O MESTRE MAÇOM E O SALMO 12:1. 2, 7.
Eloy Guillermo Castellón Bermúdez
Membro da AAM-Compilador
Na idade média, em torno de 1.300, existia o que se denominaria de Maçonaria
Operativa, organização na qual apenas atuariam os chamados maçons de ofício, e que
conheciam a Arte Real; ao redor do ano 1.600 as lojas maçônicas foram aceitando
personalidades que não exerciam a profissão e que pela sua vez foram mudando as feições
da organização maçônica, até que em 1.717, na Inglaterra, reuniram-se 4 lojas e fundaram a
Grande Loja de Londres, em 24 de junho de 1.717.
Até esse período, a maçonaria apenas tinha dois graus, o de aprendiz e o de
Companheiro. Não existia o grau de Mestre; que era considerado um instrutor.
Na Inglaterra, a primeira menção ao terceiro grau aconteceu na ata da “Philo-
Musicae et Architecture Societas”, em 12 de abril de 1725; sociedade de músicos londrinos,
e na Maçonaria regular em 1727, nas atas da Loja “Swan and Rummer”.
Na maçonaria operativa o grau de mestre não era grau e sim uma função: era o
chefe que ensinava e coordenava os trabalhos, ao igual que o mestre de obras atual.
Em torno de 1600, se previa o amadurecimento de mais um grau, já que as lojas
permitiram o ingresso aos seus quadros de pessoas que não exerciam a função de pedreiros
e sim pessoas abastadas que foram conhecidas como maçons aceitos; o primeiro de que se
tem registros desse ingresso foi o irmão Jhon Boswel, na loja “Capela de Santa Maria”, no
dia 08/06/1600, em Edimburgo, na Escócia.
Em 1.617, nasce em Lichfield, Inglaterra, Elias Ashmole, alquimista, antiquário,
colecionador, astrólogo e co-fundador da Royal Society. Pelas suas ideias e contribuição à
maçonaria foi considerado um dos primeiros maçons especulativos; foi iniciado em 1.646;
mesmo ano em que teria escrito o ritual de Aprendiz e em 1.648, escreveu o ritual de
Companheiro. Em 1.649 teria escrito o ritual de Mestre, que, não entanto, não foi
publicado, devido a acontecimentos políticos em que a Inglaterra vivia.
Foi só em 1.725 que o grau de mestre foi introduzido na maçonaria especulativa e
em 1.738, incorporado definitivamente na Ordem, 15 anos após ser aprovada a Constituição
de James Anderson, em 1.723. A lenda da Hiram Habiff, acredita-se que também fora
incorporada e adaptada à maçonaria por Elias Ashmole, tendo como motivação a política
ideológica, em homenagem a Carlos I, de quem era aliado.
No âmbito da maçonaria simbólica, o grau de mestre era o grau mais elevado e,
pela sua vez, o que permitia possuir todos os conhecimentos maçônicos, na época.
Também não se conhece quando, nem quem introduziu a leitura no livro da lei. Em
Eclesiastes 12:1,2,7 como parte do ritual do grau 3, podemos entender e interpretar o
significado do grau.
1. “Lembra de teu criador nos dias da tua juventude, antes que venham
os maus dias e apareçam os anos dos quais dirás: “Não tenho
contentamento ou não sinto prazer neles”.
Lembrai de quando tu eras aprendiz e companheiro, onde vistes a luz e iniciastes a
desbastar a pedra bruta, aprendestes a conhecer a Ordem, amar a teus irmãos e ao próximo,
a te conhecer internamente e agora virão os dias em que tu serás ofuscado com a chegada
da velhice. Gratidão ao senhor Deus pelo tudo proporcionado, porque no futuro chegará a
decadência, e a falta de vontade de ser.
Todos os mestres conhecem quais são os vícios e paixões que os rodeiam e que
irão superar com a firmeza e caráter moral por eles atingido. O mestre tem por obrigação
combater os vícios, a ignorância e procurar exercer a justiça a igualdade e promover a
fraternidade.
2.“Antes do que se escureçam o sol, a lua e as estrelas e que a chuva
suceda as nuvens”.
O que entendemos por iluminação? É a procura e o despertar da Psiquis, do
subconsciente, do entendimento interno do nosso ser, para abrir o conhecimento e combater
a ignorância, o fanatismo e outras paixões mesquinhas que mantém latente a inveja, o ódio,
o egoísmo e a vaidade do ser.
Ser mestre é a conquista do homem sobre si mesmo; é edificar um prédio novo
(ser novo) sobre um novo terreno, com novos alicerces. Um novo homem com uma força
moral, espiritual, harmoniosa e absoluta. Para o mestre maçom significa proporcionar a luz;
como o sol, nascer todos os dias; no entanto, com o sentido de iluminar-se internamente,
também ajudar a todos ao seu em torno, para crescerem diária e permanentemente durante
sua vida material.
Um mestre maçom quando é iluminado na exaltação, e a luz da consciência e
espiritualidade penetra no seu "EU", se torna humilde, calmo, que prima pela ética e justiça,
é prudente, analítico, tolerante; nasce assim um novo ser, uma nova vida. A iluminação em
si, é a transição do período dos vícios e paixões, para um estado de sabedoria e
espiritualidade.
A escuridão é a ausência de luz, e nos astros, a luz que os ilumina vai se apagando
aos poucos, anunciando a finitude da estrela iluminada. A escuridão antigamente era
sinônimo de adversidade.
A idade do homem, do mestre está avançando e não permite a liberdade de
movimentos, a presteza do pensamento e a disposição de realizar os trabalhos, avisando a
chegada da morte.
7. “Antes que a poeira retorne a terra para se tornar no que era, e antes
do sopro da vida retornar a Deus, que o deu”
A lenda do grau tem a ver com a morte e a ressurreição; a morte do antigo ser em
caminho da perfeição e a ressurreição do novo ser.
O mestre maçom ao igual que o astro está enxergando a finitude da sua iluminação
entende os desígnios de Deus, e se prepara para a morte, não obstante sabendo que seu
espírito volta ao criador.
Finalmente concluo que um mestre maçom é amável, bondoso, prudente e
humilde. A humildade, no caso, não significa se render nem se humilhar perante a vontade
de quem quer que seja, assim como todo maçom que preserva seus princípios, devera saber
identificar aqueles que tentam usar a Sublime Ordem, como catapulta, para alcançar postos
para conveniência própria ou qualquer atitude que os beneficiem ilegalmente.
Numa reunião de deuses da antiguidade, Zeus pergunta a Hermes
Trimegistus (Três vezes o Grande, Três vezes o Sábio, Três vezes o
Maestro):
- Donde tens escondido o conhecimento dos mistérios da vida e do
Universo?
Os deuses do vento, do mar, da terra e do fogo também interpelaram a
Hermes sobre o mesmo assunto.
Hermes responde: está escondido onde o homem nunca irá encontrar.
Zeus pergunta: e onde é esse sítio tão confiável?
Hermes respondeu: “no mais profundo, no interior dele mesmo”.
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REFERÊNCIAS
Colpas, G.R.M. 2013. Símbolos Y Herramientas Masónicos, Ed. IFA- IMP. Cartagena
Colombia, 141p.
Grandi, L.T., 2014. Ética e Tolerância. O painel, Florianópolis.
Rodrigues, V., 2015. Mestre Maçom. focoartereal.blogspot.com
Estudos de Eclesiastes. Versículos comentados.com.br/index php/estudos-de-
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