Técnicas de Pesquisa
para o Serviço Social
e Orientação de
Trabalho de Curso I
Material Teórico
A Evolução do Conhecimento
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Prof. Ms. Claudio Brites
Título da Unidade
• Introdução: Breve História da Ciência
• Antiguidade
• Idade Média
• Idade Moderna
• Idade Contemporânea
• Ciências no Brasil
• Considerações Finais
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Aprender como o conhecimento atravessou diversas fases para se
aprimorar no conhecimento científico.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE A Evolução do Conhecimento
Introdução: Breve História da Ciência
Caro(a) aluno(a),
Nesta Unidade estudaremos a evolução do conhecimento, da Antiguidade aos
tempos atuais.
Antiguidade
Nossos olhos modernos dificilmente enxergam a lenta evolução da Ciência
quando tomamos como ponto de partida as primeiras descobertas e invenções do
ser humano e as comparamos com os rápidos avanços científicos dos dias atuais.
É difícil precisar, porém, estima-se que há dois milhões de anos, o Austrolopitecus
já se aventurava na fabricação de ferramentas de pedra, levando mais de um milhão
de anos para que essas ferramentas fossem aperfeiçoadas para a caça. A descoberta
do fogo viria também para mudar a vida dos homens primitivos.
Somente há dez mil anos o homem nômade passaria a fixar-se em territórios,
dando surgimento à agricultura, à pecuária e a pequenas comunidades. marcando
o início da civilização.
Figura 1 – Os diversos usos do fogo.
Fonte: iStock/Getty Images
Façamos então um rápido retrospecto, a fim de lembrarmos apenas algumas
passagens das inovações e invenções humanas de nossa história. Vamos lá?
Em meados de 7000 a.C., surgiu a cerâmica; há 4000 a.C., a metalurgia do
cobre; 3500 a.C., a roda e pequenas embarcações; 3000 a.C., a metalurgia do
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bronze; 2600 a.C., as pirâmides do Egito, edificadas como túmulos dos faraós;
2000 a.C., a domesticação de animais e os cavalos passaram a servir ao homem
como meio de transporte; 1500 a.C., a metalurgia do ferro; 1200 a.C., a invenção
do aço e a partir de 700 a.C., os aquedutos.
Se pensarmos na área da saúde, ainda na Antiguidade, a lista também é longa.
Vejamos apenas alguns exemplos: as primeiras cirurgias foram praticadas por
médicos na Babilônia; os remédios eram utilizados pelos egípcios; os indianos já
realizavam cirurgias plásticas; na China se praticava a técnica da acupuntura etc.
Entretanto, os estudos científicos da Medicina ocorreriam somente a partir de 460-
370 a.C., por Hipócrates, considerado o “pai da Medicina”. Já a primeira escola
de Medicina, em Alexandria, seria criada por Herófilo, em 250 a.C.
Além do que já vimos aqui como pano de fundo, não poderíamos deixar de
lembrar também que a grande revolução no pensamento ocorreu no século VI
a.C., quando os gregos apresentaram uma nova forma de desmistificar o mundo
através da razão em substituição à mitologia. Assim nasceu a Filosofia, uma área
do conhecimento considerada precursora de todas as Ciências.
Veja a charge sobre A Filosofia grega e o pensamento sobre a razão. no link:
Explor
https://goo.gl/sK2mTx
Segundo João Mattar (2005, p. 7),
O pensamento racional surge simultaneamente com a escrita, e diminui
a importância que a memória e a audição tinham para as sociedades
míticas. A demonstração, por intermédio da razão e da experiência, vai
aos poucos adquirindo mais valor que o poder de revelação dos mitos. A
observação da realidade passa a ser mais importante que a história dos
deuses. Assim, costumamos dizer que a Ciência surgiu na Grécia Antiga,
apesar de civilizações anteriores à grega já apresentarem consideráveis
realizações científicas.
Como vemos na descritiva de Mattar, podemos dizer que a Ciência surgiu
na Grécia Antiga, apesar dos conhecimentos de civilizações como os persas,
mesopotâmicos, egípcios e hebreus.
Por volta de 300 a.C., em Alexandria, parte do Império Grego, surgiu a
primeira instituição científica, onde se praticava experimentos em laboratórios,
observatórios, jardins botânicos e zoológicos, estudo de Anatomia etc., além de
espaços apropriados para encontros entre jovens estudantes e seus mestres. Nesse
espaço de estudo foi criada também a imponente Biblioteca de Alexandria.
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
Figura 2 – Biblioteca de Alexandria (330 a.C.)
Fonte: Portal Digitalzoot
Naquele tempo não existiam diversas disciplinas como temos nas universidades
atuais, pois era a Filosofia Natural que abarcava as áreas do conhecimento
humano e de grupos sociais. Portanto, o filósofo simplesmente era o professor
na Antiguidade.
Idade Média
O “Medioevo”, como os astutos italianos renascentistas chamavam o mundo
medieval, era extremamente dominado pelo cristianismo.
A fé numa natureza criada por Deus era, sem dúvida, um dogma que não deveria
ser questionado de forma alguma.
Tamanha era a força e influência política da Igreja Católica sobre as monarquias
que essa combinação de poderes passou a ser o principal motivo do atraso do
conhecimento científico.
Não se discute que na Idade Média alguns conhecimentos e descobertas existiram,
no entanto, comparando-se a outras fases da história, não significou quase nada.
Não à toa que esse momento histórico ficou conhecido como o “período das trevas”.
Calcula-se nesse contexto que foram 1000 anos de submissão a um conhecimento
baseado, primordialmente, na fé. Portanto, subjetivo.
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Trocando ideias...Importante!
Por que a Idade Média era a “Idade das Trevas”?
Caro(a) aluno(a), analisemos o seguinte: a palavra “média” indica alguma coisa ou
período intermediário. Portanto, o período da Idade Média (séc. V-XV), intermediou a
história da Antiguidade Clássica, encerrada com a queda do Império Romano, por volta
do ano de 476 d.C.; e a história da Idade Moderna, iniciada com a conquista da cidade de
Constantinopla pelos turcos-otomanos, em 1453.
A forma de ver o mundo baseava-se num pensamento eurocêntrico que descartava
o que acontecia em outras regiões do Planeta. Durante o movimento renascentista,
convencionou-se chamar de Idade Média ou “Idade das Trevas” o período em que
as explicações sobre o mundo se davam pelos dogmas da Igreja sob a vigilância da
Inquisição, o que atrasava novas experiências partidas de questionamentos que
apressariam o desenvolvimento da Ciência. Portanto, foi um período de atraso, obscuro
e sofrível devido às guerras, miséria e incontroladas epidemias.
Para saber mais, assista ao clássico filme O nome da rosa, ou, se preferir, leia o livro de mesmo
Explor
nome, escrito pelo italiano Umberto Eco, que apresenta a atmosfera da Idade Média.
Veja o trailer: https://youtu.be/Y8UAlMlfjsI
Em síntese, devido à dominação do teocentrismo, a Ciência apresentou
poucas novidades durante a Idade Média. No entanto, aperfeiçoaram-se alguns
conhecimentos da Antiguidade Clássica, não descartando progressos, ainda que
lentos e mínimos.
Apenas para citar alguns exemplos, na Itália foi criada a primeira escola de
Medicina oficial da Europa, no século XIII; e no século XIV já existiam hospitais
para tratamento de algumas epidemias e doenças.
O final da Idade Média foi marcado por movimentos de muitas críticas ao atraso
desse período. O principal movimento é conhecido como “Renascimento” ou
“Renascentista”, marcando o final da Idade Média e início da Idade Moderna.
Idade Moderna
A Idade Moderna foi marcada pelo movimento renascentista, este que surgiu
na Itália, questionando o fundamentalismo religioso e também pela descoberta de
novos continentes, alterando profundamente a vida política, econômica e cultural
da sociedade a partir do século XVI.
As novas colônias que passaram a ser exploradas pelos europeus impulsionaram
um fervilhante comércio, ao que chamamos de mercantilismo.
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
A expansão do comércio europeu, a partir da exploração das novas colônias
na América, África e Ásia, foi o fator relevante que impulsionou novas descober-
tas científicas.
O mercantilismo movimentou os portos num vai e vem de produtos, especia-
rias e mão de obra escrava extraída do “novo e exótico mundo” em direção aos
centros comerciais que proliferavam na Europa, contrastando com o tradiciona-
lismo europeu.
Essa atmosfera de renovação no modo de vida europeu inspirou as artes num
movimento de retorno ao pensamento greco-romano clássico e à Filosofia numa
avaliação crítica de Platão e Aristóteles, daí o nome de “Renascimento”.
Vale lembrar que era nas instituições religiosas que as obras dos grandes filósofos
gregos e romanos ficavam resguardadas.
Figura 3 – Fugaz mercantilismo no centro europeu já no início do século XVI.
Fonte: Wikimedia Commons
Os renascentistas contestaram principalmente a força que a Igreja tinha na vida
cotidiana das pessoas e para não sofrerem com as severas punições da Inquisição,
expressaram-se através da arte.
O Renascimento gerou grandes gênios, principalmente, Michelangelo – na
pintura e escultura – e Leonardo da Vinci – quem, além da pintura, aventurou-se
em experimentos e ideias inovadoras para a época.
Como cabe aqui nos aprofundarmos na Ciência – e não nas artes –, destacaremos
a importância de Leonardo da Vinci (1425-1519).
Tratava-se de um inventor que se imprimiu no cenário científico, apresentando
uma série de invenções, experiências alquímicas e estudos anatômicos resultantes
de exercícios de dissecação de corpos. Seus estudos são de tamanha importância
que levaram ao surgimento da Química.
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Para Leonardo da Vinci, a humanidade deveria descobrir maneiras de resolver
suas próprias mazelas e não as atribuir a crenças e mitos. Dessa forma, seu pensa-
mento colocou o homem como centro do Universo, questionando o teocentrismo,
dando surgimento ao movimento humanista. Ou seja, o conhecimento e a Ciência
devem seguir a razão e servir prioritariamente ao progresso da humanidade.
Figura 4 – O homem vitruviano de Leonardo da Vinci – imagem que representa o homem
como centro do Universo.
Fonte: iStock/Getty Images
O mundo moderno foi uma fábrica produtiva de inovações em todos os campos
do conhecimento e em todas as direções geográficas. No entanto, a humanidade
apenas se sustenta pela capacidade de encontrar meios de sobrevivência, inventando,
inovando, enfrentando a natureza e se reinventando a todo o momento. Daí a frase
do filósofo moderno René Descartes, “penso, logo existo!”
O desenvolvimento de instrumentos de viagem permitiu uma Revolução
Científica. Com a bússola e o conhecimento no campo da Astronomia, as viagens
puderam acontecer com mais segurança e para locais cada vez mais distantes.
Iniciava-se, assim, uma nova Era ilustrada por grandes cientistas e invenções.
Vejamos cronologicamente apenas alguns exemplos destes nomes e seus
métodos científicos:
· Galileu Galilei (1564-1642) – método experimental: dividido em observa-
ção, análise, indução, verificação, generalização e confirmação. Galileu pro-
pôs uma centralização do conhecimento no uso da razão, distanciando-o da
religião. No século XVII, inventou o telescópio para estudar os astros, planetas
e estrelas, afirmando que a Terra não é um planeta inerte, como Aristóteles
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
tinha registrado na Antiguidade, mas que se movimenta sobre seu eixo e em
torno do Sol. Suas ideias confrontaram a Igreja, que colocava Deus como o
centro de tudo e a partir Dele tudo estava explicado. Galileu foi levado ao
tribunal da Inquisição romana, julgado e condenado à prisão perpétua;
·· Descartes (1596-1650) – método racionalista: defendeu a razão como o
princípio absoluto do conhecimento, tendo a dúvida como ponto de partida
para o conhecimento concreto, daí sua máxima – “penso, logo existo”. É
considerado o principal filósofo da Modernidade;
·· Francis Bacon (1561-1626) – método empirista: desenvolveu a teoria
moderna do conhecimento científico em busca do progresso da Ciência.
Seu método se dá pela observação e experimentação dos fenômenos,
formulação das hipóteses, repetição de experimentos, teste das hipóteses e
a formulação de generalizações e leis (MATTAR, 2005, p. 11);
·· Isaac Newton (1642-1727) – metodologia: quantificou os fenômenos a
fim de contribuir para o progresso da Ciência. Newton deduziu a Lei da
gravitação universal e as leis do movimento dos corpos celestes, assim, sua
máxima se perpetuou como: “Todos os corpos se atraem com força
proporcional entre massa e distância”;
Certamente deixamos de fora muitos outros nomes importantes para a cons-
trução do conhecimento científico, porém, optamos por apresentar um singelo
panorama, citando alguns cientistas e suas teorias, com a finalidade de despertar
em você, aluno(a), o interesse pela história e evolução da Ciência.
Idade Contemporânea
De acordo com a ordem cronológica que nos propomos aqui apresentar,
finalmente abordaremos o desenvolvimento da Ciência em tempos atuais.
No final do século XVIII, com a Revolução Francesa, o mundo presenciou aquela
que foi uma das mais importantes transformações no campo político. Sabemos que
foi uma Revolução Burguesa que substituiu o poder, antes ocupado pelo regime de
Monarquia Absolutista, pela República Democrática.
Os burgueses, herdeiros do mercantilismo, dominavam o comércio e detinham o
capital, portanto, ansiavam por aumentar esses lucros. Por este motivo, passaram
a substituir o trabalho manufaturado realizado por pequenos produtores que
viviam, geralmente, no campo ou nos pequenos centros comerciais urbanos, pela
industrialização de produtos em larga escala.
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Figura 5 – A Revolução Industrial foi a maior mudança tecnológica, sócioeconómica e cultural no século XVIII e
início do século XIX, começou na Grã-Bretanha e estendeu-se a todo o mundo. Nessa altura a economia baseada
no trabalho manual foi substituído e dominado pela indústria e pelas máquinas
Fonte: http://www.enciclopedia.com.pt
O fenômeno da industrialização gerou profundas mudanças, dentre as quais,
o êxodo em massa do trabalhador do campo para os centros industrializados.
Os meios de produção foram rapidamente substituídos do processo artesanal
para o industrial, exigindo que se desenvolvessem tecnologias que favorecessem
o aumento da produção, distribuição e lucro. Tudo isto através da exploração do
trabalhador assalariado.
Por outro lado, a classe burguesa financiava muitas pesquisas em diversas
áreas, cujos resultados se transformaram em produtos, serviços e mercadorias, por
exemplo, os incentivos que o setor privado ou público (ambos administrados por
burgueses) dava para pesquisas nas áreas da saúde, transportes, alimentos etc.
Figura 6 – Edward Jenner desenvolveu, em 1796, um método de vacinação antivírus contra a varíola. Desde
então, a prática de vacinação passou a ser adotada, permitindo que doenças fossem controladas e a expectativa
de vida melhorada, criando cientificamente imunidade a muitas doenças.
Fonte: https://norkinvirology.files.wordpress.com
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
Se a industrialização rapidamente trazia produtos e serviços, ampliando o acesso
das massas de trabalhadores ao mercado de consumo, em contrapartida, dividia a
sociedade num abismo desigual entre burgueses endinheirados e proletários pobres
e explorados.
Como vimos, do fogo ao telescópio, foram milênios para o homem chegar a
esse estágio de evolução. A partir da Revolução Industrial, a cada década passavam
a existir descobertas e invenções surpreendentes.
A industrialização exigia gradativamente o uso de energia, assim, a Ciência
positivista contribuiu consistentemente para o aumento da produção da indústria
a vapor e mais tarde, movida pela eletricidade. Desde então, uma sequência
inumerável de novidades relacionou “Ciência e tecnologia” a favor do progresso
da humanidade.
Eletricidade e vapor são marcas da Revolução Industrial. Inicialmente influencia-
ram a indústria têxtil no século XIX, chegando no mesmo século aos transportes.
O trabalho de longas jornadas nas fábricas era realizado por mulheres, homens
e crianças que chegavam a óbito por exaustão. Este era o retrato dos primórdios
da industrialização em diversos países que se industrializavam, cujo pano de fundo
era a fábrica, pois o trabalho ocupava o centro da vida social daquelas pessoas sem
qualquer direito trabalhista.
Figura 7 – Trabalho na indústria de tecelagem em Londres, no século XIX
Fonte: http://ctsusp.blogspot.com.br
No século XIX, podemos citar algumas importantes invenções como, por
exemplo, o motor elétrico e à gasolina, dinamite, anestesia, telégrafo, telefone etc.
No campo da educação, praticamente todas as disciplinas científicas modernas
já estavam estruturadas. A Ciência já havia avançado com métodos próprios e
distintos para cada área do saber.
Em 1859, Darwin estudava a evolução das espécies de toda natureza e publicou
Sobre a origem das espécies. Desde então, desfez-se a ideia de uma criação
estática e o mundo passou a ser concebido em constante movimento evolutivo.
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Com gordos investimentos, a burguesia capitalista desejava, cada vez mais, pro-
gredir e enriquecer. Nesse processo de evolução comum ao pensamento eurocên-
trico, tal classe social tinha a seu dispor uma educação voltada para uma sociedade
de consumo. Igualmente, as universidades e centros de pesquisa estavam à disposi-
ção da elite burguesa para ali desenvolverem conhecimento e tecnologia, utilizando
de seus laboratórios para avançar no campo da Ciência às custas do trabalho assa-
lariado do operário. Nesse cenário se desenvolveram as Ciências Sociais.
Figura 8 – Conflito entre burguesia e proletariado
Fonte: http://www.yenivatan.at
O progresso científico do século XIX levou a humanidade a perceber que o
mundo em que vivia não poderia ser controlado por completo, não era possível
prever os fenômenos naturais, tempo e espaço não eram absolutos, mas relativos
e, portanto, o Universo estava em constante expansão. Sendo assim, concluiu-se
que o conhecimento detalhado era impossível.
A cientificidade, portanto, tem que ser pensada como uma ideia reguladora
de alta abstração e não como sinônimo de modelos e normas a serem
seguidos. A história da Ciência revela não um “a priori”, mas o que foi
produzido em determinado histórico com toda a relatividade do processo
de conhecimento (DESLANDES, 2007, p. 11).
O progresso para a humanidade seria percebido, então, como um mundo
conhecido pelas leis da probabilidade e aproximações que, em geral, são passiveis
de erro. Assim, a Ciência passou a conviver com a aceitação da interferência do
acaso. Albert Einstein, em 1905, incorporou a esse universo a teoria da relatividade.
Além de muitos outros estudos, a estruturação da Psicologia como Ciência
foi um êxito desse período. Sigmund Freud (1856-1939) fundou a Psicanálise e
revolucionou os métodos de tratamento psicológico. Ademais, Freud formulou a
teoria do inconsciente.
Em 1900, Ferdinand Zeppelin construiu um dirigível. Em 1908, Henry Ford
desenvolveu a indústria automobilística e criou a linha de montagem fordista. Em
1926, o primeiro foguete foi lançado à Lua pelos norte-americanos, enquanto
os soviéticos lançaram, em 1957, o primeiro satélite – o Sputnik. Ao final desse
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
século de guerras e progressos, por volta de 1980 tivemos a internet à disposição
– uma revolução nos meios de comunicação que já havíamos brindado com o rádio,
o cinema, a televisão, a fotografia etc.
Reflita, caro(a) aluno(a), sobre o mundo ao seu redor e como tudo isso foi parar aí
na frente de seu computador. Veja que no dia a dia não paramos para pensar, mas
imagine quanto tempo e investimento foram aplicados para que hoje a humanidade
seja servida de tanta inovação e tecnologia. Lembre-se de pensar também na
exploração do trabalho e da matéria-prima servida pela natureza. Imagine o quanto
o Planeta tem resistido a todas essas transformações e como hoje o meio ambiente
está respondendo a tudo isso.
Ciências no Brasil
Os estímulos para a produção científica no Brasil durante o período colonial são
praticamente inexistentes.
Mauricio de Nassau, talvez seja uma lembrança isolada, pelo fato de ter criado
o primeiro observatório astronômico da América do Sul, na Cidade de Recife, no
Estado de Pernambuco, durante a invasão holandesa no Brasil.
Por outro lado, o Brasil ofereceu material para experiências científicas, algumas uti-
lizadas, inclusive, por Charles Darwin, quando este elaborava sua teoria da evolução.
Quando a família real, em 1808, mudou-se para o Brasil, já no início do século
XIX, começou a formação de uma infraestrutura técnico-científica no País.
Com a criação de escolas, faculdades e universidades, o conhecimento científico
passou a ser desenvolvido em território brasileiro, deixando de ser importado –
como ocorreu durante séculos.
O Museu Real, mais tarde Museu Nacional, criado em 1818, a Biblioteca
Nacional e o Jardim Botânico, em 1910, no Rio de Janeiro, tornaram-se centros
de pesquisa. No entanto, o País se encontrava bastante atrasado em relação à
Europa, quando esta já vivia plenamente a Revolução Industrial.
No Brasil República esse quadro mudou. O País se estabeleceu sobre o
“semáforo” da modernização “ordem e progresso”, seguindo a corrente positivista
que imperava no período.
Foram fundadas, no final do século XIX, escolas superiores e institutos de
pesquisa. Em São Paulo, destacou-se o Instituto Butantan, no Rio de Janeiro, o
Instituto Oswaldo Cruz, ambos em 1899. Já em 1930, foram as investigações
agronômicas que tiveram relevância, principalmente em relação ao café – elevando
o produto em qualidade e padrão internacional.
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A Universidade de São Paulo (USP) foi fundada em 1934 e a partir de então se
tornou um importante centro de pesquisa e desenvolvimento científico em todas
as áreas.
Em 1945, foi criado o Centro Técnico da Aeronáutica (CTA) e o Instituto
Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1950.
Tardiamente, a partir da segunda metade do século XX, o Brasil consolidou
uma cultura científica. Porém, com a ditadura militar (1964-1985), o País viveu
um retrocesso no desenvolvimento das Ciências. Laboratórios foram fechados e
cientistas presos e exilados, era este o cenário da repressão militar.
Com a restauração da democracia, em 1985, novas perspectivas foram
encontradas para o País com relação à Ciência e tecnologia – criou-se nesse
momento o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Daí em diante, o Brasil
avançou em pesquisas, realizando uma série de importantes feitos como, por
exemplo, o sequenciamento de genomas – projeto da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp) em parceria com a USP e com financiamento da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
Muitas outras pesquisas foram desenvolvidas com o fim da ditadura militar. O
País, desde então, desenvolve um panorama consistente de capacitação científica
com relevância internacional.
A fragilidade no desenvolvimento de Ciência no Brasil está na capacidade de
transformar conhecimento em riqueza e desenvolvimento social. Essa questão
se dá por conta da instabilidade econômica, juros elevados e estrutura tributária,
fatores que desestimulam o investimento público/privado em pesquisa.
Na última década do século XX e início do XXI, o Brasil elevou para 0,7% seu
Produto Interno Bruto (PIB), investindo em Ciência e tecnologia. Portanto, apenas
nas últimas duas décadas o Brasil chegou ao mesmo patamar de investimento
estatal que os Estados Unidos, com 0,9% do PIB, Alemanha, 0,8%; e Coreia do
Sul, 7%. O impacto dos fundos de pesquisa criados pelo governo desde então,
repercutiram em resultados a médio e longo prazo.
Contribuiu também para esse cenário a criação e ampliação das universidades
públicas brasileiras, a partir da primeira década do século XXI, sendo esses locais
importantes centros de pesquisa e desenvolvimento científico, os quais ampliados
a estudantes de todas as classes sociais.
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
Considerações Finais
Vimos aqui um panorama da evolução do conhecimento científico. Da
Antiguidade aos dias de hoje, pode-se perceber que a humanidade alcançou um
elevado nível de conhecimento somado às novas tecnologias.
Essa apresentação em ordem cronológica, obviamente, deixou muitos feitos de
fora, no entanto, construir um breve histórico foi nosso objetivo.
Agora, caro(a) aluno(a), seja curioso(a) sobre o mundo que o(a) cerca e pense em
ser um(a) pesquisador(a). Já pensou em entrar para a lista de inventores, como os
grandes nomes que a história registrou?
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Manual de metodologia da pesquisa científica – e-book
https://goo.gl/wVOZIY
Metodologia científica – e-book
https://goo.gl/euytdu
Filmes
Filme Descartes 1974
René Descartes (Renatus Cartesius), francês nascido em 1596 e falecido no ano
de 1650 , foi um importante matemático e filosofo, sua maior contribuição para
humanidade foi “o discurso do método”, foi influenciado por diversos filósofo, dentre
eles Platão, Aristóteles e Pitágoras e influenciador de grandes matemáticos e filósofos
como Leibiniz, Pascal e Kant. Descartes viu que os costumes, a história de um povo e
sua tradição cultural influenciam a forma como as pessoas veem e pensam naquilo em
que acreditam.
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UNIDADE A Evolução do Conhecimento
Referências
DESLANDES, Suely Ferreira (Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade.
26. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Saraiva, 2006.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
MATTAR NETO, João Augusto. Metodologia científica na Era da Informática.
2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 21. ed. São
Paulo: Cortez, 2000.
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