Índice
Bebê Secreto para o Melhor Amigo do meu Irmão
Capítulo Um
Capítulo dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo onze
Capítulo Doze
Epílogo
OUTRA HISTÓRIA QUE VOCÊ PODE APRECIAR
Os Trigêmeos Surpresa de um Bilionário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro
Bebê Secreto para o Melhor Amigo do meu Irmão
Por Ella Brooke
Todos Os Direitos Reservados. Copyright 2018 Ella Brooke.
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Capítulo Um
Charlotte
"Oh, meu Deus. Ele é lindo. "
Eu era o centro da atenção pela última meia hora - afinal, era meu vigésimo
primeiro aniversário, portanto eu merecia ser o centro das atenções - e estava um
pouco embriagada. Então, quando minhas amigas começaram a encarar a porta
do bar, não consegui evitar de ficar um pouco aborrecida.
"Ei," reclamei. "Eu pensei que estávamos aqui para celebrar meu aniversário,
e não para ficar de olho nos meninos da área."
"Oh, querida, você sabe que nós te amamos." Minha melhor amiga
Angela Robinson mal olhara para mim. "Mas ... bem, dá uma olhada, vai?"
Relutantemente, olhei para a porta.
E imediatamente parei de respirar.
Lindo não servia nem para começar a descrever. Esse cara parecia ter saído
direto das minhas fantasias. Alto, ombros largos e cabelo ébano, ele exalava
confiança, arrogância, tanta que a multidão se abria para ele a medida que
andava. Ele usava uma jaqueta de couro velha e desgastada e jeans esfarrapado,
segurando um capacete de moto preto no braço.
Uma das minhas amigas assobiou alto. Ele olhou na nossa direção: uma clara
feição de desdém, o desprezo brilhando em seus olhos marrom dourados, e eu
quase caí no chão.
Porque eu já tinha visto aqueles olhos âmbar antes. Eu sonhava com eles todas
as noites durante anos.
"Hunter", eu disse, muito suavemente. "É o Hunter."
"O quê?" A cabeça de Angela virou. "Você conhece esse cara, Char?"
Eu assenti. "Ele era o melhor amigo do meu irmão. No ensino médio, eles
eram inseparáveis. Enfim, ele é um Kensington. O filho mais velho, na
verdade. "
Os Kensingtons eram os maiores empresários da cidade de Pinecone,
Virgínia. A Kensington Media é um conglomerado que cresceu rápido, e embora
a empresa agora estivesse sediada em DC, ainda haviam escritórios subsidiários
em Pinecone. Como uma família de bilionários, nenhum dos Kensingtons tendia
a sair para bares fedorentos, por isso não era realmente surpreendente que
Angela não conhecesse Hunter. Ele não era o tipo que saía com o povo, com
exceção do meu irmão. Na verdade, ele só foi para a escola pública local no
ensino médio porque ele fora expulso de praticamente
todas as academias privadas no estado.
"Uau. Os olhos de Angela se arregalaram. "Você acha que ele vai se lembrar
de você?"
Pensei em como estava a minha aparência quando ele me viu pela última vez -
magricela, dentuça e com cabelos cor de cenoura. Eu melhorei bastante desde
então, com a ajuda da adolescência e um ortodontista muito bom, e gostava de
pensar que minha aparência atual não lembrava muito como eu era aos doze
anos.
"Acho que não."
"Não importa", decretou Angela. "Você tem vantagem, querida."
Houve murmúrios de protesto do grupo, mas Angela os calou de forma
firme. "Ela conhece ele, então ela está na frente. Além disso, é o aniversário
dela. E esse cara é o melhor presente que uma garota poderia pedir. Estou certa
ou não?"
As garotas assentiram com a cabeça e riram, e eu considerei seriamente a
sugestão. Normalmente, eu não estaria inclinada a me oferecer a um estranho em
um bar, mesmo que fosse um estranho lindo e fortemente musculoso - mas esse
não era qualquer cara. Era Hunter Kensington, o bad boy
do Pinecone High School... e o homem com quem eu sonhava casar desde a
sexta série.
De qualquer forma, minha aparência era boa, se eu tivesse que afirmar –
deixei de lado o meu jeans de sempre e a camisa colegial para curtir minha noite
com as garotas, e meu corpo (que não era mais franzino) estava coberto por um
vestido preto levemente apertado, decotado de tal forma que mostrava meus
peitos e minhas pernas. Além disso, os dois copos de sangria que eu havia
bebido me deram uma pequena carga de coragem que eu normalmente não
possuía.
"Okay", concordei finalmente, saindo da mesa. "Vou abrir meu presente."
Urros e assobios me seguiam enquanto eu passava pelo bar lotado. Hunter
havia se acomodado confortavelmente na bancada do bar, fazendo parecer que
ele passava todo o seu tempo em bares assim, em vez do clube em
Richmond. Reunindo minha coragem, eu me empoleirei no banquinho ao lado
dele. Ele tirou o casaco, exibindo uma camiseta preta, e ele estava magro e
musculoso como um gato selvagem, com olhos combinando. As pessoas sempre
o compararam com uma pantera, e agora eu sabia o porquê.
"Ei, aí", eu disse. Tentei uma voz sensual, mas o olhar divertido que ele
disparou contra mim me dizia que eu não tinha sido bem sucedida. Bem, eu era
uma estudante universitária ocupada, e não passava muito tempo investindo nos
garotos. Na verdade, eu nunca tinha...
Bem, como havia dito, eu era ocupada.
"Olá." Seu olhar percorreu-me, e o olhar impressionante em seus olhos âmbar
me deixou sem fôlego. Não havia dúvida de que ele gostava do que viu. "Se
importa que eu te pague uma bebida?"
"Eu adoraria uma bebida." Eu ofereci o sorriso mais sexy que conseguia
fazer. "Estou com sede."
"Aposto que está. Você parece ser do tipo sedenta. O que você bebe, querida?"
"Sangria.”
"Essa é uma bebida feminina. Que tal algo um pouco mais potente?”
"Eu amaria provar algo um pouco mais... viril", falei, e fiquei encantada de
ver seus olhos se expandirem. Mas ele se recuperou rápido dessa.
"Que tal um pouco de whisky?"
Eu nunca tinha bebido, mas eu ao menos conhecia essa. "Parece ótimo."
Ele sinalizou o barman, e rapidamente dois copos de whisky se materializaram
na nossa frente, derramados de uma garrafa marcada como Lagavulin. O whisky
tinha um tom de âmbar um pouco mais escuro do que o de seus olhos, e parecia
delicioso. Ele levantou o copo em seus lábios e jogou-o de volta facilmente, e fiz
o meu melhor para imitar aquele movimento.
Um segundo depois, eu estava tossindo e pulando, meus olhos lacrimejando,
minha garganta queimando.
Ele riu. “Talvez você não esteja pronta para algo assim tão viril, ” ele disse
entre risadas.
Gaguejei um pouco mais, depois enxuguei os olhos (obrigada, Deus, pelo
rímel a prova d’água) e olhei para ele. Parecia que o whisky ainda estava abrindo
um buraco no meu esôfago, mas estava determinado a não deixá-lo ver meu
desconforto.
"Acredite em mim," eu disse, me inclinando para a frente e colocando uma
mão no antebraço dele, sentindo o calor de sua pele, a solidez de seus
músculos. Minha palma coçava pedindo mais dele. "Estou pronta."
Perto assim, ele tinha um cheiro incrivelmente masculino – parecia couro e
calor, com um toque de sabão ou colônia que o fazia cheirar como brisas de
inverno. Eu nunca tinha tido tempo de ficar com rapazes no ensino médio ou na
faculdade, e nunca me importei tanto com isso. Na verdade, eu me perguntava
mais de uma vez se eu podia ser assexuada, porque garotos nunca pareciam ser
uma prioridade para mim. Mas de repente descobri que eu era, de fato, um ser
sexual. O calor pulsava entre as minhas coxas, uma sensação inebriante que
raramente havia sentido antes.
Ele olhou para mim, os longos cílios pretos varrendo para mascarar o brilho
daqueles olhos. "Eu sou Hunter", ele disse, sua voz baixa e sombria. "Qual o seu
nome, querida?"
Respirei fundo, imaginando se ele se lembraria de mim depois de todo esse
tempo. Me questionando se queria que ele lembrasse.
"Me chame de Char", eu disse.
***
Hunter
Merda.
Quando a linda ruiva tinha pousado no banquinho ao lado do meu no bar, eu
tive uma sensação estranha de que a conhecia de algum lugar. Alguma coisa
naqueles olhos escuros e aquele cabelo de pôr do sol batia numa recordação
longínqua lá dentro de mim. Mas eu não tinha conseguido juntas os pingos até
ela me dizer o seu nome.
Char, uma ova. Era a irmãzinha do Jacob Evan, Charlotte. Jacob tinha sido
meu melhor amigo no ensino médio e, da última vez que eu tinha visto
Charlotte, ela era uma coisinha franzina, com dentes que imploravam por um
aparelho e cabelo alaranjado que apontava pra todas as direções, como se ela não
tivesse ideia do que era um pente. Era difícil imaginar que aquela
criança estranha tivesse se tornado nessa incrível criatura.
Eu olhei para a mesa enfeitada com balões, escrito Feliz 21 anos!, fiz a conta
na cabeça e suspirei. Tudo batia.
O que era uma grande vergonha.
“Charlotte”, disse eu, conscientemente deixando cair a minha voz no tom mais
frio que eu usava com empregados e subordinados. "Eu não te reconheci à
primeira vista. ”
"Eu reconheci você." Ela sorriu para mim, mostrando dentes brancos
perfeitos. Algum ortodontista tinha feito um senhor trabalho nela. "No minuto
em que você entrou."
Os dedos dela – longos e esbeltos, com unhas curtas rosa-bebê – apertavam no
meu braço e minhas bolas instantaneamente apertavam em resposta. Ela podia
ser a irmã pequena de Jacob, mas também era uma mulher muito sexy.
"Você não estava indo para a faculdade em algum lugar?" Eu tentei
conscientemente não tocar no assunto Jacob e família, considerando como tudo
ficou feio entre nós, mas Pinecone era uma cidade pequena e as pessoas falavam.
"Aham. UVa. Estou estudando jornalismo."
Ela sorriu inocentemente, mas apesar de não ter esse direito, fiquei
impressionado. A Universidade da Virgínia era uma das melhores escolas
públicas do estado, e se ela tinha entrado, devia, obviamente, ser uma jovem
muito inteligente. O que não era surpresa - na escola secundária, Jacob passava
direto, enquanto eu me estrebuchava.
Assumo que minha dificuldade provavelmente tinha menos a ver com a minha
falta de intelecto e mais a ver com o fato de eu ficar sendo expulso de escolas,
para não mencionar o fato de que eu implicava constantemente com todos os
meus professores. É difícil tirar notas decentes quando os professores o
detestam. Mas então.
"Bem." Eu tirei meu braço do alcance e raspei minha garganta
desajeitadamente, me sentindo um secundarista de novo. Eu geralmente não
tinha problemas em rejeitar mulheres, mas algo nela fez com que ficasse difícil
dizer um não. Seu sorriso era tão doce. "É bom te ver de novo, Charlotte. Uh,
Char. Acho que é melhor eu ir andando.”
Ela olhou para mim com uma expressão esperançosa. "Você acabou de
chegar."
"Sim, é, eu não estava procurando problemas. E você parece um problema
para mim, querida. "
Os olhos dela – azuis escuro, como o céu ao anoitecer – se encheram de dor, e
eu tinha quase certeza que havia visto os seus lábios tremerem.
"Eu não sou criança", ela disse suavemente, e com certeza, havia um leve
tremor na sua voz. "E eu nunca causei problemas, para ninguém. Mas eu olho
para você, e penso que talvez eu deveria começar a causar."
O tom suave e sincero me fazia querer dizer sim em vez de não, e percebi que
eu estava certo. Eu precisava sair dali. Fiquei de pé, tentando intimidá-la com a
minha altura. Ela também se levantou, e o topo da cabeça dela mal chegava ao
meu queixo, apesar do salto alto que usava. Mas ela não parecia intimidada,
mesmo assim. Ela parecia determinada.
"Eu vou embora", eu a informei.
"Eu vou com você", ela respondeu.
Na parte de trás do bar, eu podia ouvir seus amigos a animando, e isso me
irritava. O que eu era para ela, afinal? Um troféu a ser carregado? Um prêmio
para ganhar? Como um Kensington, e um cara de aparência razoável, eu estava
infelizmente acostumado com as mulheres me tratando dessa maneira, mas
nunca foi algo que me irritava. Eu não me importava em ser tratado como um
corte de carne bovina.
O fato de eu tender a tratar as mulheres do mesmo modo era irrelevante.
Irritado, eu puxei meu casaco, entoquei meu capacete debaixo do braço, e
caminhei em direção à porta, sem me importar se ela estava vindo junto ou
não. Quando o ar frio do lado de fora atingiu meu rosto superaquecido, suspirei
de alívio. Ficou mais quente dentro daquele bar do que eu tinha percebido.
Ou talvez fosse só a Char que estava quente.
Parte de mim queria ficar, para conhecê-la melhor, mas uma parte maior e
mais esperta de mim achava que seria melhor sair de uma vez enquanto o papo
estava bom. Fui para a minha moto – uma Harley Vintage que era mais velha do
que eu, bem mais – mas antes que eu chegasse nela, a mão dela agarrava o meu
braço.
Eu pesava quase 50 quilos a mais que ela, e poderia simplesmente continuar
andando, mas não o fiz. Lentamente, eu me virei.
Na escuridão, seus olhos pareciam o céu noturno, profundo e misterioso. Ela
estava olhando para mim, seus lábios se abriram e eu queria –
Oh, merda, eu queria ela. Não havia sentido em tentar negar isso. Eu queria
envolver meus braços ao redor dela, puxá-la contra mim e esmagar meus lábios
nos dela. Eu queria toma-la, aqui e agora, independentemente de quem pudesse
nos ver, independentemente da minha longa e tempestuosa história com seu
irmão mais velho. Independentemente do fato de que Jacob provavelmente me
caçaria e me mataria em seguida. Eu queria ela como um viciado ansiava por
uma dose, com um anseio selvagem e invencível.
E eu sabia que não tinha forças para dizer não para o apelo esperançoso
naqueles olhos.
"Vamos", eu disse bruscamente. Peguei sua mão com a minha e a puxei para o
beco atrás do bar.
Era quieto e escuro no beco, tijolos subindo pelos lados como paredes de um
desfiladeiro. Havia uma pista no ar que dizia que o outono estava chegando, mas
entre os prédios não havia vento, então a frieza da noite era tolerável. A única
iluminação vinha das estrelas espalhadas espessamente no céu, visíveis no
espaço entre os prédios, e uma fio de luz da lua. Poderia ter sido quase
romântico, se não fosse pelas latas de cerveja, containers descartados de batata
frita e outros detritos espalhados pelo asfalto. Assim, a melhor forma de
descrever a situação era que não estávamos próximos da lixeira, então não
cheirava tão mal assim.
E era privado.
Olhei para ela. Ela estava me encarando, seus olhos repletos do que parecia
felicidade, sua boca curvada em um sorriso fraco.
"Você realmente quer fazer isso, Charlotte?"
"Me chame de Char", ela murmurou. "E sim, eu quero. Eu quero você,
Hunter."
Foi a primeira vez que ela havia meu nome naquela noite, e o som daquilo -
suave, excitante, sedutor - acendeu um fogo em mim. Eu sabia que devia dizer
não, sabia que ela era jovem e inocente, e provavelmente não sabia exatamente
no que estava se metendo. E, no entanto, eu a coloquei de costas contra a parede
áspera de tijolos, sem gentileza alguma, e apoiei uma mão em cada lado dela.
Ela arfou, como se estivesse esperando por isso há muito tempo, e inclinou a
cabeça para trás. Abaixei, preenchendo a distância entre nós, e escovei aqueles
lábios com os meus.
Seus lábios eram como veludo: suaves, gentis e dóceis. Por um instante,
foi perfeito. Mas então, as mãos dela se ergueram e agarraram minha jaqueta, e
ela ficou na ponta dos pés, tentando aprofundar o beijo, sozinha. Ela era
exigente, mas desajeitada.
Nossos dentes rasparam juntos, e eu me retraí, recuando, enquanto uma
incrível suspeita tomava conta de mim.
"Você nunca beijou ninguém antes, Char?"
Mesmo na luz fraca das estrelas no céu, eu podia ver que ela estava
corando. Mas, embora estivesse claramente envergonhada, ela encontrava o meu
olhar firmemente.
"Eu nunca quis beijar ninguém além de você", ela sussurrou,
e instantaneamente eu havia me perdido.
Eu me inclinei novamente, capturando sua boca com mais firmeza. Seus
lábios se separaram, mas desta vez ela me deixou ser o agressor, deixou-me
mostrar a ela o que fazer e como fazê-lo. Minha língua traçou
cuidadosamente pela delicada carne de seus lábios, e então escorregou em sua
boca, e eu a senti tremer. Suas mãos soltaram minha jaqueta e arrastou-se para
cima, tentativamente, até que finalmente os dedos gentis deslizavam
profundamente em meu cabelo.
Foi a minha vez de tremer.
Eu a beijei mais profundamente do que antes, deixando meu corpo pressionar
contra o dela. Eu já estava duro, dolorido e excitado, e eu buscava alivio
pressionando o corpo macio e morno dela. Ela passou os braços em volta do meu
pescoço instintivamente, se rendendo a mim, e eu apertei meus braços em volta
de sua cintura e a levantei contra a parede.
Suas longas e delgadas pernas enrolavam em torno do meu quadril, e eu me
deixava inclinar nela, me deixava mover contra ela. Eu não podia ter parado
mesmo que quisesse. Eu ainda estava de jeans, mas, através do tecido eu podia
sentir que ela estava quente e molhada, e que o que eu queria tanto era coberto
por nada mais do que o tecido fino de uma calcinha. Imaginava se a calcinha era
preta para combinar com o vestido, me imaginava tirando o vestido para
descobrir, e o pensamento de sua linda pele pálida envolta por nada além de uma
seda da meia-noite fez um calafrio passar por mim.
Eu queria arrancar sua calcinha, abrir meu jeans, e fodê-la aqui e agora. Mas
um pensamento indesejável invadiu minha mente.
Se ela nunca beijou ninguém antes, ela é virgem.
Como virgem, ela precisava ser tratada suavemente – precisava que eu
provocasse seus mamilos, beijando e lambendo, e sugando até ela soluçar por
mais. Que eu descesse sobre ela, provocasse seu clitóris com a língua até que ela
ficasse tremendo, até que seu corpo estivesse macio, molhado e pronto para
mim. Ela era linda, doce e inocente, e sua primeira vez não podia ser uma foda
pesada e rápida contra uma parede áspera de tijolos.
Mas seus dedos apertaram meus ombros, os quadris dobravam contra os meus,
e eu não podia parar, nem mesmo desacelerar. Ela se prendia a mim como uma
estrela do mar, então larguei a cintura e busquei pela calcinha, tirando-a do
caminho. Ela colocou os pés no chão por um instante e arrancou o pequeno
pedaço de tecido, mas num instante ela estava amarrada em mim novamente.
Apoiei-a com uma mão e tateei meu jeans com a outra, conseguindo, de
alguma forma, baixar o zíper. Minhas mãos estavam tremendo, e eu me senti tão
desajeitado e descoordenado como da primeira vez que transei com uma
garota. O que era ridículo. Eu estava muito longe de ser virgem. De fato, eu já
havia tido tantas mulheres que perdi a conta.
Mas nenhuma delas tinha sido como essa mulher, e talvez isso fizesse toda a
diferença.
Eu tirei meu jeans e minha cueca boxer do caminho, pressionando contra ela
com ansiedade. Ela estava quente e molhada, e eu me senti latejando de
necessidade. Mas eu me forcei a esperar.
"Você tem certeza disso, Char?"
Não era desse jeito que a primeira vez devia ser, e eu sabia disso. Ela devia ter
velas perfumadas e lenços de cetim, e música suave e romântica. Em vez disso,
ela estava perdendo sua virgindade em um beco escuro, contra uma parede de
tijolos, com garrafas de cerveja vazias e outros tipos de lixo espalhados à nossa
volta. Não era, e eu culpadamente sabia disso, nem um pouco romântico.
Mas ela se afastou e olhou diretamente para mim, em um olhar firme e calmo.
"Eu tenho certeza", disse ela.
Eu gemi, e mexi levemente, pressionando para dentro dela. Ela gemeu, sua
cabeça caía para trás contra os tijolos, e suas mãos apertaram minha jaqueta de
couro com força. Na agonia da paixão ela estava linda, com os lábios separados
e os olhos fechando firmemente. Ela era incrível, apertada, úmida e quente, e eu
parei, apenas com a cabeça do meu pau dentro, tentando dar a ela uma chance de
se ajustar.
Mas ela gemeu, e se contorceu, e apertou minha jaqueta com mais força,
deixando claro que não queria esperar.
Minha espinha se flexionou, apesar das minhas melhores intenções, e enterrei
mais uns centímetros na sua carne macia. Ela era tão gostosa, tão boa, que eu
não conseguiria parar, mesmo que quisesse. Eu sequer pensei se podia parar. Eu
queria foder essa mulher todos os dias para o resto da minha vida.
Não – eu queria fazer amor com ela. Para sempre.
Ela balançava, tentando levar mais de mim para dentro, e eu dei o que ela
queria, afundando profundamente nela. Outro impulso, e eu estava tão dentro
quanto as bolas permitiam, meu pau dolorido era revestido completamente pelo
calor sedoso dela. Inclinei a cabeça e apertei meu rosto contra o ombro dela,
lutando para não me mover.
Por um longo momento, ficamos parados ali, imóveis, nossos
corpos unidos. Mas então ela murmurou novamente, e aquele leve
movimento roubou o que restava do meu autocontrole. Eu me retirei, quase que
por inteiro, e então empurrei forte.
Ela gritou, um som curto e quase angustiado, e eu congelei.
"Tudo bem?"
"Tudo bem", ela sussurrou, "bem, não pare, não pare –"
Certo de que não a tinha machucado, comecei a me mover dentro dela, forte e
firme, e com cada impulso ela gritava com prazer. Um pouco preocupado em
não atrair audiência – não que eu me importasse pessoalmente, mas ela
provavelmente não queria isso nos jornais amanhã – capturei a boca dela com a
minha e a beijei profundamente.
Não costumava beijar com frequência as mulheres que fodia. Não enquanto eu
estava as fodendo, pelo menos. Mas sua boca era tão doce que eu
não conseguia me conter. E, de alguma forma, beijá-la tornou tudo mais intenso,
mais profundo. Eu me senti tão estranhamente conectado com ela que meu peito
doeu.
Eu queria fazer amor com ela para sempre, mas era bom demais. Em alguns
momentos, eu estava ofegando na boca dela, meus quadris tremulando enquanto
eu lutava para conter meu clímax. Eu lutava por autocontrole e, por um
momento, achei que havia conseguido.
Mas então ela gemeu na minha boca, estremecendo por toda parte, e mais uma
vez eu estava perdido.
Meu orgasmo se chocou sobre mim em onda após onda de êxtase, me
afogando, enquanto derramava minha semente dentro dela, gemendo
impotente. Por fim, meu clímax morria em uma suave lavagem de prazer, e eu
quase caí contra ela, esmagando-a entre meu corpo e a parede.
Ela não parecia se opor. Ela enterrou o rosto no meu pescoço e pude sentir a
suave escova de sua respiração contra minha pele. Os dedos dela acariciavam
meu cabelo, muito gentilmente.
Eu também nunca fui carinhoso depois do sexo. Tudo que eu geralmente
queria do sexo era prazer superficial, em vez de qualquer tipo de interação mais
profunda. Mas por algum motivo, com ela, todas as minhas regras de vida foram
esquecidas. Suspirei, deixando ela acariciar meus cabelos e
aplicando beijos leves no topo da cabeça dela.
Eu queria permanecer lá para o resto da minha vida, ser parte dela para
sempre, mas a biologia estava contra mim e eventualmente, meu pau,
amolecendo, escapou dela. Ela deu um pequeno ruído de decepção, mas eu me
endireitei e fechei meu jeans. Ela empurrou a saia para baixo, sabiamente
escolhendo abandonar sua calcinha no asfalto sujo do beco.
Eu a olhei. Seu cabelo estava uma bagunça, seu batom estava manchado, e sua
maquiagem nos olhos estava borrada. E ainda assim ela era a coisa mais bonita
que eu já tinha visto. Ela parecia radiante e feliz, seus lábios inchados dos meus
beijos, e sua pele brilhando com o fluxo de prazer que havia trazido a ela.
Pensei no meu gozo misturado à umidade no interior das suas coxas, e o calor
me atravessou. Eu não conseguiria ficar duro de novo tão cedo, mas a ideia de
enchê-la com o meu gozo ainda fazia meu pau se contrair. Eu queria fazer de
novo e de novo. Eu nunca havia –
Ah, merda. Eu nunca havia esquecido de usar um preservativo antes.
Engoli saliva, desconfortado. "Hm, escuta, Char, eu meio que esqueci de,
uh..."
"Está tudo bem", rapidamente respondeu. "Uso pílulas."
Ainda assim ela não deveria estar tendo relações sexuais com pessoas quase-
desconhecidas sem proteção, mas eu não disse isso. Como eu havia me
consultado com um médico recentemente e sabia que estava limpo, não fiquei
muito preocupado. Ela ficaria bem, e eu também. Foi sorte dela estar na
pílula, porque eu só conseguia imaginar a raiva do meu pai se eu engravidasse
uma mulher de classe média. Eu podia ouvir sua voz na minha cabeça: Um
Kensington pode usar mulheres, Hunter, mas ele deve escolher uma dama!
Sim, haveria uma maldita prestação de contas com o velho se eu sequer
engravidasse alguém assim. Mesmo tendo vinte e sete anos, eu não gostava de
entrar em conflitos com meu pai. Tive brigas o suficiente com ele por uma vida
inteira. Então, era ótimo que ela fosse precavida em relação a isso, embora eu
tivesse que admitir que o pensamento de engravidá-la fazia algo dentro do meu
peito inchar, me fazia sentir quente e faminto de uma maneira que eu não
compreendia bem.
O que era estranho. Eu era o bad boy da família Kensington, do tipo wham-
bam-obrigado-madame, e nenhuma vez sequer havia pensado em me estabelecer,
casar e ter filhos. Não até esse momento.
Char estava causando todo tipo de efeitos estranhos em mim. Mas,
estranhamente, eu não me importava.
"Tudo bem", eu disse, e então hesitei. Esta era a parte em que eu geralmente
pegava a estrada sem olhar para trás. Mas não consegui fazer isso com Char. Não
porque ela era a pequena irmã de Jacob. Mas porque ela era...
Bem, ela era especial de alguma forma.
"Posso te ligar amanhã?"
Ela piscou para mim. Eu vi uma expressão duvidosa cruzar seu rosto, e
entendi bem – todos sabiam que eu não era o tipo de cara que se envolvia em um
relacionamento real. E a verdade era que eu não era esse tipo de cara... até essa
noite.
O que ela viu no meu rosto deve ter tranquilizado ela, porque ele sorriu
ligeiramente.
"Eu gostaria."
Eu a adicionei aos meus contatos, peguei meu capacete de moto de onde ele
caiu (em uma poça de algo que definitivamente não era água da chuva, ugh), e
olhei para ela.
"Boa noite, Char", eu disse.
E então, estimulado por um estranho impulso, fiz algo que nunca fiz com
nenhuma mulher.
Me curvei e dei um beijo de despedida.
***
O Motor da Harley Shovelhead rugia enquanto eu subia a colina em
direção a espalhada mansão Kensington, chamada simplesmente (mas com
precisão) de Hilltop. Minha mãe tinha morrido há anos e, embora eu não fosse
dono da minha própria riqueza, eu tinha dinheiro suficiente para residir onde
quisesse. Mesmo assim, eu ainda morava na casa que havia crescido. Dizia a
todos que era porque eu gostava de ter um exército de servos à minha
disposição, mas eu suspeitava que era mais porque depois de todos esses anos,
eu ainda estava pateticamente me esforçando para ganhar a aprovação do
meu pai, para fazê-lo me ver como algo diferente além de ovelha negra da
família.
Não é como se eu fosse admitir isso para alguém.
Particularmente não para o papai.
Meu irmão mais novo, Austin, morava na mansão também, mas ele estava
mais inclinado a passar o tempo em Nova York ou DC. O que estava ótimo, uma
vez que Austin e eu não nos dávamos bem. Onde eu sempre era o menino mau,
mais metido em problemas do que fora deles, ele era a estrela brilhante da
família, incapaz de fazer algo errado aos olhos do mundo. Ele passou direto pela
escola particular, com direito a AP e aulas de honra com facilidade, ao mesmo
tempo em que era o quarterback popular, e então ele passou para Harvard aonde
se graduou Summa Cum Laude há alguns anos atrás. Ele era amado por todo
mundo, e a imprensa o adorava, referindo-se a ele como Au O Garoto de Ouro.
Eu detestava aquele garoto.
Eu estacionei minha Harley no lugar de sempre na garagem maciça e
aquecida que ficava atrás da mansão, e então segui para a parte de trás da
casa. Quando entrei na casa, vi que haviam três policiais na cozinha. Eu não
tinha visto os carros deles porque cheguei pela estrada que dá nos fundos da
mansão.
Uma mão fria apertava meu peito. Merda. Austin tinha ido de jatinho privado
para Nova York; aconteceu alguma coisa com ele lá? O jato em si tinha
caído? Todo tipo de cenário horrível e assustador passou pela minha cabeça,
tornando difícil respirar. Claro, o moleque enchia o saco..., mas ele era meu
irmão e eu não queria que nada acontecesse com ele.
Ouvi a voz do meu pai na minha cabeça novamente: Para um Kensington, a
família é o que mais importa!
E pelo amor de Deus, isso era verdade. Por mais irritante que Au fosse, eu o
protegeria com a minha vida.
Parei na entrada, sentindo o coração tremer de medo. Os policiais olharam
para mim, tão inexpressivos como se fossem esculpidos em pedra.
"Está ... está tudo bem?" Eu perguntei, odiando o quão sugestivo eu
soava. Mas eu estava preocupado com o Au, porra. "Meu... meu irmão... ele
está...?"
Os policiais trocaram olhares. Então um deles deu um passo à frente.
"Hunter Kensington", disse ele, "você está preso".
Capítulo Dois
Charlotte
"Mamaaaaaa!"
Eu gemia no meu travesseiro enquanto a pequena voz me despertava, precisamente quinze minutos
antes do alarme tocar. Era o mesmo todas as manhãs. Minha filha não acreditava que eu podia dormir até o
amanhecer.
Pelo menos ela está dormindo durante a noite agora, pensei enquanto lutava para levantar. Finalmente.
Eu teria amado uma chance de adormecer pacificamente por mais alguns momentos na minha velha
cama de dossel branca, que eu havia escolhido com orgulho em uma loja de móveis quando tinha dez
anos. Infelizmente, Diana não aprovava lentidão no serviço, e seus uivos aumentaram o
volume. Relutantemente, me forcei para fora da cama, fiz o meu caminho com o olhar turvo pelo corredor,
abri a porta dela e colei um sorriso em meu rosto.
"Bom Dia!"
Diana acabara de completar dois anos alguns meses atrás, e era uma coisa pequena e delicada
com muitos cachos escuros que tendiam a enrolar durante a noite. Seu cabelo era quase preto, mas tinha
partes cobreadas, e seus olhos amplos eram uma avelã vívida. Ela me cumprimentou com um sorriso muito
mais sincero do que o meu, parecendo deleitada em me ver, como se eu não entrasse cambaleando
semimorta em seu quarto todas as manhãs.
"Mama!"
Eu a tirei do berço, plantei um beijo na testa e a coloquei no trocador, onde ela imediatamente começou
a gritar e seguir como se eu estivesse a matando. Ela não se interessava em treinar no troninho ainda, mas
também não se importava em ter a fralda trocada. Entretanto, a alternativa era inaceitável, então falei com
ela calmamente, tentando acalmá-la antes que despertasse o bairro inteiro. Felizmente, ela e eu moramos no
porão da antiga casa em que cresci, então não havia muita chance de ela acordar a minha mãe ou meu
irmão, cujos quartos estavam no segundo piso.
A tarefa havia terminado, nós duas nos dirigimos ao andar de cima para o café da manhã. Para mim,
eram dois pedaços de torrada com marmelada (nunca pude me convencer a comer mais tão cedo, mesmo
sabendo muito bem que seriam muitas longas horas até o almoço), e para ela, um copinho de bebê com suco
de maçã, fatias de banana e uma tigela de Cheerios. Enquanto ela estava entretida com o café da manhã,
passei no banheiro próximo para mijar e pôr meu uniforme azul, mantendo a porta aberta para que eu
pudesse ficar de olho nela. (Quando você tem um filho de dois anos, a privacidade é um dos muitos
privilégios que você sacrifica.) Eu havia trançado meus cabelos na noite anterior, depois do banho, então
tudo o que eu realmente tinha que fazer para tornar-me apresentável era passar um pouco de maquiagem.
Em pouco tempo, eu estava colocando Diana no velho carro de passeio e a deixando na creche (onde ela
seguramente gritaria enquanto achasse que eu pudesse ouvi-la, e então imediatamente correria com
uma risada feliz para junto de seus amigos).
Por fim, segui ao trabalho.
"Estou atrasada. Eu sei. Me desculpe." Levantei as mãos me desculpando enquanto eu corria para o
lugar. Pinecone era pequena demais até para ter um McDonald's, mas, como conseqüência, seu único
restaurante fazia comida rápida na área de café da manhã. Já haviam algumas pessoas sentadas nas mesas,
esperando impacientemente pelo serviço, e meu chefe olhava para mim enquanto eu corria para a
cozinha. Howie era um homem calvo e irritante na meia idade, cuja expressão perpétua e ácida escondia
um coração macio e fofo, e ele me lançou um olhar sombrio.
"Eu despediria você, se eu pudesse encontrar mais alguém que trabalhasse para mim".
"Eu me demitiria, se eu pudesse encontrar outro lugar para trabalhar", retruquei. Lavei as mãos na pia,
colei outro sorriso na cara e saí para o salão, para colher pedidos.
Pinecone nunca muda, e cada dia é muito parecido com o próximo. Passei a manhã cumprimentando os
clientes de sempre, junto do ocasional atrasado da interestadual vizinha, e recolhendo pedidos de ovos de
todo tipo (ao ponto, mexido, gema mole...). A hora do café da manhã mudou para a hora do almoço, e os
pedidos mudaram para vários tipos de cheeseburgers, e eu ainda não tive uma pausa sequer. Meus
pés estavam me matando, e eu estava morrendo de fome, mas continuei sorrindo.
Até que Hunter Kensington entrou.
Eu não o via há três longos anos e, subitamente, eu forçadamente lembrei da noite do meu vigésimo
primeiro aniversário, quando ele entrou no Zippo's Bar, vestido com uma jaqueta de couro e exalando uma
má atitude. Lembrei-me do suspiro de Angela: Oh, meu Deus, ele é lindo.
E ele ainda era, embora estivesse mais magro, seu rosto mais alinhado do que já foi. Ele caminhou
cansado, devagar, sem o orgulho arrogante que marcara cada um de seus movimentos no passado. Ele
parecia drenado, talvez até batido. E isso não era surpreendente, tendo em vista o que aconteceu com ele.
Mas mesmo que ele estivesse em falta com a arrogância que tinha, não
mostrou nenhum interesse pelas pessoas comuns. E quando os sussurros
começaram, ele não se preocupou em olhar em volta. Ele simplesmente se
acomodou em uma mesa e esperou com uma paciência sombria e cansada.
Oh, meu Deus, pensei freneticamente. Ele está aqui para me ver. Ele
finalmente saiu da prisão... e ele sabe da Diana. Ele sabe.
E, claro, porque ele era um Kensington, ele iria querer tirar minha filha de
mim. A família era tudo para os Kensingtons, e todos tinham uma idéia muito
forte de como crianças deveriam ser criadas. E ser criado por uma garçonete que
não conseguia arrumar dinheiro suficiente nem para o próprio apartamento
definitivamente não seria aceitável, do ponto de vista dos Kensington.
Meu coração começou a bater, e eu pensei em fazer algo que eu nunca fiz
antes na minha vida – fugir. Se eu saísse daqui agora, antes que ele me visse – se
eu corresse pela porta dos fundos, pulasse no meu velho Honda – se eu pegasse
Diana da creche e nós apenas acelerássemos para fora da cidade e nunca mais
olhássemos para trás –
Mas eu não podia. Eu era uma mãe solteira trabalhando como garçonete, e não
tinha dinheiro suficiente para pagar mantimentos por metade do mês, quanto
mais pra fugir pelo país. E eu não podia fugir. Minha família estava aqui, e além
disso, eu tinha uma filha que dependia de
mim. Precisava desesperadamente manter o meu trabalho.
Lentamente, com meu pulso trovejando nos meus ouvidos, segui para sua
mesa.
***
Hunter
Esse restaurante parecia uma merda, mas tinha que ser melhor do que a
comida da prisão.
Eu suspirei enquanto sentava na mesa, esperando com uma impaciência
levemente velada. Havia apenas uma garçonete nesse lixo, uma jovem com cara
de assediada que parecia preferir estar em qualquer outro lugar. Não podia culpá-
la. Eu também não queria estar aqui.
A verdade era que eu estava chateado. Meu irmão mais novo Austin sabia que
eu seria solto hoje. Eu cumpri minha sentença, paguei minha maldita dívida à
sociedade, e agora, finalmente, eu era um homem livre. Au deveria ter enviado
uma limusine para mim - ou pelo menos um maldito táxi. Em vez disso, tinha
que seguir o meu próprio caminho para casa.
Eu era um bilionário, pelo amor de Deus, e, no entanto, fui forçado a andar
várias milhas no frio de Fevereiro até que alguém tivesse piedade de mim e
parasse. Então eu peguei carona com um caminhoneiro e vim ouvindo o maldito
Brad Paisley por todo o caminho até aqui. Isso não me deixou com o melhor dos
humores.
Então, quando a garçonete finalmente fez uma pausa na minha mesa, eu
estava inclinado a comer a cabeça dela.
Ela usava um uniforme azul sem forma que efetivamente ocultava seu corpo,
e um boné que protegia demais seu rosto. Sua voz era doce, mas viva. "Como
posso ajudá-lo?"
Sucinto, falei. "Eu quero um hambúrguer. Fritas. Um Copo de Coca-Cola."
"Claro, senhor." Havia uma ênfase ligeiramente sarcástica no senhor, e
eu decidi que não iria deixar nenhuma maldita gorjeta. E sim, eu estava sendo
irracional, mas meu primeiro dia de liberdade já estava sendo uma merda, e a
atitude dela não ajudava. "Mais alguma coisa?"
"Não. Só me dá a minha comida. "
Ela se virou, sua trança vermelha balançou ligeiramente atrás
dela. A cor distinta dela – cabelo como o pôr do sol – chamou minha atenção, e
eu virei minha cabeça a tempo de vislumbrar seu perfil. Do nada, eu me sentia
como se o veículo de dezoito rodas no qual havia chegado até aqui tivesse
acabado de me atropelar.
"Char?"
Ela olhou de volta para mim, sem surpresa alguma no rosto. "Olá,
Hunter”, ela respondeu, sua voz quase monótona. Ela não estava emocionada em
me ver, isso havia ficado claro. Bem, não era surpresa. Afinal, eu era um
criminoso (bastante famoso). Eu não esperava que alguém em Pinecone ficasse
feliz em me ver, menos ainda a garota que eu fodi logo antes de...
Tentei tirar essa noite da minha mente (com um habitual sucesso parcial) e
olhei para ela, digerindo-a. Deus, Char mudou desde a noite do seu vigésimo
primeiro aniversário. Parecia cansada e decididamente mais velha. O que na
terra tinha acontecido com a jovem garota linda, de olhos brilhantes que era? E
por que, de todos os lugares, ela estava trabalhando nessa espelunca? Ela
não tinha mencionado que estava obtendo um diploma para poder seguir
jornalismo? Palavras que eu não queria dizer chegaram na ponta da minha
língua, e as cuspi de uma forma mais grossa do que pretendia.
"O que diabos você está fazendo aqui?"
"Trabalhando. " Seu tom era decididamente hostil. "Se me de licença, vou
aprontar o seu pedido".
Ela girou no calcanhar, e um tipo de pânico passou por mim. Ela estava se
virando, virando as costas para mim, e eu não suportaria deixá-la ir
novamente. Estendi a mão e agarrei seu braço, segurando-a ali. Ela virou a
cabeça, os olhos brilhando.
"Me solta. Agora."
Eu soltei, porque honestamente não era a minha intenção agarrá-la dessa
maneira. Tinha sido mais um instinto do que um movimento deliberado. De
alguma forma, eu simplesmente não queria que ela fosse embora. Depois de três
anos fantasiando sobre aquela noite com ela, parecia quase um milagre que ela
estava aqui, praticamente a primeira coisa que vi quando cheguei em casa. Era
como se o destino nos tivesse atraído de alguma forma.
Mas se esse era o caso, ela claramente não se importava com o destino. Ela
ajustou seus ombros, levantou o queixo e se afastou.
Ela não queria falar comigo.
Claro que não. Esta era, eu sabia, a reação que eu receberia de todos em
Pinecone. Merda, provavelmente de todos nos Estados Unidos. Embora eu não
tivesse pleiteado disputa alguma, e não tivesse havido julgamento, e
pouco drama ou suspense em relação ao meu destino, a notícia do meu suposto
crime havia sido exibida nos jornais, de uma ponta a outra do país. Era o preço
de ser um Kensington.
Todos sabiam que eu era um criminoso, e todos cuspiriam em mim por causa
disso, pelo resto da minha vida. Até Char.
A raiva, quente e irracional, me dilacerou. Me levantei e olhei para ela,
recuando.
"Ei!" Eu gritei.
Ela olhou para mim por cima do ombro dela e puxei o trocado de dinheiro que
recebi ao sair da prisão do bolso, encontrei uma nota de cinco dólares e atirei na
mesa. Eu estava voraz e não fazia uma refeição decente em dois anos
inteiros, mas não me sentaria nesse pequeno restaurante e a deixaria olhar para
mim dessa maneira, como se eu fosse algo nojento que ela havia raspado de seu
sapato. Preferia morrer de fome.
"Muito obrigado pelo seu serviço", gritei. Seu rosto se inundou de vermelho, e
eu sabia que ela entendia perfeitamente do que eu estava falando. Então eu
ajeitei meus ombros e saí do restaurante, fúria e dor tumultuavam dentro de
mim.
Maldição. Maldição. Eu era um Kensington. Mesmo que eu tivesse passado os
dois últimos anos na cadeia, como ela se atrevia a me olhar assim? Como
se atrevia?
A raiva surgiu dentro de mim, e a humilhação também. Num súbito, eu
desesperadamente queria ir para casa, esconder-me atrás das paredes de tijolos
brancos de Hilltop, onde ninguém poderia zombar de mim. A pé, fui para a
mansão na colina, tentando deixar o restaurante, e a lembrança de seus olhos
azuis escuros, para trás o mais rápido possível.
Com alguma sorte, nunca mais veria Char Evans.
***
Charlotte
"A última é que Hunter Kensington está de volta à cidade".
Nas palavras silenciosamente faladas do meu irmão, quase engasguei meu
espaguete. Olhei com uma culposa urgência, mas Jacob estava falando com
minha mãe, não comigo. Claro. Ela sempre teve um coração mole com Hunter, e
às vezes pensava que ele também tinha algum com ela. Pelo menos, ele sempre
moderou a linguagem grosseira e rude quando ela estava por perto, e a tratava
com mais respeito do que tratava qualquer outro adulto na cidade.
Mesmo quando criança, eu suspeitava que Hunter vinha até a nossa casa com
frequência não só porque ele gostava de Jacob, mas porque minha mãe havia
preenchido um espaço em sua vida, um espaço que estava vazio desde que sua
própria mãe morreu.
"Ah, que bom. O pobrezinho, foi encarcerado assim por dois anos. Não deve
ter sido fácil para ele."
Jacob revirou os olhos. "Mãe, por favor. Ele não é um pobrezinho. Ele
desviou dinheiro da instituição de caridade que a família dele criou, lembra?"
"Eu não acredito nisso, e você também não deveria." A voz da minha mãe era
suave e gentil, mas por trás havia uma nota de absoluta certeza. Ela sempre foi
como aço envolto em uma leve camada de marshmallow. Talvez ela tivesse que
ser assim, para criar duas crianças sozinha após o meu pai ter morrido. "Hunter
nunca roubaria de uma instituição de caridade. Eu não me importo com o que
esse julgamento tolo determinou. Simplesmente não é verdade. ”
Jacob suspirou. Ele era um cara esperto que tinha estudado negócios em
William e Mary, mas por algum motivo conhecido apenas por ele próprio,
escolheu não buscar um emprego bem remunerado na cidade grande. Em vez
disso, voltou para casa em Pinecone e, entre todas as opções, abriu uma livraria
usada. Em um mundo cheio de ebooks, livrarias raramente eram rentáveis e, de
qualquer maneira, Pinecone não estava exatamente cheia de leitores
fervorosos. Ele estava apenas ganhando superficialmente, financeiramente
falando, mas ao menos ele tinha seu próprio apartamento antes de voltar para a
nossa casa de infância para ajudar com Diana. Eu era grata, mas eu sabia que
estar perto de mamãe o tempo todo o prendia. Ela ainda tendia a tratá-lo como
um adolescente, em vez do cidadão adulto e responsável que ele se tornara.
"Mãe, Hunter nunca foi o cara bonzinho que você acha que ele era. Até no
ensino médio, ele era um idiota."
"Jacob Evans. Não vou ter esse tipo de linguajar na mesa de jantar."
Meu irmão correu uma mão irritada pelos seus cabelos castanhos baixos,
menos brilhantes do que os meus, mas mais vermelhos do que ele gostaria que
fossem. Quando adolescente, passava horas olhando para o espelho, chorando
pela cor de seus cabelos. Mas se adequava a ele. Ele era um cara bonito, e seu
cabelo era atraente. Por isso, eu suponho, ele conseguia namorar uma mulher
diferente a cada semana, apesar do grupo limitado de mulheres solteiras
disponíveis em Pinecone.
"Mas é verdade", finalmente ele disse. " O que ele fez comigo, mãe – as coisas
que ele disse – "
"Ele era um menino adolescente, Jacob. E ele estava passando por um
momento difícil. Não tenha rancores."
Jacob deu uma bufada irritada e voltou a comer o seu espaguete. Ele trazia o
seu rancor contra Hunter de um longo tempo – mais de dez anos – e não parecia
provável que ele desistiria em breve. Jacob também tinha um núcleo de aço.
Eu era grata pessoalmente por ele ser distraído pela mamãe. Jacob não tinha
idéia de que Hunter Kensington era o pai do meu bebê, e eu desesperadamente
queria manter as coisas assim. Considerando o quanto ele odiava Hunter, não
queria que ele soubesse, sequer insinuava a ideia. Na verdade, eu havia afirmado
que o pai de Diana era um cara aleatório de Washington que conheci no bar no
meu vigésimo primeiro aniversário – que nem sabia o nome dele. Era melhor
assim. Jacob desistiu de muita coisa para me ajudar a criar Diana, e ele não
precisava saber que o pai dela era seu inimigo mortal.
Eu estava mais do que preocupada de que Hunter pudesse ser tornar meu
inimigo mortal também. Eu não tinha certeza de por que ele me procurara no
restaurante, e o fato de ele ter ido embora tão rápido tendia a sugerir que não era
por causa da nossa filha. Parecia provável que ele não tivesse idéia de que ela
existia. E ainda – bem, foi uma coincidência terrível ele ter ido ao restaurante
onde trabalho logo depois de ser solto da prisão, não era?
Não sabia o que pensar. Mas uma coisa era certa - se Hunter não sabia sobre
Diana ainda, ele iria descobrir, mais cedo ou mais tarde. E então – e então –
Bem, então, as coisas iriam de mal a pior. Eu decidi que a situação já era
complicada o suficiente sem contar com o ódio de Jacob pelo Hunter.
Concluí que era mais seguro nem sequer mencionar que vi Hunter. Eu engoli
outra garfada de espaguete e não disse nada.
Capítulo Três
Hunter
Era muito bom estar em casa.
Com um copo de uísque na mão, me inclinei para trás na cadeira acolchoada
de couro, olhando para as paredes cobertas de livros que seguiam até o teto
de cerca de seis metros ao meu redor. Eu cresci em Hilltop, uma enorme mansão
de pedra que contemplava de cima toda a cidade de Pinecone, e literalmente
como os Kensington faziam, de forma figurada. Quando eu era criança,
esta biblioteca era o santuário do meu pai, mas eu sempre me metia nesta
sala quando ele estava fora, passando o olho pela miríade de volumes e me
esticando no sofá para ler. Eu não admitia isso tanto, porque não fazia
exatamente parte da minha persona má, mas eu adorava livros. Só Jacob
conhecia meu segredo oculto – nosso primeiro vínculo era justamente em torno
do nosso amor por livros.
Após mais de dois anos de prisão, eu era incrivelmente grato pelos arredores
confortáveis, e o exército de servos que apareciam no meu cotovelo em um
piscar de olhos para me prover o que meu coração desejasse. Tudo bem que uma
prisão de segurança mínima não era tão horrível em vista do que muitos
criminosos condenados experimentaram, mas também não era agradável. E a
comida era uma merda.
Mas em casa – então, só essa noite já me banqueteei com camarões, vieiras,
caranguejos azuis, e agora estava tomando um copo de Bourbon Pappy Van
Winkle. Eu fechei meus olhos, sentindo o calor da lareira, a suavidade
amanteigada do estofamento, inalando o perfume misto de madeira queimada
com o de milhares e milhares de livros encadernados em couro.
Eu finalmente estava em casa. E estava grato.
A casa, no entanto, soava estranhamente vazia sem o velho, pensei, abrindo
meus olhos e olhando ao redor. Enquanto estive na prisão, papai tinha morrido, e
eu não tinha certeza de como me sentia sobre isso. Por um lado,
meu pai controlador, exigente e manipulador me irritava totalmente por dentro, o
que provavelmente era uma das razões pelas quais eu era tão rebelde na minha
juventude. Eu tinha um inferno de coisas sobre as quais me rebelar.
Por outro lado... bem, ele era meu pai. O que provavelmente contava para a
dor no meu peito.
De qualquer forma, papai havia morrido (enquanto traía a namorada com uma
modelo mais nova e mais jovem, aparentemente) e me deixou bilionário por
direito próprio. Eu tinha herdado enormes quantidades de dinheiro e
investimentos, sem mencionar uma grande quantidade de ações na Kensington
Media.
Eu deveria provavelmente estar planejando para tomar a empresa das mãos do
meu irmão mais novo, pensei. Ganhar poder e empunhá-lo como uma
maça. Afinal, esse era o jeito dos Kensington, não era?
Mas, é claro, o Au havia herdado tanto dinheiro quanto eu, e ele já havia tido
a chance de se envolver dentro das paredes de vidro do edifício Kensington
Media no centro de DC, como um cavaleiro medieval se refugiando atrás de
muralhas de pedra. Derrubá-lo não seria fácil, mesmo que eu quisesse. E nesse
momento, eu não tinha certeza de que queria. Nesse momento eu me sentia
contente em simplesmente sentar em frente à lareira, saborear um
excelente bourbon, e deixar a liberdade e o conforto de estar em casa finalmente
caírem sobre mim.
"Mais bourbon, senhor?"
O mordomo havia simplesmente aparecido no meu cotovelo, do nada. Era
incrível como ele fazia isso. Seu nome era Clive Underwood, e ele foi uma
presença sombria na mansão por toda a minha infância. Quando criança, eu tinha
certeza de que ele tinha superpoderes. Eu ainda acho isso.
Os pensamentos vagos que eu estava processando na minha cabeça se
juntaram, e eu acenei com a cabeça, segurando meu copo. "Diga-me, Clive, onde
está o meu irmão? Queria vê-lo novamente. ”
Isso era parcialmente verdade. Eu sempre detestei Au, e o culpava por tudo o
que tinha acontecido. Mas mesmo assim…
Bem, ele era meu irmão.
"Sinto muito, senhor." Clive não apenas falava as palavras, ele as entoava. Ele
tinha um sotaque inglês elegante, e sua voz tinha um tom de voz perfeito – não
muito alto, nem muito suave. Clive era A Lenda entre os mordomos. "Receio que
o jovem Sr. Kensington tenha voado para Nova York para o fim de semana."
Parecia. Au nunca gostou de viver nesta cidade no meio do nada, ao contrário
de mim. Eu não achava também que meu pai gostasse muito disso – eu sempre
tive a impressão de que ele simplesmente curtia ser um lorde entre as pessoas
comuns. A vida numa cidade pequena era maçante, sem graça e chata, e eu não
culpava o Au por fugir para a cobertura da família em Nova York sempre que
tinha a chance. Quem não preferiria a Big Apple em vez da maldita Pinecone?
Ainda assim, uma pequena chama de ressentimento acendia dentro de mim. Depois de tudo o que tinha
feito para o Au, tudo o que eu tinha sacrificado por ele, acolher-me para casa devia ser o mínimo que o
pequeno bastardo poderia fazer.
Em vez disso, ele estava vivendo em Nova York.
Suspirei e coloquei de lado a minha irritação. Pra dizer a verdade, que seja, eu não precisava do estresse
de lidar com Au nesta noite. Talvez fosse covardia minha, ou talvez apenas que os anos de prisão haviam
me desgastado, mas eu realmente queria relaxar e ter gozo no puro prazer de estar em casa.
"Obrigado, Clive", eu disse, e o mordomo desapareceu nas sombras.
Sozinha de novo, bebi o bourbon, olhei para as chamas dançantes e deixei minha mente vagar.
Não surpreso, o primeiro lugar que ela foi parar foi em Char Evans.
Eu pensava muito nela na prisão. E quando falo muito, quero dizer muito. Eu estava sozinho, e ela era
caracterizada de forma proeminente na maioria das minhas fantasias nos últimos anos. Claro, não era como
se eu estivesse apaixonado por ela; era simplesmente o fato de que ela tinha sido a última mulher que eu
havia feito amor, na mesma noite em que fui preso. Depois da prisão, eu tive fiança concedida por um
tempo, mas não parecia justo envolver qualquer mulher na novela que minha vida havia se tornado. Como
consequência, eu permaneci em celibato pelos últimos três anos.
Portanto, Char tinha sido a última mulher com quem eu estive, e além disso ela era jovem e
bonita. Assim, os anos solitários e vazios desde a última vez que a vi tinham sido preenchidos com
imagens inquietas nas quais eu a pegava, a empurrava contra a parede de tijolos naquele beco, e...
Eu interrompi o pensamento antes que eu pudesse entrar no ritmo da minha fantasia bem configurada, e
me forcei a lembrar da aparência dela nesta tarde. Não velha – ela deveria ter só vinte e quatro anos, afinal –
mas cansada e preocupada, como se os últimos anos houvessem pesado muito sobre ela.
Me perguntei o que levou ela a trabalhar num restaurante nojento. Ela não conseguiu o bacharelado?
Passaram anos o suficiente para que ela certamente tivesse conseguido. Mas se conseguiu, por que ela
estaria trabalhando aqui, em vez de seguir para Richmond ou Washington para se tornar uma
jornalista? Eu me perguntava se talvez sua mãe estivesse doente, e Char tivesse ficado nesta pequena e
insignificante cidade para cuidar dela. Ou talvez o irmão mais velho dela...
Eu deixei de lado esse pensamento instantaneamente. Jacob Evans e eu já fomos próximos, mas nossa
amizade tinha implodido espetacularmente, perto do fim do ensino médio. Se ajudasse, eu tentaria não
pensar em Jacob. Ele era meu melhor amigo, mas agora... agora não somos nada um para o
outro. Nada mesmo.
De qualquer forma, não havia motivo para especular, na verdade. Eu poderia descobrir a história de
Char facilmente, simplesmente perguntando por aí. A regra número um de uma cidade pequena era que
todos adoravam fofocar. Eu prometi a mim mesmo que a primeira coisa que eu faria amanhã seria procurar
a respeito.
Enquanto isso... me permiti adentrar em minha fantasia, lembrando o quente aroma de sua pele, a
fragrância leve de morangos em seu cabelo. A maneira como ela se envolvia ao meu redor naquele beco,
inocente, mas ansiosa. Os pequenos sons de prazer que ela fazia.
Como todos os Kensington, eu era frio e distante quando se tratava de relacionamentos, e por isso não
sentia nada por ela além do que já havia sentido por qualquer mulher..., mas, meu Deus, aquela noite tinha
sido quente.
Eu tentei me prender à fantasia, me concentrar nas memórias muito vívidas de como era a sensação dela
de encontro a mim, quente, suave e ansiosa, mas de repente a memória mudou, e tudo que eu podia ver
eram seus olhos escuros, olhando para mim com um insolente desdenho. O pensamento fez algo no meu
peito apertar, e uma súbita rajada de ira soprou através de mim. Como ela, uma mera garçonete, ousava me
olhar dessa maneira? Eu era um Kensington, maldição. Mesmo tendo acabado de sair da prisão, eu era
melhor que ela. Melhor do que qualquer um nesta pequena e lamentável cidade.
Soa como algo que o pai falaria, pensei.
Meu pai sempre insistiu que éramos melhores - mais educados, mais inteligentes e, em geral, superiores
ao povo comum de Pinecone. Eles não estão aptos a lustrar seus sapatos, Hunter. Lembre-se disso. Quando
adolescente, eu acreditava nisso de todo o coração, e no final das contas isso acabou por criar um terrível
abismo entre mim e Jacob Evans. E mesmo assim não consegui admitir que a culpa era minha, e que talvez,
apenas talvez, ser um Kensington não me tornasse automaticamente superior a qualquer outra pessoa.
Mas agora…
Eu era um criminoso. Passei mais de dois anos numa cela, dormia num berço e comia uma comida
miserável. Sim, eu cumpri tempo por um crime que nem sequer cometi, mas Char não tinha como saber
disso. Só porque, por acaso, eu era podre de rico, isso não me fazia melhor do que ela, ou qualquer outra
pessoa. Aos olhos da sociedade, eu era um mero criminoso.
Por que Char não deveria me olhar com desdém?
Eu não sabia por que isso importava tanto para mim, mas eu queria desesperadamente limpar aquele
olhar de desprezo de seus olhos. Me lembrei de como ela olhava para mim naquela noite no beco, um olhar
de desejo despertado em seu rosto, um olhar quase de adoração quando ela olhava para mim. Eu não tinha
certeza do por que ela me olhava assim, considerando que não me via há anos, mas...
Bem, para ser honesto, não era o sexo que havia marcado minha memória naquela noite. Era a maneira
que ela olhava para mim.
Deixei-me entrar na fantasia e me imaginei levando-a para fora da lanchonete, empurrando-a contra a
parede e fazendo amor com ela até ela olhar para mim daquele jeito novamente.
***
Charlotte
Eu não estava tão surpresa quando Hunter apareceu no dia seguinte.
Como uma mala sem alça, pensei com uma pontada de incômodo e
pânico. Servi-lhe uma xícara de café e olhei para ele, desejando que eu não
estivesse usando este uniforme disforme, que ele pudesse me ver num jeans
apertado e numa camisa ainda mais apertada, para que ele pudesse perceber que
eu ainda estava mais em forma do que nunca. Que eu pudesse deixar meu cabelo
dançar sobre meus ombros, em vez de confiná-lo nessa trança nem um pouco
sexy, para que ele soubesse que eu ainda era uma mulher...
Mas me recompus rapidamente e tentei apagar esses pensamentos. Eu não me
importava com o que Hunter Kensington pensava de mim, no final das
contas. Na verdade, quanto menos ele me notasse, melhor.
"Oi, Char", ele disse, sorrindo para mim. Ele tinha um bom sorriso. Hoje ele
parecia menos desgastado, como se tivesse uma boa noite pela primeira vez em
muito tempo. Ele ainda estava um pouco magro, é claro, mas sob sua familiar
jaqueta de couro velha, não aparecia tanto. E ele cheirava como eu me lembrava,
uma brisa fresca de inverno carregando flocos de neve em seu rastro.
Eu me recusei a ceder àquele sorriso, recusei a suavizar. Se ele soubesse sobre
Diana, eu teria uma razoável certeza de que não teria ido embora ontem. O fato
de ele ter deixado bem claro que ainda não tinha conhecimento sobre a minha
filha. Mas, mais cedo ou mais tarde, era inevitável que teria.
Então eu não podia dar o braço a torcer, nem mesmo um pouco. Este homem
tinha em suas mãos toda a minha vida... e ele nem sabia disso.
"No que eu posso te ajudar?"
Eu pensei ter visto um lampejo de decepção nas profundezas de seus olhos,
mas o sorriso amável permaneceu firmemente no lugar. "Hoje, acho que gostaria
de panquecas. Salsichas de acompanhamento, e um biscoito. ”
Eu anotei e saí de perto, nem mesmo me importando em dizer a ele que o
pedido sairia em breve. Apesar de sua atitude em cuidadosamente evitar um
confronto, por dentro meu coração estava agitado.
Ele podia ao menos sair da cidade e nunca mais voltar. Só isso. Porque se ele
ficasse aqui, não havia como ele não descobrir sobre Diana, cedo ou tarde.
Alguém acabaria a mencionando, e então ele faria as contas, e acharia que ela
era dele. Mesmo que eu negasse, ele usaria sua vasta riqueza e os advogados à
sua disposição para forçar-me a fazer um teste de paternidade. E então... e
então...
E então o quê? Lembrei de quando entrei em pânico ontem, que ele ia querer
tirar a Diana de mim. Mas será que Hunter Kensington ao menos quer uma
filha? Eu fortemente duvidava – uma garotinha dificilmente parecia se encaixar
no seu estilo de vida de cara mau, motociclista – mas eu também sabia que para
os Kensingtons, a família era tudo. Ele permitiria que sua filha fosse criada em
um bangalô velho caindo aos pedaços? Ele a deixaria numa creche barata?
Eu sabia as respostas, era tão certo quanto sabia meu próprio nome. Se ele iria
cuidar ou não da criança era irrelevante - afinal, seu próprio pai parecia não dar a
mínima pra ele. Mas a devoção dos Kensington à família era lendária. Como um
Kensington, ele iria querer dar a seu filho tudo o que seu nome e riqueza
poderiam oferecer. Era possível até mesmo ele tentar afastá-la de mim. Dado o
fato dele ter sido um criminoso, eu duvidava que ele conseguisse –
mas, novamente, haviam poucas barreiras para o que o tipo de riqueza dele podia
tornar possível. Pensar sobre isso me fez suar frio, e quase derrubei a jarra de
café.
Mais uma vez, pensei em fugir. Era, pensei, a única maneira de sair desta
situação, a única maneira de proteger meu bebê. Mas a triste verdade era que eu
não tinha recursos, não tinha como escapar. Mamãe tinha gasto quase todas as
suas economias para fazer com que eu e Jacob passássemos pela faculdade, e a
livraria de Jacob muito mal gerava lucro. Todos os meus amigos, até Angela,
tinham se mudado há muito tempo para cidades maiores que ofereciam futuros
mais brilhantes. E eu – eu não tinha dois centavos para esfregar um no outro.
Não, eu não ia a lugar nenhum, não importa o quanto eu quisesse.
Eu estava presa.
Capítulo Quatro
Hunter
Eu não tinha certeza do que tinha me atraído de volta a esse pequeno e
miserável restaurante. Bem, para ser sincero, eu sabia perfeitamente bem. Era
Char.
Agora que eu sabia quem estava sob o uniforme da garçonete, eu imaginava
como eu havia sido capaz de pensar, sendo ela a pessoa que era, que não havia
forma ali. Cada movimento era tão gracioso quanto uma dançarina num palco, e
cada linha de seu corpo era absolutamente cativante. Seus olhos eram tão
escuros e misteriosos como sempre foram, e debaixo do boné, seu rosto brilhava
de beleza apesar do cansaço que dava para ver escrito na testa. Eu não conseguia
parar de olhar para ela enquanto se movia pelo restaurante, servindo café e
carregando bandejas.
Você não fode há três anos, uma voz interior me disse delicadamente. Você
olharia para qualquer mulher do mesmo jeito.
Mas não era verdade, e eu sabia disso. Se eu simplesmente precisasse de uma
mulher, qualquer mulher, eu faria uma ligação ou duas, e uma quantidade
qualquer de atrizes, modelos ou cantoras viria correndo. O fato de eu ter sido
liberto recentemente da prisão não as dissuadiria. Pelo contrário, isso me tornaria
mais atraente.
Mas eu não queria uma atriz ou uma modelo. Eu queria a garçonete de uma
pequena lanchonete de merda na cidade que Judas perdeu as botas, dentro do
Egito.
Eu queria Char.
Ela parou ao lado da minha mesa, e pensei ter visto um brilho
de agravamento em seus olhos. Provavelmente porque eu a estava encarando
como um adolescente excitado. Ela colocou os pratos na minha frente com um
barulho e eu agradeci à Deus que minhas panquecas não terminaram caindo
"acidentalmente" no meu colo. Ela estava claramente irritada.
"Mais alguma coisa, senhor?"
"Sim", eu disse, surpreendendo até mesmo a mim. "Deixe-me levá-la pra sair
na sexta-feira à noite."
Seus olhos se arregalaram de choque, e então ela deu um olhar um tanto
desgostoso, no qual eu quase me encolhi.
"Não", ela disse categoricamente.
Ela se virou para sair, mas sem ao menos pensar, peguei o pulso
novamente. Ela não pareceu mais feliz do que parecia ontem. Havia um brilho
perigoso em seus olhos que prometia um café escaldante no meu cabelo se eu
não parasse.
"Me desculpe", eu disse rapidamente, antes que ela pudesse jogar a jarra sobre
mim. "Eu sei que fui um idiota ontem. Peço desculpas."
Ela piscou, como se essa fosse a última coisa que ela esperava que eu dissesse,
e sua postura pronta para a batalha relaxou um pouco. Uma parte do fogo
desapareceu dos olhos dela.
"Obrigado, Sr. Kensington".
"Não me chame assim, Char. Eu realmente acho que estamos naquela base
onde chamamos um ao outro pelo primeiro nome, né? ”
“Hunter, então. ” Meu nome em seus lábios soou como se fosse pronunciado
por um anjo. “Eu aprecio o pedido de desculpas, mas ainda assim não sairei com
você. Tenho que trabalhar."
"OK. Sábado à noite, então.
"Não estou interessada", ela disse, concisa.
Claro que não estava interessada. Eu era um idiota estúpido só em ter
proposto, e eu sabia disso. Por que diabos, uma mulher digna e respeitável, como
Char, sairia com um criminoso? Não foi uma surpresa ela me rejeitar. Eu deveria
ter esperado isso.
Então, por que soava como se tivesse acabado de bater com um pau no meu
estômago?
"Eu entendo", eu disse baixinho, baixando a cabeça. De repente eu me tornei
incapaz de olhar nos seus olhos. Eu não suportaria ver aquele olhar de repulsa
novamente. Eu soltei o pulso dela, e em vez de correr para longe, ela ficou lá
olhando para mim por um longo momento, com uma expressão estranha em seu
rosto. Por um longo momento, ela parecia que ia falar, mas finalmente se virou e
foi embora rapidamente.
Eu cutuquei as minhas panquecas com indiferença por alguns momentos, mas
de uma forma ou de outra... eu havia perdido o apetite. Por fim, me levantei, saí
do restaurante e fui para a minha motocicleta. A mesma velha Harley. A única
verdadeira amiga que eu ainda tinha.
O que era uma lamentável observação.
Meus pensamentos estavam a milhões de quilômetros de distância, mas a
Harley me levou para casa como se soubesse o caminho. Suponho que eu tinha
dirigido por estas estradas tantas vezes em minha juventude que eu conhecia
cada curva, cada virada, sem ter sequer que prestar uma atenção consciente. O
vento frio soprava ferozmente em meu rosto, lembrando-me da minha juventude,
e mesmo assim não conseguia nem ao menos aproveitar a alegria de andar de
moto novamente. Meus pensamentos estavam envolvidos demais em Char.
O que era ridículo. Não era como se eu estivesse apaixonado por ela ou algo
assim. Eu mal a conhecia, na verdade. E ainda assim eu não conseguia parar de
pensar nela.
Deixei a Harley em seu lugar na garagem e me dirigi para a casa. Em direção
ao meu santuário de livros alinhados. Era um dia frio e congelante de Fevereiro,
e o pensamento de sentar em frente à lareira para aquecer meus dedos
congelados era reconfortante. Segui pelos fundos da casa e entrei na biblioteca.
Para encontrar Au sentado na grande cadeira atrás da mesa.
Ele olhou para cima quando eu entrei e sua boca se contorceu em uma
tentativa desagradável e totalmente insincera de sorrir.
"Que bom ver você, irmão mais velho", disse ele, soando de qualquer jeito,
exceto bom.
"Amei ver você também", eu rosnei. "Saia da minha cadeira".
"Sua cadeira?" Ele piscou para mim, fazendo seu melhor olhar inocente. Nós
dois sabíamos que ele não era inocente, mas ele sempre tinha aquele olhar de
cara decente. Era o cabelo loiro brilhante e os profundos olhos castanhos, eu
acho. Ele parecia um ídolo adolescente, bonito, inofensivo e repugnantemente
inteirão.
"Estou com frio", eu disse secamente, "e gostaria de me sentar em frente ao
fogo. Tira a bunda daí, ou eu a tirarei por você."
Era, eu pensei, o mínimo que ele podia fazer por mim, considerando que ele
sequer se incomodou em enviar um maldito Uber para mim ontem. Ele me devia
isso, droga. Ele me devia tudo. Mas ele continuava sentado ali, com aquele
sorriso irritante ainda em seu rosto.
“Esta não é sua cadeira, Hunter. A menos que haja uma cláusula no
testamento da qual eu tenha me esquecido. Eu tenho tanto direito de sentar aqui
quanto você tem. ”
Eu rosnei novamente, espreitei ao redor da mesa, e agarrei-o pelas lapelas de
lã do seu estúpido terno Brioni preto, colocando-o de pé. Na posição vertical, ele
era três centímetros mais baixo que eu e muito mais esguio, mesmo
considerando o peso que eu perdera na prisão. Eu bati ele contra a estante mais
próxima, derrubando vários volumes, e olhei para baixo em seus olhos.
“Eu gostaria”, rosnei, enunciando cada palavra com uma cuidadosa precisão,
“de me sentar na minha maldita cadeira. ”
- Relaxe, Hunter. ” Au não parecia apavorado, nem mesmo particularmente
impressionado. “Não amasse meu terno novo, por favor. Eu tenho bastante
carinho por ele."
"Foda-se seu terno novo." Eu o empurrei contra as prateleiras de mogno, um
pouco mais forte, e fiquei gratificado ao ver algo, que poderia significar medo,
cintilar em seus olhos. "Saia do meu caminho e fique fora dele, ou você vai ter
que descobrir se dá ou não pra tirar sangue desse seu tecido chique."
"Então, irmão." A voz de Au estava fria, quase sem emoção, e decidi que
estava errado a respeito daquele lampejo de medo. O garoto tinha bolas maiores
do que normalmente se espera, a julgar pelo rosto bonitinho. "Se você me matar,
vai voltar para a prisão - e por homicídio. Eles não vão colocar você em uma
instalação de segurança mínima dessa vez."
Com um grunhido irritado, eu o soltei. Au estava certo - matá-lo não era
realmente uma opção, por mais tentadora que fosse a ideia. Au ficou ali,
endireitando as lapelas e a gravata, e aproveitei sua distração para plantar minha
bunda na cadeira. Ele olhou para mim e deu uma risadinha fria.
“Aproveite o seu lugar perto do fogo, Hunter. Talvez, eventualmente,
possamos encontrar uma maneira de concordarmos em sentar à mesa de jantar
sem recorrer a brigas e disputas. ”
Ele se virou para sair.
"Espere", eu soltei.
Ele se virou e olhou de nariz empinado para mim, irradiando desprezo. Raiva
brilhava em mim. O pequeno bastardo não tinha motivos para me desprezar, não
depois de tudo que eu tinha desistido por ele. Mas eu sufoquei minha raiva,
porque parecer que eu estava sempre à beira de cometer assassinato
provavelmente não me ajudaria nessa situação.
"O que foi, Hunter?"
Ele soava incrivelmente parecido com meu pai naquele momento - exasperado
pela minha presença e irritado pela minha mera existência. A lembrança da voz
irritada do meu pai fez meu peito doer novamente, mas eu mantive minha
dureza.
"Quero fazer parte da Kensington Media", eu disse.
Ele se virou para mim, levantando uma sobrancelha. "Parte... da KM?" Ele
repetiu, como se eu tivesse falado com a boca cheia de comida, e tentando ter
certeza de que havia me entendido corretamente.
"Sim. É o negócio da família e eu quero me envolver com isso."
"Parte da KM", Au repetiu, incrédulo. “Bem, nós estamos procurando um
recepcionista, eu acredito...”
Eu considerei brevemente jogá-lo na parede novamente, mas eu segurei
firmemente meu Rottweiler interior. "Não me insulte assim, Au. Você sabe o que
eu quero dizer. Eu sou o irmão mais velho. Eu deveria ser o CEO."
Ele bufou, um som rudemente desconsiderado. "Por favor. Você acabou de ser
solto da prisão, Hunter. Eu não sei em que tipo de mundo dos sonhos você viveu
nos últimos dois anos, ou que tipo de história de redenção lunática você está
tramando para si mesmo, mas o Conselho de Diretores não consideraria você
nem por uma posição de gerência média, muito menos como CEO. Você não é
apenas um criminoso, você nunca demonstrou um interesse sincero na empresa
enquanto o pai estava vivo. É tarde demais para tornar-se parte dela agora."
Ele virou as costas para mim e saiu do quarto, deixando-me sozinho.
Eu olhei para a lareira por um longo tempo, pensando. Finalmente pensei,
amargamente, que eu já deveria saber. Eu deveria saber. Eu havia desistido de
tudo por Au porque apesar de todas as nossas diferenças, ele era meu irmão, e a
família vinha primeiro. Foi assim que fui criado e era nisso que eu sempre havia
acreditado. Eu me lembrei da voz do meu pai, me ensinando com firmeza: A
família vem em primeiro lugar, Hunter!
Meu encantador irmão mais novo passou pelos mesmos sermões, mas
aparentemente a lição que ele aprendeu foi a seguinte: Au vem primeiro. Ele
tirou vantagem da minha ausência para conseguir seus anseios no Conselho de
Diretores e conseguiu se tornar CEO, e ele não estava disposto a renunciar
aquela posição agora, não importando o que eu tivesse feito por ele, não
importando o quanto ele me devia. De fato, imaginei, ele provavelmente achou
que eu era um perigo para ele, porque eu poderia simplesmente decidir deixar o
mundo saber que o verdadeiro culpado não era eu.
Nesse caso, aí é que eu deveria ser quem precisava cuidar da sua retaguarda.
Capítulo Cinco
Charlotte
Meu velho Hyundai não queria dar a partida.
Na escuridão solitária do estacionamento do restaurante, eu batia no volante
com frustração, mas o carro não parecia dar a mínima. Girar a chave também
não adiantou nada; o carro apenas clicava para mim, como se estivesse me
condenando por esperar que ele ligasse nesse clima.
Minha bateria, pensei com tristeza. Bem, isso não era surpresa. Esta foi a
noite mais fria que tínhamos visto durante todo o inverno, e minha bateria estava
nas últimas já há algum tempo. Eu provavelmente poderia arranjar alguém para
me ajudar a dar a partida, se alguém estivesse por perto. Infelizmente, já passava
das onze e eu fechei a lanchonete sozinha. O estacionamento era um terreno
baldio vazio de asfalto rachado e contêineres de isopor, sem um único carro à
vista.
Eu inclinei minha cabeça para trás contra o estofado barato do encosto, fechei
meus olhos e considerei minhas opções. Eu não queria ligar para minha mãe,
que já estava me fazendo um grande favor cuidando da minha filha por mim.
Diana certamente estaria dormindo agora, e mamãe provavelmente estaria se
distraindo com o seu programa noturno favorito de notícias. E
Jacob provavelmente sequer estaria em casa. Ele trabalhava até tarde a maior
parte da semana, tentando manter a livraria aberta por mais horas na tentativa de
angariar mais clientes. Sem dúvidas ele fecharia e viria me buscar, mas eu não
queria pedir isso a ele.
Por fim, decidi que deixar a lata velha aqui e fazer com que
Jacob me trouxesse de manhã e daqui fosse para o trabalho, era minha melhor
opção. Felizmente, não era uma longa caminhada para casa – embora que, em
um clima de vinte graus, pareceria sem dúvidas muito mais longo. Eu
me estiquei e peguei meu casaco grosso no banco de trás, em seguida, me dirigi
para fora do carro e o tranquei. Finalmente, segui em direção de casa.
Poderia ser pior, pensei. Podia estar nevando.
Como se fosse para zombar de mim, um floco de neve solitário flutuou na
frente do meu rosto, e eu gemi. Não nevava muito nessa parte da Virgínia, mas
também não era incomum ter neve em Fevereiro. Flocos mais grandes e
fofos começaram a cair, e eu puxei o capuz em volta do meu rosto, suspirando.
Ótimo. Ótimo.
Eu fui em direção a casa. Estava escuro como breu, as nuvens manchavam a
lua e as estrelas, e as ruas eram quase silenciosas, já que Pinecone não tinha
muita vida noturna, especialmente no meio da semana. A neve caía com mais
força, cobrindo as calçadas em um ritmo excepcionalmente rápido, e eu me
senti grata pelos meus sapatos antiderrapantes do restaurante.
Eu me arrastava, perdida em pensamentos sombrios sobre o custo de trocar a
bateria do carro - mais uma despesa que eu não podia pagar. Eu me perguntava
se teria que pegar emprestado da mamãe novamente, e o pensamento fazia meu
coração afundar. Eu não queria depender da minha mãe pelo resto da minha
vida, droga. E a verdade é que mamãe não tinha muito a me emprestar. Se
apenas Hunter e eu não tivéssemos –
Mas não. Independentemente de quanto estrago o bebê havia causado em
meus planos de vida, a dura verdade era que eu não trocaria ela por nada. Ela
pode ter sido um erro, mas era um erro do qual nunca me arrependi.
Depois de um turno de nove horas, meus pés já estavam doloridos, e em
pouco tempo a dor na sola dos meus pés era tudo o que eu conseguia pensar. A
neve caia mais forte, e eu puxei o capuz ao redor do meu rosto com mais
firmeza, bloqueando minha visão de qualquer coisa ao meu redor. Eu tinha
completado cinco quarteirões da minha jornada, quando de repente algo me
agarrou pelo braço e puxou.
Assustada, eu gritei. O capuz tornava impossível ver os lados, mas eu não
estava muito preocupada com a minha visão periférica, considerando quão
pouco crime acontecia ali. Mas aquele algo – não, alguém – me segurava firme
pelo braço e estava tentando me arrastar para um beco antes que eu soubesse o
que estava acontecendo.
Eu gritei por ajuda e chutei, o mais forte que pude. Meu dedo do pé fez um
contato satisfatório com um osso, presumivelmente a rótula do joelho, e ouvi
uma voz masculina murmurando palavras de maldição. A mão soltou meu braço,
e eu me virei, tentando dar uma olhada no meu agressor para que eu pudesse
chutá-lo novamente. De preferência, nas bolas desta vez. Mas antes que eu
pudesse localizá-lo, ouvi o som de um corpo batendo no chão.
Eu puxei meu capuz e vi Hunter Kensington parado na minha frente, uma
expressão assassina em seu rosto. No asfalto sujo do beco estava um homem de
roupas escuras. Era difícil distinguir detalhes, mas eu tinha certeza de que ele
também estava usando uma máscara de esqui.
Hunter estava olhando para o cara que aparentemente havia nocauteado, mas
agora ele olhava para mim, seus olhos brilhando em ouro com uma intensidade
que eu raramente via dele. Mesmo na escuridão, aqueles olhos pareciam
brilhar. "Você está bem?" Ele demandava resposta.
"Eu – eu estou bem." A verdade é que eu estava um pouco instável, mas eu
não ia admitir isso para ele. "Eu – eu chutei ele."
"Eu vi." Sua boca se curvou em um sorriso, inesperadamente, seus dentes em
um branco forte na escuridão. “Você desceu o cacete nele. Bom trabalho."
"Você – você bateu nele?"
“Não, só dei um bom empurrão. Eu –"
Um movimento repentino chamou minha atenção, e eu olhei para baixo a
tempo de ver a sombra escura do meu agressor correndo para a escuridão. Parece
que ele não estava completamente inconsciente. Hunter se virou para começar a
persegui-lo, mas eu o peguei pelo braço da jaqueta.
"Não", eu disse a ele. "Ele pode estar armado."
"Em Pinecone?" Sua voz era ironicamente divertida, mas havia algo em seus
olhos quando ele olhou para a minha mão em seu braço, algo estranhamente
atento.
“É possível. E eu não quero que você se machuque."
Ele olhou de volta para mim e algo mudou em seus olhos, o dourado se
derretendo em um instante. "Você gostaria?"
"Não", eu disse suavemente. Eu não conseguia desviar daquele olhar
dourado. Ele me capturou, como os olhos de um gato selvagem o qual as pessoas
costumavam compará-lo, como se ele fosse um leão e eu fosse uma gazela, presa
ali, impotente, apenas esperando a investida dele...
De repente, ele desviou o olhar. "Vem", disse ele, e sua voz estava
estranhamente rouca. "Eu te acompanho até sua casa."
"Você não precisa fazer isso."
Ele olhou para mim novamente. "Você não confia em mim, é?"
Eu hesitei, relutante em ferir seus sentimentos. Considerando seu passado, não
havia nenhuma boa razão para eu confiar nele. Afinal de contas, ele era um
criminoso e, além disso, agora que eu tinha mais tempo para pensar, parecia mais
do que estranho que ele convenientemente estava lá para me
salvar, precisamente quando eu necessitava ser salva. De um assaltante em
Pinecone, uma cidade da qual quase não se ouvia falar de crime. Era
estranhamente coincidente, e a estranheza fazia com que os pequenos cabelos na
parte de trás do meu pescoço se arrepiassem. Tinha algo, pensei, de errado nisso.
De qualquer forma, mesmo que eu não tivesse dúvidas sobre ele latejando
pelo meu cérebro, eu não podia dar uma oportunidade dele me levar para casa. E
se mamãe ainda estivesse acordada e o convidasse? Dificilmente ele não notaria
as fotos da Diana que adornavam todas as superfícies da casa.
"É claro que confio em você", eu disse por fim, com o mínimo possível de
sinceridade. “Mas eu ficarei bem, então não se preocupe. Minha casa está a
poucos quarteirões de distância."
Ele parecia saber que eu estava mentindo. Sua cabeça baixou um pouco e sua
boca caiu para os cantos, como se ele sentisse minha rejeição, e isso
o machucava. "Tudo bem", ele disse suavemente.
A mudança em sua postura me fazia sentir culpada. Ele me salvou, afinal de
contas. Quem sabia o que aquele cara poderia ter feito comigo se Hunter não
tivesse aparecido?
"Mas..." Eu fiquei na ponta dos pés e dei um beijo rápido em sua
bochecha. "Obrigada por me salvar, Hunter."
Ele virou a cabeça e olhou para mim por um momento, e de repente nossas
bocas se encontraram. Não sei quem fez o primeiro movimento, mas de repente
estávamos nos beijando, quentes e molhados e boquiabertos, frenéticos, e seus
braços estavam ao redor da minha cintura, esmagando-me contra ele.
Imagens daquela noite em que fizemos amor no beco há muito tempo atrás
passaram pela minha mente. Ele deve ter pensado nisso também, porque antes
que eu percebesse, ele me colocou contra uma parede de tijolos áspera, muito
parecida com a que estava atrás do Zippo, e seu corpo duro e masculino estava
pressionando contra mim.
E quando eu digo duro, eu quero dizer duro.
Mesmo através de nossas camadas de roupa, eu podia sentir sua
ereção empurrando com urgência contra a minha barriga, e isso fazia com que
algo quente queimasse vivo dentro de mim. Fazia tanto tempo desde que eu
estive com algum homem. Bem, para ser exata, eu estive com um único homem,
uma única vez. Mas depois disso, eu descobri que estava grávida (o que não era
culpa de Hunter, já que eu o queria tanto que menti sobre estar tomando pílula),
e entre os estragos da gravidez e minha subsequente alocação em um uniforme
muito feio de garçonete entre oito a dez horas por dia, ninguém parecia
ter me olhado como uma mulher sexy e gostosa desde o meu vigésimo primeiro
aniversário.
Mas Hunter me queria. Não havia dúvida nisso. O jeito que ele estava me
beijando – profundamente, vorazmente, como ele houvesse ansiado por mim há
anos – deixou bem claro o quanto ele me queria.
E eu também o queria. Passei três longos anos lembrando daquela noite no
beco, doendo de saudades dele. Almejando a sensação dele dentro de
mim. Quando ele foi condenado, eu tentei afastar os pensamentos, sabendo que
era errado estar desejando um criminoso desse jeito – ainda mais sendo um que
traíra sua própria família.
Ainda assim, eu não conseguia deixar de deseja-lo. Afinal, eu era apaixonada
por ele desde que eu tinha doze anos. E sim, esse era o amor doce e inocente de
uma criança, mas no beco naquela noite, toda aquela adoração inocente tinha
sido transmutada em uma emoção tão intensa que eu não conseguia esquecer,
não importava o quanto eu tentasse.
Eu deixei meus dedos emaranharem nas profundezas de seu cabelo ébano
escuro e envolvi uma das minhas panturrilhas em torno de suas pernas, e ele me
levantou pela bunda e me pressionou contra a parede, assim como ele tinha feito
há tantos anos atrás. Ofegando, ele afastou sua boca para longe da minha e
enterrou o rosto no meu cabelo.
"Eu tenho sonhado com isso por tanto tempo", ele murmurou. Sua voz estava
rouca de luxúria e desejo, e de repente provocou um alarme na minha cabeça.
Eu estava sonhando com isso há três anos, mas
Hunter? O bilionário fabulosamente rico e inalcançável que morava na
colina? Não era possível que ele estivesse fantasiando sobre mim todo esse
tempo. Não era possível. Ele provavelmente passou aqueles anos solitários
sonhando com todos as modelos e atrizes e cantoras que ele tinha levado para a
cama. Então o que ele poderia querer dizer com essas palavras?
A resposta era óbvia... e deprimente. Ele estava na prisão há mais de dois anos
e, naturalmente, ele queria transar. Não era como se ele me quisesse, per
se. Qualquer mulher servia. Ele tinha acabado de me pegar em uma posição
vulnerável, e então ele rapidamente se aproveitou de mim.
Novamente eu me perguntei se ele de alguma forma criou toda aquela
situação. Eu nunca ouvi falar de alguém em Pinecone sendo assaltado. A
estranheza mantinha os sinos de alarme soando em meu cérebro e, chegando a
uma decisão, eu empurrei seus ombros cobertos de couro tão vigorosamente
quanto pude.
"Ei. Chega."
Ele recuou a cabeça e olhou para mim. Seus olhos estavam embaçados pela
luxúria, mas quando ele piscou para mim, eles lentamente se afastaram. Eu podia
ver a sanidade retornando ao seu rosto.
"Eu pensei ... eu pensei que você queria isso", ele se aventurou.
"Eu pensei que eu queria também. Mas eu estava errada. Me solta."
Ele hesitou apenas por um instante, depois me soltou e deu dois passos para
trás. Tentei me recompor – pelo menos o meu cabelo ainda estava confinado em
sua trança, e o fato de que eu estava usando casaco significava que eu ainda
estava vestida decentemente. Embora eu tivesse certeza de que não teria durado
por muito tempo, se eu não tivesse recobrado meus sentidos.
Hunter ficou lá, olhando para mim em silêncio, e eu tentei ignorar o olhar de
dor que pensei ter visto em seu rosto.
"A oferta para levá-la para casa ainda está de pé", disse ele.
Obrigada." Eu levantei meu queixo e marchei, passando por ele para
"Estou bem.
fora do beco.
Eu sabia que era a coisa certa a fazer. Hunter era um ponto de interrogação
muito grande para eu me permitir ceder a ele. Eu não sabia por que ele estava
aqui esta noite, ou porque ele continuava aparecendo na minha vida, mas eu
sabia que ele era um criminoso.
Além disso, olha o que aconteceu comigo da última vez que me permiti ceder
a ele. Não, o sexo com Hunter só levaria a problemas e desgosto. Firmemente,
marchei pelo turbilhão de neve, indo para casa.
Mas eu não pude deixar de sentir que deixei algo muito importante para trás
naquele beco.
*****
Hunter
Eu não era um perseguidor, mas não podia deixar Char ir para casa sozinha
até tarde da noite. Especialmente considerando que o cara que a atacou tinha
fugido. Provavelmente ele era apenas um assaltante aleatório, mas a verdade é
que não havia tantos ladrões nesta cidade esquecida por Deus. O que me fazia
pensar se talvez o cara tivesse algum rancor pessoal contra Char.
Mas se era pessoal, ou se o cara estava apenas caçando mulheres por conta
própria, não era seguro para ela estar sozinha por aí, nessas ruas desertas. Eu a
segui com uma certa distância, andando o mais silenciosamente que pude e me
mantendo nas sombras. Na minha jaqueta de couro escura e de jeans, imaginei
que provavelmente também parecia uma sombra. Nada ameaçador saltou
dos becos pelos quais passamos, embora eu a tenha visto se assustar uma vez
com um gato que miava debaixo de um arbusto. Claramente a experiência a
deixou um pouco mais agitada do que ela queria deixar transparecer.
Em pouco tempo, entramos na parte residencial da cidade, alinhada por uma
iluminação intermitente, e pensei em dar meia volta. Mas eu ainda não tinha
conseguido ficar tranquilo depois de ver aquele cara agarrá-la e arrastá-la para
fora da rua, e me senti obrigado a ter certeza de que ela chegaria em casa em
segurança. Momentos depois, ela seguiu pela familiar estrada ladeada de
árvores até seu antigo bairro. Percebi que ela ainda devia estar morando com a
mãe, e me perguntei novamente se ainda estava vivendo naquela cidade meia
boca porque sua mãe estava doente e precisava dela. Ela era tão ambiciosa e tão
motivada quando era mais jovem, que cuidar de sua mãe era a única explicação
que eu conseguia imaginar e que fazia sentido.
Quando adolescente, eu passava quase tanto tempo na casa de Jacob quanto na
minha própria casa. Jacob era um cara legal, leal e gentil, e diferente de todos os
outros no mundo, ele conseguia enxergar através da minha fachada de cara mau
num piscar de olhos. E a mãe dele também.
E, no entanto, me lembrei com um sentimento esmagador de vergonha, que eu
me referia desdenhosamente às minhas visitas à sua casa como "seguindo para o
caminho errado".
Apesar de meu desprezo juvenil (que era um eco do desdém de meu pai por
qualquer casa menor que um castelo), aquele na verdade era um bom bairro,
embora as casas fossem mais antigas – em sua maioria, bangalôs atarracados de
1920, com algo vitoriano graciosamente espalhado aqui e ali, como pedras
coloridas. Mas quando Char chegou na calçada da sua casa, eu olhei para o velho
bangalô com uma sensação de choque. Mesmo na fraca luz amarela da
iluminação da rua, eu podia ver que estava precisando desesperadamente de
manutenção. A pintura estava descascando e os velhos degraus de madeira que
levavam a varanda pareciam deformados.
Eu lembrava dela como uma casa bem cuidada, e novamente me perguntava
se a Sra. Evans estava bem. Mas meus medos foram amenizados quando ouvi
uma voz familiar gritar: "Seja bem-vinda em casa, querida!"
Por um breve momento de tirar o fôlego, achei que a Sra. Evans estava me
chamando. Mas então percebi que, claro, ela estava falando com a própria
filha. Ela parecia saudável, e muito mais cinzenta do que a última vez que a
havia visto, e então meus medos recuaram.
Ao lado dela, na varanda, estava Jacob.
Estavam sentados em cadeiras de vime velhas e esfarrapadas, sob um raio de
luz dourado vindo das luzes da varanda, e entre eles, em uma mesinha, estava o
que parecia ser um pequeno rádio. Ver Jacob doía mais do que eu pensava que
doeria, e mais uma vez me veio aquela sensação esmagadora de vergonha. Se eu
não tivesse sido um idiota arrogante e elitista no ensino médio... se ao menos nós
dois ainda fôssemos amigos...
Mas eu não tenho mais amigo algum. Não mais.
As rajadas de neve quase ocultaram minha visão da velha casa enquanto Char
se jogava aliviada no velho balanço da varanda. Ela estava claramente exausta,
mas, no entanto, começou a conversar alegremente com sua família sobre o seu
dia. Eu estava longe demais para ouvir claramente a conversa deles, mas era
obviamente doméstica e feliz. Eu a tinha visto em casa em segurança, e sabia
que deveria rastejar de volta para a escuridão, sozinho e indesejado. Mas eu não
conseguia parar de olhar para o quadro da família feliz na minha frente.
E então, para minha surpresa, uma pequena voz soou claramente do pequeno
rádio na mesa.
"Mamãe?"
"Oh!" Char pulou em seus pés como se tivesse esquecido sua exaustão
completamente, e um sorriso brilhante floresceu em seu rosto. "Ela
acordou!" Ela praticamente correu para dentro da casa e, pouco depois, sua
família seguiu, fechando a porta atrás deles.
Eu fiquei lá nas sombras, sentindo como se tivessem batido na minha cabeça
com uma bigorna. A neve girou em torno de mim, caindo mais e mais, mas eu
mal notei.
Char tinha uma filha. Uma filha com idade suficiente para falar.
Capítulo Seis
Charlotte
Quando Hunter entrou tempestuoso pela lanchonete na manhã seguinte, eu
sabia que ele não estava lá para pedir bacon e ovos.
Havia um olhar feroz em seus olhos, um brilho perigoso que me fazia pensar
mais uma vez em um gato da selva me avaliando para o jantar. Ele parecia
abatido, como se não tivesse dormido a noite toda, e não se incomodou em
sentar, apenas se aproximou de mim, me segurando entre as mesas. Seu cheiro,
invernal e frio, veio até mim, mas eu tentei ignorar.
"Precisamos conversar", disse ele, em voz baixa, sinistra.
Meu coração batia forte no meu peito, tão alto que eu tinha medo que ele
pudesse ouvir, mas me recusei a mostrar qualquer medo. Eu levantei meu queixo
e olhei diretamente nos olhos dele.
"Agora estou trabalhando", eu disse. "Até o meio dia eu não tenho uma pausa
sequer."
"Eu não me importo", disse ele, entre os dentes. “Eu quero falar com você lá
fora, agora mesmo, ou vou fazer uma cena que vai fazer com que as boas
pessoas de Pinecone falem de você durante um ano inteiro. Entendeu?"
Ah, eu entendi perfeitamente bem. Não via saída alguma para esse confronto,
então soltei um suspiro e assenti.
“Tudo bem”, eu disse, acenando com a cabeça em tom de desculpa para os
clientes que não tinham sido servidos ainda, e segui atrás dele enquanto
caminhava para fora da lanchonete. Ainda estava muito frio, e alguns
centímetros de neve cobriam o chão, resistindo teimosamente aos esforços fracos
do sol da manhã em derrete-los.
Do lado de fora, na esquina (onde Howie fumava quando achava que ninguém
podia vê-lo, e o cheiro da lixeira pairava pesado no ar, apesar do frio), Hunter se
virou e olhou para mim. Se seus olhos antes brilhavam, agora eles praticamente
arremessavam faíscas douradas.
"Você tem uma filha", ele retrucou.
O pânico explodiu no meu peito, mas eu lutei para que minha expressão não
entregasse nada. Eu levantei uma sobrancelha. "Eu tenho. Quem te disse isso? "
“Eu te segui na noite passada para ter certeza que você chegaria em casa em
segurança. Eu a ouvi no monitor de bebê."
Uma estranha e complicada mistura de emoções se formou no meu peito. Eu
não tinha certeza se deveria ficar feliz por ele estar tão preocupado com a minha
segurança, ou furiosa porque ele havia ignorado meus desejos e me seguido -
não, me perseguiu até minha casa. Eu decidi me enfurecer.
"Eu te disse para não me seguir, droga!"
Ele não ficou impressionado com a minha raiva. “Até onde sabíamos, aquele
cara poderia ter vindo atrás de você no instante em que te deixei sozinha. Eu não
podia deixar você lidar com outro ataque por conta própria, podia? Então eu te
segui. Mas eu não sabia que você estava guardando segredos, Char."
Eu me arrepiei com seu tom acusatório, porque quem diabos era ele para
me acusar? Ele disse que tinha ouvido Diana chamando por mim no monitor do
bebê – isso aconteceu mais de cinco minutos após eu ter chegado na minha
varanda, sã e salva. Ele estava me espionando, merda.
“Minha filha”, eu disse, tão friamente quanto conseguia, “absolutamente não é
da sua conta. ”
Eu tentei passar por ele, tão elegante quanto pude, considerando que eu
estava usando um uniforme feio e sapatos desajeitados – a coisa mais longe
possível de elegância – mas ele pegou meu braço e me girou. Seus olhos
estavam cheios de uma emoção fervilhante tão intensa que era um pouco
assustador.
"Espere", ele cuspiu. “ Eu acho que ela é da minha conta, caramba. Ela é
minha, Char?"
"Sua?" Eu tentei respirar com firmeza, mas meus pulmões não pareciam estar
funcionando. "Claro que não. Eu te disse naquela noite, eu estava tomando pílula."
"Não inventa!" Sua mão apertou meu pulso como uma algema de aço. “Eu
tenho perguntado pela cidade a manhã inteira. Faz alguns meses que ela fez dois
anos, e a menos que você tenha estado com muito mais homens do que eu acho
que você tem, significa que ela provavelmente é minha. Ela é?"
Hesitei por um momento e sua mão se apertou ainda mais. "Ela é?"
“Pare com isso. Você está me machucando."
Ele olhou para a mão, como se tivesse esquecido o que estava fazendo com
ela, e instantaneamente parou de apertar. "Desculpe", disse ele, não soando
terrivelmente arrependido. "Responda à questão."
Eu solto um suspiro longo e instável.
"Ela é sua."
Algo no rosto dele ficou pesado. "Eu quero vê-la."
"Eu não posso –"
" Hoje, droga."
Eu soltei meu braço e me afastei lentamente. De repente eu estava com medo
dele, porque o olhar frio em seu rosto me lembrou de que ele estava preso, era
um criminoso. Endurecido, implacável, zangado. Ele deve ter visto o medo em
minha expressão, porque respirou fundo e um pouco do gelo derretia de seus
olhos, deixando-os macios e dourados.
"Desculpa", disse ele, e sua voz já não era de aço. Na verdade, ele parecia
quase... humilde. “Eu sei que não tenho o direito de voltar à sua vida e fazer
exigências assim. Eu sei que não tivemos um relacionamento real, apenas uma
noite, e também sei que não sou o tipo de homem que você escolheria para o pai
da sua filha. Eu só – gostaria de vê-la. Se você permitir isso."
Eu hesitei por um longo momento. Apesar dos longos anos da minha
adolescência nos quais eu sonhava inocentemente sobre Hunter, apesar dos
últimos três anos nos quais eu fantasiei sobre ele muito menos
inocentemente... eu não estava certa se queria que Hunter fizesse parte da vida
de Diana.
Mas a dura e indiscutível verdade era que ela era sua filha. Ele tinha o direito
de vê-la, no mínimo.
"Tudo bem", eu finalmente concordei. “Mas quero me encontrar com você no
parque. Jacob – bem, ele não tem a menor ideia do que aconteceu entre nós
dois naquela noite, e ele não sabe que ela é sua filha. Não sei bem o que
aconteceria se ele descobrisse. Ele te odeia."
Ele se encolheu, tão ligeiramente que eu quase não vi. "Tudo bem", ele
concordou. "Tá bom, no parque."
***
Hunter
Eu ia conhecer minha filha.
Eu nunca pensei em mim mesmo como um tipo de pai. Claro, meu pai
esperava que eu me casasse bem e criasse filhos bonitos, e eu planejava aderir a
isso eventualmente. Mas a ideia de uma mulher e os filhos sempre estava
definida em um futuro vago, enevoado, o qual eu não podia ver claramente. Eu
nunca pensei seriamente em me estabelecer, quanto mais engravidar uma mulher
e tê-la carregando meu filho.
Mas através de um acidente do destino, eu era pai.
E eu estava puta emocionado com isso.
Enquanto eu me sentava em um banco de ferro no parque deserto naquela
tarde, esperando Char chegar com sua garotinha - não, nossa garotinha – no
colo, pude sentir meu coração acelerado. Eu só havia ouvido a voz dela uma vez,
mas eu já tinha certeza absoluta de que queria ser um pai de verdade para aquela
garotinha que fizemos juntos. Eu queria que Char confiasse em mim o suficiente
para me deixar entrar em suas vidas.
Mas para que isso acontecesse, eu teria que convencer Char de que eu não era
o bad boy do qual ela se lembrava, ou o criminoso que todo mundo sabia que
havia roubado de seu próprio pai. Eu precisaria ser mais do que Hunter
Kensington, ex-presidiário.
Eu precisava do que todo membro respeitável da sociedade precisava. Eu
precisava de um emprego.
A luz fria do sol do inverno brilhava em mim a partir de um céu azul celeste,
claro como cristal, e uma brisa fria soprou em torno da neve que permaneceu no
chão, levantando flocos de neve e girando-os como brinquedos, enquanto eu
sentava e planejava meu próximo passo. Seria quase impossível para mim
conseguir qualquer tipo de trabalho decente fora da família – eu não só era um
criminoso, mas (graças às histórias que foram escritas sobre o meu crime
nacional) eu era conhecido em todo o país como um beberrão, um motoqueiro
bad boy. Ninguém iria me contratar.
Para convencer a Char que eu estava reformado, então, meu primeiro passo
tinha que ser obter uma posição, qualquer posição, na Kensington Media. E se
isso significasse rastejar sobre minhas mãos e joelhos pro Au – bem, eu faria
isso. O pensamento me dava vontade de vomitar, mas eu faria pelo bem da
minha filha.
Mas eu não queria pensar sobre isso agora. Eu deixei minhas preocupações de
lado, com surpreendentemente pouco esforço. Apesar de tudo, eu estava
feliz. Podia ser um dia frio de Fevereiro, mas o sol estava brilhando reluzente, e
isso ecoava o meu humor perfeitamente.
Eu ia conhecer minha filha, e o mundo inteiro seguia bem.
***
Charlotte
"Olá. Meu nome é Hunter.”
Eu não pude deixar de sorrir quando Hunter se inclinou para baixo de sua
altura relativamente grande e solenemente ofereceu sua mão para Diana. Ela
colocou a pequena mão na mão dele e eles apertaram as mãos firmes, como dois
magnatas se encontrando pela primeira vez.
“Oi. ” Normalmente Diana era tímida no primeiro contato, mas aparentemente
Hunter tinha um jeito com as crianças, porque ela parecia muito disposta em
falar com ele. "Eu gosto do parque."
Suas palavras eram tão pouco claras quanto as de qualquer criança de dois
anos, mas ele conseguiu entendê-la. "Eu também."
"Mas está vazio hoje. Não tem ninguém aqui."
Hunter sorriu para ela (provavelmente entretido pela sua pronúncia de "vazio",
que soava como "vajio"). "É porque está frio."
"Eu tô de casaco." Ela apontou para o casaco rosa que eu comprei para ela no
Wal-Mart.
“Seu casaco é muito bonito. Eu gostei da cor."
Ela olhou em volta novamente, confirmando a falta de companheiros de
brincadeira da mesma idade, e olhou de volta para ele, aparentemente decidindo
que ele serviria. "Quer descer o escorrega comigo?"
Hunter soltou uma risada suave. "Claro."
Em instantes, os dois corriam um atrás do outro em torno do parque coberto
de neve, jogando algum jogo complicado de pique (o qual Diana estava
ganhando, principalmente porque Hunter estava claramente deixando-a
ganhar), enquanto eu havia decidido sentar em um banco e assistir. O parque era
apenas um pequeno espaço aberto com balanços e um escorregador, cercado por
arbustos sempre verdes e, mais além havia uma área arborizada maior, com um
caminho que os corredores gostavam de usar. Mas hoje, graças ao frio e à
camada restante de neve no chão, ninguém estava lá, exceto nós. O parque
estava tão silencioso e vazio como eu jamais havia visto.
Mas não ficou em silêncio por muito tempo. Logo Diana estava gritando de
tanto rir, e a boca de Hunter estava aberta em um sorriso de prazer que eu nunca
tinha visto nele antes. Mesmo quando adolescente, ele perpetuamente mantinha-
se carrancudo. Mas essa expressão lavava todas as preocupações de seu rosto e o
fazia parecer mais jovem, despreocupado, feliz.
Fazia com que ele parecesse lindo.
Ele era tão lindo que meu coração tropeçava no meu peito. Um calor crescente
começou a me preencher, junto de uma sensação de absoluta e completa
adoração que eu não sentia desde a minha adolescência. Tentei afastar o
sentimento, mas não consegui.
Eu ainda amo Hunter Kensington, percebi. Eu estava encantada por ele
quando criança, mas eu me apaixonei por ele naquela noite, no beco atrás do
Zippo... e apesar de tudo que aconteceu, eu nunca fui capaz de deixar de amá-
lo. E vê-lo tão feliz - bem, era como o sol brilhando na parte mais sombria do
inverno. Inesperado, mas maravilhoso.
Finalmente Hunter cambaleou de volta para o banco e sentou-se ao meu lado
pesadamente.
"Ela é como uma máquina de se mexer para sempre ", ele ficou maravilhado,
observando Diana correr ao redor do parquinho sozinha.
“Crianças de dois anos nunca param até a hora de dormir. Eles
são incrivelmente cansativos."
"Certamente." Ele observou-a por mais algum tempo, e eu tentei vê-la através
de seus olhos – um ser humano pequeno e perfeito abençoado com energia
inesgotável, seus cabelos escuros como os dele, mas com brilho acobreado como
os meus. A medida em que ela foi deixando de ser um bebê, os traços dos
Kensington começavam a surgir em seu rosto - o queixo firme, as sobrancelhas
arqueadas, os lábios cheios eram todos versões em miniatura dos de Hunter. Ela
era, eu pensei, uma criança bonita, até mesmo para o ponto de vista de uma
mãe. O olhar suave nos olhos dele enquanto a observava me dava certeza que ele
também pensava assim.
"Qual é o nome dela?" Finalmente perguntou.
Eu limpei minha garganta. "Diana".
Observei seu rosto enquanto ele processava isso lentamente. "Como a deusa
romana?"
Eu assenti.
"Oh." Ele olhou para mim, e uma expressão quase surpresa cruzou seu
rosto. “Entendi. A deusa da caça. Você... você a nomeou baseada em mim."
"Sim." Eu olhei diretamente em seus olhos. “Porque mesmo depois de tudo o
que aconteceu… eu queria lembrar que ela era sua, Hunter. Eu não podia me
deixar fingir que aquela noite nunca aconteceu. Eu simplesmente não podia."
Ele olhou para mim por um longo momento, com o rosto estranhamente
concentrado, e por um instante pensei que ele poderia baixar a sua cabeça
escura para me beijar. Mas então ele olhou para Diana e sua expressão se
iluminou. Parecia quase um esforço consciente, como se ele estivesse
deliberadamente tentando manter as coisas casuais entre nós dois por enquanto.
"Por que não tomamos um pouco de chocolate quente?", ele sugeriu.
Passamos o resto da tarde tomando chocolate na cafeteria perto do parque e
alimentando os patos remando no lago parcialmente congelado. Diana gritava
feliz com a maneira como suas caudas sacudiam de um lado para o outro e, volta
e meia, tinha que ser contida, ao tentar agarrá-los. Eu vi Hunter com um sorriso
largo e genuíno mais de uma vez, e a cada vez fazia meu coração saltar no meu
peito.
Eu lembrei da minha constatação anterior: Eu ainda amo Hunter Kensington.
E enquanto passávamos mais tempo juntos, descobri que, naquele
momento, estava me apaixonando mais e mais por ele.
Capítulo Sete
"Eu preciso de um emprego."
Eu estava na biblioteca forrada de livros, em frente à velha escrivaninha de
mogno do meu pai, com a cabeça baixa, assim como já estive diante dela tantas
vezes na minha infância e na minha adolescência tempestuosa. Só que desta vez
não era meu pai olhando para mim do outro lado da mesa. Era meu irmão mais
novo.
Mas era estranho o quanto do meu pai eu via nos olhos marrons friamente
avaliativos do meu irmão e sua boca sardonicamente curvada. Talvez, pensei,
fosse por isso que Austin e eu nunca nos demos bem. Talvez houvesse muito do
meu pai nele.
Au olhou para mim, entrelaçando os dedos sob o queixo. O canto da boca
levantado naquele sorriso paternalista que eu odiava.
"Sem gritar comigo para desocupar sua cadeira hoje?" Ele perguntou, sua voz
branda e suave. Apesar de seus tons cuidadosamente cultivados, eu ainda tinha
a sensação de que ele estava zombando maliciosamente de mim, e me senti
ouriçado. Mas mantive minha cabeça baixa. Me doía admitir, mas eu não era o
macho alfa nessa situação. Eu não estava no comando. Au estava.
"Não", eu respondi. “Como eu disse, preciso de um emprego. ”
"E eu já lhe disse, Hunter, que o Conselho de Administração –"
"Eu não estou pedindo para ser o CEO", eu soltei. “Nem mesmo um gerente
intermediário. Eu assumirei qualquer posição, Au, não importa o quão baixa
seja. Eu só... eu realmente preciso de um emprego."
Ele inclinou a cabeça de um lado, me estudando. "Que interessante", disse ele,
pensativo. “Agora, por que você precisaria de um emprego, precisamente? Você
esqueceu que é um bilionário? Você não precisa trabalhar no McDonald's para
pagar suas contas, você sabe disso."
"Eu sei.Eu só..." Suspirei pesado. Eu não podia explicar que eu precisava
provar a mim mesmo para a Char, para fazê-la ver que eu não era mais apenas
um garoto rico mimado. Que eu queria trabalhar, me esforçar, me tornar um
homem melhor, para ela e para Diana. "Eu quero me tornar alguma coisa,
droga. E é isso."
"De fato. E o que possivelmente poderia obrigar o bad boy de Pinecone a
querer mudar?"
Ele estava abertamente zombando de mim agora, e eu realmente queria me
aproximar, agarrá-lo por sua gravata Hermes de seda e colocá-lo de joelhos,
depois socá-lo no queixo. Mas ele deixou claro em nossa última conversa que
qualquer comportamento mais violento de minha parte me colocaria na cadeia de
novo. Eu não duvidava que ele hesitaria em dar queixa. Afinal de
contas, sabendo o que eu fiz por ele, eu era um risco agora, e ele provavelmente
estaria mais seguro comigo na prisão.
O fato de que meu próprio irmão não hesitaria em me jogar na cadeia pela
segunda vez fazia meu coração doer, mas ignorei a dor e respondi com toda a
calma que pude.
"Eu acho que a prisão me mudou."
"Prisão? Ah, sério? Simples assim?"
Ficou claro que ele estava implicando em uma tentativa de encontrar as fendas
na minha armadura, então eu recusei em deixá-lo ver alguma. Eu sabia que não
podia manter minha filha em segredo para sempre, mas eu ainda não estava
pronto para contar sobre Diana, especialmente suspeitando que ele não hesitaria
em usá-la como uma arma contra mim. "Simples assim", eu disse teimosamente.
"Hmmm." Ele descansou o queixo nos dedos e franziu a testa em pensamento,
como se estivesse pensando bastante sobre o meu problema. “Suponho que
poderíamos encontrar um lugar para você na sala de correspondência, irmão
mais velho. Você gostaria? ”
O pensamento me encheu de fúria, mas eu lutei para não deixar isso refletir
em meu olhar. Mesmo assim, pude ouvir a voz do meu pai dentro da minha
cabeça, tão claramente como se ele estivesse no cômodo conosco.
Um Kensington, trabalhando em uma posição tão baixa? Um Kensington
preferiria a morte!
Silenciei a voz e respondi com firmeza.
“Eu já te disse, Au. Eu ficarei feliz em aceitar qualquer trabalho que você
puder me dar."
Ele acenou para mim, como se eu tivesse passado por algum tipo de
teste. “Tudo bem, Hunter. Verei o que posso fazer."
"Obrigado." As palavras ficaram presas na minha garganta, mas eu consegui
cuspi-las de algum jeito. Eu me virei para a porta, mas a voz de Austin me
parou.
"Ah, a propósito, você viu os jornais hoje?"
Ele segurava uma cópia da Gazeta de Pinecone. Foi a primeira aquisição da
Kensington Media na mídia, há muito tempo atrás, e era o jornal básico de
cidade pequena - duas páginas de notícias locais e mais algumas páginas de
eventos esportivos do ensino médio e similares, repletas de anúncios de
empresas locais. Não era o tipo de jornal que eu normalmente me incomodava
em ler - era o mais distante possível do New York Times ou do Washington Post.
Eu peguei o exemplar, levemente curioso, e passei os olhos nele.
Meu sangue congelou.
Porque ali, na primeira página, haviam inúmeras fotos minhas, da Char e da
Diana, alimentando os patos juntos. E todas essas fotos estavam alinhadas sob
uma chamada em letras garrafais: FILHO SECRETO?
Au olhou para mim, sua boca se curvando naquele sorriso odioso. “Realmente
parece que tem alguma coisa que você não quer me dizer”, disse ele. “Diga,
Hunter. É mesmo sua filha?"
Eu não me importei em responder. Eu olhei para as fotos, sentindo o mundo
se abrir sob meus pés.
Oh meu Deus, pensei. Char vai me matar.
Se Jacob não fizer isso primeiro.
***
Charlotte
"Mas que diabos é isso?"
Eu tinha acabado de colocar um prato de ovos fritos e bacon diante de um dos
meus clientes quando ouvi uma voz masculina com raiva. Ah, não, não de novo,
pensei. Mas quando olhei em volta, não vi Hunter, mas sim Jacob em direção a
mim, balançando furiosamente um jornal na mão.
Eu não tinha ideia do por que ele estava acenando aquilo para mim, já que
minhas manhãs eram sempre agitadas. Preparar Diana para a pré-escola e me
arrumar de uma forma decente era tudo que eu tinha tempo para fazer. De
qualquer forma, quem ainda lê jornais? Nos raros momentos em que tinha que
me atualizar (e lamentar meus sonhos perdidos de uma carreira jornalística),
usava meu telefone para navegar na web, como todo mundo. Jornais eram tão
coisa do século passado.
Mas lá estava Jacob, agitando o que parecia ser a Gazeta de Pinecone, entre
todas as possibilidades, e parecendo absolutamente enfurecido com isso. Eu dei
um olhar de desculpas para Howie - desculpe por todos os homens raivosos da
minha vida - e fui na direção de Jacob em uma tentativa de guiá-lo para fora do
restaurante.
Ele se plantou ali, teimoso, bem no meio da lanchonete, e jogou o jornal em
mim. "Me diz que isso não é verdade."
Eu peguei, perplexa, e olhei para a manchete. As enormes palavras FILHO
SECRETO? Me acertaram como um martelo, tirando meu fôlego, e as fotos de
nós três passando tempo no parque tirou o oxigênio restante dos meus
pulmões. Eu achava que o parque estava completamente vazio, mas alguém
estava nos observando. Alguém estava espreitando dos arbustos e tirando
fotos. Alguém estava me perseguindo.
De novo.
"Me desculpe", eu disse, muito calmamente. Eu não podia mentir para Jacob,
não depois de tudo que ele havia feito por mim, tudo que ele havia sacrificado
para me ajudar. De qualquer forma, agora que ele tinha visto isso, ele saberia que
era verdade apenas olhando para o rosto de Diana. Ela era uma Kensington em
miniatura, praticamente. "É verdade."
"Você e Hunter – os dois –" Ele parecia perceber que ele estava precipitado e
retomou o controle de sua voz. "Como você pôde, Char?"
"Será que dá para não falar sobre isso no meu trabalho?"
Ele abaixou a voz levemente. “O homem é um criminoso, Char. E o que ele
fez – no colegial – se você soubesse o que ele fez —“
"Eu dormi com ele antes dele ser um criminoso", retruquei.
“Mas você está passando tempo com ele agora, né? Quero dizer, olha essas
fotos. Vocês dois, se divertindo juntos - com Diana - ugh. Eu juro que eu vou
matá-lo."
Eu peguei a manga azul escura do seu casaco. “Você não vai, Jacob. Olha, me
promete que você não vai fazer nada estúpido. Nós dois estávamos
conversando. Só isso. Ele tem o direito de saber sobre Diana, e de qualquer jeito,
eu não podia impedi-lo de descobrir. Ele estava fadado a saber, cedo ou tarde."
"Apenas conversando", disse ele com desdém, olhando para as fotos de nós
rindo juntos. "Claro."
"Honestamente, eu não voltarei a ficar com ele, Jacob. Não que nós
estivéssemos juntos, pra dizer a verdade. Foi apenas uma noite –“
"Você não tem que me dizer que tipo de homem ele é", ele cortou, levantando
a mão para me impedir. “Eu já sei, Char. Confie em mim. Eu sei. ”
Eu pensei que talvez agora que Jacob tinha botado parte da raiva e traição que
sentia pra fora, ele poderia sair em silêncio, mas infelizmente a porta se abriu
novamente naquele momento, deixando entrar uma rajada de ar frio... e Hunter
Kensington.
Jacob se virou furiosamente, puxando o braço para fora da minha mão o
contendo. “Eu sabia! ” Sua voz elevou-se a um tom de raiva, e todos no
restaurante que já não estavam olhando para nós levantaram a cabeça de seus
lanches e olharam para o drama. Nada acontecia em Pinecone - pelo menos
nada importante havia acontecido desde a prisão de Hunter - e agora ali estava
Hunter, mais uma vez no centro de uma situação muito escandalosa. "Vocês dois
tem se encontrado!"
Ele caminhou em direção a Hunter, com um olhar assassino. Tentei segurá-lo
pelo capuz, mas ele se soltou e levantou o braço, claramente prestes a dar um
soco. Hunter não recuou, não levantou a mão para se defender, apenas ficou ali,
esperando o golpe entrar.
De repente, Howie estava abrindo caminho entre eles. O bom e velho
Howie. Ele era um cara enorme, mesmo não estando mais em sua melhor forma,
e ele pegou o punho de Jacob em suas grandes mãos calejadas e puxou para
baixo facilmente.
"Não haverá nenhuma briga aqui, senhores", informou ele, empurrando os
dois para longe um do outro. "Dêem o fora do meu restaurante, os dois, ou eu
vou chamar a polícia."
O olhar de Hunter se deslocou para mim, e eu olhei de volta para ele,
respondendo sua pergunta silenciosa com os meus olhos: Conversaremos mais
tarde. Ele balançou a cabeça um pouco, depois virou-se para a porta e
desapareceu naquele sombrio dia de Fevereiro. Jacob olhou para mim, em
seguida, rosnou alto e saiu também.
Eu fiquei lá, tremendo. Howie se aproximou de mim e colocou uma mão
simpática no meu braço.
"Você precisa passar a limpo o drama da sua vida", ele disse, mas não com
indelicadeza. “Eu não posso ter gente irada entrando na minha lanchonete e
brigando por você. É ruim para os negócios, você sabe. Tire a tarde de folga e
endireite sua vida, Char. E pelo amor de Deus, mantenha o drama fora do meu
restaurante a partir de agora, tudo bem?"
"Tudo bem", eu respondi entorpecida. "Eu vou tentar."
***
Hunter
"Nós precisamos conversar."
Eu estava sentada no banco de ferro do parque novamente, olhando para o
lago dos patos, tão absorto em meus próprios pensamentos sombrios que eu não
tinha ouvido passos se aproximando. Levantei minha cabeça e percebi a
Char parada ali, olhando para mim.
Eu não conseguia ler a expressão dela, mas assumi que ela estava
zangada com o que acontecera na lanchonete. Quem não estaria? Claro, não era
de fato culpa minha, mas mesmo assim... "Sinto muito sobre esse artigo no
jornal", eu disse a ela. "E pelo que aconteceu no restaurante esta manhã."
“Não foi sua culpa. Peço desculpas pelo comportamento do meu
irmão. Descobrir que você é o pai de Diana - bem, acho que foi um choque para
ele. Ele odeia você."
A franqueza dessas palavras me cortava como uma faca. É claro que,
intelectualmente, eu sabia que Jacob me odiava, mas ouvir isso com tanta
franqueza – doía. Afinal, ele era meu melhor amigo no mundo inteiro. Na
verdade, eu nunca cheguei a substituí-lo no meu coração, nunca encontrei outro
homem que eu pudesse chamar de amigo próximo. Na faculdade, eu permaneci
solitário e me assegurei de que preferia assim.
Mas no fundo eu sabia que não preferia.
Ela sentou no banco de ferro ao meu lado, sua coxa perto da minha. Ficamos
em silêncio por um longo momento, olhando para o pequeno lago de
patos. Estava tão frio que as bordas do lago estavam cobertas de gelo, mas os
patos nadavam em círculos rápidos na parte da água, lançando as asas no ar de
vez em quando, enquanto procuravam por comida. O céu acima era um cinza
pesado, com um tom sombrio de mal presságio, e o sol que havia brilhado tão
fortemente ontem não podia ser observado de lugar algum, estava escondido por
trás das nuvens escuras.
Finalmente ela falou.
"Me desculpe por ter tentado esconder tudo de você", disse ela.
"Tudo bem." Eu olhei para ela, surpreso. Eu esperava raiva, não um pedido de
desculpas. "Eu entendo porque você fez."
“Não está tudo bem. É que… bem, eu me acostumei a pensar em Diana como
minha, nos últimos anos. Minha mãe e Jacob ajudaram a criá-la, mas mesmo
assim, eu pensava nela como minha e só minha. Mas honestamente... ela nunca
foi só minha de verdade, né? Ela era sua também, e eu deveria ter deixado você
saber sobre ela no momento em que ela nasceu. Mas eu estava com medo."
“Medo de ela ser conhecida como filha de um criminoso? ”
“Em parte”, ela admitiu, e as palavras pragmáticas me atingiram como mais
uma ponta de faca. Porque é claro que Diana era filha de um criminoso e agora
todos na cidade sabiam disso. Não demoraria muito, infelizmente, para todos no
país saberem. As pessoas amavam um bom escândalo. Eu imaginava pelo que
diabos minha filha iria passar em sua vida por causa das minhas escolhas. “Mas
também por causa da sua família. Seu pai ainda estava vivo naquela época, e eu
tinha medo de que, se ele soubesse que ela era sua, ele poderia conseguir a
custódia de alguma forma. ”
"Isso foi bem sábio", eu concordei. "Meu pai iria querer cria-la como uma
Kensington."
em uma mansão, não em um bangalô
"Sim. O que significaria que ela iria viver
velho. Que ela iria ter uma governanta e iria para os melhores e mais exclusivos
jardins de infância. E vestiria as melhores roupas, e teria os melhores
brinquedos, e.. enfim. Eu a teria perdido, Hunter. Você sabe que eu teria."
Pensei na obsessão do meu pai com a família e na quantidade de dinheiro que
ele tinha à sua disposição, comparado a Char. Eu concordei.
"Você estava certa", admiti. "Manter a verdade para si mesma era a única
maneira de mantê-la contigo."
"Sim.Eu fiz o que tinha que fazer, mas ainda sinto muito por isso. Não foi justo
pra você. Mas agora…"
“Eu não vou tirá-la de você, Char. Você sabe disso, não sabe?"
Ela olhou para mim e um pequeno sorriso curvou sua boca.
“Eu sei disso”, ela disse, “embora não consiga te afirmar quando eu passei a
ter essa certeza. Quando soube que você tinha sido solto da prisão e estava
voltando para casa, a primeira coisa que pensei foi que você poderia tirar Diana
de mim. Mas agora que conheço você... não acho que você seja capaz de tal
coisa."
"Você está certa. Eu não sou capaz. Eu vi ontem o quanto ela te ama. O quanto
você a adora. Eu não poderia tirá-la de você, não importa o motivo. Ela precisa
de você."
"Mas ela precisa do pai também." Ela se aproximou e gentilmente colocou
uma mão na minha. Percebi que minhas mãos estavam em punhos fechados e
conscientemente tentei relaxá-las. “Não é justo mantê-la toda só para mim. No
começo, pensei que era o que eu queria, mas agora percebi que ela precisa de
você, Hunter. E você precisa dela."
Eu nunca precisei de ninguém em minha vida, e o pensamento de que
precisava de alguém, ainda mais de uma criança de dois anos, era absurdo, quase
insultuoso. Isso deve ter aparecido na minha expressão, porque ela riu baixinho.
"É verdade", ela insistiu. “Você devia ter visto seu rosto ontem. Você deu uma
boa olhada nas fotos no jornal? Aqui, olha isso. ”
Ela puxou o jornal debaixo do braço e o estendeu para mim. Eu peguei,
curioso. Eu não tinha olhado de perto o papel quando Au me mostrou esta
manhã, mas parei pra olhar as fotos agora. Nós três estávamos sorrindo juntos
enquanto alimentávamos os patos, parecendo uma família feliz. Havia até
algumas fotos em que claramente estávamos rindo.
Eu ria com Char e minha filha.
Eu nunca havia rido antes.
Eu olhei para as fotos e indaguei. Talvez eu realmente precisasse da minha
filha.
E talvez, apenas talvez, eu também precisasse de Char.
Eu virei minha mão, palma para cima, e emaranhei meus dedos nos dela. Nós
dois olhamos para as nossas mãos ligadas por um longo momento.
"Diana não é só minha", ela me disse suavemente. "Ela é nossa."
Senti uma imensa onda de gratidão me inundar, tão quente e intensa que não
pude expressar as palavras. Eu queria dizer obrigado, obrigado, mas ao invés
disso eu apenas virei para ela e passei meus braços ao redor dela. Ela colocou os
braços em volta do pescoço e nos abraçamos por um longo tempo.
Eu não dava a mínima para quem poderia estar escondido nos
arbustos, assistindo ou tirando fotos. Honestamente não importava.
Este momento era só nosso.
Respirei o cheiro do cabelo dela, o cheiro de morangos, e sabia que era a
minha vez de me confessar. Ela havia me dado a minha filha de volta, e agora
era hora de eu dar a ela a verdade. Eu a devia isso.
"Eu tenho que te dizer uma coisa", eu sussurrei em seu ouvido.
Senti seus cílios roçando minha bochecha enquanto ela piscava confusa. "O
quê?"
Respirei fundo, depois cuspi as palavras apressadamente. “As acusações de
peculato – não fui eu, Char. Eu não fiz aquilo. Eu juro."
Ela empurrou a cabeça para trás e olhou para mim, parecendo chocada. “O
que você quer dizer com isso, Hunter? Você se declarou culpado, não foi?"
“Na verdade, eu apenas não contestei a decisão. E... bem, você não pode
contar a mais ninguém. Me prometa. Me prometa. "
Ela parecia adivinhar o que estava em jogo aqui pelo meu tom de voz, porque
ela assentiu com a cabeça, muito solenemente. "Eu prometo."
Eu nunca disse a mais ninguém a verdade, e eu não sabia por que eu estava
contando para ela agora, mas ela era a mãe da minha filha, e ela merecia saber
que eu não era tão terrível quanto ela achava que eu era. Admito que eu não era
o modelo de homem ideal, mas também não era criminoso. E de alguma forma
eu precisava desesperadamente que ela soubesse disso.
"Au... Au foi quem desviou os fundos da caridade", eu disse finalmente,
vacilando apenas um pouco. "Meu pai me pediu para levar a culpa por ele, e
assim o fiz."
Ela olhou para mim, boquiaberta. "Você está me dizendo que foi para a prisão
para proteger seu irmãozinho?"
Eu assenti.
“A devoção de Kensington à família ”, ela disse secamente, “é muito mais
doentia do que jamais imaginei. ”
O comentário arrancou uma risada de mim. “Eu suponho que você está
certa. Mas Au tinha apenas vinte e quatro anos na época. Ele era apenas um
garoto. Ele não merecia ter sua vida arruinada por um erro estúpido."
“Ei, eu tenho vinte e quatro anos, obrigada. E eu não sou criança, sou adulta.
Do meu ponto de vista, se Austin tinha idade suficiente para cometer um crime,
ele também tinha idade suficiente para ir para a cadeia." Ela viu que eu estava
prestes a responder e levantou as mãos rapidamente, num gesto de derrota. “Mas
eu posso ver que pra você não era assim. Que você não vê dessa
maneira. Eu… sinto muito que seu pai tenha conseguido convencer você a se
sacrificar assim, Hunter. Ele não deveria ter pedido que você desistisse de tudo
pelo seu irmão. Isso foi errado."
"Está tudo bem", eu disse, embora na verdade não estivesse. Isso me
incomodava há anos - meu pai me pedira para aceitar a queda por Au porque ele
amava mais o Au? Eu não conseguia ver nenhum outro motivo para a sua
escolha e, de certo modo, eu entendia. Eu estava longe de ser o filho perfeito,
enquanto Au tinha sido tudo o que o velho poderia querer de um. Au era
inteligente, gentil e um líder nato, enquanto eu era –
Bem, a verdade é que eu era um idiota. Talvez eu ainda fosse.
"Não.” Char soava mais indignada do que antes. “Isso está muito longe de estar
bem, merda. Por que você ainda está protegendo ele? Por que não o expôe? Você
poderia limpar o seu nome... ”
“Au é meu irmão, Char. Eu admito que não gosto muito dele, mas eu o
amo. Se fosse Jacob, você não desistiria de tudo para protegê-lo? ”
Ela ficou em silêncio por um tempo, pensando nisso.
"Sim", ela respondeu finalmente, em voz baixa. "Eu suponho que sim."
"De qualquer forma..." Eu soltei um suspiro, olhando para os patos, nadando
despreocupadamente na água. Os patos tinham uma vida tão simples e
descomplicada. Sorte a deles. “A verdade é, eu honestamente acho que
acabou sendo o melhor para nós. Au sempre teve mais cabeça para os negócios
do que eu, e ele realmente havia se tornado um bom CEO. Eu venho lendo sobre
a Kensington Media, e ele vem fazendo um ótimo trabalho com a
empresa. Melhor do que eu teria feito, imagino. Talvez por isso meu pai tenha
feito a escolha que fez, porque achava que Au, com todos os seus defeitos, seria
melhor para a empresa."
"Mas –"
“Sem mas, Char. Já acabou e não dá pra mudar as coisas agora. Não adianta
desenterrar velhos problemas. Agora eu estou fora da prisão e tenho a chance de
começar do zero. Uma chance de recomeçar. E eu gostaria de aproveitar ao
máximo... com você e com a Diana. "
Ela olhou para mim por um longo momento, seus olhos azuis cheios de
lágrimas. Sua mão apertou a minha, com tanta força que quase doía.
"Por que você não vem hoje à noite para o jantar, Hunter?"
Capítulo Oito
Charlotte
Dizer que o jantar foi estranho seria um enorme eufemismo.
Hunter chegou às seis. Ele parecia ter cuidado de aparência - seu cabelo
escuro ébano estava aparado e bem penteado, e ele estava barbeado - mas
sabiamente não estava usando um terno de dez mil dólares em
uma tentativa mal interpretada de impressionar minha família. Sob a jaqueta de
couro onipresente, vestia uma simples camisa pólo com listras azul-marinho e
bordô, e um par de jeans escuros índigo.
Jacob insistiu em recebê-lo na entrada, para meu espanto. A última coisa que
eu queria era que outra briga acontecesse entre eles. Mas os dois apenas se
encararam por um longo momento, então Jacob abriu o resto da porta e
simplesmente disse: "Entre."
Hunter entrou na sala de estar, tirou o paletó e pendurou-o no cabide,
exatamente como sempre fazia quando visitava Jacob na época do ensino
médio. Antes que ele pudesse dar outro passo, minha mãe veio correndo da
cozinha, mirou nele, e jogou os braços ao redor do pescoço dele com a sua falta
de dignidade padrão.
"É tão bom ver você, querido!" Ela trinou em seu ouvido. "Você está tão
crescido e bonitão!"
Os olhos de Hunter se arregalaram com o choque, como se ele não esperasse
estar na extremidade receptora de um abraço de mãe, mas ele educadamente
tentou responder ao seu abraço. "Hm. É bom ver você também, Sra. Evans."
Ele a soltou e lançou um olhar hesitante para Jacob, cuja expressão parecia
assassina. Ele parecia que ia matar Hunter afinal. Eu me meti entre eles, peguei o
braço de Hunter e o levei para a sala de jantar.
Ele comia em nossa casa muitas e muitas vezes quando era adolescente, e me
lembrava dele comendo a comida da mãe com um tremendo entusiasmo - tanto
que muitas vezes me perguntava se ele comia na casa dele. Naturalmente,
todos na cidade sabiam que sua família tinha um chef francês que preparava
refeições maravilhosamente exóticas para o clã Kensington, de filé mignon a
escargot, que eram colocados em pratos de prata e servidos à família por um
mordomo inglês. Hunter devia desfrutar de uma cozinha incrível em casa.
Mas ele sempre parecia preferir bolo de carne.
Mamãe também se lembrava disso. Quando eu timidamente a informei que
Hunter estaria vindo à noite, ela instantaneamente correu para a cozinha e
começou a fazer bolo de carne. Agora ela estava colocando grandes pedaços dele
em cada prato, junto com generosas porções de purê de batatas e feijão
verde. Nós não tínhamos pratos de prata, apenas os mesmos pratos da Corelle
Butterfly Gold que mamãe tinha desde os anos 70. Mas o jantar ainda valia um
milhão de dólares para mim.
“Arrumem a mesa, tá bom, rapazes? ” Ela disse.
Ela disse aquilo dezenas de vezes quando eles eram adolescentes, e eles
sempre corriam para arrumar a mesa, rindo e conversando enquanto
faziam isso. Agora os dois olhavam um para o outro sem expressão, depois
foram pegar os garfos e facas, que ainda estavam na mesma gaveta em que
estiveram há dez anos. Momentos depois, a mesa estava posta para a satisfação
da minha mãe, eu tinha colocado Diana em sua cadeira infantil, e estávamos
todos sentados para jantar. Eu vi Hunter piscar confuso enquanto minha mãe
colocava um copo cheio de leite na frente dele.
"Eu lembrei que você sempre gostava de leite", ela disse a ele.
Eu suspeitava que ele estivesse acostumado a bebericar Chablis e vinho
Burgundy em suas refeições, mas minha mãe tinha, aparentemente, tomado a
decisão de trata-lo como se o tempo não tivesse passado, e ele ainda fosse um
adolescente. O que talvez fosse bom, considerando tudo o que ele havia passado
desde então.
Nós comemos e, apesar do silêncio constrangedor que prevalecia, o jantar
parecia correr bem. Hunter havia devorado seu bolo de carne com entusiasmo,
como se tivesse sido preparado pelo melhor chef francês existente, e
também engoliu sedento o leite.
Mas ninguém parecia ter nada a dizer.
Não demorou muito até Diana decidir que o silêncio predominante era
inaceitável, e decidiu preenchê-lo com um longo monólogo sobre o seu dia na
pré-escola, que ela parecia estar contando principalmente a Hunter. Ela era difícil
de entender depois que começava, como qualquer criança da idade dela, mas
Hunter a ouvia parecendo ter um interesse intenso, e fazia observações
apropriadas, como é sério? E uau, que emocionante, e parece divertido!
Observando os dois juntos, não podia deixar de pensar que ele era um pai
muito melhor do que eu jamais havia imaginado. Lembrei-me dos dois correndo
juntos pelo parque, ele rindo enquanto ela gritava de alegria, e eu não conseguia
parar de vê-los interagir. Eu provavelmente estava fazendo aquela expressão
com os olhos em formato de coração, porque de repente Jacob me lançou um
olhar de desgosto absoluto e jogou o garfo no prato com uma violência
totalmente desnecessária. Ele bateu ruidosamente contra o Corelle, e todos nós
olhamos em sua direção.
"Desculpa", ele disse, levantando-se tão rápido que quase derrubou a
cadeira. Seu rosto, que normalmente era amável e feliz, estava sombrio em
raiva. “Eu não posso fazer isso. Eu não posso sentar aqui e fingir que está
perfeitamente normal convidar alguém como – como ele para a nossa casa. Eu
simplesmente não posso, tudo bem?"
Minha mãe olhou para ele, então lentamente se levantou. Jacob tinha quase
um metro e noventa de altura, e ela tinha apenas um metro e sessenta, mas
subitamente ela parecia tão imponente quanto uma rainha, seu rosto redondo e
alinhado brilhando em prata.
"Sente-se, Jacob", disse ela, com a voz de aço afiada.
"Eu já disse, eu não posso."
“Você pode e você vai. Hunter é nosso convidado e pai da Diana. Não se
atreva a sair desta mesa."
Hunter também se levantou. "Sra. Evans, eu não quero causar nenhum
problema –“
"Silêncio", ela disse severamente, lançando lhe um olhar, e (para minha
diversão) ele instantaneamente ficou em silêncio. “Hunter, meu querido, isso não
é sua culpa, e você não vai sair daqui também. Eu não sei o que aconteceu entre
vocês há tantos anos atrás, mas vocês dois terão que aprender a se dar bem
novamente, pelo bem da criança. ”
"Mas ele –" Jacob gaguejou, e mamãe virou o olhar para ele.
"Silêncio".
Ele ficou em silêncio e Hunter sabiamente não disse nada. Até mesmo Diana,
que estava envolvida com seu longo e sério monólogo comparando os balanços
do parque com os da escola, diminuiu ao silêncio. Mamãe não se zangava com
frequência, mas quando o fazia, ninguém iria gostar de contrariá-la.
“Vocês dois, sentem-se.”
Eles sentaram.
“Coma de novo, querido Hunter. Tem bastante. ” Ela passou para ele a
bandeja de fatias de bolo de carne, e ele educadamente pegou uma fatia. Ele
hesitou, e então passou a bandeja para Jacob, que também pegou uma fatia.
"Obrigado, Sra. Evans."
"Obrigado, mãe."
"Assim está melhor", disse ela, sorrindo para eles. "Tem mais batatas,
meninos."
Eles obedientemente pegaram mais batatas.
***
Alguns dias depois, eu estava cruzando as ruas estreitas de Pinecone em uma
longa limusine. E não era qualquer limusine, era uma Rolls-Royce. Era um carro
clássico que circulava pelas ruas de Pinecone desde que eu me entendia por
gente, levando os Kensingtons nas suas várias missões pela cidade. Sua pintura
preta brilhava no poente, quase tão brilhante quanto a enorme grade cromada em
sua extremidade dianteira, que tinha um anjo no topo.
Era um carro que gritava classe, herança de família e saiam do meu caminho,
peões a cada ronronar suave de seu motor. Eu nunca me imaginei dentro dele.
No entanto, ali estava eu, descansando nos bancos de couro macio e bebendo
uma Coca-Cola que encontrara na geladeira (sim, o carro de fato tinha uma
geladeira).
Eu não estava vestida da forma apropriada para andar em um carro
assim. Hunter havia me mandado uma mensagem, sugerindo que eu aparecesse
para o jantar, e então eu voltei do trabalho e rapidamente vesti uma calça jeans e
uma camiseta velha de comemoração do Festival do Amendoim de Pinecone (a
sensação do verão de Pinecone todos os anos). E então, exatamente como Hunter
havia prometido, o velho Rolls apareceu na frente da nossa casa, e o motorista
havia saído e ficara de pé ao lado do carro, esperando por mim.
Eu vi os vizinhos olhando com os olhos arregalados enquanto eu entrava. Eu
já era algum escândalo entre os vizinhos mais velhos, por ter tido um filho fora
do casamento (algo que só aqueles com mais de sessenta ainda pareciam se
importar, para ser honesta). Mas me ver subir a bordo do conhecido Rolls dos
Kensington, enquanto o motorista abria a porta para mim como se eu fosse uma
rica e glamorosa socialite em vez de uma simples garçonete do dia a dia, parecia
fazer cada porta de entrada da rua abrir rangendo, e cada um dos meus vizinhos
aparecer no topo dos degraus da porta da frente, apesar do frio. Eles ficavam
olhando como se o circo tivesse vindo para a cidade, e eu fosse o show de
aberrações.
E então eu fui levada como a Cinderela em sua carruagem, deixando todos
eles a fofocar sobre mim.
O carro andava suavemente pela periferia da cidade e, ao fazermos uma curva,
eu vi Hilltop.
Era uma mansão antiga, datada da década de 1920. Ela havia sido expandida
ao longo dos anos e, como consequência, apontava em todas as direções. Em
algum momento havia sido pintada de branco para esconder os diferentes tons de
tijolos que haviam sido usados ao longo dos anos e, nos raios de sol do fim da
tarde, brilhava como um templo celestial no topo da colina que pairava sobre
Pinecone, olhando para a cidade por cima, precisamente da mesma maneira que
os Kensington faziam.
Eu nunca estive em Hilltop antes. Eu tinha certeza que Jacob também
não. Hunter sempre ficava em nossa casa, e eu sempre tinha a impressão de que
Jacob, de alguma forma, não era bem-vindo na mansão. O que era triste,
porque eles eram melhores amigos naquela época, e se Jacob não era bem-vindo
em sua casa, então quem seria?
Ocorreu a mim que crescer como um Kensington deve ter sido muito, muito
solitário.
O Rolls subiu pela longa e curva entrada de carros e parou diante das enormes
portas duplas. O motorista saiu instantaneamente, deu a volta e abriu a porta para
mim. Agradeci, e então olhei para a longa escadaria da frente para as portas, que
estavam abertas.
Hunter estava lá, esperando por mim.
"Oi", ele disse.
Capítulo Nove
Hunter
Quando convidei Char para Hilltop, eu havia dito a ela que era para nos
conhecermos um pouco melhor. Foi o que eu disse, mas eu tristemente sabia que
meus motivos não eram tão puros assim.
A verdade oculta é que o que eu realmente queria era impressioná-la. Eu
queria que ela visse todas as coisas que eu poderia oferecer à nossa filha –
uma casa impecavelmente decorada, a melhor comida, exposição à arte,
música e literatura. Eu podia até ser um criminoso, mas eu era um criminoso
bilionário, merda.
Eu ria severamente para mim mesmo. De certa forma, eu não era melhor que
meu pai. Eu admito que ele provavelmente iria querer tomar a Diana para que
ela pudesse ter as melhores coisas da vida. Eu não queria tirá-la de Char, mas
também queria que ela tivesse essas coisas.
O que era ridículo. Ela estava feliz com Char e sua família. Uma mansão com
um exército de servos não a faria mais feliz.
Nunca me fez feliz quando eu era criança. Quando adolescente, eu odiava, e
ansiava por uma vida mais simples por um lado, enquanto desfrutava dos
privilégios que ser um Kensington me dava por outro. Eu olhava para a casa dos
Evans com olhos famintos, ansiando pelo tipo de calor e vida familiar que eles
compartilhavam - mas eu também os desprezava.
Eu não sabia o que queria para minha filha, mas sabia que não queria que ela
crescesse como uma idiota arrogante e orgulhosa feito eu. Eu queria ser um pai
melhor do que meu pai era. Acima de tudo, queria que Diana fosse feliz.
Mesmo assim, mostrei a Char toda a casa, começando pelo chão de mármore,
mostrando então a sala cheia de antiguidades francesas, a sala de jantar com seu
deslumbrante lustre de cristal Baccarat, a sala de mídia (decorada como um
teatro de Arte Deco, até nos assentos de veludo vermelho), e o longo corredor
que seguia da parte original da casa até uma seção mais nova, que servia como
galeria de arte. Era alinhado com estátuas que vão desde originais gregas
e romanas até o preferido do meu pai, um Rodin de bronze. Pinturas originais
adornavam as paredes, incluindo um Warhol e um Picasso, entre outros menores.
Char deve ter tido uma ou duas aulas de história da arte, porque os olhos dela
ficavam maiores e maiores enquanto caminhávamos pelo longo corredor.
No final do corredor, abri a pesada porta de madeira para a biblioteca. "E
aqui", eu disse, "é..."
Eu parei quando Au se levantou de trás da mesa. Ele arqueou uma sobrancelha
para mim.
"Nós temos companhia, irmão?"
Senti meus dentes recuarem em um rosnado apesar das minhas melhores
intenções. Au tinha meu futuro na palma da minha mão e, como tal, eu sabia que
precisava tratá-lo com respeito e cortesia. Mas ele era tão irritante. Tudo nele me
irritava, do seu tom de desprezo até aquela maldita sobrancelha.
"Clive me disse que você estaria em Nova York hoje à noite."
"Sim. Eu estava saindo agora." Au passou a mão pelos cabelos dourados,
artisticamente despenteando-o, e se aproximou de nós. Ele usava outro terno,
este era azul marinho com riscas de giz sutil, e uma gravata
Borgonha percorrendo pela sua brilhante camisa branca. Ele falou com seu tom
mais formal. "Talvez você gostaria de me apresentar a esta jovem encantadora?"
A absoluta última coisa que eu queria era que Char encontrasse Au
agora. Tudo o que eu disse a ela ainda era informação recente, e eu lembrava de
como ela ficou enfurecida por mim. Se ela deixasse escapar alguma coisa –
Mas não. Ela havia jurado que manteria meu segredo, não importasse o quão
enfurecida a situação a deixasse, e eu confiava nela. Na verdade, acreditava nela
muito mais do que em qualquer pessoa. O que era estranho quando eu parava pra
pensar. Mas nas últimas vinte e quatro horas, minha fé nela, de alguma forma,
havia se tornado absoluta.
Eu poderia confiar em Char com a minha vida.
"Esta é Char Evans", eu disse. "Char, esse é meu irmão Austin."
Ela lhe ofereceu a mão, sem entusiasmo, e Au pegou-a e levou-a à boca,
beijando as costas da mão como se fosse uma princesa. "Estou muito feliz em
conhecê-la", disse ele, soltando a mão dela e a encarando diretamente. Havia
uma sinceridade em sua voz que a fez piscar, surpresa e, de certa forma, eu
também. Eu estava tão acostumado a Au ser um idiota nojento e sarcástico para
mim que tinha esquecido que ele conseguia ser muito charmoso pro resto do
mundo.
A verdade era que nós dois éramos ambos idiotas. Ele só era melhor em
esconder isso.
"Você também", disse ela, e olhou de volta para ele com um olhar firme e
avaliador. "Eu ouvi falar bastante de você."
Au não recuou, não demonstrou preocupação nem em um piscar de olhos.
"Bem", ele disse, com o olhar castanho frio se deslocando para mim, "eu vou
deixar seu precioso quarto para você, irmão. Preciso ir para Nova York e me
preparar antes de uma reunião de negócios amanhã. Alguns de nós têm trabalho
importante pra fazer, afinal. ” Ele olhou para Char e seus olhos se suavizaram.
“Eu lamento que não tenhamos tempo para conversar esta noite, Srta. Evans.
Espero te conhecer melhor, eventualmente. ”
Ele se afastou de nós e saiu do quarto. A porta se fechou atrás dele, e eu fiquei
lá, me sentindo perplexo. Ele era o idiota de sempre comigo, mas tratava Char
com respeito e cortesia – muito mais do que meu pai teria feito, nas mesmas
circunstâncias. Nada em seu porte sugeria que ele achava Char inferior. Meu pai
teria tratado Char como algo que ele havia acabado de raspar do sapato. Au a
tratava precisamente da mesma maneira que trataria uma socialite ou uma atriz
mundialmente famosa.
Era porque sabia que Char era a mãe do meu filho? Ou ele era apenas mais
decente do que eu imaginava?
Eu olhei para baixo, para Char, apenas para perceber que ela parecia tão
perplexa quanto eu.
"Ele não é o que eu esperava", disse ela lentamente, como se estivesse
avaliando o encontro em sua mente. “Vocês dois obviamente não se dão bem,
mas isso não é tão incomum entre irmãos. Mas mesmo assim, pensei que ele
olhava para você com – não sei, respeito. ”
Eu bufei.
Ela continuou teimosa. “E ele foi bem-educado comigo. No geral, ele parece
um cara legal, Hunter. Tem certeza absoluta de que ele foi o responsável por
desviar esses fundos? ”
Algo no meu peito ficou frio e duro. Meu coração, eu acho, congelava. Dez
segundos na companhia do meu irmão e ela havia trocado de lado. Era demais
confiar nela com a minha vida, pensei amargamente. "Você está sugerindo que
eu –"
"Não." Ela colocou uma mão gentil no meu braço para me impedir. “Claro que
não estou sugerindo que você é culpado, Hunter. Você já me disse que não, e eu
acredito em você. O que eu estou querendo saber é, você tem certeza que foi Au
quem roubou esse dinheiro? Existe alguma chance de que tenha sido seu pai? ”
"Meu pai?" Eu soltei uma risada curta. “O patrimônio líquido do meu pai era
superior a dez bilhões de dólares, Char. O que poderia ter motivado ele a roubar
algumas centenas de milhares da Fundação Kensington? ”
"Eu não sei", ela disse, franzindo a testa em perplexidade enquanto olhava
para a porta fechada pela qual Au havia desaparecido. “Eu simplesmente não sei,
Hunter. Mas…"
"Olha", eu disse impaciente, "você não conhece Au como eu conheço, ok? Ele
é muito bom em fingir ser bonzinho. Mas ele não é. Ele sempre foi... sei lá,
bajulador. ”
“Ser bajulador não é o mesmo que ser um criminoso. Mmmmm. ” Ela parecia
estar refletindo sobre isso. “Eu notei outra coisa, sabia? Ele estava mancando. ”
"Sim. Ele mencionou no café da manhã do outro dia que ele tinha tensionado
a perna jogando raquetebol. “
“Uhum. Mas... bem, lembra do cara que me assaltou na outra noite? Eu chutei
ele bem forte. ”
É claro que me lembrei disso. Ela deu um bom chute, sim, e o cara
provavelmente ainda estaria mancando por causa disso. Ainda assim, eu não
conseguia reconciliar os dois pensamentos na minha cabeça e me inclinei,
olhando para ela, confuso. “Você está sugerindo que, entre todas as
possibilidades, Au está vagando por Pinecone de noite, agarrando garotas
bonitas e arrastando-as pelos becos?"
Pensar no meu irmão como um defraudador era uma coisa. Ele sempre era um
pouco furtivo quando criança, e agora ele era reconhecido por todos como um
gênio nos negócios. Ele poderia facilmente ter roubado aquele dinheiro sem
deixar nenhuma pista. Realmente, o único espanto era que ele havia sido pego.
Mas imaginar Au – o refinado, pretensioso e pomposo Au – como um ladrão
ou estuprador era algo totalmente diferente. É verdade que, desde que eu tinha
voltado, ele saía quase todas as noites, mas eu tinha certeza de que ele estava
simplesmente fazendo o que ele alegava estar fazendo – indo à ópera, ou à
sinfonia, ou ainda às inaugurações de galerias de arte em Richmond e
Washington. Esse era o tipo de coisa que ele sempre amava. E ele também tinha
ainda mais motivos para não ficar em casa agora. Afinal, eu estava lá.
Pensar no meu irmão mais novo vagando para becos escuros e atacando
jovens inocentes era um conceito que eu não conseguia desenvolver no
meu cérebro. Mas antes que eu pudesse discutir o assunto, ela balançou a cabeça.
“Não qualquer garota. Eu não ouvi falar de mais ninguém sendo assaltada nos
últimos dias, e as fofocas rolam pelo restaurante, você
sabe. Se mulheres estivessem sendo assaltadas, eu teria ouvido sobre. Tudo o
que todos tem falado ultimamente é sobre o seu retorno para a cidade. O que
estou sugerindo é que Au me pegou, especificamente. ”
"Por que diabos ele faria isso?"
"Eu não faço ideia." Ela encolheu os ombros, descartando o tópico. “Eu acho
que foi uma dedução boba. Ele provavelmente se machucou jogando raquetebol,
como você disse. Não se preocupe com isso. Esta é a biblioteca? Parece
exatamente como a biblioteca de A Bela e a Fera! Quantos livros tem nesta sala,
afinal?
Nós dois passamos pelo menos meia hora cercados de livros, enquanto ela se
maravilhava ao redor dos encadernados mais velhos em tomos de couro e as
grandes escadas rolantes, e ofereceu sugestões para reorganizar por assunto e
autor, para que volumes individuais pudessem ser encontrados mais facilmente.
Considerando que a biblioteca consistia em milhares e milhares de livros que
meu pai parecia ter espalhado aleatoriamente pelas prateleiras, era uma boa
ideia, e decidi começar a trabalhar nisso amanhã. Mesmo que eu não tivesse um
emprego real que me pagasse, pelo menos eu poderia começar a organizar meu
cômodo favorito. Era melhor que nada.
Ela também olhou pelas fotos de família espalhadas pelas prateleiras, e sorriu
para as fotos emolduradas em prata em que eu estava vestido com minha jaqueta
de couro, franzindo a testa para a câmera como James Dean fazia.
“Não é de admirar que eu tinha uma queda por você naquela época. Olha
como você era lindo. ”
Eu pensei que parecia um jovem idiota e desagradável, mas guardei esse
pensamento para mim. Foi legal saber que ela tinha uma queda por mim, há
tanto tempo atrás. Eu devo ter sido sua primeira paixão, e fui seu primeiro
amante também. Isso fez algo dentro de mim brilhar, algo estranhamente
possessivo.
"Obrigado", eu disse rispidamente.
"Mas não tem nenhuma de você e seu pai juntos", disse ela, parecendo
intrigada. “Há muitas fotos de você e Au, e Au e seu pai. Mas você e seu pai
nunca passaram tempo juntos? ”
"Eu tentava evitá-lo, na maioria das vezes", eu admiti. “O velho e eu – nós
não nos dávamos bem. Você sabe como eu era quando criança... bem, você
provavelmente não se lembra do pior de mim, na verdade. No ensino médio, eu
fui preso algumas vezes por contravenções. Um pequeno vandalismo aqui,
algumas brigas ali. Os advogados do meu pai sempre me livravam dos
problemas, mas... bem, eu tive uma adolescência muito dura. Acho que a
rebeldia era contra o velho, pra dizer a verdade. ”
Ela olhou para mim com curiosidade. "Por quê? Ele era abusivo? ”
"Não exatamente", eu respondi. “Frio. Cruel, talvez. Não que ele tenha
levantado a mão para nós, mesmo quando éramos crianças, mas ele conseguia
fatiar você em tiras com um sermão, ou fazer você chorar com aquele olhar frio
dele. Ele queria me moldar num filho perfeito, e eu – bem, eu não queria ser
moldado. Eventualmente, eu acho que ele meio que desistiu de mim, e preferiu
moldar Au no meu lugar. ”
"Huh. Quem é essa? ” Ela me mostrou uma foto de uma mulher – mais velha,
mas muito bonita, com seus abundantes cabelos castanhos empilhados em cima
de sua cabeça em um estilo elaborado que a princesa Leia teria orgulho em
usar. "Sua mãe?"
“Não, essa foto foi tirada muito tempo depois que minha mãe morreu. Essa
era uma das muitas namoradas do papai. Essa é Rose Ambrose, aquela com
quem ele ficara por mais tempo. Eu a chamava de Cruella, porque ela estava
sempre brincando com um casaco de pele. Eles namoraram pelo menos três
anos – na verdade, ela ainda estava namorando com ele quando ele
morreu. Ela era uma viúva rica que andava pelos círculos sociais locais, e eu
acho que ela tinha a crença otimista de que, no final, papai a tornaria sua
mulher. Ele não a tornou, claro. E, eventualmente, começou a traí-la, da mesma
maneira que ele traía minha mãe. ”
Eu podia ouvir a amargura na minha própria voz. Char me olhou com
simpatia.
"Então você se rebelava contra seu pai porque ele continuava tentando
substituir sua mãe?"
"Eu não sei." Eu pensei sobre isso, e então dei de ombros. “Talvez fosse parte
disso. Quem sabe o que se passa na mente de um adolescente, afinal? Tudo que
eu sabia era que eu o odiava e o amava, e era tudo apenas um emaranhado
grande e confuso no meu peito. Acho que isso me fez fazer algumas coisas
doidas e estúpidas. ”
Os advogados conseguiam surrupiar uma maneira de me tirar de todos os
probleminhas que eu arrumava, e mesmo que não conseguissem, esses registros
seriam mantidos em sigilo de qualquer maneira, desde a minha mocidade. Mas
todos em Pinecone e Richmond viam os noticiários sobre meus infelizes
pecadilhos, e eu tinha certeza de que, mesmo que eu tivesse me declarado
inocente, um júri teria decidido pela minha culpa. Aos olhos do mundo, eu era
uma causa perdida há muito, muito tempo.
E, pensei tristemente, aos olhos do meu pai também.
Logo o velho relógio do vovô no canto da parede tocou às sete e eu peguei
Char pelo braço e a levei de volta para a sala de jantar.
" François está fazendo frutos do mar para nós", eu disse a ela. “O jantar será
servido daqui a meia hora, mais ou menos. Enquanto isso, quer beber alguma
coisa? ”
Ela riu, como se a noção de um vinho antes do jantar fosse levemente absurda.
Me liguei um pouco tarde que provavelmente não era o tipo de coisa que as
pessoas normais faziam. “Talvez, mas ainda não vi a cozinha. ”
"A cozinha? Eu não passo tanto por lá."
"Nem mesmo para pegar uma Coca-Cola?"
Se eu quisesse uma Coca-Cola, eu meramente pediria para que um dos
empregados a trouxesse para mim, mas decidi que era melhor não dizer
isso. Pensei que isso iria me fazer parecer um pirralho rico regado a mimos, e
provavelmente iria mesmo. Pela primeira vez me ocorreu que era realmente
ridículo ter um exército de empregados dedicados a agradar todos os meus
caprichos. Não havia nenhuma boa razão para Au e eu não podermos
simplesmente caminhar até a cozinha e pegar nossos próprios refrigerantes se
estivéssemos com sede.
"François não gosta que nós fiquemos por lá enquanto ele está cozinhando",
eu expliquei.
Ela fez uma pausa, o braço ainda no meu e olhou para mim. “E você? Você
nunca faz sua própria comida? ”
Eu dei um bufo suave. “A triste verdade é que, eu não sei nem ferver água. ”
“Oh meu Deus. ” Ela parecia horrorizada e divertida ao mesmo tempo. “Não
pode ser assim. Venha, me leve para a cozinha agora mesmo. "
Ela puxou meu braço, mas eu firmei meus calcanhares. "Por quê?"
Ela olhou para mim, seus olhos azuis dançando com humor.
"Eu vou te ensinar a fazer bolo de carne."
***
Charlotte
François – um jovem solene de cabelos escuros com um chapéu de
chef, que não parecia muito mais velho do que eu – não estava totalmente feliz
em ser interrompido, mas eu o persuadi a colocar o adorável jantar que ele já
havia preparado para nós na geladeira. Hunter então deu a ele o resto da noite de
folga, o que o fez abrir um sorriso.
A cozinha era linda – projetada para parecer uma cozinha rústica na França,
com vigas de madeira no teto e uma enorme lareira de tijolos. As bancadas eram
blocos em ilhas, e o chão era feito de tábuas largas de madeira, provavelmente
de pinho, a julgar pelo desgaste ao longo dos anos que aparentavam ter. Panelas
de cobre brilhantes pendiam de uma prateleira pendurada no teto e, perto da
lareira, havia uma longa mesa em estilo provençal francês, com pernas
graciosamente curvadas e tinta esbranquiçada e desgastada pelo tempo.
Se esta fosse a minha casa, pensava, ninguém jamais seria capaz de me
arrastar para fora desta cozinha. Era a perfeição absoluta, e me soava muito
lamentável que ninguém parecia se aventurar pelo espaço além do chef.
Com François fora do caminho com certeza (porque eu tinha certeza que um
Cordon Bleu ficaria horrorizado com o jantar que estávamos prestes a
preparar), procurei na geladeira – que era absolutamente enorme; dava pra
facilmente colocar três geladeiras como a da mamãe nessa monstruosidade.
Peguei acém moído (de uma dieta em capim, orgânico, criado em pasto, e
provavelmente custando quatro vezes mais do que a carne moída que
compramos) e ovos, e achei um pouco de aveia antiga, juntamente com tudo
mais que seria necessário, na igualmente vasta despensa. Eu disse a Hunter para
procurar uma tigela, e ele caçou uma desesperadamente, parecendo confuso, mas
ao procurar em vários gabinetes ele finalmente localizou uma grande tigela de
aço inoxidável. Eu não consegui segurar o riso.
"Eu não consigo acreditar que você não sabe onde achar uma tigela na sua
própria cozinha!"
"Eu estive fora por alguns anos", ele murmurou defensivamente.
“É verdade, mas será que você conseguiria encontrar uma tigela aqui há
dois ou três anos atrás? Você sequer tentou alguma vez? ”
Sua carranca me dava a resposta. Eu ri e passei a carne para ele.
“Lave as mãos, e então tire isso da embalagem e coloque na tigela. ”
Assim ele fez, e eu adicionei a farinha de aveia, ovos, leite e as especiarias
que minha mãe usava. "Certo", eu disse. "Agora temos que misturar tudo."
Ele olhava em volta como se estivesse ansioso para ser útil. "Há uma colher
ali", ele se ofereceu, apontando para uma lata cheia de colheres de metal perto do
fogão.
“Sim, mas não vamos usar uma colher. Vamos usar nossas mãos. ”
"As mãos?" Ele repetiu, soando levemente horrorizado.
"Sim. Vem, vamos cavar. ”
Nós dois usamos nossas mãos para misturar tudo, do jeito tradicional, com
tempo certo, de fazer bolo de carne. No início, Hunter parecia revoltado com
a frieza e a textura daquilo, mas no final, ele acabou trabalhando aquela
mistura quase tão confiantemente quanto minha mãe.
Colocamos a substância resultante em uma forma de pão, e então espalhamos
o molho (ketchup, açúcar mascavo e molho inglês) por cima e colocamos no
enorme forno para cozinhar por uma hora.
"Foi", eu disse com satisfação, lavando minhas mãos inteiras na pia de cobre
batida. - O jantar vai atrasar, mas pelo menos agora você sabe como fazer bolo
de carne, sempre que tiver vontade de comer.
“Eu deveria ter anotado a receita. ” Ele lavou a mão também, a testa
enrugando como se ele estivesse realmente preocupado.
"Está tudo bem, eu mando pra você via texto."
Ele pegou uma toalha de papel para secar as mãos e olhou para mim. “Eu sei
que mandei uma mensagem de texto para você mais cedo, mas eu me sento um
pouco estranho sobre isso. Vamos mandar mensagens um para o outro agora? ”
"Bem, nós temos uma filha." Eu subi no balcão, de frente para ele. “Além
disso, meu chefe me disse para manter o drama fora da lanchonete, então você
aparecer por lá toda vez que tivermos algo para falar não vai funcionar
bem. Então, sim, no geral, acho que enviar mensagens de texto é uma forma
melhor para nos comunicarmos, não é? ”
"Eu só..." Ele soltou um suspiro pesado. “Ainda é difícil para mim aceitar que
você está disposta a me deixar fazer parte da vida de Diana. Ou da sua. ”
Eu estendi a mão e a coloquei em sua bochecha.
"Hunter", eu disse suavemente. “Você se tornou parte da minha vida naquela
noite em que fizemos amor no beco. Eu não acho que poderia mudar isso agora,
mesmo que quisesse. E eu não quero. Eu quero que você faça parte de nossas
vidas, Hunter. Para sempre."
Seus olhos se arregalaram, e então ele lentamente se inclinou para frente,
roçando meus lábios com os seus, suavemente, ternamente, como se eu fosse a
coisa mais importante do mundo para ele. Seu beijo foi tão gentil, tão reverente,
que lágrimas brotaram dos meus olhos.
"Char", ele sussurrou. “Enquanto estava na prisão, pensava em você o tempo
todo. Eu não conseguia parar de pensar em você. ”
As palavras fizeram meu coração saltar no meu peito, mas eu não conseguia
acreditar nelas. Eu balancei minha cabeça. “Eu conheço você, Hunter. Você esteve com
tantas outras mulheres. Por que, de todas elas, você pensaria justo em mim? ”
"Eu não sei." Seus lábios percorreram minha bochecha, uma carícia suave.
“Depois daquela noite, depois que fizemos amor... era como se você fosse a
única mulher no mundo, no que me dizia respeito. Se eu não tivesse sido preso
naquela noite, se minha vida não tivesse ido para o inferno...”. Uma longa
pausa. “Eu não fui para a cadeia imediatamente, você sabe. Eu fiquei fora por
um tempo. Mas eu não dormi com ninguém, nem tentei namorar. Depois de
você... não houve mais ninguém. ”
Era difícil acreditar que realmente tinha sido assim, que ele não estava apenas
me dizendo isso para entrar no meu jeans. Mas havia uma sinceridade nas
palavras que era difícil de duvidar. Mais lágrimas queimaram minhas pálpebras e
tentei afastá-las, sem muito sucesso. Eu virei minha cabeça e esfreguei beijos em
sua bochecha, tentando descobrir como responder.
Ter Diana me forçou a crescer, mais rápido do que eu poderia ter crescido de
outra forma. Mas eu não queria dizer isso a ele, porque não queria que ele
imaginasse que eu me arrependia de Diana ou de nossa noite juntos. Eu não me
arrependia. Mas isso definitivamente havia mudado as coisas. Havia me mudado.
"Eu não tinha certeza que estava pronta para algo sério naquela época",
eu admiti. “Eu era muito jovem, mal tinha feito vinte e um anos, no meio da
faculdade. Eu tinha uma queda por você por um longo tempo, e eu amava que
nós tínhamos compartilhado uma noite juntos, mas... eu não estava pronta para
nada sério. Não naquela época."
Ele recuou um pouco e olhou diretamente nos meus olhos.
“E agora? ” Ele perguntou.
Eu respirei fundo.
"Agora estou pronta", eu disse.
Capítulo Dez
Hunter
Char me queria.
Quando eu esfreguei meus lábios sobre os dela, ela se inclinou para mim,
envolvendo os braços em volta do meu pescoço e me beijando com
abandono. Sua resposta aberta e generosa fez minha garganta apertar.
Também fez meu pau querer atenção. Foi um maldito longo tempo para mim,
afinal. Até ser liberto, eu não via uma mulher há mais de dois anos e, ao
contrário de alguns caras na prisão, eu não estava interessado em aceitar outros
homens como substitutos. Não que eu tivesse algo contra o sexo gay; eu
simplesmente não parecia me inclinar a isso.
Então, haviam sido longos e duros anos, sem nada para me controlar além de
muitas fantasias excitantes. E o alvo dessas fantasias estava bem aqui, em meus
braços.
Eu estava razoavelmente certo de que Char não havia estado com mais
ninguém desde a noite em que havíamos concebido Diana, porque seus beijos
ainda eram um pouco desajeitados, embora muito ansiosos. A maneira fogosa na
qual ela se agarrava a mim deixava claro que ela tinha saudades de mim tanto
quanto eu ansiava por ela. Talvez mais.
Ela ainda estava sentada na borda do balcão, então eu me movi entre suas
coxas abertas, passei meus braços em volta dela e a puxei contra mim. Eu jurava
que podia sentir sua pele queimando a minha, mesmo através da nossa roupa.
Roupas. Isso tinha que sair do caminho.
Eu peguei a bainha da camisa dela, mas ela se afastou de mim, batendo nas
minhas mãos.
"Ei. O que você está fazendo?"
Eu pisquei, porque essa era possivelmente a pergunta mais idiota que qualquer
mulher já havia me perguntado num momento desse. “Tirando sua
camisa. Obviamente."
"Isso é sério?"
A indignação em sua voz começou a penetrar no meu cérebro confuso e eu dei
um passo para trás, olhando para ela. "Me desculpa. Eu pensei –"
"Não me entenda mal", ela continuou falando para mim. “Eu sou totalmente a
favor de tirarmos as roupas. Só que… não aqui. Qualquer um pode entrar,
Hunter. Por que não encontramos um quarto com uma porta que possamos
trancar? ”
Eu olhei ao redor. Em uma noite mais quente, eu a teria levado para o enorme
pátio de tijolos, e faria amor com ela de frente para a vista de Pinecone. Mas era
uma noite fria de fevereiro e, se eu tentasse isso, poderíamos simplesmente
congelar juntos permanentemente.
Com a minha hesitação, ela suspirou, parecendo muito impaciente.
"Que tal a biblioteca?"
Era um longo corredor até lá, e considerando o jeito que eu me sentia, o jeito
que meu pau estava pulsando, pareciam dezesseis quilômetros daqui. Mas eu
devia respeitar o seu desejo por privacidade, especialmente depois que
nosso tempo junto com Diana tinha sido invadido de forma tão rude no
parque. O que quer que estivesse crescendo entre nós era uma coisa pequena,
nova e frágil, um broto tenro que poderia não crescer e prosperar se estranhos
continuassem a atropelá-lo.
"Ok", eu concordei. Levantei-a do balcão, coloquei-a no chão e, em seguida,
peguei a mão dela na minha. Juntos, nós dois nos dirigimos para a biblioteca.
Ao longo do caminho, paramos para nos beijar mais de uma vez, sem nos
importarmos com os olhos vazios de romanos e gregos mortos há muito tempo
nos observando. Quase chegamos precariamente perto de derrubar um busto
inestimável do Calígula da sua coluna de mármore. Rindo como crianças
travessas, apertamos as mãos e corremos os poucos metros restantes até a
biblioteca.
Eu bati forte a porta atrás de nós e a tranquei, e antes que eu soubesse o que
estava acontecendo, seus braços estavam travados em volta do meu pescoço, sua
boca procurando a minha ansiosamente. Ela era uma moleca agressiva e
atrevida, mas descobri que não tinha o menor problema com isso. Mas não era
por isso que ia deixá-la no comando de tudo. Eu a empurrei contra a porta,
pressionando contra ela com um repentino e violento desespero.
Eu precisava dela. Eu precisava dela há muito tempo, e o desejo por ela só
tinha se tornado mais forte ao longo dos anos, até explodir em um completo
desejo. De repente, meu corpo doía tanto que não aguentava mais esperar.
Seus lábios se separaram sob os meus, e eu enfiei minha língua em sua boca -
não gentilmente, do jeito que eu havia feito naquela noite há muito tempo atrás,
mas voraz. Feroz. Aquele estranho sentimento de possessividade subiu dentro de
mim. Ela era minha, minha, e eu queria levá-la, marcá-la, para que ela nunca,
nunca se esquecesse que pertencia a mim.
E que eu pertencia a ela.
Seus dedos emaranharam nas profundezas do meu cabelo, implorando por
mais, exigindo mais. Lembrei-me de como eu a levantei e a empurrei contra a
parede de tijolos naquela noite, e escorreguei minhas mãos sob seu traseiro
marcado do jeans e a levantei. Sua bunda era tão redonda e bem formada quanto
sempre foi. Ela colocou os braços em volta dos meus quadris e sua coluna
ondulava, de modo que nos esfregamos juntos, e nós dois gememos em
uníssono.
"Hunter", ela sussurrou contra a minha boca, entre beijos. "Eu preciso de
você."
Eu queria dizer a ela que eu precisava dela também, assim como precisava de
ar e água, que eu não poderia viver outro momento sem ela, mas eu não
conseguia formar as palavras. Eu estava muito perdido nas sensações - a
sensação de seu corpo macio e quente contra o meu, o doce aroma de sua pele, o
jeito que seu cabelo caía em cascata ao nosso redor em uma gloriosa nuvem
aquarelada em cores do pôr do sol. Ela deve ter sentido a minha resposta no jeito
como eu a tocava e beijava, porque ela enterrou o rosto na minha garganta e
segurou com mais força do que antes.
Meu corpo se moveu contra o dela com força, e eu pensei que ia gozar ainda
de jeans. Embora normalmente isso me deixaria puta envergonhado, eu estava
tão excitado que eu nem me importava tanto assim. Eu só precisava gozar,
e senti-la estremecer quando ela chegasse ao clímax também. Era tudo que eu
queria.
Mas no fundo da minha mente, voltava a lembrança de como havíamos feito
amor da última vez – em uma corrida ofegante. Eu não tinha tido tempo para
explorar seu corpo, apreciá-la do jeito que ela devia ser apreciada, e eu não podia
tratá-la assim novamente. Ela significava muito para mim.
Ela significava tudo para mim.
Eu a abaixei pela parede, gentilmente, e fiquei tremendo, tentando me
controlar. Ela olhou para mim, as sobrancelhas se unindo em preocupação.
"O que tem de errado, Hunter?"
"Não tem nada de errado." Eu podia ouvir minha própria voz tremendo, e
limpei minha garganta, tentando me controlar. “É só que… eu te apressei da
última vez. Desta vez, eu queria... mais. ”
"Oh", ela disse, pensando nisso. De repente, um brilho de malícia brilhou nos
olhos dela, e ela ficou de joelhos na minha frente.
Eu tentei protestar, Isso não era nem um pouco o que eu tinha em mente, mas
minha voz deixou de funcionar. Meu cérebro parecia estar parado também. Suas
mãos pequenas e graciosas se levantaram para o meu jeans, soltando meu cinto
com uma destreza um tanto surpreendente, depois desabotoando minha calça
e abaixando o zíper. Num instante, ela havia puxado minha boxer para baixo, me
expondo completamente.
Eu não conseguia desviar o olhar do rosto dela. Ela estava olhando para o meu
pau, com uma expressão de choque e admiração, seus olhos brilhando como se
nunca tivesse visto algo mais fascinante em sua vida. Meu pau já estava molhado
com pré gozo, mas a expressão em seu rosto rendeu um latejar pesado, e mais
umidade vazou da ponta.
"Você é lindo", ela sussurrou, sua voz suave e reverente, e eu gemi, pensando
que ela poderia me empurrar de um abismo só com palavras, se quisesse. Eu
queria – eu queria – mas ela era praticamente virgem, e eu não podia pedir a ela
–
Pela forma como as coisas desenrolavam, eu não precisei perguntar. Ela
colocou a mão em volta do meu pau, com muito cuidado, e depois se inclinou
para frente. A ponta aveludada de sua língua roçou a cabeça sensível, e eu me
ouvi ofegar de modo explosivo. Eu já estava prendendo a respiração me
antecipando, e sequer consegui perceber.
Sua língua acariciou-me ao redor da cabeça em círculos cautelosos, tímida no
início, mas se tornando mais ousada rapidamente, roçando e acariciando. De vez
em quando ela lambia gotas de pré gozo, e toda vez, a cada vez, eu me ouvia
ofegar. Era muito mais do que eu esperava de alguém tão inexperiente.
Era o paraíso na terra, a melhor coisa que eu já havia sentido, e sem perceber
meu pau já estava inchado e vermelho, minhas bolas doendo e apertadas. Eu
precisava tanto liberar aquilo que mal conseguia ficar de pé.
"Char". Minha voz estava rouca e baixa. "Eu não consigo – nós precisamos –"
Ela me ofereceu um sorriso atrevido, e então, para minha total surpresa, ela
abriu os lábios e mirou a cabeça do meu pau em sua boca.
Eu já havia experimentado boquetes de mulheres que faziam isso em dezenas
de homens, mas eu nunca senti nada tão intenso quanto os lábios de Char na
minha parte mais sensível. Eu joguei minha cabeça para trás e gritei para o teto,
sentindo minhas coxas tremerem embaixo de mim, enquanto ela me puxava para
dentro. Parecia primoroso, tão bom que eu não tinha certeza se conseguiria me
manter de pé.
Estava muito longe do melhor boquete que eu já tinha tido, mas de alguma
forma era de longe o mais incrível.
Ela se movia implacavelmente em mim, sugando-me para as profundezas de
sua boca quente e molhada, e então deslizando para trás e passando a língua
sobre. Eu sabia que estava derramando pré gozo em sua boca, e algum canto
distante da minha mente, estava preocupado se ela acharia nojento ou
desagradável, mas a maior parte do meu cérebro tinha sido tomada por
pensamentos básicos, primitivos, e estava ocupada apenas com as sensações
esmagadoras que estava me dando. Meu pau se contraiu e
pulsou implacavelmente, e apesar de todos os meus esforços para me conter, eu
sabia que em menos de um minuto eu ia perder o controle, e gozar pela sua
garganta.
Isso era tudo que eu fantasiei durante meus anos na prisão. Isso era tudo que
eu sempre quis.
E ainda assim, não era o suficiente.
Eu agarrei seu cabelo gentilmente, puxando-a para longe de mim. Ela olhou
para mim, seus olhos arregalados e escuros. "Você não gostou?"
Eu não podia deixar de sentir o cheiro da sua ingenuidade. Mostre-me um
homem que não gosta de um boquete e te mostrarei um cadáver. “Claro que
gostei. Mas –"
"Eu nunca havia feito isso antes", ela continuou, como se eu não tivesse
respondido. Sua testa estava franzida em preocupação. "Desculpa se te
machuquei. Eu tentei manter meus dentes fora do caminho, mas –“
"Não é isso, Char, é que—"
"Eu sei que você já teve mulheres que sabiam como fazer melhor, e—"
"Para", eu disse, usando o meu tom mais dominante, e o melhor de tudo, ela
parou de falar e olhou para mim. Eu me inclinei, agarrei-a pelos braços e a
coloquei de pé, olhando em seus olhos. “Foi maravilhoso, Char. Foi incrível. É
só isso – quero fazer você feliz também. ”
"Oh," ela disse suavemente, olhando para mim. "Estou feliz só de estar aqui
com você."
As palavras silenciosas me atingiram como um soco no estômago. Senti meus
olhos arderem e pisquei rapidamente antes que pudesse fazer qualquer coisa não
masculina, como derramar uma lágrima. (A voz do meu pai soava na minha
cabeça novamente: homens de verdade não choram, Hunter.)
Quando tive certeza de que minha voz estava firme, falei. "Eu quero que nós
dois sejamos felizes juntos."
Peguei as mãos dela e a conduzi até o velho sofá de couro. Eu havia passado
muitas horas felizes naquele sofá quando menino, lendo Robert Louis Stevenson,
J.R.R. Tolkien, Julio Verne, Rudyard Kipling e todos os outros livros que meu
pai considerava suficientemente masculinos, deixando minha
imaginação me levar a reinos muito mais emocionantes e mágicos do que
Pinecone, Virginia. Este era um lugar sagrado para mim e eu nunca havia estado
com uma mulher aqui.
Até agora.
Eu sentei Char no sofá, sentei ao lado dela e puxei a bainha de sua
blusa. Desta vez ela não me impediu, apenas levantou os braços e me deixou
tirar aquilo. Por baixo ela usava um sutiã de renda preta que era tão transparente
que eu podia ver o rosa de seus mamilos através da renda. Lembrei do meu
desejo há muito tempo de vê-la vestindo apenas seda e renda, e respirei fundo,
tentando me acalmar.
Sua pele era pálida e perfeita, e as sardas cobreadas espalhadas aqui e ali só
aumentavam sua perfeição. Ela era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Eu
queria ficar olhando por horas, mas meu pau insistentemente exigia mais, então
eu estendi a mão por trás dela e soltei seu sutiã, jogando-o de lado.
Seus seios eram absolutamente incríveis, cheios e amáveis, com mamilos
rosados clarinhos que já estavam duros e inchados. Eu estendi a mão – uma mão
trêmula, notei com vergonha – e segurei um, passando o dedo sobre o
mamilo. Ela estremeceu.
"Ohhh", ela sussurrou. "Hunter... eu acho..."
Ela soou como se tudo isso fosse totalmente novo para ela, e é claro que
era. Lembrei-me envergonhado que sequer reservei o tempo de brincar com os
mamilos da última vez que estivemos juntos. Eu só tinha fodido ela contra a
parede. Ela merecia mais. Muito mais. Eu levemente acariciei seu mamilo
novamente, e ela gemeu.
Eu a empurrei para baixo, de modo que ela ficasse esparramada no sofá, e me
inclinei sobre ela, provocando seu mamilo com meus lábios até que ela estivesse
gemendo sem parar, e em seguida, tomei entre meus lábios e o suguei. Ela
soluçou e choramingou, e chamou meu nome, seus dedos torciam meu cabelo, e
eu não podia deixar de sorrir contra seu seio, porque era isso que eu mais queria
– que ela soubesse o quão bom isso era.
Transferi minhas atenções para o outro mamilo, beliscando levemente o
negligenciado entre o polegar e o dedo indicador, e seus quadris começaram a se
mexer enquanto ela instintivamente procurava se soltar. Eu
continuei esbanjando atenção aos seus mamilos, mas deixei minhas mãos
deslizarem para baixo para desabotoar sua calça. Eu a puxei para baixo do
quadril e ela ansiosamente ajudou, chutando-a para longe.
Levantei a minha cabeça (para um gemido desapontado dela) e olhei em sua
direção, espalhada pelo couro velho, coberta em nada além de renda preta e um
avermelhado. Sua pele estava rosa, era pela excitação ou pelo embaraço (ou
ambos), eu não sabia.
"Você é linda", eu disse a ela, e o rubor se aprofundou. Era embaraço, então.
“Não sou – quer dizer, não como era da última vez. Ter um bebê deixa... bem,
eu tenho estrias – e meus peitos são muito grandes –"
"Você é perfeita", eu disse, e era exatamente o que eu queria dizer. As estrias
em sua barriga eram tão fracas que quase não eram visíveis, e além disso, elas
a rotulavam como a mãe do meu filho. Eu me inclinei e beijei as fracas
estrias. "Isso só te deixa mais bonita, Char."
Ela respirou estremecendo. "Mas –"
"Sem desculpas. Você é a mulher mais linda que eu já vi na minha vida, ponto
final. ”
Eu beijei sua barriga por um bom tempo, enquanto ela gemia baixinho abaixo
de mim. Por fim, prendi meus polegares no cós da calcinha e puxei devagar,
muito devagar, por cima das coxas.
E então ela estava nua debaixo de mim, totalmente exposta, e eu quase gozei
só de olhar para ela. Eu não estava mentindo – ela era de fato a coisa mais linda
que eu já vi. Uma obra de arte, digna de modelo para os antigos romanos como
Vênus, exceto pelo fato de que nenhum mármore seria capaz de capturar de
forma adequada sua beleza quente e suave.
Eu quase revirei os olhos para mim mesmo, porque não era do meu feitio
tolerar pensamentos poéticos sobre minhas parceiras sexuais.
Mas, novamente, Char não era apenas uma parceira sexual. Ela era muito mais
que isso.
Para mim, ela era tudo.
Abaixei a cabeça e beijei sua barriga por mais alguns instantes, depois desci
mais. Ela estava relaxada, mas suas coxas imediatamente travaram fechadas.
"Hunter." Sua voz era escandalosa, e eu suprimi um sorriso.
"Eu não vou fazer nada que você não vá gostar", eu disse, muito
gentilmente. "Mas eu acho que você vai gostar disso."
"Mas eu – você não pode –"
Sua pele era tão rosa quanto as rosas premiadas da Rainha Elizabeth que
floresciam no jardim de Hilltop no verão, e quando ela corou, ela corou por todo
lugar. Ela era uma mistura tão encantadora de entusiasmo e timidez que eu não
conseguia segurar meu sorriso.
"Não ria de mim!"
"Eu não estou. Não estou, eu juro. ” Eu coloquei uma mão em sua coxa,
amando a sensação suave e sedosa de sua pele sob a minha palma. Eu falei mais
gentilmente do que antes. “Eu só quero fazer você se sentir bem, Char. É só
isso."
Ela olhou para mim por um longo momento, encarando meu olhar. Por fim,
ela assentiu.
"Tudo bem", ela disse.
Eu deixei escapar uma respiração explosiva que eu não sabia que estava
segurando, e abaixei minha cabeça para ela.
No começo eu apenas beijei seu monte suavemente raspado, e ele se moveu
inquieta embaixo de mim, mexendo-se como se ela não conseguisse ficar
parada. Por fim, dei um leve beijo sobre sua carne mais sensível e ela deu um
grito agudo.
Encorajada pelo conhecimento de que ela de fato havia gostado, eu a abri com
meus polegares, e com muito cuidado acariciei minha língua sobre seu clitóris.
O barulho que ela fez foi indescritível. Eu fiz de novo, e de novo, e suas mãos
cavaram meu cabelo com tanta força que quase doeu, como se ela estivesse em
uma montanha russa, com o coração nas mãos.
Ela já estava molhada, macia e pronta para mim, e sob a fragrância de
baunilha, ela cheirava quente e picante. Eu tinha certeza que só esse cheiro já me
deixava alterado. Eu a explorei, lambendo-a em todos os lugares com
movimentos longos e lentos da minha língua, mas sempre voltando para seu
clitóris inchado. Em pouco tempo ela estava ofegante, tremendo, e eu sabia que
ela estava prestes a gozar.
Eu me levantei para as minhas mãos e joelhos, pronta para fazer amor com
ela, mas ela pegou em meus braços.
"Não", ela sussurrou. "Assim não."
Uma sensação terrível de traição rasgou meu peito. É claro que eu nunca iria
me forçar a uma mulher, mas a ideia de que ela estava apenas brincando comigo,
que ela não queria ir até o final na intimidade comigo – doía. De repente me
lembrei que eu era um criminoso, que nenhuma mulher decente iria
verdadeiramente me querer, que eu não era digno dela...
Ela deve ter visto a minha expressão, porque ela piscou para mim, intrigada,
depois riu baixinho.
"Claro que eu quero você, idiota", ela me disse, estendendo a mão e
acariciando minha bochecha. "Eu só acho que você deveria tirar a roupa
também".
Oh. É, eu devia. A dor no meu peito diminuiu, e eu me sentei e rapidamente
tirei a roupa. Catei o preservativo que guardei no bolso do meu jeans mais
cedo, e joguei meu jeans no chão. Eu segurei o preservativo embrulhado,
mostrando a ela.
"Dessa vez eu lembrei."
Ela sorriu em reconhecimento, mas sua expressão ficava mais concentrada,
mais focada, enquanto eu espalhava o látex. Seu olhar parecia atraído
irresistivelmente ao meu pau, e seus olhos escureciam enquanto as pupilas se
dilatavam, afogando o azul em uma enchente negra.
Ela não parecia assustada, só excitada, então me ajoelhei entre suas
pernas. Peguei uma coxa nas mãos e gentilmente as separei, certificando-me de
que ela estaria aberta e pronta para mim.
Lentamente, me inclinei sobre ela, deixando meu pau pressionar contra sua
boceta quente e molhada.
Ela era incrível, e acho que eu parecia confortável para ela também, porque
nós dois gememos. Eu me forcei a ir devagar, deslizando dentro dela um
centímetro de cada vez. Antes da metade do caminho, as mãos nos meus quadris
e seus dedos cravando em minha bunda, e a voz me exortando a agir com
pressa: Por favor, Hunter, por favor, eu não posso esperar, eu preciso de você
agora...
Finalmente eu todo dentro dela. A sensação dentro dela era tão boa que meu
pau não parava de latejar. Eu sabia que não poderia durar muito, mas me esforcei
para me conter, me movendo devagar, deliberadamente.
Ela não seria enganada por esse truque. Com as longas pernas em volta de
mim, os sapatos encostados na parte inferior das minhas costas, e ela balançando
abaixo de mim, tentando me forçar a mexer mais rápido.
Eu já estava bem avançado, e seus movimentos ansiosos forçavam meu
controle até o limite. Momentos depois, me vi chocando contra ela com força e
rapidez. Ela cravava as unhas nas minhas costas, implorando quase sem
conseguir falar por mais, e eu a dava mais, fodendo-a quase brutalmente, até que
ambos chorávamos a cada estocada.
Ela chamou meu nome quando gozou, tremendo de todas as maneiras, e um
mero segundo depois eu sentia meu próprio clímax me varrer, numa onda quente
de êxtase tão intensa que eu não acreditava que iria sobreviver.
Eu gemi o nome dela também, e então capturei sua boca em um beijo longo e
doce.
Capítulo onze
Charlotte
Não fazia o menor sentido.
Três dias depois, eu limpava as migalhas e as partículas de ovos de uma mesa
na lanchonete, franzindo a testa em pensamento. Estava refletindo sobre a
questão da fraude de Hunter na minha mente desde a noite em que ele fez amor
comigo, e eu ainda não havia dado um passo sequer em direção a uma solução
do que quando eu comecei a pensar sobre.
Tudo o que eu tinha certeza era de que não fazia o menor sentido.
Oh, a história que Hunter havia me contado não era difícil de acreditar, pelo
menos superficialmente. Ele era bem conhecido como um bad boy na cidade, e
eu não duvidaria de que ele fosse culpado de algum desvio de conduta ainda que
lá em Richmond ou em Washington. Além disso, os Kensington sempre eram
notícia, e eu tinha certeza de que um jovem tão bonito e carismático como
Hunter vinha sendo alvo dos paparazzi durante a maior parte de sua vida. Seus
pecadilhos eram, sem dúvida, bem conhecidos, e por isso fazia sentido que seu
pai tivesse pedido para que levasse a culpa pelo irmão. Ninguém se disporia a
dar a ele o benefício da dúvida.
E não era difícil acreditar que Au pudesse ter armado para seu irmão
também. Como Hunter não havia alegado inocência, não havia necessidade de
um julgamento com júri, mas a parte culpada ainda precisava cobrir seus rastros
o suficiente para que a polícia não suspeitasse. Se Au era tão inteligente quanto
todo mundo dizia, ele não teria tido problema em fazer isso.
E ainda assim - eu repassava a outra noite em minha mente, lembrando como
Au olhara para o irmão. Sim, ele havia sido sarcástico, mas eu ainda estava certa
de que havia visto respeito e desejo de aprovação em seus olhos castanhos
quando ele olhara para Hunter. Mandar um membro da família para a prisão
por mais de dois anos parecia uma manobra chocantemente cruel e fria. De
alguma forma, eu não acreditava que Au fosse capaz disso.
Fiquei tentada a seguir o caminho simples e sensato, e simplesmente ir até Au
e perguntar a respeito. Mas eu pude entender por que Hunter havia me pedido
para guardar isso para mim mesma. Quanto mais pessoas soubessem da
inocência de Hunter, mais provável seria que o segredo fosse descoberto por um
repórter. E, além disso, se Au fosse de fato culpado, e pensasse que Hunter
estivesse prestes a traí-lo e possivelmente mandá-lo para a cadeia –
Bem, eu imaginava que o dinheiro dos Kensington provavelmente pudesse
também esconder assassinatos.
Se Au fosse de fato o fraudador, eu não poderia arriscar ao colocar Hunter na
mira de seu irmão. Não, eu precisava resolver isso sozinha, de alguma forma.
Mas como?
Você queria ser jornalista, eu disse a mim mesma, enquanto começava a
varrer o chão de ladrilhos do restaurante. Agora é sua chance de desenterrar a
sujeira dos Kensington e descobrir a verdade.
Uma hora depois, dirigi para casa. Eu havia aberto o restaurante e trabalhara
num raro dia curto, então ainda não era hora do almoço, e Diana ainda estava na
creche. Eu desci as escadas para o porão, abri o Google e fiz uma busca por
Hunter Kensington.
Haviam milhares e milhares de resultados, e muitos deles giravam em torno
das acusações de apropriação indébita. Não houve nenhum julgamento,
e praticamente nenhum drama envolvendo o caso, embora a notoriedade dos
Kensington e a boa aparência de Hunter tivessem atraído a atenção nacional.
Eu havia acompanhado a história avidamente quando aconteceu, e os artigos
me davam pouca informação nova. Hunter Kensington, aos 27 anos, havia sido
acusado de peculato da instituição de caridade da família, a Fundação
Kensington, da qual ele era membro do Conselho Consultivo. Através da
manipulação de registros de computador, ele sumiu com mais de 300.000
dólares - uma quantia tão grande que foi classificada como um crime, e poderia
tê-lo mandado para a prisão por até vinte anos.
Aqueles eram os supostos fatos do caso. Alguns artigos especularam,
ressaltando que ele tinha um estilo de vida pródigo (como todos os
Kensington) e não tinha renda independente. A teoria era que o dinheiro que ele
recebia da confiança da família era insuficiente para cobrir suas despesas
excessivas. Outra hipótese era de que talvez suas bem conhecidas brigas com o
pai tenham-no levado a constranger o velho e criar um desastre de relações
públicas para a Kensington Media roubando dinheiro da fundação da família.
De certa forma, tudo parecia muito plausível, e um leve senso de dúvida
começou a trabalhar em meu cérebro. Supondo que Hunter estivesse mentindo?
Supondo que o fraudador não tivesse sido Au, e Hunter estivesse apenas
tentando entrar na minha graça para poder ter acesso à sua filha? E se Hunter
fosse, afinal, um criminoso?
Eu me deparei com uma foto de Hunter mais jovem, e olhei para ele longa e
duramente, lembrando da noite em que tínhamos fodido naquele beco, quando
ele ainda era jovem, selvagem e imprudente. E então pensei na outra noite, no
jeito que ele havia me tocado tão ternamente, no jeito que ele se certificava que
eu encontrasse o meu prazer também, no jeito que ele me beijara no final. Ele
havia me levado a um pico de êxtase que eu nunca havia experimentado antes, e
ainda assim a parte do nosso amor que eu mais amava era o jeito que ele me
segurava depois, pendurado em mim como se ele nunca tivesse me deixado ir.
Eu não acredito que você fez isso, pensei. Eu simplesmente não acredito.
A foto com o artigo mostrava Hunter na ópera de Nova York. Ele estava com a
família – vi Au na multidão atrás dele e um cavalheiro mais velho e imponente
que reconheci como Trevor Kensington. Em seu braço havia uma mulher que
parecia levemente familiar.
Eu expandi a foto na minha tela e a estudei intensamente. Ela era uma mulher
mais velha, cujo decote era muito ousado para sua idade. As unhas dela eram
longas demais e vermelhas demais, a maquiagem impetuosa demais, para uma
mulher de mais de quarenta anos. Uma pequena fortuna em
diamantes repousava sobre seus seios amplamente expostos, e ainda mais gemas
pendiam de suas orelhas. Seu cabelo estava empilhado sobre a cabeça e, por fim,
lembrei-me de onde a vira, em uma foto na biblioteca enquanto olhava
pelas fotos da família de Hunter.
Uma viúva rica que se mudou para os círculos sociais locais. Qual é mesmo o
nome dela? Rose, eu me lembrei. Rose Ambrose.
Eu cliquei em mais links, na esperança de encontrar mais fotos, e havia muitos
deles. Os Kensingtons tinham sido fotografados juntos com frequência, mas em
praticamente todos as imagens, todos olhavam de forma amarga, como se na
verdade desejassem estar com outra pessoa naquele momento. E eu vi Rose
segurando no braço de Trevor, foto após foto.
Eu acho que ela tinha a crença otimista de que, no final, papai a tornaria sua
mulher. Ele não a tornou, claro. E, eventualmente, começou a traí-la, da mesma
maneira que ele traía minha mãe.
Rose certamente vivia agarrada em Trevor, em quase toda foto. Ela parecia
achar que ele já era dela. Supondo, pensei devagar, ela estivesse tentando
convencer o mais velho dos Kensington a se casar, ou porque o amava, ou
porque queria a fortuna dele. Ou ambos. E então descobrisse que ele estava
transando com uma mulher mais nova. O que ela faria?
O que qualquer mulher faria?
Ela se vingaria, é isso que ela faria.
Mas não, isso fazia o mínimo sentido. Como ela teria a oportunidade de
conseguir tocar suas garras vermelhas envernizadas nos fundos da Fundação
Kensington? Claro, ela obviamente passava muito tempo com Trevor, mas
provavelmente não tinha acesso ao laptop dele.
Meios, motivo e oportunidade. Essas três coisas, lembrei de uma aula de
jornalismo na faculdade, tinham que ser estabelecidas antes que alguém fosse
julgado culpado de um crime. Rose se vingar de Trevor Kensington por seu jeito
mulherengo podia ser um motivo muito crível, mas e quanto aos meios e
oportunidades para tal? Caçando mais informações, pesquisei o nome dela.
SOCIALITE ROSE AMBROSE ACEITA TRABALHO EM
KENSINGTON MEDIA, dizia uma manchete de, jamais adivinharia, a Gazeta
de Pinecone.
A data de publicação era de cinco anos atrás, e eu li a matéria
cuidadosamente. O artigo havia sido redigido de uma forma cuidadosamente
lisonjeira, mas, ao ler nas entrelinhas, parecia que Rose havia passado por
tempos difíceis, até o ponto de perder a mansão da família dela. Trevor
Kensington se apiedou dela e lhe deu um emprego médio de gerência na
Kensington Media.
E com isso, o acesso ao sistema de computadores da empresa.
Essa era a oportunidade, pensei, e também o motivo. Talvez ela quisesse se
vingar de Trevor, mas talvez ela precisasse apenas de dinheiro. Mas e quanto aos
meios? Rose Ambrose tinha o conhecimento e a capacidade de desviar esses
tipos de fundos?
Procurei mais um pouco e, depois de uma boa dose de pesquisa, descobri que
ela havia se formado em sistemas de informação contábil na Virginia Tech por
volta dos anos oitenta.
Rose Ambrose conhecia computadores.
Sim, pensei, recostando-me na cadeira com uma sensação de
satisfação. Aposto minha bateria de carro nova que foi a Rose.
***
Hunter
Eu não via Char há três dias e queria tanto vê-la que meu peito doía.
Nossa noite juntos tinha sido espetacular. Mas isso tinha apenas reacendido
meu desejo de provar a ela que eu não era um criminoso ou um preguiçoso, mas
um homem que podia ser um membro valioso e funcional da sociedade. Eu tinha
ido ao encontro de Au no momento em que ele voltara de sua viagem de
negócios e o lembrei que precisava de um emprego. Ele suspirou, como se
realmente não tivesse tempo para lidar comigo, e me informou friamente que a
Gazeta de Pinecone poderia usufruir de um novo gerente em seu departamento
administrativo.
A Gazeta de Pinecone era uma posse extremamente pequena, até onde se
estendia a preocupação da Kensington Media, mas era aquela que nenhum de
nós gostaria de deixar de lado, uma vez que havia sido o primeiro passo da
família no negócio de mídia, décadas atrás. Diferente da parte principal da
Kensington Media, que estava sediada em um moderno arranha-céu de vidro em
Washington, DC, a Gazeta ainda operava em Pinecone na sua sede original,
vários prédios de um único andar em um parque de escritórios ainda
mais deteriorado.
O antigo escritório de meu pai no prédio da Kensington Media (agora o
escritório de Au) era enorme, com carpetes macios e altos, uma enorme mesa de
mogno e duas paredes de janelas com vista para Washington. Meu escritório
tinha um piso de linóleo descascado, uma escrivaninha de aglomerado do tipo
que normalmente se compra no OfficeMax, e uma única pequena janela que
dava para o estacionamento. Além disso, era tão pequeno que eu suspeitava que
já havia sido usado como um armário de vassouras.
No entanto, era um escritório de verdade com uma porta de verdade e
representava meu primeiro passo de verdade para o mundo dos negócios. Em
suma, era um trabalho, e agora isso era o suficiente para mim. Eu estava grato
pela chance de fazer parte do negócio da família, mesmo que de uma maneira
muito pequena.
Meus primeiros dois dias no trabalho foram cheios, e eu não tive tempo de ver
a Char (embora nós dois trocássemos mensagens com frequência). Eu liguei para
ela na primeira noite e a contei sobre a nova posição, e ela me disse o quanto
estava orgulhosa de mim.
Mas conseguir um emprego através do nepotismo não era muito para se
orgulhar, na verdade. Eu queria ter orgulho de verdade do meu trabalho, e isso
significava realmente marcar a Gazeta. Para esse fim, passei dois dias estudando
os artigos que produzíamos e considerando como poderíamos nos tornar mais
relevantes na era moderna, e como poderíamos expandir além de uma
cidadezinha e virarmos um jornal regional. Procurando mais além, fiquei
chocado ao descobrir que a Gazeta sequer tinha um website. Conseguir um e
botar pra funcionar, decidi, deveria ser a minha primeira prioridade.
Eu estava procurando por alguns exemplos de sites que o departamento de TI
havia me enviado, quando a porta do meu escritório se abriu num rampante e
Char veio correndo.
"Eu sei quem foi!"
Eu pisquei.
Vestida de jeans e um moletom cinza, ela estava ofegante, como se tivesse
corrido de casa até aqui. Provavelmente ela tinha mesmo, já que não era tão
longe daqui. Ela se inclinou, colocou as mãos na minha mesa e respirou fundo
várias vezes.
"Eu sei quem é o trapaceiro", ela finalmente disse.
Recostei-me na cadeira e a estudei por um longo momento. "Feche a porta e
tranque", eu disse.
Eu não tinha assistente, então as chances de sermos ouvidos eram pequenas,
mas depois do incidente no parque, eu não iria me arriscar. Ela fez o que eu
instruí, depois se virou para mim.
"Foi Rose", ela cuspiu.
Eu franzi. "Cruella?"
“Você sabe que seu pai deu a ela um emprego na Kensington Media. Mas o
que você provavelmente não sabe é que ele deu a ela o emprego porque ela
estava à beira da falência.”
"Sim, mas –"
"Minha teoria é que ela não cobriu seus rastros muito bem, e quando as
pessoas começaram a descobrir, ela fez parecer que Au era o culpado."
"E então meu pai decidiu que eu deveria ser preso no lugar de Au?" O
pensamento fez meu coração apertar dolorosamente. Ela deve ter visto a minha
dor, porque ela se esticou e correu uma mão reconfortante pelo meu cabelo.
"Eu não sei", ela respondeu. “Talvez nunca saibamos qual foi o raciocínio do
seu pai, já que ele não está aqui para perguntarmos. Mas Rose ainda está viva e
seguindo em frente – e trabalhando para uma instituição de caridade, enquanto
isso. Fundação Infantil do Linfoma. Quer apostar que eles estão perdendo alguns
fundos? ”
O pensamento de que eu tinha ido para a prisão por dois anos e meio,
enquanto o ladrão verdadeiro ainda poderia estar roubando – roubando de
crianças com câncer, ainda por cima – acendeu um fogo em mim. Peguei o
telefone, disquei um número no departamento de contabilidade da Kensington
Media e expliquei a situação a Dave Norton, um velho conhecido da
faculdade, pedindo-lhe que investigasse o assunto. Então desliguei o telefone e
olhei para Char, sentindo uma mistura estranha de sensações no meu peito.
Por um lado, o pensamento de que meu pai me jogara aos lobos para proteger
Au doía como o inferno. Mas pra ser totalmente honesto comigo mesmo, eu
sempre soube que ele favoreceria Au, e talvez com alguma justificativa. Deus
sabia que eu saía do caminho certo para envergonhar a família e sujar nosso bom
nome durante toda a minha juventude.
Por outro lado, a ideia de que Au poderia ser inteiramente inocente fazia com
que a esperança aumentasse em mim. Todo esse tempo, durante
três anos inteiros, carreguei o terrível peso de pensar que meu irmão mais novo
era um ladrão. Em vez disso, ele podia ser perfeitamente inocente. Ele pode não
ter nenhum conhecimento do que nosso pai fez e sinceramente acredita que eu
seja um criminoso.
O pensamento fazia meu coração se empolgar, ao ponto de achar que eu fosse
flutuar até aquele teto feio e manchado de água.
Me levantei, dei a volta na mesa e passei meus braços em torno de
Char. "Obrigado", eu disse para as profundezas acobreadas do seu cabelo.
“Não me agradeça ainda. Pode ser que não sejamos capazes de provar nada
disso. ”
"Sim, mas você " eu respirei fundo, inspirando sua doce fragrância em meus
pulmões. “Você acreditou em mim, Char, mesmo quando não tinha nenhum
motivo para isso. Obrigado. Obrigado por acreditar em mim."
"De nada." Ela pressionou o nariz no meu casaco de lã e riu. “Você sabe, eu
não estou acostumada a ver você de terno e gravata. Não leve isso a
mal, mas acho que sinto falta da jaqueta de couro e do jeans. ”
"Estou tentando parecer um cidadão corporativo responsável".
"Eu sei." Ela olhou para mim com um sorriso sedutor. "Eu só acho que gosto
mais do bad boy."
Suas palavras me atingiram no plexo solar, tirando o fôlego do meu corpo.
"Char. Nós realmente não devíamos...”
"Só alguns minutos", disse ela persuasivamente, passando a mão pelo meu
peito. “Uma rapidinha na sua mesa. Não seria tão ruim, seria? ”
Na verdade, soava como a melhor coisa possível no mundo. De repente, me
dei conta de que faziam três dias, três dias inteiros, desde que havíamos feito
amor. O que abruptamente me pareceu muita, muita burrice. Por que eu não
simplesmente enviava a limusine novamente para buscar ela nas últimas três
noites?
Bem, porque ela passara longos dias trabalhando na lanchonete, e eu estava
estudando os números de circulação e as edições anteriores da Gazeta de
Pinecone, era por isso. Mas ainda me sentia estúpido.
Você precisa organizar as suas prioridades, Kensington.
Essa não era a voz do meu pai na minha cabeça, mas a minha própria voz. E
isso era verdade. Eu estava cansado de viver uma vida de luxo, vazia e sem
sentido, e, portanto, o trabalho era importante, e eu pretendia me dedicar
totalmente a isso. Mas isso não significava negligenciar a mulher que eu –
Bem, a mulher que significava tanto para mim.
Eu capturei a mão dela pouco antes de passar pela fivela do meu cinto. Porra,
ela estava ansiosa. "Deixe-me pelo menos fechar as persianas", eu disse com voz
rouca.
Eu fechei, e então a agarrei e a puxei contra mim.
Ela estava quente e macia, e meu pau (que já estava muito de acordo com toda
essa ideia de rapidinha) respondeu à sua proximidade, ficando ainda mais
duro. Eu gemi, pressionando meu rosto em seu cabelo.
"O que você mais gostou?" Eu murmurei em seu cabelo. "De tudo o que
fizemos na outra noite, o que você mais gostou?"
Sua voz soou baixinha contra o meu ombro.
"Do beijo."
Eu recuei e olhei para ela, piscando. "Do... beijo?"
Ela assentiu com a cabeça, um rubor começando a se espalhar por sua pele
clara. "Eu gosto de beijar você, Hunter."
Hmm. Eu nunca fui do tipo beijoqueiro, na verdade, mas eu lembro de
partilhar longo e carinhosos beijos com ela enquanto nossos corpos se tornavam
um só. Aconteceu da primeira vez que fizemos amor também. Eu quase nunca
beijava uma mulher durante a relação sexual, mas algo em Char apenas me
obrigava a procurar sua boca com a minha.
"Tudo bem então. Vai ser o beijo. ” Eu abaixei minha boca e a beijei, muito
gentilmente.
Ela se agarrou a mim e nós compartilhamos beijos suaves e caseiros por
longos e incontáveis momentos. Por fim, não aguentei mais e passei a língua
sobre os lábios, pedindo entrada. Ela concedeu, e eu coloquei minha língua em
sua boca, explorando, acariciando. Hesitante, ela tocou a ponta da língua na
minha e o calor explodiu através de mim. Meus joelhos ficaram fracos e me
sentei pesadamente em cima da mesa.
Ela parecia gostar disso, porque ela prontamente se arrastou para o meu
colo. Nós dois tentamos desajeitadamente seguir para a minha mesa, mas não foi
fácil, porque não era exatamente uma superfície espaçosa. Eventualmente eu
desisti em desgosto e apenas sentei na borda, com ela no meu colo, me
envolvendo.
Ela parecia gostar da ideia de estar por cima. Seus beijos ficaram mais
quentes, suas carícias mais ousadas e seus quadris se moveram contra os meus.
"Merda". Eu gemi. “Você precisa parar agora, ou eu vou gozar nas minhas
calças. E este é um bom terno. ”
"OK. Eu vou parar. ” Ela recuou, e eu imediatamente me arrependi de dizer a
ela para parar. Quem se importava com um terno, afinal? Eu era bilionário, pelo
amor de Deus. Eu poderia comprar todos os ternos que queria.
Mas me arrependi um pouco menos quando ela se levantou e começou a tirar
a roupa como uma stripper.
Bem, não como uma stripper, exatamente. Não havia movimentos de dança,
nem olhares excessivamente sensuais. Mas diferente da outra noite, quando ela
hesitou em me deixar vê-la, ela parecia tão confiante em seu corpo e seu próprio
apelo quanto qualquer dançarina em um clube de cavalheiros. Ela apenas tirara a
camiseta, lenta e deliberadamente, enquanto eu assistia. Então tirava a calça
jeans, deixando-a vestida com dois pedaços de seda. Os de hoje eram rosa
pálido, de tom levemente mais escuro que sua pele clara. Eu engoli em seco.
"Quer que eu tire o resto?" Sua voz era rouca, sensual, e eu assenti, incapaz de
afastar meu olhar dela.
"Sim. Por favor."
Ela lentamente os tirou, ficando nua, vestida em nada além de uma nuvem de
cabelo radiante como o sol e um sorriso. Eu olhei para ela, ciente de que minha
boca estava aberta, mas de alguma forma incapaz de fechá-la.
"Você é linda", eu disse finalmente, e ela riu.
"Você também. Vamos tirar essa roupa. ”
"Não." Saí do meu coma induzido pela luxúria e comecei a soltar o cinto. "Eu
não posso esperar tanto."
Segundos depois, eu tinha minhas calças desabotoadas, meus boxers fora do
caminho e uma camisinha me cobrindo. Eu a puxei de volta para o meu colo, e
ela envolveu uma mão em volta do meu pau e guiou para sua bainha de seda,
enquanto eu jogava a cabeça para trás e gemia.
"Não se esqueça do beijo", ela me lembrou.
Uma das minhas mãos estava ocupada em mantê-la firme no meu colo, mas eu
enterrei a outra nos cabelos dela, puxei-a para mim e capturei minha boca com a
dela. Ela pegou o jeito de se mover em mim com facilidade e começou a montar,
enquanto eu a beijava com beijos longos e viciantes que me deixavam fraco. Eu
esperava que o efeito fosse o mesmo nela.
Foi maravilhoso, e em algum lugar no fundo da minha mente, eu me
perguntava por que eu nunca havia gostado de beijar durante o sexo antes. Era
incrível. Parecia tão íntimo.
Naquele momento, percebi que havia respondido à minha própria
pergunta. Sexo com outras mulheres nunca tinha sido íntimo. Era
divertido. Prazeroso. Mas não íntimo.
Mas com Char, sexo não era apenas sexo. Não era sequer fazer amor. Era algo
tão profundo e, sim, íntimo de uma forma que eu sequer tinha como nomear.
Até mesmo uma rapidinha ao meio-dia na minha mesa era um vislumbre do
paraíso.
Nessa posição, podia sentir as respostas dela com mais clareza. Sentir seus
músculos internos começarem a tremer, senti ela tremendo e sabia que estava
prestes a gozar. Ela se movia com mais força em mim e eu não consegui mais
me conter. Gozei em uma onda longa e quente, e o corpo dela se apertou em
mim quando gozou também, nossos gritos abafados na boca um do outro.
Depois, a segurei por muito, muito tempo. Eu sabia que tinha que voltar ao
trabalho, mas de alguma forma eu não queria deixar ela ir.
Eu nunca quis deixar ela ir.
Capítulo Doze
Charlotte
O ar da noite estava frio, mas não tão frio quanto antes. Fevereiro havia
escorregado pra Março e, embora a primavera ainda estivesse distante... estava
vindo. Eu podia sentir no ar.
Sentei-me na varanda da frente, com minha filha no colo, e dei uma boa
respirada de ar fresco. Eu havia chegado em casa uma hora atrás, e antes disso
havia passado o dia na lanchonete, respirando aromas de comida gordurosa. Era
legal apenas relaxar ao ar livre. Mamãe e Jacob estavam limpando a cozinha, e
eu tinha esse pequeno momento sozinha com minha filha.
Ela estava com sono e se aconchegou contra mim. Abaixei meu rosto contra
seu cabelo, cheirando a xampu e sabão – porque ela tinha tomado um banho um
pouco antes do jantar – e o aroma doce e indefinível de uma criança
pequena. Essa fragrância me encheu de uma estranha sensação de
melancolia. Ela já havia deixado a fase de bebê para trás, e em pouco tempo ela
estaria deixando seus dias de pré-escola para trás também.
Pensei em Hunter, que não havia tido a chance de vê-la como um
bebê, que não tinha sido capaz de compartilhar as alegrias de seu primeiro
sorriso e seu primeiro dente, e vê-la aprender a engatinhar. Sem mencionar as
alegrias das babas, e as cólicas, e ficar acordado a noite toda. Ser responsável
por um bebê tinha seus altos e baixos, mas eu ainda sentia uma pontada quando
eu pensei nele perdendo todos esses preciosos momentos.
Nas últimas duas semanas, tentei compensar isso folheando todos os nossos
álbuns de fotos com ele, até mesmo deixando-o ver as fotos ruins que eu nem me
dei o trabalho de imprimir e que estavam salvas no meu computador. Mas de
certa maneira, imaginei que aquilo o machucaria ainda mais, uma vez que era
um gritante lembrete de que ele não havia estado lá para ver tudo pessoalmente.
Eu via um olhar melancólico em seus olhos sempre que olhávamos juntos as
fotos da Diana, e isso fazia meu coração doer por ele.
Mas o passado estava para trás, e tentávamos fazer algo do presente, e
construir um futuro. Pelo menos eu tentava. Eu não tinha certeza do que Hunter
queria. Desde que eu dei a ele a informação sobre Rose Ambrose, eu senti que
ele estava se segurando de alguma forma. Oh, ele ainda me amava com
entusiasmo, sempre que a oportunidade aparecia, mas eu tinha a nítida impressão
de que ele estava esperando por alguma coisa.
E eu tinha certeza que sabia o que essa coisa significava.
A porta se abriu e Jacob saiu à noite, e sentou-se ao meu lado. "Ela parece
sonolenta", disse ele, olhando para Diana com um sorriso afetuoso.
"Nós duas." Eu bocejei.
“Vá para a cama. Eu posso cuidar dela.”
"Obrigada, mas eu quero ficar acordada mais um pouco."
"No caso do seu namorado ligar?" Seus olhos brilharam com
aborrecimento. Ele aguentava Hunter por perto pelo bem de mim e de Diana, e
não tinha arrumado briga sequer uma vez, mas era dolorosamente claro que ele
ainda odiava Hunter.
“Não o chame assim. Ele não é meu namorado. Eu não sei o que ele é, na
verdade. ”
“O que ele é”, Jacob disse entre os dentes, “é um criminoso. ”
Isso não era irracional, já que eu não lhe contara minhas suspeitas sobre Rose
Ambrose, só para o caso de não se tornarem reais. Mesmo assim, nós já
havíamos passado por isso muitas vezes antes, e eu suspirei.
"Ele está se esforçando muito, Jacob."
“Sim, claro, ele virou a página, tudo bem. Imagina quanto tempo vai durar até
ele passar por cima de tudo, como fez no colégio? ”
Eu estava cansada demais para segurar minha língua afinal. As
palavras pareciam saltar da minha boca por vontade própria. "O que aconteceu
entre vocês dois naquela época, afinal?"
Jacob pareceu brevemente surpreso, mas depois deu de ombros. “Nada tão
devastador assim, eu acho. Tinha essa garota. ”
“Uma garota? Você o odeia tanto, eu sempre achei que fosse por algo
realmente grande. ”
"Era realmente grande de certa forma, eu acho." Seus olhos desfocaram, como
se ele estivesse vendo o passado. “Ela foi a primeira garota com a qual eu
realmente me importava. Marjorie Dougherty, era seu nome. Eu sentia uma coisa
grande por ela, Char. Quer dizer, eu realmente a amava. Eu a convidei para o
baile... e ela disse sim. ”
"E então?"
“Nós dois estávamos de mãos dadas no salão cerca de uma semana depois, e
Hunter chegou. Ele disse: "Ei, querida, você não precisa se contentar com
uma pedrinha suja quando pode ter um grande diamante. Venha comigo para o
baile de formatura e eu te pego em uma limusine. Você terá a noite da sua vida."
Suas palavras ficaram no ar por um longo momento. Finalmente eu disse:
"E?"
Ele deu de ombros novamente. “Ela me largou e foi com Hunter ao baile de
formatura. Foi só isso, mas foi o suficiente. ”
"Eu era um idiota."
Com a voz de barítono entre nós, Jacob e eu olhamos ao redor. Lá embaixo,
no final da escada, estava Hunter.
Aparentemente ele tinha deixado a Harley de lado esta noite e resolvido andar,
porque de forma alguma teríamos perdido o rugido de sua moto quebrando o
silêncio da rua. Ele subiu as escadas e sentou-se na cadeira de vime
desocupada. "Sinto muito", disse ele, olhando diretamente para Jacob. “Eu era
um idiota arrogante e elitista no ensino médio – e na faculdade. Na verdade, até
pouco antes de ser preso. Me desculpe, eu destruí você e Marj. Eu sabia que
você a amava. ”
Os lábios de Jacob recuaram em um rosnado. "Então, por que diabos você fez
aquilo?"
“Modos”, eu disse reflexivamente, mesmo que Diana estivesse dormindo no
meu ombro no momento.
"Foi estúpido", disse Hunter com um suspiro. “Você passava todo aquele
tempo com ela e era – bem, era como se você tivesse se esquecido de mim. Eu
não tinha muitos amigos, Jacob, e as coisas eram meio que difíceis na minha
casa. Você era praticamente tudo que eu tinha, você e sua família. E quando você
começou a passar todas as tardes com Marj, eu acho que eu...”
"Sim." Jacob assentiu lentamente, parecendo que uma luz estava surgindo em
seu cérebro, iluminando o passado. "Eu acho que eu meio que desisti de você,
não é?"
"Mais ou menos. E, sabe, isso... me deixou louco. Eu admito que não
precisava muito para me deixar louco naquela época. Como eu disse, eu era...
Ele olhou para a nossa filha adormecida. "Um idiota. A verdade é que não me
importava a Marjorie. Eu só queria atingir você. Sinto muito, Jacob. ”
"Bem, já era hora de vocês colocarem essa história à limpo." A porta se abriu
novamente, e minha mãe saiu, trazendo um prato cheio. "Alguém quer
biscoitos?"
Hunter levantou-se, oferecendo-lhe a cadeira, e então se acomodou aos meus
pés com um biscoito de chocolate e uma expressão satisfeita em seu rosto. Eu
segurava Diana com uma mão, mas acariciava o cabelo dele com a outra. Ele
encostou a cabeça no meu joelho, praticamente ronronando. Seus longos e
escuros cílios se fecharam.
Mamãe sentou-se na cadeira vazia, sorrindo beatificamente. "Agora que a
velha história está finalmente resolvida, talvez vocês possam ser amigos de
novo."
"Mãe." Jacob parecia irritado. “Nós não somos meninos e não vamos nos
tornar melhores amigos novamente. Hunter é um – bem –”
"Na verdade", disse Hunter preguiçosamente, sem se preocupar em abrir os
olhos, "eu não sou."
Jacob piscou para ele. "Não é o quê?"
"Um criminoso." Hunter abriu os olhos e olhou para ele. "Isso é o que você ia
dizer, certo?"
Meu coração batia com tanta força no meu peito que eu me preocupei que
fosse acordar Diana. Eu não disse nada, apenas escutei.
“Mas que po – Do que você está falando, Hunter? Nós todos sabemos o que
você fez. Todo mundo sabe."
Hunter olhou para mim, um leve sorriso curvando sua boca. Eu respondi por
ele.
“Hunter não roubou, Jacob. Ele foi preso para proteger seu irmão Au.”
Jacob olhou inexpressivo. “Você está me dizendo que Austin foi quem roubou
o dinheiro? O Menino de Ouro dos Kensington é um ladrão? Você realmente
espera que eu acredite nisso?"
"Não", respondeu Hunter.
Jacob sacudiu a cabeça com tanta força que seu cabelo castanho avermelhado
caiu nos olhos. "Você está me deixando confuso, cara."
"Eu pensava que era Au quem havia roubado esses fundos", disse Hunter. “Foi
o que meu pai me havia dito. Ele me pediu para levar a culpa por Au, e porque
ele ser meu irmão mais novo, eu levei. Eu desisti de dois anos e meio da minha
vida pelo garoto. Mas Char fez algumas pesquisas –" Ele sorriu para mim, os
cantos dos olhos se enrugando – " e começou a suspeitar que o verdadeiro ladrão
era a namorada de meu pai, Rose Ambrose. Pedi a um amigo meu no
departamento de contabilidade da Kensington Media para conferir. Ele me ligou
de volta e nós demos as provas para a polícia. ”
"E?" Eu disse sem fôlego.
"E Rose foi presa."
Eu gritei e baguncei seu cabelo. Ele sorriu.
"Disseram-me que serei exonerado do crime", disse ele, "e dadas as
circunstâncias, os policiais estão dispostos a ignorar o fato de que eu menti para
eles. Então está tudo acabado. Graças a você, Char. Tudo estará nos jornais
amanhã."
"Oh, meu Deus." Jacob olhou para ele, parecendo espantado. "Hunter, eu
sinto muito."
"Você não tinha como saber." Hunter estendeu a mão para o meu irmão, que a
sacudiu com firmeza.
"E Au?" Eu perguntei. "Ele sabe?"
“Sim. ” Os olhos de Hunter se suavizaram. “Ele chorou quando descobriu,
Char. Durante todo esse tempo ele acreditou de verdade que eu era o trapaceiro e
ele ficou de coração partido por saber a verdade. Ele até me ofereceu a posição
de CEO na Kensington Media. ”
Eu respirei fundo. "Você vai assumir?"
Ele balançou sua cabeça. “Não, eu não posso. Eu sinceramente não acho que
tenho o que é preciso. Não agora, e talvez nunca. Au pode ser jovem, mas ele
está fazendo um trabalho realmente incrível com a empresa. Ele tem cabeça para
os negócios e a formação educacional necessária. Afinal de contas –" Uma nota
de orgulho mal disfarçado penetrou em sua voz – " o garoto foi para Harvard. ”
"Ok, então, e você?" Jacob perguntou. "O que você vai fazer agora?"
"Hmmmm." Hunter se inclinou no meu joelho novamente. “Au sugeriu a vice-
presidência na Kensington Media, mas sabe de uma coisa? Estou gostando do
meu trabalho na Gazeta de Pinecone. Pode parecer bobo, mas eu realmente acho
que quero tentar mudar lá, para torná-la em algo que não seja uma pilha de
piadas. Eu quero torna-la regional e transforma-la em um jornal sério. ” Ele
olhou para mim. “Para fazer isso, porém, precisarei contratar alguns repórteres
investigativos bons. Conhece alguém que possa estar interessado? ”
Lágrimas brotaram dos meus olhos e eu sorri para ele sobre a cabeça em
sombras da minha filha. "Eu acho que eu conheço alguém, sim."
"Bom." Ele ficou de pé. "Tem mais uma coisa que eu quero da vida, Char."
"O que é?"
"Você." Ele olhou para nós solenemente. “Bem, você e Diana. Então, são duas
coisas, eu acho. ” Ele enfiou a mão no bolso de seu velho casaco de couro, em
seguida agachou sobre um joelho, segurando um anel de diamante. Era oval e
enorme, e brilhava como uma geleira, à luz das lâmpadas da varanda. “Eu te
amo, Char. Você quer se casar comigo?"
Eu olhei para o anel por um longo momento, depois olhei para o rosto
dele. Seu rosto amável.
“É claro”, eu respondi.
Jacob e minha mãe aplaudiram, e Hunter colocou o anel no meu dedo,
sorrindo. Em toda a comoção, Diana acordou. Ela piscou sonolenta para Hunter.
"Hunter?" Ela disse.
Ele sorriu para ela, seu rosto gentil. "Eu acho que você pode me chamar de
Papai agora."
Ela piscou um pouco mais. Essa palavra não significava nada para ela até
agora. Mas passaria a significar, pensei. Muito em breve, significaria tudo.
"Papai", disse ela.
Epílogo
Hunter
"Eu já sinto falta dela."
Eu peguei a mão de Char na minha. "Eu sei que você sente. Mas ela ama a avó
e o tio Jacob, e além disso, agora ela tem um novo tio para encantar e tê-lo na
palma daquela pequenina mão. Ela vai ficar bem. ”
Nós dois estávamos sentados no jato particular da família Kensington, um
Boeing 747-8 luxuosamente equipado. Entre os painéis amadeirados das janelas,
os assentos de couro e a enorme TV, havia muito para ver a bordo, mas estava
claro que a mente dela estava com a garotinha que deixamos para trás por duas
semanas enquanto nos dirigíamos para a lua de mel na cidade de Nova York.
"Ela parecia tão adorável hoje, não é?"
"Sim." Sempre feliz por qualquer chance de falar sobre Diana, peguei
meu telefone. "Aqui, olha essa..."
Olhamos para uma foto de nossa filha, vestida com um longo vestido branco,
dançando com um Au de smoking, que parecia satisfeito, mas um pouco
desnorteado, como se ainda não tivesse se reconciliado com a recente aquisição
de uma sobrinha. Eu botei pra rolar um pequeno vídeo, no qual Au levantava
Diana nos braços e a girava ao redor.
Nós dois soltamos um "Awwwwnnn" ao mesmo tempo.
Nosso casamento hoje cedo tinha sido lindo, realizado em uma igreja
episcopal - uma catedral, na verdade - em Richmond. Char estava absolutamente
gloriosa em uma mistura branca de cetim e renda com uma enorme cauda. Ela
não usava um véu, apenas seu adorável cabelo, caindo ao seu redor, e
sua melhor amiga Angela Robinson foi sua dama de honra. O que fazia todo o
sentido, pois Angela havia feito a festa do vigésimo primeiro aniversário, o
que havia iniciado uma enorme cadeia de eventos. Se não fosse por Angela,
Char e eu talvez nunca tivéssemos nos conhecido.
Angela e as outras damas de honra usavam um vestido azul oceano que atraia
tanta atenção para elas quanto Char atraía para si. Eu pensei que eu pareceria
razoavelmente bonito em um smoking Kiton preto, mas é claro que ninguém
olha realmente para o noivo. O que é como deveria ser. A mãe da noiva estava
resplandecente em cor-de-rosa, e eu dancei com ela quase tão frequentemente
quanto eu dançava com minha esposa e filha, para seu deleite. O vestido de
Diana era uma versão em miniatura de Char, com exceção da cauda, e ela
também atraía muita atenção.
Que também era como deveria ser.
"Ela estava uma pequena florzinha, não estava?" Eu disse.
“Ela estava linda. E Au estava um padrinho muito bonito. ”
“Jacob também. É engraçado – Eu havia passado por grande parte da minha
vida como um solitário. Nunca tive amigos de verdade na faculdade, nunca fui
próximo da minha família. Eu nunca imaginei que teria dois padrinhos no meu
casamento. ”
"Estou feliz", ela respondeu, inclinando a cabeça no meu ombro. “ Se você
quer saber a verdade, eu não acho que você seja realmente o tipo solitário,
Hunter. Você precisa de pessoas. Estou feliz que você tenha Au e Jacob de volta
em sua vida. ”
Como Char e eu ambos havíamos começado a trabalhar na Gazeta de
Pinecone, tentando refazê-lo em um jornal de orgulho, tivemos poucos dias de
folga. Como consequência, estávamos ambos ansiosos por esta pausa. Mas
deixar Diana para trás era difícil – para Char, porque ela nunca havia deixado a
filha sozinha por uma noite sequer e, para mim, porque eu ainda não estava
acostumado a ser pai. Era tudo novo e maravilhoso, todo dia uma delícia, e
sentia que ficar longe de Diana por duas semanas seria uma tortura.
Eu pensei que sentiria falta de Au tanto quanto. Nos últimos meses, passei a
admirar o garoto por tudo que ele havia conquistado. Ele não era o idiota que eu
pensava que ele era. E de fato, ele não era absolutamente nada parecido com
meu pai.
E então havia Jacob. Uma vez que tínhamos colocado toda a história ruim
para trás, era incrível o quanto ainda tínhamos em comum. Nós dois nos
reunimos no Zippo's para tomar cerveja por duas vezes na semana e nos
divertíamos em cada uma dessas vezes, rindo, jogando bilhar e conversando
sobre os livros que estávamos lendo. Char e eu passávamos muito tempo na casa
da Sra. Evans também, e eu me deliciava com sua bondade maternal. Quando ela
rejeitou minha oferta em pagar um pintor de casas, eu subi em uma escada e
pintei eu mesmo todo o exterior. Eu estava pensando em substituir as placas
deformadas na varanda ao lado.
Para resumir, eu não era mais um solitário e, de fato, estava um pouco
preocupado de passar todo o meu tempo em Nova York com minha extensa
família, em vez de passear. Mas Char tinha prometido que ia fazer eu me
comportar, e eu estava confiante em sua capacidade de manter minha atenção no
lugar que devia estar.
Nela.
Pensar sobre Au me fez lembrar de algo, no entanto. " Ei, eu fiz ele confessar,
eu mencionei?"
Char piscou confuso. "Quem?"
“Au. Se lembra do cara no beco, aquele que você chutou? Você suspeitou que
era Au porque ele estava mancando, lembra? Então, era ele. ”
Ela levantou a cabeça e olhou para mim. “Foi Au quem me agarrou?"
"Bem..." eu dei de ombros. “Não foi realmente uma agarrada, por si só. Ele
não estava planejando ferir você. Aparentemente, ele ouviu a notícia de que eu
estava visitando você no restaurante, e ele somou dois mais dois e descobriu que
Diana era minha filha. Mas ele também tinha ouvido que você não
estava ansiosa para me deixar voltar à sua vida. Então ele estava tentando nos
juntar, e por alguma razão ele decidiu que me obrigar a resgatar você poderia
ajudar. Ele estava apenas tentando criar um cenário de donzela em perigo. No
entanto, ele não esperava que você fosse tão rápida com seus pés.
Char riu, mas depois ficou mais solene. “E o fotógrafo no parque naquele
dia? Isso não foi coisa do Au, foi? ”
"Não. Era só um paparazzo aleatório. Agora que você é uma Kensington, receio
que terá que se acostumar a ter sua privacidade invadida regularmente. ”
Era verdade, e nós dois sabíamos disso. Nosso casamento, que admitidamente
era grande o suficiente no nível de realeza, já tinha alcançado as manchetes de
costa a costa. Os Kensington sempre eram assunto de interesse para a imprensa,
e o acréscimo de uma rainha de cabelo radiante como o sol e uma pequena, mas
linda princesa à família, só acrescentavam ao fascínio.
Char sorriu e apertou minha mão.
"Eu acho que posso viver com isso", disse ela. “Eu amo ser uma
Kensington. Eu amo você, Hunter."
O avião começou a taxiar em direção à pista, e Char olhou pela janela, com os
olhos brilhando em empolgação. “Uau, isso é tão excitante. Eu não acredito que
vou ver a cidade de Nova York. Eu nunca estive em lugar algum fora de Virgínia
antes."
Eu tinha ido a Nova York tantas vezes que nem conseguia me lembrar de
todas elas. Mas tudo o que era antigo e comum para mim era novo e
emocionante para Char, e de alguma forma isso tornava minha vida nova e
emocionante novamente. Eu adorava ver o rosto dela se iluminar com novas
experiências. Isso fazia algo dentro de mim se iluminar também.
Seis meses atrás, pensava, eu voltava para Pinecone como um criminoso
recém-libertado e quase imediatamente a encontrava novamente. Talvez tenha
sido o destino, ou talvez tenha sido sorte. Mas de qualquer forma, era a melhor
coisa que já havia acontecido comigo. Ela foi a melhor coisa que já me
aconteceu.
"Eu vou lhe mostrar o mundo, Char Kensington." Eu me inclinei e beijei-a
levemente nos lábios. “Mais cedo ou mais tarde, vamos ver cada grande cidade
existente. Roma, Madri, Atenas, Tóquio... acredite quando digo que Nova York é
apenas o começo. ”
Ela enfiou os dedos nos meus e eu segurei sua mão com força enquanto o jato
inclinava para o céu azul brilhante do verão. Era um bom começo, pensei.
Um começo muito bom.
FIM
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Capítulo Um
O grande problema do sucesso é que algumas vezes ele funila os seus círculos
e suas opções. Tamira Fontaine viu muitas das suas amizades sumirem a cada
conquista e a cada degrau que subia na escada do sucesso. Ela não levava muita
fé quando afirmava que talvez os tais “amigos” ficaram com inveja ou
ressentidos com o quão fácil Tamira estava crescendo. Vendo a situação por alto
parecia fácil afirmar, mas não era.
Tamira trabalhava duro e por muito tempo para chegar a esse ponto, mas
trabalho duro não botava medo nela. Apenas aconteceu de, quanto mais
empreendedora ela ficava, menos razões tinha para certas pessoas na sua vida.
Não era culpa dela que eles se sentissem intimidados ou coisa parecida. Ela não
tinha culpa de “se doar” e nunca usar seu histórico desfavorecido como
desculpa.
Ela começou de baixo como todos os outros, e mesmo que alguns não tenham
conseguido persistir, Tamira planejava nunca olhar para trás. Apesar disso, ela
não era o tipo de pessoa que deixava as próprias conquistas subir à cabeça. Ela
era a mesma Tamira, teimosa mas sincera, e eram os que estavam à sua volta que
haviam mudado, não o contrário.
Felizmente haviam alguns poucos com os quais ela podia contar. Nisha era
uma.
E Tamira já podia adivinhar quem era ao sentir o celular tremer na sua bolsa.
“Eu estava pensando agora mesmo em você”, Tamira disse com um sorriso.
“Então, o que aconteceu? Já terminou o fazia com a equipe Cavendish?” O
entusiasmo barulhento de Nisha podia ser sentido do outro lado da ligação.
“Sim, e tudo ocorreu de forma esplêndida”, Tamira disse orgulhosa. “Acabei
de finalizar o encontro. Nos entendemos melhor do que eu esperava. É
definitivamente um projeto promissor o que estamos colocando em pauta. Usar o
ambiente relaxante do Sky Bar para o nosso encontro foi um toque legal da parte
deles. E você sabe, a Cavendish é uma das marcas mais respeitadas segundo a
Forbes. Portanto, tê-los interessados nos meus serviços está fazendo maravilhas
pela minha moral. Como você pode imaginar, estou em estado de celebração.”
Tamira ouvia o suspirar denso de Nisha. “Enquanto eu estou ocupada de babá
dos meus adoráveis sobrinhos. Queria estar aí.”
“Eu também queria. Vou arrumar um jeito de ir até você. Especialmente para
agradecer por escolher minha roupa. Senti como se estivesse vestindo um
amuleto nessa noite.”
Nisha riu. “Eu te disse que ia ser uma boa. Então, você o encontrou?”
“Você quer dizer Rafe Cavendish?” Tamira arrancava uma conta solta da sua
bolsa. “Nah, ele não apareceu. Aparentemente ficou preso no trânsito, e no final
os representantes fecharam por ele. Nada está certo ainda, já que estamos
acertando os termos e as possibilidades. Na semana que vem eu me certificarei
de falar com eles novamente, mas já sinto algo positivo sobre toda essa
oportunidade.”
“A primeira coisa que farei será cuidar dos detalhes quando aparecer no
trabalho na segunda.”, Nisha prometeu. Não apenas a melhor amiga de Tamira,
também era sua assistente. Elas trabalhavam como um conjunto perfeito de
chave e tranca, e era ótimo ter alguém com quem pudesse contar e ser ela
mesma.
“Então, planos para o resto da noite?” Nisha perguntou em um tom meio
provocante. “Quer dizer, é o nosso favorito – Sky Bar – e tem um monte de
possibilidades nisso tudo.”
“Pode-se dizer que sim.” Tamira varreu um olhar a sua volta e visualizou mais
uma vez. Era um conjunto sóbrio de assentos ao ar livre no topo de um dos
hotéis mais pomposos da cidade. Graças ao espaço confortável, ambiente
elegante, e uma visão estonteante da cidade, valia a experiência de quem fosse
lá. Os drinques eram de um nível superior – nada daquelas coisas superfaturadas
e fracas. Bem, certamente, era caro, mas pelo menos eles não economizavam o
álcool, e o serviço como um todo era louvável. Tamira podia ter ido ali para um
encontro de negócios, mas agora que havia concluído que não fazia mal em
passar um tempo espairecendo, já que já estava ali.
Era uma sexta, e a multidão de pessoas que iam após o trabalho se dividia
entre os frequentadores de todas as esferas profissionais – advogados, atores,
políticos, designers, tecnólogos. As vezes era difícil para Tamira acreditar que
havia alcançado um nível onde era bem vinda em lugares como este; isso a dava
um ganho considerável de confiança. E quanto ela visualizava um sorriso
apreciador de algum homem de boa aparência num canto ou noutro, não podia
negar que achava legal também.
“Eu definitivamente estou mantendo minhas opções em aberto”, Tamira
murmurou a Nisha, e logo finalizou a ligação, prometendo informar Nisha
direito quando se encontrassem no trabalho. Tamira olhou para ele enquanto o
garçom aparecia oferecendo outra dose. Tamira aceitou e brevemente sorriu, um
gesto que fez o jovem e bonito homem corar brevemente nas bochechas. Tamira
tinha aquele efeito no sexo oposto – com pernas longas e tonificadas, acentuadas
pelo vestido justo formal que vestia, Tamira tinha um corpo de matar, com
curvas nos lugares certos. Os olhos âmbares brilhantes e o rosto oval eram
complementados pelo cabelos escuro na altura dos ombros. Ela podia facilmente
virar modelo com a sua pele de bronzeado perfeito, lábios naturalmente
projetados e seios da face definidos.
Tamira olhava para além do garçom no momento em que um homem alto
vestindo um terno que parecia deveras caro parou ao lado dela. A primeira coisa
que ela notou foram os olhos castanhos, tal cor, rica e inesperadamente dourada,
parecia quase como se ele estivesse usando lentes. Ele balançou a cabeça e disse
algo para o garçom, mas Tamira não estava escutando, estava ocupada demais
notando o quanto este espécime masculino ao lado dela se encaixava no terno
cinza carvão como se o mesmo tivesse sido feito cautelosamente para cada
centímetro do seu perfil alto e magro. Tudo dele, desde a voz, estatura e aura,
pareciam emanar poder.
Ele subitamente olhou para Tamira e sorriu, com aqueles olhos inquisidores.
“Já nos encontramos antes?”
Ai merda, ela estava encarando-o. Ele provavelmente sentiu que ela estava
tentando reconhece-lo, o que não era verdade. Tamira estava simplesmente
pensando consigo, sobre como alguém podia parecer tão facilmente com um
pôster da Ralph Lauren ambulante. Com uma feição diabolicamente linda, olhos
perfurantes e lábios esculpidos, ele era imaculadamente estiloso e cuidado. E
cheirava bem pra cacete.
Tamira estava sentindo formigar só de ouvir a voz dele, o que a fez lamber os
lábios secos enquanto evitava olhar para ele. Seu primeiro instinto seria o de
simplesmente emitir um comentário superficial, talvez cobrir a gafe que cometeu
dizendo que havia confundido-o com alguma outra pessoa, só para disfarçar.
Mas então, algo estalou dentro dela, fazendo-a soltar um sorriso e estender a
mão.
“Não, não nos conhecemos. Eu sou Tamira.”
“Raphael”, ele disse, prontamente apertando a mão dela em um deslizar firme,
porém gentil, antes de soltar. Uma sensação estranha percorreu o sistema de
Tamira naquele primeiro e curto contato. Logo desceu diretamente à juntura de
suas coxas, e ela rapidamente cruzou as pernas, esperando que o vibrar logo
cessasse. O que apenas aumentou quando o talentoso Raphael resolveu se sentar
no assento do bar bem ao lado dela.
Subitamente o ar pareceu carregado com uma atenção intensa que, por um
momento, fechou o ambiente para ninguém além deles dois. O que diabos está
acontecendo? Ele não era o primeiro homem maldosamente lindo que havia
encontrado. Apesar do nome, ele estava mais para “anjo caído” do que para
arcanjo, e ela nunca tinha saído de verdade com um cara mau. Nunca teve essa
curiosidade, e aliás, ela dificilmente teve encontros o suficiente para notar
alguma variação com os seus relacionamentos. Aos vinte e seis, ela mal
precisava de uma única mão para contar com quantos namorados ou amantes ela
já esteve. Ela não tinha “casos”, então era uma regra que quando ela estivesse
com alguém, estaria para durar.
Seu último namorado era o seu segundo, e ele acabou se afastando por causa
dos longos períodos de trabalho dela, além do foco extremamente determinado
dela na carreira, naquele primeiro ano em que havia começado os negócios.
Antes dele, tinha a paixão do colégio, com o qual ela seguiu até a faculdade
onde, de alguma maneira, se afastaram quando ele saiu do país à trabalho.
Tamira havia crescido protegida, e isso a tornou de alguma forma “sensível” com
relação a romances. Simplesmente não era uma prioridade para ela, e acabava
que o sexo também não era.
Ela não era uma santa e certamente não era hipócrita, mas nos últimos seis
meses, mais ou menos, que não tinha intimidades com alguém, ela não sentia
necessariamente que o mundo acabaria.
O que fez com que as faíscas de atração que soltou por Raphael parecerem
mais surpreendentes ainda. Era um acaso, possivelmente uma impressão
passageira que iria abaixar depois de alguns minutos ou uma hora? Ela era
curiosa o suficiente para conferir?
Tamira tinha prometido a Nisha, e a si mesma, que iria aproveitar esta noite.
Quando o encontro de negócios foi marcado em cima da hora para esta noite,
nesta localização, Tamira havia aceitado isso como um sinal de que ela precisava
voltar para o mundo dos encontros. Ela deixou que Nisha escolhesse para ela
esse vestido sexy, tão diferente do conjunto padrão de saia reta e casaco de lã de
sempre. Mesmo que só por diversão, sua melhor amiga e assistente sugeriu que
Tamira arrumasse um parceiro. Tamira já tinha brincado com algumas idéias
sobre onde começar a procurar homens... Match.com, Tinder – o bar local. Mas
agora, aqui, não parecia uma má idéia tentar algo. Seja lá o que esse “algo”
fosse.
Ela já tinha dado o primeiro passo, se apresentado. E para seu deleite interno,
Raphael escolheu acompanha-la, mesmo que a única indicação disso foi a dele
sentar próxima a ela e tomar seu drinque. Apenas tinha algo nele que ela
gostava. A sua boa aparência intimidadora e status aparentemente rico
claramente não podiam ser ignorados. Mas havia um ar de mistério nele, e um
sex appeal excitante que poucos homens tinham, que provavelmente fariam até
mesmo a mulher mais recatada prontamente se desfazer dessa virtude.
Ela apostava que as mulheres se jogavam nele o tempo todo. Ele parecia
certamente o tipo que não economizava com qualquer tipo de mulher que
desejasse. Ela só conseguia imaginar se fazia o seu tipo de alguma forma.
Porque isso ao menos importaria não era algo tão aparente para o estado mental
confuso de desejo no qual se encontrava agora.
Tamira se sentiu aliviada quando ele iniciou a conversa depois de um minuto
saboreando o drinque. “Está sozinha?” ele perguntou.
“Sim. E você? Esperando alguém?” Seria desconfortável, Tamira pensou,
estar flertando com ele no momento em que a parceira aparecesse. Afinal de
contas, um homem como ele dificilmente estaria num bar atrás de alguma
mulher. Tamira conseguia imaginar a namorada supermodelo subitamente
chegando e se amarrando em volta dele, enquanto Tamira ficaria lá sentada se
sentindo idiota. Raphael era atraente demais para estar solteiro, e ainda que
fosse, faria alguma diferença?
Não que ela planejasse dormir com ele ou algo do tipo.
Pensar em sexo naquele momento por si só já era uma má idéia, por que
Tamira sentia sua respiração acelerar só de imaginar o ato com Raphael. Mesmo
em seu terno sob medida ele parecia extremamente contido, e aquela mandíbula
com curvas definidas, as mãos com dedos de pontas quadradas, e aquele nariz
nobre abaixo dos olhos dourados de pálpebras pesadas já traçavam uma imagem
repleta de desejos travessos e perigosos. Por que ela sentia que devia estar
correndo dele a essa altura?
“Não estou esperando ninguém, não.”
A resposta dele fez com que o alívio a banhasse. Até então, eles tinham
trocado apenas respostas econômicas. Quase como se estivessem circulando um
ao outro, em alguma rotina elaborada de dança. Tamira sorriu para o copo e
balançou a cabeça internamente por ser tão fantasiosa. Se fazendo parecer
distraída, Tamira deu uma olhada pelo bar e pelo salão novamente, sentindo que
ali iria ficar cheio logo. O arranjo aconchegante e íntimo dos assentos dava
aquele ar de “clube”, especialmente com a multidão legal e amigável. Era
definitivamente um lugar para uma boa noite com um parceiro, amigos ou
alguém especial. Tamira estava quase se culpando por ter vindo sozinha, e não é
que havia sido uma situação afortunada à longo prazo? Humm, só o tempo vai
dizer. Ou talvez, ela precisaria dar à “sorte” um pequeno empurrãozinho. Com
isso em mente, ela não pensou mais e simplesmente se virou para o homem ao
seu lado.
“Você...”
“Será que...”, Tamira começou e então pausou ao perceber que ambos falaram
ao mesmo tempo. “Você primeiro.”
Raphael sorriu. “Eu ia perguntar se você vinha aqui sempre. E aí eu percebi o
quão imbecil soaria. Embora eu esteja perguntando porque eu realmente gostaria
de saber. Mas acho que teria te notado antes se você viesse.”
“Eu já estive aqui algumas vezes, mas sem uma frequência regular, então eu
mal me considero um frequentadora.” Tamira relutou em trazer à tona sua
carreira e o quão isso a mantinha ocupada por meses. Raphael não parecia querer
conversar sobre isso também, já que mantinha a conversa em outros tópicos.
Eles devem ter rido em algumas partes, e até mesmo achado algo em comum,
mas o fator fundamental era a tensão que rodeava por trás da conversa e
provocava.
As horas passaram, e a multidão crescia, assim como o barulho e a falta de
espaço. Os que eram desafortunados o suficiente para não achar um assento num
clube noturno tão procurado e, ainda assim, altamente exclusivo, se tornou um
incômodo graças ao jeito que as pessoas se movimentavam e esbarravam umas
nas outras, fazendo com que Raphael tivesse que esticar um braço para proteger
Tamira, mais de uma vez.
Quando um casal aparentemente bêbado começou a ficar alegre demais bem
do lado deles e a mulher quase derramou um drinque na Tamira, ela prontamente
parou de achar engraçado. Ainda assim olhou para Raphael, viu a sua expressão,
e ambos gargalharam.
“Quer ir para algum lugar mais quieto?”, ele perguntou, com o seu tom suave
se fazendo audível apesar da música alta e as vozes ao redor.
Tamira concordou sem hesitação. Ela sentiu uma pressa repentina quando ele
levantou e a pegou pela mão em um aperto firme e não deixou escapar enquanto
deslizavam pela multidão de corpos em direção à saída.
Já do lado de fora, a atmosfera morna da cidade foi aliviada por uma brisa
ocasional. Próxima de Raphael, a mente de Tamira subitamente misturava
sentimentos. E agora?
“Eu poderia chamar o meu motorista, ou poderíamos ir andando. Eu moro não
muito longe daqui”, ele disse.
Com as suspeitas confirmadas, o lado sensível de Tamira chutou com toda a
força. Ah, claro. Ele quis dizer o seu lar quando falou de ir para algum lugar
“mais quieto”. Ela podia apenas imaginar em quanta paz e quietude teriam por
lá.
“Pensando bem, podemos deixar isso para depois? Parece que eu tomei alguns
drinques a mais. Eu devia apenas ir para casa e dormir”, ela disse.
Raphael arqueou uma sobrancelha. “Qual o problema? Pro caso de você estar
preocupada, eu não mordo – a menos que você goste desse tipo de coisa.”
Antes que ela pudesse responder, ele balançava a cabeça quase como se auto
queixasse. “Acho que fui adiante demais. Uma linda mulher, exatamente meia
hora conversando com ela, e essa pequena sensação de que tinha alguma coisa
no ar... já me deixou pensando coisas que eu não deveria estar pensando. Ao
menos me deixe chamar seu taxi.”
Uma sensação perversa de irritação fez Tamira então dizer, quase
instantaneamente, que ele não precisava se incomodar. Parecia quase que ela
queria que ele tentasse fazê-la mudar de idéia. Tamira suspirou para si mesma.
Ela obviamente precisava de mais prática nessa coisa de encontros. Nossa,
apenas interagir com um homem disponível já parecia uma corrida de
obstáculos.
“Por onde você vai?” ela perguntava num tom mais civil, enquanto rabiscava
um sorriso.
Ele apontou para a sua esquerda, enquanto Tamira indicava prontamente a
direção oposta, para a direita, resmungando. “Eu vou por aqui.”
“Tem certeza que vai andando? Está tarde, e escuro. E você–“, enquanto
Raphael falava com as costas da apressada Tamira, a consequência mais
desastrosa acontecia. Ela praticamente deslizava às cegas no salto muito alto,
quando acabou prendendo um dos saltos na fenda de uma ventilação. Isso a
pegou desprevenida e ela já balbuciava xingamentos enquanto tentava soltar a
perna dali. Não foi uma boa idéia, porque a força das puxadas a fizeram torcer o
tornozelo levemente, enquanto o salto do sapato quebrava em seguida.
“Oh!” Ela teria caído em um monte de lixo no chão se não os braços fortes de
Raphael não a pegassem repentinamente. Eles caíram juntos no asfalto, com o
corpo dele a protegendo de se chocar com o chão.
“Aqui, deixe que eu te ajude.” Ele gentilmente a guiou de volta em pé, apenas
para que Tamira uivasse de dor ao tentar se equilibrar sobre os próprios pés.
Raphael instantaneamente perguntou em um tom preocupado o que estava
acontecendo de errado.
“Eu não sei. Acho que torci o tornozelo.” Tamira mordeu os lábios para lutar
contra as lágrimas de vergonha misturadas em agonia. Sem dizer nada, Raphael
se ajoelhou e a ajudou a puxar o pé preso para fora da abertura. Com igual
gentileza tirou o sapato dela com o salto balançando da base.
“Obrigada”, Tamira não sabia mais o que dizer ou fazer. Ela apenas se sentia
estúpida.
Mas Raphael estava totalmente preocupado, e a forma genuína com a que
cuidou da situação começou a deixa-la desconfortável. Apenas ao deslizar a mão
sobre o pé dela já a fazia urrar, então ele se levantou e a fez apoiar no seu braço.
Ele a fez sorrir quando se ofereceu para carrega-la nas costas, vendo que ela
tinha problemas para andar por si mesma. Tamira balançou a cabeça em um não,
certa de que ele não estava brincando mas sem querer causar mais desconforto
para si ou para ele, obrigando-o a tal.
“Deveríamos dar uma olhada nisso”, ele disse, apontando para o pé dela cujo
tornozelo já começava a inchar. Uma vez que boa parte do que a mantinha em pé
era a força dele, Tamira não via maneira de protestar quando Raphael sugeriu a
seguir.
“Tudo o que estou oferecendo é ajuda, então fique calma, ok? Meu motorista
já vai chegar – e eu literalmente moro virando na esquina.” Com a mão livre ele
segurava o telefone, com o qual ele já havia discado um número. Mesmo sem
falar no telefone, parecia que o recado já havia sido entregue pois, dentro de um
minuto, um Town Car polido chegou na entrada do clube.
Raphael levantou a mão e acenou para o motorista, que avançou até onde eles
estavam, com a Tamira bem apoiada no corpo de Raphael. Em segundos ela
havia entendido porque ele havia a dito mais cedo para ficar calma; sem aviso
ele a pegou nos braços, no estilo noiva. Tamira arfou ao ser levantada como se
pesasse igual a uma pena, mas não reclamou, e foi gentilmente colocada no
assento de trás do carro.
Raphael entrou ao lado dela e instruiu o motorista para leva-los para casa.
Tamira estava apenas tentando se situar acerca dos acontecimentos dos
últimos cinco minutos. A pulsação no tornozelo se transformava numa dor
irritante, e ela tentava se distrair dela, mas a única distração que tinha era o
homem ao seu lado.
Ela não sabia que destino estranho estava aproximando eles. Talvez se ela não
tentasse lutar contra, as coisas fluiriam de um jeito mais natural, sem acidentes.
Quem saberia, realmente, o que o próximo momento, a próxima hora, trariam?
Capítulo Dois
“É como se você já tivesse feito isto antes”, disse Tamira, sentada em um sofá
enquanto o pé machucado descansava nas mãos capazes de Raphael. Ele
aplicava gentilmente a bolsa de gelo por todo o tornozelo, focado na sua tarefa
sem notar o quão seriamente Tamira o estava olhando. Ajoelhado e cuidando do
seu pé, a figura cavalheira não escapava do olhar de Tamira, que pensava em
quantas mulheres ele devia ter dado a mesma atenção.
As palavras dela fizeram com que ele ficasse olhando para ela por um
momento, aqueles olhos penetrantes que pareciam ver dentro de seus
pensamentos. E então, ele voltou a focar no que estava fazendo, enquanto dizia
que tinha uma irmã mais nova que frequentemente tropeçava e sempre torcia o
tornozelo.
“Já é o suficiente. Acho que já posso andar”, ela disse, talvez um pouco mais
rude do que pretendia. Talvez ela não acreditasse totalmente que fosse para a
irmã que ele fazia essas coisas no passado?
Tamira tentava descobrir por que ela se sentia tão irritada quando o homem
estava apenas sendo legal. A maioria não se esforçaria tanto para ser atencioso,
especialmente para uma mulher que haviam acabado de encontrar. Talvez ela
estivesse dividida entre achar que Raphael podia ser um cavaleiro numa
armadura reluzente, ou um grande e malvado lobo disfarçado...
Tamira levantou do sofá enquanto Raphael também levantava. Mal tinha
passado meia hora desde que ele a trouxe para sua casa. Cada minuto desde
então soava com a mesma tensão sexual de antes, no clube. Mesmo no seu
estado debilitado por causa da torção, aqueles hormônios doidos dela estavam à
toda, causando problemas na calcinha dela. Tudo por causa do toque daquele
estranho bonitão e suas atenções cuidadosas que a deixaram se sentindo
feminina e tão frágil.
“Obrigada”, ela disse, olhando para ele enquanto ficava de pé e sentia uma
pontada quando seu tornozelo recebeu o seu peso. “A bolsa de gelo foi de grande
ajuda.”
Raphael podia ver sua careta levemente. “Você não devia ver um médico?”
“É só uma torção”, ela disse com uma balançada de cabeça. “Ficará bem
depois de um tempo.”
Se ela tivesse algum senso, estaria indo embora agora. Já havia prolongado o
seu tempo com ele o suficiente, e agora não havia mais desculpa. Determinada,
Tamira tentou dar um passo com o pé e, é claro, sentiu a dor lancinante disparar
no tornozelo. Ok, entendido. Ela não ia sair dali tão fácil quanto achava. Mas o
que não esperava era o seu corpo instintivamente procurando um pilar de suporte
no corpo de quase um metro e noventa. Era quase magnético, o jeito que ela foi
atraída pela sua força. Tamira não era do tipo mansa, submissiva, que precisava
de um macho alfa para fazê-la se sentir bem e como uma mulher. Mas talvez isso
pudesse ser deixado de lado. Ela se sentia diferente com Raphael.
Ela não era uma puta, mas podia se enxergar sendo puta para ele.
Ela podia ver tudo facilmente, os lábios dela se mexendo de forma
convidativa aos dele, o corpo dela se mostrando levemente contra o dele
enquanto as mãos se mexiam em torno dos ombos largos para se juntarem por
trás do pescoço. Ela podia ouvir a própria voz, perguntando a ele o que achava
dela – a achava charmosa? A desejava, gostaria de possuí-la forte e rápido como
ela desejava que ele fizesse?
Tamira conseguia ver tudo em um milissegundo, e isso deixava os sentidos
dela em frangalhos. Ela se aproximou da mandíbula dele e cheirou de leve. Era
tão bom. O cheiro dele. Não era só algo saído de dentro de um embalagem de
vidro, era mais a essência de Raphael, de especiarias picantes e quentes, e um ar
de picos montanhosos congelados. Tão formidável, tão inalcançável, e ainda
assim o sujeito dos desejos e fantasias mais eletrificantes.
“Eu não devia ter vindo aqui”, ela sussurrou, olhando no fundo dos olhos dele.
O que ela não acrescentou foi que no momento que disse a ele o seu nome, sabia
que o queria dentro dela. Tinha sentido que antes do fim da noite, eles estariam
na cama dele, ou na dela.
Raphael apenas disse, “Você é linda”. Seu olhar fitava os lábios, e quando
Tamira sorriu pra valer, ele abaixou a cabeça e a beijou.
Capítulo Três
Beijos assim não deviam existir fora dos livros. O tipo de beijo que liquefaz
até os ossos da medula, que queima totalmente o cérebro até as pontas e depois
envia um rastro único de fogo direto até o núcleo chamuscado. Tamira gemeu até
ficar sem fôlego, sua calcinha definitivamente estava ficando cremosa enquanto
os dedos agarraram a extensão dos seus ombros musculosos.
Uau. Beijar ele era tão bom. Ele também era saboroso. Não havia nada,
realmente, que não fosse bom nesse homem. Sim... um bom e poderoso homem,
de fato, pensou Tamira acidentalmente enquanto laçava a língua dele com a sua.
Essa sensação de abandono e excesso, de se devorar no Raphael, era a melhor e
também a pior de todas. A melhor porque, qual mulher não adoraria sentir, pelo
que parecia ser a primeira vez em toda sua vida adulta, como é ser beijada por
um homem de verdade? E a pior porque, droga, esse único beijo era tudo o que
bastava para fazer com que Tamira começasse a tomar algumas decisões bem
ruins. Como pedir a Raphael para dormir com ela.
Antes que pudesse perceber, ela não estava mais com os pés no chão, com os
braços de Raphael enlaçados logo abaixo da bunda dela, assegurando que ela
estava levantada até o nível dos olhos dele. Desse ângulo, ela podia cuidar dos
beijos, que deu enquanto pegava-o pelo rosto e tendia o dela de um jeito e de
outro, devorando-o de forma tão voraz quanto ele a devorava.
Com o peso liberado dos pés, graças ao Raphael que a segurava no alto com
seus braços fortes, Tamira podia afastar o pensamento de qualquer desconforto,
que de fato agora era inexistente. Os pontos de pressão dela pareciam saltar tão
evidentemente quanto seus mamilos, que pareciam torcer em desejo enquanto
enrugavam e enrijeciam. Se um beijo podia dar a ela toda essa sensação de
desejo desordenado...
Rafe a prensou contra a parede mais próxima e a pregou nele enquanto
escalava a blusa. Ele confrontou a ereção contra o côncavo das coxas dela, e
Tamira sentia cada sulco inchado e crescente. Oh, ele era grande e duro. Sem
pensar, ela se aterrou forte contra a masculinidade dele que a calça cobria. Deus,
ela estava à beira do precipício. Só de pensar nele fora dos limites daquelas
roupas já deixava Tamira molhada.
Os lábios dele se romperam dos dela para descer ardentemente pelo pescoço.
Sua voz era quase um resmungo enquanto dizia “Eu te quero, e você me quer
também. Dá pra sentir pelo cheiro.”
Ele passou a mão por entre as pernas. Tamira parecia chocada mas não fez
nada para parar ele. Ele posicionou a mão sobre a calcinha e então acariciou,
atiçando mais umidade e mais gemidos de Tamira.
Ela não queria que ele achasse que poderia se dar bem assim, mas, merda, era
tão bom, esse homem clamando o que ele queria do seu corpo. Ele botou de lado
a parte protetiva da sua calcinha e deslizou seus dedos entre os lábios
embebidos, fazendo com que Tamira batesse a cabeça de volta à parede. Ele não
a penetrava, e fazia apenas leves carícias através da dobras inundadas enquanto
pressionava o clitóris com o polegar. Acariciando o pescoço dela com o nariz,
ele desceu para enterrar o rosto no decote, exposto pela profunda curva em V do
pescoço. Ela ouviu ele inalar profunda e fortemente, enquanto trabalhava seu
polegar no clitóris. Como um pião ela girava cada vez mais rápido no mesmo
lugar. Aimeudeus… sim, isso! Responsiva de forma chocante as carícias dele,
levou algum momento antes que Tamira gozasse. Tão forte e exultantemente,
que um riso extasiado rompeu o silêncio de seus lábios. Uau, apenas uau.
"Tamira", Raphael suspirou em seu peito, cuidadosamente beliscando os
cumes dos globos firmes dela. Ele soltou um esfarrapado suspiro. "Eu devo te
deixar em casa ou vou acabar como um bastardo por ter tirado vantagem de
você. Mais do que já tirei. " Ele soou quase zangado, enquanto Tamira estava
simplesmente tentando não ficar cega enquanto piscava repetidamente para
limpar a sua visão depois do orgasmo que enuviou seu cérebro. Mesmo quando
lentamente começou a tirar a sua mão dentre as coxas dela, Raphael aproximou
os lábios do ouvido dela e mordiscou ali também. "Mas eu quero essa calcinha
antes de liberar você ".
Suas palavras roucas apenas fizeram com que os mamilos supersensíveis
endurecessem ainda mais dolorosos e estufados.
Tamira esperou até que Raphael se virasse para olhá-la cara a cara, e ela
encarou os olhos dele diretamente. “Qual seria a minha prerrogativa se eu
quisesse ficar?”
Espera... o que diabos a boca dela estava dizendo? Não parecia que ela estava
raciocinando com o cérebro nem um pouco – cérebro esse que Tamira
desconhecia a capacidade de formar sílabas ou qualquer número após aquele
orgasmo. Tão rápido, tão intenso. Podia ser um recorde mundial digno do
Guinness, pensava com um sorriso interno em meio ao pavor.
Raphael balançava a cabeça. “Prerrogativas não tem nada a ver com isso.”
“Então o quê? O fato de que você acha que faremos sexo se eu ficar?”
Os lábios de Raphael formavam um sorriso. “Eu sinto que não teremos apenas
sexo, meu anjo. Eu estou pronto pra inalar você, te engolir inteira.”
“Você promete?”, ela provocou, e a risada em resposta dele quase aliviou a
atmosfera interrompida.
Ele deslizou suavemente o corpo dela ao chão, ainda não permitindo-a
repousar o peso do corpo aos pés, uma vez que com os joelhos ele a mantinha
presa à parede. Tamira gostava da maneira que se sentia na prisão que o corpo
dele exercia. A sensação da sua ainda ereta ferocidade era um lembrete do quão
perto ela estava momentos atrás de ser possuída. De Rafael golpeando-a na
parede com o seu comprimento grosso dentro dela, com os seus braços e pernas
enrolados em torno dele como tentáculos.
“É bem tarde e não faz mal colocar um tensor no seu tornozelo antes de sarar
apropriadamente”, Raphael disse, e o coração todo inconsistente de Tamira
pareceu saltar. Ele quer dizer que...?
“Fique”, ele disse.
Tamira ia ficar.
Capítulo Quatro
Faziam apenas três anos que Tamira escolheu abrir seu próprio negócio focado
em reintrodução de marcas em diferentes mercados? Até mesmo os seus pais
pensaram que ela estava louca. Eles estavam muito certos de que as maiores
empresas de relações públicas encarariam aquilo com desprezo. Mas a fama do
seu talento e visão se espalhou rapidamente por Nova Iorque como fogo de
palha. Agora Tamira estava afastando os compradores com um graveto.
Muito antes disso, ela havia começado a querer conceituar por si mesma mas
não conseguia decidir se ela estava interessada em moda ou decoração
doméstica. Então, ela começou especializada em merchandising e cenografia.
Basicamente, de cheeseburgers a carros, ela fazia parecer bom quando aquilo ia
à exibição pública.
Seu trabalho a permitiu trabalhar com tudo – encontrar algo novo a cada dia
para manter sua persona DDA satisfeita e seus impulsos criativos em forma. O
fato de que ela poderia facilmente aparecer em frente à câmera com a sua
excelente aparência definitivamente não feria sua linha de conduta.
Que pena que os mesmos triunfos não eram espelhados em sua vida privada.
Tamira ansiava por companheirismo com alguém com pensamento parecido e
com o mesmo nível de química entre eles. Apenas não aconteceu nunca – não
ultimamente.
Mas o fim de semana com Raphael a deu uma nova perspectiva.
Ele era inteligente, agradável e cortês excessivamente. E como ele era lindo.
Diga a sua mãe e seus amigos que está bem. Ela não esperava tal ligação física
tão rápida e o intercâmbio intelectual tinha sido uma iluminação também. Eles
acharam tópicos interessantes o suficiente para discutir, tinham certamente
flertado, mas mantiveram a conversa longe de tudo que fosse relacionado a
trabalho. Ele possivelmente não queria ter que revelar quem era, e Tamira estava
mais do que feliz em seguir com esse plano. Ela havia descoberto que ele era
mais do que um cara normal que entra no bar de gente grande, devido à forma
como ele parecia se ajustar facilmente sem nem mesmo tentar.
Ela gostava dele. Ele era legal, engraçado e acabou por ser um cavalheiro
também, quando ela terminou quase estatelada sobre o próprio rosto com um
tornozelo torcido e um salto arruinado. Antes que percebesse, Tamira já tinha
aceitado uma carona para casa com ele em seu carro conduzido.
O fato de que ele tinha um condutor deveia tê-la alarmado. Quando o carro os
levou a uma cobertura com vista para o Central Park, subitamente Tamira
percebeu que o homem evitava dizer a ela o que fazia da vida só por não ter um
grande trabalho - mas de fato ele tinha um trabalho extraordinário, ou um fundo
fiduciário incrível. De primeira parecia surreal, a casa linda e o ambiente interior
elegante parecia um set de filmagem. Ele a havia dado os primeiros socorros
com uma compressa fria e um certo número de fatores faziam Tamira se sentir
imprudente. Primeiro, a sua monstruosa atração nele, além do fato de que ela
estava um pouco embriagada, e então todo o senso que havia perdido em uma
fantasia com o seu belo estranho.
Ela estava em um novo e sexy vestido, com um homem novo, misterioso e
sensual em uma cobertura que custava aproximadamente o mesmo montante que
a maioria dos grandes loterias premiavam numa base semanal. Talvez Tamira foi
drogada pelo apelo imenso que isso tudo provocavam, e ela se permitiu agir
totalmente fora do que a compunha. No domingo, ela passou a maior parte dos
seus momentos de despertar tendo sexo selvagem na cama king-size California
do homem.
Capítulo Cinco
Tamira foi trabalhar na Segunda com Nisha a informando do seu encontro
com Rafe Cavendish naquela tarde.
"Ele ligou e disse que sentia muito em ter se perdido de você no Sky Bar, e
queria promover um encontro pessoal com você. Acho que ele quer continuar te
cortejando para o portfolio deles“, disse Nisha, sorrindo.
"Eu devia olhar mais para a empresa. Considerando que Rafe Cavendish é um
CEO de terceira geração, não estou surpresa que ele está interessado numa
imagem maior para a marca. A equipe me informou sobre o seu desejo de fazer
as lojas de departamento levá-los mais a sério", disse Tamira, pensativamente
coçando o queixo. "Eles tem os designs e uma completa linha inédita já
preparados para o lançamento, o que significa que teremos de chegar a termos
logo que possível."
Nisha balançou a cabeça em compreensão. "Eu fiz um pouco de investigação
por conta própria. Parece que Rafe Cavendish não é realmente um fã de
terceirização. Ele gosta que a empresa seja conhecida como a marca que trabalha
internamente para tudo. Mas você tem razão, ele finalmente teve de admitir que
eles precisavam de uma mudança. Eles definitivamente querem que a nova linha
de vestuário atlético pareça mais elegante do que o padrão orgânico precário
deles."
"Se eles precisam acertar as grandes lojas de departamentos, vieram para o
negócio certo", disse Tamira sem a mínima ponta de falsa modéstia. Afinal, ela
era conhecida como a melhor em campo para a criação de novos espaços em
exposições de marcas.
“Só tem um única problema”, disse Tamira com um suspirar profundo
enquanto sentava de volta em sua cadeira.
“Qual?”, Nisha perguntou curiosamente.
"Você, de todas as pessoas, já deve saber a resposta," disse Tamira com
ceticismo. "Como você sabe, atualmente eu não tenho tempo de verdade para
cuidar de Cavendish. Quero dizer, eles serão um dos meus maiores clientes, mas
acho que eu vou ter que largar todo o resto para dar a eles o esforço que o
projeto deles merece. "
"Bem, os Cavendish não são outra coisa que não persistentes. Eles pediram
aquela reunião improvisada na última sexta-feira, e agora você está para
encontrar o CEO hoje –definitivamente em avanço de negociações. Segundo o
que ouvi sobre Rafe Cavendish, o seu charme e aparência são do tipo
irresistíveis.”
"Eu terei que ver quanto a isso. Vai levar mais do que uma boa aparência e
encantos pra me balançar", disse Tamira, agitando sua cabeça e sorrindo
enquanto se apoiava para a frente e começava a organizar sua agenda.
Nisha permanecia ali com a cabeça virada para o lado, e Tamira olhou para
cima enigmaticamente após alguns momentos. "O que há de errado?" Tamira
perguntava.
"Por que tem algo de diferente com você?" Nisha meio que insinuou. "Eu não
consigo dizer o que é, mas… Tem alguma coisa mais brilhante que o normal no
seu comportamento."
Os olhos de Tamira arregalaram com inocência. "Não sei do que você está
falando. Mas Eu acho que é porque é Segunda, e você sabe o quanto eu amo as
Segundas."
"Tudo bem, se você diz. Vou preparar a sala de conferências pequena para a
reunião", disse Nisha com um sorriso alegre e então saiu do escritório.
Capítulo Seis
Tamira estava esperando na sala de reuniões quando Rafe Cavendish chegou.
Ele chegou bem na hora, o que foi ótimo. O que não era ótimo eram os
sentimentos misturados que ela ainda tinha sobre isso. Ela queria o portfolio da
Cavendish, mas ela precisava? Ela não estava tentando morder mais do que ela
podia mastigar. Oh, mas o desafio de assumir algo tão grande e valioso era difícil
demais para resistir.
Bem, ela só teria que esperar e ver o quão persuasivo o CEO da Cavendish
seria. E falando nele, ele agora estava caminhando pela porta, conduzido pela
Nisha sorridente.
Tamira abriu a boca em saudação, enquanto oferecia um aperto de mão. Ela
olhou para a figura imponente diante dela, viu o olhar cor de avelã e congelou.
Que. Merda.
O homem que ela tinha deixado apenas algumas horas antes agora estava na
frente dela. Ela viu o mesmo olhar de espanto em seu rosto, antes de perceber a
feição que fazia e sorrir amigavelmente.
“Que bom te ver de novo, Tamira.”
Sua mão repentinamente fria deslizou na dele. Subitamente se deu conta que
Nisha estava olhando com curiosidade, Tamira tentou reunir a compostura. O
que estava acontecendo? Sua cabeça estava girando enquanto sentia o aperto de
mão quente e familiar em torno de seus dedos congelados. De repente, sentiu
bater no fundo do estômago. Oh não ... R. é Rafe! Raphael e Rafe Cavendish são
a mesma pessoa. Não, não, não!
E pensar que tinha esquecido completamente seu fim de semana enuviado em
nebulosidade, mista de saída gostosa e um ainda mais gostoso sexo. Ela se
lembrava de ter se sentido como se tivesse ganhado na loteria em sua primeira
noite como uma solteira oficial. E agora, depois de descobrir que o mesmo
homem, que poderia botar pra escanteio facilmente até o melhor ator pornô, era
o Rafe Cavendish?
Capítulo Sete
Na noite da última Sexta…
“Sabe qual é a melhor coisa depois do sexo?”
A sombrancelha de Raphael
“Guess the next best thing to sex?”
A sobrancelha de Raphael enrugou-se com a provocadora pergunta de Tamira.
Então ele disse um tanto duvidosamente: "Ah ... comida?"
“Isso aí”, disse ela, sorrindo. Ela já estava pegando o telefone. "Estou
faminta", ela conhecia um monte de lugares incríveis para pedir o melhor prato
da madrugada.
Rafe não pôde deixar de sorrir pelo entusiasmo de Tamira, e ele entrou no
espírito. Não há nada de errado em pegar petiscos na madrugada, pensava.
Quase achava difícil acreditar que eles haviam se conhecido há apenas algumas
horas. Além de ser a mulher mais desejável que já conhecera, Tamira era amável
demais pra ser verdade.
Debaixo de seu equilíbrio e beleza de modelo havia aquela vibração da
menina-da-porta-ao lado que fazia Rafe baixar a guarda com ela. Ele aprendeu
cedo sobre nunca deixar sua guarda baixa com as mulheres. Especialmente
aquelas que ele tinha sido oportuno para se envolver sexualmente. Só porque
eles compartilhavam um ato íntimo juntos, algumas se sentiam no direito de
controla-lo. De alguma forma, elas sempre queriam algo. Dinheiro, status e até
mesmo um anel de casamento – depois disso seria o fim. Foi por isso que ele
havia se afastado de certos tipos de mulheres até agora. Ele simplesmente não
conseguia sentir essa confiança ainda.
Tamira ... ela era diferente. Viu-se querendo passar mais tempo com ela,
mesmo que não tivesse sexo. Apenas o cheiro de seu perfume o deixava duro, e
ele mal podia deglutir só de pensar em vê-la chegando daquele jeitinho dela. No
entanto, ele achou que gostava dela como uma pessoa e não apenas uma mulher
que ele precisava para satisfazer suas necessidades ferozes.
Mal sabia que passariam o fim de semana juntos. Quando a entrega chegou,
eles se deliciaram com o banquete de madrugada, regada a vinho, da adega de
Rafe.
Não era exatamente como ele esperava que a noite fosse, mas Rafe
definitivamente não ficou desapontado com o resultado. Algum tempo depois ele
olhou para seu lado e encontrou a cabeça adormecida de Tamira descansando em
seu ombro, e um sorriso irônico escapou de seus lábios. Logo, ele estava
depositando-a na cama do quarto de hóspedes, depois de levá-la da sala de TV
onde ela tinha adormecido ao lado dele enquanto assistiam alguns shows da
madrugada.
Era a primeira vez que uma mulher passava a noite em sua casa. Rafe não se
habituava a convidar mulheres para ali e, em vez disso, escolhia qualquer uma
das suas outras habitações na cidade, a menos que fosse convidado a casa da
mulher em si. As circunstâncias desta noite fizeram com que Rafe trouxesse
Tamira, já que estava mais perto do local de onde ela havia machucado seu
tornozelo. No entanto, não se arrependeu disso. Observando seu belo rosto
enquanto dormia, ele sentiu algo se mexendo dentro dele. Ele não queria nada
mais além do que compartilhar essa cama com ela, e despertá-la com beijos
quentes, carícias, e tal, culminando em sexo de tremer as paredes até as
primeiras horas.
Mas ele não era tão insensível. Ela precisava de mais tempo para curar após o
acidente. De certa forma, ele gostava da ideia de ter sua doce companhia para a
noite, mesmo que separados por algumas portas. Dirigindo-se de volta ao seu
quarto, ele não tentava se concentrar demais em seus estranhos caprichos. O que
tinha em Tamira que o fez fazer coisas que ele nunca pensou que faria?
Na manhã seguinte, ele fez seu café da manhã. Ele a tinha visto comer e então
ele descobriu que ela era uma mulher que gostava de comida, e ele achou isso
cativante. Ele era acostumado demais àquelas mulheres que comiam igual
passarinhos ou alimentos tratados como uma palavra desagradável. Rafe sorriu,
batendo na porta do quarto de hóspedes e pensando no quão sortuda Tamira em
conseguir a comer o que ela gostava e manter sua figura fantástica. Fazendo seus
exercícios sozinho, ele sabia o que –
Os pensamentos de Rafe foram interrompidos quando ele entrou no quarto e
encontrou os lençóis amarrotados vazios. Um rastro de roupas descartadas e
cuecas saíam da cama e levavam até o banheiro da suíte. Ouvindo o barulho do
chuveiro ligado, Rafe já se sentia duro ao pensar em Tamira nua e molhada.
Molhada. Porra, ela estava muito molhada, ontem à noite, quando ele empurrou
a mão entre as pernas dela e acariciou-a em um clímax rápido e pulsante. Agora,
seria melhor ele deixar a bandeja e sair antes que cedesse ao impulso de adentrar
o chuveiro e se juntar a ela.
Assim que ele se virou para sair, a porta do banheiro abria e Tamira caminhou
de volta para o quarto. Ela tinha uma toalha enrolada no estilo turbante em volta
da cabeça e outra enrolada em torno de seu corpo. Ela deu uma olhada para Rafe
e seus olhos brilharam. "Ei, você."
“Ei, você”, respondeu ele, com um sorriso lento provocando os lábios. Droga,
ela era gostosa. Alta e bem torneada, com aquela pele sexy que brilhava,
deixando-o faminto para tocar, provar, e atacar.
“É bom ver que seu tornozelo parece melhor”, ele disse enquanto ela
caminhava até ele.
"Sim. Muito melhor. Vejo que você fez um café da manhã”.
“Imaginei que você poderia estar com fome. Eu sei que eu estou – mas para
outra coisa que não é comida.”
Ali, ela ou iria bater no seu rosto, ou dar-lhe a resposta que precisava. Os
olhos de Rafe queimavam sobre ela, e ele sabia que ela poderia dizer pela rigidez
esticando através do jeans dele que seus apetites eram mais do tipo carnal. Ele
tinha um chuveiro gelado e uma noite agitada de arremessos na cama para
mostrar, por não tê-la na noite anterior. Ele não estava disposto a deixar outra
oportunidade passar.
Ele era apenas um homem, afinal. E até mesmo um santo seria tentado a
revogar sua vocação por uma mulher com um corpo como o de Tamira. Um
corpo que ele lentamente desembrulhou para o deleitar da sua vista, enquanto
pegava o nó frontal que ficava entre seu decote. Sem quebrar o contato visual,
ele jogou a toalha para longe e deixou-a cair ao chão. A respiração de Tamira
arfava rápido em seu peito, seus belos mamilos cor de rosa endureciam no
chuveiro. Ele bebeu na exuberância daqueles peitos cheios, torneados e naturais,
até a sua barriga lisa e plana e, em seguida, o seu igualmente suave e liso
montículo, entre suas coxas sensuais.
“Eu tinha razão. Você é linda.” Suas mãos em seus ombros nus puxaram-na
para mais perto, até que ficaram peito a peito. Seus olhos brilharam nos dela por
um momento ou dois, e ele sentiu um arrepio correr por seu corpo. Rafe não
precisava de outro sinal.
Ele tomou seus lábios em um beijo pesado. Seu corpo forte pressionado contra
o dela, esmagando sua moldura nua na dele. Ela se contorcia, suas mãos
chegando ao peito, e Rafe pensou que ela estaria empurrando contra ele, mas
momentos depois, ela gemeu e esfregou as mãos sobre o peito cheio e ombros. O
toque dela o deixou insano.
Rafe agarrou e torceu seu mamilo e com a outra mão mergulhou entre suas
pernas. Sua boca esmagada contra a dela, sua língua penetrando-a da mesma
forma os dedos empurravam as dobras molhadas de seu sexo. Os sons de seu
choramingando sob o toque belisqueiro e sondado o deixou ainda mais duro. Ele
poderia dizer que ela gostava assim. Algumas mulheres não conseguiriam lidar
com isso, mas o corpo de Tamira tremeu em espasmos violentos quando ele
apertou, bateu, e feriu seus mamilos enquanto seu dedo grosso penetrava suas
paredes internas. Ele deslizou o dedo indicador para se juntar ao do meio, e sua
entrada escorregadia se esticou em volta de suas estocadas invasoras. Ele invadia
várias vezes até sentir a camada molhada descer pelos dedos até o pulso.
Ele estendeu a mão e tirou a toalha do seu cabelo. Então ele arrastou-a para a
cama e jogou-a sobre os lençóis.
“Oh!” Tamira gritou, olhando amplamente para ele. Rafe gostava do olhar de
espanto e emoção em seu rosto. Ela nunca poderia imaginar o quanto ela enviava
um incêndio a correr pelas suas veias. Ele não conseguia se lembrar de querer
uma mulher tanto assim. Ela tinha uma singularidade sobre si que ele mal podia
esperar para saborear, dentro e fora.
Ele arrancou suas roupas enquanto ela observava, e o jeito que os olhos dela
seguiram cada movimento dele fez o seu cérebro quer explodir. Ela era uma
mistura de inocência e tentação, e ela era sua para deleitar durante o tempo que
quisesse.
E Rafe planejava levar um bom tempo junto da sua beleza.
Ele logo se juntou a ela na cama, e suas mãos afastou suas pernas trêmulas
para longe uma da outra. Ele gostou do contraste de sua pele áspera contra a
dela, enquanto seus dedos se enterraram em sua carne. Ela estava tão macia e
suave ao toque. Ele não queria nada mais além de se conduzir profundamente em
sua carne molhada e quente.
E foi exatamente isso que ele fez. Agarrou a base de seu grosso e duro
membro e penetrou completamente em um único e violento impulso.
"Você gosta, querida? Você gosta de como eu te preencho?” Merda, ela era tão
quente e apertada. Cada impulso seu foi duro e até mesmo brutal, seus corpos se
encontravam com sons de batidas que enchiam a sala.
“Por favor”, ela choramingou. “Você é muito grande. E duro.” Ela estava
balançando a cabeça, mesmo enquanto seu corpo se arqueava debaixo dele, seu
quadril subindo para satisfazer seus impulsos.
“Você precisa de mais”, Rafe gemeu. Ele observou os seios balançando
enquanto ele penetrava mais fundo.
“Eu... por favor... não...” Tamira ofegava e se contorcia.
“Diga-me o que você quer, Tamira”, resmungou Rafe.
“Por favor... não pare” Seu corpo se movia com mais urgência por baixo dele.
Suas paredes apertadas começaram a se contrair. Rafe sussurrou um palavrão e
tirou.
Tamira soluçou, parecendo destruída ao ser deixada vazia e ofegante. Seu
corpo negado sacudiu de desejo.
“Por favor”, ela implorou, balançando o quadril em necessidade. Rafe poderia
dizer que ela chegou a centímetros do seu orgasmo, mas ainda havia tempo de
sobra para isso. Ela tinha muitos, muitos orgasmos para vir, se dependesse do
Rafe.
Ele soltou uma risada rouca, movendo-se para fora da cama para ficar ao lado
dela. Ele a agarrou pelos cabelos e arrastou o rosto para seu duro e molhado
eixo. “Você vai ter o que você quer, baby. Quando eu tiver o que quero.”
Seus olhos se arregalaram em choque. Rafe tinha experiência suficiente para
saber que ela nunca tinha sido tratada desta forma na cama. Ele teria que ensinar
a ela que havia muito mais do que apenas o sexo padrão que estava acostumada.
Rafe gostava de dominar suas mulheres na cama, e embora seus gostos
corressem um pouco mais pelo viés hardcore, ele não planejava levar Tamira
além de seus limites. Enquanto ela consentisse, ele a introduziria ao seu tipo
especial de BDSM e tornaria o seu tempo juntos um que ela não iria esquecer
por muito, muito tempo.
Trouxe-a mais para perto e, em seguida, empurrou-se contra sua boca, seu
longo eixo rígido perfurando seus lábios. Ela gemeu e, instintivamente, balançou
a cabeça, deixando Rafe usar sua boca enquanto ele agarrava seus cabelos e
guiava seus movimentos. Cada vez que ela tentou usar as mãos, ele as afastava
com um tapa, até que ela decidiu deixa-las de lado e só usar os lábios e a língua.
A outra mão dele puxava e apertava os seios dela e, ocasionalmente, dava uns
tapas com força controlada. Tudo em Rafe era ditado pelo controle. Essa foi o
único jeito de manter essa situação segura e saudável, garantindo que ele nunca
fizesse mal a sua amante, seja ela uma praticante da submissão ou nova à
experiência.
Ele viu o choque e a luxúria selvagem espelhada nos olhos dela quando olhou
para ele, enquanto o eixo dentro de sua irresistível boca engrossava. Ela parecia
tão linda com seus lábios carnudos estendidos ao redor de seu comprimento. Ele
podia ver e sentir como ela engasgava cada vez que ele alcançava seu esófago,
fazendo-a levá-lo mais profundamente a cada vez. Seus dedos apertados em seu
cabelo enquanto ela gemia, o som vibrando em torno de seu membro passando
direto pela sua língua. Sentindo o pulso ameaçador de sua liberação, Rafe deu
um grunhido selvagem e se retirou de seus lábios. Droga! Tinha um tempo desde
a última vez que quase se perdia, e ele havia chegado muito perto de inundar
aquela boca sexy com seu esperma, sem avisar.
Gemendo, ele se inclinou para capturar seus lábios em um beijo. Ele sabia que
ela tinha provado a si mesma em seu vértice, e agora ele podia saborear traços de
ambos os sabores nos lábios dela. Ele devorou sua boca e deslizou as mãos entre
as pernas ajoelhados. Ela estava molhada como sempre e praticamente pingando
em seus dedos. Maldição, ela era tão gostosa. Seu corpo era tão sensível e
ansioso, tão deliciosamente necessitado, e provocou mais de seu lado dominador.
Ele retirou os dedos de sua fenda, antes dele levemente bater com a parte
interna da coxa e a instruiu a virar. Boa menina, pensou Rafe quando ela não
perdeu tempo em cumprir. Já estava no sangue dela. Ela faria uma submissa
perfeita para ele se a treinasse para tal. Mas ele não ia assumir que apenas
porque ela gostava desse tipo de coisa neste momento, que ela iria gostar
sempre.
Razão pela qual ele havia planejado em fazer deste momento com ela o
melhor de todos, sabendo que, como todos os seus outros encontros fugazes, este
não se repetiria, uma vez que retornassem aos seus rumos.
Rafe não iria fundo sobre essas questões, especialmente quando, por alguma
razão estranha, ele sentiu culpa ao pensar que não veria Tamira depois disso. E
se ele quisesse mais do que apenas um breve flerte com ela?
Chamando a si mesmo de louco, Rafe focava no presente, e na visão deliciosa
de Tamira de quatro com a bunda para o ar enquanto ele empurrava para baixo
em sua coluna e agarrava seus quadris para posicioná-la do jeito que ele queria.
Ele podia ver a linda vagina raspada entre aquela bunda voluptuosa. Lenta
mas firmemente, ele começou a provocá-la pela fenda com os dedos, sentindo
sua masculinidade ficar ainda mais endurecida enquanto ela empurrava de volta
contra sua mão. No momento seguinte, ele tirou e bateu duramente na bunda
dela.
Ela gritou e tentou olhar para ele por cima do ombro em sinal de protesto, mas
Rafe era mais rápido. Agarrando seu cabelo, ele empurrou o rosto no travesseiro.
“Mantenha sua cabeça para baixo e fique absolutamente imóvel. Eu sou o único
responsável por seu prazer, não você. Portanto, não se atreva a mover seu corpo,
a menos que eu diga para fazer – ou eu vou bater em você novamente. E mais
forte.”
Sua resposta foi um mero gemido, meio abafada pelo travesseiro. Satisfeita,
ela foi obediente o suficiente para ficar parada conforme as instruções, e ele
continuou brincando com seu corpo. Ele se esticava por ela para alcançar seus
seios deliciosos, insufláveis e avidamente tateou em um, provocando o mamilo
apertado. Inclinando-se sobre ela, gemeu em seu pescoço, a ponta do seu pênis
esfregando entre suas polpas. Ele era espesso e sólido, enquanto a pele dela era
macia e sedosa. Podia senti-la estremecer debaixo dele, mas não fazia nada além
disso. “Abra mais as suas pernas, querida”, ele sussurrava em seu ouvido.
Ela gemeu baixinho, abrindo as pernas levemente para dar-lhe a entrada que
necessitava, e ele deslizou facilmente em sua entrada.
“Ooooh,” Tamira exultou em um meio suspiro, meio gemido. Rafe sabia que
levaria um tempo para ela se acostumar com o seu tamanho, mas, em seguida,
ele planejava conduzí-la vezes o suficiente para que ela tivesse toda sensação,
exceto a de conformação com o seu tamanho e perímetro. Levado ao limite por
tal pensamento, Rafe metodicamente, mas com força empurrou para dentro e
fora dela. Ele escovou o cabelo dela do pescoço e plantou beijos sensuais lá,
enquanto em contraste suas investidas poderosas espalhavam a sua largura e a
faziam gritar de êxtase.
A mão em seu peito se movia para baixo até o estômago, para estabilizá-la
melhor enquanto ele se empurrava tão profundamente quanto podia para dentro
dela. Ele mordeu o pescoço e esfregou seu clitóris, enquanto a levava, mais
rápida e profundamente. Deslizando para dentro e para fora da sua fenda quente
e molhada, era uma sensação incrível que ele queria sentir por tanto tempo
quanto possível. Mas eles já tinham sido levados até o limite máximo. Rafe
estava muito perto e ela também, a julgar por suas paredes agarrando em torno
de seu eixo, enquanto ela pingava e estremecia debaixo dele.
“Mexa esse traseiro sexy em mim, querida”, ele ordenou asperamente em seu
ouvido. "Eu vou fazer você gozar muito forte."
Ela soluçou e, como se no piloto automático, começou a girar o quadril e
bunda para satisfazer seus impulsos. Ah, sim. Rafe pegou o ritmo, deslizando
para dentro e para fora dela em cadência veloz. Ele bateu e esfregou seu clitóris
em turnos, e o estímulo disso combinado com o eixo massageando
profundamente dentro dela para atingir o seu ponto G a deixou sobrecarregada.
Grunhindo grosso e engolindo suas maldições, Rafe não estava muito longe.
A medida que ambos atingiam o orgasmo, ele agarrou os seios e apertou-os,
enquanto eles gozaram simultaneamente.
Passada a primeira fase da luxúria em cio e selvagem, Rafe planejava mais
tarde mostrar a ela que ele não era o tipo que só pegava aquilo que queria e se
tornar o centro das atenções. Sorrindo para si mesmo, ele retirou-se da sua fenda
e beijou suas costas enquanto ela deixou-se cair sobre os travesseiros. Ele ia ter
que dar a ela um alimento de verdade, porque ela definitivamente iria precisar se
abastecer para mais tarde. Ou até breve, porque ele já estava sentindo se mexer
novamente enquanto olhava para a bunda dela, enquanto estava deitada de
bruços tremendo nos lençóis. Droga, ele amava o traseiro dela. Ele tinha planos
para aquela bunda que exigia seu cinto de couro e alça. Depois houve aquele
chicote de nove caudas que ele estava ainda para estrear. Ahh, seu tempo com a
linda Tamira rendia tantas possibilidades, e era sempre uma pressa para tentar
suas pequenas provocações sobre a recém-iniciada...
Capítulo Oito
Teria sido uma situação horripilante, ou pelo menos incômoda, encarar Rafe
Cavendish e saber que este era o Raphael do fim de semana passado.
O amante que tinha mostrado Tamira coisas sobre seu corpo e mente que ela
nunca esperaria conhecer. Ele tinha sido tão dominante e duro, e ainda assim ele
também tinha mostrado a ela o seu lado carinhoso e apaixonado. Mesmo quando
ele a tinha amarrada no estilo estrela do mar de costas, com os pulsos e
tornozelos em amarras nos quatro cantos diferentes da cama, ele a fazia se sentir
tão segura. Ele tinha beijado e acariciado seu corpo da cabeça aos pés. Seus
lábios tinham provocado e dado prazer à sua carne, os dentes beliscaram
suavemente sobre seus ombros e, seguido pelos seus seios e até seu estômago.
Em seguida, ele enterrou o rosto no ápice de suas coxas e a devorado até que
gritasse e gozasse em ondas enquanto ele lambia seu suco.
Todo o tempo ela tinha sido incapaz de fazer qualquer coisa além de receber, o
corpo dela se debatendo e arqueando enquanto ela puxava contra os pulsos.
Nunca havia se sentido tão indefesa e ainda assim tão viva e elevada, até que
sentiu quase como se pudesse flutuar até o teto.
Ela nunca tinha conhecido a língua de um homem que podia lhe dar tamanha
satisfação. Ele passou o tempo, lambendo, sugando, e mordendo os seus lábios
molhados e inchados. Sua boca em sua fenda tinha sido o momento mais erótico
de sua vida, e ver o quanto ele gostava de seu gosto acrescentou mais à excitação
e prazer.
Mas o sexo com ele havia demonstrado ser muito mais do que isso. Houve
também disciplina, e até mesmo dor, mas nunca mais do que ela estava
preparada para lidar. Tamira realmente havia ficado chocada com as coisas que
ela concordou em fazer. Quando ele a inclinou sobre o encosto do sofá e usou
vários instrumentos de couro na bunda dela, ela estava atordoada com o quão
bom era sentir prazer sexual desta maneira. Sua carne pulsava e suas
terminações nervosas formigavam em um coquetel estranho de dor e êxtase, e
tinha sido como se um novo nível de percepção abrisse em seu subconsciente.
Pela primeira vez em sua vida ela tinha sentido o açoite de um chicote em sua
parte traseira. Eram impactos diferentes quando ele usava a mão, o chicote, ou o
cinto sobre ela. O chicote tinha nove cordas atadas e era forrado com pregas e
veludo. Todo aquele aspecto “tabu” de seu amante ao punir o traseiro dela com
essa ferramenta tinha a feito pingar caldos inteiros até os joelhos. Ele a chicoteou
por um bom minuto ou dois. Ela não queria realmente contar quanto.
Tamira percebeu que ela havia acabado de ir com tudo, sem pudor, sabendo
que nunca iria vê-lo novamente. Quão errada e tola havia sido. As vezes não dá
pra escapar do passado. E hoje estava olhando para a prova do fato de que ele as
vezes volta e te morde na bunda. E por falar em bunda, a mente de Tamira voltou
diretamente para continuar a memória daquele momento no sofá ...
Quando ele parou e deixou o chicote de lado, se inclinou sobre ela e mordeu
seu pescoço, sussurrando em seu ouvido, perguntando-a como se sentia quando
ele chicoteou seu traseiro.
Tamira queria gozar tanto naquele momento. “Parece... bom.”
“Isso aí, parece sim”, disse ele naquele tom perfeitamente sedutor. Ela adorou.
“Eu sei que algo que parece ainda melhor”, ele rosnou. Ele estava acariciando
seu pênis enquanto ele ficou diretamente atrás dela. Sua mão livre deslizou entre
suas pernas, e ele deixou o dedo deslizar. Tamira estava gemendo, sentindo-o
trabalhar não apenas um, mas outro dedo ao mesmo tempo em sua fenda. Seus
músculos começaram a ter espasmos de excitação.
“Agora me diga, Tamira, o quanto você quer.” Ele gentilmente esfregou a
coroa de sua masculinidade em sua escorregadia, molhada e superexcitada fenda.
Ela estremeceu, mais e mais. Ele deslizou apenas a cabeça dentro e brincou
assim por alguns momentos, e Tamira tentou engoli-lo rapidamente, mas ele
tirou completamente para fora e estalou a língua em sinal de reprovação.
Ele bateu no traseiro forte com sua grande mão e ela gritou. Muito carente, ela
decidiu botar pra fora. “Por favor, eu não agüento mais! Eu preciso de você
dentro de mim.”
“Boa menina.” Voltando para a posição atrás dela, ele agarrou seu quadril
propositadamente. Ele colocou apenas os primeiros centímetros em sua fenda
molhada e trabalhou aquela parte, para dentro e para fora. Só quando ele sentiu a
contração dela, ele violentamente e desafiadoramente empurrou sua ferramenta
adentro. Tamira veio imediatamente, gritando seu nome. Uma vez que ela havia
terminado de tremer, ele começou a balançar para trás e para frente com um
ritmo forte. Em seguida, ele a chocou, quando tomou alguns dos seus sucos
escorrendo de sua fenda e traçou com ele algumas trilhas ao redor de seu ânus.
Parte de sua mente queria se opor, mas descobriu que não podia. Algo dentro
dela a impedia de querer desagradá-lo, e, ao mesmo tempo ela estava curiosa e
animada para ver até onde ele iria.
Ele continuou a lubrificar suas pregas com sua umidade escorregadia,
esfregando tudo. Sensações estranhas ocorreram dentro do sistema dela,
tornando sua mente insensível a qualquer outra coisa além da maneira como ele
se sentiu profundamente dentro de sua vagina, empurrando de forma constante e,
ao mesmo tempo provocando a sua outra entrada, proibida. Então, magicamente,
ele deslizou seu dedo em sua fenda anal.
Tamira engasgou e congelou. Um pouco de cada vez, ele trabalhou um dedo a
mais. Ele deu aos músculos dela a chance de se acostumar com a idéia, e,
finalmente, eles relaxaram e ele começou a empurrar em seu traseiro no mesmo
ritmo de suas estocadas em sua vagina. Tamira estava gemendo e quase
impotente diante dele, inclinou-se enquanto ela estava no sofá. Ela nunca tinha
tido nada na bunda dela antes, e o dedo serrando profundamente dentro parecia
incrível. A dupla penetração era mais intensa do que ela conseguia lidar por vez.
Seu próprio orgasmo a pegou de surpresa, e veio com tanta força que quase a fez
desmaiar. Era a décima vez que ela havia gozado naquele dia e ainda era de
tarde. Nem ela sabia que poderia gozar tantas vezes em tão pouco espaço de
tempo. Ele estava transformando-a em uma aberração?
Ele continuou socando profundamente dentro dela, e ela sabia que ia doer
mais tarde. Mas que droga, era tão ardente. Seu corpo tinha chegado a implorar
para ser levado desta forma, descuidada e perigosamente. Ela percebeu que
estava ficando entediado em ser tratada como se pudesse quebrar, pelos dois ex-
amantes que tinha tido. Tamira estava contente de, pelo menos, encontrar um
homem que sabia como ela precisava ser tratada às vezes. Ele bateu contra o
traseiro punido, empurrando seu dedo profundamente em sua prega enquanto
ritmicamente estocava seu membro grosso na dolorida vagina. Fugazmente, ela
imaginou-o substituindo o dedo em seu ânus com sua masculinidade maciça,
quase dividindo a bunda virgem – e de repente sua mente ficou em branco.
Estremecendo loucamente, ela gozou e gozou. Como se estivesse ao longe ela
ouviu seu rugido gutural como ele, também, gozou em uma série de impulsos de
alta potência, e em seguida afundou contra o corpo mole dela. Por muito tempo
depois disso, nenhum deles podia se mover nem falar.
Tamira teve que piscar várias vezes para trazer sua mente de volta ao presente.
Bom Deus. Como podia ter esquecido mesmo por um momento aqueles
momentos proibidos com seu perverso amante? Ela voltou para o mundo real e
procedeu com a conduta padrão, mas uma parte dela constantemente surgia, e
ver Raphael – Rafe – de novo trouxe tudo de volta para a superfície.
“Então, o que vem a seguir?”, Ele perguntou em um tom ameno, sua
sobrancelha arqueada como se em um desafio. Tamira podia ver que ele estava
fazendo isso totalmente para ela, e ela sabia que era a deixa dela.
“Vamos prosseguir com a reunião, é claro”, ela disse brilhantemente. Ela
assentiu para a pairada Nisha e informou a sua assistente que ela não seria
necessária no momento. Se alguma coisa acontecesse, Tamira ligaria para ela.
Deixada sozinha com Rafe Cavendish, Tamira ofereceu-lhe uma cadeira na
mesa de conferência e ela tomou a extremidade oposta. Pena que não estava na
sala maior com a mesa maior, ela lamentou. Precisava de muito mais distância
entre ela e o homem que a via com um sorriso enigmático, como se soubesse o
que estava passando pela mente dela.
“Relaxe, Tamira. O que aconteceu antes deste momento é um capítulo
encerrado“, disse ele, fazendo-a olhar rapidamente para ele. “Ele não tem
qualquer influência sobre o presente e não precisa ter. Eu tenho certeza que nós
dois somos profissionais e não vou deixar nada que não tinhamos controle sobre
interromper um empreendimento promissor entre as duas empresas.”
"Oh. Bem, você está certo, claro.”
De repente, ele sorriu, e, mesmo sem querer, Tamira sentiu um calor rastejar
até suas entranhas. Ela vividamente lembrava o último momento em que o vira
apenas algumas horas atrás, quando ela saiu do lado dele enquanto ele dormia
em sua cama enorme. Ela se sentia um pouco preocupada de que não seria capaz
de se separar dele se estivesse acordado.
Agora, aqui estavam eles, cara-a-cara – novamente. Ele não podia estar
falando sério sobre eles apenas se concentrar no presente, não quando seu breve
encontro com ele parecia impresso em suas células cerebrais e, definitivamente,
no seu sexo, ainda palpitante. Não havia nenhuma maldita forma dela tocar no
projeto Cavendish agora. Não importa quão tentadores fossem os retornos
financeiros, ou como intrigante era como desafio, ou que prestígio poderia trazer
à sua reputação na indústria, ela só podia recusar.
Na hora seguinte, Rafe Cavendish definia o melhor tipo de ideias, que faziam
com que a imaginação dela se animasse com a forma estimulante que sua mente
trabalhava, e ela podia se ver trabalhando em perfeita sintonia com ele. Mas ela
não conseguia superar o fato de que eles haviam indulgido o mais proibido dos
atos íntimos uma vez que ela estava certa de que ele seria apenas um estranho.
“Muita coisa está em jogo neste projeto”, disse ele finalmente. “Como CEO, o
foco está em mim para provar que posso obter resultados, e de que eu não ganhei
a minha posição apenas por ser o herdeiro e neto do fundador.”
Tamira ficou de pé e começou a andar em um agitação muito mal disfarçada.
“Eu entendo que você está dizendo – há muito em jogo. Mais uma razão pela
qual devemos repensar em fazer qualquer acordo comercial, ainda mais
depois...”
“Eu realmente não vejo problema algum”, Rafe disse facilmente, enquanto
levantava de forma fluida a seus pés e dava a volta na mesa até ficar apenas
alguns metros de distância dela. “Você é uma profissional, do tipo que
dificilmente se perturbaria por algo que aconteceu antes mesmo de pensarmos
que poderíamos trabalhar juntos.”
“Por que você disse que seu nome era Raphael?”, ela de repente soltou.
Rafe encolheu os ombros. “É o meu nome completo, embora não seja o que eu
normalmente use. Por uma questão de anonimato, às vezes eu o uso, já que seria
difícil de me conectar com o meu eu verdadeiro – herdeiro bilionário e CEO.
Como qualquer outra pessoa, eu valorizo a minha privacidade e protejo-a sempre
que posso. Não há nada de sinistro nisso.”
“E quando eu disse que meu nome era Tamira, não te pareceu por um
momento que eu poderia ser a mesma Tamira Fontaine que era para você
encontrar naquela noite, juntamente com o pessoal da Cavendish?”
“Eu não liguei os pontos, honestamente. Eu tinha uma idéia do nome Sra.
Fontaine como a designer que minha equipe queria que eu colocasse no projeto.
Mas não a ponto de fazer tal conexão “.
Irada, Tamira se afastou dele. Ele parecia muito razoável, e ela não gostava
disso. Ela queria ficar bravo com ele por todo tipo de razão, mas estava ficando
mais e mais difícil.
A sua mente virou um turbilhão, quando sentiu uma forte braço envolve-la em
torno da cintura e puxá-la com força contra o peito envolto pelo terno.
Rafe deslizou os dedos por seu braço e, mesmo sob o tecido de sua manga,
arrepios subiram em sua pele.
Seus lábios tocaram seu pescoço enquanto ele levemente depositava beijos de
boca aberta ao longo do caminho. Tamira não podia acreditar que ele estava
fazendo isso aqui, agora! Os olhos fecharam forte e ela arqueou o pescoço para o
lado enquanto Rafe continuou beijando em sua clavícula e chupando gentilmente
sua pele. Um suspiro saiu de seus lábios em resposta.
Aqueles lábios sedosos traçaram um caminho até o lóbulo da orelha, que ele
beliscou suavemente entre os dentes. Tamira não conseguia segurar mais e soltou
um gemido.
“Vendo a maneira que seu corpo responde a mim me deixa louco. Tudo parece
tão novo com você“, ele disse densamente.
A sua mão na cintura dela deslocou para sua frente e descansou em seu núcleo
aquecido através do material leve de seu vestido. Era quase como se ela pudesse
sentir seu toque direito sobre seu sexo nu, de tão profundo que havia
influenciado seus sentidos. Seu corpo já não era mais dela; havia perdido o
controle. Estava sucumbindo a este homem da maneira mais intensa. Tão intensa
quanto a maneira que o desejo dele zumbia em suas costas.
A tortura em suas terminações nervosas continuou, os dentes dele mordendo
sua orelha enquanto ele sussurrou naquela voz rouca. “Você é tão bonita, Tamira.
As coisas que estão passando pela minha mente agora – na verdade, desde que
eu entrei pela porta e vi você... Não vejo outra opção aqui, baby. É muito
simples, pare para pensar sobre isso. Você consegue adivinhar qual é?"
Tamira arqueou as costas ligeiramente e botou os dentes pra fora com força
nos lábios para abafar o gemido que ameaçava urgir. Aquela voz. Merda, não. Se
ela continuasse prestando atenção a isso, não havia como saber com o que ela
concordaria. Se ele quisesse espalhá-la em cima da mesa de conferência, rasgar a
calcinha, e enfiar nela tão duro e rápido quanto ela se lembrava, ela poderia não
ter a força de vontade para recusar.
Tamira virou com os olhos arregalados e encontrou seu olhar reluzente. Seus
olhos eram intensos, seu desejo evidente quando ele olhou para ela. Ela
descobriu um pequeno sorriso se contorcendo em seus lábios esculpidos, e suas
bochechas se aqueceram enquanto ela olhava para ele. Oh, ele sabia muito bem o
efeito que tinha sobre ela. Irritada como ela estava com ele, ela não podia deixar
de olhar para aquela boca e pensar em todas as coisas que ela poderia fazer para
si e em cada centímetro do seu corpo.
Tamira fechou os olhos e sentia como se pudesse evaporar no local. Apoiando
as mãos sobre o peito, ela tentou empurrá-lo de lado para que ela pudesse fugir
da agora sufocante sala de reuniões. Mas ele era como uma rocha sólida, imóvel.
Em vez disso, ele a puxou para mais perto, seu rubor corpo contra o dele assim
como seu braço fechado como uma banda de aço em torno do quadril.
“Abra seus olhos, Tamira,” ele disse suavemente.
Tamira sentiu seu coração marretando em seu peito. Ele beliscou o queixo
com o seu polegar e o indicador e inclinou o rosto para ele, mas ainda assim ela
não o compelia, os olhos estavam bem fechados. Ela podia sentir o ar da sua
respiração em seu rosto, quente e de hortelã fresca. Ele não iria tentar beijá-la,
iria? Não quando qualquer um poderia entrar. Tamira podia imaginar o rosto de
Nisha se ela chegasse e testemunhasse isso.
Mesmo agora, ele era desconfortável demais. A deixava pegajosa e com
calafrios apenas por estar assim tão pressionada contra ele.
"Está bem então. Escuta só “, disse ele, com uma risada suave e retumbante
em sua voz breve, antes de mover o rosto para perto do dela e sussurrar: “Não há
nenhum problema em simplesmente termos as duas coisas. Podemos trabalhar e
brincar. Vamos manter nossas relações profissionais por dia, e à noite nós vamos
continuar a nossa diversão e jogos. Ninguém jamais precisará saber. E quando o
projeto terminar nós podemos reavaliar a situação. Combinado?"
Os olhos ainda fechados, Tamira não podia fazer nada, a não ser imaginar em
sua cabeça. Bem ... ela tinha que admitir que era uma perspectiva muito, muito
tentadora. Ela realmente não queria perder a oportunidade de assumir a marca
Cavendish. Ele ficaria bem em sua carteira, sem dúvida. E se fosse pra ela ser
franca, agora que eles haviam se encontrado novamente, ela não estava feliz com
a idéia de esta ser a última vez que veria Rafe.
Ela não poderia estar apaixonada por ele, podia?
Apenas pensar nisso fazia com que os olhos voassem abertos em alarme.
Quem se apaixona tão estupidamente hoje em dia? Depois de apenas três dias de
conhecê-lo? Tamira ficou chocada mentalmente. Sem chance. Foi apenas físico.
E ela ia provar isso. Ela pegaria o projeto, entraria numa paixão
descompromissada depois de algumas horas, e aproveitaria. Sem romance, sem
expectativas. Não iria funcionar de qualquer jeito. Rafe Cavendish e seu tipo
teriam suas futuras noivas, possivelmente, desposadas com antecedência uma
vez que eram querubins. No final das contas, ele era um herdeiro de terceira
geração de uma fortuna bilionária.
Enquanto ela veio de um cenário muito menos brilhante. Tamira não sentia
vergonha de suas raízes, longe disso, mas ela era realista o suficiente para saber
que definitivamente havia uma divisão. Então Tamira estava bem com isso,
estabelecendo-se para algo casual que beneficiava ambos, a ele e a ela.
“Não se decidiu ainda, ou você gostaria de mais tempo para pensar sobre
isso?” Rafe interrompeu seus pensamentos, e Tamira focou seus olhos no rosto
generosamente cinzelado. Aqueles olhos avelã densos fixos tinham uma
qualidade ardente que derreteu o último dos seus receios. Puxando uma
respiração irregular e esperando que ela não fosse se arrepender, Tamira
finalmente deu a Rafe Cavendish sua resposta ...
Capítulo Nove
Eles mal tinham conseguido o contrato para o projeto em andamento, mas
Rafe já estava planejando as surpresas. Como agradecimento por Tamira
concordar com o negócio, ele se ofereceu para levá-la para um evento de arte de
alto nível naquela noite.
Tamira não tinha certeza do que isso significava, considerando que ela ainda
não tinha se decidido onde seus limites pessoais e profissionais seriam traçados.
Como se sentisse seus pensamentos, Rafe disse a ela para simplesmente
considerá-lo como parte de suas obrigações oficiais. “Somos mais ou menos uma
equipe agora. Um monte de pessoas da indústria vai estar lá, e eles vão sentar-se
e notar quando percebem que tenho atualmente o melhor nome na minha
equipe.”
Tamira corou pensando no quanto Rafe a prezava. Quando pensou em toda a
saga da confusão de identidade e como a falta de comunicação aconteceu, ela
sabia que teria que ser mais cuidadosa no futuro e sempre fazer as coisas com os
olhos bem abertos. Sem ser pega de surpresa por não dar atenção aos detalhes.
Se Rafe queria tornar público que Tamira estava agora ligada ao seu projeto,
estava tudo bem. Criar especulação sempre fazia parte do processo criativo.
Mal esperava ela que a especulação em si se provaria em maioria negativa.
Bem, pelo menos do ponto de vista dela. Quem teria pensado que os outros
leriam as coisas tão erradas?
O evento de arte foi um onde Rafe e Tamira conheciam muita gente. Era como
um clichê para ambas as suas linhas de negócio, considerando que a amostra era
sobre o materialismo na arte moderna. As coisas ficaram um pouco estranhas,
parecia, quando Tamira e Rafe foram vistos chegando juntos.
Até onde ela sabia, eles eram, individualmente, orgulhosos das suas carreiras
profissionais e tinham orgulho de seus egos. Agora eles estavam em meio a
algumas perguntas de pessoas que alfinetavam ambos. Por exemplo, as pessoas
assumindo que Rafe estava com Tamira para salvar desesperadamente a sua
linha de lazer atlético (verdade!) atiçou Rafe do jeito errado. Do ponto de vista
dele, queria acreditar que ele poderia fazê-lo por conta própria e considerava
Tamira como um simples seguro extra para que funcionasse. Isso e a forma
como sua equipe de apoio tinha sido inflexível sobre a necessidade de alguém
com sua perspectiva estar envolvido no projeto.
E haviam outros que pensavam que Tamira estava com Rafe para tentar
conquistá-lo sexualmente para obter o seu negócio (falso!). Isso incomodava
Tamira infinitamente. Ela não dava duro para chegar até aqui para ter pessoas
especulando que ela fazia isso graças ao seu corpo. Ela poderia ter entrado de
braços dados com Rafe, e ela podia imaginar o que eles pensariam, sendo ambos
solteiros e atraentes, individualmente e como casal. Mas não era da conta deles
teorizar o que tem ou não a ver com o projeto em mérito próprio.
Felizmente, haviam outros que conheciam ambos e elogiavam-os por terem se
encontrado, pois pensavam que os dois se combinavam esplendidamente (pois é,
de fato!).
As línguas sempre falariam, eles tivessem ou não algum envolvimento pessoal
entre quatro paredes. Tamira percebeu isso e levou tudo à passos largos.
Conhecendo a natureza humana, e após anos de luta para subir o ranking e
ganhar o aplauso que agora aproveitava, ela não ia deixar este pequeno
inconveniente preocupá-la. Sua melhor resposta seria fazer de todo o projeto um
sucesso brilhante. Ela não estava tão certa agora, no entanto, acerca do outro
aspecto de manter uma ligação sexual com Rafe enquanto ocupada com o
projeto.
A possibilidade de isso enuviar seu julgamento estava pesando demais para
ela tratá-lo casualmente como antes. E se eles foram pegos? Alguém poderia
descobrir se eles não fossem discretos ou se eles vacilassem de alguma forma. E
aí, tudo o que estava sendo cogitado seria praticamente confirmado, não importa
o quanto fosse mera conjectura.
Tamira não tinha dúvida de que, depois da forma como a noite foi, Rafe teria
colocado as coisas em perspectiva. Ele foi obrigado a ver as coisas do jeito que
ela via. Certo? Porque o projeto era muito importante, então, não podiam correr
o risco de qualquer coisa comprometer isso. Não importa o quão fogoso fosse o
sexo, simplesmente não valeria a pena.
Então, como Tamira acabou concordando em voltar para seu apartamento, e
ter relações sexuais com ele, estava além de qualquer capacidade de
compreensão humana. Uma coisa que ela sabia, eles estavam em seu carro
saindo do evento e havia tensão no ar. A noite não tinha saído como o planejado,
mas eles ficaram até o encerramento sem mostrar qualquer reação visível a todas
as especulações que eram feitas e acabavam chegando ao ouvido ou
conhecimento deles. Era a opinião de outras pessoas, tanto faz. Possivelmente
até mesmo fofocas espalhadas por rivais de cada extremidade do seu espectro na
indústria. Tamira tinha alguns, e sem dúvida Rafe tinha também.
Todo o evento começou a parecer como uma grande brincadeira e eles até
mesmo começaram a rir sobre isso, especialmente quando eles comentavam
sobre um personagem ou outro do evento que lhes parecia hilário. A maioria
destes fanáticos opinativos eram só pessoas sem importância de qualquer
maneira, sem influência sobre o que era realmente relevante na mesma indústria
que tentou minar com o “ponto de vista” deles.
“Você deveria ter visto a cara deles quando entramos”, disse Tamira em uma
gargalhada. “E você realmente tem que me convidar para dançar? Eu me senti
como se estivéssemos em foco.”
“A música foi feita para dançar”, disse Rafe com um encolher de ombros,
desviando o olhar da estrada para enviar a Tamira um sorriso. “Não pode ter uma
mulher bonita no meu braço sem querer dar-lhe pelo menos uma volta na pista
de dança. Eu gostei de ter você em meus braços, Srta. Fontaine.”
Seu olhar se aproximava dela novamente e, lentamente, o sorriso de Tamira
desbotava. Ela havia gostado muito também, e enquanto dançava ela quase foi
capaz de esquecer os olhos observando e bocas tagarelando.
Seu companheiro era tão arrojado em seu terno e gravata Armani. Nenhum
outro homem no quarto pode segurar uma vela para ele. E a maneira como ele
olhou para ela a fez sentir como uma obra de arte por si só, enquanto as outras
belezas da sala sequer foram dignas de um tempo de olhar dele.
Mais do que alguns tinham tentado roubar suas atenções. Um herdeiro CEO
bilionário, jovem e bonito dificilmente passaria despercebido em um evento tão
prestigiado agraciado por socialites com olhos de águia e estreantes. Mas, para a
decepção deles, ele parecia firme em sua parceira, a qual todos podiam ver que
era uma verdadeira beleza, a qual a mantinha com graça, estilo e confiança. Seu
traje lisonjeava suas curvas, e sua elegância simples atraiu ainda mais atenção
aos seus atributos agradáveis de maneiras que as fêmeas artificialmente
produzidas em suas gotas de jóias e vestidos de alta costura não poderiam
alcançar.
Mesmo com todas as correntes turbulentos que haviam sombreado a saída,
Tamira não se arrependia um momento sequer de estar com Rafe. Não havia
como dizer quanto tempo esta atração iria mantè-la enfeitiçada. Tudo isso
poderia chegar a uma conclusão natural, quando o projeto acabasse. Não, não
havia nenhum “talvez” sobre isso, Tamira disse firmemente para si mesma. Ela
era totalmente realista, e simplesmente não podia ver nenhuma razão para eles
para se manterem juntos uma vez que o fim dos negócios profissionais seguisse
seu curso.
Tamira arrancou os olhos do olhar ardente de Rafe e olhou pela janela para a
direção que eles estavam indo. “Este não é o caminho para o meu endereço.”
“Não”, ele disse. Ele lançou um olhar em sua direção, e ele enviou um arrepio
de cima a baixo sua coluna vertebral. “Não é tarde demais para irmos para lá, se
quiser.”
Tamira não podia acreditar neste homem. Ela estava vibrando depois de tudo o
que tinha acontecido desde que se encontraram novamente apenas naquela
manhã. De novo e de novo, as circunstâncias os mantinham nessa ligação que
não dava pra deixar de lado. Ela se mantinha mudando de opinião e sendo
indecisa sobre o que ela realmente queria, e então ela percebeu que às vezes
pode ser bom deixar alguém simplesmente tirar essa decisão de suas mãos.
Em vez de responder, ela simplesmente olhou para o lado e manteve os olhos
para a frente, tentando firmar sua respiração. Rafe também optou por
permanecer em silêncio, dirigindo o carro esportivo com uma calma precisão.
Considerando o que ela havia acabado de concordar tacitamente, Tamira estava
surpresa com o quão sedativamente ela estava levando a situação. Ela deve estar
pirando! Sexo não era um jogo para ela, e ela definitivamente não era normal
para ela concordar com encontros aleatórios, mas lá estava. Sair com um homem
com um objetivo em mente: para tomar seu corpo, possivelmente usá-la e puni-
la a vontade e muito mais. O prazer seria recíproco, não há dúvida sobre isso,
mas também não havia dúvida de quem estaria no controle aqui.
Tamira sempre se orgulhava de ser sensata, talvez um pouco convencional,
mas cada vez que ela estava com Rafe, ela passava do limiar de decoro e se
tornava uma Tamira diferente. Aquela que gostava da escravidão, disciplina e
outras práticas desviantes que ela já tinha considerado como “não interessante
para ela”. Quão errada ela havia sido – e quão feliz ela era em encontrar alguém
como Rafe que entendia exatamente o que ela precisava.
E se houvesse mais?
Limpando a garganta um pouco, virou-se em seu assento para olhar para Rafe.
Esse perfil patrício com suas curvas generosamente definidas era uma emoção
para se embarcar, e Tamira não podia deixar de admirar seu espécime amante.
Ele, sem dúvida, sentia sua consideração e deu um sorriso arrogante, diabólico.
“Tem algo a me perguntar?”
“Sim, tenho.” Tamira engolia um pouco da saliva e tentava não dançar
nervosamente sobre o assento. “O tempo que passamos juntos. Aquelas coisas
que fizemos, quer dizer, com a dramatização e todas as 'cenas' como você me
disse que eles eram chamados. Você sabe, quando eu fui amarrada ou todo o
jogo de impacto e o sexo violento.”
Ela fez uma pausa e viu seu pequeno sorriso. "Interessada em descobrir
mais?"
Tamira estava parte relutante, parte animada. Ela mordeu o lábio inferior.
“Nós vamos ter que discutir isso longamente em primeiro lugar, é claro – mas
sim, eu acho que estou. Você poderia me ensinar?”
“Sim, Tamira, eu vou te ensinar tudo o que você desejar saber. Na verdade,
estou bem avançado com você nisso “, disse ele, fazendo com que as
sobrancelhas de Tamira crescessem. Ele acrescentou: “Nós estamos indo para
um dos meus locais privados na cidade. Eu recentemente equipei o lugar, por
isso esta é a primeira vez que eu vou começar a experimentar todo o conjunto de
câmaras e adereços. Eu projetei tudo sozinho, e estou ansioso para descobrir o
que você pensa toda a configuração.”
Tamira engasgou de indignação a medida que sua mente rapidamente tomou
noção daquilo. “Eu não posso acreditar que você está me levando para o seu...
seu covil sexual!”
Sua respiração estava rápida e pesada. Ele realmente era desprezível! Para que
ele a queria? Por que ela estava ficando excitada com isso?
“Você mesma disse que queria aprender mais. Um estudante precisa da
atmosfera certa e estrutura.” Ele a cortou em um olhar, aquela boca sexy
contorcendo desconfiada. Tamira poderia bater no rosto dele se ele ousasse rir!
“Relaxe, Tamira. Não é um calabouço extremo onde pretendo realizar todos os
tipos de depravações sobre as mulheres. Eu simplesmente o concebi para
diversão no início, e gostei de ver as minhas ideias tomarem forma. Ele acabou
de ficar pronto como eu disse, e a primeira coisa que pensei foi você estar lá
comigo.” Estendeu a mão para ela, levantando-a aos lábios para um beijo. Argh,
tão charmoso. Tamira retirou a mão e viu o seu sorriso.
“Pense nisso simplesmente como uma forma de esquentar. Às vezes, precisa-
se do ambiente perfeito para fazer as coisas direito. Se perceber que você não
está confortável com qualquer coisa, eu prometo que pararemos imediatamente.”
Tamira se acomodou em seu assento, um pouco pensativa. Bem, ela pediu por
isso. O que eram algumas horas de brincadeiras de masoquismo e sexo? Ambos
eram adultos responsáveis, no final das contas. E ela confiava em Rafe. De certa
forma, ela se sentiu apaziguada que ele confiasse nela também. Ela não era tão
espessa para assumir que ele faria isso com qualquer uma. Pelo menos ela seria a
primeira a experimentar o seu pequeno refúgio. Já não era hora dela começar a
viver ao máximo, explorar o seu lado sexual e descobrir o que funciona para ela
e o que não funciona?
Sentiu-se tranquilizada em saber que Rafe teve a paciência para conversar
sobre isso com ela primeiro, para que ela soubesse no que estava se metendo. De
repente, a vida estava assumindo toda uma nova perspectiva. Tamira não tinha
ilusões de que issoe significava algo mais profundo do que era. Nenhum deles
estava à procura de romance ou qualquer apego de verdade.
Ainda assim, Tamira fez uma observação para assegurar que Rafe entendia
que, enquanto eles estavam juntos, eles pelo menos deviam ser mutuamente
exclusivos. Após as primeiras vezes, eles tinham ido sem preservativo; eles
conversaram sobre isso, e Tamira estava feliz que eles haviam clarificado um ao
outro sobre questões como os dois estarem limpos e Tamira já estar tomando a
pílula principalmente para regular a menstruação. Se asseguraram de evitar
serem imprudentes novamente, e ela estava feliz que as coisas se mantinham
assim desde então.
Desta forma, Tamira poderia realmente se concentrar em apenas experimentar
tudo. Ela estava feliz que era Rafe, e não outra pessoa. Viver não era sobre fazer
memórias, seguir onde o seu coração te levasse, e tentar oportunidades? Tamira
jurou nunca mais deixar nada fazê-la duvidar de suas escolhas nunca mais. Ela ia
cometer seus próprios erros, o seu próprio caminho, e contar simplesmente com
uma viagem bem explorada. Agora, ela mal podia esperar para o que estava em
oferta para ela, não apenas hoje, mas ainda além.
Capítulo Dez
Uma sala sombria e fria.
Fixados nela estavam os brilhantes olhos castanhos, agora salpicados de
dourado, refletindo seu desejo neles. A figura de Rafe envolvia um queixo com a
mandíbula de um predador, cravada, e traços de expressão
pesados. Necessidade. Tanta necessidade selvagem era evidente em seu
rosto. Tamira não poderia imaginar uma visão melhor.
Ele parecia uma pessoa completamente diferente. Ou talvez fosse apenas o
ângulo do qual estava vendo ele, com ela lá de joelhos. Ele ficou na frente dela
mantendo o olhar enquanto ele abria o zíper de suas calças. Sua camisa preta
estava desabotoada no pescoço, as mangas arregaçadas mostrando as veias
saltadas dos antebraços dele. Sua gravata preta estava amarrada aos pulsos de
Tamira, que estavam mantidos por trás das costas. Seu olhar intenso tornou
impossível desviar o olhar dele enquanto ele puxava sua masculinidade pela
abertura. Dizer sua ereção era impressionante era como subestimar o que
acontecia ali. Apenas olhar para ele agarrar a base em seu punho fez Tamira
pensar em todas as vezes que ela recebeu tudo aquilo dentro de si ou da sua
boca. Ainda era um mistério como ela conseguia.
Seus olhos brilharam de volta ao dele, expondo a antecipação de secar a
garganta, sua ansiedade. Ele observou o jogo de emoções em seu rosto enquanto
ele preguiçosamente bombeava seu membro grosso em uma das mãos. Em
seguida, a outra mão se estendeu para traçar sua mandíbula com os nós dos
dedos. “Tudo sobre você é um afrodisíaco,” respondeu asperamente. “Quão
cativante você é.”
Seu polegar deslizou sobre seus lábios, antes de adentrar sua boca. Tamira
chupava a dígital, mantendo contato visual com seu amante dominante. Com um
grunhido, ele retirou seu polegar e enredou os dedos em seu ar, puxando-a para
perto de seu eixo grosso. “Coloque-o em sua boca, Tamira.”
Tamira sentiu uma chicotada de timidez, mas ela não conseguia pensar em
parar agora. Ela cautelosamente esticou a língua para seu membro lindamente
veioso, um tom de marfim profundo e emanando um aroma limpo do campo,
que fez a parte interna das coxas dela tremer. Se projetava em um arco e se
curvou quando ela começou no local onde o saco e o eixo se juntavam, e de lá
puxou uma longa lambida. O respirar fundo de Rafe fazia os olhos dela voarem
rapidamente para encontrar os dele em preocupação. “Não pare até que eu diga
para você parar”, ele rosnou.
Tamira assentiu, a resolução crescia dentro dela enquanto ela se lembrava das
coisas que ela tinha aprendido sobre o que ele gostava e interagia, naquelas
noites juntos no fim de semana passado. E intuitivamente ela sabia exatamente o
que afetava mais ele. Como agora, quando ela se banqueteava dele como se
fosse um cone de sorvete derretendo, passando a língua por todo ele, chupando
seu eixo grosso e pesado e fazendo tudo molhado e deslizante. Ou quando ela
estava esfregando o rosto com ele, e então devorando-o todo, até que ela
sufocasse e engasgasse com ele, saliva e pré gozo escorrendo de seus lábios e
queixo. Rafe gostava muito da indecência, e Tamira queria ir adiante e dar-lhe
alguma coisa para levá-lo até os limites.
Seu olhar aquecido era suficiente para fazer o corpo dela agitar em
necessidade. Ela começou a contornar sua ampla ponta com a língua, ouvindo-o
sibilar por entre os dentes. Sorrindo ligeiramente ela continuava empurrando-o
lentamente na boca. Ela mantinha sua língua pressionada contra o tronco,
deleitando-se com o seu calor e energia, e saboreando o gosto do seu pré gozo.
Rafe começou a rosnar e empurrou seu comprimento em sua boca, e Tamira
aproveitou a disposição para acelerar. Sentia-se imensamente inclinada a dar lhe
prazer desse jeito. Ela não achava nem um pouco degradante. Rafe nunca havia
sido abusivo ou feito algo humilhante.
Tudo o que acontecia, era porque ela consentia. Ela gostava de sentí-lo
bombeando em sua boca, suas mãos encaixando no seu cabelo. Adorava quando
ele falava sujo para ela, sua voz não mais que um grunhido, “É isso aí. Me
mostra o quanto você quer. Engole tudo, querida, cada centímetro.” Ela não
conseguia se satisfazer o suficiente, apenas deixando de lado suas inibições e ser
tão viciada em cada comando seu, cada solicitação.
Em seguida, ele puxou a boca dela pra fora dele, e foi aí que ele a puxou para
cima em seus pés instáveis e a levou àquele espelho sombrio. Estando lá,
olhando para seu reflexo selvagem, de pele nua, enquanto Rafe permanecia
completamente vestido com sua camisa e calças, a fazia se sentir ultra-
exposta. Observando no espelho enquanto tocava e brincava com ela com suas
mãos adicionava um novo nível de excitação, como uma mistura de
exibicionismo e voyeurismo. Era de uma carnalidade de total lubrificação mental
e sequer havia terminado ainda, como Rafe logo a fez perceber em termos
inequívocos.
“Pronta para o que vem a seguir?”, sussurrou no ouvido dela, antes de lamber
a parte externa.
Desatou os pulsos dela e guiou-a para o banco com tampo de couro no
canto. Ele inclinou-a pela cintura e colocou ambas as mãos dela sobre a
superfície, enquanto seus pés estavam plantados no chão. “Estas mãos não se
mexerão sem permissão, entendeu?” Ele instruiu, usando seu pé para afastar os
dela, enquanto depositava beijos por um caminho até as costas.
“Sim, Rafe”, disse ela mansamente, com o coração batendo na sua
proximidade, o raspar dos botões da camisa cavando em suas costas enquanto
ele se inclinava sobre ela. Tamira podia sentir a coroa cogumelada de seu
membro cutucando entre suas polpas. Um delicioso arrepio percorreu suas
células nervosas. Antes que mesmo um som pudesse deslizar para fora de seus
lábios entreabertos, Rafe adentrou seu sexo escorregadio.
“Ughh”, ela resmungou, o ar correndo de seus lábios enquanto ele continuou a
empurrar para dentro dela, alongando e enchendo-a. Ela queria implorar, dizer a
ele que ela precisava de tempo para se ajustar a sua cintura, ela precisava de
algumas respiradas antes que ele... Mas não, ela sabia que não devia pedir
tempo. Seu amante robusto recuou e mergulhou com um gemido profundo,
satisfeito. Os joelhos de Tamira puderam apenas dobrar, e suas mãos cravaram
na parte superior de couro do banco. A sensação dele era requintada, bombeando
profundamente dentro dela, fazendo-a sentí-lo até o mais profundo de seu túnel.
Ele se inclinou e pressionou beijos quentes em sua coluna, fazendo-a gemer e se
inclinar para trás em seus golpes, conseguindo mandá-lo ainda mais para dentro,
se é que isso era possível. Os sons carnais de sexo, uma sinfonia de paixão
composta de deslizadas e estapeadas, levaram Tamira a novos patamares de
excitação e prazer.
Ela não podia lutar contra os tremores sobrecarregando seu sistema, sentindo-
os sinalizarem sua erupção chegando. Rafe escolheu aquele segundo para tirar
dela e ela quase gritou. Esse homem estava tentando matá-la? Ela finalmente
havia conseguido o que queria, aquele clamor áspero e desenfreado, e agora
isso? Sua risada sombria por trás dela a dizia que ele gostava da tortura, e sem
pensar ela se endireitou, as mãos se movendo fora do banco enquanto ela girava
em volta.
“O foi que eu disse?” Aquela voz firme, sequer levantando uma oitava, fez
Tamira congelar. Uh oh. Em seguida, ela gritou, enquanto Rafe batia a bunda
com tanta força que o formigamento se espalhava até os dedos dos pés.
“Não me desafie, nunca. Agora você vai ver o que acontece. Mãos no banco.“
Tamira não tinha que olhar para ele para sentir a sua autoridade fria, enviando
calafrios pelas suas costas. Ela inclinou-se e voltou para a posição, tremendo
ligeiramente com medo, excitação e necessidade.
“Em breve ficarei desequilibrado, Tamira. Você faz isso comigo. Devo pegar
leve com você desta vez?”, Ele murmurou, mergulhando as mãos entre as pernas
dela e acariciando-a languidamente. Por que o seu toque suave, até mesmo o tom
leve, a deixavam ainda mais apreensiva? Acho que gostava mais quando ele
rosnava ou gritava, ou me batia, pensava Tamira com um tremor.
Agora ela tinha que esperar, respiração aceleradamente, enquanto suas mãos
deixavam o seu corpo e ela o ouvia abrir uma gaveta. Ele parecia estar rasgando
alguns pacotes, e a antecipação e preocupação dela cresceram. Isso pode ser algo
muito bom ou muito ruim, ela trastava...
Desta vez, quando sua mão voltou ao seu corpo dela, voltou no local menos
esperado. Tamira quase saltou um pé quando sentiu um líquido frio em seu
pequeno botão enrugado. “R-Rafe?”
“Shh. Nós conversamos sobre isso. Lembra? Confiança. E é uma via de mão
dupla. Confiar em mim para saber o que é certo para você, e então confiar em
mim para parar quando você usar a palavra de segurança. Seja qual for o caso,
mantenha a calma.”
Tamira concordou e puxou mais a respiração. OK. Tudo bem. Ela podia fazer
isso. Rafe nunca machucaria intencionalmente, ela tinha certeza disso. Obrigou-
se a relaxar, sentindo ansiosa agora para o que viesse a seguir.
Ele espalhava mais da umidade entre suas bochechas, e Tamira achei que era
algum tipo de lubrificante. Ela relaxou ainda mais quando os lábios de seu
amante traçaram calorosamente pelo seu pescoço. Seu corpo estremeceu ao
senti-lo sondar sua entrada proibida, passando um dedo dentro. Tamira engasgou
alto.
Ela sequer pensava em parar esta invasão lasciva, mesmo quando minutos
depois, ele escorregou um segundo dedo para dentro. Ao mesmo tempo, a mão
livre viajou a carne dela, apertando os seios, acariciando a barriga, dando
tapinhas em seu clitóris, e provocando suas dobras lisas. Cada sensação
misturava e rodopiava, virando a mente em um farra colorida de neurônios.
Ela logo acolheu os dedos impertinentes, evidenciada na forma em que seus
músculos do esfíncter resistentiam menos e mais esticado. “Agora é a hora do
seu pequeno presente”, Rafe anunciou em um estrondo.
Tamira estava tremendo quando ela sentiu os dedos de Rafe saírem enquanto
ele estendia a mão para um item na prateleira próxima. Do canto do olho Tamira
fitou o vislumbre de um pequeno, objeto prata de formato cônico brilhando na
sala escurecida. Espera, espera – o quê?
Rafe evidenciava uma risada um pouco rouca, como se ele gostasse de sua
consternação evidente. “É um plug anal vibrador, caso você esteja se
perguntando. Não se preocupe, é a versão para iniciantes. Pronto, baby?”
Não! De jeito nenhum. E ainda…
"Sim. Por favor, papai. Coloque-o em mim.”
Mais uma vez sua risada sombria, sua mão vagando sobre sua bunda em uma
aprovação em forma de carícia. “Adoro quando você me chama assim. E você é
a menina sexy do papai, não é? A minha bebê.”
“Mmm hmm”, ela gemeu em assentimento. Ok, o modo “Tamira Louca”
estava ligado. Ela não podia lutar contra isso mesmo se tentasse. Metade dela
possivelmente achava que esta era apenas a versão “perdida no escuro” dela,
uma fantasia bizarra, e ela decidiu simplesmente deixar rolar. E se não, ela podia
cair fora com a palavra de segurança, assim como Rafe havia discutido com ela
antes que eles começassem.
Agora ela sentia – Rafe empurrando o brinquedo para além de seu anel anal,
acariciando o interior superficialmente apenas com a ponta. Tamira deixava se
entregar à experiência. Não apenas de se sentir invadida e um pouco cheia no
lugar mais inesperado, mas também de se entregar nas mãos confiáveis de seu
amante, moldando-a a sua visão do que o corpo dela ansiava. E sim, ela desejava
isso.
Isso. A sensualidade de ter o plugue finalmente incorporado dentro de seu
traseiro e sentindo os diferentes níveis de um chocante prazer enquanto Rafe
mergulhava no seu buraco continuamente com ele. Justamente quando ela
pensou que nada poderia até mesmo superar isso, ele deu-lhe uma surpresa.
Primeiro, ele a fez levantar-se e atravessar a sala até a cama. Com o plug
dentro dela. Era excitante! Ela descobriu que gostava da emoção de ter o objeto
estranho incorporado em seu lugar secreto, dando apenas uma sugestão de
plenitude sem ser desconfortável ou assustador. Ela ficou maravilhado como ele
ficava no lugar enquanto ela se movia, e como o contorno elegante de aço gerava
uma sensação tão boa dentro dela.
Quando Rafe ordenou-lhe para apoiar as mãos e joelhos na cama, aí que ela
começou a tremer. Ele a tinha tão molhada, tão elevada em excitação e com
ele. Ele se ajoelhou atrás dela, pressionando os ombros para nívelá-los com o
colchão. Então ela o sentiu alinhar a ponta do seu eixo que estava duro como
pedra em sua fenda, fazendo-a ofegar em respirações curtas e rápidas.
De repente, ele apertou um botão e a função de vibração do plug veio, no
mesmo momento em que ele adentrou sua vagina já pronta com a sua grande e
dura ferramenta.
Tamira gritou, o corpo embalada pelo assalto sensorial infinito em seu sistema
nervoso. Seu cérebro guerreava entre o prazer e a dor, e ela resistiu e engasgou
pela feliz sobrecarga.
“Não lute contra isso. Eu quero que você sinta tudo o que há para sentir,
querida.” A voz de Rafe parecia vir de anos luz de distância. Tamira sentiu a
vibração pulsar a borda interna de seu traseiro, enquanto Rafe pegava velocidade
empurrando aquele eixo diabólico dentro da delicada vagina. A sensação de
saciedade se multiplicava mesmo quando Rafe aumentava a potência das
vibrações. Tamira gritou novamente.
Ela estava empurrando contra ele, pedindo-lhe para ir mais fundo, mais
rápido. Tamira fechou os olhos, esquecendo tudo, exceto Rafe e as coisas carnais
decadentes que ele fazia ao seu corpo. Seus dentes se afundavam no travesseiro
sob sua bochecha, enquanto sua mão chegava por trás dela para agarrar o
antebraço de Rafe aonde sua mão se encontrava com seu quadril enquanto ele a
possuía. Ele jogou para o lado o controle remoto, deixando o plug cantarolando
dentro dela, e estendeu uma mão para repousar em seu seio, puxando-a para o
seu peito.
A espinha dela dobrava para trás em um ângulo impossível, a mão de Rafe
serpenteava sobre seu corpo, fazendo uma pausa para beliscar e apertar os
mamilos sensíveis, e em seguida, pega seu ombro duro enquanto socava nela.
Tamira jogou a cabeça sobre o ombro, deixando-o rosnar carinhos doces em seu
ouvido, dizendo-a o quão doce e apertada ela era, e como ele podia sentir o
pulsar da vibração na bunda dela, refletindo na maneira como ela pulsava ao seu
redor em ansiosos espasmos. Ele a chamava de menina suja por amar tê-lo
profundamente dentro de seu túnel enquanto amava o brinquedo na bunda dela
ao mesmo tempo. Tamira não podia sequer pensar em negar, porque, bem, era
verdade. Ela adorava as emoções e arrepios poderosos que aquilo a dava, o
vibrador anal massageando contra nervos dentro dela que ela nunca soube que
tinha, enquanto a longitude grossa de Rafe sondava sua vagina até o fim. O
prazer se tornou um fenômeno lancinante e até mesmo perigoso, e a cabeça de
Tamira nadava nele. Ela não podia sequer distinguir seus gemidos de seus
soluços. Ela ouviu os próprios gemidos guturais de Rafe com cada impulso
dentro dela, e ela sabia que ele estava tão perto da beira da infinidade quanto ela.
Tamira podia se sentir ficando mais molhada, podia ouvir os sons esmagantes
do eixo de Rafe bombeando furiosamente dentro e fora de sua vagina
contraindo. O zumbido subjacente da vibração anal ecoou no fundo, somando-se
ao crescendo já pesado. Seu quadril se movia com o de Rafe, com a intenção de
desenhar cada sensação até a última gota. Ele estava certo, ela precisava sentir
tudo, e caramba, ela sentiu tudo até o osso.
Como sempre, Rafe sabia exatamente quando a levar até os últimos
entalhes. Ele levou a mão para baixo da sua frente para provocar seus lábios,
pedindo às dobras dela por mais umidade, que então revestiu seu clitóris
copiosamente. Fechando os dedos com força sobre esse botão dolorido, ele
aplicou o perfeito grau de pressão para atingir algum gatilho desconhecido no
seu núcleo mais íntimo.
Tamira gritava de orgasmo, cada músculo dela palpitava enquanto ela surfava
sobre as ondas, segura pelos poderosos braços de Rafe. Mais algumas
bombeadas de seus quadris e ele veio também, forte. Tamira sentia cada pulsar
de sua masculinidade, enquanto ele passava por dentro dela, fazendo com que
ambas as entradas espasmassem em resposta, enquanto ela gozava de novo. A
intensidade de sua liberação contínua beirava a dor, enviando-a para um espaço
profundo e escuro por um momento até que Rafe mordeu o ombro dela e ela teve
sua pegada de volta ao seu lugar de sanidade.
“Ssh”, ele confortou perto de sua orelha, enquanto as lágrimas de felicidade
corriam pelo rosto dela e os gemidos eram derramados pelos lábios
trêmulos. Completamente mole, Tamira podia meramente existir, nem mesmo
pensar ou respirar. Então Rafe saiu dela gentilmente, também desligando a
vibração e cuidadosamente puxando-o para fora dela. A sensação vazia a pegou
de surpresa, e ela retornava ao pensamento enquanto até mesmo perder a dupla
sensação de plenitude era uma sensação intensa.
“Você fez tão bem, Tamira. Minha boa e linda menina. Agora deixe-me
mostrar uma coisa“.
Tamira sequer tentaria adivinhar o quê, sabendo apenas que seu amante
carregado dificilmente tinha terminado o que fazia com ela ainda. Ele agarrou
um punhado de seus cabelos e arrastou-a para fora da cama e do outro lado da
sala para o espelho de corpo inteiro mais uma vez. Em pé atrás dela a fez ver seu
reflexo enquanto puxava seu cabelo e levantava-lhe o queixo, com os olhos dela
encontrando os dele no espelho. Agora ela podia ver o que Rafe viu. Seu rosto e
peito reluzentes, não apenas da transpiração, mas do banho entusiasmado de seu
eixo. Entre as pernas dela, o suco brilhante a cobria até os joelhos. Ela nunca
tinha sequer sonhado que seu corpo poderia produzir tanta umidade a partir da
excitação e do orgasmo.
Ofegando em temor, chocada com si mesma, Tamira via Rafe observá-la,
enquanto beijava o ponto atrás da orelha dela. Sua mão, claro e convincente,
começou a arrastar para baixo de seu estômago até estar entre as pernas dela,
acariciando seu clitóris. Tamira não podia acreditar que ela estava excitava
novamente! Excitava pelo toque de Rafe, por sua autoridade sendo afirmada em
termos claros enquanto ele parecia dizê-la que ela ainda tinha mais um
orgasmo. Ela não acreditava que fosse humanamente possível, mas parecia que
estava errada.
Seu sentimento de luxúria envergonhado escalou até o prazer enquanto ele
acariciava seu clitóris com habilidade irresistível. Êxtase e liberação
arrebatadores vieram em seguida.
Enquanto ela se desfazia, ele a mantinha na posição vertical e presa contra ele
com aquele braço forte em volta da cintura. Tamira estava ofegante por entre os
lábios abertos, lábios que ele traçou com os dedos que ele tinha tirado de seu
sexo encharcado. Por reflexo, ela chupou os dedos, saboreando sua essência
neles. Rafe rosnou sua aprovação em seu ouvido. “Eu sou dono do seu desejo, de
cada pequena e vil fantasia oculta sua. Você é minha agora, Tamira.”
Tamira só podia gemer, sentindo-o virar a cabeça para o lado, com a mão no
queixo, e bater os lábios nos dela.
...Muito, muito mais cedo, quando acabavam de chegar, Tamira tinha se
sentido um pouco sobrecarregada pela estranha aparência dos móveis, aparelhos
e equipamentos. A configuração de todo o ambiente, no entanto, era
completamente elegante e ultramoderna, embora não houvesse nenhuma dúvida
do propósito para o qual aqueles arredores eram. Era para ser o espaço privado
de jogos eróticos deles, uma galeria de dominação de luxo, com uma série de
salas que exibiam os itens mais emocionantes da aventura sensual.
“Nós não temos que fazer nada, basta olhar em volta”, Rafe disse, lendo
corretamente sua descompostura. “Meu plano inicial, de qualquer forma, era
simplesmente te mostrar tudo e pedir a sua opinião.”
"É incrível. E não é que eu estou com medo, eu só...”Tamira havia mentido,
ela sentia medo, mas principalmente com o quanto as vistas ao redor dela
desencadeavam algo perigoso e sombrio dentro dela. Algo que ela não estava
pronta para admitir ainda. Que ela tinha medo daquele ponto sem volta, onde ela
iria perder mais de si do que ela poderia suportar.
Ela virou-se para Rafe enquanto ele a tomava em seus braços.
Ele segurou seu rosto, abaixando a cabeça para encontrar seu olhar
cabisbaixo. “Eu sei, Tamira. No entanto, estes são apenas componentes,
detalhando à sua vontade. Eles não são essenciais para o que podemos
compartilhar. Hoje à noite, tudo o que precisamos é de você e eu.”
E ele estava certo. A partir do momento seguinte, quando ele a puxou para
perto e a beijou, Tamira já se sentia dominada, confinada por laços invisíveis que
só Rafe tinham poderes para exercer.
Nenhum outro homem a fez se sentir do jeito que ele fez. Nas semanas
seguintes depois daquela noite fatídica, enquanto ele a guiava pacientemente
através do emocionante labirinto sombrio de sua personalidade submissa, Tamira
reconhecia a verdadeira consideração de Rafe sobre ela.
Mas aí, ela começou a se convencer de que este era apenas uma pequena
aventura da qual ela podia se entediar. E mesmo que ela não se entediasse,
mesmo quando as coisas terminassem entre ela e Rafe, ela dizia a si mesma que
ela sempre encontraria maneiras de manter se entregando a essa nova busca do
desconhecido. Haveriam outros caminhos, outros amantes para explorar esse
novo mundo, certo?
Ela só não jamais sonharia que, ao dar a Rafe autoridade sobre a mente e o
corpo dela, ele iria lentamente começar a capturar seu coração também. No
momento que ela percebeu o que estava acontecendo, já era tarde demais. Como
podia ter sido tão tola de pensar que ela poderia, com sucesso, se manter em
cheque? Algumas coisas, como ela logo percebeu, nunca estiveram realmente
em seu poder para determinar...
Capítulo Onze
Poucas semanas depois de assumir o projeto, Tamira tinha que dizer que era o
mais excitante e desafiador que já havia enfrentado. O Grupo Cavendish estava
pondo muita atenção em seu departamento de marca esportiva e Tamira estava
definitivamente sentindo tanta pressão quanto o CEO, Rafe Cavendish.
Para um estilo de roupa que tinha sido extremo sucesso há alguns anos,
Tamira estava determinada a trazer algo novo e revitalizador para o jogo. A visão
dos Cavendish para a sua marca era mais high-end do que para o mercado de
massa, e se fosse possível ela iria fazer até mesmo o mundo dos designers se
antecipar e nota-los. Sim, ela estava planejando colocar a marca Cavendish no
mesmo alto nível que qualquer um dos grandes nomes que circulavam por aí.
“Quero que os compradores vejam isso como mais do que apenas uma
tendência. Eu posso ver um momento onde a marca poderá definir preços
altamente luxuosos, fazendo frente até mesmo com as outras grifes. Estou
mirando alto demais?” Tamira deu um sorriso a Rafe que estava sentado em
frente a ela. Eles estavam tendo uma de suas reuniões habituais com o resto da
equipe da empresa dele e os dela.
“Você é a diretora de moda. Você que manda“, disse ele, devolvendo o sorriso
fácil. Um frisson de consciência ondulou entre eles, indetectáveis por outras
pessoas na sala.
Tamira tremeu por dentro. Ela tinha que admitir que estava intrigada com essa
nova dinâmica. A emocionava que Rafe estava a par do seu eu interior, sabendo
que ela tinha lados diferentes e que ela poderia brincar com suas fantasias
submissas à portas fechadas, mas manter a sua personalidade assertiva na vida
cotidiana.
Foi gratificante saber que suas escolhas sexuais poderiam ser distintas de
outros aspectos do seu estilo de vida como o trabalho, amizades e família.
Tamira sabia que, como Rafe ela definitivamente queria manter suas fixações
excêntricas em privado, no lugar delas. Assim, ambos poderiam manter sua
interação de negócios interagindo da forma mais convencional possível,
ninguém nunca adivinharia o que eles faziam sempre que as oportunidades
permitiam.
No entanto, Tamira descobriu que não havia nenhuma maneira que a
permitisse esconder completamente a verdade de Nisha. Nisha ficou surpresa ao
descobrir que eles estavam de alguma forma romanticamente ligados, embora
Tamira rapidamente tenha a corrigido de que não havia nenhum romance
envolvido.
“Então você não diria exatamente que estão namorando?” Nisha perguntou
curiosamente. Elas estavam jantando durante uma das suas noites femininas que
faziam questão de manter várias vezes ao mês.
“Não, eu não chamaria exatamente disso”, Tamira murmurou, pausando
quando seu prato de aparência deliciosa de sashimi para dois chegou com os
acompanhamentos de dar água na boca igualmente. Uma vez que o garçom tinha
ido embora, Tamira continuou, “Quero dizer, sim, nós podíamos passar tempo
jantando ou vendo um jogo. Às vezes nós conferimos o que está acontecendo no
mundo das artes, vamos a alguns shows que interessam a nós dois. Mas o
romance? Nah-nah. Nem de aparência.”
“Oh. Tipo, há flores, carinhos doces e abraços – e sexo nu e cru sempre que
vocês tem chance?”
Tamira apenas engasgou com o gole de soju ao ouvir essas palavras. Nisha
olhou para ela com um toque irônico à boca. “Sou mais perspicaz do que você
imagina, Srta. Fontaine. Quero dizer, vamos lá, olha esse cara. Ele parece
loucamente sexy e perigoso. Confie em mim, eu tenho minhas próprias teorias
sobre o que vocês dois, possivelmente, fazem quando ninguém está olhando.
Tem algo em seus olhos, especialmente quando ele olha para você achando que
ninguém está vendo “.
Tamira apressadamente encheu sua boca com mais do arroz de sushi estilo
Coreano e quase raspou os dentes nos pauzinhos tentando esconder o embaraço.
Não era pra menos que Nisha era uma assistente tão meticulosa. “Será que nada
passa batido pelos seus olhos?” Tamira suspirou.
Nisha sacudiu a cabeça com os lábios torcendo presunçosamente. "Não muita
coisa. É por isso que você confia tanto em mim, e consequentemente me paga
tanto. Eu mantenho o meu nariz no chão o tempo todo. E isso me faz lembrar.”
Tamira piscou quando Nisha sentou-se para a frente com uma súbita
empolgação. “Você já ouviu sobre o que tem acontecido no meio do Grupo
Cavendish?”
"Não o quê? Ainda estamos algumas semanas para apresentar a marca
esportiva na loja matriz de Nova Iorque. O projeto está indo bem, então...”
“Bem, isso é apenas um boato e tem mais a ver com a empresa como um todo.
Pelo que eu consegui colher de informações, a mãe de Rafe, Sylvia Cavendish,
convocou uma reunião de emergência do conselho. Ninguém sabia do que se
tratava, pois era altamente privada. Mas já se espera alguma grande notícia.”
“Você acha que Rafe será de alguma forma envolvido? Quero dizer, ele tem
essa grande estréia chegando, e eu acho que eles têm altas esperanças nesse
sucesso”, Tamira pensou, mordendo o lábio inferior.
“Como eu disse, ninguém sabe realmente. No entanto, você poderia perguntar
Rafe.” Então Nisha parecia mudar desconfortavelmente. “Quero dizer, bem, se
vocês dois não são exatamente um casal, então pode parecer um pouco intrusivo,
né, perguntar a ele sobre algo tão pessoal?”
Tamira começou a parecer desconfortável. Ela imaginava exatamente quando
a reunião havia acontecido e por que Rafe não tinha mencionado. Tinha que ser
importante, mas ele manteve em segredo dela – mesmo com eles se falando e se
encontrando algumas vezes por semana.
Escondendo sua estranha sensação de mágoa, Tamira riu levemente. “Talvez
não seja nada no final das contas. Afinal, Sylvia Cavendish é sua mãe. Não é
como se ela pudesse querer colocar sua posição em risco. Seja qual for a relação
com essa grande notícia, não vai afetar Rafe.”
“Bem, já que você está tão certa disso”, disse Nisha, soando um pouco
duvidosa, mas sem insistir já que sorria para Tamira e, em seguida, sugeriu que
terminassem de aproveitar o sushi.
Capítulo Doze
Tamira se sentia mais magoada do que havia percebido sobre a tal reunião de
emergência e sobre Rafe não mantê-la informada, mesmo uma semana depois
que supostamente havia acontecido. Talvez Nisha tinha ouvido os rumores
errado e não havia a tal grande notícia ou motivo para se preocupar com a
reunião. Da parte de Rafe não parecia perturbado de forma alguma por qualquer
coisa e era o mesmo de sempre. Tamira podia se permitir confiar que não havia
notado nada de diferente no seu exterior calma e contido?
Cada vez que ela deixava isso incomodá-la, na mesma hora se achava uma
tola. Se Rafe sentia que alguma parte de sua vida não era da conta dela, ela tinha
que respeitar isso. Ela tinha concordado com as regras que eles estabeleceram no
início, e como eles mantinham o papo de negócios nos negócios, e o jogo
totalmente dentro do jogo. Sem promessas ou expectativas – e, definitivamente,
sem reclamações desnecessárias.
Tamira não sabia como ela se sentia, porém, acerca de um certo
desenvolvimento recente. Ela estava ocupada atualizando o status das mídias
sociais dela, graças a algumas novas idéias que ela pensava em mostrar em seus
feeds online. Rolando a sua linha do tempo abaixo procurando algo interessante,
ela esbarrou com uma foto que deixou sua mente congelada.
Tamira tinha começado a seguir Rafe no Instagram logo depois que eles se
encontraram – para fins oficiais, é claro. Ele tinha uma sequência invejável,
graças não apenas a sua marca de moda atlética e estilo pessoal, mas seu estilo
de vida motivacional e metas fitness. Seja escalada ou concluir aquela dieta mais
recente e desafios fitness, havia sempre uma grande mensagem na qual seus
seguidores poderiam buscar incentivo, e Tamira admirava isso.
Ele mantinha a maior parte da sua vida pessoal fora do circuito, e por isso não
havia qualquer coisa que desse alguma dica sobre seus relacionamentos ou status
sentimental. O único aspecto de sua privacidade que ela já teve conhecimento
eram algumas poucas fotos dele e da sua irmã mais nova, Jana Cavendish.
Descobrir que a bela adolescente foi uma ginasta na equipe feminina nacional
Junior tinha sido uma surpresa, e as fotos de Rafe orgulhosamente ao lado de sua
irmã depois que ela havia ganho uma medalha em um campeonato recente
Mundial tinha sido reconfortante. Deixou Tamira a pensar na primeira noite que
ela havia conhecido ele e a menção de sua irmã que, no passado, muitas vezes
havia tropeçado e torcido o tornozelo.
Tamira se sentia mal de ter duvidado dele ali. Mas agora era uma questão
totalmente diferente. Ali estava ela, olhando para uma foto que ele tinha sido
marcado. Tamira mal podia acreditar em seus olhos, vendo Rafe sentado em
algum restaurante com a modelo de elite Elise Morgan. A morena era uma
supermodelo veterana e se sentava rindo com aparência vislumbrante ao lado do
igualmente notável Rafe enquanto eram fotografados através de um bistrô de
aparência singular.
Que diabos era isso? Tamira sacudiu a cabeça para limpar sua raiva e pediu a
si mesma que se contivesse. A revista de fofocas ter postado a imagem fez com
que algumas especulações acerca de o CEO bilionário e a modelo formarem
algo. Tamira só precisava olhar através do primeiro dentre inúmeros comentários
para ver que a opinião beirava entre o quão bom casal eles pareciam ser e o quão
lindos eles soavam juntos se fosse verdade.
Expelindo uma respiração, Tamira não se preocupou em ler mais e disse a si
mesma para não dar à foto um segundo pensamento. Então, o homem estava
almoçando com uma linda modelo. Não era como se ela tivesse pego ele a
traindo ou na cama com alguém. Pode ser que eles eram apenas amigos fazendo
um social, ou talvez até mesmo negócios.
Então Tamira se esfriou novamente pensando consigo mesma como ela
poderia possivelmente saber o que chamar de “traição”, se ela sequer estava em
um relacionamento real com o homem? Mas então... ela estava realmente bem
com tê-lo indo em almoços com outras mulheres, quando não havia
explicitamente expresso o que mais aquilo significava ou no que aquilo poderia
resultar?
Onde ele poderia estar agora, mesmo? Talvez fora por um fim de semana em
um cruzeiro de iate com a tal modelo, ou talvez em alguma praia da moda no
Caribe? Não era isso que jovens bilionários gatos faziam com supermodelos?
“Você realmente precisa reduzir seus melodramas de TV ou romances picantes
e tudo o mais de onde essa sua imaginação louca brota”, brincou Nisha quando
ela chegou no escritório e a Tamira fumegante a contou sobre isso. Nisha via a
postagem e sacudia a cabeça, enquanto a encolhia. “Bilionários gostosos são
vistos com modelos o tempo todo. Talvez seja algum golpe de publicidade ou
talvez eles sejam apenas amigos. Afinal, eles provavelmente frequentam os
mesmos círculos e poderiam naturalmente manter contato. Tenho certeza de que
não há nada de sinistro envolvido. Eu poderia descobrir para você, se quiser.”
Tamira se sentiu como uma idiota imediatamente. "Deixa pra lá. Eu nem sei
por que estou agindo assim. Não é como se eu fosse dona dele. Que inferno!”
Ela bateu as mãos em cima da mesa e ficou de pé. “Como se eu não tivesse
problemas o suficiente. Meus pais ligaram novamente me pedindo para passar o
fim de semana com a família daqui a poucos dias. Eu perdi o último e eles não
estavam muito satisfeitos com isso.”
“Você acha que eles vão começar com as agulhadas sobre você se acalmar e
dar-lhes netos?” Brincou Nisha astutamente.
“Eu estou tão cheia de tudo isso. Eu não tenho sequer trinta, nem perto disso,
e eles já estão me deixando com complexo de solteirona.”
Nisha riu e pegou o café pela metade, agora gelado, de Tamira da mesa para
levar. “Você é a única filha deles, e eles te tiveram tarde. Eles provavelmente
estão preocupados de ficarem muito velhos e corcundas quando você decidir
quer será o seu Sr. Certinho “.
“Minha carreira vem em primeiro lugar no momento”, Tamira disse com
firmeza. “Marido e filhos são o tipo de diversão para a qual eu não estou
equipada ou sequer tenho tempo. Eu mal consigo me manter com os meus
inúmeros projetos atuais.”
“Às vezes, sabe, o sucesso não é tudo. E se o amor, e um bebê, apenas calhar
de acontecer?” Nisha perguntou, quase melancolicamente. Então ela suspirou
antes que Tamira pudesse pensar em uma resposta. Sorrindo, Nisha acrescentou:
“Vou pegar outro café. Eu sei que você odeia quando está frio.”
"Obrigado. Eu estava muito ocupada, obcecada com Rafe Cavendish e suas
façanhas com modelos “, Tamira disse ironicamente. “Você acha que eu estou
obcecada?”
Nisha se virou na porta para encarar Tamira, que se sentiu mais incerta e até
mesmo vulnerável do que jamais podia lembrar.
“Para alguém que agia como se ele fosse apenas um cliente de negócios com
benefícios, sim.” O olhar provocante de Nisha foi coberto com um sorriso bem-
humorado, quando ela finalmente saiu do escritório, fechando a porta atrás dela.
Tamira balançou a cabeça e virou-se para ficar ao lado da janela, seu sorriso
desaparecendo lentamente enquanto ela contemplava. O que havia de errado
com ela?
Sua cabeça estava por todo o lugar. Algumas coisas que Nisha havia dito
voltaram à mente. O sucesso não é tudo. Claro, Tamira sabia disso. Ela gostava
da idéia de se apaixonar, ter um futuro com alguém como qualquer um faria.
Ela não podia deixar aquilo ser a sua prioridade no momento. Ela era muito
ambiciosa e independente para esperar por algum príncipe encantado para pegá-
la no colo. Ela sabia muito sobre ter que seguir mesmo sem as coisas mais
básicas da vida, e agora que ela tinha conseguido, ela queria ter tudo.
No entanto, algo estava faltando.
Essa pequena voz surgiu do nada, e Tamira suspirou. Ela não devia deixar
essas coisas chegarem até ela. Ela estava no topo do seu jogo, respeito e
notoriedade de seus contatos e do campo onde ela escolheu para lutar. Ela estava
fazendo progressos como uma mulher e assegurava que desempenhava seu papel
como modelo de regra para outras. Que importava se ela se sentia um pouco só
de vez em quando?
Ela seria louca por querer mais do que ela já havia sido abençoada. Ela não
iria tentar a sorte esperando ter um ótimo relacionamento com um homem
perfeito em algum lugar, talvez não ainda. O mesmo servia para a “coisa” dela
com Rafe. Ela não devia sequer estar pensando em ter qualquer tipo de desígnio
com ele. Ele deixou claro que eles tinham um arranjo sem compromisso, onde
durante algumas horas por semana eles jogavam seus jogos de dominação e
submissão e só.
Ainda assim, a foto dele e Elise a tocava no lugar errado. Então ele queria
encontros com supermodelos, é?
Talvez ela iria a um encontro com um desses bacharéis com quem sua mãe
estava sempre tentando juntá-la. Afinal, não teria nada a ver com sexo, apenas
uma saída, como Rafe poderia fazer com Elise e quem quisesse.
Tamira ainda estava se sentindo um pouco irritada quando houve outra reunião
com Rafe e sua equipe. Ela era boa em esconder isso durante todo o tempo em
que eles lidaram com o andamento do projeto. O grande evento foi se
aproximando, e a emoção estava crescendo junto com a tensão. Mais tarde,
quando todo mundo tinha ido embora e Rafe voltou para pedir a Tamira para sair
e jantar com ele mais tarde, ela estava feliz por ser capaz de dar-lhe uma recusa.
“Eu vou sair para a casa dos meus pais assim que terminar com o trabalho
hoje. Eu vou passar o fim de semana com a família, então...” Ela deu de ombros
e tentou não parecer muito feliz com isso.
"Compreendo. Teria sido bom, no entanto, ter uma ou duas horas de sua
companhia“, disse ele.
Tamira não ia ser refreada por esse sorriso matador e charmoso. “Oh, eu tenho
certeza de que você vai encontrar distrações dignas. Ouvi dizer que você e Elise
Morgan estão ficando bastante íntimos. Talvez ela estará livre.”
Os olhos de Rafe se estreitaram por um momento enquanto ele parecia tentar
colocar o nome. Tamira estava louca para bater naquele rosto lindo demais por
agir como se ele tivesse se esquecido de quem era!
Então a realização parecia iluminá-lo, e ele teve a audácia de sorrir. “Confie
em mim, não é o que você pensa. Acho que você já viu fotos ou ouviu algumas
coisas. Não se deixe levar por isso.”
“Eu acho que você não entendeu”, Tamira disse alegremente enquanto ia atrás
de sua mesa para disfarçar folheando alguns projetos. “Eu estava apenas curiosa
como você poderia querer companhia quando, obviamente, você tem caminhões
de opções.”
“Eu sei o que pode parecer, mas realmente não é nada”, disse ele. “Elise é uma
modelo veterana e tem sua própria linha de roupas que está vendendo bem, e tem
o tipo de estilo único que é uma mistura de tecnologia e moda. Minha equipe
estava considerando a criação de um lookbook para a próxima linha com
algumas das nossas colaborações com Elise, se ela concordasse com isso.”
“Oh, eu tenho certeza que ela vai. Quando se trata de 'cortejar' pessoas para
sua causa eu diria que os seus métodos de persuasão são louváveis”.
Ele inclinou a cabeça com aquele sorriso de quem já sabe de tudo sobre o seu
rosto, como se ele pudesse ler através daquela ligeira manhosidade e se
divertisse com ela. “Eu não entendo”, murmurou Rafe. Ele tinha chegado perto –
muito perto e ainda assim não a havia tocado. Em vez disso, se inclinou e virou a
página seguinte da pasta que ela estava fingindo ler. Seu perfume picante atingiu
o fundo de sua garganta e a fez babar. Ela queria lamber seu rosto, tanto quanto
ela queria estapear!
“Foi você quem pensou na idéia de alta costura de luxo para a marca.
Trazendo para Elise, que se transformou com sucesso de modelo a designer no
mesmo mercado, eu pensei que você fosse aprovar.”
As bochechas de Tamira coraram ligeiramente. “Eu acho que você só acha que
eu estou com ciúmes”, ela desabafou e, em seguida, sentiu como estivesse se
chutando. A última coisa que ela precisava era parecer pegajosa e insegura. E daí
que seu tempo com Rafe era mais por trás dos panos? Eles saíram juntos, mas
estavam sempre a altura da discrição, e nunca houve uma chance de ser
descoberto por fãs paparazzi intrometidos ou fãs curiosos. Por que isso a fazia se
sentir como se fosse o pequeno segredo sujo dele? Ela já tinha concordado
totalmente com eles manterem o seu envolvimento em segredo graças aos seus
laços comerciais, mas e agora? Não tanto.
“Tamira, estou ciente de que Elise é uma mulher muito bonita”, disse Rafe,
interrompendo seus pensamentos quando ele gentilmente afastou uma mecha de
seu cabelo atrás de seu ombro, expondo seu pescoço. Inclinando-se, ele se
aninhou perto de seu ouvido, acrescentando com voz rouca: “Mas eu
simplesmente não penso nela daquela maneira”.
A respiração de Tamira tinha engatado no peito, e de repente seus mamilos
pareciam muito apertados e dolorosos. “Que maneira?” Ela tentou fazer sua voz
soar normal, mas saiu mais como um guincho.
“Da maneira que eu penso em você.”
Seus lábios se moviam para pastar sobre os dela, mas Tamira virou seu rosto,
e aí seus lábios pousaram lá. Ela ainda estava brava com ele. “Então, você está
dizendo que vocês não são como, um relacionamento.”
Rafe riu. "De jeito nenhum. Já com você... Eu tenho uma coisa séria.” Desta
vez ele segurou seu queixo e virou o rosto dela para o seu novamente e capturou
sua boca em um beijo. Os lábios de Tamira lentamente se separaram por baixo
dos dele, um longo suspiro profundo, escapando.
A trava sensual dos lábios estava cheia de doçura e calor provocante. Tamira
não queria ser carregada por isso, mas porra, ele beijou tão bom.
“Ainda podemos fazer o jantar?”, Ele murmurava sedutoramente contra seus
lábios. “Eu vou cozinhar.”
Ela gemeu e, para culpa dela, se empurrou contra aquele peito muito-muito-
tentador. “Eu realmente tenho que estar lá neste fim de semana, com meus pais.
Eles provavelmente viriam atrás de mim se eu perdesse outra reunião de
família.”
“Então eu vou buscá-la e levá-la para lá. Pelo menos isso vai significar mais
tempo com você. Apenas conversando. Eu sinto falta disso.” Rafe tinha um
sorriso provocante enquanto roubava um beijo rápido de seus lábios e se
endireitava.
Tamira teve que desviar o olhar e pressionar uma mão em seu peito por um
momento antes de tossir e se sentar na cadeira. Este homem encantador, fazia
seu coração vibrar. Por que ele diria algo tão doce? Tamira teve que pensar
naquela primeira noite em que se conheceram e como tinha sido tão natural,
rindo e falando sobre aquele pedido no meio da madrugada enquanto assistiam
episódios de seus programas favoritos em sua TV na sala de cinema. Ela nunca
havia se sentido tão confortável com alguém, e eles compartilhavam uma
conexão tão emocionante.
Ainda parecia tão estimulante simplesmente partilhar a sua companhia e expor
as suas opiniões e simplesmente relaxar, apesar do sexo louco deles ser o que
mais se destacava quando estavam juntos. Mas Tamira estava começando a
suspeitar... uma das principais razões pelas quais o sexo era tão bom e vivificante
era porque para ela havia tornado-se mais do que sexo. Ela vinha para cuidar
dele como mais do que apenas uma amante, e o que eles compartilhavam não era
vazio e apenas por diversão.
Ela poderia tentar fazer isso crescer? Ou ela podia evitar de crescer suas
esperanças num nível que preocupasse Rafe? E se ele estivesse procurando por
algo mais também?
Tamira não manteve o foco alto demais. Ela não podia correr o risco de estar
errada e parecer tola. Rafe já tinha aberto a mente dela demais – ela sempre será
grata a ele por isso. E enquanto o que eles tinham juntos durasse, ela iria dar o
seu melhor, nunca sequer sonhando por algo além disso. Essa foi a coisa mais
sábia que ela podia se dar em termos de aconselhamento. E ela não deixaria que
nada mais a fizesse tirar conclusões idiotas novamente.
Capítulo Treze
Tamira tinha aprendido a colocar seus ciúmes de lado e se concentrar. Se o
Grupo Cavendish planejava usar o apoio de celebridades e colaborações para
comercializar os seus produtos para homens e mulheres, ela tinha que reconhecer
que Rafe escalar Elise Morgan foi uma ótima idéia.
Ainda não significava que ela tinha superado essa, ou quaisquer outras
mulheres lindas que Rafe tivera que entrar em contato para falar de negócios.
Tamira foi a primeira a admitir que a marca esportiva de Rafe era de um estilo
alto nível que iria apelar até mesmo para o mais milenar de ambos os mercados
masculinos e femininos. “Essas pin-ups e cáqui não são mais uma opção para
pessoas jovens e empreendedores que querem ficar em ser mais fashion. Pelo
que vejo de sua linha de estreia, é o que a categoria esportista está procurando
agora. Eu acho que mesmo as marcas de moda atléticas tradicionais com grandes
nomes estabelecidos vão começar a quebrar e suar por causa da competição.”
“Então, eu acho que você está feliz em assumir o projeto?”, Perguntou Rafe
com um sorriso.
"Sim definitivamente. E eu mal posso esperar para a próxima semana, quando
chega o grande dia. Todo esse trabalho árduo, vindo a ser concretizado.”
Rafe balançou a cabeça, esfregando o queixo, pensativo. “Cavendish sempre
foi a marca referência quando o assunto era arregaçar as mangas. Agora que
estamos adentrando o movimento esportista, a empresa pode levar não apenas a
seção de esportes mas o mercado de esportes por uma transformação e garantir
que será um mercado de ponta de linha. Não tenho dúvidas de que você criou o
look perfeito para as nossas lojas de exibição da marca. É por isso que eu estou
feliz, também, com você estar na equipe.”
Tamira se sentia aquecida por dentro pelas palavras de Rafe. Ela não podia
negar o quão gratificante era ouvir o seu louvor e crítica positiva. Ele mantinha
suas habilidades em alta estima, e tomou isso como uma honra que a enchia de
esperança.
“Mmm. Não pode ser só isso que te deixa contente.” Tamira soltou um
desleixado e longo ronronar em sua voz. Ela afastou o projetor e o iPad que
estavam diante dela e chegou próximo de Rafe com a graça de um felino. Seu
corpo deslizou facilmente abrindo as coxas enquanto ele se sentava na cadeira de
couro de espaldar alto.
Ela adorava esses momentos em que eles trabalhavam juntos, às vezes em seu
escritório corporativo, e outras vezes em sua casa dentro do estudo bem
equipado. Ver Rafe sendo sério e absorvido com o trabalho tinha o efeito
perverso de Tamira querer que eles brincassem. O “Rafe Sério” era certamente
sexy ao máximo, e Tamira não conseguia resistir.
Ela passou os braços em volta de seu pescoço, enquanto suas mãos fortes
descansavam pesadamente em sua cintura enquanto ela se balançava
ligeiramente em cima de sua virilha. Ela sentiu ele endurecer debaixo dela e
rosnar profundamente em sua garganta enquanto seus lábios derretiam sobre a
sua. Ele envolveu-a num abraço apertado, possessivo que quase nocauteou sua
respiração.
Tamira sentiu uma nota quase desesperada em seu beijo enquanto se
alimentava nos lábios sensuais e firmes de Rafe. Quase parecia que ela já estava
perdendo ele. Ela não podia parar de pensar que depois da próxima semana, eles
não teriam nenhuma razão para continuar se vendo. Uma vez que o projecto
concluisse seu objetivo, o que mais poderia mantê-los conectados?
Tamira estaria envolvida em outro novo trabalho, igualmente exigente. Ela já
estava reservada até o fim do ano com outros projetos. Rafe estaria
desenvolvendo mais sobre a marca com suas colaborações e as grandes novas
campanhas de propaganda.
Tamira tinha total confiança nas habilidades de sua equipe. Uma vez que tinha
conseguido a meta de Cavendish, ela haviam tido o cuidado de pesquisar e
interpretar a marca para criar um projeto que funcionasse bem com os produtos e
os adereços necessários. Quando se tratava de merchandising visual, não só em
varejo mas em qualquer campo, suas habilidades entravam em jogo, Tamira se
orgulhava de seu alto nível de responsabilidade pessoal e de
autonomia. Trabalhando com Rafe e sua equipe, ela tinha sido capaz de
descobrir seus objetivos e metas em linha de vendas e marketing, e ela sabia que
tinha criado um display com o fator “wow”.
Tamira nunca teve medo de recorrer em diversas culturas, tendências e modas
para incrementar algo corajoso em seu imaginário visual. É por isso que ela era
conhecida como um dos nomes mais talentosos e promissores no campo. Ela já
estava olhando para mais oportunidades comerciais e internacionais, e mesmo
que se sentisse entusiasmada com as perspectivas, havia uma parte dela que se
sentia triste também. Ela poderia estar perseguindo todos os clamores e sucessos,
mas era isso realmente tudo o que ela sonhava?
Capítulo Quatorze
As Roupas Cavendish lançaram sua linha de roupas esportivas “Use Seus
Sonhos” em centenas de lojas para homens e mulheres, e para a serie estreante
que era, a onda que estava fazendo era considerável.
Tamira estava orgulhosa de seu trabalho e a comenda que recebia quando isso
refletiu no salto que a receita do dia da estréia recebeu. Ela tinha melhorado todo
o conceito em torno da marca Cavendish, que as pessoas denominavam agora
como muito objetivo e multifocal, impactando não apenas o presente, mas o
futuro, com aparatos que serviam como roupas do dia-a-dia.
Do estúdio de treino para a rua, até o trabalho e depois de volta para a
academia, Tamira teve a certeza de mostrar todas as características que a nova
linha de roupas tinha implementado para torná-la mais elegante. Para ter mais
certeza de que seria o ano de reviravoltas para a marca Cavendish, Tamira havia
dado uma olhada nas mídias sociais para tomar nota de algumas impressões de
pré lançamento, e dias antes das filas se formarem, já tinha acumulado toneladas
de fãs na maioria das principais plataformas: Twitter, Facebook e Instagram.
Tamira sentia que ela poderia dar um suspiro de alívio agora, após duas
semanas. Ela percebeu que principalmente por causa do apego emocional que ela
veio a ter com o projeto, não era surpresa para ela que estava secretamente
nervosa sobre o sucesso dele.
Agora, ela dizia a si mesma que ela realmente não devia ter se preocupado. O
ruim, no entanto, era que ela não poderia dizer o mesmo para o seu outro maior
medo...
No início, Tamira sabia que tinha que arrumar um jeito de pegar este
projeto. Na verdade ela nunca deveria ter pego com todo o resto que já tinha em
compromisso com outros clientes. Como seu caso com Rafe continuou, ela
começou a ver a estréia da nova linha de roupas como um fim à sua leve
aventura, e ela sabia que se sentiria triste ao ver tudo ir embora.
Ela não achava que Rafe iria gostar de continuar seu relacionamento em
particular, e mesmo ela não tinha certeza de que queria tornar público. A noite de
abertura foi um enorme sucesso, e mesmo tendo acabado de chegar, já sentia em
seu coração que era o começo do fim para ela e Rafe.
Ela só não esperava que isso acontecesse com tanta certeza e um certeiro
sofrimento.
Capítulo Quinze
Rafe Cavendish estava surpreso ao ver sua mãe voltando-se para encará-lo
assim que chegara ao salão privado. "O que você está fazendo aqui? Você deve
estar lá fora celebrando na festa“, disse ele, se aproximando dela com um
sorriso. Quando seu assistente lhe dissera que um dos dignitários queria falar
com ele pessoalmente, ele nunca esperava que fosse sua mãe.
Ela devolveu o sorriso. “É o seu filho. Eu não queria me intrometer em sua
noite. Mas eu queria felicitá-lo pessoalmente.”
Sylvia Cavendish deu tapinhas na lapela de seu filho, endireitando a linha já
impecável de sua gravata borboleta. Então ela olhou para ele. Havia o aço nos
olhos castanhos dela que eram tão semelhante aos seus. “Estou muito orgulhosa
de você, filho. Mas eu tenho que voltar para o que discutimos semanas
atrás. Você realmente vai deixar essa coisa entre você e aquela designer de
continuar?”
Rafe suspirou com raiva e se afastou. “O nome dela é Tamira, mãe. E eu já lhe
pedi antes para mantê-la fora disso. Não pense que eu não sei que sua pequena
reunião de emergência foi sua maneira de me avisar para ficar na linha. Você fez
as coisas parecerem como se fosse apenas para agitar algumas das seções do
Grupo Cavendish e coloca-los no foco das atenções, mas eu estava consciente de
que seu verdadeiro alvo era eu. Oh, você me mostrou muito bem quanto poder
você tem na empresa “.
Ele encarou-a de novo, e sua testa estava enuviada. “Assim como você
apontou, a empresa de vestuário é o que eu fiz dela – um sucesso. A marca de
esportes Cavendish jamais foi tão rentável, e está definitivamente indo melhor
do que a maioria das outras áreas do Grupo Cavendish. A última coisa que eu
preciso é de você tentando se intrometer na minha vida privada e torná-lo algo
que não é. Com quem estou não tem qualquer influência sobre o que eu trago
para a mesa como CEO. Eu mereci o meu lugar e você sabe disso“.
“Ainda assim, você sabe quanto de direitos de ações eu tenho. Então, se eu
achar que suas ações põem em risco a sociedade em geral, será a minha palavra
o que valerá.” O tom de sua mãe tinha endurecido junto com seu olhar. “Eu
odeio dizer isso, mas desde que você apareceu com ela naquele evento de arte,
eu não tinha escolha a não ser ficar de olho nos dois. Eu sei que vocês tem se
encontrado, até mesmo passando tempo em uma espécie de ‘refúgio’ secreto que
você comprou e projetou para Deus sabe o quê. Isso não é da minha conta. Mas
eu preciso ter certeza de que você não está indo a lugar nenhum com isso... com
Tamira. Porque isso não é aceitável, e seu pai e eu estamos de acordo quanto a
isso.”
Rafe só podia bufar e olhar para sua mãe, incrédulo. “Porque, porque ela não é
bem vinda nos círculos que você julga importantes? Ela não é influente o
suficiente, ou não tem sangue azul como todas as herdeiras e socialites que você
empurrava para mim garganta abaixo sem qualquer aviso?”
“Não me tente, Rafe. Os esforços combinados de seu pai e eu, se assim
quisermos, pode acabar com ela. Apenas algumas palavras bem colocadas e toda
a sua carreira, até mesmo o seu nome, será destruído. Eu posso ser implacável
quando se trata de proteger a minha carne e sangue.”
“Você quer dizer, os seus interesses financeiros”, disse Rafe com um sorriso
frio e fino. “Não finja como se isso fosse realmente alguma preocupação
materna com o meu futuro ou imagem. Eu, de todas as pessoas, sei como a
conexão social errada pode derrubar os lucros líquidos e até mesmo o valor das
ações da empresa. Isso é o que realmente te deixa tão desconfortável.”
“Vá em frente e pense o que achar melhor. Estou fazendo o que é melhor para
você, e um dia você vai me agradecer.” Sylvia deu uma respirada funda e
sorriu. “Que bom que a abertura está sendo um sucesso monumental e agora não
há nenhuma necessidade para você e Tamira se encontrarem novamente. Tudo
pode terminar de forma limpa, você não acha? Afinal, não é como se vocês
estivessem apaixonados ou algo do tipo. Tenho certeza que a Srta. Tamira
Fontaine pensa do mesmo jeito, na verdade. Você estará fazendo um favor a
vocês dois “.
Sylvia Cavendish se aproximou do filho e apertou sua mão com um calor
suave. “Eu te amo, filho. Você sabe disso. Por favor, não me decepcione de
novo.”
Então ela saiu do quarto, deixando um silêncio frio enquanto o alto e
paralisado Rafe Cavendish permanecia com os intermináveis momentos de raiva
controlada que mal o impediam de esmagar o punho na parede do lado.
Capítulo Dezesseis
Tamira encarou o teste de gravidez positivo e seu coração afundou.
Isso não ia terminar bem com o Rafe. Um mês atrás, ele deixou mais do que
claro que o caso deles tinha acabado. Ela não tinha ouvido falar dele desde
então, tornando-se bastante óbvio que ele cortava laços rapidamente.
Agora, no entanto, ela não tinha escolha a não ser entrar em contato com
ele. Esta notícia do bebê era uma definitivamente muito grande para ela carregar
sozinha. Ela estava pirando!
Mas quando chegou ao seu escritório, ficou claro que ela estava sendo
enxotada, seu assistente alegava que Rafe não estava lá, nem na cidade, e seria
incapaz de contacta-la rapidamente. Tamira se sentia magoada. Ela achava que
Rafe era um homem bom. Mas agora ela se perguntava para que tipo de vigarista
ela tinha perdido o seu coração.
Sim, ela tolamente foi se apaixonar por um bruto.
Tamira suspirou profundamente. Por que ela não estava surpresa com toda
essa confusão? Depois daquela noite de abertura e como as coisas tinham
terminado desastrosamente entre eles, ela já deveria ter adivinhado.
No encerramento da noite, Rafe e Tamira eram os últimos na festa. Então Rafe
começou a dizer que ele estaria indisponível por um tempo, e foi quando Tamira
fez ele parar de falar.
Ela já sentia algo durante toda a noite, quando de repente ele começou a fugir
dela. Ele tinha vindo de fora do salão e parecia muito invocado, mas quando ela
tentou falar com ele, ele a evitava ou agia de forma tão distante que ela era
forçada a simplesmente sair para alguma outra parte da festa.
Mais tarde, ela lhe disse que já sabia o que ele queria dizer. Ele parecia
surpreso, mas não mostrou nenhum sinal de estar perturbado. Tamira lembrou de
ter matutado algo sobre estar ocupada com coisas pessoais e que poderia até
chegar a se mudar internacionalmente. A verdade era que ela só não queria ouvir
um discurso planejado ou falso que ele daria sobre terminar agora já que eles não
iriam mais trabalhar juntos.
Tamira esperava isso desde o começo, mas se despedir dele machucava
demais. Ele insistia em leva-la para casa, e a tola Tamira, não foi capaz de
resistir ao se virar para ele para um beijo no momento em que o carro parou na
frente dela. Ela segurou seu queixo e moveu o rosto para encontrar o dela,
enquanto beijava sua boca com um calor faminto. Ela ainda o queria; seu corpo e
coração ainda precisavam e pediam pelos cuidados dele. Ela podia sentir a
resposta iminente de desejo nele enquanto a apertou contra si e devolveu seu
beijo ardente. Em outros momentos ela o teria convidado para subir, para uma
última vez, para que eles pudessem ter pelo menos isso.
Mas, lentamente, Rafe tirava os braços dela do redor de seu pescoço e se
afastava dos lábios apegados. Aquilo tinha ferido ainda mais: sua última
rejeição. Ele não poderia sequer tocá-la? Tamira havia escondido seu
constrangimento com um sorriso e um “boa noite”, antes de sair do carro e
desaparecer em seu apartamento para socorrer o seu orgulho devastado.
Agora o orgulho era a última coisa com a qual ela estava preocupada.
Grávida! Mas... como? Eles não tinham sido tão imprudentes, e ela não
conseguia se lembrar de qualquer contratempo com os preservativos, então...
Bem, não adiantava ficar caçando mais e mais possíveis razões do porque isso
estava acontecendo. Tudo que ela sabia era que ela estava esperando um bebê
após várias semanas de suspeitas graças a um período atrasado. Mal sabia que
estava grávida há mais de um mês, e agora ela não tinha idéia de como chegar
até o homem responsável e dar a notícia a ele.
Ela estava num estado tal que decidiu deixar várias mensagens para ele na
esperança de que ele finalmente notasse. Ela verificou todas as suas contas nas
mídias sociais, mas não haviam atualizações, nada. Poderia realmente ser
verdade e ele estava totalmente inacessível? Como isso era possível? Ou teria
simplesmente feito o seu ato de desaparecer para se separar dela para
sempre? Talvez ele tivesse achado que ela pensaria em dar outra chance para ele
e imploraria para que ele voltasse. Por isso, ele saiu em descanso para algum
lugar no qual ela nunca poderia encontrá-lo.
Ótimo. Agora ele a fazia se sentir como uma perdedora e uma stalker.
Tamira estava com medo de encarar tudo isso sozinha, mas ela também tinha
fé de que algo de bom poderia sair disso. Ela iria ter um bebê, não uma doença
terminal. Ela iria encontrar uma maneira de passar por isso, com ou sem aquele
idiota do Rafe Cavendish.
Capítulo Dezessete
Pela enésima vez, Tamira queria xingar seus pais por fazer isso com
ela. Como podiam achar que ela iria querer passar seu aniversário desta
maneira? Só pais como os dela poderiam pensar que um encontro às cegas seria
a combinação perfeita para a sua filha em um dia como este.
Ela não podia culpá-los, na verdade; afinal, na idade deles eles provavelmente
pensavam que o romance era algo que você podia maquinar através de estratégia
e “apresentações”. Tamira sabia de fato que o jovem senhor diante dela, bonito
indubitavelmente, por acaso era o filho do pastor da igreja deles e, como tal,
parecia ser o pretendente perfeito.
Por que ela sequer concordara com isso de novo?
Ah, sim, agora ela se lembrava. Ela estava tentando o seu melhor para não
deixar seus pais suspeitarem da sua situação atual, estando grávida, ou com o
coração partido. Então, pelo menos uma vez ela concordou com o esquema
deles, porque ultimamente eles haviam se tornado ainda mais entusiasmados em
seu objetivo de relacioná-la com alguém. Era quase como se, quanto mais bem
sucedida ela era, mais eles sentiam que precisavam dela presa rapidamente, ao
casamento e aos filhos. Talvez eles se preocupavam que ela, ficando muito rica e
bem sucedida, afastasse todos os homens bons.
Rá. Como se Tamira precisasse de qualquer macho que se sentisse intimidado
por suas realizações. Ela queria alguém que preferisse alguém igual, que
desejasse uma mulher que se mantivesse sozinha e não dependesse de seu
homem para qualquer coisinha.
Assim que o encontrante dela entrou, Tamira já sabia que isso não ia dar
certo. Fisicamente, ele mais do que tinha chance. Estatura mediana e
amplamente musculoso, ele tinha seu próprio tipo de presença. Estava vestido
adequadamente para o tipo de restaurante, o que era bem refinado. Ele tinha uma
barba perfeitamente feita, e seu sorriso era legal. Mas havia algo sobre ele que a
colocou fora desde o início.
Talvez fosse a maneira interpretadora com a qual olhou para ela, quase como
se estivesse vendo através de suas roupas. Os primeiros momentos foram gastos
simplesmente se conhecendo, e para o seu crédito, ele tinha certeza de que havia
se armado com detalhes suficientes sobre seus passatempos, interesses e
atividades. Então ele puxou uma caixa embrulhada para presente e a desejou um
feliz aniversário e Tamira se sentiu tocada apesar de si mesma.
“Você não devia”, disse ela. Quando ela abriu, seus olhos se arregalaram
quando viu que dentro havia um conjunto de lingerie de cor roxa. Sério?
“Eu acho que a melhor coisa sobre começar um relacionamento”, disse Barry
– sim, era exatamente desse jeito que era chamado – “é descobrir se ambos
temos algum tipo de compatibilidade física. No momento que eu vi as fotos que
sua mãe enviou a minha, eu sabia que iria atingi-la certeiramente nessa
questão. Meu pequeno presente é apenas um símbolo, em antecipação de mais
tarde esta noite. Posso imaginar você no conjunto agora mesmo.”
Ele sorriu o que ele deve ter pensado que era um sorriso sexy. Ele esticou o
braço e arrastou um dedo sobre o pulso de Tamira. “Você sabe por que eu estou
feliz? Nos conhecendo desta forma significa que não temos que procurar temas
em comum. Afinal, não é como se nós pudéssemos dizer que nós somos mais
pessoas estranhas. Pra te dizer a verdade, eu admiro mulheres modernas como
você que sabem que não há necessidade de disfarce algum, e apenas seguem
com suas... vontades.”
“Oh, tem mulheres assim?” Tamira murmurou, tomando um gole calma de sua
bebida e, em seguida, brincando com a vontade de jogar o conteúdo do seu copo
de água em seu rosto. Antes que ela pudesse reagir, o garçom apareceu para
pegar o pedido dela e, para sua surpresa, Barry simplesmente tomou a frente e
pediu para ambos, sem sequer consultá-la. Ela estava atordoada. Ele estava
apenas sendo deliberadamente obtuso toda a noite, para sabotar o encontro?
Porque de maneira alguma um cara poderia ser tão intolerante assim. Ele
poderia ser o filho de um pastor, mas ele parecia ser o pior tipo de mala, que
tratava as mulheres como objetos apenas para parecer alfa.
Graças a Deus ela não estava realmente na vontade de um marido. Ela estava
tendo um bebê, e tinha que cuidar desse assunto por completo antes mesmo de
sonhar em ter mais alguém nessa composição. De repente, seu coração doía
pensando em Rafe. Onde ele estava agora? Teria ele conhecido alguém? Ele
estava feliz, sem nem mesmo chegar a vê-la ou estar perto dela? Ela sentia tanta
falta dele que doía. Ela perdeu o que tinham.
Mas não tinha sido o suficiente para mantê-lo por mais tempo do que o
necessário. Aquele homem mau.
Seus pensamentos a deixaram tão emocionalmente destruída, que ela estava
muito insensível para se preocupar com o seu encontro dos infernos. Ele já tinha
assumido que ela ia cair na cama sem a menor cerimônia, ele simplesmente
havia montado sobre ela sem o menor cuidado com as suas próprias opiniões ou
vontades, e apenas exalava um ar realmente ingrato, antipático. Se essa era a
oferta do que seria um marido, Tamira ficaria solteira por um longo tempo ainda.
“Olha, Barry-” ela começou, colocando o garfo na mesa e prestes a dar-lhe um
fora depois de sua brincadeira recente perguntando se ela já tinha tentado à três e
se ela tinha alguma amiga gostosa que poderia se interessar em juntar-se a eles
num futuro próximo. Tamira só estava... cheia. Esse cara tinha que ser
bipolar. Ele tinha todo esse ar de decoro que ele devia usar para enganar os pais
dela e os dele, mas ele era o pior tipo de misógino idiota que precisava de um pé
enfiado no seu-
“Confie em mim, meu amigo”, trovejou uma voz do nada e interrompeu o que
Tamira estava prestes a dizer. “Tamira pode variar bastante, mas se eu sei alguma
coisa sobre ela, é que ela definitivamente odeia compartilhar”, a voz profunda
acrescentou.
A figura por trás da voz era alto, de ombros largos, e surgiu das sombras do
restaurante. Tamira ficou boquiaberta quando viu Rafe. Ele estava ali ao lado da
mesa vestindo uma gola rolê e um casaco, um enorme buquê de flores em uma
mão e uma pequena sacola de compras na outra. Enquanto Tamira o encarava
com descrença, Rafe piscou para ela e sorriu.
“Quem diabos é você?” Estalou Barry, deixando a atuação de lado.
“Seu substituto”, disse Rafe, não facilitando o seu largo sorriso enquanto se
virava para Barry. “Eu tenho horário marcado com Tamira para esta noite
também. E parece que o seu tempo acabou.” Ele olhou incisivamente para o
relógio. “Aliás, eu acho que você já fez dano o suficiente à honra de todos os
homens que se prezam no planeta com a sua falta de tato e comportamento de
mau gosto.”
“Que diabos?” Barry ficou de pé, com aparência furiosa enquanto olhava –
para cima – em direção a figura imponente diante dele. O sorriso de Rafe
brilhou, e agora a atmosfera era tingido com uma ameaça inconfundível de
violência que até mesmo Tamira podia sentir a partir do fundo das sombras de
seus olhos enquanto ele fixava o olhar em Barry.
Barry deu uma olhada em volta para os outros clientes, sentindo seus olhares
curiosos. Então ele olhou de volta para Rafe e, finalmente, disparou o mesma
frustrado e furioso a Tamira antes de pegar seu “presente” da mesa. Ele parecia
pronto para soltar algumas palavras contundentes para Tamira, antes de olhar
para o Rafe pairando ali e mudar de idéia. Momentos depois, ele estava saindo
irritado do restaurante.
Tamira ainda estava em choque. ela estava presa em uma dessas telenovelas
que Nisha sempre provocava para que ela assistisse?
Rafe tomou o lugar recém desocupado por Barry, e no momento seguinte
Tamira voltou a si, e era a vez dela de encará-lo. Sua raiva, dor e traição, porém,
eram de uma variedade muito diferente do que os tolo Barry.
Quando ela simplesmente olhou para Rafe com suas emoções misturadas, ele
sorriu e colocou a sacola de compras sobre a mesa entre eles. Foi então Tamira
viu que continha um belo par de saltos de grife novíssimos que parecia
estranhamente familiar. Rafe disse: “Isso é para substituir os seus sapatos
quebrados. Se lembra, daquela primeira noite em que nos conhecemos? Nunca
cheguei a compensar isso“.
Em seguida, ele levantou o buquê requintado. “E isso é para lhe desejar um
feliz aniversário. Você não está feliz que eu apareci e te livrei daquele palhaço?”,
ele brincou, não parecendo se importar que Tamira parecia estar muito longe de
ser alguém que quitaria essa dívida.
“Obrigada por me salvar”, disse ela sem expressão, nenhum indício de
sarcasmo em seu tom apesar dos punhais nos olhos. “Você é sempre rápido para
o resgate, não é?”
“Eu sei”, disse ele com aquele mesmo sorriso arrogante enquanto ele se
acomodava e desfazia os botões de seu casaco. “É como se eu fosse o seu anjo
da guarda.”
Os olhos brilhantes de Tamira soltavam faíscas tempestuosos. Rafe
meramente inclinou a cabeça e indicou as flores na mão. “Você não vai mesmo
aceitar o seu presente de aniversário?”
O calor esfumaçante de seus olhos giravam em torno dela como galhos de
hera, assim como o grave sedoso de suas palavras leves envolveu-a em fitas de
doce encanto.
“Por que está fazendo isso comigo?”, ela respirava. Sua raiva desembuchava
para fora dela em uma rajada de desamparo que ela tentou disfarçar. “Eu pensei
que nós tínhamos terminado. Por que você está mexendo meu coração? Como
você sequer sabe que é meu aniversário?”
Seu único pensamento era que talvez Nisha tinha algo a ver com isso. Mas
isso não explicava como ele estava de volta quando ela mesma tinha sido
incapaz de alcançá-lo por semanas.
A resposta de Rafe foi sorrir levemente, e então se inclinar para cheirar o
bouquet. Um momento depois, ele perfurou Tamira com seu olhar avelã
profundo. “E se eu estivesse tentando agitar o seu coração? Funcionaria?”
Tamira não sabia que resposta dar. Ela duvidava que ela sequer entendia o que
estava acontecendo agora. Ela só conseguia ficar ali, sentada, lutando contra a
própria agitação, cada vez maior.
“Eu só estou dizendo,” murmurou Rafe, “deixando de lado o fato de que
havíamos trabalhado juntos, ou o de que nós até tínhamos uma relação de
Dominador e submissa. Apenas puramente, sem outras condições, você estaria
interessada em ser conquistada por mim? Ou melhor... que tal você me
conquistar, em vez disso?”
Aquele sorriso branco de matar estava em pleno vigor, suas palavras fazendo
coisas para os sentidos de Tamira que nem sequer pareciam reais. Como ela
poderia acha-lo sexy e emocionante depois de tudo que ele a fez passar?
"Isso é uma piada? Rafe, você não está interessado em compromisso, ou
romance. Eu não precisava de uma bola de cristal para me dizer isso durante o
tempo em que estivemos juntos “, Tamira rebateu em tom acusador.
“É por isso que eu estou pedindo para você me conquistar”, disse ele com voz
rouca. Ele sentou-se para a frente e colocou sua mão sobre a dela na mesa. Como
era estranho que o toque de outro homem há poucos minutos atrás a provocava
arrepios, e agora, seu corpo, toda a sua carne, saudava a segurança no calor da
mão de Rafe?
Ele era o homem que lhe causara a maior dor da sua vida, por que ela não
conseguia odiar tudo nele, especialmente o seu toque? Em vez disso, seu coração
batia com os mesmos calafrios correndo por sua espinha desde que o viu pela
primeira vez no restaurante.
“Tamira. Não se deixe pensar em mais nada, só me mostre o que é que eu
perdi. É por isso que estou aqui. Eu quero parar de lutar contra o que poderiamos
ser”, Rafe disse a ela, suas mãos apertando os dedos enquanto ele a perfurava
profundamente com seu olhar. “Eu quero que você encha a minha cabeça com
pensamentos de como eu preciso começar confiar e construir sonhos com
alguém. Você pode fazer isso?"
A confusão de Tamira estava nítida em seus olhos. Ela ainda não sabia como
ele havia ido parar ali, segurando a mão dela neste momento. Ainda parecia um
sonho. E se fosse... então ela não queria que a noite acabasse. Ela caçaria quem
quer que fosse, ela jurou para si mesma, que se atrevesse a acordá-la desse
sonho.
“Rafe ...” ela disse, olhos oscilando enquanto olhavam nos dele. Quando
percebeu, ele já tinha levantado da cadeira, e se inclinado para capturar sua boca
em um beijo rápido, de tirar o fôlego.
Capítulo Dezoito
Eles estavam do lado de fora indo para a praia que se estendia para perto do
restaurante. Depois do beijo de enrolar o estômago, Rafe e Tamira deixaram o
local sabendo que precisavam de mais privacidade, mesmo que fosse só para
conversar.
Degraus de pedra levavam até a praia, aquela atmosfera isolada e serena. Rafe
se abaixou para se sentar em um degrau, olhou para cima, e estendeu a mão para
Tamira. Após um momento de hesitação, ela tomou sua mão e o deixou guiá-la a
sentar-se ao lado dele.
“Fale comigo, Tamira.” O silêncio havia se estendido por muito tempo, e
agora ele entrelaçava os dedos nos dela e a compelia a encontrar o calor de seu
olhar. “Pergunte-me qualquer coisa que você quiser. Eu prometo que vou me
explicar da melhor maneira possível.“
Tamira respirou trêmula. “Como você pôde simplesmente ir embora? Todas
essas semanas. O que aconteceu com os seus planos para a linha esportiva? As
grandes campanhas e colaborações?”
Rafe voltou a olhar para o movimento ao longo da orla, as ondas escuras
batendo contra as areias banhadas pela lua.
“Eu fiz da empresa o meu foco durante anos. Especialmente nos últimos
meses, desde que me tornei CEO. Eu lutei para provar a mim mesmo, mantendo
o meu lugar, apesar daqueles que achavam que tudo tinha simplesmente caído no
meu colo.”
Por um momento, Tamira sentiu a mão dela dar que aperto eloqüente. “Agora
nada disso importa”, ele continuou. “Tirei uma folga apenas para me orientar e
descobrir as coisas. Estou de volta agora, mas não vou voltar à minha posição
como CEO.”
"O quê?"
Rafe virou-se novamente para Tamira, notando seu olhar atordoado, que o
levou a sorrir ironicamente. "Eu desisto. Mais exatamente, eu vou deixar o
cargo. Nem eu, nem quaisquer escolhas que faço, terão qualquer influência sobre
a empresa a partir de agora.”
"Mas por que? Isso tem algo a ver com a reunião de emergência que ocorreu
meses atrás? Eu ouvi os rumores, embora ninguém pudesse confirmar nada“,
disse Tamira em preocupação. “O projeto esportivo foi um grande sucesso. Você
teve problemas com os membros do conselho de alguma forma?”
“Não tem nada a ver com isso.” Rafe deu de ombros sem parecer nem um
pouco perturbado. “O que importa é que eu decidi assumir o controle da minha
vida, minhas escolhas. Eu não ia deixar ninguém, muito menos a minha mãe, ter
o poder de influenciar meu julgamento apenas para manter meu alto cargo de
CEO.”
Quando a Tamira confusa, então, perguntou como sua mãe queria influenciar
seu julgamento, sequer sonhava que fosse de alguma forma relacionado a ela.
Com evidente relutância, Rafe começou a conta-la a verdade por trás de
tudo. Como sua mãe, Elise, tinha começado a desaprovar eles desde que os viu
juntos no evento de arte. Ela tinha falado com ele sobre como manter as
aparências certas com o tipo certo, e ele a disse para ficar de fora. Na semana
seguinte, ela elaborou uma reunião de emergência.
“Um monte de membros do Grupo Cavendish teve de rever os seus relatórios
financeiros, e felizmente a minha empresa tinha registros cristalinos da receita
dos últimos seis meses. Mas eu entendi o recado – minha mãe estava tentando
me dizer que ela era a pessoa que detinha o poder e eu deveria me dobrar aos
seus desejos“, disse Rafe, e Tamira doía à raiva que agora penetrava em sua voz.
“Eu tive que seguir em frente e se concentrar em fazer da estréia de um
sucesso para que ela tivesse uma arma a menos contra mim. Eu não podia te
dizer o que estava acontecendo – eu não tinha certeza do quão envolvida você
gostaria de estar. Seria inútil te arrastar para a minha briga com minha mãe e
fazer você sentir qualquer tipo de pressão. Tamira, eu gostava de estar com você
e não queria qualquer sombra à espreita disso tudo.” Ele segurou brevemente os
nós dos dedos dela aos lábios dele para um beijo. Apenas ouvi-lo dizer o nome
dela tão suavemente fez seu coração bater como um tambor.
Em seguida, ele soltou um suspiro áspero. “Mas então na noite da estréia,
minha mãe me confrontou e disse-me para acabar com nós ou ela acabaria com
você. Eu não pude pensar. Eu mantinha me dizendo que ficar longe de você era a
melhor maneira de mantê-la seguro e intocável. Eu te dei gelo e isso me matava
a cada segundo que eu continuava assim.”
Tamira quase não conseguia suportar ver o olhar de dor no rosto dele, sentindo
uma palpitação ecoando em seu coração só de sentir sua confusão interior. Ela
deixou-o continuar, só que desta vez aplicou uma leve pressão sobre a mão dele,
que envolvia a dela com tanta segurança. Rafe sorriu com o toque reconfortante.
“Eu fiquei fora algumas semanas por causa de algumas viagens que já
estavam planejadas. Foi uma viagem em missão pela empresa, como parte de
nossa iniciativa de terceiro mundo abrangendo alguns locais da África
Oriental. Infelizmente, isso significaria que eu teria que abdicar da tecnologia
durante todo esse tempo. Visitar as comunidades rurais, ensinar na escola, ajudar
e fazer trabalho voluntário. Foi como um momento de limpeza meu. Comecei a
perceber o que era importante. Ver as pessoas felizes e realizadas com o pouco
que tinham me fez entender tudo o que faltava em minha vida, apesar de ter toda
a riqueza e prestígio. Acima de tudo, eu não tenho você. Eu sabia que tinha que
te ter de volta.”
Seus olhos fecharam, como se por uma força invisível, e angustiava Tamira o
quanto ela podia encontrar sentimento nos olhos de Rafe agora que ela olhava
fixamente o suficiente, e acreditava com força suficiente.
“Então, voltei esta manhã ... e vi todas as suas mensagens. Tentei ligar para
você, mas só consegui falar com a Nisha. Ela me descascou pelo telefone por eu
ter abandonado você em momentos de necessidade. Ela realmente não tinha
tempo para explicar nada, mas foi ela quem me disse que era seu aniversário
hoje e você estava com um encontro às cegas marcado, o qual você
compareceria mesmo relutante, apenas para agradar seus pais. Eu decidi salvá-la,
e Nisha me deu apoio.”
Um sorriso irreprimível cruzou os lábios de Tamira. Como instantaneamente
seu coração se ergueu! Só de saber, o seu mundo parecia dez vezes mais
brilhante. Seu coração insensato estava tão leve quando surgiu a promessa
inebriante de algo entre ela e Rafe. Ela poderia realmente começar a sonhar com
um futuro juntos agora?
“Então foi isso que você quis dizer quando disse que também tinha marcado
comigo para esta noite.”
“Eu nunca imaginei que Nisha iria bancar a casamenteira entre nós. Mas,
obviamente, ela parece saber o que nós compartilhamos tem potencial.” As
palavras provocantes de Rafe só deixaram Tamira mais sóbria. Ela havia contado
a Nisha do bebê, e ela estava feliz que sua melhor amiga não tinha vazado a
informação para Rafe. Nisha deve ter sentido que ela estava ajudando a situação,
envolvendo Rafe da maneira que ela fez esta noite.
Tamira sentiu um arrepio correr pelo seu corpo e esfregou seus ombros para
combater a brisa crescente. No instante seguinte, Rafe tinha rapidamente retirado
seu casaco e depositado sobre os ombros dela.
Encapsulada dentro do calor deliciosamente perfumado do casaco, Tamira
agradeceu-lhe, e em seguida assentiu com a cabeça quando ele disse que eles
deviam sair já que estava ficando frio por causa da água.
Eles logo chegaram à estrada e Rafe brincou: “Nós vamos ter que pegar um
táxi. Desculpe por não ter trazido a Ferrari. Desde que eu disse à minha mãe que
eu decidi desistir da minha posição de CEO, ela bloqueou meus cartões e
retomou a posse dos meus carros. Você não se importa, não é, de viver uma vida
dura comigo até que eu possa voltar a ficar de pé? Ou você poderia apenas nos
apoiar.”
Tamira balançou sobre os calcanhares, com o rosto congelando enquanto
olhava para ele sorrindo com um encolher de ombros indiferente.
“Rafe! Se isso é tudo por causa de mim...”
"Não é. Eu não vou ser intimidado, e ao mesmo tempo eu vou lutar por aquilo
em que acredito. E eu acredito em nós.”
Capítulo Dezenove
Tamira queria acreditar neles também. Ela queria dar seu coração em oferta,
enquanto esperava que Rafe não fosse ignorar. Nos dias que se seguiram, ela
passou um tempo junto dele, e foi divino. No entanto, ela mantinha para si a
notícia da gravidez.
Ela pensava que talvez eles precisassem resolver os seus sentimentos com
certeza antes que ela pudesse confiar que o que eles tinham poderia sobreviver
ao teste. Mas à medida que os dias passavam e eles compartilharam tal
intimidade poderosa, união e compreensão, Tamira se sentia culpada por estar
em dúvida.
Rafe estava realmente mudado. Ele mostrou de cada pequena forma que desta
vez ele não ia manter partes inteiras dele fora de alcance. A primeira vez que ele
disse a ela que a amava, Tamira ficou tão em choque que por um minuto ela nem
sequer percebeu que ela não tinha respondido de volta ainda.
Tamira se sentiu incomodada que Rafe tinha deixado tanta coisa para trás,
mesmo aquelas coisas que ele tinha ganho com seu próprio esforço, mantendo
seu papel de direito na empresa. “Os carros de esportes, coberturas e cartões de
crédito sem limite eram todos indispensáveis para o cargo de CEO, e uma vez
que eu estava renunciando isso, era mais do que justo que as vantagens tinham
que ir também”, explicou Rafe. “Tamira, eu estou mais feliz do que jamais
estive. Eu ainda tenho algumas propriedades que adquiri com o meu dinheiro, e
tenho planos para o que fazer a seguir na minha carreira. Não é como se eu não
pudesse obter um bom emprego se eu quisesse. Quanto ao meu fundo fiduciário,
eu não posso ter acesso até que eu tenho trinta e ainda me faltam dois anos.”
“Rafe”, Tamira disse em um tom de protesto, mas ele simplesmente puxou-a
em seus braços. “Minha namorada é bem sucedida e ganha mais do que
suficiente. Não é como se eu fosse morrer de fome, certo?”
Ele esfregou a garganta de Tamira enquanto tentadoramente desabotoava a
blusa. “Não posso negar, ser um homem sustentado pode ter seus benefícios”,
ele brincou, puxando um pouco para trás e passando os olhos brilhando sobre os
seios expostos, muito mais cheio e rico do que se lembrava.
“Por que você não escuta mesmo quando eu...” o tom exasperado de Tamira se
transformou em um suspiro quando Rafe fechou a boca sobre um mamilo. Não
iria haver muito protesto da parte dela depois disso...
Capítulo Vinte
Rafe estava em negociações durante todo o dia com as pessoas de uma rede de
TV grande. Ele tinha sido abordado há uma semana sobre uma idéia para um
reality show voltado para o fitness de luxo, atletismo, e tendências da moda. Ele
ia fazer parte das personalidades influentes das mídias sociais que incluíam
outros homens e mulheres no olho público conhecidos por seus estilos de vida de
fitness, estilo, e motivação.
“Nós vimos algumas de suas entrevistas na TV, YouTube e vídeos no
Instagram, e nós sabemos que você tem carisma e presença na frente da
câmera. Achamos que a sua adição à programação será ótima para o show.”
Rafe ainda estava pensando sobre isso. Era bom ser reconhecido por algo
diferente da fama de “herdeiro de uma fortuna bilionária”. Ele não tinha certeza
de como ele se sentia por estar na TV ou ser o centro das atenções de qualquer
coisa. Ele simplesmente estava fazendo o que fazia, não para chamar atenção,
mas para inspirar a si mesmo e a outros. No entanto, se o show ia ser uma forma
de ampliar a sua chance de chegar a mais pessoas de uma forma positiva, ele
podia considerar dar uma chance a isso. Ninguém parecia interessado no fato de
que sua família valia bilhões ou que ele era o nome por trás da grande marca
esportiva que tinha acabado de se tornar um enorme sucesso, vendendo toda
semana. O Grupo Cavendish tinha mantido em segredo que Rafe não era mais
CEO, mas não dava pra esconder por muito tempo. No entanto, isso não era
problema de Rafe.
Só então o telefone tocou, e era Tamira. Ele tinha um sorriso no rosto,
pensando que ela já estava sentindo falta dele.
Ele relutantemente saiu com ela naquela manhã, depois de perceber que ela se
sentia enjoada e queria deitar. Ela disse a ele para não se preocupar e ir para seu
encontro, e que ela sempre sentia aquelas pontadas pela manhã. Rafe já tinha
passado muitas noites na casa dela na semana passada e até mesmo brincou
sobre a se mudar para lá completamente a qualquer momento. As coisas não iam
tão mal assim – ele tinha mais do que alguns investimentos de sua autoria,
algumas start-ups que tinha posto em conta antes, que rendiam dividendos
promissores. Ele estaria de pé novamente em pouquíssimo tempo, e nunca teria
que pensar em voltar para a sua mãe, de chapéu na mão. Sentia-se mais do que
otimista para o futuro. Um futuro com Tamira confortavelmente no centro...
Então, quando ela o ligou naquele momento e parecia estranha, ele começou a
sentir um certo medo.
Tamira estava no hospital... tinha feito alguns testes... Ela precisava dele lá
imediatamente porque ela não podia lidar com a notícia ...
Quais notícias?
Ele não conseguia fazer sentido em nada do que ela dizia, enquanto ela
continuava dizendo e dizendo o quão chocada estava se ele podia simplesmente
largar tudo e ir lá? “Eu estou tão assustada, Rafe”, ela respirou entre soluços.
“Eu estou chegando”, disse ele calmamente. “Apenas espere. Eu não vou
deixar nada de ruim acontecer com você “.
Rafe parecia mais certo do que ele sentia. Ele não conseguia entender como a
voz de Tamira tremia de emoção, e a forma como isso fazia a sua mente
embolar. Por que ela não poderia dizer-lhe o que era? Ela havia tido um
acidente? Ou ela havia descoberto alguma doença terrível? E se ela estava
morrendo? E se –
Meia hora depois, Rafe finalmente chegou ao hospital, descobriu o quarto que
ela estava, e irrompeu pela porta.
Ele agarrou as mãos e olhou para o rosto que cascateava em lágrimas. Ela
parecia tão prostrada e frágil na roupa de hospital, e ainda assim ela nunca havia
brilhado tão lindamente. A respiração de Rafe apertava forte em seu peito, e ele a
puxou para si, abraçando-a desesperadamente. Ele disse que a amava tanto e
enfrentaria com ela quaisquer tempos difíceis. Ele nunca iria sair do seu lado,
não importa quão pouco tempo que lhe restava ...
Capítulo Vinte e Um
Tamira saiu do conforto dos braços de Rafe com confusão em seu rosto. Ela
estava em um estado desde que tinha entrado para testes naquela manhã e que o
médico tinha dito que ele tinha notado alguma coisa. Quando ele disse a ela o
que era, ela entrou em choque e chamou Rafe imediatamente. Os resultados
estariam prontos a qualquer momento, e ela não queria ficar sozinha se as
suspeitas do médico foram confirmadas.
Mas as palavras de Rafe não estavam fazendo nenhum sentido. O que ele
podia ter pensado que ela queria dizer?
Só então, antes que ela pudesse explicar corretamente, o técnico de ultra-som
chegou. Ela parecia muito jovem, mal saída da adolescência, mas havia uma
aura sobre ela que mostrou que a sua capacidade superava seus anos de vida. De
alguma forma dava pra sentir um fluxo instantâneo de confiança apenas vendo
seu sorriso.
Ela confirmou a Tamira que sim, o médico tinha razão. Tamira estava tendo
uma gravidez múltipla .
"Parabéns. Toda a sua exaustão foi devido ao fato de que você está grávida de
três bebês saudáveis“, ela disse a eles.
“Nós estamos tendo trigêmeos?”, Exclamou Tamira. Depois virou-se em
alarme para ver Rafe tão surpreendido pela notícia inesperada... ele desmaiou de
emoção.
Capítulo Vinte e Dois
Por alguma razão, a respiração de Tamira falhou quando a porta do banheiro
se abriu e seu marido apareceu.
Uau. Já tinha mesmo um ano desde que se casaram? Ela nunca poderia
esquecer aquele dia perfeitamente ensolarado em Versailles. Grávida de quatro
meses com os dois meninos e a menina, trigêmeos, ela definitivamente já
começava a parecer como alguém que estava esperando trigêmeos. Mas ela
adorava estar em seu lindo vestido de casamento, juntando-se seu ao noivo lindo
que esperava debaixo da treliça, os olhos cheios de admiração e amor.
O dia terminou com uma festa de dança situada no topo da cobertura decorada
belamente, onde os hóspedes e o casal poderiam ter uma vista das ruas abaixo
deles, onde os turistas que andavam ao longo acenavam e olhavam como se
desejassem fazer parte da diversão. Tamira se lembrava de como ela dançou com
Rafe, sentindo-se tão despreocupada e viva e sabendo que em breve ela poderia
dizer adeus a seus pés com a tensão dos trigêmeos crescendo em seu corpo.
Agora, com os três anjos com quase oito meses, Tamira estava amando cada
minuto desgastante.
Foi definitivamente uma experiência de paternidade única, e ela estava tão
grata por ter Rafe ao seu lado para compartilhar tudo isso.
Eles compartilharam muito mais, em termos de carreiras e objetivos.
Pouco antes de eles se casaram, Rafe aceitou o contrato que ele estava
tratando para um reality show, e após a notícia de seus trigêmeos ter chegado, a
rede queria fazer da sua nova família um ponto focal com o seu próprio spin-
off. Quem teria imaginado que isso iria decolar como um sucesso fenomenal?
Um casal amoroso, trabalhador, esperando seu pacote de três... tanto Tamira
quanto Rafe já tiveram algum renome em suas atividades individuais, e
surpreendentemente, os telespectadores eram tocados com sua história de amor e
como eles tinham encontrado uma maneira de estar juntos, apesar das
probabilidades.
Eles tinham câmeras seguindo-os desde então. A cada jornada, do casamento,
até o fim da gravidez, o parto natural e alegre dos lindos e idênticos bebês
gêmeos e uma menina de olhos castanhos adoráveis assim como os do seu pai –
era como um conto de fadas, e a audiência do show cresceu junto do amor e
apoio dos fãs para Rafe, Tamira, e os bebês. Foi um passeio selvagem e uma
experiência incrível. Cada dia era um desafio, mas extremamente válido.
Todos esses meses atrás, quando Tamira tinha descobriu inicialmente que ela
estava grávida, tendo sua primeira ultra-sonografia, e vendo o bebê na tela, ela
estava alegre. Foi um choque total ter essa segunda varredura semanas depois, e
a enfermeira ter uma surpresa para ela e Rafe – de que eles estavam na verdade
esperando trigêmeos!
Desde então era a primeira vez que Rafe sequer sabia que ela estava grávida,
era compreensível como tinha sido nocauteado por um minuto! Tamira acabou se
sentindo mal por manter por muito tempo a notícia da gravidez fora do
conhecimento dele, mas tudo deu certo no final.
Houve um pequeno momento de alarme, porém, dias antes de faltar um mês
para o casamento. O pai de Rafe ligou para dizer que sua mãe tinha acabado de
dar emtrada no hospital devido a um susto de saúde. Embora Rafe e sua mãe não
se falassem durante semanas desde que ele voltou da África, ele tinha voado para
o lado dela, e felizmente não era tão grave. Ela, então, tentou fazê-lo voltar para
a empresa e continuar como CEO. Ela confessou que sabia sobre os bebês que
eles estavam esperando e disse que se sentia sinceramente feliz.
Ele não esperava que eles fossem, mas seus pais e o resto da sua família
estavam lá para o íntimo porém extravagante e alegre casamento. Ele sabia que
ainda havia muita tensão a ser superada, mas pelo menos não houve hostilidade
entre sua esposa e sua família. Rafe estava grato por isso.
A vida não poderia ser mais perfeita. Eles tinham uma família recém formada,
com Tatyana, Rolfe, e Wolfe. A sua família com Tamira estava cheia de apoio e
por vezes até apareceu no show. Eles eram o casal de ouro do amor que
prevaleceu, e vendo o casal amoroso equilibrar suas carreiras individuais em
conjunto com a paternidade era algo que os telespectadores não conseguiam
enjoar. Rafe e Tamira já tem uma segunda temporada sendo filmada.
No momento, entretanto, as câmeras e a equipe sumiram. Era o aniversário de
primeiro ano deles, e as crianças estavam com Nisha e os pais de Tamira. Nisha
sempre ficava com o casal mais velho, quando os avós amorosos cuidavam dos
netos. Nisha adorava bancar a tia e sabia que os pais de Tamira estava se
esforçando e seria necessário todo o apoio que pudessem ter para lidar com o
enérgico trio!
Apenas entre si, Rafe e Tamira podiam arrumar tempo para a sua marca
pessoal de romance. Eles tinham compartilhado um jantar à luz de velas, e então
Rafe insistiu em terminar com os pratos enquanto Tamira disse timidamente a
ele que ela iria se banhar e esperava que ele terminasse a tempo de se juntar a
ela.
Ela estava esperando pacientemente na banheira grande, independente,
deleitando-se com as bolhas, e quando Rafe entrou em seu escuro robe de cetim
parecendo o sexo encarnado, ela sentia aquelas vibrações desde o primeiro
momento, desde a primeira noite.
Seu marido estava tão bonito e sexy como nunca. Assim como um galã de
Hollywood. Ele lentamente tirava a roupa, os olhos brilhando. Ele puxou o cinto
e tiros o manto dos seus ombros largos e bronzeados. Tamira assistiu,
hipnotizada.
Formidável. Uma palavra que a golpeou do nada. Após um ano de viver e
amar juntos, ainda ter aquela aura sobre ele que inspirava temor, emoção e
adoração, dizia a Tamira que ela tinha muito a agradecer.
Ele era um bom marido e pai, amigo e amante. E Dominador .
Oh, eles ainda desciam para seus desejos proibidos, às vezes incorporados em
suas relações sexuais diárias, ou reservado para cenários especiais montados
dentro de sua sala secreta do porão, a qual somente eles tinham a chave.
Hoje à noite, o tema era verdadeiro romance, com especiarias. O marido de
Tamira juntou-se a ela na enorme banheira independente que tomava o palco
central na elegante casa de banho, e no instante seguinte Tamira jogava água
nele. O riso encheu o ar enquanto Rafe retaliava, o que transformou o momento
do banho em uma brincadeira.
Mas logo a brincadeira deles virou atração. O amor permeando a atmosfera
misturado com o vapor perfumado, enquanto Tamira ternamente lavava as costas
de Rafe e ele fazia o mesmo por ela. O desejo fermentando entre eles era tão
poderoso. Em vez de ceder a paixão deles vez ou outra, eles sabiam guardar para
mais tarde. Em vez disso, eles se banhavam com amor. Mas por dentro, Tamira
podia sentir seu corpo pegando fogo. Com cada beijo que seu marido plantava
em seu pescoço, a tensão entre as pernas aumentava.
No fim do banho, Rafe envolveu Tamira em uma enorme toalha. Tamira se
sentia como um prêmio conquistado quando seu captor a pegava em seus braços
poderosos. Ele a levou para o quarto e gentilmente a colocou na cama. Então
pegou a borda da toalha e de repente puxou forte, deixando Tamira a cair nua
sem a toalha a cobrindo. Ela suspirou, rolando mais e mais e parando na outra
extremidade da cama king-size maciça.
Olhando animadamente sobre seu ombro, ela viu como Rafe se aproximou,
seu torso musculoso ondulando enquanto ele chegava até ela no colchão. Assim
que a alcançou, ela virou de costas e viu sua cabeça abaixando para a dela para
um beijo.
No último momento, ela evitou seus lábios, levantando-se da cama e
agilmente rastejando de costas com a bunda. Seu amante brilhou os olhos e não
perdeu tempo em avançar. Rapidamente, ele encurtou a distância entre eles.
Tamira ficou de joelhos e apoiou as mãos em seus ombros. Sem dizer uma
palavra, ela o empurrou para trás para descansá-lo em meio aos inúmeros
travesseiros. Ela apertou a mão aos lábios, os olhos dela transmitiam uma
linguagem que só eles entendiam.
Parecendo contente em assistir por enquanto, Rafe treinou seus olhos em sua
esposa enquanto ela permanecia na cama e fazia uma dança sensual, dando-lhe
uma visão de 360 graus de seu corpo curvilíneo enquanto girava e balançava.
Seu corpo esguio não tinha perdido nada de sua silhueta provocativa,
ganhando tudo de volta logo após os bebês nasceram. Nesses momentos
sensuais, enquanto ela mexia os braços acima da cabeça em um ritmo lento e
sexy, ela era sua dançarina privada. Provocando-o, tentando-o... Com o rolar de
seus quadris curvilíneos e barriga côncava, os seios altos arredondados e o
monte refrescante entre as coxas sensuais.
Tamira escondia um tremor interior ao olhar em seus olhos, tão escaldantes e
mesmo admiráveis. Ela amava ainda poder fazê-lo olhar para ela assim.
Tamira ajoelhou-se de novo e deslizou até Rafe, movendo os lábios para perto
dos dele e, em seguida, recuando mais uma vez, assim como sua boca alcançava
a dela. Com um grunhido, ele agarrou seu pulso e puxou-a para perto
novamente. Ela caiu contra ele com um suspiro, sentindo seu peito duro e
musculoso atrás das costas dela e sua dureza latejante contra seu traseiro
enquanto ela descansava sobre ele. Ela virou o rosto e viu sua cabeça descer
novamente, mas não ... ela não tinha terminado de provocá-lo ainda.
Este pequeno jogo de predador e caça... nada era tão excitante quanto estar ao
seu alcance e, em seguida, ladrar, como ela havia feito agora. Cada vez que Rafe
se abaixava para capturar os lábios, Tamira se afastava para o outro lado de seu
abraço, fazendo-o persegui-la mais uma vez. Indo e voltando, e vice-versa. Era
como uma cena complicada de filme de amor, uma trilha sonora imperceptível
guiando o ritmo de seus corpos balançando de um lado para o outro.
Tamira se curvou para trás sobre o braço de Rafe enquanto ele se curvava aos
lábios uma última vez, e ela soprou uma respiração suave em seu rosto que o fez
gemer de excitação.
Caindo para trás, ele a pegou para si, circulando seus braços em torno dela em
um abraço apertado, fazendo com que Tamira descansasse contra ele com um
suspiro. Sua mão levava uma mão maior para os lábios e beijava dentro de sua
palma. Eles poderiam rolar entre os lençóis desse jeito incansavelmente,
deleitando-se com a sua intimidade e desejo cuidadoso. Era uma sedução
luxuriante, com ambos seguros de que eles pertenciam a um outro, corpo e
mente.
Encostada ao peito sólida que parecia uma parede de mármore, Tamira gemeu
quando o braço musculoso de Rafe serpenteava o seu caminho em torno de seu
estômago, prendendo-a para ele. Ele acabou com sua outra mão em seu cabelo e
usou-a como um guiador, inclinando o rosto dela para trás e para os lados. Ele
arrastou seu nariz da têmpora dela para logo abaixo da orelha e, em seguida,
enterrou dentro do local onde seu pescoço encontrava sua clavícula.
O hálito quente de Rafe esquentou sua pele antes que ele abrisse a boca para
dar uma grande degustada na junção do pescoço e ombro. Tamira gemeu e seu
corpo se contorcia dentro de seu forte abraço.
Gentilmente a liberando, ele levantara os lábios para beliscar em seu lóbulo,
sussurrando: “Enquanto eu amo a perseguição, Eu acho que você derivar muito
prazer me deixando impaciente assim. Você não tem me deixado te beijar direito,
nem uma vez sequer hoje“.
“Tem tanto tempo assim?” Tamira perguntou, seus olhos entre abertos
enquanto ela torceu e olhou por cima do ombro para ele.
"Sirigaita. Você sabe que é. Eu não recebi o meu beijo de manhã, para
começar. Você contornou-me durante todo o dia, e agora isso. Eu preciso da
minha correção agora .” Ele rosnou e em algumas manobras rápidas teve Tamira
deitada de costas.
Suas pernas espalhadas em submissão involuntária para ele se estabelecer
entre elas. As mãos apoiadas em ambos os lados da cabeça dela, equilibrando a
maioria de seu peso. Nesta nova posição suas pernas facilmente enrolada na
cintura, dando-lhe um berço para seus quadris musculosos. Seu montículo bem
depilado era um descanso macio, amaciado por seu duro e grosso eixo se
alimentando bem sobre seu clitóris.
O gemido de Tamira vibrou através de ambos, seu corpo perdido na sensação
do membro inchado de Rafe deslizando entre os lábios inchados de seu
sexo. Impotente ela aterrava contra ele, e com um gemido de atendimento, Rafe
se apertava mais contra seu núcleo, a cabeça de Tamira curvando para trás como
sua espinha arqueou em uma curva.
“Sim, baby ...” Rafe ralou para fora, sua pesada respiração em seu pescoço
enquanto ele enterrava seu rosto lá. “Você sabe como eu gosto de você gemendo
e pingando por mim.”
Ele levantou-se para olhar para seu rosto por um momento, antes de se
inclinar e capturar sua boca. Ele afundou os dentes em seu lábio inferior
duramente, fazendo-a gritar na mordida. Então ele engoliu o som todo, sua
língua mergulhando além de seus lábios.
Como poderia o seu beijo sinto sempre parecer tão novo? Tamira sentia como
se estivesse se afogando na felicidade e na intensidade da mesma. Suas mãos
deslizaram por seu peito, explorando essas duras e ondulantes planícies. Seu
peito retumbou em seu toque quando ele aprofundou o beijo mais além. Ele tinha
uma mão circundando sua garganta e apertou uma fração, conseguindo adicionar
ao furacão vertiginoso de prazer que seus lábios provocavam nos dela. Tamira
foi ofegante enquanto amava a ligeira sensação de abafamento daquela mão
grande em torno de sua garganta. Segundos depois, Rafe deslizou a mão do
pescoço até o peito, agarrando um globo cheio na mão e apertando firmemente.
Varrido por uma bolha extendida de felicidade, seus lábios foram esmagados
juntos... o comprimento do pescoço dela lambido... seu ouvido sussurrava
enquanto a paixão deles intensificava...
Rafe segurava os mamilos delicadamente com as pontas dos dedos e, em
seguida, dentro de seus lábios. Tamira caía para trás contra os travesseiros, mal
conseguindo respirar, a medida em que sentia sua respiração quente finalmente
trilhar até a união de suas coxas.
Tamira se deixou simplesmente derreter em prazer, desistindo completamente.
Longos minutos de desfrutar da sua língua invasiva através de seus lábios,
quase a chocavam contra uma massa carnuda de felicidade. Ele abriu suas
dobras com os dedos e empurrou profundamente com sua língua, marcando
esses pequenos nervos dentro dela com êxtase. Apenas quando a liberação dava
as caras, Rafe removia os lábios de seu clitóris e em vez disso beijava sua coxa
acetinada.
Tamira estendeu a mão para a parte de trás de sua cabeça e puxou para mais
perto, em seguida, sentiu as mãos de repente agarrarem seu pulso.
“ Oh!”
Seu gemido de surpresa e excitação fazia seus olhos queimarem. Tamira só
podia assistir, sem fôlego enquanto Rafe começava a envolver seus pulsos com
lenços de seda e depois amarrá-los a ambos os cantos à frente de sua cama de
dossel de bronze real. A seda a mantinha lá firmemente, assim como a máscara
de dormir que ele então colocava sobre seus olhos escurecia sua visão em preto,
em um excitante mistério.
“Abra a boca”, disse ele suavemente. Houve um farfalhar, e momentos depois
Tamira provou o sabor decadente de uma trufa colocada em seus lábios
entreabertos obedientemente. O chocolate derretido docemente em sua língua, e
os sentidos de Tamira floresceram a partir de quão estimulante era a sensação de
contar com todos os seus outros sentidos, exceto sua visão. Nunca havia provado
uma trufa tão deliciosa até agora.
Indefeso e nua ela estava ali, no escuro da venda, esperando ansiosamente em
busca de pistas sobre o que iria acontecer. Ela sabia que a caixa de Rafe debaixo
da cama guardava algumas surpresas, mas ela não se atrevia a verificar dentro
dela quando ela tinha a chance antes, quando ela veio para tomar banho. Ela não
tinha nenhuma dúvida, porém, que tudo dentro da caixa que parecia um baú seria
de sua aprovação. Rafe sabia quais coisas a atraíam.
Em seguida veio uma sequência de momentos agradáveis de uma doce agonia,
que era a única maneira que Tamira poderia ter descrito o que seu corpo
experimentou nas mãos de seu amante dominante.
Primeiro, óleos perfumados faziam seus seios formigarem, massageado em
sua carne pelo toque suave lento de Rafe. Aquelas mãos, então seguiam para
mais baixo, ao centro de suas coxas, aquecendo a sua vulva latejante com essas
fricções concorrentes que a deixavam frustrada por uma pressão mais forte.
Como se fosse em resposta, veio um som de assobio de uma varinha, e logo
um zumbido leve adentrava seu clitóris. Tamira engasgou em delírio às
vibrações estáveis se espalhando em círculos ziguezagueados em torno de todo
seu monte. Ela empurrou seus quadris para a sensação, mas permaneceu
exasperadamente subjugada, nunca variando a um nível superior para acionar o
êxtase que ela procurava.
“Seja boazinha, e simplesmente desfrute”, resmungou Rafe em seu
ouvido. Ela foi então avisada para não roçar ou empurrar com mais força, a
menos que instruída, antes que seus mamilos fossem amorosamente beliscados
duramente por alguns momentos. Tamira gritou e acenou rapidamente em
assentimento. Ela adorava quando ele a fazia obedecer.
Rafe pressionou o vibrador contra seu clitóris novamente, e o poder estava
mais forte do que antes. Tamira gemia felizmente, mas foi só por um segundo
antes de ser reduzido a um leve formigamento novamente. Droga, droga,
droga . Ela tinha que apenas respirar, e apreciar a doçura dolorosa, Tamira disse
a si mesma.
A doçura virou selvageria quando ela menos esperava, como as mãos fortes de
Rafe agarrando seus tornozelos e espalhando-os para os lados. A vibração foi
deixada a pulsar cada vez mais contra o clitóris inchado de agonia. Rafe
empurrou dois dedos de uma mão em suas paredes vaginais e bombeou em
diversas rápidas pinceladas, profundas. Ao mesmo tempo Tamira sentia como se
seu clitóris fosse explodir a partir da varinha.
Sentia-se tão vulnerável, exposta e levantada além do limite da excitação, e
ela não podia deixar de empurrar contra os dedos dele ansiosamente. Era tão
bom, mas tão ruim, e ela não conseguia parar de querer, precisar dele...
Novamente, ela foi advertida pelo Rafe, que soava rouco, para ter cuidado,
seguido por seus dedos beliscando e espancando seu clitóris para trazer o
máximo de prazer, assim como uma protuberância necessária de dor, como um
lembrete.
Tamira sentia o vibrador se separando do seu clitóris e ela ofegava e tremia,
desejando que ela pudesse apenas relaxar e esperar mas estava ficando mais
difícil de se manter controlada.
O toque agora gentil de Rafe em seu tornozelo soava amoroso, e ela se
acalmou instantaneamente.
Sim... mesmo quando ela ouviu o estalo das algemas aneladas em D, de couro,
sinalizando que Rafe as tinha utilizado para manter as pernas no lugar em cada
extremidade do pé da cama.
Ooh estamos prestes a ter uma dose extra de loucura, pensou Tamira
enquanto mordia com força o lábio na expectativa.
Rafe não decepcionou. Ele recolocou a varinha no sexo dela e meuuu , havia
quase um alívio no zumbido familiar, mesmo quando ele puxou-a para esse
patamar de êxtase revolvente. Tamira só podia adivinhar o que estava por vir, e
estar amarrada e indefesa tornava tudo assustadoramente excitante.
“Agora, para assegurar o seu bom comportamento”, disse Rafe.
Ela nunca tinha ouvido sua voz tão pesada e rouca. Sua audição parecia
ampliada pela venda, e descobrir o quanto Rafe estava se segurando, deu a ela
uma emoção superior.
Tamira sentiu seus mamilos ficarem torcidos e apertou em seus dedos peritos,
fazendo-a ofegar ruidosamente em prazer e dor. Foi para prepará-la, ela logo
percebeu, para os grampos de mamilo fixando-se nos seus momentos
depois. Tamira abafou um grito agudo e sentiu a corrente que ligava os grampos
sendo passado por Rafe enquanto ele advertia: “Mantenha-se nas regras e as
coisas não vão ficar mais difícil de manusear. Compreendo?"
Tamira só poderia dar um aceno apressado, firme. Não havia nenhuma
maneira que ela pudesse começar a falar neste momento. As sensações
disparadas em seu quadro impotente mantinha-a em um ângulo crítico onde ela
não estava nem flutuante nem no chão, apenas em algum lugar dentro desse
vácuo indefinível da consciência carnal.
Aquela varinha ansiosa vibrava insistentemente em seu clitóris, mesmo que
agora houvesse mais o que distrair a Tamira cega de prazer. Rafe começou a
sondar em sua vagina, mas desta vez não com os dedos. A espessura do seu
vibrador personalizado, criado a partir do molde de próprio membro de Rafe,
mergulhou profundamente em seu sexo. As vibrações do brinquedo em seu
clitóris pareciam penetrar até o vibrador, e pulsava dentro dela como uma
entidade de vida própria. Tamira gritou incoerentemente e quase desmaiou ao
cair sobre os travesseiros, tamanha a enormidade de tanta sensação de uma só
vez.
Eu quero que você sinta tudo o que há para sentir. As palavras de Rafe de há
muito tempo sempre vinham à memória dela nesses momentos. Sempre, ele
estava aplicado em levá-la lá , e depois ainda mais além, testando seus limites e
dando a ela a experiência de sua vida. Tamira não podia esperar por mais e mais
de que apenas alturas, e profundidades, para as quais ele poderia leva-la.
Havia pressão nos restritores do calcanhar suficiente apenas para empurrar os
joelhos para trás e plantar seus calcanhares na cama. Rafe deslizou travesseiros
para debaixo dela, um por um até que ela era a mais exposta e aberta para
ele. Ela foi engolida pelo comprimento de espessura do falo agora pulsando
profundamente dentro dela, graças à sua própria função de vibração. No entanto,
Tamira ainda sabia que seu corpo precisava e poderia lidar com mais, muito
mais.
E oh, quão bem Rafe sabia. Já, ele começou a massagear o óleo em sua borda
anal, dedos primeiro provocando e, em seguida, exigindo, como ele logo
empurrou seu dedo dentro de sua bunda. Tamira forçava a respiração mas acabou
em um gemido envergonhado de prazer. Quão ruim ela era por amar quando
Rafe dava-lhe um gosto do proibido!
Ele lentamente preparou-a com um dedo empurrando, depois
dois. Substituindo esses invasores dedos momentos depois, havia um plug anal
médio penetrando lentamente sua bunda. Tamira engasgou quando sentiu ele
estalar no lugar, seu quadril escaldante como se ela tivesse sido enterrada em um
poço de lava de êxtase.
É demais, mas nunca é o suficiente... Tamira estava girando sem parar em sua
venda, e levou alguns momentos com os sentidos zunindo para perceber que não
havia mais movimento atingindo seus ouvidos. Sem zumbido ou latejante dos
brinquedos, sem Rafe. Apenas ela e seus músculos internos contraindo
famintamente todos os dispositivos lúdicos dentro dela, sua carne pulsante e
batida, mas nunca o suficiente para encontrar prazer suficiente.
Parecia uma eternidade até que Rafe indicou sua presença com um puxão na
corrente ligada a seus grampos de mamilo. Sua boca ofegante se abriu, e ele
prontamente enfiou outra trufa adentro.
Então veio uma escova de uma taça de vinho contra seus lábios, e ela deu um
alguns gratos goles. Tamira começou a aquecer para suas atenções
retornadas. Ele as manifestou cedo o suficiente, quando o falo pesado dentro
dela foi mais uma vez empurrado repetidamente em suas paredes.
Ela não podia fazer nada além de sentir, combinado com o plugue anal
enquanto apenas camadas de carne os separavam. Quão deliciosamente esticada
e completa ela estava! Seu atormentador lindo puxou a corrente de mamilo
enquanto aumentava a cadência do vibrador mergulhado dentro de sua
fenda. Aquelas mãos experientes dele trabalharam muito bem, deixando-a
louca; ele levou a multitarefa a um nível totalmente diferente. Tamira logo estava
em um estado cego de extrema angústia e excitação. Ela desesperadamente
implorava por mais prazer, empurrando seus quadris para cima no ritmo, incapaz
de lutar contra isso. Por favor, por favor, por favor . Seus gemidos e quadris
pulsando foram a amostra necessária de que ela não podia reprimir por mais
tempo.
Então veio o silêncio total e a quietude.
De repente, o vibrador grosso e longo foi recuperado da ofegante e pulsante
vagina. O coração de Tamira instantaneamente relaxou quando ela teve a
sensação de vazio de que ela havia deixou Rafe decepcionado.
A retribuição veio logo: um tapa passava a mão dele sobre seu clitóris
exposto. “Eu avisei para não me desafiar.” tapa, tapa. “Por que você faz isso?”
Outra série de tapas em rápida sucessão, e Tamira engasgou, o corpo enroscado
em si mesmo, tanto quanto era possível, mas impotente de escapar de sua
punição. “Eu preciso de sua resposta, Tamira.”
Seu peito arfava e ela quase não conseguia formar uma sílaba muito menos
uma frase inteira, mas finalmente ela conseguiu. “Não era o suficiente. Precisava
de mais”, ela ofegava, piscando para conter as lágrimas por trás de sua máscara
de dormir.
“Menina má.” A borda forte de sua voz a fazia tremer apesar de si
mesma. “Você sabe que eu vou te dar tudo que você precisa quando você
precisar, mas se você continuar me desafiando e tomar o controle você não terá
sequer a chance de terminar sozinha”, resmungou Rafe. “Vou deixá-lo pingando
e tremendo assim até amanhã ou depois, se eu quiser.”
Bondade não , ela não queria isso. Tamira quase chorou quando a mão dele
atingiu seu sexo várias vezes, fazendo o clitóris pulsar. “Última Chance, Tamira,
para ser boazinha como eu sei que você é, e desfrutar”, acrescentou, em seguida,
bateu seu clitóris novamente, por bom costume.
A varinha e o dildo foram retirados, deixando apenas o plug anal e a frustrada
porém castigada Tamira querendo provar que ela tinha aprendido a
lição. Momentos depois, Rafe deu a ela a chance. Sua audição extrasensitiva
sentiu seus movimentos quando ele ia ficar na cabeceira da cama, e ela só teve
que virar o rosto para sentir o seu membro duro e pulsando em sua bochecha.
Tamira não precisava perguntar o que fazer a seguir, até porque o aperto que
ele deu em seu cabelo dava uma indicação. Tamira sabia o quão bem ele gostava
de sua boca sobre ele, sua língua lambendo tanto quanto podia.
Ela ansiosamente o procurava com seus lábios e língua. Seus movimentos
foram um pouco restritos por suas restrições, mas ela fez o seu melhor para
compensar suas frustrações, dando longas e ansiosas lambidas, e sugando em seu
eixo de carne. Movendo a cabeça de um lado para o outro, ela encontrou os
ângulos onde ela poderia inalar seu eixo grosso até o fundo de sua garganta, ou
lamber e sufocar seu saco dentro de sua boca.
Ela escutou seus gemidos e grunhidos e sentiu a agonia dele puxando em sua
corrente juntamente com o prazer de sua mão submergindo entre os joelhos
abertos para bater no clitóris inchado.
Como Tamira conseguia ficar focada em sua deliciosa tarefa, ela não sabia
dizer, já que tinha os grampos pesados sobre seus mamilos enquanto Rafe
puxava-os usando a corrente, junto da agonia pulsante de seu clitóris e lábios
vaginais sendo estapeados e provocados por sua mão itinerante.
Lágrimas de pura e abrangente felicidade picavam suas pálpebras espremidas
sob os olhos vendados. Seus lábios esticados em torno de seu eixo latejante, e até
mesmo suas paredes vaginais igualmente se contraiam em comiseração psíquica
para seu sofrimento. Não muito tempo agora, talvez, estaria cheia de todas as
maneiras que ela viria para desfrutar ...
A felicidade de Tamira abundava quando a voz de seu amante dizia a ela o
quão boa ela estava se saindo, e como ele amava como ela chupava. Ele a
prometia, logo ele daria a ela exatamente o que ela precisava e onde ela
precisava.
Como que para provar seu ponto, Rafe foi ainda mais fundo entre as coxas e
empurrou o plugue anal ainda mais dentro dela. Tamira era um remendo
estremecido de desejo neste momento, sua boca chupando em torno de sua
ampla coroa, de carne. Mais uma lambida, e ele gemeu e se afastou. Tamira se
sentia quase desprovida.
Mas não por muito tempo. As mãos libertaram seus tornozelos, e então,
agarrou a parte de trás de seus joelhos, orientando as pernas para dobrar contra
seu corpo. A estrutura poderosa do marido firme contra o seu corpo tremendo, e
Tamira tensionava no seu pulso desejando que ela pudesse ser livre para
envolver os braços ao redor de seus ombros em recepção. Ela sabia que ele tinha
esperado o suficiente, como ela tinha. Já era hora, ela podia dizer, dele terminar
isso.
Um suspiro de felicidade escapou de seus lábios no momento em que sentiu
seu membro grosso tocando sua fenda. Ele empurrou para dentro, alegando sua
umidade. Ela silenciou e se prendeu ao seu redor com suas paredes
confortavelmente ansiosas. Ambos gemeram, deleitando-se no poder da carne
conectar carne. Eles sempre se sentiam como o encaixe perfeito juntos.
Logo as estocadas longas, profundas, e possessivas de seu amante dentro de
seu sexo a lembrou de todas as maneiras que ele possuía sua alma, corpo e
mente. Ele extraiu mais de seu prazer e dor, puxando o grampo de mamilo, bem
como empurrando o plugue entre suas nádegas. A plenitude e dor transmitiam
em ondas sonoras para seu cérebro e quase derrotaram sua insensibilidade.
Tamira gritou, mas não podia lutar contra isso, não podia se afastar de tudo,
mesmo que seus membros e corpo fossem livres para fazê-lo.
Ela adorava esse sentimento impotente, essa perda de controle e poder que ela
dava completamente de um para o outro. Quando Rafe tirou de sua vagina, ela
engasgou em antecipação, já ofegante para o que ela sabia que vinha a
seguir. Ele havia preparado o suficiente já, e seu esfíncter piscante tinha esticado
mais do que suficiente para lidar com um ataque mais substancial.
Capítulo Vinte e Três
Rafe empurrou seus joelhos juntos e levantou-los ainda mais alto para tocar o
queixo, expondo-a ainda mais para ele, deixando-a desamparadamente aberta.
Ele observou o seu eixo lentamente posicionado contra sua doce bunda. Ele
deixou os dedos pastarem as bordas enrugadas ainda lubrificadas pelo óleo. Os
músculos treinados da Tamira não tensionavam, mas em vez disso pareciam
aguardar ansiosamente a sua entrada. Soltando um palavrão, Rafe empurrou a
cabeça de seu membro dentro do pulsante anel anal.
Quase não dando tempo para Tamira para se ajustar, ele estendeu a mão para o
vibrador e mergulhou dentro da vaga e desesperadamente molhada vagina. Seu
grito de êxtase o fez endurecer a proporções dolorosas em sua bunda. Ele podia
sentir a sua pressão descontrolada sobre ele com seus fortes músculos
internos. Igualmente palpável foi a sensação do seu sexo pulsando em volta do
vibrador de tamanho similar. Sua plenitude meramente poderia ser imaginada, e
ele podia dizer pela maneira como sua boca ofegava aberta repetidamente, que
ela estava em êxtase.
Rafe teria gostado de remover a venda e assistir seus belos olhos, mas ele
queria tornar este episódio ainda mais intenso e estimulante para ela, e ele sabia
que a privação da visão permitia isso.
Mantendo-se em cheque estava ficando quase impossível com a imagem sexy
diante dele. Os dois furos de Tamira preenchidos por ele, enquanto ele
empurrava o vibrador dentro e fora de sua vagina, empurrava sua plena dureza
em sua bunda. Ele estava a centímetros de agarrá-la, para bombear o traseiro
duramente enquanto socava o ponto G com o vibrador longo e grosso.
Mas tudo tinha o seu tempo. Ele sabia como escalar no ritmo para um efeito
máximo, como Tamira já conhecia e amava tanto. Se tinha algo que Rafe era, era
completo. Ele não fazia meias medidas, e até mesmo um ano depois de se
conhecerem, ele ainda gostava de fazê-la gritar e ver seu corpo se desintegrar
sob todo o prazer, dor e êxtase que ele podia lhe dar. Assim como ela fazia o
mesmo para ele.
Apenas por deixá-lo levá-la assim, sem nenhuma parte dela poupada dele ou
do tabu, já era uma viagem onde ela embarcava de cabeça. Em todo esse tempo,
através dos muitos meses que estiveram juntos, nada havia mudado. Na verdade,
se agravava ainda mais, a maneira que ele precisava e respirava ela.
Nada podia beirar essa sensação, nem mesmo qualquer uma das coisas mais
emocionantes que ele pudesse pensar. Correr riscos, fazer acordos, drogas,
quedas livres, ou mesmo as mulheres mais belas do mundo oferecidas em um
prato ao seu paladar impressionado... nada disso mexia com ele. Só a Tamira já
era tudo o que ele desejava. Ela era sua fantasia. Sempre.
Dentro dela, estirando-a, levando-a... juntos eles alcançaram esse paradigma
selvagem, sem fôlego, íntimo, um paradigma dolorido de alegria que era quase
sagrado. Almas colidindo, sua paixão ressoava em uma faminta harmonia. Como
uma sede que não podia ser saciada.
Profundo como ele jamais havia estado na bunda dela, Rafe deixou seus
movimentos empurrarem o vibrador profundamente dentro de sua vagina. Ele
conhecia a forma já que combinava com seu, sabia que devia estar cutucando o
ponto G dela. Sua mão livre se moveu entre eles para tocar o clitóris. Ele
observou os dentes dela rangerem, os lábios esticarem para trás em uma infinita
“agonia embutida no prazer”. A partir disso, e apenas a forma como suas paredes
apertadas pressionavam em torno de seu membro, ele poderia dizer que ela
estava esperando, respiração e ansiando pela sua libertação vir.
Ele sabia do que Tamira precisava. Ele pegou um ritmo, não apenas em seus
dois buracos, mas em seus mamilos punidos quando ele puxou a corrente
adjacente de forma intermitente. Lágrimas escorriam pelo seu rosto, assim como
seus sucos fluiam em torno dele. Ela formava o quadro perfeito. Deus, ela era
tão bonita.
“Agora,” ele disse a ela, para que ela pudesse se mover para trás em seus
impulsos. “Se mexe para mim, querida.”
Rafe ainda deixava a venda, querendo que Tamira fosse tão auto focada
quanto possível e simplesmente se concentrasse em seu prazer. Ela girava seus
quadris e apoiava nele tanto quanto suas restrições permitiam. Ele amava o quão
doce e quente ela era, a bunda esticada deliciosamente apertando em volta de seu
comprimento. Eles haviam treinado a bunda dela durante meses com diferentes
tamanhos de plugs para que ela fosse capaz de levar sua poderosa
espessura. Agora, cada vez que ele pedia a bunda dela, ele sentia uma onda
transcendental em saber que ela se sentia tão satisfeita quando ele sentia que
poderia possuí-la por todos os orifícios.
Como tudo que eles compartilhavam, ela sabia que ele não ia tomar nada
como garantido e que amava todos os aspectos da sua submissão.
“Eu vou te dizer quando você pode gozar”, sussurrou por cima de seu anjo
contorcionista e gemedor. A pele brilhante dela estava vermelha, os mamilos
grossos estavam cheios, mesmo presos entre as pinças de prata. Seu eixo parecia
imensa empurrando dentro e fora de seu ânus apertado e sexy. Porra, ele estava
perto. Provocá-la durante estas longas sessões consumiram um pouco dele
também. Nenhuma sessão de disciplina aplicada si mesmo que fosse poderia
mantê-lo imune a ela por muito tempo.
No passado Rafe estava acostumado a estar no controle de tudo em seu
mundo. Agora, em sua bela vida juntos, a partir do momento em que ele
descobriu sobre os trigêmeos, tinha jogado essa noção para fora da janela. No
entanto, Rafe sabia que ele não iria mudar para o mundo. Seu casamento e sua
família deram a ele tudo o que ele nunca tinha sonhado que poderia encontrar.
Capítulo Vinte e Quatro
Para Tamira, era o mesmo. Com Rafe sentiu que tinha conseguido o pacote
completo. Mais a ver com com ser um amante que poderia levá-la a cada nível
ultrapassável de sensações, não apenas fisicamente, mas emocionalmente. Logo
seu corpo ficaria tenso, esperançoso, procurando bombear ao coração, até que
ele a dissesse aquele comando, “Vem”.
Era esse tanto de poder sobre sua mente que ele tinha: uma única palavra e ele
tinha-a instantaneamente despedaçada.
Tamira sentiu o buraco negro de seu orgasmo envelopar todo o seu ser. Ela
gozou sem fim, ilimitadamente. No segundo seguinte, Rafe também deixou sair
com um rugido e gozou profundamente na bunda dela. Eles pulsavam e
balançavam juntos, consumindo cada onça do paraíso até que nada foi deixado
sem ter sido gasto.
Mais tarde, Rafe removeu cada dispositivo com cuidado de sua carne trêmula
e então lentamente removeu seu membro de seu traseiro, enquanto esfregando
suavemente sobre o clitóris. Tamira suspirou e ficou mole, sem se preocupar em
abrir os olhos quando a venda também foi removida. De qualquer maneira, ela
estaria atordoada demais para perceber o que estava a sua volta, não por um
longo tempo pelo menos. Em vez disso, ela dependia de instinto como os braços
doloridos libertados que alcançaram Rafe nas sombras.
Seu orgasmo havia apenas lentamente diminuido e ainda deixava espasmos
recorrentes acelerando através dela a cada minuto. Que noite. Que homem. Podia
senti-lo em volta dela durante aqueles longos minutos enquanto ele acariciava-a
e murmurava em seu ouvido. Ela pode ter cochilado, e ele deve ter se mexido
porque ela sentiu a sensação de resfriamento de uma toalha molhada sobre seu
corpo. A felicidade era uma nuvem flutuando na qual ela repousava, e
novamente ela suspirou seu nome.
Rafe . Ele estaria de volta em breve para recapturar ela em seu morno e
amoroso abraço. Cansada como estava, Tamira não podia deixar de notar uma
pequena diferença. Então veio aquele impertinente sorriso sonolento dela,
quando ela percebeu que o plug anal tinha ocupado-a
novamente. Mmmm . Visões açucaradas da promessa de amanhã ultrapassavam e
espantavam as dores de cansaço.
“Eu te amo”, ela sussurrou para o marido. Mal posso esperar para reviver o
nosso jeito especial de amar, de novo e de novo...
FIM
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Table of Contents
Índice
Bebê Secreto para o Melhor Amigo do meu Irmão
Capítulo Um
Capítulo dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo onze
Capítulo Doze
Epílogo
OUTRA HISTÓRIA QUE VOCÊ PODE APRECIAR
Os Trigêmeos Surpresa de um Bilionário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Vinte e Quatro