LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE PEDRO LEOPOLDO
PROMULGADA EM 27 DE DEZEMBRO DE 2002 – CONSOLIDADA
(CONTEMPLANDO AS ALTERAÇÕES PROMOVIDAS PELA EMENDA Nº 01, DE 20 DE SETEMBRO
DE 2004 E PELA EMENDA Nº 02, DE 19 DE SETEMBRO DE 2005)
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º - O Município de Pedro Leopoldo é uma unidade territorial, dotada de autonomia
política, administrativa e financeira, e integra a República Federativa do Brasil, nos termos
assegurados pelas constituições Federal e Estadual.
Parágrafo único - O Município se organiza e se rege por esta Lei Orgânica e pelas demais
leis que adotar, observados os princípios constitucionais da República e do Estado de
Minas Gerais.
Art. 2º - A autonomia política do Município é atributo que lhe confere:
I - as condições necessárias para que seu povo exercite o poder, de forma direta ou
indireta;
II - a faculdade de elaborar as suas próprias leis, dispondo sobre a organização
administrativa, a forma de satisfação das demandas de seu povo e as demais matérias de
sua competência;
III - a competência para instituir e arrecadar os tributos que lhe são outorgados pela
Constituição Federal e para receber, como direito próprio, as parcelas que lhe cabem da
arrecadação federal e estadual;
IV - a liberdade para aplicar suas rendas conforme metas e prioridades previstas,
observadas as regras federais de seguimento obrigatório.
Art. 3º - O Município exerce sua autonomia política no âmbito de seu território.
§ 1º - O território do Município somente poderá ter seus limites alterados nos termos
previstos nas Constituições Federal e Estadual.
§ 2º - O território do Município poderá ser dividido em distritos e subdistritos, conforme
sua conveniência administrativa, observada a legislação estadual pertinente.
§ 3º - A cidade de Pedro Leopoldo é a sede do Município.
Art. 4º - Todo poder do Município emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio
de seus representantes.
Parágrafo único - O exercício direto do poder pelo povo no Município se dá, além de
outras hipóteses previstas em lei, mediante:
I - plebiscito e referendo, nos termos da legislação federal;
II - iniciativa popular no processo legislativo, nos termos desta Lei Orgânica;
III - participação em conselhos públicos, nos termos da legislação municipal específica.
Art. 5º - O Legislativo e o Executivo são os poderes competentes para o exercício indireto
do poder pelo povo do Município.
§ 1º - Os representantes do povo, titulares do Legislativo e do Executivo, são eleitos, na
forma da legislação federal em vigor.
§ 2º - As competências do Legislativo e do Executivo são definidas por esta Lei Orgânica,
observadas as disposições das Constituições Federal e Estadual.
§ 3º - O Legislativo e o Executivo exercem suas respectivas competências de forma
independente e harmônica.
§ 4º - É vedado ao Legislativo e ao Executivo, a qualquer título, forma ou pretexto, delegar
atribuições, e, a quem for investido na função de um deles, exercer a de outro, observadas
as exceções previstas nesta Lei Orgânica e nas Constituições Federal e Estadual.
Art. 6º - O Município adotará, como símbolos de sua autonomia política, bandeira, hino e
brasão próprios.
Parágrafo único - Os símbolos referidos no caput serão definidos em lei.
Art. 7º - O Município, nos limites de sua competência, buscará alcançar os seguintes
objetivos:
I - construção de uma sociedade livre, justa e solidária, mediante ações efetivas que
garantam o exercício da cidadania, a erradicação da pobreza e da marginalidade e o pleno
acesso aos serviços públicos, principalmente aqueles considerados essenciais;
II - combate a todas as formas de preconceito, mediante postura ativa e fiscalizadora no
âmbito da Administração Pública e da atividade privada;
III - desenvolvimento social e econômico em seu território, de forma harmônica entre a
sede, os distritos e os subdistritos, sem privilégio ou prejuízo a qualquer um deles.
Art. 8º - O Município assegura, em seu território e nos limites de sua competência, os
direitos e garantias fundamentais que as Constituições Federal e Estadual conferem aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País.
Art. 9º - Ao Município é vedado:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou com seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - criar distinções entre brasileiros ou estabelecer preferência de uma em relação às
demais unidades da Federação;
III - recusar fé a documento público.
TÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA DO MUNICÍPIO
CAPÍTULO I
DAS COMPETÊNCIAS MUNICIPAIS
Art. 10 - O Município proverá a tudo quanto respeite ao interesse local, objetivando o
pleno desenvolvimento das funções sociais que lhe são inerentes, a garantia do bem-estar
de seus habitantes e o seu desenvolvimento econômico.
Art. 11 - Compete ao Município, entre outras atribuições previstas nesta Lei Orgânica, nas
Constituições Federal e Estadual ou nas leis em geral:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas;
II - organizar, regulamentar e executar os serviços administrativos e instituir o regime
jurídico dos respectivos quadros de pessoal,observados os princípios e as normas
constitucionais e legais pertinentes;
III - prestar, diretamente ou sob regime de delegação, os serviços públicos de interesse
local;
IV - prestar os serviços públicos essenciais de educação, saúde, cultura, ciência, desporto,
lazer, transporte, moradia, abastecimento, saneamento e assistência social, com especial
atenção à criança, ao adolescente, ao idoso e ao deficiente;
V - zelar pela conservação do patrimônio público e administrar os bens que o constituem;
VI - proteger o patrimônio cultural, histórico, artístico, arqueológico e ambiental, com a
preservação de sua identidade, de sua memória, de sua tradição e de sua vocação
histórica;
VII - promover adequado ordenamento territorial, mediante planejamento e controle do
parcelamento do solo urbano e rural, seu uso e sua ocupação;
VIII - estabelecer e fiscalizar as normas edilícias, ambientais, sanitárias, urbanísticas e de
execução de atividades não-residenciais;
IX - fomentar as atividades produtivas com prioridade para as que causem menor impacto
ambiental e gerem mais empregos;
X - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de
recursos hídricos e minerais em seu território;
XI - celebrar acordos com a União, os estados, o Distrito Federal ou com outros municípios,
quanto a estes, com prioridade para os integrantes do mesmo complexo geo-
econômico e social, para a execução de serviços ou obras de interesse comum, de forma
permanente ou transitória;
XII - celebrar convênios, termos de cooperação ou documentos similares com entidades
privadas visando a prestação de serviços públicos de caráter social, nos termos prescritos
na legislação federal pertinente.
Art. 12 - As competências municipais serão exercidas mediante a elaboração de normas
que disciplinem os temas de interesse local e mediante execução efetiva das medidas
administrativas correspondentes.
Parágrafo único - A elaboração de normas será feita, nos termos prescritos nesta Lei
Orgânica, a título próprio, nos casos de competência originária, ou a título suplementar
das legislações federal e estadual, quando não se tratar de temas privativos dessas
instâncias federativas.
CAPÍTULO II
DO PATRIMÔNIO PÚBLICO
Art. 13 - O patrimônio público é composto dos bens e direitos de propriedade do
Município, nos termos da lei civil.
Parágrafo único - Incluem-se no patrimônio público:
I - os rendimentos auferidos pelo Município em decorrência do uso de seus bens, da
prestação de seus serviços ou da execução de obras;
II - os documentos públicos gerados a partir da execução dos serviços executados ou
prestados pelo Município.
Art. 14 - Os bens imóveis do Município se dividem nas seguintes categorias:
I - bens de uso comum do povo;
II - bens de uso especial;
III - bens dominiais.
§ 1º - Os bens de uso comum do povo são aqueles que podem ser utilizados livremente
por qualquer indivíduo, observadas as normas próprias, como as vias de trânsito, as praças
e os parques.
§ 2º - Os bens de uso especial são aqueles destinados a uso específico de órgão ou
entidade pública ou de entidade privada que exerça serviço público de caráter social,
observadas as regras legais pertinentes.
§ 3º - Os bens dominiais são aqueles passíveis de serem alienados, nos termos prescritos
na legislação competente.
§ 4º - Salvo previsão legal em contrário, todos os bens públicos são considerados de uso
comum do povo ou de uso dominial.
§ 5º - A conversão de um bem de uso comum do povo ou de uso especial em bem
dominial dar-se-á por meio de lei específica.
Art. 15 - Compete ao Prefeito a administração dos bens municipais, salvo os utilizados pela
Câmara em seus serviços e os pertencentes às entidades da Administração Indireta.
Parágrafo único - A administração de que trata o caput envolve os atos de utilizar,
conservar, alienar, adquirir e proteger contra uso indevido, observadas as normas gerais
constantes da legislação pertinente.
Art. 16 - Os bens públicos devem ser cadastrados e tecnicamente identificados, em
sistemas de conferência e atualização contínuas, compatíveis com a natureza de cada um,
permitido o livre acesso às informações pertinentes.
Art. 17 - A aquisição e a alienação de bens públicos dar-se-ão por ato do Poder Executivo e
dependerão de avaliação, autorização legislativa e licitação prévias, nessa ordem, salvo
disposição em contrário na legislação federal pertinente.
Parágrafo único - A Câmara Municipal poderá efetuar a aquisição de bens necessários a
seus serviços, observadas as regras do caput e a sua disponibilidade orçamentária.
Art. 18 - Os bens públicos poderão, conforme sua natureza, ser utilizados pelo próprio
Poder Público ou por particulares, observadas as normas legais pertinentes.
§ 1º - Os bens públicos de valor histórico, arquitetônico ou artístico somente podem ser
utilizados com finalidades culturais, preservada sua segurança.
§ 2º - As praças, os parques, as reservas ecológicas, os espaços tombados e os bens
similares não poderão receber edificações ou obras de qualquer natureza, salvo apenas
aquelas necessárias à sua preservação respectiva ou utilização, devidamente
demonstradas em laudos técnicos específicos.
§ 3º - A concessão, a permissão e a autorização de uso de bem público por particular ou
por entidade pública que não componha a administração do Município dar-se-ão nos
termos da lei, condicionadas ao interesse público ou social devidamente comprovado.
Art. 19 - A reunião pacífica, sem armas, em bens de uso comum do povo, independe de
autorização, desde que não frustre outra reunião anteriormente convocada para o mesmo
local.
§ 1º - A reunião de que trata o caput dependerá unicamente de prévio aviso ao órgão
municipal competente, nos termos da legislação de organização administrativa.
§ 2º - O disposto no caput implica obediência à legislação de preservação cultural,
ambiental e garantia da tranqüilidade pública.
Art. 20 - O Município poderá, nos termos da legislação federal, desapropriar, estabelecer
servidão administrativa ou usar propriedade particular.
CAPÍTULO III
DOS SERVIÇOS E DAS OBRAS PÚBLICAS
Art. 21 - Os serviços públicos municipais serão organizados e prestados observando-se os
requisitos de comodidade, conforto e bem estar dos usuários respectivos e, quando não se
tratar de serviço gratuito, de modicidade tarifária.
Art. 22 - A lei disporá sobre a organização, o funcionamento e a fiscalização dos serviços
públicos municipais, respeitados os requisitos citados no artigo anterior.
Art. 23 - Os serviços públicos municipais poderão ser prestados diretamente por órgão da
estrutura administrativa do Poder Executivo ou do Poder Legislativo, conforme o caso, ou
mediante delegação.
Art. 24 - A delegação dar-se-á por meio de concessão, permissão, autorização ou outra
forma admitida em lei e observará as determinações da legislação federal pertinente.
Parágrafo único - A delegação depende de prévia autorização legislativa, salvo os serviços
efetuados pela legislação federal ou referidos nas Constituições Federal e Estadual.
Art. 25 - A lei de que trata o parágrafo único do artigo anterior disporá sobre:
I - o regime de prestação do serviço delegado, os direitos e as obrigações do delegatário e
as hipóteses de rescisão do ato de delegação;
II - os direitos dos usuários;
III - os padrões de qualidade a serem observados e a forma de aferí-los;
IV - a forma de apresentação e de solução das reclamações relativas à prestação do serviço
delegado, fixando-se prazo certo para esses atos;
V - o tratamento especial em favor do usuário de baixa renda, quando for o caso.
§ 1º- Entre as obrigações do delegatário, incluir-se-á a de plena quitação das
responsabilidades trabalhistas, previdenciárias e sociais do pessoal alocado na prestação
do serviço, assim como das responsabilidades tributárias decorrentes do serviço prestado.
§ 2º - O contrato de delegação de serviço público deverá conter cláusula que determine ao
delegatário de serviço público comprovar o cumprimento das obrigações de que trata o
parágrafo anterior:
I - mensalmente, quando se tratar de responsabilidade que se estenda ao Município a
título de solidariedade, nos termos da legislação pertinente;
II - a qualquer tempo, mediante requisição do Município.
§ 3º - Os delegatários de serviço público são obrigados a dar publicidade, anualmente, em
jornal de grande circulação local, sobre:
I - o volume de recursos arrecadado a título de tarifa;
II - o cumprimento das metas constantes no ato de delegação;
III - os planos de expansão do serviço.
Art. 26 - Os serviços públicos, quando não forem gratuitos, serão remunerados
exclusivamente por meio de tarifa pública.
§ 1º - A tarifa pública será fixada pelo Município e objetivará a remuneração do serviço de
forma a manter o equilíbrio econômico-financeiro correspondente.
§ 2º - O Município divulgará, com antecedência e na forma prevista em lei, os critérios e os
fundamentos para a fixação da tarifa e de seus reajustes.
Art. 27 - A execução de qualquer obra pública objetivará a implantação ou a prestação de
serviço necessário à comunidade ou à funcionalidade e ao bom aspecto da cidade,
observadas as disposições legais para os serviços públicos e as seguintes condições:
I - estar adequada ao Plano Diretor, ao Plano Plurianual e às diretrizes orçamentárias;
II - ser precedida de projeto elaborado segundo as normas técnicas indicadas.
Parágrafo único - A execução de obra pública obedecerá aos princípios de economicidade,
simplicidade, adequação ao espaço circunvizinho e ao meio ambiente, e se sujeitará às
exigências e limitações constantes do Código de Obras do Município.
CAPÍTULO IV
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Seção I
Disposições Gerais
Art. 28 - A Administração Pública Municipal é o conjunto de órgãos e recursos materiais,
financeiros e humanos aplicados à execução das decisões de governo local.
Parágrafo único - A Administração Pública Municipal pode ser:
I - Direta, aquela composta por órgão integrante da estrutura da Prefeitura ou da Câmara;
II - Indireta, aquela composta por autarquia, sociedade de economia mista, fundação
pública, empresa pública ou outra entidade de direito privado sob controle direto ou
indireto do Município.
Art. 29 - A administração pública direta e indireta de qualquer dos poderes do Município
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
razoabilidade, proporcionalidade e eficiência.
§ 1º - A moralidade e a razoabilidade dos atos do poder público serão apuradas, para
efeito de controle e invalidade, em face dos dados objetivos de cada caso.
§ 2º - O agente público motivará o ato administrativo que praticar, explicitando-lhe o
fundamento legal, o fático e a finalidade.
Art. 30 - A criação, a transformação e a extinção de órgãos da administração direta e
indireta, bem como a participação do Município em entidade pública ou privada,
obedecerão às regras e limitações previstas na Constituição Federal.
§ 1º- Ao Município somente é permitido instituir fundação com a natureza de pessoa
jurídica de direito público.
§ 2º - O Município poderá, nos termos da legislação federal, firmar contrato de gestão com
entidade componente da administração indireta, com o objetivo de assegurar maior
autonomia e maior eficiência dos serviços.
§ 3º - Na hipótese do parágrafo anterior, caberá à lei municipal dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidades dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal.
§ 4º - As entidades componentes da administração indireta que explorem atividade
econômica deverão observar o estatuto jurídico estabelecido em lei federal.
Art. 31 - Para o procedimento de licitação e concessão, o Município observará as normas
gerais expedidas pela União.
Parágrafo único - Os órgãos públicos municipais, incluindo os da administração indireta,
darão publicidade às contratações e aos pagamentos que efetuarem, no prazo e na forma
estabelecidos em lei federal e municipal.
Art. 32 - O Município promoverá ação de regresso contra o agente próprio ou de
delegatário que cometer ato que implique obrigação de indenização.
Art. 33 - A publicidade de ato, programa, projeto, obra, serviço e campanha de órgãos
públicos, por qualquer veículo de comunicação, somente poderá ter caráter informativo,
educativo ou de orientação social, e dela não constarão nome, cor ou imagem que
caracterizem a promoção pessoal de autoridade, servidor público ou partido político.
Parágrafo único - Os poderes do Município, incluídos os órgãos da administração indireta,
publicarão, trimestralmente, o montante das despesas com publicidade efetuadas no
período, indicando o nome das agências ou veículos de comunicação contratados, com os
respectivos valores pagos.
Art. 34 - A ação administrativa municipal será exercida sob o princípio da descentralização
territorial, buscando a integração entre os distritos e a sede do Município e a satisfação
dos direitos sociais de todos os habitantes do Município.
Art. 35 - O Município assegurará a participação de representantes de associações
profissionais e de entidades da comunidade nos órgãos colegiados de sua administração
pública.
Seção II
Do Direito dos Usuários do Serviço Público
Art. 36 - O serviço público será prestado de forma ágil e eficaz, observadas as
peculiaridades e complexidade de cada caso.
§ 1º - O usuário do serviço público poderá apresentar petição ou representação em defesa
de direito decorrente da prestação de serviço público municipal.
§ 2º - O exercício do direito de petição ou representação independe de pagamento de
taxas, emolumentos ou da garantia de instância.
§ 3º - A lei fixará prazo para a solução do caso inaugurado a partir de petição ou
representação de usuário de serviço público municipal.
Art. 37 - O cidadão tem direito de requerer e obter informação do poder público, que será
prestada no prazo assinalado em lei.
Parágrafo único - O direito de requerer e obter informação não se aplica a:
I - caso em que a preservação da segurança social exija sigilo, devendo a lei fixar tempo
máximo para tanto;
II - assuntos de interesse individual de terceiros.
Art. 38 - A denúncia apresentada por cidadão, observada a legislação vigente, será
investigada e solucionada com agilidade e isenção, observados os princípios de ampla
defesa e motivação.
Art. 39 - Em processos administrativos, qualquer que seja o objeto e o procedimento,
observar-se-ão, entre outros requisitos de validade, a publicidade, o contraditório, a ampla
defesa e o despacho ou decisão motivados.
Art. 40 - Nenhuma pessoa será discriminada, ou de qualquer forma prejudicada, pelo fato
de litigar com órgãos ou entidades municipais no âmbito administrativo ou judicial.
Art. 41 - Será punido, nos termos da lei, o agente público que, no exercício de suas
atribuições e independentemente da função que exerça, violar direito constitucional do
usuário do serviço público municipal.
Seção III
Dos Servidores Públicos
Art. 42 - A atividade administrativa do Município é exercida, em qualquer de seus poderes,
por servidor público titular de cargo, emprego ou função.
Art. 43 - Os cargos, empregos ou funções públicas serão criadas por lei, que definirá o
número de vagas correspondentes, as exigências para provimento e as respectivas
atribuições e remunerações.
Art. 44 - Os cargos, empregos e funções são acessíveis a todos que preencham os
requisitos estabelecidos em lei.
Parágrafo único - Ressalvadas as exceções previstas na legislação, o provimento em cargos
e empregos dar-se-á por meio de concurso público, organizado e efetuado na forma da lei,
observadas as disposições constitucionais sobre a matéria.
Art. 45 - É vedado o provimento simultâneo em dois cargos, empregos ou funções
públicas, bem como sua acumulação com mandato eleitoral, salvo as hipóteses admitidas
pela Constituição Federal.
Art. 46 - A lei reservará um percentual de cargos e empregos públicos para provimento
preferencial por portador de deficiência, observada a compatibilidade entre a deficiência e
as atribuições exigidas, e definirá os critérios de admissão.
Art. 47 - A lei poderá estabelecer casos de contratação por tempo determinado para
atender a necessidade temporária de excepcional interesse público.
Art. 48 - A declaração de desnecessidade de cargo e o conseqüente aproveitamento do
servidor estável ocorrerão nos termos da legislação vigente.
Art. 49 - A remuneração dos servidores públicos somente será fixada ou alterada por lei
específica, observada a iniciativa privativa em cada caso.
Parágrafo único - A fixação ou alteração da remuneração dos servidores públicos
observará as regras e limites previstos na legislação federal.
Art. 50 - Os servidores têm direito de obter, nos termos de lei, informações oficiais sobre
receitas e despesas municipais que interfiram na definição de sua remuneração.
Art. 51 - O Município instituirá regime jurídico e planos de carreira para os servidores da
administração direta e indireta, observadas as seguintes diretrizes:
I - valorização e dignificação da função pública e do servidor público;
II - profissionalização e aperfeiçoamento do servidor público;
III - constituição de quadro dirigente, mediante formação e aperfeiçoamento de
administradores;
IV - sistema do mérito objetivamente apurado para ingresso no serviço e desenvolvimento
na carreira.
V - remuneração compatível com:
a) a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade do cargo ou emprego;
b) os requisitos para a investidura;
c) as peculiaridades do cargo ou emprego público.
Art. 52 - É vedado ao servidor público municipal desempenhar atividades que não sejam
próprias do cargo ou emprego de que for titular, exceto quando ocupar cargo em
comissão ou desempenhar função de confiança.
Art. 53 - A liberdade sindical e do direito de greve dos servidores públicos municipais
obedecerão às normas da legislação federal.
Parágrafo único - É assegurado aos servidores públicos e às suas entidades representativas
o direito de reunião nos locais de trabalho, após prévia comunicação à chefia imediata e
desde que o atendimento externo ao público, se houver, não sofra interrupção.
Art. 54 - Os servidores públicos têm direito a sistema previdenciário, a ser definido em lei
municipal.
Parágrafo único - Se a definição de que trata o caput for por sistema próprio de
previdência, obedecerá à legislação federal pertinente.
TÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES DO MUNICÍPIO
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 55. O Poder Legislativo é exercido pela Câmara Municipal, que se compõe de 10 (dez)
Vereadores. (ALTERADA PELA EMENDA A LOM Nº 01/2004)
Parágrafo único - O número de vereadores poderá ser alterado, nos termos e limites
previstos na Constituição Federal, para vigor na legislatura seguinte à da sua fixação.
Art. 56 - O mandato dos Vereadores, cuja extensão será definida pela legislação federal,
constitui a legislatura.
§ 1º - Cada ano da legislatura constituirá uma sessão legislativa, composta por 2 (dois)
períodos:
I - um período extraordinário, correspondente aos recessos parlamentares, definidos pelo
Regimento Interno da Câmara Municipal;
II - um período ordinário, correspondente ao tempo restante do ano civil.
§ 2º - O período extraordinário depende de convocação específica feita:
I - pelo Presidente da Câmara Municipal, obrigatoriamente, quando ocorrer intervenção
no Município ou para compromisso e posse do Prefeito e do Vice-Prefeito em data distinta
daquela fixada por esta Lei Orgânica;
II - pelo Prefeito, pelo Presidente da Câmara Municipal ou mediante requerimento de um
terço dos vereadores, em caso de urgência ou de interesse público relevante.
§ 3º - A convocação de que trata o parágrafo anterior será feita com antecedência mínima
de quarenta e oito horas, mediante publicação em jornal de circulação local, salvo se ela
se der no curso de reunião ordinária ou extraordinária.
§ 4º - No período extraordinário, a Câmara Municipal somente deliberará sobre as
matérias para as quais tenha sido convocada.
§ 5º - Durante os recessos parlamentares funcionará uma comissão representativa da
Câmara Municipal, constituída nos termos e para os fins determinados pelo Regimento
Interno, observadas as normas legais sobre responsabilidade administrativa, financeira e
orçamentária.
§ 6º - Os períodos de recesso serão definidos pelo Regimento Interno, observado o
disposto no parágrafo seguinte.
§ 7º - O período ordinário não será interrompido sem a aprovação do projeto de lei de
diretrizes orçamentárias e nem encerrado sem a aprovação da lei orçamentária anual,
independentemente do advento da data fixada para o início do recesso parlamentar.
Art. 57 - A Câmara Municipal reunir-se-á na sede do Município.
§ 1º - As reuniões da Câmara são:
I - preparatórias, aquela a ocorrer no dia 1º de janeiro do primeiro ano de cada legislatura,
destinadas exclusivamente a:
a) dar posse aos Vereadores, ao Prefeito e ao Vice-Prefeito diplomados;
b) eleger e dar posse à sua Mesa Diretora para o primeiro biênio;
II - ordinárias, as que se realizam com horário, duração e dias da semana previamente
estabelecidos, independentemente de convocação, exceto no período de recesso
parlamentar;
III - extraordinárias, as que se realizam em horário ou dias diversos daqueles previstos para
as reuniões ordinárias e dependente de convocação, nos mesmos termos previstos no art.
56, § 2º, II, e § 3º.
§ 2º - O dia e horário das reuniões ordinárias serão determinados pelo Regimento Interno.
Art. 58 - A Câmara Municipal será administrada por uma Mesa Diretora, com mandato de
dois anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição subseqüente.
§ 1º - A Mesa Diretora será eleita pelo voto da maioria dos membros da Câmara Municipal,
em primeiro escrutínio, ou por maioria simples, em segundo escrutínio.
§ 2º - A composição da Mesa Diretora e as competências de cada um de seus membros
serão definidas pelo Regimento Interno, observadas as disposições legais sobre
responsabilidade administrativa, financeira e orçamentária.
Seção II
Das Atribuições da Câmara Municipal
Art. 59 - Cabe à Câmara Municipal, com a sanção do Prefeito, dispor sobre todas as
matérias de competência do Município, especialmente:
I - plano diretor e demais normas de caráter urbanístico;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orçamento anual;
III - sistema tributário municipal;
IV - finanças públicas em geral, inclusive operação de crédito, outorga de garantia e
concessão de benefícios fiscais;
V - organização dos serviços públicos e instituição de políticas públicas estruturais;
VI - organização administrativa, quadro de pessoal e regime jurídico dos servidores do
Poder Executivo, exceto nos casos em que a Constituição Federal admita disposição em
decreto;
VII - fixação do subsídio do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais, em
parcela única, sendo vedado qualquer acréscimo, exceto o direito de percepção do 13º
subsidio, de valor idêntico ao subsidio mensal; (ALTERADO PELA EMENDA À LOM Nº
01/2004)
VIII - regime jurídico do patrimônio público, incluindo autorização para aquisição,
alienação ou concessão de bens, salvo se a legislação federal pertinente a dispensar;
IX - divisão regional da administração pública;
X - alteração dos limites territoriais do Município, a qualquer título, nos termos da
legislação federal e estadual;
XI - autorização de participação do Município em entidade intermunicipal destinada à
execução de serviço ou obra de interesse comum;
XII - transferência da sede do Município.
Parágrafo único - Compete privativamente à Câmara Municipal, independentemente de
sanção do Prefeito:
I - elaborar o Regimento Interno;
II - definir sua organização administrativa, seu quadro de pessoal e o regime jurídico de
seus servidores, exceto para os casos em que a Constituição Federal exija lei;
III - abrir crédito suplementar ao seu orçamento, nos termos da legislação federal, desta
Lei Orgânica e da legislação orçamentária municipal;
IV - suspender, no todo ou em parte, a execução de qualquer ato normativo municipal que
tenha sido, por decisão definitiva do Poder Judiciário, declarado infringente às
Constituições Federal e Estadual ou à Lei Orgânica;
V - sustar os atos normativos do poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou
dos limites de delegação legislativa, quando esta for admitida pela Constituição Federal e
por esta Lei Orgânica;
VI - julgar as contas prestadas pelo poder Executivo;
VII - indicar, observada a legislação estadual, dos Vereadores representantes do Município
na Assembléia Metropolitana;
VIII - mudar, temporária ou definitivamente, de sua sede;
IX - manifestar-se, pela maioria de seus membros, a favor de proposta de emenda à
Constituição do Estado;
X - solicitar, pela maioria de seus membros, intervenção estadual.
Art. 60 - A Câmara Municipal poderá, por decisão de seu plenário ou de qualquer de suas
comissões:
I - convocar Secretário Municipal, dirigente de entidade da administração pública indireta
ou delegatário de serviço público municipal para prestarem, pessoalmente, informações
sobre atividades de sua competência, especificadas no ato correspondente;
II - requisitar do Prefeito ou de qualquer das autoridades referidas no inciso anterior
informações escritas sobre temas específicos relacionados a sua competência.
§ 1º - No caso do inciso I deste artigo, respeitar-se-á interstício mínimo de dez dias entre a
data de recebimento da convocação e a data de realização da reunião na qual deverão ser
prestadas as informações requeridas.
§ 2º - No caso do inciso II deste artigo, fixar-se-á prazo para o envio das informações
requisitadas, nunca inferior a trinta dias, contados do recebimento da respectiva
requisição.
§ 3º - A falta de atendimento à requisição de informação ou a prestação de informação
falsa importará responsabilização nos termos da legislação federal.
§ 4º - As autoridades referidas no caput poderão comparecer à Câmara Municipal ou a
qualquer de suas comissões, por sua iniciativa e após entendimento com a Mesa Diretora,
para expor assunto relevante e pertinente à respectiva competência.
Seção III
Dos Vereadores
Art. 61 - Aos Vereadores aplicam-se, nos termos da Constituição Federal, as garantias,
proibições e incompatibilidades previstas para os membros do Congresso Nacional.
Parágrafo único - As garantias a que se refere o caput são asseguradas aos Vereadores
enquanto no exercício do mandato.
Art. 62 - Não perderá o mandato o Vereador:
I - investido em cargo de Ministro da República, Secretário de Estado, Secretário do
Município ou chefe de missão diplomática temporária;
II - licenciado por motivo de doença ou para tratar de interesse particular.
§ 1º - A licença para tratamento de interesse particular não será remunerada e não poderá
exceder a sessenta dias por ano.
§ 2º - O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidura nos cargos previstos no
inciso I ou de licença superior de trinta dias.
§ 3º - Se ocorrer vaga e não houver suplente, a substituição respectiva observará o que
prescrever a legislação eleitoral.
§ 4º - Na hipótese do inciso I o Vereador poderá optar pela remuneração do mandato.
Art. 63 - O vereador perderá o mandato nos casos previstos na Constituição Federal para
os membros do Congresso Nacional, respeitadas as mesmas regras para a decisão ou a
declaração correspondente.
§ 1º - Perderá também o mandato o Vereador que fixar residência fora do
Município,aplicando-se ao caso o procedimento utilizado quando da quebra de decoro
parlamentar.
§ 2º - O Regimento Interno estabelecerá os casos de quebra de decoro parlamentar,
incluídas as hipóteses constitucionais aplicadas aos membros do Congresso Nacional, bem
como os respectivos procedimentos de apuração e julgamento, observados os princípios
da ampla defesa, do contraditório, da publicidade e da decisão motivada.
Art. 64 - Os subsídios, do Presidente da Câmara e dos Vereadores serão fixados, por meio
de Resolução da Câmara Municipal, até o final do mês de setembro do último ano de
cada legislatura, para vigorar a partir do dia 1º de janeiro da próxima legislatura,
observados os preceitos da Constituição Federal, da Constituição Estadual e o disposto
nesta Lei Orgânica. (ALTERADO PELA EMENDA À LOM Nº 01/2004)
§ 1º - Os subsídios serão fixados em parcela única, sendo vedado qualquer acréscimo de
gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie
remuneratória. (ACRESCIDO PELA EMENDA À LOM Nº 01/2004)
§ 2º - Ao Presidente da Câmara Municipal poderá ser fixada parcela indenizatória, em
valor não superior a 50 (cinqüenta por cento) do subsídio dos demais vereadores, em
razão dos encargos decorrentes do exercício do referido cargo. (ACRESCIDO PELA
EMENDA À LOM Nº 01/2004)
§ 3º - A Resolução que estabelecer o valor dos subsídios, poderá prever o direito de
percepção do décimo terceiro subsídio pelos agentes políticos, de valor idêntico ao do
subsídio mensal. (ACRESCIDO PELA EMENDA À LOM Nº 01/2004)
Seção IV
Das Comissões
Art. 65 - A Câmara Municipal terá comissões permanentes e temporárias, constituídas na
forma e com as atribuições previstas no Regimento Interno, observada a
proporcionalidade das bancadas partidárias, sempre que possível.
§ 1º - As comissões, em razão da matéria de sua competência ou da finalidade de sua
constituição, exercerão as seguintes atribuições, sem prejuízo de outras previstas no
Regimento Interno:
I - apreciar proposições submetidas ao seu exame;
II - exercer a fiscalização e o controle dos atos da administração pública;
III - propor a sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar;
IV - estudar qualquer assunto compreendido no respectivo campo temático ou área de
atividade, podendo promover, em seu âmbito, conferências, exposições, seminários, ou
audiências públicas.
§ 2º - As deliberações das comissões serão tomadas pela maioria dos presentes, presente
a maioria dos membros respectivos.
Art. 66 - A Câmara Municipal poderá constituir comissão parlamentar de inquérito para
apurar fato determinado, assim considerado o acontecimento de relevante interesse para
a vida pública e para a ordem constitucional, legal, econômica e social do Município.
§ 1º - A comissão parlamentar de inquérito terá poderes de investigação próprios das
autoridades judiciais, observados os limites constitucionais, legais e regimentais.
§ 2º - A constituição da comissão parlamentar de inquérito depende da apresentação de
requerimento que:
I - esteja subscrito por, no mínimo, um terço dos Vereadores;
II - caracterize fato determinado que demande investigação, elucidação ou fiscalização;
III - fixe prazo para seu funcionamento, observado o limite máximo de cento e vinte dias,
prorrogável por até metade do prazo originalmente estabelecido.
§ 3º - O requerimento apresentado na forma do parágrafo anterior terá que ser acolhido,
independentemente de aprovação.
§ 4º - A comissão parlamentar de inquérito concluirá seus trabalhos com a apresentação
de parecer circunstanciado, que será encaminhado às autoridades competentes, quando
assim o indicar o parecer, independentemente de votação pela Câmara Municipal.
Seção V
Do Processo Legislativo
Art. 67 - O processo legislativo compreende a elaboração de :
I - emenda à Lei Orgânica;
II - lei;
III - resolução;
IV - decreto legislativo.
§ 1º - A resolução regulará matéria de competência privativa da Câmara Municipal e
apreciará as contas prestadas pelo Prefeito.
§ 2º - O decreto-legislativo sustará ato baixado em desconformidade com a lei ou com
resolução regulamentada.
§ 3º - O Regimento Interno da Câmara Municipal poderá instituir outras modalidades de
proposição, desde que sem efeito normativo.
§ 4º - Os Vereadores poderão, na forma e no prazo definidos no Regimento Interno,
apresentar emendas sobre qualquer proposição.
§ 5º - A lei definirá a forma de elaborar e de dar publicidade aos atos normativos
municipais, incluindo aqueles expedidos pelo Presidente da Câmara Municipal e pelo
Prefeito, no exercício das respectivas funções regulamentares.
Art. 68 - A Lei Orgânica pode ser emendada por proposta:
I - de, no mínimo, um terço dos membros da Câmara Municipal;
II - do Prefeito Municipal;
III - de, no mínimo, cinco por cento do eleitorado do Município.
Art. 69 - A iniciativa de projeto de lei cabe:
I - a Vereador;
II - à Mesa Diretora;
III - a comissão;
IV - ao Prefeito;
V - aos cidadãos.
§ 1º - A iniciativa de projeto de resolução cabe:
I - a Vereador;
II - à Mesa Diretora;
III - a comissão;
IV - aos cidadãos.
§ 2º - São matérias de iniciativa privativa, além de outras previstas nesta Lei Orgânica:
I - da Mesa Diretora:
a) a organização administrativa da Câmara Municipal, seu quadro de pessoal e o regime
jurídico de seus servidores;
b) a mudança temporária da sede da Câmara Municipal;
II - do Prefeito:
a) a organização administrativa, o quadro de pessoal e o regime jurídico dos servidores do
Poder Executivo;
b) o plano plurianual;
c) as diretrizes orçamentárias;
d) o orçamento anual.
§ 3º - A iniciativa de proposta de decreto-legislativo cabe a comissão e a um terço dos
membros da Câmara Municipal.
§ 4º - Salvo nas hipóteses de iniciativa privativa previstas nesta Lei Orgânica, é permitida a
apresentação à Câmara Municipal de projetos de lei ou de resolução subscritos por no
mínimcinco por cento do eleitorado do Município, em lista organizada por entidades
associativas legalmente constituídas, que serão responsáveis pela idoneidade das
assinaturas.
Art. 70 - As deliberações da Câmara Municipal serão tomadas por maioria de votos,
presente a maioria de seus membros, salvo os casos previstos nesta Lei Orgânica.
§ 1º - Depende do voto favorável de dois terços dos membros da Câmara Municipal a
aprovação de proposta de emenda à Lei Orgânica e dos projetos que versarem, além de
outros casos previstos nesta Lei Orgânica, sobre:
I - plano diretor;
II - parcelamento, ocupação e uso do solo urbano;
III - sistema tributário;
IV - concessão de serviços públicos;
V - concessão de direito real de uso;
VI - alienação de bem imóvel;
VII - aquisição de bem imóvel por doação com encargo;
VIII - benefício fiscal;
IX - perdão de dívida ativa;
X - aprovação de empréstimo, operação de crédito e ato similar;
XI - modificação de nome de logradouro público com mais de 10 (dez) anos de vigência.
§ 2º - Depende do voto favorável da maioria dos membros da Câmara Municipal a
aprovação de projetos que versarem sobre:
I - matéria regimental;
II - meio ambiente;
III - obras;
IV - posturas;
V - regime jurídico do servidor público;
VI - organização administrativa;
VII - outorga de título e honraria.
§ 3º - O decreto-legislativo depende do voto favorável da maioria dos membros da Câmara
Municipal.
Art. 71 - Não será admitido aumento da despesa prevista nos projetos de iniciativa
privativa do Prefeito ou da Mesa Diretora.
Art. 72 - O Prefeito poderá solicitar, a qualquer tempo, urgência para apreciação de
projetos de sua iniciativa.
§ 1º - Se a Câmara Municipal não decidir sobre o projeto nos quarenta e cinco dias
seguintes ao pedido de urgência, será ele incluído na pauta da primeira reunião que
ocorrer após o vencimento do prazo, independentemente das formalidades regimentais,
sobrestando-se a deliberação quanto aos demais assuntos e proposições.
§ 2º - O prazo do parágrafo anterior não corre em período de recesso da Câmara
Municipal e não se aplica a projeto que dependa de quorum qualificado para aprovação.
Art. 73 - A proposição de lei, resultante de projeto aprovado pela Câmara Municipal, será
enviada ao Prefeito, que, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contados da data de seu
recebimento:
I - se aquiescer, sanciona-la-á;
II - se a considerar, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrária ao interesse
público, vetá-la-á total ou parcialmente.
§ 1º - O silêncio do Prefeito, decorrido o prazo previsto no caput, importa sanção.
§ 2º - O Prefeito, dentro das quarenta e oito horas seguintes à aposição de veto, enviará
ao Presidente da Câmara o texto vetado, com a respectiva fundamentação.
§ 3º - O veto parcial abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso, de alínea
ou parte individualizada de anexo.
§ 4º - A Câmara Municipal, dentro de trinta dias contados do recebimento da comunicação
do veto, sobre ele decidirá, em escrutínio secreto, e sua rejeição só ocorrerá pelo voto da
maioria de seus membros.
§ 5º - A Câmara Municipal poderá deliberar pela rejeição total ou parcial de veto,
observado o disposto no § 3º.
§ 6º - Se o veto não for mantido, será a proposição de lei enviada ao Prefeito para a
promulgação.
§ 7º - Esgotado o prazo estabelecido no § 4º sem deliberação, o veto será incluído na
ordem do dia da reunião imediata, sobrestadas as demais proposições, até a votação final,
ressalvada a matéria de que trata o § 1º do artigo anterior.
§ 8º - Se, nos casos dos §§ 1º e 6º, a lei não for, dentro de quarenta e oito horas,
promulgada pelo Prefeito, o Presidente da Câmara Municipal a promulgará, e, se este não
o fizer em igual prazo, deverá o Vice-Presidente fazê-lo.
Art. 74 - A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto
de novo projeto na mesma sessão legislativa por proposta da maioria dos membros da
Câmara Municipal.
Art. 75 - A matéria objeto de normatização municipal poderá ser submetida a referendo ou
plebiscito, nos termos e condições previstos na legislação federal.
Seção VI
Da Fiscalização e Dos Controles
Art. 76 - A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do
Município e das entidades da administração direta e indireta é exercida pela Câmara
Municipal, mediante controle externo, e pelo sistema de controle interno de cada poder e
entidade.
Art. 77 - Os poderes Legislativo e Executivo e as entidades da administração indireta
manterão, de forma integrada, sistema de controle interno, com a finalidade de:
I - avaliar o cumprimento das metas previstas nos respectivos planos plurianuais e a
execução dos programas de governo e orçamentos;
II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos da administração direta e das entidades
da administração indireta, e da aplicação de recursos públicos por entidade de direito
privado;
III - exercer o controle de operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres;
IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
Parágrafo único - Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de
qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência às autoridades competentes,
sob pena de responsabilidade solidária.
Art. 78 - A Câmara Municipal exercerá o controle externo da Administração Pública
Municipal com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado.
§ 1º - O controle externo será exercido a partir da análise do parecer prévio do Tribunal de
Contas do Estado sobre a prestação de contas, sem prejuízo das demais
formas de investigação outorgadas à Câmara Municipal pelas constituições Federal e
Estadual e por esta Lei Orgânica.
§ 2º - Se o Prefeito não apresentar as contas dentro do prazo legal, caberá à Câmara
Municipal proceder à respectiva tomada de contas, observada a legislação aplicável.
§ 3º - O parecer prévio do Tribunal de Contas só deixará de prevalecer pelo voto de dois
terço dos membros da Câmara Municipal.
§ 4º - No primeiro e no último ano do mandato do Prefeito, será enviado ao Tribunal de
Contas inventário de todos os bens móveis e imóveis do Município.
Art. 79 - O Prefeito, até sessenta dias antes do início do período ordinário da sessão
legislativa, comparecerá à Câmara Municipal para informar, por meio de relatório, sobre a
situação econômico-financeira e administrativa do Município.
Parágrafo único - A Câmara Municipal receberá o Prefeito, para os fins previstos no caput,
em reunião específica para esse fim.
Art. 80 - A Câmara Municipal incluirá em seu Regimento Interno a existência de uma
comissão destinada a proceder à fiscalização financeira e orçamentária do Município.
§ 1º - A fiscalização de que trata o caput será feita mediante acompanhamento das
publicações dos atos de execução financeira ou orçamentária, sem prejuízo de outros
meios legalmente admitidos.
§ 2º - A comissão poderá solicitar diretamente ao órgão praticante do ato de gestão
financeira e orçamentária a prestação de informações, em decorrência do exercício da
fiscalização de que trata este artigo ou em razão de denúncia que lhe tenha sido prestada
por terceiros.
§ 3º - Em caso de as informações solicitadas não serem prestadas ou se forem
consideradas insuficientes, poderá a comissão requerer ao Presidente da Câmara que
providencie a requisição pela via judicial.
§ 4º - Havendo suspeita de ocorrência de ilegalidade, ainda que não tenham sido
prestadas as informações solicitadas, a comissão representará aos órgãos competentes
para que se providencie a devida responsabilização.
Art. 81 - Qualquer cidadão, partido político, associação legalmente constituída ou sindicato
é parte legítima para, na forma da lei, denunciar à Câmara Municipal irregularidade ou
ilegalidade de ato de agente público.
Parágrafo único - Caso a matéria denunciada não seja de competência da Câmara
Municipal, esta orientará o denunciante a representar o fato ao Ministério Público, ao
Tribunal de Contas ou a outro órgão competente.
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO
Seção I
Disposições Gerais
Art. 82 - O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito, auxiliado pelos secretários municipais.
Art. 83 - O Prefeito e o Vice-Prefeito tomarão posse em reunião da Câmara Municipal,
prestando o seguinte compromisso: “Prometo manter, defender e cumprir a Constituição
da República, a do Estado e a Lei Orgânica Municipal, observar as leis, promover o bem
geral do povo pedroleopoldense e sustentar a integridade e a autonomia de Pedro
Leopoldo”.
§ 1º - O Prefeito e o Vice-Prefeito deverão, no ato da posse e ao término do mandato,
apresentarão à Câmara Municipal declaração de seus bens, firmada no cartório
competente.
§ 2º - Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Prefeito ou o Vice-Prefeito,
salvo motivo de força maior, não tiver assumido o respectivo cargo, este será declarado
vago.
Art. 84 - Salvo no caso de licença médica, depende de prévia autorização legislativa o
afastamento do Prefeito ou do Vice-Prefeito do exercício de suas funções.
Art. 85 - O Prefeito e o Vice-Prefeito residirão no Município de Pedro Leopoldo.
Parágrafo único - Depende de prévia autorização legislativa a ausência do Prefeito do
território municipal e a do Vice-Prefeito do território estadual por mais de 10 (dez) dias, e
a de ambos do território nacional por qualquer tempo.
Art. 86 - Terminará o mandato do Prefeito ou do Vice-Prefeito:
I - ao final do prazo legal;
II - pela renúncia;
III - pela condenação judicial;
IV - pela cassação;
V - pela assunção de outro cargo ou função pública.
§ 1º - A renúncia é ato unilateral, não se sujeitando a deliberação e tornando-se definitiva
após a entrega do documento que a contiver à Câmara Municipal.
§ 2º - Caberá ao Presidente da Câmara Municipal declarar extinto o mandato no caso de
condenação judicial, observada a legislação federal pertinente.
§ 3º - A cassação será decidida pela Câmara Municipal e ocorrerá no caso de infração
político-administrativa, dependendo:
I - de prévia tipificação em lei federal;
II - de instauração do devido processo legal, nos termos da legislação federal, assegurada
ampla defesa, o contraditório, a publicidade e a decisão motivada.
§ 4º - Em caso de falta de apresentação de defesa no curso do processo por infração
político-administrativa, o Presidente da Câmara Municipal nomeará defensor dativo para
representar o réu faltoso, que permanecerá no processo até seu final, mesmo que cesse à
revelia.
§ 5º - Não perderá o mandato o Vice-Prefeito que assumir cargo ou função na
administração pública direta ou indireta municipal.
Art. 87 - Ao término do mandato, o Prefeito garantirá ao seu sucessor eleito plenas
condições de acesso à informações sobre a situação-financeira e administrativa do
Município.
Parágrafo único - A lei disciplinará as condições necessárias para assegurar o cumprimento
do previsto no caput.
Art. 88 - O Prefeito será suspenso de suas funções nas condições e nos casos previstos pela
legislação federal pertinente.
Art. 89 - Em caso de impedimento do Prefeito e do Vice-Prefeito, ou na vacância dos
respectivos cargos, serão sucessivamente chamados ao exercício do Governo o Presidente
e o Vice-Presidente da Câmara Municipal.
Parágrafo único - Vagando os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito, a sucessão dar-se-á nos
termos previstos na Constituição Federal para vacância de cargos do Poder Executivo.
Seção II
Das Atribuições do Prefeito e do Vice-Prefeito
Art. 90 - Compete privativamente ao Prefeito, além de outras atribuições previstas nas
Constituições Federal e Estadual, na legislação aplicável e nesta Lei Orgânica:
I - exercer, com o auxílio dos Secretários Municipais, a direção superior do Poder
Executivo;
II - prover os cargos, empregos e funções públicas da administração direta do Poder
Executivo, bem como os cargos e empregos de direção ou administração superior das
entidades públicas da administração indireta;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Lei Orgânica;
IV - fazer publicar as leis que promulgar e, para sua fiel execução, expedir decretos
regulamentadores;
V - extinguir cargo ou emprego declarado desnecessário ao Poder Executivo, na forma da
Constituição Federal;
VI - celebrar convênio com entidade de direito público ou privado;
VII - contrair empréstimo interno ou externo e fazer operação ou acordo externo de
qualquer natureza, observadas as regras e os procedimentos pertinentes.
Art. 91 - O Vice-Prefeito, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei,
auxiliará o Prefeito sempre que por ele convocado para missões especiais.
Parágrafo único - O Vice-Prefeito substituirá o Prefeito, no caso de impedimento, e lhe
sucederá no caso de vacância.
Seção III
Do Secretário Municipal
Art. 92 - O Secretário Municipal será escolhido dentre brasileiros maiores de vinte e um
anos de idade no exercício dos direitos políticos.
§ 1º - Compete ao Secretário Municipal, além de outras atribuições conferidas em lei:
I - exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos de sua Secretaria e das
entidades da administração indireta a ela vinculadas;
II - subscrever ato e decreto do Prefeito, na sua área de competência;
III - expedir instruções para a execução de lei ou decreto;
IV - apresentar ao Prefeito relatório anual de sua gestão, que será tornado público;
V - comparecer à Câmara Municipal, nos casos e para os fins indicados nesta Lei Orgânica;
VI - praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas
pelo Prefeito.
§ 2º - O Secretário Municipal sujeita-se às vedações constitucionais de acumulação de
cargos públicos, bem como às regras de fixação de remuneração dos detentores de
mandato eletivo.
Seção IV
Da Representação Jurídica do Município
Art. 93 - O Poder Executivo terá órgão que o represente judicialmente e que lhe preste
consultoria e assessoramento jurídicos.
Parágrafo único - O provimento de cargos com atribuições referidas no caput dar-se-á nos
termos da lei municipal, respeitadas as exigências da legislação federal quanto ao exercício
de atividade profissional.
TÍTULO IV
DAS FINANÇAS PÚBLICAS
CAPÍTULO I
DO SISTEMA TRIBUTÁRIO MUNICIPAL
Seção I
Dos Tributos
Art. 94 - O Município instituirá os tributos previstos na Constituição da República como
sendo de sua competência.
Parágrafo único - A instituição de tributos observará os limites constitucionais e as
disposições de lei complementar federal.
Art. 95 - O Município terá direito a participação no produto da arrecadação tributária da
União e do Estado, nos termos da Constituição Federal.
Seção II
Dos Contribuintes
Art. 96 - O Município deve buscar o bom relacionamento entre o fisco e o contribuinte,
baseado na cooperação, no respeito mútuo e na parceria, no intuito de arrecadar recursos
necessários ao cumprimento de suas atribuições.
Art. 97 - São assegurados ao contribuinte, dentre outros, os seguintes direitos:
I - a igualdade de tratamento, com respeito e urbanidade, em qualquer repartição
administrativa ou fazendária do Município;
II - o acesso a dados e informações de seu interesse registrados nos sistemas de
tributação, arrecadação e fiscalização, e o fornecimento de certidões, se solicitadas;
III - a orientação sobre procedimentos administrativos;
IV - a identificação do servidor nas repartições administrativas e fazendárias e nas ações
fiscais;
V - a ampla defesa antes da obrigatoriedade de pagamento dos valores objeto de
autuação;
VI - o recebimento de comprovante detalhado dos documentos, livros e mercadorias
entregues à fiscalização ou por ela apreendidos;
VII - a proteção contra o exercício arbitrário ou abusivo do poder público nos atos de
constituição e cobrança de tributos;
VIII - a exigência de imediata correção de seus dados cadastrais, sem quaisquer ônus,
sempre que encontrar inexatidão à qual não deu causa.
Art. 98 - É vedado ao Município estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de
qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
CAPÍTULO II
DO ORÇAMENTO MUNICIPAL
Art. 99 - Leis de iniciativas do Prefeito estabelecerão:
I - o plano plurianual de ação governamental;
II - as diretrizes orçamentárias;
III - os orçamentos anuais.
Art. 100 - O plano plurianual de ação governamental será elaborado em consonância com
o plano diretor e estabelecerá, além de outros aspectos previstos na legislação federal, as
diretrizes, objetivos e metas relativas a programas de duração continuada.
Parágrafo Único - O Projeto de Lei do Plano Plurianual será enviado à apreciação da
Câmara de Vereadores do Município até o dia 30 do mês de setembro do primeiro ano de
mandato do Prefeito. (ACRESCIDO PELA EMENDA Nº 02/2005)
Art. 101 - A Lei de Diretrizes Orçamentárias, compatível com o plano plurianual de ação
governamental, compreenderá, além de outros aspectos previstos na legislação federal, os
programas de duração continuada que serão efetuados no exercício financeiro
subseqüente.
Parágrafo Único - O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias será enviado à
apreciação da Câmara de Vereadores do Município até o dia 31 do mês de maio de cada
ano. (ACRESCIDO PELA EMENDA Nº 02/2005)
Art. 102 - A Lei Orçamentária Anual estabelecerá, além dos aspectos previstos na
legislação federal, os recursos necessários à efetivação das diretrizes, objetivos e metas
relativas a programas de duração continuada escolhidos para serem efetivados no
exercício a que se referir.
Parágrafo Único - O Projeto de Lei Orçamentária Anual será enviado para apreciação da
Câmara de Vereadores do Município até o dia 31 de agosto de cada exercício financeiro.
(ACRESCIDO PELA EMENDA Nº 02/2005)
Art. 103 - Os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao
orçamento anual e aos créditos adicionais serão apreciados por comissão permanente da
Câmara, nos termos regimentais.
§ 1º - As emendas ao projeto de lei do orçamento anual ou a projeto que o modifique
devem indicar os recursos necessários, admitidos apenas os provenientes de anulação de
despesa, observadas as restrições determinadas na Constituição Federal.
§ 2º - O Prefeito poderá, por meio de mensagem, propor à comissão alterações nos
projetos a que se refere o caput, enquanto não iniciada a votação na mesma.
Art. 104 - A execução orçamentária observará os limites estabelecidos na legislação
federal, principalmente quanto à execução de novos programas e projetos, abertura de
crédito adicional e operação de crédito.
Art. 105 - A despesa com pessoal ativo e inativo do Município não poderá exceder os
limites estabelecidos em lei complementar federal.
Parágrafo único - O descumprimento dos limites estabelecidos sujeitam o Município a
adotar as providências previstas na Constituição Federal e em legislação que a
complemente.
Art. 106 - A execução orçamentária deve ser orientada pela transparência, obrigando-se o
Município a prestar contas, nos termos da lei federal pertinente.
Art. 107 - Os recursos correspondentes às dotações orçamentárias, compreendidos
também os créditos suplementares e especiais destinados à Câmara, ser-lhe-ão
repassados no prazo previsto na Constituição.
TÍTULO V
DA ORDEM SOCIAL
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÃO GERAL
Art. 108 - A ordem social tem como base o primado do trabalho e como objetivo o bem-
estar e a justiça sociais.
§ 1º - As políticas públicas municipais de caráter social são planejadas, elaboradas e
implantadas sob os princípios da descentralização, universalização, transparência e
participação comunitária.
§ 2º - O Município poderá, no cumprimento das políticas públicas municipais de caráter
social, subvencionar entidade beneficente de direito público ou privado, nos termos da lei.
CAPÍTULO II
DA SAÚDE
Art. 109 - A saúde é direito de todos, e a assistência a ela é dever do poder público,
assegurada mediante políticas econômicas e sociais que visem à redução do risco de
doenças e de outros agravos e ao estabelecimento de condições que assegurem acesso
universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
§ 1º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a
educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais.
§ 2º - O Município adotará políticas públicas que promovam os fatores referidos no
parágrafo anterior, demonstrando sua eficácia para alcançar os objetivos inerentes à ação
pública voltada para a saúde.
Art. 110 - As ações e serviços de saúde são de relevância pública, e cabem ao poder
público sua regulamentação, fiscalização e controle, na forma de lei.
Parágrafo único - O dever do Município não exclui o das pessoas, da família, das empresas
e da sociedade.
Art. 111 - As ações e serviços de saúde de responsabilidade do Sistema Municipal de Saúde
fazem parte do Sistema Único de Saúde, que se organiza de acordo com as diretrizes
estabelecidas na Constituição Federal e em legislação federal pertinente.
Art. 112 - Compete ao Município, além de outras atribuições previstas na legislação
federal:
I - a elaboração e atualização periódica do Plano Municipal de Saúde, em consonância com
os planos estadual e federal e com a realidade epidemiológica;
II - a direção, gestão, controle e avaliação das ações municipais de saúde;
III - a administração do fundo municipal de saúde e a elaboração de proposta
orçamentária;
IV - o controle da produção ou extração, armazenamento, transporte e distribuição de
substâncias, produtos, máquinas e equipamentos que possam apresentar riscos à saúde
da população;
V - o planejamento e execução das ações de vigilância epidemiológica e sanitária, incluindo
os relativos à saúde dos trabalhadores e ao meio ambiente, em articulação com os demais
órgãos e entidades governamentais.
VI - a normatização complementar e a padronização dos procedimentos relativos à saúde;
VII - a formulação e implementação de política de recursos humanos na esfera municipal;
VIII - o controle dos serviços especializados em segurança e medicina do trabalho.
Parágrafo único - A política municipal de saúde dará prioridade às medidas de caráter
preventivo.
Art. 113 - A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde, em caráter
complementar, nos termos da legislação federal.
Art. 114 - O sistema único de saúde, no âmbito do Município, será financiado com recursos
do orçamento municipal e dos orçamentos da seguridade social da União e do Estado,
além de outras fontes, de acordo com o que dispõem a Constituição Federal e a legislação
federal pertinente.
CAPÍTULO III
DO SANEAMENTO BÁSICO
Art. 115 - Compete ao poder público formular e executar a política e os planos plurianuais
de saneamento básico, assegurando:
I - o abastecimento de água, compatível com os padrões de potabilidade, para a adequada
higiene e o conforto da população;
II - a coleta e disposição dos esgotos sanitários, dos resíduos sólidos e a drenagem das
águas pluviais, de forma a preservar o equilíbrio ecológico e prevenir ações danosas à
saúde;
III - o controle de vetores.
§ 1º - As ações de saneamento básico serão precedidos de planejamento que atenda aos
critérios de avaliação do quadro sanitário da área a ser beneficiada e procure melhorar ou
reverter o perfil epidemiológico.
§ 2º - O poder público desenvolverá mecanismos institucionais que compatibilizem as
ações de saneamento básico, habitação, desenvolvimento urbano, preservação do meio
ambiente e a gestão dos recursos hídricos, buscando integração com outros Municípios
nos casos em que se exigem ações conjuntas.
§ 3º - As ações municipais de saneamento básico serão executadas diretamente ou por
meio de concessão ou permissão, com o objetivo de atender à população adequadamente.
Art. 116 - O poder público adotará política pública de tratamento de lixo urbano a partir de
estudos e de planejamento estruturado para a execução de processos eficazes, desde a
coleta até o seu destino final.
Parágrafo único - A política de que trata o caput visará, dentre outros objetivos:
I - a coleta de lixo de forma seletiva;
II - reintroduzir, quando possível, os resíduos no ciclo do sistema ecológico;
III - amenizar o impacto ambiental.
CAPÍTULO IV
DA EDUCAÇÃO
Art. 117 - A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 118 - É dever do Município garantir:
I - oferta de educação infantil e fundamental gratuitas a todas as crianças e jovens na
idade escolar;
II - expansão do ensino médio, complementarmente ao Estado;
III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades
especiais, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
V - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, com características e
modalidades adequadas às suas necessidades e disponibilidades, garantidas aos que forem
trabalhadores as condições de acesso e permanência na escola;
VI - atendimento ao educando, no ensino fundamental público, por meio de programas
suplementares de fornecimento de material didático-escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde;
VII - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como a variedade e quantidade
mínimas, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo de
ensino-aprendizagem;
VIII - adoção de mecanismo que garanta o ensino em menor espaço de tempo a quem não
pôde estudar na idade própria, sem prejuízo da qualidade pedagógica;
IX - oferta de idiomas estrangeiros na grade curricular, considerando os mais necessários à
inserção do educando no mercado de trabalho.
Art. 119 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar e pesquisar, e de divulgar a cultura, o pensamento, a
arte e o saber;
III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extra-escolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
CAPÍTULO V
DA CULTURA
Art. 120 - O acesso aos bens da cultura e às condições objetivas para produzi-la é direito
do cidadão e dos grupos sociais.
Parágrafo único - Todo cidadão é um agente cultural e o poder público incentivará, de
forma democrática, os diferentes tipos de manifestação cultural existentes no Município.
Art. 121 - Constituem patrimônio histórico e cultural do Município os bens de natureza
material e imaterial que contenham referência à identidade, à ação e à memória dos
diferentes grupos formadores do povo pedroleopoldense.
Art. 122 - O Município, com a colaboração da comunidade, protegerá planejada e
permanentemente, o patrimônio histórico e cultural municipal, por meio de inventário,
pesquisas, registro, vigilância, tombamento, desapropriação e outras formas de
acautelamento e preservação.
Parágrafo único - O Município disciplinará, por lei, observados os princípios e as normas
constitucionais e da legislação federal, a forma e os efeitos dos instrumentos de
acautelamento e preservação do patrimônio histórico e cultural.
Art. 123 - O poder público elaborará e implementará, com a participação e cooperação da
sociedade civil:
I - plano de instalação de bibliotecas públicas nas regiões e nos bairros da cidade;
II - plano de divulgação permanente da história do Município;
III - oficinas e cursos de redação, artes plásticas, artesanato, dança e fotografia, além de
outras formas de expressão cultural e artística.
Parágrafo único - Todas as áreas públicas são abertas às manifestações culturais.
CAPÍTULO VI
DO MEIO AMBIENTE
Art. 124 - Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as gerações presentes e futuras.
Art. 125 - Cabe ao Poder Público:
I - elaborar e implantar, mediante lei, um Plano Municipal de Meio Ambiente e Recursos
Naturais, que objetivará o conhecimento das condições dos meios físico e biológico, de
diagnóstico de sua utilização e definição de diretrizes para o seu melhor aproveitamento
no processo de desenvolvimento econômico e social do Município;
II - definir e implantar áreas, no espaço territorial do Município, a serem especialmente
protegidas, permitida a sua alteração e supressão somente por lei, vedada qualquer
utilização que comprometa a integridade dos atributos e justificam sua proteção;
III - garantir o amplo acesso dos interessados às informações sobre as causas da poluição e
da degradação ambiental;
IV - promover medidas judiciais e administrativas de responsabilização dos causadores de
poluição ou de degradação ambiental.
Art. 126 - O Poder Público adotará política pública visando a proteção de mananciais de
água e das áreas ribeirinhas, observadas as políticas, leis e diretrizes federais e estaduais.
CAPÍTULO VII
DO DESPORTO E DO LAZER
Art. 127 - O Município promoverá, estimulará, orientará e apoiará a prática desportiva e a
educação física por meio de:
I - destinação de recursos públicos;
II - proteção às manifestações esportivas e preservação das áreas a elas destinadas;
III - tratamento diferenciado entre o desporto profissional e não-profissional.
§ 1º - Para os fins do artigo cabe ao Município, nos termos da lei:
I - exigir, nos projetos urbanísticos, nas unidades escolares públicas e nos conjuntos
habitacionais, reserva de área destinada a praça ou campo de esporte e lazer comunitário;
II - utilizar-se de terreno próprio, cedido ou desapropriado, para desenvolvimento de
programa de construção de centro esportivo, praça de esporte, ginásio, áreas de lazer e
campos desportivos.
§ 2º - O Município garantirá ao portador de deficiência atendimento especial na prática da
educação física e da atividade desportiva, sobretudo no âmbito escolar.
Art. 128 - O Município apoiará e incentivará o lazer e o reconhecerá como forma de
promoção social.
CAPÍTULO VIII
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO IDOSO E DO PORTADOR DE
DEFICIÊNCIA
Art. 129 - O Município, na formulação de suas políticas sociais, possibilitará à família, nos
limites de sua competência e em colaboração com a União e o Estado, condições para a
realização de suas funções sociais.
Parágrafo único - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da
paternidade e maternidade responsáveis, o planejamento familiar é livre decisão do casal,
competindo ao Município, por meio de recursos educacionais e científicos, colaborar com
a União e o Estado para assegurar o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte das instituições públicas.
Art. 130 - É dever da família, da sociedade e do poder público assegurar às crianças e aos
adolescentes, com absoluta prioridade, o direito à cultura, à dignidade, ao respeito, à
liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma
de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Parágrafo único - As ações do Município de proteção à infância e à adolescência serão
organizadas na forma da lei, com base nas seguintes diretrizes:
I - desconcentração do atendimento;
II - priorização dos vínculos familiares e comunitários, como medida preferencial para a
integração social de crianças e adolescentes;
III - participação da sociedade civil na formulação de políticas e programas, assim como na
implantação, acompanhamento, controle e fiscalização de sua execução.
Art. 131 - A família, a sociedade e o Município têm o dever de amparar as pessoas idosas,
assegurando sua participação na comunidade e garantido o direito à vida, à dignidade e ao
bem-estar.
Parágrafo único - O amparo ao idoso será, quando possível, exercido no próprio lar.
Art. 132 - O Município garantirá ao portador de deficiência, nos termos da lei:
I - participação na formulação da política para o setor;
II - direito à informação, à comunicação, ao transporte e à segurança, por diversos meios,
entre outros, a imprensa braille, a linguagem gestual, a sonorização de semáforos e a
adequação dos meios de transporte e dos prédios públicos;
III - sistema especial de transporte para freqüência às escolas e clínicas especializadas, na
impossibilitadas de uso do sistema de transporte comum.
Parágrafo único - O poder público estimulará o investimento de pessoas físicas na
adaptação e aquisição de equipamentos necessários ao exercício profissional dos
trabalhadores portadores de deficiência, conforme dispuser a lei.
TÍTULO VI
DA ORDEM ECONÔMICA
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 133 - O poder público municipal, agente normativo e regulador da atividade
econômica, exercerá, no âmbito de sua competência, as funções de planejamento,
incentivo, fiscalização e regulamentação de medidas que:
I - contemplem um planejamento urbano e rural que concilie as potencialidades
econômicas e as necessidades e conveniências sociais;
II - prestigiem o oferecimento de serviços e de políticas públicas estruturais em condições
que favoreçam o exercício das atividades produtivas em consórcio harmônico com os
interesses sociais;
III - incentivem a implantação de atividades produtivas no Município, particularmente:
a) cooperativas de trabalho;
b) micro e pequenas empresas;
c) estabelecimentos que ofereçam maior número de empregos e promovam menor
impacto aos patrimônios cultural e ambiental.
Parágrafo único - Ao conceder benefícios públicos de qualquer natureza, será dada
prioridade às atividades econômicas que se coadunem com as disposições do inciso III ou
apresentem, previamente, explicação técnica que justifique o interesse público.
Art. 134 - O Município, no âmbito de suas competências, estabelecerá normas e fiscalizará
a atuação das atividades econômicas, cuidando para que se coíba o abuso do poder
econômico e se assegure o pleno exercício dos direitos do consumidor.
CAPÍTULO II
DO PLANEJAMENTO URBANO E RURAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 135 - O planejamento urbano e rural será elaborado e implantado de forma a garantir:
I - o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade, proporcionando bem-estar à
população municipal;
II - o cumprimento da função social da propriedade;
III - a distribuição espacial adequada da população, das atividades sócio-econômicas, de
infra-estrutura básica e dos equipamentos públicos;
IV - a integração e a complementaridade das atividades urbanas e rurais;
V - a proteção, preservação e recuperação do meio ambiente e do patrimônio cultural;
VI - a urbanização, regularização e titulação das áreas ocupadas por população de baixa
renda;
VII - a compatibilidade com as políticas públicas adotadas pelos Municípios vizinhos e pela
região metropolitana da qual faz parte.
Parágrafo único - Deverá ser garantida a participação dos munícipes em todas as fases de
elaboração e implantação do planejamento urbano e rural, bem como no controle social
sobre as medidas a ele pertinentes.
Art. 136 - São instrumentos legais do planejamento urbano e rural, entre outros:
I - o plano diretor;
II - a lei sobre parcelamento, ocupação e uso do solo;
III - as leis sobre edificações e posturas;
IV - as leis contendo a política rural.
Parágrafo único - O Município adaptará sua legislação tributária ao previsto na legislação
referida no caput, de forma a adotar instrumentos que incentivem ou promovam a
implementação das medidas que integram o planejamento urbano e rural.
Art. 137 - O cumprimento das medidas de planejamento urbano e rural dar-se-á mediante
a utilização de um ou mais dos seguintes instrumentos:
I - imposto predial e territorial progressivo;
II - contribuição de melhoria;
III - transferência do direito de construir;
IV - parcelamento ou edificação compulsórios;
V - concessão do direito real de uso;
VI - servidão administrativa;
VII - tombamento;
VIII - desapropriação;
IX - fundos financeiros específicos.
§ 1º - A lei poderá instituir outros instrumentos para executar o planejamento urbano e
rural, observadas as disposições desta Lei Orgânica.
§ 2º - A lei que dispuser acerca dos instrumentos de planejamento urbano e rural conterá,
pelo menos:
I - a indicação das medidas a serem adotadas;
II - a definição dos procedimentos a serem seguidos na execução das respectivas medidas;
III - a delimitação do tipo de atividade ou de propriedade que serão afetadas;
IV - a especificação dos efeitos que as medidas poderão causar na atividade econômica ou
no exercício do direito de propriedade;
V - a previsão dos mecanismos de defesa e de recurso de que poderão fazer uso o agente
econômico ou o proprietário.
§ 3º - Os instrumentos de que tratam o caput e o § 1º deste artigo deverão ser
estabelecidos, regulados e utilizados de forma a garantir, cumulativamente:
I - eficácia às medidas de planejamento urbano e rural;
II - respeito às regras e aos princípios constitucionais e legais pertinentes.
Seção II
Do Plano Diretor
Art. 138 - O plano diretor é a lei básica do planejamento urbano e rural, de elaboração
obrigatória pelo Município.
§ 1º - O plano diretor observará, entre outros elementos referentes ao planejamento
urbano e rural, as seguinte diretrizes:
I - ordenamento do território, sob a perspectiva de parcelamento, ocupação e uso do solo;
II - preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural;
III - garantia de saneamento básico para toda a população;
IV - urbanização, regularização e titulação das áreas deterioradas, preferencialmente sem
remoção dos moradores;
V - reserva de áreas urbanas para implantação de projetos de cunho social.
§ 2º - O plano diretor definirá os objetivos estratégicos do planejamento urbano e rural,
fixados no intuito de solunar os principais entraves ao desenvolvimento social, indicada a
ordem de prioridade a ser respeitada na sua implementação.
§ 3º - Os orçamentos anuais, as diretrizes orçamentárias e o plano plurianual serão
elaborados em consonância com os objetivos e as prioridades estabelecidas no plano
diretor.
Seção III
Da Lei de Parcelamento, Ocupação e Uso do Solo
Art. 139 - O parcelamento do solo será condicionado à implantação comprovada ou a
compromisso formal de implantação de infra-estrutura suficiente às necessidades sociais,
nos termos de lei.
§ 1º - A lei referida no caput incluirá entre as medidas obrigatórias para comprovação de
infra-estruturais:
I - a implantação de sistema viário pavimentado, passeio, meio-fio, saneamento e serviços
de luz, água e esgoto em toda a área parcelada;
II - a implantação de área verde e de área de lazer em proporção mínima prevista em lei;
III - a possibilidade efetiva de extensão do serviço de transporte público coletivo em toda a
área a ser ocupada.
§ 2º - As áreas e espaços referidos nos incisos I e II do parágrafo anterior serão
transferidos ao Município e incorporados ao patrimônio público.
§ 3º - Além das áreas e espaços mencionados no parágrafo anterior, a lei que disciplinar o
parcelamento do solo definirá proporção mínima de transferência de terreno ao
Município, que será destinada à implantação de serviços públicos sociais.
Art. 140 - A lei que disciplinar a ocupação e o uso do solo será elaborada de forma a
garantir a compatibilidade entre as atividades admitidas em determinada parte do
território municipal com as diretrizes de comodidade, salubridade e tranqüilidade.
§ 1º - A ocupação do solo deverá ser estabelecida:
I - em conformidade com as diretrizes da política municipal pertinente a limpeza pública e
coleta, tratamento e destinação final do lixo;
II - de forma a garantir índice mínimo de permeabilidade de cada lote ou equivalente.
§ 2º - A lei referida no caput estabelecerá critérios contentores de incômodos de
quaisquer espécies nos limites do terreno onde forem gerados, sempre que ela admitir
atividades econômicas em região de uso residencial ou na sua vizinhança.
Seção IV
Das Leis sobre Edificações e sobre Posturas
Art. 141 - O Município elaborará lei que discipline a execução de obras, públicas ou
privadas, em seu território.
§ 1º - A lei referida no caput conterá:
I - exigência de que somente haverá construções quando o permitirem as condições
geológicas, minerais e hídricas do local;
II - critérios que garantam habitabilidade, segurança, salubridade e conforto, inclusive dos
vizinhos;
III - procedimentos de obtenção da licença;
IV - critérios de fiscalização, inclusive por parte dos vizinhos.
§ 2º - A lei de que trata este artigo determinará critérios para que o responsável pela
execução de obra ou serviço em logradouro público faça os necessários reparos na via
urbana, restaurando-lhe a qualidade anterior.
Art. 142 - Os logradouros públicos, passeios e meio-fio deverão ser construídos e mantidos
de forma a garantir acesso adequado ao portador de deficiência e ao idoso.
Parágrafo único - Nos termos da lei, as disposições do caput serão aplicadas a edifícios
públicos, a edificações destinadas ao uso industrial, comercial, de serviços e residência
multi-familiar.
Art. 143 - O Município estabelecerá as regras disciplinadoras das posturas municipais,
visando à organização do meio urbano e rural, ao bem-estar da população e à melhoria da
qualidade de vida.
§ 1º - Para os fins da legislação municipal, entende-se por posturas municipais todo uso de
bem público ou privado, o exercício de qualquer atividade que ocorra em logradouro
público ou em local público ou privado que seja de acesso livre, ainda que não gratuito, ou
que seja visível do logradouro público.
§ 2º - A legislação de que trata este artigo estabelecerá punição aos titulares ou
executores de atividades que praticarem atos que configurem discriminação de qualquer
espécie àqueles que buscarem seus serviços.
§ 3º - A legislação de posturas definirá atividades de interesse social que deverão manter
sistema de plantão em dias não úteis e horários noturnos, fixando as regras para sua
efetivação e controle.
Seção V
Da Política Rural
Art. 144 - A política rural será planejada e executada na forma da lei, com a participação
efetiva de produtores e trabalhadores rurais, bem como dos setores de comercialização,
armazenamento e transporte, considerando:
I - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
II - a orientação para o preparo da terra em condições que a proteja da exaustão;
III - o incentivo e a assistência técnica ao produtor rural que se dedica à agropecuária de
subsistência ou ao pequeno produtor rural;
IV - a proteção ao meio ambiente e à saúde, humana e animal;
V - o controle do processo de abatimento, corte e comercialização de animais;
VI - o apoio ou promoção de eventos relacionados ao setor.
§ 1º - Para os fins do inciso III, entende-se como pequeno produtor rural aquele com
titularidade própria ou familiar de até vinte hectares.
§ 2º - O abatimento e corte de animais poderão ser efetuados também em
estabelecimentos públicos, se assim convier à política municipal específica, ou apenas em
estabelecimentos privados, sujeitos à fiscalização e normatização públicas.
CAPÍTULO III
DOS SERVIÇOS E DAS POLÍTICAS PÚBLICAS ESTRUTURAIS
Seção I
Disposições Gerais
Art. 145 - O Município, respeitada a legislação federal e estadual, planejará, organizará,
dirigirá, coordenará, executará e controlará a prestação de serviços públicos e a
implementação de políticas públicas estruturais que sejam de sua competência.
Parágrafo único - Entende-se por serviços e políticas públicas estruturais aqueles
destinados ao atendimento de demanda geral da sociedade.
Art. 146 - As diretrizes, objetivos e metas dos serviços e das políticas públicas estruturais
serão estabelecidos em lei de forma compatível com os demais instrumentos de
planejamento urbano e rural.
§ 1º - A lei que dispuser sobre a organização, funcionamento e fiscalização dos serviços
públicos e das políticas públicas estruturais fixará diretrizes de caracterização precisa do
objeto respectivo e estabelecerá meios de proteção eficaz do interesse público e dos
direitos dos usuários.
§ 2º - As seções seguintes deste Capítulo dispõem sobre as premissas básicas de alguns
serviços e políticas públicas estruturais, que deverão ser obedecidas quando da elaboração
das leis reguladoras respectivas.
Art. 147 - O Município assegurará a universalização de acesso aos serviços e às políticas
públicas estruturais.
Art. 148 - O Município planejará e organizará seus serviços e políticas públicas estruturais
de forma harmônica com os municípios que compõem a região metropolitana da qual faz
parte, com o objetivo de estabelecer estratégia de atendimento à demanda regional, bem
como a viabilizar formas consorciadas de investimento no setor.
Art. 149 - Compete ao Poder Executivo fixar as tarifas dos serviços públicos sujeitos a
cobrança.
§ 1º - O cálculo das tarifas abrangerá o custo da produção, do gerenciamento e do
controle do serviço e a garantia de manutenção de padrões mínimos de conforto,
segurança e rapidez, observado o princípio da modicidade para o usuário.
§ 2º - O Executivo dará divulgação à planilha correspondente às tarifas fixadas, indicando:
I - a metodologia de cálculo adotada;
II - a relação dos serviços e insumos considerados na fixação do valor;
III - o peso percentual de cada serviço ou insumo no preço final;
IV - a justificativa para a metodologia adotada, para a consideração de cada serviço ou
insumo e para o peso percentual de cada um dos dados.
§ 3º - A divulgação a que se refere o parágrafo anterior será feita por meio de publicação
em jornal de ampla circulação local, de afixação em quadro de aviso nos prédios públicos
municipais e, sempre que possível, em meio de informação eletrônica de livre acesso.
§ 4º - A divulgação deverá ser feita com antecedência mínima de um mês em relação à
data de entrada em vigência da tarifa.
§ 5º - A concesão de qualquer tipo de gratuidade em serviço público sujeito a cobrança só
será permitida mediante lei.
Art. 150 - Os serviços públicos poderão ser prestados diretamente pelo poder público ou
mediante delegação, nos termos da lei.
Parágrafo único - O poder público, no caso de delegação de serviço público estrutural,
manterá sistema de controle para garantir a obediência aos princípios e regras previstos
nesta Lei Orgânica e na legislação aplicável.
Seção II
Do Transporte Público
Art. 151 - O serviço de transporte público municipal inclui as seguintes modalidades de
prestação:
I - transporte coletivo de passageiros;
II - transporte escolar;
III - transporte individual de passageiros.
§ 1º - A lei definirá o tipo de veículo que poderá ser utilizado na prestação dos serviços
referidos no caput, especificando as condições mínimas para sua utilização.
§ 2º - A regulamentação do serviço de transporte, em cada modalidade prevista no caput,
admitirá o fretamento, quando tecnicamente possível e financeiramente adequado.
Art. 152 - O planejamento dos serviços de transporte coletivo será feito com observância
dos seguintes princípios:
I - compatibilização entre transporte e uso do solo;
II - integração física, operacional e tarifária entre as diversas modalidades de transporte;
III - adoção de medidas garantidoras de proteção ambiental;
IV - participação da sociedade civil.
Parágrafo único - Ficam aprovados os veículos tipo ônibus, perua e metrô para utilização
no serviço de transporte coletivo de passageiros.
Art. 153 - O transporte escolar será organizado de forma a garantir segurança aos
estudantes mediante:
I - seleção especial de condutores, objetivando a escolha de pessoal apto a lidar com os
usuários do serviço e a prestar primeiros socorros;
II - utilização de veículos preparados, para a conformação física de crianças e adolescentes;
III - sistema permanente de treinamento e atualização dos condutores e de manutenção e
revisão dos veículos.
Art. 154 - O serviço de transporte individual de passageiros será feito por meio de carro de
passeio e será prestado preferencialmente nesta ordem:
I - por motorista profissional autônomo;
II - por associação de motoristas profissionais autônomos;
III - por pessoa jurídica.
Art. 155 - O sistema de tráfego e trânsito será definido de forma a propiciar segurança e
conforto para as pessoas, respeito ao meio ambiente e eficiência do serviço público de
transporte.
§ 1º - O Município definirá o sistema de tráfego e trânsito dando preferência à circulação
dos veículos de transporte coletivo.
§ 2º - As vias integrantes dos itinerários das linhas de transporte coletivo de passageiros
terão prioridade para pavimentação e conservação.
§ 3º - O sistema de tráfego e trânsito incluirá a construção, pelo poder público ou
mediante delegação, de terminais de transporte coletivo e de abrigos nos pontos de
parada.
Seção III
Da Habitação
Art. 156 - O Município adotará política habitacional visando à oferta de moradia à
população de baixa renda e à constante melhoria das condições habitacionais.
Parágrafo único - Para os fins deste artigo, o Poder Público atuará:
I - na oferta de habitações e de lotes urbanizados, integrados à malha urbana existente;
II - na implantação de programas para redução do custo de materiais de construção;
III - no desenvolvimento de técnicas para barateamento final da construção;
IV - no incentivo às cooperativas habitacionais;
V - na regularização fundiária e urbanização específica de loteamentos;
VI - na assessoria à população em matéria de usucapião urbano.
Art. 157 - O Poder Público promoverá a construção habitacionais ou loteamentos com
urbanização simplificada, assegurando:
I - a redução do preço final das unidades;
II - a complementação, pelo poder público, da infra-estrutura não implantada;
III - a destinação exclusiva àqueles que não possuem outro imóvel.
§ 1º - A implantação de conjunto habitacional será integrada com o programa de incentivo
a atividades econômicas que promovam a geração de empregos para a população
residente.
§ 2º - A desapropriação de área habitacional popular pelo poder público será antecedida
de reassentamento da população desalojada.
§ 3º - Na implantação de conjuntos habitacionais com mais de 300 (trezentas) unidades
será obrigatória a apresentação de relatório de impacto ambiental e econômico-social,
assegurada a sua discussão em audiência pública.
§ 4º - A política habitacional do Município priorizará o residente na cidade por mais
tempo.
§ 5º - Fica proibida a doação de unidade habitacional a quem não tenha pelo menos 5
(cinco) anos de residência comprovada no Município.
Seção IV
Do Abastecimento
Art. 158 - O Município, nos limites de sua competência e em cooperação com a União e o
Estado, organizará sistema de abastecimento, priorizando o segmento de baixo poder
aquisitivo, mediante:
I - dimensionamento da demanda, em qualidade, quantidade e valor, de alimentos básicos
necessários aos padrões adequados de nutrição;
II - incentivo à melhoria do sistema de distribuição varejista, em áreas de concentração de
consumidores de menor renda;
III - ampliação e otimização do sistema de distribuição de estoques governamentais aos
programas de abastecimento popular;
IV - incentivo à implantação e à ampliação de locais de venda de produtos alimentícios
diretamente pelos produtores, por intermédio de suas entidades associativas;
V - apoio à produção de alimentos básicos em hortas e pomares comunitários ou em
quintais de residências populares, objetivando o consumo próprio.
Seção V
Do Turismo
Art. 159 - O Município apoiará e incentivará o turismo como atividade econômica,
reconhecendo-o como forma de promoção e desenvolvimento social e cultural.
Art. 160 - São diretrizes para a política municipal de turismo:
I - adotar plano integrado e permanente do setor com outras atividades municipais;
II - desenvolver efetiva infra-estrutura turística;
III - estimular e apoiar a produção artesanal local, as feiras, exposições e eventos turísticos;
IV - proteger o patrimônio ecológico e histórico-cultural;
V - regulamentar o uso, a ocupação e a fruição de bens naturais e culturais de interesse
turístico;
VI - promover a conscientização do público para preservação e difusão dos recursos
naturais e culturais;
VII - incentivar o turismo social;
VIII - incentivar a formação de pessoal especializado para o atendimento da atividades
turísticas.
Parágrafo único - O Poder Executivo adotará as medidas necessárias para que no carnaval
e em outras datas e eventos festivos sejam liberadas maior número possível de praças,
avenidas e ruas para que a população se manifeste livremente.
TÍTILO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 161 - O território do Município permanece o mesmo fixado anteriormente à
promulgação desta Emenda à Lei Orgânica.
Art. 162 - Os atos dos Poderes Executivo e Legislativo serão divulgados ao público, nos
termos da lei.
Art. 163 - A obrigação estabelecida no § 1º do art. 83 estende-se aos Vereadores e aos
Secretários Municipais.
Art. 164 - A data cívica do Município será comemorado, anualmente, no dia 27 de janeiro.
Art. 165 - O Município deverá estimular o uso de veículos propulsionados por força
humana, sem apoio combustível de qualquer espécie, inclusive mediante a instituição de
vias exclusivas para seu tráfego.
TÍTULOS VIII
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 166 - O Executivo envidará esforços para a instalação de escola técnica
profissionalizante e de escola rural no Município.
Art. 167 - O Executivo elaborará estudos de viabilidade de criação de um complexo
comercial no território do Município.
Art. 168 – Esta Lei Orgânica entra em vigor na data de sua publicação, revogando a Lei
Orgânica promulgada em 16 de março de 1990 e alterações posteriores.
Sala das Sessões, em 27 de Dezembro de 2002.
Elvécio Lucas de Bastos Silva
Presidente