Introdução
O presente trabalho visa abordar a observação como técnica de recolha de dados na escola e
salas, métodos, formas e instrumentos de observação e técnicas e formas de análise dos
documentos e informações, onde estes conteúdos acima citados serão trazidos ao estudo de
forma sequenciado. É importante realçar que abordagem feita aos temas é baseado segundo
aquilo a que nós consideramos ser a melhor via para descreve-los, procurando que o mesmo
contenha o essencial, o mais importante, sem, no entanto, fazer a abordagem de forma muito
reduzida ou alongada, pois, poderá provavelmente "ferir" o que do mesmo se espera.
Começaremos por abordar a observação como técnica de recolha de dados na escola e salas,
neste aspecto o foco é perceber principalmente em termos práticos como ocorre o fenómeno de
observação no processo de ensino e aprendizagem, particularmente na escola e nas salas de
aulas, a seguir a abordagem cinge-se nos métodos, formas e instrumentos de observação, onde a
intenção é explicar de forma profunda os mesmos, por fim, entram em "cena" as técnicas e
formas de analise dos documentos e informações, o qual seguira o mesmo "roteiro" dos seus
predecessores.
Metodologia
Neste estudo usa-se a metodologia da análise descritiva, isto é, fundamentalmente o conteúdo
relativo técnica de recolha de dados na escola e salas, métodos, formas e instrumentos de
observação e técnicas e formas de análise dos documentos e informações, é trazido através da
descrição do entendimento dos estudiosos e escritores de obras ou até mesmo analistas
académicos e científicos que abordam estes conteúdos. Fez-se o uso do método quantitativo e
qualitativo, logo, implica dizer que no presente estudo existem dados numéricos, estuda-se a
quantidade de pessoas e infra-estruturas, sem deixar de lado os aspectos qualitativos, como
aspectos inerentes ao fluxo de acontecimento destes actos. Conforme já tinha sido anteriormente
explanado, para a análise dos resultados encontrados nesta pesquisa será usado a metodologia ou
método descritivo e crítico, utilizando principalmente a abordagem feita pela estudiosos ligados
a área da observação e pesquisa, dizemos isso porque, ambas áreas estão ligadas havendo uma
relação de interdependência e interdisciplinaridade e de igual modo, constam as experienciais e a
visão, ideia que os alvos deste estudo nos deixam ficar a nós e aos estudiosos destas temáticas.
Observação
Segundo Gil (1999) a observação "constitui elemento fundamental para a pesquisa", pois é a
partir dela que é possível delinear as etapas de um estudo: formular o problema, a construir a
hipótese, definir as variáveis, colectar dados etc. Gil (1999) e Rúdio (2002) concordam que a
observação é a aplicação dos sentidos humanos para obter determinada informação sobre os
aspectos da realidade. Rúdio reforça que o termo observação possui um sentido mais amplo,
pois, não se trata apenas de ver, mas também de examinar e é dos meios mais frequentes para
conhecer pessoas, coisas, acontecimentos e fenómenos.
A observação como técnica de recolha de dados na escola e nas salas
Técnica de coleta de dados, que não consiste em apenas ver ou ouvir, mas em examinar fatos ou
fenômenos que se desejam estudar, elemento básico de investigação científica, utilizado na
pesquisa de campo como abordagem qualitativa, podendo ser utilizada na pesquisa conjugada a
outras técnicas ou de forma exclusiva. Numa primeira aproximação ao estudo prático, partimos
da organização que encontramos na sala na aula número um (observação) que possibilitou uma
análise da turma e do próprio espaço que serviu de cenário para o nosso estágio. A disposição do
mobiliário desta sala119 é um exemplo do que podemos encontrar na maior parte das salas de
aula dos estabelecimentos educativos do Ensino Básico. Esta organização ‘tradicional’
manifesta-se na disposição das carteiras em filas e colunas (Ilustração 58) e segundo leituras já
referidas, constatámos que esta disposição reflecte uma metodologia de carácter expositivo- -
interrogativo. Esta gestão sugere actividades individuais, como por exemplo, possibilita ao
docente a realização de fichas e/ou testes de avaliação. Fizemos uso desta disposição quando
pretendíamos a realização de trabalhos individuais, como foi o caso da aula número nove, dez e
doze.
Ao longo das aulas em que aplicamos esta organização, implantamos as metodologias
expositivas, demonstrativas e concluímos que é uma disposição capaz de se adaptar a estas.
Contudo, assistimos a algumas situações onde a gestão não correspondeu ao previsto, o caso
mais preocupante foi durante a realização de trabalhos individuais como por exemplo, a criação
de um postal para o Dia do Pai e outro para o Dia da Mãe. Esta actividade baseia-se no
reaproveitamento de recortes (cartolinas, papel de embrulho, revistas, entre outros) na elaboração
dos referidos postais e foi realizada nas aulas número: um, dois, nove, dez e doze. Os materiais
de suporte para os postais tinham que estar ao alcance de todos os vinte e dois alunos e nós
optamos por colocar os recortes em mesas situadas no centro da sala. Tal decisão facilitou o
acesso, mas o espaço de circulação da organização em filas e colunas era muito requisitado.
Concluímos que realmente esta disposição é funcional em actividade que os alunos estão
limitados ao uso da área da sua mesa de trabalho, mas quando se sugere algum tipo de circulação
esta só pode ser realizada pelo docente e não pelos alunos. A simples actividade apelando aos
alunos que visitem as mesas dos colegas (para ver os seus trabalhos) torna-se impraticável.
Contudo, somos da opinião que na maioria das disciplinas esta organização será a mais
apropriada, porém nas Artes é importante conhecer aspectos tecnológicos e práticos que apenas
são visíveis quando os alunos vêem os trabalhos dos colegas a serem produzidos.
Como opção à organização original, experimentamos a disposição em ‘U’ ou ‘ferradura’.
Aplicamos esta segundo situações de exposição de matéria, pois a atenção dos alunos está
direccionada para a zona do quadro e no professor. No início de cada Unidade Curricular, ou na
introdução de novos exercícios, apostamos numa aula de exposição/motivação com a
visualização de exemplos e diálogo sobre os mesmos. Nas primeiras duas aulas121 optamos por
dinamizar o espaço, após termos realizado (na aula número dois - intervenção) uma sessão de
diálogo e apresentação onde a acção foi satisfatória, mas reparamos que nem todos os alunos
estavam associados à aula. Observamos que esta disposição detém um maior aproveitamento do
espaço reservado à circulação que é menor na organização ‘tradicional’ . Tal facto é tindo em
conta quando durante a exposição circulamos pelo exterior do ‘U’ e a acção foca-se apenas no
quadro. Este factor pode ser vantajoso quando apresentamos um conjunto de slides em
PowerPoint e controlamos a transição destes através de comandos sem fios.
Uma desvantagem que encontramos reporta a situações onde circulamos pelo interior da
disposição e pontualmente, quando nos dirigimos a algum aluno, podemos ficar de costas para os
restantes elementos da turma. Isto verificou-se quando elaboramos trabalhos práticos nesta
organização, com o objectivo de analisar o desenrolar da acção educativa quando a metodologia
passa de expositiva para demonstrativa. Temos presente que uma mudança na gestão do
mobiliário significa dispender algum tempo para a execução da nova diposição que
consequentemente retira minutos valiosos para a realização do trabalho em causa. Numa nova
organização, segundo uma metodologia demonstrativa, recorremos à disposição em filas
horizontais. Esta era facilmente aplicada, tendo em conta que a sala de aula, antes e após a nossa
aula, possuía organização em filas e colunas (aspecto tradicional).
Durante a utilização desta disposição do mobiliário122 tivemos algumas dificuldades em chegar
perto dos aluno das filas do meio, mas demonstrou ser muito proveitosa na característica
cooperativa que dispõe e sugere. Reparamos que quando estávamos a dar assistência a um aluno,
devido à nossa indisponibilidade, os restantes procuravam o auxílio de outros colegas que
estavam perto deles.
Após a desvantagem supracitada, decidimos que não seria posta à prática novamente, pelo facto
de limitar a nossa circulação e consecutivo acesso aos alunos. Em suma, somos da opinião, que
nesta disciplina é fucral o auxílio do docente e acompanhamento no processo da elaboração dos
trabalhos, nos Planos de Aula esta organização foi alterada para a ‘tradicional’, visto ser a mais
parecida entre as outras disposições tidas em conta.
Para uma estratégia de cooperação e elaboração de trabalhos em grupo, tentamos criar uma
autonomia, nos alunos, na aquisição e verificação dos conhecimentos através da organização das
mesas num grupo só. Tivemos em conta o facto de, consoante as situações, gerar novos grupos
possibilitando uma interacção entre todos os alunos sem olhar a amizades e assim criar novos
laços e relações intrapessoais. O ambiente na sala de aula deteve um cariz muito social e os
alunos demonstravam muito interesse na acção dos outros colegas. Esta actividade pretendia
proporcionar experiências cromáticas por motivação própria.
Um factor positivo foi o facto de os alunos experimentarem e constatarem os resultados de
experiências cromáticas que os colegas elaboraram, através da reprodução do mesmo. Esta
disposição permitiu-nos abdicar do espaço temporal previsto de exposição e demonstração do
professor, que certamente não iria ter o mesmo impacto nos alunos. Daí a nossa escolha em
prescindir da exposição e apostar numa actividade cooperatia. A organização demonstrou-se
eficaz, contudo temos consciência que mesmo se aplicássemos a metodologia expositiva não
seria apropriada, pois alguns alunos ficariam inevitavelmente de costas para o quadro.
Optamos, então por não incluir esta organização no estudo. Contudo, após ser analisada
concluímos que se aproxima do modelo de filas horizontais mas detém uma melhoria na área de
circulação.
Através da alteração de apenas seis mesas podemos dispor o espaço segundo grupos de quatro
alunos cada. Este modelo recorre mais uma vez à metedologia cooperativa e tem a vantagem de
ser aplicada através da modificação do modelo anterior. Esta adaptação ocorre num curto
intervalo de tempo. O que reserva mais espaço temporal à actividade lectiva e menos ao
reajustamento do espaço para a metodologia tida em conta no planeamento da acção durante a
aula. Remetemos esta disposição para uma estratégia de entreajuda dos alunos e autonomia
pesquisadora, que é fundamental para a instrução e incentivo próprio da busca do conhecimento
por pura curiosidade e não por imposição de uma figura, como a do professor.
Métodos, formas e instrumentos de observação
Gil (1999) e Sommer & Sommer (2002) consideram a observação como um método de
investigação e pode ser utilizada como etapa para complementar outros procedimentos
investigativos, a observação é igualmente instrumento de recolha de dados e permite ter acesso a
cesso a informações.
Conforme Sommer & Sommer (2002) e Spata (2003) uma das vantagens do método de
observação é que, se realizado de forma discreta e no mundo real, os comportamentos
observados dos usuários serão mais espontâneos e naturais do que se forem realizados em
laboratórios ou ambientes controlados.
A utilização da observação como método investigativo neste trabalho deve-se a necessidade de
identificar comportamentos pedestres durante a travessia na via. Wogalter & Dingus (1999)
afirmam que "na maioria dos estudos sobre comportamento, a observação directa informações se
o individuo adoptou um comportamento apropriado".
Os autores das publicações sobre metodologia científica costumam classificar as categorias da
observação assistemática e sistemática. Esta classificação é feita de acordo com o grau de
planeamento na aplicação do método – ambos serão utilizados nesta pesquisa.
Entrevista
“Encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de um
determinado assunto” (Marconi & Lakatos, 1999, p. 94).
Tipos de entrevista
• Estruturada: o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido.Não é permitido
adaptar as perguntas a determinada situação, inverter a ordem ou elaborar outras perguntas.
• Não Estruturada: o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer
direção. Permite explorar mais amplamente uma questão.
• Semi-estruturada : onde ocorre a existência dos dois tipos de entrevista acima citados,
sendo que uma complementa a outra e vice-versa, fazendo apenas um único tipo de
entrevista.
Entrevista
Vantagens
Pode ser utilizada com todos segmentos da população (alfabetizados ou não) •Há maior
flexibilidade: o entrevistador pode repetir a pergunta; formular de maneira diferente; garantir que
foi compreendido; permite obter dados que não se encontram nas fontes documentais;
informações mais precisas; permite que os dados sejam quantificados e submetidos a tratamento
estatístico.
Preparação da entrevista
Planejamento da entrevista; conhecimento prévio do entrevistado; oportunidade da entrevista;
condições favoráveis; contacto com líderes; conhecimento prévio do campo; preparação
específica entrevista.
Diretrizes
Contato inicial: clima amistoso; objetivos
•Formulação das perguntas: de acordo com o tipo (estruturada: seguir roteiro; não estruturada:
deixar entrevistado à vontade); uma pergunta de cada vez; começar pelas que não tenham
probabilidade de ser recusadas; evitar perguntas sugestivas ou que induzam; registro das
respostas: anotação simultânea, gravador (caso o entrevistado concorde); término entrevista:
clima de cordialidade; aprovação por parte do informante.
Limitações
Dificuldade de expressão de ambas as partes; incompreensão por parte do informante;
possibilidade do entrevistado ser influenciado; disposição do entrevistado em dar informações
necessárias; retenção de alguns dados importantes; ocupa muito tempo.
Questionário
“instrumento de coleta de dados constituído por uma série de perguntas, que devem ser
respondidas por escrito” (Marconi & Lakatos, 1999:100)
Vantagens
Economiza tempo, viagens e obtém grande número de dados; atinge maior número de pessoas
simultaneamente; abrange uma área geográfica mais ampla; economiza pessoal (treinamento;
coleta campo); obtém respostas mais rápidas e exatas; liberdade de respostas (anonimato
Cuidados no processo de elaboração
Conhecer o assunto; cuidado na seleção das questões; limitado em extensão e em finalidade;
codificadas para facilitar a tabulação; indicação da entidade organizadora; acompanhado por
instruções; boa apresentação estética Princípios para Formulação de Perguntas; formular
perguntas de forma simples de entender, de forma concreta e precisa; considerar o grau de
conhecimento e informação do entrevistado; evitar palavras e formulações ambivalentes; evitar
perguntas sugestivas; evitar perguntas indiscretas.
Formas de perguntas
•Abertas: Não existem categorias preestabelecidas. O entrevistado pode responder de forma
espontânea; fechadas: Existem categorias diferenciadas; alternativa: sim – não; escalas: 1 a 5
(1=concordo totalmente a 5=discordo totalmente); alternativas qualitativas: selecionar de uma
série de respostas qualitativas uma alternativa (ex: conceitos).
Construção do questionário
Consiste em traduzir os objetivos da pesquisa em perguntas claras e objetivas.
Tipos de questões
a) Aberta: são as que permitem ao informante responder livremente, usando linguagem própria e
emitir opiniões. b) Fechada: são aquelas em que o informante escolhe sua resposta entre duas
opções. Este tipo de pergunta, embora restrinja a liberdade das respostas, facilita o trabalho do
pesquisador e também a tabulação, pois as respostas são mais objetivas.
c) Múltipla escolha: são perguntas fechadas mas que apresentam uma série de possíveis
respostas, abrangendo várias facetas do mesmo assunto.
Pré-teste do questionário
A análise dos dados , após tabulação, evidenciará possíveis falhas existentes: • Inconsistência ou
complexidade das questões.Ambigüidades ou linguagem inacessível; perguntas supérfluas ou
que causem embaraço ao informante; questões que obedeçam a uma determinada ordem; se são
muito numerosas.
Limitações
Quando enviados:
Percentagem pequena dos questionários que voltam (correio); Perguntas sem resposta Feito pelo
pesquisador; limitação em auxiliar o informante em questões mal compreendidas; dificuldade de
compreensão gera uniformidade aparente; devolução tardia prejudica o cronograma.
Observação “...utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Consiste
de ver, ouvir e examinar fatos ou fenômenos” (Marconi & Lakatos, 1999:90) É considerada
científica quando ...
É planejada sistematicamente; é registrada metodicamente; está sujeita a verificações e controles
sobre a validade e segurança.
Segundo a participação do observador:
• Participante: consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Em
geral são apontados duas formas: Natural - o observador pertence à mesma comunidade ou
grupo que investiga. Artificial - o observador integra-se ao grupo com a finalidade de obter
informações.
• Não participante: o observador toma contato com a comunidade, grupo ou realidade estudada,
mas sem integrar-se a ela - permanece de fora.
Pontos a serem considerados na observação
Por que observar > Para que observar >Como observar >Quem observar >O que observa
Formas de observação
• Sistemática: baseada em critérios científicos, planejada, controlada; não sistemática:
observação diária sem critérios científicos; estruturada: sistema diferenciado de categorias, alto
grau de confiabilidade; não estruturada: categorias gerais e abertas; liberdade de observação.
Guia para Construção de um Sistema de Observação
Definição do problema; decisão sob as formas de observação; decisão sobre o levantamento de
dados; definição das características a serem observadas; determinação das modalidades e
técnicas de registro; verificar os critérios científicos; construção do sistema final de observação;
aplicação do inventário de observação
Principal problema com a técnica da observação
O principal problema é que a presença do pesquisador pode provocar alterações no
comportamento dos observados, destruindo a espontaneidade dos mesmos e produzindo
resultados pouco confiáveis.Os procedimentos de observação são geralmente classificados ao
longo de cinco dimensões, como enumera Vianna (2003, p.17):
Observação sistemática X observação não-sistemática: Deve obedecer a um padrão ou deve ser
realizada sem rigidez nos processos;
Observação in natura X observações artificiais (laboratório): O locus deve ser natural ou as
situações devem ser conduzidas para serem observadas;
Observação oculta X observação aberta: Acontecem em relação ao estudado, se ele sabe ou não
que está sendo observado. O observador pode estar visível ou oculto;
Observação não-participante X observação participante: Quando o pesquisador não participa
do grupo em que pretende estudar, não sendo integrado, analisando e recolhendo os dados
imparcialmente ao que acontece. Já quando o pesquisador faz parte do grupo, alguns
comportamentos, situações podem passar despercebidas, pois seu olhar já está familiarizado;
Auto-observação X observação de outros.
Segundo o mesmo autor, a observação poderá ser estruturada ou semi-estruturada. A observação
totalmente estruturada acontece em laboratório, onde normalmente todas as ações são
controladas. As observações em campo são geralmente semi-estruturadas e contam com check-
list, e desse modo o pesquisador sabe exatamente o que vai observar no grupo, os aspectos mais
significativos, traçando um planejamento para coleta e registro das observações. (VIANNA,
2003). Com essa padronização da observação, pode-se comparar vários relatos, de diferentes
pesquisadores. Porém segundo Bailey (apud VIANNA, 2003, p.22) para que haja a comparação
“é imprescindível que esses grupos sejam idênticos em todos os seus atributos, na medida do
possível”. A observação não-estruturada é usada como técnica exploratória, em que o observador
tenta restringir o campo de suas observações para, mais tarde, delimitar suas atividades,
modificando, às vezes, os seus objetivos iniciais, ou determinando com mais segurança e
precisão o conteúdo das suas observações e proceder às mudanças que se fizerem necessárias no
planejamento inicial. (SELLTIZ apud VIANNA, 2003, p. 27).
Técnicas e formas de analise dos documentos e informações
Em primeiro lugar, é preciso ressaltar que todo material coletado nas pesquisas qualitativas
deve ser primeiro preparado para que possa ser analisado. Veja as etapas que essa preparação
inclui. a) Transcrição de materiais gravados (áudio ou vídeo): no documento escrito, inserir um
cabeçalho identificando o material com o nome do entrevistado, da instituição (se for o caso),
data da entrevista e a forma como ele será tratado no texto final de sua pesquisa, ou seja, um
apelido ou um codinome para garantir o sigilo da mesma. Registrar também a forma de contato
com o mesmo (e-mail, telefone, etc.).
b) Na organização do material, registrar sempre a pergunta feita, tópico ou variável observada, e
a resposta dada ou informação coletada. Sugere-se pergunta/tópico em negrito e
resposta/informação sem destaque gráfico.
c) Registrar o comentário anotado pelo pesquisador durante a coleta de dados seja ela, entrevista,
observação, etc. Usar algum recurso gráfico para que estes comentários, anotados no calor da
interação social, não sejam confundidos com perguntas, respostas ou registros.
d) Após organização preliminar do material, separar o que será relevante para a análise. Essa
separação exige que o pesquisador, de posse de sua escolha metodológica e teórica, utilize as
recomendações específicas para cada análise pretendida.
e) No caso de material já registrado de forma escrita no momento da coleta, seja em diários de
campo ou outros meios, é necessário organizar todo o material. Se a observação foi sistemática,
reunir todos os conteúdos que já foram registrados em categorias ou tópicos em um relatório
final, ainda mantendo a separação por categorias analíticas ou tópicos estabelecidos nos registros
de campo.
f) Caso deseje, conforme natureza do material e demanda do paradigma teóricometodológico
escolhido, o pesquisador pode usar um registro quantitativo para organizar as respostas
qualitativas. Trata-se de levantar a distribuição de presença e não propriamente de frequência, o
que pode facilitar a análise. Não se trata aqui de fazer um tratamento estatístico das respostas.
Em segundo lugar, considerando que o material coletado já está organizado, vale lembrar que a
análise de dados qualitativos é a etapa que exige muita atenção, muito tempo e muita perspicácia
do pesquisador. MINAYO (2008), inspirando-se em Lawrence Bardin, destaca que existem três
grandes obstáculos que devem ser rompidos.
a) Ilusão da transparência: oos dados coletados não revelam com transparência o real. Não se
deve fazer uma interpretação espontânea e literal dos mesmos, pois são sempre registros
simbólicos e polissêmicos.
b) Magia dos métodos e técnicas: a análise exige uma fidedignidade para compreensão do
material que reflete as relações sociais dinâmicas e vivas.
c) Junção e síntese das teorias: essa é a maior dificuldade para a maioria dos pesquisadores. A
construção do conhecimento exige que os dados coletados não sejam apenas descritosAssim,
MINAYO (2008) sugere que dados qualitativos devem ser trabalhados a partir de uma das três
abordagens mais conhecidas: análise de conteúdo, análise do discurso e análise dialética/
hermenêutica.
Análise de conteúdo
A análise de conteúdo é uma técnica de tratamento de dados coletados, que visa à interpretação
de material de caráter qualitativo, assegurando uma descrição objetiva, sistemática e com a
riqueza manifesta no momento da coleta dos mesmos. Essa técnica surgiu com essa denominação
nos Estados Unidos, durante a Primeira Guerra Mundial e, na época, buscava assegurar a
objetividade para análises qualitativas e as equiparar às análises quantitativas. Tais intenções e
usos desta técnica se mantiveram até a Segunda Guerra. Nas décadas de 1950 e 1960, a análise
de conteúdo ressurge, mas vem com a intenção de destacar o conteúdo expresso na mensagem e
suas representações, deixando de lado a preocupação com as quantificações, embora até hoje
hajam polêmicas entre as duas abordagens da técnica. (BARDIN, 2009) São conhecidas várias
modalidades de análise de conteúdo: lexical, de expressão, de relações, de enunciado e temática.
Dentre elas, a análise temática é a mais simples e, portanto, considerada mais apropriada para
pesquisadores iniciantes na técnica. Assim, as considerações a seguir procuram focar nesta
modalidade de análise.
Para BARDIN (2009), a análise de conteúdo temática deve ter como ponto de partida uma
organização. As diferentes fases da análise de conteúdo organizam-se em torno de três polos:
1. a pré-análise;
2. a exploração do material; e, por fim,
3. a tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação.
Para a referida autora, na fase da pré-análise estabelece-se uma organização do material, a partir
da escolha de documentos/informações relevantes, permitindo-se uma “leitura flutuante” do
material até que a decisão sobre quais informações devem ser consideradas na análise fique mais
clara. Embora algumas considerações já tenham sido feitas na parte inicial desta seção, vale
destacar a visão de BARDIN, que observa que nesta fase não se pode abrir mão de algumas
regras específicas.
A “regra da exaustividade” (todos os elementos relevantes devem estar presentes no material). •
A “regra da representatividade” (o conjunto de elementos escolhidos para análise devem ser
representativos do universo inicial de dados). • A “regra da homogeneidade” (o material
selecionado deve se ater aos tópicos ou variáveis a serem analisados, deixando para trás as suas
singularidades que fogem deste universo); • A “regra da pertinência” (o material a ser analisado
deve ser pertinente aos objetivos do trabalho.
Na fase da exploração do material, BARDIN (2009) ressalta que a análise do material exige sua
codificação, ou seja, sua transformação de dados brutos dos textos por recortes, agregação ou
enumeração, até que sua codificação atinja a representação do conteúdo ou sua expressãoAs
categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um conjunto de elementos (unidades de
registro, no caso da análise de conteúdo) sob um título genérico, agrupamento este efetuado em
razão dos caracteres comuns destes elementos. O critério de categorização pode ser semântico
(por exemplo, todos os temas que significam ansiedade ficam agrupados na categoria ansiedade
[...]), sintático (os verbos e os adjetivos), léxico (classificação de palavras segundo seu sentido
[...]) e expressivo (por exemplo, categorias que classificam as diversas perturbações da
linguagem). (BARDIN, 2009, p.117).
Análise documental
Embora pouco explorada não so na área da educação como em outras áreas da acção social, a
analise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos,
seja complementado as informações obtidas por outras técnicas, seja desvendado aspectos novos
de um tema ou problema.
São considerados documentos "quaisquer materiais escritos que possam ser usados como fontes
de informação sobre o comportamento humano" (Phillips, 1974 , p 187). Estes incluem desde
leis e regulamentos, normas, pareceres, cartas, memorandos, diários pessoais, autobiografias,
jornais, revistas, discursos, roteiros de programas de radio e televisão até livros, estatísticas e
arquivos escolares.
Segundo Caulley (1981), a analise documental busca identificar informações factuais de
documentos a partir de questões ou hipóteses de interesse. Por exemplo, uma circular distribuída
aos professores de uma escola convidando-os para uma reunião pedagógica poderia ser
examinada no sentido de buscar evidencias para um estudo das relações de autoridade dentro da
escola.
Guba e Lincoln (1981) apresentam uma serie de vantagens para o uso de documentos na
pesquisa ou na avaliação educacional. Em primeiro lugar destacam o facto de que os documentos
constituem uma fonte estável e rica. Persistindo ao longo do tempo, os documentos podem ser
consultados várias vezes e inclusive e servir de base a diferentes estudos, o que dá mais
estabilidade aos resultados obtidos. Os documentos constituem também uma fonte poderosa de
onde podem ser retiradas evidências que fundamentam informações e declarações do
pesquisador. Representam ainda uma fonte "natural" de informação. Uma vantagem adicional
dos documentos é o seu custo, em geral baixo.
Outra vantagem adicional dos documentos é que eles são uma fonte não-reactiva, permitindo a
obtenção de dados quando o acesso ao sujeito é impraticável (pela sua morte, por exemplo) ou
quando a interacção com os sujeitos seus comportamentos ou seus pontos de vista.Finalmente,
como uma técnica exploratória, a analise documental indica problemas que devem ser mais
explorados a partir de outros métodos. Alem disso ela pode complementar as informações
obtidas por outras técnicas de colecta.Guba e Lincoln (1981) resumem as vantagens do uso de
documentos dizendo uma fonte tão repleta de informações sobre a natureza do contexto nunca
deve ser ignorada, quais que sejam os outros métodos de investigação escolhidos.
Há pelo menos três situações básicas em que é apropriado o uso da análise documental, segundo
Holsti;
1 - Quando o acesso aos dados é problemático, seja porque os pesquisadores têm limitações de
tempo ou de deslocamento.
2 - Quando pretende ratificar e validar informações obtidas por outras técnicas de colecta de
dados, como, por exemplo, a entrevista, questionário ou a observação. Segundo Holsti (1969),
"quando duas ou mais abordagens do problema produzem resultados do problema produzem
resultados similares, nossa confiança em que os resultados reflictam mais o fenómeno em que
estamos interessados do que os métodos que usamos aumenta" (p. 17).
3 – Quando o interesse do pesquisador é estudar o problema a partir da própria expressão dos
indivíduos, ou seja, quando a linguagem dos sujeitos é crucial para a investigação. As críticas
mais frequentemente feitas ao uso dos documentos são também resumidas por Guga e Lincoln
(1981). Dentre elas é que os documentos são uma amostra não-representativas dos fenómenos
estudados; sua falta de objectividade e validade questionável e finalmente, a utilização de
documentos é criticada por representar escolhas arbitrárias, por parte de seus autores, de aspectos
a serem enfatizados e temáticas a serem focalizados.
Conclusão
Com estudo sobre estudo sobre observação como técnica de recolha de dados na escola e salas,
métodos, formas e instrumentos de observação e técnicas e formas de análise dos documentos e
informações, é possível tirar varias conclusões, dentre as quais, que a observação e importante e
indispensável como técnica de recolha dados não processo e aprendizagem, mas também em
todas áreas que têm aplicabilidade ou mesmo que qualquer estudioso ou "aventureiro" da ciência
possa descobrir hoje ou no futuro, pois, cremos que falando de geral qualquer elemento da vida
do mundo pode e sofre transformações, algumas das quais no passado eram considerações
inúteis, mas com tempo o homem percebe que afinal a melhor ideia que existe no presente
período, mas voltando ao conteúdo em estudo, percebemos que em Moçambique os mesmos
também são usados, sendo, a maior parte deles com muita frequência, existindo até mesmo
exemplos práticos da sua ocorrência. Em síntese, percebemos que a observação possui um
sentido mais amplo, pois, não se trata apenas de ver, mas também de examinar e é dos meios
mais frequentes para conhecer pessoas, coisas, acontecimentos e fenómenos.
Bibliografia