Introducao A Medida e Integracao de Lebesgue Com Exercicios 2024
Introducao A Medida e Integracao de Lebesgue Com Exercicios 2024
1ª ed.
Piracanjuba-GO
Editora Conhecimento Livre
Piracanjuba-GO
Copyright© 2024 por Editora Conhecimento Livre
1ª ed.
CDU: 510
https://doi.org/10.37423/2024.edcl969
O conteúdo dos artigos e sua correção ortográfica são de responsabilidade exclusiva dos seus
respectivos autores.
EDITORA CONHECIMENTO LIVRE
Corpo Editorial
MSc Edson Ribeiro de Britto de Almeida Junior
MSc Humberto Costa
MSc Thays Merçon
MSc Adalberto Zorzo
MSc Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno
PHD Willian Douglas Guilherme
MSc Andrea Carla Agnes e Silva Pinto
MSc Walmir Fernandes Pereira
MSc Edisio Alves de Aguiar Junior
MSc Rodrigo Sanchotene Silva
MSc Wesley Pacheco Calixto
MSc Adriano Pereira da Silva
MSc Frederico Celestino Barbosa
MSc Guilherme Fernando Ribeiro
MSc. Plínio Ferreira Pires
10.37423/2024.edcl969
v
Agradecimentos
Ao Diretor e Vice-Diretor da Escola Politécnica de Pernambuco Prof Dr. Alexandre Duarte Gusmão e Prof.
Dr. Sérgio Campello Oliveira, pela compreensão e pelo suporte para realização deste.
Ao Vice-Reitor da UPE e ex-Diretor da Escola Politécnica de Pernambuco Prof. Ms. José Roberto de Souza
Cavalcanti, pela percepção e incentivo para efetuação deste.
A todos os colegas do Departamento Básico, pelo ânimo e amizade. Em especial, aos que contribuı́ram
diretamente na concretização deste.
Aos professores e amigos Ms. Cleto Bezerra de França, Prof. Ms. Roberto Lessa, Prof. Ms. Cláudio Maciel
(poeta risadinha) e o Prof. Dr. Emerson Alexandre de Oliveira Lima.
Ao amigo Prof. Dr. Marcos Luiz Crispino, por ter dado diversas sugestões em Medida e Integração à
Lebesgue por mais de três decadas.
vi
Dedicatória
Prefácio
A medida de Lebesgue generaliza os conceitos de comprimento, área e volume para conjuntos mais gerais que
aqueles que são descritos por dimensões inteiras ou coordenadas cartesianas. Ela é particularmente útil em análise
matemática, teoria da probabilidade e em muitas outras áreas da matemática.
A medida de Lebesgue é utilizada para a teoria da integração moderna, com ampliação da integral de Riemann.
Ela estende o conceito de integral para uma maior gama de funções e conjuntos, contribuindo significativamente
para o desenvolvimento da análise matemática.
A medida de Lebesgue está definida para uma ampla famı́lia de subconjuntos do Rn . Esta famı́lia é na
realidade uma sigma-álgebra e contém os conjuntos abertos e conjuntos fechados.
Vale a pena salientar que buscamos dentro do possı́vel, resolver os problemas com todos os passos, detalhando
os conceitos básicos antes de fazer as demonstrações, inclusive, fazendo comentários matemáticos sobre o que está
sendo realizado. Assim, o texto foi desenvolvido para que o aluno possa estudar sozinho (ou em grupo), de forma
autônoma e com segurança, conferindo não apenas os resultados, mas todo o desenvolvimento lógico operacional.
Escrever um texto desta natureza demanda tempo e nos causa uma certo cuidado adicional pela equipe, pois se
teme cometer os erros que ensinamos evitar. Por este motivo, sugestões, correções, comentários, antecipadamente
agradecemos, devem ser enviados para um dos endereços:
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Copiright iii
Corpo Editorial iv
Agradecimentos v
Dedicatória vi
Prefácio vii
DOI vii
Conteúdo ix
Capı́tulo 1 Introdução 1
Bibliografia 96
Capı́tulo 1 Introdução
A medida de Lebesgue é uma maneira de atribuir uma medida ou ”comprimento” a conjuntos abstratos,
geralmente usada em espaços métricos ou espaços topológicos. Essa medida é chamada de medida de Lebesgue
em homenagem ao matemático francês Henri Lebesgue, que desenvolveu a teoria da medida no inı́cio do século
XX.
A ideia principal por trás da medida de Lebesgue é estender a noção de comprimento, área ou volume para
conjuntos mais gerais do que aqueles que podem ser descritos por dimensões inteiras ou coordenadas cartesianas.
Ela é particularmente útil em análise matemática, teoria da probabilidade e em muitas outras áreas da matemática.
A construção da medida de Lebesgue envolve vários conceitos abstratos, incluindo álgebra de conjuntos,
conjuntos mensuráveis e integração. A medida de Lebesgue tem propriedades úteis, como a invariância sob
translação e a capacidade de atribuir medidas precisas a conjuntos complicados, como conjuntos fractais.
A medida de Lebesgue é fundamental para a teoria da integração moderna, proporcionando uma abordagem
mais geral e flexı́vel do que a integral de Riemann. Ela permite estender o conceito de integral para funções mais
amplas e uma variedade mais ampla de conjuntos, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da
análise matemática.
A medida de Lebesgue encontra aplicação em várias áreas da matemática, sendo uma ferramenta fundamental
em análise matemática, teoria da probabilidade, teoria da medida e integração. Aqui estão algumas das principais
áreas onde a medida de Lebesgue é aplicada:
Análise Matemática:
Integração Lebesgue: A medida de Lebesgue é utilizada para definir a integral de Lebesgue, uma generalização
mais ampla e flexı́vel da integral de Riemann. Essa abordagem permite a integração de uma ampla classe de funções,
incluindo funções que não são integráveis na abordagem tradicional.
Convergência de sequências de Funções: A medida de Lebesgue é útil ao estudar a convergência de sequências
2
de funções. Ela permite analisar a convergência quase em todos os lugares, o que é uma generalização importante
em relação à convergência pontual.
Teoria da Probabilidade:
Distribuições Contı́nuas: A medida de Lebesgue é utilizada para definir distribuições contı́nuas e para descrever
a probabilidade de eventos em espaços contı́nuos.
Teorema da Convergência de Lebesgue: Esse teorema é usado para justificar a troca de limite e integral em
contextos probabilı́sticos.
Análise Funcional:
Espaços de Funções: A medida de Lebesgue é essencial ao estudar espaços de funções, como espaços Lp , que
são espaços de funções integráveis elevadas a uma potência p
Geometria Fractal:
Medida de Conjuntos Fractais: A medida de Lebesgue é aplicada para medir conjuntos fractais, que são
conjuntos com dimensões não inteiras. Isso é crucial na descrição e análise de objetos fractais.
Equações Diferenciais Parciais:
Teoria da Distribuição: A medida de Lebesgue é utilizada para definir distribuições e distribuições temperadas,
e, também, para lidar com soluções fracas de equações diferenciais parciais e cálculo estocástico.
Esses são apenas alguns exemplos, e a medida de Lebesgue tem aplicações em várias outras áreas da
matemática. Sua flexibilidade e generalidade a tornam uma ferramenta poderosa na análise de conjuntos e funções
em contextos mais amplos do que aqueles abordados pela teoria da medida mais tradicional.
Capı́tulo 2 Ponto de acumulação
e Limites de funções
Marie-HÈlËne Schwartz
viveu de 1913 até 2013 Paris, França
Marie-Hélène Schwartz era filha de Paul Lévy e esposa de Laurent Schwartz. Ela viveu momentos muito
difı́ceis, mas teve uma carreira notável na Universidade de Lille. Ela trabalhou em funções de uma variável
complexa, na teoria de Ahlfors, no teorema de Poincaré-Hopf e, finalmente, em classes caracterı́sticas de variedades
singulares.
Exemplo 2.1
Seja X = R, o conjunto dos números reais. Em R consideremos a relação ≤, ”menos ou igual” ≤ é uma
relação de ordem parcial em R. Na verdade R é um ”corpo” totalmente ordenado e completo, segundo a relação
4
Exemplo 2.2
Seja X um conjunto não vazio. Em X consideremos a relação, R, de inclusão, denotada por ⊂ .
A relação de inclusão é uma relação de ordem parcial em X, e, munido dessa relação de ordem, X não é um
conjunto totalmente ordenado.
Exemplo 2.3
X = [a, b] ⊂ R .
b = sup X e b ∈ X. b é o elemento máximo de X, b = max X.
a = inf X e a ∈ X, a é o elemento mı́nimo de X, a = min X.
Exemplo 2.4
X = (a, b) ⊂ R a = inf X , a ∈
/ X. b = sup X, b ∈
/ X.
De fato: caso contrário x ∈ R seria uma cota superior de N . Daı́, pelo Axioma do Supremo. N tem um
supremo x0 ∈ R. Como x0 − 1 < x0 , existe m ∈ N , tal que x0 − 1 < m < x0 . Assim x0 < 1 + m, o que
contradiz a pretensão de x0 ser o supremo de N ((1 + m) ∈ N ).
√
2 Existe um número real positivo, x, tal que x2 = 2.
Proposição 2.1
Kn −→ −∞ se e somente se xn −→ −∞ .
♠
Demostração
Se Kn −→ −∞, como xn ≤ Kn , segue-se que xn −→ −∞.
Por outro lado, se xn −→ −∞, dado qualquer número K, bastante grande, existe n0 ∈ N , tal que xn < −K,
para n > n0 .
Ora, para n > n0 , temos Kn = supr≥n xr ≤ −K, ou seja Kn −→ −∞.
Lista de Execı́cios Propostos 7
Definição 2.1
Seja (xn )n uma sequencia de números reais, limitada superiormente. Λ = limn→∞ (supr≥n xr ) =
limn→∞ Kn é chamado limite superior de (xn ), e escreve-se limn→∞ xn = Λ ou limn→∞ sup xn = Λ.
Se (xn )n não é limitada superiormente, escreve-se limn→∞ xn = ∞ ou limn→∞ xn = +∞.
Quando (xn )n é limitado inferiormente a k1 , k2 , . . . , são os ı́nfimos das
respectivas sequencias em (1), então k1 ≤ k2 ≤ · · · ≤ kn ≤ kn+1 ≤ · · · e (kn )n tende para um limite
finito ou para +∞.
♣
Definição 2.2
Seja (xn )n uma sequencia de números reais, limitada inferiormente. λ = limn→∞ (inf r≥n xr ) =
limn→∞ kn é chamado o limite inferior de (xn )n , e escreve-se
limn→∞ xn = λ, limn→∞ inf xn = λ.
Se (xn )n não é limitada inferiormente, escreve-se
limn→∞ xn = −∞ ou limn→∞ inf xn = −∞.
♣
Observação
a) limn→∞ inf xn ≤ limn→∞ sup xn e
b) limn→∞ inf(−xn ) = − limn→∞ sup xn
Teorema 2.1
O número Λ é o limite superior da seqüência (xn )n , se e somente se, dado ϵ > 0,
a) xn < Λ + ϵ , para todo n bastante grande
b) xn > Λ − ϵ , para infinitos n .
♡
Demostração
Seja Λ = lim sup xn = lim Kn , Kn = supr≥n xr = sup{xn , xn+1 , . . .}.
Dado ε > 0, existe n ∈ N ; KN < Λ + ε.
Assim xn < Λ + ε, ∀n ≥ N . Isto prova a).
Para provar b), observamos que (Kn )n é decrescente, e daı́ Km ≥ Λ, ∀m.
Por definição de Kp+1 , temos que existe n ≥ p + 1, tal que
xn > Kp+1 − ε ≥ Λ − ε.
Como p é arbitrário e Km ≥ Λ, ∀m, segue-se b).
Reciprocamente, de a) obtemos Kn ≤ Λ + ε, para n ≥ N . Por b) Kn > Λ − ε, ∀n. Então Kn → Λ, ou seja
Λ = lim sup xn .
Corolário 2.1
O número λ é o limite inferior da sequencia (xn ) se e somente se, dado ε > 0,
i) xn > λ − ε, para todo n suficientemente grande
ii) xn < λ + ε, para infinitos n.
♡
Demostração
Usar o teorema acima.
Lista de Execı́cios Propostos 8
Corolário 2.2
A sequencia (xn ) tende para ℓ, com n → ∞, se e so somente se lim inf xn = lim sup xn = ℓ.
♡
Demostração
i) ℓ finito.
Se xn → ℓ, dado ε > 0, existe N tal que ℓ − ε < xn < ℓ + ε para todo n ≥ N .
Temos xn < ℓ + ε, para todo n suficientemente grande. Também, como (Km ) decresce, Km ≥ ℓ ∀m. Assim,
por definição de Kp+1 , existe n ≥ p + 1, tal que xn > Kp+1 ≥ ℓ − ε.
Assim existe infinitos n; xn > ℓ − ε.
Portanto ℓ = lim sup xn .
De modo análogo mostra-se que ℓ = lim inf xn .
A demostração da recı́proca segue dos resultados acima.
ii) ℓ infinito.
xn → ∞ ⇐⇒ lim inf xn = ∞ e lim inf xn = ∞ ⇒ lim sup xn = ∞
xn → −∞ ⇐⇒ lim sup xn = −∞ e lim sup xn = −∞ ⇒ lim inf xn = −∞
Corolário 2.3
a) Λ = lim sup xn , se finito, é o maior número que é limite de uma subseqüência de (xn ).
b) λ = lim inf xn , se finito, é o menor número que é o limite de alguma subseqüência de (xn ).
♡
Demostração
a) Por definição, para todo ϵ > 0, existem infintos n tais que Λ − ε < xn < Λ + ε. Escolhamos n1 ∈ N , tal
que Λ − ε < xn1 < Λ + ε. Em seguida escolhamos n2 ∈ N , n2 > n1 tal que Λ − ε < xn2 < Λ + ε.
Continuando o processo obtemos {xn1 , xn2 , . . . , xnk , . . .} tal que limk→∞ xnk = Λ.
(xn )n não pode ter uma subseqüência convergindo para Λ′ > Λ, pois se ϵ < Λ′ − Λ, existe apenas finitos n;
xn > Λ′ − ϵ.
′
Por exemplo, se ε = Λ 2−Λ , então 2ε = Λ′ − Λ ⇒ Λ + ε = Λ′ − ε.
Existe uma infinidades de ı́ndices n tal que Λ − ε < xn < Λ + ε < Λ′ − ϵ. Assim (Λ′ − ε, Λ′ + ε) não contém
xn , para infinitos n.
Exemplo 2.5
a) xn = (−1)n . lim inf xn = −1 , lim sup xn = 1
2n
b) xn = n+1 . limk→∞ xn = 2 . ( Portanto lim inf xn = 2 e lim sup xn = 2 .
c) xn = n{1 + (−1)n } . lim inf xn = 0 , lim sup xn = ∞.
Exemplo 2.6
Limite superior e inferior de conjuntos.
Seja {En }∞n=1 uma famı́lia enumerável de subconjuntos de um conjunto X .
O limite superior da sequencia {En }n , denotado por limn sup En , é definido por
limn sup En = ∩∞ ∞
k=1 ∪n=k En .
O limite inferior é dado por limn inf En = ∩∞ ∞
k=1 ∪n=k En .
Lista de Execı́cios Propostos 9
Proposição 2.2
Um número real a é limite de uma subseqüência de (xn )n se e somente se, dado ϵ > 0 , existe uma
infinidade de ı́ndices n tais que xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).
♠
Demostração
Seja N ′ = {n1 < n2 < · · · < ni < · · · } ⊂ N tal que a = limn∈N′ xn . Dado ϵ > 0, existe i0 ∈ N , tal que
xni ∈ (a − ϵ, a + ϵ), para todo i > io .
Como existe uma infinidade de ı́ndices i > i0 , segue-se que existe infinitos ni ∈ N , de modo que
xni ∈ (a − ϵ, a + ϵ). Portanto existem infinitos ı́ndices n; xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).
Reciprocamente, suponhamos que, dado ϵ > 0, o conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ)} seja infinito.
Então dado ϵ = 1, o conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − 1, a + 1)} é infinito.
Seja n1 ∈ N , tal que xn1 ∈ (a − 1, a + 1) .
Dado ϵ = 21 , o conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − 12 , a + 12 )} é infinito.
Então existe n2 > n1 , n2 ∈ N , tal que xn2 ∈ (a − 21 , a + 21 ).
Suponhamos, por indução, que n1 < n2 < · · · < ni estão determinadas, de modo que xn1 ∈ (a − 1, a + 1),
xn2 ∈ (a − 12 , a + 12 ),· · · , xni ∈ (a − 1i , a + 1i ).
1 1
O conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − i+1 , a + i+1 )} é infinito. Então podemos determinar ni+1 > ni > · · · >
1 1
n2 > n1 tal que xni+1 ∈ (a − i+1 , a + i+1 ) .
Com isto construı́mos o conjunto N ′ = {n1 < n2 < · · · < ni < · · · } de modo que |xni − a| < 1i , para todo
i ∈ N.
Portanto xni → a, com i → ∞.
Sendo (Kn )n uma sequencia monótona crescente, limitada superiormente, é convergente. Seja a = limn kn =
supn kn = supn inf Xn .
Sendo (Kn ) uma sequencia monótona decrescente, limitada inferiormente, é convergente. Seja b =
limn→∞ Kn = inf n Kn = inf n sup Xn .
Escreve-se: a = limn inf kn , b = limn sup Kn e diz-se que a é o limite inferior de (xn ).
Tem-se: limn inf xn ≤ limn sup xn , podendo ocorrer a desigualdade estrita, conforme a sequencia (xn ),
onde x2n−1=− n1 , x2n=1+ n1 , n = 1, 2, . . .
Para esta sequencia, tem-se (verificar): inf X2n−2 = inf X2n−1 = − n1 ,
sup X2n−1 = inf X2n = 1 + n1 , donde limn inf xn = 0 e lim sup xn = 1. 0 e 1 são valores de aderência de (xn ).
Teorema 2.2
Sejam (xn )n uma sequencia limitada de números reais. Então lim inf xn é o menor valor de aderência
de (xn ) .
♡
Demostração
Temos duas coisas a provar:
i) a = limn inf xn é um valor de aderência de (xn ).
ii) a é o menor valor de aderência de (xn ).
Prova de i)
Sejam dados ϵ > 0 e n0 ∈ N .
Temos a = limn→∞ an . Então existe n1 > n0 , tal que an1 ∈ (a − ϵ, a + ϵ), ou seja a − ϵ < an1 < a + ϵ, n1 > n0 .
Como an1 = inf Xn1 e a + ϵ não é cota inferior de Xn1 , existe n > n1 , tal que an1 ≤ xn < a + ϵ.
Assim, existe n > n1 > n0 , com xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ). Como n0 é arbitrário, existe infinitos ı́ndices n, tais que
xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).
Pela Proposição 16, a é limite de alguma subseqüência de (xn )n ou seja a é um valor de aderência de (xn ).
Prova de ii). Seja c < a. Então c não pode ser valor de aderência de (xn ).
Temos, a = limn an = supn an . Sendo c < a, existe n0 ∈ N , tal que c < an0 ≤ a. Como an0 = inf Xn0 , temos
que c < an0 ≤ xn , para n ≥ n0 .
Seja ϵ = an0 − c. Então c + ϵ = an0 e o intervalo (c − ϵ, c + ϵ) não cotém nenhum termo xn , para n ≥ n0 .
Logo c < a não é valor de aderência de (xn ).
Teorema 2.3
Sejam (xn ) sequencia limitada de números reais. Então b = lim sup xn é o maior valor de aderência de
(xn ) .
♡
Demostração
A demonstração pode ser feita imitando aquela de 2.2.
Proposição 2.3
Um número real c é valor de aderência de f , no ponto a , se e somente se c ∈ f (Vδ ), ∀δ > 0.
♠
Demostração
Seja c um valor de aderência de f , no ponto a. Então existe xn ∈ X − {a}, tal que xn → a e f (xn ) → c.
Dado δ > 0, existe n0 ∈ N , tal que n > n0 ⇒ xn ∈ Vδ .
Claro que limn>n0 f (xn ) = c ou seja c é o limite de uma sequencia de pontos pertencentes a f (Vδ ), isto é
c ∈ f (Vδ ).
Reciprocamente, se c ∈ f (Vδ ), para todo δ > 0, então c ∈ f (V n1 ), para todo n = 1, 2, . . .
Daı́, para cada n ∈ N , existe xn ∈ V n1 , tal que |f (xn ) − c| < n1 .
Assim xn ∈ X − {a}, limn xn = a e limn f (xn ) = c, ou seja c é um valor de aderência de f no ponto a.
Denota-se o conjunto de todos os valores de aderência de f , no ponto a, por V A(f ; a).
De acordo com a Proposição 2.2, tem-se V A(f ; a) = ∩δ>0 f (Vδ ).
Portanto o conjunto dos valores de aderência de f , em a, é fechado. Será compacto se f for limitada numa
vizinhança de a.
Nesse maior V A(f ; a) terá um maior e um menor elemento. Ao maior elemento chama-se limite superior de f , no
ponto a, e denota-se por limx→a sup f (x) = L.
Ao menor elemento chama-se limite inferior de f , no ponto a, e denota-se por limx→a inf f (x) = ℓ.
Capı́tulo 3 Álgebra de Conjuntos e Mensurabilidade
O nome de Sofia está escrito de diferentes formas e devemos falar um pouco sobre isso aqui. Ignorando os
problemas de transliteração do russo, o nome de seu pai era Krukovsky, mas ele fez pedidos ao Departamento
de Heráldica para permitir que fosse considerado membro da nobreza. Isto foi recusado até que ele se aposentou
em 1858 , quando seu pedido foi permitido e ele se tornou Korvin-Krukovsky, o nome Korvin vindo de Matthias
Corvinus, o rei da Hungria. Vasily herdou duas grandes propriedades em 1843 , uma em Palibino e outra em
Moshino. Na época em que herdou essas propriedades, ele se casou com Elizaveta Fedorovna Shubert (1820−1879)
, filha de Fyodor Fyodorovich von Shubert e Sophie von Shubert. Elizaveta havia nascido em 15 de dezembro de
1820 , e era cerca de vinte anos mais nova que o marido. Notemos neste ponto que as fontes diferem quanto ao ano
de nascimento de Vasily Korvin-Krukovsky, com datas variando entre 1800 e 1803. Também é importante notar que
o avô de Elizaveta Shubert era o astrônomo e cartógrafo Theodor Friedrich Schubert (1789 − 1865) , que tem uma
cratera em Mercúrio com o seu nome. Sofia tinha uma irmã mais velha, Anyuta Vasilievna Korvin-Krukovskaya
(1843 − 1887) , e um irmão mais novo, Fyodor Vasilievich Korvin-Krukovsky (1855 − 1919) . Fyodor estudou
na Faculdade de Fı́sica-Matemática da Universidade de São Petersburgo e depois trabalhou em um ministério
governamental. Sofia Kovalevskaya foi uma matemática russa que fez contribuições valiosas para a teoria das
equações diferenciais. Ela terminou sua carreira na Suécia.
Na teoria da medida e na integração, a álgebra de conjuntos é uma parte crucial. Uma álgebra de conjuntos é um
conjunto de subconjuntos de um conjunto dado que é fechado sob operações como união, interseção e complemento.
Na teoria da medida, frequentemente trabalhamos com sigma-álgebras, que são álgebras de conjuntos que são
fechadas sob contagens numeráveis de operações.
Espaço Topológico
Um espaço topológico é um conceito fundamental na topologia matemática. Consiste em um conjunto X
juntamente com uma coleção de subconjuntos de X, chamada de topologia, que satisfaz certas propriedades. A
topologia é definida de modo a capturar noções de proximidade e continuidade.
As propriedades que caracterizam um espaço topológico incluem: A coleção vazia e o próprio conjunto X
fazem parte da topologia.
A interseção finita de conjuntos na topologia está na topologia. A união arbitrária de conjuntos na topologia
está na topologia. Os elementos da topologia são chamados de conjuntos abertos, e seus complementos em relação
a X são chamados de conjuntos fechados.
Exemplos de espaços topológicos incluem espaços métricos, onde a topologia é gerada por uma métrica, e
espaços topológicos mais gerais, como o espaço topológico de Zariski em álgebra.
Em resumo, a álgebra de conjuntos, mensurabilidade e espaços topológicos são conceitos interligados, cada
um desempenhando um papel importante em diferentes ramos da matemática, como análise, teoria da medida e
topologia.
3.2.2 Borelianos
Sejam (X, τ ) um espaço topológico. Existe uma menor σ-álgebra, B, em X, contendo cada um dos elementos
de τ . Cada elemento de B é dito um conjunto de Borel ou um boreliano.
Notemos que B contém todos os abertos do espaço topológico (X, τ ) e, por ser uma σ-álgebra, B contém todos os
fechados de X, a união enumerável de fechados e a interseção enumerável de abertos.
Um conjunto que é a união enumerável de fechados é dito um conjunto Fσ . Um conjunto que é a interseção
enumerável de abertos é dito um Gδ .
(X, B) é um espaço mensurável e os borelianos passam a ser os conjuntos mensuráveis. Se Y é um espaço
topológico e f : X → Y é contı́nua, então f −1 (V ) ∈ B, para todo aberto, V , de Y . Diz-se então que toda função
contı́nua é Borel mensurável ou B-mensurável.
Teorema 3.1
Sejam M uma σ -álgebra em X , Y um espaço topológico e f : X → Y .
♡
Demostração
a) i) Y ∈ Ω, pois X = f −1 (Y ) ∈ M
iii) Se Ai ∈ Ω, i = 1, 2, . . ., então
f −1 (Ai ) ∈ M , ∀i = 1, 2, . . . e ∪∞
i=1 f
−1
(Ai ) ∈ M .
Lista de Execı́cios Propostos 15
Como
∪∞
i=1 f
−1
(Ai ) = f −1 (∪∞
i=1 Ai ),
·Γ é um σ-álgebra
Logo (−∞, αn ] ∈ Γ
d) Seja V ⊂ Z, um aberto. Então V é um boreliano e como g é B -mensurável, segue-se que g −1 (V ) é um
boreliano em Y .
Como h−1 (V ) = f −1 (g −1 (V )) e f é B -mensurável, segue-se que h−1 (V ) ∈ M .
Lema 3.1
Seja (X, M ) um espaço mensurável. Dada f : X → R , são equivalentes:
I)− Para todo α ∈ R , o conjunto Aα = {x ∈ X; f (x) > α} ∈ M
II)− Para todo α ∈ R , o conjunto Bα = {x ∈ X; f (x) ≤ α} ∈ M
III)− Para todo α ∈ R , o conjunto Cα = {x ∈ X; f (x) ≥ α} ∈ M
IV )− Para todo α ∈ R , o conjunto Dα = {x ∈ X; f (x) < α} ∈ M
♡
Demostração
Lembre que M é uma σ-álgebra em X.
I) ⇒ III).
Suponhamos I) verdadeira. Então Aα− n1 ∈ M , para cada n.
Afirmação: Cα = ∩∞ n=1 Aα− n1 .
∞
Logo Cα ⊂ ∩n=1 Aα− n1 .
Por outro lado se x ∈ ∩∞ n=1 Aα− n 1 , então x ∈ A 1 , n = 1, 2, . . ..
α− n
Daı́ f (x) > α − n1 , ∀n = 1, 2, . . ., donde f (x) ≥ α.
Logo ∩∞ n=1 Aα− n1 ⊂ Cα .
III) ⇒ I).
Afirmação: Aα = ∪∞ n=1 Cα+ n1 .
Seja x ∈ Aα . Então f (x) > α, ∀α ∈ R . Daı́ f (x) ≥ α + n1 para algum n ∈ N , e então x ∈ Cα+ n1 . Logo
x ∈ ∪∞ 1 e Aα ⊂ ∪
n=1 Cα+ n
∞
n=1 Cα+ n 1 .
∞
Por outro lado, se x ∈ ∪n=1 Cα+ n , então x ∈ Cα+ n1 , para algum n ∈ N . Daı́ f (x) ≥ α + n1 > α. Logo x ∈ Aα
1
e ∪∞
n=1 Cα+ n 1 ⊂ Aα .
i) cf é mensurável.
Se c = 0, então cf é a função constante, identicamente nula, que é mensurável.
Se c > 0, então {x ∈ X; cf (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > αc } e, como f é mensurável, {x ∈ X; f (x) > α
c} ∈M .
Se c < 0, então {x ∈ X; cf (x) > α} = {x ∈ X; f (x) < αc }.
Como f é mensurável, pelo Lema 3.1-II, {x ∈ X; f (x) < αc } ∈ M .
Logo cf é mensurável, para qualquer c ∈ R.
ii) f 2 é mensurável.
Se α < 0, então {x ∈ X; f 2 (x) > α} = X ∈ M .
√
Se α ≥ 0, então {x ∈ X; f 2 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α}∪
√
∪ {x ∈ X; f (x) < − α}.
Os dois conjuntos à direita do sinal de igual, são mensuráveis.
Logo {x ∈ X; f 2 (x) > α} ∈ M .
Portanto f 2 é mensurável.
iii) f + g é separável.
Notemos que se r é um número racional, então o conjunto
Sr = {x ∈ X; f (x) > r} ∩ {x ∈ X; g(x) > α − r} é mensurável.
Afirmação: {x ∈ X; (f + g)(x) > α} ∪r∈Q Sr .
Se x ∈ ∪r∈Q Sr , então x ∈ Sr , para algum r ∈ Q. Daı́ f (x) > r e g(x) > α − r, donde f (x) + g(x) > α ou seja
(f + g) > α.
Logo x ∈ {x ∈ X; (f + g)(x) > α} e ∪r∈Q Sr ⊂ {x ∈ X; (f + g)(x) > α}.
Por outro lado, se (f + g)(x) > α, então f (x) + g(x) > α e f (x) > α − g(x).
∃ r ∈ Q;
α − g(x) < r < f (x) ou seja f (x) > r, α − g(x) < r, para algum r ∈ Q.
Daı́, f (x) > r, g(x) > α − r, ou seja x ∈ Sr , para algum r ∈ Q, donde x ∈ ∪r∈Q Sr e {x ∈ X; (f + g)(x) > α}
⊂ ∪r∈Q Sr .
Conclusão: {x ∈ X; (f + g)(x) > α} = ∪r∈Q Sr . Portanto f + g é mensurável.
iv) f g é mensurável.
f g = 12 (f + g)2 − 12 (f − g)2
v) | f | é mensurável.
Se α ≤ 0, então {x ∈ X; | f | > α} = X ∈ M
Se α ≥ 0, então {x ∈ X; | f | > α} = {x ∈ X; f (x) > α}∪
{x ∈ X; f < −α} ∈ M.
Portanto |f | é mensurável.
1 1
f+ = (f + | f |), f − = (| f | − f )
2 2
Imediatamente nota-se que f é mensurável se e somente se f + e f − o são.
Definição 3.2
Uma função real estendida, definida em X, ou seja, uma função f : X → [−∞, ∞], é dita mensurável se,
para cada α ∈ R, o conjunto {x ∈ X; f (x) > α} está na σ-álgebra definida em X.
♣
Denota-se por M (X, M ) a coleção de todas as funções reais estendidas, definidas em X, mensuráveis segundo
a σ-álgebra M ( M -mensuráveis)
· Se f ∈ M (X, M ), então
{x ∈ X; f (x) = ∞} = ∩∞
n=1 {x ∈ X; f (x) > n}
e
{x ∈ X; f (x) = −∞} = C[∪∞
n=1 {x ∈ X; f (x) > −n}].
Lema 3.2
Sejam A = {x ∈ X; f (x) = +∞} , B = {x ∈ X; f (x) = −∞} . Uma função f : X → [−∞, ∞] é
( se e somente se A e B são mensuráveis e a função real
mensurável
f (x), se x ∈
/ A∪B
f1 (x) = é mensurável.
0, se x ∈ A ∪ B
♡
Demostração
Suponha f : X → [−∞, ∞], mensurável . Pelo Teorema 3.10, tem-se que A e B são mensuráveis.
Seja α ∈ R.
Se α ≥ 0, então {x ∈ X; f1 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α} − A, é mensurável.
Se α < 0, então {x ∈ X; f1 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α} ∪ B é mensurável.
Logo f1 é mensurável.
Observação
{x ∈ X; f1 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α} − A , se α ≥ 0 .
Se x ∈ X é tal que f1 (x) > α, como f1 (x) ∈ R , x não deve pertencer a A .
Agora, como α ≥ 0 , x também não pertence a B . Logo f1 (x) = f (x) e f (x) > α .
Assim {x ∈ X; f1 (x) > α} ⊂ {x ∈ X; f1 (x) > α} − A .
/ A, e α ≥ 0 , então x ∈
Se x ∈ / B e daı́ f (x) = f1 (x) .
Logo {x ∈ X; f1 (x) > α} − A ⊂ {x ∈ X; f1 (x) > α}.
Reciprocamente, se A e B são conjuntos mensuráveis e f1 é mensurável então, para α ≥ 0, tem-se
{x ∈ X; f (x) > α} = {x ∈ X; f1 (x) > α} ∪ A , que é mensurável, e para α < 0 ,
{x ∈ X; f (x) > α} = {x ∈ X; f1 (x) > α} − B , que é mensurável.
Logo f é mensurável.
Lista de Execı́cios Propostos 18
Lema 3.3
Sejam, (fn )n uma sequencia em M (X, M) , f (x) = inf fn (x) , F (x) = sup fn (x) , f ∗ (x) = lim fn (x)
, F ∗ (x) = lim sup fn (x) . Então f, f ∗ , F, F ∗ ∈ M (X, M) .
♡
Demostração
i) f ∈ M (X, M).
f (x) = inf fn (x) , x ∈ X. Então fn (x) ≥ f (x) , ∀n = 1, 2, . . . ,
Afirmação: {x ∈ X; f (x) ≥ α} = ∩∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α}.
De fato: seja x ∈ X; f (x) ≥ α. Então fn (x) ≥ α, ∀n. Assim
x ∈ {x ∈ X; fn (x) ≥ α, ∀n = 1, 2, . . .} ou seja x ∈ ∩∞n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α} e
∞
{x ∈ X; f (x) ≥ α} ⊂ ∩n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α}.
Inversamente se x ∈ ∩∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α}, então fn (x) ≥ α, ∀n.
Daı́, f (x) = inf n fn (x) ≥ α e x ∈ {x ∈ X; f (x) ≥ α} ou seja
∩∞n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α} ⊂ {x ∈ X; f (x) ≥ α}.
Conclusão: {x ∈ X; f (x) ≥ α} = ∩∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α} e f = inf fn é mensurável.
ii) F ∈ M (X, M) .
Basta ver que {x ∈ X; f (x) > α} = ∪∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) > α}
· f ∗ , F ∗ ∈ M (X, M)
f ∗ (x) = supn≥1 {inf m≥n fm (x)}
F ∗ (x) = inf n≥1 {supm≥n fm (x)}, e use i) e ii).
3.14 Se (fn )n é uma sequencia, em M (X, M), que converge a f , então f ∈ M (X, M).
Veja que se f (x) = limn→∞ fn (x), x ∈ X, então f (x) = lim fn (x) (= limn sup fn (x)).
Tem-se: f (x) gm (x) = limn→∞ fn (x)gm (x). Como fn e gm são mensuráveis segue-se que f é mensurável e
então f gm é mensurável.
Por fim f (x) g (x) = limn→∞ f (x) gm (x) é mensurável.
Teorema 3.2
Seja (X, M) um espaço mensurável. Se f : X → [0, ∞] é mensurável existe uma sequencia {φn } de
funções simples tais que 0 ≤ φ1 ≤ φ2 ≤ · · · ≤ f , (φn )n converge pontualmente a f , e uniformemente
em qualquer conjunto onde f seja limitada.
♡
Demostração
Sejam n ∈ N e 0 ≤ k ≤ 22n − 1.
Defina
Enk = f −1 ( k2−n , (k + 1) 2−n ] , Fn = f −1 ((2n , ∞])
e
2n−1
2X
φn = k2−n χEnk + 2n χFn .
0
Tem-se:
φn ≤ φn+1 , ∀n
Lema 3.4
Seja µ uma medida definida sobre uma σ -álgebra M . Suponha E, F ∈ M com E ⊆ F . Então
µ (E) ≤ µ (F ) e se µ (E) < ∞ , tem-se µ (F \E) = µ (F ) − µ (E).
♡
Demostração
Lema 3.5
Seja µ uma medida definida sobre uma σ -álgebra M . Se (En )n é uma sequencia crescente em M ,
então µ (∪∞
n=1 En ) = limn→∞ µ (En ) (∗)
♡
Demostração
Se µ (En ) = ∞, para algum n, então como (En )n é crescente, tem-se limm→∞ µ (Em ) = ∞.
Também, como ∪∞ ∞
n=1 En ⊇ En , segue-se que µ(∪n=1 En ) = ∞ e a igualdade (∗) se verifica.
Suponhamos µ(En ) < ∞, ∀n.
Seja A1 = E1 , A2 = E2 \E1 , . . . , An = En \En−1 , . . . . Então (An )n é uma sequencia disjunta, em M , e,
En = ∪∞ ∞ ∞
j=1 Aj , ∪n=1 En = ∪n=1 An .
Sendo µ uma medida, tem-se
P∞ Pm
µ (∪∞ ∞
n=1 En ) = µ (∪n=1 An ) = n=1 µ (An ) = limn→∞ n=1 µ (An ).
Como µ (An ) = µ (En ) − µ (En−1 ), n > 1, obtemos
P∞
n=1 µ (An ) = µ (Em ), donde
µ (∪∞n=1 En ) = limm→∞ µ (Em ).
Lema 3.6
Se µ é medida definida sobre uma σ -álgebra M e (Fn )n é uma sequencia decrescente, em M , com
µ (F1 ) < ∞, então µ (∩∞n=1 Fn ) = lim µ (Fn ) .
♡
Demostração
3.3.3 Terminologia
Diz-se que uma proposição é verdadeira µ-quase sempre ( µ-q.s. ou µ-a.e. ) se existe um subconjunto N ∈ M
com µ(N ) = 0, fora do qual a proposição é verdadeira.
Por exemplo, duas funções, f e g, são iguais quase sempre, se existe um conjunto N ∈ M , com µ(N ) = 0, tal que
f (x) = g (x) , ∀x ∈
/ N.
Escreve-se f = g, µ-q.s.
Uma sequencia, (fn ), de funções definidas, em X, converge µ-quase sempre para f , se existe um conjunto N ∈ M ,
tal que µ(N ) = 0 e fn (x) → f (x), ∀x ∈ / N.
Escreve-se limn→∞ fn (x) = f (x), µ-q.s.
Em geral, subentendida qual medida é usada, diz-se apenas, f = g, q.s. ; fn (x) → f (x), q.s. , etc.
Exercı́cio 3.1
· Sejam X um conjunto
( não-vazio e M a σ -álgebra. Seja p um elemento fixado em X e defina
1, se p ∈ E
µ : M → R , µ (E) =
0, se p ∈/E
µ é uma medida finita, dita medida unitária concentrada em p .
· Seja X = N = {1, 2, 3, . . .} e M a σ -álgebra de todos os subconjuntos de N . Para E ∈ M , defina-se
µ (E) = número de elementos em E , se E é finito, e µ (E) = +∞ se E é um conjunto infinito.
µ é uma medida σ -finita, sobre N , dita medida contagem.
· Sejam X = R e M = B a σ -álgebra de Borel de R . Existe uma medida, λ , definida em B , que coincide
a noção de comprimento de intervalos aberto. Tal medida é chamada medida Borel ou λ é uma medida σ-finita.
Lista de Execı́cios Propostos 22
i) Em Análise, usa-se a expressão: espaço de medida, com medida total 1 e a notação (X, M, µ) . Em
Probabilidade, espaço amostral ou espaço de probabilidade, com notação (Ω, B, P ).
Hanna Neumann
viveu de 1914 até 1971
Hanna Neumann trabalhou em teoria de grupos. Sua tese examinou produtos gratuitos com amálgama. Mais
tarde, ela trabalhou com variedades de grupos e seu livro Varieties of Groups (1967) é um clássico.
A Integral de Lebesgue é um conceito fundamental na teoria da medida e na análise matemática. Ela é uma
generalização da integral de Riemann, permitindo a integração de uma classe mais ampla de funções.A integral de
Lebesgue foi desenvolvida por Henri Lebesgue no inı́cio do século XX como parte de sua teoria da medida.
A ideia principal por trás da integral de Lebesgue é considerar a medida dos conjuntos em que uma função
toma valores especı́ficos, em vez de focar nas variações da função em intervalos. A integral de Lebesgue é definida
para funções mensuráveis em relação a uma medida de Lebesgue em um espaço de medida.A definição da integral
de Lebesgue envolve os seguintes passos:
Função Mensurável: A função a ser integrada deve ser mensurável em relação à sigma-álgebra associada à
medida de Lebesgue.
Partição do Domı́nio: O domı́nio da função é dividido em conjuntos mensuráveis.
Soma Ponderada: Em cada conjunto mensurável, a função é avaliada e multiplicada pela medida desse
conjunto.
Limite: Tomando o limite dessas somas ponderadas à medida que a granularidade da partição se aproxima de
zero, obtemos a integral de Lebesgue.
A integral de Lebesgue tem várias propriedades importantes, incluindo a capacidade de lidar com funções
que não são limitadas ou contı́nuas em um conjunto mensurável. Além disso, ela preserva propriedades como a
convergência quase em todos os lugares, que é uma generalização da convergência pontual.
A notação comum para a integral de Lebesgue de uma função f em relação à medida de Lebesgue é dada por:
Z
f dµ
X
onde X é o conjunto de integração e µ é a medida de Lebesgue. A integral de Lebesgue é um conceito-chave na
análise funcional, teoria da probabilidade, equações diferenciais parciais e outras áreas da matemática.
Lista de Execı́cios Propostos 24
4.1 A Integral
Notação
(X, M , µ), é um espaço de medida, fixada em todo este capı́tulo.
M + = M + (X, M ) é a coleção de todas as funções, não-negativas, mensuráveis, definidas em X a valores em
R = [−∞, ∞].
M = M (X, M ), denota a coleção de todas as funções mensuráveis, definidas em X, a valores reais estendidas.
Adotamos a convenção 0. (+∞) = 0, para que a integral da função nula seja sempre zero, quer o espaço tenha
medida finita ou não.
4.1.2 Propriedades
Propiedade Se φ é uma função simples em M + (X, M ) e c ≥ 0 então
Z Z
cφdµ = c φdµ.
Demostração
Se c = 0, então Z Z
cφ ≡ 0 e cφdµ = 0 = 0 φdµ.
Assim,
Z n
X n
X Z
cφdµ = caj µ (Ej ) = c aj µ (Ej ) = c φdµ.
j=1 j=1
Lista de Execı́cios Propostos 25
Demostração
Suponhamos
n
X n
X
φ= aj χEj , ψ = bk χ F k ,
j=1 k=1
Como os valores aj + bk podem não ser distintos, esta não é a representação padrão de φ + ψ.
Sejam, Ch , h = 1, 2, . . . , p, os números distintos na coleção
{aj + bk , j = 1, . . . , n, k = 1, . . . , m} ,
Propiedade Se φ é uma função simples em M + (X, M ) e λ : M → R λ (E) = φχE dµ, então λ é uma medida
R
sobre M .
Demostração
Pn
Suponhamos φ = j=1 aj Ej , representação padrão de φ. Então
(Ej )j=1,...,n é uma coleção finita de conjuntos mensuráveis, disjuntos, e X = ∪nj=1 Ej .
R Pn R Pn
Temos, λ (E) = φχE dµ = j=1 aj χE∩Ej dµ = j=1 aj µ (E ∩ Ej )
Como combinação linear não-negativa de medidas é novamente uma medida, segue-se que λ é uma medida.
Demostração
Para qualquer função simples, φ, em M + (X, M), com 0 ≤ φ ≤ f , tem-se, evidentemente, 0 ≤ φ ≤ g.
Propiedade Sejam f ∈ M + (X, M) e E, F conjuntos mensuráveis. Se E ⊆ F , então
Z Z
f dµ ≤ f dµ.
E F
Demostração
Basta notar que
f χE ≤ f χF
Daı́, Z Z
lim fn dµ ≤ f dµ (1)
n
. Então:
i) An
é mensurável.
ii) An ⊆ An+1
iii) X = ∪∞
n=1 An
Tem-se Z Z Z
αφ (x) dµ ≤ fn (x)dµ ≤ fn dµ
An An
Daı́ Z Z
α φdµ ≤ lim fn dµ
Z Z
sup α φdµ ≤ lim fn dµ
0<α<1
Z Z
φdµ ≤ lim fn dµ
Z Z
sup φdµ ≤ lim fn dµ
0≤φ≤f
Z Z
φdµ ≤ lim fn dµ (2)
Corolário 4.1
Se f ∈ M + e c ≥ 0, então Z Z
cf ∈ M + e cf dµ = c f dµ.
♡
Demostração
Se c = 0, ok!
Se c > 0, seja (φn )n uma seqüência monótona crescente de funções simples em M + , convergindo para f , em X.
A sequencia (cφn )n está em M + , é monótona crescente e converge para cf , em X.
Pelo T.C.M. tem-se
Z Z Z Z
cf dµ = lim cφn dµ = c lim φn dµ = c f dµ.
n n
Corolário 4.2
Se f, g ∈ M + , então f + g ∈ M + e
Z Z Z
(f + g) dµ = f dµ + gdµ.
♡
Demostração
Sejam (φn )n e (ψn )n sequencias monótonas crescentes de funções simples, convergindo, em X, para f e g,
respectivamente.
Então (φn +ψn )n é uma seqüência monótona crescente, convergindo a f + g.
Daı́,
Z Z
(f + g) dµ = lim (φn + ψn )dµ
n
Z Z
= lim φn dµ + lim ψn dµ
n n
Z Z
= f dµ + gdµ.
Lema 4.1
Seja (fn ) uma sequencia em M + (X, M) . Então,
R R
limn inf fn dµ ≤ limn inf fn dµ .
♡
Demostração
Seja gm = inf {fm , fm+1 , . . .}. Então gm ≤ fn , quando m ≤ n, e assim
Z Z
gm dµ ≤ fn dµ, m ≤ n
donde,
R R
gm dµ ≤ lim inf fn dµ.
Note que (gm )m é crescente e gm −→ lim inf fn .
Pelo T.C.M., segue-se que
Lista de Execı́cios Propostos 29
Z Z Z Z
lim inf fn dµ = lim gm dµ ≤ lim inf fn dµ
m
Corolário 4.3
Se f ∈ M + e se λ : M → R, λ (E) =
R
E
f dµ, então λ é uma medida.
♡
Demostração
i) λ(E) ≥ 0, ∀E ∈ M .
R R
Isto segue do fato de que f ≥ 0, pois E f dµ ≥ E 0dµ = 0.
R
ii) Se E = ϕ, então f χE ≡ 0. Daı́ λ(ϕ) = ϕ f χE dµ = 0.
iii) Seja (En )n uma sequencia disjunta de conjuntos em M cuja união seja E ∈ M .
Pn
Defina fn = k=1 f χEk .
Tem-se,
Z n Z
X n Z
X n
X
fn dµ = f χEk dµ = f dµ = λ (Ek ) .
k=1 k=1 Ek k=1
Corolário 4.4
Seja f ∈ M + . Então f (x) = 0 q.s. (X) ⇔
R
f dµ = 0.
♡
Demostração
⇐) Suponhamos que f dµ = 0 e seja En = x ∈ X; f (x) > n1 .
R
Donde µ (En ) = 0.
Como {x ∈ X; f > 0} = ∪∞ n=1 En , segue-se que µ{x ∈ X; f > 0} = 0.
Logo f = 0 q.s. (X).
⇒) f = 0 q.s.(X).
Seja E = {x ∈ X; f (x) > 0}. Então µ (E) = 0.
Seja fn = nχE
Tem-se f ≤ lim inf fn e pelo T.C.M.,
R R R R
0 ≤ f dµ ≤ lim inf fn ≤ lim inf f dµ = lim inf nχE dµ
≤ lim inf nµ (E) = 0.
R
Logo f dµ = 0.
Corolário 4.5
Seja (fn ) uma sequencia monótona crescente de funções em M + (X, M ) convergindo quase sempre, em
X, para f ∈ M + .
R R
Então f dµ = lim fn dµ.
♡
Demostração
Seja N ∈ M , tal que µ (N ) = 0 e fn → f , em M = X\N .
A sequencia (fn χM )n converge para f χM , em X pelo T.C.M. temos
R R
f χM dµ = lim fn χM dµ
Lista de Exercı́cios 30
tem-se
Z Z Z Z
f dµ = f χM dµ = lim fn χM dµ = lim fn dµ.
Corolário 4.6
Seja (gn )n uma sequencia em M + . Então,
R P∞ P∞ R
( n=1 gn ) dµ = n=1 gn dµ.
♡
Demostração
P∞
Seja fn = g1 + · · · + gn . (fn )n é uma sequencia monótona crescente, convergindo para n=1 gn .
Pelo T.C.M,
R P∞ R R Pn
( n=1 gn ) dµ = limn fn dµ = limn→∞ ( k=1 gk ) dµ =
Pn R P∞ R
= limn→∞ k=1 gk dµ = k=1 gk dµ.
K Lista de Exercı́cios k
1. Prove que a soma, o produto por escalar, e o produto de funções é novamente uma função simples.
2. Sejam X = N , M a σ-álgebra de todos os subconjuntos de N e µ a medida contante sobre M . Se f é uma
função não negativa, definida em N , Prove que f ∈ M + (X, M ) e que
R P∞
fn dµ = n=1 f (n).
3. Sejam X = R , M = B e µ a medida de lebesgue. Use a sequencia fn = n1 χ[n,∞) para mostrar que o
T.C.M não vale para sequencia decrescente.
4. Seja fn = n1 χ[0,n] . Mostre que fn → f = 0 uniformemente, mas f dµ ̸= lim fn dµ.
R R
5. Seja h ∈ M + (X, M) e suponha que hdµ < ∞. Se (fn )n é uma seqüência em M (X, M) e se −h ≤ fn ,
R
R R
então (lim inf fn ) dµ ≤ limn inf fn dµ.
6. Seja f ∈ M + (X, M), com f dµ < ∞. Prove que o conjunto {x ∈ X; f (x) = +∞} tem medida zero.
R
Observação
Se f = f1 − f2 , onde f1 e f2 são funções mensuráveis não negativas, com integrais finitas, então
R R R
f dµ = f1 dµ − f2 dµ .
Lista de Exercı́cios 31
donde ,
f dµ = f + dµ− f − dµ = f1 dµ− f2 dµ.
R R R R R
4.2.1 Carga
Seja (X, M) um espaço mensurável. Uma carga é uma função λ : M → R, satisfazendo:
P∞
λ (ϕ) = 0 e λ (∪∞n=1 En ) = n=1 λ (En ), (En )n sequencia disjunta em M .
R
Seja f ∈ L. A função λ : M → R, dada por λ (E) = E f dµ é uma carga.
De fato: As funções λ+ (E) = E f + dµ e λ− (E) = E f − dµ, E ∈ M , são medidas sobre M .
R R
R + R −
Como f ∈ L, tem-se que E f dµ < ∞ e E f dµ < ∞.
Assim λ = λ+ − λ− é uma carga.
Teorema 4.2
R R
Uma função mensurável f pertence a L se e somente se |f | ∈ L . Neste caso, f dµ ≤ |f | dµ .
♡
Demostração
De fato:
⇒) Suponha f ∈ L. Então f + e f − pertencem a M + e tem integrais finitas.
+ −
Também |f | = |f | − |f | = f + + f − implica |f | ∈ L.
+ − + −
Por outro lado, se |f | ∈ L, então |f | = |f | + |f | , com |f | ∈ M + , |f | ∈ M + , e |f |+ dµ < ∞,
R
|f |− dµ < ∞.
R
+ −
Mas |f | = |f | = f + + f − e |f | = 0. Logo f + dµ e f − dµ < ∞, donde f dµ < ∞ e f ∈ L.
R R R
Por fim,
| f dµ| = | f + dµ − f − dµ| ≤ f + dµ + f − dµ = |f |dµ.
R R R R R R
Corolário 4.7
R R
Suponha f mensurável, g integrável e |f | ≤ |g|. Então f é integrável e |f |dµ ≤ |g|dµ.
♡
Demostração
Sendo f mensurável, |f | também é mensurável e, como g é integrável, g é mensurável e |g| é mensurável.
Assim |f | , |g| ∈ M + (X, M) com |f | ≤ |g|. Então |f |dµ ≤ |g|dµ.
R R
R R
Donde |f | é integrável, |f |dµ ≤ |g|dµ, e pelo Teorema 4.2 é integrável.
Observação
Quando se trata de integral de Riemann o resultado
( dado pelo Teorema 4.2 não é verdadeiro.
1, se x ∈ Q∩ [0, 1]
Considere a função f : [0, 1] → R , f (x) =
−1, se x ∈ Qc ∩ [0, 1]
Caso α < 0.
+ −
Neste caso, (−αf ) = −αf + , (−αf ) = −αf − .
é bastante ver que (−f ) dµ = − f dµ e para isto veja que (−f )+ = f − e (−f )− = f + .
R R
ii) f, g ∈ L ⇔ |f | , |g| ∈ L.
Como |f + g| ≤ |f | + |g|, tem-se que |f + g| e |f | + |g| ∈ M + (X, M).
Isto, mais o fato |f + g| ≤ |f | + |g|, novamente, acarreta
R R R
|f + g| dµ ≤ |f | dµ + |g| dµ.
Então |f + g| ∈ L, donde f + g ∈ L.
Além disso,
f + g = (f + + g + ) − (f − + g − )
acarreta
Z Z Z
(f + g)dµ = (f + g )dµ − (f − + g − )dµ =
+ +
Z Z Z Z
= f + dµ + g + dµ − f − dµ + g − dµ =
Z Z Z Z
= f dµ − f dµ + g dµ − g − dµ =
+ − +
Z Z
= f dµ + gdµ.
Demostração
0
1 Passo:
Redefinir as funções fn e f para que a convergência ocorra em X, isto é fn (x) → f (x), quando n → ∞, para
todo x ∈ X.
Então, como |f | ≤ g, segue-se que f é integrável.
0
2 Passo:
De |fn | ≤ g, ∀n, obtemos −g ≤ fn ≤ g e g + fn ≥ 0, ∀n.
Aplicando o Lema de Fatou, temos
R R R R
(f + g)dµ ≤ limn inf (g + fn )dµ = lim inf gdµ + fn dµ
R R
≤ gdµ + lim inf fn dµ
R R
∴ f dµ ≤ lim inf fn dµ (I)
Z Z Z Z
(g − f )dµ ≤ lim inf (g − fn )dµ = gdµ + lim inf (−fn ) dµ
Z Z
≤ gdµ + lim inf − f dµ
Z Z
≤ gdµ − lim sup fn dµ
∴ Z Z
− f dµ ≤ − lim sup fn dµ
Z Z
f dµ ≥ lim sup fn dµ (II)
n
Logo
Z Z Z
f dµ = lim sup fn dµ = lim inf fn dµ
n n
Z
= lim fn dµ.
n
Suponha que:
− f (x, t0 ) = limt→t0 f (x, t), para algum t0 ∈ [a, b], para cada x ∈ X.
− existe g : X → R, integrável, tal que
|f (x, t)| ≤ g (x) , ∀x ∈ X, ∀t ∈ [a, b] .
Então,
Z Z
f (x, t0 )dµ (x) = lim f (x, t)dµ (x) .
t→t0
Tem-se:
a) (fn )n é uma sequencia de funções integráveis, pois
Lista de Exercı́cios 34
b)
fn (x) → f (x, t0 ) , ∀x ∈ X.
Suponha que
f : X × [a, b] → R é tal que
· x ∈ X 7→ f (x, t) ∈ R, é mensurável, para cada t ∈ [a, b].
· t ∈ [a, b] 7→ f (x, t) ∈ R, é contı́nua, para cada x ∈ X.
· existe g, integrável em X, tal que
|f (x, t)| ≤ g (x) , ∀x ∈ X.
R
Então F (t) = f (x, t) dµ (x) é contı́nua em [a, b].
Demostração
Mostremos que F é contı́nua em t0 ∈ [a, b].
Sendo t ∈ [a, b] 7→ f (x, t) ∈ R, contı́nua, se (tn )n é uma sequencia em [a, b], tal que tn → t0 , então
f (x, tn ) → f (x, t0 ).
Assim
f (x, tn ) → f (x, t0 ) , n → ∞,
|f (x, tn )| ≤ g (x) , ∀x ∈ X
TCDL ⇒
Z Z
f (x, t0 ) dµ (x) = lim f (x, tn ) dµ (x) ,
n→∞
ou seja
Suponha que
f : X × [a, b] → R é tal que
· x ∈ X 7→ f (x, t) ∈ R é mensurável, para cada t ∈ [a, b]
· x ∈ X 7→ f (x, t0 ) ∈ R é integrável em X
· ∂f
∂t (x, t) existe em X × [a, b]
Lista de Exercı́cios 35
∂f
f (x, t) − f (x, t0 ) = (t − t0 ) (x, s1 ) ,
∂t
s1 entre t0 e t.
Daı́,
∂f
|f (x, t)| ≤ |f (x, t0 )| + |t − t0 | (x, s1 )
∂t
≤ |f (x, t0 )| + |t − t0 | g (x)
f (x, tn ) − f (x, t) ∂f
−→ (x, t)
tn − t ∂t
f (x, tn ) − f (x, t)
≤ g (x) , ∀x ∈ X
tn − t
f (x, tn ) − f (x, t)
Z Z
∂f
(x, t) dµ (x) = lim dµ (x)
∂t n tn − t
Z
d
= f (x, t) dµ (x)
dt
Observe que Z
F (t) = f (x, t) dµ (x) ,
Ra
estudada em 6.8.2 é contı́nua em [a, b]. Então podemos calcular sua integral de Riemann, isto é b
F (t) dt.
Temos; Z a Z Z a
F (t) dt = f (x, t) dµ (x) dt
b b
Lista de Exercı́cios 36
Consideremos a função Z a
h : X × [a, b] → R, h (x, t) = f (x, s) ds.
b
∂h
(x, t) = f (x, t) .
∂t
Como Z t
f (x, s) ds
a
é o limite de uma sequencia de somas de Riemann. Logo x 7→ h (x, t) é mensurável para cada t.
Também,
Sergei Sobolev foi um matemático russo que trabalhou com análise matemática e equações diferenciais
parciais.
O pai de Sergei Lvovich Sobolev, Lev Aleksandrovich Sobolev, foi um importante advogado e advogado.
Sua mãe, Nataliya Georgievna, desempenhou um papel importante na educação de Sobolev, principalmente após
a morte do pai de Sobolev, quando Sobolev tinha 14 anos. Ele estudou na Escola Técnica dos Trabalhadores de
Kharkov (Kharkov/Kharkiv), preparando-se para ingressar no ensino médio, o que fez em 1922 , na época da morte
de seu pai.
A escola secundária em que ele ingressou era na época chamada de 190a Escola de Leningrado, embora
anteriormente tivesse sido chamada de Escola Secundária Lentovskii. Em [ 5 ] ( ver também [ 4 ] ) é explicado que
esta escola: -Depois de terminar o ensino médio em 1925 , Sobolev ingressou na Faculdade de Fı́sica e Matemática
da Universidade Estadual de Leningrado, onde seus talentos foram rapidamente descobertos por Smirnov , que
havia retornado a Leningrado três anos antes. Sobolev interessou-se por equações diferenciais , tema que dominaria
suas pesquisas ao longo de sua vida, e mesmo nesta fase de sua carreira produziu novos resultados que publicou.
5.1 Espaços Lp
Os espaços Lp são espaços de funções associados a uma medida de Lebesgue µ, onde p é um número real
positivo. Esses espaços são fundamentais na teoria da integração e na análise funcional. A definição dos espaços
Lp envolve a noção de integração de Lebesgue e a mensurabilidade de funções em relação à medida de Lebesgue.
Aqui está a definição geral dos espaços L. Funções Mensuráveis:
Considere um espaço de medida (X, Σ, µ) ,onde X é um conjunto, Σ é uma sigma-álgebra de conjuntos
mensuráveis, e µ é a medida de Lebesgue.
Funções Lp para p ≥ 1, uma função f : X −→ R é dita ser uma função de Lp se a integral de Lebesgue da
função elevada à potência p é finita Z
p
|f | dµ < +∞
X
Lista de Exercı́cios 38
Isso significa que a função é ”integrável” em relação à medida de Lebesgue elevada à potência p.
Os espaços Lp são importantes em análise funcional e em várias disciplinas, incluindo teoria da probabilidade,
equações diferenciais parciais, e processamento de sinais, entre outras. Diferentes valores de
p levam a diferentes propriedades e comportamentos desses espaços. O caso especial L2 é especialmente
significativo e frequentemente usado em contextos como o espaço de Hilbert.
5.1.3 Exemplos
Exemplo 5.1
Seja V = R, o espaço vetorial dos números reais. A função ∥·∥ : R → R, ∥x∥ =: |x| (valor absoluto de x) é uma
norma sobre R. (Verifique).
Portanto o conjunto dos números reais é um espaço vetorial normado.
Exemplo 5.2
Seja V = Rn = {u = (u1 , u2 , . . . , un ) ; ui ∈ R , i = 1, . . . , n}. A função
∥·∥1 : Rn → R , ∥u∥1 =: |u1 | + |u2 | + · · · + |un |, é uma norma sobre Rn .
Provamos que ∥u∥1 = 0 ⇒ u = 0. O restante fica como exercı́cio simples.
∥u∥1 = 0 ⇒ |u1 | + |u2 | + · · · + |un | = 0.
Pn
Temos, 0 ≤ |uj | ≤ i=1 |ui | = 0, para j = 1, . . . , n.
Logo |uj | = 0, j = 1, . . . , n, ou seja u1 = 0, . . . , un = 0 e u = (0, 0, . . . , 0).
Exemplo 5.4
Pn
Seja V = ℓ1 = {u = (un )n ; i=1 |un | < ∞}
Pn
∥·∥1 : ℓ1 → R , ∥u∥1 =: i=1 |un |, é uma norma sobre ℓ1 .
Exemplo 5.5
Pn p
Seja V = ℓp = {u = (un )n ; i=1 |un | < ∞} , 1 ≤ p < ∞.
Pn p 1
∥·∥p : ℓp → R , ∥u∥p = { i=1 |un | } p , é uma norma sobre ℓp .
Exemplo 5.6
Seja V = B (X) = {f : X→ R , f é limitada}
A função ∥·∥ : B (X) → R , ∥f ∥ =: supx∈X |f (x)| é uma norma sobre B (X).
i) ∥f ∥ ≥ 0, ∀f ∈ B (X) .
Como |f (x)| ≥ 0, ∀x ∈ X, tem-se supx∈X |f (x)| ≥ 0, ou seja ∥f ∥ ≥ 0.
Exemplo 5.7
Seja X um espaço métrico compacto. Por C (X) denota-se o espaço C (X) = {f : X → R ; f é contı́nua} .
A função ∥f ∥ = maxx∈X |f (x)| é uma norma sobre C (X), e C (X) pode ser visto como um subespaço normado
de B (X).
Exemplo 5.8
Seja V = Rn e defina f : Rn → R , pondo f (u) = |u2 | + · · · + |un | , u = (u1 , u2 , . . . , un ) f é uma
seminorma sobre Rn .
Lema 5.1
· L (X, M, µ) = L (X) é um espaço vetorial.
R
· Nµ : L (X) → R , Nµ (f ) = |f | dµ, é uma seminorma sobre L (X).
Nµ (f ) = 0 ⇔ f = 0, q.s(X) .
♡
Demostração
Organize os resultados estudados anteriormente.
Lista de Exercı́cios 40
Definição 5.1
Sejam f e g funções de L (X, M, µ) = L. Diz-se que f e g são µ-equivalentes se f = g µ-quase sempre.
O conjunto de todas as funções g ∈ L que são µ-equivalentes a f ∈ L, é denotado por [f ] e dito classe de
equivalência de f .
[f ] = {g ∈ L; g = f q.s. (µ)} .
♣
Definição 5.2
Seja 1 ≤ p < ∞. Por L (X, M, µ) = Lp (X) = Lp , entende-se o conjunto de todas as (classes de
p
equivalências de) funções f : X → R , que são M -mensuráveis, tais que |f | tem integral finita, em
relação a medida µ.
p
Lp (X) = f : X→ R ; f é mensurável e |f | dµ < ∞
R
Donde
Z
|f (x) g (x)| dµ ≤ ∥f ∥p ∥g∥q
Portanto,
|f g|1 ≤ ∥f ∥p ∥g∥q
Observação
1 1
Números reais estendidos, p, q, tais que p ≥ 1, q ≥ 1 e p + q = 1 , são ditos conjugados.
O conjugado de p = 2 é q = 2.
Demostração
O resultado já foi provado para p = 1. Caso p > 1 :
A desigualdade
p p
|f (x) + g (x)| ≤ {2 sup [|f (x)| , |g (x)|]}
p p
≤ 2p [|f (x)| + |g (x)| ]
mostre que f + g ∈ Lp , se f, g ∈ Lp .
Agora,
Mas
Z q1 Z q1
(p−1)q p
|| |f + g|p−1 ||q = |f + g| dµ = |f + g| dµ
Z p1 . pq
p
p
= |f + g| dµ = ∥f + g∥pq
Daı́,
Z
p
p−1
|f | |f + g| dµ ≤ ∥f ∥p ∥f + g∥pq . (α)
De modo análogo,
Z
p
p−1
|g| |f + g| dµ ≤ ∥g∥p ∥f + g∥pq .
Segue-se que,
Z Z Z
p p−1 p−1
|f + g| dµ≤ |f | |f + g| dµ+ |g| |f + g| dµ
p p
≤ ∥f ∥p ∥f + g∥pq + ∥g∥p ∥f + g∥pq
p
≤ (∥f ∥p + ∥g∥p ) ∥f + g∥pq
ou seja
p
p
∥f + g∥p ≤ (∥f ∥p + ∥g∥p ) ∥f + g∥pq
Donde
∥f + g∥p ≤ ∥f ∥p + ∥g∥p .
Lista de Exercı́cios 43
Uma sequencia (fn )n em Lp , converge para f , em Lp , se dado ϵ > 0, existe N = N (ϵ), tal que
∥fn − f ∥p < ϵ, ∀n ≥ N.
Lema 5.2
Seja (fn )n uma sequencia que converge para f , em Lp . Então (fn )n é uma sequencia de Cauchy, em Lp .
♡
Demostração
Dado ϵ > 0, existe N = N (ϵ), tal que
∥fn − f ∥p < 2ϵ , ∀n ≥ N (ϵ) .
Assim, ∥fn − f ∥p < 2ϵ , ∀m ≥ N (ϵ) .
Daı́, para n, m ≥ N (ϵ), tem-se
ϵ ϵ
∥fn − fm ∥p ≤ ∥fn − f ∥p + ∥f − fm ∥p < 2 + 2 = ϵ.
Demostração
Dem: Mostraremos que Lp , 1 ≤ p < ∞, é completo.
Seja (fn )n uma sequencia de Cauchy, em Lp . Então, dado ϵ > 0, existe M = M (ϵ) > 0, tal que
p p
∥fn − fm ∥p = |fn (x) − fm (x)| dµ < ϵp , ∀n, m ≥ M.
R
(♯)
Tomando ϵ = 2−k , k = 1, 2, . . ., encontramos uma subseqüência (gk )k , de (fn )n , tal que ∥gk+1 − gk ∥p < 1
2k
,k =
1, 2, . . ..
Seja,
P∞
(♯)1 g (x) = |g1 (x)| + k=1 |gk+1 (x) − gk (x)|
· g ∈ M + (X, M)
p P∞ p
· |g (x)| = {|g1 (x) | + k=1 |gk+1 (x) − gk (x)|}
R p R Pn p
· |g (x)| dµ ≤ limn inf {|g1 (x) | + k=1 |gk+1 (x) − gk (x)|} dµ,
pelo lema de Fatou.
Lista de Exercı́cios 44
Z Z ( n
)p
p 1 X 1
· { |g (x)| dµ} ≤ lim inf[
p |g1 (x) | + |gk+1 (x) − gk (x)| dµ] p
n
k=1
Logo g ∈ Lp (X), o que significa que a série em (♯)1 é convergente quase sempre.
Note que g ∈ Lp (X), significa que se E = {x ∈ X; g (x) < ∞} então E é mensurável e µ (X\E) = 0. Portanto,
eventualmente pode acontecer g (x) = ±∞, em x ∈ X\E.
Considere a função,
( P∞
g1 (x) + k=1 (gk+1 (x) − gk (x)), se x ∈ E
f (x) =
0 se x∈/E
em X.
Então
gkp → f p ,
q.s.(X)
e
TCDL
⇒ f p ∈ L1 ⇒ f ∈ Lp
Também, como
p
|f (x) − gk (x)| → 0
q.s.
e
p
|f (x) − gk (x)| ≤ 2p g p (x) , ∀x ∈ X
TCDL Z
p
⇒ lim |f (x) − gk (x)| dµ = 0,
k→∞
ou seja
lim ∥f − gk ∥p = 0.
k→∞
Lista de Exercı́cios 45
Por
p
(♯) ∥fn − fm ∥p < ϵp , ∀n, m ≥ M
Se
p
m ≥ M (ϵ) =⇒ ∥fn − gk ∥p < ϵp
e k é suficientemente grande.
Logo,
Z
p
|fm (x) − gk (x)| dµ < ϵp , m ≥ M (ϵ) .
e
∥f ∥∞ = inf {S (N ) ; N ∈ M, µ (N ) = 0}
Afirmação:
|f (x)| ≤ ∥f ∥∞ , q.s. (X) , se f ∈ L∞ .
De fato: Pela definição de ∥f ∥∞ , existe uma sequencia (Cn ) tal que Cn → ∥f ∥∞ , e |f (x)| ≤ Cn , q.s.(X), para
cada n.
Então
|f (x)| ≤ Cn , ∀x ∈ X\En , µ (En ) = 0.
Teorema 5.2
L∞ é um espaço linear normado completo (espaço de Banach).
♡
Lista de Exercı́cios 46
Demostração
0
1 Passo: L∞ é um espaço linear (vetorial).
A verificação deste fato é deixado a cargo do leitor.
0
2 Passo:
∥f ∥∞ = inf {C; |f (x)| ≤ C, q.s. (X)}
é uma norma em L∞ .
i) ∥f ∥∞ = 0 ⇒ f = 0
q.s.(X). ∥f ∥∞ = 0.
Então existe Nk ∈ M , com µ (Nk ) = 0, tal que |f (x)| ≤ k1 , para x ∈
/ Nk .
∞
Seja N = ∪k=1 Nk . Então
N ∈ M, µ (N ) = 0 e |f (x)| = 0
para todo x ∈
/ N.
Logo f (x) = 0 q.s.(X)
i
i) ∥f + g∥∞ ≤ ∥f ∥∞ + ∥g∥∞ , f, g ∈ L∞ .
Existe
N1 ∈ M ; µ (N1 ) = 0 e |f (x)| ≤ ∥f ∥∞ , x ∈
/ N1 .
Existe
N2 ∈ M ; µ (N2 ) = 0 e |g (x)| ≤ ∥g∥∞ , x ∈
/ N2 .
Daı́
|f (x) + g (x)| ≤ ∥f ∥∞ + ∥g∥∞ , x ∈
/ N1 ∪ N2
e
∥f + g∥∞ ≤ ∥f ∥∞ + ∥g∥∞ .
0
3 Passo: L∞ é completo.
Seja (fn )n uma sequencia de Cauchy em L∞ . Seja M ∈ M , µ(M ) = 0, tal que |fn (x)| ≤ ∥fn ∥∞ , para x ∈
/ M,
n = 1, 2, . . . e
|fn (x) − fm (x)| ≤ ∥fn − fm ∥∞ , x ∈
/ M, n, m = 1, 2, . . . .
f é mensurável e ∥fn − f ∥∞ → 0, n → ∞.
Além disso,
R R R R R
Ω1
dx Ω2 F (x, y) dy = Ω1 ×Ω2 F (x, y) dxdy = Ω2 dy Ω1 F (x, y) dx
♡
Teorema 5.5
Sejam X e Y dois subintervalos de R, e k : X × Y → R uma função contı́nua e limitada, digamos
|K (x, y)| ≤ M, ∀ (x, y) ∈ X × Y .
Suponha que f ∈ L (x) , g ∈ L (X).
Então:
R R
a) Para cada y ∈ Y , a integral de lebesgue X f (x) k (x, y) dx existe e F (y) = X f (x) k (x, y) dx é
contı́nua em Y .
R R
b) Para cada x ∈ X , a integral de lebesgue Y
g (y) k (x, y) dy existe e G (x) = Y
g (y) k (x, y) dy é
contı́nua em X .
R R
c) As duas integrais de lebesgue Y
g (y) F (y) dy e X
f (x) G (x) dx existem e são iguais, ou seja
Z Z Z Z
(∗) f (x) g (y) k (x, y) dydx = g (y) f (x) k (x, y) dxdy.
X Y Y X
♡
Demostração
Fixado y ∈ Y , seja fy (x) = f (x) k (x, y) . fy é mensurável, em X, e
Segue-se, do teorema da continuidade para funções definidas sob o sinal de integral, que F é contı́nua.
O ı́tem b) é análogo.
Temos, f, G é mensurável em X e
Z
|f (x) G (x)| ≤ |f (x)| |g (y)| |k (x, y)| dy
Y
Z
≤ |f (x)| M |g (y)| dy ≤ M ′ |f (x)|
Y
Logo f G ∈ L1 (X).
De modo semelhante gF ∈ L1 (Y )
· Notemos que (∗) é verdadeiro quando f e g são funções escadas.
Para f ∈ L (X) , g ∈ L (Y ), dado ϵ > 0, existem funções escadas s e t, tais que
Z Z
|f − s| < ϵ , |g − t| < ϵ
X Y
Lista de Exercı́cios 48
Daı́,
Z Z Z Z Z
(∗)1 f.G = (s + (f − s)) G = sG + (f − s) G = sG + A1
X X X X X
onde Z Z Z Z
|A1 | = (f − s) G ≤ |f − s| |g (y)| |k (x, y)| dydx < ϵM |g (y)| dy
X X Y Y
Também:
Z Z
G (x) = g (y) k (x, y) dy = t (y) k (x, y) dy + A2 ,
Y Y
com
Z Z
|A2 | = (g − t) k (x, y) dy ≤ M |g − t| dy < ϵM
Y Y
Daı́,
Z Z Z
sG = s (x) t (y) k (x, y) dydx + A3
X X Y
Z Z Z Z
2
|A3 | = A2 s (x) dx ≤ ϵM |s| ≤ ϵM {|s − f | + |f |} < ϵ M + ϵM |f |
X X X X
e
Z Z Z
fG = s (x) t (y) k (x, y) dydx + A1 + A3
X X Y
De modo análogo
Z Z Z
gF = t (y) s (x) k (x, y) dxdy + B1 + B3
X X Y
com Z Z Z
|B1 | < ϵM |f | , |B3 | ≤ ϵM |t| < ϵ2 M + ϵM |g|
X Y Y
Z Z
fG − gF ≤ |A1 | + |A3 | + |B1 | + |B3 |
X Y
Z Z
< 2ϵ2 M + 2ϵM |f | + |δ| .
X Y
Capı́tulo 6 Funções de Variação Limitada
e Absolutamente Contı́nuas
George Stokes estabeleceu a ciência da hidrodinâmica com sua lei da viscosidade que descreve a velocidade de
uma pequena esfera através de um fluido viscoso.
As funções de variação limitada e as funções absolutamente contı́nuas são conceitos importantes na teoria
da análise matemática, especialmente na teoria da integração e na teoria da medida. Vamos entender cada uma
delas:Uma função f : [a, b] −→ R é considerada de variação limitada se a variação total da função em qualquer
subintervalo fechado [c, d] de [a, b] for limitada, ou seja, existe uma constante M tal que, para qualquer partição P
de [c, d], temos:
X n
[f (xi ) − f (xi−1 )] ≤ M
i=1
onde xi são os pontos de partição de P . Em outras palavras, a função não ”varia muito” em intervalos pequenos.
Funções Absolutamente Contı́nuas: Uma função f : [a, b] −→ R é chamada de absolutamente contı́nua se,
para qualquer ε > 0, existe um δ > 0 tal que, para qualquer coleção finita e disjunta de subintervalos
(ai , bi ) de [a, b] com
Xn Xn
[bi − ai ] < δ =⇒ [f (bi ) − f (ai )] ≤ ε.
i=1 i=1
Em outras palavras, funções absolutamente contı́nuas são extremamente ”controladas” em termos de variação,
mesmo para coleções arbitrárias de intervalos disjuntos.
para qualquer x, y ∈ S.
b) decrescente, se
x < y =⇒ f (x) ≥ f (y) ,
para qualquer x, y ∈ S.
Se
a′ ) x < y ⇒ f (x) < f (y) ,
Teorema 6.1
Seja f : [a, b] → R uma função crescente. Então para cada c ∈ (a, b) , f (c+ ) e f (c− ) existe e tem-se
f (c− ) ≤ f (c) ≤ f (c+ ) .
Nos extremos tem-se f (a) ≤ f (a+ ) , f (b) ≥ f (b− ).
♡
Demostração
Seja A = {f (x) ; a < x < c}. A é limitado superiomente, pois f é crescente.
Seja α = sup A. Então α ≤ f (c). Provaremos que α = f (c− ). Dado ϵ > 0, existe f (x1 ) ∈ A, tal que
α − ϵ < f (x1 ) ≤ α.
Como f é crescente, para todo x ∈ (x1 , c), temos ainda α − ϵ < f (x) ≤ α.
Daı́,
α − ϵ < f (x) ≤ α + ϵ, ∀x ∈ (x, c) ,
ou seja
|f (x) − α| < ϵ, se c − δ < x < c.
Teorema 6.2
a) f : S ⊂ R → R uma função estritamente crescente. Então f −1 existe e é estritamente crscente.
b)Seja f : [a, b] → R contı́nua e estritamente crescente. Então f −1 é contı́nua e estritamente crescente em
−1
f (a) , f −1 (b) .
♡
Demostração
Exercı́cio
Teorema 6.3
Seja f : [a, b] → R uma função crescente e sejam
a = x0 < x1 < · · · < xn = b n + 1 pontos de [a, b] .
Pn−1 −
Então, k=1 f x+
k − f xk ≤ f (b) − f (a) k = 0, 1, . . . , n − 1.
♡
Demostração
Seja yk ∈ (xk , xk+1 ) . f x+
k ≤ f (yk ) , k= 1, . . . , n − 1
f (yk−1 ) ≤ f x−k , k = 1, . . . , n − 1
+ −
Então, f xk − f xk ≤ f (yk ) − f (yk−1 ) e
Pn−1 +
−
k=1 f xk − f xk ≤ f (yk−1 ) − f (y0 ) ≤ f (b) − f (a).
Teorema 6.4
Seja f : [a, b] → R uma função monótona. Então o conjunto dos pontos de descontinuidade de f é
enumerável. ♡
Demostração
Suponhamos f crescente.
1
Seja Sm o conjunto dos pontos de (a, b) nos quais o salto de f excede m , m > 0.
Seja x1 < x2 < · · · < xn−1 ∈ Sm . Então n−1 m ≤ f (b) − f (a) .
Pn−1 −
Pois k=1 f x+
k − f x ≤ f (b) − f (a).
+
−
k1
Como f xk − f xk ≥ m , temos um número finito de pontos.
Como o conjunto dos pontos de descontinuidade de f , em (a, b) , é um subconjunto de ∪∞ S , este é enumerável.
′
R b ′ m=1 m
f : [a, b] → R crescente. Então f é diferenciável q.s. [a, b], f é mensurável e a f (x) dx ≤ f (b) − f (a) .
(Referência Royden)
Exemplo 6.1
i) Toda função monótona definida em [a, b] é de variação limitada em [a, b] .
De fato: suponhamos f crescente . Então △fk ≥ 0.
Daı́,
Pn Pn Pn
k=1 | △ fk | = k=1 △fk = k=1 [f (xk ) − f (xk−1 )] = f (b) − f (a) = M.
ii) Se f : [a, b] → R é contı́nua e f ′ existe e é limitada em (a, b), então f é de variação limitada em [a, b] .
De fato: suponhamos |f ′ (x) | ≤ A, ∀x ∈ (a, b).
Temos △fk = f (xk ) − f (xk−1 ) = f ′ (tk ) (xk − xk−1 ) .
Pn Pn Pn
Daı́ k=1 | △ fk | = k=1 |f ′ (tk ) | △ xk ≤ A k=1 △xk = A (b − a)
Teorema 6.5
Sejam f e g funções de variação limitada em [a, b]. Então
i) f + g é de variação limitada em [a, b] e Vf ±g (a, b) ≤ Vf (a, b) + Vg (a, b) .
ii) f g é de variação limitada em [a, b] e Vf g (a, b) ≤ AVf (a, b) + BVg (a, b) , onde A = supx∈[a,b] |g (x)| ,
B = supx∈[a,b] |f (x)|.
♡
Demostração
Prova de i). Exercı́cio.
Prova de ii) Seja h (x) = f (x) g (x).
Para qualquer partição, P , de [a, b] , tem-se:
|△hk | = |f (xk ) g (xk ) − f (xk−1 ) g (xk−1 )| =
= |f (xk ) g (xk ) − f (xk−1 ) g (xk ) + f (xk−1 ) g (xk ) − f (xk−1 ) g (xk−1 ) | ≤
≤ |g (xk ) ||f (xk ) − f (xk−1 ) | + |f (xk−1 ) ||g (xk ) − g (xk−1 ) | ≤
≤ A| △ fk | + B |△gk |
Daı́,
Pn Pn Pn
k=1 | △ hk | ≤ A k=1 | △ fk | + B k=1 |△gk |, e tomando supremo em P (a, b), obtemos
Vf g (a, b) ≤ AVf (a, b) + BVg (a, b) .
Observação
A recı́proca de uma função de variação limitada pode não ser uma função de variação limitada. Entretanto tem-se
o seguinte fato:
Se f é de variação limitada em [a, b] e 0 < m ≤ |f (x)| para todo x ∈ [a, b] , então g = 1/f é de variação
V (a,b)
limitada em [a, b] e Vg (a, b) ≤ fm2 .
Lista de Exercı́cios 53
Demostração
Inicialmente mostremos que f é de variação limitada sobre [a, c] e [c, b].
Sejam P1 uma partição de [a, c] e P2 uma partição de [c, b].
Então P0 = P1 ∪ P2 é uma partição de [a, b] e tem-se
X X X
(P1 ) + (P2 ) = (P0 ) ≤ Vf (a, b) ,
Então, X X
sup (P ) ≤ Vf (a, b) e sup (P ) ≤ Vf (a, b) .
P ∈P[a,c] P ∈P[c,b]
Para obter a desilgualdade contrária, seja P = {x0 < x1 < · · · < xn } uma partição de [a, b], e seja P0 = P ∪ {c}.
Se c ∈ [xk−1 , xk ], então
|f (xk ) − f (xk−1 )| ≤ |f (xk ) − f (c) | + |f (c) − f (xk−1 )| .
P P
Daı́, (P ) ≤ (P0 ).
Note que os pontos de P0 , em [a, c], determinam uma partição, P1 , de [a, c]. Os pontos de P0 em [c, b] determimnam
uma partição P2 de [c, b].
Tem-se X X X X
(P ) ≤ (P0 ) = (P1 ) + (P2 ) ≤ Vf (a, c) + Vf (c, b) .
Daı́, X
sup (P ) ≤ Vf (a, c) + Vf (c, b) . (II)
P ∈P[a,c]
Teorema 6.7
Seja f de(variação limitada em [a, b] . Defina V : [a, b] → R ,
Vf (a, x) , se a < x ≤ b
V (x) = .
0 , se x=a
Então: i) V é crescente em [a, b]
ii) V − f é crescente em [a, b].
♡
Demostração
i) Se a < x < y ≤ b, então Vf (a, y) = Vf (a, x) + Vf (x, y)
Daı́, V (y) − V (x) = Vf (x, y) ≥ 0 e V (x) ≤ V (y).
ii) Seja D (x) = V (x) − f (x) , x ∈ [a, b]. Então se a ≤ x < y ≤ b
Temos,
D (y) − D (x) = V (y) − V (x) − [f (y) − f (x)] = Vf (x, y) − [f (y) − f (x)]
Mas f (y) − f (x) ≤ Vf (x, y). Logo D (y) − D (x) ≥ 0.
Teorema 6.8
i) Seja f definida em [a, b] . Então f é de variação limitada em [a, b] se e só se f pode ser escrita como
a diferença de duas funções crescentes.
ii) Seja f de variação limitada em [a, b] . Seja V (x) = Vf (a, x) ,x ∈ (a, b] . Então todo ponto de
continuidade de f é também um ponto de continuidade de V e vice-versa.
iii) Seja f contı́nua em [a, b] . Então f é de variação limitada em [a, b] ⇔ f é a diferença de duas funções
crescentes contı́nuas. ♡
Teorema 6.9
Rx
Seja f ∈ L1 [a, b] e defina F (x) = a
f (x) dx . Então f ∈ C [a, b] ∩ BV [a, b] e F ′ = f q.s.[a, b]
♡
Demostração
0
1 Passo: f ∈ C [a, b].
Lema 6.1
Seja f ∈ L1 [a, b] . Dado ϵ > 0 , existe δ > 0 , tal que
R
E
f < ϵ quando E ⊂ [a, b] é mensurável e
m (E) < δ .
♡
De (1), (2)
, vem: Z Z Z Z b Z
ϵ ϵ
f= (f − fn0 ) + fn0 ≤ (f − fn0 ) + f n0 < + = ϵ.
E E E a E 2 2
R
Donde, E f < ϵ, se µ (E) < δ.
Para f geral, escreve-se f = f + − f − , com f + ≥ 0, f − ≥ 0.
∃ δ1 > 0; E f + < 2ϵ , µ (E) < δ1
R
Fazendo Z x Z x
G (x) = g (x) dx, H (x) = h (x) dx,
a a
tem-se F = G − H.
Mostraremos que G′ = g, H ′ = h q.s.
Desde que g ∈ L1 [a, b], g ≥ 0, existe uma seqüência não decrescente {gn }n de funções contı́nuas não-negativas
definidas em [a, b] tal que limn→∞ gn = g q.s.
Seja φ0 = g0
φn = gn − gn−1 , n ≥ 1 e defina
Rx
Φn (x) = a φn (t) dt.
Cada φn é contı́nua. Pelo TFC cada Φn é derivável, com Φ′n − φ′n , ∀x
P∞
Com φn ≥ 0, segue-se que Φn é não decrescente. Pelo Teorema da diferenciação de F ubini, 0 Φn é diferenciável
e
P∞ ′ P∞
( 0 Φn ) (x)= 0 Φ′n q.s.
Mas
∞
X Z ∞
xX Z x ∞
X
Φn = φn (x) dx = gn (x) dx eG (x) = Φn (x)
0 a 0 a 0
Lista de Exercı́cios 56
De modo análogo
P∞ ′
0 Φn (x) = lim gn (x) = g (x) q.s.
Portanto G′ (x) = g (x) q.s.
Demostração
P∞
Note que f é crescente e daı́, diferenciável quase sempre. Considere a série n=1 (fn (x) − fn (a)), podemos
supor que fn ≥ 0 (daı́ f ≥ 0) .
P∞
Seja sn (x) = 1 fk (x). (sn ) é crescente e não negativa.
Se h > 0, então
P∞ P∞
sn (x + h) − sn (x) f (x + h) − f (x) k=n+1 fk (x) − k=n+1 fk (x + h)
− = ≤0
h h h
Fazendo h → 0, temos
f ′ (x).
P∞ P∞ P∞ ′
Então 1 fn′ (x) converge quase sempre e 1 fn′ (x) ≤ ( 1 fn (x)) quase sempre .
Mostraremos que existe uma sequencia snj , de (sn ), tal que lim s′nj (x) = f ′ (x) quase sempre.
Definição 6.1
Uma função f : [a, b] → R é absolutamente contı́nua se, para cada ϵ > 0 existe δ > 0 tal que se
p Pp
{xj , yj }j=1 é uma famı́lia finita de subintervalos disjuntos de [a, b], satisfazendo j=1 (yj − xj ) < δ,
Pp
então j=1 |f (yj ) − f (xj )| < ϵ
A classe de todas as funções absolutamente contı́nuas sobre [a, b] é denotada por AC [a, b] .
♣
Proposição 6.1
Rb
Se f ∈ L1 [a, b] e F (x) = a
f dµ então F é AC.
♠
Demostração
Usar o Teorema.
Observação AC [a, b] ⊂ C [a, b] .
Proposição 6.2
Se f ∈ AC [a, b] então f ∈ BV [a, b] , f é diferenciável quase sempre e f ′ ∈ L1 [a, b] .
♠
Exercı́cios: Lista 1 57
Demostração
Exercı́cio.
Lema 6.2
Seja f ∈ AC [a, b] e suponha que f ′ = 0 quase sempre. Então f é constante.
♡
Demostração
Veja: A First Course in Integration. Asplund & Bungard.
Teorema 6.11
Rx
Se f ∈ AC [a, b], então f ′ ∈ L1 [a, b] e f (x) = f (a) + a
f ′ (s) ds, ∀x ∈ [a, b] .
♡
Demostração
A priori já foi provado que se f ∈ AC [a, b], então f ’∈ L1 [a, b] .
Rx
Seja g (x) + a f ′ dλ. Então g ∈ AC [a, b] e g’= f ’ quase sempre .
Se h = f − g, então h ∈ AC [a, b] e h’= 0 quase sempre .
Então, pelo Lema 6.2, h (t) = h (a) = f (a) , ∀t ∈ [a, b]
Rt
Daı́ f (t) = h (t) + g (t) = h (a) + g (t) = f (a) + 0 f ′ (s) ds.
Teorema 6.12
Seja f ∈ BV [a, b] . Então existe funções g e h em BV [a, b] tais que g ∈ AC [a, b], h′ = 0 quase sempre
ef =g−h.
♡
Demostração
Z x
g (x) = f ′ (t) dt = g − f.
a
K Exercı́cios: Lista 1 k
1. Seja X = {a, b, c, d}. Defina três σ-álgebras distintoas em X. Justifique.
3. Sejam X um conjunto não enumerável e M a coleção de subconjuntos, de X, que são enumeráveis ou tem
complemento enumerável. Mostre que tal coleção é uma σ-álgebra em X.
4. A união de duas σ-álgebras é um σ-álgebro? Que se pode dizer a respeito da interseção se duas σ-álgebras?
5. a) Mostre que
1 1
[a, b] = ∩∞
n=1 a − , b +
n n
e
1 1
(a, b) = ∪∞
n=1 a − , b + .
n n
b) Conclua que toda σ-álgebra de subconjunto de R que contenha todos os intervalos abertos contem todos
os intervalos fechados.
Exercı́cios: Lista 2 58
K Exercı́cios: Lista 2 k
Pn
positivos. Prove que i=1 ai µi é uma medida sobre (X, M).
(E△F = (E − F ) ∪ (F − E)) .
K Exercı́cios: Lista 3 k
1. Sejam f ∈ L (X) e a > 0. Mostre que o conjunto {x ∈ X; |f (x)| ≥ a} tem medida finita. Mostre que
{x ∈ X; f (x) ̸= 0}
tem medida σ-finita.
2. Seja f uma função mensurável tal que f (x) = 0 µ-q.s.(X). Mostre que f é integrável e
Z
f dµ = 0.
3. Sejam f ∈ L (X) e g uma função mensurável, real, tal que f = g µ-q.s.(X). Mostre que g é integrável e
Z Z
f dµ = gdµ.
4. Sejam f ∈ L (X) e ϵ > 0. Mostre que existe uma função simples (escada) mensurável, φ, tal que
R
|f − φ| dµ < ϵ.
8. Se (fn )n é uma sequencia em L (X) que converge uniformemente em X, para uma função f , e se µ (X) < ∞,
prove que Z Z
f dµ = lim fn (x) dµ.
n
9. Através de um exemplo mostre que a conclusão do Ex.8. pode ser falsa se retirarmos a condição µ (X) < ∞.
10. Sejam fn = nχ[0, 1 ] , X = R, M = B e µ a medida de Lebesgue. Mostre que a condição |fn | ≤ g não pode
n
ser retirada no TCDL.
P∞ R P
11. Seja (fn )n uma sequencia em L (X) e suponha que 1 |fn | dµ < ∞. Mostre que fn (x) converge
q.s. para uma função f ∈ L (X), e que
Z ∞ Z
X
f dµ = fn dµ.
n=1
Exercı́cios: Lista 3 60
Z
lim |fn − f | dµ = 0,
n→∞
mostre que Z Z
|f | dµ = lim |fn | dµ.
R∞
13. Se t > 0, mostre que 0
exp−tx dx = 1t . Mostre ainda que se t ≥ a > 0, então exp−tx ≤ exp−ax . Deduza
que Z ∞
xn exp−x dx = n!.
0
Sugestão: Seja
fn = f χ[ 1 1
]
n+1 , n
P∞
e considere n=1 fn .
é L-integrável.
Sugestão: Use
gn = gχ[nπ,(n+1)π]
e considere a série
∞
X
gn .
n=1
Rx
17. Suponha f ∈ L integrável em [a, b] e a
f dµ = 0, ∀a ≤ x ≤ b. Mostre que f = 0 q.s.(a, b).
1 1
18. Considere a função v definida em (a, b) da seguinte forma: v (x) = n, se n+1 <x< n , n = 1, 2, . . ..
Mostre que v não é integrável.
Exercı́cios: Lista 3 61
Sugestão: (
0, se x ≥ n1
un (x) = 1
n, se 0 < x < n
e T.C.D.L.
R∞ −nx
exp
19. Seja In = 0
√
x
dx, n = 1, 2, . . .. Mostre que limn→∞ In = 0.
R∞
20. Seja F (t) = 0 x2 exp−tx dx, t > 0.
a) Mostre que F é contı́nua em (0, ∞).
b) Calcule F ′ (t).
R∞ 2
22. Seja 0
exp−x cos (2xt) dx, t ∈ R. Mostre que F satisfaz a equação diferencial
F ′ (t) + 2tF (t) = 0
√
π
e conclua que F (t) = 2 .
23. Seja Z ∞
sin (xt)
F (t) = dx, t > 0.
0 x (x2 + 1)
Mostre que F satisfaz a equação diferencial F ′′ (t) − F (t) + π
2 = 0 e conclua que
a) F (t) = π2 (1 − exp−t )
R ∞ sin(xt) π −at
b) 0 x(x 2 +a2 ) dx = 2a2 (1 − exp ) , t > 0, a > 0.
R ∞ cos(xt) −at
π exp
c) 0 x2 +a2 dx = 2a , t > 0, a > 0.
R ∞ − sin(xt) π −at
d) 0 x2 +a2 dx = 2 exp , t > 0, a > 0.
Observação
Em alguns desses, quando necessário, use que
Z ∞
sin x π
dx = .
0 x 2
Exercı́cios: Lista 4 62
K Exercı́cios: Lista 4 k
1. Prove que ∥·∥1 , ∥·∥∞ e ∥·∥p , p ≥ 1, são, de fato, normas sobre Rn .
2. Duas normas ∥·∥, ||| · ||| sobre Rn são ditas equivalentes se existem números positivos α e β tais que
8. Seja X um espaço de medida finita. Se µ ∈ L∞ (X), mostre que ∥u∥L∞ (X) = limp→∞ ∥u∥Lp (X) .
9. Seja X um espaço de medida e suponha que f ∈ Lp1 (X) ∩ Lp2 (X) , com 1 ≤ p1 ≤ p2 < ∞. Mostre que
f ∈ Lp (X), para qualquer p tal que p1 ≤ p ≤ p2 .
1 1
10. Seja 1 < p < ∞ e seja p + q = 1. Da desilgualdade de Hölder temos
Z
f gdµ ≤ ∥f ∥Lp (X) , ∀g ∈ Lq (X) ,
com ∥g∥q ≤ 1.
p−1 −p
Seja g0 (x) = c (sgnf (x)) f (x) , se f ̸= 0, com c = ∥f ∥p q .
a) Mostre que g0 ∈ Lq (X) e ∥g0 ∥q = 1
R
b) Mostre que f g0 = ∥f ∥p .
14. Seja 1 ≤ p < r ≤ ∞. Mostre que ∥f ∥ = ∥f ∥p + ∥f ∥r é uma norma sobre Lp ∩ Lr , e que relação a esta
norma Lp ∩ Lr é um espaço de Banach.
15. Na situação do Exercı́cio 14, se 1 < p < q < r, mostre que a aplicação i : Lp ∩ Lr → Lq , i (u) = u, é
contı́nua.
1 1 1
16. Sejam f1 , f2 , . . . , fk funções tais que fi ∈ Lp (X), 1 ≤ i ≤ k, com p = p1 + ··· + pk ≤ 1. Mostre que
p
f = f1 f2 · · · fk ∈ L (X) e ∥f ∥Lp (X) ≤ ∥f1 ∥Lp1 (X) · · · ∥fk ∥
Lpk (X)
17. Sejam (fn )n uma sequencia de Lp (X) e f ∈ Lp (X), tais que ∥fn − f ∥p → 0, com n → ∞. Prove que
existe uma subseqüência (fnk ), de (fn ), tal que
fnk → f, q.s. (X) .
18. Por L1loc (X) denota-se o conjunto de todas as funções u tais que u ∈ L1 (K), para todo K ⊂ X, conjunto.
Mostre que Lp (X) ⊂ L1loc (X), para 1 ≤ p ≤ ∞.
1 1
19. Sejam a > 0, b > 0, p > 1, q > 1 e p + q = 1.
Prove que
1 p 1 q
ab ≤ a + b ,
p q
usando:
1 1
20. Sejam a, b ≥ 0, p, q > 1 e p + q = 1. Prove que se ϵ > 0, então
q
ab ≤ ϵap + ϵ− p bq .
25. Sejam (fn ) , (gn ) seqüências em L2 (a, b) e suponha que fn → f , gn → g, em L2 (a, b). Mostre que
{(fn , gn )}n converge para (f, g). 25. Sejam (fn ), (gn ) seqüências em L2 (a, b) e suponha que fn → f ,
gn → g, em L2 (a, b). Mostre que {(fn , gn )}n converge para (f , g).
1
26. Seja fn = n− p χ[0,n] , n = 1, 2, . . . , . Mostre que (fn )n converge uniformemente para f = 0, mas não
converge em Lp (R).
27. Seja (fn )n uma sequencia de funções, tal que fn → f , uniformemente em [a, b]. Mostre que fn → f , em
Lp (a, b).
29. Dê exemplos de sequencias de funções fn : R → R que convirjam pontualmente, mas não uniformemente.
Exercı́cios: Lista 4 65
Alfabeto Grego
A α ( alfa )
B β ( beta )
Γ γ ( gama )
∆ δ ( delta )
E ϵ ( epsilon )
Z ζ ( zeta )
H η ( eta )
Θ θ ( teta )
I ι ( iota )
K κ ( capa )
Λ λ ( lambda )
M µ (mu )
N υ ( nu )
Ξ ξ ( ksi )
O o ( omicron )
Π π ( pi )
P ρ ( rô )
Σ σ ( sigma )
Υ τ ( tal )
Y ν ( upsilon )
Φ ϕ ( fi )
X χ ( chi )
Ψ ψ ( phi )
Ω ω ( omega )
Exercı́cios: Lista 4 66
7.1 Mensurabilidade A
A = {X ⊂ S; X é enumerável } ∪ X ⊂ S; X C é enumerável
.(i) ϕ, S ∈ A ?
Ora, ϕ é enumerável, então ϕ ∈ A. Por outro lado, como S possui complementar enumerável. Isto é,
S C = ϕ, segue-se que:
S ∈ A.
(ii) Se X ∈ A, entao, X C ∈ A? X C = S\X
Vejamos
10 caso: X é enumerável
De fato, se X é enumerável, então, X C ∈ A. Visto que, X C tem complementar enumerável. Isto é,
C
XC = X.
2 caso: X C é enumerável
0
2. Mostre que a σ-álgebra de Borel é também gerada pelos intervalos fechados [a, b]. Qual é a σ-álgebra gerada
pelos intervalos semi-alertos (a, +∞] ? e é gerada pelos intervalos do tipo (a, +∞) ?
Solução
10 caso: σ-álgebra geradas por intervalos fechados[a, b].
Com efeito, temos: B[a,b]
(I) [a, b] = ∩∞ 1 1
n=1 a − n , b + n . Então, B ⊂ B[a,b] . Isto é, a σ-álgebra de Borel gerada pelos intervalos
abertos (a, b) está contida na σ-álgebra gerada pelos intervalos fechados. Por outro lado,
1 1
(a, b) = ∪∞
n=1 a + , b −
n n
Donde, vem:
B[a,b] ⊂ B
Logo,
B = B[a,b]
20 caso: σ-álgebra gerada por intervalos do tipo (a, b] − B(a,b] .
neste caso, basta proceder como no caso anterior destacando que:
1
(a, b) = ∪∞
n=1 a, b − ⇒ B ⊂ B[a,b]
n
Além disso,
1
(a, b) = ∪∞
n=1 a, b + ⇒ B[a,b] ⊂ B
n
Logo,
B = B[a,b]
30 caso: σ-álgebra gerada por intervalos do tipo (a, +∞) − B(a,+∞) .
Basta observar que:
Além disso,
(a, +∞) = ∪∞
n=1 (a, a + n] ⇒ B[a,b] ⊂ B
Agora,
Seja (a, +∞) ∈ B(a,+∞) , então
B = B[a,b]
En = ∪nk=1 Ak , E0 = ϕ, Fn = An \En−1 .
Mostre que {En } é uma sequencia crescente, {Fn } e uma sequencia disjunta e
∪∞ ∞ ∞
k=1 Ek = ∪k=1 Ak = ∪k=1 Fk
Solução
Como
E1 = A1 ⇒ E0 ⊂ E1 ⊂ E2
E2 = A1 ∪ A2
E3 = A1 ∪ A2 ∪ A3 ⇒ E0 ⊂ E1 ⊂ E2 ⊂ E3 .
Então continuando com o processo, temos:
Logo,
E0 ⊂ E1 ⊂ · · · ⊂ En ⊂ En+1 ⊂ · · ·
ou seja,
j−1
Como Ei−1 = ∪i−1
k=1 Ak e Ej−1 = ∪k=1 Ak .
Segue-se que:
j−1
Fi ∩ Fj = Ai \ ∪i−1
k=1 Ak ∩ Aj \ ∪k=1 Ak .
i−1
(
x ∈ Ai \ ∪k=1 Ak
x ∈ Fi e x ∈ Fj ⇒ j−1 e
x ∈ Aj \ ∪k=1 Ak
(
/ ∪i−1
x ∈ Ai e x ∈ k=1 Ak e
⇒ j−1 i−1 j−1
x ∈ Aj e x ∈
/ ∪k=1 Ak = ∪k=1 Ak ∪ Ai ∪ · · · ∪k=i+1 Ak
F1 =A1 \E0
F2 =A2 \E1
..
.
Fk =Ak \Ek−1
Afirmação 1: A = E
i) Se x ∈ E, então, x ∈ Ek , ∀k, em particular, x ∈ ∪ki=1 Ai ⊂ ∪∞i=1 Ai = A.
Logo, x ∈ A. Isto é, E ⊂ A. (1)
ii) Se x ∈ A, então, x ∈ ∪∞ i=1 Ai , daı́ x ∈ Ai para algum i = 1, 2, . . .. Além disso, suponhamos que:
x ∈ Aj , donde vem:
x ∈ ∪jk=1 Ak = Ej , por conseguinte, obtemos:
x ∈ ∪∞ k=1 Ek = E. De sorte que: A ⊂ E. (2)
De (1) e (2), segue-se: A = E.
Afirmação 2: A = F
De fato, se x ∈ F , então, x ∈ ∪∞k=1 Fk , ou ainda, x ∈ Fk para algum k = 1, 2, . . ., donde, segue:
x ∈ Fk = Ak \Ek−1 .
Daı́, obtemos:
x ∈ Ak ⇒ x ∈ ∪∞
i=1 Ai = A
Logo,
F ⊂A
Se x ∈ A, então, x ∈ ∪∞
i=1 Ai , em particular, temos:
x ∈ Ak para algum k = 1, 2, . . . e x ∈
/ Ek−1 ⇒ x ∈ Ak \Ek−1 = Fk .
Logo,
x ∈ ∪∞
k=1 Fk = F .
Isto é,
A⊂F
∴ A = F.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 71
A=E=F
lim sup An = ∩∞
n=m An e lim inf An = ∪∞ ∞
m=1 ∩n=m An
lim sup An = ∪∞
k=1 Ak = lim inf An
lim sup An = ∩∞
k=1 Ak = lim inf An
c) Dê exemplo de uma sequencia {An } de subconjuntos de S tal que: lim sup An = S e lim inf An = ϕ.
Solução
10 caso: lim sup An ⊆ lim inf An .
Seja x ∈ lim sup An , então x ∈ An , ∀n ≥ n0 para um certo n0 ∈ N.
Agora, como {An } é crescente, x ∈/ An para n < n0 , ou seja, x ∈ An exceto para um número finito de
An′ s .
Logo, lim sup An ⊆ lim inf An .
20 caso: lim inf An ⊆ lim sup An .
x ∈ lim inf An ⇒ x ∈ An , exceto para um número finito destes Ar são A1 , A2 , . . . , An0 −1 . Então,
x ∈ An , ∀n ≥ n0 , ou seja,
lim sup An ⊆ ∪∞
n=1 An
x ∈ lim sup An = ∩∞ ∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai ⇒ x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ 1
Em particular, x ∈ ∪∞
i=n Ai
∪∞
n=1 An ⊆ lim sup An
Se ∪∞ ∞
n=1 An , então, ∃n0 ∈ N tal que: x ∈ An0 . Como {An } é crescente, x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ n0 .
Logo,
x ∈ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai = lim sup An .
lim sup An = ∪∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An ∩ ∪n=2 An ∩ ∪n=3 An ∩ · · · ∩ ∪n=m An ∩ · · ·
Mas
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 72
∪∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 ∪ ∪n=1 An ⊆ A2 ∪n=2 An = ∪n=2 An .
Analogamente, temos:
∪∞ ∞ ∞
n=1 An ⊆ ∪n=2 An ⊆ · · · ⊆ ∪n=m An ⊆ · · ·
Logo,
lim sup An = ∪∞
n=1 An
lim inf An = ∩∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An ∪ ∩n=2 An ∪ ∩n=3 An ∪ · · · ∪ ∩n=m An ∪ · · ·
Mas
∪∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 ∪ ∪n=1 An ⊆ A2 ∪n=2 An = ∪n=2 An
Analogamente, temos:
∩∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 , ∩n=1 A2 = A2 , . . . , ∩n=1 An = An
Logo,
lim inf An = A1 ∪ A2 ∪ · · · ∪ An · · · = ∪∞
n=1 An
De sorte que:
lim sup An = ∪∞
n=1 An = lim inf An
A1 ⊇ A2 ⊇ · · · ⊇ An ⊇ · · ·
Assim,
∪∞
n=1 An = A1 , ∪∞ ∞
n=1 A2 = A2 , . . . , ∪n=1 An = An
lim sup An = A1 ∩ A2 ∩ · · · ∩ An · · ·
Isto é,
∥ lim sup An = ∩∞
n=1 An
Além disso,
∪∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 ∩ ∪n=1 An ⊇ · · · A2 ∩ ∪n=2 An = An .
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 73
∪∞ ∞ ∞
n=1 An ⊇ ∪n=2 An ⊇ · · · ⊇ ∪n=m An ⊇ · · ·
Assim
lim inf An = ∩∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An ∪ ∩n=2 An ∪ ∩n=3 An ∪ · · · ∪ ∩n=m An ∪ · · ·
lim inf An = ∩∞
n=1 An
Logo,
lim sup An = ∩∞
n=1 An = lim inf An
Observe que:
∩∞n=1 An = ∅, ∀n, desde que: A2k+1 = {−1} e A2k = {1} são disjuntos.
Logo,
lim inf An = ∩∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
n=1 Ai ∪ ∩n=2 Ai ∪ ∩n=3 Ai ∪ · · · ∪ ∩i=n Ai ∪ · · · = ∅ = ∪i=n ∩i=n Ai = ∪i=n ∅ = ∅
Além disso,
∪∞
n=1 Ai = X , ∀n, daı́, obtemos:
∪∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
n=1 Ai ∩ ∪n=2 Ai ∩ ∪n=3 Ai ∩ · · · ∩ ∪i=n Ai ∩ · · · = ∩i=1 (∪i=n Ai ) = ∩i=1 S = S
= lim sup An = S
(
∅, se n é par
Observação: Poderı́amos tomar: An =
X , se n é impar.
∩∞ ∞ ∞
i=n Ai = ∅ ⇒ ∪i=n ∩i=n An = lim inf An = ∅
· ∪∞ ∞ n
i=n Ai = X ⇒ ∩i=1 ∪i=1 An = lim sup An = X .
6. Se {An } e uma sequencia de conjuntos de X , prove que:
Solução
Com efeito, ∅ ⊆ An , ∀n ∈ N, então, ∅ ⊆ ∩∞
i=1 Ai , em particular, temos:
∅ ⊆ ∩∞
i=1 Ai , ∀n ≥ 1
Logo,
∅ ⊆ ∪∞ ∞ ∞ ∞ ∞
n=1 Ai ∪ ∩n=2 Ai ∪ · · · ∪ ∩i=n Ai ∪ · · · = ∪n=1 ∩i=n Ai = lim inf An
Se x ∈ lim inf An = ∪∞ ∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai , então, x ∈ ∩i=n Ai para algum n ∈ N. Logo, x ∈ Ai , ∀i ≥ n. Em
particular, x ∈ ∪n=1 Ai , ∀i ≥ n, ou seja, x ∈ ∪i=n Ai , x ∈ ∪∞
∞ ∞ ∞
i=n+1 Ai , x ∈ ∪i=n+2 Ai , . . .
Em particular, x ∈ ∪∞ ∞ ∞ ∞ ∞
i=1 Ai , . . . , x ∈ ∪i=n−1 Ai , então, x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ 1, isto é, x ∈ ∩i=n ∪i=n Ai =
lim sup An .
Logo,
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 74
= ∪∞
n=1 ∩∞
i=n Ai = lim sup An ⊆ X .
Conclusão:
7. Prove que:
a) lim inf An = ∪∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai
b) lim sup An = ∩n=1 ∪∞
∞
i=n Ai
Solução
lim inf An = {x ∈ X ; x ∈ An , esceto para uma quantidade finita deles }
⇒) lim inf An ⊆ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai .
Se x ∈ lim inf An , então, x ∈ An , exceto para uma quantidade finita. Sem perda de generelidade, podemos
supor que tal quantidade finita de An′ s se concentram no inı́cio da sequiência, isto é, x ∈
/ An para n < n0
∞
para algum n0 ∈ N arrumando se necessário. Então, x ∈ ∩n=1 Ai para algum n0 ∈ N.
Observe que x ∈ / ∩∞ / ∩∞
i=1 Ai , . . . , x ∈
∞ ∞ ∞
i=n0 −1 Ai . No entanto, x ∈ (∪n=1 ∩i=n Ai ), visto que x ∈ ∩i=n0 Ai .
∞ ∞
Daı́, lim inf An ⊆ ∩n=1 ∪i=n Ai .
⇐) ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai ⊆ lim inf An
Se x ∈ ∪n=1 ∩∞
∞ ∞
i=n Ai , então, x ∈ ∩i=n , ∀n ≥ n0 para algum n0 ∈ N. Portanto, x ∈ Ai , ∀i ≥ n0 mas
x∈ / An para n < n0 (uma quantidade finita). Podemos então arrumar a seqüência An , se necessário, de
tal forma que x ∈ An para uma quantidade finita deles.
Logo,
∪∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai ⊆ lim inf An
Consequentemente, obtemos:
lim inf An = ∪∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai
b) lim sup An = ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai
lim sup An := {x ∈ X ; x ∈ An , ∀n ≥ n0 }
solução:
⇒) lim sup An ⊆ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai .
Se lim sup An , então existe n0 ∈ N, tal que: x ∈ An , ∀n ≥ n0 . Daı́, x ∈ Ai . Em particular,
x ∈ ∪∞ i=n Ai , ∀k ≥ 1.
Logo, x ∈ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai .
⇐) ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai ⊆ lim sup An
Se x ∈ [∪i=1 Ai ∩ ∪∞
∞ ∞ ∞
i=2 Ai ∩ · · · ∩ ∪i=n Ai ∩ · · · ], então, x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ 1, donde, vem: x ∈ Ai , ∀i ≥
n0 para algum n0 ∈ N.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 75
lim sup An = ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai
8. Dê exemplo de um espaço mensurável {S, A} e de uma função real f : S → R não mensurável de modo
que f 2 e |f | sejam mensuráveis.
Solução
Seja A = {∅, S} uma σ-álgebra e consideremos a função caracterı́stica
χE : E → R
(
1, x ∈ E
x 7→ χE (x) = ,
−1, x ∈/E
onde: ∅ ̸= E & S. E é não mensurável, pois está fora da σ-álgebra A = {∅, S}. Agora, χE é mensurável
se, e só se, E e mensurável.
C
Logo, χE é não mensurável. Além disso, (χE ) e |χE | e constante e igual a 1 contı́nua consequentemente
mensurável.
9. Mostre que uma função f : S → R é mensurável se, e somente se, f −1 (E) é mensurável para qualquer
boleiriano E ⊂ R.
Solução
⇒) Suponha f mensurável. Então, pela questão 11, temos: Af = A ⊂ R; f −1 (A) ∈ A é uma σ-álgebra
Logo, (a, b) = (a, +∞) ∩ (−∞, b) ∈ Af . Pois, [f < α] = f −1 ((−∞, α)) ⇒ (−∞, α) ∈ Af . Assim,
B ⊆ Af . Donde, vem:
E ∈ B ⇒ E ∈ Af ⇒ f −1 (E) ∈ A
10. Sejam f : S → R uma finção mensurável e φ : R → R uma função contı́nua. Dado um boleriano E da reta,
mostre que φ−1 (E) é um boleriano da reta, usando este fato mostra que a composta φ ◦ f é mensurável.
Solução
Sendo B a σ-álgebra de Borel-Lebesgue, φ : R → R contı́nua, temos pela questão 11 temos que:
Aφ = E ⊂ R; φ−1 (E) ∈ B
e uma σ-algebra.
Seja (a, b) um intervalo da reta, como φ é contı́nua então, temos: φ−1 ((a, b)) é aberto. Logo φ−1 ((a, b)) ∈
B, donde, vem: (a, b) ∈ Aφ , ou seja, B ⊆ Aφ . Então, dado um boleriano E, tem-se: E ⊂ Af e
conseqüentemente, φ−1 (E) ∈ B.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 76
Afirmação: φ ◦ f e mensurável
De fato,
[φ ◦ f > α] = {x ∈ S; (φ ◦ f )(x) > α} = {x ∈ S; f (x) ∈ X } = f −1 (X ).
De sorte que, pela questão 8 , temos: f −1 (X ) e mensurável, donde vem:
Solução
Com efeito,
{x ∈ S; (φ ◦ f )(x) > α} = {x ∈ S; φ(f (x)) > α} = x ∈ S; f (x) ∈ φ−1 ((α, +∞)) .
Agora, como (α, +∞) ∈ B, então X = φ−1 ((α, +∞)) ∈ B (via questão 8).
Assim,
Af = E ⊂ Y; f −1 (E) ∈ A
é uma σ-álgebra.
Solução
Af = E ⊂ Y; f −1 (E) ∈ A ;
f :S→Y
f −1 E C ∈ A ⇒ E C ∈ Af .
(iii) Se E1 , E2 , . . . , En então em Af ⇒ ∪∞
i=n Ei ⊆ Y, visto que: Ei ⊆ Y; ∀i e
f −1 (∪∞ ∞
i=n Ei ) = ∪i=n f
−1
(Ei ) ∈ A
13. Sejam E e F conjuntos mensuráveis. Mostre que uma função f : E∪ F → R é mensurável se, e somente
se, suas restrições f /E e f /F são mensuráveis. Mostre que uma função g : E ⊂ S → R e mensurável se, e
somente se, a extensão nula ge de g é mensurável [a extensão nula de g é definida por ge(x) = g(x), se x ∈ E
e ge(x) = 0, se x ∈ S\E].
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 77
Solução
1a parte
⇒) Suponhamos que f : E ∪ F → R é mensurável. Tem-se que: {x ∈ E ∪ F ; f (x) > α} = f −1 (α, +∞)
é mensurável, ∀α ∈ R.
Agora, observe que:
Decorre do fato de que a intersecção de conjuntos mensuráveis também é mensurável concluı́mos que f /E
e f /F são mensuráveis.
⇐) Suponhamos agora que f /E e f /F são mensuráveis, ou seja, {x ∈ E; f (x) > α} e {x ∈ F ; f (x) > α}
são mensuráveis, ∀α ∈ R.
Assim, {x ∈ E ∪ F ; f (x) > α} = {x ∈ E; f (x) > α} ∪ {x ∈ F ; f (x) > α} é mensurável.
Logo, f é mensurável.
2a parte
⇒ Seja g1 : S\E ⊂ S → R definida por g1 (x) ≡ 0, ∀x ∈ S\E que é mensurável, visto que é constante.
Agora, ge : E ∪ (S\E) → R é mensurável se, e somente se, suas restrições ge\E e ge\(S\E) são mensuráveis
(via parte 1) o prescrito acima ocorre se, e só se, g1 e g foram mensuráveis, pois ge\E = g e ge\(S\E) = g1 .
g1 eé mensurável. Logo, ge é mensurável se, e só se, g o for.
14. Mostre que o conjunto E dos pontos onde uma seqüência de funções mensuráveis converge é um conjunto
mensurável.
Solução
Queremos mostrar que: | E = {x ∈ S; fn (x) → f (x)} é mensurável;
Fatos que ajudam.
Seja f : S → R é uma função mensurável não-negativa. Então, existe uma seqüência crescente {φn } de
p
funções simples, tais que: φn −
→ f.
p
solução: fn (x) −→ f (x). Isto é, dado ϵ = 1 > 0 existe n0 = n0 (x, 1) ∈ N, tal que: |fn (x) − f (x)| <
1, ∀n ≥ n0 .
Agora, como |fn (x)| − |f (x)| ≤ |fn (x) − f (x)| < 1, ∀n ≥ n0 .
Logo, |fn (x)| < |f (x)| + 1, ∀n ≥ n0 . Além disso, {fn } é uma seqüência de funções mensuraveis e portanto,
|fn (x)| também é mensurável. Assim, {x ∈ S; |fn (x)| < α} = [fn < α] é mensurável, ∀α ∈ R, desde que
se tome: |f (x)| + 1 = α. Logo, E = {x ∈ S; |fn (x)| < α} é mensurável.
15. Mostre que a coleção F constituida pelos intervalos abertos da reta com extremos racionais gera a σ-álgebra
de Borel.
Solução
Com efeito F ⊆ B, visto que F e gerada por intervalos abertos (r, r1 ) ⊆ R, com r, r1 ∈ Q. Como Q é denso
em R. isto é, dado a ∈ R existe uma seqüência (qn ) de números racionais, tal que: qn → a.
Seja [a, b] intervalos fechados de R e sejam as seqüências {qn } e {rn } de
números racionais, tais que: qn → a+ e rn → b− . Assim, temos:
(a, b) = ∪∞
n=1 (qn , rn ) ∈ F
Logo, B ⊆ F ⇒ B = F
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 78
7.2 Medidas
Para os exercı́cios {S, A, µ} estará representando um espaço de medida genérico.
∞ ∞
!
[ X
µ En = µ (En )
n=1 n=1
Medida de Lebesgue:
S = R; A = B − σ-álgebra de Borel
m: B → R, tal que: m(]a, b[) = b − a
Solução
λ(∅) = µ(∅ ∩ E) = µ(∅) = 0
(i) λ(∅) = µ(∅ ∩ E) = µ(∅) = 0
(ii) λ(E) = µ(A ∩ E) ≥ 0, ∀E ∈ A
(iii) Seja {En } uma seqüência disjunta de A de conjuntos mensuráveis, temos então que:
S∞ T S∞ P∞
λ ( n=1 En ) = µ (A n=1 En ) = n=1 µ (A ∩ En ).
Logo, λ é uma Medida.
define uma medida em A. Se {µn } e uma seqüência de medida em A, com µn (S) = 1, ∀n, então
n
X
λ(E) = 2−n µn (E)
j=1
Solução
1a parte:
Pn
(i) λ(∅) = j=1 aj µj (∅) = 0
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 79
(ii) λ(E) = µ(A ∩ E) ≥ 0. Como µj (E) ≥ 0, ∀j e aj ≥ 0, ∀j, segue que: λ(E) ≥ 0 (iii) Seja {Ep } uma
seqüência disjunta de A de conjuntos mensuráveis. Temos então que:
∞ ∞ ∞ ∞ ∞
! !
[ X [ X X
λ Ep = aj µj Ep = aj µj (Ep ) =
p=1 j=1 p=1 j=1 p=1
P∞ S∞
( j=1 aj µj
X p=1
(Ep ))
= ∞ λ (Ep ) .
= |{z}
p=1 λ(Ep )
∞ ∞ ∞ ∞ ∞
! !
[ X [ X X
−n
λ Ek = 2 µn Ek = 2−n µn (Ek ) =
k=1 n=1 k=1 n=1 k=1
P∞
( n=1 2−n µn (Ek ))
= ∞
P
k=1 λ(Ek ).
X
= λ(Ek )
k=1
Note que:
∞ ∞ ∞
!
X
−n
X X 1
λ(S) = 2 µn (S) = 2−n · 1 = =1
n=1
2n
k=1 k=1
| {z }
1
3. Seja E ⊂ A, com µn (E) ≥ 0, e suponha que existe um subconjunto F ⊂ E não mensuável. Mostre que a
seqüência {fn } , f ≡ 0, ∀n, converge quase sempre para a função cararı́stica F . conclua que o limite quase
sempre de uma sequiência de funções mensuráveis pode não ser mensurável. E se µ fosse a medida de
lebesgue?
Solução
Como f ≡ 0, ∀n, segue-se que: fn → F ≡ 0 q.s.
(
1, x ∈ F
χF (x) = . Assim, fn → χF (x), ∀x ∈
/F
0, x ∈
/F
Agora, como F ⊂ E, temos:
fn → χF (x), ∀x ∈ / E. Além disso, sendo µn (E) = 0, obtemos: fn → χF (x) q.s. (quase sempre).
Daı́, segue-se que: fn : S → R são mensuráveis, visto que: fn ≡ 0 ( fn são contı́nuas ∀n ). Mas converge
q.s. para uma função χF : S → R. Pois, sabe-se que χF é mensurável se, e só se, F for mensurável.
{ Como vale para µ qualquer, em particular, é válido para µ = m : B → R, = R, B = A.
Isto é, basta proceder analogamente ao item anterior.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 80
Solução
Sejam E ∈ A e F ∈ C. Então, temos E, F ∈ A. Logo, ambos são mensuráveis, donde, sendo A uma
σ-álgebra, E ∩ F ∈ A. observe que: E ∩ F ⊂ F . Assim, 0 ≤ µ(E ∩ F ) ≤ µ(F ) como F ∈ C ⇒ µ(F ) = 0.
Logo, µ(E ∩ F ) = 0. De sorte que: E ∪ F ∈ C.
Se En ∈ C, temos ∪En ∈ A. Além disso, µ (En ) = 0, para todo n. Logo,
∞
X
µ (∪∞
n=1 En ) = µ (En ) = 0 ⇒ ∪∞
n=1 En ∈ C
n=1
C
Agora, Se E ∈ C ⇏ E ∈ C. A forteriori, S não necessariamente está em C. Isto é, C não é uma σ-álgebra.
Solução
(i) ∅ é finto. Donde, µ(∅) = 0;
(ii) µ(E) ≥ 0, ∀E ∈ A
(iii) Seja {En } uma seqüência disjunta de conjuntos mensuráveis.
Temos dois casos a considerar:
S∞
10 caso: Se En é finito, ∀n. Então, temos: n=1 En é finito, daı́, obtem-se:
S∞ P∞
µ ( n=1 En ) = n=1 µ (En ) = 0.
S∞ S∞ P∞
20 caso: Se En é infinito, ∀n, então, n=1 En é infinito. De fato que: µ ( n=1 En ) = n=1 µ (En ) = ∞.
Logo, µ é uma medida em A.
P∞
Observação: Seja En = {n}, então, µ (En ) = 0 ⇒ n=1 µ (En ) = 0 e µ (En ) = µ(N) = +∞.
Contradição!! □
= µ (∪∞ ∞ ∞
n=1 ∪ ∩n=2 ∪ · · · ∪ ∩m=n ∪ · · · )
∞
X
= µ (∩∞
m=n En ) .
n=1
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 81
7. Mostre que o eixo- x, Ex = (x, 0) ∈ R2 e o plano Pxy = (x, y, 0) ∈ R3 tem medida de lebesgue nula.
Solução
a) Considere a cobertura
−ϵ ϵ
In = (−n, n) × , .
n · 2 n · 2n
n
Então, temos: Ex ⊂ ∪∞
n=1 In
2ϵ 4ϵ
ℓ (In ) = 2n · n
= n
n·2 2
∞ ∞ ∞
X 1 X X 4ϵ
n
= 1 ∴ ℓ (I n ) = = 4ϵ
n=1
2 n=1 n=1
2n
2ϵ 8ϵ
ℓ (In ) = 2n · 2n = n
n2 · 2n 2
∞ ∞
X X 8ϵ
ℓ (In ) = = 8ϵ
n=1 n=1
2n
Logo,
m∗ (Pxy ) = m (Pxy ) = 0.
−ϵ ϵ
Observação: Se tomarmos In = (−n, n) × (−n, n) × n2 ·2 n+3 , n2 ·2n+3 .
P∞ P∞
Então, temos: ℓ (In ) = 2n.2n n2 .22ϵn+3 = 2ϵn ⇒ n=1 ℓ (In ) = n=1 2ϵn = ϵ.
Solução
Por definição, temos: supess(f ) := inf{C; f (x) ≤ C q.s. }. Além disso, f ≤ supess(f ) q.s. e g(x) ≥ 0
q.s., donde. Logo, f.g ≤ g supess(f ). □
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 82
9. Se {Rk }k∈R é uma cobertura de E por retângulos do RN e m∗ (E) < ∞, mostre que para cada ϵ > 0 existe
uma cobertura {Sk }k∈R de E por retângulos abertos tal que:
∞
X ∞
X
Rk ⊂ Sk e vol (Sk ) < vol (Rk ) + ϵ
k=1 k=1
Solução
P∞
Com efeito, por hipótese m∗ (E) = inf k=1 vol (Rk ) < ∞, então considerando {Rk }k∈R cobertura de E
∞
por retângulos do RN com k=1 vol (Rk ) < ∞, os retângulos acima são descritos por:
P
N
Y
Rk = (a1k , b1k ) × · · · × (ank , bnk ) = (ajk , bjk )
j=1
2ϵ
vol (Sk ) = (b1k − a1k ) · · · (bnk − ank ) (bn−1k − an−1k ) + .
42k
Daı́, obtemos:
2ϵ ϵ
vol (Sk ) = vol (Rk ) + = vol (Rk ) + k+1 .
42k 2
P∞ P∞ 2ϵ
P∞ 1
Agora, como k=1 vol (Rk ) < ∞ e k=1 2k
= 2ϵ
4
2ϵ
k=1 2k = 4 < ∞.
Segue-se que:
∞ ∞ ∞
X 2ϵ X 1 X 2ϵ
vol (Sk ) = vol (Rk ) + ≤ vol (Rk ) + =
2k 4 2k
k=1 k=1 k=1
∞
X 2ϵ
= vol (Rk ) +
4
k=1
P∞ P∞
Logo, k=1 vol (Sk ) < k=1 vol (Rk ) + 2ϵ 4 , com Rk ⊂ Sk . P∞
Observação: A prova contı́nua válida caso não ajustemos as majorações a fim de que: k=1 vol (Sk ) <
P∞
k=1 vol (Rk ) + ϵ, dado a abstrariedade do ϵ > 0.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 83
10. Mostre que um subconjunto E ⊂ RN é mensurável se, e somente se, dado ϵ > 0 existe um conjunto compacto
K ⊂ E tal que m∗ (E\K) < ϵ.[m(E) < ∞]
Solução
⇒) Suponhamos que E é mensurável além disso, m∗ (E) < ∞. Agora, considerando
n vezes
z }| {
Rn = ([−n, n] × · · · × [−n, n]) ∩E, ∀n ∈ N.
Como m∗ (E) < ∞, então, dado ϵ > 0 existe n0 ∈ N, tal que: m∗ (E) < m∗ (Rn0 ) + 2ϵ .
Assim, como Rn0 é mensurável, pois é a interseção de conjuntos mensuráveis então pela questão 1.6C existe
um fechado K ⊂ Rn0 + 2ϵ , tal que:
ϵ
m∗ (E) < m∗ (Rn0 ) +
2
Portanto
E\F ⊂ E\Fn , ∀n ∈ N
Logo,
1
0 ≤ m∗ (E\F ) ≤ m∗ (E\Fn ) < , ∀n ∈ N
n
Agora, fazendo n → ∞, segue-se que: m∗ (E\F ) = 0.
Logo, E\F é mensurável. Sendo F ∈ Fδ temos que F é mensurável.
Portanto,
E = (E\F ) ∪ F é mensurável
11. Dado um subconjunto mensurável E ⊂ R e dado ϵ > 0, mostre que existe um conjunto fechado F ⊂ E tal
que m(E) < m(F ) + ϵ. Mostre também que:
Solução
10 caso: Suponhamos que m(E) < ∞ e m(F ) < ∞. Então, o complementar de E é mensurável.
Seja ϵ > 0, então, existe um aberto O ⊃ E C , tal que: m∗ (O) < m∗ E C + ϵ.
Isto é, m(E) é a menor das cotas superior. Portanto, sup m(F ) = m(E).
Observação: (*) Dado ϵ > 0 e E ⊂ R, existe um aberto O ⊂ R, tal que: E ⊂ O e m∗ (O) < m∗ (E) + ϵ.
µ(F \E) = µ(F ) − µ(E) se m(E) < ∞, E ⊂ F , sendo E e F mensuráveis.
(**) O\E C = E\OC . De fato, x ∈ O\E C ⇔ x ∈ O e x ∈ / EC ⇔ x ∈ E e x ∈
/ OC ⇔ x ∈ E\OC .
C C
Logo, O\E = E\O .
(∗ ∗ ∗)E C ⊂ O e OC ⊂ E
m E\OC = m(E) − m OC OC ⊂ E
m O\E C = m(O) − m E C EC ⊂ O
E, E C , O, OC são mensuráveis e m(E\F ) = m(E) − m(F ).
12. Mostre que E ⊂ RN é mensurável se, e somente se, existem um conjunto F ∈ Fσ e um conjunto E0
mensurável de medida nula, tais que:
F ⊂ E, E0 ⊂ E e E = F ∪ E0 .
Solução
⇒) Seja E mensurável então pela questão anterior para cada n ∈ N existe um fechado Fn ⊂ E, tal que:
m (E\Fn ) < n1 . Tome F = ∪∞ n=1 Fn ∈ Fσ e F ⊂ E, pois Fn ⊂ E, ∀n e defina E0 = E\F , observe que
E0 ⊂ E e E = F ∪ (E\F ) = F ∪ E. Assim, basta mostrar que m (E0 ) = 0.
De fato, para cada n, temos: m∗ (E\F ) ≤ m (E\Fn ), pois E\F = E\∪ Fn ⊆ E\Fn . Assim,
m∗ (E\F ) < n1 . Logo, m (E0 ) = 0. Conseqüêntimente E0 é mensurável.
⇐) Como E = F ∪ E0 e sendo F e E0 mensuráveis. Logo, E é mensurável, onde: E0 = E\F .
Solução
(a) ⇒) Se E ⊂ Jn é mensurável ⇒ m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ A ∩ E C , ∀A ⊂ Rn .
Jn \E = Jn ∩ E C A ∩ Jn \E = A ∩ Jn ∩ E C = A ∩ E C
e
m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ Jn ∩ E C
para cada n.
C
Jn ∩ E = Jn \ (Jn ∩ E) (2). (2)
Agora, substituindo (2) em (1), obtemos: m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ (Jn ∩ (Jn \E)). Além disso,
Jn ∩ E ⊂ Jn , conseqüentemente, pelo item anterior temos que: (Jn ∩ E) ⊂ Jn é mensurável
⇔ m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ (Jn ∩ (Jn \E)) ou ainda, Jn ∩ E é mensurável.
14. Sejam A, B ⊂ RN , tais que dist(A, B) > 0. Mostre que m∗ (A ∪ B) = m∗ (A) + m∗ (B).
Solução
Suponhamos m∗ (A) < ∞ e m∗ (B) < ∞. Como dist (A, B) > 0, então Ā ∩ B̄ = ∅.
Logo, podemos escolher {Rk }k∈N e {Sk }k∈N coberturas por retângulos abertos do RN de A e B,
respectivamente, tal que: ∪Rk ∩ ∪Sk = ∅.
Seja Tk = Rk ∪ Sk e observe que ∪∞k=1 Tk ⊃ A ∪ B.
Logo, vol (Tk ) = vol (Rk ∪ Sk ) = vol (Rk ) + vol (Sk ) visto que Rk e Sk são mensuráveis e disjuntos.
P∞ P∞
Assim, como m∗ (A) < ∞ e m∗ (B) < ∞, então k=1 vol (Rk ) < ∞ e k=1 vol (Sk ) < ∞.
Logo,
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X
vol (Tk ) = vol (Rk ∪ Sk ) = vol (Rk ) + vol (Sk )
k=1 k=1 k=1 k=1
Solução
Consideremos um retângulo aberto do RN , a saber: R =] a1 , b1 [×]a1 , b1 [× · · · ×]aN , bN [. Além
disso, temos: x + R = {x + y; y ∈ R}. Assim, tomando-se: x = (x1 , x2 , . . . , xN ) e
y = (y1 , y2 , . . . , yN ) com yj ∈] aj , bj [ e x + y = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xN + yN ), segue-se:
x + R = {x + y = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xN + yN ) ; yj ∈] aj , bj [}
= {(z1 , z2 , . . . , zN ) ; zj = xj + yj com yj ∈] aj , bj [}
= {(z1 , z2 , . . . , zN ) ; zj = [xj +] aj , bj []}
= {(z1 , z2 , . . . , zN ) ; zj = [aj + xj , bj + xj ]} .
Logo, vol(x + R)
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 86
Solução
(a) ⇒) Considere E aberto e seja y ∈ x + E, então, para algum e ∈ E, tem-se: y = x + e.
Agora,
Bϵ (x + e) = {w ∈ Rn ; ∥w − (x + e)∥ < ϵ} = {w ∈ Rn ; ∥(w − x) − e∥ < ϵ}
x + Bϵ (e) = {x + T ; T ∈ Bϵ (e)} = {x + T ; ∥T − e∥ < ϵ}.
Logo, Bϵ (x + e) = x + Bϵ (e).
Além disso, como y = x + e, temos:
Bϵ (y) = Bϵ (x + e) = x + Bϵ (e) ⊂ x + E.
Bϵ (x + e) = x + Bϵ (e) ⊂ x + E.
Afirmação: Bϵ (e) ⊂ E
Suponhamos que não ocorra. Isto é, Bϵ (e) ⊈ E. então, existe T ∈ Bϵ (e) tal que: T ∈
/ E.
Logo, x + T ∈ / x + E, donde, vem: x + Bϵ (e) ⊈ x + E. Absurdo!
Portanto, Bϵ (e) ⊂ E, ou ainda, E é um aberto.
(b) (x + E) ∩ F = x + [E ∩ (−x + F )];
(1) (x + E) ∩ F = {x + e; e ∈ E} ∩ {f ; f ∈ F } = {f ; f = x + e, e ∈ E e f ∈ F }.
Por outro lado, temos: E ∩ (−x + F ) = {e; e ∈ E} ∩ {−x + f ; f ∈ F } = {e; e = −x + f ; f ∈ F e
e ∈ E}.
Daı́, obtemos:
(2) x + [E ∩ (−x + F )] = {e; x + e = (x + (−x)) + f ; f ∈ F e e ∈ E}. Logo, de (1) e (2), segue-se que:
(x + E) ∩ F = x + [E ∩ (−x + F )]
(c) m∗ (x + E) = m∗ (E)
P∞
Por definição m∗ (E) = inf { n=1 vol (Rn ) ; Rn é cobertura de E}.
P∞ P∞
Dado ϵ > 0 existe Tn cobertura de E, tal que: n=1 vol (Tn ) < inf n=1 vol (Rn ) + ϵ.
Além disso, temos: x + E ⊆ ∪∞ n=1 (x + Tn ). Conseqüentemente, obtemos: m∗ (x + E) ≤
P∞ P∞
n=1 vol (x + Tn ) = n=1 vol (Tn ).
[Visto que, pelo exercı́cio anterior temos: vol(x + R) = vol(R).]
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 87
Logo, m∗ (x + E) ≤ m∗ (E).
Por outro lado, temos: E = [x + (−x)] + E = −x + (x + E). Donde m∗ (E) = m∗ ([x + (−x)] + E) =
m∗ (−x + (E + x)).
Agora, fazendo x + E = E b e aplicando I, vem:
Logo,
(I) m∗ (x + A) = m∗ (x + (A ∩ E)) + m∗ x + A ∩ E C .
- x + [A ∩ (−x + F )] = (x + A) ∩ F
− x = F = E se, e só se, F = x + E
x + [A ∩ E] = (x + A) ∩ (x + E).
(II)
(x + A) ∩ (x + E) = {x + a; a ∈ A} ∩ {x + e; e ∈ E} =
= {x + a = x + e; a ∈ A e e ∈ E} = x + (A ∩ E)
• − x + F = E C ⇒ F = x + E C = (x + E)C .
m∗ (x + A) = m∗ ((x + A) ∩ (x + E)) + m∗ (x + A) ∩ x + E C
.
b Assim, obtemos: m∗ (A)
b = m∗ (A
b ∩ (x + E)) + m∗ (A∩
Façamos x + A = A.
b x + EC ou ainda,
m∗ (A)
b = m∗ (A
b ∩ (x + E)) + m∗ A b ∩ (x + E)C .
Dito de outro modo, x + E é mensurável.
⇐) Se x + E é mensurável, então, E é meusurável e m(x + E) = m(E). Suponhamos que x + E é
mensurável, então,
m∗ (A)
b = m∗ (A
b ∩ (x + E)) + m∗ Ab ∩ x + EC .
Isto é, E é mensurável. Além disso, m∗ (x + E) = m∗ (E). De sorte que: m(x + E) = m(E).
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 88
17. Dado E ⊂ RN , mostre que: m∗ (E) = inf{m(G); E ⊂ G, G aberto }. Usando este fato, mostre que existe
um conjunto G ∈ Gδ tal que m∗ (E) = m(G).
Solução nP
∞
Por definição, temos: m∗ (E) = inf j=1 vol (Rj ) ; {Rj }j∈N cobertura de E}. Agora, suponhamos que
m(E) < ∞, então, dado ϵ > 0 existe uma cobertura {Sj }j∈N de E, tal que pelo 10 exercı́cio da lista, a
saber, 1.6 A, temos
∞
X ∞
X
Rj ⊂ Sj e vol (Sj ) < vol (Rj ) + ϵ
j=1 j=1
Tome G = ∪∞
j=1 Sj , G é aberto. Além disso, temos:
∞
X ∞
X
∗ ∗
∪∞ vol (Rj ) + ϵ < m∗ (E) + 2ϵ
m (G) = m j=1 Sj ≤ vol (Sj ) <
j=1 j=1
Como, m (G) < m (E) + 2ϵ, ∀ϵ > 0 arbitrário, segue-se daı́ que: m∗ (E) = inf{m(G); E ⊂ G, G
∗ ∗
aberto}.
Agora, dado ϵ = n1 e seja Gn o aberto descrito acima, (G ⊂ Gn , ∀n).
Seja
G = ∩∞
n=1 Gn = (G1 ∩ G2 ∩ · · · ∩ Gn ∩ · · · ) ∈ Gδ .
Logo, para cada n, temos: m(G) ≤ m (Gn ) < m∗ (E) + n1 . Donde, m(G) ≤ m∗ (E). Por outro lado,
E ⊂ G (E ⊂ G ⊂ Gn , ∀n), donde m(G) = m∗ (E). Portanto, m(G) = m∗ (E).
7.3 Espaço LP
Solução
Com efeito, e−xt ∈ Lq (0, ∞), então, temos
∞ ∞ ∞ B
e−xtq e−xtq
Z Z
−xt q −xtq 1 −xtq 1 1
e dt = e dt = e = lim − = lim + =
0 0 xq 0
B→∞ xq 0
B→∞ xq xq xq
Agora, sabemos que:
Z Z
∗
f ·g ≤ |f · g| ≤ ∥f ∥p ∥g∥q
Z ∞ Z ∞ 1/q
−xt −xt −xt 1
e f (t)dt ≤ e f (t) dt ≤ e ∥q ∥ f (t) p = · f ∥p .
0 0 xq
Logo,
Z ∞ 1/q
−xt 1
e f (t)dt ≤ · ∥f ∥p
0 xq
f (x)
2. Suponhamos que f ∈ Lp (0, ∞), ∀p ≥ 1. Para que valores de p a função x 7−→ √
1+x
está em L1 (0, ∞)?
Solução
f (x)
Seja φ : (0, ∞) → R a função dada por: φ(x) = √
1+x
. Então observe que:
∞ ∞ ∞
(x + 1)−q/2+1 1
Z Z
1 −q/2
√ dx = (x + 1) dx = =
0 1+x 0 − 2q + 1 0
q (
(B + 1)1− 2 +∞, se 1 − 2q ≥ 0
1
= lim q − q = 1 q
1− 2 1− 2 −1 , se 1 − 2 < 0
B→∞ q
2
R∞
Logo, √1 dx = 2
desde que, q > 2.
0 1+x q−2 ,
Agora,
Z ∞ Z ∞
f (x) f (x) Hölder 1
√ dx ≤ √ dx ≤ ∥f (x)∥p (x + 1)− 2
0 1+x 0 1+x q
1
q ∞ q
(x + 1)− 2 = 0 (x + 1)− 2 dx = q−2 2
R
, desdeque, q > 2.
q
R∞ q 1/q
1
Isto é, √x+1 = 0 (x + 1)− 2 dx < ∞, donde vem: √x+1 1
∈ Lq (0, ∞), para todo q > 2. Além
q
disso, temos f ∈ Lp (0, ∞). Isto é,
Z ∞ 1/p
p
∥f ∥p =: |f (x)| dx <∞
0
Z ∞
f (x) 2
√ dx ≤ ∥f (x)∥p · , ∀q > 2.
0 1+x q−2
2 f (x)
Assim, ∥f (x)∥p · q−2 < ∞, para todo p ̸= 2. Conseqüentemente, temos: φ(x) = √
1+x
∈ L1 (0, ∞), desde
que p ̸= 2.
3. Mostre que C 0 [a, b] ⊂ Lp (a, b), 1 ≤ p ≤ ∞, e que existe uma constante positiva C, tal que:
Solução
C 0 [a, b] é o espaço vetorial das funções reais contı́nuas em [a, b].
10 caso: p = 1
Co efeito, [a, b] é compacto e f : [a, b] → R é uma função contı́nua. Então, f atinge o máximo e o mı́nimo
em [a, b]. Logo, supx∈[a,b] f (x) = f (x0 ) ≥ f (x) para todo x ∈ [a, b].
Agora,
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 90
Rb Rb Rb
(*) a
|f (x)|dx ≤ a |f (x0 )| dx = |f (x0 )| a 1dx = |f (x0 )| .m([a, b]).
Rb
Logo, a |f (x)|dx < ∞.
20 caso: 1 < p < ∞
Rb 1/p Rb
Sendo f ∈ L1 (a, b), então, |f |p ∈ L1/p (a, b). Visto que, a (|f (x)|p ) = a |f | < ∞.
Daı́,
Rb
(**) a |f (x)|p .1dx ≤ ∥|f |p ∥ 1 · ∥1∥ 1−p
1 = ∥f ∥p m([a, b])1−p < ∞.
p
Solução :
R 1/2 nR 2 o1/2
b b
Observe que: a
|f | = a
|f |1/2 . Assim, se f, g ∈ L1 (a, b) então, |f |1/2 ∈ L2 (a, b) e
1 1
|g|1/2 ∈ L2 (a, b). Como 2 + 2 = 1, segue-se da desigualdade de Hölder que: |f |1/2 |g|1/2 ∈ L2 (a, b), ou
ainda,
Z b p Z b p p Z b
|f g|dx = |f | · |g|dx = |f |1/2 |g|1/2 dx < ∞.
a a a
p
Logo, |f g| ∈ L1 (a, b). Agora, como f, g ∈ L1 (a, b), segue que:
1 1
|f |p ∈ L1/p (a, b) e |g|p ∈ L1/q (a, b) sendo + = 1.
1/p 1/q
Temos, |f |p |g|p ∈ L1 (a, b) (via Hölder).
Solução
Seja f1 , f2 , . . . , fn ∈ Lp (E), p ≥ 1, então, f1 + f2 + . . . + fn ∈ Lp (E) e ∥f1 + f2 + . . . + fn ∥ ≤
Pn
j=1 ∥fj ∥p .
(i) Para n = 2, temos ∥f1 + f2 ∥p ≤ ∥f1 ∥p + ||f2 ∥p (via teorema já prescrito anteriormente)
(ii) Suponhamos que a desigualdade vale para n, então, falta mostrar para n + 1.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 91
Vejamos
n
X
∥f1 + f2 + . . . + fn ∥p = fj ≤ ∥f1 ∥p + · · · + ∥fn ∥p
j=1
p
ou ainda,
n
X n
X
fj ≤ ∥fj ∥p
j=1 j=1
p
Assim,
n
X
∥f1 + f2 + . . . + fn + fn+1 ∥p ≤ ∥fj ∥p + ∥fn+1 ∥p
j=1
Logo,
n−1
X n+1
X
fj ≤ ∥fj ∥p
j=1 j=1
p
rs
6. Sejam f ∈ Lr e g ∈ Ls , r, s > 0. Mostre que: f.g ∈ Lp , onde: p = .
r+s
Solução
r/p
Se f ∈ Lr , então, (|f |p ) = |f |r < ∞. Logo, f ∈ Lr/p .
R R
Analogamente, temos
s/p
se g ∈ Ls , então, (|g|p ) = |g|s < ∞. Logo, g ∈ Ls/p .
R R
1 1 p p (s + r) 1
r + s = + =p =p· =1
p p r s rs p
De sorte que:
Usando a Desigualdade de Hölder |f |p |g|p ∈ L1 , ou ainda, |f g|p = |f |p |g|p <
R R
∞. Donde vem: f, g ∈ Lp .
Solução
√
Com efeito, F = f ∈ L2 (E) e G = √1f ∈ L2 (E).
Então, pela Desigualdade de Hölder, temos:
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 92
Z p Z
1
f · √ dm(x) = 1dx = m(E) ≤ ∥F ∥2 ∥G∥2 ,
E f E
onde:
Z Z 2
p 2 Z 1
Z
1
∥F ∥2 = ( f) = f e ∥G∥2 = √ dx = .
E E E f E f
Logo,
Z Z
1
m(E) ≤ f· = Φ(f ).
E E f
Isto é, m(E) é uma cota inferior para Φ(f ).
Por outro lado, temos Φ(f ) = m(E).
C2
Seja {f ; f é constante }, então, temos f C1 = f1 C2 , donde, f 2 = C1 .
Logo, f = C (constante).
Isto é, Φ(f ) = {f ; f é constante } = m(E).
8. Seja f ∈ Lp (a, b) e seja En = {x ∈ (a, b); |f (x)| ≥ n}. Mostre que: limn→∞ m (En ) = 0.
Solução
Rb
Se f ∈ Lp (a, b), então, En |f |p < a |f |p < ∞. Decorre daı́ que:
R
Z Z Z
|f |p ≥ np dm(x) = np 1dx = np · m (En ) , para todo n ∈ N.
En En En
Ou ainda,
Z
1
0 ≤ m (En ) ≤ p |f |p < ∞
n En
9. Dada uma função mensurável f : (a, b) → R, considere os conjuntos En = {x ∈ (a, b); n−1 ≤ |f (x)| < n}.
P∞
Mostre que f ∈ L1 (a, b) ⇔ n=1 n.m (En ) < ∞. Mais geralmente, mostre que:
∞
X
f ∈ Lp (a, b), 1 ≤ p < ∞ se, e somente se, n · m (En ) < ∞.
n=1
Solução
(*) Suponhamos que não ocorra En ∩ En+1 = ∅. Então, existe x ∈ En ∩ En+1 . Daı́, obtemos
Agora,
Z b Z Z Z
f ∈ Lp (a, b) ⇔ |f |p dx < ∞ ⇔ |f |p dx < ∞ ⇔ np ≤ |f |p < ∞
a ∪∞
n=1 Fn ∪∞
n=1 Fn ∪∞
n=1 Fn
⇔ np m (∪∞ p ∞
n=1 Fn ) < ∞ ⇔ m (n ∪n=1 Fn ) < ∞.
Portanto,
∞
X ∞
X
f ∈ Lp (a, b) ⇔ m (np En ) < ∞ ⇔ np m (En ) < ∞.
n=1 n=1
10. Sejam p e q ı́ndices conjugados, com 1 < p < ∞. Se f ∈ Lp e g ∈ Lq , com ∥g∥q ≤ 1, segue da desigualdade
de Hölder que:
Z
f g ≤ ∥f ∥p
−p/q
Se f ̸= 0, considere g0 definida em (a, b) por g0 (x) = C[sgn(f (x))].f (x)p−1 , onde: C = ∥f ∥p . Mostre
que g0 ∈ Lq , ∥g0 ∥ = 1 e f g0 = ∥f ∥p .
R
Solução
1 1 1 1 1 p−1
Sejam p e q ı́ndices conjgados p + q = 1, donde, q =1− p ⇒ q = p ⇒ p = q(p − 1).
Agora,
Z b Z b Z b q
q q
|g0 (x)| dx = C[sgn(f (x))] · f (x)p−1 dx = ∥f ∥−p/q
p · f (x)p−1 dx =
a a a
Z b
∥f ∥−p
p · f (x)
q(p−1)
dx = ∥f ∥−p p
p · ∥f ∥p = 1.
a
Logo,
Z b
q
|g0 (x)| dx = 1 < ∞. Isto é , g0 ∈ Lq .
a
!1/q
Z b
q
∥g0 ∥q = |g0 (x)| = 11/q = 1
a
11. Se f ∈ Lp , 1 ≤ p ≤ ∞ e g ∈ L∞ , mostre que o produto f.g ∈ Lp e que: ||f g|p ≤ ||f ||p · ||g∥∞ .
Solução
1≤p<∞
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 94
|f g|p = |f |p |g|p .
R R
Z Z Z 1/p Z 1/p
|f g|p ≤ ∥g∥p∞ |f |p < ∞ ⇒ f.g ∈ Lp e |f g|p ≤ ∥g∥p∞ |f |p = ∥g∥p∞ ∥f ∥p .
12. Se f ∈ L∞ (a, b) e α < ∥f ∥∞ , mostre que existe um conjunto mensurável E ⊂ (a, b), com m(E) > 0, tal
que |f (x)| > α, ∀x ∈ E.
Solução
Com efeito α < ∥f ∥∞ = supess |f | = inf{C; |f (x)| ≤ C, q.s. } = C < ∞ e considere o conjunto
|f |−1 (α, supess |f |) = E ou seja, E = {x ∈ (a, b); |f (x)| ∈ (α, supess |f |)}.
E ⊂ (a, b);
· α < |f (x)|, ∀x ∈ E;
Suponha m∗ (E) = 0 como α < |f (x)| < ∥f ∥∞ , ∀x ∈ E, então, |f (x)| ≤ α q.s. ⇒ α ≥ C absurdo! pois
por (I)α < C.
Logo, m(E) > 0.
Fatos que ajudam
Seja f mensurável e B un conjunto de Borel, então f −1 (B) é um conjunto mensurável.
(ver 1a lista de exercı́cios)
Como (α, supess |f |) é um intervalo, logo, um conjunto de Borel.
De sorte que: E = |f |−1 (α, supess |f |) é mensurável
13. Seja 1 ≤ p < ∞ e seja f uma função de f ∈ Lp (a, b). Dado λ > 0, considere o conjunto
Solução
p Rb
Com efeito, ∥ f |p = a |f |p ≥ Eλ |f |p pois, Eλ ⊂ (a, b) para todo λ.
R
Solução
Seja f ∈ Lp RN devemos mostrar que f ∈ L1loc RN , isto é, K |f (x)|dx < ∞ para todo compacto
R
K ⊂ RN , observe que:
Z Z 1/q
|f (x)|dx ≤ ∥f ∥Lp (K) · ∥1∥Lq (K) ≤ ∥f ∥Lp (RN ) 1dx =
K K
f ∈ L∞ RN ⇒ M = supess |f | < ∞
Logo,
Z Z
|f | ≤ M pois |f | ≤ supess |f | q.s.
K K
R
Portanto, K
|f | ≤ M.m(K) < ∞.
Solução
Se r ≤ p ≤ s, então p é da forma: (1 − t)s + tr = p para algum t ∈ [0, 1].
observe que:
(1−t) t
(*) |f |p = |f |(1−t)s+tr = (|f |s ) · (|f |r ) .
R R R
A questão (4) desta lista diz que, se fe, ge ∈ L1 e se 0 < p, q < 1, p + q = 1, então, |fe|, |e
g | ∈ L1
Tome f˜ = |f |s , ge = |f |r são intergráveis, visto que, f ∈ Lr e f ∈ Ls considerando p = 1 − t e q = t, temos
0 < p, q < 1, p + q = 1.
(1−t) t
Portanto, (|f |s ) · (|f |r ) ∈ L1 (Via questão (4)), ou seja, por (∗)
Z Z
(1−t) t
|f |p = (|f |s ) · (|f |r ) < ∞ ⇒ f ∈ Lp
Afirmação: x + E C = (x + E)C
w∈ (x + E)C ⇔ w ∈
/ x + E ⇔ w ̸= x + e, ∀e ∈ E
/ E ⇔ (w − x) ∈ E C
⇔ w − x ̸= e, ∀e ∈ E ⇔ (w − x) ∈
⇔ w ∈ x + EC .
Logo, (x + E)C = x + E C .
Bibliografia
[1] De Morais Filho, Daniel Cordeiro. Um Convite à Matemática, Coleção Professor de Matemática, RJ, 3a
Edição, SBM 2016.
[2] Bartle, Robert G. Introduction to Real Analysis. New York, J. Wiley, 2019
[3] Guidorizzi, Hamilton Luiz. Um Curso de Cálculo, vol.1, 6a Edição, RJ: LTC, 2018
[4] Lima, Elon Lages. Matemática e Ensino, Coleção do Professor de Matemática, 4a Edição, RJ, 2017
[5] De Morais Filho, Daniel Cordeiro. Manual de Redação Matemática, Coleção Professor de Matemática, RJ,
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[24] Silva, Cı́cero José da, Soares, Willames de Albuquerque, Galdino, Sérgio Mário Lins. Pré-Cálculo com
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Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 97
[25] Silva, Cı́cero José da, Soares, Willames de Albuquerque, Galdino, Sérgio Mário Lins. Análise Real: Introdução
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[26] Silva, Cı́cero José da, Soares, Willames de Albuquerque, Galdino, Sérgio Mário Lins. Análise Real: Introdução
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