Resenha Crítica: "Concepções e Mudanças no Mundo do Trabalho e o
Ensino Médio"
FRIGOTTO, G. In: Concepções e mudanças no mundo do trabalho e o ensino médio.
FRIGOTTO, G.; CIAVATTA, M.; RAMOS, M. (org.). Ensino médio integrado: concepções
e contradições. São Paulo: Cortês, 2005. p. 57-82.
Nome: Lilian Rios de Lima Ferreira RA: 20231630017 Data: 27/11/2023 Disciplina:
Currículo e Formação Integrada.
Gaudêncio Frigotto, no texto "Concepções e Mudanças no Mundo do Trabalho e o
Ensino Médio", propõe uma análise crítica abrangente sobre as relações entre trabalho,
educação e sociedade na contemporaneidade. A abordagem crítica de Frigotto analisa com uma
exposição criteriosa da ideologia dominante que historicamente tem mascarado as
desigualdades estruturais inerentes à sociedade capitalista, abordando a evolução dos conceitos
de capital humano, sociedade do conhecimento e, mais recentemente, a pedagogia das
competências. Sua análise trata de esclarecer o modo como esses conceitos se estabelecem
como justificativas ideológicas para perpetuar as desigualdades sociais e econômicas.
Frigotto contextualiza o trabalho na sociedade capitalista, discutindo a globalização do
capital, o desemprego estrutural e a relação entre a educação básica de nível médio e o mundo
do trabalho. Aqui, ele dialoga eficientemente com conceitos de outros autores, criando uma teia
de conexões em torno do tema central.
A valorização da ciência e tecnologia como elementos transformadores na sociedade e
no mundo do trabalho é destacada por Frigotto. Ele ressalta que, na perspectiva da concepção
ontocriativa de trabalho, este não pode ser reduzido ao trabalho assalariado. A discussão sobre
o trabalho reduzido à mercadoria, força-de-trabalho na sociedade capitalista é apresentada na
terceira parte. Frigotto destaca a transformação do trabalho em uma mercadoria e enfatiza as
relações desiguais entre capitalistas e trabalhadores. Aqui, o autor articula a crítica à estrutura
capitalista, incorporando elementos de teorias sociais para fundamentar seus argumentos.
A crise estrutural do emprego é analisada em profundidade, considerando os fenômenos
interligados que a caracterizam. Frigotto relaciona a crise à imposição de interesses
hegemônicos do capital sobre nações, destacando exemplos como o tratado de Livre Comércio
das Américas (ALCA). Essa conexão com eventos e políticas específicas fortalece a análise.
A contradição fundamental entre o potencial emancipatório da ciência e tecnologia e as
realidades de desemprego estrutural também é ressaltada. A desestabilização dos trabalhadores
estáveis, a precarização do emprego e a criação de contingentes não integráveis ao mundo da
produção são exploradas conectando a análise às preocupações sociais contemporâneas.
Os indicadores apresentados pelo autor sobre o desemprego como desafio social e
político desde os anos 1980 são discutidos incorporando elementos das políticas neoliberais e
da ascensão do capital especulativo. Aqui, Frigotto contextualiza o tema em um panorama
global, fornecendo uma análise abrangente das transformações no mundo do trabalho.
A relação entre o ensino médio e o mundo do trabalho é abordada como um direito
social e subjetivo, propondo uma mudança estrutural na educação e defendendo uma ampliação
do tempo de escolaridade, uma concepção educativa integrada e politécnica.
O texto oferece uma análise crítica abrangente e bem fundamentada das concepções e
mudanças no mundo do trabalho, conectando esses temas à educação e contextualizando-os na
dinâmica da sociedade capitalista. A análise profunda e abrangente das complexas relações
entre trabalho, educação e sociedade na contemporaneidade são extremamente relevantes e o
autor destaca com maestria as contradições inerentes ao sistema capitalista, expondo as
desigualdades, a ideologia dominante e os impactos da globalização.
Ademais, apesar de que o texto aborde a questão do desemprego como um desafio desde
os anos 1980, uma análise mais profunda da evolução temporal das dinâmicas do trabalho e da
educação poderia enriquecer ainda mais a narrativa permitindo uma melhor compreensão.
Finalmente, o texto representa uma contribuição significativa para a compreensão das
complexas relações entre trabalho, educação e sociedade. Suas análises profundas, ancoradas
em teorias sociais críticas, oferecem uma visão esclarecedora das contradições e desafios
enfrentados pela sociedade contemporânea. A obra estimula reflexões cruciais sobre o papel da
educação no contexto do mundo do trabalho, convidando os leitores a repensar as estruturas
sociais e a buscar alternativas mais equitativas e justas.