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Lição 2 - Imagens Bíblicas Da Igreja

A Igreja é comparada ao corpo de Cristo, com Cristo como a cabeça e os crentes como membros. A imagem ensina sobre a unidade e diversidade da Igreja, com cada membro dependendo dos outros e trabalhando juntos sob a liderança de Cristo.

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Lição 2 - Imagens Bíblicas Da Igreja

A Igreja é comparada ao corpo de Cristo, com Cristo como a cabeça e os crentes como membros. A imagem ensina sobre a unidade e diversidade da Igreja, com cada membro dependendo dos outros e trabalhando juntos sob a liderança de Cristo.

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INTRODUÇÃO

-Na sequência do estudo da Eclesiologia, veremos hoje imagens bíblicas da


Igreja.

-As Escrituras trazem elucidativas imagens para nos ensinar o que é a Igreja.

I – A IGREJA É O CORPO DE CRISTO

-Depois de termos visto a origem da Igreja, na continuidade do estudo da


Eclesiologia, que é a doutrina bíblica a respeito da Igreja, analisaremos as principais
imagens bíblicas que nos ensinam o que é a Igreja.

-A Igreja é, como vimos, uma realidade espiritual, planejada por Deus antes da
fundação do mundo, e, como tal, é algo que se encontra além da capacidade humana de
entendimento (Is. 55:8,9).

E, como o Senhor quer que compreendamos as coisas espirituais, vale-se de


imagens apreensíveis pela mente humana para que tenhamos noção daquilo que é
divino.

-Foi exatamente isto que o Senhor Jesus explicou a Nicodemos, que era um dos
grandes mestres de Israel naquele tempo (Jo.3:10-12).

Ora, se um mestre como Nicodemos tinha dificuldade em entender as coisas


espirituais, mesmo sendo utilizadas imagens das coisas terrestres, como nós
quereríamos ter uma compreensão de tais assuntos senão por meio de imagens e
figuras?

-As Escrituras têm o propósito de nos ensinar e, mediante tal ensino, venhamos
a adquirir esperança (Rm.15:4), esperança que não traz confusão (Rm.5:5) e que nos
permite avançar nos meios das dificuldades desta peregrinação terrestre para que
cheguemos aos céus.

-Sendo um mistério guardado desde antes da fundação do mundo para ser


revelado tão somente para os discípulos de Jesus, a Igreja tinha mesmo de ser bem
compreendida e, por isso mesmo, a Bíblia nos traz algumas imagens para que
entendamos o que é a Igreja.

-A primeira imagem que trataremos, seguindo até o item 8 do Cremos da


Declaração de Fé das Assembleias de Deus, que, ao afirmar que cremos na Igreja,
imediatamente a identifica como “o corpo de Cristo”.

-Esta figura do corpo é trazida pelo apóstolo Paulo, pela vez primeira, na sua
primeira epístola aos coríntios, quando afirma que somos o corpo de Cristo e seus
membros em particular (I Co.12:27).
-Esta imagem trazida por Paulo tinha o contexto do partidarismo existente na
igreja em Corinto e o apóstolo quis mostrar claramente que a Igreja é um organismo, é
una, embora seus membros fossem diferentes.

Trata-se, pois, de início, de uma ênfase na unidade da Igreja, o que também


veremos ser o foco do apóstolo quando retoma esta figura na epístola aos efésios.

-A imagem do corpo de Cristo é extremamente rica. Por primeiro, lembra-nos


que a Igreja é a continuidade da obra que o Pai mandou o Senhor Jesus vir fazer sobre a
face da Terra. Para a realização desta obra, Cristo teve de Se humanizar, corpo Lhe foi
preparado (Hb.10:5).

Agora, que Seu corpo glorioso está nos céus, aqui na Terra esta mesma obra é
realizada pela Igreja, que é o Seu corpo (I Co.12:27; Ef.5:23).

-Não é à toa que Lucas, ao iniciar o livro de Atos dos Apóstolos, diz que o
evangelho que havia escrito narrava o que Jesus “começou não só a fazer mas a ensinar”
(At.1:1), já indicando claramente que as narrativas que faria era a continuação da obra
de Jesus por meio da Igreja.

-A presença física de Cristo na face da Terra, portanto, é a Igreja, que é o Seu


corpo, preparada para realizar a obra salvífica do Senhor Jesus, anunciando o Evangelho
e fazendo com que as pessoas invoquem o nome do Senhor (Rm.10:12-15).

-Dizer que a Igreja é o corpo de Cristo, portanto, é dizer que é ela, e só ela,
quem pode dar continuidade à obra do Senhor Jesus.

Ser membro em particular da Igreja é, portanto, dar prosseguimento à pregação


do Evangelho iniciada por Nosso Senhor e Salvador (Mc.16:20; Hb.2:3,4).

-A imagem do corpo também nos fala da unidade da Igreja. É dito que a Igreja
é “o corpo de Cristo”, de modo que não pode haver mais do que uma Igreja sobre a face
da Terra.

Paulo mostra-nos que há três povos no planeta:

judeus,

gentios e a

Igreja de Deus (I Co.10:32).

-A Igreja é una, ou seja, é um povo único e unido, que forma uma unidade
perfeita. Paulo diz que se trata “de um só corpo e um só Espírito, uma só esperança de
vocação, um só Senhor, uma só fé, um só batismo e um só Deus e Pai de todos, o qual é
sobre todos, e por todos, e em todos” (Ef.4:4,5).
-Esta unidade da Igreja, entretanto, não exclui a diversidade, mas, antes, a
engloba. Assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo
muitos, são um só corpo, assim é Cristo também (I Co.12:12).

-O corpo humano, embora seja único, possui milhões de células, tecidos e


órgãos, com múltiplas funções e atividades, todas diferentes entre si, mas que formam
uma unidade que mantém a vida e o desenvolvimento do corpo, numa perfeita
harmonia, tudo sob o comando do sistema nervoso central, que se encontra na cabeça.

-De igual modo, a Igreja é una, mas tem milhões de membros em particular,
cada um diferente do outro, pois, sim, devemos lembrar que Deus não fez dois seres
humanos iguais e idênticos, mas criou indivíduos, ou seja, pessoas que não podem ser
divididas e que são distintas umas das outras.

Vivemos dias hoje em que as pessoas são tratadas como “massa”, como
“homens-massa”, totalmente indistintas umas das outras, meros números, o que avilta a
humanidade de cada um e que contribui celeremente para a opressão demoníaca cada
vez mais intensa entre nós.

-Mas não há apenas diversidade entre os indivíduos, que são os “membros em


particular” mencionados por Paulo (I Co.12:27), mas membros diferentes que se
constituem nas diversas denominações e igrejas locais que surgiram ao longo da
história.

-Já nos tempos apostólicos, havia uma nítida distinção entre as igrejas locais,
particularmente entre as judaicas e as gentílicas, tendo o Espírito Santo orientado as
lideranças da igreja a manter esta diversidade (At.15:22- 29).

-Mas além destas distinções, a imagem do corpo também nos mostra que há
uma interdependência entre os membros, assim como há entre as células, tecidos e
órgãos do corpo humano. A diferença existente entre eles faz com que cada um tenha
uma função distinta do outro, ou seja, cada um é escalado para uma

determinada tarefa e nesta tarefa se especializa, são lhe dadas condições para
desempenhá-las, conforme o comando do sistema nervoso central.

-É exatamente o que acontece quando somos salvos por Cristo. Imediatamente


após termos crido n’Ele, somos inseridos no Seu corpo (I Co.12:13) e postos neste
corpo, como um membro em particular, receberemos uma tarefa, uma obra a realizar, a
“cruz de cada dia que temos de tomar” para seguir a Jesus (Mt.10:38; 16:24; Mc.8:34;
Lc.9:23; 14:27).

-Esta diversidade de funções gera uma interdependência entre os membros em


particular, porque um precisa do outro para poder haver o crescimento e aumento do
corpo.
Assim como no corpo humano, cada célula, órgão e tecido depende do bom
funcionamento dos outros para que haja progresso, para que haja desenvolvimento e,
sobretudo, para que haja a sobrevivência do corpo.

-Assim, embora a salvação seja individual, vemos que o crescimento espiritual,


a santificação depende desta interdependência de cada membro em particular, como o
apóstolo dos gentios nos deixa claro ao falar que os dons ministeriais são postos na
Igreja para o aperfeiçoamento dos santos (Ef.4:11-16), como os dons espirituais para
edificação, exortação e consolação (I Co.14:3).

-A imagem do corpo mostra como a salvação não elimina a sociabilidade do


ser humano e como se harmoniza o plano salvífico com o propósito criador do Senhor.

-A imagem do corpo também nos mostra que o comando da Igreja é do Senhor


Jesus. A Igreja é o corpo, mas Cristo é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23). A cabeça é
quem comanda o corpo, quem dá as ordens, quem distribui as tarefas, quem dirige.

-O próprio Jesus, ao revelar o mistério da Igreja, disse que a Igreja era Sua
(Mt.16:18), bem como disse aos discípulos que eles O chamavam Mestre e Senhor, e
faziam bem ao dizê-lo (Jo.13:13). A imagem do corpo lembra que Jesus é o Senhor e
que nós somos Seus servos, bem estabelecendo a hierarquia e o comando da Igreja.

-Neste aspecto, é importante dizer que Cristo é “a cabeça da Igreja, sendo Ele o
Salvador do corpo”. A Igreja é um corpo e Cristo é a sua cabeça, ou seja, é algo da
própria natureza da Igreja ser guiada, dirigida pelo Senhor Jesus.

-Dizer que Cristo é “o cabeça da Igreja”, como se verifica, ultimamente, em


versões mais novas das Escrituras, não nos parece ser a melhor tradução.

-Por primeiro, a expressão “o cabeça” era primitivamente utilizada para


designar líderes rebeldes, pessoas que se insurgiam contra a ordem estabelecida, o que,
efetivamente, não é o caso de Jesus Cristo, que é o Rei dos reis e Senhor dos senhores
de modo legítimo e natural.

-Por segundo, a expressão retira a própria natureza do comando de Cristo.


Dizer que Ele é “o cabeça”, indica que Ele é o líder, mas não mostra que Ele o é pelo
fato de ter Ele mesmo edificado a Igreja e sido o seu fundamento, não ter atingido tal
posição por força de algum acontecimento extraordinário ou imprevisto. “O cabeça” é o
líder, mas quando falamos “a cabeça”, dizemos que a própria Igreja foi constituída por
comando e direção do Senhor.

-Como consequência de Cristo ser a cabeça, temos que é simplesmente


impossível ser membro em particular da Igreja se não se estiver em obediência ao
Senhor. A submissão à vontade de Deus é fundamental para que nos mantenhamos
pertencendo a este povo.
-Células e tecidos que não atendem ao comando da cabeça, em nosso corpo,
tornam-se tumores e, como tal, devem ser eliminados do organismo para que a saúde se
mantenha. É exatamente o que ocorre na Igreja: quem

deixa de seguir aos comandos de Cristo, torna-se um tumor e, como tal, será
necessariamente extirpado do corpo, extirpação que será conhecida dos homens mais
dia menos dia (Jo.15:6; Ap.3:16).

-A imagem do corpo traz-nos, também, a ideia de que a Igreja é um organismo


vivo, ou seja, que ela possui vida. Jesus trouxe vida e a Igreja, como todo ser vivo,
cresce e se desenvolve. Jesus, enquanto homem, cresceu em sabedoria, em estatura, e
em graça para com Deus e os homens (Lc.2:52).

-A Igreja, sendo o corpo de Cristo, também deve crescer em sabedoria, e em


estatura e em graça para com Deus e os homens e é o que tem feito ao longo destes
quase dois mil anos de existência sobre a face da Terra.

-Já nos tempos apostólicos, vemos esta realidade: “E, perseverando


unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria
e singeleza de coração, louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo.

E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de


salvar” (At.2:46,47). “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pela mão dos
apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.

Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles, mas o povo tinha-os
em grande estima” (At.5:13); “Assim, pois, as igrejas em toda a Judeia, e Galileia, e
Samaria, tinham paz e eram edificadas, e se multiplicavam, andando no temor do
Senhor e na consolação do Espírito Santo” (At.9:31).

-Como corpo, a Igreja precisa crescer, desenvolver-se, não só quantitativa mas


qualitativamente. Os seus membros precisam aperfeiçoar-se a cada dia, caminhando
para a condição de varão perfeito, a medida da estatura completa de Cristo (Ef.4:13),
prosseguindo para o alvo, que é a perfeição (Fp.3:13-21), a ser alcançada no dia do
arrebatamento da Igreja, quando teremos a conclusão do processo da salvação com a
glorificação (Rm.8:30).

-Tal perfeição não é obtida individualmente, mas mediante a comunhão entre


todos os membros, e a necessidade desta comunhão para a própria sobrevivência do
corpo é um dos grandes ensinamentos a respeito desta imagem bíblica da Igreja.

II– A IGREJA É A COLUNA E FIRMEZA DA VERDADE

-O item 8 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus, depois de


mencionar que a Igreja é o corpo de Cristo, traz outra imagem bíblica, afirmando que é
a igreja “a coluna e firmeza da verdade” (Cf. I Tm.3:15), igreja que o apóstolo faz
questão de dizer que é a “igreja do Deus vivo”.
-A palavra “coluna” é a palavra grega “stylos” (στύλος), cujo significado é de
“um poste, ou coluna, um suporte, um pilar”. Nota-se, portanto, que a Igreja do Deus
vivo é um suporte, um sustentáculo da verdade.

-Sabemos todos que a verdade é o próprio Deus, em todas as Suas Pessoas


(Jr.10:10; Jo.14:6,17; 15:26; 16:13) e que a Sua Palavra é a verdade (Jo.17:17), bem
como que o conhecimento da verdade, advindo da permanência na Palavra de Deus,
trar-nos-á libertação (Jo.8:31,32).

-A Igreja do Deus vivo deve sustentar a verdade. Ser “coluna” da verdade


implica em falar a verdade em todas as ocasiões e mostrá-la para todos (Ef.4:25). Não é
por outro motivo que a Igreja deve anunciar Jesus Cristo (At.5:42).

-Ao sustentar a verdade, a Igreja deve ter consciência de que “nada podemos
contra a verdade, senão pela verdade” (II Co.13:8), de modo que não podemos jamais
transigir em falar a verdade, em pregar a verdade, em não distorcer a verdade, pois é
andando na verdade que devemos prosseguir nesta peregrinação terrena (II Jo.4; III
Jo.3,4)

-Logicamente, ao falar a verdade e anunciá-la, a Igreja entra em confronto com


o mundo, pois ele é dominado pelo “pai da mentira” (Jo.8:44).

-Afinal de contas, a mensagem não é nada agradável ao mundo. É a mensagem


mencionada pelo profeta Joel: “Tocai a buzina em Sião e clamai em alta voz no monte
da minha santidade; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o dia do Senhor
vem, ele está perto; dia de trevas e de tristeza, dia de nuvens e de trevas espessas…”
(Jl.2:1,2a).

-É a mensagem que diz que o mundo é uma “geração perversa” (Cf. At.2:40),
mensagem que confronta a vã maneira de viver que os homens vivem (Cf. I Pe.1:18).

-No mundo sempre a mentira encontrou guarida, porque o mundo é formado


por aqueles que creem na mentira, que satisfazem os desejos do pai da mentira.
Entretanto, como diz conhecido provérbio popular, “a mentira tem pernas curtas”, ou
seja, será sempre desmascarada, pois não há como prevalecer diante da verdade.

-Ser “coluna” da verdade é dar testemunho da verdade. Jesus veio ao mundo


para dar testemunho da verdade (Jo.18:37) e a Igreja deve prosseguir divulgando esta
verdade, que é o Evangelho, que o apóstolo Paulo, nesta sua orientação a Timóteo,
resume e denomina de “mistério da piedade”:

“Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos


anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (I Tm.3:16).

-Damos testemunho da verdade quando, além de pregarmos o Evangelho com


palavras, fazemo-lo com as nossas vidas.
O bom testemunho que apresentamos ao mundo é a demonstração de que o
Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Por meio de nossa
conduta justa, comprovamos que Jesus é o Senhor e Salvador.

-Ser “coluna” da verdade é manter o ensino da Palavra de Deus. É tarefa da


Igreja ensinar as nações (Mt.28:19) e quando ela o faz, mantém conhecida a verdade
para as futuras gerações, fazendo com que se prossiga conhecendo a verdade. Se é
verdade que o Senhor mandou escrever a Sua Palavra para que ela não dependesse da
“tradição oral”, como se fazia até Moisés (Cf. Sl.78:1-8), o fato é que não basta que a
revelação da verdade tenha sido reduzida a escrito, mister se faz que seja ensinada
(Ne.8:1-12).

-Lamentavelmente, muitos hoje estão a negligenciar o ensino da Palavra,


repetindo o que se fazia nos dias de Josias, em que o livro da lei estava perdido dentro
do templo (II Cr.34:14,15).

Quem assim se comporta está a indicar que não pertence a Igreja do Deus vivo,
porquanto não se apresenta como verdadeira coluna da verdade.

-Mas, além de “coluna”, é dito que a Igreja do Deus vivo é a “firmeza” da


verdade. Em foco, aqui, está a palavra grega “hedraioma” (εδραίωμα), cujo significado
é de “apoio, base, chão”.

-A Igreja do Deus vivo é a base, o apoio da verdade, ou seja, é um terreno em


que a verdade pode se manter, porque a Igreja não se move, não se abala, mantém-se
com a verdade, dela não abrindo mão, dela não se desfazendo. A palavra grega, aliás, é
derivada do adjetivo “hedraios” (εδραίος), que significa “sedentário, imóvel, assentado,
firme, estável”.

-A Igreja do Deus vivo permanece na Palavra de Deus, continua a ensinar


aquilo que aprendeu do Senhor Jesus, por intermédio do Espírito Santo. É imutável, não
cede a “inovações”, “novas visões”, “novas revelações”, não se cansa de dizer e ensinar
as mesmas coisas (Fp.3:1).

-A Igreja do Deus vivo sabe que a verdade é uma só e que não comporta
mudança, nem sombra de variação (Tg.1:17), pois Deus não muda (Ml.3:6).

-A Igreja do Deus vivo tem fé em Deus e, por isso, não é como “a onda do
mar” (Tg.1:6), não se deixa levar por quanto “vento de doutrina” (Ef.4:14).

-Por ser “firmeza da verdade”, a Igreja do Deus vivo busca sempre se firmar
em Cristo, crescer espiritualmente, não permitindo que os pecados acidentais venham a
se perenizar na vida de cada membro em

particular do corpo de Cristo. Por isso, é uma Igreja que zela pela santificação,
pois só com ela teremos a certeza de que veremos o Senhor e que não serem engolidos
vivos pelo maligno.
-Aqui, uma vez mais, lembramos do profeta Joel: “Tocai a buzina em Sião,
santificai um jejum, proclamai um dia de proibição.

Congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, congregai os


filhinhos e os que mamam, saia o noivo da recâmara e a noiva, do seu tálamo.

Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar e diga;


Poupa o Teu povo, ó Senhor, e não entregues a Tua herança ao opróbrio, para que as
nações façam escárnio dele; porque diriam os povos: Onde está o seu Deus?” (Jl.2:15-
17).

-O mundo, dominado que é pelo diabo, não se firma na verdade (Jo.8:44) e, por
isso mesmo, acaba por negar a própria existência da verdade.

Vivemos dias, inclusive, em que isto é a própria característica do nosso tempo,


onde o que se diz é haver uma “pós-verdade”, ou seja, algo que se impõe pela sua
capacidade de convencimento e de manipulação de emoções e sentimentos.

-Como diz o sociólogo polonês Zygmunt Baumann (1925-2017), estamos num


tempo que ele denomina de “modernidade líquida”, onde as relações humanas são
frágeis, fugazes e maleáveis, como os líquidos, onde não se tem mais referenciais, em
que tudo é mutável, não há firmeza.

Assim, a própria noção de verdade se perde, pois todos passam a achar que
“tudo é relativo” e que tudo pode ser alterado a qualquer momento.

-Dentro de um mundo que, pela multiplicação da iniquidade, chega a duvidar


até da existência de uma verdade, a Igreja do Deus vivo continua sendo a firmeza da
verdade, o local onde a verdade está presente, é praticada, anunciada e defendida.

-Para ser a firmeza da verdade, a Igreja do Deus vivo precisa ter a visão da
eternidade, não pode se deixar envolver pelos ardis do inimigo que tenta enganar os
servos de Deus com as inovações tecnológicas, com a multiplicação da ciência,
utilizando-se destas circunstâncias para convencer de que tudo é mutável, de que as
“coisas mudaram” e que, portanto, não faz mais sentido crer na Palavra de Deus, nas
Escrituras cuja redação terminou há quase dois mil anos.

-A verdade não se muda por causa do progresso tecnológico ou pelo avanço da


civilização. Não há nada novo debaixo do sol (Ec.1:9-11) e as novas roupagens não
retiram o fato de que existe o verdadeiro e o falso, o bom e o mau, o certo e o errado.

-Precisamos andar na verdade e nela crer, independentemente do que aconteça


ou do que se venha a descobrir no campo da ciência ou da tecnologia.

Deus não muda e, nós, como seus filhos, também não podemos deixar de
seguir ao Senhor e fazer a Sua vontade, sendo firmes e constantes, sempre abundantes
na obra do Senhor, sabendo que o nosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15:58).
III– A IGREJA É O EDIFÍCIO DE DEUS

-Ao revelar o mistério da Igreja, o Senhor já comparou a Igreja a um edifício,


pois disse que edificaria a Sua Igreja e as portas do inferno não prevaleceriam contra ela
(Mt.16:18).

-Esta mesma expressão é, posteriormente, utilizada pelo apóstolo Paulo ao


dizer que a igreja era “o edifício de Deus” (I Co.3:9).

-A imagem do edifício mostra-nos, assim como a imagem do corpo, um


dinamismo, um movimento que deve ter a igreja.

Ao dizer que edificaria a Sua Igreja, o Senhor mostrou que a Igreja seria uma
construção que estaria sempre sendo edificada, que estaria sempre aumentando e sendo
aprimorada, ao longo dos anos.

-O Senhor deixa claro que é Ele o Edificador, portanto é Ele quem elaborou o
projeto e desenhou a planta, devendo, pois, os trabalhadores simplesmente seguirem o
modelo que foi estabelecido e realizar as tarefas que lhe forem distribuídas, assim como
vemos na construção civil.

-Como todo edifício, a Igreja precisa ter um fundamento, uma pedra


fundamental, que é a base de todo o alicerce, sem o qual a edificação não conseguirá se
manter em pé (Cf. Mt.7:24-25).

Este fundamento é o próprio Senhor Jesus (I Co.3:11), a principal pedra de


esquina que foi rejeitada pelos edificadores, mas escolhida por Deus (I Pe.2:6-8).

-Jesus é o fundamento da Igreja e, por isso, não se pode pretender edificar a


Igreja sobre outra base que não seja o Senhor, e, como consequência, temos que, como
Jesus é o Verbo, ou seja, a Palavra, não há como se edificar a Igreja a não ser pelas
Escrituras, pois são elas que testificam de Jesus (Jo.5:39).

-Eis aqui o grande equívoco do Romanismo que quis construir uma igreja
tendo a Pedro como fundamento, como “Vigário de Cristo”, como a “cabeça visível da
Igreja”.

O próprio Pedro é quem nos mostra que a pedra mencionada por Jesus para
fundamento é o próprio Cristo e não o apóstolo.

Por isso, ao querer construir uma igreja com base em Pedro e, por
consequência, nas Escrituras, Tradição e Magistério, houve o desvio doutrinário que,
aliás, neste tempo do fim, notadamente com o pontificado de Francisco, está
desmascarando a Igreja Romana, que será destruída pelo Anticristo como vemos
profetizado em Apocalipse 17.

-Sobre esta pedra fundamental, temos “o fundamento dos apóstolos e dos


profetas” (Ef.2:20), “a doutrina dos apóstolos” (At.2:42), a “sã doutrina” (I Tm.1:10; II
Tm.4:3; Tt.1:9; 2:1). “o depósito da fé” (I Tm.6:10), que nada mais é que a transmissão
de tudo quanto o Senhor Jesus ensinou, de tudo quanto d’Ele fala a Bíblia Sagrada, cujo
assunto é o próprio Cristo.

-A Igreja é edificada pela Palavra de Deus, que é a verdade (Jo.17:17), que são
as Escrituras, que testificam de Jesus, que é a Verdade (Jo.5:39; 14:6).

-Por isso, quem prega o que não está nas Escrituras, que não convém à sã
doutrina deve ser considerado “anátema” (Gl.1:8,9), ou seja, deve ser declarado
amaldiçoado e excluído da comunhão da Igreja.

-A imagem do edifício também nos mostra que, assim como nas construções,
cada pedra deve estar no seu lugar e se unindo às outras, de tal maneira que a edificação
aumente e se sustente.

Cada membro em particular da Igreja é uma “pedra viva, edificada casa


espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por
Jesus Cristo (I Pe.2:5).

-Não só Pedro (nome dado por Jesus a Simão, cujo significado é “pedregulho”,
“pedrinha”), mas cada um de nós é uma pedra, que tem de ter sido posta por Jesus, que
é a vida (Jo.1:4: 14:6), pedra que, estando no lugar determinado pelo Senhor, constrói
este edifício espiritual e oferece sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus
Cristo.

-A imagem do edifício mostra-nos que dependemos inteiramente do Senhor e


do que Ele nos ensina em Sua Palavra e que devemos demonstrar nosso empenho na
edificação da casa mediante uma vida espiritual, na qual exercemos o nosso sacerdócio
santo, ou seja, fazemos a intercessão de Cristo com os demais homens e O adoramos em
espírito e em verdade (Jo.4:23,24).

IV– A IGREJA É A LAVOURA DE DEUS

-Outra imagem trazida pelas Escrituras para a Igreja é de que ela é a “lavoura
de Deus” (I Co.3:9), o que nos remete ao que disse o Senhor Jesus em Suas últimas
instruções, ao dizer que Ele era a videira verdadeira e o Seu Pai, o lavrador (Jo.15:1).

-A palavra “lavoura” utilizada por Paulo é a palavra grega “georgion”


(γεώργιον), cujo significado é de “um cultivo”, “uma fazenda”.

A “lavoura” é o resultado de um trabalho de alteração do lavrador sobre a


realidade. Não é por menos que o Senhor, quando mandou Adão “lavrar e guardar” o
jardim formado por Deus no Éden, embutiu a autorização para que o homem, usando de
sua inteligência e criatividade, pudesse mudar, modificar o jardim para satisfação de
seus interesses e necessidades.

-A “lavoura” é esta modificação que o agricultor faz no ambienta natural,


inserindo ali os vegetais que pretende produzir, modificando o ambiente, a paisagem,
bem como dando condições para que se aumente a produtividade, mediante os insumos
agrícolas, as modificações no solo etc.

-Quando se diz, pois, que a Igreja é a “lavoura de Deus”, tem a mesma ideia do
edifício, ou seja, que a Igreja é uma realidade criada por Deus, que muda o ambiente
então existente, bem como que se trata de algo que é plantado e cuidado para que se
faça uma produção.

-O lavrador é o Pai. O Pai, como lavrador, plantou o “grão de trigo” (Jo.12:24),


a “semente da mulher” (Gn.3:15), que, morrendo, pôde dar muitos frutos, que é,
precisamente, a Igreja, os filhos que Deus Lhe deu (Hb.2:13).

-Quem planta esta lavoura é o Pai (Mt.15:13) e, por isso mesmo, todo aquele
que for ali plantado por outrem será arrancado no devido tempo, como ensina o Senhor
na parábola do joio e do trigo (Mt.13:24-30, 36-43).

-Ao comparar a Igreja com a lavoura, as Escrituras nos ensinam que, no meio
da Igreja, existem ervas daninhas, pragas, que não pertencem à lavoura mas podem
danificá-la, a nos mostrar que existe a semeadura maligna em meio aos servos do
Senhor e que, portanto, não podemos confundir as coisas, sabendo bem discernir quem é
joio e quem é trigo, sabendo que só os justos subsistirão e resplandecerão como o sol no
Reino do Pai.

-A imagem da lavoura também nos ensina que a Igreja está sob os constantes
cuidados do Pai, que como lavrador, espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com
paciência até que receba a chuva temporã e serôdia (Tg.5:7).

-Decorre desta imagem que há a necessidade de cada membro em particular da


Igreja produzir fruto, pois para isto é que foi plantado na “lavoura de Deus”.

É o que o Senhor ensina Seus discípulos nas últimas instruções: “Não Me


escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis
fruto, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao
Pai Ele vo-lo conceda” (Jo.15:16).

-Quem não produz fruto, é cortado pelo lavrador (Jo.15:2) e somente


produziremos se estivermos em Jesus (Jo.15:4,5), pois temos de ser um com Cristo,
como Ele é um com o Pai (Jo.17:21).

Somente assim teremos como ser testemunhas de Jesus na face da Terra, pois
esta comunhão é indispensável para que as pessoas creiam que Jesus é o Cristo
(Jo.17:21).

-A imagem da lavoura também nos mostra que o tempo da Igreja aqui na Terra
é passageiro. Ela é peregrina na Terra e brevemente o Senhor virá buscá-la para que ela
vá com ele habitar na casa do Pai (Jo.14:1-3).
O lavrador aguardará a produção do fruto até a chuva serôdia, que é o último
avivamento espiritual da Igreja, que é o avivamento pentecostal, que está em pleno
curso.

V– A IGREJA É A NOIVA OU ESPOSA DO CORDEIRO

-Outra imagem que temos da Igreja é a de que ela é “a noiva do Cordeiro” ou


“esposa do Cordeiro”, ou seja, que ela está desposada com Jesus, aguardando o
casamento, cuja celebração serão as “bodas do Cordeiro”, quando, então, a noiva já
estará pronta (Ap.19:9).

-Por primeiro, cumpre aqui esclarecermos a intercambialidade entre os termos


“noivo” e “esposo”. Devemos observar que, nos dias de Jesus, o casamento entre os
judeus era precedido por um compromisso formal, firmado em contrato, de modo que,
embora não houvesse, ainda, o ajuntamento entre os comprometidos, eles já tinham
compromisso entre si, como vemos no caso de José e Maria (Mt.1:18).

-Esta promessa de casamento é chamada, entre os romanos, de “esponsais”,


que corresponde, em nossa sociedade, ao “noivado”.

A palavra “esposa” deriva de “esponsais” e, deste modo, rigorosamente


falando, desde que há o compromisso, a promessa de casamento, estamos diante de
“esposo e esposa”, mesmo que não tenha ainda se iniciado a coabitação, o que é
comumente chamado entre nós de “noivos”.

-O primeiro a mencionar o Senhor Jesus como “noivo” ou “esposo” é o Seu


Precursor, João Batista, que diz a seus discípulos que ele era “o amigo do noivo”
(Jo.3:29), expressão que encontramos nas versões mais modernas das Escrituras (NAA,
ARA, NTLH, NVI), mas que consta como “amigo do esposo” nas mais antigas (ARC,
TB, ACF), a confirmar a intercambialidade já mencionada.

-Nesta expressão de João, o último profeta da lei (Mt.11:13; Lc.16:16), vemos


que, com a Igreja, surge um povo que tem um relacionamento todo especial com o
Senhor Jesus, aquela unidade de que já mencionamos supra, unidade que o apóstolo
Paulo diz ser um “mistério” que é figurado, precisamente, pelo casamento (Ef.5:22-32).

-“Aquele que tem a esposa é o esposo”. A Igreja pertence a Jesus, somos


propriedade d’Ele (I Co.1:30), somos um com Ele (Jo.17:21), assim como marido e
mulher são uma só carne (Gn.2:24; Mt.19:5; Ef.5:31).

-A imagem da “noiva ou esposa do Cordeiro” revela-nos que o relacionamento


que existe entre Cristo e a Igreja é o relacionamento firmado pelo amor, pois o
casamento é uma relação que tem no amor o seu ponto essencial (Ct.8:6).

-A imagem da “noiva ou esposa do Cordeiro” mostra-nos que a iniciativa do


amor vem de Cristo, pois é o marido que deve amar primeiro, tomar a iniciativa, com
atitudes sacrificiais, para mostrar à mulher que esta é amada (Ef.5:25-27; I Jo.4:19;
Rm.5:8).

-Sendo “noiva e esposa do Cordeiro”, a Igreja, por causa deste amor primeiro
de Cristo por ela, é santificada, purificada pela Palavra, a fim de que possa se apresentar
gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível
(Ef.5:27).

-Não há como ser Igreja, portanto, se não se seguir a santificação (Hb.12:14),


se não se manter separado do pecado a cada instante, até o dia em que o Senhor vier nos
buscar (Ap.22:11).

-A imagem da “noiva e esposa do Cordeiro” mostra-nos que a Igreja, em


correspondência a este amor sacrificial, mostrado na cruz do Calvário, sujeita-se a
Cristo, fazendo-Lhe a vontade, guardando os Seus mandamentos. Temos, pois, como
característica da Igreja a sujeição a Cristo.

– Mas uma vez se reforça, numa imagem bíblica da Igreja, a indispensabilidade


da obediência ao Senhor para que sejamos membros em particular da Igreja.

Por isso, somente habitarão para sempre com Cristo aqueles que fizerem o que
Ele nos manda, aqueles que não praticarem a iniquidade (Mt.7:21-23).

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