Metodologia De Investigação
Ciência e Conhecimento Científico
O termo ciência vem do termo latim scientia e foi-se especificando ao longo do tempo.
Definição de ciência:
É um conjunto de conhecimentos sistemáticos sobre uma disciplina ou matéria académica; é um conjunto
organizado de conhecimentos sobre a realidade obtidos mediante a utilização do método científico.
É um modo de conhecimento rigoroso, metódico e sistemático e tem como objetivo otimizar a informação
disponível em torno de problemas de origem prática ou teórica.
Atividade humana- tem como objetivo adquirir conhecimentos válidos sobre a realidade.
É um conjunto de ações realizadas para obter conhecimentos sobre os factos que nos rodeiam.
Tudo o que se supõe ou sabe como pertencente à realidade.
Noções básicas sobre investigação
Tipos de conhecimento:
Saber científico;
Saber prático;
Saber comum;
Saber artístico;
Saber religioso;
Saber filosófico.
O conhecimento científico:
Não é a única forma de conhecimento capaz de oferecer respostas às nossas perguntas;
Põe em causa o saber comum;
É um saber crítico e organizado;
Centra o seu interesse em explicar o porquê das coisas.
Características do conhecimento científico:
Objetivo:
É objetivo quando corresponde à realidade do objeto e o descreve e explica tal como ele é e não
como queríamos que fosse;
O conhecimento científico é imparcial e comparável;
Procura se que os resultados da investigação sejam independentes do investigador;
A ciência ocupa se de enunciados objetivos que possam ser comparados intersubetivamente.
Assenta em factos:
Fontes de informação- são factos e fenómenos da realidade.
Existe uma grande variedade de factos:
Acontecimentos: factos que têm lugar num determinado espaço ou tempo;
Processos: quando os acontecimentos constituem uma sequência temporalmente ordenada de tal
forma que um acontecimento implica, afeta ou permite os seguintes;
Sistemas concretos: quando um facto é constituído por partes identificáveis e estruturadas
formando um todo unitário.
Quando o investigador apreende um facto, esta toma a forma de fenómeno.
Só uma pequena parte dos factos observáveis.
Investigador- Facto- Fenómeno- Informação- Dados enunciados, afirmações
que expressam aspetos ou características
concretas da realidade.
Qualquer informação pode ser considerada como um dado.
Racional:
A ciência utiliza a razão como via essencial para alcançar resultados e procura a sistematização coerente
de enunciados fundamentais através da construção de teorias.
Teoria: conjunto sistemático e racional de ideias sobre a realidade.
Comparável/replicável:
Garante se uma maior fiabilidade do conhecimento pela comprovação dos resultados por diferentes
pessoas e em diferentes circunstâncias.
através da utilização de vários observadores.
O conhecimento científico deve submeter se a prova.
validação intersubjetiva
o conhecimento científico é falível, inexato e provisório: verdades objetivas, definitivas e demonstradas
num determinado momento histórico podem ser substituídas.
Sistemático:
É um conhecimento ordenado, consistente e coerente: não basta possuir um conhecimento científico, só
acontece quando se conhecem as conexões e relações que se estabelecem entre os diferentes aspetos da
realidade em causa.
O cientista procura conexões e relações entre os fenómenos estudados.
Conforme a sistematização nem sempre é fácil por se encontrarem em jogo muitas variáveis em estreita
inter-relação.
poderá dar origem a mais do que uma teoria explicativa para a mesma realidade
Metódico:
É fruto de uma metodologia rigorosa.
Obtém se através da aplicação de planos elaborados para dar resposta a determinadas perguntas ou
problemas.
Para um determinado conhecimento ser científico é a fidelidade validade das estratégias e procedimentos
utilizados na sua construção.
Comunicabilidade:
Deve ser expresso em linguagem apropriada e precisa de forma que tenha um significado inequívoco,
reconhecido e partilhado.
O rigor facilita a comunicação.
Analítica:
Ao proceder se analiticamente selecionam se as variáveis ou questões que compõem a unidade complexa
e a globalidade dos fenómenos a investigar.
A revisibilidade e objetividade são facilidades por este procedimento analítico que consiste em seccionar
a realidade parar melhor a investigar.
Fragmentar a realidade:
O mesmo objeto pode ser abordado e entendido de formas muito distintas e os diferentes níveis de análise
o que conduz a decisões diferentes e diferentes níveis de generalização.
Paradigmas da Investigação
Como decidir os caminhos na investigação?
Ontologia- Epistemologia- Metodologia
Metodologia Quantitativa:
Explicar;
Investigação positivista;
Realismo.
Metodologia Qualitativa:
Compreender;
Investigação humanista;
Idealismo.
Paradigma:
Cada paradigma pressupõe a partilha, por uma comunidade científica, de:
Uma linguagem;
Metas, normas e crenças;
Um determinado quadro de valores.
Paradigma positivista (quantitativo, empírico- analítico, racionalista):
É dominante em algumas comunidades científicas;
Investigar é um procedimento formal, sistemático e intensivo de levar a cabo uma investigação.
Visão de mundo e forma de o conhecer:
O mundo natural tem existência própria independente de quem o estuda;
O mundo é governado por leis que permitem explicar, predizer e controlar os fenómenos;
As leis gerais são descritas de forma objetiva e livre da influência dos valores dos
investigadores;
O conhecimento é considerado objetivo e factual, baseia se na experiência e é válido para todos
os tempos e lugares;
Defende a existência de um certo grau de uniformidade e ordem da natureza;
Defesa da existência de um certo isomorfismo entre os fenómenos naturais e os sociais.
Parte de 5 preposições interrelacionadas:
1. A teoria deve ser universal, não vinculada a um contexto específico nem às circunstâncias em
que se formulam as generalizações;
2. Os enunciados científicos são independentes dos fins e valores dos indivíduos;
3. O mundo social existe como um sistema de variáveis e estas são elementos distintos e
analiticamente separáveis num sistema de interações;
4. A importação de definir as variáveis e a utilização de medidas fidedignas. Os conceitos e
generalizações devem ser feitos com base em unidades de análise que sejam suscetíveis de serem
operacionalizadas;
5. A estatística é considerada como o instrumento de análise e interpretação de dados por
excelência.
Fundamentação: positivismo lógico, empirismo.
Finalidades de investigação: explicar, controlar, predizer, verificar teoria, formular e verificar leis gerais.
Natureza da realidade: objetiva, estática, singular, tangível, passível de fragmentação e convergente.
Relação investigador/objeto: independente, neutral, livre da influência dos valores do investigador.
Propósito: generalizações livres de contexto e tempo, leis e/ou explicações dedutivas, quantitativas
centradas nas semelhanças dos fenómenos observados.
Objetivo: causalidade- causas reais, temporalmente precedentes ou quando muito simultâneas.
Teoria/Prática: dissociadas, constituem se como entidades distintas, a teoria pode ser entendida como
normativa em relação à prática.
Análise dos dados: quantitativa- estatística descritiva e inferencial.
Critérios de qualidade: validade, fiabilidade e objetividade.
Técnicas- instrumentos, estratégias: quantitativos, medições de testes, questionários, observação
sistemática e experimentação.
Axiologia: livre de valores.
Paradigma interpretativo (qualitativo, fenomenológico, naturalista, humanista ou etnográfico):
Estudo dos significados das ações humanas e da vida social;
Pretende substituir as noções científicas de explicação, predição e controlo por noções como
compreensão e ação.
Visão do mundo e forma de o conhecer:
Questiona o facto de o comportamento humano ser governado por leis gerais e caracterizado por
regularidades subjacentes;
Procura a objetividade no domínio dos significados utilizando como critério de evidência o
acordo intersubjetivo;
Procura «entrar» no mundo pessoal dos participantes através da análise das suas interpretações
de situações, dos significados atribuídos e das suas intenções;
Os investigadores de orientação interpretativa centram se na descrição e compreensão do que é
único e particular no participante ou no contexto e não tanto no que é generalizável;
Enfatiza a compreensão e interpretação da realidade e estuda sobretudo as crenças, intenções,
motivações e entre outros fenómenos do processo educativo;
Os investigadores têm como objetivo dar voz aos e às participantes no estudo.
Fundamentação: fenomenologia, teoria interpretativa.
Finalidades da investigação: compreender e interpretar a realidade, os significados, as perceções,
intenções e ações humanas.
Natureza da realidade: dinâmica, múltipla, construída, holística, divergente.
Relação investigador/objeto: inter-relação, relação influenciada por fatores subjetivos.
Propósito: hipóteses de trabalho em contexto a tempo determinado, explicações ideográficas- indutivas,
qualitativas, centradas nas diferenças.
Objetivo: interpretação dos factos:
Teoria/Prática: relacionadas, relação de retroalimentação mútua.
Análise dos dados: qualitativa- indução analítica, triangulação.
Critérios de qualidade: credibilidade, confirmação, transferibilidade.
Técnicas- instrumentos, estratégias: qualitativos, descritivos, o investigador é o principal instrumento de
investigação.
Axiologia: os valores do investigador influenciam- a seleção do problema, a teoria, a metodologia e
técnicas de investigação.
Esquema geral do processo de investigação
1. Problema a investigar. revisão da literatura
2. Hipótese.
3. Plano de investigação. desenho de investigação
4. Recolha de dados. metodologias
5. Análise de dados. técnicas de recolha de dados
6. Interpretação. universo e amostra
Seleção de problema:
Toda a investigação tem um problema que se vai complexificando até à procura de uma interpretação
válida coerente e solucionadora.
O problema que motiva e alicerça a investigação deve ter a ver, acima de tudo, com a experiência pessoal
ou profissional do investigador.
Traduzir um projeto de investigação sob a forma de uma pergunta de partida só é útil se essa pergunta for
corretamente formulada.
Formulação do problema de investigação:
Deve ser formulado em forma de questão;
Deve ser formulado de forma clara e sem ambiguidades;
Deve estabelecer uma relação entre duas ou mais variáveis;
Deve ser testado por métodos empíricos;
Não deve representar uma opinião ou juízo de valor.
Características de uma boa questão de investigação:
Clareza;
Exequibilidade;
Pertinência.
Revisão da literatura:
A revisão da literatura é fundamental para o suporte e estruturação teórica de qualquer trabalho
de investigação;
Pode ainda constituir uma ajuda na formulação do problema na definição das hipóteses de estudo
na escolha da metodologia da investigação mais adequada ao objetivo de trabalho;
Deve ser feita na fase inicial do trabalho de forma a permitir toda a sua estruturação subsequente.
Possibilita:
Definir e delimitar o seu problema;
Realizar um estudo que possa ocupar um lugar no desenvolvimento histórico do conhecimento;
Evitar repetições não intencionais e desnecessárias;
Selecionar os métodos e os instrumentos de investigação mais adequados;
O desenvolvimento de procedimentos, a escolha de técnicas válidas de recolha e tratamento de
dados;
Relacionar os resultados com o conhecimento já desenvolvido e sugerir futuras linhas de
investigação;
Avaliar o contributo dos mesmos para o desenvolvimento do conhecimento e ainda delimitar
novos problemas a investigar.
As hipóteses:
Hipótese de investigação: resposta temporária, provisória que o investigador propõe perante uma
interrogação formulada a partir do problema de investigação;
A hipótese é uma maneira de apresentar a relação entre as variáveis;
A organização dos dados depende da hipótese formulada.
Como se elabora uma hipótese?
Hipótese de trabalho: hipótese de um primeiro esboço que serve para orientar o investigador.
Hipótese de investigação: depois de um trabalho de reflexão, de leitura e análise, o investigador
formula uma hipótese de investigação.
Hipótese estatística: o investigador deve agora verificar a hipótese de investigação.
Variável: conceito utilizado em investigação para descrever um comportamento mensurável e observável.
As ligações entre as variáveis chamam se «relações», estas podem ser causais, mas também de outra
natureza. Quando os valores das variáveis aumentam é positiva; mas se aumenta enquanto outra diminui a
relação é negativa.
Variável dependente: variável que representa o comportamento a medir, a observar. A sua variação
depende da variável independente. Numa representação gráfica, esta variável situa se no eixo dos y.
Variável independente: variável que é manipulada pelo investigador ou que representa a intervenção do
investigador. A sua variação depende da intervenção do investigador. Numa representação gráfica, esta
variável situa se nos eixos dos x.
Definição operacional- instrumento de medida- dados brutos- tratamento de dados- dados construídos
Organização dos dados para os tornar compreensíveis Inferências sobre a
população- verificação da
hipótese
estatísticas descritivas; cálculo de frequências; medidas de tendência testes não
paramétricos e paramétricos
central; medidas de dispersão; medidas de posição
Interpretação estatística
Universo e amostra:
População- Estimativa das características da população através de uma amostra representativa- Amostra
representativa- amostra- Estimativa das características da população- População
Universo, população, população alvo: totalidade das unidades sobre as quais incide a investigação em
que o número de indivíduos é representado por N.
Amostra: subconjunto da população no qual recai o processo de investigação em que o número de
indivíduos é representado por n.
Unidade estatística: elemento da população estudada.
Base de sondagem: conjunto dos indivíduos inscritos num suporte qualquer a partir do qual o
investigador vai extrair a sua amostra.
Definição de amostra:
Amostra probabilística: quando as unidades têm hipóteses iguais de ser escolhidas entre a população.
Tipos de amostra:
Aleatória simples;
Aleatória sistemática;
Aleatória estratificada;
Agregados.
Amostra não probabilística: quando as diferentes unidades da população não têm a mesma probabilidade
de ser escolhidas na constituição da amostra.
Tipos de amostra:
De voluntários;
Intencional;
Acidental;
Por quotas.
Designs de investigação (quantitativa)
Organização do desenho de investigação
Qual o paradigma de investigação?
Positivista/quantitativo
Interpretativo
Sócio crítico
Especifica os procedimentos levados a efeito pelo investigador no que diz respeito:
Escolha dos sujeitos;
Ao local de estudo;
Às técnicas de recolha de dados;
Às circunstâncias em que vai decorrer o estudo.
Como escolher o plano?
Tipo de controlo pretendido sob as variáveis parasitas;
Possibilidade de generalização dos resultados;
Rigor estatístico pretendido;
Recursos disponíveis.
Símbolos para representação dos designs
X- Tratamento (presença de tratamento)
(um espaço em branco) - controlo (ausência de tratamento)
X1, X2, X3- comparação de tratamentos
O- Observação ou medição
R- Indica determinados fatores (como por exemplo a seleção)
---------- utilização de grupos intactos
Investigação experimental ou experimental propriamente dito
Estuda relações de causalidade;
utiliza o método experimental;
manipula variáveis no sentido de observar os seus efeitos;
controla a influência de variáveis parasitas;
escolha aleatória dos sujeitos;
só se aplica em domínios suscetíveis de manipulação e medição.
O design do grupo de controlo só com pós-teste:
R X O1
R O2
Utiliza dois grupos: experimental e de controlo.
O grupo experimental é submetido a tratamento.
A formação dos grupos é feita por processos aleatórios.
O design do grupo de controlo com pré-teste e pós-teste:
R O1 X O2
R O3 O4
Utiliza dois grupos: experimental e de controlo.
O grupo experimental é submetido a tratamento.
A formação dos grupos é feita por processos aleatórios ou de emparelhamento.
Os dois grupos são submetidos a um pré-teste e a um pós-teste.
O design com 4 grupos de Solomon:
R O1 x O2 grupo experimental
R O3 O4 grupo de controlo 1
R X O5 grupo experimental 2
R O6 grupo de controlo 2
Controla a influência da sensibilização ao pré-teste se não se verificar então (O2 – O4) = (O5 – O6) –
tratamento eficaz; O5 e O6 os resultados seriam devidos ao pré-teste.
Investigação quase-experimental ou quasi-experimental
aplicam se nas situações em que é difícil ou impossível um total controlo experimental;
manipula variáveis no sentido de observar os seus efeitos;
controla a influência de variáveis parasitas;
não se verifica a escolha aleatória dos sujeitos.
O design com um grupo- simples com uma única observação:
X O1
O design com um grupo- simples com pré-teste e pós-teste:
O1 X O2
O design das séries temporais:
O1 O2 O3 O4 X O5 O6 O7 O8
Utiliza uma série de pré-testes e pós-testes.
Na análise dos dados compara se a média O1 O2 O3 O4 com a média de O5 O6 O7 O8.
O design das amostras temporais equivalentes:
X1 O1 X0 O2 X1 O3 X0 O4
Utiliza se quando se dispõe de um só grupo.
O tratamento é alternado com outra experiência.
Na análise dos dados compara se a média de 1 e 3 com a média de 2 e 4.
O design do grupo de controlo não-equivalente:
O1 X O2
O3 O4
Utiliza dois grupos: experimental e de controlo.
O grupo experimental é submetido a tratamento.
A formação dos grupos não é feita por processos aleatórios.
Os dois grupos são submetidos a um pré-teste e a um pós-teste.
Investigação pré-experimental ou não experimental
o objetivo é observar ou medir os sujeitos, ou examinar relações entre variáveis;
não há manipulação das variáveis;
não se procede à destinação aleatória dos sujeitos, na constituição dos grupos;
não permitem tirar conclusões sobre relações diretas do tipo causa-efeito.
O design do cas-simples, com uma única observação:
XO
Experimenta se um determinado tratamento.
Procede se então a uma observação dos elementos do grupo, para avaliar os efeitos desse mesmo
tratamento.
Falta um grupo de controlo.
Falta de informação relativamente aos sujeitos.
O design grupo-único com pré-teste e pós-teste:
O1 X O2
Utiliza se um pré-teste que fornece informação relativamente à amostra.
Experimenta se um determinado tratamento.
Procede se então a uma nova observação dos elementos do grupo, para avaliar os efeitos desse mesmo
tratamento.
O design da comparação do grupo-intacto:
X O1
O2
Um grupo de controlo que não recebe tratamento, é utilizado como termo de comparação para o grupo-
alvo do tratamento.
Os sujeitos dos grupos não foram selecionados ou designados para os grupos de forma aleatória.
Não existe pré-teste, o que torna difícil afirmar que os sujeitos dos grupos de controlo e experimental são
essencialmente equivalentes.
O design da comparação do grupo-inato:
X O1
O2
Um grupo de controlo que não recebe tratamento, é utilizado como termo de comparação para o grupo-
alvo do tratamento.
Os sujeitos dos grupos não foram selecionados ou designados para os grupos de forma aleatória.
Não existe pré-teste, o que torna difícil afirmar que os sujeitos dos grupos de controlo e experimental são
essencialmente equivalentes.
Limites da Investigação
Realidade educativa
Realidade educativa e social:
complexa o que levanta algumas dificuldades ou
dinâmica obstáculos à sua investigação
diversa
Limites de ordem ambiental
Referem se, como o próprio nome indica, a situações ou características ambientais que podem afetar os
resultados obtidos na investigação.
As condições ambientais põem limites à obtenção do alcance dos resultados de investigação, pelo que se
torna difícil extrapolar os dados a ambientes diferentes.
Exemplos de variáveis ambientais suscetíveis de influenciar os resultados:
idade;
sexo; variáveis não manipuláveis
origem sociocultural.
Limites de ordem técnica
A realidade socioeducativa e a complexidade dos fenómenos socioeducativos levantam problemas a nível
dos procedimentos de medida.
Aspetos relativos ao interior do sujeito tais como as motivações, os significados, as aspirações são difíceis
de medir e observar uma vez que não são observáveis diretamente e só a partir das suas manifestações.
Os instrumentos e técnicas de recolha de dados disponíveis em educação social não alcançam o grau de
precisão e exatidão dos instrumentos utilizados noutras ciências.
O que torna mais difícil o conhecimento exato da realidade socioeducativa.
Limites de ordem moral
A investigação com seres humanos está limitada por aspetos de ordem moral.
Os limites de ordem moral referem se a aspetos com clara repercussão nas pessoas e cujos efeitos nelas
sejam prejudiciais.
A investigação para que seja moralmente lícita deve respeitas os direitos inalienáveis da pessoa.
Limites derivados do objeto
A natureza da realidade torna difícil o seu conhecimento.
Perspetiva neopositivista:
Não estuda fenómenos que se afastam do mundo empírico;
Considera que o único conhecimento válido é o resultante das ciências experimentais.
Crítica à perspetiva neopositivista:
É uma visão reducionista de conhecimento;
Existem outras formas de investigação que produzem conhecimento igualmente válido;
O rigor das ciências positivas não é aplicável a toda a realidade.
Deontologia da Investigação Educativa
A Ética e Ciências Humanas
As ciências humanas estudam o Homem e o seu comportamento de acordo com diversos enfoques:
Psicologia: comportamento individual
Sociologia: sociedade, movimentos sociais, hierarquia e mobilidade social
Antropologia: história, cultura, arte, modo de vida dos povos
Ética: respeito pelos direitos humanos, deveres dos homens, moralidade da conduta humana
Preocupações éticas e deontológicas do investigador
O consentimento deve ser consciente e livre.
Todos os sujeitos de um estudo devem conhecer as finalidades subjacentes à recolha da informação.
Em circunstância alguma devem ser ofendidos os direitos inalienáveis da pessoa investigada.
Normas éticas para a investigação com seres humanos:
obter consentimento livre dos sujeitos;
informar o sujeito;
usar os dados de acordo com o previsto;
assegurar o anonimato caso se tenha prometido;
evitar causa danos aos sujeitos;
dever assegurar a qualidade científica.
Direitos dos sujeitos de uma investigação
o sujeito tem o direito de decidir se quer ou não fornecer os dados para os fins apresentados. Em
caso de se tratar de sujeitos sem capacidade para tomar consciência da situação, a participação
no estudo deve ser solicitada aos pais ou tutores legais.
Em situações em que informar os sujeitos antes da recolha dos dados possa comprometer a
validade ou a objetividade da investigação, o investigador deve dar as informações com a maior
brevidade possível.
O facto de participarem num projeto de investigação não deverá trazer nenhum prejuízo à pessoa
ou ao seu ambiente. Deve estar assegurado que os participantes na investigação não vão sofrer
qualquer tipo de incómodo, represálias, ameaças ou perigos físicos ou mentais.
Os sujeitos têm o direito à confidencialidade relativamente aos dados que lhe dizem respeito. O
investigador deve informá-los dos seus direitos e cumprir rigorosamente as condições
negociadas e as promessas que fez aos sujeitos.
O instrumento de recolha de dados e a situação de investigação não podem exigir um
comportamento que em condições normais não se obteria.
A situação de investigação deve permitir que os sujeitos obtenham o máximo proveito da sua
participação. A comunicação entre sujeitos e investigador deve ser bidirecional. Caso os sujeitos
solicitem deve lhes ser devolvido o resultado da investigação.