INSTITUTO TÉCNICO EDUCACIONAL
POLIVANTE
PROJETO TRILHAS DO FUTURO
ASSISTÊNCIA
FARMACÊUTICA
CURSO TÉCNICO EM FARMÁCIA
TECNICO EM FARMÁCIA
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SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO ________________________________________________ 5
2 ÁREA DE ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM FARMÁCIA ______________________ 7
3 HISTÓRIA E ORIGEM DA FARMÁCIA ________________________________ 9
3.1 A história da Farmácia no mundo ____________________________________ 9
3.2 A Farmácia no Brasil ______________________________________________ 10
3.3 História do símbolo da farmácia ____________________________________ 10
3.4 A Farmácia: comercio x saúde ______________________________________ 11
4 O FEDERALISMO BRASILEIRO E AS POLÍTICAS DE SAÚDE ______________ 13
5 CENÁRIO HISTÓRICO DA SAÚDE __________________________________ 15
5.1 Acesso aos medicamentos _________________________________________ 16
6 O HISTÓRICO DO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO ___________________ 17
6.1 Antecedentes do SUS _____________________________________________ 17
6.2 Sistema de Saúde no Brasil ________________________________________ 19
7 A CONFIGURAÇÃO INSTITUCIONAL DO SUS _________________________ 24
7.2 O processo de Implantação do SUS __________________________________ 24
8 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL _________________________________ 27
8.1 Politicas Públicas para saúde da criança e do adolescente _______________ 30
9 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE _________________________ 33
9.1 Politica Nacional de Humanização (PNH) _____________________________ 33
9.2 Princípios e diretrizes da humanização _______________________________ 34
10 ÓRGÃOS REGULADORES DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL _____________ 36
11 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA X ATENÇÃO FARMACÊUTICA ___________ 38
12 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA ___________________________________ 39
12.1 Organização da Assistência Farmacêutica ____________________________ 39
2
12.2 Interfaces da Assistência Farmacêutica ______________________________ 40
12.3 Componente básico da Assistência Farmacêutica _____________________ 41
12.3.1 Diabetes _________________________________________________________ 42
12.3.2 Programa de Hipertensão Arterial _____________________________________ 42
12.3.3 Saúde da mulher __________________________________________________ 42
12.3.4 Fitoterapia _______________________________________________________ 42
12.3.5 Saúde mental _____________________________________________________ 43
12.4 Componente estratégico da Assistência Farmacêutica _________________ 43
12.4.1 IST/AIDS _________________________________________________________ 44
12.4.2 Tuberculose ______________________________________________________ 44
12.4.3 Hanseníase _______________________________________________________ 45
12.4.4 Tabagismo _______________________________________________________ 45
12.4.5 Influenza _________________________________________________________ 46
12.4.6 Endemias Focais ___________________________________________________ 46
12.5 Infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório ____________________________ 47
12.5.1 Ciclo da Assistência Farmacêutica _____________________________________ 47
12.5.2 Seleção do medicamento ____________________________________________ 48
12.5.3 Programação do medicamento _______________________________________ 49
12.5.4 Aquisição do medicamento __________________________________________ 49
12.5.5 Armazenamento do medicamento ____________________________________ 50
12.5.6 Distribuição do medicamento ________________________________________ 50
12.5.7 Dispensação do medicamento ________________________________________ 51
13 ATRIBUIÇÃO DO TÉCNICO EM FARMÁCIA NA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
___________________________________________________________________ 52
13.1 Gestão do medicamento _________________________________________ 52
13.2 Assistência à saúde _____________________________________________ 52
14 CONCEITOS BÁSICOS DA ÁREA FARMACÊUTICA _____________________ 55
15 NOÇÕES DE BIOSSEGURANÇA ___________________________________ 61
15.2 Níveis de biossegurança __________________________________________ 61
15.3 Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva ______________________ 62
15.3.1 Equipamentos de Proteção Individual - EPIs _____________________________ 62
15.3.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC ______________________________ 64
3
15.3.3 Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde _______________________ 64
15.3.4 Classificação dos resíduos de serviços de saúde __________________________ 64
15.3.5 Acondicionamento e tratamento ______________________________________ 65
15 REFERÊNCIAS ________________________________________________ 67
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1 APRESENTAÇÃO
Olá, prezado estudante!
Tudo bem com você?
Aqui iniciaremos uma longa viagem em busca de grandes conhecimentos. Mas
calma, não precisa se desesperar. Vou apresentar para você um pouco sobre esse
conhecimento, e ao longo do caminho, vamos trocando experiências até alcançarmos o
nosso destino. Então, leia esse prefácio e mais a frente discutiremos detalhadamente!!
Vamos lá?!
O Curso Técnico em Farmácia desenvolve competências e habilidades voltadas
à manipulação de medicamentos das diversas formas farmacêuticas, controle de
qualidade, administração de estoque e dispensa de medicamentos, habilitando-os a atuar
em todos os níveis da Cadeia Terapêutica Medicamentosa: seleção, produção, aquisição,
programação, armazenagem, distribuição e dispensação, bem como a realizar operações
farmacocinéticas sob a orientação de um farmacêutico. Ademais, o curso se torna
atrativo devido os diversos setores de atuação, bem como: industrias, distribuição e
logísticas de medicamentos, análise toxicológicas e controle de qualidade em
laboratórios, farmácia hospitalar, SUS, entre outros; mesmo durante a formação
acadêmica.
As atividades desenvolvidas na assistência farmacêutica, têm como objetivo
precípuo garantir o acesso da população a medicamentos essenciais de qualidade,
promovendo, dessa forma, seu uso racional. Ademais, garantir a promoção da saúde,
por meio de estratégias farmacoterapêuticas e que sejam acessíveis aos pacientes.
Os medicamentos têm contribuição apreciável para a melhoria da saúde da
população e sobrevida dos pacientes. A resolutividade das ações de saúde pública
direcionadas à descontinuação e à modificação da história natural das doenças, assim
como as relacionadas à redução dos sintomas são fortemente influenciadas pelo acesso e
utilização racional de medicamentos.
Assim a Farmácia brasileira prossegue com constantes transformações e
regulamentações dos seus serviços. Pode-se citar as resoluções 585/2013, que
regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e a 586/2013, que dispõe sobre a
prescrição farmacêutica no Brasil. Estas resoluções tratam dos aspectos técnicos
científicos que regulamentam as atribuições clínicas do farmacêutico e o habilitam a
5
realizar a prescrição farmacêutica com mais segurança e confiança.
O Ministério da Saúde com o intuito de implementar as ações, programas, vem
traçando diretrizes e conceitos, para o aprimoramento e qualificação dos profissionais
de saúde, como o Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica no
âmbito do Sistema Único de Saúde (QualifarSUS), que tem por finalidade a integração
sistêmica das atividades da Assistência Farmacêutica nas ações e nos serviços de saúde,
visando a uma atenção contínua, segura, responsável e humanizada à população
brasileira, conforme será exposto.
A importância do farmacêutico como profissional da saúde essencial na garantia
do acesso a medicamentos e uso racional destes, lembrando que, para garantir esse
acesso e a assistência farmacêutica, precisa-se de profissional qualificado. Apontam,
portanto, a necessidade de capacitação de gestores e profissionais envolvidos em todas
as atividades clínica (prescrição, dispensação, incluindo atenção farmacêutica,
administração, seguimento e adesão) e gerencial (seleção, programação, aquisição,
armazenamento e distribuição) relacionadas à assistência farmacêutica.
Entre as ações assistenciais voltadas para a clínica farmacêutica, destaca-se a
orientação terapêutica ao usuário, a revisão da farmacoterapia, o acompanhamento
farmacoterapêutico, a conciliação de medicamentos e a avaliação e promoção da adesão
terapêutica. É fundamental que o farmacêutico se aproprie dos novos referenciais
teóricos para que o processo de mudança, tão necessário, possa ter início com iniciativas
de cada profissional a partir da conscientização de seu papel no sistema de saúde,
apoiadas institucionalmente, para o real benefício do indivíduo, da família e da
comunidade.
Nesse contexto, o Manual da Assistência Farmacêutica vem estabelecer
diretrizes que abrangem todo o ciclo da assistência farmacêutica, bem como divulga-las,
estabelecendo o compromisso da gestão em buscar melhorar continuamente a eficiência
dos serviços prestados à população atendida.
Parece um pouco complicado né?!
Mas não se apavore, teremos tempo e será uma viagem de conhecimentos
extraordinária. E aí, estão prontos?
Então, aperte o cinto, que o piloto dessa nova história é você!
Bons estudos e muito sucesso nessa nova jornada!!
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2 ÁREA DE ATUAÇÃO DO TÉCNICO EM FARMÁCIA
“A mente que se abre a uma nova ideia,
jamais voltará ao seu tamanho original!”
- Albert Einstein
O Técnico em Farmácia, caracteriza-se como um profissional comprometido
com a promoção da saúde das pessoas, através do apoio aos profissionais da saúde nas
intervenções e no processo saúde–doença de indivíduos, respeitando valores éticos,
morais, culturais, sociais e ecológicos, com conhecimentos e competências profissionais
que o qualificam a exercer as seguintes funções na área da Farmacêutica:
• Atuar sob supervisão direta do farmacêutico, no recebimento, triagem,
armazenamento e dispensação de produtos farmacêuticos;
• Realizar conferência da prescrição de medicamentos orientando o
paciente quanto à utilização dos medicamentos, sob a orientação do
farmacêutico;
• Participar do trabalho em equipes multiprofissionais de saúde em
farmácias hospitalares e farmácias públicas municipais, sob a orientação
do farmacêutico;
• Participar do trabalho em equipes multiprofissionais, preparando
produtos farmacêuticos e cosméticos sob a orientação do farmacêutico;
• Atuar no processamento e conservação de plantas medicinais e de
fitoterápicos e na manipulação e dispensação das preparações, sob a
supervisão do farmacêutico;
• Auxiliar no controle de qualidade de matérias-primas e produtos
acabados, sob a orientação do farmacêutico;
• Operar sistemas de cadastramento de clientes e de fornecedores e
documentar procedimentos farmacêuticos;
• Organizar vendas e promoções técnicas, aplicando princípios e
estratégias de vendas, sob a supervisão e orientação do farmacêutico;
• Respeitar as normas legais, e a ética de biossegurança requeridas para a
profissão;
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• Operar equipamentos e acessórios de laboratório, preparar soluções e
dosagens em trabalhos experimentais e realizar os principais cálculos
referentes às formas e apresentações farmacêuticas;
• Operar e zelar pelo bom funcionamento e organização do seu espaço de
trabalho;
• Orientar a população/clientes quanto a questões relativas à saúde e
higiene, e assistência à saúde;
• Atuar com ética, educação, postura e responsabilidade social no
atendimento da população/clientes.
De acordo com o perfil profissional traçado, o egresso do Curso Técnico em
Farmácia, está capacitado a atuar em: Drogarias; postos de saúde e de medicamentos;
farmácias de manipulação; indústrias farmacêuticas; unidades básicas de saúde;
hospitais; distribuidoras de medicamentos, insumos e correlatos.
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3 HISTÓRIA E ORIGEM DA FARMÁCIA
3.1 A história da Farmácia no mundo
Na Espanha e na França, por volta do século X, surgiram as "boticas",
as primeiras farmácias no mundo - mais tarde nomeadas "farmácias". Neste primeiro
momento, não havia a distinção entre médico e farmacêutico. Ou seja, a mesma pessoa
que diagnosticava a doença, era quem produzia o remédio e o vendia.
Com medicina e farmácia sendo as mesmas profissões, interesses
comerciais prevaleciam diante dos interesses de cura do paciente. Obviamente era mais
rentável manter um cliente doente do que curá-lo.
Em meados do século XVIII, em razão de um grande surto de propagação da
lepra, Luís XIV, entre outras iniciativas na área da saúde pública, ampliou o número de
farmácias hospitalares na França.
Então, mais adiante, a profissão farmacêutica foi separada da médica e ficou
proibido a mesma pessoa diagnosticar a doença, produzir e vender o remédio.
As boticas são de grande relevância para a história da farmácia, pois foi por
meio delas que o estudo dos remédios ganhou impulso notável, com a pesquisa
sistemática dos princípios ativos das plantas e dos minerais capazes de curar doenças.
Nas boticas,
o boticário (atual farmacêutico) manipulava e produzia o medicamento na frente do
paciente, de acordo com a farmacopeia e a prescrição médica. Ele tinha
a responsabilidade de conhecer e curar doenças. Além disso, para exercer a profissão,
semelhante ao que acontece atualmente, devia cumprir uma série de requisitos, ter local
próprio e equipamentos adequados, pois atuava diretamente na preparação e
armazenamento dos medicamentos.
A troca do nome de "botica" para "farmácia" surgiu com o Decreto 2055,
de dezembro de 1857, no qual também ficaram estabelecidas as condições para que
farmacêuticos e não habilitados tivessem licença para continuar a ter suas boticas.
Com o tempo, a indústria farmacêutica foi implantada no mundo e, com
ela, novos medicamentos foram criados.
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Alguns anos depois, os processos de produção, diagnóstico e venda, foram
regulamentados. Assim surgiram os órgãos sanitários, conselhos
federais e regionais responsáveis pela regulamentação, fiscalização e controle das
atividades dentro da farmácia.
3.2 A Farmácia no Brasil
A história da farmácia no Brasil começou no período colonial, após 1530,
quando medicamentos e outros produtos com fins terapêuticos podiam ser comprados
nas boticas. O primeiro boticário no Brasil foi de Diogo de Castro, trazido de Portugal
pelo governador geral, Thomé de Souza.
Isso só aconteceu após a coroa portuguesa decretar que no Brasil o acesso ao
medicamento só aconteceria se nas expedições portuguesas, francesas ou espanholas
houvesse um cirurgião barbeiro ou algum tripulante com uma botica portátil cheia de
drogas e medicamentos.
Os jesuítas que vieram para o Brasil colocavam em seus colégios de
catequização uma pessoa para cuidar dos doentes e outra para preparar os remédios.
Quem mais se destacou foi José de Anchieta, jesuíta que pode ser considerado
o primeiro boticário de Piratininga (São Paulo).
A partir de 1640 as boticas foram autorizadas a se transformar em comércio,
dirigidas por boticários aprovados em Coimbra, uma cidade de Portugal.
Esses boticários que obtinham sua carta de aprovação eram profissionais
empíricos, às vezes analfabetos, possuindo apenas conhecimentos corriqueiros de
medicamentos.
Em 1809, dentro do curso médico, foi criada a primeira cadeira de matéria
médica e farmácia ministrada pelo médico português, José Maria Bomtempo.
Somente a partir da reforma do ensino médico de 1832, foi fundado o curso
farmacêutico, vinculado, contudo, às faculdades de medicina do Rio de Janeiro e da
Bahia.
Por esta reforma, ficou estabelecido que ninguém poderia “curar, ter botica, ou
partejar”, sem título conferido ou aprovado pelas faculdades citadas acima.
3.3 História do símbolo da farmácia
A famosa taça envolta por uma serpente é reconhecida em todo o mundo como
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o símbolo da profissão farmacêutica. Sua origem está relacionada à mitologia grega.
Segundo a literatura antiga este símbolo representa o poder (cobra) sobre a cura (taça).
Taça: é a taça de Higéia.
Na mitologia grega, Higéia ou Hígia era a filha de Esculápio, a deusa da saúde,
limpeza e da sanidade. Enquanto seu pai era mais associado diretamente com a cura, ela
era associada com a prevenção da doença e a continuação da boa saúde. Além disso,
a taça é também uma variante do símbolo da serpente, significando a cura por meio
daquilo que se ingere, ou seja, pelos medicamentos.
Cobra: é denominada "Serpente de Epidauro", um dos templos dedicados a
Esculápio.
Para as sociedades ocidentais e do oriente médio, a serpente simboliza a
sabedoria, a imortalidade e a cura.
3.4 A Farmácia: comercio x saúde
Segundo a portaria 3916/98, do ministério da saúde, a assistência farmacêutica
refere-se a todas as ações relacionadas aos medicamentos, destinados a apoiar as ações
de saúde demandadas por uma comunidade, entre tantos aspectos abrangentes a
qualidade, segurança e eficácia terapêutica, acompanhamento e avaliação da utilização,
obtenção e difusão dos profissionais de saúde, do paciente e da comunidade para
assegurar o uso racional dos medicamentos. O Farmacêutico está inserido nessa
realidade e na realidade de todo o aspecto ético da profissão, sendo ele um profissional
de relevância e capacidade profissional dentro da equipe multidisciplinar de saúde.
E qual a marca que o farmacêutico está deixando para a população na execução
de seu trabalho: de um profissional de saúde ou de um comerciante?
De acordo como o Código de Ética da Profissão Farmacêutica (Conselho
Federal de Farmácia, 2004) no seu Preâmbulo, o farmacêutico é um profissional da
saúde, cumprindolhe executar todas as atividades inerentes ao âmbito profissional
farmacêutico de modo a contribuir para a salva guarda da saúde pública e, ainda, todas
as ações de educação dirigida à comunidade na promoção da saúde
A realidade das drogarias de hoje inaugurou-se na década de 1960 no processo
de industrialização explorador, que o farmacêutico que manipulava e guardava com
fidelidade as características do Boticário, que produzia e mantinha orientação pessoal à
vista do doente (Zubiolli, 2004). E substituído em uma relação informal por atendentes
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sem preparo técnico, delegando a outros atos e atribuições exclusivos da profissão
farmacêutica (Conselhos Federais de Farmácia, 2004). A troca de função explícita e
percebida para a sociedade carente de informações farmacológicas, submetidas a erros
de administração e eficácia medicamentosa por falta de caráter cientifico diante da
ausência do farmacêutico.
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4 O FEDERALISMO BRASILEIRO E AS POLÍTICAS DE SAÚDE
O Brasil se estabelece em um sistema político federativo constituído por três
esferas de governo, União, estados e municípios, todas consideradas pela Constituição
da República de 1988 como entes com autonomia administrativa e sem vinculação
hierárquica. São 26 estados e o Distrito Federal e 5.560 municípios. Estados que vão
desde Roraima, com apenas 279 mil habitantes, até São Paulo, com mais de 36 milhões
de habitantes. Municípios com pouco mais de mil habitantes até o município de São
Paulo com mais de 10 milhões de habitantes.
De acordo com Conass, 2003 o sistema federativo seria, em linhas gerais,
adequado para países marcados pela diversidade, por favorecer o respeito aos valores
democráticos em uma situação de óbvia diferenciação política, econômica, cultural,
religiosa ou social. Por outro lado, esse sistema dificulta a implementação de políticas
sociais de abrangência nacional, particularmente nos casos em que a situação de
diversidade diz respeito à existência de marcantes desigualdades e exclusão social,
como no Brasil. Nesses casos, acentua-se a importância do papel das políticas sociais de
remanejamento, redução das desigualdades e iniquidades no território nacional e
inclusão social.
Além disso, a implementação de políticas sociais em um sistema federativo
requer, por um lado, a explicitação das funções das diferentes esferas de governo para
cada área da política e, por outro, a adoção de mecanismos articuladores entre essas
esferas, com ênfase em uma lógica de cooperação e complementação.
Afirma Conass, 2003 no que diz respeito às políticas de saúde, agregue-se a isso
a complexidade inerente a essa área, relacionada aos seguintes fatores: múltiplas
determinações sobre o estado de saúde da população e dos indivíduos; diversidade das
necessidades de saúde em uma população; diferentes tipos de ações e serviços
imprescindíveis para dar conta de tais necessidades; capacitação de pessoal e recursos
tecnológicos requeridos para atendê-las; interesses e pressões do mercado na área da
saúde (no âmbito da comercialização de equipamentos, medicamentos, produção de
serviços, entre outros) que repetidamente tencionam a estruturação de um sistema
calçado na concepção de saúde como um direito de cidadania.
O federalismo do Brasil tem algumas particularidades devido ao seu impacto no
setor da saúde. A primeira questão diz respeito ao enorme peso dos municípios, que são
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considerados entidades federais e têm grandes responsabilidades na implementação de
políticas públicas. Dada a complexidade dos desafios mencionados, o tamanho, o
desenvolvimento político, econômico e social dos municípios brasileiros, a capacidade
de cobrança de impostos e a capacidade institucional nacional variam, o que significa
que a possibilidade de implementar políticas públicas de saúde é diferente. Outro
aspecto relevante é que o federalismo brasileiro ainda se encontra de certa forma “em
construção”, uma vez que, ao longo de toda a história, foi tensionado por períodos de
centralismo autoritário e a redemocratização do país ainda é relativamente recente. Esse
processo de construção do federalismo é caracterizado por muitos conflitos na
descentralização das políticas e definição dos papéis das três esferas de governo em
cada área de política pública. No que diz respeito à saúde, a agenda política da década
de 90 foi intensamente marcada pela temática da descentralização e pelos esforços de
definição do papel dos gestores em cada nível de governo.
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5 CENÁRIO HISTÓRICO DA SAÚDE
Em 1978, mesmo com o conceito de Saúde apresentado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), a Conferência Internacional Sobre Cuidados Primários de
Saúde realizada em Alma Ata, Cazaquistão, complementou, afirmando que a saúde é um
direito fundamental do ser humano, e uma importante meta social, cujo alcance requer a
ação de vários setores sociais e econômicos, além do setor saúde. A partir desta
importante Conferência, a discussão sobre a saúde e sua conceituação, dimensão, inter-
relação com as mais variadas áreas da vida, favoreceram a compreensão e norteamento
para elaboração de ações que pudessem culminar no objetivo maior que é saúde para os
povos (BARBOSA, 2018).
Na mesma Conferência em Alma-Ata estabeleceu-se que a organização da saúde
através da Atenção Primária à Saúde (APS) seria o meio chave de alcance de um nível
de saúde por todos os povos, até o ano 2000 que lhes permitisse levar uma vida social e
economicamente produtiva. Esta ação comporia um conjunto de outras iniciativas para
enfrentamento da desigualdade existente no campo da saúde entre os povos de
diferentes nações e até mesmo dentro de uma mesma nação. A APS atuaria ainda como
um fomentador das discussões de saúde individual e coletiva por meio da participação
popular, responsabilizando os estados, as sociedades e os indivíduos na elaboração
conjunta de propostas particularizadas de ações de saúde conforme as necessidades
locais.
A APS segundo a CICPS pode assim ser denominada como:
[...]cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias
práticas, cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis,
colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da comunidade,
mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país
possam manter em cada fase de seu desenvolvimento, no espírito de
autoconfiança e automedicação (De ALMA-ATA, 1978, p.8 apud BARBOSA,
2018).
A APS pode também ser descrita como o nível de atenção pelo qual os cuidados
de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde os indivíduos
residem e trabalham. Dessa forma, constitui-se como o primeiro estágio de um
continuado processo de assistência à saúde, atuando como um filtro capaz de organizar
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o fluxo dos serviços nas redes de saúde, dos mais simples aos mais complexos. A APS
caracteriza-se ainda como o nível de atenção à saúde onde as ações adotadas podem
melhorar a saúde geral e reduzir as diferenças entre os principais subgrupos da
população. É ainda o nível que fornece atenção a todas as condições, exceto as muito
incomuns e raras, e coordena e integra a atenção fornecida em outro lugar ou por
terceiros, tendo como atribuições a organização, resolutividade e responsabilidade por
uma população residente em um dado território (BARBOSA, 2018).
5.1 Acesso aos medicamentos
No cotidiano dos serviços de saúde é comum a compreensão limitada deste
conjunto de ações, reduzindo a Assistência Farmacêutica (AF) apenas a necessidade de
adquirir e distribuir os medicamentos, marginalizando a complexidade e a necessidade
de ações para a garantia do acesso e uso racional, com consequências negativas para
toda a sociedade.
Ao considerar que a maioria das intervenções em saúde envolve o uso de
medicamentos, o que pode ser determinante para a obtenção de menor ou maior
resultado, é imperativo que a AF seja vista sob ótica integral.
O “acesso” não deve ser reduzido apenas à disponibilidade do medicamento, sob
o risco do desperdício de recursos sem que haja um real impacto sobre a qualidade de
vida da população. É preciso envidar esforços na promoção do uso racional de
medicamentos, na ampliação do acesso superando a visão reducionista de
aquisição/distribuição, na incorporação do profissional farmacêutico na rede municipal
de saúde, seja na logística, seja na atenção direta ao usuário e às equipes de saúde da
família. A construção da integralidade do SUS, capaz de atender plenamente as
necessidades de saúde da população de forma resolutiva e responsável exige de seus
gestores compromissos sérios com a estruturação da AF e sua qualificação, tendo no
profissional farmacêutico um importante aliado na garantia do uso racional, seguro e
efetivo do medicamento.
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6 O HISTÓRICO DO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO
6.1 Antecedentes do SUS
De acordo com SOUZA, 2020 Antes da criação do Sistema Único de Saúde
(SUS), o Ministério da Saúde (MS), com o apoio dos estados e municípios, desenvolvia
quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, com
destaque para as campanhas de vacinação e controle de endemias. Todas essas ações
eram desenvolvidas com caráter universal, ou seja, sem nenhum tipo de discriminação
com relação à população que era beneficiada.
SOUZA, 2002 afirma ainda que na área de assistência à saúde, o MS atuava
apenas por meio de alguns poucos hospitais especializados, nas áreas de psiquiatria e
tuberculose, além da ação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública
(FSESP) em algumas regiões específicas, com destaque para o interior do Norte e
Nordeste. Essa ação, também chamada de assistência médico-hospitalar, era prestada à
parcela da população definida como indigente, por alguns municípios e estados e,
principalmente, por instituições de caráter filantrópico. Essa população não tinha
nenhum direito e a assistência que recebia era na condição de um favor, uma caridade.
A grande atuação do poder público nessa área se dava através do Instituto
Nacional de Previdência Social (INPS) que depois passou a ser denominado Instituto
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), autarquia do
Ministério da Previdência e Assistência Social.
O INPS foi o resultado da fusão dos institutos de aposentadorias e pensões (os
denominados IAPs) de diferentes categorias profissionais organizadas (bancários,
comerciários, industriários, dentre outros), que posteriormente foi desdobrado em
Instituto de Administração da Previdência Social (IAPAS), Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS) e Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (INAMPS). Este último tinha a responsabilidade de prestar assistência à saúde de
seus associados, o que justificava a construção de grandes unidades de atendimento
ambulatorial e hospitalar, como também da contratação de serviços privados nos
grandes centros urbanos, onde estava a maioria dos seus beneficiários. A assistência à
saúde desenvolvida pelo INAMPS beneficiava apenas os trabalhadores da economia
formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter
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universal que passa a ser um dos princípios fundamentais do SUS de acordo com Souza,
2002.
Desta forma, o INAMPS aplicava nos estados, través de Reguladores regionais,
recursos para cuidados de saúde são mais ou menos proporcionais aos recursos
coletados e ao número de beneficiários existentes. Assim, quanto mais desenvolvida a
economia do estado, com maior presença das relações formais de trabalho, maior o
número de beneficiários e, consequentemente, maior a necessidade de recursos para
garantir a assistência a essa população. Dessa forma, o INAMPS aplicava mais recursos
nos estados das Regiões Sul e Sudeste, mais ricos, e nessas e em outras regiões, em
maior proporção nas cidades de maior porte.
Como descrito por Souza, 2002 nessa época, os brasileiros, com relação à
assistência à saúde, estavam divididos em três categorias, a saber:
Como descrito por Souza, 2002 nessa época, os brasileiros, com relação à
assistência à saúde, estavam divididos em três categorias, a saber:
• Os que podiam pagar pelos serviços.
• Os que tinham direito a assistência prestada pelo INAMPS, e
• Os que não tinham nenhum direito.
A tabela a seguir mostra, como resultado dessa conjuntura, a distribuição
percentual dos recursos gastos pelo INAMPS no ano de 1986, em comparação com a
distribuição percentual da população, segundo região.
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Pode-se observar que a região sudeste mais rica recebe mais recursos, enquanto
as regiões norte e nordeste mais pobres recebem menos recursos. Esses recursos eram
utilizados para o custeamento das unidades próprias do INAMPS (Postos de Assistência
Médica e Hospitais) e, principalmente, para a compra de serviços da iniciativa privada.
Conforme citado por Souza, 2020 com a crise do financiamento da seguridade
social que começou a aparecer em meados da década de 1970, o INAMPS tomou várias
medidas para racionalizar seus gastos e começou a "comprar" serviços do setor público
na década de 1980 (inicialmente por meio de acordos). Embora o INAMPS apenas
forneça recursos para seus beneficiários, os cuidados de saúde prestados pela rede
pública mantêm a universalidade de sua base de clientes. Também, nessa época, o
INAMPS passa a dar aos trabalhadores rurais, até então precariamente assistidos por
hospitais conveniados com o FUNRURAL, um tratamento equivalente àquele prestado
aos trabalhadores urbanos. Mesmo com a crise que já se abatia sobre o INAMPS, essa
medida significou uma grande melhoria nas condições de acesso dessa população aos
serviços de saúde, particularmente na área hospitalar.
No final dos anos 80, o INAMPS adotou uma série de medidas que o
aproximaram ainda mais de uma cobertura universal de clientela, dentre as quais se
destaca o fim da exigência da Carteira de Segurado do INAMPS para o atendimento nos
hospitais próprios e conveniados da rede pública. Esse processo culminou com a
instituição do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), Implementado
através da assinatura de um acordo entre o INAMPS e o governo do estado.
Portanto, podemos ver que mesmo antes da aprovação, o Brasil começou a
estabelecer um sistema de saúde com cobertura universal da Lei 8.080 (também
conhecida como Lei Orgânica da Saúde), que instituiu o SUS. Isso foi motivado, por um
lado, pela crescente crise de financiamento do modelo de assistência médica da
Previdência Social e, por outro, à grande mobilização política dos trabalhadores da
saúde, de centros universitários e de setores organizados da sociedade, que constituíam
o então denominado “Movimento da Reforma Sanitária”, no contexto da
democratização do país, explica Souza, 2002.
6.2 Sistema de Saúde no Brasil
A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista do movimento da
reforma sanitária brasileira e representa o mais importante avanço no campo da saúde
19
pública do país, constituindo-se em um dos maiores sistemas de saúde pública do
mundo. Ele abrange desde o atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos,
garantindo acesso integral, universal e gratuito a toda população do país (BARBOSA,
2018).
Na organização do SUS, a Atenção Primária à Saúde (APS) é a porta de entrada
para o restante do sistema. A APS é que fornece atenção a todas as condições, exceto as
muito incomuns e raras, e coordena e integra a atenção ofertada em outro lugar ou por
terceiros, tendo como atribuições a organização, resolutividade e responsabilidade por
uma população territorializada. Os atributos essenciais da APS são: Primeiro Contato,
Longitudinalidade, Integralidade, Coordenação da atenção.
O primeiro contato refere-se ao acesso, a aceitabilidade, disponibilidade e
comodidade deste serviço junto aos seus usuários. A longitudinalidade, está relacionada
com as conexões entre profissionais e usuários, nas quais o cuidado se dá ao longo dos
anos diante das transformações e mudanças demográficas. O cuidado integral está
relacionado ao atendimento das necessidades, independentemente do nível de atenção
do usuário.
A coordenação da atenção pressupõe a APS como ordenadora das demandas em
saúde num sistema em rede de Saúde. É um processo harmônico de ação ou esforço
comum entre a APS e demais componentes da rede, sendo que para sua execução o
profissional da APS tem de estar ciente das ações realizadas sob sua responsabilidade
tanto na APS quanto nos demais pontos da rede de saúde (BARBOSA, 2018).
Um alto nível de alcance das qualidades exclusivas e fundamentais da APS
resulta em aspectos adicionais denominados aspectos derivativos. Eles são a orientação
familiar, a competência cultural e a orientação comunitária para a construção de
serviços de acordo com as realidades locais.
Segundo a Política Nacional da Atenção Básica, para o alcance da qualidade e
serviços resolutivos, é necessário a observação das diretrizes e fundamentos propostos
para a Atenção Primária à Saúde, que se apresentam por meio da descrição do território,
do acesso universal e contínuo aos serviços de saúde com qualidade, acolhendo os
usuários e promovendo a vinculação e correspondência pela atenção às suas
necessidades de saúde, garantindo continuidade do cuidado. (BRASIL, 2012, apud
BARBOSA, 2018).
20
Diante dos constantes avanços na saúde pública e contínuo processo de
estruturação do SUS, no ano de 1991 foi criado o Programa de Agentes comunitários
(PACS), com o intuito de reduzir a mortalidade infantil e materna, principalmente, nas
regiões norte e nordeste do Brasil. Com base no sucesso do PACS, o Ministério da
Saúde propôs um novo modelo de atenção à saúde centrado na família e não mais no
indivíduo, exigindo mais profissionais para prestar serviços de saúde no território. Neste
contexto, foi criado o Programa Saúde da Família (PSF), mais tarde consolidado como
Estratégia Saúde da Família (ESF). É importante ainda lembrar, que esse movimento de
“olhar a família” se deu em muitos países, com o desenvolvimento anterior de modelos
de assistência à família no Canadá, Cuba, Suécia e Inglaterra que serviram de referência
para a formulação do programa brasileiro (BARBOSA, 2018).
A gestão do sistema de saúde do Brasil apresenta-se como um desafio para as
três esferas de poder, com a responsabilidade de coordenar e auxiliar na construção de
um SUS resolutivo e de qualidade. Essa complexidade é maior quando se considera a
dimensão e heterogeneidade do país, tanto populacionais, geográficas, culturais quanto
econômicas. Com o intuito de promover inovações nos processos e instrumentos de
gestão, em 2006, foi instituído, entre as três esferas de gestão (União, Estados e
Municípios), o Pacto Pela Saúde - Consolidação do SUS.
O Pacto pela Saúde redefine as responsabilidades de cada gestor em
função das necessidades de saúde da população e na busca da equidade social.
O Pacto de Gestão é um dos eixos do pacto pela saúde e estabelece: As
responsabilidades claras de cada ente federado de forma a diminuir as
competências concorrentes e a tornar mais claro quem deve fazer o quê,
contribuindo, assim, para o fortalecimento da gestão compartilhada e solidária
do SUS (BRASIL, 2006, p.76 apud BARBOSA, 2018).
O pacto de gestão se propõe a buscar a integração e qualificação da gestão e
propõe as seguintes diretrizes: Responsabilidade Sanitária – de governo, de gestão e de
respostas dos sistemas e serviços de saúde e da organização da atenção; Regionalização
solidária – cooperativa; Planejamento e Programação; Regulação, Controle, Avaliação e
Auditoria; Trabalho e Educação em Saúde; Participação Social e ‘Controle Público do
Sistema.
A gestão de ferramentas utilizadas no processo de cuidados, pode ser entendida
como um processo de trabalho específico e, portanto, pode ser desdobrado nos
elementos constitutivos do objeto de trabalho, com o objetivo de desenvolver
21
profissionais qualificados, e uma melhor organização dos trabalhos. Dessa forma, os
objetos de trabalho do gestor no processo de trabalho gerencial são a organização do
trabalho e os recursos humanos. Os meios/instrumentos são: recursos físicos,
financeiros, materiais e os saberes administrativos que utilizam ferramentas específicas
para serem operacionalizados. Esses instrumentos/ferramentas específicas
compreendem o planejamento, a coordenação, a direção e o controle (BARBOSA,
2018).
O processo de gestão em saúde requer medidas de planejamento, alocação de
recursos escassos, avaliação de desempenho e outras atividades gerenciais básicas, além
de reuniões de equipe, padronização de procedimentos, coordenação, direção e controle.
O modelo de gestão proposto pelo Pacto de Gestão exige gestores capazes de implantar
políticas e novos modelos de atenção, com capacidade e competência para administrar
os problemas que se apresentam, que tenham sensibilidade, determinação e visão clara,
sejam pragmáticos, responsáveis e inteligentes.
Em consonância com a proposta de organização da Atenção Primária à Saúde,
com a Política Nacional de Saúde Bucal e com O Pacto de Gestão, os serviços de saúde
devem garantir qualidade. Para tanto, a avaliação dos serviços de Saúde pode contribuir
para o aprimoramento e organização do SUS e para a qualificação das ações e do
cuidado à saúde dos indivíduos, da família e da comunidade (BARBOSA, 2018). A
avaliação da qualidade dos serviços de saúde deve incluir a avaliação da gestão.
Segundo Tanaka e Tamaki, a gestão envolve a melhoria do funcionamento das
organizações e para isso ela tem que encontrar a melhor combinação possível dos
recursos disponíveis para atingir os seus objetivos. Encontrada essa combinação, ela é
institucionalizada por meio da formalização de estruturas, processos, rotinas, fluxos e
procedimentos.
A avaliação da gestão tem um compromisso com a melhoria dos níveis de saúde
da população por meio do desenvolvimento de processos avaliativos participativos que
levem em consideração tanto os objetivos dos serviços de saúde quanto as necessidades
de saúde da população (TANAKA, 2012, apud, BARBOSA, 2018).
No Brasil, a busca pela qualidade dos serviços de saúde tem recebido grande
destaque do Ministério da Saúde, pois é fundamental para a adequação das políticas
públicas às necessidades da população e para o retorno adequado dos investimentos,
refletindo na melhoria da situação de saúde do país. Avaliar pressupõe o ato de
22
determinar o valor de algo. Para Tanaka e Tamaki (2012), “avaliar significa um valor
assumido a partir do julgamento realizado com base em critérios previamente
definidos”. Segundo autor, um modelo de avaliação pode originar se de fontes teóricas,
com base em pesquisas preliminares ou da experiência de avaliadores ou gestores
(BARBOSA, 2018).
23
7 A CONFIGURAÇÃO INSTITUCIONAL DO SUS
A primeira e grande conquista do Movimento da Reforma Sanitária foi, em
1988, a definição na Constituição Federal (CF) relativa ao setor saúde. O Art. 196 da CF
conceitua que “a saúde é direito de todos e dever do Estado (...)”. Aqui se define de
maneira clara e específica a universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde.
Já o parágrafo único do Art. 198 determina que: “o sistema único de
saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da
seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
além de outras fontes”. Essa questão é crucial, pois em qualquer debate sobre o
financiamento do SUS, o foco está na participação da União, como se esta
fosse à única responsável. Um dos fatores determinantes deste entendimento
foi, provavelmente, o papel do INAMPS no início do SUS. (SOUZA, 2002).
Um passo significativo na direção do cumprimento da determinação
constitucional de construção do Sistema Único de Saúde foi à publicação do decreto n.º
99.060, de 7 de março de 1990, que transferiu o INAMPS do Ministério da Previdência
para o Ministério da Saúde. Esse fato, portanto, foi anterior à publicação da Lei 8.080,
que só veio a ocorrer em setembro do mesmo ano.
A Lei 8.080 instituiu o Sistema Único de Saúde, com comando único
em cada esfera de governo e definiu o Ministério da Saúde como gestor no
âmbito da União. A Lei, no seu Capítulo II – Dos Princípios e Diretrizes, Art.
7º, estabelece entre os princípios do SUS a “universalidade de acesso aos
serviços de saúde em todos os níveis de assistência”. Isso se constituiu numa
grande alteração da situação até então vigente. O Brasil passou a contar com
um sistema público de saúde único e universal. (SOUZA, 2002).
7.2 O processo de Implantação do SUS
No entanto é importante enfatizar que, como citado anteriormente, o sistema de
saúde padronizado começou a ser implementado por meio de uma estratégia que visa
alcançar a cobertura universal das ações de saúde, e depois oferecida pelo INAMPS
apenas aos seus beneficiários.
Afirma Souza, 2002 que no final da década de 80, o setor público de assistência
à saúde mantinha uma estreita relação com o INAMPS, que a partir de 1990 passou a
integrar a estrutura do Ministério da Saúde e que já vinha, nos anos anteriores,
participando de modo significativo do seu financiamento.
24
Considerando-se essa relação e a continuidade da participação do Ministério da
Previdência no financiamento do INAMPS, este foi inicialmente preservado e se
constituiu no instrumento para assegurar a continuidade, agora em caráter universal, da
assistência médico-hospitalar a ser prestada à população. O INAMPS somente foi
extinto pela Lei n° 8.689, de 27 de julho de 1993, portanto quase três anos após a
promulgação da lei que instituiu o SUS.
No parágrafo único do seu artigo primeiro, a lei que extinguiu o
INAMPS estabelecia que: “As funções, competências, atividades e atribuições
do INAMPS serão absorvidas pelas instâncias federal, estadual e municipal
gestoras do Sistema Único de Saúde, de acordo com as respectivas
competências, critérios e demais disposições das Leis n° 8.080, de 19 de
setembro de 1990, e 8. 142, de 28 de dezembro de 1990”. (SOUZA, 2002).
Na preservação do INAMPS, a lógica de seu financiamento e alocação de
recursos financeiros também foi mantida. Dessa forma, o SUS utiliza as instituições
estabelecidas e organizadas para prestar assistência a um pequeno número de pessoas
para iniciar atividades no campo da saúde universal.
Uma das consequências desta “preservação” foi o estabelecimento de limites
físicos e financeiros para as unidades federadas na lógica do INAMPS, que então era
garantir a manutenção da situação até então vigente. Ou seja, o SUS não adotou uma
lógica própria para financiar a assistência à saúde de toda a população o que significaria
um grande remanejamento da alocação de recursos entre os estados. Essa medida, sem
dúvidas, geraria uma forte reação política dos estados mais desenvolvidos e que
contavam com uma maior proporção de recursos.
A primeira alocação de recursos feita pelo Ministério da Saúde, na condição de
gestor federal do SUS, teve como base, fundamentalmente, na situação deixada pelo
INAMPS, como resultado da capacidade instalada dos serviços de saúde, construída ao
longo do tempo para atender à população previdenciária, e carregou consigo uma
imensa distinção na divisão dos recursos entre os estados pois, agora, a assistência
passava a ter um caráter universal. Souza, 2002 cita ainda que a manutenção do
INAMPS e de sua lógica de financiamento não impediu que, a partir de maio de 1993,
pouco antes da sua extinção (em 27 de julho de 1993), o Ministério da Previdência
Social deixasse de repassar para o Ministério da Saúde recursos da previdência social
criando uma enorme defasagem entre a nova responsabilidade constitucional e a
disponibilidade orçamentária.
25
Portanto os anos de 1993 e de 1994 foram de grandes dificuldades para o SUS,
pela falta de uma fonte de financiamento que garantisse recursos para honrar os
compromissos resultantes das definições da Constituição Federal e da Lei Orgânica da
Saúde.
26
8 POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL
Durante muitos anos, as políticas públicas de saúde no Brasil sofreram
modificações e adequaram-se aos momentos políticos, econômicos e sociais do país.
Apenas em 1808, com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, certas normas
sanitárias foram colocadas em prática, mesmo que apenas nos portos, para evitar a
entrada de doenças contagiosas que pudessem alcançar a nobreza. Por volta de 1822,
novas políticas públicas frágeis foram aplicadas no controle dos portos, mas, sem muito
sucesso. Somente após a Proclamação da República é que foram implementadas práticas
de saúde ao nível nacional. Após um longo período, a saúde ganhou força no Brasil a
partir da Constituição de 1988, que criou o Sistema Único de Saúde (SUS). O SUS
surgiu para proporcionar aos excluídos a assistência à saúde (BRASIL, 1988).
No ano de 1904, ocorreu a chamada Revolta da Vacina, em decorrência de um
modelo de intervenção chamado Campanhista, que, apesar de alguns abusos nas práticas
de saúde, obteve também algumas vitórias contra as epidemias. Um dos médicos desse
período foi Oswaldo Cruz, que elaborou uma reforma, incorporando ações de Saúde,
inserindo novos elementos, como:
a) o registro demográfico, proporcionando o conhecimento da composição e os
fatos vitais de importância da população;
b) a inserção do laboratório como auxiliar do diagnóstico etiológico;
c) a produção organizada de produtos profiláticos para uso em massa (PAIM,
2009).
Em 1920 Carlos Chagas surgiu como sucessor de Oswaldo Cruz, e conseguiu
inserir a propaganda e a educação sanitária na rotina de ação, reinventando o modelo
Campanhista de Oswaldo, que era apenas fiscalizador. Foram instituídos, nesse período,
órgãos especializados contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas. Como foi
uma luta marcada por muitos professores, pesquisadores e médicos, esse movimento
conquistou bases e sindicatos.
Através desses primeiros esforços, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
(CEBES) foi criado em 1976, organizando o movimento da reforma sanitária e, em
1979, formou-se a Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
(ABRASCO) ambas ajudaram nas reformas da saúde.
27
No decorrer da ditadura militar, pouco foi feito pela saúde dos brasileiros. No
período, foram desenvolvidos os Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP),
unificados no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Foi um período em que
houve também um aproveitamento da medicina pela previdência social.
Foi uma época em que a população brasileira enfrentava a ditadura e denunciava
o autoritarismo nas práticas de saúde (PAIM, 2009). Em 1970, foi criado o Movimento
da Reforma Sanitária, “que tinha como finalidade conquistar a democracia para mudar o
sistema de saúde” (PAIM, 2009).
O movimento da reforma sanitária no Brasil acabou se desenvolvendo, e a partir
de 1979, acorreram inúmeras reuniões de pesquisadores, gestores de Saúde e outros
movimentos sociais e, em 1980, foi instituído o Conselho Nacional de Secretários de
Saúde (CONASS). Na 8ª Conferência Nacional de Saúde, em 1986, foi feita a
elaboração do SUS, com base em estratégias de saúde que foram realizadas no Brasil
(PAIM et al., 2011). Dessa forma, é possível fazer uma ligação de que o SUS é uma
decorrência direta da Reforma Sanitária, mas não é filho único. O SUS foi
regulamentado na Constituição de 1988, onde ficou garantido o direito à saúde como
sendo um direito fundamental e social do ser humano (BRASIL, 1988). O SUS foi
elaborado com princípios doutrinários, que são a base de tudo que é praticado para a
população. Sendo eles:
Universalidade: o acesso às ações deve ser garantido a todas as pessoas.
✓ Equidade: garante a igualdade da assistência à saúde sem preconceitos ou
privilégios.
✓ Integralidade: considera o indivíduo como um todo, e as ações de saúde
devem atender a todas as necessidades.
✓ Hierarquização: é um conjunto de ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, para todos os níveis de complexidade.
✓ Participação popular: democratização dos processos decisórios dos
serviços de saúde.
✓ Descentralização: consolidada com a municipalização, torna o município
gestor do SUS.
O sistema de saúde vigente atual é descentralizado, ou seja, o poder e a
responsabilidade sobre o setor são distribuídos entre as três competências do governo,
buscando uma prestação de serviços mais eficiente, e com maior fiscalização. Podemos
28
dizer ainda, que o modelo de saúde vigente no Brasil é composto por uma rede
complexa que gera uma combinação público-privada, financiada por recursos privados.
Nesse atual Sistema de Saúde existem subsetores, sendo eles:
✓ Subsetor público, no qual os serviços são financiados e providos pelo
Estado nos níveis federal, estadual e municipal, incluindo os serviços de
saúde militares;
✓ Subsetor privado (com fins lucrativos ou não), no qual os serviços são
financiados de diversas maneiras com recursos públicos ou privados;
✓ Subsetor de saúde suplementar, com diferentes tipos de planos privados
de saúde e de apólices de seguro, além de subsídios fiscais.
A política de saúde vigente incentiva o setor privado e possibilita a privatização
da saúde através de credenciamentos de médicos, remuneração e criação de clínicas
diagnósticas ou terapêuticas e hospitais e ainda estimula empresas de planos de saúde.
Grande parte dos planos de saúde no Brasil são de empresas comerciais e oferecem
planos com diferentes níveis.
Para regulamentar esses planos, no ano de 2000 foi elaborada a Agência
Nacional de Saúde Suplementar.
O modelo é hierarquizado, separado em níveis de complexidade os serviços,
formados pela atenção básica, que é a principal porta de entrada no sistema, a qual deve
ser a sua ordenadora. Dessa forma, temos: atenção primária ou básica; atenção
secundária; e atenção terciária ou de média e alta complexidade (PAIM et al., 2011)
Atenção básica: por conta do processo de descentralização, tem melhorado
muito. Por meio dela são realizadas diversas estratégias, como, por exemplo, o
Programa de Agentes Comunitários de Saúde e o Programa de Saúde da Família (PSF),
também conhecido como Estratégia de Saúde da Família (ESF).
A ESF funciona por meio de equipes de saúde, que atuam em áreas geográficas e
populações bem definidas. As atividades de promoção de saúde funcionam nas
unidades, nas casas dos pacientes e na comunidade.
Atenção secundária: é pouco regulamentada, e os procedimentos de média
complexidade normalmente são deixados de lado em prol dos procedimentos de alto
custo. Nessa atenção secundária, o SUS é totalmente dependente de contratos com o
setor privado, sobretudo no caso de serviços de apoio diagnóstico e terapêutico. Na
atenção secundária, encontramos especialidades odontológicas, serviços de
29
aconselhamento para HIV, centros de referência de Saúde do trabalhador, além da
criação das unidades de pronto atendimento (UPAs), que são articuladas com o Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Atenção terciária ou hospitalar: incluem-se aqui procedimentos de alto custo,
que muitas vezes são realizados por prestadores privados ou hospitais públicos de
Ensino. Nesse nível de atenção à saúde está incluso o sistema de gerenciamento de listas
de espera para transplantes de órgãos.
As políticas públicas de saúde desenvolvidas no Brasil são pautadas por
diretrizes e medidas que expressem o posicionamento do Estado diante de situações
consideradas de interesse público, visando à recuperação ao nível individual ou
coletivo.
Essas são políticas que devem sempre reconhecer as desigualdades e buscar uma
redução das diferenças existentes entre os cidadãos. Uma das políticas implementadas é
a questão da disparidade de gênero.
As políticas públicas devem considerar não somente as diferenças biológicas nas
condições de saúde entre homens e mulheres, mas, também, a dimensão social e os
meios de adoecimento, que são diferentes entre homens e mulheres. A naturalização da
agressividade como um atributo masculino e da fragilidade e submissão como
características femininas impactam negativamente nas condições de saúde (LIMA,
2015).
8.1 Politicas Públicas para saúde da criança e do adolescente
A saúde das crianças trata-se de um tema que merece grande destaque.
Inicialmente, a mortalidade infantil e a prevenção com as doenças que poderiam levar as
crianças a óbito ou deixar alguma sequela. Hoje, é possível notar toda a inclusão de
ações voltadas aos cuidados dos adolescentes e à promoção da saúde, desde a gestação,
englobando ações de melhoria da qualidade do pré-natal, fomento ao aleitamento
materno, desenvolvimento infantil da primeira infância, imunização, nutrição e até
mesmo sexualidade.
Algumas ações mais amplas, ainda incluem o tratamento de reabilitação, o
progresso da saúde e a prevenção de doenças. A equipe de saúde pode ainda prevenir e
combater eventuais violências contra crianças e adolescentes.
30
A legislação vigente no Brasil reconhece a família como estrutura importante
para a humanização e socialização de crianças e adolescentes, espaço ideal para o
desenvolvimento integral do indivíduo.
As crianças e adolescentes têm o direito de constituir família, e seus vínculos
devem ser protegidos pela sociedade e pelo Estado. Em situações de risco e fragilização
familiar, as estratégias de cuidado devem fazer todo o possível para preservar esses
vínculos, combinando o suporte socioeconômico com o desenvolvimento de novas
formas de interação e referenciamento emocional dentro dos grupos familiares.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é a Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990, determina que medidas de proteção à criança e ao adolescente são
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
A disposição descrita nos artigos 101 e 129 da mesma Lei, reserva a aplicação
das medidas mais sérias, que se referem a separação da criança e do adolescente de sua
família, por autoridade judicial. Ainda assim, se trata de uma lei que busca preservar os
vínculos familiares originais e evitar rupturas que possam interferir o seu
desenvolvimento.
De fato, o ECA tem a relevante função de regulamentar e impedir que o texto
constitucional “não se constitua em letra - morta”. Mas, para isso, é preciso “[...] uma
política social eficaz, que de fato assegure materialmente os direitos já positivados”.
No âmbito das medidas protetivas, os programas sociais de apoio à família
devem fortalecer as famílias e desenvolver programas de trabalho ou programas de
promoção familiar de forma participativa, valorizando sua capacidade de encontrar
soluções para os problemas que enfrentam com apoio técnico e institucional. Os
programas buscam basicamente:
• Superação de vulnerabilidades sociais em consequência da pobreza e
privação –inclusive as condições de habitabilidade, segurança alimentar,
trabalho e geração de renda;
• Consolidação de vínculos familiares e de pertencimentos sociais
fragilizados.
• Acesso à informação sobre as demandas individuais e coletivas.
31
• Orientação da família e, especialmente, dos pais, quanto ao adequado
• Exercício das funções parentais, em termos de proteção e cuidados a
serem dispensados às crianças e adolescentes em cada etapa do
desenvolvimento, mantendo uma abordagem dialógica e reflexiva.
• Superação de conflitos relacionais e/ou transgeracionais, rompendo o
ciclo de violência nas relações intrafamiliares.
• Orientação jurídica, quando necessário.
32
9 HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA A SAÚDE
9.1 Politica Nacional de Humanização (PNH)
A humanização é um tema muito comum nos serviços públicos de saúde, textos
oficiais e publicações no campo da saúde pública na atualidade. O termo
“humanização” evoca movimentos para restaurar valores humanos esquecidos durante
um período de relaxamento moral. Ao longo da história, a humanização surgiu à medida
que uma sociedade pós-moderna reexamina valores e atitudes. Os princípios da PNH se
originam de inspiração humanística: universalidade, integridade, equidade e
participação social. Com o resultado final em mente, eles conceituam a humanidade em
qualquer conceito, em qualquer instância de enfermagem ou gestão. Essa característica
faz do SUS, hoje, o principal sistema de inclusão social do país. O cuidado humanizado
no SUS envolve a compreensão de que o trabalho em saúde requer a mudança das
necessidades humanas e a melhoria da vida. As visitas são bem-vindas e garantidas,
com todo o cuidado e atenção determinada, sempre justa. Humanizar significa
compreender a necessidade dos conflitos existentes para que a produção do mundo e
dos seus valores seja coletiva e pública.
A Política de Atenção à Saúde da Humanidade (PHAS) propõe uma linha de
ação baseada no princípio do respeito às particularidades de cada instituição,
incentivando a cooperação entre elas por meio da troca de experiências comprovadas
para melhorar a qualificação dos serviços públicos de saúde. Anos depois de seu
surgimento, o SUS é um sistema pensado para atender aos anseios do povo brasileiro,
porém, também é um sistema público de saúde que apresenta algumas contradições e
heterogeneidade, pois se caracteriza por serviços modernos, além de serviços
abandonados nos quais existe perpetuação de formas ultrapassadas de prestação de
serviços públicos, burocratização e representação da violência institucional. Em 2000, o
Ministério da Saúde, atento à atuação departamental e às diversas iniciativas de práticas
humanizadas em saúde realizadas ao nível local, elaborou o Plano Nacional de
Humanização Humanizada da Enfermagem em Hospitais (PNHAH).
O programa estimula a disseminação do pensamento humanitário, bem como
diagnósticos emergentes, e promove ações humanizadas com base na realidade de cada
localidade. Como um projeto inovador cuidadosamente elaborado por um grupo de
psicanalistas, ainda dá forte ênfase à transformação das relações interpessoais devido ao
33
aprofundamento da compreensão dos fenômenos no domínio da subjetividade. Em
2003, o Ministério da Saúde fez uma análise da PNHAH, lançou a Política Nacional de
Humanização (PNH), que alterou o alcance da humanização em toda a rede de hospitais
do SUS, e estabeleceu uma política com foco prioritário na gestão e fluxo de trabalho.
Dessa forma, a PNH torna-se um conjunto de diretrizes transversais que, em qualquer
situação de implementação, fundamentam todas as atividades do órgão, incluindo
usuários ou profissionais de saúde.
Humanizar a saúde significa ter voz não apenas para os usuários, mas também
para os profissionais de saúde, engajando-se tanto em redes conversacionais. A rede
deve promover ações, campanhas e políticas de ajuda baseadas na ética, respeito,
reconhecimento mútuo, solidariedade e responsabilidade. De acordo com esse
entendimento, a política de humanização em saúde apresenta diferentes parâmetros para
a humanização da assistência hospitalar em três dimensões: acolhimento e cuidado ao
usuário, atuação dos profissionais e lógica de gestão e gestão. Esses padrões podem ser
usados para análise, reflexão e trabalho para desenvolver ações, campanhas, programas
e políticas de ajuda que orientam a programação humana. O objetivo do PHAS é
desenvolver uma nova cultura da humanidade que valorize as ações da humanidade já
em andamento, criando uma filosofia organizacional que estimule a incorporação
cotidiana do verbo humanizar.
Uma cultura de humanização leva tempo para ser construída e exige a
participação de todos os atores do sistema, ela determina a quebra de paradigmas. O
verbo humanizar é pessoal e inegociável, pois ninguém pode ser humano em nosso
lugar.
9.2 Princípios e diretrizes da humanização
Atualmente, diversas revoltas conceituais, protestos ideológicos, elaborações
teórico-técnicas e programas temáticos fazem da humanização um estímulo para
inovações na produção teórica e prática no campo da saúde. A humanização pode ser
entendida sob diferentes perspectivas como:
• Um princípio de ação humanística e ética;
• Um movimento contra a violência institucional no setor saúde;
• Uma política pública voltada para a atenção e gestão no SUS;
34
• Uma metodologia que contribui para a gestão participativa;
• Uma tecnologia de cuidado relacionada à saúde.
A humanização, baseada na importância e reconhecimento do ser humano, figura
um curso que visa à reforma do plantio institucional transversalmente da edificação em
adjeto de compromissos éticos e de métodos para as ações de reverência à saudação e de
administração dos serviços. Dessa figura destacamos:
• Valorização da dimensão subjetiva e social em todas as práticas
assistenciais e gerenciais no SUS, fortalecendo o compromisso com os
direitos de todos os cidadãos, independentemente de gênero, etnia, raça e
orientação sexual;
• Reforçar o trabalho em equipa multidisciplinar, promovendo a
transversalidade e o agrupamento Apoiar a construção de redes
colaborativas e solidárias dedicadas à produção de saúde e à produção de
sujeitos;
• Elaboração da autonomia e protagonismo dos sujeitos e grupos
envolvidos na rede SUS;
• Corresponsabilidade destes sujeitos nos processos de gestão e apoio;
• Fortalecimento do controle social com caráter participativo em todos os
órgãos administrativos da SBS (sistema brasileiro de saúde);
• Compromisso com a democratização das relações laborais e a
qualificação dos profissionais de saúde, promoção de processos de
formação contínua.
35
10 ÓRGÃOS REGULADORES DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Os órgãos reguladores são criados por leis específicas e fazem parte da
administração pública para determinar como as atividades devem ser executadas e
fiscalizar os serviços públicos ou empresas privadas que exercem essas atividades. O
sistema público de saúde brasileiro é administrado por órgãos como a Anvisa e a
Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Nessa perspectiva, alguns órgãos reguladores foram criados para substituir
algumas atividades que foram assumidas pela administração do Estado. Oito órgãos
reguladores e um no governo de Luiz Inácio Lula da Silva foram criados durante a
gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso. Neste governo fracassou a tentativa
de fundar a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (ANCINAV). Analisando os
principais reguladores do Brasil, Menicucci (2007, p. 271) afirma que “[...] os
reguladores expressam simultaneamente a expansão das atividades privadas para novas
áreas e a reorganização das funções do Estado [...]". Reguladores foram criados para
supervisionar os serviços públicos do setor privado. Eles não apenas controlam a
qualidade da prestação de serviços, mas também definem as regras do setor. Hoje são
dez reguladores. A regulação engloba políticas e ações governamentais, incluindo
padronização, controle e revisão dos segmentos de mercado utilizados pelas empresas
para garantir o interesse público:
Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS): Criada em 2000, a Agência
Nacional de Saúde Complementar (ANS) é vinculada ao Ministério da Saúde. A ANS
promove a defesa do interesse público na saúde complementar, regulamenta os atores do
setor, incluindo suas relações com prestadores e consumidores, e contribui para o
desenvolvimento das ações de saúde no país.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) foi criada em 1999, é administrativa e financeiramente
independente e vinculada ao Ministério da Saúde.
A Política Nacional de Regulação do Ministério da Saúde (BRASIL, 2008),
criada em 2008, tem como principal objetivo a promoção do acesso equânime, universal
e integral dos usuários ao SUS. Sem uma lógica puramente financeira, a regulação em
saúde contribui para otimizar o uso dos serviços, em busca da qualidade da ação, da
36
resposta adequada aos problemas clínicos e da satisfação do usuário, sem, portanto,
gerar uma fragmentação da atenção. Em Minas Gerais, a Portaria é vista como um
conjunto de regras de proteção impostas para monitorar e controlar os serviços
prestados.
37
11 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA X ATENÇÃO
FARMACÊUTICA
Enquanto assistência farmacêutica é um conjunto de ações realizadas por
farmacêuticos que tem como objetivo orientar o uso e as restrições de medicamentos
aos pacientes, a Atenção Farmacêutica é a relação direta do farmacêutico com o
paciente, realizando o controle do uso de medicações com os interesses do próprio
paciente. O processo de Atenção Farmacêutica obedece a uma sequência de passos
conhecida como método clínico. O método clínico inclui desde a coleta de dados,
identificação de problemas, implantação de um plano de cuidado e seguimento do
paciente.
Esses resultados são:
• Diminuição do processo da enfermidade;
• Cura da enfermidade;
• Diminuição ou eliminação dos sintomas;
Esse serviço é muito confundido com a orientação e assistência ao paciente,
porém Atenção Farmacêutica abrange muito mais setores
38
12 ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
A reorientação da Assistência Farmacêutica integra as diretrizes da Política
Nacional de Medicamentos, devendo ser considerada como uma das atividades
prioritárias da assistência à saúde, em face de sua transversalidade com as demais ações
programas de saúde. Nesse sentido, o medicamento é de fundamental importância,
sendo difícil um outro fator, isoladamente, possuir no âmbito dos serviços de saúde
maior impacto sobre a capacidade resolutiva dos mesmos. Portanto, pode-se considerar
que o medicamento é um insumo estratégico para a melhoria das condições de saúde da
população.
Para a efetiva implementação da Assistência Farmacêutica é fundamental ter
como princípio básico norteador o ciclo da assistência farmacêutica, que é um sistema
constituído pelas etapas de seleção, programação, aquisição, armazenamento,
distribuição e dispensação, com suas interfaces nas ações da atenção à saúde.
12.1 Organização da Assistência Farmacêutica
Para a organização da Assistência Farmacêutica, é preciso identificar cada um
dos seus componentes e elementos, os quais deverão ser capazes de promover maior
resolutividade das ações. A organização está relacionada com a funcionalidade dos
serviços, e tem por objetivo o gerenciamento eficiente e eficaz. Para a organização dos
serviços, é necessário conhecer a realidade da situação de saúde local, buscando
subsídios para implementação de um plano de ação. Para tanto, deve-se:
a) Conhecer a estrutura organizacional da Secretaria de Saúde e suas inter-relações.
39
Níveis hierárquicos, relações dentro e fora do serviço, competências de cada
área técnica, normas e procedimentos existentes, metas estabelecidas para a
saúde.
b) Realizar o levantamento da situação de saúde do estado/município.
Conhecer a distribuição da população, por faixa etária e sexo, as doenças mais
comuns que acometem essa população, seus hábitos e costumes.
c) Conhecer a organização da rede local de saúde.
Verificar a capacidade instalada, conhecer a oferta dos serviços e o Plano
Estadual/Municipal de Saúde.
d) Identificar os recursos financeiros.
Conhecer os recursos disponíveis destinados à Assistência Farmacêutica e as
reais necessidades, para que sejam estabelecidas prioridades de ações.
e) Identificar os recursos humanos.
Conhecer os profissionais da rede de saúde, e identificar a integração destes com
os serviços da Assistência Farmacêutica existentes.
12.2 Interfaces da Assistência Farmacêutica
Para identificar necessidades e buscar soluções para os problemas, é preciso
conhecer o ambiente que nos cerca (interno e externo), procurando compreender de que
forma ele afeta e influencia positivamente e (ou) negativamente o desenvolvimento das
ações.
A Assistência Farmacêutica, por ser uma atividade multidisciplinar e devido à
sua complexidade, necessita de articulações permanentes com outras áreas, como
Vigilância Sanitária, Epidemiologia, Coordenações de Programas Estratégicos de Saúde
(Hanseníase, Saúde Mental, Saúde da Mulher e Tuberculose), Programa Saúde da
Família - PSF e Programa de Agentes Comunitários de Saúde − PACS, Área
administrativo-financeira, Planejamento, Material e Patrimônio, Licitação, Auditoria,
Setor Jurídico, Controle e Avaliação. Identifica-se ainda a necessidade de manter
estreita relação com os profissionais de saúde, entidades e conselhos de classes,
universidades, Ministério Público, Conselhos de Saúde, setores de comunicação,
fornecedores, entre outros, visando desenvolver ações conjuntas.
40
12.3 Componente básico da Assistência Farmacêutica
A Assistência Farmacêutica na Atenção Básica em Saúde é parte da Política
Nacional de Assistência Farmacêutica do Sistema Único de Saúde – SUS. Ele envolve
um grupo de ações desenvolvidas de forma articulada pelo Ministério da Saúde,
Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e do Distrito Federal, para garantir o
custeio e o fornecimento dos medicamentos e insumos essenciais da RENAME vigente,
destinados ao atendimento dos agravos prevalentes e prioritários da Atenção Básica.
Seu financiamento e execução encontram-se normatizados pela Portaria de
Consolidação nº 6, de 28 de setembro de 2017, a qual trata das normas sobre o
financiamento e a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de
saúde do Sistema Único de Saúde.
O Componente Básico da Assistência Farmacêutica destina-se ao fornecimento
dos medicamentos e insumos para o tratamento tempestivo e adequado dos problemas
mais comuns e/ou prioritários, passíveis de atendimento em nível básico, incluindo
aqueles relacionados a agravos e programas de saúde específicos. A execução das ações
e serviços de saúde do Componente Básico da Assistência Farmacêutica é
descentralizada, sendo o Distrito Federal responsável pela seleção, programação,
aquisição, armazenamento, distribuição e dispensação dos medicamentos e insumos. No
âmbito da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, a prescrição e
fornecimento de medicamentos e produtos para a saúde são regulamentados pela
Portaria nº 250, de 17 de dezembro de 2014.
41
A atenção básica é entendida como o primeiro nível da atenção à saúde no SUS
(contato preferencial dos usuários), que se orienta por todos os princípios do sistema,
inclusive a integralidade, mas emprega tecnologia de baixa densidade.
12.3.1 Diabetes
O diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes portadores do
Diabetes mellitus se dá no âmbito da Atenção Básica, sendo o SUS responsável pela
distribuição gratuita de medicamentos para tratamento e monitoramento dessa doença.
Para ter acesso aos insumos para o monitoramento da glicemia capilar, o paciente com
diabetes deve se inscrever no Programa de Diabetes na Unidade Básica de Saúde –
UBS.
12.3.2 Programa de Hipertensão Arterial
O diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes portadores de
hipertensão arterial ocorrem no âmbito da Atenção Básica, sendo o SUS responsável
pela distribuição gratuita de medicamentos para controle dessa doença. O usuário será
acolhido e acompanhado pela equipe de saúde da Atenção Primária à Saúde, tendo
como referência a Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua residência, para
receber orientação quanto ao tratamento e monitoramento da doença.
A modificação do estilo de vida (controle de peso, mudança dos hábitos
alimentares, redução do consumo de sal, atividade física, etc.) é fundamental no
controle da hipertensão arterial. Quando necessário, o tratamento farmacológico será
indicado pela equipe de saúde da família.
12.3.3 Saúde da mulher
O financiamento e aquisição dos medicamentos contraceptivos e insumos
pertencentes ao Programa Saúde da Mulher é responsabilidade do Ministério da Saúde,
ficando a cargo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal o fornecimento às usuárias
nas Unidades Básicas de Saúde.
12.3.4 Fitoterapia
O Ministério da Saúde realiza diversas ações para a implantação da Política e do
Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e para a inserção de plantas
medicinais e da fitoterapia no SUS, de forma a contribuir com o desenvolvimento do
setor. Desse modo, está previsto na Portaria GM/MS nº 1.555, de 30 de julho de 2013, o
42
uso de plantas medicinais, drogas vegetais e derivados vegetais para manipulação das
preparações dos fitoterápicos em Farmácias Vivas e em farmácias de manipulação do
SUS.
A Portaria GM/MS nº 886, de 20 de abril de 2010, institui a Farmácia Viva no
âmbito do SUS, sob gestão estadual, municipal ou do Distrito Federal, que é
responsável por realizar todas as etapas, desde o cultivo até a coleta, o que compreende
o processamento, o armazenamento, a manipulação e a dispensação de preparações
magistrais e oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos.
12.3.5 Saúde mental
Uma grande parte dos distúrbios psíquicos leves é atendida no âmbito da
Atenção Básica do SUS. Contemplando a rede de cuidados que devem garantir atenção
em saúde mental, com os antidepressivos ocupando o primeiro lugar desse grupo de
medicamentos, seguido pelos antiepilépticos e antipsicóticos.
Os usuários que necessitam de medicamentos para Saúde Mental poderão ter
acesso ao tratamento nas Unidades Básica de Saúde (UBS) que contam com
farmacêutico. Em alguns casos, o acesso a determinados medicamentos seguirão os
protocolos clínicos, classificados conforme as linhas de cuidado para doenças como:
Transtorno Afetivo Bipolar do Tipo I, Transtorno Esquizoafetivo, Depressão no Idoso,
Esquizofrenia, Comportamento Agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo,
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que são dispensados nas farmácias
do Componente Especializado.
12.4 Componente estratégico da Assistência Farmacêutica
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica (CESAF) destina-se à
garantia do acesso equitativo a medicamentos e insumos, para prevenção, diagnóstico,
tratamento e controle de doenças e agravos de perfil endêmico, com importância
epidemiológica, impacto socioeconômico ou que acometem populações vulneráveis,
contemplados em programas estratégicos de saúde do SUS.
O CESAF disponibiliza medicamentos para pessoas acometidas por tuberculose,
hanseníase, malária, leishmaniose, doença de chagas, cólera, esquistossomose, filariose,
meningite, oncocercose, peste, tracoma, micoses sistêmicas e outras doenças
decorrentes e perpetuadoras da pobreza. São garantidos, ainda, medicamentos para
43
influenza, doenças hematológicas, tabagismo e deficiências nutricionais, além de
vacinas, soros e imunoglobulinas.
Os medicamentos e insumos são financiados e adquiridos pelo Ministério da
Saúde (MS), sendo distribuídos aos estados e Distrito Federal. Cabem a esses o
recebimento, armazenamento e a distribuição aos municípios. O Sistema Nacional de
Gestão da Assistência Farmacêutica (HÓRUS) e outros sistemas próprios são utilizados
na logística e gestão, contribuindo com as ações e serviços de Assistência Farmacêutica.
Os medicamentos e insumos do CESAF estão relacionados nos anexos II e IV da
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename). A gestão no nível federal
desse componente é realizada pela Coordenação Geral de Assistência Farmacêutica e
Medicamentos Estratégicos (CGAFME) e no âmbito do Distrito Federal é a Gerência do
Componente Básico da Assistência Farmacêutica/DIASF.
12.4.1 IST/AIDS
Os medicamentos antirretrovirais (ARV) surgiram na década de 1980 para
impedir a multiplicação do vírus no organismo. Esses medicamentos ajudam a evitar o
enfraquecimento do sistema imunológico. Por isso, o uso regular dos ARV é
fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com
HIV e reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas.
Desde 1996, o Brasil distribui gratuitamente os ARV a todas as pessoas vivendo
com HIV que necessitam de tratamento. A Secretaria de Saúde do Distrito Federal em
parceria com o Ministério da Saúde desenvolve o programa de IST/AIDS e
disponibiliza medicamentos estratégicos para pacientes com o vírus da
imunodeficiência humana (HIV), bem como profilaxia de indivíduos expostos ao vírus,
de forma a controlar a transmissão.
12.4.2 Tuberculose
O Programa de Controle da Tuberculose compreende estratégias de diagnóstico
e tratamento precoces e adequados a fim de tratar pessoas infectadas e interromper a
cadeia de transmissão. O Programa também privilegia a descentralização das medidas
de controle para a atenção básica no intuito de ampliar o acesso da população em geral e
das populações mais vulneráveis ou sob risco acrescido de contrair tuberculose.
A tuberculose tem cura e o tratamento, que dura no mínimo seis meses, é
gratuito e disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
44
No tratamento, é preciso obedecer aos princípios básicos da terapia
medicamentosa. A esses princípios, soma-se o Tratamento Diretamente Observado
(TDO) da tuberculose, que consiste na ingestão diária dos medicamentos da tuberculose
pelo paciente, sob a observação de um profissional da equipe de saúde.
O estabelecimento de vínculo entre profissional de saúde e usuário é
fundamental para que haja adesão do paciente ao tratamento e assim as chances de
abandono sejam reduzidas. O paciente deve ser orientado, de forma clara, quanto às
características da tuberculose e do tratamento a que será submetido: medicamentos,
duração e regime de tratamento, benefícios do uso regular dos medicamentos, possíveis
consequências do uso irregular dos mesmos e eventos adversos.
Logo nas primeiras semanas de tratamento, o paciente se sente melhor e, por
isso, precisa ser orientado pelo profissional de saúde a realizar o tratamento até o final,
independente da melhora dos sintomas. É importante lembrar que o tratamento irregular
pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de cepas resistentes aos
medicamentos.
12.4.3 Hanseníase
A Hanseníase faz parte de um conjunto de endemias que demandam ações
estratégicas para eliminação como problema de saúde pública. O tratamento da
hanseníase, recomendado pela Organização Mundial de Saúde - OMS e preconizado
pelo Ministério da Saúde do Brasil, é a poliquimioterapia. O tratamento é ambulatorial e
está disponível em todas as unidades públicas de saúde.
O Sistema Único de Saúde disponibiliza o tratamento poliquimioterápico (PQT),
recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é a associação de
Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Essa associação diminui a resistência
medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequência quando se utiliza apenas um
medicamento, e impossibilita a cura da doença.
12.4.4 Tabagismo
O tabagismo é reconhecido como uma doença epidêmica resultante da
dependência de nicotina e classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no
grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias
psicoativas (OMS, 1997). Para reverter essa situação, o Ministério da Saúde assumiu o
papel de organizar o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT).
45
Esse Programa tem como objetivo reduzir a prevalência de fumantes em nosso
país e a consequente morbimortalidade por doenças tabaco relacionadas. Para esse fim,
o PNCT tem procurado atuar por meio de ações educativas, legislativas e econômicas.
Para que essas ações atinjam todo o território brasileiro, foi organizada uma rede
nacional para gerenciamento regional do Programa, por meio do processo de
descentralização e parceria com as Secretarias Estaduais, Distrital e Municipais de
Saúde, seguindo a lógica do SUS. Hoje, as Secretarias Estaduais e Distrital de Saúde
possuem uma Coordenação do Programa de Controle do Tabagismo.
12.4.5 Influenza
A Influenza ou gripe é uma infecção viral aguda do trato respiratório, com
distribuição global e elevada transmissibilidade. Apresenta-se com início abrupto com
febre, mialgia e tosse seca. Em geral, tem evolução autolimitada de poucos dias. Sua
importância deve-se ao caráter epidêmico e alta morbidade, com elevadas taxas de
hospitalização de idosos ou de pacientes portadores de doenças debilitantes crônicas. O
Ministério da Saúde, para o controle da doença no país, possui um programa para a
distribuição de medicamentos às Secretarias de Saúde dos Estados com a finalidade de
possibilitar o acesso da população ao tratamento.
De acordo com o Protocolo de Tratamento de Influenza 2015, do Ministério da
Saúde, o uso do antiviral fosfato de oseltamivir está indicado para todos os casos de
síndrome respiratória aguda grave e casos de síndrome gripal com condições e fatores
de risco para complicações.
Os medicamentos podem ser prescritos em receituário simples e estão
disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) e, atualmente, tem sua dispensação nas
Unidades de saúde da SES/DF, regulamentada pela Circular SEI-GDF n.º 5/2018 -
SES/SAIS/CATES/DIASF/GCBAF e Circular SEI-GDF n.º 6/2018 -
SES/SAIS/CATES/DIASF/GCBAF.
O início do tratamento deve ser preferencialmente nas primeiras 48 horas após o
início dos sintomas. O antiviral apresenta benefícios mesmo se administrado após 48
horas do início dos sintomas. Para os casos de intolerância gastrintestinal grave, alergia
e resistência ao fosfato de oseltamivir é oferecido o medicamento zanamivir.
12.4.6 Endemias Focais
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As endemias focais compreendem algumas doenças que necessitam de ações
estratégicas para que haja um controle e um tratamento adequado a cada uma delas. A
Secretaria de Saúde do Distrito Federal disponibiliza medicamentos para pacientes que
são diagnosticados com as seguintes endemias, dentre outras: leishmaniose, malária,
esquistossomose e doença de chagas.
12.5 Infecção pelo Vírus Sincicial Respiratório
O vírus sincicial respiratório (VSR) é um dos principais agentes etiológicos das
infecções que acometem o trato respiratório inferior entre lactentes e crianças menores
de 2 anos de idade, podendo ser responsável pelas bronquiolites e pneumonias durante
os períodos de sazonalidade. Lactentes com menos de seis meses de idade,
principalmente prematuros, crianças com doença pulmonar crônica da prematuridade e
cardiopatas são a população de maior risco para desenvolver infecção respiratória mais
grave.
Foi padronizado o medicamento palivizumabe para a prevenção da infecção
grave associada ao VRS. A sazonalidade do VRS na Região Centro-Oeste é o período
compreendido entre os meses de março a julho, sendo que o período de aplicação do
palivizumabe é de fevereiro a julho nos CRIE (Centro de Referência de
Imunobiológicos Especiais). Os locais de aplicação estão em frequente processo de
revisão, de forma que o acesso dos pacientes seja facilitado. Em caso de mudanças, as
alterações são inicialmente publicadas no site da SES-DF.
12.5.1 Ciclo da Assistência Farmacêutica
A Assistência Farmacêutica tem como princípio norteador o Ciclo da Assistência
Farmacêutica. Sua organização é fundamentada no enfoque sistêmico, caracteriza-se por
ações articuladas e sincronizadas entre as diversas partes que compõem o sistema. Essas
ações influenciam e são influenciadas umas pelas outras, sendo elas:
47
12.5.2 Seleção do medicamento
No ciclo da Assistência Farmacêutica, a seleção constitui o ponto de partida,
sendo, portanto, uma atividade fundamental. A seleção é um processo de escolha de
medicamentos eficazes e seguros, imprescindíveis ao atendimento das necessidades de
uma dada população, tendo como base às doenças prevalentes, com a finalidade de
garantir uma terapêutica medicamentosa de qualidade nos diversos níveis de atenção a
saúde.
Deve estar fundamentada em critérios epidemiológicos, técnicos e econômicos
como, também, na estrutura dos serviços de saúde. É um processo dinâmico e
participativo, que precisa ser bem articulado e envolver um número representativo de
profissionais da área da saúde.
PORQUE SELECIONAR?
Entre vários fatores e, considerando a multiplicidade de produtos farmacêuticos
lançados constantemente no mercado e a escassez de recursos financeiros, torna-se
imperativo estabelecer prioridades, selecionando-se medicamentos seguros, eficazes e
que atendam as reais necessidades da população, o que resultara em benefícios
terapêuticos e econômicos.
VANTAGENS:
a) Possibilitar maior eficiência no gerenciamento do Ciclo da Assistência
Farmacêutica.
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b) Disponibilizar medicamentos eficazes e seguros, voltados para as necessidades
da população.
c) Contribuir para promoção do uso racional de medicamentos.
d) Racionalizar custos e possibilitar maior otimização dos recursos disponíveis.
e) Permitir a uniformização de condutas terapêuticas, disciplinando o seu uso.
f) Facilitar o fluxo de informações.
g) Propiciar melhores condições para prática da farmacovigilância.
h) Desenvolver e facilitar o estabelecimento de ações educativas para prescritores,
dispensadores e usuários.
12.5.3 Programação do medicamento
Programar medicamentos consiste em estimar quantidades a serem adquiridas,
para atender determinada demanda de serviços, em um período definido de tempo,
possuindo influência direta sobre o abastecimento e o acesso ao medicamento. É uma
etapa imprescindível do ciclo da Assistência Farmacêutica.
É necessário dispor de dados consistentes sobre o consumo de medicamentos, o
perfil epidemiológico, a oferta e demanda de serviços na área de saúde, bem como,
recursos humanos capacitados e a disponibilidade financeira para a execução da
programação.
PORQUE PROGRAMAR?
a) Para identificar as quantidades de medicamentos necessárias ao atendimento da
demanda da população.
b) Para evitar compras e perdas desnecessárias, assim como descontinuidade no
suprimento.
c) Para definir prioridades dos medicamentos a serem adquiridos, frente à
disponibilidade de recursos.
12.5.4 Aquisição do medicamento
Consiste num conjunto de procedimentos pelos quais se efetiva o processo de
compra dos medicamentos estabelecidos pela programação, com o objetivo de suprir as
unidades de saúde em quantidade, qualidade e menor custo/efetividade, visando manter
a regularidade e funcionamento do sistema.
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ATRIBUIÇÃO DO FARMACÊUTICO NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO:
a) Estabelecer requisitos técnicos e participar da elaboração de normal
administrativas que irão compor o Edital, e de procedimentos que orientem o
processo de compra.
b) Solicitar pedido de compras, definindo as especificações técnicas (nome pela
denominação genérica, forma farmacêutica, apresentação, quantidades e preços
estimados).
c) Encaminhar pedido de compra ao gestor com estimativa de custos, para dar
agilidade ao processo. A previsão de custos possibilita a definição de
prioridades, caso necessário, em função da limitação de recursos.
d) Emitir parecer técnico dos processos de compras relacionados a medicamentos
e/ou outros materiais sob sua responsabilidade.
e) Acompanhar e avaliar o processo de compra e desempenho dos fornecedores.
12.5.5 Armazenamento do medicamento
Conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que envolvem as
atividades de:
a) Recepção/Recebimento de Medicamentos.
b) Estocagem e Guarda de Medicamentos.
c) Conservação de Medicamentos.
d) Controle de Estoque
12.5.6 Distribuição do medicamento
Atividade que consiste no suprimento de medicamentos às unidades de saúde,
em quantidade, qualidade e tempo oportuno, para posterior dispensação à população
usuária.
FLUXO DE DISTRIBUIÇÃO
O fluxo da distribuição vai depender dos diversos níveis envolvidos no processo.
É necessário estabelecer uma comunicação permanente entre eles, definindo os critérios
e o cronograma de distribuição. Definir, também, a data de prestação de contas e
instrumentos a serem utilizados para que a distribuição seja efetuada de forma
satisfatória.
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12.5.7 Dispensação do medicamento
Dispensação é o ato profissional farmacêutico de proporcionar um ou mais
medicamentos a um paciente, em resposta a apresentação de uma receita elaborada por
um profissional autorizado. Neste ato o farmacêutico informa e orienta o paciente sobre
o uso adequado do medicamento. São elementos importantes da orientação, entre
outros, a ênfase no cumprimento da dosagem, a influência dos alimentos, a interação
com outros medicamentos, o reconhecimento de reações adversas potenciais e as
condições de conservação dos produtos.
OBJETIVOS:
Educar para o uso correto do medicamento.
Contribuir para o cumprimento da prescrição médica.
Proporcionar uma atenção farmacêutica de qualidade.
Garantir o fornecimento do medicamento correto e na quantidade adequada.
51
13 ATRIBUIÇÃO DO TÉCNICO EM FARMÁCIA NA
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA
A Diretoria de Assistência Farmacêutica (DIASF), unidade orgânica de direção é
responsável pela normatização das ações e programas de Assistência Farmacêutica na
rede pública de saúde do DF. A DIASF estabelece normas e diretrizes para os serviços
de Assistência Farmacêutica executados pelas regionais. Já a organização local do
serviço, bem como a gestão de pessoal, é de competência de cada Região de Saúde.
13.1 Gestão do medicamento
• Planejar, coordenar e executar as atividades de assistência farmacêutica,
no âmbito da saúde pública;
• Gerenciar o ciclo logístico da Assistência Farmacêutica (selecionar,
programar, receber, armazenar, distribuir e dispensar medicamentos e
produtos para a saúde), com garantia da qualidade dos produtos e
serviços;
• Treinar e capacitar os recursos humanos envolvidos na assistência
farmacêutica.
13.2 Assistência à saúde
• Prestar serviços clínicos farmacêuticos aos usuários, especialmente, aos
que necessitem acompanhamento constante, como os de doenças
crônicas;
• Acompanhar e avaliar a utilização de medicamentos pela população, para
evitar usos incorretos;
• Educar a população e informar aos profissionais de saúde sobre o uso
racional de medicamentos, por intermédio de ações que disciplinem a
prescrição, a dispensação e o uso de medicamentos.
Sendo assim, as atribuições do técnico em farmácia são descritas abaixo:
a) Conhecer e cumprir os princípios básicos da Política Nacional de
Medicamentos, da Política Nacional de Assistência Farmacêutica e os Princípios
e Diretrizes do SUS;
52
b) Conhecer e orientar os usuários quanto à organização do acesso aos
medicamentos no SUS: os do Componente Básico, Especializado e Estratégico
da AF e da Média Complexidade.
c) Conhecer e executar as normas das Boas Práticas de Recebimento e de
Armazenamento de medicamentos sob supervisão do farmacêutico;
d) Conhecer as Boas Práticas de Dispensação de Medicamentos;
e) Atender e orientar os usuários, sob supervisão do farmacêutico;
f) Auxiliar nas ações de educação em saúde, a respeito do uso racional de
medicamentos em nível individual e coletivo;
g) Conhecer e identificar variações das características macroscópicas dos
medicamentos, informando ao farmacêutico em caso de suspeita de avaria ou
desvios de qualidade;
h) Conhecer o uso dos produtos antissépticos, desinfetantes e esterilizantes;
i) Utilizar adequadamente o Sistema informatizado de gestão de materiais, para os
lançamentos tempestivos de entradas e saídas de medicamentos e produtos para
a saúde;
j) Providenciar a rápida segregação e baixa no sistema dos medicamentos
interditados pela Vigilância em Saúde (no caso de interdição provisória,
providenciar a rápida reinserção no sistema em caso de liberação do
medicamento pela vigilância);
k) Conhecer e atender as normas vigentes para o descarte de medicamentos com
prazo de validade expirado ou impróprios para utilização;
l) Realizar ações para intervir positivamente na manutenção de estoques para
atendimento da demanda, realizando remanejamento de medicamentos, em
conjunto com o farmacêutico;
m) Realizar o monitoramento sistemático da validade dos medicamentos,
providenciando seu oportuno remanejamento, em conjunto com o farmacêutico,
para evitar perdas por vencimento;
n) Acompanhar, em conjunto com o farmacêutico de referência, os valores de
Consumo Médio Mensal dos medicamentos, indicando alterações oportunas,
sempre que necessário;
o) Realizar inventário periódico do estoque físico dos medicamentos com
verificação do prazo de validade dos mesmos;
53
p) Realizar o abastecimento das unidades assistências hospitalares, bem como a
entrega dos kits de dose individualizada e o recolhimento dos medicamentos não
utilizados;
q) Reportar-se ao farmacêutico para orientação sobre as questões técnicas da área
farmacêutica;
r) Efetuar o cadastramento dos usuários e de solicitações de medicamentos nos
núcleos de farmácia do componente especializado da assistência farmacêutica.
54
14 CONCEITOS BÁSICOS DA ÁREA FARMACÊUTICA
Substâncias químicas: medicamentos que podem ser feitos sinteticamente por
laboratórios. Ex. Sulfonamidas e aspirina.
Produtos animais: medicamentos obtidos a partir de glândulas de animais, como por
exemplo, hormônio tireoidiano, insulina.
Produtos de plantas: medicamentos que podem ser obtidos de folhas, raízes, frutos e
casas de plantas. Ex. ópio (morfina) e digitálicos.
Fármaco: princípio do medicamento.
Remédio: tudo aquilo que faz bem
Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
• Medicamento Referência: é o medicamento inovador, o primeiro a ser lançado
no mercado, que tem sua eficácia, segurança e qualidade comprovadas junto a
ANVISA no momento de seu registro.
• Medicamento Genérico: é o medicamento bioequivalente ao Medicamento de
Referência.
• Medicamento Similar: é um medicamento que como o Genérico, possui o
mesmo princípio ativo, a mesma dosagem e forma farmacêutica do
medicamento de referência, mas não é considerado bioequivalente.
Droga: forma mais pejorativa. Já não se usa tanto.
Tóxico ou Veneno: Droga ou preparação com drogas que produz efeito farmacológico
maléfico.
Biodisponibilidade: porcentagem do medicamento que chega ao seu local de ação, ou a
um líquido biológico a partir do qual este chega ao seu local de ação.
Bioequivalência: ocorre quando dois medicamentos possuem mesmo princípio
ativo sendo idênticos em potência ou concentração, apresentação e via de administração
com biodisponibilidade iguais. O objetivo do GENÉRICO é ser bioequivalente ao
fármaco referência. Bioequivalente ≠ Similar [não tem garantia de biodisponibilidade].
Reação Adversa ao Medicamento (RAM): é qualquer resposta a um medicamento que
seja prejudicial, não intencional, e que ocorra nas doses normalmente utilizadas em
seres
55
humanos para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou para modificação de
uma função fisiológica. O próprio efeito farmacológico pode ser uma reação adversa.
Interação Medicamentosa: relação entre o medicamento e uma substância ou
patologia.
Pode ser boa, dependendo de como utilizada. Podem ocorrer entre medicamento e:
Medicamento, nutriente, alimento e patologia [ex: paciente insuficiente cardíaco. O
fármaco tem um tempo de ação diferente, além de outras conseqüências.]
Sinergismo: é um tipo de resposta farmacológicaobtida a partir da associação de dois
ou maismedicamentos, cuja resultante é maior do que simplessoma dos efeitos isolados
de cada um deles. Exemplo: Vitamina C melhora a absorção de Ferro – é uma boa
interação.
Antagonismo: diminuem as respostas dos neurotransmissores, presentes no organismo.
O antagonismo pode diminuir ou anular o efeito do agonista. Exemplo: Antiiflamatório
– é um vasoconstritor. Captopril – vasodilatador. Anti-hipertensivo.
Agonista: um fármaco que possui afinidade por um receptor particular e causa uma
modificação no receptor que resulta em um efeito observável. Tendência do fármaco se
associar a um tipo particular de receptor.
Dose eficaz média (DE50): dose em que 50% da população apresenta um efeito
específico. Depende da medida de eficiência usada: DE50 da aspirina para dor de
cabeça ≠ DE50 da aspirina como anti-reumático.
Dose letal (DL50): dose capaz de matar 50% da população de animais testados. Essa
dose mede-se em miligramas (mg) de substância por cada quilograma (kg) de massa
do animal testado.
Índice terapêutico ou Janela terapêutica: confere razoável segurança quando o valor
é
superior a 10.
Riscos aceitáveis: Probabilidade de que um efeito ou dano seja tolerado por um
organismo. Ou seja, que o beneficio real trazido pelo uso da substância seja maior que o
risco.
Formas farmacêuticas: forma de apresentação.
• Sólidos: Comprimidos, drágea (revestido de açúcar para facilitar a deglutição.
Não recomendado para diabéticos), comprimidos revestidos; cápsulas ( duras ou
gelatinosas)
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• Líquidos: xarope (80% de açúcar); soluções; suspensões (o soluto e o solvente
não se misturam. Deve-se agitar vigorosamente). Podem ser de reconstituição:
tem prazo de validade diferente (após abertos o prazo da embalagem não é o que
vale). O prazo vale para o medicamento FECHADO.
• Linimentos: a base de óleo;
• Elixir: composto 20% de álcool (teor alcoólico);
• Semi-sólidos: cuja consistência não é completamente sólida; que apresenta
viscosidade e rigidez entre o líquido e o sólido
• Supositórios: em contato com a pele dissolve.
• Óvulos: bolinha que se dissolve em contato com a mucosa (vagina);
• Pomadas: composição a base de óleo;
• Cremes: é um meio-termo entre a pomada e o gel. Composição de óleo + água
+ tensor;
• Géis: composição a base de água.
Farmacoterapia: É o uso do medicamento na prevenção, tratamento, diagnóstico e
no controle de sinais e sintomas das doenças.
• Ação do medicamento: É a ação química que pode ser profilática,
curativa, paliativa e diagnóstica.
• Droga: Qualquer agente químico que afeta as funções fisiológicas de modo
específico.
• Medicamento: Droga que é usada para prevenção, diagnóstico e tratamento de
doenças.
• Princípio Ativo: É o componente de uma mistura (forma farmacêutica), é o
responsável pelo efeito farmacológico.
• Profilática: O medicamento tem ação preventiva contra as doenças. Exemplo:
As vacinas podem atuar na prevenção de doenças.
• Curativa: O medicamento tem ação curativa, pode curar a patologia. Exemplo:
Os antibióticos têm ação terapêutica curando a doença.
• Paliativo: O medicamento tem capacidade de diminuir os sinais e sintomas da
doença mas não promove a cura. Exemplo: Os anti-hipertensivos diminuem a
Pressão Arterial, mas não a cura; os antitérmicos e analgésicos diminuem febre e
dor, porém não curam a patologia causadora dos sinais e sintomas.
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• Diagnóstica: O medicamento auxilia no diagnóstico, elucidando exames
radiográficos. Exemplo: Os contrastes são medicamentos que, associados aos
exames radiográficos, auxiliam em diagnósticos de patologias.
Farmacodinâmica: Estuda o mecanismo de ação do fármaco. A farmacodinâmica é o
que o medicamento faz, como ele interage com o organismo.
• Ação local: a medicação age no local onde é administrada, sem passar pela
corrente sanguínea. Exemplo: pomadas e colírios.
• Ação sistêmica: significa que a medicação é primeiramente absorvida, depois
entra na corrente sanguínea para atuar no local de ação desejado. Exemplo:
antibióticos.
• Iatrogenia: quando um medicamento ao ser administrado a um indivíduo,
provoca uma lesão ou doença de forma não intencional. Iatrogenia ≠ Reação
adversa [a reação adversa pode desencadear iatrogenia].
Farmacocinética: Os fatores da farmacocinética (a via de administração, a absorção,
etc), agem de forma a definir a concentração do fármaco no local do receptor, que por
sua vez interfere nos aspectos farmacodinâmicos do medicamento.
• Vias de administração: são as formas como a medicação entra em contato com
o organismo para exercer sua ação farmacológica. Elas podem ser divididas em
dois grupos principais: enterais (via oral, sublingual e retal) e parenterais (via
endovenosa, intramuscular e subcutânea, entre outros).
• Absorção: A absorção está ligada diretamente às vias de administração,
compondo assim, a parte em que o organismo interage ou modifica o
medicamento.
• Distribuição: é a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os
tecidos. A distribuição é afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades
físico- químicas da substância.
• Biotransformação: é o processo através do qual uma substância é alterada
(transformada) de um elemento químico para outro através de uma reação
química no interior do organismo. A biotransformação é essencial para a
sobrevivência uma vez que os nutrientes absorvidos (alimentos, oxigénio, etc.)
• Eliminação: consiste na remoção de medicamentos do corpo.
Biossegurança: Proteção da vida.
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• Higienização: Antes de dar início a processos de desinfecção ou
esterilização deve-se remover, através da aplicação de água, sabão ou
desincrustaste, toda matéria orgânica residual do material (urina, fezes,
secreções, sangue, etc...). A esse processo denomina-se higienização.
• Assepsia: o conjunto de medidas que utilizamos para impedir a
penetração de microrganismos num ambiente que logicamente não os
tem, logo um ambiente asséptico é aquele que está livre de infecção.
• Antiassepsia: é o processo de eliminação ou inibição do crescimento dos
microrganismos na pele ou em outros tecidos vivos.
• Desinfecção: É o método capaz de eliminar a maioria dos organismos
causadores de doenças, com exceção dos esporos. Possui alguns fatores
que influenciam na eficácia da sua operação: higienização prévia mal
executada; tempo de exposição ao germicida insuficiente; solução
germicida com ação ineficaz; temperatura e pH do processo.
• Descontaminação: é a continuação da limpeza e se aplica mais ao que
fazemos com objetos e embalagens. A desinfeção é a completa
desintegração de microrganismos, que pode ser feita de maneira química
(uso de desinfetantes) ou física (radiação ultravioleta).
• Esterilização: É o método que destrói todos os organismos patogênicos
(bactérias, fungos, esporos e vírus) mediante a aplicação de agentes
físicos, químicos e físico-químicos. Na escolha do método de
esterilização é avaliado o material a ser submetido ao processo,
considerando sua natureza e a resistência do mesmo a calor, vapor ou
ambos.
a) Esterilizantes físicos: autoclaves, estufas, pasteurizadoras, radiação
ultravioleta, raios Gama, flambagem.
b) Esterilizantes químicos: aldeídos (glutaraldeído, formaldeído), ácido
peracético (utilizado no reprocessamento de dialisadores e endoscópios).
c) Esterilizantes físico-químicos: esterilizadoras a óxido de etileno, e plasma de
peróxido de hidrogênio
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SINAIS: Se referem aos achados do examinador. Os sinais podem ser
observados e quantificados, como por exemplo, febre, hipertensão arterial,
hiperglicemia, alterações na pele.
SINTOMAS: Se referem aos que o paciente sente e são descritos por ele a fim
de esclarecer s natureza da doença. Exemplos de sintomas incluem dor, náusea.
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15 NOÇÕES DE BIOSSEGURANÇA
Biossegurança é um conjunto de medidas voltadas para a prevenção,
minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades em ambientes ocupacionais
do campo da saúde e laboratorial, que podem comprometer a saúde do homem e causar
danos ao meio ambiente. Os laboratórios de ensino e pesquisa por serem ambientes de
trabalho diferenciados pela diversidade e rotatividade de profissionais envolvidos, além
da presença de variados fatores de risco estão sujeitos a maior incidência de acidentes se
práticas seguras não forem adotadas. Assim, a adoção de boas práticas de laboratório e
de barreiras de proteção individuais e coletivas, tem como objetivo a manutenção das
condições de saúde e segurança do homem e a higidez do meio ambiente do trabalho.
15.2 Níveis de biossegurança
Os níveis são designados em ordem crescente, pelo grau de proteção
proporcionado ao pessoal do laboratório, meio ambiente e à comunidade.
O nível de Biossegurança 1, é o nível de contenção laboratorial que se aplica aos
laboratórios de ensino básico, onde são manipulados os microrganismos pertencentes
a classe de risco 1. Não é requerida nenhuma característica de desenho, além de um
bom planejamento espacial e funcional e a adoção de boas práticas laboratoriais.
O nível de Biossegurança 2 diz respeito ao laboratório em contenção, onde
são manipulados microrganismos da classe de risco 2. Se aplica aos laboratórios
clínicos ou hospitalares de níveis primários de diagnóstico, sendo necessário, além da
adoção das boas práticas, o uso de barreiras físicas primárias (cabine de segurança
biológica e equipamentos de proteção individual) e secundárias (desenho e organização
do laboratório).
O nível de Biossegurança 3 é destinado ao trabalho com microrganismos da
classe de risco 3 ou para manipulação de grandes volumes e altas concentrações de
microrganismos da classe de risco 2. Para este nível de contenção são requeridos além
dos itens referidos no nível 2, desenho e construção laboratoriais especiais. Deve ser
mantido controle rígido quanto a operação, inspeção e manutenção das instalações e
equipamentos e o pessoal técnico deve receber treinamento específico sobre
procedimentos de segurança para a manipulação destes microrganismos.
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O nível de Biossegurança 4, ou laboratório de contenção máxima, destina-se a
manipulação de microrganismos da classe de risco 4, onde há o mais alto nível de
contenção, além de representar uma unidade geográfica e funcionalmente independente
de outras áreas. Esses laboratórios requerem, além dos requisitos físicos e operacionais
dos níveis de contenção 1, 2 e 3, barreiras de contenção (instalações, desenho
equipamentos de proteção) e procedimentos especiais de segurança.
15.3 Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva
15.3.1 Equipamentos de Proteção Individual - EPIs
São elementos de contenção de uso individual utilizados para proteger o
profissional do contato com agentes biológicos, químicos e físicos no ambiente de
trabalho. Servem, também, para evitar a contaminação do material em experimento ou
em produção. Desta forma, a utilização do equipamento de proteção individual torna-se
obrigatória durante todo atendimento/procedimento. Os equipamentos de proteção
individuais e coletivos são considerados elementos de contenção primária ou barreiras
primárias. E podem reduzir ou eliminar a exposição da equipe, de outras pessoas e do
meio ambiente aos agentes potencialmente perigosos.
Luvas: As luvas devem ser utilizadas para prevenir a contaminação da
pele, das mãos e antebraços com material biológico, durante a prestação
de cuidados e na manipulação de instrumentos e superfícies. Deve ser
usado um par de luvas exclusivo por usuário, descartando-o após o uso. O
uso das luvas não elimina a necessidade de lavar as mãos. A higienização das mãos
deve ser realizada antes e depois do uso das luvas, uma vez que estas podem apresentar
pequenos defeitos, não aparentes ou serem rasgadas durante o uso, provocando
contaminação das mãos durante a sua remoção. Além disso, os micro-organismos
multiplicam-se rapidamente em ambientes úmidos.
Mascaras: EPI indicado para a proteção das vias respiratórias e mucosa oral durante a
realização de procedimentos com produtos químicos e em
que haja possibilidade de respingos ou aspiração de agentes
patógenos eventualmente presentes no sangue e outros
fluidos corpóreos. A máscara deve ser escolhida de modo a
permitir proteção adequada. Portanto, use apenas máscara
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de tripla proteção e quando do atendimento de pacientes com infecção ativa,
particularmente tuberculose, devem ser usadas máscaras especiais, tipo N95 (refere-se à
capacidade para filtrar partículas maiores que 0,3μm com uma eficiência de 95%), N99
ou N100. Os profissionais que trabalham com amostras potencialmente contaminadas
com agentes biológicos classe 3 (Mycobacterium tuberculosis ou Histoplasma
capsulatum, por exemplo), devem utilizar máscaras com sistema de filtração que
retenha no mínimo 95% das partículas menores que 0,3μm.
Óculos de segurança: Devem ser usados em atividades que possam produzir respingos
e/ou aerossóis, projeção de estilhaços pela quebra de
materiais, bem como em procedimentos que utilizem fontes
luminosas intensas e eletromagnéticas, que envolvam risco
químico, físico ou biológico. Após sua utilização, lavar com
água e sabão.
Jaleco de algodão ou material sintético: É um protetor da roupa e da
pele que deve ser utilizado exclusivamente em ambiente laboral, para
prevenir a contaminação por exposição a agentes biológicos e químicos.
O jaleco deve ter colarinho alto e mangas longas, podendo ser de
algodão ou de material sintético.
Jaleco de TNT: Oferece proteção ao usuário criando uma barreira contra contaminação
cruzada, poluição ambiente e fluidos corpóreos, além de higienização em
locais que necessitem de cuidados especiais. Descartável após cada uso.
Gorro: Deve ser utilizado no ambiente laboral. Proporciona uma barreira efetiva para o
profissional e usuário. Protege contra respingos e aerossóis.
Confeccionado em TNT. Os cabelos devem estar presos e o gorro
cobrindo todo o cabelo e as orelhas. Para retirá-lo, puxe pela parte
superior central, descartando-a em recipiente apropriado.
Calçado fechado: Devem ser utilizados para proteção dos pés
no ambiente laboral durante suas atividades. É obrigatória a
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utilização de calçados fechados tipo tênis.
Pro pé: Habitualmente compostos por material permeável,
usados com sandálias e sapatos abertos não permitem proteção
adequada e são proibidos nos laboratórios e clínicas, sendo
permitido seu uso apenas em ambientes cirúrgicos e no Centro
de Material Esterilizado (CME).
15.3.2 Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC
Os equipamentos de proteção coletiva são dispositivos, sistemas ou produtos de
uso coletivo, destinados à proteção e promoção da segurança e saúde das pessoas no
local de trabalho. Exemplos:
• Sistema de exaustão: elimina gases, vapores ou poeiras contaminantes.
• Capelas de exaustão; Capela de segurança biológica;
• Enclausuramento: ambientes fechadas para eliminar barulho excessivo,
contaminação do ambiente.
• Ante-câmaras
• Chuveiro de emergência;
• Lava-olhos.
15.3.3 Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde
Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) é o produto residual, não utilizável,
resultante das atividades exercidas por estabelecimentos prestadores de serviços de
saúde, que, por suas características, necessita de processos diferenciados em seu
manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final. A RDC/ANVISA nº
306, de 07 de dezembro de 2004, estabelece que todo gerador é responsável desde a
geração até o destino final dos resíduos. O gestor deve implantar um Plano de
Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde, que descreva as ações relativas ao
manejo dos resíduos sólidos, contemplando os aspectos referentes à geração,
segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e
disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio ambiente.
15.3.4 Classificação dos resíduos de serviços de saúde
Os RSS são classificados pela ANVISA na Resolução RDC nº 306, de 07 de
dezembro de 2004, conforme descrito abaixo:
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Grupo A - Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por
suas características, podem apresentar risco de infecção.
Grupo B - Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar risco
à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade.
Grupo C – Rejeitos radioativos.
Grupo D - Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos
domiciliares.
Grupo E - Materiais perfurocortantes ou escarificantes.
15.3.5 Acondicionamento e tratamento
Grupo A: Os resíduos do Grupo A, ou de risco biológico são embalados em
sacos para autoclavação ou, se não necessitarem de tratamento prévio, em sacos
plásticos, de cor branca, apresentando o símbolo internacional de risco biológico.
Utilizar até 2/3 da capacidade máxima do saco, para poder oferecer mais espaço para o
fechamento adequado e, assim, maior segurança. Fechar bem os sacos, de forma a não
permitir o derramamento de seu conteúdo. Uma vez fechados, precisam ser mantidos
íntegros até o processamento ou destinação final do resíduo. Não se admite abertura ou
rompimento de saco contendo resíduo com risco biológico sem prévio tratamento.
Todos os contentores (lixeiras) para resíduos devem possuir tampas e serem lavados
pelo menos uma vez por semana ou sempre que houver vazamento do saco contendo
resíduos.
Grupo B: Alguns resíduos não precisam ser segregados e acondicionados, pois,
podem ser descartados sem oferecer perigo ao meio ambiente. Os resíduos ácidos ou
básicos, após serem neutralizados para valores de pH entre 6 e 8 devem ser diluídos,
podendo ser descartados na pia, exceto os que contém fluoreto e metais pesados. Papel
de filtro contendo resíduos químicos, borra de metais pesados, papel indicador, etc.,
devem ser colocados em recipientes compatíveis de plástico.
Grupo D: Devem ser acondicionados de acordo com as orientações dos serviços
locais de limpeza urbana, utilizando-se sacos impermeáveis, contidos em recipientes
identificados. Para os resíduos do Grupo D, destinados à reciclagem ou reutilização, foi
adotada a seguinte identificação:
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I - verde – resíduos recicláveis;
II - marrom – resíduos não recicláveis.
Para outras formas de segregação, acondicionamento dos resíduos e
identificação dos recipientes consultar o PGRSS.
Grupo E: Os materiais perfurocortantes devem ser descartados separadamente,
no local de sua geração, imediatamente após o uso ou necessidade de descarte, em
recipientes rígidos, resistentes à punctura, ruptura e vazamento, com tampa,
identificados com símbolo internacional de risco biológico, acrescido da inscrição de
“PERFUROCORTANTE”, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses
recipientes para o seu reaproveitamento. As agulhas descartáveis devem ser desprezadas
juntamente com as seringas, quando descartáveis, sendo proibido reencapá-las, se
necessária a sua retirada manualmente utilizar uma pinça. Os recipientes devem ser
descartados quando o preenchimento atingir 2/3 de sua capacidade ou o nível de
preenchimento ficar a 5 cm de distância da boca do recipiente.
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16 REFERÊNCIAS
Assistência farmacêutica. Disponível em:
<https://www.conass.org.br/bibliotecav3/pdfs/colecao2011/livro_7.pdf>. Acesso
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03_2018.pdf>. Acesso em: 14/05/2023
BVMS/Atenção Farmacêutica. <
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/percurso_historico_atencao_farmaceutica.p
df>. Acesso em:14/05/2023
Manual Assistência Farmacêutica. Disponível em: <
https://www.saude.df.gov.br/documents/37101/62415/Manual+Assist%C3%AAncia+Fa
rmac%C3%AAutica.pdf>. Acesso em: 18/05/2023
Assistencia farmacêutica na ATE. Disponível em: <
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cd03_15.pdf>. Acesso em: 18/05/2023
Asistencia Farmacêutica na Gestão Municipal: da instrumentalização às práticas de
profissionais de niveis superior nos serviços de saúde. Disponível em: <
https://assistencia-farmaceutica-ab.conasems.org.br/publicacoes/colecao/af-
profissionaisde-nivel-
superior/#:~:text=gerenciais%20na%20qualifica%C3%A7%C3%A3o-
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%C3%A7%C3%A3o.>. Acesso em: 18/05/2023.
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