0% acharam este documento útil (0 voto)
25 visualizações36 páginas

Introdução Ao Estudo Do Direito I - Aulas Práticas

Enviado por

72pcfcx56x
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
25 visualizações36 páginas

Introdução Ao Estudo Do Direito I - Aulas Práticas

Enviado por

72pcfcx56x
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOCX, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 36

Introdução ao Estudo do Direito- Aulas práticas- Professora Assistente Dina Freitas

Teixeira

Aula Nº1

Próxima aula- O conceito de Direito na ordem normativa e ordem normativa jurídica

Casos práticos- Questão da autotutela e da vigência da lei

Para o Direito existe o ser (é natural e não conseguimos controlar, pode ou não ter
relevância para o Direito) e o dever ser que advém das diversas ordens normativas

- Existem diversas ordens normativas entre as quais estão a ordem moral, ordem
religiosa, ordem de trato social e ordem jurídica

Ordem moral- Relacionamento entre nós e a nossa consciência, condutas de


moralidade

Ordem religiosa- Condutas de índole religiosa, pode haver ordens morais, porém estas
advêm sempre de alguma religião

Ordem de trato social- Formas de tratamento em função de ocasiões, está assim


relacionada com interação entre indivíduos segundo o seu estatuto social

Ordem jurídica- É a mais importante (Em grande parte dos países do ocidente), é
constituída por princípios e valores, é intersubjetiva e baseia-se no relacionamento
com os outros indivíduos

Ordem técnica-

Características principais da ordem normativa jurídica:

 Coercibilidade- Principal característica da ordem jurídica, capacidade de


imposição de sanções através da força após violações das condutas.
Suscetibilidade de aplicação de sanções face ao não cumprimento das normas,
há assim a possibilidade de impor sanções

 Heteronímia- Criado por outro individuo e não pelo destinatário, é criada


externamente

 Exterioridade- Preocupação com os factos e não com as intenções, de um


modo geral, valoriza as questões factuais perante as demais

 Dinamismo- Capacidade do Direito se ir atualizando e adaptando-se segundo a


necessidade da sociedade, como produto cultural adapta-se
 Imperatividade- Imposição de comandos, tais podem ter valor de
obrigatoriedade ou de proibição, determina as regras, o incumprimento leva a
sanções

Questão da autotutela- Legítima defesa, ação direta e necessidade de estado

Aula Nº2

Quinta-feira- 13:00- Aula de reposição

Principais linhas bibliográficas:

 Pedro Romano Martinez- Introdução ao Estudo do Direito

 Miguel Teixeira de Sousa- Introdução ao Direito

 Oliveira Ascensão- O Direito

 Santos Justo- Introdução ao Direito- Complementar, não ter por base

 Menezes Cordeiro- Questão da autotutela- Tratado do Direito Civil Tomo I (Base


do 2º semestre) e Tomo V (Autotutela e abuso de Direito)

 Batista Machado- Introdução ao Direito

O Direito é um fenómeno humano- Vem do ser humano, é criado e feito pelo e para o
ser humano

O Direito é um fenómeno social- Sem sociedade não existe Direito

A sociedade é um grupo onde existe uma finalidade comum, continuidade onde há


uma institucionalização de forma a garantir uma estabilidade e organização

O ser humano é também um ser social, é da natureza humana que se estabeleça


relações socias, como por exemplo o filme do Náufrago que cria amigos fictícios com
bolas de voleibol e basquetebol. Para Aristóteles o um ser humano tem de ser um
homem político para estar em comunidade

São necessárias condutas para promover segurança dentro da sociedade. É


necessário que cada pessoa saiba os seus papeis e funções dentro da sociedade e das
organizações sociais. Com estas condutas sabemos os limites, conseguimos fazer uma
gestão de expectativas que tem como consequência a previsão do seu futuro para
assim permitir organização do futuro.
Onde existe homem existe sociedade, onde existe sociedade existe ordem
social/Direito

Não há sanções nas ordens naturais pois são invioláveis, não podemos mudá-las
Ordem social- Prescrever na ordem social, sentido natural/senso comum da palavra-
Significa ordenar/mandar

O dever ser manifesta-se no caracter da ordem social enquanto o ser manifesta-se no


carácter da ordem natural

Ordem social- Nesta ordem está presente o princípio da liberdade, é alterável, é


vigente, é prescritiva, ou seja, remete para possibilidade de violar determinadas regras
e condutas. O dever ser- Características do Direito- é uma ordem de índole cultural,
expressa um conjunto de valores e princípios que é divulgada numa comunidade. Por
exemplo- Não arrotar à mesa é considerada uma falta de respeito, apesar de noutras
culturas querer dizer que a comida estar boa, esta conduta é e foi transmitida através
da comunicação

Ordem natural- Nesta ordem está presente o princípio da necessidade, não é alterável,
é geral e universal, inviolável, tem um caracter descritivo, o ser - Para andarmos e não
flutuarmos

Onde está o direito? - Está na lei e é transmitida através da comunicação no caso


escrito nos códigos e outros tipos de legislação avulsa

Próxima aula- Dentro da ordem social, fazer a distinção entre as ordens das fácticas e
normativas, dentro desta última descobrir quais são as diversas ordens normativas.
Quais são as principais características do Direito? O que acontece se eu violar o
Direito?

Aula Nº3- 12/10/2023

Bibliografia complementar:

Bases do positivismo:
 O Conceito de Direito
 Teoria Pura do Direito- Hans Kelsen

Bases do jusnaturalismo
 Metodologia da ciência do Direito
 O atual problema metodológico- Castanheira Neves (Mais para o segundo
semestre)
 Considerações sobre o direito natural- António Torres
 Introdução à Filosofia do Direito e à Teoria do Direito Contemporâneas-
Kauffman
 Introdução ao Direito e à sua teoria- José de Oliveira de Ascensão
 Introdução ao Estudo de Direito- Miguel Nogueira de Brito
 Introdução ao Direito e ao discurso legitimador- Baptista Machado
 Braz Teixeira

O Direito (ordem jurídica) e a ordem moral


Ordem jurídica preocupa-se com a justiça e segurança

Ordem moral- A base teleologia- Tem haver com a finalidade, não está preocupada
com a justiça e com a segurança. A base teleológica é diferente entre a ordem moral e
a ordem jurídica, são assim divergentes. A base valorativa/axiológica (tem haver com
valores) são diversos entre si

Quais principais consequências da ordem moral? São os remorsos, arrependimento,


ter a consciência pesada

Quais principais consequências da ordem jurídica? São as sanções dotadas de


coercibilidade

Serão duas ordens normativas que se tocam? Que são diferentes? Que não existem
ao mesmo tempo?

Jusnaturalistas- Doutrina do mínimo ético, a moral possui sempre relevância para a


ordem jurídica, o direito seria uma emanação da moral, as normas teriam sempre um
mínimo ético, principal diferença, direito dotado de coercibilidade e coercibilidade
Principais críticas- Nem todo o direito é moral, ou seja, o código da estrada por
exemplo, a idade de emancipação, não qualquer moralidade subjacente; juiz de
censura por parte da moral. Há assim leis que vão contra a moral, a questão da
eutanásia, se são direito então não é discutível

Positivismo- Há uma radical oposição, princípios diferentes, distinção radical, esta é


feita através do critério da exterioridade,
a intenção também é importante e relevante, não é correto afirmar que o direito não
quer saber da intenção.

Qual é a relação entre o direito e a moral no nosso ordenamento jurídico? Existe


domínios que o direito não toca na moral, outros em que coexistem e outros em que
não se tocam, por vezes o direito coincide com conceitos e preceitos/critérios morais.
Sendo assim que por vezes há importância da moral no direito através dos costumes e
boa-fé

O princípio da subsidiariedade- Só opera caso as ordens normativas restantes não


sejam eficazes, é a única ordem que tem poder de ordenar e causar sanções, detém
assim um poder coercivo
Espaço livre de direito- O direito não quer saber e não se importa

Imperatividade e coercibilidade – Sanções

Quais as principais críticas feitas ao positivismo (?)

Aula Nº4

Coação- Previsão da própria ação, os policias e entre outros. Pode ser uma sanção ou
um desvalor, depende da violação do direito

Imperatividade- Dever ser, o dever de obedecer ocorre de forma automática porque


nos é imposto. A imperatividade depende da coercibilidade? Doutrina- São coisas
diferentes, a coercibilidade é instrumental sob a imperatividade. A coercibilidade vai
ser um objeto de auxílio a se impor o dever ser, para ser eficaz é necessário

Imperatividade- É a característica necessária para a ordem jurídica

Coercibilidade- Não é uma característica predominante, mas não é necessária como é


o caso da imperatividade

A maioria das pessoas cumpre o direito espontaneamente, sem saber que está a
cumprir o Direito e o que quando acontece quando se viola o Direito?

- Quando o Direito é violado este tem uma consequência negativa prevista

Tipos de coação:

Vis coativa- Coage-se o agente a agir de certa maneira sob a ameaça de uma sanção

Vis diretiva- Recorre-se à coerção para aplicar a sanção ao agente que violou essa regra

Previsão de desvalor do ato/Desvalores dos atos- Incide sobre o ato

Previsão de sanção/Sanções- Incidem sobre o sujeito/indivíduo que praticou o ato

Desvalores do ato/condutas que violam o Direito- Qual é o principal conteúdo de


negatividade dentre das condutas e dos atos?
As condutas/comportamentos dos sujeitos VS os atos praticados- As condutas só
podem deter ilicitude, já os atos só podem conter ilegalidade in lacto sensu e in
strictu sensu pode ser inexistência, invalidade (Nulidade e anulabilidade) e ineficácia

Em conclusão um ato tem como principal conteúdo negativo a ilegalidade dentro de


si em sentido amplo/in lacto sensu. Já em sentido restrito, depois existe a
inexistência, invalidade (nulidade e anulabilidade) e ineficácia.

Inexistência- Exemplos- Casamento inexistente- Casamento celebrado que não tinha


poderes para ser celebrado. Forma mais grave de ilegalidade. O vício que afeta o ato é
considerado tão grave que, juridicamente, se considera que nada existe – Por exemplo-
ato normativo em que falte, quando exigida, a promulgação ou assinatura do
Presidente. Assim não têm o carimbo de juridicidade quer do padre nem do PR. São
atos que não tem ainda relevância e não produzem quaisquer efeitos jurídicos, não
há consequência nenhuma para/na ordem jurídica; Forma grave de desvalor, afeta de
tal forma o ato que não se pode dizer que ato existe.

Ineficácia- Exemplo de um ato jurídico ineficaz- Representação sem poderes- Prevista


no artigo 268 do CC- A representação sem poderes é ineficaz para o representado, e o
abuso de poderes de representação, detém uma irregularidade e este não produz
efeitos para algo e para uma determinada pessoa- Exemplo- falta de publicação do ato
normativo- 119 Nº2 CRP, 5 Nº1 no CC- Este é totalmente ineficaz. Surge, geralmente,
através de uma situação de inoponibilidade de um ato (existente e válido) a certas
pessoas São atos de onde decorrem uma irregularidade verificada no processo de
formação do ato, existe, porém, não produz qualquer tipo de efeitos.

Aula Nº5

Se a coercibilidade é necessária para o direito ser imperativo? – Todo o Direito é


imperativo, mas nem todo o Direito coercivo

Existem uma complementaridade entre a imperatividade e coercibilidade

Coercibilidade-> Coação-> Sanção (Incidem sobre o agente) ou desvalores (Incidem


sobre o ato)

Coerção -> Heterotutela- Tutela privada ou tutela pública (Ministério Público,


representa o Estado como entidade pública- Esta última pode ser preventiva ou
repressiva- Repressiva consequência negativa com teor de prevenção

-> Autotutela – Pertence apenas à pessoa em questão, tem como principal


objetivo e função a defesa dos direitos postos em causa por outro indivíduo

Heterotutela- Um decisor, que é estranho às partes e que vai decidir sobre uma
situação concreta, pensando logo nos tribunais. A heterotutela designa a aplicação do
Direito por um terceiro, sendo o mesmo imparcial e independente. O caso
paradigmático da mesma são os Tribunais.

Autotutela- Excecionalmente admite-se que o sujeito faça valer o seu direito sem
necessidade de recurso aos meios judiciais de heterotutela. Não há autotutela contra
autotutela, visto que a mesma visa atuar contra uma ilicitude. são os próprios que
decidem sobre uma situação concreta

Sanção- Desvalor do ato- Desvalor conduta ou desvalor do ato

Sanção strictu sensu- Incidem sobre os atos


Sanção- Incidem sobre o agente

Sanções jurídicas que incidem sobre o agente, podem ser vistas como um todo que
engloba quer sobre os desvalores dos atos quer sanções ao agente

Heterotutela pode ser substituída pela autotutela quando esta primeira não puder
não agir, ou seja, quando se estiver num caso em que não se pode recorrer aos
métodos da heterotutela posso então recorrer à autotutela para defender os meus
direitos

Ato desvalor de ilegalidade- Divide-se na inexistência, ineficácia e invalidade- Esta


última divide-se na nulidade 286º e na anulabilidade 287º

O desvalor poderá ou não comportar uma sanção enquanto qualquer sanção


comporta sempre um desvalor

Ineficácia- Ocorre quando os efeitos de um determinado ato estão bloqueados porque


faltam-lhe coisas complementares. Decorre de uma irregularidade verificada no
processo de formação do ato, existe, porém, não produz qualquer tipo de efeitos;
Exemplo de um ato jurídico ineficaz- Representação sem poderes- Prevista no artigo
268- a representação sem poderes é ineficaz para o representado, e o abuso de
poderes de representação, detém uma irregularidade e este não produz efeitos para
algo e para uma determinada pessoa- Exemplo- falta de publicação do ato normativo-
119 Nº2 CRP, 5 Nº1 no CC- Este é totalmente ineficaz. Surge, geralmente, através de
uma situação de inoponibilidade de um ato (existente e válido) a certas pessoas.

Invalidade- É existente, porém não produz quaisquer tipos efeitos jurídicos quando
esta é invocada. Desconformidade menos grave do que a inexistência. Comporta as
modalidades da nulidade e da anulabilidade. Distingue-se em dois tipos de invalidade:

Nulidade- É o desvalor mais grave no sentido é que é invocável a todo o momento-


Interesse público para além das partes, ordem pública, parte mais fraca e de terceiros,
um ato nulo não pode ser confirmado. - É mais grave que a anulabilidade, em regra o
ato não produz nenhum efeito, tem como regime geral no código civil- Artigo 286; A
nulidade é invocada a qualquer momento e é invocável por qualquer pessoa que seja
interessada; Exemplo de nulidade no ato de simulado- Artigo 240. Decorre da
violação dos interesses mais relevantes, sendo invocável a todo o tempo em tribunal
e podendo, por ele, ser oficiosamente reconhecida (286 CC)

Anulabilidade- Não afeta mais ninguém sem ser as partes, se quiserem invocar
invocam senão não invoca, só pode ser invocado pelas pessoas e se não invocam é
porque não está a ser afetado, se quiser anular tem um ano e por isso fica consolidado
se passar esse ano, fica assim sanado, artigo 288, 892- contratos compra e venda só
pode ser declarado nulo pelas duas partes e 895- lei geral e lei especial estamos
perante um regime diferente, nenhum está errado porém tem âmbitos de aplicacoes
diferentes, a lei especial prevalece à lei normal. O ato não produz efeitos se a
anulabilidade for declarada, tem como regime geral no código civil- Artigo 287; A
anulabilidade tem um prazo para ser invocada, pode variar de situação para situação,
Efeitos retroativos- artigo 289; Exemplo de anulabilidade- negócios jurídicos por
menores são anuláveis- artigo 125. Decorre da violação de interesses menos
relevantes e tem de ser arguida pelos interessados dentro de um prazo, sendo
sanável pelos mesmos mediante confirmação ou ratificação (288/1 CC)

Caso Prático 1
MARIA ANTONIETA contrata LUÍS, jardineiro, para realizar a manutenção do seu jardim
de Versalhes e plantar novas árvores da sua fruta favorita. Luís, ao preparar um buraco
no jardim para plantar as novas árvores, depara-se com um baú antigo com moedas
que correspondiam ao valor de 10.000 euros. Sabendo que aquela propriedade teria
sido recentemente adquirida como presente de noivado a MARIA ANTONIETA, LUÍS,
aspirante de advocacia, sabia que aquele achado correspondia a um tesouro pelo qual
poderia adquirir metade para si, em conformidade com o preceito 1324º do código
civil. -Segundo o artigo 1324º Nº1 Luís tem razão, torna-se proprietário de metade do
achado e a Maria Antonieta proprietária da outra metade visto que é proprietária do
terreno onde foi encontrado o tesouro; Nº2- Deve avisar Maria Antonieta e as
autoridades sobre o achado, devido ao facto de não puder anunciar o achado nos
termos do artigo 1323 Nº1 pois desconhece a quem pertence o tesouro. Apenas pode
não avisar as autoridades caso o tesouro esteja enterrado/escondido à mais de 20
anos, mas Luís não sabe disso; Nº3- Se Luís não cumprir os pressupostos do Nº2 do
artigo 1323º estará sujeito a renunciar sob o seu direito de propriedade de metade
do achado. Sanção premial- É um tipo de conceito bastante debatível na doutrina.

Caso Prático 2
GANDALF, no momento do seu falecimento, entrega a FRODO um anel de família de
elevado valor patrimonial e sentimental. GOLLUM, aborrecido por não receber o anel,
num ataque de fúria, atira o anel para o fundo de um lago. FRODO exige agora que
GOLLUM faça tudo o que for necessário para recuperar o anel, mas este arrependido
do seu ato de egoísmo, disponibiliza-se apenas para pagar o valor do anel. – O anel
pertencerá à família, apesar de ter sido dado a Frodo por Gandalf no momento do
seu falecimento não existe nenhum contrato que demonstra a alteração da posse do
bem e por isso não é válida segundo o artigo 896º; O anel de família detém um valor
patrimonial (valor de coisa) e não-patrimonial (valor sentimental) Gollum incorre em
responsabilidade civil perante Frodo e a restante família, de qualquer forma Gollum
será obrigado a restituir o bem, ou, caso não consiga indemnizar os lesados no valor
correspondente-Artigo 483º; Vai resultar numa indeminização perante o valor- 566º
Nº1 toda via há exceção devido ao facto de ser excessivamente onerosa colocando
em causa a vida; Qualificável como sanção compensatória artigo 483º- Visa deixar o
lesado numa situação equivalente, não tem o anel mas tem o dinheiro,
obrigação/indeminização em dinheiro; Artigo 564º- Para os danos não-patrimoniais

Não há qualquer impossibilidade física de ir buscar o anel, devido ao facto de ser


excessivamente onerosa

Caso Prático 3
LEONARDO, determinado em adotar estilos de vida ambientalistas, decide comprar um
carro TESLA ao seu amigo HÉLIO, que convenciona o seu pagamento em 10 prestações,
que se venceriam e se tornariam exigíveis a partir do dia 1 de cada mês. Passado o
vencimento da primeira prestação e não tendo LEONARDO pago o seu respetivo valor,
HÉLIO pretende exigir o cumprimento da totalidade das prestações. -Sanção
pecuniária, preventiva e compensatória- Artigo 250º do Código Penal Secção 4 e 5,
Artigo 566º do Código Civil. Em falta de pagamento de uma prestação, Hélio pode
exigir a totalidade do pagamento- Artigo 934º do CC; Artigo 781º

Caso Prático 4
STEVE decide contratar BILL, técnico informático, para lhe arranjar o telemóvel que se
havia partido após tê-lo deixado cair ao chão. Foi estipulado que o arranjo do ecrã teria
o custo de 50 euros. STEVE, no momento do pagamento, considera o preço demasiado
elevado e recusa-se a pagar. BILL, consequentemente recusa-se a devolver o telemóvel
enquanto o seu trabalho não for pago. - Sanção compulsória- Fazer cessar o
incumprimento do agente e fazer com que este tenha o comportamento devido, pois
este já ocorreu e não pode ser preventiva, esta última podia ser se ainda não
houvesse incumprimento e apenas indícios do possível incumprimento; Direito de
retenção artigo 754º do CC- Autotutela

Caso Prático 5
ÉDIPO, jovem mentalmente perturbado, pretendia receber a herança toda da sua mãe
JOCASTA. Todavia, sabia que parte da sua herança iria para o seu pai TEBAS. Assim,
certo dia, ÉDIPO decide matar o seu pai, de modo a receber a totalidade da herança. A
sua mãe, transtornada pelo comportamento maléfico do seu filho, decide solicitar o
seu internamento e requerer a sua interdição. - Sanção punitiva penal pelo crime de
homicídio do pai, uma pena de prisão no caso, cumulado com o caso de
internamento como uma sanção preventiva para não voltar a ter estes
comportamentos, sanção compensatória- Artigo 483º- de modo a compensar pelo
dano que foi a morte; Sanção punitiva civil devido à herança que iria herdar

Caso Prático 6
Durante a sua longa viagem à descoberta de um novo caminho marítimo para a Índia,
VASCO, de modo a reunir forças para prosseguir a viagem, decide realizar uma estadia
temporária em Mombaça. Ao chegar ao porto da cidade, VASCO é atacado por BACO
que pretendia impedir a continuação da sua viagem. Na decorrência deste ataque,
VASCO fica hospitalizado durante 10 dias, não conseguindo cumprir a sua tarefa, o que
implicou o seu despedimento como comandante, tendo, ainda, ficado com uma perna
partida, o que o impossibilitou de se integrar na polícia. BACO sendo condenado pelo
delito cometido, fica impedido de exercer o seu cargo de polícia, face ao caráter
agressivo e premeditado que apresentara no ataque a VASCO. - Sanção
compensatória, danos morais e danos patrimoniais, lucros cessantes- Oportunidades
que veio a perder devido a este dano, danos emergentes- Custos/Contas
hospitalares, sanção punitiva penal- Conduta violadora à integridade física, sanção
punitiva disciplinar- Impedimento de trabalhar como polícia

Aula Nº6

- Para a existência de uma sanção é necessário existir uma conduta ilícita

Aula Nº7

Dia 21 de novembro- Teste intermédio e depois aula teórico-prática para introduzir a


matéria acerca das fontes de direito

Possivelmente a aula de dia 14 de novembro não será dada

Teste intermédio- Casos práticos acerca das fontes e questão da autotutela, depois
perguntas teóricas sobre sanções- Apenas estipulação pela professora assistente

A matéria das sanções é uma matéria muito mais teórico-prática, não justifica a
existência de casos práticos no teste intermédio nem na frequência
Multa- Ocorre no âmbito penal
Coima- Ocorre no âmbito contraordenacional

Abuso de direito- Artigo 334º

Quais são os limites do abuso de direito? Os principais limites são o princípio da boa-
fé, os bons costumes e ordem económico-social/fim social ou económico

Tem de se respeitar este limite do abuso de direito, se este for exercido de forma
abusiva é então ilegítimo fazer valer esse direito

Menezes Cordeiro, Tomo V- Abuso de direito- Artigo 334º: Uso de um direito que me
é conferido para um fim que a lei não pretende. Para isto, há duas premissas iniciais,
que é a existência do direito que pode ser abusado (a), e não se pode dizer
propriamente que se esteja a violar uma norma jurídica, está-se a violar os princípios, a
boa fé; os bons costumes inerentes à ordem jurídica, sendo que os bons costumes
estão relacionados com uma dimensão mais de ontologia do que a boa fé, p. ex.,
relações familiares, sociais; ou o fim social e económico desse direito (juízos de valor
positivamente consagrados na lei) = Violação dos limites impostos pela boa fé, pelos
bons costumes ou pelo fim social ou económico desse direito (b). (Muitas vezes, diz-se
que há abuso de direito de condutas que nem sequer são legitimadas pelo direito. Há
que destacar que o abuso de direito pressupõe o direito).
O abuso de direito diz-se contra a boa-fé, no seu sentido objetivo (valores e ditames
gerais que a ordem jurídica impõe), quando há uma frustração da expectativa criada
(quebra da tutela da confiança), de que decorre o venire contra factum proprium (1),
quando há uma conduta que vai para além da primazia da materialidade subjacente
(2), ou quando se vai contra um agir honesto entre os agentes, que quebra a lealdade
(3).
Por ser um conceito tão abrangente, a doutrina delimitou os modelos-quadros, daí a
concretização das modalidades de abuso de direito. Como indica Menezes Cordeiro, o
exercício inadmissível de posições jurídicas fundado no abuso do direito apresenta seis
típicas vias:

Modalidades de abuso de direito:

1)- Exceptio doli (Consequência geral de uma quebra da tutela da confiança): Confere
a uma parte a possibilidade de invocar uma exceção de não cumprimento justificada na
atuação dolosa da contraparte. Logo, a propósito da doutrina da confiança, “o doloso
provoca, na outra parte, a impressão de que o negócio é eficaz e assume, assim, a
confiança desta: deve responder, pois, pela situação de confiança obtida”.

2)- Venire contra factum proprium (Princípio geral da quebra da tutela da confiança):
Sempre que uma parte assume um comportamento contraditório com uma postura
anterior depois de a contraparte ter confiado no primeiro comportamento e, assim, ter
agido em conformidade. Estruturalmente, o venire postula duas condutas da mesma
pessoa, lícitas em si, mas diferidas no tempo. Só que a primeira – o factum proprium –
é contraditada pela segunda – o venire. A contraparte que invoca o venire,
legitimamente, confiou no primeiro comportamento e agiu em consonância, sendo,
depois, confrontada com um segundo comportamento daquela parte, que contraria a
postura inicial.
O venire é positivo quando se traduza numa ação contrária ao que o factum proprium
deixaria esperar (pode implicar o exercício de direitos potestativos, de direitos comuns
ou de liberdades gerais); será negativo caso redunde numa omissão contrária no
mesmo factum. Ora, a tutela da confiança só pode operar, na falta de preceitos
jurídicos, quando se mostrem reunidos especiais pressupostos. Assim, é preciso que a
pessoa esteja de facto numa situação de convencimento, de confiança, em sentido
ético (1), é necessário então uma justificação externa para esta confiança, criada por
outra pessoa e de forma razoável (2), é necessário que o sujeito tenha investido nessa
confiança (3), e a imputação da situação de confiança criada à pessoa que vai ser
atingida pela proteção dada ao confiante (4).

1.ª Uma situação de confiança conforme com o sistema e traduzida na boa-fé subjetiva
e ética, própria da pessoa que, sem violar os deveres de cuidado que ao caso caibam,
ignore estar a lesar posições alheias.
2.ª Uma justificação para essa confiança, expressa na presença de elementos objetivos
capazes de, em abstrato, provocar uma crença plausível.
3.ª Um investimento de confiança consistente em, da parte do sujeito, ter havido um
assentar efetivo de atividades jurídicas sobre a crença consubstanciada.
4.ª A imputação da situação de confiança criada à pessoa que vai ser atingida pela
proteção dada ao confiante: tal pessoa, por ação ou omissão, terá dado lugar à entrega
do confiante em causa ou ao fator objetivo que a tanto conduziu.

Estes quatro requisitos devem ser entendidos e aplicados com duas previsões
importantes: as previsões específicas de confiança, dispensam, por vezes, algum ou
alguns dos pressupostos referidos (1); os requisitos para a proteção da confiança
articulam-se entre si nos termos de um sistema móvel, pelo que não há entre eles uma
hierarquia e não são, em absoluto, indispensáveis, já que a falta de um deles pode ser
compensada pela intensidade especial que assuma algum, ou alguns dos restantes (2).

3)- Inalegabilidade de nulidades formais: Obsta a que aquele que deu azo a uma
invalidade (Por exemplo: O vício de forma) possa, depois, beneficiar dessa
consequência, quando a contraparte confiou na validade do negócio. São casos de
venire quanto à forma. Por exemplo: Um contrato que não é celebrado pela forma
imposta por lei é nulo (Artigo.º 220). Essa nulidade é invocável a todo o tempo e por
qualquer interessado, sendo declarável, de ofício, pelo tribunal (Artigo 286.º).
Os seus pressupostos são: A inalegabilidade exige, à partida, os pressupostos (os
quatro) da tutela da confiança (1); devem estar em jogo apenas os interesses das
partes envolvidas, não, também, os de terceiros de boa-fé (2); a situação de confiança
deve ser censuravelmente imputável à pessoa a responsabilizar (3); o investimento de
confiança deve ser sensível, sendo dificilmente assegurado por outra via (4).
4)- Suppressio e surrectio: A suppressio determina que uma posição jurídica que não
tenha sido exercida, em certas circunstâncias e por certo lapso de tempo, não mais
possa sê-lo, seja extinta ou suprimida, por contrariar a boa-fé. Para isto é necessário:
um não exercício prolongado (1), uma situação de confiança, daí derivada (2), uma
justificação para essa confiança (3), um investimento de confiança (4), a imputação da
confiança ao não-exercente (5). Como contraponto, surge a surrectio, como modo de
fazer nascer um direito que não existiria juridicamente, mas encontra justificação na
boa-fé.

5)- Tu quoque (Princípio geral da quebra primazia da materialidade subjacente):


Exprime a máxima segundo a qual a pessoa viole uma norma jurídica não pode, depois
e sem abuso, ou prevalecer-se da situação jurídica daí decorrente, ou exercer a posição
jurídica violada pelo próprio ou exigir a outrem o acatamento da situação jurídica já
violada. Trata-se de uma exceção de não cumprimento aplicável genericamente, tendo
em vista impedir ao incumpridor que exija o cumprimento da contraparte, por
contrário à boa-fé.

Por exemplo- 1- Dolo do menor (Artigo 126.º), aproxima-se o tu quoque da primazia da


materialidade subjacente, sendo que o menor que use de dolo para se fazer passar por
maior não pode invocar a anulabilidade do ato. 2. Ónus da prova (Artigo 342.º/2), há
inversão do ónus da prova quando a parte contrária tiver culposamente tornado
impossível a prova do onerado. 3. A culpa do lesado pode reduzir ou excluir a
indeminização (Artigo 570.º/1).
(A ordem jurídica postula uma articulação de valores materiais, cuja prossecução
pretende ver assegurados. Nesse sentido, ele não se satisfaz com arranjos formais,
antes procurando a efetivação da substancialidade). *A pessoa que viole uma situação
jurídica perturba o equilíbrio material subjacente. Nessas condições, exigir à
contraparte um procedimento idêntico ao que se seguiria se nada tivesse acontecido
equivaleria ao predomínio do formal: substancialmente, a situação está alterada, pelo
que a conduta requerida já não poderá ser a mesma. Deste modo, da materialidade
subjacente, desprendem-se exigências ético-jurídicas que ditam o comportamento dos
envolvidos.

6) Desequilíbrio no exercício jurídico: Enquadram-se aqui várias hipóteses de


comportamentos inadmissíveis, por exemplo: 1- Exercício inútil danoso; 2- Não
admissibilidade de retirar proveito pela parte que atua com dolo; 3- Existência de
desproporção entre a vantagem auferida e o sacrifício imposto.
O titular, exercendo embora um direito formal, fá-lo em moldes que atentam contra
vetores fundamentais do sistema, com relevo para a materialidade subjacente (1) Por
exemplo desequilíbrio está na origem do abuso, particularmente nas decisões
pioneiras, como a da chaminé falsa de Colmar ou a da chaminé baixa de Coimbra.

O que é o princípio da boa-fé?


Existem duas conceções acerca deste princípio, existe a boa-fé objetiva- Modo de
atuação segundo os princípios vigentes na ordem jurídica, forma de nos comportarmos
e agirmos; A boa-fé subjetiva- Estado de ignorância de determinados factos

Em sentido ético- Não sabe, porém devia-se saber


Em sentido psicológico- Não sabe, mas também não tem mal não saber

O que são os bons costumes? - Os bons costumes estão associados com questões
deontológicas, condutas familiares, sexuais. Os bons costumes não decorrem das
normas e leis, porém é nos imposta pelo dever ser, são práticas reiteradas que ganham
convicção de obrigatoriedade

O que é o fim económico e social? - Tudo o que está relacionado com prejuízos sociais
e económicos

Caso de construir uma chaminé apenas para incomodar o vizinho é um agir desonesto.
Este exercício é admitido devido ao facto de ser proprietário, porém ocorre assim a
modalidade do abuso de direito.

Três principais pressupostos do abuso de direito:


- Desequilíbrio das partes
- Exercício de abuso de inútil
- Desproporção no exercício do direito

Em caso de abuso de direito será sujeito a uma indemnização? - Esta é uma questão
discutível perante a doutrina, em que termos é admissível a obrigação de
indemnização,
Abuso de direito e as suas principais modalidades:

Venire contra factum proprium-

Inelegibilidade formal- Principais pressupostos- Violação de um vício da forma do


contrato (Por exemplo não haver escritura entre o vendedor e o comprador, estar
presente um notário ou advogado no ato da escritura); Tem de existir interesses das
partes, não cause danos a terceiros- apenas opera entre partes, o agente que criou
esta situação não pode invocar nulidade; A confiança deve ser reforçada e investida-
comportamento abusivo por parte do agente

Situação de supresso- Circunstância de abuso de direito, levou à invocabilidade do


direito, por exemplo levou à invocablidade do pagamento do que é devido

Pressupostos acerca da situação de supresso:


- Exercício não prolongado da posição jurídica
- Gerar a confiança do agente nessa posição jurídica
- Haver justificação dessa confiança
- Investimento nessa confiança
- Imputação da confiança

Como resolver casos práticos acerca de abuso de direito? - Referir o artigo 334- Abuso
do direito-1º- Explicar o que é ser boa-fé, bons costumes, fins económicos e sociais; 2º-
Qual a questão em causa; 3º- Como se viola o princípio da boa-fé; 4º- Situação da boa-
fé em sentido objetivo; 5º- Anulabilidade e o porquê de estar em abuso de direito;

Questões da autotutela

Autotutela- Surge no âmbito da coerção, há uma reação uma violação de um direito,


porém pode não ocorrer a sua efetividade- Caso de ameaça de morte, mas não matou

Para existir/se recorrer à autotutela tem de existir uma situação como esta:

A -> Causa dano a B- Este pode recorrer à heterotutela, mas se esta não se demonstrar
eficaz então B pode recorrer à autotutela para que assim possa defender os seus
direitos- Está aqui presente o princípio da subsidiariedade

Para que serve a autotutela? Este mecanismo serve então para causar uma
consequência na esfera jurídica do outro/Violar o direito de outrem

Artigo 483- Principais pressupostos para se deter responsabilidade por atos ilícitos-
Culpa (Artigo 487º), nexo de causalidade (Artigo 563º), o ato ser detentor de ilicitude,
imputabilidade (Artigo 488º) e a existência de um dano (Supressão de uma vantagem
que anteriormente tinha)- Basta falhar um destes pressuposto e não existe a
obrigação de indemnizar (Artigo 562º)- Assim com os meios de autotutela a exclui-se a
ilicitude e quem esteja a agir por meios de autotutela não está a realizar um ato ilícito.

Quais são os meios que B tem no mecanismo de autotutela para a exclusão da


ilicitude? – Ação direta- (Artigo 336º), Legítima defesa (Artigo 337º) e Estado de
necessidade (Artigo 339º).

Legítima defesa (Artigo 337º) - Pressupostos da agressão (Quem está a agredir? - A) e


Pressupostos da defesa (Quem está a ser agredido? - B): Estes são cumulativos.

Principais pressupostos para haver legítima defesa, são quatro os elementos- 1- A


agressão tem de ser atual, ou seja, estar em curso ou na iminência de acontecer (Isto
abrange a omissão/a não ação); 2- A agressão tem de constituir uma ameaça a pessoas
ou a bens, sendo assim um ato ilícito; 3- Tem de se verificar a necessidade ou não de
reação, apenas é necessária agir em legitima defesa se não se puder recorrer em
tempo útil aos meios normais, no caso de heterotutela; 4- A reação ao ato ilícito tem
de ser adequada, devendo ser assim ser proporcional ao direito que visa tutelar, caso
contrário pode haver excesso de legítima defesa;

O que é uma agressão? A agressão é uma ação totalmente dominada pela vontade da
pessoa humana- Exclui assim as ações naturais e as ações dos animais

Quando é disparado uma bala/pedra que fere ou mata alguém não se pode afirmar
que foi a arma/pedra que feriu ou matou- Esta foi usada como um meio/como
instrumento para consolidar o ato da agressão

Os animais não são dotados de vontade, esta afirmação levanta a questão de se algum
animal, por exemplo um cão, nos vier morder e se dermos um pontapé no animal e
este acaba por morrer, é legitima defesa? - A resposta é não, é sim Estado de
Necessidade. É o caso de se o animal não for instrumento ou meio de vontade humana
e um cão me morde e eu dou um pontapé e ele morre, não é legitima defesa e sim
estado de necessidade, porém isto veremos para a próxima aula.

É possível ocorrer legitima defesa contra animais? A resposta é sim. Quando ocorre
legitima defesa contra animais? Pode haver legitima defesa se um animal for utilizado
como meio ou instrumento para consolidar a agressão, por exemplo alguém atiçar o
cão para me morder, se for esse o caso então é legitima defesa

A inércia/omissão, ou seja, a não ação- Pode ser tomada/levada como uma agressão,
por exemplo um nadador-salvador está na praia, alguém está a afogar-se este vê e
sabe, porém fica no telemóvel e não quer salvar a pessoa que se está a afogar- Está a
causar uma agressão à pessoa que está no mar a afogar-se

A agressão é necessária ser voluntária? - Para uma parte da doutrina sim, mas para a
outra parte da doutrina não. A afirmação de a agressão ser voluntária isto leva a que as
atitudes quer de crianças, pessoas com perturbações mentais e inconscientes como
sonâmbulos- Isto levaria a que as atitudes que estes tomassem fossem respondidas
com legitima defesa, saindo prejudicados de todas as situações possíveis

A agressão poder ser contra o próprio ou contra terceiros

A agressão tem de ser atual, ou seja, a agressão ou está a acontecer ou está na


iminência de acontecer.

A agressão é sempre contrária à lei, ou seja, é uma atitude ilícita- Visão da doutrina
maioritária, não existe defesa legitima contra legitima defesa, a legítima defesa torna
assim o ato lícito como já vimos anteriormente.
A agressão tem de ser contra o agressor- Animus defendedi- Pressuposto adicional da
legitima defesa- Defender os seus direitos, mas sendo o principal objetivo dar um
murro a outra pessoa apenas com a ideia de vingança e de atacar

Pressupostos de defesa B- Se não for possível requerer aos meios normais de


heterotutela, princípio da subsidiariedade- Se a ação não é atual nem está na
iminência então este pode requerer ao mecanismo de heterotutela

Principais pressupostos para haver legitima defesa- Tem de existir agressão, tem de
ser atual ou estar na iminência, ser um ato ilícito, ser adequada/proporcional

Necessidade do meio/da proporcionalidade- Ver estes conceitos devido à divergência


doutrinária nos meios de autotutela; Fim de semana estudar IED- Questão da
autotutela

Quais as modalidades de abuso de direito?

Animus defendi- Tem de haver uma necessidade de defesa

Perante um inimputável existe ou não existe a necessidade de defesa, é possível agir


em legitima defesa? A doutrina maioritária defende que a imputabilidade é uma causa
de exclusão de culpa dos pressupostos do artigo 483º- Retira a responsabilidade civil

Artigo 483º- É necessário existir o facto, dano, culpa, ilicitude e nexo de causalidade;
Basta não se verificar um destes e não há a obrigação de indemnizar

Menezes Cordeiro- À luz da dignidade humana eu posso agir em legitima defesa


perante um inimputável, posso fugir da ação deste? Posso, porém, a fuga não é algo
que ordem jurídica nos impõem. Desde que haja a o princípio da subsidiariedade (Não
se possa recorrer aos meios normais de heterotutela) e desde que seja uma agressão
ou seja uma ação humana

Artigo 337º- Princípio da proporcionalidade entre os danos, o prejuízo causado pelo


ato não pode ser manifestamente superior ao que pode resultar da agressão

Como se concretiza a proporcionalidade? Para o professor Menezes Cordeiro é


possível utilizar o meio mais eficaz e causar o dano menos gravoso, ou seja, que possa
travar a agressão iminente. Em conclusão tem de se escolher de todos os meios o mais
eficaz e menos gravoso

Então para a doutrina tenho de indemnizar pelo dano causado? Quando não se
cumpre algum dos requisitos legítima defesa não é necessário indemnizar logo, ainda
vamos ao 337º/2 (Que consagra o caso de excesso) ou ao 338ª (Consagra o erro, este é
uma falsa perceção da realidade), se nenhum destes se verificar vamos então recorrer
ao artigo 483º seguindo-se a obrigação de se indemnizar

Artigo 338º- Tem de existir erro e o erro tem de ser desculpável (Segundo o artigo 487-
Bom pai de família)

Estado de necessidade- Pressupostos do perigo- Existência de um perigo atual, contra


o agente ou terceiro, ameaça de bem jurídico em resultado do perigo e previsão de
dano manifestamente superior ao sacrificado. Apenas ocorre com factos naturais ou de
animais (que não são dotados de vontade)

Pressuposto da defesa- Tem de ser contra uma coisa, destruir danificar coisa alheia,
tem de ser proporcional e necessidade de defesa (Subsidiariedade)

Quem permite o mais, no caso que é danificar ou destruir permite também o menos
que é o caso da apropriação- No caso de levar a alguém ao hospital com o carro de um
professor que se sentiu mal e a ambulância ia demorar muito tempo

Não existe um artigo para o caso de excesso de Estado de Necessidade

Casos Práticos – Autotutela

Caso Prático 1- Casos de autotutela

Certo dia, Tiago, enquanto fazia a sua corrida matinal, é atacado por um cão que o
morde o calcanhar. Irritado, dispara contra o cão e acaba por matá-lo, em legítima
defesa.
Enquanto almoçava, recebe uma mensagem corrente, a informar que Martim, ex-
namorado da sua namorada, iria invadir a sua casa com vista a matá-lo, pelo que
decide ir matá-lo preventivamente. Todavia, quando chega à casa de Martim, ao vê-lo a
beijar a sua namorada, agride Martim com um golpe na face, que em resposta agride
de volta, entrando em agressões mútuas durante toda a tarde, alegando legítima
defesa mútua.
Finalmente, quando regressava a casa, é abordado por um conhecido “maluquinho do
bairro”, que o ameaçava de assalto com uma arma. Tiago, em resposta, em vez de
avisar o polícia que estava ao seu lado, optou por lhe atirar com uma pedra, partindo-
lhe a cabeça.

Como resolver os casos práticos- Identificar a agressão

R: Tiago, enquanto pessoa, adquiriu personalidade jurídica (suscetibilidade de ser


titular de direitos e de estar adstrito a deveres e obrigações) desde o momento do seu
nascimento completo e com vida [Artigo 66º Nº1 CC].
Portanto, Tiago é titular de direitos de personalidade (direitos inerentes à sua
qualidade enquanto pessoa), os quais constituem situações jurídicas ativas (de
vantagem para o titular) e absolutas (existem por si mesmas, não dependendo de
nenhuma relação jurídica). Os direitos de personalidade são tutelados de modo geral
no artigo 70º CC, isto é, a lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ou ameaça à
sua integridade física ou moral [Artigo 70º Nº1 CC], para além de permitir ao sujeito
recorrer às providências necessárias para atenuar a ofensa cometida ou ameaçada
[Artigo 70º Nº2 CC].

No dia em que Tiago fazia a sua corrida matinal e fora atacado por um cão que lhe
mordeu o calcanhar, reagindo irritado, disparou contra o cão e acabou por matá-lo,
afirmando que o fez em legítima defesa. Para se verificar legítima defesa por parte de
Tiago tem de se cumprir os principais pressupostos que são quatro- 1- A agressão tem
de ser atual, ou seja, estar em curso ou na iminência de acontecer (Isto abrange a
omissão/a não ação); 2- A agressão tem de constituir uma ameaça a pessoas ou a bens,
sendo assim um ato ilícito; 3- Tem de se verificar a necessidade de defesa ou não de
reação, apenas é necessária agir em legitima defesa se não se puder recorrer em
tempo útil aos meios normais, no caso de heterotutela; 4- A reação ao ato ilícito tem
de ser adequada, devendo ser assim ser proporcional ao direito que visa tutelar, caso
contrário pode haver excesso de legítima defesa.

Neste caso não se cumpre o pressuposto da existência de uma agressão. Para a


doutrina maioritária onde a nossa escola/faculdade se insere uma agressão é uma ação
totalmente dominada pela vontade da pessoa humana, excluindo assim as ações
naturais e as ações dos animais. Podemos concluir então que os animais não são
dotados de vontade e que no caso do Tiago ter sido mordido no calcanhar pelo cão e
ter disparado contra o animal onde este acabou por morrer não foi legitima defesa e
sim estado de necessidade. Tiago como já afirmado anteriormente recorreu sim ao
estado de necessidade (Artigo 339º Nº1). Este mecanismo tem diversas semelhanças
com a LD: Tais como 1- Em ambas se reage perante a lesão de um interesse; 2- A
atualidade da agressão ou do perigo é um pressuposto de duas figuras; 3- Nas duas
hipóteses pretende-se afastar um perigo; 4- O prejuízo ou o perigo que se visa afastar
tanto pode respeitar à pessoa ou ao património do agente ou do terceiro; 5- Em
qualquer dos institutos recorre-se a critérios de proporcionalidade para justificar o ato.
Porém o maior critério de distinção que se encontra neste caso é o facto de a LD
reagir contra uma agressão de uma pessoa enquanto no estado de necessidade atua-se
contra factos da natureza ou de animais como foi o caso de Tiago

No período em que Tiago almoçava recebe uma mensagem corrente, a informar que
Martim, ex-namorado da sua namorada, iria invadir a sua casa com vista a matá-lo,
pelo que decide ir matá-lo preventivamente. Caso Tiago matasse Martim de forma
preventiva não haveria legitima defesa pois a agressão não era nem poderia ser
considerada atual, não cumprindo um dos pressupostos da LD que é o facto de a
agressão estar a ocorrer ou na iminência de estar a acontecer, recorrendo ao artigo
337º Nº1 do CC- “Considera-se justificado o ato destinado a afastar qualquer
agressão atual (...)” /Impossibilidade de recorrer aos meios normais, este podia
recorrer aos meios de heterotutela. Após Tiago chegar à casa de Martim e deparar-se
com este a beijar a sua namorada, agride Martim com um golpe na face, que em
resposta agride de volta, entrando em agressões mútuas durante toda a tarde,
alegando legítima defesa mútua. Esta alegação não é correta devido ao facto de a
agressão ser sempre contrária à lei, ou seja, é uma atitude ilícita- Na visão da doutrina
maioritária, não existe defesa legitima contra legitima defesa, a reação deste torna
assim o ato lícito como já vimos anteriormente. Nesta situação ninguém agiu em
legitima defesa nem o Martim nem o Tiago, ambos têm a obrigação de indemnizar de
forma mútua.

Existe assim danos pessoais/dano de personalidade, neste caso à honra de Tiago-


Agressão juridicamente não censurável, pode ser moralmente censurável

Quando Tiago regressava a casa, fora abordado por um conhecido “maluquinho do


bairro”, que o ameaçava de assalto com uma arma. Tiago em vez de avisar o polícia
que estava ao seu lado, optou por lhe atirar com uma pedra, partindo-lhe a cabeça.
Segundo o mecanismo de autotutela, neste caso a legítima defesa. Para se verificar
legítima defesa por parte de Tiago contra o “maluquinho do bairro” tem de se cumprir
os principais pressupostos que são quatro- 1- A agressão tem de ser atual, ou seja,
estar em curso ou na iminência de acontecer (Isto abrange a omissão/a não ação); 2- A
agressão tem de constituir uma ameaça a pessoas ou a bens, sendo assim um ato
ilícito; 3- Tem de se verificar a necessidade ou não de reação, apenas é necessária agir
em legitima defesa se não se puder recorrer em tempo útil aos meios normais, no caso
de heterotutela; 4- A reação ao ato ilícito tem de ser adequada, devendo ser assim ser
proporcional ao direito que visa tutelar, caso contrário pode haver excesso de legítima
defesa. Todos os pressupostos se verificam à exceção do pressuposto da necessidade
ou não de reação, sendo que neste caso havia a possibilidade de recorrer em tempo
útil aos meios normais, devido ao facto de Tiago ter tido a possibilidade de avisar o
polícia que estava ao seu lado. Sendo assim a reação de lhe atirar uma pedra à cabeça
ao “maluquinho da cabeça” e consequentemente de lhe partir a cabeça não pode ser
considerada como um ato de legítima defesa nem foi uma atitude/reação adequada.

Obrigação de indemnizar em relação ao maluquinho do bairro devido ao facto de


este não deter culpa-
Ver o artigo 338º- Levando depois ao 483º

Caso Prático 2

Eram 5 da manhã e António esperava o barco para casa no Cais do Sodré. Estava já
cheio de sono quando sente um objeto duro pressionado contra as suas costas. Nesse
momento, os seus pensamentos (António não conseguia parar de pensar em como
devia ter passado a noite de sábado a estudar Introdução ao Direito) são interrompidos
por uma voz áspera: “dá-me a carteira ou eu mato-te”. Sem vontade nenhuma de ficar
sem dinheiro para voltar para casa, apesar de temer pela própria vida, António vira-se
repentinamente, dirigindo um violento soco à cara do seu assaltante.
Tal não foi o seu espanto quando reparou que o suposto assaltante não era senão
Bento, o seu colega da FDL conhecido pelas suas piadas de mau gosto e que o objeto
que lhe tinha sido pressionado contra as costas não era senão o telemóvel de Bento.
Quando em tribunal, o juiz deu razão a Bento, já que António poderia ter fugido como
maneira de evitar maiores agravos.

Subhipótese I: Imagine que, na situação anterior, antes de Bento ser atingido pelo soco
de António, Carlos – que acompanhava Bento e que, até então, assistia divertida à
piada – salta para cima de António, atirando-o ao chão. É lícita a conduta de Carlos?

Subhipótese II: Imagine que em vez de um soco, António (que andava sempre armado)
ao virar-se dispara um tiro sobre Bento, na sequência do qual, este vem a morrer. Quid
iuris?

António, enquanto pessoa, adquiriu personalidade jurídica (suscetibilidade de


ser titular de direitos e de estar adstrito a deveres e obrigações) desde o momento do
seu nascimento completo e com vida [Artigo 66º Nº1 CC].

Portanto, António é titular de direitos de personalidade (direitos inerentes à


sua qualidade enquanto pessoa), os quais constituem situações jurídicas ativas (de
vantagem para o titular) e absolutas (existem por si mesmas, não dependendo de
nenhuma relação jurídica). Os direitos de personalidade são tutelados de modo geral
no artigo 70º CC, isto é, a lei protege os indivíduos contra qualquer ofensa ou ameaça à
sua integridade física ou moral [Artigo 70º Nº1 CC], para além de permitir ao sujeito
recorrer às providências necessárias para atenuar a ofensa cometida ou ameaçada
[Artigo 70º Nº2 CC].

António enquanto espera pelo barco no Cais do Sodré para ir para casa, já cheio
de sono sente um objeto duro pressionado contra as suas costas, é então surpreendido
com uma voz áspera: “Dá-me a carteira ou eu mato-te”. António por temer pela
própria sua própria vida e não pretendendo ficar sem dinheiro para voltar para casa,
vira-se e desfere um violento soco à cara do assaltante agindo em legitima defesa
(Artigo 337º). Este ao desferir o soco ao assaltante agiu em legitima defesa pois
segundo o artigo 337º, “Considera-se justificado o acto destinado a afastar qualquer
agressão actual e contrária à lei contra a pessoa ou património do agente ou de
terceiro, desde que não seja possível fazê-lo pelos meios normais e o prejuízo causado
pelo acto não seja manifestamente superior ao que pode resultar da agressão.” Para se
verificar legítima defesa por parte de António tem de se cumprir os principais
pressupostos deste mecanismo de autotutela que são quatro- 1- A agressão tem de ser
atual, ou seja, estar em curso ou na iminência de acontecer (Isto abrange a omissão/a
não ação); 2- A agressão tem de constituir uma ameaça a pessoas ou a bens, sendo
assim um ato ilícito; 3- Tem de se verificar a necessidade ou não de reação, apenas é
necessária agir em legitima defesa se não se puder recorrer em tempo útil aos meios
normais, no caso de heterotutela; 4- A reação ao ato ilícito tem de ser adequada,
devendo ser assim ser proporcional ao direito que visa tutelar, caso contrário pode
haver excesso de legítima defesa. Assim podemos concluir que António agiu em
legitima defesa pois todos os pressupostos encontram-se preenchidos, a agressão
encontrava-se na iminência de acontecer, a agressão constituía uma ameaça a António,
neste caso à vida e à sua integridade física moral. Não era possível recorrer aos meios
normais de heterotutela visto que estes não poderiam defender os direitos de António
de forma eficaz e a reação ao ato revela-se adequada visto que não há qualquer tipo de
excesso neste caso de legitima defesa

Após perceber o suposto assaltante não era senão Bento, o seu colega da FDL
conhecido pelas suas piadas de mau gosto e que o objeto que lhe tinha sido
pressionado contra as costas não era senão o telemóvel de Bento. Quando em tribunal,
o juiz deu razão a Bento, já que António poderia ter fugido como maneira de evitar
maiores agravos. Neste caso o António podia contestar perante o tribunal que por ter
temido pela sua vida e pela sua integridade física e moral dai justificar a sua ação em
excesso por legítima defesa como está consagrado no artigo 337º Nº2

Subhipótese I: Imagine que, na situação anterior, antes de Bento ser atingido pelo soco
de António, Carlos – que acompanhava Bento e que, até então, assistia divertida à
piada – salta para cima de António, atirando-o ao chão. É lícita a conduta de Carlos? -
R: Na resposta à subhipótese I, a ação de Carlos pode ser considerada lícita, pois, esta
conduta de saltar para cima do António tinha como objetivo defender o Bento da
agressão de António, agindo em legitima defesa

Subhipótese II: Imagine que em vez de um soco, António (que andava sempre
armado) ao virar-se dispara um tiro sobre Bento, na sequência do qual, este vem a
morrer. Quid iuris? R: No caso da subhípotese II, caso António se virasse e dispara-se
um tiro sobre Bento e este consequentemente morresse, poderíamos aferir que este
agiu em legitima defesa. Segundo o artigo 337º que consagra a legitima defesa,
“Considera-se justificado o ato destinado a afastar qualquer agressão atual e contrária
à lei contra a pessoa ou património do agente ou de terceiro, desde que não seja
possível fazê-lo pelos meios normais e o prejuízo causado pelo ato não seja
manifestamente superior ao que pode resultar da agressão.” Para se verificar legítima
defesa por parte de António tem de se cumprir os principais pressupostos deste
mecanismo de autotutela que são quatro- 1- A agressão tem de ser atual, ou seja, estar
em curso ou na iminência de acontecer (Isto abrange a omissão/a não ação); 2- A
agressão tem de constituir uma ameaça a pessoas ou a bens, sendo assim um ato
ilícito; 3- Tem de se verificar a necessidade ou não de reação, apenas é necessária agir
em legitima defesa se não se puder recorrer em tempo útil aos meios normais, no caso
de heterotutela; 4- A reação ao ato ilícito tem de ser adequada, devendo ser assim ser
proporcional ao direito que visa tutelar, caso contrário pode haver excesso de legítima
defesa. Assim podemos concluir que António agiu em legitima defesa pois todos os
pressupostos encontram-se preenchidos, a agressão encontrava-se na iminência de
acontecer, a agressão constituía uma ameaça a António, neste caso à vida e à sua
integridade física moral. Não era possível recorrer aos meios normais de heterotutela
visto que estes não poderiam defender os direitos de António de forma eficaz e a
reação ao ato revela-se adequada visto que não há qualquer tipo de excesso neste caso
de legitima defesa.
Mesmo que se comprove perante o tribunal que houve excesso de legitima
defesa António pode alegar, que segundo o artigo 337 Nº2, devido ao facto de este
temer pela sua vida e pela sua integridade física e moral conferidos no artigo 24 e 25
da CRP, existindo assim um medo não culposo por parte do agente assim como está
consagrado.
Porém este ato por parte de António está enquadrado no artigo 338º do Código
Civil que é referente aos erros acerca dos pressupostos da ação direta ou da legitima
defesa

Caso Prático 3

Enquanto Beatriz caminhava até à sala da frequência de Introdução ao Estudo do


Direito, reparou na violenta discussão entre o seu ex-namorado Afonso e a sua atual
namorada Clarice. Apercebendo-se do discurso agressivo de Afonso, e recordando-se
do episódio de violência que havia experienciado no passado com ele, Beatriz decide
vigiar a conversa, aguardando o momento ideal para se vingar de Afonso.
Afonso, tinha testemunhado a traição de Clarisse na festa da noite passada, e em
defesa da sua honra prepara-se para disparar uma arma de fogo sobre Clarisse.
Quando este se prepara para retirar a arma da sua mochila, Beatriz atira o Código Civil
na sua direção, deixando-o estendido no chão.
Ao passar pelo corredor, o Professor Implacável, alcunha atribuída pelas competências
como mestre de Krav Maga, Kickbox e MMA, ao ver Beatriz com a arma na mão e
Afonso no chão, apressou-se em defesa de Afonso, aplicando a Beatriz 206 golpes, que
lhe fraturaram todos os ossos.

Artigo 339 Nº1- Pressupostos do estado de necessidade

Caracterização do Estado de Necessidade, pode ser agressivo- Defender o próprio


perigo

Artigo 339 Nº2- Consequências- Culpa exclusiva- Indeminização


Não há culpa- Tribunal é que decide

Estado de necessidade- Agressivo- Defender o próprio perigo


Estado de necessidade- Defensivo

Legítima defesa- Artigo 337º do CC


Pressupostos do agressor- Agressão; Atualidade; Contrária à lei/Ilicitude;
Proporcional/Adequada; Necessidade do meio

Pressupostos do defensor- Necessidade de defesa; Necessidade do meio e


Proporcionalidade
Quando não se verificam os pressupostos necessários para existir autotutela-
Remissão ou se vai ao artigo 337º Nº2 (De modo a justificar a necessidade do meio e a
proporcionalidade) ou artigo 338º (Para justificar o erro cometido pelo sujeito)

Artigo 338º- Tem de existir um erro e a descupabilidade (À luz do artigo 487 Nº2 do
bom pai de família/O homem médio)

Legítima defesa putativa- Legítima defesa justificada

Menezes Leitão- Conduta não culposa, mas ilícita- Artigo 483º- Facto; dano; nexo de
causalidade; culpa; ilicitude- Excluí a existência de culpa

Menezes Cordeiro- Conduta lícita- Artigo 483º- Facto; dano; nexo de causalidade;
culpa; ilicitude- Excluí a existência de ilicitude

Excesso extensivo- Trava a agressão, porém continua a defender-se, foi para além da
defesa necessária

Excesso intensivo- Trava a agressão, consiste apenas em defesa necessária

No caso de um assalto- Artigo 337 Nº2- Pressupostos- Excesso intensivo; Medo ou


perturbação; Desculpabilidade; - Esta última não existe pois à luz do artigo 487 Nº2 do
bom pai de família/O homem médio não atiraria a matar e sim para o ar ou ao pé

Aula de reposição para ver os casos práticos- Dia 20 às 13:00

Aula onde existe o exercício escrito- Dia 21 às 10:00- Pergunta teórica e um caso
prático

Aula teórico-prática- Dia 22 às 13:00

António, enquanto arranjava o jardim da sua moradia, vê Bernardo, de dois anos - filho
do seu vizinho, Carlos -, a atirar-se para a piscina situada no jardim da casa deste
último. Receando que Bernardo se afogasse, e não vendo outros adultos por perto,
Antônio salta o muro que separa as duas casas, cai no canteiro, danificando o sistema
de rega automática, entra na piscina e daí retira a criança. Como Bernardo já não
respirava, António inicia movimentos de primeiros socorros. - Estado de Necessidade-
Existência de um perigo atual, contra o agente ou terceiro, ameaça de bem jurídico
em resultado do perigo e previsão de dano manifestamente superior ao sacrificado.
Apenas ocorre com factos naturais ou de animais (que não são dotados de vontade)
Carlos, acabado de chegar após o seu passeio com o seu cão Loki, ao ver António a
pressionar o peito do filho deitado no chão, pensa que este está a ser vítima de
agressão, ordenando Loki para atacar António. - Legitima defesa, porém ocorre um
erro erróneo consagrado no artigo 338º do CC por parte de Carlos ao interpretar mal
a situação em que António estava a salvar o seu filho Bernardo, considerando que
este estava a agredir o seu filho

Sendo confrontado com o ataque do animal, António atira uma pedra do jardim contra
o cão, deixando-o inconsciente. - Legitima defesa por parte de António visto que
Carlos ordenou o seu cão Loki para atacar António, usando este como um
instrumento/meio para agredir indiretamente António

Vendo que Bernardo não recuperava a consciência, Carlos recorre ao seu vizinho
médico Luís para prestar auxílio médico. Todavia, Luís, ressentido pela ausência de
pagamento de uma renda em falta desde 2001 pela casa que arrendava a Carlos,
recusou-se a realizar o salvamento- Existência de agressão, por inércia/omissão, ou
seja, não ação de Luís, resultando no agravamento do estado de Bernardo

Carlos, desesperado, empurra Luís forçando-o a salvar o seu filho, embora causando-
lhe nódoas negras e uma fratura no braço.
Face a todas as circunstâncias, Carlos exige agora a António que lhe compre e monte
um novo sistema de rega, bem como seja condenado ao pagamento de uma quantia
pelos danos causados ao animal, ao qual António considera que apenas lhe deve um
novo cão. Já Luís exige que Carlos lhe pague uma indemnização pelas suas despesas
hospitalares, bem como pelas horas de trabalho que não teve possibilidade de receber
a sua remuneração face à fratura do braço, e a renda em atraso, perante o qual Carlos
se recusa a qualquer pagamento

Aula teórico-prática- Fontes de Direito e casos da vigência da lei

Fontes de Direito/Fontes do ordenamento jurídico- Onde se procura o Direito? São na


lei? São no costume? São na jurisprudência?

Fontes imediatas- Vinculam por elas próprias- Basta a fonte para emanar uma
determinada norma

Fonte mediata- Dependem de outra fonte para afirmar que são fontes vinculativas

Existem fontes internas e fontes externas

O que são leis e o que são normas corporativas?

O conceito de leis está no artigo 1º Nº2


- São todas as disposições genéricas provindas dos órgãos estaduais competentes
Existe a lei em sentido material: Em sentido amplo- É o enunciado linguístico, ou seja,
qualquer norma jurídica; Já em sentido restrito- Todos os enunciados que decorrem do
poder político

A lei em sentido formal: Em sentido amplo- Tudo o que é de carácter legislativo, ou


seja, as leis, decreto de leis e decretos de leis regionais; Já em sentido restrito- Remete
apenas para a lei que é aprovada pela AR

A lei- É aprovada pela Assembleia da República (AR)

Os decretos de leis- São apenas aprovados Governo

Artigo 112 Nº1 da CRP- Muito importante

O conceito de normas corporativas está no artigo 1º Nº2


- São regras ditadas pelos organismos representativos das diferentes categorias morais,
culturais, económicas ou profissionais, no domínio das suas atribuições bem, como os
respetivos estatutos e regulamentos internos. As normas que não decorrem da ordem
do estado, são de origem não estadual e sim infraestadual, não contra o estado e sim
ao lado do estado- Por exemplo ordens de advogados, ordens dos médicos, FIFA e
entre todos.

O conceito de normas corporativas está no artigo 1º Nº2- Regras ditadas pelos


organismos representativos das diferentes categorias morais, culturais, económicas ou
profissionais, no domínio das suas atribuições, bem como os respetivos estatutos e
regulamentos internos.
Segundo o professor Pedro Romano Martinez, as fontes do direito são modos de
formação e de revelação de normas jurídicas, pelo que pressupõe um Direito pré-
positivo; prevalece, então, a ideia de que as fontes são um mecanismo de corporização
e expressão do Direito já existente. Contudo, numa perspetiva oposta, há autores que
defendem que o Direito só existe na medida em que é criado pelas fontes.

São fontes de Direito a lei, costume, jurisprudência e doutrina- A lei que emana dos
códigos e dos decretos de lei; O costume são práticas reiteradas que ganham convicção
de obrigatoriedade; A jurisprudência assume carácter geral e abstrato; A doutrina é a
interpretação da lei;

No caso do artigo 1º Nº2 as normas corporativas a conceção atualista podemos


afirmar que é o caso dos sindicatos
Qual o valor das normas corporativas- São fontes imediatas desde que não contrariem
ordem jurídica

Artigo 1º do CC- Tem apenas carácter declarativo, enuncia apenas quais são as fontes
de direito, não diz quais são as fontes de direito

Artigo 2º do CC- Decisões que o Tribunal Pleno (Atual STJ) criava um assento que era
caracterizado por ser geral e abstrato sendo assim fonte direito- A jurisprudência é um
órgão judicial e não legislativo, assim não pode criar lei. Quebraria assim a separação
de poderes- O órgão judicial não pode interferir no órgão legislativo. Daí o artigo 2º do
CC ter sido revogado

Artigo 3º do CC- Embora subordinadas à lei, se não contrariarem a lei vinculam por si
só, sendo assim fontes imediatas do Direito

Artigo 282 Nº1- A jurisprudência só é fonte de direito mediata porque o artigo 282 Nº1
assim o consagra

Assentos tem o valor de jurisprudência uniformizada e por isso não são fonte de direito
Existe uma contradição entre acórdãos- Cria assim um acórdão de jurisprudência
uniformizada para eliminar a contradição entre os acórdãos existentes- Não é fonte de
direito, mas tem um carácter persuasivo, não é vinculativo

Os usos que não forem contrários aos princípios da boa-fé, apenas são fontes de direito
quase a lei assim o determine- Sendo assim fontes mediatas
O uso pode ser uma prática reiterada que ganha juridicidade (Pode ganhar
valor/convicção de obrigação, permissão e proibição que não é contrária à lei)

Se for prática reiterada que ganha convicção de obrigatoriedade é então costume

Uso e Costume: O uso não possui nenhum valor próprio, só podendo ser fonte de
direito quando uma fonte imediata lhe atribuir essa qualidade. Já o costume conjuga o
uso e a convicção de juridicidade, sendo esta imanente ao costume.

Costume é fonte de direito? É a fonte imediata, porém, tem de respeitar a boa-fé e


não ser contrário à lei- A nossa regência, não a questão da vigência, mas sim eficácia
da fonte mediata porque necessita de vinculação.

Equidade- Justiça no caso concreto- Não é considerada uma fonte de direito para a
doutrina e sim apenas como um método de aplicação de direito
Doutrina- Durante algum tempo foi considerado fonte de direito, porém atualmente
não é considerada fonte de direito, não permite revelar normas jurídicas

Para a nossa regência a doutrina apesar de não ser fonte de direito tem um carácter
indireta/mediata de revelação de regras jurídicas

Como resolver os casos práticos acerca do costume- Identificar o costume, qual a sua
modalidade, se for contra legem qual é a sua posição face à lei

Quando é que a lei vincula os seus destinatários? Quando é que a lei começa a
vigorar?

LF- Lei formulária


DR- Declaração de retificação

1º- Início de vigência/ Nascimento da lei- 1º- Publicação nos termos do artigo 5º/1 do
CC, 1º/1 da LF e o artigo 119º/1 e 2 da CRP; A lei carece de eficácia mesmo já sendo
aprovado pela AR e pelo PR, esta lei apenas tem eficácia quando é publicada no jornal
oficial, ou seja, no Diário da Républica

2º- Entrada em vigor (Vacatio legis) - É necessário ter em consideração, de seguida, o


período Vacatio legis (Artigo 5.º/2), fixado ou pela lei (prazo ad hoc) ou por um critério
supletivo. O prazo ad hoc pode ser fixado de duas formas: ou o legislador diz que a lei
só entra em vigor daqui a x dias, de modo direto, ou o legislador diz que a lei entra em
vigor dia x, de modo indireto (havendo a ressalva de que a lei publicada não pode
entrar em vigor no mesmo dia, que é, no entanto, discutida pela doutrina). Por outro
lado, o critério supletivo, presente no artigo 2.º/2 da LF, na falta de fixação do dia, os
diplomas referidos no número anterior entram em vigor, em todo o território nacional
e no estrangeiro, no quinto dia após a publicação. Ou seja, o período em que a lei entre
em vigor decidida pelo próprio legislador- O prazo ad hoc (Artigo 5º/1 do CC e 2º/1 LF),
quando é determinado; Ou caso nada se diga em relação ao prazo aplica-se a
supletividade nos termos do artigo 5º/2 do CC e 2º/2 da LF

3 º- Vigência da lei- Durante a vigência existe a declaração de retificação- 1º


Requisitos 5º/1 e 2 da LF- Tem de ser o órgão que a aprovou a lei, se for decreto de lei
foi o governo, mas se acontecesse que a lei fosse retificada pela AR não cumpre o
requisito de competência

Caso apareça uma nova lei

3º- Cessação da lei:


Revogação- Requisito temporal- A lei nova revoga a lei a antiga; Requisito material- A
lei nova é incompatível com a lei antiga; Requisito hierárquica- A lei nova é igual ou
superior na hierarquia da lei antiga
Exceções à cessação da lei presente 7/º 3 do CC

Modalidades de revogação - Simples VS Substitutiva, Expressa VS Tácita, Total VS


Parcial, Sistema VS Global (Artigo 7º/2 do CC)

Caducidade- Pode ser expressa ou tácita

Declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral (Artigo 282 da CRP);

Costume para quem o admita-a, tem de ser o contra legem

Lei formulária- CRP (Página 309) - Muito importante para a questão da vigência da lei e
da cessação da lei

Casos Práticos – vigência e cessação da lei

Caso Prático 1

A 1 de Janeiro de 2009, a Assembleia da República aprova os seguintes diplomas:

a) Lei a/2009, publicada a 2 de Janeiro, a qual continha o seguinte artigo: «artigo


12.º – Esta lei entra em vigor 10 dias após a sua publicação»; - Esta lei tem como
início de vigência o dia 12 de janeiro de 2009 nos termos do artigo 2º Nº1 da lei
formulária | Lei Nº74/98 de 11 de novembro- Ad hoc direto; Artigo 5 Nº1;
Contados a partir do artigo 278º do CC- Ex vi para 296º do CC
-

b) Lei b/2009, a qual não continha qualquer norma sobre o seu início de vigência e
foi publicada a 10 de Janeiro; - 119 Nº2 da CRP e 5/1 do CC, 1º/1 da LF
Esta lei tem como início de vigência o dia 15 de janeiro de 2009 segundo o
artigo 2º Nº2 da Lei Formulária e

c) Lei c/2009, a qual continha o seguinte artigo: «artigo 6.º – esta lei entra em vigor
dia 1 de Fevereiro de 2009»; - Publicada seguinte Esta lei tem como início de
vigência o dia 1 de fevereiro de 2009 nos termos do artigo 2º Nº1

d) Um novo Regimento da Assembleia da República, o qual não continha qualquer


norma sobre o seu início de vigência e foi publicada a 3 de Janeiro. - Esta lei tem
como início de vigência o dia 8 de janeiro de 2009 segundo o artigo 2º Nº2 e
nos termos do artigo 3º Nº2 alínea g) da Lei Formulária
Indique a data de entrada em vigor dos referidos diplomas, atendendo aos artigos 1º ,
2º e 3º da Lei 74/98 de 11 de Novembro, alterada e republicada pela Lei nº 42/2007,
de 24 de Agosto.

Ad hoc direto se diz o período de vacatio legis


Ad hoc indireto se não diz o período de vacatio legis

Publicação- 119; 5/1 do CC; 1/1 da LF


Início de vigência- 5º/2 CC e 2º/1 LF;

Ver o seu início de vigência/Nascimento/Publicação- Se foi publicado segundo o


artigo 119º / 2 da CRP; 5º/1 CC; 1º/1 LF

Inicio de vigência- 2/1 da LF; 5º/2 do CC

Vigência da lei-

Cessação da lei-

Caso Prático 2

Depois de um mau resultado do partido do Governo nas eleições autárquicas, e


na iminência de eleições legislativas, o Governo reunido em Conselho de Ministros,
aprova o Decreto – Lei n.º 1/2010, de 2 de Janeiro, nos termos do qual: “(artigo 1.º)
Os transportes públicos são de utilização gratuita, em qualquer dia da semana, para os
idosos com mais de 65 anos. (artigo 2.º) Os encarregados de educação dos jovens em
idade escolar, ou aqueles quando maiores, poderão requerer, junto do Presidente do
Conselho Diretivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT, I.P),
uma isenção total de tarifa nos transportes que utilizem para se deslocar para a escola.
(artigo 3.º) É expressamente proibida a mendicância em transportes públicos. (artigo
4.º) Este Diploma entra em vigor no dia da sua publicação”.
Entretanto, é detetado que o Decreto-Lei n.º 1/2010, havia sido publicado com
uma gralha, pelo que, a 1 de Março de 2010, é publicada a Declaração de Retificação
n.º 1/2010, aprovada pela Assembleia da República onde pode ler-se que: “Para os
devidos efeitos se declara que o Decreto-Lei n.º 1/2010 saiu com a seguinte
inexatidão, que se retifica: no artigo 2.º onde se lê «os jovens em idade escolar» deve
ler-se «os jovens em idade escolar que nunca tenham reprovado um ano».

Nunca se poderia imaginar que a aprovação destes Diplomas viesse causar tanto
alarido. DÂMASO funcionário da Imprensa Nacional Casa da Moeda que, por acaso foi
quem colocou online no respetivo site, a Declaração de Retificação n.º 1/2010, requer,
dia 5 de Fevereiro 2010, a isenção total de tarifas do filho AFONSO no Metropolitano,
transporte que utiliza para se deslocar para a escola. Tal veio a ser a deferido a 1 de
Março, apesar do jovem em questão ter ficado retido pelo menos duas vezes em cada
ano. A 1 de Abril, porém, consultando a cópia do processo de aluno de AFONSO que
tinha sido junto ao requerimento para instrução, o Presidente do Conselho Diretivo do
IMMT, IP revoga o despacho em que autorizou a isenção de tarifas, o que DÂMASO
contesta.

Apesar do que resulta DL 1/2010 diariamente, são inúmeros os invisuais que


mendigam nas carruagens do Metropolitano de Lisboa, o que é visto com naturalidade
por todos os passageiros e mesmo por alguns polícias que por vezes fazem ronda nas
carruagens. No entanto, certo dia, CRAFT, agente da PSP zeloso da lei e da ordem, que
viajava na linha amarela, surpreende EGA mendigando durante a viagem,
interpelando-o. Na mesma viagem, interpela GOUVARINHO, cigana que lia a sina a
uma passageira, prática proibida em transportes públicos por uma Lei de 1960, de cuja
ocorrência já há mais de 30 anos não havia notícia, mas que ultimamente se vinha
verificando no metropolitano.

Publicação- 119; 5/1 do CC; 1/1 da LF


Início de vigência- 5º/2 CC e 2º/1 LF;

Ver o seu início de vigência/Nascimento/Publicação- Se foi publicado segundo o


artigo 119º / 2 da CRP; 5º/1 CC; 1º/1 LF

Inicio de vigência- 2/1 da LF; Posições- Lei formulária de valor de forçado- 112º/3 da
CRP
Apenas em caso de emergência ou calamidade-
2º/1 da LF
Estas duas últimas posições referidas fazem remissão ao artigo 2º/2 da LF- 278 ex vi
276- Entrando assim em vigor após 5 dias da sua publicação

LF podem ser derrogada pela lei posterior-


Entrada em vigor no dia da sua publicação
5º/2 do CC

Vigência da lei-

Cessação da lei-

Requisito temporal- Incompatibilidade parcial


Requisito material- A lei nova
Requisito de hierarquia- Pirâmide- CRP; Lei (112/3º) - 1º Lei de valor forçado/ 2º Lei
ordinária; Regulamentos

Subhipótese 2- Impedimento à vigência- Imaginando que a lei 2/2010- Publicada no


dia 2 de janeiro e inicio vigência no dia 3 de janeiro, esta lei contra diz o decreto de lei
1/2010- Existindo assim uma incompatibilidade total e esta lei revoga o decreto de lei

Tendo em conta apenas os dados fornecidos, pronuncie-se sobre:

a) - A entrada em vigor dos atos normativos referidos; R: Decreto – Lei n.º 1/2010, de
2 de Janeiro- Esta vigência imediata é alvo de discussão entre a doutrina apesar de
estar expressamente referido que nenhum ato legislativo pode entrar em vigor no
dia da sua publicação. Este decreto de lei tinha de constituir uma exceção de cariz
emergente como por exemplo a declaração de estado de emergência, porém não se
verifica esta urgência de vigência imediata. Seguindo a doutrina do professor Pedro
Romano Martinez o decreto de lei não poderá entrar em vigor no dia da sua
publicação nos termos do artigo 2º Nº1. Assim sendo podemos considerar este
decreto de lei é inconstitucional. O pedido de retificação realizado pelo governo não
pode ser aceite nem poderá ser objeto de retificação de acordo com o artigo 5º Nº1
visto que as retificações apenas são admissíveis para correção de erros gramaticais,
ortográficos ou de cálculo, não permitindo alterações assim ao conteúdo do diploma.
Em suma tem de existir um Declaração de inconstitucionalidade com força
obrigatória geral no termos do artigo 282º da CRP);
O governo apenas pode criar um novo decreto de lei, onde seja feita a alteração ao
invés de no artigo 2.º se ler «os jovens em idade escolar» passar a constar «os jovens
em idade escolar que nunca tenham reprovado um ano». Alterando assim a data de
início da vigência deste novo decreto de lei não seja no dia da publicação devido ao
facto que é inconstitucional e sim no dia seguinte e por aí em diante ou então que
não seja especificada quando entra em vigor. Passando a vigorar automaticamente
no quinto dia no âmbito do artigo 2º Nº2.

Pressupostos para existir DR- Requisito material 5º/1 LF; Requisito orgânico 5º/1 LF;
Requisito temporal 5º/2 LF- > Nulo por analogia- Artigo 5º/3 LF

Artigo 5/4 da LF e os seus efeitos 5/4 da LF

b) - A pretensão de Dâmaso e a posição e do Presidente do Conselho Diretivo do IMTT-


R: Apesar de o decreto de lei ser inválido/inconstitucional, caso este fosse válido
quem detinha a razão era o Dâmaso e não o Presidente do Conselho Diretivo do
IMTT. Isto verifica-se devido ao facto do filho de Dâmaso, Afonso, apesar de ter
ficado retido pelo menos duas vezes em cada ano quando foi atribuído a isenção
total das tarifas do seu filho no Metropolitano, transporte que usa para se deslocar
para a escola, ainda não havia entrado em vigor a Declaração de Retificação Nº
1/2010 remetendo assim para o artigo 5º Nº4 da LF. Assim o Presidente do Conselho
Diretivo do IMTT deve alterar a sua decisão para a promulgação da isenção total das
tarifas visto que quando Dâmaso solicitou esta o preceito era que os encarregados de
educação dos jovens em idade escolar, poderiam requerer, junto do Presidente do
Conselho Diretivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT, I.P),
uma isenção total de tarifa nos transportes que utilizem para se deslocar para a
escola.

c)- A licitude das condutas de Ega e Gouvarinho. R: Caso a o decreto de lei fosse
constitucional, estamos perante um caso de abuso de direito por parte do agente
Craft visto que apesar do decreto de lei Nº 1/2010 são vistos inúmeros invisuais a
mendigar nas carruagens do metro, estes comportamentos são vistos com
naturalidade pelas pessoas incluindo alguns polícias que fazem rondas nas
carruagens. Para existir abuso de direito têm de se verificar três principais
pressupostos, no caso o desequilíbrio das partes, o exercício de abuso de inútil e a
desproporção no exercício do direito, podemos aferir então que estes pressupostos
se encontram preenchidos. Este abuso de direito pertence à modalidade de venire
contra factum proprium visto que Craft assumiu um comportamento contraditório
em relação à postura que foi tomada anteriormente, visto que os restantes polícias
agiram de uma forma e assim agiram em conformidade sucessivamente, sendo assim
ilegítimo o comportamento de Craft e o ato de Ega é lícito.

Já o caso de Gouvarinho que era uma cigana que estava a ler a sina a uma passageira,
era uma prática proibida fazer nos transportes públicos por uma lei de 1960. Esta
prática já não ocorria há mais de 30 anos que não havia notícia, porém ultimamente
havia se verificado no metropolitano. Estamos assim perante um caso de desuso, ou
seja, é a desconformidade entre os padrões sociais de conduta e critério de conduta
contido na regra jurídica. Não prejudica a vigência embora limite a sua efetividade
social como foi e é o caso. - Caso de caducidade tácita devido ao facto de terem
desaparecido os pressupostos necessários para existir esta proibição

Caso Prático 3

No seguimento das restrições pandémicas do COVID-19, o Governo aprova o


Decreto-Lei n.º 54/2020, de 9 de setembro, que regula o "funcionamento geral dos
estabelecimentos abertos ao público", nele se prevendo que "podem estar abertos
durante 5 horas por dia". Esse Decreto-Lei entrou em vigor no dia 1 de outubro de
2020. Posteriormente, a Lei n.º 22/2020, de 10 de outubro regula o "funcionamento
dos estabelecimentos de restauração", nela se prevendo que "podem estar abertos
durante 10 horas por dia". A Lei n.º 22/2020 entrou em vigor no dia 1 de novembro de
2020.
A Lei n.º 23/2020, de 9 de novembro de 2020, veio regular novamente o
"funcionamento geral de estabelecimentos abertos ao público", nela se prevendo que
"podem estar abertos 8 horas por dia". No dia 20 de novembro de 2020, o restaurante
X esteve aberto ao público durante 9 horas.
Quid iuris?

R: (FALTA O INICIO DE VIGÊNCIA) Estamos perante diversas revogações a vários


decretos de lei devido às restrições pandémicas do COVID-19, tendo em conta os
requisitos existentes para a revogação todos estes se encontram preenchidos. O
requisito temporal em que o novo decreto de lei revogou o decreto de lei antiga, o
material em que se verifica a que este decreto de lei novo é incompatível com o antigo
e podemos considerar que este decreto novo é superior ao decreto antigo.
A revogação detém ainda diversas modalidades, podemos caracterizar que a Lei n.º
23/2020 revogou de forma substitutiva, tácita, global e parcial. É substitutiva devido ao
facto que está a substituir uma lei que anteriormente já existia, é tácita pois esta lei
dispõe sobre a mesma lei anterior, sendo revogada por incompatibilidade nos termos
do artigo 7º Nº2. É global pois aplica-se a todo o território nacional e é parcial visto que
substituem apenas alguns preceitos da lei anterior, no caso em concreto o número de
horas que podem estar abertas durante o dia, para o professor Castro Mendes estamos
perante uma derrogação.
Com os dados que nos são dados e que estão presentes no caso não temos
conhecimento de quando a lei Nº 23/2020 entrou em vigor. Se esta não tem fixação do
dia em que entra em vigor esta entra em vigência no quinto dia após a sua publicação
nos termos do artigo 2º Nº2 da LF, sendo assim o restaurante X agiu de forma ilícita e
poderá ser alvo de sanções visto que violou esta lei

Lei 1- DL 54/2020- P= 119º/1 e 2 CRP, 5º/1 CC e 1º/1 LF


IV- 5º/2 CC e 2º/1 LF- 1/10

Lei 2- DL 22/2020- P= 119º/1 e 2 CRP, 5º/1 CC e 1º/1 LF


IV- 5º/2 CC e 2º/1 LF- 1/11

Lei 3- DL 23/2020- P= 119º/1 e 2 CRP, 5º/1 CC e 1º/1 LF


IV- 2º/2 LF e 5º/2 CC- 5 dias- 279 ex vi 296º- 14/11- Lei 2- Restauração/Lei 3- Todos os
estabelecimento

L1- Todo os estabelecimentos= Lei Geral


L2- Restauração= Lei Especial

Requisito material- Parcial= Derrogação/Tácita- /7º Nº2 do CC/Substitutiva


Requisito temporal- Sim
Hierarquia- 112º/2 do CC

Lei 3 (LN) VS Lei 1 (LA)


Material- Total/ Tácita/ Substitutiva
Temporal- Sim
Hierarquia- Sim

Lei 3 revoga a Lei 1

Lei 3 (LG) VS L2 (LE)


Material- 7º/3

Caso Prático 4
A Lei x/2002, de 12 de fevereiro estabelece o regime jurídico da caça desportiva. O seu
artigo 2.º estabelece que «apenas é permitida a atividade de caça desportiva durante a
época de caça, a determinar pelo Ministro do Ambiente». O Ministro do Ambiente
fixou seguidamente, por regulamento, fixou o início da época de caça a 1 de agosto e o
respetivo término a 1 de outubro.
A 4 de abril de 2009 é publicado o Decreto-Lei n.º x/2009 que determina que a caça à
perdiz passa a ser lícita durante todo o ano.
Pronuncie-se sobre a vigência dos atos normativos referidos.

R: Estamos perante um caso de revogação da lei x/2002 de 12 de fevereiro que


estabelece o regime jurídico da caça desportiva. O seu artigo 2.º estabelece que
«apenas é permitida a atividade de caça desportiva durante a época de caça, a
determinar pelo Ministro do Ambiente». Ficando sempre sujeito ao regulamento do
Ministro do Ambiente (Doravante MA) acerca do início da época de caça que no caso
iniciará desde 1 de agosto e até ao dia 1 de outubro. Porém no dia 4 de abril de 2009
é publicado que um decreto de lei que determina que a caça à perdiz passa a ser
lícita durante todo o ano. Assim estamos perante um caso de suspensão de vigência
da lei anterior. A lei x/2002 de 12 de feveiro apenas está em vigência entre o dia 1 de
agosto e o dia 1 de outubro, segundo o regulamento do MA, assim sendo a caça
passa a ser ilícita se não estiver dentro deste período. Contudo ao ser publicado um
decreto de lei Nº x/2009 determinando que a caça à perdiz passa a ser lícita durante
todo o ano encontramo-nos perante uma alteração à lei anterior. A caça desportiva
está sujeita à época de caça regulamentada pelo MA, deste modo a caça de outras
espécies só pode ocorrer dentro do período regulamentado enquanto a caça da
perdiz passa a ser lícita durante todo o ano, não havendo quaisquer restrições

339- Pressupostos- Perigo; Atual; Destruído; Danificado coisa alheia; Dano não
manifestamente superior; Proporcional

339 2 parte

338 por analogia EN- PUTATIVO

Você também pode gostar