As boas novas do evangelho de
Jesus Cristo. Romanos 3:21-26
O que é o evangelho? São as boas
notícias de que Deus enviou seu Filho
Jesus a este mundo deformado para
falar da salvação por meio da fé. O
conteúdo do evangelho é Jesus Cristo.
Em 1 Co 15:3–5 Paulo o define de
modo ainda mais exato: O conteúdo do
evangelho é a proclamação do Messias,
que foi crucificado, sepultado,
ressuscitou e apareceu aos doze.
Nesse texto de Paulo aos romanos, o
apóstolo apresenta a doutrina da
justificação, o coração do Evangelho,
por meio da fé em Jesus Cristo.
Paulo está respondendo a uma
pergunta teológica de grande
complexidade: como um Deus santo
pode justificar pecadores? Como um
Deus santo pode salvar pecadores sem
deixar de ser justo?
Nos primeiros capítulos da carta aos
romanos, Paulo mostra que todos são
pecadores; os gentios por não
glorificarem a Deus por meio da
revelação natural; os judeus
desobedientes, que não glorificaram a
Deus por meio da observância da Lei, a
revelação especial; então, todos
pecaram e estão separados de Deus,
tanto o gentio quanto o judeu
desobediente, todas as culturas,
línguas, povos, nações, todos
destituídos da glória de Deus por causa
da incredulidade. Todos merecem o
salário do pecado, a morte. Todos
merecem a condenação eterna.
Então entra em cena não apenas a
justiça de Deus, mas também o seu
amor que se transforma em graça e
misericórdia: em sua misericórdia Deus
não nos dá o que merecemos, a
condenação; em sua graça, Ele nos dá
o que não merecemos, a salvação.
Então, podemos aprender lições
preciosas sobre esta maravilhosa graça
de Deus: a manifestação da justiça de
Deus; a justificação mediante a fé e a
salvação pela graça.
A manifestação da justiça de Deus
(21)
"Mas agora, a justiça de Deus [...] foi
manifestada" (Rm 3:21). Deus revelou
sua justiça de várias maneiras antes da
revelação plena do evangelho:
por meio de sua Lei (bom
comportamento em observância da Lei),
de seus julgamentos contra o pecado
(Coré, Datã e Abiram quando enfrentou
a liderança de Moisés e a terra se abriu
os engolindo;
de seus apelos por meio dos profetas
(anuncio da mensagem de salvação),
de sua bênção sobre os obedientes
(tantos servos que foram
abenaçoados).
O evangelho, porém, revela um novo
tipo de justificação (Rm 1:16, 17)
Debaixo da Lei do Antigo Testamento, a
justificação dava-se quando o homem
se comportava bem; mas, sob o
evangelho, a justificação se dá quando
o homem crê.
A Lei em si revela a justiça de Deus,
pois "a lei é santa; e o mandamento,
santo, e justo, e bom" (Rm 7:12).
Começando em Gênesis 3:15 e
continuando ao longo de todo o Antigo
Testamento, vemos o testemunho da
salvação pela fé em Jesus Cristo. Os
sacrifícios, as profecias e os tipos do
Antigo Testamento, bem como as
principais "Escrituras do evangelho"
(como Is 53:1-9), davam testemunho
dessa verdade. A Lei podia afirmar a
justiça de Deus, mas não podia oferecê-
la ao homem pecador, pois somente
Jesus Cristo pode fazer isso (ver Gl
2:21).
Aqui nós temos a manifestação da
justiça de Deus.
A justificação mediante a fé (22)
A manifestação da justiça mediante a fé
em Jesus Cristo. Todos os seres
humanos crêem em alguma coisa,
mesmo que seja apenas em si mesmos;
o cristão, porém, crê em Jesus Cristo. A
justiça da Lei é uma recompensa por
obras realizadas. A justiça do
evangelho é uma dádiva, um presente
concedido por meio da fé.
Muita gente diz: "Eu acredito em Deus!",
mas não é isso o que nos salva. O que
salva e justifica o pecador é a fé
pessoal e individual em Jesus Cristo.
Para todos (w. 22b, 23). Deus deu sua
Lei aos judeus e não aos gentios; mas
as boas novas da salvação por meio de
Cristo são para todos, pois todos
precisam ser salvos. Em se tratando de
condenação, não há diferença alguma
entre judeus e gentios. "Todos pecaram
e estão aquém da glória de Deus" (Rm
3:23). Deus declarou todos os homens
culpados para que pudesse oferecer a
todos o dom gratuito da salvação.
A melhor ilustração dessa verdade é a
celebração judaica do Dia da Expiação,
descrita em Levítico 16. Nessa ocasião,
dois bodes eram apresentados no altar,
e um deles era escolhido como
sacrifício. O bode era abatido, e seu
sangue era levado para o Santo dos
Santos e aspergido sobre o
propiciatório - a cobertura de ouro da
arca da aliança. O sangue aspergido
sobre a arca cobria simbolicamente as
duas tábuas da Lei dentro da arca. O
sangue derramado satisfazia
(temporariamente) os requisitos justos
do Deus santo.
Em seguida, o sacerdote colocava as
mãos sobre a cabeça do outro bode e
confessava os pecados do povo. Então,
o bode era solto no deserto, onde,
simbolicamente, levava para longe os
pecados do povo.
No tempo do Antigo Testamento, o
sangue dos animais não tinha o poder
de remover o pecado; podia apenas
cobri-lo até que Jesus viesse e pagasse
o preço para obter a salvação
consumada. Deus "deixava passar" os
pecados cometidos anteriormente (Rm
3:25, tradução literal), sabendo que seu
Filho viria para consumar a obra.
Pela morte e ressurreição de Cristo,
haveria "redenção" - a compra do
pecador e sua libertação. Ele nos
comprou pelo seu próprio sangue.
Ilust: Campbell Morgan tentava
explicar a "salvação gratuita" a um
trabalhador em uma mina de carvão,
mas o homem não conseguia entender.
"Mas eu preciso pagar pela salvação",
insistia o homem. Então, Morgan
perguntou: "Como você desceu até o
fundo da mina hoje cedo?" "Foi fácil",
respondeu o homem. "Peguei o
elevador e desci."
Então Morgan lhe perguntou: "Fácil
assim? Não lhe custou alguma coisa?"
O homem riu e comentou: "Para mim
não custou nada, mas a empresa deve
ter pago um dinheirão para instalar o
elevador". Então, ele entendeu: "Para
mim a salvação não custa coisa
alguma; para Deus, custou a vida de
seu Filho".
Em perfeita justiça (w. 25a, 26). Deus
deve ser perfeitamente coerente
consigo mesmo. Não pode transgredir a
própria Lei nem contrariar a própria
natureza. "Deus é amor" (1 Jo 4:8), e
"Deus é luz" (1 Jo 1:5).
Um Deus de amor deseja perdoar os
pecadores, mas um Deus de santidade
deve punir o pecado e preservar sua Lei
justa. De que maneira Deus pode ser,
ao mesmo tempo, "justo e o
justificador"? A resposta encontra-se
em Jesus Cristo. Quando jesus estava
na cruz e sofreu a ira de Deus pelos
pecados do mundo, preencheu
completamente todos os requisitos da
Lei de Deus e expressou plenamente o
amor do coração de Deus.
Os sacrifícios de animais no Antigo
Testamento não removiam o pecado;
mas, quando Jesus morreu, sua obra
consumada alcançou até Adão e tratou
desses pecados. Ninguém (inclusive
Satanás) poderia acusar Deus de
injusto ou de desonesto por haver,
aparentemente, deixado passar os
pecados do tempo do Antigo
Testamento.
A salvação pela graça.
Concluímos então que a salvação é
pela graça, pela obra salvífica de
Jesus em perfeita concordância com
a justiça e o amor de Deus.
Pela graça (v. 24). "Deus é amor" (1 Jo
4:8). Quando Deus relaciona seu amor
a nós, esse atributo transforma-se em
graça e misericórdia. Em sua
misericórdia, Deus não nos dá o que
merecemos e, em sua graça, ele nos dá
o que não merecemos.
Efésios 2:8-9 Porque pela graça sois
salvos, mediante a fé; e isto não vem de
vós; é dom de Deus; não de obras, para
que ninguém se glorie.
Não há coisa alguma em nós que nos
torne merecedores da salvação de
Deus. É tudo obra de sua graça!
Ilust: A compreensão plena de um feito
heróico realizado por alguns indivíduos
em prol dos milhões que hoje escapam
ilesos da terrível febre amarela, uma
epidemia que ceifou inúmeras vidas nas
Américas, só é possível para aqueles
que testemunharam esse período
sombrio da história.
Dois notáveis indivíduos, os Doutores
Lazear e Carrol, desempenharam um
papel fundamental na elucidação do
mecanismo de transmissão da doença.
Em um laboratório fechado,
introduziram mosquitos infectados,
desencadeando um experimento
arriscado. Ambos os Doutores Lazear e
Carrol se voluntariaram, expondo-se
corajosamente às picadas destes
mosquitos.
O propósito era clarificar se a febre
amarela era realmente transmitida por
esses insetos. No decorrer do
experimento, ambos os pesquisadores,
eventualmente, sucumbiram à doença.
Enquanto o Dr. Carrol venceu a doença,
o Dr. Lazear não teve a mesma sorte,
perdendo a vida poucos dias depois.
Esses homens corajosos pagaram um
alto preço, sem sombra de dúvida, pelo
nosso bem-estar e tranquilidade. O
sacrifício deles foi um tributo colossal ao
bem-estar coletivo.
De forma semelhante, Jesus entregou
sua vida em sacrifício para que você
tivesse vida eterna por meio da fé na
morte expiatória, substutiva, redentiva.