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Vauchez, André - A Espiritualidade Na Idade Média Ocidental - Seculos VIII A XIII

Vauchez, André - A Espiritualidade Na Idade Média Ocidental_seculos VIII a XIII

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CAPÍTULO!

Gênese da Espiritualidade Medieval


(séc. VIII- início séc. X)

Mais ainda do que no campo da história política ou econômica,


é muito difícil dizer, no que diz respeitQ àyida espiritual. q.lliID.do...
âc�ba a Antiguidade equando wmeçaaldad.e.M.é.dia. Entretanto,
muitos elementos nos levam a pensar que a passagem de um tipo
de religiosidade para outro foi bastante tardia. De fato, o esse_ncial
da herança cultural do cristianismo foi �umido,12elo meno�
� Rrimeiro tempo, pelos reinos Qá�e se edificar<Jl!l
sobre as ruínas do Império Romano, e às �s até enriquecig_g
E.ºr eles, como se constata na Es�Q!isa. Por outro lado,
o florescimento do monarquismo, que freqüentemente foi consi­
derado como um fenômeno propriamente medieval, se inscreve
no prolongamento das correntes ascéticas do século IV, cuja
síntese viv.ida são Martinho, na Gália, soube realizar. Não seria
normal, aliás, que na história de uma religião, para a qual o
período das origens constituía a referência obrigatória e a norma
ideal, a continuidade prevalecesse durante tanto tempo sobre a
mudança?
Outras razões também nos conduziram a reportar pata o
)2 Ício do século VIII o ponto de partida deste estudo sob�e a:
'espiritualidade medieval.�a que se J?OSsa falar de vida espititu�,
lé reciso que haja previamente não a en uma,adesão,f�rmal·�
um corpo de outrmas, mas também uma 'itnpreJttiãgãb tlós
iiulivr�aS SQ_Cieãaêle.s�enças•··ré'J:!gi6s'as' 'qtie. el�s
pr�fes���, o que só p_��r�m o tem�)@r:á; nà1 'rriàior

li
14 A Espiritualidade na Idatú Média Ocidental .Gênese da Espirituali:datú:Mediev<Lf

sexual; na qual muitos Ereceitos do Levítico voltar�m a vigorar: (III, 3). Os carolíngios favoreceram a.propensão do clero , ;·p{(J'à!
i1!1purez�-danu1IHer'deEo.is dó�to,que ficava excluída da Igreja formar uma casta sacerdotal se arada do resto do ovo. or·,suas..
ate a cerimônia .da! convalescençª1_ abstenção de relações conju­ nções e seu status. Instituindo a. �onarguia episcopa _:.... um
&'1is durante certos ·períódos·do:ano litúrgico;-severaspenitências l>ispo residente por diocese, um.. arcebispo metropolitano- por
infligidas:� pqluçQes' riottirrta&·etc; A'maioria des�as inter<;lições província-e.a igreja territorial-isto é, a obrigação para os fiéis
e sanções permaneceriam em vigor até o séculoXIIL I�o _mostra de praticar no âmbito de sua paróqµia-:- eles contribuíram para
até; que ponto elas marcaram a consciência moral dos'liomens da dar a esse corpo uma coesão crescehte. Esse �lero sedentarizado
Idadê Média. · e hierarqui2?1do foi, J:ÍOÍ:outro lado; dotado de privilégios juríqi­
,Na época carolíp.gia, a prática religiosa constituiu menos a cos.. As próprias igrejas não'. constituíam espaços sagraçlo,s onde
expressão de uma: adesão interior dó que uma obrigação de aqueles que se refugiavam gozavam do direito d:e éIB.ilo, r_eco­
. ordem social. Se\alguns·clérigos, como Alcuíno no momento da nhecido pela.s leis civis desde o século VII? Os. clérigos qu� ali
cristianização forçada dos saxões,-reafirmaram a:doutrina tradi­ serviam tinham, or sua vez, o privilçgio do fÕro, ue subtraia as
cional daJiberdade do ato de fé,. os:leigos,'""""-e Carló.sMagno foi suas pessoas e os seus ens ajurisdii;ão .lei , e, o. dízimo ue
assegurava a sua manutençao e a · os oobres.
o primeiro- não tiveram nenhum escrúpulo em por em
prática, da maneira mais brutal a máxima Compelle intrare
("Força-os a entrar [na Igreja]" Efetivamente, chegar-se-ia à
ideia de que todos os súditos do imperador cristão, com
�urria civilização da_ liturgia
exceção do grupo restrito dos judeus, deviam adorar o
mesmo Deus que ele, pelo simples fato de que estavam Compreende-se melhor essa evolução quando se perisa ria impor­
sujeitos a sua autoridade. Essa concepção administrativa da tância assumida pelá função .cultuai no seio dó cristianismo,
religião não justificava apenas as conversões forçadas: ela durante a alta Idade Média. Qualificou-se a época carolíngia de
legitimava o o uso do constrangimento fisico pelo poder '"�Jizaçãa da li�'.2 Essa fórmula é exata Sé eriteiid�rmos
leigo, para reprimir os cismas e as heresias. Na realidade, a com isso que lt,i"elig§:o se identifica então com o culto pi;;tst:á.do a
fé era considerada, antes de tudo, como um depósito que o
Deus elos . àdres ue são os se s ministro s. 'Os fiéis lêm a
o soberano tinha o dever de preservar e transmitir ein sua inte­ 'bng'a(:ão moral é legal de·as'sistifã eii. O pr6prid'riión'aqüism�
gralidade. Assim, Carlos Magno reuniu e presidiu concílios para ?�
nã? es�a�á � esse ambiente. So�· à influ�ricia ���óf�;d,���r�
.
decidir pontos de doutrina como a procissão do Espírito Santo e a 'VJ.da hturgt@Joma um lugar crescente �a vida dos rnonges1 em
o culto das imagens, e multiplicou, na Admonitio generalis de 789; detrimento. das atividades apostólicas, 'tão importantes ·nó' tempo ·
prescrições e exortações sobre a vida religiosa dos clérigos e·.leigos. de são Coloµiban e são Bonifácio.
Nesse dima espiritual, em que a Igreja era assimilada aó
"povo de Deus" dà Bíblia, à própria concepção do sacerdócio foi
fortemente influenciada pelo modelo do serviço cultt,ial mosaico.
Homem de prece e de sacrifício, mais do que de pregação ou de
testemunho, o padre carolíngio estava próximà · do· levita, Aos·
olhos dos fiéis, ele aparecia como um especialista: do sagrado, que
se distinguia deles··pelo conhecimento que tiQha dos ritos e das
fórmulas· eficazes. A própria evoluçãQ do -sa cramento âa ordem
traduz bem essa tendência para distinguir os ministros do culto,.
Outrora conferido por uma simples imposição de mãos, eléÍoi
acompanhado então pot uma unção que fazia do padre o U'I'1gido
do Senhor; de acordo com o ritual descrito ti.O Livro dos Números

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