Reflexões sobre gestalt-terapia e Psicodrama a Partir do movimento de
integração em Psicoterapia- Ficha de leitura
Discente: Estela Faria Costa
Texto: VIEIRA, Érico Douglas e VANDENBERGHE, LUC. Reflexões sobre
Gestalt-terapia e psicodrama a partir do movimento de integração em
psicoterapia. Revista Abordagem Gestalt. [online]. 2011, vol.17. n.1, p. 75-84.
Citações:
1. “No ecletismo técnico, o psicoterapeuta mantém sua abordagem teórica.
Apenas seleciona técnicas de outras abordagens sem aderir às bases
teóricas associadas a estes métodos. A preocupação é tecnológica e
não teórica, ou seja, selecionar as técnicas que são mais úteis para
determinado problema ou tipo de cliente, sem precisar refletir sobre a
teoria (Strieker, 1996)”. (p.78)
2. “O fundamental é nos preocuparmos com a eficácia de nossas terapias,
deixando de lado antigas rixas teóricas e/ou filosóficas e caminhando em
prol da ciência e do paciente, permitindo-nos então integrar não como
tentativa de tornar todos iguais, mas sim de acoplar diferenças para um
trabalho terapêutico mais rico, criativo e espontâneo em termos de
opções teóricas e clínicas (Levy, 2000, p. 182)”. (p.78)
3. “Como influência marcadamente existencial, está a ideia de ser-no-
mundo como coloca o autor: “o ser humano está inserido no mundo,
está sempre em relação com o mundo e o mundo está sempre reagindo
a ele” (Rodrigues, 2000, p. 54). Decorre daí a noção de que a Gestalt-
Terapia, assim também como o Psicodrama, é abordagens relacionais,
pois interessam a elas o ser humano em relação no seu contexto”. (p.79)
4. “Seguindo esta linha de raciocínio, a noção do ser humano como um
organismo, da Gestalt-Terapia, poderia enriquecer a visão antropológica
do psicodramatista. No Psicodrama, o ser humano é definido como um
conglomerado de papéis (Gonçalves, 1988). Esta idéia do eu formado
pelo desempenho dos papéis reflete a visão relacional do Psicodrama,
mas carece de dinamismo que se encontra presente na visão do homem
como organismo”. (p.80)
5. “O diálogo entre Psicodrama e Gestalt-Terapia pode se revelar fecundo
e originar um modelo enriquecido aproveitando-se de aspectos mais
vantajosos de cada abordagem. Estas abordagens possuem raízes
epistemológicas similares manifestadas na influência de conceitos e
ideias do Existencialismo, da Fenomenologia e do Movimento
Humanista, formando visões antropológicas semelhantes. Este terreno
em comum pode facilitar a exploração conjunta de espaços disciplinares,
fato que pode dar origem a um espaço interdisciplinar promissor”. (p.83)
Apreciação: Os autores esclarecem, antes de mais nada, que a integração
entres as terapias não é algo irresponsável, que irá perder a profundidade
de cada abordagem, mas usará apenas algumas técnicas das mesmas,
nunca perdendo a essência da teoria. O texto revela que com esse
movimento de integração, será útil para o cliente e irá beneficia-lo de várias
formas, seja qual for o “problema” trazido.
No texto foi visto o histórico de rixas com a psicanálise e as abordagens
comportamentais. Tendo em vista que segundo pesquisas, nenhuma é
melhor do que a outra em eficácia e resoluções de conflitos, não há motivos
para continuar com tal “briga” só por disputa de ego. É visto também, que o
movimento de integração não quer tornar todas as abordagens iguais, mas
sim acrescentar técnicas e inserir uma realidade terapêutica mais rica,
criativa e subjetiva.
Ao abordar a temática central do artigo, os autores expressam como a
Gestalt-terapia e o psicodrama mostram-se semelhantes. Ambas as
abordagens influenciadas pela Fenomenologia, Existencialismo e
humanismo. Elas também veem o homem inserido em seu contexto, tendo
em vista a importância do aqui-e-agora. Ou seja, tem raízes semelhantes
que já facilitam a integração.
Partindo do pressuposto que a Gestalt terapia e o psicodrama se
assemelham em alguns aspectos, é importante observar também algumas
diferenças que juntas, podem complementar outras diferenças. Segundo o
psicodrama, o sujeito pode ser visto como um ser que possuí vários papeis,
representações. Como a Gestalt terapia possui um maior dinamismo na
visão do homem como organismo, é um complemento mais do que perfeito
para a Gestalt, pois ambas se interessam pelo ser humano em relação ao
seu contexto.
Portanto, é visível a importância de “quebrar as correntes” do passado e ter
uma visão mais aberta e ampla das psicoterapias e suas abordagens. Pois,
só assim, estaremos dispostos a mudar os espaços dogmáticos que ainda
existem e proporcionar um futuro promissor para essas abordagens, que irá
beneficiar a todos; tanto os clientes, quanto os terapeutas.