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Tópico 1 - Pós-Psicologia Analítica - Considerações Introdutórias

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Pós-Graduação em Psicologia Analítica

Módulo: Bases filosóficas do pensamento de Jung – 15h1


Prof.: Jairo Ferrandin2

Conteúdo Programático

1 Considerações introdutórias sobre filosofia e a ciência: a filosofia na construção da ciência


psicológica. Noções básicas de epistemologia.
2 A epistemologia de Jung:
2.1 A filosofia na trajetória pessoal de Jung. Jung filósofo?
2.2 O primado da experiência interior na construção do conhecimento com base platônica e
kantiana.
3 A construção da psicologia de Jung no contexto das correntes filosóficas do seu tempo: o
positivismo científico e o movimento romântico.
4 Teorias do conhecimento antigas e contemporâneas constitutivas da psicologia analítica
4.1 A filosofia grega pré-socrática – Heráclito e Parmênides;
4.2 A teoria do conhecimento de Platão. A noção de imortalidade da alma, a visão órfica e o
conhecimento transcendental interior.
4.3 Os pensadores da alma e das paixões: Plotino, Santo Agostinho e Tomás de Aquino.
4.4 Teorias modernas do conhecimento: De Descartes a Kant.
4.5 O pensamento de autores: Helmholtz, Goethe, Fichte, Schelling, Schopenhauer, Bachofen,
Nietzsche.
5 Considerações sobre os princípios e distinções entre psicanálise junguiana e freudiana.
6 Fundamentos filosóficos da teoria dos arquétipos, da individuação e o si-mesmo.
7 Contribuições diversas à psicologia analítica: o pensamento oriental, o gnosticismo, a alquimia.

REFERÊNCIAS

BARRETO, M. H. Pensar Jung. São Paulo: Loyola : Paulus, 2012.


JUNG, C. G. Estudos Alquímicos. Petrópolis: Vozes, 2002.
JUNG, C. Memórias, sonhos e reflexões. 17ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
JUNG. C. G. A vida simbólica. Vol. I. Petrópolis: Vozes, 1998.
JUNG. C. G. A vida simbólica. Vol. II. Petrópolis: Vozes, 1998.
MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2004.
NAGY, M. Questões filosóficas na psicologia de C. G. Jung. Petrópolis: Vozes, 2003.
SHAMDASANI, S. Jung e a construção da psicologia moderna. O sonho de uma ciência. Aparecida:
Ideias & Letras, 2005.
WEISCHEDEL, W. A escada dos fundos da filosofia. São Paulo: Angra, 2004.
YOUNG-EISENDRATH, P.; DAWSON T. Manual de Cambridge para estudos junguianos. Porto
Alegre: Artmed, 2002.

1
O presente texto no formato de apostila se propõe a ser um material básico para uso exclusivo no Curso de Especialização em
Psicologia Analítica, referente ao Módulo: Bases Filosóficas do Pensamento Junguiana.
2
Filósofo. Teólogo. Psicólogo. Especialização em Psicologia Junguinana (FACIS-SP), Especialização em Psicologia Clínica –
ênfase psicologia analítica (UTP-PR). Mestre e Doutor em Filosofia. Professor de filosofia na PUC-Campinas. Psicólogo clínico.
1 Considerações introdutórias sobre filosofia e a ciência: a filosofia na construção da ciência
psicológica. Noções básicas de epistemologia.

Jung, filósofo?

Considerado o mais original, filosófico e de ampla cultura entre os psicólogos profundos!!! Em


que sentido Jung pode ser considerado filósofo? “Não pretendo formar nenhum sistema filosófico. A
psique é um mundo fenomenal por si mesmo e não pode ser reduzido ao cérebro ou a um sistema
metafísico” (JUNG, M. OC 14, § 667).
Escreveu a D. Cox: “O Sr. me critica como se eu fosse um filósofo. Mas sabe muito bem que
não tenho nenhuma doutrina nem sistema filosófico, mas que apresentei novos fatos que o Sr. toma
cuidado de ignorar” (JUNG, OC 18, § 1583).

Separação entre filosofia e psicologia:

 A psicologia visa o processo terapêutico: não oferece respostas estruturadas, mas a escuta do
problema interno do indivíduo; primazia da psicologia é a dimensão do
sentimento/afetos/emoções e à experiência interior e não um conjunto de ensinamentos
racionais; formação de uma ciência/arte como campo separado do saber e da pesquisa
(Wundt).

Jung conhecia a filosofia

 “Schleiermacher é realmente um de meus ancestrais espirituais. O espírito individual, vasto e


esotérico de Schleiermacher era uma parte da atmosfera intelectual da família de meu pai [...]
inconscientemente ele foi um diretor espiritual para mim” (JUNG, Cartas 2, 4 de maio de 1953).

Analista deve conhecer filosofia

 A filosofia de vida do homem e sua “visão de mundo” (Weltanschauung), como a mais


complexa das estruturas psíquicas, forma o polo oposto da psique fisiologicamente
condicionada e, enquanto suprema dominante psíquica, é ela que decide do destino da
psique [ ... ]. Nós, os psicoterapeutas, deveríamos ser filósofos ou médicos-filósofos - não
consigo deixar de pensar assim (JUNG, OC 16, § 180-81)

Von Franz
- Médico: aquele capaz de dar o remédio certo, cuidado da alma
- filósofos: se conectar com o interior. funciona diferente, pensamento X sentimento - (pathos)
- sacerdote: aquele que ajuda o sujeito a se conectar com o interior

Atualmente

 A psicologia, em geral, tem pouco interesse na filosofia. Ela segue o método experimental,
( comportamental, positivista) colhe bons resultados com seu uso e, por conseguinte, não
precisa “pensar” sobre os pressupostos científicos e metodológicos.
A filosofia na construção da ciência psicológica – psicologia analítica

Filosofia: elemento constituinte na construção de uma nova ciência psicológica.

 Examina a visão científica e proposições teóricas e hipóteses; reflexão sobre a própria


condição de possibilidade da psicologia e busca de um elemento universal – critério científico.
Psicologia analítica

 Não é decorrente diretamente da psicanálise sob o aspecto da construção de uma psicologia


científica.
 Para Jung, Freud permaneceu no âmbito da Confissão subjetiva – equação pessoal /
personalidade. Em Memórias, sonhos e reflexões (p. 191) Jung afirmou: "Aparentemente, nem
Freud, nem seus discípulos puderam entender o que ela significava para a teoria e a prática da
psicanálise, se nem o mestre era capaz de lidar com sua própria neurose".
 Para Jung, era justamente a neurose de Freud que limitava a psicanálise:

“Não posso ver como Freud seja capaz de ir mais além de sua própria psicologia, e aliviar o
paciente de um sofrimento do qual ainda padece o próprio médico". No prefácio ao livro de
Kranefeldt, Jung escreveu: "A psicanálise freudiana ... é um sintoma psíquico que, como o
demonstram os fatos, se mostrou mais poderoso' do que a arte analítica do próprio mestre".

Viagem com Freud para a América, em 1909, Jung narrou:

 Durante a viagem, Freud desenvolveu graves neuroses, e eu tive de fazer uma análise limitada
com ele. Ele apresentava distúrbios psicossomáticos e tinha dificuldade em controlar a bexiga.
Sugeri a Freud que ele devia fazer uma análise completa, mas ele se revoltou contra essa ideia
porque teria de se haver com problemas que tinham estreita relação com suas teorias. Se
Freud tivesse entendido conscientemente o triângulo, teria tido resultados muito, muito
melhores. – presumivelmente é uma menção ao papel do incesto e do complexo de Édipo
relacionados às relações triangulares com a esposa e a cunhada.

Psicanálise como “judaica”?

 (JUNG, O estado da psicoterapia hoje, 1934). Para Jung, a psicanálise não é legítima para
arianos, ou seja, está condicionada pela raça/pensamento de um povo e deveria ser
questionada como expressão de uma equação pessoal.
 No artigo "A dissensão na escola freudiana", de 1936, Jung “achava lamentável quando uma
discussão científica desce ao nível das motivações pessoais”.
 Mesmo que fossem antissemitas, suas objeções de Jung à teoria de Freud, partilhada por
outros profissionais, teriam de ser levadas em consideração.
 Seu suposto anti-semitismo “consistia em reconhecer que os judeus, na qualidade de
descendentes de um povo com quase dois mil anos de existência, tinham uma psicologia
diferente” (cf. teólogo judeu F. Rosenzweig). Escola judaica: não considera a legitimidade de
outras concepções.
 A doutrina freudiana: só reconhecia motivos pessoais, e considerava críticas objetivas como
uma prova 'de sua própria verdade. Sua unilateralidade era "o primeiro passo rumo a um
paraíso moscovita de idiotas".
 Para Jung, o defeito de Freud era sua “incapacidade de enxergar qualquer coisa além de suas
próprias concepções, que ele entendia como universais” – entendeu a separação de Jung
como uma "apostasia pessoal".
 Jung afirmou: "De modo algum sou uma decorrência exclusiva de Freud. Já tinha uma atitude
científica própria e a teoria dos complexos antes de conhecê-lo”.

Originalidade de Jung: descoberta experimental do inconsciente

Filósofos precursores na construção da teoria do inconsciente

 Kant, Schopenhauer, Carus, Von Hartman – ferramentas do pensar; “mentalmente, minha


maior aventura tinha sido o estudo de Kant e Schopenhauer” (CW I8, p. 213).
 “As noções de inconsciente (epistemológico)” – são anteriores às de Freud. “Foi inspirada por
Schopenhauer”; “Fundamento absoluto – universal/indiferenciado - da consciência” (Schelling);
Leibniz, Kant Schelling: “Problema da alma obscura”; Carus: “inconsciente como base
essencial da alma”. “Ponte filosófica para uma futura psicologia empírica”. Jung: “Minhas
concepções são muito mais como as de Carus do que como as de Freud”;
 Romantismo: “nunca soube se minha psicologia foi romântica”!!!. O paralelismo com minhas
concepções psicológicas é justificativa suficiente para chamá-las de "românticas". Uma
pesquisa semelhante sobre seus precursores filosóficos também justificaria tal epíteto, pois
toda psicologia que entende a psique como "experiência" é; do ponto de vista histórico, tanto
"romântica" como "alquimística".
 Abaixo desse âmbito vivencial, entretanto, minha psicologia é científica e racionalista
[wissenschaftlich-rationalistisch], fato que recomendo ao leitor que não ignore (JUNG, OC 18,
§1740).

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