PSICOLOGIA DA SAÚDE E Profa. Me.
Carolina Seabra
HOSPITALAR
OBJETIVOS DA DISCIPLINA
Apresentar os campos da Proporcionar análise
Psicologia da Saúde e crítica sobre o processo
Hospitalar e conhecer a Conhecer políticas de saúde e doença e seus
inserção e possibilidades públicas em saúde; impactos na subjetividade
de atuação do psicólogo humana;
nestas áreas;
Proporcionar
conhecimento e Desenvolver habilidades
desenvolver habilidades para o trabalho em
para atuação em todos equipe interdisciplinar.
os níveis de atenção em
saúde;
Conhecer políticas
públicas de saúde
COMPETÊNCIAS
Compreender e aplicar as
abordagens de promoção, Conhecer e analisar a
prevenção, tratamento e atuação do psicólogo
reabilitação no contexto da nos diferentes níveis de
saúde atenção em Saúde
Aplicar os Analisar
conhecimentos da criticamente o
Psicologia no campo da Saúde
campo da Saúde e o processo de
saúde-doença
HABILIDADES
Analisar legislações que norteiam o contexto Saúde
Relacionar a Psicologia com o campo da Saúde
Identificar as possibilidades de atuação do Psicólogo no contexto da saúde, a
demanda social e do mercado de trabalho e seus desafios contemporâneos
Identificar as teorias e métodos da Psicologia da Saúde
Aplicar o conhecimento da Psicologia ao contexto da Saúde
Distinguir a atuação do psicólogo nos diferentes níveis de atenção em saúde
Atuar em equipes multiprofissionais
Planejar e aplicar o cuidado em saúde
História da Saúde e da Instituição Hospitalar
Políticas públicas: SUS e legislação em Saúde
Humanização em Saúde
Psicologia da Saúde e Hospitalar
O adoecimento e suas implicações
A atuação do psicólogo em equipes de saúde: interdisciplinaridade,
multidisciplinaridade e transdisciplinaridade
Modalidades de atendimento em Saúde
A Psicologia em Saúde Mental
Psico-oncologia, cronicidade, reabilitação e dor
Terminalidade, Qualidade de Vida e Qualidade de Morte
A atuação do psicólogo em Cuidados Paliativos
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Psicologia da Saúde e Hospitalar
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
Straub, R. O. (2014). Psicologia da saúde uma abordagem biopsicossocial. Porto
Alegre: ArtMed.
Baptista, M. N. (2009). Psicologia hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan.
Bruscato, W. L. & cols. (2012). A psicologia na saúde: da atenção primária à alta
complexidade. São Paulo: Casa do Psicólogo.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Spink, M. J. P. (2013). Psicologia social e saúde: práticas, saberes e sentidos. Petrópolis: Vozes.
Andreoli, P. B. A., Cauby, A. V. S., & LacerdaA, S. S. (2013). Psicologia Hospitalar. São Paulo: Manole.
Rocha, J. S. Y. (2012). Manual de saúde pública e saúde coletiva no Brasil. São Paulo: Atheneu.
Santos, N. O. (2016). Psicologia hospitalar, neuropsicologia e interlocuções avaliação clínica e pesquisa.
São Paulo: Rocca.
Seabra, C. R. & Santos, F. R. (org) (2022). Compêndio de Psicologia da Saúde. Curitiba: CRV.
AVALIAÇÃO
Nota A1
• Prova
• Trabalho em grupo (4 pontos)
Nota A2
• Prova
Nota final = média A1 e A2 (média para aprovação: 6)
SAÚDE
A saúde é produto e parte do estilo
de vida e das condições de
existência, sendo a vivência do
processo saúde/doença uma forma
de representação da inserção
SAÚDE humana no mundo.
O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica,
política e cultural.
Saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas.
Dependerá da época, do lugar, da classe social, dos valores
individuais, de concepções científicas, religiosas, filosóficas.
O mesmo, aliás, pode ser dito das doenças.
A taxa de
Diferenças étnicas mortalidade de
bebês negros norte- Brancos norte- Os homens têm duas
influenciam na americanos vivem 6 vezes maior
mortalidade de americanos é duas
vezes maior do que anos a mais que os probabilidade de
indivíduos no início negros norte- morrer por qualquer
da vida adulta à dos bebês brancos
americanos causa
SAÚDE: REFLEXÕES...
a partir da meia O número de anos estima-se que seja
idade as mulheres de vida saudável é menos de 40 anos
apresentam mais de pelo menos 70 em outros 32 países
doenças e em 25 países do (a maioria em
deficiências mundo (a maioria desenvolvimento)
deles desenvolvidos),
Atualmente:
Promessa de vida melhor e mais longa.
Para todos???
HISTÓRIA DA SAÚDE
Medicina mágico-religiosa:
• Predominante na antiguidade: gregos e romanos.
• Contexto religioso-mitológico no qual o adoecer era
resultante de transgressões de natureza individual ou
coletiva.
• Para reatar o enlace com as divindades, eram realizados
rituais que assumiam as mais diversas feições, conforme a
cultura local, liderados pelos feiticeiros, sacerdotes ou
xamãs.
• Aos responsáveis pela prática médica cabia aplacar tais
forças sobrenaturais.
HISTÓRIA DA SAÚDE
Hipócrates (460-377 a.C.): pai da medicina.
“A doença chamada sagrada não é, em minha opinião, mais divina ou
mais sagrada que qualquer outra doença; tem uma causa natural e sua
origem supostamente divina reflete a ignorância humana”
• Teoria humoral: quatro fluidos (humores) principais no
corpo: bile amarela, bile negra, fleuma e sangue.
• A saúde era baseada no equilíbrio desses elementos e a
doença era uma desorganização desse estado.
• Mara manter o balanço adequado, o indivíduo deveria
seguir um estilo de vida saudável.
HISTÓRIA DA SAÚDE
Medicina chinesa tradicional:
• Forças vitais que existem no corpo: quando
funcionam de forma harmoniosa, há
saúde; caso contrário, ocorre a doença.
• Visão holística.
• As medidas terapêuticas (acupuntura,
terapia com ervas, meditação, etc.) têm por
objetivo restaurar o normal fluxo de
energia (“chi”, na China; “prana”, na Índia)
no corpo, restaurando a saúde.
HISTÓRIA DA SAÚDE
Idade Média:
• Influência da religião cristã: explicações
sobrenaturais da saúde e doença.
• Doenças epidêmicas (pestes): ira de Deus.
• O cuidado de doentes estava entregue a
ordens religiosas, que administravam o
hospital.
• O hospital não como um lugar de cura, mas
de abrigo para os doentes.
• O estudo de corpos era proibido.
• Poucos avanços científicos.
HISTÓRIA DA SAÚDE
Renascimento (Sec XIV ao XVII):
• Conhecimento independente da fé:
questionamento de dogmas religiosos.
• O avanço na produção de conhecimentos
propicia o início da sistematização do
conhecimento científico.
• Foco na racionalidade do homem.
• Possibilidade do estudo do corpo: avanço da
Anatomia e Fisiologia.
HISTÓRIA DA SAÚDE
René Descartes (1596-1650):
• Influência mecanicista: corpo como máquina.
• Doença: quando a máquina estraga, a tarefa do médico é
consertar a máquina.
• Dualismo cartesiano: mente-corpo.
• Rejeição da noção de que a mente influencia o corpo: a doença
passa a ser localizada nos órgãos.
• Estudo da mente: religião e filosofia;
• Estudo do corpo: medicina.
Consequência do pensamento cartesiano:
As doenças têm causas biológicas, que devem ser encontradas e tratadas pelos médicos.
HISTÓRIA DA SAÚDE
Séculos XVII e XVIII:
• Avanços na ciência e medicina: descoberta de novas tecnologias, como o
termômetro e o microscópio.
Século XIX:
• Revolução pasteuriana: microrganismos, como bactérias e vírus, são
causadores de doença.
• Desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos assépticos.
• Surgimento de anestésicos e do raio X: observação de órgãos internos.
• Final do séc. XIX: identificação de fatores etiológicos de uma variedade de
doenças (malária, pneumonia, difteria, lepra, sífilis, peste bubônica e febre
tifoide) proporcionou a introdução de soros e vacinas: prevenção e cura.
SÉCULO XX
• Influência do mecanicismo e empirismo: homem como máquina.
• A doença seria uma deficiência de uma parte da máquina.
• Foco na anatomia e fisiologia em detrimento do estudo do pensamento
e emoções.
• Doença: as causas são sempre biológicas.
Modelo biomédico
O MODELO BIOMÉDICO
Causalidade da Indivíduo: Visão mecânica do
Saúde: ausência de doença exterior ao identidade homem: tratamento
doença corpo puramente das partes
biológica
Exclusão de Indivíduo sem Responsabilidade
variáreis responsabilidade Tratamento: mudar do tratamento:
psicológicas, sociais sobre doença estado físico classe médica
e comportamentais
Dualismo
Reducionista
mente X corpo
SEC. XX
Medicina Psicossomática
• Modelo biomédico: incapaz de explicar transtornos que não
apresentavam causa física observável.
• Influência de Freud dedicou-se ao tratamento de transtornos de conversão.
• Alexander (dec.. 40) desenvolveu a ideia de que os conflitos emocionais
geram sintomas físicos (conflito nuclear): medicina psicossomática.
• Críticas da comunidade científica, pois também seria reducionista.
• Contribuição à tendência atual de compreender saúde e doença como
multifatoriais.
SÉCULO XIX
nascimento da epidemiologia
• Estudos na França e Inglaterra sugeriam a relação entre mortalidade e
nível de renda.
• Na Inglaterra, berço da Revolução Industrial, sentia-se com mais força os
efeitos, sobre a saúde, da urbanização, da proletarização.
• Friedrich Engels Condição da classe trabalhadora na Inglaterra (1845).
• Estabelecimento de relação entre condições sociais e saúde/doença.
FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX:
Países como Inglaterra, França e Alemanha começam a propor medidas
de Saúde Pública e a pensar na intervenção do estado.
• Entretanto, não havia ainda um conceito universalmente aceito do que é saúde.
• Para tal seria necessário um consenso entre as nações, possível de obter somente num
organismo internacional.
Isto só foi possível após a Segunda Guerra com a criação da
Organização das Nações Unidas (ONU), em 24 de outubro de 1945, e
da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 7 de abril de 1948.
HISTÓRIA DA SAÚDE
O conceito da OMS reconhece o direito à saúde e a obrigação do
Estado na promoção e proteção da saúde:
“Saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e
social e não apenas a ausência de enfermidade”.
• Este conceito refletia uma aspiração nascida dos
movimentos sociais do pós-guerra.
• Saúde deveria expressar o direito a uma vida plena,
sem privações.
• Conceito amplo, passível de críticas.
SAÚDE:
“Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e
social e não apenas a ausência de doença.”
(Organização Mundial da Saúde, 1948)
Espiritual Intelectual Cultural (....)
CONCEITO DE SAÚDE
Bom sistema imunológico,
livre de doenças,
Saúde física: alimentação, exercícios
físicos, sexo seguro, etc Capacidade de pensar de
forma clara, boa
Saúde psicológica: autoestima, criatividade,
habilidades de resolução de
problemas, estabilidade
Boas habilidades
emocional, etc.
interpessoais, apoio social,
Saúde social: relacionamentos
significativos, educação,
cultura, gênero, etnicidade,
etc.
HISTÓRIA DA SAÚDE
Biológico
Psique
Social
Modelo Biopsicossocial
MODELO BIOPSICOSSOCIAL
Integração mente – Interdisciplinaridade
Processo saúde-doença Caráter biopsicossocial corpo INTERPROFISSIONAL
Saúde: processo de
Visão sistêmica/integral/global/holística bem-estar físico, mental,
social, psicológico...
Indivíduo ativo e Prevenção de doenças e Considera os
corresponsável promoção de saúde determinantes de saúde
DETERMINANTES
EM SAÚDE
Diagrama de Influência em Camadas de Dahlgren e Whitehead
Fonte: Comissão de Determinantes de Saúde (2005)
DETERMINANTES DE SAÚDE
➢Condicionantes biológicos: idade, sexo, características pessoais
eventualmente determinadas pela herança genética;
➢Meio físico: condições geográficas, características da ocupação humana,
fontes de água para consumo, disponibilidade e qualidade dos alimentos,
condições de habitação;
➢Meio socioeconômico e cultural: ocupação e renda, o acesso à educação
formal e ao lazer, hábitos e formas de relacionamento interpessoal, a
possibilidade de acesso aos serviços voltados para a promoção e
recuperação da saúde e a qualidade da atenção por eles prestada.
SUJEITO MULTIDIMENSIONAL
Cada domínio da saúde é influenciado
pelos demais.
O sujeito sempre deverá ser olhado – e
cuidado – em todas as suas dimensões.
INTEGRALIDADE!
QUEM É O RESPONSÁVEL PELA SAÚDE?
O indivíduo? Ou a sociedade?
•A condição de saúde individual é
determinada pela realidade social!
•Não se pode compreender ou transformar
a situação de saúde de um indivíduo ou de
uma coletividade sem levar em conta que
ela é produzida nas relações com o meio
físico, social e cultural.
Célia, aproximadamente 55 anos, é acompanhante de sua mãe, Carmem, 80 anos, internada na unidade
de Oncologia há aproximadamente 10 dias. Carmem tem um diagnóstico de câncer pulmonar
descoberto há 8 meses, em estágio avançado e, atualmente, encontra-se com dificuldades para
comunicação e locomoção.
Célia tem sido a principal responsável pelos cuidados da mãe. Em atendimento inicial, há cerca de três
dias, contou sobre conflitos familiares, antigos e atuais, envolvendo seus dois irmãos, também filhos de
Carmem, sinalizando ausência de suporte familiar prático nos cuidados à mãe neste momento, apesar de
contribuição financeira. Também relata relação conflituosa com a mãe, além de histórico de sofrimento
psíquico, afirmando possuir diagnóstico de depressão e ansiedade, fazendo uso regular de
medicamentos psiquiátricos.
CASO
Apesar disto, afirma nunca ter recebido suporte psicológico. Afirma boa relação com marido, principal
fonte de suporte no momento. Hoje, equipe de psicologia foi acionada por equipe de saúde, pois Célia
apresentou episódio de mal-estar, falta de ar, sudorese, taquicardia e confusão mental. Equipe de
enfermagem constatou sinais vitais normais.
Após melhora do episódio, em conversa com equipe de psicologia, afirma que interrompeu medicação
psiquiátrica após internação de mãe. De acordo com ela, houve medo de dormir e não conseguir
acordar em caso de intercorrência, uma vez que a medicação lhe dá sono. Também demonstrou sinais de
cansaço e esgotamento em função da internação, além de sensação de desamparo de familiares.
1. Como o caso pode ser pensado através do modelo biopsicossocial?
2. Quais os principais problemas/demandas do caso?
3. Como você atuaria nele?
REFERÊNCIAS
Barros, J. A. C. (2002). Pensando no processo saúde doença: a que responde o modelo
biomédico? Saúde e Sociedade, 11(1), 67-84.
Borges, C. C. (2002). Sentidos de Saúde/Doença produzidos em grupo numa comunidade alvo
do Programa de Saúde da Família (PSF). Dissertação de Mestrado, FFCLRP-USP.
Ibañez, N., Mello, G. A., & Marques, M. C. (2012). Breve História da reforma sanitária
brasileira. In Rocha, J. S. Y. Manual de saúde pública e saúde coletiva no Brasil. São Paulo:
Atheneu, 19-32.
Scliar, M. (2007). História do conceito de Saúde. Revista Saúde Coletiva, 17(1), 29-41.
Straub, R. (2004) O. Psicologia da saúde: uma abordagem biopsicossocial.