Por que você faz o que você faz?
Encontrar o trabalho da sua vida depende de uma reflexão sobre seus
valores.
Quantas vezes você já se perguntou o motivo de fazer o que faz? Quantas
outras, já se sentiu frustrado, desmotivado, em busca de sentido para sua
vida profissional?
Nosso modelo educacional nos condiciona a seguir uma trilha conhecida
e repetitiva: estude regularmente, entre numa universidade, procure um
estágio, de preferência, em uma grande companhia, faça uma
especialização, siga os degraus naturais, construa uma família e seja feliz
para sempre. Como esse paradigma educacional-profissional não se atualiza
com a mesma velocidade do mercado, existe uma lacuna entre expectativa,
desejo e caminho a ser percorrido.
Ao colocarmos a cabeça pra fora da água por um instante, percebemos o
quanto esse pacote pré-fabricado nos transforma em mais uma unidade
numa esteira de produção. Tudo bem que esse argumento já fez sentido
durante anos. Pode ser uma mera questão de perfil e não há nada de
errado com isso, mas é cada vez mais claro que esse modelo não satisfaz
um número crescente de pessoas.
Ok, eu sei que até agora não há nada de novo no que estou falando, mas já
chego lá. O aumento da depressão, estresse e a eterna insatisfação com as
compensações tradicionais provocam um vazio existencial tão recorrente,
que é quase como se tivéssemos que nos resignar com o fato de que se
trata de um mal do nosso tempo.
Em resposta a isso, criou-se o mito do “ame o que você faz”. O
problema é que essa noção foi distorcida para uma busca pelo prazer em
todos os momentos. Muito tempo à procura de algo para amar e pouca
reflexão sobre “por quê?” desejamos e como será o aprendizado até lá.
Menos ainda pensamos na proposta de valor que trocamos com os outros.
O esforço de buscar algo que amamos, muitas vezes é maior do que
o esforço para entender e amar o que já temos e fazemos.
Como identificar o que nos motiva? Nem sempre precisamos de mudanças
radicais em nossas vidas, mas como ajustar a conexão entre propósito e
ação? Talvez a chave seja descobrir como ressignificar nossa
atividade, ao invés de almejar ideais utópicos ou sair de onde
estamos. Pode ser que essa insatisfação seja uma desculpa para
projetarmos todos os nossos problemas num grande culpado, nos eximindo
da responsabilidade, afinal, “O inferno são os outros,” certo?
Por que você trabalha? Entenda o que te motiva e que recompensas
favorecem seu engajamento.
Foi o Simon Sinek que fez a provocação, comece pelo "Por quê". Ele
escreveu um livro, fez uma palestra no TED, entre outras coisas. Mais do
que uma reflexão, a mudança de postura sugerida é pensar que "palavras
podem inspirar, mas apenas a ação cria mudanças". O desafio é
buscar a razão pela qual queremos criar algo – uma startup, uma ONG,
uma revista, um produto ou serviço - esse é o primeiro passo e não o mais
fácil, definir que será isso ou aquilo.
O incomodo
Qual o seu propósito? Quando ouvimos essa pergunta podemos ficar
desconfortáveis, com dúvidas e sem saber bem o que dizer, já que na
maioria das vezes estamos focados no resultado e não em nossas
motivações. Quando falamos de negócios, o dinheiro, é que motiva a
tomada de decisão. Nesse caso, o dinheiro é o resultado, propõe Simon.
O que as pessoas compram
O autor afirma: As pessoas não compram o quê você faz, mas porque você
faz. Dito isso, e vendo cases jurássicos como o da Apple, constatamos isso.
Como o propósito da empresa é mudar o status quo, qualquer coisa que a
empresa cria atrai seguidores. Já que muitas pessoas querem mudar as
coisas, pensar diferente e buscar novas experiências. Quando falamos do
que acreditamos, ativamos uma parte do cérebro ligada ao comportamento
e, além disso, chamamos à atenção de quem se identifica com nossa causa
e tornando-o um potencial consumidor.
E aqui vai uma didaduka: Talvez a chave para repensar caminhos esteja
em associar fatores internos e externos para guiar a tomada de
decisões. Internamente, o trabalho de nossos sonhos está ligado a uma
atividade onde fazemos a diferença, utilizamos nossos talentos e
habilidades, além do alinhamento de valores já visto acima. Externamente,
avalie de que forma as pessoas reagem e reconhecem suas características,
onde os valores que você propõe fazem mais sentido, sendo mais
incentivados.
Na dúvida, pergunte-se: Por que você faz o que você faz?
Esse texto é mais uma colaboração de Paulo Emediato e Julius, amigos e
consultores com quem tenho o prazer de trocar ideias.
Paulo Emediato é jornalista e especialista em gestão. Atualmente é
consultor da DesignThinkers Group Brasil e colaborador do blog Mochileiro
Corporativo. Tem 11 anos de experiência em marketing, comunicação e
inovação.
Linkedin: br.linkedin.com/in/pauloemediato/
Julius Ou é sócio da DesignThinkers Group Brasil e faz parte de um novo
grupo de pensadores, capazes de relacionar o conhecimento de várias
disciplinas de uma forma simples e que contribua para avançarmos em
meio às incertezas.
Linkedin: br.linkedin.com/in/juliuscaesar
Mochila nas costas e até a próxima trilha!
Professor Paulo Campos tem 20 anos de experiência em soluções de
aprendizagem (Ensinar, Aprender e Liderar). Desde 2000 já realizou
mais de 1.600 palestras para 75 mil pessoas nos temas relacionados ao
comportamento humano nas áreas de Liderança, aprendizado de
adultos e gestão de pessoas. Siga no twitter.