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Estacio Estetica e História Da Arte Contemporânea

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larissa.r.simoni
Direitos autorais
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Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

APRESENTAÇÃO

-1-
BEM VINDO(A) À DISCIPLNA ONLINE:

Estética e História da Arte Contemporânea

Essa disciplina trata do ponto de vista das imagens a nossa própria condição como ser que produz arte. Estuda

as variações, o que, como e sob quais condições consideramos algo como arte, ajudando a nos conhecermos

melhor. Estuda a História da criação artística: suas características, conceitos, imagens e seus personagens

fundamentais. Trata das artes e suas relações com as diferentes sociedades, períodos e realidades. Sob essa ótica

estuda a arte moderna e contemporânea e a arte no Brasil. Ainda pretende discutir a imagem hoje e sua relação

com a arte.

Aula 1: Estética e História da Arte Contemporânea

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Compreender as diversas transformações ocorridas com o conceito de arte e de estética.

Ter noção da ligação da evolução histórica das sociedades e das suas transformações correspondentes nas artes.

Identificar noções do pensamento estético de diferentes épocas.

Conhecer os agentes principais (filósofos) de cada corrente de pensamento que procurou compreender e

explicar a arte de seu tempo.

Aula 2: A História da Arte: da Antiguidade à Arte Moderna.

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Compreender as diversas transformações ocorridas com o conceito de arte.

Ter noções de evolução histórica das sociedades e das suas transformações correspondentes nas artes,

percebendo que há uma ligação entre as duas.

Identificar noções de história da arte.

Conhecer os agentes principais (artistas) de cada corrente de pensamento (estilo).

Se familiarizar com nomes representativos da história da arte.

Aula 3: A arte e o mundo moderno

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Compreender o contexto histórico do final do século XIX, quando ocorreu o impressionismo em Paris, França.

Contrapor o impressionismo à invenção da fotografia, quando a máquina exigiu a definição de um “olhar puro”

por parte dos artistas modernistas.

Perceber qual a imagética própria do movimento impressionista

Aula 4: Pós-Impressionismo e Expressionismo

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

-2-
Determinar o contexto europeu histórico de começos do século XX, quando ocorreram as principais vanguardas

expressionistas: O Fauvismo e o Expressionismo.

Contrapor o Expressionismo ao Impressionismo, percebendo suas injunções histórico-sociais.

Perceber qual a imagética própria dos movimentos expressionistas.

Aula 5: Afirmação da Linguagem Modernista

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Compreender noções de história da arte relativas ao surgimento do Cubismo e do Futurismo.

Compreender o contexto histórico europeu de começos do século XX, quando eclodiu o Cubismo influenciando

diversos outros movimentos.

Contrapor o Cubismo a outros movimentos artísticos, percebendo suas relações político-sociais.

Perceber qual a imagética própria do movimento cubista e do movimento futurista.

Identificar a situação da arte no Brasil no período equivalente.

Aula 6: Dadaísmo, Surrealismo e Anti-arte

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Entender o que foram o dadaísmo e o surrealismo.

Ser apresentado a alguns dos principais nomes do dada e do surrealismo.

Determinar o contexto europeu histórico, social, político e econômico de começos do século vinte, quando

eclodiram o dadaísmo e o surrealismo.

Contrapor o dadaísmo e o surrealismo a outros movimentos artísticos, percebendo suas relações histórico-

sociais.

Perceber qual a imagética própria dos movimentos dadaísta e surrealista.

Aula 7: O Construtivismo

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Conhecer o contexto histórico do desenvolvimento dos movimentos construtivistas.

Conhecer os artistas precursores das tendências abstratas geométricas.

Aula 8: Expressionismo Abstrato e Novas tendências

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Determinar o contexto histórico do final da primeira metade do século XX, quando eclodiu o expressionismo

abstrato nos EUA e do início da segunda, quando surgiu a Pop Art.

Perceber qual a imagética própria do movimento expressionista abstrato e da Pop Art.

Conhecer as tendências atuais artísticas e a persistência da pintura em meio ao experimentalismo.

Aula 9: Experimentalismo na arte brasileira: da arte nacional para a arte internacional

-3-
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Determinar o contexto histórico da arte brasileira e sua evolução na segunda metade do século vinte, quando

eclodiu o experimentalismo nas artes visuais no Brasil.

Conhecer a antropofagia cultural, o tropicalismo e o neoconcretismo brasileiros.

Aula 10: Arte Contemporânea Internacional

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

Determinar o contexto histórico da arte internacional e sua evolução da segunda metade do século vinte ao início

do século XIX.

Conhecer algumas tendências e alguns artistas internacionais, importantes para para a compreensão do cenário

artístico contemporâneos.

Avaliação

A avaliação é continua, integradora, com ênfase nos aspectos colaborativos, incluindo tarefas coletivas, e

contempla o diagnóstico, o processo e os resultados alcançados por intermédio de avaliações diagnósticas,

formativas e somativas, considerando os aspectos da autoavaliação.

A avaliação somativa da aprendizagem é realizada presencialmente pelo aluno no Polo de EAD da IES e segue a

normativa da Universidade. A(s) prova(s) presencial(is) segue(m) o calendário acadêmico divulgado para o

aluno.

Durante o Curso, os alunos realizam atividades propostas, compostas de questões objetivas e discursivas

referentes ao conteúdo estudado, podendo ser elas de autodiagnóstico ou de discussão.

Bibliografia

Fique atento aos livros que servirão de base para o conteúdo das aulas, bem como para sua consulta:

JANSON, Horst Woldemar; JANSON, Anthony F. A Iniciação à História da arte. 2ª Edição São Paulo: Martins

Fontes, 1996.

STANGOS, Nikos (org). Conceitos da arte moderna. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2000.

SANTOS, Maria das Graças Vieira Proença. História da Arte.17ª Edição São Paulo: Editora Atica, 2008.

Bibliografia complementar

GOMBRICH, Ernest Hans. História da Arte. Editora Guanabara 4ª edição.

CHIPP, Herschel Browning. Teorias da Arte Moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

NUNES, Benedito. Introdução à Filosofia da Arte. São Paulo: Atica 3ª edição.

FERREIRA, Glória e COTRIM, Cecília (org.). Escrito de Artistas Anos 60/70. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,

2006.

-4-
A disciplina objetiva atualizar e diferenciar os profissionais que lidam com imagens. Considera a sociedade

moderna em transformação, sua relação com a imagem e suas fontes na arte.

Fique Atento (a) e Bom Estudo!

-5-
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE


CONTEMPORÂNEA

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Compreender a importância da arte, da história e da estética para o homem hoje.

2. Explicar a evolução histórica das ideias estéticas, de seus principais pensadores e influências, desde a

Antiguidade até hoje.

3. Chegar ao surgimento dos conceitos necessários para a compreensão do cenário artístico atual.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo a nossa primeira aula!

Por que estudar a arte?

Antes de mais nada, é bom registrar que o homem sempre produziu arte. A arte tomou formas, e foi

compreendida de maneiras diferentes ao longo do tempo. Porém, jamais o homem produziu tantas imagens

quanto produz hoje, que vivemos a “civilização da imagem”. Profissionais da imagem precisam estar sempre

familiarizados com a arte. No campo da arte se dá as pesquisas e gerações de novas imagens.

No vídeo, você assiste a uma cena clássica de Picasso trabalhando em uma obra.

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=ExCQZ940Rbw

Entender os mecanismos da arte de hoje, além de um diferencial, é uma ferramenta para o trabalho. Seu domínio

pode representar uma vantagem profissional, além de permitir acesso a uma fonte de ideias para trabalhos

relacionados.

Para compreender isso, vamos estudar como a arte chegou a ser o que é hoje. Antes de começarmos a estudar

essa história, vamos falar, de modo resumido, do pensamento que acompanha a arte. A estética é o ramo da

filosofia que estuda a arte.

2 O nascimento do conceito de estética


A reflexão filosófica sobre a arte nasceu na Grécia, no século VI a.C.

Os primeiros filósofos, chamados de físicos, por Aristóteles (hoje conhecidos por pré-socráticos.), fundaram

uma tradição de investigação da natureza.

No século V a.C. os sofistas introduziram o ponto de vista reflexivo-crítico, característico da filosofia.

-2-
Sócrates os criticou por sua falta de rigor e principalmente por usar a habilidade de raciocínio para confundir os

adversários - e se beneficiar disso.

Sócrates foi o primeiro a indagar a respeito do que seria uma pintura.

O que seria uma pintura?

Livro: A república

Platão, discípulo de Socrátes, problematizou em seu livro A república, a existência e a finalidade das artes,

ligando-as ao problema mais geral da realidade e do conhecimento, do sentido da beleza e da vida psicológica e

moral, assim como os pré-Socráticos tinham problematizado anteriormente a natureza.

Livro: Poética

Aristóteles, discípulo de Platão, desenvolveu em seu livro Poética ideias relativas à origem da poesia e à

conceituação dos gêneros poéticos, representando uma primeira teoria da arte.

Podemos dizer que a doutrina de Platão condensou a experiência do Belo, alcançada pela cultura antiga:

O princípio da imitação, para definir a natureza da arte (As artes imitam a realidade.), o estético para

estabelecer as condições necessárias de sua existência e o moral para julgar seu valor.

Ela se baseou, portanto, no que chamamos de princípios da beleza clássica:

-3-
Na Grécia em geral, as artes deviam representar o que é belo, tanto no sentido estético como moral, para que o

espírito, estimulado pelo prazer da contemplação do perfeito, sinta-se inclinado à prática dos conhecimentos e

da verdade.

Veremos como essas noções, pensadas por essas tribos gregas, foram influentes em nossa arte e ainda

constituem hoje uma base de referência e compreensão do gosto popular.

Logo, nas épocas clássicas (Greco-romanas), a estética era definida como a “filosofia do belo”.

O belo era uma propriedade do objeto, que era captado e estudado, subdividindo-se entre o belo da arte e da

natureza.

Influenciada por Platão, a filosofia estabeleceu uma hierarquia entre esses dois belos, considerando que o belo

da natureza tinha primazia sobre o da arte.

Figura 1 - Detalhe de Platão, em “A Escola de Atenas”, obra do renascentista Rafael.

Vamos conhecer como a filosofia platônica influenciou o conceito de estética?

Observe:

Platão não foi capaz de julgar com equidade as artes plásticas, tendo-as identificado com as artes miméticas que

apenas imitavam a aparência sensível do mundo dos corpos.

"A filosofia platônica não era simpática às artes.

A filosofia platônica considerava que as artes de “imitação por cópia ou por simulacro” tendiam a duplicar

inutilmente o mundo sensível ou, ainda, induziam em erro o nosso olhar.

Por isso, na República (de Platão) ideal não eram bem vistas as artes de “imitação por cópia ou por simulacro”,

entre as quais incluíam-se a pintura e a escultura."

Para Platão, a obra de arte não devia pretender alcançar uma categoria mais elevada do que a da “imagem” por

se opor ao conceito de “ideia” que caracterizava o “conhecimento verdadeiro”.

-4-
Para Platão:

• Idade Média

Com a queda do Império Romano e com a dispersão do pensamento, não se discutiu a questão estética.

O belo era considerado pertencente a Deus e não era considerado nas discussões sobre as artes, que

tinham por função transmitir a doutrina cristã para os que não sabiam ler.

• Renascimento

O Renascimento surgiu com o fim do período conhecido por “Idade Média” conjuntamente à filosofia

denominada Humanismo.

Nesse período, o belo retorna à esfera das artes por meio de outro conceito, o de natureza. Passa a ser

tarefa do artista, identificar e destacar da natureza os belos aspectos da criação divina.

• Conceito de Estética

O conceito de estética surge como uma disciplina filosófica com A. G. Baumgarten, no século XVIII,

conceituada como ciência do belo e da arte, mas vai ganhar importância com a contribuição de Kant.

Foi ele quem estabeleceu a autonomia desse domínio do belo.

Logo, o belo converteu-se, depois de Kant, na questão da experiência estética, que passa a ser interpretada pelas

diversas tendências do século XIX.

-5-
Já Hegel, no século XVIII, elaborou um sistema filosófico (Ao qual a filosofia da Arte se submetia.) e contribuiu

para fazer dessa filosofia o que ela é hoje: uma reflexão que tem, como um de seus fins últimos, justificar a

existência e o valor da arte.

Vamos agora, apresentar os conceitos mais importantes da evolução da estética:

1. Influencia Kantiana

Por influência de Kant, os pensadores subdividiram o campo estético. Kant cria um sistema focado, não na

definição do belo, mas no estabelecimento da “Crítica da capacidade de julgar”. A reflexão sobre a beleza assume

a forma de uma descrição da consciência estética, da impressão produzida pela obra. O entendimento estético

passa a ser considerado ligado à imaginação e contrasta agora o belo com o sublime.

Na verdade, este fato não era novo. Aristóteles havia considerado a comédia como associada à “arte da

desordem”, aproximando-a do “feio” e contrapondo-a à harmonia convencional, sem, no entanto, deixar de

entendê-la como estando inserida no campo estético.

A ideia do sublime funda uma estética nova, que supera a definição clássica do belo (A ordem, a harmonia, a

perfeição).

A obra de arte em vez de imitar a natureza, passa a tornar visível um mundo desconhecido.

O sentimento do sublime nasce do deleite, do arrebatamento ou êxtase misturada a certa dose de terror

originado pelo espetáculo do desconhecimento e do poder da natureza (É o sentido que experimentamos face

ao oceano em fúria, por exemplo.).

2. Pensamento pós-kantiano

O pensamento pós-kantiano, no entanto, começou a inquirir se era válido definir a estética como “filosofia do

belo”, já que o campo estético incluía categorias que nada tinham a ver com a beleza, como no caso do cômico.

Propuseram estes filósofos, então, a categorização da estética como uma ciência, substituindo a palavra

“belo” por “estético”.

Da “filosofia do belo e da arte” surgiu a “ciência do estético”, passando a incluir todas as categorias pelas quais

os artistas e pensadores haviam refletido, assim como o trágico, o sublime, o gracioso, o risível e o humorístico,

reservando para a denominação de belo aquele modelo clássico definido pela harmonia e pelo senso de

proporção.

-6-
3. Idealismo Hegeliano

No Idealismo Hegeliano, com seu pensamento de substrato platônico, o conceito de estética passou a considerar

o belo da arte como sendo superior ao belo da natureza.

Para o pensamento hegeliano, a beleza artística revelava uma maior dignidade do que a beleza natural, pois

enquanto a natureza era nascida uma vez do espírito, a arte nascia duas vezes do espírito. Considerava a beleza

da natureza uma coisa distinta e assim a estética passou a ser considerada uma “filosofia da arte”.

E, como consequência, a arte passou a ser percebida como uma forma de manifestação do pensamento visual

(Ou de pensamento por imagens.).

Para Hegel o belo não é mais um julgamento da origem subjetiva, mas uma ideia que existe na realidade. A arte

será, como a religião e a filosofia, uma das manifestações do espírito.

E o belo será a manifestação sensível, numa obra de arte histórica, desse espírito.

Logo, a “filosofia da beleza” clássica foi reformulada pelas observações da estética pós-kantiana sobre as obras

de arte baseadas no feio e no mal.

A estética, após Hegel, passou a ser um conceito capaz de compreender finalmente, o amargor e a aspereza das

obras de Rimbaud, Goya, Bosch, Brueghel, da arte africana, do Barroco, do gótico e do românico, do Cubismo, do

Dadaísmo e do Expressionismo.

Da arte moderna e contemporânea, com seus aspectos monstruosos e contraditórios. Na modernidade, a estética

passou a ser também identificada com o grotesco, representando uma reformulação da filosofia inteira ante a

beleza e a arte.

-7-
Figura 2 - “O grito”, de Munch.

Este trabalho não é considerado “belo”, mas é valorizado por sua capacidade de traduzir em formas a expressão

pretendida pelo artista.

Na modernidade os conceitos que eram empregados no passado, para categorizar as obras de arte, passaram a

ser indeterminados quanto:

Aos gêneros; Comédia, tragédia, drama ou romance, que se misturam nas obras modernas.

Às formas; Soneto, sonata, pintura, escultura, que por vezes também se misturam

A o s

períodos ou Clássico, barroco ou moderno

estilos;

O u
Impressionista, simbolista, realista, naturalista.
movimentos.

Vários dos novos movimentos que surgiram então tinham as mesmas características dessas classificações e eram

evidentemente diferentes, não só formalmente, como oriundos de pensamentos e situações sociais diferentes.

Assim, as novas formas levaram críticos e historiadores a criar novas classificações (Expressionismo,

futurismo, cubismo, etc.).

A expressão e a experiência da obra de arte passaram a não mais ser definidas pelo uso de simples pares de

adjetivos como belo e feio, requintado ou grosseiro, leve ou pesado. Isso representou motivo de confusão para o

espectador leigo e desavisado. Nesse contexto, na modernidade aumentou a importância do crítico de arte, que

-8-
“explica” para os não especialistas os trabalhos aparentemente incompreensíveis e os classifica para facilitar sua

compreensão. Atua também como guia para os investidores que surgiram com o desenvolvimento do conceito

moderno de indivíduo, do público apreciador e colecionador de arte e dos lucros.

Já na pós-modernidade, diversas possibilidades estéticas e antiestéticas coexistem em um mesmo tempo e lugar,

de modo diverso do passado (A renascença, por exemplo, existiu durante muito tempo na Itália apenas.).

Essa situação é caracterizada por críticos como Pluralismo.

Na atualidade a crítica utiliza, para elaborar suas teorias e propor classificações, conceitos filosóficos e estéticos,

tanto antigos (Como os pares referidos.) como novos, estreitando a relação entre arte e filosofia.

3 A estética e a modernidade
Segundo os críticos e historiadores, a afirmação consciente de um “olhar puro” surge com Manet, no domínio da

pintura impressionista, revelando uma afirmação da onipotência do olhar criador.

Esse olhar, definido pela mestria do artista sobre aquilo que lhe pertencia em particular, ou seja, a forma e a

técnica enquanto um fim exclusivo da arte e como uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos produtores

sobre sua própria produção, era capaz de se aplicar a qualquer tipo de tema, confrontando-se com a tradição

acadêmica que valorizava certos temas nas pinturas.

Os antigos conceitos utilizados para classificar e criticar a arte secularmente deixaram de ser suficientes com o

surgimento da arte moderna.

Antes de Manet, o Realismo de Courbet passou a retratar temas sociais e pessoas simples. O Impressionismo

passou a pintar objetos “insignificantes” que se tornam pretexto para o artista criador exercer seu poder

“semidivino de transmutação”.

Figura 3 - "Quebradores de pedras" Uma das obras sobre temas sociais de Courbet.

-9-
Figura 4 - Obra Impressionista "A estação de Saint-Lazare" por Monet.

No Modernismo foi superada a concepção acadêmica de que havia temas dignos de serem representados. A

atenção volta-se para o modo como foi representado e, posteriormente, para como foi pintado (A partir do

expressionismo e, em especial, na arte abstrata.).

O desenvolvimento desse caminho (E dessa ideia.) resultou em uma arte não mimética (Ou não

representacional.) ou na arte abstrata moderna, que atingiu o seu ápice no Expressionismo abstrato norte-

americano (E no chamado Tachismo da Europa.).

Mas a pintura continua existindo hoje, tanto figurativa como abstrata, como uma espécie de geradora de

significados novos que refletem por sua vez as novas formas geradas na sociedade contemporânea.

Figura 5 - “A morte e a donzela”, por Egon Schiele

Figura 6 - “Fábrica de tijolos”, por Erich Heckel

- 10 -
Figura 7 - “O espelho falso”, Magritte.

Artista surrealista que deu aos objetos ordinários uma torção irracional com a justaposição de elementos do

absurdo.

Figura 8 - “Fonte”, Marcel Duchamp.

Embora cronologicamente pertencendo ao moderno, o trabalho de Duchamp abre possibilidades que continuam

a ser tratadas na pós-modernidade, como seu questionamento da estética e da arte.

4 A estética e a pós-modernidade
Ainda no século XX, a atitude modernista de Marcel Duchamp no dadaismo e contemporânea de Andy Warhol na

pop arte, de exporem “objetos do mundo” como obras de arte, representou um tratamento de choque que

indicou uma onipotência da atitude “criadora pura” do artista, retratando o vulgar, o mediocre e o cotidiano.

- 11 -
Mas o mictório de Duchamp e as latas de sopa Campbell de Warhol deviam suas estruturas formais e seu valor

estético somente à estrutura do campo intelectual onde se situam muitos trabalhos da arte conceitual e da arte

contemporânea também. Cada um com suas implicações estéticas próprias, relacionadas a condições históricas,

sociais e espaciais próprias.

Figura 9 - Lata de Campbell’s Soup, Andy Wahrol

Na atualidade, todos esses desenvolvimentos relacionam-se entre si, somados aos desenvolvimentos da pintura,

da escultura, da fotografia e de outras formas de arte. Assim a arte assume hoje, e continuará assumindo, formas

muito variáveis na chamada “Civilização da Imagem”. Para compreendê-la é fundamental o conhecimento dos

caminhos que a geraram.

A produção e o consumo de obras resultante das “vanguardas” modernistas e pós-modernistas, que se

caracterizavam por rupturas históricas com a tradição artística clássica, tendem, no entanto, a se tornar também

históricas, apesar de seu caráter eminentemente não-histórico de formalismo.

- 12 -
Andy Warhol usou ícones da cultura popular desenvolvida no pós-guerra, para produzir uma arte inovadora em

oposição ao predomínio que havia da arte abstrata do período. Rompeu assim com a separação entre Alta

Cultura e Cultura Popular.

Esta disciplina pretende mostrar o processo histórico refletindo uma percepção diacrítica da obra de arte, ou

seja, uma postura atenta às relações estabelecidas com outras obras modernas, contemporâneas e também do

passado.

Isso vai permitir a você o acesso a uma análise das manifestações das artes visuais modernas e contemporâneas

e suas relações com as diferentes sociedades que as produziram.

O que vem na próxima aula


• Na próxima aula vamos começar a ver a história do surgimento do que chamamos arte e como essa ideia
chegou até a Idade Moderna.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreender as diversas transformações ocorridas com o conceito de arte e de estética;
• Ter noção da ligação da evolução histórica das sociedades e das suas transformações correspondentes
nas artes;
• Identificar noções do pensamento estético de diferentes épocas;
• Conhecer os agentes principais (filósofos) de cada corrente de pensamento que procuraram
compreender e explicar a arte de seu tempo.

- 13 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

A HISTÓRIA DA ARTE: DA ANTIGUIDADE À


ARTE MODERNA

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Compreender o conceito de arte.

2. Demonstrar a evolução da arte desde os primórdios do homem até o surgimento da fotografia no século XIX.

3. Apresentar os grandes artistas da história da arte.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo a nossa aula!

Provavelmente um baile funk está mais próximo da ideia do que poderíamos chamar de arte na “Idade da Pedra

Lascada” (Paleolítico superior) do que as pinturas que decoram os lares modernos. Isso porque as imagens que

conhecemos hoje eram feitas em locais aonde os grupos humanos iam para uma espécie de ritual, as cavernas,

muitas vezes de difícil acesso.

Eles eram nômades que viviam atrás da caça e da colheita de frutos.

Assim como falamos em “tribos” quando nos referimos aos grupos que promovem suas identidades por meio de

roupas, códigos e símbolos (Caveiras, dragões, fadas, instrumentos musicais, armas, escudos e outros motivos

tatuados ou estampados em roupas, bandeiras e automóveis.), esses grupos promoviam sua identidade nesses

encontros, com rituais que incluíam músicas (Ou ao menos, sons.), danças e bebidas.

O que é salientado aqui é a proximidade que temos com esses nossos ancestrais.

Ela ajuda-nos a compreender as dificuldades que homens e mulheres têm para se adaptar às novas funções que a

sociedade moderna, que está sempre em transformação, nos atribui e exige. Nesse sentido, todos estão

convidados a pensar do ponto de vista das imagens a nossa própria condição, por meio de uma característica

humana: desde que o homem existe, ele produz arte.

Estudar suas variações, o que, como e em quais condições consideramos algo como arte pode nos ajudar a

entender a nós mesmos um pouco melhor.

Introdução – Da pré-história à antiguidade

-2-
Figura 1 - Pintura do homem do período Neolitíco

Esse homem primitivo, do período Paleolítico1, produzia essas imagens não com o intuito de decorar suas

cavernas, mas como parte de rituais mágicos.


1
Ou Pedra Lascada, cuja ideia que temos nos foi dada pelo cinema, a mais comercial e influente forma de arte

surgida no século passado

O objetivo seria o sucesso nas caçadas ou, talvez, para que a caça surgisse novamente2 com o fim da Era Glacial.
2
Há uma teoria que sugere que os desenhos foram feitos com esse propósito, já que essa produção coincide com

o desaparecimento de muitos animais, como mamutes, tigres de sabre, etc.

O fato é que ao observarmos essas imagens hoje percebemos que aquele homem que desenhava conhecia muito

bem esses animais e como representá-los (Conhecimento de desenho).

Provavelmente dedicava parte de seu tempo à coleta de terras e vegetais e à produção de pigmentos, gorduras e

instrumentos.

Daí a suposição de que esse “artista” foi provavelmente muitas vezes o feiticeiro e também talvez o chefe da sua

tribo.

A primeira revolução que temos notícia na evolução do homem moderno teve início com a transição para o

período a que denominamos Neolítico (Ou Pedra Polída.).

Essa revolução deu-se com a conquista do domínio sobre a agricultura e os animais.

O homem do neolítico aprendeu a cultivar o solo, a domesticar os animais e assim abandonou a vida nômade e

passou a se fixar em locais mais propícios. Logo desenvolveu as primeiras indústrias: cerâmica, pesca - anzol -,

tecelagem – agulha -, construção de habitações e armas. Com a agricultura esses homens começaram a prever o

-3-
tempo (A esperar a estação de chuvas para plantar e estocar para o inverno) e, com isso, desenvolveram a

capacidade de abstração.

Surgiram então os primeiros indícios da maior abstração criada pelo homem: a crença em uma vida após a

morte.

O homem do Neolítico passou a cultuar seus mortos.

Figura 2 - Vênus de Willendorf

Pouco nos restou dessa arte produzida em aldeias, que não ficou protegida nas cavernas como a do período

histórico anterior.

Aferimos muito sobre esses povos a partir dos poucos objetos que encontramos (Em geral, cerâmicas, objetos

utilitários, armamentos, e esculturas femininas ligadas a ideia de fertilidade.) e pelos estudos realizados

principalmente no século XX por antropólogos que estudaram tribos ditas “primitivas” na América do Sul, na

Austrália, na Oceania e na África.

Atenção

Acabamos de falar em período histórico. A história acontece hoje e sempre, mas ligamos o conceito de história

(Surgido na Grécia com Herótodo e Plínio.) à escrita, pois é quando os fatos se tornam memoráveis (eles são

escritos). Então, com o surgimento da escrita, passamos da pré-história para a história.

-4-
2 A antiguidade

As estátuas gregas do periodo de formação da cultura grega apresentam semelhanças com as estátuas egípcias,

mas como os gregos sentiam falta de expressão, criaram o “sorriso arcaico”, esse estranho sorriso nas estátuas

chamadas Corus.

Você percebe as semelhanças?

Figura 3 - Imagem de estátua egípcia.

-5-
Figura 4 - Imagem de estátua grega do período arcaico.

A antiguidade clássica

Os gregos eram mercadores, já que o solo grego é montanhoso e pouco propício à agricultura. Assim, fizeram

uma espécie de inventário das culturas dos povos antigos. Depois a sintetizaram, adaptaram e desenvolveram

seus conhecimentos.

Mas até hoje permanece um tanto quanto inexplicável como essas tribos de jônicos, dóricos e coríntios

conseguiram atingir tão alto grau de desenvolvimento cultural, vários séculos antes de Cristo.

A Grécia clássica é considerada o berço da cultura ocidental. Havia conhecimento dos efeitos ópticos.

O Parthenon, por exemplo, possui linhas horizontais ligeiramente curvas - abauladas: chega a 6cm a mais no

meio da parte frontal (Que tem 30m.) e 10cm na lateral (Que tem 70m.). Assim parece ter linhas retas e não

fica achatado e “corrige” a ilusão de óptica.

A distância entre as pilastras são maiores no centro do que nos cantos.

-6-
Figura 5 - Parthenon

• História
• Filosofia
• Arte
Somos todos gregos.

A Grécia produziu os conceitos de história, filosofia, arte e tentou explicar o da vida, por meio dos mitos e do

destino. No campo da arte surgiu o teatro (Nas festas dionisíacas.) e há um notável desenvolvimento técnico da

arquitetura, da pintura - segundo os textos - e da escultura.

O escultor Fídias elevou o status do artista plástico (Considerados inferiores porque trabalhavam com as mãos,

como os escravos.) ao mesmo nível do poeta e do músico. Depois dele o escultor Policleto desenvolveu o cânone

das proporções humanas (Aperfeiçoados posteriormente por Praxístoles, outro escultor.), utilizado até hoje

nos cursos de artes, possibilitando criar esculturas com as proporções humanas consideradas ideais.

A cultura grega expandiu-se com as conquistas territoriais de Alexandre, o Grande.

Figura 6 - Discóbulo de Myron

-7-
Os gregos dominaram plenamente as relações de proporção anatômicas. Nessa escultura, um atleta ideal está

representado na eminência de lançar um disco. A Olimpíada é outro legado da cultura grega.

Posteriormente os romanos invadiram a Grécia e, se a conquistaram militarmente, são conquistados por ela

culturalmente. Adotaram seus hábitos e até seus deuses, criando a cultura greco-romana, que chegou até nós.

A Roma Imperial “importou” os artistas gregos e desenvolveu a arte dos retratos. Se na Grécia os deuses

recebiam a forma de homens ideais, em Roma os homens eram idealizados para se tornarem deuses na figura

dos governantes.

Se os egípcios representavam o que sabiam, os gregos reproduziam o que viam. Essa capacidade foi perdida

quando o Império Romano ruiu, e só foi reconquistada na Idade Moderna, no período conhecido como

Renascimento.

Figura 7 - Coliseu, em Roma.

3 A idade média

Figura 8 - Autor Desconhecido

-8-
Gauguin foi um dos primeiros artistas do início do modernismo a revalorizar a arte produzida antes do

Renascimento, ou seja, a arte medieval, por sua expressão livre de convenções de representação. Mas,

estudaremos o assunto em detalhes na aula 4.

Chamamos de Arte Cristã Primitiva a arte dos povos romanos convertidos ao cristianismo, junto com o

Imperador Constantino (Ele mudou a capital do Império de Roma para Bizâncio, que passou a se chamar

Constantinopla.).

No Ocidente, com a instabilidade dos novos reinos, envolvidos em conflitos e sem recursos para manter

artistas profissionais, ocorreu um declínio técnico com o desaparecimento da profissão do artista (Dada

também a escassez de registros, já que os raros livros eram manuscritos.).

As imagens dessa arte apresentam muitos símbolos do cristianismo primitivo.

Em geral com uma força expressiva muito grande, advinda da fé simples.

Já em Bizâncio, com os artesãos da Corte, preservam-se os livros e as técnicas, mas um grupo iconoclasta

proclamou que as representações ficariam proibidas, para não serem confundidas com as

representações dos deuses pagãos (Na crença cristã, o Criador é onipresente e onisciente.).

Na parte ocidental do Império Romano essa orientação não era seguida quanto às pinturas, consideradas úteis

porque ajudavam a congregação a recordar os ensinamentos que os fiéis haviam recebido.

“A pintura pode fazer pelos analfabetos o que a escrita faz para os que sabem ler.” (Papa Gregório, o

Grande)

Ano 1000

Por volta do ano 1000, o mapa da Europa já começa a se parecer com o que conhecemos atualmente.

Havia então certa estabilidade com a formação de reinos e feudos.

Como o cristianismo era a religião dominante, iniciou-se uma onda de construção de igrejas, que eram a maior

edificação de cada aldeia medieval e motivo de orgulho e competição entre vilas.

São aproveitadas muitas bases de antigas basílicas romanas e inicia-se uma recuperação dos conhecimentos

tecnológicos das construções. Há destaque para o Império Carolíngeo (De Carlos Magno, que, embora

analfabeto, fundou bibliotecas e valorizou a escrita.). Por esse tempo livros eram artigos caros e raros.

Ano 1150

Por volta de 1150, na Ille de France, uma inovação técnica funda o estilo chamado de gótico.

Tratou da descoberta de que se poderia jogar todo o peso do telhado sobre as colunas e da substituição do arco

de plena volta pelo arco ogival na construção dos problemáticos telhados.

Puderam assim fazer construções mais altas com menos peso e material.

-9-
Figura 9 - Notre Dame, em Paris

Esse estilo desenvolveu-se pelos séculos seguintes e culminou na construção de igrejas altíssimas como a de

Notre Dame, em Paris. É cheia de arcobotantes3 e contrafortes, que caracterizam a arquitetura desse período.
3
Para sustentar suas altíssimas paredes e torres, Desenho ilustrativo do que são arcobantes e contrafortes:

Nos telhados dessas igrejas encontram-se as gárgulas4, que eram as saídas de água (Calhas). Eram figuras

monstruosas, utilizadas para simbolizar os demônios que infestavam o mundo e que não podiam entrar na

igreja, onde o fiel estava protegido.


4
Presente ainda nas históris em quadrinhos e no cinema atual.

- 10 -
Com essas encomendas e algumas outras que decoravam as igrejas, começaram a aparecer artesãos habilidosos

que viajavam vendendo seus serviços. Essa tradição acabou por despertar a carreira de artista profissional, que

estivera extinta, exceto em Bizâncio, para os poucos artistas da Corte.

Isso explica em parte o surgimento de tantos artistas quando as mudanças da transição do regime feudal para o

capitalista ou da Idade Média para a Idade Moderna se tornaram efetivas.

A escultura atingiu grande desenvolvimento, pois havia na Itália diversos exemplos (Como nas esculturas

equestres dos imperadores poupadas porque não eram de Deuses.).

Na pintura, Giotto pinta pela primeira vez cenas em lugar de histórias.

Figura 10 - A Lamentação do Cristo, de Giotto Mural da capella dell’Arena, em Pádua

4 A Renascença
O Renascimento - ou Renascença - é marcado por uma corrente de pensamento chamada de Humanismo, que

traz uma valorização do ser humano e da natureza, em oposição ao sobrenatural cultuado na Idade Média.

- 11 -
Economia: agrária, artesanal e urbana.
Idade Média
Arte: formas góticas

P r é
Período em transição
Renascença

Idade Economia: manufatureira mercantilista e nacional.

Moderna Arte: formas renascentistas.

No período conhecido como Renascença, o escultor Donatello utilizou as estátuas para estudar as proporções e

criar novas estátuas equestres, o que não acontecia desde a Antiguidade clássica.

Sandro Botticelli destacou-se na transição da primeira fase para a alta Renascença, fazendo a ligação de temas

cristãos com temas clássicos, em pinturas de figuras elegantes e lineares.

Idade Média

Basílica cristã primitiva foi adaptada dos tempos romanos e transfomada em complicado desenho octogonal em

Bizâncio.

Época românica

Não confundir arte românica com arte romana.

Pesados templos com poucas janelas e grossas paredes.

- 12 -
Gótico

Altíssimas igrejas que valorizavam a noção de infinitude.

Renascimento

De posse de todos esses conhecimentos técnicos desenvolvidos, a ideia de arquitetos como Brunelleschi foi no

sentido de refinamento estético, retornando aos conceitos clássicos de equilíbrio, harmonia e mantendo a ideia

de proporção entre as partes, a partir de relações matemáticas e compreensíveis de todas as vistas das

construções.

A ideia de Renascimento vem da ideia de renascer da cultura clássica ou greco-romana.

Iniciou-se por volta do final do século XIV e durou até o início do século XVII, com muitas variações entre as

diferentes regiões da Europa.

No desenvolvimento da arte Renascentista, houve:

Fase de desenvolvimento: O pré-renascimento

Fase de solidificação: O alto renascimento

Fase de transição: Maneirismo

O espírito de interpretação científica do mundo levou - na pintura - ao surgimento de diversas inovações, como a

perspectiva, a composição piramidal, a pintura a óleo e o claro escuro (Chiaroscuro), que ajudaram a criar a

ilusão de volume no plano da tela e iniciou uma tendência à busca de um maior naturalismo na representação

das imagens.

Leonardo Da Vinci

No alto Renascimento conhecemos a obra de muitos grandes artistas que consolidam essas descobertas.

Leonardo da Vinci é o homem renascentista por excelência.

Foi engenheiro, biólogo, escultor, pintor, arquiteto e um grande inventor.

Em sua pintura a óleo mais conhecida, a Mona Lisa, podemos ver a composição piramidal, a maestria no uso do

sfumato.

Leonardo inventou e usou a técnica do sfumatto.

- 13 -
Figura 11 - Monalisa

Ele não terminou de desenhar os cantos dos olhos e a boca da figura. Deixa essas partes imersas em sombras

“esfumaçadas” e o observador completa a imagem. Esse recurso – de deixar para o observador a tarefa de

completar a imagem - foi compreendido somente no século XX pela teoria da Gestalt (Psicologia da forma).

Mas na arte foi “inventada” por Leonardo no Renascimento e desenvolvida depois no Barroco por Velasquez,

Rembrandt e usada em outras técnicas pelos impressionistas na arte moderna.

Observe a Monalisa pelos dois lados – direita e esquerda – e perceba como ela parece continuar olhando

pra você.

- 14 -
Figura 12 - “Santa Ceia”, por Leonardo da Vinci

As composições renascentistas partiam da forma triangular.

Os apóstolos são agrupados três a três formando triângulos e a própria imagem do Cristo parece um triângulo

central, com as linhas de perspectiva convergindo para a sua cabeça.

Outros artistas são muito identificados com o período:

Michelângelo

Michelângelo considerava que a tarefa do escultor era a de remover as partes que ficavam ao redor da imagem e

que ele visualizava ainda no bloco de mármore.

Ficou conhecido como “O Divino”.

Atuou como pintor no teto da Capela Sistina no Vaticano (a imagem de Deus ainda hoje presente na infância).

- 15 -
“Agonia e Extâse”

Filme aborda a saga de Michelângelo em decorar o teto da Capela Sistina.

Você Sabia?

Que as “Tartarugas Ninjas” receberam seus nomes como uma homenagem do desenhista aos artistas

renascentistas:

Raphael, Michelângelo, Leonardo e Donatello.

Que somente no Renascimento ressurgem artistas “famosos”.

Na Antiguidade Fídias tornou-se célebre ao dominar com maestria a arte de esculpir em formas proporcionais

consideradas ideais às imagens dos deuses.

A ele se seguiram muitos outros, como Praxístoles, Míron, Policleto, Lisipo e Escopas, que também se destacaram

por seu talento. Somente no Renascimento voltamos a ter artistas cuja fama conquistada fez com que seus

nomes chegassem até nós.

Raphael

Raphael ficou famoso não só pelo domínio das técnicas como também por sua capacidade de criar arranjos

harmoniosos com enormes grupos de personagens.

- 16 -
Já Ticiano, em Veneza, inovou equilibrando os arranjos com cores e objetos.

O Maneirismo tem sido reexaminado, mas tende a ser visto como uma fase de transição e do surgimento de

novas pesquisas. El Greco, Tintoretto, Parmigianino, Holbein (pintores) e Celinni (escultor) são alguns exemplos

de artistas desse período.

- 17 -
5 O Barroco
“Penso, logo existo.”

René Descartes

No século XVII inicia-se o período conhecido como Barroco. Ocorreram então grandes mudanças na estrutura do

pensamento ocidental com a revolução científica.O mais influente filósofo foi René Descartes.

Com esse espírito os pensadores deixaram de acreditar em dogmas e passaram a aceitar apenas aquilo que podia

ser experimentado ou compreendido racionalmente. Há então uma mudança da concepção aristotélica -

defendida pela Igreja - de um mundo ordenado, limitado e imóvel, para a de um mundo em constante

movimento, segundo Newton, Galileu Galilei, Kepler, Leibnitz, entre outros.

Figura 13 - “A descida da cruz”, de Rubens

A arte barroca desenvolveu as técnicas renascentistas no sentido da dramaticidade, intensidade e emoção

(Um processo iniciado pelo Maneirismo que parece um período de transição entre esses períodos.), de maneira

completamente diferente das formas estáveis, da composição equilibrada e muitas vezes estática (Em geral

em forma de triângulo.), utilizada pelos mestres renascentistas, mais racionais e menos emocionais que os

barrocos.

É caracterizada por suntuosidades, exageros ornamentais, efeitos de claro/escuro (Luzes por vezes teatrais,

conferindo dramaticidade às cenas.), de movimento, de contrastes e de cores.

- 18 -
A origem da palavra “barroco” é irregular, contorcido, grotesco.

É o resultado na arte dos diversos acontecimentos do período, como restabelecimento de um catolicismo forte

em desacordo com o novo papel da ciência, como resultado da Contra- Reforma e o Estado Absolutista.

A arte barroca desenvolveu-se de modo diverso em locais como:

Na Holanda, com a Reforma desapareceu o principal cliente, a Igreja. Os artistas começaram a fazer seus quadros

sem encomendas e os levar para vender nas feiras, de modo semelhante ao que ocorre hoje.

Surgiram então os pintores de gênero, entre os quais “Veemeer Van Delf”, mestre da luz, que acaba com os

últimos vestígios de ilustrações bem humoradas e de cenas anedóticas (Que tinham sido muito comuns nos

períodos anteriores.), pintando mulheres em afazeres diários simples, porém cheios de dignidade. Com as

naturezas mortas produzidas pelos artistas holandeses, começou-se a demonstrar que o tema de uma pintura é

muito menos importante do que se pensava.

Na escultura do período há destaque para Lorenso Bernine, que criou efeitos extremamente emocionais para

despertar sentimentos e desenvolveu tratamentos das roupagens para aumentar o efeito de excitação e

movimento.

Em arquitetura, as regras de bom gosto – introduzidas por Andréas Palladio em seu livro Os quatro livros da

arquitetura – eram respeitadas.

Havia o ideal de dignidade e simplicidade em Igrejas protestantes – salas de reunião para meditação, em

oposição às Igrejas barrocas, que, para impressionar, dominar e exibir seu poderio, eram suntuosamente

decoradas.

No Brasil, guardadas as proporções com a Europa, também havia o contraste entre as casas simples e as Igrejas,

que até hoje impressionam.

Figura 14 - “Lição de Anatomia”, de Rembrandt. Exemplo de arte barroca.

- 19 -
Figura 14 - “Lição de Anatomia”, de Rembrandt. Exemplo de arte barroca.

A tela “Lição de anatomia”, de Rembrandt, mostra um cadáver sendo dissecado.

Pouco mais de um século antes, Leonardo da Vinci quase foi queimado como bruxo por dissecar cadáveres.

No período barroco, o aprendizado é sistematizado em universidades e essa se torna uma prática usual, que

revela a mudança da mentalidade.

O Barroco no Brasil

A arte populariza-se por meio das Igrejas, principalmente em Minas Gerais, com destaque para Antonio

Francisco Lisboa, o “Aleijadinho”, que sofreu de doença que levou gradativamente à amputação de seus dedos e

mãos.

Em sua fase final, consta que seus auxiliares amarravam as ferramentas para que ele pudesse trabalhar.

Em oposição ao estilo oficial que seria trazido pela Corte para a fundação da Real Academia de Artes e Ofícios,

o Barroco brasileiro apresenta traços de arte ingênua, destacando-se a liberdade de representação.

Com a despreocupação das relações de proporções corretas das obras neoclássicas, criam-se trabalhos de forte

apelo emocional e de grande expressão. É possível a comparação, em termos de história, com o período que se

seguiu à decadência da cultura greco-romana e da expansão do cristianismo, quando a arte se caracterizou pela

perda do conhecimento das proporções do desenho “correto” e pela maior transmissão das emoções e dos

sentimentos dos artistas.

É a primeira manifestação representativa de uma contribuição brasileira para a história da arte, e traz os

registros importantes de nossa história e cultura.

Trabalhos de Aleijadinho

Isolado da Europa, o Brasil desenvolveu um barroco tardio, próprio, muito expressivo e livre das regras de

proporção acadêmicas. O barroco brasileiro foi revalorizado principalmente a partir da década de 1920, quando

aflorou o sentimento de nacionalismo e o desejo de desenvolver uma arte genuinamente brasileira.

- 20 -
Figura 15 - “Os doze profetas”, de Aleijadinho

6 O Rococó
Com a decadência do mundo aristocrático, os pintores passaram a observar a vida de homens e mulheres

comuns de seu tempo, Chardin foi o mais notável dentre esses J.H. Fragonard produziu temas de aspectos

“pitorescos” da natureza, onde mais coisas são sugeridas que mostradas.

Já Watteau pintou o gosto da aristocracia francesa do começo do século XVIII e o que é mais caracterizado como

período Rococó: a predileção por cores e decorações delicadas que sucederam ao gosto mais robusto do período

Barroco e que se expressou em alegre frivolidade.

7 A arte neoclássica
O Neoclássico será consolidado 100 anos depois na França, com as descobertas arqueológicas de Herculano e

Pompéia, somadas a um maior poder de reprodução e difusão de descobertas e de ideias. Foi o estilo oficial do

Absolutismo, mas novas condições surgiram durante o seu predomínio:

Revolução Industrial

Destruiu a tradição do artesanato e progressivamente vai transformando a vida, principalmente nas grandes

cidades.

Revolução Francesa

A França vivia o Absolutismo, mas a burguesia já era fundamental para a economia.

Filósofos como Rousseau e Voltaire pediam liberdade e respeito à vontade do povo

Independência Americana

Serviu como modelo para as independências das colônias da Europa e para o fim da escravidão.

O iluminismo

- 21 -
A era da razão: desenvolve-se na França uma série de ideias que tem como objetivo combater a ignorância e o

obscurantismo. As ciências desenvolviam-se dando continuidade ao racionalismo proposto por Descartes.

Há uma inerente ideia de progresso, e foi um movimento intelectual do século XVIII, com base nas ideias de

progresso, liberdade e valorização do homem.

8 O Romantismo
O escritor Goethe proclamou:

“O sentido é tudo”

Foi uma reação contra a Idade da Razão e uma reação contra a industrialização gerada pelas primeiras

máquinas (vapor).

As novas fábricas geraram operários miseráveis nas cidades, próximos do convívio com os artistas e escritores e

sua pobreza deixou de ficar restrita aos campos distantes.

Os artistas confiavam no instinto, opondo-se ao racionalismo. Perseguiam a paixão e cultuavam a natureza

(Pintores como Constable e Turner eram paisagistas.) e a imaginação.

Eugène Delacroix

- 22 -
Eugène Delacroix tornou-se o líder do movimento romântico depois da morte de Géricault. Pintava temas de

literatura e eventos comoventes, carregados de violência, em oposição à calma das pinturas neoclássicas.

Caracteriza-se por cores voluptuosas, curvas exuberantes, tons intensos, contrastes vívidos, formas turbulentas

e amplas pinceladas

Theodore Gericault

Na pintura, Theodore Géricault pintava corpos em luta e realidades contemporâneas suas, mas sua ênfase na

emoção o leva a ser considerado um dos precursores do movimento.

Willian Turner

Willian Turner pinta tempestades saídas de sua imaginação. Elimina os detalhes para concentrar-se no essencial,

em que a cor inspirasse sentimento.

Paradoxalmente venerava mestres clássicos como Claude Lorrain.

- 23 -
O romantismo liberta a pintura da ideia de cor aplicada sobre um desenho.

A cor passa a ser modeladora de formas, ideia desenvolvida no moderno. Desafiou a tradição e pintou buscando

não reproduzir a realidade com precisão, mas captar sua essência. O caminho abriu-se à arte moderna, à

expressão e à abstração.

Figura 16 - Ilustração de Constable

Constable opunha-se a Turner nesse aspecto.

Desprezava a tradição e só confiava no que via.

- 24 -
Pintou paisagens serenas e suaves que traduzem o conceito de pictórico (Belas paisagens, que se opunham às

manifestações do sublime da natureza.).

Esses dois pintores ingleses estabeleceram a pintura de paisagens como gênero de primeira grandeza no

romântico. Observe que foi então que o homem começou a deixar o campo para ir trabalhar nas indústrias e

morar nas cidades.

Começou a perder então o contato direto com a natureza, que passa a “entrar nas casas como paisagens

idealizadas”.

Ainda na Inglaterra, Willian Blake, outro artista de destaque, é anticlássico e mostra as primeiras inclinações ao

simbolismo. Pintor e poeta, faz da intuição das forças eternas e sobre-humanas da criação o tema de sua arte.

O escultor François Rude, cujos relevos podemos encontrar no Arco do Triunfo de Paris, alterou a composição

neoclássica e imprimiu movimento às esculturas. Rompeu assim com a frieza e o intelectualismo neoclássico em

prol da emoção romântica.

No pensamento arquitetônico, ocorreu uma onda de revalorização do gótico.

Figura 17 - “Três de Maio”

“Três de Maio”, de Francisco Goya. 1808. Está no Museu do Prado em Madrid.

Pintor espanhol que não se limita às classificações dos estilos, revelando as contradições e limitações das

classificações da história da arte. Embora tenha alguns aspectos românticos, sendo considerado um dos

primeiros pintores modernos, também foi pintor da Corte na Espanha.

- 25 -
Retratista sem compaixão, Goya representava feições que revelavam a fealdade e o vazio de seus modelos. Suas

ilustrações não são de temas habituais, mas de visões fantasmagóricas e sobrenaturais. Algumas pinturas

mostram a guerra não como espetáculo glorioso, mas como opressora, cruel e injusta.

Figura 18 - Rude

No relevo de Rude também vemos figuras vestidas como soldados clássicos, porém apresentam o movimento e a

expressividade da arte romântica, mostrando como essas tendências se misturaram nas obras dos períodos.

Figura 19 - “As Damas de Honra ou as Meninas”

- 26 -
Por Diego Velásquez, óleo sobre tela, 318 x 276 cm. Museu do Prado, Madri.

O jogo de espelhos revelado pela pintura “As meninas”, de Velásquez (Do período barroco.), fez com que o

quadro como um todo olhasse a cena para a qual ele representava. Uma cena com a pura reciprocidade do

espelho que olha e que é olhado já indicava o olhar da pintura sobre ela mesma. Esse caminho levou ao

desaparecimento da questão da representação clássica que permitia, por fim, a libertação da arte da tarefa de

representação deixada para a fotografia na arte moderna.

Velásquez potencializou a lição de Leonardo de apenas sugerir (Usada nos cantos da boca e dos olhos da Mona

Lisa.), estendendo-a também às próprias mãos (Que são apenas manchas.). Estas apenas dão a impressão de

mãos. Essa ousadia fará dele uma referência para os pintores impressionistas.

O que vem na próxima aula


Nessa aula vimos resumidamente o desenvolvimento da arte da pré-história até a modernidade.
• Na próxima aula, veremos o desenvolvimento dessa história a partir do período conhecido como arte
moderna.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreender as diversas transformações ocorridas com o conceito de arte;
• Ter noções de evolução histórica das sociedades e das suas transformações correspondentes nas artes,
percebendo que há uma ligação entre as duas;
• Identificar noções de história da arte;
• Conhecer os agentes principais (artistas) de cada corrente de pensamento (estilo);
• Familiarizar-se com nomes representativos da história da arte.

- 27 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

A ARTE E O MUNDO MODERNO

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Explicar o surgimento do Impressionismo e da arte moderna.

2. Promover a compreensão e análise da diferença entre arte realista ou naturalista clássica e arte moderna, pela

introdução de conceitos relacionados à imagem como representação e abstração.

3. Apresentar os grandes artistas do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.

4. Entender os conceitos do Impressionismo e do Pós-Impressionismo.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

A invenção da fotografia delimitou o campo de conhecimento da modernidade. Essa história vai ser vista em

nosso estudo por meio de alguns marcos conceituais estéticos. Na história da arte esses primeiros momentos são

estudados com os nomes de Impressionismo, Pós-Impressionismo e Expressionismo.

Hoje a fotografia é mais uma forma de arte, como a instalação, a arte digital, a pintura, o objeto, a escultura, a arte

pública etc. A compreensão dessa evolução da arte é fundamental para a atualização do profissional que trabalha

com a imagem. Vamos começar a estudar essas mudanças, ocorridas no final do século XIX e na virada do século

XX.

Na aula 1, vimos que a afirmação consciente de um “olhar puro1” surge com Manet, no domínio da pintura

impressionista.
1
O termo designa a onipotência do olhar criador do artista sobre aquilo que lhe pertencia em particular, ou seja,

a forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte, e como uma espécie de retorno reflexivo e crítico dos

produtores sobre sua própria produção.

-2-
Figura 1 - ‘Un ba raux folies Bergère’, por Manet.

Essa ideia da forma e a técnica enquanto um fim exclusivo da arte significou uma espécie de retorno reflexivo e

crítico dos produtores sobre sua própria produção - e já era pressentido por Velasquez em As meninas.

Esse foi o caminho que caracterizou a arte moderna, principalmente na interpretação do principal crítico do

século XX: Clement Greenberg. Ele foi também o principal teórico do Expressionismo abstrato norte-americano,

período de predomínio da arte abstrata.

Vamos iniciar vendo como foi a história do nascimento da arte moderna, quando ela superou as concepções

acadêmicas (De herança renascentista) dominantes até então.

Figura 2 - “The Count-Duke of Olivares on Horseback”, por Diego Velázquez.

-3-
Ainda na primeira metade do século XIX, Gustave Coubert passou a retratar temas sociais e pessoas simples,

contrapondo-se à concepção acadêmica tradicional dominante nos salões de arte até então, de haver “temas

dignos” de serem representados.

O sucesso nesses salões era o caminho para que um artista conseguisse estabelecer uma carreira. Esse tinha se

tornado o sistema, desde que o ensino e a formação do artista "passaram a ser feitos nas academias",

inicialmente mantidas pelas monarquias (Que as criaram) e, depois, pelo poder oficial das novas repúblicas.

Figura 3 - “Quebradores de pedras”

Figura 4 - “Auto Retrato”

Você sabia?

Que o aprendizado do artista no tempo de Leonardo da Vinci - antes da instituição das academias de arte - era

com um “mestre”, iniciando-se na juventude no preparo de tintas e telas e evoluindo sob a tutela do mesmo. O

mestre de Leonardo foi Verrochio!

-4-
Figura 5 - “O Batismo de Cristo de Verrocchio” é o primeiro trabalho importante de Leonardo da Vinci como
aprendiz. A pintura foi feita junto com seu mestre Verrocchio.

Ao se recusar a pintar os temas aceitos pela academia, Coubert assinalou uma tendência social - ele era

comunista -, que já se fazia notar, por exemplo, nos trabalhos de Millet, Corot, Daumier, dentre outros artistas

anteriores ou do período. E que se fortaleceu com a propagação das ideias socialistas.

Essa primeira revolução, ainda que basicamente temática, recebeu o nome de Realismo. Ela irá se aprofundar

com Manet, que foi amigo e admirou Coubert e continuou o desenvolvimento dessa ideia, porém em sentido

técnico.

Imagens que mudaram o mundo:

Fotografia
Técnica
Ciência
(Na definição da estética impressionista.)

2 O impressionismo
O movimento impressionista surgiu em Paris, entre 1860 e 1870.

A primeira apresentação ao público incluiu artistas “independentes” em 1874, no estúdio do fotógrafo Nadar.

Artistas principais do Impressionismo:

Claude Monet (1840-1926)

Edouard Manet2 (1832-1883)

Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)

-5-
Berthe Morisot (1841-1895)

Camille Pissarro (1830-1903)

Edgar Degas (1834-1917)

Paul Cézanne (1839-1906)

Georges Seurat 91859-1891)

Alfred Sisley 91893-1899)


2
Precursor que nunca expôs com o grupo.

Conceitos estéticos do impressionismo

Necessidade de redefinir a essência pictórica diante da fotografia como novo modo de apreensão da realidade. A

tecnologia e a ciência ofereciam novas possibilidade, enquanto mudavam os rumos da arte e da pintura.

Principalmente porque a fotografia era, até então, uma das formas privilegiadas para se reproduzir (captar) a

realidade através do olhar do artista visual.

Origem do termo impressionismo

Deriva de um comentário irônico de um crítico de arte sobre um quadro de Claude Monet intitulado Impression,

Soleil, Lévant (Impressão, Sol, Nascente, 1872, oléo sobre tela, 50x62 cm, Museu Marmottan, Paris), o qual foi

adotado pelos artistas como um desafio nas exposições seguintes.

Figura 6 - “ILe Déjeuner sur l’herbe”, de Monet.

Afirmação da linguagem fotográfica

A invenção da fotografia, em 1839, exerceu uma profunda influência no direcionamento da píntura e no

desenvolvimento de correntes artísticas ligadas ao Impressionismo.

Com a difusão da fotografia, as serviços sociais passaram do pintor para o fotógrafo. A crise atingiu os pintores

de oficio, deslocando a pintura para o nível de atividade de elite, com público restrito e alcance social Limitado. A

-6-
fotografia permitiu um rápido progresso técnico que permitiu a redução dos tempos de exposição das

imagens (Pela primeira vez, os modelos não precisavam pousar por horas e dias para o pintor.) e permitiu

alcançar o máximo de precisão.

A fotografia "artística" levantou a questão se a pintura como arte era "superior" à fotografia. O Impressionismo,

mesmo estando estreitamente vinculado à divulgação social da fotografia, tendeu a competir com ela em três

aspectos:

Na compreensão da tomada de imagem

Na instantaneidade da imagem

Na vantagem da cor

Os simbolistas, ao contrário, recusaram qualquer relação com a fotografia, reconhecendo que esta superava a

pintura quanto à apreensão e representação das aparências da realidade. Procuraram apelar para a imaginação,

argumentando que o pintor podia imaginar e criar o que a câmara fotográfica não poderia registrar.

A fotografia está na origem da “pintura de manchas” (Impressionismo) e de toda a pintura de orientação

realista do século XIX.

Descobriu-se que a fotografia, que era mais exata na reprodução da imagem, não utilizava a linha, base de toda a

arte desde o Renascimento. Os impressionistas passaram a formar suas imagens através de manchas e, nesse

sentido, retomaram a Velasquez que explorara essa técnica e desenvolveram as ideias de Coubert e Manet.

Observe no quadro “As meninas” - a última imagem da aula passada -, como esse artista apenas “deu a

impressão” de mãos nesse quadro, em lugar de detalhá-las.

-7-
Figura 7 - “As Damas de Honra ou As Meninas”, por Diego Velásquez, óleo sobre tela, 318 x 276 cm. Museu do
Prado, Madri.

Aspectos técnicos-estéticos da fotografia

A objetiva fotográfica reproduz o funcionamento do olho humano.

O fotógrafo manifesta inclinações estético-psicológicas na escolha dos temas. Daí não haver um olho imparcial na

fotografia.

A fotografia permite ver um grande número de imagens que escapam, não só à percepção, como à atenção visual

que o olho humano, mais lento, não consegue captar.

Exemplo

Movimentos das pernas de uma dançarina, um cavalo a galope, os universos do infinitamente pequeno e

infinitamente grande (microscópio e telescópio).

-8-
Como exemplos de manifestações artísticas do período (fim do século XIX), temos o realismo simbólico do Pós-

Impressionista Henri de Toulouse-Lautrec e o impressionismo de Edgar Degas que lançaram mão de materiais

fotográficos para expressar seu interesse pelo espetáculo social. Outros pintores tornaram-se fotógrafos.

No entanto, só surgiu uma fotografia modernista de alto nível técnico quando os fotógrafos deixaram de se

envergonhar por serem fotógrafos e não pintores e se assumiram como tal.

Figura 8 - “Rehearsal”, por Degas.

3 A arte no Brasil
No Brasil, D João VI criou no início do século XIX a Real Academia de Belas Artes, a partir de um grupo de artistas

franceses.

A Missão Francesa implementou no Brasil o estilo Neoclássico, que se tornou oficial. Logo, foi criado o Salão

Nacional, cujo primeiro prêmio era uma viagem à Europa. Assim se reproduziu aqui, ao longo do século XIX, o

modelo acadêmico.

Somente no final desse século, surgem as influências do Romantismo e do Realismo. O Impressionismo só vai

aparecer por aqui, bem mais tarde, no início do século XX, como tendência (influência) à exceção de alguns

poucos artistas como Eliseu Visconti. Esse artista será uma referência importante para o surgimento tardio do

Modernismo no Brasil.

-9-
4 O pós-impressionismo
O Pós-Impressionismo é o nome dado hoje às diversas tendências que buscaram superar o Impressionismo, ou

seja, encontrar outros caminhos possíveis para o desenvolvimento da arte, após a compreensão e aceitação do

Impressionismo.

Figura 9 - “Os bêbados”, Vincent Van Gogh

- 10 -
Figura 10 - “Montanha Santa Victoria”, Paul Cézanne.

Para aprofundar seus estudos, consulte o texto O Pós-impressionismo: http://estaciodocente.webaula.com.br

/cursos/DIS025/doc/01EH_aula03_O_pos-impressionismo.pdf

Principais tendências do final do século XIX

Pontilhismo

Esta técnica foi desenvolvida por Serrat e buscava estrutura e forma. Fragmentou a pincelada impressionista em

pontos coloridos, transformando manchas (Usadas no Impressionismo.) em pequenos pontinhos com

intensidade graduada para criar profundidade, assim buscando a mistura de cores pelo cérebro. Substituiu os

resquícios românticos dos impressionistas por termos científicos.

Figura 11 - “Um domingo de verão na Grande Jatte”, de Georges Seurat.

Os verdes desta pintura são formados por pequenos pontos azuis e amarelos que se somam em nossa visão,

criando a visão dessa cor (verde) por mistura ótica. Esse efeito também é usado para produzir outras cores.

A corrente do simbolismo (Que se apresentava como alternativa ao Pontilhismo.) queria superar a pura

visualidade impressionista em sentido espiritualista como proposta de um possível caminho para a

- 11 -
sobrevivência da pintura. Os simbolistas queriam trazer à realidade (Em forma de pintura.) algo que pertence

ao espírito, valorizando a imaginação, pintando o sensível, sem ter necessariamente uma correspondência com o

real.

Figura 12 - “A aparição”, de Gustave Moreau

Os simbolistas buscavam representar o que não podia ser fotografado, mas imaginado, sonhado.

Alguns outros artistas fizeram pesquisas individuais que se tornaram muito importantes porque lançaram a base

para o desenvolvimento de movimentos da arte que se desenvolveram no século XX.

Gauguin

Inicialmente era um simbolista (Mas sua influência vai além deste movimento.). Defendia que se pintasse de

memória, com isso, favorecendo a sensação, a dimensão da imaginação. Acreditava que o homem tinha perdido a

força e a intensidade do sentimento e o modo de expressá-lo, propondo assim, um regresso ao primitivo, mas

sem ilusões de imitá-los.

- 12 -
Cézanne

Deu importância à estrutura, à essência. Modulou pela cor pura e expôs com os impressionistas.

Figura 13 - “Cénario rochoso na Provença”, de Paul Cézanne.

Van Gogh

Por influência de Gauguin alguns dos seus quadros do início da carreira tinham cores lisas.

Posteriormente foi assumindo suas pinceladas que foram ficando mais marcadas, densas e vibrantes, tornando-

se sua marca pelo frêmito que transmitem.

- 13 -
O que vem na próxima aula
Nesta aula você teve a oportunidade de perceber o surgimento do realismo, do impressionismo, do pós-

impressionismo e ainda assistir ao nascimento da arte moderna com a contraposição do impressionismo à

invenção da fotografia, a partir 1839.


• Na próxima aula vamos estudar os movimentos de caráter expressionistas e você se tornará capaz de
perceber a diferença entre estilo impressionista, típico da segunda metade do século XIX, estudado nessa
aula, e os movimentos de caráter expressionistas, característicos das primeiras décadas do século XX e
cujos embriões estão no pós-impressionismo.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreender o contexto histórico do final do século XIX, quando ocorreu o Impressionismo em Paris,
França;
• Contrapor o Impressionismo à invenção da fotografia, quando a máquina exigiu a definição de um “olhar
puro” por parte dos artistas modernistas;
• Perceber qual a imagética própria do movimento impressionista.

- 14 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

PÓS-IMPRESSIONISMO E EXPRESSIONISMO

-1-
1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

No início do século XX, o expressionismo presente em diversas tendências do período pós-impressionista

(Como na Art Nouveau e nas pesquisas de Munch, Van Gogh, Gauguin e Toulouse-Lautrec.) vai se desenvolver

como uma das primeiras vanguardas de modos distintos em países distintos.

A valorização da expressão em detrimento do belo clássico (Baseado no equilíbrio, na harmonia e na

proporção.) vai ressaltar o grotesco, o primitivo e o espontâneo e acelerar o desenvolvimento do modernismo.

Como consequência da deformação formal e da descoberta de seu poder expressivo, Kandinsky vai abandonar a

representação e chegar à abstração por volta de 1910.

Figura 1 - “Os burgueses de Calais”, de Rodin – Jardins do parlamento Britânico.

O trabalho de Rodin é inicialmente influenciado pelas tendências realistas e impressionistas, mas vai evoluindo e

passa a destacar as emoções e significados que transcendem a pura representação, revelando as diversas

possibilidades desenvolvidas no período pós-impressionista.

Movimentos de caráter expressionista

-2-
Figura 2 - “Cinco mulheres na rua”, Ernest L. Kirchner

Os expressionistas são deformadores sistemáticos da realidade, fugindo às regras tradicionais de equilíbrio,

regularidade e harmonia da estética clássica, com objetivo de expressar emoções.

Como vimos na aula anterior, os artistas pós-impressionistas não queriam destruir os efeitos impressionistas,

mas sim levá-los mais adiante, no sentido de uma intervenção estético-política na realidade burguesa.

No início do século XX, a tendência a valorizar a expressividade vai dominar com o desenvolvimento dos

movimentos do Fauvismo na França e do Expressionismo na Alemanha.

Toda ação humana é expressiva:

Um gesto é uma ação intencionalmente expressiva. Toda arte é expressiva (De seu autor e da situação em que

ele trabalha), mas certa corrente artística pretende nos impressionar através de gestos visuais que transmitem, e

talvez libertem emoções ou mensagens emocionalmente carregadas.

Tal arte é expressionista.

-3-
Figura 3 - “Amantes com gatos”, Oskar Kokoscha, uma das obras expressionistas

Uma considerável parcela da arte de século XX foi desse gÊnero, especialmente na Europa Central, e o rótulo

“Expressionismo” foi-lhe aplicado – assim como as tendências comparáveis na literatura, arquitetura e música.

Atenção

Nunca houve um movimento chamado Expressionismo, embora se possa aplicar essa intensificação do poder

expressivo a boa parte da arte do século XX.

Na verdade, existe uma discussão sobre tal afirmação de que o Expressionismo nunca tenha sido um movimento

de arte. Ocorre que o Expressionismo foi muito além disso, consistindo num movimento cultural e na mudança

de comportamento e atitude dos artistas, logo não poderia ser classificado apenas como um movimento artístico.

-4-
2 O Fauvismo

Figura 4 - “Luxe, Calme et Volupté”, de Henry Matisse

O movimentp fauve – ou fauvismo – começou em Paris, associando Henri Matisse, André Derain, Maurice de

Vlaminck e outros, que expuseram juntos pela primeira vez em 1905. O Fauvismo é, sob muitos aspectos, uma

manifestação artística moderna e, provavelmente, teve mais influência sobre os alemães do que eles mesmos

admitiram.

Este trabalho chamou a atenção de artistas e críticos e se tornou uma espécie de manifesto do Fauvismo.

O nome fauve - fera em francês - foi utilizado como referência ao modo como esses artistas liderados por Matisse

“atiravam” (Pintavam, dispunham.) as cores sobre as telas. Ou seja, como feras, como selvagens. Gauguin (Que

tinhe proposto anteriormente retornar ao modo de pintura dos primitivos, ou da pintura anterior ao

Renascimento, como alternativa à arte acadêmica que ele considerara convencionada e sem sentimentos.), vai

ser a principal referência para esse grupo.

O próprio Gauguin abandonou a Europa e foi viver no Taiti, em busca de uma vida mais livre em contato com os

povos “primitivos” e não contaminados pela cultura europeia. Sua ideia de cores não convencionadas (Ele

representava, por exemplo, árvores vermelhas com troncos azuis.) vai ser desenvolvida por esse grupo que faz

da cor seu principal veículo de expressão.

Atenção

-5-
O Fauvismo nunca foi um movimento com objetivos que pudessem ser realizados como foi o Cubismo, mas um

processo de experimentação a partir de possibilidades sugeridas pelos pintores pós-impressionistas, muitas

vezes apenas radicalizando suas propostas.

Figura 5 - A dança, de Henri Matisse.

O Fauvismo é o principal responsável pelo desenvolvimento do gosto pelas cores puras.

No trabalho de Matisse os motivos (coisas) representados são menos importantes do que o modo como são

representadas.

Características da pintura fauve:


• Telas que faziam uso da cor como elemento puramente expressivo.
• Pinturas que questionavam a tradição, desempenhando um papel mais decorativo que descritivo.
• Nos quadros, as figuras são padrões lineares que unificam a superfície pictórica num só plano espacial.
• Há o uso essencial do traço e da cor aliado ao uso da imaginação.
• Grandes áreas chapadas de tinta, com pouco ou nenhum modelado e silhuetas enfatizando a função
decorativa da arte.
• Nas paisagens há uma tentativa de interpretação subjetiva da natureza.
• Em Matisse, o Fauvismo é mais lírico.
• Em Vlaminck (Ele teve mais afinidade com o grupo expressionista alemão Die Brücke.), o Fauvismo é
mais expressivo.
Desde 1901

Esses artistas tinham propósitos comuns.

Entre 1904 e 1907

-6-
Henry Matisse, André Derain, Maurice Vlaminck e alguns artistas estiveram estudando, desenvolvendo e

expondo um estilo de pintura que lhes deu o apelido de “Les Fauves” (Em francês, As Feras.).

A partir de 1907

Suas pesquisas tornaram-se independentes demais para serem tratadas conjuntamente em suas buscas pessoais

de novos meios de expressão.

Figura 6 - “Auto retrato” 1906, por Henri Matisse.

Figura 7 - “Maurice Vlaminck”, por André Derain (1906).

-7-
Figura 8 - “As árvores roxas”, por Maurice Vlaminck, 1906.

Seus trabalhos caracterizavam-se, de maneira geral, pela liberdade de expressão, através do uso de cores puras e

pelo exagero do desenho e da perspectiva. Não havia uma doutrina ou programa.

Apenas expunham juntos por afinidades. Tinham convicções e ideias firmes e pessoais que foram

compartilhadas durante alguns períodos.

Quando expuseram nas duas principais exposições de arte moderna de Paris (o Salão dos Independentes e o

Salão de Outono), causaram grande impacto, deixando perplexos aqueles que viram os trabalhos pela primeira

vez.

3 O Expressionismo
O Expressionismo está principalmente associado a dois grupos informais de artistas da Alemanha:

DIE BRÜCKE e DER BLAUE REITER.

Outros artistas são geralmente agrupados a esses, como Oskar Kokoscha de Viena e Lyonnel Feininger

(Cavaleiro azul.), o americano-alemão.

O grupo DIE BRÜCKE (A ponte.) de Dresden, formado em 1905 e dissolvido em 1913.

Os artistas de Munique, que expunham sib a égide de um almanaque intitulado DER BLAUE REITER (O Cavaleiro

Azul. Só veio a ser publicado um número em 1912.).

“Triângulo e Círculo”, de Wassily Kandinsky.

-8-
Composição #8, 1923, 140 x 201 cm, óleo sobre tela, Museu Guggenheim, Nova York.

-9-
A distorção progressiva da forma do expressionismo levou Kandinsky à conclusão de que o poder expressivo das

formas e cores não dependiam de uma imagem representada e chegou à abstração.

Características estéticas do Expressionismo:


• Pesquisa no domínio psicológico, com busca de acessos aos símbolos do “inconsciente”, a parti da
descoberta da teoria psicanalítica de Freud.
• Expressão de emoções intensas atráves de um dinamismo improvisado, abrupto, inesperado, com
preferência pelo patético, grotesco, trágico, angustiado e sombrio.
• Distanciamento da pintura acadêmica e do Impressionismo através da recusa do emprego de uma
estética naturalista ou realista com referência a temas “clássicos”, como a natureza morta, a paisagem e o
modelo vivo.
• Ruptura com a ilusão de tridimensionalidade – “perspectiva” renascentista – e resgate das “artes
primitivas” – formas abstratas, feições e formas humanas predominantemente derivadas das culturas
ameríndias.
Técnicas da arte expressionista:
• Cores resplandescentes, vibrantes, fundidas ou separadas.
• Textura áspera, devido à grande quantidade de tinta empregada nas telas.
• Técnica violenta: o pincel ou espátula vai e vem, fazendo e refazendo, empastando (Camada apóes
camada sendo sobreposta.) ou provocando inesperadas “explosões" (De camadas jogadas na tela de
empasto de tinta.).
• Uso do empaste ou empasto, formado por uma massa grossa de pintura a óleo (Ás vezes com mistura de
acrílico, no expressionismo contemporâneo.), a qual era martelada e áspera.

4 O Expressionismo vs. O Impressionismo


O Impressionismo e o Expressionismo, embora sendo movimentos antitéticos (Antítese: Oposição, contrário

de.), foram movimentos realistas que exigiam a dedicação total do artista à questão da realidade.

Expressionismo

Do interior para o exterior. É o sujeito que, por si, se imprime ao objetivo. Precursor: Vincent Van Gogh. Atitude

volitiva/agressiva.

Impressionismo

Do exterior para o interior. É a realidade (objeto) que se imprime na consciência (sujeito). Precursor: Édouard

Manet. Atitude sensitiva.

O Impressionismo de resolveu no plano de conhecimento.

O Expressionismo se resolveu no plano da ação.

- 10 -
Excluiu-se, a partir daí, a hipótese simbolista de uma realidade vislumbrada no símbolo e no sonho (Arte

hermética ou subordinada ao símbolo ou código.) e se esboçou, então, a oposição entre arte engajada (Que

incide sobre a situação histórica.) e uma arte de evasão (Que se considera alheia e superior à história.).

Impressionismo e Expressionismo:
• Solução dialética e conclusiva da contradição histórica entre clássico e romântico, constantes estéticas
das culturas latina mediterrânea e germânico-nórdica.
• Ao ser excluída a referência à herança do passado, os dois movimentos tinham como objetivo enfrentar a
situação histórica presente com plena consciência.
• Ocorreu, então, uma agudização da divergência entre cultura latina e cultura germânica, com a disputa
para a conquista da hegemonia político-econômica da Europa.
• Desse conflito, observado na arte, eclodiram a Primeira Guerra Mundial de 1918 e a Segunda
Guerra Mundial de 1939. Com profundas consequências na arte.

O que vem na próxima aula


Nesta aula, vimos o desenvolvimento do “alfabeto imagético” da estética expressionista, considerada uma das

mais relevantes correntes na arte moderna e mesmo na arte contemporânea.

Também apresentamos como surgiu o movimento das primeiras vanguardas do século XX, uma característica

marcante dos primeiros anos do século.


• Na próxima aula você assistirá à afirmação da linguagem modernista na arte por meio da imagética do
cubismo e estudará sua importância ao influenciar o surgimento de outras tendências como o futurismo.
• Verá também a situação das artes no Brasil, comparando retrospectivamente o desenvolvimento das
artes no nosso país com o da Europa e para compreender como se deu o surgimento do modernismo no
país.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Determinar o contexto europeu histórico de começos do século XX, quando ocorreram as principais
vanguardas expressionistas: O Fauvismo e o Expressionismo;
• Contrapor o Expressionismo ao Impressionismo, percebendo suas injunções histórico-sociais;
• Perceber qual a imagética própria dos movimentos expressionistas.

- 11 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

AFIRMAÇÃO DA LINGUAGEM MODERNISTA

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. compreender e analisar a importância da afirmação da linguagem cubista de Picasso;

2. perceber os conceitos de cubismo e de futurismo;

3. ser introduzido a grandes artistas do cubismo e do futurismo;

4. apresentar a situação da arte no Brasil em comparação com o desenvolvimento da arte internacional.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

A linguagem modernista, criada a partir da óptica impressionista, é definitivamente afirmada pelo geometrismo

e pelo alto nível de abstração que atingiu a imagética do cubismo, embora essa escola tenha evitado a abstração

pura.

O cubismo vai ser a mais influente das chamadas vanguardas históricas do modernismo, influenciando e sendo

influenciado por outros movimentos como o futurismo.

Paralelamente, vamos olhar o desenvolvimento do modernismo no Brasil, a partir da “luta” dos nossos primeiros

modernistas para vencer a defasagem de informação, responsável por nossas limitações artísticas e culturais no

período.

Pablo Picasso

-2-
Pablo Picasso, pintor e escultor espanhol, é considerado um dos artistas mais importantes do século XX. Artista

multifacetado, foi único e genial em todas as atividades que exerceu:

Inventor de formas;

Criador de técnicas e estilos;

Artista gráfico;

Escultor.

Figura 1 - “Natureza morta”, Pablo Picasso. Exemplo de obra do cubismo

-3-
2 O Cubismo
O movimento foi introduzido por “As Senhoritas de Avignon” em 1907, que desconcertou a todos por ser uma

obra audaciosa e perturbadora.

Resumia as realizações de Picasso e, sua técnica expressionista e emocional, era estranha ao Cubismo. Mas esse

quadro suscitou problemas que o Cubismo iria resolver e abriu as possibilidades para seu desenvolvimento.

Esse quadro criou novos cânones de beleza estética, destruindo as distinções tradicionais entre o belo e o feio.

Contudo ainda não é um quadro cubista (protocubista).

Figura 2 - “As Senhoritas de Avignon”, de Pablo Picasso

Também atraiu Braque, pintor jovem e talentoso que alterou todo o desenvolvimento de sua arte, aproximando-

se de Picasso.

O Cubismo era uma arte formalista preocupada com a reavaliação e reinvenção de procedimentos e valores

pictóricos. Era uma arte de conteúdo intelectual elevado e, em geral, calmo e reflexivo.

-4-
Figura 3 - “Natureza morta”, Georges Braque. Exemplo de obra do cubismo.

2.1 O Cubismo e a imagética moderna.

1907

Começa o movimento cubista.

1914

Termina o cubismo, como movimento, com a eclosão da 1ª Guerra Mundial, tendo boa parte dos artistas sido

recrutada e partido para o campo de batalha.

1925

Persistiu como parte das discussões e pesquisas.

Figura 4 - Escultura cubista, de Naum Gabo.

-5-
Você percebe a influência da arte africana nesta escultura?

Seus principais focos de resistência foram as artes decorativas e a arquitetura do século XX.

Considerado como um ato de percepção individual, o movimento inspirou-se na arte africana e na geometrização

das figuras iniciada por Cézanne, que resultou em uma arte intuitiva e bastante abstrata, derivada da experiência

visual baseada na luz e na sombra.

O Cubismo rompeu com o conceito de arte como “imitação da natureza”, que vinha desde o Renascimento, bem

como com os principais cânones clássicos de pintura tradicional:

1 - A perspectiva, consistindo na ilusão de profundidade em uma superfície plana, base da pintura européia por

mais de 500 anos seguintes à Renascença.

2 - O chiaroscuro (Claro- escuro) ou luz-e-sombra, indicando uma nova técnica criada no Renascimento para

criar a ilusão de relevo escultural no plano.

3 - A pirâmide ou configuração piramidal e tridimensional do espaço da tela, tendo como clímax uma imagem

central que substituiu os retratos em perfil e o agrupamento de figuras em grade horizontal típicas das artes

bizantina e medieval.

Pablo Picasso definiu o Cubismo como:

“Uma arte que trata de formas, e quando uma forma é realizada, ela aí está para viver sua própria vida.”

2.2 Artistas do Cubismo.

Apesar da identificação imediata do movimento cubista à figura de Pablo Picasso, vários outros artistas deram

grandes contribuições ao movimento, tais como:

Figura 5 - Georges Braque (1882-1963)

-6-
Figura 6 - “Casas de L´Estaque”, de Georges Braque.

Figura 7 - Fernand Léger (1881-1955)

Figura 8 - "A Banhista", Fernand Féger.

-7-
Figura 9 - Robert Daleunay (1885-1941)

Figura 10 - “Homenagem para L´Bleriot”, de Robert Delaunay.

Figura 11 - Juan Gris (1887-1927)

-8-
Figura 12 - “Vista da Baía”, Juan Gris.

Figura 13 - O mexicano Diego Rivera (1886-1957)

Figura 14 - “Alcatraces”, por Diego Rivera. Com seu figurativismo geometrizado.

-9-
Figura 15 - e Piet Mondrian (1872-1944).

Figura 16 - “Composição 10”, de Piet Mondrian. No período anterior ao desenvolvimento de sua arte de
abstração geométrica pura: o neoplasticismo ou De Stijl – O Estilo.

e outros artistas que se destacaram com o dadaísmo, como Francis Picabia (1879-1953) e Marcel Duchamp

(1887-1968), também participaram do movimento cubista.

2.3 Fases do Cubismo

As fases definidoras do Cubismo podem ser assim resumidas.

Fase 1

Protocubismo:

Em que a influência da escultura africana revela-se através da pesquisa contínua das deformações expressivas

do corpo humano.

Fase 2

- 10 -
Cubismo Analítico:

definido por representações espaciais abstratas no plano do quadro.

Fase 3

Cubismo Sintético:

policromático, simbolizado pela incorporação de materiais estranhos às representações pictóricas, como as

colagens.

Exemplo de obra do protocubismo, por Picasso.

Exemplo de obra do cubismo analítico, por Picasso.

Exemplo de obra do cubismo sintético, por Picasso

- 11 -
Atenção

O Cubismo pode ser identificado com o espírito da arte moderna ao buscar deformar, efetivamente, um rosto

verdadeiro, em lugar de só representar a imagem de um rosto deformado. No entanto, o Cubismo, mesmo

picassiano, não deixou de ser, na deformação da imagem ou da figura, uma arte da representação, enquanto na

arte tribal o que era deformado era uma imagem dada ou a própria realidade.

2.4 Elementos formais do Cubismo

Picasso, Braque, Léger e Gris apresentavam como seus elementos formais:

Abandono da iluminação “naturalista” de suas telas e das relações moduladas entre elementos formais.

Ênfase nas formas planas de contornos bem marcados.

Ênfase em relações espaciais condicionadas por relações de cor - e não no desenho.

Ênfase no contexto de uma composição, que permite a leitura de um espaço consistente ou fechado.

Ênfase no espaço inteiramente ocupado por formas e planos- como, principalmente, em Gris e Léger.

Ênfase em um espaço real semelhante a uma caixa - como em Picasso, Gris ou Braque.

Ênfase em um espaço identificado com a própria superfície da tela, através da aplicação de uma base

completamente pintada, suave e/ou opaca. (como em Picasso, também presente na pintura de Matisse (mais

identificado como fauve) e de Miró (que se destacará no Surrealismo).

3 O Futurismo
O Futurismo1 foi influenciado e retroalimentou (influenciou de volta.) o Cubismo. Vamos agora saber um

pouco mais sobre esse movimento.


1
O Futurismo apoiou-se no Cubismo e apresentou novas questões ai desenvolvimento da arte.

- 12 -
Figura 17 - “Estados de alma nº1. Os adeuses”, Umberto Boccioni

O Futurismo foi um movimento iniciado na Itália, a partir da concepção de civilização e expressou-se

inicialmente em palavras. Logo, partiu de uma ideia geral, em vez de algum descontentamento com idiomas de

arte herdados e da ambição de criar novo idioma. Rejeitou todas as tradições, instituições e os valores

consagrados pelo tempo. Propagou suas ideias muito rapidamente pela Europa e embora tenha durado pouco,

teve longa influência.

Escolheu seu próprio nome, e iniciou a tradição artística de manifestos artísticos.

Os principais artistas do Futurismo

- 13 -
O fim do Futurismo

A guerra precipitou o fim do Futurismo. A “Única Higiene do mundo” (Segundo o seu manifesto primeiro.)

eliminou Sant’Elia e Boccioni em 1916. Os outros passaram para estilos e atitudes mais tradicionais. Marinetti

ajudou o fascismo a conquistar o poder na Itália satisfazendo seus ideais políticos.

O Futurismo teve importância fundamental e duradoura e como esteve envolvido profundamente com o

Cubismo, suas conquistas também foram conquistas do Cubismo.

Sem o futurismo o Cubismo não teria desempenhado um papel tão grande na arte moderna. Sua influência chega

ao Expressionismo e o Futurismo literário de Maiakovisky na Rússia (Embora de concepções políticas

opostas.) e a arte (Principalmente a arquitetura.) revolucionária russa, é uma concretização do que os futuristas

tinham tentado.

4 A arte no Brasil na modernidade

Figura 18 - “Os doze profetas”, Aleijadinho.

Somente com o desenvolvimento do Modernismo, o trabalho de artista do barroco brasileiro voltaram a ser

valorizados.

Apesar da relativamente intensa atividade pictórica no Brasil colonial - principalmente no Rio, Bahia, Minas e

Pernambuco, os artistas, com raras exceções, não eram profissionais e sim homens de fé e engenho ou talento,

provenientes de diversos países. Foram, em geral, feitas para adornar igrejas, eventualmente palácios e

raramente residências.

- 14 -
Não há grandes nomes a destacar e muitas obras são anônimas.

No período barroco que surgem alguns dos mais belos monumentos religiosos do Brasil. A pintura colonial (Em

toda américa latina.), vincula-se a tendências e estilos europeus, com natural defasagem cronológica e limitados

recursos técnicos.

Em Minas, Aleijadinho nos dá algumas das igrejas rococós mais belas do mundo. Com ele se inicia uma fase

importante da arte brasileira.

Além de riquezas, proveniente do ouro e das pedras preciosas, havia as irmandades, às quais se ligavam as

corporações de ofício - separadas pela cor: brancos negros e mulatos - e essas por sua vez competiam entre si.

O início do século XX no Brasil

No século XIX, a arte no Brasil seguia uma orientação basicamente acadêmica, dependente do

Estado que patrocinava as poucas viagens ao exterior (Dado ao vencedor do primeiro prêmio do salão

nacional) e das poucas escolas (Principalmente a Escola Nacional de Belas Artes fundada por Debret e pela

Missão Francesa) e instituições culturais como a Academia Brasileira de Letras. O intercâmbio dava-se sem

renovação - os artistas iam sempre estudar nas mesmas academias da Europa. Tudo isso levava nossa arte no

início do século XX a manifestar, no máximo traços dos movimentos anteriores ao Impressionismo e somente em

alguns pintores.

Embora haja traços impressionistas em trabalhos de Eliseu Visconti, só foi haver verdadeiramente uma ruptura

entre a arte moderna e acadêmica a partir dos acontecimentos marcados pela semana de arte moderna2 de

22.
2
Esses marcam a luta do Modernismo para impor na arte nacional a compreensão de linguagens, que desde o

Impressionismo, revolucionaram e renovaram a arte e que estavam em pleno desenvolvimento na Europa.

Antes da semana, a exposição de Anita Malfatti, apoiada por Di Cavalcanti, só não foi ignorada como a do

expressionista alemão Lazar Segal (Que depois se naturalizou e adotou o Brasil), em 1913, graças a um artigo

de Monteiro Lobato.

Ele chega a contar uma anedota, na qual a pintura produzida pela cauda de um burro chegou a ser confundida e

admirada como uma novidade do Cubismo, na critica para depreciar o Modernismo que se apresentava nos

trabalhos dessa artista pioneira, reconhecendo-lhe, contudo, o talento.

- 15 -
Figura 19 - Anita Malfatti

Algumas obras expressionistas de Anita Malfatti: artista foi apoiada por Monteiro Lobato.

Esses acontecimentos dão-se em São Paulo, então já com seu aspecto de cidade do século XX.

Prospera economicamente com bondes, automóveis, indústrias, ferrovias e mais distante das influencias da arte

oficial.

Como antecedente houve também o artigo de Mário de Andrade (“escrito com vontade de botar uma bomba no

centro do mundo”), Paulicéia Desvairada, produzida sobre o impacto de uma obra de Victor Brecheret.

A missão francesa

Com a vinda da família imperial para o Brasil, importou-se o modelo oficial europeu, com a criação de uma

Academia Real no país. A Missão Francesa chegou ao Brasil em 1816, após a queda de Napoleão (1814/5).

1816

Chegada da Missão Francesa ao Brasil, após a queda de Napoleão -1814/15.

O chefe da delegação era Lebreton e o principal artista foi Jean Baptiste Debret, que documentou a vida na

colônia com espírito crítico e humor. Ele escreveu e ilustrou inclusive A Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil,

retratando a vida de índios, escravos, crianças e outros excluídos que não interessavam aos artistas ligados à

corte.

1817

- 16 -
Foi fundada a Escola Real das Ciências, Artes e Ofícios, sendo que Debret organizou ainda as duas primeiras

exposições de 1829 e 1830 da Academia Imperial. Nicolas Taunay, o mais talentoso pintor irritou-se com a

nomeação de um pintor português medíocre para diretor da academia e retornou a França. Foi substituído por

Félix Émile Taunay, seu filho.

Após o retorno da missão, a sólida tradição artística de inspiração europeia havia sido plantada.

Sem a tutela dos mestres franceses os alunos da academia estavam mais livres e começaram a firmar raízes

brasileiras. Realizam-se exposições anuais girando em torno da Escola.

“Batalha Naval do Riachuelo”,

Vitor Meirelelles.

Esse trabalho, bastante presente nos livros de história, pode ser apontado como um exemplo da arte acadêmica

oficial e dominante no Brasil no século XIX.

No Segundo Império o Brasil tornou-se mais soberano. Em 1845, a academia instituiu o Prêmio de Viagem, que

se tornou um acontecimento cultural e social.

As encomendas eram feitas pela igreja (ordens) ou pelo estado e não havia incentivo à originalidade.

Por isso em 1854, Araújo Porto Alegre assumiu a academia com a missão de modernizá-la e libertá-la da

condição de escola da Corte. Começam a ser criados os Liceus de Artes e Ofícios, para preencher a lacuna

artesanal, ainda dependente da Europa.

A tradição neoclássica e romântica pedia temas históricos e grandiloquentes e para tal serviu a Guerra do

Paraguai. A situação manteve-se sem alteração após a proclamação da república, tornando-se mais e mais

defasada em relação às inovações que surgiam no Modernismo na Europa.

A semana de arte moderna de 22

Nas exposições da Semana de Arte Moderna, além dos trabalhos de Anita Malfatti, de Vitor Brecheret, de Di

Cavalcanti e de Rego Monteiro, pouca coisa havia de moderno no Saguão de entrada do Teatro Municipal de São

Paulo.

Contudo, a polêmica pública predominou, principalmente pela publicação de manifestos que se seguiram: o

Manifesto Pau Brasil e Antropofágico.

Tarsila do Amaral, filha de fazendeiros, não estava no país durante a semana, mas apoiara o movimento.

Ela conhecera os manifestos futuristas, que no Brasil influenciaram Osvald de Andrade e também o crítico Mario

de Andrade.

Estes se uniram a Anita e a Menotti del Picchia, que formavam o Grupo dos Cinco: “Grupo de doidos em

disparada por toda parte, no Cadillac verde de Osvald”. Queriam abalar as artes em geral; literatura, música etc.

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Vale lembrar que Marinetti, o poeta autor do primeiro manifesto futurista, com a intenção de divulgar suas ideias

esteve no Rio e em São Paulo, em 1926, e, durante um período, o Futurismo virou sinônimo de arte moderna por

aqui.

Figura 20 - “Abaporu”, de Tarsila do Amaral.

Tarsila tornou-se uma das artistas mais importantes do Modernismo brasileiro.

O Manifesto Pau Brasil apoiava-se na pintura de Tarsila. Ela viajou pelo interior de Minas Gerais e ao Rio de

Janeiro em grupo, em companhia do poeta francês Blaise Cendrars e de Olívia Penteado entre outros artistas e

intelectuais.

Encantaram-se com a descoberta da obra do Aleijadinho. Essa influência ajuda na reformulação de sua pintura.

“... encontrei em Minas as cores que adorava em criança. Ensinaram-me depois que eram feias e caipiras. Segui o

ramerrão do gosto apurado. Mas depois vinguei-me da opressão, passando-as para minhas telas...

Tarsila do Amaral

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O segundo manifesto, chamado Antropofágico, foi publicado na primeira Revista de Antropofagia, datado de

“Piratininga, Ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha”. Irônico, provocativo, destruidor e cheio de novas

propostas, tal os manifestos europeus, principalmente o futurista.

Se entre 1917 e 1922, a preocupação modernista era afirmar a arte moderna no Brasil, a partir de 1923 a

preocupação passa a ser uma postura nacionalista. Na visão antropofágica, será devorado o pai Totêmico –a

cultura europeia – para incorporar suas virtudes reforçando o próprio organismo – a cultura brasileira.

Emiliano Di Cavalcanti foi um pintor carioca e um dos idealizadores da Semana de 22. Sua arte foi influenciada

inicialmente pela Art Nouveau, bastante presente no Brasil então, representando os ventos de mudanças do Pós-

Impressionismo e seguiu experimentando diversas influências.

Viajou em 1923 para Paris para ser correspondente de imprensa e sua pintura passou a ser então influenciada

pelo pós-Cubismo e pelo muralismo mexicano. Assumiu caráter expressionista e de crítica de costumes, que

marcou o restante de sua obra.

Figura 21 - Cinco moças de Guaratinguetá”, de Di Cavalcanti.

O que vem na próxima aula


Nesta aula procuramos introduzir os conceitos do Cubismo e do Futurismo e paralelamente apresentar a

situação no Brasil no período estudado.


• Na próxima aula, vamos ver como a afirmação da linguagem modernista se processou por outros
caminhos, como os do construtivismo, da antiarte dadá e pelo acesso aos símbolos do inconsciente por
parte do movimento surrealista.

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CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Compreender noções de história da arte relativas ao surgimento do Cubismo e do Futurismo;
• Compreender o contexto histórico europeu de começos do século XX, quando eclodiu o Cubismo
influenciando diversos outros movimentos;
• Contrapor o Cubismo a outros movimentos artísticos, percebendo suas relações político-sociais;
• Perceber qual a imagética própria do movimento cubista e do movimento futurista;
• Identificar a situação da arte no Brasil no período equivalente.

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ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

DADAÍSMO, SURREALISMO E ANTI-ARTE

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Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Entender o que foram o Dadaísmo e o Surrealismo.

2. Indicar alguns dos principais nomes do Dadá e do Surrealismo.

3. Determinar o contexto europeu histórico, social, político e econômico de começos do século XX, quando

eclodiram o Dadaísmo e o Surrealismo.

4. Contrapor o Dadaísmo e o Surrealismo a outros movimentos artísticos, percebendo suas relações histórico-

sociais.

5. Perceber qual a imagética própria dos movimentos dadaísta e surrealista.

No vídeo você assiste à versão original da obra Dadascope (1961), dirigida por Hans Richter, na qual há 2

poemas de Marcel Duchamp ("Carte Postale“ e "Puns“). Fonte: // www.youtube.com/watch?v=TXXrHuTxYiA

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

“Nu descendo a escada”,

óleo sobre tela de Marcel Duchamp, 147 cm X 89,2 cm - Philadelphia Museum of Art - Philadelphia - United

States.

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2 Marcel Duchamp
Haroldo de Campos chama Marcel Duchamp de “pré-dadaísta”, afirmando seu aspecto precursor e não

totalmente redutível aos conceitos estéticos-filosóficos do movimento dadá.

Por meio de seus ready-mades, Duchamp pretendeu iniciar o debate em torno da relação obra/artista, ao

enfatizar um repúdio à “criação artística”, ao afirmar não acreditar na função criativa do artista. Para ele, o

artista é um homem como qualquer outro e seu trabalho consiste em fazer certas coisas, porém o homem de

negócios também faz “certas coisas”.

Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer: “hoje em dia todo mundo faz

alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são chamados de artistas”.

Antigamente, eles eram chamados de artesãos, um termo que Marcel Duchamp parece preferir: “Todos somos

artesãos, na vida civil, militar ou artística”.

Duchamp interessou-se pelo significado da palavra “arte”, vinda do sânscrito fazer.

Antiga língua dos bramares; língua sagrada do Indostão.

Sânscrito é a língua erudita da Índia, a língua da História, da Religião, da Filosofia, bem como da Literatura e da

Ciência clássica.

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“Hoje em dia, todo mundo faz alguma coisa, e aqueles que fazem coisas em uma tela, com uma moldura, são

chamados artistas.” (...)

“Todos somos artesãos, na vida civil, militar, ou artística.”

Antigamente, artistas eram chamados de artesões, um termo que Duchamp parece preferir.

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Figura 1 - “A noiva despida pelos seus celibatários, mesmo (O grande vidro)”,

“A noiva despida pelos seus celibatários, mesmo (O grande vidro)”,

Marcel Duchamp,

1915-23, óleo, verniz, folha de chumbo, arame de chumbo e pó sobre dois painéis de vidro (rachados) montados

em molduras de alumínio, madeira e aço, 272,5 x 175,8 cm. Museu de Arte da Filadélfia.

Duchamp trabalhou nessa obra por oito anos, após haver rejeitado as molduras e as telas (considerava que esse

não era o meio de ele próprio expressar: quando se pinta, mesmo que seja uma pintura abstrata, sempre se

procura uma espécie de resultado final).

Marcel Duchamp como “Rrose Sélavy”, Man Ray 1920-21, 21,6 x 17,3 cm. Coleção particular.

-5-
Figura 2 - “Viúva Fresca”

“Viúva Fresca”,

Marcel Duchamp, 1920,

janela em miniatura: madeira pintada de azul e oito retângulos de couro polido, 77,5 x 45 cm. MoMA, Nova

Iorque.

Outro trabalho seu, “Viúva Fresca” (“Fresh widow”) significa “esperta” para Duchamp (ou “Merry widow –

“Viúva alegre”), carregando ainda uma referência a “French window”, tipo de janela com venezianas de madeira.

Para Duchamp, todas essas “coisas” tinham o mesmo espírito e eram muito agradáveis como fórmula.

-6-
Naquele momento, Duchamp parecia haver alcançado o limite do não estético e do injustificável

O essencial de sua obra reside na responsabilidade assumida pelo artista ao pôr sua assinatura sobre um objeto,

executado por ele ou não ou produzido em série, mas do qual ele se apropria, atribuindo ao objeto um status de

obra de arte.

Com isso, torná-lo capaz de provocar a mesma emoção artística de um quadro de um mestre, além de lograr

entrar no mercado de arte, podendo ser exposto em um museu ou galeria e, portanto, ser comercializado e

consumido pelo público como obra de arte.

3 A vertente Dadá

Já o Dadaísmo e o Surrealismo representam respostas culturais, articuladas de modos diversos, mas tendo em

vista uma mesma situação: a falência de valores estéticos, filosóficos, morais do século XIX e o confronto com a

nova realidade que superou os limites do racionalismo no século XX, evidenciada com a guerra.

A vertente crítica da arte moderna, constituída pelo Surrealismo e pelo Dadaísmo, representa o “outro” do

projeto formal construtivo e do Cubismo, no sentido de que essas linguagens operaram uma transformação no

interior das linguagens, mas não refletiram criticamente sobre o estatuto social dessas mesmas linguagens como

prática na sociedade.

A vertente Dadá é crítica quanto à própria arte moderna e procurou revelar os limites do pensamento

racionalista clássico, que afirmava que tanto o conhecimento teórico quanto a sua fundamentação prática eram

assuntos de uma consciência isolada e autárquica.

O paradigma da “arte pela arte” expressava o pensamento racionalista que propunha que a arte devia encontrar

em si mesma seu sentido último.

O Dadaísmo:

Contestava

O conceito do que seja obra-prima, expressando que o objetivo da atividade artística não era a arte, mas a

“antiarte” como postura revolucionária contra um esteticismo gasto, propondo atividades de “destruição” das

noções de bom gosto e de libertação da arte dos projetos de racionalização.

-7-
Destacava

O papel do sujeito-artista como crítico, como sujeito que reflete sobre a experiência do mundo e expõe, pela sua

ação crítica, o sentido de crise e de falência dos valores estéticos, filosóficos e morais. A arte, para Duchamp, não

representava a cultura pelo objeto-símbolo, porém sua preocupação não residia, igualmente, em negar a cultura.

Para ele, não existia apenas uma verdade, “não há uma solução porque não existe um problema”, a vida era

movimento e circularidade e também acaso, e a única possibilidade era a dúvida, o questionamento.

Duchamp

Juízos de valoração não eram absolutos e não havia apenas uma ética. Havia sim uma não ética ou metaética,

também definida como “existencialista.”

Nesse sentido, sua norma ética não estava interligada a uma norma de hierarquia de bens morais a que o homem

aspirasse, mas se aproximava da ética dos cínicos como em seu desprezo às convenções, postulando sobre a

liberdade da vontade ante a natureza, a história e a vida.

Ready-mades duchampianos

Destaca-se, principalmente, uma indiferença que foi analisada por Otávio Paz, comparando sua filosofia à

filosofia milenar chinesa.

Os chineses escolhiam pedras que lhes parecessem interessantes e atribuíam-lhes nomes ou pintavam o seu

nome nelas, transformando-as em obras. Enquanto o chinês afirmava sua identidade com a natureza, Duchamp

afirmava sua diferença irredutível e sua crítica.

Em 1913, teve ele a ideia de montar a roda de uma bicicleta sobre um banquinho de cozinha e de observá-la

girando. De acordo com seu decreto, os ready-mades tornavam-se obras de arte na medida em que Duchamp

lhes atribuía esse título.

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Figura 3 - “Roda de Bicicleta”

“Roda de Bicicleta”, Marcel Duchamp, 1913 (réplica de 1964), ready-made, roda de bicicleta montada sobre um

banco, 132 x 64,8 cm. Coleção Arturo Scwartz, Milão.

Escolhendo uma pá ou um urinol, por exemplo, assinando e datando essa pá ou esse urinol, eles eram retirados

do mundo morto das coisas insignificantes e colocado no mundo vivo das obras de arte: o olhar fazia, então, com

que se tornassem obras de arte.

Para Duchamp, a escolha do ready-made baseava-se numa reação de indiferença visual que independia do bom

ou mau gosto, mas podia ser definida como um estado de anestesia total, de ausência de consciência.

Duchamp acrescentava frases breves aos ready-mades, como no caso do título:

“Prevenindo contra um braço quebrado.”

Atribuído a uma pá de neve numa loja de ferramentas, com o objetivo de conduzir o pensamento do espectador

para outras regiões mais literárias, ou ainda algum detalhe gráfico como “ready-made fabricado”.

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Em outros momentos, ele inventava um “ready-made recíproco” como um Rembrandt na forma de tábua de

passar roupa, simbolizando a contradição entre arte e ready-made.

Figura 4 - “Prevenindo contra um braço quebrado”

“Prevenindo contra um braço quebrado”, Marcel Duchamp, 1915, ready-made: pá de neve, madeira e aço

galvanizado, 121,3 cm. Centro de Arte Britânica de Yale.

De forma que evitasse o perigo de uma repetição indiscriminada dessas formas de expressão – pois a arte

consistia em um meio de induzir ao vício, como o ópio, Duchamp reduziu a produção de ready-mades a uma

pequena quantidade por ano.

Outro aspecto constitutivo do ready-made era a sua falta de originalidade, pois a reprodução de um ready-made

transmitia a mesma mensagem que o original.

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Duchamp concluiu que, se todos os tubos de tinta usados pelos artistas eram produtos industriais ready-made,

podia-se concluir que todos os quadros existentes no mundo eram ready-mades confeccionados. Duchamp

concretizou, dessa forma, finalmente, a iminente crise do objeto de arte tradicional, o quadro, substituindo-o por

uma “coisa”.

A arte foi pensada até o fim e dissolveu-se no nada da “a-arte”, ou da experiência intelectual e não

sensorial.

Como niilista da arte, Marcel Duchamp deu expressão e forma a uma esperança ao buscar o maravilhoso não no

acaso, mas sim no conhecimento exato e no jogo científico.

Em sua obra, a máquina adquiriu um aspecto inteiramente novo, em que operava um espírito científico com

recursos artísticos, o estabelecimento de um eros artístico em comunhão com a ciência, ou simplesmente uma

nova forma de arte.

Niilista significa a expressão exacerbada do materialismo e do positivismo, negando toda autoridade ao estado, à

igreja e à família. O Niilismo (do latim nihil, "nada") é uma doutrina filosófica e política baseada na

negação seja da ordem social estabelecida, seja de todas as formas de esteticismo, assim como na defesa do

utilitarismo e do racionalismo científico.

EXEMPLO

Como exemplo surgem os temas daquelas “máquinas de vidro” criadas em 1925 e 1936, na qual giram

segmentos circulares isolados, que criam a ilusão óptica de circulos e espirais tridimensionais. Os primeiros

foram utilizados, em 1926, em seu filme Cinema-anêmico e, em 1936, Duchamp denominou uma série de

experimentos semelhantes de Rota-relevos, os quais mostravam círculos simples, dispostos ao redor de vários

centros que, quando colocados em movimento, faziam surgir corpos tridimensionais.

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Figura 5 - “Discos de rota-relevos”

“Discos de rota-relevos”, Marcel Duchamp,

1923. MoMA, Nova York.

Duchamp acreditava, portanto, que o sentido da obra não se realizava segundo uma intenção do artista, nem está

contido na obra em si, mas que tal objetivo só era encontrado em sua fruição.

Considerando por muitos críticos “o pai da arte contemporânea”, Duchamp parece ser o mais influente artista

para o surgimento da arte conceitual das décadas de 1960 e 1970.

A crítica duchampiana contra o racionalismo não se converteu em irracionalismo, mas antes em uma tendência

presente na arte de hoje a buscar a racionalidade para refletir criticamente, investindo contra modelos,

afirmando o poder criativo do sujeito e sua liberdade para questionar a cultura pela própria ação artística.

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Figura 6 - Tábua com ovos - Hans Arp

Tábua com ovos - Hans Arp Coleção particular - (XX)

Dadá como antiarte


• O movimento conhecido como Dadá surgiu em Zurique, Suíça, no final dos anos de 1910, mas seu
principal artista foi o francês Marcel Duchamp.
• O Dadaísmo foi criado como reação às formas tradicionais de cultura, quais sejam a arte e a literatura.
• O primeiro grupo de dadaístas queria eliminar todas as formas de razão e lógica, em razão das
atrocidades causadas pela Primeira Guerra Mundial.
• A arte pelo movimento dadaísta deve ser interpretada livremente pelo espectador, na medida em que
esta não se baseou nos padrões formais seguidos pelos artistas tradicionais anteriores. O movimento
Dadá espalhou-se de Zurique para Berlim, Nova York, Paris e Países Baixos, incluindo poesia, artes
visuais, literatura e música.
• Já o Surrealismo foi criado por André Breton, nos anos de 1920, e expandiu a imaginação humana ao
revelar, pela imagem artística, um universo de fantasia e sonhos, negando a realidade.
• Tanto o Dadá quanto o Surrealismo compartilharam do mesmo propósito de explorar métodos de
criatividade de vanguarda, enquanto rejeitavam os cânones tradicionais da arte.
A natureza complexa do movimento dadaísta começa com sua resposta negativa à sociedade, tendo lançado o

descrédito à atividade criativa e, consequentemente, alterado toda a arte do século XX.

O movimento criticou ideias convencionais de emprego de suportes artísticos convencionais como a tela e a

escultura, ao utilizar produtos pré-fabricados, os quais foram ligeiramente alterados, de forma que se obtivesse

uma visão diferente de cada obra.

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Figura 7 - “Fountain”

“Fountain”, Marcel Duchamp, 1916-17.

A obra de Marcel Duchamp “Fonte” representa um mictório de porcelana, no qual o artista escreveu “R. Mutt” -

“R. Mudo”, tendo-a submetido à Sociedade de Artistas Independentes, (o objeto foi recusado e Duchamp, que

era da comissão julgadora, demitiu-se do Júri em protesto contra a “censura” ao Sr. Mutt – ele mesmo) em 1917,

inaugurando assim o conceito de ready-made (já pronto).

Esse gesto Dadá - que passou meio desapercebido na época – foi considerado depois, pelos críticos e artistas

conceituais, como o início da arte conceitual, na qual a ideia da obra é mais importante que o produto final.

Esse tipo de arte que virá a se desenvolver nos anos de 1960 levará novos artistas a “descobrir” Marcel

Duchamp, que passou a assumir, então, um lugar central na história da arte do século XX.

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4 Imagem de trabalho de Joan Miró – surrealismo

Figura 8 - Joan Miró: A aula de esqui

Joan Miró: A aula de esqui

(1966): tela, 1,93 X 3,27 m. Saint Paul de Vence. Coleção Miró

Miró tornou-se o mais influente dos surrealistas. Os expressionistas abstratos norte-americanos viram em sua

pintura caminhos para a abstração pura.

Surrealismo como acesso ao inconsciente

Após o fim da Primeira Guerra, quando a sociedade ocidental começou a se reestruturar, a estética crítica-

destrutiva do Dadá começou a não fazer mais sentido. Foi uma época de esperança em um novo recomeço e no

desenvolvimento de novas possibilidades.

Nesse contexto surgiu uma arte que se apresentou como uma saída, uma possibilidade para os artistas que

haviam participando do Dadá, porque se baseava no inconsciente, ou seja, além dos limites racionais do ser

humano.

Surrealismo

Reconheceu o poder do “ato de criação espontânea"

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Aboliu o veto que o Dadá havia aplicado à arte e eliminou a necessidade da posição irônica dadaísta

Devolveu ao artista a sua razão de ser sem impor, ao mesmo tempo, um novo conjunto de regras estéticas.

Além de Max Ernst (1891-1976), Luis Buñuel (1900-1983), André Masson (1896-1987), Jean Arp (1886-1966),

Yves Tanguy (1900-1955), René Magritte (1898-1967), Paul Delvaux (1897-1994), Man Ray (1890-1976), Paul

Klee (1879-1940), Marc Chagall (1887-1985), Kurt Schitters (1887-1948) e Wilfredo Lam (1902-1982).

O Surrealismo foi definido pelo seu próprio criador, o escritor André Breton (1896-1966), como constituindo

um:

“puro automatismo psíquico, através do qual se deseja exprimir, por escrito ou verbalmente, a

verdadeira função do pensamento; pensamento ditado pela ausência de qualquer controle exercido

pela razão, fora de toda a preocupação estética e moral”.

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5 Contexto histórico do Surrealismo

O Surrealismo divide-se em três períodos:

O Surrealismo divide-se em três períodos:

1º período: Surrealismo heróico 1924

O tema do sonho foi representado, pelos surrealistas, por obras de natureza simbólica obtidas pelo método do

automatismo, as quais revelavam ainda um certo figurativismo.

2º período: Fase política 1928

Seus líderes filiaram-se ao Partido Comunista, vinculando a arte surrealista a uma postura estético-ideológica de

vanguarda.

3º período: Fase de difusão 1930-1950

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O Surrealismo expandiu-se internacionalmente com grupos de surrealistas, tendo mesmo se formado no Brasil.

Figura 9 - “Rayograph 1928”

“Rayograph 1928”, Man Ray, 1928, MoMA, NY.

O surrealista Man Ray fez experimentos para transcender o realismo superficial e criou esse espirituoso

conjunto de algodão e tiras de papel.

6 Histórico do Surrealismo
Em outubro de 1924, André Breton lançou o MANIFESTO SURREALISTA defendeu a ideia de que os artistas e

escritores deveriam expressar seu pensamento de maneira totalmente livre, espontânea e irracional, sem

qualquer controle de ordem estética, racional ou moral. Dessa maneira, o Surrealismo visou subverter a

realidade fragmentária apresentada pela lógica, moral e estética vigente nas primeiras décadas do século XX,

almejando alcançar uma realidade superior.

Para isso, o artista surrealista necessitava abandonar o lado convencional e lograr surgir o lado que nunca se

expressava no homem normal: o inconsciente.

Sonhos, desejos e pulsões de morte transformaram-se na principal temática surrealista.

O Surrealismo utilizou técnicas destinadas a liberar o potencial criativo do inconsciente.


• Automatismo
• Associações livres
• Fotomontagem

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• Fotomontagem
• Jogos de criação coletiva
• Assemblagem
• Colagem
Automatismo Técnica posteriormente apropriada pelo expressionismo abstrato.

7 Salvador Dalí e o pensamento “paranóico crítico”


Mais do que qualquer outro surrealista, Dali amplificou os elementos absurdos da realidade e fez da insanidade

um princípio. O nojento e o obsceno, o satânico e o monstruoso foram apresentados de maneira

verdadeiramente teatral por esse artista espanhol.

As excentricidades e declarações provocadoras fizeram de Salvador Dali uma das mais polêmicas figuras da arte

contemporânea, mas não impediram que sua obra fosse reconhecida como uma das mais audaciosas e apuradas

da pintura surrealista.

Figura 10 - “A persistência da memória”

Salvador Dali, “A persistência da memória” (Relógios moles), 1931, óleo sobre tela, 24 x 33 cm. Coleção

MoMA, Nova Iorque.

Uma de suas telas mais famosas é “A persistência da Memória”, sobre a qual Dali afirmou que “Relógios moles

não são mais do que camemberts paranoico-críticos, suaves e extravagantes, fora do tempo e do espaço”.

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Figura 11 - “O jogo lúgubre”

Salvador Dali, “O jogo lúgubre”,

1929, óleo e colagem sobre cartão, 44 x 30 cm. Coleção privada.

Dali criou paisagens que recordam as ruas e cidades despovoadas e vazias de De Chirico. A figura central dessa

obra foi explodida em fragmentos. A soma das partes fragmentadas revela uma técnina semelhante à colagem

para agrupar fragmentos e partes.

8 O objeto surrealista e a beleza horrível e comestível


A dualidade de “horrível” e “comestível” era um conceito tipicamente daliesco, aplicado às formas de arte

decorativa que representavam a celebração da arquitetura do arquiteto Antonio Gaudí, em Barcelona.

Antonio Gaudí foi um arquiteto catalão de novas concepções plásticas, ligado ao Modernismo catalão (a variante

local da art nouveau). Foi um dos símbolos da cidade de Barcelona, onde foi educado e passou grande parte da

vida.

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Figura 12 - “Sonho provocado pelo voo de uma abelha em torno de uma romã, um segundo antes de despertar”

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Salvador Dali, “Sonho provocado pelo voo de uma abelha em torno de uma romã, um segundo antes de

despertar”, 1944, óleo sobre tela, 51 x 40,5 cm. Museu Thyssen-Bornemisza.

O envolvimento do psicanalista Lacan com o grupo surrealista, nos anos de 1930, introduziu a paranoia no

vocabulário visual de Salvador Dali, para quem “as imagens paranoicas são devidas ao delírio de interpretação”.

Elas podiam também se proliferar infinitamente: “O fenômeno paranoico”, escreveu Dali, são “imagens comuns,

tendo uma dupla figuração; a figuração pode ser teórica e praticamente multiplicada”.

Lacan, formado em medicina, passou da neurologia à psiquiatria. Teve contato com a psicanálise pelo

Surrealismo, a partir de 1951, e, afirmando que os pós-freudianos haviam se desviado do sentido da obra

freudiana, propõe um retorno a Freud.

Dali desenvolveu seu próprio “método crítico-paranoico” em pintura.

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Figura 13 - “Subúrbio da cidade crítico-paranoica; Tarde nos Arredores da História Europeia”

Salvador Dali, “Subúrbio da cidade crítico-paranoica; Tarde nos Arredores da História Europeia”, 1936,

óleo sobre painel, 46 x 66cm. Coleção privada.

Seu quadro “Subúrbio da cidade crítico-paranoica” lembra as imagens de De Chirico, da menina solitária,

correndo em ruas vazias. A ideia da cidade como um sítio arqueológico de sonhos e memórias, assim como o

inconsciente, constituía um interesse constante para os surrealistas, como já vimos.

Em vez de empregar imagens de Paris, Dali utilizava vistas panorâmicas de cidades espanholas e as

áreas marginalizadas e remotas da Europa.

No mesmo ano em que pintou “Subúrbio da cidade crítico-paranoica”, Dali participou de uma “Exposição de

Objetos Surrealistas” promovida por uma galeria de arte em Paris, a qual procurou exibir uma ideia da variedade

surrealista com mostruários de vidro que lembravam um museu etnográfico.

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Figura 14 - “Objeto xícara de chá forrada de pele”

Meret Oppenheim,

“Objeto xícara de chá forrada de pele”,

1936, colher, pires e xícara de chá forrada de pele, xícara 10, 9 cm, pires 23,7 cm, colher 20,2 cm, altura: 7,3 cm.

MoMA, Nova Iorque.

O famoso “Objeto xícara de chá forrada de pele”, de Meret Oppenheim, provocou concomitante atração,

repugnância, erotismo oral e rejeição durante a mostra de 1938, evocando um fetichismo freudiano na

conotação sexual da pele da xícara, do pires e da colher, e evocando também o espírito ambivalente surrealista

para “despertar o proibido”, segundo André Breton.

Máscaras primitivas eram justapostas a trabalhos de Picasso e a objetos surrealistas de Alberto

Giacometti e Meret Oppenheim, os quais se juntavam a ready-mades de Marcel Duchamp.

O “objeto surrealista” representou uma contribuição específica do Surrealismo para a escultura. Enquanto os

ready-mades de Duchamp recusaram a emoção, a assinatura do artista e sua autobiografia, evitando a sua

intervenção estética, o objeto surrealista optou por uma abordagem muito diferente de sondar o inconsciente ao

procurar excluir a casualidade, a reflexão e o cálculo do processo de criação artística.

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Figura 15 - “Telefone-lagosta”

Salvador Dali, “Telefone-lagosta”,

1936, “assemblagem”, 18 x 12,5 x 30,5 cm. Coleção privada.

- 27 -
9 O desfecho e a proximidade da Segunda Guerra

Figura 16 - “A Condição Humana”

Imagem de René Magritte,

“A Condição Humana”

Magritte questiona o próprio quadro: para ele a representação não é menos real, mas uma outra coisa diferente

do que é representado.

Manifesto Surrealista

Anunciou o Surrealismo como um movimento literário - contou com a participação de escritores como Paul

Eluard, Aragon e Antonin Artaud - do qual a pintura era uma nota de rodapé. Afirmava, entretanto, abranger

todo o espectro da atividade humana. Mas foi pelas artes visuais que se tornou conhecido e foram elas que

atraíram para o âmbito do Surrealismo a arte das crianças, dos médiuns, lunáticos, naifs e a arte primitiva. Miró

inclusive desenvolveu certos desenhos seus a partir de jogos infantis.

Os artistas surrealistas buscavam a imaginação em seu estado primitivo, que consideravam uma expressão pura

e “maravilhosa”.

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Ernst e Dali, por exemplo, enfatizam sua passividade diante da obra, deixando fluir coisas além das fronteiras da

realidade imediata, reveladas pelo nosso inconsciente ou pelos nossos sentidos quando num estado de extrema

sensibilidade.

- 29 -
Mais transgressoras são as telas de Magritte, que questionam os nossos pressupostos acerca do mundo e acerca

do objeto pintado e um objeto real, estabelecendo analogias imprevistas ou a justaposição de coisas desconexas

em um estilo deliberadamente inexpressivo. Trabalha a ambiguidade entre uma imagem da realidade (o quadro)

e a imagem de uma imagem da realidade.

O objeto surrealista dominou a exposição internacional do Surrealismo em Paris em 1938, que marcou o seu

apogeu. Com a decoração organizada por Duchamp, propunha-se a criar um ambiente total. O resultado foi

esplendidamente desorientador.

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A Segunda Guerra dispersou os surrealistas de Paris. Breton, Ernest e Masson foram para Nova York e ajudaram

a plantar as sementes de movimentos americanos do pós-guerra, como o Expressionismo abstrato e a arte pop,

atraindo para sua órbita Roberto Matta e Arshile Gorky.

O que vem na próxima aula


Na próxima aula você verá o desenvolvimento das vanguardas de caráter construtivista, última das chamadas

vanguardas históricas. Paralelamente, acompanhará o desenvolvimento do Modernismo no período no Brasil.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Foi apresentado ao Dadaísmo, movimento que conduziu à antiarte, tendo sido iniciador de um impulso
anárquico de destruição típico das vanguardas contemporâneas;
• Foi apresentado ao Surrealismo, a última das vanguardas “utópicas” européias do século XX.

- 31 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

O CONSTRUTIVISMO

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Definir o conceito de Construtivismo, base do desenvolvimento das tendências abstratas geométricas (e,

portanto, base do experimentalismo concreto e neoconcreto da arte brasileira).

2. Identificar grandes artistas das diversas correntes do Construtivismo (receber noções de história da arte).

3. Identificar as tendências artísticas abstratas e geométricas.

No vídeo acima você assiste a uma apresentação sobre o construtivismo russo (fonte: //www.youtube.com

/watch?v=zApi8bkGsZk ).

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

A Primeira Guerra levou a arte a duas respostas principais quanto às possibilidades da arte na sociedade do

século XX:

Produzindo a ideia de antiarte e consequentemente questionando o que pode ser chamado ou não de arte

Esses movimentos buscaram reconstruir a sociedade, considerando a guerra um desvio na evolução da

humanidade. Um erro do projeto racionalista. E que o processo precisava de uma revolução radical.

-2-
“Modelo do monumento para a terceira internacional”, Tatlin, 1920. Museu de arte moderna de

Estocolmo. Tatlin projetou essa torre como um símbolo dos ideais e do “ilimitado potencial da União

Soviética”.

A ideia de que a pintura podia ser uma entidade absoluta, sem qualquer relação com o mundo visível e composta

por formas totalmente abstratas com origem na mente, foi uma das sementes que o Cubismo fez germinar.

Em um sentido oposto ao do Cubismo analítico, que criara um vocabulário decompondo formas de objetos

naturais – conhecidos - em configurações abstratas ou semiabstratas, reconstituídas em composições que ainda

tinham ligações com os objetos originais, esse tipo de pintura referia-se mais ao universal que ao particular e

apelava mais à mente que aos sentidos.

Na sociedade russa, na segunda década do século XX, uma evolução radical acontecia...

2 Arte e política
Até o surgimento do Construtivismo, nenhum movimento na evolução da arte moderna tinha tido uma expressão

tão completa da ideologia (Marxista) ou estivera tão ligado a um organismo revolucionário (comunismo).

Isso levou a uma reação que, durante algum tempo, rotulou de anarquista e comunista toda a arte moderna,

incluindo o Futurismo (que, por meio de Marinetti, se ligou ao Fascismo) e o Cubismo. Ajudando a criar

resistências à sua propagação e difusão, inclusive no Brasil, onde era olhada com desconfiança.

O Construtivismo

-3-
O Construtivismo não pretendia nem ser um estilo abstrato nem uma arte, por si. Era a expressão de uma

convicção profundamente motivada de que o artista podia contribuir para suprir as necessidades físicas e

intelectuais da sociedade como um todo, relacionando-se diretamente com a produção de máquinas, com a

arquitetura, com os meios gráficos e fotográficos de comunicação. Não a arte política, mas a socialização da arte,

incluindo satisfazer as necessidades materiais, expressar as aspirações, organizar e sistematizar os sentimentos

do proletariado revolucionário.

3 Arte e propaganda

Figura 1 - El Lissitzky

El Lissitzky,

Tatlin trabalhando no projeto do Monumento à Terceira Internacional, colagem, Londres.

-4-
Por vezes essa arte era de natureza propagandística.

Como na colocação de formas geométricas em contexto literário, no projeto de cartazes, na fotomontagem, na

ilustração de livros e revistas, que forneciam as referências necessárias à realidade.

4 O construtivismo e a estética

El Lissitzky, Com a cunha vermelha golpeie os brancos, 1919, cartaz.

Repare no uso das formas geométricas!

Os artistas construtivistas russos acreditavam que os edifícios e objetos deviam libertar-se dos excessos

ornamentais e das algemas da arte do passado, que o artista, ou melhor, o designer criativo, devia ocupar o seu

lugar (o lugar do antigo artista) ao lado do cientista e do engenheiro.

Já havia sido proposto por vários arquitetos famosos que o engenheiro, e não mais o artista plástico é que estava

à frente do novo estilo

Advogavam o edifício nu e a pureza inerente das formas elementares. Os novos materiais industriais e a máquina

continham para eles uma beleza própria, assim como as formas geométricas (áreas uniformes de cores puras)

tinham uma aura de ordem racional, a ordem que eles queriam impor à sociedade.

-5-
5 Arte e história

El Lissitzky, Projeto para a tribuna, Lenin (1920)

Lissitzky acolheu ideias suprematistas, mas seu modo de trabalhar e seus escritos são construtivistas. Seu

princípio condutor era que o espaço era feito para as pessoas, não as pessoas para o espaço.

Lissitzky foi um dos idealizadores do programa PROUN, que era a abreviação de uma frase russa, que significa

algo como “novos objetos de arte”. Era um método de trabalho, em total harmonia com os modernos recursos

tecnológicos. Através desse processo de formação, todos os elementos essenciais da forma – massa, plano

horizontal, espaço, proporção, ritmo, as propriedades naturais de certos materiais usados, mais as exigências

feitas pela função básica do objeto – devem ter sua consecução no objeto final.

-6-
Monumento à Terceira Internacional

Um complexo projetado para ser construído na forma de uma espiral maciça que transmitia eficazmente o

dinamismo da era espacial.

Deveria ter 380 metros de altura no mínimo, contando com um cilindro, um cubo e uma esfera com salas de

reunião e escritórios e no topo um centro de informações – cada um girando em diferentes velocidades: um dos

mais antigos exemplos de arte cinética (ou arquitetura cinética). Era prevista a utilização de todos os meios

técnicos de comunicação conhecidos, incluindo um projetor para lançar imagens nas nuvens, para divulgar

notícias, palavras de ordem e proclamações governamentais. Era uma declaração de fé numa sociedade

comunista.

Porém, exceto por um grande modelo em madeira, nunca foi construído.

Os planos para novas estruturas arquitetônicas construtivistas excederam em muito os edifícios construídos de

fato.

Entre os projetos realizados (clubes de trabalhadores, habitações populares, escolas, fábricas e pavilhões de

exposição), o mais conhecido é o Mausoléu de Lênin. Além das limitações econômicas, havia um atraso muito

grande industrial e tecnológico da Rússia, inviabilizando as execuções. Lissitzky admitiu que os alicerces da nova

arquitetura foram estabelecidos pela revolução técnica da Europa e da América e não refletiram nem a ciência

nem a tecnologia russa.

-7-
Para suprir essa carência iniciaram um programa intensivo para o treinamento de artistas projetistas chamados

VKhUTEMAS.

-8-
Naum Gabo

Descreveu que as discussões ideológicas eram parte importante do treinamento. Ele colaborou com Kandinsky,

que organizou o programa baseado em suas ideias expostas no seu livro Do espiritual em arte aplicadas contra

o Suprematismo e sobre os conceitos construtivistas da “cultura dos materiais”.

Esse programa tornou-se o protótipo para partes do curso da Bauhaus alemã, para onde Kandinsky e Gabo

migraram quando o projeto foi reorganizado com a ênfase sobre as técnicas de produção e não no projeto

artístico (as análises metafísicas da cor e da forma de Kandinsky caíram em descrédito e foram proscritas assim

como a pintura e a escultura livre).

SUPREMATISMO X PRINCÍPIOS CONSTRUTIVISTAS

Houve ainda batalhas ideológicas entre os adeptos do Suprematismo e os fiéis aos princípios construtivistas

(principalmente entre Malevich e Rodchenko). Mas em 1921, com a nova política econômica de Lênin (NEP), o

Construtivismo passou a ser seriamente questionado e o poder e a influência dos artistas que ficaram foi

declinando.

Os artistas da antiga academia de artes de Moscou, que foi suprimida com a revolução, conseguiram convencer

as autoridades que, como ilustradores e pintores realistas-socialistas, tinham um papel a desenvolver na

construção da nova sociedade.

-9-
Naum Gabo Monumento do Bijenkorf (1954-7) em Rotterdam

6 O conceito de construtivismo
CONSTRUTIVISMO
• O Construtivismo repudia o conceito de gênio - intuição, inspiração e autoexpressão.
• É didático, dirigia-se mais para a fisiologia que para a psicologia, tem intimidade com a ciência e a
tecnologia, é concreto.
• A ideia construtiva não pretende unir arte e ciência, explorar as condições do mundo físico, mas captar
sua verdade.
Principais artistas construtivistas russos:

- 10 -
7 Suprematismo
O Suprematismo praticamente se resume à atuação de um só homem.

O movimento surgiu na Rússia por volta de 1913. A intenção de Malevich era expressar “a cultura metálica do

nosso tempo”; não por imitação, mas por criação. Ele desdenhava a iconografia tradicional da arte

representacional.

Figura 2 - Kasimir Malevich

Kasimir Malevich

A arte destina-se a ser inútil e o artista devia ser livre.

Kasimir Malevich

- 11 -
Ele nunca concordou com a doutrina de que a arte devia servir a um propósito utilitário, orientada para a

máquina, para as ideologias sociais e políticas. Logo divergiu dos colegas construtivistas.

Opôs-se à subserviência do artista ao estado, da mesma forma que rejeitou a obediência às aparências naturais.

Repudiou também a ligação entre o artista e o engenheiro.

A ideia que ganhou raízes na Europa nas primeiras décadas do século XX e foi ampliada pelas necessidades da

Revolução Russa.

8 De Stijl
O movimento De Stijl ou neoplástico durou de 1917 a 1931 e pode ser caracterizado pelo trabalho de três

homens:

Este último juntou-se depois ao grupo original de nove artistas, substituindo Bart van der Leck, um ano após a

fundação do movimento.

O movimento nasceu com a fusão de dois modos de pensamento afins.

Primeiro a filosofia neoplatônica do matemático Dr. Shoenmaekers, que formulou os princípios plásticos e

filosóficos do movimento. Seu livro A nova imagem do mundo trazia a base para a utilização apenas das linhas

ortogonais horizontais e verticais:


• “os dois contrários fundamentais completos que dão forma à Terra são a linha horizontal de energia, isto
é, o curso da Terra em redor do Sol, e o movimento vertical, profundamente espacial, dos raios que se
originam no centro do Sol...”.
E também justificava a utilização de apenas cores primárias pelo movimento:
• “As três cores principais são essencialmente o amarelo, o azul e o vermelho. São as únicas cores
existentes...” e ainda: “O amarelo irradia, o azul recua e o vermelho flutua”.
O segundo modelo de pensamento formador foi a arquitetura de Frank Lloyd Wright, que enfatizou a linha

horizontal, em contraste com a qual:

• “polegadas de altura adquirem tremenda força”.

- 12 -
• “polegadas de altura adquirem tremenda força”.
Também evocou um mundo totalmente homogêneo feito pelo homem:
• “É inteiramente impossível considerar o edifício uma coisa e seu mobiliário uma outra coisa...” e, “Assim,
fazer de um lugar de moradia uma completa obra de arte em si mesma, tão bela e expressiva e mais
intimamente relacionada com a vida do que qualquer escultura ou pintura”...
Eis a moderna oportunidade americana.

9 O desenvolvimento do neoplasticismo

Seu desenvolvimento estético e programático pode ser decomposto em três fases:

Foi Mondrian quem forjou o envolvimento entre as ideias do matemático Shoenmaekers, seu amigo, e o

movimento incipiente.

- 13 -
10 Principios gerais do neoplasticismo
Na arquitetura foram reconhecidos: arranjo assimétrico e dinâmico de elementos articulados; a explosão

espacial, tanto quanto possível, de todos os ângulos internos; o uso de áreas retangulares coloridas em baixo-

relevo para estruturar e modular espaços internos; e a adoção de cores primárias para fins de acentuação,

articulação, recessão etc.

Figura 3 - Casa de Schrölder

Casa de Schrölder

A casa Schröder, construída em 1924 em um planalto suburbano, foi a obra-prima do estilo e é um fruto dos 16

Pontos de uma Arquitetura Plástica de Van Doesberg.

- 14 -
As formas e cores usadas pelo Neoplasticismo continuam influentes hoje. Essa cadeira objetivou o melhor

aproveitamento da madeira e a consequente redução de custos, de modo que pudesse ser acessível a todos.

11 Neoplasticismo na década de 1930

- 15 -
Em 1930, o ideal neoplástico de um mundo de harmonia universal tinha sido corroído, em primeiro lugar, por

incoerências polêmicas e controvérsias internas e, mais tarde, pelo impacto da pressão cultural externa. Com

isso ficou reduzido ao seu ponto de partida; às suas origens no domínio da pintura abstrata, nos domínios da

arte concreta de Doesburg. Em seu “Manifesto sobre a Arte Concreta”, diz: ”se os meios de expressão estão

liberados de toda particularidade, estão em harmonia com o fim último da arte, que é realizar uma linguagem

universal”. Ele morreu em 1931 e do grupo original, somente Mondrian permaneceu ativo, para continuar

demonstrando sozinho, no domínio da pintura, o tenso equilíbrio de sua visão singular de extraordinária

riqueza. Este artista se tornou um marco de referência básica da arte abstrata formal.

Principais artistas neoplásticos

Todos esses movimentos de caráter construtivo estão na base do desenvolvimento de um tipo de arte conhecida

como abstrata geométrica, que surgiu, principalmente na pintura, a partir da década de 1930 e tem

desenvolvimentos importantes na arte de hoje.

O que vem na próxima aula


Na aula seguinte você será apresentado ao Expressionismo Abstrato que dominou o cenário artístico dos anos de

1940, até ir perdendo sua força com o surgimento de uma das novas correntes da arte contemporânea: a Pop

Art.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Conheceu o desenvolvimento dos principais movimentos de caráter construtivista e sua importância
para o desenvolvimento da arte.

- 16 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

EXPRESSIONISMO E NOVAS TENDÊNCIAS

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Descrever os conceitos de Expressionismo abstrato (desenvolver a percepção estética de produtos visuais) e

de arte pop.

2. Reconhecer grandes artistas do Expressionismo abstrato e da arte pop (receber noções de história da arte).

3. Identificar novas tendências em pintura e arte experimental internacional (atualizar-se em estética moderna e

contemporânea).

Como vimos na aula 4, o conceito de expressionismo surgiu no início do século XX, quando surgiram na

Alemanha os grupos expressionistas (A Ponte e O Cavaleiro Azul) que baseavam seus trabalhos nas inovações

propostas pelos pós impressionistas (do século XIX) como Van Gogh e Munch. Já o EXPRESSIONISMO ABSTRATO

(ou ACTION PAINTING) foi um movimento acontecido Nos EUA, depois da Segunda Guerra.

Fonte: // www.youtube.com/watch?v=gmC_Dr2l9Ee.

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

Após a Segunda Guerra Mundial, como vimos, os Estados Unidos assumiram a posição central no cenário

artístico, com um mercado emergente e com a afirmação do Expressionismo abstrato.

Por esse período pareceu que a abstração, como defendia a teoria do crítico norte-americano Clement

Greenberg, se apresentava como uma conclusão lógica de todo o modernismo.

Segundo esse crítico, desde o surgimento da fotografia cada arte se direcionara para os problemas de suas

próprias condições. Assim, a pintura, a partir de Manet, caminhava para afirmar sua planaridade - assim como a

escultura sua espacialidade, seguindo inevitavelmente para a abstração, após deixar a tarefa de representação

para a fotografia.

Artistas de destaque
• Jackson Pollock (1912-1956),
• Willem De Kooning (1904-1997),
• Clyfford Still (1904-1980),
• Barnett Newman (1905-1970) e
• Mark Rothko (1903-1970)
São os mais estudados, mas muitos outros artistas são hoje habitualmente incluídos nos estudos do grupo, como
• Bradley Walker Tomlin (1899-1953),

• Adolph Gottlieb (1903-1974),

-2-
• Adolph Gottlieb (1903-1974),
• Robert Motherwell (1915-1991),
• Franz Kline (1910-1962) e
• Philip Guston (1913-1980).
Conceituado pelos críticos de arte como “pintura tipo americano”, “action painting” ou “gesture painting”.

(pintura de ação ou pintura gestual)

Aplicação da noção de automatismo (que compatibilizava várias fontes de influência diversas, indo desde o

último cubismo de Picasso ao surrealismo de Miró (entre outras) sobre o espaço pictórico.

Atração pela concepção junguiana (Carl Jung, psicanalista alemão contemporâneo de Freud e inicialmente seu

discípulo), mais do que para a concepção freudiana de imagens “inconscientes”, “subconscientes” ou “pré-

conscientes”, conciliada com um interesse por técnicas de espontaneidade, envolvidos na produção de

“arquétipos”, com a mitologia arcaica, a antropologia romântica e a arte primitiva.

Abandono da tela no cavalete ou da parede, colocando uma tela muito maior no chão – mudança essa que foi

motivada por considerações práticas e ideológicas, como a necessidade de “mais espaço” físico e de participação

política do artista.

2 Técnicas da arte expressionista abstrata


Pintura de caráter violento, com resultado denso na cor e na textura, com pesquisa da pintura considerando os

quatro cantos da tela. Tal pesquisa se originou na superfície da tela e na origem do movimento que o pincel tinha

de traçar nela, isto é (por essa data), o ombro do pintor.

A adoção da técnica de tinta respingada e jogada, e de pincéis completamente secos, varetas e colheres de

pedreiro como ferramentas, com o pintor mantendo uma posição relativamente vertical, distanciada do chão e

da tela, por parte de Jackson Pollock.

O ponto de equilíbrio para esse pintor expressionista, a partir de então, passou a ser os quadris, e não, como

antes, os ombros. O ritmo natural tornou-se inevitavelmente mais expansivo, envolveu movimentos mais amplos

e mais demorados da mão que controla a aplicação da tinta.

A noção de “ação no caos” impregna a ideologia abstrato-expressionista, com vívidas pinturas a óleo e pastel com

motivos mais orgânicos e largamente “genéticos”, sistematicamente mais “generalizados” e mais “arquetípicos”

na forma, mais extremos em sua não figuração e mais expressivos e individuais na cor, baseando-se em formas

agrupadas em fortes campos estruturados e associativos.

-3-
3 Definição do expressionismo abstrato
Definição do Expressionismo abstrato:

Movimento de pintura norte-americana afirmado no final da década de 1940, em Nova York, influenciado pelos

primeiros desenvolvimentos da arte europeia do século XX, como o Cubismo e o Surrealismo, consistindo em

uma das mais extraordinárias conjunções de radicalismo técnico (“action painting” e automatismo na pintura) e

de radicalismo ideológico, que marcaram um momento de verdadeira revolução na história da arte.

Todos os artistas mais tarde rotulados de expressionistas abstratos partilhavam a necessidade de se

expressarem pelo ato imediato e espontâneo de pintar.

O mais reconhecido pintor desse período, Jackson Pollock, afirmava que não queria ilustrar sentimentos, mas

sim expressá-los, de modo espontâneo e imediato, sem uma técnica ofuscante, o que faz lembrar Van Gogh, que

também queria “esquecer” a técnica e fazer com que “as pessoas se amontoassem e jurassem por tudo o que é

mais sagrado que não temos técnica”. As pinturas de Pollock, em que confluem acaso e princípio, não são

projetos, mas sim manifestações de vida.

-4-
4 Interpretação histórica do Expressionismo Abstrato
Se o figurativismo e a representação tornaram-se antíteses da vanguarda modernista nas artes visuais, o

Expressionismo abstrato ou formalismo foi apregoado por Clement Greenberg como representando o “triunfo da

arte americana”.

Após 1945, Greenberg elaborou uma teoria da prática modernista na defesa de um grupo de artistas de Nova

York nos anos de 1940 e 1950, a qual foi denominada “Escola de Nova York”, que incluía, particularmente,

Pollock, Rothko, Newman e De Konning. O chamado “triunfo” da arte americana refere-se ao fato de Greenberg

considerar a arte que estava sendo produzida nos Estados Unidos superior àquela realizada na Europa no

mesmo período, indicando a supremacia econômica e política norte-americana após a Segunda Guerra Mundial.

Tal “triunfo” estético da arte americana na Europa se manifestou, em 1958 e 1959, com a exibição, em oito

capitais europeias, da mostra “Nova Pintura Americana”, organizada pelo Museu de Arte Moderna americano

(MoMA), com curadoria de Clement Greenberg.

Durante boa parte da década de 1940, De Kooning e Pollock pareciam ter sido, entre os expressionistas

abstratos, as figuras em torno das quais a maioria dos críticos e dos artistas mais jovens se orientou. A geração

de De Kooning e Pollock incorporou, em sua linguagem visual, o emprego de uma palheta agressiva, conjugando

aos traços geométricos e aleatórios da “pintura automática” um empaste pesado e grosseiro de pigmentos

superpostos.

-5-
O “modo de pintar” americano podia ser definido como aquele que rompeu definitivamente com a pintura de

cavalete e elegeu como suporte a parede ou o chão, levando o artista a estar literalmente “na” ou dentro dos

quatro lados da pintura. Assemelhando-se ao método empregado por pintores de areia – principalmente pelos

índios Navajo do oeste norte-americano –, tal pintura se afastou de seus instrumentos habituais e exclusivos

como o cavalete, a palheta, os pincéis, e se aproximou do emprego de novos pigmentos, como o pesado empaste

feito de areia, vidro moído e cinza vulcânica.

Jackson Pollock parece ter se entusiasmado pela arte de matizes vivos dos índios americanos e pela sua pintura-

escrita, depois pela expressividade monumental dos muralistas e revolucionários mexicanos Rivera, Orozco e

Siqueiros.

5 Fatores políticos e econômicos do expressionismo


abstrato

Ocasionando um imenso descrédito dos artistas em relação aos ideais utópicos de que
Eclosão da 2º
partilhava a arte revolucionária da primeira metade do século XX.
guerra mundial
Em consequência, a liberdade da prática artística tornou-se a principal doutrina.

Estabelecimento Pela evolução dos métodos de impressão e de reprodução, o que passou a permitir a

do consumo de produção de obras de arte em série, com museus e exposições tendo passado a atrair

arte um público maior, nos países mais avançados.

-6-
Baseado no consumo artístico, em nível elevado, por parte de colecionadores,

Criação de um conhecedores e aficionados de arte moderna, ao lado de encomendas de obras de arte

mercado de arte por parte de governos, Igrejas e comunidades e de bancos e empresas que se

aperceberam dos potenciais da arte como veículo promotor de imagens.

Afirmação de Que se contrapunha à arte europeia até então preponderante, com a afirmação de

uma nova arte Nova York como capital da arte moderna e contemporânea, a partir de 1940-1950, e

americana do grupo de expressionistas abstratos como expoentes da arte contemporânea.

Richard Hamilton

“O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?” de 1956.

O trabalho de Hamilton é a primeira obra genuinamente pop realizada na Grã-Bretanha.

-7-
6 Contexto histórico e antecedentes da pop art
A arte pop colocou em questão a importância crescente no período pós-Guerra dos meios de comunicação de

massa e sua influência nas categorias mais elevadas da cultura ocidental, que pareciam questionar as distinções

culturais tradicionais (entre “alta” e “baixa” cultura, entre elitista e democrático, único e múltiplo) que

pareceram subitamente superados por uma nova estética.

Esses artistas pop usaram anúncios em contextos diferentes do habitual, por perceberem que o acesso do

público à cultura visual não se dava pelos museus e pelas galerias, mas por meio das revistas.

O crítico britânico Lawrence Alloway defendia que uma área de cultura visual nova estava mudando o mundo

moderno e desafiava as hierarquias tradicionais da expressão artística. As artes visuais precisavam então

responder aos gostos do público ou se tornariam irrelevantes. A mudança tecnológica moldava diretamente a

sensibilidade visual moderna. Surgia uma estética do descartável, baseada no interesse em estimular o consumo

por meio da mudança estilística e da obsolescência planejada. A arte moderna ligava-se então a complexas

possibilidades de expressão visual.

Depois de anos de racionamento (durante a Guerra e prolongada por muitos anos em diversos países)o apelo

dos novos produtos, suas promessas de abundância e facilidades, pareciam exóticos e atraentes, principalmente

para os jovens artistas e críticos.

-8-
Assim, o ambiente da cultura popular e dos meios de comunicação, antes negligenciados pela principal corrente

da arte modernista, representada até então principalmente pelo Expressionismo abstrato, se tornou fonte para a

arte.

7 O pop art na Inglaterra


Os principais artistas e críticos pop britânicos participaram de um grupo ligado ao Institute of Contemporary Art,

o Independent Group. Lá essa arte foi teorizada e discutida desde seus primórdios.

Além do já citado Richard Hamilton - “O que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes”,

destacaram-se Peter Blake, cujas pinturas revelam uma certa nostalgia (que acompanha a sociedade pop, que

descarta rapidamente suas próprias imagens). Ele desenhou capas de discos para bandas como The Beatles.

David Hockney mostra a mitificação europeia dos Estados Unidos como local de liberdade. Outros artistas

importantes são Peter Phillips, R. B. Kitaj e Allen Jones (entre outros). De um modo geral, criam hinos românticos

a uma civilização meio real e meio imaginada, um paraíso de pin-ups e máquinas caça-níqueis.

Blake fez a capa de “Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band”, de 1967, e Hamilton a de “Branco”.

8 Principais artistas nos EUA


Andy Warhol é considerado o verdadeiro repórter visual da era da televisão, com suas temáticas banais e seu

distanciamento frio e aparentemente implacável com que retratou, com base fotográfica, figuras da alta

sociedade e produtos de consumo cotidiano do cidadão comum utilizando uma linguagem quase publicitária,

conferindo à sua obra um caráter de retratista da era capitalista.

-9-
Figura 1 - Andy Warhol - à direita

- 10 -
Artistas pop nos Estados Unidos
• Andy Warhol
• Roy Lichtenstein
• George Segal
• Allen Jones
• Tom Wesselmann
• Larry Rivers
• Jim Dime
• Claes Oldenburg
• Robert Indiana
• Robert Rosenquist

Trabalho de Roy Lichtenstein

Pinta ampliações de coisas em uma linguagem tomada das histórias em quadrinhos. Reproduz meticulosamente

as retículas do processo de impressão. Faz ver pela primeira vez as rígidas convenções do estilo quadrinhos.

- 11 -
Andy Warhol elimina totalmente a ideia de arte manual. “A razão por que estou pintando assim é porque quero

ser uma máquina. Tudo o que eu faço, e faço como máquina, é porque é isso que eu quero fazer. Penso que seria

estupendo se todo mundo fosse igual.” Apresentava um exame minucioso do banal, em uma linguagem de

estereótipos. Transferia para tela imagens fotográficas por meio de estênceis. Segundo Eduard Lucy Smith,

“olhamos como se fosse pela primeira vez coisas que nos são familiares, mas que foram separadas de seus

contextos correntes, e refletimos sobre os significados da existência contemporânea”. Realizou filmes que criam

pelo exame do banal uma identificação fria.

Andy Warhol, “Lata Grande de Sopa Campbell, Rasgada”, 1962, acrílico sobre tela,183 x 137 cm.

Considerado o “pai da arte em vídeo”, suas capacidades técnicas em eletrônica e seu conhecimento sobre a

produção de imagens televisivas abstratas levaram-no a produzir uma arte que incomodou e chocou, ao mesmo

tempo incorporando os princípios da arte conceitual, da performance e da arte em vídeo, em suas obras.

- 12 -
Nam June Paik, “Voltaire”, 1989, escultura em vídeo, 300 x 200 x 55 cm. Galerie Beaubourg, Paris.

9 Reflexos da pop art no Brasil


Os artistas pop norte-americanos (a pop art tornou-se internacional, chegou inclusive a haver uma arte pop no

Japão) tinham uso mais frio no sequestro e na manipulação de imagens do que o modo como alguns artistas

brasileiros trabalhavam. A “frieza modular” (usada pelas repetições de Warhol e também pelos artistas

minimalistas) não foi muito utilizada aqui. Mas artistas como Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Cláudio Tozzi,

Rubens Gerchman, Maurício Nogueira Lima e Antônio Dias, entre outros, investiram em uma aproximação

“barroca”, quente, do cotidiano das metrópoles (incluindo por vezes alegorias de sua situação política).

- 13 -
Trabalho de Nelson Leirner

O que vem na próxima aula


Na próxima aula você verá o desenvolvimento da arte no Brasil desde o período pós-Guerra até a atualidade.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Acompanhou o desenvolvimento do Expressionismo abstrato e a persistência da pintura expressionista
até a contemporaneidade, ao lado da Pop Art e da análise de manifestações artísticas específicas.

- 14 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

EXPERIMENTALISMO NA ARTE BRASILEIRA:


DA ARTE NACIONAL PARA A ARTE
INTERNACIONAL

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1. Identificar o desenvolvimento da arte moderna e contemporânea no Brasil (receber noções de história da

arte).

2. Definir o conceito de experimentalismo na arte brasileira.

3. Identificar grandes artistas do Modernismo e do Neoconcretismo (receber noções de história da arte).

4. Reconhecer as novas tendências artísticas (atualizar-se em estética moderna e contemporânea).

Animação publicada no Youtube pelo grupo Veritas.

Fonte: // www.youtube.com/watch?v=fT-RTteXFd0

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

A ideia de constituição de uma arte brasileira, que captasse e refletisse o ambiente local, começou com o

romantismo acadêmico da primeira metade do século XIX e manifestou-se nas artes visuais, por meio da

produção dos artistas ligados à Academia Imperial de Belas-Artes. Contudo, como vimos anteriormente na aula

05, esses artistas reproduziram uma imagem idealizada do Brasil que ignorava as marcas do passado colonial e

os estigmas da escravização de indígenas e africanos pelos portugueses. Somente a partir da virada do século

XX é que um grupo de produtores artísticos se insurgiu contra os interesses ideológicos e políticos do poder

imperial. Esses artistas passaram a não mais idealizar a história e o Estado para criar uma arte nacional, a partir

da estética naturalista que falava da luz, das cores, da flora e da topografia próprias do país.

Após um hiato durante o período de Proclamação e estabelecimento da República, quando a arte brasileira, com

poucas exceções, praticamente se limitou à produção acadêmica.

Por essa época, o objeto antigo possuía um estatuto particular que o fazia existir na forma de um retrato de

família. Dentro dessa concepção dominante no pensamento da época, os objetos antigos simbolizavam uma

legitimação estética e uma afirmação cultural. No interior do campo artístico brasileiro isso era representado

pelas belas-artes, às quais se contrapôs o conceito de modernismo impresso nas artes visuais a partir da década

de 1920. Esse novo conceito começou a ser afirmado com toda a pujança na década de 1930 pelo Estado Novo.

Contudo, esse novo pensamento confrontou-se com as estruturas antigas e enfrentou muitas resistências.

-2-
Havia uma marcante oposição entre belas-artes e modernismo, reflexo de uma escola de arte em “moldes

imperiais”, montada para formar artistas acadêmicos (que dominassem as tendências neoclássicas) e um

modernismo incipiente, após a tomada de posição que representou a Semana de 22.

Figura 1 - Da esquerda para a direita: Cândido Portinari, Antônio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo
Franco. Palace Hotel, Rio de Janeiro, 1936

Da esquerda para a direita: Cândido Portinari, Antônio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco. Palace

Hotel, Rio de Janeiro, 1936

Modernismo dominava - com escândalos formais, como o Cubismo - o cenário artístico e o debate crítico

internacional do qual o Brasil ficava excluído. Um dos intelectuais modernistas que percebiam essa defasagem

de informação - sobre arte e crítica - no período do país, tornou-se um dos mais atuantes no campo social: Mário

de Andrade. Ele exerceu um verdadeiro apostolado cultural durante o Estado Novo, com a defesa do patrimônio

histórico e artístico e da criação do Serviço do Patrimônio Artístico Nacional (SPAN), que tomou forma através

de um decreto-lei assinado por Rodrigo de Mello Franco, em 1937.

-3-
2 A arte nacional

A criação do SPAN - hoje SPHAN – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - representou um esforço

no sentido da restauração de nossas tradições, no mesmo momento em que se construía um sentido moderno de

nação. Procurava, através da cultura, inculcar na população um sentido de patriotismo, lealdade e dever. Para

Mário de Andrade, a tradição não se podia importar, mas cultura importava-se, ressalvando que se devia

importar aqueles elementos em que a cultura estrangeira não fosse estragar a cultura nacional, e sim, ajudar no

seu desenvolvimento estratégico. Inspirando-se no ensaio de Walter Benjamin, de 1936, sobre a

reprodutibilidade técnica do trabalho artístico, Mário de Andrade foi defensor da “dearistocratização” da obra-

prima, reivindicando um novo papel social para os museus brasileiros.

A função didática dos museus foi enfatizada por sua visão. Esses passaram a ser apresentados como locais em

que não se ensinava mais somente a repetir o passado, mas sim a tirar proveito dele para criar uma cultura

-4-
dinâmica, que lograsse contribuir no sentido do progresso social. Os museus de belas-artes simbolizavam, então

como agora, um passadismo com seus espaços recobertos de quadros verdadeiros, realizados em sua maioria

por pintores medíocres.

Mario de Andrade propôs substituir esses museus antiquados – entre os quais se incluía a Pinacoteca da Escola

Nacional de Belas-Artes – por museus populares, compostos por econômicas reproduções feitas por meios

mecânicos. Denominando tais museus populares como “Museus claros. Museus francos. Museus leais” que

pudessem oferecer ao público visitas guiadas, conferências, concursos e revistas de críticas de arte que

possibilitassem a atualização artística do país.

Como foi dito, a arte nacional era composta, no final do século XIX e primeira metade do século XX, por

manifestações artísticas inerentes aos poderes públicos, ou ainda por artistas de mérito apenas nacional. Para

fazer jus a esse mérito, ao artista era requerido que passasse necessariamente pelo crivo do Estado, ou seja,

tinha ele de ser premiado em exposições públicas organizadas pelos poderes públicos ou de ter conquistado o

título por votação majoritária do Conselho Consultivo do Serviço do Patrimônio Artístico Nacional.

Ao avaliar o estado de conservação das instituições museológicas em seu projeto de organização do Serviço do

Patrimônio Artístico Nacional, bem como ao buscar inserir um caráter eminentemente didático aos museus, o

modernista Mário de Andrade deparou-se com a cultura oficial do país.

-5-
Tal cultura era aquela já referida, representada pela produção artística acadêmica e neoclássica dos artistas

influenciados pela Academia Imperial de Belas-Artes, os quais constituíam a maioria dos nossos produtores

culturais.

Como os modernistas se consideravam como redescobridores do Brasil, a expressão pictórica da mitologia e da

cultura indígena representou um dos temas caros ao Modernismo brasileiro, retomando o mesmo índio que já

havia sido idealizado pelo romantismo nacional e que predomina no país quando o Modernismo se consolidava

na Europa.

Um exemplo foi Macunaíma, romance de Mário de Andrade, de 1928, que abordou lendas da região amazônica,

reinterpretadas por um anti-herói sem nenhum caráter.

-6-
Logo, esse índio apropriado pelo Modernismo dos anos de 1920, embora em nova abordagem, deu continuidade

à tradição do indígena como símbolo romântico do século XIX, onde ele aparecia retratado no escudo

monárquico do primeiro e segundo reinados.

O Brasil tem sido visto, pelos romancistas do século XIX e pelos escritores contemporâneos, como uma fusão dos

povos indígenas com o elemento europeu, ocasionando o surgimento de uma nova entidade denominada o

brasileiro. O que foi enfatizado nessas obras artísticas, desde o século XIX, consistiu exatamente na miscigenação

como definição da nacionalidade brasileira.

Enquanto na Europa o Modernismo do Dada representou o abandono de qualquer referência aos estilos

históricos – o Dadaísmo chegou mesmo a abolir a separação entre vida e obra através dos ready-mades de

Marcel Duchamp (questão presente na arte atual) – no Brasil ele foi simbolizado pela difusão do nosso mais

autêntico revival. O neocolonial, o Barroco mineiro, os azulejos mouriscos, as telhas canal e as esculturas de

Aleijadinho foram resgatados como expressões da verdadeira cultura e civilização, considerando que essas

tendências haviam sido subvalorizadas ou mesmo reprimidas durante o período imperial (que adotara o

neoclássico como todas as monarquias). A tendência modernizante considerou que essa cultura deveria ser

preservada como valioso patrimônio artístico nacional.

A questão da implantação de uma arte moderna no Brasil – a qual devia estar totalmente comprometida com a

autonomia da arte, independente de quaisquer outros fatores ideológicos – esbarrou, desde o início, com a

necessidade de tematização da realidade física e social do país como forma de afirmação da própria identidade

nacional, a qual havia sido renegada pelos brasileiros devido ao seu passado colonial e escravagista.

-7-
Movimentos artísticos do século XX, como a antropofagia modernista dos anos de 1920 e o Tropicalismo do final

dos anos de 1960, abordaram criticamente a questão nacional refletida pela mestiçagem. O canibalismo cultural

modernista buscou uma síntese entre a nossa cultura regional e a cultura de vanguarda europeia, invocando a

necessidade de uma devoração antropofágica da tecnologia e da informação dos países superdesenvolvidos, com

o objetivo de evitar a dominação cultural brasileira.

Para Mário de Andrade e Oswald de Andrade, assim como os tupinambás devoravam seus inimigos para se

apropriar de sua força espiritual, os artistas e intelectuais nacionais deviam digerir os produtos culturais

importados e explorá-los como material bruto para uma nova síntese, vomitando a cultura importada de volta,

retransformada para o “colonizador”. O problema crucial do Modernismo era, então, o de integrar a realidade

física e humana nacional às linguagens de vanguarda europeias. Tarsila do Amaral logrou alcançar a tão

apregoada “síntese” oswaldiana entre o regionalismo “primitivo” do indígena nacional com o internacionalismo

“tecnológico” do europeu estrangeiro, ao criar imagens bem acabadas de inspiração cubista e expressionista,

com claras referências surrealistas.

Figura 2 - Mário de Andrade

-8-
Figura 3 - Oswald de Andrade

O canibalismo modernista lançou mão do matriarcado e do comunitarismo do índio como idealização da

liberdade do selvagem. O nativo havia sido descrito por diversos autores do período como não tendo nenhuma

repressão, polícia, doença nervosa, vergonha de sua nudez, luta de classes nem escravidão.

Figura 4 - Tarsila do Amaral, Abaporu, 1928, óleo sobre tela, 85 x 73 cm.

Tarsila do Amaral, Abaporu, 1928, óleo sobre tela, 85 x 73 cm.

Nas artes visuais, o quadro Abaporu, da “fase pau-brasil”, de Tarsila do Amaral (1886-1973) – pintado em 1928

sob influência direta das concepções racionais e objetivas do cubismo de Fernand Léger (1881-1995), com quem

-9-
a artista brasileira estudara em Paris, do surrealismo de René Magritte (1898-1967) ou dos grandes nus

expressionistas de Picasso dos anos de 1920 –, representou a preocupação artística na construção da

modernidade na arte brasileira.

Mas como era essa ideia da qual o Modernismo brasileiro se utilizou?

A imagem positiva do índio, na literatura do século XIX, expressou, igualmente, a marcante desigualdade entre os

dois pólos, identificados em um único conceito ideal de aristocracia: a população indígena e a elite imperial de

origem europeia.

Mas essa cultura da monarquia (século XIX) procurou evitar a questão social da escravidão e dos negros no

Brasil, mascarando o conflito entre europeus e nativos, através dessa romantização indianista.

A elite brasileira do período preferiu abordar o indígena distante, miticamente conotado e percebido como uma

metáfora da sua diferença do português (rejeitado), como uma estratégia da afirmação da sua própria

nacionalidade, do que enfocar a rebelião dos africanos contra a dolorosa (e já então vergonhosa) escravização.

O cinema novo dos anos de 1960 tratou de temas como o indianismo por uma ótica tropicalista, fundindo o

nacionalismo político com o internacionalismo estético. A antropofagia foi reciclada pelos cinemas-novistas,

implicando uma transcendência maniqueísta entre o autêntico cinema brasileiro e a alienação holywoodiana.

Inspirando-se em uma postura que contrapunha o folclórico e o industrial, o nativo e o estrangeiro, cineastas

como Gláuber Rocha e Rogério Sganzerla criaram uma estratégia de resistência, baseada em uma estética do lixo

de baixo custo.

- 10 -
O filme Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, reinterpretou o romance de Mário de Andrade do ponto de

vista tropicalista, como uma falta de caráter nacional desse herói sem nenhum caráter, mesclando a tradição da

arte de elite com a cultura de massa para criticar o regime militarista repressivo e o modelo capitalista

predatório do milagre brasileiro, vigente na década de 1970.

Já o filme Terra em Transe, de Gláuber Rocha, fala em 1967 de uma alegoria sobre a política brasileira,

reinventando satiricamente a chegada de Pedro Álvares Cabral, o Colombo brasileiro, nas praias da Bahia, em

1500.

Cartaz de divulgação do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Gláuber Rocha.

Outro fato demarcador da modernidade nas belas-artes, durante o Estado Novo, refere-se à realização do Salão

de 1931. O Salão de 31 foi um marco do Modernismo no Rio de Janeiro. Representou uma das inovações

implantadas durante o governo de Getúlio Vargas na área das artes plásticas, através da nomeação de Lúcio

Costa para dirigir a escola, com o objetivo de reformular o ensino artístico (que, como vimos, teve sua base na

implementação do ensino acadêmico). Ao assumir seu cargo como diretor, o jovem arquiteto de 28 anos

pretendeu proporcionar, aos alunos, uma opção entre o ensino acadêmico e o ensino atualizado, ministrado por

professores de espírito moderno.

- 11 -
Em setembro de 1931, Costa organizou na Escola Nacional de Belas-Artes uma exposição, que simbolizava a

atividade do poder do Estado em relação às artes visuais da década de 1930. Nos salões anteriores, as

manifestações artísticas de cunho moderno haviam sido sempre recusadas, devido aos moldes acadêmicos

impostos pela Academia Imperial de Belas-Artes.

O intenso clima de tensão entre modernistas e acadêmicos, gerado pela realização do Salão de 31, pôde revelar

muito sobre o olhar moderno no Brasil, representando a época áurea de centralização do poder das artes

plásticas. O poder tradicionalista da Escola de Belas-Artes, reduto oficial dos acadêmicos desde a criação da

Academia Imperial, acabou preponderando com a demissão de Lúcio Costa da direção dessa escola de arte.

Ao se observar as relações sociais da elite produtora e consumidora de arte brasileira no século XIX e nos anos

de 1920, pode-se perceber a questão da identidade nacional nas artes visuais como a afirmação do nacionalismo

como política de Estado, marcando o surgimento de instituições e normas de controle dos espaços e das pessoas,

características do Estado Novo. Ocorreu no Brasil moderno a persistência de uma concepção aristocrática de

cultura advinda do Império, em que ideias e crenças originais foram consideradas, por definição, produto das

classes superiores.

Sua difusão entre as classes inferiores era encarada como uma deterioração ou deformação sofrida durante o

processo de transmissão. Nesse sentido, a cultura popular era vista negativamente, como uma cultura não oficial,

- 12 -
como a cultura da não elite ou das classes subalternas. A concepção aristocrática de cultura poderia ser definida

como o poder civilizador da arte, um pulo da natureza para a cultura, do animal para o humano. Esse processo de

civilização ou promoção ontológica afirma-se, no entanto, somente com uma natureza contrastante: tudo que é

“popular, baixo, vulgar e comum”. Contudo podendo ser definido por conceitos como nome, renome, prestígio,

honra, glória, autoridade, enfim, por tudo que constituía um poder simbólico como poder reconhecido, sempre

ligado aos distintos representantes da cultura oficial nacional.

Por todas essas decorrências históricas, a arte mais valorizada no Brasil dos anos de 1930 foi aquela que se

preocupava em enfatizar as características locais ou regionais, com artistas baseados em valores realistas ou

naturalistas como Cândido Portinari e Emiliano Di Cavalcanti.

No período, houve também alguns artistas como Ismael Nery, que usou concepções cubistas e surrealistas, ao

lado do Expressionismo, de antecedentes em Anita Malfatti, manifesto em Portinari e Di Cavalcanti, e que ganha

força nas gravuras de Oswaldo Goeldi e nas telas e desenhos de Flávio de Carvalho (primeiro artista a realizar

performances no país). Ainda Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) realiza sua pintura ímpar, que não se

preocupa com a profundidade do espaço, nem se atém às exigências da perspectiva renascentista. Destaca-se

- 13 -
uma forte produção de pintura naif (ingênua), com destaque para a pintura Djanira da Mota e Silva, Heitor dos

Prazeres e Caribé entre outros.

Contudo, somente a partir dos anos de 1950, com a afirmação da arquitetura de Oscar Niemeyer, uma parcela

considerável do público brasileiro passou a estar interessada no ingresso definitivo do país na modernidade do

século XX. As bienais internacionais de São Paulo, a partir de 1951, passaram a colocar o artista local em contato

direto com as produções dos mais relevantes artistas internacionais. Mário Pedrosa afirmou-se como crítico de

arte e mentor intelectual do movimento neoconcreto.

O Neoconcretismo, através da aproximação entre arte e vida e da incorporação da sensualidade das nossas

manifestações artísticas populares – principalmente nas obras de Hélio Oiticica (1937-1980), Lygia Clark (1920-

1988) e Lygia Pape (1927-2004) –, acabou transformando-se na primeira manifestação articulada de

experimentalismo nas nossas artes visuais. Somou-se à expressividade tropicalista que emergiu nos anos

seguintes (1960-1970) como enfrentamento da repressão estética e política causada pela ditadura militar que

assolou o país. O próprio termo “tropicalista” decorreu da influência de uma instalação de Hélio Oiticica

denominada Tropicália, a qual foi montada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, pela primeira vez, em

1967, durante a mostra “Nova Objetividade Brasileira”.

- 14 -
Hélio Oiticica, Instalação de Tropicália, 1967.

3 Tropicália como antiarte e manifestação ambiental


As manifestações ambientais que Oiticica desenvolveu nos anos de 1960-1980 supõem uma visão de mundo

Parangolé, trabalho-síntese de sua obra. Tropicália (1967), Apocalipopótese (1967), Crelazer (1968) e Éden

(1969) lidaram com uma reformulação do conceito de arte. Exploraram vivências que libertavam o indivíduo

não só de uma rigidez estética, mas também de condicionamentos culturais.

Nesse sentido, a Tropicália foi um emblema do questionamento de referências artísticas e culturais por meio da

explosão do óbvio. Trata-se de um “penetrável” circundado por plantas, areia, brita, araras, que tem no final um

aparelho de televisão ligado; aqui “é a imagem que devora o participador, pois ela é mais ativa que o seu criar

sensorial. Aliás, este penetrável deu-me a sensação de estar sendo devorado, é a meu ver a obra mais

antropofágica da arte brasileira”, afirmou o próprio artista, em uma clara intenção de objetivar uma linguagem

brasileira que fizesse frente à imagética pop internacional.

Hélio Oiticica não pretendia, contudo, criar um mito do tropicalismo por meio de araras e bananeiras, como foi

inequivocamente interpretado. A intenção não era a de superar, mas sim a de explicitar as contradições do

processo cultural brasileiro: “Anular a condição colonialista é assumir e deglutir os valores positivos dados por

essa condição, e não evitá-los como se fossem miragem”, porém viver essa ambivalência que era a experiência

radical proposta por Oiticica.

- 15 -
Experimentalismo e desintegração da pintura

Foi o experimentalismo que a produção de Oiticica assumiu no final da década de 1960 que a distinguiu de sua

fase anterior. Seu desenvolvimento até os Núcleos inseriu-se em um processo de desintegração do suporte

tradicional da pintura, no qual a cor desempenhava papel principal.

Modernidade e concepção espacial homogênea

Esse processo lidava com conceitos que se relacionavam ainda com discussões da modernidade. Tratava-se de

uma concepção espacial homogênea, que implicava virtualidades e uma autonomia do campo artístico.

Ruptura com as experiências modernas da cor

A experiência visual da cor, na arte moderna, correspondia a uma expectativa que supunha uma situação

reconfortante, tranquilizadora. Na obra de Oiticica, a participação do “espectador”, restrita à ativação dos

campos de cor, percorria espaços virtuais previstos pelo jogo estético, seguindo ainda preceitos modernistas.

Nas séries dos “Bólides”, “Penetráveis” e “Parangolés”, Oiticica operou uma ruptura que o situava em um cenário

de questões mais contemporâneas. A cor passou a relacionar-se com sensações corporais e emoções que

supunham, muitas vezes, uma vivência desestabilizadora, pois questionava certezas e posturas racionais. A

esfera estética tradicional era aqui claramente esgarçada em um espaço descontínuo e heterogêneo, fruto de

experiências nem sempre previsíveis, uma vez que os trabalhos eram “receptáculos abertos às significações”.

Busca incondicional da liberdade

- 16 -
Estetizar o espaço e a experiência cotidiana implicava “desestetizar” o domínio artístico, e foi por meio dessa

busca experimental que Oiticica afirmou sua opção incondicional pela liberdade.

Três elementos estéticos devem ser destacados na instalação de Tropicália.

Apropriação

Apropriação, a partir do conceito de “ready-made” de Marcel Duchamp, 1917.

Os trabalhos de Hélio Oiticica tornaram evidente uma outra matriz da arte moderna, que teve importância

decisiva na nova fase do artista.

A apropriação de objetos apresenta uma relação direta com o ready-made de Duchamp. Contudo, as

apropriações de Oiticica têm um caráter mais amplo: não visam somente a descontextualização do objeto, mas,

sobretudo, a incorporação de sua estrutura a uma ideia estética. Ocorre uma fusão que impossibilita a separação

entre o objeto preexistente e a obra. Eles não são escolhidos ao acaso, nem são eleitos pelo que simbolizam.

“Transobjetos” ou “estruturas de inspeção”, os “Bólides” assinalam a importância do conceitual na participação

que define a proposição/obra.

Antiarte

Antiarte, conceito de “obra transitória ou efêmera”, baseada na incorporação de posturas do cotidiano.

Essa atitude é a referência fundamental para a constituição da antiarte: amplia o sentido de apropriação para as

coisas do mundo, situações cotidianas que, realçadas pelo artista, questionam a concepção de exposição, galeria

e museu, ou seja, o próprio sistema legitimador da arte.

Ambiente ou arte ambiental

- 17 -
Ambiente ou arte ambiental, criada por sensações visuais – luz, cor e espaço –, táteis, rítmicas, sonoras, olfativas

e palativas. Toca questões relativas a concepções de espaço que são abordadas também pela Minimal Art, pelo

conceito mais geral de instalação, muito utilizado durante os anos de predomínio internacional da arte

conceitual.

O Parangolé (1964) é a proposta que afirma o programa ambiental na obra de Oiticica. O Brasil já mostrava

então, por essa época, estar finalmente inserido na discussão e pesquisa artística internacional.

Arte corporal É uma manifestação que tem como base capas, estandartes, bandeiras para serem vestidas ou

carregadas pelo indivíduo. As capas são feitas com panos (com reprodução de palavras e fotografias)

interligados, revelados apenas quando a pessoa se movimenta.

Uso da cor A cor ganha um dinamismo no espaço por meio da associação com a dança e a música: os

desdobramentos das capas produzem um ambiente-luz. A cor assume um caráter literal de vivência, reunindo

sensações visuais, táteis e rítmicas.

Participação corporal A “obra”, transitória e efêmera, só se realiza pela participação corporal: a estrutura

depende da ação.

Aquela fruição, já presente nos “Bólides”, adquire aqui uma sensualidade que radicaliza a relação experimental

com o corpo. Ocorre um reconhecimento de um espaço intercorporal, criado pela obra ao ser desdobrada: “é a

incorporação do corpo na obra e da obra no corpo”.

Vivência coletiva Ao vestir soma-se o assistir, as experiências simultâneas criam a totalidade obra-ambiente,

possibilitando a vivência de uma participação coletiva Parangolé. Das capas e estandartes iniciais, o termo

Parangolé assume um sentido mais amplo de “arte ambiental”. Define a procura na realidade de objetos ou

situações que manifestem o caráter geral da estrutura-cor como espacialização/vivência.

Apropriação de manifestações coletivas O Parangolé apropria-se de manifestações coletivas que se adaptam

a seu projeto; a escola de samba e o jogo de futebol são exemplos da cultura popular que, cifrados pelo artista,

criam uma nova relação entre os participantes. O programa ambiental, ou Parangolé, é a criação de uma nova

vitalidade na experiência humana criativa. Seu objetivo é dar ao público a chance de deixar de ser público para

ser participante na atividade criadora, simbolizando a antiarte por excelência.

- 18 -
Hélio Oiticica, Mosquito da Mangueira, 1964.

4 Conceito histórico de concretismo e neoconcretismo

Concretis

Designação dada pelo suíço Max Bill (1908-1994) à escola que apresentava obras partindo da realização de uma

imagem autônoma, não originada de modelo natural, e que utilizava elementos visuais ou táteis, geralmente de

caráter abstrato. A introdução da arte abstrata no Brasil provocou críticas e resistências entre artistas e

intelectuais adeptos de um Modernismo destituído de contestação formal e identificado com uma brasilidade

passadista. Uma espécie de Modernismo instituído, a partir do Estado Novo, que reagiu e não compreendeu as

transformações que estavam sendo então propostas.

O projeto construtivo ou concretista no Brasil fez parte do segundo movimento modernista caracterizado por

um momento político, econômico e social, fundado na ideia desenvolvimentista da década de 1950. A

modernidade das vanguardas, já histórica na Europa, foi aqui reativada em sua plenitude utópica no Rio de

Janeiro e São Paulo dos anos de 1950 e 1960.

A questão principal da arte moderna brasileira, a partir do Manifesto Antropófago de 1928 de Oswald de

Andrade, residia em articular o novo importado e recém-chegado com o velho igualmente alienígena, já

assimilado. Os principais artistas concretistas foram Waldemar Cordeiro, Abraham Palatnik, Décio Vieira, Décio

Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos, Lygia Clark, Lygia Pape e Ferreira Gullar.

- 19 -
Neooncretis

A divergência entre os grupos concretistas do Rio de Janeiro e São Paulo veio à tona após a 1ª Exposição

Nacional de Arte Concreta, realizada em 1956-57 e referia-se ao dogmatismo formal do concretismo. O

Neoconcretismo, cujo manifesto apareceu no catálogo da 1ª Exposição Neoconcreta de 1959, representou uma

tomada de posição frente à arte não figurativa geométrica e frente à arte concreta levada a uma exacerbação

racionalista, principalmente pelo grupo paulista. O entendimento desse binômio concreto-neoconcreto revelava

um avanço crítico das vanguardas no Brasil, simbolizando uma adaptação dos conceitos concretistas importados

da Europa à realidade político-cultural nacional. Os principais artistas neoconcretos foram Amílcar de Castro,

Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reinaldo Jardim, Theo Spanudis e Hélio Oiticica.

Esse movimento procurou, principalmente com a obra de Lygia Clark e Hélio Oiticica, uma saída não

convencional para o esgotamento do projeto concretista do final dos anos de 1950, recusando o confinamento da

atividade artística a uma esfera elitista, a monotonia da repetição de formas transplantadas em fórmulas e

tentando romper com a inexpressividade da presença da arte na cultura de massa por meio de uma aproximação

à vida (arte-vida). Clark radicalizou os pressupostos construtivos, abandonando a pintura pelo objeto

tridimensional e passando a proposições participativas que prescindiam da materialidade da obra, no campo da

antiarte. Oiticica incorporou a criatividade lúdica e a improvisação do samba brasileiro em obras como Tropicália

e Parangolé, antropofagicamente consumidoras e impregnadas de elementos do imaginário popular.

5 Artistas experimentais na contemporaneidade


A experimentação na arte brasileira foi influenciada pela arte conceitual dos anos de 1970, pela arte pública, pelo

neoexpressionismo dos anos de 1980 e pela arte digital dos anos 1990 e 2000. Entre inúmeros artistas de grande

significação para a história da arte, pode-se citar nomes como Antonio Dias, Anna Maria Maiolino, Nelson

Leirner, Marcelo Nitsche, Iole de Freitas, Arthur Alípio Barrio, Sérgio Camargo, Cildo Meirelles, Luiz Alphonsus,

Rubem Gerchman, Waltércio Caldas, Annabella Geiger, Ivens Machado, Antonio Manoel, José Rezende, Leda

Catunda, Paulo Pasta, Chico Cunha, Beatriz Milhazes, Tunga, Jac Leirner, Regina Silveira, Julio Plaza, Eduardo Kac,

Carlos Zílio, entre outros.

- 20 -
Cildo Meirelles, Volátil, 1980-1994, cinza, vela, cheiro de gás.

O que vem na próxima aula


Na aula seguinte, você será apresentado às outras correntes surgidas na passagem da arte moderna para a arte

contemporânea, como a Minimal Art e a Arte Conceitual, chegando à diversidade das manifestações

contemporâneas, como por exemplo o grafite.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Viu como o movimento neoconcreto absorveu a influência dadaísta que, somada à antropofagia cultural
de Oswald de Andrade nos anos de 1920, estabeleceu uma arte experimental nacional de dimensões
internacionais.

- 21 -
ESTÉTICA E HISTÓRIA DA ARTE

CONTEMPORÂNEA

A ARTE CONTEMPORÂNEA INTERNACIONAL

-1-
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:

1.Entender o desenvolvimento da arte contemporânea (receber noções de história da arte).

2. Compreender o conceito de Pós-Modernismo.

3. Ser introduzido a alguns grandes artistas da arte contemporânea (receber noções de história da arte).

4. Conhecer as novas tendências artísticas (atualizar-se em estética moderna e contemporânea).

Vídeo criado pela equipe do Itaú Cultural para abrir a exposição Trilhas do Desejo e aproximar o público da arte

contemporânea (Fonte: // www.youtube.com/watch?v=xClU8ZSObqs ).

1 Introdução
Olá! Seja bem vindo à nossa aula!

Na segunda metade do século passado surgiram duas tendências que continuam tendo importância por seus

desdobramentos na arte da atualidade:

Arte conceitual
Minimal art

A arte conceitual e a minimal art coexistiram e dividiram as atenções com a Pop Art e com as novas formas de

arte surgidas (como os Happenings e as performances), e substituíram o Expressionismo abstrato no foco das

discussões, depois de quase duas décadas de seu predomínio no campo da arte. Houve também uma mudança da

crítica de arte, com o declínio da influência de críticos como Clemente Greenberg e Michael Fried (chamados

de formalistas), que foram hegemônicos durante o predomínio do Expressionismo abstrato. Eles, então,

passaram a dividir espaço com toda uma legião de novos críticos (dos quais se destacam Rosalind Krauss, Hall

Foster, Thierry de Duve, entre outros), defensores de novas teorias ligadas à linguagem (comentadas por eles)

e ao pensamento contemporâneo e com os escritos dos próprios artistas, que se tornam frequentes influentes, a

partir da segunda metade do século XX. Todas essas transformações, tanto da crítica como das formas de arte

que passam a conviver em um mesmo período, caracterizam o início do período atual, chamado de pós-

modernidade.

O pensamento de Greenberg, que havia predominado no período pós-guerra, considerava o Expressionismo

abstrato como uma espécie de conclusão lógica da arte moderna. Em sua versão, o desenvolvimento da arte,

-2-
iniciado a partir de Manet e dos impressionistas, caminhou, a partir das vanguardas em direção à arte abstrata.

Seu pensamento ficou identificado com a modernidade, com a noção de autonomia de cada tipo de arte e com a

separação entre arte e não-arte.

Expressionismo
Fauvismo
Cubismo
Futuristas
Movimentos construtivistas
Surrealismo

Dimensão atitudinal

A partir da emergência das novas tendências, esse pensamento começa a não mais conseguir “explicar” os novos

“movimentos” (Pop, Minimal e Conceitual, principalmente) e começam a surgir referências críticas com o termo

pós-modernidade. Esses novos “movimentos” devem ser colocados entre aspas, por serem bem diferentes dos do

início do século na Europa.

Quando os artistas se conheciam e faziam manifestos mostrando afinidade de pensamento. No caso do

Minimalismo, por exemplo, os próprios artistas recusaram o rótulo e tinham divergências de pensamento entre

si.

Caracterizar o período após esses movimentos se tornou uma tarefa mais difícil, devido à coexistência de

diversos “estilos” ao mesmo tempo. Assim a tendência dominante é se referir ao período como pós-

modernidade, pela diversidade ou pelo pluralismo de estilos e de novas possibilidades.

2 Pop art, Minimal art, arte conceitual


Esses “movimentos” continuam importantes na atualidade, influenciando ou, como no caso do Expressionismo

abstrato, ainda apresentando desdobramentos e proporcionando assim, ao estudante, uma ferramenta para uma

maior compreensão da arte de hoje. A arte atual ainda é muito recente para ser “explicada” pela história da arte,

mas é com a qual podemos nos deparar cotidianamente e profissionalmente.

Como toda imagem artística tem sua árvore genealógica (avô, pai, mãe, tio, primo...), é na história das imagens

(história da arte)também que ela é constituída. Se não pudermos compreender imediatamente uma nova arte

(como já ocorreu com Van Gogh, Cézanne, e até com Duchamp)que surge, podemos identificar suas origens -

reconhecê-las - e assim nos tornarmos capazes de nos relacionarmos com essas novas formas, de modo a utilizá-

las mais prontamente e com mais segurança e agilidade quando necessário.

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Quando estudamos a mudança do foco principal do cenário artístico internacional, que passou da Europa para os

Estados Unidos no pós-guerra, com o surgimento do Expressionismo abstrato, vimos que o final do seu

predomínio como forma artística se iniciou com a Pop Art.

Vamos estudar então as outras manifestações artísticas principais que surgiram logo a seguir: a Minimal Art e a

Arte Conceitual.

Os trabalhos de Judd caracterizam-se pela ordenação de formas cúbicas, quadradas ou retangulares. Um módulo

básico é, em geral, repetido.

Arte Minimal: Sem titulo, Donald Judd

A Minimal Art surgiu nos Estados Unidos, na década de 1960, e consistiu no trabalho que teve a especificidade de

utilizar materiais reais, cores reais e espaço real, além de estetizar a tecnologia. Eram trabalhos que não eram

esculpidos, nem construídos pelo artista, tampouco pareciam significar algo além de afirmar sua existência.

A maioria dos artistas, usualmente chamados de minimalistas, nega o rótulo e o ensaio de 1965, de Richard

Wollheim, que batizou o movimento (foi o nome que pegou dentre vários). Curiosamente, o ensaio não

comenta o trabalho de nenhum dos artistas que ficaram conhecidos como minimalistas.

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Não há um consenso sobre o que essa arte foi ou representou, mas hoje, qualquer trabalho vagamente austero,

aproximadamente geométrico, mais ou menos monocromático e de aparência geral abstrata provavelmente será

rotulado de minimalista, ou considerado dentro de uma “estética minimalista.”

São trabalhos soldados, parafusados, colados, clavilhados ou simplesmente empilhados. O traço autográfico do

artista é eliminado. Os materiais são mais industriais do que artísticos.

Esses trabalhos caracterizam-se por “um compromisso com a clareza, com o rigor conceitual, com a literalidade e

a simplicidade”.

Transmitiam uma noção de perfeito equilíbrio e produziam uma simetria visual que nunca se desvia de seu

campo planejado, como um rio ou planetas seguindo seu curso, porém com unidades modulares cuja monotonia

é, em certo sentido, o oposto da liberdade.

Características da arte e da estética minimalista

Utilização de materiais industriais; Arranjos simétricos, regulares ou em grade; Uso e apresentação direta dos

materiais; Ausência de artesanato, ornamentação ou composição ornamental; Formas predominantemente

retangulares e cúbicas, sem metáforas ou quaisquer outros significados; Unidades modulares – partes iguais,

repetição e superfícies neutras. Formas geométricas simples, unitárias, usadas como unidades independentes ou

como uma série de unidades idênticas repetidas.

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Na Minimal Art o todo era mais importante que as partes e a composição relacional era suprimida por uma

ordenação simples. Usaram materiais industriais (tijolos refratários, tubos fluorescentes, ferro galvanizado,

aço laminado, chapas de cobre, tinta industrial, etc) de maneira tão neutra quanto possível, sem prejuízo da

identidade específica do material.

O trabalho representa mais do que um simples estilo de época, logo ultrapassado por outro na demanda cada vez

mais acelerada por uma arte com aparência nova, porque mudou o aspecto que a arte poderia ter, como poderia

ser e do que poderia ser feita.

Abaixo: Trabalho de Robert Morris

Os materiais não são disfarçados ou manipulados para parecer o que não são. Nenhum desses trabalhos está

emoldurado ou colocado num pedestal.

Alguns aspectos dos trabalhos de Flavin são referentes à pintura, outros à escultura.

Nas obras de Flavin, as esculturas em néon difundem uma iridescência impalpável nas paredes circundantes,

convertendo o meio ambiente em campo pictórico.

Iridescência é um fenômeno óptico que faz certos tipos de superfícies refletirem as cores do arco-íris, como

acontece com as bolhas de sabão, por exemplo.

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Trabalho de Dan Flavin

Combine painting de Robert Rauschenberg

Novamente o trabalho de Robert Rauschenberg aparece como predecessor, em suas combine paintings. Para o

crítico Leo Steinberg, as pinturas com objetos colados, opacas literais de Rauschenberg, refletiam um mundo em

que as coisas são mais feitas do que vistas, assentado mais na cultura urbana do que na natureza.

Tela de Frank Stella

Embora pintor, Stella é considerado dentro da estética minimalista pelo predomínio do pensamento espacial que

permeia a construção de suas telas.

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Principais artistas minimalistas:
• Donald Judd
• Dan Flavin
• Carl André
• Robert Morris
• Frank Stella
• Sol LeWitt
Alguns críticos ainda consideram minimalistas Tony Smith e Larry Bell.

Carl André diz que percebeu trabalhando em madeira que esta não melhorava com o corte, e percebeu que ele

“estava cortando o

próprio corte”. Passou então a usar o próprio material como corte no espaço. Ele elimina do processo de

produção de esculturas toda forma de entalhe, redução ou construção e adição de material. Suas coleções de

barrotes trazem um novo elemento ao seu trabalho: a horizontalidade. O artista não queria que seus trabalhos

parecessem estruturais e arquiteturais, por isso passou a dispor seus módulos sobre o solo. Afirmou certa vez

também que a sua escultura ideal era uma estrada.

Por exemplo, 137 tijolos refratários enfileirados por 10,5 metros, sobre o qual afirmou:

“Tudo o que fiz foi por a coluna sem fim de Brancussi no chão, em vez de no ar... A posição assumida é rastejar

pela terra”.

Acima o trabalho de Carl André

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3 A herança da arte conceitual
Os limites da Arte Conceitual não são claramente definidos. E identificar quem foram seus artistas e mesmo suas

características é uma tarefa árdua.

Figura 1 - Obra do artista californiano Edward Kienholz

Dos movimentos artísticos do século XX, talvez este tenha sido o mais genuinamente internacional e de mais

rápido crescimento.

Não pode ser reduzido a alguns artistas em determinados países. Entretanto, Joseph Kosuth, Robert Barry,

Douglas Huebler e Lawrence Weiner, que se apresentaram juntos em 1968 e 1969, são mencionados com maior

frequência, mas o movimento alastrou-se rapidamente. O termo foi inicialmente utilizado pelo artista

californiano Edward Kienholz no começo dos anos de 1960. Foi muito teorizado principalmente por Sol LeWitt

(em 1960, um dos primeiros a utilizar o termo), por Kosuth e mesmo Donald Judd.

Parece que o momento conceitual terminou por volta de 1975, mas persistiu uma atividade conceitual em meio a

um terreno povoado de pintura e escultura, em boa parte influenciada por ele. O período que se seguiu - anos de

1980 - viu um rejuvenescimento da pintura e uma ênfase renovada sobre os materiais trabalhados

manualmente, sobre a superfície espessa e áspera da pintura e da escultura e uma atração pelo tema.

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Arte como ideia ou arte conceitual

Já foi visto na aula 6 que a arte conceitual foi considerado como um vale-tudo em arte, com a valorização da ideia

ou conceito.

A Arte Conceitual foi a primeira brecha na infalibilidade abstrata. Ao lado de uma influência renovada da Pop Art,

a Arte Conceitual ajudou a revitalizar o uso do humor e da ironia na arte, das imagens fotográficas, da figura

humana, de temas e linguagem autobiográficos. Parece mais importante o sentimento de liberdade que ela gerou

como efeito secundário.

O conceitualismo não democratizou a arte nem eliminou o objeto de arte único, tampouco suprimiu o mercado

da arte ou revolucionou a propriedade artística. O mercado ajustou-se e foi flexibilizado. Surgiu inclusive uma

nova categoria de obra de arte: a do livro de artistas.

Apesar do grande número de obras produzidas, poucas se tornaram obras primas de museus. Contudo, sua

influência foi enorme, chegando até as tendências artísticas mais conservadoras.

4 Diversidade Conceitual
Sua manifestação mais característica foi a palavra impressa, com frequência combinada com a fotografia. Sua

natureza física real foi desde o pensamento puro - como na Peça Telepática de Robert Barry ou na coluna de ar

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de localização, área e altura não especificadas do grupo Art and Language - até a fisicalidade escondida de

Quilometro vertical de Terra - uma barra de ferro de 1 km enterrada verticalmente.

Para alguns artistas a linguagem atingiu um status quase formal, existindo como material e tema e sua obra

concentrou-se na questão de definir a arte. Kosuth apresentou tautologias como “Uma e três cadeiras”, uma

progressão do real para o ideal que cobre as possibilidades básicas do “ser cadeira”.

Como Kosutk, Barry, Weiner e o grupo Art and Language

"Uma e três cadeiras", de 1965, de Joseph Kosuth: o significado da obra como parte dela.

Já Mel Bochner se interessa tanto pela experiência espacial quanto pela intelectual do observador. Huebler e

Haacke usaram a linguagem para transmitir ou reunir informações, para expor complexas questões não visuais

de natureza frequentemente política e social ou para descrever a matriz da existência humana. Huebler pediu

aos visitantes de museus que escrevessem um “autêntico segredo”, obtendo 1.800 documentos e produzindo um

livro.

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Haacke apresentou fotos de um vasto grupo de construções de uma favela de Nova York, todas de propriedade

de uma só firma, revelando um holding de companhias através de hipotecas, impostos e valores imobiliários.

Quando o Guggenhein cancelou sua exposição, ele mostrou em uma obra os laços de família e de negócios entre

os curadores do museu.

Para outros artistas como Vito Acconti, Cris Burden e a equipe inglesa Gilbert e George, a linguagem é usada em

conjunto com seus corpos ou vidas. Acconti estabelece uma intimidade incômoda e forçada com o público,

intensificada pelo uso repetitivo e obsessivo de palavras. Burden ficou famoso por uma performance em 1971,

que consistiu em dar um tiro no próprio braço. Foi também crucificado em um automóvel e arrastou-se sobre

estilhaços de vidro, além de raptar uma apresentadora de TV. Gilbert e George designam-se esculturas vivas e

segmentam suas existências numa forma artificial e exibível.

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Outros artistas registram a passagem do tempo, como On Kawara que trabalhou uma pequena tela a cada dia

com a data em letras brancas - até hoje. Ou o holandês Jan Dibbets, que fotografa a transição da luz do dia para a

noite. Ou ainda o artista polonês Roman Opalka, que tem trabalhado desde 1965 a sua série de um ao infinito

enchendo telas com uma quantidade infindável de números e recitando cada número para um gravador em

tempo real (a medida que é pintado). O que lembra o trabalho de Robert Morris Caixa Com Som de Sua Própria

Produção, uma caixa contendo uma fita com os ruídos de serrar e martelar.

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Há ainda muitos outros artistas importantes como Daniel Buren, que reduziu seu trabalho a uma série de listras

impressas e, assim como três outros colegas franceses que chegaram a configurações similares, concordaram

que usariam as suas próprias configurações em toda e qualquer situação.

No Brasil, podemos encontrar artistas citados em livros sobre a Arte Conceitual internacional, como Hélio

Oiticica, Ligia Clark e Ligia Pape , Artur Barrio, Cildo Meirelles, Antônio Manuel, Antônio Dias entre outros. Na

nossa produção atual temos diversos artistas consagrados que usam estratégias da Arte Conceitual como

Waltercio Caldas, Tunga, Jac Leirner, Vic Muniz, dentre outros.

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5 Recordando: do predomínio da pintura expressionista ao
surgimento das novas tendências
A pintura moderna viu-se ameaçada pela iminência de seu desaparecimento com o surgimento do ready-made

duchampiano, nas primeiras décadas do século XX, ao lado das diversas correntes experimentais que se lhe

seguiram (arte Conceitual, Happening, performance, instalação, body arte, videoarte, arte digital).

Os expressionistas abstratos, representados por Jackson Pollock, imprimiram à pintura um caráter “heróico”

determinado pelo clima dominante do pós-guerra. A partir de 1950, os pintores começaram a aplicar a

fenomenologia, ao enfatizar os materiais como fonte primeira de sua inspiração criativa. Cortes e furos na tela,

rompimento com o conceito tradicional de moldura e projeções no espaço de relevos pictórico-ambientais

expandiram os limites da pintura, como se podia ver nas obras no Brasil dos neoconcretistas Lygia Clark e Hélio

Oiticica (bem como naquela de artistas contemporâneos como Yole de Freitas e Nuno Ramos). Surgem nos anos

de 1960 as artes Pop, Minimal e Conceitual, no limite (surgimento) do que chamamos Pós-Modernismo.

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Figura 2 - Nuno Ramos, Sem título, 2005, técnica mista. Coleção do artista.

Nuno Ramos, Sem título, 2005, técnica mista. Coleção do artista.

6 Pós Modernismo
O Pós-Modernismo é avesso à definição. Um termo criado para descrever fenômenos diversos em diversas áreas

como cinema, moda e outras linguagens visuais.

Pode ser entendido como uma reação aos ideais do Modernismo, como um retorno ao estado que precedeu o

Modernismo, ou mesmo como uma continuação e conclusão de várias tendências. É uma espécie de filho

indisciplinado do Modernismo e não há um consenso sobre o que ele é exatamente.

Parece só poder ser definido com negação de outra coisa. A guerra do Golfo exibida na TV como um videogame

ou as réplicas das cavernas pré-históricas para a visitação de turistas ou os distritos da Disney (que propõe um

retorno a um tempo que só existiu – existe – no cinema e nas nossas mentea), são situações consideradas pós-

modernas. Caracterizam-se pela remoção de uma realidade, cuja ausência, não é mais sentida. Sustenta-se o

dogma de que nossa compreensão do mundo é baseada em imagens mediadas pela mídia, pelo cinema, pela

publicidade. Em filosofia a noção é associada a descobertas científicas (como a relatividade de Einstein que

derruba a ideia newtoniana do referencial estável) e à deposição das ideias de progresso do Iluminismo, ao tema

independente, à verdade e ao mundo externo.

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São ideias que dão uma sensação de instabilidade inerente à realidade. De uma história como ruptura, de

verdade e conhecimento como relativos e dependentes de sistemas. Significados que se relacionam com outros

significados da linguagem e não com referências do mundo real.

Em arte investe-se contra o dogma greenbergiano de que a arte moderna constituía um campo autônomo,

autorreferente da atividade humana.

Novas tendências na pintura

Trabalho de Joseph Beuys

Na Europa Joseph Beuys canalizou as atenções e apresentou propostas no período (anos de 1960 e 1970) que

ainda hoje apresentam continuidade nas obras de diversos artistas que foram seus alunos.

Começou a surgir na década de 1960, com tendências como as artes Pop, Minimal e Conceitual. Hoje há, por

exemplo, pós-Minimalismo, Feminismo, Land Art, estátua viva, performance, Neoexpressionismo,

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Multiculturalismo, completando uma revolução contra a fé modernista na universalidade, no progresso artístico,

no significado compartilhado e na qualidade.

7 O neoexpressionismo
O Neoexpressionismo foi um agrupamento de artistas internacionais, com principais integrantes na Alemanha,

Itália, Grã-Bretanha e Estados Unidos. O

mercado reanimou-se com o ressurgimento da pintura - a partir dos anos de 1980, após o seu declínio durante

os ataques ao objeto de arte pelos adeptos do credo conceitual, pós-minimalista e antiestético.

Pareceu que as artes não eram mais motivadas pelas questões filosóficas profundas do Modernismo, mas pelas

necessidades banais das instituições que haviam surgido para alimentar a arte. Era o pluralismo, que permitiu a

convivência de todo tipo de arte. O Neoexpressionismo parece ser apenas um novo compromisso com a história

e uma celebração da criatividade individual. Deu origem a debates sobre autenticidade, originalidade e

sinceridade.

Na Alemanha foi o início da atuação de uma geração que não teve nenhum envolvimento pessoal com os

horrores da guerra e que se sentia coagida pela proibição tácita de certos tipos de debate. Joseph Beuys foi o

mestre de Jorg Immendorff e Anselm Kiefer além de ser uma referência internacional para outros artistas de

destaque como Georg Baselitz. Como é uma arte de significados históricos e de imagens, incentiva o debate sobre

seu próprio significado em diversas áreas.

Na Itália, os artistas também relembram a pintura italiana da época do surrealismo (principalmente De Chirico e

Magritte), a arte clássica e o futurismo, misturadas com outras referências diversas, como sexuais e filosóficas.

Destacam-se Carlo Maria Mariani, Sandro Chia e Francesco Clemente.

Nos Estados Unidos, o surgimento do Neoexpressionismo coincidiu com o início da era Reagan. O debate foi

alimentado entre simpatizantes partidários da hipótese de uma resposta a fome de sentimento atribuído ao

distanciamento estético. Os detratores acusavam os neoexpressionistas de serem burgueses rebeldes que

alimentavam uma aura de sentimento espontâneo e expressão desenfreada, de olho no mercado. Julian Schnabel

foi o símbolo para o público em geral. Ele trazia referências múltiplas e rivalizava a imagem com os materiais.

Outro artista é Jean-Michel Basquiat, que foi originalmente um grafiteiro de rua, que revelou uma percepção

sagaz da política e do mundo da arte. Já Erich Fischl revela a corrupção e a decadência do modo de vida

suburbano da classe média alta, que ilustrava o sonho americano. Seus quadros trazem sugestões de incesto,

pedofilia, estupro e outras perversões.

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Embora a pintura expressionista tenha sido declarada morta e enterrada durante os anos de 1970, na década de

1980, o expressionismo novamente aflorou como estética popular, inclusive na arte do grafite, em que se destaca

Jean-Michel Basquiat (1960-1988).

8 O grafite
A volta à figura, empreendida pelo Neoexpressionismo, pelo grafite e por parte da arte pública a partir dos anos

1980, diferencia-se da Pop Art e se contrapõe a movimentos intelectualistas da arte americana, como a Arte

Conceitual e o Minimalismo. Os grafites representam uma das mais importantes contribuições dos

representantes de uma subcultura às artes visuais.

O pintor expressionista Jean Dubuffet (1901-1958) foi um dos primeiros a recolher e adaptar as figuras e as

inscrições com as quais marginais, crianças e doentes mentais encontraram uma forma para se expressar. Mas

foi somente nos anos 1980 que o grafite passou a representar uma crítica contundente à civilização e à cultura,

principalmente na obra do artista hispânico-americano Jean-Michel Basquiat, que transferiu para suas telas,

histórias macabras sobre a situação das minorias oprimidas e exploradas.

Figura 3 - Obra do pintor expressionista Jean Dubuffet

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Começou ele como pintor de grafites, em Nova York, até ser descoberto por Andy Warhol, de quem se tornou

parceiro em exposições até sua morte prematura de overdose de heroína.

Jean-Michel Basquiat, Nariz de vidro, 1987, acrílico, lápis de óleo e lápis de cera sobre tela, 175 x 132cm. Coleção

particular.

CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Teve a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento da Pop Art, da Minimal Art e da Arte Conceitual,
marcando o limiar do Modernismo e dando as diretrizes para o Pós-Modernismo. Nele, meios mais
tradicionais como a pintura e a escultura persistem até a contemporaneidade, ao lado das novas formas
de arte como o objeto e o grafite, entre outras.

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