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Prova de Economia Internacional 1974-2010

prova de economia brasileira com questões sobre o período pós milagre até a década de 2000. Perguntas e respostas

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PROVA 2 DE ECONOMIA BRASILEIRA

1) Explique como a economia brasileira passou por uma mudança de curso entre o final
da década de 1970 e o início da década de 1980, culminando com o esgotamento de seu
processo de substituição de importações e reorientação das políticas econômicas para o
combate ao endividamento e à inflação. Aponte em sua resposta as conexões entre a
crise dos anos 1980 e as políticas adotadas na década anterior.
Desde o milagre econômico muitos investimentos via endividamento do Estado foram
feitos na indústria brasileira. Ao fim desse período, o governo Ernesto Geisel (1974-1979) -
Mário Henrique Simonsen(Min da Fazenda), lidava com desafios como: aumento da
dependência externa brasileira, com crescimento liderado pelo setor de bens de consumo
duráveis, que dependeu do aumento das importações de bens de capital (requisito para a
manutenção do crescimento) e também por conta do crescimento da demanda doméstica por
petróleo, bem como por causa do aumento da dívida externa; aumento da vulnerabilidade
externa da economia, que estava sujeita à demanda externa, aos preços de importação e aos
juros internacionais; o 1° Choque do Petróleo em 1973, que teve efeitos nas economias
industrializadas e nas em desenvolvimento, é claro. Nos países industrializados, houve
aceleração inflacionária, aumento dos juros e contração da atividade econômica. Com isso, os
países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, sofreram com deterioração dos termos
de troca, redução das exportações, encarecimento das importações e déficits comerciais
constantes. No caso do Brasil, havia ainda o agravante da dependência do petróleo para o
crescimento econômico do país. Como forma de ajustar a economia do país, foi desenvolvido o
II PND, com vistas à superação da dependência externa via ampliação da capacidade
produtiva de bens de capital e insumos, o que significaria um avanço na substituição de
importações.

O II PND foi um ousado plano de investimentos públicos e privados, a serem


implementados ao longo do período de 1974-79. Os novos investimentos eram dirigidos aos
setores identificados como os grandes “pontos de estrangulamento” que explicavam a restrição
estrutural e externa ao crescimento da economia brasileira: infraestrutura, bens de produção
(capital e insumos), energia e exportação. O II PND pressupunha investimentos de grandes
proporções e com prazos extensos de maturação e havia indisponibilidade de mecanismos
privados para o financiamento, logo, fez-se uso de mecanismos públicos e externos para o
financiamento, com alguma participação do setor privado (apoiado em créditos subsidiados do
BNDE). Os investimentos do setor público eram financiados por impostos e por empréstimos
externos captados por empresas estatais, já que houve queda nas taxas de juros internacionais
a partir de 1975 e aumento na liquidez internacional oriunda dos petrodólares, com retomada
da economia mundial após o primeiro choque do petróleo, favorecendo os empréstimos.

A dimensão dos gastos em investimentos e das importações necessárias para o avanço


do Plano pressupunham a deterioração do BP no curto prazo e sua recuperação em anos
posteriores. Previa-se um avanço do processo de substituição de importações que resultaria na
redução do coeficiente de importação de bens de capital, o aumento da capacidade de
exportação e diversificação da pauta de exportações e a redução da dependência externa em
relação ao petróleo. O resultados externos reais foram: déficits comerciais recorrentes entre
1974 e 1978, com crescimento nas importações de bens de capital, muito provavelmente para
possibilitar os investimentos no setor de infraestrutura, já que o mercado interno não ofertava
esses bens de forma satisfatória; crescimento dos déficits na conta de serviços e rendas do BP,
por conta das remessas de lucros e juros ao exterior e crescimento no superávit na conta de
capital. Já os resultados internos foram: Crescimento do PIB (1974-78: 6,7% a.a. - 1979-80:
8,0% a.a.) induzido pelo investimento, aumento formação bruta de capital fixo como
porcentagem do PIB (1974-78: 22,3% - 1979-1980: 23,5), aumento da participação das estatais
no investimento total e aumento da inflação (1974-78: 37,8% - 1979-80: 93%).

Alguns dados sobre os resultados do II PND: redução da participação de bens de


capital importados na FBCF, redução da participação de bens de capital na pauta de
importações, redução da participação do petróleo importado no consumo total de petróleo no
país, redução da participação de bens básicos na pauta de exportações brasileira com
aumento do peso dos bens manufaturados. Em suma, os objetivos (e as expectativas) de
mudança estrutural que motivaram o II PND foram, em geral, alcançados. No entanto, com
elevados custos macroeconômicos, como o alto endividamento externo que o viabilizou,
causando descontrole inflacionário e crise da dívida.

A virada do final de 1970 para o início de 1980 (final do Geisel) foi marcada, então, pelo
aprofundamento e esforço final do Programa de Substituição de importações, bem como pelo
crescimento da dívida externa e da inflação, com o agravante do segundo choque do petróleo,
que aumentou as taxas de juros internacionais.

No início de 1979 (general João Figueiredo), a economia brasileira ainda estava


crescendo vigorosamente se endividando no exterior. Internamente, a inflação se acelerava,
apesar das políticas de controle da demanda agregada (por via fiscal e monetária(contração))
implementadas desde 1976. Para tentar conter a inflação, reorientando a política econômica,
Simonsen adotou um conjunto de medidas restritivas, que visavam reforçar o controle sobre os
meios de pagamento e o crédito bancário (inclusive os empréstimos do BNDE), bem como
conter os investimentos das estatais e as despesas com subsídios. Além disso, o ministro
anunciou uma nova política cambial, cujo objetivo era promover desvalorizações reais da taxa
de câmbio(a fim de melhorar o saldo da BP). Essa política teve como contrapartida as
Resoluções 432 e 230 do Banco Central (Bacen), que permitiam a empresas e bancos
depositarem no Bacen os dólares devidos antes do vencimento das obrigações. Isso, na
prática, transferia o risco cambial e os custos de futuras desvalorizações para o governo, que
se tornava, então, responsável pela liquidação das dívidas em suas datas de vencimento (fator
que fez crescer a dívida externa, ainda mais com a elevação das taxas de juros mencionadas
anteriormente). - CRISE DA DÍVIDA CONEXÃO

Após pressões e forte rejeição às políticas adotadas, Simonsen renunciou e Delfim


Netto foi o substituto. As correções do câmbio e das tarifas públicas promovidas por ele
aceleraram a inflação, que saltou da média anual de 38% durante o governo Geisel para 93%
ao ano em 1979- 80. Essa aceleração refletiu também uma mudança no regime de reajuste
salarial, implementada em meados de 1979: reconhecendo que o rápido aumento da inflação
impunha perdas reais significativas aos salários, o governo mudou a periodicidade de reajuste
dos salários nos setores público e privado, de anual para semestral, embora com restrições à
reposição integral da inflação passada. Em janeiro de 1980, foi adotada a prefixação da
correção monetária (que corrigia contratos em geral) em níveis inferiores aos da inflação em
curso, visando, sem sucesso, induzir expectativas de queda da inflação. As correções salariais
mais frequentes, aliadas à prática generalizada da indexação de contratos, tornaram-se fatores
realimentadores do processo inflacionário e da chamada “inflação inercial”. Trata-se de um
processo pelo qual os preços aumentam, a cada período, em função de seus aumentos
passados e da (vã) tentativa de os agentes recuperarem, sistematicamente, as perdas reais
deles decorrentes. - CONEXÃO CRISE DA INFLAÇÃO INERCIAL
2) Na segunda metade da década de 1980 e no início dos anos 1990 foram observadas
diversas tentativas do governo visando a estabilização de preços. Dentre elas se
destacam o plano Cruzado e o plano Collor I. Apresente e explique as bases teóricas dos
dois planos, suas principais estratégias para o controle de preços e as razões para o
insucesso das duas tentativas de controle inflacionário.

Em meados dos anos 80, o Brasil bateu a casa dos 300% e algumas interpretações
para esse fato estavam em debate. Uma delas era a tradicional e ortodoxa que dizia que o
processo inflacionário era resultante de um excesso de demanda por falta de controle do
orçamento público, que causava excesso de liquidez. A outra era de que o processo
inflacionário seria resultante de um processo de indexação dos preços e salários na economia,
que teria causado a chamada inflação inercial, um processo no qual a inflação gera aumento
de custos (salários), que gera novos aumentos de preços, que por sua vez, gera nova
recomposição salarial, aumentando os preços novamente. Com base nessa última visão, o
plano Cruzado foi lançado em 28 de fevereiro de 1986. Este plano visava a desindexação da
economia via pacto compulsório, que foi o congelamento de todos os preços, inclusive a taxa
de câmbio. A tabela da SUNAB foi criada, com punições de multa para os comerciantes que a
desobedecesse (fiscais do Sarney). Esperava-se que o congelamento fosse capaz de eliminar
o mecanismo de autorregulação dos mercados via preços, o que causaria a quebra da inércia
inflacionária. Além disso, o plano cruzado teve como medida uma reforma monetária, com a
criação de uma nova moeda, o Cruzado = 1000 cruzeiros para criar a imagem de uma moeda
forte e a possibilidade de intervenção em contratos, com esse novo padrão. Bem como a
extinção das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNS), título público federal
com correção monetária, que estavam indexadas e foram substituídas pelas Obrigações do
Tesouro Nacional. Desvalorizações do cruzeiro frente ao cruzado eram feitas diariamente para
fortalecer a nova moeda frente à antiga. A política salarial também se destaca pelo seguinte:
salários em Cruzados definidos pela média dos últimos seis meses anteriores ao lançamento
do plano (valores correntes), concessão de um abono de 8% aos salários (16% salário
mínimo), os dissídios passaram a ser anuais e houve a criação do Gatilho Salarial: correção
automática dos salários sempre que a inflação acumulasse 20%.

Apesar de conseguir alguns bons resultados à priori, como queda drástica na inflação
entre fevereiro e junho, crescimento na produção e no emprego e crescimento no consumo, o
plano teve suas contradições e problemas. Tais como o desalinhamento de preços no ato do
congelamento, que prejudicou alguns setores que estavam defasados no ato do congelamento,
já que houve reajustes salariais e de preços de insumos sem possibilidade de repassar preços;
a melhoria no salário real que superaqueceu a demanda, que já estava crescendo, e a
consequente escassez de oferta; o baixo investimento também influenciado pela alta demanda;
a piora nas contas externas, com cruzado se mantendo sobrevalorizado (taxa de câmbio fixa),
mas com piora no saldo comercial da BP porque exportadores passaram a focar no mercado
interno, aquecido pelo plano e por causa do pagamentos de juros internacionais. Esses
problemas se deram por desconsideração do componente de demanda da inflação, aumento
real do salário (abono), que contribuiu para uma explosão do consumo, frouxidão nas políticas
fiscal e monetária, congelamento de preços excessivamente longo, defasagens de preços
públicos, que criou déficits governamentais e o gatilho salarial como mecanismo de indexação.

O Plano Collor I foi baseado em outra visão acerca da inflação. Ela seria então,
originária da “fragilidade financeira do Estado”. Assim: a perda de credibilidade do Estado levou
à redução dos prazos de liquidação e ao aumento dos juros de seus títulos (overnight: ativos de
rápida liquidez (1 dia), indexados e com altas taxas de juros) e a rápida liquidação desses
títulos, com juros elevados, levava à necessidade de emissões pelo Banco Central, o que,
segundo um pensamento já difundido, gerava inflação. O plano teve como medidas: o bloqueio
por 18 meses dos depósitos bancários (contas correntes e poupança) e depósitos de overnight
acima de NCz$ 50 mil (equivalente a US$ 1.200), que seriam devolvidos pelo governo em 12
parcelas a partir de setembro de 1991 com correção monetária mais 6% de juros; o
congelamento de preços e salários; a eliminação de incentivos fiscais; a aplicação do imposto
de renda sobre lucros de operações no mercado de ações, atividades agrícolas e exportações
e a indexação dos impostos. Tudo isso visando o controle fiscal para desindexar a economia.

Os principais problemas e causadores do insucesso foram: confusão entre os conceitos


de “fluxo” e “estoque", pois segundo a TQM, a velocidade de circulação da moeda causa
inflação, não só o estoque disponível.
3) Por meio do Plano Real, o governo conseguiu, enfim, controlar a inflação brasileira.
Apresente as bases teóricas do plano e explique a estratégia de estabilização adotada
pela equipe econômica do governo Itamar Franco. Discuta, ainda, as razões do sucesso
do Real no controle de preços e os principais aspectos que o diferenciam dos planos
que o antecederam, em especial do Plano Cruzado.

O PLANO REAL foi baseado no diagnóstico de que a inflação era oriunda do desajuste
nas contas públicas e a proposta era: realização de ajuste fiscal, criação de um sistema de
indexação que progressivamente conduziria a uma moeda nova e uso de âncora nominal.
Quanto ao problema fiscal, a questão era o déficit operacional virtualmente baixo por
conta da inflação prevista abaixo da observada, o que ajudava nas receitas arrecadadas, que
eram indexadas pela inflação observada e nas despesas, que eram fixas. Isso era o Efeito
Tanzi às Avessas, em que o governo gasta menos, em termos reais, que gastaria caso a
inflação observada fosse próxima à previsão. E, controlar a inflação implicaria no aumento
deste desequilíbrio, o que não foi percebido em planos anteriores, assim, seria necessário
controlar as contas públicas já que se queria estabilizar preços.
Quanto à desindexação, o objetivo era eliminar o componente inercial da inflação
findando a memória inflacionária. A proposta era oriunda da Proposta “Larida” e consistia na
introdução de uma unidade monetária indexada (originalmente à ORTN) e então, as duas
moedas conviveriam durante alguns meses permitindo que os agentes optassem livremente
por utilizar qualquer uma delas, finalmente, a moeda velha (inflacionária) seria descartada. Foi
usada então a “Unidade Real de Valor” como unidade de conta atrelada ao dólar na base de
um para um, podendo ser utilizada facultativamente para expressar preços. Os preços oficiais,
contratos e impostos eram fixados em URVs, bem como os salários. Como os preços foram
indexados em URV’s, e os contratos reajustados em função da URV em Cruzeiros Reais,
quando o Cruzeiro Real foi substituído pelo Real (=1 URV), a memória inflacionária havia se
perdido, além disso, o fato de ser apenas uma unidade de conta evitou que a população
migrasse em massa para a URV de modo a infectá-la com a inflação do Cruzeiro Real
(diferente do plano cruzado).
Quanto ao uso da âncora cambial, foi feito uso da taxa de câmbio apreciada como
mecanismo para a manutenção da estabilidade de preços, como os das importações usadas na
indústria e isso causou também pressão sobre os preços internos, forçando a redução de
preços.
Diferente do Plano cruzado, não houve congelamento de preços para tentar desindexar,
nem reajuste salarial que causaria problemas de oferta e de demanda, considerou-se o efeito
tanzi às avessas, uso de unidade de conta. (MOTIVOS DE SUCESSO TBM)

4) A década de 2000 contrasta da década anterior em razão do nível de crescimento


econômico observado. Nesse sentido, apresente e discuta os principais fatores que
causaram o baixo crescimento econômico brasileiro durante a década de 1990 e explique
os elementos de política econômica e os aspectos conjunturais que viabilizaram um
novo ciclo de expansão econômica no país entre 2002 e 2010.
A década de 1990 foi marcada pela continuidade dos esforços para controlar a inflação.
As políticas adotadas de ajuste fiscal e abertura econômica tiveram impactos negativos na
produção interna, pois, a que se sabe, os investimentos públicos sempre foram indispensáveis
para o desenvolvimento da indústria brasileira e o mercado não chegou a se tornar competitivo
para aguentar a abertura. Além disso, a crise do México causou desconfianças sobre o Brasil e
os investimentos externos fugiram do país, altamente dependente dos tais.
Entre 2002 e 2010 o país experimentou uma expansão econômica nos dois governos
Lula. O cenário era: crise cambial(desvalorização), aumento do risco-país, inflação. Entre 2002
e 2006, o governo adotou uma política econômica ortodoxa, com vistas à superávits primários.
No 2° governo Lula, foi diferente. Houve aumento nos gastos públicos em relação ao primeiro
mandato, com afrouxamento da política de superávits primários, aumento da importância do
BNDES na economia, adoção de discurso e políticas pró-consumo, crescimento das
exportações (aumento dos preços das commodities) - fator externo. As políticas sociais como a
criação do bolsa família e os ajustes salariais reais diminuíram a desigualdade no país e
aumentaram a demanda em setores com menor grau de sofisticação; causou crescimento dos
serviços e também a expansão do crédito ajudou a crescer o consumo aí. Houve também o
programa de aceleração do crescimento lançado em 2007 com investimentos públicos em
setores estratégicos, como energia, infraestrutura social e urbana (habitação e saneamento) –
e o programa Minha Casa Minha Vida.
Todos esses fatores foram muito importantes para o chamado “Milagrinho” Brasileiro
ocorrido no período.

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