0% acharam este documento útil (0 voto)
186 visualizações4 páginas

A Timidez Sob o Olhar Da Psicologia

Enviado por

Camila
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
186 visualizações4 páginas

A Timidez Sob o Olhar Da Psicologia

Enviado por

Camila
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 4

A timidez sob o olhar da Psicologia

Jornalista Chris Bueno entrevista ao psicoterapeuta René Schubert – Novembro


2009

1. Muitas pessoas sofrem com a timidez, em alguns casos isso não prejudica seu
relacionamento, mas em outros pode afetar o desenvolvimento afetivo, a
socialização, e até mesmo o trabalho e o estudo. Como identificar que a timidez é
um "risco"? Em outras palavras, até quando a timidez é saudável e quando é
preciso buscar um tratamento?
Como foi muito bem colocado, a timidez é um fenômeno bastante comum e, nem
sempre, causador de grandes inconvenientes ou problemas – por vezes é até uma
forma de proteção e um necessário timing pessoal para se adaptar a uma situação,
ambiente ou pessoa nova.
Porém, quando esta timidez alcança níveis tais, nos quais a pessoa evita e se esquiva
de trocas sociais, isto pode evoluir para um quadro de retração social grave, fazendo
com que a pessoa perca oportunidades tanto no campo relacional quanto no profissional
e cultural.
Muitas vezes o indivíduo chega até a apresentar fenômenos físicos (somatizações)
desta retração quando, no momento do contato com outras pessoas, ou numa situação
social simples, começa a sentir-se muito ansioso, nervoso, sente calores ou frios pelo
corpo, começa a suar muito, tem palpitações, gagueja ou perde momentaneamente a
fala, tem dores musculares, sensações de mal estar generalizado, entre outros.
Quando a timidez chega a um ponto aonde o indivíduo apresenta tais fenômenos de
sofrimento e começa a isolar-se cada vez mais de eventos e situações de troca
relacional ou exposição social, um tratamento psicoterapêutico e, por vezes, psiquiátrico
é mais do que indicado.
Preventivamente, quando percebe-se que o jovem ou criança apresenta dificuldades na
troca relacional e expressão social que se prolongam por mais de alguns meses, é
interessante buscar um profissional Psicoterapeuta para avaliar e orientar a situação,
junto aos pais e/ou responsáveis.

2. Quais são as causas da timidez?


Como muitos fenômenos e quadros na psicologia e psicanálise, tal evento afetivo-social
tem sua raiz em causas multifatoriais: desde a forma da educação familiar, experiências
pessoais negativas no campo social, vivências culturais e sua interpretação no sentido
da retração social, auto-imagem corporal à crenças pessoais que remetem ao
sentimento de inadequação social, insegurança ou até fobia social.
A avaliação cuidadosa e criteriosa de cada caso singular é fundamental para se
encontrar e trabalhar o que causa este afastamento ou inibição na troca relacional
daquele indivíduo em particular.
3. Quais são as principais dificuldades de um tímido?
Os rituais e padrões de trocas comunicacionais e relacionais sociais, desde os mais
simples aos mais complexos, remetem ao "tímido" muita tensão e, por vezes, mal estar
– levando ao afastamento, isolamento e perda de oportunidades.
Por exemplo: um jovem que frente ao apelo cultural de precisar ter um corpo malhado
e sarado, percebe-se diferente da imagem esperada socialmente, e julga-se então
inadequado e/ou inseguro frente às garotas e aos colegas, evita festas e eventos sociais
buscando, ao invés disto, uma atividade física para alcançar o padrão físico desejado –
como se esta fosse a ferramenta única que possibilita sua inserção social – o que é um
mal entendido, uma crença errônea.
Ou um jovem que por pertencer a uma classe social ou cultural sente-se inferiorizado e
não consegue superar o preconceito ou estereótipo social e escolhe manter-se afastado.
Os exemplos são dos mais variados, abrangendo desde questões pessoais à
expectativa e padrões sócio-culturais impostos – mas o enfrentamento e superação
destes, é uma caminhada individual. Cabe à pessoa superar estas dificuldades, com ou
sem auxílio externo.

4. Timidez em excesso pode se tornar um problema grave ou mesmo virar uma


fobia? Como?
Sim. Como um ciclo vicioso e repetitivo, a retração, quanto mais cedo na vida do
indivíduo se inicia, pior se torna na passagem das etapas e fases do desenvolvimento
humano, podendo adquirir características fóbicas ou de total isolamento social – por
temor, angústia ou inabilidade na troca afetivo-relacional.
Portanto, se a criança já apresenta traços de retração e isolamento social, é fundamental
que a mãe busque o quanto antes uma avaliação psicodiagnóstica.

5. Como é o tratamento para a timidez? Quais são as técnicas mais usadas hoje
em dia?
Inicialmente, em todo paciente que vem ao consultório, se escuta quais são as queixas
e sintomas; o que o incomoda, como ele enxerga e lida com suas dificuldades, o que
ele busca.
O tratamento psicoterapêutico visa encontrar qual a situação que se apresenta e quais
são as ferramentas, potencialidades e dificuldades que o cliente possui – o que será
necessário fazer e o que ele pode e deseja fazer para a situação em questão – é um
caminhar conjunto, psicoterapeuta e cliente. Um caminhar rumo a soluções possíveis,
viáveis e desejáveis para o cliente.
As técnicas vão desde dramatizações (Psicodrama) de situações-chave de dificuldade,
análise de crenças e do discurso repetitivo e limitante, até visualizações e planejamento
de mudança de comportamento e postura – cada linha psicoterapêutica utilizará seus
instrumentos e ferramentas clínico-teóricas para obter melhora no quadro patológico
apresentado.
6. O que a pessoa que sofre com a timidez deve fazer para tentar vencer, ou pelo
menos ter uma convivência melhor, com ela?
O primeiro passo é tomar consciência da dificuldade que se apresenta, ou seja,
reconhecer-se como tímido e ter consciência dos desafios advindos desta postura.
Em muitos casos, aulas de dança e teatro são indicadas e surtem resultados fantásticos
para os quadros de timidez e retração social.
Além disso, o enfrentamento de situações difíceis e geradoras de ansiedade, sob
acompanhamento e orientação de um psicólogo é uma das melhores alternativas.

7. Como uma mãe pode identificar e ajudar uma criança tímida com problemas de
socialização?
A observação da atividade lúdica da criança e sua interação com o meio externo sempre
são ótimos indicadores.
Como a criança lida com frustrações, com limitações, com situações novas, com os
amiguinhos, com as tarefas diárias, sua expressão afetiva e sua comunicação são
maneiras de avaliar como a criança está.
É esperado que a criança tenha disposição e rápida capacidade de adaptação, por sua
própria natureza infantil.
Se a mãe percebe que há travas, há limitações e que a criança não consegue superar
– uma conversa franca no sentido de dar dicas e conselhos sempre é útil. Para a criança,
o mundo adulto é muito complexo e, na maioria das vezes, precisa do respaldo, da
tradução e da orientação de um adulto.
Atividades sócio-recreativas sempre são saudáveis para uma criança: ir ao parque, ir a
uma festinha, estar junto a outras crianças, participar de um grupo de atividades
manuais, pintura, esporte, etc.

8. A timidez é comum entre os adolescentes, às vezes impedindo de um menino


se aproximar de uma menina (e vice-versa). Como os adolescentes podem superar
esse problema?
Digamos que isto é uma prova, um obstáculo natural, no "encontro e estar com o outro",
que ajudará o e a jovem a amadurecer e desenvolver suas habilidades sociais, como se
fosse um rito de passagem, no qual vemos a evolução do ser criança para o lentamente
tornar-se adulto (e não é o único rito, mas é um de grande importância – identidade e
marca social.
Após um período afastado do universo feminino, pois estava ocupado em atividades
exclusivamente masculinas, no "Clube do Bolinha", o menino, agora adolescente
começa a reparar na menina, agora moça, e se interessa por ela de uma nova forma –
esta nova forma implica em maneiras diferentes de conversar, puxar assunto, "chegar
junto".
A convivência com outros jovens, a possibilidade de desenvolver sua identidade social
dentro de um grupo ou "tribo" escolhida, a participação de grupos e atividades jovens
auxiliará o e a adolescente a lidar com os conflitos e travas advindos desta nova e,
muitas vezes, longa fase.
A fase chamada de "aborrescência" por alguns adultos e repleta de descobertas e
sofrimentos, tão bem retratados no seriado brasileiro "Confissões de Adolescente" e no
seriado americano "Anos Incríveis" – é cheia de altos e baixos. O psicanalista Cordado
Calligaris, no livro Adolescência, aponta alguns dos dramas e dificuldades deste
momento crucial na vida do ser em transformação.

Referências à este texto:

Reportagem sobre a temática da timidez foi publicada no Uol Ciência e Saúde no dia
28/11/2009 – elaborada pelo Jornalista Chris Bueno. Realizada com Psicólogo Rene
Schubert ao início de novembro 2009.
Voz treme: Timidez atinge cerca de 50% da população, mostra estudo -
https://cidadeverde.com/noticias/48772/voz-treme-timidez-atinge-cerca-de-50-da-
populacao-mostra-estudo
Timidez atinge cerca de metade da população, mostra estudo -
https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2009/11/28/timidez-atinge-cerca-
de-metade-da-populacao-mostra-estudo.htm
Especialistas explicam quando é preciso tratar a timidez -
https://www.uol.com.br/tilt/ultimas-noticias/redacao/2009/11/28/especialistas-explicam-
quando-e-preciso-tratar-a-timidez.htm
Entrevista completa acerca da temática da timidez -
http://reneschubert.blogspot.com/2009/12/entrevista-completa-acerca-da-timidez.html
A timidez sob o olhar da Psicologia - https://www.redepsi.com.br/2010/07/27/a-timidez-
sob-o-olhar-da-psicologia/

Você também pode gostar