Universidade de Brasília – UnB
Instituto de Ciências Sociais – ICS
Departamento de Estudos Latino-Americanos – ELA
Programa de Pós-Graduação de Estudos Comparados sobre as Américas
Disciplina: Sociedade, Cultura e Política nas Américas. Estudios de la memoria en
América Latina y el Caribe
Código: 330566
Professora: Dra. Elissa L. Lister
Discentes:
Elcy Gomes Pereira Filho - Matrícula: 20/0029215
Lucas Edgardo Pordeus Leon - Matrícula: 20/0029266
Pedro Franco - Matrícula: 20/0029282
Rose Dayanne Santana Nogueira - Matrícula: 19/0123079
Taller 2: Actividad asíncrona
1. En función de las lecturas realizadas para aula 4 sobre “Memoria y conflicto:
Colombia, complejidades del proceso” y de lo planteado por Federico Lorenz y Peter
Winn en “Las memorias de la violencia política y la dictadura militar en la Argentina:
un recorrido en el año del Bicentenario”, pp. 19-120, ¿en qué etapa(s) o momento(s)
consideras que se encuentra Colombia en cuanto al uso y construcción de la memoria
asociada al conflicto y la violencia? Justifica brevemente tu respuesta (máximo 1,500
caracteres sin espacio).
Entendemos que os processos de construção da memória sobre a violência na Colômbia são
menos numerosos, têm uma menor amplitude e envolvem menos o conjunto da sociedade se
compararmos com o que foi vivenciado na Argentina desde o fim da ditadura militar.
Apesar das iniciativas da Comissão Nacional de Reparação e Reconciliação e do Centro
Nacional de Memória Histórica, não observamos na Colômbia o certo protagonismo que o
Estado argentino teve na construção da memória do período, o qual pode ser observados em
1984, com a CONADEP, 1985, com o julgamento das Juntas, e 2003, com as medidas do
governo Kirchner.
Na Colômbia, pelos textos que tivemos acesso, não houve medidas para memória nas escolas,
ou julgamentos emblemáticos de agentes dessas violências, ou mesmo a construção de
memoriais públicos para homenagear as vítimas do conflito ou explicar quem são os autores
das violências.
Na Colômbia, as iniciativas de memória parecem se limitar às iniciativas da sociedade civil,
sendo fragmentadas e locais, não envolvendo o conjunto da sociedade, como parece ser mais
o caso da Argentina.
Outra diferença é em relação aos arquivos e documentos sobre os conflitos. Enquanto na
Argentina existem inúmeras ações nesse sentido, com destaque para o Memória Abierta, na
Colômbia essas iniciativas são menos numerosas, e mesmos boa parte são não oficiais,
práticas que as comunidades e organizações afetadas.
Conforme Uribe, (2009, p. 44) Os mecanismos de terror do Estado fomentaram uma paralisia
da sociedade civil que se revestiu no abandono dos espaços públicos. Na Argentina, findo o
processo ditatorial, deu-se início à uma série de políticas para afirmação da memória
histórica, carregadas por uma poderosa pedagogia pública.
2. A partir de: Lorenz, Federico y Winn, Peter. 2015. “Las memorias de la violencia
política y la dictadura militar en la Argentina: un recorrido en el año del Bicentenario”.
Pp. 19-120 en No hay mañana sin ayer: Batallas por la memoria histórica en el Cono
Sur, de Federico Lorenz (et al). Buenos Aires: Biblos.
https://books.google.com.br/books?
id=ioj_rQEACAAJ&printsec=frontcover&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onep
age&q&f=false
*La parte final de este documento se envía en archivo pdf por email.
2.1 Teniendo en cuenta los procesos históricos y políticos que se describen en el texto,
identifica 4 momentos relevantes para explicar autores y causas de la violencia durante
la dictadura argentina y señala las implicaciones ideológicas en cada una de estas
atribuciones (máximo 5,000 caracteres sin espacio).
Identificamos, entre outros, 4 momentos que servem para explicar os autores ou as
causas da violência durante a ditadura militar na Argentina.
O primeiro momento analisado é o do Juicio de las Juntas que valida,
institucionalmente, os relatos das vítimas da ditadura e apresenta ao país a identidade de parte
dos autores das torturas, assassinatos e desaparecimentos. Após a derrota na guerra das
Malvinas, os representantes maiores das forças armadas são colocados novamente em uma
situação humilhante diante da sociedade com o julgamento. Esse fato certamente repercute
em todo o processo de disputa, nas décadas seguintes, em torno da memória sobre a ditadura
militar, servindo como ponto de partida para a construção dessa memória.
Ao mesmo tempo que chefes das juntas eram culpados, as causas da violência eram
distribuídas entre o Estado e as guerrilhas, explicação que levou o nome de Teoria dos 2
demônios. (formular uma explicação melhor)
Nesse contexto, levantes militares levaram os governos Alfonsín e Menen a tomar
ações visando a governabilidade e a pacificação. Foram sancionadas as leis do Punto Final e
da Obediencia Debida e concedidos indultos a favor de agentes do estado. Esses
desdobramentos impuseram um certo silêncio em relação ao passado recente que durou até
1995.
É quando o militar Adolfo Scilingo relata sua participação nos voos da morte, o 2º
momento de nossa análise. Esse relato reabre o debate a ponto do então comandante do
Exército, Martín Balza, admitir o terrorismo de estado (p. 25, penúltimo parágrafo). No ano
seguinte, em 1996, 20º aniversário do golpe, a Argentina viu as maiores manifestações desde
a redemocrátização. Os meios de comunicação mais tradicionais se somaram ao esquerdista
Página 12 para contar a história dos desaparecidos. O terrorismo de estado passa ao
primeiríssimo plano e a Teoria dos 2 demônios perde força.
Ao mesmo tempo, a figura do militante revolucionário surge e a organização
H.I.J.O.S. faz o resgate do passado militante dos seus parentes. Além disso, organizações de
direitos humanos incorporam, por meio da Declaración Popular, novos elementos ao
imaginário do 24 de março, incluindo as questões econômicas e geopolíticas que levaram ao
golpe militar.
As revelações de Scilingo ajudaram a explicar as causas da violência porque
permitiram certa superação da ideia de que a responsabilidade pela violência tinha que ser
dividida entre o estado e as organizações contrárias à ditadura. O novo momento também
trouxe para o campo econômico e geopolítico da época a explicação das causas da violência.
Além disso, com a identificação do militante contrário a ditadura, é possível desnudar, como
consequência, a identidade dos autores da violência, trazendo o aspecto político dos que
manejaram a máquina do estado.
As novas faces dos autores da violência e as recentes causas expostas por esse
segundo momento permite aos agentes da sociedade que lideram a luta pela memória e justiça
politizar o passado recente para além do simples repúdio ao terrorismo de estado, sendo essa
uma implicação ideológica desse novo momento. (fazer divisão por momentos)
3º Momento
Além das políticas neoliberais da década de 90 cujas repercussões econômicas seriam
sentidas no início do século XXI, entendemos que os novos elementos que se desdobraram
após o segundo momento analisado são fios condutores para o terceiro momento: a eleição de
Néstor Kirchner à presidência em 2003.
A identificação de Kirchner de que “Soy Parte de esa generación” convalida sua
política de Estado, onde ações governamentais buscam, entre outras coisas, reforçar a autoria
dos crimes da ditadura e também suas causas. Podemos citar como movimentos nesse sentido
a retirada das Forças Armadas, em 2007, do controle sobre a ESMA, o mais emblemático
centro de detenção da ditadura. Outra ação foi a inauguração, em 2007, do Parque da
Memória, com os nomes de milhares dos desaparecidos pela ditadura, ou ainda as atividades
do Ministério da Educação a partir de 2006 com uma série de ações para o ensino da história
nas escolas públicas.
Uma possível implicação ideológica do governo de Néstor é a convergência para um
consenso mínimo em torno de um tema ainda aberto para as organizações de direitos
humanos: a impunidade dos agentes do terrorismo do Estado. Kirchner, em um evento em
2004, em homenagem a um companheiro de militância desaparecido, revelou sua
interpretação sobre o tema: “Yo no creo em la venganza (...), pero sé que no hay justicia si
hay impunidade”.
4º Momento
O quarto momento analisado é quando a Corte Suprema, após ter tido sua composição
alterada pela pressão do presidente Kirchner, decide, em 2005, declarar inconstitucional as
leis de Punto Final e da Obediencia Debida. Foi o passo que faltava para os juízes das cortes
da primeira instância reabrirem processos de casos de violações de direitos humanos na
ditadura.
As chamadas “megacausas”, que reuniram muitos casos de violações em um único
julgamento, foi outro desdobramento importante da decisão da Corte argentina. Apesar dos
avanços, em 2010, 1.464 militares e civis haviam sido acusados por crimes de lesa
humanidade, sendo apenas 647 julgados. Destes, 68 foram condenados e apenas 2 foram
encarcerados.
Em 2012, as condenações subiram para 238, já o total de sentenças definitivas chegou
só a 75. Esses números, embora tímidos, mostram avanço em relação ao antigo status quo. E
não só isso, os julgamentos foram amplamente divulgados, mantendo viva a memória da
opinião pública aos crimes de ditadura 30 anos após o fim do regime militar. Essa decisão da
reformada Corte argentina foi um reforço importante que expôs os autores das violências da
ditadura.
Pode-se extrair muitas implicações ideológicas desse último momento analisado, entre
elas, uma suposta consolidação da memória da ditadura como um período de sistemáticas
violações de direitos humanos, ou mesmo uma ideia dos limites do judiciário para punir e
encarcerar os agentes do terrorismo de estado, já que não foi alcançado um grande número de
condenações.
2.2 En el recuento realizado por Lorenz y Winn de los 37 años transcurridos luego del
final de la dictadura, se enfatiza el desarrollo de una pedagogía de la memoria para el
“Nunca más”, efectuada por diferentes agentes (organizaciones, Estado, individuos,
comunidades, gobiernos, etc) y desde múltiples áreas de actuación (cultura, educación,
políticas públicas, justicia, producción de conocimiento, arte, espacio público, etc). El
grupo seleccionará 4 de estos procesos de pedagogía de la memoria y analizará su
significación en cuanto a ruptura con el estatus quo y sus implicaciones en la
construcción democrática en la Argentina (máximo 5,000 caracteres sin espacio).
Durante a ditadura na Argentina, as Madres de La Plaza de Mayo travaram uma luta solitária
em busca da verdade sobre o que havia acontecido com seus filhos e filhas desaparecidos.
Nesse cenário, predominava a memória hegemônica do regime que escondia ou justificava o
terrorismo de Estado. Após o colapso da ditadura, iniciou-se uma transição rumo ao
desenvolvimento de uma pedagogia da memória a partir da cultura política do “Nunca Más”,
efetuada por diversos agentes em múltiplas áreas, entre os quais destacamos:
1- Instalação do tema dos direitos humanos no processo de redemocratização.
No primeiro governo pós-ditadura de Raúl Alfonsín, a questão dos direitos humanos foi o
elemento chave para a transição democrática, com a criação da Comissão Nacional sobre o
Desaparecimento de Pessoas (CONADEP), em 1983, para investigar os casos de violação dos
direitos humanos cometidos pelos governos militares; “Nunca Más” em 1984, livro que
publicava o informe da CONADEP; e Julgamento das Juntas, em 1985.
Nenhum outro governo de transição dessa época atreveu-se a julgar e encarcerar os ditadores
como na Argentina. Assim, a busca por memória, verdade e justiça incorporou-se já neste
primeiro momento na agenda pública argentina.
Com eleição de Néstor Kirchner, em 2003, as demandas históricas dos organismos de direitos
humanos se transformaram em um dos principais vetores do governo, mudando o papel do
Estado nas lutas por memória.
Kirchner considerava a disputa pela memória da ditadura determinante para a consolidação
de seu projeto. Definindo-se como militante nos anos 70, ele impulsionou as políticas pela
memória e justiça que haviam sido, até então, patrimônio maior dos organismos de direitos
humanos. Durante o governo Kirchner diversos casos foram a julgamento e iniciaram-se
processos das “megacausas”.
O Juicio de Las Juntas e os julgamentos após 2006 com suas megacausas tiveram um efeito
pedagógico importante ao mandar um sinal à toda sociedade de que crimes contra a
humanidade não ficariam totalmente impunes. No caso das juntas, foi importante para romper
com o status quo da ditadura que justificava os crimes em nome da “paz interna”. Já os
julgamentos após a chegada de Kirchner ao poder romperam um status quo que vinha do
governo de Menen de que, em nome da governabilidade e da pacificação, era preciso não
seguir com os processos contra os agentes do terrorismo de estado.
2- Arquivo: Memoria Abierta
A Memória Aberta surge com objetivo de verdade, justiça e memória, sendo um grande
avanço na área dos arquivos porque facilitou o acesso ao público e ajudou a consolidar a
memória histórica como um campo de estudos. A iniciativa valorizou a resistência oferecida
pela sociedade civil contra o autoritarismo, um reconhecimento das ações para restabelecer os
direitos humanos, a questão pendente dos desaparecidos e uma reflexão sobre o que resta por
fazer para construção de uma cultura política democrática onde nada disso volte a acontecer.
O efeito pedagógico do trabalho da Memória Aberta é importante na medida em que oferece
os instrumentos para outros atores e instituições - como escolas e universidades - acessarem
os documentos e relatos sobre o período da ditadura. Pode ser visto ainda como uma forma de
romper com o status quo da década de 90, que buscava dar como encerrada a temática dos
direitos humanos em nome da “pacificação”, isso porque a iniciativa dava acesso contínuo à
memória sobre as violências do período, dificultando o esquecimento.
3- Memória nas escolas
O trabalho pedagógico é estratégico para as novas gerações. Em termos de currículo escolar,
promoveu-se, desde 2006, uma série de atividades e ações relativas ao ensino da história
recente a partir dos direitos humanos. O desafio é incorporar esses conteúdos devido à
omissão ou insuficiência teórica dos professores com relação ao tema e à ênfase das escolas
com o resultado acadêmico em detrimento da formação do sujeito. Ao mesmo tempo, produz-
se uma tensão com respeito à história familiar e a história coletiva.
Vemos essas medidas como um importante processo de pedagogia da memória porque é
capaz de atingir as novas gerações, que não viveram o período, sendo fundamental para evitar
o esquecimento. Rompe também com certo status quo que busca, por omissão ou não,
despolitizar a história, ou seja, contá-la, sem os elementos socioeconômicos, geopolíticos,
envolvidos nos processos do momento nas escolas, como uma sucessão de presidentes
militares com suas realizações públicas, como construção de rodovias, etc.
4- Espaços de memória.
Sobre a memorialização, foram observados avanços por meio da emblemática “invasão” da
ESMA, centro de detenção, tortura e extermínio da ditadura, para transformá-la em
monumento às vítimas e museu de história nacional. Outro memorial fundamental é o Parque
da Memória, um êxito estético celebrado internacionalmente devido ao seu gigantesco muro
da memória gravado com os nomes das vítimas. Localizado próximo às margens do Río del
Plata, dialogava com as famílias dos desaparecidos já que muitos desses teriam sido jogados
vivos no rio durante os “vuelos de la muerte”. Além disso, a instituição do dia 24 de março
como Dia Nacional de Memória pela Verdade e Justiça, por Kirchner, abriu uma janela de
oportunidade para não mais se ignorar a data, especialmente nos calendários escolares, um
dos marcos de transmissão dos relatos históricos nacionais.
Esses progressos para a memória histórica na Argentina ajudaram também a impulsionar
avanços na construção de uma nova cultura política democrática, para uma cultura de “Nunca
Más”, que tem sido decisivo para o desenvolvimento de uma cultura de direitos humanos.
A construção dos memoriais serve como processo pedagógico quando envolve a sociedade na
discussão sobre como devem ser esses espaços, o que ocorreu com o ESMA e com o Parque
da memória, rompendo assim com o status quo da década anterior que queria dar por
encerrado os conflitos sobre a história da ditadura.
REFERÊNCIAS
COLÔMBIA. Centro Nacional de Memoria Histórica. 2010. Bojayá, la guerra sin límites.
Bogotá: Centro Nacional de Memoria Histórica.
_______. Centro Nacional de Memoria Histórica. 2015. Cruzando la frontera: Memorias del
éxodo hacia Venezuela, el caso del río Arauca. Bogotá: Centro Nacional de Memoria
Histórica
FEDERICO, L. et all. No hay mañana sin ayer: Batallas por la memoria histórica en el
Cono Sur. Santiago: LOM Ediciones, 2014.
URIBE, M. V. Iniciativas no oficiales: un repertorio de memorias vivas. Recordar en
conflicto: iniciativas no oficiales de memoria en Colombia. Grupo de Trabajo de Memoria
Histórica. Comisión Nacional de Reparación y Reconciliación (CNRR), p. 44. Colombia,
Ago 2009.