Sandra Reimão - Repressão e Resistência - Censura A Livros Na Ditadura Militar-Edusp (2019)
Sandra Reimão - Repressão e Resistência - Censura A Livros Na Ditadura Militar-Edusp (2019)
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAUtO
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- EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
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Incluí imagens.
Inclui anexos.
ISBN 978•8S·314•17SS·9
Direitos reservudos à
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Apresentação ~ ~
Sobre os Artigos ~~
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Anexos '[I~
1. Decreto-lei 1.077, de 26 de Janeiro de 1970 'LIW
Referências '[lm)
Créditos das Capas Reproduzidas '[l!W
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Dos Leitores
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No primeiro capítulo, "Ditadura Militar e Censura a Livros. Brasil, 1964-1985",
delineia-se um panorama histórico da atuação censória dos governos militares em
relação à cultura, às artes e aos livros. Neste capítulo, buscamos ta111bém identificar
os livros de autores brasileiros vetados pela censura.
A partir do q uadro geral traçado nesse capítulo inicial, passamos, nos capítulos
seguintes, a detalhar alguns casos de vetos censórios a textos de ficção de autores
brasileiros.
O segundo capítulo ten1 por tema a censura aos livros Feliz Ano Novo, de Ru-
bem Fonseca, e Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, ocorrida em n1eados da dé-
cada de 1970. São casos exemplares no sentido de que ambos os processos tiveram
início por meio de denúncias, como era comum na época.
O veto ao livro Dez Histórias Imorais, de Aguinaldo Silva, publicado em 1967,
é o assunto do terceiro capítulo. Este é um caso muito específico, no qual o exame
pela ocoP e a decisão de veto se deram nove anos depois da publicação do livro.
Nossa hipótese é a de que as atuações posteriores de Aguinaldo Silva como colabo-
rador de publicações em franca oposição à ditadura 1nilitar, alén1 de sua militân-
cia pelos direitos de n1inorias, deram mais visibilidade ao autor e motivaram uma
nova empreitada da censura em relação a ele. .
O quarto capítulo enfoca a censura ao livro Em Câmara Lenta, de Renato Tapa-
jós, publicado em maio de 1977 pela editora Alfa-ômega, caso único de autor preso
durante a ditadura 1nllitar em virtude do conteúdo de um livro.
Por fim, no quinto capítulo, o estudo das diferentes reações da Revista Status
frente à proibição da publicação dos contos "Mister Curitiba", de Dalton Tre-
visan, em 1976, e "O Cobrador", de Rubem Fonseca, em 1978, possibilitou-nos
detalhar a existência de n1omentos diversos da atividade censória durante a dita-
dura militar brasileira. O fato de esses contos terem sido vetados para publicação
em revista, mas não o terem sido para publicação em livro, é um exemplo con-
creto de que a censura durante a ditadura militar teve atuações diferenciadas,
não só nos distintos períodos co1no també,n en1 relação aos diversos meios de
comunicação. '
Nos anexos, o leitor deste livro encontrará à sua disposição uma série de docu-
n1entos vinculados à atividade da censura no Brasil: leis, listagens de obras, .m a.n i-
•
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INAUGOAÃÇOES
2000 km de asfalto
*
No Brasil, durante a ditadura militar (1964-1985), a censura oficial do Estado
em relação a filmes, peças teatrais, discos, apresentações de grupos n1usicais, car-
tazes e espetáculos públicos em geral era exercida pelo Ministério da Justiça (MJ),
destacadamente por meio do Serviço de Censura de Diversões Públicas (SCDP), da
Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP). A partir de 1970, livros e revis-
tas também passara1n a ser examinados pelo SCDP/DCDP.
Este livro aborda a censura oficial à cultura e às artes e, especificamente, a livros
de ficção de autores nacionais durante a ditadura militar brasileira.
O estudo dos atos censórios em relação aos livros possibilita o delineamento de '
•
14 Concebemos a censura como parte de um aparelho de coerção e repressão que
Repressão e Resistência resultou em enorn1es prejuízos no exercício da cidadania e da cultora em geral.
*
No prin1eiro capítulo, "Ditadura Militar e Censura a Livros. Brasil, 1964-1985':
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delineia-se um panorama histórico da atuação censória dos governos 1nilitares em
relação à cultura, às artes e aos livros. Neste capítulo, buscamos também identificar
os livros de autores brasileiros vetados pela censura.
A partir do quadro geral traçado nesse capítulo inicial, passa.m os, nos capítulos
seguintes, a detalhar alguns casos de vetos censórios a textos de ficção de autores
brasileiros.
O segundo capítulo tem por tema a censura aos livros Feliz Ano Novo, de Ru-
bem Fonseca, e Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, ocorrida em meados da dé-
cada de 1970. São casos exemplares no sentido de que ambos os processos tiveram
início por meio de denúncias, como era comum na época.
O veto ao livro Dez Histórias Imorais, de Aguinaldo Silva, publicado em 1967,
é o assunto do terceiro capítulo. Este é wn caso muito específico, no qual o exame
pela DCDP e a decisão de veto se deram nove anos depois da publicação do livro.
Nossa hipótese é a de que as atuações posteriores de Aguinaldo Silva como colabo-
rador de publicações em franca oposição à ditadura militar, além de sua militân-
cia pelos direitos de minorias, deram n1ais visibilidade ao autor e motivaram uma
nova empreitada da censura em relação a ele.
O quarto capítulo enfoca a censura ao livro Em Câtnara Lenta, de Renato Tapa-
jós, publicado em maio de 1977 pela editora Alfa-Ómega, caso único de autor preso
durante a ditadura militar em virtude do conteúdo de um livro.
Por fim, no quinto capítulo, o estudo das diferentes reações da Revista Status
frente à proibição da publicação dos contos "Mister Curitiba", de Dalton Tre-
visan, em 1976, e "O Cobrador", de Rubem Fonseca, em 1978, possibilitou-nos
detalhar a existência de momentos diversos da atividade censória durante a dita-
dura n11litar brasileira. O fato de esses contos terem sido vetados para publicação
em revista, mas não o terem sido para publicação em livro, é um exemplo con-
creto de que a censura durante a ditadura militar teve atuações diferenciadas,
não só nos distintos períodos como tambén1 em relação aos diversos n1eios de
comunicação.
Nos anexos, o leitor deste livro encontrar á à sua disposição uma série de docu-
mentos vinculados à atividade da censura no Brasil: leis, listagens de obras, mani-
festações da sociedade, etc. No anexo 3, por exe1nplo, são reproduzidos pareceres 15
Apresentação
que subsidiaram vetos a obras de autores nacionais.
*
Nos últimos anos, em inúmeras ocasiões, apresentei e discuti partes deste tra-
balho com alunos e orientandos. Agradecendo a Eduardo Razuk e Karin Muller,
busco representar todos eles.
De diferentes formas, por colaborações várias, empréstiI11os de 1naterial e infor-
mações, agradeço a: Adolpho Queiroz, Alais Coluchi, Alcides Fontes, Erick Vieira,
Igor Silva Alves, Isaac Epstein, Marcos Nobre, Sergio Manabu e Sonia Reimão.
Agradeço também aos entrevistados: prof. Antonio de Andrade; prof. Alvaro
Peterson; Fernando Mangarielo, editor; lgnácio de Loyola Brandão, escritor; J. A.
de Granville Ponce, jornalista e editor; prof. José Carlos Estevão; José Mindlin, bi-
bliófilo; José Nêumane Pinto, jornalista e escritor; prof. Leonildo Silveira Campos;
profa. Marisa Lajolo; Raul Castels, editor e livreiro; e Renato Tapajós, escritor.
•
Ana Claudia Gruszynski, Bárbara Heller e demais colegas do Grupo de Pesqui-
sa Produção Editorial da lntercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdiscipli-
nares da Comunicação - escutaram, discutiram e contribuíram com suas observa-
ções na elaboração dos trabalhos aqui reunidos.
Sem o apoio e a assistência dos funcionários do Arquivo Nacional de Brasília,
em especial Carlos Marx Gomide Freitas, este trabalho não teria sido possível.
Alguns caros amigos estiveram presentes e muito contribuíram no processo de
elaboração deste trabalho: Aníbal Bragança, Antonio de Andrade, Dorothée du
Bruchard, Helena Bonito Couto Pereira, Joana Puntel, João Elias Nery, José Antonio
Pasta, Maria Otilia Bocchini, Mónica de Fátima Rodrigues Nunes e Wilson Merege.
Esta pesquisa tornou-se possível graças ao Auxílio Projeto de Pesquisa da Fapesp;
à Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq e também às ações de apoio à pes-
quisa docente da usP.
Este livro foi publicado com apoio da Fapesp.
Sobre os artigos
Uma versão de "Ditadura Militar e Censura a Livros. Brasil, 1964-1985" foi pu- '
blicada no livro Impresso no Brasil: Dois Séculos de Livros Brasileiros, organizado
por Aníbal Bragança e Márcia Abreu e publicado pela Editora Unesp em 2010.
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16 O artigo "Dois Livros Censurados: Feliz Ano Novo e Zero" foi publicado, com
Repressão e Resistência
leves modificações, no vol. 50 da revista Comunicação & Sociedade (São Bernardo
do Campo, Editora Metodista, 2ll sem. 2008).
O texto "Aguínaldo Silva, um Escritor Censurado: Dez Estórias Imorais" saiu
impresso no vol. 3:2, da revista Intercom - Revista Brasileira de Ciências da Comuni-
cação (São Paulo, lntercon1, jan.-jun. 2009).
O artigo "Livro e Prisão. Em Câmara Lenta, de Renato Tapajós" foi publicado,
com algumas modificações, no vol. 15, n. 2, da revista Em Questão (Porto Alegre,
Ed. UPRGS, 29. sem. 2009).
O artigo "Os Contos 'Mister Curitiba' e 'O Cobrador' nos Concursos de Contos
da Revista Status" foi publicado com o título "Reagindo à Censura: Criatividade
em Tempos Sombrios. O Caso do Concurso de Contos da Revista Status" na revis-
ta Co1nunicação & Inovação, São Caetano do Sul, uses, vol. 9, jan.-jun. 2008.
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19
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Trata-se de saber se o governo tem o arbítrio de apreender os livros que bem entende,
sob ridículos pretextos, como se não houvesse leis no País. [... ] trata-se de saber, em suma,
se estão com razão os que afim1am que a revolução de 1964 inaugurou no país uma época
de arbítrio, de intolerância, de prepotência e de opressão,;.
O n1andado afirma que se poderia deduzir que houve três grupos de livros
apreendidos: 1) "os que foram apreendidos por equívoco" - por falsa indução em
relação ao assunto em virtude do título ou das ilustrações; 2) "os que foram apreen-
didos porque se referem ao marxismo"; e 3) "os que foram apreendidos porque se
referen1 à revolução de abril ou a políticos por esta perseguidos''. Neste últin10 gru-
po (livros que teriam sido considerados como denegridores da Revolução de 1964),
estariam Primeiro de Abril, de Mário Lago, O Golpe de Abril, de Edmundo Moniz,
O Golpe Começou em Washington, de Edmar Morel, e História Militar do Brasil, de
Nelson Werneck Sodré.
Depois de apresentar uma série de argumentos sobre a ilegalidade do ato de
apreensão de livros, o mandado conclui:
[...] a digna autoridade (que fez as apreensões) procura justificar-se com a simples ale-
gação de que as obras são subversivas. Tal alegação não só não está acompanhada por qual-
quer elemento de convicção, como pode facilmente ser desmentida por qualquer pessoa de
rudimentar inteligência e cultura, que tenha lido os livros apreendidos.
Ao todo eles apreendenun mais de trinta títulos nossos, só isso já basta para dar wna
dimensão terrível em termos empresariais. Eles invadiam nosso depósito, iam às livrarias,
recolhian1 livros e sumiam com eles. Movi uma ação contra o governo[...). Foi um período
13. Há uma reprodução il\tegral terrível. Nós érainos atacados de todas as n1aneiras possíveis e imagináveis, cerceados: 'inti-
na revista Civilização Brasileira,
midação a livreiros e gráficos, apreensão de livros••.
"· 9/to, pp. 291-297.
14. Jerusa P. Ferreira, op. cit., p. 71.
•
Também ocorrido no período entre 1964 e 1968, não se pode deixar de mencio- 23
Ditadura Militar e
nar outro episódio de terrorismo cultural de direita dirigido ao mundo editorial: a
Censura a Livros
série de ações do ministro da Educação Flávio Suplicy de Lacerda, que "organizou
pessoalmente o expurgo de bibliotecas, queimou livros de Eça de Queiroz, Sartre,
Graciliano Ramos, Guerra Junqueiro, Jorge Amado, Paulo Freire, Darcy Ribeiro" 1s.
Lacerda foi, segundo Elio Gaspari, "o mais catastrófico dos ministros da Educação
na história da pedagogia nacional''16•
Entre as ações "destrambell1adas" da direita para intimidar os que eles chama-
vam de "comunistas", algun1as se tornara1n quase folclóricas. No mundo editorial,
um exemplo é a apreensão, em uma feira de livros em Niterói, de exemplares da
encíclica Mater et Magistra, do papa João xxu1 17•
Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Porto, captava e transcrevia com
humor essas ações "destrambelhadas" da direita, tanto em suas crônicas no jornal
Última Hora como em seus livros. Seus Febeapas - Festival de Besteira que Assola
o País - 1 e 2, de 1966 e 1967, respectivamente, mostravam essas incongruências
absurdas. Nas crônicas de Stanislaw, escreveu Werneck Sodré, "sob a irreverência
e a malicia, há muito mais seriedade e profundidade do que em geral se julga"18•
Outro episódio: em outubro de 1966 o ministro da Justiça Carlos Medeiros Silva
baixou uma portari~ declarando proibida a edição, a distribuição e a venda, assim
como ordenando a apreensão do romance O Casamento, de Nelson Rodrigues.
O livro havia sido publicado no mês anterior pela Editora Eldorado, de Alfredo
Machado, e vendera oito mil exemplares nas duas prilneiras semanas de setembro,
"pau a pau com o novo romance de Jorge Amado, Dona Flor e Seus Dois Maridos,
que a outra editora de Machado, a Record, também acabara de lançar"19 •
Nelson Rodrigues reagiu em entrevista ao Jornal do Brasil:
Essa é uma medida odiosa e analfabeta [...]. Vou espernear com todas as minhas for-
ças, porque não estamos no faroeste e ainda há leis no Brasil que devem ser respeitadas. 15. Alexandre Stephanou, op. cit.,
Eu acredito que a Justiça imporá a obra nas livrarias. Outra esperança que tenho, apesar p. 223
16. Elio Gaspari, A Ditadura
de tudo, é a de que não assistirei à queima pública do meu livro como numa cerimônia Envergonhada, p. 115.
nazista
' 10
. 11. Idem, p. :1.21.
18. Nelson Werneck Sodré, op. cit.,
p. 159.
Para Ruy Castro, 19. Ruy Castro, O Anjo Pon1ográ-
fico. A Vida de Nelson Rod?igues,
p. 350.
A proibição de O Casamento, além de ser uma descarada transgressão constitucional, 20. Bntrev.ista reproduzida em
era ainda mais perigosa porque abria um precedente: permitiria que, a partir dali, qualquer Ruy Castro, op. cit., p. 351.
24 autoridade administrativa [...] se sentisse no direito de proibir e apreender livros que não
Repressão e Resistência lhe agradassem. E tudo isso, como se dizia, ao arrepio da lei.
•
•
•
•
Com algum otimismo, encontravam-se boas razões para se esperar um feliz 68. A efer-
vescência criativa de 67 não era por certo mau sinal. Terra em Transe, Quarup, o Tropicalis-
mo, Alegria, Alegria, O Rei da Vela, talvez fossem só o começo. Alé1n do n1ais, o movimento
estudantil[...] vinha se reorganizando [...]3'.
Quinze dias depois cassava 38 mandatos legislativos e suspendia por dez anos os direi-
tos políticos de 28 deputados federais, dois senadores e wn vereador. Determinou ainda a
aposentadoria de três ministros do Supremo Tribunal Federal e de u1n do Supremo Tri-
bunal Militar, alép1 da suspensão dos direitos políticos da diretora do matutino carioca
Correio da Manhã; dois n1eses depois assinava a cassação de mais 95 parlamentares3• .
42. Estimativa citada na matéria Quando Geisel finahnente assumiu a presidência em 1974, poucos n1embros do público,
"1-.1arço de 64 - Durante" publíca- mes1no os mais bem informados, poderiam ter previsto o desenlace [...]. Durante o primeiro
da no jorn-al O Estado de S. Paulo
ano de Geisel, a ferocidade da linha dura só se intensificou[ ...]. Embora ele não desaprovas-
em 31 1nar. 2004, p. H3. fala em
números bem maiores: "Entre se, por princípio, medidas repressivas, ele queria acabar com elas em seu próprio mandato•6 •
1964 e 1985 [... ] foram cassados -
estima-se que em torno de 3500
pessoas - exilados, presos, tortu-
Geisel, o único dos presidentes p6s-A1-5 que "não fez a pron1essa (de restaurar
rados e mortos''. as franquias democráticas), acabou com a ditadura"47.
43. Zuenir Ventura, op. cit., p. 285. Não se pode esquecer que, durante os chamados anos de ch.umbo (1969-1974),
114. Elio Gaspari, A Ditadura
Esca11carnda, p. 218. "o mais duro período da mais duradoura das ditaduras nacionais': o Br asil vivia
45. Ver Idem, p. 26. altas e inéditas taxas de crescimento econôn1ico e um regime de pleno en1prego -
45. Thomas Skidmore, "Capítulo
era o chamado Milagre Brasileiro. "O Milagre Brasileiro e os Anos de ChW11bo
de uma Queda Articulada'; O
Estado de S. Paulo, 23 oov. 2003, foram silnultâneos. Ambos reais, coexistiram negando-se:' 46 Nestes anos iniciais
p. D5. da década de 1970, entre 1970 e 1973, em que o Brasil, sob a presidência de Médici,
47 El io Gaspari, A Dillldura
viveu o clima do Brasil "grande potência" e a política do "desenvolvin1ento acele-
E11vergo11hacla, p. 35.
48. Elio Gaspnri, A Ditadura rado': o Produto Interno Bruto cresceu anualmente u,3% e o produto industrial,
Esc1111cnrada, p. 13. u,7%'19 • Essas taxas começam a decair a partir de 1974 e inicia-se um processo 'de
49_ Ver Luís C. U. Pereira, De-
se11volvh11e11to e Crise 110 Brasil.
desaceleração da economia, entre outros motivos, pelo fator exógeno do primeiro
1930-1983, p. 218. choque do petróleo de 1973.
•
Depois de anunciar o que deveria ser censurado, o mesmo decreto versa sobre
as sanções:
Art. 3e Verificada a existência de n1atéria ofensiva à moral e aos bons costu1nes, o Mi-
nistro da Justiça proibirá a divulgação da publicação e determinará a busca e a apreensão
de todos os seus exemplares. [... ]
Art. 5!.l A distribuição, venda ou exposição de livros e periódicos que não hajam sido li-
berados ou que tenham sido proibidos, após a verificação prevista neste Decreto-lei, sujeita
os infratores, independentemente da responsabilidade crinlinal.
Alguém que tenha lido um livro, autoridade ou não, e o considere atentatório à moral
ou mesmo subversivo, faz un1a denú11cia ao Ministério. Instala-se, então, um processo no
qual é dada a um assessor do ministro da Justiça a tarefa de ler a publicação e emitir pare-
cer. Com base neste, o ministro decreta ou não a apreensão. [...] A tarefa passa a seguir para
a Polícia Federal que deve providenciar o recolhin1ento dos exemplares à venda.
Esse trabalho de Inimá Simões, que delimitou seu foco em alguns processos de
censura de filmes, foi publicado em 1998 pelas editoras Senac e Terceiro Nome com
o título Roteiro da Intolerância. A Censura Cinematográfica no Brasil.
A pesquisadora Leonor Souza Pinto, coordenadora de un1 grupo de pesquisas
que analisa e constrói um banco de dados sobre pareceres de censores em relação
a obras cinen1atográficas (disponível no endereço eletrônico W\-VW.memoriacinebr.
com.br), ta1nbém decidiu trabalhar, por amostra intencional, com um universo
de 175 processos relacionados a filmes. No fundo DCDP há pastas sobre filmes que
contêm mais de trinta documentos: roteiros, certificados de censura, autorizações
para exibições especiais, con1unicados de indeferimento de pedidos de exibição na
televisão, entre outros.
A preservação e orgaitização do arquivo com os docwnentos da extinta DCDP
estão, desde 1988, a cargo de três funcionários que se incwnbiram pessoalmente da
transferência, manutenção e catalogação do material.
Quando a DCDP foi desativada é possível, claro, que muitos documentos te-
nham sido elitninados, extraviados ou perdidos. Inimá Sitnões, na apresentação
de seu Uvro sobre censura cinematográfica, assinala: "Compulsando os processos,
percebe-se que páginas foram arrancadas, ofícios subtraídos e, de vários filmes,
não ficou nenhum sinal de sua passagem, apesar da interdição oficial''. Mesmo as-
sin1, trata-se de um acervo muito grande e de enorme valor histórico.
No que tange ao material dos processos de censura prévia em relação a pu-
blicações (livros e revistas), o universo dos documentos é bastante pequeno se
comparado com o n1aterial referente a obras cinematográficas e teatrais. Segundo
levantamento realizado pelos próprios ft1ncionários do Arquivo, há r egistros de
cerca de 490 livros e 97 revistas que foram submetidos à DCDP, assim distribuídos
(tabela elaborada a partir da listagem retratando a situação do fundo em dezembro
de 2010):
58. lnin1á Simões, Roteiro da
Intoleráncia, p. 13
•
•
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1974 20 1 55% 2 2 *
1975 132 109 82% 15 3 20%
1976 100 61 61% 42 3
1977 49 30 61% 11 4
1978 84 62 73% 8 2
1979 47 38 80% 2 1 *
1980 4 4
1981 1 1 2 1 *
1982 1 3 3
1988 1
Em qualquer afirmação sobre esses dados, não podemos esquecer que se trata
da documentação preservada e que não sabemos a que percentual do total origi-
nalmente existente essa documentação corresponde. Dentro desse universo de 492
livros examinados pela censura, eliminando aqueles de que não consta autoria e os
que figuram como sendo de autores cuja nacionalidade não conseguimos identifi-
car (dezesseis), cerca de 140 são de autores nacionais; destes, setenta foram vetados,
sendo que sessenta deles podem ser classificados como eróticos/pornográficos.
(Os números são sempre aproximados, pois há livros que foram apresentados mais
de uma vez e há livros que foram apresentados com nomes diferentes.)
Teatro em Livros
34 Galvão Naclério Novaes; Papa Highirte, de Oduvaldo Vianna Filho; O Sótão e o Rés
Repressão e Resistência
do Chão ou Soninha toda Pura, de José Ildemar Ferreira; e A Farsa do Bode Expía-
tório, de Luiz Maranhão Filho (a documentação desses processos encontra-se no
Arquivo Nacional).
De acordo com o levantamento realizado por Deonísio da Silva, oito outros tex-
tos teatrais de autores brasileiros tiveram sua publicação em livro censurada: lv!aria
da Ponte, de Guilherme Figuereido; Rasga Coração, de Oduvaldo Vianna Filho;
Canteiro de Obras e O Belo Burguês, de Pedro Porfírio; Quarto de Empregada, de
Roberto Freire; Abajur Lilás e Barre/a, de Plínio Marcos; e Lei é Lei e Está Acabado,
de Nazareno Tourinho. Note-se que, aqui, estamos destacando apenas a publicação
en1 livro de peças teatrais, diferente de sua encenação.
Quanto à encenação, o mecanis1no de funcionamento da censura era de outra
ordem. Apenas em 1965 foram proibidas as encenações de: O Berço do Herói, de
Dias Gon1es, Brasil Pede Passagem, espetáculo com textos de Castro Alves e Sérgio
Porto, Berço Esplêndido, de Sérgio Porto, e 1nais três peças estrangeiras, de Gorki,
Brecht e Feideau, depois liberadass9.
A peça O Berço do Herói, de Dias Gomes, escrita em 1963, teve uma trajetória
complexa. Sua encenação foi proibida pela Censura Federal em 1965, ao mesmo
tempo en1 que a publicação em livro alcançou sucesso de vendas. Em sete1nbro de
1965, Nelson ,,Vemeck Sodré escrevelt: "O Berço do Herói, que foi proibida pela cen-
sura no teatro [...] em livro, afirma-se como best-seller, e Dias Gomes recebe essa
consagração e mais a da reprise de sua peça O Pagador de Prome~sas. Vejam-na ou
revejam-na: é muito oportuna [...]"60 •
Dez anos depois, em 1975, Dias Gomes adaptou o enredo básico de O Berço
do Herói para telenovela sob o título Roque Santeiro. Naquele ano, já com 36 capí-
tulos gravados, Roque Santeiro teve sua trans1nissão censurada no dia da estreia.
No livro Dicionário da Globo, esclarece-se: "O veto foi estabelecido depois que a
Delegacia de Ordem Política e Social (Dops) descobriu que Dias Gomes estava
adaptando u.m texto teatral de sua autoria, escrito em 1963, O Berço do Herói, proi-
bido pela Censura Federal"61• No programa Globo Repórter 40 Anos de Telenovela,
59. Revista Visão, 11 mar. 1974, transmitido pela Rede Globo en1 1991, Dias Gomes relatou que havia contado para
especial "Assim se Passnram Dez
A nos", p. 143.
Nelson Werneck Sodré, por telefone, que Roque Santeiro era uma adaptação de O
60. Nelson Werneck Sodré, "Mo- Berço do Herói e que apenas depois soube que o telefone de Nelson Werneck Sodré
1ncnto Literário'; l,lcvista Civiliza- estava "grampeado''. '
çifo Brasileira, n. 4, p. 181.
61. Dicionário da Globo, vol. 1, Em 1985, a mes1na telenovela voltou a ser produzida e obteve enorme sucesso
p. 142. de audiência. Entre junho de 1985 e fevereiro de 1986 a telenovela Roque Santeiro
•
"contaminou o país" e "o Brasil se reuniu mais uma vez em frente à televisão"6' . Nes- 35
Ditadura Militar e
ta segunda versão televisiva Aguinaldo Silva atuou como coautor de Dias Gomes.
Censura a Livros
José Wtlker fazia o papel-título, Regina Duarte interpretava o papel da protagonis-
ta feminina, viúva Porcina, e Lima Duarte, como sinhozü1ho Malta, completava o
triângulo. Na versão televisiva de 1975, que não foi ao ar, o papel de viúva Porcina
era interpretado por Betty Faria e Francisco Cuoco interpretava Roque Santeiro.
En1 casos como este, em que há uma interdição para exibições públicas mas o
livro está publicado, ocorre um fenômeno curioso: algo "que não pode ser visto por
plateias adultas pagando ingressos, está ao alcance de qualquer pessoa que saiba
ler"63 • Casos similares ocorreram com os filJnes Macunaíma, São Bernardo e Toda
Nudez Será Castigada. Macunaíma, de 1969, filme de Joaquim Pedro baseado no
livro de Mário de Andrade, foi liberado co1n quatro cortes depois de 1nuita nego-
ciação com a censura. São Bernardo, de 1972, dirigido por Leon Hirzman, estreou
apenas um ano e meio depois de pronto, em razão de embates com os poderes
censórios. Toda Nudez Será Castigada, de 1972, baseado em Nelson Rodrigues e di-
rigido por Arnaldo Jabor, foi liberado com cortes, depois de interditado, por conta
da pressão por ter recebido prêmios em festivais internacionais 64 • O filn1e Dona
Flor e Seus Dois Ma1idos, baseado na obra de Jorge Amado e dirigido por Bruno
Barreto, que foi visto por onze milhões de espectadores nos cinemas brasileiros,
passou pratícamente incólun1e pela censura depois da indicação de alguns cortes,
graças à amizade entre o produtor Luíz Carlos Barreto e o censor Coriolano de
Loyola Fagw1des65•
Outro caso de ações censoras diversas para diferentes meios de con1unicação
ocorreu em 1973 em relação à peça Calabar, de Chico Buarque de Hollanda e Ruy
Guerra. O texto foi liberado pela censura prévia para publicação em livro, porém a
encenação foi censurada e o disco teve que alterar a capa prevista. Chico Buarque,
no ovo Bastidores, de 2005, relembra assim o episódio: 62. Ismael Fernandes, op. cit., pp.
308-310.
A peça foi aprovada [...] n1ontamos o espetáculo e aí a cenStlra que teria que aprovar 63. Com alterações no tempo
verbal, esta cítação foi extraída de
a 1nontagem, não foi aprovar. Aquilo ficou 111uito esquisito. Por que aí os jornais eran1 Ruy Castro, op. cit., p. 197. O autor
proibidos de noticiar a proibição e as pessoas chegavam na bilheteria e não entendiam [...] está se referindo à publicação, cm
livro, da peça A/bum de F11n1i/í11.
e já tinha os cartazes preparados "leia o livro, assista a peça, compre o disco Calabar''. [...]
Mas esta ambiguidade pode ser
O livro foi liberado (... ] o espetáculo simplesmente deixou de existir[...] e o disco [...] saiu generalizada para muitos outros
com uma capa branca [...] e ficou sendo Chíco Canta. casos análogos. ,
64. Ver lnuná Simões, op. cit., pp.
132., 155 e 181.
65. Ver idem, pp. 187-188.
36 Livros não Ficcionais
Repressão e Resistência
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38
Repressão e Resistência
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Repressão e Resistência
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Ditadura Militar e
Censura a Livros
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Repressão e Resistência
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•
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Ditadura Militar e
Censura a Livros
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Repressão e Resistência
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Repressão e Resistência
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Censura a Livros
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REVOLUCIONÁRIO
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Repressão e Resistência
49
Ditadura Militar e
Censura a livros
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Censura a Livros
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52 Livros Erótjcos/Pornográficos
Repressão e Resistência
53
Ditadura MIiitar e
Censura a Livros
'
Romances, Contos, Poesia 55
Ditadura Militar e
Censura a Livros
Além dos textos teatrais já abordados e das obras eróticas/pornográficas, outras
obras de ficção de autores nacionais foram censuradas durante a ditadura militar bra-
sileira. Segundo a listagem do acervo da DCDP e o citado levantamento de Deonísio
da Silva, foram elas: Quatro Contos de Pavor e Alguns Poemas Desesperados, de AIvaro
Alves de Faria; Dez Histórias Imorais, de Aguinaldo Silva; Meu Companheiro Querido,
de Alex Polari; Zero - Romance Pré-histórico, de Ignácio de Loyola Brandão; Em Câma-
ra Lenta, de Renato Tapajós; Aracelli, Meu Amor, de José Louzeiro; Feliz Ano Novo, de
Rubem Fonseca; Diários de André, de Brasigóis Felício, e os contos "Mister Curitibâ: de
Dalton Trevisan, e "O Cobrador': de Rubem Fonseca68 •
O livro Quatro Cantos de Pavor e Alguns Poemas Desesperados, de Alva.ro Alves
de Faria, percorreu um trajeto editorial bastante curioso: em 1973 o autor enca-
minhou, por iniciativa própria, os originais do livro para a Divisão de Censura de
Diversões Públicas. O texto foi examinado e recebeu um parecer indicativo de veto.
O autor não foi informado desse parecer pois, como a u1iciativa de envio havia sido
dele mesmo, a ocoP aguardou que viesse buscar o resultado 69. Concomitantemen-
te ao processo, e sem conhecimento do parecer, no entanto, o livro foi editado pela
editora Alfa-Ómega, também em 1973, co1n uma tiragem de quinhentos exempla-
res. A seguir, houve ainda wna segunda edição.
O veto à obra de José Louzeiro, Aracelli, Meu Amor, pelo Ministério da Justiça,
é um caso n1uito específico. O livro relata um episódio real: o estupro e o assassi-
nato da menina de nove anos Aracelli Cabrera Crespo por três jovens de famílias Si. O conto "Rebelião dos Mor-
tos•: de luíz Fernando Emediato,
da elite de Vitória, Espírito Santo. Apesar de se tratar de um relato ficcional, o texto
aparece na listagem de Deonísio
utiliza os nomes dos acusados. As familias dos acusados manifestaram-se juridica- Sílva. No caso, não se tratou de
mente contra o fato e o Ministério da Justiça suspendeu a publicação e a circulação censura pela DCDP e sim pela or-
ganização do Concurso de Litera-
do livro por algum tempo enquanto o processo transcorria, mas, mesmo assim, tura da Cidade de Belo Horizonte
houve nova edição mesmo antes do fim do processo70 • de 1976, que premiou o texto e
Os contos "Mister Curitiba': de Dalton Trevisan, e "O Cobrador': de Rubem depois retirou a premlação e não
o publicou. Ver a "introdução" de
Fonseca, foram vetados previamente pela DCDP quando venceram concursos de Luiz Ruffato em Luiz Fernando
contos da revista Status em 1976 e 1978, respectivamente. A revista Status, assim Emediato, Trevas 110 Parafso, p. 12.
como as revistas Inéditos (revista mineira de cultura e literatura), Paralelo (de Porto 69. Ofício n. 511/73 - oCDP: Pro-
cesso n. 57308/73 e despacho no
Alegre), Homem (hoje Playboy), Ele e Ela, Nova e Pais e Filhos7' estavam entre aque- mesmo processo em 28 maio 1976.
las que, a cada edição, deveriam remeter os originais previamente à DCDP. 10. Ver Laurencc Hallewell,' O
Livro 110 Brasil, p. 593.
Alex Polari consta na listagem de Deonísio da Silva como tendo seu texto Meu 71. Ver Paolo Marconi, op. cit.,
Companheiro Querido censurado. Nas listagens de livros examinados pela DCDP, p. 61.
56 no entanto, não localizamos referências ao autor. Alex Polari, militante de um mo-
Repressão e Resistência
vimento armado de esquerda, foi preso en1 n1aio de 1971; quando seu primeiro
livro, Inventário de Cicatrizes, foi lançado em 1978, ele ainda estava preso, condena-
do à prisão perpétua. Na quarta capa da obra, editada pelo Comitê Brasileiro pela
Anistia em conjunto com o Teatro Ruth Escobar, lê-se:
Como preso político, juntan1ente con1 seus companheiros, tem participado de todas as
lutas de sobrevivência, denúncia e resistência que os militantes políticos são obrigados a
travar nos cárceres, principaln1ente depois de 1968. Se as poesias de Alex ainda não toma-
ram a forma unitária de um livro - conforme acontece hoje - elas já foram objeto de ampla
divulgação dentro e fora do país. Diversas delas foram publicadas e distribuídas por ocasião
das manifestações estudantis de 76 e 77.
*
57
Ditadura Militar e
Censura a Livros
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2! edição
•
58
Repressão e Resistência
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•
60 Apesar de a temática sexual estar bastante presente nas obras ficcionais cen-
Repressão e Resistência
suradas pela ditadura militar7\ elas não podem ser classificadas con10 eróticas ou
pornográficas.
O traço que parece mais evidente entre essas obras literárias é a filiação a uma
certa literatura da violência: violência física e psicológica das prisões e da tortura, a
impunidade dos criminosos como mecanismo propulsor da violência, a violência
ensandecida e sem rumo dos marginalizados e excluídos - violências essas que o
regime militar propiciara e se esforçava por ocultar.
Os dados quantitativos gerais sobre censura a livros calculados a partir dos do-
cumentos disponíveis no acervo preservado da DCDP listados anteriormente indi-
cam que a atividade censória, nesse setor, foi 1uais rígida entre 1975 e 1980, período
em que mais de 50% dos livros submetidos foram vetados, enquanto entre 1970 e
1973 o percentual ficava muito abaixo desse número.
A censura a livros durante a ditadura militar, portanto, teve uma atuação mais
forte não nos chamados Anos de Chumbo (1968-1972), mas durante o governo
Geisel (março de 1974 a março de 1979), e especialmente no final desse governo -
que, apesar dos momentos de retrocesso, foi aquele em que se iniciou o processo
de abertura política lenta e gradativa. A censura a livros por pa,rte da Divisão de
Censura de Diversões Públicas aumentou quando a maioria dos jornais e revistas
estava sendo liberada da presença da censura prévia nas redações.
Pode-se dizer que a censura a livros durante a ditadura nulitar apresenta wna
dinâmica similar à de outros setores das diversões públicas: dados da DCDP indicam
12. "Uma leitura superficial desta
que também o teatro e o cinema foram mais vetados durante o governo Geisel73 •
obra pode tachá-la de erótica e
pornográficá; afirmou Affonso Três hipóteses podem explicar a diferença da repressão censória relativa a jor-
Romano de Sant'Anna sobre Feliz nais e revistas e aquela relativa às diversões públicas.
Ano Novo, de Rubem Fonseca,
antes de a obra ser censurada. Ver A primeira hipótese seria a de que a ocoP teria, grosso modo, wn escopo cen-
Deonísio da Silva, Nos Bastidores sório mais moral e menos político, e essa censura moral, nas palavras de Carlos
dn Censura, p. 29.
Fico, "obedecia a outros ditames, embora não tenha ficado imune às peculiaridades
73. Cactos Fico, '"Prezada Cen•
sura': Cartas ao Regime Militar·: do regime militar. Ela dizia respeito a antigas e renovadas preocupações de ordem
p. 2 2 (a paginação corresponde moral, n1uito especialmente vinculadas às classes médias urbanas"71 • '
à versão do artigo dispon fve.l
A segunda hipótese para se entender a grande atividade censória da DCDP em
011/i11e).
14. Idem, ibidem. relação a livros, teatro, cinema e televisão após a posse de Geisel, e especialmente
•
nos dois últimos anos de seu governo, é a de que a própria DCDP, percebendo a 61
possibilidade do fim das atividades censórias, buscou mostrar-se como necessária Ditadura Militar e
Censura a Livros
ao sistema.
Essa segunda hipótese pode ser reforçada pelo fato, citado por Gaspari, de que
em junho de 1974 a Censura proibiu que se publicasse "a declaração de un1 deputa-
do contando que Golbery lhe disse, durante uma audiência, que se vai acabar com
a censura"75.
Uma terceira hipótese, de certa forma correlacionada à segunda, seria a de que,
nos Anos de Chumbo (1968-1972), artistas e intelectuais exerciam a autocensura,
conscien tes do rigor da atividade censória que, durante o governo Médici (1969-
1974), "ficou prioritariamente em mãos dos militares da 'linha-dura"'76, evitando
produzir obras que pudesse1n ser censuradas. Como observou Bernardo Kucinsk.i,
a existência de um.a censura rigorosa "induz ao exercício generalizado da autocen-
surá'77. A autocenstua explicaria o índice proporcionalmente menor - em relação
ao total examinado - de livros, peças de teatro e filmes censurados durante os Anos
de Chumbo.
*
A Constituição de 1988 estabeleceu, na área cultural, o fim da censura às artes e
aos meios de comun icação. Os livros que ainda não tinham sido liberados foram-no
automaticamente78, uma vez que, de acordo com o inciso 1x do artigo 52 da Consti-
tuição de 1988, "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
75. Elio Gaspari, A Ditadura
comunicação, independentemente de censura ou lícençá'; no mesmo sentido, no Encurralada, p. 488
parágrafo 2 11 do artigo 220, no capítulo reservado à comunicação social, afirma-se: 76. Maria Aparecida de Aquino,
"Mortos sem Sepultura~ in Ma-
"é vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística''. ria Luiza Tucci Carneiro (org),
lvlinorias Silenciadas. História da
Censura no Brasil, p. 530.
n. Bernardo Kucinski, "A Primei-
ra Vítima: A Autocensura durante
o Reglmc Militar'; in Maria Lui1..a
Tucci Carneiro (org.), op. cit.,
p. 536.
18. Feliz A 110 Novo, de Rubem
Fonseca, entretanto, por un1a
questão de inst:incia jurídica do
recurso impetrado pelo autt>r,
ainda demorou algum tempo
para ser liberado. Ver Deonísio da
Silva, Nos Bastidores da Censura,
p. 46.
rnmo~ [•mrnm~
rn~m~oornmrnm~ 8 ~~[□~
mmm mmmm ~ ~~rnm
O país da Arcádia súbito, escurece,
em nuvem de lágrimas.
Acabou-se a alegre pastoral dourada:
pelas nuvens baixas,
a tormenta cresce.
'
•
Proc. MJ-74.310-76 - Nos termos do parágrafo so. do artigo 158 da Constituição Federal
e artigo 3si do Decreto-lei n. 1.077, de 26 de janeiro de 1970, proíbo a publicação e a circu-
lação, em todo território nacional do livro Feliz Ano Novo, de autoria de Ruben1 Fonseca,
publicado pela Editora Artenova S.A., Rio de Janeiro bem como determino a apreensão de
todos os seus exemplares expostos à venda, por exteriorizarem matéria contrária à moral
e aos bons costumes. Comunique-se ao DPF. Publique-se. Brasília, 15 de dezembro de 1976.
A censura a Feliz Ano Novo deu-se cerca de um mês depois da censura de Zero,
de Ignácio de Loyola Brandão. Essas obras fazem parte de um conjunto de livros de
literatura de ficção de autores brasileiros publicados em 1975 e 1976 que se torna-
ram referências para o período. Nesses anos, foram lançados também, entre outros: '
Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar; Leão de Chácara, de João Antonio; A Festa, de
Ivan Ângelo; Quatro Olhos, de Renato Pompeu; e A flha, de Fernando Morais. Esse
65
•
66
Repressão e Resistência
Dezembro de 1976
N" 8401-B
Proe. MJ-7•.a10-18 - No. •~rmoa
do ·parágrafo S- do -artigo 153 d• CoM-
tltu1ç!io Fedetal e artigo s- do Do-
C?ttc-1&1 n• 1.077. de 28 de Janeiro !!e
1870, prolõo a pubUcação e cl:rculaç4o,
em todo o t<>.nltórlo nacional, do livro
Lntltul1uio "Feliz Ano 'Novo", de .v1-
t.orb, de Rubem Fonseca, publicado
pel& Editora Artenov& s. A., Rio de
Janeiro bem como determlno a apre-
!eruão e!~ todos 0& seua exemplarea ex-
lpostca à vendai p0r · eitterlorh-.~re_r,,,
maté.-f& contrár a à moral e aos bon's
costumes.
Comunique-~ ao DPP.
Publi(lue-1&.
Brasllla. 15 de dezembro de 197~.
- A-rmando Falcão, M!nl3tro da J~-
t!Ç4, .
Diário Oficial, 17 dez. 1976, p. 16435.
tares, de Érico Veríssimo, de 1971, e Bar Dom Juan, de Antonio Callado, do mesmo 61
ano, seriam os carros-chefes de uma primeira leva, publicada logo após a decreta- Dois Livros Censurados:
Feliz Ano Novo e Zero
ção do Ato Institucional n. 5 - essa primeira leva pode ser claramente vinculada ao
horizonte temático de uma possível revolução social no Brasil.
)
Feliz Ano Novo foi publicado em 1975 pela Editora Artenova, empresa carioca
fundada doze anos antes, em 1963, por Alvaro Pacheco. Em meados dos anos 1970,
publicava cerca de quinze títulos novos por mês. Até o final de 1976, Feliz Ano Novo
tinha vendido doze mil exemplares, sendo o quinto livro de ficção mais vendido no
Brasil nesse ano.
Para assinalarmos a forte presença da literatura brasileira em meados da década
de 1970, lembremos que o livro mais vendido de 1975 foi Fazenda Modelo, de Chico
Buarque de Hollanda, e que Chico foi tan1bém, em parceria com Paulo Pontes, o
autor do livro mais vendido de 1976, Gota d'Agua, roteiro da peça homônima, em
cartaz na época. Com muita ironia e humor, em Fazenda Modelo Chico Buarque,
como explicitado na quarta capa da primeira edição da obra, "recorre à alegoria e
nos oferece uma novela pecuária, um livro que diverte, irrita, inspira e consolá'; já
Gota d¼gua tematiza, no dizer dos autores na introdução de sua primeira edição,
"a experiência capitalista que vem se implantando aqui [... ] a brutal concentração
de riqueza".
Segundo a revista Veja de 31 de dezembro de 1975, os livros nacionais mais
vendidos do ano foram: 111 Fazenda Modelo, de Chico Buarque de Hollanda; 2ll
Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado; 3ll Novo Dicionário Aurélio, de Aurélio
Buarque de Hollanda Ferreira; 4ll Teje Preso, de Chico Anísio; 511 As Meninas, de
Lygia Fagundes Telles; 62 Dôra, Doralina, de Raquel de Queirós; l2 De Notícias
e Não Notícias, de Carlos Drumn1ond de Andrade; 8ll Leão de Chácara, de João
Antônio; 91t Solo de Clarineta, de Érico Veríssimo; e 10!! A Travessia da Via Crucis,
de Carlos Eduardo Novaes.
Em 1976, a listagem dos mais vendidos do ano da revista Veja não foi separada
em autores nacionais e autores estrangeiros e sim em ficção e não ficção. Na lista-
gem dos livros ficcionais mais vendidos deste ano aparecem cinco obras de autores '
brasileiros: em primeiro lugar, Gota d'Agua, de Chico Buarque e Paulo Pontes; em
quinto, Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca; em sétimo, Cândido Urbano Urubu, de
68 Carlos Eduardo Novaes; em nono, A Última do Brasileiro, de Ziraldo; e em décimo,
Repressão e Resistência
A Grande Mulher Nua, de Luís Fernando Veríssin10.
Na década de 1970, especialmente em. meados dela, a literatura nacional pro-
duzida no calor do momento desempenhou um papel central de resistência à di-
tadura. Con10 afirma o escritor Júlio Martins em depoimento sobre esse período
concedido a Heloísa Bua{que de Hollanda en1 "Política e Literatura: A Ficção da
Realidade Brasileira": "A função da produção cultural e da literatura en1 particular,
nestes anos, foi principalmente a de resguardar a nossa integridade criativa, a nossa
dignidade ameaçada"4 •
Desde o primeiro livro de Rubem Fonseca, Os Prisioneiros, lançado pela Co-
decri em 1963, a temática da violência desempenhou papel central na produção
literária do autor. Feliz Ano Novo foi a quinta obra publicada por ele e, como todos
seus livros anteriores, é uma coletânea de contos. São quit1ze narrativas relativa-
mente curtas, totalizando 144 páginas com um projeto gráfico despojado - se1n
orelhas, sem prefácio e uma diagramação convencional. Forn1ado em Direito, e
tendo trabalhado como delegado, Rubem Fonseca traz em sua literatura o tema
da violência e da barbárie da cidade do Rio de Janeiro. O fato de Rubem Fonseca
ter sido delegado de políçia o colocou em um lugar privilegiado para constatar o
crescimento da violência descontrolada nos centros urbanos.
O conto que dá nome ao volume, "Feliz Ano Novo': narra como três párias, três
excluídos sociais que estão vendo as festas de fim de ano pela televisão e "esperan-
do o dia raiar para con1er farofa de macumba" em um decadentíssiI~o apartan1en-
to, quase um cortiço da Zona Sul do Rio de Janeiro, acaban1, meio que por acaso
e quase sem planejamento, munidos de arnias, invadindo uma festa de réveillon
ern uma casa de classe alta - "a gente ouvia o barulho de música de carnaval, mas
poucas vozes cantando. Botamos as meias na cara, cortei com a tesoura os buracos
dos olhos. Entramos pela porta prmcipal''. A extrema violência com. que eles atiran1
em quatro dos participantes da festa é correlata a um chocante descaso pela vítima
e pela vida.
Nas palavras de José Antonio Pastas, na literatura de Rubem Fonseca "a pers-
pectiva é um enfrentamento com um cotidiano que não tem horizonte de revolu-
4. Heloisa Buarque de Hollanda
ção à vista, que não tem horizonte de transformação radical à vista, há um tipo de
e Marcos Augusto Gonçalves, op. embate com um novo tipo de realidade brasileira''.
cit., pp. 68 e 70. Nos textos de Fonseca, essa nova realidade brasileira é correlata, segundo Pastà,
5. Em entrevista concedida a
Sandra Rein1ão e Helena llonito a uma transformação da visão do povo brasileiro:
C. Pereira em u juJ. 2006.
69
Dois Livros Censurados:
Feliz Ano Novo e Zero
'
artenova
•
70 [...] a literatura de Rubem Fonseca, Feliz Ano Novo em particular, marca uma hora his-
Repressão e Resistência
tórica na percepção, na visão do povo brasileiro. O povo brasileiro que aparece na literatura
dele, aquilo que aparece como os tipos populares têm uma feição claramente desdealizante.
O escritor vai se confrontar com a transformação da malandragem em marginalidade pe-
sada, com o crime pelo crime, com o prazer da desforra e da vingança social, com aquilo
que se chama mais genericamente de desagregação do tecido social.
Pasta também destaca que, no conjunto de contos de Feliz Ano Novo, há uma
''desidealização das elites": "digan1os que ela não ocupa a maior parte do livro mas
também é forte[ ... ] há três contos que vão nesse sentido: 'Nau Catrineta' e 'Passeio
Notuno I e 11"'.
"Nau Catrineta" começa com a declamação de um trecho do poema de mesmo
nome do escritor português Almeida Garrett. Almeida Garrett construiu seu poe-
ma a partir de uma narrativa popular, com inúmeras versões, que narra como um
anjo salvou un1 capi¼e_ em um barco à deriva. No conto, essa narrativa transforma-
se em um ato de antropofagia: para que os marinheiros não morressem de fome,
alguns foram mortos e comidos pelos sobreviventes. O conto de Rubem Fonseca
focaliza o dia do vigésim.o primeiro aniversário de José, o herdeiro de um.a familia
rica. Nessa data, para assumir seu lugar no seio da burguesia, ele teria de cumprir
uma missão: comer carne humana. Assim ele se tornaria o 11ovo chefe da famí-
lia, uma fainília cujos membros, diz o conto, orgulhavam-se de serem "carnívoros
conscientes e responsáveis. Tanto em Portugal como no Brasil''.
.
Com o mesmo grau de violência, descaso pela vida e gratuidade dos atos, os
contos "Passeio Noturno e e r1" narram como um executivo a bordo de um carro
Jaguar usa o ato de atropelar (e matar) como um exercício de relaxamento.
No próprio conto "Feliz Ano Novo': em paralelo à violência insana e gratuita
dos marginais liderados por Pereba, a burguesia assaltada e assassinada, ou seja,
os participantes da festa de final de ano, também apresentam um comportamento
irresponsável e vazio de sentido - além de sere1n pernósticos e petulantes.
Abordando essa violência enfocada e retratada por Rubem Fonseca, Alfredo
Bosi afir1na:
,
•
Zero 11
Dois livros Censurados:
Feliz Ano Novo e Zero
A violência tambén1 é un1 traço central do romance Zero, de Ignácio de Loyola
Brandão, que tem como subtítulo Romance Pré-histórico. A primeira edição bra-
sileira de Zero foi publicada em 1975. Antes dessa, houve uma edição na Itália,
publicada em 1974 pela Editora Feltrinelli. A primeira edição brasileira foi lançado
no dia 31 de julho de 1975, pela Editora BrasUia/Rio, uma pequen a en1presa carioca
de propriedade de Lygia Jobim. As vendagens justificaram u1na segunda edição por
essa mesma editora.
Nas palavras de Ignácio de Loyola Brandão,
/ . Zero tinha sido publicado na ItáJia pela Feltrinelli e teve repercussão no Brasil porque a
Veja fez uma matéria grande, até foi o Silvio Lanceloti que fez essa matéria falando de um
livro brasileiro que tinha sido publicado lá, o que era uma curiosidade na época porque a
primeira edição era en1 italiano. [...] Quando o livro saiu e provocou certa curiosidade eu
fui procurado por uma pessoa chamada Lygia Jobiin, que eu não conhecia, que não tinha a
menor ideia de quem era, que me perguntou se eu estava disposto a publicar esse livro aqui
e eu falei que sim, claro - eu fiz esse livro para publicar aquF.
Zero, a princípio, se manifesta como uma grande alegoria do estado violentado e desa-
gregado de um país que ainda espera por sua história [...) o recurso ao frag1nento e o pró-
prio aproveitamento do espaço gráfico do livro, aqui e ali diagramado à moda dos jornais
promove uJn estilhaçamento da perspectiva naturalista do jornal.[...] É assim que a técnica
1. Entrevistas concedidas a Sandra
do fragmento aqui traduz a desagregação produzida pelo cli1na de opressão que acompa- Rei mão e I-ielena Bonito C. Perei-
nha, em todos os momentos, a narrativa de Loyola8• ra em seL 2006 e maio 2007.'
8. Hcloisa Buarque de Hollanda
e Nlarcos Augusto Gonçalves, op.
clt., p. 61.
•
•
12
Repressão e Resistência
\
•
Os Atos Censórios 13
Dois Livros Censurados:
Feliz Ano Novo e Zero
Em novembro e dezembro de 1976, respectivamente, Zero e Feliz Ano Novo fo-
ram alvos de atos censórios por parte do Ministério da Justiça.
Para entendermos con10 se dava a apreensão de obras publicadas e já em cir-
culação nas livrarias do país é preciso relembrarmos a especificidade da censura
relativa aos livros: o exame das obras pela Policia Federal, na maioria dos casos, se
dava como reação a uma denúncia.
Zero e Feliz Ano Novo foram vetados por atuações desse tipo - ambas 1notivadas
por denúncia. No caso de Zero, não houve parecer, o despacho foi direto. Loyola
Brandão relembra assim o ocorrido:
"-
[...] eu tenho vagas ideias [...] o jornal Opinião parece que, numa crítica, numa re-
senha sobre outra coisa, citou o Zero co1no un1 livro que mostrava o n1omento da di-
tadura, dos militares. Isso teria sido lido pela mulher de um general [...], que teria lido
e co1nentado "olha, ten1 um livro aí que parece que além de tudo era pornográfico", e
alertou uma mulher que era amiga da mulher do Armando Falcão, que levou a queixa
ao marido.
Uma tarde de novembro o Mino Carta me ligou de Brasllia e disse [... ] o Zero está em
cima da mesa do Armando Falcão. O Zero vai ser proibido. Por que não tem nenhum mo-
tivo para o Zero estar em cin1a da n1esa do Falcão. No dia seguinte foi censurado. Aí eu fui
procurar o censor. Ele me pergtmtou qual era o livro e ele disse "eu vou verificar. [...) Se for
proibição n1oral fica tranquilo. Não se faz tuna nova edição e cala-se a boca. Fique quieto".
Aí no dia seguinte ele me ligou [... ] processo contra o Zero é moral e eu perguntei "e agora
o que eu faço?". ''Fique tranquilo não faz nada". "E o livro vai ser apreendido?" "Se for
apreender tudo que está aí eles ficam perdidos, eles não têm nem gente para isso. Os livros
continuarão nas livrarias''.
Loyola esclarece que o ato censório foi justificado pelo Decreto-lei 1.077, que
estabelecia a proibição da publicação e a apreensão dos exemplares de qualquer
obra que fosse considerada "contrária à moral e aos bons costumes•: '
O processo contra Feliz Ano Novo deveu-se também a wna série de coincidên-
cias. No livro Bastidores da Censura, Deonísio da Silva cita wn depoimento de
•
[...] é íntimo de um mi.nistro. Alertado por esse pai, o n1inistro n1anda un1 funcionário
ler o dito livro. Funcionário e n1inistro fazen1 cara de horror e o livro é proibido. Mas Feliz
Ano Novo não é apenas mais uni dos livros proibidos pelo ministro. E Ruben1 Fonseca é
escritor de prestígio e diretor da Light9 • Alertado mais uma vez, o ministro resolve ele n1es-
mo ler o livro. Recebe-o co1n passagens assinaladas en1 vermelho. Escandaliza-se outra vez,
agora para justificar a proibição.
(
Lygia Fagundes Telles, segundo Deonísio Silva, encerra a matéria afirmando a
existência de uma minoria que se põe a ostentar o poder de "proibir os livros dos
quais não gosta, sen1 exa1ninar a sua qualidade artística"'º.
O parecer elaborado por wn técnico da DCDP em 3 de deze1nbro de 1976, o qual
deu origem ao despacho de censura, publicado no dia 17 do 1nesmo .mês, fala em:
"personagens portadoras de complexos, vícios e taras [... ] delinquência, suborno,
latrocínio e homicídios, sen1 qualquer referência a sanções. [...] A pornografia foi
•
largamente empregada[...] e são feitas rápidas alusões desmerecedoras aos respon-
sáveis pelo destino do Brasil e ao trabalho censório"".
9. Na ~poca, empresa estata l de
dístribuição de luz e energia.
10. Deonísio da Silva Nos Bastido• *
res do Censuro, pp. 37 e 38 Os livros Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca, e Zero, de Ignácio de Loyola Bran-
11. Dispo.nível oo acervo do
Arquivo Nacional, Fundo DCDP, dão, e seus processos de censura são exen1plares no que diz respeito ao w1iverso
Seção Censura Pré,•ia, Série Pu - dos livros e da literatura ficcional no Brasil de meados da década de 1970.
blicações, caixa 18.
En1 primeiro lugar, a con1paração das formas narrativas e das propostas literá-
12. A informação sobre Feliz A110
Novo foi extraída de Laurence rias desses dois livros atesta e exemplifica a diversidade da literatura produzida no
Hallewcll, O Livro 110 Brasil, p. 591, período.
e o dado sobre Zero foi fornecido
pelo au1or em en1re,~s1as conce- Em segundo, os dados de vendagen1 das duas obras - em menos de um ano
didas a Sandra Reimão e Helena Feliz Ano Novo vendeu trinta mil exemplares e Zero teve duas edições, vendendo
Bonito C. Pereira em sct. 2006 e cerca de seis mil exemplru:es no total•-> - também podem ser entendidos como índi-
maío 2007.
13. Deonlsio da Silva, Nos Basti- ces da força e da aceitação do autor brasileiro de ficção naquele período.
dores da Censura. Sexualidade, Por fim , noten1os que os processos que resultaram nos vetos censórios a Feliz
Literarurn e Repressão P6s-6,1,c
Carlos Fico, ~Prezada Censura':
Ano Novo e Zero, corroborando o que diz a literatura da época e trunbém estudos
Cartas ao Regin1e Militar~ posteriores'3, originaram-se co1no que por acaso, a partir de denúncias de leitores
comuns que se sentiram no direito de proibir os livros de que não gostavam - 15
Dois livros Censurados:
como era frequente. Feliz Ano Novo e Zero
*
Na segunda metade da década de 1970, escritores, editores, intelectuais, artistas,
cientistas, professores - a sociedade como um todo - começaram a 1nobilizar-se
para resistir e protestar co11tra os desmandos e arbítrios de um regime autoritário.
Essa resistência da sociedade aos atos autoritários do governo de então culmi-
nou com várias demonstrações e atos públicos de repúdio ao autoritarisn10. No que
diz respeito às n1anifestações pelas liberdades no âmbito das p roduções culturais
destaca-se o Manifesto dos 1046 Intelectuais Contra a Censura, entregue ao nJinistro
da Justiça em Brasília, em 25 de janeiro de 1977, por uma comissão composta por
Hélio Silva, Lygia Fagundes Telles, Nélida Pinõn e Jefferso11 Ribeiro de Andrade.
*
Em 1979, depois de encerrado o período de vigência do AI -5, Zero, de Ignácio
de Loyola Brandão, foi publicado em terceira edição pela Editora Codecri.
Rubem Fonseca processou o Ministério da Justiça pela censura a Feliz Ano Novo
e seu livro só foi liberado bem mais tarde, ao final do processo' 4 •
•
Zero já teve mais de dez edições em português; foi traduzido para o alemão, o
coreano, o espanhol, o húngaro e o inglês.
•
livro Dez Estórias Imorais, de Aguinaldo Silva, reúne escritos ficcionais re-
cligidos entre out1tbro de 1960 e maio de 1965. São eles: "De como a Prosti-
tuta Rita Pereira Noivou, Casou e Morreu, numa Noite de São João, em Ple-
na Zona do Cais do Recife ou Estranho Itinerário"; "O Nada jamais Acontecerá";
"O Círculo de Giz"; "Um Homem, sua Maldade e a Marinha Nacional"; "Westhalia:
Um Mar"; "Cidade, Mulher e Rio"; "A Prüneira Sede"; "O Despertar de Toin' Qui-
rino"; "O Morto na Rua" e "Proclamação Final''.
Esse conjunto de textos foi publicado em livro pela Gráfica Editora Record em
1967 - é uma brochura de formato pequeno, com 148 páginas e projeto gráfico bem
simples. Houve uma segunda eclição em 1969, pela mesma editora.
As dez histórias centram-se, mais do que na ação ou na narrativa de aconte-
cimentos, na descrição de personagens, em função da qual os acontecimentos se
desenrolam. As personagens são essencialmente de dois tipos sociais: os excluídos
pela miséria, como os retirantes da seca, prostitutas de baixo escalão, bêbados e lou-
cos; e tipos da baixa classe média, como a dona de casa sonhadora e insatisfeita e o '
funcionário do pequeno escritório. As narrativas buscam, simultaneamente, enten-
dê-las socialmente e também retratá-las internamente, dando-lhes a voz narrativa.
19
•
80
Repressão e Resistência
- •
Dez Estórias bnorais foi publicado pela Gráfica Editora Record em 1967. Nove
anos depois, em 11 de dezembro de 1976, foi pt1blicado no Diário Oficial da União
•
o veto "a sua publicação e circulação", seguindo a mesma fórmula dos demais vetos 83
Aguinaldo Silva. um
a livros:
Escritor Censurado
Aguinaldo Silva é um escritor de ficção televisiva muito produtivo e de grande 1. Minisséries: u1111piiio e Maria
Bonira (1982), Ba11didos da Fnlnnge
aceitação pelos telespectadores. Iniciou suas atividades na televisão no ano de 1979,
(1983), Padre Cícero (1984), Tenda
com o seriado Plantão de Polícia, e até 2010 havia escrito seis minisséries e doze dos l•filagres (1985), Riacho Doce
telenovelas, todas produzidas e transmitidas pela Rede Globo. Algumas dessas te- (1990) e Ci11q11e11t/11/111s (2009);
telenovelas: Partido Alto, con1
lenovelas são marcos de sucesso e de altos índices de audiência, como Pedra sobre
Glória Perez (1984), Roq11e S,m-
Pedra, Tieta, A Indomada e Senhora do Destino'. teiro, c01no colaborador ele Dias
Anteriormente ao início de sua carreira na televisão, Aguinaldo Silva havia pu- Gomes (1985), O Outro (1987),
Vale Tudo (!988), con,o colabo·
blicado um livro e trabalhara co1no jornalista. Em 1964, mudou-se de Pernambuco rador de. Gilberto Braga, 7ieta
para o Rio de Janeiro e começou a trabalhar em reportagens policiais no jornal {1989), Pedra sobre Pedra (1992),
Fera ferida (1993), A Indomada
O Globo. Durante a década de 1970, atuou como colaborador nos jornais Opinião e
(1997), em coautoria com Ricardo
Movimento, ambos podendo ser caracterizados como publicações de resistência à Línhares, A•fou Bem Querer (1998),
ditadura militar. Con10 jornalista, nos anos 1970, o autor foi processado duas vezes con10 supervisor ele lexto, Suave
Veneno (1999), Porto dos Milagres
por cr.in1es de opinião - figura jurídica presente na Lei de Imprensa, lei n. 5.250, de
(2001), em coautoria com Ricar-
9 de fevereiro de 1967. do Llnhares, Senhora do Dest-/110
Em abril de 1978, em conjunto com Peter Fry, Jean-Claude Bemardet, Darcy (2004) e Duns Cnras (2007). Ver
lsmael Fernandes, lvlemória da
Penteado, João Silvério Trevisan e outros artistas e intelectuais, Aguinaldo Silva Telerwvela Brasileíra e, também, o
lançou o primeiro número do jornal O Lampião, un1a publicação inicialmente vol- blog ele Aguioaldo Silva no portal
tada para a defesa dos direitos das minorias em geral e que acabou por concentrar- da Globo na internet. no qual
co,nenta suas produções e conta
se especialmente na defesa dos direitos dos homossexuais. O nome da publicação, histórias de sua vida: http://
em seu primeiro número, era Lampião de Esquina, uma referência tanto à vida das bloglog.globo.com/blogf. '
2. 'James Green, A lém do Ct1r11aval.
ruas, à vida nottuna, como ao rei do cangaço - Virgulino Lampião. A edição era de
A Homossexualidade 110 Brasil do
dez mil exemplares e a publicação era vendida e1n todo o país1 • Século XX, pp. 430-431.
i
J
84 A publicação perdurou até junho de 1981 e, por conta desse jornal, Aguinaldo
Repressão e Resistência
Silva respondeu, em 1979, a un1 processo baseado na Lei de Segurança Nacional:
"Foi o momento mais difícil de minha carreira de jornalista. Havia uma inseguran-
ça total e podia ser preso a qualquer mo1nento': disse o autor em entrevista para a
revista Isto É.
O temor de ser preso a qualquer momento se justificava, uma vez que a Lei de
Segurança Nacional, nome como ficou conhecido o Decreto-lei n. 898, de 29 de
setembro de 1969, no seu art. 3ll, definia que "a segurança nacional compreende,
essencialmente, medidas destinadas à preservação da segurança externa e interna,
inclusive a prevenção e a repressão da guerra psicológica adversa e da guerra revo-
lucionária ou subversivà'3•
A mesma lei também determinava que os crimes contra a segurança nacional
fossem submetidos a processo e julgamento pelo foro militar e que durante as
investigações o encarregado do inquérito podia manter o indiciado preso pelo
prazo de trinta dias, prorrogável por mais trinta, além de mantê-lo incomwticável
por dez dias.
Uma década antes, en11969, o autor havia sido preso e ficara detido por setenta
dias por conta de um prefácio ao livro Diário, de Che Guevara, publicado pela
Coordenada Editora.
No romance autobiográfico Lábios que Beijei, escrito em 1990 e publicado em
1992, Aguinaldo Silva relata assim a história dessa publicação:
Em n1eados de 1968, a convite do editor Victor Alegria, escrevi para un1a das muitas
edições brasileiras do Diário de Che Guevara um prefácio a que dei o pomposo título de "A
Guerrilha não Acabou''. O livro foi publicado pela Coordenada Editora, da qual ele era dono,
e à qual eu prestava eventuais serviços [... ). O livro ficou poucos meses nas livrarias: em de-
zembro foi promulgado o Ato Institucional n. 5, que, entre outras prerrogativas, dava às auto-
ridades poderes para apreender livros e punir quem tivesse alguma coisa a ver com eles, até
mesmo quen1 os guardasse e.m casa. Às voltas com as atribulações cada vez n1aiores da minha
vida privada, nunca me preocupei em perguntar ao Victor o que fora feitos dos exemplares
3. O conceito de Segurança Na- não vendidos do Diário. Achava que ele tivera o bom senso de descobrir um modo qualquer
cional havia sido utilizado antes
no Decreto-lei n. 314, de 1narço de de destruí-los. Na verdade, com todos os riscos, o editor decidira guardar o que restara da
1968, e na Constituição de 1967, edição. (...] Os rnuitos exemplares forn1avam un1a pilha enorme, conforme os agentes do
oficializada em 24 de janeiro de Centro de Informações da Marinha que invadiram o local em seguida a uma denúncia anô- '
1967,
4. Aguinaldo Silva, L6bios q11e nima. Eram muitas pessoas que deviam ser castigadas por causa deles - desde o pobre dono
Beijei, pp. 91 e ss. do depósito que jurava não saber o que continhrun os pacotes e1npilhados, até eu4•
•
- Mas o livro foi publicado antes do Ato s - argmnentei - e a punição não pode ser
retroativa ...
Ao que o con1andante [... ] respondeu:
- Nesse caso você não vai ser processado... , mas vai ficar preso sim.
Se1n vínculo com grupos políticos organizados, vivendo na Lapa do Rio de Ja-
neiro da década de 1960, bairro em que havia baixa prostituição e pequena cri-
minalidade, Aguinaldo Silva, preso, se perguntava: "Como ficar incomunicável 45
dias por causa de um simples prefácio?': e finalmente percebeu: "estava incomu-
nicável[ ... ] não porque fosse autor de um perigoso e subversivo texto, mas porque
era homossexual''.
Aguinaldo Silva publicou mais de quatorze livros. Seus livros mais bem cotados '
pela crítica são República dos Assassinos, de 1976, e O Homem que Comprou o Rio,
de 1986. Essas duas obras, relatos no gênero literatura policial elaborados a partir
•
86 de fatos reais ocorridos entre militares, policiais e o mundo do crime carioca, fo-
Repressão e Resistência
ram traduzidos e publicados na série "Noire" da Editora Gallimard, na França.
A Censura do SCDP
São dez contos de um mesmo autor con, assuntos variados, como a vida de prostitutas
nwn bordel, a vida du1·a nas caatingas con1 seus retirantes, estórias de marinheiros nos
portos do Brasil, etc.
Das dez estórias duas lmpl.icam em veto para Uberação por conterem matéria im-
, .
propr1a:
1) UM HOME!vl, SU,\ lliALDADE, E A MARINHA NACIONAL: a vida de um marinheiro con-
tado por ele desde sua infância no Ceará, suas provações, sua entrada para a Marinha, suas
aventuras con, 1nuJheres depravadas e seu envolvimento hon1ossexuaJ com um Capitão de
Corveta, inclusive citando o nome do navio onde serv.iu, Baependí.
2) PROCLAMAÇÃO FlNAL: um inconformado com a vida, onde é contra tudo e contra
todos. Nas suas falas, ofende a igreja com críticas mordazes e indecentes sobre monges e
padres[ ...]. Alén1 do mais, ofensa aos n1ilitares en1 geral, cha1nando-os de estúpidos.
Em razão do exposto sou de opinjão, s.m.j., que sejam proibidas a publicação e exterio-
rização do livro exan1inado [...].
'
•
1nas, sim, aquelas que diganl respeito a autoridades constituídas pertrncentes aos 81
Aguinaldo Silva. um
quadros da Marinha, Igreja ou Exército.
Escritor Censurado
No caso da narrativa que envolve o marinheiro, o parecer enfatiza que o con-
to fala em "envolvimento homossexual com um Capitão de Corveta': ou seja, um
supe1ior hierárquico no interior da Marinha Brasileira. Destaca, tambén1, que na
narrativa o 111.arinheiro cita o "nome do navio onde serviu, Baependí", que foi, de
fato, um navio de Guerra que esteve a serviço da Marinha Brasileira de 1953 a 1973.
Baependí é uma homenagem a uma cidade com esse non1e em Minas Gerais.
O mais inusitado em relação ao parecer e ao ato censório que engendrou é a
data de sua realização: o ito anos após a publicação do livro, quando, normalmen-
te, o ciclo de vida de uma obra não integrante de um cânone consolidado já está
encerrado.
A hipótese mais coerente que se pode aventar para explicar o exame do livro
Dez Estórias Imorais pelo SCDP em 1975 e o decorrente ato censório em 1976 é a de
que a atuação posterior de Aguinaldo Silva - colaborador de publicações em franca
oposição à ditadura militar - deu 1nais visibilidade ao autor e pode ter 1notivado,
quer por denúncia explícita, quer por auton1otivação, uma nova empreitada da
censura do SCDP em relação a ele.
Para corroborar a l1ipótese de q ue a atuação de Aguinaldo Silva con10 jornalista
nos jornais Movimento e Opinião, juntamente com sua 1nilitâ.ncia pelos direitos dos
homossexuais, motivaram o exame e o veto censório ao lívro Dez Estórias Imorais,
vale a análise de algumas das matérias jornalísticas assinadas pelo autor em 1975.
Em 14 de fevereiro de 1975, Aguinaldo Silva publicou no jornal Opinião uma
matéria intitulada "Uma Tragédia Americana': cujo subtítulo era "De un1 Lado
Moradores da Zona Norte, de Outro, wna Garota de Ipanema''. Com um texto
irônico, o autor denuncia como "velhos repórteres policiais'; con, sua "crueldade
típica': e a imprensa em geral estavam, apesar das evidências de wn crime con1eti-
do por uma jovem de classe média alta contra um trabalhador braçal da pe1;feria,
protegendo a joven1 suspeita, "escudada en1 um jogo de aparências que tipifica as
jovens de sua classe''.
Aguinaldo Silva acaba por concltúr que, nesse caso, imprensa e polícia, em vez
de noticiarem e investigarem, estavam a serviço do apartheid social vigente, nun1a
tendência de "dividir claramente os personagens dessa atormentada história": "de
um lado, os n1oradores de uma vila da zona norte, os empregados de wn posto '
de gasolina e de uma loja de consertos de televisão na Lapa, de outro, a bela, bem
falante e promissora universitária Lot1rdes, uma garota de Ipanema, com me il faut''.
•
•
•
•
O trajeto da censura ao livro Dez Estórias Imorais repete, com as devidas mo- 89
dificações, percurso análogo ao da prisão de Aguinaldo Silva em 1969. Nos dois Aguinaldo Silva, um
Escritor Censurado
casos, a motivação declarada não era a motivação real. A prisão do autor em 1969
foi justificada pelo prefácio "A Guerrilha não Acabou': no Diário de Che Guevara,
mas a motivação real, conforme concluiu Aguinaldo Silva, foi a homofobia. En1
1976, tudo indica que a censura às Dez Estórias Imorais deu-se não em função do
livro, mas sim como uma forma de homofobia e também de coação ao jornalista e
militante Aguinaldo Silva.
'
•
Ao longo do tempo, histórias e estórias se
repetem. O Estado republicano, censor por
excelência, foi responsável pela mutilação da
cultura nacional interferindo, negativamente,
na construção do conceito de cidadania. O
aparato policial[...] deve ser considerado
como um dos promotores da barbárie, da
violência, da segregação e da intolerância,
marcas registradas deste século XX. O Estado
tem aqui a responsabilidade enquanto geren-
ciador e legitimador da brutalidade, promotor
do medo e da autocensura. No entanto, ao
nos debruçarmos sobre os arquivos policiais,
constatamos que os intelectuais brasileiros
conseguiram, nos subterrâneos da sociedade,
colaborar para a metamorfose da realidade,
suplantando sua condição de meros especta-
dores conformados.
'
Maria Luiza Tucci Carneiro, Livros Proibidos,
Ideias Malditas, 1997.
livro Em Câmara Lenta, de Renato Tapajós, foi publicado em maio de 1977
pela editora Alfa-Ômega. Autobiográfico, ele relata a participação do autor
na guerrilha urbana durante a década de 1960 e discute essa opção política.
O autor, preso entre agosto de 1969 e setembro de 1974, redigiu o livro em 1973,
depois de saber da morte, na prisão, da ativista de esquerda Aurora Maria Nasci-
mento Furtado'.
Em 27 de julho de 1977, ao sair do trabalho, na Editora Abril, Renato Tapajós foi
preso novamente, pela segunda vez, por agentes do Deops (Polícia Civil do Depar-
tamento de Ordem Política e Social), pois o livro, segundo ofício do delegado Ser-
gio Fernando P. Fleury, violava a Lei de Segurança Nacional por ser "uma apologia
do terrorismo, da subversão e da guerrilha em todos os seus aspectos"'.
O ilnpacto da notícia, caso único de autor preso durante a ditadura militar por 1. Marcelo Ridenti , Em Busca do
Povo Brasileiro, p. 154.
causa do conteúdo de un1 livro, e o espanto pelo fato de a prisão ter ocorrido já no
2. Documento reproduzido em
início de um processo de abertura política - "lenta, gradual e segura" - geraram Mário Augusto Medeiros da Sílva,
'
Os Escritores da Gue,,.ill:a Urbana,
uma grande mobilização da imprensa e da sociedade. Quase diariamente os jornais
Literatura de Testemunho, Ambi-
da grande imprensa e da imprensa alternativa publicavam matérias protestando
valência e Transição Políficç ' 1977-
contra o caso. No dia 9 de agosto, o jornal O Estado de S. Paulo noticiou e a Folha de 1984), p. 14.
93
94
Repressão e Resistência
RtNAíO
íAPAOS
ROMANCE.
-2eediçãO-
- ...
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1
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1
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EDITORA ALFA -OMEGA
S. Paulo publicou o texto (não as assinaturas) de um abaixo-assinado (com oitocen- 95
tos sign atários) protestando publicamente contra a prisão. A Secretaria de Seguran- Livro e Prisão
Memórias de Lutas
,
•
O atual regu11e militar do Brasil é de natureza a despertar o protesto incessante dos ar-
tistas [... ] e seria unpossível que isto não aparecesse nas obras criativas[...]. Por outro lado,
este tipo de manifestação é ex1re1na1nente dificultado pelo regime, que exerce um controle
severo sobre os meios de comunicação. Controle total na televisão e no rádio, quase total
nos jornais de maior circulação, muito grande no teatro e na canção; nos livros e nos perió-
dicos de pouca circulação a repressão é mais branda, porque en1 razão direta do alcance dos
n1eios de comwlicação".
Anterior1nente a Renato Tapajós, Monteiro Lobato foi preso, em 1941, por acu-
sações relativas ao conteúdo de um de seus livros: A Questão do Petróleo.
'
•
A Editora Alfa-Omega
[...] alguns livros foram apreendido nas livrarias [... ] o livreiro lá de Salvador mandou
uma cópia do auto de apreensão e deduzimos da duplicata que ele tinha a ~agar [...] e outro
de Recife[ ... ]. Mais ou menos ltns trezentos livros, dez por cento da prin1eira edição, foran1
pegos de forma fraginentária ao longo de todo o território.
Tecendo os Fios
•
[... ] é espantoso que havendo Censura Federal, com poderes draconianos, poderes de 101
verificação prévia - segundo wna lei que reputamos inconstitucional mas que está en1 ple- Livro e Prisão
no vigor - a policia estadual interfira e repute subversivo Wll livro que à Censura Federal
não causou nenhuma impressão negativa 18•
00
~D~Tirnrn OOOOOODTIDIBffiw
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rnrnm•~TIIB ~TiillTIOO~
'
•
s textos vencedores de duas edições do Concurso Nacional de Contos Eró-
ticos promovido pela revista Status foran1 vetados pela censura prévia. Já
no 1!! Concurso, em julho de 1976, a censura impediu a publicação do pri-
meiro colocado, o conto "Mister Curitiba': de Dalton Trevisan, que concorrera sob
o pseudônimo João Maria; no 3° Concurso, em julho de 1978, o primeiro colocado
foi "O Cobrador", de Rubem Fonseca, também vetado.
Nas duas ocasiões, a revista adotou estratégias diferentes frente ao veto. Na pri-
meira delas, o índice da publicação menciona o concurso e remete o leitor para a
páglna onde seria publicado o conto; na referida página, no entanto, encontra-se
apenas uma charge. Na segunda ocasião, em 1978, na página indicada no índice
como sendo aquela em que o leitor encontraria o conto pren1iado, há uma foto do
autor e a explicação de que "motivos alheios à decisão do Júri e à vontade da reda-
ção de Status impedem que o público tome conhecimento do texto premiado". Em
seu lugar, publicou-se outro conto do mesmo autor.
'
Vejamos essa históriamais de perto.
105
\
•
106
Repressão e Resistência 87 CONCURSO
A comissão julgadora do
1.° Concurso Nacional de
Contos Eróticos, depois de
várias reuniões (uma de-
las, na casa de Jorge Ama-
do, em Salvador), revela os
cinco premiados.
88 DALTON
TREVISAN Ao lado: revista Status, jul. 1976, n. 24, p. 3 (detalhe
O ganhador do concurso e do Sumário). Abaixo: revista Status. jun. 1978, n. 48.
seu conto Mister Curitiba. (detalhe da capa)
r.... ~"<!'.~q_.,.,;.~~~"~
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~'V_,~'!j,
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A Revista Status e seu Concurso de Contos Eróticos 101
Os Contos "Mister
Curitiba e "O Cobrado"
Status era uma revista para o público n1asculino adulto - algumas capas trazem
grafada a indicação "Revista Masculina da Editora Três", outras salientam "Leitura
para Adultos''. O primeiro número de Status foi publicado em agosto de 1974. No
editorial deste número explica-se o porquê dessa denonunação:
Há sempre o grande perigo de se entender mal o que as palavras significam (... ]. Status
signHica educação, categoria, saber viver. Significa conquista. Nem sempre significa dinhei-
ro, mas significa sempre respeito, posição. [... ] Com a firme intenção de fazer ver o que de
ben1, de inteligente, de certo o homem deve conhecer. Os Editores.
Status antecedeu, por doze meses, outra revista também destinada ao público
1nasculino adulto: a revista Homern, publicada pela Editora Abril. A revista Ho-
mem era um similar nacional da Playboy norte-americana, mas não foi lançada
com esse título pois senão "atrairia ainda mai.s a ira da Censura"•. Em 1978, depois
de perder o direito de usar o título Homem por já ter sido previamente registrado
pela Editora Três e de conseguir um acordo com o editor da original norte-ameri-
cana, a revista Homem altera seu título para Playboy. Status e Playboy concorriam
nas bancas com outras revistas de mesmo perfil, entre as quais a veterana Ele Ela,
publicada desde 1969.
Na revista Status, desde o pr imeiro número havia uma seção denomin ada "Fic-
ção': na qual se publicava uma novela ou um conto. Os textos em "Ficçãó' eram
relativan1ente longos, con1 cerca de seis a doze páginas, e geralmente havia uma
chamada a respeito na capa. Alguns dos primeiros autores publicados nesta seção
foram: F. Scott Fitzgerald, Philip Roth, Ray Bradbury, Julio Cortázar e Tennessee
Williams.
Além da seção "Ficção", havia um espaço destinado à crítica, com um texto cur-
to indicando um ou n1ais livros. Em alguns números, havia ainda a publicação de
algum outro texto literário: no n. 4, encontra-se uma seleção de seis cartas de amor
de Graciliano Ramos para sua segunda esposa e, no n. 15, foi publicado um conto
de Ignácio de Loyola Brandão ("Rosajeine Tira a Roupà') que a revista informa ter
sido escrito especialmente para aquela edição.
No n. 20, de março de 1976, a seção "Ficção" apresenta um con to de Ivan Ângelo '
1. Ver l\,lario Sergio Conli, Noticias
e anuncia o lançamento de um grande concurso: "Status lança um concurso lite- do Planalto: A Imprensa e Fernan-
rário diferente - Prêmio Status de literatura erótica brasileirá: Explica-se, a seguir, do Collor, p. 148.
108
Repressão e Resistência
Revista Status, jul. 1976, Você JJâO uclta c1uc, mals t.'(tt/t) ou mt1il ltlrt}t.·. papai ,•ni p,·,·et·bcr?
n. 24, p. 88: "Você não acha
que, mais cedo ou mais tarde, 88
que o concurso seria anual e que os resultados seriam divulgados sempre no mês 109
de julho, e que no mesmo mês do anúncio dos vencedores o primeiro colocado da- Os Contos "Mister
Curitiba e "O Cobrado"
quele ano seria publicado na revista. O regulamento anuncia também os prêmios.
O primeiro lugar receberia uma passagem de ida e volta para a Europa e Cr$ 25 mil.
Na edição de julho de 1976 (n. 24), apesar de o índice listar a publicação do
primeiro colocado do Prêmio Status daquele ano - no caso, "Mister Curitiba': de
Dalton Trevisan - o que se vê nas páginas indicadas são anúncios e piadas.
Explicitando: no índice da edição de julho de 1976, localizado na página 3, está
escrito: "[página] 87 Concurso/ A comissão julgadora do 112 Concurso Nacional de
Contos Eróticos, depois de várias reuniões ( uma delas, na casa de Jorge Amado, em
Salvador), revela os cinco premiados"/ [página] 88 Dalton Trevisan. / O ganhador
do concurso e seu conto 'Mister Curitiba"'. Na referida página 88, o leitor encontr a,
de fato, uma ilustração cômica. No desenho veem-se duas jovens, vestidas com
roupas do fim do século XIX, urna delas utiliza uma armação para aumentar os
quadris e a outra utiliza o mesmo tipo de artefato na barriga disfarçando a gra-
videz. A primeira jovem pergunta para a outra: "Você não acha que, mais cedo
ou mais tarde, papai vai perceber?': enquanto o pai de ambas olha distraído pela
janela. Nas três páginas seguintes, espaço presun1iveln1ente reservado para o conto
suprimido, encontra-se material publicitário.
Posteriormente, em outubro de 1976, no n. 27, publicou-se o comentário de um
leitor da revista sobre o episódio:
•
[... ] ficamos [...] decepcionados [... ] quando contávamos con1 a tão desejada apresen-
tação do conto anunciado no índice da revista número 24 - e nas páginas indicadas havia
apenas duas piadas e alguns anúncios. Não sabemos o que ocorreu com o conto, [...] se
houve alguma falha técnica.
A carta foi publicada com o título "Que no Centenário de Status não Sejam
Necessários Erros Assim''. Sem resposta ou outras observações.
Para avaliar todo o constrangimento da situação é preciso enfatizar a impor-
tância da revista Status, o destaque cultural que os concu1·sos literários tinham
na década de 1970 e, principalmente, a necessidade de o sistema vigente negar ou
esconder suas ações cens6rias.
No acervo do Arquivo Nacional• encontra-se uma carta do diretor-geral do De- 2. Fundo OCDP; Seção Adminis-
tração Geral; Série Correspon-
partamento de Polícia Federal encaminhando a decisão sobre o assunto para o dência Oficial; Subsérie Ofícios de
ministro da Justiça, por conta da complexidade da situação. No documento, lê-se: ComunJcação; docw,1ento n. 081.
•
Un1a vez que o conto 11ão foi publicado, supõe-se que o ministro da Justiça
optou pelo veto.
A estratégia de Status frente ao veto da censura foi semelhante àquela adotada
pelos periódicos O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e outros da época: publicar
outra matéria - como receitas culinárias ou trechos de poemas na primeira pági-
na de um jornal diário de prestígio - no local destinado ao conteúdo censurado,
visando a explicitar que tal substituição não se deu por conta da redação. O risco
dessa estratégia era o de que um leitor n1ais desinformado poderia pensar que se
tratava realmente de um erro gráfico, um empastelamento. Há várias histórias de
leitores que ligaram para as redações reclamando pois, ao tentar f~zer as receitas
culinárias indicadas, o resultado não tinha sido satisfatório.
Em 1977, no 2 2 Concurso Status de Literatura Erótica Brasileira, os vencedores
foram: 12 Luis Fernando Emediato, com o conto "Vegetal"; 2 2 Regina Célia Colônia,
"Sob o Pé de Damasco, Sob a Chuva"; 32 Sonia Coutinho, "Cordélia, a Caçadora";
4!! Edla Van Steen, "Um Dia em Três Tempos"; 512 Aércio Flávio Consolim, "Sob o
Sol''. Ao anunciar os vencedores, a revista informa que houvera dois mil inscritos.
Não houve problemas na publicação desses contos.
Em 1978, mais urna vez o conto vencedor - no caso, "O Cobrador", de Rubem
Fonseca - foi vetado pela censura prévia. Naquele ano, na edição o. 48, de julho,
a capa anuncia "150 mil para o vencedor do Prêmio Status de literatura brasileira:
Rubem Fonsecà'; no índice, lê-se "[página] 127 / O resultado do maior concurso
literário da América Latina, o de Status, e o conto vencedor de Rubem Fonseca~
Na página 127, fala-se do concurso, de sua comissão julgadora e do resultado, e
informa-se que o valor de Cr$ 150 mil é o maior prêmio literário da América do
111
Os Contos "Mister
Curitiba e "O Cobrado"
AQUI DEVERIA
ESTAR O CONTO
PREMIADO.
EM SEULUGAB.,UM.A
EXPLICACAO.
EUM OUTRO-CONTO
DO MESMO AUTOR.
ocê deveria estar lendo agora Sta tus espera poder, u1n dia, ter o
*
Rubem Fonseca estreou e1n livro em 1963, com Os Prisioneiros, reunião de doze
contos. "Halterofilistas, n1arginais, ninfomaníacas, burguesia ociosa são os perso-
nagens de Rubem Fonseca, que domina com o maior vigor a linguagem literária,
enriquecida pelo falar carioca da gíria de rua"8 •
Antonio Candido coloca Rubem Fonseca, juntamente com João Antonio, na
vertente ultrarrealista, ou de "realismo feroz" da literatura nacional pós- 1960:
'
1. Idem, p. 17.
Esta espécie de ultrarrealismo sem preconceitos aparece igualmente na parte mais forte
8. Afrânio Coutinho e /. Galante
do grande mestre do conto que é Rubem Fonseca. Ele também agride o leitor pela violência, Souza, op. cit., p. 722.
114 não apenas dos temas, mas dos recursos técnicos - fundindo ser e ato na eficácia de uma
Repressão e Resistência fala magistral em primeira pessoa, propondo soluções alternativas na sequência da narra-
ção, avançando as fronteiras da literatura no rumo dmna espécie de notícia crua da vida9.
*
É importante assinalar que, no ano seguinte aos seus respectivos vetos pela cen-
sura para publicação na revista Status, os contos "Mister Curitiba" e "O Cobrador"
foram publicados em livro, sem ser i11terditados pela censura. "Mister Curitibà'
fez parte do livro A Trombeta do Anjo Vingador, lançado pela Editora Codecri em
1977, na coleção Edições do Pasquim, e o conto "O Cobrador" dá título ao livro de
Rubem Fonseca publicado pela editora Nova Fronteira em 1979. Tanto a Editora
Nova Fronteira como a Editora Codecri errun, no momento, empresas de unpacto
no mercado editorial e de grande visibilidade.
O fato de os contos "Mister Curitiba" e "O Cobrador" terem sido vetados pela
censura para publicação em revista, mas não em livro, é um exemplo concreto de
que a censura, durante a ditadura militar, teve atuações diferenciadas, não só nos
diferentes períodos como também em relação aos diversos meios de comunicação.
Os casos descritos exemplificam, nos meios in1pressos, como a atuação da censura
foi mais rígida em relação a jornais e revistas do que em relação a livros.
Casos como esses parecem indicar que havia uma llierarquização da censura,
que resultava em atuações diversas em virtude do potencial impacto da produção
em questão.
Embora estejamos enfocando especificamente um caso de censura à ficção' em
revistas e livros, a hierarquização que verificamos parece reforçar a ideia da racio-
9. Antonio Candido, A Educaçifo
pela Noite e outros Ensaios, p. 2u. nalidade da ação censói:ia durante a ditadura militar - essa ação, depois de 1968,
•
teria sido variante, multifacetada, mas não arbitrária. Maria Aparecida Aquino, 115
no livro Censura, Imprensa, Estado Autoritárío (1968-1978), defende posição seme- Os Contos "Mister
Curitiba e "O Cobrado"
lhante ao estudar a censura a noticias nos jornais O Estado de S. Paulo e Movimen-
to, concluindo que "a censura apenas ocasionalmente foi aleatória; possuía, com
certeza, uma 'lógica' interna enraizada na defesa dos interesses dos grupos presen-
tes no Estado autoritário e no projeto político que conceberam para o país"'º.
No caso específico do presente estudo - censura à ficção en1 revistas e livros -,
essa hierarquização dos atos censórios se daria em dois níveis: um primeiro, relativo
aos meios de con1unicação (televisão, cinema, rádio, imprensa); e um segundo, de
acordo com produções específicas de cada un1 dos diversos meios de comunicação.
Na son1atória desses fatores, o resultado era o de que quanto mais público uma de-
terminada produção cultural pudesse ter, mais ela seria "alvo" da censura. No caso
em questão, Status, naquele momento uma das principais revistas do país, era, sem
dúvida, muito mais lida que a maioria dos livros nacionais de ficção".
Voltando à revista Status: nos dois casos de veto à publicação do texto vencedor
do Concurso de Contos, em 1976 e 1978, a revista buscou alternativas que não alte-
rassem sua diagramação e sua paginação, evidentemente por questões de custos e
prazos. Se no primeiro caso, em 1976, a estratégia usada pode até ser lida como um
erro gráfico, um empastelainento, em 1978 a revista resolveu explicitar que havia
sido censurada e proibida de publicar o conto vencedor. A estratégia da revista foi
diferente por que os tempos eram outros: em 1978 o país já estava em pleno proces-
10. Maria Aparecida Aqulno,
so de "desmonte da ditadw·a" 12, às vésperas do fim da vigência do Ato Institucional
Ce11sura,.Jmpre11sa, Estado Auto-
n. 5, e, como o próprio texto explicativo salienta, naquele momento "quase toda a ritário (1968-1978), p. 256. Posíção
imprensa brasileira" tinha o direito "de decidir, soberanamente, sobre os textos" a semelhante também é encontrada
no artigo de Carlos Fko, ~Pre-
serem publicados. zada Censura': Cartas ao Regime
Militar''.
11. O Anuário Brasileiro de Mídia
1975'1976, na p. 268, informa que
a circulação total (assinaturas
mais vendas) da revista Stah1s era
de 95 mil exemplares. O Anuário
Brasileiro de Mídia 1977/1978
não informa a circulação total da
revista, mas indica que a circu-
lação das Status especiais era de
oitenta 1nil exemplares. O editor
' de
das Status especiais era lgnácio
Loyola Brandão.
12. Ver Elio Gaspari, A Ditadura
Derrotada, pp. 15-19.
in1prensa teve início 110 Brasil em 1808, ano da transferência da Familia
Real Portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro, con1 a consequente insta-
lação da linpressão Régia nessa cidade.
A Família }leal Portuguesa decidiu fixar-se no Brasil para escapar da invasão
das tropas de Napoleão Bonaparte, que pretendiam obrigar Portugal a participar
do bloqueio continental contra a Inglaterra. Ao transferir-se para o Brasil, a Fan1í-
lia Real visava a mudar a sede do Estado português e assim manter a sua soberania
em relação ao invasor.
Com a mudança, a Fainilia Real dos Bragança "fugia (na visão de alguns), evi-
tava a sua dissolução {na visão de outros), ou e1upreendia uma política audaciosa
para escapar do tratamento hu1nilhante que Napoleão vinha impo11do às demais
monarquias"'.
Na época, um pequeno poema musicado narrava ironicamente a situação:
'
111
118 e escreveram em cima
Repressão e Resistência
Portugal mudou-se•.
Até a transferência da corte para o Rio de Janeiro, a metrópole nunca quis consentir o
estabelecitnento de tipografias coloniais. Os tímidos ensaios de imprensa que tivera1n lugar
em Pernambuco e no Rio de Janeiro no decorrer do século xv1n (...), foram rigorosamente
suprin1idos, sequestrando-se o material e sendo ameaçados de prisão os in1pressores'.
Antonio Isidoro da Fonseca publicou, no Brasil, esta Relação e 1nais três outros
folhetos. A iniciativa gerou uma Ordem Régia de 6 de julho de 1747 sequestrando
para o Reino as "letras de ilnprimir'' (caracteres móveis, tipos gráficos) e mandan-
do "notificar aos donos das mesmas letras e aos oficiais da imprensa [... ] para que
2. Impressões do Brasil, Grupo
Machline, Digibanco Sharp, s.d. não se imprimam livros, obras ou papéis alguns avulsos [...]''. A mesma Ordem
(v11s). continuava com W11a ameaça, advertindo que "fazendo o contrário, serão reme-
a Wilson Martins, A Palavra
Escrltn, pp. 334-336.
tidos presos para este Reino [...] para se lhes imporem as penas em que tivessem
4. A referência a uma segunda ofi- i11corrido, de conformidade co1n as leis e ordens n1in has";_
cina deve-se ao fato de a primeira A imprensa no Brasil surgiu mais tarde do que em muitos países da Amér ica
ter sido cn1 Portugal.
5. Documento citado por Wílson Latina, como o México, onde nasceu en11539; o Peru, em 1583; e a Bolívia, em 1612.
Martins, op. cit., p. 341. Ao buscar uma explicação para esse fato, Nelson Werneck Sodré afirma que na
•
An1érica Espanhola havia culturas complexas, como as dos povos asteca e inca, 119
que o invasor teve de destruir para poder in1por a sua cultura, enquanto no Brasil Considerações Finais
Dom João VI, sua família e sua corte, ao se transferirem para o Brasil, chegaram 121
Considerações Finais
inicialmente à Bahia, em janeiro de 1808. Lá, d. João VI assinou a carta régia que
abria os portos brasileiros para o comércio com nações amigas. De lá, o rei e seus
súditos partiram para o Rio de Janeiro, onde desembarcam em março de 1808.
Con1 a transferê11cia da Familia Real e da corte portuguesa, o Brasil, de colônia,
se transforma em sede da metrópole: "o que estava acontecendo era novo e não
tinha antecedente: a colônia transformava-se em sede da metrópole, e a sede se
transformava, aos poucos, em colônia"' 4 • Depois de várias festividades e comemo-
rações pela chegada, foi necessário tomar providências para o alojamento de todos:
afinal, se tratava de cerca de dez a quinze mil viajantes•~ instalando-se em uma ci-
dade que, na época, contava com cerca de cinquenta mil habitantes e necessitava de
melhorias urbanísticas como água encanada, aterros, calçadas e iluminação. Poste-
riormente, foi necessário construir todo um aparato jurídico e diplomático e, nesse
contexto, em 13 de maio de 1808, foi criada a Impressão Régia - data da "instalação
oficial e definitiva da tipografia en1 nosso país"16•
A Impressão Régia foi criada para imprimir "exclusivamente toda a Legislação e
Papéis diplomáticos que emanarem de qualquer Repartição do Meu Real Serviço;
e se possam imprimir todas e quaisquer outras obras, ficando inteiramente perten-
cendo o seu governo e administração à mesma secretariâ'.
A prensa tipográfica que seria utilizada para a formação da Impressão Régia no
Brasil havia sido adquirida na Inglaterra e ainda se encontrava no porto de Lisboa
quando da fuga da Familia Real e da corte portuguesa para o Brasil. Foi, por isso,
transportada nos mesmos pesados caixotes em que tinha chegado da Inglaterra,
que pe1maneciarn intactos. Essa coincidência talvez tenha sido responsável pelo
estabelecimento da Impressão Régia no Brasil. Se os caixotes não estivesse1n no
porto, talvez d. João não tivesse se lembrado de trazer uma tipografia'7• Os prelos
vieram na bagagem de d. Antonio Araújo de Azevedo e foram acomodados por ele
na rua do Passeio, número 42, primeiro endereço da Impressão Régia. D. A11tonio
de Araújo também trouxe na nau Medusa a sua rica biblioteca particular que, de-
pois de sua morte, seria incorporada à Biblioteca Real'ª. 111. Lllia Morítz Schwarz, op. cit. ,
Mes1na sorte não tiveram os caixotes que continham as cerca de sessenta mil p. 2.49.
peças, entre elas inúmeras preciosidades, da Real Biblioteca: no processo de em- 15. Idem, p. 2 18.
18. Nelson Werneck Sodré, op.
barque da corte portuguesa e.m novembro de 1807, esses caixotes não foram leva- cil., p. 344.
dos aos navios: "com a correria ficaram abandonados no porto, onde permanece- 17. Idem, p. 344. '
18. Lilia ~1oritz Schwarz, op. cit.,
ram por algum tempo debaixo de sol e chuva, até retornar ao Palácio da Ajudâ''9•
p. 356.
A Real Biblioteca da Ajuda - que compreendia dois conjuntos, a Livraria Real e a 19. Idem, p. 264.
122 Livraria do Infantado - começou a ser transferida para o Rio de Janeiro três anos
Repressão e Resistência
mais tarde, em 1810, com a remessa de uma primeira leva, a que se somariam duas
outras remessas em 1811. Finalmente, em setembro de 1811, a "Real Biblioteca estava
novamente toda reunida e, por fun, em terras brasileiras"'º. A Real Biblioteca é o
acervo inicial da atual Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
A primeira publicação da Impressão Régia (que posteriormente veio a deno-
minar-se Imprensa Nacional, Typographia Real, Typographia Régia, Typographia
Nacional, Régia Typographia, Departamento de Imprensa Nacional e atualmente
denomina-se Imprensa Nacional) foi um folheto de 27 páginas denominado:
Entre 1808 e 1822 a Impressão Régia publicou 1154 trabalhos, a maioria opúscu-
los e avulsos insignificantes, papéis de expediente, editais, sermões, cantos fúne-
bres e hinos triunfais. Imprimiu também, contudo, obras de grande valor literário,
tais como Mari?ia de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, e de discussão política,
como Compêndio da Obra da Riqueza das Nações, de Adam Smith.
Pode-se dizer que Marília de Dirceu foi o primeiro best-seller do Brasil". A obra
teve quatro edições em Portugal entre 1792 e 1800, sendo que uma delas vendeu
.
dois mil exemplares em seis meses. E1n meados do século x1x, a obra já somava 34
edições no Brasil e em Portugal.
Ao iniciar suas atividades de edição no Brasil em 1808, a Impressão Régia estava
submetida aos mesmos mecanismos de censura vigentes en1 Portugal e em todas
as colônias de além-mar. Esses âmbitos de verificação censória eram, naquele mo-
mento, já o vimos, o Santo Ofício, a autoridade episcopal e o Desembargo do Paço.
Além dessas instâncias, em 22 de abril de 1808 foi instituída a Mesa do Desembargo
do Paço do Rio de Janeiro, entre cujos objetivos constavam o de controlar livros
e papéis que passassem pelas alfândegas e o de examinar os escritos submetidos à
Impressão Régia23 •
20. Iden1, p. 269.
21. Wilson l\.:fartlns, op. cit., p.349. Em abril de 1821, d. João VI e a Família Real voltaram para Portugal, enquanto d.
22. É o que afirma Laurence Pedro 1 pern1aneceu no Brasil, na qualidade de Príncipe Regente. Em 2 8 de agosto
Hallewell , op. cit., p.98.
do mesmo ano, d. Pedro I estabeleceu por decreto o funda censura prévia e restrin-
23. Márcia Abreu, op. cit., pp. 40
e 41. giu as atividades dos censores, estabelecendo um marco para o início da liberdade
de imprensa no Brasil. Um ano depois, e1n 7 de setembro de 1822, m enos de dois 123
Considerações Finais
anos depois do decreto do fim da censura prévia, d. Pedro 1 proclamará a Indepen-
dência do Brasil. É célebre sua declaração: "Viva a independência e a separação
do Brasil. Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro promover a
liberdade do Brasil. Independência ou Morte!':
*
No Brasil, a in1pressão de livros - que teve uma aparição esporádica em 1747,
com a publicação de folhetos à revelia do veto de Portugal sobre a instalação de
prelos na colônia - nasceu oficialmente em 1808, no interior de um complexo sis-
tema de censura, vindo a ser radicalmente cerceada novamente durante o Estado
Novo e durante a ditadura militar.
No governo ditatorial de Getúlio Vargas conhecido como Estado Novo (1937-
1945), livros foram apreendidos inún1eras vezes em livrarias, depósitos de editoras
e até mesmo em bibliotecas, além de serem incinerados. Essas destruições eram
frequentes e acontecia.in arbitrariainente, a mando de qualquer pessoa que se jul-
gasse em posição de autoridade: era possível "a destruição em massa de quaisquer
livros a que algué1n em posição de mando fizesse objeção" 24 • Algumas editoras,
como as Edições Cultura Brasileira, fecharam en1 virtude de perdas financeiras
ocasionadas pelas apreensões. Graciliano Ramos, Jorge An1ado e Raquel de Quei-
roz, entre outros, foram presos sob suspeita de partilhar ideias comunistas. Muitas
obras de Monteiro Lobato foram queimadas. Até mesmo Gilberto Freire, um co-
nhecido n1oderado, foi acusado de subversivo e sua obra Casa Grande e Senzala,
considerada antinacionalista e comunista.
Merece destaque o fato de que, durante a ditadura de Getúlio Vargas, Cecília
Meireles foi presa por traduzir As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain, consi-
deradas subversivas, tendo, por isso, uma edição confiscada. Esse episódio perfila-se
na lista das iro11ias ligadas à história da censura. Rob ert Netz, estudando a censura
no mundo, conclui que quase sempre existe uma lista de "bobagens" realizadas pe-
los agentes da repressão, o que, ainda de acordo com Netz, acontece por ser a cen-
sura "uma intervenção autoritária em um circuito comunicacional e, portanto, ela é
sempre mais ou menos inadequada em relação ao discurso que ela quer impedir"25 •
Durante a ditadura n1ilitar brasileira (1964-1985), a edição de livros foi, inicial- 24. Laurence Hallewcll, op. cit., p.
mente, vítin1a de atos de vandalismos da direita e, a partir de 1970, coagida por 457 (fonte também para o' restante
desse parágrafo).
uma legislação de censura prévia. O estudo que empreendemos sobre a censura a
25. Robert Netz, Histoire de la
livros nesse período nos conduz a três constatações: censure daris l~dition, p. 123.
124 A primeira é a do limite de qualquer ato de coação censória: toda coação é tem-
Repressão e Resistência
porária e limitada - "pode-se reprimir o espírito por um curto espaço de tempo,
mas, no final, o espírito sempre vence"26 • Em Carta sobre o Comércio de Livros,
Diderot, dirigindo-se a uma autoridade jurídica, sintetiza assim a situação: "Preen-
cha, senhor, todas as suas fronteiras com soldados, arme-os com baionetas para
apreender todos os livros perigosos que se apresentarem e, mesmo assim': adverte
o autor, "esses livros, perdoe-me a e}..-pressão, passarão entre as suas pernas e salta-
rão por cima de suas cabeças e chegarão até nós"'7•
A segunda observação geral a que o estudo realizado nos conduz é a de que a
censura durante a ditadura militar brasileira foi parte de um aparelho de coerção
e de repressão e resulto u em enormes prejuízos para o exercício da cidadania e da
cultura.
/
27. Denis Diderot, Lettre s11r /e
commerce de ln librairie, p. 100.
•
'
/
•
Dispõe sôbre a execução do artigo 153 § 8º, parte final, da República Federativa
do Brasil.
121
128 decreta:
Repressão e Resistência
Livros de ficção
• Dez Histórias Imorais, de Aguinaldo Silva. Rio de Janeiro, Gráfica Record
Editora, 1967* (DOU 11.2.1976)**
o Zero: Romance Pré-histórico, de Ignácio de Loyola Brand ão. Rio de Janeiro,
Editora Brasília, 1975 (DOU 16.11.1976)
• Feliz Ano Novo, de Rubem Fonseca. Rio de Janeiro, Artenova, 1975*
(DOU 17.12.1976)
• Em Câmara Lenta, de Renato Tapajós. São Paulo, Alfa-Ómega, 1977
(DOU 11.8.1978)
• Diários de André, de Brasigóis Felício. Goiânia, Oriente, 1974* (DOU 7.7.1975)
• 4 Cantos de Pavor e Alguns Poemas Desesperados, de Álvaro Alves de Faria.
São Paulo, Alfa-Ómega, 1973*,***
• Aracelli Meu Amor, de José Louzeiro. Rio de Janeiro, Record, 1981*** t Fontes: Acervo DCDP, Arquivo
Nacional, Deonisio da Silva, Nos
o O Casamento, de Nelson Rodrigues. Rio de Janeiro, Eldorado, 1966* Bastidores da Ce/lsura e EIJo Gas-
parL A Ditad11ra Escancarada.
., Hã parecer no ;\ rquivo Nacio nal
Livros de não ficção •• o ou: indicação da data ae
publicação do despacho censório
/ o O Poder Jovem: História da Participação Política dos Estudantes Brasileiros, de
no Diário Oficial da União.
Arthur José Poerner. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968 .,, Ver o prin1ei ro capílulo.
129
130 • 113 Dias de Angústia - bnpedimento e Morte de um Presidente, de Carlos
Repressão e Resistência Chagas. Rio de Janeiro, Image, 1970
• O lv[undo do Socialismo, de Caio Prado Jr. São Paulo, Brasiliense, 1962
• A Revolução Brasileira, de Caio Prado Jr. São Paulo, Brasiliense, 1966
• A Universidade Necessária, de Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1969
• Contradições Urbanas e Movimentos Sociais, de J. Álvaro Moises, Verena
Martinez-Alier, Francisco de Oliveira, Sergio de Souza. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, Cedec, 19n
• Classes Médias e Política no Brasil, de J. A. Guilbon Albuquerque
(coordenador), Alain Touraine, Braz J. Araújo, Fernando Henrique Cardoso,
Gilberto Velho, M. A. Salvo Coimbra. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977
• Movimento Estudantil e Consciência Social na América Latina, de J. A.
Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977
• América Latina: Ensaios de Interpretação Econômica, de José Serra
(coordenação) e Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares, Fernando
Henrique Cardoso, Anibal Pinto, Pedro Vuskovic Bravo, Fernando Fajnzylber,
Paulo R. Souza, Victor E. Tokman, Arturo O'Connell, Charles Rollins, Mario
la Fuente. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1976
• Programa de Saúde: Projetos e Temas de Higiene e Saúde, de Lídia Rosenberg
Aratangy, Silvio de Almeida Toledo Filho, Oswaldo Frota-Pessoa. São Paulo,
Companl1ia Editora Nacional, 1976*
o O Despertar da Revolução Brasíleira, de Márcio Moreira Alves. Lisboa, Seara
Nova, 1974
• Torturas e Torturados, de Márcio Moreira Alves. Rio de Janeiro, Idade Nova,
1967 (DOU 31.5.1967)
• Dicionário do Palavrão e Termos Afins, de Mário Souto Maior. Recife,
Guararapes, s.d.
• História Militar do Brasil, de Nelson Werneck Sodré. Rio de Janeiro,
Civilização Brasileira, 1965 (oou 2.6.1970)
• Memórias: A Verdade de um Revolucionárío, de Olympio Mourão Fil110. Porto
Alegre, L&PM, 1978
• A Automação e o Futuro do Homem, de Rose Marie Murara. Petrópolis, Vozes,
1968 (DOU 14.10.1975)
o A Mulher na Construção do Mundo Futuro, de Rose Marie Muraro. Petrópolis,
) Vozes, 1966 (nou 14.10.1975)
• Basta Bastardos, de Hello de Almeida*,**,.
• Autoritarismo e Democratização, de Fernando Henrique Cardoso. Rio de 131
Janeiro, Paz e Terra, 1975 Anexos
a O Gênio Nacional da História do Brasil, de Roberto Sisson. Rio de Janeiro,
Unidade, 1966 (Dou 29.6.1972)
• EUA: Civílização Empacotada, de Mauro Almeida. São Paulo, Fulgor, 1961
• A Ditadura dos Carteis, de Kurt Rudolf Mirow. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1977 (Dou 28.2.1977)
Livros Eróticos/Pornográficos
o Cassandra Rios: A Paranóica; Tessa, a Gata; O Prazer de Pecar; A Borboleta
Branca; Breve História de Fábia; Copacabana Posto Seis; Georgette; Macária;
Marcella; Uma Mulheri Diferente; Nicoleta Ninfeta; A Sarjeta; A Serpente e a
Flor; Tara; As Traças; Veneno; Volúpia do Pecado•.
a Adelaide Carraro: Mulher Livre; Os Atrzantes; A Escuridão; Carniça;
2. A maioria dos cinllos foi publi-
O Castrado; O Comitê; De Prostituta a Primeira Dama; Falência das Elites; cada pela editora Mundo Musical,
Os Padres Também Amam; Podridão; Asco - Sexo em Troca de Fama; de São Paulo. '
3. A maioria dos titulos foi publi•
Submundo da Sociedade; A Verdadeira História de um Assassino3•
cada por L Oren Editora, de São
a Dr. G. Pop: Vida e Sexo; A Coisa Incrível; Vida Amorosa de u,n Médico; Paulo.
•
132 A Menina Cor de Rosa, Sensação em Portugal; Astúcia Sexual; As Bruxas Estão
Repressão e Resistência
Soltas; Cidinha a Insaciável; As Coisas Amargas da Doce Vida; Contrabandistas
de Escravas; Duas Flores do Sexo; A Filha de Ninguém; Graziela Amava e...
lv1atava; O Honiem que Desafiou o Diabo; Loira Vestida de Branco; Horas
'[ardias; Kukfa, a Boneca; As Lágrimas das Virgens; O Louco; Quando o Diabo
se Diverte; As Trigêmeas4 •
• Brigitte Bijou: Tentação Sensual; Vamos Querida; Caminhos Eróticos; Amor a
Três; A Chinesinha; Chinesinha Erótica; Clube dos Prazeres; Duelo entre duas
Mulheres, Em Busca da Aventura; A Garota Cobiçada; Garotas em Apuros;
A Inocente; O Padre Fogoso de Boulange; Play Sexy; Prazer sem Pecado; Na
Voragem do Êxtase'.
• Márcia Fagundes Varella: Dois Corpos em Delírio; Mulher Pecado; Noviça
Erótica; O Preço de Marta; Sexo Superconsumo; Mulheres de Ninguém 6•
133
134 Pareceres sobre publicação de livros eróticos/pornográficos:
Repressão e Resistência
• A Paranoica, de Cassandra Rios (caixa 26)
• Copacabana Posto 6 (A Madrasta), de Cassandra Rios (caixa 9)
• As Traças, de Cassandra Rios (caixa 9)
a Eni Busca de Aventuras, de Brigitte Bijou (caixa 19)
• A Chínesinha Erótica, de Brigitte Bijou (caixa 8)
• O Louco, de Dr. G. Pop (caixa 26)
'
MINIST~ RIO DA
135
DEPARTAMENTO DE POLfCIA F.EDERAL Anexos
DIVISÃO DE CENSURA DE DIVERSÕES PÚBLICAS
PARECER N9
.
,,LL
Ti'rU LO: "FELI Z, ANO NOVO"
Obra litea:-ária
o de 1976
Q, . . ~-~ }
. G,.. o ~-·~'?·
w'f" /.•º·
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'
Parecer inicial de Feliz Ano
Novo, de Rubem Fonseca
136
...
Repressão e Resistência
-· ..
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seAvt~O pl) 1
, :u.,co ~EDliRAL
Parecer no~U °J
ssunto ••• : LEITURA DE. LIVRO
!tulo•• ••: DEZ ESTÓRIAS IMORAIS
ter ••••• : AGUINAIDO SILVA
itora••• , ClÚ.FICA RECORD EDITC>Rà - .av. Rio Branco 131 • 18"
J\J'
•
MINISTÉllO OA JUSYICA
DEPllfAJIEHTO DE POÚCII FEDEl.lL
Anexos
Cabelos se orrancam
braços e mãos aberta~,
livre~, fecbadas 1
em luta camarada,
E pernas se enlaçam
e se soltam,
pi s am estômaeos,
ventl'e ,
' '
••••••••••• • • • • • • ••••
assim delírio
de mordel:Ínguas,
lábios e pubis 1
o germe aprofundado,
~ -~oss1vel da vida,
••• • • • • • • • • • •• •••• • •• '
•
140
Repressão e Resistência
'
•
141
Anexos
TÍtuJ.o: "PROGRAMA
, DE SAÚDE (PROJErOS E TEMAS DE HIGIENE
E SAUDE} 11 ,
Autores : LÍdia Rosenberg Aratangy, SÍlv1o de Almeida T,2
ledo Filho e Oswaldo Frota- Pessoa
Editora: Cia. Editora Nacional
Endereço: Gusmões, 639 - são PauJ.o/SP
Edição: 1976
,
Procedemos ao exame do livro d1dat1co acima,
que tem como principal objetivo utilizar o métOdo de projetos, baseados no/
Parecer NO 2. 264/?4 do Conselho Federal de
, Educação, q'W\ndo trata do desen-
volv1mento da disciplina "PROGRAMA DE SAUDE 11 para o 20 Grau, oriada por for-
,
ça da Lei NO 5.692/7+, em seu Artigo_70. Esclareça- se que esse metodo de/
uprojetos 11 pretende que o aluno alcance comportamentos desejiveis para in-/
grassar .na realidade de seu ambiente, oom sugestões e discussões sobre os /
problemas. O livro procura exatamente levantar questões para discutir te- /
mas entre todos os alunos de uma classe, advindo dali uma solução pr~tioa /
para a cOlDUnidade.
,
, Especialmente quanto ao conteudo, detivemos
nossa analise
, ao quinto
, tema que aborda "Drogas e Comportamento , abrangen-,
11
do a s paginas 121 ate a 133, e se complementa 00111 a Lei Brasileira sobre t,2
xicos, de 2!}/10/71, a qual vem na Íntegra.
Embora saibamos que tal tema faz parte do/
curr!ouJ.o da disciplina em pauta, observamos que nesse livro' ~ dada grande
ênfase ao asswito 11 drogas 11 , oom toda uma exposição clara, preoisa e -oonoisa
do que se segue:
, ,
a) o que e oada droga (como se oUltiva, oomo e onde se obt8111, e detalhes ge-
rais sobre trafi cantes e sua ação.
[pp. 141-143)
Parecer de Programa de
SIVPR • 012.JOO Saúde: Projetos e Temas'
de Higiene e Saúde, de Lídia
Rosenberg Aratangy e outros,
pp. 1-3
142
Repressão e Resistência
COLOCAÇÃO LgGAL:
O Decreto NO 69.845 de Z'l/12/7). que re.gulame~
ta a Lei NII 5'.. 726 de 29/10/71, diz em seusArtigos
, 12, e 13 que o MiDist ~rio da
Educação e Cultura
.
-, M.E.o. - coordenara e executara , programas de esol areoi-/
manto popular atraves do Conselho de Prevenção Antitoxioo. Em seu Art igo 16
e seus parágrafos dispõe sobre o pessoal que estar~ habilitado a ministrar /
, , "' f ,
oursos gpbre t oxicos, isto e, educanores especifioos para orientar pais, medi•
cos e alunos no âmbito escolar. Para efeito deste Artigo aoillla, sQJlente pode-
rão ministrar cursos antitóxicos, pessoas devidamente qualificadas pel o MEC e
. ,
com oartas de credenciamento fornecidas pelo referido M1n1sterio.
,
- No Artigo 18 o MEC determina que se incluira
, ~ ,..
na Disciplina 11Educaçao Moral e Civioa11 a realizaçao de palestras visando o /
esclarecimento quanto ao uso nocivo de substâncias entorpecentes.
;eAR~)g\ FINAL.
, -
,
-
vemos oonfirmaçao de que os livros did~~icos
,
,
,
-
l) Apos consultas a orgaos competentes, obti-
-
sao lançados no mercado para uso
,
de professores e alunos em oolegios, sem previa analise ou aprovaçao do MEC,/
podendo qualquer professor utilizar em sua classe o livro que l _he aprouver.
2) Normalmente, oada professor aconselha aos
alunos a publicação que julgar conveni.a nte para o melhor aproveitamento na di!
oiplina que leciona.
3) Os autores do livro analisado são , doutores
em Biologia e podem estar credenciados pelo MEC a lecionar sobre tox1oos 1 po-
rém são imprevisíveis os anfoques que oada professor de "Programa de SaÚde" /
que venha a utilizar tal publicação, dê ao problema, enfatizando que a maioria
•
não possui este oredenoiam.e nto acima citado. ·
lt,) Como ·a abordagem do tema "Droga.s 11 é regida
por lei espeo1f1oa, observadas todas , as precauções quanto ao tipo de platéia
- idade, meio sooial 1 meio psicologico -, julgamos perigoso o uso generalizado
,
,
do texto deste livro em escolas, ja que se destina a adolescentes de
. 1, a 18
,
anos, no caso, os mais susoetiveis de querer experimentar o proibido, pois e
a idade da busca de liberdade, e todas as gamas de sensação, de perigo e de a-
ventura estão presentes.
'
5'l No limitado oampo de professores que oonhe-
oemoa1 e ondt oaaeamoa 1101110 pa.reoer por 1111011tra1111111 e1p10.1.t:Loamante 4a rea.1.-
143
Anexos
SERVIÇO PO'BUCO FEDERAL
N ,.,. # ,
ao de Curitiba, est1m!IIJlns q_ue nao ha grande numero de credeno1ados a manejar
nistram
,. aulas ,de "Programas de Saude
Ciencias Bi9logioas.
,.
esse texto do livro, conforme a exigenoia do Mll'.0 1 sendo a maior1ai dos que mi-
,
, 11 , licenciados por fa.o uldade na area de / --
6) O t001or de que a má utilização, por pesso-
as não qual;ifioadas para palestrar sobre 11Drogas 11 , usando a abordagénl tão am-
. , -
pla que a publicação apresenta, possa causar sérios problemas no espirita da
,
juventude brasileira, e que nos manifestamos oo.o.trar1os a sua venda e uso in-
d1sor1ro1nados.
É nosso Paraoer.
~L.0 - J.;·""'.c--,.-::::,
, Lilian F1lus
Teon1oo de Censura
MATR: 2ol+l6.94,l
~ "\_,'ô~ ~ ~~ 1i0_
~'Ç I fvº ~1~ tf. 1-YC1) p
,h,bVt\
,. ~·~
r ~c:i . ~ _J..
tM1fn~cl') .. ;;;,
144
Repressão e Resistência . MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
P A R E C E R
I) Documentação
b) 'ri'tulo original:---- - - - - - - -- - - - -- - -- -- -- - - -- -
-
c) Autor· ANr0!TI0. r,_4,.T/!'F.t) 1' a".:!,tt!() tTOVAf,S
.
d) T r a d u t o r : : ~ - - - · · - - - - - - - -- - - -- - - - - - - - - - -- - -- - -
II) Análise
a) Gênero ;,-"'
D.::ra.::~"'m"'l!l.'----·-- - - - -- - -- - -- - - - ~- - -- - -- - - -
b) Argumento: TJ,:, <:. icnti:st"-, ""X' e:;,f.3rço p:t6prio, con3es:u~ obter·:ê:q. t o fa-
:;,;endo com nue um 1ll8.8'8CO falaooc e rociocinaann <:omo !'l~r 1'111.,;ir o! o. ,-,,.1,,n-io
~~t a. p:<J.r-R concl11i r a · 31ta por.1<].Ul.;;l!\ e 11ublicn-½ pnr'l. to·lo o immd o, . ~r.ge
um euvlrl<lo 001t0zic~uro ,1ccc, au ~h.! •JJ.d c com o eoverno local, pc:n;ai totltül an
f ê--:-ç:a, ... porra , ol!Jlr o"f;r:t,t-o dG': ""AU ':vaba.lho" o ,;u;á- lo ll~$-El"XpQl!i.Ô'1cis..:- ee,....
paciais. O cientista nno. ~?~ccrdo. e apelf!. ::it~ pi,.rm a. Ip;rejn. l!ada consc-
~tie, ê a cu!l'l.do de cof,pernr coti o.o comnniot!\s e finalmr.nte internado <im um
líospitãl m:i.11tai' como docn.t e mental. o macaco que Já r êc:foera o:Mon§ ne
:fugir é mePt~Mee~te ~Qe nãe e reeonheoera. l ,eçs te,miea ea~ wn
grj to de aJ ertn doe- ou+.i-o"' macacos, que não pretendi em ficar p3osivoe o
}S:;t yJ;oc.~,;~ll;!'l:g~ J u to r pc J a J i be rd e d e •
r1;en2ngcm-ld'.oztro. c omo a ti!cno],oe-ia, os inventos o as dcoc obi,rtns c icn til'i.-
cas,. silo 11:-:-a;lucticadã:P.-:>i.õs pnÍ S'-''1 s tibde:acnvolviõ.os 1,cloãã'o'll3.r,s.dorer, <lP.
p1Jtencias. l'l-6-t:aso-·~,...,,o.-
,:-EEfl'Er-Fl?U'H-,.- - - - - - -- - - - - - - - -- - - - - - - - -
2. . Imor .·, ,;_ aJ .o es1>cctador sente-se deprimido a o ver que ~do conse-
5
e;uicdo po-r ~'M"í1ál.8 S\ltrde!!ct<VO'.tvi:do.m em 4eoanvolv1nmnto (llranil.) é ass!tlll-
bareaQe ,;ie, eo él.E>oenvelvidoa (Es-t,ad.<>-so'-'JOan.i=<i.go-ss+)T.- - -- - - - -- - -- -
[pp. 144-145)
Parecer de Pavana para um -e))(Cs;e;;n:;;a~s;-;,:Icirei:fil~:;~===========================
e '
------------,...--,.------------------------------
g.) Valor educatl vo :n
__e_nh_u_m_•--,---,=-----,---,,.-----,--=,.,...----=--
Coc lu !!íio - A e a com um invólucro sim les e inCenu", fonnl:Í..;Mdo ua1il -te-
ma de int.eresce gera. , qu g~an no r•e'l1J.U saa e esco "r 11.fJ ci<»:it"3.f'1cAà .
li.borda as pesquit:?as o eiq11.,Tl.onc:i.ar-i de Uln <!iénf.1a't:n qUI! dbteVII l!::ct:to !>i-
llI),:XR'~f'~z·en~ç· eom qUê uni Jttacaco ftt:t. u•.:.:c e r~,cc 1,,u111asoc ewuo ww.7'"crr-
lrúl11ono. ·~tràtarlto, essa emodugum 1
i11ebnxu11tc e putt$.la1.nt:e fr..l.=: ..... , :po-r>,r-u~
~a v~•li.. (lade a nua i,9t~u~,jA:O Qos-m-a) ~ :i:ar a 'lrttcr~ dac3e o ferir nc i!<>l-ct.i:vi-
tl de ~m e!! ec:l.ol os JmUU e dl'.l 11m. c,:,rt.ô rnodo n,;i '"'""'"lº l'Ôr~t:11? A-.,•a~n"
o ExP,::r,:!.~:o • rzoo ::;~ c1'3p~~.;rui..'J r,cl~s inumõr20 dlâ.loeoo :il1oe1~:tt10~ lH,-c-n,,-
té'ktO e que êStaõ ne~:tnal:Ul:?Sn'r!lnt preto , --mi ton~u~1: ii,
f3, ,15;•. . ~9-, ~7; .. :1r.
, 60, 6 4 , 67, ao, SJ, 8.3, 84, 87. oo, 95, -~'-=- JQ?, _ _ ro::--~-;.. ~.::;,~"t.OS. Q.~'liT!~-
~ªº" """"ri,..m oQr. ca:clui<loo :par:,. ~e l:l.bcro.r. n º"""-• mno c:l'.l· :l.:i::io ~.cn'\1,,:,oc,i·
no.o haverá . con<li9Õos de c-óncntenar oi, restanto "ii"":tiõi>.nno dcn::ic m'lrl o ;r;,,~;ur-
yãdO ó éSPt:l:táCUI<.S.llê!J"tJai''t é, CuID .ftO.Cl'Q i\ ó f}ttC (t1$pf.t! o »,Í.,, •~ô.~ ,3/1; fítrrt . 41
~eA: » , st1:ee:uif::eo
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.se. e ·ljo,,.,li ,_,õ9 """e
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...s p.)•• ;1.~~ 'hno9.
•• .,; • • -·• - · ;
, .
Tecru.co
''irW.1Ml,,.,.l;·
Jtl /1:Jensura - io2
Cart, n9_ _ _ ._ __
ltARI/1. DAS GRAÇAS !'r.<!IJA'l'T.
'
•
PARECER
I) Docwnentaçao -
a.) 'j:'Ítulo em Português '""'?'-'A,..?.,_,A-'fl=-::1G::,;lol.,_lufll',_.'íi.,_,E~-- - - - - -- -- - - - --
b) T{tulo o r l g l n a l : - - - - -- - - -- - -- - - - - - - - - - --
c1 Autor: ODUVAi::DO 1/f ANNA
d) Tr&d\lto'r:------ - -- - - - - - - - - - - - -- - - --
e) Diretor·, _ _ _ ___ _ __ _ _ _ _ __ _ _ __ _ _ __ _ _ __
f) Produto r; _ _ __ _ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ __
- da Censura ,~PE~L-A.....,,NA...,o
h) Clas•ificaçao - .....,L..._(. ,B1E.aR.,.A. .,Ç. H,_AO""•.__ _ _ _ _ __ _ __ _
•
b) Argumento: PAPÁ H I Sflf ~IJTr-", EX-P ES IDENIE DE A~tl:AMBP.A , PA (s SUL Al!.ER I CA!JO,
E~JCONTRA-SE EX f LA))() EM~íhl(ll,Jlff,LVA, SUAS ESPERAN AS DE RETOMAR O PODER NAO
DESAPARECERA/A E ÊtE, El.1SORA DISTANTE MAT~M CONTATO COM AQU LES QUE O APOIAM
1
E O AUX IL IARÃO NUl,IA VOLTA TRIUNFAL. SUAS PALAVRAS sAo DE AMOR X PATRIA,
SEI/S SENIIHEMIOS síio Dr- SAUDADE E PEVOT,AMENTO E SUi\ PREOCUPAÇÃO~ DERRUBAR
QUEM o SUCEDEBA. CONS (DERB:&E QUERJDO PECO Povb E SUPÕE/QUE ESSE MESMO POV°t
O COLOQUE.: POR MERECI MENJ:O 1NO LUGARrONDE ACREDI TA 1 SEI,\ SOUBE SERVIR E PROTE-
GER, ENTRET~NTO, A SEQUENCIA DA BS ÓRIA MOSTRA O QUAO ERRADO SE ·ENCONTRAVA:
c~~X.X~X NEM os AlilGOS TRABA LHAV~M POR SEU REWBNO. NEM O POVO DESEJA-
VP. 8BFla-Lo NA Dl8ECÂ0 DO PAÍS, AS TOR:UüRAS, PRISÕES E CRIMES PRATICADOS EM
SEU NOME, ATESTAVIIIJ O dDIO OUE SEUS COMPATRIOTAS LHE DEVOTAVA~!. PhBLO MARIZ,
O EXEMPLO E INSTRUMENTO: MORTE DE AAAN ITO REVO LUC IONllR IO Al.: 1:;o DE MARI Z
F~l-2,Jp~t'á~!/sl ,P.Af½ EXPLODIP. O SEU ANTAGONISMO INICIAL, LE SE DIRIGE A MON-
TA LVA, CONSEGUE INTRODUZIR-SE tlA lrJTl),ll DADE DE HI GHI RTE~COMO MOTORISTA E,
P SCRtlPULOS ASSASSINA O HOMEM QUE JULGAVA CI\UBADOR DA
1 DO AM O PRECISAMENTE QUANDO f.t.>U LE VI A
d)~:BUIB SEUS SONHOS DE VOLTA AO PO -R E CRfJ::IAM-LliE D IDAS E N RA-
- " 1 • r.:J UZ I R U!,t POVO.
UfJtSAGEM- NEGATIVA INTERElSES E IDE S íllOS, A M ~ Q "PODER
IMP. OL'flMA- SOA - No QUE SE 11EFERE i\ l'lllH E ti lEh/(RJA, CONSIDEHA)qoo O VALOR DA
e)(~:QBBA. A PECA, Ê UMA ÃNÃLISE PGLl'I ICQ SOCl/l,Et1 QUE A ES1R01UR/\ P1IL(TICA
DE NQ:SSê lâPOCA 1~ APRESENTADA EM PR ISMAS V~RIOS, ESPEU!1'NDO O DESENCONTRO DAS
ClêSSES DOMINAlll;So
DJ~LOGOS- JNC0Nf06M6DOS, CQNTBADJTI1BJOS
CENAS SQMFiNTE A VISTA D~ ENSAIO GERAL.PARTICULAR CUl,DADO, PEÇO PARA, AS CEM
[pp. 146-147] BEEEBENTES Ãs TOR'TURAS E QUELAS RELATIVAS 'AS ESPOSIÇOES SENSUAIS, PAGINAS
Parecer de Papa Highirte, de 20, 21, 23, 24, 25, 21, 39, 40-. 44, 55, 63. '
Oduvaldo Vianna, pp. 1-2
•
141
Anexos
,
.í) Peraona.gena, PAPA HIGHIBIE - PQI IIICO IA/ VEZ BEM INTENC\Ot>JAPO, EtLCUJA
'A: SOMBRA ·FORAM COMETl'DAS ATROCIDADES E INJUSTIÇAS. PABLO MAíllZ- SÊ DIZJ.A
PA'J"RI-OTA - REVOLUCfON~RIO ~iMAO VfNGllDORA Q.UE SE' A81\TE SÔ8RE AOUÊLE 1 A
QUEM $; ATRIBUI A RESPONSA'B!I, IDADE DO AV('LTAMENTQ DE AI HAL!SBA EEÍlA 1/0R.TE
DE ALGUNS OOIIPANHEIROS TAMí!El.l RE'tOLUGION.(RIOS •
m)Conclusa.oSEM CQNIEB SEMEJ HA!Çê. COM A BEAI IDADE NAOIOl>J.AL., l;Â~ S~lilE_NTi, AP~E-
Sf'NTA ASPÉCJ'OS QIIE PQDERAO CONDl!Zf'R o·s• ESPECTADORlãS ASS TÊR140S ' i>A so.L&RTIH
C'.AMPANHA .QIIE YEM TiB6EQ8MêNDQ A IMAGEM ' DO BRASIL NO !ZXTERIOR.
' ,. SIIG!BO
. A...NAI
I I BEBA:ÇAO DA PffE.SG'ilTE P:.ÇA, POR CONSIDEAA~LA \JULNERÃ\1!i:L A INTERPRETAÇÕES
r "'
EBBQNEaS SOBBE O REGl 14E \IIGENTE,
11
•
'
•
148
Repressão e Resistência
. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
PAllECEll
I) Documentação
d) Trad.utor: - - - - - - - - - -- - - - - - - - - - - - - -- - - -
e) Diretor: _ _ __ _ _ _ __ _ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ __
f) Produtor: _ _ _ _ _ _ _ _ _,___ _ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _
g) Companhia:_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ __ _ _ _ __
II) Análise
a) Gênero;:.=Dc.:l:.::''-'::n::
::~:.:••c..__ _ _ _ _ __ _ _ _ __ _ __ _ _ _ _ _ _ _ __ _ __
b) Argumento: All:,ütor!I lave c'!!u "-~l":te , c~m :fi lha men or e i.w cnsal d e am:1.-
,51.:j.nhoo pa ra r-~,:,s ~r o !:.:.1 d e -semana em Ca bo ll'r io. 'l'raticnm nêste locaJ.
tncla ea;pécie ,~., depraacõea, enll.)l3nto e. ,u•j ci;a da filha woeura ind)l;,;'ir
a ID.e!lr:,a C, l)r!i·ti ca do atos J.éobicos , Embora esta reaja , mao devido sua
•
inocenci" ;,ceit a on cnrinhoa cua aro;!z!l e título d·e praticar teatr o, 1)r<:P-' -
:Fe. faser., Fi w.alõ&o~to 1 e e;~,:-,n-t e <la ll!Õ<i, :l;Qa:l;a ooàQ!5iP a ;f;i,làa, QQIIIQ ~Sta
ren~e, a~i em deaeanero devido o t6xivo gye havia ingerido antee e çho-
c - e s eu erro em uma. árvore.
e) l - Mensagem:. ?Te,;at iva. Embora sirva ele exemplo em alguns t nicos.
2. - Impress ão final::.a"a.:6..:e:..::s:.:C:.:i:.:ma=•- - - - - - - - - - -- - - - - -- - - -
[pp. 148-149]
Parecer de OSótão e o Rés d) Diá.logos,J?ornográ±'icos e :picante.,,
dr Chão ou Soninha toda
Pura, de José lldemar Ferrei-
e) Cenas,Il'ITl:lIDIÇ!u,
ra, pp. 1-2 (há três pareceres
'
sobre essa peça no Arquivo
Nacional)
149
Anexos
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Bras11ia, _de _dez.
__embro 70_ _ __
_ _ _ _ _ de 19 _
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150
Repressão e Resistência ,..."
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• •• .1 '
P A R E C E R
I) Documenta.çao -
a) Tfrulo cm Português: "A E'lrsa do BQ.de Expiatória"
b) TÍtu:.o original:_ _ _ __ _ __ _ __ _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __
e ) A·..1t<>r: _ _ _ __ _-'L'-'u"'
ic::z'--H-"a"'-r-"a""nh=ão"'-.:cli!::cl .ccho=----- -- - - - - -- -- -
dl '.rt·adutor: _ _ _ __ _ __ _ _ __ _ _ __ __ _ _ __ _ __ _ _ _ __
e) Diretor: _ _ __ _ _ _ _ _ _- - - - - - - - ~ -- - - - - - - - - - - -
! l Pi·odutor: _ __ _ _ _ __ _ __ __ _ _ _ _ _ _ __ _ __ _ _ __ _
g) Co mpa.nhia.: _ _ _ _ __ _ _ cc__ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ __ _ _ _ _ __
. U) Anál i se _ _ __ _ __ _ _ __ _ __ _ __ _ _ _ __ _ __ _ _ _ _ __ _
d) Diálogos_: _ _ __ _ _~P.r;~•~
o~o~r=i~o~s_d~o~t~e=m=!l~•~--- -- - - -- - -- - - -
151
Anexos
Os_const.antes
f) Porsonagens: _ _ _ _ _ ==-='-'---do-texto examinádo
- ' ---'-- " ' - '.- - - - - - - - -- -
----------------------------------·-
'
152
Repressão e Resistência
SEAVICO PÚ8&..ICO Ft!OeAAt..
'":••iv·rc•o
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!, O'•'...11 ·'U'"
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1):.O,l"\.u..,
~~..'l>t.,,-r;'T>
t nl! 1711
c,J;1,.
CON~'DO: :r,rmo
T:t.TULO: " COl'«C,illf.l'.A l'O,;TO 6 " A l:trill:U,:•;'.i'A .
AU'.rOr..A: CA~;;:;Aliw.Jt HIOS
EDITORA: i,:""ü!l..:)C ,.'.U::OICAL ,.,n;;ITADA
C'ú.\f;f,TI'IC.iÇÃO:V Z 1' A iJ A
: P(
; ' M:~tD~!, DE A•
'
,·
,,.•·
'
'
154
Repressão e Resistência
SEAV'CO PCIBLICO FEC!:AAL
'
Parecer de As Traças, de
Cassandra Rios
•
155
Anexos
'
'
~-
-
•
156 MiNISTERlO DA
DEPARTAMENTv ~" POLfCIA FEDERAL
Repressão e Resistência
D IVISÃO DE CENSURA OE DIVERSÕES PUBLICAS
PARECER N9 __0::..:0'--'0'-'7..,3'--_ I 78
1-Título do livro : 11
A PARANOICA"
2-Nome de autor: Cassandra Rios
3-Editora: Global Edit. e Dist. Ltda.
4-Enderêço: Ruà José Antonio Coelho 814 - SP.
5-Ano de publicação: 1976
"---
~-E S ~=fil_Q:
Ariella, jovem de dezes-
sete anos, é o paran6ica. Pelo. oenos esta foi a defi-
nição da éutora. Filha do Dr. Rodrigo e de D. Helena;
irmã de Alfonso e Clécio. Ao descobir que era filha~
dotiva, do referido cas~l; ela usa de todos os meios/
para desvendar os mistérios que envolviam i:,s sua ori-
gens. Entrega- se Sell.-ualmen,e, e de foma ridículé_, ao
pa~ e oos irmãos (adotivos), joga uns contra os outroo
para que a verdade aparecesse. Desenvolve os seus ins-
tintos e põe eo prática o homosse xua li smo feminino com
J.:ercedes, noiva ãe J.lfonso .
PARECER N9 <tlf 7
TffULO: " 'A CHINESI~JHA ERÓTICA" - De !1riçiil:tn Bi jn11
'
MINISTERIO DA JUSTIÇA
159
PARECER N9 _ __.::0:..::5_ _
TITULO:_ _ ____;_
O_ L;,;..O;_U;_C;_O_ _ __ _ __ _ _ _ __ __
Parecer de O Louco,
OPF-742
de Dr. G. Pop
•
Senhor Ministro:
161
I
162
Repressão e Resistência
-
tais dos cidada os, e liberda de de penoamBnto, mas asse qure ao
Estado a feouldede do dofander-se dos que ate ntem, con t ra a sua
segurança e dos que se va le m doe meios de comunicaç~o socialpe
r a destruir valoree éticos que devem ser preservados, por maio
--
do trabalhos ofensivos •a moral e a os bons costumes ,
•
A lei ordinaria, por sua vez, cuida de re-
p r i mir a prá tica ~e a ções que con t rariam o prescrito no manda-
mento con~ti t ucional, sanci ~nando, nõ o só a propaga nda da gua!_
-
r a ou e subvers oc da ordem promovida atravas , dd jornais, pa ri,!!_,
,
bem ,
o comercio, .. -
a dlstribuiçao -
dicoa, r ádio, t e levisão, cinema , teatro a c ongênaras, como tam
,
ou a ex;,osiça o puL>l i.. ca de obras
•
a te n tator i a s •a moral.
-
Per mitir e divulgaçeo de traba l hos que con-
-
Nao cabe, por conoeguinte, c atalogar a ati-
, , - -
vidade exercida nesse setor como ''inexçilic~veis arb!trioe'', se
-
tais atos sao praticados por ex pressa detorm l na ç a o legal. O~
e preciso, antes de mais nada, e ne o confundir liberdade com
licença . To do indivíduo é livre agindo dentro da lei. Logo,
o e xercício do direi t.o da manifestar seu poneamsnto deve ser
.
submetido , om toda sociedade organizada, ee condlçoes e limi - -
tes prescritos em lei.
,
--
Para que seja atendida a pretensao delee ,e.!
ria nece esarlo,
, -
entes · de tudo, modif ica r a Constituiçao da Re-
,
pun lice, r evogar a legislaçao exist~nte e ate denuncia r a ~or -
dos internaciona i s assina dos pel o Brasil, no que diz res peito
'
1
163
Anexos
a medidas des tinades o prevenir em s uu t ert· i tório n circ ulação
d e mate ria l ob s c eno, prov i dências ostas que não cebom aor tom.!!_
des pelo Hin is tór io da J ustiço .
,
Quanto a livros, convom escla rn cer , de logo,
que este Doparta.,,e nto só munda ve r ificar aqueles re mo ti dos pa -
los or -
, gaos dascantroli;:e dos, em deco r~o... n1.. i a d, solicilaçons r~-
c abidas.nas respec t ive9 6rees,de pais, pr ofess oras, livreiros,'
..
0 u autor idades loca i s , que ao pa"t"cabe1:em inconvaniancia s em al
gumes ob ras , no t o cen te •o moral a a os bons costumes, reclamam /
-
prov idências da autoridada, já que se rie impos!l!vel pru •·r a mara
- - , N
v or ifica ça o de t oda ptoduçao litororia poeta em cir <ul Dçao no
Brasil,
'
'
•
164
Repressão e Resistência
Como o S i ndicato Nocional dos Editores BPO.!J.
N ,
ta uma produ çao literario no Brasil de cerca de 9.000 t ! tulos /
por a no, a proibi ção de 74 livros co rres ponde o manüs da l % das
obras lançadas no moi:coclo e m 1976.
-
Cm f oco do e xposto , entendo , nao obs t ante o
ol to e prcc,; o e m q ue eo posoo ter oos s i i;netÓrios do doc umonto di
. -
ri9ido e Vossa Cxcol encia , qua o pe dirto noo merece aco! hido,pals
-
s i qnif icar ia torno;; lotr:1 inortn uma pre cei t ua r;;ão c ons ti t lJciona l
de ,:;r a nde alcanco jurÍdic:o e tronscendência mor al .
MOI\CY ! C ELHO
Oiret or • Ge~al do O. P.r .
'
/
•
165
•
portanto, dev& ser sadia e especial, eal~da devemos fazer com f ru.ta11
e legumes• nunca com crianças.
2a- Livros- lmitur.1. de obras pornográficas levam a s cri-
anças e jováns a POLUIÇÃO MENTAL. Aqui cidade do Lcnç6is Paulista, llll.
pude verificar que lllllitos jovéns, ap6e a leitura de livros aem nenhum
valor &rtístico ·e científico, foram leVli.dos a cometerem faltas contra
o pUdor. O livro "Dias d e Clicl:!~ de He& .~5ller, é, um v~;r1,~!l'!..¾f-2-
11
,
.
circulação e muita. insistência. Assim também o livro "0 ID.ti:mo Tan- •
:_ ____
ge em Paris".
"':'~·....,.~
..,_ ,. ·•~,.r: '
~~~
Usana Bura.nelli 1ilinetto
/
•
161
Anexos
[pp. 167-169)
Carta de 2 de março de 1977
solicitando censura das..
revistas Manchete, Gente -
Fatos e Fotos, Status, Homem
e Ele-E/a.
168
Repressão e Resistência
~ ~~ ~~/ J~~-- ~ /
'1.J'.-t.. ~~ :'-'-'-' .' e," "}"'<: ·v\.C"-. ·t ·\.\.·\ ,-_ ( J~ C, .. ~ ., '-l,2t, ,, ,<,·
< \ \.C. ,--U. / .li. 0 ,Á..A,s.A..AA"-"<'õ° . ~ -l \.•, o. ~(: c-tr• ~ cJ.A... C <S-",-
k, ~ ~ ,e / '-~-<L-~to,
V¼~.,__ -1eo~...IA,._~~ ~
1< , - ¼ ~ ,9 4 ~ ~• s~ - I
'
•
Transcrição: 169
São Paulo, 2 de março de 1977 Anexos
A Sua Excelência
Dr. Armando Falcão
Digníssimo Ministro da Justiça
da
República Federativa do Brasil
Ministério da Justiça
Brasília - Distrito Federal
Excelência:
Pompeu de Sousa
,
Presidente
IlustrTssimo enhor
Manifestação da Associação Coronel Moacir Coelho
Brasileira de Imprensa contra M.D. Diretor Ge al do Departamento
a proibição da publicação de PolTcia Federal
Brasil i a-DF
do conto "O Cobrador" pela
SBN • EDIF!CIO CEN'Ill.AL B&ASILlA • SAI.A 110¾ - FONE: 225-7568 - CEP 70.000 , BRASD.IA • DP.
Revista Status, 20 jul. 1978.
•
111
Anexos
Ilma. Sra.
Dra. Solange Maria Teixeira Hernandes
Presidente do Serviço Nacional de Censura
Diretoria de Divisão de Censura
GABINETE DO M1N1STRO DA JUSTIÇA
'BRASÍLIA, DF.
Prezada Senhora:
Atenciosamente,
Manifestação do educa-
A~A~~ L
dor Elias Boaventura pela
Reitor liberação do filme Em Nome
da Segurança Nacional, de
Renato Tapajós, autor do livro
' - - Mantida pelo ln.a1ituro Edu.cocionol Pirocicabano
Ru• Range.! Ptsuno. 762 · Calxa Posut 68 · 13.400 Pirac:ieabl lSPt Em Câmara Lenta, anterior-
Tolox 019 • 1914 UMEP BR • F-one PABX (0194I 33-5011
mente vetado pela DCDP.
Data: 4 de setembro de 1984.
•
ABREU, Alzira Alves et. all (coord.). Dicionário Histórico-bibliográfico Brasileiro Pós
1930. 2. ed. Rio de Janeiro, Ed. FGV, 2001, 5 vols ..
ABREU, Márcia. Caminhos dos Livros. Campinas, Nlercado de Letras; São Paulo, ABL e
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...
•
181
182 Tokman, Arturo O'ConneU, Charles Rollins e Mario la Fuente. Rio de Janeiro, Paz
Repressão e Resistência e Terra, 1976. Capa: Maria Clara Mo.raes. Formato: 21 x 14 c1n.
Aracelli, Meu Amor, de José Louzeii-o. Rio de Janeiro, Record, 1981. Edição fotografada:
5. ed., 1981. Capa: sem identi:ficação do capista. Forn1ato: 21 x 14 cm.
As Traças. Rio de Janeiro, Record. Capa: sero indicação de capista. Forn1ato: 21 x 14 cm.
Autoritarismo e Democratização, de Fernando Hemique Cardoso. Rio de Janeiro, Paz e
Terra, 1975. Capa: Maria do Céu. Forn1ato: 20 x 13,5 cm.
Carniça, de Adelaide Carraro. São Paulo, L. Oren, s.d. Edição fotografada: 4. ed., s.d.
Capa: Mário Décio Capelossi. Formato: 21 x 14 cm.
Classes Médias e Política no Brasil, de J. A. Guilhon Albuquerque (coordenador), Alain
Touraine, Braz J. Araújo, Fernando Henrique Cardoso, Gilberto Velho e M. A. Sal-
vo Coimbra. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977. Capa: Sábat. Formato: 21 x 14 cm.
Contradições Urbanas e Movimentos Sociais, de José Álvaro Moises, Verena Martinez-
-Alier, Francisco de Oliverra e Sergio de Souza. Rio de Janeiro, Paz e Terra, Cedec,
1977- Edição fotografada: 2. ed., 1978. Capa: Telmo Pamplona. Formato: 21 x 14 cm.
Copacabana Posto 6 - A Madrasta. Rio de Janeiro, Ed. Mundo Musical, 1972. Capa:
Nine. Formato: 21 x 14 cn1.
Dez Estórias l1norais, de Aguinaldo Silva. Rio de Janeiro, Gráfica Record Editora, 1967.
Capa: Augusto lriarte Gironáz. Formato: 17 x 12 cm ..
Diários de André, de Brasigóis Felício. Goiânia, Oriente, 1974. Capa: Laerte Araujo.
Formato: 21 x 14 cn1.
Dicionário do Palavrão e Termos A.fins, de Mário Souto Maior. Recife, Guararapes, s.d.
Edição fotografada: 3. ed., 1980. Capa: Jair Pinto. Formato: 23 x 16 c1n.
Em Câmara Lenta, de Renato Tapajós. São Paulo, Alfa-Ómega, 1977. Edição fotografa-
da: 2. ed., 1979. Capa: Moema Cavalcanti. Formato: 21 x 14 cm.
EUA Civilização Empacotada, de Mauro Aln1eida. São Paulo, Fulgor, 1961. Capa: sem
identificação do capista. Formato: 21 x 13,5 cm.
Felíz Ano Novo, de Rubem Fonseca. Rio de Janeiro, Artenova, 1975. Capa: Sálvio Ne-
greiros. Formato: 21 x 14 cm.
História Militar do Brasil, de Nelson Werneck Sorué. Rio de Janeiro, Civilização Bra-
sileira, 1965. Edição fotografada: 2. ed., 1968. Capa: Eugênio Hrrsch. Forn1ato: 21 x
14 cm.
Memórias: A Verdade de um Revolucionário, de Olympio Mourão Filho. Porto Alegre,
L&PM, 1978. Edição fotografada: 2. ed., 1978. Capa: Antonio Aliardi/0 Globo. For-
mato: 21 x 14 cm.
•
O Mundo do Socialismo, de Caio Prado Jr. São Paulo, Brasiliense, 1962. Capa: sem iden-
tificação do capista. Formato: 21 x 14 cm.
O Poder Jovem: História da Participação Política dos Estudantes Brasileiros, de Arthur
José Poerner. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968. Capa: Marius Lauritzen
Bern. Formato: 21 x 14 cm.
Programa de Saúde: Projetos e Temas de Higiene e Saúde, de Lídia Rosenberg Aratangy,
Silvio de Almeida Toledo Filho e Oswaldo Frota-Pessoa. São Paulo, Companhia
Editora Nacional, 1976. Capa: sem identificação do capista. Formato: 21 x 14 cm.
Tessa, a Gata, de Cassandra Rios. Rio de Janeiro, Record, 1979. Capa: sem identificação
do capista. Formato: 21 x 14 cm.
Torturas e Torturados, de Márcio Moreira Alves. 2. ed. Rio de Janeiro, Idade Nova, 1967.
Capa: sem identificação do capista. Forn1ato: 21 x 14 cm.
Veneno, de Cassandra Rios. 7. ed. Rio de Janeiro, Record, s.d. Capa: sem identificação
do capista. Formato: 21 x 14 cm.
Zero: Romance Pré-histórico, de Ignácio de Loyola Brandão. Rio de Janeiro, Editora
Brasília, 1975. Capa: Paulo de Oliveira. Formato: 21 x 14 cm.
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