TEXTO PARA PESQUISA - 1945-1964: A REPÚBLICA POPULISTA
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Com a deposição de Vargas e a realização de eleições para a Assembléia Constituinte e para
presidente (é eleito o General Eurico Gaspar Dutra, com apoio de Vargas), começa a
“redemocratização” do país. Este período será caracterizado pela consolidação do populismo
nacionalista, fortalecimento dos partidos políticos de caráter nacional e grande efervescência social. A
indústria e, com ela, a urbanização, expande-se rapidamente.
Constituição de 1946. A Assembléia Constituinte é instalada em 5 de fevereiro de 1946 e encerra
seus trabalho em 18 de agosto. A nova Constituição devolve a autonomia dos Estados e municípios e
restabelece a independência dos três poderes. Permite a liberdade de organização e expressão,
estende o direito de voto às mulheres, restabelece os direitos individuais e extingue a pena de morte.
Mantém a estrutura sindical atrelada ao Estado e as restrições ao direito de greve.
Populismo. O conceito é usado para designar um tipo particular de relação entre o Estado e as
classes sociais. Presente em vários países latino-americanos no pós-guerra (Perón, na Argentina, por
ex.), o populismo caracteriza-se pela crescente incorporação das massas populares no processo
político sob controle e direção do Estado. No Brasil, o populismo começa a ser gerado após a
Revolução de 30 e se constitui em uma derivação do regime autoritário criado por Vargas.
Governo Dutra (46-50). O início de seu governo é marcado por mais de 60 greves intensa repressão
ao movimento operário. Dutra congela o salário mínimo, fecha a Confederação Geral dos
Trabalhadores (CGT)e intervém em 143 sindicatos. Conservador, proíbe os jogos e ordena o
fechamento dos cassinos. No plano internacional alinha-se com a política norte-americana na guerra
fria. Rompe relações diplomáticas com a URSS, decreta novamente a ilegalidade do PCB e cassa o
mandato de seus parlamentares.
Governo Vargas. Getúlio vence as eleições de 1950 e assume o poder em 31/01/51. Governa até
agosto de 1954. Apoiado pela coligação PTB/PSP/PSD, retoma as plataformas populistas e
nacionalistas, mantém a intervenção do Estado na economia e favorece a implantação de grandes
empresas públicas, como a Petrobrás, que monopolizam a exploração dos recursos naturais. Com
uma imagem de adversário do imperialismo, é apoiado por setores do empresariado nacional, por
grupos nacionalistas do Congresso e das Forças Armadas, pela UNE e pelas massas populares
urbanas. Em 1952 cria o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), com o objetivo de
fomentar o desenvolvimento industrial, e também o Instituto Brasileiro do Café (IBC).
Monopólio do petróleo. Sob o lema “o petróleo é nosso”, reúnem-se sindicatos, organizações
estudantis, militares nacionalistas, alguns empresários, grupos de intelectuais e militantes comunistas.
Os setores contrários ao monopólio e favoráveis à abertura ao capital estrangeiro incluem parte do
empresariado, políticos da UDN e do PSD e grande imprensa. O debate toma conta dos país e a
solução nacionalista sai vitoriosa: em 3 de outubro de 1953 é criada a Petrobrás (lei 2004) empresa
estatal que monopoliza a exploração e refino do petróleo. A decisão desagrada aos EUA, que, em
represália, cancelam acordos de transferência de tecnologia e estabelecidos com o Brasil. Empresas
norte-americanas derrubam os preços do café no mercado internacional.
Conspiração e Suicídio. O nacionalismo de Vargas faz crescer a oposição. Em 54, políticos da UDN,
boa parte dos militares e da grande imprensa, trabalham abertamente pela deposição do presidente.
A crise se agrava com a tentativa de assassinato do jornalista da UDN Carlos Lacerda, dono do jornal
Tribuna da Imprensa e um dos mais ácidos opositores ao governo. Lacerda fica apenas ferido, mas o
major da Aeronáutica Rubens Vaz morre. Gregório Fortunato, chefe da segurança pessoal de Vargas,
é acusado e preso como mandante do crime (e depois assassinado na prisão). Em 23 de agosto, 27
generais exigem a renúncia do presidente em um manifesto à nação. Na manhã de 24 de agosto
Vargas suicida-se. No RJ a reação popular é violenta: chorando, populares saem às suas,
empastelam vários jornais de oposição, atacam a embaixada dos EUA e muitos políticos udenistas,
entre eles Lacerda, têm de se esconder. Os conflitos são contidos pelas Forças Armadas.
Juscelino Kubitschek:conciliação neocapitalista: O governo Juscelino (1956-61) baseou-se na
política do planejamento, configurando um período de “modernização” (a expressão é dos anos 50 em
5). O Plano de Metas redundou num intenso crescimento industrial. Mas, mesmo assim, veio abaixo a
“consciência amena de atraso”, desenvolvendo-se em seu lugar a consciência de “país
subdesenvolvido”. As críticas a Juscelino eram muitas, ao fim de seu mandato, apesar da postura
liberal de seu governo. As classes médias sofriam com a inflação acentuada após 59. Os problemas
sociais da fome, do analfabetismo e do desemprego não se resolveram, a despeito de medidas como
a construção de Brasília, que, se por um lado demandou enorme utilização de mão-de-obra, por outro,
aumentou a inflação por causa dos vultosos recursos gastos. O campo não se beneficiou da
modernização, pois a política do clientelismo ainda emperrava qualquer iniciativa inovadora. Os
desequilíbrios campo/cidade se acentuaram. A insatisfação era geral com os excessos do período de
Juscelino, acusado de abrir as portas do país ao capital estrangeiro.
Plano de Metas. Com o slogan “50 anos em 5”, o Plano Nacional de Desenvolvimento, conhecido
como Plano de Metas, estimula o crescimento e diversificação da economia. Juscelino investe na
indústria de base, na agricultura, nos transportes, no fornecimento de energia, e no ensino técnico.
Para Juscelino e os ideólogos do desenvolvimentismo as profundas desigualdades do país só serão
superadas com o predomínio da indústria sobre a agricultura. O governo JK empenha-se em baratear
o custo da mão-de-obra e das matérias primas, subsidia a implantação de novas fábricas e facilita a
entrada de capitais estrangeiros. Entre 1955-59 os lucros na indústria crescem 76% e a produtividade
35%. Os salários sobem apenas 15%. “Planejamento revelou-se um equívoco. Nenhuma política
democrática, nenhum cuidado de humanização do cotidiano pobre guiou o processo de
industrialização e urbanização.” Alfredo Bosi.
Jânio e Jango. A reação à política de JK veio com a eleição de Jânio da Silva Quadros para a
presidência em 1960 (Jânio obteve a maior votação da história da República). Essa reação veio como
expressão das classes médias insatisfeitas com o desenvolvimentismo que tanto custara aos cofres
públicos. Mas ela veio também sem projeto político-partidário. Na disputa de Jânio com o general Lott,
candidato da coligação PSD/PTB, verificou-se a fragilidade ideológica dos partidos criados após 1946.
O populismo continua a dominar o cenário político-nacional, com Jânio, Adhemar de Barros (em SP) e
algumas outras personalidades que não responderam à altura aos desafios dos graves problemas
que explodiam em toda parte, como a reforma agrária, a demo-cratização do ensino, as reformas de
base, a política externa independente.
Renúncia e Crise Política. Dia 24 de agosto de 61, Carlos Lacerda, governador da Guanabara,
denuncia pela TV que Jânio estaria articulando um golpe de Estado. No dia seguinte, o presidente
surpreende a nação: em uma carta ao Congresso afirma que está sofrendo pressões de “forças
terríveis” e renuncia à Presidência. O vice-presidente, João Goulart, está fora do país, em visita oficial
à China. O presidente da Câmara, Ranieri Mazzilli, assume a Presidência como interino, em 25 de
agosto de 61. A UDN e a cúpula das Forças Armadas tentam impedir a posse de Goulart, considerado
perigoso por sua ligação com o movimento trabalhista. Os ministros militares pressionam o Congresso
para que considere vago o cargo de presidente e convoque novas eleições. O jornal O Estado de São
Paulo, porta-voz dos udenistas, afirma em editorial de 29 de agosto que só há uma saída para a crise:
“a desistência espontânea do Sr. João Goulart ou a reforma da Constituição que retire do vice-
presidente o direito de suceder ao presidente.” Frente a reação popular, em 2 de setembro o
problema é contornado: o Congresso aprova uma emenda à Constituição que institui o regime
parlamentarista. Jango toma posse mas perde os poderes do presidencialismo. O mandato de Jango
será marcado pelo confronto entre os diferentes projetos políticos e econômicos para o Brasil,
conflitos sociais, greves urbanas e rurais e um rápido processo de organização popular. O
parlamentarismo, estratégia da oposição para manter o presidente sob controle, é derrubado em
janeiro de 1963 em um plebiscito nacional 80% dos eleitores optam pela volta ao presidencialismo.
Reformas de Base. “Estas reformas visavam, basicamente, a resolver alguns dos impasses
enfrentados pelo capitalismo brasileiro no início dos anos 60. Não tinham, assim, nenhum caráter
transformador, muito menos revolucionário, como apregoavam setores das classes dominantes.
Elucidativo a este respeito foi o caso da proposta mais polêmica e mais intensamente defendida pelo
governo: a Reforma Agrária. Tal reforma buscava responder às necessidades de expansão do
capitalismo industrial brasileiro ao mesmo tempo que atendia aos imperativos da ordem burguesa.”
[Caio de Toledo]
A oposição a Jango. As medidas nacionalista de Jango (limita a remessa de lucros para o exterior;
nacionaliza empresas de comunicações e decide rever as concessões para exploração de minérios)
sofrem retaliações estrangeiras: governo e empresas norte-americanas cortam créditos para o Brasil
e interrompem a renegociação da dívida externa. Internamente, a sociedade se polariza. Esta
polarização se reflete no Congresso onde são criadas a Frente Parlamentar Nacionalista em apoio ao
presidente e a Ação Democrática Parlamentar, de oposição. A Ação Democrática Parlamentar recebe
ajuda financeira do Instituto de Ação Democrática (Ibad), instituição mantida pela Embaixada dos
EUA. Setores do empresariado paulista formam o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes),
com o objetivo de disseminar a luta contra o governo entre os empresários e na opinião pública. A
grande imprensa pede a deposição de Jango em seus editoriais.
A Crise do Populismo. No início de 64, o país chega a um impasse. O governo já não tem apoio da
quase totalidade das classes dominantes e os próprios integrantes da cúpula governamental divergem
quanto aos rumos a serem seguidos. A crise se precipita no dia 13 de março, com a realização de um
grande comício em frente à Estação Central do Brasil, no RJ. Perante 300 mil pessoas, Jango decreta
a nacionalização das refinarias privadas de petróleo e desapropria para fins de reforma agrária
propriedades às margens de ferrovias, rodovias e zonas de irrigação dos açudes públicos. Tais
decisões provocam a reação das classes proprietários, de setores conservadores da Igreja e de
amplos segmentos das classes médias. A grande imprensa afirma que as reformas levarão à
“cubanização” do país. Em 19 de março é realizada em SP a “Marcha da Família com Deus pela
Liberdade”: estava aberto o caminho para o golpe.
ATIVIDADES SOBRE O TEXTO – Apenas responder:
01- Descreva o que era o Populismo. Como ele funcionava?
02- Relacione as principais características que marcaram esse período.
03- Esse período foi realmente marcado pelo processo democrático? Justifique sua resposta.
04- Destaque algumas características do governo de Getulio Vargas, de 1951 a 1954.
05- Compare esse período do governo Vargas aos seus governos anteriores. Quais aspectos do
governo e da sociedade eram semelhantes? E quais eram diferentes?
06- O governo de Juscelino Kubitschek foi marcado pelo “desenvolvimentismo”. Explique com suas
palavras que características desse período que possam justificar o uso deste termo.
07- Explique a associação das expressões “anos dourados e era de ouro do radio” no governo de
Juscelino, entre os anos de 1956-1961.
08- Descreva as principais características do governo de Jânio Quadros.
09- Quais os motivos da crise que antecedeu a posse de João Goulart, como presidente, após a
renúncia de Jânio Quadros?
10- Qual foi o desfecho dessa crise?