EVANGELHO DA GRAÇA E O
EVANGELHO DO REINO
Copyright 2020 Autor da Fé Editora
Categoria: Vida cristã
Primeira edição — 2020
Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução total ou
parcial sem a permissão
escrita dos editores.
As citações bíblicas foram extraídas
da edição Almeida Revista e Corrigida
Autor: Ronaldo Borges
Diagramação: Cainã Meucci
Capa: Daniel Gonçalves
Preparação: Rochelle Lassarot
Revisão: Veronica Bareicha
Coordenação editorial: Filipe Mouzinho
[...]Por isso, recebendo nós um Reino
inabalável, retenhamos a graça,
pela qual sirvamos a Deus de modo
agradável, com reverência e santo
temor; porque o nosso Deus é fogo
consumidor.
(Hebreus 12:28-29)
A Jesus Cristo, meu Senhor,
que foi capaz de dar a vida
por alguém como eu.
PREFÁCIO
Em Fevereiro de 2020, completados 21 anos desde a mi-
nha conversão. Nesse tempo de caminhada cristã, de minis-
tério pastoral e também do ministério de ensino da Palavra,
eu tenho observado profundamente a Igreja, e não só isso,
venho procurando entender quais são as maiores dificulda-
des que a Igreja tem enfrentado para que possa desfrutar de
fato de uma vida plena em Deus.
Eu creio que um dos grandes obstáculos se dá pela di-
ficuldade de ter uma visão ampla, de contemplar o todo e
não apenas um ponto focal. Percebo que a Igreja Brasileira,
muitas vezes, enfatiza apenas um ponto e age como se esse
ponto por ela focado fosse toda a verdade do Evangelho,
desprezando então os demais.
Dessa forma, acaba tendo uma visão limitada (micro) e
não uma visão ampla (macro), que é capaz de entender o
todo, uma visão que é capaz de enxergar tudo aquilo que
Deus está falando e não apenas focando em um único ponto
da fala de Deus.
Percebida a dificuldade dos irmãos em entender o Evan-
gelho da Graça e o Evangelho do Reino, nasce o motivo de
esse livro vir à existência, porque, normalmente quando se
entende o Evangelho da Graça, se despreza o Evangelho do
Reino, ou, quando se passa a entender o Evangelho do Reino,
as pessoas começam a desprezar Evangelho da Graça como se
esses Evangelhos estivessem opondo-se um ao outro.
O propósito deste livro é exatamente estabelecer o ponto
de convergência em que os dois Evangelhos se encontram,
se entrelaçam e formam, então, o Evangelho de Deus.
Precisamos entender que o Evangelho da Graça e o Evan-
gelho do Reino não são contrários um ao outro, mas sim
uma confirmação mútua. Isso mesmo, um é a confirmação
do outro, e não importa a ordem, pois não existe de fato
uma separação entre os dois Evangelhos e sim uma conver-
gência entre eles.
Este livro nasce como uma tentativa de trazer luz e cla-
reza aos leitores sobre esse ponto de convergência que une
significativamente o Evangelho da Graça e o Evangelho do
Reino, tornando-os, então, um.
Ao final desta leitura, você terá o entendimento de que a
Graça de Deus não anula o Evangelho do Reino e que, da
mesma forma, o Evangelho do Reino não é a anulação da
Graça de Deus.
Quero convidá-lo a mergulhar verdadeiramente nesta lei-
tura com todo o seu coração, com sua alma, com seu espíri-
to e desafio você a abrir mão de toda visão focal e de toda a
tradição religiosa enquanto lê estas páginas.
Procure ler este livro com carinho, porque assim ele foi
escrito: com muito cuidado e carinho para que os leitores
possam ter total clareza e, enfim, desfrutar de uma plenitu-
de em Deus.
Com amor, seu servo em Cristo,
Pastor Ronaldo Borges
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.........................................................................................15
1 - O EVANGELHO DA GRAÇA.............................................................................................19
2 - O EVANGELHO DO REINO.............................................................................................37
3 - O PONTO DE CONVERGÊNCIA.......................................................................................55
4 - NÃO EXISTE REINO SEM A GRAÇA................................................................................69
5 - A GRAÇA LIVRA, PERMITE E FAZ VENCER......................................................................79
6 - RECEBENDO A GRAÇA DE DEUS EM VÃO....................................................................101
CONCLUSÃO.........................................................................................113
REFERÊNCIAS......................................................................................117
INTRODUÇÃO
DEFINIÇÃO DE EVANGELHO
O Senhor tem me dado palavras e as confirmado em meu
coração. Isso me deixa muito feliz, pois é por meio das pala-
vras que vêm dEle que eu escrevo este livro para falar sobre
o Evangelho da Graça e do Reino.
Ao longo de cada capítulo, citarei muitos versículos para
analisarmos esse tema, e o meu objetivo é fazer com que
esses Evangelhos sejam esclarecidos por meio deles.
Antes de entrar no assunto propriamente dito, é necessá-
rio definir o que é Evangelho, pois a doutrina que tem che-
gado a muitos hoje não pode ser considerada Evangelho,
15
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
uma vez que não é a palavra de Deus. Então, Evangelho, por
definição, significa “boa notícia”.
Quando nós nos deparamos com a lei de Moisés, não há
nela uma boa notícia, mas uma ruim, porque Deus estava
exigindo que o povo a cumprisse totalmente para ser aben-
çoado, e, caso não o fizesse, seria amaldiçoado.
Sendo assim, onde está a boa notícia nisso? É claro que
ninguém seria abençoado pela lei, porque ninguém conse-
guiu cumpri-la por completo. Logo, não há boa notícia.
Observe que, atualmente, algumas pessoas estão anun-
ciando o Evangelho colocando medo naqueles que o ou-
vem, como se Deus fosse matá-los caso não se consertem,
mas isso não é uma boa notícia, é uma notícia ruim. Para ser
Evangelho, a notícia tem de ser boa.
A palavra “Evangelho”, do grego evangelion, que significa
“boa notícia” ou “boas-novas”, não é uma palavra inventada
por Jesus, muito menos pela Igreja. Essa palavra já existia antes
dos tempos de Cristo e, normalmente, era usada em guerras.
Explico: naquela época, as nações eram distantes umas
das outras e, quando entravam em guerra, iam até um cam-
po de batalha, comumente um vale.
Enquanto os soldados iam para a guerra, as demais pes-
soas ficavam esperando, ou seja, as mulheres, as crianças e
todos os homens que não eram soldados ficavam na nação
enquanto o exército partia para a guerra. Daí é que nasce a
palavra Evangelho — e nascem também os evangelistas.
Quem eram os evangelistas? Aqueles que traziam notícias
da guerra. O evangelista só ia para a nação a fim de avisar
16
RONALDO BORGES
que o exército ganhou, pois se o exército perdesse, o evange-
lista era morto e não voltava. As pessoas ficavam esperando
o anunciador, o portador das boas notícias, das boas-novas.
Quando os que ficaram avistavam o evangelista vindo,
geralmente em seu cavalo, começavam a festejar, afinal, se
o evangelista estava chegando, era sinal de que ele estava
trazendo o Evangelho, a boa-nova, a boa notícia de que eles
tinham ganhado a guerra.
Quando Jesus diz:“Ide e pregai o Evangelho”, o que Ele está
querendo dizer é: “Ide e anunciai a boa notícia.” E a boa notí-
cia é que Ele venceu a guerra! E nós, como filhos e herdeiros
de Deus e co-herdeiros com Cristo, somos agora mais do que
vencedores, por isso podemos anunciar a boa notícia, tornan-
do-nos evangelistas, portadores de boas-novas.
A questão é que, dependendo de como você anuncia, pode
não levar o Evangelho. Por exemplo, antes de me converter,
quando eu tinha 13 para 14 anos, havia um vizinho que pre-
gava o Evangelho para mim, mas para isso ele lia o Apocalipse.
Ele dizia que viria um dragão de sete cabeças e dez chifres que
me mataria, mas isso não era uma boa notícia!
Acredito que temos visto menos pessoas se converterem
porque muitos evangelistas, portadores de boas notícias,
têm se tornado portadores de más notícias dizendo ao povo
que Deus está irado com eles, que Ele os matará e, como
consequência, as pessoas acabam se afastando, porque fi-
cam com medo de Deus.
Tendo definido o que é Evangelho, introduzirei o assunto
do Evangelho do Reino e da Graça.
17
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Vamos definir algo importante: Evangelho da Graça é a
boa notícia da Graça, e o Evangelho do Reino é a boa notícia
do Reino.
Para compreendermos ambos, vamos definir também as
palavras Graça e Reino:
A primeira palavra — Graça — significa “favor imereci-
do”, ou seja, algo que eu não merecia, mas recebi. Isso signi-
fica que o Evangelho da Graça é a boa notícia do favor que
eu não mereço.
A segunda palavra — Reino — nos dá a ideia de governo,
quem reina, governa. Ou seja, Evangelho do Reino é a boa
notícia do governo.
Portanto, ao compará-los, temos: a boa notícia do favor
que eu não mereço e a boa notícia do governo.
É necessário entender porque temos vivenciado proble-
mas em relação a eles: não conseguem achar um ponto de
encontro entre eles, principalmente pela forma como a Gra-
ça e o Reino são adquiridos.
Por mais que ambos os Evangelhos pareçam opostos,
quero mostrar a cada leitor que eles se completam.
Assim sendo, neste primeiro momento, trataremos so-
bre o Evangelho da Graça; em seguida, trataremos sobre o
Evangelho do Reino; em um terceiro momento, direi onde
eles se encaixam.
Desejo uma boa leitura a você. Que Deus o abençoe!
18
O EVANGELHO
DA GRAÇA
C
omo podemos definir o Evangelho da Graça? Em
Efésios 2:8–10, Paulo diz:
“Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé; e isto
não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras,
para que ninguém se glorie; porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as
quais Deus preparou para que andássemos nela.”
21
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
O primeiro ponto desse texto é: o que é a Graça? Como
vimos inicialmente, é um favor imerecido, ou seja, se eu me-
reço, já não é Graça. Isso também quer dizer que a salvação
foi dada por meio da Graça, logo você não pode fazer nada
para adquirir a salvação, porque se você fizer alguma coisa,
já não é mais Graça, conforme Romanos 11:6:
“Mas se é por Graça, já não é pelas obras; de outra ma-
neira, a Graça já não é Graça. Se, porém, é pelas obras,
já não é mais Graça; de outra maneira a obra
já não é obra.”
Para ser de Graça, você precisa não merecer, e, para não
merecer, você não pode fazer nada. Se você pensa que o
simples fato de ir à igreja lhe garante a salvação, já não é de
Graça, porque você teve que fazer algo: ir à igreja. Portanto,
“pela Graça sois salvos”.
Ou seja, a salvação não vem por meio de você! Não tem
nada a ver com você, é dom de Deus; a palavra “dom” signi-
fica dádiva ou presente. O texto também diz que “não vem
das obras, para que ninguém se glorie”.
Já imaginou se a salvação viesse das obras? Seríamos in-
suportáveis.
Um diria: “Fui salvo, porque deixei de beber”; alguém
diria: “Ah, isso não é nada! E eu que fumava há 30 anos,
22
RONALDO BORGES
deixei de fumar e agora sou salvo?” e outro diria: “Ah,
mas isso é moleza, eu traí a minha esposa, parei de trair
e fui salvo”.
Seria impossível estar entre os cristãos, porque mesmo a
salvação sendo de Graça, muitas vezes já queremos nos glo-
riar, imagine se ela não fosse? A palavra que Paulo entrega
aos Efésios diz que somos salvos por aquilo que Cristo fez e
não pelo que eu ou você fizemos. É de Graça!
Não vem das obras, isso significa dizer que nada do que
você faça pode trazer-lhe salvação.
Temos, então, um problema: as pessoas pensam que o
Evangelho da Graça se resume à salvação, dizendo: “Real-
mente, a salvação é de Graça, mas as demais coisas terei que
suar muito para conseguir.” Será que isso é verdade?
A palavra de Romanos 8:32 diz:
“Aquele que nem mesmo a seu próprio filho poupou,
antes o entregou por todos nós, como nos não dará
também com ele todas as coisas?”
Isso quer dizer que, do mesmo jeito que Ele nos deu o Seu
Filho, Ele nos dará todas as coisas. Como Ele fez isso? De Gra-
ça. Como é que Ele dá as demais coisas? De Graça também!
Na versão bíblica Olive Tree, o mesmo trecho diz:
23
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
“Aquele que não poupou o seu próprio filho, antes
por todos nós o entregou, porventura não nos dará
graciosamente com ele todas as coisas?”.
Qual o problema aqui? Muitos acham que somente a salva-
ção é de Graça e as demais coisas não. No entanto, se aquilo
que Deus tinha de mais importante entregou gratuitamente,
Ele cobraria pelas demais coisas agora? De forma alguma.
As pessoas infelizmente ainda pensam: “É, o Filho Ele deu
de Graça para me salvar, mas a geladeira que eu preciso, aí já
é muito, porque o Filho até que vai, mas uma geladeira!”. Essa
mesma pessoa diz: “Eu vou fazer uma campanha de sete dias
subindo ao monte, caso contrário, Ele não vai me dar, não”.
E a salvação? Ela não foi de Graça? O que é uma geladeira
comparada à entrega do Seu próprio Filho?
O mesmo Deus que entregou o Filho de Graça também en-
trega todas as outras coisas graciosamente. Da mesma forma
que você recebeu a salvação, você recebe as demais coisas.
Vejamos como recebemos a salvação:
“A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor
Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou
dentre os mortos, serás salvo.”
(Romanos 10:9)
24
RONALDO BORGES
Então, como é que você recebeu a salvação? Confessando
e crendo. Como você receberá as demais coisas? Confessando
e crendo, porque o método é o mesmo!
Por que você não confessa, então? Porque acha que a ver-
dade é o que você vê, porém a verdade não é o que você vê,
mas a palavra de Deus.
A verdade não é o que você está vendo, a verdade é o que
Deus diz.
No dia em que você creu e confessou, você se viu salvo? Não!
Você viu o quê? A mesma coisa que via todo dia. Se dependesse
do seu comportamento, você olharia e diria que não era salvo,
mas preste atenção no que a Palavra diz: a partir do momento
em que você crê e confessa, recebe a salvação.
Logo, como receberemos as demais coisas? Crendo e fa-
lando, por isso que Jesus é claro no livro de Marcos. Observe:
“Porque em verdade vos digo que qualquer que dis-
ser a este monte: ‘Ergue-te e lança-te no mar’, e não
duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo
que diz, tudo o que disser lhe será feito.”
(Marcos 11:23)
Se você vive pelo que vê, e não por fé, nada acontecerá;
mas nós fomos chamados a andar por fé, por meio dela,
25
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
então creia na verdade da Palavra de Deus, e não naquilo
que é visível aos seus olhos.
O apóstolo Paulo diz, em II Coríntios 5:7: “Porque vive-
mos por fé, e não pelo que vemos.”
E o que é a fé? Temos essa resposta em Hebreus 11:1: “É
o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das
coisas que se não veem”.
Você sabia que os seus sentidos (tato, olfato, visão, pala-
dar e audição) o enganam? Isso porque o que você vê, ouve
e sente nem sempre é verdade: conforme já afirmamos, a
verdade é a Palavra de Deus.
Falo isso porque, muitas vezes, você não consegue crer no
que não vê, não ouve e não toca. Então, você deixa de dar
crédito à Palavra de Deus pelo simples fato de ela não ser
palpável fisicamente a nós, seres humanos.
Quando foram avisar a Jesus que Lázaro estava doente,
Ele não foi de imediato, ficou ainda dois dias no lugar em
que estava. Quando chegou ao sepulcro, Lázaro já estava
morto havia quatro dias.
O Mestre, contudo, afirmava: “Lázaro, nosso amigo, dorme”.
O povo, porém, insistia em dizer: “Não, Jesus, ele está
morto; nós o enterramos”.
E Jesus repetia: “Não está morto, Lázaro dorme”. Fica cla-
ro que o Mestre não vivia pelo que via ou ouvia, mas pelo
que cria. Para Ele, Lázaro estava dormindo.
26
RONALDO BORGES
Quando chegou, Maria e Marta falavam desesperadas:
“Senhor, se tu estivesses aqui, nosso irmão não teria morri-
do”. Ele pergunta: “Onde o colocaram?”. Uma delas responde:
“Está ali, Jesus, enterrado há quatro dias”.
Quando Jesus fez o milagre, não disse: “Lázaro, ressuscite!”,
porque se dissesse isso, estaria confirmando que seu amigo es-
tava morto. Então, em vez disso, Ele deu esta ordem: “Lázaro,
saia para fora”, pois sabia que aquele que estava dormindo não
precisava ressuscitar, bastava ser chamado.
Jesus não ouvia nada além de palavras de morte, as pes-
soas insistiam em afirmar que Lázaro estava morto, que não
tinha mais jeito.
Sabe como o diabo tem vencido os cristãos? Trazendo
más notícias, porque muitas vezes acreditam na maioria de-
las! Justamente porque vivem pelo que ouvem e pelo que
estão vendo.
Você pode olhar para a situação do seu casamento e falar
que acabou, ou alguém pode chegar até você e falar que seu
casamento não tem mais jeito, fazendo com que você pen-
se e fale: é verdade, acabou mesmo! O que vai acontecer?
Aquilo que você crê e fala se tornará sua realidade.
Da mesma forma que você recebeu a salvação, você rece-
be as demais coisas pela Graça. Como? Crendo e confessan-
do, ou seja, crendo e falando.
Você não agrada a Deus quando você faz, você agrada a
Deus quando você crê, conforme Hebreus 11:6
27
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
“Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é
necessário que aquele que se aproxima de Deus
creia que ele existe, e que é galardoador dos que
o buscam.”
Esse texto não diz que sem obras é impossível agradar a
Deus, diz que “sem fé é impossível agradar a Deus”. Você
agrada a Deus quando você crê e fala!
Qual é o problema? Quando o monte se coloca diante de
você, ao invés de ir falar com o monte, de dar-lhe ordens,
você vai reclamar para Deus dizendo: “Deus, tem um monte
diante de mim, e agora? Se o Senhor quiser, tire-o daqui?”
No entanto, irmão, Deus está nos dizendo: “Já falei para
você, fale com o monte”.
Porque se você falar com o monte, ele sai; da mesma
forma que você recebeu a salvação, receberá as demais
coisas: crendo e confessando. Essa é a chave, só não abre
quem não quer.
Parece bom demais para ser verdade, mas acredite: é bom e
é verdade, é assim mesmo. Por isso, você vai ver que há pessoas
que não se comportam tão bem quanto você e, ainda assim,
vivem melhor.
Por quê? Porque você está tentando merecer, e elas estão
crendo. Nesse caso, quem agrada mais a Deus? Quem crê!
28
RONALDO BORGES
Lembra-se da passagem bíblica no Evangelho de Lucas, em
que um publicano e um fariseu estavam orando no templo?
O fariseu dizia:
“Ó Deus, graças te dou porque não sou como os de-
mais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem
ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na se-
mana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.”
(Lucas 18:11–12)
E o outro:
“O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem
ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no
peito, dizendo: ‘Ó Deus, tem misericórdia de mim,
pecador!”
(Lucas 18:13)
Então, Jesus diz:
“Digo-vos que este desceu justificado para sua casa,
e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se
exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo
se humilha será exaltado.”
(Lucas 18:14)
29
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Ou seja, qual dos dois voltou justificado para casa? Aque-
le que fez algo ou aquele que creu? Sim, o que creu!
Eu estou vivendo isso: o crer e o confessar, por isso estou vi-
vendo os melhores dias da minha vida com relação ao ministé-
rio — eu deixei de tentar conquistar, entendi que só precisa
fazer isso quem não é dono de nada.
Quem é dono de tudo não precisa conquistar mais nada.
Eu não sei quem é o seu Pai, mas tenho convicção de quem
é o meu — o dono de tudo —, então não preciso conquistar
mais nada, eu só preciso crer que Ele é bom o suficiente para
me dar.
A frase “Deus te colocou para conquistar” é mentira,
pois Ele quer entregar coisas a você. Se nós, que somos pais
ruins, queremos dar boas coisas para os nossos filhos, ima-
gina Deus, que é bom!
O Evangelho da Graça lhe dá a salvação; mas as demais coi-
sas são entregues a você do mesmo jeito: a partir da sua fé e
confissão. Observe o que Paulo diz aos Romanos:
“Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz
com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.”
(Romanos 5:1)
“Tendo sido” significa que já foi. Depois, ele diz “Tendo
sido, pois, justificados pelo meu bom comportamento”?
30
RONALDO BORGES
Não, ele diz: “justificados pela fé”. O apóstolo continua
e nos ensina que o que garante a nossa paz com Deus é
Jesus, não o nosso comportamento.
Por que você acha que Deus se ira quando você erra? Mas
o que garante a sua paz com Ele não é o seu comportamen-
to, é Jesus Cristo. E você já foi justificado pela fé, não pelo
que você fez ou faz.
Você é santo quando crê que é santo e não quando se
comporta bem.
Você é justo quando crê que é justo, e não quando se com-
porta bem, porque você já foi justificado pela fé.
No mesmo capítulo, no verso seguinte, Paulo diz como
entrar na Graça:
“Pelo qual também temos entrada pela fé a esta
Graça na qual estamos firmes, e nos gloriamos na
esperança da glória de Deus.”
(Romanos 5:2)
Como você acessa a Graça? Pela fé, ou seja, quando crê.
A fé é a porta de entrada para viver a Graça, então o que
você precisa para viver debaixo da Graça é crer.
Por exemplo: Eu preciso de um celular e quero recebê-lo
pela Graça, o que eu tenho que fazer? Crer que eu já recebi.
31
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Eu estou enfermo e quero receber a cura pela Graça, o
que eu tenho que fazer? Crer que eu já fui curado, afinal
tudo é possível ao que crê.
“E Jesus disse-lhe: ‘Se tu podes crer, tudo é possível
ao que crê.’”
(Marcos 9:23)
Você acha que Jesus errou quando disse isso? Tudo é
quanto? Tudo é tudo! O que você precisa para estar incluído
no tudo é crer que é possível.
Do que você mais precisa hoje? Sabe por que não recebe?
Porque está tentando merecer, quando, na verdade, você só
tem que crer. Tudo é possível ao que crê, pois pela fé acessa-
mos e entramos na Graça.
Tem pessoas que se perguntam o que é preciso para viver
a Graça, e eu respondo: “nada”. Você precisa crer!
Romanos 4:16 diz:“Portanto, é pela fé, para que seja segun-
do a Graça”.
Isso significa que só é Graça se for pela fé. Porque se não for pela
fé, não foi por Graça. Se você teve que orar muito para conquistar,
significa que não foi pela Graça, mas pela sua dedicação.
Pastor, mas eu posso conquistar? Claro que pode!
Você foi feito conquistador e, se quiser, pode viver conquis-
tando. No entanto, existem pessoas que vivem conquistando e
32
RONALDO BORGES
pessoas que vivem recebendo de Graça, ou seja, uma faz muita
coisa para receber e a outra apenas põe em prática o crer.
De um lado, há uma pessoa que vai pagar o preço, vai
ralar, vai se esforçar e vai conseguir, já do outro, há alguém
que vai dormir e quando acordar já será dele, porque aos
Seus Ele dá enquanto dormem.
Portanto, é pela Fé para que seja segundo a Graça, por-
que se não for pela Fé não foi pela Graça. Só é por Graça se
recebemos pela fé, se fizemos alguma coisa para merecer, já
não é por Graça.
O Evangelho da Graça diz que tudo que você precisa só
receberá pela fé.
“Sendo justificados gratuitamente pela sua Graça.”
(Romanos 3:24)
Tem até uma redundância: gratuitamente pela Graça. Ou
seja, você é justificado gratuitamente pela Graça, pela re-
denção que há em Cristo Jesus.
Você é justo de Graça!
Do que você precisa para ser justo? De nada, só será gra-
tuito se você não precisar fazer nada.
“Justificado gratuitamente pela Graça”, ou seja, você não é
justificado pelo que faz, mas por aquilo que Cristo fez.
33
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
O que o justifica é o sangue do Cordeiro, não o seu com-
portamento. Eu sei que, na prática, temos dificuldade de
crer nisso. Você confia na sua obra, naquilo que você faz,
mas por quê? Porque quando você faz qualquer coisa que
seja errada, se sente condenado e o diabo fica o acusando.
Então, você vai sendo oprimido pelo maligno, porque
não crê que é justificado gratuitamente, sendo que é exata-
mente isso que o Evangelho da Graça nos afirma: que somos
justificados, gratuitamente, sem fazer absolutamente nada.
Deus olha para você e não vê pecado, porque você é justo
por aquilo que Cristo fez, é o sangue de Jesus que te faz jus-
to, e não o seu comportamento.
Se você ainda não compreendeu com tanta clareza o que
estou dizendo, este texto o ajudará:
“Mas se é por Graça, já não é pelas obras; de outra
maneira, a Graça já não é Graça. Se, porém, é pe-
las obras, já não é mais Graça; de outra maneira a
obra já não é obra.”
(Romanos 11:6)
Se é por Graça, então não pode ser pelas obras, caso seja
pelas obras, deixará automaticamente de ser Graça. Isso sig-
nifica que, se você precisar levantar o dedo mindinho para
receber algo, já não é de Graça. Porque você precisou fazer
alguma coisa.
34
RONALDO BORGES
Só é Graça se você não precisar fazer nada. Fazer por
merecer é algo que os religiosos fazem, então não aja as-
sim! Se você viver baseado no que faz, não viverá pela Gra-
ça de Deus.
Efésios 1:3–7 diz:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cris-
to, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espi-
rituais nos lugares celestiais em Cristo; Como tam-
bém nos elegeu nele antes da fundação do mundo,
para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante
dele em amor; E nos predestinou para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o
beneplácito de sua vontade, Para louvor da glória
de sua Graça, pela qual nos fez agradáveis a si no
Amado, Em quem temos a redenção pelo seu san-
gue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas
da sua Graça.”
Pela Graça, Deus nos fez agradáveis a Si mesmo. Esse é
um dos ensinamentos que esse texto nos traz: você não é
agradável a Deus pelo que faz, mas quando está na Graça,
porque nela os seus pecados são redimidos, retirados.
35
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Se é de Graça, não pode ser por obras. Tudo o que você
precisa de Deus já é seu, e você recebe pela Graça, a qual
acessa pela fé.
De Deus, você não receberá quando fizer algo, receberá
quando crer. Esse é o resumo do Evangelho da Graça. É ou não
uma boa notícia? Tudo já é seu e está à sua disposição. Você
não precisa fazer nada; só precisa acreditar nisso.
No Evangelho da Graça, você não faz nada e recebe tudo:
perdão dos pecados, redenção, remissão, justificação, san-
tificação; tudo é seu gratuitamente, porque você não vive
segundo a lei, mas segundo a Graça.
36
O EVANGELHO
DO REINO
A
o contrário do que lemos no capítulo anterior,
o Reino é conquistado por obras. Agora, come-
çaremos a falar sobre o que é o Evangelho do
Reino, a boa notícia do Reino, ou melhor, o que é a
boa notícia do governo, já que Reino fala de governo.
Em Apocalipse, capítulos 2 e 3, o Senhor Jesus pede
que João escreva sete cartas às sete igrejas que estão na
Ásia. Vejamos os detalhes:
39
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
“Isto diz aquele que tem na sua destra as sete es-
trelas, que anda no meio dos sete castiçais de ouro:
Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua pa-
ciência, e que não podes sofrer os maus; e puseste à
prova os que dizem ser apóstolos, e o não são, e tu
os achaste mentirosos. E sofreste, e tens paciência; e
trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.”
(Apocalipse 2:1–3)
O versículo 7 diz:
“Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às
igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore
da vida, que está no meio do paraíso de Deus.”
Este de quem se fala nesses versículos é Jesus Cristo, e exis-
tem duas frases que aparecem em todas as sete cartas, observe:
Igreja de Éfeso: “Escreve ao anjo da igreja de Éfeso: Isto
diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda
no meio dos sete castiçais de ouro: Conheço as tuas obras,
e o teu trabalho, e a tua paciência, e que não podes sofrer
os maus; e puseste à prova os que dizem ser apóstolos, e
o não são, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens
40
RONALDO BORGES
paciência; e trabalhaste pelo meu nome, e não te cansaste.
Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.
Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica
as primeiras obras; quando não, brevemente a ti virei, e
tirarei do seu lugar o teu castiçal, se não te arrependeres.
Tens, porém, isto: que odeias as obras dos nicolaítas, as
quais eu também odeio. Quem tem ouvidos, ouça o que o
Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer
da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus.”
(Apocalipse 2:1–7)
Igreja de Esmirna: “E ao anjo da igreja em Esmirna, es-
creve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e revi-
veu: Conheço as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és
rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas
são a sinagoga de Satanás. Nada temas das coisas que hás de
padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para
que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel
até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos,
ouça o que o Espírito diz às igrejas: O que vencer não receberá
o dano da segunda morte.” (Apocalipse 2:8–11)
Igreja de Pérgamo: “E ao anjo da igreja que está em Pér-
gamo escreve: Isto diz aquele que tem a espada aguda de dois
fios: Conheço as tuas obras, e onde habitas, que é onde está o
trono de Satanás; e reténs o meu nome, e não negaste a mi-
nha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o
41
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. Mas algumas
poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a
doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar trope-
ços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifí-
cios da idolatria, e fornicassem. Assim tens também os que se-
guem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio. Arrepende-te,
pois, quando não em breve virei a ti, e contra eles batalharei
com a espada da minha boca. Quem tem ouvidos, ouça o que
o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei eu a comer do
maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra
um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele-
que o recebe.” (Apocalipse 2:12–17)
Igreja de Tiatira: “E ao anjo da igreja de Tiatira escreve: Isto
diz o Filho de Deus, que tem seus olhos como chama de fogo, e
os pés semelhantes ao latão reluzente: Eu conheço as tuas obras,
e o teu amor, e o teu serviço, e a tua fé, e a tua paciência, e que
as tuas últimas obras são mais do que as primeiras. Mas algu-
mas poucas coisas tenho contra ti que deixas Jezabel, mulher
que se diz profetisa, ensinar e enganar os meus servos, para
que forniquem e comam dos sacrifícios da idolatria. E dei-lhe
tempo para que se arrependesse da sua fornicação; e não se ar-
rependeu. Eis que a porei numa cama, e sobre os que adulte-
ram com ela virá grande tribulação, se não se arrependerem
das suas obras. E ferirei de morte a seus filhos, e todas as igrejas
saberão que eu sou aquele que sonda os rins e os corações. E
darei a cada um de vós segundo as vossas obras. Mas eu vos
digo a vós, e aos restantes que estão em Tiatira, a todos quantos
42
RONALDO BORGES
não têm esta doutrina, e não conheceram, como dizem, as pro-
fundezas de Satanás, que outra carga vos não porei. Mas o que
tendes, retende-o até que eu venha. E ao que vencer, e guardar
até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações,
E com vara de ferro as regerá; e serão quebradas como vasos de
oleiro; como também recebi de meu Pai. E dar-lhe-ei a estrela
da manhã. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às
igrejas.” (Apocalipse 2:18–29)
Igreja de Sardes: “E ao anjo da igreja que está em Sardes es-
creve: Isto diz o que tem os sete espíritos de Deus, e as sete estre-
las: Conheço as tuas obras, que tens nome de que vives, e estás
morto. Sê vigilante, e confirma os restantes, que estavam para
morrer; porque não achei as tuas obras perfeitas diante de Deus.
Lembra-te, pois, do que tens recebido e ouvido, e guarda-o, e ar-
repende-te. E, se não vigiares, virei sobre ti como um ladrão, e
não saberás a que hora sobre ti virei. Mas também tens em Sar-
des algumas poucas pessoas que não contaminaram suas vestes,
e comigo andarão de branco; porquanto são dignas disso. O que
vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma ris-
carei o seu nome do livro da vida; e confessarei o seu nome diante
de meu Pai e diante dos seus anjos. Quem tem ouvidos, ouça o
que o Espírito diz às igrejas.” (Apocalipse 3:1–6)
Igreja da Filadélfia: “E ao anjo da igreja que está em
Filadélfia escreve: Isto diz o que é santo, o que é verdadeiro,
o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha;
43
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
e fecha, e ninguém abre: Conheço as tuas obras; eis que
diante de ti pus uma porta aberta, e ninguém a pode fe-
char; tendo pouca força, guardaste a minha palavra, e não
negaste o meu nome. Eis que eu farei aos da sinagoga de
Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem:
eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus
pés, e saibam que eu te amo. Como guardaste a palavra
da minha paciência, também eu te guardarei da hora da
tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os
que habitam na terra. Eis que venho sem demora; guarda
o que tens, para que ninguém tome a tua coroa. A quem
vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele
nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus,
e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que
desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
(Apocalipse 3:7–13)
Igreja de Laodiceia: “E ao anjo da igreja de Laodicéia
escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o
princípio da criação de Deus: Conheço as tuas obras, que
nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente!
Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomi-
tar-te-ei da minha boca. Como dizes: Rico sou, e estou en-
riquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um
desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu; Aconselho-
-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que
te enriqueças; e roupas brancas, para que te vistas, e não
44
RONALDO BORGES
apareça a vergonha da tua nudez; e que unjas os teus olhos
com colírio, para que vejas. Eu repreendo e castigo a todos
quantos amo; sê pois zeloso, e arrepende-te. Eis que estou à
porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta,
entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Ao que
vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono;
assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu tro-
no. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
(Apocalipse 3:14–22)
Nas sete cartas, observe que repetem-se as duas frases:
“conheço as tuas obras” e “ao que vencer”. Sabe por que
isso? Porque as suas obras determinam se você é vencedor
ou não.
Como Jesus vai saber se você é ou não vencedor no dia
em que for julgá-lo? Pelas suas obras.
O que significa ser vencedor? Significa reinar com
Cristo, governar com Ele, conforme nos afirma o texto
a seguir:
“E ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas
obras, eu lhe darei poder sobre as nações. E com
vara de ferro as regerá; e serão quebradas como va-
sos de oleiro; como também recebi de meu Pai.”
(Apocalipse 2:26–27)
45
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Os vencedores governarão, reinarão e são identificados
pelas obras. Diferentemente da Graça, em que não precisa-
mos fazer nada, no Reino, nós precisamos fazer obras, mas
não qualquer tipo delas, afinal, se não forem segundo a von-
tade de Deus, já estaremos fora do Reino.
No Evangelho da Graça, eu recebo tudo gratuitamente; o
Evangelho do Reino me ensina que eu preciso fazer obras
para governar com Cristo.
O que é o Reino? Este, a que me refiro aqui, serão os mil
anos em que o Senhor Jesus governará sobre a Terra.
É o que diz a Palavra de Deus, em Apocalipse 20:4:
“E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes
dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que
foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela
palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem
a sua imagem, e não receberam o sinal em suas tes-
tas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com
Cristo durante mil anos.”
Cristo vai reinar durante mil anos, e quem governará com
Ele são os vencedores, ou seja, aqueles que fizeram obras
segundo a vontade de Deus. Não é qualquer obra, ou seja,
46
RONALDO BORGES
você não pode sair por aí fazendo qualquer coisa para Deus
achando que vai reinar no final, porque a obra que garante o
Reino é a que ocorre segundo a vontade de Deus.
É o que diz Mateus 7:21:
“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará
no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de
meu Pai, que está nos céus.”
Para reinar, você tem que fazer a vontade do Pai. Evange-
lho da Graça tudo de Graça, Evangelho do Reino você tem
que fazer obras, e precisamos entender que o Reino é con-
quistado exclusivamente pelas obras que fazemos, pois elas
determinarão se reinaremos ou não com Cristo.
Nem todos os salvos reinarão, porque nem todos os salvos
estão dispostos a fazer as obras segundo a vontade de Deus.
A maior parte das pessoas que está na igreja quer fazer só
aquilo que gosta, e não a vontade dEle, mas quando você
está fazendo apenas a sua vontade, não está servindo a
Deus, mas a si mesmo.
Para herdar o Reino, para conquistá-lo, você precisa fazer
as obras segundo o coração de Deus.
Na primeira carta de Paulo aos Coríntios (3:15), ele diz:
47
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
“Segundo a Graça de Deus que me foi dada, pus
eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro
edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica
sobre ele.”
Paulo está comparando a obra a uma edificação: ele colo-
cou o fundamento, e outro edificará sobre ele. Esses outros
que vão edificar sobre ele somos nós, eu e você, mas cada
um deve ver como edifica, porque nem todos receberão re-
compensa. Se edificar errado, não recebe recompensa.
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além
do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se al-
guém sobre este fundamento formar um edifício de
ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha.
A obra de cada um se manifestarána verdade o dia
a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o
fogo provará qual seja a obra de cada um.”
(I Coríntios 3:11–13)
Quando Paulo diz que a obra de cada um se manifestará,
nos ensina que não seremos julgados coletivamente no tri-
bunal de Cristo, mas que seremos julgados individualmen-
48
RONALDO BORGES
te. Nossas obras serão provadas, elas passarão pelo fogo,
conforme nos afirma a palavra de Deus.
Mas preste atenção, pois se pararmos para pensar, o que
acontece com a madeira quando ela passa pelo fogo? Queima!
O que acontece com o feno quando passa pelo fogo?
Queima! O que acontece com a palha quando passa pelo
fogo? Queima!
Mas e quanto ao ouro? O que acontece com ele quando pas-
sa pelo fogo? O ouro é refinado, bem como a prata!
Esses elementos falam do tipo de obra que praticamos.
O versículo 14 do capítulo 3 diz: “Se a obra que alguém
edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão”.
A palavra “galardão” quer dizer recompensa. Então, se a
obra que você fizer permanecer, no dia do tribunal de Cris-
to, você receberá recompensa.
O versículo 15 diz: “Se a obra de alguém se queimar, sofre-
rá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”.
Ou seja, ele não perde a salvação, o que ele perde é o Reino,
que vem pelas obras. Se as obras não forem aprovadas, então o
Reino será perdido.
A salvação pela Graça não se perde, mas um salvo pode
perder o Reino por causa de suas obras. Então, a salvação e
o Reino não são a mesma coisa? Não.
Salvação é você ser livre da condenação, do inferno e do
lago de fogo.
49
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Reino é governar, reinar com Cristo durante mil anos.
São duas coisas diferentes. A salvação eu recebo de graça;
o Reino eu recebo pelas obras.
“Porque todos devemos comparecer ante o tribunal
de Cristo, para que cada um receba segundo o que
tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal.”
(II Coríntios 5:10)
Nós vamos comparecer diante do tribunal de Cristo, o
qual não é o mesmo que o trono branco, pois este é para
julgamento dos ímpios. O tribunal de Cristo é para julgar as
obras dos crentes.
Para que vamos comparecer lá? Para que cada um receba
segundo o que tiver feito por meio do corpo, seja o bem ou
o mal, ou seja, vamos receber segundo o que fizermos.
Esse tribunal não tem nada a ver com salvação, porque
ela não ocorre pelas obras, e o tribunal de Cristo é exclu-
sivo para o julgamento de obras. A salvação é pela Graça,
mediante a Fé e isso não vem de nós mesmos, é um dom de
Deus, logo não vem das obras, então se esse tribunal julga
obras, ele define quem vai ou não entrar no Reino.
No Evangelho de Mateus, capítulo 25, a partir do versícu-
lo 14, Jesus conta uma parábola sobre o Reino; é a parábola
dos talentos:
50
RONALDO BORGES
“Porque isto é também como um homem que, par-
tindo para fora da Terra, chamou os seus servos, e
entregou-lhes os seus bens.”
Esse homem é Jesus, os servos somos nós, e Ele nos en-
tregou o que tinha.
“E a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a ou-
tro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e au-
sentou-se logo para longe.”
O nosso Senhor foi para os céus, mas deixou os talen-
tos aqui para nós. Jesus continua:
“E, tendo ele partido, o que recebera cinco talen-
tos negociou com eles, e granjeou outros cinco
talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois,
granjeou também outros dois. Mas o que recebera
um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro
do seu senhor. E muito tempo depois veio o se-
nhor daqueles servos, e fez contas com eles. Então
aproximou-se o que recebera cinco talentos, e
trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor,
entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco
51
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
talentos que granjeei com eles. E o seu senhor lhe
disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco
foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo
do teu senhor. E, chegando também o que tinha
recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-
-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros
dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está,
bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre
muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”
(Mateus 25:16–23)
O servo que entrou para o gozo do seu senhor porque fez
o que tinha que ser feito fez a vontade do Pai, por isso pode-
rá entrar no Reino, governar com Cristo.
“Mas, chegando também o que recebera um talento,
disse: ‘Senhor, eu conhecia-te, que és um homem
duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde
não espalhaste; E, atemorizado, escondi na terra o
teu talento; aqui tens o que é teu!’”
(Mateus 25:24–25)
52
RONALDO BORGES
O que Jesus deu para esse servo, ele não perdeu, porque o
que Deus nos dá não pode ser perdido, pois é Ele mesmo quem
guarda. Por isso que, ao receber a salvação, você não consegue
perdê-la, mas você deve, no mínimo, multiplicá-la.
O problema é que esse servo que recebeu apenas um ta-
lento achou que o Senhor mau. Quem tem medo de Deus
não consegue servi-Lo.
“Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe:
‘Mau e negligente servo; sabias que ceifo onde
não semeei e ajunto onde não espalhei? Devias
então ter dado o meu dinheiro aos banqueiros e,
quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem os
dez talentos.’”
(Mateus 25:26–28)
Por fim, os que tinham recebido cinco e dois talentos os
multiplicaram. Ambos entraram no Reino, contudo o ta-
lento do servo negligente foi adicionado ao que tinha mais.
“Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em
abundância; mas ao que não tiver até o que tem
53
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas tre-
vas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.”
Quando Jesus fala das trevas exteriores, não fala do in-
ferno, Ele se refere a todo lugar fora de Jerusalém durante o
milênio, pois ali serão as trevas. Os servos que agirem como
esse homem serão lançados para um tempo de disciplina.
Para concluir: o Reino é conquistado por obras, e quem
não as tem vai para as trevas exteriores. Ainda não estamos
falando de Eternidade, pois, antes, haverá mil anos de go-
verno de Cristo.
Muitos crentes salvos passarão esse tempo nas trevas
exteriores, mas não reinarão, porque o Reino se conquista
com obras, logo é preciso realizá-las.
54
O PONTO DE
CONVERGÊNCIA
S
e a Graça é um favor não merecido e o Reino
é pelas obras, onde esses Evangelhos se encon-
tram? Nessa parte trocamos o ponto, deixamos
de falar apenas de um ou apenas do outro Evangelho
para que possamos compreender a convergência entre
os dois Evangelhos.
A primeira coisa que você precisa entender quando
falamos dos dois Evangelhos é que a Graça não é uma
doutrina bíblica, não é um ensinamento, também não é
uma coisa ou uma força que o cerca, mas uma pessoa:
Jesus Cristo. Por isso, devemos parar de falar dela como
se fosse um “poder”.
57
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
A GRAÇA VEIO PARA ANUNCIAR O REINO
Ao ler o primeiro capítulo do Evangelho de João, começamos a
entender o assunto que abordarei agora, pois a Graça andou entre
nós e anunciou o Reino, porque a Graça é Jesus Cristo.
Você não pode colocar o Evangelho da Graça contra o
Evangelho do Reino, porque foi a Graça que anunciou o
Reino, ou seja, o primeiro Evangelho anunciou o segundo.
João 1:14 diz:
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos
a sua glória, como a glória do unigênito do Pai,
cheio de Graça e de verdade.”
Jesus não falou sobre a Graça; Ele estava cheio dela, pois é
a Graça em pessoa. Quando Cristo fala sobre a verdade, não
diz: “Eu vim aqui anunciar a verdade para vocês”, Ele afirma:
“Eu sou a verdade.”
Nos versos 15 e 16, a Palavra diz:
“João testificou dele, e clamou, dizendo: Este era aque-
le de quem eu dizia: O que vem após mim é antes de
58
RONALDO BORGES
mim, porque foi primeiro do que eu. E todos nós rece-
bemos também da sua plenitude, e Graça por Graça.”
A plenitude é algo completo e, por meio de Jesus recebe-
mos do que Ele era, ou seja, completude e Graça por Graça.
Afinal, quem recebe a Cristo recebe a Graça. Se você recebe
do que Ele é, você recebe Graça.
O verso 17 diz: “Porque a lei foi dada por Moisés; a Graça e
a verdade vieram por Jesus Cristo”. A lei foi dada, mas a Gra-
ça não: ela veio e andou em nosso meio, pois Jesus é a Graça.
Quando Jesus fala sobre a verdade, em João 14:6, Ele diz:
“Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a
vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.
Só Ele é a Verdade e a Graça. O Filho do Pai não disse que
tinha a verdade, mas que era a verdade. Em João 1:17 está
escrito que a Graça e a verdade vieram por Cristo, ou seja,
se Ele é a Verdade, também é a Graça.
Sendo assim, a Graça é uma pessoa e a Verdade tam-
bém é uma pessoa, por isso você deve conhecê-la, não
entendê-la. Conforme João 8:32: “E conhecereis a verda-
de, e a verdade vos libertará”. Isto é, a Verdade é uma pes-
soa que o liberta.
59
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Lá em Tito 2:11, vemos que “a Graça salvadora de Deus se
há manifestado a todos os homens”. Quem veio à Terra e Se ma-
nifestou a todos os homens foi Jesus Cristo; Ele é a Graça. A
Graça não é uma força, a Graça andou entre nós; a Graça de
Deus veio à Terra.
A Graça se manifesta aos homens, porque é Jesus quem
se manifesta e Ele é a Graça, e essa Graça anunciou o Reino.
A Graça é: uma pessoa;
O Reino é: um período.
Então, vivemos na Graça, afinal estamos em Cristo, e ela
veio anunciar o Reino, conforme já dissemos, que é um pe-
ríodo de tempo.
No Evangelho de Mateus 4:12 e 17, a Palavra nos diz:
“Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, vol-
tou para a Galileia.”
“Desde então, começou Jesus a pregar, e a dizer: ‘Ar-
rependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus.’”
Observe que Cristo pregava o Reino, não a Graça, porque
não estava falando de Si mesmo. Depois, o apóstolo Paulo
vai pregar a Graça, porque vai falar de Jesus. Ele é a Graça
de Deus e essa Graça quem vai governar no Reino milenar.
60
RONALDO BORGES
Sim! A Graça veio anunciar o Seu governo!
DOIS EVANGELHOS E UMA CONVERGÊNCIA
Jesus nos ensina que é a videira, e nós somos as varas:
“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavra-
dor. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira;
e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais
fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos
tenho falado. Estai em mim, e eu em vós; como a
vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver
na videira, assim também vós, se não estiverdes em
mim. Eu sou a videira, vós as varas;”
(João 15:1–5)
Se Jesus é a videira e nós somos as varas, o que são os
frutos? Nossas obras.
O texto diz: “Vós já estais limpos, pela palavra que vos te-
nho falado. Estais em mim, e eu, em vós; como a vara de si
mesma não pode dar fruto.”
Vamos montar de novo a equação: o Reino é conquista-
do por obras, frutos, e só há fruto se você estiver na videira
61
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
que é Jesus. E, se Jesus é a Graça, então só há fruto se você
estiver nela, visto que de si mesmo você não pode pro-
duzi-los. Lembre-se de que as obras devem ser segundo a
vontade do Pai.
Aqui nos deparamos com um problema sério a resolver:
Há muitos tentando conquistar o Reino na força do braço,
mas não vão conseguir, porque a vara de si mesma não pode
frutificar. Ainda que digam: “ah, mas tenho um fruto”, este
não será aceito, vai queimar.
Precisa lembrar sempre da Graça, do favor imerecido no
qual acessamos pela Fé e os frutos só damos se estivermos
nessa Graça, porque o fruto é a consequência de estar na
Graça. Você precisa das obras para reinar, e só é possível
produzi-las estando na Graça. Pois nela se produzem mui-
tos frutos (OBRAS).
Há quem esteja tentando trabalhar para Deus ao invés de
trabalhar com Ele. Entenda que todo fruto que conta para
o Reino não nasce em você, nasce na videira; você é apenas
o galho onde ele aparecerá, e os frutos o levam a conquistar
o Reino.
Lembra-se de que as obras serão julgadas? Como produ-
zir, então as boas obras? Estando ligado na videira que é Je-
sus, que é a Graça. Então, só reinará quem estiver na Graça,
pois quem ainda vive na lei já está fora do Reino, porque é
uma vara tentando produzir frutos sozinha.
Conquistamos o Reino fazendo obras, só que sem Ele
nada podemos fazer, então se não estiver na Graça, não terá
62
RONALDO BORGES
o Reino. Porque só quem está na Graça pode fazer alguma
coisa com Deus.
Sabe a boa intenção? Não serve para nada. Eu costumo
falar para os irmãos que pastoreio “Deus não pediu sua opi-
nião, nem a minha, nem a de ninguém”, então o que tem que
ser feito? O que Deus quer. E como saber o que Deus quer
que façamos? É só analisarmos qual o esforço que a vara faz
para produzir fruto: Nenhum! Esse esforço deve ser nulo!
A vara só precisa estar ligada à videira, então o que Ele está
dizendo é: “Se você de fato estiver em Mim, não terá outro
resultado a não ser produzir muitos frutos”.
Entretanto, tenha cuidado: não confunda estar em
Cristo com ser salvo, porque é possível ser salvo sem es-
tar em Cristo.
Explico: se ser salvo fosse estar em Cristo, todo mundo
frutificaria muito, entretanto nem todos os cristãos dão fru-
tos, certo?
Essas pessoas são salvas, porque foram salvas pela Graça,
mas não estão na Graça, por isso não frutificam.
O Reino é conquistado por frutos, por obras, no qual só
consigo produzir se eu estiver ligado à videira, que é Cristo,
que é a Graça. Por isso, vemos pessoas frutificando muito
e outras, pouco; algumas se esforçando e não dando fruto
nenhum ou chegando a desistir porque estão estéreis. Na
realidade, é a Graça que nos possibilita gerar as obras que
permitirão o nosso ingresso no Reino.
63
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Então por que colocar uma coisa contra a outra, um
Evangelho contra o outro, como se fossem dois lados opos-
tos quando, na verdade, um complementa o outro?
Pergunto a você, então:
Há obras que você precisa fazer para reinar? Sim.
Você é capaz de fazê-las sem Cristo? Não, “sem Ele nada
podeis fazer.”
Entenda que o que você faz não é para Cristo, é com
Cristo, e Ele é a personificação da Graça divina. Só quem
desfrutar e viver debaixo da Graça é que conseguirá fazer
as obras que o permitirão entrar no Reino, porque o Reino
continua pelas obras, só que você é incapaz de fazer essas
obras sem Cristo.
Por isso que, naqueles dias, muitos dirão a Jesus:
“Senhor, senhor, não profetizamos nós em teu
nome? E em teu nome não expulsamos demônios?
E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E,
então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci;
apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.”
(Mateus 7:22–23)
Como você pode fazer algo para Deus e Ele não o co-
nhecer? É muito simples: trabalhando para Ele, não com
64
RONALDO BORGES
Ele. É facil entender isso. Imagine que você tenha uma
empresa no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. Se na
empresa do Rio você tiver funcionários que trabalham à
distância e, em São Paulo, os que trabalham presencial-
mente, você perceberá que, no primeiro caso, há quem
trabalhe para você; no segundo, com você. Estes últimos
você certamente conhece.
Por isso, enfatizo que fomos chamados para trabalhar
com Deus, e não para Ele. Lembre-se: nossa boa intenção
é inútil, o que importa verdadeiramente são os frutos que
produzimos por estarmos ligados à videira — Jesus Cristo.
O Reino é pelas obras, mas entenda: você não pode fa-
zer as obras necessárias para conquistar o Reino. E agora?
Qual é o esforço que você tem que fazer? Permanecer na
Videira, pois essa é a dificuldade de muitos. Porque aqui
que está o problema.
Imagine um galho ligado a uma árvore. Quem buscou a vida
na terra, a seiva, quem deu vida ao galho? A árvore. E o galho,
fez o quê? Só se manteve galho até que aparecesse o fruto.
A árvore foi a responsável por distribuir vida, buscar os
nutrientes no solo etc., no entanto o fruto foi gerado em um
de seus ramos. Se esse galho for cortado e separado da árvo-
re, naturalmente não conseguirá produzir frutos.
Contextualizando, é possível dizer que o seu esforço deve
ser para permanecer em Cristo, na Graça, e se trata justa-
mente de não se esforçar — isso é difícil, porque há algo
65
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
dentro de nós que o tempo todo quer fazer por merecer.
Se agimos assim, voltamos para a lei; quando isso acontece,
atestamos a nossa separação de Cristo.
É o que diz o seguinte texto:
“Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais
pela lei.”
(Gálatas 5:4)
Ou seja, separado não significa que vai para o inferno,
mas que não está mais ligado à Videira. Como consequên-
cia, não produz frutos e, se não tem fruto, não tem Reino.
O Reino é conquistado pelo esforço de permanecer na Vi-
deira. Leia o que Jesus falou:
“Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras es-
tiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos
será feito.”
(João 15:7)
Jesus não mandou você fazer, mas estar nEle, assim
você produzirá bons frutos. Quando começamos a estar
66
RONALDO BORGES
em Cristo, pregar sobre Ele, falar sobre Ele, ensinar sobre
Ele e sobre a justificação gratuita que nos é dada por Seu
intermédio, começamos, também, a crescer de forma so-
brenatural; permanecer nessa Graça não vai gerar outro
resultado senão muitos frutos.
Então, como se conquista o Reino? Fazendo, porém sem
Cristo “nada podemos fazer”.
Quem é Cristo? A Graça.
O que a Graça fez? Anunciou o Reino.
O que ela faz? A Graça me capacita a frutificar para en-
trar no Reino.
Veja que o Reino continua pelas obras, isso não muda,
mas são obras que só podem ser feitas pela Graça, pois todo
poder de realização parte de Jesus, não de nós.
Analisemos os frutos a seguir:
- Salvar uma pessoa do inferno. Você pode salvar alguém?
- Libertar uma pessoa. Você pode libertar alguém?
- Curar uma pessoa. Você consegue curar alguém?
- Restaurar um casamento. Você pode restaurar o casa-
mento de alguém?
Você pode produzir algum desses frutos? Não! Então,
seja somente o galho. Se você anuncia o Evangelho, uma
pessoa se converte e é salva do inferno, foi você quem a sal-
vou? Não, você só foi o galho. Não se esqueça de que o ramo
67
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
depende da árvore, e nós, como tais, devemos depender in-
teiramente do Senhor Jesus. Todas as nossas boas ações têm
Deus como fonte principal!
Ao fim, Ele vai nos perguntar: “O que você fez?” Quando
respondermos “nada”, Ele vai dizer: “fez sim! Veja as pessoas
que foram salvas, libertas e curadas. Agora, tome esta coroa,
pois você reinará Comigo”.
Nós seremos participantes da obra dEle porque somos
galhos.
E o Reino? É por obras.
Quais obras? Obras que eu e você não podemos fazer.
Por quê? Porque tudo depende de Jesus Cristo. Sem Ele,
nada podemos fazer.
O PONTO DE CONVERGÊNCIA está exatamente aqui,
onde o Evangelho da Graça complementa o Evangelho do
Reino e o Evangelho do Reino complementa o Evangelho
da Graça.
68
NÃO EXISTE
REINO SEM A
GRAÇA
E
ntendendo, então, que os Evangelhos não estão opos-
tos, mas que se completam entre si, fica mais fácil com-
preender que é por isso que sem a Graça ninguém rei-
na, que não existe Reino sem a Graça! No livro de Romanos,
a Palavra de Deus fala algo muito importante para nós, por-
que o Reino de Deus não é apenas algo para o futuro — você
pode experimentá-lo agora, ou seja, reinar em vida!
“Porque, se pela ofensa de um só, a morte Reinou
por esse, muito mais os que recebem a abundância
da Graça, e do dom da justiça, reinarão em vida
por um só, Jesus Cristo.”
(Romanos 5:17)
71
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Quem recebe Graça abundante reina em vida, pois ela é a
responsável por nos levar a reinar. Se eu recebo Graça abun-
dante, eu reinarei em vida, ou seja, governarei agora.
Logo, você não esperará chegar o período do milênio,
mas poderá reinar nos dias de hoje. Havendo Graça, ha-
verá Reino!
“Graças damos a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus
Cristo, orando sempre por vós, Porquanto ouvimos da
vossa fé em Cristo Jesus, e do amor que tendes para
com todos os santos; Por causa da esperança que vos
está reservada nos céus, da qual já antes ouvistes pela
palavra da verdade do Evangelho, Que já chegou a vós,
como também está em todo o mundo; e já vai fruti-
ficando, como também entre vós, desde o dia em que
ouvistes e conhecestes a Graça de Deus em verdade.”
(Colossensses 1:3–6)
Quando conhecemos a Graça, já vamos frutificando; mas
o que isso tem a ver com o Evangelho do Reino? Você pre-
cisa das obras para conquistar o Reino, ou seja, dos frutos,
então como produzi-los? Conhecendo a Graça.
É impossível conhecê-la e não frutificar, se não está fruti-
ficando, é porque não a conheceu ainda.
72
RONALDO BORGES
Retomando o que já foi dito, não há esforços para essa
produção de frutos, pois a Graça trabalha em nós, que es-
tamos nEle, de Graça! Afinal, não é pelo que fazemos, mas
pelo que Jesus já fez por nós. Se já conhecemos essa tão ma-
ravilhosa Graça, a frutificação será uma consequência.
Por onde passarmos, seja no mercado, na escola ou com
nossa família, daremos muitos bons frutos.
“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas
de fortaleza, e de amor, de moderação. Portanto,
não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor,
nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes parti-
cipa das aflições do Evangelho segundo o poder de
Deus. Que nos salvou, e chamou com uma santa
vocação; não segundo as nossas obras ,mas segundo
o seu próprio propósito e Graça que nos foi dada em
Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos.”
(II Timóteo 1:7–9)
Essa palavra diz que Ele não nos chamou por aquilo que
podemos fazer, mas segundo o Seu próprio propósito e Gra-
ça, que nos foram dados em Cristo Jesus antes dos tempos
dos séculos.
73
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
O apóstolo Paulo está escrevendo a Timóteo; este está
querendo esmorecer, porque Paulo foi preso, porque as coi-
sas na igreja que cuidava não estavam indo muito bem, en-
tão o apóstolo escreve uma carta para animá-lo, dizendo:
“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas
de fortaleza, e de amor, e de moderação. Portanto,
não te envergonhes do testemunho de nosso Senhor,
nem de mim, que sou prisioneiro seu; antes parti-
cipa das aflições do Evangelho segundo o poder de
Deus, Que nos salvou, e chamou com uma santa
vocação; não segundo as nossas obras, mas segundo
o seu próprio propósito e Graça que nos foi dada em
Cristo Jesus antes dos tempos dos séculos;”
(II Timóteo 1:7–9)
Deus nos salvou e nos chamou com santa vocação, logo
você é vocacionado por Ele.
Ele não o chamou por aquilo que você faz, mas segundo
o Seu propósito e Graça.
Ou seja, se dependesse do que fazemos, jamais seríamos
chamados, muito menos conquistaríamos o Reino, que nos
é dado pelas obras que o Pai deseja que realizemos.
74
RONALDO BORGES
Tais obras se chamam vocação, propósito, e ambos não
nos foram dados por merecimento ou por nossas ações, mas
pela divina Graça. Esta permitirá que alcancemos o Reino,
enquanto cumprimos nossa vocação.
“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual
ninguém verá o Senhor; tendo cuidado de que nin-
guém se prive da Graça de Deus, e de que nenhuma
raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela
muitos se contaminem.”
(Hebreus 12:14–15)
Quando se fala do cuidado para que ninguém se prive
da Graça de Deus, significa que, se você for privado, não
reinará. “Segui a paz com todos, e a santificação”, esta é pela
Graça, “sem a qual ninguém verá o Senhor”.
De que modo, portanto, não estaríamos justificados?
O verso 15 diz: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da
Graça de Deus”.
Ninguém pode privá-lo, a não ser você mesmo, quando
tenta conquistar aquilo que já é seu. Se você ficar privado
75
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
da Graça, não será santificado, ou seja, não verá o Senhor
nem estará com Cristo em Seu Reino.
As obras que você tem que fazer dependem de você estar
na Graça, e estar na Graça significa que você vai andando e
frutificando; por onde você passa tem fruto.
Outro dia, eu vi algo muito triste em uma igreja: os ir-
mãos estavam fazendo uma festa, uma comemoração muito
grande, porque eles batizaram oito pessoas — detalhe: só
tem um batismo no ano inteiro — e tinham batido o recorde
com essa quantidade.
Eu olhei para aquela situação e, enquanto eles se ale-
gravam, eu me entristecia. Como uma igreja inteira pode
batizar apenas esse número de pessoas?
Para mim, a resposta é simples: eles foram privados da
Graça, por isso não davam frutos.
O mesmo texto de Hebreus 12:14–15, em outra versão
bíblica (Olive Tree), diz:
“A exortação à paz e à pureza. Segui a paz com todos
e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor,
atentando, diligentemente, por que ninguém seja falto-
so, separando-se da Graça de Deus; nem haja alguma
raiz de amargura que,brotando, vos perturbe, e, por
meio dela, muitos sejam contaminados.”
76
RONALDO BORGES
A palavra “faltoso” significa: “vir mais tarde ou com bas-
tante atraso”; “ser deixado para trás na corrida”; “falhar em
alcançar um objetivo”; “não chegar até o fim”; “falhar em
tornar-se um participante”; “voltar atrás”; “ser inferior em
poder, influência ou posição”.
Uma pessoa inferior não alcançou o que deveria ser por-
que se separou da Graça de Deus, com isso tornou-se falto-
sa. Isso a impedirá de alcançar o Reino, porque, para tal, é
preciso plenitude.
E você só consegue isso não se separando da Graça, por-
que é ela quem abrirá a porta do Reino.
Hebreus 12:27–28 diz:
“E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança
das coisas móveis, como coisas feitas, para que as
imóveis permaneçam. Por isso, tendo recebido um
Reino que não pode ser abalado, retenhamos a Gra-
ça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com
reverência e piedade.”
As coisas naturais são móveis, vão passar; as coisas do
céu são eternas. As coisas móveis são terrenas, e as imóveis,
celestiais. Ao receber um Reino que não pode ser abalado,
você precisa reter a Graça para não perdê-lo.
77
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
O Reino não deixará de existir, pois é inabalável, não passa,
mas você poderá estar fora dele.
“Por isso, tendo recebido um Reino que não pode ser
abalado, retenhamos a Graça, pela qual sirvamos a
Deus agradavelmente, com reverência e piedade.”
(Hebreus 12:28)
Note a expressão “pela qual” no texto: se referindo a Gra-
ça, ou seja, você servirá a Deus agradavelmente quando
retiver a Graça, pois sem ela é impossível agradar-Lhe. Pre-
cisamos compreender isso verdadeiramente, pois de fato é a
Graça do próprio Deus que nos faz agradáveis a Ele e, con-
sequentemente, herdeiros do Seu Reino.
Aquele que agrada ao Senhor fazendo a Sua vontade esta-
rá apto para entrar em Seu Reino.
Diga a si mesmo: “Eu recebi um Reino inabalável, mas,
para entrar nele, devo me agarrar à Graça, que me faz
servir a Deus agradavelmente. Sem ela, eu não tenho
nem vocação”.
Resumindo, o Evangelho da Graça não é contrário ao
Evangelho do Reino, pois a Graça é o que o permite fazer as
obras necessárias para entrar no Reino de Deus.
78
A GRAÇA LIVRA,
PERMITE E
FAZ VENCER
A GRAÇA NOS LIVRA DO DOMÍNIO DO PECADO, NOS TORNANDO
LIVRES PARA SERVIR A DEUS
V
eremos, no livro de Coríntios, uma turma que está
fora do Reino:
“Não sabeis que os injustos não hão de herdar o
Reino de Deus? Não erreis: nem os devassos nem os
idólatras nem os adúlteros nem os efeminados nem
os sodomitas nem os ladrões nem os avarentos nem
os bêbados nem os maldizentes nem os roubadores
herdarão o Reino de Deus.”
(I Coríntios 6:9–10)
81
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Se você ler Gálatas, verá que a lista é maior, e Ele ainda
completa dizendo:
“Os que cometem tais coisas não herdarão o Reino
de Deus.”
(Gálatas 5:21)
O problema está quando você pensa que o fornicador é
fornicador porque quer, que o ladrão é ladrão porque quer,
e, na hora que quiserem, deixarão de ser.
Isso é uma mentira, porque nós não só cometemos peca-
dos, segundo a Bíblia, como também estávamos dominados
e governados por ele, ou seja, o pecado era o nosso senhor,
e nós, seus escravos.
Ainda que quiséssemos deixá-lo, não conseguiríamos,
porque escravo não tem vontade, ele só faz o que o man-
dam, e nós éramos escravos do pecado, estávamos debaixo
do domínio do pecado.
Então, se o fornicador ou o ladrão quisessem ir para o
Reino para reinar, eles teriam que deixar de ser essas coisas,
mas como deixar o pecado sendo um escravo?
Encontrando a Graça, porque ela veio e nos tirou do do-
mínio do pecado! Não significa também que quem está na
Graça não peca mais, significa que o pecado não o domina,
ou seja, a pessoa se torna livre para fazer o que quiser, até
82
RONALDO BORGES
mesmo para pecar, porque não é mais escrava, conforme
Romanos 6:14:
“Porque o pecado não terá domínio sobre vós, pois
não estais debaixo da lei, mas debaixo da Graça.”
Em Romanos 5:15, Paulo também diz:
“Mas não é assim o dom gratuito como a ofensa. Por-
que, se pela ofensa de um morreram muitos, muito
mais a Graça de Deus, e o dom pela Graça, que é de
um só homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos.”
A palavra ofensa é sempre relacionada ao pecado. Um
exemplo disso é a oração do Pai nosso, que diz: “Perdoai-
-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem
nos tem ofendido”.
Ou seja, “perdoe os nossos pecados, assim como quem peca
contra nós”, esta é a ideia: ofensa é pecado.
O verso 16 diz: “E não foi assim o dom como a ofensa, por
um só que pecou. Porque o juízo veio de uma só ofensa, na
verdade, para condenação, mas o dom gratuito veio de mui-
tas ofensas para justificação”.
83
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Só Adão pecou, e todos foram condenados, mas, para que
a Graça viesse, era necessário que todos pecassem, porque
onde abundou o pecado, superabundou a Graça, logo quan-
to mais pecado, mais Graça.
“Porque, se pela ofensa de um só, a morte Reinou por
esse, muito mais os que recebem a abundância da
Graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um
só, Jesus Cristo. Pois assim como por uma só ofensa
veio o juízo sobre todos os homens para condenação,
assim também por um só ato de justiça veio a Gra-
ça sobre todos os homens para justificação de vida.
Porque, como pela desobediência de um só homem,
muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência
de um muitos serão feitos justos.
Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas,
onde o pecado abundou, superabundou a Graça;”
(Romanos 5:17–19)
Você não obedeceu, você pecou com Adão, mas você se
tornou justo porque Cristo obedeceu. Adão pecou, e você
foi feito pecador; Cristo obedeceu, e você foi feito justo.
Crer na sua justificação é o mesmo que declarar que a ver-
dade não é o que você vê, mas, sim, o que a Palavra de Deus
84
RONALDO BORGES
diz. No verso 20 do mesmo capítulo, Paulo escreve: “Veio,
porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado
abundou, superabundou a Graça”.
Quem é que precisa de mais Graça: quem pecou menos ou
quem pecou mais? Então, quanto mais pecado, mais Graça.
O verso 21 diz:
“Para que, assim como o pecado Reinou na morte,
também a Graça reinasse pela justiça para a vida
eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor.”
Se você pensou que, por causa da superabundância da Gra-
ça, você precisa pecar muito, em Romanos 6:1–3, Paulo afirma:
“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado para
que a Graça abunde? De modo nenhum. Nós, que esta-
mos mortos para o pecado, como viveremos ainda nele
Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em
Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?”
Quando Cristo morreu, você também morreu para o
pecado. Portanto, você não pode mais viver no pecado se
85
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
está morto. Como fazer isso, se ainda pecamos? Porque
não vivemos pelo que vemos e sim pelo que cremos, logo,
se a Palavra diz que estamos mortos para o pecado não
podemos viver nele, como se ainda fôssemos seus escra-
vos. Paulo continua:
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo
na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado
dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos
nós também em novidade de vida
(Romanos 6:4)
“Porque, se fomos plantados juntamente com ele
na semelhança da sua morte, também o seremos
na da sua ressurreição; Sabendo isto, que o nosso
homem velho foi com ele crucificado, para que o
corpo do pecado seja desfeito, para que não sirva-
mos mais ao pecado.”
(Romanos 6:5-6)
Você não pode confundir o pecado com os pecados.
Estes são as atitudes erradas que você tem; aquele é o que
86
RONALDO BORGES
habita no seu corpo. Você não servia aos pecados, mas
ao pecado.
“Por um homem entrou o pecado”, então é um espírito.
Esse pecado passou a todos os homens, por isso que eles
pecaram. Pecado é o que está no seu corpo, já os pecados
são os atos que você comete.
O pecado é o senhor de quem os pratica, então, se você
servia ao pecado, ainda que quisesse deixar de cometê-
-los, não conseguiria, porque o tinha como senhor.
Você era escravo, e o problema disso é que os fornica-
dores, ladrões, avarentos etc. Não vão herdar o Reino dos
céus. Então, como deixar de ser um escravo do pecado?
Não é possível.
Por isso, muitos saem no final de semana, aprontam um
monte, só fazem coisas erradas e, no fim, ainda dizem: “nun-
ca mais vou beber”, porém o tempo que isso dura é apenas
até o próximo final de semana, porque a pessoa não é dona
de si mesma, é escrava do pecado e só faz aquilo que o peca-
do quer que ela faça.
A pessoa até pode ser sincera, falar a verdade e jurar
para si mesma que nunca mais fará isso, mas, quando me-
nos perceber, já estará cometendo os mesmos erros nova-
mente. Por quê? Porque o seu dono mandou fazer, porque
é escrava do pecado.
87
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
“Porque aquele que está morto está justificado do
pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos
que também com ele viveremos; sabendo que, ten-
dosido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já
não morre; a morte não mais tem domínio sobre
ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez mor-
reu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para
Deus. Assim também vós considerai-vos certamen-
te mortos para o pecado, mas vivos para Deus em
Cristo Jesus, nosso Senhor. Não reine, portanto, o
pecado em vosso corpo mortal, para lhe obedecer-
des em suas concupiscências.”
(Romanos 6:7–12)
O pecado governa quem não está na Graça. Os que per-
tencem a esse grupo não têm controle sobre o próprio cor-
po, então só fazem o que o pecado quer que façam, porque
é ele que reina, que governa.
Consegue entender o que é não ter o controle da sua vida?
Você não faz o que quer, você faz o que o pecado quer, por-
que ele governa o seu corpo.
“Nem tampouco apresenteis os vossos membros
ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas
88
RONALDO BORGES
apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos,
e os vossos membros a Deus, como instrumentos
de justiça. Porque o pecado não terá domínio so-
bre vós, pois não estais debaixo da lei, mas debai-
xo da Graça.”
(Romanos 6:13–14)
Ou seja, o pecado não o domina mais por causa da Graça.
Quem não está debaixo dela é governado pelo pecado. Se
você ainda é governado pelo pecado, você não reinará, por-
que esse povo não reina.
Então, como ser livre? A Graça o livra do domínio do pe-
cado para que você possa servir a Deus. Enquanto você não
está na Graça, você não está servindo a Deus, mas ao pecado.
Eu me lembro de um testemunho de um pastor que es-
tava evangelizando em um lugar e encontrou uma roda de
amigos que começaram a zombar dele.
Um deles disse: “Você agora virou crente, é escravo, não tem
mais liberdade”, e o pastor falou: “Olha, na verdade, eu sou o
livre, e você é o escravo”. O cara pegou um copo de cerveja e
falou: “Ah, eu faço o que eu quero” e bebeu a cerveja. “Você não
pode beber nenhuma cerveja, você não é livre, você é escravo”.
Então, o pastor seguiu: “Deixa eu te provar que eu sou
livre, me dá o copo de cerveja”. Ele pegou o copo de cerveja,
bebeu-a toda e disse:“Eu decido nunca mais beber cerveja,
porque eu sou livre e faço o que eu quero. Mas agora quero
ver você fazer o mesmo”.
89
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
O rapaz olhou e fez uma cara de assustado; o pastor con-
tinuou: “Eu não vou mais beber, já você não pode dizer o
mesmo, pois não consegue ficar sem beber. Quem aqui é
que não faz o que quer?”
O mundo inverteu a ideia em sua cabeça. Fornicar, qual-
quer pessoa governada pelo pecado faz. Isso não é liberda-
de, é prisão. Livre é quem tem escolha para não fazer, não
quem faz tudo que pensa que quer.
Livre é você, que decide o que fazer. Quem não decide o
que faz não é livre.
Romanos 6:15 diz:
“Pois quê? Pecaremos porque não estamos debaixo
da lei, mas debaixo da Graça? De modo nenhum.”
Imagine alguém que, por estar na Graça, acaba achando
que, por ser um favor imerecido, Deus não cobrará mais
nada dele, e que, por isso, viverá de forma irresponsável.
Se você vive assim, está dominado pelo pecado, porque estar
debaixo da Graça é ser livre do domínio do pecado, é poder
dizer: “Eu não vou fazer”.
Se você ouve alguém dizer: “Ah, mas é mais forte do que
eu, eu não consegui resistir”, é porque essa pessoa ainda é
escrava do pecado, ainda não está na Graça.
90
RONALDO BORGES
Então, não pecaremos por estarmos debaixo da lei, mas
por estarmos debaixo da Graça, de modo que esses não
vivem uma vida de prática de pecado, porque são livres.
Quem não está debaixo da Graça não tem escolha.
“Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por
servos para lhe obedecer, sois servos daquele a quem
obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obedi-
ência para a justiça? Mas graças a Deus que, tendo
sido servos do pecado, obedecestes de coração à for-
ma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça. Falo como
homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que,
assim como apresentastes os vossos membros para
servirem à imundícia, e à maldade para maldade,
assim apresentai agora os vossos membros para ser-
virem à justiça para santificação. Porque, quando
éreis servos do pecado, estáveis livres da justiça. E
que fruto tínheis então das coisas de que agora vos
envergonhais? Porque o fim delas é a morte.”
(Romanos 6:16–21)
Você sabia que tem pessoas que não se envergonham do
que fizeram? Isso acontece porque elas continuam servas do
91
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
pecado e não se envergonham do seu senhor; mas aquele
que está na Graça olha para trás e sente vergonha.
O verso 22 diz: “Mas agora, libertados do pecado, e feitos
servos de Deus, tendes o vosso fruto para santificação, e por
fim a vida eterna”. Ou seja, enquanto você é servo do peca-
do, não pode ser servo de Deus, porque não dá para servir
a dois senhores. Uma coisa é fato: Quem tem dois senhores
não tem Reino.
O Reino é para aqueles que servem e fazem a vontade de
Deus, mas não há como fazê-la sem deixar de fazer a vonta-
de do pecado. Não há Reino sem Graça, se não fosse assim,
continuaríamos sendo escravos do pecado.
No verso 23 está escrito: “Porque o salário do pecado é a
morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo
Jesus nosso Senhor”.
Você não tem mais esse salário depois que a Graça o liber-
ta, porque você é livre de todo domínio, de todo controle.
Cristo veio e tirou o domínio; agora você é livre e decide o que
fará: se servirá a Deus ou não. O amor de Cristo nos constrange.
Quem está na Graça pode escolher servir a Deus; quem
não está não tem escolha, é escravo. Como escravo, conti-
nuará fornicador, efeminado, ladrão, avarento, não herdará
o Reino dos céus.
Então, é preciso a Graça para libertá-lo do domínio do
pecado e para dar-lhe a opção de decidir servir a Deus e,
assim, conquistar o Reino.
92
RONALDO BORGES
Quem não está na Graça nunca experimentou servir a
Deus verdadeiramente.
A GRAÇA NOS PERMITE FAZER AS OBRAS DO REINO
Se voltarmos ao Evangelho de João 15:4–5, veremos Jesus
falando:
“Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma
não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim
também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videi-
ra, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá
muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.”
A Graça o permite fazer as obras que o farão entrar no Reino.
Observe que, no texto anterior, Jesus está falando da vi-
deira: “como a vara de si mesma não pode dar fruto”. Você é
a vara e a vara de si mesma não pode dar fruto, ou seja, se
você não estiver na Videira, não frutificará.
“Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como
a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem”
(João15:6)
93
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Na parábola dos talentos, o que não multiplicou os
talentos foi lançado nas trevas exteriores. Nesse texto, a
vara é lançada no fogo por não estar na videira.
Ambos possuem o mesmo significado: multiplicaremos ta-
lentos e frutificaremos se estivermos nEle. Sem isso, ficaremos
fora do Reino. Estar em Cristo e gerar frutos é uma coisa só.
Se lemos o versículo 6, colocando Jesus como a Gra-
ça, temos: “Se alguém não estiver em mim, na Graça, será
lançado FORA” (grifo do autor). Isso ocorrerá porque
essa pessoa não tem obras, não multiplicou nada.
Ou seja, sem a Graça não tem obra; sem a obra não tem
Reino. Sem Jesus não tem fruto e sem fruto automaticamen-
te sem Reino!
Então, o que nos possibilita fazer as obras do Reino é
estar em Cristo. Se não estivermos na Graça, chegaremos
diante do Pai de mãos vazias, afinal, sem Ele, nada pode-
mos fazer. Conforme está escrito em I Coríntios 15:10:
“Mas pela Graça de Deus sou o que sou; e a sua
Graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito
mais do que todos eles; todavia não eu, mas a Graça
de Deus, que está comigo.”
Paulo já estava se vangloriando: “Eu fiz mais do que todos
eles” — se referindo aos outros apóstolos. Ele está se gloriando
94
RONALDO BORGES
quando, na verdade, percebe que só pôde trabalhar e agir
por causa da Graça que o acompanhava. Em II Coríntios 1:12,
Paulo diz:
“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nos-
sa consciência, de que com simplicidade e sinceri-
dade de Deus, não com sabedoria carnal, mas na
Graça de Deus, temos vivido no mundo, e de modo
particular convosco.”
Ou seja, você vive não com sabedoria natural, carnal, mas
na Graça de Deus. O resultado que contará, de fato, para
o Reino, é o que você produziu a partir do viver na Graça.
Sem ela, você não passará nem perto do Reino.
Não coloque um Evangelho contra o outro como se fos-
sem opostos, porque a Graça é o que nos capacita para fazer
as obras, que vão nos permitir entrar no Reino. Sem ela, vi-
veremos você viverá na sabedoria carnal, humana, natural.
Realmente, não há outro meio, não há outra forma a não
ser estar em Cristo para que geremos os frutos através da
Graça de Deus e alcancemos o Reino.
Acredite, a grande briga de Satanás conosco é por causa
da Terra, porque ele a governava antes de nós, e Deus tomou
o governo dele e entregou nas nossas mãos, ou melhor, está
tentando nos entregar — às vezes, dificultamos um pouco,
mas Deus conseguirá.
95
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
A GRAÇA DE DEUS NOS FAZ VENCER SATANÁS
O texto de II Coríntios 12:7–9 diz:
“E, para que não me exaltasse pela excelência das
revelações, foi-me dado um espinho na carne, a sa-
ber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear,
a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes
orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E dis-
se-me: A minha Graça te basta, porque o meu poder
se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me
gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim
habite o poder de Cristo.”
Ou seja, você não precisa de mais nada para vencer Sata-
nás, você só precisa da Graça, e isso acontece porque é ela
que o faz forte, não a sua força. Onde está o poder de Cristo?
No Evangelho da Graça, o qual Paulo pregava. Em contra-
partida, Jesus pregava o Evangelho do Reino.
Veja o que Paulo diz:
“Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois
é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê.”
(Romanos 1:16)
96
RONALDO BORGES
Aquele que crê em qual Evangelho? No da Graça.
Ele nos ensina que não é quando você se sente bem que
está forte, é quando se sente fraco, porque aí você pensa: “Eu
não posso fazer nada, é só a Graça”, e então Deus se respon-
sabiliza por você.
O Diabo não quer que você governe, mas, pela Graça, você fará
tudo o que precisa ser feito e entrará no Reino para governar.
“Tu, pois, meu filho, fortifica-te na Graça que há
em Cristo Jesus.”
(II Timóteo 2:1)
Esse é um texto de Paulo para alguém que ele tinha como
um filho. Timóteo estava moribundo, desanimado, e Paulo
pensa: “Eu preciso ajudar meu filho, então escreverei aqui
10 regras de como vencer a tentação”? Não! Ele decide es-
crever o versículo acima.
Talvez você seja um líder na sua igreja, talvez você este-
ja desanimando, não frequente mais a sua comunidade de
fé, talvez sua família esteja passando por situações difíceis;
então, eu lhe falo: fortifique-se na Graça. Você só será ven-
cedor se viver na nela!
A Graça de Deus é o que faz você vencer o mal, o maligno.
É ela que faz você forte para fazer todas as obras e reinar com
Cristo. O poder de Deus está no Evangelho da Graça, e o Diabo
terá que correr, porque quem está na Graça está forte.
97
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Por muito tempo, a igreja e o ministério foram um peso
para mim. Hoje, isso acabou.
Eu sou um privilegiado em pastorear a igreja do Senhor,
e essa força vem da Graça. Eu não estava conseguindo fazer
a obra que eu precisava para ir para o Reino, porque eu não
estava nela. Agora, eu estou só começando — aliás, não eu,
mas a Graça de Deus em mim.
Leiamos Hebreus 4:14–16:
“Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus,
Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos
firmemente a nossa confissão. Porque não temos
um sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em
tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois,
com confiança ao trono da Graça, para que possa-
mos alcançar misericórdia e achar Graça, a fim de
sermos ajudados em tempo oportuno.”
Existe um trono da Graça, e essa Graça se assentou em
um trono, porque é Jesus. Quando você chega diante desse
trono, encontra a Graça.
Observe o texto: “a fim de sermos ajudados em tempo oportu-
no”. O verso 15 diz que Ele se compadece de nossas fraquezas.
98
RONALDO BORGES
Quando você está fraco, quando acha que cairá, que não
conseguirá, o que tem que fazer? Entrar com ousadia diante
do trono da Graça, porque ali você encontra, além de mise-
ricórdia, aquEle que o sustentará, porque a Graça é o que o
faz vencer na fraqueza, é o que o faz vencer Satanás e todos
os seus demônios.
É a Graça que o torna apto para o Reino de Deus.
Entre com confiança nesse trono, tenha certeza de que
não dará errado. Se você está fraco ou caindo, entre com
coragem, porque quando chegar lá, não receberá outra coisa
senão Graça, misericórdia e poder que sustenta. Você não
cairá nem ficará pelo caminho, você não ficará para trás,
porque não é você que se sustenta.
A questão é: Existe um trono da Graça disponível para
você, entre com ousadia, com confiança, e Ele se compade-
cerá das suas fraquezas.
Quando você estiver fraco e começar a cambalear, o Dia-
bo lhe dirá: “Larga, abandona, porque você não merece es-
tar aí”. É assim que acontece com todos.
Nessa hora, eu aprendi uma coisa: não dê a mínima im-
portância para o que ele lhe diz. Quando entrar no trono da
Graça, você ouvirá: “A minha Graça te basta, porque o meu
poder se aperfeiçoa na sua fraqueza. Eu te sustento, eu me
compadeço das suas fraquezas”.
99
RECEBENDO A
GRAÇA DE DEUS
EM VÃO
E
m II Coríntios 6:1, temos um problema:
“E nós, cooperando também com ele, vos exortamos
a que não recebais a graça de Deus em vão.”
Se você recebeu a Graça, é para que produza frutos, certo?
Então, o que significa recebê-la em vão? É tê-la e não produ-
zir fruto nenhum.
Agora, como é que isso acontece? No verso 3, Paulo declara:
“Não dando nós escândalo em coisa alguma, para
que o nosso ministério não seja censurado.”
103
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Isso significa que você recebe a Graça em vão quando a usa
para dar escândalo. Infelizmente, há quem faça um mau uso
daquilo que recebeu do Alto, escandalizando outras pessoas.
Por exemplo: você sai na rua e encontra um irmão da sua
igreja tomando cachaça no boteco. Ele pode estar tomando
cachaça lá, mas ele já foi perdoado, o problema é que quem
vê aquilo se escandalizará.
Suponhamos que esse mesmo irmão, que já foi perdoado,
pregue para você na sua casa ou na rua; o que você faria?
Provavelmente, rejeitaria a mensagem dele e pensaria ou di-
ria: “Eu te vi lá no boteco tomando cachaça, e você vem falar
de Jesus para mim?”
Isso acontece porque ele causou escândalo. Se isso ocorre,
o trabalho dele é censurado, ninguém o ouvirá, logo ele não
terá frutos nem obras. Por isso, também não terá Reino.
Então, quem é que recebe a graça em vão? Os que não
produzem frutos, porque a usam para a libertinagem. Se
você der escândalo, não reinará.
Mateus 13:41 nos ajuda a entender isso:
“Mandará o Filho do Homem os seus anjos, e eles
colherão do seu Reino tudo o que causa escândalo, e
os que cometem iniquidade. E os lançará na forna-
lha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.”
104
RONALDO BORGES
Paulo vivia na Graça, tanto que disse: “Se comer carne es-
candaliza o meu irmão, então nunca mais comerei carne”. Tal
afirmação não significava que Paulo considerava pecado co-
mer carne, mas, para não cometer escândalo, para não ficar
infrutífero, com seu ministério censurado, sem que ninguém
o ouvisse, ele abria mão da carne e do que fosse necessário.
Então, os que cometem escândalo estão tomando a Graça
em vão e, consequentemente, serão disciplinados. Essa for-
nalha de fogo que cita o versículo de Mateus não é o inferno,
é a disciplina para o crente que cometeu um escândalo.
Lembre-se de que, em I Coríntios 6:12, Paulo diz:
“Tudo me é permitido, mas nem tudo me convêm.”
Por que ele diz isso? Justamente porque comete escânda-
lo. Não é por causa de Deus, porque Ele já perdoou todos os
nossos pecados, mas é por causa de quem está à nossa volta
assistindo ao que estamos fazendo.
Se você me visse fazendo algo que não é costumeiro dos
crentes, você se escandalizaria e, talvez, nunca mais voltaria
a uma igreja. Nesse caso, eu teria sido motivo de escândalo
e, por isso, seria disciplinado, pois tomei a Graça em vão.
A Graça de Deus não é um acessório para você sair por aí
escandalizando os seus irmãos, embora todos os seus peca-
dos, de fato, estejam perdoados.
105
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Gálatas 1:6–7 diz:
“Maravilho-me de que tão depressa passásseis
daquele que vos chamou à graça de Cristo para
outro Evangelho; O qual não é outro, mas há al-
guns que vos inquietam e querem transtornar o
Evangelho de Cristo.”
Ou seja, se você não vive a Graça, está vivendo outro
Evangelho que não é o de Cristo.
O verso 8 diz:
“Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos anuncie outro Evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja anátema.”
O Evangelho de Cristo é o da Graça: ou você vive essa
Graça ou não estará vivendo o verdadeiro Evangelho.
Quem não está na Graça está na lei, e quem está na lei
vive debaixo de maldição, então é anátema, é maldito. Já
nós, os salvos, não somos malditos, porque Ele se fez maldi-
ção no nosso lugar:
106
RONALDO BORGES
“Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
maldição por nós; porque está escrito: ‘Maldito todo
aquele que for pendurado no madeiro.’”
(Gálatas 3:13)
Jesus se fez maldito para que fôssemos abençoados. Se não
vivemos a Graça, voltamos para a lei e nos tornamos malditos.
“Maravilho-me de que tão depressa passásseis da-
quele que vos chamou à graça de Cristo para outro
Evangelho.”
(Gálatas 1:6)
Você foi chamado à Graça e não viverá fora dela, porque
isso significaria viver outro Evangelho.
Em Judas 1:4, o texto diz:
“Porque se introduziram alguns, que já antes estavam
escritos para este mesmo juízo, homens ímpios, que
convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a
Deus, único dominador e Senhor nosso Jesus Cristo.”
107
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Na versão Olive Tree, o mesmo texto está escrito assim:
“Porque certos indivíduos se introduziram com
dissimulação, os quais desde muito foram anteci-
padamente pronunciados para esta condenação,
homens ímpios que transformam em libertinagem
a graça de nosso Deus e negam o único e soberano
Senhor, Jesus Cristo.”
Sabe o que é transformar a Graça em libertinagem?
Pessoas se apropriarem dela para viver uma vida dis-
soluta intencionalmente. Ou seja, não se trata daquela
pessoa que comete erros, mas da que diz que fará tudo
o que quiser e tiver vontade. Isso é tornar a Graça de
Deus em libertinagem.
Existe uma diferença entre libertinagem e liberdade. A
Graça nos faz livres, não libertinos.
Ser livre é ser alguém que tem a liberdade para fazer o que
quiser, mas ser libertino é ser alguém que não tem nenhum
tipo de regra moral nem de consciência, isto é, alguém que
faz tudo o que vem à cabeça.
Quem está na Graça não faz tudo que vem à cabeça; mas
faz o que Jesus quer que seja feito, porque vive por Ele.
108
RONALDO BORGES
Resumindo: quem receber a Graça de Deus em vão não
reinará, pois a receberam para produzir as obras que o leva-
riam para o Reino, porém não deram frutos.
Se você não reinar, comprovará que se perdeu no cami-
nho e recebeu a Graça divina em vão. Infelizmente, creio
que a maioria dos crentes esteja recebendo esse favor imere-
cido de forma insensata.
Estão recebendo mas não estão cumprindo o propósito
da Graça que é levá-los para o Reino, tornando essa em vão,
pois mesmo à recebendo não reinarão.
Sendo o Reino alcançado pelas obras e sendo a Graça o
que nos possibilita fazer essas obras, quando recebemos a
Graça a usamos para libertinagem, não mais serviremos a
Cristo, nós e aos nossos próprios prazeres, ou seja, Graça
recebida em vão.
O REINO É DOS QUE CREEM E VIVEM NA GRAÇA
O Reino pertence aos que creem e vivem na Graça: pela fé,
entramos nela e, por meio dela, produzimos frutos que nos
conduzem ao Reino de Deus. Em Gálatas 2:19–21, Paulo diz:
“Porque eu, pela lei, estou morto para a lei, para
viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo;
109
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e
a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do
Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si
mesmo por mim. Não aniquilo a graça de Deus;
porque, se a justiça provém da lei, segue-se que
Cristo morreu debalde.”
Por que Paulo não aniquila a Graça? Porque não é ele que
vive mais, é Cristo quem vive nele.
O texto acima diz: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo
na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e
se entregou a si mesmo por mim”.
Repare a diferença: não é a fé no filho, é a fé do Filho. Se
fosse de outra forma, estaria errado, porque Ele não é a Vi-
deira e nós os ramos? Logo, a vida dEle entra em nós e, por
meio dela, vem a fé — e a fé dEle vai entrar em nós e será a
nossa fé. Assim, viveremos na fé do Filho de Deus.
A fé nos concede o acesso à Graça, que nos permite pro-
duzir frutos que garantem a nossa entrada no Reino. Desse
modo, não aniquilamos a Graça. Ao contrário, buscamos
cada vez mais dependência dela. “Aniquilar” é “fazer não
existir”; “tirar da existência”; “consumir até não existir mais”.
110
RONALDO BORGES
Como aniquilamos a Graça? Tentando viver pela lei e pe-
las obras, buscando aceitação por essas coisas. O Reino é,
sim, por obras, mas somos incapazes de fazê-las. Logo, de-
vemos ser os ramos da Videira que produzirá por meio de
nós o fruto que deseja.
Esta é a equação: pela fé, vivemos na Graça; pela Graça,
fazemos obras; pelas obras, entramos no Reino.
Então, o Evangelho da Graça não é contrário ao Evangelho
do Reino, pois a Graça, que é uma pessoa (Jesus), veio ao mun-
do para anunciar o Reino, e somente ela nos permite adentrar
neste Reino, visto que, sem ela, nada podemos fazer.
O PONTO DE CONVERGÊNCIA entre os dois Evange-
lhos é este: a Graça veio ao mundo anunciar e capacitar os
homens para entrar no Reino de Deus.
111
RONALDO BORGES
CONCLUSÃO
113
A
o longo do livro, pudemos entender com clareza que
o Evangelho da Graça não é contrário ao Evangelho
do Reino em nenhuma hipótese.
O Evangelho da Graça é o que permite você fazer as
obras para entrar no Reino, já que esse continua por obras
as quais você só consegue fazer quando está na Graça,
porque não são quaisquer obras, são as que a vontade de
Deus determina.
Portanto, independentemente das circunstâncias que
você esteja vivendo ou já viveu, fortifique-se na Graça que
há em Jesus Cristo, pois só nEle é possível alcançar o Reino.
115
O EVANGELHO DA GRAÇA E O EVANGELHO DO REINO
Eu vivi a maior parte da minha vida cristã na lei e, por
isso, eu vivia me arrastando, mas agora que vivo na Graça,
sinto-me jovem de novo, cheio de força e ânimo para gastar
a minha vida fazendo as obras que Deus quer que eu faça,
sem esforço, mas pela Sua Graça que é Cristo.
Viva tudo que Deus já lhe deu, pois você já tem tudo de
que precisa em relação a Ele, à Igreja e ao Reino.
Você não precisa de autoajuda, você precisa de ajuda do
Alto, porque a Graça do Senhor é suficiente para você.
Não a troque por sabedoria humana e natural; isso é ruim
e o afastará cada dia mais do Reino de Deus e de viver usu-
fruindo de Sua plenitude.
Se de fato você compreendeu cada ponto abordado nes-
se livro, nunca mais vai ser o mesmo, e nem vai sentir seu
processo de mudança, pois quando menos esperar já estará
agindo de modo diferente. Isso acontece porque quando co-
nhecemos a verdade somos libertos.
Você pode conquistar as coisas com seus próprios bra-
ços, mas Deus não o chamou para isso! Entenda: Ele é seu
Pai, por isso quer entregar-lhe todas as coisas gratuitamente!
116
REFERÊNCIAS
BÍBLIA. Português. Bíblia Olive Tree.
BÍBLIA. Português. Bíblia Almeida Corrigida Fiel. Disponí-
vel em: https://www.bibliaonline.com.br/acf/index.2019.
117
Compartilhe suas
impressões de leitura escrevendo para:
[email protected]
www.autordafe.com.br
Este livro foi composto em Minion Pro e URWGrotesk.
Editora Autor da Fé, março de 2020.