Mason (Fire Livro 2)
Mason (Fire Livro 2)
Série Fire
Volume 2
Jennifer Souza
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Jennifer Souza
1. Romance
2. Adulto
3. Suspense
Mason
Aquilo só podia ser uma piada. Uma brincadeira de mau gosto que meus
colegas idiotas estavam fazendo comigo. A ficha ainda não tinha caído.
Encarei a mulher à minha frente; aquela que eu não via faziam mais de cinco
anos.
— Você pode repetir o que acabou de dizer?
Ela revirou os olhos impaciente e bufou.
— Eu disse que essa menina é sua filha, e que estou indo embora. — Ela
empurrou a menina na minha direção. A criança me encarou assustada, e seus
olhos cor de chocolate, amedrontados, me trouxeram lembranças de meu
passado sombrio. — Já a criei até agora sozinha. É sua vez. — Ela largou
uma mochila velha na minha frente.
— Allison, você só pode estar louca se pensa que vou acreditar nessa
história. Tivemos uma noite juntos no dia de São Patrício a séculos atrás.
— Uma noite bastou para que Emma nascesse.
— E por que você não me procurou antes?
— Eu estava casada, Mason. Só que não deu certo, e agora eu consegui
uma ótima oportunidade de emprego em Vegas. Óbvio tive de mentir que não
tinha filhos ou então perderia a vaga. — Allison trocava o peso do corpo de
um pé para o outro. — Eu preciso ir, tá legal?! Cuide da garota.
— Eu não posso, entregue ela para alguém da sua família. — Falei
desesperado. — Não tenho a menor experiencia com crianças.
— Se vira, meu amigo. Eu não fiz ela sozinha, e também tive de me virar
quando ela nasceu. — Ela empurrou a menina mais uma vez na minha
direção. Ela tinha um olhar desafiador e ao mesmo tempo assustado.
— Quem me garante que essa menina é minha filha? — Ela fez sinal para
um taxi.
— Faça o DNA se você tem dúvidas. — E então ela entrou no taxi
deixando a menina na minha frente como se fosse apenas um objeto que
deixou aos meus cuidados. Ela sequer se despediu, simplesmente abandonou
a filha e se foi.
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— Eu... hã... — Eu não sabia o que fazer com a menina em minha frente.
— Cara, vá para a casa. — Michael disse, se aproximando. — Desculpa,
mas eu ouvi tudo... não teve como não ouvir. Vá que eu cubro seu turno, e
também está tranquilo hoje.
— Eu... eu vou fazer isso.
— E tem os outros batalhões também. Vai nessa cara.
— O Duke... eu...
— Eu explico para ele.
Apenas assenti. Estava um tanto anestesiado para mencionar qualquer
coisa.
Peguei um Dunhill no meu bolso. Eu precisava de um cigarro; na verdade,
necessitava. Coloquei-o sobre os lábios, e com um isqueiro acendi a brasa.
— Você sabia que isso vai te matar? — Uma voz doce e decidida me
disse.
Encarei a menina de cabelos encaracolados. Ela me encarava de volta.
— E o que isso tem a ver com você? — Perguntei, irritado. — Vamos
embora. — Indiquei a ela minha velha Chery vermelha. Ela olhou para o
carro com desconfiança. — Anda garota, pegue sua bolsa e vamos. — Insisti.
A tragada no cigarro fez meus nervos relaxarem ao menos um pouco.
— Está muito pesada. — Respondeu ela. — E meu nome é Emma.
— Tanto faz. — Peguei a bolsa no chão. — Vamos.
Ela me seguiu um tanto quanto irritada.
Joguei a mochila no porta-malas e mandei-a sentar no banco de trás. Ela
não me obedeceu.
— Vou sentar aqui. — Ela entrou no carro e acomodou-se no banco do
carona como uma rainha.
Dei mais uma tragada profunda no cigarro e o joguei no chão, apagando-o
com a sola do sapato. Entrei no carro. O que eu farei com aquela garota?
Dei partida no carro para encarar o transito noturno de Chicago e segui
para o sul, para o meu velho apartamento alugado em Chinatown.
— Você não tem parentes onde possa ficar? — Perguntei para a garota ao
meu lado.
— Não. Ao que parece, só tenho você. — Disse, mal-humorada.
— Você é bem articulada para uma menina de seis anos. — Comentei. —
Mas eu vivo em um apartamento apertado, e no momento não sei bem o que
fazer contigo.
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— Pode me deixar em uma casa de adoções, um lar para crianças... Eu vi
na tv que tem muitos por aí, e não parecem tão ruins assim e.…— Ela parou
de falar quando eu soltei uma risada sem humor.
— Acredite, nem tudo o que dizem na tv é verdade.
— Eu não sou burra para acreditar em tudo o que está na tv, e o lar para
crianças parece melhor do que uma casa na qual não sou bem-vinda.
Fiquei impressionado com a inteligência daquela menina.
— Não vou te abandonar em um lar para crianças. — Falei decidido. Já
havia passado por tal coisa e não fora nada bonito. — Vou te levar comigo
até descobrir o que fazer com você.
— Mason, não é? — Olhei para ela rapidamente. — O seu nome? Como
devo chamar você?
— Mason, pode me chamar de Mason. — Retruquei.
— O que você pretende fazer comigo? — Perguntou ela.
— No momento, vou te dar um teto para dormir e comida.
— E depois?
— Depois vou encontrar algum parente para tomar conta de você. Eu
passo o dia inteiro fora e não tenho como ficar com você. — Meu maxilar
ficou rígido. Por Deus, eu adoraria mais um cigarro agora, mas nunca fumava
dentro do carro.
— Eu também não estou feliz com isso. — Disse ela.
— Eu não sirvo para ser pai.
Ela apenas encarou a paisagem pela janela, e ficamos em silêncio o resto
do caminho.
Eu nunca tive um pai e uma mãe, como eu poderia ser um pai? Eu iria
arranjar um lar para aquela menina, e iria seguir com a minha vida. Ela era
boa do jeito que estava.
Brooke
1
Caminhei pelo longo corredor da escola primária de South Loop ,
cumprimentando a todos com um sorriso no rosto. Era mais uma semana que
se iniciava e uma nova aluna iria começar em nossa turma. Programei
atividades divertidas para aquele dia, para fazer Emma Mayfield sentir-se
bem-vinda.
Entrei na sala, e todos os alunos já estavam em seus devidos lugares. Dei-
lhes um bom dia animado e organizei o meu material em cima da mesa antes
de começar mais um dia de aula. Quando peguei o giz para começar as
atividades, a diretora Schaefer bateu na porta. Ao seu lado estava uma linda
menininha de cabelos encaracolados e olhos cor de avelã. Ela usava uma
camiseta amarrotada e calça jeans. Certamente foi seu pai quem a vestiu.
— Bom dia, senhorita Valentine. Trouxe mais uma aluna para a sua
turma.
Levantei da minha mesa e fui receber a aluna.
— Seja bem-vinda, Emma. — Ela estava séria e acuada. — Eu sou a
senhorita Valentine, mas pode me chamar de professora Brooke. — Virei
para os outros alunos e falei: — Por favor crianças, deem as boas-vindas a
Emma.
— Seja bem-vinda, Emma. — Todos falaram em uníssono.
— Pode sentar-se ao lado da Julia, Emma. — Indiquei o lugar e ela
sentou-se.
E assim iniciei a aula.
******
“Desta vez quando sua língua o acariciou, ele abriu os lábios, e sua
própria língua a encontrou hábil e cálida. Uma volta lenta começou... e
então ele estava em sua boca, pressionando, procurando. Sentiu a agitação
4
sexual nele, o calor e a urgência que cresciam em seu grande corpo. ”
Mason
Cara, aquilo era uma incrível bosta. Estávamos recém no dia 14 do mês, e
era o segundo incêndio criminoso que atendíamos. Todos os dois vieram
acompanhados daquele laço vermelho irritante. Todos em casas de pessoas
ricas. Cara, eu sei que os ricos são todos um bando de escrotos, mas esse
incendiário estava me deixando nos nervos. Não bastava os meus problemas
pessoais, agora esse também. Juro que se pegasse o maldito, iria quebrar a
cara dele.
Acendi um cigarro e encarei o sol. Daqui a pouco ele iria embora, e
chegaria para iluminar a terra natal de Minah. Aquela garota me surpreendeu
bastante. Quando a vi chegar no batalhão pensei que ela seria apenas um peso
entre nós, mas ela era muito útil e habilidosa.
— Hey, Monstro... apaga esse câncer e vá falar com Duke, ele está te
chamando. — Falou Tyler.
— Não vem você me encher também. É só um cigarro, porra. Se eu ficar
com câncer, a culpa será só minha e de mais ninguém. — Disse irritado.
— Hey, calma aí, amigão... Eu sempre chamei essa coisa nojenta de
câncer e você nunca falou nada.
Dei minha última tragada e apaguei a brasa com o pé antes de jogar o
resto de cigarro na lixeira.
— Eu sei, idiota; mas agora parece que todos querem me encher por causa
disso. — Principalmente uma menininha geniosa que tinha os meus olhos e o
meu sorriso, e que no último mês bagunçou minha vida e minha casa.
— Desculpa, cara, mas você deveria parar com essa bosta. Um cara
inteligente como você, fumando... isso coloca sua inteligência à prova.
— Vá lavar as suas saias e me deixe em paz. — Bufei e passei por ele
para entrar no batalhão e conversar com Duke.
— É kilt, idiota! — Gritou Tyler nas minhas costas.
Bati na porta de Duke e logo entrei. Ele estava sentado, imponente, diante
da sua mesa; usava óculos de leitura e estava com a testa franzida encarando
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um papel. Duke era o único homem no batalhão que eu temia e respeitava. Eu
admirava-o como um filho que admira seu pai. Ele, na verdade, foi a única
figura paterna que tive para me espelhar, então eu o admirava como se ele
fosse meu pai, mesmo eu tendo trinta e um anos, sem ter idade para ser seu
filho. Pigarrei para chamar sua atenção e ele me encarou, deixando os papéis
largados na mesa.
— Mason. — Ele tirou os óculos. — Sente-se, por favor. — Pediu ele. Fiz
o que ele me pediu.
— Queria falar comigo. — Não foi uma pergunta, mas ainda assim Duke
assentiu.
— Na verdade, eu gostaria de saber como está Emma e você.
— Chefe, eu...
— Não, nesse momento não sou seu chefe, sou seu amigo... Então fale...
— Suspirei.
— Tudo está bem, eu estou bem, Emma está bem também... Sabe, é uma
coisa temporária, e logo ela irá embora, então...
— Por que ela precisa ir embora? — Ele sempre me fazia aquela pergunta.
— Você sabe, Duke, não sirvo para ser pai. — Passei a mão na cabeça e
desejei outro cigarro. Deus, desse jeito eu iria fumar dois maços por dia. —
Eu não consigo nem manter uma namorada perto de mim. Sou um monstro,
não é mesmo? Todos sabem que sou intragável.
— Para de drama, Mason. Você sabe que ganhou esse apelido só porque é
grandão e mal-humorado. — Disse Duke. — O verdadeiro monstro nessa
história toda é esse maldito incendiário. Monstro são assassinos,
estupradores... esses seres são chamados de monstros, pois nem podemos
considerar chamá-los de pessoas.
— Duke, isso não vem ao caso. Estou procurando parentes de Allison para
tomar conta de Emma.
— Já se passou um mês e você ainda não encontrou ninguém. Fique com
sua filha, Mason... sei que é difícil, mas você logo vai notar que não consegue
viver sem ela. — Duke encarou a fotografia na parede e acompanhei seu
olhar. Lá estava ele com um sorriso orgulhoso ao lado de sua filha Camille.
— Eu não sou como você, Duke.
— Você é mais parecido comigo do que imagina. Quando fiquei viúvo,
quase surtei e...
— Duke. — O interrompi. — Eu preciso ir, tenho de pegar Emma na
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escola, e meu horário de trabalho já acabou mesmo.
— Tudo bem, pode ir.
— E Duke? — Falei, levantando-me.
— Sim.
— Não insista nesse assunto. Em breve vou encontrar algum parente de
Emma... ela merece alguém melhor do que um fodido que nem eu como pai.
— Falei e virei-me para abrir a porta.
— Emma precisa do pai dela e de amor... isso é o suficiente para ela. —
Disse ele antes que eu deixasse a sala.
— Eu não conheço essa palavra chamada amor.
Deixei a sala de Duke. Nem me despedi dos imbecis, apenas peguei
minhas coisas no armário e saí de lá.
Entrei no carro e fiquei alguns minutos lá dentro em silêncio. Minha
mente sombria foi inundada por pensamentos de um passado distante, que eu
tentava a cada dia me esquecer. Porra, eu tinha quatro anos! Por que tinha
que me lembrar de coisas que ninguém lembra? Pergunte a qualquer um se
eles têm lembranças de quando tinha quatro anos de idade, e a resposta
sempre será um não. Ninguém se lembra. Mas como minha mente era fodida,
é claro que eu me lembrava com perfeição.
— Hey Mason, tem algo quente para você conter. — Disse Trevor. Ele
sorriu sugestivamente. — Agora que descobrimos seu lado Tribbiani, vá...
— Do que está falando, idiota?
— Alerta de incêndio no mesmo local daquele dia.… com aquela
mulher... Vá...
— De novo? — Aquela doida iria se matar.
— Sim, vá...— Falou Trevor.
— Vá você. Por que tem que ser eu? — Vi todos os idiotas ali de pernas
para o ar.
— Ela é a sua garota. Vá, seu idiota. — Disse Trevor.
— Sim, ela provavelmente causou esse incidente para te ver. — Disse
Caleb. — Vi a forma como vocês se olhavam.
— Não vou para lugar nenhum. — Falei mal-humorado.
— Você vai sim, é uma ordem. — Disse Duke da porta.
— Duke, mas...
— Vá, Mason. Michael está esperando você. Ele vai dirigir até lá.
— Oh, Mason, salve-me com sua mangueira. — Disse Henry imitando
uma voz fina.
— Oh, Mason, peguei fogo pensando em você. — Zoou Tyler.
— Idiotas! — Bufei e sai antes que batesse em alguém. Entrei no veículo
com Michael, que acelerou no mesmo instante.
— Eles estão pegando pesado com você, não é mesmo? — Perguntou ele.
— Ah, cara, você não faz ideia. — Bufei.
— Eles só querem que você se de bem.
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— Claro, namorando uma doida que vive colocando fogo na casa.
— Que é linda pra caralho. — Falou ele.
— Você nem a conhece. Como sabe que é linda? — Perguntei. um tanto
possessivo.
— Caleb falou, e acredito no julgamento dele, afinal ele está com a Karen.
— Assenti. Quem diria que aquele idiota conseguiria uma namorada tão boa.
Gostava de Karen, apesar de não conhecê-la tão bem.
— Chegamos.
Desci do carro ainda mal-humorado, e em segundos estava diante da porta
da casa daquela mulher, doida e linda.
Bati na porta com força, e ela logo a abriu para mim.
— Oi...
Deus, por que ela tinha que ser tão linda?
Invadi a casa dela em busca do foco do fogo, e logo localizei algo que
deveria ser uma lasanha, mas que virou carvão. O forno estava aberto e as
janelas escancaradas.
— Eu vim, pois recebi um chamado de incêndio. — Falei, encarando-a.
— O que aconteceu desta vez?
— Eu me distraí lendo um livro e aconteceu...
— Aconteceu? — Perguntei, incrédulo. Ela mordeu o lábio inferior e
desejei beijar seus lábios para saber se eram tão doces quanto eu imaginava.
— Ops. — Foi tudo o que saiu dos seus lábios.
— Ops? Você quase causou um incêndio grave e diz apenas “ops”.
— Isso pode acontecer com qualquer um. — Explicou ela.
— Estou começando a achar que os meus colegas têm razão. — Disse
dando um passo na direção dela.
— Razão sobre o que? — Perguntou.
— Que você anda causando incêndios só para que eu venha apagá-los.
Ela engasgou com a saliva e começou a tossir.
— Que coisa ridícula de se dizer. — Disse ela.
Eu só queria mergulhar meus dedos naqueles cabelos dourados, puxá-la
para mim, colar meu corpo no seu e beijar sua boca cor de cereja com
vontade.
— Será mesmo? — Perguntei. — Ou é isso, ou você é realmente estúpida
por deixar que algo queime em seu fogão duas vezes na mesma semana.
— Eu...— Ela esbarrou em um balde que estava no chão e teria caído se
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eu não tivesse a segurado pela cintura. Puxei seu corpo contra o meu. Ela era
realmente tão macia quanto eu imaginava, tinha o aroma da primavera e um
olhar que pedia que eu a beijasse. Então foi exatamente o que eu fiz.
Cobri sua boca com a minha. O beijo começou suave, leve, e logo foi
tornando-se mais selvagem. Mergulhei minha língua dentro de sua boca
macia, e ela acariciou minha língua com a sua... foi o paraíso. Ela era como
água fresca em um dia de verão, como sorvete num dia de praia, como uma
brisa em um dia quente... Deus, ela era deliciosa, macia e doce. Mordi seu
lábio e a soltei bruscamente antes que eu perdesse o controle.
— Eu espero não ter que voltar aqui novamente, moça. Se você fizer o
alarme soar novamente, vou fazer muito mais do que apenas beijá-la. —
Alertei-a e vi o brilho em seu olhar. — Vou devorar você todinha e depois
irei embora sem olhar para trás, pois não sou como os homens dos livros que
você tanto se distrai lendo. Sou um monstro, e se você soar esse maldito
alarme novamente, vou comer você e ir embora, pois sou esse tipo de
homem. Cuide-se e fique longe de mim, você é doce demais para alguém
amargo como eu.
Sai da residência dela. Eu sequer sabia seu nome, e era bom assim. Eu
estava excitado, e tudo o que eu desejei quando a beijei foi estar dentro dela e
esquecer minha vida fodida.
— Vamos embora logo! — Falei para Michael assim que entrei no carro.
— E então, como foi? — Perguntou Michael.
— Não foi nada. Vamos embora, porra!
Eu estava de saco cheio, porque de repente minha vida tão tranquila
estava uma verdadeira bagunça. Eu só queria voltar a ficar sozinho como
sempre fui... Quando não se tem pessoas em sua vida, não há decepções,
expectativas ou abandonos. Eu só queria voltar a ficar só em minha casa, eu
estava bem assim.
Brooke
Sentei no chão. Eu não tinha força nas pernas, e por Deus, quem teria
força nas pernas depois daquilo? Meus lábios estavam em chamas. Aliás,
dizer que meus lábios estavam em chamas era um verdadeiro eufemismo,
pois meu corpo inteiro estava em chamas... eu estava pegando fogo. Na
verdade, eu estava prestes a me transformar em cinzas.
—...se você fazer o alarme soar novamente vou fazer muito mais do que
apenas beija-la.
Ofeguei com a lembrança de sua ameaça. Mordi meu lábio, e seu gosto
estava ali ainda, tinha gosto de bala de menta e sua pele tinha um leve aroma
de cigarro de canela. Sua pele era tão quente que eu pude sentir seu calor
através de seu uniforme de bombeiro. E ele era forte, e Deus, grande como
um armário. Ele era tão grande... Deus, como ele era grande.
Escutei batidas leves na minha porta. Ele teria voltado? Logo essa
pontinha de esperança se foi, ele não bateria na porta com tanta delicadeza...
ele era o tipo de homem que colocaria a porta abaixo, arrancaria as minhas
roupas e me devoraria ali mesmo no chão da cozinha. A cena veio na minha
cabeça completa e desejei que isso de fato acontecesse, quando comecei a
viajar em minha própria ilusão novamente as batidas na porta ficaram
insistentes.
— Já estou indo. — Gritei, me levantei do chão. Minhas pernas ainda
estavam tremulas e meus lábios formigavam de desejo. Eu queria mais.
Abri a porta e dei de cara com Martha, minha vizinha enxerida.
— Oh, minha menina, você está bem? — A senhorinha de cinquenta e
poucos anos passou por mim como um jato e olhou apavorada para a minha
cozinha. — Você precisa ter mais cuidado com essas coisas, poderia ter
morrido.
— Senhora Martha, foi a senhora quem chamou os bombeiros? — Aquela
baixinha me encarou com um brilho nos olhos, o que a fez rejuvenescer uns
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dez anos.
— Sim, só cumpri o meu dever cívico.
Suspirei e sorri.
— Senhora Martha, já havia lhe dito da outra vez que as vezes eu posso
queimar a comida e deixar meu alarme de incêndio soar... isso me desperta,
eu venho até o fogão, desligo o fogo, e pronto tudo volta ao normal de novo.
— Apontei para ela o aparelho branco e arredondado no preso ao meu teto.
— É para isso que servem os alarmes de incêndio, para nos alertarem, e
assim nós podermos conter a fumaça.
— Algo mais sério poderia acontecer, então chamei eles. — Disse ela.
— Mas se a senhora os chamar toda a vez que eu queimar a comida, eles
não vão ficar contentes. — Expliquei. — Eles têm trabalhos mais sérios para
fazer.
— Bobagem, o trabalho deles é virem quando são chamados. — Ela
suspirou como uma adolescente. — Foi assim que conheci meu Willie, meu
falecido marido. Ele trabalhava para o 17° batalhão e veio resgatar meu
gatinho que estava em cima de uma árvore alta... nos apaixonamos e nos
casamos em menos de um mês. — Ela suspirou novamente.
— Eu sei que sua história de vida é linda, senhora Martha, mas por favor,
não chame mais os bombeiros por bobagens.
Mas que diabos eu estava fazendo? Se ele voltasse na minha casa iria
acabar comigo, e era uma das coisas que eu mais desejava em meu íntimo.
Queria ter longas horas prazerosas ao lado de um homem quente como ele,
afinal depois nós nunca mais nos veríamos mesmo. Por que eu estava
pedindo para a senhora Martha não ligar mais para os bombeiros? Qual era o
meu problema?
— Se eu ver fumaça e escutar seu alarme eu irei chamar sim, assim posso
admirá-los de longe, filha; e isso conforta meu coração.
Ah sim, foi exatamente por isso que eu disse a ela sobre não chamar mais,
pois eu sabia que ela não me daria ouvidos de qualquer jeito.
— Bem, não posso controlar suas ações, admito senhora Martha. —
Respondi. — Prometo tentar não queimar mais nada.
— Certo. Cuide-se, menina. — Ela seguiu até a porta.
— Senhora Martha, quando quiser, pode vir conversar comigo, tudo bem?
— Uma velha viúva e uma solteirona... — Disse a senhora Martha. —
Vou lhe apresentar meu neto, Malcolm. Você precisa de um namorado, para
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assim esquecer um pouco esses livros. — Disse ela apontando para a minha
entulhada estante de livros.
— Está certo, senhora Martha.
Ela saiu e girou nos calcanhares para me dar um aviso.
— E não esqueça, se eu ver fumaça novamente ou o alarme de incêndio
soar, vou chamar os homens do fogo. — Assenti e fechei a porta.
Suas palavras ecoando na minha cabeça.
Era loucura, mas eu precisava fazer isso. Faria bem para a minha alma,
faria bem para o meu corpo, e minha pele, sem dúvidas, iria brilhar no dia
seguinte. E então depois de um bom banho, coloquei um vestido justinho da
época da faculdade e liguei os incensos. Cinco deles e aproximei-os do
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alarme.
Por favor, senhora Martha, cumpra com a sua palavra desta vez. Por
favor ligue para os bombeiros. Por favor.
O alarme de incêndio começou a soar tão alto que chegou a doer meus
ouvidos. Espiei para a casa da frente e fiquei tão feliz com a cena que vi que
quase pulei de alegria.
A senhora Martha olhava em direção a minha casa e estava com o telefone
colado ao ouvido. Ela estava chamando os bombeiros. E eu fiquei ansiosa e
quente.
Em poucos minutos uma batida violenta soou na minha porta. Era ele, eu
senti na minha pele que era ele do outro lado da porta. Abri a porta e o
encarei com fogo nos olhos. Aquele uniforme de bombeiro certamente tinha
sido feito sob medida... eu duvidava e muito que houvesse outro homem do
tamanho dele no batalhão.
Ele entrou na minha casa. Seu olhar percorreu meu corpo inteiro e senti as
chamas me consumirem. Ele sacou um celular do bolso e discou um número,
sem tirar os olhos de mim.
— Michael, pode ir sem mim... tenho algo para resolver. — Ele então
desligou o aparelho e me pegou pela cintura. Dei um grito de surpresa. Suas
mãos eram tão grandes e firmes. Ele me colocou em cima sentada sobre a ilha
da cozinha. — Eu avisei a você o que te aconteceria se eu fosse chamado
aqui novamente. — Disse ele, mantendo seus lábios a centímetros dos meus.
Suas mãos se moveram e pararam nos meus joelhos.
— Eu sei. — Falei ofegante.
— E ainda assim você não tomou cuidado. — Disse ele, seus olhos
escureceram e suas mãos começaram a subir pelas minhas coxas.
— Desde a sua ameaça, eu só tenho pensado nas várias formas de causar
um incêndio.
Ele me encarou entre a surpresa e o desejo nu e cru.
— Ou você é muito tola, ou muito maluca.
— Me identifico mais com o maluca.
— Você não quer se envolver com alguém como eu.
Seus dedos chegaram a minha calcinha e ele esfregou o polegar contra o
tecido úmido.
— Eu só quero um momento de prazer louco e impulsivo.
— E é só isso que você vai ter. — Garantiu ele, e me esfreguei contra seus
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dedos.
— Então me beija logo de uma vez.
E foi o que ele fez. Seus lábios carnudos e macios tomaram os meus e sua
língua mergulhou em minha boca. Com um puxão ele rasgou minha calcinha
e esfregou os dedos em meu centro de prazer. Seus dedos eram longos,
grossos e ásperos; sua barba mesmo rala estava arranhando a minha pele, e
aquilo estava me deixando louca.
Ele arrancou a jaqueta amarela e a jogou no chão da cozinha. Nós nos
livramos dos suspensórios, e arranquei sua regata branca por cima da sua
cabeça. Ele era absurdamente grande, bronzeado e forte. Agarrei suas costas e
senti com a ponta dos dedos duas grandes cicatrizes. Por um minuto meu
coração ficou tocado, tentado a perguntar o que havia acontecido com aquele
homem.
Toda a concentração caiu por terra quando ele moveu com um ritmo
frenético o seu dedo em meu clitóris, fazendo-me ver estrelas ali mesmo na
minha cozinha. Gozei feito louca, e os espasmos não abandonaram meu
corpo, já que ele continuava a me tocar, não deixando meu corpo acalmar-se.
Com um só braço ele me ergueu e me levou para o meu quarto, ainda com
seus dedos mergulhados dentro de mim.
Ele arrancou meu vestido e fiquei completamente nua e a sua mercê,
jogada na cama. Ele arrancou as calças e chutou seus coturnos para algum
lugar que não tinha importância, pois minha atenção toda se voltou para
aquele membro, longo, grosso e duro entre as suas pernas. Ele realmente era
muito grande, tanto que fiquei com água na boca. Ele deve ter notado minha
surpresa no olhar pois deu uma risada.
— Arrependida de ter acionado o alarme? — Questionou ele.
— Eu seria maluca se estivesse arrependida. — Respondi, ousada.
— Que bom, pois eu não iria parar mesmo que você estivesse arrependida.
— Alertou ele, e então veio para cima de mim. O bombeiro colocou meu
mamilo dentro da boca e o sugou com vontade. Gemi alto. — Você me
provocou, então teria que aguentar as consequências.
— Sei que você pararia se eu pedisse. — Falei sem folego.
— Eu não pararia, eu sou o cara mau aqui... achei que já tivesse deixado
isso claro.
Antes que eu pudesse responder, ele colocou o outro mamilo na boca e o
sugou com vontade. Seus dedos voltaram a trabalhar entre as minhas pernas,
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e ele me fez gozar novamente sem trabalho algum.
— Você goza de um jeito tão belo. — Ele disse. — Eu quero ver isso de
novo. — Aquele desconhecido mergulhou sua boca entre as minhas pernas e
passou a língua nos cantos mais delicados do meu corpo. Sua barba roçou nas
minhas coxas. e ele continuou me lambendo como um gato faminto; Suas
mãos, que estavam contra meu traseiro apertavam minha carne para que ele
não perdesse nada de mim. Aquela cena, aquele homenzarrão de joelhos
diante da minha cama com os lábios em mim me levou a outro orgasmo, onde
ele deliciou-se com gosto com meu sumo que escorria.
Escutei o som de uma embalagem sendo aberta e logo ele estava
posicionado entre as minhas pernas. Senti sua ponta inchada na minha
entrada e me contraí de desejo. Eu precisava dele dentro de mim, por inteiro.
Puxei seu traseiro com as mãos e o fiz entrar quase que todo dentro de
mim. Eu me senti dolorida, uma dor gostosa e maravilhosa. Tê-lo por inteiro
dentro de mim era delicioso demais. Ele grunhiu, estava tão excitado quanto
eu, tão maluco quanto eu, e começou a mover-se dentro de mim. Minhas
unhas o seguravam firme no traseiro, para que ele continuasse a me penetrar
com força e velocidade.
Eu não queria ser tratada como uma princesinha, eu queria que ele fosse
selvagem, que me pegasse com força. Deus, como eu fantasiei com isso.
— Vire de quatro.
Obedeci, pois teria que ser um cubo de gelo para não obedecer aquela
ordem tentadora.
Ele puxou meus cabelos e investiu dentro de mim com força, mas sem me
machucar. O bombeiro segurou em meu traseiro com as duas mãos, me
mantendo firme no lugar. Eu atingi o orgasmo de novo e de novo. Aquele
grandão me fez ter orgasmos múltiplos, coisa que eu nunca havia tido, e
sempre acreditei ser lenda... Uma lenda inventada por mulheres que não
tinham o que fazer.
Então eu o senti vibrar dentro de mim. Ele rugiu como um leão e ficou um
tempo em silêncio em seguida. Aquele foi o melhor sexo da minha vida...
uma pena que seria apenas uma vez. Eu não iria vê-lo novamente, pois era
uma romântica que acabaria confundindo as coisas. Eu iria me apaixonar por
ele, e com certeza teria meu coração partido em mil pedaços em seguida.
Ele saiu de dentro de mim, e eu me joguei na cama suspirando satisfeita.
Não era hora para pensar em romances e corações partidos, era hora apenas
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de aproveitar o torpor que os orgasmos me causaram. Ele começou a se
vestir, então vi suas cicatrizes nas costas e me perguntei o que aconteceu com
ele.
Não é da sua conta, Brooke; disse a voz da minha consciência.
— Você foi espetacular. — Disse ele, colocando a camiseta regata. —
Mas espero realmente que não cause mais problemas. Você é linda, parece
uma boa pessoa... Arrume um homem bom e deixe o que aconteceu hoje ser
apenas um momento de loucura que um dia você vai contar para as suas
amigas e rir disso.
— Eu sei, nada de expectativas. Eu sei. — Falei.
— Não cause mais incêndios, é sério.
— O que acontece se eu causar mais algum incêndio? — Perguntei
descarada.
— Vou mandar um dos meus colegas vir. Eu não colocarei mais os pés
aqui. Acredite, é melhor assim.
— Não vou mais causar incêndios. Obrigada por me dar um momento
inesquecível de loucura.
— Às ordens, moça.
— Meu nome é...
— Não precisamos trocar nomes, nunca mais vamos nos ver de qualquer
forma. — Disse ele.
— Nunca mais. — Ele se aproximou de mim na cama e beijou meus
lábios.
— Acredite, é melhor assim. — Ele se afastou. — Adeus, moça dos
incêndios.
— Adeus.
E então ele se foi. Eu estava eufórica pela loucura que fiz, e satisfeita
demais.
O problema comigo era que eu sempre queria mais, eu sempre desejava
mais. Lá no fundo me senti um tanto vazia quando aquele desconhecido se
foi. Eu sequer sabia seu nome, e se um dia eu chamasse os bombeiros
novamente, ele não voltaria. Eu tinha que me conformar que nunca mais
iriamos nos ver.
Mason
Eu me escondi no guarda roupa. Talvez se ele não me encontrasse
facilmente, desistisse de me procurar. Escutei seus passos no quarto, e
minhas mãos pequenas demais tremiam e suavam. Meu coração estava
acelerado. Eu queria gritar por socorro, mas fazia tempo que já que eu havia
me conformado que gritar não adiantaria.
— Eu sei que você está aqui, pirralho. Você está no guarda roupa, não é
mesmo? — Disse ele. Sua voz estava falhando e sua língua um tanto
enrolada devido as duas garrafas de vodca que eu havia visto vazias na pia
da cozinha.
Cobri minha boca com a mão para evitar que ele ouvisse qualquer som.
Tremi, abraçando as minhas pernas; até que a porta do guarda-roupa foi
aberta com violência.
— Ah, você está ai mesmo! Já disse que não deve se esconder do papai.
— Ele me arrancou de dentro do guarda-roupa e me jogou no chão de
madeira. Meu ombro doeu e meu cotovelo ralou, mas fiquei quieto. Lágrimas
silenciosas rolavam do meu rosto.
Quando ele ergueu a mão para me bater, fechei os olhos e lembrei do
sorriso de minha irmã... eu estava quase me esquecendo dela... Mas no
momento aquilo era a única coisa que me fazia aguentar.
O dia seguinte foi terrível, tive mais pesadelos e acordei atrasado. Levei
Emma para a escola, e ela continuava chateada comigo por algo que nem sei
que fiz. No batalhão os idiotas continuavam e me zoar, e isso me fazia apenas
lembrar daquela mulher linda que nunca seria minha. Uma senhorinha nos
chamou três vezes naquele dia para resgatar seu gato de cima do telhado, e
Duke disse que eu deveria ir, já que iria sair mais cedo por causa da maldita
reunião de pais e mestres.
Foi um dia de cão, e eu estava pronto para xingar e muito aquela
professorinha metida a besta. Emma ficou na casa de Daniel e sua esposa
para que eu pudesse ir a reunião, e logo cheguei na escola.
Segui para a sala em que os outros pais seguiam. Todos me encaravam
com desconfiança, mas eu estava acostumado a isso; um homem do meu
tamanho, usando jeans gastos, camiseta preta e com a minha expressão
supersimpática fazia com que todos me temessem.
Sentei em uma das cadeiras no fundão da sala, mas a cadeira era pequena
demais para mim. Os outros pais entraram, e logo a sala ficou quase cheia, e
os únicos lugares que ficaram desocupados foram as duas cadeiras do meu
lado. O lado bom de se parecer com um monstro era esse, as pessoas me
deixavam em paz.
Uma senhora entrou na sala e se apresentou; disse que era a diretora
Schaefer e que a reunião iria começar em cinco minutos.
Cinco minutos depois a diretora levantou-se e anunciou.
— Bem, como todos já devem conhecer a professora da turma dos filhos
de vocês, senhorita Brooke Valentine. — Encarei a porta, pronto para encarar
aquela velha que ficou me repreendendo, mas fiquei sem fala no mesmo
instante.
Era ela. Aquela que não saia da minha cabeça, aquela que tinha o sabor do
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mais doce mel. Aquela que era perigosa demais para mim.
Brooke
Aquelas mãos grandes e bronzeadas contra meu corpo, a aspereza de seus
dedos me deixando louca, sua boca em mim, me devorando por completo...
— Senhorita Valentine! — Ergui meu olhar do livro didático que eu
estava encarando sem ler e me deparei com o olhar inquisidor da diretora
Schaefer.
— Desculpe, a senhora falou comigo?
Senti as bochechas ficarem quentes, como se eu tivesse sido pega fazendo
algo muito errado.
— Faz cinco minutos que estou chamando pela senhorita, mas a senhorita
estava tão distraída que sequer se moveu.
— Desculpe. — Falei apenas.
— Você está passando por algum problema, professora? Posso fazer algo
para ajudar.
Oh Deus, somente um certo homem poderia me ajudar com o meu
problema... mas eu sequer sabia seu nome e não era tão ousada a ponto de
chamar os bombeiros na minha casa de novo, só para perguntar aos seus
colegas quem era ele.
— Estou bem, foi só uma distração mesmo. — Respondi.
— Sabe que se precisar, estou aqui. Sou mais que apenas sua chefe, sou
também sua amiga. — Sorri para aquela senhora incrível.
Diane Schaefer era uma mulher incrível. Ela era durona com todos, mas
uma manteiga derretida quando algo de ruim acontecia com os seus. Ela tinha
cinquenta e três anos e era uma verdadeira rocha. Quando entrei na escola
anos atrás eu a temia, mas hoje a adoro e respeito muito.
— Obrigada. — Sorri. — Agora, o que a senhora queria falar comigo.
— Então, é sobre a Emma. A orientadora da escola veio me procurar na
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minha sala esta manhã. Ao que parece, Emma está tendo dificuldades de se
adaptar na escola... ela passa o recreio sozinha e não fez amigos.
— Bridget conversou com ela? — Bridget Smith era nossa orientadora e
psicóloga da escola.
— Sim. E ela disse que não havia motivos para fazer amizades inúteis, já
que iria embora em seguida.
— Embora? Por que ela iria embora?
A diretora deu de ombros.
— Ela não quis responder.
— Vou redigir um bilhete hoje enfatizando a importância do pai da Emma
vir. Como pode ele nunca ter vindo na escola... veio apenas para a matricula e
não veio mais.
— Ele falou com o Ronald, o vice-diretor, e por isso não o conheço ainda;
e quando ele vem trazer a Emma apenas a deixa de carro na frente da escola
nem desce para acompanha-la até a sala. Ele é bem desinteressado ao que me
parece. Sei que a senhorita é um doce de pessoa, Brooke, mas espero que dê
uma bronca nele por ser tão negligente.
— Ele apenas larga a Emma na entrada e vai embora? — Eu estava muito
irritada com esse pai desnaturado.
— Dizem que ele fica parado apenas o tempo o suficiente de vê-la entrar
no prédio da escola.
— Ah, menos mal. Para ele pelo menos ter esse cuidado não deve ser um
pai tão ruim, só precisa se dar conta de algumas coisas.
— Só mesmo a senhorita para ver o lado bom no pai de Emma. A
senhorita é um anjo.
Corei ao lembrar das loucuras que fiz com um certo bombeiro.
— Não sou um anjo, senhora Schaefer. — Ela segurou em minha mão por
cima da mesa e sorriu para mim.
— A senhorita é sim. — Ela levantou-se e logo transformou-se novamente
em minha chefe. — Não se esqueça de mencionar na pauta da reunião sobre o
passeio escolar no dia 26 de junho até a fábrica de fogos de artifício. Sei que
estamos em maio, mas já é bom manter os pais de sobreaviso.
— Qual será a fábrica? — Perguntei, já pegando o bloco de anotações.
10
— Magic Fireworks .
— Certo. E será apenas com nossa escola esse ano?
Mason
Quatro dias haviam se passado. Quatro dias e eu não conseguia tirar
aquela mulher da minha cabeça. Eu estava ficando louco, pois nesses quatro
dias que se passaram tentei organizar meus pensamentos. Eu me questionava
a todo o tempo, afinal, sempre fui um cara controlado com as minhas fodas
anteriores, por que eu perdia a cabeça sempre que a via? Eu disse que não
poderia me envolver, principalmente agora que descobri que ela era
professora de Emma tudo se complicava para mais além. Eu iria enlouquecer,
era fato.
Emma tomava seu café da manhã em silêncio. Fiquei observando-a; eu era
uma droga de um pai que não sabia como começar um assunto. Eu detestava
essa minha falha, essa minha falta de jeito de começar uma conversa sem ser
grosseiro.
— Meu rosto está sujo? — Perguntou Emma, tocando em sua face e me
encarando.
— Não, está limpo. — Respondi.
— Eu fiz algo errado? — Perguntou ela.
— Não, nada... — Ela me encarou preocupada. Eu estava encarando a
menina... o que eu poderia dizer? — Eu só queria te fazer uma pergunta.
— Tá. — Disse ela e ficou esperando que eu perguntasse.
— A sua professora, ela é boa? — Emma me encarou surpresa.
— Uhum. — Respondeu ela apenas.
Eu queria saber mais e mais, não apenas esse simples comentário.
— E ela é boa com você?
— Sim. — Emma continuou comendo seu cereal, mas com uma expressão
estranha.
— Por que você ficou assim? Desde que eu perguntei pela professora.
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— É que...— Ela brincou com o cereal um pouco antes de me encarar. —
Você nunca perguntou.
Deus, hoje era quarta-feira, e eu só queria saber mais e mais. Eu senti o
comentário de Emma dentro do peito... eu só estava pensando em mim
mesmo, querendo saber mais daquela mulher, e estava me tornando a mãe
cretina de Emma. Como eu posso nunca ter perguntado sobre a professora
para ela?
— Desculpe. — Falei.
— Tá tudo bem.
— Eu vou perguntar mais coisas a partir de hoje. — Prometi.
— Você vai parar de buscar pessoas para me levarem? — Perguntou ela.
— Bem...eu....
— Hum... — Emma ficou me observando por alguns segundos antes de
sair da mesa e ir escovar os dentes. Logo ela estava de volta com a mochila
nas costas e pronta para ir.
Eu era um verdadeiro fracasso mesmo, não pude nem responder a Emma.
— Não esqueça seu lanche. — Entreguei a ela a lancheira na qual eu
preparei sanduíches, suco de laranja natural e coloquei uma maçã.
Dizem que comer uma maçã por dia evita muitas doenças. Indiferente,
Emma pegou a lancheira e seguiu para a porta.
Eu não sabia como me aproximar dela. Na verdade, eu não sabia se queria
de fato me aproximar dela... em breve ela iria embora e eu voltaria a ficar
sozinho.
Era uma casa pequena comparada as outras casas daquela rua, branca e
com as portas e janelas com detalhes em preto. Era uma casa comum, poderia
ser chamada de casinha de boneca já que era tão pequena. Mas não me
interessava o gramado verde na frente, e menos ainda a arquitetura da casa...
o que me interessava era a mulher que estava lá dentro. Ela iria acalmar meus
demônios que me atormentaram durante todo o dia; iria me perder em seus
braços e então... Não sei.
Toquei a campainha, e em pouco tempo ela apareceu diante da porta. Ela
vestia uma camisa branca, e calças jeans, e estava linda e irresistível.
— Entre. — Ela disse e se afastou da porta para que eu passasse. Seu
perfume preencheu minhas narinas e fiquei excitado; era incrível o poder que
ela tinha sobre mim. Nunca havia ficado tão louco por uma mulher antes
como estava com ela.
— Que bom que veio. Vamos falar sobre a Emma. — Disse ela cruzando
os braços no peito. Notei que ela estava rígida apesar de estar com as
bochechas coradas.
— Claro.
Brooke
De todas as reações do mundo, chorar diante de mim e pedir ajuda era a
última da lista. Na verdade, essa alternativa nunca havia passado pela minha
mente. Quando estava determinada a tratar do assunto de Emma com seu pai,
listei as diversas reações que ele poderia ter. Número um: gritar comigo e
dizer que cuidava bem da sua filha. Número dois: levar aquilo a sério e dizer
que conversaria com ela. Número três: ficar furioso e deixar Emma de castigo
por lhe causar esse incomodo. Número quatro: ignorar as minhas palavras e
me arrastar para a cama.
Em todas elas eu ainda me sentiria atraída por ele, ou ao menos meu corpo
sentiria a atração, pois isso era algo que eu não conseguia controlar; mas ele
ter se ajoelhado diante de mim, chorado e pedido para que eu o ajudasse...
Aquilo foi a gota d’água. Mason, aquele homenzarrão fez com que meu
coração balançasse de uma forma que eu soube lá no fundo que jamais seria a
mesma.
— Está tudo bem, eu vou ajudar você. — Acalmei-o e acariciei sua
cabeça conforme ele umedecia minha camisa branca com suas lágrimas.
Eu nunca, em toda a minha vida havia visto um homem chorar. Claro que
em livros, filmes e séries eles choravam e muito. Na vida real, porém, a
história era outra... eles sempre mantinham aquela pose de machões que
nunca derramariam uma lágrima sequer; esquecendo-se que um dia foram
menininhos cheios de medos e que choravam muito. Mason parecia um
menininho nesse momento. Ele tinha tanta dor em suas lágrimas que eu
queria salvá-lo daquela escuridão.
— Shhh... tudo vai dar certo... You are not alone, I am here with you,
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Though we’re far apart, You’re Always in my heart, you are not alone... —
Mason começou a acalmar-se conforme eu cantava. Aos poucos senti seus
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músculos relaxarem e o abraço ficar mais leve.
Ele ficou um tempo ainda envolvido em mim. Eu cantei aquela bela
melodia enquanto me movia lentamente, como se estivesse ninando um bebê.
Lembro-me que meu pai cantava essa música para mim quando eu tinha
algum pesadelo na infância ou temia que houvesse algum monstro no meu
armário.
— Desculpe. — Mason afastou-se de mim e levantou. — Eu não queria
que...
— Por favor, não faça isso. — Pedi.
— Isso o que? — Perguntou ele, adotando aquela pose de machão de
novo.
— Fingir que está tudo bem, que você é um machão que não fraqueja
nunca, me afastar, colocar uma barreira... enfim... depois de hoje e tudo
mais...
— Não quero que você se envolva nisso. — Eu o encarei sem acreditar.
— Você não pode estar falando sério!
Ele cruzou os braços no peito, e fiz o mesmo, encarando-o.
— Acho que devo ir embora.
— Não, você não pode estar falando sério. — Apontei o dedo na cara
dele, mesmo sempre tendo achado esse gesto falta de educação. — Depois de
tudo o que aconteceu aqui hoje, você não vai voltar a agir assim comigo.
— Já pedi desculpas, Brooke.
— Você pediu minha ajuda com Emma, e é o que pretendo fazer.
— Não acho mesmo que seja assunto seu.
— Pode não ter sido assunto meu, mas agora é...
— Eu não sei o que você pode fazer para me ajudar. Vai me ajudar a
buscar os parentes da Emma?
— Deus, que homem teimoso! Sinto vontade de bater na sua cabeça com
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um dos meus volumes de Guerra e Paz para ver que algo entra aí dentro.
— Vou embora. — Bufei.
— Em primeiro lugar, senta aí. — Eu o empurrei contra uma poltrona e
ele obedeceu. — Em segundo lugar escuta aqui... — Ele ficou me encarando
tão profundamente que por um momento quase perdi a linha de raciocínio. —
Você vai parar de procurar os parentes da Emma. — Ele ia falar algo, mas o
silenciei com a ponta dos dedos; o que quase foi um erro, pis esse homem era
Incendiário
Assoviei a melodia conforme ia preparando os laços. Reservei um deles
para um alguém especial. M era a etiqueta que estava no laço. Era uma pena
eu ter que eliminá-lo, mas ele pediu por isso. Negligencia. Ignorar. Fingir que
algo não está ali quando está.
Ele era um péssimo pai para aquela menina, deixando-a sempre com uma
expressão triste de abandono. Em seu olhar via algo tão parecido comigo
quando eu era criança, sua dor era a minha dor. E eu iria eliminar aquele que
causou tal dor.
Fiz mais um laço, porém tive de joga-lo fora, estava torto e imperfeito.
Aquilo de ter duas pontas desiguais me incomodava. Minhas mãos tremeram,
e cortei o laço em pedaços antes de jogá-lo no lixo. A família Cunninghan era
o meu próximo alvo, dali sete dias.
Eles haviam enviado a filha para um colégio interno fazia um mês, mesmo
a menina protestando, chorando e implorando para não ir. Eles queriam
ignorar. Eles eram negligentes, e com isso eles iriam ser eliminados. Imaginar
seus corpos queimando enquanto eles gritam de dor me deixou excitado.
Gritos de desespero. A carne queimando. O último suspiro angustiado.
Um policial veio até a minha casa e me encheu de perguntas. Você vai ter
que me dar mais dinheiro se quiser que eu mantenha a boca fechada.
Haveria uma pequena peça a mais no meu plano para dali sete dias, mais
um cadáver. Eu iria eliminar quem resolvesse se colocar no meu caminho. O
mundo precisava ser limpo de pessoas sujas.
Deitei na cama e adormeci imediatamente.
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Flashback
Era meu aniversário de onze anos, mas ninguém lembrou... me colocaram
em frente a Tv com um videogame ligado. Eu estava sozinho novamente,
como sempre estava.
Papai tinha ido em uma viagem de negócios, e mamãe foi para o Spa
descansar a mente, pois ela disse que eu havia a estressado ao quebrar seu
copo de cristal. Com o canto do olho encarei a caixa azul com aquele
enorme laço vermelho. O videogame veio ali dentro, uma distração para
mim. Eu era uma inconveniência, então o vídeo game me manteria ocupado
para que eu não reclamasse da ausência deles.
Peguei o videogame idiota e seus jogos e controles; joguei tudo dentro
daquela caixa idiota e resolvi fazer o meu próprio jogo, o meu jogo favorito.
As empregadas já haviam adormecido, e então peguei tudo e fui até a
cozinha, onde peguei álcool de limpeza e fósforos.
Segui até a varanda e joguei o álcool sobre o vídeo game, salvei o laço
vermelho... ele era tão perfeito e bonito. Joguei o fósforo e vi as chamas
começarem a se formar, tomando conta do vídeo game, transformando
aquilo tudo em plástico derretido e algumas partes em cinzas. Depois que o
fogo apagou, encarei o laço em minha mão. Ele tinha o aperto forte como um
abraço, um abraço que nunca recebi. Ele era a coisa mais bela em minha
vida, com seu tecido de cetim macio e suas pontas perfeitamente alinhadas.
Pensei no que eu deveria pedir de aniversário desta vez. Sabia que eles
me dariam qualquer coisa que fizesse com que eu não reclamasse... há muito
tempo parei de reclamar de saudades.
Como seria queimar algo vivo? Perguntei a mim mesmo, e então decidi:
naquele ano eu pediria um cachorrinho. Sorri e me perguntei que cheiro
teria sua carne queimando? Talvez fosse mais divertido com algo vivo, pois
teria gritos de dor. E a dor dele curaria a minha.
Mason
Minha cabeça estava estourando, isso já fazia dias. Uma dor que não
melhorava, ela simplesmente mudava, ficava de certa forma mais densa,
menos intensa; e eu quase poderia me acostumar a ficar com aquela dor de
cabeça para todo o sempre se ela continuasse. Era culpa dos meus
pensamentos. Eu pensava, pensava e pensava sem parar em tudo o que
Brooke havia me dito. Comecei a observar Emma, mas nunca fui tão
inteligente assim a ponto de compreender o que ela sentia.
Sabia que ela adorava doces, ela sempre estava com algum livro infantil
nas mãos, que não gostava muito de televisão, sempre acordava sozinha para
ir para a escola e ia tomar seu banho sem eu precisar mandar. Para mim tudo
aquilo parecia normal. Quando eu tinha sua idade, tinha até mesmo que me
preocupar com o que comer, pois se eu não achasse algo em casa para comer
passaria fome.
Aquela lembrança me perturbou e fez a minha cabeça latejar ainda mais.
Não gostava nem de lembrar toda a crueldade que aquele homem cometeu
comigo. Se ele ainda estivesse vivo, eu o mataria sem dúvidas.
— Está tudo bem, Mason? — Abri os olhos quando Duke me perguntou
isso. Ele sentou-se ao meu lado.
— Estou com dor de cabeça já tem três dias, estou enlouquecendo de tanto
pensar; e sim, estou bem. — Falei com ironia.
— Essa é a vida de quem cria um filho sozinho. Acredito que as mulheres
não fiquem assim pois elas são dez vezes mais corajosas e fortes do que nós.
— O encarei, e ri.
— Eu não diria isso. — Falei ao lembrar da mulher que me colocou no
mundo, apenas para me abandonar depois.
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— Você fala isso pois teve uma experiencia ruim com a mãe de Emma. —
Bingo, Duke! Além da minha mãe, também tinha a puta da mãe da Emma.
— Bem, sim... me desculpe se não acredito muito nas mães. — Dei de
ombros. — As mães que conheci, pelo menos, só demonstraram o quão fácil
é abandonar os filhos sem olhar para trás.
— A maldade faz parte dos seres humanos, mas acredite, é muito mais
fácil um pai abandonar um filho sem olhar para trás do que uma mãe. —
Encarei o Duke.
— Você não fez isso.
— Não, de jeito nenhum. — Ele suspirou. — Sabe, quando minha esposa
se foi, eu tinha uma menina pequena para criar, além de ter de lidar com a
minha dor e a dela... — Ele fechou os olhos como se a lembrança da morte de
sua esposa ainda o machucasse. — Minha sogra queria criar Camille, e cara,
aquilo era a solução perfeita: eu poderia deixar a responsabilidade nas costas
da minha sogra, beber e viver minha tristeza em paz sem ter que cuidar de
uma menina que só chorava.
— Mas você é o Duke, você nunca faria isso. — Disse com sinceridade.
— Não pense que sou perfeito. Quando as coisas ficavam difíceis, eu
pensava em deixar Camille com os meus sogros, mas eu não conseguia
imaginar a minha vida sem ela.
— Você é um grande pai, Duke.
— E você também é, Mason... só precisa deixar de ser teimoso e aceitar
isso.
Pela primeira vez, fiquei em silêncio, e não contradisse o que Duke disse,
pois tudo o que ele dizia e Brooke me disse. Eles me fizeram acreditar um
pouco naquilo, nem que fosse um por cento.
— Tem uma pessoa que conheci. — Falei espontaneamente. — Ela disse
que quer me ajudar com Emma.
— Isso é ótimo. — Duke sorriu e deu tapinhas nas minhas costas.
— Não sei se posso confiar nela. Ela...
— Ela não vai te abandonar e nem abandonar Emma. Você precisa ter
mais fé nas mulheres.
— Você nem sabe quem ela é... na verdade eu mal a conheço, ela é
professora da Emma e disse que está preocupada com ela.
— Ela não tem nada a ver com a história, Mason. Por que ela perderia
tempo te oferecendo ajuda se não fosse sério?
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Não tive tempo de responder, pois Daniel entrou correndo no refeitório e
nos disse que houve um acidente grave próximo ao shopping e precisávamos
ir já que éramos o batalhão mais próximo do local. Eu detestava atender essas
ocorrências, mas segui com meus colegas e chegamos lá em cinco minutos.
Dois carros colidiram, e um deles estava na contramão, com o motorista
alcoolizado. O motorista alcoolizado teve ferimentos leves, mas a família de
cinco pessoas no outro carro estava gravemente ferida.
Com um trabalho demorado conseguimos soltá-los das ferragens, e apenas
três dos cinco sobreviveram, a mãe e dois dos seus filhos. O pai e a
menininha de cinco anos de idade já estavam mortos antes mesmo de
chegarmos. Aquilo acabou com o meu dia. Senti tanta raiva do homem que
dirigia alcoolizado e que tinha destruído uma família que senti vontade de ir
até o hospital onde o maldito estava e matá-lo.
— Você está bem, Mason? — Perguntou Michael.
— Não. Se ele queria se matar dirigindo embriagado deveria ter jogado
seu carro da ponte e não matar outras pessoas.
— Concordo com você, mas cara...vamos embora. — Michael me puxou
pelo braço, mas eu estava vendo tudo em vermelho, encarando o carro do
maldito. Ele destruiu uma família com sua irresponsabilidade. Eu estava
muito puto, já tinha tantos problemas, e essas pessoas irresponsáveis estavam
me irritando ao máximo. Quando elas não estavam embriagadas, estavam
mexendo em seus celulares enquanto dirigiam. As pessoas precisavam ter
mais consciência, não era apenas elas que estavam na estrada.
— Mason, vamos, cara. — Henry me puxou também.
— Mason! — Daniel gritou impaciente.
— Você parece que vai matar alguém. Vamos, cara. — Disse Trevor.
— Me soltem. — Falei, me soltando de Michael e Henry. — Eu estou
indo. — Entrei no caminhão ao lado de Caleb.
— Você está bem, cara? — Perguntou ele.
— Eu estou bem, parem de me olhar como se eu estivesse louco. —
Andrew bufou.
Logo todos estavam no caminhão com Michael na direção. Todos estavam
abalados, tão abalados que nem mesmo Henry, o rei das piadinhas sem graça,
ficou em silêncio.
Brooke
Na terça-feira eu ainda estava com a lembrança de sábado fresca na minha
mente. O almoço para aproximar aqueles dois foi um verdadeiro sucesso; e
acho que consegui recuperar um pouco da confiança perdida de Mason. Eu
me perguntei o que poderia ter acontecido para que ele fosse assim, com essa
falta de autoconfiança.
— Sei que você naturalmente vive no mundo da lua, mas ultimamente
você tem exagerado nisso. — A senhora Schaefer sentou-se na cadeira em
minha frente e me estendeu uma xícara com café fumegante.
— Desculpe, estava falando comigo novamente e eu estava distraída?
Ela assentiu e ajeitou um dos cachos ruivos do seu cabelo que caiu na
testa.
— Mas não se desculpe, estamos no horário do café mesmo... Ao invés de
se desculpar me conte quem é o homem?
Quase me engasguei com o café.
— Não tem nenhum homem. — Respondi rapidamente.
— Brooke. — Ela sorriu. — Você é um livro aberto. Na hora que se
afogou com o café, ficou corada e respondeu rápido demais. — Ela deu de
ombros. — Me conte logo, quem é ele?
Praguejei por dentro por ser esse desastre ambulante que qualquer um
conseguia ler. Era por isso que eu era péssima no Poker, nunca conseguia
blefar. Sobre Mason, porém, não sabia se a senhora Schaefer iria aprovar,
afinal ele era o pai de Emma.
— Ele é apenas um amigo, e não acho que poderemos seguir a diante;
seria contra as regras. — Resolvi ser sincera, afinal, de que adiantaria tentar
mentir se eu iria falhar miseravelmente.
— Regras? É um amor proibido? — Os olhos da diretora brilharam. —
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Brooke, eu nunca pensaria que você é desse tipo. — Ela piscou para mim.
— Não exatamente proibido, senhora Schaefer.
— Por favor, sou sua amiga agora e não a diretora... me chame de Diane.
— Diane, é que eu... — Suspirei. — Ele é o pai de um dos meus alunos.
— Oh! — Diane Schaefer tirou seus óculos e pousou-os na mesa, ela fazia
aquele gesto quando queria pensar em algo. Apertei a xícara com o mascote
do time da escola, um coelho sorridente, e fiquei a observando nervosa.
— Por favor, Diane, diga qualquer coisa. — Falei. Estava ficando maluca
com aquele suspense todo.
— Não vejo o porquê desse relacionamento ser contra as regras. — Disse
ela.
— Ele é pai da minha aluna, como isso pode não ser contra as regras?
— Ele não é seu aluno nem nada. E vocês vão namorar lá fora e não aqui
dentro, não é mesmo? — Corei com a lembrança de Mason me colocando
sobre a minha mesa na sala de aula e me tocando de uma forma obscena.
— Sim, vamos namorar lá fora...
— Então não vejo motivos de você não namorar o pai da Emma. —
Encarei Diane surpresa. Eu havia dito que era o pai de Emma sem perceber?
— Como?
— Então é ele mesmo?
Eu cai como um patinho na isca de Diane.
— Sou tão transparente assim?
— Foi meio fácil de descobrir. Primeiro ele ficou olhando para você de
uma forma nada discreta na reunião de pais e mestre, segundo ele é o único
pai com quem você teve o primeiro contato agora, já que a maioria dos outros
pais você já conhecia; e sou velha, sei dessas coisas.
— Diane, quando eu crescer, quero ser como você.
Ela sorriu satisfeita com as minhas palavras.
— Você é um doce, Brooke, espero que dê tudo certo em seu
relacionamento.
— Eu ainda nem sei se vai ter um relacionamento. — Falei. E eu
realmente não sabia. Eu estava me apaixonando por Mason, queria desvendar
seus segredos, conhecê-lo mais profundamente; mas não tinha certeza se ele
me deixaria entrar.
— Ele teria de ser um idiota de perder uma mulher como você. — Disse
Diane. Ela colocou os óculos e levantou-se. — Agora, vamos voltar ao
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trabalho senhorita Valentine. — Disse Diane, voltando a adotar sua postura
de diretora durona.
— Sim, senhora. — Sorri, recolhi meu material, e fui para a minha aula do
período da tarde.
Mason
Brooke estava tão linda. Acho que nunca havia visto em toda a minha vida
mulher tão bela quanto ela. Brooke estava fazendo eu mudar. Quando isso
começou? Como ela conseguiu perfurar minha casca? Em que momento isso
aconteceu?
— Tia Brooke. — Emma, que estava ao meu lado correu para os braços
de Brooke. Elas haviam combinado no último sábado que quando não
estivessem na escola, Emma a chamaria de tia Brooke. Fiquei hipnotizado
vendo minha filha e Brooke se abraçarem aos risos. Aquilo me tocou
profundamente, apenas por ver as duas abraçadas e o som da risada delas fez
meu coração parece ter dobrado de tamanho, pois apertava em meu peito
como se não tivesse mais espaço ali dentro.
— Elas chegaram. — Olhei para o lado e vi que Duke estava me
observando. — Quem é ela?
— Já disse, é a professora da Emma. — Por que ele estava fazendo eu me
repetir?
— O que ela é para você? Ela é alguém que é mais que a professora da
Emma, certo? — Duke sorriu diante do meu silêncio.
— Sabe, Duke, com todo o respeito...— Eu o encarei, sério. — Mas você
anda muito intrometido ultimamente. — Achei que seria repreendido pela
minha atitude, mas Duke apenas sorriu como se tivesse todas as respostas
para todas as perguntas do mundo.
— Entendo. — Assoviando uma canção que eu desconhecia, Duke entrou
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no batalhão.
— Boa noite. — Cumprimentou-me Brooke, e precisei limpar a garganta
para responder a ela.
— Boa noite, obrigado por ter vindo.
Ela sorriu.
— Foi um prazer.
— Bem, vamos ao tour, Emma?
— Sim! — Pedi as duas que me acompanhassem e cheguei primeiro ao
refeitório onde todos estavam reunidos.
— Bem, esse é o tio Daniel como você já sabe. Ele é o chefe assistente do
nosso batalhão, e quando Duke não está por aqui é ele que manda; ou seja,
ele conhece cada detalhe desse batalhão melhor que todos nós e tem acesso as
nossas fichas e vidas pessoas... resumindo ele é um metido. — Emma riu das
minhas palavras e meu coração se aqueceu. Iria continuar seguindo aquela
linha de apresentação engraçada só para faze-la rir.
— Hey, Emma, não dê atenção as palavras do seu pai. Sou um cara legal.
— Disse Daniel levantando-se para me encarar, porém mesmo com seus
1,93mts, eu ainda era 3cm mais alto que ele.
— Tudo bem, tio Dan. — Disse Emma.
— É bom mesmo que você cuide melhor dessa menina. — Disse Daniel
antes de dar um tapinha amigável nas minhas costas.
— Bem, esse bobão careca é o palhaço do batalhão, Emma. Ele se chama
Henry, faz piadas que só ele acha graça, é bombeiro e é metido. — Henry
olhou na nossa direção e sorriu sarcasticamente, e então enxergou Brooke.
— Mocinha, não dê atenção ao bobão do seu pai; e muito prazer moça
bonita. — Ele cumprimentou Brooke.
— Nada de gracinhas, Henry. — Ele me encarou e bufou.
— É bom que você esteja tomando jeito, monstro. — E então pegou uma
mochila e deixou a sala depois de se despedir de todos.
— Olá mocinha, eu sou o Michael, e dirijo aquele caminhão legal que está
lá fora. Sou o engenheiro de condução e você vai ganhar um pirulito. —
Michael entregou a Emma um pirulito de coração. — Tio Michael precisa ir
agora, pois vai se encontrar com uma moça bonita. — Emma sorriu para ele e
agradeceu. — Mas da próxima vez que você vier aqui, vou levá-la para
passear no carro dos bombeiros, certo?
— Tudo bem. — Disse Emma. Ela estava tão animada com toda a atenção
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recebida que seus olhos não paravam de brilhar.
— Bom trabalho, Mason. — Disse Michael antes de partir.
Ao que parece todos estavam loucos para opinar sobre meu tratamento
com Emma, mas só quem tinha coragem de falar na minha cara era Duke.
— Oi mocinha, seu pai está te tratando bem? — Perguntou o sempre tão
calado Andrew, e Emma assentiu. — Muito bem. — Ele me encarou com
atenção antes de prosseguir. — Sou o Andrew, o tenente, e vou embora para
a casa agora. Só queria me certificar se teria que bater ou não no seu pai. —
Se Emma ficou assustada não demonstrou.
— Vá embora, Andrew. Você não é pai para ficar opinando na minha
vida. — Recebi um olhar mortal dele antes de ele sair dali, e o clima ficou
tenso; mas foi quebrado quando Minah apareceu.
— Emma, você é uma princesinha linda. — Emma encarou Minah com
atenção.
— Você é muito bonita. — Disse Emma.
— Obrigada, eu sou a Min Ah, mas todos me chamam de Minah. Sou
bombeiro aqui a pouco tempo. — Minah encarou Brooke. — Muito prazer.
— As duas se cumprimentaram. — É bom ver que alguém está quebrando o
gelo em volta do coração de Mason. — Disse ele à Brooke. — Vocês duas
são incríveis, até parecem mãe e filha.
— Minah, você não tem que ir para a casa? — Perguntei bruscamente e
ela me encarou sorrindo.
— Verdade, preciso ir. Até mais. — Minah piscou para Brooke e deixou o
batalhão.
— Quem é aquele? — Perguntou Emma. Segui a direção em que seu dedo
apontava e vi Kevin. Havia me esquecido por completo de Kevin.
— Ele é o Kevin, ele é bombeiro e trabalha há anos conosco. Ele não
gosta muito de conversar, mas é um cara competente. — Kevin nem olhou na
nossa direção quando falei dele, e continuou focado em seu livro com seus
fones de ouvido no volume máximo no ouvido.
— Oi, princesa. Eu sou o cara mais legal daqui e seu pai esqueceu de me
apresentar. — Tyler apareceu e sorriu para Emma. — Ele Às vezes precisa
levar uns cascudos por ser tão negligente, você não acha? — Emma riu. —
Muito prazer menino linda, sou o Tyler, capitão do batalhão. Sou o cara que
quando Duke ou Dan não estão, conduz os rapazes para apagar os incêndios.
— E ele usa saias. — Tyler me encarou.
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— É Kilt. babacão. — Emma gargalhou.
— Você é escocês. — Disse Brooke impressionada. — Bem que notei seu
sotaque. — Por que ela parecia tão impressionada.?
— E você é? — Perguntou Tyler galanteador.
— Ela não é da sua conta. — Falei num impulso.
— Ah... entendi. — Disse Tyler.
— Sou Brooke. — Ela respondeu, ignorando meu protesto.
— Muito prazer, Brooke. Agora devo deixar vocês a sós se não quiser ser
lançado pela janela. — Tyler saiu dali e teve sorte de ser rápido o suficiente,
pois eu queria lançá-lo pela janela de fato.
— O sotaque dele é tão forte. — Disse Brooke.
— Não é grande coisa. — Falei irritado.
Começou uma gritaria de uma das salas e olhamos naquela direção.
— Você é um idiota, Trevor! — A avoada Crystal saiu de lá soltando fogo
pelas ventas.
— Não sei porque você insiste em vir aqui ainda! — Gritou Trevor de
volta, e eles foram discutindo para o lado de fora.
— Bem, aquele ali era o Trevor, ele é bombeiro, e ouvi dizer que veio de
uma família do dinheiro; mas é só o que sei. e que depois de uma certa idade
a maior parte do tempo de sua adolescência ele passou na casa de Caleb e por
isso eles são melhores amigos. Vocês não vão poder conhecer Trevor hoje,
pois ele e Crystal estão em uma discussão calorosa.
— Tudo bem. — Elas falaram.
— James, que é nosso paramédico, tirou o dia de folga; e Caleb está com
sua namorada Karen. Mas essa não será uma visita única, Emma... vocês
poderão vir para outras visitas e andar de caminhão como Michael
mencionou.
Mostrei as duas onde ficavam nossas roupas, mostrei o alarme, e o que
fazíamos quando o alarme soava, e terminamos nossa visita na sala de Duke.
— Emma e Brooke. eu ouvi falar muito de vocês. — Disse Duke. — Eu
sou o chefe do batalhão, tenho uma filha tão linda quanto você, e adoraria
que vocês duas viessem no jantar de confraternização do batalhão daqui duas
semanas.
— Eu não sei se devo. — Falou Brooke.
— Ah, não se recusa um convite meu... e não se preocupe não estarão
apenas os babacas que você conheceu hoje, também estarão as suas
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namoradas e enfim.
— Eu... — Brooke estava em uma situação difícil.
— Eu já pretendia convidá-la. — Falei para que ela não ficasse ainda mais
constrangida. Duke estava realmente muito metido.
— Obrigada pelo convite, senhor. — Disse Emma.
— Você é uma menina linda. — Disse Duke.
— Bem senhor, se nos der licença, temos que ir jantar e está ficando tarde.
— Tudo bem, também já vou para a casa. Camille vai jantar comigo hoje.
— Ele olhou para Emma. — Camille é minha filha, e você vai adorar
conhecê-la.
Brooke apenas sorriu e assentiu. Logo estávamos em meu carro a caminho
do restaurante.
— Você gostou do passeio, Emma? — Perguntou Brooke.
— Sim, tia Brooke. O tio que mais gostei foi o tio Tyler, ele tinha um jeito
de falar bonito.
— É o sotaque escocês Emma. — Até que horas elas iriam falar do
sotaque idiota do Tyler? O que tinha de importante naquilo? Por que as duas
ficaram tão encantadas com o Tyler? O que ele tinha de tão especial? Eu
estava começando a ficar irritado aquela comichão que eu andava sentindo
ultimamente me deixando um tanto irracional.
— O que é sotaque?
— Sotaque é uma maneira particular de cada pessoa pronunciar certos
fonemas, é uma variante própria da região de onde a pessoa veio ou da classe
social em que essa pessoa veio. — Explicou a professora Brooke. — Mas em
resumo para que você compreenda melhor, quem mora na Inglaterra por
exemplo tem um jeito de falar diferente, assim como quem veio da Escócia...
ou até mesmo um falante do Texas se comparado a um de Boston.
Brooke
Era sábado, e por sorte o dia estava lindo, o céu azul estava sem nuvens,
um dia perfeito para um passeio no parque. Eu segurava a mão de uma Emma
muito excitada e Mason estava estacionando o carro e logo chegaria até nós.
— Tia Brooke, eu posso ir lá em cima? — Emma apontou para uma
grande roda gigante.
— Se o seu pai não ver problema, podemos ir sim. — Ela sorriu e seus
olhos, que brilhavam sem parar, encaravam para todas as direções. O cheiro
de pipoca doce chegava as nossas narinas.
— Vamos. — Mason chegou, e Emma logo o encarou.
— Podemos ir lá? — Ela apontou para a grande roda gigante e Mason fez
uma careta.
— Lá é tão alto. Você não gostaria de ir em algo tipo... o carrossel?
— Depois, vamos lá primeiro, parece divertido. — Mason encarou Emma,
que sorria e estava com uma expressão iluminada, e enfim assentiu.
— Tudo bem, nós iremos.
— Oba! — Emma bateu palmas e correu na nossa frente.
A seguimos até a roda gigante e percebi que Mason estava tenso.
— Você tem medo de altura? — Perguntei.
— Medo de altura? Que bobagem, claro que não. — Respondeu ele
rapidamente.
— Tudo bem se você tiver. Eu posso ir com a Brooke e você fica aqui em
baixo. — Falei.
— Eu estou bem, de verdade. — Não havia convicção em suas palavras,
mas resolvi não insistir.
Compramos as entradas para a roda gigante, e depois de esperar um tempo
na fila entramos no carrinho nós três. Com apenas uma barra de proteção na
cintura e a portinhola fechada, começamos a subir devagar enquanto mais
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pessoas embarcavam. Emma vibrava de alegria e Mason parecia que estava
sofrendo de diarreia pois não conseguia disfarçar seu medo de altura. Achei
um tanto irônico um homem que arriscava sua vida todos os dias tinha medo
de uma roda gigante, porém o fato de ele ter ido mesmo com medo para ter
memórias com Emma fez com que meu coração se derretesse ainda mais por
ele. Como eu poderia não me apaixonar por ele? Ele era ao mesmo tempo tão
grande e tão frágil.
— Wow! Podemos até mesmo ver o lago daqui. — Olhei na direção em
que Emma apontava e enxerguei o Lago Michigan, além de muitas árvores,
casas e prédios.
— Isso é realmente incrível. — Falei.
Continuamos naquele círculo subindo e descendo. Emma estava
encantada olhando a paisagem, e com isso segurei na mão de Mason, que
estava fria e suada. Ele que estava observando Emma com um brilho no
olhar, e assustou-se quando segurei sua mão.
— Não tem nada de errado em sentir medo. — Falei baixo o suficiente
para que apenas ele escutasse.
Ele apertou minha mão de volta e deu um sorriso discreto.
— Obrigado. — Sorri para ele e segurei firme em sua mão. Naquela troca
de olhares estávamos de certa forma criando uma espécie de conexão.
Comemos pipoca doce, algodão doce, e Mason ganhou um grande panda
de pelúcia para Emma. Eu devo ter engordado uns vinte quilos naquela tarde
que passamos juntos, estávamos roucos de tanto dar risada e quando pegamos
o carro para ir embora, Emma adormeceu no banco de trás agarrada em seu
panda que ela apelidou de senhor Panda.
— Você pode me ajudar a trazer as coisas para dentro? O senhor panda...
— Pediu Mason e assenti. Era a primeira vez em que eu viria em sua casa e
eu estava bem nervosa. Abri a porta para ele, pois ele estava um tanto
atrapalhado com Emma nos braços.
— Papai... — Emma sussurrou ao se aconchegar nos braços dele e Mason
me encarou espantado e emocionado. Vi quando ele desviou os olhos dos
meus e engoliu em seco. — Papai... — Emma murmurou adormecida
novamente.
Percebi olhando para trás que Emma nunca havia chamado Mason de pai,
ao menos não nos últimos encontros que tivemos. Perguntei-me se aquela era
de fato a primeira vez que ela o chamava de pai.
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Mason voltou cinco minutos depois, e estava um tanto abalado ainda.
— Você aceita uma cerveja? — Assenti e o segui até a cozinha. A casa
era perfeitamente organizada para um homem que vivia sozinho e tinha uma
criança.
Ele abriu as latas de cerveja e me deu uma delas. Ele pegou a sua e bebeu
tudo de uma vez.
— Eu queria tanto um cigarro agora. — Disse ele tenso.
— Foi a primeira vez, não é mesmo? — Ele me encarou. — Que ela
chamou você de pai. — Completei.
— Eu acho que a gente deveria se conhecer melhor. — Disse ele mudando
totalmente de assunto. Eu podia ver a confusão em seu olhar, o amor e o
medo de amar. Ele era tão transparente.
— Mason...
Ele se aproximou de mim e me prendeu contra a parede da cozinha. Senti
o ar fugir dos pulmões e então ele sussurrou em meu ouvido. Seu hálito
morno transformando-me em neve derretida.
— Fique comigo, Brooke, por favor...
E então ele me encarou, nossos olhos se conectaram e nossos lábios se
uniram; e ali me entreguei.
Eu pensei muito tempo depois que minha entrega tinha sido no momento
em que ele me beijou, mas não, minha entrega foi em todos os pequenos
momentos. Desde que ele se ajoelhou diante de mim em minha casa algumas
noites atrás, que ele se esforçou para se aproximar de Emma, quando ele
sorria como um menino ao ver Emma sorrir. Sim, eu me entreguei antes
mesmo de ele pedir que eu ficasse com ele aquela noite, e antes que ele me
pedisse para ser sua, eu já lhe pertencia.
O nosso beijo que começou lento e sedutor com um roçar de lábios e o
toque mágico das línguas foi ficando mais intenso a medida que o nosso
desejo crescia. As mãos grandes de Mason estavam na minha cintura, e logo
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em meu traseiro, ele me puxava para ele, me fazendo sentir em minha barriga
sua rigidez. Haviam roupas demais entre nós, e fiquei ansiosa. Quase
derrubei o relógio que estava na parede, e isso nos despertou de que Emma
poderia surgir na cozinha a qualquer momento.
— Venha. — Disse ele ofegante e segurou em minha mão. Eu o segui
pelo corredor e ele abriu uma porta, e logo me vi em um quarto espaçoso,
com uma cama enorme no centro, com móveis bem masculinos. Devo
confessar que minha mente imaginativa havia idealizado o quarto dele como
um quarto vermelho de jogos. Eu deveria parar de ler um pouco, eu sei.
Também fiquei aliviada por esse não ser o caso, pois não sei como agiria
se ele quisesse me fazer de sua submissa. Eu até iria curtir uma fantasia ou
outra, mas fazer isso sempre não era para mim.
— No que você tanto pensa? — Perguntou ele, e escutei o som da chave
girando na fechadura.
— Que estamos com roupas demais. — Falei, olhando para ele dos pés à
cabeça.
Ele riu, uma risada gostosa e sexy pra caramba.
— Acho que você pensa demais. — E então ele mandou meus
pensamentos para o espaço ao me jogar na sua cama e arrancar meu jeans e a
calcinha sem cerimônia. Eu o ajudei, tirando a minha blusa. Sentia falta do
seu toque.
Mason arrancou suas próprias roupas e veio para cima de mim. Ele
começou beijando meus lábios com vontade enquanto seus dedos exploravam
meu corpo, beliscando meus mamilos, descendo pela minha cintura e
chegando até o meu sexo. Mason mergulhou dois dedos em minhas dobras e
acariciou meu clitóris úmido de desejo.
— Você já está prontinha para mim, bela.
Gemi quando ele me penetrou com dois dedos. Sua boca agora estava em
meus seios, e Mason provocou os mamilos com a língua, e os sugou com
vontade enquanto seus dedos trabalhavam com afinco ora dentro de mim, ora
massageando meu clitóris.
— Mason... — Chamei seu nome numa súplica.
— Tão bela, você é tão perfeita.
E então senti sua boca entre as minhas pernas. Sua barba rala arranhou o
interior da minha coxa.
— Oh, Mason...
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Ele se fartava entre as minhas pernas como se eu fosse uma espécie de
sorvete cremoso e refrescante em um dia quente de verão. Ele não tinha dó de
mim, e passava aquela língua deliciosa em meu clitóris, até que eu gritei e
atingi ao orgasmo. Mason ficou me observando satisfeito.
— Já disse o quão linda você fica quando goza? — Fiquei observando-o
ofegante, e nenhuma palavra saiu dos meus lábios. — Isso não é justo, você
está me fazendo quebrar as minhas próprias regras.
— Regras? — Foi a única coisa que escapou dos meus lábios.
— Sim, regras. — Mason levantou-se e mexeu em uma gaveta. Quando
voltou, notei seu mastro coberto por um preservativo. Eu adoraria colocá-lo
em minha boca, mas aquilo teria que esperar.
— Não entendo... — Falei, sem tirar os olhos de sua ereção. Era incrível
que tudo aquilo coubesse dentro de mim. Mas os bebês saem por onde
mesmo? Pensei. E sim, eu deveria parar de pensar tanto.
— Você está fazendo com que eu me apaixone por você. — Disse ele
antes de me penetrar. Gritei e ele ficou parado um tempo dentro de mim,
esperando com que eu me acostumasse ao seu tamanho. — E isso era uma
das minhas principais regras, nunca me apaixonar; mas você, minha Bela,
está fazendo com que tudo incendeie.
— O que posso fazer, tenho prática em causar incêndios. — Falei e o
agarrei.
— E esse incêndio, não tenho a intenção de apagar. — Disse ele me
encarando, e então me beijou de novo, apaixonadamente, antes de começar a
se mover dentro de mim com estocadas lentas e profundas.
Mason me olhava nos olhos, e notei ali que um laço forte havia se
formado naquela noite. Ele estava confiando a mim seu coração. Sua intenção
de não apagar aquele incêndio, ou seja, de não parar de se apaixonar por mim
aqueceu meu coração. Eu não pretendia desistir dele.
Sempre que lia meus romances pensava que um dia encontraria o amor da
minha vida de diversas formas. Jamais imaginei que seria assim, que eu teria
que lutar por ele, que seria tão intenso que não existiam palavras para
descrever. Como li em um dos meus livros uma vez, alguns sentimentos não
podem ser descritos, pois palavras apenas o diminuiriam. Era assim com
Mason, era algo tão grande que não poderia ser descrito e nem explicado,
apenas sentido.
Mason
Eu estava outra vez trancado no armário. Engoli o choro. Quando ele me
trancava no armário pelo menos eu tinha paz, ficaria ali sossegado pelo
menos até o dia seguinte. Minha barriga doeu de fome, engoli a saliva e
fiquei encarando os arranhados no armário. Se eu conseguisse dormir um
pouco a fome iria passar.
Deitei e devo ter cochilado em certo momento, pois acordei ao som de
passos. Meu coração acelerou, minha pele ficou fria, e comecei a tremer de
medo involuntariamente. Eu não queria tremer de medo pois isso o atiçaria a
fazer aquelas coisas comigo, mas eu não conseguia controlar meu corpo que
tremia de medo.
O guarda roupa foi aberto e fechei meus olhos, esperando ser puxado e
ser jogado no chão. Mas fui pego com delicadeza e abraçado com força. De
repente eu era um adulto e Brooke olhava em meus olhos com ternura.
— Tudo vai ficar bem a partir de agora. — Foi o que ela disse.
Senti as lágrimas escorrendo por meu rosto e então Brooke começou a se
afastar. Eu comecei a correr em sua direção, e via Emma agora estava do
lado dela; parecia que eu estava em um grande corredor sem fim. Voltei a
ser um menino de seis anos de idade, e aquele monstro me puxava para trás
enquanto Emma e Brooke ficavam cada vez mais distantes.
Emma abriu um sorriso enorme, depois de tomarmos nosso café ela foi
tomar um banho. Depois de limpar tudo e me banhar também, nos sentamos
no sofá e assistimos Shrek no aparelho de dvd.
Brooke
Cheguei em casa exausta. Segundas eram sempre difíceis, as crianças
ainda estavam agitadas e cansadas pelo fim de semana; e assim como os
adultos na segunda-feira, as crianças também ficavam de mau-humor. A
primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi despir minhas roupas e entrar
debaixo do chuveiro. Prendi meu cabelo em um coque e deixei que a água
levasse embora o meu cansaço.
Coloquei um vestido ao sair do banho, algo simples, mas bonito. Mason
viria hoje, ele mandou uma mensagem confirmando, e eu queria estar pelo
menos um pouco bonita para quando ele chegasse.
Coloquei uma água para ferver e peguei um miojo de copo, pois não
estava com ânimo para cozinhar. Sentei no sofá com meu livro a tira colo e
esperei por Mason.
Antes que a água começasse a ferver, escutei batidas na porta. Meu
coração automaticamente ficou aos pulos e me encarei no espelho não antes
de esbarrar na mesinha de centro. Engoli um palavrão e encarei a maldita
mesinha com raiva; iria jogar aquele móvel inútil no lixo.
Abri a porta e lá estava ele, em toda a sua glória. Ele usava uma camiseta
branca, o que evidenciava seus músculos e sua pele bronzeada; e tinha um
sorriso estampado no rosto ao mesmo tempo em que seu olhar era tão intenso
que fez com que minha garganta secasse. Me arrependi de não colocar meus
saltos. Ele deveria ter mais que um metro e noventa, e eu com os meus
1,63mts parecia uma anã perto dele.
— Não vai me convidar para entrar? — Perguntou ele. Eu o tinha visto no
sábado e na madrugada de domingo, mas ainda parecia que era a primeira vez
que eu o encarava pois sempre me surpreendia com seu tamanho, sua beleza
e sua força.
— Entre. — Dei espaço para ele passar, e ele sentou-se na grande
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poltrona. — Quer algo para beber?
— Você. — Ele me puxou pela cintura e dei um gritinho assustado.
Mason me colocou sobre seu colo e beijou minha boca com vontade, e me
entreguei ao beijo no mesmo instante, sentindo sua língua penetrando minha
boca e provocando a minha. Agarrei-me aos seus braços fortes, e logo o beijo
foi interrompido com ambos ofegantes e querendo mais. — Senti sua falta.
— Ele disse.
— Eu também senti sua falta. — Ele me abraçou forte e apoiou sua
cabeça em meu peito.
— Queria ficar com você um pouco hoje, mas Emma está me esperando.
— Sim. Emma parecia radiante hoje na escola, aconteceu alguma coisa?
— Sim, nós cozinhamos, dançamos e vimos desenhos animados juntos
ontem. — Disse ele. e pude notar o sorriso em sua voz mesmo sem estar
vendo seu rosto, que estava no meu peito. Eu sabia que ele estava sorrindo.
— Nós nos conectamos. — Disse ele, sorri também.
— Eu estou tão feliz por vocês dois. — Senti meu peito inflar. Já amava
aqueles dois... era tão fácil amar a eles, me apaixonar por Mason e Emma foi
mais rápido do que preparar um miojo, levou menos de 3 minutos.
— É tudo graças a você. — Disse ele, que afastou-se um pouco e me
encarou. — Nossa Bela Brooke, o anjo que apareceu no nosso caminho. —
Fiquei vermelha igual a um tomate.
— Eu não fiz nada demais.
— Você fez tudo. Se não fosse por você, eu ainda estaria encarando
minha própria dor e não enxergaria Emma. Obrigado, Brooke. — Sorri e
acariciei seu rosto.
— Quer dizer que aquele Mason que conheci antes era apenas uma casca
de proteção? Esse cara que conversa e é carinhoso é que é o verdadeiro
Mason?
— Eu não queria deixar que ninguém se aproximasse. Se eu deixasse
alguém entrar, quando essa pessoa me abandonasse seria doloroso demais.
— Por que alguém abandonaria você? Depois que te conhecemos melhor
é impossível deixar você ir. — Falei com sinceridade. Mason estava colado
em minha pele e alma, eu jamais poderia deixa-lo ir... não sem perder parte
de mim no processo.
Ele me encarou em silêncio por um longo tempo antes de falar.
— Quer ser minha namorada? — Eu o encarei, surpresa. — Eu também
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não posso deixá-la ir... não paro de pensar em você desde aquele dia em que
vim conter o incêndio. — Ele falava tudo isso me olhando nos olhos, e vi ali
toda a sua sinceridade. — Não pense que é por gratidão por ter me ajudado
com Emma, não é nada disso; você me deixou louco desde a primeira
chamada para conter o incêndio, e desde então minha afeição apenas cresceu
mais e mais. Claro que você se dar bem com minha filha é um bônus, mas
saiba, Brooke, que gosto de você por quem você é, e quero muito namorar
com você. Quer ser a minha primeira namorada?
— Primeira namorada? — Meu coração batia tão forte que eu não
conseguia raciocinar direito.
— Isso, nunca namorei ninguém, nunca deixei ninguém chegar perto o
bastante; então esteja ciente que vai ter que me ensinar essa coisa de namoro,
sou uma negação para isso.
— Eu quero. — Respondi e beijei sua boca. Mason agarrou em minha
cintura e aprofundou o beijo, e tive de lembrar de me afastar, afinal Emma
esperava por ele. — Vamos aprender a namorar juntos. — Falei.
— Você nunca namorou também? — Perguntou ele.
— Eu namorei, mas há uns seis anos, e nem me lembro como se faz. —
Ele parecia chateado. — O que foi?
— Queria ser seu primeiro namorado. — Ele parecia um menininho que
foi negado doce, e eu ri antes de o abraçar forte.
— Você é um ursão fofo. — Falei.
— Eu não sou nada fofo.
— Ah, você é sim, um grande ursão. — Dei um beijo em sua testa e
levantei do seu colo. — Agora vá para a casa, Emma está te esperando.
— Eu vou. Janta com a gente na sexta-feira?
— Janto sim.
— E vamos contar a Emma. — Assenti.
— Combinado grandão. — Fui até a porta para abrir para ele e fiquei na
ponta dos pés para dar um selinho em seus lábios.
— Me liga amanhã?
— Sim. — Confirmei e fiquei encarando enquanto ele se afastava, mas ele
girou nos calcanhares antes de chegar no carro e voltou até mim.
— Esqueci de perguntar. — Arqueei a sobrancelha, esperando ele falar.
— Você se importa se eu posar para um calendário.
— Calendário?
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— Sim. — Ele parecia sem jeito. — A venda do calendário é para ajudar
o hospital de pessoas que sofrem com as queimaduras.
— Com uma condição. — Falei com ousadia.
— Qual?
— Que eu possa assistir seu ensaio de fotos. — Mason arregalou os olhos
e em seguida sorriu com malícia.
— Tudo bem.
— Então perfeito.
Nos despedimos mais uma vez e vi ele afastar-se com o carro. Sorri
satisfeita ao entrar dentro de casa. Fui até a cozinha e liguei novamente a
chaleira elétrica; havia comprado uma daquelas depois de ter queimado duas
chaleiras no fogão, já que aquela depois de ferver a água desligava sozinha.
Liguei-a de novo, comi meu miojo e fui descansar.
Mason
Mais um incêndio criminoso foi atendido naquela semana. Os policiais
estavam agitados, e já tinham formado o perfil do incendiário: ele
25
provavelmente tinha TOC , ele teve problemas com os pais na infância, veio
de uma família de classe média alta, não sente remorso ao matar, tem um
objetivo, e na sua mente doentia ele está limpando a sujeira do mundo; mas o
que mais me deixou impressionado no profiler que os detetives criaram é ele
era um bombeiro ou tinha um grande conhecimento sobre substâncias
inflamáveis e acelerantes; e sua assinatura o laço vermelho e era algo que
tinha relação a sua infância.
Eu não sabia dizer se tudo aquilo era uma fantasia da mente dos detetives
que criam perfis de assassinos em série, mas o fato deles dizerem que poderia
ser um bombeiro, apesar de diminuir as probabilidades, me deu medo.
Existiam bombeiros demais em Chicago e levaria muito tempo para eles
encontrarem o culpado e pior, e se fosse um dos meus colegas?
— Não vai para a casa, Mason? — Perguntou-me Caleb.
— Já vou, hoje vou jantar com as minhas meninas. — Falei satisfeito.
— Você mudou da água para o vinho desde que essas duas entraram na
sua vida. Estou feliz por você, cara. — Disse ele.
— Obrigado, mas não pense que vou mudar muito o tratamento que tenho
com vocês imbecis. — Ele gargalhou.
— Eu de forma alguma esperava por isso. Hoje vou jantar com minha
namorada em um restaurante bacana, depois vamos passar a noite juntos. —
Ele sorriu satisfeito.
— Até quando vai enrolar a moça e a tratar como namorada? Um vive no
apartamento do outro... quando vai criar vergonha e comprar um apartamento
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para vocês viverem juntos, você tem quase vinte e nove anos. — Duke falou
trancando sua sala ao sair.
— Hey, estamos conversando sobre isso... queremos começar a vida
juntos. Ela recém foi promovida e pretendo me casar logo com ela, uma joia
assim a gente não deixa solta.
— É bom mesmo, ou posso roubá-la para mim. — Disse Duke sorrindo.
— Duke, com todo o respeito, mas você já era.... — Disse Caleb.
— O quê? Sou um coroa enxuto é o que dizem, e as mulheres adoram um
bombeiro, e um homem mais experiente... foi o que ouvi da minha filha, que
me inscreveu no Tinder.
— Oh meu Deus, Duke está no Tinder! É o fim do mundo. — Disse Caleb
aos risos.
— Meus ouvidos doem. — Falei. — Vou para a casa, ou as bobagens de
vocês vão destruir meus tímpanos.
— Mason, cara, a gente precisa entrar no Tinder para ler o perfil do Duke.
Cara, ele vai ser zoado até 2050. — Caleb se curvou e limpou as lágrimas do
rosto de tanto que ria.
— Quando achar o perfil me mostre, preciso ver isso. — Falei e peguei
minha mochila.
— Até você, Mason! — Acusou-me Duke. — Por que diabos fui abrir a
minha boca?
— Se Michael não estivesse saindo com a Phoebe iria apresentá-la para
você... ela adora um bombeiro. — Zombou Caleb, e deixei os dois lá zoando
um ao outro enquanto eu me dirigia até o meu carro rindo das suas bobagens.
Depois de pegar Emma na casa de Daniel, seguimos para a casa de
Brooke.
— Como foi seu dia na escola hoje? — Perguntei para Emma, que estava
animada para encontrar com Brooke mesmo já tendo visto-a na escola.
— Foi muito bom. Minha amiga Julia me convidou para sua festa de
aniversário, e achei o livro da princesa e o sapo. — Vi ela mexendo em sua
mochila pelo espelho retrovisor, até que tirou um livro grande com a princesa
Tiana ilustrada na capa.
— Que ótimo. Me conte mais sobre essa Julia e onde será essa festa?
— Será na casa dela e num sábado...
Emma começou a falar de sua amiga Julia e eu a amei. Brooke havia me
dito que Emma não tinha nenhum amigo, e agora ela já até fizera amizade
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com Julia e falou sobre um garoto chamado Paul que importunava as duas.
Paramos em frente à casa de Brooke e ela já estava a nossa espera,
lindíssima dentro de um jeans justo e uma blusa branca com jaqueta preta por
cima. Ela carregava uma bolsa e sorriu. Assim que entrou no carro, seu
perfume preenchendo o espaço. Senti calafrios e calor ao mesmo tempo e
meu coração acelerou. Eu me perguntava sempre o que uma mulher tão
maravilhosa como ela viu em mim, eu era a porra de um sortudo.
— Boa noite, Mason, Emma...
— Oi, tia Brooke. Estou feliz em jantar com você de novo. — Brooke
colocou o cinto e dei partida, mas pude notar seu sorriso satisfeito ao
comentário de Emma.
— Também estou muito feliz, Emma.
Continuei dirigindo enquanto as duas conversavam sobre as aulas em uma
harmonia tranquila. Meus pensamentos agora haviam se direcionado para a
minha conversa com Duke naquela manhã.
Brooke
Mason começou a se mover em cima de mim. Adormecemos daquela
forma, com ele deitado em meu peito, e os pesadelos não voltaram. As luzes
da manhã começaram a invadir através das frestas da veneziana da janela. Ele
levantou a cabeça e me encarou com um sorriso sonolento.
— Bom dia. — Falei para ele.
— Bom dia. Desculpe amassar você. — Ele se moveu e deitou ao meu
lado na cama.
— Tudo bem, você me aqueceu pela noite inteira. — Virei de lado para
olhar para ele, que encarava o teto. — Você sempre tem pesadelos?
— Sempre. Quando sonho são pesadelos, ou então é tudo escuro. — Disse
ele me encarando.
— Me conte seus pesadelos; assim posso te ajudar a espantá-los. — Pedi e
ele desviou o olhar.
— Tenho medo de te contar e você sair correndo por essa porta.
— Eu sou louca por você, é tarde demais para fugir. — Segurei em seu
braço. — Confie em mim.
Ele me encarou por alguns momentos antes de suspirar e olhar para o teto.
— Tudo bem. Se for para você desistir de nós, que seja agora do que
depois que será mais doloroso.
— Eu não vou a lugar algum. — Falei com convicção.
— Isso é porque você não sabe o quão quebrado estou. — Disse ele.
— Eu... — Fiquei insegura de falar aquilo tão depressa; mas por que eu
estava adiando o óbvio? Por que as pessoas faziam esses joguinhos hoje em
dia? Não vou dizer que o amo primeiro, sendo que elas sentiam isso em seus
corações. Quem inventou esses joguinhos? O amor era simples e puro. — Eu
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te amo, Mason, e não vou há lugar algum.
Ele me encarou, surpreso, e continuei olhando firme em seus olhos. eu
sentia dentro do meu coração que o amava, então por que ficar de joguinhos
esperando ele falar primeiro? Aquilo não fazia muito sentido. E eu não tinha
paciência para joguinhos.
— Eu amo tanto que sinto que meu peito vai explodir; então divida
comigo seus medos, que irei te ajudar a lidar com eles. — Pedi.
Ele suspirou. Vi que estava em um dilema. Ele não disse que me amava
também, mas não me importei. Ele estava vulnerável; certamente pensando
em seus pesadelos terríveis. Ele encarou o teto novamente e limpou a
garganta.
— Essa é a primeira e a última vez que contarei isso para alguém. —
Começou ele. — Se você partir depois de eu contar isso, eu vou me dedicar a
Emma apenas, e nunca mais vou me envolver com mulher alguma... só vou
amar e cuidar da minha filha.
Fiquei em silêncio, dando espaço para ele falar.
— Quando eu tinha quatro anos de idade fui vendido pela minha mãe, por
aquela que dizia ser minha mãe. Na verdade quem me criou desde que eu
nasci foi minha irmã, mas quando ela foi embora eu fiquei aos cuidados desta
mulher que apenas me lembrava que eu era um peso e o quão inútil eu era. —
Ele suspirou. — Lembro claramente quando ela me vendeu para um casal por
algumas centenas de dólares. Eu não deveria lembrar dos meus quatro anos
de idade como qualquer criança normal, mas eu lembro em detalhes. Eu
estava morrendo de medo. Os dois estranhos me levaram, mas uma semana
se passou, eles me alimentavam, e a mulher era amorosa comigo... mas isso
foi apenas uma semana de ilusão; acho que era alguma espécie de teste
psicológico para que eu não fugisse; igual a um cachorro que você adota e
alimenta no começo, e depois se começar a bater nele ele vai ser obediente e
não vai partir. — Ele suspirou. — No primeiro ano começaram as surras, ele
me batia por diversão, e ela apenas ficava observando em silêncio... antes eu
apanhar do que ela, não é mesmo? E nos anos seguintes... — Mason ficou em
silêncio e lágrimas escorreram por sua face, eu já estava chorando por aquele
menininho que sofreu tanto.
— Eu estou aqui. — Sussurrei, segurando firme em sua mão. — E não
vou há lugar algum.
— Ele me tocava, de uma forma que não se deve tocar em uma criança.
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— Ele chorava em silêncio, e tapei minha boca para conter um soluço. — Eu
cheguei a sentir falta das surras. Apanhar era mais suportável do que brincar
com o papai. — Ele limpou a garganta. — E então quando eu já tinha quase
dez anos de idade, ele não me queria mais. Eu era muito velho para brincar
com ele, ele gostava de mais novos que dez anos. Ele e aquela mulher foram
procurar minha mãe, mas descobriram que ela morreu após uma overdose de
cocaína, e então em uma noite acordei na porta de uma casa de adoção. Lá
me batiam e me faziam trabalhar na limpeza do orfanato. Eu comia pão e
mingau, carne quando tinha sorte. Foram os anos dourados da minha vida,
pois só não queria voltar para aquela casa. Obviamente ninguém me adotou,
afinal eu já era bem grande para dez anos de idade... acho que aquela cara
pensava que eu iria espancá-lo se continuasse a brincar comigo. — Ele
suspirou cansado. — Eu apenas decidi estudar e estudar. Eu queria ser um
juiz, acabaria com essa escória do mundo, e com esses seres desprezíveis que
fazem isso com crianças.
— O que te fez mudar de ideia e se tornar um bombeiro?
— Duke. Ele não sabe disso, mas o conheci antes mesmo de começar a
trabalhar com ele. — Ele deu um sorriso triste. — Um dia voltando do
colegial passei em frente a uma dessas tvs que passam notícias, e Duke estava
lá. Ele tinha salvo muitas vidas e todos estavam horados em ter um herói
27
como ele no país. Até mesmo o presidente, se não me engano era o Clinton
na época, enviou uma medalha a Duke, e pensei em como queria que aquele
cara fosse meu pai. Então resolvi ser bombeiro e trabalhar no batalhão dele,
lutei tanto e consegui.
Mason levantou da cama, vi que estava fugido de mim. Levantei rápido na
cama e o abracei por trás, entrelaçando as pernas ao redor da sua cintura e os
braços ao redor do seu pescoço.
— Eu te amo, eu ainda estou aqui, e eu nunca vou embora. — Ele ficou
parado sem reação alguma, e eu o apertei firme. — Você não pode me afastar
mais.
— Brooke... eu sofri abuso na infância. Mulher nenhuma vai querer ficar
com um cara assim... não fique comigo por pena.
— Pena? Tenho vontade de te bater nesse momento homem ridículo! Eu
amo você e quero construir uma vida com você. Acha mesmo que eu abriria
mão da minha liberdade por pena? Eu te amo, porra!
Mason foi trabalhar naquela manhã de sábado. Ele pretendia levar Emma
para a casa de Daniel, já que a esposa dele tomaria conta dela, mas não
permiti... eu poderia muito bem ficar com Emma e assim não ficaria sozinha.
Pedi apenas que Mason me levasse até em casa para que eu recolhesse meu
material e pudesse trabalhar na casa dele. Tinha de preparar aulas no sábado,
para que assim eu pudesse ficar descansada no domingo.
Emma ficou lendo livros e fazendo o dever de casa, e logo ela estava
concentrada em seu quarto brincando de Barbie. Terminei de organizar quase
todas as aulas quando a hora do almoço chegou, e preparei para nós duas,
purê de batatas e carne de panela.
— Tia Brooke isso está muito bom. — Sorri para ela. — Eu nunca comi
purê de batatas.
— Nunca?
— Não. Como eu disse, meu pai tinha dor de barriga e minha mãe só
cuidava dele. Depois que ele foi embora, eu comia só miojo, e mamãe se
zangava se eu dissesse que estava com fome. Ela dizia ser culpa minha o
papai ter ido embora, que ele foi embora porque eu era uma filha ruim.
— Emma, quando os adultos se separam é porque não se amam mais. Seu
pai não foi embora por sua causa, mas sim porque ele e sua mãe não se
amavam mais. — Expliquei. — Não pense em momento algum que foi sua
culpa... sua mãe estava com raiva, e as pessoas com raiva falam coisas sem
pensar. Tenho certeza de que ela está arrependida do que disse.
— Você e o papai vão deixar de se amar um dia? — Ela perguntou
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inesperadamente.
— Não sei o que o destino nos reserva, Emma; mas uma coisa é certa. —
Ela me encarava com atenção. — Meu amor por você nunca vai acabar. e
sempre irei vê-la mesmo se eu e seu pai não dermos certo; e o amor que ele
sente por você também é para todo o sempre, ele nunca vai te deixar.
— De verdade, tia Brooke? Papai nunca vai me deixar?
— De verdade, Emma. — Garanti.
Ali naquela casa estavam dois corações quebrados, que unidos se
tornariam um só. Cada dia que passava eu tinha cada vez mais determinação
de fazer os dois felizes e com isso encontrar a minha própria felicidade.
Depois do almoço colocamos um filme no aparelho de DVD, e então
escutei a campainha do apartamento e fui atender a porta.
Na minha frente estava uma mulher magra e alta. Seus cabelos eram
negros, lábios carnudos, e seu olhar entediado.
— Em que posso ajudá-la? — Perguntei.
— Aqui é o apartamento de Mason Pollack? — Perguntou ela.
— Sim é. Você é quem? — Perguntei. Vi que Emma veio até a porta de
curiosa, e então logo agarrou minha mão com força e arregalou os olhos.
— Olha se não é a minha filhinha. — Disse a mulher.
— Tia Brooke, eu quero meu pai, eu quero meu pai. — Disse Emma
nervosa e saiu correndo batendo a porta do seu quarto.
— Como vê, sou a mãe dessa garota. — Disse ela, que já ia entrando, mas
a impedi.
— Mason não está em casa. — Respondi. — Agora se me der licença, vou
acalmar Emma.
— E você por acaso acha que é quem para mandar? — Falou ela. — Eu
sou a mãe da garota, e tenho o direito de entrar.
— Você perdeu esse direito quando abandonou Emma. Com licença. —
Bati a porta na cara dela e tranquei a porta.
Ela continuou batendo na porta histérica, peguei o celular e mandei uma
mensagem para Mason. Fui até o quarto de Emma, que me agarrou no
pescoço e implorou para que não deixasse que sua mãe a levasse embora.
Mason
Depois de conter as chamas ali perto do batalhão que alguns adolescentes
idiotas fumando maconha causaram, peguei meu celular e vi a mensagem.
A mãe de Emma está na porta do seu apartamento. Por favor, venha logo.
Emma está nervosa.
Meu coração parou e toda a minha alegria foi drenada do meu corpo.
Corri na hora para a sala de Duke e lhe mostrei a mensagem.
— Poxa, eu estava tão perto. Por que ela voltou agora? — Falei frustrado.
— Mason, acalme-se. — Disse Duke. — Perder a calma agora não é uma
boa.
— Minha vontade é de matá-la. — Disse com raiva.
— E passar o resto da sua vida na cadeia enquanto sua filha é enviada
para alguma instituição do governo? Seja racional e se acalme. Só vou deixar
você sair daqui se se acalmar. — Frustrado, bufei.
— Você sabe que não pode me prender aqui.
— Eu sei. Mas use a razão. De jeito algum a deixe levar Emma embora.
— Eu nunca cogitei deixá-la levar Emma de mim. Se fosse a um tempo
atrás até poderia chegar a isso, mas não agora.
— Então vá até lá, sua filha deve estar com medo. Ela precisa que você
esteja calmo. Seja uma rocha para ela, Mason.
Assenti e ao entrar no carro peguei meu velho maço de cigarros no porta
luvas e acendi um. Havia prometido a mim mesmo não fumar mais, pois
Emma não gostava do meu vício, mas naquele momento de tensão, pedi
perdão a Emma mentalmente e traguei com vontade.
Ao chegar no apartamento encontrei Allison plantada diante da porta
furiosa. Ela me encarou no momento que subi as escadas.
Eu havia cometido dois pecados, pois fumei dois cigarros, mas aquilo
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ainda assim não me acalmou.
— Tem uma vagabunda no seu apartamento que não me deixa entrar. —
Disse ela e senti vontade de acertar um tapa em sua cara, mas não batia em
mulheres, por mais que Allison merecesse uns bons tabefes.
— A única vagabunda que vejo aqui é você.
Peguei o celular e liguei para Brooke que atendeu em dois toques.
— Onde você está? — Ela perguntou.
— Como está Emma? — Perguntei.
— Está bem. Ela adormeceu depois que lhe contei uma história.
— Vou sair com Allison para conversar. Volto quando resolver isso.
— Tudo bem. — Disse Brooke.
— Obrigado, por tudo.
— Não precisa me agradecer. — Disse ela.
— Eu volto assim que isso for resolvido.
— Tudo bem. — Desliguei o celular e peguei Allison pelo braço.
— Venha comigo.
— Gosto quando você é mandão assim. — Disse ela rindo. Senti asco.
Como pude um dia me envolver com uma mulher assim? Bem, pelo menos
algo de bom ela havia feito, ela havia me dado Emma.
Chegamos em um café a duas quadras do meu apartamento, e logo pedi
29
café forte e puro, e ela pediu um café irlandês . Era óbvio que ela já ia beber.
— O que você quer, Allison? — Perguntei diretamente.
— Eu senti saudades de vocês dois e vim visitar. Agora, quem é aquela
vadia que...
— Eu que faço as perguntas aqui. — Falei e ela sorriu.
— Sim, senhor.
— Você não estava bem em Vegas? Por que apareceu de repente?
— Saudades da família é claro.
— Não me venha com esse papinho. Você abandonou sua filha com um
homem que nem conhece direito, com um caso de uma noite, e sequer se
despediu ou se preocupou em como ela estava.
— Você é o pai dela.
— Tem homens que não nasceram para ser pai. E se eu fosse um pedófilo
ou algo do tipo?
— A menina iria aprender mais cedo o que é ser mulher. — Disse ela e
Brooke
Eu havia me tornado parte da família. Desde que me mudei para Chicago
me sentia um tanto sozinha, já que os meus pais viviam no interior. Claro eu
tinha amigos ótimos na escola, mas depois de jantar com o batalhão nessa
noite, me senti mais inclusa.
— Acho que devemos fazer uma espécie de clube da Luluzinha para nós.
— Disse Crystal. — Esses homens vivem se unindo, vai que falam mal de
nós.
— Eu gosto da ideia. Podemos sair vez ou outra para beber. — Disse uma
moça muito bonita de cabelos negros e sorriso fácil, que conheci naquela
noite como Karen. Ela era namorada de Caleb e parecia durona como uma
rocha.
— Beber é comigo mesma. — Disse a moça chamada Phoebe. Ela estava
saindo com o bombeiro Michael, mas foi no jantar pois era melhor amiga de
Karen e amiga de escola de Crystal.
— O que você acha, Camille? Brooke? — Perguntou Crystal.
— Hey, por que não estou inclusa? Sou um homem agora? — Minah que
descobri recentemente que era sul-coreana. Ela estava um pouco alta na
bebida, suas bochechas estavam coradas devido ao álcool.
— Desculpe, Minah... claro que você está inclusa. — Disse Karen.
— Sim, você pode ser nossa infiltrada no batalhão. — Disse Crystal de
modo conspiratório.
— Eu estou dentro. — Disse Camille. Era a primeira vez que eu via
Camille. Ela era filha de Duke e parecia ser uma pessoa tão incrível quanto
seu pai. Ela tinha pele negra, cabelos longos e cacheados, lábios cheios e
olhos cor de avelã que brilhavam quando ela sorria.
Gostei de todos que conheci naquele dia, desde os bombeiros, até as
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mulheres.
— Eu gostaria muito. — Falei. — É bom ter novas amigas, e gostei muito
de vocês.
— Eu amei você desde a primeira vez. — Disse Crystal. — Graças a você
teremos Mason no calendário, e seria um desperdício se ele não fizesse. Com
todo o respeito, claro, mas seu homem é o destaque do calendário... como ele
pode se achar feio?
Encarei Mason, que estava sorrindo com Emma ao seu lado e conversando
animado com Duke, Tyler e Michael.
— Ele não sabia o quão lindo era. Tinha uma barreira que impedia ele de
enxergar a si mesmo, mas aos poucos ele está enxergando o quão especial é.
— Falei para Crystal.
— Você fez maravilhas com ele. Confesso que ele sempre me assustou
um pouco, e olha que sou uma mulher corajosa. — Disse Camille. — Mas
sempre que ia visitar meu pai ele me recebia com irritação.
— Um animal ferido é arisco quando é muito machucado. — Falei. — A
partir de agora, conheçam o verdadeiro Mason. — Apontei. — Ele é um cara
incrível e forte... não muito receptivo as pessoas, ainda é um pouco grosso,
mas é muito carinhoso e amoroso.
— Como eu disse, você é minha pessoa favorita. — Disse Crystal.
— Ele parou de fumar tem um tempo, disse que Emma não gostava de
cigarros. Ali eu já soube que ele era um grande cara. — Disse Minah.
— As grandes mudanças que o amor faz. — Karen propôs um brinde
erguendo sua caneca de cerveja.
— O que estão brindando? Queremos brindar também. — Disse Duke.
— As grandes mudanças que o amor faz. — Disse Camille e sorriu para o
seu pai. A cumplicidade entre eles era notável.
— Então vamos todos brindar, ao amor. — Disse Duke. — As nossas
mulheres que nos suportam, aos nossos filhos que são tesouros abençoados, e
as vidas que salvamos diariamente.
Todos ergueram seus copos, uns com cerveja, outros com vinho, ou
refrigerante, mas todos brindaram ao amor e sua força. Foi uma ótima noite.
Eu agora tinha minha família de sangue, minha família na escola, minha
família no batalhão, e claro, meus amados Mason e Emma; e estava cada vez
mais criando laços com eles. Eu estava muito feliz.
— Sabe Diane, acho que conheço o cara perfeito. — Falei. — Vamos sair
para beber nós quatro quando eu voltar do feriado. Sinto cheiro de um
romance aí.
— Hum, isso é interessante, conte-me mais.
Falei para ela o pouco que eu sabia sobre Duke e logo chegamos a fábrica.
Outras escolas estavam ali também, escolas particulares entre outras.
Queríamos ver de onde vinham os fogos do 4 de julho. E no final do passeio
teria uma pequena demonstração da queima de fogos.
Fomos guiados por um senhor chamado Clark Benson, que foi nos
mostrando o processo de criação de fogos passo a passo.
— Tia Brooke. — Emma puxou minha mão e a encarei.
— Sim, querida? — Ela estava pálida. — Você não está se sentindo bem?
— Perguntei.
— Eu estou enjoada. Pode me levar ao banheiro? — Pediu ela.
— Diretora Schaefer vou acompanhar Emma ao banheiro. Ela está
enjoada. — Alertei-a.
— Tudo bem, querida, qualquer coisa me chame. — Ela e as outras
professoras guiaram as turmas para adentro da fábrica e fui procurar o
banheiro com Emma.
Emma vomitou todo o seu conteúdo do estômago e segurei seus cabelos,
lavei seu rosto e umedeci sua nuca.
— Desculpa, tia Brooke, é culpa minha que estou assim. — Disse ela com
lágrimas nos olhos.
— Do que está falando, linda? Como pode ser culpa sua?
— Você e o papai disseram que eu não podia comer mais chocolates
ontem à noite, mas levei duas barras para o meu quarto escondida e comi
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tudo.
Fiz um carinho em seu rosto.
— Você realmente errou em não nos obedecer, mas fez algo bonito agora,
que foi confessar seu erro. Então desta vez está perdoada.
— Podemos ficar aqui um pouco? Acho que quero vomitar mais. —
Emma correu para um reservado e me concentrei nela.
Fiquei tão concentrada em Emma que fui perceber só tarde demais a
fumaça. Toda aquela fumaça.
— Tia Brooke, de onde vem toda essa fumaça? — Perguntou ela; e foi
quando vi o banheiro todo branco, e dei um pulo quando escutei a primeira
explosão. Caí no chão ao lado de Emma e senti meus ouvidos zumbirem.
— Acho que está havendo um incêndio na fábrica. — Falei o óbvio.
Minha voz estava trêmula e meu coração acelerado.
— Meu pai vai vir nos salvar? — Perguntou Emma assustada. — Meus
ouvidos doem. — Ela começou a tossir.
— Sim, vamos sair daqui. — Peguei ela no colo e corri para a porta do
banheiro, e foi ali que minhas pernas ficaram fracas. A porta estava
bloqueada por algo pesado demais, certamente aquele era o resultado da
explosão.
— O que houve? — Perguntou Emma.
— Estamos trancadas aqui, e meu celular ficou na bolsa dentro do ônibus.
— Amaldiçoei-me em pensamento.
— Nós vamos morrer? — Perguntou Emma, e lágrimas escorreram por
sua face.
— Nós não vamos morrer. — Garanti a ela. — Me dê seu casaco. —
Emma o tirou e o molhei na pia do banheiro. — Respire aqui. — Encarei as
venezianas no alto, pequenas demais e altas demais, mas eu teria que dar um
jeito. — Respire nesse pano para que não piore.
— E você? — Eu vou ficar bem.
— Não, fique com meu pano. — Disse Emma.
— Não, amor, preciso salvar você.
— E você, mamãe? — Ela começou a chorar. — Não pode morrer. —
Meu coração inflou em meu peito e pensei que poderia morrer feliz naquele
momento, já que meu desejo de ser chamada de mãe por Emma foi realizado.
— Ninguém vai morrer aqui hoje. — Eu a abracei forte e pedi que ela
sentasse em cima da privada, e que continuasse respirando no pano úmido.
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Tirei meu sutiã e o molhei na água antes de amarrar no meu rosto com a parte
do bojo contra minha boca e nariz. — Nós vamos voltar para o seu pai, meu
amor. Ele precisa de nós.
Eu não sabia como seria possível sair viva dali, mas pelo menos Emma
seria salva. Eu iria dar um jeito de salvar aquela menina que tinha uma vida
pela frente. Ela não iria morrer ali. Não agora.
— Por favor Deus, não agora. — Sussurrei. Meus olhos ardiam pela
fumaça, e eu não sabia se as minhas lágrimas eram por Emma ou causadas
pela fumaça.
Encarando as venezianas lá no alto. pensei no que eu poderia fazer para ao
menos tentar tirar Emma dali. Mason, por favor, venha logo.
Mason
— Combinamos que Brooke estaria presente. — Falei para Crystal, que
estava com uma câmera na minha cara.
— E ela vai estar, mas estou vendo qual o melhor ângulo.
Revirei os olhos e mordi meu sanduíche. Encarei o relógio e calculei que
elas deveriam ter chegado na fábrica há uns vinte minutos, e provavelmente
estavam agora explorando o local.
— Sabe, vocês dois combinam muito. — Continuou tagarelando Crystal.
— Se um dia quiserem fazer um ensaio sensual juntos, eu espero ser a
primeira a ser lembrada.
Eu a encarei, carrancudo.
— Você é bem ambiciosa se pensa que farei mais alguma foto com você.
— Poxa, que pena... Eu adoraria fotografar vocês juntos. — Ela fez um
quadrado com os dedos e semicerrou um dos olhos. — Sim, ficaria realmente
perfeita uma foto de vocês, quem sabe no casamento.
— Tudo bem, tanto faz. — Suspirei.
— Tem alguma foto de vocês no seu celular para eu ver e ter ideias? —
Perguntou Crystal.
— Não. — Franzi a testa.
— Vocês estão desde maio ou abril juntos, e não há uma foto? Como isso
é possível.
— Acho que gostamos de gravar nossos momentos aqui. — Apontei para
a minha cabeça.
— Mesmo assim, é bom ter registros desses momentos. — Crystal se
afastou quando Caleb a chamou e me deixou pensativo.
Realmente não ter uma foto nossa ou com Emma era algo que me
incomodava agora. Não tínhamos uma foto juntos nós dois ou nós três.
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Coloquei meu celular a carregar, e naquela noite quando elas já tivessem
retornado do passeio e estivéssemos comendo a pizza que combinamos em
comprar, iriamos tirar muitas fotos. Meu celular ficaria cheio de fotos das
minhas meninas.
Os momentos de tranquilidade do meu dia terminaram três minutos depois
deste meu pensamento, quando Duke apareceu pálido no refeitório e
começou a gritar com todo mundo. Quando ele disse incêndio na fábrica de
fogos de artifício em que a escola de Emma estava fiquei travado por uns
dois minutos. Sabe quando temos aquela sensação de semiconsciência, como
se as pessoas à nossa volta, por mais perto que estejam, parecem estar falando
ao longe, e suas vozes parecem abafadas? Senti isto.
Levei um tapa em cheio na cara e doeu muito. Meu rosto ardia, e me
surpreendi ao ver que quem me estapeou foi a pequena, porém forte, Minah.
— Acorda, Mason! Temos que salvar aquelas crianças e as suas meninas.
— Ela gritou comigo como um general do exército e despertei do meu torpor,
sentindo a adrenalina tomar conta do meu corpo.
Eu estava vestido e logo estávamos no caminhão. Outros caminhões
estavam a caminho do incêndio, porém ocorreram diversas explosões devido
aos fogos e eles precisavam de reforços. Meu coração estava doendo, eu
sentia vontade de chorar como um grande bebezão, mas entrei no modo
profissional, e estava decidido a salvar todos, ninguém morreria hoje.
Peguei o celular de Michael e pedi que ele corresse mais. Tentei ligar para
o celular de Brooke, mas ninguém atendia. Ela deve ter deixado na bolsa
dentro do ônibus, pensei, e usei aquilo para me confortar.
Quando chegamos no local, a fábrica inteira já havia sido tomada pelas
chamas e a fumaça negra. Algumas crianças saiam carregadas de dentro da
fábrica.
— Eu vou entrar. — Avisei.
— Mason, já há homens lá dentro para o resgate. — Alertou-me Tyler.
— Eu disse que vou entrar, porra! E quero ver quem vai me impedir.
Todos eles me ignoraram e começaram a fazer os seus trabalhos.
— Eu vou com você. — Disse Duke. Assenti e colocamos nossas roupas.
Entramos no prédio em chamas em poucos minutos. Não dava de enxergar
muita coisa, e parte do teto havia desabado. Encontrei uma mulher
protegendo uma criança, com a perna presa sobre uma barra de metal.
— Me ajudem, por favor! Me ajudem! — Ela implorou, e com a ajuda de
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Duke, ergui a barra e liberei a mulher que estava com a perna sangrando e
semiconsciente.
— Leve ela e a menina para fora. — Exigiu Duke.
— Mas Brooke.
— Eu mandei você ir. Elas já podem até mesmo estar lá fora. — Disse ele.
— Leve-as e volte aqui. Eu vou continuar procurando.
— Duke. — Eu o chamei.
— Sim?
— Não morra.
Ele bateu continência e entrou ainda mais na fábrica.
Levei as duas em meus braços correndo para o lado de fora, desejando
com afinco que tivesse sido Brooke e Emma, ou que as duas já estivessem lá
fora.
— Professora Parker. — Disse uma mulher. As lágrimas no rosto
escorriam. — Onde está a professora Valentine? — Perguntou a mulher. — E
a diretora Schaefer?
— Brooke ainda não saiu? — Perguntei, e a mulher me encarou.
— Ela foi ao banheiro com a menina Emma, e desde então não as vi mais.
— Banheiro.
Nem deixei ela falar mais. Em outro momento a agradeceria se lembrasse
do seu rosto; o que importava agora era que eu sabia exatamente onde
procurar. Porém, antes que eu entrasse na fábrica, houve mais uma explosão e
caí sentado no chão. Meu coração estava na boca. Para um homem que nunca
teve muita fé, pedi a Deus que protegessem elas.
— Salve-as, senhor! Me mate, mas deixe-as vivas. — Implorei, e entrei no
prédio novamente.
Havia uma placa em vermelho que estava soltando da parede, mas que
indicava onde ficava os banheiros. A porta estava bloqueada por um grande
armário de ferro. Tentei arrastar o maldito, mas ele nem se moveu do lugar.
Puxei várias e várias vezes e gritei de frustração. Havia água no chão muita
água, e ela saia de dentro do banheiro. Isso significava que havia alguém lá
dentro, ou que um cano havia estourado. Resolvi confiar na primeira
hipótese.
Fui procurar por Duke, e ele vinha segurando uma mulher nos braços; ela
tinha cabelos ruivos e encaracolados e estava desmaiada em seus braços.
Lembro de tê-la visto na escola de Emma, era a diretora, se eu não estava
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enganado.
— Acho que não há mais sobreviventes lá dentro.
— Duke, elas estão presas no banheiro. Preciso da sua ajuda e de mais
um.
— Vou até lá fora. Me espere em frente ao banheiro.
Fui para a frente do banheiro e tentei de todas as formas puxar aquele
maldito armário, mas ele não se movia de forma alguma. Logo um par de
mãos se juntou a mim e mais outro.
Kevin e Duke estavam me ajudando a puxar o armário, e finalmente ele se
moveu. Uma fresta pequena da porta se abriu, e merda, eu não iria conseguir
entrar ali.
— Onde está Minah? — Perguntei, frustrado.
— Estou aqui. — Minah passou por nós dois, subiu no armário, e passou
pelo vão da porta.
O minuto que ela passou lá dentro foi o mais longo da minha vida, e
quando ela passou pelo vão novamente com Emma em seus braços, suspirei
de alivio. Ela estava desmaiada com o seu casaco úmido sobre o rosto.
Brooke cuidou dela.
Passei Emma para Duke, não antes de me tranquilizar ao sentir seu pulso;
fraco, mas ela tinha pulso.
— E Brooke? — Perguntei.
— Vou pegá-la. — Minah entrou novamente no banheiro e desta vez
demorou um pouco mais.
Logo ela me entregou Brooke com um pouco de dificuldade em carregá-
la. Ela estava mole em meus braços, e com o sutiã sendo usado como
máscara sobre seu rosto. Corri para o lado de fora sem olhar para trás. Emma
e Brooke seriam levadas para o mesmo hospital, então sendo totalmente
antiprofissional, entrei na ambulância com Brooke, já que a de Emma já tinha
partido em direção ao hospital.
*********
Brooke
Foi no dia seguinte que recebi a notícia. Primeiro eu fiquei em choque;
não podia acreditar que aquela mulher alegre e guerreira que se sentou ao
meu lado no ônibus e que me ensinou tantas coisas nos últimos anos havia
deixado esse mundo. Depois que o choque passou, eu chorei até meus
pulmões doerem mais do que já estavam doendo. Eu tinha minha mãe, mas
haviam certos anjos que conhecíamos no caminho de nossas vidas que eram
mais que mães para nós, e Diane, com seu jeito durão era a figura de mãe que
eu tinha ali.
Devem ter me dado uma espécie de calmante. Escutei o médico dizendo
que eu não poderia me agitar, que meus pulmões poderiam sofrer algum
dano. Eu não me importei com isso enquanto chorava, pois a dor que
machucava a minha alma era muito mais, mas acabei adormecendo após uma
medicação ser colocada em meu soro.
Os dias que se passaram após o incêndio foram como um borrão para
mim. Mason vinha todos os dias me ver e me confortar. Eu sempre chorava
em seu ombro, um choro menos desesperado agora, porém tão doloroso
quanto.
Ele me contou que graças a Diane nenhuma criança veio a óbito, que
Diane arriscou sua vida entrando e saindo do prédio várias vezes para ajudar
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as crianças. Uma heroína de verdade .
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Nosso atual presidente, Barack Obama , após saber do ato heroico de
Diane, fez com que houvesse uma estátua dela na praça da escola, como a
heroína do terrível incêndio, para que ela jamais fosse esquecida. Seu ato
heroico seria lembrado por todos da cidade durante séculos.
Uma semana depois eu recebi alta, Emma veio com Mason me buscar no
hospital. Ela teve alta dois dias antes de mim, e quando a vi, chorei, mas de
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alegria.
— Mamãe. — Ela correu para os meus braços e a abracei com força. —
Que bom que você está boa, mãe. — Ela me encarou. — Por que está
chorando?
— Porque você está me chamando de mãe. — Ela me encarou com
atenção.
— Você não gosta?
— Eu adoro! Pode me chamar de mãe para sempre. — Falei. — Estou
chorando de alegria.
— Sabe, tem a Júlia na escola, e o pai dela está morando com uma moça
que não é a mãe de Júlia de verdade, mas a Júlia chama ela de mãe e sabe por
quê?
— Por que Emma?
— Júlia me disse que mãe de verdade é quem cuida, e quem ama. Ela
disse que sua avó contou. — Emma suspirou. — E então me dei conta que a
minha mãe de verdade é você, tia Brooke. — Disse ela tímida.
— Pode me chamar de mãe, pois pretendo amar e cuidar de você por
muito tempo ainda. — Emma me abraçou mais uma vez, e Mason sorria,
encarando nós duas, parado no umbral da porta.
Mason me levou para o apartamento dele, e disse que o médico ordenou
que alguém ficasse de olho em mim por mais um tempo, e que ele seria o
enfermeiro.
Mais tarde, à noite deitada nos braços de Mason, contei para ele.
— Ela estava empolgada, sabe? Contei sobre o Duke para ela, e tenho
certeza de que eles se dariam muito bem juntos. Ela estava animada, e
combinamos que iriamos a um encontro duplo. — Lágrimas quentes e
pesadas escorriam pelo meu rosto conforme eu falava. — É tão injusto ela ter
morrido assim, ter a vida arrancada, sendo que ela era tão cheia de vida, tão
cheia de alegria.
— Eu sei, minha bela, eu sei... — Mason acariciava meus cabelos, me
confortando.
— Ela amava tanto as crianças e trabalhar com elas.
— Pense que ela se foi fazendo o que mais amava, cuidando das crianças.
Graças a esse ato heroico muitas crianças foram salvas.
Meu peito doía sempre que lembrava do sorriso de Diane, de suas broncas
quando eu me distraia demais, sobre o encontro que ela nunca teve a chance
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de ir com Duke, sobre o passeio de verão no ano seguinte que seria no parque
aquático... Coisas, pequenas coisas que ela deixaria de fazer por ter partido
cedo demais.
Mas a vida era assim, não é mesmo? Nunca sabemos quando a morte irá
chegar. Podemos estar começando um curso, marcando um encontro, fazendo
planos para o natal e num piscar de olhos não estarmos mais nesse mundo. O
que me confortava era que Diane não havia morrido em vão, ela era uma
heroína, e seria lembrada para sempre pelo seu ato heroico.
Um mês depois...
Emma estava assistindo Cosmos pela décima vez naquele mês, desde que
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meu pai havia lhe apresentado a série em nossa ida a casa deles. Emma
ficou completamente apaixonada pelo universo e suas peculiaridades.
Mason estava preparando nosso almoço. Era uma segunda-feira, um dia
de folga dele, e eu estava observando-o costurar o grande pedaço de carne
para colocar no forno quando tocaram a campainha.
— Eu atendo. — Falei e levantei.
Segui até a porta, e ao abrir só encontrei uma caixa de presente destinada
a Mason. Franzi a testa, não havia ninguém no corredor, e segui para a
cozinha.
— Quem era? — Perguntou Mason.
— Não sei, tinha apenas essa caixa lá com o seu nome; mas quem
entregou já estava fora de vista. — Falei.
— Não abra. — Alertou Mason.
— Eu não pretendia mesmo. — Falei, encarando a caixa com
desconfiança. — Quando uma caixa suspeita chega assim, boa coisa não é. —
Falei.
— Eu vou abrir, só fique afastada. — Pediu ele. Eu me afastei da caixa e
“Você teve sorte. Continue sendo um pai decente e não precisarei visitá-
lo.”
— Maldito!
— Mason, isso é... — Eu vi notícias sobre o incendiário na Tv. Mason me
comentou sobre o caso algumas vezes, mas nunca imaginaria que algo assim
surgiria.
— O incendiário. — Disse ele. — O maldito me tinha como alvo. Quem
entregou isso? — Perguntou ele.
— Eu não sei, o entregador sumiu.
Mason correu para o lado de foram e eu fiquei encarando a caixa enorme
com aquele grande aviso. Fiquei lembrando de alguns casos que ouvi na tv
sobre o incendiário; os casos que eu me lembrava todos os mortos tinham
filhos, com exceção do último caso que um homem totalmente fora do
contexto que faleceu na casa, e a polícia acreditava que ele era um cumplice
do incendiário. Minha mente criativa começou a trabalhar, e me perguntei se
eu estava fantasiando, ou se o alvo do incendiário eram pais negligentes?
Acho que eu ando lendo livros demais. Pensei.
Mas aquilo não saiu da minha cabeça.
Mason
Um mês depois...
Brooke
Quando o inverno chegou na escola primária de South Loop, minha
dor estava recém começando a amenizar. Era o primeiro inverno na escola
sem Diane... ela amava o inverno, e organizar o baile que acontecia naquele
período era uma das coisas que ela mais gostava de fazer. Diane dizia que
não era um trabalho de verdade organizar o baile de inverno, já que ela só se
divertia fazendo aquilo tudo.
O pátio da escola estava completamente coberto de neve, como se um
grande cobertor branco tivesse sido jogado sobre o gramado. A estátua em
homenagem a Diane estava lá, no centro da escola também coberta de neve.
Diane estava onde sempre amou estar, na escola e no meio da neve. Ela
sempre amou passear com a neve caindo, e não se importava o frio, pois dizia
que a sensação dos flocos de neve derretendo em suas mãos era o melhor de
tudo.
— Você está tão pensativa. — Mason me abraçou por trás e me recostei
nele.
— Estava pensando em como Diane iria amar tudo isso. — Falei
apontando para as decorações de flocos de neve e brilhos nas paredes. Estava
tocando Every Breath You Take de The Police de fundo; o baile de inverno
estava quase chegando ao fim.
— Você fez um ótimo trabalho por ela. Tenho certeza de que onde quer
que esteja, ela deve estar orgulhosa.
Virei de frente para ele, emocionada com suas palavras, e o abracei firme.
— Obrigada. — Agradeci. — Por falar coisas tão bonitas.
— E olha que sou péssimo com as palavras. — Disse ele e sorriu para
mim. — Dança comigo?
Nesse momento começou a tocar Time after time de Cindy Lauper.
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— Se você me aguentar pisando no seu pé. — Falei.
— Por você aguento qualquer coisa. — Ele segurou em minha mão e me
levou para o centro do salão, e lá me guiou em uma dança lenta. — Obrigado,
Brooke. — Disse ele, me encarando profundamente. — Você mudou a minha
vida de uma forma... Eu nunca pensei que fosse ser amado, aliás, eu nunca
pensei que fosse capaz de amar.
— Eu quem agradeço por me deixar entrar na sua vida. — Falei
acariciando seu rosto. — Por me deixar ver dentro de você, por confiar em
mim o suficiente.
— Obrigado por não desistir de um monstro como eu.
— Você não é, e nem nunca foi, um monstro. — Fiquei na ponta dos pés e
dei um selinho em seus lábios. — Você é um homem incrível, com um
coração enorme.
— Obrigado por me dar uma família.
Desviei o olhar do dele e pensei em algo. Aquele era o momento perfeito.
Se havia um momento que pudesse ser considerado perfeito para dizer aquilo,
era aquele, no baile de inverno ao som de Time after time.
— Por falar em família. — Comecei. — Acho que teremos de nos casar
logo. — Eu o encarei, séria.
— Marcamos para a primavera do ano que vem, mas casarei com você até
mesmo hoje se for seu desejo.
— Na semana que vem está bom. Depois não vai ser tão bom usar saltos.
Ele me encarou, confuso.
— Há algo de errado?
— Bem, eu fui no médico ontem, e...
— Você está doente? — Eu o senti ficar tenso.
— Estou super saudável. — Ele relaxou no mesmo instante. — Nossa
família vai aumentar, pois estou grávida.
Mason parou de dançar no mesmo instante e arregalou os olhos, segurou
em minha cintura, e vi seus olhos cintilarem com lágrimas que haviam se
formado lá.
— Isso é sério? — Perguntou.
— Sim, você vai ser papai de novo.
Ele então me ergueu no ar e gargalhou.
— Eu vou ser pai! — Disse ele alto o suficiente para que todos
escutassem.
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Emma que estava por ali por perto rodopiando com sua amiga Júlia e
correu até nós.
— Eu vou ganhar uma irmã, mamãe? — Perguntou ela com um sorriso no
rosto.
— Sim, ou um irmão. — Ela fez uma careta.
— Prefiro uma irmã para brincar comigo, mas tudo bem. — Mason a
pegou nos braços e a rodopiou no ar.
— Nossa família vai crescer, minha princesa.
Emma gargalhava conforme Mason a rodopiava no ar.
[←1]
O nome da escola é fictício, criado pela autora.