PROTOCOLO DE ATEDIMENTO À VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL - VIEP Cláudio MG 2023
PROTOCOLO DE ATEDIMENTO À VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL - VIEP Cláudio MG 2023
PROTOCOLO DE ATENDIMENTO
À VÍTIMA DE VIOLÊNCIA
SEXUAL
Cláudio - MG
Janeiro de 2023
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FICHA TÉCNICA
Prefeito
Reginaldo de Freitas Santos
Vice-Prefeito
Geraldo Ferreira Vaz
Elaborado por:
Isabela Flávia dos Santos
Coordenadora da Vigilância Epidemiológica
Tutora Municipal do Projeto Saúde em Rede
Colaboradores:
Cleonice Ferreira Rabelo - Coordenadora da Atenção Primária à Saúde
Luana Vilela e Vilaça - Diretora de Urgência e Emergência
Suzane Maria Pereira Silva - Coordenadora da equipe de Enfermagem do PAM
Cláudio - MG
Janeiro de 2023
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3
2 ACOLHIMENTO E NOTIFICAÇÃO ................................................................................ 3
3 ATENÇÃO HUMANIZADA ................................................................................................4
4 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS ........................................................................................ 7
5 DEFINIÇÃO DE CASOS DE VIOLÊNCIA .......................................................................8
6 FLUXOGRAMA DO ATENDIMENTO À VÍTIMA DE VIOLÊNCIA SEXUAL EM
CLÁUDIO-MG NO ÂMBITO DO SUS ................................................................................. 9
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................................14
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................15
ANEXO I ................................................................................................................................. 17
ANEXO II ................................................................................................................................19
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1 INTRODUÇÃO
2 ACOLHIMENTO E NOTIFICAÇÃO
O atendimento à vítima de violência sexual deve ser tratado como emergencial, sem
necessidade de regulação ou agendamentos prévios, devendo assim, ser prioritário. Assim que o (a)
paciente passar pela recepção e triagem, o enfermeiro de plantão deve contatar o Serviço Social e
Psicologia para realização do acolhimento em conjunto com o atendimento médico. O acolhimento
é elemento primordial e importante para a qualidade e humanização da atenção. Por acolher
entenda-se o conjunto de medidas, posturas e atitudes dos (as) profissionais de saúde que garantam
credibilidade e consideração à situação de violência.
Em relação ao acolhimento e à construção de vínculo, citada anteriormente, algumas
condutas que não devem ser seguidas durante o acolhimento são:
Usar um estilo interrogativo, confrontador ou acusador;
Fazer perguntas indutivas;
Fazer perguntas desnecessárias e que causem sofrimento;
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3 ATENÇÃO HUMANIZADA
A violência sexual, em razão da própria situação e das chantagens e ameaças, que humilham
e intimidam quem a sofreu, pode comumente vir acompanhada de sentimentos de culpa, vergonha e
medo, sendo necessário tempo, cuidado e respeito no atendimento e na escuta ofertada nos serviços
de saúde e em toda a rede. Isso significa garantir atendimento e atenção humanizada e uma escuta
qualificada a todos(as) aqueles(as) que acessarem esses serviços. O Decreto nº 7.958/2013 assegura
que durante o atendimento é preciso observar os princípios do “respeito da dignidade da pessoa, da
não discriminação, do sigilo e da privacidade”, além de aspectos como:
O devido acolhimento em serviços de referência;
A disponibilização de espaço de escuta qualificada com privacidade, de modo a proporcionar
ambiente de confiança e respeito;
A informação prévia das pessoas em situação de violência sexual, assegurada a compreensão
sobre o que será realizado em cada etapa do atendimento e a importância das condutas
profissionais, respeitada sua decisão sobre a realização de qualquer procedimento;
Divulgação de informações sobre a existência de serviços de referência para atendimento à
violência sexual.
A discussão sobre humanização da atenção e dos atendimentos não é uma novidade, pois
trata-se de premissa a ser assegurada em toda a rede de serviços que atendem as pessoas em
situação de violência sexual. No que se refere à saúde, a Política Nacional de Humanização (2004)
assegura a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as
instâncias do SUS. Conforme a Política, “humanizar é ofertar atendimento de qualidade articulando
os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria dos ambientes de cuidado e das condições
de trabalho dos profissionais”. A Humanização deve ser vista como uma das dimensões
fundamentais da atenção em saúde, não podendo ser entendida apenas como um “programa” a ser
aplicado aos diversos serviços, mas como uma política que opere transversalmente em toda a rede
SUS (PNH, 2004).
Ao se discutir aspectos para garantir o atendimento humanizado nos serviços de saúde, é
preciso ressaltar o acolhimento como um importante elemento para a qualidade e humanização da
atenção. Por acolher, entenda-se o conjunto de medidas, posturas e atitudes dos(as) profissionais de
saúde que garantam credibilidade e consideração à situação de violência. Como mencionado, a
violência sexual constitui um grave problema de saúde pública, pois representa uma das principais
causas de morbidade, especialmente de meninas e mulheres. Nesse sentido, cabe reconhecer os
serviços de saúde como importantes portas de entrada para aqueles(as) que sofreram violência
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Foi realizada reunião em 28/06/2022, junto aos profissionais da Rede de Atenção à Saúde
(RAS), com profissionais do CREAS, CRAS, APS, CAPS e VIEP, para para definir o fluxo de
atendimento e acompanhamento das vítimas de violências no município. O fluxo foi definido, e está
apresentado posteriormente. O intuito dessa reunião foi de alinhar e padronizar o acolhimento e
acompanhamento dessas vítimas, e de repassar as notificações e informações para que a ESF e o
CREAS realizem acompanhamento compartilhado desses casos, estimulando e mantendo a
comunicação entre si, a fim de promover melhor assistência, promovendo a privacidade e
integridade das pacientes, levando em consideração os aspectos éticos e legais. Esse fluxo foi
repassado aos demais pontos da rede para segmento, como PAM, ESF, NASF, EMAD, dentre
outros. A seguir o fluxograma de atendimento:
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Orientar vítima a
realizar denúncia:
Se a vítima der Encaminhamento
Disque: 180/181 Identificação dos para
entrada no Pronto
ou Polícia Militar:
Atendimento com casos de violência: Acompanhamento
190 O que fazer? do caso conforme
lesões suspeitas
Polícia Civil: 100
protocolos
Ministério Público
Realizar consulta
clínica e adotar
Rede Intersetorial conduta para cada 1- É responsabilidade
Encaminhamento por escrito da caso da Equipe de Saúde,
notificação de Violência com apoio do NASF de
Interpessoal à VIEP para referência e Grupo
acompanhamento e orientações Articular, o
do indivíduo ou família, e acompanhamento dos
encaminhamento para a rede. Notificação dos casos de violência do
casos suspeitos e seu território;
confirmados 2- Para o atendimento
integral das pessoas
em situação de
Após averiguação da denúncia violência é importante
com a vítima, realizar que os usuários sejam
Violência Sexual encaminhados aos
encaminhamento para 1- Profilaxia para IST’s não
acompanhamento na RAS, para serviços especializados
virais; de acordo com a
acompanhamento com a rede de 2- Profilaxia HIV;
apoio. Após a ficha de notificação necessidade. Se os
3- Testes rápidos ou coleta recursos acima não
chegar à VIEP, o setor encaminha o de exames laboratoriais;
caso através de ofício por e-mail forem suficientes e for
4- Profilaxia gravidez necessário recurso
para os pontos da rede necessários (anticoncepção de
para acompanhamento (CREAS, judicial, acionar a
emergência para mulheres promotoria.
ESF, CRAS, acompanhamento em idade fértil);
psicológico, dentre outros) 5- Avaliar riscos Hepatite B
e C;
6- Avaliar necessidade de Outras Violências
encaminhamento vaga Tipos: Física,
zero; psicológica, sexual,
Solicitação de 7- Avaliar necessidade de
acompanhamento patrimonial, moral.
encaminhamento 1- Avaliar existência de
especializado para a rede de ambulatorial;
apoio intersetorial lesões graves e possível
8- Orientar a mulher sobre necessidade de
(ESF, NASF, etc.) direitos ao abortamento encaminhamento vaga
legal; zero;
9- Atenção para os casos 2- Acompanhamento
encaminhados para IML; terapêutico pela equipe
Acolhida e 10- Acompanhamento da Saúde da Família, de
acompanhamento da terapêutico pela equipe da acordo com cada caso,
vítima e sua família pela Saúde da Família.
equipe do CREAS
Legenda:
Encaminhamento para o RAS: Rede de Atenção à Saúde
CRAS e/ou ESF após a ESF: Estratégia de Saúde da Família
superação da situação CREAS: Centro de Referência Especializado de Assistência Social
de violência CRAS: Centro de Referência de Assistência Social
NASF: Núcleo de Apoio à Saúde da Família
VIEP: Vigilância Epidemiológica
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Unidade de Saúde
Delegacia ou (ESF, Centro de saúde e
*1 outras redes ) *1
PAM
(Pronto atendimento médico)
Determinação de
Notificação dos casos Acolhimento Humanizado/ atendimento
suspeitos ou confirmados Escuta e Não urgência/ Emergência
(Ficha de Violência Anamnese (pelo médico)
Interpessoal) *2
Avaliação do risco
Encaminhar o caso a *2
Vigilância
Epidemiológica (VIEP)
Anticoncepção de emergência *3
+
Exames laboratoriais *4
Legenda:
*1 : Em caso de a paciente não chegar ao ESF e outras unidades de saúde acompanhada da polícia, acionar
a PM local para registo do Boletim de ocorrência. E em todos os casos que chegarem nos demais pontos da
RAS (Rede de Atenção à Saúde), encaminhar a paciente ao PAM.
*2 : Identificação de hematomas, lacerações, lesão pérfuro cortante, traumatismo, abdômen agudo.
*3 : Indicação a todas pacientes expostas a gravidez por contato certo ou duvidoso com sêmen. Período de
até 5 dias após o crime sexual.
*4 : Comunicar laboratório previamente e sinalizar sigilo e proteção da privacidade. Exames: hemograma,
glicemia, TGO, TGP, fosfatase alcalina, creatinina, beta-HCG, HIV, VDRL, HbsAg, anti-HCV
(preferencialmente testes rápidos).
*5 : CSSJD (Complexo de Saúde São João de Deus em Divinopólis MG): Profilaxia ISTs (Infecções
Sexualmente Transmissíveis), HIV, tétano e hepatites para casos agudos (até 72 horas). A profilaxia de
ISTs, hepatites e HIV não são indicadas em casos de violência crônica e prolongada (mais de 72 horas).
*6 : Para coleta de material biológico para sua utilização como prova nos processos criminais favorecendo,
assim, a responsabilização dos agressores. Colher material de cavidades até 72 horas após o ato.
*7 : Acompanhamento com a rede de apoio. Após a ficha de notificação chegar à VIEP, o setor encaminha
o caso através de ofício por e-mail para os pontos da rede necessários para acompanhamento (CREAS, ESF,
CRAS, acompanhamento psicológico, dentre outros).
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(BRASIL, 2015), que deve ser utilizado em toda a RAS, de forma a facilitar e padronizar o
acolhimento e acompanhamento desse paciente vítima de violência.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 10.741, de 1º
de outubro de 2003. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em 07 dez 2022.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
11.340, de 7 de agosto de 2006. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em 07
dez 2022.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº
12.015, de 7 agosto de 2009. Disponível em:
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12015.htm>. Acesso em
07 dez 2022.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos.
DECRETO Nº 7.958, DE 13 DE MARÇO DE 2013. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7958.htm>. Acesso em
03 jan 2023.
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI
No 6.259, DE 30 DE OUTUBRO DE 1975. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/decreto/d7958.htm>. Acesso em
07 dez 2022.
UFTM, Universidade Federal do Triângulo Mineiro Hospital de Clínicas. EBSERH, Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares. Hospitais Universitários Federais. Protocolo -
Assistência às mulheres e meninas vítimas de violência sexual. 2021. Disponível em:
<https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-sudeste/hc-
uftm/documentos/protocolos-
assistenciais/AssistnciasMulhereseMeninasviolnciasexualfinal...pdf>. Acesso em 07 dez 2022.
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ANEXO I
ANEXO II
1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO
* Ver detalhamento no prontuário ou ficha de notificação de violência
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4. EXAME FÍSICO
Anotar achados do exame físico geral, sinais vitais, situação vacinal. Descrever com detalhes
as lesões encontradas (tipo, aspecto, tamanho, localização, etc).
Peso: _______ Kg; Pressão arterial:______/_____mmHg; Pulso: ____ bpm; Temp.:_____°C
Estado clínico geral: _________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
Situação Vacinal: Tétano: ( )não ( ) sim Hepatite B: ( )não ( )sim
Lesões na cabeça e pescoço: Não ( ) Sim ( ) Descrição:______________________
Lesões na mama: D( ) E( ) Descrição:______________________________
Lesões no tórax e abdome: Não ( ) Sim ( ) Descrição:______________________
Lesões em membros superiores: Não ( ) Sim ( ) Descrição:______________________
Lesões em membros inferiores: Não ( ) Sim ( ) Descrição:______________________
Lesões genitais ou extragenitais: Não ( ) Sim ( ) Descrição:______________________
Registrar outros achados do exame físico: _______________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
5. EXAMES SOLICITADOS
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Hemograma( ) Transaminases( )
Anti-HIV( ) HBsAg( ) Anti-HCV( ) VDRL ou RPR( )
Conteúdo Vaginal: bacterioscopia( ) cultura( ) biologia molecular( )
Investigação endocervical para: gonococo( ) clamídia( ) HPV( )
RX( ) Partes do corpo:________________
Ultrassom( ) Partes do corpo:________________
Tomografia Computadorizada( ) Partes do corpo:________________
Outros exames( ), Descrição:_________________________________________________
7. COLETA DE MATERIAL/VESTÍGIOS
Coleta de material/vestígios de interesse pericial: Não( ) Sim( )
Swab vaginal: Não( ) Sim( )
Swab anal: Não( ) Sim( )
Swab oral: Não( ) Sim( )
Swab outros locais: Não( ) Sim( ) Especificar: _______________________
Armazenado em Papel Filtro: Não( ) Sim( )
Outro suporte: Não( ) Sim( ) Especificar: _______________________
8. ATENDIMENTO PSICOLÓGICO
Durante o primeiro atendimento( ) ou no seguimento ambulatorial( )
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
__________________________________ __________________________________
Assinatura e carimbo do(a) Médico(a) Assinatura e carimbo do(a) Enfermeiro(a)
____________________________________ __________________________________
Assinatura e carimbo do(a) Psicológo(a) Assinatura e carimbo do(a) Assistente Social