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Doença de Urubu Não Pega em Beija Flor

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Àqueles que olham nos olhos e

enxergam a alma. Por um mundo de


mais tolerância, mais empatia, mais
respeito, mais amor.
Ela era um lindo beija-flor. Eu sei
que todos os beija-flores são lindos,
mas Juju era mais linda ainda, se é
que isso é possível.

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Tinha um sorriso
adorável, que parecia
soltar bolhinhas
mágicas de alegria, que
contagiavam a quem
estivesse a até um raio de
dois quilômetros dela; um
abraço de asas carinhoso
e aconchegante, que
parecia fazer o tempo
parar; palavras amigas a
qualquer um que dela se
aproximasse.

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Sua mãe, Dona Beijo de Mel, dizia que
ela era abençoada; e seu pai, o Sr. Beijo
Doce, falava que ela era a beija-florzinha
mais inteligente e generosa de todo o
espaço sideral!

UAU! QUE GRANDE!...

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Certo dia, Juju conheceu um urubu
tão amargo, mas tão amargo, que nem
um pote gigante cheinho de mel parecia
ser capaz de conseguir adoçá-lo.

Quer dizer, conheceu nada. É que


todas as manhãs, quando ela passeava
no Jardim das Hortênsias, ele passava
sobrevoando a área em busca de
alimento.

Ela bem que se mostrava simpática


dizendo “— Olá!” —, mas ele jamais
respondia, às vezes até fazia uma
careta de nojo.

QUE FEIURA!!! (Você não faz isso


com ninguém não, não é?!)

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E assim seguiam-se as manhãs,
as semanas... E a doce beija-florzinha
sempre sorrindo para aquela ave feia
e desagradável. Tudo quanto era bicho
sempre falava para a Juju não se meter
com aquele urubu mal-humorado, mas
ela não desistia:

— Mas por que é que eu não posso


ser amiga do Ladislau? Não é porque
todo mundo não gosta dele que eu não
possa gostar!

— É que você é tão adorável, Juju!


Temos medo de que você se contamine
com a sizudice do Ladislau —, disse
Gertrudes, a lagarta! (Aliás, você já
viu passarinho amigo de lagarta?! Pois
Juju era!)

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— Não se preocupe, disse a bela passarinha, — É que eu não acredito em cara emburrada e nem
doença de urubu não pega em beija-flor! mau humor. Não estou nem aí. O bom mesmo é ser
feliz. Não acredito que sentimentos ruins possam ser
— Hã?! O quê?! Perguntou a lagarta maiores do que eu. Não mesmo! Mais ainda, nem sei se
Gertrudes, sem entender nada! o Ladislau é tão ranzinza assim.
— Sei não, disse a lagarta
desconfiada. Ladislau é
simplesmente DE-TES-TÁ-VEL!

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Mas Juju estava determinada!
Queria mostrar aos seus amigos
e a todos os insetos e animais
da floresta que Ladislau também
tinha direito a ter amigos, mesmo
que nem ele próprio soubesse
que queria tê-los.

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Num dia em que o sol estava mais preguiçoso, e o tempo se
fez mais frio, antes de seu passeio matinal, a beija-florzinha se
aconchegou sob as asas de sua mãe para se esquentar. Como
aquele abraço recheado de amor a fazia sentir-se amada,
querida, protegida. Ficaram assim por alguns instantes, até que
Juju deu um pulo:

— Já sei! Já sei! Mamãe, preciso ir, está na hora de meu


passeio no Jardim das Hortênsias.

— Calma, minha filha! Que pressa é essa? Está tão bom


aqui, não está não?! Como eu gosto de conversar com você...

— Está uma delícia, mãezinha! Mas preciso ir, depois te


explico!

Juju beijou seu pai com todo carinho e lá foi ela, voando
bem rápido, destemida, rumo à sua aventura!

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Então, ao se aproximar do Jardim das Hortênsias,
ela pegou um pistilo laranja e escreveu um bilhete
numa folha de bananeira enorme que encontrou no
caminho!
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Quando chegou ao Jardim,
cansada de tanto puxar aquela
folha grande e pesada, ela
colocou a folha enrolada sobre
o monte de flores e deitou-se
ao lado a esperar.

Quando Ladislau apareceu,


ela lhe disse: “— Olá!”, e abriu
a folha de bananeira.

Ele já ia lhe respondendo


com um olhar de gente (ops,
ave!) má, porém, quando leu
o cartaz —“ABRAÇOS GRÁTIS
PARA URUBU!” (Ideia maluca,
eu sei!) —, Ladislau ficou
desconfiado. Leu de novo,
esfregou os olhos.

Parecia não acreditar.

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E então Juju disse:

— E aí, não vai descer?!

— Mas para quê? Ninguém dá nada de graça!

— Calma, Ladislau!

— Não estou entendendo! Isso é alguma


brincadeira boba, menina? Se for, eu desço aí e
você vai ver só!

— Não, Ladislau! É verdade!

— Mas por que uma menina educada, linda e


cheirosa como você gostaria de abraçar alguém
tão mal-educado, feio e sujo como eu?

— E quem disse que o senhor é tudo isso?

— Não precisam me dizer! Todos me olham


com medo, nojo ou desprezo!

— Eu não! Quero conhecê-lo! O senhor voa


bem mais alto e bem mais longe que eu... Deve
ter muita coisa bacana para contar!

— Ah... Eh... Eu não...

— E aí, não vai descer logo não?! Estou


esperando!

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Ladislau pensou, repensou,
tripensou! Aquela menina
devia estar caçoando dele,
claro.

Ninguém jamais gostara


daquele urubu.

Ele olhou para Juju


e sacudiu a cabeça com
tristeza.

Foi embora desconfiado,


mesmo com a beija-florzinha
gritando seu nome.

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Juju não desistiu. De jeito nenhum! Eita
bichinha superpersistente. Ela não desistia de
tentar fazer uma floresta melhor, onde todos
convivessem em harmonia, até mesmo com
os urubus. Rsrs.

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Nada como um dia após o outro, e outro...

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E todas as tardes
ela levava o cartaz e
mostrava para o urubu,
que a maltratava ou a
ignorava. Dependia de
seu eterno mau humor.

Uma dúzia de tardes.

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Mas, um dia, ele se cansou
da insistência dela. Assim que ela
abriu o cartaz “ABRAÇOS GRÁTIS
PARA URUBU”, ele gritou:

— Menina, o que você quer? — E o que eu teria para ensinar


para alguém?
— Quero saber de sua vida,
suas aventuras, seus passeios... Juju sorriu.
Quero aprender com você.
— Você pergunta demais. Pare
de perguntar e venha aqui. Desça,
desça logo! Tenho certeza de que
você vai gostar.

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E então o urubu iniciou sua
aterrissagem, desconfiado,
temeroso, inseguro! Até que
alcançou proximidade com a
menina.

Nessa hora, Juju abriu


as asas e sorriu mágicas
bolhinhas de amizade para
Ladislau.

Ele não resistiu e se


entregou ao abraço daquele
beija-flor. (Uma boa ideia, na
minha opinião!)

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E um bom papo aconteceu.

E a amizade começou.

E a gargalhada apareceu...

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No outro dia, encontraram-se
no mesmo lugar. Dessa vez, na
folha de bananeira estava escrito:
“Que bom que chegou, meu
amigo!”

Assim foram as tardes, e Juju


levou seus amigos Letícia, Marina,
Pedro e João. Este último era um
canarinho de assobio afinado, o
mais querido dos amigos de Juju.

Todos se tornaram amigos de


Ladislau. Ninguém se importava se
ele era um urubu, nem para o que
de mal diziam dele. Simples assim.

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E pela primeira vez aquela enorme ave, tão
temida e sozinha, sentiu como era bom ter
amigos de verdade!

Todas as manhãs o dia de cada um deles


começava bem, mais feliz, pois logo cedo
estavam com os amigos falando coisas bacanas,
dando risadas, conversando sobre a vida. Como
dar risada fazia bem a Ladislau!

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