SEDOANALGESIA NO PACIENTE CRíTICO
Profa. Lethicia Campos
Esp. em terapia intensiva
O que veremos na aula de hoje…
Principio da angustia e suas causas;
Planejamento do tratamento;
Escolha do agente ideal;
Agentes sedativos e analgésicos;.
Princípios da angustia
Muitos pacientes gravemente enfermos sentem dor devido a uma
doença ou lesão subjacente, uma cirurgia recente ou outro
procedimento invasivo ou estímulos nocivos causados por
intervenções na unidade de terapia intensiva. As causas da
angustia do paciente devem ser identificadas antes de utilizarmos
um agente sedativo-analgésico para controlar a agitação e o
desconforto.
Identifique as causas da angustia
Tratamento Tratamento não
farmacológico farmacológico
Causas da angustia
Ansiedade: A dispneia é uma causa subjacente comum de ansiedade
entre pacientes gravemente enfermos.
Dor: Evidências de dor podem incluir caretas, retraimento, combatividade, diaforese,
hiperventilação e/ou taquicardia.
Dispneia: A dispneia é uma sensação de falta de ar, os sinais podem incluir taquipneia,
respiração superficial, taquicardia, uso dos músculos acessórios da respiração.
Delirium: Curso flutuante orgânico, pode estar associado a uma causa subjacente,
como infecção, iatrogênica, como medicamentos, ou ambiental.
Paralisia neuromuscular: Todos os pacientes submetidos a bloqueio neuromuscular necessitam de
sedação farmacológica, pois sem sedação a sensação extremamente assustadora.
Iniciação da sedação
Diretrizes sobre a seleção e início de medicamentos
sedativo-analgésicos em pacientes criticamente enfermos
Agentes disponíveis
Benzodiazepínicos, analgésicos opioides, analgésicos não esteroidais,
antipsicóticos, antiepilépticos também podem ser utilizados como coadjuvantes.
Barbitúricos estão cada vez sendo menos utilizados em decorrência de seu potencial toxico.
Inicio da analgesia
Planejando o tratamento
Escala verbal, se torna uma
ótima ferramenta para
pacientes não alfabetizados
que não conseguem expressar
como está o nível da dor.
Utilizada em pacientes
submetidos a ventilação
mecânica.
Esse score tem pontuação de 3 a 12
Pontuação < ou igual a 3 sem dores
Pontuação >6 muitas dores (inaceitável).
Metas de analgesia
Avalia profundidade da
sedação. Existem outras
ferramentas como a de
Ramsay.
Aplicação prática!
Um paciente internado há 2 dias na UTI geral após uma cirurgia, o mesmo não é alfabetizado e
está poli queixoso e agitado em seu leito. Ele chama as enfermeiras e relata muitas dores, elas
então avisam o médico que o paciente queixa-se de dores, e o medico prescreve 1g de dipirona a
cada 6h. Passando-se 2h após a administração da dipirona o paciente volta a se queixar de dores
na região cirúrgica e diz serem dores muito fortes, questionado pela equipe de enfermagem se de 0
a 10 qual era o numero da dor, o mesmo relata que não sabe dizer. O que deveria ser feito nesse
caso?
R= Deveria ser aplicado a escala visual de dor e perguntado se a dor era mais pra cor verde ou
para a cor vermelha. Como eram dores do pós operatório, possivelmente eram dores bem intensas,
então o correto a ser feito era uma otimização da analgesia usando a escala de analgesia, podendo
associar junto a dipirona um opioide fraco como a codeína em horários distintos para alcançar o
melhor efeito analgésico.
A escolha do agente ideal
Inicio da sedação e analgesia
A escolha do agente deve sempre levar em consideração a causa da angustia.
Delirium:
Ansiedade:
antipsicóticos Dispneia ou dor:
Benzodiazepínicos,
(haloperidol, opioides
dexmedetomidina
quetiapina).
A terapia combinada é apropriada para pacientes com mais de uma causa de sofrimento.
Benzodiazepínicos + opiáceos
A escolha do agente ideal
Doses iniciais
A dose inicial deve levar em consideração o nível da sedação desejada. Levando em
consideração status hemodinâmico e respiratório, idade, peso corporal, função renal e
hepática dentre outros.
01 02
Doses mais altas Doses mais baixas
Pacientes maiores Sedação mais leve
Sedação mais profunda Pacientes menores
Pacientes idosos
Pacientes com histórico de abuso de álcool e drogas podem
necessitar de doses mais elevadas e opioides e
benzodiazepínicos.
Analgésicos opioides
Dose Manutenção Ação rápida
MORFINA 2 a 10mg 0,2 a 0,6 - 1 ou 2h
Dose Manutenção Ação
FENTANIL 22 a 100mcg/kg 0,7 a 10 mcg/kg/hora intermediária
Dose Manutenção
REMIFENTANIL 1,5 mcg/kg (infusão) Ação
0,5 a 15 mcg/kg/hora Ultracurta
0,5mcg/kg (bolus)
Todos podem causar rigidez torácica
Opioides orais: oxicodona, metadona e morfina também
podem ser utilizados quando a via oral é preferida.
OBS: Todos os opioides possuem propriedades amnéticas, induzem tolerância e
propriedades sedativas semelhantes quando administrados em doses
equivalentes.
Analgésicos não opioides
• Paracetamol, antiinflamatorios não esteroidais como cetorolaco,
naproxeno, ibuprofeno podem ser utilizados como alternativas e
até mesmo como aditivos aos opioides para recaptação de
analgesia, para pacientes com dor não neuropática.
• Além disso, eles podem ser utilizados como poupadores de
opioides, como alternativas ao controle de dor quando se quer
postergar o inicio de opioides.
• Neurolepticos como gabapentina, carbamazepina e pregabalina,
além de opioides endovenosos podem ser utilizados para
pacientes com dores neuropáticas.
Analgésicos sedativos
Dose de manutenção Tempo de ação
PROPOFOL 5 a 50 mcg/kg/m em alguns <1min
pacientes maiores doses de
70mcg/k/m podem ser utilizadas
Síndrome da infusão do propofol em doses elevadas
Dose Manutenção
CETAMINA 0,1 a 0,5mg/kg 0,05 a 0,4mg/kg/h
Produz sedação dissociada e pode causar efeitos psicoativos
Agonista α2 de ação central
Dose Manutenção
DEXMEDETOMIDINA
1mcg/kg 0,2 a 0,7mcg/kg/h
Efeitos sedativos, ansiolíticos e alguns efeitos analgésicos.
Propriedades sedativas relevantes, naqueles pacientes
criticamente enfermos sem condições cardíacas
relevantes.
Benzodiazepínicos
Dose Manutenção
MIDAZOLAM 0, 01 a 0,05mg/kg 0,02 a 0,1mg/kg/h
(0,5 – 4mg) (2 -8mg/h)
Outros agentes benzodiazepínicos como lorazepam, Diazepam
não são utilizados no contexto da sedação de pacientes na terapia
intensiva.
Destaques da aula
▪ Nenhum medicamento apresenta todas as características de
analgésico ou sedativo ideal. Para a otimização, o médico deve
conhecer as diferenças farmacocinéticas e farmacodinâmicas que
possam afetar a segurança e a eficácia de analgésicos e sedativos.
▪ Pacientes que serão submetidos a intubação orotraqueal,
necessitam ser analgesiados de forma correta, antes de serem
sedados.
▪ Sedação por tempo prolongado pode causar dependência, maior risco
de mortalidade e maior tempo de internação. É necessário que se
conheça a farmacocinética do medicamento.
▪ Para evitar a sedação excessiva, surgiu o conceito de interrupção
diária da infusão, a fim de avaliar a necessidade de sedativo e
diminuir o acúmulo, o tempo de ventilação mecânica e a permanência
na UTI
Referências
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https://www.sanarmed.com/dica-de-medicina-intensiva-escala-rass
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SAKATA, Rioko Kimiko. Analgesia e sedação em unidade de terapia intensiva. Revista Brasileira
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