CUIDADO INTEGRAL À CUIDADO INTEGRAL
Cuidado integral à saúde do adulto I
SAÚDE DO ADULTO I À SAÚDE DO ADULTO I
ORGANIZADOR WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS
ORGANIZADOR WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS
Com o advento do envelhecimento da população mundial, cada vez mais é
preciso formar profissionais para atender essa população. Aprenda neste
livro as estratégias de acolhimento do adulto; as especificidades da saúde
desses pacientes, como as alterações nos sistemas respiratório, cardi-
ológico, dermatológico e também neurológico, e de que maneira essa
C
condição pode impactar na saúde deles.
M
Y
Este livro abordará cada aspecto que o enfermeiro deve conhecer para
CM
fazer frente aos problemas causados pela idade mais avançada. Você
MY
aprenderá qual o seu papel, quais procedimentos seguir em cada condição
CY e quais são as técnicas existentes.
CMY
K Livro fundamental para o curso de enfermagem e para todos aqueles que
querem conhecer como proceder para o cuidado integral da saúde do
GRUPO SER EDUCACIONAL
adulto.
gente criando futuro
CUIDADO INTEGRAL
À SAÚDE DO
ADULTO I
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional.
Diretor de EAD: Enzo Moreira
Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes
Coordenadora educacional: Pamela Marques
Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha
Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi
Santos, Wendel Mombaque dos.
Cuidado integral à saúde do adulto I / Wendel Mombaque dos Santos. – São Paulo:
Cengage, 2020.
Bibliografia.
ISBN 9788522129751
1. Enfermagem. 2. Saúde - Geriatria. 3. Cuidadores.
Grupo Ser Educacional
Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro
CEP: 50100-160, Recife - PE
PABX: (81) 3413-4611
E-mail: [email protected]
PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
Autoria
Wendel Mombaque dos Santos
Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), especialista em
Enfermagem do Trabalho pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), especialista em Ciências da
Saúde pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), MBA em Gestão em Saúde pela Universidade
de São Paulo (USP), mestrE em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor
em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutor em Enfermagem em Saúde
do Adulto pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é enfermeiro do trabalho da Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares, colaborador GRADE Center do Joanna Briggs Institute (Australia),
pesquisador do Joanna Briggs Institute (Australia) e consultor de Avaliação de Tecnologias em Saúde.
SUMÁRIO
Prefácio..................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - Educação em saúde e alterações respiratórias............................................................9
Introdução.............................................................................................................................................10
1. Estratégias de acolhimento ao adulto................................................................................................ 11
2. Educação em saúde como estratégia para promover a saúde do adulto e contribuir
para a aderência ao tratamento clínico................................................................................................. 12
3. Alterações do sistema respiratório ................................................................................................... 15
4. Demais alterações respiratórias ........................................................................................................ 21
5. Técnicas: Ventilação Mecânica e Gasometria ................................................................................... 23
PARA RESUMIR...............................................................................................................................27
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................28
UNIDADE 2 - Prática de enfermagem para tratamento e diagnóstico de alterações cardiovasculares.....31
Introdução.............................................................................................................................................32
1. Sinais e sintomas cardíacos................................................................................................................ 33
2.Alterações do sistema cardiovascular ................................................................................................ 37
3.Distúrbios valvares adquiridos ........................................................................................................... 39
4. Eletrocardiograma.............................................................................................................................. 42
5. Pressão venosa central...................................................................................................................... 45
PARA RESUMIR...............................................................................................................................48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................49
UNIDADE 3 - Cuidados de enfermagem para dermatologia, oncologia e quimioterapia..................51
Introdução.............................................................................................................................................52
1. Alterações Dermatológicas ............................................................................................................... 53
2.Alterações da pele devido a parasita.................................................................................................. 58
3.Outras dermatoses ............................................................................................................................. 60
4.Cuidados de enfermagem na punção do líquido cefalorraquidiano................................................... 63
5.Câncer.................................................................................................................................................65
PARA RESUMIR..........................................................................................................................................69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................................70
UNIDADE 4 - Processo de enfermagem no cuidado a pacientes com alterações neurológicas.................73
Introdução.............................................................................................................................................74
1. Avaliação de pacientes com distúrbios do sistema neurológico........................................................ 75
2. Exame físico....................................................................................................................................... 77
3. Alteração no nível de consciência..................................................................................................... 78
4. Principais alterações relacionadas ao sistema neurológico............................................................... 81
5. Alterações neurológicas graves.......................................................................................................... 86
PARA RESUMIR...............................................................................................................................91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................92
PREFÁCIO
O cuidado integral da saúde do adulto é de importância primordial atualmente
devido ao aumento dessa população no mundo. Este livro contribui para a educação
em saúde dos idosos e apresenta as estratégias de acolhimento do adulto.
Inicia mostrando as alterações do sistema respiratório nesses pacientes e explica
sobre a ventilação mecânica e gasometria na prática assistencial do enfermeiro.
Nesta primeira unidade, você aprenderá sobre os importantes aspectos do papel do
enfermeiro no acolhimento, sobre a adesão ao regime terapêutico e as diferentes
doenças do aparelho respiratório.
Na sequência, você conhecerá melhor como funciona o sistema cardiovascular
nos adultos e as técnicas da realização do eletrocardiograma e da medição da pressão
venosa central no contexto da prática assistencial do enfermeiro. Os aspectos clínicos,
epidemiológicos e psicossociais que fundamentam o cuidar de pessoas com alterações
do sistema cardiovascular também serão abordados nesta unidade, além daqueles
fatores relacionados, como a hipertensão, trombose venosa profunda, insuficiência
cardíaca congestiva, infarto do miocárdio e arritmias cardíacas.
Na unidade 3 tratamos das alterações dermatológicas e considerando as infecções
bacterianas, virais e parasitárias. O cuidado que os profissionais devem ter durante
a punção do líquido cefalorraquidiano tanto para administração de medicamento
como para coleta de material para exames. Você aprenderá noções sobre oncologia e
quimioterapia no contexto da prática assistencial da enfermagem.
Para finalizar, trataremos das alterações neurológicas agudas e crônicas nos
pacientes adultos. O profissional aprenderá a avaliar o paciente com distúrbios do
sistema neurológico e conhecerá quais patologias podem apresentar maior risco à
saúde de dos pacientes.
UNIDADE 1
Educação em saúde e
alterações respiratórias
Introdução
Olá,
Você está na unidade Educação em Saúde e Alterações Respiratórias. Conheça aqui
as estratégias de acolhimento ao adulto, educação em saúde, alterações do sistema
respiratório, técnicas de ventilação mecânica e gasometria na prática assistencial do
enfermeiro.
Aprenda ainda aspectos importantes, tais como: papel do enfermeiro no acolhimento,
educação em saúde, adesão ao regime terapêutico, e as diferentes doenças do aparelho
respiratório. Você já pensou como esses fatores podem impactar a saúde dos pacientes?
Aqui você terá respostas para este e para outros questionamentos.
Bons estudos!
11
1. ESTRATÉGIAS DE ACOLHIMENTO AO ADULTO
A capacidade de avaliar o paciente é uma das habilidades mais importantes do enfermeiro,
por isso, em todas as situações em que os enfermeiros interagem com os pacientes e prestam
cuidados, deve-se obter um histórico completo de saúde e usar habilidades de avaliação
apropriadas para identificar problemas físicos, psicológicos e preocupações vivenciadas pelo
paciente (SMELTZER; BARE, 2012; TAKEMOTO et al., 2007; TAYLOR et al., 2014). Como primeira
etapa do processo de enfermagem, a avaliação do paciente é necessária para obter dados
que permitam ao enfermeiro fazer um diagnóstico, identificar e implementar intervenções de
enfermagem e avaliar sua eficácia, assim como fazer o paciente se sentir acolhido (LIMA NETO et
al., 2013; SMELTZER; BARE, 2012).
1.1. Papel do enfermeiro do acolhimento
O papel do enfermeiro na avaliação da saúde inclui a obtenção do histórico de saúde do
paciente e a realização de uma avaliação física (SMELTZER; BARE, 2012). Esse papel pode ser
desempenhado em uma variedade de contextos, incluindo ambiente de atendimento agudo,
consultório clínico ou ambulatorial, escola, centro de cuidados de longo prazo e a própria casa do
paciente (BRAGA; DA SILVA, 2011; SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
Como o foco de cada membro da equipe de saúde é único, vários formatos de histórico de
saúde e exame físico foram desenvolvidos (SMELTZER; BARE., 2012). Independentemente do
formato, o banco de dados obtido pelo enfermeiro é complementar aos bancos de dados obtidos
por outros membros da equipe de saúde, e se concentra na preocupação exclusiva da enfermagem
com o paciente. Neste banco de dados, deve-se reunir todas as informações necessárias para
compreender a situação de saúde do paciente e atender as suas demandas de forma centrada no
cuidado integral (SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
1.2. Cuidados básicos
As pessoas que procuram assistência médica para um problema específico geralmente se
sentem ansiosas, e essa ansiedade pode ser aumentada pelo medo de possíveis diagnósticos
e interrupção do estilo de vida (LEITE et al., 1999; ROSSI; LIMA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012;
TAKEMOTO; SILVA, 2007). Com isso em mente, o profissional deve estabelecer um relacionamento
pessoal, deixar o paciente à vontade, e realizar uma comunicação honesta. Para isto, é preciso
realizar contato visual e ouvir atentamente as respostas e perguntas do paciente (COSTA et al.,
2017; DE LIMA NETO et al., 2013; LEITE et al., 1999; ROSSI; LIMA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012;
TAKEMOTO; SILVA, 2007).
12
Ao obter o histórico de saúde ou realizar o exame físico, deve-se estar atento à comunicação não
verbal do paciente, bem como à de quem o atende (SMELTZER; BARE, 2012). Adicionalmente, é necessário
levar em consideração a origem educacional e cultural, bem como a proficiência linguística do paciente
em questão (SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014). As perguntas e instruções devem ser realizadas
de uma forma compreensível para quem está sendo atendido, por isso termos técnicos e jargões médicos
devem ser evitados (SMELTZER; BARE, 2012; TAKEMOTO E SILVA, 2007; TAYLOR et al., 2014). Por fim, o
profissional deve estar ciente das limitações do paciente e levar isso em consideração durante a consulta
de enfermagem. No final da avaliação, o(a) enfermeiro (a) pode resumir e esclarecer as informações
obtidas e esclarecer eventuais dúvidas do paciente (LEITE et al., 1999; SMELTZER; BARE, 2012).
2. EDUCAÇÃO EM SAÚDE COMO ESTRATÉGIA PARA
PROMOVER A SAÚDE DO ADULTO E CONTRIBUIR
PARA A ADERÊNCIA AO TRATAMENTO CLÍNICO
As mudanças nos sistemas de saúde exigem o uso de uma abordagem organizada da educação
em saúde, para que os pacientes possam ter suas necessidades específicas de saúde atendidas
(MACHADO et al., 2007; SCHALL; STRUCHINER, 1999). Nesse sentido, o enfermeiro deve
considerar a disponibilidade de cuidados de saúde fora do ambiente hospitalar convencional, o
emprego de diversos prestadores de cuidados de saúde para atingir as metas de gerenciamento
de cuidados e o aumento do uso de alternativas estratégicas em lugar de abordagens tradicionais
de atendimento (MACHADO et al., 2007; SCHALL; STRUCHINER, 1999; SMELTZER; BARE, 2012).
A consideração cuidadosa desses fatores pode fornecer aos pacientes informações abrangentes,
essenciais para a tomada de decisões informadas sobre cuidados de saúde (MACHADO et al.,
2007; SCHALL; STRUCHINER, 1999 ; SMELTZER; BARE, 2012). As demandas dos consumidores por
informações abrangentes sobre seus problemas de saúde, ao longo do ciclo de vida, acentuam
a necessidade de uma educação em saúde ocorrer em todos os encontros paciente-enfermeiro,
fator que será estudado a seguir, em conjunto com o seu impacto frente à adesão ao tratamento
(MACHADO et al., 2007; SCHALL; STRUCHINER, 1999; SMELTZER; BARE, 2012).
2.1. Educação em saúde
O enfermeiro é desafiado na sua atuação profissional não apenas a fornecer educação
específica ao paciente e à família, mas também a se concentrar nas necessidades educacionais
das comunidades (SMELTZER; BARE, 2012). Nesse sentido, a educação em saúde é importante
para o cuidado de enfermagem, pois pode determinar o quão bem indivíduos e famílias são
capazes de realizar comportamentos que favoreçam o autocuidado ideal (SCHALL; STRUCHINER,
1999; SMELTZER; BARE, 2012).
13
Figura 1 - Lições aprendidas - Conceito de Educação e Avaliação
Fonte: DOCSTOCKMEDIA, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: A imagem mostra ilustrações dos perfis de três pessoas enfileiradas e seguidas
por setas, indicando uma sequência. No primeiro, existe uma interrogação; no segundo, uma
engrenagem e, no terceiro, uma lâmpada acesa, dando a ideia de que uma lição foi aprendida.
Ainda que a educação em saúde seja uma função independente da prática de enfermagem,
ela é uma responsabilidade primária dessa profissão (SCHALL; STRUCHINER, 1999; SMELTZER;
BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014). Todo cuidado de enfermagem é direcionado à promoção,
manutenção e restauração da saúde, prevenção de doenças, bem como a ajudar as pessoas a se
adaptarem aos efeitos colaterais de diferentes patologias (SMELTZER; BARE, 2012).
Grande parte das atividades de Enfermagem são realizadas por meio da educação em saúde ou do
ensino ao paciente/familiar. Todo contato estabelecido entre um enfermeiro e um usuário do serviço
de saúde deve ser considerado uma oportunidade para o ensino da saúde . Embora a pessoa tenha o
direito de decidir se deve ou não aprender, o profissional deve apresentar informações que motivarão
o paciente a reconhecer a necessidade de aprender (SMELTZER; BARE, 2012). Portanto, o enfermeiro
deve aproveitar oportunidades dentro e fora do ambiente de assistência médica para facilitar o bem-
estar, levando em consideração que os ambientes educacionais podem incluir casas, hospitais, centros
de saúde comunitários, locais de negócios, organizações de serviços, abrigos e grupos de ação ou
apoio ao consumidor (MACHADO et al., 2007; SCHALL; STRUCHINER, 1999; SMELTZER; BARE, 2012).
2.2 Proposta da educação em saúde
A educação em saúde decorre do direito do público à assistência médica abrangente, na qual
estão inseridas informações atualizadas sobre saúde, tendo como consequência o surgimento de
um público informado que está fazendo perguntas mais significativas sobre a saúde e os serviços
de saúde que recebe (MACHADO et al., 2007; SCHALL; STRUCHINER, 1999; SMELTZER; BARE, 2012).
Deve-se ter consciência de que, sem conhecimento e treinamento adequados em habilidades
de autocuidado, os usuários dos serviços de saúde não podem tomar decisões eficazes sobre sua
saúde, principalmente pessoas com doenças crônicas que estão entre as que mais precisam de
14
educação em saúde (SMELTZER; BARE, 2012).
O envelhecimento populacional observado ao longo dos últimos anos tem levado ao aumento
de pessoas com doenças crônicas, as quais precisam de informações sobre cuidados com a saúde
para participar ativamente do seu tratamento e assumir a responsabilidade por grande parte de seus
próprios cuidados . Desta forma, a educação em saúde pode ajudar esses indivíduos a se adaptarem a
doenças, prevenir complicações, realizar a terapia prescrita e resolver problemas quando confrontados
com novas situações (MACHADO et al., 2007; SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
O objetivo principal da educação em saúde é ensinar as pessoas a viver a vida da maneira
mais saudável possível. Além do direito e do desejo do público pela educação em saúde, a
educação do paciente em saúde também é uma estratégia para reduzir os custos com assistência
médica, prevenindo doenças, evitando tratamentos médicos caros, diminuindo longas estadias
no hospital e facilitando a alta precoce. Os sistemas de saúde estão realizando ofertas de
programas de medicina preventiva, visto que é uma ferramenta para aumentar a satisfação do
paciente e desenvolver uma imagem positiva da instituição. A educação do paciente em saúde é
ainda uma estratégia de prevenção de custos para aqueles que acreditam que relacionamentos
positivos entre equipe e paciente evitam ações por negligência (MACHADO et al., 2007; SCHALL;
STRUCHINER, 1999; SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
2.3 Adesão ao regime terapêutico
Um dos objetivos da educação do paciente em saúde é incentivar as pessoas a aderirem
ao seu tratamento (ANDRADE et al., 2018; SILVA et al., 2016; TAVARES et al., 2016; ZUGE et al.,
2017). A adesão a este tratamento requer que a pessoa faça uma ou mais mudanças no estilo
de vida, para realizar atividades específicas que promovam e mantenham a saúde. O fato de
muitas pessoas não aderirem aos regimes prescritos não pode ser ignorado ou minimizado,
principalmente porque as taxas de adesão são geralmente baixas, especialmente quando os
regimes são complexos ou de longa duração (ANDRADE et al., 2018; SILVA et al., 2016; SMELTZER;
BARE, 2012; TAVARES et al., 2016; ZUGE et al., 2017). Algumas vaiáveis podem influenciar tanto a
adesão ao tratamento, quanto o seu sucesso, sendo elas:
• variáveis demográficas
idade, gênero, raça, status socioeconômico e nível de educação;
• variáveis de doença
gravidade da doença e alívio dos sintomas proporcionados pela terapia;
• variáveis do regime terapêutico
complexidade do regime e efeitos colaterais desconfortáveis;
15
• variáveis psicossociais
inteligência, disponibilidade de pessoas importantes e de apoio (principalmente familiares),
atitudes em
relação aos profissionais de saúde, aceitação ou negação de doença e crenças religiosas ou
culturais;
• variáveis financeiras
custos diretos e indiretos associados a um regime prescrito.
O sucesso da atuação do enfermeiro na educação em saúde é determinado pela avaliação
contínua das variáveis que afetam a capacidade do paciente de adotar comportamentos
específicos. Os programas de ensino têm maior probabilidade de sucesso se as variáveis que
afetam a adesão do paciente forem identificadas e consideradas por ele, visto que o problema
da não adesão a esquemas terapêuticos deve ser remediado antes que os pacientes possam
atingir suas capacidades máximas de autocuidado e potencial de saúde (ANDRADE et al., 2018;
SMELTZER; BARE, 2012; TAVARES et al., 2016).
A necessidade de conhecimento por parte do paciente não foi considerada um estímulo
suficiente para a aquisição de conhecimento, permitindo assim a adesão completa a um regime
de saúde (SILVA et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012; ZUGE et al., 2017). O uso de um contrato
de aprendizado, por sua vez, pode ser um motivador para o aprendizado, sendo ele baseado na
avaliação das necessidades do paciente, dados de cuidados de saúde e objetivos específicos e
mensuráveis. Um contrato de aprendizado bem projetado é realista e positivo e inclui também
metas mensuráveis, com um período de tempo específico e um sistema de recompensa para o
alcance das metas (SMELTZER; BARE, 2012). Em um contrato típico de aprendizado, uma série
de objetivos são estabelecidos, começando com objetivos pequenos, facilmente alcançáveis,
e progredindo para objetivos mais avançados, lembrando que o reforço positivo e frequente é
fornecido à medida que a pessoa atinge um objetivo (ANDRADE et al., 2018; SILVA et al., 2016;
SMELTZER; BARE, 2012; TAVARES et al., 2016; ZUGE et al., 2017).
3. ALTERAÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO
O Enfermeiro deve avaliar o impacto de sinais e sintomas na capacidade do paciente de
realizar atividades da vida diária e de participar das atividades habituais de trabalho e da família.
Nesta avaliação, podem estar inseridas doenças respiratórias crônicas e agudas. Desta forma, é
necessária uma avaliação contínua das habilidades físicas, dos apoios psicossociais e da qualidade
de vida do paciente para planejar intervenções apropriadas (SMELTZER; BARE, 2012).
16
É importante que o paciente com distúrbio respiratório compreenda sua condição e esteja
familiarizado com as intervenções necessárias de autocuidado, bem como o profissional de saúde
deve avaliar esses fatores ao longo do tempo e fornecer educação em saúde conforme necessário
(SMELTZER; BARE, 2012).
Os principais sinais e sintomas de doenças respiratórias são os seguintes:
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
• Dispneia;
• Tosse;
• Produção de escarro;
• Dor no peito;
• Chiado no peito;
• Pancadas nos dedos;
• Hemoptise;
• Cianose.
Essas manifestações clínicas estão relacionadas à duração e gravidade da doença (SMELTZER;
BARE 2012). Veja a seguir alguns exemplos de alterações respiratórias mais comuns.
3.1 Rinite
A rinite é um grupo de distúrbios caracterizados por inflamação e irritação das membranas
17
mucosas do nariz, e pode ser classificado como não alérgico ou alérgico. Além disso, a rinite
pode ser uma condição aguda ou crônica (CAMELO-NUNES;; SOLÉ, 2010; CAMPANHA et al., 2008;
IBIAPINA et al., 2006; LEMOS et al., 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
O termo resfriado comum é frequentemente usado quando se refere a uma infecção do trato
respiratório superior, que é autolimitada e causada por um vírus (rinite viral). Congestão nasal,
rinorreia, espirros, dor de garganta e mal-estar geral o caracterizam (IBIAPINA et al., 2006; SMELTZER;
BARE, 2012). O termo também pode ser usado quando o vírus causador é influenza (“gripe”). Esses
resfriados são altamente contagiosos, porque o vírus é eliminado por cerca de 2 dias antes que os
sintomas apareçam e durante a primeira parte da fase sintomática. Os seis vírus conhecidos por
produzir os sinais e sintomas da rinite viral são rinovírus, vírus parainfluenza, coronavírus, vírus sincicial
respiratório, vírus influenza e adenovírus. Cada um desses vírus pode ter várias cepas.
A incidência de rinite viral segue um padrão específico durante o ano, dependendo do
agente causador e, embora a rinite viral possa ocorrer em qualquer época do ano, no Brasil, há
predomínio no inverno e nas regiões sudeste e sul (CAMELO-NUNES; SOLÉ, 2010; CAMPANHA et
al., 2008; IBIAPINA et al., 2006; LEMOS et al., 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
3.2 Sinusite
Na sinusite, os seios e cavidades nasais estão revestidas de muco e cheias de ar, que drenam
normalmente para o nariz. Além disso, estão envolvidas em uma alta proporção de infecções do
trato respiratório superior. Se sua drenagem for obstruída por um desvio de septo ou por cornetos,
esporas ou pólipos ou tumores hipertrofiados, a infecção sinusal pode persistir como uma infecção
secundária ou progredir para um processo supurativo agudo (SMELTZER; BARE, 2012).
A sinusite afeta mais de 14% da população e responde por bilhões de dólares em custos
diretos de assistência médica. Algumas pessoas são mais propensas à sinusite por causa de suas
ocupações. A sinusite crônica é uma inflamação dos seios que persiste por mais de três semanas
em um adulto e duas semanas em uma criança e estima-se que 32 milhões de pessoas por ano
desenvolvam sinusite crônica (SMELTZER; BARE, 2012).
3.3 Faringite, tonsilite, traqueobronquite, adenoidite e laringite
A faringite aguda é uma inflamação ou infecção na garganta, geralmente causando sintomas
de dor de garganta. É uma inflamação persistente da faringe, uma infecção comum em adultos
que trabalham ou vivem em ambientes com poeira, usam a voz em excesso, sofrem de tosse
crônica e costumam usar álcool e tabaco (SMELTZER; BARE, 2012).
Atualmente, podemos classificar a faringite crônica em hipertrófica, caracterizada por
espessamento geral e congestão da membrana mucosa da faringe; atrófica, provavelmente
18
um estágio tardio do primeiro tipo; e granular crônico, caracterizado por numerosos folículos
linfáticos inchados na parede da faringe.
As amígdalas são compostas de tecido linfático e estão situadas em cada lado da orofaringe,
e frequentemente servem como local de infecção aguda, chamada de tonsilite ou amigdalite. A
forma crônica é menos comum e pode ser confundida com outros distúrbios, como alergia, asma
e sinusite (SMELTZER; BARE, 2012).
Traqueobronquite aguda é uma inflamação aguda da mucosa das membranas da traqueia
e da árvore brônquica, geralmente segue infecção do trato respiratório superior. Um paciente
com infecção viral tem sua resistência diminuída e pode prontamente desenvolver uma infecção
bacteriana. Assim, o tratamento adequado das infecções do trato respiratório é um dos principais
fatores na prevenção de bronquite aguda. Além da infecção, a inalação de irritantes físicos e
químicos, gases e outros contaminantes do ar também pode causar irritação brônquica aguda
(SMELTZER; BARE, 2012).
As adenoides ou amígdalas faríngeas consistem em tecido linfático próximo ao centro da
parede posterior da nasofaringe. A infecção das adenoides frequentemente acompanha a
tonsilite aguda, o estreptococo do grupo A é o organismo mais comum associado à amigdalite e
adenoidite (SMELTZER; BARE, 2012).
A laringite, uma inflamação da laringe, geralmente ocorre como resultado do abuso de voz ou
exposição à poeira, produtos químicos, fumaça como parte de uma infecção do trato respiratório
superior. Também pode ser causada por infecção isolada envolvendo apenas as cordas vocais,
na qual a causa da infecção é quase sempre um vírus. Esta infecção é geralmente associada
à faringite, e o início da infecção pode estar associado à exposição a mudanças bruscas de
temperatura, deficiências alimentares, desnutrição e imunossupressão (SMELTZER; BARE, 2012).
3.4 Atelectasia
A atelectasia refere-se ao fechamento ou colapso dos alvéolos e é frequentemente descrita
em relação aos achados radiológicos e sinais, bem como sintomas clínicos. Ela pode ser aguda ou
crônica e pode envolver alterações fisiopatológicas, além disso pode evoluir de microatelectasias
para macroatelectasias, com perda de volume pulmonar segmentar, lobular ou global (BALTIERI
et al., 2016; PUBLIO et al., 2004; SMELTZER; BARE, 2012).
A forma de apresentação mais comum é a atelectasia aguda, que ocorre frequentemente no
pós-operatório ou em pessoas que estão imobilizadas. Excesso de secreções e tampões de muco
também podem causar obstrução ao fluxo de ar e resultar em atelectasia em uma área do pulmão
(BALTIERI et al., 2016; PUBLIO et al., 2004; SMELTZER; BARE, 2012).
19
Atelectasia também é observada em pacientes com uma obstrução crônica das vias aéreas
que impede ou bloqueia o ar, devemos lembrar que esse tipo de atelectasia é mais grave e mais
lento no início (BALTIERI et al., 2016; PUBLIO et al., 2004; SMELTZER; BARE, 2012).
3.5 Tuberculose pulmonar
A tuberculose é uma doença infecciosa que afeta principalmente o parênquima pulmonar
e pode ser transmitida para outras partes do corpo, incluindo as meninges, rins, ossos e
linfonodos (ALBUQUERQUE et al., 2001; BERTAZONE et al., 2005; BOLLELA et al., 1999; SMELTZER;
BARE, 2012). Trata-se de um problema de saúde pública mundial e apresenta elevada taxa de
mortalidade (SMELTZER; BARE, 2012).
O bacilo de tuberculose infecta aproximadamente um terço da população do mundo e
continua a ser a principal causa de morte por doenças infecciosas no planeta, sendo a principal
causa de morte entre pessoas infectadas pelo HIV. Esta doença está intimamente associada à
pobreza, desnutrição, superlotação, habitação abaixo do padrão e inadequados cuidados de
saúde (ALBUQUERQUE et al., 2001; BERTAZONE et al., 2005; BOLLELA et al., 1999; SMELTZER;
BARE, 2012).
3.6 Abcesso pulmonar
Um abscesso pulmonar é uma lesão necrótica localizada no parênquima pulmonar contendo
material purulento que entra em colapso e forma uma cavidade, geralmente é causada pela
aspiração de bactérias anaeróbicas. Por definição, a radiografia de tórax demonstrará uma
cavidade de pelo menos 2 cm, os pacientes que apresentam reflexos de tosse comprometidos
e não conseguem fechar a glote, ou pessoas com dificuldades de deglutição, correm o risco de
aspirar material estranho e desenvolver um abscesso pulmonar (ARAÚJO, 2004; GONÇALVEZ et
al., 2008; MAGALHÃES et al., 2009; SMELTZER; BARE, 2012 ).
Outros riscos incluem aqueles com distúrbios do sistema nervoso central (convulsão, acidente
vascular cerebral), dependência de drogas, alcoolismo, doença esofágica ou função imunológica
comprometida, além de pacientes sem dentes, recebendo alimentação por sonda nasogástrica
e com estado alterado de consciência da anestesia (ARAÚJO, 2004; GONÇALVEZ et al., 2008;
MAGALHÃES et al., 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
3.7 Edema Pulmonar
O edema pulmonar é definido como acúmulo anormal de líquido no tecido pulmonar e/ou
espaço alveolar, trata-se de uma ameaça grave à vida. O edema pulmonar ocorre mais comumente
como resultado do aumento da pressão microvascular de função cardíaca anormal, desta forma o
retorno de sangue na vasculatura pulmonar resultante da função ventricular esquerda inadequada
20
causa um aumento da pressão microvascular e o líquido começa a vazar para o espaço intersticial
e para os alvéolos (AULER JÚNIOR et al., 1986; BRITO et al., 1995; MURRAY, 2011; SMELTZER;
BARE, 2012).
Outras causas de edema pulmonar são hipervolemia ou aumento repentino da pressão
intravascular no pulmão. Às vezes, o edema é denominado edema pulmonar instantâneo. O
paciente apresenta desconforto respiratório crescente, caracterizado por dispneia, falta de ar e
cianose central. O paciente geralmente fica ansioso e agitado, de forma que o fluido vaza para
os alvéolos e se mistura com o ar, fazendo com que o paciente tenha problemas respiratórios
agudos, angústia e possa ficar confuso (AULER JÚNIOR et al., 1986; BRITO et al., 1995; MURRAY,
2011; SMELTZER; BARE, 2012).
3.8 Insuficiência respiratória aguda
A insuficiência respiratória é uma deterioração súbita e com risco de vida, ocasionada pela
alteração da função de troca gasosa do pulmão. Ela acontece quando a troca de oxigênio por
dióxido de carbono nos pulmões não consegue acompanhar a taxa de consumo de oxigênio e
produção de dióxido de carbono pelas células do corpo (SMELTZER; BARE, 2012).
Os mecanismos do sistema respiratório que levam à insuficiência respiratória aguda incluem
hipoventilação alveolar, anormalidades por difusão, incompatibilidade ventilação-perfusão.
É importante distinguir insuficiência respiratória aguda e doenças respiratórias crônicas.
Insuficiência respiratória crônica é definida como uma deterioração na função de troca gasosa do
pulmão que tem ocorrido insidiosamente ou persistiu por um longo período após um episódio de
insuficiência respiratória aguda (SMELTZER; BARE, 2012).
A ausência de sintomas agudos e a presença de acidose respiratória crônica sugerem a
cronicidade das vias respiratórias. Duas causas de insuficiência respiratória crônica são doença
pulmonar obstrutiva crônica e doenças neuromusculares, visto que pacientes com esses
distúrbios desenvolvem tolerância à hipoxemia e hipercapnia que gradualmente são agravadas
(SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
A insuficiência respiratória aguda é definida como uma queda na tensão de oxigênio a
menos de 50 mm Hg, e aumento da tensão arterial de dióxido de carbono para mais de 50
mm Hg, com pH arterial inferior a 7,35. Na insuficiência respiratória aguda, os mecanismos
de ventilação ou perfusão no pulmão são prejudicados.
21
3.9 Doença pulmonar obstrutiva crônica
A DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) é um estado de doença caracterizado pela
limitação do fluxo de ar e que não é totalmente reversível. A DPOC pode incluir doenças que
causam obstrução do fluxo aéreo ou uma combinação desses distúrbios (DOURADO et al., 2004,
2006; SMELTZER; BARE, 2012). As pessoas com DPOC geralmente se tornam sintomáticas durante
a meia idade adulta, e a incidência de DPOC aumenta com a idade (DOURADO et al., 2004, 2006;
SMELTZER; BARE, 2012).
A DPOC pode coexistir com a asma, visto que ambas as doenças têm os mesmos sintomas
principais, no entanto, os sintomas geralmente são mais variáveis na asma do que na DPOC
(CAMPANHA et al., 2008; DOURADO et al., 2004, 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
A DPOC é a quinta principal causa de morte para todas as idades em ambos os sexos e, embora
certos aspectos da função pulmonar normalmente diminuam com a idade, a DPOC acentua e
acelera essas alterações fisiológicas (DOURADO et al., 2004, 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
4. DEMAIS ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS
Devemos compreender que as alterações respiratórias podem englobar uma diferente gama de
doenças e distúrbios, que podem ter implicações sistêmicas no organismo (SMELTZER; BARE, 2012).
Desta forma, iremos abordar agora algumas alterações que têm implicações agudas e crônicas.
4.1. Síndrome do desconforto respiratório agudo
A Síndrome do desconforto respiratório agudo é uma síndrome clínica caracterizada por um
edema pulmonar repentino e progressivo, apresentando aumento de infiltrados bilaterais na
22
radiografia de tórax, hipoxemia refratária, necessidade de suplementação de oxigênio e redução
da complacência pulmonar (AMATO et al., 2007; GALHARDO; MARTINEZ, 2003; ROTTA et al.,
2003; SMELTZER; BARE, 2012).
Os pacientes com síndrome do desconforto respiratório agudo geralmente requerem
ventilação mecânica com pressão positiva das vias aéreas. Uma ampla gama de fatores está
associada com o desenvolvimento desta alteração, incluindo lesão nos pulmões ou lesões
indiretas aos pulmões (AMATO et al., 2007; GALHARDO; MARTINEZ, 2003; ROTTA et al., 2003;
SMELTZER; BARE, 2012). Esta síndrome tem sido associada a uma taxa de mortalidade de 50% a
60% dos pacientes, tendo como principal causa de morte a insuficiência orgânica não-pulmonar
de múltiplos sistemas, geralmente com sepse (AMATO et al., 2007; GALHARDO; MARTINEZ, 2003;
ROTTA et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
4.2 Hipertensão pulmonar
A hipertensão pulmonar é uma condição que não é clinicamente evidente até sua progressão,
visto que existe hipertensão pulmonar quando a pressão da artéria pulmonar sistólica exceder 30
mm Hg ou a pressão média da artéria pulmonar exceder 25 mm Hg (GUIMARÃES et al., 2005; LAPA
et al., 2006; SMELTZER; BARE, 2012). Estas pressões não podem ser medidas indiretamente, assim
como o sangue sistêmico por meio de pressão, eles devem ser medidos mediante cateterismo
cardíaco (GUIMARÃES et al., 2005; LAPA et al., 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
Existem dois tipos de hipertensão pulmonar: primária e secundária. A hipertensão pulmonar
primária é uma doença incomum na qual o diagnóstico é feito excluindo todas as outras causas
possíveis, cuja causa exata é desconhecida. Ela Ocorre mais frequentemente em mulheres de 20
a 40 anos de idade e geralmente é fatal dentro de 5 anos após o diagnóstico (GUIMARÃES et al.,
2005; LAPA et al., 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
A hipertensão pulmonar secundária é mais comum e resulta de doença cardíaca ou pulmonar
existente. O prognóstico depende da gravidade do distúrbio subjacente e da mudança vascular
pulmonar. Uma causa comum de hipertensão pulmonar secundária é a constrição da artéria
pulmonar, devido à hipoxemia da DPOC (GUIMARÃES et al., 2005; LAPA et al., 2006; SMELTZER;
BARE, 2012).
4.3 Cor Pulmonale
Cor pulmonale é uma condição na qual o ventrículo direito do coração aumenta como
resultado de doenças que afetam a estrutura ou função do pulmão ou de sua vasculatura.
Qualquer doença que afete os pulmões e esteja acompanhada por hipoxemia pode resultar em
cor pulmonale (JARDIN et al., 1997; MACNEE, 1994; MENASHE et al., 1965; SMELTZER; BARE,
2012; SWANK et al., 1982; WEITZENBLUM, 2003; WEITZENBLUM et al., 2009).
23
A causa mais comum dessa doença é a DPOC grave, porque as alterações nas vias aéreas
e secreções retidas reduzem a ventilação alveolar. Causas adicionais incluem condições que
restringem ou comprometem a função da ventilação, levando à hipoxemia, acidose ou condições
que reduzem a pressão vascular pulmonar. Certos distúrbios do sistema nervoso (respiratório,
músculos respiratórios, parede torácica e pulmonar) também podem ser responsáveis pela cor
pulmonale (JARDIN et al., 1997; MACNEE, 1994; MENASHE et al., 1965; SMELTZER; BARE, 2012;
SWANK et al., 1982; WEITZENBLUM, 2003; WEITZENBLUM et al., 2009).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
5. TÉCNICAS: VENTILAÇÃO MECÂNICA E
GASOMETRIA
A ventilação mecânica pode ser necessária por vários motivos, incluindo a necessidade de
controlar as respirações do paciente durante cirurgia ou durante o tratamento de lesões graves,
para oxigenar o sangue quando os esforços ventilatórios do paciente são inadequados, e para
descansar os músculos respiratórios (BARBAS et al., 1998; CARVALHO et al., 2007; DAMASCENO
et al., 2006; SMELTZER; BARE, 2012). Muitos pacientes colocados em um ventilador mecânico
podem respirar espontaneamente, mas o esforço necessário para fazê-lo pode ser cansativo
(SMELTZER; BARE, 2012).
5.1 Ventilação mecânica
Um ventilador mecânico é um dispositivo de respiração com pressão positiva ou negativa
que pode manter a ventilação e o fornecimento de oxigênio por um período prolongado. Desta
forma, cuidar de um paciente em ventilação mecânica tornou-se parte integrante dos cuidados de
enfermagem em hospitais, instalações de cuidados prolongados e em casa (SMELTZER; BARE, 2012).
24
Os resultados positivos do paciente dependem de uma compreensão dos princípios da
ventilação mecânica e das necessidades de cuidados da parte do paciente, bem como de uma
comunicação aberta entre os membros da equipe de saúde sobre os objetivos da terapia, planos
de desmame e tolerância do paciente a alterações nas configurações do ventilador (SMELTZER;
BARE, 2012).
5.2 Indicações para ventilação mecância
Se um paciente tiver uma diminuição contínua da oxigenação, um aumento nos níveis de
dióxido de carbono arterial e uma acidose persistente, pode ser necessária ventilação mecânica
(SMELTZER; BARE, 2012).
As condições como cirurgia torácica ou abdominal, overdose de medicamentos, distúrbios
neuromusculares, lesão por inalação, doença pulmonar obstrutiva crônica, trauma múltiplo,
choque séptico e coma podem levar à insuficiência respiratória e à necessidade de ventilação
mecânica. Um paciente com apneia que não é prontamente reversível também é candidato à
ventilação mecânica (SMELTZER; BARE, 2012).
5.3 Classificação dos ventiladores mecânicos
Existem vários tipos de ventiladores mecânicos, tendo como as principais categorias os
ventiladores de pressão negativa e os de pressão positiva. A categoria mais usada hoje é a de
pressão positiva (SMELTZER; BARE, 2012).
Os ventiladores de pressão negativa exercem uma pressão negativa no peito externo. A
diminuição da pressão intratorácica durante a inspiração permite que o ar flua para o pulmão,
preenchendo seu volume (SMELTZER; BARE, 2012). Fisiologicamente, esse tipo de ventilação
assistida é semelhante à ventilação espontânea, utilizada principalmente na insuficiência
respiratória crônica associada a condições neuromusculares, como poliomielite, distrofia e
esclerose lateral amiotrófica (CARVALHO et al., 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
Esse tipo de ventilador é inadequado para o paciente instável, complexo ou cuja condição
requer alterações ventilatórias frequentes. Os ventiladores de pressão negativa são simples
de usar e não requerem intubação das vias aéreas; consequentemente, são especialmente
adaptáveis para uso doméstico. Existem vários tipos de ventiladores de pressão negativa: ferro
pulmão, envoltório do corpo e couraça no peito (SMELTZER; BARE, 2012).
Vale destacar ainda o pulmão de aço, que consiste em uma câmara de pressão negativa
usada para ventilação, foi usado extensivamente durante epidemias de poliomielite no passado
e atualmente é usado por sobreviventes da poliomielite e pacientes com outros distúrbios
neuromusculares (SMELTZER; BARE, 2012).
25
O pneumowrap trata-se de um dispositivo para criar uma pressão negativa em torno do tórax
e abdômen. É utilizado somente em pacientes minuciosamente selecionados, uma vez que é
frequente a ocorrência de vazamentos e problemas no encaixe (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Os ventiladores de pressão positiva inflam os pulmões exercendo pressão nas vias aéreas,
semelhante a um mecanismo de fole, ou seja, forçando os alvéolos a expandir durante a
inspiração, e a expiração ocorre passivamente. A intubação endotraqueal ou a traqueostomia
são necessárias na maioria dos casos e esses ventiladores são frequentemente utilizados no
ambiente hospitalar.
Existem três tipos de ventiladores mecânicos de pressão positiva os quais são classificados
pelo método de finalização da fase da inspiração, podem ser denominados ciclo de pressão, ciclo
de tempo e ciclo-volume. Outro tipo de ventilador de pressão positiva usado para pacientes
selecionados é a ventilação com pressão positiva não invasiva (SMELTZER; BARE, 2012).
O ventilador com ciclo de pressão termina a inspiração quando uma pressão predefinida foi
atingida, ou seja, o ventilador emite um fluxo de ar até atingir uma pressão predeterminada e depois
desliga (SMELTZER; BARE, 2012). Sua principal limitação é que o volume de ar ou o oxigênio podem
variar conforme a resistência ou conformidade das vias aéreas do paciente, e como resultado o
volume corrente entregue pode ser inconsistente. Consequentemente, em adultos, os ventiladores
com ciclo de pressão destinam-se apenas ao uso a curto prazo (SMELTZER; BARE, 2012).
Os ventiladores com ciclo de tempo terminam ou controlam a inspiração após um período
predefinido. O volume de ar que o paciente recebe é regulado pelo comprimento da inspiração e
a vazão do ar (SMELTZER; BARE, 2012).
Os ventiladores com ciclo de volume são os mais comumente utilizados. Com este tipo
de ventilador, o volume de ar que será entregue a cada inspiração está predefinido e, depois
que esse volume predefinido é entregue ao paciente, o ventilador desliga e a expiração ocorre
passivamente. O volume de ar fornecido pelo ventilador é relativamente constante, garantindo
respirações consistentes e adequadas, apesar da variação das pressões das vias aéreas
(SMELTZER; BARE, 2012).
A ventilação com pressão positiva pode ser realizada através de máscaras faciais que cobrem
nariz e boca, máscaras nasais ou outros dispositivos nasais, desta forma elimina a necessidade de
intubação endotraqueal ou traqueostomia e diminui o risco de infecções. O ventilador pode ser
ajustado com uma taxa de backup mínima para pacientes com períodos de apneia. Os pacientes
26
são considerados candidatos à ventilação não invasiva se tiverem insuficiência respiratória aguda
ou crônica, insuficiência pulmonar aguda e edema, doença pulmonar obstrutiva crônica ou
insuficiência cardíaca crônica com distúrbio respiratório (SMELTZER; BARE, 2012).
Este dispositivo também pode ser usado em casa para melhorar oxigenação tecidual e para
descansar os músculos respiratórios enquanto o paciente dorme à noite. É contraindicado para
quem sofreu parada respiratória, disritmias graves, alterações cognitivas, comprometimento ou
traumatismo craniano ou facial (SMELTZER; BARE, 2012).
A ventilação não invasiva pode ser usada para pacientes em cuidados paliativos e para os que
não desejam intubação endotraqueal, mas necessitam de suporte ventilatório de longo prazo.
Adicionalmente, cada inspiração pode ser iniciada pelo paciente ou pela máquina (SMELTZER;
BARE, 2012).
5.4 Gasometria
As medições do pH do sangue, do oxigênio arterial e carbono são obtidas ao gerenciar
pacientes com problemas respiratórios e objetivam ajustar a oxigenoterapia conforme necessário
(MOTA; QUEIROZ, 2010; SMELTZER; BARE, 2012; SOLER et al., 2012). A tensão arterial de oxigênio
indica o grau de oxigenação do sangue, e a tensão arterial de dióxido de carbono indica a
adequação da ventilação alveolar (SMELTZER et al., 2012).
As avaliações dos gases no sangue ajudam a medir a capacidade dos pulmões de fornecer
oxigênio adequado, remover o dióxido de carbono e a capacidade dos rins para reabsorver ou
excretar íons bicarbonato para manter pH normal do corpo (SMELTZER et al., 2012). A análise
seriada de gases no sangue também é um indicador de se o pulmão foi danificado após o trauma,
e os níveis de gases no sangue arterial são obtidos através de uma punção na artéria radial,
braquial ou femoral ou através de cateter arterial de permanência (SMELTZER et al., 2012).
27
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• identificar fatores que interferem no acolhimento ao paciente adulto;
• compreender o processo de educação permanente na enfermagem;
• identificar as principais alterações do sistema respiratório;
• identificar as técnicas de ventilação mecânica;
• compreender o processo de gasometria.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALBUQUERQUE, M. DE F. M. DE et al. Fatores prognósticos para o desfecho do tratamen-
to da tuberculose pulmonar em Recife, Pernambuco, Brasil. Revista Panamericana de
Salud Pública, v. 9, p. 368–374, 2001.
AMATO, M. B. P. et al. Ventilação mecânica na lesão pulmonar aguda/síndrome do
desconforto respiratório agudo. Revista brasileira de terapia intensiva, v. 19, n. 3, p.
374–383, 2007.
ANDRADE, J. M. et al. Avaliação da Adesão ao Tratamento com Antidepressivos em
Pacientes de uma Farmácia Pública no Interior do Ceará. ID on line REVISTA DE PSICOLO-
GIA, v. 12, n. 42, p. 203–212, 2018.
ARAÚJO, A.O.W. Abscessos pulmonares em suínos abatidos industrialmente: bacterio-
logia, anatomopatologia e relação entre portas de entrada e lesões macroscópicas. 87f.
Dissertação (Mestrado em Ciências Veterinárias na área de Medicina Veterinária preven-
tiva) Porto Alegre-RS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), 2004.
AULER JÚNIOR, J. O. C. et al. Edema pulmonar não cardiogênico após circulação extracor-
pórea. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, v. 1, n. 2, p. 41–48, 1986.
BALTIERI, L. et al. Análise da prevalência de atelectasia em pacientes submetidos à cirur-
gia bariátrica. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 66, n. 6, p. 577–582, 2016.
BARBAS, C. S. et al. Interação cardiopulmonar durante a ventilação mecânica. Rev. Soc.
Cardiol. Estado de Säo Paulo, v. 8, n. 3, p. 406–419, 1998.
BERTAZONE, É. DO C. et al. Situações vivenciadas pelos trabalhadores de enfermagem na
assistência ao portador de tuberculose pulmonar. Revista Latino-Americana de Enferma-
gem, v. 13, n. 3, p. 374–381, 2005.
BOLLELA, V. R. et al.. Problemas na padronização da reação em cadeia da polimerase para
diagnóstico da tuberculose pulmonar. Revista de Saúde Pública, v. 33, p. 281–286, 1999.
BRAGA, C. G.; DA SILVA, J. V. Teorias de enfermagem. [s.l.]. São paulo: Iátria, 2011.
BRITO, J. C. D. F. et al. Edema pulmonar agudo neurogênico: relato de caso. Arquivos de
Neuro-Psiquiatria, v. 53, n. 2, p. 288–293, 1995.
CAMELO-NUNES, I. C.; SOLÉ, D. Rinite alérgica: indicadores de qualidade de vida. Jornal
Brasileiro de Pneumologia, v. 36, n. 1, p. 124–133, 2010.
CAMPANHA, S. M. A. et al.. O impacto da asma, da rinite alérgica e da respiração oral na
qualidade de vida de crianças e adolescentes. Revista Cefac, v. 10, n. 4, p. 513–519, 2008.
CARVALHO, C. R. R. DE et al. Ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e modalida-
des ventilatórias. Jornal brasileiro de pneumologia, v. 33, p. 54–70, 2007.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COSTA, D. D. DE O. et al. Acolhimento da demanda, classificação de risco e rastreamento
no adulto. Saúde do Adulto II, 2017.
DAMASCENO, M. P. C. D. et al. Ventilação mecânica no Brasil: aspectos epidemiológicos.
Revista brasileira de terapia intensiva, v. 18, n. 3, p. 219–228, 2006.
DE LIMA NETO, A. V. et al. Acolhimento e humanização da assistência em pronto-socor-
ro adulto: percepções de enfermeiros. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 3, n. 2, p.
276–286, 2013.
DOURADO, V. Z. et al. Influência de características gerais na qualidade de vida de pacien-
tes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 30, n.
3, p. 207–214, 2004.
GALHARDO, F. P. L.; MARTINEZ, J. A. B. Síndrome do desconforto respiratório agudo.
Medicina (Ribeirao Preto Online), v. 36, n. 2/4, p. 248–256, 2003.
GUIMARÃES, J. I. et al. Diagnóstico, avaliação e terapêutica da hipertensão pulmonar. Arq
Bras Cardiol, v. 84, n. supl 1, p. 1–189, 2005.
GONÇALVES, A. M. et al. Os abcessos pulmonares em revisão. Revista Portuguesa de
Pneumologia (English Edition), v. 14, n. 1, p. 141–149, 2008.
IBIAPINA, C. DA C. et al. Rinite, sinusite e asma: indissociáveis? Jornal Brasileiro de Pneu-
mologia, v. 32, n. 4, p. 357–366, 2006.
JARDIN, F. et al.. Echocardiographic pattern of acute cor pulmonale. Chest, v. 111, n. 1, p.
209–217, 1997.
LAPA, M. S. et al. Características clínicas dos pacientes com hipertensão pulmonar em
dois centros de referência em São Paulo. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 52,
n. 3, p. 139–143, 2006.
LEITE, J. C. A. et al.. Acolhimento: perspectiva de reorganização da assistência de enfer-
magem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 52, n. 2, p. 161–168, 1999.
LEMOS, C. M. DE et al. Alterações funcionais do sistema estomatognático em pacientes
com rinite alérgica: estudo caso-controle. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 75,
n. 2, p. 268–274, 2009.
MACHADO, M. DE F. A. S. et al. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as
propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciência & saúde coletiva, v. 12, p. 335–342, 2007.
MACNEE, W. Pathophysiology of cor pulmonale in chronic obstructive pulmonary disea-
se. Part One. American journal of respiratory and critical care medicine, v. 150, n. 3, p.
833–852, 1994.
MAGALHÃES, L. et al. Abcessos pulmonares: Revisão de 60 casos. Revista Portuguesa de
Pneumologia, v. 15, n. 2, p. 165–178, 2009.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MENASHE, V. D. et al. Hypoventilation and cor pulmonale due to chronic upper airway
obstruction. The Journal of Pediatrics, v. 67, n. 2, p. 198–203, 1965.
MOTA, I. L.; QUEIROZ, R. S. Distúrbios do equilíbrio ácido básico e gasometria arterial:
uma revisão crítica. Revista Digital, Buenos Aires, v. 14, 2010.
MURRAY, J. F. Pulmonary edema: pathophysiology and diagnosis. The International jour-
nal of tuberculosis and lung disease, v. 15, n. 2, p. 155–160, 2011.
PUBLIO, A. Z. et al. Estudo da pressão positiva expiratória e a sua eficácia na atelectasia:
uma revisão literária. Fisioter. mov, p. 43–50, 2004.
ROSSI, F. R.; LIMA, M. A. D. DA S. Acolhimento: tecnologia leve nos processos gerenciais
do enfermeiro. Revista brasileira de enfermagem, v. 58, n. 3, p. 305–310, 2005.
ROTTA, A. T. et al. O manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo. Jornal de
Pediatria, v. 79, p. S149–S160, 2003.
SCHALL, V. T.; STRUCHINER, M. Educação em saúde: novas perspectivas. SciELO Public
Health, 1999.
SILVA, A. P. DA et al. Fatores associados à não adesão ao tratamento da hipertensão ar-
terial sistêmica: uma revisão integrativa. Rev. pesqui. cuid. fundam.(Online), v. 8, n. 1, p.
4047–4055, 2016.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgi-
ca. Todos os volumes. [s.l.] Guanabara Koogan, 2012.
SOLER, V. M. et al. Gasometria arterial-evidências para o cuidado de enfermagem. Cui-
dArte, Enferm, p. 78–85, 2012.
SWANK, S. M. et al. Scoliosis and cor pulmonale. Spine, v. 7, n. 4, p. 343–354, 1982.
TAKEMOTO, M. L. S.; SILVA, E. M. Acolhimento e transformações no processo de trabalho
de enfermagem em unidades básicas de saúde de Campinas, São Paulo, Brasil. Cadernos
de Saúde Pública, v. 23, n. 2, p. 331–340, 2007.
TAVARES, N. U. L. et al. Fatores associados à baixa adesão ao tratamento farmacológico
de doenças crônicas no Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 50, p. 10s, 2016.
TAYLOR, C. R. et al. Fundamentos de Enfermagem-: A Arte ea Ciência do Cuidado de
Enfermagem. [s.l.] Artmed Editora, 2014.
WEITZENBLUM, E. Chronic cor pulmonale. Heart, v. 89, n. 2, p. 225–230, 2003.
WEITZENBLUM, E.; CHAOUAT, A. Cor pulmonale. Chronic respiratory disease, v. 6, n. 3, p.
177–185, 2009.
UNIDADE 2
Prática de enfermagem para trata-
mento e diagnóstico de alterações
cardiovasculares
Introdução
Você está na Unidade Prática de Enfermagem para Tratamento e Diagnóstico de
Alterações Cardiovasculares. Conheça aqui as alterações do sistema cardiovascular, as
técnicas de realização do eletrocardiograma, e pressão venosa central no contexto da
prática assistencial do(a) enfermeiro(a).
Aprenda aspectos importantes, tais como os aspectos clínicos, epidemiológicos e
psicossociais que fundamentam o cuidar de pessoas com alterações do sistema
cardiovascular, assim como os fatores relacionados à hipertensão, trombose venosa
profunda, insuficiência, cardíaca congestiva, infarto do miocárdio e arritmias cardíacas.
Você já pensou como esses fatores podem impactar a saúde de nossos pacientes? Pois
então, essa é a resposta que iremos descobrir a seguir nesta unidade.
Bons estudos!
33
1. SINAIS E SINTOMAS CARDÍACOS
Os pacientes com distúrbios cardiovasculares podem apresentar dor ou desconforto no peito,
falta de ar ou dispneia, edema e ganho de peso, palpitações, fadiga, tontura e síncope ou perda de
consciência (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP,
2012) . Sendo assim, nem todo desconforto no peito está relacionado à isquemia miocárdica
e, quando um paciente sente desconforto no peito, as perguntas devem se concentrar na
diferenciação de uma condição grave e com risco de vida, como o infarto agudo do miocárdio, de
condições menos graves ou que seriam tratadas de maneira diferente (DA COSTA GALVÃO et al.,
2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012) . Desta forma, o(a) enfermeiro(a)
deve realizar uma adequada consulta de enfermagem (BRAGA; DA SILVA, 2011; SMELTZER; BARE,
2012; TAYLOR et al., 2014) .
1.1. Exame físico
Um exame físico deve ser realizado para confirmar os dados obtidos no histórico de saúde.
Além de observar a aparência geral do paciente, um exame físico cardíaco deve incluir uma
avaliação da eficácia do coração no bombeamento de sangue (SMELTZER; BARE, 2012). As
indicações de que o coração não está se contraindo suficientemente ou funcionando de maneira
eficaz, como uma bomba, incluem pressão de pulso reduzida, aumento cardíaco e sopros e ritmos
de galope (sons cardíacos anormais) (SMELTZER; BARE, 2012).
A quantidade de sangue que preenche os átrios e ventrículos, e as pressões resultantes
(chamadas volumes e pressões de preenchimento) são estimadas pelo grau de distensão da veia
jugular e pela presença ou ausência de congestão nos pulmões, edema periférico e alterações
posturais na pressão arterial que ocorrem quando o indivíduo se senta ou se levanta (SMELTZER;
BARE, 2012).
O débito cardíaco é refletido pela cognição, frequência cardíaca, pressão de pulso, cor e
textura da pele e débito urinário (SMELTZER; BARE, 2012). Observe que os achados do exame
físico estão correlacionados com os dados obtidos nos procedimentos de diagnóstico, como
o monitoramento hemodinâmico (SMELTZER; BARE, 2012). O exame procede logicamente
da cabeça aos pés, e deve abranger a aparência geral, cognição, pele, pressão arterial, pulsos
arteriais, pulsações e pressões venosas jugulares, coração, extremidades, pulmões e abdômen
(DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
34
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
1.2 Pulsações venosas jugulares
Uma estimativa da função cardíaca do lado direito pode ser feita observando-se as pulsações
das veias jugulares do pescoço. Isso fornece um meio de estimar a pressão venosa central, que
reflete a pressão diastólica final do ventrículo direito ou auricular. As pulsações das veias jugulares
internas são mais comumente avaliadas (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011;
SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
As veias jugulares externas são frequentemente distendidas enquanto o paciente estiver
deitado, em decúbito dorsal, na mesa de exame ou cama (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA
et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012). À medida que a cabeça do paciente é elevada, a
distensão das veias desaparece (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER;
BARE, 2012; STIPP, 2012).
As veias normalmente não são aparentes se a cabeça da cama ou a mesa de exame é elevada
em mais de 30 graus (SMELTZER; BARE, 2012). A distensão óbvia das veias com a cabeça do
paciente elevada 45 graus a 90 graus indica um aumento anormal no volume do sistema venoso,
e pode estar mais associado a insuficiência cardíaca direita, menos comumente com obstrução
do fluxo sanguíneo na veia cava superior e raramente com embolia pulmonar maciça aguda
(SMELTZER; BARE, 2012).
1.3 Inspeção cardíaca e palpação
O exame da parede torácica é realizado na área aórtica, ponto de Erb, área ventricular direita
ou tricúspide, área ventricular esquerda ou apical e área epigástrica (SMELTZER; BARE, 2012).
Na maior parte do exame, o paciente fica em decúbito dorsal, com a cabeça levemente
elevada. O(a) enfermeiro(a) destro(a) está posicionado no lado direito do paciente e o canhoto(a)
35
no lado esquerdo. De maneira sistemática, cada área do precórdio é inspecionada e depois
palpada. A iluminação oblíqua é usada para ajudar o examinador a identificar pulsações sutis. Um
impulso normal que é distinto e localizado sobre o ápice do coração é chamado de impulso apical
e pode ser observado em jovens e em pessoas mais velhas que são magras. O impulso apical é
normalmente localizado e auscultado no quinto espaço intercostal esquerdo, na linha médio-
clavicular (SMELTZER; BARE, 2012).
Em muitos casos, o impulso apical é palpável e normalmente é sentido como uma pulsação
leve, com 1 a 2 cm de diâmetro. É sentido no início do primeiro som cardíaco e dura apenas
metade da sístole (SMELTZER; BARE, 2012). Desta forma, o(a) enfermeiro(a) usa a palma da mão
para localizar o impulso apical inicialmente e os dedos para avaliar seu tamanho e qualidade
(SMELTZER; BARE, 2012). Um impulso apical amplo e vigoroso é conhecido como elevação ou
elevação do ventrículo esquerdo e é assim chamado porque parece levantar a mão da parede
torácica durante a palpação (SMELTZER; BARE, 2012).
Um impulso apical abaixo do quinto espaço intercostal ou lateral à linha médio-clavicular
geralmente indica aumento do ventrículo esquerdo por insuficiência ventricular esquerda
(SMELTZER; BARE, 2012). Normalmente, o impulso apical é palpável em apenas um espaço
intercostal, a palpabilidade em dois ou mais espaços intercostais adjacentes indica aumento do
ventrículo esquerdo (SMELTZER; BARE, 2012).
Se o impulso apical puder ser palpado em duas áreas distintas e os movimentos da pulsação
forem paradoxais (não simultâneos), deve-se suspeitar de um aneurisma ventricular (SMELTZER;
BARE, 2012). O fluxo sanguíneo anormal e turbulento no coração pode ser palpado com a palma
da mão, como uma sensação de ronronar, esse fenômeno é chamado de emoção e está associado
a um murmúrio alto (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Durante a realização do exame físico não devemos palpar as artérias temporais ou
carótidas simultaneamente, pois pode diminuir o fluxo sanguíneo no cérebro. Desta forma,
asseguramos que o processo de enfermagem garanta mais segurança ao paciente e evite a
ocorrência de eventos adversos.
1.4 Ausculta cardíaca
Durante a ausculta, o paciente permanece em decúbito dorsal e a sala de exames fica o
mais quieta possível. Um estetoscópio com diafragma é necessário para uma ausculta precisa
do coração (SMELTZER; BARE, 2012). Usando o diafragma do estetoscópio, o examinador inicia
36
o exame na área apical e progride para cima, ao longo da borda esternal esquerda, para as áreas
pulmonar e aórtica (SMELTZER; BARE, 2012). Se desejado, o examinador pode optar por iniciar
o exame nas áreas aórtica e pulmonar e progredir para baixo até o ápice do coração (SMELTZER;
BARE, 2012).
Inicialmente, S1 é identificado e avaliado em relação à sua intensidade e divisão e, em seguida,
S2 é identificado e sua intensidade e qualquer divisão são observadas (SMELTZER; BARE, 2012).
Após se concentrar em S1 e S2, o examinador ouve sons extras na sístole e depois na diástole
(SMELTZER; BARE, 2012).
Finalmente, o paciente é posicionado para o lado esquerdo e o estetoscópio é colocado
na área apical, onde um sopro S3, S4 e mitral é mais facilmente detectado (SMELTZER; BARE,
2012). Depois que uma anormalidade é ouvida, toda a superfície do tórax é reexaminada para
determinar a localização exata do som e sua radiação (SMELTZER; BARE, 2012). Além disso, o
paciente, que pode estar preocupado com o exame prolongado, deve receber apoio e ser
tranquilizado (SMELTZER; BARE, 2012)..
Os achados auscultatórios, principalmente os sopros, são documentados através da
identificação da localização na parede torácica, tempo do som durante a sístole ou durante a
diástole, descrito como precoce, intermediário ou tardio, Intensidade do som, qualidade do som,
comumente descrita como sopro, forte ou musical, e localização da radiação do som longe de
onde é ouvido mais alto (SMELTZER; BARE, 2012)..
1.5 Avaliação dos sons cardíacos
A interpretação dos sons cardíacos requer conhecimento detalhado da fisiologia cardíaca e
da fisiopatologia das doenças cardíacas e devemos levar em consideração que existem diferentes
níveis de desempenho nos quais se espera que o(a) enfermeiro(a) funcione (DA COSTA GALVÃO et
al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
O primeiro nível é simplesmente reconhecer que o que se está ouvindo não é normal, tais
como um terceiro som cardíaco, um sopro na sístole ou na diástole, uma fricção pericárdica no
meio do esterno ou um segundo som cardíaco amplamente dividido (DA COSTA GALVÃO et al.,
2016; DOURADO et al., 2004, 2006; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
Esse nível de função é útil na triagem e é o tipo de atividade envolvida na realização de exames
físicos de rotina ou de triagem (SMELTZER; BARE, 2012).
O segundo nível envolve o reconhecimento de padrões e o profissional de enfermagem
observa corretamente os achados e pode reconhecer os diferentes tipos de sons, bem como o
significado diagnóstico dos sons comuns (PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012;
TAYLOR et al., 2014). No seu nível mais sofisticado, o diagnóstico cardíaco pode ser interpretativo,
37
no qual os enfermeiros(as) altamente qualificados(as) podem diferenciar disritmias e responder
de acordo, e podem ainda determinar o significado da aparência e desaparecimento de galope
durante o tratamento de pacientes (PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012;
TAYLOR et al., 2014).
2.ALTERAÇÕES DO SISTEMA CARDIOVASCULAR
As alterações do sistema cardiovascular podem provocar diferentes tipos de patologias, as
quais podem ter início agudo ou crônico. Desta forma, o(a) enfermeiro(a) deve estar atento
às alterações no sistema cardíaco do paciente para conseguir prestar o atendimento de forma
integral (PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012; TAYLOR et al., 2014) .
2.1 Aterosclerose coronária
A aterosclerose é umas das doenças cardíacas mais comuns atualmente, ela consiste
no acúmulo anormal de lipídios ou gorduras, substâncias e tecido fibroso na parede do vaso
sanguíneo. Essas substâncias criam bloqueios ou estreitam os vasos de uma maneira que reduz
o fluxo sanguíneo para o miocárdio (PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012;
TAYLOR et al., 2014).
A aterosclerose envolve uma resposta inflamatória repetitiva à lesão da parede arterial e uma
alteração nas propriedades biofísicas e bioquímicas das paredes arteriais (PEREIRA et al., 2011;
SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012; TAYLOR et al., 2014). Uma associação entre uma infecção e o
desenvolvimento posterior de doenças cardíacas pode estar relacionada ao aparecimento desta
patologia, assim como a administração de antibióticos para prevenir doenças cardíacas, uma vez
que se trata de uma doença progressiva que pode ser reduzida e, em alguns casos, revertida (DA
COSTA GALVÃO et al., 2016; DOURADO et al., 2004; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012;
STIPP, 2012; TAYLOR et al., 2014).
2.2 Angina pectoris
A angina pectoris é uma síndrome clínica geralmente caracterizada por episódios ou
paroxismos de dor ou pressão no peito anterior. A causa geralmente é fluxo sanguíneo coronário
insuficiente (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP,
2012; TAYLOR et al., 2014).
O fluxo inuficiente resulta em um suprimento diminuído de oxigênio para atender a uma demanda
aumentada de oxigênio no miocárdio em resposta a esforço físico ou estresse emocional e em outras
palavras, a necessidade de oxigênio excede a oferta (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al.,
2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012; TAYLOR et al., 2014). A gravidade da angina é baseada na
atividade precipitante e seu efeito nas atividades da vida diária (SMELTZER; BARE, 2012).
38
2.3 Infarto do miocárdio
O infarto do miocárdio refere-se ao processo pelo qual áreas das células do miocárdio no
coração são destruídas permanentemente (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011;
SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012). Como a angina instável, o infarto do miocárdio é geralmente
causado pela redução do fluxo sanguíneo em uma artéria coronária devido à aterosclerose e
oclusão de uma artéria por um êmbolo ou trombo (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al.,
2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
Como angina instável e infarto agudo do miocárdio são considerados o mesmo processo, o
termo síndrome coronariana aguda pode ser usado para esses diagnósticos (DA COSTA GALVÃO
et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012). Outras causas de infarto
do miocárdio incluem vasoespasmo de uma artéria coronária, suprimento diminuído de oxigênio
e aumento da demanda por oxigênio. Em cada caso, existe um desequilíbrio profundo entre a
oferta e a demanda de oxigênio no miocárdio (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al.,
2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
A oclusão coronariana, ataque cardíaco e infarto do miocárdio são termos usados como
sinônimos, mas o termo preferido é infarto do miocárdio e a área do infarto leva tempo para se
desenvolver (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP,
2012). À medida que as células são privadas de oxigênio, a isquemia se desenvolve, a lesão celular
ocorre e, com o tempo, a falta de oxigênio resulta em infarto ou morte das células (DA COSTA
GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
Várias descrições são usadas para identificar esta situação, tais como a localização da lesão
na parede do ventrículo esquerdo ou no ventrículo direito e o momento no processo do infarto
(DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012). O
eletrocardiograma geralmente identifica o local, e a história do paciente identifica o momento.
Independentemente da localização do infarto do músculo cardíaco, o objetivo da terapia médica
é prevenir ou minimizar a morte do tecido do miocárdio e prevenir complicações (DA COSTA
GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012).
2.4 Disritmias
Disritmias são distúrbios da formação e/ou condução do impulso elétrico dentro do coração
(SMELTZER; BARE, 2012). Esses distúrbios podem causar distúrbios na frequência cardíaca, no
ritmo cardíaco ou em ambos (SMELTZER; BARE, 2012). As disritmias podem ser inicialmente
evidenciadas pelo efeito hemodinâmico que causam, por exemplo, uma mudança na condução
pode alterar a ação de bombeamento coração e causar diminuição da pressão arterial (SMELTZER;
BARE, 2012).
39
As disritmias são diagnosticadas através da análise e são nomeados de acordo com o site
de origem do impulso, e com o mecanismo de formação ou condução envolvido (SMELTZER;
BARE, 2012). Por exemplo, um impulso que se origina no sinoatrial e que possui uma taxa lenta é
chamado bradicardia sinusal (SMELTZER; BARE, 2012).
3.DISTÚRBIOS VALVARES ADQUIRIDOS
As válvulas do coração controlam o fluxo de sangue através do coração para a artéria pulmonar
e para a aorta, abrindo e fechando em resposta às mudanças da pressão arterial, à medida que
o coração se contrai e relaxa durante o ciclo cardíaco (SMELTZER; BARE, 2012) . As válvulas
atrioventriculares separam os átrios dos ventrículos e incluem a válvula tricúspide, que separa
o átrio direito do ventrículo direito, e a válvula mitral, que separa o átrio esquerdo do ventrículo
esquerdo (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP,
2012) . A válvula tricúspide possui três folhetos e a válvula mitral tem dois, no entanto ambas
as válvulas têm cordas tendíneas que ancoram os folhetos valvares nos músculos papilares e na
parede ventricular esquerdo (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER;
BARE, 2012; STIPP, 2012) .
As válvulas semilunares estão localizadas entre os ventrículos e suas artérias correspondentes
(DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012) . A
válvula pulmonar fica entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar; a válvula aórtica fica entre
o ventrículo esquerdo e a aorta e, quando qualquer uma das válvulas cardíacas fecha ou abre
inadequadamente, o fluxo sanguíneo é afetado. Quando as válvulas não fecham completamente,
o sangue flui para trás, através da válvula em um processo chamado regurgitação (DA COSTA
GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011; SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012) .
Quando as válvulas não abrem completamente, uma condição chamada estenose, o fluxo
de sangue através da válvula é reduzido (DA COSTA GALVÃO et al., 2016; PEREIRA et al., 2011;
SMELTZER; BARE, 2012; STIPP, 2012) . Os distúrbios da válvula mitral se enquadram nas seguintes
categorias: prolapso da válvula mitral, regurgitação mitral e estenose mitral (SMELTZER; BARE,
2012) . Os distúrbios da válvula aórtica são classificados como regurgitação aórtica e estenose
aórtica. Desordens tricúspides e valvas pulmonares também ocorrem, geralmente com menos
sintomas e complicações. Regurgitação e estenose podem ocorrer ao mesmo tempo na mesma
válvula ou em válvulas diferentes (SMELTZER; BARE, 2012) .
3.1 Alterações na válvula mitral
O prolapso da válvula mitral é uma deformidade que geralmente não produz sintomas,
raramente progride, e pode resultar em morte súbita (SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al.,
2014). O prolapso da válvula mitral ocorre mais frequentemente em mulheres do que em
40
homens. Nos últimos anos, esse distúrbio foi diagnosticado com mais frequência, provavelmente
como resultado de métodos de diagnóstico aprimorados (CARVALHO et al., 1998; KUBO et al.,
2001; SMELTZER; BARE, 2012).
A regurgitação mitral envolve o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo
durante a sístole. Muitas vezes, as margens da válvula mitral não podem fechar durante a sístole
(CARVALHO et al., 1998; KUBO et al., 2001; SMELTZER; BARE, 2012).
A estenose mitral é uma obstrução do sangue que flui do átrio esquerdo para o
ventrículo esquerdo, que é frequentemente causada por endocardite reumática, que espessa
progressivamente os folhetos da valva mitral e as cordas tendíneas. Os folhetos frequentemente
se fundem e, eventualmente, o orifício da válvula mitral se estreita e obstrui progressivamente o
fluxo sanguíneo no ventrículo (CARVALHO et al., 1998; KUBO et al., 2001; SMELTZER; BARE, 2012).
3.2 Alterações aórticas
Regurgitação aórtica é o fluxo de sangue de volta ao ventrículo esquerdo da aorta durante
a diástole, o qual pode ser causado por inflamação ou lesões que deformam os folhetos da
válvula aórtica, impedindo-os de fechar completamente o orifício da válvula aórtica (CARVALHO;
ALMEIDA; LIMA, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). Esse defeito valvar também pode resultar de
endocardite congênita, anormalidades, doenças como a sífilis, aneurisma dissecante, que causa
dilatação ou ruptura da aorta ascendente ou deterioração de substituição da válvula aórtica (BY
QUADRICUSPID, 1993; CARVALHO et al., 2001; SMELTZER; BARE, 2012).
A estenose da válvula aórtica estreita o orifício entre o ventrículo esquerdo e a aorta. Nos
adultos, a estenose pode envolver malformações congênitas dos folhetos ou um número anormal
de folhetos (ou seja, um ou dois em vez de três); ou pode resultar de endocardite reumática ou
calcificação da cúspide por causa desconhecida, e os folhetos da válvula aórtica podem se fundir
(BY QUADRICUSPID, 1993; CARVALHO et al., 2001; SMELTZER; BARE, 2012).
3.3 Hipertensão
A hipertensão é uma pressão arterial sistólica superior a 140 mm Hg e uma pressão diastólica
superior a 90 mm Hg durante um período prolongado, com base na média de duas ou mais
medidas de pressão arterial realizadas em dois ou mais contatos com o profissional de saúde após
um procedimento inicial (NOBRE et al., 2010; PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON;
BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
A classificação mostra a relação direta entre o risco de morbimortalidade por hipertensão e o
nível de pressão arterial sistólica e diastólica, ou seja, quanto maior a pressão sistólica ou diastólica,
maior o risco (NOBRE et al., 2010; PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003;
41
SMELTZER; BARE, 2012). Aproximadamente 20% a 25% da população adulta tem hipertensão, dos
quais 90% e 95% têm hipertensão primária, o que significa que o motivo da elevação da pressão
arterial não pode ser identificado (NOBRE et al., 2010; PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003;
RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). Os 5% a 10% restantes desse grupo apresentam
pressão alta relacionada a causas específicas, como estreitamento das artérias renais, doença do
parênquima renal, uso de medicamentos, gravidez e coarctação da aorta (NOBRE et al., 2010;
PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
Hipertensão secundária é o termo usado para indicar pressão alta de uma causa identificada,
e, uma vez identificada, a pressão arterial elevada deve ser monitorada em intervalos regulares,
pois a hipertensão é uma condição vitalícia. A hipertensão geralmente acompanha os fatores de
risco para doenças cardíacas ateroscleróticas, como dislipidemia e diabetes mellitus (NOBRE et
al., 2010; PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
A pressão alta pode ser vista como um sinal, um fator de risco para doença cardiovascular
aterosclerótica ou uma doença. Desta forma, devemos utilizar a aferição da pressão arterial para
monitorar o estado clínico de um paciente (NOBRE et al., 2010; PASSOS et al., 2006; PÉRES et al.,
2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). A pressão elevada pode indicar uma dose
excessiva de medicação vasoconstritora ou outros problemas (NOBRE et al., 2010; PASSOS et al.,
2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
Como fator de risco, a hipertensão contribui para a taxa na qual a placa aterosclerótica
se acumula dentro das paredes arteriais. Como doença, a hipertensão é um dos principais
contribuintes para a morte por doença vascular cardíaca, renal e periférica (NOBRE et al., 2010;
PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012). A
elevação prolongada da pressão arterial eventualmente danifica os vasos sanguíneos por todo
o corpo, principalmente nos órgãos-alvo, como coração, rins, cérebro e olhos (NOBRE et al.,
2010; PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
As consequências usuais da hipertensão prolongada e descontrolada são infarto do miocárdio,
insuficiência cardíaca, insuficiência renal, derrames e visão prejudicada (NOBRE et al., 2010;
PASSOS et al., 2006; PÉRES et al., 2003; RONDON; BRUM, 2003; SMELTZER; BARE, 2012).
3.4 Trombose venosa profunda
A trombose venosa profunda e outras complicações, como embolia pulmonar, são
complicações potenciais da realização de procedimentos cirúrgicos (BARROS-SENA; GENESTRA,
2008; ENGELHORN et al., 2002; MACHADO et al., 2008; SMELTZER; BARE, 2012). A resposta
ao estresse iniciada como resultado da cirurgia inibe o sistema fibrinolítico, resultando em
hipercoagulabilidade do sangue, adicionalmente fatores como desidratação, baixo débito
cardíaco, acumulação de sangue nas extremidades e repouso no leito aumentam o risco de
formação de trombose (BARROS-SENA; GENESTRA, 2008; ENGELHORN et al., 2002; MACHADO et
42
al., 2008; SMELTZER; BARE, 2012).
Embora todos os pacientes no pós-operatório apresentem algum risco, certas cirurgias
e populações de pacientes apresentam um risco maior. O primeiro sintoma da trombose
venosa profunda pode ser uma dor ou cãibra na panturrilha (BARROS-SENA; GENESTRA, 2008;
ENGELHORN et al., 2002; MACHADO et al., 2008; SMELTZER; BARE, 2012). Embora não esteja
presente em todos os casos, a dor na panturrilha, provocada pela dorsiflexão do tornozelo (sinal
de Homans), sugere trombose (BARROS-SENA; GENESTRA, 2008; ENGELHORN et al., 2002;
MACHADO et al., 2008; SMELTZER; BARE, 2012). A dor e a sensibilidade iniciais podem ser
seguidas por um inchaço doloroso de toda a perna, geralmente acompanhado de febre, calafrios
e diaforese (BARROS-SENA; GENESTRA, 2008; ENGELHORN et al., 2002; MACHADO et al., 2008;
SMELTZER; BARE, 2012).
Para o tratamento profilático de pacientes no pós-operatório, é recomendado:
• administração de heparina em dose baixa;
• compressão pneumática externa;
• uso de meias elásticas compressivas;
• deambulação precoce;
• exercícios horários das pernas;
• hidratação adequada.
FIQUE DE OLHO
É importante evitar o uso de rolos de cobertor, travesseiros ou qualquer forma de
elevação que possa contrair vasos sob os joelhos. Mesmo oscilações prolongadas (com
o paciente sentado na beira da cama com as pernas penduradas ao lado) podem ser
perigosas e não são recomendadas em pacientes suscetíveis, porque a pressão sob os
joelhos pode impedir a circulação.
4. ELETROCARDIOGRAMA
O impulso elétrico que viaja através do coração pode ser visualizado por meio de
eletrocardiografia, cujo produto final é um ECG (eletrocardiograma) (SMELTZER; BARE, 2012) .
Cada fase do ciclo cardíaco é refletida por formas de onda específicas na tela de um monitor
43
cardíaco ou em uma tira de papel milimétrico de ECG (SMELTZER; BARE, 2012).
O profissional de enfermagem é um dos profissionais responsáveis pela realização do ECG,
desta forma devemos ter compreensão da correta maneira de realizar este exame, evitando que
possíveis interferências ocorram na interpretação deste material (BARROS-SENA; GENESTRA,
2008; ENGELHORN et al., 2002; MACHADO et al., 2008; SMELTZER; BARE, 2012) .
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Figura 1 - Frequência Cardíaca
Fonte: TANKIST276, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na ilustração, há uma profissional de saúde, usando uma touca, e desenhando
ondas de frequência cardíaca, como em um eletrocardiograma.
44
4.1 Interpretação do eletrocardiograma
Um eletrocardiograma é obtido através da abrasão leve da pele com uma gaze limpa e seca e
a colocação de eletrodos no corpo em áreas específicas (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI
et al., 2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Os eletrodos têm
várias formas e tamanhos, mas todos têm dois componentes que são uma substância adesiva que
se liga à pele para fixar o eletrodo no lugar e uma substância que reduz a impedância elétrica da
pele e promove a detecção da corrente elétrica (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al.,
2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
O número e a localização dos eletrodos dependem do tipo de ECG necessário. A maioria dos
monitores contínuos usa de dois a cinco eletrodos, geralmente colocados nos membros e no
peito. Esses eletrodos criam uma linha imaginária que serve como ponto de referência a partir
do qual a atividade elétrica é visualizada (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002;
NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Portanto, as formas de onda do
ECG, que aparecem no papel ou no monitor cardíaco, representam a corrente elétrica em relação
ao eletrodo, e uma mudança na forma de onda pode ser causada por uma mudança na corrente
elétrica ou por uma alteração no eletrodo (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002;
NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
4.2 Realizando o eletrocardiograma
Para a realização do eletrocardiograma os eletrodos são conectados aos fios dos cabos,
conectados a alguns equipamentos (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002;
NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Sendo esses equipamentos:
• uma máquina de ECG colocada ao lado do paciente para uma gravação imediata (ECG
padrão de 12 derivações);
• um monitor cardíaco ao lado do paciente para leitura contínua; esse tipo de monitora-
mento, geralmente chamado de monitoramento por fio, está associado a unidades de
terapia intensiva;
• uma pequena caixa que o paciente carrega, e que transmite continuamente as informa-
ções do ECG por ondas de rádio para um monitor central, localizado em outro local (cha-
mado telemetria);
• uma máquina pequena e leve, do tipo gravador (chamada monitor Holter), que o pacien-
te usa e que registra continuamente o ECG em uma fita, que é vista mais tarde e analisa-
do com um scanner.
O posicionamento dos eletrodos para monitoramento contínuo, telemetria ou monitoramento
Holter varia de acordo com o tipo de tecnologia que é apropriado e disponível, com o objetivo
do monitoramento, e com os padrões da instituição (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI
45
et al., 2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Para um ECG
padrão de 12 derivações, 10 eletrodos (seis no peito e quatro nos membros) são colocados no
corpo e, para evitar interferência da atividade elétrica do músculo esquelético, os eletrodos
dos membros são geralmente colocados em áreas que não são ósseas e que não apresentam
movimento significativo (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002; NICOLAU et al.,
2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
Esses eletrodos de membros fornecem as seis primeiras derivações: derivações I, II e III; aVR,
aVL e aVF. Os seis eletrodos do tórax são presos ao tórax em áreas muito específicas (FELDMAN;
GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER;
BARE, 2012). Os eletrodos torácicos fornecem as derivações V ou precordiais (V1 a V6) e, para
localizar o quarto espaço intercostal e a colocação de V1, localize o ângulo esternal e, em seguida,
o entalhe esternal, que é cerca de uma ou duas polegadas abaixo do ângulo esternal (FELDMAN;
GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ, 2009; SMELTZER;
BARE, 2012). Quando os dedos são movidos para a direita imediata do paciente, a segunda costela
pode ser palpada, já o segundo espaço intercostal é o recuo sentido logo abaixo da segunda
costela (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ,
2009; SMELTZER; BARE, 2012).
A localização do espaço intercostal específico é fundamental para a correta colocação do
eletrodo torácico (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002; NICOLAU et al., 2003;
SCHWARZ, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). Erros no diagnóstico podem ocorrer se os eletrodos
forem colocados incorretamente, assim como às vezes, quando o paciente está no hospital e
precisa ser monitorado de perto quanto a alterações no ECG, os eletrodos torácicos são deixados
no lugar para garantir a mesma localização nos ECGs de acompanhamento. Um ECG padrão de
12 derivações reflete a atividade elétrica principalmente no ventrículo esquerdo. A colocação de
eletrodos adicionais para outros condutores pode ser necessária para obter informações mais
completas (FELDMAN; GOLDWASSER, 2004; LAZZOLI et al., 2002; NICOLAU et al., 2003; SCHWARZ,
2009; SMELTZER; BARE, 2012).
5. PRESSÃO VENOSA CENTRAL
A PVC (pressão venosa central) consiste na avaliação da pressão na veia cava ou no átrio
direito, é utilizada para avaliar a função ventricular direita e o retorno do sangue venoso para
o lado direito do coração (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO,
2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012) . A PVC pode ser medida continuamente,
conectando-se um cateter posicionado na veia cava, ou a porta proximal de um cateter de artéria
pulmonar a um sistema de monitoramento de pressão. Pacientes em unidades médico-cirúrgicas
gerais que necessitam de monitoramento da PVC podem ter um cateter de lúmen único ou
multilumen colocado na veia cava. A medição intermitente da PVC pode ser obtida com o uso de
46
um manômetro de água (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007;
SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012) .
5.1 Orientações gerais
Como as pressões no átrio direito e no ventrículo direito são iguais no final da diástole, a PVC
também é um método indireto para determinar a pressão de enchimento do ventrículo direito
(pré-carga). Isso torna a PVC um parâmetro hemodinâmico útil a ser observado ao gerenciar o
status do volume de fluido de um paciente instável (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL,
2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
O monitoramento da PVC é mais valioso quando as pressões são monitoradas ao longo do
tempo e estão correlacionadas com o estado clínico do paciente (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO;
PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). Uma
pressão crescente pode ser causada por hipervolemia ou por uma condição, como a insuficiência
cardíaca, que resulta em uma diminuição da contratilidade do miocárdio. A monitorização da artéria
pulmonar é preferida para o paciente com insuficiência cardíaca (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO;
PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
A diminuição da PVC indica redução da pré-carga do ventrículo direito, geralmente causada
por hipovolemia. Este diagnóstico pode ser comprovado quando uma infusão intravenosa rápida
faz com que o PVC aumente (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO,
2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
5.2 Cuidados de enfermagem
Uma vez inserido o cateter da PVC, ele é fixado e é aplicado um curativo estéril e seco. A
colocação do cateter é confirmada por radiografia de tórax e o local é inspecionado diariamente
quanto a sinais de infecção. O sistema de monitoramento de curativos e pressão ou o manômetro
de água são alterados de acordo com a política do hospital. Em geral, o curativo deve ser mantido
seco e com ar oclusivo, e as trocas de curativos são realizadas com o uso da técnica estéril
(AGUIAR et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007;
SMELTZER; BARE, 2012).
Os cateteres de PVC podem ser usados para infundir fluidos intravenosos, administrar
medicamentos intravenosos e coletar amostras de sangue, além de monitorar a pressão (AGUIAR
et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER;
BARE, 2012). Para medir a PVC, o transdutor (quando um sistema de monitoramento de pressão
é utilizado) ou a marca zero no manômetro (quando um manômetro de água é utilizado) deve
ser colocado em um ponto de referência padrão, chamado eixo flebostático (AGUIAR et al., 2004;
GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE,
47
2012). Depois de localizar essa posição, o profissional de enfermagem pode fazer uma marca de
tinta no peito do paciente para indicar a localização, e, se o eixo flebostático for utilizado, a PVC
poderá ser medida corretamente com o paciente em decúbito dorsal, em qualquer posição do
encosto até 45 graus (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO; PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007;
SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
O intervalo para uma PVC normal é de 0 a 8 mm Hg com um sistema de monitoramento de
pressão, ou de 3 a 8 cm H2O com um sistema de manômetro de água. As complicações mais
comuns do monitoramento da PVC são infecção e embolia aérea (AGUIAR et al., 2004; GALVÃO;
PÜSCHEL, 2012; MENDES; SERVIÇO, 2007; SECOLI; DE JESUS, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
48
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• identificar as alterações do sistema cardiovascular;
• identificar os fatores fundamentais ao cuidar de pacientes com alterações no siste-
ma cardiovascular;
• compreender a técnica de realização do eletrocardiograma;
• compreender a técnica de medição da pressão venosa central;
• compreender o cuidado de enfermagem nos pacientes adultos com doenças cardio-
vasculares.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGUIAR, E. S. V. DE et al. Mensuração de pressão venosa central por meio de cateteres
venosos central e periférico: comparação entre os valores obtidos em cães e elaboração
de índice de correção. Ciência Rural, v. 34, n. 6, p. 1827–1831, 2004.
BARROS-SENA, M. A.; GENESTRA, M. Profilaxia da trombose venosa profunda em pós-
operatório de cirurgias ortopédicas em um hospital de traumato-ortopedia. Revista
Brasileira de hematologia e hemoterapia, v. 30, n. 1, p. 29–35, 2008.
BRAGA, C. G.; DA SILVA, J. V. Teorias de enfermagem. [s.l.] Saraiva Educação SA, 2011.
BY QUADRICUSPID, A. R. Insuficiência aórtica por valva aórtica quadricúspide. Arq Bras
Cardiol, v. 60, n. 2, p. 103–105, 1993.
CARVALHO, A. C. et al. Quadro clínico e classificação das dissecções aórticas. Rev. Soc.
Cardiol. Estado de Säo Paulo, p. 1044–1052, 2001.
CARVALHO, R. G. DE et al. Plástica da valva mitral com emprego do anel de Gregori-
Braile: análise de 66 pacientes. Brazilian Journal of Cardiovascular Surgery, v. 13, n. 4, p.
295–316, 1998.
DA COSTA GALVÃO, P. C. et al. Diagnósticos de enfermagem aplicados a pacientes com
insuficiência cardíaca descompensada. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 2, 2016.
DOURADO, V. Z. et al. Influência de características gerais na qualidade de vida de
pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v.
30, n. 3, p. 207–214, 2004.
DOURADO, V. Z. et al. Manifestações sistêmicas na doença pulmonar obstrutiva crônica.
Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 32, n. 2, p. 161–171, 2006.
ENGELHORN, A. L. V. et al. Profilaxia da trombose venosa profunda: estudo
epidemiológico em um hospital escola. J Vasc Bras, v. 1, n. 2, p. 97–102, 2002.
FELDMAN, J.; GOLDWASSER, G. P. Eletrocardiograma: recomendações para a sua
interpretação. Revista da SOCERJ, v. 17, n. 4, p. 251–256, 2004.
GALVÃO, E. C. F.; PÜSCHEL, V. A. A. Aplicativo multimídia em plataforma móvel para o
ensino da mensuração da pressão venosa central. Revista da Escola de Enfermagem da
USP, v. 46, n. SPE, p. 107–115, 2012.
KUBO, K. M. et al. Subsídios para a assistência de enfermagem a pacientes com valvopatia
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
mitral. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 9, n. 3, p. 33–42, 2001.
LAZZOLI, J. K. et al. Acurácia de critérios para vagotonia no eletrocardiograma de
repouso de 12 derivações: uma análise com curvas ROC. Revista Brasileira de Medicina
do Esporte, v. 8, n. 2, p. 50–58, 2002.
MACHADO, N. L. B. et al. Freqüência da profilaxia mecânica para trombose venosa
profunda em pacientes internados em uma unidade de emergência de Maceió. Jornal
Vascular Brasileiro, v. 7, n. 4, p. 333–340, 2008.
MENDES, L. M. R.; SERVIÇO, E. O doente com cateter venoso central. Nursing.(Edição
portuguesa)[Internet], v. 223, 2007.
NICOLAU, J. C. et al. Diretriz de interpretação de eletrocardiograma de repouso. Arquivos
Brasileiros de Cardiologia, v. 80, p. 1–18, 2003.
NOBRE, F. et al. VI Diretrizes brasileiras de hipertensão. Arq Bras Cardiol, v. 95, n. 1, p.
1–51, 2010.
PASSOS, V. M. DE A.; ASSIS, T. D.; BARRETO, S. M. Hipertensão arterial no Brasil:
estimativa de prevalência a partir de estudos de base populacional. Epidemiologia e
serviços de Saúde, v. 15, n. 1, p. 35–45, 2006.
PEREIRA, J. DE M. V. et al. Diagnósticos de enfermagem de pacientes hospitalizados com
doenças cardiovasculares. Escola Anna Nery, v. 15, n. 4, p. 737–745, 2011.
PÉRES, D. S. et al. Portador de hipertensão arterial: atitudes, crenças, percepções,
pensamentos e práticas. Revista de Saúde Pública, v. 37, n. 5, p. 635–642, 2003.
RONDON, M.; BRUM, P. C. Exercício físico como tratamento não-farmacológico da
hipertensão arterial. Rev Bras Hipertens, v. 10, n. 2, p. 134–139, 2003.
SCHWARZ, L. Artigo de revisão: eletrocardiograma. Revista Ilha Digital, v. 1, p. 3–19, 2009.
SECOLI, S. R.; DE JESUS, V. C. Complicações acerca do cateter venoso central de inserção
periférica (PICC). Ciência, cuidado e saúde, v. 6, n. 2, p. 252–260, 2007.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. Todos os volumes. [s.l.] Guanabara Koogan, 2012.
STIPP, M. A. C. A gerência do cuidado na enfermagem cardiovascular. Escola Anna Nery,
v. 16, n. 1, p. 7, 2012.
UNIDADE 3
Cuidados de enfermagem para
dermatologia, oncologia e
quimioterapia
Introdução
Você está na Unidade Cuidados de enfermagem para dermatologia, oncologia
e quimioterapia. Conheça aqui principais alterações dermatológicas, o cuidado de
enfermagem durante a punção do liquido cefalorraquidiano, noções de oncologia e
quimioterapia no contexto na prática assistencial do Enfermeiro.
Aprenda aspectos importantes tais como as alterações dermatológicas, considerando
infecções bacterianas, virais e parasitarias, bem como os cuidados que devemos prestar
para os pacientes submetidos a punção lombar, seja para administração de medicamentos
ou coleta de material para exames e o cuidado de enfermagem em oncologia. Você já
pensou como esses fatores podem impactar a saúde de nossos pacientes? Pois então,
essa resposta que iremos descobrir a seguir nesta unidade.
Bons estudos!
53
1. ALTERAÇÕES DERMATOLÓGICAS
O cuidado de enfermagem aos pacientes com problemas dermatológicos deve incluir a
administração de medicamentos tópicos e sistêmicos, bem como o gerenciamento de curativos
úmidos e outros curativos especiais e o fornecimento de banhos terapêuticos (SMELTZER; BARE,
2012) . Os cuidados ao paciente com problemas dermatológicos visam principalmente a:
• prevenir danos adicionais;
• prevenir infecções secundárias;
• reverter o processo inflamatório;
• aliviar os sintomas.
1.1 Protegendo a pele
A essência dos cuidados com a pele e da proteção no banho de um paciente com problemas
de pele deve ser usado um sabão suave, sem lipídios ou substituto do sabão, a área é enxaguada
completamente e seca com um pano macio e desodorantes devem evitados (BRANDÃO; SANTOS,
2006; SANTOS; BRANDAO; CLOS, 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
As lesões cutâneas potencialmente infecciosas devem ser consideradas estritamente como
tais e devem ser observadas as devidas precauções até o diagnóstico ser estabelecido (BRANDÃO;
SANTOS, 2006; SANTOS; BRANDAO; CLOS, 2009; SMELTZER; BARE, 2012). A maioria das lesões
com pus contém material infeccioso e o Enfermeiro deve seguir as precauções padrão e usar luvas
ao inspecionar a pele ou trocar o curativo (BRANDÃO; SANTOS, 2006; SANTOS; BRANDAO; CLOS,
2009; SMELTZER; BARE, 2012).
1.2 Prurido
O prurido é um dos sintomas mais comuns de pacientes com distúrbios dermatológicos,
o qual pode ter origem de diferentes tipos de patologias de base (SMELTZER; BARE, 2012). Os
receptores de coceira são terminações nervosas não mielinizadas, peniciladas, encontradas
exclusivamente na pele, membranas mucosas e córnea (SMELTZER; BARE, 2012). Embora o prurido
seja geralmente causado por uma doença cutânea primária com erupção ou lesões resultantes,
pode ocorrer sem erupção cutânea ou lesão (SMELTZER; BARE, 2012). Isso é chamado de prurido
essencial, que geralmente tem início rápido, pode ser grave e interferir nas atividades diárias
normais (SMELTZER; BARE, 2012).
O prurido pode ser a primeira indicação de uma doença interna sistêmica, como diabetes
mellitus, doenças do sangue ou câncer (SMELTZER; BARE, 2012). Também pode acompanhar
doenças renais, hepáticas e tireoidianas (SMELTZER; BARE, 2012). Alguns medicamentos orais
54
comuns, como aspirina, antibióticos, hormônios e opioides, podem causar prurido diretamente ou
aumentando a sensibilidade à luz ultravioleta (SMELTZER; BARE, 2012). Certos sabões e produtos
químicos, radioterapia, calor espinhoso e contato com roupas de lã também estão associados ao
prurido (SMELTZER; BARE, 2012). O prurido também pode ser causado por fatores psicológicos,
como estresse excessivo na família ou em situações de trabalho (SMELTZER; BARE, 2012).
O prurido das regiões genital e anal pode ser causado por pequenas partículas de material fecal
alojadas nas fendas perianais ou presas aos pelos anais ou por danos na pele perianal causados
por arranhões, umidade e diminuição da resistência da pele como resultado de corticosteroides ou
antibióticos (SMELTZER; BARE, 2012). Outras causas possíveis de prurido perianal incluem irritantes
locais, como sarna e piolho, lesões locais como hemorroidas, infecções por fungos ou leveduras
e infestação de vermes (SMELTZER; BARE, 2012). Condições como diabetes mellitus, anemia,
hipertireoidismo e gravidez também podem resultar em prurido (SMELTZER; BARE, 2012).
1.3 Distúrbios secretórios da pele
A principal função secretora da pele é realizada pelas glândulas sudoríparas, que ajudam a
regular a temperatura do corpo, elas excretam a transpiração que evapora, resfriando o corpo
(SMELTZER; BARE, 2012). As glândulas sudoríparas estão localizadas em várias partes do corpo
e respondem a diferentes estímulos. O odor corporal é produzido pelo aumento de bactérias
na pele e pela interação de resíduos bacterianos com os produtos químicos da transpiração
(SMELTZER; BARE, 2012).
A hidradenite supurativa pode ocorrer em certos indivíduos, com causa desconhecida (RALF
PAUS et al., 2008). O bloqueio anormal das glândulas sudoríparas causa inflamação recorrente,
nódulos e drenagem do trato sinusal e, eventualmente, formam-se bandas hipertróficas de tecido
cicatricial na área das glândulas sudoríparas (RALF PAUS et al., 2008; SMELTZER; BARE, 2012).
A acne é um distúrbio folicular comum que afeta folículos capilares suscetíveis, mais
comumente encontrados na face, pescoço e tronco superior. É caracterizada por pápulas,
pústulas, nódulos e cistos (MALLON et al., 1999; SMELTZER; BARE, 2012).
A acne é a condição cutânea mais comum em adolescentes e adultos jovens entre 12
e 35 anos, ambos os sexos são afetados igualmente por essa condição (MALLON et al., 1999;
SMELTZER; BARE, 2012). A acne se torna mais acentuada na puberdade e na adolescência, porque
as glândulas endócrinas que influenciam as secreções das glândulas sebáceas estão funcionando
com atividade máxima. A acne parece resultar de uma interação de fatores genéticos, hormonais
e bacterianos. Na maioria dos casos, há um histórico familiar de acne. (MALLON et al., 1999;
SMELTZER; BARE, 2012).
A seborreia é uma produção excessiva de sebo em áreas onde as glândulas sebáceas são
55
normalmente encontradas em grande número, como face, couro cabeludo, sobrancelhas,
pálpebras, lados do nariz e lábio superior, regiões malares, orelhas, axilas, sob os seios, virilha e
dobras glúteas das nádegas (SMELTZER; BARE, 2012; ZAITZ et al., 1996).
A dermatite seborréica é uma doença inflamatória crônica da pele, com predileção por áreas
bem supridas por glândulas sebáceas ou que se encontram entre as dobras cutâneas, onde a
contagem de bactérias é alta (SMELTZER; BARE, 2012; ZAITZ et al., 1996).
1.4 Infecções bacterianas da pele
As infecções bacterianas da pele que formam pus podem ser primárias ou secundárias. As
infecções primárias da pele se originam na pele com aparência normal e são geralmente causadas
por um único. As infecções secundárias da pele surgem de um distúrbio cutâneo preexistente ou
de uma perturbação da integridade da pele por lesão ou cirurgia (SMELTZER; BARE, 2012)..
O impetigo é uma infecção superficial da pele causada por estafilococos, estreptococos ou
múltiplas bactérias, já o impetigo bolhoso, uma infecção mais profunda da pele causada por S.
aureus, é caracterizada pela formação de bolhas a partir de vesículas originais que se rompem,
deixando áreas cruas e vermelhas (DARMSTADT; LANE, 1994; KONING et al., 2012; SMELTZER;
BARE, 2012).
As áreas expostas do corpo, rosto, mãos, pescoço e extremidades estão mais frequentemente
envolvidas (DARMSTADT; LANE, 1994; KONING et al., 2012; SMELTZER; BARE, 2012). O impetigo
é contagioso e pode se espalhar para outras partes da pele do paciente ou para outros membros
da família que tocam no paciente ou usam toalhas ou pentes sujos com o exsudato das lesões
(DARMSTADT; LANE, 1994; KONING et al., 2012; SMELTZER; BARE, 2012).
Embora o impetigo seja observado em todas as idades, é particularmente comum entre crianças
que vivem em más condições de higiene (DARMSTADT; LANE, 1994; KONING et al., 2012; SMELTZER;
BARE, 2012). Problemas crônicos de saúde, falta de higiene e desnutrição podem predispor o adulto
ao impetigo (DARMSTADT; LANE, 1994; KONING et al., 2012; SMELTZER; BARE, 2012).
A foliculite é uma infecção de origem bacteriana ou fúngica que surge dentro dos folículos
capilares, nela as lesões podem ser superficiais ou profundas. A foliculite geralmente afeta a área
da barba de homens que fazem a barba e as pernas das mulheres, outras áreas incluem axilas,
tronco e nádegas (SMELTZER; BARE, 2012).
Os pelos afiados e encravados têm uma raiz curva que cresce em um ângulo mais agudo e
perfura a pele, provocando uma reação irritativa (SMELTZER; BARE, 2012). O único tratamento
totalmente eficaz é evitar o barbear, outros tratamentos incluem o uso de loções especiais ou
antibióticos ou o uso de um pincel para desalojar os cabelos mecanicamente. Se o paciente
56
precisar remover pelos faciais, um creme depilatório ou um barbeador elétrico pode ser mais
apropriado do que um barbeador reto (SMELTZER; BARE, 2012).
O furúnculo é uma inflamação aguda que surge profundamente em um ou mais folículos
capilares e se espalha pela derme circundante (SMELTZER; BARE, 2012). Furúnculos podem
ocorrer em qualquer parte do corpo, mas são mais prevalentes em áreas sujeitas a irritação,
pressão, atrito e transpiração excessiva, como a nuca, as axilas e as nádegas. O furúnculo pode
começar como uma espinha pequena, vermelha, elevada e dolorosa, a qual gera uma infecção,
progride e envolve a pele e o tecido adiposo subcutâneo, causando sensibilidade, dor e celulite
ao redor (SMELTZER; BARE, 2012).
O carbúnculo é um abscesso da pele e tecido subcutâneo que representa uma extensão de
um furúnculo que invadiu vários folículos e é grande e profundo. Os carbúnculos aparecem mais
comumente em áreas onde a pele é espessa e inelástica. A parte de trás do pescoço e das nádegas
são locais comuns (SMELTZER; BARE, 2012).
Nos carbúnculos, a inflamação extensa frequentemente evita o isolamento completo da
infecção e pode ocorrer absorção, resultando em febre alta, dor, leucocitose e até extensão da
infecção à corrente sanguínea (SMELTZER; BARE, 2012).
Furúnculos e carbúnculos são mais prováveis de ocorrer em pacientes com doenças
sistêmicas subjacentes, como diabetes ou neoplasias hematológicas, e naqueles que recebem
terapia imunossupressora para outras doenças. Ambos são mais prevalentes em climas quentes,
especialmente na pele sob roupas oclusivas (SMELTZER; BARE, 2012).
1.5 Infecções virais da pele
Adicionalmente devemos compreender que os pacientes que atendemos podem possuir
como fonte de infecções diferentes tipos de vírus, que ocasionam lesões características conforme
a patologia de base (SMELTZER; BARE, 2012). Desta forma, serão estudadas a seguir as principais
infecções virais da pele e quais cuidados deve-se adotar para atender a estes pacientes.
O herpes zoster é uma infecção causada pelo vírus varicela-zoster e é caracterizada por uma
erupção vesicular dolorosa ao longo da área de distribuição dos nervos sensoriais de um ou mais
gânglios posteriores (GNANN JR; WHITLEY, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
Supõe-se que o herpes zoster represente uma reativação da infecção latente pelo vírus da
varicela e reflita imunidade reduzida. Após um caso de varicela, acredita-se que os vírus varicela
zoster, responsáveis pelo surto, permanecem adormecidos em células nervosas próximas ao
cérebro e à medula espinhal (SMELTZER; BARE, 2012). Mais tarde, quando esses vírus latentes
são reativados, eles viajam pelos nervos periféricos para a pele, onde os vírus se multiplicam e
57
criam uma erupção vermelha de pequenas bolhas cheias de líquido (SMELTZER; BARE, 2012).
Cerca de 10% dos adultos sofrem de herpes zoster durante a vida, geralmente após os 50
anos. Há uma frequência aumentada de infecções por herpes zoster entre pacientes com sistema
imunológico enfraquecido e câncer, especialmente leucemias e linfomas (GNANN JR; WHITLEY,
2002; SMELTZER; BARE, 2012).
Herpes simplex é uma infecção de pele comum, o tipo 1 ocorre na boca e o tipo 2 na área
genital, mas ambos os tipos virais podem ser encontrados nos dois locais. Cerca de 85% dos
adultos em todo o mundo são soropositivos para o herpes tipo 1 (SMELTZER; BARE, 2012).
O herpes simplex é classificado como uma infecção primária verdadeira, um episódio inicial
não primário ou um episódio recorrente. A verdadeira infecção primária é a exposição inicial ao
vírus, nela o episódio inicial não primário é o episódio inicial do tipo 1 ou tipo 2 em uma pessoa
previamente infectada com o outro tipo (SMELTZER; BARE, 2012).
A herpes labial consiste em grupos eritematosos de vesículas agrupadas nos lábios. Certos
gatilhos, como exposição à luz solar ou aumento do estresse, podem causar episódios recorrentes.
Essa complicação ocorre mais em crianças e adultos jovens e o início geralmente é acompanhado
por febre alta, linfadenopatia regional e mal-estar geral (SMELTZER; BARE, 2012).
O herpes genital manifesta-se com um amplo espectro de sinais clínicos e as lesões aparecem
como vesículas agrupadas em uma base eritematosa que envolve inicialmente a vagina, o reto
ou o pênis e novas lesões podem continuar a aparecer por 7 a 14 dias. As lesões são simétricas e
geralmente causam linfadenopatia regional (SMELTZER; BARE, 2012).
As recorrências típicas começam com um pródromo de queimação, formigamento ou coceira
cerca de 24 horas antes do aparecimento das vesículas. À medida que as vesículas se rompem,
erosões e ulcerações começam a aparecer. Infecções graves podem causar erosões extensas do
canal vaginal ou anal (SMELTZER; BARE, 2012).
1.6 Infecções fúngicas da pele
Os fungos são responsáveis por várias infecções comuns da pele e em alguns casos eles
afetam apenas a pele e seus anexos. As infecções superficiais raramente causam incapacidade
temporária e respondem prontamente ao tratamento (SMELTZER; BARE, 2012).
Tinea pedis, popularmente conhecido como pé de atleta, é a infecção fúngica mais comum.
É especialmente prevalente naqueles que usam chuveiros comuns ou piscinas. A tinea pedis
pode aparecer como uma infecção aguda ou crônica nas solas dos pés ou entre os dedos a unha
também pode estar envolvida (SMELTZER; BARE, 2012).
58
A tinea corporis, ou micose do corpo, é uma lesão em anel típica que aparece na face, pescoço,
tronco e extremidades e sabe-se que as variedades animais causam intensa reação inflamatória
nos seres humanos porque não estão adaptadas à vida em hospedeiros humanos. Por sua vez,
os seres humanos fazem contato com variedades de animais, através do contato com animais de
estimação ou objetos que estiveram em contato com um animal (SMELTZER; BARE, 2012).
A micose do couro cabeludo, ou tinea capitis, é uma infecção fúngica contagiosa das hastes
capilares e uma causa comum de queda de cabelo em crianças. Qualquer criança com descamação
do couro cabeludo deve ser considerada como portadora de tinea capitis até que haja prova do
contrário (SMELTZER; BARE, 2012).
O exame clínico revela uma ou várias manchas redondas de escamas vermelhas e pequenas
pústulas ou pápulas podem ser vistas nas bordas de tais manchas (SMELTZER; BARE, 2012). À
medida que os pelos nas áreas afetadas são invadidos pelos fungos, eles se tornam quebradiços e
se quebram na superfície do couro cabeludo ou perto dele, deixando manchas carecas ou o sinal
clássico de pontos pretos, que são as pontas quebradas dos cabelos. Como a maioria dos casos de
tinea capitis se cura sem cicatrizes, a perda de cabelo é apenas temporária (SMELTZER; BARE, 2012).
A tinea cruris é uma infecção da virilha, que pode se estender até a parte interna das coxas e
região das nádegas. Ocorre com mais frequência em jovens corredores, obesos e naqueles que
usam roupas íntimas apertadas. A incidência de tinea cruris é aumentada entre pessoas com
diabetes (SMELTZER; BARE, 2012).
Tinea unguium é uma infecção fúngica crônica das unhas dos pés ou, menos comumente, das
unhas. Geralmente está associada a infecções fúngicas de longa data dos pés, na qual as unhas
ficam espessadas, friáveis e sem brilho. Com o tempo, os detritos se acumulam sob a borda livre da
unha. Devido à cronicidade desta infecção, toda a unha pode ser destruída (SMELTZER; BARE, 2012).
2.ALTERAÇÕES DA PELE DEVIDO A PARASITA
Os parasitas também podem infestar a nossa pele, podem provocar tanto alterações simples
relacionadas a prurido, como desenvolver alterações sistêmicas (SMELTZER; BARE, 2012) .
Algumas das infestações listadas a seguir podem ser combatidas com a adoção de medidas de
higiene corporal e do ambiente no qual os pacientes vivem, desta forma deve-se estar atentos
a quais doenças podem ser prevenidas simplesmente com a adoção de cuidados básicos e que
devem ser fornecidos pelo(a) enfermeiro(a) (SMELTZER; BARE, 2012) .
59
Figura 1 - Médico Prescrevendo
Fonte: SYDA PRODUCTIONS, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: A imagem mostra um médico de jaleco branco e estetoscópio no pescoço,
escrevendo em um papel com uma caneta. Em frente a ele, é possível ver as mãos de uma pessoa.
2.1 Pediculose
A infestação por piolhos afeta pessoas de todas as idades, nela os piolhos são chamados
ectoparasitas porque vivem na parte externa do corpo do hospedeiro. Eles dependem do
hospedeiro para sua nutrição, alimentando-se de sangue humano aproximadamente cinco vezes
por dia (SMELTZER; BARE, 2012).
A pediculose capite é uma infestação do couro cabeludo pelo piolho da cabeça, o piolho
fêmea põe seus ovos (lêndeas) perto do couro cabeludo e as lêndeas ficam firmemente presas
aos fios de cabelo (SMELTZER; BARE, 2012). Os piolhos jovens eclodem em cerca de 10 dias e
atingem a maturidade em 2 semanas (SMELTZER; BARE, 2012).
A pediculose corporativa é uma infestação do corpo pelo piolho e esta é uma doença de
pessoas que não possuem boa higiene ou que vivem em locais fechados e não trocam de roupa.
A pediculose pubiana é extremamente comum e a infestação é geralmente localizada na região
genital e é transmitida principalmente por contato sexual (SMELTZER; BARE, 2012).
2.2 Escabiose
A escabiose, ou sarna, é uma infestação da pele pelo ácaro Sarcoptes scabiei e a doença pode
ser encontrada em pessoas que vivem em condições higiênicas abaixo do padrão, mas também
é comum em indivíduos muito limpos e entre os sexualmente ativos, embora as infestações não
dependam da atividade sexual (SMELTZER; BARE, 2012).
60
Os ácaros frequentemente envolvem os dedos, e o contato com as mãos pode produzir
infecção. Os profissionais de saúde que mantiveram contato físico prolongado com um paciente
infectado também podem ser infectados (SMELTZER; BARE, 2012).
A fêmea adulta se enterra na camada superficial da pele e permanece lá pelo resto da vida
(SMELTZER; BARE, 2012). Com as mandíbulas e as bordas afiadas das articulações das patas
dianteiras, o ácaro estende a toca, colocando dois ou três ovos diariamente por até dois meses.
As larvas eclodem dos ovos em 3 a 4 dias e progridem pelos estados larval e ninfal para formar
ácaros adultos em cerca de 10 dias (SMELTZER; BARE, 2012).
3.OUTRAS DERMATOSES
Adicionalmente temos diferentes condições que alteram a nossa pele, podendo ter origem
de um agravamento das patologias descritas anteriormente ou ainda processos autoimunes
e crônicos de nosso organismo. A seguir serão descritas outras dermatoses que devemos
compreender para o adequado cuidado ao paciente (SMELTZER; BARE, 2012) .
3.1 Psoríase
A psoríase é uma doença inflamatória crônica não infecciosa da pele, na qual as células
epidérmicas são produzidas a uma taxa seis a nove vezes mais rápida que o normal (ARRUDA;
CAMPBELL; TAKAHASHI, 2001; SMELTZER; BARE, 2012). Como resultado do aumento do número
de células basais e da rápida passagem celular, os eventos normais de maturação e crescimento
celular não podem ocorrer e esse processo anormal não permite a formação de camadas
protetoras normais da pele (ARRUDA; CAMPBELL; TAKAHASHI, 2001; SMELTZER; BARE, 2012).
A psoríase afeta aproximadamente 2% da população e, embora a causa primária seja
desconhecida, uma combinação de composição genética específica e estímulos ambientais
pode desencadear o aparecimento da doença. Existem evidências de que a proliferação celular
é mediada pelo sistema imunológico, períodos de estresse emocional e ansiedade agravam a
condição (ARRUDA; CAMPBELL; TAKAHASHI, 2001; SMELTZER; BARE, 2012).
61
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
3.2 Dermatite esfolativa
A dermatite esfoliativa é uma condição grave caracterizada por inflamação progressiva, nela
o eritema e a descamação ocorrem em uma distribuição mais ou menos generalizada. Pode estar
associada a calafrios, febre, prostração, toxicidade grave e coceira na pele (SMELTZER; BARE, 2012).
A dermatite esfoliativa tem uma variedade de causas e é considerada um processo secundário
ou reativo a uma pele subjacente ou doença sistêmica. Pode aparecer como parte do grupo de
doenças do linfoma (SMELTZER; BARE, 2012). Os distúrbios cutâneos preexistentes, que foram
implicados como causa, incluem psoríase, dermatite atópica e dermatite de contato. Ela também
aparece como uma reação grave a muitos medicamentos, incluindo penicilina e fenilbutazona
(SMELTZER; BARE, 2012).
3.3 Necrolise epidermal tóxica e síndrome de Stevens-Johnson
A necrólise epidérmica tóxica e a síndrome de Stevens-Johnson são doenças cutâneas
potencialmente fatais e a forma mais grave de eritema multiforme, com taxa de mortalidade
superior a 30% (SMELTZER; BARE, 2012).
Ambas as condições são desencadeadas por uma reação a medicamentos ou resultam de
uma infecção viral. Antibióticos, antissépticos, butazonas e sulfonamidas são os medicamentos
mais frequentemente implicados (SMELTZER; BARE, 2012).
3.4 Ulcerações
A perda superficial do tecido da superfície como resultado da morte das células é chamada
de ulceração. Uma úlcera simples, como a encontrada em uma queimadura pequena, superficial
e de espessura parcial, tende a curar por granulação se mantida limpa e protegida de lesões
62
(SMELTZER; BARE, 2012).
Certas doenças causam úlceras características, tais como úlceras tuberculosas e úlceras
sifilíticas. Úlceras relacionadas a problemas de circulação arterial são vistas em pacientes com
doença vascular periférica, arteriosclerose, doença de Raynaud e ulceração por congelamento
(SMELTZER; BARE, 2012).
As úlceras por pressão envolvem ruptura da pele devido à pressão prolongada e suprimento
insuficiente de sangue, geralmente em proeminências ósseas (SMELTZER; BARE, 2012).
3.5 Cistos
Os cistos da pele são cavidades revestidas de epitélio que contêm material fluido ou sólido
(SMELTZER; BARE, 2012). Os cistos epidérmicos ocorrem com frequência e podem ser descritos
como tumores firmes e elevados, de crescimento lento, encontrados com mais frequência na
face, pescoço, parte superior do tórax e costas (SMELTZER; BARE, 2012).
Os cistos pilares, anteriormente chamados cistos sebáceos, são mais frequentemente
encontrados no couro cabeludo. Eles se originam da porção média do folículo piloso e das células
da bainha radicular externa, e o tratamento é remoção cirúrgica (SMELTZER; BARE, 2012).
3.6 Queratoses
As queratoses seborreicas são lesões benignas, semelhantes a verrugas, de vários tamanhos
e cores, variando de marrom claro a preto. Eles geralmente estão localizados na face, ombros,
peito e costas e são os tumores de pele mais comuns, observados em pessoas de meia idade e
idosos (SMELTZER; BARE, 2012).
As queratoses actínicas são lesões cutâneas pré-malignas que se desenvolvem em áreas
cronicamente expostas ao sol do corpo. Uma pequena porcentagem dessas lesões gradualmente
se transformam em carcinoma espinocelular cutâneo, geralmente são removidos por crioterapia
ou excisão por barbear (SMELTZER; BARE, 2012).
3.7 Verrugas
Verrugas são tumores benignos da pele comuns, causados por infecção pelo vírus do papiloma
humano, o qual acomete todas as faixas etárias (SMELTZER; BARE, 2012). As verrugas são
assintomáticas, exceto quando ocorrem em áreas de sustentação de peso, como as solas dos pés.
Podem ser tratadas com terapia a laser aplicada localmente, nitrogênio líquido, salicílico emplastros
ácidos, ou eletrodesicção (SMELTZER; BARE, 2012). Verrugas que ocorrem na genitália e áreas
perianais e podem ser transmitidos sexualmente. São tratados com nitrogênio líquido, criocirurgia,
eletrocirurgia, ácido tricloracético aplicado topicamente, e curetagem (SMELTZER; BARE, 2012).
63
3.8 Erisipela
A erisipela consiste em uma inflamação que atinge a derme e o tecido subcutâneo,
geralmente tem apresentação nos membros inferiores e em pacientes com idade superior a 60
anos (SMELTZER; BARE, 2012). O processo infeccioso tem início quando há alguma lesão no local,
na qual há infecção bacteriana e consequente desenvolvimento de erisipela (SMELTZER; BARE,
2012). Geralmente, está associada a pacientes imunossuprimidos, doenças cardiovasculares e
com sobrepeso (SMELTZER; BARE, 2012).
4.CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA PUNÇÃO DO
LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO
A punção do líquido cefalorraquidiano pode ser utilizada para a infusão de opioides e/
ou agentes anestésicos, ou para a coleta de material para exame (DIMAS; PUCCIONI-SOHLER,
2008; PUCCIONI-SOHLER et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012) . Um cateter é inserido no espaço
subaracnóideo ou epidural, no nível torácico ou lombar (SMELTZER; BARE, 2012) .
Na administração intratecal o material administrado se infunde diretamente no espaço
subaracnóideo e no líquido cefalorraquidiano que circunda a medula espinhal. Na administração
peridural, por sua vez, o material é depositado na dura-máter do canal medular e se difunde no
espaço subaracnóideo (SMELTZER; BARE, 2012) .
Os efeitos adversos associados à administração intraespinhal incluem cefaléia espinhal
resultante da perda de líquido espinhal, quando a dura-máter é perfurada (DIMAS; PUCCIONI-
SOHLER, 2008; PUCCIONI-SOHLER et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012) . A dura-máter deve
ser perfurada com a via intratecal, e a punção dural pode ocorrer inadvertidamente com a via
peridural. Quando a punção dural ocorre inadvertidamente, o líquido espinhal escoa para fora
do canal medular, e a dor de cabeça resultante provavelmente será mais grave com uma agulha
peridural, porque ela é maior que uma agulha espinhal e, portanto, mais fluido espinhal escapa
(SMELTZER; BARE, 2012) .
4.1 Administração de medicamentos
Apenas medicamentos sem conservantes devem ser administrados no espaço subaracnóideo
ou epidural, devido aos potenciais efeitos neurotóxicos de seus conservantes. Durante a cirurgia,
os opióides intratecais são usados quase que exclusivamente após a administração de um
anestésico espinhal (SMELTZER; BARE, 2012).
Pacientes com dor persistente e intensa que não respondem a outros tratamentos, ou aqueles
que obtêm alívio da dor apenas com risco de efeitos colaterais graves, podem se beneficiar da
64
medicação administrada por um cateter intratecal ou epidural a longo prazo. Depois que o médico
encapsula o cateter, através do tecido subcutâneo e coloca a entrada sob a pele, o medicamento
é injetado através da pele na entrada e no cateter, que entrega o medicamento diretamente no
espaço epidural. O medicamento pode precisar ser injetado várias vezes ao dia para manter um
nível adequado de alívio da dor (SMELTZER; BARE, 2012).
Em pacientes que necessitam de doses mais frequentes ou infusões contínuas de analgésicos
opioides para aliviar a dor, um dispositivo ou bomba de infusão implantável pode ser usado para
administrar o medicamento continuamente (SMELTZER; BARE, 2012).
O reservatório do dispositivo de infusão armazena o medicamento para liberação lenta e
precisa ser reabastecido a cada 1 ou 2 meses, dependendo das necessidades do paciente. Isso
elimina a necessidade de injeções repetidas na pele (SMELTZER; BARE, 2012).
4.2 Efeitos adversos
A dor de cabeça resultante da perda de líquido espinhal pode demorar, portanto, o(a)
enfermeiro(a) precisa avaliar regularmente a dor de cabeça após a colocação de qualquer tipo
de cateter. Se ocorrer dor de cabeça, o paciente deve permanecer deitado na cama e receber
grandes quantidades de líquidos, além disso o médico deve ser notificado (DIMAS; PUCCIONI-
SOHLER, 2008; PUCCIONI-SOHLER et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
Os efeitos cardiovasculares (hipotensão e diminuição da frequência cardíaca) podem
resultar do relaxamento vascular nas extremidades inferiores (DIMAS; PUCCIONI-SOHLER, 2008;
PUCCIONI-SOHLER et al., 2002; SMELTZER; BARE, 2012). Portanto, o(a) enfermeiro(a) deve
avaliar frequentemente as reduções na pressão sanguínea, na pulsação e na produção de urina.
Para pacientes com retenção urinária e prurido, o médico pode prescrever pequenas doses de
naloxona (DIMAS; PUCCIONI-SOHLER, 2008; PUCCIONI-SOHLER et al., 2002; SMELTZER; BARE,
2012). O(a) enfermeiro(a) administra essas doses em uma infusão intravenosa contínua que é
pequena o suficiente para reverter os efeitos colaterais dos opioides, sem reverter os efeitos
analgésicos (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
O cateter peridural utilizado para controle da dor deve ser gerenciado pelo(a)
enfermeiro(a). Devem ser controladas informações para o controle seguro e eficaz da
dor, e deve-se incluir o nível ou local de inserção do cateter, os medicamentos que foram
administrados e os medicamentos previstos no futuro.
65
5.CÂNCER
A prática de enfermagem no cuidado ao paciente com câncer é realizada em uma variedade
de contextos de cuidados de saúde, incluindo lar, comunidade, instituições de cuidados agudos
e centros de reabilitação (SALES et al., 2012; SILVA; MOREIRA, 2011; SILVEIRA; ZAGO, 2006;
SMELTZER; BARE, 2012) . O escopo, responsabilidades e objetivos da enfermagem em câncer,
também chamada de enfermagem oncológica, são tão diversos e complexos quanto os de
qualquer especialidade de enfermagem (SALES et al., 2012; SILVA; MOREIRA, 2011; SILVEIRA;
ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012) .
Como muitas pessoas associam o câncer à dor e à morte, os(as) enfermeiros(as) precisam
identificar suas próprias reações ao câncer, e estabelecer metas realistas para enfrentar os
desafios inerentes ao cuidado de pacientes com câncer (SALES et al., 2012; SILVA; MOREIRA,
2011; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012) . Além disso, o(a) enfermeiro(a) deve estar
preparado para apoiar o paciente e a família por meio de uma ampla gama de crises físicas,
emocionais, sociais, culturais e espirituais (SALES et al., 2012; SILVA; MOREIRA, 2011; SILVEIRA;
ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012) .
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
5.1 Quimioterapia
Na quimioterapia, os agentes antineoplásicos são usados na tentativa de destruir as
células tumorais, interferindo nas funções celulares e na reprodução. A quimioterapia é usada
principalmente para tratar doenças sistêmicas, em lugar de lesões localizadas e passíveis de
cirurgia ou radiação (ANDRADE; SILVA, 2007; GUIMARÃES et al., 2015; SMELTZER; BARE, 2012).
A quimioterapia pode ser combinada com cirurgia ou radioterapia, ou ambas, para reduzir
o tamanho do tumor no pré-operatório, destruir quaisquer células tumorais remanescentes no
66
pós-operatório, ou tratar algumas formas de leucemia. Os objetivos da quimioterapia devem
ser realistas, pois definirão os medicamentos a serem utilizados e a agressividade do plano de
tratamento (ANDRADE; SILVA, 2007; GUIMARÃES et al., 2015; SMELTZER; BARE, 2012). Seguem
abaixo alguns desses objetivos:
• controle;
• paliação;
• cura.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
5.2 Administração de quimioterápicos
Os agentes quimioterápicos podem ser administrados no hospital, clínica ou ambiente
doméstico por via tópica, oral, intravenosa, intramuscular, subcutânea, arterial, intracavitária e
intratecal (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). A via de administração geralmente
depende do tipo de agente, da dose necessária e do tipo, localização e extensão do tumor a ser
tratado. A educação do paciente é essencial para maximizar a segurança se a quimioterapia for
administrada na casa do paciente (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
A dosagem de agentes antineoplásicos é baseada principalmente na área total da superfície
corporal do paciente, resposta prévia à quimioterapia ou radioterapia e função dos principais
órgãos (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
Os efeitos locais do agente quimioterápico também são preocupantes (ANDRADE; SILVA,
2007; SMELTZER; BARE, 2012). O paciente é observado de perto durante a sua administração
devido ao risco e às consequências do extravasamento. Dificuldades ou problemas locais
com a administração de agentes quimioterápicos são levados ao conhecimento do médico
67
imediatamente, para que medidas corretivas possam ser tomadas imediatamente para minimizar
os danos nos tecidos locais (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Durante a administração e manuseio de produtos quimioterápicos, nunca esqueça de
utilizar os equipamentos de proteção individual, que incluem, pelo menos, avental
impermeável, óculos de proteção, luva de procedimento (durante administração) ou luva
cirúrgica estéril (durante manipulação). Assim como não deve ser utilizado maquiagem
neste processo, pois aumenta a absorção dos aerossóis provenientes dos quimioterápicos.
5.3 Cuidados na administração
Os(as) enfermeiros(as) envolvidos(as) no manuseio de agentes quimioterápicos podem ser
expostos a baixas doses dos medicamentos por contato direto, inalação e ingestão (ANDRADE;
SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). Urinálises de pessoal exposto repetidamente a agentes
citotóxicos demonstram atividade mutagênica. Embora nem todos os mutagênicos sejam
cancerígenos, eles podem produzir alterações herdáveis permanentes no material genético das
células (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
Além disso, foram relatados náusea, vômito, tontura, alopecia e ulceração da mucosa nasal em
profissionais de saúde que manipularam agentes quimioterápicos. Devido aos riscos conhecidos
e potenciais associados ao manuseio de agentes quimioterápicos, hospitais e outras agências de
assistência médica desenvolveram precauções específicas para os envolvidos na preparação e
administração da quimioterapia (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
5.4 Extravasamento de quimioterápicos
Cuidados especiais devem ser tomados sempre que agentes vesicantes intravenosos são
administrados, os vesicantes são aqueles agentes que, se depositados no tecido subcutâneo
(extravasamento), causam necrose tecidual e danos aos tendões, nervos e vasos sanguíneos
subjacentes (SMELTZER; BARE, 2012). Embora o mecanismo completo de destruição de tecidos
não seja claro, sabe-se que o pH de muitos medicamentos antineoplásicos são responsáveis pela
reação inflamatória grave, bem como pela capacidade desses medicamentos de se ligarem ao
DNA do tecido (ANDRADE; SILVA, 2007; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
A descamação e ulceração do tecido podem ser tão graves que o enxerto de pele pode ser
necessário (ANDRADE; SILVA, 2007; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012). A extensão total
dos danos nos tecidos pode levar várias semanas para se tornar aparente (SMELTZER; BARE, 2012).
68
Devemos lembrar que somente médicos(as) e enfermeiros(as) especialmente treinados(as) devem
administrar vesicantes (ANDRADE; SILVA, 2007; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
A seleção cuidadosa de veias periféricas, punção venosa hábil e administração cuidadosa de
medicamentos são essenciais (ANDRADE; SILVA, 2007; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE,
2012). As indicações de extravasamento durante a administração de agentes vesicantes incluem a
ausência de retorno sanguíneo do cateter intravenoso, resistência ao fluxo de líquido intravenoso
e inchaço, dor ou vermelhidão no local (SMELTZER; BARE, 2012).
Se houver suspeita de extravasamento, a administração do medicamento é interrompida
imediatamente e gelo é aplicado no local (a menos que o vesicante extravasado seja um alcaloide
da vinca) (ANDRADE; SILVA, 2007; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012). O médico
pode aspirar qualquer medicamento infiltrado dos tecidos e injetar uma solução neutralizante
na área para reduzir os danos nos tecidos. A seleção da solução neutralizante depende do agente
extravasado (ANDRADE; SILVA, 2007; SILVEIRA; ZAGO, 2006; SMELTZER; BARE, 2012).
5.5 Avaliação do estado do paciente
Anorexia, náusea, vômito, paladar alterado e diarreia colocam o paciente em risco de
distúrbios nutricionais e de fluidos e eletrólitos. Alterações na mucosa do trato gastrointestinal
podem levar à irritação da cavidade oral e do trato intestinal, ameaçando ainda mais o estado
nutricional do paciente. Portanto, é importante que o(a) enfermeiro(a) avalie frequentemente o
estado nutricional e de fluidos e eletrólitos do paciente e use maneiras criativas para incentivar
uma ingestão adequada de líquidos e dieta (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
5.6 Riscos para infecção e sangramento
A supressão da medula óssea e do sistema imunológico é uma consequência esperada da
quimioterapia e frequentemente serve como um guia na determinação da dosagem apropriada
da quimioterapia (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). No entanto, esse efeito
também aumenta o risco de anemia, infecção e distúrbios hemorrágicos. Portanto, avaliação de
enfermagem e foco no cuidado na identificação e modificação de fatores que aumentam ainda
mais o risco do paciente são cruciais (ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
A técnica asséptica e o manuseio suave são indicados para prevenir infecções e traumas
(ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012). Os resultados dos testes de laboratório,
particularmente a contagem de células sanguíneas, são monitorados de perto (ANDRADE; SILVA,
2007; SMELTZER; BARE, 2012). Alterações indesejadas nos resultados dos exames de sangue e
sinais de infecção e sangramento devem ser relatados imediatamente, bem como o paciente
e seus familiares devem ser instruídos sobre medidas para evitar esses problemas em casa
(ANDRADE; SILVA, 2007; SMELTZER; BARE, 2012).
69
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender as alterações dermatológicas;
• identificar as diferentes causas de alterações dermatológicas;
• identificar os cuidados de enfermagem em pacientes com alterações dermatológicas;
• identificar os cuidados de enfermagem durante a punção lombar;
• identificar os cuidados de enfermagem durante a administração de quimioterápicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANDRADE, M. DE; SILVA, S. R. DA. Administração de quimioterápicos: uma proposta de
protocolo de enfermagem. Revista Brasileira de enfermagem, v. 60, n. 3, p. 331–335,
2007.
ARRUDA, L. H. F. et al. Psoríase. An. bras. dermatol, p. 141–167, 2001.
BRANDÃO, E. DA S.; SANTOS, I. DOS. Enfermagem em dermatologia: cuidados técnicos,
dialógico e solidário. In: Enfermagem em dermatologia: cuidados técnicos, dialógico e
solidário. [s.l: s.n.]. p. 376.
DARMSTADT, G. L.; LANE, A. T. Impetigo: an overview. Pediatric dermatology, v. 11, n. 4,
p. 293–303, 1994.
DIMAS, L. F.; PUCCIONI-SOHLER, M. Exame do líquido cefalorraquidiano: influência da
temperatura, tempo e preparo da amostra na estabilidade analítica. Jornal brasileiro de
patologia e medicina laboratorial, v. 44, n. 2, p. 97–106, 2008.
GNANN JR, J. W.; WHITLEY, R. J. Clinical practice. Herpes zoster. The New England journal
of medicine, v. 347, n. 5, p. 340, 2002.
GUIMARÃES, R. DE C. R. et al. Ações de enfermagem frente às reações a quimioterápicos
em pacientes oncológicos. Revista de Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, v. 7, n.
2, p. 2440–2452, 2015.
KONING, S. et al. Interventions for impetigo. Cochrane Database of Systematic Reviews,
n. 1, 2012.
MALLON, E. et al. The quality of life in acne: a comparison with general medical
conditions using generic questionnaires. The British journal of dermatology, v. 140, n.
4, p. 672–676, 1999.
PUCCIONI-SOHLER, M. et al. Coleta do líquido cefalorraquidiano, termo de consentimento
livre e esclarecido e aspectos éticos em pesquisa: recomendações do Departamento
Científico de LCR da Academia Brasileira de Neurologia. Arquivos de Neuro-Psiquiatria,
v. 60, n. 3A, p. 681–684, 2002.
RALF PAUS, L. et al. What causes hidradenitis suppurativa? Experimental dermatology,
v. 17, n. 5, p. 455–456, 2008.
SALES, C. A. et al. Cuidado de enfermagem oncológico na ótica do cuidador familiar no
contexto hospitalar. Acta Paulista de Enfermagem, v. 25, n. 5, p. 736–742, 2012.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SANTOS, I. et al. Enfermagem dermatológica: competências e tecnologia da escuta
sensível para atuar nos cuidados com a pele. Revista enfermagem UERJ, v. 17, n. 1, p.
124–129, 2009.
SILVA, M. M. DA; MOREIRA, M. C. Sistematização da assistência de enfermagem em
cuidados paliativos na oncologia: visão dos enfermeiros. Acta Paulista de Enfermagem,
v. 24, n. 2, p. 172–178, 2011.
SILVEIRA, C. S.; ZAGO, M. M. F. Pesquisa brasileira em enfermagem oncológica: uma
revisão integrativa. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 14, n. 4, p. 614–619,
2006.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. Todos os volumes. [s.l.] Guanabara Koogan, 2012.
ZAITZ, C. et al. Etiopatogenia da dermatite seborréica: estado atual. An. bras. dermatol,
v. 71, n. supl. 2, p. 11–15, 1996.
UNIDADE 4
Processo de enfermagem no cuidado
a pacientes com alterações
neurológicas
Introdução
Você está na Unidade Processo de enfermagem no cuidado a pacientes com alterações
neurológicas, da disciplina Cuidado Integral à Saúde do Adulto I, do curso de enfermagem.
Conheça aqui o processo de enfermagem no cuidado de pacientes com alterações
neurológicas agudas e crônicas.
Aprenda ainda aspectos importantes sobre esse tema, tais como avaliação de pacientes
com distúrbios do sistema neurológico, o exame físico para avaliação neurológica do
paciente, avaliação do nível de consciência, as principais alterações relacionadas ao
sistema neurológico e quais patologias apresentam maior risco à saúde dos pacientes.
Você já pensou como esses fatores podem impactar a saúde dos pacientes? Pois então,
você encontrará respostas para este e para outros questionamentos ao longo desta
unidade.
Bons estudos!
75
1. AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM DISTÚRBIOS
DO SISTEMA NEUROLÓGICO
Enfermeiros(as) em muitos tipos de ambientes de prática encontram pacientes com função
neurológica alterada, condição na qual os distúrbios do sistema nervoso podem ocorrer a qualquer
momento durante a vida do paciente e podem variar de sintomas autolimitantes a distúrbios
devastadores e com risco de vida (ELIAS, 2004; SMELTZER; BARE, 2012) . O(A) enfermeiro(a) deve
ter habilidade na avaliação do sistema neurológico, seja a avaliação generalizada ou focada em
aspectos específicos (ELIAS, 2004; SMELTZER; BARE, 2012) .
A avaliação em ambos os casos requer conhecimento da anatomia e fisiologia do sistema
nervoso e entendimento da matriz de testes e procedimentos utilizados para diagnosticar
distúrbios neurológicos (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DA SILVA et al., 2013; ELIAS, 2004;
SMELTZER; BARE, 2012) . O conhecimento sobre as implicações e intervenções de enfermagem
relacionadas à avaliação e testes de diagnóstico também é essencial (SMELTZER; BARE, 2012) .
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
1.1.O Exame Neurológico
Um aspecto importante da avaliação neurológica é a história da doença atual, a consulta
inicial oferece uma excelente oportunidade para explorar sistematicamente a condição atual do
paciente e eventos relacionados, enquanto observa-se simultaneamente a aparência geral, o
estado mental, a postura, o movimento e o afeto do paciente (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DA
SILVA et al., 2013; ELIAS, 2004; SMELTZER; BARE, 2012).
A doença neurológica pode ser estável ou progressiva, com períodos livres de sintomas,
sintomas intermitentes e momentos com flutuações nos sintomas (SMELTZER; BARE, 2012).
76
Sendo o histórico do paciente tão importante para seu tratamento, veja abaixo os principais
aspectos a serem investigados na condução desse histórico:
• início, caráter, gravidade, localização, duração e frequência de sinais e sintomas;
• reclamações associadas aos sintomas;
• fatores precipitantes, agravantes e aliviantes dos mesmos;
• progressão, remissão e exacerbação dos sintomas;
• presença ou ausência de sintomas semelhantes entre os membros da família.
O(A) enfermeiro(a) deve estar ciente de qualquer histórico de trauma ou queda que possa
ter envolvido a cabeça ou a medula espinhal, assim como perguntas sobre o uso de álcool,
medicamentos e drogas recreativas também devem ser incluídas (NUNES; MARRONE, 2002;
SMELTZER; BARE, 2012). A parte da história do exame neurológico é crítica e, especialmente em
muitos casos de doença neurológica, leva a um diagnóstico preciso (SMELTZER; BARE, 2012).
1.2. Manifestações clinicas
As manifestações clínicas da doença neurológica são tão variadas quanto a própria doença,
os sintomas podem ser sutis ou intensos, flutuantes ou permanentes, um mero inconveniente
ou devastador (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER;
BARE, 2012).
A dor é considerada uma percepção sensorial desagradável e uma experiência emocional
associada a dano tecidual real ou potencial ou descrita em termos de tal dano (ALCÂNTARA;
MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012). Na doença
neurológica, a dor aguda é frequentemente associada à doença do disco espinhal, neuralgia do
trigêmeo ou outra patologia neuropática e, por outro lado, a dor crônica se estende por longos
períodos de tempo e pode representar um baixo nível de patologia (ALCÂNTARA; MARQUES,
2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
As convulsões são o resultado de descargas paroxísticas anormais no córtex cerebral, que
depois se manifestam como uma alteração na sensação, comportamento, movimento, percepção
ou consciência. As convulsões podem ocorrer como eventos isolados, como quando induzidas
por febre alta, abstinência de álcool e/ou drogas, ou hipoglicemia. Uma convulsão também pode
ser o primeiro sinal óbvio de uma lesão cerebral (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004;
NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
77
2. EXAME FÍSICO
O exame neurológico é um processo sistemático que inclui uma variedade de testes clínicos,
observações e avaliações projetadas para avaliar um sistema complexo. Embora o exame
neurológico seja frequentemente limitado a uma triagem simples, o examinador deve ser capaz
de realizar uma avaliação neurológica completa, quando a história do paciente ou outros achados
físicos o justificarem (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002;
SMELTZER; BARE, 2012) .
O cérebro e a medula espinhal não podem ser examinados tão diretamente quanto outros
sistemas do corpo. Assim, grande parte do exame neurológico é uma avaliação indireta, que
avalia a função da parte específica do corpo ou de partes controladas ou inervadas pelo sistema
nervoso. Assim como em outras partes da avaliação física, o exame neurológico segue uma
sequência lógica e progride de níveis mais altos de função cortical, como o pensamento abstrato,
FIQUE DE OLHO
O exame físico a ser realizado nos pacientes com suspeita de alterações neurológicas
deve ser minuciosamente descrito durante a consulta de enfermagem, uma vez que
qualquer alteração apresentada posteriormente pode ser indicativa de agravamento de
alguma lesão ou patologia. Desta forma, sempre deve-se basear na avaliação inicial.
para níveis mais baixos de função, como a determinação da integridade dos nervos periféricos
(ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012) .
2.1. Avaliação do sistema motor
Um exame completo do sistema motor inclui uma avaliação do tamanho, tônus e força
muscular, coordenação e equilíbrio. O paciente é instruído a atravessar a sala, enquanto o
examinador observa a postura e a marcha, posteriormente os músculos são inspecionados e
palpados, se necessário, por seu tamanho e simetria (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004;
NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
Qualquer evidência de atrofia ou movimentos involuntários (tremores, tiques) é observada,
bem como o tônus muscular é avaliado, palpando vários grupos musculares em repouso e durante
o movimento passivo. A resistência a esses movimentos é avaliada e documentada (ALCÂNTARA;
MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
78
2.2. Avaliando os reflexos
Os reflexos motores são contrações involuntárias dos músculos ou grupos musculares,
em resposta ao alongamento abrupto próximo ao local de inserção do músculo (ALCÂNTARA;
MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012). O tendão
é atingido diretamente com um martelo de reflexo ou indiretamente, atingindo o polegar do
examinador, que é colocado firmemente contra o tendão (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS,
2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
O teste desses reflexos permite que o examinador avalie os reflexos involuntários que
dependem da presença de receptores de estiramento aferentes, sinapses da coluna vertebral,
fibras motoras eferentes e uma variedade de influências modificadoras de níveis mais altos
(ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
Os reflexos comuns, que podem ser testados, incluem os reflexos tendinosos profundos (reflexos
bíceps, braquiorradial, tríceps, patelar e tornozelo) e superficiais ou cutâneos (reflexos abdominais
e resposta plantar ou Babinski) (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; ELIAS, 2004; NUNES; MARRONE,
2002; SMELTZER; BARE, 2012).
3. ALTERAÇÃO NO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA
O nível alterado de consciência é aparente no paciente que não é orientado, não segue
comandos ou precisa de estímulos persistentes para alcançar um estado de alerta. O nível de
consciência é medido de forma contínua com um estado normal de alerta e cognição completa
de um lado, e estado de coma do outro lado (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE et al.,
2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012) .
O coma é um estado clínico de inconsciência em que o paciente não tem conhecimento de si
ou do meio ambiente por períodos prolongados (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE et
al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012) . O mutismo acinético é um estado de falta
de resposta ao ambiente em que o paciente não faz nenhum movimento ou som, mas às vezes
abre os olhos. Já o estado vegetativo persistente é uma condição na qual o paciente é descrito
como vigilante, mas sem conteúdo consciente, sem transtornos mentais cognitivos ou função
afetiva (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER;
BARE, 2012) . O nível de responsividade e consciência é o indicador mais importante da condição
do paciente (SMELTZER; BARE, 2012) .
3.1. Fisiopatologia
O nível de consciência alterado não é um distúrbio em si, mas uma função e sintoma de
múltiplos fenômenos fisiopatológicos (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE et al.,
79
2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012). A causa pode ser neurológica (traumatismo
craniano, acidente vascular cerebral), toxicológica (overdose de drogas, intoxicação alcoólica)
ou metabólica (insuficiência hepática ou renal, cetoacidose diabética) (ALCÂNTARA; MARQUES,
2009; DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012).
As causas subjacentes da disfunção neurológica são perturbações nas células do sistema
nervoso, neurotransmissores ou anatomia do cérebro. Uma interrupção nas unidades funcionais
básicas (neurônios) ou neurotransmissores resulta em uma falha na transmissão de impulsos,
impedindo a comunicação dentro do cérebro, ou do cérebro para outras partes do corpo. Essas
interrupções são causadas por edema celular e outros mecanismos, como anticorpos que
interrompem a transmissão química nos locais receptores (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE
ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012).
As estruturas anatômicas intactas do cérebro são necessárias para o seu funcionamento
adequado, desta forma os dois hemisférios do cérebro devem se comunicar, por meio de um
corpo caloso intacto, e os lobos do cérebro (frontal, parietal, temporal e occipital) devem se
comunicar e coordenar suas funções específicas (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE
et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012). Estruturas anatômicas adicionais de
importância são o cerebelo e o tronco cerebral, o cerebelo tem ações excitatórias e inibitórias e é
amplamente responsável pela coordenação do movimento, por sua vez, o tronco cerebral contém
áreas que controlam o coração, a respiração e a pressão sanguínea (ALCÂNTARA; MARQUES,
2009; DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012).
As rupturas nas estruturas anatômicas são causadas por trauma, edema, pressão de tumores
e outros mecanismos, como aumento ou diminuição da circulação sanguínea ou do líquido
cefalorraquidiano (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997;
SMELTZER; BARE, 2012).
3.2. Manifestações clínicas
Alterações no nível de consciência ocorrem ao longo de um continuum, e as manifestações
clínicas dependem de onde o paciente está ao longo desse continuum (ALCÂNTARA; MARQUES,
2009; DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012). À medida que o
estado de alerta e consciência do paciente diminui, haverá alterações na resposta pupilar, na
abertura dos olhos, na resposta verbal e na resposta motora (SMELTZER; BARE, 2012).
As mudanças iniciais podem ser refletidas por mudanças comportamentais sutis, como
inquietação ou aumento da ansiedade. As pupilas, normalmente redondas e rapidamente
reativas à luz, tornam-se lentas e, à medida que o paciente entra em coma, as pupilas ficam fixas.
O paciente em coma não abre os olhos, responde verbalmente ou move as suas extremidades em
resposta a uma solicitação para fazê-lo (SMELTZER; BARE, 2012).
80
3.3. Avaliação e achados diagnósticos
O paciente com um o nível de consciência alterado apresenta risco de sofrer alterações em
todos os sistemas corporais, uma avaliação completa é realizada, com especial atenção ao sistema
neurológico (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE ANDRADE et al., 2007; ELIAS, 2004; MUNIZ et al.,
1997; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
O exame neurológico deve incluir uma avaliação do estado mental, função do nervo craniano,
função cerebelar, reflexos e função motora e sensorial (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DE
ANDRADE et al., 2007; ELIAS, 2004; MUNIZ et al., 1997; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER;
BARE, 2012). Um indicador sensível da função neurológica é avaliado com base nos critérios da
Escala de Coma de Glasgow, na qual constam a abertura ocular, resposta verbal e resposta motora.
As respostas do paciente são classificadas em uma escala de 3 a 15. Uma pontuação 3 indica
comprometimento grave da função neurológica; uma pontuação de 15 indica que o paciente é
totalmente responsivo (DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012).
Se o paciente estiver em coma, com sinais localizados, como respostas motoras e pupilares
anormais, presume-se que a doença neurológica esteja presente até que se prove o contrário. Se o
paciente estiver em coma e os reflexos da luz pupilar forem preservados, suspeita-se de um distúrbio
tóxico ou metabólico (DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012).
Os procedimentos usados para identificar a causa do inconsciente incluem escaneamento,
imagem, tomografia e eletroencefalografia. Além desses procedimentos, algumas análises
laboratoriais também fazem parte do diagnóstico sendo elas:
• análise dos níveis de glicose no sangue;
• eletrólitos, amônia sérica e nitrogênio da ureia no sangue;
• osmolaridade sérica, nível de cálcio e tempos parciais de tromboplastina e protrombina.
Outros estudos podem ser usados para avaliar cetonas séricas e álcool, níveis de drogas e
níveis de gases no sangue arterial (DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER;
BARE, 2012).
3.4. Complicações
As possíveis complicações para o paciente com alteração do nível de consciência incluem
insuficiência respiratória, pneumonia, úlcera por pressão e aspiração (SMELTZER; BARE, 2012).
A insuficiência respiratória pode se desenvolver logo após o paciente ficar inconsciente e, se
o paciente não conseguir manter respirações eficazes, é iniciado um tratamento de suporte para
fornecer ventilação adequada (DE ANDRADE et al., 2007; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE,
81
2012). A pneumonia é comum em pacientes que recebem ventilação mecânica ou naqueles que
não conseguem manter e limpar as vias aéreas.
O paciente está sujeito a todas as complicações associadas à imobilidade, como úlceras
por pressão, estase venosa, deterioração musculoesquelética e distúrbio do funcionamento
gastrointestinal (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DA SILVA et al., 2013; DE ANDRADE et al., 2007;
ELIAS, 2004; MUNIZ et al., 1997; SMELTZER; BARE, 2012).
4. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES RELACIONADAS AO
SISTEMA NEUROLÓGICO
Durante o processo de enfermagem, deve-se estar atento(a) às principais queixas, sinais
e sintomas apresentados pelos pacientes e que tenham relação com o sistema neurológico
(ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DA SILVA et al., 2013; DE ANDRADE et al., 2007; ELIAS, 2004;
MUNIZ et al., 1997; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012) . Algumas destas alterações
são comuns e não apresentam risco à vida do paciente, no entanto outras podem ter início agudo
e evoluir a óbito, desta forma serão estudadas agora as principais alterações relacionadas ao
sistema neurológico (ALCÂNTARA; MARQUES, 2009; DA SILVA et al., 2013; DE ANDRADE et al.,
2007; ELIAS, 2004; MUNIZ et al., 1997; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012) .
4.1. Pressão intracraniana
O crânio contém aproximadamente 1400 gramas de tecido cerebral, 75 mililitros de sangue
e 75 mililitros de liquido cefalorraquidiano. O volume e a pressão desses três componentes
geralmente estão em um estado de equivalência, lembrando que a pressão intracraniana normal
é de 10 a 20 mm Hg (CARLOTTI JR; COLLI; DIAS, 1998; GIUGNO et al., 2003; SMELTZER; BARE,
2012; THIESEN et al., 2005).
Devido ao limitado espaço para expansão dentro do crânio, um aumento em qualquer um
dos componentes causa uma alteração no volume dos outros. Como o tecido cerebral tem
espaço limitado para mudar, a compensação normalmente é realizada deslocando o liquido
cefalorraquidiano, aumentando ou diminuindo o volume sanguíneo cerebral (CARLOTTI JR; COLLI;
DIAS, 1998; GIUGNO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012; THIESEN et al., 2005).
Sem essas mudanças, a pressão intracraniana começará a subir (CARLOTTI JR; COLLI; DIAS,
1998; GIUGNO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012; THIESEN et al., 2005). Sob circunstâncias
normais, pequenas alterações no volume sanguíneo e no liquido cefalorraquidiano ocorrem
constantemente, devido a alterações na pressão intratorácica (tosse, espirros, esforço), postura,
pressão arterial e pressão sistêmica, níveis de oxigênio e dióxido de carbono (CARLOTTI JR; COLLI;
DIAS, 1998; GIUGNO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012; THIESEN et al., 2005).
82
O aumento da pressão intracraniana é uma síndrome que afeta muitos pacientes com
condições neurológicas. Isso ocorre porque as condições patológicas alteram a relação
entre volume intracraniano e pressão (CARLOTTI JR; COLLI; DIAS, 1998; GIUGNO et al., 2003;
SMELTZER; BARE, 2012; THIESEN et al., 2005). Embora uma pressão intracraniana elevada esteja
mais comumente associada à lesão, também pode ser vista como efeito secundário em outras
condições, como tumores cerebrais, hemorragia subaracnóidea, e toxicidade e encefalopatias
virais (CARLOTTI JR; COLLI; DIAS, 1998; GIUGNO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012; THIESEN et
al., 2005).
O aumento da pressão intracraniana por qualquer causa diminui a perfusão cerebral,
estimula o edema e desloca o tecido cerebral, resultando na hérnia cerebral, frequentemente
fatal (CARLOTTI JR; COLLI; DIAS, 1998; GIUGNO et al., 2003; SMELTZER; BARE, 2012; THIESEN et
al., 2005).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
4.2. Convulsões
As convulsões são episódios de atividade motora, sensorial, autonômica ou psíquica anormal (ou
uma combinação destes) resultantes de descarga excessiva repentina de neurônios cerebrais, na qual
uma parte ou todo o cérebro pode estar envolvido (SMELTZER; BARE, 2012; ZANARDO, 2017).
A classificação internacional das convulsões diferencia entre dois tipos principais, sendo as
convulsões parciais que começam em uma parte do cérebro, e convulsões generalizadas que
envolvem descargas elétricas em todo o cérebro (SMELTZER; BARE, 2012; ZANARDO, 2017).
A maioria das crises de convulsão é repentina e transitória e a causa subjacente é uma
perturbação elétrica (disritmia) nas células nervosas em uma seção do cérebro, causando a
emissão de descargas elétricas anormais, recorrentes e descontroladas. A crise característica é
83
uma manifestação dessa descarga neuronal excessiva (SMELTZER; BARE, 2012; ZANARDO, 2017).
Durante a convulsão, pode haver perda de consciência associada, excesso de movimento
ou perda de tônus ou movimento muscular e distúrbios de comportamento, humor, sensação e
percepção (SMELTZER; BARE, 2012; ZANARDO, 2017). As causas específicas das convulsões são
variadas e podem ser categorizadas como idiopáticas (defeitos genéticos, de desenvolvimento) e
adquiridas (SMELTZER; BARE, 2012; ZANARDO, 2017).
Entre as causas das convulsões adquiridas estão hipoxemia de qualquer causa, incluindo
insuficiência vascular, febre (infância), traumatismo craniano, hipertensão, infecções do sistema
nervoso central, condições metabólicas e tóxicas, tumor cerebral, abstinência de drogas e álcool e
alergias. A doença cerebrovascular é a principal causa de convulsões em idosos (SMELTZER; BARE,
2012; ZANARDO, 2017).
FIQUE DE OLHO
Durante as convulsões, devemos proteger o paciente para que este processo não o leve
a autolesão, bem como a equipe de saúde assistente que prestar o cuidado durante
uma crise convulsiva deve tomar cuidado para se proteger. Não devemos fazer uso
excessivo da força para conter o paciente, pois aumenta o risco de lesão para o paciente
e o profissional de saúde.
4.3. Epilepsia
A epilepsia é um grupo de síndromes caracterizadas por convulsões recorrentes, as quais são
classificadas por padrões específicos de características clínicas, incluindo idade de início, histórico
familiar e tipo de crise (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER;
BARE, 2012). Os tipos de epilepsias são diferenciados pela forma como a atividade convulsiva
se manifesta, as síndromes mais comuns são aquelas com crises generalizadas e aquelas com
crises de início parcial (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER; BARE,
2012). A epilepsia pode ser primária (idiopática) ou secundária, quando a causa é conhecida e a
epilepsia é um sintoma de outra condição subjacente, como um tumor cerebral (DUARTE et al.,
2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER; BARE, 2012).
As mensagens do corpo são transmitidas pelos neurônios por meio de descargas de energia
eletroquímica. Esses impulsos ocorrem em rajadas, sempre que uma célula nervosa tem uma
tarefa a desempenhar, e, às vezes, essas células ou grupos de células continuam disparando esses
impulsos após a conclusão de uma tarefa (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO,
1986; SMELTZER; BARE, 2012). Durante o período de descargas indesejadas, partes do corpo
84
controladas pelas células errantes podem ter um desempenho irregular e a disfunção resultante
varia de leve a incapacitante, e frequentemente causa inconsciência (DUARTE et al., 2000;
MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER; BARE, 2012).
Quando essas descargas anormais e descontroladas ocorrem repetidamente, diz-se que uma
pessoa tem uma síndrome epiléptica (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986;
NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012). A epilepsia não está associada ao nível intelectual,
e as pessoas com epilepsia sem outras deficiências no cérebro ou no sistema nervoso se enquadram
nos mesmos intervalos de inteligência da população em geral (DUARTE et al., 2000; MARINO JR;
CUKIERT; PINHO, 1986; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012). Epilepsia não é sinônimo
de retardo mental ou doença, devemos lembrar que muitos que são deficientes no desenvolvimento,
por causa de graves danos neurológicos, no entanto, também têm epilepsia (DUARTE et al., 2000;
MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012).
Dependendo da localização dos neurônios que realizam a descarga, as convulsões podem
variar de um simples episódio de observação a movimentos convulsivos prolongados com perda
de consciência (SMELTZER; BARE, 2012). As convulsões foram classificadas de acordo com a área
do cérebro envolvida e identificadas como parciais, generalizadas e não classificadas (DUARTE et
al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER; BARE, 2012).
Em crises parciais simples, apenas um dedo ou mão pode tremer ou a boca pode tremer
incontrolavelmente. A pessoa pode falar de maneira ininteligível, estar tonta e experimentar
visões, sons, odores ou gostos incomuns ou desagradáveis, mas sem perda de consciência
(DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER; BARE, 2012).
Nas crises parciais complexas, a pessoa permanece imóvel ou se move automaticamente,
mas de maneira inadequada em tempo e local, ou pode experimentar emoções excessivas de
medo, raiva, exaltação ou irritabilidade. Quaisquer que sejam as manifestações, a pessoa não se
lembra do episódio quando ele termina (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986;
SMELTZER; BARE, 2012).
Convulsões generalizadas, anteriormente denominadas convulsões de grande mal, envolvem
ambos os hemisférios do cérebro, causando a reação de ambos os lados do corpo. Pode haver
intensa rigidez do corpo inteiro, seguida de alternância entre relaxamento e contração muscular
(DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986; SMELTZER; BARE, 2012).
As contrações simultâneas dos músculos diafragma e tórax podem produzir um choro
epilético característico. Após 1 ou 2 minutos, os movimentos convulsivos começam a diminuir
e o paciente relaxa e fica em coma profundo, respirando ruidosamente, as respirações neste
momento são principalmente abdominais (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO,
1986; SMELTZER; BARE, 2012). Após a convulsão, o paciente geralmente fica confuso, difícil de
85
despertar e pode dormir por horas, assim como muitos pacientes se queixam de dor de cabeça,
dores musculares, fadiga e depressão (DUARTE et al., 2000; MARINO JR; CUKIERT; PINHO, 1986;
SMELTZER; BARE, 2012).
Figura 1 - Epilepsia de Primeiros Socorros
Fonte: LUCIANO COSMO, Shutterstock, 2020
#ParaCegoVer: Na imagem, há um homem de camiseta verde e calça marrom, deitado no
chão, com saliva saindo da boca e braços e pernas contorcidos, como em uma crise convulsiva.
4.4. Status epilepticus
O status epilepticus é uma série de crises generalizadas que ocorrem sem recuperação total
da consciência entre os ataques. O termo foi ampliado para incluir crises clínicas ou elétricas
contínuas com duração de pelo menos 30 minutos, mesmo sem prejuízo da consciência, o
episódio deve ser considerado uma emergência médica (GLAUSER et al., 2016; LEE; WRAY, 2017;
SMELTZER; BARE, 2012; WALKER, 2018).
O status epilepticus produz efeitos cumulativos e as contrações musculares vigorosas
impõem uma demanda metabólica pesada e podem interferir nas respirações (GLAUSER et al.,
2016; LEE; WRAY, 2017; SMELTZER; BARE, 2012; WALKER, 2018). Há alguma parada respiratória
no auge de cada crise que produz congestão venosa e hipóxia no cérebro, lembrando que os
episódios repetidos de anoxia cerebral e edema podem levar a danos cerebrais irreversíveis e
fatais (GLAUSER et al., 2016; LEE; WRAY, 2017; SMELTZER; BARE, 2012; WALKER, 2018).
O(A) enfermeiro(a) deve iniciar a avaliação e o monitoramento contínuo da função respiratória
e cardíaca, devido ao risco de atraso na depressão da respiração e pressão arterial, secundárias
à administração de medicamentos antissépticos e sedativos para interromper as convulsões
(GLAUSER et al., 2016; LEE; WRAY, 2017; SMELTZER; BARE, 2012; WALKER, 2018).
A avaliação de enfermagem também inclui o monitoramento e a documentação da atividade
convulsiva, assim como a capacidade de resposta do paciente. O paciente deve ser lateralizado,
se possível, para auxiliar na drenagem das secreções faríngeas (GLAUSER et al., 2016; LEE; WRAY,
86
2017; SMELTZER; BARE, 2012; WALKER, 2018). Devemos lembrar que uma pessoa que recebeu
terapia anticonvulsivante a longo prazo tem um risco significativo de fraturas resultantes de
doenças ósseas, um efeito colateral da terapia. Assim, durante as convulsões, o paciente deve
ser protegido contra lesões, utilizando precauções de convulsão, e sendo monitorado de perto
(GLAUSER et al., 2016; LEE; WRAY, 2017; SMELTZER; BARE, 2012; WALKER, 2018).
4.5. Cefaleia
A cefaleia é uma das mais comuns de todas as queixas físicas humanas, a qual pode indicar
doença orgânica, resposta ao estresse, vasodilatação, tensão muscular esquelética ou uma
combinação de fatores (BRAGA, 2017; DA CRUZ et al., 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
A cefaleia primária é aquela na qual nenhuma causa orgânica pode ser identificada. A
enxaqueca é um complexo de sintomas caracterizado por ataques periódicos e recorrentes de
dor de cabeça severa. O tempo típico de início é a puberdade e a incidência é maior em adultos
de 20 a 35 anos de idade. Existem sete subtipos de enxaqueca, incluindo enxaqueca com e sem
aura. A maioria dos pacientes tem enxaqueca sem aura (BRAGA, 2017; DA CRUZ et al., 2017;
SMELTZER; BARE, 2012).
As dores de cabeça tensionais tendem a ser mais crônicas do que graves e são provavelmente
o tipo mais comum de dor de cabeça. A inflamação das artérias cranianas é caracterizada por uma
forte dor de cabeça localizada na região das artérias temporais, a qual pode ser generalizada ou
focal (BRAGA, 2017; DA CRUZ et al., 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
A arterite craniana é uma causa de dor de cabeça na população idosa, atingindo sua maior
incidência nas pessoas com mais de 70 anos de idade. A dor de cabeça secundária é um sintoma
associado a uma causa orgânica, como um tumor cerebral ou um aneurisma (BRAGA, 2017; DA
CRUZ et al., 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
A maioria das dores de cabeça não indica doença grave, embora quando persistentes exijam
investigação adicional (BRAGA, 2017; DA CRUZ et al., 2017; SMELTZER; BARE, 2012). Os distúrbios
graves relacionados à dor de cabeça incluem tumores cerebrais, hemorragia subaracnóidea,
acidente vascular cerebral, hipertensão grave, meningite e lesões na cabeça (SMELTZER; BARE,
2012).
5. ALTERAÇÕES NEUROLÓGICAS GRAVES
Dentre as patologias e alterações do sistema neurológico algumas possuem alta gravidade,
devido à possibilidade de morte do paciente. Entre estas alterações podemos citar os acidentes
vasculares cerebrais, hemorragias e aneurismas cerebrais. O(A) enfermeiro(a) deve estar atento
a essas alterações, devido à possibilidade de rápida evolução a óbito (SMELTZER; BARE, 2012) .
87
5.1. Acidente vascular cerebral isquêmico
Um acidente vascular cerebral isquêmico é uma súbita perda de função resultante da
interrupção do fornecimento de sangue a uma parte do cérebro, o qual geralmente é resultado
de doença cerebrovascular de longa data (DE SOUSA RODRIGUES et al., 2017; LANGE et al., 2018;
LIMA; ROCHA, 2018; SMELTZER; BARE, 2012).
Os acidentes vasculares cerebrais isquêmicos são subdivididos em cinco tipos diferentes de
acordo com sua causa, os quais são denominados trombose arterial grande (20%), trombose
arterial pequena penetrante (25%), acidente vascular cerebral embólico cardiogênico (20%),
criptogênico (30%) e outros (DE SOUSA RODRIGUES et al., 2017; LANGE et al., 2018; LIMA;
ROCHA, 2018; SMELTZER; BARE, 2012).
Grandes derrames trombóticos nas artérias são devidos a placas ateroscleróticas nos grandes
vasos sanguíneos do cérebro, vale ressaltar que a formação e oclusão de trombos no local da
aterosclerose resultam em isquemia e infarto (SMELTZER; BARE, 2012).
Acidentes embólicos cardiogênicos estão associados a disritmias cardíacas, geralmente
fibrilação atrial. Os êmbolos se originam no coração e circulam para a vasculatura cerebral,
mais comumente a artéria cerebral média esquerda, resultando em um derrame. O acidente
vascular cerebral embólico pode ser evitado pelo uso de terapia anticoagulante em pacientes
com fibrilação atrial (SMELTZER; BARE, 2012).
5.2. Acidente vascular cerebral hemorrágico
O acidente vascular cerebral hemorrágico representa 15% dos distúrbios cerebrovasculares
e é causado principalmente por uma hemorragia intracraniana ou subaracnóidea. Os pacientes
geralmente apresentam déficits mais graves e um tempo de recuperação mais longo do que
aqueles com acidente vascular cerebral isquêmico (SMELTZER; BARE, 2012).
Os derrames hemorrágicos são causados por sangramento no tecido cerebral, nos
ventrículos ou no espaço subaracnóideo. A hemorragia intracerebral primária resultante
de uma ruptura espontânea de pequenos vasos é responsável por aproximadamente 80%
dos derrames hemorrágicos, e é causada principalmente por hipertensão não controlada. A
hemorragia intracerebral secundária está associada a malformações arteriovenosas, aneurismas
intracranianos ou certos medicamentos (SMELTZER; BARE, 2012).
A fisiopatologia do acidente vascular cerebral hemorrágico depende da causa e do tipo
de distúrbio cerebrovascular. Os sintomas são produzidos quando um aneurisma aumenta e
pressiona os nervos cranianos próximos ou o tecido cerebral, ou então quando um aneurisma
se rompe, causando hemorragia subaracnóidea (hemorragia no espaço subaracnóideo craniano)
88
(SMELTZER; BARE, 2012).
O metabolismo normal do cérebro é interrompido pelo fato de o cérebro ser exposto ao
sangue, e por um aumento da pressão intracraniana, resultante da entrada repentina de sangue
no espaço subaracnóideo, que comprime e danifica o tecido cerebral; pode ser causado ainda por
isquemia secundária do cérebro resultante da pressão reduzida de perfusão e vasoespasmo que
frequentemente acompanham a hemorragia subaracnóidea (SMELTZER; BARE, 2012).
5.3. Hemorragia intracerebral
Uma hemorragia intracerebral, ou sangramento na substância cerebral, é mais comum em
pacientes com hipertensão e aterosclerose cerebral, porque alterações degenerativas dessas doenças
causam a ruptura do vaso sanguíneo (SMELTZER; BARE, 2012; SUÁREZ QUESADA et al., 2016).
A hemorragia intracerebral pode ser causada por certos tipos de patologia arterial, tumor
cerebral e uso de medicamentos (anticoagulantes orais, anfetaminas e drogas ilícitas, como crack
e cocaína) (SMELTZER; BARE, 2012; SUÁREZ QUESADA et al., 2016). O sangramento é geralmente
arterial e ocorre mais comumente nos lobos cerebrais, nos gânglios da base, no tálamo, no
tronco cerebral (principalmente na ponte) e no cerebelo (SMELTZER; BARE, 2012; SUÁREZ
QUESADA et al., 2016). Ocasionalmente, o sangramento rompe a parede do ventrículo lateral e
causa hemorragia intraventricular, que é frequentemente fatal (SMELTZER; BARE, 2012; SUÁREZ
QUESADA et al., 2016).
5.4. Aneurisma cerebral
O aneurisma cerebral é uma dilatação das paredes de uma artéria cerebral que se desenvolve
como resultado de fraqueza na parede arterial, na qual a causa dos aneurismas é desconhecida
(ISAIAS et al., 2018; NASCIMENTO et al., 2015; SMELTZER; BARE, 2012). Um aneurisma pode
ser causado por aterosclerose, resultando em um defeito na parede do vaso com subsequente
fraqueza da parede, assim como por um defeito congênito da parede do vaso, doença vascular
hipertensiva, trauma na cabeça ou ainda idade avançada (ISAIAS et al., 2018; NASCIMENTO et al.,
2015; SMELTZER; BARE, 2012).
Qualquer artéria no cérebro pode ser o local de aneurismas cerebrais, mas geralmente eles
ocorrem nas bifurcações das grandes artérias no círculo de Willis (ISAIAS et al., 2018; NASCIMENTO
et al., 2015; SMELTZER; BARE, 2012). As artérias cerebrais mais comumente afetadas por um
aneurisma são a artéria carótida interna, artéria cerebral anterior, artéria comunicante anterior,
artéria comunicante posterior, artéria cerebral posterior e artéria cerebral média. Deve-se ficar
atento, pois aneurismas cerebrais múltiplos não são incomuns (ISAIAS et al., 2018; NASCIMENTO
et al., 2015; SMELTZER; BARE, 2012).
89
5.5. Hemorragia no espaço subaracnóideo
A hemorragia no espaço subaracnóideo pode ocorrer como resultado de aneurisma
intracraniano, trauma ou hipertensão (CARLOTTI JR et al., 1998; DE ANDRADE et al., 2007; ELIAS,
2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012; SUÁREZ QUESADA et al., 2016). A causa
mais comum é um vazamento de aneurisma na área do círculo de Willis ou uma malformação
arteriovenosa congênita do cérebro ( CARLOTTI JR et al., 1998; DE ANDRADE et al., 2007; ELIAS,
2004; NUNES; MARRONE, 2002; SMELTZER; BARE, 2012; SUÁREZ QUESADA et al., 2016).
O paciente com acidente vascular cerebral hemorrágico pode apresentar uma grande
variedade de déficits neurológicos, semelhante ao paciente com acidente vascular cerebral
isquêmico. Desta forma, ama avaliação abrangente revelará a extensão dos déficits neurológicos.
Muitos dos mesmos motores, sensoriais, funções nervosas, cognitivas e outras que são
interrompidas após um acidente vascular cerebral isquêmico são alteradas após um acidente
vascular cerebral hemorrágico (SMELTZER; BARE, 2012).
Além dos déficits neurológicos semelhantes ao acidente vascular cerebral isquêmico, o
paciente com aneurisma intracraniano pode apresentar manifestações clínicas únicas (SMELTZER;
BARE, 2012). A ruptura de um aneurisma geralmente produz uma dor de cabeça repentina e
incomumente severa e frequentemente perda de consciência por um período variável, bem como
pode haver dor e rigidez na parte de trás do pescoço (rigidez nucal) e na coluna devido à irritação
da meninge (SMELTZER; BARE, 2012).
Os distúrbios visuais (perda visual, diplopia, ptose) ocorrem quando o aneurisma é adjacente
ao nervo oculomotor, adicionalmente o zumbido, tontura e hemiparesia também podem ocorrer
(SMELTZER; BARE, 2012). Às vezes, um aneurisma vaza sangue, levando à formação de um coágulo
que sela o local da ruptura. Nesse caso, o paciente pode mostrar pouco déficit neurológico. Em
outros casos, ocorre sangramento grave, resultando em dano cerebral seguido rapidamente por
coma e morte (SMELTZER; BARE, 2012).
O prognóstico depende da condição neurológica do paciente, idade, doenças associadas e
a extensão e localização de um aneurisma intracraniano. A hemorragia subaracnóidea de um
aneurisma é um evento catastrófico com significativa morbimortalidade (SMELTZER; BARE, 2012).
90
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
91
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender a avaliação dos pacientes com distúrbios neurológicos;
• compreender o processo de realização do exame físico em pacientes com distúrbios
neurológicos;
• avaliar o nível de consciência dos pacientes;
• identificar as alterações relacionadas ao sistema neurológico;
• identificar as principais patologias relacionadas ao sistema neurológico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALCÂNTARA, T. F. D. L. DE; MARQUES, I. R. Avanços na monitorização neurológica
intensiva: implicações para a enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, n.
6, p. 894–900, 2009.
BRAGA, J. L. Cefaleia enxaqueca: Diagnóstico e tratamento. [s.l.] Thieme Revinter
Publicações LTDA, 2017.
CARLOTTI JR, C. G. et al. Hipertensão intracraniana. Medicina (Ribeirao Preto Online), v.
31, n. 4, p. 552–562, 1998.
DA CRUZ, M. C. et al. Cefaleia do tipo tensional: revisão de literatura. ARCHIVES OF
HEALTH INVESTIGATION, v. 6, n. 2, 2017.
DA SILVA, V. S. et al. Utilização do processo de enfermagem e as dificuldades encontradas
por enfermeiros. Cogitare Enfermagem, v. 18, n. 2, p. 351–357, 2013.
DE ANDRADE, A. F. et al. Coma e outros estados de consciência. Revista de Medicina, v.
86, n. 3, p. 123–131, 2007.
DE SOUSA RODRIGUES, M. et al. Fatores de risco modificáveis e não modificáveis do
AVC isquêmico: uma abordagem descritiva. Revista de Medicina, v. 96, n. 3, p. 187–192,
2017.
DUARTE, M. DO C. A. et al. Diagnóstico de enfermagem em paciente epiléptica embasado
na teoria do autocuidado: estudo de caso. Nursing (São Paulo), p. 30–34, 2000.
ELIAS, R. M. Distúrbios do sistema nervoso central e periférico. Brazilian Journal of
Nephrology (Jornal Brasileiro de Nefrologia), v. 26, n. 3 Suppl 1, p. 40–41, 2004.
GIUGNO, K. M. et al. Tratamento da hipertensão intracraniana. Jornal de Pediatria, v. 79,
n. 4, p. 287–296, 2003.
GLAUSER, T. et al. Evidence-based guideline: treatment of convulsive status epilepticus
in children and adults: report of the Guideline Committee of the American Epilepsy
Society. Epilepsy currents, v. 16, n. 1, p. 48–61, 2016.
ISAIAS, L. C. S. et al. EVOLUÇÃO CLÍNICA DE PACIENTES COM ANEURISMA CEREBRAL
INTERNADOS EM UM HOSPITAL PÚBLICO. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde,
v. 7, n. 2, p. 156–167, 2018.
LANGE, M. C. et al. Recorrência nos diferentes subtipos de acidente vascular cerebral
isquêmico. A importância da doença intracraniana. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 76,
n. 10, p. 649–653, 2018.
LEE, J.; WRAY, A. Status epilepticus. Journal of Education and Teaching in Emergency
Medicine, v. 2, n. 2, 2017.
LIMA, A.; ROCHA, M. AVC isquémico: quando o risco cardiovascular é inocente! SESSÕES
CLÍNICAS DO HFF. Serviço de Medicina 3, 2018.
MARINO JR, R. et al. Aspectos epidemiológicos da epilepsia em São Paulo: um estudo da
prevalência. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 44, n. 3, p. 243–254, 1986.
MUNIZ, E. C. S. et al. Utilização da escala de coma de Glasgow e escala de coma de
Jouvet para avaliação do nível de consciência. Revista da Escola de Enfermagem da USP,
v. 31, n. 2, p. 287–303, 1997.
NASCIMENTO, A. F. D. S. et al. ESTUDO DE CASO SOBRE ANEURISMA CEREBRAL:
CUIDADOS DE ENFERMAGEM SOB A INTERFACE DA TEORIA AMBIENTALISTA DE
FLORENCE NIGHTINGALE. 7 CONCLAVE DOS ACADÊMICOS DE ENFERMAGEM DA
UNIVERSIDADE POSITIVO (CONAENF), p. 16, 2015.
NUNES, M. L.; MARRONE, A. C. Semiologia neurológica. [s.l.] Edipucrs, 2002.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. Todos os volumes. [s.l.] Guanabara Koogan, 2012.
SUÁREZ QUESADA, A. et al. Pronóstico de muerte en pacientes con hemorragia
intracerebral supratentorial espontánea. Revista Finlay, v. 6, n. 1, p. 32–40, 2016.
THIESEN, R. A. et al. Influência da fisioterapia respiratória na pressão intracraniana em
pacientes com traumatismo craniencefálico grave. Arquivos de Neuro-Psiquiatria, v. 63,
n. 1, p. 110–113, 2005.
WALKER, M. C. Pathophysiology of status epilepticus. Neuroscience letters, v. 667, p.
84–91, 2018.
ZANARDO, L. H. Intervenção educativa no conhecimento dos profissionais de
enfermagem na assistência em crise convulsiva. Trabalho de Conclusão de Curso
(especialização). Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal
de Santa Catarina, Florianópolis, 2017.
Com o advento do envelhecimento da população mundial, cada
vez mais é preciso formar profissionais para atender essa população.
Aprenda neste livro as estratégias de acolhimento do adulto; as
especificidades da saúde desses pacientes, como as alterações
nos sistemas respiratório, cardiológico, dermatológico e também
neurológico, e de que maneira essa condição pode impactar na
saúde deles.
Este livro abordará cada aspecto que o enfermeiro deve
conhecer para fazer frente aos problemas causados pela idade mais
avançada. Você aprenderá qual o seu papel, quais procedimentos
seguir em cada condição e quais são as técnicas existentes.
Livro fundamental para o curso de enfermagem e para todos
aqueles que querem conhecer como proceder para o cuidado
integral da saúde do adulto.