Avelino Ignácio de Oliveira, que seria no futuro diretor da
DNPM, escrevendo sobre petróleo, destacou a importância do
sepage para pesquisas do ouro negro. Na sua opinião, o Brasil e
do Uruguai eram os dois países americanos do sul que não apre-
sentavam manifestações do sepage. É o autor de um “Mapa de-
monstrativo das possibilidades geológicas do petróleo no Bra-
sil”, publicado pelo SFPM do DNPM.
145
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1940
Neste ano, o eminente engenheiro de minas Euzébio Paulo
de Oliveira, afirmava que nenhuma indicação de petróleo era
conhecida nas formações Natal e Mossoró, ambas de origem
marinha. Euzébio era conhecido no DNPM pela sua forma nega-
tiva sobre o petróleo no Nordeste. Ele se esquecia de que a elate-
rita de Caraúbas era produto de sepage, como também os gases
emanados pelas cacimbas do Apodi, as manchas de óleo sobre a
água.
1945
Na cadeia da Companhia de Engenharia de Ouro Fino,
MG, o prisioneiro Jerônimo Vingt-un Rosado acreditou que em
Mossoró existia petróleo. Isto representava uma profecia, pois,
quase 50 anos antes que o “ouro negro” tivesse jorrado para fora
da terra.
1947
Vingt-un Rosado, baseado em Fróes de Abreu trouxe para
uso do petróleo mossoroense o termo wildcat, nome ressuscitado
dos garimpeiros americanos. Significa que é a zona onde se su-
põe existir petróleo, por dados vagos ou informações superfici-
ais, mas que ainda não se provou a existência do ouro negro.
Não adianta procurar o significado desse jargão dos petroleiros
146
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americanos. Vai encontrar “wild cat” – gato montês, insensato,
etc.
1947
A correspondência de Paulo Fernandes sobre pesquisas de
água e petróleo no Nordeste, cita o geólogo Mac Naughton que
a 12 de novembro de 1945, declarou que no Brasil existem 10
áreas que podem ser consideradas para o programa de pesquisa
de petróleo. Um desses objetivos era a planície costeira como
capacitada para petróleo. Cita um outro geólogo, Everette de
Golyer que realizou “um reconhecimento geológico geral da
pequena bacia sedimentar que se estende de Areia Branca para o
interior nos Estados do Ceará e Rio Grande do Norte”. Procurei
estes relatórios no DNPM do Rio de Janeiro e não encontrei nem
traços dos mesmos. O que teria acontecido?
1949
Dentre os pesquisadores que publicaram relatórios sobre o
Nordeste, está o engenheiro tecnologista e grande divulgador
dos fatos sobre mineração no Brasil, Sílvio Fróes de Abreu, ele
diz: “...Há casos de encontro de petróleo justamente em camadas
calcárias porosas ou diretamente em folhetos argiloso... Uma
longa faixa calcárea ocorre no litoral nordestino apresentando-se
rica em fósseis marinhos e com aspecto que fazem admitir a
possibilidade de serem petrolíferos... O cretáceo do Brasil tem
uma grande importância no ponto de vista geográfico e econô-
mico. As formações desta idade ocorrem em vários pontos do
147
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País e em alguns já se tem evidência de óleo, por exemplo, na
Bahia... E outras considerações notáveis que fazem de Fróes de
Abreu uma das personagens do petróleo no Brasil (1946, 1949).
1949
Foram realizados estudos geológicos no litoral do Rio
Grande do Norte. A faixa sedimentar costeira tem uma largura
de 19 a 28km, em pontos próximos a Natal, 65km entre Açu e o
litoral, 50km entre Ceará-Mirim e Touros. 110km na bacia do
Apodi. Kredler e Andery deram o nome de Calcáreo Jandaíra e
Arenito Açu, que constituem a Série Apodi. Entretanto, não e-
ram otimistas as conclusões desse relatório quanto às possibili-
dades petrolíferas do Rio Grande do Norte. Dada a posição dos
dois geólogos, especialmente, de Andery, que era professor da
USP, o relatório trouxe um pessimismo geral sobre a existência
de petróleo no Nordeste. (1949).
1951
Em 1951, “os últimos perfis detonados na região de Areia
Branca acusaram 1.960m para a profundidade do embasamento
cristalino.” A perfuração de 1956 não confirmou os perfis sísmi-
cos de 1951. (Poço de Grossos).
1952
Luciano Jacques de Moraes descobriu foraminíferos em
Governador Dix-sept Rosado, à margem do Rio Mossoró, no
Poço das Pedras. Em comunicação feita à Academia Brasileira
148
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de Ciências, comparou esses protozoários fósseis com a existên-
cia de petróleo. Moraes ainda identificou formações foraminífe-
ras no Canto do Feliciano, 8km a Nordeste de Mossoró e tam-
bém na Baixa da Alegria, à oeste do Rio Upanema, na BR - 304.
1954
A Petrobras enviou para a região de Mossoró uma equipe
de especialistas em sísmica, pois, em 1951, com a detonação
incompleta de Areia Branca, as duas turmas que operavam na
costa Nordeste, tinham sido deslocadas para o Maranhão.
1955
Vingt-un Rosado escreveu um trabalho sob o título: “Uma
Refinaria Para Mossoró”, no qual reivindica, enfaticamente,
uma refinaria de petróleo para a região de Mossoró. E argumen-
tou: Mossoró oferece, além disso, condições estratégicas magní-
ficas para a instalação de uma refinaria. A sua situação geográfi-
ca singularmente vantajosa. A sua posição privilegiada em rela-
ção aos Estados vizinhos, as excelentes rodovias que a ligam aos
mais diferentes rincões do Nordeste e do país, a sua ferrovia
entrosada na Rede Viação Cearense, o seu porto teleférico, todos
estes dão a Mossoró o direito de pleitear a localização em seu
território a refinaria que a Petrobras destinará ao Polígono das
Secas.
149
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1956
É o início da quarta fase que começa com os poços de
Grossos e Macau.
1956
A localização pioneira de Gangorra (Gr – 1 – RN) decor-
reu dos resultados dos estudos geológicos e geofísicos levados a
efeito na região sedimentar da costa dos Estados do Ceará e Rio
Grande do Norte, em particular na faixa compreendida entre as
cidades de Aracati (Ceará ) e Macau (RN). Está prevista também
uma sondagem pioneira nas proximidades de Macau. A sonda-
gem realizada no município de Grossos revelou fraca impregna-
ção de petróleo.
1958
Apesar deste aparente fracasso, Vingt-un Rosado reafir-
mou sua fé no petróleo do Nordeste e estimulou a Petrobras a
continuar a fazer pesquisas no Rio Grande do Norte. Luciano
Jacques de Moraes, em conferência pronunciada no Museu Na-
cional do Rio de Janeiro, reafirmou sua crença no petróleo em
Mossoró, bastando para isso o término dos estudos geológicos e
geofísicos.
150
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1960
O geomorfólogo brasileiro Aziz Nacib Ab’Saber, escreveu
um trabalho com o pseudônimo de Antônio Natércio de Almei-
da, sob o título de “Duas áreas na região de Mossoró de interes-
se para as pesquisas de petróleo”, no qual diz que a sondagem
realizada em Grossos foi de todo infeliz em sua locação já que
coincide com um ponto no eixo de uma das modestas sinclinais
da bacia. Não poderia haver petróleo. E aconselhava: EXISTEM
DUAS ÁREAS QUE DEVERIAM SER INVESTIGADAS com
particular atenção, a primeira entre o baixo Jaguaribe e o Mosso-
ró – Apodi (Área A) junto as encostas da chamada Serra de
Mossoró e a segunda entre Mossoró – Apodi e o Piranhas – Açu
(Área B), próximo a Trapiá (chapada).
1962
Diante de fracos indícios de petróleo na bacia, a Petrobras
manda um aviso de que esta empresa encontra-se sem elementos
para autorizar, no momento, novos trabalhos de pesquisa nessa
região (PRES/E – 493/62).
1965
Neste ano os poços perfurados na bacia potiguar para a
exploração de petróleo, em terra e mar, somavam apenas 17.
151
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1966
A Petrobras começa a ampliar estudos sobre o petróleo de
Mossoró. A Petrobras em continuação à ação do Conselho Na-
cional do Petróleo reforçou a campanha de Mossoró. E publicou
um balanço cujos principais tópicos são os seguintes: A Petro-
bras definiu uma bacia sedimentar de idade cretácea, próxima à
costa, tendo iniciado em 1956 duas perfurações. Estudos geoló-
gicos e geofísicos admitiam uma coluna sedimentar pouco es-
pessa, tendo um dos poços, o de Gangorra, atingido o embasa-
mento cristalino a 1.025m e o de Macau perfurou até 1.262m. A
correlação entre os dois poços é muito boa. Indícios de óleo seco
e material pirobetuminoso foram encontrados logo nos primeiros
350 metros no poço de Gangorra, em uma seção de calcários.
Logo abaixo aos evaporativos (calcários e dolomitos), a partir de
400 metros de profundidade, apareceram, numa seção formada
de folhelos, siltitos e arenitos, vestígios mais significativos e
óleo e gás, tendo a análise de gás mostrado a presença de meta-
no. A quantidade de óleo e gás não foi considerada comercial.
Entretanto, esses vestígios proporcionaram à Petrobras um dado
valioso, tal seja, o de que a bacia sedimentar na costa do Rio
Grande do Norte, denominada Bacia Potiguar, possuía condi-
ções de gerar petróleo, apesar da pequena espessura dos sedi-
mentos... Independentes do resultado, esclarecedor, sem dúvida
dos indícios de óleo encontrado no poço da CONESP, a Petro-
bras continuará os estudos em toda, a extensão da Bacia Poti-
guar e executará trabalhos aeromagnéticos, gravimétricos e sís-
152
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micos na plataforma continental, fronteiriça aos Estados do Rio
Grande do Norte e seus vizinhos, Pernambuco e Ceará.
1966
O prefeito de Mossoró, Raimundo Soares de Souza, assi-
nou convênio com a CASOL para perfuração entre as caixas
d’água, na praça Padre Mota. Durante meses o poço perfurado
pelo geólogo Lúcio José Cavalcante, produziu petróleo que saía
misturado com água. A população carente coletava esta água e
isolava o petróleo para acender as lamparinas. A CONESP
(Companhia de Sondagens e Perfurações) financiada pela CA-
ERN trouxe uma perfuratriz para o poço de Belo Horizonte (Sa-
co). O poço de Belo Horizonte que a CONESP perfurou, chegou
a produzir algum petróleo.
1966
CARTA DE PAULO FERNANDES: Anticlinal – Prevejo
que a Petrobras fará um poço onde encontrou a estrutura anticli-
nal. Plataforma continental – A grande esperança de existência
de petróleo é na plataforma continental. Espessura da camada de
terreno sedimentar – Os estudos sísmicos antigos previam uma
espessura de 2.400m na chapada. Entretanto, o poço de Gangor-
ra esbarrou no granito a 1.025m. Nessa espessura michuruca não
é previsível a existência de grandes jazidas de petróleo. Recor-
do-me de que o pessimismo do Link (geólogo americano pessi-
mista em relação ao petróleo no Nordeste) em relação ao petró-
153
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leo no Brasil é, em parte à pequena expessura de faixas de terre-
no sedimentar do Nordeste.
A Colaboração da Paleontologia
Começou com White (1888) e continuou com outros. Sil-
va Coutinho, foi o primeiro a descobrir depósitos cretáceos no
Estado do Rio Grande do Norte. Coutinho encontrou estas ca-
madas em 1886, no rio Mossoró. O Serviço Geológico organi-
zou coleções de fósseis de Mossoró, do rio Açu, perto de Pen-
dência e Baixa Verde... Em Mossoró abunda a Tylostoma, no rio
Açu perto de Pendência a forma característica é Nerinea e na
Baixa Verde, Inoceramus é o fóssil típico. Estes três gêneros
extinguiram-se no final Cretáceo, de modo que os calcários onde
se encontram não podem ser mais recentes do que aquele perío-
do. Provavelmente, eles representam o andar Turoniano do Crê-
táceo Superior. Em 1924, Gonzaga de Campos, conseguiu obter
coleções de fósseis encontrados em Barbadinha, Taboleiro
Grande, São Sebastião (Governador Dix-sept Rosado), e no Rio
Upanema. Todas estas localidades estão nos arredores de Mos-
soró. É preciso enaltecer a obra notável da paleontóloga Carlota
Joaquina Maury, que num volume publicado em 1924, mostrou
as novas formas do cretáceo, particularmente da área de Mosso-
ró. Realizou estudos de várias áreas contendo fósseis do cretá-
ceo. Nesse volume aparece um mapa com a área cretácea do
Nordeste, principalmente a da Bahia, Sergipe, Alagoas e Rio
Grande do Norte. Este mapa mostra onde deve ocorrer petróleo
154
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no Cretáceo... E a paleontóloga não errou. Luciano Jacques de
Moraes, guiou-se por ela na sua campanha de petróleo.
Antônio Campos e Silva
Estudou toda a costa do Nordeste sob o prisma do Terciá-
rio e do Quaternário. As barreiras Terciárias são importantes por
causa da movimentação da superfície do solo nordestino. A
Formação Riacho Morno de Pernambuco e Paraíba corresponde-
ria à Serra do Carmo e a Formação Guararapes seria correspon-
dida pela Formação Mossoró. No Quaternário são projetadas as
formações características e os depósitos dos mamíferos pleisto-
cênicos na Formação Cacimbas. Foi vítima de um desastre de
carro, na flor da idade, assim terminou o mais jovem geólogo do
Brasil.
O Trabalho dos Paleontólogos
Uma equipe de especialistas esteve na área de Mossoró em
tempo salteado, com Ivor Price, Fausto Cunha, Lélia Duarte,
Rubens Santos, Luciano Jacques de Moraes, Paulo Erichsen de
Oliveira, Antonio Campos e Silva, e outros, fizeram pesquisas
de fósseis na região e ajudaram a apontar o caminho do petróleo
de Mossoró. Dentre eles destacam-se o relatório de Sampaio e
Schaller (1967) sobre estratigrafia do cretáceo da bacia potiguar.
As conclusões apresentadas, são importantes: a deposição das
Formações Gangorra e Açu se deu em ambientes não-marinhos.
O caráter da microfauna bentônica, juntamente com a aparência
litológica dos carbonatos, permite sugerir uma deposição em
155
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ambiente de águas rasas e movimentadas para os sedimentos da
Formação Jandaíra. O Cretáceo marinho do Rio Grande do Nor-
te pode ser correlacionado aos sedimentos da Formação Sapuca-
ri/Laranjeiras, na Bacia Sergipe – Alagoas, com a Formação
Azilé e parte da Pointe-Clairette, na Bacia do Gabon; e com as
formações Ezé-Aku, Magourdi e Awgo, na Nigéria oriental.
A sedimentação da Bacia Potiguar parece haver começado
durante o Aptiano (?) quando numa fossa subsistente da Forma-
ção Gangorra teve seu início. Após curto período de sedimenta-
ção, teria sido a bacia atingida por leves falhamentos, possivel-
mente acompanhados de breve período de exposição... Durante
o Terciário (Mioceno?) a bacia sofreu um leve basculamento em
direção ao mar, basculamento que originou fraturas e, talvez,
reativou algumas antigas falhas através das quais devem ser as-
cendidos fluídos magmáticos. Representantes desta atividade
ígnea são, no presente, observados como “diques” e neckes ao
longo da linha de charneiras (hinge line) e derrames balsáticos
dentro da bacia.
Luciano Jacques de Moraes
Em 1936, Luciano Jacques de Moraes verificou que o Cre-
táceo dos arredores de João Pessoa contém fósseis costeiros,
relativamente abundantes e o calcário em um ponto é escuro
com cheiro de substância betuminosa.
Em 1952 descobriu um foraminífero na Serra de Mossoró.
Em 1952, descobriu outro foraminífero em Governador Dix-sept
Rosado, à margem do Rio Mossoró, no Poço das Pedras. Já em
156
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trabalho anterior havia comunicado à Academia Brasileira de
Ciências a correlação dos protozoários com a ocorrência de pe-
tróleo (Moraes, 1939). Moraes ainda identificou foraminíferos
no Canto de Feliciano, a 6km a Nordeste de Mossoró e também
na Baixa da Alegria, a oeste do Rio Upanema, na BR 304. O
grande geólogo destacou a importância dos faraminíferos para o
Nordeste, pois, eles e as diatomáceas ocorrem em muitos cam-
pos petrolíferos do mundo e ainda em depósitos de fosfato na
África do Norte e outras regiões. Ele e ainda em depósitos de
fosfato na África do Norte e outras regiões. Ele citou a ocorrên-
cia de foraminíferos na Formação Cretácea da região de Mosso-
ró, no comunicado à Academia.
Estudos Geológicos
O geólogo alemão prestou grandes serviços ao Brasil, Wi-
lhelm Kegel, realizou importantes estudos na Bacia Potiguar,
resultado no seu notável livro “Contribuição ao Estudo da Ba-
cia do Rio Grande do Norte”, além de outros estudos, que a-
brangeram os aspectos de paleontologia, estratigrafia, geologia,
etc (1958 – 1965).
Karl Beurlen
Em 1965, quatro concluintes de geologia da Escola de Ge-
ologia da UFP fizeram o levantamento geológico da região de
Mossoró. Entre eles Carlos Alberto Peixoto, Edgar Ramalho
Dantas, José Augusto Vieira e Dante Cavalcati Melo. Coorde-
157
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nou o trabalho o professor Karl Beurlen que deu a Mossoróa sua
primeira geologia e paleontologia. Beurlen tratou sobre o conte-
údo fossilífero, da paleografia e da estratigrafia da Bacia Poti-
guar. A descoberta de amonóides na região abriu, teoricamente,
a possibilidade da existência de fosfato que seria do Maestrichti-
ano e não do Turoniano. A Formação Mossoró substituiu a For-
mação Jandaíra da Serra de Mossoró (1964). Por fim novas des-
cobertas paleontológicas de Beurlen em complemento ao seu
livro anterior “A Fauna do Calcário Jandaíra na Região de
Mossoró (RN)”. As barreiras terciárias são importantes nesta
região por causas agrícolas. Foi Antônio Campos e Silva quem
as estudou com detalhes geológicos e paleontológicos, bem co-
mo o quaternário com suas formações características e os depó-
sitos dos restos de mamíferos pleistocênicos, na formação Ca-
cimbas, os calcários travertinos, terraços fluviais, as grandes
várzeas do Apodi e Upanema.
Mossoró e Seu Sistema Viário
Passam-se os anos cheios de pesquisas, desilusões e ale-
grias. O petróleo não surge. Em 1974, de acordo com plano viá-
rio nacional, foi asfaltado o trecho Areia Branca – Mossoró,
BR–110, que aqui cruza a BR–304 (Natal – Fortaleza), que por
sua vez encontra no Boqueirão do Cesário a BR–116.
A BR–110 prosseguirá até Augusto Severo onde encontra
a BR–226, rodovia que parte de Natal, passa por Pau dos Ferros,
e se dirige ao pólo siderúrgico a ser implantado no Maranhão,
cruzando a BR–116, em Jaguaribe.
158
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Concluída a ligação rodoviária, Grossos – Mossoró, a BR–
405 começa em Mossoró, na BR–110, e liga o terminal de Areia
Branca à BR–230 e à Transamazônica na localidade de Marisó-
polis, corta a BR–226 em Pau dos Ferros e se dirige à Paraíba. A
BR–304 liga Natal a Fortaleza.
O Plano Nacional de Viação inclui a ligação ferroviária
Areia Branca – Mossoró completando a ferrovia que liga Mos-
soró a Souza. Isso significa que o terminal de Areia Branca esta-
rá ligado em termo de ferrovia ao Norte e Centro Sul do País.
Tudo indica, que o terminal Grandeleiro de Areia Branca
se transformará em um verdadeiro Porto de carga total.
Água
Poderíamos resumir as alternativas que a Exposição de
Motivos do Governador encaminhada ao Ministro da Indústria e
Comércio em outubro de 1973, ofereceu com respeito ao supri-
mento d’água à fábrica de barrilha de Grossos:
1) Aqüífero dos aluviões quaternário do rio Jaguari-
be, Apodi e Açu, com uma reserva total de
720.000.000m³.
2) Aqüífero Dunas/Barreiras, dos terrenos situados
entre Grossos/RN e Aracati/CE com uma reserva
total de 250.000.000m³.
3) Aqüífero do Arenito Açu, na zona de artesianismo
próxima à cidade de Grossos. Uma bateria de 20
159
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poços na região de Grossos poderia dar uma vazão
artesiana prevista de cerca de 2.000m³/hora.
4) O açude Passagem Funda, sonho de Felipe Guerra
e de outros pioneiros poderá ser construída para
uma capacidade de 3.000.000m³.
5) A Barragem Armando Ribeiro Gonçalves seria
uma excelente alternativa.
26 de Setembro de 1976
Foi um dia memorável para o Rio Grande do Norte. Os
poços de Mossoró começaram a produzir petróleo. Enfim, foi
um grito uníssono no Estado. Foram coletadas 26.000 toneladas
de petróleo. A primeira operação de embarque de petróleo na
plataforma continental do Estado foi efetuada a 20km da costa
de Galinhos. As 26.000 toneladas de óleo bruto foram embarca-
das em navio-tanque “Aracajú”. O petróleo foi transportado para
o terminal de Carmópolis, em Sergipe, onde vai ser examinado e
processado para experiência comercial.
1976
O petróleo voltou a jorrar nas torneiras de Mossoró. Como
das vezes anteriores, residências dos bairros Nova Betânia e
Doze Anos tiveram suas torneiras jorrando petróleo com água.
O petróleo está saindo em várias casas das ruas Camilo Paula,
Manuel Paulino, Sebastião Dias, Vicente Fernandes, Amaro
160
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Duarte e João da Escóssia. A população destas ruas começou a
ficar preocupada, pois, está mais interessada em água potável do
que em petróleo. Vale lembrar que recentemente foi fechado um
poço de água que abastecia as populações dos bairros Doze A-
nos, Santo Antônio e Nova Betânia onde foi constatada a exis-
tência de petróleo... Em 1975, no dia 12 de outubro, saía pela
primeira vez pelas torneiras de várias residências de Mossoró.
1980
O primeiro carregamento do petróleo produzido pelo poço
existente na área do Hotel Thermas – o Mossoró 14 – encontra-
se em Fortaleza destinado a ASFOR – Fábrica de Asfalto de
Fortaleza. Foram enviados 26.000 litros de fluídos dos quais
19.000 de óleo bruto. O restante é de água.
O Mossoró 14 é o primeiro poço aberto a operar na bacia
terrestre do Estado. A Petrobras continua fazendo prospecções
na área, iniciando a escavação do poço Mossoró 15 no antigo
Saco, hoje bairro Belo Horizonte, nas proximidades da Barra-
gem do Genézio; na zona rural continuam os preparativos para
furar vários poços.
1986
Luta aberta de Obery Rodrigues Júnior sobre a refinaria de
petróleo para Mossoró. A bacia potiguar responde, hoje, por
cerca de 11% da produção de petróleo do país, cerca de 61.300
barris/dia... Uma parcela do petróleo produzido em terra no Rio
Grande do Norte e no Ceará é de base naftênica de excelente
161
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qualidade e por apresentar elevada viscosidade é de difícil trans-
porte, o que justifica a instalação da refinaria próxima das fontes
de produção. As necessidades de uma refinaria – em energia
elétrica, água e telecomunicações – são muito grandes, onde se
destaca o consumo de água nova da ordem de 760m³/h e uma
demanda de energia elétrica estimada em 20Mw (Megawatt).
1986
O Prefeito de Mossoró, Dix-huit Rosado, baseando-se na
produção de petróleo na área em questão, sugeriu junto a Petro-
bras e a outros órgãos federais, que a refinaria seja erigida em
Mossoró, que poderá gerar um grande número de empregos,
provocando alívio nas finanças municipais. O prefeito aprovei-
tou, ainda, a ocasião de formular um novo apelo a Petrobras para
erguer a refinaria nesta cidade.
1988
O protocolo de Mossoró, a assinatura de um documento
pelas lideranças do Rio Grande do Norte e Ceará, de apoio à
implantação de uma refinaria de petróleo, na região a leste do
Rio Jaguaribe, entre as cidades de Aracati e Mossoró, em territó-
rio cearense, é a nova bandeira dos dois Estados.
1991
O Rio Grande do Norte é o segundo produtor de petróleo
do Brasil, o maior produtor nacional de petróleo continental. De
quota zero em 1961 passou para 1000 em 30 anos. Foi admirá-
162
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vel este avanço. Em 1979 foi descoberta a primeira acumulação
economicamente viável através da perfuração do poço 9–MO–
13–RN, na cidade de Mossoró, que foi perfurado para captação
de água subterrânea e encontrou petróleo. Ao seu lado foi perfu-
rado o poço gêmeo 9–MO–12–RN, que até hoje é produtor. A
descoberta do campo de Mossoró demonstrou que eram necessá-
rios estudos adicionais para uma avaliação mais precisa do po-
tencial da bacia. Não que fosse um jazimento diferente de ou-
tros, mas que apresentava certa peculiaridade. No biênio
1980/81 foi empreendida uma campanha de perfuração explora-
tória que resultou na perfuração de 93 poços exploratórios e 79
poços para desenvolvimento das novas descobertas, destacando-
se os poços da Fazenda Belém e Alto do Rodrigues. Foram des-
cobertos novos trabalhos de mapeamento geológico, paleontoló-
gico e geofísico. De início a Petrobras entrou nesta bacia de a-
pardelas, agora, entrava de corpo inteiro. Com o reconhecimento
geológico a bacia passou a ser melhor entendida e compreendi-
da. Foram explorados os chamados prospectos rasos, quando
foram descobertos os Campos de Estreito, Macau, Fazenda Po-
cinho, Palmeira, Guamoré e Rio Panon. Com a descoberta do
Campo da Serraria iniciou-se a exploração de prospectos mais
profundos como os de Janduís, Rio Mossoró, Trapiá e Livra-
mento. Os prospectos raros não foram abandonados e importan-
tes descobertas continuaram a acontecer, como Redonda, Canto
do Amaro, Alto da Pedra. Atualmente, os esforços continuam.
As perspectivas de novas descobertas podem ser consideradas
163
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muito boas, pois, mesmo pequenas acumulações tornam-se eco-
nomicamente interessantes diante toda a estrutura de produção.
1991
A exploração na plataforma continental ocorre em duas
frentes distintas: a porção submersa da Bacia Potiguar e a Bacia
do Ceará. Na Bacia do Ceará o início da exploração data de
1967, com um levantamento aeromagnético. Em 1971 foi perfu-
rado o primeiro poço exploratório. Em 1977, com a perfuração
do 1–CES–8 foi descoberto o Campo de Xaréu. Em 1978 foram
descobertos os Campos de Curimã 01–CES–19, e da Espada 1–
CES–23A. No de 1979 foram descobertas na área do 1–CES–
33A e 1–CES–27, o Campo de Atum. Em 1982 e 1984 os poços
1–CES–66A e 1–CES–49, revelaram acumulações comerciais
de gás. Em 1973, foi perfurado o 1–RNS–3 que descobriu o
Campo de Ubarana; em 1975, foi descoberto o 1–RNS–27, Pes-
cada, o 1–RNS; Aratum, em 1982 e mais oito áreas promissoras
ainda não delimitadas. A exploração na Plataforma Continental
continua em andamento. Devido aos elevados custos, os recur-
sos são direcionados à porção emersa da plataforma que apre-
senta custo bastante reduzido, quando comparado às operações
realizadas na porção submersa da bacia.
1991
De 1956 a abril de 1965, foram perfurados somente 5 po-
ços de petróleo na Bacia Potiguar. De 1958 a 1990 foram cava-
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dos 3.401 poços e até novembro de 1994, foram perfurados
4.291 poços de petróleo da Bacia Potiguar.
1991
A 34 é a principal base de área terrestre da Bacia Potiguar.
Nessa época existiam na região, 971 poços em atividade, 49
desativados e 154 abandonados. A produção de 1991 constitui-
se em um total de barris/dia 50.950 bbl. O Canto do Amaro pro-
duz 6.050m³/d = 38.38.054 bbl, em números redondos, 40.000
barris diários de petróleo. É o maior produtor de petróleo em
terra deste país. Dos existentes na área responsável pelo escoa-
mento de petróleo e gás, estão assim distribuídos: área sul: oleo-
duto 10”, ligando o Campo do Livramento à Estreito, em fase
terminal; gasoduto 10” ligando o Campo do Livramento a Gua-
moré em fase de execução; Canto do Amaro: óleo 16” ligando o
Campo de Canto do Amaro à Estreito, em operação; oleodutos
internos 13” 3/8 ligando as Estações Satélites a Estação Contral.
Nesta data a reserva de óleo provável da área está calcula-
da em 22.585 milhões de metros cúbicos.
1994
Nesta data a produção de petróleo é de 82.623 barris/dia.
10 Estados produzem petróleo no Brasil. 6 deles, têm a sua pro-
dução originária na terra e no mar. 2 apenas em terra e 1.2 so-
mente no mar. A classificação dos Estados pela ordem de pro-
dução é a seguinte:
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1 – Rio de Janeiro com 483.056 barris/dia;
2 – Rio Grande do Norte com 82.623 barris/dia;
3 – Bahia com 64.873 barris/dia;
4 – Sergipe com 39.902 barris/dia;
5 – Ceará com 17.385 barris/dia;
6 – Amazonas com 15.159 barris/dia;
7 – Paraná com 13.190 barris/dia;
8 – Espírito Santo com 10.366 barris/dia;
9 – São Paulo com 5.032 barris/dia;
10 – Alagoas com 4.730 barris/dia.
É a produção do Brasil. Esperamos que com novos recur-
sos a área da Bacia Potiguar inclusive o Ceará venham a dupli-
car a produção. É o que todos esperam.
Nasceu a Petrobras
Falta agora retraçar a genealogia da Petrobras. De onde
veio? E por que veio e suas finalidades? Em 1950, Getúlio Var-
gas voltou para a Presidência da República depois de uma cam-
panha eleitoral apaixonante. Todas as tendências nacionalistas
se aglutinaram em torno de sua candidatura – desde os stalinis-
tas, os comunistas até os nacionalistas puros das Forças Arma-
das. Getúlio havia feito pronunciamentos a favor do monopólio
estatal do petróleo. Getúlio foi bem claro neste problema: o ca-
pitalismo nacional não está bem evoluído e por este motivo o
capital estatal deve tomar à frente do problema. Se não fosse
assim, o capital das grandes empresas empolgaria o petróleo
brasileiro, como fez em vários lugares do mundo. Por isso era a
166
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favor da estatização do petróleo e da energia nuclear. Esta situa-
ção dividiu os partidos políticos. Uma parte da UDN era contra
a estatização e outra parte era a favor. O PSD e o PTB estavam
também divididos. O PCB era francamente a favor da estatiza-
ção, posição acompanhada pelo PC do B, PSB, e outros peque-
nos partidos de esquerda.
Em 1949 foi fundado no Rio de Janeiro um movimento
que agrupou-se no “Centro Nacionalista de Defesa do Petróleo”.
A sua diretoria era composta dos seguintes elementos:
Presidente – General Leônidas Cardoso;
Vice – General Henrique Cardoso, pai e tio do presidente
eleito do Brasil.
Secretário – Nilo Silveira Werneck.
O Núcleo editava um tablóide muito bem feito – “A E-
mancipação”. Seus redatores, eng. Lobo Carneiro, do Instituto
Nacional de Tecnologia do qual era presidente o eng. Sílvio
Fróes de Abreu, prof. Rômulo Argentière, representantes de
várias associações científicas, o deputado Euzébio Rocha e uma
plêiade de homens corajosos e de saber, porque, não se passava
uma semana que a polícia do general Dutra não fosse prender
algum integrante do movimento por ser “comunista”.
“Comunista” era todo o indivíduo a favor do monopólio
estatal do petróleo. A Getúlio parecia que o projeto de lei sobre
a estatização do petróleo não passaria pelo Congresso. Foi
quando teve uma inspiração:era preciso dividir os partidos polí-
ticos. O seu esquema era o seguinte: fazer com que o conserva-
dor PSD, os partidos de esquerda e os desgarrados apoiassem,
167
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aparentemente, a exploração particular. Fez com só o PTB ficas-
se a favor do monopólio estatal, sob o fogo cruzado de parte da
UDN Carlos Lacerda e seu grupo, agora francamente america-
nófilos. Por outro lado forneceu ao deputado Euzébio Rocha o
projeto de exploração estatal do petróleo e da Petrobras. Expe-
diu seu pessoal para visitas pessoais. Fez com que Rômulo
Argentière visitasse o ex-presidente Artur Bernardes e, em con-
seqüências, atraísse o apoio de Gabriel Passos e parte da banca-
da udenista de Minas Gerais. No dia “D” foram apresentados os
dois projetos. Com grande surpresa, foi aprovado o projeto da
Petrobras por votação esmagadora do PTB, PSD, PC do B, e
outros partidos. A manobra de Getúlio dera resultado, mas pa-
gou um preço caro, que viria custar-lhe a vida e a Presidência da
República. A Getúlio e a esta plêiade de homens íntegros, ver-
dadeiros patriotas devemos o petróleo e as refinarias de petróleo
no Brasil. O que faremos com a Petrobras, que tanto sacrifício
custou? Jogamo-la fora como instrumento já vencido e inútil?
Ou o monopólio estatal pode conviver com a iniciativa privada?
O povo é quem decide, porque foi a consciência popular quem
criou a Petrobras e esta consciência popular é quem vai decidir.
Refinaria
Cabe perguntar: onde vai ser refinado este petróleo que
emana do Rio Grande do Norte e do Ceará? Vingt-un Rosado, o
grande lutador pelo petróleo e da refinaria de petróleo em Mos-
soró, reivindica a refinaria para a zona de Mossoró por conside-
rá-la uma unidade geoeconômica, no qual a região de Mossoró
168
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produz, portanto, ela deve refinar e distribuir. É uma tese consi-
derada certa e por favorecer o desenvolvimento regional. A edi-
ficação de uma refinaria de petróleo em Mossoró é o prêmio que
se poderia dar à cidade, berço de uma família esplendorosa, es-
pecialmente à um de seus filhos mais ilustres, cuja luta é o sím-
bolo de uma era de heróis brasileiros: Jerônimo Vingt-un Rosa-
do.
Associação Com o Ceará
Entretanto, o Rio Grande do Norte não quer sozinho o
“pomo de ouro”. É preciso ceder uma parte desse pomo ao seu
irmão, o Estado do Ceará. Pouco se sabe da área ocupada pelo
corpo petrolífero. Ocupa ele grande parte do subsolo do Estado
do Rio Grande do Norte. O lençol petrolífero avança em direção
a N/W e a NW que é a abrangência deste lençol, invadindo, por-
tanto, o subsolo cearense na confrontação da grande falha ocu-
pada pelo Rio Jaguaribe. O Ceará além de todos os contatos
materiais e fraternais que tem com o Rio Grande do Norte, é o
seu sócio geológico, portanto, tem direito também à refinaria.
Trata-se de um Estado do Nordeste ajudando a outro a safar-se
de dificuldades. Ganha o Rio Grande do Norte, ganha o Ceará
(O Protocolo de Mossoró, 1988).
Homenagem
Quero homenagear, hoje, esta grande figura de brasileiro
que é Jerônimo Vingt-un Rosado, verdadeiro profeta do petróleo
de Mossoró. Ele disse: existe petróleo em Mossoró; ninguém
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acreditava nesta profecia, a não ser alguns dos melhores técnicos
da Nação, como o meu colega e mestre Luciano Jacques de Mo-
raes. E um dia o “ouro negro” veio à superfície e encheu de es-
peranças e de dias melhores todo o Brasil.4
4
Esta foi a 5a aula do Curso sobre a Refinaria de Mossoró, promovido pela
Academia Mossoroense de Letras – AMOL, Instituto Cultural do Oeste Poti-
guar – ICOP, União Brasileira de Escritores – UBE (Núcleo de Mossoró) e
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC.
O curso foi realizado no Museu Lauro da Escóssia, nas quartas-feiras, e a 1a
aula foi proferida por Vingt-un Rosado, em 16 de novembro de 1994.
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“Um Grande Divulgador da Astronomia”
disse Ronaldo Rogério de Freitas Mourão no seu
“Dicionário Enciclopédico de Astronomia e Astro-
náutica”
ARGENTIÈRE, Rômulo. Geólogo brasileiro nascido em Ampa-
ro, São Paulo, a 23 de dezembro de 1916. Fez seus estu-
dos secundários em Amparo, Campinas, Paraná, São Pau-
lo e Rio de Janeiro. Em fins de 1932, embarcou para Pa-
ris. Diplomou-se em Ciências Físicas, Químicas e Mate-
máticas na École do Physique eu Chimie, em 1938, e,
mais tarde, em engenharia de minas na École Nationale
Superieure dês Mines em 1948. De volta ao Brasil, dedi-
cou-se à engenharia de minas, trabalhando para a Comis-
são Nacional de Engenharia Nuclear de 1956 a 1960. A-
lém de suas contribuições à mineralogia, em especial, aos
minerais radioativos e metais não-ferrosos, foi um grande
divulgador da astronomia. Escreveu trinta livros, dentre
eles: O Sol e a Sua Família (1945), Estrelas e Universo
(1945), História da Terra (1945), Os Grandes Cavaleiros
Cósmicos (1945), Viagem à Lua (1947), A Astronáutica
(1957), Átomos e Estrelas (1957), A Atmosfera (1957), O
Sol e os Planetas (1957), A Terra (1966) em seis volumes,
Moderna Enciclopédia do Mundo Juvenil (1966) em seis
volumes, Moderna Enciclopédia da Ciência (1970).
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Uma Carta de Albert Einstein
178
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Índice
Marinês Dantas Argentière,
Uma Heroína de Carnaúba dos Dantas
(Vingt-un Rosado) ................................................................. 02
Currículo Vitae de Rômulo Argentière ................................. 06
Bibliografia Científica (Artigos técnicos) ............................. 09
Livros Publicados.................................................................. 17
Em Colaboração .................................................................... 21
Traduções .............................................................................. 21
Artigos Sobre Divulgação de Problemas Relacionados
à Aplicação da Energia Nuclear e Minerais Radioativos
no Brasil ................................................................................ 23
Sociedades Científicas e Títulos Honorários ........................ 39
“O Ciclo D’Água no Nordeste Brasileiro”............................ 42
179
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Rômulo Argentière – Índice e Nota Explicativa do Livro
“O Ciclo D’Água no Nordeste Brasileiro”
(Um Estudo de Física do Globo)........................................... 43
A Comovente Busca da Fazenda Mossoró
(Vingt-un Rosado) ................................................................. 64
Levantamento da Fazenda Mossoró...................................... 74
Mais Doze Cartas de Argentière a Vingt-un ......................... 79
Rubens de Azevedo,
Pablo Villarubia Mauso e Argentière.................................... 94
A Extraordinária Doação de Rômulo Argentière à UFRN
Através de Um Ofício do
Reitor Daladier Pessoa Cunha Lima ................................... 111
Os Cantadores – a Literatura de Cordel
(Vingt-un Rosado) ............................................................... 113
Entrevista de Rômulo Argentière ao “Diário de Natal”...... 114
Ainda Rubens de Azevedo .................................................. 120
Rômulo Argentière
(Marinês Dantas Argentière) .............................................. 130
180
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Minerais e Petróleo no Nordeste e Outras Histórias
(Rômulo Argentière)............................................................ 133
A Siderurgia do Seridó........................................................ 136
Bibliografia ......................................................................... 171
“Um Grande Divulgador da Astronomia”
disse Ronaldo Rogério de Freitas no seu
“Dicionário Enciclopédico
de Astronomia e Astronáutica” ........................................... 177
Uma Carta de Albert Einstein ............................................. 178
181