Doença de Urubu Não Pega em Beija Flor
Doença de Urubu Não Pega em Beija Flor
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Tinha um sorriso
adorável, que parecia
soltar bolhinhas
mágicas de alegria, que
contagiavam a quem
estivesse a até um raio de
dois quilômetros dela; um
abraço de asas carinhoso
e aconchegante, que
parecia fazer o tempo
parar; palavras amigas a
qualquer um que dela se
aproximasse.
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Sua mãe, Dona Beijo de Mel, dizia que
ela era abençoada; e seu pai, o Sr. Beijo
Doce, falava que ela era a beija-florzinha
mais inteligente e generosa de todo o
espaço sideral!
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Certo dia, Juju conheceu um urubu
tão amargo, mas tão amargo, que nem
um pote gigante cheinho de mel parecia
ser capaz de conseguir adoçá-lo.
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E assim seguiam-se as manhãs,
as semanas... E a doce beija-florzinha
sempre sorrindo para aquela ave feia
e desagradável. Tudo quanto era bicho
sempre falava para a Juju não se meter
com aquele urubu mal-humorado, mas
ela não desistia:
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— Não se preocupe, disse a bela passarinha, — É que eu não acredito em cara emburrada e nem
doença de urubu não pega em beija-flor! mau humor. Não estou nem aí. O bom mesmo é ser
feliz. Não acredito que sentimentos ruins possam ser
— Hã?! O quê?! Perguntou a lagarta maiores do que eu. Não mesmo! Mais ainda, nem sei se
Gertrudes, sem entender nada! o Ladislau é tão ranzinza assim.
— Sei não, disse a lagarta
desconfiada. Ladislau é
simplesmente DE-TES-TÁ-VEL!
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Mas Juju estava determinada!
Queria mostrar aos seus amigos
e a todos os insetos e animais
da floresta que Ladislau também
tinha direito a ter amigos, mesmo
que nem ele próprio soubesse
que queria tê-los.
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Num dia em que o sol estava mais preguiçoso, e o tempo se
fez mais frio, antes de seu passeio matinal, a beija-florzinha se
aconchegou sob as asas de sua mãe para se esquentar. Como
aquele abraço recheado de amor a fazia sentir-se amada,
querida, protegida. Ficaram assim por alguns instantes, até que
Juju deu um pulo:
Juju beijou seu pai com todo carinho e lá foi ela, voando
bem rápido, destemida, rumo à sua aventura!
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Então, ao se aproximar do Jardim das Hortênsias,
ela pegou um pistilo laranja e escreveu um bilhete
numa folha de bananeira enorme que encontrou no
caminho!
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Quando chegou ao Jardim,
cansada de tanto puxar aquela
folha grande e pesada, ela
colocou a folha enrolada sobre
o monte de flores e deitou-se
ao lado a esperar.
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E então Juju disse:
— Calma, Ladislau!
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Ladislau pensou, repensou,
tripensou! Aquela menina
devia estar caçoando dele,
claro.
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Juju não desistiu. De jeito nenhum! Eita
bichinha superpersistente. Ela não desistia de
tentar fazer uma floresta melhor, onde todos
convivessem em harmonia, até mesmo com
os urubus. Rsrs.
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Nada como um dia após o outro, e outro...
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E todas as tardes
ela levava o cartaz e
mostrava para o urubu,
que a maltratava ou a
ignorava. Dependia de
seu eterno mau humor.
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Mas, um dia, ele se cansou
da insistência dela. Assim que ela
abriu o cartaz “ABRAÇOS GRÁTIS
PARA URUBU”, ele gritou:
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E então o urubu iniciou sua
aterrissagem, desconfiado,
temeroso, inseguro! Até que
alcançou proximidade com a
menina.
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E um bom papo aconteceu.
E a amizade começou.
E a gargalhada apareceu...
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No outro dia, encontraram-se
no mesmo lugar. Dessa vez, na
folha de bananeira estava escrito:
“Que bom que chegou, meu
amigo!”
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E pela primeira vez aquela enorme ave, tão
temida e sozinha, sentiu como era bom ter
amigos de verdade!
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