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O Estatuto Da Oralidade e A Filosofia em África

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O estatuto da oralidade e a filosofia em África

O “Estatuto da Oralidade e a Filosofia em África” aborda diversas questões relacionadas


à filosofia africana. Algumas delas incluem:

1. Valor da Tradição Oral: Destaca a importância da oralidade na transmissão


cultural.

2. Filosofia Oral: Reconhece a presença de filosofia na tradição oral africana.

3. Relação entre Oralidade e Escrita: Explora a interacção entre a tradição oral e


a escrita.

A filosofia africana tem raízes profundas na tradição oral e nas práticas culturais do
continente. Ela enfatiza valores como a comunidade, solidariedade e interdependência,
além de abordar questões cruciais como justiça social, liberdade e igualdade. Entre os
filósofos africanos contemporâneos, há diferentes perspectivas sobre o tema, mas
muitos reconhecem a relevância da filosofia africana na herança cultural e intelectual do
continente.
Tema: Filosofia africana

Introdução

Neste trabalho iremos debruçar sobre a filosofia Africana, iremos também


conhecer os filósofos africanos e uma das questões mais discutidas entre os pensadores
africanos que é a questão do estatuto da oralidade tradicional Africana. Podem
considerar-se filosóficos os provérbios, contos tradicionais, dizeres dos sábios
africanos entre outros. Será que os mesmos expressam conteúdos que podem
considerar-se filósofos? E qual é a função dos filósofos educados
profissionalmente perante os dizeres e provérbios tradicionais? Essas e outras
perguntas serram abordadas e esclarecidas.

Objectivo geral

 Conhecer a filosofia africana.

Objectivos específicos

 Explicar o contexto histórico do aparecimento da Filosofia africana;


 Identificar definições pejorativas de alguns pensadores europeus sobre o
africano;
 Identificar a causa do surgimento da Filosofia africana;
 Identificar o representante máximo do renascimento negro;
 Identificar os pontos principais do renascimento negro;
 Explicar o significado de Pan-africanismo;
 Identificar o ano do início do movimento pan-africanista;
 Apontar o ano do início do movimento pan-africanista.

Contexto histórico da filosofia africana: origem da filosofia africana

O conceito filosofia é o primeiro dos problemas filosóficos. Mas a melhor forma


de abordar a questão é falar de filosofias do que da filosofia, porque existem muitas
filosofias e cada filósofo define-a com base nos problemas do seu tempo.
Filosofia é um pensamento especulativo livre, crítico, profundo e autónomo, por
isso, a sua definição não tem um denominador comum como acontece com outras
ciências (Appiah, 1997).
O problema aumenta quando queremos definir a Filosofia africana. Filosofia é um
género literário universal. E porque é que queremos particularizar? Existe uma Filosofia
africana?

Para responder à estas questões é necessário conhecer o ambiente sóciopolítico e


cultural em que nasce a filosofia africana. É preciso também conhecer a concepção do
ocidente em relação a África.

A ciência, o poder europeu, começa a denegrir a imagem do africano. Assim:

 A Teologia (ciência que estuda Deus), vai dizer que africano é filho de Caim.
 A Filosofia do Iluminismo, vai dizer que africano, o negro, não é completo.
 Voltaire, na sua obra “ História do século XIV” vai dizer que o povo mais
elevado em termos de evolução e desenvolvimento é francês e o mais baixo é
africano.
 Jean-Jacques Rousseau afirma que os africanos são bons selvagens.
 Hegel considera que o africano é o homem sem História. Para ele,
História é a consciência de um povo, e ao afirmar que africano não tem história
quer dizer que o africano é inconsciente.
 Levi-Brhul diz que africano tem mentalidade pré-lógica. Montesquieu define
África como sociedade sem leis.

Nesta concepção não é possível entrar o africano no debate da Filosofia, visto que
pensar que os africanos têm filosofia era sinónimo de considerar-lhes e encarar como
homem igual aos europeus. Segundo (Appiah, 19 97), afirmar a existência da filosofia
africana seria afirmar a autonomia do homem africano e seria dizer que o africano é um
homem completo como o europeu e implicava exigir a igualdade dos direitos e
respeito entre os africanos e europeus. E por conseguinte, a igualdade dos direitos
pede por sua vez a abolição da escravatura.

O que é Filosofia africana?

Filosofia africana é a resposta que o africano dá `a concepção errada do ocidente.


Filosofia africana é a busca da liberdade, da autonomia, da autodeterminação dos
africanos. Filosofia africana é Filosofia de gente que pensa dos problemas dos africanos.
Etnologia ou Filosofia africana

Paulin Hountondji, Marcien Towa, Oruka, Weredu defendem que Filosofia africana é
uma etnologia com pretensão filosófica. Para falar da etnologia eles recorrem a dois
parâmetros: a escrita e a não escrita. Eles defendem que a história se conta através da
escrita, e por isso mesmo, os povos sem escrita são considerados primitivos,
selvagens, sem história. Ao contrário dos povos com escrita, são nobres, têm história.

Entretanto, em Houtondji as sociedades sem escrita são negadas. A história se


interessa pelo passado das sociedades europeias e a etnologia fala dos povos selvagens.
A capacidade abstractiva dos africanos não se põe em causa.

Este pensamento será rejeitado por um grupo de filósofos como, Placide Tempels,
Anyaw, Alex Kagame, John Mbiti. Para eles, os africanos têm os seus acontecimentos
nas crenças, mitologias e tradições dos seus antepassados. A Filosofia africana é
um pensamento especulativo que se encontra nos provérbios, nas máximas, nos
costumes que os africanos herdaram dos seus antepassados através da tradição oral.

Filosofia Política Africana

A Filosofia política é entendida como uma actividade intelectual que procura


construir um sistema de valores e ideias dos indivíduos duma sociedade africana e
justificá-los através da razão. Três factores estão na origem da filosofia política
africana: escravidão, colonialismo e o racismo. De entre estes factores os racismos foi o
mais pernicioso e deu origem aos outros dois.

Os negros eram considerados racialmente inferiores, culturalmente não civilizados.


David Hume, afirma que “ dificilmente houve uma acção civilizadora naquela
cor, nem mesmo algum indivíduo eminente em actos e especulações… Não há arte,
não há ciência… é homem tábua rasa, homem sem história, e portanto, sem
civilização”.

Negritude

Foi a partir das circunstâncias do desprezo do negro que surgiu a negritude para
reivindicar os direitos humanos para os africanos, reivindicar a dignidade do
africano como pessoa, reivindicar a liberdade no processo de descolonização política e
económica em forma de luta contra o racismo.
Os fundadores da negritude

 Leon Damas – A sua doutrina manifestava-se na negação da assimilação e


defendia as qualidades do negro.
 Aimé Césaire – Preocupava-se em resolver o problema do regresso e
assunção do destino da raça. Césaire fundou e passou a editar a revista
“L’etudiant noir” (O estudante negro de 1934).
 Leopold Sedar Senghor- esforça-se na descoberta, defesa e ilustração do
património racial e do espírito da civilização.

Percursores da negritude

 Booker Washington – Lutava pela divisão nos EUA. Defende a teoria dos
cinco dedos na mesma mão.
 Marcus Garvey – Defendia a separação entre os brancos e os negros. Fala do
princípio de que se a Europa é dos europeus a África é para os africanos.
 W.E.B.Du Bois – Defendia a integração dos negros nos EUA.

Renascimento Negro

De acordo com (Hountondji, 1996), o renascimento negro teve como intenção dar
a possibilidade aos negros de lutar arduamente pela sua causa, pôr em causa a
alienação do negro. Du Bois dizia que se o branco mata um negro, o negro deve matar
cinco brancos. No renascimento negro pede-se a igualdade entre o negro e branco;
procura-se a emancipação do negro.

A partir do renascimento negro, todos os poetas, romancistas, historiadores,


pintores, músicos, arquitectos e escultores se inspiram no passado histórico ou
pré-histórico dos africanos para revelar tesouros de arte e de literatura que os
investigadores, sociólogos, filósofos interrogaram as nossas origens, os nossos
monumentos, os nossos costumes, a nossa língua vernacular para explicar a nossa
maneira de ser, de crer, a nossa razão e na nossa esperança (Munanga, 2009).

A negritude, enquanto um manifesto cultural e político mobilizador, transformou


a identidade sociocultural dos povos africanos numa arma emancipadora e um
projecto de renascimento. Ela lutou contra o eurocentrismo, o racismo e os
preconceitos, a incompreensão, arrogância das potências coloniais. Ela rejeitou a
aculturação, a assimilação e a alienação. Dessacralizou o paradigma cultural
ocidental considerado como critério referencial e afirmou o direito a diferença e
familiarizou os negros com a noção do relativismo cultural (Masolo, 1995).

O Pan – africanismo

O movimento do renascimento negro, passa testemunho ao pan-africanismo. A


negritude e o renascimento negro trazem dentro de si uma questão de identidade:
QUEM SOU EU?

Os Negros dão-se conta que estão na América, mas também são negros. Portanto, não
só são americanos, mas também são africanos de origem. Por isso são chamados
afro-americanos. O que difere o negro africano do afro-americano somente é uma
questão geográfica.

Du Bois começa a ficar interessado com o mundo negro, isto é, o negro do


mundo, o estatuto do negro de todo o mundo. Daí o termo panafricanismo.

Movimento do pan-africanismo

Antenor Firmont, negro sociólogo de Haiti, que trabalhou na Etiópia, convoca uma
reunião em Londres, em 1900. Mas os africanos são pouco aceites nesta reunião.

Para (Masolo, 1995), o pan-africanismo teve vários congressos, dos quais o 5o


congresso esteve sob a presidência de Du Bois. Neste congresso, ele reivindica a
independência dos africanos. É por isso que ele é considerado pai do panafricanismo. E
ainda neste congresso Du Bois faz a passagem de liderança do congresso para
Kwame Nkrumah (de Ghana). Foi a passagem de liderança do afro-americano para
africano.

O sonho de Nkrumah foi de fazer os EUA (Estados Unidos de África), na sua obra
«África deve unir-se». Para isso significava ter a mesma moeda, ter o mesmo
militarismo.
Conclusão

Diante das abordagens feitas neste trabalho podemos concluir que a filosofia africana
nasce para negar a mentalidade errada do ocidente sobre a África; Africano foi visto
pelo ocidente como um selvagem, inconsciente, com mentalidade pré-lógica, tábua rasa,
sem história; A filosofia africana surge para negar todos os atributos negativos
sobre o homem africano e a partir daí desenhar um projecto de emancipação; Os
defensores da etnologia afirmam que não existe filosofia africana porque em África os
conhecimentos são transmitidos por meio da oralidade. Estes conhecimentos
encontram-se nos contos, provérbios, lendas, mito; A etnologia é ciência dos povos sem
escrita, sem história. O que existe na Africa é etnologia, não Filosofia; Os defensores da
existência da Filosofia africana afirmam que os contos, as lendas, os provérbios trazem
dentro deles um conhecimento. A missão do filósofo africano é de coleccionar, revelar,
interpretar e difundir estes contos, mitos, provérbios através da escrita. A negritude
surge como movimento de reivindicação da condição do homem negro no luta pelo seu
reconhecimento, como ser humano. Pan-aricanismo visava lutar pela causa dos negros
de todo o mundo. Pan-africanismo teve seu início em Londres em 1900. Du Bois passa
a liderança do pan-africanismo a Kwame Nkrumah.
Referências bibliográficas

APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura.

Tradução de Vera Ribeiro, revisão de Fernando Rosa Ribeiro, Rio de Janeiro,


Contraponto, 1997.

HOUNTONDJI, Paulin. African philosophy. Myth and reality. 2ª Edição.


Tradução de Henri Evans. Bloomington e Indianapolis, Indiana University Press, 1996.

MASOLO, Dimas. African philosophy in search of identity. Nairobi, East African


Educational Publishers, 1995.

MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e sentidos. Belo Horizonte, Autêntica


Editora, 2009.

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