100% acharam este documento útil (1 voto)
64 visualizações110 páginas

Introducao A Medida e Integracao de Lebesgue Com Exercicios 2024

Enviado por

Ezequiel Art
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
100% acharam este documento útil (1 voto)
64 visualizações110 páginas

Introducao A Medida e Integracao de Lebesgue Com Exercicios 2024

Enviado por

Ezequiel Art
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 110

Cícero José da Silva

Willames de Albuquerque Soares


Sérgio Mário Lins Galdino
Jornandes Dias da Silva
Juan Carlos Oliveira de Medeiros

Introdução a Medida e Integral à Lebesgue com Exercícios

1ª ed.

Piracanjuba-GO
Editora Conhecimento Livre
Piracanjuba-GO
Copyright© 2024 por Editora Conhecimento Livre

1ª ed.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Silva, Cícero José da


S586I Introdução a Medida e Integral à Lebesgue com Exercícios
/ Cícero José da Silva. Willames de Albuquerque Soares. Sérgio Mário Lins Galdino. Jornandes
Dias da Silva. Juan Carlos Oliveira de Medeiros. – Piracanjuba-GO
Editora Conhecimento Livre, 2024
109 f.: il
DOI: 10.37423/2024.edcl969
ISBN: 978-65-5367-505-6
Modo de acesso: World Wide Web
Incluir Bibliografia
1. -medida-lebesgue 2. análise-matemática 3. integral-à-lebesgue 4. teoria-das-distribuições I. Silva,
Cícero José da II. Soares, Willames de Albuquerque III. Galdino, Sérgio Mário Lins IV. Silva,
Jornandes Dias da V. Medeiros, Juan Carlos Oliveira de VI. Título

CDU: 510

https://doi.org/10.37423/2024.edcl969

O conteúdo dos artigos e sua correção ortográfica são de responsabilidade exclusiva dos seus
respectivos autores.
EDITORA CONHECIMENTO LIVRE

Corpo Editorial
MSc Edson Ribeiro de Britto de Almeida Junior
MSc Humberto Costa
MSc Thays Merçon
MSc Adalberto Zorzo
MSc Taiane Aparecida Ribeiro Nepomoceno
PHD Willian Douglas Guilherme
MSc Andrea Carla Agnes e Silva Pinto
MSc Walmir Fernandes Pereira
MSc Edisio Alves de Aguiar Junior
MSc Rodrigo Sanchotene Silva
MSc Wesley Pacheco Calixto
MSc Adriano Pereira da Silva
MSc Frederico Celestino Barbosa
MSc Guilherme Fernando Ribeiro
MSc. Plínio Ferreira Pires

MSc Fabricio Vieira Cavalcante


PHD Marcus Fernando da Silva Praxedes
MSc Simone Buchignani Maigret
Dr. Adilson Tadeu Basquerote
Dra. Thays Zigante Furlan
MSc Camila Concato
PHD Miguel Adriano Inácio
MSc Anelisa Mota Gregoleti
PHD Jesus Rodrigues Lemos
MSc Gabriela Cristina Borborema Bozzo
MSc Karine Moreira Gomes Sales
Dr. Saulo Cerqueira de Aguiar Soares
MSc Pedro Panhoca da Silva
MSc Helton Rangel Coutinho Junior
MSc Carlos Augusto Zilli
MSc Euvaldo de Sousa Costa Junior
Dra. Suely Lopes de Azevedo
MSc Francisco Odecio Sales
MSc Ezequiel Martins Ferreira
MSc Eliane Avelina de Azevedo Sampaio
MSc Carlos Eduardo De Oliveira Gontijo
MSc Rainei Rodrigues Jadejiski
Dr. Rodrigo Couto Santos
Dra. Milena Gaion Malosso
PHD Marcos Pereira Dos Santos

Editora Conhecimento Livre


Piracanjuba-GO
2024
Introdução a Medida e Integral à Lebesgue com Exercícios

10.37423/2024.edcl969
v

Agradecimentos

Ao Diretor e Vice-Diretor da Escola Politécnica de Pernambuco Prof Dr. Alexandre Duarte Gusmão e Prof.
Dr. Sérgio Campello Oliveira, pela compreensão e pelo suporte para realização deste.

Ao Vice-Reitor da UPE e ex-Diretor da Escola Politécnica de Pernambuco Prof. Ms. José Roberto de Souza
Cavalcanti, pela percepção e incentivo para efetuação deste.

Aos amigos UPE-Poli ( Universidade de Pernambuco-Escola Politécnica de Pernambuco), pelo incentivo,


conhecimento e experiência transmitido, os quais foram indispensáveis para construção, deste.

A todos os colegas do Departamento Básico, pelo ânimo e amizade. Em especial, aos que contribuı́ram
diretamente na concretização deste.

Aos professores e amigos Ms. Cleto Bezerra de França, Prof. Ms. Roberto Lessa, Prof. Ms. Cláudio Maciel
(poeta risadinha) e o Prof. Dr. Emerson Alexandre de Oliveira Lima.

Ao amigo Prof. Dr. Marcos Luiz Crispino, por ter dado diversas sugestões em Medida e Integração à
Lebesgue por mais de três decadas.
vi

Dedicatória

Às Nossas Mães, Aos Nossos Pais,


Filhos, Esposas,Todos os familiares
e Ao grande Mestre Olavo Otávio
Nunes ( In Memoriam)
vii

Prefácio

A medida de Lebesgue generaliza os conceitos de comprimento, área e volume para conjuntos mais gerais que
aqueles que são descritos por dimensões inteiras ou coordenadas cartesianas. Ela é particularmente útil em análise
matemática, teoria da probabilidade e em muitas outras áreas da matemática.
A medida de Lebesgue é utilizada para a teoria da integração moderna, com ampliação da integral de Riemann.
Ela estende o conceito de integral para uma maior gama de funções e conjuntos, contribuindo significativamente
para o desenvolvimento da análise matemática.
A medida de Lebesgue está definida para uma ampla famı́lia de subconjuntos do Rn . Esta famı́lia é na
realidade uma sigma-álgebra e contém os conjuntos abertos e conjuntos fechados.
Vale a pena salientar que buscamos dentro do possı́vel, resolver os problemas com todos os passos, detalhando
os conceitos básicos antes de fazer as demonstrações, inclusive, fazendo comentários matemáticos sobre o que está
sendo realizado. Assim, o texto foi desenvolvido para que o aluno possa estudar sozinho (ou em grupo), de forma
autônoma e com segurança, conferindo não apenas os resultados, mas todo o desenvolvimento lógico operacional.
Escrever um texto desta natureza demanda tempo e nos causa uma certo cuidado adicional pela equipe, pois se
teme cometer os erros que ensinamos evitar. Por este motivo, sugestões, correções, comentários, antecipadamente
agradecemos, devem ser enviados para um dos endereços:

[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]
[email protected]

Recife, 13 de março de 2024


Conteúdo

Copiright iii

Corpo Editorial iv

Agradecimentos v

Dedicatória vi

Prefácio vii

DOI vii

Conteúdo ix

Capı́tulo 1 Introdução 1

Capı́tulo 2 Ponto de acumulação


e Limites de funções 3
2.1 Relação de Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2.2 Supremo e Ínfino em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.1 Axioma do Sup . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.2 Propriedade Arquimediana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.3 Densidade dos Racionais em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.4 Densidade dos Irracionais em R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Capı́tulo 2 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.5 Limites Superior e Inferior de sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.6 Valores de aderência para sequencias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.7 Valor de aderência. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2.8 Valores de aderência de uma função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Capı́tulo 3 Álgebra de Conjuntos e Mensurabilidade 12


3.1 Espaço Topológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2 Espaço Mensurável-Função Mensurável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
3.2.1 Existência de uma menor σ-álgebra em X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.2 Borelianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.3 Álgebra da Mensurabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2.4 Partes positiva e negativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
3.2.5 O caso de funções a valores reais estendidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.2.6 Mensurabilidade de funções estendidas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.2.7 Mensurabilidade do produto em M (X, M) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.2.8 Forma equivalente de mensurabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.2.9 Mais mensurabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3.3 Espaço de Medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3.3.1 Conceito de Medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
x

3.3.2 Espaço de Medida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21


3.3.3 Terminologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.4 Relação de equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.3.5 Espaço de Probabilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Capı́tulo 4 A Integral de Lebesgue 23


4.1 A Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
4.1.1 Funções Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
4.1.2 Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
4.1.3 A Integral e Algumas propriedades elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Capı́tulo 4 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.2 Funções Integráveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.2.1 Carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.2.2 Linearidade da Integral de Lebesgue . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4.3 Algumas Aplicacações de T.C.D.L. (Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue) . . . . . . 33

Capı́tulo 5 Espaço de Sobolev 37


5.1 Espaços Lp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
5.1.1 Espaço Lp - Notação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.1.2 Normas e Seminormas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.1.3 Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
5.2 Desigualdade de Hölder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
5.3 Desigualdade de Cauchy-Schwarz. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.4 Desigualdade de Minkowski. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
5.5 Lp = Lp (X) , 1 ≤ p < ∞, é um espaço vetorial normado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
5.6 O espaço L∞ (X, M, µ) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Capı́tulo 6 Funções de Variação Limitada


e Absolutamente Contı́nuas 49
6.1 Funções de Variação Limitada e Funções
Absolutamente Contı́nuas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
6.2 Funções de Variação limitada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
6.3 Variação Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
6.4 Aditividade da variação total. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Capı́tulo 6 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Capı́tulo 6 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Capı́tulo 6 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Capı́tulo 6 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Capı́tulo 7 Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 67


7.1 Mensurabilidade A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Capı́tulo 7 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
7.2 Medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
Capı́tulo 7 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
7.3 Espaço LP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Capı́tulo 7 Exercı́cio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
xi

Bibliografia 96
Capı́tulo 1 Introdução

O que é Medida de Lebesgue?

Henri Léon Lebesgue


viveu de 1875 a 1941

A medida de Lebesgue é uma maneira de atribuir uma medida ou ”comprimento” a conjuntos abstratos,
geralmente usada em espaços métricos ou espaços topológicos. Essa medida é chamada de medida de Lebesgue
em homenagem ao matemático francês Henri Lebesgue, que desenvolveu a teoria da medida no inı́cio do século
XX.
A ideia principal por trás da medida de Lebesgue é estender a noção de comprimento, área ou volume para
conjuntos mais gerais do que aqueles que podem ser descritos por dimensões inteiras ou coordenadas cartesianas.
Ela é particularmente útil em análise matemática, teoria da probabilidade e em muitas outras áreas da matemática.
A construção da medida de Lebesgue envolve vários conceitos abstratos, incluindo álgebra de conjuntos,
conjuntos mensuráveis e integração. A medida de Lebesgue tem propriedades úteis, como a invariância sob
translação e a capacidade de atribuir medidas precisas a conjuntos complicados, como conjuntos fractais.
A medida de Lebesgue é fundamental para a teoria da integração moderna, proporcionando uma abordagem
mais geral e flexı́vel do que a integral de Riemann. Ela permite estender o conceito de integral para funções mais
amplas e uma variedade mais ampla de conjuntos, contribuindo significativamente para o desenvolvimento da
análise matemática.
A medida de Lebesgue encontra aplicação em várias áreas da matemática, sendo uma ferramenta fundamental
em análise matemática, teoria da probabilidade, teoria da medida e integração. Aqui estão algumas das principais
áreas onde a medida de Lebesgue é aplicada:
Análise Matemática:
Integração Lebesgue: A medida de Lebesgue é utilizada para definir a integral de Lebesgue, uma generalização
mais ampla e flexı́vel da integral de Riemann. Essa abordagem permite a integração de uma ampla classe de funções,
incluindo funções que não são integráveis na abordagem tradicional.
Convergência de sequências de Funções: A medida de Lebesgue é útil ao estudar a convergência de sequências
2

de funções. Ela permite analisar a convergência quase em todos os lugares, o que é uma generalização importante
em relação à convergência pontual.
Teoria da Probabilidade:
Distribuições Contı́nuas: A medida de Lebesgue é utilizada para definir distribuições contı́nuas e para descrever
a probabilidade de eventos em espaços contı́nuos.
Teorema da Convergência de Lebesgue: Esse teorema é usado para justificar a troca de limite e integral em
contextos probabilı́sticos.
Análise Funcional:
Espaços de Funções: A medida de Lebesgue é essencial ao estudar espaços de funções, como espaços Lp , que
são espaços de funções integráveis elevadas a uma potência p
Geometria Fractal:
Medida de Conjuntos Fractais: A medida de Lebesgue é aplicada para medir conjuntos fractais, que são
conjuntos com dimensões não inteiras. Isso é crucial na descrição e análise de objetos fractais.
Equações Diferenciais Parciais:
Teoria da Distribuição: A medida de Lebesgue é utilizada para definir distribuições e distribuições temperadas,
e, também, para lidar com soluções fracas de equações diferenciais parciais e cálculo estocástico.
Esses são apenas alguns exemplos, e a medida de Lebesgue tem aplicações em várias outras áreas da
matemática. Sua flexibilidade e generalidade a tornam uma ferramenta poderosa na análise de conjuntos e funções
em contextos mais amplos do que aqueles abordados pela teoria da medida mais tradicional.
Capı́tulo 2 Ponto de acumulação
e Limites de funções

Marie-HÈlËne Schwartz
viveu de 1913 até 2013 Paris, França

Marie-Hélène Schwartz era filha de Paul Lévy e esposa de Laurent Schwartz. Ela viveu momentos muito
difı́ceis, mas teve uma carreira notável na Universidade de Lille. Ela trabalhou em funções de uma variável
complexa, na teoria de Ahlfors, no teorema de Poincaré-Hopf e, finalmente, em classes caracterı́sticas de variedades
singulares.

2.1 Relação de Ordem


Sejam X um conjunto e R uma relação entre seus elementos. Diz-se que R é uma relação de ordem parcial
em X, se:
i) aRb, ∀a ∈ X (reflexiva)
ii) aRb e bRc =⇒ aRc (transitiva)
iii) aRb e bRa =⇒ a = b (antisimétrica)
Se R é uma relação de ordem parcial em X, diz-se que X é um conjunto parcialmente ordenado.
Uma relação de ordem parcial, R, em X, para a qual dados a e b, em X, arbitrários, tem-se aRb ou bRa, é
dita uma relação de ordem total, em X.
Nesse caso X é dito um conjunto totalmente ordenado.

Exemplo 2.1
Seja X = R, o conjunto dos números reais. Em R consideremos a relação ≤, ”menos ou igual” ≤ é uma
relação de ordem parcial em R. Na verdade R é um ”corpo” totalmente ordenado e completo, segundo a relação
4

≤ (Por quê ?).

Exemplo 2.2
Seja X um conjunto não vazio. Em X consideremos a relação, R, de inclusão, denotada por ⊂ .
A relação de inclusão é uma relação de ordem parcial em X, e, munido dessa relação de ordem, X não é um
conjunto totalmente ordenado.

2.2 Supremo e Ínfino em R


Um subconjunto X ⊂ R é dito limitado superiormente se existe b ∈ R, tal que x ≤ b, para todo x ∈ X.
Neste caso diz-se que b é uma cota superior do conjuntom X.
Diz-se que X é limitado inferiormente se existe a ∈ R tal que a ≤ x, para todo x ∈ X . Tal número a é dito
uma cota inferior de X.
Um conjunto X ⊂ R é dito limitado se é limitado superiormente e inferiormente.
Seja X ⊂ R um conjunto limitado superiormente e não vazio. Um número b ∈ R é dito o supremo de X se:
i) b é uma cota superior de X. (x ≤ b, ∀x ∈ X)
ii) c ∈ R e x ≤ b, para todo x ∈ X, então b ≤ c.
A condição ii) é equivalente a: se c < b, então existe x ∈ X, tal que c < x ≤ b, que por sua vez equivale a
dado ϵ > 0, existe x ∈ X; b − ϵ < x < b.
Nesse caso escreve-se: b = sup X. O supremo de um conjunto X, limitado superiormente é, pois, a menor
de suas cotas superiores.
Um número a é dito a ı́nfimo de um conjunto X ⊂ R, limitado inferiormente se:
i) a ≤ x, ∀x ∈ X
ii) c ≤ x, ∀x ∈ X, implica c ≤ a. (Equivalente, dado ϵ > 0, existe x ∈ X, tal que a < x < a + ϵ).
Nesse caso escreve-se a = inf X.

Observação Tanto o supremo quanto o ı́nfimo de um conjunto X , quanto
existem, não são obrigados a pertencerem a X . Quando pertencem são chamados elemento máximo e elemento
mı́nimo, respectivamente.

Exemplo 2.3
X = [a, b] ⊂ R .
b = sup X e b ∈ X. b é o elemento máximo de X, b = max X.
a = inf X e a ∈ X, a é o elemento mı́nimo de X, a = min X.

Exemplo 2.4
X = (a, b) ⊂ R a = inf X , a ∈
/ X. b = sup X, b ∈
/ X.

2.2.1 Axioma do Sup


Todo conjunto, não-vazio, X ⊂ R, limitado superiormente, possui um supremo b = sup X, b ∈ R .
é claro que existe o ”Axioma do Ínfimo ”, com enunciado semelhante, mudando-se o que deve ser mudado.
No sentido desses axiomas, diz-se que R é um corpo ordenado completo.

2.2.2 Propriedade Arquimediana


Se x ∈ R, então existe um número natural nx tal que x < nx .
Lista de Execı́cios Propostos 5

De fato: caso contrário x ∈ R seria uma cota superior de N . Daı́, pelo Axioma do Supremo. N tem um
supremo x0 ∈ R. Como x0 − 1 < x0 , existe m ∈ N , tal que x0 − 1 < m < x0 . Assim x0 < 1 + m, o que
contradiz a pretensão de x0 ser o supremo de N ((1 + m) ∈ N ).

2 Existe um número real positivo, x, tal que x2 = 2.

2.2.3 Densidade dos Racionais em R


O conjunto, Q, dos números racionais é denso em R, ou seja, dados x e y, números reais, com x < y, existe
um número racional r, tal que x < r < y.
1
De fato: Podemos supor x > 0. Considere o número real y−x . Pela propriedade Arquimediana existe n ∈ N ,
1
tal que y−x < n ou seja ny − nx > 1. Sendo nx > 0, existe m ∈ N tal que m − 1 ≤ nx < m.
De m − 1 ≤ nx tem-se m ≤ nx + 1 < ny.
Assim, nx < m < ny e x < m m
n < y. Seja r = n .

2.2.4 Densidade dos Irracionais em R


O conjunto dos números irracionais é denso em R.

K Lista de Execı́cios Propostos k


1. Seja a ∈ R tal que 0 ≤ a < ε, para todo ϵ > 0. Prove que a = 0.
2. Sejam a e b números reais com a − ε < b, para todo ε > 0. Prove que a ≤ b.
3. Sejam a e b números reais. Prove que ab ≤ 12 (a2 + b2 ).

4. Sejam a > 0 , b > 0, números reais. Prove que ab ≤ 12 (a + b).
5. Sejam a1, a2 , . . . an , números reais positivos, e δ1, δ2 , . . . δn , números reais positivos tais que δ1 + δ2 + . . . +
Pn
δn = 1. Prove que Πni=1 xδi i ≤ i=1 δi xi . Deduza a desigualdade do Exercı́cio 6?

Sugestão: Considere a função f (x) = − ln x, x > 0, e use argumentos de conexidade.


6. Sejam a1, a2 , . . . an números reais positivos. Prove que
1 a a ,...a
(a1, a2 , . . . an ) n ≤ 1, 2n n
=⇒ 6 ’. Outra demonstração de 6.
6 ’.
a) Sejam x1, x2 , . . . , xn , números reais positivos e suponha que x1, x2 , . . . , xn = 1. Prove que
x1 + x2 + . . . + xn ≥ n.
2
b) Prove que √xx2+2 +1
≥ 2.
c) Usando a) prove a desigualdade do Exercı́cio 6.
7. Prova a desigualdade de Bernoulli: (1 + x)n ≥ 1 + nx, ∀n ∈ N , para x > −1.
Sejam a1, a2 , . . . , an e b1, b2 , . . . , bn números reais. Prove que
(a1 b1 + . . . + an bn )2 ≤ (a21 + . . . + a2n )(b21 + . . . + b2n )
Sugestão: Considere a função F (t) = (a1 −tb1 )2 +· · ·+(an −tbn )2 e mostre que F (t) = A−2Bt+Ct2 ≥ 0,
com A = a21 + . . . + a2n , B = a1 b1 + . . . + an bn , C = b21 + . . . + b2n .
8. Para quaisquer números reais a1, a2 , . . . , an e b1, b2 , . . . , bn , prove que
1 1 1
[(a1 + b1 )2 + · · · + (an + bn )2 ] 2 ≤ [a1 2 + · · · + an 2 ] 2 + [b1 2 + · · · + bn 2 ] 2 .
9. Sejam S um subconjunto não-vazio de R e a ∈ R. Define-se o conjunto a + S = {a + x; x ∈ S}. Mostre
que sup(a + S) = a + sup S.
Lista de Execı́cios Propostos 6

10. Sejam f, g : D ⊆ R → R, funções dadas, f (D) = {f (x); x ∈ D} e g(D) = {g(x); x ∈ D} conjuntos


limitadas. Prove que,
i) Se f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ D, então sup f (D) ≤ sup g(D).
ii) Se f (x) ≤ g(x), ∀x ∈ D, então sup f (D) ≤ inf g(D).
11. Seja S um conjunto limitado, não-vazio, em R.
i) Se a > 0, prove que inf(as) = a inf(s) e sup(as) = a sup(s). (aS = {as; s ∈ S}).
ii) Se b < 0, prove que inf(bs) = b sup(s) e sup(bs) = b inf(s).
12. Seja S um conjunto limitado, não-vazio, em R.
i) Se a > 0, prove que inf(as) = a inf(s) e sup(as) = a sup(s). (aS = {as; s ∈ S}).
ii) Se b < 0, prove que inf(bs) = b sup(s) e sup(bs) = b inf(s).
13. Sejam A e B conjuntos, não-vazios, limitados, de R, e defina-se: A + B = {a + b; a ∈ A, b ∈ B}
Prove que sup(A + B) = sup(A) + sup(B) e inf(A + B) = inf(A) + inf(B).
14. Sejam X um conjunto não-vazio, e f, g : X → R funções limitadas (f (x) e g(x) são subconjuntos, limitados,
de R).
i) Mostre que sup{f (x) + g(x); x ∈ X} ≤ sup{f (x); x ∈ X} + sup{g(x); x ∈ X}
ii) Mostre que inf{f (x) + g(x); x ∈ X} ≥ inf{f (x); x ∈ X} + inf{g(x); x ∈ X}
15. Sejam X e Y conjuntos não-vazios e h : X × Y → R uma função limitada. Sejam f : X → R e g : Y → R
dadas por f (x) = sup{h(x, y); y ∈ Y }, g(y) inf{h(x, y), x ∈ X}.
Prove que sup{g(y); y ∈ Y } ≤ inf{f (x); x ∈ X}, ou seja,
supy inf x h(x, y) ≤ inf x supy h(x, y).
16. Seja y ∈ R, y > 0. Mostre que existe n ∈ N ; 21n < y.

2.2.5 Limites Superior e Inferior de sequências


Dada uma sequencia, (xn )n , de números reais, consideremos as sequencias:
x1 , x2 , . . . , xn , xn+1 , . . .
x2 , . . . , xn , xn+1 , . . .
x3 , . . . , xn , xn+1 , . . . (1)
..
.
xn , xn+1 , . . .
..
.
Se (xn )n é limitada superiormente, as sequencia em (1) tem para supremos , respectivamente,
K1 , K2 , . . . , Kn , . . . com K1 ≥ K2 ≥ · · · ≥ Kn ≥ Kn+1 ≥ · · ·
Então (Kn )n é uma sequencia que tende para um limite finito ou tende a −∞.

Proposição 2.1
Kn −→ −∞ se e somente se xn −→ −∞ .

Demostração
Se Kn −→ −∞, como xn ≤ Kn , segue-se que xn −→ −∞.
Por outro lado, se xn −→ −∞, dado qualquer número K, bastante grande, existe n0 ∈ N , tal que xn < −K,
para n > n0 .
Ora, para n > n0 , temos Kn = supr≥n xr ≤ −K, ou seja Kn −→ −∞.
Lista de Execı́cios Propostos 7

Definição 2.1
Seja (xn )n uma sequencia de números reais, limitada superiormente. Λ = limn→∞ (supr≥n xr ) =
limn→∞ Kn é chamado limite superior de (xn ), e escreve-se limn→∞ xn = Λ ou limn→∞ sup xn = Λ.
Se (xn )n não é limitada superiormente, escreve-se limn→∞ xn = ∞ ou limn→∞ xn = +∞.
Quando (xn )n é limitado inferiormente a k1 , k2 , . . . , são os ı́nfimos das
respectivas sequencias em (1), então k1 ≤ k2 ≤ · · · ≤ kn ≤ kn+1 ≤ · · · e (kn )n tende para um limite
finito ou para +∞.

Definição 2.2
Seja (xn )n uma sequencia de números reais, limitada inferiormente. λ = limn→∞ (inf r≥n xr ) =
limn→∞ kn é chamado o limite inferior de (xn )n , e escreve-se
limn→∞ xn = λ, limn→∞ inf xn = λ.
Se (xn )n não é limitada inferiormente, escreve-se
limn→∞ xn = −∞ ou limn→∞ inf xn = −∞.


Observação
a) limn→∞ inf xn ≤ limn→∞ sup xn e
b) limn→∞ inf(−xn ) = − limn→∞ sup xn

Teorema 2.1
O número Λ é o limite superior da seqüência (xn )n , se e somente se, dado ϵ > 0,
a) xn < Λ + ϵ , para todo n bastante grande
b) xn > Λ − ϵ , para infinitos n .

Demostração
Seja Λ = lim sup xn = lim Kn , Kn = supr≥n xr = sup{xn , xn+1 , . . .}.
Dado ε > 0, existe n ∈ N ; KN < Λ + ε.
Assim xn < Λ + ε, ∀n ≥ N . Isto prova a).
Para provar b), observamos que (Kn )n é decrescente, e daı́ Km ≥ Λ, ∀m.
Por definição de Kp+1 , temos que existe n ≥ p + 1, tal que
xn > Kp+1 − ε ≥ Λ − ε.
Como p é arbitrário e Km ≥ Λ, ∀m, segue-se b).
Reciprocamente, de a) obtemos Kn ≤ Λ + ε, para n ≥ N . Por b) Kn > Λ − ε, ∀n. Então Kn → Λ, ou seja
Λ = lim sup xn .

Corolário 2.1
O número λ é o limite inferior da sequencia (xn ) se e somente se, dado ε > 0,
i) xn > λ − ε, para todo n suficientemente grande
ii) xn < λ + ε, para infinitos n.

Demostração
Usar o teorema acima.
Lista de Execı́cios Propostos 8

Corolário 2.2
A sequencia (xn ) tende para ℓ, com n → ∞, se e so somente se lim inf xn = lim sup xn = ℓ.

Demostração
i) ℓ finito.
Se xn → ℓ, dado ε > 0, existe N tal que ℓ − ε < xn < ℓ + ε para todo n ≥ N .
Temos xn < ℓ + ε, para todo n suficientemente grande. Também, como (Km ) decresce, Km ≥ ℓ ∀m. Assim,
por definição de Kp+1 , existe n ≥ p + 1, tal que xn > Kp+1 ≥ ℓ − ε.
Assim existe infinitos n; xn > ℓ − ε.
Portanto ℓ = lim sup xn .
De modo análogo mostra-se que ℓ = lim inf xn .
A demostração da recı́proca segue dos resultados acima.
ii) ℓ infinito.
xn → ∞ ⇐⇒ lim inf xn = ∞ e lim inf xn = ∞ ⇒ lim sup xn = ∞
xn → −∞ ⇐⇒ lim sup xn = −∞ e lim sup xn = −∞ ⇒ lim inf xn = −∞

Corolário 2.3
a) Λ = lim sup xn , se finito, é o maior número que é limite de uma subseqüência de (xn ).
b) λ = lim inf xn , se finito, é o menor número que é o limite de alguma subseqüência de (xn ).

Demostração
a) Por definição, para todo ϵ > 0, existem infintos n tais que Λ − ε < xn < Λ + ε. Escolhamos n1 ∈ N , tal
que Λ − ε < xn1 < Λ + ε. Em seguida escolhamos n2 ∈ N , n2 > n1 tal que Λ − ε < xn2 < Λ + ε.
Continuando o processo obtemos {xn1 , xn2 , . . . , xnk , . . .} tal que limk→∞ xnk = Λ.
(xn )n não pode ter uma subseqüência convergindo para Λ′ > Λ, pois se ϵ < Λ′ − Λ, existe apenas finitos n;
xn > Λ′ − ϵ.

Por exemplo, se ε = Λ 2−Λ , então 2ε = Λ′ − Λ ⇒ Λ + ε = Λ′ − ε.
Existe uma infinidades de ı́ndices n tal que Λ − ε < xn < Λ + ε < Λ′ − ϵ. Assim (Λ′ − ε, Λ′ + ε) não contém
xn , para infinitos n.
Exemplo 2.5
a) xn = (−1)n . lim inf xn = −1 , lim sup xn = 1
2n
b) xn = n+1 . limk→∞ xn = 2 . ( Portanto lim inf xn = 2 e lim sup xn = 2 .
c) xn = n{1 + (−1)n } . lim inf xn = 0 , lim sup xn = ∞.

Exemplo 2.6
Limite superior e inferior de conjuntos.
Seja {En }∞n=1 uma famı́lia enumerável de subconjuntos de um conjunto X .
O limite superior da sequencia {En }n , denotado por limn sup En , é definido por
limn sup En = ∩∞ ∞
k=1 ∪n=k En .
O limite inferior é dado por limn inf En = ∩∞ ∞
k=1 ∪n=k En .
Lista de Execı́cios Propostos 9

2.2.6 Valores de aderência para sequencias.


Sejam a um número real e (xn ) uma sequencia em R.

Proposição 2.2
Um número real a é limite de uma subseqüência de (xn )n se e somente se, dado ϵ > 0 , existe uma
infinidade de ı́ndices n tais que xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).

Demostração
Seja N ′ = {n1 < n2 < · · · < ni < · · · } ⊂ N tal que a = limn∈N′ xn . Dado ϵ > 0, existe i0 ∈ N , tal que
xni ∈ (a − ϵ, a + ϵ), para todo i > io .
Como existe uma infinidade de ı́ndices i > i0 , segue-se que existe infinitos ni ∈ N , de modo que
xni ∈ (a − ϵ, a + ϵ). Portanto existem infinitos ı́ndices n; xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).
Reciprocamente, suponhamos que, dado ϵ > 0, o conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ)} seja infinito.
Então dado ϵ = 1, o conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − 1, a + 1)} é infinito.
Seja n1 ∈ N , tal que xn1 ∈ (a − 1, a + 1) .
Dado ϵ = 21 , o conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − 12 , a + 12 )} é infinito.
Então existe n2 > n1 , n2 ∈ N , tal que xn2 ∈ (a − 21 , a + 21 ).
Suponhamos, por indução, que n1 < n2 < · · · < ni estão determinadas, de modo que xn1 ∈ (a − 1, a + 1),
xn2 ∈ (a − 12 , a + 12 ),· · · , xni ∈ (a − 1i , a + 1i ).
1 1
O conjunto {n ∈ N ; xn ∈ (a − i+1 , a + i+1 )} é infinito. Então podemos determinar ni+1 > ni > · · · >
1 1
n2 > n1 tal que xni+1 ∈ (a − i+1 , a + i+1 ) .
Com isto construı́mos o conjunto N ′ = {n1 < n2 < · · · < ni < · · · } de modo que |xni − a| < 1i , para todo
i ∈ N.
Portanto xni → a, com i → ∞.

2.2.7 Valor de aderência.


Um número a chama-se valor de aderência de uma sequencia (xn )n , quando a é limite de alguma subseqüência
de (xn )n .
Deduz-se, da definição de valor de aderência e da Proposição 2.2, que um número a é valor de aderência de
(xn )n se e somente se dados ϵ > 0 e n0 ∈ N , existe n ∈ N , n > n0 , tal que xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).
Equivalentemente, a é valor de aderência de (xn ), se todo intervalo aberto, centrado em a, contém termos xn ,
com ı́ndices, n, arbitrariamente grandes.
Distinção entre valor de aderência e ponto limite de (xn ), a = limn→∞ xn se e somente se todo intervalo
aberto centrado em a contém todos os têrmos xn , com ı́ndices, n, arbitrariamente grandes.
é imediato que todo ponto limite é um valor de aderência de (xn ). A recı́proca é falsa, em geral.
Na sequencia (0, 1, 0, 2, 0, 3, . . .) , 0 é um valor de aderência, mas não é um ponto limite.
Seja (xn )n uma sequencia limitada de números reais, digamos α ≤ xn ≤ β, para todo n = 1, 2, . . .
Seja Xn = {xn , xn+1 , . . .}. Claro que [α, β] ⊃ X1 ⊃ X2 ⊃ · · · . Se kn inf Xn e Kn = sup Xn , temos:
α ≤ k1 ≤ k2 ≤ · · · ≤ kn ≤ · · · ≤ Kn ≤ · · · ≤ K2 ≤ K1 ≤ β.
Lista de Execı́cios Propostos 10

Sendo (Kn )n uma sequencia monótona crescente, limitada superiormente, é convergente. Seja a = limn kn =
supn kn = supn inf Xn .
Sendo (Kn ) uma sequencia monótona decrescente, limitada inferiormente, é convergente. Seja b =
limn→∞ Kn = inf n Kn = inf n sup Xn .
Escreve-se: a = limn inf kn , b = limn sup Kn e diz-se que a é o limite inferior de (xn ).
Tem-se: limn inf xn ≤ limn sup xn , podendo ocorrer a desigualdade estrita, conforme a sequencia (xn ),
onde x2n−1=− n1 , x2n=1+ n1 , n = 1, 2, . . .
Para esta sequencia, tem-se (verificar): inf X2n−2 = inf X2n−1 = − n1 ,
sup X2n−1 = inf X2n = 1 + n1 , donde limn inf xn = 0 e lim sup xn = 1. 0 e 1 são valores de aderência de (xn ).

Teorema 2.2
Sejam (xn )n uma sequencia limitada de números reais. Então lim inf xn é o menor valor de aderência
de (xn ) .

Demostração
Temos duas coisas a provar:
i) a = limn inf xn é um valor de aderência de (xn ).
ii) a é o menor valor de aderência de (xn ).
Prova de i)
Sejam dados ϵ > 0 e n0 ∈ N .
Temos a = limn→∞ an . Então existe n1 > n0 , tal que an1 ∈ (a − ϵ, a + ϵ), ou seja a − ϵ < an1 < a + ϵ, n1 > n0 .
Como an1 = inf Xn1 e a + ϵ não é cota inferior de Xn1 , existe n > n1 , tal que an1 ≤ xn < a + ϵ.
Assim, existe n > n1 > n0 , com xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ). Como n0 é arbitrário, existe infinitos ı́ndices n, tais que
xn ∈ (a − ϵ, a + ϵ).
Pela Proposição 16, a é limite de alguma subseqüência de (xn )n ou seja a é um valor de aderência de (xn ).
Prova de ii). Seja c < a. Então c não pode ser valor de aderência de (xn ).
Temos, a = limn an = supn an . Sendo c < a, existe n0 ∈ N , tal que c < an0 ≤ a. Como an0 = inf Xn0 , temos
que c < an0 ≤ xn , para n ≥ n0 .
Seja ϵ = an0 − c. Então c + ϵ = an0 e o intervalo (c − ϵ, c + ϵ) não cotém nenhum termo xn , para n ≥ n0 .
Logo c < a não é valor de aderência de (xn ).

Teorema 2.3
Sejam (xn ) sequencia limitada de números reais. Então b = lim sup xn é o maior valor de aderência de
(xn ) .

Demostração
A demonstração pode ser feita imitando aquela de 2.2.

2.2.8 Valores de aderência de uma função


Fixemos um subconjunto X ⊂ R, uma função f : X → R e um ponto de acumulação a ∈ X ′ (X ′ o derivado de
X).
Para δ > 0, seja Vδ = {x ∈ X; 0 < |x − a| < δ}.
Diz-se que f é limitada numa vizinhança de a, se existe δ > 0, tal que f /Vδ é limitada. (|f (x)| ≤ k, ∀x ∈ Vδ ).
Um número real c chama-se um valor de aderência de f , no ponto ( de acumulação) a, se existe uma sequencia
(xn )n , xn ∈ X − {a}, tal que limn→∞ xn = a e limn→∞ f (xn ) = c.
Lista de Execı́cios Propostos 11

Proposição 2.3
Um número real c é valor de aderência de f , no ponto a , se e somente se c ∈ f (Vδ ), ∀δ > 0.

Demostração
Seja c um valor de aderência de f , no ponto a. Então existe xn ∈ X − {a}, tal que xn → a e f (xn ) → c.
Dado δ > 0, existe n0 ∈ N , tal que n > n0 ⇒ xn ∈ Vδ .
Claro que limn>n0 f (xn ) = c ou seja c é o limite de uma sequencia de pontos pertencentes a f (Vδ ), isto é
c ∈ f (Vδ ).
Reciprocamente, se c ∈ f (Vδ ), para todo δ > 0, então c ∈ f (V n1 ), para todo n = 1, 2, . . .
Daı́, para cada n ∈ N , existe xn ∈ V n1 , tal que |f (xn ) − c| < n1 .
Assim xn ∈ X − {a}, limn xn = a e limn f (xn ) = c, ou seja c é um valor de aderência de f no ponto a.
Denota-se o conjunto de todos os valores de aderência de f , no ponto a, por V A(f ; a).
De acordo com a Proposição 2.2, tem-se V A(f ; a) = ∩δ>0 f (Vδ ).
Portanto o conjunto dos valores de aderência de f , em a, é fechado. Será compacto se f for limitada numa
vizinhança de a.
Nesse maior V A(f ; a) terá um maior e um menor elemento. Ao maior elemento chama-se limite superior de f , no
ponto a, e denota-se por limx→a sup f (x) = L.
Ao menor elemento chama-se limite inferior de f , no ponto a, e denota-se por limx→a inf f (x) = ℓ.
Capı́tulo 3 Álgebra de Conjuntos e Mensurabilidade

Sofia Vasilyevna Kovalevskaia


viveu de 1850 até 1891

O nome de Sofia está escrito de diferentes formas e devemos falar um pouco sobre isso aqui. Ignorando os
problemas de transliteração do russo, o nome de seu pai era Krukovsky, mas ele fez pedidos ao Departamento
de Heráldica para permitir que fosse considerado membro da nobreza. Isto foi recusado até que ele se aposentou
em 1858 , quando seu pedido foi permitido e ele se tornou Korvin-Krukovsky, o nome Korvin vindo de Matthias
Corvinus, o rei da Hungria. Vasily herdou duas grandes propriedades em 1843 , uma em Palibino e outra em
Moshino. Na época em que herdou essas propriedades, ele se casou com Elizaveta Fedorovna Shubert (1820−1879)
, filha de Fyodor Fyodorovich von Shubert e Sophie von Shubert. Elizaveta havia nascido em 15 de dezembro de
1820 , e era cerca de vinte anos mais nova que o marido. Notemos neste ponto que as fontes diferem quanto ao ano
de nascimento de Vasily Korvin-Krukovsky, com datas variando entre 1800 e 1803. Também é importante notar que
o avô de Elizaveta Shubert era o astrônomo e cartógrafo Theodor Friedrich Schubert (1789 − 1865) , que tem uma
cratera em Mercúrio com o seu nome. Sofia tinha uma irmã mais velha, Anyuta Vasilievna Korvin-Krukovskaya
(1843 − 1887) , e um irmão mais novo, Fyodor Vasilievich Korvin-Krukovsky (1855 − 1919) . Fyodor estudou
na Faculdade de Fı́sica-Matemática da Universidade de São Petersburgo e depois trabalhou em um ministério
governamental. Sofia Kovalevskaya foi uma matemática russa que fez contribuições valiosas para a teoria das
equações diferenciais. Ela terminou sua carreira na Suécia.
Na teoria da medida e na integração, a álgebra de conjuntos é uma parte crucial. Uma álgebra de conjuntos é um
conjunto de subconjuntos de um conjunto dado que é fechado sob operações como união, interseção e complemento.
Na teoria da medida, frequentemente trabalhamos com sigma-álgebras, que são álgebras de conjuntos que são
fechadas sob contagens numeráveis de operações.

Álgebra de Conjuntos e Mensurabilidade


A mensurabilidade refere-se à capacidade de atribuir uma medida (como a medida de Lebesgue) a conjuntos
especı́ficos. Em um contexto topológico, a mensurabilidade frequentemente está associada à noção de conjuntos
mensuráveis em um espaço métrico ou espaço topológico. Conjuntos mensuráveis são geralmente definidos de
maneira a garantir que certos conceitos como integração possam ser estendidos de maneira adequada.
Lista de Execı́cios Propostos 13

Espaço Topológico
Um espaço topológico é um conceito fundamental na topologia matemática. Consiste em um conjunto X
juntamente com uma coleção de subconjuntos de X, chamada de topologia, que satisfaz certas propriedades. A
topologia é definida de modo a capturar noções de proximidade e continuidade.
As propriedades que caracterizam um espaço topológico incluem: A coleção vazia e o próprio conjunto X
fazem parte da topologia.
A interseção finita de conjuntos na topologia está na topologia. A união arbitrária de conjuntos na topologia
está na topologia. Os elementos da topologia são chamados de conjuntos abertos, e seus complementos em relação
a X são chamados de conjuntos fechados.
Exemplos de espaços topológicos incluem espaços métricos, onde a topologia é gerada por uma métrica, e
espaços topológicos mais gerais, como o espaço topológico de Zariski em álgebra.
Em resumo, a álgebra de conjuntos, mensurabilidade e espaços topológicos são conceitos interligados, cada
um desempenhando um papel importante em diferentes ramos da matemática, como análise, teoria da medida e
topologia.

3.1 Espaço Topológico


Uma coleção τ , de subconjuntos de um conjunto X, é dita uma topologia em X, se tem as seguintes
propriedades:
i) ϕ ∈ τ , X ∈ τ
ii) Se Vi ∈ τ , para i = 1, 2, . . . , n, então ∩ni=1 Vi ∈ τ
iii) Se {Vα }α é uma coleção arbitrária de elementos de τ , então ∪α Vα ∈ τ .
Se τ é uma topologia sobre X, o par (X, τ ) é dito um espaço topológico. Os elementos de τ são os conjuntos
abertos de X.
Se (X, τ ) e (Y, τ ′ ) são dois espaços topológicos e f : X → Y é uma aplicação dada, então f é contı́nua se
f −1 (V ) ∈ τ , para todo V ∈ τ ′ .

3.2 Espaço Mensurável-Função Mensurável


Uma coleção M de subconjuntos de um conjunto X é dita uma σ-álgebra em X, se tem as seguintes
propriedades:
a) X ∈ M
b) Se A ∈ M então o complementar, Ac , de A também pertence a M .
c) Se A = ∪∞ n=1 An e An ∈ M n = 1, 2, . . ., então A ∈ M .
Se M é uma σ-álgebra, o par (X, M ) é dita um espaço mensurável. Os conjuntos em M são ditos conjuntos
mensuráveis.
Se (X, M ) é um espaço mensurável, (X, τ ) é um espaço topológico e f : X → Y é uma função dada, então
f é dita mensurável se f −1 (V ) ∈ M para todo V ∈ τ .

Observação · Se M é uma σ -álgebra em X , então ϕ ∈ M e M é fechado para a operação de interseção
infinito. Além disso, se A e B estão em M , então A − B ∈ M pois A − B = B c ∩ A .
Lista de Execı́cios Propostos 14

3.2.1 Existência de uma menor σ-álgebra em X


Seja F qualquer coleção de subconjuntos de X. Então existe uma menor σ-álgebra,M ∗ , em X, tal que F
⊂ M ∗.
De fato: seja Ω a famı́lia de todas as σ-álgebras M , de X, que contém F . A famı́lia de todas os subconjuntos
de X, constituem uma σ-álgebra, em X (prove!) e evidentemente contém F . Logo Ω é não-vazio.
Seja M ∗ a interseção de todas as σ-álgebras M ∈ Ω. Tem-se que F ⊂ M ∗ e M ∗ pertence a toda σ-álgebra,
em X, que contém F .
Por fim M ∗ é de fato σ-álgebra:
i) X ∈ M ∗ , pois X pertence a toda σ-álgebra, em X.
ii) Se An ∈ M ∗ , para n = 1, 2, . . ., e se M ∈ Ω, então An ∈ M e daı́ ∪n An ∈ M ∗ . Como isto vale para
toda M ∈ Ω, segue-se que ∪n An ∈ M ∗ .
iii) Se Vi ∈ M ∗ , i = 1, 2, . . . , n, então Vi ∈ M , i = 1, 2, . . . , n para todo M ∈ Ω.
Daı́ ∩ni=1 Vi ∈ M , para toda M ∈ Ω, ou seja ∩ni=1 Vi ∈ M ∗ .
A σ-álgebra M ∗ é dita σ-álgebra gerada por F .

3.2.2 Borelianos
Sejam (X, τ ) um espaço topológico. Existe uma menor σ-álgebra, B, em X, contendo cada um dos elementos
de τ . Cada elemento de B é dito um conjunto de Borel ou um boreliano.
Notemos que B contém todos os abertos do espaço topológico (X, τ ) e, por ser uma σ-álgebra, B contém todos os
fechados de X, a união enumerável de fechados e a interseção enumerável de abertos.
Um conjunto que é a união enumerável de fechados é dito um conjunto Fσ . Um conjunto que é a interseção
enumerável de abertos é dito um Gδ .
(X, B) é um espaço mensurável e os borelianos passam a ser os conjuntos mensuráveis. Se Y é um espaço
topológico e f : X → Y é contı́nua, então f −1 (V ) ∈ B, para todo aberto, V , de Y . Diz-se então que toda função
contı́nua é Borel mensurável ou B-mensurável.

Teorema 3.1
Sejam M uma σ -álgebra em X , Y um espaço topológico e f : X → Y .

a) Se Ω = {E ⊂ Y ; f −1 (E) ∈ M }, então Ω é uma σ-álgebra em Y .


b) Se f é mensurável e E é um boreliano em Y , então f −1 (E) ∈ M .
c) Se Y = [−∞, ∞] e f −1 ((−∞, ∞]) ∈ M, ∀α ∈ R, então f é mensurável.
e) Se f é mensurável, se Z é um espaço topológico, g : Y → Z e B-mensurável mensurável a Borel e
h = g ◦ f , então h : X → Z é mensurável.

Demostração
a) i) Y ∈ Ω, pois X = f −1 (Y ) ∈ M

ii) Se A ∈ Ω, então Ac ∈ Ω, pois,


Ac = Y − A ⇒ f −1 (Ac ) = f −1 (A − Y ) = X − f −1 (A) .
Como A ∈ Ω, tem-se f −1 (A) ∈ M e daı́ X − f −1 (A) ∈ M .

iii) Se Ai ∈ Ω, i = 1, 2, . . ., então
f −1 (Ai ) ∈ M , ∀i = 1, 2, . . . e ∪∞
i=1 f
−1
(Ai ) ∈ M .
Lista de Execı́cios Propostos 15

Como
∪∞
i=1 f
−1
(Ai ) = f −1 (∪∞
i=1 Ai ),

segue-se que ∪∞ i=1 Ai ∈ M .


b) Por a) Ω = {E ⊂ Y ; f −1 (E) ∈ M } é uma σ-álgebra em Y . Sendo f mensurável, Ω contém todos os
abertos de Y . Sendo E ⊂ Y , um boreliano, E pertence à σ-álgebra de Borel de Y e daı́ E ∈ Ω. Logo f −1 (E) ∈ M
.
c) Seja Γ = {E ⊂ [−∞, ∞]; f −1 (E) ∈ M }. Escolhamos α ∈ R e αn < α; αn → α com n → ∞.
Temos:(αn , ∞] ∈ Γ, para cada n, pois (αn , ∞] é um Fσ e um Gδ ,
· [−∞, α) = ∪∞ ∞
n=1 [−∞, αn ] = ∪n=1 (αn , ∞] ,
c

·Γ é um σ-álgebra
Logo (−∞, αn ] ∈ Γ
d) Seja V ⊂ Z, um aberto. Então V é um boreliano e como g é B -mensurável, segue-se que g −1 (V ) é um
boreliano em Y .
Como h−1 (V ) = f −1 (g −1 (V )) e f é B -mensurável, segue-se que h−1 (V ) ∈ M .

Lema 3.1
Seja (X, M ) um espaço mensurável. Dada f : X → R , são equivalentes:
I)− Para todo α ∈ R , o conjunto Aα = {x ∈ X; f (x) > α} ∈ M
II)− Para todo α ∈ R , o conjunto Bα = {x ∈ X; f (x) ≤ α} ∈ M
III)− Para todo α ∈ R , o conjunto Cα = {x ∈ X; f (x) ≥ α} ∈ M
IV )− Para todo α ∈ R , o conjunto Dα = {x ∈ X; f (x) < α} ∈ M

Demostração
Lembre que M é uma σ-álgebra em X.
I) ⇒ III).
Suponhamos I) verdadeira. Então Aα− n1 ∈ M , para cada n.
Afirmação: Cα = ∩∞ n=1 Aα− n1 .

Seja x ∈ Cα . Então f (x) ≥ α ≥ α − n1 , ∀n = 1, 2, . . ..


Assim x ∈ Aα− n1 , ∀n = 1, 2, . . . ou seja x ∈ ∩∞ n=1 Aα− n 1 .


Logo Cα ⊂ ∩n=1 Aα− n1 .
Por outro lado se x ∈ ∩∞ n=1 Aα− n 1 , então x ∈ A 1 , n = 1, 2, . . ..
α− n
Daı́ f (x) > α − n1 , ∀n = 1, 2, . . ., donde f (x) ≥ α.
Logo ∩∞ n=1 Aα− n1 ⊂ Cα .

Conclusão: Cα = ∩∞ n=1 Aα− n 1 .

Sendo M uma σ-álgebra e Aα− n1 ∈ M , para cada n, tem-se que


∩∞n=1 Aα− n1 ∈ M , ou seja Cα ∈ M.

III) ⇒ I).
Afirmação: Aα = ∪∞ n=1 Cα+ n1 .

Seja x ∈ Aα . Então f (x) > α, ∀α ∈ R . Daı́ f (x) ≥ α + n1 para algum n ∈ N , e então x ∈ Cα+ n1 . Logo
x ∈ ∪∞ 1 e Aα ⊂ ∪
n=1 Cα+ n

n=1 Cα+ n 1 .


Por outro lado, se x ∈ ∪n=1 Cα+ n , então x ∈ Cα+ n1 , para algum n ∈ N . Daı́ f (x) ≥ α + n1 > α. Logo x ∈ Aα
1

e ∪∞
n=1 Cα+ n 1 ⊂ Aα .

Conclusão Aα = ∪∞ n=1 Cα+ n


1 .

Sendo Cα ∈ M , ∀α ∈ R, tem-se que Cα+ n1 ∈ M ,∀n = 1, 2, . . .


e ∪∞
n=1 Cα+ n 1 ∈ M . Logo Aα ∈ M .
Lista de Execı́cios Propostos 16

3.2.3 Álgebra da Mensurabilidade


Sejam X um conjunto não-vazio, M uma σ-álgebra em X, f, g : X → R funções mensuráveis e c ∈ R.

i) cf é mensurável.
Se c = 0, então cf é a função constante, identicamente nula, que é mensurável.
Se c > 0, então {x ∈ X; cf (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > αc } e, como f é mensurável, {x ∈ X; f (x) > α
c} ∈M .
Se c < 0, então {x ∈ X; cf (x) > α} = {x ∈ X; f (x) < αc }.
Como f é mensurável, pelo Lema 3.1-II, {x ∈ X; f (x) < αc } ∈ M .
Logo cf é mensurável, para qualquer c ∈ R.

ii) f 2 é mensurável.
Se α < 0, então {x ∈ X; f 2 (x) > α} = X ∈ M .

Se α ≥ 0, então {x ∈ X; f 2 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α}∪

∪ {x ∈ X; f (x) < − α}.
Os dois conjuntos à direita do sinal de igual, são mensuráveis.
Logo {x ∈ X; f 2 (x) > α} ∈ M .
Portanto f 2 é mensurável.

iii) f + g é separável.
Notemos que se r é um número racional, então o conjunto
Sr = {x ∈ X; f (x) > r} ∩ {x ∈ X; g(x) > α − r} é mensurável.
Afirmação: {x ∈ X; (f + g)(x) > α} ∪r∈Q Sr .
Se x ∈ ∪r∈Q Sr , então x ∈ Sr , para algum r ∈ Q. Daı́ f (x) > r e g(x) > α − r, donde f (x) + g(x) > α ou seja
(f + g) > α.
Logo x ∈ {x ∈ X; (f + g)(x) > α} e ∪r∈Q Sr ⊂ {x ∈ X; (f + g)(x) > α}.
Por outro lado, se (f + g)(x) > α, então f (x) + g(x) > α e f (x) > α − g(x).
∃ r ∈ Q;
α − g(x) < r < f (x) ou seja f (x) > r, α − g(x) < r, para algum r ∈ Q.
Daı́, f (x) > r, g(x) > α − r, ou seja x ∈ Sr , para algum r ∈ Q, donde x ∈ ∪r∈Q Sr e {x ∈ X; (f + g)(x) > α}
⊂ ∪r∈Q Sr .
Conclusão: {x ∈ X; (f + g)(x) > α} = ∪r∈Q Sr . Portanto f + g é mensurável.

iv) f g é mensurável.
f g = 12 (f + g)2 − 12 (f − g)2

v) | f | é mensurável.
Se α ≤ 0, então {x ∈ X; | f | > α} = X ∈ M
Se α ≥ 0, então {x ∈ X; | f | > α} = {x ∈ X; f (x) > α}∪
{x ∈ X; f < −α} ∈ M.
Portanto |f | é mensurável.

3.2.4 Partes positiva e negativa


Seja f : X → R uma função dada. Define-se:
f + (x) = sup{f (x), 0}, f − (x) = sup{−f (x), 0}
f + é dita ”parte positiva ”de f , enquanto que f −1 é chamada ”parte ne-
gativa ”de f . Observemos que, apesar da monenclatura, ambas, f + e f − , são sempre não-negativas.
Lista de Execı́cios Propostos 17

Tem-se: f = f + − f − , | f | = f + + f − , donde se deduz que

1 1
f+ = (f + | f |), f − = (| f | − f )
2 2
Imediatamente nota-se que f é mensurável se e somente se f + e f − o são.

3.2.5 O caso de funções a valores reais estendidos


Definição 3.1
Chama-se de conjunto dos números reais estendidos ao conjunto [−∞, ∞] = R ∪ {−∞, ∞}.

Definição 3.2
Uma função real estendida, definida em X, ou seja, uma função f : X → [−∞, ∞], é dita mensurável se,
para cada α ∈ R, o conjunto {x ∈ X; f (x) > α} está na σ-álgebra definida em X.

Denota-se por M (X, M ) a coleção de todas as funções reais estendidas, definidas em X, mensuráveis segundo
a σ-álgebra M ( M -mensuráveis)
· Se f ∈ M (X, M ), então
{x ∈ X; f (x) = ∞} = ∩∞
n=1 {x ∈ X; f (x) > n}

e
{x ∈ X; f (x) = −∞} = C[∪∞
n=1 {x ∈ X; f (x) > −n}].

Lema 3.2
Sejam A = {x ∈ X; f (x) = +∞} , B = {x ∈ X; f (x) = −∞} . Uma função f : X → [−∞, ∞] é
( se e somente se A e B são mensuráveis e a função real
mensurável
f (x), se x ∈
/ A∪B
f1 (x) = é mensurável.
0, se x ∈ A ∪ B

Demostração
Suponha f : X → [−∞, ∞], mensurável . Pelo Teorema 3.10, tem-se que A e B são mensuráveis.
Seja α ∈ R.
Se α ≥ 0, então {x ∈ X; f1 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α} − A, é mensurável.
Se α < 0, então {x ∈ X; f1 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α} ∪ B é mensurável.
Logo f1 é mensurável.

Observação
{x ∈ X; f1 (x) > α} = {x ∈ X; f (x) > α} − A , se α ≥ 0 .
Se x ∈ X é tal que f1 (x) > α, como f1 (x) ∈ R , x não deve pertencer a A .
Agora, como α ≥ 0 , x também não pertence a B . Logo f1 (x) = f (x) e f (x) > α .
Assim {x ∈ X; f1 (x) > α} ⊂ {x ∈ X; f1 (x) > α} − A .
/ A, e α ≥ 0 , então x ∈
Se x ∈ / B e daı́ f (x) = f1 (x) .
Logo {x ∈ X; f1 (x) > α} − A ⊂ {x ∈ X; f1 (x) > α}.
Reciprocamente, se A e B são conjuntos mensuráveis e f1 é mensurável então, para α ≥ 0, tem-se
{x ∈ X; f (x) > α} = {x ∈ X; f1 (x) > α} ∪ A , que é mensurável, e para α < 0 ,
{x ∈ X; f (x) > α} = {x ∈ X; f1 (x) > α} − B , que é mensurável.
Logo f é mensurável.
Lista de Execı́cios Propostos 18

3.2.6 Mensurabilidade de funções estendidas.


Se f ∈ M (X, M) e c ∈ R, então cf, f 2 , |f | e f + e f − estão em M (X, M). Para verificar que
cf ∈ M (X, M) é preciso adotar a convenção 0. (±∞) = 0.
Com relação a soma f + g, com f, g ∈ M (X, M), está não tem sentido nos conjuntos.
E1 = {x ∈ X; f (x) = −∞ e g (x) = +∞}
E2 = {x ∈ X; f (x) = +∞ e g (x) = −∞}
Para contornar este problema define-se f + g como sendo o sobre E1 ∪ E2 . Isto torna f + g mensurável.

Lema 3.3
Sejam, (fn )n uma sequencia em M (X, M) , f (x) = inf fn (x) , F (x) = sup fn (x) , f ∗ (x) = lim fn (x)
, F ∗ (x) = lim sup fn (x) . Então f, f ∗ , F, F ∗ ∈ M (X, M) .

Demostração
i) f ∈ M (X, M).
f (x) = inf fn (x) , x ∈ X. Então fn (x) ≥ f (x) , ∀n = 1, 2, . . . ,
Afirmação: {x ∈ X; f (x) ≥ α} = ∩∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α}.
De fato: seja x ∈ X; f (x) ≥ α. Então fn (x) ≥ α, ∀n. Assim
x ∈ {x ∈ X; fn (x) ≥ α, ∀n = 1, 2, . . .} ou seja x ∈ ∩∞n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α} e

{x ∈ X; f (x) ≥ α} ⊂ ∩n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α}.
Inversamente se x ∈ ∩∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α}, então fn (x) ≥ α, ∀n.
Daı́, f (x) = inf n fn (x) ≥ α e x ∈ {x ∈ X; f (x) ≥ α} ou seja
∩∞n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α} ⊂ {x ∈ X; f (x) ≥ α}.
Conclusão: {x ∈ X; f (x) ≥ α} = ∩∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) ≥ α} e f = inf fn é mensurável.

ii) F ∈ M (X, M) .
Basta ver que {x ∈ X; f (x) > α} = ∪∞ n=1 {x ∈ X; fn (x) > α}
· f ∗ , F ∗ ∈ M (X, M)
f ∗ (x) = supn≥1 {inf m≥n fm (x)}
F ∗ (x) = inf n≥1 {supm≥n fm (x)}, e use i) e ii).

3.14 Se (fn )n é uma sequencia, em M (X, M), que converge a f , então f ∈ M (X, M).
Veja que se f (x) = limn→∞ fn (x), x ∈ X, então f (x) = lim fn (x) (= limn sup fn (x)).

3.2.7 Mensurabilidade do produto em M (X, M)


Sejam f, g ∈ M (X, M). Para n ∈ N , defina-se
fn = f (x), se |f (x)| ≤ n
=n se f (x) > n
= -n se f (x) < −n.
Para m ∈ N defina-se gm de modo semelhante.
fn e gm são mensuráveis e fn gm é mensurável ( Note que fn e gm assumem apenas valores reais ).
Se x ∈ X e |f (x)| ≤ n, então limn→∞ fn (x) = limn→∞ f (x) = f (x).
Se x ∈ X e f (x) = +∞, então f (x) > n, n arbitrário e fn (x) = n. Assim limn→∞ fn (x) = limn→∞ n =
∞ = f (x).
Se x ∈ X e f (x) = −∞, então f (x) < −n, n arbitrário e fn (x) = −n. Assim limn→∞ fn (x) =
limn→∞ (−n) = −∞ = f (x).
Lista de Execı́cios Propostos 19

Tem-se: f (x) gm (x) = limn→∞ fn (x)gm (x). Como fn e gm são mensuráveis segue-se que f é mensurável e
então f gm é mensurável.
Por fim f (x) g (x) = limn→∞ f (x) gm (x) é mensurável.

3.2.8 Forma equivalente de mensurabilidade


Seja (X, M) um espaço mensurável. Dado E ⊂ X, a função caracterı́stica, χE , de E, é definida por
χE : X → R,
onde: (
1, se x ∈ E
χE (x) =
0, se x ∈
/E
.
A função caracterı́stica de E também é conhecida como função indicadora de E e denotada por 1E . Prova-se que
χE é mensurável se e somente se E ∈ M .
Uma função simples, definida em X, é uma combinação linear finita de funções caracterı́sticas de conjuntos de M .
Funções simples não assumem os valores ±∞.
Se f : X → R é simples e a imagem, I (f ), de f é o conjunto {r1 , r2 , . . . , rn }, seja Ej = f −1 ({rj }). Então
Pn
f = j=1 rj χEj é a representação padrão de f . Neste caso a combinação linear apresenta coeficiente distintos.

Teorema 3.2
Seja (X, M) um espaço mensurável. Se f : X → [0, ∞] é mensurável existe uma sequencia {φn } de
funções simples tais que 0 ≤ φ1 ≤ φ2 ≤ · · · ≤ f , (φn )n converge pontualmente a f , e uniformemente
em qualquer conjunto onde f seja limitada.

Demostração
Sejam n ∈ N e 0 ≤ k ≤ 22n − 1.
Defina
Enk = f −1 ( k2−n , (k + 1) 2−n ] , Fn = f −1 ((2n , ∞])


e
2n−1
2X
φn = k2−n χEnk + 2n χFn .
0

Tem-se:
φn ≤ φn+1 , ∀n

0 ≤ f − φn ≤ 2−n , onde f ≤ 2−n .

3.2.9 Mais mensurabilidade


Seja (X, M) e (X, P) dois espaços mensuráveis. Uma função f : X → Y é dita mensurável se f −1 (E) ∈
M , para todo E ∈ P .
Lista de Execı́cios Propostos 20

3.3 Espaço de Medida

3.3.1 Conceito de Medida


Seja M uma σ-álgebra de subconjuntos de X. Uma medida, µ, é uma função µ : M → [0, ∞], tal que
i) µ (ϕ) = 0
P∞
ii) se (En )n é uma sequencia disjunta em M , então µ (∪∞
n=1 En ) = n=1 µ (En ) ( aditividade contável ).

Uma medida, µ, tal que µ (E) < ∞, ∀E ∈ M , é dita finita.


Se existe uma sequencia (En )n de conjuntos de M , tal que X = ∪∞
n=1 En e µ (En ) < ∞, ∀n, então µ é dita uma
medida σ-finita.

Lema 3.4
Seja µ uma medida definida sobre uma σ -álgebra M . Suponha E, F ∈ M com E ⊆ F . Então
µ (E) ≤ µ (F ) e se µ (E) < ∞ , tem-se µ (F \E) = µ (F ) − µ (E).

Demostração

É claro que F = E ∪ (F \E), com E ∩ (F \E) = ϕ. Como µ é contavelmente aditiva, tem-se µ (F ) =


µ (E) + µ (F \E), donde µ (F ) ≥ µ (E).
Admitindo µ (E) < ∞, de µ (F ) = µ (E) + µ (F \E), obtemos µ (F ) − µ (E) = µ (F \E).

Lema 3.5
Seja µ uma medida definida sobre uma σ -álgebra M . Se (En )n é uma sequencia crescente em M ,
então µ (∪∞
n=1 En ) = limn→∞ µ (En ) (∗)

Demostração

Se µ (En ) = ∞, para algum n, então como (En )n é crescente, tem-se limm→∞ µ (Em ) = ∞.
Também, como ∪∞ ∞
n=1 En ⊇ En , segue-se que µ(∪n=1 En ) = ∞ e a igualdade (∗) se verifica.
Suponhamos µ(En ) < ∞, ∀n.
Seja A1 = E1 , A2 = E2 \E1 , . . . , An = En \En−1 , . . . . Então (An )n é uma sequencia disjunta, em M , e,
En = ∪∞ ∞ ∞
j=1 Aj , ∪n=1 En = ∪n=1 An .
Sendo µ uma medida, tem-se
P∞ Pm
µ (∪∞ ∞
n=1 En ) = µ (∪n=1 An ) = n=1 µ (An ) = limn→∞ n=1 µ (An ).
Como µ (An ) = µ (En ) − µ (En−1 ), n > 1, obtemos
P∞
n=1 µ (An ) = µ (Em ), donde
µ (∪∞n=1 En ) = limm→∞ µ (Em ).

Lema 3.6
Se µ é medida definida sobre uma σ -álgebra M e (Fn )n é uma sequencia decrescente, em M , com
µ (F1 ) < ∞, então µ (∩∞n=1 Fn ) = lim µ (Fn ) .

Demostração

Seja En = F1 \Fn . Então (En )n é uma sequencia crescente em M .


Lista de Execı́cios Propostos 21

Pelo lema 28, µ (∪∞n=1 En ) = limn→∞ µ (En ) = µ (F1 ) − limn µ (Fn ).


Agora ∪n=1 En = F1 \ ∩∞
∞ ∞ ∞
n=1 Fn , acarreta, µ (∪n=1 En ) = µ (F1 ) − µ (∩n=1 Fn ).
∞ ∞
Daı́ µ (F1 ) − limn µ (Fn ) = µ (F1 ) − µ(∩n=1 Fn ), donde µ (∩n=1 Fn ) = limn µ (Fn ).

3.3.2 Espaço de Medida


Um espaço de medida é um terno (X, M, µ) onde X é um conjunto, M é uma σ-álgebra, em X, e µ é uma
medida definida sobre M.

3.3.3 Terminologia
Diz-se que uma proposição é verdadeira µ-quase sempre ( µ-q.s. ou µ-a.e. ) se existe um subconjunto N ∈ M
com µ(N ) = 0, fora do qual a proposição é verdadeira.
Por exemplo, duas funções, f e g, são iguais quase sempre, se existe um conjunto N ∈ M , com µ(N ) = 0, tal que
f (x) = g (x) , ∀x ∈
/ N.
Escreve-se f = g, µ-q.s.
Uma sequencia, (fn ), de funções definidas, em X, converge µ-quase sempre para f , se existe um conjunto N ∈ M ,
tal que µ(N ) = 0 e fn (x) → f (x), ∀x ∈ / N.
Escreve-se limn→∞ fn (x) = f (x), µ-q.s.
Em geral, subentendida qual medida é usada, diz-se apenas, f = g, q.s. ; fn (x) → f (x), q.s. , etc.

3.3.4 Relação de equivalência


Seja f : X → R , uma função dada. Diz-se que uma função g : X → R é equivalente a f , se f é igual a g,
quase sempre.
Em notação lógica: f ∼ g ⇔ f = g q.s.
Prova-se, sem dificuldades que a relação ”igual q.s.”é uma relação de equivalência entre funções definidas sobre
um espaço de medida (X, M , µ).
Em geral denotar-se por [f ], ao conjunto de todas as funções equivalentes a f , ou seja, a classe de todas as funções
g, que são iguais a f , quase sempre.

 Exercı́cio 3.1
· Sejam X um conjunto
( não-vazio e M a σ -álgebra. Seja p um elemento fixado em X e defina
1, se p ∈ E
µ : M → R , µ (E) =
0, se p ∈/E
µ é uma medida finita, dita medida unitária concentrada em p .
· Seja X = N = {1, 2, 3, . . .} e M a σ -álgebra de todos os subconjuntos de N . Para E ∈ M , defina-se
µ (E) = número de elementos em E , se E é finito, e µ (E) = +∞ se E é um conjunto infinito.
µ é uma medida σ -finita, sobre N , dita medida contagem.
· Sejam X = R e M = B a σ -álgebra de Borel de R . Existe uma medida, λ , definida em B , que coincide
a noção de comprimento de intervalos aberto. Tal medida é chamada medida Borel ou λ é uma medida σ-finita.
Lista de Execı́cios Propostos 22

3.3.5 Espaço de Probabilidades


A principal caracterı́stica da teoria das probabilidades é um espaço de medida (X, M , µ), para o qual
µ (X) = 1.
X é considerado como o conjunto de todos os possı́veis resultados de um processo (experimento, jogo, etc.) a
µ (E) é a probabilidade de que a resultado permaneça em E, E ∈ M . Apesar de sua origem da teoria da medida,
a teoria da probabilidade tem ”vida própria ”. Vejamos alguma nonenclatura:

i) Em Análise, usa-se a expressão: espaço de medida, com medida total 1 e a notação (X, M, µ) . Em
Probabilidade, espaço amostral ou espaço de probabilidade, com notação (Ω, B, P ).

ii) Em Análise, conjuntos mensuráveis. Em Probabilidade, eventos.


Capı́tulo 4 A Integral de Lebesgue

Hanna Neumann
viveu de 1914 até 1971

Hanna Neumann trabalhou em teoria de grupos. Sua tese examinou produtos gratuitos com amálgama. Mais
tarde, ela trabalhou com variedades de grupos e seu livro Varieties of Groups (1967) é um clássico.

A Integral de Lebesgue é um conceito fundamental na teoria da medida e na análise matemática. Ela é uma
generalização da integral de Riemann, permitindo a integração de uma classe mais ampla de funções.A integral de
Lebesgue foi desenvolvida por Henri Lebesgue no inı́cio do século XX como parte de sua teoria da medida.
A ideia principal por trás da integral de Lebesgue é considerar a medida dos conjuntos em que uma função
toma valores especı́ficos, em vez de focar nas variações da função em intervalos. A integral de Lebesgue é definida
para funções mensuráveis em relação a uma medida de Lebesgue em um espaço de medida.A definição da integral
de Lebesgue envolve os seguintes passos:
Função Mensurável: A função a ser integrada deve ser mensurável em relação à sigma-álgebra associada à
medida de Lebesgue.
Partição do Domı́nio: O domı́nio da função é dividido em conjuntos mensuráveis.
Soma Ponderada: Em cada conjunto mensurável, a função é avaliada e multiplicada pela medida desse
conjunto.
Limite: Tomando o limite dessas somas ponderadas à medida que a granularidade da partição se aproxima de
zero, obtemos a integral de Lebesgue.
A integral de Lebesgue tem várias propriedades importantes, incluindo a capacidade de lidar com funções
que não são limitadas ou contı́nuas em um conjunto mensurável. Além disso, ela preserva propriedades como a
convergência quase em todos os lugares, que é uma generalização da convergência pontual.
A notação comum para a integral de Lebesgue de uma função f em relação à medida de Lebesgue é dada por:
Z
f dµ
X
onde X é o conjunto de integração e µ é a medida de Lebesgue. A integral de Lebesgue é um conceito-chave na
análise funcional, teoria da probabilidade, equações diferenciais parciais e outras áreas da matemática.
Lista de Execı́cios Propostos 24

4.1 A Integral

Notação
(X, M , µ), é um espaço de medida, fixada em todo este capı́tulo.
M + = M + (X, M ) é a coleção de todas as funções, não-negativas, mensuráveis, definidas em X a valores em
R = [−∞, ∞].
M = M (X, M ), denota a coleção de todas as funções mensuráveis, definidas em X, a valores reais estendidas.

4.1.1 Funções Simples


Uma função, a valores reais, é simples se tem apenas um número finito de valores.
Se φ é uma função mensurável simples então φ pode ser escrita como
Pn
φ = j=1 aj χEj ,
onde aj ∈ R e χEj é a função caracterı́stica de um conjunto Ej ∈ M .
Chama-se representação padrão de uma função simples φ aquela representação caracterizada pelo fato de que os
aj são distintos e os Ej são disjuntos.
Pn
Se φ é uma função simples em M + (X, M ), com representação padrão φ = j=1 aj χEj , define-se a integral,
em relação a medida a medida µ, como sendo o número real estendido
Z n
X
φdµ = aj µ (Ej )
j=1

Adotamos a convenção 0. (+∞) = 0, para que a integral da função nula seja sempre zero, quer o espaço tenha
medida finita ou não.

4.1.2 Propriedades
Propiedade Se φ é uma função simples em M + (X, M ) e c ≥ 0 então
Z Z
cφdµ = c φdµ.

Demostração
Se c = 0, então Z Z
cφ ≡ 0 e cφdµ = 0 = 0 φdµ.

Se c > 0 e a representação padrão de φ é dada por


n
X
φ= aj χEj ,
j=1
então a representação padrão de cφ é
n
X
cφ = caj χEj .
j=1

Assim,
Z n
X n
X Z
cφdµ = caj µ (Ej ) = c aj µ (Ej ) = c φdµ.
j=1 j=1
Lista de Execı́cios Propostos 25

Propiedade Se φ e ψ são funções simples em M + (X, M), então


Z Z Z
(φ + ψ)dµ = φdµ + ψdµ.

Demostração
Suponhamos
n
X n
X
φ= aj χEj , ψ = bk χ F k ,
j=1 k=1

com representações padrão.


Então
n X
X n
φ+ψ = (aj + bk )χEj ∩Fk .
j=1 k=1

Como os valores aj + bk podem não ser distintos, esta não é a representação padrão de φ + ψ.
Sejam, Ch , h = 1, 2, . . . , p, os números distintos na coleção

{aj + bk , j = 1, . . . , n, k = 1, . . . , m} ,

e Gh a união daqueles conjuntos Ej ∩ Fk , nos quais aj + bk = ch .


Temos X
µ (Gh ) = µ(Ej ∩ Fk ),
(h)

onde a soma é tomada sobre todo j, k, para os quais aj + bk = ch .


Agora a representação padrão para φ + ψ é dada por
p
X
φ+ψ = ch χ (Gh )
h=1
e
Z p
X p X
X
(φ + ψ) dµ = ch µ (Gh ) = µ (Ej ∩ Fk ) =
h=1 h=1 (h)
p X
X
= (aj + bk )µ (Ej ∩ Fk ) =
h=1 (j)
p X
X
= (aj + bk )µ (Ej ∩ Fk ) =
h=1 (j)
n
X m
X n
X m
X
= aj µ (Ej ∩ Fk ) + bk µ (Ej ∩ Fk ) =
j=1 k=1 j=1 k=1
n
XX m
= (aj + bk )µ (Ej ∩ Fk ) =
j=1 k=1
Xn X m n X
X m
= aj µ (Ej ∩ Fk ) + bk µ (Ej ∩ Fk ) =
j=1 k=1 j=1 k=1
Xn m
X Z Z
= aj Ej + bk µ(Fk ) = φdµ + ψdµ.
j=1 k=1
Lista de Execı́cios Propostos 26

Propiedade Se φ é uma função simples em M + (X, M ) e λ : M → R λ (E) = φχE dµ, então λ é uma medida
R

sobre M .
Demostração
Pn
Suponhamos φ = j=1 aj Ej , representação padrão de φ. Então
(Ej )j=1,...,n é uma coleção finita de conjuntos mensuráveis, disjuntos, e X = ∪nj=1 Ej .
R Pn R Pn
Temos, λ (E) = φχE dµ = j=1 aj χE∩Ej dµ = j=1 aj µ (E ∩ Ej )
Como combinação linear não-negativa de medidas é novamente uma medida, segue-se que λ é uma medida.

4.1.3 A Integral e Algumas propriedades elementares


Propiedade Seja f ∈ M + (X, M ). Define-se a integral de f com relação a medida se, por
Z Z
f dµ = sup φdµ

Em primeiro lugar, notemos que f é qualquer função mensurável, não negativa.


Em seguida, observemos que o supremo é tomado na classe de todas as funções simples, de M + (X, M ), que
satisfazem a condição
0 ≤ φ (x) ≤ f (x) , ∀x ∈ X.

Sejam f ∈ M + (X, M) e E ∈ M . Então f χE ∈ M + (X, M) e a integral de f , sobre E, com relação a µ, é


definida por Z Z
f dµ = f χE dµ.
E
+
Propiedade Sejam f, g ∈ M (X, M) e suponhamos f ≤ g. Então
Z Z
f dµ ≤ gdµ.

Demostração
Para qualquer função simples, φ, em M + (X, M), com 0 ≤ φ ≤ f , tem-se, evidentemente, 0 ≤ φ ≤ g.
Propiedade Sejam f ∈ M + (X, M) e E, F conjuntos mensuráveis. Se E ⊆ F , então
Z Z
f dµ ≤ f dµ.
E F

Demostração
Basta notar que
f χE ≤ f χF

e aplicar o conceito de medida.

Teorema 4.1 (Teorema da Convergência Monótona.)


Seja (fn ) uma sequencia monótona crescente de funções em M + (X, M) , convergindo para f . Então
R R
f dµ = lim fn dµ .

Demostração Como f é o limite de uma sequencia de funções mensuráveis, f é mensurável.


De, fn ≤ fn+1 ≤ f , segue-se que
Z Z Z
fn dµ ≤ fn+1 dµ ≤ f dµ, ∀n.
Lista de Execı́cios Propostos 27

Daı́, Z Z
lim fn dµ ≤ f dµ (1)
n

Sejam 0 < α < 1 e φ uma função mensurável simples tal que


0 ≤ φ ≤ f.
Seja
{x ∈ X; fn (x) ≥ αφ (x)}

. Então:

i) An

é mensurável.

ii) An ⊆ An+1

iii) X = ∪∞
n=1 An

Tem-se Z Z Z
αφ (x) dµ ≤ fn (x)dµ ≤ fn dµ
An An

Sendo (An )n monótona crescente, cuja união é X, obtemos


Z Z
φdµ = lim φdµ.
An

Daı́ Z Z
α φdµ ≤ lim fn dµ

Z Z
sup α φdµ ≤ lim fn dµ
0<α<1

Z Z
φdµ ≤ lim fn dµ

Z Z
sup φdµ ≤ lim fn dµ
0≤φ≤f
Z Z
φdµ ≤ lim fn dµ (2)

De (1) e (2) segue-se que


Z Z
f dµ = lim fn dµ.
Lista de Execı́cios Propostos 28

Corolário 4.1
Se f ∈ M + e c ≥ 0, então Z Z
cf ∈ M + e cf dµ = c f dµ.

Demostração
Se c = 0, ok!
Se c > 0, seja (φn )n uma seqüência monótona crescente de funções simples em M + , convergindo para f , em X.
A sequencia (cφn )n está em M + , é monótona crescente e converge para cf , em X.
Pelo T.C.M. tem-se
Z Z Z Z
cf dµ = lim cφn dµ = c lim φn dµ = c f dµ.
n n

Corolário 4.2
Se f, g ∈ M + , então f + g ∈ M + e
Z Z Z
(f + g) dµ = f dµ + gdµ.

Demostração
Sejam (φn )n e (ψn )n sequencias monótonas crescentes de funções simples, convergindo, em X, para f e g,
respectivamente.
Então (φn +ψn )n é uma seqüência monótona crescente, convergindo a f + g.
Daı́,
Z Z
(f + g) dµ = lim (φn + ψn )dµ
n
Z Z
= lim φn dµ + lim ψn dµ
n n
Z Z
= f dµ + gdµ.

Lema 4.1
Seja (fn ) uma sequencia em M + (X, M) . Então,

R R
limn inf fn dµ ≤ limn inf fn dµ .

Demostração
Seja gm = inf {fm , fm+1 , . . .}. Então gm ≤ fn , quando m ≤ n, e assim
Z Z
gm dµ ≤ fn dµ, m ≤ n

donde,
R R
gm dµ ≤ lim inf fn dµ.
Note que (gm )m é crescente e gm −→ lim inf fn .
Pelo T.C.M., segue-se que
Lista de Execı́cios Propostos 29

Z Z Z Z
lim inf fn dµ = lim gm dµ ≤ lim inf fn dµ
m

Corolário 4.3
Se f ∈ M + e se λ : M → R, λ (E) =
R
E
f dµ, então λ é uma medida.

Demostração
i) λ(E) ≥ 0, ∀E ∈ M .
R R
Isto segue do fato de que f ≥ 0, pois E f dµ ≥ E 0dµ = 0.
R
ii) Se E = ϕ, então f χE ≡ 0. Daı́ λ(ϕ) = ϕ f χE dµ = 0.
iii) Seja (En )n uma sequencia disjunta de conjuntos em M cuja união seja E ∈ M .
Pn
Defina fn = k=1 f χEk .
Tem-se,
Z n Z
X n Z
X n
X
fn dµ = f χEk dµ = f dµ = λ (Ek ) .
k=1 k=1 Ek k=1

A sequencia (fn )n é crescente em M + , convergindo para f χE T.C.M. implica


R R Pn
λ (E) = f χE dµ = limn fn dµ = k=1 λ (Ek ).

Corolário 4.4
Seja f ∈ M + . Então f (x) = 0 q.s. (X) ⇔
R
f dµ = 0.

Demostração
⇐) Suponhamos que f dµ = 0 e seja En = x ∈ X; f (x) > n1 .
R 

Temos, f ≥ n1 χEn , e então 0 = f dµ ≥ n1 µ (En ) ≥ 0.


R

Donde µ (En ) = 0.
Como {x ∈ X; f > 0} = ∪∞ n=1 En , segue-se que µ{x ∈ X; f > 0} = 0.
Logo f = 0 q.s. (X).
⇒) f = 0 q.s.(X).
Seja E = {x ∈ X; f (x) > 0}. Então µ (E) = 0.
Seja fn = nχE
Tem-se f ≤ lim inf fn e pelo T.C.M.,
R R R R
0 ≤ f dµ ≤ lim inf fn ≤ lim inf f dµ = lim inf nχE dµ
≤ lim inf nµ (E) = 0.
R
Logo f dµ = 0.

Corolário 4.5
Seja (fn ) uma sequencia monótona crescente de funções em M + (X, M ) convergindo quase sempre, em
X, para f ∈ M + .
R R
Então f dµ = lim fn dµ.

Demostração
Seja N ∈ M , tal que µ (N ) = 0 e fn → f , em M = X\N .
A sequencia (fn χM )n converge para f χM , em X pelo T.C.M. temos
R R
f χM dµ = lim fn χM dµ
Lista de Exercı́cios 30

Como µ (N ) = 0, as funções f χN e fn χN anulam-se quase sempre.


Sendo
f = f χM + f χN , fn = fn χM + fn χN ,

tem-se
Z Z Z Z
f dµ = f χM dµ = lim fn χM dµ = lim fn dµ.

Corolário 4.6
Seja (gn )n uma sequencia em M + . Então,
R P∞ P∞ R
( n=1 gn ) dµ = n=1 gn dµ.

Demostração
P∞
Seja fn = g1 + · · · + gn . (fn )n é uma sequencia monótona crescente, convergindo para n=1 gn .
Pelo T.C.M,
R P∞ R R Pn
( n=1 gn ) dµ = limn fn dµ = limn→∞ ( k=1 gk ) dµ =
Pn R P∞ R
= limn→∞ k=1 gk dµ = k=1 gk dµ.

K Lista de Exercı́cios k
1. Prove que a soma, o produto por escalar, e o produto de funções é novamente uma função simples.
2. Sejam X = N , M a σ-álgebra de todos os subconjuntos de N e µ a medida contante sobre M . Se f é uma
função não negativa, definida em N , Prove que f ∈ M + (X, M ) e que
R P∞
fn dµ = n=1 f (n).
3. Sejam X = R , M = B e µ a medida de lebesgue. Use a sequencia fn = n1 χ[n,∞) para mostrar que o
T.C.M não vale para sequencia decrescente.
4. Seja fn = n1 χ[0,n] . Mostre que fn → f = 0 uniformemente, mas f dµ ̸= lim fn dµ.
R R

5. Seja h ∈ M + (X, M) e suponha que hdµ < ∞. Se (fn )n é uma seqüência em M (X, M) e se −h ≤ fn ,
R
R R
então (lim inf fn ) dµ ≤ limn inf fn dµ.
6. Seja f ∈ M + (X, M), com f dµ < ∞. Prove que o conjunto {x ∈ X; f (x) = +∞} tem medida zero.
R

Sugestão: Seja En = {x ∈ X; f (x) ≥ n}. Considere nχEn ≤ f .

4.2 Funções Integráveis.


Designar-se por L = L (X, M, µ) a coleção de todos as funções f : X → R, que são mensuráveis, tais que as
partes positiva e negativa de f , isto é, f + e f − tem integral finita em relação a µ.
Define-se: f dµ = f + dµ − f − dµ.
R R R

No caso de E ser um conjunto mensurável, isto é, E ∈ M ,


define-se
f dµ = E f + dµ − E f − dµ
R R R
E


Observação
Se f = f1 − f2 , onde f1 e f2 são funções mensuráveis não negativas, com integrais finitas, então
R R R
f dµ = f1 dµ − f2 dµ .
Lista de Exercı́cios 31

Notemos que f + − f − = f = f1 − f2 implica f + + f2 = f − + f1 e daı́


f dµ + f2 dµ = f − dµ + f1 dµ
R + R R R

donde ,
f dµ = f + dµ− f − dµ = f1 dµ− f2 dµ.
R R R R R

4.2.1 Carga
Seja (X, M) um espaço mensurável. Uma carga é uma função λ : M → R, satisfazendo:
P∞
λ (ϕ) = 0 e λ (∪∞n=1 En ) = n=1 λ (En ), (En )n sequencia disjunta em M .
R
Seja f ∈ L. A função λ : M → R, dada por λ (E) = E f dµ é uma carga.
De fato: As funções λ+ (E) = E f + dµ e λ− (E) = E f − dµ, E ∈ M , são medidas sobre M .
R R
R + R −
Como f ∈ L, tem-se que E f dµ < ∞ e E f dµ < ∞.
Assim λ = λ+ − λ− é uma carga.

Teorema 4.2
R R
Uma função mensurável f pertence a L se e somente se |f | ∈ L . Neste caso, f dµ ≤ |f | dµ .

Demostração
De fato:
⇒) Suponha f ∈ L. Então f + e f − pertencem a M + e tem integrais finitas.
+ −
Também |f | = |f | − |f | = f + + f − implica |f | ∈ L.
+ − + −
Por outro lado, se |f | ∈ L, então |f | = |f | + |f | , com |f | ∈ M + , |f | ∈ M + , e |f |+ dµ < ∞,
R

|f |− dµ < ∞.
R
+ −
Mas |f | = |f | = f + + f − e |f | = 0. Logo f + dµ e f − dµ < ∞, donde f dµ < ∞ e f ∈ L.
R R R

Por fim,
| f dµ| = | f + dµ − f − dµ| ≤ f + dµ + f − dµ = |f |dµ.
R R R R R R

Corolário 4.7
R R
Suponha f mensurável, g integrável e |f | ≤ |g|. Então f é integrável e |f |dµ ≤ |g|dµ.

Demostração
Sendo f mensurável, |f | também é mensurável e, como g é integrável, g é mensurável e |g| é mensurável.
Assim |f | , |g| ∈ M + (X, M) com |f | ≤ |g|. Então |f |dµ ≤ |g|dµ.
R R
R R
Donde |f | é integrável, |f |dµ ≤ |g|dµ, e pelo Teorema 4.2 é integrável.

Observação
Quando se trata de integral de Riemann o resultado
( dado pelo Teorema 4.2 não é verdadeiro.
1, se x ∈ Q∩ [0, 1]
Considere a função f : [0, 1] → R , f (x) =
−1, se x ∈ Qc ∩ [0, 1]

4.2.2 Linearidade da Integral de Lebesgue


i) Se α ∈ R e f ∈ L, então αf ∈ L
ii) Se f, g ∈ L, então f + g ∈ L.
Demostração Dem: i) Caso α = 0, ok!
Caso α > 0.
Lista de Exercı́cios 32
+ −
Neste (αf ) = αf + e (αf ) = αf − .
Daı́,
(αf ) dµ = αf + dµ − αf − dµ = α f dµ − f − dµ = α f dµ.
R R R R + R R

Caso α < 0.
+ −
Neste caso, (−αf ) = −αf + , (−αf ) = −αf − .
é bastante ver que (−f ) dµ = − f dµ e para isto veja que (−f )+ = f − e (−f )− = f + .
R R

ii) f, g ∈ L ⇔ |f | , |g| ∈ L.
Como |f + g| ≤ |f | + |g|, tem-se que |f + g| e |f | + |g| ∈ M + (X, M).
Isto, mais o fato |f + g| ≤ |f | + |g|, novamente, acarreta
R R R
|f + g| dµ ≤ |f | dµ + |g| dµ.
Então |f + g| ∈ L, donde f + g ∈ L.
Além disso,
f + g = (f + + g + ) − (f − + g − )

acarreta
Z Z Z
(f + g)dµ = (f + g )dµ − (f − + g − )dµ =
+ +

Z Z Z Z
= f + dµ + g + dµ − f − dµ + g − dµ =
Z Z Z Z
= f dµ − f dµ + g dµ − g − dµ =
+ − +

Z Z
= f dµ + gdµ.

Teorema 4.3 (Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue)


Seja (fn )n uma sequencia de funções integráveis definidas em X . Suponha que:
i) (fn )n converge q.s. para uma função real, mensurável, f .
ii) existe uma função integrável g , tal que |fn | ≤ g, ∀n .
R R
Então f é integrável e f dµ = limn fn dµ .

Demostração

0
1 Passo:
Redefinir as funções fn e f para que a convergência ocorra em X, isto é fn (x) → f (x), quando n → ∞, para
todo x ∈ X.
Então, como |f | ≤ g, segue-se que f é integrável.
0
2 Passo:
De |fn | ≤ g, ∀n, obtemos −g ≤ fn ≤ g e g + fn ≥ 0, ∀n.
Aplicando o Lema de Fatou, temos
R R R R
(f + g)dµ ≤ limn inf (g + fn )dµ = lim inf gdµ + fn dµ
R R
≤ gdµ + lim inf fn dµ
R R
∴ f dµ ≤ lim inf fn dµ (I)

Por outro lado, de g − fn ≥ 0, novamente pelo Lema de Fatou, obtemos:


Lista de Exercı́cios 33

Z Z Z Z 
(g − f )dµ ≤ lim inf (g − fn )dµ = gdµ + lim inf (−fn ) dµ
Z  Z 
≤ gdµ + lim inf − f dµ
Z Z
≤ gdµ − lim sup fn dµ

∴ Z Z
− f dµ ≤ − lim sup fn dµ

Z Z
f dµ ≥ lim sup fn dµ (II)
n

De (I) e (II), temos


Z Z Z
lim sup fn dµ ≤ f dµ ≤ lim inf fn dµ
n

Logo
Z Z Z
f dµ = lim sup fn dµ = lim inf fn dµ
n n
Z
= lim fn dµ.
n

4.3 Algumas Aplicacações de T.C.D.L. (Teorema da Convergência


Dominada de Lebesgue)
Seja f : X × [a, b] → R uma função tal que, para cada t ∈ [a, b] , ft : X → R
x 7→ ft (X) = f (x, t) é mensurável.

Suponha que:
− f (x, t0 ) = limt→t0 f (x, t), para algum t0 ∈ [a, b], para cada x ∈ X.
− existe g : X → R, integrável, tal que
|f (x, t)| ≤ g (x) , ∀x ∈ X, ∀t ∈ [a, b] .
Então,
Z Z
f (x, t0 )dµ (x) = lim f (x, t)dµ (x) .
t→t0

Dem: Seja (tn )n uma sequencia em [a, b], tal que tn → t0 .


Seja
fn (x) = f (x, tn ) , ∀x.

Tem-se:
a) (fn )n é uma sequencia de funções integráveis, pois
Lista de Exercı́cios 34

|fn (x)| = |f (x, tn )| ≤ g (x) , ∀x ∈ X.

b)
fn (x) → f (x, t0 ) , ∀x ∈ X.

T.C.D.L (Teorema da Convergência Dominada de Lebesgue)⇒


Z Z
f (x, t0 )dµ(x) = lim fn (x)dµ(x)
n
Z
= lim f (x, tn )dµ(x)
n
Z
= lim f (x, t)dµ(x).
t→t0

Suponha que
f : X × [a, b] → R é tal que
· x ∈ X 7→ f (x, t) ∈ R, é mensurável, para cada t ∈ [a, b].
· t ∈ [a, b] 7→ f (x, t) ∈ R, é contı́nua, para cada x ∈ X.
· existe g, integrável em X, tal que
|f (x, t)| ≤ g (x) , ∀x ∈ X.
R
Então F (t) = f (x, t) dµ (x) é contı́nua em [a, b].
Demostração
Mostremos que F é contı́nua em t0 ∈ [a, b].
Sendo t ∈ [a, b] 7→ f (x, t) ∈ R, contı́nua, se (tn )n é uma sequencia em [a, b], tal que tn → t0 , então
f (x, tn ) → f (x, t0 ).
Assim
f (x, tn ) → f (x, t0 ) , n → ∞,

|f (x, tn )| ≤ g (x) , ∀x ∈ X

TCDL ⇒
Z Z
f (x, t0 ) dµ (x) = lim f (x, tn ) dµ (x) ,
n→∞

ou seja

F (t0 ) = lim F (tn ) .


n→∞

Suponha que
f : X × [a, b] → R é tal que
· x ∈ X 7→ f (x, t) ∈ R é mensurável, para cada t ∈ [a, b]
· x ∈ X 7→ f (x, t0 ) ∈ R é integrável em X
· ∂f
∂t (x, t) existe em X × [a, b]
Lista de Exercı́cios 35

· existe g, integrável em X, tal que


∂f
(x, t) ≤ g (x) .
∂t
R
Então F (t) = f (x, t) dµ (x) é diferenciável em [a, b] e
Z Z
dF d ∂f
= f (x, t) dµ (x) = (x, t) dµ (x) .
df df ∂t
Demostração
Para qualquer t ∈ [a, b], se (tn )n é uma sequencia em [a, b], tal que tn → t, tn ̸= t, então
∂f f (x, tn ) − f (x, t)
(x, t) = lim n , x ∈ X.
∂t tn → t
Note que a função x 7→ ∂f
∂t (x, t), é mensurável, para cada t ∈ [a, b], ou seja
∂f
∂t (x, t) é mensurável para cada
t ∈ [a, b].
Também do T.V.M., segue-se que

∂f
f (x, t) − f (x, t0 ) = (t − t0 ) (x, s1 ) ,
∂t
s1 entre t0 e t.
Daı́,

∂f
|f (x, t)| ≤ |f (x, t0 )| + |t − t0 | (x, s1 )
∂t
≤ |f (x, t0 )| + |t − t0 | g (x)

Isto mostra que f (x, t) é integrável, para cada t ∈ [a, b].


Temos então,

f (x, tn ) − f (x, t) ∂f
−→ (x, t)
tn − t ∂t
f (x, tn ) − f (x, t)
≤ g (x) , ∀x ∈ X
tn − t

T.C.D.L( Teorema da Convergência Dominada de lebesgue ) ⇒

f (x, tn ) − f (x, t)
Z Z
∂f
(x, t) dµ (x) = lim dµ (x)
∂t n tn − t
Z
d
= f (x, t) dµ (x)
dt

Observe que Z
F (t) = f (x, t) dµ (x) ,
Ra
estudada em 6.8.2 é contı́nua em [a, b]. Então podemos calcular sua integral de Riemann, isto é b
F (t) dt.
Temos; Z a Z Z a 
F (t) dt = f (x, t) dµ (x) dt
b b
Lista de Exercı́cios 36

Consideremos a função Z a
h : X × [a, b] → R, h (x, t) = f (x, s) ds.
b

Sendo f contı́nua na segunda variável ( de acordo com 6.8.2 ), tem-se

∂h
(x, t) = f (x, t) .
∂t
Como Z t
f (x, s) ds
a

existe, para cada t ∈ [a, b], tem-se que


Z t
f (x, s) ds
a

é o limite de uma sequencia de somas de Riemann. Logo x 7→ h (x, t) é mensurável para cada t.
Também,

|f (x, t)| ≤ g (x) ⇒ |h (x, t)| ≤ g (x) (b − a)

Logo h (x, t) é integrável, para cada t ∈ [a, b].


Defina Z
H (t) = h (x, t) dµ (x)

Aplica 6.8.3 para obter


Z a Z
F (t) dt = H (b) − H (a) = [h (x, b) − h (x, a)] dµ (x)
b
Z "Z b
#
= f (x, t) dt dµ (x) .
a
Capı́tulo 5 Espaço de Sobolev

Sergei Lvovich Sobolev


viveu de 1908 até 1989

Sergei Sobolev foi um matemático russo que trabalhou com análise matemática e equações diferenciais
parciais.
O pai de Sergei Lvovich Sobolev, Lev Aleksandrovich Sobolev, foi um importante advogado e advogado.
Sua mãe, Nataliya Georgievna, desempenhou um papel importante na educação de Sobolev, principalmente após
a morte do pai de Sobolev, quando Sobolev tinha 14 anos. Ele estudou na Escola Técnica dos Trabalhadores de
Kharkov (Kharkov/Kharkiv), preparando-se para ingressar no ensino médio, o que fez em 1922 , na época da morte
de seu pai.
A escola secundária em que ele ingressou era na época chamada de 190a Escola de Leningrado, embora
anteriormente tivesse sido chamada de Escola Secundária Lentovskii. Em [ 5 ] ( ver também [ 4 ] ) é explicado que
esta escola: -Depois de terminar o ensino médio em 1925 , Sobolev ingressou na Faculdade de Fı́sica e Matemática
da Universidade Estadual de Leningrado, onde seus talentos foram rapidamente descobertos por Smirnov , que
havia retornado a Leningrado três anos antes. Sobolev interessou-se por equações diferenciais , tema que dominaria
suas pesquisas ao longo de sua vida, e mesmo nesta fase de sua carreira produziu novos resultados que publicou.

5.1 Espaços Lp
Os espaços Lp são espaços de funções associados a uma medida de Lebesgue µ, onde p é um número real
positivo. Esses espaços são fundamentais na teoria da integração e na análise funcional. A definição dos espaços
Lp envolve a noção de integração de Lebesgue e a mensurabilidade de funções em relação à medida de Lebesgue.
Aqui está a definição geral dos espaços L. Funções Mensuráveis:
Considere um espaço de medida (X, Σ, µ) ,onde X é um conjunto, Σ é uma sigma-álgebra de conjuntos
mensuráveis, e µ é a medida de Lebesgue.
Funções Lp para p ≥ 1, uma função f : X −→ R é dita ser uma função de Lp se a integral de Lebesgue da
função elevada à potência p é finita Z
p
|f | dµ < +∞
X
Lista de Exercı́cios 38

Isso significa que a função é ”integrável” em relação à medida de Lebesgue elevada à potência p.
Os espaços Lp são importantes em análise funcional e em várias disciplinas, incluindo teoria da probabilidade,
equações diferenciais parciais, e processamento de sinais, entre outras. Diferentes valores de
p levam a diferentes propriedades e comportamentos desses espaços. O caso especial L2 é especialmente
significativo e frequentemente usado em contextos como o espaço de Hilbert.

5.1.1 Espaço Lp - Notação


Consideramos um espaço, (X, M, µ), de medida, e introduzimos os espaços Lp (X, M, µ), onde p é tal que
1 ≤ p ≤ ∞.
Para facilitar a escrita, a notação Lp (X, M, µ) é também colocada na forma Lp (X), ou Lp , subentendendo-se
o espaço de medida em questão.

5.1.2 Normas e Seminormas


Seja V um rspaço vetorial real. Uma norma sobre V é uma função ∥·∥ : V → R que satisfaça as propriedades:
i) ∥v∥ ≥ 0, ∀v ∈ V.
ii) ∥v∥ = 0 ⇔ v = 0
iii) ∥αv∥ = |α| ∥v∥ , ∀α ∈ R, ∀v ∈ V.
iv) ∥v + w∥ ≤ ∥v∥ + ∥w∥ , ∀v, w ∈ V.
Uma função real, definida em V , satisfazendo apenas i), ii), iv) é dita uma seminorma (pseudo-norma).
Um espaço vetorial normado é um par (V, ∥·∥), onde V é um espaço vetorial (linear) e ∥·∥ é a norma sobre V .

5.1.3 Exemplos
Exemplo 5.1
Seja V = R, o espaço vetorial dos números reais. A função ∥·∥ : R → R, ∥x∥ =: |x| (valor absoluto de x) é uma
norma sobre R. (Verifique).
Portanto o conjunto dos números reais é um espaço vetorial normado.
Exemplo 5.2
Seja V = Rn = {u = (u1 , u2 , . . . , un ) ; ui ∈ R , i = 1, . . . , n}. A função
∥·∥1 : Rn → R , ∥u∥1 =: |u1 | + |u2 | + · · · + |un |, é uma norma sobre Rn .
Provamos que ∥u∥1 = 0 ⇒ u = 0. O restante fica como exercı́cio simples.
∥u∥1 = 0 ⇒ |u1 | + |u2 | + · · · + |un | = 0.
Pn
Temos, 0 ≤ |uj | ≤ i=1 |ui | = 0, para j = 1, . . . , n.
Logo |uj | = 0, j = 1, . . . , n, ou seja u1 = 0, . . . , un = 0 e u = (0, 0, . . . , 0).

Um espaço vetorial pode ter várias normas


Exemplo 5.3
Seja V = Rn .
p p 1
∥·∥p : Rn → R , ∥u∥p = {|u1 | + · · · + |un | } p , p ≥ 1
e
∥·∥∞ : Rn → R , ∥u∥∞ = sup{|u1 | , . . . , | |un |} são normas sobre Rn .
Lista de Exercı́cios 39

Exemplo 5.4
Pn
Seja V = ℓ1 = {u = (un )n ; i=1 |un | < ∞}
Pn
∥·∥1 : ℓ1 → R , ∥u∥1 =: i=1 |un |, é uma norma sobre ℓ1 .

Exemplo 5.5
Pn p
Seja V = ℓp = {u = (un )n ; i=1 |un | < ∞} , 1 ≤ p < ∞.
Pn p 1
∥·∥p : ℓp → R , ∥u∥p = { i=1 |un | } p , é uma norma sobre ℓp .

Claro que os ℓ′p s (1 ≤ p < ∞) são espaços vetoriais (Prove!).

Exemplo 5.6
Seja V = B (X) = {f : X→ R , f é limitada}
A função ∥·∥ : B (X) → R , ∥f ∥ =: supx∈X |f (x)| é uma norma sobre B (X).

i) ∥f ∥ ≥ 0, ∀f ∈ B (X) .
Como |f (x)| ≥ 0, ∀x ∈ X, tem-se supx∈X |f (x)| ≥ 0, ou seja ∥f ∥ ≥ 0.

ii) Se f = 0, claro que ∥f ∥ = 0.


Agora se ∥f ∥ = 0, então supx∈X |f (x)| = 0.
Daı́, 0 ≤ |f (x)| ≤ supx∈X |f (x)| = 0, ∀x ∈ X.
Logo |f (x)| = 0, ∀x ∈ X. Donde se conclui-se que f ≡ 0.

iii) ∥αf ∥ = |α| ∥f ∥ , ∀α ∈ R , ∀f ∈ B (X).


∥αf ∥ = supx∈X |αf (x)| = supx∈X |α||f (x)| = |α| supx∈X |f (x)| = |α| ∥f ∥

iv) ∥f + g∥ ≤ ∥f ∥ + ∥g∥ , ∀f, g ∈ B (X) .


∥f + g∥ = supx∈X |(g + f ) (x)| = supx∈X |f (x) + g (x)| ≤ supx∈X {|f (x)| + |g (x)|}
≤ supx∈X |f (x)| + supx∈X |g (x)| = ∥f ∥ + ∥g∥ .

Exemplo 5.7
Seja X um espaço métrico compacto. Por C (X) denota-se o espaço C (X) = {f : X → R ; f é contı́nua} .
A função ∥f ∥ = maxx∈X |f (x)| é uma norma sobre C (X), e C (X) pode ser visto como um subespaço normado
de B (X).

Exemplo 5.8
Seja V = Rn e defina f : Rn → R , pondo f (u) = |u2 | + · · · + |un | , u = (u1 , u2 , . . . , un ) f é uma
seminorma sobre Rn .
Lema 5.1
· L (X, M, µ) = L (X) é um espaço vetorial.
R
· Nµ : L (X) → R , Nµ (f ) = |f | dµ, é uma seminorma sobre L (X).
Nµ (f ) = 0 ⇔ f = 0, q.s(X) .

Demostração
Organize os resultados estudados anteriormente.
Lista de Exercı́cios 40

Definição 5.1
Sejam f e g funções de L (X, M, µ) = L. Diz-se que f e g são µ-equivalentes se f = g µ-quase sempre.
O conjunto de todas as funções g ∈ L que são µ-equivalentes a f ∈ L, é denotado por [f ] e dito classe de
equivalência de f .
[f ] = {g ∈ L; g = f q.s. (µ)} .

Denota-se por L1 = L1 (X, M, µ) o conjunto de todas as classes de µ-equivalência em L, isto é


L1 = {[f ] ; f ∈ L}.
Em L1 define-se:
7−→) (L1 , ∥·∥1 ) é um espaço vetorial normado.
A operação de soma em L1 é definida por:
[f ] + [g] = [f + g]
A operação de produto por escalar em L1 é dada por
α [f ] = [αf ] .
Com isto L1 é um espaço vetorial. A demonstração de que ∥·∥1 é uma norma sobre L1 não oferece resistência e
recomendamos ao leitor.

Observação
Deve ficar bastante claro que os elementos do espaço vetorial L1 são classes de equivalência de funções de L.
Na prática quando trabalhamos com [f ] o que fazemos é escolher um representante desta classe e demonstramos
nossos requerimentos para este elemento. Tudo o que for válido para o representante da classe, vale para toda
classe.
Aceitando este fato, a frase ”o elemento f ∈ L1 ”, significa que estamos trabalhando com f , em nome de toda a
classe de equivalência de f .

Definição 5.2
Seja 1 ≤ p < ∞. Por L (X, M, µ) = Lp (X) = Lp , entende-se o conjunto de todas as (classes de
p
equivalências de) funções f : X → R , que são M -mensuráveis, tais que |f | tem integral finita, em
relação a medida µ.
 p
Lp (X) = f : X→ R ; f é mensurável e |f | dµ < ∞
R

Lp (X) é um espaço vetorial.


5.2 Desigualdade de Hölder


Sejam, f ∈ Lp , g ∈ Lq , p > 1 e p1 + 1q = 1.
então: f g ∈ L1 e ∥f g∥1 ≤ ∥f ∥p ∥g∥q .
Demostração Dem:
0
1 Passo:
1 1
ab ≤ ap + bq , a ≥ 0, b ≥ 0.
p q
Esta desigualdade pode ser provada com o auxı́lio da função
tp 1
φ (t) = + − t, t ≥ 0.
p q
Lista de Exercı́cios 41
q
−p
Mostra-se que φ tem um mı́nimo em t = 1. Em seguiuda toma-se t = ab , e usa-se φ (t) ≥ φ (1).
0
2 Passo:
Suponhamos
∥f ∥p ̸= 0, ∥g∥q ̸= 0.
|f (x)| |g(x)|
Sejam a = ∥f ∥p , b= ∥g∥q .Então
p q
|f (x)| |g (x)| 1 |f (x)| |g (x)|
a= ≤ p + q .
∥f ∥p ∥g∥q p ∥f ∥p ∥g∥q
Integrando, obtemos
Z Z Z
1 1 1 p 1 q
|f (x)| |g (x)| dµ ≤ p |f (x)| dµ + q |g (x)| dµ
∥f ∥p ∥g∥q p ∥f ∥p q ∥g∥q
1 1
≤ p + q =1
Daı́ Z
|f (x)| |g (x)| dµ ≤ ∥f ∥p ∥g∥q ,

Donde
Z
|f (x) g (x)| dµ ≤ ∥f ∥p ∥g∥q

Portanto,
|f g|1 ≤ ∥f ∥p ∥g∥q


Observação
1 1
Números reais estendidos, p, q, tais que p ≥ 1, q ≥ 1 e p + q = 1 , são ditos conjugados.
O conjugado de p = 2 é q = 2.

5.3 Desigualdade de Cauchy-Schwarz.


Se f, g ∈ L2 , então f g ∈ L1 e
R R
f gdµ ≤ |f g| dµ ≤ ∥f ∥2 ∥g∥2 .

5.4 Desigualdade de Minkowski.


Se f, g ∈ Lp , p ≥ 1, então f + g ∈ Lp e ∥f + g∥p ≤ ∥f ∥p + ∥g∥p .

Demostração
O resultado já foi provado para p = 1. Caso p > 1 :
A desigualdade

p p
|f (x) + g (x)| ≤ {2 sup [|f (x)| , |g (x)|]}
p p
≤ 2p [|f (x)| + |g (x)| ]
mostre que f + g ∈ Lp , se f, g ∈ Lp .
Agora,

p p−1 p−1 p−1


|f + g| = |f + g| |f + g| ≤ |f | |f + g| + |g| |f + g|
Lista de Exercı́cios 42
p
Note que, como f + g ∈ Lp , então |f + g| ∈ L1 .
p−1 q
Também |fn+ g| ∈L oq.
R p−1 R (p−1)q
De fato: |f + g| dµ = |f + g| dµ.
De + 1q = 1, obtemos p − 1 = pq ou (p − 1) q = p.
1
p
Rn oq
p−1 p p−1
∈ Lq .
R
Assim |f + g| dµ = |f + g| dµ < ∞, provando que |f + g|
Aplicando a desigualdade de Hölder,
Z obtemos
p−1
|f | |f + g| dµ ≤ ∥f ∥p |||f + g|p−1 ||q

Mas
Z  q1 Z  q1
(p−1)q p
|| |f + g|p−1 ||q = |f + g| dµ = |f + g| dµ
Z  p1 . pq
p
p
= |f + g| dµ = ∥f + g∥pq

Daı́,
Z
p
p−1
|f | |f + g| dµ ≤ ∥f ∥p ∥f + g∥pq . (α)

De modo análogo,
Z
p
p−1
|g| |f + g| dµ ≤ ∥g∥p ∥f + g∥pq .

Segue-se que,
Z Z Z
p p−1 p−1
|f + g| dµ≤ |f | |f + g| dµ+ |g| |f + g| dµ
p p
≤ ∥f ∥p ∥f + g∥pq + ∥g∥p ∥f + g∥pq
p
≤ (∥f ∥p + ∥g∥p ) ∥f + g∥pq

ou seja
p
p
∥f + g∥p ≤ (∥f ∥p + ∥g∥p ) ∥f + g∥pq

Donde
∥f + g∥p ≤ ∥f ∥p + ∥g∥p .
Lista de Exercı́cios 43

5.5 Lp = Lp (X) , 1 ≤ p < ∞, é um espaço vetorial normado


Definição 5.3
Uma sequencia (fn )n em Lp , é dito uma seqüência de cauchy, em Lp , se dado ϵ > 0, existe M = M (ϵ)
tal que

∥fn − fm ∥p < ϵ, ∀n, m ≥ M

Uma sequencia (fn )n em Lp , converge para f , em Lp , se dado ϵ > 0, existe N = N (ϵ), tal que

∥fn − f ∥p < ϵ, ∀n ≥ N.

Nesse caso diz-se que (fn )n converge a f , na média de ordem p.


Um espaço linear normado é dito completo se toda seqüência de Cauchy converge para algum elemento do
espaço.
Um espaço linear normado completo é dito um espaço de Banach.

Lema 5.2
Seja (fn )n uma sequencia que converge para f , em Lp . Então (fn )n é uma sequencia de Cauchy, em Lp .

Demostração
Dado ϵ > 0, existe N = N (ϵ), tal que
∥fn − f ∥p < 2ϵ , ∀n ≥ N (ϵ) .
Assim, ∥fn − f ∥p < 2ϵ , ∀m ≥ N (ϵ) .
Daı́, para n, m ≥ N (ϵ), tem-se
ϵ ϵ
∥fn − fm ∥p ≤ ∥fn − f ∥p + ∥f − fm ∥p < 2 + 2 = ϵ.

Teorema 5.1 (Riesz-Fisher)


(Completicidade de Lp ). Para 1 ≤ p < ∞, Lp é um espaço de Banach, pela norma ∥f ∥p =
1
R p
|f (x)| dµ p .

Demostração
Dem: Mostraremos que Lp , 1 ≤ p < ∞, é completo.
Seja (fn )n uma sequencia de Cauchy, em Lp . Então, dado ϵ > 0, existe M = M (ϵ) > 0, tal que
p p
∥fn − fm ∥p = |fn (x) − fm (x)| dµ < ϵp , ∀n, m ≥ M.
R
(♯)
Tomando ϵ = 2−k , k = 1, 2, . . ., encontramos uma subseqüência (gk )k , de (fn )n , tal que ∥gk+1 − gk ∥p < 1
2k
,k =
1, 2, . . ..
Seja,
P∞
(♯)1 g (x) = |g1 (x)| + k=1 |gk+1 (x) − gk (x)|
· g ∈ M + (X, M)
p P∞ p
· |g (x)| = {|g1 (x) | + k=1 |gk+1 (x) − gk (x)|}
R p R Pn p
· |g (x)| dµ ≤ limn inf {|g1 (x) | + k=1 |gk+1 (x) − gk (x)|} dµ,
pelo lema de Fatou.
Lista de Exercı́cios 44

Z Z ( n
)p
p 1 X 1
· { |g (x)| dµ} ≤ lim inf[
p |g1 (x) | + |gk+1 (x) − gk (x)| dµ] p
n
k=1

Daı́, usando a desigualdade de Minkowski,


( n
)
X
∥g∥p ≤ lim inf ∥g1 ∥p + ∥gk+1 − gk ∥p ≤
n
k=1
( n
)
X 1
≤ lim inf ∥g1 ∥p + ≤ ∥g1 ∥p + 1
n 2k
k=1

Logo g ∈ Lp (X), o que significa que a série em (♯)1 é convergente quase sempre.
Note que g ∈ Lp (X), significa que se E = {x ∈ X; g (x) < ∞} então E é mensurável e µ (X\E) = 0. Portanto,
eventualmente pode acontecer g (x) = ±∞, em x ∈ X\E.
Considere a função,
( P∞
g1 (x) + k=1 (gk+1 (x) − gk (x)), se x ∈ E
f (x) =
0 se x∈/E

A sequencia (gk )k convergr pontualmente quase sempre para f , e



X
|gk (x) | ≤ |gj+1 − gj | ≤ g,
j=k

em X.
Então
gkp → f p ,

q.s.(X)
e

|gkp (x) | ≤ g p (x) , ∀x ∈ X

TCDL
⇒ f p ∈ L1 ⇒ f ∈ Lp

Também, como
p
|f (x) − gk (x)| → 0

q.s.
e
p
|f (x) − gk (x)| ≤ 2p g p (x) , ∀x ∈ X

TCDL Z
p
⇒ lim |f (x) − gk (x)| dµ = 0,
k→∞

ou seja

lim ∥f − gk ∥p = 0.
k→∞
Lista de Exercı́cios 45

Por
p
(♯) ∥fn − fm ∥p < ϵp , ∀n, m ≥ M

Se
p
m ≥ M (ϵ) =⇒ ∥fn − gk ∥p < ϵp

e k é suficientemente grande.
Logo,
Z
p
|fm (x) − gk (x)| dµ < ϵp , m ≥ M (ϵ) .

Aplicando lema de Fatou, novamente, obtemos


Z Z
p p
|fm (x) − f (x)| dµ ≤ lim inf |fm (x) − gk (x)| dµ ≤ ϵp , m ≥ M (ϵ)
k

ou seja, (fn )n converge para f , em Lp .

5.6 O espaço L∞ (X, M, µ)

Entende-se por L∞ = L∞ (X, M, µ) o conjunto de todas as (classes de equivalência de) funções f : X → R,


que são mensuráveis e quase sempre limitadas. Aqui, como nos espaços Lp , 1 ≤ p < ∞, duas funções são
equivalentes, se são iguais µ-quase sempre.
Sejam f ∈ L∞ e N ∈ M , com µ (N ) = 0. Define-se:

S (N ) = sup {|f (x)| ; x ∈


/ N}

e
∥f ∥∞ = inf {S (N ) ; N ∈ M, µ (N ) = 0}

As funções de L∞ são ditas ”essensialmente limitadas ”.


é clara que,
∥f ∥∞ = inf {C; |f (x)| ≤ C, q.s. (X)}

Afirmação:
|f (x)| ≤ ∥f ∥∞ , q.s. (X) , se f ∈ L∞ .

De fato: Pela definição de ∥f ∥∞ , existe uma sequencia (Cn ) tal que Cn → ∥f ∥∞ , e |f (x)| ≤ Cn , q.s.(X), para
cada n.

Então
|f (x)| ≤ Cn , ∀x ∈ X\En , µ (En ) = 0.

Seja E = ∪∞n=1 En . Então µ (E) = 0 e |f (x)| ≤ Cn e para todo x ∈ X\E.


Logo |f (x)| ≤ ∥f ∥∞ , para todo x ∈ X\E.

Teorema 5.2
L∞ é um espaço linear normado completo (espaço de Banach).

Lista de Exercı́cios 46

Demostração
0
1 Passo: L∞ é um espaço linear (vetorial).
A verificação deste fato é deixado a cargo do leitor.
0
2 Passo:
∥f ∥∞ = inf {C; |f (x)| ≤ C, q.s. (X)}

é uma norma em L∞ .

i) ∥f ∥∞ = 0 ⇒ f = 0

q.s.(X). ∥f ∥∞ = 0.
Então existe Nk ∈ M , com µ (Nk ) = 0, tal que |f (x)| ≤ k1 , para x ∈
/ Nk .

Seja N = ∪k=1 Nk . Então
N ∈ M, µ (N ) = 0 e |f (x)| = 0

para todo x ∈
/ N.
Logo f (x) = 0 q.s.(X)

i
i) ∥f + g∥∞ ≤ ∥f ∥∞ + ∥g∥∞ , f, g ∈ L∞ .

Existe
N1 ∈ M ; µ (N1 ) = 0 e |f (x)| ≤ ∥f ∥∞ , x ∈
/ N1 .

Existe
N2 ∈ M ; µ (N2 ) = 0 e |g (x)| ≤ ∥g∥∞ , x ∈
/ N2 .

Daı́
|f (x) + g (x)| ≤ ∥f ∥∞ + ∥g∥∞ , x ∈
/ N1 ∪ N2
e

∥f + g∥∞ ≤ ∥f ∥∞ + ∥g∥∞ .

0
3 Passo: L∞ é completo.
Seja (fn )n uma sequencia de Cauchy em L∞ . Seja M ∈ M , µ(M ) = 0, tal que |fn (x)| ≤ ∥fn ∥∞ , para x ∈
/ M,
n = 1, 2, . . . e
|fn (x) − fm (x)| ≤ ∥fn − fm ∥∞ , x ∈
/ M, n, m = 1, 2, . . . .

Então (fn )n é uniformemente convergente em X\M .


Seja (
lim fn (x) , x ∈
/M
f (x) =
0 , x∈M

f é mensurável e ∥fn − f ∥∞ → 0, n → ∞.

Teorema 5.3 (Teorema de Tonelli)


R R R
Suponhamos que Ω2 |F (x, y)| dy < ∞ para quase todo x ∈ Ω1 e que Ω1 Ω2 |F (x, y)| dydx < ∞.
Então F ∈ L1 (Ω1 × Ω2 ).

Lista de Exercı́cios 47

Teorema 5.4 (Teorema de Fubini)


Suponha que F ∈ (Ω1 × Ω2 ). Então, para quase todo x ∈ Ω1 , F (x, y) ∈ L1y (Ω2 ) e
R
Ω2
F (x, y) dy ∈
L1x (Ω1 ) , e, para quase todo y ∈ Ω2 , F (x, y) ∈ L1x (Ω1 ) e Ω1 F (x, y) dx ∈ L1y (Ω2 )
R

Além disso,
R R R R R
Ω1
dx Ω2 F (x, y) dy = Ω1 ×Ω2 F (x, y) dxdy = Ω2 dy Ω1 F (x, y) dx

Teorema 5.5
Sejam X e Y dois subintervalos de R, e k : X × Y → R uma função contı́nua e limitada, digamos
|K (x, y)| ≤ M, ∀ (x, y) ∈ X × Y .
Suponha que f ∈ L (x) , g ∈ L (X).
Então:
R R
a) Para cada y ∈ Y , a integral de lebesgue X f (x) k (x, y) dx existe e F (y) = X f (x) k (x, y) dx é
contı́nua em Y .
R R
b) Para cada x ∈ X , a integral de lebesgue Y
g (y) k (x, y) dy existe e G (x) = Y
g (y) k (x, y) dy é
contı́nua em X .
R R
c) As duas integrais de lebesgue Y
g (y) F (y) dy e X
f (x) G (x) dx existem e são iguais, ou seja
Z Z Z Z
(∗) f (x) g (y) k (x, y) dydx = g (y) f (x) k (x, y) dxdy.
X Y Y X

Demostração
Fixado y ∈ Y , seja fy (x) = f (x) k (x, y) . fy é mensurável, em X, e

|fy (x)| ≤ |f (x) k (x, y)| ≤ M |f (x)| , ∀x ∈ X.

Como k é contı́nua em X × Y , tem-se

lim f (x) k (x, t) = f (x) k (x, y) , ∀x ∈ X


t→y

Segue-se, do teorema da continuidade para funções definidas sob o sinal de integral, que F é contı́nua.
O ı́tem b) é análogo.
Temos, f, G é mensurável em X e
Z
|f (x) G (x)| ≤ |f (x)| |g (y)| |k (x, y)| dy
Y
Z
≤ |f (x)| M |g (y)| dy ≤ M ′ |f (x)|
Y

Logo f G ∈ L1 (X).
De modo semelhante gF ∈ L1 (Y )
· Notemos que (∗) é verdadeiro quando f e g são funções escadas.
Para f ∈ L (X) , g ∈ L (Y ), dado ϵ > 0, existem funções escadas s e t, tais que
Z Z
|f − s| < ϵ , |g − t| < ϵ
X Y
Lista de Exercı́cios 48

Daı́,
Z Z Z Z Z
(∗)1 f.G = (s + (f − s)) G = sG + (f − s) G = sG + A1
X X X X X

onde Z Z Z Z
|A1 | = (f − s) G ≤ |f − s| |g (y)| |k (x, y)| dydx < ϵM |g (y)| dy
X X Y Y

Também:
Z Z
G (x) = g (y) k (x, y) dy = t (y) k (x, y) dy + A2 ,
Y Y
com
Z Z
|A2 | = (g − t) k (x, y) dy ≤ M |g − t| dy < ϵM
Y Y

Daı́,
Z Z Z
sG = s (x) t (y) k (x, y) dydx + A3
X X Y

Z Z Z Z
2
|A3 | = A2 s (x) dx ≤ ϵM |s| ≤ ϵM {|s − f | + |f |} < ϵ M + ϵM |f |
X X X X

e
Z Z Z
fG = s (x) t (y) k (x, y) dydx + A1 + A3
X X Y

De modo análogo
Z Z Z
gF = t (y) s (x) k (x, y) dxdy + B1 + B3
X X Y

com Z Z Z
|B1 | < ϵM |f | , |B3 | ≤ ϵM |t| < ϵ2 M + ϵM |g|
X Y Y

Z Z
fG − gF ≤ |A1 | + |A3 | + |B1 | + |B3 |
X Y
Z Z 
< 2ϵ2 M + 2ϵM |f | + |δ| .
X Y
Capı́tulo 6 Funções de Variação Limitada
e Absolutamente Contı́nuas

George Gabriel Stokes


viveu 1819 até 1903

George Stokes estabeleceu a ciência da hidrodinâmica com sua lei da viscosidade que descreve a velocidade de
uma pequena esfera através de um fluido viscoso.

As funções de variação limitada e as funções absolutamente contı́nuas são conceitos importantes na teoria
da análise matemática, especialmente na teoria da integração e na teoria da medida. Vamos entender cada uma
delas:Uma função f : [a, b] −→ R é considerada de variação limitada se a variação total da função em qualquer
subintervalo fechado [c, d] de [a, b] for limitada, ou seja, existe uma constante M tal que, para qualquer partição P
de [c, d], temos:
X n
[f (xi ) − f (xi−1 )] ≤ M
i=1

onde xi são os pontos de partição de P . Em outras palavras, a função não ”varia muito” em intervalos pequenos.
Funções Absolutamente Contı́nuas: Uma função f : [a, b] −→ R é chamada de absolutamente contı́nua se,
para qualquer ε > 0, existe um δ > 0 tal que, para qualquer coleção finita e disjunta de subintervalos
(ai , bi ) de [a, b] com
Xn Xn
[bi − ai ] < δ =⇒ [f (bi ) − f (ai )] ≤ ε.
i=1 i=1

Em outras palavras, funções absolutamente contı́nuas são extremamente ”controladas” em termos de variação,
mesmo para coleções arbitrárias de intervalos disjuntos.

Relação entre Funções de Variação Limitada e Absolutamente Contı́nuas


Toda função absolutamente contı́nua é de variação limitada, mas o contrário não é verdade. Existem funções
de variação limitada que não são absolutamente contı́nuas. No entanto, se uma função é absolutamente contı́nua,
ela é uniformemente contı́nua. Esses conceitos são importantes em teoria da medida, análise funcional e teoria da
integração, sendo fundamentais para entender propriedades de funções em espaços métricos e espaços de medida.
Lista de Exercı́cios 50

6.1 Funções de Variação Limitada e Funções


Absolutamente Contı́nuas.
Funções Monótonas
Uma função f : S ⊂ R → R é dita
a) crescente, se
x < y =⇒ f (x) ≤ f (y) ,

para qualquer x, y ∈ S.
b) decrescente, se
x < y =⇒ f (x) ≥ f (y) ,

para qualquer x, y ∈ S.
Se
a′ ) x < y ⇒ f (x) < f (y) ,

para qualquer x, y ∈ S, então f é dita estritamente crescente.

b) f é dita estritamente decrescente.


x < y ⇒ f (x) > f (y) ,
para qualquer x, y ∈ S, então
f : S ⊂ R → R é dita monótona se é crescente ou decrescente.

Teorema 6.1
Seja f : [a, b] → R uma função crescente. Então para cada c ∈ (a, b) , f (c+ ) e f (c− ) existe e tem-se
f (c− ) ≤ f (c) ≤ f (c+ ) .
Nos extremos tem-se f (a) ≤ f (a+ ) , f (b) ≥ f (b− ).

Demostração
Seja A = {f (x) ; a < x < c}. A é limitado superiomente, pois f é crescente.
Seja α = sup A. Então α ≤ f (c). Provaremos que α = f (c− ). Dado ϵ > 0, existe f (x1 ) ∈ A, tal que
α − ϵ < f (x1 ) ≤ α.
Como f é crescente, para todo x ∈ (x1 , c), temos ainda α − ϵ < f (x) ≤ α.
Daı́,
α − ϵ < f (x) ≤ α + ϵ, ∀x ∈ (x, c) ,

ou seja
|f (x) − α| < ϵ, se c − δ < x < c.

Portanto limx→c− f (x) = α = f (c− ) .



Observação Um resultado semelhante é válido para funções decrescente.
Lista de Exercı́cios 51

Teorema 6.2
a) f : S ⊂ R → R uma função estritamente crescente. Então f −1 existe e é estritamente crscente.
b)Seja f : [a, b] → R contı́nua e estritamente crescente. Então f −1 é contı́nua e estritamente crescente em
 −1
f (a) , f −1 (b) .


Demostração
Exercı́cio
Teorema 6.3
Seja f : [a, b] → R uma função crescente e sejam
a = x0 < x1 < · · · < xn = b n + 1 pontos de [a, b] .
Pn−1  −
Então, k=1 f x+
 
k − f xk ≤ f (b) − f (a) k = 0, 1, . . . , n − 1.

Demostração
Seja yk ∈ (xk , xk+1 ) . f x+

k ≤ f (yk ) , k= 1, . . . , n − 1
f (yk−1 ) ≤ f x−k , k = 1, . . . , n − 1
+ −
 
Então, f xk − f xk ≤ f (yk ) − f (yk−1 ) e
Pn−1  +
 −

k=1 f xk − f xk ≤ f (yk−1 ) − f (y0 ) ≤ f (b) − f (a).

Teorema 6.4
Seja f : [a, b] → R uma função monótona. Então o conjunto dos pontos de descontinuidade de f é
enumerável. ♡

Demostração
Suponhamos f crescente.
1
Seja Sm o conjunto dos pontos de (a, b) nos quais o salto de f excede m , m > 0.
Seja x1 < x2 < · · · < xn−1 ∈ Sm . Então n−1 m ≤ f (b) − f (a) .
Pn−1  −
Pois k=1 f x+
 
k − f x ≤ f (b) − f (a).
+
 −
 k1
Como f xk − f xk ≥ m , temos um número finito de pontos.
Como o conjunto dos pontos de descontinuidade de f , em (a, b) , é um subconjunto de ∪∞ S , este é enumerável.

R b ′ m=1 m
f : [a, b] → R crescente. Então f é diferenciável q.s. [a, b], f é mensurável e a f (x) dx ≤ f (b) − f (a) .
(Referência Royden)

6.2 Funções de Variação limitada


Dado um intervalo compacto [a, b] ⊂ R, um conjunto de pontos P = {x0 < x1 < · · · < xn }, satisfazendo
a = x0 < x1 < · · · < xn−1 < xn = b é dito uma partição de [a, b] .
Cada intervalo [xk−1 , xk ] é dito o k-ésimo subintervalo de P .
Pn
Escreve-se △xk = xk − xk−1 de modo que k=1 △xk = b − a.
A coleção de todas as possı́veis partições de [a, b] é denotada por P [a, b] .
Seja f : [a, b] → R. Se P = {x0 < x1 < · · · < xn } é uma partição de [a, b], escreve-se △fk = f (xk ) − f (xk−1 ),
k = 1, . . . , n.
Pn
Se existe M > 0, tal que k=1 | △ fk | ≤ M , para toda partição de [a, b], então f é dita de variação limitada em
[a, b] .
Lista de Exercı́cios 52

Exemplo 6.1
i) Toda função monótona definida em [a, b] é de variação limitada em [a, b] .
De fato: suponhamos f crescente . Então △fk ≥ 0.
Daı́,
Pn Pn Pn
k=1 | △ fk | = k=1 △fk = k=1 [f (xk ) − f (xk−1 )] = f (b) − f (a) = M.

ii) Se f : [a, b] → R é contı́nua e f ′ existe e é limitada em (a, b), então f é de variação limitada em [a, b] .
De fato: suponhamos |f ′ (x) | ≤ A, ∀x ∈ (a, b).
Temos △fk = f (xk ) − f (xk−1 ) = f ′ (tk ) (xk − xk−1 ) .
Pn Pn Pn
Daı́ k=1 | △ fk | = k=1 |f ′ (tk ) | △ xk ≤ A k=1 △xk = A (b − a)

6.3 Variação Total


P Pn
Seja f uma função de variação limitada em [a, b]. Seja (P ) a soma k=1 | △ fk | corresponde a partição
P
P = {x0 < x1 < · · · < xn }. O número Vf (a, b) = sup { (P ) ; P ∈ P [a, b]} é dito a variação total de f , em
[a, b] .
Tem-se:
· sendo f de variação limitada em [a, b] o número Vf (a, b) é finito.
· Vf (a, b) ≥ 0
· Vf (a, b) = 0 ⇔ f é constante em [a, b].

Teorema 6.5
Sejam f e g funções de variação limitada em [a, b]. Então
i) f + g é de variação limitada em [a, b] e Vf ±g (a, b) ≤ Vf (a, b) + Vg (a, b) .
ii) f g é de variação limitada em [a, b] e Vf g (a, b) ≤ AVf (a, b) + BVg (a, b) , onde A = supx∈[a,b] |g (x)| ,
B = supx∈[a,b] |f (x)|.

Demostração
Prova de i). Exercı́cio.
Prova de ii) Seja h (x) = f (x) g (x).
Para qualquer partição, P , de [a, b] , tem-se:
|△hk | = |f (xk ) g (xk ) − f (xk−1 ) g (xk−1 )| =
= |f (xk ) g (xk ) − f (xk−1 ) g (xk ) + f (xk−1 ) g (xk ) − f (xk−1 ) g (xk−1 ) | ≤
≤ |g (xk ) ||f (xk ) − f (xk−1 ) | + |f (xk−1 ) ||g (xk ) − g (xk−1 ) | ≤
≤ A| △ fk | + B |△gk |
Daı́,
Pn Pn Pn
k=1 | △ hk | ≤ A k=1 | △ fk | + B k=1 |△gk |, e tomando supremo em P (a, b), obtemos
Vf g (a, b) ≤ AVf (a, b) + BVg (a, b) .

Observação
A recı́proca de uma função de variação limitada pode não ser uma função de variação limitada. Entretanto tem-se
o seguinte fato:
Se f é de variação limitada em [a, b] e 0 < m ≤ |f (x)| para todo x ∈ [a, b] , então g = 1/f é de variação
V (a,b)
limitada em [a, b] e Vg (a, b) ≤ fm2 .
Lista de Exercı́cios 53

6.4 Aditividade da variação total.


Teorema 6.6
Seja f de variação limitada em [a, b] e suponha que c ∈ (a, b). Então f é de variação limitada sobre [a, c]
e [c, b] , e Vf (a, b) = Vf (a, c) + Vf (c, b).

Demostração
Inicialmente mostremos que f é de variação limitada sobre [a, c] e [c, b].
Sejam P1 uma partição de [a, c] e P2 uma partição de [c, b].
Então P0 = P1 ∪ P2 é uma partição de [a, b] e tem-se
X X X
(P1 ) + (P2 ) = (P0 ) ≤ Vf (a, b) ,

pois f é de variação limitada em [a, b]. Daı́,


X
(P1 ) ≤ Vf (a, b)
X
(P2 ) ≤ Vf (a, b) .

Então, X X
sup (P ) ≤ Vf (a, b) e sup (P ) ≤ Vf (a, b) .
P ∈P[a,c] P ∈P[c,b]

Logo, f é de variação limitada em [a, c] e [c, b] .


Da desilgualdade X X
(P1 ) + (P2 ) ≤ Vf (a, b) ,

e por propriedade do supremo, temos

Vf (a, c) + Vf (c, b) ≤ Vf (a, b) (I)

Para obter a desilgualdade contrária, seja P = {x0 < x1 < · · · < xn } uma partição de [a, b], e seja P0 = P ∪ {c}.
Se c ∈ [xk−1 , xk ], então
|f (xk ) − f (xk−1 )| ≤ |f (xk ) − f (c) | + |f (c) − f (xk−1 )| .
P P
Daı́, (P ) ≤ (P0 ).
Note que os pontos de P0 , em [a, c], determinam uma partição, P1 , de [a, c]. Os pontos de P0 em [c, b] determimnam
uma partição P2 de [c, b].
Tem-se X X X X
(P ) ≤ (P0 ) = (P1 ) + (P2 ) ≤ Vf (a, c) + Vf (c, b) .

Daı́, X
sup (P ) ≤ Vf (a, c) + Vf (c, b) . (II)
P ∈P[a,c]

De (I) e (II) tem-se

Vf (a, b) = Vf (a, c) + Vf (c, b) .


Lista de Exercı́cios 54

Teorema 6.7
Seja f de(variação limitada em [a, b] . Defina V : [a, b] → R ,
Vf (a, x) , se a < x ≤ b
V (x) = .
0 , se x=a
Então: i) V é crescente em [a, b]
ii) V − f é crescente em [a, b].

Demostração
i) Se a < x < y ≤ b, então Vf (a, y) = Vf (a, x) + Vf (x, y)
Daı́, V (y) − V (x) = Vf (x, y) ≥ 0 e V (x) ≤ V (y).
ii) Seja D (x) = V (x) − f (x) , x ∈ [a, b]. Então se a ≤ x < y ≤ b
Temos,
D (y) − D (x) = V (y) − V (x) − [f (y) − f (x)] = Vf (x, y) − [f (y) − f (x)]
Mas f (y) − f (x) ≤ Vf (x, y). Logo D (y) − D (x) ≥ 0.

Teorema 6.8
i) Seja f definida em [a, b] . Então f é de variação limitada em [a, b] se e só se f pode ser escrita como
a diferença de duas funções crescentes.
ii) Seja f de variação limitada em [a, b] . Seja V (x) = Vf (a, x) ,x ∈ (a, b] . Então todo ponto de
continuidade de f é também um ponto de continuidade de V e vice-versa.
iii) Seja f contı́nua em [a, b] . Então f é de variação limitada em [a, b] ⇔ f é a diferença de duas funções
crescentes contı́nuas. ♡

Teorema 6.9
Rx
Seja f ∈ L1 [a, b] e defina F (x) = a
f (x) dx . Então f ∈ C [a, b] ∩ BV [a, b] e F ′ = f q.s.[a, b]

Demostração
0
1 Passo: f ∈ C [a, b].

Lema 6.1
Seja f ∈ L1 [a, b] . Dado ϵ > 0 , existe δ > 0 , tal que
R
E
f < ϵ quando E ⊂ [a, b] é mensurável e
m (E) < δ .

Demostração [do Lema]


Suponhamos f(≥ 0.
f (x) , se 0 ≤ f (x) ≤ n
Seja fn (x) =
n , f (x) > n
Rb Rb
TCM⇒ limn→∞ a fn (x) dx = a f (x) dx
Rb Rb ϵ
Então dado ϵ > 0, ∃ n0 ∈ N ; a f (x) dx − a fn0 (x) dx < 2 (1)
Escolhamos δ > 0, δ < 2nϵ 0
Seja E ⊂ [a, b], mensurável com µ (E) < δ.
Temos Z b Z b
ϵ
fn0 (x) dx ≤ n0 dx = n0 m (E) < n0 δ < (2)
a a 2
Lista de Exercı́cios 55

De (1), (2)
, vem: Z Z Z Z b Z
ϵ ϵ
f= (f − fn0 ) + fn0 ≤ (f − fn0 ) + f n0 < + = ϵ.
E E E a E 2 2
R
Donde, E f < ϵ, se µ (E) < δ.
Para f geral, escreve-se f = f + − f − , com f + ≥ 0, f − ≥ 0.
∃ δ1 > 0; E f + < 2ϵ , µ (E) < δ1
R

∃ δ2 > 0; E f − < 2ϵ , µ (E) < δ2


R

Seja E ⊂ [a, b], m (E) < min {δ1 , δ2 }


então Z Z Z Z
ϵ ϵ
f ≤ |f | = f+ + f − < + = ϵ.
E E E E 2 2
0
2 Passo: Z y Z
F (x) − F (y) = f (s) ds = f (s) ds
x (x,y)
R
Se |x − y| < δ, então (x,y) f (s) ds < ϵ, donde
|F (x) − F (y)| < ϵ, se |x − y| < δ.
0
3 Passo:
Seja a = x0 < x1 < · · · < xn−1 < xn = b uma partição de [a, b].
Então
Xn n Z xk
X
|F (xk ) − F (xk−1 )| ≤ |f (x) dx = ∥f ∥L1
k=1 k=1 xk−1

Daı́ VF (a, b) ≤ ∥f ∥L1 . Logo F ∈ BV (a, b) .


0
4 Passo:
Sejam
Z b Z b
g, h ∈ L1 [a, b] , g ≥ 0, h ≥ 0, g (x) dx < ∞, h (x) dx < ∞.
a a

Fazendo Z x Z x
G (x) = g (x) dx, H (x) = h (x) dx,
a a

tem-se F = G − H.
Mostraremos que G′ = g, H ′ = h q.s.
Desde que g ∈ L1 [a, b], g ≥ 0, existe uma seqüência não decrescente {gn }n de funções contı́nuas não-negativas
definidas em [a, b] tal que limn→∞ gn = g q.s.
Seja φ0 = g0
φn = gn − gn−1 , n ≥ 1 e defina
Rx
Φn (x) = a φn (t) dt.
Cada φn é contı́nua. Pelo TFC cada Φn é derivável, com Φ′n − φ′n , ∀x
P∞
Com φn ≥ 0, segue-se que Φn é não decrescente. Pelo Teorema da diferenciação de F ubini, 0 Φn é diferenciável
e
P∞ ′ P∞
( 0 Φn ) (x)= 0 Φ′n q.s.
Mas

X Z ∞
xX Z x ∞
X
Φn = φn (x) dx = gn (x) dx eG (x) = Φn (x)
0 a 0 a 0
Lista de Exercı́cios 56

De modo análogo
P∞ ′
0 Φn (x) = lim gn (x) = g (x) q.s.
Portanto G′ (x) = g (x) q.s.

Teorema 6.10 (Teorema da Diferenciação de Fubini)


P∞
Seja {fn }n uma sequencia de funções definidas em [a, b] . Defina f (x) = n=1 fn (x)
P∞
Se |f (x)| < ∞, para a ≤ x ≤ b , então f ′ (x) = n=1 f ′ (x) q.s.

Demostração
P∞
Note que f é crescente e daı́, diferenciável quase sempre. Considere a série n=1 (fn (x) − fn (a)), podemos
supor que fn ≥ 0 (daı́ f ≥ 0) .
P∞
Seja sn (x) = 1 fk (x). (sn ) é crescente e não negativa.
Se h > 0, então
P∞ P∞
sn (x + h) − sn (x) f (x + h) − f (x) k=n+1 fk (x) − k=n+1 fk (x + h)
− = ≤0
h h h
Fazendo h → 0, temos

s′n (x) ≤ f ′ (x) .

Agora s′n (x) ≤ s′n+1 (x) fn+1



(x) ≥ 0 , de modo que {s′n (x)} e limitado superiormente quase sempre por


f ′ (x).
P∞ P∞ P∞ ′
Então 1 fn′ (x) converge quase sempre e 1 fn′ (x) ≤ ( 1 fn (x)) quase sempre .
Mostraremos que existe uma sequencia snj , de (sn ), tal que lim s′nj (x) = f ′ (x) quase sempre.


Definição 6.1
Uma função f : [a, b] → R é absolutamente contı́nua se, para cada ϵ > 0 existe δ > 0 tal que se
p Pp
{xj , yj }j=1 é uma famı́lia finita de subintervalos disjuntos de [a, b], satisfazendo j=1 (yj − xj ) < δ,
Pp
então j=1 |f (yj ) − f (xj )| < ϵ
A classe de todas as funções absolutamente contı́nuas sobre [a, b] é denotada por AC [a, b] .

Proposição 6.1
Rb
Se f ∈ L1 [a, b] e F (x) = a
f dµ então F é AC.

Demostração
Usar o Teorema.

Observação AC [a, b] ⊂ C [a, b] .

Proposição 6.2
Se f ∈ AC [a, b] então f ∈ BV [a, b] , f é diferenciável quase sempre e f ′ ∈ L1 [a, b] .

Exercı́cios: Lista 1 57

Demostração
Exercı́cio.
Lema 6.2
Seja f ∈ AC [a, b] e suponha que f ′ = 0 quase sempre. Então f é constante.

Demostração
Veja: A First Course in Integration. Asplund & Bungard.

Teorema 6.11
Rx
Se f ∈ AC [a, b], então f ′ ∈ L1 [a, b] e f (x) = f (a) + a
f ′ (s) ds, ∀x ∈ [a, b] .

Demostração
A priori já foi provado que se f ∈ AC [a, b], então f ’∈ L1 [a, b] .
Rx
Seja g (x) + a f ′ dλ. Então g ∈ AC [a, b] e g’= f ’ quase sempre .
Se h = f − g, então h ∈ AC [a, b] e h’= 0 quase sempre .
Então, pelo Lema 6.2, h (t) = h (a) = f (a) , ∀t ∈ [a, b]
Rt
Daı́ f (t) = h (t) + g (t) = h (a) + g (t) = f (a) + 0 f ′ (s) ds.

Teorema 6.12
Seja f ∈ BV [a, b] . Então existe funções g e h em BV [a, b] tais que g ∈ AC [a, b], h′ = 0 quase sempre
ef =g−h.

Demostração
Z x
g (x) = f ′ (t) dt = g − f.
a

K Exercı́cios: Lista 1 k
1. Seja X = {a, b, c, d}. Defina três σ-álgebras distintoas em X. Justifique.

2. Defina uma σ-álgebra sobre o conjunto dos naturais. Justifique.

3. Sejam X um conjunto não enumerável e M a coleção de subconjuntos, de X, que são enumeráveis ou tem
complemento enumerável. Mostre que tal coleção é uma σ-álgebra em X.
4. A união de duas σ-álgebras é um σ-álgebro? Que se pode dizer a respeito da interseção se duas σ-álgebras?

5. a) Mostre que  
1 1
[a, b] = ∩∞
n=1 a − , b +
n n
e  
1 1
(a, b) = ∪∞
n=1 a − , b + .
n n

b) Conclua que toda σ-álgebra de subconjunto de R que contenha todos os intervalos abertos contem todos
os intervalos fechados.
Exercı́cios: Lista 2 58

6. Sejam (An ) uma sequencia de subconjunto de um conjunto X, E0 = ϕ e


En = ∪nk=1 Ak , Fn = An \En−1 , ∀n = 1, 2, . . . .
a) Mostre que (En ) é uma sequencia monótona crescente de conjuntos.
b) Mostre que (Fn ) é uma sequencia disjunta.
c) Mostre que
∪∞ ∞ ∞
n=1 En = ∪n=1 Fn = ∪n=1 An .

7. Suponha f uma função mensurável e A um número real positivo. A função



 f (x) , se |f (x)| ≤ A

fA (x) = +A , se f (x) > A

−A , se f (x) < −A

é dita a truncada de f , por A. Mostre que fA é mensurável.


8. Sejam (X, M) um espaço mensurável, f : X → R uma função mensurável e φ : R → R uma função
contı́nua. Mostre que φ ◦ f é mensurável.

K Exercı́cios: Lista 2 k

1. Sejam µ1 , . . . , µn , medidas sobre (X, M) e a1 , . . . , an números reais

Pn
positivos. Prove que i=1 ai µi é uma medida sobre (X, M).

2. Sejam (X, M, µ), um espaço de medida, e E, F ∈ M . Prove que


µ (E) + µ (E) = µ (E ∪ F ) + µ (E ∩ F ) .

3. (X, M, µ), um espaço de medida, e E ∈ M , fixado. Defina µE (A) = µ (A ∩ E) , ∀A ∈ M . Prove que µE


é uma medida.

4. Seja (X, M, µ) um espaço de medida.


i) Prove que se E, F ∈ M e µ (E△F ) = 0, então µ (E) = µ (F )

(E△F = (E − F ) ∪ (F − E)) .

ii) Prove que ”E ∼ F ⇔ µ (E△F ) = 0” é uma relação de equivalência, sobre M .

5. Seja (µn ) uma sequencia de medidas sobre M , tais que µn (X) = 1,

(X, M) um espaço mensurável. Defina



X
λ (E) = 2−n µn (E) , E ∈ M.
n=1
Prove que λ é uma medida, sobre M , e que λ (X) = 1.

6. Seja λ a medida de Lebesgue definida sobre a álgebra de Borel, B, de R.


i) se E é unitário, então E ∈ B e λ (E) = 0. Prove
ii) se E é enumerável, então E ∈ B e λ (E) = 0.
iii) λ(a, b] = λ[a, b) = λ[a, b] = λ(a, b) = b − a.
Exercı́cios: Lista 3 59

7. Mostre que a medida de Lebesgue do conjunto de Cantor é zero.

K Exercı́cios: Lista 3 k
1. Sejam f ∈ L (X) e a > 0. Mostre que o conjunto {x ∈ X; |f (x)| ≥ a} tem medida finita. Mostre que
{x ∈ X; f (x) ̸= 0}
tem medida σ-finita.

2. Seja f uma função mensurável tal que f (x) = 0 µ-q.s.(X). Mostre que f é integrável e
Z
f dµ = 0.

3. Sejam f ∈ L (X) e g uma função mensurável, real, tal que f = g µ-q.s.(X). Mostre que g é integrável e
Z Z
f dµ = gdµ.

4. Sejam f ∈ L (X) e ϵ > 0. Mostre que existe uma função simples (escada) mensurável, φ, tal que
R
|f − φ| dµ < ϵ.

5. Sejam f ∈ L (X) e g uma função mensurável limitada. Prove que f g ∈ L.

6. Mostre, através de exemplos, que o fato de f ∈ L não implica que f 2 ∈ L.


P∞
7. Sejam X = N , M = P (N) e µ a medida contagem sobre M . Mostre que f ∈ L (X) ⇔ a série n=1 f (n)
é absolutamente convergente e neste caso
Z ∞
X
f dµ = f (n) .
n=1

8. Se (fn )n é uma sequencia em L (X) que converge uniformemente em X, para uma função f , e se µ (X) < ∞,
prove que Z Z
f dµ = lim fn (x) dµ.
n

9. Através de um exemplo mostre que a conclusão do Ex.8. pode ser falsa se retirarmos a condição µ (X) < ∞.

10. Sejam fn = nχ[0, 1 ] , X = R, M = B e µ a medida de Lebesgue. Mostre que a condição |fn | ≤ g não pode
n
ser retirada no TCDL.
P∞ R P
11. Seja (fn )n uma sequencia em L (X) e suponha que 1 |fn | dµ < ∞. Mostre que fn (x) converge
q.s. para uma função f ∈ L (X), e que
Z ∞ Z
X
f dµ = fn dµ.
n=1
Exercı́cios: Lista 3 60

12. Seja (fn )n uma sequencia em L (X) e suponha que fn → f . Se

Z
lim |fn − f | dµ = 0,
n→∞

mostre que Z Z
|f | dµ = lim |fn | dµ.

R∞
13. Se t > 0, mostre que 0
exp−tx dx = 1t . Mostre ainda que se t ≥ a > 0, então exp−tx ≤ exp−ax . Deduza
que Z ∞
xn exp−x dx = n!.
0

14. Sejam (X, M, µ) um espaço de probabilidade, f : X → R uma variável aleatório integrável e g : R → R


uma função convexa.
Prove que Z Z
(g ◦ f ) dµ ≥ g( f dµ).
X X

15. Prove que (


√1 , 0 <x≤1
x
f (x) = ,
0, se x ≤ 0 e x > 1
é integrável a Lebesgue.

Sugestão: Seja
fn = f χ[ 1 1
]
n+1 , n
P∞
e considere n=1 fn .

16. Prove que (


1
x2 sin x, x ≥ π
g (x) = ,
0, x < 0

é L-integrável.
Sugestão: Use
gn = gχ[nπ,(n+1)π]

e considere a série

X
gn .
n=1

Rx
17. Suponha f ∈ L integrável em [a, b] e a
f dµ = 0, ∀a ≤ x ≤ b. Mostre que f = 0 q.s.(a, b).

1 1
18. Considere a função v definida em (a, b) da seguinte forma: v (x) = n, se n+1 <x< n , n = 1, 2, . . ..
Mostre que v não é integrável.
Exercı́cios: Lista 3 61

Sugestão: (
0, se x ≥ n1
un (x) = 1
n, se 0 < x < n

e T.C.D.L.
R∞ −nx
exp
19. Seja In = 0

x
dx, n = 1, 2, . . .. Mostre que limn→∞ In = 0.
R∞
20. Seja F (t) = 0 x2 exp−tx dx, t > 0.
a) Mostre que F é contı́nua em (0, ∞).
b) Calcule F ′ (t).

21. Para n = 1, 2, . . . seja (


1
fn (x) = 2n , se 2n ≤ x ≤ n1
1 1
 
fn (x) = 0, se x ∈ 0, 2n ∪ n, 1
.
Calcule Z 1 Z 1
lim fn (x) dx e lim fn (x) dx.
0 n→∞ n→∞ 0

R∞ 2
22. Seja 0
exp−x cos (2xt) dx, t ∈ R. Mostre que F satisfaz a equação diferencial
F ′ (t) + 2tF (t) = 0

π
e conclua que F (t) = 2 .

23. Seja Z ∞
sin (xt)
F (t) = dx, t > 0.
0 x (x2 + 1)
Mostre que F satisfaz a equação diferencial F ′′ (t) − F (t) + π
2 = 0 e conclua que

a) F (t) = π2 (1 − exp−t )
R ∞ sin(xt) π −at
b) 0 x(x 2 +a2 ) dx = 2a2 (1 − exp ) , t > 0, a > 0.
R ∞ cos(xt) −at
π exp
c) 0 x2 +a2 dx = 2a , t > 0, a > 0.
R ∞ − sin(xt) π −at
d) 0 x2 +a2 dx = 2 exp , t > 0, a > 0.


Observação
Em alguns desses, quando necessário, use que
Z ∞
sin x π
dx = .
0 x 2
Exercı́cios: Lista 4 62

K Exercı́cios: Lista 4 k
1. Prove que ∥·∥1 , ∥·∥∞ e ∥·∥p , p ≥ 1, são, de fato, normas sobre Rn .

2. Duas normas ∥·∥, ||| · ||| sobre Rn são ditas equivalentes se existem números positivos α e β tais que

α ∥x∥ ≤ |||x||| ≤ β ∥x∥1 , ∀x ∈ Rn .

Mostre que ∥·∥1 e ∥·∥2 , no Exercı́cio 1, são equivalentes.

3. Prove que Lp (X) , 1 ≤ p ≤ ∞, é um espaço vetorial.

4. Seja f ∈ L1 (X) e suponha f limitada. Mostre que f ∈ L2 (X).

5. Dê exemplos de que f ∈ L1 (X) não acarreta, em geral, que f ∈ L2 (X).

6. Seja X um espaço de medida finita. Prove que se f ∈ Lp (X) então f ∈ Lp (X) , 1 ≤ r ≤ p, e


s
∥f ∥Lr (X) ≤ µ (X) ∥f ∥Lp (X) , onde s = 1r − p1 .

7. Seja X um espaço de medida finita. Se f é mensurável, seja En = {x ∈ X; n − 1 ≤ |f (x)| < n}.


P∞
i) Mostre que f ∈ L1 (X) ⇔ n=1 nµ (En ) < ∞
P∞
ii) Mostre que f ∈ Lp (X), 1 ≤ p < ∞, ⇔ n=1 np µ (En ) < ∞

8. Seja X um espaço de medida finita. Se µ ∈ L∞ (X), mostre que ∥u∥L∞ (X) = limp→∞ ∥u∥Lp (X) .

9. Seja X um espaço de medida e suponha que f ∈ Lp1 (X) ∩ Lp2 (X) , com 1 ≤ p1 ≤ p2 < ∞. Mostre que
f ∈ Lp (X), para qualquer p tal que p1 ≤ p ≤ p2 .

1 1
10. Seja 1 < p < ∞ e seja p + q = 1. Da desilgualdade de Hölder temos
Z
f gdµ ≤ ∥f ∥Lp (X) , ∀g ∈ Lq (X) ,

com ∥g∥q ≤ 1.

p−1 −p
Seja g0 (x) = c (sgnf (x)) f (x) , se f ̸= 0, com c = ∥f ∥p q .
a) Mostre que g0 ∈ Lq (X) e ∥g0 ∥q = 1
R
b) Mostre que f g0 = ∥f ∥p .

11. Suponhamos f ∈ Lp , 1 ≤ p ≤ ∞, e g ∈ L∞ . Mostre que f g ∈ Lp e que


∥f g∥p ≤ ∥f ∥p ∥g∥∞ .

12. Mostre que L∞ (X) ⊂ L1 (X) ⇔ µ (X) < ∞.

13. Se 1 ≤ p < q < r ≤ ∞, mostre que


Lq ⊂ Lp + Lr .

Sugestão: se f ∈ Lq , seja E = {x; |f (x)| > 1} e considere


g = f χE , h = f χE c .
Exercı́cios: Lista 4 63

14. Seja 1 ≤ p < r ≤ ∞. Mostre que ∥f ∥ = ∥f ∥p + ∥f ∥r é uma norma sobre Lp ∩ Lr , e que relação a esta
norma Lp ∩ Lr é um espaço de Banach.

15. Na situação do Exercı́cio 14, se 1 < p < q < r, mostre que a aplicação i : Lp ∩ Lr → Lq , i (u) = u, é
contı́nua.

1 1 1
16. Sejam f1 , f2 , . . . , fk funções tais que fi ∈ Lp (X), 1 ≤ i ≤ k, com p = p1 + ··· + pk ≤ 1. Mostre que
p
f = f1 f2 · · · fk ∈ L (X) e ∥f ∥Lp (X) ≤ ∥f1 ∥Lp1 (X) · · · ∥fk ∥
Lpk (X)

17. Sejam (fn )n uma sequencia de Lp (X) e f ∈ Lp (X), tais que ∥fn − f ∥p → 0, com n → ∞. Prove que
existe uma subseqüência (fnk ), de (fn ), tal que
fnk → f, q.s. (X) .

18. Por L1loc (X) denota-se o conjunto de todas as funções u tais que u ∈ L1 (K), para todo K ⊂ X, conjunto.
Mostre que Lp (X) ⊂ L1loc (X), para 1 ≤ p ≤ ∞.

1 1
19. Sejam a > 0, b > 0, p > 1, q > 1 e p + q = 1.
Prove que
1 p 1 q
ab ≤ a + b ,
p q
usando:

a) φ (t) = (1 − λ) + λt − tλ , t ≥ 0, 0 < λ < 1.


b) u = tp−1
p
c) ψ (t) = tp + 1q − t, t ≥ 0
d) γ (t) = tp − at, a > 0, t ≥ 0

1 1
20. Sejam a, b ≥ 0, p, q > 1 e p + q = 1. Prove que se ϵ > 0, então
q
ab ≤ ϵap + ϵ− p bq .

21. Seja f ∈ Lp (X) , 1 ≤ p < ∞. Se E = {x ∈ X; |f (x)| =


̸ 0}, mostre que E é σ-finito.

22. Seja f ∈ Lp (X). Se En = {x ∈ X; |f (x)| ≥ n}, mostre que µ (En ) → 0 com n → ∞.

23. Para quaisquer f, g ∈ L2 (a, b), define


Z b
(f, g) = f (x) g (x) dx
a
a) Mostre que (·, ·) é um produto interno sobre L2 (a, b)
1
b) Mostre que ∥f ∥2 = (f, f ) 2 é uma norma sobre L2 (a, b)
c) Mostre que L2 (a, b) é completo.

24. Se f, g ∈ L2 (a, b), mostre que |∥f ∥L2 − ∥g∥L2 | ≤ ∥f − g∥L2 .


Exercı́cios: Lista 4 64

25. Sejam (fn ) , (gn ) seqüências em L2 (a, b) e suponha que fn → f , gn → g, em L2 (a, b). Mostre que
{(fn , gn )}n converge para (f, g). 25. Sejam (fn ), (gn ) seqüências em L2 (a, b) e suponha que fn → f ,
gn → g, em L2 (a, b). Mostre que {(fn , gn )}n converge para (f , g).
1
26. Seja fn = n− p χ[0,n] , n = 1, 2, . . . , . Mostre que (fn )n converge uniformemente para f = 0, mas não
converge em Lp (R).

27. Seja (fn )n uma sequencia de funções, tal que fn → f , uniformemente em [a, b]. Mostre que fn → f , em
Lp (a, b).

28. Explique a aparente contradição dos exercı́cios 26 e 27.

29. Dê exemplos de sequencias de funções fn : R → R que convirjam pontualmente, mas não uniformemente.
Exercı́cios: Lista 4 65

Alfabeto Grego

A α ( alfa )
B β ( beta )
Γ γ ( gama )
∆ δ ( delta )
E ϵ ( epsilon )
Z ζ ( zeta )
H η ( eta )
Θ θ ( teta )
I ι ( iota )
K κ ( capa )
Λ λ ( lambda )
M µ (mu )
N υ ( nu )
Ξ ξ ( ksi )
O o ( omicron )
Π π ( pi )
P ρ ( rô )
Σ σ ( sigma )
Υ τ ( tal )
Y ν ( upsilon )
Φ ϕ ( fi )
X χ ( chi )
Ψ ψ ( phi )
Ω ω ( omega )
Exercı́cios: Lista 4 66

Sugestões de alguns livros clássicos

1. ”Análise Funcional: Uma Introdução” por Elon Lages Lima


Este livro é uma introdução clássica à análise funcional, abordando tópicos como espaços vetoriais topológicos,
espaços de Banach, espaços de Hilbert, teoria espectral e operadores lineares.
2. ”Análise Funcional: Teoria e Aplicações” por João Bosco Prolla
Nesta obra, Prolla apresenta os conceitos fundamentais da análise funcional, incluindo espaços normados,
espaços de Banach, espaços de Hilbert, operadores lineares e muito mais. Também inclui aplicações
em equações diferenciais parciais.
3. ”Espaços Métricos e Introdução à Topologia” por Manfredo P. do Carmo
Este livro explora os fundamentos dos espaços métricos e sua relação com a topologia, abordando conceitos
como distância, continuidade, compacidade, conectividade e completude. é uma obra essencial
para entender a análise em espaços métricos.
4. . ”Introduction to Topology and Modern Analysis” por George F. Simmons
Neste livro, Simmons combina tópicos de topologia e análise matemática, fornecendo uma introdução a
espaços métricos, topologia geral, séries de funções, funções holomorfas, integração de Lebesgue e
mais.
5. ”Introdução à Análise Funcional e às Equações Diferenciais Parciais” por Armando G. M. Neves
Esta obra aborda tanto a análise funcional quanto as equações diferenciais parciais, apresentando conceitos
básicos e teoremas fundamentais. Inclui tópicos como espaços de Sobolev, operadores compactos, teoria de
Fredholm e muito mais.
6. ”Principles of Mathematical Analysis” (3rd Edition) por Walter Rudin
Este livro clássico oferece uma introdução abrangente à análise matemática, incluindo uma abordagem rigorosa
dos espaços métricos e da análise funcional.
7. ”Functional Analysis” por Walter Rudin
Neste livro, Rudin explora a teoria dos espaços vetoriais normados e espaços de Hilbert, bem como os conceitos
de análise funcional, como operadores lineares, espaços duais, teoria espectral e muito mais.
8. ”Topology” (2nd Edition) por James R. Munkres
Embora esse livro seja mais focado em topologia, ele também contém uma introdução detalhada aos espaços
métricos e suas propriedades fundamentais.
9. ”Functional Analysis: An Introduction” por Yuli Eidelman, Vitali Milman e Antonis Tsolomitis
Esta obra fornece uma introdução acessı́vel à análise funcional, abordando tópicos como espaços de Banach,
espaços de Hilbert, teoria espectral e operadores lineares compactos.
10. ”Real Analysis: Modern Techniques and Their Applications” (2nd Edition) por Gerald B. Folland
Este livro aborda a análise real de uma perspectiva mais moderna, incluindo espaços métricos, funções
contı́nuas, convergência e completude, além de tópicos mais avançados como espaços de Sobolev e teoria de
medida.
Capı́tulo 7 Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração

7.1 Mensurabilidade A

K Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração k


1. Seja S um conjunto não enumerável e denota por A a colecão dos subconjuntos se S que são enumeráveis
ou possuem complementar enumerável. Mostre que A e uma σ-álgebra.
Solução

Com efeito, S e um conjunto não enumerável. Além disso

A = {X ⊂ S; X é enumerável } ∪ X ⊂ S; X C é enumerável


.(i) ϕ, S ∈ A ?
Ora, ϕ é enumerável, então ϕ ∈ A. Por outro lado, como S possui complementar enumerável. Isto é,
S C = ϕ, segue-se que:

S ∈ A.
 
(ii) Se X ∈ A, entao, X C ∈ A? X C = S\X
Vejamos
10 caso: X é enumerável
De fato, se X é enumerável, então, X C ∈ A. Visto que, X C tem complementar enumerável. Isto é,
C
XC = X.
2 caso: X C é enumerável
0

Procedendo de forma análoga ao prescrito no caso anterior, temos:


C
Se X C é enumerável, então, X C ∈ A.
(iii) Se X1 , X2 , . . . , Xn , . . . então em A, então, ∪∞
n=1 ∈ A ?
De fato, consideremos X1 , X2 , . . . , Xn , . . . em A. Então, temos que:
Xi ou XiC para todo i = 1, 2, . . . , n, . . . são conjuntos enumeráveis. Assim, temos:
10 caso: Xi é enumerável para i = 1, 2, . . . , n, . . .
Basta notar que:
X1 ∪ X2 ∪ . . . ∪ Xn ∪ . . . = ∪∞ n=1 Xn ∈ A. Isto é, a união de conjunto enumeráveis e um conjunto
enumerável.
20 caso: XiC é enumerável para i = 1, 2, . . . , n, . . .
De forma análoga ao caso anterior temos:
∩∞ C
n=1 Xn é enumerável. Logo
C C
X1 ∩ X2 ∩ . . . ∩ XnC = (X1 ∪ X2 ∪ . . . ∪ Xn ∪ . . .) = (∪∞ n=1 Xn ) ∈ A.
Logo, A é σ-álgebra.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 68

2. Mostre que a σ-álgebra de Borel é também gerada pelos intervalos fechados [a, b]. Qual é a σ-álgebra gerada
pelos intervalos semi-alertos (a, +∞] ? e é gerada pelos intervalos do tipo (a, +∞) ?

Solução
10 caso: σ-álgebra geradas por intervalos fechados[a, b].

Com efeito, temos: B[a,b]

(I) [a, b] = ∩∞ 1 1

n=1 a − n , b + n . Então, B ⊂ B[a,b] . Isto é, a σ-álgebra de Borel gerada pelos intervalos
abertos (a, b) está contida na σ-álgebra gerada pelos intervalos fechados. Por outro lado,
 
1 1
(a, b) = ∪∞
n=1 a + , b −
n n
Donde, vem:

B[a,b] ⊂ B

Logo,

B = B[a,b]

20 caso: σ-álgebra gerada por intervalos do tipo (a, b] − B(a,b] .
neste caso, basta proceder como no caso anterior destacando que:
 
1
(a, b) = ∪∞
n=1 a, b − ⇒ B ⊂ B[a,b]
n
Além disso,
 
1
(a, b) = ∪∞
n=1 a, b + ⇒ B[a,b] ⊂ B
n
Logo,

B = B[a,b]

30 caso: σ-álgebra gerada por intervalos do tipo (a, +∞) − B(a,+∞) .
Basta observar que:

(a, b] = (−∞, b] ∩ (a, +∞).

Além disso,

(a, +∞) = ∪∞
n=1 (a, a + n] ⇒ B[a,b] ⊂ B

Agora,
Seja (a, +∞) ∈ B(a,+∞) , então

(a, +∞)C = (−∞, b] ∈ B(a,+∞)

Assim, de (1), (2) e (3), obtemos:


Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 69

B = B[a,b]

Decorre do prescrito anterior que:


Todos estas classes estão na σ-álgebra de Borel-Lebesgue.

3. Seja {An } uma sequencia de subconjuntos de S. Para cada n ∈ N, seja

En = ∪nk=1 Ak , E0 = ϕ, Fn = An \En−1 .

Mostre que {En } é uma sequencia crescente, {Fn } e uma sequencia disjunta e

∪∞ ∞ ∞
k=1 Ek = ∪k=1 Ak = ∪k=1 Fk

Solução
Como

E1 = A1 ⇒ E0 ⊂ E1 ⊂ E2
E2 = A1 ∪ A2
E3 = A1 ∪ A2 ∪ A3 ⇒ E0 ⊂ E1 ⊂ E2 ⊂ E3 .
Então continuando com o processo, temos:

En+1 = En ∪ An+1 ⇒ En ⊂ En+1 .

Logo,

E0 ⊂ E1 ⊂ · · · ⊂ En ⊂ En+1 ⊂ · · ·

Isto é, {En } é uma sequencia crescente.


Afirmação: {En }, onde Fn = An \Fn−1 é uma sequencia disjunta, ou seja, Fi ∩ Fj = ϕ para todo
i, j = 1, 2, . . . , i ̸= j (por simplicidade suponha i < j ).
Com efeito,

Fi ∩ Fj = (Ai \Ei−1 ) ∩ (Aj \Ej−1 ) ,

ou seja,
j−1
Como Ei−1 = ∪i−1
k=1 Ak e Ej−1 = ∪k=1 Ak .
Segue-se que:

  j−1

Fi ∩ Fj = Ai \ ∪i−1
k=1 Ak ∩ Aj \ ∪k=1 Ak .

Agora, por hipótese i − 1 < j − 1, então, tem-se que:

∪j−1 i−1 j−1


k=1 Ak = ∪k=1 Ak ∪ Ai ∪ · · · ∪k=i+1 Ak

Daı́, tomando-se x ∈ Fi ∩ Fj , segue-se:


Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 70

i−1
( 
x ∈ Ai \ ∪k=1 Ak 
x ∈ Fi e x ∈ Fj ⇒ j−1 e
x ∈ Aj \ ∪k=1 Ak
(
/ ∪i−1
x ∈ Ai e x ∈ k=1 Ak e
⇒ j−1 i−1 j−1
x ∈ Aj e x ∈
/ ∪k=1 Ak = ∪k=1 Ak ∪ Ai ∪ · · · ∪k=i+1 Ak

Logo, de (∗) e (**), tem-se um absurdo! consequentemente, obtemos:


Fi ∩ Fj = ϕ são conjuntos disjuntos ∀i ̸= j.
De sorte que: {Fn } é uma sequencia disjunta.
Sejam A = ∪∞ ∞ ∞
k=1 Ak , E = ∪k=1 Ek e F = ∪k=1 Fk . Então, mostraremos que: A = E = F

F1 =A1 \E0
F2 =A2 \E1
..
.
Fk =Ak \Ek−1
Afirmação 1: A = E
i) Se x ∈ E, então, x ∈ Ek , ∀k, em particular, x ∈ ∪ki=1 Ai ⊂ ∪∞i=1 Ai = A.
Logo, x ∈ A. Isto é, E ⊂ A. (1)
ii) Se x ∈ A, então, x ∈ ∪∞ i=1 Ai , daı́ x ∈ Ai para algum i = 1, 2, . . .. Além disso, suponhamos que:
x ∈ Aj , donde vem:
x ∈ ∪jk=1 Ak = Ej , por conseguinte, obtemos:
x ∈ ∪∞ k=1 Ek = E. De sorte que: A ⊂ E. (2)
De (1) e (2), segue-se: A = E.
Afirmação 2: A = F
De fato, se x ∈ F , então, x ∈ ∪∞k=1 Fk , ou ainda, x ∈ Fk para algum k = 1, 2, . . ., donde, segue:

x ∈ Fk = Ak \Ek−1 .

Daı́, obtemos:

x ∈ Ak ⇒ x ∈ ∪∞
i=1 Ai = A

Logo,

F ⊂A

Se x ∈ A, então, x ∈ ∪∞
i=1 Ai , em particular, temos:
x ∈ Ak para algum k = 1, 2, . . . e x ∈
/ Ek−1 ⇒ x ∈ Ak \Ek−1 = Fk .
Logo,

x ∈ ∪∞
k=1 Fk = F .

Isto é,

A⊂F

∴ A = F.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 71

Decorre das afirmações que:

A=E=F

4. Dada uma sequencia {An } de subconjuntos de S, defina os seguintes conjuntos

lim sup An = ∩∞
n=m An e lim inf An = ∪∞ ∞
m=1 ∩n=m An

a) Se {An } é crescente, mostre que:

lim sup An = ∪∞
k=1 Ak = lim inf An

b) Se {An } é decrescente, mostre que:

lim sup An = ∩∞
k=1 Ak = lim inf An

c) Dê exemplo de uma sequencia {An } de subconjuntos de S tal que: lim sup An = S e lim inf An = ϕ.

Solução
10 caso: lim sup An ⊆ lim inf An .
Seja x ∈ lim sup An , então x ∈ An , ∀n ≥ n0 para um certo n0 ∈ N.
Agora, como {An } é crescente, x ∈/ An para n < n0 , ou seja, x ∈ An exceto para um número finito de
An′ s .
Logo, lim sup An ⊆ lim inf An .
20 caso: lim inf An ⊆ lim sup An .
x ∈ lim inf An ⇒ x ∈ An , exceto para um número finito destes Ar são A1 , A2 , . . . , An0 −1 . Então,
x ∈ An , ∀n ≥ n0 , ou seja,

x ∈ lim sup An ⇒ lim sup An = lim inf An

lim sup An ⊆ ∪∞
n=1 An

x ∈ lim sup An = ∩∞ ∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai ⇒ x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ 1

Em particular, x ∈ ∪∞
i=n Ai

∪∞
n=1 An ⊆ lim sup An

Se ∪∞ ∞
n=1 An , então, ∃n0 ∈ N tal que: x ∈ An0 . Como {An } é crescente, x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ n0 .
Logo,

x ∈ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai = lim sup An .

5. a) Se {An } é crescente, A1 ⊂ A2 ⊂ · · · ⊆ An ⊆ · · · tem-se:

lim sup An = ∪∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An ∩ ∪n=2 An ∩ ∪n=3 An ∩ · · · ∩ ∪n=m An ∩ · · ·

Mas
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 72

∪∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 ∪ ∪n=1 An ⊆ A2 ∪n=2 An = ∪n=2 An .

Analogamente, temos:

∪∞ ∞ ∞
n=1 An ⊆ ∪n=2 An ⊆ · · · ⊆ ∪n=m An ⊆ · · ·

Logo,

lim sup An = ∪∞
n=1 An

Por outro lado, temos:

lim inf An = ∩∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An ∪ ∩n=2 An ∪ ∩n=3 An ∪ · · · ∪ ∩n=m An ∪ · · ·

Mas

∪∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 ∪ ∪n=1 An ⊆ A2 ∪n=2 An = ∪n=2 An

Analogamente, temos:

∩∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 , ∩n=1 A2 = A2 , . . . , ∩n=1 An = An

Logo,

lim inf An = A1 ∪ A2 ∪ · · · ∪ An · · · = ∪∞
n=1 An

De sorte que:

lim sup An = ∪∞
n=1 An = lim inf An

b) se {An } é crescente, temos:

A1 ⊇ A2 ⊇ · · · ⊇ An ⊇ · · ·

Assim,

∪∞
n=1 An = A1 , ∪∞ ∞
n=1 A2 = A2 , . . . , ∪n=1 An = An

Logo, pelo item a, temos:

lim sup An = A1 ∩ A2 ∩ · · · ∩ An · · ·

Isto é,

∥ lim sup An = ∩∞
n=1 An

Além disso,

∪∞ ∞ ∞
n=1 An = A1 ∩ ∪n=1 An ⊇ · · · A2 ∩ ∪n=2 An = An .
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 73

Procedendo de forma análoga ao prescrito anteriormente, obtemos:

∪∞ ∞ ∞
n=1 An ⊇ ∪n=2 An ⊇ · · · ⊇ ∪n=m An ⊇ · · ·

Assim

lim inf An = ∩∞ ∞ ∞ ∞
n=1 An ∪ ∩n=2 An ∪ ∩n=3 An ∪ · · · ∪ ∩n=m An ∪ · · ·

lim inf An = ∩∞
n=1 An

Logo,

lim sup An = ∩∞
n=1 An = lim inf An

c) Seja S = {−1, 1} e considere {An } dada por:


(
{−1}, se n é impar
An = .
{1}, se n é par

Observe que:
∩∞n=1 An = ∅, ∀n, desde que: A2k+1 = {−1} e A2k = {1} são disjuntos.
Logo,
lim inf An = ∩∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
n=1 Ai ∪ ∩n=2 Ai ∪ ∩n=3 Ai ∪ · · · ∪ ∩i=n Ai ∪ · · · = ∅ = ∪i=n ∩i=n Ai = ∪i=n ∅ = ∅
Além disso,

∪∞
n=1 Ai = X , ∀n, daı́, obtemos:

∪∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞ ∞
n=1 Ai ∩ ∪n=2 Ai ∩ ∪n=3 Ai ∩ · · · ∩ ∪i=n Ai ∩ · · · = ∩i=1 (∪i=n Ai ) = ∩i=1 S = S

= lim sup An = S
(
∅, se n é par
Observação: Poderı́amos tomar: An =
X , se n é impar.
∩∞ ∞ ∞
i=n Ai = ∅ ⇒ ∪i=n ∩i=n An = lim inf An = ∅
· ∪∞ ∞ n
i=n Ai = X ⇒ ∩i=1 ∪i=1 An = lim sup An = X .
6. Se {An } e uma sequencia de conjuntos de X , prove que:

∅ ⊆ lim inf An ⊆ lim sup An ⊆ X

Solução
Com efeito, ∅ ⊆ An , ∀n ∈ N, então, ∅ ⊆ ∩∞
i=1 Ai , em particular, temos:

∅ ⊆ ∩∞
i=1 Ai , ∀n ≥ 1

Logo,
∅ ⊆ ∪∞ ∞ ∞ ∞ ∞
n=1 Ai ∪ ∩n=2 Ai ∪ · · · ∪ ∩i=n Ai ∪ · · · = ∪n=1 ∩i=n Ai = lim inf An
Se x ∈ lim inf An = ∪∞ ∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai , então, x ∈ ∩i=n Ai para algum n ∈ N. Logo, x ∈ Ai , ∀i ≥ n. Em
particular, x ∈ ∪n=1 Ai , ∀i ≥ n, ou seja, x ∈ ∪i=n Ai , x ∈ ∪∞
∞ ∞ ∞
i=n+1 Ai , x ∈ ∪i=n+2 Ai , . . .
Em particular, x ∈ ∪∞ ∞ ∞ ∞ ∞
i=1 Ai , . . . , x ∈ ∪i=n−1 Ai , então, x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ 1, isto é, x ∈ ∩i=n ∪i=n Ai =
lim sup An .
Logo,
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 74

∅ ⊆ lim inf An ⊆ lim sup An

Agora, como cada Ai ⊆ X , ∪∞


i=n Ai ⊆ X , ∀n ≥ 1. Daı́, segue que:
\ \ \ \
(∪∞ Ai ) (∪∞ Ai ) ··· (∪∞ Ai ) ···
| i=n
{z } | i=n
{z } | i=n
{z }
⊆X ⊆X ⊆X

= ∪∞
n=1 ∩∞
i=n Ai = lim sup An ⊆ X .
Conclusão:

∅ ⊆ lim inf An ⊆ lim sup An ⊆ X

7. Prove que:
a) lim inf An = ∪∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai
b) lim sup An = ∩n=1 ∪∞

i=n Ai
Solução
lim inf An = {x ∈ X ; x ∈ An , esceto para uma quantidade finita deles }
⇒) lim inf An ⊆ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai .
Se x ∈ lim inf An , então, x ∈ An , exceto para uma quantidade finita. Sem perda de generelidade, podemos
supor que tal quantidade finita de An′ s se concentram no inı́cio da sequiência, isto é, x ∈
/ An para n < n0

para algum n0 ∈ N arrumando se necessário. Então, x ∈ ∩n=1 Ai para algum n0 ∈ N.
Observe que x ∈ / ∩∞ / ∩∞
i=1 Ai , . . . , x ∈
∞ ∞ ∞
i=n0 −1 Ai . No entanto, x ∈ (∪n=1 ∩i=n Ai ), visto que x ∈ ∩i=n0 Ai .
∞ ∞
Daı́, lim inf An ⊆ ∩n=1 ∪i=n Ai .
⇐) ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai ⊆ lim inf An
Se x ∈ ∪n=1 ∩∞
∞ ∞
i=n Ai , então, x ∈ ∩i=n , ∀n ≥ n0 para algum n0 ∈ N. Portanto, x ∈ Ai , ∀i ≥ n0 mas
x∈ / An para n < n0 (uma quantidade finita). Podemos então arrumar a seqüência An , se necessário, de
tal forma que x ∈ An para uma quantidade finita deles.
Logo,

∪∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai ⊆ lim inf An

Consequentemente, obtemos:

lim inf An = ∪∞ ∞
n=1 ∩i=n Ai

b) lim sup An = ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai

lim sup An := {x ∈ X ; x ∈ An , ∀n ≥ n0 }

solução:
⇒) lim sup An ⊆ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai .
Se lim sup An , então existe n0 ∈ N, tal que: x ∈ An , ∀n ≥ n0 . Daı́, x ∈ Ai . Em particular,
x ∈ ∪∞ i=n Ai , ∀k ≥ 1.
Logo, x ∈ ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai .
⇐) ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai ⊆ lim sup An
Se x ∈ [∪i=1 Ai ∩ ∪∞
∞ ∞ ∞
i=2 Ai ∩ · · · ∩ ∪i=n Ai ∩ · · · ], então, x ∈ ∪i=n Ai , ∀n ≥ 1, donde, vem: x ∈ Ai , ∀i ≥
n0 para algum n0 ∈ N.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 75

Logo, x ∈ lim sup An .


Isto é,

lim sup An = ∩∞ ∞
n=1 ∪i=n Ai

8. Dê exemplo de um espaço mensurável {S, A} e de uma função real f : S → R não mensurável de modo
que f 2 e |f | sejam mensuráveis.

Solução
Seja A = {∅, S} uma σ-álgebra e consideremos a função caracterı́stica

χE : E → R
(
1, x ∈ E
x 7→ χE (x) = ,
−1, x ∈/E

onde: ∅ ̸= E & S. E é não mensurável, pois está fora da σ-álgebra A = {∅, S}. Agora, χE é mensurável
se, e só se, E e mensurável.
C
Logo, χE é não mensurável. Além disso, (χE ) e |χE | e constante e igual a 1 contı́nua consequentemente
mensurável.
9. Mostre que uma função f : S → R é mensurável se, e somente se, f −1 (E) é mensurável para qualquer
boleiriano E ⊂ R.

Solução
⇒) Suponha f mensurável. Então, pela questão 11, temos: Af = A ⊂ R; f −1 (A) ∈ A é uma σ-álgebra


sendo f mensurável temos que os intervalos abertos da reta estão em Af . Pois,

{x ∈ R; f (x) > α} = f −1 ((α, +∞)) ∈ A ⇒ (α, +∞) ∈ Af , ∀α

Logo, (a, b) = (a, +∞) ∩ (−∞, b) ∈ Af . Pois, [f < α] = f −1 ((−∞, α)) ⇒ (−∞, α) ∈ Af . Assim,
B ⊆ Af . Donde, vem:

E ∈ B ⇒ E ∈ Af ⇒ f −1 (E) ∈ A

Logo, f −1 (E) e mensurável.


⇐) Suponhamos que f −1 (E) é mensurável para qualquer E ∈ B. Então, como (α, +∞) ∈ B, ∀α ∈ R,
tem-se f −1 ((α, +∞)) é mensurável.
Logo, f é mensurável.

10. Sejam f : S → R uma finção mensurável e φ : R → R uma função contı́nua. Dado um boleriano E da reta,
mostre que φ−1 (E) é um boleriano da reta, usando este fato mostra que a composta φ ◦ f é mensurável.
Solução
Sendo B a σ-álgebra de Borel-Lebesgue, φ : R → R contı́nua, temos pela questão 11 temos que:

Aφ = E ⊂ R; φ−1 (E) ∈ B

e uma σ-algebra.

Seja (a, b) um intervalo da reta, como φ é contı́nua então, temos: φ−1 ((a, b)) é aberto. Logo φ−1 ((a, b)) ∈
B, donde, vem: (a, b) ∈ Aφ , ou seja, B ⊆ Aφ . Então, dado um boleriano E, tem-se: E ⊂ Af e
conseqüentemente, φ−1 (E) ∈ B.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 76

Afirmação: φ ◦ f e mensurável
De fato,
[φ ◦ f > α] = {x ∈ S; (φ ◦ f )(x) > α} = {x ∈ S; f (x) ∈ X } = f −1 (X ).
De sorte que, pela questão 8 , temos: f −1 (X ) e mensurável, donde vem:

{x ∈ S; (φ ◦ f )(x) > α} = [φ ◦ f > α] é mensurável.

11. Se A-mensurável e φ e B-mensurável, mostre que a composta φ ◦ f é A-mensurável.

Solução
Com efeito,
{x ∈ S; (φ ◦ f )(x) > α} = {x ∈ S; φ(f (x)) > α} = x ∈ S; f (x) ∈ φ−1 ((α, +∞)) .


Agora, como (α, +∞) ∈ B, então X = φ−1 ((α, +∞)) ∈ B (via questão 8).
Assim,

{x ∈ S; (φ ◦ f )(x) > α} = {x ∈ S; f (x) ∈ X } = f −1 (X ).

Como X ∈ B ⇒ f −1 (X ) ∈ A (de acordo com a questão 9).


Logo, φ ◦ f é A-mensurável.

12. Se A e uma σ-álgebra de subconjuntos de S e f : S → Y é qualquer função, mostre que a coleção Af de


subconjuntos de Y dada por:

Af = E ⊂ Y; f −1 (E) ∈ A


é uma σ-álgebra.
Solução

Af = E ⊂ Y; f −1 (E) ∈ A ;

f :S→Y

(i) ∅ ∈ Af , pois ∅ ⊆ Y e f −1 (∅) = ∅ ∈ A


y ∈ Af , pois y ⊆ y e f −1 (Y) = S ∈ A.
C C
(ii) Se E ∈ Af , então, f −1 (E) ∈ A ⇒ f −1 (E) ∈ A. Como f −1 (E) = f −1 E C , segue-se:
  

f −1 E C ∈ A ⇒ E C ∈ Af .


(iii) Se E1 , E2 , . . . , En então em Af ⇒ ∪∞
i=n Ei ⊆ Y, visto que: Ei ⊆ Y; ∀i e

f −1 (∪∞ ∞
i=n Ei ) = ∪i=n f
−1
(Ei ) ∈ A

Pois, f −1 (Ei ) ∈ A, ∀i. Logo, ∪∞


i=n Ei ∈ Af . Isto é, Af é uma σ-álgebra. □

13. Sejam E e F conjuntos mensuráveis. Mostre que uma função f : E∪ F → R é mensurável se, e somente
se, suas restrições f /E e f /F são mensuráveis. Mostre que uma função g : E ⊂ S → R e mensurável se, e
somente se, a extensão nula ge de g é mensurável [a extensão nula de g é definida por ge(x) = g(x), se x ∈ E
e ge(x) = 0, se x ∈ S\E].
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 77

Solução
1a parte
⇒) Suponhamos que f : E ∪ F → R é mensurável. Tem-se que: {x ∈ E ∪ F ; f (x) > α} = f −1 (α, +∞)
é mensurável, ∀α ∈ R.
Agora, observe que:

{x ∈ E; f (x) > α} = {x ∈ E ∪ F ; f (x) > α} ∩ Ee


{x ∈ F ; f (x) > α} = {x ∈ E ∪ F ; f (x) > α} ∩ F.

Decorre do fato de que a intersecção de conjuntos mensuráveis também é mensurável concluı́mos que f /E
e f /F são mensuráveis.
⇐) Suponhamos agora que f /E e f /F são mensuráveis, ou seja, {x ∈ E; f (x) > α} e {x ∈ F ; f (x) > α}
são mensuráveis, ∀α ∈ R.
Assim, {x ∈ E ∪ F ; f (x) > α} = {x ∈ E; f (x) > α} ∪ {x ∈ F ; f (x) > α} é mensurável.
Logo, f é mensurável.
2a parte
⇒ Seja g1 : S\E ⊂ S → R definida por g1 (x) ≡ 0, ∀x ∈ S\E que é mensurável, visto que é constante.
Agora, ge : E ∪ (S\E) → R é mensurável se, e somente se, suas restrições ge\E e ge\(S\E) são mensuráveis
(via parte 1) o prescrito acima ocorre se, e só se, g1 e g foram mensuráveis, pois ge\E = g e ge\(S\E) = g1 .
g1 eé mensurável. Logo, ge é mensurável se, e só se, g o for.

14. Mostre que o conjunto E dos pontos onde uma seqüência de funções mensuráveis converge é um conjunto
mensurável.

Solução
Queremos mostrar que: | E = {x ∈ S; fn (x) → f (x)} é mensurável;
Fatos que ajudam.
Seja f : S → R é uma função mensurável não-negativa. Então, existe uma seqüência crescente {φn } de
p
funções simples, tais que: φn −
→ f.
p
solução: fn (x) −→ f (x). Isto é, dado ϵ = 1 > 0 existe n0 = n0 (x, 1) ∈ N, tal que: |fn (x) − f (x)| <
1, ∀n ≥ n0 .
Agora, como |fn (x)| − |f (x)| ≤ |fn (x) − f (x)| < 1, ∀n ≥ n0 .
Logo, |fn (x)| < |f (x)| + 1, ∀n ≥ n0 . Além disso, {fn } é uma seqüência de funções mensuraveis e portanto,
|fn (x)| também é mensurável. Assim, {x ∈ S; |fn (x)| < α} = [fn < α] é mensurável, ∀α ∈ R, desde que
se tome: |f (x)| + 1 = α. Logo, E = {x ∈ S; |fn (x)| < α} é mensurável.

15. Mostre que a coleção F constituida pelos intervalos abertos da reta com extremos racionais gera a σ-álgebra
de Borel.

Solução
Com efeito F ⊆ B, visto que F e gerada por intervalos abertos (r, r1 ) ⊆ R, com r, r1 ∈ Q. Como Q é denso
em R. isto é, dado a ∈ R existe uma seqüência (qn ) de números racionais, tal que: qn → a.
Seja [a, b] intervalos fechados de R e sejam as seqüências {qn } e {rn } de
números racionais, tais que: qn → a+ e rn → b− . Assim, temos:

(a, b) = ∪∞
n=1 (qn , rn ) ∈ F

Logo, B ⊆ F ⇒ B = F
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 78

7.2 Medidas
Para os exercı́cios {S, A, µ} estará representando um espaço de medida genérico.

K Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração k


1. Se A ∈ A e um conjunto fixado, mostre que a função λ(E) = µ(A ∩ E), E ∈ A, define uma medida em A
Fatos que ajudam
Um ”Espaço de Medida” é uma terna {S, A, µ} constituida por um conjunto S, uma σ-álgebra A é uma
função µ : A → R, tal que:
(i) µ(∅) = 0
(ii) µ(E) ≥ 0, ∀E ∈ A
(iii) Se {En } é uma seqüência disjunta de conjuntos mensuráveis, então

∞ ∞
!
[ X
µ En = µ (En )
n=1 n=1

(A função µ e denominada ”função medida”)

Medida de Lebesgue:

S = R; A = B − σ-álgebra de Borel
m: B → R, tal que: m(]a, b[) = b − a
Solução
λ(∅) = µ(∅ ∩ E) = µ(∅) = 0
(i) λ(∅) = µ(∅ ∩ E) = µ(∅) = 0
(ii) λ(E) = µ(A ∩ E) ≥ 0, ∀E ∈ A
(iii) Seja {En } uma seqüência disjunta de A de conjuntos mensuráveis, temos então que:
S∞ T S∞ P∞
λ ( n=1 En ) = µ (A n=1 En ) = n=1 µ (A ∩ En ).
Logo, λ é uma Medida.

2. Se µ1 , µ2 , µ3 , . . . , µn são medidas em A e a1 , a2 , a3 , . . . , an são números reais nao negativos, mostre que a


função λ definida em A por
n
X
λ(E) = aj µj (E)
j=1

define uma medida em A. Se {µn } e uma seqüência de medida em A, com µn (S) = 1, ∀n, então
n
X
λ(E) = 2−n µn (E)
j=1

define uma medida em A. Calcule λ(S).

Solução
1a parte:
Pn
(i) λ(∅) = j=1 aj µj (∅) = 0
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 79

(ii) λ(E) = µ(A ∩ E) ≥ 0. Como µj (E) ≥ 0, ∀j e aj ≥ 0, ∀j, segue que: λ(E) ≥ 0 (iii) Seja {Ep } uma
seqüência disjunta de A de conjuntos mensuráveis. Temos então que:

∞ ∞ ∞ ∞ ∞
! !
[ X [ X X
λ Ep = aj µj Ep = aj µj (Ep ) =
p=1 j=1 p=1 j=1 p=1
P∞ S∞
( j=1 aj µj
X p=1
(Ep ))

= ∞ λ (Ep ) .
= |{z}
p=1 λ(Ep )

Logo, λ é uma medida.


Pn
2a parte: ∥λ (Ep ) = j=1 2−n µn (E)
Pn
(i) λ(∅) = j=1 2−n µn (E) = 0;
| {z }
Pn 0
(ii) λ(E) = j=1 2−n µn (E) ≥ 0, visto que : 2−n µn (E) ≥ 0, ∀n
(iii) Seja {En } uma seqüência disjunta de A de conjuntos
mensuráveis. Temos então que:

∞ ∞ ∞ ∞ ∞
! !
[ X [ X X
−n
λ Ek = 2 µn Ek = 2−n µn (Ek ) =
k=1 n=1 k=1 n=1 k=1
P∞
( n=1 2−n µn (Ek ))
= ∞
P
k=1 λ(Ek ).
X
= λ(Ek )
k=1

Note que:

∞ ∞ ∞
!
X
−n
X X 1
λ(S) = 2 µn (S) = 2−n · 1 = =1
n=1
2n
k=1 k=1
| {z }
1

3. Seja E ⊂ A, com µn (E) ≥ 0, e suponha que existe um subconjunto F ⊂ E não mensuável. Mostre que a
seqüência {fn } , f ≡ 0, ∀n, converge quase sempre para a função cararı́stica F . conclua que o limite quase
sempre de uma sequiência de funções mensuráveis pode não ser mensurável. E se µ fosse a medida de
lebesgue?

Solução
Como f ≡ 0, ∀n, segue-se que: fn → F ≡ 0 q.s.
(
1, x ∈ F
χF (x) = . Assim, fn → χF (x), ∀x ∈
/F
0, x ∈
/F
Agora, como F ⊂ E, temos:
fn → χF (x), ∀x ∈ / E. Além disso, sendo µn (E) = 0, obtemos: fn → χF (x) q.s. (quase sempre).
Daı́, segue-se que: fn : S → R são mensuráveis, visto que: fn ≡ 0 ( fn são contı́nuas ∀n ). Mas converge
q.s. para uma função χF : S → R. Pois, sabe-se que χF é mensurável se, e só se, F for mensurável.
{ Como vale para µ qualquer, em particular, é válido para µ = m : B → R, = R, B = A.
Isto é, basta proceder analogamente ao item anterior.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 80

4. Seja C = {E ∈ A; µ(E) = 0}. Se E ∈ A e F , mostre que E ∩ F = C. Se En ∈ C, n ∈ N, mostre que


∪En ∈ C. A coleção C é uma σ-álgebra?

Solução
Sejam E ∈ A e F ∈ C. Então, temos E, F ∈ A. Logo, ambos são mensuráveis, donde, sendo A uma
σ-álgebra, E ∩ F ∈ A. observe que: E ∩ F ⊂ F . Assim, 0 ≤ µ(E ∩ F ) ≤ µ(F ) como F ∈ C ⇒ µ(F ) = 0.
Logo, µ(E ∩ F ) = 0. De sorte que: E ∪ F ∈ C.
Se En ∈ C, temos ∪En ∈ A. Além disso, µ (En ) = 0, para todo n. Logo,

X
µ (∪∞
n=1 En ) = µ (En ) = 0 ⇒ ∪∞
n=1 En ∈ C
n=1
C
Agora, Se E ∈ C ⇏ E ∈ C. A forteriori, S não necessariamente está em C. Isto é, C não é uma σ-álgebra.

5. Seja S = N e A a σ-álgebra constituı́da de todos os subconjuntos de S, para E ∈ A defina


(
0, se E é finito
µ(E) =
∞, se E é infinito.

Verifique se: µ define uma medida em A.

Solução
(i) ∅ é finto. Donde, µ(∅) = 0;
(ii) µ(E) ≥ 0, ∀E ∈ A
(iii) Seja {En } uma seqüência disjunta de conjuntos mensuráveis.
Temos dois casos a considerar:
S∞
10 caso: Se En é finito, ∀n. Então, temos: n=1 En é finito, daı́, obtem-se:
S∞ P∞
µ ( n=1 En ) = n=1 µ (En ) = 0.
S∞ S∞ P∞
20 caso: Se En é infinito, ∀n, então, n=1 En é infinito. De fato que: µ ( n=1 En ) = n=1 µ (En ) = ∞.
Logo, µ é uma medida em A.
P∞
Observação: Seja En = {n}, então, µ (En ) = 0 ⇒ n=1 µ (En ) = 0 e µ (En ) = µ(N) = +∞.
Contradição!! □

6. 6- Dada uma seqüência {En } de subconjuntos mensuráveis de S, mostre que:

≤ lim inf µ (En ) e µ (lim sup En ) ≤ lim sup µ (En )

sugestão: veja exercı́cios 1.1D

Solução Sabemos pelo exercı́cios 1.1D que:


lim sup En = ∩∞ ∞
m=1 ∪m=n En e
· lim inf En = ∪∞ ∞
m=1 ∩m=n En .
Daı́, temos

µ (lim inf En ) = µ (∪∞ ∞


m=1 ∩m=n En )

= µ (∪∞ ∞ ∞
n=1 ∪ ∩n=2 ∪ · · · ∪ ∩m=n ∪ · · · )

X
= µ (∩∞
m=n En ) .
n=1
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 81
 
7. Mostre que o eixo- x, Ex = (x, 0) ∈ R2 e o plano Pxy = (x, y, 0) ∈ R3 tem medida de lebesgue nula.

Solução
a) Considere a cobertura
 
−ϵ ϵ
In = (−n, n) × , .
n · 2 n · 2n
n

Então, temos: Ex ⊂ ∪∞
n=1 In

2ϵ 4ϵ
ℓ (In ) = 2n · n
= n
n·2 2
∞ ∞ ∞
X 1 X X 4ϵ
n
= 1 ∴ ℓ (I n ) = = 4ϵ
n=1
2 n=1 n=1
2n

Agora, por definição, temos:



X
m∗ (Ex ) = inf ℓ (In ) < 4ϵ, ∀ϵ > 0.
n=1

Logo, m (Ex ) = m∗ (Ex ) = 0.



b) Pxy = (x, y, 0) ∈ R3
Considere a cobertura
 
−ϵ ϵ
In = (−n, n) × (−n, n) × ,
n2 · 2n n2 · 2n
Então, tem-se: Pxy ⊂ ∪∞
n=1 In
Além disso temos:

2ϵ 8ϵ
ℓ (In ) = 2n · 2n = n
n2 · 2n 2
∞ ∞
X X 8ϵ
ℓ (In ) = = 8ϵ
n=1 n=1
2n

Logo,

m∗ (Pxy ) = m (Pxy ) = 0.
−ϵ ϵ

Observação: Se tomarmos In = (−n, n) × (−n, n) × n2 ·2 n+3 , n2 ·2n+3 .
P∞ P∞
Então, temos: ℓ (In ) = 2n.2n n2 .22ϵn+3 = 2ϵn ⇒ n=1 ℓ (In ) = n=1 2ϵn = ϵ.

8. Se f e g são mensuráveis e g, q.s., mostre que

f.g ≤ [sup ess(f )]g .

Solução
Por definição, temos: supess(f ) := inf{C; f (x) ≤ C q.s. }. Além disso, f ≤ supess(f ) q.s. e g(x) ≥ 0
q.s., donde. Logo, f.g ≤ g supess(f ). □
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 82

9. Se {Rk }k∈R é uma cobertura de E por retângulos do RN e m∗ (E) < ∞, mostre que para cada ϵ > 0 existe
uma cobertura {Sk }k∈R de E por retângulos abertos tal que:

X ∞
X
Rk ⊂ Sk e vol (Sk ) < vol (Rk ) + ϵ
k=1 k=1

Fatos que ajudam


Dada ϵ > 0, x0 , y0 ∈ A, tais que: x0 < inf A + ϵ e y0 > sup A − ϵ;
P∞ P∞
· k=1 vol (Sk ) ≤ m∗ (E) + ϵ ≤ k=1 vol (Rk ) + ϵ
Rk ⊂ Sk

Solução
P∞
Com efeito, por hipótese m∗ (E) = inf k=1 vol (Rk ) < ∞, então considerando {Rk }k∈R cobertura de E

por retângulos do RN com k=1 vol (Rk ) < ∞, os retângulos acima são descritos por:
P

N
Y
Rk = (a1k , b1k ) × · · · × (ank , bnk ) = (ajk , bjk )
j=1

vol (Rk ) = (b1k − a1k ) × · · · × (bnk − ank ) e E ⊂ ∪∞


k=1 Rk .

Dado ϵ > 0, consideremos os conjuntos  


ϵ ϵ
Sk = (a1k , b1k ) × · · · × (an−1k , bn−1k ) × ank − 42k (b n−1k −an−1k )
, bnk + 42k (bn−1k −an−1k )
.
Observe que: Rk ⊂ Sk além disso, temos:
 
ϵ
vol (Sk ) = (b1k − a1k ) · · · (bn−1k − an−1k ) bnk − ank + ⇒
42k (bn−1k − an−1k )
(bn−1k − an−1k ) + 2ϵ
vol (Sk ) = (b1k − a1k ) · · · (bn−1k − an−1k ) (bnk − ank ) 2k k ⇒
42 (bn−1k − an−1k )

vol (Sk ) = (b1k − a1k ) · · · (bnk − ank ) (bn−1k − an−1k ) + k .
42
Logo,


vol (Sk ) = (b1k − a1k ) · · · (bnk − ank ) (bn−1k − an−1k ) + .
42k
Daı́, obtemos:

2ϵ ϵ
vol (Sk ) = vol (Rk ) + = vol (Rk ) + k+1 .
42k 2
P∞ P∞ 2ϵ
P∞ 1
Agora, como k=1 vol (Rk ) < ∞ e k=1 2k
= 2ϵ
4

k=1 2k = 4 < ∞.
Segue-se que:
∞   ∞ ∞
X 2ϵ X 1 X 2ϵ
vol (Sk ) = vol (Rk ) + ≤ vol (Rk ) + =
2k 4 2k
k=1 k=1 k=1

X 2ϵ
= vol (Rk ) +
4
k=1
P∞ P∞
Logo, k=1 vol (Sk ) < k=1 vol (Rk ) + 2ϵ 4 , com Rk ⊂ Sk . P∞
Observação: A prova contı́nua válida caso não ajustemos as majorações a fim de que: k=1 vol (Sk ) <
P∞
k=1 vol (Rk ) + ϵ, dado a abstrariedade do ϵ > 0.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 83

10. Mostre que um subconjunto E ⊂ RN é mensurável se, e somente se, dado ϵ > 0 existe um conjunto compacto
K ⊂ E tal que m∗ (E\K) < ϵ.[m(E) < ∞]

Solução
⇒) Suponhamos que E é mensurável além disso, m∗ (E) < ∞. Agora, considerando
n vezes
z }| {
Rn = ([−n, n] × · · · × [−n, n]) ∩E, ∀n ∈ N.

Como m∗ (E) < ∞, então, dado ϵ > 0 existe n0 ∈ N, tal que: m∗ (E) < m∗ (Rn0 ) + 2ϵ .
Assim, como Rn0 é mensurável, pois é a interseção de conjuntos mensuráveis então pela questão 1.6C existe
um fechado K ⊂ Rn0 + 2ϵ , tal que:

ϵ
m∗ (E) < m∗ (Rn0 ) +
2
Portanto

m∗ (E) < m∗ (K) + ϵ, ou ainda, m∗ (E\K) < ϵ.

⇐) Para todo n ∈ N existe um compacto Kn ⊂ E tal que: m∗ (E\Kn ) < 1


n tome F = ∪∞
n=1 Kn , temos
que: F ∈ Fδ

E\F ⊂ E\Fn , ∀n ∈ N

Logo,

1
0 ≤ m∗ (E\F ) ≤ m∗ (E\Fn ) < , ∀n ∈ N
n
Agora, fazendo n → ∞, segue-se que: m∗ (E\F ) = 0.
Logo, E\F é mensurável. Sendo F ∈ Fδ temos que F é mensurável.
Portanto,

E = (E\F ) ∪ F é mensurável

11. Dado um subconjunto mensurável E ⊂ R e dado ϵ > 0, mostre que existe um conjunto fechado F ⊂ E tal
que m(E) < m(F ) + ϵ. Mostre também que:

m(E) = sup{m(F ); F fechado, F ⊂ E}.

Solução
10 caso: Suponhamos que m(E) < ∞ e m(F ) < ∞. Então, o complementar de E é mensurável.
Seja ϵ > 0, então, existe um aberto O ⊃ E C , tal que: m∗ (O) < m∗ E C + ϵ.


Assim, O\E C = E\OC . OC ⊂ E, E C ⊂ O


Fazendo OC = F , então, temos: F ⊂ E ( F é fechado)
 
m(E\F ) = m E\OC = m O\E C .

Logo, m(E) − m(F ) = m(O) − m E C < ϵ. Donde, vem m(E) + m(F ) < ϵ.
Logo, sup m(F ) = m(E) ou ainda, m(E) = sup{m(F ); F fechado, F ⊂ E}.
De fato, m(E) ≤ sup m(F ) pois sup m(F ) é cota superior para m(E).
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 84

Agora, dado ϵ > 0 existe m(F )

m(F ) > m(E) − ϵ.

Isto é, m(E) é a menor das cotas superior. Portanto, sup m(F ) = m(E).
Observação: (*) Dado ϵ > 0 e E ⊂ R, existe um aberto O ⊂ R, tal que: E ⊂ O e m∗ (O) < m∗ (E) + ϵ.
µ(F \E) = µ(F ) − µ(E) se m(E) < ∞, E ⊂ F , sendo E e F mensuráveis.
(**) O\E C = E\OC . De fato, x ∈ O\E C ⇔ x ∈ O e x ∈ / EC ⇔ x ∈ E e x ∈
/ OC ⇔ x ∈ E\OC .
C C
Logo, O\E = E\O .
(∗ ∗ ∗)E C ⊂ O e OC ⊂ E
  
m E\OC = m(E) − m OC OC ⊂ E
  
m O\E C = m(O) − m E C EC ⊂ O
E, E C , O, OC são mensuráveis e m(E\F ) = m(E) − m(F ).

12. Mostre que E ⊂ RN é mensurável se, e somente se, existem um conjunto F ∈ Fσ e um conjunto E0
mensurável de medida nula, tais que:

F ⊂ E, E0 ⊂ E e E = F ∪ E0 .

Solução
⇒) Seja E mensurável então pela questão anterior para cada n ∈ N existe um fechado Fn ⊂ E, tal que:
m (E\Fn ) < n1 . Tome F = ∪∞ n=1 Fn ∈ Fσ e F ⊂ E, pois Fn ⊂ E, ∀n e defina E0 = E\F , observe que
E0 ⊂ E e E = F ∪ (E\F ) = F ∪ E. Assim, basta mostrar que m (E0 ) = 0.
De fato, para cada n, temos: m∗ (E\F ) ≤ m (E\Fn ), pois E\F = E\∪ Fn ⊆ E\Fn . Assim,
m∗ (E\F ) < n1 . Logo, m (E0 ) = 0. Conseqüêntimente E0 é mensurável.
⇐) Como E = F ∪ E0 e sendo F e E0 mensuráveis. Logo, E é mensurável, onde: E0 = E\F .

13. Para cada n ∈ N seja Jn o retãngulo fechado do RN


Jn = [−n, n] × [−n, n] × · · · × [−n, n].
(a) Mostre que E ⊂ Jn é mensurável ⇔ m (Jn ) = m∗ (E) + m∗ (Jn \E).
(b) Mostre que E ⊂ RN é mensurável ⇔ E ∩ Jn é mensurável para cada n.

Solução
(a) ⇒) Se E ⊂ Jn é mensurável ⇒ m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ A ∩ E C , ∀A ⊂ Rn .


Fazendo A = Jn , segue-se que: m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ Jn ∩ E C .




Como E ⊂ Jn , temos que: Jn ∩ E = E, Jn ∩ E C = Jn \E.


Logo, m∗ (Jn ) − m∗ (E) = m∗ (Jn \E) ou ainda, m∗ (Jn ) = m∗ (E) + m∗ (Jn \E).
⇐) Suponhamos m∗ (Jn ) = m∗ (E) + m∗ (Jn \E) e seja A ⊆ Rn . Então, temos: A ⊆ Jn para algum
n ∈ N. Além disso, E ⊂ Jn .
Agora, observe que A é união disjunta descrita por: A = (A ∩ E) ∪ (A ∩ Jn \E).
Logo, m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ (A ∩ Jn \E). Como

Jn \E = Jn ∩ E C A ∩ Jn \E = A ∩ Jn ∩ E C = A ∩ E C
e

segue-se daı́ que: m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ A ∩ E C ; ∀A ⊆ Rn . Isto é, E é mensurável.




Observação: Se considerarmos A = RN . Então, temos: A = (A ∩ E)∪ A ∩ RN \E =
C
 C
(A∩E)∪ A ∩ E . Desta forma, ” A ” contı́nua sendo descrita pela união disjunta de A∩E com A∩E .
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 85

(b) Mostre que E ⊂ RN é mensurável ⇔ E ∩ Jn é mensurável para cada n.


Fato que ajuda
Definição: E é mensurável quando m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ A ∩ E C , ∀A ⊂ RN .


solução: Com efeito, decorre da definição acima que: E é mensurável ⇔ m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) +


m∗ A ∩ E C , ∀A ⊂ RN . Daı́, tomando-se A = Jn , segue-se:


m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ Jn ∩ E C

para cada n.
C
Jn ∩ E = Jn \ (Jn ∩ E) (2). (2)
Agora, substituindo (2) em (1), obtemos: m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ (Jn ∩ (Jn \E)). Além disso,
Jn ∩ E ⊂ Jn , conseqüentemente, pelo item anterior temos que: (Jn ∩ E) ⊂ Jn é mensurável
⇔ m∗ (Jn ) = m∗ (Jn ∩ E) + m∗ (Jn ∩ (Jn \E)) ou ainda, Jn ∩ E é mensurável.

14. Sejam A, B ⊂ RN , tais que dist(A, B) > 0. Mostre que m∗ (A ∪ B) = m∗ (A) + m∗ (B).

Solução
Suponhamos m∗ (A) < ∞ e m∗ (B) < ∞. Como dist (A, B) > 0, então Ā ∩ B̄ = ∅.
Logo, podemos escolher {Rk }k∈N e {Sk }k∈N coberturas por retângulos abertos do RN de A e B,
respectivamente, tal que: ∪Rk ∩ ∪Sk = ∅.
Seja Tk = Rk ∪ Sk e observe que ∪∞k=1 Tk ⊃ A ∪ B.
Logo, vol (Tk ) = vol (Rk ∪ Sk ) = vol (Rk ) + vol (Sk ) visto que Rk e Sk são mensuráveis e disjuntos.
P∞ P∞
Assim, como m∗ (A) < ∞ e m∗ (B) < ∞, então k=1 vol (Rk ) < ∞ e k=1 vol (Sk ) < ∞.
Logo,

X ∞
X ∞
X ∞
X
vol (Tk ) = vol (Rk ∪ Sk ) = vol (Rk ) + vol (Sk )
k=1 k=1 k=1 k=1

Daı́, tomando-se o ı́nfino sobre todas as coberturas, obtemos: m∗ (A ∪ B) = m∗ (A) + m∗ (B).


Observação: Se m∗ (A) = m∗ (B) = ∞, então, temos: m∗ (A ∪ B) = ∞.

15. Dados um retângulo R do RN e um ponto x ∈ RN , mostre que a transformação x + R = {x + y; y ∈ R} é


um retãngulo do RN do mesmo tipo que R e vol(x + R) = vol(R).
Fatos que ajudam
Retãngulo aberto: R =]a1 , b1 [×]a1 , b1 [× · · · ×]aN , bN [ onde R ⊂ RN .
Volume de R : vol(R) = (b1 − a1 ) . (b2 − a2 ) · · · (bN − aN ).

Solução
Consideremos um retângulo aberto do RN , a saber: R =] a1 , b1 [×]a1 , b1 [× · · · ×]aN , bN [. Além
disso, temos: x + R = {x + y; y ∈ R}. Assim, tomando-se: x = (x1 , x2 , . . . , xN ) e
y = (y1 , y2 , . . . , yN ) com yj ∈] aj , bj [ e x + y = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xN + yN ), segue-se:

x + R = {x + y = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xN + yN ) ; yj ∈] aj , bj [}
= {(z1 , z2 , . . . , zN ) ; zj = xj + yj com yj ∈] aj , bj [}
= {(z1 , z2 , . . . , zN ) ; zj = [xj +] aj , bj []}
= {(z1 , z2 , . . . , zN ) ; zj = [aj + xj , bj + xj ]} .

Logo, vol(x + R)
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 86

x + R =]a1 + x1 , b1 + x1 [×]a2 + x2 , b2 + x2 [× · · · ×]aN + xN , bN + xN [ e


vol(x + R) = (b1 + x1 ) − (a1 + x1 ) × ((b2 + x2 ) − (a2 + x2 )) × · · · × ((bN + xN ) − (aN + xN ))
= (b1 − a1 ) · (b2 − a2 ) · · · (bN − aN ) = vol(R).
Portanto, vol(x + R) = vol(R).

16. 16- Dados E, F ⊂ RN , demonstre os seguintes fatos com relação á transformação.


(a) E é aberto se , e somente se, x + E é aberto;
(b) (x + E) ∩ F = x + [E ∩ (−x + F )];
(c) m∗ (x + E) = m∗ (E);
(d) E é mensurável se, e somente se, x + E é mensurável. Neste caso m(E) = m(x + E).

Solução
(a) ⇒) Considere E aberto e seja y ∈ x + E, então, para algum e ∈ E, tem-se: y = x + e.
Agora,
Bϵ (x + e) = {w ∈ Rn ; ∥w − (x + e)∥ < ϵ} = {w ∈ Rn ; ∥(w − x) − e∥ < ϵ}
x + Bϵ (e) = {x + T ; T ∈ Bϵ (e)} = {x + T ; ∥T − e∥ < ϵ}.
Logo, Bϵ (x + e) = x + Bϵ (e).
Além disso, como y = x + e, temos:

Bϵ (y) = Bϵ (x + e) = x + Bϵ (e) ⊂ x + E.

Visto que, Bϵ (e) ⊂ E para ϵ > 0 conveniente.


⇐) Com efeito, x + E é aberto e seja e ∈ E. Então, temos: (y = x + e) ∈ (x + E). Daı́, existe ϵ > 0, tal
que: Bϵ (x + e) ⊂ x + E. Além disso,

Bϵ (x + e) = x + Bϵ (e) ⊂ x + E.

Afirmação: Bϵ (e) ⊂ E
Suponhamos que não ocorra. Isto é, Bϵ (e) ⊈ E. então, existe T ∈ Bϵ (e) tal que: T ∈
/ E.
Logo, x + T ∈ / x + E, donde, vem: x + Bϵ (e) ⊈ x + E. Absurdo!
Portanto, Bϵ (e) ⊂ E, ou ainda, E é um aberto.
(b) (x + E) ∩ F = x + [E ∩ (−x + F )];
(1) (x + E) ∩ F = {x + e; e ∈ E} ∩ {f ; f ∈ F } = {f ; f = x + e, e ∈ E e f ∈ F }.
Por outro lado, temos: E ∩ (−x + F ) = {e; e ∈ E} ∩ {−x + f ; f ∈ F } = {e; e = −x + f ; f ∈ F e
e ∈ E}.
Daı́, obtemos:
(2) x + [E ∩ (−x + F )] = {e; x + e = (x + (−x)) + f ; f ∈ F e e ∈ E}. Logo, de (1) e (2), segue-se que:

(x + E) ∩ F = x + [E ∩ (−x + F )]

(c) m∗ (x + E) = m∗ (E)
P∞
Por definição m∗ (E) = inf { n=1 vol (Rn ) ; Rn é cobertura de E}.
P∞ P∞
Dado ϵ > 0 existe Tn cobertura de E, tal que: n=1 vol (Tn ) < inf n=1 vol (Rn ) + ϵ.
Além disso, temos: x + E ⊆ ∪∞ n=1 (x + Tn ). Conseqüentemente, obtemos: m∗ (x + E) ≤
P∞ P∞
n=1 vol (x + Tn ) = n=1 vol (Tn ).
[Visto que, pelo exercı́cio anterior temos: vol(x + R) = vol(R).]
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 87

Logo, m∗ (x + E) ≤ m∗ (E).
Por outro lado, temos: E = [x + (−x)] + E = −x + (x + E). Donde m∗ (E) = m∗ ([x + (−x)] + E) =
m∗ (−x + (E + x)).
Agora, fazendo x + E = E b e aplicando I, vem:

m∗ (E) = m∗ (−x + (E + x)) = m∗ (−x + E)


b ≤ m∗ (E)
b = m∗ (x + E),

ou ainda, m∗ (E) ≤ m∗ (x + E) (II) e portanto, de (I) e (II), obtem-se: m∗ (E) = m∗ (x + E).


(d) ⇒) Se E é mensurável. Então, m∗ (A) = m∗ (A ∩ E) + m∗ A ∩ E C ,


∀A. Além disso, sabe-se que:


m∗ (A) = m∗ (x + A), m∗ (A ∩ E) + m∗ (x + (A ∩ E)) e m∗ A ∩ E C = m∗ x + A ∩ E C .
 

Logo,
(I) m∗ (x + A) = m∗ (x + (A ∩ E)) + m∗ x + A ∩ E C .


Agora, decorre do item (b) que:

- x + [A ∩ (−x + F )] = (x + A) ∩ F
− x = F = E se, e só se, F = x + E

x + [A ∩ E] = (x + A) ∩ (x + E).
(II)

(x + A) ∩ (x + E) = {x + a; a ∈ A} ∩ {x + e; e ∈ E} =
= {x + a = x + e; a ∈ A e e ∈ E} = x + (A ∩ E)
• − x + F = E C ⇒ F = x + E C = (x + E)C .

Seja w ∈ (x + E)C , então w ∈ / x + E se, e só se, w ̸= x + e, para todo e ∈ E ⇔ w − x ̸= e, ∀e ∈ E ⇔


(w − x) ∈/ E ⇔ (w − x) ∈ E C ⇔ w ∈ x + E C .
 
(III) x + A ∩ E C = (x + A) ∩ x + E C .
logo, substituindo (II) e (III), em (I), temos:

m∗ (x + A) = m∗ ((x + A) ∩ (x + E)) + m∗ (x + A) ∩ x + E C

.
b Assim, obtemos: m∗ (A)
b = m∗ (A
b ∩ (x + E)) + m∗ (A∩

Façamos x + A = A.  
b x + EC ou ainda,
m∗ (A)
b = m∗ (A
b ∩ (x + E)) + m∗ A b ∩ (x + E)C .
Dito de outro modo, x + E é mensurável.
⇐) Se x + E é mensurável, então, E é meusurável e m(x + E) = m(E). Suponhamos que x + E é
mensurável, então,
 
m∗ (A)
b = m∗ (A
b ∩ (x + E)) + m∗ Ab ∩ x + EC .

obtemos: m∗ (x+A) = m∗ ((x+A)∩(x+E))+ m∗ (x + A) ∩ x + E C , ∀A.



Agora, fazendo A = A−x,b
Logo, m∗ (x+A) = m∗ (x+(A∩E))+m∗ x + A ∩ E C ou ainda, m∗ (A) = m∗ (A∩E)+m∗ A ∩ E C .
 

Isto é, E é mensurável. Além disso, m∗ (x + E) = m∗ (E). De sorte que: m(x + E) = m(E).
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 88

17. Dado E ⊂ RN , mostre que: m∗ (E) = inf{m(G); E ⊂ G, G aberto }. Usando este fato, mostre que existe
um conjunto G ∈ Gδ tal que m∗ (E) = m(G).

Solução nP

Por definição, temos: m∗ (E) = inf j=1 vol (Rj ) ; {Rj }j∈N cobertura de E}. Agora, suponhamos que
m(E) < ∞, então, dado ϵ > 0 existe uma cobertura {Sj }j∈N de E, tal que pelo 10 exercı́cio da lista, a
saber, 1.6 A, temos

X ∞
X
Rj ⊂ Sj e vol (Sj ) < vol (Rj ) + ϵ
j=1 j=1

Tome G = ∪∞
j=1 Sj , G é aberto. Além disso, temos:


X ∞
X
∗ ∗
∪∞ vol (Rj ) + ϵ < m∗ (E) + 2ϵ

m (G) = m j=1 Sj ≤ vol (Sj ) <
j=1 j=1

Como, m (G) < m (E) + 2ϵ, ∀ϵ > 0 arbitrário, segue-se daı́ que: m∗ (E) = inf{m(G); E ⊂ G, G
∗ ∗

aberto}.
Agora, dado ϵ = n1 e seja Gn o aberto descrito acima, (G ⊂ Gn , ∀n).
Seja

G = ∩∞
n=1 Gn = (G1 ∩ G2 ∩ · · · ∩ Gn ∩ · · · ) ∈ Gδ .

Logo, para cada n, temos: m(G) ≤ m (Gn ) < m∗ (E) + n1 . Donde, m(G) ≤ m∗ (E). Por outro lado,
E ⊂ G (E ⊂ G ⊂ Gn , ∀n), donde m(G) = m∗ (E). Portanto, m(G) = m∗ (E).

7.3 Espaço LP

K Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração k


1. 1- Seja 1 < p < ∞ e q o seu ı́ndice conjugado. Se f ∈ Lp (0, ∞), mostre que para x > 0 se tem
Z ∞
e−xt f (t)dt ≤ ∥f ∥p (xq)−1/q
0

Solução
Com efeito, e−xt ∈ Lq (0, ∞), então, temos

∞ ∞ ∞ B
e−xtq e−xtq
Z Z  
−xt q −xtq 1 −xtq 1 1
e dt = e dt = e = lim − = lim + =
0 0 xq 0
B→∞ xq 0
B→∞ xq xq xq
Agora, sabemos que:
Z Z

f ·g ≤ |f · g| ≤ ∥f ∥p ∥g∥q

onde (*) é a desigualdade de Hölder.


Assim,
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 89

Z ∞ Z ∞  1/q
−xt −xt −xt 1
e f (t)dt ≤ e f (t) dt ≤ e ∥q ∥ f (t) p = · f ∥p .
0 0 xq

Logo,
Z ∞  1/q
−xt 1
e f (t)dt ≤ · ∥f ∥p
0 xq

f (x)
2. Suponhamos que f ∈ Lp (0, ∞), ∀p ≥ 1. Para que valores de p a função x 7−→ √
1+x
está em L1 (0, ∞)?

Solução
f (x)
Seja φ : (0, ∞) → R a função dada por: φ(x) = √
1+x
. Então observe que:

∞ ∞ ∞
(x + 1)−q/2+1 1
Z   Z
1 −q/2
√ dx = (x + 1) dx = =
0 1+x 0 − 2q + 1 0
q  (
(B + 1)1− 2 +∞, se 1 − 2q ≥ 0

1
= lim q − q = 1 q
1− 2 1− 2 −1 , se 1 − 2 < 0
B→∞ q
2

R∞ 
Logo, √1 dx = 2
desde que, q > 2.
0 1+x q−2 ,
Agora,
Z ∞  Z ∞  
f (x) f (x) Hölder 1
√ dx ≤ √ dx ≤ ∥f (x)∥p (x + 1)− 2
0 1+x 0 1+x q

1
q ∞ q
(x + 1)− 2 = 0 (x + 1)− 2 dx = q−2 2
R
, desdeque, q > 2.
q
R∞ q 1/q
1
Isto é, √x+1 = 0 (x + 1)− 2 dx < ∞, donde vem: √x+1 1
∈ Lq (0, ∞), para todo q > 2. Além
q
disso, temos f ∈ Lp (0, ∞). Isto é,
Z ∞ 1/p
p
∥f ∥p =: |f (x)| dx <∞
0
Z ∞ 
f (x) 2
√ dx ≤ ∥f (x)∥p · , ∀q > 2.
0 1+x q−2
2 f (x)
Assim, ∥f (x)∥p · q−2 < ∞, para todo p ̸= 2. Conseqüentemente, temos: φ(x) = √
1+x
∈ L1 (0, ∞), desde
que p ̸= 2.

3. Mostre que C 0 [a, b] ⊂ Lp (a, b), 1 ≤ p ≤ ∞, e que existe uma constante positiva C, tal que:

∥f ∥p ≤ C sup |f (x)|, ∀f ∈ C 0 [a, b].


x∈[a,b]

Solução
C 0 [a, b] é o espaço vetorial das funções reais contı́nuas em [a, b].
10 caso: p = 1
Co efeito, [a, b] é compacto e f : [a, b] → R é uma função contı́nua. Então, f atinge o máximo e o mı́nimo
em [a, b]. Logo, supx∈[a,b] f (x) = f (x0 ) ≥ f (x) para todo x ∈ [a, b].
Agora,
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 90
Rb Rb Rb
(*) a
|f (x)|dx ≤ a |f (x0 )| dx = |f (x0 )| a 1dx = |f (x0 )| .m([a, b]).
Rb
Logo, a |f (x)|dx < ∞.
20 caso: 1 < p < ∞
Rb 1/p Rb
Sendo f ∈ L1 (a, b), então, |f |p ∈ L1/p (a, b). Visto que, a (|f (x)|p ) = a |f | < ∞.
Daı́,
Rb
(**) a |f (x)|p .1dx ≤ ∥|f |p ∥ 1 · ∥1∥ 1−p
1 = ∥f ∥p m([a, b])1−p < ∞.
p

De sorte que: f ∈ L1 (a, b).


30 caso: p = ∞
supessx∈[a,b] |f (x)| = inf{C; f (x) ≤ C, q.s.} ≤ f (x0 ). Logo, f ∈ L∞ (a, b), ou ainda, C 0 (a, b) ⊂
Lp (a, b), 1 ≤ p < ∞.
Decorre de (∗∗) que:
!1/p
Z b 1/p 1
∥f ∥p = |f (x)| p
≤ ∥f ∥p m([a, b])1−p = ∥f ∥m([a, b]) p −1 =
a
Z b Z b
1 1
= m([a, b]) p −1 |f | ≤ m([a, b]) p −1 |f (x0 )| 1dx =
a a
1 1
= m([a, b]) p −1 |f (x0 )| m([a, b]) = m([a, b]) p |f (x0 )| =
= C supessx∈[a,b] |f (x)|.

Logo, ——f ∥p ≤ C supessx∈[a,b] |f (x)|.


p
4. Se f, g ∈ L1 (a, b), então |f g| ∈ L1 (a, b) e se 0 < p, q < 1, p + q = 1, então |f |p |g|p ∈ L1 (a, b).

Solução :
R 1/2 nR 2 o1/2
b b
Observe que: a
|f | = a
|f |1/2 . Assim, se f, g ∈ L1 (a, b) então, |f |1/2 ∈ L2 (a, b) e
1 1
|g|1/2 ∈ L2 (a, b). Como 2 + 2 = 1, segue-se da desigualdade de Hölder que: |f |1/2 |g|1/2 ∈ L2 (a, b), ou
ainda,
Z b p Z b p p Z b
|f g|dx = |f | · |g|dx = |f |1/2 |g|1/2 dx < ∞.
a a a
p
Logo, |f g| ∈ L1 (a, b). Agora, como f, g ∈ L1 (a, b), segue que:

1 1
|f |p ∈ L1/p (a, b) e |g|p ∈ L1/q (a, b) sendo + = 1.
1/p 1/q
Temos, |f |p |g|p ∈ L1 (a, b) (via Hölder).

5. Extenda a desigualdade de Minkowski para n funções.

Solução
Seja f1 , f2 , . . . , fn ∈ Lp (E), p ≥ 1, então, f1 + f2 + . . . + fn ∈ Lp (E) e ∥f1 + f2 + . . . + fn ∥ ≤
Pn
j=1 ∥fj ∥p .
(i) Para n = 2, temos ∥f1 + f2 ∥p ≤ ∥f1 ∥p + ||f2 ∥p (via teorema já prescrito anteriormente)
(ii) Suponhamos que a desigualdade vale para n, então, falta mostrar para n + 1.
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 91

Vejamos

∥(f1 + f2 + . . . + fn ) + fn+1 ∥p ≤ ∥f1 + f2 + . . . + fn ∥p + ∥fn+1 ∥p .

Agora, pela hi pótese de indução sobre n, temos

n
X
∥f1 + f2 + . . . + fn ∥p = fj ≤ ∥f1 ∥p + · · · + ∥fn ∥p
j=1
p

ou ainda,

n
X n
X
fj ≤ ∥fj ∥p
j=1 j=1
p

Assim,
n
X
∥f1 + f2 + . . . + fn + fn+1 ∥p ≤ ∥fj ∥p + ∥fn+1 ∥p
j=1

Logo,

n−1
X n+1
X
fj ≤ ∥fj ∥p
j=1 j=1
p

rs
6. Sejam f ∈ Lr e g ∈ Ls , r, s > 0. Mostre que: f.g ∈ Lp , onde: p = .
r+s
Solução
r/p
Se f ∈ Lr , então, (|f |p ) = |f |r < ∞. Logo, f ∈ Lr/p .
R R

Analogamente, temos
s/p
se g ∈ Ls , então, (|g|p ) = |g|s < ∞. Logo, g ∈ Ls/p .
R R

Agora, sendo pr e ps ı́ndices conjugados, temos

1 1 p p (s + r) 1
r + s = + =p =p· =1
p p r s rs p
De sorte que:
Usando a Desigualdade de Hölder |f |p |g|p ∈ L1 , ou ainda, |f g|p = |f |p |g|p <
R R

∞. Donde vem: f, g ∈ Lp .

7. Seja E um conjunto mensurável e seja µ+


0 = {f : E → R, mensurável tal que: f > 0 q.s. }.
+
Encontre o Mı́nimo do Funcional Φ : µ0 → R definida por:
Z Z
1
Φ(f ) = f·
E E f

Solução

Com efeito, F = f ∈ L2 (E) e G = √1f ∈ L2 (E).
Então, pela Desigualdade de Hölder, temos:
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 92

Z p Z
1
f · √ dm(x) = 1dx = m(E) ≤ ∥F ∥2 ∥G∥2 ,
E f E

onde:
Z Z  2
p 2 Z 1
Z
1
∥F ∥2 = ( f) = f e ∥G∥2 = √ dx = .
E E E f E f
Logo,
Z Z
1
m(E) ≤ f· = Φ(f ).
E E f
Isto é, m(E) é uma cota inferior para Φ(f ).
Por outro lado, temos Φ(f ) = m(E).
C2
Seja {f ; f é constante }, então, temos f C1 = f1 C2 , donde, f 2 = C1 .
Logo, f = C (constante).
Isto é, Φ(f ) = {f ; f é constante } = m(E).

8. Seja f ∈ Lp (a, b) e seja En = {x ∈ (a, b); |f (x)| ≥ n}. Mostre que: limn→∞ m (En ) = 0.

Solução
Rb
Se f ∈ Lp (a, b), então, En |f |p < a |f |p < ∞. Decorre daı́ que:
R

Z Z Z
|f |p ≥ np dm(x) = np 1dx = np · m (En ) , para todo n ∈ N.
En En En

Ou ainda,
Z
1
0 ≤ m (En ) ≤ p |f |p < ∞
n En

Logo, fazendo n → ∞, temos que: limn→∞ m (En ) = 0.

9. Dada uma função mensurável f : (a, b) → R, considere os conjuntos En = {x ∈ (a, b); n−1 ≤ |f (x)| < n}.
P∞
Mostre que f ∈ L1 (a, b) ⇔ n=1 n.m (En ) < ∞. Mais geralmente, mostre que:

X
f ∈ Lp (a, b), 1 ≤ p < ∞ se, e somente se, n · m (En ) < ∞.
n=1

Solução
(*) Suponhamos que não ocorra En ∩ En+1 = ∅. Então, existe x ∈ En ∩ En+1 . Daı́, obtemos

n + 1 ≤ |f (x)| < n. Absurdo!

De sorte que: En ∩ En+1 = ∅.


(∗∗) ∪∞n=1 En = (a, b).
(∗ ∗ ∗) Considere Fn = {x ∈ (a, b); n − 1 ≤ |f (x)| < n}. Assim, Fn = En+1 e ∪∞ ∞
n=1 Fn = ∪n=1 En .
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 93

Agora,
Z b Z Z Z
f ∈ Lp (a, b) ⇔ |f |p dx < ∞ ⇔ |f |p dx < ∞ ⇔ np ≤ |f |p < ∞
a ∪∞
n=1 Fn ∪∞
n=1 Fn ∪∞
n=1 Fn

⇔ np m (∪∞ p ∞
n=1 Fn ) < ∞ ⇔ m (n ∪n=1 Fn ) < ∞.

Portanto,

X ∞
X
f ∈ Lp (a, b) ⇔ m (np En ) < ∞ ⇔ np m (En ) < ∞.
n=1 n=1

Agora, tomando-se p = 1, vem



X
f ∈ Lp (a, b) ⇔ n1 m (En ) < ∞
n=1

10. Sejam p e q ı́ndices conjugados, com 1 < p < ∞. Se f ∈ Lp e g ∈ Lq , com ∥g∥q ≤ 1, segue da desigualdade
de Hölder que:
Z
f g ≤ ∥f ∥p

−p/q
Se f ̸= 0, considere g0 definida em (a, b) por g0 (x) = C[sgn(f (x))].f (x)p−1 , onde: C = ∥f ∥p . Mostre
que g0 ∈ Lq , ∥g0 ∥ = 1 e f g0 = ∥f ∥p .
R

Solução
1 1 1 1 1 p−1
Sejam p e q ı́ndices conjgados p + q = 1, donde, q =1− p ⇒ q = p ⇒ p = q(p − 1).
Agora,

Z b Z b Z b q
q q
|g0 (x)| dx = C[sgn(f (x))] · f (x)p−1 dx = ∥f ∥−p/q
p · f (x)p−1 dx =
a a a
Z b
∥f ∥−p
p · f (x)
q(p−1)
dx = ∥f ∥−p p
p · ∥f ∥p = 1.
a
Logo,
Z b
q
|g0 (x)| dx = 1 < ∞. Isto é , g0 ∈ Lq .
a
!1/q
Z b
q
∥g0 ∥q = |g0 (x)| = 11/q = 1
a

e usando a desigualdade de Hölder, temos:


Z Z
fg ≤ f g0 ≤ ∥f ∥p · ∥g0 ∥q = ∥f ∥p

11. Se f ∈ Lp , 1 ≤ p ≤ ∞ e g ∈ L∞ , mostre que o produto f.g ∈ Lp e que: ||f g|p ≤ ||f ||p · ||g∥∞ .

Solução
1≤p<∞
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 94

|f g|p = |f |p |g|p .
R R

Sabemos que g ≤ |g| ≤ supess |g| q.s. ⇒ |g|p ≤ ∥g∥p∞ .


Logo,

Z Z Z 1/p  Z 1/p
|f g|p ≤ ∥g∥p∞ |f |p < ∞ ⇒ f.g ∈ Lp e |f g|p ≤ ∥g∥p∞ |f |p = ∥g∥p∞ ∥f ∥p .

-· Caso p = ∞, f ∈ L∞ e g ∈ L∞ sabemos que: |f | ≤ (supess |f |) q.s., logo |f ||g| ≤ ( supess |f |)|g|.


Daı́, obtemos

supess |f g| ≤ supess ( supess |f |)|g|


= supess |f |. supess |g| < ∞
Pois, f, g ∈ L∞ e também,

||f g||∞ ≤ ||f ||∞ ||g|∞ .

12. Se f ∈ L∞ (a, b) e α < ∥f ∥∞ , mostre que existe um conjunto mensurável E ⊂ (a, b), com m(E) > 0, tal
que |f (x)| > α, ∀x ∈ E.

Solução
Com efeito α < ∥f ∥∞ = supess |f | = inf{C; |f (x)| ≤ C, q.s. } = C < ∞ e considere o conjunto
|f |−1 (α, supess |f |) = E ou seja, E = {x ∈ (a, b); |f (x)| ∈ (α, supess |f |)}.
E ⊂ (a, b);
· α < |f (x)|, ∀x ∈ E;
Suponha m∗ (E) = 0 como α < |f (x)| < ∥f ∥∞ , ∀x ∈ E, então, |f (x)| ≤ α q.s. ⇒ α ≥ C absurdo! pois
por (I)α < C.
Logo, m(E) > 0.
Fatos que ajudam
Seja f mensurável e B un conjunto de Borel, então f −1 (B) é um conjunto mensurável.
(ver 1a lista de exercı́cios)
Como (α, supess |f |) é um intervalo, logo, um conjunto de Borel.
De sorte que: E = |f |−1 (α, supess |f |) é mensurável

13. Seja 1 ≤ p < ∞ e seja f uma função de f ∈ Lp (a, b). Dado λ > 0, considere o conjunto

Eλ = {x ∈ (a, b); f (x) > λ}.


Rb
|f |p ≤ |f |p , estabelece a desigualdade de Chebyclore
R
Usando a desigualdade Eλ a

m (Eλ ) ≤ λ−1 ∥f ∥pp .

Solução
p Rb
Com efeito, ∥ f |p = a |f |p ≥ Eλ |f |p pois, Eλ ⊂ (a, b) para todo λ.
R

Observe que: |f | > λ ⇒ Eλ λp = λp m (Eλ ). Ou ainda, m (Eλ ) ≤ λ1p ∥f ∥pp .


R
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 95

14. Denote por L1loc RN o espaço vetorial das (classes se) funções mensuráveis e integráveis á lebesgue sobre
 
os compactos do RN . mostre que Lp RN ⊂ L1loc RN , 1 ≤ p < ∞.

Solução
 
Seja f ∈ Lp RN devemos mostrar que f ∈ L1loc RN , isto é, K |f (x)|dx < ∞ para todo compacto
R

K ⊂ RN , observe que:
Z Z 1/q
|f (x)|dx ≤ ∥f ∥Lp (K) · ∥1∥Lq (K) ≤ ∥f ∥Lp (RN ) 1dx =
K K

= ∥f ∥Lp (RN ) m(K)1/q < ∞


 
onde: p, q são ı́ndices conjugados. Logo, para 1 ≤ p < ∞, tem-se Lp RN ⊂ L1loc RN .
p=∞
Devemos mostrar que: f ∈ L∞ RN , emtão, L1loc RN
 

f ∈ L∞ RN ⇒ M = supess |f | < ∞


Logo,
Z Z
|f | ≤ M pois |f | ≤ supess |f | q.s.
K K
R
Portanto, K
|f | ≤ M.m(K) < ∞.

15. Se f ∈ Lr ∩ Ls , 1 ≤ r < s < ∞, mostre que f faz espaço intermediários Lp , com r ≤ p ≤ s.

Solução
Se r ≤ p ≤ s, então p é da forma: (1 − t)s + tr = p para algum t ∈ [0, 1].
observe que:
(1−t) t
(*) |f |p = |f |(1−t)s+tr = (|f |s ) · (|f |r ) .
R R R

A questão (4) desta lista diz que, se fe, ge ∈ L1 e se 0 < p, q < 1, p + q = 1, então, |fe|, |e
g | ∈ L1
Tome f˜ = |f |s , ge = |f |r são intergráveis, visto que, f ∈ Lr e f ∈ Ls considerando p = 1 − t e q = t, temos
0 < p, q < 1, p + q = 1.
(1−t) t
Portanto, (|f |s ) · (|f |r ) ∈ L1 (Via questão (4)), ou seja, por (∗)
Z Z
(1−t) t
|f |p = (|f |s ) · (|f |r ) < ∞ ⇒ f ∈ Lp

Afirmação: x + E C = (x + E)C

w∈ (x + E)C ⇔ w ∈
/ x + E ⇔ w ̸= x + e, ∀e ∈ E
/ E ⇔ (w − x) ∈ E C
⇔ w − x ̸= e, ∀e ∈ E ⇔ (w − x) ∈
⇔ w ∈ x + EC .


Logo, (x + E)C = x + E C .
Bibliografia
[1] De Morais Filho, Daniel Cordeiro. Um Convite à Matemática, Coleção Professor de Matemática, RJ, 3a
Edição, SBM 2016.

[2] Bartle, Robert G. Introduction to Real Analysis. New York, J. Wiley, 2019

[3] Guidorizzi, Hamilton Luiz. Um Curso de Cálculo, vol.1, 6a Edição, RJ: LTC, 2018

[4] Lima, Elon Lages. Matemática e Ensino, Coleção do Professor de Matemática, 4a Edição, RJ, 2017

[5] De Morais Filho, Daniel Cordeiro. Manual de Redação Matemática, Coleção Professor de Matemática, RJ,
2a Edição, SBM 2018

[6] Lima, Elon Lages. Curso de Análise, vol. 1, Projeto Euclides, SBM, 21a Edição, IMPA, 2019

[7] Aragona, Jorge. Números Reais, Texto Universitário do IME-USP, 2010

[8] Eves, Howard. Introdução à história da matemática, tradução: Hygino H. Domingues, Campinas, SP, Editora
da Unicamp, 2004

[9] http://ecalculo.if.usp.br/historia/historia_derivadas.htm, em 17 de março às 12h


e 25min, 2023

[10] Figueiredo, D. G. Análise I, Livros Técnicos Cientı́ficos, 2016

[11] Ávila, Geraldo. Introdução à Análise Matemática, Editora Edgar Blücher Ltda, 1993

[12] Boyer, Carl B. História da Matemática; tradução Elza F. G., SP Edgard Blucher, 1974

[13] Bartle, Robert G. The Elements of Real Analysis. New York, J. Wiley, 1964

[14] Figueiredo, D.G. Análise I, RJ, LTC. 2a edição, 1996

[15] Lima, E.L. Análise Real, Coleção Matemática Universitária, IMPA, 1993

[16] Gonçalves, Adilson. Introdução à álgebra. 4a Edição, Projeto Euclides, IMPA, 1999

[17] Koblitz, Neal. A Course in Number Theory and Cryptography, Springer 2a Edição, 1994.

[18] Lequain, Yves e Garcia, Arnaldo. álgebra: Um curso de Introdução, Série II, Projeto Euclides, IMPA, 2020

[19] Matos, Marivaldo Pereira, Séries e Equações Diferenciais, Editora Ciência Moderna, 2017

[20] Neves, Wladimir Augusto, Uma Introdução à Análise Real, RJ-Editora UFRJ, 2014.

[21] Bartle, Robert G - Elementos de Análise Real. Editora Campos, 2014.

[22] http://clubes.obmep.org.br/blog/b_a-l-cauchy/, em 01 de junho 2023

[23] Loibe, Gilberto Francisco-Introdução à topologia-SP: Editora UNESP, 2007.

[24] Silva, Cı́cero José da, Soares, Willames de Albuquerque, Galdino, Sérgio Mário Lins. Pré-Cálculo com
Problemas Resolvidos / Piracanjuba-GO Editora Conhecimento Livre, 2022
Exercı́cios Resolvidos de Medida de Integração 97

[25] Silva, Cı́cero José da, Soares, Willames de Albuquerque, Galdino, Sérgio Mário Lins. Análise Real: Introdução
as Majorações vol.I, Piracanjuba-GO

[26] Silva, Cı́cero José da, Soares, Willames de Albuquerque, Galdino, Sérgio Mário Lins. Análise Real: Introdução
as Majorações vol. II, Piracanjuba-GO

Você também pode gostar