REDE DE ENSINO DOCTUM
FACULDADE DOCTUM – JOÃO MONLEVADE
CURSO DE PSICOLOGIA
BRIZA KAMILLY SOARES FERREIRA NETO
ESTÁGIO ESPECÍFICO II – CLÍNICA
JOÃO MONLEVADE - MG
2024
Estágio supervisionado
Conforme estabelece a Lei nº 11.788/08 e as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Formação de Psicólogos, o estágio faz parte do Projeto Pedagógico do
Curso de Psicologia da Doctum. O estágio é um ato educativo supervisionado
que visa à preparação dos estudantes para o trabalho profissional, constituindo
parte fundamental do processo educacional. O estágio permite o
desenvolvimento de habilidades e competências necessárias para o exercício
profissional e para a construção da cidadania. O estágio faz parte da vida
acadêmica, de maneira que ao longo de sua formação, o aluno deverá cumprir
o estágio obrigatório e previsto no currículo do curso de psicologia, mas
também poderá realizar estágios não obrigatórios em outras empresas e
instituições. O curso de graduação em Psicologia da Doctum oferece o Estágio
Obrigatório a partir do quarto período letivo. Este se caracteriza como uma
atividade de formação prática, obrigatória para obtenção do Diploma de
Psicólogo, cujo objetivo é assegurar ao aluno a oportunidade de
acompanhamento de casos em situação real, sob orientação de um profissional
da área. O estágio obrigatório na Doctum/Curso de Psicologia é realizado ao
longo de seis semestres curriculares, e deverá consolidar os seguintes
objetivos:
✔ Oferecer ao futuro psicólogo oportunidade para o desenvolvimento de
habilidades e atitudes necessárias ao exercício da profissão, permitindo que os
conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridas no decorrer do curso se
concretizem em ações profissionais;
✔Propiciar ao formando a oportunidade de aplicação, em situação real, dos
conhecimentos teóricos e práticos adquiridos ao longo do curso de psicologia;
✔Propiciar aos acadêmicos a vivência real e objetiva de casos, sob orientação
de profissional experimentado, para amadurecimento dos princípios que o
orientarão no campo escolhido para sua atuação;
✔Introduzir o futuro profissional nas situações concretas de trabalho, com a
orientação segura e a convivência de profissionais competentes.
NOME DO DISCENTE: Briza Kamilly Soares Ferreira Neto
Período: 8º Ano: 2024 Semestre: 1º Turno: Noturno
Componente curricular de referência: Estágio Específico - Clínica
Coordenador do curso: Rodrigo Sávio Souza
Coordenador de estágio:Jessyca Buenos Aires Machado
Supervisor (a): Bianca Pessoa Costa
Instituição Concedente: Doctum
1. Introdução:
Os estágios são fundamentais para o aprendizado e o desenvolvimento dos
estudantes em qualquer curso. Eles permitem aprimorar, na prática, as
habilidades profissionais e as competências integrativas adquiridas na teoria. É
nesse contexto que o aluno tem a oportunidade de aplicar o conhecimento
teórico. Este trabalho nasceu com o objetivo de relatar as experiências vividas
em estágios clínicos, básicos e supervisionados no curso de Psicologia. A
Resolução nº 5 de 15 de março de 2011, das Diretrizes Curriculares Nacionais,
estabelece que a formação do Psicólogo deve ser direcionada para a atuação
profissional, pesquisa e docência em Psicologia. Essa resolução prevê que os
estágios devem ser realizados de modo a permitir que o acadêmico construa
um conhecimento científico, compreenda o fenômeno "Psicologia" em sua
totalidade, reconheça a diversidade das perspectivas humanas e adquira uma
compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos
que influenciam a Psicologia. Além disso, o estágio deve promover o
aprimoramento e capacitação contínuos do estudante.
Durante a formação, existem diversas áreas e especializações que podem ser
escolhidas, o que pode gerar dúvidas, incertezas, medos, reflexões e conflitos
nos últimos anos de graduação. Contudo, o estágio visa capacitar os alunos
para que possam identificar suas preferências e fazer escolhas informadas
sobre suas futuras carreiras. Nesse viés, os atendimentos do presente trabalho
se deram como fundamento a abordagem existencial, fenomenológica e
humanista, que emerge como um processo intricado e profundamente centrado
no sujeito. A disciplina busca compreender a experiência humana a partir da
perspectiva do próprio indivíduo, converge de maneira singular com os
preceitos humanistas, enfatizando a singularidade, liberdade e responsabilidade
do ser humano em seu contexto existencial. Neste contexto, o atendimento
físico revela-se como uma expressão genuína dessa filosofia, transcendendo as
fronteiras convencionais da psicoterapia.
Ao adotar uma linguagem técnica, esta introdução busca articular as nuances
e implicações inerentes ao atendimento físico na abordagem fenomenológica
humanista, delineando a importância da corporeidade no processo terapêutico e
explorando os modos pelos quais a integração do corpo e da mente se
desdobram como elementos fundamentais na compreensão e transformação da
experiência humana. A análise fenomenológica, pautada na fenomenologia de
Husserl e posteriormente desenvolvida por pensadores como Heidegger e
Merleau-Ponty, fornece um arcabouço teórico robusto para compreender a
subjetividade em sua plenitude, destacando a corporeidade como um
componente intrínseco da existência.
Neste contexto, o presente relatório propõe uma análise crítica do atendimento
físico sob a perspectiva fenomenológica humanista. Ele explora como a
consciência corporal, as sensações e as experiências somáticas desempenham
um papel essencial na compreensão e resolução dos desafios psicológicos dos
indivíduos. A integração entre a teoria fenomenológica e a prática terapêutica
cria um campo fértil para a exploração da integralidade do ser, revelando
caminhos únicos de compreensão e intervenção que vão além das abordagens
convencionais.
A clínica escola da rede de ensino Doctum tem proporcionado aos alunos
uma formação profissional aprofundada, combinando teoria e prática. O núcleo
da clínica visa subsidiar o desenvolvimento de competências e habilidades
práticas dos estudantes, permitindo a compreensão e diferenciação das
experiências consideradas saudáveis, normais e patológicas da existência
humana. Além disso, a clínica promove o desenvolvimento de uma atitude
clínica de aceitação da existência do paciente, como ponto de partida para sua
compreensão, e fomenta um raciocínio clínico que abrange a diversidade das
áreas de atuação profissional da Psicologia. Os alunos têm a oportunidade de
refletir e revisar os conceitos teóricos adquiridos ao longo do curso,
aplicando-os às situações concretas e singulares apresentadas pelos pacientes
durante os atendimentos. A formação também busca desenvolver uma
concepção do ser humano em sua totalidade e nas dinâmicas concretas de sua
existência. Para os moradores do município, a clínica escola oferece
atendimento gratuito, comprometido com a qualidade, sigilo e respeito.
2. Revisão da literatura:
A psicoterapia fenomenológica-existencial, segundo Gomes e Castro (2010),
propõe que a compreensão do sujeito ocorra na relação específica e concreta:
terapeuta-paciente, isto é, que esteja referida à situação do atendimento, ao
encontro e à compreensão daquilo que aparece no existir do paciente;
priorizando, assim, o entendimento do indivíduo a partir dele mesmo e a da
maneira como ele vive. As vivências das pessoas apontam para sua
estruturação no mundo e para uma forma bastante particular de existir. Um
sujeito é histórico, sempre em relação com o mundo, sem separação, em
constante movimento de possibilidades e mudanças. A proposição
fenomenológica-existencial supõe que a atitude e a atuação terapêutica sejam
norteadas pela compreensão do paciente na situação e na relação específica e
concreta de cada atendimento. Ao mesmo tempo, esta compreensão do
paciente é orientada pelo esclarecimento do existir humano como Dasein e
ser-no-mundo, explicitados pelo filósofo Martin Heidegger. Ademais,
Binswanger justificou a menção ao método por entender que desde Freud e
Carl Jung (1875-1961), a psicoterapia era um projeto de pesquisa em
andamento, com poucos avanços. O método fenomenológico ganhou
importância diante das limitações das psicoterapias de cumprir sua finalidade
em aliviar o sofrimento dos pacientes. Para mais, sabe-se que a clínica
fenomenológica nasceu entre a relação e a reeducação, com forte influência
psicanalítica. Kierkegaard (1843/1959) e Nietzsche (1881/2004) falavam de um
ser humano que estava diante da responsabilidade de fazer escolhas, tomar
decisões e sofrer as consequências. Esses dois filósofos ou contra filósofos
delinearam com força e dramaticidade o tema da existência, que haveria de
retornar com todo o ímpeto entre as duas grandes guerras mundiais do século
XX.
Paralelamente, a Psicologia Humanista surgiu como um movimento oposto às
ideias e práticas terapêuticas dominantes, Psicanálise e Behaviorismo, na
década dos anos 50, como a Terceira Força da Psicologia. O Movimento
Humanista, como foi chamado inicialmente, nasceu de uma insatisfação dos
pensadores da época, visto que as práticas psi focavam nas doenças e na
crença de que o ser humano poderia ser controlado como um robô. Eles
simpatizavam com as outras Forças e, de modo algum, desprezaram a
contribuição destas para o desenvolvimento da Psicologia, contudo, eles tinham
pensamentos além do que estas propunham e, por isso, sentiam-se destoados
(BOAINAIN JR, 1994). Abraham Maslow, psicólogo experimental e professor de
Psicologia da Universidade de Brandeis, sentia-se desconectado das ciências
existentes e, através dele, a Rede Eupsiquiana foi criada, formada por vários
psicólogos e grupos de minorias envolvidos por visões menos ortodoxas. Eles
criam em um ser humano potente, muito mais que meros robôs, que é capaz de
seguir, por si só, por um caminho saudável. A Psicologia, para Maslow, deveria
estudar o homem em sua concepção sadia, com suas qualidades e
características positivas, como a satisfação e o altruísmo. A fim de propagar a
nova proposta discutida a algum tempo na Rede, criaram a Revista de
Psicologia Humanista e, através desta, em 1961, tornou-se oficial a nova Força
(BOAINAIN JR, 1994; CASTAÑON, 2007).
Nesse ínterim, a clínica passou por algumas transformações ao longo do
tempo, no início, os terapeutas fenomenológicos se concentravam na descrição
da experiência, e posteriormente, eles passaram a enfatizar a relação
terapêutica e a busca por significado. A existência da pessoa atendida ao
relacionar os acontecimentos de sua vida com o modo como ela vivencia e se
relaciona com esses fatos, dentro de sua visão, ou seja, que significados esses
fatos têm para a própria pessoa e como ela pode entender a si mesma. Husserl
(1965, 1986) e Merleau-Ponty (1971, 1973), designam a ideia de que é da
vivência imediata que surgem os nossos conhecimentos, todavia esse processo
não é solitário e estático, ele é também dinâmico e intersubjetivo; deve ser
permanentemente ampliado ou contestado com novas vivências e articulado
aos conhecimentos adquiridos pelas pessoas consideradas.
No Brasil, de acordo com Silva Neto (2004), o desenvolvimento mais
expressivo e intenso das vertentes de psicopatologia e psicoterapia associadas
à fenomenologia no Brasil ocorreu nas décadas de 1960 e 1970. Muito desse
desenvolvimento é justificado pelo estímulo concedido por psicólogos alinhados
ao Aconselhamento Psicológico Centrado na Pessoa ou Psicologia Humanista.
Ademais, nos estudos feitos por Yolanda Cintrão Forghieri (2007), ela definiu
aconselhamento terapêutico como um processo de conversação entre um
profissional e um cliente, com o objetivo de ajudar o cliente a entender e
resolver seus problemas. Esse processo se baseia na ideia de que todos nós
temos o potencial de crescer e nos desenvolver, e que a ajuda de um
profissional pode nos auxiliar nesse processo. O aconselhamento terapêutico
pode ser útil para uma variedade de problemas como: crises emocionais,
dificuldades de relacionamento, planos de carreira e traumas. A psicoterapia de
enfoque fenomenológico-existencial cria a possibilidade de a pessoa entrar em
contato com suas angústias e medos, entendendo a indeterminação da
existência (nada é imutável e não há como parar a passagem do tempo) como
possibilidade e liberdade e não somente como finitude e insegurança. Permite
que a pessoa possa dar significado às suas vivências e criar autonomia para
poder fazer escolhas e resolver seus problemas por meio de suas próprias
potencialidades. No ensaio feito por Amatuzzi (2009), tem como objetivo
apresentar uma fundamentação teórica para a psicologia fenomenológica
humanista. Para isso, o autor começa por definir a fenomenologia como um
modo de pensamento filosófico que se concentra na experiência humana vivida
subjetivamente. A fenomenologia, portanto, estuda a realidade daquilo que a
psicologia investiga cientificamente. Esta vertente inspirou duas formas de
psicologia: uma deriva da filosofia, com aplicações na prática psicológica e
psiquiátrica; e outra, que consiste no estudo qualitativo de experiências
específicas e situadas, e que é praticada cientificamente no âmbito da
psicologia.
Desde as primeiras relações, o indivíduo passa a compreender que nem
sempre será possível manifestar suas sensações e sentimentos, mesmo que
essa impossibilidade faça com que ele reaja de maneira oposta ao que
experimenta, 19 tornando-o incongruente (ALVES; LIMA, 2012). Por outro lado,
para que o indivíduo possa exercer a plenitude de suas funções, é
imprescindível que ele haja de maneira congruente, ou seja, que self e
experiência estejam em sintonia, além disso, ele precisa ter a capacidade de
atualizar-se (tendência atualizante). A partir disso, surge a procura por
psicoterapia: um indivíduo incongruente. Quando há incongruência, existe
sofrimento para o cliente, pois o cliente não consegue perceber as experiências
de si, consequentemente não consegue simbolizá-las e organizá-las dentro de
si. Passa a existir, então, um estado vulnerável ao sofrimento, como um
ambiente propício àquilo.
Já que o sujeito busca por psicoterapia quando apresenta um estado de
incongruência, a função principal desta será de reconstituir. Para que isso
aconteça, o processo terapêutico na ACP precisa proporcionar um clima
acolhedor e favorável, 20 que leve o cliente a desenvolver-se em favor do seu
potencial de crescimento (Alves e Lima, 2012). Rogers (1992), em todo o seu
trabalho, comenta sobre um ambiente que facilite a livre expressão do indivíduo,
que permita ser ele mesmo, pois, dessa forma, o cliente poderá ser autêntico
consigo mesmo, talvez, pela primeira vez.
Todo indivíduo nasce e existe para ser livre. O
sentimento nato de liberdade é, na essência, de origem
existencial. Na condição de “ser pensante”, possuidor
de inteligência, sua capacidade psíquica é fonte
inesgotável de “comandos de vontades” e de estímulos
de sensações que precisam ser satisfeitas, porque
representam espécies de “estados de necessidades”
que são indispensáveis ao alcance do nosso
crescimento (BOMFIM, s/d).
Apesar de todos os entraves e caminhos a percorrer para se chegar a uma
saúde mental saudável, todo indivíduo tem, como perspectiva dentro de si, uma
tendência a melhorar sua vida, a buscar conhecer-se, a potencializar-se (para o
bem ou para o mal) e, em psicoterapia, ele tem totais condições para que isso
aconteça de forma saudável e de maneira que ele consiga se tornar
independente para tomar suas decisões e mudar sua vida conforme bem
compreender; neste processo, ele consegue entender que não precisa ficar
preso a diagnósticos e que ele é muito mais do que isso. Essa característica
será propiciada pelo terapeuta, de modo que crie uma relação onde o cliente
tenha autonomia e consiga se expressar livremente.
3. Caracterização do estágio:
3.1 Histórico da instituição ou contexto de estágio:
Com mais de 45 anos de tradição em qualidade de ensino, a unidade oferece
uma ampla variedade de cursos que têm se destacado no cenário acadêmico,
conquistando notas altas junto ao Ministério da Educação (MEC). A Unidade
possui cursos nas modalidades presencial, semipresencial e EAD premium,
proporcionando aos alunos uma experiência de aprendizado flexível, acessível
e de alto nível. Além de ser uma das faculdades que mais aprova no Exame da
OAB da região, com mais de 20 anos formandos profissionais na área jurídica.
Na Doctum João Monlevade, você tem acesso a uma estrutura completa de
suporte, incluindo orientação educacional, serviços de tutoria e atividades
extracurriculares que complementam o processo de ensino-aprendizagem,
possui como diferenciais, uma série de projetos de Extensão e Pesquisa que
auxiliam na formação do aluno, além de seguir diretrizes estratégicas, como
missão, visão e valores, significa refletir os propósitos institucionais antes de
partir para a ação. Com planejamento, temos condições de ir mais longe e de
ser mais bem sucedidos em nossos projetos. É com isso em mente, que a Rede
de Ensino Doctum vem amadurecendo seu planejamento e colhendo frutos com
a implantação de iniciativas direcionadas por esses pilares.
3.2 Público alvo:
A rede de ensino Doctum, criada em 1978, é uma instituição educacional de
caráter particular, dedicada ao processo de ensino aprendizagem superior,
qualificando qualquer pessoa que tenha concluido o Ensino Médio a
possibilidade de entrar na faculdade.
3.3 Caracterização da frequência e do meio de observação:
A cliente M.F, 76 anos, aposentada pelo exercicios da profissão de
Costureira, chegou aos atendimentos inicialmente sem queixa. O
direcionamento ao acompanhamento Psicologico se deu por meio de uma das
suas filhas, que soube dos atendimentos gratuitos. Nesse viés, a mesma
expressou curiosidade quanto ao processo terapêutico, visto que nunca tinha
vivenciado essa experiência e se mostrou empenhada em ter um local para
falar abertamente. Após o estabelecimento do contrato terapêutico, M.F
informou os dias que não poderia comparecer devido a compromissos
marcados anteriormente ao início dos atendimentos. Dessa maneira, foram
realizados onze encontros todos com duração entre 40 e 50 minutos, sem
ultrapassar o limite de tempo acordado. A cliente se mostrou cuidadosa quanto
ao comparecimento e compromissada com os atendimentos ás terça-feiras, e
acompanhava uma de suas netas que também estava em processo terapêutico
na instituição.
Dessa forma, M.F. em seu primeiro atendimento buscou contar sobre sua
história de vida, na qual possui 8 filhos e 14 netos. Cresceu em uma familia
grande com cerca de 13 irmãos, e perdeu uma de suas irmãs mais próximas
recentemente. Relatou que não possui local e nem pessoas para falar sobre
suas questões, visto que reside sozinha. Se mostrou uma pessoa religiosa e
que prioriza o bem estar e união familiar.
No que se refere a vida amorosa, mencionou em quase todos os
atendimentos sobre sua realação com o pai de seus filhos, no qual se
encontram casados legalmente mas não vivem juntos. A relação com o marido
se mostrou conturbada, com episódios de traição e o abandono familiar, durante
60 anos de convivência entre as partes. A cliente em sua pespectiva exprimiu a
importância do matrimônio, principalmente pelo contexto religioso e social da
época em que se casaram. Seu cônjuge teve duas companheiras e filhos fora
dessa relação, e pediu em um momento para M.F. não proseguir com a
gravidez de um dos filhos. Durante o quarto atendimento, M.F. trouxe como
queixa um possível assédio entre o marido e uma de suas netas.
Descreveu ter um lugar de cuidado em todas as sua relações, observado
pelos relatos e a preocupação de que sua história possa servir de aprendizado,
ja que se trata de atendimentos realizados para fins acadêmicos. O outro
exemplo dessa diligência com o bem estar dos outros, é a consideração com o
estado de saúde do marido mesmo após todas as situações vivenciadas.
Através da informações sobre sua infância, foi possível notar essa caracteristica
como marcante em suas ações, visto que veio de uma familia grande e precisou
cuidar dos irmãos mais novos. A cliente exprime uma visão esperançosa do
mundo e acredita que enxergar o lado positivo de todo sofrimento
experimentado, faz com que resiliência seja desenvolvida.
3.4 Necessidades e dificuldades:
O desafio dos atendimentos foi relacionado a idade da cliente, que pouco
conhecia sobre a relação terapeuta-cliente, e exprimiu algumas vezes o
sentimento de amizade dando abraços, mostrados seus familiares. A relação de
ajuda entre o terapeuta e o cliente no processo terapêutico é fundamental para
a psicoterapia, pois valoriza a subjetividade e evita a formalidade, facilitando o
enfrentamento dos dilemas existenciais. A psicoterapia começa com o
acolhimento do cliente e a escuta de seu sofrimento. Esse acolhimento permite
a construção do vínculo terapêutico e oferece segurança ao cliente em relação
ao terapeuta, um estágio de confiança essencial para o tratamento. Nesse
espaço de confiança, o terapeuta auxilia o cliente a recuperar sua autenticidade
nas escolhas (GIOVANETTI, 2012). Diante apespectiva da abordagem
existencial-fenomenológica e após os encontros de supervisão, foi possivel
compreender as diferenças geracionais e a naturalidade do sentimento de
simpatia e intimidade estabalecido pela mesma.
Nesse ínterim, é notório como a continuidade no processo terapêutico é
necessária para o vínculo terapeuta-cliente e para uma melhor compreensão
das histórias e queixas relatadas. Ademais, o conhecimento teórico se faz
imprecendivel para o asseguramento de uma pratica profissional mais segura e
ética. Assim como, o espaço de supervisão contribui para o enriquecimento do
estágio e amaparo que a experiência do professor trás para o estagiário.
3.5 Observações:
Foi constatada a relevância do atendimento público gratuito, que oferece
auxílio fundamental às pessoas com questões de saúde mental, trazendo
benefícios para toda a população. Enquanto estudante, o estágio clínico do oito
período é o ultimo contato nesse campo antes do termino da gradução, o que
trouxe para o campo prático questões antes discutidas em sala de aula, como a
importância da saúde mental do profissional de Psicologia para uma bom
exercício da profissão. Além da impessoalidade durante as sessões e de como
é relevante abordar sobre questões em supervisão, algumas queixas dos
atendimentos podem ter familiaridade com a vivência do profissional ali
presente. Diante disso, a supervisão entra como norteadora das intervenções
para que a compreensão empática não ultrapasse limites e atrapalhe as
percepções do psicólogo.
4. Proposta de intervenção:
A proposta de intervenção do Estágio Clínico, foi levar a psicoterapia gratuita
para os residentes da cidade de João Monlevade - MG e moradores de
localidades próximas, na tentativa de promover saúde mental, escuta empática
e fortalecimento da importância do processo de psicoterapia. Ademais, a clínica
escola poderia promover grupos de suporte, para uma ampliação aos
atendimentos da população com o intuito de criar um ambiente de acolhimento
onde o cliente se sinta seguro para expressar seus sentimentos e explorar suas
preocupações.
Cabe por parte do estagiário encorajar o cliente a assumir a responsabilidade
por suas escolhas e ações, promovendo um compromisso com mudanças
positivas em sua vida. Ademais, desafiar o cliente a explorar novas
perspectivas e ampliar seus limites pessoais, favorecendo o crescimento e a
transformação. Essas propostas de intervenção são aplicadas de maneira
flexível e adaptada às necessidades individuais de cada cliente, visando não
apenas resolver problemas imediatos, mas também promover um maior
entendimento da própria existência e a busca por um sentido mais profundo na
vida.
5. Considerações Finais:
O estágio de clínica propiciou a experiência de colocar em prática a teoria
aprendida no decorrer do curso, enriquecendo nosso conhecimento, a clínica
passa então a representar o acolhimento da demanda do cliente por meio de
um olhar que possa contemplar e alcançar a singularidade das existências,
que vão construindo nos caminhos traçados pelos desejos humanos e
reveladores da sua condição de ser. Acolher o sofrimento da pessoa, naquilo
que pode ser cuidado e apreendido enquanto vivência subjetiva e reveladora
de sentimentos.
O Psicólogo precisa vivenciar algumas atitudes que facilitem a mudança do
indivíduo, ser congruente no sentido de compreender-se e ter exatidão entre a
comunicação e sua expressão, ter consideração positiva incondicional e
aceitar as experiências do outro entendendo que são igualmente dignas de
consideração positiva, demonstrando total aceitação e apoio aos seus clientes
sem julgamento, a compreensão empática não pode ser dissociada das
demais, percebe-se que o cliente que se sente acolhido e compreendido entra
em processo terapêutico. Este foi um dos desafios encontrados durante a
prática clínica, o fato de não direcionar, ter uma escuta sem julgamento, olhar
o cliente não como uma patologia, ter uma confiança inabalável e vivenciar as
experiências com ele, no tempo dele e confiando no seu potencial de mudança
foi valoroso.
Segundo Friedrich Nietzsche, “aquele que tem um porquê para viver pode
enfrentar quase todos os comos”. Nesse sentido, considero a prática clínica
até o presente momento da graduação como a mais desafiadora, ao longo do
período precisei buscar todos os meus motivos para a escolha da Psicologia e
enfrentar as adversidades relacionadas a rotina desgastante e a minha própria
saúde mental para o asseguramento de uma atuação assertiva como
estudante, aluna, terapêuta, profissional e nas diversas outras frentes da vida.
Deixo como relato sincero, que as minhas experiências desse módulo me
proporcionaram grandes aprendizados, o que descrevo como de suma
importância para a continuação da minha formação enquanto futura psicóloga
e ser humano. Acredito que o ideal proposto pela disciplina tenha sido
lcançado com a realização dos objetivos propostos no início do semestre que
eram o de trazer embasamento para o início do exercício da profissão e
aprimorar meus conhecimentos para uma futura prática profissional. Segue-se
a finalização do estágio, mas segura de que levo o aprendizado para a vida, e
ciente de que o melhor foi feito e dado, com umas perspectivas promissoras
pela frente em prol de contribuir para o bem-estar e a saúde mental do meu
país. e contribuir para o bem-estar e a saúde mental do meu país.
6. Referências Bibliográficas:
● AMATUZZI, M. M. (1991). Psicoterapia como hermenêutica existencial.
Estudos de Psicologia (Campinas), 8, 94-106.
● GOMES, W. B.; CASTRO, T. G. DE. Clínica fenomenológica: do
método de pesquisa para a prática psicoterapêutica. Psicologia Teoria e
Pesquisa, v. 26, n. spe, p. 81–93, 2010.
● GIOVANETTI, J. Fenomenologia e Psicologia Clínica. São Paulo:
Editora Atheneu, 2012.
● HUSSERL, E. (1990). El Artículo de la Encyclopaedia Britannica (A.
Zirión, Trad. e Ed.). Mexico: UNAM. (Obra original publicada em 1927)
● HUSSERL, E. (1994). Lições para uma Fenomenologia da
Consciência Interna do Tempo. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda.
(Obra original publicada em 1928)
● HUSSERL, E. (2001). Psychologique Phénomenógique. Paris: Vrin.
(Obra original publicada em 1925-1928)
● HUSSERL, E. (2006). Ideias para uma fenomenologia pura e para
uma filosofia fenomenológica (M. Suzuki, Trad.). Aparecida, SP: Ideias &
Letras. (Obra original publicada em 1913)
● HUSSERL, E. (2012). A Crise das Ciências Europeias e a
Fenomenologia Transcendental: Uma introdução à Filosofia Fenomenológica.
Rio de Janeiro: Forense Universitária. (Obra original publicada em 1936)
● HUSSERL, E. (2014). Investigações lógicas: Prolegômenos à lógica
pura (Vol. 1, D. Ferrer, Trad.). Rio de Janeiro: Forense. (Obra original
publicada em 1900)
● FORGHIERI, Y. C. O aconselhamento terapêutico na atualidade.
PHENOMENOLOGICAL STUDIES - Revista da Abordagem Gestáltica, v. 13,
n. 1, p. 125–133, 2007.
● ROGERS, C. (1992). Terapia Centrada no Cliente. São Paulo: Martins
Fontes.
● YOLANDA FC., "Saúde Existencial: vivência a ser periodicamente
reconquistada." Boletim Academia Paulista de Psicologia XXIV, no. 1
(2004):46-57. Redalyc, https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=9462411
Descrição das atividades realizadas no Estágio Supervisionado ou
Profissionalizante
NOME DO ALUNO: BRIZA KAMILLY SOARES FERREIRA NETO
NOME DO SUPERVISOR: Bianca Pessoa Costa
Data da Visto e Total de horas Principais Atividades
Atividade Carimbo de estágio Desempenhadas
da
Instituição
06/02/2024 3h Supervisão em sala de aula
13/02/2024 3h Busca ativa de paciente na clínica
escola.
20/02/2024 3h Supervisão em sala de aula
27/02/2024 3h Supervisão em sala de aula
05/03/2023 2h Atendimento realizado
05/03/2024 3h Supervisão em sala de aula
12/03/2024 2h Atendimento realizado
12/03/2024 3h Supervisão em sala de aula
19/03/2024 2h Atendimento realizado
19/03/2024 3h Supervisão em sala de aula
26/03/2024 2h Atendimento realizado
26/03/2024 3h Supervisão em sala de aula.
02/04/2024 3h Paciente faltou
02/04/2024 3h . Supervisão em sala de aula
09/04/2024 2h Atendimento realizado
09/04/2024 3h Supervisão em sala de aula
16/04/2024 3h Paciente faltou
16/04/2024 3h Supervisão em sala de aula
23/04/2024 2h Atendimento realizado
23/04/2024 3h Supervisão em sala de aula
30/04/2024 3h Atendimento não realizado
devido ao feriado
30/04/2024 3h Supervisão em sala de aula
não realizada devido ao
feriado
07/05/2024 2h Atendimento realizado
07/05/2024 3h Supervisão em sala de aula
14/05/2024 2h Atendimento realizado
14/05/2024 3h Supervisão em sala de aula
21/05/2024 2h Atendimento realizado
21/05/2024 3h Supervisão em sala de aula
28/05/2024 2h Atendimento realizado
28/05/2024 3h Supervisão em sala de aula
04/06/2024 3h Paciente faltou
04/06/2024 3h Supervisão em sala de aula
11/06/2024 2h Atendimento realizado
11/06/2024 3h Supervisão em sala de aula
18/06/2024 5h Confecção do relatório
25/06/2024 4h Entrega e protocolização
de documentação
Total de
horas
100 horas Total 0 horas
Cumpri
de
das horas
penden
tes
Foram realizados 11 atendimentos com o paciente na clínica escola, confirmação das
sessões no dia desses atendimentos e preenchimento dos prontuários. O local conta com
uma recepção, arquivo organizado e salas distribuídas em seu interior para atendimentos
individuais.
Realizei as sessões com base na Teoria Fenomenológica Existencial Humanista com
suporte e supervisão em sala de aula, sendo assim, de acordo com a disciplina escolhida
para o estágio.
Assinatura do Aluno
Assinatura do Supervisor de estágio (Professor):