SEMIOTÉCNICA SEMIOTÉCNICA
Semiotécnica
ORGANIZADORES CAMILA BRAGA DE OLIVEIRA HIGA; ANA GABRIELA SILVA;
WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS ORGANIZADOR CAMILA BRAGA DE OLIVEIRA HIGA;
ANA GABRIELA SILVA; WENDEL MOMBAQUE DOS SANTOS
Este é um livro fundamental para estudantes de enfermagem. Além de
abordar assuntos gerais da área, o livro apresenta conteúdo específico de
administração de medicamentos, nebulização, bomba de infusão, medidas
de higiene, conforto, oxigenação, eliminação urinária, eliminação intesti-
nal, coleta de material e temas relacionados.
Após a leitura deste livro, o aluno vai aprender que é necessário a equipe de
enfermagem ter habilidades e competências para executar a adminis-
C
tração de medicamentos com segurança, entender que a equipe de enfer-
M
magem deve observar pacientes submetidos à terapia medicamentosa,
Y
retomar as características básica das principais vias de administração de
CM
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medicamentos para promover uma assistência de qualidade, assimilar
CY
sobre o processo de enfermagem, suas etapas e quais são os principais
CMY
diagnósticos e intervenções de enfermagem relacionado a higiene, realizar
K
o processo de enfermagem em pacientes com alterações relacionadas a
oxigenação, conhecer os fatores que influenciam durante a sondagem, e
GRUPO SER EDUCACIONAL
muito mais.
gente criando futuro
SEMIOTÉCNICA
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transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo
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Silva, Ana Gabriela.
Semiotécnica / Ana Gabriela Silva; Camila Braga de Oliveira Higa; Wendel Mombaque dos
Santos:
Cengage – 2020.
Bibliografia.
ISBN 978-85-221-2961-4
1. Enfermagem 2. Semiotécnica
Grupo Ser Educacional
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PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL
“É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil.
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec,
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da
democracia com a ampliação da escolaridade.
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no
contexto da sociedade.”
Janguiê Diniz
Autoria
Wendel Monbaque dos Santos
Graduação em Enfermagem pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), especialista em
Enfermagem do Trabalho pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), especialista em Ciências da
Saúde pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), MBA em Gestão em Saúde pela Universidade
de São Paulo (USP), mestrE em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor
em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutor em Enfermagem em Saúde
do Adulto pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente é enfermeiro do trabalho da Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares, colaborador GRADE Center do Joanna Briggs Institute (Australia),
pesquisador do Joanna Briggs Institute (Australia) e consultor de Avaliação de Tecnologias em Saúde.
Ana Gabriela Silva
Graduada em Enfermagem pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), especialista em
Programa de Saúde da Família e Urgência e Emergência pela Faculdade Batista de Minas Gerais e
mestre em Ciências pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Atuou como professora da
graduação e pós-graduação do grupo UNA e conteudista da escola Estação Ensino de Belo Horizonte.
SUMÁRIO
Prefácio..................................................................................................................................................8
UNIDADE 1 - Administração de medicamentos...............................................................................9
Introdução.............................................................................................................................................10
1 Administração de medicamentos....................................................................................................... 11
2 Vias de administração......................................................................................................................... 19
3 Cálculos de medicação........................................................................................................................ 23
PARA RESUMIR...............................................................................................................................31
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................32
UNIDADE 2 - Nebulização, bomba de infusão e medidas de higiene e conforto...............................35
Introdução.............................................................................................................................................36
1 Nebulização ........................................................................................................................................ 37
2 Bomba de Infusão............................................................................................................................... 39
3 Higiene: fatores que influenciam a prática de higiene........................................................................ 43
4 Tipos de cuidados higiênicos.............................................................................................................. 44
5 O processo de enfermagem e a higiene em indivíduos hospitalizados.............................................. 47
6 Medidas de conforto........................................................................................................................... 50
PARA RESUMIR...............................................................................................................................55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................56
UNIDADE 3 - Oxigenação sanguínea...............................................................................................57
Introdução.............................................................................................................................................58
1 Oxigenação: fatores que alteram a oxigenação; processo de enfermagem e oxigenação;
oxigenoterapia....................................................................................................................................... 59
2 Oxigenoterapia.................................................................................................................................... 63
3 Eliminação urinária: processo de enfermagem para problemas urinários.........................................66
4 Cuidado de enfermagem em pacientes com cateterismo vesical....................................................... 69
5 Eliminação intestinal: processo de enfermagem para problemas intestinais.....................................71
PARA RESUMIR...............................................................................................................................76
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................77
UNIDADE 4 - Procedimento operacional.........................................................................................79
Introdução.............................................................................................................................................80
1 Coleta de material para exame........................................................................................................... 81
2 Processo de enfermagem na hemoterapia......................................................................................... 82
3 Sondagem...........................................................................................................................................86
4 Cuidado ao paciente com feridas........................................................................................................ 89
5 Cuidados com ostomias...................................................................................................................... 93
PARA RESUMIR...............................................................................................................................98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................................99
PREFÁCIO
Um dos campos mais importantes da enfermagem é a Semiotécnica. Este livro,
dividido em quatro unidades, apresenta a base do conhecimento que todo o estudante
de enfermagem deve ter.
Na primeira unidade, o leitor vai conhecer os princípios fundamentais para
a administração de medicamentos, bem como as responsabilidades legais da
enfermagem no processo de prescrição e medicação.
A segunda unidade discorre a respeito de procedimentos de enfermagem para
nebulização e bomba de infusão. O leitor aprenderá também sobre higiene e os fatores
que podem influenciar na sua prática.
Na terceira unidade serão abordadas a implicação da oxigenação, a eliminação
urinária e intestinal no contexto na prática assistencial do enfermeiro. Além disso,
o texto também discursa sobre fatores que alteram a oxigenação, processo de
enfermagem e oxigenação, oxigenoterapia, processo de enfermagem para problemas
urinários e processo de enfermagem para problemas intestinais.
Para fechar o conteúdo do livro, a quarta unidade vai discorrer a respeito da coleta
de material para exames, hemoterapia, sondagem, cuidado ao paciente com feridas
e cuidados com ostomias no contexto na prática assistencial do enfermeiro. Aspectos
importantes, como punção venosa e as precauções durante esse procedimento,
também são explorados.
Bons estudos!
UNIDADE 1
Administração de medicamentos
Introdução
Olá,
Você está na unidade Administração de medicamentos. Conheça aqui os princípios
fundamentais para a administração de medicamentos, bem como as responsabilidades
legais da enfermagem no processo de prescrição e medicação.
Aprenda os aspectos relativos aos cuidados de enfermagem no preparo e administração
de medicamentos por via subcutânea, intramuscular, intradérmica, endovenosa e por via
oral.
Bons estudos!
11
1 ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS
A equipe de enfermagem desenvolve um papel de destaque no que concerne à administração
dos medicamentos, pois é responsável pela administração destes aos clientes em todas as
instituições de saúde.
Tal atividade merece destaque, pois é de grande importância para o sucesso da terapêutica
medicamentosa empregada. E, para executar estas atividades, é necessário que a equipe de
enfermagem tenha habilidades e competências suficientes para executar tais tarefas com
segurança.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
É função do enfermeiro estar atento à segurança das mudanças das doses administradas aos
pacientes e ter conhecimento sobre a ação dos fármacos associados às características fisiológicas
específicas das pessoas em cada faixa etária, além de conhecimentos que o permita fazer os
cálculos matemáticos necessários para uma administração medicamentosa segura.
As características próprias do organismo em cada faixa etária são fatores que interferem na
dinâmica e nos cuidados relacionados à administração de medicamentos. Isso se dá devido às
alterações fisiológicas que ocorrem nos sistemas em cada fase da vida.
Em outras palavras, os cuidados que se deve ter ao administrar um medicamento em um
neonato prematuro são diferentes daqueles que serão prestados em um adulto, porque o
metabolismo do fármaco é diferente devido às características peculiares dos grupos etários
citados.
Os idosos, por exemplo, devido ao processo fisiológico do envelhecimento, são mais
vulneráveis a eventos adversos e à interação medicamentosa. Sendo assim, cabe ao enfermeiro
12
planejar a melhor forma de administrar, diluir, rediluir os medicamentos que serão administrados,
com a finalidade de promover a qualidade e segurança na assistência prestada.
1.1 Responsabilidades legais relacionadas à prescrição e administração
de medicamentos
O Decreto n. 94.406/87, que regulamenta a Lei n. 7.498, de junho de 1986, que dispõe sobre
o exercício da Enfermagem, em seu artigo 8º, que dispõe sobre a incumbência privativa do
enfermeiro, determina nas alíneas:
b) organização e direção dos serviços de enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares
nas empresas prestadoras desses serviços.
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência
de enfermagem (COREN, 1996).
Neste mesmo documento, em seu artigo 11, são explicitadas as atribuições do auxiliar, no
inciso III e, em especial, na alínea “a”, legaliza a ação de ministrar medicamentos por via oral e
parenteral, e juntamente com o artigo 13, determina que esta atividade só poderá ser exercida
sob supervisão, orientação e direção do profissional enfermeiro.
Diante disso, podemos afirmar que, algumas atividades relacionadas ao cuidado podem
ser delegadas à equipe de enfermagem. Entretanto, o enfermeiro tem, como parte de suas
responsabilidades, de estar envolvido em todas as ações executadas por qualquer membro da
equipe sob sua subordinação.
Sendo assim, ressalta-se que o ato de delegar as atividades de assistência às necessidades
assistenciais e de cuidado ao paciente aos membros da equipe de enfermagem, os auxiliares e/
ou técnicos de enfermagem, não isenta o enfermeiro das responsabilidades relacionadas às ações
por eles executadas.
No âmbito das responsabilidades legais relacionadas à administração de medicamentos,
não poderia ser diferente, pois, delega-se a atribuição do fazer, mas não a responsabilidade, que
será do enfermeiro da equipe, e será imputada outra responsabilidade ao auxiliar ou técnico
que executou a tarefa, conforme o artigo 18 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem,
que destaca que o profissional deve: “Responsabilizar-se por falta cometida em suas atividades
profissionais, independente de ter sido praticada individualmente ou em equipe” (COFEN, 2007).
Além disso, o erro cometido por parte do enfermeiro ou dos outros profissionais de
enfermagem, seja caracterizado pela ação ou pela omissão, pode provocar prejuízos de natureza
física ou moral ao paciente e, com isso, gerar a obrigação da reparação de danos, quando a culpa
for comprovada.
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Vale enfatizar que, na culpa, o profissional não anseia obter um resultado prejudicial, mas, no
entanto, assume o risco de que isso possa ocorrer, quando atua com negligência, imprudência e
imperícia.
FIQUE DE OLHO
Imprudência: caracteriza-se pela comissão, sem cautela necessária para aquela situação
profissional.
Negligência: manifesta-se pela omissão, abstenção, aos deveres que uma situação exigir
inação, inércia, preguiça psíquica.
Imperícia: consiste na ação sem conhecimentos técnicos ou com uso equivocado desses
conhecimentos, falta de habilidade, uma incompetência profissional (SOUZA, 2006).
É necessário reforçar a importância do conhecimento do enfermeiro e dos demais profissionais
de enfermagem, sobre os aspectos ético-legais que envolvem as irregularidades na qualidade da
assistência prestada, principalmente no processo de medicação e suas implicações. Além disso,
é fundamental para garantir maior segurança na assistência e assegurar os direitos do paciente
(FAKIH et al, 2009).
Nesse sentido, o artigo 30 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem, proíbe ao
profissional de enfermagem: “Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem
certificar-se da possibilidade dos riscos” (COFEN, 2007). Cabe aqui destacar a importância deste
artigo e retomar à relevância dos conhecimentos na área de farmacologia para o enfermeiro.
Existem outras determinações legais que envolvem o contexto da administração de
medicamentos pela equipe de enfermagem e pelo enfermeiro, especificamente. A seguir, veja
alguns exemplos de ações que são determinadas pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN)
como privativas do enfermeiro, desde que este esteja habilitado e informado dos riscos e das
responsabilidades de seus atos.
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Quadro 1 - Ações privativas do enfermeiro
Fonte: Elaborado pela autora.
#ParaCegoVer: Na imagem, há três colunas. A esquerda é de administração de antineoplásicos,
a central sobre preparo de antineoplásicos competente ao farmacêutico e a coluna da direita
administração de medicamentos por meio de port-cath e do cateter central de inserção periférica
ou por punção de veia jugular.
O artigo 38 do Código de Ética do Profissional de Enfermagem confere ao profissional o direito
de se recusar a executar a prescrição médica em determinadas situações. Veja abaixo.
Quadro 2 - O profissional pode se negar a executar a prescrição médica
Fonte: Elaborado pela autora.
O direito de recusar-se a executar a prescrição possui repercussões, pois, caso ocorra um
evento adverso, decorrente da execução de uma prescrição duvidosa, ilegível, não identificada,
ou verbal, o profissional de enfermagem que a executou, bem como o enfermeiro e a instituição,
responderão solidariamente pelos danos causados ao paciente (COFEN, 2007).
Outro ponto fundamental que envolve as atividades de enfermagem é o registro das ações
executadas. No âmbito da administração de medicamentos não seria diferente, no Código de
Ética do Profissional de Enfermagem, por meio dos artigos 41 e 42, a responsabilidade dos
profissionais quanto ao registro escrito das próprias ações recebe destaque. As anotações de
enfermagem que compõem o prontuário do paciente são de suma importância.
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Devem ser registradas todas as ações relativas à assistência, que compreende a terapia
medicamentosa, de modo completo e fidedigno. Isso se faz necessário para assegurar a
continuidade da assistência de enfermagem e serve de respaldo legal.
Prescrição
Por outro lado, uma questão que causa controvérsia é a prescrição de medicamentos pelo
enfermeiro, principalmente, quando não se entende os limites desta ação. O fato é que o
enfermeiro possui respaldo ético-legal para prescrever medicamentos, dentro dos limites que a
própria Lei do Exercício (nº 7.498/86) impõe, por intermédio de protocolos legalmente instituídos
pelo Ministério da Saúde, concomitantemente com a Portaria GM nº 1625, de 11 de julho de
2007, que promoveu a alteração das atribuições dos profissionais das equipes de Saúde da
Família, dispostas na Política Nacional de Atenção Básica.
Autonomia
Ainda conforme a referida Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, a prescrição de
medicamentos é uma ação de enfermagem, quando praticada pelo enfermeiro, como integrante
da equipe de saúde. Entretanto, os limites legais para a prática desta ação são os Programas de
Saúde Pública e a aprovação dessas rotinas nas instituições de saúde, pública ou privada.
Com a finalidade de embasar esta situação, a Resolução COFEN n. 317, de 2 de agosto de
2007, regulamenta as ações do enfermeiro na consulta, prescrição de medicamentos e requisição
de exames. Assim, o enfermeiro tem autonomia na escolha dos medicamentos e respectiva
posologia e, também, responde integralmente pelos atos praticados.
Não obstante, a existência da Lei do Exercício Profissional da Enfermagem e do seu Decreto
regulamentador, não bastam para garantir o direito de o enfermeiro prescrever medicamentos.
Embora essa legislação aborde as atividades privativas do enfermeiro, é necessário que ela inclua
os limites e a abrangência da atuação no que se refere à prescrição de medicamentos.
1.2 Preparo e administração de medicamentos
Como já foi falado, a administração de medicamentos é uma das atividades de maior
responsabilidade dentre aquelas que são executadas pela equipe de enfermagem. Para mitigar
os riscos, oriundos da administração dos medicamentos, a equipe de enfermagem deve observar
o paciente submetido à terapia medicamentosa de forma sistemática, conforme a figura a seguir.
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Quadro 3 - Equipe de enfermagem faz acompanhamento para reduzir riscos
Fonte: Elaborado pela autora.
Sendo assim, o papel do enfermeiro, neste contexto, fundamenta-se na detecção precoce
de potenciais e complicações oriundos da terapia medicamentosa que podem provocar riscos
à segurança do paciente. As avaliações e observações necessárias devem ser pautadas em
conhecimentos aplicados de farmacologia.
Veja a seguir, de forma geral, as etapas básicas da administração de medicamentos.
Quadro 4 - Monitorar a resposta do paciente faz parte do processo
Fonte: Elaborado pela autora.
Além disso, uma base sólida de conhecimentos de anatomia, fisiologia, microbiologia,
bioquímica e biossegurança são fundamentais para assegurar a segurança do paciente conforme
os preceitos éticos que fundamentam a administração dos medicamentos.
Sabe-se que o processo que envolve o tratamento medicamentoso é multiprofissional, sendo
assim, é imprescindível, também, habilidade interpessoal para um bom relacionamento com toda
a equipe envolvida no tratamento e cuidado prestado ao paciente.
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Quadro 5 - Princípios fundamentais relacionados à administração de medicamentos
Fonte: Elaborado pela autora.
Os 9 certos acima citados são usados para mitigar a ocorrência de erros no processo de
administração da medicação, que, em toda sua extensão, envolve vários profissionais. Esta forma
de verificação é importante para buscar a segurança do paciente. Assim, cabe ao enfermeiro
analisar os 9 certos antes da administração de qualquer medicamento, sendo eles:
1. Paciente certo: pode ser feito através da conferência do nome e da data de nascimento,
perguntar o nome do paciente, verificar se o nome corresponde ao nome identificado no leito, no
prontuário e na pulseira do paciente.
2. Medicamento certo: conferir se o nome do medicamento a ser administrado é o mesmo
que foi prescrito, averiguar alergias com o paciente e no prontuário.
3. Via certa: verificar a prescrição, confirmar se é a via recomendada, avaliar se o medicamente
tem compatibilidade com a via prescrita.
4. Hora certa: a medicação deve ser preparada na hora da administração, de preferência à
beira do leito. Se for preciso a antecipação ou o atraso da administração em relação ao horário
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predefinido, somente poderá ser feito com o consentimento do enfermeiro e do prescritor.
5. Dose certa: conferir se a dose prescrita é a que foi preparada.
6. Registro certo da administração: checar a prescrição e registrar qualquer intercorrência que
ocorrer durante a administração.
7. Orientação correta: orientar o paciente quanto à medicação administrada, sua finalidade o
tempo que irão fazer uso dela, frequência de administração e horários.
8. Forma certa: checar se a forma farmacêutica e a via de administração prescritas estão
apropriadas à condição clínica do paciente (por exemplo, se o nível de consciência permite
administração de medicação por via oral).
9. Resposta certa: observar, cuidadosamente, o paciente, para identificar se o medicamento
teve o efeito desejado. Registrar em prontuário e informar ao prescritor todos os efeitos
diferentes (em intensidade e forma) do esperado para o medicamento. Devemos considerar o
que o paciente ou familiar relata e nunca menosprezar ou desprezar as informações concedidas.
Quadro 6 - Veja a descrição completa dos 9 certos
Fonte: Elaborado pela autora.
O preparo de medicamentos deve ser realizado por profissionais habilitados, devidamente
treinados e que possuam o domínio dos princípios básicos desta atividade.
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FIQUE DE OLHO
Medicamentos de Alta Vigilância: são medicamentos que possuem um risco maior de causar
dano significante ao paciente, quando utilizados erroneamente. Não significa que existe
maior ou menor probabilidade de o erro acontecer, mas, se isto ocorrer, a consequência ao
paciente é claramente mais grave (MANSUR, 2008).
Quanto à distribuição dos medicamentos, atualmente, há instituições que adotam o sistema
unitário de distribuição de medicamentos. Neste método, os fármacos são liberados com forma
e dosagens prontas, de acordo com a prescrição médica, para serem administrados ao paciente.
Por outro lado, em alguns locais, é utilizado o sistema coletivo, o qual determinada a
quantidade de medicamentos dispensada para que seja preparada pela equipe de enfermagem
da unidade de atendimento, conforme a prescrição, antes de serem administrados.
Independentemente do modo como os medicamentos são dispensados, o conhecimento e
a constante atualização no âmbito da administração de medicamentos e áreas à esta atividade
relacionada, é de extrema importância para o profissional que pretende se manter no mercado de
trabalho neste contexto de profundas modificações na sociedade provocada pela revolução digital.
Os recursos usados na assistência dos pacientes e a indústria farmacêutica, de forma geral,
estão passando por transformações advindas desta nova era tecnológica. Esse fenômeno reforça a
necessidade da educação continuada e a disponibilidade de aprender a aprender, disponibilidade
de se adaptar ao novo.
A atenção aos preceitos de segurança do paciente, qualidade da assistência prestada e
atitudes e comportamento ético são características esperadas nos enfermeiros. Neste cenário,
veja a seguir alguns apontamentos acerca das responsabilidades legais relacionadas à prescrição
e à administração de medicamentos.
2 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
Evidentemente, que para que um fármaco possa atuar e produzir seus efeitos sistêmicos,
primeiro, ele deve ser absorvido para que, então, atinja uma concentração eficiente no seu local
de ação.
Logo, absorção é o processo de passagem do fármaco do local administrado para a corrente
sanguínea. E, nesse sentido, a escolha adequada da via de administração do medicamento ganha
destaque.
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A escolha da via correta está intimamente relacionada com as características do fármaco e do
indivíduo, tais como: solubilidade (hidro ou lipossolúvel), objetivos terapêuticos (início da ação deve
ser rápida ou não), tempo de tratamento, restrição à alguma via específica, idade, dentre outros.
Veja a seguir alguns exemplos de vias pelas quais os medicamentos podem ser introduzidos
no corpo e, na sequência, algumas particularidades que valem ser ressaltadas.
Via enteral: do grego “enteron, significa intestino, ou seja, nesta categoria se enquadram os
medicamentos administrados pela via oral, via bucal, sublingual e retal.
Via parenteral: fazem parte desta via os medicamentos administrados por via intramuscular,
subcutânea, intradérmica e via endovenosa.
• Tópica e transdémica.
• Intraocular.
• Otológica.
• Via nasal.
• Aspirados até os pulmões (inalação e nebulização).
• Intravaginal e intrauterina.
• Uretral, dentre outras.
2.1 Via oral
Trata-se da via de administração de medicamentos mais utilizada, segura e econômica, além
de ser bastante confortável e não apresentar dor. Os fármacos orais são facilmente administrados
pelo próprio paciente, e o risco de toxicidade e/ou a dosagem excessiva podem ser neutralizados
com antídotos. Os fármacos administrados por via oral podem exercer um efeito local no trato
gastrointestinal ou podem ser absorvidos pela mucosa gastrointestinal, atingindo o sangue e
exercendo efeitos sistêmicos (WHALEN et al., 2016; SILVA, 2010).
No caso dos comprimidos e cápsulas, comumente usados, é necessário que se desintegrem
no estômago ou intestino delgado antes de ocorrerem a dissolução e a absorção (SILVA, 2010). O
envoltório destes comprimidos é feito com substâncias que iram se desintegrar na presença de
pH ácido (estômago) ou básico (intestino), conforme a necessidade.
É preciso compreender que há contraindicações para o uso desta via em pacientes
inconscientes, desacordados ou mesmo naqueles que apresentem vômito, náusea e que tenham
dificuldade de engolir.
21
2.2 Endovenosa
A via endovenosa (EV) permite uma rápida distribuição e, portanto, um efeito rápido. Esta
característica faz com o cuidado ao administrar medicamentos por esta via seja maior, porque no
caso e um erro, as consequências podem ser graves, visto que a absorção do fármaco administrado
em bolos direto na correte sanguínea é praticamente imediata (WHALE et al., 2016).
A administração de medicamento por esta via requer a ajuda de um profissional e deve ser
manipulada com técnica adequada para que não ocorra infecção no local ou seja uma porta de
entrada para uma infecção sistêmica.
2.3 Intramuscular
A via intramuscular é acessada através de injeções. Por este método, o fármaco é absorvido,
geralmente, por completo. Entretanto, é preciso ter atenção com relação às propriedades físico-
químicas do medicamento e às condições do local administrado, como por exemplo, a perfusão
sanguínea local, porque são fatores que podem interferir na absorção do medicamento (Silva,
2010). O volume aqui injetado pode variar de acordo com o músculo escolhido e as condições
do paciente.
Alguns fármacos, dependendo do tipo, são rapidamente absorvidos nesta via, como aqueles
à base de solução aquosa. Outros, porém, podem ter a liberação prolongada, como é o caso da
medroxiprogesterona, que é uma formulação especializada para a absorção lenta (WHALE et al.,
2016).
2.4 Subcutânea
A administração de medicamento subcutânea também ocorre por injeção, mas neste caso, é
administrado um pequeno volume, geralmente, menor que 2 ml. Os locais comumente usados
para este tipo de administração são: porção interna do antebraço, no braço, na coxa, no abdome
e na região glútea (Silva, 2010).
Por esta via são administrados medicamentos que necessitam de efeitos mais lentos,
constantes e prolongados, como insulina e anticoagulantes. Além disso, o risco de trombose e
hemólise é minimizado.
2.5 Intradérmica
Por essa via são administrados medicamentos para os quais se deseja efeito local em
superfície da pele, estrato córneo, epiderme, derme, unhas, glândulas sudoríparas e sebáceas e
os folículos pilosos. Entretanto, na derme, há uma rede vascular hábil que permite uma absorção
que provoca efeito sistêmico (Silva, 2010).
22
Os medicamentos fabricados para esta via são apresentados na forma de pomadas, géis ou
cremes e devem ser administrados somente no local indicado para evitar efeitos indesejados. A
velocidade de absorção destes fármacos pode variar conforme as características do medicamento
(WHALE et al., 2016). Um exemplo do uso desta via é no caso de pessoas que pretendem parar de
fumar e usam adesivos de nicotina ou a vacina BCG que ajuda a prevenir a tuberculose.
2.6 Via sublingual ou bucal
É uma via utilizada para absorção com início de ação rápida, sendo utilizados fármacos que
apresentam baixa biodisponibilidade ou que sofre alterações quando metabolizados no sistema
hepático (fígado).
2.7 Parenteral
A via parenteral é a inserção de fármacos em um compartimento ou cavidade do corpo de
forma direta, com a finalidade de evitar as barreiras da pele ou mucosa. As vias parenterais
mais utilizadas são intravenosas (dentro da veia), intramuscular (diretamente no músculo) e
subcutânea (abaixo da derme). Porém, existem outras vias como intra-arterial (diretamente
na artéria), intra-articular (infiltração de líquidos nas articulações), intra-cardíaca (no coração,
exemplo administração de adrenalina durante a reanimação cardíaca, via raramente utilizada),
intradérmica (na derme), epidural (administração de substâncias no espaço entre a dura-máter e
a parede do canal raquidiano), intraóssea (no osso) e intratecal (injeção de substâncias no canal
raquidiano).
2.8 Tópica
A via tópica ou transdérmica é a passagem de fármacos através da pele com ação local ou
sistêmica. A estrutura da pele é dividida em três principais camadas: o extrato córneo, epiderme
e a derme. A derme é altamente vascularizada o que permite a absorção do medicamento, por
difusão passiva, e efeito sistêmico.
2.9 Retal
A via retal pode ser utilizada para ação local ou sistêmica do medicamento, sendo uma
via alternativa para indivíduos que apresentam vômitos intensos ou para drogas que sofrem
modificações ao serem metabolizadas no sistema hepático. A formulação utilizada são
supositórios sólidos que são dissolvidos na região retal após a administração e então a droga é
absorvida pela mucosa retal de forma lenta.
23
3 CÁLCULOS DE MEDICAÇÃO
Os cálculos e das diluições de medicamentos são consideradas atividades comuns na rotina da
equipe de enfermagem e ocupam parte significativa do tempo de trabalho deste grupo. Não é por
se tratar de uma atividade rotineira, que se deve considerar a administração de medicamentos
uma atividade simples.
Quando se analisa a responsabilidade legal da equipe de enfermagem diante da administração
de medicamentos, podemos compreender o quão complexa é esta atividade.
Especificamente, para a realização dos cálculos e das diluições de medicamentos com
segurança, é necessário que os profissionais integrem conhecimentos matemáticos e
farmacologia, além disso, os fatores abaixo também são considerados relevantes neste momento
(Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos, 2015):
Quadro 7 - Veja os fatores relevantes durante o cálculo e a diluição de medicamentos
Fonte: Elaborado pela autora, adaptada de Instituto para Práticas Seguras no Uso de
Medicamentos, 2015.
Na maioria das vezes, os cálculos de medicamento podem ser resolvidos por regra de
três simples, frequentemente, empregada em diversas situações do cotidiano. Este recurso
matemático pode ser utilizado quando se quer descobrir um valor a partir de outros três.
Por exemplo, temos um frasco de medicamento com determinado volume e concentração e
na prescrição é solicitada uma dose, com isso, precisamos descobrir quanto do medicamento que
está neste frasco deverá ser aspirado para administrá-lo no paciente. No exemplo dado, foram
apresentados três valores (volume no frasco, dosagem no frasco e dosagem prescrita), mas o
valor volume a ser aspirado deve ser calculado.
Para encontrar o valor na regra de três, é necessário assegurar que os valores colocados na
mesma coluna devem sempre estar com o mesmo tipo de grandeza.
Como assim? Se a dose prescrita está em microgramas e a apresentação do medicamento
está em gramas, é preciso converter um dos dois para que as grandezas sejam iguais e, portanto,
seja possível fazer o cálculo corretamente.
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ja um exemplo para ficar mais claro. Foi prescrito para o paciente J.S.S 200 mg de cefalotina
de 12/12 horas. O medicamento está disponível já reconstituído, em frasco-ampola de 1g/10 ml.
Qual o volume a ser administrado?
Note que na prescrição, a unidade usada foi miligramas, entretanto, a apresentação do
medicamento está em gramas. Sendo assim, é necessário igualar as grandezas para que o cálculo
fique certo.
Sabendo-se que 1 g equivale a 1.000 mg, fica assim:
- prescrito: 200 mg
- apresentação: 1000 mg
Deste modo:
1000 mg/10 ml = 2000 mg/x -> 1000 x = 2000 -> x = 2000/1000 -> x = 2 ml
Portanto, o volume a ser administrado é de 2 ml do medicamento.
O manejo de soluções de diferentes concentrações também é frequente no cotidiano do
enfermeiro. Para isso, alguns conceitos devem estar claros, um deles é o de solução. Trata-se de
uma mistura homogênea de quantidade definida de soluto, que pode ser sólido ou líquido e que
se encontra disperso em um dado volume de solvente.
FIQUE DE OLHO
Solução Isotônica: a concentração é igual ou próxima a do plasma sanguíneo.
Solução Hipertônica: a concentração é maior que a do plasma sanguíneo.
Solução Hipotônica: a concentração é menor que a do plasma sanguíneo.
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Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
O termo concentração refere-se à quantidade de soluto dissolvido em um determinado
solvente. A concentração pode ser expressa de maneiras diferentes, conforme a figura abaixo.
Quadro 8 - Os cálculos e das diluições de medicamentos são tarefas constantes para a equipe de
enfermagem
Fonte: Elaborado pela autora
Reconstituição e diluição
Outro conceito muito usado é de reconstituição. Trata-se da adição de um excipiente próprio
a um medicamento em pó ou pó liofilizado para obtenção do fármaco em solução.
Aqui cabe um cuidado extra: os veículos recomendados para a reconstituição são aqueles
comprovadamente compatíveis com os medicamentos e que, quando misturados a ele, não o
modificam, ou seja, não oferecem riscos de turvação, precipitação ou perda da estabilidade.
Já a diluição é definida como a adição do medicamento reconstituído ou da medicação
injetável, pronta a um diluente compatível e em maior volume.
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Um exemplo interessante é a reconstituição da penicilina, que é um pó e ao ser reconstituída,
ocorre um aumento no seu volume final, sendo que este volume deve ser utilizado para o cálculo
de quanto do medicamento deve ser aspirado do frasco.
De modo geral, usa-se a seguinte medida: reconstituí-la em 8ml de água destilada para
totalizar um volume de 10ml.
Figura 1 - Exemplo de cálculo de reconstituição da penicilina
Fonte: Elaborado pela autora
Lembre-se que para resolver o caso acima, o frasco de penicilina deve ser, primeiramente,
reconstituído em 8 ml de água destilada, assim, o volume total será de 10 ml. Na sequência, diluir
conforme protocolo da instituição.
O soro fisiológico e o soro glicosado são as soluções mais usadas na prática da administração
de medicamentos. Entretanto, alguns medicamentos podem não ser compatível com eles e
necessitar de um solvente próprio, como é o caso do omeprazol; ser compatível com um, mas
não com o outro; ou até mesmo, não ser recomendável a diluição por risco de precipitação, como
é caso do diazepan.
Existem algumas orientações e informações de diluição específicas para alguns medicamentos
e são fornecidas, separadamente, em manuais de administração de medicamentos, livros de
farmacologia e de enfermagem, e em bulas de medicamentos, e estas devem ser consultadas
para a realização adequada do procedimento.
Além disso, muitas instituições hospitalares organizam seus próprios guias e protocolos
de preparo, diluição e administração de medicamentos, o que ajuda muito na execução desta
prática, além de ser mais seguro.
Rediluição
Rediluição refere-se ao ato de diluir mais um determinado medicamento, ou seja, o volume
do solvente - seja ele água destilada, soro fisiológico, diluente para injeção - é aumentado. Isso é
feito com o objetivo de aumentar o volume do solvente (água destilada, SF, SG ou diluente para
injeção) e obter dosagens pequenas, ou seja, concentrações menores de soluto para proporcionar
mais segurança.
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De forma simplificada, podemos afirmar que que a rediluição é utilizada para proporcionar
mais segurança quando se necessita de doses pequenas. Isso, geralmente, ocorre em algumas
especialidades como neonatologia e pediatria.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
Figura 2 - Veja um exemplo
Fonte: Elaborada pela autora.
Se você calcular por regra de três, verá que o volume a ser aspirado da ampola é bem pequeno
e isso pode ser inviável sem rediluição, veja só:
Dose da ampola: 240 mg __________________Volume da ampola: 10 ml
Dose prescrita: 1,2 mg __________________ Volume a ser aspirado: x
Portanto: x = 1,2 . 10/ 240
x = 0,05 ml
Sendo assim, é melhor rediluir para garantir que será aspirado a dose prescrita. Se em 10 ml
desta ampola há 240 mg, em 1 ml teremos 24 mg, certo? Desta maneira, podemos aspirar 1 ml, ou
seja, 24 mg e rediluir em 9ml de água destilada (AD) para retirarmos desta nova solução, 1,2 mg:
24 mg________________10 ml (ou seja, 1ml da ampola + 9 ml de AD)
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1,2 mg _______________x
Portanto: x = 1,2.10/24 = 0,5 ml
Ou seja, deve ser aspirado 0,5 ml, bem mais seguro! Então, o segredo desta rediluição é
esse: rediluir uma parte da solução original e 9 ml de solvente, assim, você obteve 10 ml da nova
solução, calcula quantos ml deve ser aspirado para atingir a dose prescrita e pronto!
Cálculo de gotejamento
No gotejamento, técnica de administração de injetáveis muito comum, o volume da solução
a ser infundido em um tempo predeterminado é controlado.
Figura 3 - Antes de abordar o cálculo de gotejamento propriamente dito, é necessário se
apropriar de alguns padrões
Fonte: Elaborada pela autora.
Além disso, algumas fórmulas são fundamentais para conseguir fazer o cálculo corretamente.
Figura 4 - Unidades preestabelecidas devem ser consideradas
Fonte: Elaborada pela autora.
Veja que nas fórmulas apresentadas para cálculo de gotas por minuto e microgotas por
minuto, há unidades preestabelecidas e estas devem ser respeitadas. Se for o caso, você deverá
transformar a unidade apresentada pela unidade da fórmula. Para esclarecer melhor as ideias,
vamos aos exemplos.
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Fonte: Elaborada pela autora.
Para resolver esta questão, deve ser usada a fórmula de gotas por minuto, mas antes, é
necessário alinhar as unidades de medida:
- volume prescrito: 500 ml - na fórmula usa-se em ml, então, até aqui, tudo certo.
- tempo prescrito: 2 horas e 30 minutos - na fórmula usa-se em horas, portanto, usaremos
2,5 horas.
Agora que as unidades de medida estão alinhadas com a fórmula, é substituir os valores na
fórmula.
• Número de gotas por minuto = volume (ml)/ 3x tempo (h)
• Número de gotas por minuto = 500 (ml)/ 3x 2,5 (h)
• Número de gotas por minuto = 500/ 7,5
• Número de gotas por minuto = 66,66666 aproximadamente 67 gotas/min.
Sendo assim, para administrar 500 ml de SF 0,9% em 2 horas e 30 minutos, deve correr 67
gotas/ minuto.
Cálculo na administração de insulina
A administração da insulina merece destaque porque, além de ser amplamente usada, faz
parte da lista de medicamentos potencialmente perigosos de uso hospitalar.
Estes medicamentos também são conhecidos como medicamentos de alta vigilância porque a
eles está relacionado o risco aumentado de provocar danos significativos ao paciente caso ocorra
alguma falha no processo de utilização.
As falhas relacionadas a esses medicamentos podem não ocorrer com muita frequência,
entretanto, as consequências advindas delas tendem a ser mais graves, podendo ocasionar danos
permanentes ou a morte.
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FIQUE DE OLHO
Insulina Regular (simples ou composta): possui ação rápida ou média, apresenta um aspecto
límpido.
Insulina NPH: sua ação é lenta e o aspecto é leitoso.
Insulina glargina (Lantus): é de ação contínua, administra-se uma única dose a cada 24 h e
com relação ao aspecto, é incolor.
Um aspecto importante no contexto da administração da insulina é a unidade padrão usada
para administrá-la: unidades internacionais (UI) ou (U). Atualmente, existem no mercado frascos
de insulina graduada em 100 UI/ml e seringas de insulina graduadas também em 100 UI/ml.
Quadro 9 - Veja um exemplo de prescrição médica e como calcular a dose de insulina a ser
administrada
Fonte: Elaborado pela autora.
Resolver esta situação contando com a seringa graduada em UI é muito simples, nela só
cabe 1 ml, então, você só precisa prestar atenção ao valor de UI solicitado. Neste caso, deve ser
aspirado até a marca correspondente a 10 UI na seringa.
Entretanto, se este tipo de seringa não estiver disponível, é necessário usar uma seringa hipodérmica
de 3 ou de 5 ml e fazer os cálculos (regra de três) para encontrar o volume em ml correspondente às UI
prescritas. Veja como resolveríamos esta mesma situação apresentada anteriormente.
-Frasco: 100 UI em cada 1 ml
-Seringa: 10 unidades em x ml
Sendo assim: x = 10/100 portanto: x = 0,1 ml
Portanto, deve ser aspirado 0,1 ml para administrar 10 UI de insulina usando uma seringa
hipodérmica de 3 ou de 5 ml. Diante do que foi apresentado até aqui, você deve estar se
perguntando: não seria mais fácil rediluir a insulina para então administrá-la?
Neste caso não é indicado a rediluição porque pode provocar a perda da estabilidade da
insulina. Caso o volume a ser administrado seja muito pequeno e impossibilite a aspiração do
volume com segurança, o médico deve ser avisado.
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• aprender que é necessário que a equipe de enfermagem tenha habilidades e
competências fundamentais para executar a administração de medicamentos com
segurança;
• compreender a importância do conhecimento do enfermeiro e dos demais
profissionais de enfermagem, sobre os aspectos ético-legais que envolvem as
irregularidades na qualidade da assistência prestada, principalmente, no processo de
medicação e suas implicações;
• entender que, para ara mitigar os riscos oriundos da administração dos
medicamentos, a equipe de enfermagem deve observar o paciente submetido à
terapia medicamentosa de forma sistemática;
• observar os cálculos de medicamento mais comumente usados na prática da
assistência, bem como retomar os conceitos de concentração, diluição e rediluição
de medicamentos;
• retomar as características básicas das principais vias de administração de
medicamentos para promover uma assistência de qualidade, livre de erro e embasada
em postura ética.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n. 191/1996. Dispõe sobre a forma
de anotação e o uso do número de inscrição ou da autorização, pelo pessoal de enferma-
gem. Rio de Janeiro, 31 maio 1996.
BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução Cofen n. 311/2007. Aprova a refor-
mulação do código de ética dos profissionais de enfermagem. Rio de Janeiro, 8 fev. 2007.
BRASIL. Decreto-Lei n. 94.406, de 8 de junho de 1987. Regulamenta a Lei n. 7.498, de 25
de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da enfermagem, e dá outras providên-
cias.
BRASIL. Lei n. 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercí-
cio da enfermagem e dá outras providências.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 1.625, de julho de 2007. Altera as atribuições
dos profissionais das Equipes de Saúde da Família - ESF dispostas na Política Nacional de
Atenção Básica [online]. Brasília (DF): MS; 2007. Disponível em http://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/gm/2007/prt1625_10_07_2007.html. Acesso em: 24 out. 2012.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen n. 210/1998. Dispõe sobre a
atuação dos profissionais de Enfermagem que trabalham com quimioterápico antineo-
plásicos.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução Cofen n. 257/2001. Acrescenta dis-
positivo ao Regulamento aprovado pela Resolução Cofen n. 210/98, facultando ao Enfer-
meiro o preparo de drogas Quimioterápicas Antineoplásicas.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução 317/2007. Regulamenta as ações do
enfermeiro na consulta, prescrição de medicamentos e requisição de exames.
CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO. Boas práticas: Cálculo seguro.
Volume II: Cálculo e diluição de medicamentos. Disponível em: https://portal.coren-sp.
gov.br/sites/default/files/boas-praticas-calculo-seguro-volume-2-calculo-e-diluicao-de-
-medicamentos_0.pdf. Acesso em: 20 dez. 2019.
FAKIH, F. T.; FREITAS, G. F.; SECOLI, S. R. Medicação: aspectos ético-legais no âmbito da
enfermagem. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 62, n. 1, p. 132-135, fev. 2009.
INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS. Preparo e admi-
nistração de medicamentos via sonda enteral ou ostomias. dezembro de 2015, v.4, n4.
Disponível em: https://www.ismp-brasil.org/site/wp-content/uploads/2016/03/Boletim-
-sondas.pdf. Acesso em: 29 dez. 2019.
MANSUR J. High‐Alert Medications. Joint Commission Resources. 2008.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
WHALEN, K.; FINKEL, R.; PANAVELIL, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2016.
SOUZA, N.T.C. Responsabilidade civil do enfermeiro. Boletim Jurídico. 9 jan.2006. Dispo-
nível em: https://www.boletimjuridico.com.br/doutrina/artigo/1015/responsabilidade-
-civil-enfermeiro. Acesso em: 3 dez. 2019.
UNIDADE 2
Nebulização, bomba de infusão e
medidas de higiene e conforto
Introdução
Olá,
Você está na Unidade II da disciplina de Semiotécnica. Você irá conhecer aqui procedimento
de enfermagem para nebulização e bomba de infusão.
Além disso, você irá aprender sobre higiene e os fatores que podem influenciar na prática
de higiene. Irá ver também os principais tipos de cuidados higiênicos, os processos de
enfermagem na higiene do indivíduo hospitalizado e as medidas de conforto para ele.
Bons estudos!
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1 NEBULIZAÇÃO
A nebulização é uma forma de tratamento para afecções pulmonares, que utiliza soluções
associadas ou não a medicamentos inalatórios junto com o oxigênio e/ou ar comprimido. Ela tem
como objetivo o alívio de processos inflamatórios, congestivos ou obstrutivos nas vias aéreas,
umidificar a via aérea, evitando a desidratação das mucosas, fluidificar as secreções, facilitando sua
eliminação, e a administração de medicamentos pela via respiratória (Brunner; Suddarth, 2015).
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1.1 Indicações da nebulização
A nebulização é um procedimento que é prescrito pelo médico. Porém, pode ser executado
pelo enfermeiro ou pelo técnico de enfermagem em ambiente hospitalar e pelo cuidador, em
casos de atendimento domiciliar, desde que feito conforme a prescrição.
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Figura 1 - Estrutura dos bronquíolos
Fonte: ngallen Rogozha, Shutterstock, 2019.
#PraCegoVer: Na imagem, há os alvéolos pulmonares e a indicação dos bronquíolos, ducto
alveolar, saco alveolar, alvéolo.
As principais indicações para a nebulização, conforme Brunner e Suddarth (2015) são:
• Sinusites
Consiste na inflamação das mucosas dos seios da face. A infecção pode ser viral ou bacteriana.
• Ressecamento das mucosas
Comum no período de inverno e em épocas de seca prolongada. O ressecamento das mucosas
reduz a defesa das vias áreas, permitindo que ocorra mais facilmente infecções respiratórias.
• Secreção espessa nas vias aéreas
As secreções podem acumular nas vias áreas superiores devido a sua consistência menos
fluído causando desconforto respiratório. Essa secreção precisa ficar mais fluída para que possa
ser eliminada, sendo então utilizado a nebulização para auxiliar nesse processo.
• Bronquites
Consiste em inflamação dos tubos bronquiais reduzindo a passagem de gases pelos pulmões.
• Bronquiolites
É uma inflamação dos bronquíolos, ramificações dos brônquios. Normalmente a bronquite
é causada por vírus sincicial respiratório, acometendo principalmente as crianças menores de 2
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anos de idade.
Acima descrevemos as principais recomendações para a nebulização. Porém devemos lembrar
que podem existir outras circunstâncias, como por exemplo, a administração de medicamentos
pela via inalatório (Brunner; Suddarth, 2015).
1.2 Etapas do procedimento
O procedimento de nebulização necessita que o enfermeiro, primeiramente, prepare os
materiais a serem utilizados. Os instrumentos necessários são bandeja de inox para colocar os
materiais, fonte de oxigênio ou ar comprimido, solução nebulizador, conforme prescrição médica,
nebulizador com máscara, cuba (em caso de necessidade do paciente escarrar), toalhas de papel
e o manômetro de oxigênio ou ar comprimido.
Antes de iniciar o procedimento, o enfermeiro deve orientar o paciente sobre o processo
e o tempo de duração, sempre esclarecendo qualquer dúvida que surja. Após isso, inicia o
procedimento, fazendo a higienização das mãos adequadamente, conferindo, novamente, a
prescrição médica e o que está na bandeja, lembrando sempre dos 9 certos da medicação. Em
seguida, posiciona o indivíduo na posição de fowler ou semi-fowler, conectar o fluxômetro no
oxigênio ou ar comprimido (lembrando que o ar comprimido deve ser utilizado somente quando
o cliente já estiver em oxigênio terapia), colocar o nebulizador na face do indivíduo, podendo ele
auxiliar segurando a máscara. Somente após posicionada a máscara é que o enfermeiro irá abrir
o oxigênio ou o ar comprimido em um volume de 3 a 6 litros por minutos (STACCIARINI, 2014).
FIQUE DE OLHO
É importante ressaltar que altas concentrações de oxigênio podem causar lesões na
mucosa e até necrose no tecido pulmonar. O enfermeiro deve ficar atendo ao volume a ser
administrado conforme a prescrição médica. Mas se o volume prescrito for alto, o médico
deve ser consultado para confirmar antes de realizar a nebulização.
2 BOMBA DE INFUSÃO
A bomba de infusão é um dispositivo que permite controlar o gotejamento, de forma
rigorosa, de soluções e medicamentos. Ela é um equipamento que pode ser utilizado em diversos
setores hospitalares, porém é mais frequente nas unidades de terapia intensiva, bloco cirúrgico e
unidades de emergência (Brunner; Suddarth, 2015).
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2.1 Tipos de bomba de infusão
Existem vários tipos de bomba de infusão e elas apresentam finalidades especificas.
As principais são a bomba de insulina, bomba de analgesia controlada, bomba de infusão de
multicanal, bomba de infusão inteligente, bomba de infusão de seringa e a bomba de infusão
enteral.
• Bomba de insulina
É um dispositivo de pequeno porte, tamanho médio de um celular e de fácil transporte. A
bomba de insulina permanece conectada ao corpo do indivíduo através de uma cânula com uma
agulha flexível na extremidade. A agulha fica inserida na pele, subcutânea, podendo ser nas
regiões do braço, coxa e barriga, sendo trocada a cada três dias. O seu funcionamento é simples,
mimetizando o funcionamento do pâncreas, pois infunde uma quantidade de insulina basal.
Porém, a cada refeição precisa ser feito o cálculo de carboidratos ingeridos para administração
de insulina.
• Bomba de analgesia controlada
É um dispositivo utilizado para controle da dor. A bomba de analgesia controlada pode
ser utilizada tanto no ambiente hospitalar como no domicilio do cliente. Ela é utilizada para a
administração de analgésicos intravenosos, propiciando o alívio da dor de forma rápida.
• Bomba de infusão de multicanais
É amplamente utilizada em unidades de terapia intensiva, que necessitam de mais de
um acesso venoso, devido às infusões diversas. Esse equipamento é pequeno, auxiliando na
mobilidade dos clientes.
• Bomba de infusão inteligente
É um dispositivo que coleta dados do cliente e cruza as informações, emitindo alertas. A bomba
de infusão inteligente possui um software com diversos medicamentos, tempo e velocidade de
infusão. Assim, o enfermeiro ao iniciar a administração de um fármaco, se fizer a programação
errada, o equipamento emite um alerta e não infunde, até ser programado corretamente. Com
isso, reduz o risco de administração errada de medicamentos.
• Bomba de infusão de seringa
É um dispositivo que permite a administração de medicamentos por uma seringa. Assim, o
enfermeiro realiza a programação da taxa de infusão e o equipamento realiza a administração na
velocidade adequada.
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• Bomba de infusão enteral
Esse tipo de bomba faz a administração através de um tubo no sistema gastrointestinal,
fornecendo a alimentação em velocidade controlada. A bomba de infusão enteral é utilizada em
clientes que apresentam lesões ou condições anormais no sistema digestório.
Mas como esses dispositivos devem ser operacionados?
Cada dispositivo precisa de treinamento especifico em relação ao seu manuseio. Porém,
alguns procedimentos são padrões, como a fase de pré-execução, execução e pós-execução.
Na fase de pré-execução, o enfermeiro deve verificar a prescrição médica, preparar as
medicações que serão infundidas, quando elas não vierem preparadas do setor de dispensação,
verificar as condições da bomba, como bateria e tomada próxima ao local em que ela irá
permanecer durante todo o período de infusão.
Já na fase de execução, o enfermeiro deve conectar a bomba na tomada, em seguida realizar
a higiene das mãos. Após isso, realizar o encaixe do equipo, certificar a prescrição, programar
o equipamento (isso irá variar, então deverá realizar sempre conforme o treinamento para
preservar a máquina e fornecer segurança ao cliente). Por fim iniciar a infusão.
FIQUE DE OLHO
A enfermagem precisa estar atenta aos dispositivos de infusão, pois eles apresentam
diversas finalidades e vias de administração. Ao manusear uma bomba de infusão, o
enfermeiro precisa conhecer o equipamento e suas finalidades para que possa fornecer
atendimento de qualidade e seguro ao cliente.
Já na fase de pós-execução, ou seja, após a administração da solução, o enfermeiro deve
desconectar o equipamento, se não for infusão contínua, higienizar a bomba e mantê-la
desligada. Lembrando que todas as fases devem ser registradas no prontuário com detalhes e
sempre anotando as intercorrências quando houve (GIANNOPOULOS, 2008; BARKER, 2002).
2.2 Cuidados de enfermagem
Os cuidados de enfermagem visam promover e restaurar o bem-estar do cliente. Ao fazer uso
de bombas de infusão, o enfermeiro deve estar atendo aos cuidados abaixo:
• fixar corretamente o equipamento ao equipo de soro, sempre de forma atenta para evi-
tar fixação errônea ou quedas acidentais;
42
• posicionar a bomba de infusão conforme a lateralidade do cateter, ou seja, local da pun-
ção direita ou esquerda do leito;
• manter a bomba conectada na energia, sempre verificando a voltagem (110 ou 200V),
para evitar danos no equipamento;
• conferir a carga da bateria interna do equipamento, pois ela tem durabilidade média de 2
horas e só deve ser utilizada para o transporte do cliente;
• sempre realizar a higiene do equipamento antes e após o uso, isso mantém o cliente
seguro de contaminações e preserva o equipamento.
• antes de conectar o equipo estar atendo ao preenchimento da extensão do equipo pela
solução a ser infundida, devido ao risco de bolhas de ar. A presença de ar pode causar
danos ao paciente e mau funcionamento do equipamento.
• nunca posicionar frascos de medicação ou soro abaixo da bomba de infusão. A solução
a ser infundida deve ser mantida em média quarenta centímetros acima da bomba. Essa
recomendação é para evitar o refluxo de soluções.
• programar a bomba de infusão conforme prescrição do médico e a forma correta de
manuseio do equipamento. Isso irá variar de paciente e de equipamento, o enfermeiro
deve estar sempre atento.
É importante lembrar que os equipos apresentam validade de 24 até 72 horas, dependendo
do protocolo hospitalar e do fabricante do equipo. Assim, os acessos venosos, devem ser trocados
conforme o protocolo (SILVA, 2005).
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3 HIGIENE: FATORES QUE INFLUENCIAM A PRÁTICA
DE HIGIENE
Os cuidados de higiene pessoal são de extrema relevância, pois evitam que microrganismo
causadores de doenças colonizem nosso corpo. Além disso, a higiene permite conforto e evita
lesões de pele devido ao acúmulo de sujidade.
A prática social determina a frequência de higiene corporal.
3.1 Fatores sociais
A prática social determina a frequência de higiene corporal. Os brasileiros tomam em média
12 banhos semanais, ou seja, mais de um banho diário. Já os chineses tomam apenas um banho
diário. Enquanto que os franceses podem ficar vários dias sem banho. Devemos lembrar que
isso também está relacionado com as condições climáticas, ou seja, países tropicais apresentam
maiores temperaturas e, por isso, as pessoas tendem a tomar mais banhos, com o objetivo de se
refrescar (SILVA, 2005).
As condições socioeconômicas também determinam a higiene. Muitos lugares ainda
não possuem saneamento básico, fator que dificulta a higiene. A presença de rede esgoto
a céu aberto ou fossas, permitem que animais ou insetos entrem em contanto com dejetos
humanos, aumentando as chances de transmissão de verminoses, por exemplo. Outro problema
socioeconômico é o acesso a produtos de higiene. Devido à falta de condições financeiras, não é
possível ter acesso a shampoo, cremes, sabonetes, por exemplo. A higiene apenas com água não
remove a sujeira muitas vezes e, com isso, ela se acumula, podendo causar lesões na pele. Outro
fator que influência é o conhecimento sobre higiene. Muitas famílias não têm conhecimento
sobre higiene, por isso não apresentam esse hábito. Isso é frequente em locais de pouco acesso
a informações, regiões com situações socioeconômicas precária.
FIQUE DE OLHO
A preferência individual também é um fator relevante, pois a higiene é um hábito. Se não
for adquirido ao longo dos anos, a pessoa pode preferir tomar banho de dois em dois dias,
por exemplo. Outra preferência é a frequência de higiene do couro cabeludo ou da boca, isso
pode variar de indivíduo para indivíduo.
E as condições físicas e mentais, também são fatores que influenciam. Quando os indivíduos
não apresentam condições mentais, eles podem perder a noção da realidade e, com isso, passar
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diversos dias sem tomar banho, por exemplo. Isso acontece devido à perda de noção da realidade.
Já as condições físicas também podem estar relacionadas com a idade, pois crianças e idosos,
muitas vezes, apresentam dificuldade em manter a própria higiene devido a limitações físicas
(SILVA, 2005).
3.2 Fatores patológicos
Diversas patologias podem acometer os indivíduos ao longo da vida. Algumas delas podem
dificultar a manutenção da higiene devido a alterações físicas ou biológicas do organismo.
A hipertensão arterial sistêmica é a elevação da pressão nas aterias acima dos parâmetros
normais. Durante um pico hipertensivo ou mesmo por períodos mais prolongados, como na
hipertensão descontrolada, o indivíduo pode sentir vertigem e dores fortes de cabeça, por
exemplo. Diante desse quadro, a pessoa permanece mais quieta, evitando deambular sozinha.
Por isso, ela pode apresentar comprometimento na higiene.
A diabetes é caracterizada pelo aumento da glicose circulante no sangue. Nas fases iniciais da
diabetes, raramente a pessoa apresenta complicações. Porém, ao longo dos anos, pode ocorrer
fadiga, sensação de fraqueza. Devido a esses sintomas, pode ocorrer redução da mobilidade,
permanecendo o indivíduo mais tempo deitado, por exemplo. Além disso, ocorre a redução das
higienes oral e corporal, pois devido à sensação de fraqueza, o tempo de banho é menor, não
conseguindo, muitas vezes, realizar a higiene adequada. Um outro problema é a secagem dos pés.
Devido à redução da mobilidade, os dedos dos pés podem ficar molhados, propiciando odores,
lesões na pele e feridas que podem levar a complicações futuras.
As cirurgias levam a limitações físicas como, por exemplo, para sentar, se abaixar e deambular.
Essas limitações ocorrem devido à extensão cirúrgica, local de cirurgia e à presença da dor.
Cirurgias de membros inferiores, abdominais, torácicas e neurológicas são as que apresentam
debilidade maior do indivíduo, comprometendo a sua capacidade de higiene corporal e bucal.
Outras patologias que podem acarretar na redução da capacidade do autocuidado são
doenças do sistema circulatório ou sistema respiratório. Esses dois sistemas, quando afetados
de forma independente ou simultânea, levam à fadiga, à vertigem e à fraqueza. Com isso, a
capacidade de autocuidado é limitada, sendo necessário a ajuda de outra pessoa para manter a
higiene (Brunner; Suddarth, 2015).
4 TIPOS DE CUIDADOS HIGIÊNICOS
O cuidar da higiene é definido como: “executar: dar banho, mudar de roupa, levantar da cama,
associado a padrão cultural e nível socioeconómico” (Concelho Internacional de Enfermeiros,
2011, p. 96). A palavra higiene apresenta diversos significados como higiene mental, higiene
45
social, higiene alimentar, higiene corporal, por exemplo. Assim, o termo higiene na saúde pode
ser amplamente utilizado, porém, para a enfermagem o termo higiene é utilizado, principalmente,
para designar a higiene corporal.
4.1. Higiene corporal
Uma atividade que faz parte da atividade diária é o banho. Durante o período de permanência
hospitalar ele está presente de forma autônoma ou não, dependendo da gravidade e motivo da
internação. O banho pode ser de aspersão, ou seja, no banheiro direto no chuveiro ou no leito,
na cama, banho de leito.
O banho de aspersão pode ser realizado com o paciente em pé, se este puder e conseguir
deambular. A enfermagem pode ajudar diretamente no banho desse cliente ou o próprio
acompanhante. Quando o indivíduo não conseguir deambular ou não puder ficar em pé, mas não
houver restrições para o banho de aspersão, a enfermagem deve colocá-lo na cadeira de banho,
com rodas e o conduzir ao banheiro para o banho. Antes de iniciar o banho deve ser preparado
a toalha, sabonete e shampoo. Não deve utilizar buchas abrasivas, para evitar lesões de pele.
Durante o banho de aspersão, a higiene deve ser feita no sentido cefalo-caudal, deixando a região
genital e anal por último. O enfermeiro deve temperar a água e perguntar ao cliente sobre a
temperatura, se está adequada ou não. Banho frio ou quente demais devem ser evitados, a não
ser que seja recomendado devido ao quadro clínico. Lembrando que sempre que o cliente tomar
banho, as roupas de cama devem ser trocadas.
Já pacientes que não apresentam condições de saírem do leito, devem receber o banho no
leito.
O banho de leito requer mais técnica e materiais para que possa ser realizado.
Para a realização do banho, são necessários colcha, lençol de baixo, lençol de cima, fronha,
lençol móvel, impermeável, luvas de procedimento, toalha de rosto, toalha de banho, luvas de
banho ou compressas, roupas limpas, bacia para banho, sendo uma com água limpa e outra para
água suja, sabonete, biombo, saco para colocar a roupa suja.
Antes de iniciar o banho, deve-se colocar o biombo para manter a privacidade do cliente. Em
seguida, desocupar a mesa de cabeceira para colocar os materiais para iniciar o banho. Também
deve-se questionar o indivíduo se ele quer evacuar ou urinar, se sim, colocar a comadre ou o
urinol.
Em seguida, deve-se desprender as roupas de cama, retirar a colcha, o cobertor e o
travesseiro. Abaixar a cabeceira da cama, se possível. A higiene deve iniciar pela higienização
da cabeça. Ao final, indica-se enrolar o cabelo com uma toalha e prosseguir o banho (Brunner &
46
Suddarth, 2015).
Após a higienização da cabeça, calçar as luvas de banho, molhar em água limpa e morna e
lavar os olhos do cliente do ângulo interno para o externo.
Após isso, ensaboar pouco, enxaguar e secar o rosto. Em seguida, realizar a higiene dos
membros superiores, lavando do punho para as axilas com água e sabão. Ao finalizar, secar com
a toalha de banho.
Ao finalizar os membros superiores, deve realizar a higiene do tórax, no sentido cefalo-caudal.
Ao final, higienizar os membros inferiores. Ao finalizar, oferecer, se o cliente tiver condições de
realizar a higiene íntima, a luva de banho. Se necessário, pode auxiliá-lo. Lembrando sempre de
deixar as partes íntimas cobertas mantendo a privacidade e o conforto (Brunner; Suddarth, 2015).
Durante o banho, ao ir movimentando o indivíduo, deve ir retirando a roupa de cama suja e
colocando a roupa de cama limpa. Ficar atendo à temperatura da água, pois ela deve permanecer
morna durante todo o banho. Ao final, colocar o indivíduo em posição confortável, ajudá-lo a
pentear os cabelos e realizar hidratação da pele.
4.2 Higiene oral
A boca é uma porta de entrada para microrganismos que podem causar diversas doenças. A
higiene inadequada da via oral favorece infecções tanto no trato digestivo quando do respiratório.
Assim, a enfermagem tem como papel primordial incentivar a higiene oral diariamente, sempre
após a ingestão de alimentos, promovendo a remoção de restos alimentares e prevenindo as
cáries dentárias, infecções e promovendo conforto e bem-estar. Indivíduos sem limitação podem
realizar a higiene oral no banheiro de forma rotineira. Porém, se houver alguma limitação, a
higienização pode ser realizada no leito. Para fazer a higiene oral no leito, é necessário escova de
dente, pasta de dente, copo descartável com água (morna se possível), toalha de rosto, cuba rim,
antisséptico oral, luva de procedimento, gases. Em relação ao cliente, ele deve estar na posição de
Fowler e com a cabeça lateralizada. O enfermeiro deve colocar uma proteção no tórax para que
não molhe durante a higiene. Em seguida, molhar a boca e realizar a escovação com escova dental
e pasta. Lembrar de fazer a higiene da língua, utilizando escova e pasta dental também. Ao final da
escovação, realizar o enxague da boca com água, secar os lábios com a tolha e, se possível, passar
protetor labial para evitar o ressecamento (Brunner; Suddarth, 2015).
47
FIQUE DE OLHO
Os homens possuem barba e, durante a internação, é preciso mantê-la limpa e, se possível,
aparada. Porém, jamais devemos retirar a barba sem a permissão do cliente e/ou familiar.
Ao realizar a higiene durante o banho, ofereça a oportunidade de retirar a barba, se for
desejo do cliente; caso contrário, higienize com água e sabão, secando em seguida, para
evitar o acúmulo de sujidade.
Em casos de clientes que fazem uso de prótese, o enfermeiro ou o próprio indivíduo pode
realizar a higiene dela com escova e pasta dental. A gengiva, palato e língua devem ser escovados.
Após a higienização, oferecer a prótese ainda molhada para facilitar a sua colocação.
5 O PROCESSO DE ENFERMAGEM E A HIGIENE EM
INDIVÍDUOS HOSPITALIZADOS
O processo de enfermagem é uma forma científica de orientar e qualificar a assistência
prestada pela equipe de enfermagem. Esse processo é realizado de forma sistemática e dinâmica
na prestação dos cuidados de enfermagem, sendo dividido em cinco etapas que se interligam
(CIF, 2011): a avaliação, o diagnóstico, o planejamento, a implementação e a evolução.
5.1 Processo de Enfermagem
A Resolução do COFEN, Conselho Federal de Enfermagem, n. 358, de 2009 traz sobre a
implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos e privados em que há o
cuidado do profissional de Enfermagem (COFEN, 2009).
Primeira etapa
É a coleta de dados da enfermagem, que consiste na reunião de informações sobre o indivíduo,
sua família e seu cotidiano. Além disso, busca história de comorbidades, doenças passadas e
atuais.
Segunda etapa
É o diagnóstico de enfermagem, que é a interpretação dos dados coletados. Isso leva a
uma tomada de decisão, a partir do que foi diagnosticado com precisão sobre as necessidades
individuais ou coletivas em relação à saúde e à patologia.
Terceira etapa
Consiste no planejamento de enfermagem e é determinada pelos resultados que são
48
esperados. A partir disso, as ações e intervenções de enfermagem são traçadas a fim de obter
determinado resultado.
Quarta etapa
É implementação, ou seja, a execução das ações e intervenções determinadas nas etapas
anteriores.
Quinta etapa
Consiste no resultado final das respostas às ações ou intervenções. Nessa última fase, a
enfermagem avalia se houve as mudanças necessárias ou se há necessidade de novos processos
de enfermagem.
Caso outros diagnósticos sejam realizados, novos planejamentos e intervenções devem ser
traçados, a fim de chegar as respostas esperadas.
Para que o enfermeiro possa realizar essas cinco etapas de forma sistematiza ele deve utilizar
as taxinomias NANDA, NIC e NOC. A NANDA trás os diagnósticos de enfermagem, o NIC que
são as intervenções de enfermagem e NOC que são os resultados esperados de enfermagem. A
partir disso, a assistência de enfermagem pode ser a mesma em qualquer local que for prestada
(COFEN, 2009).
5.2 Processos de enfermagem relacionados à higiene
Diversos diagnósticos e intervenções de enfermagem estão relacionados com a higiene.
49
Quadro 1 - Principais diagnósticos e intervenções
Fonte: Elaborado pela autora.
Devemos lembrar que cada diagnóstico precisa de pelo menos uma intervenção. O tempo
entre o tratamento e a avaliação irá depender da evolução do cliente, da gravidade do diagnóstico
50
e do tempo que foi iniciada as intervenções, pois a resposta de cada indivíduo é diferente (COFEN,
2002).
FIQUE DE OLHO
A resolução do COFEN n. 272/2002 estabeleceu a implementação da Sistematização da
Assistência de Enfermagem em todas as instituições de saúde pública ou privada. Assim,
a partir de então os registros de enfermagem passaram a ser compostos por cinco etapas,
ficando os registros padronizados a fim de melhorar a qualidade dos registros e da assistência.
6 MEDIDAS DE CONFORTO
A palavra confortar, do latim confortare, significar revitalizar as forças físicas, o vigor, a energia,
tornar forte, fortalecer, revigorar. O termo conforto deriva de confortar e significa auxiliar, apoiar
durante uma situação de dor, de infelicidade. Assim, conforto é um ato de ajuda ou consolo a
alguém em uma situação ruim, desagradável.
O conforto, relacionado com a enfermagem constitui uma necessidade básica do ser
humano, podendo manifestar através de necessidades físicas, espirituais, psicológicas e da dor.
A enfermagem é protagonista em atender essa necessidade, propiciando alívio, tranquilidade e
transcendência ao cliente (Brunner; Suddarth, 2015).
6.1 Critérios de conforto
As medidas de conforto iniciam no momento de admissão do cliente ao serviço de saúde.
Durante a admissão, é importante explicar o funcionamento do setor, orientar quanto as
dependências, sobre a equipe que irá atendê-lo, sobre as condutas terapêuticas que serão
realizadas, sobre a assistência de enfermagem. Lembrando sempre de esclarecer todas as
dúvidas, dar voz ao cliente e encorajá-lo.
Durante um processo de hospitalização, mesmo em patologias comuns, é habitual o cliente
ficar fragilizado, pois ele é retirado do seu ambiente diário para outro local, em que fica exposto
a cuidados de pessoas estranhas e rotinas diferentes. Além disso, o ambiente hospitalar propicia
desconforto, pois, muitas vezes, o cliente não sabe o que irá acontecer de forma clara, podendo
alimentar seus medos imaginários. Por isso, esclarecer as dúvidas, dar voz ao cliente é importante,
pois permite que ele possa esclarecer os receios, tornando o processo mais confortável (Brunner;
Suddarth, 2015).
51
As medidas de conforto também estão relacionadas com o ambiente em que o indivíduo irá
permanecer, sendo importante mantê-lo limpo, em ordem, arejado e em temperatura adequada.
O cliente deve manter a higiene, boa postura, mudança de decúbito a cada duas horas (pelo
menos). Lembrando que a equipe de saúde deve respeitar a individualidade de cada cliente, pois
nem todas as medidas de conforto são iguais, isso poderá ser diferente de cliente para cliente.
Além disso, o enfermeiro pode realizar massagem de conforto.
O procedimento pode ser realizado durante o banho de leito ou após o banho de aspersão. A
fricção tem como finalidade estimular a circulação sanguínea, prevenir a formação de úlceras por
pressão, proporcionar bem-estar e relaxamento muscular.
Antes de realizar a massagem, o profissional deve explicar o procedimento ao cliente,
perguntar se ele aceita e, a partir do seu consentimento, iniciar. Primeiro deve colocar o cliente
de decúbito ventral, colocar um pouco de creme nas mãos e espalhar nas costas de forma suave,
deslizando as mãos da base da coluna vertebral em direção ao centro e em volta dos ombros.
Em seguida, massagear a área com as palmas das mãos fazendo pequenos círculos, repetindo
esse movimento por uns 3 minutos. Ao finalizar, virar o cliente para posição dorsal e realizar a
massagem nos membros superiores, sempre do punho em sentido das axilas, em ambos os braços.
Por fim, realizar massagem nas pernas, no sentido dos pés para as coxas, fazendo movimentos
retos, que auxiliam a circulação sanguínea.
Lembrando que antes de realizar a massagem deve conhecer o quadro clínico, só realizando
a massagem quando não houver contraindicação. Regiões que apresentem alguma lesão não
devem ser massageadas, pois a massagem pode aumentar a extensão da lesão, agravando o
quadro (Brunner & Suddarth, 2015).
6.2 Movimentação de clientes
A movimentação do cliente pode ser ativa, feita por ele mesmo ou passiva, com ajuda
do acompanhante e da equipe de enfermagem. O processo de mudança de decúbito visa
descomprimir áreas de pressão óssea, reduzir a fadiga, manter o tônus muscular e prevenir
complicações respiratórias. Assim, a movimentação tem como finalidade, principalmente, a
estimulação da circulação, prevenindo úlceras por pressão e edema (SILVA, 2005).
Durante a movimentação, a enfermagem pode avaliar as condições físicas do cliente em
relação à movimentação, observar se todos equipamentos instalados, quando houver, estão
funcionando adequadamente. Antes de realizar o movimento, deve explicar ao cliente como será
feito, solicitando a sua ajuda, se possível. A mudança de posição deve ser feita de forma gradual,
evitando desconforto. Lembrando que se for mudar o cliente do leito para cadeira, primeiro
52
deve elevar a cabeceira, em seguida sentar ele na cama com os pés para fora do leito, pedir
que o cliente respire profundamente e somente após isso levantá-lo, para prevenir a hipotensão
ortostática, evitando o risco de queda.
Em casos de clientes obesos, a movimentação deve ser mais cuidadosa, sempre com a ajuda
do acompanhante ou de outra pessoa da equipe. Jamais movimente um cliente sem estar ciente
que consegue realizar o movimento, pois existe o risco de queda durante a movimentação.
Outro ponto importante na movimentação do cliente que deve ser considerado é a questão
ergonômica. O profissional de enfermagem deve fazer o procedimento de forma técnica, evitando
lesões para ele também. Primeiramente, o profissional deve examinar o local quanto à presença
de possíveis obstáculos, altura da cama, trava nas rodas da cama ou cadeira, presença de barras
de apoio. Ao iniciar o procedimento, o profissional deve manter os pés afastados e totalmente
apoiados no chão, manter as costas eretas, utilizado o seu peso corporal como contrapeso ao do
cliente, flexionar os joelhos, jamais flexionar a coluna, solicitar ajuda de outro indivíduo sempre
que possível, pois isso permite dividir o peso, evitando lesões para o profissional (SILVA, 2005).
6.3 Transporte de clientes
O transporte de cliente é a transferência de um local para outro, podendo ser dentro do
próprio setor, para outro setor ou para outra unidade de saúde. A transferência deve utilizar maca
ou cadeira de rodas para evitar quedas do cliente.
O processo de transporte deve ser feito com cuidado e calma. O movimento rápido ou mal
posicionado pode levar a lesões de pele e até mesmo fraturas, dependendo do impacto. Além
disso, o transporte precisa ser feito com agilidade, não podendo ser muito longo, para não causar
estresse. Ao iniciar o transporte deve observar o estado geral do cliente, sendo ele monitorado
durante todo o procedimento (SILVA, 2005).
Além disso, o transporte precisa ser feito com agilidade, não podendo ser muito longo, para
não causar estresse. Ao iniciar o transporte deve observar o estado geral do cliente, sendo ele
monitorado durante todo o procedimento (SILVA, 2005).
Em casos de fraturas, o local deve ser apoiado e jamais movimentado de forma rápida ou
abrupta. Indivíduos politraumatizados devem ter a atenção redobrada durante o transporte,
não podendo ocorrer nenhum movimento de flexão, e a rotação para mudança de maca, por
exemplo, deve ser feita com auxílio de vários profissionais para evitar impacto.
Ao subir ou descer rampas, a cabeça do cliente deve estar para cima. Sempre que for
conduzido em maca, o cliente deve estar olhando para frente, em caso de rampas ou elevadores
também. Ao entrar no elevador, entrar primeiro com a cabeceira da maca, seguida dos pés.
53
O transporte de clientes deve ser sempre com as grades da maca elevadas, sem exceção
Durante o transporte, o cliente deve estar sempre coberto com lençol ou cobertor. Em casos
de transporte em cadeira de roda, descer rampas de ré para evitar a queda para frente do cliente
e subir com o cliente olhando para frente. Lembrando que o transporte na cadeira só pode ser
feito em indivíduos conscientes e que não apresentam nenhuma contraindicação.
Durante o transporte, é necessário tomar os devidos cuidados com portas, elevadores e
paredes; jamais bater a maca ou cadeira, pois pode causar lesões no cliente. Quando for clientes
obesos, o ideal é solicitar ajuda de outro profissional para realizar o transporte.
Além disso, cliente com soro deve ser transportado com o equipo fechado, se possível, ou
mantendo o soro em uma altura adequada para que continue o gotejamento adequado. Em caso
de desconexão do equipo, por exemplo, o cliente deve ser levado ao posto de enfermagem mais
próximo para que o problema possa ser resolvido. Jamais tentar arrumar durante o transporte,
a não ser que o cliente esteja em ambulância, durante um trajeto mais longo, sendo assim
necessário realizar a reconexão ou nova punção (SILVA, 2005).
Indivíduos com sonda vesical de demora devem ser transportados com a bolsa abaixo da
cintura para evitar o retorno de líquido. Além disso, deve estar atento à tração acidental da sonda,
para evitar lesões na uretra.
Em casos de drenos no tórax, deve pinçar o dreno, fechando-o. Não deve tracionar o dreno,
pois isso pode levar o deslocamento deste. Quando o dreno estiver fechado pode elevá-lo até
altura do tórax para colocar na maca ou cadeira para o transporte. Em casos de transportes
longos, o dreno deve ser reaberto após posicionar o cliente para o transporte, lembrando sempre
de mantê-lo abaixo do tórax para evitar o retorno de líquido.
Clientes com tubo endotraqueal devem ser transportados conectados no cilindro de oxigênio
ou ambú. Lembrando sempre de manter a ventilação adequada para evitar complicações. Em
casos de clientes agitados ou confusos, o transporte só deve ser realizado na cama com auxílio
de mais de um profissional.
FIQUE DE OLHO
Durante o cuidado e transporte dos clientes, o enfermeiro deve estar atendo sempre à
posição correta para evitar afecções musculoesqueléticas, como lesão por esforço repetitivo
e distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Quando realizar procedimentos sem
estar atendo à posição correta do corpo, pode causar lesões nele mesmo, prejudicando seu
corpo.
54
O transporte de clientes do bloco cirúrgico, ainda anestesiados, deve ser feito em maca, não
movimentando muito, devido ao risco de náusea. Caso ocorra vômito, o transporte deve parar,
lateralizar a cabeça para evitar a aspiração. Se o cliente estiver com sonda nasogástrica, ela deve
ser aberta na presença de náuseas ou vômitos.
Lembrando que o transporte é uma etapa importante, pois ele pode gerar danos ao cliente
quando não é realizado de forma correta.
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55
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• aprender sobre nebulização, quando é indicada e como deve ser realizada a técnica
de nebulização;
• estudar sobre bombas de infusão, os tipos de bomba, sua aplicabilidade e os cuida-
dos de enfermagem que devem ser realizados durante a infusão;
• conhecer os principais fatores que influenciam na prática de higiene como os fatores
sociais e os fatores patológicos;
• entender sobre os cuidados de higiene corporal e bucal;
• aprender sobre o processo de enfermagem, suas etapas e quais são os principais
diagnósticos e intervenções de enfermagem relacionados à higiene;
• compreender o que são medidas de conforto, quais são seus critérios e como reali-
zar a movimentação e transporte dos clientes de forma confortável e segura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRUNNER, L. S.; SUDDARTH, D. S. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. In: Tratado
de enfermagem médico-cirúrgica. Guanabara, 2015.
BARKER K. N.; FLYNN E. A.; PEPPER G. A; BATES D. W, MIKEAL R. L. Medication errors
observed in 36 health care facilities. Internet. 2002. Disponível em: https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/pubmed/12196090. Acesso em: 12 dez. 2019.
CONSELHO INTERNACIONAL DE ENFERMEIROS. Classificação internacional para a
prática de enfermagem CIPE: Versão 2. Genebra, Suíça, 2011.
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN n. 272, de 2002. Dispõe sobre
a Sistematização da Assistência de Enfermagem nas Instituições de Saúde Brasileiras Rio
de Janeiro, 2002. Online
CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM. Resolução COFEN n. 358, de 2009. Dispõe
sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nas instituições de saúde
brasileiras. Brasília, 2009. Online
GIANNOPOULOS H. T. Smart pump technology. In: Dumitru D, (ed). The Pharmacy
Informatics Primer. Bethesda, Md: American Society of Health-System Pharmacists,
2008.
SILVA L. D.; PEREIA S. R. M.; MESQUITA A. M. F. Procedimentos de enfermagem:
Semiotécnica para o cuidado. Rio de Janeiro: Medsi, 2005.
STACCIARINI, T. S. G.; CUNHA, M. H. R. Procedimentos operacionais padrão em
enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2014.
UNIDADE 3
Oxigenação sanguínea
Introdução
Olá,
Você está na unidade Oxigenação sanguínea. Conheça aqui a implicação da oxigenação,
eliminação urinária e intestinal no contexto na prática assistencial do enfermeiro.
Aprenda ainda aspectos importantes tais como: fatores que alteram a oxigenação,
processo de enfermagem e oxigenação, oxigenoterapia, processos de enfermagem para
problemas urinários e intestinais. Você já pensou como esses fatores podem impactar
a saúde de nossos pacientes? Pois então, teremos respostas para este e para outros
questionamentos ao longo desta unidade.
Bons estudos!
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1 OXIGENAÇÃO: FATORES QUE ALTERAM A
OXIGENAÇÃO; PROCESSO DE ENFERMAGEM E
OXIGENAÇÃO; OXIGENOTERAPIA
Você sabia que inúmeras modalidades de tratamento são usadas no atendimento a pacientes
com várias condições respiratórias e consequente demandas diferentes de suporte de oxigenação?
A escolha da modalidade baseia-se no distúrbio da oxigenação e se existe um problema com
ventilação ou absorção de oxigênio. Há uma variedade de terapias - de não invasivas a tratamentos
invasivos. A avaliação e o manejo do paciente com distúrbios respiratórios são mais eficientes
quando a abordagem é multidisciplinar, na qual está inserido o enfermeiro.
A nossa conversa nesta unidade começa com base nessa informação, pois a enfermagem tem
papel fundamental para a manutenção das necessidades de oxigenação do paciente. Desta forma,
iremos aprender quais são os fatores que alteram a oxigenação, o processo de enfermagem e
oxigenação, assim como a oxigenoterapia.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
1.1 Fatores que alteram a oxigenação
O transporte de oxigênio para os tecidos está relacionado a fatores como doenças cardíacas
e respiratórias, concentração de hemoglobina, e requisitos metabólicos (WEST, 2013). A
alteração da frequência ou padrão respiratório pode resultar de hipoxemia ou hipóxia, que pode
ocorrer devido à doença pulmonar grave (insuficiência suprimento de oxigênio) ou de doença
extrapulmonar (inadequada entrega de oxigênio), afetando as trocas gasosas no nível celular
(SMELTZER e BARE, 2012).
60
Uma alteração na frequência ou no padrão respiratório do paciente pode ser um dos
primeiros indicadores da necessidade de oxigenoterapia (SMELTZER e BARE, 2012; TAYLOR et al.,
2014). A hipoxemia manifesta-se por alterações no estado mental, dispneia, aumento da pressão
arterial, alterações na frequência cardíaca, disritmias, cianose e extremidades frias. A hipoxemia,
geralmente, leva à hipóxia, que é uma diminuição no suprimento de oxigênio para os tecidos. A
hipóxia, se for grave o suficiente, pode ser fatal. Os quatro tipos gerais de hipóxia são hipoxemia,
hipóxia circulatória, hipóxia anêmica e hipóxia histotóxica (SMELTZER e BARE, 2012; TAYLOR et
al., 2014).
Hipoxemia
É uma diminuição do nível de oxigênio no sangue, resultando na diminuição da difusão de
oxigênio nos tecidos. Pode ser causada por hipoventilação, grandes altitudes, incompatibilidade
ventilação-perfusão, derivações nas quais os alvéolos estão colapsados e não podem fornecer
oxigênio ao sangue e defeitos de difusão pulmonar. O nível de oxigênio no sangue é corrigido
aumentando a ventilação alveolar ou fornecendo oxigênio suplementar (SMELTZER; BARE, 2012).
Hipóxia circulatória
É hipóxia resultante de capilaridade inadequada de circulação. Pode ser causado por
diminuição do débito cardíaco, vascular local obstrução, estados de baixo fluxo, como choque ou
parada cardíaca. Embora a pressão parcial do oxigênio no tecido (PO2) seja reduzida, a pressão
arterial oxigênio (PaO2) permanece normal. A hipóxia circulatória é corrigida por identificação e
tratamento da causa subjacente (SMELTZER; BARE, 2012).
Hipóxia anêmica
É resultado da diminuição da concentração efetiva da hemoglobina, que causa uma
diminuição na capacidade de transporte de oxigênio no sangue. Raramente é acompanhada por
hipoxemia (SMELTZER; BARE, 2012). O envenenamento por monóxido de carbono, que reduz a
capacidade de transporte de oxigênio da hemoglobina, produz efeitos semelhantes, mas não é
hipóxia estritamente anêmica, pois os níveis de hemoglobina podem ser normais (SMELTZER;
BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
Hipóxia histotóxica
Ocorre quando uma substância tóxica, como cianeto, interfere na capacidade dos tecidos
de usar o oxigênio disponível (SMELTZER; BARE, 2012). Os sinais e sintomas que sinalizam a
necessidade de oxigênio dependem de quão repentinamente essa deficiência se desenvolve e,
com o rápido desenvolvimento da hipóxia, ocorrem alterações no sistema nervoso central porque
os centros neurológicos superiores são muito sensíveis à privação de oxigênio cc. O quadro clínico
61
pode se assemelhar à intoxicação por álcool, com o paciente exibindo falta de coordenação e
julgamento prejudicado (SMELTZER; BARE, 2012).
A hipóxia de longa data pode produzir fadiga, sonolência, apatia, falta de atenção e tempo de
reação atrasado, e a necessidade de oxigênio é avaliada por gasometria arterial e oximetria de
pulso, bem como por avaliação clínica (SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
1.2 Processo de enfermagem e oxigenação
Inicialmente, devemos compreender que o oxigênio é um medicamento e, exceto em
situações de emergência, é administrado somente quando prescrito por um médico (WEST,
2013). Desta forma, as necessidades de oxigenação do paciente devem constar no processo de
enfermagem, na qual a administração do oxigênio deve ser realizada com cautela e ser avalia
cuidadosamente seus efeitos em cada paciente (BRAGA; SILVA, 2011; OLIVEIRA et al., 2014;
SMELTZER; BARE, 2012).
Em geral, pacientes com problemas respiratórios recebem oxigenoterapia apenas para elevar
a pressão arterial de oxigênio (PaO2) de volta à linha de base normal do paciente, que pode variar
de 60 a 95 mmHg (SMELTZER e BARE, 2012; WEST, 2013). Em termos da curva de dissociação da
oxihemoglobina, a saturação de oxigênio do sangue deve ficar entre 80% a 100%, e os valores de
fluxo de oxigênio inspirado mais alto (FiO2) não acrescentam mais quantidades significativas de
oxigênio aos glóbulos vermelhos ou plasma e em vez de ajudar, quantidades maiores de oxigênio
podem produzir efeitos tóxicos nos pulmões e no sistema nervoso central ou podem deprimir a
ventilação (OLIVEIRA et al., 2014; SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014; WEST, 2013).
FIQUE DE OLHO
É importante observar indicadores sutis de oxigenação inadequada quando o oxigênio é
administrado por qualquer método (TAYLOR et al., 2014). Portanto, o enfermeiro avalia,
frequentemente, o paciente quanto à confusão, inquietação progredindo para letargia,
diaforese, palidez, taquicardia, taquipneia e hipertensão. A oximetria de pulso intermitente
ou contínua é usada para monitorar os níveis de oxigênio c.
Deve ser levado em consideração que o sistema respiratório muda ao longo do processo de
envelhecimento, e é importante que os enfermeiros estejam cientes dessas alterações quando
avaliarem pacientes que estão recebendo oxigenoterapia (OLIVEIRA et al., 2014; SMELTZER; BARE,
2012; WEST, 2013). Há o enfraquecimento dos músculos que auxiliam o sistema respiratório,
assim como o aumento dos brônquios e alvéolos, reduzindo a área de superfície disponível dos
pulmões, resultando em ventilação reduzida e trocas gasosas respiratórias. O número de cílios
62
funcionais também é reduzido, diminuindo a ação ciliar e o reflexo da tosse (OLIVEIRA et al.,
2014; SMELTZER; BARE, 2012; WEST, 2013).
Os pacientes idosos podem apresentar rigidez torácica aumentada e frequência respiratória
aumentada e diminuição da PaO2 e expansão pulmonar. Devemos estar cientes de que o idoso
corre risco de aspiração e infecção relacionadas para essas mudanças (OLIVEIRA et al., 2014;
SMELTZER; BARE, 2012; WEST, 2013). Além disso, a educação do paciente quanto à nutrição é
essencial, porque a ingestão adequada de alimentos pode ajudar na manutenção das condições
clínicas.
A administração excessiva de oxigênio pode levar a sua toxicidade quando uma concentração
muito alta de oxigênio (superior a 50%) é administrado por um período prolongado (mais de 48
horas) (OLIVEIRA et al., 2014; SMELTZER; BARE, 2012; WEST, 2013). É causada pela superprodução
de oxigênio radicais livres, que são subprodutos do metabolismo celular. Se não for tratada, esses
radicais podem danificar seriamente ou matar as células. Antioxidantes como vitamina E, vitamina
C e beta-caroteno podem ajudar na defesa contra os radicais livres de oxigênio (WEST, 2013).
Figura 1 - Cuidado com a administração excessiva de oxigênio devido à sua toxicidade
Fonte: 32 pixels, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra dez pontos de exclamação para indicar cuidado com a
administração excessiva de oxigênio devido à sua toxicidade.
Sinais e sintomas de toxicidade por oxigênio incluem desconforto subesternal, parestesias,
dispneia, inquietação, fadiga, mal-estar, progressiva dificuldade respiratória e infiltrados
alveolares evidentes radiografias de tórax (SMELTZER e BARE, 2012). Se altas concentrações
de oxigênio são necessárias, é importante minimizar a duração da administração e reduzir sua
concentração o mais rápido possível. Muitas vezes, a pressão positiva contínua nas vias aéreas e
63
é usada com oxigenoterapia para reverter ou prevenir microatelectasias, permitindo, assim, que
uma porcentagem mais baixa de oxigênio seja usada (SMELTZER e BARE, 2012).
2 OXIGENOTERAPIA
Oxigenoterapia consiste na administração de oxigênio em uma concentração superior ao
encontrado na atmosfera ambiental, ou seja, superior a 21% (SMELTZER e BARE, 2012). O objetivo
da oxigenoterapia é fornecer transporte adequado de oxigênio no sangue, diminuindo o trabalho
de respirar e reduzindo estresse no miocárdio (SMELTZER e BARE, 2012; WEST, 2013).
Na oxigenoterapia, o oxigênio é dispensado de um cilindro ou de um sistema de tubulação.
Quando o oxigênio é usado em altas taxas de fluxo, ele deve ser umedecido passando-o
através de um sistema de umidificação para evitar que seque as membranas mucosas do trato
respiratório (SMELTZER; BARE, 2012).
A quantidade de oxigênio fornecida é expressa como uma concentração percentual (por
exemplo, 70%).
A forma apropriada de oxigenoterapia é melhor determinada pelos níveis de gases no sangue
arterial, que indicam o status de oxigenação do paciente (SMELTZER; BARE, 2012).
Os sistemas de entrega de oxigênio são classificados como sistemas de entrega de baixo
ou alto fluxo. Os sistemas de baixo fluxo contribuem, parcialmente, para o gás inspirado que o
paciente respira, ou seja, o paciente respira um pouco de ar ambiente junto com o oxigênio e
esses sistemas não fornecem uma concentração constante ou conhecida de oxigênio inspirado
(SMELTZER; BARE, 2012). Os sistemas de alto fluxo fornecem a quantidade total de ar inspirado
e uma porcentagem específica de oxigênio é entregue independentemente da respiração do
paciente (SMELTZER; BARE, 2012; WEST, 2013). Os sistemas de alto fluxo são indicados para
pacientes que necessitam de uma quantidade constante e precisa de oxigênio (SMELTZER; BARE,
2012).
2.1 Principais dispositivos de oxigenoterapia
Uma cânula nasal é usada quando o paciente necessita de uma concentração baixa ou média
de oxigênio. Neste caso, a precisão não é essencial (SMELTZER; BARE, 2012). Esse método é,
relativamente, simples e permite que o paciente se mova na cama, converse, tussa e coma
sem interromper o fluxo de oxigênio. As taxas de fluxo superiores a 6 a 8 L/min podem levar à
deglutição do ar e isso pode causar irritação e secagem da mucosa nasal e faríngea (SMELTZER;
BARE, 2012). Quando o oxigênio é administrado por cânula ou cateter, a porcentagem de oxigênio
que chega aos pulmões varia com a profundidade e com a taxa das respirações, principalmente,
64
se a mucosa nasal estiver edemaciada ou se o paciente estiver respirando pela boca (SMELTZER;
BARE, 2012).
O cateter orofaríngeo é raramente usado, mas pode ser prescrito para terapia de curto prazo,
na qual são administradas baixas a moderadas concentrações de oxigênio (SMELTZER e BARE,
2012). O cateter deve ser trocado a cada 8 horas, alternando as narinas, visando à prevenção de
infecções e irritações nasais (SMELTZER; BARE, 2012).
As máscaras de respiração parcial têm um saco reservatório que deve permanecer inflado
durante a inspiração e a expiração, sendo que o enfermeiro deve ajustar o fluxo do litro para
garantir que a bolsa não entre em colapso durante a inalação (SMELTZER e BARE, 2012). Uma
maior concentração de oxigênio pode ser fornecida porque a máscara e a bolsa servem como
reservatórios de oxigênio, que entra na máscara através de tubos de pequeno diâmetro que se
conectam na junção da máscara e da bolsa, na qual a porcentagem real de oxigênio entregue é
influenciada pelo padrão ventilatório do paciente (SMELTZER e BARE, 2012).
As máscaras sem reinalação são semelhantes, em design, às máscaras de reinalação
parcial, exceto pelo fato de terem duas válvulas (SMELTZER e BARE, 2012). A primeira válvula é
unidirecional, localizada entre a bolsa do reservatório e a base da máscara, a qual permite que o
gás do saco reservatório entre na máscara por inalação e impede que o gás na máscara flua de volta
para o saco reservatório durante a expiração. E a segunda é um conjunto de válvulas localizadas
nas portas de expiração (SMELTZER e BARE, 2012). Essas válvulas unidirecionais impedem que o
ar ambiente entre na máscara durante a inalação, e permite que os gases expirados do paciente
saiam da máscara na expiração. E, como na máscara de reinalação parcial, é importante ajustar o
fluxo do litro para que o saco reservatório não entre em colapso completamente por inspiração
(OLIVEIRA, D. S. T et al., 2014; TAYLOR et al., 2014; WEST, 2013).
A máscara de Venturi é o método mais confiável e preciso para fornecer concentrações exatas
de oxigênio por meios não invasivos, na qual a máscara é construída de uma maneira que permite
um fluxo constante de ar ambiente misturado com um fluxo fixo de oxigênio (SMELTZER; BARE,
2012; TAYLOR et al., 2014). É utilizada, principalmente, em pacientes com doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), pois pode fornecer baixos níveis de oxigênio suplementar, evitando
o risco de suprimir o impulso hipóxico (SMELTZER e BARE, 2012). A máscara Venturi emprega o
princípio de Bernoulli de entrada de ar (aprisionando o ar como um vácuo), que fornece um alto
fluxo de ar com enriquecimento controlado de oxigênio. Para cada litro de oxigênio que passa
através de um orifício a jato, uma proporção fixa de ar ambiente é arrastada (SMELTZER e BARE,
2012). Um volume preciso de oxigênio pode ser fornecido variando o tamanho do orifício do jato
e ajustando o fluxo de oxigênio. E o excesso de gás sai da máscara pelas duas portas de expiração,
levando consigo o dióxido de carbono exalado (SMELTZER; BARE, 2012). Este método permite
que uma concentração constante de oxigênio seja inalada, independentemente da profundidade
65
ou taxa de respiração, sendo importante que a máscara deve se encaixar bem o suficiente para
impedir que o oxigênio flua nos olhos do paciente (SMELTZER; BARE, 2012). Desta forma, devemos
verificar se há irritação na pele do paciente, assim como é necessário remover a máscara para
que ele possa comer, beber e tomar medicamentos (SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
O cateter de oxigênio transtraqueal é inserido, diretamente, na traqueia e é indicado para
pacientes com necessidade de oxigenoterapia crônica (SMELTZER e BARE, 2012; TAYLOR et al.,
2014). Esses cateteres são mais confortáveis, menos dependentes dos padrões respiratórios e
menos óbvios do que outros métodos de fornecimento de oxigênio. E, como nenhum oxigênio é
perdido no ambiente circundante, o paciente obtém oxigenação adequada a taxas mais baixas,
tornando esse método mais barato e mais eficiente (SMELTZER; BARE, 2012; TAYLOR et al., 2014).
As máscaras de oxigênio possuem diferentes formas, as que se adaptam conforme cada
propósito, na qual as máscaras simples são usadas para concentrações baixas a moderadas de
oxigênio, em que o próprio corpo da máscara reúne e armazena oxigênio entre as respirações, e
o paciente exala, diretamente, através de aberturas ou aberturas no corpo da máscara. No caso
do fluxo de oxigênio cessar, o paciente pode aspirar o ar através dessas aberturas ao redor das
bordas da máscara (SMELTZER e BARE, 2012). Embora amplamente utilizadas, essas máscaras
não podem ser usadas para concentrações controladas de oxigênio e devem ser ajustadas aos
pacientes para adequado funcionamento. Desta forma, a máscara não deve ser pressionada com
muita força na pele, pois isso pode causar uma sensação de claustrofobia e lesões (SMELTZER;
BARE, 2012).
2.2 Sistemas complementares de oxigenoterapia
Outros dispositivos de oxigênio incluem máscaras de aerossol, colares de traqueostomia
e tendas faciais, todos usados com dispositivos de aerossol (nebulizadores), que podem ser
ajustados para concentrações de oxigênio de 27% a 100% (SMELTZER; BARE, 2012). Se o fluxo
da mistura de gases cair abaixo da demanda do paciente, o ar ambiente é aspirado, diluindo a
concentração e a névoa de aerossol deve estar disponível para o paciente durante toda a fase
inspiratória (SMELTZER; BARE, 2012).
Embora a maioria da oxigenoterapia seja administrada como fluxo contínuo de oxigênio,
novos métodos de conservação estão sendo utilizados (SMELTZER e BARE, 2012; TAYLOR et al.,
2014). Os sistemas de demanda por entrega de oxigênio interrompem o fluxo do gás durante a
expiração, quando o fluxo de oxigênio é maioritariamente desperdiçado (SMELTZER; BARE, 2012;
TAYLOR et al., 2014).
66
3 ELIMINAÇÃO URINÁRIA: PROCESSO DE
ENFERMAGEM PARA PROBLEMAS URINÁRIOS
Você sabia que o adequado funcionamento do sistema urinário é essencial para a manutenção
da qualidade de vida dos pacientes, e as alterações neste sistema são comuns e podem ocorrer
em qualquer idade? A avaliação do sistema urinário e suas eliminações fazem parte do exame de
enfermagem, visto que este pode levar a mudanças em outras funções fisiológicas no organismo
(BRAGA e DA SILVA, 2011; TAYLOR et al., 2014).
Antes de mais nada, devemos saber que aproximadamente 60% do peso de um adulto
consiste em água e eletrólitos e que este percentual sofre influência conforme a idade, o sexo e
a gordura corporal, os quais são influenciados pela eliminação urinária (SMELTZER e BARE, 2012).
A nossa conversa nesta unidade começa com base nessa informação, pois devemos estar atentos
para o processo de eliminação urinária de nossos pacientes.
3.1 Alterações na eliminação urinária
A micção consiste em uma função que ocorre, aproximadamente, oito vezes em um período
de 24 horas, a qual normalmente é indolor e, em média, são eliminados de 1.200 a 1.500 mL
de urina neste período (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012). A quantidade de urina
eliminada pode sofrer influência da quantidade de ingestão de líquidos, sudorese, presença de
vômitos ou diarreia (HONÓRIO; SANTOS, 2009; SMELTZER; BARE, 2012).
Confira abaixo os principais problemas ligados à micção (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER;
BARE, 2012).
• Anúria - eliminação urinária inferior a 50 ml por dia.
• Disúria - dor ou dificuldade para urinar.
• Enurese - eliminação urinária involuntária durante o sono.
• Frequência - frequência de micção superior em período inferior a cada 3 horas.
• Hematúria - presença de sangue na urina.
• Hesitação - demora ou dificuldade em iniciar a micção.
• Incontinência - perda involuntária de urina.
• Noctúria - micção excessiva durante a noite.
• Oliguria - eliminação urinária inferior a 400 ml por dia.
67
• Poliúria - aumento no volume de urina diário.
• Proteinúria - quantidades anormais de proteína na urina.
• Urgência - necessidade urgente de urinar.
Várias anormalidades, como hematúria e proteinúria, não produzem sintomas, mas podem
ser detectadas durante uma análise de urina de rotina (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE,
2012). As causas comuns incluem infecção aguda, cálculos renais e neoplasia; no entanto, outras
causas incluem distúrbios sistêmicos, lesões malignas e medicamentos (SMELTZER; BARE, 2012).
As causas da proteinúria persistente incluem doenças glomerulares, doenças malignas,
doenças do colágeno, diabetes mellitus, pré-eclâmpsia, hipotireoidismo, insuficiência cardíaca,
exposição a metais pesados e uso de medicamentos, como anti-inflamatórios não esteróides e
inibidores da enzima conversora de angiotensina (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012).
E as causas benignas comuns da proteinúria transitória são febre, exercícios extenuantes e
permanência prolongada em ambiente hospitalar (SMELTZER; BARE, 2012).
3.2 Desequilíbrios de fluidos e eletrólitos em distúrbios renais
As alterações na eliminação urinária podem levar à presença de desequilíbrios de fluidos e
eletrólitos, os quais necessitam de avaliação e monitoramento rigorosos para detectar possíveis
problemas de saúde (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012). Veja a seguir os principais
sinais e sintomas de distúrbios comuns de líquidos e eletrólitos que podem ocorrer (SMELTZER;
BARE, 2012).
• Déficit de bicarbonato
Dor de cabeça, confusão, sonolência, aumento da frequência respiratória e profundidade,
náusea e vômito, pele avermelhada e quente.
• Déficit de cálcio
Cãibras abdominais e musculares, estridor, espasmo carpopedal, reflexos hiperativos, tetania,
sinal positivo de Chvostek ou Trousseau, formigamento nos dedos e ao redor da boca, alterações
no eletrocardiograma.
• Déficit de fósforo
Dor óssea profunda, dor no flanco, fraqueza e dor muscular, parestesia, apreensão, confusão,
convulsões.
• Déficit de magnésio
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Disfagia, cãibras musculares, reflexos hiperativos, tetania, sinal positivo de Chvostek ou
Trousseau, formigamento nos dedos, disritmias, vertigens.
• Déficit de potássio
Anorexia, distensão abdominal, íleo paralítico, fraqueza muscular, alterações no
eletrocardiograma, disritmias.
• Déficit de proteína
Perda crônica de peso, depressão emocional, palidez, fadiga, músculos flácidos e macios.
• Déficit de sódio
Náusea, mal-estar, letargia, dor de cabeça, cólicas abdominais, apreensão, convulsões.
• Déficit de volume de fluido
Perda de peso aguda ≥ 5%, turgor cutâneo diminuído, mucosas secas, oligúria ou anúria,
hematócrito aumentado, nível de nitrogênio da ureia no sangue aumentado fora de proporção
ao nível de creatinina, hipotermia.
• Excesso de bicarbonato
Respirações deprimidas, hipertonia muscular, tonturas, formigamento nos dedos das mãos
e pés.
• Excesso de cálcio
Dor óssea profunda, dor no flanco, fraqueza muscular, reflexos profundos deprimidos nos
tendões, constipação, náusea e vômito, confusão, comprometimento da memória, poliúria,
alterações no eletrocardiograma.
• Excesso de fósforo
Tetania, formigamento nos dedos e na boca, espasmos musculares, calcificação de tecidos
moles.
• Excesso de magnésio
Rubor facial, náusea e vômito, sensação de calor, sonolência, reflexos profundos deprimidos
nos tendões, fraqueza muscular, depressão respiratória, parada cardíaca.
• Excesso de potássio
Diarreia, cólica, náusea, irritabilidade, fraqueza muscular, alterações no eletrocardiograma.
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• Excesso de sódio
Membranas mucosas secas e pegajosas, sede, língua seca e áspera, febre, inquietação,
fraqueza, desorientação.
• Excesso de volume de fluido
Ganho de peso agudo ≥ 5%, edema, crepitações, dificuldade de respiração, diminuição do
hematócrito, veias distendidas do pescoço.
Desta forma, o registro de entrada e saída de fluidos, também denominado balanço hídrico,
é usado para documentar parâmetros importantes de fluidos, incluindo a quantidade absorvida
(oral ou parenteralmente), o volume de urina excretada e outras perdas (diarreia, vômito,
diaforese) (LOPES; HIGA, 2005; HONÓRIO; SANTOS, 2009).
Esse registro e alterações no peso do paciente são essenciais para determinar a dose diária, a
cada período de 24 horas, de fluido, e indicar sinais de sobrecarga ou déficit de fluido (SMELTZER;
BARE, 2012). O paciente cuja ingestão de líquidos excede a capacidade dos rins de excretar
líquidos está sobrecarregado, ou seja, se a ingestão de líquidos for inadequada, é dito que o
paciente está com excesso de volume e pode mostrar sinais e sintomas de déficit de volume de
líquidos (BRAGA; SILVA, 2011; SMELTZER; BARE, 2012).
4 CUIDADO DE ENFERMAGEM EM PACIENTES COM
CATETERISMO VESICAL
O enfermeiro deve avaliar os pacientes com cateteres vesicais, de forma a garantir que o
sistema de drenagem possa garantir uma drenagem urinária adequada, sempre verificando a cor,
odor e volume de urina, visto que o registro preciso da ingestão de líquidos e da produção de
urina fornece informações essenciais sobre a adequação da função renal e da drenagem urinária
(BRAGA; SILVA, 2011; LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012). Deve ser observado o cateter
para garantir que ele esteja adequadamente ancorado, para evitar pressão na uretra na junção
penoscrotal em pacientes do sexo masculino, assim como para evitar tensão e tração na bexiga
em pacientes do sexo masculino e feminino (SMELTZER; BARE, 2012).
4.1 Risco de infecção
Os pacientes com alto risco de infecção do trato urinário por cateterismo precisam ser
identificados e monitorados cuidadosamente (LOPES; HIGA, 2005). Eles são observados quanto a
sinais e sintomas de infecção do trato urinário como urina com odor, hematúria, febre, calafrios,
anorexia e mal-estar (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012). A área ao redor do orifício
70
uretral é observada para drenagem e escoriação. As culturas de urina fornecem os meios mais
precisos de avaliar um paciente quanto à infecção (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Lembre-se de realizar a higienização das mãos antes e após a inserção do cateter vesical de
alivio ou demora, bem como antes e após o exame físico, que deve ser realizado durante a
consulta e visita de enfermagem.
Pacientes idosos com um cateter de demora podem não exibir sinais e sintomas típicos de
infecção. Portanto, qualquer sutil mudança na condição física ou no estado mental deve ser
considerada uma possível indicação de infecção e, prontamente, investigada, pois pode ocorrer
sepse antes do diagnóstico da infecção (SMELTZER; BARE, 2012).Certos princípios de cuidado
são essenciais para prevenir a infecção em pacientes com sistema de drenagem fechado, uma
vez que o cateter é um corpo estranho na uretra e produz uma reação na mucosa uretral com
alguma secreção uretral (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012). A limpeza vigorosa do
meato, enquanto o cateter está no lugar, é desencorajada, porque a ação de limpeza pode mover
o cateter de um lado para o outro, aumentando o risco de infecção. E para remover incrustações
óbvias da superfície externa do cateter, a área pode ser lavada delicadamente com sabão durante
o banho diário (LOPES; HIGA, 2005; SMELTZER; BARE, 2012). As incrustações decorrentes de sais
urinários podem servir como núcleo para a formação de cálculos. No entanto, o uso de cateteres
de silicone resulta em, significativamente, menos formação de crostas (SMELTZER; BARE, 2012).
4.2 Cuidados durante a fixação do cateter
O trauma na uretra pode ser minimizado pelo uso de cateter de tamanho apropriado,
lubrificação adequada durante a inserção e pela inserção do cateter longe o suficiente na bexiga
para evitar trauma nos tecidos uretrais quando o balão de retenção estiver inflado (SMELTZER;
BARE, 2012). A manipulação do cateter é a causa mais comum de trauma na mucosa da bexiga
no paciente, e a infecção ocorre, inevitavelmente, quando a urina invade a mucosa danificada
(SMELTZER; BARE, 2012).
O cateter é fixado adequadamente para impedir que ele se mova, cause tração na uretra ou
seja removido acidentalmente. E tome cuidado para garantir que a posição do cateter permita
o movimento da perna (SMELTZER; BARE, 2012). Em pacientes do sexo masculino, o tubo de
drenagem (não o cateter) é colado lateralmente à coxa para evitar pressão na uretra na junção
penoscrotal, o que pode, eventualmente, levar à formação de uma fístula retrocutânea. Já em
pacientes do sexo feminino, a tubulação de drenagem conectada ao cateter é presa à coxa para
71
evitar tensão e tração na bexiga (SMELTZER; BARE, 2012). Outro fator muito importante é garantir
que qualquer paciente confuso não remova o cateter com o balão de retenção ainda inflado, pois
isso pode causar sangramento e lesões consideráveis na
uretra (SMELTZER; BARE, 2012).
5 ELIMINAÇÃO INTESTINAL: PROCESSO DE
ENFERMAGEM PARA PROBLEMAS INTESTINAIS
Você sabia que as doenças do trato gastrointestinal podem representar 10% da carga total de
todas as doenças e está presente em todas as faixas etárias? Elas estão associadas ao um estilo
de vida acelerado, altos níveis de estresse, irregularidades nos hábitos alimentares, ingestão
insuficiente de fibras e água e falta de exercício físico diário (SMELTZER; BARE, 2012).
A atuação dos enfermeiros pode ter um impacto sobre esses problemas crônicos, identificando
padrões de comportamento que colocam os pacientes em risco, educando o público sobre
prevenção e manejo e ajudando os afetados a melhorar sua condição e prevenir complicações
(OLIVEIRA et al., 2012). A nossa conversa nesta unidade começa com base nessa informação,
pois devemos estar atentos em como promover a saúde das pessoas com esse tipo de patologia.
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
5.1 Alterações na eliminação intestinal
Alterações nos padrões de eliminação fecal são sintomas de distúrbios funcionais ou
doenças do trato gastrointestinal, sendo as alterações mais comuns a constipação, a diarreia e a
incontinência fecal (SMELTZER; BARE, 2012). O enfermeiro deve estar ciente das possíveis causas
e tratamentos terapêuticos desses problemas e das técnicas de gerenciamento de enfermagem,
assim como a educação é importante para pacientes com essas anormalidades (OLIVEIRA et al.,
2012; NEVES; SHIMIZU, 2010).
72
Constipação
É um termo usado para descrever uma infrequência ou irregularidade anormal na eliminação
intestinal, endurecimento anormal das fezes, uma diminuição no volume das fezes ou retenção
de fezes no reto por um período prolongado (SMELTZER; BARE, 2012). A constipação pode ser
causada por certos medicamentos, distúrbios retais ou anais, obstrução, condições metabólicas,
neurológicas e neuromusculares, distúrbios endócrinos; envenenamento por chumbo e distúrbios
do tecido conjuntivo (SMELTZER; BARE, 2012). Trata-se de um grande problema para os pacientes
que tomam opioides para dor crônica, devido ao uso desta classe de medicamentos, assim como
as doenças do cólon comumente associadas à constipação são a síndrome do intestino irritável e
a doença diverticular (SMELTZER; BARE, 2012).
Diarreia
É o aumento da frequência na eliminação intestinal (mais de três vezes por dia), aumento
da quantidade de fezes (mais de 200 g por dia) e consistência alterada das fezes (DANTAS,
2004; SMELTZER; BARE, 2012). Geralmente, está associada à urgência, desconforto perianal,
incontinência ou uma combinação desses fatores, a qual pode ser aguda ou crônica (DANTAS,
2004; SMELTZER; BARE, 2012). Qualquer condição que cause secreções intestinais aumentadas,
diminuição da absorção mucosa ou motilidade alterada pode produzir diarreia (DANTAS, 2004;
SMELTZER; BARE, 2012).
Diarreia aguda
É mais frequentemente associada à infecção e, geralmente, é autolimitada; já a diarreia crônica
persiste por um período mais longo e pode retornar esporadicamente. Em geral, é causada por
certos medicamentos, fórmulas de alimentação por sonda, distúrbios metabólicos e endócrinos,
vírus ou bactérias e processos infecciosos (SMELTZER; BARE, 2012). Outros processos patológicos
associados à diarreia são distúrbios nutricionais e de má absorção, defeito do esfíncter anal,
síndrome de Zollinger-Ellison, íleo paralítico, obstrução intestinal e síndrome da imunodeficiência
adquirida (SMELTZER; BARE, 2012).
Incontinência fecal
O termo incontinência fecal descreve a passagem involuntária das fezes do reto. E isso sofre
influência der vários fatores tais como a capacidade do reto de detectar e acomodar as fezes, a
quantidade e consistência das fezes, a integridade dos esfíncteres, musculatura e motilidade retal
(SMELTZER; BARE, 2012).
Síndrome do colón irritável
É um dos problemas mais comuns no trato gastrointestinal, sendo presente em
73
aproximadamente uma em cada seis pessoas e ocorre mais em mulheres do que em homens
(SMELTZER; BARE, 2012). Embora não tenham sido encontradas anormalidades anatômicas ou
bioquímicas que expliquem os sintomas comuns, vários fatores estão associados à síndrome, tais
como hereditariedade, estresse psicológico ou condições como depressão e ansiedade, dieta rica
em gordura e alimentos estimulantes ou irritantes e consumo de álcool e cigarro (SMELTZER;
BARE, 2012).
5.2 Processo de enfermagem para problemas intestinais
Agora iremos abordar como pode ser realizado o processo de enfermagem para constipação,
diarreia, incontinência fecal e para a síndrome do cólon irritável. Lembrando que todos esses
processos devem ser avaliados durante a consulta de enfermagem e registrados no prontuário
do paciente.
Durante a consulta ou visita de enfermagem, o enfermeiro obtém informações sobre o
início e a duração da constipação, padrões de eliminação atuais e passados, a expectativa do
paciente de eliminação intestinal normal e informações sobre o estilo de vida durante o período.
Também deve ser abordado o histórico de saúde, antecedentes médicos e cirúrgicos anteriores,
medicamentos atuais e uso de laxante e enema são importantes, assim como informações sobre
a sensação de retal, pressão ou plenitude, dor abdominal, esforço excessivo na defecação e
flatulência (SMELTZER; BARE, 2012).
A educação do paciente e a promoção da saúde são funções importantes do enfermeiro em
pacientes com constipação e após a obtenção do histórico de saúde devem ser estabelecidas
metas, as quais devem incluir restaurar ou manter um padrão regular de eliminação, garantir a
ingestão adequada de líquidos e alimentos ricos em fibras, aprender sobre métodos para evitar
a constipação, aliviar a ansiedade sobre o intestino, padrões de eliminação e evitar complicações
(SMELTZER; BARE, 2012).
Nos pacientes com diarreia, o papel do enfermeiro inclui avaliar e monitorar as características
e o padrão das fezes, levando em consideração um histórico de saúde, abordar a terapia
medicamentosa do paciente, o histórico médico e cirúrgico e os padrões e a ingestão alimentar
(SMELTZER; BARE, 2012). Relatórios de exposição recente a doenças graves ou viagens para
outra área geográfica são importantes, e a avaliação inclui ausculta abdominal e palpação para
sensibilidade abdominal e a inspeção do abdômen, de mucosas e da pele é importante para
determinar o estado de hidratação (SMELTZER; BARE, 2012).
Durante um episódio de diarreia aguda, o enfermeiro deve incentivar o repouso no leito e
a ingestão de líquidos e alimentos com baixo volume até que a fase aguda diminua (SMELTZER;
BARE, 2012). Quando a ingestão de alimentos é tolerada, deve ser recomendado uma dieta branda
de alimentos sólidos e semissólidos, assim como deve ser evitada a ingestão de cafeína, bebidas
74
carbonatadas e alimentos muito quentes e muito frios, porque estimulam a motilidade intestinal,
assim como pode ser necessário restringir produtos lácteos, gorduras, produtos integrais, frutas
frescas e vegetais por vários dias (DANTAS, 2004; NEVES; SHIMIZU, 2010; SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Os idosos podem desidratar-se rapidamente e desenvolver hipocalemia como resultado da
diarreia. Desta forma, devemos reconhecer os sinais de hipocalemia, porque baixos níveis
de potássio intensificam a ação de medicamentos utilizados para insuficiência cardíaca
congestiva, levando à toxicidade deste.
A área perianal pode tornar-se escoriada porque as fezes diarreicas contêm enzimas digestivas
que podem irritar a pele. Deverá, portanto, ser prescrita uma rotina de cuidados com a pele
perianal para diminuir a irritação e as escoriações (SMELTZER; BARE, 2012). É importante usar
pomadas para a pele e barreiras à umidade, conforme necessário, principalmente, na pele da
pessoa idosa que é muito sensível por causa da diminuição do turgor e da redução da camada
subcutânea de gordura (SMELTZER; BARE, 2012).
Nos pacientes com incontinência fecal deve ser registrado um histórico completo de saúde,
incluindo a realização de um exame da área retal, informações sobre procedimentos cirúrgicos
anteriores, doenças crônicas, hábitos e problemas intestinais e regime de medicação atual
(SMELTZER; BARE, 2012).
Após deve ser realizado um programa de treinamento intestinal, que envolve a definição de
um cronograma para estabelecer a regularidade intestinal, no qual o objetivo é ajudar o paciente
a alcançar a continência fecal e, se isso não for possível, o objetivo deve ser gerenciar o problema
para que a pessoa possa ter uma eliminação planejada e previsível (SMELTZER; BARE, 2012) .
A incontinência fecal também pode causar problemas com a integridade da pele perineal
e manter a integridade da pele é uma prioridade, especialmente, no paciente debilitado ou
idoso (SMELTZER; BARE, 2012). As cuecas para incontinência, embora sejam úteis para conter o
material fecal, permitem maior contato da pele com as fezes e podem causar escoriações. Desta
forma, deve ser incentivada e ensinada ao paciente a higiene meticulosa da pele (SMELTZER;
BARE, 2012).
Às vezes, a continência não pode ser alcançada, e o enfermeiro deve ajudar o paciente e a
família a aceitar e lidar com essa situação crônica (SMELTZER; BARE, 2012).
75
O paciente pode usar dispositivos de incontinência fecal, que incluem dispositivos de coleta
externos e sistemas de drenagem interna (SMELTZER; BARE, 2012).
Os dispositivos externos são bolsas especiais que podem ser drenadas.
Eles são fixados em uma barreira adesiva sintética da pele, especialmente projetada para
se ajustar às nádegas, e os sistemas de drenagem internos podem ser usados para eliminar o
contato fecal com a pele e são, especialmente, úteis quando há escoriações extensas ou lesões
na pele, no qual um cateter grande é inserido no reto e conectado a um sistema de drenagem
(SMELTZER; BARE, 2012).
Nos pacientes com síndrome do cólon irritável, o papel do enfermeiro é fornecer educação
ao paciente e à família, sendo enfatizado os bons hábitos alimentares (SMELTZER; BARE, 2012).
O paciente é encorajado a comer em horários regulares e a mastigar os alimentos lenta e
completamente e, embora seja necessária uma ingestão adequada de líquidos, ele não deve ser
ingerido nas refeições, pois isso resulta em distensão abdominal (SMELTZER; BARE, 2012).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
76
PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• identificar os fatores que alteram a oxigenação;
• conhecer os agentes que alteram a eliminação urinária;
• reconhecer os fatores que alteram a eliminação intestinal;
• aprender o processo de enfermagem em pacientes com alterações relacionadas à
oxigenação;
• realizar o processo de enfermagem em pacientes com alterações relacionadas a
alterações urinárias e intestinais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAGA, C. G.; SILVA, J. V. Teorias de enfermagem. [s.l.] Saraiva Educação SA, 2011.
DANTAS, R. O. Diarréia e constipação intestinal. Medicina (Ribeirão Preto. Online), v. 37,
n. 3/4, p. 262-266, 2004.
HONÓRIO, M. O.; SANTOS, S. M. A. Incontinência urinária e envelhecimento: impacto
no cotidiano e na qualidade de vida. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 62, n. 1, p.
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LOPES, M. H. B. M.; HIGA, R. Desenvolvimento de um sistema especialista para
identificação de diagnósticos de enfermagem relacionados com a eliminação urinária.
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MORAIS, M. B.; MAFFEI, H. V. L. Constipação intestinal. J Pediatr, v. 76, n. 2, p. 147-156,
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NEVES, R. S.; SHIMIZU, H. E. Análise da implementação da Sistematização da Assistência
de Enfermagem em uma unidade de reabilitação. Revista Brasileira de Enfermagem, v.
63, n. 2, p. 222–229, 2010.
OLIVEIRA, D. S. T et al. Diagnósticos e intervenções de enfermagem para problemas
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OLIVEIRA, S. K. P. et al. Temas abordados na consulta de enfermagem: revisão integrativa
da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem, v. 65, n. 1, p. 155-161, 2012.
SMELTZER, S. C.; BARE, B. G. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico-
cirúrgica. Todos os volumes. [s.l.] Guanabara Koogan, 2012.
TAYLOR, C. R. et al. Fundamentos de Enfermagem: A Arte e a Ciência do Cuidado de
Enfermagem. [s.l.] Artmed Editora, 2014.
WEST, J. B. Fisiologia respiratória: Princípios básicos. [s.l.] Artmed Editora, 2013.
UNIDADE 4
Procedimento operacional
Introdução
Olá,
Você está na unidade Procedimento Operacional. Conheça aqui a implicação da coleta
de material para exames, hemoterapia, sondagem, cuidado ao paciente com feridas e
cuidados com ostomias no contexto na prática assistencial do enfermeiro.
Iremos aprender aspectos importantes sobre punção venosa e as precauções durante esse
procedimento, cuidados na administração de hemocomponentes, reações da transfusão
de hemocomponentes, processo de enfermagem na realização de sondagem, os diferentes
tipos de curativos e os cuidados com gastrostomia, colonostomia e traqueostomia.
Bons estudos!
81
1 COLETA DE MATERIAL PARA EXAME
A coleta de material para exames laboratoriais pode abranger o sistema hematológico, o
qual possui interação com todos os demais sistemas do corpo humano (SILVA; PEDUZZI, 2005;
SMELTZER; BARE, 2012). A realização deste tipo de exame busca alterações hematológicas, as
quais podem vir acompanhadas ou não de sintomas clínicos, dificultando assim o trabalho dos
profissionais de saúde, no qual nós estamos incluídos (SILVA; PEDUZZI, 2005; SMELTZER; BARE,
2012). Desta forma, além do conhecimento do correto processo de coleta de material para o
exame laboratorial, devemos ter ciência sobre a fisiopatologia da condição do paciente e dos
resultados dos exames laboratoriais.
1.1 Punção venosa
A punção venosa consiste na capacidade de obter acesso ao sistema venoso. Ela pode ser
realizada para coleta de exame laboratorial ou para administração de fluidos e medicamentos
(CARAMELO et al., 2019; SMELTZER; BARE, 2012). Trata-se de um procedimento comumente
realizado pela enfermagem, em que deve ser selecionado o local apropriado da punção venosa
e do tipo de material utilizado (CARAMELO et al., 2019; GONÇALVES; OLIVEIRA; SILVA, 2018;
TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).
Diversos locais podem ser utilizados para a realização da punção venosa. Devem ser avaliados
a facilidade do acesso e os riscos (GONÇALVES; OLIVEIRA; SILVA, 2018; SMELTZER; BARE, 2012).
As veias dos braços são comumente mais utilizadas por serem, relativamente, seguras e de
fácil acesso.
Desta forma, as veias metacarpo, cefálica, basílica e mediana, bem como seus ramos, são
locais recomendados devido ao seu tamanho e facilidade de acesso (SMELTZER; BARE, 2012;
TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).
As veias das pernas raramente devem ser usadas devido ao alto risco de tromboembolismo
(SMELTZER; BARE, 2012).
Os locais adicionais a serem evitados incluem veias distais a uma infiltração, veias esclerosadas
ou trombosadas, um braço com shunt ou fístula arteriovenosa ou um braço afetado por edema,
infecção, coágulo sanguíneo ou ruptura da pele, assim como o braço do lado de uma mastectomia
é evitado por causa do fluxo linfático prejudicado (SMELTZER; BARE, 2012).
As veias centrais comumente usadas pelos médicos incluem as veias subclávia e jugular
interna, nas quais é possível obter acesso a esses vasos maiores, mesmo quando os locais
periféricos entraram em colapso.
82
No entanto, os riscos são muito maiores e podem incluir entrada inadvertida em uma artéria
ou no espaço pleural (CARAMELO et al., 2019; GONÇALVES; OLIVEIRA; SILVA, 2018; SMELTZER;
BARE, 2012; TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).
O indicado é que os braços e as mãos sejam cuidadosamente inspecionados antes de
escolher um local para fazer a punção venosa (SMELTZER; BARE, 2012). Entre os fatores a
serem considerados, estão a condição da veia, o tipo de procedimento a ser realizado (coleta
ou administração de material), o histórico médico e o status de saúde atual do paciente e a
habilidade da pessoa que realiza o procedimento (SMELTZER; BARE, 2012; TORRES; ANDRADE;
SANTOS, 2005).
1.2 Cuidados durante o procedimento de punção venosa
Antes de preparar a pele, o enfermeiro deve perguntar ao paciente se ele é alérgico ao látex
ou iodo, produtos comumente usados na preparação na punção venosa (GONÇALVES; OLIVEIRA;
SILVA, 2018; SMELTZER; BARE, 2012). Os pelos excessivos no local selecionado podem ser
removidos por recorte para aumentar a visibilidade das veias e facilitar a inserção da cânula e a
aderência dos curativos ao local de inserção intravenosa (SMELTZER; BARE, 2012).
O profissional deve realizar a higiene das mãos e vestir luvas descartáveis (não estéreis)
durante o procedimento de punção venosa devido à probabilidade de entrar em contato com
o sangue do paciente (CARAMELO et al., 2019; GONÇALVES; OLIVEIRA; SILVA, 2018; SMELTZER;
BARE, 2012; TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).
O processo de coleta de punção venosa deve ser precedido da escolha do local para realizar
a punção. Após aplicar um torniquete, o enfermeiro irá palpar e inspecionar a veia, que deve
parecer firme, elástica, ingurgitada e redonda (GONÇALVES; OLIVEIRA; SILVA, 2018; SMELTZER;
BARE, 2012; TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).
Como as artérias ficam próximas às veias na fossa antecubital, o vaso deve ser palpado para
pulsação arterial, mesmo com a aplicação do torniquete. O local da punção pode ser higienizado
com álcool a 70%, sendo procedido pela punção (GONÇALVES; OLIVEIRA; SILVA, 2018; SMELTZER;
BARE, 2012; TORRES; ANDRADE; SANTOS, 2005).
2 PROCESSO DE ENFERMAGEM NA HEMOTERAPIA
Inicialmente, devemos saber que a transfusão sanguínea é um tratamento que ocorre após
a prescrição médica, na qual devem conter as seguintes informações: produto hemoterápico
solicitado; quantidade; identificação do receptor, contendo seu grupo sanguíneo e fator RH
(CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016; TRINDADE; SCHUH, 2017). Após
este processo, o produto hemoterápico é encaminhado para a unidade em que está o paciente e a
83
hemoterapia deve ser realizada pelo enfermeiro, processo este que devemos ter alguns cuidados,
entre eles durante a administração e com as reações da transfusão (MATTIA; ANDRADE, 2016;
SMELTZER; BARE, 2012).
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo:
2.1 Cuidados na administração de hemocomponentes
O primeiro fator que devemos considerar para a administração de hemocomponentes é nos
certificarmos sobre o paciente, considerando seu grupo sanguíneo e fator RH, os quais devem ser
atestados com o grupo sanguíneo e fator RH do material a ser transfundido (CARNEIRO; BARP;
COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016; SMELTZER; BARE, 2012). Desta forma, antes de ser
realizada a transfusão, deve ser coletada uma amostra sanguínea para a correta determinação
do grupo sanguíneo do paciente (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016;
SMELTZER; BARE, 2012).
84
Quadro 1 - Caminho do fluxo sanguíneo
Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.
#PraCegoVer: A imagem mostra o fluxo de doação de sangue conforme grupo sanguíneo e
fator RH.
Mediante a correta identificação do grupo sanguíneo e do fator RH, o hemocomponente deve
ser mantido refrigerado. No entanto, 30 minutos prévios à transfusão ele deve ter retirado da
refrigeração (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
Caso a retirada do hemocomponente seja em período inferior a 30 minutos, o seu aquecimento
não é indicado devido ao risco de hemólise e somente será realizada se absolutamente necessário,
em casos que envolvam risco de vida do paciente (SMELTZER; BARE, 2012).
No momento precedente ao início do processo de transfusão do hemocomponente, é
indispensável proceder à identificação do receptor, de forma que o enfermeiro deve se identificar
e solicitar o nome completo do paciente que irá receber a transfusão, conferir se o receptor
faz uso da pulseira de identificação (que deve conter o nome completo, data de nascimento,
Tipagem ABO/Rh) (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; SMELTZER; BARE, 2012; TRINDADE; SCHUH,
2017). Adicionalmente, deve ser esclarecido ao paciente e/ou acompanhante o procedimento a
ser realizado e informá-lo sobre sinais e sintomas de reação transfusional, para que este indique
qualquer anormalidade (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; SMELTZER; BARE, 2012; TRINDADE;
SCHUH, 2017). Após, devemos posicionar o paciente receptor de forma confortável e segura em
Fowler 45° (posição semi sentada com região do tronco flexionada em ângulo de 45°) e verificar
os sinais vitais antes do início, medindo a temperatura, a pressão arterial, a frequência cardíaca e
85
a frequência respiratória, assim como outros sinais ou sintomas a fim de auxiliar no diagnóstico
em caso de reação transfusional (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; SMELTZER; BARE, 2012;
TRINDADE; SCHUH, 2017).
FIQUE DE OLHO
Devemos lembrar que, durante o processo de transfusão de hemocomponentes, o tempo
de infusão não pode passar de 4 horas. Qualquer queixa do paciente deve ser valorizada. E
os sinais vitais precisam ser periodicamente avaliados após o início da transfusão a fim de
detectar possível reação transfusional.
O enfermeiro irá puncionar a veia do paciente receptor e instalar acesso venoso prévio e
exclusivo. Após, deverá pôr o hemocompoente, inicialmente, a 30 gotas por minuto, e observar
nos 10 minutos seguintes. Em seguida, deverá aumentar o gotejamento progressivamente se
não houver qualquer sinal de reação transfusional (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; SMELTZER;
BARE, 2012; TRINDADE; SCHUH, 2017).
2.2 Reações da transfusão
Durante o processo de transfusão de hemocomponentes, podem ocorrer reações adversas
devido à reação antígeno-anticorpo, a qual pode se apresentar desde uma reação suave a
um choque anafilático grave (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016;
SMELTZER; BARE, 2012). Para evitar o risco de reações da transfusão, sempre deve ser realizada a
compatibilidade entre o doador e o paciente receptor (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA;
ANDRADE, 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
Alteração
Caso o paciente receptor do hemocomponente apresente alguma alteração, tais como
taquicardia, dispneia, erupções na pele, prurido generalizado, cefaleia, febre, calafrios, tremores
ou hipotensão deve ser interrompida a transfusão imediatamente. Sendo que, em caso de
urticária, a transfusão pode ser retomada, desde que haja melhora dos sintomas (CARNEIRO;
BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016; SMELTZER; BARE, 2012; TRINDADE; SCHUH,
2017). Após deve ser mantido o acesso venoso, examinar os rótulos da bolsa e de todos os
registros para verificar se houve erro na identificação do paciente ou da bolsa transfundida e
comunicar ao médico assistente e ao Serviço de Hemoterapia (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017;
SMELTZER; BARE, 2012; TRINDADE; SCHUH, 2017).
86
Febre
Nos casos em que a febre relacionada à transfusão elevar a temperatura corporal acima de
1ºC após o início da transfusão, atingindo temperatura superior a 38ºC, a transfusão deve ser
interrompida imediatamente e coletar hemocultura do paciente em acesso venoso no membro
oposto ao da transfusão (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016; SMELTZER;
BARE, 2012).
Em nenhuma hipótese deverá ser desprezada a bolsa contendo o hemocomponente, a qual
deverá ser separada para posterior análise e avaliação do serviço de hemoterapia (SMELTZER;
BARE, 2012). Todas estas informações previamente apresentadas devem ser registradas no
prontuário do paciente (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
Adicionalmente, devemos atentar para possíveis sinais ou sintomas nas 24 horas subsequentes
à transfusão do hemocomponente, visto que as reações transfusionais imediatas podem ocorrer
neste período (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017; MATTIA; ANDRADE, 2016; SMELTZER; BARE,
2012). Desta forma, o processo de transfusão de hemocomponente deve ser avaliado pela
equipe de enfermagem durante todo o processo, previamente, durante e após a instalação do
hemocomponente, visando à segurança da saúde do paciente (CARNEIRO; BARP; COELHO, 2017;
MATTIA; ANDRADE, 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
3 SONDAGEM
A sondagem pode ser realizada em diferentes contextos, e iremos abordar neste tópico o
processo de enfermagem na realização da sondagem nasogástrica e nasoentérica (GARCIA;
RODRIGUES, 2016; GONÇALVES et al., 2018; JUNIOR; BARBOSA, 2016). A realização deste processo
é uma prática comum na rotina do trabalho dos enfermeiros. No entanto, há a necessidade de
tomarmos alguns cuidados na realização deste processo, os quais iremos estudar a seguir.
3.1 Processo de enfermagem
Antes de realizar o procedimento, o enfermeiro deve explicar a finalidade do tubo, visando a
colaboração, visto que, geralmente, é um procedimento desagradável (GARCIA; RODRIGUES, 2016;
JUNIOR; BARBOSA, 2016). As atividades gerais relacionadas à inserção do tubo são revisadas, incluindo
o fato de que o paciente pode ter que respirar pela boca e que o procedimento pode causar engasgos
até que o tubo passe pela área que gera o reflexo de vômito (SMELTZER; BARE, 2012).
• Antes da inserção
Deve ser determina a quantidade de tubo necessária para atingir o estômago ou o intestino
delgado, e uma marca é feita no tubo para indicar o comprimento desejado (SMELTZER; BARE,
87
2012). Essa medida é determinada pela distância da ponta do nariz ao lóbulo da orelha e do
lóbulo da orelha ao processo xifoide, adicionando 15 cm para a colocação da sonda nasogástrica
ou 20 a 25 polegadas para a colocação intestinal (SMELTZER; BARE, 2012).
• Durante a inserção
Enquanto o tubo está sendo inserido, o paciente, geralmente, fica sentado com uma toalha
espalhada sobre o peito. Incentivar o paciente a respirar pela boca ou a ofegar com frequência
ajuda, assim, como a ingestão de água, se permitido (SMELTZER; BARE, 2012). Para facilitar a
inserção do tubo, ele deve ser lubrificado com uma substância solúvel em água, a menos que
tenha um revestimento seco que quando umedecido fornece sua própria lubrificação (SMELTZER;
BARE, 2012). O enfermeiro deve utilizar luvas durante o procedimento (SMELTZER; BARE, 2012).
• Posição de Fowler
O paciente é colocado na posição de Fowler e as narinas são inspecionadas quanto a qualquer
obstrução. A narina mais larga é selecionada para uso (GARCIA; RODRIGUES, 2016; JUNIOR; BARBOSA,
2016; SMELTZER; BARE, 2012). A ponta do nariz do paciente está inclinada e o tubo está alinhado
para entrar na narina e quando o tubo atinge a nasofaringe, o paciente é instruído a abaixar a cabeça
levemente e começar a engolir à medida que o tubo avança (SMELTZER; BARE, 2012).
• Tomar água
O paciente também pode beber água através de um canudo para facilitar o avanço do tubo,
no qual a orofaringe é inspecionada para garantir que o tubo não fique enrolado na faringe ou na
boca (SMELTZER; BARE, 2012).
Para garantir a segurança do paciente, é essencial confirmar que o tubo foi colocado
corretamente, pois os tubos podem ser inseridos acidentalmente nos pulmões, o que pode
não ser detectado. Inicialmente, um estudo de raio-X deve confirmar a colocação do tubo. No
entanto, sempre que líquidos ou medicamentos são administrados e uma vez em um turno para
alimentação contínua, o tubo deve ser verificado para garantir que ele permaneça corretamente
colocado (GARCIA; RODRIGUES, 2016; GONÇALVES et al., 2018; JUNIOR; BARBOSA, 2016;
SMELTZER; BARE, 2012).
Após a confirmação da posição correta, o tubo é preso ao nariz (SMELTZER; BARE, 2012). A
área preparada é coberta com uma tira de fita hipoalergênica e o tubo é então colocado sobre a
fita e preso com um segundo pedaço de fita (SMELTZER; BARE, 2012). Em vez de fita adesiva, um
dispositivo de fixação do tubo de alimentação pode ser usado para prender o tubo, uma vez que
este dispositivo adere ao nariz e usa um clipe ajustável para manter o tubo no lugar (SMELTZER;
BARE, 2012).
88
3.2 Cuidados na manutenção
A recomendação tradicional é injetar ar através do tubo enquanto ausculta a área epigástrica
com um estetoscópio para detectar insuflações de ar (GARCIA; RODRIGUES, 2016; GONÇALVES et
al., 2018; JUNIOR; BARBOSA, 2016; SMELTZER; BARE, 2012). No entanto, este método auscultatório
não é preciso para determinar se o tubo foi inserido no estômago, intestinos ou trato respiratório.
Sendo assim, em vez do método de ausculta, recomenda-se uma combinação da medição do
comprimento do tubo, avaliação visual do aspirado e medição do pH do aspirado (GARCIA;
RODRIGUES, 2016; GONÇALVES et al., 2018; JUNIOR; BARBOSA, 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
Depois que o tubo é inserido, a parte exposta da estrutura é medida e o comprimento é
documentado, o qual deve ser realizado a cada turno e comparado com o comprimento inicial
(GARCIA; RODRIGUES, 2016; JUNIOR; BARBOSA, 2016; SMELTZER; BARE, 2012). A avaliação visual
da cor do aspirado pode ajudar a identificar a colocação do tubo, uma vez que o aspirado gástrico
é mais frequentemente nublado e verde, castanho ou esbranquiçado ou sangrento ou marrom, já
o aspirado intestinal é, principalmente, límpido e amarelo a biliar e por sua vez o líquido pleural
é, geralmente, amarelo pálido e seroso, e as secreções traqueobrônquicas são, geralmente, muco
marrom ou esbranquiçadas (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Determinar o pH do aspirado de tubo é um método mais preciso de confirmar a colocação
do cano e também pode ser usado para monitorar o avanço do tubo no intestino delgado
(SMELTZER; BARE, 2012). O pH do aspirado gástrico é ácido (1 a 5), do aspirado intestinal é
de aproximadamente 6 ou maior e o pH do aspirado respiratório é mais alcalino (7 ou maior)
(SMELTZER; BARE, 2012).
Usar a aspiração gástrica como um meio de verificar se o tubo foi colocado corretamente pode
ser um problema devido às propriedades características e ao diâmetro dos tubos (SMELTZER;
BARE, 2012). Caso haja problema na aspiração do conteúdo, devemos insuflar 20 ml de ar através
do tubo com uma seringa grande (30 a 60 ml) e após puxar o êmbolo para trás. Caso essa medida
seja ineficaz, insufle mais 20 ml de ar e substitua a seringa grande por uma menor (12 ml) e tente
aspirar. E se a medida ainda não for eficaz, repita a etapa anterior mediante a mudança de posição
do paciente (SMELTZER; BARE, 2012).
Após a passagem do tubo pelo esfíncter pilórico, ele pode avançar 5 a 7,5 cm a cada hora
(GARCIA; RODRIGUES, 2016; GONÇALVES et al., 2018; JUNIOR; BARBOSA, 2016; SMELTZER; BARE,
2012). Para permitir que a gravidade e o peristaltismo ajudem na passagem do tubo, geralmente
89
é solicitado ao paciente que se deite nas seguintes posições nesta ordem: no lado direito por 2
horas, de costas por 2 horas e depois no lado esquerdo por 2 horas (GARCIA; RODRIGUES, 2016;
GONÇALVES et al., 2018; JUNIOR; BARBOSA, 2016; SMELTZER; BARE, 2012). A deambulação, se
possível, também ajuda a avançar o tubo. O tubo deve ser irrigado com solução salina normal a
cada 6 ou 8 horas para evitar obstruções (SMELTZER; BARE, 2012).
É importante manter um registro preciso de toda a ingestão, alimentação e irrigação de
fluidos. Para manter a permeabilidade, o tubo é irrigado a cada 4 a 6 horas com solução salina
normal para evitar a perda de eletrólitos através da drenagem gástrica e devemos registrar a
quantidade, cor e tipo de toda a drenagem a cada 8 horas (GARCIA; RODRIGUES, 2016; JUNIOR;
BARBOSA, 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
Quando são utilizados tubos de duplo ou triplo lúmen, cada lúmen é rotulado de acordo com
o uso pretendido, que pode ser para aspiração, alimentação ou insuflação do balão (SMELTZER;
BARE, 2012). Para evitar tensão no tubo, a parte do tubo do nariz para a unidade de drenagem
deve ser fixada na posição e o tubo deve ser enrolado com folga para evitar tensão e deslocamento
(SMELTZER; BARE, 2012).
A higiene oral e nasal deve ser regular e é uma parte vital do atendimento ao paciente,
porque o tubo causa desconforto e pressão e pode permanecer no local por vários dias (GARCIA;
RODRIGUES, 2016; GONÇALVES et al., 2018; SMELTZER; BARE, 2012). A fita nasal é trocada a
cada 2 a 3 dias, ou sempre que necessário, e o nariz é inspecionado quanto à irritação da pele
(SMELTZER; BARE, 2012). Se a mucosa nasal e faríngea estiver excessivamente seca, a inalação
de vapor pode ser benéfica, assim como pastilhas para a garganta, pedras de gelo, goma de
mascar ou chupar balas duras (se permitido) e movimentos frequentes também ajudam a aliviar
o desconforto do paciente (SMELTZER; BARE, 2012).
Antes da remoção do tubo, o enfermeiro deve lavá-lo em 10 ml de solução salina normal para
garantir que esteja livre de detritos, e então o balão (se presente) é esvaziado (SMELTZER; BARE,
2012). O tubo é retirado suavemente e lentamente por 15 a 20 cm até a ponta atingir o esôfago
e o restante é retirado rapidamente da narina e se o tubo não sair facilmente, a força não deve
ser usada e o problema deve ser relatado ao médico(SMELTZER; BARE, 2012). Após a remoção do
tubo, deve ser fornecida a higiene bucal (SMELTZER; BARE, 2012).
4 CUIDADO AO PACIENTE COM FERIDAS
O cuidado ao paciente com feridas trata-se de uma das grandes atribuições da enfermagem,
uma vez que a realização de curativos é coordenada pelo enfermeiro e pode ser realizada pelo
técnico de enfermagem, conforme a gravidade da lesão (SMELTZER; BARE, 2012). Basicamente,
existem três classificações principais de curativos para as condições da pele, sendo eles: o curativo
90
úmido, o retentor de umidade e o oclusivo (SMELTZER; BARE, 2012).
Mesmo com o aumento da disponibilidade de curativos, uma seleção apropriada pode ser
feita se certos princípios forem mantidos. Devemos realizar a categorização, seleção, mudança,
evolução e prática no processo de enfermagem (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
Durante o processo de seleção do curativo, devemos escolher o mais seguro e eficaz, fácil
de usar e econômico possível. Em muitos casos, executamos as prescrições do médico
para curativos, mas o enfermeiro deve estar preparado para fornecer um retorno a este
profissional sobre o efeito do curativo na ferida e a facilidade de uso para o paciente.
4.1 Curativo úmido
Os curativos úmidos eram tradicionalmente usados para lesões inflamatórias agudas e
exsudativas, os quais podem ser estéreis ou não estéreis (SILVA et al., 2017; SMELTZER; BARE,
2012). As indicações de uso dependendo do distúrbio da pele são para reduzir a inflamação,
limpar a pele de exsudatos, crostas ou escamas, manter a drenagem das áreas infectadas e
promover a cura, facilitando o movimento livre das células epidérmicas através da pele envolvida,
para que se forme um novo tecido de granulação (SILVA et al., 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
Os curativos úmidos podem ser utilizados para distúrbios vesiculares, bolhosos, pustulares e
ulcerativos, bem como para condições inflamatórias (SILVA et al., 2017; SMELTZER; BARE, 2012). O
curativo aberto requer trocas frequentes porque a evaporação é rápida e, por sua vez, o curativo
fechado é trocado com menos frequência. Sempre existe o perigo de o curativo fechado causar
não apenas amolecimento, mas também maceração da pele subjacente (SMELTZER; BARE, 2012).
Os curativos úmidos para secar são usados para remover o exsudato de erosões ou úlceras,
no qual o curativo permanece no local até secar a lesão (SMELTZER; BARE, 2012). Em seguida,
é removido sem imersão, para que a crosta, o exsudato ou pus da lesão de pele aderidos ao
curativo sejam removidos com ele (SMELTZER; BARE, 2012).
4.2 Curativo retentor de umidade
Os curativos retentores de umidade podem desempenhar as mesmas funções que as
compressas úmidas, mas são mais eficientes na remoção de exsudato devido à sua maior taxa
de transmissão de vapor de umidade e alguns têm reservatórios que podem conter exsudato
91
excessivo (SMELTZER; BARE, 2012; SOUSA; DE CASTRO HADAD; MELLO, 2018). A cicatrização
úmida da ferida resulta na cicatrização da ferida 40% mais rápido do que na exposição ao ar.
Vários curativos retentores de umidade podem conter solução salina, petrolato, solução salina de
zinco, hidrogel ou agentes antimicrobianos, eliminando, assim, a necessidade de revestir a pele
para evitar macerações (SMELTZER; BARE, 2012). As principais vantagens dos curativos retentores
de umidade sobre as compressas úmidas são dor reduzida, diminuição de infecções, menos
tecido cicatricial, desbridamento autolítico suave e frequência reduzida de trocas de curativos
(SMELTZER; BARE, 2012). Dependendo do produto utilizado e do tipo de problema dermatológico
encontrado, a maioria dos curativos hidratantes pode permanecer no local de 12 a 24 horas e
alguns podem permanecer no local por uma semana (SMELTZER; BARE, 2012).
• Hidrogéis
São polímeros com um teor de água de 90% a 95%. Eles estão disponíveis em folhas
impregnadas ou como gel em um tubo, sendo semitransparentes, permitindo a inspeção de
feridas sem a remoção do curativo (ARAÚJO, 2017; SMELTZER; BARE, 2012). Adicionalmente,
eles são confortáveis e calmantes para a ferida dolorosa, não têm adesivo inerente e requerem
um curativo secundário para mantê-los no lugar. Dessa forma, os hidrogéis são apropriados
para feridas superficiais com alta produção serosa, como abrasões, locais de enxerto de pele
e úlceras venosas drenantes e que, devido ao seu alto teor de umidade, os torna ideais para o
desbridamento autolítico de feridas (ARAÚJO, 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
• Hidrocolóides
São compostos por um revestimento externo de poliuretano impermeável à água. Eles são
aderentes e não permeáveis ao vapor de água e oxigênio (SMELTZER; BARE, 2012). À medida que
evapora sobre a ferida, a água é absorvida no curativo, que amolece e descolora com o aumento
do teor de água. Desta forma, o curativo pode ser removido sem danificar a ferida e, à medida em
que o curativo absorve a água, ele produz uma cobertura amarelada e fedorenta sobre a ferida
(SMELTZER; BARE, 2012). Essa é uma interação química normal entre o curativo e o exsudato da
ferida e não deve ser confundida com a drenagem purulenta (SMELTZER; BARE, 2012).
A maioria dos curativos hidrocolóides são opacos, limitando a inspeção da ferida sem
remover o curativo (SMELTZER; BARE, 2012). Geralmente, são disponíveis em folhas e géis, sendo
uma boa opção para feridas exsudativas e feridas agudas devido ao seu fácil uso, promoção do
desbridamento e formação de tecido de granulação (SMELTZER; BARE, 2012). Eles não precisam
ser removidos para o banho, e a maioria pode permanecer no local por até 7 dias (SMELTZER;
BARE, 2012).
• Curativos de espuma
Consistem em poliuretano microporoso, com uma superfície de absorção hidrofílica, que
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cobre a ferida e um suporte hidrofóbico para bloquear o vazamento de exsudato (SMELTZER;
BARE, 2012). Eles não são aderentes e requerem um curativo secundário para mantê-los no lugar,
de forma que a umidade é absorvida na camada de espuma, diminuindo a maceração do tecido
circundante e promovendo um ambiente úmido (SMELTZER; BARE, 2012).
• Alginatos de cálcio
São derivados de algas marinhas e consistem em fibras de alginato de cálcio tremendamente
absorventes, os quais são hemostáticos e bioabsorvíveis (SMELTZER; BARE, 2012). À medida em
que o exsudado é absorvido, as fibras se transformam em hidrogel viscoso, sendo úteis em áreas
em que o tecido é mais irritado ou macerado, ou seja, o curativo de alginato forma uma bolsa
úmida sobre a ferida, enquanto a pele ao redor permanece seca; lembrando que eles reagem
com o fluido da ferida para formar um revestimento fétido (SMELTZER; BARE, 2012).
Os alginatos funcionam bem quando compactados em cavidades profundas, feridas ou
trato sinusal com drenagem pesada. Eles não são aderentes e requerem um curativo secundário
(SMELTZER; BARE, 2012).
4.3 Curativo oclusivo
Os curativos oclusivos podem ser produzidos comercialmente ou fabricados a partir de
quadrados ou envoltórios de gaze estéril ou não estéril, os quais cobrem a medicação tópica
aplicada, e a área é mantida hermética usando filme plástico (SMELTZER; BARE, 2012). O filme
plástico é fino e se adapta prontamente a todos os tamanhos, formas do corpo e superfícies da
pele, e a fita cirúrgica plástica contendo um corticosteróide na camada adesiva pode ser cortada
no tamanho e aplicada a lesões individuais. O filme plástico deve ser usado não mais do que 12
horas por dia (SMELTZER; BARE, 2012).
Figura 1 - Sempre lembre de realizar adequadamento a cobertura do curativo
Fonte: Mediapool, 2020.
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#PraCegoVer: A imagem mostra um curativo sendo coberto entre o punho e a mão da pessoa
para indicar a importância de tapá-lo adequadamente
4.4 Desbridamento autolítico
O desbridamento autolítico é um processo que usa as enzimas digestivas do próprio corpo
para quebrar o tecido necrótico (SMELTZER; BARE, 2012). A ferida é mantida úmida com curativos
oclusivos, e a aplicação desses produtos acelera a taxa na qual o tecido necrótico é removido
(SMELTZER; BARE, 2012). Esse método ainda é mais lento e não é mais eficaz que o desbridamento
cirúrgico. Quando o desbridamento enzimático está sendo usado sob um curativo oclusivo, um
odor desagradável é produzido pela decomposição celular e este cheiro não indica que a ferida
está infectada (SMELTZER; BARE, 2012).
5 CUIDADOS COM OSTOMIAS
Durante o processo assistencial, podemos nos deparar com diferentes tipos de ostomias
conforme a necessidade do paciente em suprir a demanda de alimentação, respiração ou
eliminações vesicais (SMELTZER; BARE, 2012). Dentre esses, iremos abordar a gastrostomia,
a colonostomia e a traqueostomia. Estas ostomias demandam um cuidado importante do
enfermeiro devido às suas particularidades, as quais iremos estudar a seguir.
5.1 Gastrostomia
A gastrostomia é um procedimento cirúrgico no qual uma abertura é criada no estômago
com a finalidade de administrar alimentos e líquidos, a qual é preferida para nutrição prolongada.
Também pode ser utilizada na alimentação no paciente em coma, pois o esfíncter gastresofágico
permanece intacto (MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018; SMELTZER; BARE, 2012). Diferentes tipos
de gastrostomias alimentares podem ser utilizados, incluindo os sistemas Stamm (temporário
e permanente), Janeway (permanente) e gastrostomia endoscópica percutânea (temporária)
(MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018; SMELTZER; BARE, 2012).
As gastrostomias Stamm e Janeway requerem uma incisão na linha média abdominal superior
ou uma incisão transversal no quadrante superior esquerdo (SMELTZER; BARE, 2012).
O procedimento Stamm demanda o uso de suturas concêntricas em bolsa para fixar o tubo à
parede gástrica anterior (SMELTZER; BARE, 2012).
O procedimento de Janeway necessita da criação de um túnel (chamado tubo gástrico) que é
trazido pelo abdômen para formar um estoma permanente (SMELTZER; BARE, 2012).
94
Gastronomia percutânea
A gastrostomia endoscópica percutânea é um procedimento que insere uma cânula no
estômago através de uma incisão abdominal e, em seguida, passa uma sutura não absorvível
pela cânula, concomitantemente, por meio de um endoscópio, que foi passado para o trato
gastrointestinal superior e usa o laço endoscópico para agarrar o final da sutura e guiá-lo pela
boca do paciente (MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018; SMELTZER; BARE, 2012). Se um endoscópio
não conseguir passar pelo esôfago, a gastrostomia pode ser realizada sob orientação de raios-X
através da parede abdominal (MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018; SMELTZER; BARE, 2012).
Alternativa viável
Uma alternativa ao dispositivo gastrostomia endoscópica percutânea é um mecanismo de
gastrostomia de baixo perfil, o qual pode ser inserido 3 a 6 meses após a colocação inicial do tubo
de gastrostomia (MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018; SMELTZER; BARE, 2012). Esses dispositivos
são inseridos nivelados com a pele e eliminam a possibilidade de migração, obstrução do tubo,
assim como possuem válvulas para evitar o refluxo gástrico (MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018;
SMELTZER; BARE, 2012).
Os pacientes com refluxo gastresofágico grave correm risco de pneumonia aspirativa e,
portanto, não são candidatos à gastrostomia (MEDEIROS, 2017; SILVA et al., 2018; SMELTZER;
BARE, 2012). A jejunostomia é preferida, ou a alimentação jejunal através de um tubo nasojejunal
pode ser recomendada (SMELTZER; BARE, 2012).
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5.2 Colostomia
Uma colostomia é a criação cirúrgica de uma abertura no cólon, a qual pode ser efetivada
95
como um desvio fecal temporário ou permanente, de forma a permitir a drenagem ou a evacuação
do conteúdo do cólon para a parte externa do corpo (FREIRE et al., 2017; PERIN et al., 2016; SILVA
et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012). A consistência da drenagem está relacionada à colocação
da colostomia, que é ditada pela localização do tumor e pela extensão da invasão nos tecidos
circundantes (SMELTZER; BARE, 2012).
FIQUE DE OLHO
A colostomia começa a funcionar, geralmente, de 3 a 6 dias após o procedimento cirúrgico,
no qual o enfermeiro deve ensinar ao paciente sobre a necessidade de cuidados até que o
paciente possa realiza-los de forma normal (FREIRE et al., 2017; PERIN et al., 2016; SILVA et
al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012). Nesta fase, o enfermeiro deve ensinar cuidados com a
pele e como aplicar e remover a bolsa de drenagem, uma vez que escoriações ou ulcerações
podem ser desenvolvidas rapidamente (FREIRE et al., 2017; PERIN et al., 2016; SILVA et al.,
2016; SMELTZER; BARE, 2012.
A presença de irritação dificulta a adesão do aparelho de ostomia. E este, por sua vez,
pode piorar a condição da pele que já estava irritada (SMELTZER; BARE, 2012). Na colostomia
transversal, as fezes são macias, moles e irritante para a pele. Já na colostomia sigmoide, as fezes
são bastante sólidas e menos irritantes para pele (SMELTZER; BARE, 2012).
Caso o paciente deseje tomar banho, deve ser aplicado uma fita microporosa nas laterais da
bolsa. Esta medida visa mantê-la fixa durante o banho, e para a remoção da bolsa de colostomia
o paciente assume uma posição confortável sentado ou em pé e empurra suavemente a pele do
painel frontal enquanto puxa o bolsa para cima e longe do estoma. Durante este processo, deve
ser orientado ao paciente aplicar uma pressão suave para evitar o traumatismo da pele e impedir
que qualquer conteúdo fecal líquido seja derramado (FREIRE et al., 2017; PERIN et al., 2016; SILVA
et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
Devemos orientar ao paciente ainda a proteger o estoma e lavar a área delicadamente
com um pano macio e úmido com sabão neutro. Este tem a função abrasiva para a remoção de
resíduos do conteúdo fecal; e, enquanto a pele estiver sendo limpa, um curativo de gaze pode
cobrir o estoma (FREIRE et al., 2017; PERIN et al., 2016; SILVA et al., 2016; SMELTZER; BARE,
2012). A aplicação suave da bolsa de colostomia para um encaixe seguro requer prática. Uma
bolsa do tamanho correto deve ter uma abertura de 0,3 cm maior que o estoma (FREIRE et al.,
2017; PERIN et al., 2016; SILVA et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
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Para a aplicação da bolsa de colostomia, deve ser removido o suporte da superfície aderente
do aparelho e ser mantido sobre o estoma por 30 segundos (FREIRE et al., 2017; PERIN et al.,
2016; SILVA et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
A bolsa deve ser esvaziada ou trocada sempre que, aproximadamente, 1/3 ou 1/4 de sua
capacidade estiverem cheias, assim como deve ser levado em consideração que o peso do seu
conteúdo não ocasione o descolamento da ostomia e, consequente, derrame seu conteúdo
(FREIRE et al., 2017; PERIN et al., 2016; SILVA et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
A maioria das bolsas de colostomia são descartáveis e resistentes ao odor e para alguns
pacientes nem sempre são necessárias (SMELTZER; BARE, 2012).
Assim que o paciente tiver aprendido uma rotina de evacuação, as bolsas de colostomia
podem ser dispensadas e um curativo de ostomia pode ser mantido no lugar (MEDEIROS, 2017;
PERIN et al., 2016; SILVA et al., 2016; SMELTZER; BARE, 2012).
A irrigação da colostomia tem objetivo de esvaziar o cólon de gás, muco e fezes para que o
paciente possa realizar suas atividades sem medo de que ocorra uma drenagem fecal (SMELTZER;
BARE, 2012). Devemos lembrar que um estoma não tem controle muscular voluntário e pode
esvaziar em intervalos irregulares. Desta forma, a regulação da passagem do material fecal é
conseguida através da irrigação da colostomia ou permitindo que o intestino evacue naturalmente
sem irrigações (SMELTZER; BARE, 2012). Esta escolha, geralmente, depende do paciente e do tipo
de ostomia, pois a irrigação regular leva à menor produção de gases e retenção do irrigante e o
tempo para irrigar a colostomia deve ser consistente com o cronograma que o paciente seguirá
depois de deixar o hospital (SMELTZER; BARE, 2012).
5.3 Traqueostomia
A traqueotomia é um procedimento cirúrgico no qual é feita uma abertura na traqueia. Ela
pode ser temporária ou permanente. E tem objetivo de contornar uma obstrução das vias aéreas
superiores para permitir a remoção de secreções traqueobrônquicas, para tolerar o uso prolongado
de ventilação mecânica, para impedir a aspiração de secreções orais ou gástricas no paciente
inconsciente ou paralisado e para substituir um tubo endotraqueal (SMELTZER; BARE, 2012).
• Cirurgia
O procedimento cirúrgico é realizado no segundo e terceiro anéis traqueais. Após a exposição
da traqueia, um tubo de traqueostomia com manguito de tamanho apropriado é inserido
(SMELTZER; BARE, 2012). O manguito é um acessório inflável no tubo de traqueostomia, projetado
para ocluir o espaço entre as paredes da traqueia e o tubo, para permitir ventilação mecânica
eficaz e minimizar o risco de aspiração. O tubo de traqueostomia é mantido no lugar por fitas
presas ao redor do pescoço do paciente (SMELTZER; BARE, 2012).
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• Complicações
As complicações relacionadas à traqueostomia incluem sangramento, pneumotórax, embolia
aérea, aspiração, enfisema subcutâneo ou mediastinal, lesão recorrente do nervo laríngeo e
penetração posterior da parede traqueal (SILVA JÚNIOR; SILVEIRA, 2017; SMELTZER; BARE, 2012).
As complicações a longo prazo incluem obstrução das vias aéreas devido ao acúmulo de secreções
ou protrusão do manguito sobre a abertura do tubo, infecção, ruptura da artéria inominada,
disfagia, fístula traqueoesofágica, dilatação traqueal e isquemia e necrose traqueal. A estenose
traqueal pode se desenvolver após a remoção do tubo (SMELTZER; BARE, 2012).
O manguito é um tubo endotraqueal ou de traqueostomia, que deve ser inflado. A pressão
dentro do manguito deve ser a mais baixa possível para permitir o fornecimento de volumes
correntes adequados e evitar a aspiração pulmonar. Normalmente, a pressão é mantida entre 20
e 25 cm H2O (SMELTZER; BARE, 2012). A pressão do manguito deve ser monitorada pelo menos
a cada 8 horas, anexando um manômetro portátil ao balão piloto do tubo ou usando a técnica
de volume mínimo de vazamento ou volume mínimo de oclusão e com intubação a longo prazo.
Podem ser necessárias pressões mais altas para manter uma vedação adequada (SMELTZER;
BARE, 2012).
Os cuidados com a traqueostomia e com o estoma envolvem que o enfermeiro forneça
instruções específicas ao paciente e à família sobre o que esperar da traqueostomia e seu
manejo, no qual envolvem medidas de sucção em emergência e cuidados com traqueostomia
e estoma (SMELTZER; BARE, 2012). Adicionalmente, o enfermeiro deve enfatizar a importância
da umidificação e advertir o paciente e a família de que o ar condicionado estando muito frio ou
muito seco é muito irritante para a laringe (SMELTZER; BARE, 2012).
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PARA RESUMIR
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• estudar o processo de enfermagem para a coleta de material laboratorial para
exames;
• aprender sobre os cuidados durante o processo de enfermagem na hemoterapia;
• conhecer os fatores que influenciam durante a sondagem;
• identificar os diferentes tipos de curativos que podem ser realizados;
• capacitar-se sobre os fatores que influenciam no cuidado de enfermagem em
pacientes com ostomias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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TRINDADE, B.; SCHUH, L. O PAPEL DO ENFERMEIRO NO SERVIÇO DE HEMOTERAPIA.
Revista das Semanas Acadêmicas, v. 4, n. 6, 2017.
Este é um livro fundamental para estudantes de enfermagem.
Além de abordar assuntos gerais da área, o livro apresenta conteúdo
específico de administração de medicamentos, nebulização,
bomba de infusão, medidas de higiene, conforto, oxigenação,
eliminação urinária, eliminação intestinal, coleta de material e temas
relacionados.
Após a leitura deste livro, o aluno vai aprender que é necessário
a equipe de enfermagem ter habilidades e competências para
executar a administração de medicamentos com segurança,
entender que a equipe de enfermagem deve observar pacientes
submetidos à terapia medicamentosa, retomar as características
básica das principais vias de administração de medicamentos para
promover uma assistência de qualidade, assimilar sobre o processo
de enfermagem, suas etapas e quais são os principais diagnósticos
e intervenções de enfermagem relacionado a higiene, realizar o
processo de enfermagem em pacientes com alterações relacionadas
a oxigenação, conhecer os fatores que influenciam durante a
sondagem, e muito mais.