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Ficha 2 - Resenha Histórica Dos Seguros

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FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


DEPARTAMENTO: ECONOMIA E GESTÃO
CURSO: Economia
Plano analítico da disciplina de Teoria Geral de Seguros
Ficha - 2

2. RESENHA HISTÓRICA DOS SEGUROS

O seguro pode ter a sua origem, na noção de que é possível contornar algumas das
circunstâncias que podem transformar o tudo em nada.

O socorro mútuo foi exercido por instituições de assistência desde a Antiguidade, ainda
que de forma muito rudimentar e, apenas, com o objectivo de defesa, praticando-se alguns
contratos a assunção de risco não dispunha de autonomia. “Exemplo disso foram os
Fenícios que promoveram a criação de uma associação que se encarregava de dar uma
nova embarcação aos mercadores que perdessem a sua devido a uma tempestade, e um
novo animal ao mercador que perdesse o seu

2.1. A nível internacional

O seguro, como instituição para diluir danos ou perdas econômicas entre os membros do
grupo expostos a um risco, tem suas origens na antiguidade, uma vez que já na Babilônia
e na Grécia antiga as leis marítimas previam a obrigação recíproca dos carregadores de
contribuir para a compensação por danos causados em caso de tempestade ou saques.

Na Grécia antiga, para além de existir um sistema de informação sobre os portos mais
seguros e os mercados mais atractivos, os Atenienses determinavam um prémio de risco
sobre as cargas a transportar nas viagens, com base na classe do navio, tipo de mercadoria
e a rota.

Ezequiel Alexandre Moiane | 2023


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Com o crescente desenvolvimento mercantil verificado nas cidades Italianas, e que


acabou por se desenvolver por a Europa, surge o primeiro contrato de seguro conhecido,
em Génova, no ano de 1347, segundo o qual o segurador prometia o pagamento das
mercadorias, em troca do recebimento de uma determinada quantia. Acompanhando a
actividade comercial, o seguro, ainda que tomando várias formas irradiou para outras
cidades europeias.

Contudo, foi no final do século XVII, início do século XVIII, em virtude do


desenvolvimento industrial da Inglaterra, que o seguro conhece novo surto, adquirindo as
formas de gestão que hoje, de uma forma genérica, o caracterizam.

Todavia, “não é possível estabelecer com precisão a origem do seguro, senão a partir do
momento em que ele foi regulamentado por normas específicas.

É de crer que á medida que as sociedades humanas se iam desenvolvendo, o espírito de


solidariedade fosse paralelamente progredindo”. Os seguros que em primeiro lugar
mereceram as atenções dos legisladores foram os seguros marítimos, o que se compreende
facilmente. Quase ninguém se interessava se ardesse a casa de um camponês, mas
interessava a muita gente a perda de uma nua (navio) e do carregamento que transportava.

Foi com base nessas situações que os mercadores viram-se obrigados a constituírem
associações particulares de tipo mutualista, pelas quais uns pagavam, dos ganhos obtidos
com as naus e com os carregamentos que chegavam ao seus destinos, os prejuízos que
outros tinham pelos valores que se perdiam no mar, quer fosse pela fúria dos elementos
de natureza ou pela acção dos piratas. “O nascimento destas associações e, naturalmente,
a forma como se praticava este seguro primitivo que, é de admitir, não obedecia às regras
da mais pura honestidade, obrigaram os legisladores a estabelecer preceitos diversos. E
assim apareceram, evidentemente, o Código Indiano de Manú e as Leis de Rhodes e de
Atenas.

Depois de muitos anos nos quais não se encontrava o menor vestígio de instituições que
possamos apelidar de seguradoras.

A honra de ter iniciado o novo período histórico do seguro esteve a cargo de Portugal
com a Carta outorgada por D. Dinis em Maio de 1293 para que os mercadores se
constituíssem em sociedade para ocorrer a sinistros e às necessidades do seu comércio
com o estrangeiro. E logo no século seguinte é determinado por uma ordenança de D.

Ezequiel Alexandre Moiane | 2023


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Fernando que todos os mercadores portugueses que tenham naus de mais de 50 toneladas
se organizassem em associações mútuas para indemnizar os prejuízos do mar, dando
origem assim a famosa “Companhia das Naus”.

No século XV aparece o “Livro del Consulado de Mar”, de Barcelona (1435), e mais


tarde as “Ordenanzas”, de Burgos (1494), a cujas leis se seguem no século seguinte outros
regulamentos legislativos em Sevilha, Amsterdão e outros portos europeus.

Houve em Londres no século XVII um “café, de que era proprietário Edward Lloyd, em
cujo estabelecimento se reuniam normalmente muitos capitães de navios que atracavam
em Londres. Os comerciantes que tinham alguma relação com os capitães procuravam
por eles no mesmo “café” (os que compravam as mercadorias que os navios traziam e os
que precisavam desses mesmos navios para que levassem as suas mercadorias a qualquer
outro porto. Naquele lugar era possível ter noticias dos navios que partiam, dos que
chegavam... e daqueles que nunca mais voltariam, porque se tinham perdido. E em virtude
dos factores que se davam no mar, criou-se naquele “café” de Tower Street a bolsa dos
seguros marítimos. Em virtude do grande incremento gerado por estes negócios, em 1720,
os armadores, comerciantes e seguradores individuais que se reuniam no “café” de
Edward Lloyde fundaram uma associação de seguradores, que através de certas
eventualidades chegou a ser aquilo que hoje é mundialmente denominado pela designação
de Lloyd’s de Londres, constituído, hoje mais do que naqueles recuados tempos, a bolsa
mundial dos seguros marítimos.

No século XVII apareceram em Londres sociedades de seguros contra o risco de incêndio


e em Paris a primeira companhia anónima de seguros marítimos. Também apareceram na
França e na Alemanha, pela mesma época, os seguros pecuários e contra granizo. Em
Inglaterra também apareceu nessa época o seguro de vida.

O seguro de Acidentes de trabalho só foi conhecido na forma actual nos fins do século
XIX. Até ali a responsabilidade por um acidente ocorrido durante a actividade
profissional estava baseada na teoria jurídica da culpa. Desde então foi substituída em
muitos países essa teoria pelo do risco profissional, o que deu lugar ao nascimento desta
categoria de seguros. O seguro de Automóveis apareceu com o aparecimento do
automóvel, assim como o Aéreo com o aparecimento do avião.

Entretanto, foi no século XX que os seguros tiveram um grande desenvolvimento, pela


criação por toda a parte de sociedades anónimas, que fizeram a propaganda de todos os

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ramos que nessa época se trabalhavam. A indústria de seguro está em todos os países
regulamentada por leis especiais que muito têm contribuído para confiança que hoje
inspiram todas empresas seguradoras, qualquer que seja a sua forma de constituição. Sem
essa confiança não poderia existir o seguro, pois ninguém dá dinheiro senão em troca de
qualquer coisa. E as sociedades de seguro, em troca dos prémios que recebem, somente
podem dar ao segurado a confiança de que será devidamente indemnizado no caso de vir
a sofrer o prejuízo que a sua previdência lhe fez temer.

1.2. Resenha Histórica dos Seguros em Moçambique

A evolução da actividade ou sector de seguros em Moçambique confunde-se a com a


evolução da economia moçambicana, obedecendo três fases: período colonial, pós-
independência, e o período actual.

Em Moçambique o seguro só começou a ser transaccionado no início do século XX,


embora na sua forma moderna ele tenha iniciado a ser praticado na Europa, mais
concretamente em Génova, na Itália, desde o século XIV, tendo registado um grande
desenvolvimento a partir do século XVIII.

As modalidades de interajuda no seio da comunidade e famílias moçambicanas, perante


infortúnios de alguns, que não são mais do que a ideia básica do seguro e do célebre
princípio um por todos e todos por um, constituem práticas seculares.

Nos primeiros anos, as transacções de seguro estavam entregues a firmas comerciais que,
para além do comércio interno, importação e exportação, se dedicavam, entre outras
actividades subsidiárias, a actividade de seguro, sendo maior parte dessas instituições
constituídas por agências estabelecidas em Moçambique, de capitais Britânicos e Sul-
africanos, numa reflexão clara do fraco poderio económico de Portugal, então potência
colonizadora, sendo maior expressão económica destas agências observada no período
compreendido entre 1933 a 1942.

Em 1943, foi criada a primeira sociedade de seguros colonial, a “NAUTICUS” e nos


tempos que se seguiram até 1948, com a também criação da segunda companhia colonial,
a “LUSITANA”, em 1945, a situação conheceu uma inversão positiva nas transacções de
seguro a favor das companhias de seguro com sede em Moçambique.

Em 1949, foram criados em Moçambique os serviços de Fiscalização Técnica da Indústria


Seguradora, que mais tarde passou a ostentar o nome de Inspecção de Seguros.

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Em 1957, nascem mais duas novas sociedades de seguro com sede local, nomeadamente,
a “MUNDIAL E CONFIANÇA DE MOÇAMBIQUE” e a “TRANQUILIDADE DE
MOÇAMBIQUE”, elevando para quatro o número de companhias seguradoras com sede
em Moçambique.

Após a Independência Nacional, a 25 de Junho de 1975, a importância económica deste


sector mereceu, desde logo, a atenção do Estado e Governo de Moçambique, tendo sido
um dos primeiros sectores de actividade económica a ser nacionalizado, acto que se
verificou em Janeiro de 1977, por servir melhor as necessidades da economia,
assegurando o desenvolvimento dos seguros que sirvam os máximos interesses nacionais.

É, assim, criada em 1 de Janeiro de 1977, a EMOSE – EMPRESA MOÇAMBICANA


DE SEGUROS, E.E., pelo Decreto-Lei nº 3/77, de 13-01-1977, instituição que foi
confiada a exclusividade do exercício da actividade seguradora e resseguradora e que
resultou da fusão das quatro companhias seguradoras com sede em Moçambique,
nomeadamente, as companhias de Seguros NAUTICUS, LUSITANA,
TRAQUILIDADE DE MOÇAMBIQUE e a MUNDIAL E CONFIANÇA DE
MOÇAMBIQUE, esta última com a sede na cidade da Beira foi liquidada, dada à sua
situação prática de falência.

Por outro lado, cessaram as suas actividades na República de Moçambique as agências


gerais e delegações das cerca de trinta companhias de seguros estrangeiras, entre as quais,
portuguesas, inglesas, sul-africanas e italianas.

Esta exclusividade do exercício da actividade seguradora do Estado Moçambicano, por


intermédio da EMOSE, E.E., teve sempre em vista a prossecução dos objectivos do
Governo.

O fim do sistema monopolista, típico da economia centralmente planificada, ditou a


liberalização do mercado e a necessária estruturação empresarial. Isto aconteceu a partir
de 1986.

Entretanto, só em 1991, através da Lei 24/91, de 31 de Dezembro, o mercado dos seguros


na República de Moçambique se abriu para outras operadoras dando origem ao
surgimento da IMPAR em 1992 e a SIM um ano depois.

Logo a seguir, surgiram a CGSM, Hollard e a CMS todas de capitais privados.

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Na sequência de grandes mutações da actividade em Moçambique, os Serviços de


Fiscalização Técnica da Indústria Seguradora criados em 1949 foram substituídos pela
Inspecção-geral de Seguros (IGS), tutelada pelo Ministério das Finanças e aprovado pelo
Decreto n.º 42/99, de 20 de Julho e, mais tarde, surge a Lei n.º 3/2003, de 21 de Janeiro,
que estabelecia condições de acesso à actividade seguradora.

Apesar do enorme esforço, após a independência moçambicana, em legislar, o Código


Comercial em uso datava de 1888 e não acompanhou os desenvolvimentos registados no
domínio comercial, nos últimos 100 anos. Existiam apenas diversos diplomas dispersos,
de difícil consulta e aplicação, ditando assim a necessidade de uma reforma geral do
Código Comercial. Assim, foi criado o primeiro Código Comercial de Moçambique
através do Decreto-Lei nº. 2/2005, de 27 de Dezembro.

Depois de longos anos de supervisão, fiscalização e regulação da actividade seguradora


a cargo da IGS, este organismo é substituído pelo Instituto de Supervisão dos Seguros de
Moçambique (ISSM), semelhante ao ISP, criado através do Regime Jurídico dos Seguros
(RJS), aprovado pelo Decreto-Lei n.º 1/2010, de 31 de Dezembro. Tal regime jurídico
caracteriza-se, no essencial, pela defesa do tomador de seguros ou segurado, sem
negligenciar a necessária ponderação da posição contratual das empresas de seguros. Ou
seja, é consagrado o dever de informação das seguradoras para com os segurados ou
tomadores de seguros.

Actualmente em Moçambique já é comercializado qualquer tipo de seguro,


nomeadamente do ramo “vida” e do “não vida”. Porem em Moçambique, estando numa
fase de desenvolvimento na matéria de seguros, ainda não praticados/comercializados os
seguros mais tradicionais, mas nada obsta a contratação de qualquer outro praticado em
outros países mais desenvolvidos, na medida em que a lei em si não limita, desde que o
seguro a ser contratado preencha as condições de acesso e que não ponha em causa o
próprio direito e princípios éticos.

Em Moçambique existem seguros obrigatórios, isto é, os instituídos por fonte legal ou


regulamentar, como condição de acesso ou exercício de uma profissão ou actividade, com
o objectivo de assegurar a transferência do risco decorrente do exercício de uma profissão
ou actividade, para uma empresa de seguros que, face à ocorrência de um dano na esfera
do segurado ou de um terceiro lesado, estará em condições de o ressarcir, ou os
facultativos que são por opção do tomador do seguro celebrá-lo ou não.

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Assim, perante a não celebração de um contrato de seguro obrigatório há sanções que


podem assumir natureza civil, penal ou administrativa, a aplicar isolada ou
cumulativamente.

Em Março de 2015, Segundo o ISSM estavam licenciadas para exercer a actividade as


seguintes entidades por sector de actuação em Moçambique: sete (7) agentes sociedade
comercial, quarenta e cinco (45) correctoras, uma (1) microseguradora, uma (1)
resseguradora, dezasseis (16) seguradoras, cinco (5) sociedades gestoras de fundos de
pensões.

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