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O Evangelho - Da - Gloria - de - Deus - e - de - Cristo

A gloria de Deus
Direitos autorais
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- Ensino Sistêmico sobre a Vida Cristã -

O Evangelho
da Glória de
Deus e
da Glória de
Cristo
Série:
O EVANGELHO
As Boas Novas da Parte
de Deus

3ª Edição – Mar/2021
Copyright do Autor – Ver Informações de Uso no Próprio Material
Considerações Gerais Sobre o Uso Deste Material:
Este material tem como objetivo servir de apoio ao conhecimento e aprofundamento
do estudo da Bíblia e da Vida Cristã.
Tendo como base o entendimento de que na Bíblia Cristã está contida a consolidação
dos registros fundamentais e formais dos escritos inspirados por Deus para a
humanidade e para cada indivíduo dela, os conteúdos expostos neste material não
visam jamais acrescentar algo à Bíblia, e nem jamais retirar algo dela, mas almejam
contribuir na exploração daquilo que já foi registrado e repassado a nós pelo Único
Criador e Senhor dos Céus e da Terra ao longo de milhares de anos da história.
O que se pretende apresentar são assuntos agrupados, coligados, organizados e
sistematizados, visando abordar temas e considerações específicas contidas na Bíblia
Cristã, com o intuito de auxiliar nas abordagens de alguns tópicos especiais dentre tão
vasto conteúdo que ela nos apresenta.

Eclesiastes 12: 11 As palavras dos sábios são como aguilhões,


e como pregos bem fixados as sentenças coligidas, dadas pelo único Pastor.

As palavras coligadas, postas juntas, como ditas no texto bíblico acima, servem como
pregos de apoio para fixação, sustentação. Assim, um dos objetivos neste material é
estudar e buscar um mais amplo entendimento das verdades que nos foram entregues
pelo Único Pastor, O Deus Criador dos Céus e da Terra.
Sugerimos que a leitura e o estudo sejam sempre acompanhados da prudência e
averiguação devida, considerando que isto é um hábito muitíssimo saudável a ser feito
em relação a qualquer material que é apresentado por outrem.
O ato de aceitação, rejeição, ou o “reter o que é bom”, é um atributo pessoal e
individual dado àqueles que recebem a sabedoria de Deus e que deveria ser exercitado
ou usado por eles em relação a todo o material que chega às suas mãos.

Provérbios 8: 12 Eu, a Sabedoria, habito com a prudência e disponho de


conhecimentos e de conselhos.

Atos 17: 11 Ora, estes de Bereia eram mais nobres que os de Tessalônica; pois
receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias
para ver se as coisas eram, de fato, assim.

Provérbios 16: 1 O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta certa dos
lábios vem do SENHOR.
2 Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o SENHOR pesa
o espírito.
3 Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão estabelecidos.

Mais detalhes sobre estas considerações de uso foram postadas em


www.ensinovidacrista.org.

Ronald e Irmelin, servos do Senhor Jesus Cristo!


Considerações Sobre Cópias e Distribuição Deste Material:
Este material específico, impresso ou em mídia digital, está autorizado a ser copiado
livremente para uso pessoal. Ele é direcionado àqueles que têm sede e fome de
conhecerem mais sobre o Deus Criador dos Céus e da Terra, o Pai Celestial, sobre a
Bíblia Cristã, a Vida de Cristo e a Vida Cristã, ou mesmo aqueles que somente querem
iniciar um conhecimento sobre estes aspectos.

Apocalipse 21: 5 E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas
todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e
verdadeiras.
6 Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim.
Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da água da vida.

A disponibilização livre desses materiais é tão somente a adoção de uma prática


similar do exemplo e da maneira como o Rei dos Reis, O Senhor dos Senhores, distribui
da fonte da água da vida àqueles que têm sede por ela.
Se uma pessoa, para quem este material for benéfico, desejar compartilhá-lo com
outras pessoas, poderá fazê-lo, preferencialmente, indicando o “Site” da Internet sobre
este Ensino Sistêmico sobre Vida Cristã, onde ele pode ser obtido livremente.
(www.ensinovidacrista.org).
Entretanto, se uma pessoa quiser compartilhar este material com alguém que tenha
restrições ou dificuldades ao acesso direto do “Site” em referência, ela poderá
compartilhar uma cópia diretamente à outra pessoa, impressa ou digital, respeitando a
reprodução completa do material, inclusive com as citações sobre os critérios de uso e
de cópias.
Enfatizamos, porém, que este material não está autorizado a ser copiado e
distribuído, sob nenhuma hipótese, quando houver qualquer ação comercial envolvida.
Não está autorizado a ser vendido, dado em troca de ofertas, incluído em “sites” com o
objetivo de atrair público ao “site”, incluído em “sites” para atrair “clicks” em “links”
patrocinados e comerciais, e situações similares. Também não está autorizado a ser
incluído em materiais de eventos ou cursos ou retiros com inscrições pagas ou para
qualquer promoção pessoal de “preletores”, instrutores, instituições ou similares.
A permissão de uso livre tem o objetivo de deixar o material amplamente disponível
às pessoas em geral que quiserem ter acesso a ele para sua leitura, estudo e proveito
naquilo que lhes for benéfico, bem como para compartilhá-lo, também livremente,
àqueles que têm restrições ou dificuldades de acesso direto ao “site” mencionado.

1Timóteo 2: 3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,


4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade.

Mais detalhes sobre estas considerações de uso foram postadas em


www.ensinovidacrista.org (ou em inglês: www.zoominchristianlife.org).
Conteúdo

Conteúdo......................................................................................................................................... 4

C1. A Sobremodo Excelente e Imprescindível Faceta do Evangelho que Todos Deveriam


Conhecer, mas que Muitos Nem Sabem que Existe ................................................................... 10

C2. O Significado da Expressão “Glória” .................................................................................... 12

C3. Distinção entre a Glória e o Evangelho da Glória ................................................................ 19

C4. O Propósito do Oferecimento da Glória de Deus através do Evangelho ........................... 20

C5. O Propósito do Conhecimento da Glória de Deus que o Próprio Senhor Quer


Manifestar a Nós ..........................................................................................................................22

C6. Efeitos da Carência da Glória de Deus Revelada Segundo o Evangelho da Glória ............26

C7. A Faceta da Glória Evidencia o Firme Fundamento Passado, Presente e Futuro de


Todo o Evangelho ......................................................................................................................... 33

C8. A Revelação da Glória do Senhor é a Faceta que Reitera que o Evangelho é um Todo
Inseparável em Deus ................................................................................................................... 38

C9. A Glória do Senhor é a Faceta do Evangelho que Evidencia o Único que Pode Guiar e
Suportar Alguém a Ser “Mais do Que Vencedor” ....................................................................... 45

C10. O Benefício Supremo que Advém do Conhecer a Glória de Deus .....................................50

C11. A Glória de Deus na Face de Cristo ..................................................................................... 57

A. A Glória Especificamente Enfatizada pelo Evangelho da Glória ................................... 57

B. A Glória de Deus na Face do Cristo Enviado em Carne ao Mundo ............................... 63

C. A Glória de Deus na Face do Cristo Ressurreto e Presente Conosco no Presente ..... 70

D. A Glória de Deus na Face do Cristo através de Quem Deus Põe em Operação


Tudo o que Ele Oferece no Seu Evangelho .........................................................................90

E. A Glória de Deus na Face do Cristo que Vive para Sempre ............................................ 94

C12. A Glória Daquele em Quem Há Múltiplos Ministérios e que os Exerce


Conjuntamente e em Plena Harmonia ....................................................................................... 98

C13. A Glória da Luz do Evangelho da Glória ........................................................................... 107

C14. A Glória do Único Mediador Entre Deus e as Pessoas ..................................................... 123

C15. A Glória Daquele que Tira o Velho e Estabelece o Novo .................................................. 134
C16. A Glória Daquele que Tira o Primeiro e Estabelece o Segundo ...................................... 145

A. A Importância de Compreender Mais Detalhadamente o Ministério de Cristo que


Possibilitou Remover o Primeiro e Estabelecer o Segundo ......................................... 145

B. O Tema Central tanto no que é Chamado Primeiro como no que é Chamado


Segundo ................................................................................................................................... 148

C. O Conjunto dos Principais Aspectos que Estão Envolvidos com aquilo que é
Chamado de Sacerdócio ....................................................................................................... 153

D. Aspectos Centrais de um Sacerdócio quando Visto sob a Ótica de um


Relacionamento ...................................................................................................................... 160

E. Havendo Mudança de Sacerdócio, Necessariamente Há Também Mudança de


Lei .............................................................................................................................................. 167

F. Diferenciando o Primeiro e o Segundo Sacerdócios dos Demais Sacerdócios que


Há no Mundo .......................................................................................................................... 174

G. Introduzindo a Distinção Entre o Sacerdócio Chamado de Primeiro e o


Sacerdócio Denominado de Segundo .................................................................................177

H. O Fator Temporal e o Registro nas Escrituras do Chamado Primeiro Sacerdócio .. 180

I. A Proximidade do Primeiro Sacerdócio com os Demais Sacerdócios do Mundo e


a Exclusiva Validade Presente e Eterna do Segundo Sacerdócio ................................ 187

J. Os “Dois”, e não “Três”, Posicionamentos de Vida que São Revelados na


Compreensão do Primeiro e do Segundo Sacerdócios ...................................................191

K. O Fator Histórico que Introduziu o Sacerdócio também Chamado de Primeiro..... 198

L. A Lei e a Aliança Introduzidas a partir da Introdução Histórica do Chamado


Primeiro Sacerdócio .............................................................................................................. 210

M. Observando ainda um Pouco Mais de Perto o Contexto Em Que o Chamado de


Primeiro Sacerdócio Foi Sugerido ..................................................................................... 217

N. A Glória de Cristo como o Único que Cumpriu a Lei do Primeiro Sacerdócio para
Que Este Pudesse Ser Removido ........................................................................................ 224

O. Removendo Todo Um Conjunto, também Remove-se Todos os Itens do Conjunto 231

P. A Fidelidade e a Temporalidade de Moisés, Josué e Vários Outros Profetas a


Despeito do Primeiro Sacerdócio ....................................................................................... 242

Q. As Diferenças Entre o Primeiro e o Segundo Sacerdócios São Gritantes ou


Gigantescas já a partir dos Seus Pontos Essenciais ........................................................ 258
R. A Aplicação da Remoção do Primeiro e o Estabelecimento do Segundo na Vida
Pessoal ...................................................................................................................................... 274

C17. A Glória do Mediador da Nova Aliança, e Não da Velha ................................................. 284

C18. Proposições Apregoadas como Nova Aliança, mas que na Realidade Tem por Base as
Motivações da Velha Aliança .................................................................................................... 303

A. O Papel das Motivações na Inclinação para os Aspectos Similares aos Associados


à Velha Aliança .......................................................................................................................303

B. A Motivação por Andar por Vista e Não Mediante a Fé em Deus ............................... 312

C. A Motivação por Estar no Controle .................................................................................... 318

D. A Motivação pela Glória Diante das Pessoas ou do Mundo Presente ......................... 323

E. A Motivação pelas Tradições, Culturas, Legados, Coisas Familiares ou


Coletividades ........................................................................................................................... 327

F. A Motivação pelas Coisas Materiais ou a Motivação da Ganância .............................. 331

G. Sob Motivações Similares até Aquilo que Parece Muito Distinto se Torna Similar 345

C19. A Glória de Cristo como o Sumo Sacerdote Celestial ....................................................... 353

C20. A Glória de Cristo como o Sumo Sacerdote Segundo a Ordem de Melquisedeque .......365

A. A Introdução à Expressão Ordem Sacerdotal e à Ordem de Melquisedeque ........... 365

B. A Multiplicidade de Referências e Nomes Associados aos Dois Sacerdócios em


Destaque no Livro de Hebreus ............................................................................................ 371

C. A Origem e a Sucessão dos Personagens Atuantes no Sacerdócio da Ordem de


Arão e da Ordem de Melquisedeque .................................................................................. 373

D. Linhagem Corruptível e Linhagem Incorruptível ........................................................... 376

E. Promessas Corruptíveis ou Promessas Incorruptíveis ................................................... 379

F. Serviço Sacerdotal e Tabernáculo Terreno ou Serviço Sacerdotal e Tabernáculo


Celestial .................................................................................................................................... 381

G. Justiça Humana ou Justiça de Deus .................................................................................. 395

H. Sacerdócio Simbólico ou da Parábola para o Tempo Presente, ou Sacerdócio


Verdadeiro e Eterno ............................................................................................................. 409

I. Um Sacerdócio que Consome Dons, Sacrifícios e Vida ou Um Sacerdócio que


Concede Graça, Novidade de Vida e Dádivas ................................................................... 417
J. Um Sacerdócio que Dissimula a Respeito dos Sintomas, Diagnóstico e Soluções
ou Um Sacerdócio que Ilumina o Coração e Oferece Verdadeiro Diagnóstico e
Solução .....................................................................................................................................429

K. Eis a Questão: Troca Periódica de Sacerdotes, Templos, Estruturas e Métodos


ou Uma Troca Única para um Sacerdócio Único, Perfeito e que Permanece para
Sempre? ................................................................................................................................... 439

C21. Quem era Melquisedeque? ............................................................................................... 444

C22. A Gloriosa Obra ou Ministério Vivo do Singular Sumo Sacerdote Jesus em Prol da
Novidade de Vida, Consciência e Comunhão com Deus de Cada Pessoa que Nele Crê ........ 470

C23. A Glória Cheia de Amor e de Misericórdia do Sumo Sacerdote Jesus que nos Conduz
às demais Facetas da Glória de Deus ....................................................................................... 493

C24. A Glória do Sacerdócio cuja Liberdade de Atuação e de Aceitação de Pessoas Não É


Limitada às Barreiras Naturais: Em Cristo Não Há “nem” e “nem” ..................................... 504

A. A Liberdade e a Aceitação de Pessoas que Acompanham as Pessoas .........................504

B. A Liberdade e a Aceitação de Pessoas que Operam segundo A Misericórdia de


Deus e Não segundo o Auto Julgamento das Pessoas .................................................... 510

C. A Liberdade e a Aceitação de Pessoas que Não Têm por Base as Características


Naturais dos Indivíduos ....................................................................................................... 515

C25. A Glória do Sumo Sacerdote que nos Chama para Estarmos Nele ou para o que é
Denominado de Estar Em Cristo .............................................................................................. 533

C26. A Glória do Sumo Sacerdote que é Advogado Amigo Junto ao Pai Celestial .................549

C27. A Glória do Sumo Sacerdote que é o Autor e Consumador da Fé .................................. 584

A. A Condição Imprescindível da Fé na Vida de cada Ser Humano e de cada Cristão 584

B. O Autor e Consumador da Dádiva Chamada Fé ..............................................................588

C. A Fé em Deus: Uma Dádiva Amplamente Combatida ................................................... 601

D. Ressaltando a Dissimulação ou Hipocrisia como Arma que Milita Contra a Fé em


Deus .......................................................................................................................................... 615

C28. Viver Em Cristo e Andar Em Cristo ................................................................................ 628

C29. A Glória do Sumo Sacerdote que também é Rei e o Fundamento para o Andar em
Cristo .........................................................................................................................................656

C30. A Glória do Rei Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque........................................ 663

A. O Rei Eterno que Permanece Sacerdote para Sempre ................................................... 663


B. O Rei Eterno que Já É Rei e não que Virá a Ser Rei ....................................................... 667

C. A Posição do Trono do Rei Eterno ..................................................................................... 672

D. A Abrangência do Reinado do Rei segundo a Ordem de Melquisedeque .................. 678

E. Rei Eterno, Nascido Rei e Feito Rei ................................................................................... 681

C31. A Glória do Rei da Justiça e Rei da Paz ........................................................................... 693

A. Aspectos do Caráter e das Posturas do Rei Eterno que Destoam dos Reis na
Terra ......................................................................................................................................... 693

B. O Aspecto da Justiça e da Paz no Nível Individual e Coletivo ...................................... 701

C. O Rei que Serve Segundo a Vontade de Deus e Não Segundo a Vontade da


Criatura .................................................................................................................................... 709

D. O Rei que Reina com Concessões de Escolhas .................................................................717

C32. A Oposição Central ao Rei Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque ....................... 742

C33. A Glória de Cristo como o Sumo Sacerdote e Rei Eterno que também É “o Cabeça” .... 751

C34. A Glória de Cristo Como o Cabeça de Cada Pessoa que Nele Crê................................... 758

C35. A Glória de Cristo como o Cabeça do Coletivo de Dois Chamado de Matrimônio ....... 780

A. O Primeiro Relacionamento Horizontal e Coletivo do Ser Humano ..........................780

B. O Princípio Conjugal que Permanece Inalterado desde o Começo ............................. 782

C. A Condição de Cristo como Cabeça que se Aplica de Forma Específica às Pessoas


Casadas..................................................................................................................................... 785

D. A Condição de Cristo como Cabeça que Auxilia a Esclarecer a União Conjugal


segundo o Princípio de Deus – Parte 1 .............................................................................. 789

E. A Condição de Cristo como Cabeça que Auxilia a Esclarecer a União Conjugal


segundo o Princípio de Deus – Parte 2 ............................................................................. 798

F. A Condição de Cristo como Cabeça que Auxilia a Esclarecer a União Conjugal


segundo o Princípio de Deus – Parte 3 ............................................................................. 801

G. Serão os Dois Uma Só Carne ............................................................................................... 810

H. Cristo como o Cabeça de Uma Só Carne Já Estabelecida – Parte 1 ............................ 817

I. Cristo como o Cabeça de Uma Só Carne Já Estabelecida – Parte 2 ...........................823

J. O Que Deus Ajuntou Não Separe o Homem .................................................................... 831


K. A União Conjugal e a Casa ...................................................................................................843

C36. A Glória do Senhor Jesus Como Rei e Cabeça do Corpo de Cristo ou da Igreja de
Cristo ......................................................................................................................................... 851

A. O Corpo do Qual Cristo é o Cabeça .................................................................................... 851

B. Cristo como o Cabeça do Seu Corpo Esclarece o Que É a Igreja de Cristo .............. 855

C. O Que Não É a Igreja de Cristo diante do Fato de que a Igreja de Cristo É o


Corpo de Cristo ....................................................................................................................... 857

D. A Igreja de Cristo É Um Só Corpo de Cristo em Vários Lugares ................................ 860

E. Ser Membro e Fazer Parte do Rol de Membros da Igreja de Cristo ............................863

F. A Igreja é o Corpo de Cristo e Jamais a Cabeça do Corpo .............................................870

G. O Corpo de Cristo Não Está Autorizado a Ter Sub-bandeiras ou Subalianças ....... 874

H. O Governo da Igreja de Cristo É Segundo o Reino de Deus e Não Segundo os


Reinos do Mundo .................................................................................................................. 880

I. Um Aspecto Altamente Negativo da Resistência a Cristo como o Cabeça da Sua


Igreja .........................................................................................................................................892

J. A Igreja Celestial e as Perversas Tentativas de Torná-la Terrena ............................... 897

K. Os Pretensos Ministros e Doutrinas por Trás das Igrejas Terrenas ..........................905

L. Cristo disse: “Eu Edificarei a Minha Igreja” e Não Aquilo que os Seres Humanos
Denominam de Igreja de Cristo ou de Deus .....................................................................924

C37. A Glória de Cristo Como Rei e Cabeça de Todo Principado e de Toda Potestade do
Universo ..................................................................................................................................... 928

C38. Levantai, ó Portas, as Vossas Cabeças, Levantai-vos, ó Portais Eternos para que
Entre o Rei da Glória .................................................................................................................935

Bibliografia ................................................................................................................................ 938


10

C1. A Sobremodo Excelente e Imprescindível Faceta do


Evangelho que Todos Deveriam Conhecer, mas que Muitos
Nem Sabem que Existe
Para introduzir este novo material, gostaríamos de mencionar primeiramente que
ele se refere a uma continuidade da abordagem dos principais pontos que compõem a
série sob o tema geral O Evangelho, As Boas Novas da Parte de Deus, a qual já conta
com os seguintes estudos anteriores:
 1) Muito Mais do que Uma Mensagem: Uma Oferta de Vida!
 2) O Limite do Evangelho Ilimitado;
 3) O Evangelho do Criador;
 4) O Evangelho de Cristo;
 5) O Evangelho do Reino;
 6) O Evangelho da Justiça de Deus;
 7) O Evangelho da Paz;
 8) O Evangelho da Salvação;
 9) O Evangelho do Poder de Deus;
 10) O Evangelho da Graça de Deus;
 11) O Evangelho da Promessa.

Similarmente, já desde o começo deste novo material, gostaríamos de expressar o


quão desafiador foi encontrar palavras para dar início a este novo assunto sobre o
Evangelho da Glória de Deus ou o Evangelho da Glória de Cristo em sequência a uma
série de outros temas sobre o mesmo Evangelho. E isto, em função da vital relevância e
amplitude que este conteúdo ainda acrescenta ao que já foi visto, mas também em
função de um sentimento de que o conhecimento deste tema ainda é demasiadamente
escasso para uma enorme parcela das pessoas, inclusive aquelas que se dizem
admiradoras do Evangelho do Senhor.
Depois de tomar conhecimento de uma parte expressiva do que está contido no
Evangelho sob a ótica da glória de Deus e da glória de Cristo, e do que está exposto
sobre ela nos diversos capítulos deste estudo, em diversos momentos, de certa forma,
sentimo-nos até profundamente angustiados para redigir uma introdução que pudesse
expressar em poucas palavras a imensurável preciosidade desta faceta e que, ao mesmo
tempo, também pudesse oferecer ao leitor desta introdução uma proposição tal que
coopere com a percepção de que a extensão das riquezas deste tema é muito
desafiadora de ser condensada em poucas palavras.
Entretanto, o que podemos dizer para aqueles que de fato querem compreender de
forma mais ampla e precisa o Evangelho de Deus e a novidade de vida oferecida através
dele pelo Senhor, é que uma apreciação mais extensa sobre os seus múltiplos pontos
também sob a ótica da glória do Senhor é inevitável.
Assim, o que foi exposto nos parágrafos anteriores, nos leva a fazer uma proposição
de somente mencionar neste começo a enorme relevância do conteúdo que há no
Evangelho sob a ótica da glória de Deus e da glória de Cristo, deixando assim de fazer
11

uma explanação resumida sobre ele neste ponto pelo fato disto, na prática, ser muito
difícil e também pelo fato de que a tentativa de sintetizar esta faceta tão expressiva e
ampla do Evangelho poderia comprometer a apreciação da grandiosidade dos aspectos
que nela estão contidos.
Após pensarmos e repensarmos na introdução a respeito deste precioso aspecto do
Evangelho que está sendo referenciada acima, concluímos que a melhor introdução que
poderia ser feito em relação a ele, provavelmente, seria simplesmente mencionar que
ela é uma faceta sobremodo excelente e digna de ser conhecida absolutamente por
todos os seres humanos, mas que dificilmente será conhecida se uma pessoa não se
inclinar ou dedicar tempo de fato para conhecê-la mais amplamente.
A faceta do Evangelho que pode ser vista sob a ótica da glória de Deus e da glória de
Cristo inicialmente pode inclusive aparentar desinteressante para muitos devido ao
pouco apelo familiar ou popular que é dado a ela. Entretanto, ela representa um ponto
que reserva tesouros que certamente surpreenderão muito além das expectativas
àqueles que se dispuserem a conhecê-la mais profundamente.
O Evangelho sob a perspectiva da glória de Deus e da glória de Cristo nos
é revelado e oferecido como que para “certificar” e “coroar” todas as
demais facetas do Evangelho.
Entretanto, devido à excelência da sua preciosidade, a faceta da glória de Deus e da
glória de Cristo também é aquela aspecto que somente é percebido ou conhecido de fato
por aqueles que passam da camada da superficialidade no relacionamento com o
Evangelho do Senhor e por aqueles que se dispõem a avançar em direção aos aspectos
mais profundos que há neste mesmo Evangelho.
12

C2. O Significado da Expressão “Glória”


Quando nas Escrituras encontramos descrito que o Evangelho de Deus é também
chamado pelo nome composto de Evangelho da Glória, automaticamente também nos
vemos desafiados a conhecer, à luz das Escrituras, o que vem a ser o termo glória para
que possamos compreender mais amplamente o que vem a ser o Evangelho como um
todo.
O fato do termo glória se referir a uma palavra que não é popularmente conhecida
de maneira mais aprofundada, não justifica um desinteresse pelo tema do Evangelho da
Glória. E este fato, de forma alguma, deveria inibir as pessoas de buscarem um
conhecimento maior sobre uma faceta tão relevante do Evangelho e, principalmente,
tão imprescindível à todos aqueles à quem Deus oferece o seu Evangelho.
Assim como, por exemplo, a compreensão mais aprofundada e específica de cada
uma das facetas do Evangelho está associada a um conhecimento mais preciso do que
vem a ser o Reino Celestial, a Justiça, a Paz e a Graça de Deus, assim também o
conhecimento do Evangelho sob a perspectiva da glória do Senhor fica mais acessível
quando uma pessoa conhece, primeiramente, o que vem a estar incluso na expressão
glória quando esta é associada ao Evangelho.
Inicialmente destacamos ainda, que um aspecto relevante a ser observado quando
inicia-se uma averiguação mais ampla do termo glória, e que também pode confundir
algumas pessoas ao tentar associá-lo ao Evangelho, é que a expressão glória, além de
ser um substantivo associado ao Evangelho, também pode vir a ser um verbo que
expressa o ato de glorificar alguém, conforme exposto em alguns textos abaixo:

1 Coríntios 6: 20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,


glorificai a Deus no vosso corpo.

2 Ts 1: 12 ... a fim de que o nome de nosso Senhor Jesus seja glorificado


em vós, e vós, nele, segundo a graça do nosso Deus e do Senhor Jesus
Cristo.

Mateus 6: 2 Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de


ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa.

A palavra glória, no sentido do verbo dar glória ou glorificar, em alguns momentos


recebe, por várias pessoas, uma conotação mais relacionada à prática de exaltar e de
apresentar louvores a alguém ou a alguma coisa, dando assim um foco mais
direcionado à ação das pessoas e não tanto ao que vem a ser a própria glória que é
associado pelo Senhor ao Seu Evangelho.
Entretanto, dar glória ou glorificar, quando passa-se a compreender de forma mais
ampla o que está associado ao termo glória utilizado nas Escrituras, não se limita
somente ao ato de expressar louvores ou de enaltecer em gratidão um indivíduo ou
alguma outra coisa.
13

Dar glória ou glorificar refere-se muito mais ao “ato de atribuir glória” a um


indivíduo ou a alguma coisa do que simplesmente expressar gratidão, conforme
exemplificado na lista de textos a seguir:

João 15: 8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim
vos tornareis meus discípulos.

João 13: 31 Quando ele saiu, disse Jesus: Agora, foi glorificado o Filho
do Homem, e Deus foi glorificado nele;
32 se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará nele
mesmo; e glorificá-lo-á imediatamente.

João 12: 16 Seus discípulos a princípio não compreenderam isto;


quando, porém, Jesus foi glorificado, então, eles se lembraram de
que estas coisas estavam escritas a respeito dele e também de que
isso lhe fizeram.

João 8: 54 Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha


glória nada é; quem me glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é
vosso Deus.

1 Pedro 4: 11 Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se


alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as
coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem
pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste
para fazer;
5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu
tive junto de ti, antes que houvesse mundo.

Dar glória ou glorificar não é um ação que se encerra quando este ato é
praticado, como no caso da expressão de um louvor ou de uma gratidão.
Ele é um ato que procura evidenciar características ou atributos daquele
ou daquilo que é glorificado para que, a partir do conhecimento destes
atributos, as pessoas possam se posicionar em relação àquele ou àquilo
que foi atribuído glória.
14

Dar glória ou glorificar, portanto, engloba o aspecto de revelar características


daquele ou daquilo a quem se atribui uma determinada glória, o que nos leva ao
conhecimento do fato de que existem “glórias distintas” no mundo, conforme pode ser
visto abaixo:

Romanos 1: 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu


eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso,
indesculpáveis;
21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como
Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos
23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e
répteis.

2 Coríntios 3: 10 Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado,


neste respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente
glória.

1 Coríntios 15: 40 Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem


dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres.
41 Uma é a glória do sol, outra, a glória da lua, e outra, a das
estrelas; porque até entre estrela e estrela há diferenças de
esplendor.
----

Ainda outro aspecto que consideramos ser importante destacar antes de


procurarmos alcançar uma conceituação mais específica sobre o termo glória, refere-se
ao ponto de que além de poder haver mais de um tipo de glória, dependendo
de quem ou do que está em foco, ainda pode ocorrer a existência de
“concepções de glórias distintas” sobre um mesmo aspecto dependendo de
quem compôs a proposição de uma determinada glória, conforme está
também exemplificado a seguir:

João 5: 41 Eu não aceito glória que vem dos homens;


ou
João 5: 34 Eu, porém, não aceito humano testemunho; digo-vos,
entretanto, estas coisas para que sejais salvos.

João 12: 42 Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram


nele, mas, por causa dos fariseus, não o confessavam, para não
serem expulsos da sinagoga;
43 porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de
Deus.
15

Salmos 4: 2 Ó homens, até quando tornareis a minha glória em


vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira?
----

Mencionando as considerações dos últimos parágrafos ainda em outras palavras,


podemos dizer que em relação a Deus e aos seres humanos, há a glória de Deus e a
glória dos seres humanos, mas também há a glória que Deus define sobre si mesmo e
sobre os seres humanos, como há a glória que os seres humanos definem sobre Deus e
sobre si próprios.
Em princípio, o termo glória é genérico para todos os tipos de glória que
procuram ser introduzidos e conhecidos, o que faz com que a palavra
glória, para expressar a glória de um aspecto específico, também precise
vir acompanhada da explicação à quem ou o que esta glória visa
apresentar, bem como da explicação a partir de quem ou do que uma
determinada glória foi definida e proposta.
Depois de mencionadas as considerações acima sobre o termo e a diversidade de
usos que podem ser aplicados à palavra glória, procuraremos, então, passar a abordar a
seguir mais especificamente a palavra glória no seu conceito geral.
A palavra glória, genericamente falando, é uma palavra especial, pois
diferentemente de muitas outras palavras que procuram definir algum
detalhe de um item em foco, a expressão glória almeja apresentar uma
visão global do conjunto de aspectos que existem em algo específico.
Enquanto muitas palavras têm seu uso direcionado para pormenorizar
algum item em particular, a expressão glória procura apresentar de
maneira condensada o máximo de características relevantes ou dignas de
exaltação que possam haver em algum item em foco e a respeito do qual se
quer apresentar um conjunto mais amplo de informações.
Em certo sentido, a expressão glória é uma ferramenta útil para fazer
referência a algo muito extenso ou amplo, mas que em muitos momentos
precisa ser expresso sucintamente ou em poucas palavras, e nos quais, por
uma questão prática, nem sempre se poderá fazer uso de longas
explicações ou explanações.
Quando, por exemplo, uma pessoa fala que um determinado rei está assentado no
seu trono e está governando a partir desta posição, ainda que muitos não estejam
presenciando fisicamente o que este rei está fazendo para governar, as pessoas sabem o
que significa esta posição deste rei se elas já tiverem uma conceituação razoável do que
um rei faz a partir de seu trono de governo.
Assim, esta referência condensada àquilo que um rei faz quando governa ou aquilo
que está associado à uma posição de determinado tipo de rei, é uma expressão da
glória segundo o tipo da sua posição e função.
Em outras palavras, quando as pessoas têm uma razoável noção do grande conjunto
de ações que um rei faz como regente de um determinado domínio e das condições que
este rei tem para exercer o seu reinado, podemos dizer que elas têm um boa noção de
qual é a glória que reside sobre o rei quando este está no seu trono de governo.
16

A glória de um indivíduo ou de alguma coisa, entre outros, é a revelação


informativa, visual ou acessível que se pode ter sobre os atributos daquele
ou daquilo ao qual a glória faz referência, ainda que estes atributos não
estejam em atuação plenamente visível diante daqueles a quem a glória é
revelada.
Quando, por exemplo, as Escrituras nos informam que Deus é o único reto juiz
eterno e que Ele reina sobre todo o universo, sobre todas as nações e sobre todos os
povos que nelas habitam, nós não podemos ver isto com os nossos olhos naturais e não
podemos, em nossa condição limitada no mundo, saber com detalhes toda a amplitude
de ações que esta regência de Deus sobre todos os indivíduos do mundo exige.
Entretanto, pelo anúncio ou pela revelação da glória de que Deus é plenamente
poderoso para ser este reto juiz sobre tudo e sobre todos, esta revelação e conhecimento
podem ser alcançados de forma plenamente satisfatória, permitindo uma interação ou
um relacionamento mais amplo com o Senhor a partir da revelação da sua glória,
conforme exemplificado também no seguinte texto:

Salmos 33: 13 O SENHOR olha dos céus; vê todos os filhos dos homens;
14 do lugar de sua morada, observa todos os moradores da terra,
15 ele, que forma o coração de todos eles, que contempla todas as
suas obras.
16 Não há rei que se salve com o poder dos seus exércitos; nem por
sua muita força se livra o valente.
17 O cavalo não garante vitória; a despeito de sua grande força, a
ninguém pode livrar.
18 Eis que os olhos do SENHOR estão sobre os que o temem, sobre os
que esperam na sua misericórdia,
19 para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-
lhes a vida.
20 Nossa alma espera no SENHOR, nosso auxílio e escudo.
21 Nele, o nosso coração se alegra, pois confiamos no seu santo
nome.
22 Seja sobre nós, SENHOR, a tua misericórdia, como de ti
esperamos.
----

O uso da ferramenta ou palavra chamada glória para divulgar algo sobre Deus,
pessoas, produtos, serviços, e tantas outros aspectos, é algo que é realizado
constantemente ou diariamente nos mais diversos segmentos da vida.
De certa forma, o que conhecemos por publicidade ou divulgação de empresas,
pessoas, produtos e serviços no comércio, por exemplo, é, na essência, a tentativa da
divulgação de uma glória referente àquilo que é oferecido ou à quem oferece algo às
pessoas a quem uma publicidade é endereçada.
Quando uma indústria, por exemplo, divulga cenas e informações do que o veículo
que ela fabrica pode oferecer aos seus usuário, ela está fazendo uma divulgação
informativa, quer por vídeo, áudio, fotos, “test-drive”, etc, da glória que ela quer que as
pessoas registrem em suas mentes sobre o produto que ela oferece.
17

A glória sobre um indivíduo ou sobre alguma outra coisa é muito


interessante, pois ela nem sempre está associada ao detalhamento
completo daquilo que está em foco, mas procura englobar os pontos
necessários para que as pessoas venham a conhecer aquilo que lhes é
informado com o objetivo de fazer com que elas estejam amparadas para
decidir se confiam ou não naquilo que lhes é apresentado.
Voltando ao exemplo da publicidade de um veículo, podemos observar que a grande
maioria das pessoas não adquire um carro por conhecer pormenorizadamente como
todos os aspectos daquele veículo foram construídos e por conhecer como todos eles
funcionam conjuntamente. Por outro lado, as pessoas mais prudentes adotam alguns
critérios de avaliação sobre as informações que lhe são oferecidas sobre a qualidade e a
segurança do veículo que elas cogitam adquirir, onde este conjunto de aspectos que leva
uma pessoa a decidir adquirir ou não adquirir um carro é o que expressa, de certa
forma, a glória do veículo e do seu fabricante.
A glória de um indivíduo ou de alguma coisa não necessariamente
expressa a definição total ou completa de uma pessoa, atributo ou algo que
está em foco, mas é um aspecto que apresenta um conjunto de informações
ou parâmetros apresentados por alguém com o intuito de revelar,
desvendar, descrever ou expor aquilo que está em foco com objetivo de que
seja conhecido e avaliado pelas pessoas mediante aquilo que foi informado
ou revelado.
Vejamos outro exemplo baseado no texto apresentado a seguir:

Salmos 19: 1 Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento


anuncia as obras das suas mãos.

Nenhuma pessoa na Terra poderá saber a enormidade de detalhes que estão nos
céus ou no firmamento. Entretanto, se um indivíduo observar os céus com atenção, ele
poderá ver a glória da imensurável grandeza e soberania de Deus em ter criado o que
criou e em sustentar o firmamento daquilo que foi feito por suas mãos.
Portanto, dar glória a Deus, por exemplo, não é simplesmente agradecer a Deus
pelo que Ele fez ou faz pelas pessoas, mas é reconhecer ou declarar o reconhecimento
dos atributos de quem Deus é, ainda que não se possa ver e conhecer todos os detalhes
que compõem estes atributos.
Se uma pessoa se diz grata a Deus por ações que o Senhor fez por ela,
mas ela não reconhece quem Deus é para com a sua vida e para com o
universo, ela não glorifica a Deus de fato.

Apocalipse 16: 9 Com efeito, os homens se queimaram com o intenso


calor, e blasfemaram o nome de Deus, que tem autoridade sobre
estes flagelos, e nem se arrependeram para lhe darem glória.

A glória de Deus, por diversas maneiras, nos revela quem e como é o


Senhor para que possamos firmar as convicções de quem Deus é para nós,
e isto, para que possamos nos posicionar apropriadamente em relação
àquilo que sobre Deus nos é revelado.
18

Salmos 145: 9 O SENHOR é bom para todos, e as suas ternas


misericórdias permeiam todas as suas obras.
10 Todas as tuas obras te renderão graças, SENHOR; e os teus santos
te bendirão.
11 Falarão da glória do teu reino e confessarão o teu poder,
12 para que aos filhos dos homens se façam notórios os teus
poderosos feitos e a glória da majestade do teu reino.
13 O teu reino é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por
todas as gerações. O SENHOR é fiel em todas as suas palavras e
santo em todas as suas obras.
14 O SENHOR sustém os que vacilam e apruma todos os prostrados.
15 Em ti esperam os olhos de todos, e tu, a seu tempo, lhes dás o
alimento.
16 Abres a mão e satisfazes de benevolência a todo vivente.
17 Justo é o SENHOR em todos os seus caminhos, benigno em todas
as suas obras.
18 Perto está o SENHOR de todos os que o invocam, de todos os que o
invocam em verdade.
19 Ele acode à vontade dos que o temem; atende-lhes o clamor e os
salva.
20 O SENHOR guarda a todos os que o amam; porém os ímpios serão
exterminados.
21 Profira a minha boca louvores ao SENHOR, e toda carne louve o
seu santo nome, para todo o sempre.
19

C3. Distinção entre a Glória e o Evangelho da Glória

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.

Depois que começamos a ver no capítulo anterior o que vem a ser o significado da
glória de Deus, e ainda antes de adentrarmos de forma mais intensa no tema sobre o
propósito da glória do Senhor, entendemos ser muito significativo fazer uma distinção
mais evidente entre a própria glória e o Evangelho da Glória.
Conforme exposto no primeiro tema da presente série de assuntos, o Evangelho não
é somente uma mensagem informativa, mas uma oferta real de dádivas de Deus para
todos os seres humanos que aceitarem a oferta que a eles é direcionada, e cujas dádivas
são imprescindíveis para que cada indivíduo possa vir a se encontrar com a novidade de
vida que lhe é oferecida a partir do reino celestial.
Portanto, o Evangelho de Deus não se limita à glória propriamente dita, mas
também engloba o oferecimento do conhecimento da glória de Deus às pessoas que
recebem o Evangelho como uma oferta concedida por Deus para as suas vidas.
O fato do Evangelho de Deus também ser chamado como o Evangelho da Glória do
Senhor é muito relevante, pois a associação de um atributo divino ao Evangelho
expressa simultaneamente a vontade do Senhor em nos oferecer este atributo e a
necessidade que os seres humanos também têm de receber este atributo oferecido para
a sua salvação e novidade de vida em Deus.
O fato de que a glória de Deus é um dos itens integrantes do Evangelho,
ou um dos aspectos revelados e oferecidos por este mesmo Evangelho, nos
comunica, exatamente pelo fato de estar associado a este Evangelho, que
necessitamos desta glória e que também o suprimento de tudo aquilo que
dela necessitamos já nos está disponível neste mesmo Evangelho.
20

C4. O Propósito do Oferecimento da Glória de Deus através


do Evangelho
Uma vez que já passamos pelos tópicos que tratam sobre o que vem a ser a glória de
um indivíduo ou de alguma coisa, e também já vimos que a glória é uma das dádivas
essenciais que são oferecidas por Deus através do seu Evangelho para serem recebidas
por todas as pessoas que as aceitarem mediante a fé, entendemos que podemos avançar
agora, com mais propriedade, em direção a um maior aprofundamento sobre o
propósito do Senhor em nos oferecer a sua glória, bem como para conhecer mais
especificamente o que está contido na glória de Deus que nos é oferecida no Evangelho.
Assim, neste presente capítulo, gostaríamos de nos concentrar mais em alguns
aspectos do propósito de Deus relacionados ao oferecimento da sua glória. E para isto,
gostaríamos de voltar a mencionar o seguinte texto já citado no capítulo anterior sobre
o Evangelho da Glória do Senhor:

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.

De forma bem objetiva, conforme pode ser visto no texto acima, o fato de Deus nos
oferecer o seu Evangelho também como o Evangelho da sua Glória, expressa o
propósito do Senhor de que recebamos a iluminação do conhecimento da glória
de Deus, na face de Cristo.
Para aqueles que creem no Evangelho do Senhor e o recebem em seus
corações, Deus concede o Seu Evangelho associado também à sua glória
para que estas pessoas venham a conhecer a glória do Senhor em Cristo
Jesus e para que possam ser edificadas ou fortalecidas mediante esta
glória.
O fato do Evangelho Eterno ser chamado também como o Evangelho da
Glória do Senhor, expressa a vontade de Deus em nos oferecer o
conhecimento da sua glória a fim de que colhamos os benefícios deste
conhecimento.
Ainda em outras palavras, o oferecimento do conhecimento da glória de Deus na
face de Cristo, através do Evangelho, visa possibilitar que nos tornemos conscientes da
necessidade que cada ser humano tem de conhecer a glória do Senhor que criou e que
sustenta toda a vida, bem como para que o conhecimento desta glória esteja de fato
acessível àqueles que aceitam o Evangelho em seus corações para também colherem os
frutos que o conhecimento da glória de Deus pode produzir neles e a favor deles.
A possibilidade de conhecer a glória do Senhor através do Evangelho foi
disponibilizada desta maneira à todas as pessoas do mundo para suprir
21

uma das maiores, mais cruciais ou até a mais significativa das carências
que todos os seres humanos apresentam e que foi imputada a todos por
causa da sujeição ao pecado na qual os seres humanos incorreram.

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, (RA)

ou

Romanos 3: 23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de


Deus, (RC)
----

Além de atribuir um jugo de escravidão e castigo sobre as pessoas, a sujeição ao


pecado também implicou na interrupção daquilo que o ser humano mais necessita. E
segundo as Escrituras do Senhor, é interessante observar que elas não nos informam
que os seres humanos, por causa do pecado, carecem de mais territórios, recursos
naturais ou de mais riquezas, mas da glória de Deus.
Pela associação da glória do Senhor ao Evangelho, como uma oferta a
nós direcionada, Deus nos oferece, de forma real e acessível, o verdadeiro
suprimento para o conhecimento da sua glória, o qual nos é tão necessário
para que não estejamos mais em carência da essência da novidade de vida
no Senhor ou para que não estejamos mais separados daquilo que é o mais
imprescindível para o nosso viver e andar tanto no presente como no
porvir, a saber: Conhecer a Deus e ao Seu Filho Amado Jesus Cristo.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

2 Pedro 1: 2 Graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de


Deus e de Jesus, nosso Senhor. (RC)
22

C5. O Propósito do Conhecimento da Glória de Deus que o


Próprio Senhor Quer Manifestar a Nós

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.

Conforme foi visto nos capítulos anteriores, o Evangelho de Deus, também como o
Evangelho da Glória do Senhor, tem por propósito nos oferecer e nos levar ao
conhecimento da glória de Deus. Aspecto que, por sua vez, nos leva à necessidade de
avaliarmos uma segunda etapa do propósito do Senhor em nos oferecer o
conhecimento da sua glória, a qual está associada explicitamente à finalidade pela qual
Deus quer que conheçamos a sua glória.
E por que, então, o conhecimento da glória de Deus é tão importante para a vida de
um indivíduo?
Dizer que uma pessoa precisa do conhecimento da glória de Deus é tão
significativo para todos os seres humanos porque esta expressão, falando
resumidamente, é uma outra maneira de dizer o quanto um indivíduo
precisa conhecer individualmente ou pessoalmente ao próprio Deus
Criador dos Céus e da Terra e daquilo que neles há.
Quando uma pessoa conhece a verdadeira glória de Deus, ela também
passa a conhecer o próprio Deus.
Conhecer a Deus ou conhecer a glória verdadeira de Deus, de certa forma, são
expressões equiparáveis, conforme os textos apresentados abaixo:

Habacuque 2: 14 Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do


SENHOR, como as águas cobrem o mar.

Isaías 11: 9 Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo
monte, porque a terra se encherá do conhecimento do SENHOR,
como as águas cobrem o mar.

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

João 1: 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e


de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
...
23

18 Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do


Pai, é quem o revelou.

Portanto, o Evangelho da Glória de Deus nos é oferecido para que conheçamos a


Deus a fim de que os propósitos daquilo que advém do conhecer ao Senhor se
manifestem em nossas vidas.
Em outras palavras, o Senhor nos oferece o Evangelho da sua Glória para termos
acesso a conhecer a Ele ou os seus atributos a fim de que creiamos Nele e para que,
mediante a fé no Senhor, recebamos a vida eterna em Deus segundo a sua multiforme
graça.
Através do Evangelho da Glória, cuja principal dádiva é o Senhor Jesus
Cristo, e através do conhecimento da glória do Senhor que o Evangelho nos
oferece, a carência do conhecimento de Deus passa a ser suprida para que
possamos viver e andar mediante a fé e no amor do Senhor, e através dos
quais, podemos crescer na salvação e na novidade de vida eterna que nos
está disponível em Deus.
Tendo em vista que Deus é insondável, somente é possível que Ele revele
uma determinada medida do seu “Ser” a nós. Razão pela qual,
necessitamos do conhecimento da sua glória, pois, através dela, o Senhor
pode se revelar na medida ideal que necessitamos, mas também na medida
perfeita que possamos suportar em cada momento das nossas vidas.
Através da revelação da sua glória, Deus, por exemplo, pode nos ensinar e revelar
que Ele é o Deus Todo-Poderoso sem ter que nos expor a todo o seu poder, pois se o
fizesse, certamente seríamos instantaneamente desintegrados com tamanha presença
poderosa do Senhor.
Através da sua glória, Deus pode anunciar, mostrar e conceder parcialmente e de
maneira plenamente satisfatória o que as pessoas necessitam conhecer dos seus mais
diversos atributos, mas sem que tenha que mostrá-los na plenitude àqueles aos quais
Ele quer revelá-los a fim de que venham a ser edificados e não destruídos pelo
conhecimento e revelação da grandeza do Senhor.
Ninguém pode ver o que Deus vê ao ter os seus olhos sobre cada um dos filhos dos
homens. Ninguém, nem de perto, tem tal capacidade. Entretanto, isto não impede que
através da glória de Deus esta posição e capacidade do Senhor nos sejam reveladas a
fim de que creiamos Nele neste sentido, para que o nosso coração encontre descanso
em Deus e para que nos alegremos nas santas virtudes do Senhor.
Somente a título figurativo, pois conhecer ao Senhor é mais do conhecer somente a
sua fama, parece-nos que, em certo sentido, poderíamos dizer que a glória lembra a
fama ou a reputação que é atribuída a alguém a respeito de algumas das suas
características.
Lembramos aqui, porém, que no caso da glória de Deus, a fama do Senhor é segundo
a sua própria glória, e não é como a fama das pessoas no mundo.
Quando revelada pelo próprio Senhor, a revelação sobre Deus é segundo a verdade e
em consonância a como o Senhor é verdadeiramente, enquanto que a fama daquilo que
as pessoas divulgam umas sobre as outras, ou até sobre Deus, nem sempre é baseada na
verdade sobre cada pessoa ou sobre Deus.
24

Conforme mencionamos em capítulos anteriores, a glória que as pessoas atribuem a


Deus muitas vezes é muito diferente da glória que o Senhor manifesta a respeito de Si e
de cada pessoa.
Ter um conhecimento adequado sobre a glória de Deus e ter um
relacionamento ajustado com ela são pontos determinantes para o
estabelecimento do conjunto de esperanças de uma pessoa e para o seu
crescimento na fé em Deus, pois como um indivíduo poderá crer, confiar e
esperar adequadamente em Deus se ele não tiver conhecimento sobre o
Senhor ou se o seu entendimento sobre Deus for substancialmente
distorcido?

Romanos 10: 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo.
14(a) Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como
crerão naquele de quem nada ouviram?

Assim, se alinharmos os diversos propósitos que citamos até o presente momento


nos últimos capítulos e parágrafos, poderíamos dizer que:
 1) O propósito geral do Evangelho é proporcionar que venhamos a ficar
conscientes sobre aquilo que necessitamos para a salvação, a vida segundo a
vontade de Deus ou para a vida eterna, e, principalmente, para nos estender e
oferecer, mediante a graça divina, aquilo que tanto necessitamos para a novidade
de vida no Senhor;
 2) O propósito do Evangelho, também oferecido como o Evangelho da Glória do
Senhor, visa nos mostrar que uma das necessidades essenciais da vida segundo o
reino dos céus é o conhecimento da glória do Senhor e de que através do
Evangelho este conhecimento nos é amplamente oferecido;
 3) O conhecimento da glória de Deus, por sua vez, visa nos proporcionar
conhecer ao próprio Deus naquilo necessitamos conhecê-lo, mas também na
medida apropriada que nos é possível vir a conhecê-lo estando nós ainda no
presente mundo;
 4) O propósito de conhecer mais a Deus visa cooperar para que a nossa
esperança, fé e amor no Senhor estejam cada vez mais fortalecidos para que de
fato vivamos e andemos na novidade de vida que o Senhor nos oferece em seu
Evangelho.

Quando o Senhor nos informa que o seu Evangelho nos oferece também
a possibilidade de conhecer a sua glória, Deus está nos mostrando que
podemos conhecer ao próprio Senhor para estarmos cada vez mais
fortalecidos em relação à cada um dos seus imensuráveis atributos.
Através do Evangelho da sua Glória, Deus está oferecendo a Si próprio
aos seres humanos que o quiserem receber, e isto, para que estes
conheçam mais profundamente ao Senhor e tenham fé no Criador e
Sustentador das suas vida a fim de que, conjuntamente com a salvação,
também avancem na diversidade de aspectos da novidade de vida eterna
que lhes está disponível no Senhor.
25

Se as facetas do Evangelho nominado como o Evangelho do Criador e o


Evangelho de Cristo nos mostram a origem e a dádiva oferecida para que
alcancemos a salvação e a novidade de vida eterna, a faceta do Evangelho
da glória de Deus nos mostra que o propósito de toda a salvação e vida
eterna é que venhamos a conhecer ao próprio Deus para que eternamente
continuemos a confiar Nele e para que tenhamos um relacionamento
eterno com cada uma das múltiplas virtudes da natureza divina do Senhor,
para o qual também fomos criados e chamados.

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego;
7 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como
está escrito: O justo viverá por fé.

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Na firme confiança em Deus e no amor concedido pelo Senhor àqueles


que Nele confiam que reside o meio para uma pessoa viver a vida em Deus,
mas é através do conhecer a Deus, revelado através conhecimento da sua
glória, que a confiança e o amor dela para com Deus são aperfeiçoados e
firmemente estabelecidos.
Por meio de uma ofensa, o diabo procurou difamar a glória de Deus diante da
humanidade para tentar afastar os seres humanos eternamente da comunhão com
Deus. Entretanto, através do Evangelho da sua Glória, o Senhor nos mostra como
podemos restaurar o nosso conhecimento sobre o nosso Deus para jamais voltar a
sermos afastados da confiança, do amor e da comunhão para com o nosso Único
Senhor Eterno.
Pelo Evangelho da Glória de Deus, o Senhor nos concede o acesso a tudo aquilo, e
ainda muito mais, que Adão, Eva e seus descendentes deixaram de poder ver quando
uma dúvida sobre quem Deus era, proposta pelo diabo através da serpente, foi por eles
acatada.
Pelo Evangelho da Glória de Deus, nós podemos ter acesso a tudo aquilo que
necessitamos saber sobre o nosso Senhor para que também possamos eternamente
confiar Nele e para que possamos eternamente desfrutar de uma comunhão com o
Senhor nas mais diversas áreas dos seus preciosos e eternos atributos que a escravidão
ao pecado tentou ocultar.
Por meio Evangelho da Sua Glória, o Senhor nos oferece o conhecimento
da sua glória para que, por meio deste, conheçamos como é o nosso Deus, e
isto, para que saibamos quem Ele é para conosco e como Ele nos ama a fim
de que também o amemos e confiemos Nele de agora e para toda a
eternidade.
26

C6. Efeitos da Carência da Glória de Deus Revelada


Segundo o Evangelho da Glória

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus. (RA)


ou
Romanos 3: 23 Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de
Deus. (RC)

Levando em conta que conhecer a glória de Deus também expressa, de outra


maneira, conhecer ao próprio Deus, podemos também considerar que parte do tema
dos efeitos do desconhecimento de Deus por parte do ser humano já encontra-se
descrita nos estudos sobre O Evangelho do Criador, O Evangelho da Justiça de Deus e
O Evangelho da Paz.
Entretanto, quando vemos o conhecer ao Senhor pela ótica do conhecimento da
glória de Deus, podemos ver que alguns dos aspectos relacionados ao desconhecimento
de Deus ainda podem ser complementados e até vistos de uma forma mais precisa ou
objetiva.
Apesar de Deus sustentar toda e qualquer vida com o seu poder, a
carência do conhecimento da glória de Deus é de tão elevada relevância
porque ela também pode ser a causa da própria falta de uma presença mais
atuante de Deus na vida de uma pessoa.
Apesar de Deus sustentar a vida de todas as pessoas, a carência do conhecimento da
glória de Deus, por parte de um indivíduo, pode levá-lo a uma experiência de vida onde
o relacionamento com o Senhor ocorre praticamente de forma unilateral entre o
Criador com a criatura. Ou seja, apesar de Deus cuidar das pessoas e supri-las todos os
dias, muitas se relacionam com a vida em geral como se Deus não existisse, vivendo
sem consultar e sem receber as instruções Daquele que as criou e quer instruí-las no
caminho da verdade e da vida eterna.
Carecer da glória de Deus não significa, necessariamente, dizer que uma pessoa está
com ausência de Deus no sentido da sustentação da sua vida natural, do fôlego ou da
existência material em si, ou ainda, no sentido da sustentação do universo e do que nele
há, pois Deus é Onipresente, Deus está em todos os lugares e a tudo sustenta. A
carência ou o estar destituído do conhecimento da glória de Deus implica em uma
pessoa ficar separada do conhecimento apropriado do Criador que a ama e ficar à parte
dos conceitos ou da instrução do Senhor sobre o propósito da vida e como esta pode ser
vivida à luz da vontade divina.
Apesar de qualquer vida somente existir se Deus permitir que ela venha a se
manifestar, o desconhecimento da glória de Deus e o não relacionamento com esta
glória conduzem as pessoas a uma forma de vida onde elas não conhecem a Deus como
poderiam e deveriam conhecer, ficando sujeitas a como se estivessem sem Deus e sem
esperança no mundo, conforme exemplificado no texto que segue abaixo:

Efésios 2: 11 Portanto, lembrai-vos de que vós, noutro tempo, éreis


gentios na carne e chamados incircuncisão pelos que, na carne, se
chamam circuncisão feita pela mão dos homens;
27

12 naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de


Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e
sem Deus no mundo. (RC)

Assim, carecer da glória de Deus é carecer do conhecimento que uma pessoa já


deveria ter de Deus, mas também é carecer da comunhão que uma pessoa já poderia ter
com o seu Criador.
Quanto mais separada uma pessoa fica da glória de Deus, ou quanto mais uma
pessoa carece desta glória, mais distante fica a compreensão dela sobre quem é o
Senhor e Criador eterno, e mais distante ela fica de uma vida de acordo com a vontade
do Senhor. Condição na qual, ela fica sujeita a ser levada aos mais variados efeitos
advindos de uma vida dissociada de uma apropriada direção ou instrução divina.
Quando a percepção de um indivíduo sobre quem Deus é e como Ele age é
corrompida, ou seja, quando uma pessoa não percebe a glória de Deus ou a percebe de
uma forma substancialmente distorcida, a sua fé, pensamentos, esperanças, atitudes e
comportamentos também estarão sujeitos a serem corrompidos, conforme já abordado
mais amplamente no tema sobre O Evangelho da Promessa, nos estudos sobre o
Evangelho acima mencionados e conforme nos é relembrado continuamente no texto
que segue abaixo:

Romanos 1: 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu


eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se
reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio
das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso,
indesculpáveis;
21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como
Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato.
22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos
23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da
imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e
répteis.
24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas
concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu
corpo entre si;
25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e
servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito
eternamente. Amém!
...
28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio
Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para
praticarem coisas inconvenientes,
29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de
inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores,
30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais,
31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.
----
28

Quanto mais os seres humanos se afastam do conhecimento da glória de Deus ou a


negam, mais eles acabam se entregando aos pensamentos demasiadamente limitados
da criação, podendo chegar ao ponto de confundirem criação e divindade nas mais
diversas áreas das suas vidas.
No estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus, também procuramos expor que é
através da proposição de corromper o entendimento sobre quem Deus é ou através de
ofensas contra a glória de Deus que o diabo muitas vezes procura introduzir as
tentações do pecado diante das pessoas.
Quando Adão e Eva permitiram que o diabo obscurecesse a glória de quem era o seu
Deus, eles também se tornaram fragilizados à voz desta criatura que veio para tentar
afastá-los de Deus e que veio para tentar conduzi-los para uma vida sujeita ao jugo do
pecado.
A queda de Adão e Eva não se deu pela força do diabo ou pela força da tentação do
pecado, mas se deu porque eles primeiramente acolherem uma ofensa do diabo contra
a glória de quem Deus era para eles.
A carência da glória de Deus, causada pelo pecado do rompimento da
livre comunhão com o Criador e com a sua glória, tem atuado para
conduzir as pessoas para abismos conceituais cada vez mais profundos ou
distorcidos, e dos quais elas jamais poderão sair por seus próprios planos e
esforços, mas somente pela misericórdia de Deus se elas, mediante a fé no
Senhor, a acolherem em seus corações.
Quando as pessoas passam a tentar definir a Deus baseado no que elas pensam
sobre o Senhor, e não a partir da revelação da verdadeira glória de Deus, elas passam a
criar conceitos bizarros em todos os sentidos e chegam ao ponto de inclusive pensar
que explorar os seus semelhantes com “esperteza, sutilezas ou manipulações”, segundo
as suas próprias ganâncias, também é o que Deus faz para o benefício do seu poderoso
nome.
Quando as pessoas perdem o foco da glória de Deus, a qual, por exemplo, revela a
Deus como o Único Senhor Santo e Justo, elas começam a interpretar a Deus a partir
da ótica de si mesmas e começam inclusive a pensar e crer que Deus age também em
ganância e avareza como os seres humanos agem no mundo.
A carência da glória de Deus é um fator que leva as pessoas não somente a terem
conceitos substancialmente errôneos sobre si próprias, mas também chegarem ao
ponto de se tornarem ímpias diante de Deus e até pensarem que Deus é como elas em
suas mais diversas corrupções, conforme é mencionado no seguinte Salmo:

Salmo 50: 16Mas ao ímpio diz Deus: De que te serve repetires os meus
preceitos e teres nos lábios a minha aliança,
17 uma vez que aborreces a disciplina e rejeitas as minhas palavras?
18 Se vês um ladrão, tu te comprazes nele e aos adúlteros te associas.
19 Soltas a boca para o mal, e a tua língua trama enganos.
20 Sentas-te para falar contra teu irmão e difamas o filho de tua mãe.
21 Tens feito estas coisas, e eu me calei; pensavas que eu era teu
igual; mas eu te arguirei e porei tudo à tua vista.
22 Considerai, pois, nisto, vós que vos esqueceis de Deus, para que
não vos despedace, sem haver quem vos livre.
29

Conforme já procuramos expor nos estudos sobre o Evangelho referenciados nos


parágrafos acima, a consequência do afastamento que uma pessoa adota em relação à
glória de Deus é um fator ou causa para que muitas pessoas passem a afrontar a Deus, a
seus semelhantes e a praticar as mais terríveis ações também direcionadas contra Deus,
contra si próprias e contra as demais pessoas ao seu redor.
Quando as pessoas se afastam da glória eterna de Deus, elas podem
chegar até a pensar que Deus, o Único Criador Eterno e Imutável, pode ser
moldado conforme a mente humana, que até os seres humanos podem vir
a criar ídolos com status de deuses e avançando, ainda, até a ideia
equivocada de que o próprio ser humano poderia vir a ser “deus” da sua
vida ou até de seus semelhantes.
Quando as pessoas perdem o contato próximo com a verdadeira glória de Deus, que
também é expressa por um contato com o verdadeiro conhecimento sobre Deus que
uma pessoa pode ter enquanto está na Terra, elas começam a pensar inclusive que Deus
é volátil a elogios ou críticas como elas mesmos são. Esquecendo ou negando, porém,
que Deus não pode ser afetado nem pelos louvores ou pela ausência de louvores dos
seres humanos para com Ele visto que a glória do nome do Senhor está inclusive acima
de todo louvor, conforme foi tão preciosamente exposto no livro de Neemias:

Neemias 9: 5 Os levitas Jesua, Cadmiel, Bani, Hasabneias, Serebias, Hodias,


Sebanias e Petaías disseram: Levantai-vos, bendizei ao SENHOR, vosso Deus,
de eternidade em eternidade. Então, se disse: Bendito seja o nome da tua
glória, que ultrapassa todo bendizer e louvor.
6 Só tu és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu
exército, a terra e tudo quanto nela há, os mares e tudo quanto há
neles; e tu os preservas a todos com vida, e o exército dos céus te
adora.

A glória de Deus nos mostra que Deus não muda e que Nele não há
sombra de variação, não importando o que as pessoas digam ou deixem de
dizer sobre o Senhor.

Tiago 1: 17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto,


descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou
sombra de mudança.

Hebreus 13: 8 Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para


sempre.

Deuteronômio 10: 17 Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o


Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz
acepção de pessoas, nem aceita suborno.
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30

O distanciamento das pessoas em relação à glória de Deus distorce o que


elas pensam de Deus, mas também corrompe o que elas pensam sobre si, o
seu próximo, a criação que veem na Terra e sobre todo o universo criado
pelo Deus Criador dos Céus e da Terra.
A carência da glória de Deus atua para que as pessoas fiquem entregues
aos mais diversos pensamentos vãos e inúteis, consumindo a sua vida
também em atitudes vazias e desprovidas de propósitos em relação a uma
verdadeira colheita para a vida eterna.

Romanos 1: 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos.

Se um indivíduo, por exemplo, tem a ideia de que Deus não é de fato um Deus
misericordioso e que no primeiro erro que ele cometer o Senhor irá “lançar um raio
sobre a sua cabeça”, este indivíduo também tenderá a deixar que o medo em relação a
Deus, e não o temor saudável do Senhor, passe a estar presente em sua vida.
Se, por outro lado, uma pessoa tem a ideia de que Deus é um pai “bonachão”, que
permite seus filhos fazerem o que quiserem e que nunca os corrige, independentemente
de como se comportam, esta pessoa tenderá a se inclinar a uma vida desregrada e
focada primariamente em prazeres carnais, terrenos, temporais e desprovidos de um
propósito real ou eterno.
Se, ainda, um indivíduo pensa que Deus criou o mundo e depois “deu corda nele e o
deixa seguir o seu próprio curso”, ela tenderá a pensar que “os fortes é que
sobrevivem”. E pensando assim, poderá se tornar insensível quando outros são
prejudicados ou oprimidos, pois é assim que ela pensa que Deus deixou a Terra para ela
funcionar por si própria.
Homens e mulheres com o coração obscurecido apresentam falsos testemunhos da
glória de Deus apesar de muitos deles inclusive se dizerem religiosos e devotos a Deus.
Muitos alegam promulgar a divulgação da glória de Deus corretamente, mas não a
fazem de fato quando o realizam à base de troca por preço, por taxa, por pedágio ou por
imposto, pois a glória genuína do Senhor nos mostra que Deus concede da sua
multiforme graça e favor não por preço, mas por bondade, misericórdia e amor.
Quando homens e mulheres com corações endurecidos pelas suas religiões tentam
distorcer a glória de Deus perante os seus semelhantes ou tentam distorcer o
conhecimento das pessoas sobre quem Deus é de fato, eles não servem
verdadeiramente a Deus ou não cooperam com Deus. Pelo contrário, tentam distorcer o
conhecimento da glória de Deus, dentre outros, em pelo menos três grandes vias, a
saber:
 1º) Proclamando que Deus não dá as coisas sem sacrifício humano ou que Deus
não dá as coisas sem um preço da parte humana, o que é mentira, pois são
proposições que almejam perverter a graça de Deus.
 2º) Quando pecam, quando se entregam às suas concupiscências e quando
dizem que Deus é amor e que, por isto, o Senhor não castigará o pecado, onde
isto também é mentira, pois tentam apresentar uma versão pervertida da graça
de Deus como se esta atuasse dissociada da justiça de Deus.
 3º) Quando dizem que Deus não guia ou instrui diretamente àqueles que amam
ao Senhor, alegando que estes precisam de outras pessoas mais experientes para
31

fazê-lo. O que igualmente é mentira, pois querem perverter a glória do próprio


Deus ser a cobertura direta de cada pessoa e querem perverter o poder de Deus
para se comunicar diretamente com cada pessoa que clama a Ele por salvação,
sabedoria e instrução conforme nos é oferecido na Nova Aliança com Deus em
Cristo Jesus.

2 Timóteo 3: 5 Tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o


poder. Foge também destes.

Tiago 1: 5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a


Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á
concedida.
6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é
semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento.

Hebreus 8: 10 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel,


depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as
minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o
seu Deus, e eles serão o meu povo.
11 E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao
seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior.
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Quando uma pessoa está destituída da glória de Deus, uma carência central à qual
ela fica sujeita é que ela também passa a ficar destituída de um discernimento
apropriado para julgar aquilo que as pessoas falam ou afirmam sobre quem ou como
Deus é, sobre como Deus as vê e sobre como Deus atua.
Quando as pessoas carecem da glória de Deus, elas igualmente:
 1) Carecem de conhecer a cada dia Aquele que lhes concede o sopro da vida e que
quer guardá-las, mas que também quer guiá-las nos caminhos da verdade e da
justiça;
 2) Carecem de conhecer de fato o que significa Deus amá-las a ponto de ter dado
o Seu Filho Amado para morrer por todos e para que todo aquele que Nele crer
tenha a vida eterna;
 3) Carecem de conhecer de fato quem é o misericordioso e perdoador Senhor,
mas que, ao mesmo tempo, também é justo ou reto em todos os juízos e
caminhos;
 4) Carecem de conhecer de fato que Deus quer que cada pessoa viva Nele e
receba a condição e herança de filho do Pai Celestial;
 5) Carecem de conhecer de fato que Aquele que as chamou também é
plenamente fiel e poderoso para completar a obra nelas até o fim.
32

As informações e o que uma pessoa acredita ser a glória de Deus tenderá


a afetar fortemente a sua fé e as demais escolhas ou condutas em sua vida.
E, por isto, é tão crucial que uma pessoa entenda o quão significativo é
para ela conhecer adequadamente o que Deus tem a ensinar a ela sobre a
sua glória eterna.
Deus não é o que as pessoas em seu entendimento distorcido dizem que
Ele é. Deus é o que Ele diz a respeito de si próprio através da revelação que
Ele faz sobre a sua glória.
Quando uma pessoa experimenta uma renovação apropriada do seu
entendimento sobre Deus, através da glória do Senhor e não com base
naquilo que o mundo diz sobre Deus, ela também tem a possibilidade de
alcançar uma renovação interior de confiança em Deus que a transforma,
prepara e habilita para andar sob a direção de Deus e segundo a
imensuravelmente preciosa vontade do Senhor.

Romanos 12: 1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que


apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.
33

C7. A Faceta da Glória Evidencia o Firme Fundamento


Passado, Presente e Futuro de Todo o Evangelho
Nos capítulos anteriores, abordamos o aspecto de que há tipos de glórias que são
temporais ou passageiras, como é o caso do corpo natural do ser humano, assim como
há outras que são eternas, como é o caso do corpo glorificado que Cristo recebeu após a
Sua ressurreição e o qual o Senhor promete conceder na eternidade a todos aqueles que
recebem o seu Evangelho.
Embora algumas glórias passageiras sejam indispensáveis para que uma
glória não temporal venha a ser disponibilizada a seguir, como ocorre no
caso do ser humano em que o corpo temporal é comparado a uma semente
para o corpo eterno, o que realmente importa na vida de um ser humano,
no final das contas, é alcançar aquilo que é eternamente benéfico ou que
pode sustentá-lo pela eternidade.
O próprio Senhor Jesus Cristo declarou que ainda que uma pessoa viesse a
conquistar o mundo inteiro, isto ainda não teria valor algum caso ela também não
alcançasse a salvação da sua alma.

Marcos 8: 36 Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder


a sua alma?

Os aspectos naturais e terrenos mais valiosos do mundo são inexpressivos quando


comparados com o que é eterno. E nem a soma de muitas riquezas apresenta recursos
para alcançar a redenção eterna de uma vida, conforme também nos é exposto nos
salmos a seguir:

Salmos 37: 16 Vale mais o pouco que tem o justo do que as riquezas de
muitos ímpios. (RC)

Salmos 49: 1 Ouvi isto, vós todos os povos; inclinai os ouvidos, todos os
moradores do mundo,
2 quer humildes quer grandes, tanto ricos como pobres.
3 A minha boca falará da sabedoria; e a meditação do meu coração
será de entendimento.
4 Inclinarei os meus ouvidos a uma parábola; decifrarei o meu
enigma na harpa.
5 Por que temerei eu nos dias maus, quando me cercar a iniquidade
dos que me armam ciladas?
6 Aqueles que confiam na sua fazenda e se gloriam na multidão das
suas riquezas,
7 nenhum deles, de modo algum, pode remir a seu irmão ou dar a
Deus o resgate dele
8 (pois a redenção da sua alma é caríssima, e seus recursos se
esgotariam antes);
para que continue a viver perpetuamente e não veja a cova;
10 porque vê que os sábios morrem, que perecem igualmente o louco
e o bruto e deixam a outros os seus bens.
34

11 O seu pensamento interior é que as suas casas serão perpétuas, e


as suas habitações, de geração em geração; dão às suas terras os
seus próprios nomes.
12 Todavia, o homem que está em honra não permanece; antes, é
como os animais, que perecem.
13 Este caminho deles é a sua loucura; contudo, a sua posteridade
aprova as suas palavras.
14 Como ovelhas, são enterrados; a morte se alimentará deles; os
retos terão domínio sobre eles na manhã; e a sua formosura na
sepultura se consumirá, por não ter mais onde more.
15 Mas Deus remirá a minha alma do poder da sepultura, pois me
receberá.
16 Não temas quando alguém se enriquece, quando a glória da sua
casa se engrandece.
17 Porque, quando morrer, nada levará consigo, nem a sua glória o
acompanhará.
18 Ainda que na sua vida ele bendisse a sua alma, e os homens o
louvem quando faz bem a si mesmo,
19 irá para a geração dos seus pais; eles nunca verão a luz.
20 O homem que está em honra, e não tem entendimento, é
semelhante aos animais, que perecem. (RC+RA)
----

E ainda, para que algo seja eterno, é necessário que aquilo que o constitui ou aquilo
que constitui a sua glória também seja eterno.
Portanto, no contexto do Evangelho de Deus, se aquilo que constituísse o Evangelho
ou aquilo que sustentasse o Evangelho não tivesse uma glória eterna ou, em outras
palavras, não fosse de fato eterno, o Evangelho seria mais um aspecto meramente
passageiro na vida humana.
Perceber aquilo que já foi realizado através do Evangelho é crucial, porque também é
pelos feitos já realizados que este Evangelho tem a incomparável autoridade que a ele
está associada. Entretanto, o que a faceta da glória também vem tornar evidente é que o
Evangelho de Deus somente tem real autoridade porque ele continua tendo uma firme
sustentação no presente e porque ele está fundamentado em um firme fundamento que
tem uma glória de ser eternamente inabalável.
Apesar do Evangelho do Senhor somente poder oferecer o que ele
oferece por causa dos feitos já realizados através dele, a ótica sob a
perspectiva da glória nos mostra de uma maneira mais ampla aquilo que
sustenta este Evangelho para ele poder continuar sendo concedido no
presente e no futuro a todos aqueles que nele creem.
A abordagem do Evangelho de Deus, sob a perspectiva da glória de Deus e da glória
de Cristo, é de particular ou suma importância para evidenciar que a plena e perfeita
“substancialidade ou consistência” Daquele que sustenta o Evangelho vai muito além
dos feitos históricos e passados que estão associados a este Evangelho.
Conhecer o Evangelho sob a ótica da glória de Deus e da glória de Cristo
é especialmente significativo para que os olhos do nosso entendimento
sejam iluminados para ver o Evangelho também sob a perspectiva dele ser
um Evangelho “eternamente vivo” por causa da glória Daquele que
sustenta este Evangelho.
35

A história e os fatos já ocorridos no passado que estão associados ao


Evangelho, por si só, não serviriam para a sustentação da novidade de vida
no presente e no futuro oferecida pelo Evangelho se eles fossem fatos
dissociados de um firme e eterno fundamento.
Fatos históricos passados podem ser imprescindíveis para que a condição de
sustentação de algo seja válida e passível de ser realizada no presente e no futuro.
Entretanto, sem que haja uma condição continuamente viva que suporte e que continue
dando validade aos fatos já ocorridos, estes fatos passados são somente registros
históricos.
Compreender o tipo de abordagem apresentada no parágrafo anterior é
extremamente importante, pois há pessoas que preferem se relacionar com os fatos da
história em vez de se relacionarem com o Autor e Sustentador vivo da história e da vida
delas no presente e no futuro.
O que foi feito ao longo da história passada através do Evangelho foi
feito para que no presente, possamos ter uma viva e livre comunhão com
Aquele que sustenta o Evangelho eternamente.
A faceta do Evangelho da Glória nos é apresentada para evidenciar e
para nos relembrar constantemente da condição viva do fundamento de
todo o Evangelho, o qual é o Senhor, nosso Deus, o único Criador e
Sustentador dos Céus e da Terra e de tudo o que neles há e de tudo o que
está contemplado em seu Evangelho.
A faceta da glória de Deus apresentada no Evangelho nos é concedida
para evidenciar que as dádivas do Evangelho nada seriam se não
estivessem associadas, no tempo presente e futuro, ao Autor e Sustentador
de todas as dádivas contidas neste Evangelho.
A justiça, a salvação, a paz, a graça, o poder e o amor de Deus simplesmente não
existem dissociados de Deus.
A justiça, a salvação, a paz, a graça, o poder e o amor de Deus fazem parte da glória
de Deus e não existem em nenhuma outra glória que esteja dissociada da glória do
Senhor.
Assim, mais uma vez, o Evangelho da Glória inclui a oferta que a nos é estendida
para conhecermos a Deus e para nos aprofundarmos na comunhão viva com o Deus do
Evangelho e que sustenta todo o Evangelho.
O Evangelho da Glória acentua de uma forma clara ou explícita que o
objetivo final do Evangelho ser oferecido às pessoas ou que a dádiva
suprema do Evangelho é o próprio Deus do Evangelho.
O Evangelho da Glória de Deus evidencia, de forma ainda mais objetiva
ou expressa, que Deus nos ofereceu e oferece inúmeras dádivas, mas que
Ele também sempre o faz com o objetivo primordial e eminente de oferecer
a Si próprio e a comunhão eterna com Ele a nós, pois é somente Nele que a
vida acompanhada de uma glória eterna pode ser sustentada.

2 Coríntios 5: 17 Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as


coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.
18 E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo
por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
36

19 isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não


lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação.

Romanos 11: 36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as
coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!

1 Pedro 4: 11 Se alguém fala, fale de acordo com os oráculos de Deus; se


alguém serve, faça-o na força que Deus supre, para que, em todas as
coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem
pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos.
Amém!

Ao revelar a glória de Deus, o Evangelho, primeiramente, reitera


perante o mundo a posição da glória de Deus em tudo o que foi feito pelo
Senhor em prol dos seres humanos. Entretanto, ao nos chamar também à
comunhão com o Senhor Eterno, o Evangelho evidencia a posição de Deus
no presente e para a eternidade como Aquele que sempre sustentou a vida,
concede a novidade de vida no presente e que continuará a ser o
fundamento da vida eterna para sempre.
Através da faceta da glória de Deus, o Evangelho nos permite saber tudo
o que necessitamos saber sobre Deus no passado, mas também no presente
e sobre o futuro eterno para que no presente estabeleçamos firmemente a
nossa confiança e esperança no Único Deus que tem uma glória eterna ou
não passageira para nos oferecer.

2 Coríntios 3: 5 (b) ... a nossa suficiência vem de Deus, ...

Salmos 54: 4 Eis que Deus é o meu ajudador, o SENHOR é quem me


sustenta a vida.

1 Pedro 5: 10 Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à


sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo
vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar.

Salmos 16: 1 Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio.


2 Digo ao SENHOR: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo,
senão a ti somente.
...
4 Muitas serão as penas dos que trocam o SENHOR por outros
deuses; não oferecerei as suas libações de sangue, e os meus lábios
não pronunciarão o seu nome.
5 O SENHOR é a porção da minha herança e o meu cálice; tu és o
arrimo da minha sorte.
37

6 Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha


herança.
7 Bendigo o SENHOR, que me aconselha; pois até durante a noite o
meu coração me ensina.
8 O SENHOR, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha
direita, não serei abalado.
9 Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu
corpo repousará seguro.
10 Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o
teu Santo veja corrupção.
11 Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude
de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.

Salmos 73: 26 Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam,


Deus é a fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.

Salmos 111: 3 Em suas obras há glória e majestade, e a sua justiça


permanece para sempre.
----

O Evangelho sob a ótica da glória de Deus nos evidencia que o Evangelho é o


caminho para a restauração da comunhão com o Criador, mas também que aquilo que
nos é dado através do Evangelho tem um firme fundamento no próprio Deus para uma
continuidade firme e inabalável tanto no presente como para todo o sempre.
O Evangelho sob a ótica da glória de Deus nos evidencia a “essência das
imensuráveis essências” que nos são oferecidas pelo Evangelho, a qual é o
nosso próprio Deus Eterno.
O Evangelho sob a perspectiva da glória de Deus nos evidencia o
principal aspecto do Evangelho que sustenta todos os seus demais
aspectos, e isto, para que jamais venhamos a deixar de lado o principal e
único aspecto que pode continuar sustentando o Evangelho em nossas
vidas.
O Evangelho sob a ótica da glória de Deus evidencia a nós Àquele que
sustenta aquilo que Ele nos oferece para todo o sempre.
Todo aspecto verdadeiramente bom e duradouro que a nós é concedido
e toda a sustentação de algum bem eterno que nos é dado provêm do nosso
Deus Eterno, e de cuja glória o nosso coração jamais deveria se afastar.
38

C8. A Revelação da Glória do Senhor é a Faceta que Reitera


que o Evangelho é um Todo Inseparável em Deus
Apresentar um tema em uma série de estudos, como é o caso da série O Evangelho,
As Boas Novas de Deus, tem nos parecido ser necessário e benéfico para que um tema
tão extenso possa ser abrangido de forma mais detalhada e abrangente. Entretanto,
também tem nos parecido que a utilização desta forma de exposição apresenta uma
série de outros desafios para que a visão global do Evangelho não seja perdida e para
que uma faceta específica do Evangelho não venha a ser subestimada ou superestimada
em detrimento das demais facetas que o compõem.
Assim, quando passamos a ver evidenciado mais uma vez no capítulo anterior que a
essência do Evangelho, em todas as suas facetas, é o Senhor do Evangelho, também
podemos passar a ver o que já vinha sendo reiterado nos outros estudos da série sobre
este mesmo Evangelho, o qual é a condição do Evangelho ser único e um conjunto total
composto pelas suas partes que são inseparáveis umas das outras.
Similarmente a como os fundamentos e as colunas de uma casa são partes
integrantes ou inseparáveis de uma casa, e sem os quais a casa não pode ser
considerada estável, assim também os aspectos que têm o seu nome associado ao
Evangelho são partes integrantes ou inseparáveis do Evangelho como um todo.
E não saber que o Evangelho é um todo, com múltiplas facetas inseparáveis deste
todo, tem sido uma das grandes razões pelas quais muitas pessoas têm tido dificuldade
de compreender o Evangelho e, principalmente, de permanecer fiel e associado a ele.
Por mais que possa parecer um contrassenso, uma compreensão mais
objetiva, completa e até mais fácil do Evangelho se dá quando uma pessoa
passa a ver o quadro do Evangelho mais amplamente, e não quando
alguém somente quer ver uma das partes, ainda que este procure ver esta
parte de forma muito detalhada.
Se, por exemplo, uma pessoa quiser se esmerar muito em descobrir como ela pode
alcançar a paz oferecida pelo Evangelho, mas procurar fazê-lo sem o conhecimento da
justiça de Deus e da glória de Deus, ela estará estudando a paz dissociada dos principais
aspectos através dos quais ela de fato poderá alcançar a paz almejada.
Por outro lado, se uma pessoa buscar a paz oferecida pelo Evangelho em conjunto
com os outros aspectos do Evangelho, como, por exemplo, a justiça de Deus, a graça e a
glória de Deus, ela poderá perceber que a paz tanto almejada está, de fato, nos outros
aspectos do Evangelho e que a parte do Evangelho da Paz, na realidade, aponta para o
Senhor e para aquilo que pode conceder a almejada paz a um indivíduo.
Similarmente à composição de um remédio, a construção de um edifício
ou à montagem de um equipamento, o Evangelho somente é o que ele vem
a ser pelo fato de ser constituído pelas partes que o compõem, pois a
subtração de um dos elementos do Evangelho faria com que ele já não fosse
mais aquele Evangelho que do reino dos céus nos é oferecido.
No que tange ao Evangelho de Deus, absolutamente nenhuma faceta
pode ser estabelecida de forma independente das demais facetas que nele
estão contidas.
Apesar das múltiplas facetas que estão contidas no Evangelho, o princípio da
unicidade dele jamais deveria ser esquecido ou deixado de lado por aquele que deseja
39

conhecer este Evangelho, viver e andar em conformidade com ele, ou anunciá-lo a


outros.
Se alguém, por exemplo, quiser anunciar o Evangelho alegando estar apresentando o
caminho da salvação para que as pessoas possam ser libertas de sua condição de
injustiça e ausência de paz, mas subtrair a justiça ou a paz de Deus daquilo que está
anunciando, esta sua proposição de um suposto Evangelho alterado já não seria mais
uma boa nova a ser recebida. E por consequência, deixaria de ser de fato um Evangelho
para aqueles a quem ele está sendo apresentado.
Portanto, conforme também foi comentado nos capítulos anteriores, uma vez que a
faceta da glória de Deus torna ainda mais evidente o fato do próprio Deus ser a garantia
ou o garantidor de todas as outras facetas do Evangelho ou do Evangelho como um
todo, este aspecto também acaba sendo o ponto que mais expõe o fundamento do
Evangelho e do qual as pessoas que almejam conhecer e vivenciar o Evangelho jamais
deveriam se abster.
Além disso, a necessidade eminente de ver o Evangelho de Deus como sendo o
Evangelho da sua Glória também precisa ser especialmente destacada tendo em vista
que este ponto coloca diante de nós uma série de aspectos que estão associados a
termos e expressões pouco conhecidos ou familiares à maioria das pessoas, ou
conhecidos por muitos somente superficialmente.
Entendemos ser necessário destacar aqui que dentre todas as facetas do Evangelho
que já foram mencionadas acima, o conhecimento da glória de Deus e da glória de
Cristo se torna especialmente desafiador, pois esta parte, provavelmente, é o aspecto do
Evangelho que mais abrange termos e expressões que não são de uso comum da
maioria das pessoas em seu dia-a-dia ou que não são conhecidos de forma mais
aprofundada por aqueles que até os usam eventualmente.
Entretanto, também é naquilo que é novo para as pessoas que o Evangelho
manifesta o que ele tem de diferente em relação à tudo o que há no mundo e que não
pode conduzir nenhuma pessoa a uma verdadeira justiça, salvação e paz.
Ou seja, o fato do Evangelho, no que tange à glória de Deus e à glória de Cristo, estar
associado a termos e expressões que são desconhecidos ou pouco conhecidos por
muitas pessoas, não deveria desanimar as pessoas a conhecerem mais amplamente este
lado do Evangelho, pois se o Evangelho não nos oferecesse novidades ele também não
seria a revelação e oferecimento de “boas novas”.
Querer o Evangelho sem querer conhecer os aspectos novos que ele
oferece é uma contradição à essência do que é expresso pelo próprio termo
Evangelho e à compreensão de que o Evangelho é um todo que traz
novidade de vida àqueles a quem ele é oferecido e que também o recebem
em suas vidas.
Saber que o Evangelho de Deus é um todo e que pelo menos um nível minimamente
apropriado de conhecimento de cada uma das suas facetas centrais também coopera
para alcançar mais efetivamente o que o Senhor nos oferece em Seu Evangelho, é um
ponto que ressalta que um cristão jamais deveriam se indispor a conhecer os novos
aspectos da vida em Cristo somente pelo fato de um determinado termo descrito nas
Escrituras não lhe ser comum ou conhecido.
Na Série Sugestões para Leitura e Estudo da Bíblia, foi apresentado um assunto
sobre Palavras Coligadas e Enigmas da Antiguidade com intuito específico, entre
40

outros, de salientar o quão significativo ou essencial é para uma pessoa alcançar um


conhecimento no mínimo básico de alguns termos que são especialmente destacados
nas Escrituras Bíblicas, ainda que estes termos não sejam familiares a um indivíduo no
primeiro momento em que passa a ter contato com eles.
Para alcançar uma percepção mais global do Evangelho do Senhor, o
aprofundamento no conhecimento de termos que soam de maneira nova para uma
pessoa certamente irá demandar um grau de dedicação, atenção e esforço para que seja
compreendido e assimilado.
Por outro lado, também é certo que esta tarefa pode ser perfeitamente realizada
quando uma pessoa se dispõe com o coração aberto diante do Senhor Jesus Cristo e
quando permite que o Senhor a auxilie neste intento.

João 6: 63 Jesus disse a eles: O espírito é o que vivifica; a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.

O posicionamento favorável em relação ao ensino concedido pelo Senhor é um


caminho de grandes e imensuráveis benefícios nas mais diversas áreas da vida daqueles
que se expõe a ele e, principalmente, na compreensão do Evangelho através do qual o
Senhor nos instrui e nos concede o que necessitamos para a novidade de vida Nele ou
em consonância com uma vida de fé no Senhor.
As palavras que o Senhor escolheu para serem parte das Escrituras de forma
associada ao Evangelho são os termos ou expressões que o Pai Celestial escolheu para
nos instruir sobre aquilo que é realmente relevante e útil não somente para o tempo
presente, mas também para a vida eterna.

João 16: 13 Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.
14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar.
15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

2 Timóteo 3: 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o


ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça,
17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.
41

As Escrituras inspiradas pelo Senhor mediante o seu Espírito Santo expressam os


termos que nelas estão contidos não por um mero acaso ou como meras expressões que
poderiam ser substituídas por quaisquer outras palavras. Os termos usados nas
Escrituras associadas ao Evangelho do Senhor são apresentados nelas na forma como o
Pai Celestial o estabeleceu porque eles também são a maneira apropriada, em termos
de linguagem humana, pelas quais as verdades de Deus poderiam ser expressas aos
seres humanos para o seu benefício.
Quando as pessoas começam a selecionar somente as expressões e
termos que lhes agradam nas Escrituras, em detrimento de ouvir as outras
que exigem uma maior dedicação à palavra do Senhor ou porque exigem
mudanças nas posturas das suas vidas, elas começam a se colocar em uma
posição desfavorável em relação ao conhecimento das verdades de Deus.
Elas começam a se colocar em uma posição em que ficam vulneráveis a
querer conhecer somente o que soa bem aos seus ouvidos e não o que de
fato lhes é benéfico e necessário compreender.

2 Timóteo 4: 1 Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar


vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino:
2 prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige,
repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.
3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo
contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças,
como que sentindo coceira nos ouvidos;
4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.
----

Portanto, quando neste capítulo, bem como nos próximos, procurarmos abordar
expressões e termos menos conhecidos até de grande parte dos cristãos, estaremos
abordando estas expressões pelo fato delas se encontrarem em destaque nas Escrituras
e pelo fato da sua abordagem também ser vital para os cristãos que de fato almejam
crescer no conhecimento da glória do Senhor revelada em seu Evangelho, e, por
consequência, para aqueles que também almejam crescer em sua própria posição de
cristãos.
Quando almejamos abordar de forma mais próxima as expressões ou termos como a
glória de Cristo, tirar o velho, estabelecer o novo, o único fundamento, tirar o primeiro,
estabelecer o segundo, a primeira aliança, a nova aliança, sacerdócio, a ordem de
Melquisedeque, o Rei da Glória e diversos outros, somente o fazemos porque
entendemos que eles são vitais para a vida cristã e porque eles estão amplamente e
firmemente associados ao Evangelho de Deus, ao ministério de Cristo e à revelação da
glória do seu “Ser” e das suas ações.
Apesar de expressões e termos como os citados no parágrafo anterior não serem
comumente conhecidos por uma grande parte das pessoas que se dizem cristãs, o
conhecimento deles continua sendo crucial ou vital para cada pessoa que anela
caminhar nas veredas do Senhor Eterno reveladas através do seu Evangelho Eterno.
Ainda que a inclinação para a busca do conhecimento das expressões e dos termos
não tão conhecidos das Escrituras exija uma boa medida de dedicação e um certo grau
de esforço direcionado a esta tarefa, nenhuma pessoa, para o benefício de si própria, e
42

muito menos um cristão, deveria desprezar a possibilidade do aceso a este


conhecimento.
Quando uma pessoa, por exemplo, começa a conhecer mais de perto a expressão
relacionada à luz da glória do Evangelho e aquilo que o Pai Celestial oferece mediante
a revelação da sua glória, da glória de Cristo e da glória do referido Evangelho, esta
pessoa pode passar a compreender que Deus pode se revelar a ela de forma plenamente
satisfatória para o fortalecimento da sua fé e esperança, ainda que Deus não lhe mostre
todo o fulgor da sua formosura.
Semelhantemente, quando uma pessoa passa a compreender mais aspectos sobre o
ministério atual de Cristo e o significado do Senhor Jesus ser o Único Mediador entre
Deus e os seres humanos inclusive no tempo presente, ela também estará mais
amparada em seu coração para vir a confiar no fato de que em Cristo ela tem toda a
provisão que lhe é necessária para ser instruída a se relacionar adequadamente com o
seu Criador a cada nova situação que se apresentar na sua trajetória presente e futura,
permitindo, assim, que Deus a guie a aprofundar-se em todo um novo tempo de
relacionamento com o seu Salvador e Senhor.
Visto que o crescimento de um indivíduo na novidade de vida em Deus
está baseado no conhecer mais ao Senhor e na comunhão com Ele, com a
sua glória e com a sua palavra, especialmente aquela que está associada ao
Evangelho, o conhecimento dos diversos termos que mostram a
diversidade dos ministérios de Cristo, inclusive os menos conhecidos pela
maioria das pessoas, também acaba tornando-se imprescindível àqueles
que querem compreender o firme fundamento indispensável do Evangelho
e que querem ter as suas vidas firmemente estabelecidas em Deus.

2 Pedro 1: 1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que


conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e
Salvador Jesus Cristo,
2 graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de
Deus e de Jesus, nosso Senhor.
3 Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as
coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo
daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude.

Quanto mais uma pessoa conhece ao Pai Celestial, ao Senhor Jesus


Cristo e ao Espírito do Senhor que em todo lugar e em todo o tempo pode
cooperar conosco para conhecermos mais ao Pai Celestial e ao Filho do Seu
Amor, mais esta pessoa compreenderá a glória Daquele que concede um
único, perfeito, pleno, consistente e eterno Evangelho pelo qual também a
novidade de vida no Senhor pode ser acessada tanto no presente como em
toda a eternidade.
A vida eterna oferecida no Evangelho tem a sua amplitude,
singularidade e unicidade mais amplamente manifesta quando também
passamos a entender que é em Deus que reside a novidade de vida que é
oferecida neste mesmo Evangelho, e que toda a proposição de um
“evangelho” que tentar dissociar um indivíduo do relacionamento pessoal
com Deus não é, e jamais será, na realidade um verdadeiro Evangelho.
43

O Evangelho, caracterizado como a oferta de dádivas do reino celestial


para a salvação dos perdidos e para uma nova vida em Deus para aqueles
que Nele creem, somente é de fato uma boa nova pela composição conjunta
do que nele é oferecido.
O Evangelho de Deus é um todo e do qual nada pode ser subtraído,
porque as essências das múltiplas partes do Evangelho na realidade são
expressões de quem é ou como é o Único Criador Eterno dos Céus e da
Terra e daquilo que neles há.
Se o Evangelho pudesse vir a ser fracionado, também Deus estaria sujeito a ser
dividido, algo que inevitavelmente acabaria com a sustentação de toda a vida, pois em
Deus, não há nem sombra de variação, quanto menos divisão e falta de integridade.

Tiago 1: 17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto,


descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou
sombra de mudança.

João 17: 20 Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que
vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra;
21 a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em
ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me
enviaste.

A faceta da glória de Deus associada ao Evangelho do Senhor é nos


oferecida para que tenhamos a convicção de entendimento e fé que
somente em Deus é que o Evangelho do amor, da justiça, da salvação, da
paz, da graça, do poder e das promessas eternas subsiste, porque na
realidade, conforme já mencionado, estes atributos são a expressão de
quem é Deus e cuja fonte é encontrada exclusivamente no Senhor.

Salmos 89: 14 Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e


verdade te precedem.

1 João 4: 16 E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós.
Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e
Deus, nele.

Apesar de muitas pessoas não se aperceberem deste aspecto, a vida espiritual ou a


vida eterna também é equiparada a uma edificação contra a qual há embates e
confrontos, a qual, por isto, necessita de firme fundamento ou uma base inabalável
para permanecer estabelecida para sempre, evidenciando também assim o aspecto que
somente o Senhor é o firme fundamento que pode dar suporte a este tipo de vida.

Provérbios 10: 25 Como passa a tempestade, assim desaparece o


perverso, mas o justo tem perpétuo fundamento.
44

O Evangelho da Glória de Deus nos tem sido oferecido para


conhecermos Aquele que sustenta tanto o universo natural como as coisas
espirituais. E isto, para nos instruir a não rejeitarmos ou nos afastarmos
do principal aspecto que dá suporte a todos os demais aspectos da vida
presente e eterna, a saber: O Pai Celestial e o Senhor Jesus Cristo, a quem
o Pai Celestial estabeleceu como o eterno fundamento de todos os que Nele
creem.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

1 João 1: 3 O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós


outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco.
Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.
4 Estas coisas, pois, vos escrevemos para que a nossa alegria seja
completa.
5 Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos
anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma.
45

C9. A Glória do Senhor é a Faceta do Evangelho que


Evidencia o Único que Pode Guiar e Suportar Alguém a Ser
“Mais do Que Vencedor”
Ao observar a lista sobremodo excelente de facetas do Evangelho de Deus destacadas
em cada um dos temas já apresentados na presente série de estudos, não seria de
admirar se uma pessoa se perguntasse se ela ainda poderia ou necessitaria procurar a
abordagem de outros aspectos deste mesmo Evangelho.
Depois de ser vista a origem perfeita do Evangelho no amor do Criador, em Cristo e
no reino de Deus, e depois de serem vistas as virtudes do Evangelho como a justiça,
paz, salvação, poder, graça e promessas de Deus, poderia ainda haver algo que se
fizesse notoriamente significativo e necessário para ser visto de forma singular e
destacada neste Evangelho?
Se a pergunta do parágrafo anterior fosse respondida pelos destinatários do
Evangelho, alguns, talvez, responderiam que nada mais precisaria ser acrescentado ao
que já foi exposto até aqui, pensando que os aspectos acima descritas já seriam mais do
que suficientes para todas as necessidades que conseguem projetar para as suas vidas.
Se, contudo, verificarmos aquilo que o próprio Criador do Evangelho nos oferece
através dele, poderemos observar que ainda há, de fato, uma faceta essencial a ser
percebida e compreendida por aqueles a quem o Evangelho é endereçado.
Apesar do ser humano muitas vezes pensar que ele é sabedor daquilo que precisa
receber e o que não precisa receber de Deus, não é ele quem efetivamente tem esta
resposta, mas o Senhor Eterno e Onisciente, conforme também já foi apontado várias
vezes nos estudos anteriores sobre o Evangelho.
Os pensamentos segundo a mentalidade humana podem até vir a apresentar um
conhecimento extenso em alguns aspectos. Entretanto, quando eles são confrontados
com a amplitude do que é necessário para a sustentação da vida e, principalmente, para
a sustentação da vida quanto à usa condição eterna, eles se mostram não somente
limitados, mas também, na maioria dos casos, equivocados em relação ao querer do
Senhor Criador dos Céus e da Terra.
Os pensamentos de Deus a nosso respeito são completos e perfeitos, e, portanto,
diferentes do que a mentalidade humana propõe para as pessoas.
Assim, se o Senhor escolheu nos informar nas Escrituras que o seu Evangelho
também é constituído pela faceta da sua glória, Ele o fez porque também nesta faceta
está inserido algo imprescindível que necessitamos conhecer, ainda que muitos não se
deem conta disto ou ainda que muitos não se disponham a fazê-lo, conforme nos é
exemplificado no texto a seguir:

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
46

6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.

O Evangelho sob a ótica da glória do Senhor apresenta características especialmente


singulares. E quando nos deparamos com esta faceta da glória de Deus e da glória de
Cristo, podemos perceber que a soberania de Deus em nos instruir sobre aquilo que
necessitamos torna-se particularmente evidenciada. Este aspecto do Evangelho nos
informa o querer de Deus em conhecermos tanto um termo pouco conhecido pela
maioria das pessoas, que é o termo glória, como também o que está associado a um
assunto tão vasto e que não é comumente observado pela maioria das pessoas em sua
vida diária.
A faceta do Evangelho vista sob a ótica da glória do Senhor é digna de especial
destaque também devido ao fato dela apresentar aspectos que nos surpreendem ainda
mais além de tudo o que o Evangelho do Senhor já possa nos ter surpreendido, o que
também torna a tarefa de escrever algo sobre esta faceta tão desafiadora.
E entre vários pontos, olhar o Evangelho sob a perspectiva da glória de Deus e da
glória de Cristo leva-nos a um desafio comparável a compreender o que vem a ser a
expressão mais que vencedores que Paulo, apóstolo de Cristo, narra no texto
apresentado a seguir:

Romanos 8: 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que


vencedores, por meio daquele que nos amou.

Em geral, os seres humanos são conhecedores de referências ao termo vitória, tanto


que inúmeras pessoas se veem continuamente em disputas e lutas para alcançar
vitórias. Entretanto, a expressão mais que vencedores ou mais que conquistadores já
não é tão comumente divulgada e conhecida. Na realidade, muitos até nem sabem bem
o que esta expressão poderia vir a significar, o que semelhantemente ocorre em relação
ao Evangelho ser associado ao que é apresentado como a glória do Senhor.
Quando nos deparamos com expressões como mais que vencedores ou o Evangelho
da Glória do Senhor, parece que nos deparamos com pontos que vão além dos limites
daquilo que por muitos já é considerado o limite máximo a ser alcançado.
Por outro lado, se nos dispusermos no Senhor a romper os limites daquilo que
parecia ser o fim da linha ou da trajetória a ser percorrida, e aceitarmos a instrução do
Senhor além dos limites anteriormente conhecidos, poderemos ver que os limites que o
Senhor apresenta a nós é que são de fato aqueles para os quais somos chamados a
avançar a fim de alcançarmos uma posição de vida ainda mais firme ou segura Nele.
Quando o Senhor nos mostra que Ele quer que sejamos mais que
vencedores e que conheçamos o seu Evangelho também naquilo que nos
parece menos popular ou familiar, Ele também nos mostra que, em alguns
casos, alguns níveis de vitória ou conquista talvez não serão o suficiente
para que aquilo que o Senhor quer nos conceder venha a ser firmemente
estabelecido em nós.
Em diversas situações em que as pessoas procuram alcançar alguma glória, é
também no alcançar a glória almejada que elas encontram as suas maiores desonras.
47

Em muitos casos em que as pessoas almejam vitórias, é também nas vitórias que
alcançam que elas encontram as suas piores derrotas, tornando-se em pessoas que não
são mais que vencedoras.
Quantas não são as pessoas que ao alcançarem uma vitória ou também chamada
glória acabam se sujeitando a uma sucessão de derrotas devido à soberba, o orgulho e
as suas posturas desonrosas que advém de como elas se posicionaram em suas vidas
exatamente por obterem as vitórias e as glórias que almejavam alcançar?
Devido ao desconhecimento do que é necessário para ser “mais que
vencedor”, ou seja, para “continuar sendo vencedor após ser vencedor”, é
que muitas pessoas naufragam mesmo após obterem as vitórias em relação
às quais tanto envidaram esforços e dedicaram as horas preciosas de suas
vidas para que pudessem alcançá-las.
E para que uma situação semelhante não venha a ocorrer no relacionamento com
aquilo que o Evangelho de Deus nos oferece, o Senhor também nos oferece o seu
Evangelho associado à sua glória para nos indicar “em Quem” e “como” podemos ser
mais que vencedores em relação à todas as demais facetas oferecidas pelo mesmo
Evangelho.
Uma vez que receber o Evangelho refere-se à principal vitória que uma
pessoa pode alcançar em toda a sua existência, pois é através dele que se
recebe a duradoura salvação e a vida eterna, Deus também oferece, através
do mesmo Evangelho, o acesso ao conhecimento da sua glória para que as
pessoas saibam que no Senhor elas têm à disposição tudo o que necessitam
para nunca se apartarem do dom da vida eterna oferecido a elas a partir do
reino celestial.
Portanto, sob o propósito de que todos os demais benefícios do Evangelho sejam
firmemente estabelecidos em nossas vidas, o Senhor também o revelou como sendo o
Evangelho da sua Glória para que venhamos a conhecer e receber ao Senhor conforme
Ele deseja que nós o conheçamos e recebamos em nossas vidas.
Reconhecemos que conhecer o Evangelho também sob o aspecto da glória de Deus e
da glória de Cristo é desafiador. Entretanto, visto que Deus também disponibilizou o
conhecimento da sua glória em seu Evangelho, que Ele deseja que a conheçamos e que
Ele se dispõe a nos assistir para que possamos alcançar este conhecimento, podemos
também ter a firme confiança de que o avançar em mais esta etapa certamente
contribuirá para que cada vez mais a boa, perfeita e agradável vontade de Deus passe a
ser conhecida e experimentada por nós, assim como consolidada em nós, conforme está
exemplificado também nos textos repetidos a seguir:

Romanos 12: 2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-
vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.
48

Conforme também já foi mencionado em outros capítulos, é na renovação do


entendimento, inclusive avançando em temas que ainda não nos são familiares, como é
o caso do Evangelho da Glória e, principalmente, a própria glória do Senhor, que as
pessoas podem romper com os limites que o mundo procura impropriamente
estabelecer a elas. É também através da renovação do entendimento segundo a
instrução do Senhor, a qual vai além das fronteiras do limitado conhecimento que há
debaixo do sol, que as pessoas podem alcançar a transformação de vida para serem não
somente vencedoras, mas também mais que vencedoras.
O Evangelho de Deus nos é oferecido para que possamos alcançar a
condição de libertos do pecado, do corpo do pecado, da escravidão das
trevas e da perdição. Entretanto, ele também é nos manifesto e concedido
como o Evangelho da Glória do Senhor para que saibamos que as nossas
vitórias verdadeiras somente provém de Deus e que somente em Cristo
temos um firme suporte para as nossas vidas para que as vitórias
alcançadas também tornem-se em vitórias eternas. Aspecto este, que nos
coloca na condição de podermos ser eternamente mais que vencedores.
Conforme também já mencionamos anteriormente, a faceta do Evangelho que nos
oferece o conhecimento da glória de Deus é aquela que nos revela o fundamento que
sustenta todo o Evangelho e toda a vida, evidenciando que é somente por Deus e em
Cristo que alguém pode ser mais que vencedor.
Quando o Senhor nos toma pela mão direita e nos conduz pelas veredas da vida pelo
fato de recebermos a Ele através do seu Evangelho, nós também podemos estar certos
de que os atributos do Senhor manifestos em sua glória nos conduzirão à vitória das
vitórias e que nos confere a condição de eternos vencedores.

Isaías 41: 13 Porque eu, o SENHOR, teu Deus, te tomo pela tua mão
direita e te digo: Não temas, que eu te ajudo.

Isaías 31: 1 Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se


estribam em cavalos; que confiam em carros, porque são muitos, e
em cavaleiros, porque são mui fortes, mas não atentam para o Santo
de Israel, nem buscam ao SENHOR!

1 João 5: 5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus
o Filho de Deus?

1 Coríntios 15: 54 E, quando este corpo corruptível se revestir de


incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade,
então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte
pela vitória.
55 Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu
aguilhão?
56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei.
57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso
Senhor Jesus Cristo.
49

O Evangelho sob a ótica da glória de Deus apresenta a faceta que nos


oferece conhecer muito mais de perto e muito mais abundantemente
Aquele que nos faz alcançar vitórias em nossa jornada, mas,
principalmente, Aquele que nos faz alcançar superior vitória e o prêmio
final, soberano e eterno da nossa jornada com o Senhor iniciada ao receber
o seu Evangelho.

Salmos 20: 7 Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém,


nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus.

Filipenses 1: 3 Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós,
4 fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as
minhas orações,
5 pela vossa cooperação no evangelho, desde o primeiro dia até
agora.
6 Estou plenamente certo de que Aquele que começou boa obra em
vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.
50

C10. O Benefício Supremo que Advém do Conhecer a


Glória de Deus
Embora já tenhamos abordado anteriormente alguns pontos sobre o propósito do
conhecimento da glória de Deus, e ainda antes de entrarmos mais profundamente em
alguns dos diversos aspectos específicos contidos na glória do Senhor, gostaríamos de
reforçar mais uma vez o referido propósito utilizando para isto outro ângulo do
benefício do conhecimento da glória de Deus, o qual nos é exposto no texto a seguir:

2Coríntios 3: 16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o


véu lhe é retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.

Relembrando que o Evangelho caracteriza-se como uma oferta de “boas


novas”, fica evidente que a possibilidade de podermos conhecer a glória de
Deus também nos é oferecida essencialmente para o nosso benefício.
Mas por que o Senhor quer que conheçamos a sua glória e qual é o benefício mais
central de podermos, através da revelação da sua glória, conhecer quem é o Senhor e
Criador das nossas vidas?
O que o fato de conhecer mais a Deus pode afetar as nossas vidas e o que um
entendimento mais acurado de quem é o Senhor pode contribuir para o nosso presente
e futuro?
Em certos sentidos, compreender e experimentar os efeitos do
conhecimento da glória de Deus em relação à vida daquele que passa a
conhecê-la é o ponto mais significativo da relação com o Evangelho da
Glória, pois é nos efeitos que o Evangelho pode causar a uma pessoa e em
favor de uma pessoa que de fato é estabelecida a conexão de um indivíduo
com o Evangelho e os seus benefícios.
Se o Evangelho, como uma oferta de boas novas, não tivesse efetivamente nada de
bom para nos oferecer, ele também não seria digno de ser uma oferta de “boas novas”.
Esperar boas dádivas e bons resultados advindos do Evangelho é o que o
Senhor espera que façamos, pois é exatamente para este fim que o Senhor
nos anuncia e oferece este mesmo Evangelho.
Se toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do Pai das Luzes, a quem mais nós
poderíamos recorrer para recebermos as verdadeiras dádivas que necessitamos em
todo o transcorrer do nosso viver?
Quando as pessoas desconhecem ou conhecem de forma distorcida a glória de Deus
é que elas começam a dizer, por exemplo, que “não devemos incomodar a Deus com os
nossos pedidos”, como se ouvir e atender as nossas súplicas fosse um fardo pesado
sobre ombros do Senhor ou como se para Deus fosse um fardo pesado cuidar da criação
que Ele mesmo fez ou criou.
51

Ao anunciarem quem Deus é e como Deus age, as Escrituras nos informam que o
cuidado de Deus em relação ao Seu povo ou àqueles que Nele confiam é ainda muito
superior que o próprio cuidado de um pai ou de uma mãe pelo seu próprio filho. Como,
então, poderia alguém dizer que Deus fica alheio às necessidades das pessoas do mundo
ou que Deus não vê o que ocorre nos reinos terrenos?

Salmos 27: 10 Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o


SENHOR me acolherá.

Isaías 49: 15 Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda
mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas
ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me
esquecerei de ti.

Hebreus 4: 13 E não há criatura que não seja manifesta na sua


presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.

Em capítulos anteriores, também já abordamos o ponto de que o benefício de


conhecer a glória de Deus inclui conhecer quem é o próprio Deus para que aquele que é
justificado no Senhor passe a viver em confiança Nele e no seu amor.
Entretanto, neste presente capítulo, gostaríamos de evidenciar que o grande
benefício da confiança em Deus, por sua vez, reflete-se em nós mesmos e na
transformação que podemos passar a experimentar pela confiança depositada no
Senhor.
Apesar de também incluir este aspecto, o viver mediante a fé em Deus ou
viver em confiança no Senhor não é somente um meio para receber um
“passe livre” para o céu e para a vida eterna. A fé em Deus, a ponto de
conhecermos mais a sua glória, pode causar efeitos em toda a nossa vida
também a ponto de experimentarmos profundas e maravilhosas
transformações em nosso próprio ser.
O efeito ou o benefício de sermos colocados frente a frente com a
revelação da glória de Deus é o caminho para que possamos não somente
receber diversas dádivas de Deus mediante a fé, mas também para que
alcancemos a profunda transformação pessoal que tanto necessitamos.
Pelas Escrituras, o Senhor Jesus Cristo nos ensina que uma pessoa que é infiel
quando está posta sobre um mínimo de recursos não deixa de ser infiel quando é
colocada sobre muitas coisas. Ou seja, não é a riqueza natural que transforma uma
pessoa infiel em uma pessoa fiel.

Lucas 16: 10 Quem é fiel no mínimo também é fiel no muito; quem é


injusto no mínimo também é injusto no muito. (RC)
52

As Escrituras, também através dos escritos de Paulo, nos instruem que não é um
sistema de condutas e de ensino do que é correto fazer que capacita uma pessoa a ser
praticante do verdadeiro bem diante de Deus.

Romanos 7: 14 Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou


carnal, vendido sob o pecado.
15 Porque o que faço, não o aprovo, pois o que quero, isso não faço;
mas o que aborreço, isso faço.
16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
17 De maneira que, agora, já não sou eu que faço isto, mas o pecado
que habita em mim.
18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar
o bem.
19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse
faço.
20 Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado
que habita em mim.
21 Acho, então, esta lei em mim: que, quando quero fazer o bem, o
mal está comigo.
22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus.
23 Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do
meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos
meus membros.
24 Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta
morte? (RC)

Romanos 3: 9 Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira


nenhuma! Pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como
gregos, todos estão debaixo do pecado,
10 como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. (RC)

A profunda transformação interior que o ser humano tanto necessita, e


pela qual tantos lutam sem nem bem saber de que é por ela que eles
anelam, não é e nem pode ser encontrada em sua condição natural, nos
seus semelhantes, nas coisas criadas e nem ainda nos deuses que as
pessoas imaginaram e criaram em suas mentes soberbas.
Quando o ser humano busca nas coisas criadas e nos seus semelhantes a solução
para a sua vida e para a transformação que pensa necessitar, ele se recoloca num ciclo
de escravidão e corrupção similar ao que ele já vive e do qual ele jamais poderá sair sem
a ajuda da misericórdia de Deus, conforme nos exemplifica o texto a seguir:

Romanos 8: 19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação


dos filhos de Deus.
20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas
por causa daquele que a sujeitou,
21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro
da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
53

O que é corrupto não pode produzir algo que seja perfeito e não corrupto.

1 Coríntios 15: 50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem
herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.

O ser humano decaído e sujeito à escravidão do pecado não pode produzir a


transformação que ele próprio necessita para alcançar uma liberdade duradoura. A
partir da sua condição de sujeição ao que é deficiente e corrompido, o ser humano não
tem as condições mínimas para produzir algo que seja duradouramente bom ou que lhe
proporcione a liberdade eterna que realmente necessita.
Somente o que é perfeito pode oferecer o que é plenamente perfeito.
Somente o que é justo pode criar algo plenamente justo ou pode
transformar o que foi corrompido.
Somente Aquele que tem uma glória perfeita, íntegra e verdadeiramente
livre é que pode oferecer uma glória que conceda verdadeira liberdade e o
caminho de transformação para que aquilo que é perfeito e reto possa ser
alcançado.
Retornando aos últimos textos referenciados acima, podemos observar que a criação
aguarda a revelação da gloriosa liberdade dos filhos de Deus, a qual tem por base a
glória de Deus à disposição deles, e isto, para que também a criação possa alcançar a
liberdade que é concedida pelo Senhor àqueles que Nele confiam.
Destacamos aqui, que a criação não aguarda conhecer os filhos de Deus somente em
sua condição meramente natural, mas aguarda a revelação daquilo que faz com que os
filhos de Deus desfrutem de uma liberdade distinta ou verdadeira. A criação aguarda
pela revelação daquilo que permite uma pessoa alcançar uma transformação que
transcende o que as transformações meramente humanas propõem e podem realizar.
A glória de Deus nos é revelada inicialmente para que venhamos a crer
em Deus e receber a salvação eterna no Senhor. Entretanto, após receber o
Evangelho, Deus continua a nos oferecer a revelação da sua glória para que
saibamos que Ele também é Aquele que, juntamente com a salvação, nos
concede um novo coração no qual o próprio Espírito do Senhor habita e
que Ele é Aquele que se oferece para operar em nós a nossa própria
transformação em tudo o que precisamos ser transformados.

Jeremias 24: 7 E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu


sou o SENHOR; e ser-me-ão por povo, e eu lhes serei por Deus,
porque se converterão a mim de todo o seu coração. (RC)

Ezequiel 11: 19 E lhe darei um mesmo coração, e um espírito novo porei


dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei
um coração de carne. (RC)

Através da operação do Senhor na vida daqueles que passam a conhecer a sua glória
e confiam em cada um dos seus atributos, o infiel pode se tornar fiel, o injusto em justo,
o triste em alegre. O desesperançado pode se tornar naquele que tem uma firme
54

esperança, o corrompido em uma pessoa que anda em retidão, o odioso em uma pessoa
amável, o perverso em alguém bondoso, o perdido em salvo, o abandonado por pai e
mãe em um filho eterno do Único Pai Eterno em todo o universo.
Através do conhecimento da glória de Deus e da confiança em Deus, uma
pessoa pode conhecer o amor de Deus e saber que, por causa deste amor,
tudo o que Deus tem, e também tudo o que Deus é nos seus mais diversos
atributos, lhe estão disponíveis para aquilo que lhe é eternamente
benéfico.

Romanos 8: 32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por
todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com
ele todas as coisas?

Muitas pessoas, certamente, deixam de receber muitos benefícios que lhes estão
disponíveis no Senhor pelo fato de não viverem mediante a fé em Deus. Entretanto,
como crerão se não conhecem de forma minimamente satisfatória a Deus, seus
principais atributos e aquilo que o Senhor lhes oferece para uma vida segundo o seu
propósito eterno?
Portanto, o Evangelho da Glória do Senhor nos mostra o caminho para o
conhecimento específico dos atributos de Deus que necessitamos conhecer. E, por sua
vez, o conhecimento específico dos atributos de Deus abre o caminho para que
exerçamos a fé no Senhor em relação aos seus atributos.
A nossa fé em relação aos atributos de Deus comunica ao Senhor que
queremos que Ele os manifesta a nosso favor. E, por sua vez, a
manifestação dos atributos de Deus a nosso favor também atuam na nossa
transformação, de glória em glória, para a condição que o Senhor sempre
intentou para as nossas vidas, a qual é uma vida em conjunto com Ele, Nele
e guiado por Ele.
Se as pessoas se dispusessem a serem ensinadas para saberem ao menos um pouco
mais sobre o quanto pode contribuir para as suas vidas o conhecimento mais amplo de
quem é Deus em seus múltiplos atributos, elas também poderiam se beneficiar das
transformações nelas que somente podem ser alcançadas junto ao Único Deus que as
conhece precisamente em cada um dos seus mínimos detalhes.
O texto que citamos no início deste capítulo nos informa que se alguém se converte
ao Senhor, o véu lhe é tirado e o Senhor também se mostra a ele. E se alguém
perseverar em conhecer a glória de Deus, ele não somente verá várias facetas desta
glória, mas também conhecerá os efeito benéficos para a sua própria vida advindos do
conhecimento cumulativo e crescente desta glória.
Por fim, no presente capítulo, gostaríamos de mencionar ainda que o texto que
usamos no início deste capítulo também nos ensina que a glória de Deus pode ser vista
como que por um espelho para que o efeito transformador que se deseja obter por ela
também seja alcançado.
E uma primeira característica sobre o ver algo como que por um espelho está no fato
de que aquilo que se vê por meio de um espelho sempre é atual e contemporâneo.
Quando alguém vê algo exibido em um quadro, uma fotografia, uma imagem
esculpida ou qualquer outra forma que registra um momento, e por mais que aquilo foi
55

registrado tenha sido a expressão da verdade em um determinado tempo, aquilo que foi
registrado expressa um momento passado de algo que pode ter sofrido grandes
mudanças após o ato do seu registro.
Em um espelho, porém, e por mais que o espelho tenha defeitos ou seja de baixa
qualidade, o que se vê sempre é o presente. É característica do espelho “espelhar” o que
diante dele é colocado no momento em que é colocado.
A glória de Deus é transformadora para aqueles que aceitam vê-la como a glória de
um Deus vivo e presente, e não de um Deus histórico e passado, pois um “deus” que
não está mais vivo e atuante com todos os seus atributos no presente não pode e jamais
poderá aperfeiçoar uma pessoa.
Assim, neste ponto, relembramos que o Evangelho da Glória do Senhor nos é
oferecido também para comunicar que a glória das obras do passado de Deus nos
transforma somente porque ela também é uma glória que se mantém igualmente viva
no presente e no futuro.
Continuando ainda, um segundo aspecto sobre o ver algo como que por um espelho,
é que quando se vê algo no espelho em momentos distintos, também pode ser
observado aquilo que foi mudando de um momento para o outro, pois o espelho reflete
com fidelidade o que permanece igual por já ter sido consolidado nas etapas anteriores,
mas ele também mostra aquilo que mudou com o passar do tempo.
Portanto, quando as Escrituras nos informam que podemos contemplar a glória de
Deus como que por um espelho, elas também nos anunciam que as transformações que
ocorrem de glória em glória são tangíveis e práticas na vida daqueles em quem o
Senhor produz mudanças segundo a sua glória, e, ainda, que estas transformações são
feitas sob a luz do Senhor e visíveis àqueles que com o auxílio de Deus alcançam
mudanças.
Através de vários aspectos do Evangelho de Deus é nos oferecido
conhecer o caminho e a maneira pela qual podemos chegar diante de Deus
com confiança para conhecer a sua glória, o qual representa conhecer ao
próprio Deus e também experimentar a vida eterna.
Entretanto, através do Evangelho da Glória do Senhor somos convidados a conhecer
ainda mais os atributos do Senhor a ponto de que a vida de Deus passe a produzir em
nós a sua divina natureza e nos livre de uma vida sem propósito ou segundo a glória
passageira das coisas do mundo.

Hebreus 10: 19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos
Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é,
pela sua carne,
21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé,
tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com
água pura.
23 Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois
quem fez a promessa é fiel.
56

2 Pedro 1:2 Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno


conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.
3 Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as
coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo
daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude,
4 pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes
promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da
natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no
mundo.
----

No mundo, muitas pessoas gostam de afirmar e reafirmar que nenhuma


pessoa consegue mudar de fato quem ela é. Entretanto, muitas falam isto
por não conhecerem ou por não aceitarem a glória de Deus, pois para o
Senhor até aquilo que estava morto pôde reviver a fim de que saibamos
que muitas coisas que para os seres humanos é impossível de serem
realizadas são perfeitamente passíveis de serem feitas e estabelecidas pelo
Senhor.

1 Pedro 4: 6 Pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a


mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens,
vivam no espírito segundo Deus.

Romanos 8: 11 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a


Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio
do seu Espírito, que em vós habita.
----

Se através dos demais aspectos do Evangelho nos fica evidenciado o


convite, a oferta e o caminho para nos achegarmos a Deus, pela faceta do
Evangelho da Glória fica ressaltado o propósito ainda mais central pelo
qual Deus quer que nos acheguemos mais a Ele. E o qual é que sejamos
transformados à imagem de como Ele próprio é, a fim de que possamos
experimentar cada vez mais o benefício supremo de estarmos em Deus e de
sermos feitos capazes Nele para viver e andar segundo a sua vontade.

2Coríntios 3: 18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito.
57

C11. A Glória de Deus na Face de Cristo

A. A Glória Especificamente Enfatizada pelo Evangelho da Glória

Depois que uma pessoa passa a compreender que o conhecimento da


glória de Deus é muito significativo para a sua vida e que é pelo
conhecimento dado por Deus sobre esta glória que ela, efetivamente, tem a
fé edificada para acessar as múltiplas dádivas que lhe são oferecidas pelo
Evangelho do Senhor, o passo seguinte, obviamente, passa a ser o aspecto
do como a glória de Deus pode ser acessada ou conhecida de fato em suas
diversas características.
Se, por exemplo, uma pessoa recebe um presente embrulhado que lhe é muito
necessário e que pode lhe ser muito útil em seu dia-a-dia, ela somente passará
realmente a se beneficiar do presente recebido se também vir a desempacotar, conhecer
e usar o que lhe foi concedido.
Assim, se alguém sabe que precisa conhecer a glória de Deus, mas não a conhece
porque não tem disposição de conhecê-la ou porque não sabe como pode fazê-lo, ele
continua como alguém que não conhece a glória de Deus apesar de já saber da
importância de conhecê-la.
Diante do grande contingente de dádivas que o Senhor oferece às pessoas através do
seu Evangelho, pode ocorrer de as pessoas em geral, e até mesmo os cristãos, virem a
não perceber como de fato estas dádivas podem se tornar uma realidade em suas vidas
e o que essencialmente pode sustentar as dádivas na vida das pessoas para que estas
também sejam estabelecidas para o propósito para o qual são concedidas.
Em outras palavras, o primeiro passo relativo ao conhecimento sobre a relevância da
glória de Deus também precisa ser acompanhado de um segundo passo que instrui
onde o conhecimento da glória de Deus pode ser alcançado, bem como, ainda, de um
terceiro passo que mostra como este conhecimento pode se tornar em realidade para
aqueles a quem ele é oferecido.
Entretanto, o entendimento de que há vários passos para conhecer a glória de Deus
não necessita ser visto como um aspecto árduo para nós, pois assim como Deus nos
oferece e concede o Seu Evangelho de forma perfeita, assim também o
Senhor nos concede um local preciso e a maneira perfeita de conhecermos
e acessarmos o conhecimento da sua glória para que possamos conhecer e
acessar tudo o que necessitamos deste mesmo Evangelho, conforme podemos
ver destacado no texto exposto mais uma vez a seguir:

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.
58

Apesar da glória de Deus também ser manifestada pelos céus, firmamento ou por
toda a criação, Deus determinou que seja na face de Cristo, ou naquilo que podemos ver
em Cristo e sobre Cristo, que essencialmente a glória de Deus encontra-se revelada
mais amplamente, mais compreensivelmente e mais objetivamente para que possamos
também ser transformados pelo Espírito do Senhor de acordo com o querer de Deus,
como foi visto no capítulo anterior.
Quando as Escrituras nos informam que o Evangelho de Deus é também
o Evangelho da Glória de Cristo e que a glória de Cristo é a própria
expressão da glória de Deus, as Escrituras estão nos ensinando que se
alguém realmente almeja conhecer a Deus, ele deveria antes querer
conhecer a Cristo, pois Cristo é a expressa imagem de Deus e Deus
escolheu mostrar a sua glória através de Cristo e em Cristo.
Nas perspectivas do Evangelho como o Evangelho do Criador e como o Evangelho de
Cristo, procuramos enfatizar o quanto o Pai Celestial nos amou a ponto dar dar o Seu
Filho Unigênito e também o quanto Cristo amou ao Pai Celestial e a nós para também
se entregar como oferta perfeita para a nossa justificação, salvação e vida.
Entretanto, quando olhamos para o Evangelho sob a ótica do Evangelho da Glória de
Cristo, a qual expressa a própria glória de Deus, somos chamados a nos atentar mais
objetivamente ao aspecto de quem é o Cristo que nos é oferecido e concedido através do
Evangelho para que também conheçamos o Pai Celestial que nos concedeu o Filho do
seu amor.
O Evangelho da Glória de Cristo, falando somente de forma figurada, nos chama a
desembrulhar o presente que nos foi oferecido com tanto amor para vermos que o
presente maior que foi embrulhado no Evangelho é o próprio ofertante que nos
entregou o presente.
O Evangelho da Glória de Cristo, provindo de Deus e de Cristo, somente a título
figurativo, nos entrega um vale que nos dá direito a nos achegarmos livremente a
Cristo, através de quem também temos um vale que nos dá direito de nos achegarmos
ao Pai Celestial e ao Espírito do Senhor.
Cristo é o próprio “novo e vivo” caminho para Deus.
Cristo é a verdade e a sabedoria de Deus a nós disponibilizada.
Cristo é a vida de Deus a nós oferecida e concedida.
Cristo é a “perola de grande valor”.
Cristo é o grande tesouro no qual podem ser encontrados todos os
outros tesouros de Deus.
Cristo é a mina das pedras preciosas dos atributos de Deus a ser
garimpada.
Cristo é o amor do Evangelho do Pai Celestial.
Cristo é a expressão direta do reino de Deus.
Cristo é a justiça para a justificação através do Evangelho da Justiça.
Cristo é a paz de Deus do Evangelho da Paz.
Cristo é a salvação do Evangelho da Salvação.
59

Cristo é a graça do Evangelho da Graça.


Cristo é o poder do Evangelho do Poder de Deus.
Cristo é a resposta das promessas ou o cumprimento das ofertas de vida
feitas por Deus ao longo dos séculos da vida humana.
É em Cristo que a vida no amor de Deus, a vida de fé no Senhor e a vida
firmada em firmes esperanças é alcançada e estabelecida.
Cristo é a essência de toda boa dádiva e de todo dom perfeito que o Pai
das Luzes concede através do Seu Evangelho.
Assim, conjuntamente com a necessidade de fé para viverem mediante a fé em Deus
e para crescerem na novidade de vida concedida pelo Senhor mediante a sua graça, as
pessoas necessitam de um conhecimento mais próximo e mais pessoal de Cristo ou da
sua glória, o qual é a razão ou o meio para um indivíduo ter a fé em Deus.
Quando as pessoas perguntam onde está a glória de Deus e como podem
conhecer a Deus, é o Evangelho da Glória de Cristo e da Glória de Deus que
responde estas questões de forma clara e objetiva em duas palavras, ou
seja: “Em Cristo”!
Conforme já comentamos anteriormente, os céus ou o firmamento também
proclamam a glória de Deus. Entretanto, é Cristo que sustenta os céus e o firmamento,
tendo, portanto, uma glória superior à tudo o que é contemplado na criação.
Em Cristo, a glória Daquele que sustenta as outras facetas do Evangelho
da Glória é revelada.
Em Cristo, é revelada a glória mais profunda que Deus quer que todos
conheçam a respeito Dele no íntimo dos seus corações.
Em Cristo, a glória de Deus torna-se conhecida pessoalmente ou
presente no coração daquele que abre o coração para a revelação da glória
do Senhor.
Em Cristo, a justificação, a salvação, a paz e o amor de Deus por toda a
humanidade passa a vir a ser estabelecida como a justificação, a salvação, a
paz e o amor daquele que vem a conhecer a glória do Senhor na sua
própria vida.
Cristo é a glória de Deus revelada na intimidade. Cristo é o segredo ou a
aliança de Deus revelada àqueles que o temem.

Salmos 25: 14 A intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos


quais ele dará a conhecer a sua aliança.
ou
Salmos 25: 14 O segredo do SENHOR é para os que o temem; e ele lhes
fará saber o seu concerto. (RC)

É em Cristo que podemos aprender, primeiramente, o que é a vida


verdadeira ou eterna, e é também em Cristo que podemos obter a novidade
de vida que vem de Deus.
60

Além disso, é igualmente em Cristo que podemos aprender a viver e andar


apropriadamente na novidade de vida que o Pai Celestial concede mediante o seu
Evangelho.
Cristo é a própria novidade de vida proveniente de Deu para todo aquele
que recebe o seu Evangelho.

João 6: 33 Porque o pão de Deus é o que desce do céu e dá vida ao


mundo.
+
João 6: 48 ( Respondeu-lhes Jesus:) Eu sou o pão da vida.

Por não conhecerem devidamente o que é a novidade de vida oferecida pelo reino
celestial e nem como esta vida pode ser vivida, muitas pessoas acabam se sujeitando a
muito dissabores. Entretanto, é pelo fato de não conhecerem ou não aceitaram a glória
de Cristo que elas acabam nem chegando a conhecer a vida segundo a vontade de Deus
para elas.
Em outros palavras, as pessoas acabam incorrendo em caminhos de destruição por
não conhecerem a Deus e nem a sua vontade, mas elas não conhecem a Deus e a sua
vontade porque não conhecem a Cristo, aquele através de quem Deus designou que a
novidade de vida do reino celestial venha a ser conhecida e vivida.
O conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo, refere-se à glória
que todos os seres humanos necessitam ver antes e acima da glória de
qualquer outro aspecto que possam achar relevante ou valioso na vida.
A glória especificamente enfatizada no Evangelho sob a ótica da glória,
evidencia de forma ainda mais contundente o que cada uma das outras
facetas do Evangelho já evidenciou, o qual é a eminência de Cristo como a
expressão e o meio para conhecermos ao próprio Deus da glória. E isto, a
fim de que também creiamos e vivamos por meio dos atributos do Senhor.
Quem aceitar o convite de Deus através do seu Evangelho para
contemplar quem o Senhor Jesus Cristo foi, é, e sempre será, e quem
contemplar a glória do que Cristo fez, faz e fará, e tiver comunhão com Ele
conforme lhe é concedido através do amor e da graça de Deus, saberá
também os principais aspectos de como Deus é e o que Deus faz, pois
conhecerá a glória Deus.

Cristo é o resplendor da glória e a expressão exata de Deus (conforme


Hebreus 1: 3).

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Colossenses 1: 9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o


ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis
de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e
entendimento espiritual;
61

10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro


agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento de Deus;
11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua
glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,
12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da
herança dos santos na luz.
13 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o
reino do Filho do seu amor,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Este (Cristo) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele.
17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito
de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.
----

E, por sua vez, quem conhece a glória de Deus, em Cristo Jesus, também poderá
dizer com convicção o que Paulo disse sobre o seu relacionamento com o Senhor:

2 Timóteo 1: 12(b) ... porque sei em quem tenho crido e estou certo de que
ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.

O caminho direto ou objetivo para conhecer a glória de Deus, ou


conhecer a Deus como uma pessoa necessita conhecer a Deus, é Cristo.
Por isso, no mesmo texto em que Paulo ensina sobre a glória de Deus, ele também
explica qual é o grande e essencial aspecto que importa ser pregado a respeito do
Evangelho de Deus:

2 Coríntios 4: 5(a) Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
Jesus como Senhor.

Colossenses 2: 1 Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho


mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram
face a face;
2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente
em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do
entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus,
Cristo,
3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos.
62

A pregação fiel ao Evangelho sempre engloba pregar e apresentar a


Cristo Jesus como o Senhor, pois Cristo é a única alternativa para que o
fim da carência ou do estar destituído da glória de Deus causado pela
sujeição ao pecado venha a ser suprimida e para que a vida segundo o
reino de Deus seja concedida para todos aqueles que receberem a Cristo
em seus corações.
É no coração que Deus ilumina o conhecimento da sua glória, mas Ele o
faz para aqueles que aceitam que a sua glória lhes seja exposta em Cristo
Jesus.

1 Pedro 3: 15(a) Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso


coração!

Romanos 4: 23 até 5: 2
E não somente por causa dele está escrito que lhe foi levado em
conta, mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos
será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou
dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por
causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa
justificação.
Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de
nosso Senhor Jesus Cristo; por intermédio de quem obtivemos
igualmente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes; e
gloriamo-nos na esperança da glória de Deus.
63

B. A Glória de Deus na Face do Cristo Enviado em Carne ao


Mundo

Como expressão do seu amor, Deus enviou o seu Filho Unigênito ao mundo para
apresentar o Evangelho do reino dos céus como a sua boa nova e como a sua boa e
eterna dádiva oferecida à humanidade. E Deus fez isto, para revelar as facetas da sua
glória que são necessárias para que cada pessoa possa chegar ao conhecimento
verdadeiro sobre o Senhor e para que, por meio deste conhecimento, cada pessoa
também possa crer em Cristo para a redenção e salvação da sua vida mediante a graça
do Senhor e mediante a fé no Deus Redentor.

João 3: 17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

João 3: 16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna.

O Senhor Jesus Cristo reiteradamente afirmou que receber aquele que o Pai Celestial
enviou ou receber ao próprio Pai Celestial estavam relacionados de forma plena e
inseparável.

Mateus 10: 40 Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe,


recebe aquele que me enviou.

João 5: 23(b) Quem não honra o Filho não honra o Pai que o enviou.

João 5: 37 O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado


testemunho de mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua
forma.
38 Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque
não credes naquele a quem ele enviou.

João 12: 44 Então Jesus clamou: Quem crê em mim crê, crê, não
somente em mim, mas também naquele que me enviou. (EC)

Em outra passagem o Senhor também reitera que o propósito da sua vinda em carne
ao mundo era para revelar a glória Daquele que o enviou para que a glória de Deus
fosse apresentada em justiça.

João 7: 18 Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria


glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é
verdadeiro, e nele não há injustiça.
64

O Senhor Jesus Cristo veio mostrar às pessoas do mundo a glória de


Deus com o propósito de chamá-las à reconciliação e à comunhão com o
Criador.
O Filho Unigênito de Deus veio ao mundo para suprir a carência da
glória de Deus que a sujeição ao pecado impingira sobre a humanidade.
O Senhor Jesus Cristo veio tornar visíveis os atributos invisíveis de Deus
que os seres humanos já não conseguiam perceber e sem os quais também
já não conseguiam mais crer em seu Criador.

João 1: 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e


de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu
disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto
já existia antes de mim.
16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre
graça.
17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
18 Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do
Pai, é quem o revelou.

O Senhor Jesus Cristo, o Unigênito Filho Eterno de Deus, que já era


desde antes da fundação do mundo, assumiu a condição de Filho do
Homem para mostrar também nesta posição ao mundo que fora criado por
intermédio Dele aquilo que cada pessoa precisa saber sobre quem é Deus
ou como é o Deus Criador de cada ser humano e de toda a criação.
Com a vinda de Cristo Jesus em carne ao mundo, muitas coisas que se atribuíam
como sendo a glória de Deus foram reveladas estarem em desacordo com a verdadeira
glória do Senhor. Por outro lado, também muitas coisas que não eram conhecidas sobre
a glória de Deus passaram a ser reveladas de uma forma tangível e palpável como as
pessoas nunca pensaram que Deus chegaria a fazer.
Antes da vinda do Senhor Jesus Cristo ao mundo como Filho do Homem, alguns
poucos povos conheciam a Deus ainda de forma muito limitada e somente pela voz de
alguns profetas, sacerdotes e reis tementes a Deus. Entretanto, a maioria dos outros
povos conhecia ainda muito menos sobre o Senhor. A condição deles era como se
tateassem no escuro quando o assunto tratava-se a respeito da glória do Deus Eterno.
E inicialmente, de forma similar aos profetas, o Senhor Jesus Cristo também se
expressou em vários momentos através de anúncios da palavra do Senhor a fim de
suprir a carência que as pessoas tinham em relação à glória de Deus.
Na sequência, porém, diferentemente dos profetas, sacerdotes e reis que lhe
antecederam, o Senhor Jesus Cristo também veio demonstrar, por muitas maneiras e
de forma direta e expressa, como de fato são alguns dos principais atributos do Pai
Celestial, do Deus de toda a graça ou do Pai das Luzes de quem procedem toda boa
dádiva e todo dom perfeito, conforme exemplificado nos textos a seguir:
65

João 12: 45 E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.


46 Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê
em mim não permaneça nas trevas.

João 14: 9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não
me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu:
Mostra-nos o Pai?

Portanto, aquele que recebe a glória e o testemunho de Cristo, também recebe a


glória e o testemunho de Deus. E quem não recebe a glória e o testemunho de Cristo,
também não recebe a glória de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

1 João 5: 9 Se admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de


Deus é maior; ora, este é o testemunho de Deus, que ele dá acerca do
seu Filho.
10 Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele
que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no
testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.
11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.

Dizer que Cristo é o resplendor da glória de Deus, também significa dizer que quem
não aceitar a glória de Deus em Cristo igualmente não aceita a glória do próprio Deus e
Pai de toda a criação. Ou ainda, se alguém não se satisfaz com o que Deus mostrou a
respeito de si em Cristo, ele também não se satisfará com o que Deus é, pois Cristo é a
expressão exata de como Deus também é.
Olhar para a glória de Deus e olhar para a glória de Cristo, para ser
transformado por Deus e para obter a novidade de vida eterna no Senhor,
são ações equivalentes, pois a glória de um é também a glória do outro.
Se aprendermos a ver a glória de Cristo, conheceremos o que nos é
necessário da glória do Pai Celestial.
Repetindo mais uma vez, o Senhor Jesus Cristo é a expressa imagem de Deus, e é
através Dele que a tão grande carência pela glória de Deus é suprida.
Assim, quando vemos o Senhor Jesus se importando com uma viúva pobre, por
exemplo, é o próprio Deus se importando por esta pessoa.

Salmos 68: 5 Pai dos órfãos e juiz das viúvas é Deus em sua santa
morada.

Salmos 146: 9 O SENHOR guarda o peregrino, ampara o órfão e a


viúva, porém transtorna o caminho dos ímpios.
66

Quando vemos o Senhor Jesus Cristo se importando com os cegos, tanto no nível
natural como espiritual, é Deus se importando com estes para venham a enxergar o que
precisam enxergar não somente para o presente, mas também para a vida eterna.

João 8: 12 De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo;


quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da
vida.

Quando vemos o Senhor Jesus se importando com os oprimidos e sobrecarregados,


é Deus mostrando-lhes compaixão e oferecendo-lhes livramento destes fardos pesados.

Mateus 11: 27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei.

Quando vemos o Senhor Jesus Cristo se importando com aqueles que têm o coração
abatido e ferido, é Deus expressando compaixão a cada indivíduo nesta condição, e é
Deus oferecendo a sua presença e a sua vivificação a todos aqueles que Nele creem
como o Senhor da cura ou da restauração da alma.

Salmos 25: 16 Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou


sozinho e aflito.

Mateus 9: 36 E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque


andavam desgarrados e errantes como ovelhas que não têm pastor.
(RC)

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na


eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e
também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito
dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos. (RC)

João 11: 25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em


mim, ainda que esteja morto, viverá;
26 e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá.
Crês tu isso?
----

Quando o Senhor Jesus anunciava o amor de Deus e o quanto o Senhor, através do


Espírito Santo, almejava beneficiar a todas as pessoas, era o próprio Pai em Cristo, por
meio do seu Espírito, se manifestando ao mundo.
67

Lucas 4: 17 Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o


livro, achou o lugar onde estava escrito:
18 O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para
evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos
cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os
oprimidos,
19 e apregoar o ano aceitável do Senhor.
20 Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e
todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele.
21 Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que
acabais de ouvir.

O Senhor Jesus Cristo, inclusive enquanto estava em carne no mundo, nunca falava
ou fazia algo por si próprio. Ele falava ou fazia aquilo que o Espírito do Senhor ou o
Espírito do Pai Celestial lhe instruía para falar e para fazer.

João 8: 28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do


Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim
mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.

O Senhor Jesus Cristo, também como Filho do Homem na Terra, conforme já foi
mencionado, igualmente era a imagem de Deus ou a expressão exata do Ser do Pai
Celestial.
O Senhor Jesus, também quando esteve em carne no mundo, era a expressão viva e
palpável da glória de Deus entre os homens.

João 1: 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o


Verbo era Deus.
...
João 1: 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e
de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

Olhar nos olhos do Senhor Jesus Cristo enquanto estava como Filho do Homem na
Terra, era olhar diretamente para a glória de Deus. Olhar para o amor do Senhor Jesus
em todos os seus atos e palavras, era olhar diretamente para a glória do amor de Deus.
Se através do amor que Nele havia, Cristo, por exemplo, pôde perdoar os pecados
das pessoas, inclusive dos seus mais ferrenhos opositores, Deus também pode perdoar
os pecados dos seres humanos. O perdão de Cristo é a expressão da glória do perdão de
Pai Celestial oferecido mediante a graça para todos os seres humanos.

Lucas 7: 49 E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem


é este, que até perdoa pecados?

Mateus 9: 5 Pois o que é mais fácil? Dizer ao paralítico: Perdoados te


são os teus pecados, ou: Levanta-te e anda?
68

6 Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra


autoridade para perdoar pecados, disse então ao paralítico:
Levanta-te, toma a tua cama e vai para tua casa. (RC)
----

Por que, então, os discípulos do Senhor Jesus por diversas vezes se admiravam tanto
sobre os feitos que o Senhor fazia diante dos seus olhos?
Os discípulos de Cristo várias vezes se admiravam tanto dos feitos do Senhor Jesus
porque em várias situações provavelmente ainda pensavam que aquele que estava
diante deles era um ungido de Deus e não que Ele era o próprio Deus se manifestando
em glória entre eles.

Lucas 8: 25 E disse-lhes: Onde está a vossa fé? E eles, temendo,


maravilharam-se, dizendo uns aos outros: Quem é este, que até aos
ventos e à água manda, e lhe obedecem? (RC)

2 Coríntios 5: 18 E tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por Jesus Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não
lhes imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da
reconciliação. (RC)
----

A manifestação do amor de Deus em Cristo mostra-nos a glória do amor


eterno de Deus, mostra-nos como Deus sempre foi, é, e sempre será: Um
Deus de amor.

1 João 4: 16 E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós.
Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e
Deus, nele.

João 3: 16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna.
----

Onde a carência da glória de Deus se instalou, por causa do pecado do afastamento


dos seres humanos da comunhão com Deus, é onde Deus fez superabundar a sua glória.
Onde trevas se instalaram e sujeitaram a si as pessoas porque estas rejeitaram ao seu
Criador, ali Deus enviou a abundância da revelação da sua glória para que todos os que
creem Nele possam retornar à comunhão com a glória eterna do Senhor.

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,


69

24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a


redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus.

João 1: 5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram


contra ela.
----

A glória de Deus que se estende por todo o Universo, e que é


absolutamente imensurável, veio ao mundo com um nome. A glória de
Deus veio como uma pessoa, a saber: O Senhor Jesus Cristo.
O Senhor Jesus veio mostrar a glória do Pai Celestial porque a glória
estava Nele e porque Ele é a expressão da glória de Deus.
E aquilo que o Senhor Jesus veio revelar da glória divina era,
precisamente, aquilo que nós precisávamos saber sobre Deus através do
Cristo que veio em carne ao mundo ou que se manifestou também na
condição de Filho do Homem.
Nos mais diversos escritos e relatos das Escrituras que temos sobre o Senhor Jesus
Cristo, temos a expressão da glória de Deus. Desde antes da criação, até a redenção dos
seres humanos da escravidão às trevas por causa da sua sujeição ao pecado, Deus era e
é como o próprio Senhor Jesus sempre foi e é.
Apesar de Cristo não ser o próprio Pai Celestial, Ele é o resplendor da
glória de Deus e a expressão exata do seu Ser para que cada pessoa da
humanidade possa escolher, com entendimento, se ela quer se achegar ao
Pai Celestial sabendo em Cristo como o Pai Celestial foi no passado, é, e
será para sempre.

João 10: 30 Eu e o Pai somos um.

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

Em cada faceta do Evangelho que Cristo veio revelar ao mundo, Deus


estava presente ou era Deus se expressando para que as pessoas possam
conhecer a sua glória, e para que conhecendo a sua glória, também venham
a crer Nele sabendo a quem confiarão às suas vidas para toda a eternidade.
70

C. A Glória de Deus na Face do Cristo Ressurreto e Presente


Conosco no Presente

Lucas 12: 31 Buscai, antes de tudo, o seu reino, e estas coisas vos serão
acrescentadas.

Considerando que Cristo é a expressão exata da glória de Deus, é Aquele através de


quem Deus determinou que a sua glória e plenitude sejam por nós conhecidas, é a
expressão da essência do reino de Deus e é a justiça de Deus feito a “nossa justiça”
através do Evangelho, Cristo também deveria ser buscado por nós antes de todas as
demais coisas.
Entretanto, um ponto crucial que necessita ser destacado mais frequentemente do
que muitas pessoas possam pensar ou perceber, é que as referências nas Escrituras
relacionadas à busca de Cristo não apontam somente para uma busca do Cristo
histórico revelado a nós no passado, mas para o Cristo vivo no presente e eternamente.
A busca do conhecimento de Cristo feita através das Escrituras é
muitíssimo relevante para sabermos inúmeras características da glória de
Cristo e, por consequência, da glória de Deus. Entretanto, todos os
atributos escritos referentes à glória de Cristo têm um propósito maior de
despertar as pessoas a buscarem a Cristo na sua glória presente e eterna.
Quando as pessoas incorrem na prática de somente buscarem a Cristo nas
Escrituras, apesar destas serem de valor inestimável, elas podem incorrer também na
mesma prática equivocada e alertada pelo Senhor Jesus Cristo no texto a seguir e o qual
procuramos expor de forma mais ampla no estudo Letra ou Vida.

João 5: 39 Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida


eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
40 Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.

Aquele menino Jesus que foi gestado e nasceu entre os seres humanos
por intermédio da virgem Maria, cresceu, veio a se tornar um homem
adulto, morreu e ressuscitou em glória não somente para que a sua glória
na obra da cruz fosse revelada como um fato do passado, mas também para
que a sua eterna glória se tornasse conhecida em todas as gerações e para
que as virtudes desta glória passassem a estar eternamente disponíveis a
todos aqueles que Nele creem.

1 Timóteo 3: 16 Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele


que foi manifestado na carne foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo,
recebido na glória.

Tanto “o menino Jesus” como “o Cristo pendurado na cruz” já não existem mais
naquela condição. O Cristo com o qual uma pessoa pode se relacionar no presente é o
Cristo que continua manso e humilde de coração, pois esta é a natureza eterna Dele.
71

Entretanto, Ele também é o Cristo que se revelou posteriormente a João quando se


apresentou a este para que ele registrasse a revelação de quem o Senhor Jesus é em sua
glória eterna. Glória na qual foi reestabelecido com honra e louvor depois de ter sido
ressuscitado e elevado ao céu pelo Pai Celestial.
A condição de Cristo ter vindo como menino ao mundo foi um instrumento para
manifestar que Deus é o mesmo Deus sob quaisquer circunstâncias. Através de Cristo
na condição de Filho do Homem, o Pai Celestial mostrou a glória da sua sabedoria
também quando o seu Filho Unigênito estava sujeito a condições similares às da
criação. Entretanto, a posição de Cristo como menino não é a expressão única ou final
da glória do Senhor, pois a sua glória também contempla a condição de Cristo ser Deus
Eterno. Ou seja, a sua glória não se tornou limitada a uma posição humana ou de
somente poder ser apresentada ao mundo estando Cristo em um corpo natural ou na
condição de Filho do Homem na Terra.
Aquele a quem João vira, ouvira, tocara e contemplara em carne no
mundo ou Aquele que fora humilhado, crucificado na cruz do Calvário e
sepultado em sepultura humana não se tornou sujeito à uma condição
meramente natural, pois Ele é Aquele que ressuscitou dentre os mortos e
que no momento presente está em uma posição de glória tal que ninguém
pode ficar em pé diante Dele e contemplá-lo se o Senhor não lhe conceder a
graça para fazê-lo.

Apocalipse 1: 9 Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no


reino e na perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada
Patmos, por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
10 Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim,
grande voz, como de trombeta,
11 dizendo: Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, e o que vês
escreve em livro e manda às sete igrejas que estão na Ásia: Éfeso,
Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.
12 Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete
candeeiros de ouro
13 e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com
vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro.
14 A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os
olhos, como chama de fogo;
15 os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa
fornalha; a voz, como voz de muitas águas.
16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada
espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.
17 Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim a
mão direita, dizendo: Não temas;
Eu sou o primeiro e o último
18 e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos
séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
19 Escreve, pois, as coisas que viste, e as que são, e as que hão de
acontecer depois destas. (RA+NKJV)
----

Que posição e que glória é esta que o nosso Senhor Jesus Cristo tem no presente a
ponto de Ser quem Ele é, ter o poder que tem e ainda assim se importar com cada vida
72

individualmente e se importar em colocar a sua mão direita sobre aqueles que lhe
seguem e dizer a eles “não temas, por aquilo que Eu sou, Eu sou para conceder vida
e comunhão com Deus à todos aqueles que crerem na oferta de salvação do Evangelho e
a quiserem receber em seus corações?

João 14: 1 Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também
em mim.

João 14: 27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a
dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

Conforme também já foi comentado anteriormente, é imprescindível sabermos o


que Cristo fez por nós quando esteve em carne no mundo, pois isto estabeleceu ou
valida firmes parâmetros para a toda a obra de Cristo como Senhor e Salvador.
Entretanto, todo o nosso relacionamento presente e futuro com Cristo não se dá com
o “Jesus menino”, mas ocorre, na realidade, com a posição e com a condição que Cristo
tem e exerce no presente e continuará a exercer para sempre diante do Pai Celestial e
de todo o universo.
A posição na qual o Senhor Jesus Cristo, também como Filho do Homem
ressurreto, foi estabelecido pelo Pai Celestial após a Sua morte e
ressurreição, é o lugar mais elevado, exceto a posição do próprio Pai, que
pode existir em todo o universo e a partir do qual o Senhor tem toda a
autoridade e domínio tanto sobre o reino celestial como sobre todos os
reinos do mundo.

Hebreus 1: 3 Ele (Cristo), que é o resplendor da glória e a expressão


exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à
direita da Majestade, nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.

Filipenses 2: 9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu


o nome que está acima de todo nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra
e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de
Deus Pai.

1 Coríntios 15: 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E,


quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui
aquele que tudo lhe subordinou.
----
73

Quando, através da Escrituras, Deus nos ensina que nós somos


chamados para a comunhão com Cristo, Ele também nos ensina que esta
comunhão é com o Cristo que esteve morto por um pouco de tempo, mas
que também ressuscitou e vivo está para sempre.

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Romanos 8: 11 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a


Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio
do seu Espírito, que em vós habita.
----

Apesar de não podermos ver ao Senhor Jesus Cristo em carne como os discípulos o
viram nos dias em que o Senhor veio ao mundo como o Filho do Homem, nós também,
devido à glória eterna de Cristo que transcende às condições naturais do mundo,
podemos igualmente manter uma comunhão plenamente satisfatória com o Senhor
através do Espírito Santo e mediante a fé no Senhor como os discípulos fizeram após a
ascensão de Cristo ao céu.

1Pedro 1: 6 Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se


necessário, sejais contristados por várias provações,
7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde
em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
8 a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas
crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.

1 João 1: 1 O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos
visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas
mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida
2 (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos
testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o
Pai e nos foi manifestada),
3 o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para
que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa
comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.

João 15: 5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e


eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
----

Um cristão jamais deveria ter dúvidas a respeito da ressurreição de Cristo, pois sem
a ressurreição de Cristo, a fé cristã seria completamente vã.
74

Entretanto, um cristão também nunca deveria ter dúvidas a respeito da presença de


Cristo junto a ele durante a sua trajetória de vida enquanto ainda estiver em carne ou
habitando no presente mundo natural, pois um pouco antes do Senhor Jesus Cristo ser
elevado aos céus, para se assentar à direita de Deus e do trono do Pai Celeste, Ele
declarou explicitamente aos seus discípulos que Ele também estaria com eles todos os
dias até a consumação dos séculos.

Mateus 28: 18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a


autoridade me foi dada no céu e na terra.
...
20(b) ... E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século.

Embora muitos que se dizem ser cristãos conheçam diversos detalhes da obra que
Cristo fez na cruz do Calvário em favor deles, e até conheçam diversas referências que
as Escrituras fazem à ressurreição do Senhor dentre os mortos, há muitos dentre eles
que adotam uma postura prática de vida como se Cristo não estivesse realmente com
eles. Se posicionam em relação a Cristo como se Ele não estivesse mais disponível para
ser acessado em todos os instantes do seu dia-a-dia e como se Ele não estivesse mais
disponível para atuar em todas as áreas da vida no presente mundo.
Quando as pessoas carecem do conhecimento dos principais detalhes do
propósito e da obra de Deus através do Evangelho para o tempo presente e
para o futuro, ou lhes falta o entendimento da posição que o Pai Celestial
concedeu a Cristo para conduzi-las a alcançar estes propósitos revelados
no Evangelho, elas também ficam limitadas em perceber, crer e viver
aquilo que já lhes está disponível em Cristo.
Devido à falta do conhecimento da glória de quem é o Cristo ressurreto,
de qual é a posição que Ele ocupa no presente e como o Senhor Jesus atua
depois que foi crucificado e ressurreto dentre os mortos, muitas pessoas,
inclusive muitos cristãos, deixam de se relacionar com Cristo como
poderiam e deveriam fazê-lo, deixando também de usufruir de muitos dos
grandes benefícios que o Senhor quer conceder a elas nos mais diversos
momentos de suas vidas.
É por causa do que Cristo fez, enquanto estava em carne na Terra, que as
pessoas podem receber a justificação para a salvação e a novidade de vida
eterna em Deus. Entretanto, é por causa de quem é o Cristo ressurreto e da
posição que Ele ocupa, expressos pela sua glória eterna, que a justificação
eterna e a novidade de vida podem continuar a serem oferecidas e
estabelecidas para sempre em favor de uma pessoa que crê no Senhor.
Quando um indivíduo de fato começa a ter conhecimento das diversas virtudes da
glória de Cristo, ele também pode começar a crer mais amplamente nelas e
experimentar verdadeiramente as transformações que o Senhor provê em sua vida
através do compartilhar das características da sua glória, conforme já exposto em
capítulos anteriores e relembrado no texto abaixo:

2 Coríntios 3: 18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
75

glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o


Espírito.
----

O salmista do Salmo 23, que tinha o “Senhor” como “o seu Pastor”, e não
tinha outros homens e mulheres como o “o seu pastor”, conhecia o “Seu
Pastor” e conhecia a glória do “Seu Pastor”. E, por isto, podia crer, ter paz
no coração e declarar que a bondade e misericórdia certamente me
seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR
para todo o sempre.
Para todo o cristão que reconhece a Cristo como “seu Pastor”, a questão
já não deveria mais ser se Deus quer ou não quer que ele conheça a glória
do Cristo ressurreto e que viva em conformidade com ela. Em vez disso, a
questão sempre deveria ser sobre como ele pode fazer para conhecer cada
vez mais a glória do “seu Pastor” e também como ele pode viver
diariamente ainda mais em conformidade com a glória eterna do Senhor.
Depois que passamos a ver aquilo que Cristo veio revelar para que as pessoas
possam conhecer a glória do que Deus já fez por elas e o quanto as amou ao conceder ao
seu Filho Amado para ser oferecido como o sacrifício perfeito para o perdão e
restauração da vida daqueles que Nele creem, também é vital sabermos que a expressão
e a manifestação da glória de Deus aos seres humanos não se encerrou com os atos da
vinda de Cristo em carne ao mundo e nem findou com a sua morte e ressurreição.
A vinda de Cristo em carne ao mundo manifestou a glória de Deus em tudo o que era
necessário ser revelada para abrir o caminho da salvação para todas as pessoas, sendo
esta também concedida àqueles que a recebem, mediante a fé, como uma oferta da
graça de Deus.
Entretanto, as manifestações já realizadas anteriormente através da glória de Deus
em Cristo, foram realizadas para que elas também abrissem “um novo e vivo caminho”
para que mais da glória de Deus possa continuar sendo conhecido e acessado por todas
as pessoas também mediante a graça de Deus e pela fé nesta graça.
Todas as partes já reveladas e já realizadas em relação ao Evangelho de
Deus somente foram feitas porque tudo o que foi realizado foi feito com
vistas a um propósito sobremodo excelente que está associado a todo o
Evangelho e que se estende para o presente, para o futuro próximo e,
principalmente, também para o futuro eterno.
Apesar da grandeza da glória que podemos ver no que Deus já fez a favor de cada um
dos seres humanos através do Seu Evangelho, o Senhor jamais intentou ou intenta que
aquilo que já foi feito venha a obscurecer a razão pela qual tantos aspectos já foram
realizados.
E com o objetivo de nos tornar plenamente conscientes de que a glória
manifestada no passado foi nos revelada para uma vida presente e eterna
com Deus, é que o Senhor nos oferece o Seu Evangelho também como o
Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo, através do qual o
Senhor enfatiza especificamente também a sua glória atuante após a morte
e ressurreição de Cristo para nos conduzir ao propósito eterno que Deus
tem para aqueles que recebem a Cristo em seus corações.
76

Portanto, Cristo expressa a glória de Deus que já nos foi revelada em todas as suas
obras feitas a nosso favor. Entretanto, Cristo continua sendo a expressão da glória de
Deus para os que creem nas obras do Senhor já feitas a seu favor e que receberam o
Evangelho em seus corações.
Cristo é a glória que se revelou para que uma pessoa possa vir a alcançar
a condição de salva, nascida de novo ou de ser um “cristão”. Entretanto,
Cristo continua sendo o caminho e a revelação da glória de Deus para os
que já receberam a salvação, foram justificados Nele ou que já carregam o
nome de “cristão” em suas vidas.
Cristo é o “Eu Sou” que já foi, o “Eu Sou” no presente e que sempre será
o “Eu Sou” para aqueles que Nele creem.

João 13: 19 Desde já vos digo, antes que aconteça, para que, quando
acontecer, creiais que EU SOU.

2 Ts 2: 13 Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós,


irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o
princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na
verdade,
14 para o que também vos chamou mediante o nosso evangelho, para
alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.

1 Ts 2: 12 ... exortamos, consolamos e admoestamos, para viverdes por


modo digno de Deus, que vos chama para o seu reino e glória.
----

Deus nos manifestou a sua glória em Cristo porque Nele somos


chamados a viver para sempre segundo a sua glória, e em quem, inclusive,
somos chamados a sermos participantes desta mesma glória eterna.

1 Coríntios 10: 31 Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra


coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.

Efésios 1: 12 ... a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de
antemão esperamos em Cristo.

Salmos 149: 5 Exultem de glória os santos, no seu leito cantem de júbilo.


----

Inicialmente, a carência de glória que uma pessoa precisa sanar é sobre


o que Cristo já fez por ela para libertá-la de todas as amarras do passado,
mas isto também sempre associado ao propósito de quem Cristo quer ser
77

hoje e para sempre na vida de uma pessoa a favor de quem Ele fez o que
fez.
Desta forma, algumas pessoas no mundo não carecem do conhecimento de quem
Jesus foi e o que Ele fez por elas, mas parecem carecer, e muito, da clareza no
conhecimento do propósito pelo qual o Senhor fez a obra da cruz e do conhecimento de
quem o Senhor Jesus Cristo é no presente.
Repetindo, Cristo não está limitado somente às posições que Ele assumiu no seu
tempo em carne no mundo, porque Ele continua sendo e sempre continuará a ser o
mesmo “Eu Sou”, conforme mais uma vez expomos abaixo:

Hebreus 1: 3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu


Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de
ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade, nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.
----

O relacionamento de um cristão com Cristo jamais deveria ser um


relacionamento meramente baseado em terminologias, fatos ou histórias
de um passado antigo e longínquo, pois a Bíblia, no livro de Apocalipse,
não ensina que Cristo foi o Cordeiro que foi morto, mas anuncia que “ELE
É” o Cordeiro que foi morto, que ressuscitou e que está assentado à direita
do Pai Celestial.
Aquilo que Cristo foi e fez tem o seu inestimável valor validado no
presente e para o futuro porque Ele essencialmente continua sendo o que
sempre foi, o Filho Unigênito que é o resplendor da glória do Pai Celestial.
Cristo é de fato o Cordeiro que foi morto e tem toda a legalidade obtida com isto
para salvar todos aqueles que Nele creem. Entretanto, Ele também é aquele a quem
Deus ressuscitou dentre os mortos e que vive para sempre, continuando a ser para
sempre o Cordeiro no qual está a provisão do perdão pleno dos pecados para aqueles
que Nele creem.
O que Cristo fez no passado manifestou a sua condição justa ou legítima
para que depois da sua ressureição, as pessoas saibam, de maneira ainda
mais evidente, que ELE É Aquele do qual imprescindivelmente elas
necessitam no presente e no porvir eterno.
Como Filho do Homem, Jesus, o Filho do Deus vivo, veio manifestar aos homens,
em semelhança de homem, qual é a glória de Deus e o seu propósito de salvação para
com eles. Mas depois de prover tudo o que era necessário à revelação da salvação eterna
no Senhor, Cristo não permaneceu restrito às condições humanas às quais havia se
sujeitado. Pelo contrário, Ele foi exaltado pelo Pai Celestial à glória que já tinha
eternamente junto ao Senhor, mas agora também acrescida do fato Dele ser o único
homem que viveu uma vida santa e reta para a redenção ou salvação de todos os seres
humanos.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
78

4 Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste


para fazer;
5 e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu
tive junto de ti, antes que houvesse mundo.

1 João 2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
----

Por que, então, o Senhor Jesus Cristo não permaneceu numa condição humana ou
como um rei de reinos terrenos mesmo após a sua ressurreição dentre os mortos?
O Senhor Jesus Cristo não permaneceu numa condição humana ou
como um rei de reinos terrenos, mesmo após a sua ressurreição dentre os
mortos, porque é assentado no lugar mais alto, ao lado do Pai Celestial,
que Ele nos é mais útil e favorável.
O Senhor Jesus Cristo não assumiu uma posição humana após a sua
ressurreição porque o local em que Ele está estabelecido pelo Pai Celestial
é o perfeito ou o melhor lugar para continuar a manifestar a glória de Deus
a nosso favor como ela precisa ou deve nos ser manifestada.
O Senhor Jesus veio em carne ao mundo para prover o que precisava ser provido
nesta posição ou condição, algo que nenhum outro ser humano sujeito ao pecado
poderia fazer para as pessoas serem salvas. Mas uma vez que Cristo fez o que fez, Deus
o elevou ao lugar em que Ele pode ser mais favorável a todas as pessoas e a todo o
universo, que é, conforme já mencionado anteriormente, assentado à direita do Pai
Celestial.
Após a Sua morte e ressurreição dentre os mortos, o Senhor Jesus Cristo insistiu
com os seus discípulos para que eles reconhecessem a sua glória de Filho de Deus e de
Filho do Homem ressurreto dentre os mortos, pois através desta nova faceta da sua
glória eles também conheceriam que a glória do Pai Celestial permanece para sempre
sobre aqueles que a recebem mediante a fé em Deus.

João 17: 24 Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também
comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me
conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.

A glória que Cristo manifestou aos seus discípulos não era, de forma alguma,
comparável a uma glória que desvanecia como foi a glória de Moisés e o ministério da
lei que foi introduzida para o povo que queria tentar viver mediante a lei, mas que
nunca alcançou este propósito.

João 1: 17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a


verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
79

2 Coríntios 3: 12 Tendo, pois, tal esperança, servimo-nos de muita


ousadia no falar.
13 E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face, para que os
filhos de Israel não atentassem na terminação do que se desvanecia.

O Filho Unigênito de Deus nos foi revelado em Cristo como o Filho do


Homem que nos proveu a salvação. Entretanto, como o Filho do Homem
ressurreto, Deus nos demonstra que o Filho de Deus era desde sempre e
que para sempre permanece, mesmo diante do tão forte poder da morte.
Assim, conhecer quem Cristo é no presente, ou conhecer a glória presente e viva de
Cristo, é da maior importância, pois somente quem está vivo é que pode ser o realizador
da salvação das pessoas que tanto dela necessitam.

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.
----

Conforme já foi mencionado em capítulos anteriores, a abordagem do Evangelho de


Deus sob a perspectiva da glória de Deus e da glória de Cristo é singularmente
significativa e imprescindível, pois tendo em vista que o Evangelho não se refere
somente a uma obra do passado, mas de uma oferta de vida sempre presente para
aqueles que o recebem mediante a fé no Senhor, esta faceta vem como que para coroar
todos as demais partes do Evangelho Eterno a nós oferecido.
Portanto, enquanto as abordagens dos materiais da presente série sobre O
Evangelho do Criador e sobre O Evangelho de Cristo procuraram abordar mais
particularmente o fundamento da origem do Evangelho e qual é o propósito deste
Evangelho, este novo estudo sobre o Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo
procura abordar mais os aspectos do firme fundamento que o Evangelho tem em Deus
e em Cristo para que tudo o que foi oferecido através deste Evangelho para o presente e
para o futuro também esteja firmemente e eternamente estabelecido.
O que Cristo fez no passado confere validade à toda a proposição do
Evangelho. Entretanto, é Cristo que continua a ser o inabalável
fundamento estabelecido para sempre para a salvação e sustentação de
todos os que Nele creem.

1 Coríntios 3: 11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além


do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.
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80

Em vários sentidos, ver o Evangelho sob a ótica da glória de Deus e da


glória de Cristo, depois da crucificação e da ressurreição do Senhor, é a
ótica mais necessária aos cristãos dos nossos dias, mas provavelmente, até
o presente momento, é o aspecto que menos tem sido pregado e anunciado.
A consideração de que o Evangelho originado no Pai Celestial e em Cristo é o
Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo, contemplando inclusive a glória de
Cristo após a sua ressurreição dentre os mortos, tem sido esquecida, por parte dos seres
humanos, de ser anunciada ao mundo e, principalmente, aos próprios cristãos, mas a
qual, certamente, não tem sido esquecida pelo Senhor de toda a glória.
O Evangelho revelado na vinda de Cristo em carne ao mundo, como o Filho do
Homem, e conforme já mencionado, não tinha uma finalidade somente para o nível
natural. Ele jamais se tratou de uma obra para simplesmente deixar um fato registrado
nos documentos da história humana ou no sentido de deixar para os demais seres
humanos uma obra inspiradora de devoção e abnegação da parte do Senhor.
O Evangelho que começou a ser revelado mais especificamente e claramente através
da vinda de Cristo em carne à Terra, foi introduzido no mundo com um propósito de
conceder para sempre, sem fim ou eternamente a novidade de vida vinda a partir do
reino de Deus para aqueles que o receberam e continuam a recebê-lo, conforme
mencionado nos demais estudos referenciados acima sobre o Evangelho do Senhor e
exemplificado, mais uma vez, nos textos expostos abaixo:

1 João 4: 9 Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus


enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio
dele.

João 20: 30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro.
31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.

O fato do Evangelho do Senhor nos oferecer um Redentor que morreu


por nós para que pudéssemos ter o perdão dos pecados, somente é uma
parte daquilo que o Evangelho nos oferece. Pois apesar do perdão e do
livramento da sujeição ao pecado serem imprescindíveis para uma pessoa
encontrar a sua restauração para a vida eterna com Deus, não é somente
no perdão que reside a novidade de vida propriamente dito.
A novidade de vida que o Evangelho vem a oferecer para aqueles que,
primeiramente, são perdoados e libertos da sujeição ao pecado, por causa
da obra de Cristo na cruz do Calvário, é a vida que está no mesmo Cristo
que também ressurgiu dentre os mortos pelo poder de Deus e vive para
sempre.
Compreender que a vida para aqueles que receberam o perdão dos seus pecados
através do Evangelho está em Cristo, por sua vez, é de valor inestimável, pois se alguém
recebe o perdão devido à morte de Cristo para ter vida em Cristo, também é necessário
que o Cristo que morreu não esteja mais morto, pois se estivesse morto, como alguém
81

poderia “viver por meio dele”? Como alguém poderia viver por meio daquele no
qual não haveria mais vida?
Apesar da obra de Cristo na cruz ser digna de eterno louvor, a adoração a um Cristo
morto ou que supostamente continua pendurado numa cruz, e que assim estaria com os
pés e as mão atadas, não pode trazer vida a nenhuma pessoa, pois como alguém
aprisionado pela morte poderá dar vida a quem dela precisa?
Mediante o Evangelho da Justiça de Deus, podemos ver claramente que sem a
crucificação e a morte de Cristo por nossos pecados, a vida de uma pessoa em
conformidade com a vontade de Deus seria impossível de ser estabelecida. Entretanto,
através da perspectiva do Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo, podemos
ver que a vida desta pessoa, igualmente, somente poderia ser vivificada, sustentada e
suprida se Aquele através de quem a vida eterna nos é dada também voltasse a viver
depois de sua morte na cruz do Calvário.
O fato do Evangelho de Deus também nos ser dado como o Evangelho da Glória de
Deus e da Glória de Cristo, e o fato do Evangelho não poder ser dissociado de nenhuma
das características que o compõe, ocorre justamente para que possamos olhar tudo o
que precisa ser visto no Evangelho para que ninguém fique privado daquilo que o
Evangelho de fato veio prover.
Quando uma pessoa se restringe a ver a glória de Cristo somente na sua
condição em carne no mundo, na sua crucificação e na sua morte, ela
também se restringe a ver que a sua condição na carne, a sua crucificação e
morte foram somente por um pouco de tempo a fim de que um propósito
de vida maior fosse estabelecido. E por causa desta restrição, um indivíduo
pode deixar de desfrutar aquilo pelo qual Cristo morreu por ela.
Cristo, o Evangelho vivo de Deus, foi revelado como o Autor e Consumador da
salvação pela morte da cruz no Calvário para que, pela sua morte, as pessoas pudessem
ser encaminhadas à glória da vida eterna de Deus em Cristo e não à glória de alguém
que permaneceria indefinidamente na morte, pois se a morte pudesse reter a Cristo na
cruz, no túmulo ou nas profundezas do inferno, a obra de Cristo teria sido
completamente vã.
A ressurreição de Cristo e o propósito desta ressurreição para que as
pessoas também possam ser ressuscitadas em Cristo são os aspectos que
apresentam o real significado da obra de Cristo realizada na cruz do
Calvário em favor de todos os seres humanos.
Uma proposição de um Evangelho que tenta se dissociar do Cristo que
ressuscitou, que já não está mais em uma condição de menino, que já não
está mais pendurado em uma cruz e que também não está mais em algum
sepulcro humano não é verdadeiramente um Evangelho vindo do Senhor.
Em outras palavras, uma proposição de um Evangelho que até tenta apresentar a
glória do Cristo que foi crucificado, mas que procura omitir que Cristo também foi
ressuscitado pelo poder de Deus, e ainda, que Ele está colocado em posição de honra
diante do Pai do Celestial e sobre toda a criação, não é verdadeiramente um “boa nova”,
pois ela carece da vida que é vitoriosa ou tem poder inclusive sobre a morte.
Assim como a crucificação de Cristo foi registrada nas Escritura por profetas que
vieram “antes de Cristo” e por apóstolos e escritores que o fizeram “depois de Cristo”,
82

assim também, nas Escrituras, foi profetizada e anunciada a ressurreição de Cristo que
traz vida para todo aquele que Nele crê:

Hebreus 2: 9 Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito
menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi
coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse
a morte por todo homem.
10 Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem todas as
coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória, aperfeiçoasse, por
meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.

Atos 2: 22 Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o


Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres,
prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio
dele entre vós, como vós mesmos sabeis;
23 sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de
Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos;
24 ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte;
porquanto não era possível que fosse ele retido por ela.
25 Porque a respeito dele diz Davi: Diante de mim via sempre o
Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado.
26 Por isso, se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou;
além disto, também a minha própria carne repousará em esperança,
27 porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que
o teu Santo veja corrupção.
28 Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, encher-me-ás de alegria
na tua presença.
29 Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do
patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo
permanece entre nós até hoje.
30 Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um
dos seus descendentes se assentaria no seu trono,
31 prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi
deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção.
32 A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas.
33 Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.
34 Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35 até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.
36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a
este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

Apocalipse 1: 17 Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs
sobre mim a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o
último
18 e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos
séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
----
83

Sem o conhecimento do Evangelho da Glória de Deus e da Glória de


Cristo referente ao tempo presente, a percepção a respeito do Evangelho
de Deus pode ficar severamente desfocado aos olhos das pessoas. Aspecto
que também pode fazer com que muitos tentem viver de partes passadas do
Evangelho sem experimentarem aquilo que o Evangelho tem para elas para
o presente e futuro, chegando inclusive ao ponto de criarem até uma série
de idolatrias em relação a este tempo passado do Evangelho do Senhor.
Talvez por tradição ou hábito cultural, por gratidão pela provisão de perdão dos
pecados, por desconhecimento ou até por desprezo, parece que as pessoas
repetidamente procuram falar mais do passado do que do presente quando tratam do
assunto sobre vida do Senhor Jesus Cristo em relação à cada ser humano.
Uma obra sobremodo sublime ou excelente precisava ser realizada a
nosso favor, mas isto foi feito para que pudéssemos obter um presente e
um futuro distinto e glorioso em Deus.
A vinda de Cristo em carne ao mundo, o maravilhoso anúncio da sua chegada, o
modo sobrenatural da sua concepção como Filho do Homem, o seu nascimento
celebrado e proclamado pelos anjos, a sua obra, milagres, sinais, ensinos e,
principalmente, sua morte na cruz, são indescritivelmente majestosos, belos e
imensuravelmente valiosos. Entretanto, conforme já foi citado em vários estudos da
presente série, Deus nos chama para vermos que todos estes eventos que estão
diretamente associados ao Evangelho foram feitos para determinar um novo presente e
um novo futuro para as pessoas que nele creem e o recebem em seus corações.
A vida cristã existe e somente pode ser acessada por um indivíduo que
crê no Senhor por causa do passado inegável e irrevogável que pavimentou
o caminho para que esta novidade de vida pudesse vir a ser concedida. Mas
ainda assim, estes fatos passados foram feitos como um legado sólido e
indispensável para uma nova vida no presente e no futuro em Deus.
No conjunto de fatores que compõem a fé de um cristão, é indispensável a presença
dos fatos passados que o Evangelho proveu. Entretanto, ressaltamos mais uma vez que
todos eles são coroados em glória quando a pessoa os usa para receber a vida que lhe
está disponível no presente e para todo o futuro em Deus.
Através do texto de João 20, já exposto acima, podemos ver que os escritos do
Evangelho de Deus foram registrados para que as pessoas “creiam que Cristo É o Filho
de Deus”, e não somente que Ele tenha sido um Filho antes da sua morte. E isto é
revelado para que “TENHAM VIDA EM SEU NOME NO MOMENTO QUE PASSAM A
CRER NELE”, o que, por sua vez, e conforme já comentamos anteriormente, somente é
possível ser realizado estando Cristo vivo para conceder a sua novidade de vida àqueles
que Nele creem.
Ressaltamos aqui novamente, que a relevância daquilo que já foi realizado mediante
o Evangelho a nosso favor é indispensável e imensurável. Mas se aquilo que foi
conquistado por Cristo na cruz do Calvário não viesse a ser suportado por Deus ao
ressuscitar a Cristo e ao colocá-lo acima de todo o poder e de todos os principados, a
obra do Senhor teria sido em vã no sentido de Cristo poder conceder a novidade de vida
a todo aquele que Nele crê.
84

Ver o Evangelho sob a ótica da Glória de Deus e da Glória de Cristo


ressalta que Cristo não parou de atuar após prover os meios para a
salvação. Muito pelo contrário, Ele continua ativo ou atuante para dar
continuidade a todas as obras que vêm em sequência da obra que serviu de
meio para a sua posição atual ou que foi realizada para a concessão de vida
a todos aqueles que a querem receber pela graça de Deus e mediante a fé
Naquele que se entregou para salvá-los.
No estudo sobre O Evangelho da Promessa, foi abordada a questão de que no Senhor
Jesus Cristo todas as promessas anteriores relacionadas à sua obra na Terra, na
condição de Filho do Homem, foram cumpridas. O fato de Cristo declarar a sentença
“está consumado”, enquanto estava na cruz do Calvário, afirma e atesta de que tudo
o que Ele tinha que fazer e tudo o que era necessário se cumprir Nele, até aquela
ocasião específica, foi plenamente feito.
Entretanto, seria um grandíssimo equívoco considerar a expressão “está
consumado” como um encerramento das atividades e do ministério do Senhor Jesus
Cristo para com todos os seres humanos, quer no mundo espiritual ou quer no mundo
natural.
Quando nas Escrituras é utilizado o termo ministério, isto está relacionado a um
conjunto de serviços ou obrigações que alguém executa ou está responsável para que
sejam executados. E assim sendo, dizer que o Senhor Jesus Cristo já fez tudo o
que tinha que ser feito, ou que não há mais “serviços” a serem executados
por Ele para que Nele tenhamos a verdadeira vida, inclusive enquanto
ainda vivemos na Terra, seria uma afirmação inteiramente imprópria.
Através de Cristo Jesus vivendo em carne no mundo e através da consumação da
obra de Deus em Cristo na cruz do Calvário de fato findou-se o serviço do Senhor Jesus
na condição de homem ou em carne para o benefício de toda a humanidade. O Cordeiro
perfeito, que tira o pecado do mundo, foi sacrificado uma vez por todas, e esta obra
nunca mais vira a suceder de novo.
Jamais o Senhor Jesus voltará à Terra em carne e sangue para atuar entre os seres
humanos. Isto sim está consumado. Foi um ato único, conforme pode ser visto nos
textos a seguir:

Hebreus 7: 26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este,


santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais
alto do que os céus,
27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si
mesmo se ofereceu.

Romanos 6: 8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com


ele viveremos,
9 sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já
não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para
o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.
85

A provisão para remissão dos pecados feita por Jesus é única e perfeita. Ela nunca
precisará de complemento, retoque ou qualquer outro ato, isto “está consumado”. E
quem crer nesta provisão pode acessar os benefícios dela, mas quem não crer jamais
terá outra provisão que possa lhe conceder o que é necessário para a salvação eterna ou
que possa prover a ele o que é provido exclusivamente em Cristo Jesus.
Não importa a etnia de uma pessoa, nem a cultura, o idioma que fala, onde nasceu,
em que época e local vive, há uma só provisão em todo universo pela qual importa que
os seres humanos sejam salvos.

Romanos 10: 11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não
será confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

Assim, os fatos que Jesus precisava revelar e pelos quais precisava passar como “o
Cristo em carne na Terra” de fato estão consumados e jamais se repetirão, pois foram
realizados ou terminados completamente.
Entretanto, como o Jesus Ressurreto ou o Cristo vivo e exaltado, os seus serviços ou
os seus ministérios não acabaram quando acabou a sua crucificação e o seu
sepultamento. Estes tão somente tiveram a sua atuação intensificada na sua
ressurreição e o que passou a suceder depois dela, conforme explicitamente declarado
por Deus ao Ele nos informar nas Escrituras de que a este Jesus, que vós
crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo, e também no texto em que Paulo
declara que era a Cristo Jesus como Senhor Eterno que ele pregava.
Ora, ninguém pode ser Senhor e Cristo de outras pessoas se ele não estiver vivo ou
se ele, simplesmente, deixar de ser atuante em seus ministérios de Senhor sobre toda a
vida.
A partir da consumação do sacrifício único e perfeito para todo sempre,
a atuação do Senhor Jesus Cristo na Terra não encontrou o seu fim. Pelo
contrário, ela evidenciou ainda mais os ministérios eternos do Senhor
Jesus Cristo agora também como o Cordeiro perfeito que já realizou o
sacrifício plenamente satisfatório para a salvação dos seres humanos.
Os ministérios que o Senhor Jesus Cristo exerce no presente, são
exercidos em glória e honra também como Ele sendo o Leão da Tribo de
Judá que está à direita do trono do Pai Eterno para reinar e atuar em favor
daqueles que recebem a sua salvação.

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
...
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
----
86

E continuando ainda, se o Senhor Jesus já fez uma obra de tão grande redenção
através do poder de Deus com Ele quando estava sob uma condição física e territorial à
qual Ele se submeteu voluntariamente enquanto habitou em carne no mundo, quantas
coisas o seu ministério não irá revelar ainda em relação a esta mesma salvação celestial
agora que Ele está assentado num alto e sublime trono à destra do Pai das Luzes,
podendo assim atender plenamente a todos de qualquer lugar ou povo que Nele creem?
O que Deus fez em prol de cada ser humano através do Senhor Jesus
Cristo crucificado na “plenitude do tempo” é agora, em Cristo Jesus
assentado à direita do Pai Celestial, sustentado e garantido pelo Senhor
para que seja mantido para todo o tempo presente e vindouro.
O Pai de toda a glória mostrou-nos em Cristo Jesus como Ele é quanto ao
seu amor por nós ao ponto de enviá-lo ao mundo para a nossa redenção.
Entretanto, isto Deus fez para que possamos passar a viver em Cristo e
para que possamos experimentar a sabedoria, o conhecimento e o poder
que há no Senhor também no presente e para toda a eternidade, e não
somente nos tempos que já passaram.

Efésios 1: 15 Por isso, também eu, tendo ouvido da fé que há entre vós
no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos,
16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas
minhas orações,
17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos
conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento
dele,
18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a
esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua
herança nos santos
19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos,
segundo a eficácia da força do seu poder;
20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e
fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas
também no vindouro.

Salmos 102: 12 Tu, porém, SENHOR, permaneces para sempre, e a


memória do teu nome, de geração em geração.
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Cristo morreu e ressuscitou dentre os mortos para que as pessoas


pudessem se achegar a Ele para viverem a vida da Nova Criatura que Ele
concede a elas mediante o seu Evangelho.
Cristo realizou uma obra em carne no mundo para que as pessoas
possam conhecer a sua glória agora revelado tanto como Filho de Deus e
como Filho do Homem que ressuscitou em vitória dentre os mortos para
87

que também vejam a glória da sua obra segundo o seu reinado a partir do
céu sobre toda a criação.

2 Coríntios 8: 9 Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo,


que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua
pobreza, vos tornásseis ricos.

Efésios 2: 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande


amor com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente
com Cristo, pela graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

A salvação pela fé de que Jesus é o Cristo que morreu na cruz do


Calvário sem dúvida nenhuma é uma questão imprescindível para a
libertação das pessoas da sujeição ao pecado. Entretanto, a fé no Cristo
ressurreto e vivo tem um papel imprescindível para receber vida e vida
abundante do vivo Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus Altíssimo, e que
também administra a doação desta nova vida em todos os detalhes que são
pertinentes a ela.
A vida em nome de Cristo não está em um suposto Jesus que morreu e
permaneceu na morte, mas está no Senhor Jesus Cristo que ressuscitou e
vivo está, e que, por isto, concede novidade de vida ou vida no espírito que
exclusivamente Ele pode dar.
Quando o autor do livro de Hebreus descreve que Deus nos fala por meio do Seu
Filho Jesus Cristo, ele o descreve após a ressurreição de Cristo, informando-nos que o
Senhor Jesus, apesar de não atuar mais diretamente em carne no mundo, o faz
incessantemente do lugar que lhe foi designado pelo Pai Celestial, conforme expomos
mais uma vez a seguir:

Hebreus 1: 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.
3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser,
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter
feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.

Portanto, o Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo nos foi concedido para
mostrar qual é a base de todo o Evangelho também após a realização dos feito de Deus
em Cristo enquanto Ele ainda estava em carne no mundo. Mostrando-nos também,
88

através desta faceta do Evangelho, que a sustentação de tudo o que foi conquistado e
consumado na cruz do Calvário não se trata de uma vitória parcial onde o vitorioso
alcança um somente uma vitória passageira ou que é atropelada por uma derrota que se
apresenta mais à frente.
Através do Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo, o Senhor nos mostra,
ensina e guia, conforme também já vimos anteriormente, para a condição que é
chamada por Deus de “mais que vencedores”, para a condição em que somos tornados
em vencedores que permanecem vencedores até o fim e que se mantém firmes na nova
vida em Cristo por serem guardados e protegidos por Ele em todas as circunstâncias.
Através do Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo, podemos
passar a descobrir e experimentar como Cristo se manifesta a nós para
cumprir a sua promessa de estar conosco todos os dias até a consumação
dos séculos, e isto, para sabermos que podemos ser guardados através do
seu amor vivo e real a cada passo e a cada instante das nossas vidas.

Romanos 8: 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que


vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem
os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.
----

Somente quem tem e é fonte de vida eterna é também Aquele que pode
concedê-la e multiplicá-la para aqueles que dela necessitam e que também
a querem receber para sempre.

1 João 5: 11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus, e para
que continueis a crer em o Nome do Filho de Deus. (RA+NKJV)

Se o Pai Celestial glorificou a Jesus, seu Filho Unigênito, antes da sua morte na cruz
do calvário como o Filho do Homem, como Aquele que viera para morrer pelos pecados
de toda a humanidade para oferecer a cada pessoa a justificação pela graça para a vida
eterna mediante a fé no Senhor, quanto mais o Pai Celestial não exaltará ao Senhor
Jesus Cristo depois que Ele realizou tão perfeitamente, e com plenitude de amor, a obra
que lhe foi designada?
O Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo nos mostra que a
glória do Pai Celestial, que estava em Cristo para conceder-lhe a força para
que pudesse assumir os nossos pecados sobre si, passou a ter também uma
expressão toda especial após a ressurreição do Senhor dentre os mortos,
revelando o Senhor Jesus, agora também como Filho do Homem
89

ressurreto, em sua posição sobremodo elevada tanto diante de toda a


humanidade como diante de todo o mundo espiritual.
A glória da obra que Deus realizou a nosso favor é, e sempre será,
indescritivelmente e imensuravelmente valiosa, mas Deus nunca a fez com
o intento de que ela estivesse dissociada do propósito para a qual Ele a
realizou.
A glória que foi reservada para se manifestar após a glória da obra da
cruz no Calvário e da ressurreição de Cristo é a glória referencial para a
qual a obra da cruz foi realizada. Ela é a razão objetiva pela qual Cristo veio
ao mundo como Filho do Homem.
Conforme já mencionamos várias vezes, a glória que Deus especificamente quer
tornar evidente através do Evangelho da Glória, e qual o Senhor quer nos conceder para
que, através dela, creiamos Nele e recebamos a novidade de vida eterna, é a glória do
Cristo que morreu, mas que também ressuscitou em glória e vive para sempre para nos
acolher e sustentar em cada uma das facetas ou virtudes que estão associados a tudo
aquilo que compõe a glória eterna do Senhor.

Efésios 3: 8 A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça


de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo
9 e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos,
oculto em Deus, que criou todas as coisas,
10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne
conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares
celestiais,
11 segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso
Senhor,
12 pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé
nele.
90

D. A Glória de Deus na Face do Cristo através de Quem Deus Põe


em Operação Tudo o que Ele Oferece no Seu Evangelho

Quando passamos a ver mais distintamente que a manifestação da glória de Cristo


não cessou após a sua morte seguida da sua ressurreição, toda uma nova clareza de
quem é Cristo no presente pode passar a ser vislumbrada, apreciada e recebida para o
benefício daqueles que se expõem a estas facetas da glória do Senhor.
Quando as pessoas somente se atentam à obra passada de Cristo, a sua
percepção pode ficar obstruída quanto àquilo que Cristo faz no presente.
Entretanto, à medida que um indivíduo se dispõe a ser instruído pela
glória presente de Cristo, ele poderá perceber que a glória do Senhor
revela muito mais aspectos de quem Cristo é, do que Cristo faz, e também
de como Cristo atua para que venhamos a conhecer a glória do Deus
Eterno.
Saber que Cristo é a nossa justiça, salvação, graça, paz e poder é indiscutivelmente
maravilhoso, mas em diversos sentidos, saber a glória de como Ele atua para ser o que
Ele é para nós e em nós pode ser ainda mais prático e objetivo.
Contemplar o que Cristo é como fonte de vida, salvação, justiça e paz, por exemplo, é
muitíssimo relevante para que o conheçamos e venhamos a crer Nele a fim de também
sabermos que somente Nele estes atributos podem ser alcançados. Entretanto, ou por
outro lado, também é necessário que a contemplação avance para o ponto em que
aquilo que Cristo é e o que Ele que nos oferece sejam de fato acessados ou
compartilhados conosco.
Uma dádiva precisa de um meio para ser entregue. Entretanto, ela também necessita
de alguém que autorize e realize a operação deste meio para que a entrega de fato se
concretize. Aspecto este, exposto nos estudos iniciais sobre o Evangelho de Deus a
respeito deste essencialmente ser a apresentação, proposição e provisão de uma oferta
de salvação e novidade de vida para todas as pessoas, seguida também de uma real
concessão do que é oferecido aqueles que creem no Evangelho de Deus.
Portanto, Cristo é a essência das dádivas de Deus. Mas quando passamos a averiguar
a glória do Cristo ressurreto mais de perto, também podemos passar a ver que Cristo é
o meio e o principal operador para que a glória de Deus e as suas dádivas alcancem de
fato as pessoas.
Cristo é o fundamento das dádivas do Evangelho, as próprias dádivas,
mas também o meio para as dádivas nos serem entregues e Aquele que
coordena toda a operação para que estas dádivas cheguem a nós como o
Pai Celestial quer que elas nos sejam reveladas e entregues.
A faceta do Evangelho da Glória de Cristo também é parte da revelação
Daquele por meio de quem a riqueza de Deus em sua glória seja
operacionalizada para que possamos ter acesso a tudo aquilo que
necessitamos conhecer e receber de Deus.

Filipenses 4: 19 E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de


suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.
91

Tudo o que há na glória de Deus ou é revelado por ela nos está disponível em Cristo,
o qual pode pôr em funcionamento prático a operação de acesso aos atributos e dádivas
de Deus a nosso favor.
Dizer que a glória de Deus pode ser conhecida essencialmente na face de Cristo,
também é anunciar que Cristo é o mediador entre as pessoas e Deus, conforme veremos
nos capítulos mais adiante. Porém, saber que Cristo é a expressão da glória de Deus e
que ele é Aquele que operacionaliza as virtudes desta glória a nosso favor, também é
saber que esta glória não precisa estar longe de nós.
Quando passamos a conhecer que Cristo é o Emanuel, que se interpreta como Deus
Conosco, podemos saber que Cristo não é somente o Deus que visitou a Terra quando
estava em carne no mundo ou que Ele tenha sido o Deus conosco por um período. O
fato de Deus nos revelar que a glória de Cristo também contém a característica de
Emanuel, nos apresenta a revelação de Deus de que Cristo não é uma revelação
distante e longínqua se a pessoa também receber a Cristo para que Ele esteja com ela.
E não bastando o exposto nos parágrafos anteriores, ainda podemos ver, nas
Escrituras, que a proximidade da revelação da glória de Deus em Cristo como o
Emanuel Eterno não somente pode vir a se mostrar próxima a uma pessoa, mas
também na própria pessoa que a recebe.
Deus está tão interessado em revelar e conceder a Si próprio a nós,
porque isto também é imprescindível a nós, que Ele designou a Cristo para
estar em nossos corações para que a esperança de conhecermos a glória de
Deus não seja frustrada por nenhum fator externo que procurar se
interpor entre nós e o conhecimento da glória de Deus.
Se Deus nos dá a conhecer a glória de Cristo, é porque Ele nos concede o
próprio Cristo. E como Cristo é a expressão exata de glória de Deus, Deus
dá e revela a si próprio a nós em Cristo, mas tudo isto, ainda, acrescido de
Cristo vir a ser-nos concedido em nossos corações.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.

Colossenses 1: 26 O mistério que estivera oculto dos séculos e das


gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos;
27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória
deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória.

Assim, Cristo é a glória de Deus oferecida a nós para estar em nós e ser revelada de
maneira crescente em nós.
Quando Cristo falou aos seus discípulos para não acreditarem nas pessoas que
declarariam que Ele estaria no interior de uma casa (qualquer construção ou prédio),
ou que Ele estaria no deserto (lugares retirados ou chamados lugares de retiro), Cristo o
disse porque Ele sabia que o lugar proeminente da revelação da sua glória, após a sua
ressurreição, não seria mais em templos externos feitos por mãos humanas, mas no
coração restaurado das pessoas que receberem a salvação no Senhor.
92

Mateus 24: 23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo
ali! Não acrediteis;
24 porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes
sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.
25 Vede que vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!, não saiais.
Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis.

Devido ao desconhecimento da glória de como Deus operacionaliza a revelação da


sua glória às pessoas e como Ele a revela em Cristo para que o seu Evangelho alcance os
corações das pessoas, muitos têm multiplicado obras e ministérios contrários à Cristo
apesar de dizerem que invocam o nome de Cristo sobre eles. E ainda muitos mais têm
se sujeitado à ministérios que não vivem e andam de acordo com o que o Senhor
estabeleceu para o conhecimento da sua glória.
As pessoas têm sofrido e até perecido não somente porque não
conhecem ou ignoram a Deus, mas também porque não sabem ou não
aceitam o local, a maneira e, principalmente, Aquele através de quem Deus
determinou que a sua glória seja conhecida.
As pessoas têm corrido atrás de locais que são como cisternas de águas rotas, ou
seja, locais inapropriados para conter a verdadeira água da vida, e ainda se admiram
que a sede delas por novidade de vida e paz nunca é saciada satisfatoriamente.
Entretanto, quando as pessoas se atentam ao que Deus lhes oferece, creem na glória
Daquele em quem Deus depositou a revelação da sua glória e creem que esta glória lhes
é dada para ser revelada por Cristo diretamente em seus corações, elas também podem
passar a experimentar o resultado da habitação da glória de Deus em seus corações.

João 7: 38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior


fluirão rios de água viva.
39 Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os
que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado.

O Espírito do Senhor é quem faz fluir em nós os rios de água viva, mas
somente depois que a fonte da água viva, Cristo Jesus, é conhecida e
glorificada através do crer que Deus a concede para habitar no coração de
todo aquele que reconhece a glória de Cristo como o Emanuel ou como o
Deus Conosco.
Quando alguém crê em Cristo como as Escrituras dizem para ser crido,
ou seja, que Ele é o Cristo que vem ao coração para revelar a nós a glória de
Deus, Cristo também, através do Espírito Santo, começa a revelar as
facetas ou aspectos da glória de Deus que uma pessoa necessita saber para
também ser transformada de glória em glória no Senhor.

João 12: 45 E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.


93

Quando Cristo é aceito ou recebido como Senhor no coração para ser o


realizador da revelação da glória de Deus também a partir deste coração e
da comunhão pessoal com Ele, aquilo que da parte de Deus nos era
necessário ver, compreender ou discernir, e que não podia ser alcançado,
passa a ser exibido, revelado ou esclarecido.
Cristo não foi dado pelo Pai Celestial ao mundo para que algumas pessoas
dependam de outras para conhecerem a glória de Deus. Cristo foi ofertado por Deus ao
mundo para que todos possam vê-lo e possam se relacionar com Ele diretamente, assim
como Jó anelava que lhe acontecesse e o que, por fim, também lhe foi concedido por
Deus, conforme descrito abaixo:

Jó 19: 25 Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará
sobre a terra.
26 Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne
verei a Deus.
27 Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de
saudade me desfalece o coração dentro de mim.
+
Jó 42: 5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.

Se uma pessoa ainda não vê a Deus como poderia ver, é porque ela ainda
não vê a Cristo como já poderia ver, pois é o próprio Cristo que ensina uma
pessoa a vê-lo e a ver o Pai Celestial como também ela deveria conhecê-los.
Durante todo o presente material, procuraremos fazer uma exposição mais
pormenorizada dos ministérios e ações que Cristo tem e realiza para conhecermos a sua
glória e a glória de Deus. Entretanto, não gostaríamos de fazê-lo sem antes salientar
que o conhecimento da glória de Deus está mais próximo das pessoas e mais acessível a
elas do que muitas têm pensado que poderia estar.

Isaías 57: 14 Dir-se-á: Aterrai, aterrai, preparai o caminho, tirai os


tropeços do caminho do meu povo.
15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual
tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito
também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito
dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.

Efésios 3: 14 Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai,


15 de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a
terra,
16 para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais
fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior;
17 e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor,
18 a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a
largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.
94

E. A Glória de Deus na Face do Cristo que Vive para Sempre

Embora em um dos tópicos anteriores que abordam a glória presente de Cristo já


tenha sido mencionado vários aspectos e textos que apontam para o fato de que Cristo é
também o nosso Cristo vivo e eterno, apresentamos aqui um título específico para este
ponto para destacá-lo de maneira ainda mais distinta.
Não gostaríamos de repetir o que já foi mencionado no tópico referenciado no
parágrafo anterior, mas entendemos que ainda podemos complementar algumas
considerações e textos sobre a posição do Senhor no que se refere à sua glória eterna.
Apesar da condição presente da glória de Cristo ser amplamente descrita nas
Escrituras para que a possibilidade da comunhão com Ele igualmente esteja evidente, o
fato de podermos saber que a condição da sua glória é eterna serve tanto para crermos
ainda mais no Senhor e para nos rendermos ainda mais a Ele no presente, assim como
também serve para que a nossa esperança de um futuro de vida e paz esteja firmemente
estabelecida em nossos corações.
O Senhor Jesus Cristo nos guarda no presente, mas através da revelação
da sua glória, Ele também nos fortalece na esperança para que não sejamos
jamais abalados e abatidos pelo mundo presente que nos cerca ou pela
nossa carne que tanto se opõe ao querer do Senhor quando especula sobre
questões futuras e eternas.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.
3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias
tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança;
4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.
5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é
derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado.

2 Coríntios 1: 7 A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo


que, como sois participantes dos sofrimentos, assim o sereis da
consolação.

Colossenses 1: 21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e


inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas,
22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a
sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis,
23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando
afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a
toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
95

Hebreus 6: 10 Porque Deus não é injusto para ficar esquecido do vosso


trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome, pois
servistes e ainda servis aos santos.
11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao
fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;
12 para que não vos torneis indolentes, mas imitadores daqueles que,
pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.

Hebreus 10: 23 Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar,


pois quem fez a promessa é fiel.
----

Se a glória daquilo que Deus já fez por nós é nos concedida para
iluminar o entendimento para que tenhamos fé na glória presente de
Cristo, também a revelação da glória eterna de Cristo serve para que a
nossa fé e esperança no Senhor permanece firmemente estabelecida em
relação àquilo que nos há de ser revelado no dia de Cristo Jesus e partir do
momento que deixarmos o nosso corpo natural.
Muitas pessoas que não conhecem a glória de Deus e de Cristo se angustiam em seu
interior quando pensam em seus dias futuros após a vida na Terra. Entretanto,
mediante o conhecimento da glória de Deus revelada em Cristo Jesus, as pessoas que o
recebem podem ver que o mesmo Deus que as salvou continua firmemente sustentando
tudo o que se propôs a fazer através do Seu Evangelho em Cristo Jesus, e concedendo
ainda firme e inabalável esperança de que assim será também no porvir.
Quando as pessoas, através do Evangelho da Glória de Cristo, começam
a conhecer onde Cristo está assentado depois da sua ressurreição e
compreendem o que engloba esta posição, elas podem ver mais
amplamente porque a graça e a misericórdia poderá alcançá-las e sustentá-
las também na eternidade.
Enquanto os demais nomes compostos associados ao Evangelho também chamam
intensamente a nossa atenção para aquilo que Cristo fez por nós para podermos receber
as dádivas que estão relacionadas ao Evangelho celestial, a abordagem associada à
glória de Deus e de Cristo procura enfatizar, prioritariamente, a condição que Cristo
recebeu do Pai Celestial após a sua morte e ressurreição. E isto, para nos assegurar que
todas as dádivas do Evangelho serão igualmente sustentadas eternamente a nosso favor
para que a aflição não venha nos abater e para que, desde já, tenhamos paz
continuamente no Senhor.
O Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo nos revela ainda
mais amplamente o caminho para o conhecimento da glória de Deus,
mostrando-nos, vez após vez ou incansavelmente, que a esperança
específica de que toda a riqueza da glória de Deus sempre nos será suprida
em tudo do que necessitarmos agora e eternamente também se chama
especificamente Cristo, e ainda mais, Cristo em nós.
Ainda que ou quando o nosso corpo natural vier a ser extinto, a presença de Cristo
em nós não se extinguirá jamais, pois é no coração, também constituído de alma e
espírito eternos, que o Senhor faz a sua habitação.
96

O oferecimento do Evangelho da Glória de Deus e da glória de Cristo a


nós, não é o oferecimento, da parte de Deus, somente de uma glória
passageira ou temporal para uma vida mais agradável na Terra. Ele é a
dádiva da glória eterna do Cristo vivo para sempre em nossas vidas se
assim crermos e se recebermos a sua glória conforme ela nos é oferecida
mediante o Evangelho do Senhor.
Juntamente com a informação de que Cristo, depois da sua morte e
ressurreição, é a fonte de vida a nós revelada e que jamais finda para que
também venhamos a crer nela, as Escrituras também nos mostram porque
a condição eterna de Cristo nos é revelada e porque, em sua glória,
igualmente nós temos a garantia de vida eterna.
O anúncio de que na glória de Cristo encontra-se revelada a condição de
que Ele é Eterno igualmente significa afirmar que não há mais morte para
Ele e nem morte eterna para quem Nele permanece, assim como ele
coopera para que saibamos ainda mais firmemente que Cristo é o Único
Fundamento da vida eterna ou que Ele é a própria vida eterna inabalável.

Romanos 6: 8 Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com


ele viveremos,
9 sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os mortos, já
não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.

João 11: 25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê


em mim, ainda que morra, viverá;
26 e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente.
Crês isto?

É a posição eterna de Cristo que torna ainda mais evidente a condição


eterna do Evangelho e da eterna sustentação de tudo o que este Evangelho
promete para a eternidade, assim como é através do conhecimento da
glória de Cristo que o nosso coração é transformado a viver e andar
fortalecido enquanto caminhamos no presente mundo rumo à eternidade
com o Senhor.

Apocalipse 21: 3 Então, ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o
tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles
serão povos de Deus, e Deus mesmo estará com eles.
4 E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá,
já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas
passaram.
5 E aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas
todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são
fiéis e verdadeiras.
6 Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o
Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça da fonte da
água da vida.
7 O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus, e ele me será
filho.
97

1Timóteo 1: 12 Sou grato para com aquele que me fortaleceu, Cristo


Jesus, nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o
ministério,
13 a mim, que, noutro tempo, era blasfemo, e perseguidor, e
insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na
incredulidade.
14 Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com a fé e o amor
que há em Cristo Jesus.
15 Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao
mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
16 Mas, por esta mesma razão, me foi concedida misericórdia, para
que, em mim, o principal, evidenciasse Jesus Cristo a sua completa
longanimidade, e servisse eu de modelo a quantos hão de crer nele
para a vida eterna.
17 Assim, ao Rei eterno, imortal, invisível, Deus único, honra e glória
pelos séculos dos séculos.
Amém!

Uma vez que Cristo é a exata expressão da glória do Único Deus Eterno,
Cristo somente poderia ser esta expressão sendo também eterno.
E é em sua soberana e eterna condição que Cristo é digno de ser visto,
recebido e adorado em nossos corações e servido eternamente.

Hebreus 13: 8 Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para


sempre.
98

C12. A Glória Daquele em Quem Há Múltiplos Ministérios e


que os Exerce Conjuntamente e em Plena Harmonia
No capítulo anterior, foi mencionado um tópico onde foi exposto que sobre o Senhor
Jesus Cristo reside também a glória de ser Aquele que designa a operação da
apresentação da glória de Deus às pessoas e que designa e atua para que as dádivas do
Evangelho do Senhor se tornem experiências vivas e práticas naqueles que creem Nele
e o recebem também segundo o seu Evangelho.
Além disso, para que algo possa ser colocado em prática, movimento ou operação, é
necessário também que haja condições e ações para que aquilo que se almeja realizar
seja concretizado.
Portanto, ver a Cristo sob a perspectiva Dele também ser Aquele que é designado por
Deus para fazer toda regência do que nos é oferecido pelo Evangelho, descortina todo
um novo horizonte em relação às múltiplas facetas do que está contido também na
glória do próprio Cristo.
Considerando que Cristo é a salvação, também é necessário um salvador que realize
a salvação.
Uma vez que Cristo é a paz, também é necessário que haja alguém que reparta a paz
e estabeleça a paz.
Uma vez que Cristo é a nossa justiça, também é necessário que alguém estenda esta
justiça àqueles que dela necessitam e a queiram receber.
E ainda, considerando que o contato crescente com a glória de Cristo, que expressa a
glória de Deus, é o caminho determinado pelo Senhor para que sejamos transformados
de glória em glória segundo o propósito do Pai Celestial, também é necessário que
alguém nos manifeste esta glória de forma que possamos conhecê-la ou ter acesso a ela.
Conforme já comentamos anteriormente, uma dádiva necessita um meio para ser
entregue, e um meio de entrega necessita de alguém que o utilize para realizar
efetivamente a entrega, conectando assim a dádiva àquele a quem ela é destinada.
Saber que Deus tem ilimitada provisão de dádivas e que Ele as concede com
abundância por meio da sua graça à todos os que recebem o seu Evangelho é de vital
importância para uma pessoa estar devidamente informada sobre aquilo que há
disponível para ela em Deus. Entretanto, é igualmente relevante que uma pessoa
também saiba como o Senhor atua e por qual ministério (ou serviço) o Senhor faz com
que estas dádivas cheguem àqueles que por elas anelam mediante a fé em Deus.
Assim, o Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo, além de evidenciar que
Cristo é a essência das dádivas do Evangelho, nos revela também os ministérios que o
Pai Celestial designou a Cristo após a sua ressurreição para que em tudo possamos ser
supridos Naquele no qual somos chamados a viver para todo o sempre.
Por desconhecerem como o Senhor realiza de forma prática o compartilhamento de
das dádivas do reino celestial ou por não se interessarem pelos ministérios através dos
quais o Senhor distribui os dons que Ele oferece mediante o seu Evangelho, muitas
pessoas deixam de se beneficiar daquilo que se encontra abundantemente em Deus e do
que também tanto necessitam.
99

Quando as pessoas, por exemplo, não conhecem que Cristo é a luz que ilumina o
próprio entendimento do Evangelho da Glória, elas também se restringem de enxergar
o que já lhes está disponível em Deus.
Quando as pessoas não conhecem ou não aceitam a glória de Cristo como o Único
Mediador entre Deus e todos os seres humanos, elas deixam de acessar aquilo que é o
mais importante para as suas vidas, que é a comunhão com o seu Criador.
Quando as pessoas ignoram ou não aceitam a glória de Cristo como Aquele que as
auxilia para que seja apartado de suas vidas aquilo que já não condiz com a sua nova
posição e condição em Deus, elas também podem vir a não experimentar o
estabelecimento da novidade de vida que lhes é oferecida livremente pela graça do
Senhor.
Obviamente, é bom e imprescindível falar das dádivas de Deus a nós
direcionadas, pois é através delas que o Senhor sustenta as nossas vidas.
Entretanto, igualmente vitais são os serviços ou ministérios de Cristo pelos
quais o Senhor realiza a disponibilização e o acesso a estas dádivas.
Se considerarmos, por exemplo, uma criança recém-nascida, podemos ver que
aquilo que a sustenta com vida natural engloba as dádivas do oxigênio, da comida, da
bebida, do vestuário e de eventuais remédios que necessita. Contudo, estas dádivas
somente chegam a ela se alguém exercer serviços (ministérios) que façam com que
estas dádivas sejam disponibilizadas à esta criança.
Assim, a partir do momento em que as pessoas passam a conhecer a glória de Cristo
também em relação aos seus ministérios, através dos quais o Senhor realiza o
compartilhamento das dádivas que Ele oferece a elas mediante o seu Evangelho, toda
uma nova experimentação tangível das dádivas de Deus pode começar a se tornar
realidade em suas vidas.
Nos capítulos anteriores, também mencionamos que os ministérios de Cristo aos
quais estamos nos referindo neste estudo, não são somente os ministérios daquilo que
Cristo fez por nós quando estava entre os seres humanos também como Filho do
Homem, mas são os ministérios que Cristo exerce no presente a favor de todos aqueles
que recebem o seu Evangelho e Nele creem para a salvação e para a novidade de vida
no Senhor.
Cristo veio ao mundo trazer luz para que as pessoas conhecessem o Evangelho que
do céu lhes é oferecido. Entretanto, Cristo continua tendo o ministério de luz no
presente para que as pessoas vejam como é viver segundo este Evangelho.
Cristo veio em carne ao mundo para fazer a provisão de mediação para que, mesmo
depois de terem sido escravizadas ao pecado, as pessoas pudessem ter o caminho de
retorno a Deus. Entretanto, Cristo continua sendo o Mediador entre Deus e todas as
pessoas também no tempo presente.
Cristo é Aquele que veio fazer a provisão para que aquilo que precisava ser afastado
também fosse removido a fim de que a reconciliação das pessoas com Deus pudesse ser
reestabelecida. Cristo veio como o Cordeiro para tirar o pecado do mundo. Entretanto,
Cristo continua sendo o Cordeiro que foi morto e ressuscitou e que remove o pecado de
cada coração que se rende a Ele, continuando a realizar o ministério do estabelecimento
da reconciliação das pessoas com Deus em todas as gerações.
Conforme também já foi citado anteriormente, o fato das ações realizadas por Cristo
na história passada serem extremamente preciosas e proeminentes jamais deveria
100

ofuscar a grandeza do que Cristo quer realizar a nosso favor e em nós no presente e no
futuro, pois, afinal de contas, tudo o que Cristo fez no passado, Ele o fez para Ser o que
necessitamos que Ele seja no presente e no futuro.
Portanto, e tendo apresentado na introdução deste capítulo mais uma vez alguns
pontos essenciais sobre o conhecimento da glória dos ministérios ou serviços que
encontram-se em Cristo a nosso favor, gostaríamos de avançar mais em alguns detalhes
relacionados precisamente com esta multiplicidade de ministérios que Cristo apresenta
no presente.
Quando as Escrituras, por exemplo, mencionam que Cristo também exerce a posição
e a função de ser o meio ou o Mediador através do qual as dádivas de Deus podem ser
concedidas para aqueles que creem no Evangelho do Senhor, esta posição e função são
muito mais amplas do que possa vir a ser considerado somente por alguns
pensamentos superficiais sobre este tema.
O fato do Pai Celestial ter designado a Cristo para múltiplos ministérios que
possibilitam tornar a comunhão das pessoas com Deus em uma experiência prática,
não significa que este relacionamento mais próximo das pessoas com Deus passou a
estar disponível de qualquer maneira ou que ele possa ser realizado sob quaisquer
condições às quais as pessoas escolherem se sujeitar.
Os múltiplos ministérios nos quais o Pai Celestial estabeleceu a Cristo
atuam conforme eles são definidos por Deus para atuarem e não conforme
as definições que as pessoas ou o mundo atribuem a eles.
Em seus múltiplos ministérios, Cristo não é somente um mensageiro
entre Deus e as pessoas. Cristo não é um mero repassador de orações das
pessoas a Deus e das respostas de Deus às pessoas. Cristo é um Mediador
plenamente autorizado e capacitado para estabelecer a comunhão das
pessoas com Deus e de Deus com as pessoas.

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

Mateus 28: 18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a


autoridade me foi dada no céu e na terra.

1 João 5: 11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.
----
101

O Senhor Jesus Cristo não morreu na cruz do Calvário, foi sepultado, desceu as
profundezas da Terra ou do abismo e, em seguida, ressuscitou dentre os mortos para
servir como um caminho que permite as pessoas se achegarem a Deus com as mesmas
condições e formas pelas quais elas tentavam se achegar a Deus antes de conhecerem a
Cristo como o Senhor de suas vidas.
Quando as Escrituras nos ensinam que Cristo tem ou exerce múltiplos
ministérios, elas também nos ensinam que Cristo é aquele que prepara e
instrui as pessoas sobre como se achegarem a Deus para também serem
aceitas diante do Pai Celestial.

João 15: 16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu
vos escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em
meu nome, ele vo-lo conceda.

Se, por exemplo, uma pessoa que está cheia de amargura ou rancor quer se achegar
ao Pai Celestial para uma comunhão Ele, Cristo se oferece primeiro a esta pessoa para
colocar luz sobre as suas condições interiores e a instrui a confessar os seus pecados
diante de Deus para que ela, em seguida, possa estar sob uma condição de paz na
comunhão com o Pai Celestial.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

1 João 2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
----

Além disso, também no sentido da comunhão do Pai Celestial para com as pessoas,
Cristo igualmente opera a favor daqueles a quem o Pai Celestial quer compartilhar a
sua vontade.
Muitas vezes as pessoas perguntam a Deus o querer do Pai Celestial para as suas
vidas sem de fato estarem devidamente preparadas em seus corações para receberem o
conhecimento de algum aspecto particular da vontade de Deus para elas, necessitando,
antes, da luz ou da atuação e direção de Cristo para prepará-las para estarem aptas a
conhecerem, receberem e realizarem a vontade do Pai Celestial para elas.

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.
15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e
sim como sábios,
16 remindo o tempo, porque os dias são maus.
102

17 Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai


compreender qual a vontade do Senhor.

João 15: 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz
o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.
----

Através da multiplicidade de ministérios de Cristo, podemos ver ainda


mais acuradamente qual é a amplitude da glória da praticidade que o Pai
Celestial atribuiu às intervenções do Senhor Jesus a nosso favor e como
são realizadas as ações destas intervenções.
Conforme já mencionamos acima, a posição do Senhor Jesus Cristo é muito mais
voltada ao apoio, instrução, sustentação e regência de vidas do que uma posição de
simples mensageiro ou repassador das instruções do Pai Celestial àqueles com quem
Deus quer falar ou daqueles que querem falar com o Senhor.
O Senhor Jesus Cristo, a quem foi dado todo o poder e autoridade tanto
no Céu como na Terra, foi estabelecido pelo Pai Celestial para exercer a
função de governo sobre tudo e sobre todos, exceto sobre o próprio Pai
Celestial.

1Coríntios 15: 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E,


quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui
aquele que tudo lhe subordinou.

Apocalipse 19: 11 Vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O seu cavaleiro


se chama Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça.
12 Os seus olhos são chama de fogo; na sua cabeça, há muitos
diademas; tem um nome escrito que ninguém conhece, senão ele
mesmo.
13 Está vestido com um manto tinto de sangue, e o seu nome se
chama o Verbo de Deus;
14 e seguiam-no os exércitos que há no céu, montando cavalos
brancos, com vestiduras de linho finíssimo, branco e puro.
15 Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e
ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar
do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.
16 Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito: REI DOS REIS
E SENHOR DOS SENHORES.
----

Ainda outro aspecto interessante a ser observado também na


diversidade de ministérios de Cristo é que os seus múltiplos ministérios
atuam de foram conjunta e cooperativa entre si.
Em Cristo, cada um dos seus ministérios complementa e dá suporte aos
seus outros ministérios, de tal forma que podemos ter, em Cristo, tudo o
103

que necessitamos para sermos estabelecidos na vida que do reino celestial


é concedida à todos aqueles que recebem o Evangelho de Deus em seus
corações.
Cristo não tem um ministério de intervenção parcial das dádivas que há no Pai
Celestial para nós, e nem de uma intervenção parcial de apresentação das nossas
necessidades perante Deus.
Como o Filho de Deus, como a exata expressão da glória de Deus e como
Aquele em quem habita a plenitude de Deus, Cristo tem toda a autoridade e
todos os ministérios necessários para fazer uma intervenção baseada em
uma perfeita provisão para representar plenamente a Deus perante todos
os seres humanos.
Por outro lado, como o perfeito Filho do Homem, sem pecado e como Aquele que
realizou toda a provisão para justificar as pessoas perante Deus e perante à condenação
do pecado e da lei, Cristo também tem todos os ministérios necessários para fazer uma
perfeita intervenção de todos os seres humanos perante Deus.

Hebreus 1: 3 Ele, (Cristo), que é o resplendor da glória e a expressão


exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu
poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à
direita da Majestade, nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.

Hebreus 4: 13 E não há criatura que não seja manifesta na sua


presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.
14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote
que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.

João 12: 45 E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.

João 14: 9 Disse-lhe Jesus: Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não
me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu:
Mostra-nos o Pai?

Dissociada da compreensão da posição e dos ministérios de regência ou governo que


Cristo tem sobre toda a criação e separada do entendimento da posição sacerdotal que
Cristo tem a nosso favor diante do Pai Celestial, e a qual foi evidenciada ainda mais
após a sua ressurreição, também a compreensão da posição de Cristo e da sua glória
fica grandemente diminuída ou prejudicada.
Sem a compreensão de que em Cristo encontramos também Aquele que nos foi dado
para ser o nosso Único Sumo Sacerdote e também para ser o nosso Rei dos Reis e
104

Senhor dos Senhores, o entendimento, de forma satisfatória, da posição Cristo e da sua


glória torna-se muito mais difícil de ser alcançado.
Os atributos do Senhor Jesus Cristo formam um todo associado a Ele. E
assim como o seu amor, graça e paz não podem ser dissociados da sua
justiça e retidão, assim também a posição e a glória de Cristo não podem
ser dissociadas dos ministérios de Sumo Sacerdote, Senhor e de Rei da
Justiça e da Paz que também há em Cristo.
Quando uma pessoa opta por ter Cristo como o Senhor da sua vida para
através Dele obter a salvação e novidade de vida em Deus, ela também opta
por Cristo em todos os seus ministérios que podem atuar em seu favor.
Portanto, é na atuação conjunta e harmoniosa da diversidade de ministérios que há
em Cristo, que o Senhor é plenamente capaz de salvar, guardar, instruir, guiar, suprir e
estabelecer de acordo com a sua justiça ou de acordo com os seus retos, perfeitos e
justos juízos a todos aqueles que Nele confiam.

Jeremias 23: 5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a
Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e
executará o juízo e a justiça na terra.

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
...
21 a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também
reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus
Cristo, nosso Senhor.

Considerando o que o último texto acima descreve, se a graça reina através da justiça
para a vida eterna, mediante o nosso Senhor Jesus Cristo, podemos ver que Cristo é
Aquele por quem de fato a graça e a justiça reinam, mostrando-nos, implicitamente,
que Cristo é o Rei da justiça e da graça, e através de quem a graça, a justiça e o juízo são
manifestos justamente.
Quando as pessoas carecem da compreensão da glória de Cristo a
respeito da multiplicidade de seus ministérios, como estes ministérios se
complementam entre si e sobre aquilo que pode lhes ser dado somente em
Cristo, elas correm o risco de tentarem suprir aquilo precisam através de
meios e ministérios que de fato não suprirão o que elas necessitam.
Quando as pessoas não atentam à multiplicidade de ministérios
presentes no Senhor Jesus Cristo, elas ficam sob o risco de não
perceberem que é somente através dos seus múltiplos ministérios que
Cristo sustenta aqueles que Nele creem e provê aquilo que estes necessitam
receber de Deus em sua condição de novas criaturas em Cristo.
Assim, ter os olhos do entendimento dispostos a ver a glória de Cristo engloba
também ter a disposição de querer ver associado a Cristo tudo aquilo que a glória do
Senhor quer nos mostrar, e não somente o que as pessoas pensam que precisam ver.
105

Quando as pessoas focam sua atenção somente na glória das dádivas que
o Senhor pode dar a elas, sem focarem a atenção também nos múltiplos
ministérios de Cristo, através dos quais o Senhor concede estas dádivas, as
pessoas não percebem que as dádivas não são dissociáveis do seu Doador e
nem dos ministérios mediante os quais elas são concedidas.
Somente Aquele por meio de Quem tudo foi criado é apto para exercer a regência de
toda a criação e a mediação desta criação com o seu Criador e com as dádivas que Dele
advém.
Corrigir o foco para também almejar ver mais de perto os ministérios de Cristo,
portanto, conforme já citamos anteriormente, exige uma dedicação maior do que ficar
somente na posição de mero espectador ou recebedor de dádivas, pois também é para
ver a Glória de Cristo em suas múltiplas facetas que Deus nos chamou em sua salvação
a nós oferecida.
É também para ver a sua glória, na face de Cristo, que Deus nos concedeu e concede
a salvação que desceu dos céus para nos reconciliar com o Senhor para uma eterna
comunhão com Ele.
Conhecer os ministérios através dos quais Cristo nos estende as dádivas
de Deus e como Ele exerce cada um dos seus ministérios não é, em nada,
menos significativo do que conhecer sobre as próprias dádivas eternas que
Deus designou para aqueles que Nele creem segundo a sua graça e justiça.
Assim, e com o objetivo de cooperar na correção do foco em relação à percepção da
glória do Senhor, para também crescermos no conhecimento da glória de seus
múltiplos ministérios no tempo presente e como estes ministérios operam
conjuntamente, é que procuraremos continuar expondo, nos próximos capítulos,
alguns dos principais pontos destes diversos ministérios de Cristo, os quais, apesar de
estarem amplamente apresentados nas Escrituras concedidas a nós por Deus, são ainda
por demais desconhecidos até por muitos que se dizem ser seguidores de Cristo.
Através dos ministérios que Deus já de antemão profetizou que estariam
atuantes em Cristo após a sua morte e ressurreição, o Pai Celestial
disponibilizou a nosso favor Aquele que é plenamente poderoso e apto
para realizar o que reis e sacerdotes tentaram conciliar ou combinar por
séculos sem, contudo, alcançarem êxito em seus intentos.

Zacarias 6: 13 Ele mesmo edificará o templo do SENHOR, e levará a


glória, e assentar-se-á, e dominará no seu trono, e será sacerdote no
seu trono, e conselho de paz haverá entre ambos.
+
2 Coríntios 6: 16 (b) Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus
disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo. (RC)
----

Através de Cristo no coração daqueles que o recebem, Deus habita nos seus filhos,
anda entre eles, é o Deus deles e eles são o povo do Senhor. Entretanto, é através da
intervenção dos múltiplos ministérios de Cristo, suportada pela diversidade e operação
conjunta de seus ministérios, que a habitação de Deus e o andar de Deus, junto aos
106

Seus filhos, se torna real e se constitui em uma experiência verdadeira e plenamente


satisfatória.
Cristo, na vida dos cristões, é a real esperança para que a glória do
Senhor possa vir a ser conhecida por eles. Entretanto, é através da glória
que há nos múltiplos ministérios de Cristo que a esperança se concretiza
em experiências vivas e práticas no dia-a-dia daqueles que depositam a sua
confiança no Senhor Jesus e nos ministérios a Ele atribuídos pelo Pai
Celestial.
Somente Cristo, o único que tem a posição e o ministério de Salvador e
Sumo Sacerdote Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, e que
também é Senhor, Rei e Cabeça sobre toda a criação, é Aquele que pode
tratar com justiça e paz tanto aquilo que as pessoas apresentam a Deus
como aquilo que Deus apresenta para a vida de cada pessoa.

Hebreus 5: 6 Como também diz noutro lugar: Tu és sacerdote


eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque.
7 O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e
lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi
ouvido quanto ao que temia.
8 Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que
padeceu.
9 E, sendo ele consumado, veio a ser a causa de eterna salvação para
todos os que lhe obedecem,
10 chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de
Melquisedeque. (RC)

Diante do conhecimento de que Cristo é a essência da expressão de toda


a vida provinda de Deus e do reino dos céus a nosso favor, não deveríamos
ser simplistas de nos atermos somente ao aspecto genérico ou impessoal
deste conhecimento. Pelo contrário, deveríamos atentar ao chamado para
avançarmos na compreensão mais detalhada desta preciosíssima dádiva
que de Deus nos é oferecida e concedida se recebida mediante a fé em
Deus.
Através da comunhão com Cristo, expressa também pela comunhão com
“o Pão que desce do céu” para nos alimentar, instruir e fortalecer, somos
chamados a conhecer também os ministérios através dos quais o Senhor
reparte a sua vida conosco para que tenhamos os olhos do nosso coração
abertos ou iluminados para reconhecer cada vez mais os aspectos da
eterna glória do Senhor e que Nele estão para atuarem em nosso favor.

Lucas 24: 30 E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o


pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu;
31 (a) então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram.
107

C13. A Glória da Luz do Evangelho da Glória


Ao começar a ver mais de perto o tema sobre o Evangelho da Glória de Deus e da
Glória de Cristo, procuramos expor, nos capítulos anteriores, que esta faceta do
Evangelho nos é dada, entre outros pontos, para:
 1) Enaltecer o sobremodo excelente propósito do Senhor associado ao seu o
Evangelho, o qual é que conheçamos a Deus de uma forma mais ampla e pessoal
por meio da revelação de quem é Cristo;
 2) Enaltecer a novidade de vida ou vida eterna que que provém Daquele que “já
consumou” tudo o que era necessário ser realizado para que esta novidade de
vida pudesse ser ofertada a todos os seres humanos mediante a graça celestial;
 3) Enaltecer ao Senhor Jesus Cristo como Aquele que sustenta o que já foi
consumado e que sustenta a vida eterna que provém Dele;
 4) Enaltecer o ponto de que é através dos seus múltiplos ministérios exercidos
em sua posição ao lado do Pai Celeste, e evidenciados após a sua crucificação,
morte, sepultamento e ressurreição, que o Senhor Jesus Cristo atua para que
cada uma das dádivas que necessitamos, segundo o seu Evangelho, também
passe a ser uma realidade ou uma experiência viva em nós.

Entretanto, e considerando que o conhecimento da glória de Cristo e o


relacionamento com ela é tão crucial para o avanço ou crescimento na novidade de vida
concedida por Deus, por que, então, um número tão elevado de pessoas, inclusive
muitas que buscam intensamente conhecê-la, conhecem tão pouco sobre a glória do
Senhor Jesus Cristo em sua condição presente e exaltada por Deus sobre tudo e sobre
todos, exceto sobre o próprio Pai Celestial que tudo lhe outorgou?
Para que possamos analisar uma resposta mais ampla e, ao mesmo tempo, mais
precisa à pergunta do parágrafo anterior, gostaríamos de relembrar abaixo o texto que
está sendo adotado neste estudo como base para a referência ao Evangelho da Glória de
Deus e da Glória de Cristo:

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.
----

Se alguém for precipitado em analisar o último texto exposto acima, poderá, através
de uma análise superficial dele, chegar a uma conclusão equivocada de que o motivo
pelo qual as pessoas não veem o Evangelho também como o Evangelho da Glória de
Cristo e da Glória de Deus é a cegueira que o diabo causa nas pessoas.
108

Embora o texto acima declare que o deus deste século, chamado também como o
príncipe das trevas, produza cegueira em muitas pessoas, o texto não declara que esta
ação é realizada indistintamente sobre todas as pessoas e nem declara que esta ação é
realizada independentemente da postura que as pessoas adotam em suas vidas.
O texto em referência deve ser visto com grande ou especial atenção para que
ninguém incorra no pensamento de que o diabo tem poder para cegar o entendimento
de qualquer um que ele almeje cegar.
Dita a consideração do parágrafo anterior sobre o último texto em referência,
podemos observar que os versos em questão nos mostram que o motivo pelo qual as
pessoas não veem o que há no Evangelho da Glória do Senhor, é a falta de
acesso que elas têm à luz do próprio do Evangelho da Glória, e que esta
falta de luz, por sua vez, lhes é imputada pelo diabo por causa da
incredulidade que as próprias pessoas adotam em seus corações.
Se olhássemos o texto em referência sob o prisma de várias camadas, poderíamos
talvez, como exemplo, dizer que a cegueira causada pelo chamado deus deste século é a
camada mais externa e superficial dos motivos que impedem as pessoas de verem o
Evangelho da Glória do Senhor como deveriam vê-lo. Entretanto, onde a falta de acesso
à luz do próprio Evangelho da Glória, causada pela incredulidade das pessoas, é a
causa mais profunda para que elas não venham a se relacionar com a glória do
Evangelho como o Senhor intenta que elas o façam.
Em outras palavras, talvez poderíamos dizer que o Evangelho da Glória de Cristo e
da Glória de Deus permanece encoberto para muitas pessoas porque a luz para vê-lo
não lhes resplandece. Entretanto, esta luz não lhes resplandece porque o deus deste
século se interpõe para que não vejam a luz, usando, para isto, a incredulidade das
pessoas para poder se interpor entre os incrédulos e a luz do Evangelho da Glória.
A compreensão do texto ao qual estamos nos reportando é particularmente
desafiadora, pois ele faz referência às atuações distintas de três partes também
distintas, a saber:
 1ª parte distinta: Relaciona-se ao posicionamento de fé ou de incredulidade de
cada pessoa.
 2ª parte distinta: Relaciona-se à atuação do deus deste século sobre as pessoas
que se posicionam com incredulidade em relação ao que lhes é oferecido pelo
Senhor.
 3ª parte distinta: Relaciona-se à atuação da luz do Evangelho da Glória do
Senhor em relação às pessoas que creem e recebem o que Deus oferece a elas
através do seu Evangelho.

Por mais que o texto em referência mencione o que o deus deste século intenta fazer
em relação àqueles que se posicionam como incrédulos e por mais que Deus queira que
a luz do Evangelho da Glória seja concedida aos creem Nele para compreenderem de
forma mais ampla e precisa o que lhes é oferecido neste mesmo Evangelho, é a atuação
da parte que cabe aos seres humanos realizarem que define a atuação das outras partes
no que se refere à cegueira em relação à luz do Evangelho da Glória ou relação ao
conhecimento desta luz.
109

A compreensão do texto em referência é desafiadora, pois o texto nos mostra uma


sucessão de fatos que podem advir do posicionamento que uma pessoa adota no
coração. O texto em questão nos mostra que o posicionamento que uma pessoa adota
em relação àquilo que Deus intenta que ela creia, também define aquilo que se segue
em relação à respectiva opção de fé ou incredulidade feita por uma pessoa.
Se uma pessoa passa a crer naquilo que o Senhor quer que ela inicialmente creia, a
consequência desta atitude a leva a ver a luz do Evangelho da Glória, que, por sua vez,
ilumina o entendimento desta pessoa para continuar crescendo no conhecimento do
Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo.
Se, porém, uma pessoa se posicionar em incredulidade para com aquilo que o
Senhor intenta que ela creia primeiramente, a consequência desta descrença leva esta
pessoa ao encontro com a cegueira de entendimento para que não lhe resplandeça a luz
do Evangelho da Glória.
A luz do Evangelho da Glória é o que permite uma pessoa ver mais
amplamente o que há nele. Entretanto, se uma pessoa não crê naquilo que
ela é chamada a crer inicialmente sobre o Evangelho, a luz do Evangelho
que permite conhecer mais sobre ele também pode lhe ser obstruída.
Para que uma pessoa possa ver mais precisamente ou mais detalhadamente o que há
no Evangelho, ela precisa aceitar primeiramente o Evangelho segundo aquilo que lhe é
oferecido inicialmente para crer neste Evangelho.
Quando, por exemplo, uma pessoa compra uma luminária para usá-la para ter luz
em algum lugar específico da sua casa, ela não pode ter a luz desta luminária na sua
casa se ela também não levar a luminária para a sua residência.
Similarmente, a luz do Evangelho da Glória também é parte do Evangelho que é
concedido àqueles que recebem o Evangelho primeiramente em seus pontos básicos. E
este é um dos principais aspectos porque as pessoas encontram tanta dificuldade para
compreender mais sobre o Evangelho da Glória do Senhor.
Muitas pessoas no mundo, inclusive muitos estudiosos, e até muitos estudiosos que
também se denominam cristãos, têm buscado conhecer a glória de Cristo e de Deus sem
fazerem uso da luz que o Senhor lhes oferece. Pelo fato de não crerem de fato naquilo
que Deus já lhes apresentou sobre o seu Evangelho, eles têm se distanciado muito da
simplicidade que há em Cristo e no amor de Deus, ficando, assim, também sujeitos a
serem cegados pelo príncipe deste mundo a respeito das imensuráveis características
da glória de Deus e do seu Evangelho.
Se uma pessoa não tem acesso à luz do Evangelho da Glória de Cristo e
da glória de Deus, ela na realidade não tem um amplo ou verdadeiro acesso
a este Evangelho, mas somente tem acesso a um conjunto de letras e
palavras sobre o Evangelho e não à verdadeira vida que há nele.
Sem a luz do Evangelho, uma pessoa está inapta a distinguir “a letra que
mata” do “Espírito que vivifica", conforme exposto mais detalhadamente no tema
Letra ou Vida da primeira série de estudos do Ensino Sistêmico sobre a Vida Cristã.

João 5: 39 Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida


eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
40 Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.
110

Para que uma pessoa possa ter a luz que a ilumina para o conhecimento do
Evangelho da Glória do Senhor, ela precisa primeiro ter recebido esta luz em sua vida.
Portanto, a luz do Evangelho da Glória de Cristo e, por consequência, da Glória de
Deus que precisa ser recebida para que um indivíduo possa ver mais amplamente o
próprio Evangelho da Glória de Cristo e da Glória de Deus, por sua vez, é o próprio
Senhor Jesus Cristo, o qual também é a essência de todo Evangelho que nos é oferecido
por Deus mediante a sua graça.

João 8: 12 De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo;


quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da
vida.

Cristo é a luz do mundo, a luz enviada por Deus a fim de resplandecer a


sua glória no coração das pessoas que estavam na região e sombra da
morte.
Cristo é a luz enviada do céu ao mundo para as pessoas através Dele
poderem se reconciliar com o seu Criador, mas Ele também é a luz da vida
de Deus que uma pessoa somente pode encontrar no próprio Cristo.

Mateus 4: 16 O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que
viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.

João 1: 4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.


5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela.

À parte de Cristo, as pessoas ficam privadas de ver e alcançar a vida que


está no Evangelho oferecido pelo Senhor, pois carecem da verdadeira e
única fonte de luz que pode fazê-las ver o que lhes é oferecido por Deus
mediante a graça e pela fé nesta graça.
Deus estabeleceu revelar a glória da sua salvação exclusivamente em
Cristo Jesus, seu Filho Unigênito ou o Filho do Seu Amor. Mas é também
somente em Cristo Jesus que Deus estabeleceu que os demais aspectos da
sua glória revelada em seu Evangelho sejam conhecidos por aqueles que
recebem esta salvação.
É na “face de Cristo”, é no olhar para Cristo, através da comunhão
pessoal com Ele, que nos é revelada a luz que nos é concedida a partir do
reino dos céus para que continuemos a conhecer a glória de Deus que tanto
necessitamos para continuar crescendo segundo esta mesma glória.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
----
111

Cristo é o nome sobre todo nome, a palavra viva eternamente, a


novidade de vida e a luz eterna através da qual Deus estabeleceu que a sua
glória seja mais amplamente revelada.

Salmos 115: 1 Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá
glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade.

Filipenses 2: 9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu


o nome que está acima de todo nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra
e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de
Deus Pai.

João 6: 68 Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu


tens as palavras da vida eterna;
69 e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus.
----

Cristo é a expressão da beleza e da santidade de Deus.

Salmos 29: 2 Tributai ao SENHOR a glória devida ao seu nome, adorai


o SENHOR na beleza da santidade.
----

Cristo não declarou que Ele é uma luz a mais no mundo ou que Ele é
mais uma luz para a vida. Cristo declarou que Ele é “a” luz do mundo e “a”
luz da vida, informando-nos que se uma pessoa rejeitar a Cristo, ela
também rejeita a única luz para conhecer mais sobre a glória do próprio
Cristo e de Deus em quem está toda a vida segundo o querer do reino dos
céus.
Portanto, antes de avançar sobre o papel de Cristo como a luz de um cristão, é
imprescindível que as pessoas compreendam que elas necessitam ter Cristo como
Senhor em seus corações para, então, terem a luz de Cristo para iluminá-las em como
poderão viver e andar na novidade de vida ou vida eterna que lhes é oferecida no
Senhor.
Quando as Escrituras nos mostram que Cristo é a luz do Evangelho da
sua glória e da glória do Pai Celestial, elas também nos informam que
aquilo que está no seu Evangelho somente pode ser visto mais amplamente
através da presença do Senhorio de Cristo junto àquele que quer conhecer
mais este Evangelho.
A obra de Deus que permite uma pessoa receber a luz da vida para ver
os demais aspectos da glória de Cristo e da glória de Deus, a fim de ser
guiado pelo Senhor em conformidade com esta glória, é, e sempre será, a
mesma, conforme exposto nos textos abaixo:
112

João 6: 28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para


realizar as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele
que por ele foi enviado.

Romanos 10: 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo.

João 1: 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.


12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.
----

Como a luz que ilumina os demais aspectos do Evangelho da sua glória e


da glória de Deus, ou como a luz da vida eterna, Cristo é uma dádiva de
Deus para aqueles que, primeiramente, o recebem como a luz do mundo ou
para aqueles que o recebem primeiramente como o Senhor das suas vidas.
O Pai Celestial revelou a sua glória em Cristo na cruz do calvário e na ressurreição de
Cristo para que, através de Cristo, as pessoas passem a viver segundo a glória que de
antemão já lhes estava reservada no Senhor Eterno, pois o próprio Deus disse: Das
trevas resplandecerá a luz, ... para iluminação do conhecimento da glória
de Deus, na face de Cristo.
A glória que estava sobre Cristo para que Ele fosse apresentado como o Cordeiro
perfeito que tira o pecado do mundo, também é a glória que brilhou diante da escuridão
da morte para iluminar aqueles que creem na glória salvadora do Senhor. E isto, para
que estes venham a ter a luz também para o conhecimento da glória eterna que há em
Deus, revelada na face de Cristo.
Quando uma pessoa crê na glória de Cristo como o Salvador e Senhor da
sua vida pessoal, recebe a Cristo em seu coração desta maneira, e mantém
comunhão com o seu Senhor, ela também recebe a glória de Cristo como a
luz para viver e andar em novidade de vida no presente e na eternidade.
Quando uma pessoa recebe a Cristo como Senhor, ela também recebe a
Ele como a luz que ilumina o entendimento do fato de de que nos demais
aspectos da glória de Cristo encontram-se a plenitude de virtudes que são
necessárias para que a sua vida seja guardada e sustentada no presente e
para sempre no Senhor.
E, por sua vez, quando um cristão reconhece a Cristo como Senhor e recebe a
iluminação do conhecimento da glória de Deus na face de Cristo, toda uma
nova percepção sobre Deus, sobre Cristo e sobre como o Senhor quer ensiná-lo e
conduzi-lo em todas as áreas da sua vida pode vir a se descortinar diante deste cristão.
Reconhecer e receber a Cristo como Senhor e como a verdadeira luz
para a vida pessoal diária em Deus é o caminho para crescer no
113

conhecimento dos demais atributos de Deus e de Cristo, pois Deus


estabeleceu o próprio Cristo para, através do Espírito Santo, nos ensinar
sobre como podemos nos relacionar com o Espírito do Senhor, com Cristo
e com o Pai Celestial.

Efésios 3: 16 ... para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda
que sejais fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem
interior;
17 e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor,
18 a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a
largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.
----

Quando alguém recebe a Cristo como o Senhor, a luz do Senhor está


disposta a brilhar no coração deste indivíduo para que também veja como
Cristo pode estar com ele continuamente e como Cristo pode operar nele a
esperança e a fé que é de acordo com a vontade do Pai Celestial.
Depois que uma pessoa tem a Cristo como seu Senhor e a sua luz, Cristo
continua a mostrar mais amplamente a ela quem Ele é nos seus mais
diversos atributos e funções. E isto, para que ela também confie mais em
Cristo no sentido de permitir que o Senhor opere aquilo que ela necessita
que Deus realize nela e favor de sua vida.
Independentemente se uma pessoa a busca ou não, em Cristo está e sempre estará
toda a glória que um ser humano precisa conhecer para obter uma vida segundo a fé e
esperança em Deus. Entretanto, quando alguém busca a Cristo para Ele ser o Senhor da
sua vida, Deus lhe concede a salvação eterna e também a luz para que possa ver a
glória eterna do Senhor que nos é revelada pelo Evangelho da sua Glória.
Quando olhamos o Evangelho da Glória pelo ângulo da glória do
Senhorio e da luz de Cristo, vemos explicitado mais uma vez porque Paulo
pregava tanto a Cristo como o Senhor, pois é pelo reconhecimento de que
Cristo é o Senhor que uma pessoa é salva, mas também porque é através
deste reconhecimento que olhos do entendimento desta pessoa são
mantidos iluminados pelo Senhor da Glória.

Romanos 10: 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo.

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como
Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus.
114

6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.
----

Quando alguém se levanta dentre aqueles que são considerados como


mortos em suas ofensas e pecados, e clama pessoalmente e diretamente a
Cristo para Ele ser o Senhor da sua vida, Cristo é poderoso para salvá-lo e,
ainda, para fazer brilhar a luz do reino de Deus inclusive diante das mais
densas trevas que tentarem se opor ao brilhar desta luz no coração daquele
que clama ao Senhor.

Efésios 5: 6 Ninguém vos engane com palavras vãs; porque, por essas
coisas, vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência.
7 Portanto, não sejais participantes com eles.
8 Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai
como filhos da luz
9 (porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e
verdade),
10 provando sempre o que é agradável ao Senhor.
11 E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes,
porém, reprovai-as.
12 Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha.
13 Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam
manifestas; porque tudo que se manifesta é luz.
14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os
mortos, e Cristo te iluminará.
----

A luz na qual um cristão é chamado para andar depois que realizou a obra de crer
em Cristo e recebê-lo em seu coração é o próprio Senhor Jesus Cristo a quem ele
recebeu. E é na comunhão do cristão com o Senhor que Cristo o ilumina tanto em
relação ao que lhe é bom fazer a cada novo dia como àquilo do qual é melhor se abster
para o seu benefício.
A compreensão mais ampla do Evangelho da Glória de Cristo e da Glória
de Deus passa, obrigatoriamente, pela luz deste Evangelho. Entretanto, a
iluminação que esta luz concede é alcançada pela comunhão com Aquele
que é a fonte de toda a luz para a vida eterna.
Conforme já mencionado acima, se uma pessoa rejeitar a Cristo e o Seu Senhorio, ela
também despreza a luz para a sua vida, assim como se uma pessoa refutar a luz que do
céu lhe é oferecida, ela também rejeita a Cristo, pois Cristo e a sua luz são inseparáveis.

João 3: 19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens


amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram
más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega
para a luz, a fim de não serem reprovadas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas
obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
115

----

Muitos são os livros que há mundo sobre a vida cristã, muitos são os livros que há,
inclusive, a respeito do Evangelho, como, por exemplo, o presente estudo. Entretanto, o
viver e o andar pessoal segundo a vontade de Deus está diretamente
associado a uma pessoa crer no Senhor, manter a comunhão com Cristo e
permanecer sob a luz para compreender as demais facetas do Evangelho
da Glória de Cristo e da Glória de Deus, pois é através destas demais
facetas da sua glória, que o Senhor guia a cada cristão no caminho que lhe
é benéfico para o presente e para a eternidade.
Sem receber a Cristo no coração mediante a fé ou sem a comunhão com Cristo,
também como a luz do seu Evangelho, as pessoas podem ler, escrever e até pregar
sobre o Evangelho e ainda assim permanecerem sem entendimento da glória de Cristo
e de Deus que nos é anunciada e oferecida por seu intermédio.
Sem a fé em Cristo, no sentido de reconhecerem a Cristo como o Senhor em seus
corações, as pessoas se privam da luz de Deus. E, por sua vez, dissociados da luz
eterna, as pessoas ouvem, mas não compreendem, tem olhos, mas não veem o que
Deus já lhes tem oferecido diante dos seus olhos.
Não crer em Cristo e na sua posição de Senhor Eterno é igual a colocar-
se em uma condição de incredulidade, e mediante a qual o diabo procura
atua para cegar o entendimento das pessoas para que também não vejam
os demais aspectos da glória de Cristo e da glória de Deus.

João 5: 36 Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as


obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse, essas que eu
faço testemunham a meu respeito de que o Pai me enviou.
37 O Pai, que me enviou, esse mesmo é que tem dado testemunho de
mim. Jamais tendes ouvido a sua voz, nem visto a sua forma.
38 Também não tendes a sua palavra permanente em vós, porque
não credes naquele a quem ele enviou.

Apesar do mundo, e até muitos cristãos, não conhecerem a glória que há no Cristo
ressurreto, e apesar de muitos não saberem o poder de transformação que há no
conhecimento desta glória, e exclusivamente pelo conhecimento dela de glória em
glória, o diabo conhece o poder transformador que o conhecimento da glória de Deus e
do relacionamento com ela pode causar na vida de um ser humano. E, por isto, o deus
deste século também atua tão insistentemente para que as pessoas não a venham a
conhecer a luz do evangelho que revela a glória transformadora do Senhor.
O diabo se opõem intensamente a Deus e não quer que as pessoas venham a
conhecer o seu Criador. E por isto, uma das principais ações do diabo é combater o
entendimento de que é na luz de Cristo que as pessoas podem vir a conhecer a Deus
mais amplamente. Visto que o diabo jamais poderá tocar e corromper a Deus e a sua
glória, ele atua na tentativa de obscurecer cada vez mais o conhecimento da glória de
Deus entre as pessoas que não creem em Cristo.
Usando como base a incredulidade das pessoas em relação à Cristo Jesus e à sua
obra em favor das pessoas através da sua morte na cruz do Calvário e através da sua
ressurreição dos mortos, o diabo também tenta se interpor contra a luz do Evangelho,
116

que é Cristo, para que as pessoas também não venham a conhecer os demais aspectos
da glória de Deus e da glória Cristo reveladas também em seu Evangelho.
Notemos bem, mais uma vez, que o texto de 2 Coríntios 4 não descreve que
o deus deste século procura cegar o entendimento dos incrédulos para não
verem o Evangelho da Glória de Cristo e da Glória de Deus, mas diz que o
diabo procura cegar o seu entendimento para que não vejam a luz do
Evangelho da Glória do Senhor.
Apesar do diabo se opor a todo o Evangelho de Deus e apesar dele não querer que as
pessoas venham a conhecer o Evangelho do Senhor, o foco dele é mais intensamente
direcionado para que as pessoas não vejam a luz do Evangelho da Glória de Cristo.
Mais do que tentar evitar que as pessoas tenham acesso às declarações
do Evangelho do Reino de Deus, o que o diabo intenta evitar ainda mais é
que as pessoas venham a conhecer a luz do Evangelho.

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.

O relacionamento com a luz do Evangelho, que é Cristo, é algo muito


interessante de ser observado, pois apesar das trevas não poderem
prevalecer contra a luz, Deus permitiu e permite que as pessoas escolham
receber esta luz ou escolham se abster desta luz nas suas vidas pessoais.
A cegueira de uma pessoa em relação à Cristo pode ser ocasionada pelo fato de uma
pessoa desconhecer que o Senhor veio ao mundo para ser o Redentor e Salvador da sua
vida, mas ela também pode ocorrer por uma escolha de não crer em Cristo como o
Senhor enviado pelo Pai Celestial para nos salvar ou por não estar disposto a recebê-lo
como Senhor no coração.
Embora uma pessoa possa ter a luz à sua disposição ou ao seu alcance, ela pode se
privar da luz por se retirar da presença da luz ou, simplesmente, através do uso de um
véu que se interponha entre ela e a luz ou que impeça que a luz chegue aos olhos do
seu entendimento.
Portanto, a incredulidade em relação aos aspectos básicos do Evangelho ou da
posição de Cristo como o Redentor, Salvador e Senhor atrai um véu que pode cegar
uma pessoa em relação à luz do Evangelho, levando em conta ainda que a maneira
como a incredulidade é praticada pode ser bem diversificada.
A incredulidade pode variar desde a crença que alega que Deus não existe até a
crença nas mais variadas religiões que adoram múltiplos deuses, ou, inclusive, a partir
da crença nas religiões que propõem adorar ao Único Deus Criador, mas que não o
fazem através de Cristo conforme nos é instruído pelo Senhor nas Escrituras.

Romanos 10: 2 Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por
Deus, porém não com entendimento.
3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
117

Nenhuma luz de conhecimento natural ou de conhecimento religioso, por mais


zelosa que tenha sido a produção deste conhecimento ou desta religião, pode substituir
a única luz que pode brilhar inclusive nas densas trevas para resgatar as pessoas que se
afastaram de Deus em seus corações, pois a luz que Cristo vem oferecer, ilumina o ser
humano também para as coisas espirituais da vida eterna que somente podem ser
vistas através do Espírito Santo que Cristo concede àqueles que Nele creem.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito


de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.
...
12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito
que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado
gratuitamente.
...
6 Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não,
porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época,
que se reduzem a nada;
7 mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a
qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória;
8 sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu;
porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor
da glória;
9 mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram,
nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado
para aqueles que o amam.
10 Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as
coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.

Quer seja pela tentativa de negar a existência de Deus ou de Cristo, ou quer seja pela
adoção de leis religiosas como se uma pessoa pudesse ser aperfeiçoada diante de Deus
através destas leis e assim alcançar a salvação de sua alma, o véu da incredulidade
impede as pessoas de compreenderem a vontade do Senhor para com elas apesar da
luz já estar próxima ou disponível diante delas, pois o véu da incredulidade cega o
entendimento daquele que passa a se submeter e crer nas coisas associadas ao véu.

2Corintios 3: 14(a) e 15 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao


dia de hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu
permanece, ... até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o
coração deles.

Apesar do véu do templo de Jerusalém já ter sido rasgado ao meio pelo poder de
Deus quando Cristo morreu na cruz do Calvário, mostrando que o caminho a Deus está
plenamente aberto através de Cristo e que não há mais necessidade de nenhum outro
meio para chegar ao Pai Celestial, a remoção do véu sobre o entendimento de uma
pessoa, e que se interpõe contra a luz de Cristo em seu coração, depende da atitude
particular de uma pessoa em relação a Cristo.
118

O rasgar do véu do templo de Jerusalém foi feito uma vez por todas para mostrar
que somente em Cristo uma pessoa pode se achegar a Deus e que nenhuma religião
baseada em leis e obras para a justificação dos seres humanos terá êxito diante do
Senhor. Entretanto, o véu do templo também foi rasgado para que ninguém mais
precise carregar um véu pessoal diante dos seus olhos ou sobre o seu coração.
O rasgar do véu do templo, ocorrido quando Cristo foi crucificado, representou a
ação de Deus em deixar o caminho a Ele aberto em favor de toda a humanidade.
Entretanto, o véu sobre ou diante de cada coração representa o posicionamento ou a
atitude que cada pessoa adota em relação ao que Deus já fez uma única vez para sempre
e que é plenamente suficiente para a redenção de todas as pessoas.
O véu diante de cada coração, que se interpõe contra o conhecimento
mais próximo do Evangelho da Glória de Cristo e da Glória de Deus,
somente vem a ser removido para aqueles que abandonam a incredulidade
em relação aos aspectos básicos do Evangelho ou do Senhorio de Cristo.
Independentemente do que as pessoas creem ou deixam de crer, o rasgar do véu que
manifestou o “novo e vivo caminho” para Deus, através de Cristo, permanece inalterado
para sempre. Entretanto, se uma pessoa rejeita a Cristo, no sentido de não recebê-lo
como Senhor em seu coração, ela também não chega a compreender que ainda há outro
véu que está diante dos olhos dela e que similarmente precisa ser removido.
Quando a pessoa rejeita a Cristo, no sentido de não recebê-lo como Senhor em seu
coração, ela inclusive pode nem alcançar a revelação de que há um véu diante dela que
cega o seu entendimento sobre a glória de Deus e também que este véu somente pode
ser removido em Cristo ou quando alguém se converte a Cristo.
Quando uma pessoa rejeita a Cristo como o Redentor, Salvador e Único
Mediador entre as pessoas e Deus, ela também permanece com o
entendimento cegado sobre o fato que Cristo é a luz para que ela
compreenda a glória de Deus nas outras facetas que há em Cristo.

2 Coríntios 3: 15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto
sobre o coração deles.
14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje,
quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece,
não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.

Quando, porém, uma pessoa aceita a Cristo como o enviado de Deus para salvá-la de
uma vida distanciada da comunhão com Deus, aquele véu que a impedia de ver que o
próprio Cristo é a luz para que as outras partes do Evangelho também lhe sejam
reveladas é tirado.
Por causa incredulidade no coração em relação ao Senhorio de Cristo,
aos aspectos básicos da salvação oferecida por Deus através do Evangelho
ou da condição de Cristo como o exclusivo Mediador entre os seres
humanos e Deus, as pessoas se abstém da luz que poderia lhes dar o devido
entendimento sobre os demais aspectos que estão contidos no Evangelho
da Glória de Cristo e da Glória Deus.
119

Entretanto, pela fé em Cristo e pela comunhão com o Senhor Jesus, as pessoas


passam a ter acesso à luz para que o entendimento do Evangelho da Glória de Cristo e
da Glória de Deus também lhes seja concedido.
Se uma pessoa aceita a Cristo como Senhor em seu coração, Cristo se
revela como a luz deste indivíduo para que ele possa conhecer mais de
Cristo e, isto, com o propósito de que ele também venha a desfrutar dos
outros maravilhosos atributos do Senhor.

2 Coríntios 3: 16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o


véu lhe é retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.

1 Pedro 1: 13 Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e


esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na
revelação de Jesus Cristo.

Efésios 1: 17 ... para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da
glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno
conhecimento dele.

Quando alguém se converte a Cristo ou o recebe como Senhor para também receber
a vida eterna, esta vida eterna, que é Cristo, já começa a se mostrar presente e atuante
na vida daquele que a recebeu, pois sem o véu sobre o coração, a pessoa pode passar a
ver a luz que antes não via. E mediante esta luz, por sua vez, ela pode passar a
conhecer a glória de Deus e de Cristo como jamais poderia conhecer de outra maneira.
Quando alguém recebe a Cristo no coração para ser livre da sujeição ao pecado e do
corpo do pecado, ela também tem à disposição dela a luz para ver os demais aspectos
da glória do Senhor e os quais ela tanto precisa para crescer na novidade de vida que a
ela é oferecida no Senhor através do Evangelho.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

1 João 5: 12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o
Filho de Deus não tem a vida.

Pedro 1: 3 Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas
todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento
completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e
virtude, ...
120

2 Coríntios 3: 18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito.
----

Repetindo em outras palavras, quando alguém crê em Cristo como as Escrituras o


instruem a crer, quando alguém faz obra de Deus que é crer em Cristo como o Senhor
enviado pelo reino dos céus, o véu lhe é tirado para que veja a luz que sempre existiu
em Deus. E isto, a fim de que veja a glória de Deus para também ser transformado de
glória em glória.
Por outro lado, também pode ocorrer o fato de muitas pessoas quererem a Cristo
como salvador, mas quando veem a luz que Ele oferece trazer aos seus corações ou às
suas vidas, elas se opõem à luz e, por consequência, à posição de Cristo como o Senhor,
pois a luz de Cristo é poderosa para iluminar todas as áreas da vida de uma pessoa e
não somente aquelas que a pessoa gostaria de ver iluminadas.
Por não entenderem a glória de Cristo como a luz das suas vidas ou por não
almejarem o benefício que é ter luz nas mais diversas áreas da vida, muitas pessoas
realizam muitas práticas religiosas vãs, sacrifícios inúteis e até seguem sacerdotes que
de fato não os conduzem à luz, pois como poderá “um cego guiar a outro cego”?
Pelo fato de não discernirem a glória de Cristo como o Senhor de suas vidas, e na
sequência como a ÚNICA LUZ VERDADEIRA para as suas vidas, muitas pessoas são
enganadas e seguem também enganando umas às outras.
Quando as pessoas rejeitam a Cristo como Redentor e Senhor, ou seja, rejeitam a
luz de Deus em suas vidas, o que lhes resta são os rudimentos do mundo, trevas e o
ser guiado por outros que carecem da luz ou até pelo príncipe das trevas que as rege
segundo o curso deste mundo.

João 3: 20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se
chega para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas
obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.

Efésios 2: 1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados,
2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo,
segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua
nos filhos da desobediência;
3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os
demais.
121

Quando as pessoas não sabem ou não reconhecem quem é Cristo ou não sabem qual
é a glória de Cristo em sua posição de Salvador e Senhor, elas buscam fazer com que
outros ou que outras coisas sejam para elas aquilo que estes jamais poderão ser de fato.

Isaías 40: 18 Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante


confrontareis com ele?
19 O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro e cadeias de prata
forja para ela.
20 O sacerdote idólatra escolhe madeira que não se corrompe e busca um
artífice perito para assentar uma imagem esculpida que não oscile.
21 Acaso, não sabeis? Porventura, não ouvis? Não vos tem sido anunciado desde
o princípio? Ou não atentastes para os fundamentos da terra?
22 Ele é o que está assentado sobre a redondeza da terra, cujos moradores são
como gafanhotos; é ele quem estende os céus como cortina e os desenrola como
tenda para neles habitar;
23 é ele quem reduz a nada os príncipes e torna em nulidade os juízes da terra.
24 Mal foram plantados e semeados, mal se arraigou na terra o seu tronco, já
se secam, quando um sopro passa por eles, e uma tempestade os leva como
palha.
25 A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? — diz o Santo.
26 Levantai ao alto os olhos e vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair
o seu exército de estrelas, todas bem contadas, as quais ele chama pelo nome;
por ser ele grande em força e forte em poder, nem uma só vem a faltar.
27 Por que, pois, dizes, ó Jacó, e falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto
ao SENHOR, e o meu direito passa despercebido ao meu Deus?
28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da
terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu
entendimento.
29 Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.
30 Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem,
31 mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas
como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.

Isaías 42: 8 Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois,
não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura.

Receber a luz do Senhor certamente implica em desafios de mudança


nos pensamentos e nas atitudes, e que podem também vir a implicar em
grandes reposicionamentos na vida. Entretanto, a luz também aponta e
ilumina o caminho de paz e de bem não só para o tempo presente, mas
também para toda a eternidade.

João 8: 12 De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo;


quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da
vida.

Cristo é a luz que mostra o caminho da salvação de Deus à humanidade.


Cristo é a luz que veio ao mundo para fazer toda a provisão necessária
para a salvação de todas as pessoas.
122

Entretanto, Cristo igualmente é a luz que ilumina o coração daqueles recebem a sua
salvação e o reconhecem como Senhor para que, na condição de salvos, tenham os
olhos do entendimento abertos para verem ainda mais amplamente, através do
Evangelho da Glória, quem é o Senhor que os salvou e que continuamente se dispõe a
estar com eles.

Filipenses 4: 19 E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de


suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades.

João 14: 21(b) ... e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu
também o amarei e me manifestarei a ele.

A luz que veio ao mundo para nos salvar, nos mostra que no crer em
Cristo e no receber a Cristo como o Senhor está salvação para a nova vida
em Deus. Entretanto, também é a mesma luz que veio ao mundo que nos
mostra que em continuar crendo em Cristo como o Senhor é que está a luz
para os demais aspectos desta vida. E isto, para possamos compreender a
glória de Cristo e a glória de Deus, a glória que também sustenta a vida que
é concedida pelo Senhor àqueles que já receberam tão grande salvação.

Hebreus 2: 1 Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais
firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos.
2 Se, pois, se tornou firme a palavra falada por meio de anjos, e toda
transgressão ou desobediência recebeu justo castigo,
3(a) como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação?

Atos 2: 29 Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito


do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo
permanece entre nós até hoje.
30 Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um
dos seus descendentes se assentaria no seu trono,
31 prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi
deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção.
32 A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas.
33 Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a
promessa do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.
34 Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35 até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.
36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a
este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
123

C14. A Glória do Único Mediador Entre Deus e as Pessoas


Depois de considerar, nos capítulos anteriores, sobre o quão essencial é para uma
pessoa ter um adequado entendimento sobre a glória de Cristo e o quanto o
relacionamento com esta glória pode lhe ser benéfico no presente e para a vida eterna,
entendemos ser muitíssimo relevante dar sequência a algumas considerações sobre a
glória específica de outros ministérios inerentes ao Senhor Jesus Cristo.
Similarmente, depois de saber que um dos primeiros aspectos da glória de Cristo
que uma pessoa precisa conhecer para ver as demais facetas desta mesma glória é que o
próprio Senhor Jesus Cristo é a luz do Evangelho da Glória, entendemos ser
particularmente significativo conhecer os ministérios de Cristo que se tornaram
especialmente evidenciados após o Senhor ter sido ressurreto pelo Pai Celestial e após
Ele ter sido elevado à posição de honra e glória à direita do trono do Deus Eterno, e
onde Cristo, além de Filho de Deus, também foi exaltado em glória como Filho do
Homem que triunfou sobre a morte.
Embora já tenhamos considerado, nos capítulos anteriores, que Cristo é Aquele a
quem Deus designou para fazer toda a regência da intervenção do que nos é necessário
no Senhor, no reino celestial, para os demais aspectos da vida eterna e inclusive para
que os vejamos através da sua luz, entendemos ser muito significativo conhecer de
maneira ainda mais objetiva, específica e precisa a posição e os ministérios de Cristo
também para que não venhamos a ser envolvidos por pretensas ou falsas proposições
sobre a vida cristã e por ministérios que se propõem a fazer o que é exclusivamente
pertinente a Cristo.
Portanto, ao avançar na diversidade de aspectos sobre os ministérios de Cristo
evidenciados após a sua ressurreição, gostaríamos de iniciar esta nova etapa
ressaltando mais uma vez o caráter de exclusividade que Deus atribuiu a vários pontos
dos ministérios de Cristo, tomando por base que Cristo não é somente um dos meios
para a mediação do relacionamento de Deus com as pessoas ou das pessoas com Deus,
mas o meio exclusivo eleito pelo Pai Celestial para sempre.
E para tornar o exposto acima sobremodo destacado, as Escrituras nos informam
explicitamente ou diretamente que o Senhor Jesus Cristo não é um dos mediadores
entre Deus e as pessoas, mas o Único Mediador, conforme exposto abaixo:

1 Timóteo 2: 3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,


4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
pleno conhecimento da verdade.
5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.
----

Novamente neste ponto fica notória a condição crucial do relacionamento com


Cristo como a luz do Evangelho da Glória para que tenhamos os olhos do entendimento
iluminados de que somente Ele, o próprio Cristo, é também o Único Mediador entre
Deus e os seres humanos.
124

Pelo reconhecimento e aceitação da glória de Cristo, como Ele sendo a luz do


Evangelho da Glória do Senhor, podemos também passar a ver os demais ministérios
do Senhor segundo a mesma glória e as dádivas que Deus tem reservado àqueles que
Nele depositam a sua confiança.
Entretanto, através da posição e ministério de Cristo como o Único Mediador entre
Deus e cada ser humano, fica notório que também o acesso às ações e dádivas que
resultam da glória do Senhor pode ser alcançado exclusivamente mediante o próprio
Senhor Jesus Cristo.
Assim, como temos feito ao longo deste estudo, entendemos ser conveniente e muito
significativo destacar aqui que também a posição de Cristo como Mediador é uma
posição viva, atual e presente, e não somente uma posição passada quando Cristo fez a
obra na cruz do Calvário como a provisão de mediação para o resgate das nossas vidas
da escravidão ao pecado e ao corpo do pecado.
Cristo, de fato, é o Único Mediador porque Ele fez uma obra de resgate em favor de
todos e que já está realizada plenamente, conforme foi amplamente exposto no estudo
sobre “O Evangelho da Justiça de Deus”. Entretanto, a mediação que Ele fez por nós
quando veio em carne ao mundo e se entregou a nosso favor também serviu para nos
manifestar que Cristo é continuamente o Mediador entre Deus e aqueles que querem se
achegar ao Pai Celestial e ao reino de Deus.
Cristo sempre foi o caminho que permite uma pessoa estabelecer a
reconciliação e a comunhão com o Pai Celestial. Entretanto, Ele igualmente
e para sempre continua a ser este singular caminho.

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

2 Coríntios 5: 18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se
Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois,
rogamos que vos reconcilieis com Deus.

Cristo de fato foi revelado ao mundo como a provisão de Deus para que
as transgressões das pessoas não lhes fossem imputadas e elas ficassem
impedidas de se reconciliarem com o Pai Celestial, mas Cristo igualmente é
o Mediador para um relacionamento presente ou atual entre Deus e uma
pessoa e entre uma pessoa e Deus.
Cristo veio revelar ao mundo o amor do Pai Celestial no que tange à provisão para a
redenção de cada ser humano. Entretanto, Cristo é Aquele que continua a nos revelar o
Pai Celestial e o querer do Pai para as nossas vidas, pois a glória do Pai Celestial é
expressa na face de Cristo, como vimos nos capítulos anteriores.
125

E por outro lado, o Senhor Jesus também apresenta as nossas vidas ao Pai Celestial
pelo fato de Cristo ser o nosso Cordeiro perfeito e eterno através de quem podemos nos
achegar de forma aceitável e mediante a fé diante do Pai Celestial.
Por causa do seu corpo partido e do seu sangue derramado em nosso
favor, as Escrituras nos ensinam que Cristo abriu o “novo e vivo caminho
para a comunhão com o Pai Celestial”. Entretanto, as Escrituras também
nos anunciam que Cristo continua sendo o próprio “novo e vivo caminho”
para nos achegarmos ao nosso Deus Eterno.
No mundo, muitas pessoas proferem as palavras de que Cristo abriu o “novo e vivo
caminho”, mas várias delas pensam que este caminho pode ser trilhado diretamente
sem passar por Cristo, como se Cristo tivesse aberto uma estrada onde as pessoas
poderiam se achegar a Deus pelas mais diversas formas que elas viessem a pensar.
Esquecendo-se, porém, que o “novo e vivo” caminho é “vivo”, é a pessoa de Cristo, e
não uma vereda dissociada do Senhor Jesus.
Em suas poucas, mas muito profundas palavras que foram registradas
nas Escrituras, João Batista nos ensina que uma pessoa somente pode
receber o que do céu lhe é dado. E considerando que Cristo é o Único
Mediador entre Deus e os seres humanos aceito por Deus, podemos dizer
que uma pessoa somente pode receber o que lhe é dado do céu através de
Cristo Jesus.

João 3: 27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma


se do céu não lhe for dada.

Cristo veio revelar a glória de Deus ao mundo quando veio a ele em carne e como
Filho do Homem, conforme vimos nos primeiros capítulos deste estudo. Entretanto,
Cristo continua sendo o meio pelo qual Deus estabeleceu se revelar a todas as pessoas, e
assim será até o fim dos séculos no presente mundo.

João 1: 18 Ninguém jamais viu a Deus; o Filho Unigênito, que está no


seio do Pai, é quem o revelou. (RA+RC)

Tudo o que uma pessoa quer saber de fato sobre Deus, Deus o revela
através de Cristo. Tudo o que uma pessoa quer pedir a Deus,
necessariamente precisa passar por Cristo. Tudo o que uma pessoa quer
receber de Deus, Deus somente o entrega através de Cristo, pois o Pai
Celestial estabeleceu que em Cristo esteja tudo o que as pessoas necessitam
conhecer sobre Deus e receber de Deus.

Colossenses 2: 2 ... para que o coração deles seja confortado e vinculado


juntamente em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte
convicção do entendimento, para compreenderem plenamente o
mistério de Deus, Cristo,
3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos.
4 Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes.
126

5 Pois, embora ausente quanto ao corpo, contudo, em espírito, estou


convosco, alegrando-me e verificando a vossa boa ordem e a firmeza
da vossa fé em Cristo.
6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim andai nele,
7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças.
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos
do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.

João 15: 4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não


pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na
videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu,
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

Conforme veremos mais adiante ainda no presente material, quando as Escrituras


nos informam a glória de Cristo como o Rei que reina sobre tudo e sobre todos, exceto
sobre o Pai Celestial a quem Ele é sujeito, elas estão nos ensinando porque o Senhor
pode nos conceder as dádivas que Ele oferece a nós e também como Ele coordena todo
o universo para que tudo o que de Deus necessitamos possa chegar a nós de tal forma
que todas as coisas cooperem para o bem daqueles que creem no Senhor também como
o Rei, Fundamento, Intercessor e Provedor Eterno das suas vidas.

Romanos 8: 28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem


daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o
seu propósito.
29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.
30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que
chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses
também glorificou.
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem
os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós.
----

Quando as Escrituras nos informam a glória de Cristo como o Singular Sumo


Sacerdote Eterno e Rei Eterno da Justiça e da Paz, elas estão nos ensinando a posição
que o Senhor Jesus possui para que possa ouvir e responder todas as orações que as
127

pessoas de todo o mundo fazem a Ele e ao Pai Celestial, mostrando-nos também porque
Ele é habilitado a responder a todas aquelas orações que são feitas em conformidade
com a vontade de Deus.

1 João 5: 12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o
Filho de Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
14 E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos
alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.
15 E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos,
estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.
----

Por não conhecerem ou por rejeitarem a glória de Cristo também como o único
Mediador entre Deus e cada ser humano, as pessoas buscam e se entregam aos mais
diversos meios e ações inapropriados para tentarem estabelecer um relacionamento
com Deus e para tentarem obter de Deus o que elas almejam receber do Senhor.
Quando, por exemplo, as pessoas dizem que é por causa da disciplina e da
intensidade de trabalho que elas alcançam as bençãos de Deus, elas negam que é
através de Cristo e da sua graça que elas são favorecidas pelo Senhor, e acabam se
entregando a filosofias humanistas na tentativa de usá-las como caminhos de mediação
entre elas e Deus.
Similarmente, quando as pessoas declaram que alcançam os favores de Deus pelo
conhecimento que adquiriram e pelo tempo de dedicação que usaram para adquirirem
o conhecimento, elas também podem estar tentando colocar o conhecimento como
mediador entre elas e Deus, negando igualmente desta maneira a posição exclusiva de
Cristo.
Devido ao desconhecimento ou a rejeição de Cristo como o Único Mediador entre
Deus e os seres humanos, as pessoas criam imagens, idolatram animais e outros
aspectos da natureza, veneram aos seus semelhantes, e idolatram até a si próprias como
divindades no intuito de se achegarem a Deus ou a alguns atributos de divindade.
Por causa do desconhecimento ou da rejeição de Cristo como o Único Mediador
entre Deus e os seres humanos, as pessoas seguem líderes, guias, mestres, apóstolos,
profetas, sacerdotes e pastores humanos com intuito de que estes se interponham a
favor delas diante do Senhor, além de realizarem toda a sorte de sacrifícios, ofertas e
entrega de dízimos pensando equivocadamente que, através deles, poderão obter a
atenção e o favor do Deus Altíssimo.
Entretanto, tudo o que vem de Deus a uma pessoa segundo a perfeita vontade do
Senhor para ela, vem a ela por intermédio de Cristo, ainda que ela não reconheça a
Cristo pessoalmente.
Ainda que uma pessoa rejeite a Cristo em seu coração e não o reconheça como o
Senhor sobre toda a vida, o próprio fôlego da vida que ela recebe continua sendo
concedida a ela por Deus através de Cristo Jesus, conforme o texto que voltamos a
apresentar abaixo:
128

Hebreus 1: 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.
3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser,
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter
feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.
----

E retornando aqui a um ponto anteriormente comentado, salientamos mais uma vez


que somente através de Cristo é que Deus permite que sejamos reconciliados com Ele,
mas também é somente através de Cristo que podemos desfrutar da reconciliação a nós
concedida.

2 Coríntios 5: 18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.

Romanos 5: 11 E não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus


por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos,
“agora”, a reconciliação.
----

Uma vez que somente o Senhor Jesus Cristo deu a sua vida perfeita, sem
culpa ou sem pecado em favor de todos os seres humanos, o Pai Celestial
também estabeleceu que a verdade e a novidade de vida eterna que há Nele
somente sejam concedidas a todos através de Cristo Jesus.
Conforme vimos mais acima, o desejo do Pai Celestial é que todos os seres humanos
cheguem ao conhecimento da verdade, mas também já vimos que Cristo é a verdade de
Deus.
Assim, como opositor à verdade e a comunhão das pessoas com a vida eterna ou com
Deus, o diabo sabe que se uma pessoa se dirigir diretamente a Cristo para chegar ao Pai
Celestial, esta pessoa verá e entenderá a salvação de Deus, será reconciliada com Ele e
receberá a nova vida que é concedida do reino dos céus. E, por isto, o deus deste século
também luta tanto para que as pessoas não vejam a luz de Cristo refletida sobre este
fundamental aspecto do ministério de Cristo como o Único Mediador Eterno entre
Deus e os seres humanos.
Entender a oposição que há ao ministério exclusivo de Cristo como o
Mediador entre Deus e os seres humanos é crucial, pois o diabo, através de
pessoas, ensinos distorcidos e filosofias, procura introduzir vãs sutilezas
que intentam insinuar que o caminho para Deus não pode ser tão simples,
não pode ser somente pela fé em Cristo, não pode ser pelo simples fato de
uma pessoa se relacionar com o Cristo vivo em qualquer tempo e em
129

qualquer lugar, não pode ser pelo fato de Cristo estar no coração de uma
pessoa e poder atendê-la a cada instante e em todos os dias da sua vida.
Entender a oposição que há aos aspectos fundamentais dos ministérios de Cristo
pode cooperar para que um indivíduo não incorra no que é alertado no seguinte texto:

2 Coríntios 11: 3 Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se
aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.

A posição de ter somente a Cristo como o Mediador entre uma pessoa e o


seu Criador incomoda ao diabo e a muitas pessoas porque ela é uma
posição de liberdade inigualável e inestimável, e na qual nem o diabo e
nem as outras pessoas podem continuar exercendo o domínio espiritual
sobre os corações daqueles que se achegam a Deus através do Senhor
Jesus.

João 8: 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

1 Coríntios 6: 20 Porque fostes comprados por bom preço; glorificai,


pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a
Deus. (RC)

1 Coríntios 7: 23 Por preço fostes comprados por bom preço; não vos
torneis escravos de homens. (RA+RC)

Depois da vinda de Cristo ao mundo como Filho do Homem e depois da sua morte e
ressurreição, qualquer pessoa, grupo, religião ou organização que não seja o próprio
Cristo que se proponha a intermediar o relacionamento de outros indivíduos com Deus
está oferecendo um serviço falso, enganoso, contrário à vontade de Deus e o qual
nenhum deles poderá de fato realizar de forma minimamente satisfatória.
Deus somente aceita como Mediador o Único que inocentemente
assumiu a culpa de todos e morreu em favor da libertação de todos do jugo
da escravidão ocasionada pela sujeição ao pecado ou da rejeição ao Deus
Criador, pois também somente em Cristo a obra da redenção eterna pôde
ser feita uma vez para sempre.
Somente Aquele que foi enviado por Deus para fazer uma provisão única
para o perdão dos pecados de todas as pessoas é que é digno diante de Deus
de representar a todos e de representar Deus a todos.
Pessoas são chamadas por Deus para anunciarem as verdades sobre Cristo. Elas
podem pregar livremente sobre o Evangelho de Deus umas às outras e podem anunciar
o Mediador Cristo Jesus Cristo a seus semelhantes. Pessoas podem proclamar a boa
nova de que cada ser humano pode se achegar a Deus através deste Único Mediador.
Entretanto, diante de Deus, ninguém pode desempenhar o papel de mediação atribuído
exclusivamente a Cristo e também ninguém recebe de Deus o chamado para ser um
mediador do Pai Celestial para com os outros seres humanos ou vice-versa.
130

Aqueles que alegam que Deus precisa de mediadores terrenos para que as pessoas se
acheguem ao Senhor até podem vir a ter aparência de piedade. Entretanto, ao fazerem
isto, negam a posição única de Cristo como o Único Mediador plenamente capaz e
estabelecido pelo Pai Celestial para atender a todos em todos os lugares e em todas as
épocas. E, por consequência, rejeitam o testemunho do próprio Deus sobre a única
fonte de vida eterna disponibilizada para habitar no coração de todos os que creem na
novidade de vida que há no Senhor.

2 Timóteo 3: 5 ... tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o


poder. Foge também destes.

1 João 5: 11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho.

O Senhor Jesus Cristo é o caminho ou a provisão plenamente suficiente para as


pessoas se achegarem a Deus, e elas não precisam de outras pessoas, de anjos ou de
qualquer outra criação ou criatura do passado, do presente ou do futuro para poderem
realizar o acesso ao Senhor. Uma pessoa somente precisa pedir em fé ao Senhor Jesus
Cristo que Ele a acompanhe para ela se achegar ao Pai Celestial. E Cristo o fará, pois
este papel, depois da sua ressurreição, é um dos seus ministérios centrais anunciados
amplamente por Deus ao mundo.

Romanos 10: 13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo.

1 Coríntios 15: 57 Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de


nosso Senhor Jesus Cristo.

A posição ou o ministério de Cristo como o Único Mediador entre Deus e


as pessoas é, ao mesmo tempo, tão poderoso, mas também tão simples, tão
objetivo e tão direto que para muitos é difícil de ser crido, aceito e
utilizado.
Por outro lado, compreender e viver sob a condição em que Cristo é o Único
Mediador entre Deus e os seres humanos, e que não há e nunca haverá outro mediador,
é conhecer e crer em um dos aspectos mais proeminentes e imprescindíveis da glória de
Cristo e da glória de Deus.
Quando o Senhor Jesus orientou as pessoas a procurarem um lugar de alívio dos
seus cansaços e das sobrecargas da escravidão ao pecado, à carne e ao mundo, Ele não
disse para elas procurarem este lugar em templos feitos por mãos humanas e naqueles
que oficiam, ministram ou trabalham nestes templos. Pelo contrário, Cristo declarou
para as pessoas virem diretamente a Ele, pois Ele é único autorizado por Deus para
oferecer a salvação, o alívio eterno e a novidade de vida que somente do reino do céus
pode ser concedida àqueles que procuram se achegar ao Senhor.
131

Mateus 11: 27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
----

O Cristo ressurreto é o Único Mediador entre Deus e os seres humanos,


e como Ele está eternamente vivo, Ele nunca delegou e nunca delegará esta
função a nenhuma outro homem, mulher ou qualquer outra criatura, quer
no Céu, quer na Terra.
Saber que o Senhor Jesus Cristo é a luz do Evangelho da sua Glória e da
Glória de Deus, e compreender que Ele é o Único Mediador entre Deus e os
seres humanos, são, sem dúvida nenhuma, algumas das primeiras e
principais necessidades que um indivíduo, depois que é salvo em Cristo,
precisa ter resolvidas para também viver e andar em conformidade à estes
aspectos.
Não é uma pessoa via outra pessoa ou criatura que possibilita o acesso de um
indivíduo a Deus. Não é assim que Deus o estabeleceu!
O acesso pessoal a Deus ou à comunhão com Deus de qualquer indivíduo
que vive na Terra foi estabelecida por Deus para se dar mediante a fé no
Senhor Jesus Cristo e a comunhão com Ele, a qual inclusive pode ocorrer
no próprio coração de um indivíduo que já recebeu a Cristo Jesus como
Senhor em seu coração.
Conforme já comentamos, o Senhor Jesus Cristo não é somente o Mediador da
Salvação, mas Ele também é o Mediador de toda a vida que advém da salvação de Deus,
conforme exemplificado por mais alguns textos que seguem abaixo:

Hebreus 13: 15 Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre,


sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu
nome.

Efésios 1: 3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo,
4 assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor
5 nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de
Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade,
6 para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu
gratuitamente no Amado, ...

2 Coríntios 2: 14 Graças, porém, a Deus, que, em Cristo, sempre nos


conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo lugar a
fragrância do seu conhecimento.
132

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
----

Compreender que Cristo está vivo e que o seu ministério para com Deus e para
conosco engloba a posição e atuação de Mediador em todos os momentos das nossas
vidas, também faz com que não precisemos mais ficar limitados a ter somente um
conhecimento “sobre Deus”, mas permite que cada um possa “conhecer a Deus”
pessoalmente como o Deus que está sobre o cristão, com o cristão e no cristão para
guardá-lo, ajudá-lo e guiá-lo em todos os aspectos da sua vida. (Conforme também está
exposto no estudo sobre Conhecendo sobre Deus ou Conhecendo a Deus).
Tanto o que o intentamos apresentar da nossa parte perante Deus como aquilo que
vem da parte de Deus para nós somente pode ser realizado através do Singular
Mediador estabelecido pelo próprio Deus, a saber: O Senhor Jesus Cristo.
E se estamos mantendo a comunhão com Deus através de Cristo, efetivamente
estamos mantendo a comunhão com o nosso Criador.
Assim como a carência da luz do Evangelho da Glória de Deus leva as
pessoas à sujeição à cegueira no que se refere aos demais aspectos da
glória de Deus e de Cristo que nos são oferecidos no Evangelho, assim
também a lacuna no relacionamento de uma pessoa com Cristo, como o
Mediador entre Deus e esta pessoa, resulta na carência da comunhão dela
com os demais aspectos que Deus lhe oferece através do mesmo Evangelho.
Cristo é a boa nova central do Evangelho. Cristo é a dádiva central do
Evangelho. Entretanto, Cristo também é Aquele através de quem as demais
boas novas e dádivas do Evangelho são entregues, ao longo de toda a vida,
àqueles que creem em Cristo como o seu Senhor e como o Mediador de
Deus para com elas.
Quando uma pessoa entende que Cristo é o seu Único Mediador e passa
a viver segundo este entendimento, o próprio Senhor Jesus Cristo se
encarregará de conduzir esta pessoa adiante no conhecimento de Deus e
nas riquezas da glória que há Nele e nos seus outros ministérios.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.

João 4: 14 Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais
terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a
jorrar para a vida eterna.
133

João 6: 35 Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem


a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.
----

Quando lemos sobre o exemplo do encontro de Saulo com Cristo, a partir do ponto
em que Saulo passou a ser chamado mais frequentemente de Paulo, podemos notar que
Cristo falou com ele ainda em sua posição de incrédulo. Na sequência, porém, vemos
que o próprio Cristo instruiu Paulo a aguardar a visita de Ananias, com quem o Senhor
também falara a respeito de Paulo. Ananias era um cooperador de Cristo, mas tanto
Paulo, que recém encontrara com Cristo, como Ananias eram instruídos primeiramente
pelo Senhor. Era Cristo quem os ouvia e falava a ambos sobre o que deveriam fazer
conjuntamente.
Assim, concluindo este capítulo, ressaltamos que crer em Cristo como o Único
Mediador e viver segundo esta verdade também leva-nos a sermos aprofundados no
conhecimento dos outros ministérios de Cristo, através dos quais o Senhor nos mostra
e ensina como Ele realiza de forma prática e tangível a intermediação para a qual Ele foi
separado pelo Pai Celestial a nosso favor.
Quando um indivíduo crê em Cristo, como o seu Mediador para com o
Pai Celestial, Cristo também o conduz a compreender e experimentar quais
são os outros ministérios que Ele exerce em favor desta pessoa para que
ela possa ter um acesso crescente a Deus e para que possa receber de Deus
tudo o que necessita para a nova vida que lhe foi concedida através do
Evangelho Eterno do Senhor.

João 4: 23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros


adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são
estes que o Pai procura para seus adoradores.
24 Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade.
25 Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado
Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.
26 Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.
...
42 e diziam à mulher: Já agora não é pelo que disseste que nós
cremos; mas porque nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é
verdadeiramente o Salvador do mundo.

1 Timóteo 2: 5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e


os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.
134

C15. A Glória Daquele que Tira o Velho e Estabelece o Novo


Uma vez que anteriormente já foi visto que Cristo é a “luz do Evangelho da Glória do
Senhor” e também o “Único Mediador entre Deus e cada um dos seres humanos”,
entendemos ser muito relevante realizar um aprofundamento maior sobre alguns
outros detalhes dos ministérios de Cristo, com o firme propósito de conhecermos mais
sobre como o Senhor realiza de forma prática as funções de Senhor, Justiça, Paz,
Salvação, Graça, Salvador, Mediador e outras a nosso favor.
Quando mencionamos que ainda há uma necessidade de um conhecimento e
entendimento mais amplo da glória de Cristo e da glória de Deus em outras funções ou
ministérios, não o fazemos no sentido de que já não temos tudo o que necessitamos nos
atributos de Cristo que comentamos no parágrafo anterior, mas no sentido de que
também necessitamos conhecer, de forma prática, os ministérios do Senhor Jesus
Cristo através do quais Ele nos estende aquilo que Ele nos mostra em suas posições de
nosso Senhor, Luz, Mediador e assim por diante.
Conforme também já foi mencionado, devido ao ministério de Cristo ser a luz da sua
própria glória e da glória de Deus, e pelo fato Dele ser o Singular Mediador entre o Pai
Celestial e os seres humanos, nós podemos ver e acessar a glória e os benefícios da sua
salvação, amor, justiça, paz, poder e do cumprimento das suas promessas. Entretanto,
estes ministérios de luz e mediação necessitam de outros ministérios ou ações ainda
mais específicos para que as revelações e dádivas de fato cheguem às nossas vidas.
Se uma pessoa, por exemplo, não tem acesso ao ministério de Cristo, onde Cristo é a
luz para que ela veja o que lhe é oferecido no Senhor, ela fica sujeita a não enxergar
aquilo que já lhe está disponível em Cristo mediante fé. Similarmente, se uma pessoa
não tem acesso a Cristo como o Mediador das dádivas celestiais, ela fica sujeita a
permanecer na carência destas. Entretanto, ainda que a pessoa tenha acesso Cristo
como a luz e como o Singular Mediador, a luz e o ministério de Mediador se
manifestam também por outros aspectos ainda mais tangíveis para que venham a
expressar os seus efeitos em relação às pessoas.
A carência de muitas pessoas em relação à glória de Deus nem sempre está no fato
delas não terem a informação de que Cristo veio ao mundo para se manifestar como
Salvador, Senhor, Luz e Mediador para salvá-las e que elas, através desta salvação,
podem ter acesso ao amor, justiça, paz, graça e poder de Deus.
A carência da glória de Deus, muitas vezes, reside no fato das pessoas
não saberem e não conhecerem o que o Senhor se propõe a fazer em suas
vidas e como Ele o faz para que os aspectos da sua glória realmente passem
a atuar em seu favor.
Depois que uma pessoa vem a conhecer que Deus estabeleceu a Cristo como a fonte
da novidade de vida que vem do reino dos céus e de tudo o que acompanha esta vida,
um próximo passo muito significativo a ser compreendido está associado à como ocorre
o relacionamento prático com esta fonte, pois sem uma comunhão real com o Senhor,
um indivíduo pode até ter informações a respeito da fonte de vida, mas ainda assim
permanecer na ignorância de como as mudanças provindas do Senhor poderão ocorrer
em sua vida.
Além disso, devido à falta de conhecimento de como o Senhor pode atuar em relação
a elas, algumas pessoas podem dar lugar a um temor em relação a este aspecto e o qual
135

pode inclusive levá-las a optarem em se absterem de um relacionamento mais próximo


com a fonte de novidade de vida eterna.
Em diversos aspectos, o conhecimento dos ministérios mais práticos ou
mais tangíveis através dos quais Cristo repassa efetivamente a novidade de
vida celestial, as dádivas e as ações de transformações na vida de um
indivíduo é até mais importante do que o conhecimento detalhado sobre
algumas dádivas que uma pessoa pode encontrar no Senhor, pois sem o
relacionamento funcional com os meios através dos quais o Senhor
entrega as suas dádivas às pessoas ou as conduz a serem transformadas,
elas ainda podem continuar em condição de carência destas dádivas.

João 5: 39 Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida


eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
40 Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.
41 Eu não aceito glória que vem dos homens;
42 sei, entretanto, que não tendes em vós o amor de Deus.
43 Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em
seu próprio nome, certamente, o recebereis.
44 Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros e,
contudo, não procurais a glória que vem do Deus único?
45 Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é
Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança.
46 Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim;
porquanto ele escreveu a meu respeito.
47 Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas
palavras?

A ênfase central de todo o ministério de Cristo para com as pessoas que ainda
habitam no mundo está muito clara. E as Escrituras, vez após vez, nos mostram que
esta ênfase central se refere à concessão real, efetiva ou prática da vida do reino de
Deus para todos aqueles que creem no Filho Amado que o Pai Celestial lhes oferece
através do Evangelho, o que também foi confirmado repetidamente pelo próprio
Senhor Jesus Cristo enquanto estava em carne no presente mundo.

João 10: 10 O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu


vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

João 8: 12 De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo;


quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da
vida.

João 11: 25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê


em mim, ainda que morra, viverá;
26 e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente.
Crês isto?
136

Os relatos das Escrituras a respeito de Cristo foram feitos para que as pessoas
também no presente venham a crer no Senhor Jesus Cristo e para que pratiquem a
comunhão de forma viva e real com o Cristo ressurreto, vivo e eterno, bem como para
que se relacionem efetivamente com os ministérios que o próprio Cristo exerce nos dias
contemporâneos.
Portanto, quanto ao aspecto de avançar para um aprofundamento e uma
continuidade no crescimento sobre o conhecimento dos ministérios que o Senhor
exerceu e continua exercendo especificamente em favor das pessoas que Nele creem,
gostaríamos de avançar, neste capítulo, mais especificamente sobre a glória de Cristo
como Aquele que “tira o velho ou o primeiro” e “estabelece o novo ou o segundo”.
Um dos aspectos centrais da ação de Cristo quando veio ao mundo, como Filho do
Homem, é que o Senhor veio para cumprir tudo o que era necessário ser cumprido para
nos oferecer a salvação eterna. Entretanto, Cristo também veio para cumprir o que era
necessário para que muitos conceitos, condutas ou práticas que ao longo dos séculos se
tornaram equivocadas ou antiquadas pudessem ser removidas ou encerradas na vida
daqueles que aceitassem a salvação oferecida por Deus, conforme exemplificado a
seguir:

1Pedro 1: 17 E, se invocais por Pai aquele que, sem acepção de pessoas,


julga segundo a obra de cada um, andai em temor, durante o tempo
da vossa peregrinação,
18 sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro,
que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por
tradição, recebestes dos vossos pais,
19 mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro
imaculado e incontaminado,
20 o qual, na verdade, em outro tempo, foi conhecido, ainda antes da
fundação do mundo, mas manifestado, nestes últimos tempos, por
amor de vós;
21 e por ele credes em Deus, que o ressuscitou dos mortos e lhe deu
glória, para que a vossa fé e esperança estivessem em Deus. (RC)

Romanos 6: 6 Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o
pecado como escravos;

No estudo sobre O Evangelho da Salvação, nós procuramos expor de que um aspecto


central da salvação provinda de Deus sempre faz referência a tirar a pessoa a ser
redimida de uma condição de “não salva” para colocá-la em uma condição de “salva”, o
que, evidentemente, envolve troca de situações, princípios, contextos e práticas.
Assim, quando o Senhor Jesus veio em carne ao mundo a fim de fazer a provisão
para que a salvação de Deus pudesse ser oferecida a todos os seres humanos, Ele
evidentemente também trouxe a possibilidade de as pessoas poderem alcançar um
novo contexto de vida principalmente no que concerne aos seus corações, pois se o
Senhor tivesse feito uma provisão de salvação para que as pessoas ficassem exatamente
na mesma condição de quando não eram salvas, principalmente em seu estado interior,
Ele na realidade não estaria oferecendo uma real salvação.
137

Colossenses 1: 9 Por esta razão, também nós, desde o dia em que o


ouvimos, não cessamos de orar por vós e de pedir que transbordeis
de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e
entendimento espiritual;
10 a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro
agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno
conhecimento de Deus;
11 sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua
glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,
12 dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da
herança dos santos na luz.
13 Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o
reino do Filho do seu amor,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Este (Filho) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele.
17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.

Se Cristo veio ao mundo para fazer a provisão para a reconciliação das pessoas com
Deus através da fé Nele, na sua obra de justiça na cruz do Calvário e no Pai Celestial
que o enviou, todo este conjunto de ações não faria sentido se Cristo também não lhes
oferecesse um caminho novo de reconciliação e se Deus não declarasse nulo os
caminhos pelos quais as pessoas tentaram chegar ao Senhor ao longo das suas vidas e
mediante os quais nunca o conseguiram fazer.
Quando Cristo veio ao mundo para oferecer a salvação a todos os seres humanos e se
manifestar como o Salvador de todos aqueles que Nele creem, Ele veio manifestar o
caminho pelo qual as pessoas poderiam ser salvas, mas também para expor ou tornar
claro os caminhos pelos quais as pessoas jamais alcançariam esta salvação.
A revelação do Senhor Jesus Cristo como “o novo, vivo e único caminho”
para a reconciliação e comunhão com Deus é também, ao mesmo tempo,
uma revelação oficial da não validade ou da proclamação da inutilidade de
todos os outros caminhos pelos quais as pessoas procuravam alcançar a
reconciliação com Deus, mas pelos quais nunca obtiveram êxito no
objetivo que intentavam alcançar.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

Considerando, porém, que o caminho que Cristo veio oferecer para a salvação das
pessoas também implica em mudanças que ocorrem primeiramente no coração de cada
indivíduo, algumas das principais mudanças que Cristo quer realizar através aquilo que
Ele quer “tirar” e algumas das principais mudanças que Cristo quer realizar através do
138

que Ele veio “estabelecer” nem sempre são tão claramente percebidas por aqueles que
querem compreender a salvação somente no nível natural ou superficialmente.
A compreensão de que aquilo que Cristo fez através da sua obra na cruz Calvário e
da sua ressurreição quanto ao estabelecimento de um novo e vivo caminho, assim como
quanto à declaração de nulidade de qualquer outra alternativa, também precisa
abranger o entendimento de que esta ação histórica feita por Cristo somente se torna
uma experiência firmemente estabelecida em uma pessoa se ela receber a Cristo em seu
coração e se ela permitir que Cristo, na sequência, remova o velho também do seu
coração para ali estabelecer cada vez mais o novo.
Portanto, a não compreensão de que Cristo veio para tirar ou remover aquilo que
não é compatível com a salvação e com a nova vida em Deus que Ele oferece, e, da
mesma forma, a não compreensão daquilo que Cristo veio estabelecer para esta
novidade de vida, podem vir a se tornar em empecilhos que se interpõem fortemente
para que as pessoas não cheguem a experimentar de fato aquilo que lhes está disponível
em Cristo.
Se uma pessoa, por exemplo, estava acostumada a praticar a tentativa de um
relacionamento com Deus através de mediadores humanos, imagens, deuses ou através
das suas práticas e ofertas religiosas que realizava antes de chegar a conhecer a Cristo
pessoalmente, a partir do conhecimento de Cristo, esta pessoa é chamada a deixar os
caminhos ou ações praticados anteriormente e é chamada a seguir somente a nova
maneira pela qual Cristo a quer instruir e dar direção para a sua vida.
As maneiras velhas ou antiquadas usadas nas tentativas de alcançar um
relacionamento com Deus, herdadas por tradições, culturas ou lideranças humanas,
não são compatíveis com o novo e vivo caminho que Cristo veio estabelecer na vida de
cada pessoa.
E por mais que as pessoas procurem enaltecer, preservar ou até idolatrar as suas
culturas e tradições, aquilo que se opõe ao querer de Deus e ao relacionamento com
Deus através do Senhor Jesus Cristo e do Espírito do Senhor necessita ser afastado das
práticas de vida daqueles que querem andar segundo a vontade do Senhor.

2Coríntios 6: 14 Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis;


porque que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão
tem a luz com as trevas?
15 E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel
com o infiel?
16 E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós
sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e
entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. (RC)

Quando um indivíduo crê em Cristo e que o Senhor na sua glória


também é Aquele que tira o velho para estabelecer o novo, tira o que é
antiquado ou obsoleto em relação à forma como Deus quer se relacionar
com cada pessoa, o Senhor também ensinará e conduzirá este indivíduo
especificamente sobre o que ele precisa remover da sua vida a fim de ser
estabelecido cada vez mais no singular caminho da vida eterna.
Quando uma pessoa se relaciona com Cristo também no imprescindível
aspecto do seu ministério de tirar o velho para estabelecer o novo, o
139

próprio Senhor purifica aquele que Nele crê das práticas que constituem
em caminhos sem proveito ou caminhos de perdição, assim como também
o estabelece nas práticas que constituem o caminho da salvação e de
novidade de vida eterna.

Hebreus 9: 14 ... muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito


eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a
nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!

Salmos 139: 23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e


conhece os meus pensamentos;
24 vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho
eterno.

A intervenção de Cristo como Salvador e Senhor de uma pessoa não se


refere à disponibilização de um conjunto de ações através dos quais o
Senhor vem abençoar as pessoas sob as mesmas práticas de busca ao
Senhor que elas tentavam realizar antes de conhecerem a Cristo e através
das quais estavam seguindo um caminho de morte e destruição eterna.
A intervenção de Cristo como Salvador e Senhor a favor de uma pessoa é
concedida para uma novidade vida estabelecida em novas práticas, mas
que também envolve o abandono de práticas antigas por mais apreço que
uma pessoa tenha tido por elas antes de se achegar a Deus através de
Cristo.
Quando vemos o exemplo de Paulo, quando ele ainda era mais conhecido pelo nome
Saulo, podemos ver o quão zeloso ele era na busca do cumprimento da lei de Moisés.
Entretanto, quando Saulo se encontrou com Cristo, o Senhor lhe mostrou que a prática
de seguir aquela lei jamais poderia salvá-lo. Ainda que Saulo estivesse muito habituado
e, talvez, até gostasse muito de seguir os preceitos da lei da antiga aliança, esta prática
jamais poderia levá-lo ao objetivo almejado.
Entretanto, como Paulo creu em Cristo e seguiu as suas instruções, o Senhor abriu
os olhos de Paulo, iluminou o seu entendimento e tirou do seu coração o apego,
devoção ou zelo por obras mortas e às quais ele tanto se dedicara por tantos anos da sua
vida, mostrando-lhe, em contrapartida, o quão mais sublime era o novo e vivo caminho
que agora ele poderia viver “em Cristo”.
Vejamos abaixo algumas palavras que o próprio Paulo pronunciou a respeito das
mudanças em sua vida em relação aos seus caminhos antigos depois que ele conheceu o
caminho eterno e sublime que há exclusivamente no Senhor Jesus Cristo:

Filipenses 3: 4 Bem que eu poderia confiar também na carne. Se


qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
5 circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de
Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu,
6 quanto ao zelo, perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na
lei, irrepreensível.
7 Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de
Cristo.
140

Pelo fato de Paulo crer em Cristo e reconhecer o ministério “Daquele que remove o
velho e estabelece o novo”, ele experimentou a vivificação do seu espírito em Cristo,
mas ele também experimentou a renovação do seu entendimento, ao ponto de declarar,
em outro texto, as seguintes formosas e muito significativas palavras:

2 Coríntios 5: 17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as


coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.

Quanto ao deixar o velho e quanto a receber o novo, Paulo aceitou o tempo e o modo
que Deus estabelecera para falar com ele tanto a respeito da novidade de vida revelada
em Cristo Jesus como a remoção do tempo e o modo que não tinha mais validade para
a sua vida, bem como para todas as pessoas do mundo.
Quando Paulo teve os olhos do seu entendimento iluminados sobre a revelação do
Filho de Deus também como o Cristo Mediador da sua relação com Deus, ele
prontamente também aceitou a remoção do que precisava ser tirado diante do novo que
lhe fora revelado.
Em outras palavras, Paulo recebeu o novo que lhe era oferecido em Cristo e foi
estabelecido nele porque ele também aceitou a remoção de tudo aquilo que não estava
de acordo com o novo que lhe foi oferecido.
E ainda, Paulo não tentou conciliar, misturar ou combinar o velho com o novo,
aceitando também a seguinte instrução que o Senhor declarou aos seus apóstolos
enquanto ainda estava em carne no mundo:

Lucas 5: 36 Também lhes disse uma parábola: Ninguém tira um pedaço


de veste nova e o põe em veste velha; pois rasgará a nova, e o
remendo da nova não se ajustará à velha.
37 E ninguém põe vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo
romperá os odres; entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão.
39 E ninguém, tendo bebido o vinho velho, prefere o novo; porque
diz: O velho é excelente.

Após ter sido ensinado pelo Senhor Jesus sobre o que deixar para trás e sobre o que
era necessário ou fundamental para ser estabelecido em sua vida, Paulo, inspirado pelo
Espírito Santo, nos escreve em suas cartas, e ainda com outras palavras, o mesmo
ponto que Cristo já nos anunciara nos versos acima, conforme podemos ver a seguir:

Romanos 6: 6 Sabendo isto: que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e não sirvamos o
pecado como escravos.

Efésios 4: 22 ... no sentido de que, quanto ao trato passado, vos


despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as
concupiscências do engano,
23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,
141

24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e


retidão procedentes da verdade.

Colossenses 3: 9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes
do velho homem com os seus feitos
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em
todos.
----

Quando as pessoas não percebem aquilo que Cristo veio introduzir como
parte da sua salvação, assim como também aquilo que Cristo veio declarar
como não tendo validade para esta mesma salvação, elas também ficam
sujeitas a não ver aquilo que Cristo quer remover diante dos olhos do
entendimento dos seus corações e nem aquilo que Cristo quer estabelecer
como novidade de vida em seus corações.

2 Coríntios 3: 13 E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face,
para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se
desvanecia.
14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje,
quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece,
não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o
coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
----

Quando as pessoas não deixam aquilo que deveria ser abandonado ou removido, elas
podem se colocar em uma posição onde ficam privadas de experimentar o que já
poderiam estar desfrutando.
Entretanto, como é que as pessoas reconhecerão e distinguirão o que deve ser
removido se não creem que as suas vãs maneiras de viver precisam ser deixadas para
trás ou se não conhecem o fato de que na glória do ministério de Cristo se encontra o
estabelecimento do que precisa ser estabelecido, mas também a remoção daquilo que
deve ser removido?
Como as pessoas reconhecerão e distinguirão o que é o velho, o primeiro e a antiga
aliança que deve ser removida se nem sabem o conteúdo ao qual estas expressões se
referem?
142

Como as pessoas saberão deixar para trás o que já deveria ter sido abandonado se
nem ao menos conhecem os pontos básicos daquilo que Cristo veio remover, bem como
daquilo que Ele veio estabelecer?
Como as pessoas reconhecerão e distinguirão a instrução de Cristo às suas vidas
sobre o que deixar e sobre o que estabelecer se elas permanecem sujeitas às tentativas
de relacionamento com Deus que já não são autorizadas pelo Senhor ou se elas
permanecem fazendo uso destas tentativas equivocadas em vez de se submeterem, pela
graça e misericórdia celestial, à única maneira que efetivamente pode firmar o
relacionamento das pessoas com o Senhor em todos os momentos e locais das suas
vidas de agora e para sempre?
Quando as Escrituras mencionam que parte do ministério do Senhor
para conosco é realizar “o fim da lei”, que Ele é o Singular Mediador entre
Deus e os seres humanos, que Ele é o Mediador de uma nova aliança e que
o Senhor veio remover o primeiro para estabelecer o segundo, elas não
descrevem os textos relacionados a estas expressões somente para adornar
as Escrituras com palavras de sabedoria humana.
Conforme os exemplos abaixo, quando as Escrituras atribuem a Cristo o ministério
que traz à luz o novo e remove ou torna obsoleto aquilo que se opõem ao novo, elas o
fazem porque há verdades incluídas em cada uma destas referências que são
necessárias para o conhecimento ou compreensão daqueles que querem experimentar
mais amplamente a vida que Cristo lhes oferece.

Hebreus 8: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.

Hebreus 9: 15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim


de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que
havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna
herança aqueles que têm sido chamados.

Hebreus 12: 24 E a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da


aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.

Hebreus 10: 5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não
quiseste; antes, um corpo me formaste;
6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
----
143

Quando as Escrituras nos informam que há aspectos da vida que precisam ser
removidos, mas também que há novos aspectos que precisam ser estabelecidos, elas o
fazem para que também venhamos a compreender que a ação de Cristo em relação a
estes aspectos são para o nosso benefício ainda que estas ações venham a requerer de
nós uma dedicação para compreender de forma mais profunda os ministérios que
Cristo exerce a nosso favor em nossos dias, conforme comentamos no início deste
capítulo.
Se um indivíduo realmente tiver fome e sede das verdades de Deus, ele
não permitirá que as coisas temporais da vida roubem dele o crescimento
naqueles aspectos que são vitais também para a sua vida eterna.

Colossenses 2: 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do


mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças:
21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquele outro,
22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas
estas coisas, com o uso, se destroem.
23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm
valor algum contra a sensualidade.
3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai
as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
----

A experiência de viver e andar em Cristo e com Cristo, como Ele sendo


Aquele que tem na sua glória o ministério de também ser Aquele que tira o
que precisa ser tirado e estabelecer aquilo que precisa ser estabelecido, é
algo verdadeiramente libertador, um benefício sobremodo excelente e um
aspecto que não poderá ser compreendido por aqueles que não creem e
não se relacionam com Cristo também nesta área do seu ministério.

João 8: 31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós
permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus
discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
...
36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
----

Compreender aquilo do que nós precisamos ser tirados, aquilo que


precisa ser tirado de nós e confiar em Cristo para que Ele nos guie neste
processo, conduz a uma experiência de liberdade que somente há Naquele
que também tem todos os ministérios concedidos por Deus para realizar a
libertação de forma plenamente satisfatória de todos aqueles que creem
nesta parte da glória do Senhor Jesus.
144

Nos próximos capítulos, objetivamos, então, detalhar mais alguns dos aspectos não
condizentes à vida em Cristo e das quais Cristo quer nos libertar, bem como aqueles
aspectos nos quais o Senhor quer nos estabelecer. Entretanto, não gostaríamos de
avançar em direção a este maior detalhamento desta libertação sem previamente
ressaltar o quão crucial é esta libertação e a posição e o ministério do Senhor Jesus
Cristo também referente a este quesito.
Somente através de Cristo e em Cristo é que uma pessoa alcança a
compreensão daquilo que ela precisa deixar, daquilo do qual ela precisa
ser tirada e no que ela precisa ser estabelecida a fim de experimentar para
sempre a novidade de vida eterna que lhe é concedida no Senhor.
Aquilo que o Senhor Jesus Cristo propõe para que seja tirado do coração
de uma pessoa ou abandonado por ela, o Senhor o faz para que esta pessoa
possa se desvencilhar de fundamentos falsos de vida e para que ela possa
ser estabelecida sobre o único fundamento que é firme para sustentá-la
por todos os dias da sua vida na Terra e também para toda a eternidade.

1 Coríntios 3: 10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o


fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele.
Porém cada um veja como edifica.
11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi
posto, o qual é Jesus Cristo.

Deus estabeleceu que o conhecimento da sua glória seja alcançado


através de dons concedidos em Cristo, mas também através de serviços que
Cristo objetiva realizar em nosso favor e em nós, como, por exemplo,
iluminar o nosso entendimento, ser o nosso Mediador para com Deus e
atuar como Aquele que tira o velho e estabelece o novo.
E tudo isto, ainda, para que venhamos a saber que a excelência do poder é de Deus, e
não de nós ou de qualquer outra criatura como tantas vezes os seres humanos tentaram
insinuar ou propagar através de várias culturas humanas que têm o objetivo de não
reconhecerem a glória do seu Único Criador e Deus Eterno.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a
excelência do poder seja de Deus e não de nós.
145

C16. A Glória Daquele que Tira o Primeiro e Estabelece o


Segundo

A. A Importância de Compreender Mais Detalhadamente o


Ministério de Cristo que Possibilitou Remover o Primeiro e
Estabelecer o Segundo

Hebreus 10: 7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está
escrito a meu respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.

Embora o título deste novo capítulo seja similar ao do capítulo anterior, o tema a ser
abordado a seguir objetiva tratar de uma ênfase mais específica de um dos aspectos que
globalmente estão contemplados nos conceitos do capítulo anterior.
Apesar do ministério de Cristo em tirar o velho para estabelecer o novo abranger o
auxílio do Senhor em todo o tipo de situações relacionadas à nova vida oferecida pela
salvação de Deus àqueles que Nele creem, podemos observar que as Escrituras não se
limitam somente a mostrar uma ênfase generalizada daquilo que precisa ser removido e
daquilo que precisa ser estabelecido.
À medida em que avançamos no conhecimento sobre os múltiplos
ministérios de Cristo, também passamos a poder ver mais detalhes do que
Cristo realizou e realiza na vida daqueles que crescem na vida de fé que é
de acordo com o Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo.
Quando as Escrituras passam da menção genérica ou global dos ministérios e das
ações de Cristo a nosso favor para uma consideração mais específica sobre eles, como é
a menção em relação a remover o primeiro e estabelecer o segundo, elas nos sinalizam
que o conhecimento geral da atuação do Senhor também necessita vir a se tornar um
conhecimento e uma experiência mais detalhada ou específica, ainda que em um
primeiro momento estes termos possam soar pouco familiares.
Quando as Escrituras passam a pormenorizar alguns pontos sobre os
ministérios e as ações de Cristo, elas o fazem porque também nos detalhes
da atuação do Senhor a nosso favor encontram-se manifestos aspectos que
são imprescindíveis para o nosso crescimento e estabelecimento na nova
vida recebida através da salvação celestial a nós estendida.
Em um primeiro momento, a pessoa que eminentemente necessita da salvação de
Deus talvez somente precisará saber como alcançar esta salvação em Cristo para passar
a experimentá-la ainda em tempo oportuno. Entretanto, após receber a salvação
também é razoável que esta pessoa passe a conhecer e a aprofundar-se na vida sob a
146

salvação que ela recebeu, o que, igualmente, ocorre em relação ao conhecimento


daquilo que precisa ser removido e do que precisa ser estabelecido em sua na vida.
As Escrituras nos mostram abordagens genéricas e amplas do que o Senhor realizou
e se propõe a realizar em nossas vidas para que possamos ver com clareza quais são os
grandes e principais propósitos das suas ações e de suas dádivas para conosco.
Entretanto, as Escrituras também nos mostram as abordagens mais específicas e
detalhadas de como o Senhor age para que cada um dos seus propósitos possa vir a ser
plenamente concretizado.
O uso combinado de abordagens genéricas em conjunto com as abordagens mais
específicas e detalhadas é algo não somente útil, mas também necessário, e o qual
também é realizado diariamente pelas pessoas no mundo nas suas mais diversas
atividades.
Quando, por exemplo, um pai e uma mãe instruem os filhos a irem para a escola,
eles procuram passar aos seus filhos a ideia global daquilo que o ir para a escola visa
acrescentar à vida deles. Entretanto, os pais também sabem que é na frequência à
escola e na abordagem detalhada do dia-a-dia, através de diversas atividades, que a
ideia global proposta aos filhos pode vir a se tornar em uma experiência e realidade
pessoal em suas vidas. É também no convívio com os detalhes de cada dia que os
propósitos genéricos propostos aos filhos ganham vida e podem ser efetivamente
alcançados.
Assim, entendemos que a introdução que estamos procurando apresentar no início
deste capítulo é de grande relevância devido à importância que pode haver na
compreensão mais detalhada do que vem a ser o primeiro a ser removido e o que vem a
ser o segundo a ser estabelecido, pois certamente a compreensão mais ampla destas
duas expressões também pode vir a representar uma grande contribuição esclarecedora
em relação a vários aspectos centrais para a vida de uma pessoa após o recebimento da
salvação concedida a ela segundo o Evangelho de Deus.
Sem a compreensão mais detalhada do que vem a ser o primeiro que deveria ser
removido e o segundo que deveria ser estabelecido, e sem a comparação entre eles
para perceber as principais diferenças que há entre estes dois conjuntos de instruções
de vida, uma pessoa poderá ficar exposta a pensar que a combinação dos preceitos do
primeiro com o segundo é também perfeitamente aceitável, ficando, assim, alheia à
percepção de que um é extremamente incompatível com o outro a despeito de ambos
estarem descritos ou contemplados no mesmo compêndio chamado de Escrituras.
Conhecer o fato de que a vontade do Pai Celestial, a qual Cristo veio realizar no
mundo através da sua crucificação e ressurreição, também contempla precisamente a
remoção do primeiro para o estabelecimento do segundo pode vir a ser vital para o
crescimento na vida cristã, pois também é nesta vontade que o cristão é estabelecido
para que venha a estar cada vez mais alinhado com Deus e santificado (separado) no
Senhor para que também venha a viver e andar na vontade de Deus para a sua vida,
conforme nos é exposto na continuidade do texto citado na introdução deste capítulo:

Hebreus 10: 9 Então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a
tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
147

Apesar da compreensão do que vem a ser o primeiro a ser removido e o que vem a
ser o segundo a ser estabelecido talvez vir a requerer um grau de dedicação maior do
que alguns outros temas sobre a vida cristã, os benefícios para aquele que no Senhor
alcança a realização desta tarefa são imensuráveis e indescritíveis, assim como é toda a
vontade de Deus.
Além disso, lembramos, ainda, que o Senhor não nos deixou sozinhos na referida
tarefa, mas enviou-nos o Consolador para ser o nosso guia em todos aspectos da sua
vontade e da verdade.

Romanos 12: 2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-
vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual
seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Salmos 25: 5 Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da


minha salvação, em quem eu espero todo o dia.

João 16: 13 Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.
----

Para que a remoção do primeiro e o estabelecimento do segundo


pudessem vir a ser realizados e oferecidos a nós como um caminho para a
novidade de vida no nosso Senhor e Criador, foi da vontade de Deus, e
também necessário, que Cristo oferecesse o seu corpo ou a sua vida como
uma oferta viva a ser sacrificada, crucificada ou morta em nosso lugar.
Seria muito, então, requerer de um cristão que ele, ao menos, se
dedicasse a ouvir ao Espírito do Senhor e as Escrituras do Pai Celestial
para compreender de forma mais detalhada aquilo que custou tão alto
preço ao nosso Senhor Eterno e que foi feito para o próprio benefício deste
cristão?
148

B. O Tema Central tanto no que é Chamado Primeiro como no


que é Chamado Segundo

Para avançar de forma mais específica na questão do que é chamado de primeiro e


do que é chamado de segundo, estamos apresentando abaixo o texto base citado na
parte inicial deste capítulo mais uma vez, acrescido, porém, de mais dois versos:

Hebreus 10: 5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não
quiseste; antes, um corpo me formaste;
6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

O que, então, vem a ser esta referência que Cristo fez a um primeiro e a
um segundo e quando disse ao Pai Celestial que Ele viera ao mundo, como
o Filho do Homem e no corpo que o Senhor lhe preparou, para cumprir a
vontade de Deus e para anunciar que não eram sacrifícios e holocaustos
que Deus procurava para que as pessoas pudessem se reconciliar com o
seu Criador?
O que a referência à remoção de um primeiro para o estabelecimento de
um segundo nos mostra de tão significativo ao ponto de uma pessoa poder
vir a ser separada (santificada) para o Senhor a fim de também vir a
conhecer a vontade de Deus para a sua vida?
Fazer a menção das perguntas dos parágrafos anteriores no início da abordagem
mais específica do que vem a ser o primeiro e o segundo não é somente um mero
exercício de uma expressão didática. Ela nos parece ser crucial uma vez que os próprios
versos da Bíblia, colocados em referência no início deste tópico, não explicitam
diretamente aquilo ao qual os termos primeiro e segundo estão se referindo, o que, por
sua vez, pode levar aos leitores destes versos a simplesmente, mas também
infelizmente, não perceberem a grandeza daquilo ao qual eles estão fazendo referência.
Se há a menção de um primeiro e também de um segundo, esta menção
obviamente deve estar fazendo referência a algum tema central comum
entre eles. Entretanto, se não soubermos o tema ao qual os dois pontos se
referem, também aquilo que é referenciado ao primeiro e ao segundo
dificilmente será compreendido.
Quando um primeiro e um segundo são mencionados, isto nos mostra
que há diferenças entre eles, inclusive quanto ao fato de que um vem antes
do outro, mas também nos revela que os dois são uma variação de um tema
comum a ambos a tal ponto de serem ordenados um após o outro.
149

Se, por exemplo, um casal vem a ter um segundo filho, este filho é distinto do
primeiro, recebe um nome distinto e é tratado como uma pessoa distinta. Entretanto, o
fato dele ter sido recebido na mesma família também faz com que ele esteja associado a
alguns temas comuns ao primeiro filho ou ao seu irmão tais como: filiação, família,
herança e etc.
Assim, o fato de não haver uma explicação mais específica do que vem a ser o
primeiro e o segundo nos próprios versos de Hebreus que citamos acima não nos
impede de saber o tema central ao qual eles estão associados.
Se nos versos específicos apresentados acima não encontramos a explicação do tema
central ao qual o primeiro e o segundo estão associados, no livro no qual os versos
referenciados aparecem, certamente, teremos a informação da qual necessitamos, pois
as Escrituras não iriam nos deixar desamparadas em um assunto de tão grande
relevância e através do qual o Senhor Jesus nos auxilia a podermos estar alinhados com
a vontade de Deus ou sermos santificados (separados) no Senhor.
Quando nas Escrituras não nos é concedida uma compreensão direta de um tema
em algum verso específico, a averiguação do contexto do livro no qual o verso se
encontra torna-se ainda mais imprescindível e pode vir a nos servir de grande apoio.
Portanto, se os versos que foram expostos no início deste tópico ainda não nos
mostram diretamente aquilo ao qual eles estão se referenciando, o livro de Hebreus, no
qual os versos estão inseridos, por sua vez, nos revela repetidamente e abundantemente
qual é o tema central ao qual o chamado primeiro e o chamado segundo estão
associados, conforme exemplificamos abaixo:

Hebreus 1: 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.
----

Embora o tema central do livro de Hebreus também possa ser visto sob a ótica de
uma troca de uma aliança ou de um primeiro pacto para um segundo pacto entre Deus
e os seres humanos, que de certa maneira também é outra maneira de fazer referência
ao assunto central do livro de Hebreus, o tema central a ser descortinado para que
possamos procurar esclarecer mais amplamente e, ao mesmo tempo, mais
objetivamente o que vem a ser respectivamente o que é chamado de primeiro e de
segundo, é um tema largamente tratado nas Escrituras que está diretamente associado
150

à “comunicação entre Deus e as pessoas que vivem na Terra” e que também é chamado
de “sacerdócio”.
Apesar do que é chamado de primeiro e do que é chamado de segundo
serem distintos um do outro, o tema comum a que ambos fazem referência
é, prioritariamente, sobre o sacerdócio direcionado a Deus.
Assim, aquilo que é chamado de primeiro é um tipo de sacerdócio e aquilo que é
chamado de segundo é outro tipo de sacerdócio, mas ambos tratam do sacerdócio das
pessoas em relação a Deus.
Se as pessoas percebessem mais o quanto a compreensão do que vem a ser um
sacerdócio também afeta as suas vida individualmente, muitos iriam se empenhar
muito mais para alcançar uma compreensão mais ampla e mais precisa sobre este
tema, pois é também naquilo que é relacionado ao que é chamado de sacerdócio que
reside o caminho de acesso das pessoas a Deus que lhes concede vida.
Provavelmente por terem ouvido falar mais sobre as características do que vem a ser
um sacerdócio de acordo com a ideia do que é exposto no que é chamado de “primeiro
sacerdócio”, muitas pessoas podem vir a pensar que o sacerdócio é um assunto que
somente é interessante de ser visto por aqueles que são intitulados ou que se intitulam
como sacerdotes no mundo e que o fazem a fim de realizarem um serviço sacerdotal em
lugar de outros.
Entretanto, considerar como sendo sacerdócio somente o que está mencionado no
parágrafo anterior, de forma alguma está de acordo com o que Deus espera que as
pessoas compreendam sobre o que está associado ao sacerdócio segundo a definição
estabelecida pelo reino celestial.
Quando visto a partir da perspectiva a nós ensinada a partir do reino de
Deus, o sacerdócio engloba, sem exceção, todas as pessoas de todas as
partes do mundo, ainda que muitos não estejam conscientes disto.
Sem a compreensão dos aspectos centrais do que vem a ser um sacerdócio e sem a
compreensão de que há tipos distintos de sacerdócios que buscam estabelecer o
relacionamento dos seres humanos com Deus, sendo divididos essencialmente entre o
que é chamado de primeiro, ou variações deste, e o que é chamado de segundo, as
pessoas que vivem no mundo ficam continuamente sujeitas a postergarem o
crescimento ou o processo de amadurecimento que já lhes está disponível no Senhor.

Hebreus 5: 7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com
forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da
morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade,
8 embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna
para todos os que lhe obedecem,
10 tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque.
11 A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar,
porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir.
12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo
decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos
ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de
Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de
alimento sólido.
151

13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra


da justiça, porque é criança.
14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela
prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não
somente o bem, mas também o mal.
----

Similarmente, ou dito em outras palavras, se as pessoas não discernirem


adequadamente o que está associado ao que é um sacerdócio e como é cada tipo de
sacerdócio ao qual elas podem se associar, elas também ficam sujeitas a andarem sob
sacerdócios que não são fundamentados na justiça do reino celestial e que, por isto, não
podem, jamais, aperfeiçoar aqueles que buscam a Deus através deles, o que nos é
mostrado também no início do texto que exibe que o primeiro sacerdócio precisa ser
removido para que o segundo sacerdócio seja estabelecido.

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem.
2 Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os
que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não
mais teriam consciência de pecados?
3 Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos
os anos,
4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova
pecados.
5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste;
antes, um corpo me formaste;
6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
----

Ainda que um tipo de sacerdócio se apresente como direcionado


exclusivamente ao Único Deus Criador dos Céus e da Terra, se ele for
estabelecido nos moldes ou com características do modelo de sacerdócio
abrangido pelo que é chamado de primeiro, este sacerdócio não é firmado
na justiça revelada por Deus em Cristo. E, portanto, também não é aceito
por Deus e por consequência jamais poderá aperfeiçoar, diante do Senhor,
aqueles que fazem uso deste tipo de sacerdócio.
Desta forma, depois que sabemos que o primeiro e o segundo referem-se
respectivamente a tipos distintos de sacerdócios e que a distinção entre eles é crucial
152

para o discernimento de um relacionamento adequado com Deus, entendemos que o


passo seguinte que necessita ser realizado é conhecer mais detalhadamente aquilo que
está envolvido com o termo sacerdócio e quais são os principais aspectos que compõem
cada um destes dois tipos distintos de sacerdócio denominados, respectivamente, de
primeiro e de segundo.
153

C. O Conjunto dos Principais Aspectos que Estão Envolvidos com


aquilo que é Chamado de Sacerdócio

Na medida em que passamos a ver que os chamados de primeiro a ser removido e


de segundo a ser estabelecido estão intimamente e diretamente associados ao que
também é denominado de sacerdócio, podemos ver também que todo um leque de
novos assuntos é introduzido para que possamos crescer na compreensão do que vem a
ser, respectivamente, o próprio sacerdócio ao qual as Escrituras do livro de Hebreus
fazem referência.
Antes mesmo de conhecer o que vem a ser o primeiro e o segundo, faz-se necessário
saber quais são os aspectos globais do tema que tratam e que é também chamado de
sacerdócio.
Não havendo uma compreensão mínima do que as Escrituras nos ensinam
globalmente sobre o que vem a ser o que nelas é chamado de sacerdócio, também fica
muito complicada uma compreensão minimamente adequada sobre o que vem a ser os
chamados primeiro sacerdócio e segundo sacerdócio.
E por sua vez, o termo sacerdócio, falando de forma muito genérica, sucinta e
simplificada, significa, basicamente, o ofício (a função e os serviços) a ser realizado por
um ou mais sacerdotes.
Portanto, sendo o termo sacerdócio praticamente indissociável do que é e o que faz
um sacerdote, a exposição do que é um sacerdócio necessita, então, avançar para a
exposição da posição funcional dos sacerdotes e dos serviços que são atribuídos a estes.
Não há como separar o sacerdócio da demanda de sacerdotes, e não há
como ter sacerdotes sem que estes estejam associados a um tipo de
sacerdócio.
A palavra sacerdócio, assim como as palavras dele derivadas como sacerdote e
sacerdotal, têm uma relevância muito grande nas Escrituras, e é basicamente em torno
delas que uma expressiva parte do livro de Hebreus está estruturado. Em diversos
pontos do livro de Hebreus, estas palavras encontram-se entrelaçadas e quase que uma
expressando o próprio significado da outra, conforme exemplificado a seguir:

Hebreus 7: 11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o


sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo
a ordem de Arão?

Entretanto, quando começamos a pensar na posição de um sacerdote e nos serviços


que podem vir a ser atribuídos a ele, passamos a nos deparar ainda com uma outra
questão, a qual é a necessidade de que a posição dos sacerdotes e dos serviços que se
pretende atribuir a eles também estejam pré-definidos e pré-estabelecidos, sob o risco
de que um sacerdócio específico não venha a ter uma identidade de como ou do que ele
é composto.
Assim, para que um sacerdócio possa funcionar, é necessário que um ou mais
sacerdotes sejam estabelecidos. Entretanto, para que se venha a saber a posição e os
serviços que são esperados de um ou mais sacerdotes, que é o seu ofício sacerdotal, faz-
154

se necessário, primeiramente, a apresentação da conceituação e do funcionamento


almejado do ofício sacerdotal, o qual, por sua vez, é estabelecido por uma lei ou um
conjunto de definições a seu respeito e que rege a operação deste ofício.
Em outras palavras, todo sacerdócio necessita de um conjunto de instruções,
chamado como a lei de um sacerdócio, que defina o ofício daqueles que irão atuar neste
sacerdócio como sacerdotes, podendo esta lei ser escrita formalmente ou ser baseada
em declarações ou promessas expressas e aceitas por aquele ou aqueles que irão operar
neste sacerdócio.

Hebreus 7: 28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos


à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.

Quer seja através de lei formalmente escrita ou por declarações


reconhecidas, um sacerdócio sempre está associado a um conjunto de
instruções por mais forte ou mais frágil que este seja. Conjunto este, que
(1) define o sacerdócio, que (2) determina quem são e como são os
sacerdotes chamados para realizar o sacerdócio em questão, além de ainda
(3) definir a forma e a estrutura através das quais os sacerdotes são
chamados a atuar no referido sacerdócio.
Compreender que um sacerdócio tem uma lei ou um conjunto de
instruções associado a ele e que o define, e que um sacerdócio é a
expressão de serviços que os sacerdotes realizam segundo esta lei ou o
conjunto de suas instruções, é o conhecimento inicial que é imprescindível
para a continuidade da compreensão dos outros aspectos sobre o que vem
a ser um sacerdócio.
Quer seja uma lei formalmente escrita em um compêndio de regras ou uma lei
informal ou que tem os seus parâmetros baseados em declarações e promessas
reconhecidas, todo sacerdócio está associado a um conjunto de aspectos que o define.
Assim, para dar continuidade ao que está sendo dito nos últimos parágrafos,
encontramos também no livro de Hebreus um dos textos que mais objetivamente e, ao
mesmo tempo, mais ricamente nos oferece um ensino daquilo que está envolvido de
forma global em todo e qualquer sacerdócio, conforme podemos ver a seguir:

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.

O conteúdo que este último texto exposto acima nos mostra é de uma riqueza e de
um significado imensurável, e que jamais deveria ser desprezado ou visto de uma
maneira meramente superficial.
Quando o último texto em referência assevera de uma forma inequívoca e de
maneira global que qualquer troca de sacerdócio implica também em
mudança da lei, ele confirma o que foi exposto na introdução do presente tópico.
O texto de Hebreus 7, verso 12, nos mostra que cada tipo de sacerdócio é
diferenciado dos outros sacerdócios e, por isto, também singular em
relação aos demais sacerdócios precisamente pelo fato de cada sacerdócio
155

ter uma lei ou um conjunto declarações próprias que rege o seu


funcionamento e, principalmente, o funcionamento do ofício dos
sacerdotes em torno do qual todo o sacerdócio se manifesta ou se propõe a
funcionar.
Ainda em outras palavras ou para insistir um pouco mais na abordagem conceitual,
para que haja um sacerdócio, a lei formalmente escrita ou a lei informal ou
verbalmente conhecida e associada a um sacerdócio precisa definir ou estabelecer:
 1) Qual é o tipo de sacerdotes que irão exercer as atividades sacerdotais do
respectivo sacerdócio;
 2) Como estes sacerdotes são chamados, escolhidos ou nominados;
 3) Quais são as atividades sacerdotais a serem realizadas;
 4) Quais são os critérios para a realização das atividades sacerdotais do
respectivo sacerdócio.

Portanto, embora cada tipo de sacerdócio tenha a sua própria lei ou seu próprio
conjunto de parâmetros que definem como este sacerdócio objetiva operar, é muito
significativo perceber o conceito global de que todos os sacerdócios estão associados à
uma lei ou a um conjunto de parâmetros que os definem, pois sem este entendimento,
muitas pessoas acabam cedendo espaço indevido a tipos de sacerdócio que não atuam
realmente em seu favor.
Devido a não conhecerem o conceito geral de que o primeiro tipo de
sacerdócio é muito distinto do segundo tipo de sacerdócio mencionado no
livro de Hebreus, ou que cada um deles tem definições próprias e
parâmetros que lhes são pertinentes, muitas pessoas não alcançam a
compreensão desta distinção entre os dois e de que eles não são
compatíveis um com outro, sob nenhuma hipótese, porque também os
aspectos que os definem são amplamente distintos e divergentes já desde
os seus pontos fundamentais.
Por outro lado, depois de entender que todos os tipos de sacerdócios, de uma forma
ou de outra, acabam estando associados aos sacerdotes a eles ligados e a um conjunto
de princípios que se propõem a designar a posição dos sacerdotes e os serviços que
estes devem realizar (denominado também de lei associada ao sacerdócio), parece-nos
que fica mais facilitado o avanço para conhecermos mais detalhes sobre o que um tipo
específico de sacerdócio propõe devido ao seu conjunto de diretrizes ou da sua lei.
Quando chegamos ao ponto de perceber que todos os tipos de
sacerdócios estão associados de alguma forma a um conjunto mais
detalhado daquilo que é almejado que seja realizado através de seus
sacerdotes, também a tarefa de separar o que é distinto entre eles pode
ficar muito enriquecida e ao mesmo tempo facilitada.
Por mais que muitas pessoas queiram equiparar o primeiro tipo de sacerdócio ao
segundo tipo de sacerdócio mencionados no livro de Hebreus, quando um indivíduo
toma consciência de que cada um deles têm um conjunto muito distinto de parâmetros,
também as tentativas de equiparar impropriamente estes dois tipos de sacerdócios
ficam muito mais evidentes, e, portanto, podem ser mais facilmente discernidas e
rejeitadas.
156

Através do conhecimento pormenorizado do ofício de somente um tipo específico de


sacerdócio pode-se conhecer diversas características deste sacerdócio. Entretanto, sem
uma compreensão de que este sacerdócio em particular somente é verdadeiramente
exposto à luz das diferenças que há em sua lei ou conjunto de parâmetros em
comparação com outros tipos de sacerdócios, o entendimento geral do que vem a ser
um sacerdócio tenderá a ficar muito prejudicado, limitado e até sujeito ao risco de ser
muito distorcido.
Em outras palavras, um tipo específico de sacerdócio não necessariamente define o
que é o conceito mais amplo de sacerdócio, pois dependendo da lei ou dos parâmetros
de um tipo específico de sacerdócio, o conceito deste tipo específico pode passar uma
ideia que não se aplica ao que é definido por outro tipo de sacerdócio.
Quando uma pessoa, por exemplo, pensa que aquilo que todos os sacerdotes fazem
ou deveriam fazer é de acordo com o modelo de um sacerdócio específico, e no qual a
maioria das pessoas não é participante direta do serviço sacerdotal porque neste
modelo é dito que algumas pessoas são especialmente chamadas para serem sacerdotes
e outras não, esta pessoa não tem uma conceituação global bem ajustada sobre
sacerdócio, mas uma definição de somente um tipo específico de sacerdócio e de
somente um modelo de ofício de sacerdotes ou serviços segundo este mesmo tipo.
Assim, o conhecimento do que vem a ser sacerdócio somente sob a ótica de algum
tipo que se assemelha ao primeiro tipo de sacerdócio mencionado em Hebreus, ou, por
outro lado, a falta de um entendimento mais amplo do que está associado de forma
geral ao segundo tipo de sacerdócio exposto no mesmo livro de Hebreus, pode levar
uma pessoa a ficar muito mais vulnerável para incorrer no equívoco de pensar que um
tipo de sacerdócio pode servir como modelo referencial de estrutura e compreensão do
conceito geral de sacerdócio ou do segundo tipo de sacerdócio.
Se os conceitos globais do que vem a caracterizar um ofício sacerdotal não forem
conhecidos e compreendidos prioritariamente sob a ótico do segundo tipo de
sacerdócio, as pessoas poderão ficar sujeitas ao não discernimento e à aceitação de
proposições de sacerdócios inadequados e indevidos que estão no seu entorno. E isto
ocorre por não perceberem que uma determinada proposição feita a eles pode estar se
referindo de fato a uma ótica muito limitada do que o conceito mais geral de sacerdócio
contempla.
Sem o conhecimento dos conceitos globais do que vem a constituir um
sacerdócio de acordo com o segundo tipo de sacerdócio mencionado nas
Escrituras, as comparações entre sacerdócios distintos ficam amplamente
prejudicadas, assim como o próprio conhecimento e discernimento das
Escrituras.
Se nos relacionamentos naturais que as pessoas estabelecem umas com as outras, ao
longo de suas vidas, já há uma grande necessidade de serem compreendidos alguns
aspectos globais da dinâmica que há na enormidade de questões a serem tratadas
diariamente, quanto mais esta necessidade de comparação de alguns conceitos gerais
também não estará presente no relacionamento de cada ser humano nas suas relações
espirituais e em relação àquilo que é chamado de sacerdócio?
E uma vez feita essa menção de que o conhecimento global sobre o que é um
sacerdócio pode contribuir em muito para a vida de uma pessoa, vamos procurar,
então, avançar para o que vem a ser um serviço sacerdotal a ser realizado por um
sacerdote, mas ainda visando um aspecto global desta conceituação.
157

Portanto, falando de maneira mais geral, um sacerdócio, ou seja, a posição e os


serviços de um sacerdote, é o conjunto que envolve a estrutura, a posição, os meios e as
ações realizadas por um ser humano para apresentar-se diante do que é considerado
por ele uma divindade e cuja apresentação ele realiza em prol de si mesmo ou em nome
de outros.
Um sacerdócio é o meio para realizar funções ou serviços direcionados,
sempre, por uma pessoa àquilo ou àquele que ela considera uma divindade
e em relação ao qual a pessoa que executa as funções ou os serviços é
também chamada de sacerdote.
Ainda em outras palavras, o sacerdócio de forma genérica engloba os
serviços e as funções dos sacerdotes colocados como os agentes para se
apresentarem àquilo ou àquele que eles, ou aqueles que eles representas,
consideram como divindade e com o que ou com quem pretendem
estabelecer um relacionamento onde possam apresentar as suas causas na
expectativa de também obterem respostas para si próprios ou para aqueles
que eles representam.
Por exemplo, em relação a Deus, ainda que uma pessoa não esteja consciente de
estar fazendo uso de um sacerdócio e de um sacerdote, ninguém consegue se achegar a
Deus sem fazer uso de uma forma sacerdotal estabelecida e sem que a pessoa passe por
um serviço sacerdotal e um sacerdote, inclusive podendo ela mesma ser o sacerdote.
Por outro lado, o mero fato de alguém usar uma forma qualquer de sacerdócio
também não implica em dizer, automaticamente, que Deus irá aceitar o tipo de
sacerdócio e o sacerdote que alguém escolheu para se apresentar ao Senhor ou para
que alguém o represente diante de Deus.
Considerando que a restauração da comunhão com Deus é (1) o que o
Senhor Jesus Cristo denomina de vida eterna, (2) que a comunhão com o
Senhor é a maior dádiva que uma pessoa pode receber em toda a sua
existência, e, ainda, (3) que o sacerdócio é o meio através do qual uma
pessoa pode se relacionar apropriadamente com Deus, a compreensão do
que vem a ser um sacerdócio adequado diante de Deus, ou que é de acordo
como a vontade do Senhor, torna-se um dos aspectos mais vitais que uma
pessoa pode alcançar ou receber em toda a sua vida.
O que as Escrituras chamam de sacerdócio tem uma posição primordial
na determinação dos demais aspectos centrais da vida das pessoas, pois é a
partir da definição do tipo de sacerdócio que uma pessoa adota que grande
parte dos principais aspectos relacionados à sua vida também são
definidos.
Portanto, o conceito geral do que é sacerdócio visa colaborar para que as pessoas
saibam a condição imprescindível que este tema representa para as suas vidas, mas
também, ou ao mesmo tempo, para que saibam que nem todo o tipo de sacerdócio
proposto a elas é, automaticamente, um tipo de serviço sacerdotal adequado, bom ou
benéfico.
No mundo, há uma enormidade de proposições de sacerdócios ou de
ofícios de sacerdotes que estão em desacordo com aquilo que as Escrituras
apresentam a respeito do segundo tipo de sacerdócio mencionado no
livros de Hebreus, as quais, portanto, precisam ser devidamente
discernidas por causa dos significativos danos que estas podem vir a
158

causar não somente para o tempo presente, mas também, e


principalmente, para o tempo eterno da vida daqueles que se associam a
eles.
Assim, quando os conceitos gerais sobre o sacerdócio são conhecidos firmemente ou
apropriadamente de acordo com o segundo tipo de sacerdócio exposto no livro de
Hebreus, até as frases que as pessoas querem apresentar com um tom e aparência
despretensiosa em relação à vida sacerdotal podem passar a ser discernidas com um
grau de entendimento muito mais acurado.
Quando, por exemplo, uma pessoa diz que “não importa o meio ou maneira pela
qual uma pessoa busca a Deus, desde que o busque”, ela, na realidade, não está
propondo somente um pensamento qualquer e despretensioso, por mais que queira dar
a entender que uma frase como esta é uma mera expressão de liberdade e sem maiores
efeitos para a vida das pessoas que passam adotar princípios similares.
Uma frase que diz que “não importa o meio ou maneira pela qual uma pessoa
busca a Deus, desde que o busque”, na realidade é uma proposição objetiva de tentativa
de introdução de um tipo específico de sacerdócio e que contém os elementos básicos
do que é um sacerdócio no conceito global do termo, pois mesmo em sua proposta de
ser despretensiosa e informal, ela expressa uma proposição de conceitos e condutas do
relacionamento de pessoas com a divindade.
Uma frase como o exemplo de que “não importa o meio ou maneira pela qual uma
pessoa busca a Deus, desde que o busque”, além de não ser despretensiosa, é uma
proposição direta de um sacerdócio e ainda é uma proposição de um tipo de sacerdócio
que é, inclusive, contrário a todo outro tipo de sacerdócio que propõe que a busca a
Deus e o relacionamento com o Senhor tenham princípios firmemente estabelecidos.
Uma frase com a que estamos usando como exemplo nos últimos parágrafos, é a
proposição de um tipo de sacerdócio em que a regra principal é que cada indivíduo
pode fazer a sua busca a Deus na forma que queira fazer ou de qualquer maneira que
pensa ser certo fazê-la.
A proposição do tipo de sacerdócio que a última frase em referência procura
introduzir, é uma proposição de um sacerdócio que tem uma lei informal que diz “que
cada pessoa pode criar as suas próprias leis, regras ou parâmetros para buscar a Deus”,
tentando, com isto, também propor que qualquer tipo de sacerdócio poderia ser válido
diante do Senhor Eterno.
Uma frase como a que está exemplificada nestes últimos parágrafos não é uma
simples frase sem significado ou uma mera proposição lançada ao vento. Ela é uma
declaração que contém conceitos, definições, proposições e elementos suficientes para
associá-la ao termo global de sacerdócio ainda que as pessoas queiram passar a ideia de
que a frase em referência não vise se equiparar ao que vem a ser mais um tipo peculiar
de sacerdócio.
Pelo fato do conceito geral de sacerdócio referir-se a um relacionamento
com aquilo ou com aquele que uma pessoa considera ser uma divindade
para ela, podendo as vezes considerar aos seus semelhantes ou a si própria
como tal, qualquer proposição ou conceituação que proponha um caminho
ou uma forma deste relacionamento supostamente ser estabelecido é uma
proposição do que genericamente falando é chamado de sacerdócio.
159

O mero desprezo, desinteresse ou demonstração de não querer saber sobre os temas


relacionados ao que vem a ser de forma geral um sacerdócio, não dá garantia de um
indivíduo não estar envolvida com algum tipo de sacerdócio, pois qualquer ação que
uma pessoa realiza sob a esperança ou crença de uma expectativa de obter através da
sua esperança ou confiança o que lhe é necessário para a vida, quer natural, espiritual
ou eterna, já faz com que uma pessoa esteja envolvida com a conceituação geral de um
sacerdócio.
O descaso passivo ou o desprezo ativo em relação à compreensão do que vem a ser
um sacerdócio de forma geral, e até em relação àquilo que representa o conceito geral
das leis de cada sacerdócio, não constitui nenhuma garantia de que uma pessoa vá se
posicionar corretamente em relação aos tipos de sacerdócios que estão em seu entorno.
Pelo contrário, o desconhecimento ou desprezo coloca uma pessoa ainda mais em risco
de estar associada a um tipo de sacerdócio incompleto, inválido, inútil e prejudicial
para a sua vida.
Por outro lado, à medida em que uma pessoa começa a crescer na compreensão de
que tipo de relacionamento um sacerdócio se propõe a realizar ou atender, de que um
sacerdócio também é constituído pela lei que está associada a ele, e de que cada
sacerdócio atua através de sacerdotes que a ele são inerentes, uma parte significativa
do conhecimento dos principais aspectos sobre sacerdócio já começa a ficar
pavimentada para avançar rumo à uma compreensão mais completa ou apropriada
deste tema.
160

D. Aspectos Centrais de um Sacerdócio quando Visto sob a Ótica


de um Relacionamento

No capítulo anterior foi exposta uma definição de que o sacerdócio expressa a


interação ou a tentativa de uma interação de um sacerdote com aquilo que por ele é
considerado uma divindade em relação à sua vida.
Essa definição, exposta no capítulo anterior, evidencia que o sacerdócio, então, está
estritamente associado ao que é chamado de um relacionamento específico entre partes
também bem específicas.
Além disso, observar o sacerdócio sob a ótica de relacionamento, por sua vez, passa a
nos permitir a averiguar mais um conjunto de aspectos centrais que são inerentes aos
sacerdócios em geral e que, igualmente ao que vimos no capítulo anterior, visam nos
instruir para que possamos fazer uma distinção das intenções ou pretensões que há por
trás dos tipos de sacerdócios que nos são apresentados. E isto, obviamente, a fim de que
também possamos reconhecer aquele sacerdócio que é aceito por Deus e rejeitar toda
proposta que que seja contrária ao sacerdócio ao qual Deus quer que estejamos
associados.
Conhecer o que está envolvido com o sacerdócio na particularidade da perspectiva
do relacionamento é muito relevante e pode ser muito interessante, pois o sacerdócio
não é um relacionamento normal de pais e filhos, de fornecedores e clientes, de irmãos,
e assim por diante. O sacerdócio se refere ao relacionamento ou à tentativa de um
relacionamento de uma pessoa com aquilo ou com aquele que esta pessoa tem sob
consideração especial no sentido de atribuir-lhe um status de divindade, o que torna os
relacionamentos propostos pelos diversos sacerdócios também distintos.
Ver o sacerdócio pelo ângulo do relacionamento não muda o que é o sacerdócio e
aquilo que já vimos sobre ele. Entretanto, esta ótica permite expandir a compreensão
de que tipos de relacionamentos podem estar associados aos mais diversos sacerdócios
e pode esclarecer alguns pontos sobre os sacerdócios de uma maneira mais
diversificada ou exemplificada.
Assim, como um primeiro ponto deste novo tópico, podemos, por exemplo, observar
que apesar do sacerdócio sempre estar associado a um relacionamento, a tentativa do
estabelecimento de alguns sacerdócios nem sempre prevê o relacionamento entre duas
partes vivas, podendo, inclusive, procurar criar um relacionamento entre duas posições
distintas que uma mesma parte procura assumir.
Enquanto aquilo que chamamos de relacionamento entre as pessoas presume que
haja a participação de ao menos dois indivíduos vivos, as Escrituras nos informam que
algumas formas sacerdotais que as pessoas se propõem a seguir, são proposições de
relacionamentos de pessoas com partes da criação ou com coisas que elas criaram que
inclusive são desprovidas de alma ou de uma vida com a qual uma pessoa possa
estabelecer de fato um relacionamento bilateral, conforme exemplificado abaixo:

Isaías 40: 18 Com quem comparareis a Deus? Ou que coisa semelhante


confrontareis com ele?
19 O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro e cadeias de
prata forja para ela.
161

20 O sacerdote idólatra escolhe madeira que não se corrompe e


busca um artífice perito para assentar uma imagem esculpida que
não oscile.

Salmos 115: 1 Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá
glória, por amor da tua misericórdia e da tua fidelidade.
2 Por que diriam as nações: Onde está o Deus deles?
3 No céu está o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.
4 Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens.
5 Têm boca e não falam; têm olhos e não veem;
6 têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram.
7 Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes
sai da garganta.
8 Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles
confiam.

De forma similar, conforme comentamos acima, enquanto aquilo que chamamos de


“relacionamento entre as pessoas” sempre presume que haja a participação de ao
menos dois indivíduos vivos e distintos, quando a questão refere-se ao sacerdócio, há
ainda pessoas que colocam a si mesmas em duas posições distintas para exercer o
sacerdócio, a saber, a posição de “criatura” e a posição de um “deus”, conforme também
exemplificado pelos seguintes versos da Bíblia:

2 Ts 2: 3 Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não


acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o
homem da iniquidade, o filho da perdição,
4 o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é
objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus,
ostentando-se como se fosse o próprio Deus.
----

Quando passamos a ver o sacerdócio da perspectiva de um relacionamento, também


podemos começar a entender que quando as pessoas começam a confiar e ter esperança
de obter de outras fontes, inclusive a partir de si próprias, aquilo que somente deveriam
obter de Deus, elas também estão realizando um tipo de sacerdócio.
Quando as pessoas tentam atribuir à criação atributos divinos que não lhe são
pertinentes e passam a exercer esperança de receber as coisas que almejam destes
supostos atributos que elas conferiram à criação, elas estão exercendo a confiança em
algo que elas consideram maiores que si mesmas. Uma atitude que, portanto, ou no
mínimo, constitui a tentativa de estabelecimento de uma relação sacerdotal ainda que
não tenham consciência do que estão fazendo ou ainda que neguem estar praticando
alguma conduta sacerdotal.
Um segundo ponto que podemos passar a ver quando vemos o sacerdócio sob a
perspectiva de um relacionamento é que aquele ou aquilo com o qual uma pessoa
procura interagir sob uma perspectiva sacerdotal também passa a ter influência sobre
ela, inclusive se o relacionamento ao qual venha a se dedicar seja com um objeto
inanimado e sem vida.
162

Ainda em outras palavras, o relacionamento sacerdotal ao qual uma pessoa se


inclina, segue ou pratica, também acaba tendo influência sobre a sua vida ou
mostrando o que há em seu coração, não importando se o relacionamento é com um
outro ser vivo ou com aspectos desprovidos de vida.

Salmos 115: 4 Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de
homens.
5 Têm boca e não falam; têm olhos e não veem;
...
8 Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e quantos neles
confiam.

Tanto os que fazem objetos aos quais tentam atribuir características de divindade
como aqueles que confiam nestes objetos e fazem uso deles passam a receber a
influência deste envolvimento, e isto, pelo fato de estarem se envolvendo com os
aspectos que caracterizam um tipo de relacionamento sacerdotal.
Portanto, a questão de ser influenciado pelo que resulta do relacionamento através
de um sacerdócio inadequado ou contrário ao que Deus estabeleceu a partir do
denominado segundo tipo de sacerdócio sempre aponta para aspectos negativos e
prejudiciais àqueles que se sujeitam a este tipo de relacionamento.
Por outro lado, quando o sacerdócio para o qual alguém se inclina, segue ou pratica
é de acordo com a vontade de Deus, a influência resultante desta prática traz inúmeros
benefícios, pois este relacionamento também aplica-se ao sacerdócio que é direcionado
ao Senhor Eterno e à sua glória, conforme o texto que já foi citado várias vezes no
presente estudo e repetido abaixo:

2 Coríntios 3: 18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito.
----

A influência sobre as próprias pessoas daquele ou daquilo ao qual elas


prestam reverência como uma divindade sobre elas é uma característica
comum a todos os sacerdócios, mostrando-nos isto, que a compreensão
deste conceito global comum a todos os sacerdócios é crucial para que as
pessoas estejam conscientes do quão significativa é a escolha a que tipo de
sacerdócio elas querem estar sujeitas ou expostas.
Convém frisar aqui que até quando uma pessoa confia em si mesma ou em outras
pessoas como a força central de sua vida, e não atribui a força de sua vida como vinda
do Senhor Eterno, ela está praticando um sacerdócio que não é direcionado a Deus,
mas a si própria ou aos seus semelhantes, e dos quais ela não poderá colher aquilo que
somente pode lhe ser dado pelo Pai Celestial.

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!
163

6 Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando


vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra
salgada e inabitável.
7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o
SENHOR.
8 Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as
suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a
sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem
deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto
das suas ações.
----

Assim, à medida em que vamos avançando na abordagem dos aspectos gerais dos
sacerdócios quando vistos sob a perspectiva de relacionamentos, podemos observar que
alguns aspectos dos sacerdócios passam a ficar notoriamente evidentes, pois quando
uma pessoa começa a colocar em pauta os aspectos globais dos sacerdócios quanto aos
relacionamentos inerentes a eles, ela poderá observar também sob esta perspectiva que
há sacerdócios úteis e completos, assim como há sacerdócios que podem ser inúteis,
prejudiciais e incompletos.
E, por sua vez, se começarmos a ver as considerações do parágrafo anterior
primeiramente pela utilidade ou inutilidade de um sacerdócio em particular, podemos
passar a observar também, como terceiro ponto do presente tópico, que um
sacerdócio específico somente é útil se aquilo que as pessoas necessitam
dele também possa ser realizado de fato e se aquilo que pode ser
concretizado também for realmente benéfico a elas.
Um determinado tipo de sacerdócio pode vir ter a sua inutilidade exposta pelo
aspecto dele de fato não ser capaz de realizar o que as pessoas necessitam alcançar
através dele ou também porque aquilo que o sacerdócio lhes concede não seja de fato
para o seu bem.
Quando as pessoas escolhem adorar a seus semelhantes, ídolos, imagens, esculturas,
religiões ou qualquer outra coisa segundo os seus entendimentos, culturas ou tradições,
elas estão nomeando os tipos de divindades aos quais querem servir, mas também
pelos quais querem ser servidos. E as pessoas somente podem colher dos sacerdócios a
que se submetem aquilo que estes sacerdócios realmente ou de fato podem lhes
oferecer.
Se uma pessoa procura um sacerdócio de relacionamento com deuses mudos, cegos
e incapazes de agir, é o silencio, a cegueira e a incapacidade que ela vai colher.
Se uma pessoa, por exemplo, adora o sol que é desprovido de alma, de virtudes de
pensamento e de decisões em relação àquilo que os seus adoradores lhe apresentam, o
sol somente poderá continuar se oferecendo como sol, levando as pessoas a colherem a
inutilidade, o engano e o prejuízo do tempo em que se dedicaram a um “deus” que de
fato nunca poderá lhes responder qualquer oração a ele direcionada.
Quando as pessoas procuram se relacionar com seus semelhantes esperando destes
o cumprimento do que elas na realidade deveriam ter buscado primeiramente em Deus,
164

os seus semelhantes talvez até atendam algumas coisas do que lhes são pedidas, mas
isto não significa que aquilo que eles concederem será de fato para um propósito
verdadeiramente benéfico ou, principalmente, satisfatório também para a vida eterna.

João 3: 27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma


se do céu não lhe for dada.
...
31 Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem
da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de
todos
32 e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o seu
testemunho.
33 Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez, certifica que
Deus é verdadeiro.
34 Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá
o Espírito por medida.
35 O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos.
36 Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se
mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele
permanece a ira de Deus.

Mateus 13: 11 Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os


mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido.
----

As Escrituras nos alertam que nos últimos dias, os dias iniciados após a vinda de
Cristo ao mundo como Filho do Homem, seriam dias em que as pessoas buscariam
umas às outras para ensinarem a elas mesmas o que elas querem ouvir e não o que o
Senhor tem a dizer a elas.
E quando fazem isto, elas estão se associando a sacerdócios enganadores e altamente
maléficos ainda que estes sacerdócios atendam uma parte dos anseios e anelos das
pessoas naquilo que elas querem ser atendidas.

2 Timóteo 4: 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;


pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;
4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.

Por fim, quando observamos as considerações sobre um sacerdócio em relação ao


aspecto dele ser completo ou incompleto, conforme mencionado a alguns parágrafos
acima, podemos ver ainda, como um quarto ponto associado ao sacerdócio também
como um relacionamento, que um sacerdócio em particular somente é útil se
ele também for completo, ou seja, se ele atender os requisitos mínimos
necessários para o funcionamento adequado de um sacerdócio.
E, por sua vez, para um sacerdócio ser completo, ele precisa ser válido. E para ser
válido, ele também precisa ser aceito pela parte à qual o sacerdócio é direcionado.
165

Ou seja, para um sacerdócio em particular ser válido, ele precisa ser aceito pela
divindade com quem ou com o que este sacerdócio propõe que o relacionamento das
pessoas seja realizado.
Muitos tipos de sacerdócios já foram propostos no mundo e muitos deles ainda
continuam sendo propostos. Entretanto, a validade de cada um deles depende muito
mais “daquele” a quem o sacerdócio é direcionado do que das pessoas que propõe um
determinado tipo de sacerdócio.
De nada adianta as pessoas constituírem os mais simples ou mais
elaborados sacerdócios se a parte a quem o sacerdócio é direcionado não o
reconhecer ou não lhe conferir a devida credibilidade.
Quando um determinado tipo sacerdócio, por exemplo, visa estabelecer um
relacionamento com Deus, o fato de uma pessoa usar este sacerdócio ou se colocar em
uma posição de sacerdote não faz com que ela automaticamente seja aceita pelo
Senhor, pois se uma pessoa buscar a Deus através de um deus falso, de um ídolo ou de
um meio não autorizado pelo Senhor para buscá-lo, este sacerdócio, ou o sacerdote que
o pratica, igualmente é falso ou chamado de idólatra, conforme já mencionado em
textos expostos anteriormente.
Similarmente também acontece com o outro exemplo citado mais acima, onde uma
pessoa que diz que Deus pode ser buscado por qualquer caminho ou de qualquer
maneira. Uma pessoa de fato pode propor um sacerdócio segundo as suas próprias
proposições, mas este sacerdócio jamais será completo visto que ele também nunca
será validado pelo Senhor a quem o sacerdócio procura ser direcionado.
Deus sempre deixou muito explícito em suas Escrituras de que Ele não aceitaria
qualquer sacerdócio que procurasse estabelecer caminhos alternativos a Ele através de
culto, adoração e serviços a imagens ou esculturas, bem como também não iria validar
qualquer sacerdócio direcionado a Ele que, simultaneamente, também estivesse
direcionado àquilo que as pessoas, em seus próprios entendimentos, gostariam de
considerar como divindades para as suas vidas, conforme exemplificado por mais
alguns textos a seguir:

Isaías 48: 11 Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto;
porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a
dou a outrem.

Isaías 43: 5 Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os estendeu,
formou a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo
que nela está e o espírito aos que andam nela.
6 Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te
guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os
gentios;
7 para abrires os olhos aos cegos, para tirares da prisão o cativo e do
cárcere, os que jazem em trevas.
8 Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a
darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura.
166

Isaías 45: 6 Para que se saiba, até ao nascente do sol e até ao poente,
que além de mim não há outro; eu sou o SENHOR, e não há outro.
...
21 Declarai e apresentai as vossas razões. Que tomem conselho uns
com os outros. Quem fez ouvir isto desde a antiguidade? Quem desde
aquele tempo o anunciou? Porventura, não o fiz eu, o SENHOR? Pois
não há outro Deus, senão eu, Deus justo e Salvador não há além de
mim.
----

Compreender (1) que o sacerdócio é um relacionamento que produz influência sobre


aquele que se expõe aos respectivos serviços sacerdotais e (2) que um sacerdócio em
particular pode ser útil ou inútil, completo ou incompleto, dependendo com o que, com
quem ou através de quem uma pessoa procura estabelecer o relacionamento sacerdotal,
é uma dádiva celestial para que uma pessoa que venha a ter este entendimento (1)
passe a ter consciência do quão crucial é aquilo que está associado ao sacerdócio e (2)
para que ela também possa escolher se relacionar com aquele sacerdócio que
verdadeiramente possa lhe conceder vida duradoura, influência reta e adequada sobre
ela, e um caminho que a encaminhe verdadeiramente sob a vontade do Senhor.
Quando Cristo disse que ninguém poderia vir ao Pai Celestial senão por
meio dele, sendo Ele o singular caminho, a verdade e a vida, Ele não estava
falando somente de uma via impessoal para as pessoas virem à presença de
Deus ou sem de fato se relacionarem com o Cristo das suas vidas.
Quando o Senhor Jesus Cristo disse que somente Ele próprio é “O
Caminho” para as pessoas poderem vir a estar diante de Deus para
receberem a vida eterna oferecido através do Evangelho, Ele estava
declarando e mostrando que o sacerdócio que Ele veio estabelecer é o
único sacerdócio adequado que as pessoas podem vir a se associarem para,
através dele, terem um relacionamento significativo e eterno com o Pai
Celestial.

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou O Caminho, e A Verdade, e A


Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
167

E. Havendo Mudança de Sacerdócio, Necessariamente Há


Também Mudança de Lei

Depois que vimos que aquilo que no livro de Hebreus é chamado de primeiro e de
segundo fazem referência a um mesmo tema central denominado de sacerdócio, e que o
sacerdócio, por sua vez, é composto basicamente pelo ofício dos sacerdotes e da lei que
estão associados ao respectivo sacerdócio, e ainda, que o sacerdócio é essencialmente
caracterizado por um relacionamento entre pessoas e o que elas consideram como
divindade, gostaríamos de retornar a um texto que foi mencionado nos tópicos
anteriores para fazer uma abordagem mais específica sobre ele.

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.

O último texto citado acima é de extrema relevância ou vital para a continuidade do


que tem sido mencionado até aqui sobre o sacerdócio e também sobre o que é chamado
de primeiro sacerdócio e de segundo sacerdócio.
O texto em referência é de tão grande relevância pelo fato dele, de uma forma muito
prática e objetiva, nos mostrar um caminho ordenado para uma avaliação mais
consistente dos demais assuntos que estão associados aos diversos sacerdócios que são
oferecidos aos seres humanos enquanto vivem na Terra.
O fato do texto de Hebreus 7, verso 12, nos informar que qualquer troca
de sacerdócio também, necessariamente, gera uma troca de lei, nos mostra
que cada sacerdócio tem a sua própria lei de funcionamento para que
possa ser manifestado, oferecido e usado. Isto, por sua vez, também faz
com que ele possa ser observado e avaliado.
A troca de sacerdócio é um fato gerador para um indivíduo também
trocar para a respectiva lei do sacerdócio ao qual ele escolheu se associar.
Entretanto, saber que a troca de sacerdócio necessariamente gera a troca de lei,
também nos mostra que cada tipo de sacerdócio, com a sua própria lei, é, no final das
contas, incompatível com qualquer outro sacerdócio por causa da incompatibilidade
que há em seus parâmetros específicos.
O fato de cada tipo de sacerdócio estar associado a um conjunto de conceitos e
princípios peculiares a cada um deles, quer seja formal ou informal, abre toda uma
nova perspectiva de reflexão sobre o tema dos sacerdócios.
Saber que cada sacerdócio tem a sua própria lei, formal ou informal,
facilita, em muito, a compreensão do sacerdócio com um todo, pois ele
também abre um caminho para sabermos que a ampla variação dos
quesitos que há em cada tipo de sacerdócio, de uma forma ou de outra,
sempre está revelada para que também todos os sacerdócios estejam
desvendados a fim de poderem ser avaliados, rejeitados ou escolhidos.
Se as pessoas no mundo podem vir a ficar privadas de um relacionamento adequado
com o seu Único Deus Criador devido ao desconhecimento do que de forma geral vem a
ser um sacerdócio, e, por consequência, ficarem privadas de viver a vida segundo a
vontade do Senhor, elas também podem ficar privadas do conhecimento do que
realmente vem a ser um sacerdócio ou o que vem a ser o sacerdócio ao qual elas estão
168

associadas por causa da falta de entendimento do fato de que cada sacerdócio tem uma
lei pertinente a ele e que a troca de sacerdócio necessariamente implica também em
mudança para um conjunto de parâmetros distintos.
Saber que todo sacerdócio tem uma lei formal ou informal associada a
ele, e saber que a troca de sacerdócio implica, necessariamente, na troca de
lei, pode contribuir muito para que as pessoas venham a entender as
características centrais do que vem a ser os sacerdócios de uma forma
geral, mas também para estarem informadas sobre as principais
características particulares de cada tipo de sacerdócio específico.
A compreensão de que cada sacerdócio está associado a uma lei que lhe
é pertinente, e de que um sacerdócio não pode ser dissociado desta lei,
também pode gerar uma compreensão muito mais ampla, robusta ou
transparente sobre o que realmente está incorporado e o que é proposto
por um determinado sacerdócio.
Se, por exemplo, adotarmos para análise as possíveis regras ou parâmetros
associados a um tipo de sacerdócio que faz uso de imagens e esculturas para realizar os
seus serviços sacerdotais, logo poderemos observar que a composição deste tipo de
sacerdócio também envolverá toda uma conceituação de como estas imagens devem ser
feitas, gerando também uma indústria de imagens e esculturas, uma indústria de onde
estes ídolos e esculturas serão expostos para serem servidos e adorados, bem como
envolverá também toda uma indústria de serviços para a guarda e proteção destas
imagens ou ídolos.
Vejamos abaixo um exemplo do que está sendo referenciado no último parágrafo:

Atos 19: 23 Por esse tempo, houve grande alvoroço acerca do Caminho.
24 Pois um ourives, chamado Demétrio, que fazia, de prata, nichos
de Diana e que dava muito lucro aos artífices,
25 convocando-os juntamente com outros da mesma profissão, disse-
lhes: Senhores, sabeis que deste ofício vem a nossa prosperidade
26 e estais vendo e ouvindo que não só em Éfeso, mas em quase toda
a Ásia, este Paulo tem persuadido e desencaminhado muita gente,
afirmando não serem deuses os que são feitos por mãos humanas.
27 Não somente há o perigo de a nossa profissão cair em descrédito,
como também o de o próprio templo da grande deusa, Diana, ser
estimado em nada, e ser mesmo destruída a majestade daquela que
toda a Ásia e o mundo adoram.
----

Se, por outro lado, adotarmos para análise um tipo de sacerdócio que na sua lei não
prevê ou não aceita o uso de imagens e ídolos, toda uma parte muito complexa que está
associada ao tipo de sacerdócio que usa do expediente de imagens e ídolos não
precisará mais ser contemplada no novo sacerdócio que estiver em avaliação.
Através da observação mais detalhada da lei associada a cada tipo de sacerdócio,
quer a lei seja formal ou informal, poderá ser visto que alguns tipos de sacerdócios
desencadeiam uma sequência de aspectos gigantesca para aqueles que querem estar
associados a este tipo de sacerdócio, enquanto outros podem apresentar modelos muito
mais simplificados.
169

Somente a título de uma breve menção, pois procuraremos ver as suas


características mais amplamente mais adiante, quando observamos a lei do tipo de
sacerdócio denominado de primeiro, podemos perceber que ele se refere a um tipo de
sacerdócio altamente complexo de ser operacionalizado ainda que ele não previsse o
serviço ou a adoração a ídolos, imagens ou esculturas, pois este tipo sacerdócio se
mostra dependente, por exemplo, de um número enorme de sacerdotes mediadores,
levitas, sacrifícios e estruturas físicas para a realização dos seus serviços sacerdotais.
Portanto, é também através da clareza sobre a associação de um sacerdócio a uma lei
que lhe é pertinente que a compreensão da distinção entre o chamado primeiro
sacerdócio e o segundo sacerdócio adquiri mais significado e pode ser alcançada de
maneira mais ampla e precisa.
É através dessa mesma clareza da associação de um sacerdócio à lei que lhe é
pertinente que, por exemplo, os termos como lei, a antiga aliança e a nova aliança, tão
frequentemente referenciados nas Escrituras, podem também ser vistos mais
amplamente e compreendidos na maneira que o Senhor quer que os entendamos.
Quando passamos a ver que cada sacerdócio está associado a um lei que
lhe serve de parâmetro, ainda que ela seja informal, também a
compreensão dos demais aspectos específicos de cada sacerdócio ficam
sujeitos ao entendimento dos pontos centrais da lei de cada sacerdócio.
Através da lei de cada sacerdócio, quer ela seja formal ou informal, as pessoas têm
um leque maior de informações para virem a conhecer a proposição de funcionamento
de cada sacerdócio, o que cada um deles propõe alcançar e como cada um propõe para
que os seus alvos sejam alcançados. E tudo isto, para que as pessoas possam comparar
e escolher a qual sacerdócio querem estar associados.
Depois que uma pessoa começa a compreender os aspectos gerais que
estão associados ao que é chamado de sacerdócio e que cada sacerdócio
está associado à uma lei ou um conjunto mais detalhado de parâmetros a
ele associados, ela pode passar à uma questão mais direta, significativa ou
prática para a sua vida, a qual é saber a qual sacerdócio ela quer estar
associada, pois todas as pessoas, de uma ou de outra forma, estão
associadas a algum tipo de sacerdócio e a lei que o rege.
Considerar que um sacerdócio indevido pode enganar, tornar nulas muitas práticas
da vida ou cegar o entendimento daqueles que sujeitam a ele, conforme já mostramos
acima, mas que também um sacerdócio adequado pode conectar uma pessoa à fonte de
vida e vida para a eternidade, reforça e enaltece mais uma vez a excelsa dignidade e
misericórdia do Senhor em se dispor a também nos instruir e ensinar que é nas leis
associadas aos sacerdócios que cada tipo de sacerdócio também está revelado. E isto,
para que possamos reconhecer e escolher aquele que nos é verdadeiramente benéfico.
E além do exposto acima, a abordagem de que cada sacerdócio está associado a uma
lei pertinente a ele e de que a troca de sacerdócio implica também em troca de lei ainda
precisa ser vista sob outra ótica para que alguns pontos do que é afirmado no texto que
estamos adotando como referência neste tópico não sejam confundidos ou invertidos.
Quando as Escrituras nos informam que a troca de sacerdócio implica,
necessariamente, na troca de lei, que por sua vez estabelece os princípios
que regem o ofício dos sacerdotes e do povo a eles associados, as Escrituras
nos mostram que a troca de lei pode implicar na troca de praticamente
todas as características que havia na lei do sacerdócio que uma pessoa
170

adotava anteriormente, exceto, obviamente, os conceitos gerais do que


vem a ser um sacerdócio.
Assim, havendo mudança de sacerdócio pode também significar, por exemplo:
 1) Mediadores diferentes e uma maneira diferenciada de designação dos
mediadores e das suas funções;
 2) Uma forma diferente de designação e estabelecimentos de sacerdotes;
 3) Uma maneira diferente de designação daqueles que não serão considerados
como sacerdotes se um determinado sacerdócio tiver a divisão de pessoas entre
as quais são consideradas sacerdotes e as que não são consideradas sacerdotes;
 4) Uma estrutura sacerdotal diferente para a alocação dos sacerdotes;
 5) Um conjunto distinto de serviços que os sacerdotes são chamados a realizar;
 6) Uma mudança na maneira de justificação e obtenção de bênçãos daqueles que
exercem o sacerdócio e daqueles que são representados pelos sacerdotes;
 7) Uma mudança na maneira da adesão ou associação ao tipo específico de
sacerdócio;
 8) Uma mudança do sistema de culto ou de adoração;
 9) Uma mudança na necessidade de local de ajuntamento e de culto;
 10) Uma mudança no sistema de ofertas e sacrifícios.

A expressão de que “havendo mudança de sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei” abrange muito mais do que a grande maioria das pessoas
sequer pensa que pode ser abrangido em função da saída de um tipo de sacerdócio para
fazer a adesão a outro.
Conforme já foi comentado acima, se a troca de sacerdócio implica,
necessariamente, na troca da lei que define como os sacerdotes são estabelecidos e o
que eles são chamados a realizar debaixo de cada tipo de sacerdócio, a troca de um tipo
de sacerdócio, obrigatoriamente, também deve implicar em que haja a troca do tipo de
sacerdotes e o que eles fazem.
Não há como os sacerdotes de um determinado serviço sacerdotal não estarem
ligados à lei deste sacerdócio, a não ser que também renunciem e deixem a posição de
sacerdotes naquele tipo de sacerdócio específico ao qual estavam associados.
Um sacerdote está ligado ao tipo de sacerdócio que ele serve e não está livre para
oficiar o seu serviço sacerdotal a contento em outro sacerdócio ainda que tente e se
esforce muito em fazê-lo. Para um sacerdote de um tipo de sacerdócio oficiar
livremente em outro tipo de sacerdócio, ele precisa, antes, se dissociar do sacerdócio
antigo e passar a estar associado e reconhecido como sacerdote no tipo de sacerdócio ao
qual ele quer passar a realizar os seus serviços sacerdotais.
A maneira e todo o conjunto de princípios como se reconhece e constitui
sacerdotes são específicos para cada tipo de sacerdócio, e não servem como
princípio, e nem como exemplo, de como se reconhece e constitui
sacerdotes em outro tipo de sacerdócio.
171

Quando, por exemplo, o sacerdócio cristão é descrito no livro de Hebreus, pode ser
visto claramente que Cristo não estava associado à linhagem sacerdotal do sacerdócio
da antiga aliança ou do tipo denominado de primeiro, assim como está explícito que
Cristo também não veio a se associar como sacerdote àquele tipo de sacerdócio,
conforme mostram os seguintes textos:

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.
13 Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra
tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;
14 pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual
Moisés nunca atribuiu sacerdotes.
15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de
Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.
17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque.
18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
3 Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons
como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo
sacerdote tivesse o que oferecer.
4 Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto
existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim
como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de
acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de
maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
----

Quando passamos a compreender que um sacerdócio gira basicamente em torno do


que é atribuído pela respectiva lei a um ou vários sacerdotes, e que as ações que se
espera das pessoas que querem se associar a um determinado sacerdócio são definidas
a partir daquilo que é especificado para os sacerdotes, podemos, então, passar a focar
mais atentamente à exposição do que é um sacerdote e de quais são as atividades que
dele se espera em cada tipo de sacerdócio.
172

O conhecimento de que os princípios básicos para os sacerdotes encontram-se na


respectiva lei que está associada a cada tipo de sacerdócio realmente é crucial, pois uma
das maiores dificuldades que muitas pessoas têm ao quererem entender como o
relacionamento de Deus com os seres humanos é proposto na vida cristã está no fato
delas pensarem, equivocadamente, que o relacionamento dos cristãos com Deus
deveria seguir o modelo de sacerdotes e serviços sacerdotais segundo o tipo do
sacerdócio de Moisés ou Levítico.
Quando as pessoas não se dão conta que o sacerdócio cristão é um tipo
específico de sacerdócio, implicando em troca de lei e, por consequência,
em troca de como se reconhece e constitui sacerdotes, bem como quais são
os serviços destes sacerdotes no novo sacerdócio e como estes serviços
deveriam ser realizados, elas confundem diversos tipos de sacerdócios e
misturam leis de sacerdócios que são completamente distintos do que o
Senhor quer dos cristãos.
Além disso, notemos bem, aqui, que apesar de uma pessoa também poder se
associar a um tipo sacerdócio pelo fato de aderir a partes da lei deste, primariamente é
a escolha por um determinado “tipo de sacerdócio” que define a “lei” sacerdotal à qual
um indivíduo se sujeita ou à qual uma pessoa passará a estar associada, e não
necessariamente o contrário.
Olhando as Escrituras e de forma prática a vida em geral, vemos que a carência de
uma compreensão mais clara da questão citada no último parágrafo é tão elevada e, ao
mesmo tempo, tão crucial, que até nos faltam palavras para tentar evidenciar isto mais
incisivamente ou intensamente.
O texto de Hebreus 7, verso 12, que estamos usando como título do presente tópico,
não diz que a troca de lei é que gera troca de sacerdócio, mas que a troca de sacerdócio
é que causa, necessariamente, a troca de lei.
Portanto, entendemos que convém frisar aqui que ainda que as duas abordagens do
último parágrafo pareçam ser iguais, elas apresentam consideráveis distinções.
Apesar da troca de um tipo de sacerdócio para outro tipo implicar
necessariamente em troca de lei, a tentativa de trocar somente a lei de um
tipo de sacerdócio, para não precisar romper a associação com este tipo
específico de sacerdócio, é um processo inválido ou contrário ao descrito
no capítulo 7 do livro de Hebreus.
Ou seja, de nada adianta, por exemplo, um indivíduo querer viver sob a nova aliança
e a liberdade que Deus oferece a ele em Cristo, uma nova aliança onde Deus fala
diretamente ao coração de cada pessoa, se ele continuar optando em se associar aos
sacerdotes que atuam em conformidade com o tipo de sacerdócio que não é condizente
com o sacerdócio que Deus estabeleceu em Cristo e para aqueles que o seguem.
Se uma pessoa que alega querer seguir a Cristo não chegar a deixar o
sacerdócio antigo ao qual estava sujeita ou se após começar a seguir a
Cristo ela voltar a se sujeitar a outro sacerdócio, ela não fará com que a sua
situação diante do Senhor se torne adequada somente pelo seguir alguns
princípios que há na lei de Cristo, pois é, primeiramente, o sacerdócio que
define a que tipo de lei uma pessoa também está sujeita.
Se uma pessoa, por exemplo, está debaixo do sacerdócio chamado também como o
sacerdócio segundo Moisés, e que tem a lei que diz que uma pessoa somente é bendita
173

se ela cumprir todas as regras da lei deste sacerdócio, a prática de algumas das
chamadas boas obras cristãs poderá não lhe ser de muita valia, pois uma única obra
não cumprida da lei associada ao sacerdócio de acordo com Moisés coloca esta pessoa
sob uma condição de maldição.
Se uma pessoa estiver associada a um tipo de sacerdócio que é de acordo ou similar
ao sacerdócio segundo Moisés, a mera prática de alguns atos do sacerdócio segundo
Cristo, e sem se dissociar do primeiro sacerdócio, não implica em que ela encontrará a
sua justificação perante Deus.
A escolha de um indivíduo por um tipo de sacerdócio também pode
resultar na sua sujeição ou associação à lei deste sacerdócio e das
consequências que advém desta lei, ainda que este indivíduo não concorde
com todos pontos da lei do tipo de sacerdócio ao qual ele se conectou.

Gálatas 3: 10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-
las.

E o que foi exposto no parágrafo anterior, similarmente também ocorre com as


pessoas que confiam em si próprias ou nos seus semelhantes para a sua justificação ou
como a sua referência de força e confiança, conforme já vimos anteriormente no texto
que repetimos mais uma vez abaixo:

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!

Além disso, considerando que a escolha de um tipo de sacerdócio também implica


na mudança de lei, quando as pessoas optam pelos mediadores humanos entre elas e
Deus, elas também optam pelas leis e preceitos que estes mediadores acabarão
apresentando a elas.
Um determinado tipo de sacerdócio estabelece a existência da lei que lhe é
pertinente, pois apesar de um sacerdócio necessitar de uma lei associada a ele e que o
defina e o exponha, se um determinado tipo de sacerdócio não existir, também não faz
sentido existir uma lei a respeito daquilo que é inexistente.
A lei associada a um sacerdócio existe para que as características de um sacerdócio
possam ser estabelecidas nos mais diversos detalhes. Entretanto, se um sacerdócio não
estiver previamente estabelecido, a lei não terá algo ao qual fazer referência.
Portanto, frisando este ponto mais uma vez, também é por causa do conjunto dos
principais pontos aos quais uma pessoa se sujeita ao escolher um tipo de sacerdócio,
como, por exemplo, a lei ou o conjunto de parâmetros deste sacerdócio, que é tão
crucial conhecer os aspectos centrais que estão conectados à cada tipo de sacerdócio
antes de passar a se submeter ou se associar a uma determinada proposição de
sacerdócio.
174

F. Diferenciando o Primeiro e o Segundo Sacerdócios dos


Demais Sacerdócios que Há no Mundo

Uma vez que sabemos, pelas Escrituras, que um sacerdócio também é especificado
pelos critérios que o constituem de forma mais pormenorizada e expressos no que é
chamado da lei associada a cada sacerdócio, quer seja informal ou formal, entendemos
que podemos avançar ainda um pouco mais ou mais objetivamente na tarefa de
diferenciar os principais aspectos dos sacerdócios e que, de certa forma, os classificam
em grandes grupos com características muito evidentes e distintas entre eles.
No mundo, há uma variedade grande de proposições de sacerdócio. Por outro lado,
porém, estas proposições também acabam tendo características mais gerais que
permite distingui-las e posicioná-las em grupos já a partir de alguns poucos pontos
básicos que as compõem, explicitando já a partir de poucos aspectos quais são as linhas
mais gerais que fazem parte destes sacerdócios.
Assim, entendemos que o primeiro aspecto central ou fundamental que diferencia
um sacerdócio de outros sacerdócios é quem ou o que é considerado como divindade
em cada sacerdócio.
E, como consequência, entendemos que o segundo aspecto básico que diferencia um
sacerdócio de outros sacerdócios está ligado à questão dele ser ou não ser reconhecido e
autorizado por aquele ou aquilo que é considerado como divindade no respectivo
sacerdócio.
Ainda em função da primeira diferenciação entre sacerdócios, pode-se
também dizer, então, que a primeira grande divisão de sacerdócios em
grupos distintos acaba dividindo os sacerdócios somente em dois grandes
grupos.
Quando vemos os diversos sacerdócios à luz das Escrituras e no aspecto
da divindade a que são direcionados, podemos ver que neste aspecto todos
os sacerdócios acabam sendo divididos entre:
 1) Aqueles sacerdócios que alegam que além do Eterno Deus Único há outros
deuses e divindades que podem ser invocados e buscados ou que inclusive não
reconhecem ao Único Criador;
 2) Aqueles sacerdócios que buscam ou invocam ao Único Deus Criador dos Céus
e da Terra e aquilo que neles há.

Se um determinado tipo de sacerdócio crê, ensina e aceita que no universo podem


haver vários deuses ou divindades aos quais as pessoas podem buscar e se devotar,
considerando inclusive a possibilidade do próprio ser humano poder representar um
tipo de divindade ou ser autossuficiente para definir a vida natural e eterna segundo
seu próprio entendimento, este sacerdócio, juntamente com todos os outros que
também têm características similares, formam, neste sentido, um mesmo grupo comum
de sacerdócios ainda que eles entre si possam ter característica muito variadas.
E o fato de existir esse primeiro fator tão expressivo de divisão dos tipos de
sacerdócios poderia, talvez, fazer com que alguém viesse a pensar que o sacerdócio
denominado de primeiro no livro de Hebreus viesse a ser esse grupo de sacerdócios que
175

se abstém do Único Deus Criador ou que não aceitam a condição de somente haver um
Único Deus soberano e eterno.
Entretanto, quando passamos a observar o primeiro grupo citado acima mais de
perto, podemos ver que não é a este grupo de sacerdócios ao qual o texto de Hebreus se
refere sob o nome de primeiro.
Apesar dos chamados primeiro e segundo sacerdócios serem muito distintos entre
si, ambos não pertencem ao primeiro grupo que apresentamos nos parágrafos acima.
Tanto o sacerdócio chamado de primeiro como o denominado de
segundo pertencem ao grupo de sacerdócios que buscam ao Único Deus
Criador dos Céus e da Terra, o que, por sua vez, os diferencia grandemente
de todos os outros sacerdócios que há no mundo e que não têm esta mesma
característica em comum.
Contudo, depois de classificar os sacerdócios como aqueles que não buscam ao
Único Deus Criador exposto pelas Escrituras e como aqueles que o buscam, vimos
acima que ainda há um segundo aspecto básico que classifica os tipos de sacerdócios
em grupos, o qual é a aceitação ou a validade dos sacerdócios diante da divindade à
quem eles são direcionados.
Se um tipo de sacerdócio não busca ao Único Deus Criador, é de se esperar também
que ele, obviamente, não seja aceito e validado pelo Senhor, pois este tipo de sacerdócio
procura abster e afastar as pessoas do seu Criador.
O segundo aspecto da classificação dos sacerdócios em grandes grupos, entretanto,
abre um espaço para que também possa haver divisões significativas dentro de cada
grande grupo de sacerdócios.
Assim, se considerarmos somente o segundo grande grupo de sacerdócios, que são
aqueles que buscam ao Único Deus Criador, podemos encontrar também neste grupo
mais uma segunda grande divisão referente à sua classificação.
Portanto, o grupo de sacerdócios classificado, primeiramente, como o grupo
daqueles que procuram o serviço sacerdotal direcionado ao Único Deus Criador, podem
ainda, de acordo com o segundo critério de classificação de sacerdócios, serem
classificados em:
 1) Os sacerdócios que buscam ao Único Deus Criador, mas que nunca foram
aceitos ou autorizados pelo Senhor para serem praticados;
 2) Os sacerdócios que buscam ao Único Deus Criador e que foram autorizados
pelo Senhor para serem usados pelas pessoas, ainda que somente
temporariamente, como é o caso do chamado primeiro tipo de sacerdócio.

Há alguns tipos de sacerdócios que são propostos às pessoas no mundo e que se


apresentam como sacerdócios que buscam ao Único Deus Criador, mas que jamais
tiveram alguma instrução ou validação do Senhor para serem usados por elas, o que
torna estes tipos de sacerdócios em um conjunto de proposições que foram elaborados
unilateralmente pela criação como se a criatura pudesse estabelecer ao Senhor como
Ele deveria aceitar às pessoas e como Ele deveria se relacionar com elas.
Portanto, o sacerdócio chamado de primeiro no texto de Hebreus que tem sido
adotado como referência no presente capítulo, também ainda não se refere a este
176

conjunto de sacerdócios que buscam ao Único Deus Criador sem qualquer aval do
Senhor para assim procederem.
Tanto o sacerdócio denominado de primeiro como o sacerdócio
chamado de segundo fazem parte do mesmo grupo de sacerdócios que
buscam ao Único Deus Criador, mas também do grupo de sacerdócios que
foram autorizados pelo Senhor para serem praticados pelos seres
humanos, ainda que o primeiro tenha sido autorizado somente por um
período determinado.
E o fato do sacerdócio chamado de primeiro e o sacerdócio chamado de
segundo terem algumas características básicas que os colocam em uma
mesma classificação de um conjunto tão específico de sacerdócios é,
provavelmente, um dos aspectos mais desafiadores para a tarefa de
compreender as distinções entre estes dois tipos específicos de
sacerdócios.
Quando passamos a ver que o sacerdócio chamado de primeiro é também um
sacerdócio muito próximo ao sacerdócio chamado de segundo quanto à classificação de
sacerdócios em grupos, também podemos passar a ter uma percepção mais precisa de
como é desafiador e necessário fazer uma abordagem mais específica e mais precisa
quanto à distinção entre estes dois sacerdócios em particular.
Assim, é a partir da proximidade que o denominado primeiro sacerdócio tem com o
chamado de segundo em termos de classificação dos sacerdócios em grupos, mas, ao
mesmo tempo, também a partir do fato de que ainda há grandes diferenças entre outras
das suas características fundamentais, que a compreensão das distinções dos chamados
primeiro sacerdócio e segundo sacerdócio pode ser melhor ou mais objetivamente
alcançada.
177

G. Introduzindo a Distinção Entre o Sacerdócio Chamado de


Primeiro e o Sacerdócio Denominado de Segundo

Hebreus 10: 8 Depois de (Cristo) dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas


não quiseste, nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto
te deleitaste (coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
----

Tão próximos, mas, ao mesmo tempo, tão diferentes!


Depois de ter visto que tanto o chamado de primeiro como o denominado segundo
sacerdócios pertencem ao mesmo grupo de sacerdócios que buscam a Deus e que
ambos foram autorizados por Deus para serem praticados ou seguidos em seus
respectivos tempos, não é de se admirar que algumas pessoas cheguem até a pensar que
estes dois tipos de sacerdócios talvez pudessem não ser tão distintos entre si.
Entretanto, ou apesar da proximidade que se poderia tentar atribuir a alguns pontos
do denominado primeiro sacerdócio com o chamado de segundo sacerdócio, é
fundamental e imprescindível conhecer que a diferença entre os dois na realidade é
enorme, a ponto destes dois sacerdócios jamais poderem vir a ser conciliados.
Se há um primeiro a ser removido e um segundo a ser estabelecido, também é
razoável que haja grandes diferenças ou distinções significativas entre eles.
O fato de haver, até certo ponto, uma proximidade entre o chamado
primeiro sacerdócio e o denominado de segundo não deveria ser
confundido com a ideia de que se ambos buscam ao Senhor Eterno eles, no
final das contas, também poderiam ser iguais ou poderiam alcançar os
mesmos resultados.
Ainda que o sacerdócio denominado de primeiro e o chamado de
segundo busquem, de maneiras distintas, alguns alvos similares, eles de
fato não têm os mesmos fundamentos, não convergem para os mesmos
princípios essenciais e nem compartilham dos mesmos resultados.
Quando, por exemplo, olhamos para algumas plantas muito perigosas ou venenosas
da natureza, pode ser observado que algumas delas têm uma aparência muito similar a
outras que até são frutíferas e benéficas para aqueles que se alimentam delas, exibindo
assim uma proximidade ou similaridade visual, mas escondendo uma distinção
profunda entre as espécies.
Portanto, por mais que o primeiro tenha sido feito como uma tentativa de uma
réplica muito bem elaborada do chamado segundo sacerdócio, algumas similaridades
do chamado primeiro sacerdócio com o denominado de segundo sacerdócio não faz
com que os fatores básicos ou fundamentais da novidade de vida verdadeira que há no
segundo sacerdócio possam ser incorporados ao chamado de primeiro.
178

É precisamente na proximidade do chamado primeiro sacerdócio com o


denominado de segundo que muitas pessoas ficam confusas sobre estes
dois sacerdócios. Entretanto, também é na proximidade dos dois referidos
sacerdócios que as diferenciações mais profundas e sutis entre eles ficam
muito mais claramente descortinadas e evidenciadas.
As diferenciações ou distinções entre o chamado de primeiro sacerdócio
e o denominado de segundo não somente são elevadíssimas em
quantidade, mas também em princípios, lei, estrutura, funcionamento e,
por fim, nos resultados que cada pessoa que a eles se associa pode alcançar
ou deixar de alcançar.
As diferenciações entre os dois sacerdócios que procuraremos mostrar com maior
evidência a partir dos próximos tópicos se estendem por muitas áreas práticas da vida e
se estendem desde os fundamentos básicos das suas concepções até uma enormidade
de pequenos detalhes que estão associados a eles.
Apesar da aparente proximidade do chamado primeiro sacerdócio com
o denominado de segundo, a diferenciação entre os dois é um dos temas
que mais ocupou espaço e mais foi evidenciado nas Escrituras. Este
aspecto nos mostra que o entendimento daquilo que está relacionado a
estes dois sacerdócios também representa um dos maiores desafios para as
pessoas compreenderem o que de fato vem a ser o sacerdócio ao qual o
Senhor quer que as pessoas se associem, e quais vem a ser os tipos de
sacerdócios com os quais o Senhor não quer que as pessoas estejam
associadas.
As diferenciações entre os dois sacerdócios em referência são tão expressivos em
grau de importância e em quantidade de aspectos que este assunto foi recorrentemente
tratado nas Escrituras por milhares de anos e continua igualmente sendo necessário de
ser compreendido atualmente.
Considerando que o sacerdócio é o principal meio operacional de uma
pessoa se relacionar com Deus, o entendimento das diferenciações dos
princípios básicos que estão associados aos chamados primeiro e segundo
sacerdócios também têm um papel vital para que a novidade de vida
concedida pelo reino celestial ou a vida eterna seja alcançada ou seja
alcançada mais abundantemente, o que torna este assunto ainda mais
essencial ou crucial para cada ser humano.
Além disso, a falta de compreensão de que o primeiro e o segundo sacerdócios são
fundamentalmente distintos provavelmente também é um dos motivos mais
expressivos para que muitas pessoas não cristãs tenham receio de se achegarem à vida
cristã, pois muitos indivíduos pensam que se vieram a Cristo, também precisariam
aderir aos princípios, preceitos ou práticas religiosas do que é denominado de primeiro
sacerdócio ou similar ao primeiro tipo.
Por não saberem que o segundo sacerdócio não é um tipo de sacerdócio ligado aos
preceitos religiosos do primeiro sacerdócio, o qual é ligado a preceitos desprovidos de
um caminho de vitória para a vida eterna, muitas pessoas acabam se abstendo do
segundo sacerdócio através do qual não somente poderiam ser vitoriosas em Cristo,
mas mais do que vitoriosas, conforme descrito em capítulos anteriores.
É interessante observar que é pela proximidade, mas também pela grande diferença
que há entre os chamados de primeiro e o segundo sacerdócios que se faz necessário
179

ampliar este assunto e inclusive desmembrá-lo em vários subtemas distintos para


compreendê-lo mais satisfatoriamente, conforme procuraremos apresentar nos
próximos tópicos deste mesmo capítulo e até nos próximos capítulos.
Ao realizarmos a partição do tema em questão em mais tópicos e capítulos, estamos
também confiantes de que este é um caminho mais abrangente e esclarecedor do que
uma tentativa de sumarizar em excesso aquilo que, no final das contas, terá que ser
detalhado de uma forma ou de outra para que um esclarecimento satisfatório seja
minimamente estruturado.
180

H. O Fator Temporal e o Registro nas Escrituras do Chamado


Primeiro Sacerdócio

Quando passamos a avançar mais detalhadamente na averiguação das distinções


entre os chamados de primeiro e de segundo sacerdócios, pode-se observar que três
aspectos em particular têm gerado uma grande dificuldade prática para muitas pessoas
diferenciarem os referidos sacerdócios, os quais são:
 1) O fato de ambos os sacerdócios estarem registrado nas Escrituras;
 2) O fato de Deus ter autorizado um primeiro sacerdócio fraco e inútil;
 3) O fato de um sacerdócio autorizado por Deus ter se evidenciado como
temporário e ter que vir a ter a sua autorização revogada.

As três dificuldades apontadas no parágrafo anterior são muito interessantes e


importantes de serem observadas, pois elas, de certa forma, precedem a análise
específica dos dois sacerdócios em questão.
A dificuldade de compreensão de um assunto muitas vezes nem reside no próprio
assunto que se almeja entender, mas na carência da compreensão de alguns aspectos
que precedem o assunto em particular e que podem até gerar uma barreira quase que
intransponível para que o objetivo mais específico seja alcançado.
Para chegar a um ponto específico, muitas vezes é necessário, antes, remover alguns
obstáculos prévios que impedem as pessoas de chegarem ao ponto que elas almejam
alcançar, como é o caso das três barreiras citadas acima.
Assim, em primeiro lugar, se uma pessoa, por exemplo, persistir no pensamento ou
não se demover da ideia de que tudo o que está registrado nas Escrituras deveria ser
seguido e aplicado por todos aqueles que querem seguir o que as Escrituras descrevem,
ela terá uma enorme dificuldade em compreender as diferenças entre os chamados de
primeiro e segundo sacerdócios.
As próprias Escrituras nos ensinam que todas as suas partes são inspiradas pelo
Senhor e que são úteis para a instrução e aperfeiçoamento. Entretanto, as Escrituras
nos ensinam que todas as suas partes também são úteis para correção, repreensão e
para a educação na justiça daquilo que está equivocado na vida daquele que anela viver
e andar na vontade de Deus.

2 Timóteo 3: 16 Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o


ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na
justiça,
17 a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.

As Escrituras nos ensinam aspectos vitais pertinentes à vida e que todo ser humano
deveria anelar compreender e seguir. Entretanto, as Escrituras igualmente nos
mostram e ensinam sobre os caminhos ineficazes e de engano dos quais cada pessoa
deveria se abster.
Alegar que tudo o que está apresentado nas Escrituras está exposto nelas para
também ser seguido ao pé da letra, não somente é contrário às próprias Escrituras, mas
181

também é incoerente e contraditório, pois como uma pessoa poderia vir a ter êxito ao
tentar seguir, ao mesmo tempo, o que lhe é favorável e o que é contrário à sua vida?
Toda a Escritura foi, de fato, inspirada por Deus, mas ela também foi inspirada pelo
Senhor para expor ou esclarecer aqueles aspectos que se apresentam na vida com
sutilezas para tentar enredar as pessoas em falsas proposições de uma vida de temor ou
reverência a Deus.
O fato das Escrituras nos mostrarem que há um sacerdócio chamado de primeiro
que precisava ser removido e o fato delas nos mostrarem que este primeiro sacerdócio
foi permitido por um período para que a sua temporalidade e fragilidade ficasse
evidente, apesar de sua enormidade de detalhes, não deveriam se tornar em uma causa
de escândalo em relação às Escrituras, mas, muito pelo contrário, em uma causa de
muito mais respeito ao Senhor, às Escrituras e pelo que nelas está registrado.
As Escrituras são concedidas aos seres humanos para lhes ensinarem o caminho de
vida no qual cada pessoa é chamada a andar, mas elas também nos mostram com
clareza e com detalhes quais são os caminhos e os resultados dos caminhos que não
conduzem à vida, como, por exemplo, o sacerdócio chamado como primeiro.
As Escrituras nos são concedidas pelo Senhor para nos mostrar o caminho de vida e
os caminhos de morte a fim de que possamos encontrar a vida e nos afastar das veredas
de morte. Ou seja, as Escrituras sempre deveriam ser lidas com discernimento para
entender que os seus temas apontam para vários aspectos distintos, conforme também
descrevemos mais amplamente no estudo sobre a Adequada Divisão da Palavra da
Verdade.
Assim, se as Escrituras fazem especial menção a uma série de detalhes do chamado
de primeiro sacerdócio, elas o fazem porque também é necessário evidenciar os
detalhes deste tipo de sacerdócio a fim de que as pessoas vejam a sua fraqueza e
inutilidade, e uma vez que a humanidade se sente grandemente atraída por proposições
similares a este sacerdócio.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

O fato do sacerdócio chamado de primeiro receber um destaque especial nas


Escrituras não é para lhe dar credibilidade no sentido de que as pessoas deveriam se
associar a ele, mas é para mostrar que por mais próximo que ele possa vir a ser do
verdadeiro sacerdócio que Deus quer que as pessoas adotem, este sacerdócio chamado
de primeiro nunca poderá se equipar ao que o verdadeiro sacerdócio em Cristo pode
prover para aqueles que o recebem como Senhor.
Pelo fato do sacerdócio chamado de primeiro almejar tanto mostrar que
poderia prover a novidade de vida que somente o segundo sacerdócio pode
oferecer, mas jamais poder fazê-lo de fato, é que também se fez necessário
registrar o primeiro nas Escrituras com tantos detalhes para que a sua
inutilidade fosse amplamente evidenciada, mostrando que uma cópia
aparente não pode, jamais, substituir o verdadeiro concedido pelo Senhor.
182

Em segundo lugar, conforme mencionado no início deste tópico, outro ponto que
gera dificuldades para muitas pessoas alcançarem a compreensão das distinções entre
os chamados primeiro e segundo sacerdócios, é o fato de Deus, no passado, ter
autorizado um grupo de pessoas a tentarem viver as suas vidas com base nos princípios
do sacerdócio chamado de primeiro.
O fato de ter Deus ter autorizado o primeiro sacerdócio, a despeito da sua fraqueza e
inutilidade, é a razão para haver os sacerdócios denominados de primeiro e segundo.
Ou seja, somente os sacerdócios autorizados pelo Senhor a serem praticados é que
receberam também uma menção destacada sob nomes específicos de “sacerdócios” nas
Escrituras.
Quando as Escrituras nos mostram que o Filho Unigênito de Deus veio
ao mundo para que o 1º pudesse vir a ser removido e para que o 2º pudesse
ser estabelecido, elas não citam a necessidade da remoção de outros
sacerdócios que há pelo mundo afora, pois nenhum dos outros foi
autorizado pelo Senhor a ser praticado e, portanto, não precisam ser
removidos pelo próprio Senhor.
Entretanto, o fato do Senhor ter autorizado o primeiro sacerdócio, não implica em
dizer que ele representou aquilo que o Senhor queria para aquele povo a quem foi
autorizado seguir pelo caminho deste primeiro sacerdócio.
Nas palavras do profeta Jeremias, podemos observar claramente que o Senhor não
almejou o primeiro sacerdócio, a sua lei e todos os atos derivados desta lei para aquele
povo, mas estes aspectos foram autorizados porque as pessoas a quem Deus queria
guiar não quiseram a direção direta do Senhor.
O primeiro sacerdócio foi autorizado porque o povo quis que Deus permitisse as
pessoas caminharem na opção feita pelo próprio povo.

Jeremias 7: 22 Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da


terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos
ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei
o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que
eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.

O primeiro sacerdócio foi fruto de um anelo carnal do povo em oposição à


proposição que Deus estava oferecendo para guiar as pessoas, conforme também é
exposto no livro de Hebreus capítulo 7.
Neste ponto, entretanto, algumas pessoas ainda poderiam vir a se deparar com a
questão de como é possível Deus autorizar um tipo de sacerdócio que é contrário ao
tipo de sacerdócio que o próprio Senhor intenta que as pessoas venham a seguir?
A compreensão deste último aspecto é muito significativa, especialmente à luz do
Evangelho do Senhor, o qual tem por característica ser uma oferta. E como o Evangelho
é uma oferta, ele não pode ser caracterizado como uma imposição.
183

O convite para a adesão ao sacerdócio que Deus intenta para todas as pessoas, que é
o chamado de segundo sacerdócio, refere-se ao sacerdócio que é oferecido para ser
aderido por opção e não por imputação. Um aspecto que nos mostra que as pessoas,
por outro lado, também têm a opção de escolherem se associar a outros tipos de
sacerdócios ainda que contrários à vontade de Deus.
Portanto, no caso do chamado primeiro sacerdócio, e atendendo uma demanda
contrária a Deus do povo que foi chamado para ser guiado por Deus, o Senhor fez uma
concessão muito específica e muito diferenciada para que as pessoas pudessem ver
mais adiante que o sacerdócio pelo qual elas estavam optando em contrariedade ao
Senhor era um sacerdócio que, no final das contas, não funcionaria ainda que o Senhor
lhes fosse favorável e lhes concedesse tudo o que necessitassem da parte de Deus para
andarem no sacerdócio que o próprio povo escolheu para andar.
O Senhor de fato autorizou o primeiro sacerdócio para que o povo andasse de
acordo com o tipo de sacerdócio que este grupo escolheu. Entretanto, isto foi feito para
que o mundo todo também viesse a conhecer que este tipo de sacerdócio jamais poderia
alcançar aquilo que ele se propunha a alcançar mesmo que Deus autorizasse um povo a
segui-lo por um determinado tempo e não se opusesse a que o povo assim o fizesse.
Se, por um lado, o chamado primeiro sacerdócio não poderia levar o
povo a alcançar o que ele almejava, por outro lado, o fato deles tentarem
exaustivamente realizar o que Deus não queria que eles seguissem, viria a
se mostrar como um benefício para revelar ao mundo todo que este tipo de
sacerdócio nunca aperfeiçoou coisa alguma, por mais que as pessoas se
esmerem e insistam em segui-lo.
Quando as pessoas que foram chamadas para serem guiadas por Deus pediram que
o Senhor lhes desse um caminho alternativo, a fim de que pudessem tentar servir a
Deus de acordo com uma proposição que mais agradasse ao próprio povo e que fosse
segundo os intentos naturais delas, a maioria destas já havia feito uma escolha no
coração em contraposição ao que o Senhor lhes oferecera. Entretanto, a autorização
para o primeiro sacerdócio vir a ser instaurado e adotado pelo povo somente foi
concedida porque o mundo ainda não era consciente e ainda não havia testemunhado
da fraqueza e inutilidade deste primeiro sacerdócio.
E, por fim neste tópico, vimos que há ainda um terceiro aspecto que pode tentar se
interpor na compreensão da diferenciação entre os chamados de primeiro e o segundo
sacerdócios.
Esse terceiro ponto, porém, praticamente já fica respondido e evidenciado pelos dois
primeiros pontos que vimos acima. Ou seja, o fato de Deus ter registrado o chamado
primeiro sacerdócio nas Escrituras e o fato de Deus ter autorizado, por um
determinado tempo, que as pessoas procurassem viver de acordo com este primeiro
sacerdócio, nos mostra que Deus é soberano para remover a autorização daquilo que
Ele permitiu ser seguido por um período da história para o nosso ensino.
Quando Cristo anuncia que Ele foi introduzido em carne no mundo e que Deus lhe
dera um corpo para que a vontade do Senhor em remover o primeiro e estabelecer o
segundo fosse cumprida, Ele nos mostra que Deus é plenamente soberano para
remover a validade daquilo que foi autorizado para fins de revelar e ensinar ao mundo
aquilo que as pessoas que habitam nele não deveriam seguir.
O registro nas Escrituras da existência de um primeiro a ser removido por causa do
estabelecimento de um segundo também nos informa, claramente, sobre uma divisão
184

de tempos e uma divisão de formas de abordagem ou de práticas relacionadas a um


mesmo tema.
O fato das Escrituras nos informarem que existe um primeiro a ser removido e
existe um segundo a ser estabelecido, enriquece o desafio de compreender alguns
assuntos da vida em consonância com a vontade de Deus e também nos mostra que a
vida do ser humano passou e passa por períodos distintos. E, ainda, que nestes
períodos diferentes, há também aspectos que tiveram uma expressão temporária diante
de Deus e cujo tempo de aceitação ou tolerância foi alterado por aspectos que vieram
posteriormente e tomaram o lugar do que estava anteriormente em atuação.
Apesar de “toda a Escritura” ser inspirada pelo Senhor e útil para ensino e
aperfeiçoamento daqueles que permitem que o Senhor os instrua através da palavra
escrita, convém lembrar que na própria “Escritura”, há instruções sobre o que Deus
quer que as pessoas sigam e que são eternas, mas também há nela ensinos que são
temporários. E como tais, alguns ensinos foram ou estão registrados na “Escritura”
exatamente para instruir as pessoas de épocas específicas a não pautarem mais as suas
vidas neles.
O fato de Deus estabelecer ou permitir que algo seja praticado por um determinado
tempo ou o fato de Deus ter se manifestado por algum meio durante uma época
específica e através de outro meio em outro período, não significa que Deus não possa
interromper ou desautorizar o que foi útil ou permitido por um tempo, ou que Deus não
possa simplesmente deixar de usar algumas maneiras de manifestação temporária que
foram utilizadas em momentos passados da história humana.
Se observarmos a história humana de uma forma mais global desde a sua criação,
podemos ver que Deus nunca repetiu os grandes eventos que nela ocorreram.
Na história humana, somente houve um processo de criação como o inicial, e
somente houve um dilúvio. Somente houve um chamado como foi aquele que o Senhor
fez a Abraão e Sara. Houve uma única abertura do Mar Vermelho para o povo passar
com os pés enxutos e ser liberto coletivamente do Egito. Somente houve uma
intervenção de Cristo para a realização da provisão de salvação de todos os seres
humanos da sua condição de condenação por causa do pecado.
Além disso, em cada uma desses grandes eventos únicos, também sempre houve
troca de várias condições de vida e das instruções para viver a vida após cada uma
dessas intervenções.
O profeta Daniel nos ensina que Deus, como Soberano sobre tudo e sobre todos, é o
Senhor Eterno e, por isto, também é o Senhor dos tempos, das estações e períodos em
que algo pode ser liberado temporariamente ou pode ser interrompido segundo o justo
governo de Deus tanto sobre os Céus como sobre a Terra.

Daniel 2: 20 Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a


eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece
reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
----
185

Desde o momento em que Adão e Eva receberam a promessa de que um descendente


deles viria a ser constituído para derrotar a serpente que se levantou contra eles e desde
o momento em que Abraão e Sara foram chamados para andarem em fé segundo as
instruções que Deus lhes concederia, o Senhor sempre anunciou mudanças de tempos
ou de épocas que iriam ocorrer em função das ações realizadas através das suas
intervenções justas junto aos seres humanos, conforme é exemplificado nas palavras
abaixo que Deus anunciou a Abraão:

Gênesis 15: 12 Ao pôr-do-sol, caiu profundo sono sobre Abrão, e grande


pavor e cerradas trevas o acometeram;
13 então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será
peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será
afligida por quatrocentos anos.
14 Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois
sairão com grandes riquezas.
15 E tu irás para os teus pais em paz; serás sepultado em ditosa
velhice.
16 Na quarta geração, tornarão para aqui; porque não se encheu
ainda a medida da iniquidade dos amorreus.
----

E se através de diversos chamados direcionados por Deus aos homens e mulheres do


mundo o Senhor já introduziu tantas mudanças para também remover situações e
condições praticadas até o momento destas mudanças, quanto mais o Senhor não o
faria conjuntamente e após a introdução do seu Filho Amado no mundo para ser o
Salvador e Cristo de todas as pessoas que nele creem?

Gálatas 4: 4 Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu


Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos
a adoção de filhos.
6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito
de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7 De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus.

Gálatas 3: 24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus.

Hebreus 1: 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.
----
186

Sem a compreensão de que diversos pontos estabelecidos ou autorizados pelo


próprio Senhor também tiveram um propósito específico para alguns momentos da
história humana e que diversos destes pontos somente foram liberados sob uma
condição temporária, uma pessoa que procura compreender as Escrituras poderá
enfrentar grandes dificuldades em separar o que se aplica à todas as gerações, à sua
geração e aquilo que serviu de aplicação somente para gerações passadas.
A falta de percepção de que Deus pode liberar algo temporariamente e a
falta de entendimento simples e cristalino de que aquilo que é chamado de
primeiro somente foi consentido por Deus para um determinado tempo até
que fosse revelado mais amplamente o segundo sacerdócio, tem sido um
dos itens mais centrais, marcantes e atuantes na tentativa de impedir as
pessoas de perceberem aquilo que Deus não quer mais que elas sigam e,
por consequência, também de entenderem aquilo que o Senhor quer que
elas vejam, creiam e recebam em suas vidas.
Assim, uma vez exposta a diversidade de algumas peculiaridades que há na
abordagem de duas perspectivas distintas sobre um mesmo tema, denominadas
respectivamente de primeira e de segunda, e uma vez exposto o fato de que estas duas
perspectivas também foram permitidas para ressaltar a temporariedade da primeira
diante da segunda, entendemos que passamos a estar melhor amparados para avançar
em mais detalhes sobre cada um dos dois sacerdócios em referência e de suas
peculiaridades.
187

I. A Proximidade do Primeiro Sacerdócio com os Demais


Sacerdócios do Mundo e a Exclusiva Validade Presente e
Eterna do Segundo Sacerdócio

Hebreus 10: 8 Depois de (Cristo) dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas


não quiseste, nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto
te deleitaste (coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

Se retornarmos um pouco ao que foi exposto nos tópicos anteriores do presente


capítulo, podemos relembrar que neles foi dito que os chamados primeiro e segundo
sacerdócios se distinguem de todos os demais sacerdócios do mundo, basicamente, pelo
fato dos dois buscarem ao Único Deus Criador e pelo fato de somente estes dois terem
recebido uma referência específica de sacerdócios que foram autorizados formalmente
pelo Senhor para serem aderidos e praticados, fazendo com que somente estes tenham
efetivamente nomes específicos de sacerdócios expostos de forma mais ampla nas
Escrituras.
Entretanto, quando avançamos um pouco mais nas Escrituras e nos motivos pelos
quais o primeiro sacerdócio também foi incluso nelas de forma tão detalhada, podemos
passar a ver que este primeiro sacerdócio não é, na realidade, tão distinto dos demais
sacerdotes que há no mundo e que não são aprovados pelo Senhor.
Se por um tempo o primeiro sacerdócio se distinguiu dos demais
sacerdócios do mundo por ele ser um sacerdócio autorizado pelo Senhor
para ser praticado, este sacerdócio passou a não estar mais no grupo do
sacerdócios autorizados a partir do momento em que Deus enviou o Seu
Filho Unigênito para através Dele também revogar a validade do primeiro
sacerdócio, equiparando, desta forma, este primeiro aos demais
sacerdócios em geral no mundo no quesito de não serem válidos diante do
Senhor.
Após a morte de Cristo na cruz do Calvário, o seu sepultamento e a sua
ressurreição dentre os mortos, o primeiro sacerdócio também passou à
condição de não aceito ou de rejeitado por Deus ainda que as pessoas
continuem tentando estabelecer através deste sacerdócio um
relacionamento com Deus.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
188

Depois que Deus permitiu o primeiro sacerdócio ser praticado para que também as
tentativas de estabelecer um sacerdócio na força da carne demonstrassem a fraqueza e
a inutilidade que há neste tipo de sacerdócio, o primeiro sacerdócio, no final das
contas, acabou sendo revelado como um modelo mais completo ou mais amplamente
elaborado do que os demais sacerdócios em que os próprios seres humanos tentam
estabelecer, na força da carne, a realização das diversas ações a serem seguidas nos
sacerdócios que eles criam e com os quais muitas pessoas se associam.
Depois que a sua fraqueza e incapacidade para alcançar o que um verdadeiro
sacerdócio deveria estabelecer foram expostas por séculos, o primeiro sacerdócio
passou a ficar evidenciado como um sacerdócio similar aos demais sacerdócios
humanos por ser igualmente inútil para prover o que somente pode ser provido por um
verdadeiro sacerdócio ou pelo sacerdócio eternamente aceito por Deus.
Depois da exposição até a exaustão do chamado primeiro sacerdócio, pode ser
observado que este sacerdócio não é tão diferente dos demais sacerdócios do mundo,
pois similarmente aos demais sacerdócios espalhados pela Terra, o primeiro sacerdócio
também teve por base a busca da divindade segundo a força do ser humano ou segundo
a força natural ou carnal, através da qual ninguém pode, jamais, herdar o reino de Deus
porque este não pode ser alcançado por esforços ou méritos humanos.
No livro de Gálatas, Paulo, apóstolo do Senhor Jesus Cristo, também nos
mostra que após a vinda de Cristo ao mundo, o primeiro sacerdócio,
estabelecido no monte Sinai através de Moisés, acabou sendo revelado
como associado a uma lei de mandamento carnal e que não pode herdar o
reino celestial juntamente com o segundo sacerdócio estabelecido por
Deus mediante Cristo.

Gálatas 4: 21 Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não
ouvis a lei?
22 Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher
escrava e outro da livre.
23 Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a
promessa.
24 Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas
alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para
escravidão; esta é Agar.
25 Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém
atual, que está em escravidão com seus filhos.
26 Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe;
27 porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e
clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os
filhos da abandonada que os da que tem marido.
28 Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29 Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia
ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30 Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho,
porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho
da livre.
31 E, assim, irmãos, somos filhos não da escrava, e sim da livre.
5: 1 Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois,
firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.
----
189

Se, por um lado, Deus permitiu que o primeiro sacerdócio fosse


autorizado para ser praticado por aqueles que insistiram em receber um
sacerdócio deste tipo, com a vinda do segundo sacerdócio, o primeiro
perdeu toda a validade perante Deus de continuar sendo praticado, visto
que o próprio primeiro sacerdócio expôs a sua fraqueza e inutilidade após
ter sido praticado por anos, séculos e até mais do que um milênio.
A partir da revelação e da evidência, através de Cristo, do segundo sacerdócio ao
mundo, e de que somente o segundo sacerdócio passou a ser autorizado perante Deus,
o primeiro sacerdócio deveria ser visto basicamente como o registro de um amplo
exemplo histórico de fatos e de princípios que jamais poderão levar uma pessoa à
transformação profunda de vida e à uma condição de se relacionar em liberdade com o
Senhor.
E, por fim, sendo o chamado de primeiro um sacerdócio muito amplo e completo na
sua proposição do ser humano tentar conseguir realizar todo o sacerdócio que ele
almeja estabelecer diante de Deus, apesar de jamais conseguir fazê-lo através deste,
este sacerdócio acabou se tornando um modelo genérico de todos os outros sacerdócios
elaborados pelos seres humanos, pois todos os outros sacerdócios elaborados pelas
pessoas ao longo dos séculos acabam sendo uma variação do modelo do primeiro
sacerdócio e de tudo o que há na sua respectiva lei.
O primeiro sacerdócio, em certo sentido, foi dado a conhecer ao mundo
para que a partir do conhecimento deste, as pessoas possam discernir
também os outros sacerdócios que são contrários à vontade de Deus, pois,
essencialmente, todos os sacerdócios propostos pelos seres humanos vão
acabar incorrendo em proposições fundamentadas na fraqueza da
sabedoria ou da natureza humana e não na sabedoria e no poder de Deus.
Portanto, pelo fato do segundo sacerdócio ser o único que de fato pode levar uma
pessoa a alcançar o relacionamento com a verdadeira divindade, ou seja, com o Único
Deus Criador e Eterno, também é somente o segundo sacerdócio que passou a ter a
autorização e aprovação diante de Deus após a revelação ampla deste segundo
sacerdócio ao mundo.
Insistir na prática do primeiro sacerdócio e insistir em fazer apologias a este
sacerdócio atualmente é, então, uma posição de resistência ao querer e à proposição da
justiça salvadora que Deus oferece à humanidade, ainda que as pessoas que o
pratiquem o primeiro sacerdócio ou similar e ele tentem demonstrar zelo por Deus.

Romanos 10: 1 Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica


a Deus a favor deles são para que sejam salvos.
2 Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém
não com entendimento.
3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
----

Em Cristo está o fim do primeiro sacerdócio, pois também em Cristo


está o fim da lei do primeiro sacerdócio.
190

Depois da revelação clara da fraqueza e inutilidade do primeiro


sacerdócio e da perfeição e da glória eterna do segundo sacerdócio, este
segundo sacerdócio, estabelecido através de Cristo e em Cristo, passou a
ser o único sacerdócio válido diante de Deus e o qual continua sendo o
único reconhecido no presente e para toda a eternidade.
Atualmente e eternamente, o segundo sacerdócio é o último e exclusivo
sacerdócio aceito diante de Deus e que jamais será abalado ou removido.

Hebreus 7: 20 E, visto que não é sem prestar juramento (porque


aqueles, sem juramento, são feitos sacerdotes,
21 mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou
e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre);
22 por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.
23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são
impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.
191

J. Os “Dois”, e não “Três”, Posicionamentos de Vida que São


Revelados na Compreensão do Primeiro e do Segundo
Sacerdócios

Depois de vermos que a temporalidade do primeiro sacerdócio leva este sacerdócio


também ser equiparado, em muitos aspectos, aos mais diversos sacerdócios que há no
mundo e que procuram estabelecer a justiça das pessoas perante Deus pelas obras que
elas praticam, podemos também ver que a obra de Deus junto aos seres humanos,
através Cristo, trata de profundezas de pensamentos e de atitudes que para muitos nem
pareciam ser práticas não aprovadas pelo Senhor.
Quando as pessoas somente permanecem na condição de verem genericamente e
superfluamente o que está contemplado no ministério de Cristo quanto à remoção de
coisas que já não condizem com a novidade de vida concedida pelo Senhor através da
sua salvação, elas facilmente podem incorrer na ideia equivocada de que Cristo
somente veio atuar na remoção daquilo que está relacionado aos pecados que
diretamente procuram tirar todo o interesse das pessoas pelo relacionamento com
Deus.
Uma vez que o pecado essencialmente objetiva o rompimento de um relacionamento
adequado das pessoas com Deus, conforme exposto no estudo sobre O Evangelho da
Justiça de Deus, talvez muitos facilmente poderiam vir a pensar que tudo aquilo que
Cristo quer que seja tirado dos corações daqueles que recebem a salvação de Deus está
ligado diretamente ao total desinteresse das pessoas pelo seu Criador.
Entretanto, quando vemos mais de perto aquilo que as Escrituras tem a dizer
especificamente sobre remover o primeiro e estabelecer o segundo, podemos observar
que o conjunto de aspectos com a qual Cristo quer tratar para remover o que é indevido
com a novidade de vida Nele, é muito mais amplo do que somente os pecados que
procuram atuar no desinteresse direto das pessoas por Deus.
A busca pelo afastamento do Senhor e o desprezo pelo Criador dos Céus
e da Terra certamente é uma forma muito objetiva e prática da atuação do
pecado. Porém, buscar o Senhor através de caminhos não instruídos por
Deus, e até fazê-lo com grande fervor ou intensidade, também é uma forma
muito objetiva e direta de atuação do pecado.
Nas Escrituras e na vida prática em geral, podemos observar que são exatamente
alguns aspectos que têm aparência de piedade, devoção e busca a Deus que mais
atraem muitas pessoas ao que já não deveriam mais se apegar após a crucificação e
ressurreição de Cristo dentre os mortos.
Muitas vezes é precisamente em relação às ações de busca ao Senhor,
mas de forma inadequada, que as pessoas mais relutam em aceitar o
parecer de Cristo sobre o que precisa ser removido em suas vidas e no que
elas precisam passar a estar estabelecidas.
Devido ao desconhecimento ou desprezo das Escrituras, muitos têm deixado de
perceber que o estabelecimento, cada vez mais firme, da novidade de vida que é
oferecida juntamente com a salvação concedida pelo Senhor, ocorre também pela
disposição das pessoas em permitir que Cristo as ensine a respeito da verdade e que Ele
remova das suas vidas inclusive aqueles pecados que são cometidos exatamente na
intensa, mas inadequada, busca pelo próprio Eterno Deus Criador.
192

Esse tema relacionado a ser liberto de crenças, credos, religiões e de ações através
dos quais uma pessoa busca a Deus e até o reconhece como o único Criador dos Céus e
da Terra, mas tentando fazê-lo através de maneiras que já não são aprovadas pelo
Senhor após a vinda de Cristo ao mundo também como o Filho do Homem, é um tema
que jamais deveria ser olhado com pouca atenção e que jamais deveria ser considerado
como um tema de pouca relevância para cada um dos seres humanos que habitam na
Terra.
O mero fato das pessoas procurarem ao Único Deus Todo-Poderoso e até
se mostrarem muito zelosas para com o Senhor não implica em dizer que
Deus automaticamente as justifique e faça com que elas possam vir a ser
resgatadas do pecado para viverem uma vida reconciliada com o Senhor.
A mera intenção de buscarem ao mesmo Deus Criador dos Céus e da
Terra não faz com que todos aqueles que o busquem sejam igualmente
recebidos e aceitos pelo Senhor quando esta busca é feita em conformidade
com a maneira escolhida pelas pessoas buscarem a Deus e não de acordo
com a maneira que Deus lhes mostra para ser achado por elas.

Mateus 7: 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino


dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome
não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos
milagres?
23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos
de mim, os que praticais a iniquidade.

Quando as pessoas procuram buscar a Deus com base nas suas ações e
através dos caminhos que elas querem estabelecer para buscarem a Deus,
elas, na realidade, não estão buscando a Deus no sentido de receber o que
o Senhor tem a oferecer a elas.
Quando os seres humanos querem que Deus as aceite com base nos
termos que elas mesmas querem estabelecer, elas de fato não estão
querendo que o Senhor seja realmente o seu “Deus”, mas que “Deus” seja o
servo delas e que as sirva com todo o seu poder e com todas as suas dádivas
nos termos estabelecidos por aqueles que buscam a Deus e não de acordo
com os termos que Deus estabeleceu para a comunhão com as pessoas.
Quando as pessoas procuram buscar a Deus com base em suas próprias
crenças, credos, ações, caminhos ou até de acordo com o primeiro
sacerdócio, elas procuram sujeitar Deus a si mesmas porque, na realidade,
não querem se sujeitar ao Deus Criador das suas vidas e ao seu caminho.

Romanos 10: 1 Irmãos, o bom desejo do meu coração e a oração a Deus


por Israel é para sua salvação.
2 Porque lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com
entendimento.
3 Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de
Deus.
193

A obra de busca pelo Senhor através dos próprios métodos daqueles que
o buscam ou até através da lei do primeiro sacerdócio, pode vir a se tornar
em um dos mais hostis e perversos pecados contra Deus e contra os demais
seres humanos.
Em muitos casos, as buscas a Deus, pelas maneiras que as pessoas
querem buscar a Deus, são pecados realizados sob uma bandeira sutil de
religiosidade que tenta passar uma aparência de verdadeira devoção e
busca intensa pelo Senhor Criador dos Céus e da Terra, mas que, na
prática, atuam para impedir as pessoas de verdadeiramente se achegarem
ao Reino de Deus.

Mateus 23: 13 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o


reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais
entrar os que estão entrando!
...
15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a
terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do
inferno duas vezes mais do que vós!

Colossenses 2: 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do


mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças:
21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,
22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas
estas coisas, com o uso, se destroem.
23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm
valor algum contra a sensualidade.
----

Referente ainda ao primeiro que precisa ser removido, as Escrituras nos mostram
claramente que há uma série de cultos direcionados a Deus, mas que não têm utilidade
para aqueles que prestam estes cultos e que eles não são aceitos por Deus por serem
expressões exteriores de cultos e não expressões de um novo coração concedido pelo
Pai Celestial para aqueles que receberam a Cristo como Senhor.

Hebreus 9: 9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo


esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no
tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que
presta culto.

Isaías 29: 13 O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e
com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração
está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em
mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,
194

14 continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim,


obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos
seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá.
15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do SENHOR,
e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê?
Quem nos conhece?
16 Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e
a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse
do seu oleiro: Ele nada sabe.
----

Por mais impressionante que possa parecer, as Escrituras nos informam inclusive
que, em certo sentido, é mais fácil aqueles que não buscam a Deus aceitarem a oferta de
reconciliação com o Senhor do que aqueles que já têm insistido em buscar a Deus
através de caminhos propostos por eles mesmos ou propostos de acordo com o
primeiro sacerdócio.

Isaías 65: 1 Fui buscado pelos que não perguntavam por mim; fui
achado por aqueles que não me buscavam; a um povo que não se
chamava do meu nome, eu disse: Eis-me aqui, eis-me aqui.

Mateus 21: 31 Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo.
Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e
meretrizes vos precedem no reino de Deus.

Romanos 9: 30 Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a


justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé.
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Apesar do desprezo ao Deus Criador ser manifestado intensamente pelo fato das
pessoas tentarem negar a sua existência ou pelo fato delas tentarem corromper a sua
glória como o Único Deus sobre todo o universo ou, ainda, pela tentativa de elevar a
criatura aos status de Deus, a busca por Deus através de ações e caminhos que não são
oferecidos pelo Senhor é igualmente uma expressão de desprezo a Deus.
As pessoas rejeitam o que Deus lhes oferece também através da busca do Senhor
mediante os caminhos carnais ou propostos pela criatura, e mostram, assim, que elas
creem que os seres humanos são mais sábios do que o próprio Deus para definir qual é
o caminho apropriado de reconciliação e comunicação com o Senhor.
A negação da existência de Deus, a rejeição à busca pelo Senhor e a proposição de
corromper a glória de Deus em relação à criação certamente são formas de resistência à
posição soberana do Senhor. Entretanto, a não aceitação das ações e caminhos
oferecidos pelo Senhor para as pessoas o buscarem também ou igualmente é resistir à
posição soberana do Senhor sobre tudo e sobre todos.
E quando as pessoas resistem a Deus, quer negando a sua existência ou
tentando buscar ao Senhor mediante os caminhos religiosos dos seres
195

humanos, elas também resistem à concessão da justiça, da graça, da


salvação e da novidade de vida que procedem do Senhor.

Tiago 4: 6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos
soberbos, mas dá graça aos humildes.
7(a) Sujeitai-vos, portanto, a Deus.

Além de Cristo ter em seu ministério uma função global de tirar ou remover aquilo
que precisa ser removido das pessoas que querem viver segundo a vontade de Deus, o
aspecto da remoção do que precisa ser deixado para trás precisamente em relação às
diversas maneiras inapropriadas de busca pelo Senhor também mostra-se
expressivamente relevante devido à quantidade de registros que as Escrituras
apresentam especificamente sobre este tema.
Apesar das Escrituras abrangerem amplamente o pecado em geral como um agente
que causa o afastamento do coração de muitas pessoas do Criador Eterno, inclusive ao
ponto de muitas delas chegarem a negar a existência do próprio Deus que as criou, as
Escrituras também dedicam um amplo espaço para expor todo o complexo ao qual as
pessoas se associam para buscar a Deus através das ações e dos caminhos escolhidos
por elas ou de acordo com o primeiro sacerdócio em contrariedade ao caminho e ao
segundo sacerdócio oferecidos pelo Pai Celestial em Cristo Jesus.
Portanto, sem conhecer o que as Escrituras expõem sobre a temporalidade do
primeiro sacerdócio e sobre a soberania e exclusiva validade do segundo sacerdócio,
uma pessoa até poderia considerar que as pessoas no mundo se distinguem entre (1)
aquelas que não buscam ao Deus Criador, (2) aquelas que buscam ao Deus Criador por
meio do primeiro sacerdócio ou sacerdócios similares a ele e (3) aquelas que buscam ao
Deus Criador através do segundo sacerdócio, e, ainda, que Deus aceitaria igualmente as
pessoas que o buscassem através do primeiro ou do segundo sacerdócio.
Entretanto, após a revelação e a declaração da fraqueza e inutilidade do primeiro
sacerdócio ou similares a ele, fica evidenciado que as pessoas no mundo acabam se
distinguindo somente entre (1) aquelas que estão relacionados a caminhos ou
sacerdócios não aceitos por Deus e (2) aquelas que estão associadas ao que é chamado
de segundo sacerdócio.
Assim, consequentemente, o desconhecimento da possibilidade das pessoas se
posicionarem somente em duas posições distintas, e não três, tem sido motivo de causa
de muitas frustrações e incompreensões das pessoas em relação às próprias Escrituras
e, principalmente, para com Deus.
No mundo, há muitas pessoas que anelam por conhecer mais ao Deus que as criou,
mas que têm receio de procurá-lo pelo fato de pensarem que para fazê-lo, também
necessitariam passar a realizar o que as pessoas associadas ao primeiro sacerdócio ou
similares a eles seguem ou praticam. Assim, confundem o primeiro e o segundo
sacerdócios por não saberem que o primeiro já foi revogado e que quem o pratica
acaba se equiparando com aqueles que não se relacionam com Deus, conforme
exemplificado nos textos abaixo e também exposto mais amplamente no estudo sobre O
Evangelho da Justiça de Deus:
196

Romanos 3: 9 Que se conclui? Temos nós qualquer vantagem? Não, de


forma nenhuma; pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus
como gregos, estão debaixo do pecado;
10 como está escrito: Não há justo, nem um sequer,
11 não há quem entenda, não há quem busque a Deus;
12 todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça
o bem, não há nem um sequer.

Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
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A propagação da posição de busca de Deus através de caminhos não autorizados


pelo Senhor, e mais especificamente pelos princípios similares ao primeiro sacerdócio,
muitas vezes tem confundido aqueles que querem se achegar ao Senhor Eterno, pois
muitos percebem que aquilo que as pessoas praticam para buscar a Deus até com
grande esforço sob os preceitos similares ao primeiro sacerdócio não soa de fato como
o verdadeiro caminho para a liberdade, a paz e a novidade de vida em Deus.
O anúncio de que as pessoas devem buscar a Deus através dos caminhos
que se baseiam no esforço humano em cumprir preceitos ou regras pré-
estabelecidas não somente se opõe ao caminho que Deus oferece para a
reconciliação com Ele, mas também pode vir a se tornar em um
instrumento para afastar alguns de qualquer busca pelo Senhor.
Ao pensarem que a única forma de poderem encontrar ao Senhor é elas
igualmente terem que ser praticantes dos mesmos atos religiosos daqueles
que inadequadamente buscam a Deus, muitas pessoas ficam desapontados
e optam em nem tentar mais um relacionamento com o Senhor.
Sem a percepção distinta e clara de que as pessoas somente podem se
posicionar adequadamente em relação ao Senhor através do segundo
sacerdócio, e que o desprezo a Deus e a busca a Deus através de meios
inapropriados acabam se equivalendo, como é o caso do primeiro
sacerdócio, também pode ficar bastante dificultada a tentativa de ensinar
as pessoas sobre como elas podem alcançar um relacionamento
verdadeiramente satisfatória com o Senhor Eterno e do Senhor Eterno
com elas.
Em vários aspectos, é mais desafiador distinguir as pessoas que verdadeiramente
querem se relacionar com Deus através do caminho oferecido pelo Senhor daqueles que
querem se relacionar com Deus através de meios e bases inadequadas do que distinguir
os que querem se relacionar verdadeiramente com Deus daqueles que nem têm um
objetivo de se relacionarem com o Único Deus Criador dos Céus e da Terra.
197

Se o parágrafo anterior fosse dito em outras palavras, talvez poderíamos dizer, em


certos sentidos, que é mais desafiador distinguir o posicionamento entre as pessoas
ligadas ao primeiro e ao segundo sacerdócios do que distinguir o posicionamento entre
as pessoas ligadas ao segundo sacerdócio e aquelas que não buscam efetivamente ao
Único Deus Criador.
A proposição de buscar a Deus através de ações e caminhos que não são alinhados à
proposição oferecida pelo Senhor é desafiadora de ser compreendida, pois ela, ao longo
da história, desencadeou proporções enormes, complexas e que podem ofuscar o
entendimento daqueles que não têm os olhos do entendimento iluminados para verem
a maneira como Deus propõe se relacionar com cada ser humano.
As Escrituras, contudo, não nos deixam desassistidos na tarefa de
distinguir também os aspectos centrais da busca inadequada a Deus.
Devido à condição crucial que esta distinção representa para a vida de cada
ser humano, Deus permitiu que na história humana, e também nas suas
Escrituras, os caminhos da busca inadequada a Ele fossem expostos
amplamente e tratados como um capítulo à parte chamado de primeiro
sacerdócio.
Quando as Escrituras citam que Cristo veio a nós também para remover do nosso
coração a mentalidade das práticas “velhas” do ser humano decaído e que se opõem à
novidade de vida concedida pelo Senhor através da Sua salvação, elas estão levando em
consideração tanto a posição do não buscar a Deus como o buscar ao Senhor através de
caminhos inadequados. Entretanto, devido à relevância que a distinção da busca a Deus
por caminhos inapropriados requer devido à sua tentativa de aparentar como uma
verdadeira piedade, o Senhor também nos ensina de forma específica que Cristo é
aquele que veio para tirar o primeiro e para estabelecer o segundo.
Enquanto a menção nas Escrituras a respeito do “tirar os atributos do velho homem
pecador”, genericamente falando, refere-se à ambos os posicionamentos citados no
parágrafo anterior, a expressão remover o primeiro para estabelecer o segundo é
diretamente direcionada ao objetivo de esclarecer que também na busca ao Único Deus
pode estar oculta uma posição pela qual as pessoas podem não encontrar a
reconciliação com o Senhor se esta busca for feita através das maneiras que as pessoas
querem determinar para Deus e não através de caminho em Cristo oferecido pelo Pai
Celestial.
Para possibilitar que os caminhos da busca inadequada a Deus não
ficassem obscuros sob nenhuma hipótese, ainda que estes procurem se
ocultar através de uma aparências de piedade, o Senhor nos concedeu o
exemplo da fraqueza e da inutilidade do primeiro sacerdócio, mostrando
que o desprezo pela busca ao Senhor e a busca por Deus através de um
caminho inadequado são ambos caminhos que abstém as pessoas da
comunhão para a qual o Pai Celestial as chama em Cristo Jesus.
198

K. O Fator Histórico que Introduziu o Sacerdócio também


Chamado de Primeiro

Um dos aspectos que torna o assunto sobre o primeiro e o segundo sacerdócios tão
crucial e, ao mesmo tempo, tão desafiador de ser conhecido é a sua amplitude, mas isto
pelo fato deste tema também englobar uma grande quantidade de aspectos práticos
relacionados à vida de cada um dos seres humanos.
Desde o primeiro ser humano criado até os indivíduos que vivem na Terra nos dias
presentes ou que viverão no futuro, cada pessoa está diretamente envolvida com o tema
sacerdócio, quer ela tenha consciência a respeito deste termo ou não.
Já desde o início da vida de uma criança, ela está envolvida em um relacionamento
com o Criador da sua vida, conforme nos mostram os textos a seguir:

Salmos 8: 1 Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra


é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade.
2 Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste força, por
causa dos teus adversários, para fazeres emudecer o inimigo e o
vingador.

Mateus 21: 15 Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as


maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho
de Davi!, indignaram-se e perguntaram-lhe:
16 Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim;
nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste
perfeito louvor?

Marcos 10: 14 Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai


vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o
reino de Deus.

O assunto de sacerdócio sempre esteve presente de alguma maneira na vida


humana, e também é por isto que uma grande parte do que necessitamos aprender
sobre ele encontra-se exposto ao longo da história da humanidade apresentada a nós
por Deus através de suas Escrituras.
Sem o conhecimento de alguns pontos básicos da história humana, conforme ela nos
é apresentada pelas Escrituras, a tarefa da compreensão de alguns aspectos
fundamentais de como os seres humanos procuram se associar aos sacerdócios e quais
são as características básicas dos sacerdócios poderá ficar bastante limitada e até
prejudicada.
Os aspectos históricos das Escrituras sobre os sacerdócios não somente nos narram
fatos, mas eles também expõem razões, motivações e propósitos relacionados aos tipos
de sacerdócios que mais se evidenciaram ao longo desta história, permitindo a
visualização de um quadro mais amplo do quão fundamental é esta questão de
sacerdócio para a vida de cada indivíduo, começando já por Adão e Eva.
199

O primeiro homem e a primeira mulher do mundo, Adão e Eva, logo após serem
criados, realizavam o serviço de sacerdócio diretamente diante de Deus todas as vezes
que o Senhor se aproximava deles para falar com eles. Visto que eles eram destituídos
de pecado e que andavam nos caminhos que o Senhor lhes instruía, eles mesmos eram
seus próprios sacerdotes e não necessitavam que ninguém mediasse seus assuntos com
Deus.
Deus visitava Adão e Eva no jardim do Éden e o próprio Senhor os instruía, eles
mesmos ouviam diretamente a Deus, e tinham livre acesso para conversarem com Deus
e apresentarem a Ele todas as suas questões.
No início, antes da associação de Adão e Eva ao pecado, a posição de sacerdócio
deles diante de Deus era tão “natural” que eles nem sabiam que o estavam praticando.
Os próprios Adão e Eva eram os sacerdotes da vida deles diante de Deus, onde Deus
lhes falava e ensinava diretamente, conforme exemplificado no texto a seguir:

Gênesis 1: 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de


Deus o criou; homem e mulher os criou.
28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
29 E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão
semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores
em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.

Entretanto, quando a serpente se apresentou a eles dizendo que poderiam ter o


mesmo conhecimento que Deus tinha ou que poderiam vir a ser iguais a Deus quanto
ao conhecimento do bem e do mal, o diabo não somente lhes propôs uma ofensa que
resultaria em uma transgressão, mas ele também se apresentou como um mediador da
relação de Adão e Eva com o seu Criador. O diabo usou da ideia de poder dizer a Adão e
Eva quem era Deus e como poderiam mudar o relacionamento deles com o Senhor
Eterno.
Em sua proposição, o diabo estava dando a entender a Adão e Eva que
eles não precisariam mais recorrer a Deus para serem suficientes em si
mesmos. Ou seja, a serpente estava atacando exatamente a condição de
“sacerdócio” que Adão e Eva tinham diante de Deus.
E se o diabo conseguisse afetar o relacionamento de Adão e Eva com Deus, ele
pretendia exercer domínio sobre eles, pois como criatura, o diabo se via como mais
sagaz, mais forte e mais poderoso que o ser humano.
Se o diabo pudesse causar a descontinuidade de um relacionamento apropriado do
homem e da mulher com Deus, este homem e esta mulher não mais poderiam exercer o
“livre sacerdócio” diante do Senhor Eterno como sempre o faziam, pois entre eles e
Deus estaria a escravidão ao pecado e ao corpo do pecado, segundo a proposição e
dominação do reino das trevas.
Mais adiante, uma tentação similar àquela que foi apresentada pelo diabo a Adão e
Eva foi apresentada também por ele, séculos depois, ao Senhor Jesus Cristo,
oferecendo-lhe todos os reinos da Terra se, somente, o Senhor Jesus “prostrado lhe
adorasse”.
200

Ao abordar o Senhor Jesus, o diabo estava lhe propondo “uma mudança de


sacerdócio”, alegando que a regra básica da “lei” no “sacerdócio” que ele estava
oferecendo era adoração a Satanás em troca de riquezas e dominação, mas também
tentando ocultar que este “sacerdócio” proposto era todo constituído sobre o
fundamento da mentira e do engano.

Mateus 4: 8 Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto;


e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles.
9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.
10 Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao
Senhor, teu Deus, adorarás e só a ele servirás. (RC)
----

Portanto, o “sacerdócio”, ou seja, o prestar reverência, honras, adoração e serviço a


alguém ou a algo superior ao ser humano ou que o ser humano considera superior ou
uma divindade, é algo que faz parte da criação da humanidade. E cada indivíduo no
mundo, de uma ou de outra forma, sempre o estará fazendo.
E uma vez que o ser humano sempre estará adorando alguém ou algo, o
ponto central em questão passa a ser o aspecto relativo a quem cada
indivíduo estará direcionando o seu serviço sacerdotal e através de qual
sacerdócio cada pessoa tentará realizar aquilo que faz parte da sua
natureza como criatura.
Se uma pessoa não adora ou serve ao Deus Criador, ela acabará adorando a si
mesma e as suas próprias ideias, ou irá adorar a outras pessoas, ídolos, imagens ou
religiões de toda a sorte e até a espíritos malignos, empenhando ou emprestando,
assim, o serviço sacerdotal da sua vida àquilo que jamais poderá salvá-la e guardá-la
verdadeiramente para a vida eterna.
Todo ser humano é um “sacerdote nato”, e isto jamais poderá ser-lhe
tirado. A questão maior, então, não é se ele é ou não é um sacerdote, mas a
quem ele direciona a sua condição “sacerdotal” e a que tipo de
“sacerdócio” ele se dispõe a servir.
O tesouro mais precioso que uma pessoa pode ter é a comunhão
adequada com o seu Criador. E, por sua vez, o sacerdócio apropriado é o
meio através do qual a comunhão com Deus e a comunicação com o Senhor
sob uma condição de liberdade podem ser praticadas ou mantidas.
Considerando que o viver e o andar de uma pessoa em consonância com
a vontade de Deus depende do seu relacionamento com o Senhor, uma
condição ajustada de sacerdócio entre a pessoa e Deus também é o que vai
definir se esta pessoa vai alcançar ou não alcançar o entendimento e a
realização da vontade do Senhor para a sua vida.
Continuando a verificar a história humana, ressaltamos aqui que apesar da
referência do texto de Hebreus capítulo 7 ser feita a um primeiro a ser removido e a um
segundo a ser estabelecido, este primeiro, conforme já vimos, na realidade não é a
primeira forma de relacionamento das pessoas com o Senhor Eterno descrita nas
Escrituras.
201

Assim, ressaltar que o sacerdócio já estava em prática mesmo antes do


conhecimento formal deste tema e que ele já existia antes do estabelecimento do
chamado primeiro sacerdócio e da sua lei é de grande necessidade e relevância, pois é
impressionante como a mentalidade mais focada na lei do primeiro sacerdócio procura
se interpor para que as pessoas não vejam que o propósito de Deus, desde o início da
criação, sempre foi que cada ser humano seja um sacerdote da sua própria vida diante
do Senhor Eterno.
A primeira forma de relacionamento entre o ser humano e Deus era o
relacionamento direto no qual Deus visitava Adão e Eva no Éden na chamada hora da
viração do dia, conforme comentamos nos parágrafos anteriores.
Esse relacionamento direto e contínuo, conforme também já vimos acima, foi
grandemente afetado quando o ser humano acolheu uma ofensa contra o Senhor e
quando o ser humano deu sequência à admissão desta ofensa em seu coração a ponto
de avançar para o pecado de transgressão da instrução recebida diretamente de Deus,
conforme foi exposto com mais detalhes no material sobre O Evangelho da Justiça de
Deus.
A partir do momento em que o ser humano aderiu à ofensa contra Deus e ao pecado,
o relacionamento da humanidade com o Senhor foi grandemente alterada, iniciando-se
um tempo onde as pessoas oscilavam entre o desprezar a Deus e o buscar a Deus
através das formas mais variadas, conforme está descrito, por exemplo, em Gênesis 6
referente ao período prévio ao dilúvio, assim como, posteriormente, na construção da
torre de Babel descrita respectivamente no livro de Gênesis capítulo 11.
Entretanto, sabendo que as pessoas não poderiam restaurar a sua posição de
sacerdócio segundo as suas próprias ações por estarem sujeitas ao pecado, ao corpo do
pecado e à escravidão pela falta de uma ampla luz em seus corações, Deus passou a se
manifestar a algumas pessoas de forma mais específica e objetiva sobre o que Ele, o
Senhor, faria quanto à provisão para restaurar a posição sacerdotal dos seres humanos.
Ao se manifestar a algumas pessoas na antiguidade, o Senhor sempre tinha em vista
o propósito de introduzir no mundo um caminho que pudesse servir para que todos os
seres humanos pudessem, novamente, se relacionar com o Senhor de uma forma
contínua, livre e plenamente satisfatória, e isto para que eles também pudessem voltar
a viver e andar segundo a instrução ou vontade de Deus para as suas vidas.
Essas intervenções de Deus foram sendo realizadas de forma crescente, onde,
através de Abraão e Sara, Deus passou a separar um povo através do qual Ele
introduziria o estabelecimento de um caminho de reconciliação da comunhão do seres
humanos de todos os povos e nações com o Criador Eterno.
Através de Abraão, Deus estava separando um povo, por um determinado de tempo,
para mostrar às pessoas deste povo como elas poderiam viver sob a direção de Deus a
fim de que aquilo que este povo experimentasse servisse de exemplo e modelo para que
as pessoas dos demais povos também viessem a saber como poderiam ter a comunhão
com Deus restaurada.
Assim, referente à trajetória deste povo, Deus chamou a Abraão para sair da sua
terra natal, Ur dos Caldeus, para ir à terra que Deus lhe mostraria e que depois foi
manifestada como a terra de Canaã, simbolizando o lugar onde o povo estaria sendo
instruído e guiado livremente pelo Senhor.
202

Entretanto, antes de ser estabelecido na terra de Canaã, o povo descendente de


Abraão, Isaque e Jacó foi ao Egito para provisão e sustento, mas onde também acabou
experimentando o peso da escravidão imposta a ele pelos faraós que vieram a reinar
após a vida de José e que não temiam ao Deus Criador dos Céus e da Terra e de tudo o
que neles há.
Quando, porém, a iniquidade do povo do Egito e de outros povos que não queriam se
sujeitar ao Deus Criador se tornou completa diante dos olhos do Senhor, Deus também
deu sequência ao projeto que Ele prometera já para Adão e Eva e o qual Ele passou a
realizar de forma mais tangível ao entendimento humano através de Abraão e Sara e o
seu filho prometido pelo Senhor e chamado de Isaque.
Antes dos descendentes de Abraão e Sara rumarem para a terra prometida, Deus
permitiu que eles fossem expostos a uma experiência do que vem a estar sob uma
dominação sobre os seus semelhantes realizada por aqueles que não temem ao Senhor.
E isto, também com o propósito de ensinar ao povo separado a jamais querer fazer uso
deste mesmo tipo de opressão e dominação para com os seus semelhantes, aos quais
eles deveriam dar testemunho da direção de Deus em suas vidas.
Na sequência, quando a escravidão no Egito se tornou mais acirrada, chegando às
raias de se tornar insuportável, os descendentes de Abraão viram como era o
comportamento dos povos que não andavam sob a direção do Deus Eterno e passaram
a clamar a Deus para libertá-los de tão terrível escravidão. E logo que clamaram a Deus,
o Senhor também os atendeu, enviando-lhes Moisés, através de quem Deus operou com
grande poder, sinais e milagres para libertar o povo da terra do Egito que antes os
abrigara em ajuda, mas que agora havia se tornado muito cruel como consequência do
desprezo do temor ao Único Deus Criador dos Céus e da Terra.
Ainda antes de continuarmos sobre o surgimento do que vem a ser o primeiro
sacerdócio, há algo interessante a ser observado neste ponto da história, o qual é o
aspecto de que quando os descendentes de Abraão estavam sob intensa aflição de
escravidão no Egito, eles não tinham sacerdotes que os mediavam, e nem por isto, eles
tinham receio de clamar diretamente ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, o qual também
os ouviu, atendeu e libertou.
Neste ponto da história, é interessante observar que quando os descendentes de
Abraão estavam escravizados pelos egípcios e quando estavam sob intensa opressão,
eles, quanto à questão sacerdotal, eram mais livres, em certo sentido, para se
achegarem a Deus do que depois que estavam livres dos Egípcios, mas sujeitos ao
primeiro sacerdócio.
Enfim, ali no Egito, ainda que como escravos e desprezados pelos Egípcios, e ainda
que o sacerdócio individual estivesse aquém do que necessitava ser restaurado pelo
Senhor, as pessoas do povo Hebreu clamaram direto a Deus. Ainda que em condições
externas muito precárias, cada pessoa deste povo podia exercer sua posição pessoal de
sacerdote e assim se dirigiram diretamente a Deus. E visto que os indivíduos do próprio
povo buscavam diretamente a Deus, o Senhor também ouviu e enviou um libertador e
uma libertação que já lhes haviam sido prometida séculos antes para Abraão.
Ainda enquanto escravos, os descendentes de Abraão praticaram o que mais tarde
seria escrito no Salmo 65. E o Senhor os ouviu e atendeu o seu clamor, não importando
se eram escravos ou livres, velhos ou jovens, homens ou mulheres, com dinheiro ou
sem dinheiro, pois tudo isto não importa para Deus quando alguém clama direto a Ele.
203

Salmos 65: 2 Ó tu que ouves as orações! A ti virá toda a carne.


3 Prevalecem as iniquidades contra mim; mas tu perdoas as nossas
transgressões. (RC)

As pessoas escravas no Egito e que exerceram o seu direito de sacerdócio que já


estava incluso na criação dos seres humanos, ainda que este direito tinha sido
prejudicado pelo pecado e sujeito à escravidão, viram a libertação que o Senhor lhes
provera, viram que Deus os tirou de uma circunstância que ficara para trás para
estabelecê-las em uma nova condição.
Após a saída do Egito, aquele povo liberto e também experimentado em como é a
vida sob o domínio daqueles que se opõem a Deus e que não exercem uma posição de
sacerdócio diante do Único Deus Eterno, agora estava livre de seus algozes para, a
partir do deserto, receber as instruções de como cada pessoa poderia vir a viver a vida
segundo a vontade de Deus na terra à qual Deus prometera levar os descendentes de
Abraão.
Depois que o povo chamado saiu do Egito, ele de fato era um povo politicamente
livre dos egípcios e também experimentado na vida debaixo da escravidão. Este grupo,
entretanto, ainda não era instruído sobre como o Senhor queria que cada pessoa
vivesse na liberdade proporcionada por Deus e para que, estando livre, não viesse a se
comportar das mesmas maneiras que o egípcios e outros povos se comportavam.
Quando o povo finalmente se deparou com o fim do tempo da escravidão ou do
período em que a iniquidade do Egito e dos demais povos que se opunham a Deus fosse
amplamente manifestada e rejeitada, Deus libertou este povo que clamou diretamente a
Ele. Entretanto, em seguida, Deus também se apresentou àqueles que foram libertos
para mostrar que Ele proporcionara esta libertação para se relacionar diretamente com
cada família e com cada indivíduo deste povo ainda sob uma liberdade muito mais
ampla, chamando todas as pessoas deste povo para serem um “reino sacerdotal”.
Deus tirou um povo do Egito para uma condição de liberdade mais ampla onde
todas as pessoas ou os indivíduos em geral poderiam exercer um sacerdócio pessoal e
direto a Deus, e onde Deus falaria e instruiria a cada família ou os indivíduos dela até a
vinda do descendente prometido, o descendente que proveria para eles também plena
libertação do pecado e do corpo do pecado, e não somente do Egito, conforme também
exemplificado no texto abaixo:

Êxodo 19: 3 Subiu Moisés a Deus, e do monte o SENHOR o chamou e lhe


disse: Assim falarás à casa de Jacó e anunciarás aos filhos de Israel:
4 Tendes visto o que fiz aos egípcios, como vos levei sobre asas de
águia e vos cheguei a mim.
5 Agora, pois, se diligentemente ouvirdes a minha voz e guardardes
a minha aliança, então, sereis a minha propriedade peculiar dentre
todos os povos; porque toda a terra é minha;
6 vós me sereis reino de sacerdotes e nação santa. São estas as
palavras que falarás aos filhos de Israel.

Entretanto, quando Deus propôs falar diretamente com as pessoas do povo liberto
do Egito, assim como Ele tinha falado com Noé, Abraão, Sara e outros que exerciam a fé
no Senhor, ou seja, quando Deus apresentou a sua proposição para instruir
204

pessoalmente cada família e cada indivíduo dela, o povo não quis aceitar esta maneira
oferecida por Deus a eles, iniciando neste ponto todo um contexto que levou ao
surgimento, exatamente, daquilo que posteriormente em Hebreus foi chamado de
primeiro sacerdócio.

Êxodo 20: 18 Todo o povo presenciou os trovões, e os relâmpagos, e o


clangor da trombeta, e o monte fumegante; e o povo, observando, se
estremeceu e ficou de longe.
19 Disseram a Moisés: Fala-nos tu, e te ouviremos; porém não fale
Deus conosco, para que não morramos.
20 Respondeu Moisés ao povo: Não temais; Deus veio para vos
provar e para que o seu temor esteja diante de vós, a fim de que não
pequeis.

Por mais estranho que venha a ser, quer seja por causa do temor de viverem
constantemente sob a luz direta da instrução de Deus em cada instante das suas vidas
ou pelo mero fato de que não queriam a direção do Senhor no dia-a-dia, as pessoas do
povo liberto do Egito fizeram uma proposição a Deus de como eles pensavam que seria
a melhor maneira do Senhor passar a falar com eles.
Em contrapartida à proposição de um “reino de sacerdotes”, conforme
fora proposto pelo Senhor e onde cada pessoa começaria a retornar à
posição e função de sacerdote que é inata a cada ser humano, as pessoas do
povo sugeriram a Deus que Ele falasse com os membros deste povo por
meio de um semelhante dentre elas e que as liderasse nesta tarefa.
Em oposição ao que o Senhor propusera, o povo propôs que Deus falasse
com cada pessoa através de alguém que fosse separado para realizar a
comunicação ou relacionamento com Deus em nome dos demais irmãos.
O que está descrito no contexto dos capítulos 19 e 20 do livro de Êxodo é
um ponto muito significativo, pois ele contempla à proposições de dois
tipos de “sacerdócios muito distintos”. O que Deus propôs era um tipo de
sacerdócio onde cada pessoa seria um sacerdote no reino que estava sendo
constituído, mas o que o povo estava propondo era que somente alguns
membros dele fossem considerados como sacerdotes, propondo a Deus, na
realidade, uma “nova ordem sacerdotal” ou um “novo tipo de sacerdócio”.
A proposição que o povo fizera a Deus, sugeria uma segregação ou
divisão de um mesmo povo entre os que seriam sacerdotes e os que não
seriam sacerdotes, gerando assim um “clero sacerdotal” distinto das
demais pessoas.
No novo tipo de sacerdócio que o povo estava propondo a Deus, a grande
maioria das pessoas estaria abrindo mão de “todos serem sacerdotes” ou
“individualmente serem sacerdotes” em prol de somente “alguns serem
sacerdotes no lugar de todos”, propondo um sacerdócio muito distinto do
que foi intentado pelo Senhor desde início quanto a cada ser humano ser
um sacerdote direto diante de Deus.
Além disso, como cada troca de tipo de sacerdócio também implica em troca
completa de lei, a proposição feita pelo povo não era algo tão simples como poderia até
aparentar aos seus olhos.
205

A opção por “um reino em que nem todos são sacerdotes”, precisaria
também uma constituição de um conjunto de definições e regras de como
um reino deste tipo poderia vir a funcionar e como as funções dos
sacerdotes e do povo seriam distribuídas a cada grupo neste reino.
Portanto, a escolha precedente por “um sacerdócio onde nem todos ligados àquele
sacerdócio seriam sacerdotes”, foi o berço da constituição do primeiro sacerdócio, mas
também, por consequência, da constituição de uma lei que define este sacerdócio e a
sua complexa estrutura.
Aquilo que as Escrituras, no livro de Hebreus, chamam de primeiro
sacerdócio, e que depois também teria que vir a ser “removido” para dar
lugar ao segundo, surgiu pelo fato do povo não aceitar a proposição de
Deus de estabelecer a cada indivíduo com um “sacerdócio pessoal” diante
do Senhor e pelo fato do modelo de mediação escolhido pelo povo
postergar a maneira como Deus queria falar com cada uma das famílias e
pessoas deste povo.
Exatamente no ponto entre “deixar o velho para ser estabelecido no novo”, e onde as
pessoas poderiam passar a se relacionar com maior liberdade com o Deus que realizou
a libertação delas do Egito, foi também onde ocorreu o surgimento do primeiro que
precisaria ser removido posteriormente.
Apesar do relacionamento de Adão e Eva com Deus praticado no Éden antes do seu
pecado ser a primeira maneira ou o primeiro sacerdócio realizado pelo ser humano
para com o Senhor, o chamado de primeiro no livro de Hebreus não se refere à esta
primeira condição do primeiro casal que habitou a Terra, mas ele aponta para a
primeira condição que foi estabelecida entre os descendentes de Abraão libertos do
Egito e Deus.
O chamado de primeiro no livro de Hebreus surgiu no povo liberto do
Egito precisamente entre a libertação política e territorial ocorrida e antes
do estabelecimento deles na vida segundo esta liberdade, assim como
ainda atualmente muitas pessoas querem a libertação da opressão em que
se encontram, mas não querem a vida e aquilo que Deus que as libertou
lhes oferece diretamente para o estabelecimento das suas vida como
indivíduos livres no Senhor.
O denominado de primeiro no livro de Hebreus surgiu pelo fato das
pessoas quererem a Deus como libertador das suas vidas, mas não
quererem a Deus ao ponto de permitir que Ele venha a se tornar o
instrutor, guia e Senhor direto das suas vidas no momento do
estabelecimento da liberdade a elas oferecida pelo Senhor.
O denominado de primeiro é a expressão do que é chamado de um
sacerdócio no qual as pessoas procuram estabelecer o relacionamento
delas com Deus amparando-se e utilizando-se do serviço de mediação de
outras pessoas entre elas e o Senhor Eterno. E isto, para não serem
expostas diretamente diante Daquele que todas as coisas são conhecidas e
reveladas de forma plena e sem obscuridades.
O sacerdócio denominado de primeiro é a expressão do que é chamado
de um sacerdócio no qual as pessoas procuraram, e ainda procuram,
terceirizar totalmente ou parcialmente a parte do relacionamento com o
206

Senhor Eterno que elas próprias deveriam realizar diretamente diante do


Criador de suas vidas.
Ainda neste ponto da história, parece-nos ser muito significativo destacar um
aspecto muito peculiar que, talvez ou provavelmente, possa ter cooperado para que o
povo fizesse a proposição de que Deus concordasse em estabelecer uma forma indireta
de falar com as pessoas e das pessoas falarem com Deus, e que também nos mostra
porque, mais adiante, este próprio sacerdócio denominado de primeiro se tornou mais
próximo dos demais sacerdócios do mundo do que do sacerdócio eterno apresentado
posteriormente por Deus e também chamado de segundo sacerdócio.
A ideia de um sacerdócio onde algumas pessoas mediavam outras pessoas não era
algo tão estranho ao povo que fora liberto do Egito, pois no Egito, e em muitos outros
povos do mundo, a posição e a função de sacerdotes mediadores da relação das pessoas
com o que elas consideravam divindades já era amplamente praticado.
O sacerdócio que veio posteriormente a ser chamado de primeiro tinha
na origem da sua proposição um aspecto que o povo liberto do Egito já
havia visto ser praticado pelos egípcios e pelos demais povos dos quais
receberam informações a respeito da vida religiosa destes.
Apesar do povo liberto do Egito ter compreendido até em grande medida
de que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o Único Deus digno de ser
adorado e que os egípcios e os outros povos adoravam deuses estranhos, o
povo liberto não compreendeu ou não quis aceitar que a forma adequada
de sacerdócio para se relacionar com o Único Deus também era
completamente diferente da forma dos sacerdócios que os outros povos
praticavam.
Talvez, em outras palavras, poderíamos dizer que “o povo que saiu do Egito não
havia compreendido ainda que a possibilidade de adorar a Deus com mais liberdade,
implicaria também na troca do tipo de sacerdócio e da lei do que entendiam até então
como sacerdócio”.
Apesar do povo ter seguido o Deus Único e que lhe trouxe uma libertação tão
expressiva, o povo conhecia este Deus pelo que ouvia falar a respeito Dele e pela
intervenção poderosa que fizera para prover a sua libertação do Egito. Entretanto, o
povo recém liberto, ainda não conhecia como era ser instruído e guiado continuamente
por este Deus no viver diário, pensando, provavelmente, que a relação com o Único
Deus, em partes, deveria ser através de maneiras similares às tentativas de
relacionamento que as pessoas de outros povos procuravam estabelecer com os seus
deuses estranhos.
As pessoas que foram libertas do Egito haviam recebido de fato uma
liberdade física, política ou territorial em relação àquilo que as restringia
anteriormente. Entretanto, a liberdade maior que ainda necessitavam
encontrar, era uma liberdade de compreensão de como funciona um
sacerdócio verdadeiramente livre para com Deus.
O que estamos procurando dizer nestes últimos parágrafos não é tão incomum
assim, pois isto acontece ainda nos dias atuais quando uma pessoa se dispõe a receber a
salvação que lhe é oferecida no Evangelho de Deus.
Ou seja, muitas pessoas equivocadamente pensam que quando elas vêm para Cristo
e para a vida cristã, elas têm que praticar atos parecidos com o que se pratica nas outras
207

religiões, não se dando conta, muitas vezes, que o sacerdócio em Cristo é


completamente diferente e baseado em uma lei muitíssimo distinta do primeiro
sacerdócio e de outros sacerdócios que há no mundo.
O denominado de segundo sacerdócio é baseado em sua própria lei
sacerdotal, a qual é denominada da “lei da liberdade” ou também a “lei de
Cristo”.
Da experiência no Egito, o povo libertado provavelmente incorreu no pensamento de
que o problema central anterior era o rei do Egito ou o faraó do Egito, e que se agora
fosse colocado um “líder” justo como Moisés sobre a vida das pessoas do povo, elas
teriam uma vida de liberdade e um sacerdócio satisfatório, não se dando conta de que a
verdadeira liberdade na realidade está associada também a um sacerdócio adequado
que cada pessoa realiza individualmente para com Deus ou o Criador da sua vida.
Por causa do tempo que estiverem no Egito, provavelmente o povo tenha ficado
inclinado a pensar que o problema maior da escravidão que enfrentaram anteriormente
era o faraó e não o sistema sacerdotal dos Egípcios, o que agora, em sua nova condição,
também poderia levá-los a querer sobre eles um novo “faraó” melhor, ou seja, Moisés. E
juntamente com isto, também se inclinaram ao desejo por um sistema de sacerdotes
similar ao Egito ou um modelo que similarmente tivesse mediadores no
relacionamento com o Senhor.
A maioria das pessoas do povo liberto do Egito não se ativeram,
naqueles dias, ao fato de que o maior problema de um mau governo sobre
uma nação não estava primeiramente ou somente no próprio governo e
seus ocupantes, mas estava no modelo de sacerdócio com o qual as pessoas
estavam associadas.
Muitos aspectos centrais ou consequências da vida das pessoas primeiramente estão
associados ao tipo de sacerdócio ao qual elas estão associadas, como posteriormente o
Senhor ensinou ao seu povo conforme exposto nas Escrituras abaixo:

2Crônicas 7: 14 Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se


humilhar, e orar, e me buscar, e se converter dos seus maus
caminhos, então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e
sararei a sua terra.

Deus não disse que Ele ouvirá as orações de sacerdotes ou reis que forem
“especialmente” separados, mas o Senhor disse que se o meu povo orar e buscar a
minha face, Ele também atenderá o seu clamor.
Faraó, com todo o seu poder, não pôde deter no Egito o povo que clamou ao único e
verdadeiro Deus. Nenhum governo ou governante pode.
Entretanto, se as pessoas de um povo viverem dissociadas de um sacerdócio aceito
por Deus, não se humilharem, não buscarem o verdadeiro Deus diretamente ou por si
próprias, e não estiverem dispostas a deixarem os seus maus caminhos, elas também
fazem a opção por um caminho de erro contínuo.
Não houve nada que impedisse Deus de tirar do Egito o povo que clamou a Ele
diretamente. Nem faraó, seu poderoso exércitos e nem os obstáculos naturais, como o
Mar Vermelho, puderam impedir o que Deus determinara em resposta às orações das
pessoas dirigidas a Ele.
208

Similarmente, nada e ninguém pode impedir a Deus de salvar a alma de uma pessoa
que clama diretamente a Ele. Entretanto, se alguém clama a mediadores e os
mediadores não clamam a Deus como prometem ou se os mediadores não são aceitos
diante de Deus, a oração de quem a faz através de mediadores também não é acatada
por Deus.
Quando as pessoas do povo escolheram o caminho de sacerdotes humanos para os
mediarem, elas na realidade andaram para trás e não para frente como o Senhor
ensinou também muitos séculos depois através do profeta Jeremias, conforme o texto
já exposto neste estudo e repetido abaixo com o acréscimo de mais alguns versículos:

Jeremias 7: 21 Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel:


Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios e comei carne.
22 Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do
Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou
sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei
o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que
eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje,
enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias;
começando de madrugada, eu os enviei.
26 Mas não me destes ouvidos, nem me atendestes; endurecestes a
cerviz e fizestes pior do que vossos pais.
27 Dir-lhes-ás, pois, todas estas palavras, mas não te darão ouvidos;
chamá-los-ás, mas não te responderão.
28 Dir-lhes-ás: Esta é a nação que não atende à voz do SENHOR, seu
Deus, e não aceita a disciplina; já pereceu, a verdade foi eliminada
da sua boca.
----

E se Deus ouviu as orações das pessoas de um povo escravo debaixo do domínio do


poderoso Egito e o libertou de tão forte opressão, Ele não poderia também instruir cada
família e indivíduo do povo como viver fora da escravidão da qual foram tirados e como
viver e andar no novo tempo de vida em que foram inseridos?

Salmos 106: 9 Repreendeu o mar Vermelho, e este se secou, e os fez


caminhar pelos abismos como pelo deserto.
10 E livrou-os da mão daquele que os aborrecia e remiu-os da mão do
inimigo.
11 As águas cobriram os seus adversários; nem um só deles ficou.
12 Então, creram nas suas palavras e cantaram os seus louvores.
13 Cedo, porém, se esqueceram das suas obras; não esperaram o seu
conselho;
14 mas deixaram-se levar da cobiça, no deserto, e tentaram a Deus
na solidão. (RC)
----

Quando as pessoas sugerem a Deus o que é melhor para si próprias e


resistem ao que o Senhor propõe a elas, elas ainda não se deram conta de
209

que somente Deus é quem pode prever e propor o que realmente é bom e
perfeito para elas.

Isaías 40: 13 Quem guiou o Espírito do SENHOR? E que conselheiro o


ensinou?
14 Com quem tomou conselho, para que lhe desse entendimento, e lhe
mostrasse as veredas do juízo, e lhe ensinasse sabedoria, e lhe fizesse
notório o caminho da ciência? (RC)

Provérbios 8: 14 Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria; eu sou o


entendimento, minha é a fortaleza. (RC)

Provérbios 19: 21 Muitos propósitos há no coração do homem, mas o


conselho do SENHOR permanecerá. (RC)
----

A libertação física, territorial e política foi concedida a um povo escravo e chamado


para fora do Egito para que uma libertação maior pudesse tomar lugar. Entretanto, foi
desta última proposição de liberdade que o povo acabou se esquivando através de uma
proposição contrária a ela apresentada ao Senhor.
As pessoas que saíram do Egito queriam a liberdade da opressão dos
egípcios que somente o Deus de seus pais poderia providenciar.
Entretanto, elas não queriam assumir a responsabilidade de estabelecer
um contato pessoal com este Deus como os seus pais faziam, levando este
povo a propor, conforme já comentamos acima, algo muito mais
complicado de ser estabelecido e vivido do que Deus tinha lhes oferecido.
Em outras palavras, as pessoas que foram libertas do Egito queriam ser livres dos
fardos que o Egito lhes impunha, mas não queriam assumir a responsabilidade pessoal
de ter comunhão em liberdade com o Deus que as libertou.
Deus tinha seu próprio plano para oferecer a sua aproximação à cada pessoa, mas
aquele povo queria fazê-lo de acordo com a sua própria proposição e objetivos. Ou seja,
o povo tinha uma alternativa paralela à proposição de Deus.
As pessoas libertas do Egito não queriam um sistema ou tipo de sacerdócio que os
expusesse diretamente diante de Deus. Elas queriam um sacerdócio onde poderiam,
como os egípcios e os outros povos, aplacar a “ira dos deuses” e “obter favores dos
deuses para a sua prosperidade” através de mediadores, onde a diferença, no caso
deles, era que estavam optando por um só e o Único Deus Criador dos Céus e da Terra.
E foi assim, então, que surgiu o acordo ou a aliança em torno do denominado de
primeiro sacerdócio, o qual procuraremos continuar a expor do ponto de vista histórico
também no próximo tópico.
210

L. A Lei e a Aliança Introduzidas a partir da Introdução


Histórica do Chamado Primeiro Sacerdócio

Dando sequência ao tópico anterior deste mesmo capítulo e conforme já foi


comentado, a constituição de um sacerdócio, “de acordo com a sugestão do povo”, não
era algo tão simples como as pessoas talvez pensaram que fosse quando apresentaram
esta sugestão ao Senhor.
Se observarmos também o que foi comentado em outros tópicos que precedem este
novo ponto, podemos relembrar o relevante aspecto de que quando se muda o
sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei.
Quando as pessoas sugeriram um sacerdócio com mediadores na relação deles para
com Deus a fim de ouvirem as instruções do Senhor, o processo para atender àquilo
que o povo pediu, obrigatoriamente, também implicaria na constituição e
estabelecimento de uma lei de acordo com o tipo de sacerdócio pedido, assim como
também a constituição e estabelecimento de uma aliança de adesão ao sacerdócio
sugerido.
Se um novo modelo de sacerdócio fosse acatado e estabelecido, as
definições deste sacerdócio e do seu funcionamento também precisariam
ser especificadas, assim como também os termos da adesão a este novo
sacerdócio.
A constituição de um novo modelo de sacerdócio envolve, entre outros,
principalmente, e no mínimo, os seguintes aspectos:
 1) A definição, como item maior de todo o processo, a própria proposição do
modelo do sacerdócio e quem serão os sacerdotes neste modelo; que é o que o
povo fez ao sugerir a Moisés como seu mediador perante Deus;
 2) A definição, na sequência do primeiro ponto, do conjunto dos diversos termos
ou regras deste sacerdócio; o qual é chamado a lei de um sacerdócio;
 3) A definição da aliança que permite que as partes envolvidas façam uma
adesão ao sacerdócio proposto.

Ou seja:
→ (1º) é definido uma proposição de um tipo de sacerdócio; → (2º) é
definida a lei específica do sacerdócio sugerido; → 3º é definido o conjunto
de aspectos ou uma aliança para que múltiplas partes possam fazer a
adesão ao tipo de sacerdócio.
Um modelo de sacerdócio sem um conjunto de termos explícitos que definem o seu
funcionamento e sem uma aliança clara de adesão a ele já demonstra nestes próprios
aspectos a incoerência e a fragilidade deste modelo sacerdotal.
Um tipo de sacerdócio que não tem uma definição clara associada a ele, já é obscuro
pelo simples fato de não se expor com clareza diante de quem ele se apresenta.
Um padrão de sacerdócio sem um conjunto de termos explícitos fica sujeito à
mudanças segundo o anelo daqueles que querem conduzi-lo, mostrando que aqueles
que o propõe na realidade não são dignos de confiança, pois não atuam com
transparência ou clareza.
211

Muitos modelos sacerdotais propostos no mundo inclusive têm os seus próprios


deuses, criados pelos próprios criadores do modelo de sacerdócio. E os seres humanos
gostam de criar figuras de deuses porque em relação aos deuses que eles próprios
criam, eles também podem definir as regras de como deveriam se relacionar com estes
deuses.
Entretanto, se as pessoas determinam como os deuses devem aceitá-los, como os
deuses deles se comportam e como eles devem atendê-los, estes deuses, de fato, estão
sujeitos às pessoas.
Neste último caso, na realidade, as pessoas são os deuses dos seus deuses e também
é por isto que muitos indivíduos apreciam tanto os deuses e ídolos criados por eles ou
pelos seus semelhantes.
Devido ao distanciamento das pessoas da comunhão com o Único Deus Criador,
conforme abordado no estudo sobre O Evangelho do Criador, as pessoas começaram a
pensar que muitas coisas podem ser deuses e que elas poderiam ser os dominadores
dos deuses, comprando-os com ofertas, sacrifícios e outras tentativas para agradá-los.
Entretanto, vendo a questão mais a fundo, a pretensão de agradar aos deuses visa
achar um caminho que permita obter controle sobre os deuses. E quando isto não
ocorre, as pessoas mudam as regras de seus sacerdócios, desqualificando assim
também os modelos de seus sacerdócios devido ao fato destes não terem uma lei e uma
aliança bem estabelecidas.
Portanto, a definição e o estabelecimento da lei de um sacerdócio certamente não é
algo simples. Pelo contrário, a constituição da lei de um sacerdócio é um processo tão
complexo que nenhum ser humano consegue realizá-lo de forma completa ou
minimamente satisfatória. Razão pela qual, o Senhor somente reconheceu dois
sacerdócios oficiais no período da vida humana sobre a Terra.
Somente a lei do denominado primeiro sacerdócio, chamada também de
Lei de Moisés, e a lei do segundo sacerdócio, também chamada de Lei da
Liberdade ou Lei de Cristo, foram definidas e estabelecidas por Deus,
ainda que o primeiro sacerdócio tenha vindo a partir de um modelo
sugerido pelo povo liberto do Egito.
A maneira como o povo liberto do Egito sugeriu que Deus falasse com as pessoas
participante deste grupo, por exemplo, e para começar a conversa, não poderia se
limitar somente a Moisés como o povo sugeriu. O povo liberto do domínio cruel do
Egito estava rumando para uma terra e também para uma maneira de viver onde
Moisés não poderia estar atendendo as pessoas nas mais diversas regiões que estas
passariam a viver e cultivar, assim como Moisés também não poderia permanecer entre
o povo na medida em que os anos avançassem e que as novas gerações passassem a
surgir.
Ao pedir que Moisés fizesse a função de mediador entre cada um dos seus membros
e Deus, o povo confiava em Moisés como sendo um bom representante, mas como isto
ficaria quando este povo estivesse disperso na terra para a qual estavam rumando?
E como o tipo de sacerdócio que propuseram a Deus funcionaria se Moisés não
estivesse mais entre eles?
Desta maneira, a partir da proposição que o povo fez a Deus para Ele falar com os
seus indivíduos através de Moisés, também se ergueu a necessidade de ser estabelecido
um conjunto de princípios que regeria esta maneira de Deus falar com o povo na
212

sequência dos anos e das gerações quando tivesse passado o deserto e estivesse
habitando a terra prometida.
Após as pessoas do povo pedirem a Deus um sacerdócio diferenciado do que aquele
que o Senhor lhes propusera, também era necessário que este sacerdócio estivesse
claramente definido para que o povo não ficasse a cada momento querendo abandonar
aquilo pelo qual optou e para que não ficasse querendo mudar o sacerdócio escolhido a
cada passo que avançasse em sua jornada, pois sem uma definição precisa, o sacerdócio
deste povo facilmente poderia vir a igualar-se por completo com os sacerdócios dos
povos dos quais este grupo foi liberto.
Quando as pessoas pediram que Deus estabelecesse para elas um sacerdócio onde
um dos seus semelhantes fizessem o papel de mediador diante de Deus, na realidade
estava implícito também o pedido de um sacerdócio onde diversos dos seus
semelhantes, ao longo da história, teriam que ser levantados para este serviço para
atender as pessoas nas mais diversas regiões que viessem a viver, e também para que
aqueles que não pudessem mais praticar o serviço de mediador pudessem ir sendo
substituídos devido às regras do próprio sacerdócio, desistência, doença ou
falecimento.
Quando as pessoas sugeriram que Deus estabelecesse para elas um
sacerdócio onde alguns dos seus semelhantes fariam o papel de mediá-los
diante de Deus, também estava implícito que no povo fosse criado uma
divisão de classes ou categorias de pessoas, onde alguns poderiam e
deveriam se achegar ao Senhor e onde a maioria ficaria dependente dos
“escolhidos para serem sacerdotes” para que os seus pedidos chegassem a
Deus e para que a instrução do Senhor chegasse à maioria.
O que parecia ser uma simples sugestão do povo em contrapartida ao
que Deus intentava fazer a favor de cada indivíduo, era, na realidade, o
surgimento de um sistema extremamente complexo de ser instituído,
operacionalizado e mantido.
As sugestões ou escolhas para buscar a Deus através de caminhos não
escolhidos pelo Senhor nunca são escolhas de caminhos simples ou que
não envolvam um grande contingente de conceitos e consequências que
estão implícitos na opção escolhida ou na sugestão apresentada.
Em função da escolha das pessoas em se oporem à busca do Único Deus Criador dos
Céus e da Terra muitos conjuntos de conceitos, filosofias, teorias, religiões, projetos e
estruturas são deflagrados para tentarem sustentar as teses que não aceitam esta
posição de haver somente um Deus Único.
Entretanto, também em função do posicionamento das pessoas quererem buscar ao
Único Deus através das suas próprias maneiras e em oposição à forma sugerida pelo
Senhor, muitos conjuntos de conceitos, filosofias, religiões, projetos, ações, estruturas e
caminhos são similarmente deflagrados para tentar estabelecer e sustentar as suas
supostas alternativas de sacerdócio.
Portanto, a opção por um modelo de sacerdócio com sacerdotes mediadores entre o
povo e Deus implicitamente representava que aquele povo e os seus descendentes
também estavam fazendo uma opção por uma lei específica e um tipo específico de
aliança nas quais os mais diversos aspectos do sacerdócio sugerido e escolhido
passaram a estar descritos.
213

Ressaltando este ponto mais uma vez: Foi o povo que sugeriu um sacerdócio com
sacerdotes mediadores. Entretanto, foi Deus que deu ao povo uma lei de acordo com o
que o Senhor constituiu nesta lei, pois o povo jamais teria a mínima condição de
estabelecer uma lei que previsse tudo o que teria que ser previsto para que o modelo
sugerido de sacerdócio também tivesse uma lei completa ou santa associada a ele.
Assim, algo muito intrigante na questão da constituição do denominado primeiro
sacerdócio é que Deus, a quem ninguém pode ensinar ou dar conselhos, acatou a
sugestão do povo em estabelecer sacerdotes mediadores para que aqueles que
originalmente eram chamados para fazê-lo, ou seja todas as pessoas do povo, fizessem
o repasse ou a terceirização do seu sacerdócio pessoal para que outros o fizessem em
seu lugar.
Como, então, foi possível se dar este fato em que Deus aceitou uma sugestão do povo
liberto do Egito ainda que o pedido deste povo não estivesse de acordo com a vontade
do Senhor ou com o “reino sacerdotal” que Deus propusera?
É muito desafiador compreender o posicionamento de Deus em que Ele autorizou
um povo ou uma nação a seguir por um tipo de sacerdócio que não desembocaria em
êxito.
Entretanto, também foi através desta maneira que Deus agiu de forma
perfeita e em retidão para respeitar a liberdade de escolha do povo liberto
do Egito e para estabelecer um exemplo registrado nas Escrituras e
amplamente detalhado para que as gerações futuras, inclusive nos dias
atuais, viessem a estar devidamente informadas para que pudessem
escolher não mais incorrerem no modelo deste primeiro sacerdócio ou
similares a ele.
Deus ofereceu às pessoas libertas do Egito uma condição de serem um reino de
sacerdotes. E respeitando a sua condição de libertas, o Senhor não lhes apresentou a
sua sugestão como uma imposição, assim como Deus atualmente também oferece o
Evangelho para que as pessoas o recebam por livre escolha e não por imposição.
Ao convidar as pessoas libertas do domínio do Egito a serem guiadas pela voz do
Senhor, Deus queria que elas também entendessem que o modelo celestial de
sacerdócio era a única opção real de vida segundo o reino dos céus e assim, com
liberdade, o escolhessem.
Deus apresentou a sua proposição como uma oferta para que as pessoas que foram
libertas também escolhessem com liberdade o que Deus estava lhes propondo.
Entretanto, como as pessoas libertas do Egito não escolheram o que Deus lhes
ofereceu, Deus aceitou acompanhá-las em sua escolha para que a manifestação prática
desta escolha também viesse a ser exposta exaustivamente, a ponto de ficar de exemplo
para que as pessoas, por entendimento e por opção, não precisem mais se inclinar ao
modelo do primeiro sacerdócio ou modelos similares a ele depois que o segundo
sacerdócio foi amplamente revelado ao mundo em Cristo Jesus.
Assim, embora a proposição do povo de um sacerdócio com sacerdotes mediadores
provavelmente tivesse em mente partes dos modelos usados no Egito e no mundo, o
modelo que Deus iria autorizar, ainda que temporariamente e conforme o desejo carnal
das pessoas libertas do Egito, teria que ser um modelo com uma lei santa e que também
concedesse o propósito almejado se todos os critérios deste modelo fossem cumpridos.
214

Por isso, a lei do denominado primeiro sacerdócio é chamada, ao mesmo tempo, a


lei de um mandamento carnal, mas também uma lei santa.

Hebreus 7: 15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança


de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.

Romanos 7: 11 Porque o pecado, prevalecendo-se do mandamento, pelo


mesmo mandamento, me enganou e me matou.
12 Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e
bom.
13 Acaso o bom se me tornou em morte? De modo nenhum! Pelo
contrário, o pecado, para revelar-se como pecado, por meio de uma
coisa boa, causou-me a morte, a fim de que, pelo mandamento, se
mostrasse sobremaneira maligno.
----

O fato de Deus acatar a sugestão do povo e apresentar a eles uma lei


santa para o sacerdócio carnal que eles propuseram, mostrou-se, na
manifestação prática, como benéfico no sentido de permitir as pessoas
verem de forma mais intensa a maldade do pecado e das proposições
humanas influenciadas pelo pecado para tentarem servir a Deus partir dos
conceitos, da força ou das obras dos seres humanos.
Se, por uma lado, a sugestão do primeiro sacerdócio teve uma
inspiração influenciada por modelos carnais, por outro lado, o que Deus
acordou fazer no que foi chamado de primeiro sacerdócio era um
sacerdócio baseado em uma lei justa apesar daquele modelo proposto.
Para estabelecer o que foi mencionado no parágrafo anterior, a lei do primeiro
sacerdócio precisou, então, ser transcrita fielmente por Moisés de acordo com o que o
Senhor lhe mostrou a partir do céu.
A instauração do chamado de primeiro sacerdócio era um processo muito delicado
ou complicado de ser realizado, pois embora ele tivesse similaridades aos sacerdócios
mediadores que outros povos adotavam, a lei deste sacerdócio teria que ser santa para
receber a autorização de Deus, pois Deus não poderia ser parte da aprovação de algo
que no final das contas não almejasse algum benefício para os seres humanos. Deus não
poderia fazer a aliança com as pessoas relacionado a algo que não desembocasse em
algum benefício para elas em certo momento, ainda que em um ponto futuro ou ainda
que o próprio sacerdócio proposto não pudesse prover às pessoas aquilo que elas
necessitavam.
Deus somente aceitou estabelecer o denominado de primeiro sacerdócio com uma
lei bem clara, definida e pelo fato deste caminho vir a ser um instrumento para ensino
para todos os povos a respeito daquilo que as pessoas do mundo inteiro não deveriam
adotar em suas vidas, permitindo, assim, a prática autorizada deste sacerdócio durante
séculos até que estivesse completamente demonstrado que as pessoas não
conseguiriam cumprir o tipo de sacerdócio que elas propõem ao Senhor.
215

Deus sugeriu se relacionar com o povo liberto do Egito de uma maneira,


mas o povo queria fazê-lo de acordo com a sua própria perspectiva. E Deus
o permitiu, mas somente com uma lei adequada para que, mais adiante, as
pessoas vissem demonstrado que o tipo de sacerdócio sugerido por elas
não iria funcionar apropriadamente nem mesmo com uma lei santa, e
também para evidenciar que somente o tipo de sacerdócio oferecido por
Deus era de fato aquele que atua em amor verdadeiro e para o verdadeiro
benefício de cada ser humano.
E não é também pela tentativa das crianças de fazer algumas coisas que elas ainda
não conseguem fazer que elas aprendem algumas das suas limitações? E muitas vezes,
sob uma devida supervisão e cuidado, não é também produtivo deixar as crianças
tentarem realizar o que elas não conseguem fazer a fim de conhecerem melhor as
capacidades que lhe estão ao alcance, bem como aquelas das quais elas dependem de
um auxílio complementar para alcançar?
Para que a lição derivada da escolha por um sacerdócio que jamais poderia
aperfeiçoar as pessoas pudesse ficar notoriamente registrada na história e para todas as
gerações, Deus concedeu uma lei santa para o denominado primeiro sacerdócio. E
ainda mais, Deus inclusive se prontificou a ajudar aquele povo a tentar cumprir aquela
lei para que as pessoas vissem que aquele sacerdócio não seria bom para elas nem
mesmo se estivessem sob uma posição em que o Senhor não se opusesse a elas.
Mesmo Deus autorizando a tentativa do caminho sugerido pelas pessoas libertas do
Egito e não fazendo oposição a elas, o chamado de primeiro sacerdócio nunca poderia
prover o que de fato as pessoas precisariam receber do Senhor, que é a mudança no
interior do coração e que não pode ser realizada a contento através de outros
mediadores também não aperfeiçoados em seus corações.
Deus não resistiu às pessoas libertas do Egito quanto à opção pelo tipo de sacerdócio
com o qual elas queiram se associar. Pelo contrário, o Senhor se dispôs a acompanhar
estas pessoas e dar-lhes suporte enquanto permanecessem na opção que elas fizeram
para que, pela sua própria experiência, viessem a conhecer que um sacerdócio mediado
por outros seres humanos também pecadores e falhos jamais pode aperfeiçoar tanto o
mediador como os mediados. E tudo isto, para despertar as pessoas a verem a glória
que exclusivamente há no sacerdócio chamado de segundo ou chamado de sacerdócio
de acordo com Cristo.

Hebreus 9: 9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo


esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no
tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que
presta culto,
10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente
em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo
oportuno de reforma.
----

O denominado de primeiro sacerdócio era composto por regras externas


para que cada pessoa não precisasse enfrentar diante de Deus as suas
questões pessoais internas, pois ele era um sistema que propunha a
execução de atos externos para agradar a Deus sem a necessidade de
216

mudanças interiores no coração, assim como era o sacerdócio de outros


povos.
E Deus concordou em atender a demanda das pessoas libertas do Egito,
pois se elas já haviam estabelecido no coração a forma como queriam
viver, Deus não iria impor-lhes à sua própria proposição, pois isto
descaracterizaria o estado de liberdade que recém havia sido concedido a
elas.
O denominado de primeiro sacerdócio era somente uma sombra em
oposição ao que Deus propôs inicialmente ao povo. E assim como uma
sombra somente lembra o original, não é o original e de fato não pode
realizar o que somente poderá ser obtido através do original, assim
também o chamado de primeiro sacerdócio jamais poderia realizar o que o
sacerdócio verdadeiro vindo de Deus poderia prover.

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem.
----

O denominado de primeiro sacerdócio foi permitido para contribuir


para o ensino de que jamais um sacerdócio alternativo àquele que Deus
oferece poderá realizar o que somente o verdadeiro pode realizar.
O chamado de primeiro sacerdócio foi permitido por Deus como um
testemunho prático da fraqueza e da inutilidade que há nas tentativas das
pessoas criarem caminhos para o relacionamento com Deus ainda que o
Senhor viesse a lhes conceder uma lei santa para tentarem ser exitosas em
seu objetivo.
Por isto, ao fim deste tópico, ressaltamos novamente que uma vez demonstrado
exaustivamente durante séculos de que o chamado de primeiro sacerdócio não poderia,
jamais, tornar perfeitos os que estivessem associados a este tipo de sacerdócio, Deus
interveio na história, no tempo oportuno, manifestando e oferecendo amplamente o
sacerdócio perfeito e eterno de acordo com a proposição celestial, mas não sem
primeiro também revogar, para sempre, a autorização e validade do denominado
primeiro sacerdócio, da sua lei e da aliança correspondente a ele.
217

M. Observando ainda um Pouco Mais de Perto o Contexto Em


Que o Chamado de Primeiro Sacerdócio Foi Sugerido

Sem querer nos delongar muito mais sobre o fator histórico da introdução do
denominado primeiro sacerdócio, mas também procurando não incorrer em deixar de
ressaltar mais alguns pontos relevantes sobre o contexto em que este sacerdócio foi
introduzido, gostaríamos de abordar ainda mais alguns aspectos daquilo que, de certa
forma, norteou ou pode ter norteado a decisão do povo em propor o que propuseram ao
Senhor. E isto, para que também possamos avançar melhor amparados para perceber
as distinções entre os denominados de primeiro e segundo sacerdócios e para que
possamos avançar para uma compreensão mais clara de como a opção pelo sacerdócio
chamado de segundo pode ser realizada.
Quando citamos nos tópicos anteriores que o povo optou em sugerir um sacerdócio
que veio a se constituir no chamado primeiro sacerdócio, composto também pela lei
chamada de Lei de Moisés e por uma aliança que posteriormente foi chamada de antiga
aliança ou a aliança que Deus fizera com o povo no Sinai depois da saída do Egito, não
estamos almejando, de forma alguma, criticar o posicionamento das pessoas naqueles
dias, pois elas, diferentemente de nós, não tinham visto o chamado de primeiro
sacerdócio, a sua lei e a antiga aliança terem sido expostos na prática até a exaustão
sem poderem de fato levar as pessoas à vitória que estas almejavam.
Em sua eterna e perfeita soberania, Deus também permitiu eventos ocorrerem na
história de acordo com a escolha dos seres humanos para que estes mesmos eventos, no
seu devido tempo, servissem de testemunho e ensino também para outras gerações.

1 Coríntios 10: 6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim
de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
...
11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas
para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos
têm chegado.

A conduta do povo liberto territorialmente e politicamente do domínio


do Egito expressou o que a maioria das pessoas de todas as gerações
também iriam adotar em circunstâncias similares.
As pessoas do grupo liberto do Egito passaram por uma escravidão de séculos e onde
eles não tinham acesso a muitos atos ou práticas que os “seus senhores” podiam fazer,
gerando possivelmente, em muitos, uma apreciação por aquilo que não lhe estavam
disponível e também uma mentalidade em que a ideia de liberdade é ter acesso àquilo
que os “seus senhores” tinham acesso.
E não é exatamente o tipo de mentalidade expresso no parágrafo anterior que
muitas vezes ocorre entre aqueles que são privados de algo que outras pessoas
possuem? Mas isto, muitas vezes, também não pode ser a definição de cobiça das coisas
alheias e que, por fim, não são de fato benéficas àqueles que as almejam ter?
Entretanto, Deus não tirou um determinado grupo de pessoas do Egito
porque este povo não tinha acesso àquilo que os egípcios tinham. Deus os
tirou para levá-los à uma condição de vida muito distinta e incomparável à
vida do Egito e dos demais povos da Terra.
218

A escravidão à qual os descendentes de Abraão estavam sujeitos no Egito não era


definida principalmente pela abstenção do que os egípcios podiam praticar e acessar,
mas era definida, em muitos aspectos, precisamente por aquilo que os egípcios podiam
acessar e por aquilo praticavam em relação aos seus semelhantes.
Quando uma pessoa, por exemplo, intenta receber a Cristo como o beneficiador da
sua vida para alcançar a prosperidade material que os ricos têm, ela de fato não quer a
Cristo e a vida que acompanha esta decisão. O que ela quer é a vida que as pessoas que
ela considera mais afortunadas têm, não se dando conta, porém, que aquele tipo de
vida que ela mesma almeja, talvez também possa ser um caminho que a afaste de Cristo
e da vida mais sublime, da vida que importa para a eternidade.
As pessoas nos séculos contemporâneos não pensam de forma tão
diferenciada das pessoas do tempo em que os descendentes de Abraão
foram libertos do Egito para não viverem mais como no Egito. Pelo
contrário, o caráter humano, dissociado do seu Criador, não progrediu e às
vezes até anda para trás.

2 Timóteo 3: 1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos


difíceis,
pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes,
blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si,
cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que
amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge
também destes.

Apesar de talvez parecer que a escravidão no Egito ocorreu basicamente por causa
dos faraós que nele exerciam o governo, a origem da escravidão exercida pelos faraós
sobre os outros povos estava intimamente ligada aos sacerdócios e a quem ou a que
estes sacerdócios adoravam.
O Deus de Abraão, Isaque e Jacó foi revelado aos faraós egípcios e se tornou
conhecido através do que fizera por meio de José, resultando na provisão de alimento a
muitos povos durante um período de sete anos de grande escassez que se abateu sobre
muitas nações. Entretanto, quando José faleceu, os faraós que se levantaram para
governar em seguida, esqueceram-se também do Deus de José, ficando novamente
entregues às suas adorações pagãs, resultando na inimizade com os descendentes de
Abraão e na sua escravidão.

Êxodo 1: 6 Faleceu José, e todos os seus irmãos, e toda aquela geração.


...
8 Entrementes, se levantou novo rei sobre o Egito, que não
conhecera a José.
9 Ele disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é mais
numeroso e mais forte do que nós.
10 Eia, usemos de astúcia para com ele, para que não se multiplique,
e seja o caso que, vindo guerra, ele se ajunte com os nossos inimigos,
peleje contra nós e saia da terra.
219

11 E os egípcios puseram sobre eles feitores de obras, para os


afligirem com suas cargas. E os israelitas edificaram a Faraó as
cidades-celeiros, Pitom e Ramessés.
----

Quando as pessoas se afastam de Deus, elas acabam se entregando a uma série de


fantasias de outros deuses e a uma série de fantasias de como elas podem se relacionar
com estes deuses, ou até, como no caso dos faraós, passam a adotar a postura de se
intitularem ou serem intituladas pelos seus sacerdócios de deuses, como se um ser
humano pudesse alcançar esta posição.
Sob esta condição de sacerdócios totalmente dissociados da adoração ao Único Deus
Criador, os egípcios apresentavam dízimos, ofertas e toda a sorte de sacrifícios para os
sacerdotes que tinham estabelecido para representá-los diante dos seus deuses e faraós.
Já muito antes do chamado primeiro sacerdócio ser estabelecido, os egípcios davam
enormes contribuições de suas colheitas e entregavam inúmeros sacrifícios aos seus
sacerdotes. Em seu modelo sacerdotal, essas eram as maneiras pelas quais pensavam
que poderiam obter a benevolência dos deuses.
Por isso, depois de séculos debaixo do modelo sacerdotal egípcio, apesar de não
terem acesso para se associarem a ele pelo fato de serem escravos, não é de se admirar
que o povo liberto por Deus tinha em mente um sacerdócio como era o sacerdócio dos
“seus anteriores senhores”. Não é de se admirar que as pessoas agora libertas do Egito
também tinham em mente aquilo que aqueles que eram “os livres” no Egito tinham,
ainda mais que muitos dos egípcios eram cumulados de bens e riquezas.
As Escrituras não declaram expressamente que o povo liberto do Egito quis um
mesmo modelo de sacerdócios praticados pelos egípcios. Entretanto, a proposição
prática deles estava refletindo o que o Egito praticava, ainda que eles agora se
dirigissem somente a um “novo Deus Único”.
Além disso, em vários pontos futuros da história narrada nas Escrituras, podemos
observar que as pessoas libertas do Egito e seus descendentes se colocavam em posição
de necessitarem serem admoestadas por Deus pelo fato de voltarem a inclinar o
coração e a confiança nas coisas do Egito ou até em um possível retorno ao Egito.
Portanto, sugerir Moisés como mediador de todo o povo, não era algo muito
diferente da posição dos faraós e na qual estes figuravam a representação dos deuses na
Terra.
E ainda outro fator que pode ter contribuído para a questão de sugerir um
sacerdócio de mediação de Moisés em nome do povo, é que Moisés, seguindo uma
sugestão de “um sacerdote de Midiã”, a saber seu sogro Jetro, já havia praticamente se
assentado sobre o povo como um líder sobre a nova nação que estava sendo
constituída, assim como faraó era um líder sobre toda a nação egípcia.
Quando Jetro, “sacerdote de Midiã”, logo após o povo ter saído do Egito, sugeriu a
Moisés o estabelecimento de um sistema governamental em forma de pirâmide, Jetro,
na prática, também estava sugerindo que Moisés deveria se assentar no topo da
pirâmide.
Na prática, a sugestão de Jetro era uma proposição onde Moisés seria o mediador
das grandes necessidades do povo para com Deus e onde os líderes na cadeia da
pirâmide responderiam as causas simples do povo, mesmo que estes líderes ainda
220

tivessem sido instruídos minimamente por Deus sobre como viver a nova vida que
Deus reservara para o povo liberto.
Portanto, se Moisés poderia ser o mediador das “grandes e especiais causas” do povo
para com Deus, por que Moisés também não poderia ser o grande sacerdote que falaria
as coisas de Deus para o povo?
Através da experiência do conselho de Jetro a Moisés, narrada em
Êxodo 18, vemos o quão crucial é discernir a qual sacerdócio uma pessoa
serve antes de ouvi-la e antes de acatar os conselhos que ela propõe, ainda
que seja um parente ou alguém muito próximo.
Em outras palavras, quando Jetro falou com Moisés, apesar de ser sogro de Moisés,
ele não falou como um sogro, mas falou como um “sacerdote de Midiã”.
E ainda, considerando que um sacerdócio também está associada a uma lei que lhe é
correspondente, Jetro, juntamente com o seu conselho, também sugeriu todo um
sistema e uma lei de governo a Moisés, mas que, na prática, não era tão diferente do
que Moisés vira no Egito e da cadeia de comandos hierárquicos que os demais povos
estabeleciam nos seus governos.
Depois de quarenta anos fora do sistema de governo egípcio, Moisés, talvez, não
percebeu que aquilo que Jetro lhe sugeriu, como sacerdote de Midiã, era muito familiar
ao sistema no qual ele, Moisés, crescera e fora ensinado pelos egípcios, conselho que,
portanto, também era uma maneira de governo que resultava na escravidão dos povos
sob líderes e tutores dominadores.
Assim, muitas vezes, também é nas coisas mais familiares que são expostas como se
fossem uma proposição de Deus que pode haver uma necessidade de um discernimento
mais profundo entre aquilo que realmente procede de Deus e aquilo que não procede
do Senhor.

Colossenses 2: 8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua


filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele,(em Cristo), habita, corporalmente, toda a
plenitude da Divindade.

Nas Escrituras, não vemos Deus fazendo alguma repreensão a Moisés por ter
adotado o conselho de Jetro, pois nem Moisés ainda havia sido ensinado como Deus
queria que o povo liberto passasse a viver. Entretanto, similarmente, também não
vemos Deus endossando o conselho de Jetro, pois este era frágil e impraticável para o
futuro que Deus tinha proposto para este povo.
Quando o povo chegasse à terra de Canaã, o sistema de Jetro jamais poderia
funcionar com o povo espalhado por vários territórios e divididos nas suas diversas
tribos, pois simplesmente não seria prático e funcional, a não ser que fosse regido com
mão de ferro.
Além disso, mais tarde vemos que Deus atesta a condição de não querer um rei
humano regendo todo o seu povo ou quando afirma que as pessoas do povo liberto do
Egito não necessitariam ter um rei como os povos gentios tinham.
Ainda outro exemplo de que Deus tinha planos distintos da proposição de Jetro para
as pessoas do seu povo é mostrado quando o Senhor diz para Moisés separar, ainda no
221

tempo do deserto, setenta homens e sobre eles repartir a unção que estava sobre a sua
vida para que o povo fosse melhor atendido.
Quer por dureza de coração, por cobiça conforme foi mencionado em um dos textos
apresentados acima, por desconhecimento, pela influência do sacerdócio de Jetro
segundo Midiã ou pelo modelo dos sacerdócios do Egito que tinham em mente, as
pessoas do povo liberto do Egito, de certa forma, queriam um Deus que as abençoasse
nas suas reivindicações, mas que não fosse totalmente presente com elas em todos os
seus afazeres.
Os integrantes do povo liberto do Egito não queriam um sistema sacerdotal que os
expusesse diante de Deus. Eles queriam um sacerdócio através do qual poderiam, como
os egípcios e outros povos, aplacar a “ira dos deuses” e “obter favor dos deuses para a
prosperidade das pessoas do povo”, sendo que a diferença no caso deste povo é que ele
estava escolhendo servir a um só Deus.
As pessoas libertas do Egito queriam um Deus que as guiasse, mas com uma certa
distância. E para isto, elas estavam dispostas a pagar um alto preço, menos o preço de
Deus chegar diretamente a cada uma delas ou cada uma delas ter que se apresentar
continuamente e diretamente diante de Deus.
Em certo sentido, as pessoas do povo liberto do Egito queriam ter o
controle de quando quisessem se achegar a Deus e de quando Deus deveria
se achegar a elas para que seu viver e andar diário não sofresse restrições
diretas da presença contínua do Senhor com elas.
As pessoas libertas do Egito estavam dispostas a praticar alguns atos
diante de Deus ou direcionados ao Senhor com uma certa distância para
terem a garantia de que Deus as abençoaria e protegeria. Entretanto, elas
não estavam dispostas a ter a Deus muito próximo de si para que as suas
atitudes mais íntimas ou pessoais não tivessem que se amoldar ao caminho
e à instrução contínua do Senhor.

Jeremias 7: 22 Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da


terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos
ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei
o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que
eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.
----

E quanto aos dias atuais, será que aquilo que foi exposto nos parágrafos anteriores é
assim tão diferente?
E nos tempos recentes, será que também há pessoas que querem a Deus, mas desde
que elas possam colocar os limites de quanto Deus pode se aproximar delas e o quanto
elas deveriam se aproximar do Criador de suas vidas?
O indivíduo que opta em ser guiado por Deus somente parcialmente ou
através de regras exteriores, muitas vezes pode estar se colocando em
posição pior do que aquele que optou em não ser guiado por Deus, pois a
222

pessoa que está afastada de Deus às vezes é mais consciente de que precisa
retornar ao Senhor do que aquele que está disposto a seguir no caminho do
Senhor, mas não de uma maneira em que a presença ou a luz de Deus
esteja muito próxima a ele.
Entendemos ser necessário estar atento aos contextos acima mencionados, pois o
primeiro sacerdócio é baseado na tentativa desta condição de vida “meio-dedicada” a
Deus.
O primeiro sacerdócio é o modelo do sacerdócio que se preocupa com as
aparências e com os atos externos, mas que não vai a fundo
suficientemente nas questões internas do coração e de um posicionamento
mais próximo e transparente diante do Senhor.
Sob a aflição do Egito, os descendentes de Abraão clamaram diretamente a Deus e
não deixaram que o fato de serem escravos se interpusesse em seu clamor direto ao
Senhor. Entretanto, quando estavam livres para serem guiados continuamente e
diretamente por Deus quiseram algo que assemelhasse o que viram no Egito, pois
tinham o foco na cobiça e no exterior, assim como é visto de forma repetida também em
cada nova geração.
Na prática, as pessoas libertas do Egito demonstraram que não queriam
a pressão do trabalho que os egípcios lhe imputavam, mas, por outro lado,
não queriam rejeitar completamente o sistema de sacerdócio e governança
dos egípcios, não percebendo, porém, que não era somente o povo do Egito
que as escravizava. O Egito as escravizava por causa do sistema de
sacerdócio e governança que era adotada naquela nação.
Portanto, para receber e guardar o vinho novo é necessário odre novo. E para se
vestir de novidade de vida precisa também das respectivas vestes novas.
Quando as pessoas pediram a Deus para livrá-las do Egito, Deus ouviu o clamor para
de fato libertá-las do Egito, mas não para libertá-las somente do território e do domínio
dos egípcios. No deserto e antes de entrarem na terra de Canaã, Deus queria que as
pessoas livres fisicamente do domínio do Egito também fossem livres dos modelos de
sacerdócio e governança que havia no Egito e nos outros povos do mundo.
Entretanto, mais uma vez, como a sugestão de Deus não foi acatada naqueles dias
em que o povo liberto do Egito estava diante do monte Sinai, ainda era necessário que
ficasse demonstrado que o sacerdócio de acordo com o pensamento humano não teria
êxito na mão dos seres humanos, ainda que Deus os autorizasse e até favorecesse para
fazê-lo. Este modelo jamais poderia livrar as pessoas de suas prisões mais profundas,
jamais poderia livrá-las da profunda escravidão ao pecado e jamais poderia livrar as
pessoas do egoísmo de tentarem controlar as suas próprias vidas.
Sem que o verdadeiro sacerdócio oferecido pelo Criador seja estabelecido no coração
de uma pessoa, esta não pode se libertar de si própria, pois o chamado de primeiro
sacerdócio é uma proposta de manutenção de um certo distanciamento proposital do
Único que pode prover plena libertação na vida interior ou no coração de um indivíduo.
O sacerdócio denominado de primeiro não funciona de fato, pois, na sua operação
prática, ele tenta misturar o fermento velho com o propósito de viver o novo. O
primeiro sacerdócio propõe atingir o novo através dos mesmos princípios de
funcionamento do velho que nunca podem alcançar o novo de fato.
223

No estudo sobre O Evangelho da Salvação, e outros, foi abordado acentuadamente o


tópico de que a salvação de Deus não se limita a um livramento, mas que ela é uma
oferta de uma salvação que propõe levar as pessoas a uma condição de viverem
efetivamente em novidade de vida a partir de um novo coração.
Similarmente, quando as pessoas escravas no Egito clamaram ao Único Deus por
libertação, o Senhor os salvou para lhes oferecer um novo tipo de vida que implicaria
em um novo tipo de sacerdócio. Entretanto, aquelas pessoas, até para nosso ensino e
instrução, optaram em seguir um caminho pesaroso e de muitos sacrifícios que nunca
agradaram a Deus, permitidos pelo Senhor para que na plenitude dos tempos fosse
evidenciada para todas as nações, de forma plenamente sublime, a glória do segundo
sacerdócio ou aquele que Deus nos oferece exclusivamente em Cristo Jesus.
Assim, no final deste tópico, vejamos mais uma vez com atenção no texto abaixo o
ponto principal sobre aquilo que Deus quer nos ensinar sobre o remover o primeiro e
estabelecer o segundo:

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
3 Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons
como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo
sacerdote tivesse o que oferecer.
4 Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto
existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim
como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de
acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de
maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
8 E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e
firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá,
9 não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os
tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles
não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o
Senhor.
10 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois
daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis,
também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo.
11 E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao
seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior.
12 Pois, para com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos
seus pecados jamais me lembrarei.
13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que
se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.
224

N. A Glória de Cristo como o Único que Cumpriu a Lei do


Primeiro Sacerdócio para Que Este Pudesse Ser Removido

Hebreus 7: 11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o


sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo
a ordem de Arão?
12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também
mudança de lei.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

Hebreus 10: 8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não


quiseste, nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te
deleitaste (coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

Depois de vermos tantos aspectos nos tópicos anteriores sobre o


primeiro sacerdócio, chegamos, provavelmente, ao ponto mais
significativo do conhecimento que necessitamos ter sobre este sacerdócio,
o qual é saber que ninguém mais, no mundo todo, precisa seguir a lei e a
aliança relacionada a este sacerdócio por causa da obra de Cristo na cruz
do Calvário, através de quem a validade deste primeiro sacerdócio foi
removida e o segundo foi estabelecido.
Neste ponto, há algo muito interessante a ser observado sobre o primeiro
sacerdócio, a sua lei e a sua aliança, pois uma vez que uma pessoa fizesse adesão a este
tipo de sacerdócio, ela também estava se sujeitando àquilo pelo qual estava optando e
do qual ela não poderia simplesmente se desligar, a não ser que o desligamento fosse de
acordo com os termos da lei e da aliança do próprio sacerdócio ao qual ela estava se
associando.
Quando alguém se associava ao sacerdócio também chamado de levítico, como visto
acima, ele se associava à lei e à aliança baseada neste sacerdócio ou vice-versa. Ou seja,
se alguém viesse a se associar ao primeiro sacerdócio, sua lei ou à sua aliança, ele
também passava a estar sujeito a todo o conjunto de aspectos deste sacerdócio.
E no caso do primeiro sacerdócio, a associação a ele era especialmente complicada,
pois este sacerdócio era fundamentado em uma proposição onde as pessoas declaravam
perante testemunhas e perante Deus que elas iriam seguir rigorosamente todos os itens
da lei do primeiro sacerdócio, sob pena de se tornarem alvos de severa maldição ou
condenação caso não cumprissem um só item da lei deste sacerdócio.
225

De certa forma, o pacto em torna do primeiro sacerdócio era simples: Se a pessoa


que aderiu a ele cumprisse toda a lei, ela viveria. Entretanto, se ela não cumprisse a sua
lei na íntegra, ela era digna de condenação de morte, pois um só item não cumprido da
lei a desqualificava de forma geral, ainda que a aplicação de algumas condenações não
fossem executadas já em seguida à transgressão.
O aspecto altamente difícil e complicado da lei do primeiro sacerdócio era a
obrigação de cumprir “todos os itens” que constavam desta lei para, então, obter a vida.

Tiago 2: 10 Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só


ponto, se torna culpado de todos.

Romanos 10: 5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça
decorrente da lei viverá por ela.

Gálatas 3: 12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os
seus preceitos por eles viverá.
...
10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-
las.
----

Convém lembrar neste ponto mais uma vez que Deus não iniciou a oferta de um
sacerdócio onde as pessoas receberiam leis ou mandamentos através de sacerdotes
mediadores, mas esta foi uma sugestão apresentada pelo povo a Deus, onde Deus,
então, apresentou ao povo uma lei pela qual a pessoa que a cumprisse na íntegra
também alcançaria a vida por ter alcançado uma condição de justiça através do
cumprimento de todos os atos desta lei.
Quando as pessoas do povo liberto do Egito escolheram o caminho de serem
instruídas por Deus através de seus semelhantes e de acordo com o que o Senhor
falasse aos mediadores, e não pela instrução de Deus a cada família e às pessoas nelas,
elas fizeram a opção por um “código de regras” transcrito por aquele que os mediariam
para que através das “regras escritas” pudessem viver de maneira justa ou sem incorrer
em pecado que os afastaria de Deus e, por consequência, da vida eterna, pois é Deus
quem provê a vida eterna.
E por que “toda a lei” do denominado primeiro sacerdócio teria que ser cumprida
por aqueles que se associassem ou se sujeitassem a ele?
A lei do denominado primeiro sacerdócio precisava ser “toda” cumprida
porque aqueles que associavam a ela declaravam que eles, em seu próprio
esforço, seriam justos “em tudo” desde que lhes fosse fornecido um
conjunto de regras externas nas quais poderiam se basear.
Portanto, assim como Adão ficou sujeito ao pecado e à injustiça por um só pecado
em que ele intentou se equiparar a Deus, assim aquele que assumisse o compromisso
de viver e andar justamente em tudo que a lei tivesse estabelecido, mas não o fizesse,
similarmente também estaria sujeito ao pecado e à injustiça.
226

O mandamento do sacerdócio chamado de primeiro é considerado carnal também


porque aqueles que aderem a ele assumem um compromisso de andar em retidão no
presente e no futuro baseados na confiança em sua própria palavra e força, nem
sabendo se estarão aptos a fazer no dia seguinte o que prometeram. O posicionamento
de que o futuro está nas mãos e sob o controle daquele que adere ao chamado de
primeiro sacerdócio é uma atitude baseada na soberba. É uma postura de confiança de
que, pelas forças e promessas humanas, uma pessoa irá cumprir o que ela se
compromete a fazer.
O denominado primeiro sacerdócio é baseado no tipo de
posicionamento onde o ser humano se coloca em posição de garantidor de
um futuro como se ele certamente fosse capaz de fazê-lo.

Tiago 4: 13 Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos


para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e
teremos lucros.
14 Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois,
apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.
15 Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos,
como também faremos isto ou aquilo.
16 Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes pretensões.
Toda jactância semelhante a essa é maligna.
----

O Senhor sugeriu acompanhar cada família e cada pessoa de forma específica ou


particular. Entretanto, as pessoas optaram por um caminho de lei antemão estabelecida
para que a tivessem previamente e para que pudessem tentar viver e andar sob esta lei
sem ter que ficar consultando a Deus a todo momento como deveriam se portar em
justiça para garantir a “benção e proteção de Deus” sobre elas.
Os integrantes do povo liberto do Egito refutaram um dos principias aspectos do
propósito de Deus tê-los libertado do Egito. O Senhor os livrou para ter comunhão com
os indivíduos libertos, mas o caminho da lei era uma posição contrária à comunhão
porque quem quer andar pela lei ou regras pré-estabelecidas fica facilmente sujeito a
pensar que não precisa ter comunhão com Deus uma vez que supostamente ele já sabe
de antemão tudo o que precisa fazer na sua vida.
Similarmente, a ideia de viver de acordo com uma lei ou um conjunto de
mandamentos de antemão estabelecidos também atua no sentido de levar as pessoas a
pensarem que não precisam de fé em Deus para viver a sua vida, pois se alguém
cumprir toda a lei ou o conjunto de regras pré-definido e supostamente acordado com
Deus, o Senhor também ficaria “obrigado” a abençoar e proteger aqueles que
cumprirem a lei acordada.
Entretanto, também pelo fato do denominado primeiro sacerdócio ser baseado em
uma proposta de vida dissociada de fé, confiança e comunhão contínua com o Senhor,
as Escrituras nos informam que Deus não se agradou de nenhum dos sacrifícios, ofertas
e holocaustos que foram realizados debaixo deste primeiro sacerdócio, pois as
Escrituras nos ensinam que “o justo viverá por fé” e que “sem fé é impossível
agradar a Deus”.
227

Deus não se agradou do chamado de primeiro sacerdócio porque este


sacerdócio, além de não salvar as pessoas do pecado ao qual já estavam
escravizadas, as escravizava ainda mais.
Se depois de se associar ao denominado primeiro sacerdócio, um indivíduo deixasse
de cumprir um só item da respectiva lei, ele estaria duplamente escravizado para
sempre, pois além da condenação causada pela sujeição ao pecado, ele ficaria sujeito
também à condenação prevista na lei deste sacerdócio.
Uma vez que indivíduo incorreu na dívida de morte para com a lei, a pessoa somente
poderia sair dela se esta dívida fosse paga, a qual somente poderia ser paga através da
exposição à execução da condenação associada ao chamado de primeiro sacerdócio.
Qualquer pessoa que se associava ao denominado primeiro sacerdócio
já era anteriormente escrava do pecado, cuja dívida era a morte.
Entretanto, ao aderir a este primeiro sacerdócio, ela tornava-se mais uma
vez ou duplamente devedora de morte quando deixasse de cumprir
somente um item da lei deste sacerdócio.
Portanto, para ser livre da condenação de morte, a pessoa associada ao denominado
primeiro sacerdócio precisaria, então, encontrar tanto a quitação da sua dívida com o
pecado como também a quitação da sua dívida para com o sacerdócio ao qual ela
aderiu, pois certamente ela não iria cumprir na íntegra o que ela assumiu cumprir.
Em princípio pode até parecer que a dívida do pecado e da lei são a
mesma coisa, mas não são. Elas são duas dívidas distintas com a mesma
penalidade, mas ainda assim são distintas. E aquele que ficou sujeito a elas
precisa da quitação das duas partes para ser livre de condenação de morte.
Assim, a aparentemente simples escolha sugerida pelo povo para a implantação de
um sacerdócio com mediadores implicou também na escolha de um sacerdócio e de
uma lei aos quais as pessoas que aderiram a ele ficaram escravizadas por sua própria
sugestão, opção e adesão. E assim ficariam para sempre se do céu não lhes fosse
provida uma salvação e libertação também deste sacerdócio além da redenção e
libertação do pecado que já lhes era necessária.
Incorrer na adesão ao chamado de primeiro sacerdócio significava incorrer na
necessidade de Deus fazer uma provisão não somente para a redenção das pessoas do
pecado, mas também para libertar os indivíduos associados a este primeiro sacerdócio
pelo fato de que jamais um indivíduo poderia sair dele através de seus méritos uma vez
que tivesse transgredido um só de todos os itens da respectiva lei.
Enquanto as pessoas que não se associavam ao denominado de primeiro sacerdócio
tinham a dívida para com o pecado, aqueles que se associavam a este primeiro
sacerdócio ficavam com dupla dívida, uma para com o pecado e outra para com a
respectiva lei.
Assim como o pecado requeria a morte como salário ou paga da dívida, conforme
explicado mais amplamente no estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus, também
a lei do primeiro sacerdócio requeria a morte como salário ou paga.
Portanto, a demanda por uma solução para remir as pessoas do jugo ou do corpo do
pecado passou a ser acrescida da necessidade de remi-las também de sua associação ao
primeiro sacerdócio.
228

E como, então, as pessoas sujeitas à lei do primeiro sacerdócio, já amaldiçoadas e


condenadas pelas suas transgressões desta lei, poderiam ser livres da dívida para com a
lei e o sacerdócio com o qual se associaram se a dívida era de morte assim como era a
dívida de pecado?
Assim, se o preço para a remissão das pessoas do pecado era a morte de um inocente
no lugar delas, assim também a morte de um inocente para com a lei poderia remir os
que estavam debaixo da lei ou do primeiro sacerdócio.
Supondo que Cristo tivesse vindo em carne ao mundo somente para ser
o inocente em relação ao pecado que foi crucificado para remir as pessoas
do pecado, os indivíduos associadas ao primeiro sacerdócio ou similares a
ele jamais poderiam ter sido salvas.
Quando Cristo veio ao mundo para prover salvação a todos, foi
necessário que Ele nascesse como Filho do Homem, e sem culpa pessoal
fosse crucificado para quitar a dívida de todos com o pecado. Entretanto,
para poder quitar igualmente a dívida com a lei do primeiro sacerdócio,
era necessário que Cristo, como o Filho do Homem, também nascesse sob
condição de estar debaixo da lei e para que, nesta condição, cumprisse os
requerimentos da lei para que, sendo morto como inocente também em
relação à lei do primeiro sacerdócio, pudesse quitar de uma só vez a dívida
de todos com o pecado e também com a lei daquele tipo de sacerdócio.
Quando Deus enviou o seu Filho Unigênito ao mundo através da
condição de Filho do Homem acrescido da condição de ter nascido sob a lei
do primeiro sacerdócio, Deus o fez para que todos os escravizados não
somente ao pecado, mas também à lei do primeiro sacerdócio, ou similares
a ele, pudessem ser livres do jugo que imputaram sobre as suas vidas ao se
associarem a este tipo de sacerdócio.

Gálatas 4: 3 Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos


servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, (1)
nascido de mulher, (2) nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos
a adoção de filhos.
----

Portanto, assim como em Cristo foi revelada a glória Daquele que salva e livra as
pessoas do pecado, assim em Cristo também foi revelada a glória daquele que salva e
livra os seres humanos da lei do primeiro sacerdócio.
Quando as pessoas que saíram do Egito escolheram o denominado primeiro
sacerdócio, Deus não se agradou da escolha deles apesar de permitir esta alternativa.
Entretanto, apesar da escolha das pessoas por um caminho de morte e não de vida, o
Senhor não as deixou entregues para sempre à condenação de acordo com o primeiro
sacerdócio, exercendo misericórdia também com aqueles que, além do pecado,
escolherem se sujeitar a uma lei da qual não poderiam ser libertos por si próprios.
E assim, na plenitude do tempo, onde a atuação das trevas tanto através do pecado
como da lei do primeiro sacerdócio já se tornara amplamente exposta ao mundo, Deus
229

enviou a provisão de salvação inclusive para todo aquele indivíduo que ficou sujeito
duplamente ao salário de morte.

Romanos 3: 19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na
lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável
perante Deus,
20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em
razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada
pela lei e pelos profetas;
22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre
todos os que creem; porque não há distinção,
23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus.
----

O Evangelho, portanto, salva tanto o indivíduo que estava sem lei como
aquele que sujeitou à lei, mostrando que a graça de Deus se estende a toda
e qualquer pessoa que crê na obra de Deus manifestada em Cristo Jesus,
nosso Eterno Senhor e Salvador.

Atos 13: 37 Porém aquele a quem Deus ressuscitou não viu corrupção.
38 Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia
remissão de pecados por intermédio deste;
39 e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho de Cristo, porque


é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro
do judeu e também do grego;
17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé,
como está escrito: O justo viverá por fé.
----

A opção pelo denominado primeiro sacerdócio trouxe um peso de condenação a


todos que associaram a ele, quer tivessem se empenhado muito em cumprir os itens da
lei associada a este sacerdócio ou quer nem tentaram cumprir algum dos seus
mandamentos.
Entretanto, apesar das próprias pessoas terem feito a opção por um tipo de
sacerdócio que certamente as levaria e levou à condenação de morte, o Senhor mais
uma vez não as deixou abandonadas às consequências das suas próprias escolhas.
230

Assim como Deus, em Cristo Jesus, revelou a sua misericórdia, graça e


salvação para a libertação das pessoas do jugo do pecado, assim Deus,
também em Cristo Jesus, revelou e tornou disponível a provisão perfeita
para a redenção de todo aquele que se tornou devedor para com a lei do
primeiro sacerdócio ou similar a ele.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.
5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça
decorrente da lei viverá por ela.
6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu
coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo;
7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os
mortos.
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu
coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
----

Assim, depois da revelação de Cristo ao mundo, insistir na sustentação do


denominado primeiro sacerdócio, ou sacerdócios similares a ele, é insistir em algo que
não somente não tem mais crédito algum diante de Deus, como também resiste e se
opõe ao sacerdócio da graça que nos tem sido oferecido dos céus.

Gálatas 2: 16 Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por


obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em
Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será
justificado.
----

Se até vinda de Cristo em carne ao mundo, as pessoas ainda poderiam vir a pensar
que poderiam ser salvas através de suas próprias obras ou das obras da lei, mesmo que
durante séculos foi demonstrado que não poderiam, a partir da vinda de Cristo e da
provisão de libertação tanto do pecado como da lei, o testemunho sobre a inutilidade do
primeiro sacerdócio e a exclusividade do segundo sacerdócio quanto à salvação para a
vida eterna tornou-se mais do que claro ou evidente, justificando plenamente a
revogação de qualquer validade do primeiro sacerdócio.
231

O. Removendo Todo Um Conjunto, também Remove-se Todos os


Itens do Conjunto

Conforme comentamos anteriormente, a instituição de um sacerdócio como o


chamado de primeiro, onde algumas pessoas de um grupo passariam a mediar outras
na relação com Deus, requereu a elaboração de um sistema muitíssimo complexo para
prever este funcionamento não somente no momento de ser estabelecido, mas também
no decorrer dos dias, anos e séculos subsequentes, necessitando considerar de antemão
as mais diversas possibilidades de condutas que viriam a surgir nos dias que estavam
por vir.
Quando as pessoas se inclinaram para um tipo de sacerdócio como o denominado de
primeiro e quando Deus aceitou que ele viesse a ser constituído, um conjunto enorme
de regras, condutas, posições e estruturas teve que passar a ser definido e instituído, o
qual, na sequência, também acabou servindo para ensino e testemunho de que este
sacerdócio não poderia suprir o que as pessoas realmente precisavam.
Deus não tentou impingir sobre o povo um tipo de boicote ao funcionamento do
primeiro sacerdócio para levar esta tentativa ao fracasso, pois se o fizesse, o povo
poderia continuar querendo uma nova tentativa de uso deste modelo de sacerdócio.
Apesar de saber que o tipo de sacerdócio sugerido pelas pessoas jamais poderia
suprir os principais aspectos que elas viriam a necessitar em suas vidas e que este
sacerdócio não iria alcançar êxito por mais amparadas que os indivíduos estivessem,
Deus não fez restrições de nenhum recurso que era esperado ser provido da parte Dele.
O fato de Deus concordar em instituir o denominado primeiro sacerdócio, ainda que
não fosse do seu agrado, não fez que Deus se comprometesse parcialmente no
estabelecimento deste sacerdócio ou que Ele tentasse atrapalhar o seu funcionamento.
Quando Deus concordou em fazer uma aliança em torno do primeiro sacerdócio, Ele
se dispôs ajudar plenamente as pessoas de acordo com o que foi estabelecido na aliança
deste sacerdócio e também disponibilizou tudo o que era necessário para que a aliança
tivesse, da parte do Senhor, a provisão completa de recursos para ser operacionalizada.
Entretanto, considerando o ponto do futuro ensino sobre a fraqueza e a inutilidade
deste tipo de sacerdócio, o Senhor também interveio para que cada um dos aspectos
deste complexo sacerdócio fossem registrados para que, mais adiante, as pessoas
soubessem com precisão o que se tentou praticar sob este sacerdócio ou para saberem
cada um dos pontos considerados para ele ser constituído.
Para que cada um dos pontos do denominado primeiro sacerdócio não
ficassem desapercebidos quando a sua validade viesse a ser removida,
Deus tornou os vários aspectos nele contidos explicitamente notórios.
Deus foi muito além do que as pessoas pediram. E sem as pessoas sequer estarem
conscientes de algo que lhes seria necessário na sequência, o Senhor também
estabeleceu caminhos de misericórdia e de postergação da maldição ou condenação de
morte que as pessoas imputavam sobre si ao incorrerem no descumprimento dos itens
da lei à qual aderiram.
Portanto, para ficar evidente aquilo que seria necessário considerar no denominado
de primeiro sacerdócio, a descrição concedida por Deus também se mostrou muito
extensa, pois ela precisaria prever vários grupos de instruções, como por exemplo:
232

 1) Quem seriam e como seriam os sacerdotes dentre o povo que representariam a


todos demais e quem seriam os indivíduos que comporiam o povo representado;
 2) Quais seriam os serviços a serem realizados pelos sacerdotes em relação à
Deus, e quais seriam os seus serviços em relação ao povo;
 3) Como e onde os serviços dos sacerdotes seriam realizados para que o povo
também pudesse acompanhar, pelo menos exteriormente, se os seus
representantes estavam fazendo os serviços para os quais também seriam
separados;
 4) Quais seriam os serviços das pessoas que não eram sacerdotes, como elas
apresentariam as suas causas aos sacerdotes e como as pessoas fariam para
seguir o que os seus sacerdotes passariam a lhes instruir.

Através da pequena lista de itens de um tipo sacerdócio como o denominado de


primeiro exposta no parágrafo anterior, mas uma lista onde cada item passa a ter uma
enormidade de aspectos, podemos ver que o estabelecimento da relação de um povo
para com os seus sacerdotes, e vice-versa, acaba expondo os sacerdotes a uma demanda
enorme de itens a serem cumpridos.
Uma vez que os sacerdotes, no referido sacerdócio, assumem o papel de
representantes do povo para com Deus e de Deus para com o povo, eles também se
colocam em uma condição em que deveriam estar aptos a ouvir todas as pessoas do
respectivo grupo praticamente em tudo o que Deus precisaria ouvi-las, assim como
deveriam estar aptos a responder a estas pessoas em tudo o que Deus lhes tivesse
instruído, tendo, porém, a enorme diferença de que os sacerdotes do primeiro
sacerdócio também eram meros homens e sujeitos às suas próprias fraquezas.

Hebreus 7: 28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos


à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.

A escolha pelo denominado primeiro sacerdócio é uma tentativa de um caminho


alternativo para alcançar o que poderia estar disponível em Deus, mas operacionalizado
por sacerdotes que não são “Deus”, que são meros homens ou que estão sujeitos às
mesmas fraquezas dos que intentam fazer uso dos serviços dos sacerdotes.
Assim, a opção pelo denominado primeiro sacerdócio também precisaria prever as
implicações da convivência com os fatores gerados pela troca do que era bom e perfeito
por aquilo que era imperfeito e permeado de muitas limitações e falhas.
Escolher o primeiro sacerdócio representava também ter que levar em consideração
como as pessoas iriam ter que lidar com as consequências da rejeição do caminho
direto e da opção pelo caminho tortuoso e repleto de muitos perigos e falhas.
Escolher o primeiro sacerdócio representava também ter que levar em consideração
como as pessoas iriam ter que lidar com as consequências de trocar o certo pelo incerto,
do seguro pelo instável, do eterno pelo temporal, do perfeito e de acesso pessoal por
aquilo que para as pessoas seria muito mais complexo, imperfeito e que jamais poderia
reproduzir de fato o acesso direto e pessoal ao Senhor.
233

Uma vez que, no primeiro sacerdócio, os sacerdotes são humanos, limitados, e


sujeitos a muitas deficiências, eles falham em seus serviços, e eles morrem, razão pela
qual, eles precisam ser repetidamente substituídos, o que, por sua vez, levou à uma
necessidade da previsão de constituição de muitos sacerdotes.

Hebreus 7: 23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número,


porque são impedidos pela morte de continuar.

Por causa da fraqueza dos sacerdotes do primeiro sacerdócio, todo um contingente


sacerdotal precisou ser definido e instituído, gerando uma estrutura onde havia a
necessidade de um sumo sacerdote, sacerdotes e até um grupo enorme de levitas que
viessem a auxiliar os sacerdotes no enorme conjunto de serviços que eles teriam que
realizar perante Deus e perante as pessoas que representavam.
Se, por ventura, alguém tentar pensar em algo complexo para estabelecer a relação
entre “as pessoas a serem representadas, → as pessoas mediadoras, → e Deus”, ou
“Deus,→ as pessoas mediadoras, → e as pessoas representadas, o primeiro sacerdócio
sempre será ainda mais complexo do que qualquer mente humana possa conceber.
Para poder oferecer ao menos um mínimo de atendimento ao povo, Deus definiu,
então, que para cada onze pessoas ou tribos, era necessária uma pessoa ou uma tribo
que fizesse a representação dos demais e os serviços desta posição de
representatividade diante de Deus.
Este contingente enorme, composto agora de sumo sacerdote, dos sacerdotes em
geral e dos levitas, tinha que estar disponível constantemente ao povo, gerando assim
uma necessidade de um local para este “grupo sacerdotal” poder realizar os seus
serviços. Local este, chamado inicialmente de tabernáculo, e no qual também era
necessário haver um altar para distinguir quando os representantes estavam se
dirigindo a Deus ou quando estavam servindo ao povo.
Entretanto, este conjunto enorme de servos e representantes do povo também
precisava uma condição distinta de suprimentos de vida uma vez que eles estavam em
um serviço de dedicação de “tempo integral” para com o povo, gerando, assim, também
uma obrigação de serem sustentados por aqueles que faziam uso dos seus serviços.
Considerando que o primeiro sacerdócio representava uma “terceirização do
relacionamento das pessoas com Deus em vez de cada pessoa fazê-lo diretamente com
Deus e sem custo”, também se tornou óbvio que esta “terceirização” precisasse ser
prevista e regulamentada quanto ao sustento dos sacerdotes e seus conjuntos de
ajudantes, os levitas, para que o povo “não tomasse o serviço alheio sem a devida paga”.
Assim, um tabernáculo, altar, tribo, cidades de sacerdócios e locais de moradia dos
sacerdotes e levitas passaram a ser necessários por causa da aparentemente simples,
mas na realidade muitíssima complexa opção pelo denominado de primeiro sacerdócio.
Dízimos e uma variedade enorme de ofertas foram previstos e regulamentados para
que a relação “sacerdotes + levitas” com o povo pudesse ser uma relação de “tomar
serviço” com uma paga no mínimo satisfatória para a subsistência daqueles que seriam
eleitos para servirem o povo como mediadores dos demais.
Não bastando tudo isto, se o povo levantasse acampamento e viajasse, era necessário
que toda a estrutura sacerdotal também o acompanhasse. E se o povo voltasse a se
234

assentar em algum local, todo o sistema sacerdotal também precisava ser assentado ali,
gerando também neste sentido todo um contingente de instruções específicas.
Ainda outro aspecto que precisava ser considerado neste complicado contexto era a
necessidade de haver todo um conjunto de regras que regulasse a conduta não
condizente das partes envolvidas, gerando todo um conjunto de regras de
ressarcimento, restituições e até de condenações caso uma das partes não realizasse o
que lhes foi atribuído, quer fosse o povo ou o conjunto de sacerdotes.
O conjunto global de regras e aspectos a serem de antemão previstos se tornou algo
inimaginável para uma relação que nem precisaria ter vindo a ser constituída se as
pessoas não insistissem em servir a Deus segundo a mentalidade ou a maneira sugerida
pela própria criação e não pelo Criador.
E apesar desta relação ser exageradamente complicada e também altamente custosa,
era evidente que os sacerdotes que deveriam mediar o povo não eram de fato aptos para
fazê-lo como deveria ser feito, porque se eles também cometessem um erro da lei, eles
também já comprometeriam a representação dos demais diante de Deus. Aspecto este,
que gerou a necessidade de um sistema de ofertas sacrificiais tanto por causa dos erros
dos indivíduos em geral como dos sacerdotes a fim de tentarem, de alguma forma,
aplacar a condenação das transgressões cometidas.
Desta forma, fica notório que primeiro sacerdócio jamais poderia ser do agrado de
Deus, pois se nem aqueles que iriam representar as pessoas do povo a Deus poderiam
alcançar uma condição apropriada diante do Senhor, muito menos as pessoas em geral
iriam poder alcançá-lo.
Portanto, considerando que nem os sacerdotes e nem o povo iriam de fato cumprir a
lei do primeiro sacerdócio que assumiram cumprir, acrescido do ponto de que eles
obviamente iriam tentar burlar a lei ou abandonar a lei na tentativa de alcançar um
pouco de alívio, mas sem que conseguissem alcançá-lo de fato porque nas suas
consciências a culpa da lei continuaria a acusá-los, era necessário prever ainda outros
aspectos para permitir alguma representatividade das pessoas perante o Senhor.
No final das contas, ninguém estaria apto a chegar diante de Deus com verdadeira
liberdade, pois ninguém alcançaria uma condição digna suficiente para isto.
Assim, considerando que o processo de purificação para ao menos poder ser ouvido
por Deus seria algo muito pesaroso e impraticável se muitos tivessem que realizá-lo,
também ficou evidente a necessidade de que fosse previsto e definido neste sacerdócio
o papel de alguém que assumisse uma posição de representação dos sacerdotes ou
denominado de “sumo sacerdote” que representasse todos os demais sacerdotes, levitas
e as pessoas em geral perante Deus pelo menos de vez em quando.
O processo de purificação do sumo sacerdote para representar a si mesmo, pois ele
também era pecador, para depois representar os demais sacerdotes e levitas que
também eram pecadores e para, no final, representar as pessoas do povo em geral, que
igualmente era pecadoras, era um processo extremamente complexo e cheio de
detalhes, a ponto de Deus definir que somente um único sacerdote, uma única vez ao
ano, poderia tentar fazer esta representação diante do Senhor. E, ainda, correndo o
risco de não ser aceito se a purificação não tivesse sido apropriadamente realizada
conforme a descrição da lei do primeiro sacerdócio.
Notemos bem mais uma vez, que não foi Deus quem sugeriu um sacerdócio onde
alguns mediadores teriam que se apresentar a Ele no lugar de outros. Esta foi uma
235

sugestão das pessoas e a qual fez com que Deus lhe desse uma lei conforme o tipo de
sacerdócio pedido. Entretanto, Deus também considerou nesta lei alguns aspectos que
permitiriam algumas intervenções da sua misericórdia e que permitiriam sinalizar o
tipo de sacrifício futuro e eterno que teria vir a ser realizado em Cristo para libertar as
pessoas deste sistema ultra complexo ao qual se submeteram por opção própria.
Portanto, na medida em que a enormidade de aspectos que teria que ser prevista no
denominado primeiro sacerdócio foi sendo desvendada, e na medida em que as pessoas
procuravam seguir a sua lei, este sacerdócio evidentemente se tornou um fardo
insuportável e fazia com que todos os envolvidos ficassem esmorecidos com a tentativa
de praticá-lo, assim como as pessoas que atualmente tentam agradar a Deus através das
obras que elas pensam que precisam fazer para o Senhor, mas sem perguntar a Deus
qual é a obra principal que Ele quer que elas façam.

João 6: 28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para


realizar as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele
que por ele foi enviado.
----

O denominado de primeiro sacerdócio jamais poderia aliviar definitivamente a


carga mais pesada das pessoas. Pelo contrário, como este sacerdócio não tinha uma
provisão apropriada para extirpar a dívida do erro contra a lei e da sujeição ao pecado,
mas somente para cobri-lo para ganhar uma postergação da condenação, o primeiro
sacerdócio ia se tornando um fardo acumulativo, figurado posteriormente, nas
Escrituras, pelo exemplo da mulher encurvada que de modo algum podia endireitar-se,
pelo homem com a mão mirrada, os milhares de leprosos, os cegos espirituais que
guiavam outros cegos, pelo tanque de Betesda abarrotado de enfermos, e assim por
diante.
O denominado de primeiro sacerdócio era a proposição de uma solução que
procrastinava o encontro com a verdadeira solução, impondo jugos e fardos pesados
sobre aqueles que não tinham força para carregá-los.
Assim, logo após a instauração do denominado primeiro sacerdócio, o grande
desafio passou a ser a obtenção de uma solução para que as pessoas pudessem sair ou
se desvencilhar do sacerdócio ao qual optaram em se sujeitar. Entretanto, ninguém
podia fazê-lo pelo fato de já terem se tornado réus de maldição e condenação de morte
por causa da escolha que fizeram, não podendo mais sair deste sacerdócio se a dívida
para com a sua lei não fosse paga, como explicado no capítulo anterior.
Desta forma, e visto que no tópico anterior já apresentamos que Cristo veio para
cumprir toda a lei do primeiro sacerdócio para ter autoridade para libertar as pessoas
sujeitas à esta lei, o ponto central que queremos destacar no presente tópico, refere-se à
questão de que se o primeiro sacerdócio é um sacerdócio tão complexo e tão
inadequado, não faz sentido racional algum tentar preservar a validade nem sequer
algumas partes deste sacerdócio, visto que:

1 Coríntios 15: 56 O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a


lei.
236

Romanos 3: 19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na
lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável
perante Deus,
20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em
razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.

Se, por causa de tudo aquilo que o compunha, o denominado de


primeiro sacerdócio gerou um conjunto de regras e ações fracas e inúteis
quanto ao propósito principal de salvação e do relacionamento das pessoas
com Deus, a sua remoção, evidentemente, também implicaria na remoção
de tudo o que nele foi instituído ou estabelecido.
Portanto, considerando que quando se muda o sacerdócio, necessariamente
há também mudança de lei, Deus fez questão de que todos os aspectos da lei do
primeiro sacerdócio fossem detalhadamente descritos por Moisés para que não
houvesse dúvidas a respeito de tudo aquilo que compunha o conjunto de fatores
associados a este sacerdócio e para que as pessoas também soubessem com clareza o
conjunto total das coisas que deixariam de ser válidas quando o primeiro fosse
removido e o segundo fosse estabelecido.
Em outras palavras, Deus reuniu os aspectos da composição do primeiro sacerdócio
ou do sacerdócio Levítico sob a lei de Moisés não somente com vistas a que as pessoas
que optaram por ele soubessem à complexidade de aspectos à qual estariam se
sujeitando, mas também para que mais adiante ficasse notório que no encerramento da
validade do primeiro sacerdócio, também se findaria a validade de tudo o que há neste
modelo de sacerdócio, como, por exemplo, o sumo sacerdote humano e fraco, os demais
sacerdotes, os levitas deste sacerdócio, o altar, o templo e toda a sorte de sacrifícios e
ofertas que praticavam debaixo deste sacerdócio.
Similarmente, com o fim da validade dos sacerdotes da velha aliança, finda-se
também validade dos serviços deste sacerdotes, levando, por consequência, à não
necessidade de tabernáculos, templos, altares ou qualquer outra estrutura usados para
realizarem os serviços do primeiro sacerdócio ou similares a ele.
E igualmente, ou por sua vez, sendo removida a validade dos sacerdotes, dos seus
serviços e dos seus tabernáculos, encerra-se também a validade das provisões, dízimos
e ofertas relacionadas a eles, pois não havendo mais um tipo de sacerdócio que precisa
de sacerdotes humanos mediadores e tudo que é associado a ele em termos de lei,
serviços e estrutura, não faz mais sentido manter o sistema de sacrifícios, dízimos e
ofertas deste sacerdócio.
Assim, quando o segundo sacerdócio foi revelado e estabelecido também quanto ao
aspecto da quitação da dívida das pessoas para com o primeiro sacerdócio, tudo o que
estava na lei do primeiro sacerdócio foi igualmente revogado.
Conforme comentado no tópico anterior, o mesmo Evangelho de Deus que veio
prover a libertação das pessoas da sua dívida eterna com o pecado e com a morte,
também veio prover a libertação das pessoas de toda a sua associação com a lei do
primeiro sacerdócio e da condenação eterna a ela associada.

Romanos 6: 14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não
estais debaixo da lei, e sim da graça.
237

Romanos 7: 5 Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões


pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos
membros, a fim de frutificarem para a morte.
6 Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que
estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e
não na caducidade da letra.

Romanos 8: 1 Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que


estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo
o espírito.
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei
do pecado e da morte.
3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava enferma pela
carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança de
carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com efeito, condenou
Deus, na carne, o pecado,
4 a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não
andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5 Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da
carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.
6 Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para
a vida e paz.
7 Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar. (RA+RC)
----

Considerando, ainda, que o primeiro sacerdócio é equiparado também a um


mandamento carnal quanto a inspiração da sua proposição, conforme já vimos no texto
de Hebreus, inclinar-se ao primeiro sacerdócio é também inclinar-se para um caminho
de morte.
Portanto, o denominado de primeiro sacerdócio e todo o conjunto de detalhes da
sua lei, aliança e estrutura não são aspectos com as quais alguém deveria lidar
levianamente e sem esperar ficar exposta à severas consequências caso se associe a ele.
A adesão ao primeiro sacerdócio foi a escolha por um caminho árduo para aqueles
que o fizeram depois de saírem do Egito, mas eles ainda não conheciam na prática ou
mais detalhadamente o que estavam escolhendo, o que foi amplamente testemunhado
somente nos anos que ainda estavam por vir.
Entretanto, um indivíduo se associar ao primeiro sacerdócio nos dias
contemporâneos, ou a modelos similares a ele, pode ter consequências ainda piores,
visto que a fraqueza deste sacerdócio e de qualquer um dos seus itens já foi
demonstrada, exposta, registrada por escrito e declarada revogada para que ninguém
mais se incline a ele ou faça opção por este caminho.
A associação ao denominado primeiro sacerdócio nos dias atuais, ou similares a ele,
pode não somente ter o efeito de cegar o entendimento daquele que se expõe a este tipo
de sacerdócio, mas também pode causar o efeito de afastá-lo dos benefícios daquilo que
238

já foi disponibilizado no segundo sacerdócio, o sacerdócio de justiça, paz e vida eterna


que é encontrado em Cristo Jesus.

2Coríntios 3: 13 E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face,
para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se
desvanecia.
14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje,
quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece,
não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o
coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.

Gálatas 5: 1 Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei,


pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.
2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de
nada vos aproveitará.
3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está
obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes.
5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.
6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão
têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.
7 Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à
verdade?
8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama.
----

Deus concordou ou autorizou o uso do denominado primeiro sacerdócio por um


período de tempo para o nosso ensino, porque Deus sabia que em cada geração,
haveriam pessoas que procurariam usar de caminhos ou meios similares para tentarem
se relacionar com o Senhor.
Entretanto, uma vez que na história humana já foi demonstrada a ineficácia do
primeiro sacerdócio por séculos e até milênios, e considerando que Deus já revogou a
alternativa da velha aliança em todos os seus aspectos, ninguém mais é autorizado a
guardar alguns itens da lei ou da estrutura da velha aliança, assim como ninguém
deveria sequer tentar fazê-lo.
Considerando que a associação ao primeiro sacerdócio acrescenta ainda uma
segunda condenação àquele que se associa a ele e que Deus já revogou a sua validade
por já ter sido revelado como fraco e inútil durante tantos séculos, não é mais
minimamente razoável tentar continuar insistindo em viver e andar segundo os
239

preceitos da lei deste sacerdócio e nem tentar insistir em que talvez alguns itens desta
lei ainda sejam aplicados.

Romanos 3: 19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na
lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável
perante Deus,

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem.
2 Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os
que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não
mais teriam consciência de pecados?
3 Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos
os anos,
4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova
pecados.
5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste;
antes, um corpo me formaste;
6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
----

E se Deus já declarou que é necessário remover o primeiro sacerdócio,


por que resistir a Deus como fez o povo no deserto? E por que não aceitar
a remoção que Deus já estabeleceu para que também o segundo, o perfeito
e o verdadeiro sacerdócio eterno revelado pelo Senhor possa ser firmado
na vida das pessoas?

Gálatas 5: 16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à


concupiscência da carne.
17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a
carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que,
porventura, seja do vosso querer.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
----

Tentar seguir o caminho do primeiro sacerdócio ou partes dele foi,


desde o início, um desejo das pessoas confiarem na sua força natural ou na
240

força dos seus semelhantes em vez de estabelecerem a sua confiança


diretamente em Deus, o que também é expresso em nossos dias quando
alguém ainda insiste em seguir por um caminho similar àquele escolhido
pelas pessoas libertas do Egito, tendo, porém, a diferença de que na
antiguidade, as pessoas foram autorizadas pelo Senhor a tentarem andar
no caminho por elas escolhidos e hoje em dia não.
Por mais que muitos tentem sofisticar suas tentativas de reintroduzirem
a legitimidade de alguns aspectos da lei do primeiro sacerdócio que lhes
interessam ou que estão de acordo com seus interesses gananciosos, ou
por mais que tentam dissimular que é a Cristo que estão seguindo e que
querem resgatar alguns aspectos da antiga lei para servirem melhor ao
Senhor, as suas tentativas sempre incorrerão em resistência ou obstinação
contrária à vontade de Deus. E, portanto, também estão sujeitas aos riscos
advindos do servir aos desejos carnais e não de fato ao Senhor.

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!
...
7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o
SENHOR.
...
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto
das suas ações.

Gálatas 3: 12 Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos


constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem
perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13 Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei;
antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa
carne.
14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e
eu, para o mundo.
----

Por fim, neste tópico, gostaríamos de frisar um ponto que entendemos que precisa
ser especialmente destacado para que também não venha a ser esquecido e confundido,
o qual refere-se ao aspecto de que a lei do primeiro sacerdócio não é o que o Senhor
chama de sua lei de vida, perfeita e justa, mas ela é chamada de Lei de Moisés, pois
sem esta percepção na leitura das Escrituras muitas aspectos podem ser confundidos.
Quando no Salmo 1, por exemplo, as Escrituras anunciam que bem aventurado é o
indivíduo que tem prazer na lei do Senhor e nela medita de dia e de noite, não é à lei de
Moisés ou à lei do primeiro sacerdócio que o Salmo está se referindo.
241

A lei do denominado primeiro sacerdócio não é a lei de vida. Ela é a lei que torna
evidente o pecado e a condenação para que saibamos que não é neste sacerdócio que a
novidade de vida se encontra, assim como para que saibamos que é na lei perfeita de
Deus que está a vida eterna, a qual, por sua vez, é nos revelada também como a lei do
Espírito e vida, a lei de Cristo, a lei de acordo com o segundo sacerdócio, a lei da
liberdade, e a lei de acordo com a Nova Aliança.

Romanos 8: 1 Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que


estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo
o espírito.
2 Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei
do pecado e da morte.
...
6 Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito
é vida e paz.
7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não
é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. (RC)
----

Portanto, quão sublimes são a paciência, a longanimidade, a misericórdia e o amor


que Deus teve e tem para com os seres humanos a ponto de não somente permitir que
as pessoas sejam instruídas a respeito das decisões contrárias a Deus reveladas através
de um testemunho tão amplamente escrito, mas também ou principalmente pelo fato
do Senhor Eterno já ter se oferecido em Cristo para assumir as maldições, dívidas e
condenações de todas as pessoas para lhes oferecer uma provisão e um caminho de
retorno àquilo que sempre foi da vontade de Deus para cada indivíduo.

Gálatas 3: 10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-
las.

(mas)

13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio


maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus
Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.
242

P. A Fidelidade e a Temporalidade de Moisés, Josué e Vários


Outros Profetas a Despeito do Primeiro Sacerdócio

Já comentamos anteriormente que quando Deus enviou a Cristo em carne ao mundo


para que o primeiro sacerdócio fosse removido e o segundo viesse a ser estabelecido, o
Senhor não veio somente fazer uma obra para remover aquilo que era diretamente
relacionado à sujeição das pessoas ao pecado, mas também aquilo que tivera uma
utilidade temporária ou que fora permitido temporariamente até que um completo
testemunho para registro e ensino tivesse sido estabelecido.
Nem tudo o que veio a ser declarado sem validade a partir da vinda de Cristo ao
mundo e da sua obra através da cruz do Calvário havia sido necessariamente errado.
Alguns dos aspectos removidos simplesmente eram temporais e serviram para um
tempo e para gerações específicas ou serviram temporariamente e de forma auxiliar
para demonstrar e estabelecer posições eternas que foram mais amplamente reveladas
somente após a não plenitude do temporário ter sido evidenciada na prática.
No sentido do que está exposto nos parágrafos acima, é que podemos, então,
compreender, por exemplo, que Moisés serviu a Deus com fidelidade, ainda que ele
tenha servido ao Senhor para que o primeiro sacerdócio viesse a ser estabelecido.
Uma vez que Deus havia concordado em fazer no Sinai a aliança referente ao
primeiro sacerdócio, o Senhor também necessitaria de pessoas que o representassem
com fidelidade para que a lei da antiga aliança e a própria aliança antiga fossem
apresentadas de forma fiel e íntegra de acordo com o que Deus declarou.
O fato de Moisés ser um cooperador do Senhor para estabelecer algo que o povo
propusera em contrapartida ao que Deus havia oferecido, não o colocava em condição
de oposição a Deus. Pelo contrário, devido à sua fidelidade a Deus é que Moisés pode
ser um canal ou instrumento cooperativo do Senhor para que aquilo que o povo pediu e
que foi acordado com o Senhor pudesse ser estabelecido apropriadamente, conforme
nos é mostrado também no livro de Hebreus nos seguintes versos:

Hebreus 3: 1 Por isso, santos irmãos, que participais da vocação


celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da
nossa confissão, Jesus,
2 o qual é fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em
toda a casa de Deus.
3 Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória
do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a
estabeleceu.
4 Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que
estabeleceu todas as coisas é Deus.
5 E Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para
testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas;
6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.
7 Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da
tentação no deserto,
9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as
minhas obras por quarenta anos.
243

10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre


erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos.
----

Apesar do povo liberto do Egito optar por andar sob um mandamento originado em
vontade carnal, pois o primeiro sacerdócio não previa Deus perto do coração das
pessoas para a partir dele mudar o seu entendimento ou corrigir as suas posturas de
crenças, Moisés foi fiel em tudo o que Deus lhe mostrou para ser estabelecido e
edificado. E isto, para testemunho a respeito dos detalhes do primeiro sacerdócio para
todas as gerações e todos os povos da Terra, conforme já comentamos anteriormente e
como pode ser visto no último texto acima.
Moisés não era um homem sem defeitos e sem erros, mas era um homem que tinha
um temor muito profundo e muito intenso pelo Senhor. E também por causa disto, foi
chamado pelo Senhor para conduzir o povo para fora do Egito.
A fidelidade de Moisés recebeu um destaque muito especial diante do Senhor, pois
ainda que ele tivesse uma posição de proeminência no Egito, Moisés continuou a
colocar a Deus e o povo do Senhor em primeiro lugar na sua vida.
Até os quarenta anos de idade, Moisés tinha a posição de filho da filha de faraó e
estava na família mais próspera e poderosa da inteira geração dos seus dias,
materialmente ou naturalmente falando. Moisés tinha um lugar assegurado entre os
chamados de “grandes” pelos povos e não havia nenhuma pressão ou ameaça sobre ele
que o fizesse ter que abrir mão da sua confortável ou destacada condição no mundo.
Mas ainda assim, em seu coração, Moisés não se apartou do Senhor, o que também
ficou notório diante de Deus a ponto de, muitos anos depois, receber a seguinte menção
especial nas Escrituras:

Hebreus 11: 23 Pela fé, Moisés, apenas nascido, foi ocultado por seus
pais, durante três meses, porque viram que a criança era formosa;
também não ficaram amedrontados pelo decreto do rei.
24 Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho
da filha de Faraó,
25 preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir
prazeres transitórios do pecado;
26 porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas
do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão.

Portanto, é necessário dissociar a vida e a pessoa de Moisés do que é denominado de


“Moisés” ou “Lei de Moisés” quando o seu nome está associado a uma referência ao
primeiro sacerdócio.
Quando as Escrituras instruem as pessoas a deixarem “Moisés” para virem ao novo
sacerdócio ou à nova aliança estabelecida em Cristo, elas não estão instruindo as
pessoas a passarem a desonrar e desprezar a pessoa de Moisés e o seu exemplo de
fidelidade, visto que o próprio Deus não o fez e, ainda, exaltou a posição ou atitude
pessoal de fidelidade Moisés para com Ele.
Entretanto, à despeito da fidelidade de Moisés, as Escrituras também nos ensinam
para não considerar a Moisés mais do que um homem que serviu fielmente ao Senhor e
244

que o fez para um propósito temporário que necessitaria ser substituído por algo mais
glorioso, por algo perfeito e eterno.
Moisés foi fiel a Deus porque ele serviu ao Senhor naquilo que era pertinente ser
feito na sua geração e para que o testemunho do que ocorreria naqueles dias fosse
devidamente estabelecido. Apesar de suas debilidades, Moisés escolheu servir a Deus,
e o Senhor direcionou Moisés a fazer o que era pertinente ser feito no seu tempo
específico de vida.
Diferentemente de Moisés, ao longo dos séculos, muitas pessoas têm anunciado uma
intenção de servir ao Senhor, mas apesar do que declaram, elas de fato não querem
servir a Deus no que é necessário ou pertinente em sua geração ou em sem tempo
específico de vida.
Nos dias atuais, por exemplo, muitos indivíduos que declaram querer servir ao
Senhor ainda insistem em fazê-lo de acordo com o primeiro sacerdócio instituído
fielmente através de Moisés somente para um período determinado ou ficam gastando
o tempo precioso de suas vidas com projeções futuras a respeito de coisas que ainda
não são possíveis de serem vividas.
Em todas as gerações, há muitos que se desviam do que é pertinente para as suas
épocas, quer tentando retornar ao que pertence ao passado ou querer tentando
antecipar o que ainda não é cabível ao tempo presente. E assim, não se sujeitam ao
Senhor para fazer a vontade de Deus conforme deve ser feita no presente para que a
preparação para os tempos futuros seja apropriadamente apressada, conforme Pedro
nos instrui nas seguintes Escrituras:

2 Pedro 3: 9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a


julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco,
não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao
arrependimento.
10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus
passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão
abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão
atingidas.
11 Havendo, pois, de perecer todas estas coisas, que pessoas vos
convém ser em santo trato e piedade,
12 aguardando e apressando-vos para a vinda do Dia de Deus, em
que os céus, em fogo, se desfarão, e os elementos, ardendo, se
fundirão? (RA+RC)

Quem dera houvesse, no mundo atual, muito mais homens e mulheres com a
fidelidade de Moisés para servir ao Senhor precisamente de acordo com o que Deus
lhes pedisse para fazerem em seus dias e geração sem ficarem tentando fazer o que já é
passado ou aquilo que o Senhor somente pedirá que as pessoas façam mais adiante.
Se alguém que vive nesta geração anela por servir ao Senhor, também é
de acordo com o que o Deus quer fazer neste período específico que ele
deveria querer servir ao Senhor.
Somente Deus é aquele que esteve presente em todas as gerações e permanece de
geração em geração que habita a Terra. E somente Deus vê o quadro todo da sua obra
realizada ao longo de muitas gerações.
245

O ser humano não é Deus e nem é responsável pelo quadro geral dos
acontecimentos, podendo, no máximo, encontrar a graça do Senhor para ter uma
parcela de participação da obra toda de Deus. E isto, em um tempo específico e
conforme é pertinente a cada período. Não cabe a um ser humano em particular saber e
dizer a Deus o que é melhor para ser feito em cada época, pois as pessoas não podem
ver o que exatamente é melhor para cada época a não ser que o Senhor o mostre a elas e
elas o creiam e recebam segundo Deus lhes revela.
Moisés sabia que o Senhor era Deus de todas as gerações, o Eu Sou Eterno. E ele
compreendeu que aquilo que importava ser feito nos seus dias era aquilo que Deus lhe
pedisse para fazer, ainda que soubesse que o descanso verdadeiro ainda estaria por vir
através de um descendente futuro de Abraão que seria maior do que ele.
Moisés esperava em Deus e compreendeu que ainda que o descendente esperado
pelo mundo viesse somente anos ou séculos depois da sua vida na Terra, a ação deste
descendente também viria para remir inclusive aqueles que serviram ao Senhor em
épocas que precederam a revelação ao mundo do descendente eterno aguardado.
Também através do Salmo exposto abaixo, Moisés mostrou a percepção que ele
tinha da posição soberana e eterna de Deus e da necessidade dele vir a ser agraciado
pelo Senhor para fazer o que era necessário especificamente em seus dias:

Salmos 90: 1 Uma Oração de Moisés, o Homem de Deus.


Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
2 Antes que os montes nascessem e se formassem a terra e o mundo,
de eternidade a eternidade, tu és Deus.
3 Tu reduzes o homem ao pó e dizes: Tornai, filhos dos homens.
4 Pois mil anos, aos teus olhos, são como o dia de ontem que se foi e
como a vigília da noite.
5 Tu os arrastas na torrente, são como um sono, como a relva que
floresce de madrugada;
6 de madrugada, viceja e floresce; à tarde, murcha e seca.
7 Pois somos consumidos pela tua ira e pelo teu furor, conturbados.
8 Diante de ti puseste as nossas iniquidades e, sob a luz do teu rosto,
os nossos pecados ocultos.
9 Pois todos os nossos dias se passam na tua ira; acabam-se os
nossos anos como um breve pensamento.
10 Os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor,
a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado, porque tudo
passa rapidamente, e nós voamos.
11 Quem conhece o poder da tua ira? E a tua cólera, segundo o temor
que te é devido?
12 Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração
sábio.
13 Volta-te, SENHOR! Até quando? Tem compaixão dos teus servos.
14 Sacia-nos de manhã com a tua benignidade, para que cantemos de
júbilo e nos alegremos todos os nossos dias.
15 Alegra-nos por tantos dias quantos nos tens afligido, por tantos
anos quantos suportamos a adversidade.
16 Aos teus servos apareçam as tuas obras, e a seus filhos, a tua
glória.
17 Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus; confirma sobre nós
as obras das nossas mãos, sim, confirma a obra das nossas mãos.
----
246

Quando Deus concordou em estabelecer o primeiro sacerdócio a partir de uma


solicitação das pessoas que foram libertas do Egito, o Senhor o fez também para expor
o que estava oculto em seus corações, mas não diante de Deus. E isto, para que aquilo
que estava oculto ao conhecimento humano também se tornasse conhecido de todos
para testemunho e para que cada pessoa pudesse decidir rejeitar o que mais tarde, à luz
da verdade de Deus, foi exposto mais amplamente como inadequado a todo o mundo.

Jeremias 7: 23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz,
e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o
caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.

Mateus 10: 26 Portanto, não os temais; pois nada há encoberto, que não
venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido.

Se a questão do primeiro sacerdócio pudesse ser atribuída somente a Moisés, e


principalmente no sentido de alguém querer atribuir culpa a ele pela escolha por um
tipo de sacerdócio como este, o primeiro sacerdócio poderia ter findado no deserto
quando Moisés morreu ou poderia ter sido encerrado quando o povo entrou em Canaã.
Entretanto, o primeiro sacerdócio não cessou no deserto e acompanhou o povo por
longos anos e até séculos após a travessia do deserto e a entrada na terra de Canaã
porque foram as pessoas do povo que haviam feito esta escolha e continuavam a fazê-la.
Apesar da lei do primeiro sacerdócio ser chamada de Lei de Moisés, Moisés não foi o
foco do problema. Pelo contrário, ele foi um fiel servo de Deus, conforme já
mencionado, e ainda profetizou que o povo necessitava de alguém que fosse maior que
ele próprio.

João 5: 45 (Jesus disse:) Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai;
quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança
46 Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim;
porquanto ele escreveu a meu respeito.
47 Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas
palavras?

Moisés sabia que mais adiante, um descendente específico de Abraão viria para
proporcionar um descanso definitivo às pessoas e que este descendente inclusive
também não era Josué que o sucedeu, conforme nos instruem as Escrituras e como
também veremos mais abaixo.
Desta forma, ainda que Moisés tivesse morrido e as pessoas libertas do Egito já
estivessem em Canaã, terra que Deus lhe dera por herança porque os povos naquela
terra foram abomináveis e preencheram a medida da iniquidade perante Deus, elas
ainda estariam separadas da liberdade central que necessitavam porque também na
nova terra continuavam sujeitas ao sacerdócio associado ao nome de Moisés.
247

A pessoa Moisés ou o indivíduo Moisés não entrou com o povo na terra de Canaã,
mas o sacerdócio de acordo com a lei levítica entrou porque fora o povo que tinha
pedido este tipo de sacerdócio e não Moisés. E por isto, os integrantes do povo não
podiam encontrar o descanso que almejavam em seus corações, nem ainda na terra que
passou a ser de sua propriedade.
Apesar de também ter cometido falhas, Josué também foi maravilhosamente fiel a
Deus. Entretanto, pelo fato do povo continuar sujeito ao primeiro sacerdócio mesmo
em Canaã, o povo, ainda que em um novo território e com um novo governante fiel e
justo, similarmente continuava sem entrar na “terra do descanso” para o coração.
Outro ponto interessante a ser observado ainda no período da história iniciada no
deserto, e apesar das pessoas libertas do Egito estarem debaixo do primeiro sacerdócio
ou que é de acordo com a “Lei de Moisés”, é que inclusive Cristo, por ser o Filho Eterno
do Deus Eterno, estava sempre com aquelas pessoas.
Entretanto, o problema daquele povo era que Cristo não estava colocado no lugar
que lhe cabia estar e, por isto, as pessoas não encontravam o descanso do qual mais
necessitavam. Elas queriam andar em seus próprios caminhos e não serem guiados por
Cristo, conforme pode ser observado também nos dois preciosos textos do Novo
Testamento citados abaixo:

Hebreus 4: 1 Temamos, portanto, que, sendo-nos deixada a promessa


de entrar no descanso de Deus, suceda parecer que algum de vós
tenha falhado.
2 Porque também a nós foram anunciadas as boas-novas, como se
deu com eles; mas a palavra que ouviram não lhes aproveitou, visto
não ter sido acompanhada pela fé naqueles que a ouviram.
3 Nós, porém, que cremos, entramos no descanso, conforme Deus
tem dito: Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
Embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde a
fundação do mundo.
4 Porque, em certo lugar, assim disse, no tocante ao sétimo dia: E
descansou Deus, no sétimo dia, de todas as obras que fizera.
5 E novamente, no mesmo lugar: Não entrarão no meu descanso.
6 Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por causa da
desobediência, não entraram aqueles aos quais anteriormente foram
anunciadas as boas-novas,
7 de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo
depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
não endureçais o vosso coração.
8 Ora, se Josué lhes houvesse dado descanso, não falaria,
posteriormente, a respeito de outro dia.
9 Portanto, resta um repouso para o povo de Deus.
10 Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele
mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas.
11 Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso, a fim de que
ninguém caia, segundo o mesmo exemplo de desobediência.
12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir
alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração.
248

13 E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo


contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos
daquele a quem temos de prestar contas.
14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote
que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.

1 Coríntios 10: 1 Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais
estiveram todos sob a nuvem, e todos passaram pelo mar,
2 tendo sido todos batizados, assim na nuvem como no mar, com
respeito a Moisés.
3 Todos eles comeram de um só manjar espiritual
4 e beberam da mesma fonte espiritual; porque bebiam de uma
pedra espiritual que os seguia. E a pedra era Cristo.
5 Entretanto, Deus não se agradou da maioria deles, razão por que
ficaram prostrados no deserto.
6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim de que não
cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.
----

Quando Deus aceitou fazer a aliança de acordo com o denominado primeiro


sacerdócio, Ele, de sua parte, sempre manifestou a sua fidelidade e até colocou a Cristo,
figurado como a pedra espiritual, junto a este povo. Entretanto, neste primeiro
sacerdócio, porque o povo assim o queria, Cristo era aquele que seguia as pessoas e não
aquele que ia à sua frente.
Portanto, o descanso verdadeiro ou real para a alma não está no primeiro
sacerdócio, mas está em ter Cristo como Senhor e viver de acordo com o sacerdócio
revelado por Cristo, no qual, por sua vez, há um trono de graça e de abundância de
misericórdia para todo aquele que vem a ele mediante a fé. Ter a Cristo como o Senhor
é a única condição para o verdadeiro descanso do coração aflito, mas os integrantes das
pessoas libertas do Egito tinham outros intentos em seus corações.
Cristo em nós é a esperança da glória. É o local em que Deus habita
quando um coração está quebrantado e contrito diante do Senhorio de
Cristo e quando a pessoa está disposta a deixar que Deus a guie.
Cristo em nós é o caminho da nova criatura, da nova aliança, da paz e do
descanso, e não as coisas do mundo ou ser guiado de acordo com as coisas
do mundo que se opõe ao Senhor tanto por não buscá-lo como por insistir
em buscar a Deus através de caminhos que são contrários a Deus.

Gálatas 6: 14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de


nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para
mim, e eu, para o mundo.
15 Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o
ser nova criatura.
249

16 E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra, paz


e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus.

Romanos 9: 30 Que diremos, pois? Que os gentios, que não buscavam a


justificação, vieram a alcançá-la, todavia, a que decorre da fé;
31 e Israel, que buscava a lei de justiça, não chegou a atingir essa lei.
32 Por quê? Porque não decorreu da fé, e sim como que das obras.
Tropeçaram na pedra de tropeço,
33 como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e
rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será confundido.

Romanos 8: 13 Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a


morte; mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo,
certamente, vivereis.

Romanos 11: 32 Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim


de usar de misericórdia para com todos.

Mateus 11: 27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
----

Avançando ainda no curso da história, podemos ver que também Davi foi fiel a Deus
e serviu ao Senhor maravilhosamente na sua geração apesar de igualmente não ser
alguém perfeito para ser posto como sumo sacerdote perfeito sobre todos ou como
sacerdote no lugar dos seus semelhantes.
Portanto, também sob o reinado de Davi, o descanso mais substancial esperado
ainda não fora alcançado, mesmo que o povo tivesse conquistado mais território e até
chegou a alcançar paz com os povos vizinhos.
Através da fé em Deus, Davi foi um homem que teve o privilégio de receber do
Senhor a graça para ver de antemão muito daquilo que viria a acontecer futuramente
através de Cristo. E assim, ele profetizou que em seu descendente, que seria o Cristo,
Deus estabeleceria algo muito superior àquilo que ele, Davi, alcançara e disponibilizara
às pessoas, ao ponto de Davi chamar o seu descendente de Senhor que assentou ao lado
do seu Senhor, ou seja, ao lado do Pai Celestial.
E ao longo da história, ainda houveram muitos outros que serviram a Deus em
fidelidade em suas gerações e a despeito de estarem sob o jugo da Lei de Moisés.
Entretanto, por causa da necessidade de que um sacerdócio superior ainda haveria de
ser revelado no futuro que muito do que através deles foi instituído teve um cunho
250

somente temporal, pois debaixo do primeiro sacerdócio, jamais poderiam chegar


plenamente ao verdadeiro descanso.
Inclusive quando estava cumulado de terras, paz territorial e riquezas, o povo liberto
do Egito oscilava entre buscar a Deus através do antigo sacerdócio e ficar farto de tentar
servir a Deus por causa do grande peso deste mesmo primeiro sacerdócio.
Debaixo do governo de reis poderosos e ricos, as pessoas libertas do Egito tentaram
ainda construir templos, pensando que um local físico maior ou mais suntuoso para o
primeiro sacerdócio, materialmente falando, pudesse resolver a necessidade da glória e
do descanso provenientes de Deus que o primeiro sacerdócio jamais poderia lhes
proporcionar.
E neste afã ou busca desesperada de fazer viabilizar o sacerdócio escolhido pelas
pessoas no deserto, os reis lhes imputavam mais impostos, e as pessoas os pagavam
pensando que poderiam encontrar a paz na ampliação do lugar do serviço do primeiro
sacerdócio. Entretanto, cada nova tentativa somente fazia crescer o jugo dos custos e
dos pecados cobertos porque jamais eram eficientes para tirá-los dos seus corações.
Desta forma, em meio a todo este cenário árduo e pesado do primeiro sacerdócio,
tornou-se necessário erguer ou fortalecer ainda mais os ministérios dos profetas, pois
na medida que o povo ia esmorecendo diante da lei do primeiro sacerdócio que
optaram seguir, os profetas lhes relembravam do compromisso que haviam assumido,
mas também traziam uma palavra de alento aos corações aflitos e que aguardavam a
revelação de alguma libertação daquele fardo tão pesado sobre as suas vidas.
A vida sob o primeiro sacerdócio tinha os profetas como uma das válvulas de escape
da pressão que este sacerdócio gerava sobre o povo.
Ou seja, alguns dos profetas eram aqueles que Deus encontrava dispostos a voltar a
ouvir diretamente a sua voz, a despeito de também fazerem parte de um povo debaixo
da lei do árduo sacerdócio levítico.
Deus sempre deixou um canal aberto para falar com as pessoas, ainda que estas se
colocassem em graves e obscuras limitações ou prisões. E no caso do primeiro
sacerdócio, eram os profetas que faziam este papel de introduzir uma esperança para o
futuro da qual Deus não queria que as pessoas esquecessem.
Através de alguns profetas, o Senhor mostrava as pessoas como elas
continuamente se afastavam do primeiro sacerdócio que prometeram
seguir. Entretanto, também era através deles que Deus exortava as pessoas
para manterem a esperança no seu Senhor, apontando a elas o dia em que
o velho sacerdócio seria tirado de seus ombros e um novo sacerdócio de
vida, um sacerdócio segundo Deus, lhes seria oferecido.
Através de Malaquias, por exemplo, o último dos profetas que teve as suas palavras
registradas nas Escrituras, encontramos Deus mostrando de maneira muito evidente o
fracasso do primeiro sacerdócio, tanto da parte dos sacerdotes e dos levitas como as
pessoas em geral que estavam debaixo daquele sacerdócio.
Através de Malaquias, Deus tornou explicitamente conhecido e registrado que nem
os sacerdotes, nem os levitas, e nem as pessoas em geral eram fiéis, e também que
jamais viriam a ser se permanecessem sob a mesma condição sacerdotal, pois até os
indivíduos que procuravam pagar fielmente os dízimos aos levitas e sacerdotes
reclamavam da demora de Deus intervir a favor deles, apesar de também não estarem
cumprindo uma série de outros itens da lei de Moisés.
251

Considerando que no primeiro sacerdócio os sacerdotes eram os mediadores das


pessoas em geral, se, porventura, o povo se inclinasse a ser fiel à aliança assumida,
podia ocorrer a situação dos sacerdotes e levitas não o fazerem. Similarmente, podia
ocorrer o fato de um sacerdote procurar ser fiel ao seu chamado sacerdotal, mas ainda
assim poderia ser impedido de livremente declarar bênçãos sobre as pessoas em geral
se estas estivessem sob atitudes de infidelidade.
O denominado primeiro sacerdócio já não havia funcionado nem no deserto, onde
todos estavam agrupados e sob uma supervisão severa de Moisés e da cadeia piramidal
que ali foi implantada por ele. Asim, quanto mais este sacerdócio não se degradaria e
ficaria enfermo pela posições carnais das pessoas na medida em que estivessem
espalhadas em suas diversas tribos, territórios e, inclusive, em gerações futuras?
Quando, no livro do profeta Malaquias, Deus levanta a questão das pessoas
passarem a ser fiéis na paga dos dízimos pode até parecer a alguns que o Senhor estava
conclamando o povo para fazê-lo, mas isto não condiz de forma alguma com o contexto
de todo o livro do profeta Malaquias. Quando Deus menciona a questão do dízimo neste
livro, Ele o fez como uma hipótese porque já estava evidente que naquele sistema
denominado primeiro sacerdócio sempre ou continuamente havia alguém ou um
contingente de várias pessoas em posição de infidelidade para com Deus e para com os
seus semelhantes.
O resultado da tentativa de seguir o denominado primeiro sacerdócio
inevitavelmente levava as pessoas a se portarem como infiéis e como ladrões para com
a lei de Moisés e para com os seus irmãos.
Mas como, então, Deus poderia intervir a favor do povo debaixo do primeiro
sacerdócio se continuamente, em algum ponto da lei, tanto os mediadores como as
pessoas em geral incorriam em algo indevido?
Portanto, também através do profeta Malaquias, o Senhor declara mais uma vez que
somente “um novo dia” poderia mudar aquela circunstância de subjugação ao velho
sacerdócio ou ao sacerdócio levítico, aspecto depois ratificado por João Batista e em
vários textos das Escrituras inspiradas pelo Senhor após a revelação de Cristo ao
mundo, conforme exemplificado a seguir:

Malaquias 4: 2(a) Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o
sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas.

Lucas 1: 68 Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e


redimiu o seu povo,
69 e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu
servo,
70 como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos
profetas,
...
77 para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos
seus pecados,
78 graças à entranhável misericórdia de nosso Deus, pela qual nos
visitará o sol nascente das alturas,
79 para alumiar os que jazem nas trevas e na sombra da morte, e
dirigir os nossos pés pelo caminho da paz.
252

Romanos 8: 3 Porquanto o que fora impossível à lei, no que estava


enferma pela carne, isso fez Deus enviando o seu próprio Filho em
semelhança de carne pecaminosa e no tocante ao pecado; e, com
efeito, condenou Deus, na carne, o pecado,
4 a fim de que o preceito da lei se cumprisse em nós, que não
andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito.
5 Porque os que se inclinam para a carne cogitam das coisas da
carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas do Espírito.
6 Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para
a vida e paz.
7 Por isso, o pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está
sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.
----

Na parte final das suas palavras, o profeta Malaquias anunciou que um


“novo dia” viria para que a Lei de Moisés fosse lembrada. Entretanto, esta
lei já não seria mais lembrada para ser seguida, mas como testemunho de
que algo incomparavelmente superior estaria sendo estabelecido para
permitir as pessoas receberem também uma salvação superior e
finalmente um descanso em seus corações.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

Se pelo descumprimento contínuo das regras de vida sob a Lei de Moisés foi
demonstrado claramente que através daquele sacerdócio as pessoas jamais viriam a
alcançar a instrução de Deus da maneira como lhes era necessária, no cumprimento de
toda a lei para resgatar os escravizados à esta mesma Lei, Cristo manifestou a sua
grandeza e glória também em relação ao que nenhum dos chamados “homens e
mulheres de Deus da antiguidade” puderam realizar no passado, mesmo aqueles que
amavam mais intensamente ao Senhor.
Por maior que tenha sido o serviço de qualquer pessoa fiel a Deus na
antiguidade, em Cristo foi demonstrado que somente o Senhor poderia
abrir, também a partir da sua condição de Filho do Homem, o caminho de
um sacerdócio eternamente útil, verdadeiro e perfeito diante de Deus.

Hebreus 8: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.

Quando Deus propôs falar com as pessoas libertas do Egito, o povo quis que o
sacerdócio fosse feito por um caminho que um homem abrisse perante Deus para eles,
e para isto, sugeriram a ordem sacerdotal segundo Moisés.
253

Entretanto, em Cristo, Deus assumiu condição semelhante aos dos homens. E por
amor e misericórdia, Cristo, também como Filho do Homem, fez o que nenhum outro
ser humano jamais poderia fazer.
Em Cristo, Deus fez o que as pessoas quiseram que outras pessoas fizessem no lugar
de Deus, mas para isto poder ser feito, o Senhor também precisou vir e salvar as
pessoas da prisão em que elas escolheram se submeter segundo a sua própria vontade.
Para que os seres humanos soubesses que Deus entendia a situação deles de
criaturas e que Ele conhecia a aflição deles no contexto do mundo criado e que se
apartou da comunhão com o Criador, o Senhor, em Cristo, se fez similar à criatura para
ser o Sumo Sacerdote perfeito que a criatura queria ter diante de Deus.
Assim, para dissipar qualquer dúvida em relação ao amor de Deus por cada pessoa, o
Senhor, em Cristo, assumiu a condição de Filho do Homem e abriu o novo e vivo
caminho para a comunhão com o Criador também a partir da ótica da aflição e angústia
humana.

Isaías 53: 6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um


se desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos.
...
10 Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar;
quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua
posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR
prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito;
o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos,
porque as iniquidades deles levará sobre si.
12 Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos
repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte;
foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado
de muitos e pelos transgressores intercedeu.

Hebreus 4: 15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.

Hebreus 7: 26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este,


santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais
alto do que os céus,
27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si
mesmo se ofereceu.
28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à
fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.
254

8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal
sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos
céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
----

Sob o sacerdócio de Moisés, o indivíduo que era tentado pelo mal e pecava tinha que
se envergonhar e ficar amedrontado em relação à condenação que viria sobre ele.
Entretanto, em Cristo, a pessoa pode se achegar a Cristo com o coração sincero,
sabendo que se ele se achegar a Cristo para ser auxiliado e perdoado por Cristo, ele
também encontrará refrigério no Único Sumo Sacerdote Eterno que sofreu aflições,
venceu o mundo e que sabe salvar e instruir perfeitamente aquele que se achega a Ele.
Portanto, é na comunhão com Cristo, estando Cristo em nosso coração e nós estando
Nele, que está o verdadeiro descanso e a glória eterna que acompanha este descanso.

João 14: 1 (Disse Jesus): Não se turbe o vosso coração; credes em Deus,
crede também em mim.

Não é onde uma tenda ou um templo segundo o primeiro sacerdócio ou similar a ele
é edificado que está a glória de Deus, mas Cristo no coração de cada indivíduo é o local
do descanso almejado e um local para a glória de Deus começar a brilhar cada vez mais
perante uma pessoa até ser “dia perfeito”.
Por que, então, procurar em coisas exteriores ou nas outras pessoas, nos
templos, nos livros, nos guias espirituais ou em qualquer outro aspecto da
criação aquilo que Cristo reservou para revelar a cada um na comunhão e
intimidade que Ele oferece de acordo com o seu perfeito e eterno
sacerdócio?

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.

Quando, em Cristo, Deus removeu o que foi estabelecido por um período através de
Moisés e o que foi tentado ser sustentado com esmero por outros homens e mulheres
ao longo história, Deus não estava desprezando a fidelidade e o serviço destes
indivíduos para com Deus, mas estes, e as suas obras temporais, simplesmente não
tinham as qualidades de serem “o Cristo” vindo de Deus para a humanidade. E aquilo
que fizeram, que era temporal e permitido até que amadurecesse a plenitude do tempo,
também precisava ser removido para dar lugar ao perfeito e eterno.
Em muitas construções de casas e edifícios são utilizadas vigas temporárias de
sustentação destas obras, mas estas vigas temporárias, por mais que tenham tido muito
úteis durante a obra, não são mantidas para as pessoas habitarem com elas depois que
a obra está pronta. Revogar, tirar, remover aquilo que de alguma forma foi útil
temporariamente para que o propósito objetivado pudesse ser estabelecido é parte da
dinâmica da vida.
255

Como o construtor soberano, Deus tem todos os direitos e prerrogativas de remover,


em tempo devido, o que deve ser removido. E o ser humano, que é beneficiário por um
tempo daquilo que Deus permite ser utilizado temporariamente, não deveria resistir,
para o seu próprio bem, o que Deus quer remover da sua vida no tempo apropriado.
Quando uma pessoa resiste em reconhecer como antiquado aquilo que o
Senhor já declarou como inadequado para um novo período, ela não
somente resiste ao que Deus quer remover, mas também àquilo que o
Senhor quer estabelecer em seguida.
Em muitos aspectos, o primeiro sacerdócio tornou evidente os efeitos
adversos da postergação do encontro com a vontade de Deus, mas este
sacerdócio se mostrou necessário para demonstrar para o mundo e as suas
gerações o quão inútil e danoso é para uma pessoa postergar o bem que
Deus almeja para ela.
Assim, ainda que a lei do primeiro sacerdócio, Moisés, Josué, Davi e vários outros
profetas desempenharam papéis muito significativos ao longo da história, vários
aspectos relacionados a eles ficaram para trás diante da obra de Deus através da obra
de Cristo na cruz do Calvário, do seu sepultamento e da sua ressurreição para libertar
as pessoas do jugo do pecado, assim como da escravidão à lei do primeiro sacerdócio.

Lucas 16: 16 A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo,
vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se
esforça por entrar nele.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.

Insistir além do tempo em manter o que foi feito para ser temporário, por mais que
tenha sido útil no passado, ou insistir em sustentar, além do que é pertinente, a posição
dos servos que fizeram o que temporariamente foi necessário, é tentar elevar o
temporário à uma posição de definitivo, e é tentar valorizar os servos além do que lhes é
devido, como é o caso exemplificado no livro de Mateus, capítulo 21, a partir do verso
33 até o verso 46.
Insistir em elevar o temporário ou os seus cooperadores a um status de definitivo é
uma tentativa da introdução de uma proposição que procura veladamente igualar uma
pequena pedra utilizada na obra com o fundamento de toda a construção somente
porque a pedra se mostrou em evidência por um determinado período de tempo. É uma
tentativa de inverter a glória devida à cada uma das partes.
Falando de forma resumida, o ser humano não é Deus, não é apto para poder ser
Deus para a vida de outros ou na vida de outros, e nem deveria ser considerado além do
que lhe é apropriado.

Isaías 48: 11 Por amor de mim, por amor de mim, é que faço isto;
porque como seria profanado o meu nome? A minha glória, não a
dou a outrem.
256

1 Coríntios 4: 1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem


como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.

Romanos 12: 3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um
dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes,
pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a
cada um.
----

Quando Cristo veio cumprir a lei da antiga aliança para resgatar os que estavam
aprisionados debaixo dela, assim como para que, em seguida, o primeiro sacerdócio
fosse removido, Ele também encerrou o que era temporário em termos de profetas,
visto que à luz do segundo e perfeito sacerdócio, ninguém mais precisa continuar
vivendo debaixo daquele antiquado sistema.
Depois de Cristo ter revelado o segundo sacerdócio, o Senhor ainda anunciou
profecias a respeito da vida das pessoas e através de outras pessoas, mas passou a fazê-
lo através de um dom concedido pelo Espírito do Senhor aos que creem em Cristo e não
pelo ofício de profetas. Portanto, a condição de um cristão poder ser usado para
declarar algumas profecias através de um dom de Cristo jamais se equipara aos
profetas e aos seus ofícios no tempo do primeiro sacerdócio.
No novo sacerdócio, cada pessoa pode acessar direto a Cristo se ela o receber em seu
coração e pode validar direto com Cristo alguma profecia que a ela foi direcionada, e,
principalmente, como e quando aplicar a profecia se ela de fato procedeu de Deus, algo
que no velho sacerdócio não era disponibilizado àqueles que quisessem viver sujeitos
àquele sacerdócio.

Colossenses 3: 15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual,


também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.

Em Cristo, as pessoas são chamadas à paz de Cristo em um só corpo, que tem


somente um Cabeça sobre todos e que é tudo em todos. Em Cristo, não há divisões em
múltiplas cabeças ou múltiplos mediadores dos membros deste corpo no
relacionamento com o Cabeça do corpo.
A obra de Deus, através de Cristo, para remover o primeiro sacerdócio,
não foi uma obra de desrespeito para com aqueles que amaram a Deus e
fizeram obras temporárias antes de Cristo vir em carne ao mundo. Pelo
contrário, a obra de Deus em Cristo para remover o primeiro é também
uma obra de amor e consideração inclusive para com aqueles que serviram
fielmente em coisas temporárias para que o sacerdócio eterno pudesse ser
manifestado em glória na plenitude do tempo.
Ninguém, exceto Cristo, cumpriu a lei do primeiro sacerdócio na medida
que precisava ser cumprida. E pelo fato de que o Senhor o fez de maneira
perfeita, somente através de Cristo que o primeiro sacerdócio pôde ser
removido e o segundo pôde ser estabelecido em consonância com a
vontade do Pai Celestial.
257

Em Cristo, um cristão tem um sacerdócio ainda mais completo até do


que Adão e Eva tinham antes da queda, pois em Cristo, Deus revelou o Seu
eterno e soberano propósito de comunhão contínua das pessoas com o
Senhor já a partir do mais íntimo do coração, onde, então, o Senhor é o
nosso Deus e nós o seu povo, e também o nosso Pai Celestial e nós os seus
filhos segundo a linhagem dos remidos em Cristo Jesus.

Mateus 11: 11 Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher,


ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino
dos céus é maior do que ele.

Através do testemunho da história do denominado primeiro sacerdócio podemos ver


que nem no Egito, no deserto, em Canaã sob a direção de Josué ou de Davi, na
Babilônia e nem espalhadas pelas nações, as pessoas puderam encontrar o verdadeiro
descanso ou paz para as suas almas, pois só em Cristo, e Cristo no coração de uma
pessoa, que a provisão das fundamentais, principais e mais vitais necessidades
humanas pode ser encontrada.

Gálatas 3: 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu


descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de
muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.

1 Timóteo 2: 5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e


os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.

Atos 10: 36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel,
anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo.
Este é o Senhor de todos.
258

Q. As Diferenças Entre o Primeiro e o Segundo Sacerdócios São


Gritantes ou Gigantescas já a partir dos Seus Pontos
Essenciais

Nos diversos tópicos anteriores deste capítulo, muitas diferenças entre o primeiro e
o segundo sacerdócios já foram expostas e muitas outras ainda serão expostas nos
capítulos posteriores devido à condição altamente crucial que há neste assunto.
Cada um dos detalhes distintos do primeiro e do segundo sacerdócios corroboram e
se somam para evidenciar que de fato estes dois sacerdócios são extremamente opostos
um ao outro. E isto, para demonstrar, através dos mais vários ângulos, que não há
nenhuma condição de igualdade quanto à vida debaixo de cada um deles e nem quanto
aos resultados que advém da adesão a cada um deles.
Os muitos detalhes distintos em cada um dos sacerdócios em referência,
demonstram também através de muitas maneiras diferentes como a proposição do
denominado primeiro sacerdócio inicialmente procura se apresentar como uma
pequena variação do segundo, mas que na sequência desemboca em um mar de
princípios e colheitas completamente distintos.
Entretanto, antes de darmos prosseguimento a mais detalhes das distinções entre o
primeiro e o segundo sacerdócios, entendemos ser muito significativo destacar que
todas as distinções entre estes dois sacerdócios, na realidade, são uma sucessão de
detalhes que advém das principais distinções que estão nas partes fundamentais de
cada um dos sacerdócios em referência.
Os muitos detalhes diferenciados entre os denominados primeiro e o
segundo sacerdócios nascem ou tem a sua origem, de fato, em muito
poucos e fundamentais aspectos, fazendo com que a abordagem, nas
Escrituras, das muitas diferenças entre eles acabem sempre retornando
aos pontos básicos que os fazem ser tão divergentes.
Conhecer pormenorizadamente muitos detalhes das diferenças entre o primeiro e o
segundo sacerdócios pode vir a ser muito proveitoso. Entretanto, para não incorrermos
na fixação excessiva de atenção aos detalhes destas distinções a ponto de deixar de ver
o quadro das principais divergências, também entendemos ser muito relevante
repetidamente voltar a enfatizar as distinções fundamentais que estão presentes já
desde as bases e os princípios iniciais de cada um dos dois sacerdócios em questão.
Conhecer diversos aspectos de cada sacerdócio visa permitir conhecer uma distinção
mais pormenorizada de cada sacerdócio, mas se isto também não visar reconhecer o
fundamento distinto de cada um deles e a destinação à qual cada um se propõe a levar
as pessoas, corre-se o alto risco de proceder como o Senhor Jesus declarou no seguinte
texto:

Mateus 23: 24 Guias cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!

O primeiro e o segundo sacerdócios, conforme já vimos anteriormente, são


completamente incompatíveis em milhares de pontos, mas não somente isto, as
diferenças que entre eles se apresentam em cada detalhe também são gritantes e
separadas por abismos que impedem qualquer conciliação entre ambos porque as suas
259

distinções já estão estabelecidas desde os pontos iniciais e essenciais de cada um deles.


E é isto que é crucial sempre manter em mente durante toda as abordagens
comparativas entre eles.
Relembrando que a essência de um sacerdócio é o estabelecimento de ações práticas
para que o relacionamento de uma pessoa com Deus ocorra de uma maneira
satisfatória para ambas as partes, também já é neste ponto essencial que o primeiro e o
segundo sacerdócios têm proposições inteiramente distintas em suas constituições
iniciais, ainda que o primeiro também apregoe a necessidade que as pessoas têm do
Único Deus Criador.
Apesar de sua aparência de piedade, o primeiro sacerdócio é uma
proposição de negação ao propósito de Deus manifesto na criação do ser
humano. Este primeiro sacerdócio propõe que somente alguns se
relacionem diretamente com o Criador e que os demais sejam colocados
em subcategorias onde dependem de outros para se achegarem a Deus,
propondo, assim, divisões de classes, dominações ou subjugações que Deus
nunca intentou que fossem criadas para as pessoas se achegarem a Ele.
Conforme já comentamos anteriormente, o denominado primeiro sacerdócio surgiu
de uma proposição de como um povo liberto do Egito queria se relacionar com Deus,
mas a partir do seu próprio entendimento e não o de Deus, não a partir de um coração
primeiramente instruído e ensinado na vontade de Deus.
Atrás da sua aparência de piedade exterior, o primeiro sacerdócio essencialmente
procura ocultar um desejo das pessoas não quererem de fato se relacionar
individualmente com Deus, ainda que apregoem o contrário. Por isto, talvez, a
proposição do primeiro sacerdócio seja também a exposição de uma falta de ousadia
das pessoas que se associam a ele de assumirem abertamente que não querem um
relacionamento mais próximo de Deus, mas que, por outro lado, também não querem
assumir a posição de deixar a Deus pelo receio de perderam os benefícios que
supostamente podem vir a obter do Senhor.
O primeiro sacerdócio propõe um postura conflitante em si mesmo,
onde sugere que nem todos se acheguem pessoalmente a Deus, mas onde
apregoa que todos precisam de Deus quanto a receberem os benefícios que
almejam obter do Senhor.
São aspectos como os expostos nos parágrafos anteriores que precisam ser
evidenciados para não virem a ser como os “camelos” que não são filtrados
apropriadamente na peneira exemplificada por Cristo.
Portanto, um ponto inicial e central que define se uma proposição de um sacerdócio
é similar ao tipo do primeiro sacerdócio reside na questão se há ou se não há nele
algum tipo de mediadores entre as pessoas e Deus que não seja exclusivamente o
Senhor Jesus, quer os mediadores ofereçam serviços de oração a Deus em lugar de
outros, quer ofereçam conduzir aos outros a cultos ditos serem para Deus ou quer
ofereçam direcionamentos específicos do que outros devem ou não devem fazer e que
somente caberiam a serem instruídos diretamente pelo Senhor à cada pessoa.
Quer requeira paga ou não, o primeiro sacerdócio é o tipo de sacerdócio que, de uma
ou outra forma, tenta se interpor no lugar de outros no relacionamento direto das
pessoas com Deus e com Cristo, ainda que nele até seja apregoado que cada pessoa
poderia buscar direto a Deus.
260

Alguns sacerdócios similares ao primeiro sacerdócio até fazem questão de alegar que
não negam o acesso pessoal a Deus por parte daqueles que se associam a eles.
Entretanto, ou por outro lado, mesmo assim oferecem às pessoas opções alternativas
pelas quais também dizem que é possível ser atendido por Deus.
Nessas opções alternativas eles oferecem sacerdotes que se propõe a fazer mediações
parciais, mas dizendo que as pessoas também estão livres para buscar a Deus
pessoalmente se preferirem ou necessitarem.
Ou seja, no mundo, há vários sacerdócios que propõem mais de um caminho
concomitante para as pessoas poderem chegar a Deus, contrariando o ensino de Cristo
em que o Senhor nos diz: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém
vem ao Pai senão por mim. São sacerdócios que sutilmente procuram desviar as
pessoas para caminhos que naturalmente lhes parecem mais acessíveis, afastando-as,
porém, gradativamente do único caminho verdadeiro.
O primeiro sacerdócio, a título figurativo, poderia talvez ser comparado ainda aos
relacionamentos dos filhos com um bom e sábio pai, onde de repente os filhos, para não
serem mais expostos diretamente ao bondoso pai e à sua sabedoria, propõem que um
ou dois irmãos os representem perante o pai, e ainda podendo até chegar ao ponto de
se disporem a pagar pelos serviços dos irmãos escolhidos para falarem em nome dos
outros com o pai bondoso.
Ora, como um pai bondoso que ama profundamente a cada um dos filhos se sentiria
sabendo que os filhos não almejam mais falar e se relacionar diretamente com ele?
Como um pai se sentiria se alguns filhos ou filhas propusessem a mediação de um ou
de alguns irmãos ou irmãs em lugar dos outros por preço e por pedágio para que o
relacionamento dos demais fosse minimamente mantido com o pai?
Como o pai se sentiria ainda que não o fizessem por preço, mas os filhos o fizessem
para evitar ao pai por falta de amor a ele ou por medo de se relacionarem diretamente
com ele?
O último exemplo descrito acima é algo similar àquilo que aconteceu com os seres
humanos na proposição do primeiro sacerdócio em relação a Deus ou similares a ele,
mas de forma muito mais danosa e mais extensa em termos de quantidade de pessoas
representadas, visto que ninguém jamais poderia representar satisfatoriamente os
outros irmãos diante de Deus e ninguém, muito menos, poderia representar a Deus
diante dos seus irmãos ou ainda diante de um povo ou multidões como alguns
sacerdotes deste tipo de sacerdócio alegam que podem fazer.
Considerando que Deus é um Pai perfeitamente sábio e cuja sabedoria está acima de
toda e qualquer sabedoria da criação, apto a atender e ouvir a todos, e responder a
todos individualmente em seus corações, quem poderia querer se equiparar a Ele? Ou
quem poderia querer estabelecer alguns irmãos para mediar os demais no infindável
universo de questões ou pontos em que as pessoas necessitam interagir com Deus?
Como poderá um sacerdote humano estar toda a manhã com aqueles que ele se
propõem a mediar? Como ele poderá instruir uma pessoa em cada instante do dia em
que ela necessita de uma instrução específica? Como um sacerdote humano poderá
aconselhar às pessoas até quando estão dormindo, como faz o Senhor?

Salmos 16: 7 Bendigo o SENHOR, que me aconselha; pois até durante a


noite o meu coração me ensina.
261

Como poderá um sacerdote mediador humano dar assistência às pessoas em todas


as suas fraquezas e nas fraquezas somadas de todas as pessoas que ele media, assim
como como Cristo faz através do Espírito do Senhor para aqueles que creem Nele?
Como um sacerdote mediador humano poderá compreender aquela dor e aflição mais
profunda de outros e que nem pode ser bem expressa em palavras e sentimentos?

Romanos 8: 26 Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em


nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis.

Isaías 40: 28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o
Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode
esquadrinhar o seu entendimento.
29 Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem
nenhum vigor.
30 Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem,
31 mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem
com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se
fatigam.

Poderá um sacerdote humano e supostamente mediador que diz que Deus não
instrui as pessoas diretamente, mas que o Senhor somente o faz através Escrituras,
responder a todas as questões individualizadas da vida quando as pessoas se
depararam com as dúvidas sobre como aplicar as Escrituras em suas mais diversas
situações peculiares ou singulares?
Terá este sacerdote humano supostamente mediador, ou mesmo um conjunto de
vários sacerdotes, a mínima habilidade para compreender cada questão específica das
outras pessoas, mesmo as mais complexas e técnicas, para apresentá-las a Deus com
propriedade? E, depois, terá ele habilidade para compreender a resposta de Deus e
repassá-la com fidelidade àqueles que aguardam pela resposta?
Não é contraditório os sacerdotes humanos que querem mediar os outros dizerem
que Deus “somente fala pelas Escrituras” e depois eles mesmos orarem a Deus para
receberem as respostas do Senhor para as dúvidas que eles próprios têm sobre as
Escrituras?
Se Deus somente respondesse através das Escrituras e as questões “mais relevantes”
através de mediadores, por que aqueles que querem ser sacerdotes de outros, então,
insistem para as pessoas orarem ou rezarem tanto a Deus para Deus lhes ser favorável?
O denominado primeiro sacerdócio é aquele que foi firmado sob uma “lei toda
detalhada e escrita”, mas também foi este sacerdócio que aprisionou as pessoas a uma
“letra que mata” e a um conjunto de sacerdotes que não conseguia cumprir aquilo para
o qual eram designados, impedindo estas mesmas pessoas de viverem a vida segundo o
“Espírito que vivifica”, conforme encontra-se exposto também no estudo intitulado de
Letra ou Vida.
262

Se Deus supostamente somente fala às pessoas através de leis escritas, como, então,
compreender que os escritores das próprias Escrituras ouviram Deus e foram
inspirados pelo Espírito Santo para escrevê-las? Como compreender que os cristãos do
primeiro século poderiam ser guiados e instruídos pelo Espírito do Senhor se as
Escrituras do denominado Novo Testamento ainda não estavam estabelecidas?
Também neste ponto podemos ver o quanto o primeiro sacerdócio se opõe ao
relacionamento das pessoas com Deus e quer afastá-las das instruções diretas que o
próprio Deus estabeleceu nas suas Escrituras ao dizer para as pessoas viverem da
Palavra Viva, do Verbo Vivo, da palavra da sua boca e do contemplar ao Deus das suas
vidas a ponto de poderem ser transformadas de glória em glória, conforme
exemplificado também por outros textos abaixo:

Mateus 4: 4 Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão


viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.

Isaías 45: 22 Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da
terra; porque eu sou Deus, e não há outro.

Isaías 48: 17 Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu


sou o SENHOR, o teu Deus, que te ensina o que é útil e te guia pelo
caminho em que deves andar.

Isaías 31: 1 Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro e se


estribam em cavalos; que confiam em carros, porque são muitos, e
em cavaleiros, porque são mui fortes, mas não atentam para o Santo
de Israel, nem buscam ao SENHOR!
2 Todavia, este é sábio, e faz vir o mal, e não retira as suas palavras;
ele se levantará contra a casa dos malfeitores e contra a ajuda dos
que praticam a iniquidade.
3 Pois os egípcios são homens e não deuses; os seus cavalos, carne e
não espírito. Quando o SENHOR estender a mão, cairão por terra
tanto o auxiliador como o ajudado, e ambos juntamente serão
consumidos.

Isaías 50: 4(b) Ele desperta-me todas as manhãs, desperta-me o ouvido


para que ouça como aqueles que aprendem. (RC)
----

Por mais gloriosas, santas, proveitosas e imprescindíveis que sejam as Escrituras e


uma vida pautada de acordo com os ensinos nelas contidos, não são as Escrituras que
dão vida às pessoas, mas é o próprio Deus e também a sua instrução diária que dá vida
a cada coração, conforme foi exposto no estudo Letra ou Vida já citado acima.
O ser humano não foi criado para viver sem a contínua instrução viva de
Deus na sua vida.
263

Deus não criou as pessoas para estas viverem separadas de um


relacionamento vivo e pessoal com o Criador Eterno.
Assim, para um sacerdote humano poder suprir a vida de Deus na vida dos seus
irmãos ou seus semelhantes, ele teria também que ser feito um “deus”, como o Deus
Eterno, para suprir tudo o que todos precisam em todos os momentos e todos os
lugares, algo que o dominador da Babilônia sempre almejou fazer na congregação,
conforme apresentado abaixo:

Isaías 14: 13 Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das


estrelas de Deus exaltarei o meu trono e no monte da congregação
me assentarei, nas extremidades do Norte;
14 subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao
Altíssimo.
15 Contudo, serás precipitado para o reino dos mortos, no mais
profundo do abismo.

Querer ser sacerdote de outros pode se assemelhar à vontade de ser como “Deus” na
vida dos outros. E alguém querer ter um sacerdote humano como mediador sobre a sua
vida é ver o semelhante numa condição acima do que a ele deveria ser atribuída, e a
qual Paulo continuamente refutava veementemente.
Querer ser sacerdote de outros pode equivaler a competir com o Espírito Santo em
relação a um mesmo coração. E aquele que aceita outros sacerdotes humanos sobre a
sua vida se aparta de como um cristão espiritual guiado pelo Espírito do Senhor é
chamado a andar, tornando-se carnal a partir do momento em que começa a andar
segundo os homens, por mais que eles aleguem servir a Deus.

1 Coríntios 3: 4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu,


de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens?
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e
isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
...
16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus
habita em vós?
17 Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque
o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado.
18 Ninguém se engane a si mesmo: se alguém dentre vós se tem por
sábio neste século, faça-se estulto para se tornar sábio.
19 Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus;
porquanto está escrito: Ele apanha os sábios na própria astúcia
deles.
20 E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são
pensamentos vãos.
21 Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso:
22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a
morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso,
23 e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.
4: 1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem como
ministros (diáconos, servos) de Cristo e despenseiros dos mistérios
de Deus.
264

2 Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um


deles seja encontrado fiel.
----

O denominado primeiro sacerdócio ou similares a ele oferecem uma proposição


destruidora ou de oposição ao funcionamento apropriado do verdadeiro santuário
interior com vistas a dar lugar ao estabelecimento de um santuário externo e falso,
onde ninguém é aperfeiçoado como deveria enquanto estiver ligado a este tabernáculo
externo e às suas ofertas, leis e práticas.

Hebreus 9: 6 Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente


entram no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os
serviços sagrados;
7 mas, no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano,
não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do
povo,
8 querendo com isto dar a entender o Espírito Santo que ainda o
caminho do Santo Lugar não se manifestou, enquanto o primeiro
tabernáculo continua erguido.
9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se
oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à
consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta
culto,
10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente
em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo
oportuno de reforma.
11 Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos bens já
realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo, não feito
por mãos, quer dizer, não desta criação,
12 não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu
próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas,
tendo obtido eterna redenção.
13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma
novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à
purificação da carne,
14 muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si
mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa
consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles
que têm sido chamados.
----

À parte de um sacerdócio direto em Cristo entre uma pessoa e Deus, jamais um


indivíduo encontrará verdadeira satisfação, instrução, descanso e paz interior em seu
coração.
Como, então, alguém poderia propor uma pessoa receber a Cristo diretamente como
o Príncipe da Paz, a Luz da Vida, Conselheiro, Deus Forte, Maravilhoso, Pai da
Eternidade e em seguida apresentar-lhe uma proposição que lhe nega o acesso direto a
Cristo e ao Pai Celestial através do Senhor Jesus?
265

Se uma pessoa é instruída a orar diretamente a Cristo e invocá-lo como Senhor para
ser salva, por que, então, na sequência ela teria que passar por meio de outros para se
achegar Àquele que ela na primeira vez já pode se achegar diretamente?
Por que uma pessoa deveria ir a outros para poder chegar a Cristo se Cristo vem à
porta do coração de cada pessoa para oferecer comunhão com ela?

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.
----

Questões como as que vimos acima é que são pontos que podem ser
comparados aos “camelos” que muitos guias cegos e os seus guiados têm
deixado passar pelas suas peneiras enquanto ficam discutindo os
pormenores dos seus sistemas de cultos e ofertas que dizem promover
para “ajudar aos outros a cultuarem a Deus”, como se o Espírito Santo não
pudesse ajudar as pessoas em suas fraquezas e também em como adorar ao
Senhor.
Cristo é o perfeito Sumo Sacerdote para a humanidade porque Cristo
oferece o caminho de relacionamento com Deus a todos que o querem, mas
também porque Cristo oferece este caminho de maneira que cada um
possa fazê-lo pessoalmente. Cristo é o Único “Personal” Sumo Sacerdote
para todo indivíduo que quiser ter comunhão pessoal e direta com Deus, e
a qual todos precisam tanto.
Cristo não instrui as pessoas a irem às casas (lugares físicos) ou aos desertos (lugares
retirados) nas quais dizem que Ele está, como já vimos anteriormente, porque Ele é
quem vem aos corações daqueles que Nele creem e o recebem em seus corações.
Conforme veremos mais detalhadamente em capítulos mais à frente, Cristo é o
Sumo Sacerdote perfeito para representar a todos, mas em Cristo, também cada pessoa
é feita sacerdote da sua vida para se relacionar diretamente com Cristo, e para, em
Cristo, se relacionar a partir do coração com o Pai Celestial e com o Espírito que do Pai
é outorgado aquele que crê no Senhor.

Apocalipse 1: 4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja
convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos
sete Espíritos que estão diante do seu trono;
5 e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito
dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em
seu sangue nos lavou dos nossos pecados,
...
5: 10 e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão
sobre a terra. (RC)

Romanos 5: 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é


derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado.
----
266

Portanto, a diferença que existe entre o primeiro e o segundo sacerdócio é


gigantesca, extrema ou de forma alguma conciliável.
A distinção é tão marcante que os sacerdotes do primeiro sacerdócio podem chegar
até ao ponto de se verem superiores aos outros, ao ponto de imputarem aos seus
semelhantes fardos pesados que eles não querem carregar e ao ponto de procurarem se
destacar das pessoas simples e que pelos sacerdotes são chamados de pecadores, mas
que também são os seus irmãos.
Em Cristo, porém, encontramos que todos são elevados, igualmente e
diretamente, na mesma posição diante de Deus. Em Cristo, encontramos
que o próprio Cristo se fez similar às pessoas no mundo e assumiu a culpa
dos pecados delas para também ser um Sumo Sacerdote plenamente
auxiliador para que cada pessoa possa desempenhar, Nele e através Dele, a
sua própria condição de sacerdote perante o Senhor.
Vejamos a distinção exposta nestes últimos parágrafos exemplificado ainda por mais
alguns textos:

Mateus 23: 4 Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem


sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o
dedo querem movê-los.
5 Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem vistos
dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas
franjas.
6 Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas
sinagogas,
7 as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos
homens.
8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso
Mestre, e vós todos sois irmãos.
9 A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso
Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo.
11 Mas o maior dentre vós será vosso servo.
12 Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se
humilhar será exaltado.
13 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o reino
dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais entrar
os que estão entrando!

Filipenses 2: 5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve


também em Cristo Jesus,
6 que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a
Deus.
7 Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-
se semelhante aos homens;
8 e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte e morte de cruz. (RC)
----
267

O primeiro sacerdócio tenta corromper o propósito da criação e do relacionamento


humano com Deus a tal ponto que o Senhor nos instrui nas suas Escrituras que aquele
que quiser continuar servindo no velho tabernáculo ou no primeiro sacerdócio não faz
parte do mesmo altar de Cristo e não pode participar da comunhão com o Senhor como
lhe é proposta por Deus, pois os que “servem no primeiro sacerdócio não servem
verdadeiramente a Cristo e a sua posição de Eterno Senhor”, mas a um mandamento
carnal que resiste ao sacerdócio em Cristo oferecido por Deus igualmente a todos.

Hebreus 13: 9 Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e
estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça e não
com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se
entregaram.
10 Temos um altar de que não têm direito de comer os que servem ao
tabernáculo. (RC)

A ideia associada ao primeiro sacerdócio ou similares a ele procura


corromper até aquilo que é claro ou explícito no segundo sacerdócio,
procurando inclusive ensinar que o fundamento dos apóstolos e dos
profetas são os próprios apóstolos e profetas, opondo-se ao fato de que em
Cristo não há nem sacerdotes e nem fundamentos mediadores.
Quando Paulo escreve que os cristãos são família de Deus e edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, ele não está dizendo que
os cristãos são edificados sobre outros homens como no primeiro
sacerdócio, mas que todos eles são edificados diretamente em um mesmo e
único fundamento, assim como os apóstolos e profetas foram.
E quem sempre foi o fundamento dos apóstolos? Não é somente Cristo, como Paulo
declara de forma inquestionável?
E quem é o fundamento para o qual os profetas apontavam? Não era toda a
esperança deles convergida para o Cristo que haveria de vir e ser o fundamento eterno e
direto de cada pessoa que Nele cresse?
Quando as Escrituras nos ensinam que cada cristão é da família de Deus,
concidadão dos santos e edificado no fundamento dos apóstolos e profetas,
elas estão declarando que cada cristão individualmente é edificado direto
em Cristo assim como Paulo, Pedro, João, Mateus e outros foram, e jamais
sobre estes homens ou outros, aos quais nós deveríamos considerar como
servos e despenseiros de Deus, mas jamais como fundamento da vida
pessoal em Deus.
Um cristão não é chamado a edificar a sua vida sobre “pedrinha ou uma
pequena pedra” como é o significado do nome Pedro, mas sobre a rocha
eterna da revelação de que o Senhor Jesus é o Eterno Cristo.
Um cristão não é chamado para edificar a sua vida sobre nenhum outro
cristão, mas sobre o Único que morreu e livrou este cristão do pecado, do
corpo do pecado e também da escravidão da lei do primeiro sacerdócio ou
similares a ele.
268

Efésios 2: 17 E, vindo, ele evangelizou a paz a vós que estáveis longe e


aos que estavam perto;
18 porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo
Espírito.
19 Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos Santos e da família de Deus;
20 edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de
que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;
21 no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no
Senhor,
22 no qual também vós juntamente sois edificados para morada de
Deus no Espírito. (RC)

1 Coríntios 3: 10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o


fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele.
Porém cada um veja como edifica.
11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi
posto, o qual é Jesus Cristo.
12 Contudo, se o que alguém edifica sobre o fundamento é ouro,
prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha,
13 manifesta se tornará a obra de cada um; pois o Dia a
demonstrará, porque está sendo revelada pelo fogo; e qual seja a
obra de cada um o próprio fogo o provará.
----

Paulo jamais se contradisse ao afirmar que Cristo é o único fundamento, que cada
um veja como edifica sobre Cristo e que ele, Paulo, era somente um ministro, servo ou
despenseiro de Cristo e depois, em outro lugar, dizer que as pessoas deveriam edificar
sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, pois o fundamento de todos eles também
sempre foi exclusivamente Cristo.
Aqueles que têm a consciência cauterizada pelo primeiro sacerdócio e se inclinam a
ele ou parte dele, é que procuram apresentar estes pensamentos distorcidos que tentam
colocar homens ou mulheres mediadores em tudo e que tentam corromper o princípio
de que cada pessoa pode ter a Cristo como o único o fundamento eterno da vida. Assim,
além de tentarem corromper ou bloquear o acesso das pessoas direto a Deus, tentam
também corromper aquilo que sustenta as pessoas ou lhe dá suporte para a novidade de
vida no Senhor.
E assim como Paulo não se contradisse ao anunciar que Cristo
indubitavelmente é o Único fundamento eterno digno para uma pessoas
edificar a sua vida, assim também o próprio Cristo não se contradisse em
dizer para aqueles que o seguirem que somente há um único Guia, Mestre e
Pai Celestial digno de ser seguido e que todos os outros que seguem ao
Senhor são irmãos uns dos outros em Cristo e servos uns dos outros, e não
sacerdotes uns dos outros e muito menos fundamentos, guias, líderes ou
pais uns dos outros.
O edifício bem ajustado em Cristo é aquele onde um irmão não se sobrepõe sobre
outro irmão e nem tenta ser o fundamento de outro. É a edificação onde todos têm
Cristo no coração e onde cada um, pessoalmente, está diretamente fundamento em
269

Cristo, assim como cada um também pode ser instruído por Aquele que lhe oferece o
único suporte eterno.

Colossenses 1: 26 O mistério que esteve oculto desde todos os séculos e


em todas as gerações e que, agora, foi manifesto aos seus santos;
27 aos quais Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória
deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, esperança da
glória;
28 a quem anunciamos, admoestando a todo homem e ensinando a
todo homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo
homem perfeito em Jesus Cristo. (RC)

Anunciar e ensinar a outros de que cada um pode ter Cristo no coração e


que cada um deveria também viver e andar em Cristo, sem a necessidade
de mediadores, é um ensino verdadeiramente alinhado com o denominado
segundo sacerdócio concedido por Deus e que um cristão pode
compartilhar com outros se ele de fato amá-los e quiser que cada um tenha
o acesso livre ao Pai Celestial que ama a todos com o seu perfeito amor.
Todo aquele que quer se fiar no sacerdócio e nas instruções de outras pessoas que
não o direcionam a buscar ao Senhor em primeiro lugar para ser instruído diretamente
por Ele, deveria estar consciente de que quando ele prestar contas a Deus da sua vida,
ele não poderá se fiar na desculpa de que seguiu a outros, porque cada um de nós
dará contas de si mesmo a Deus.
Se uma pessoa se prestou a tentar mediar a outros, ela dará conta diante de Deus de
si mesma a respeito deste aspecto e porque ela o fez. Entretanto, aquele que se sujeitou
a outros dará conta de si mesmo porque não aceitou o sacerdócio direto oferecido a ele
por Deus em Cristo, optando por mediadores não autorizados pelo Senhor a partir da
revogação do primeiro sacerdócio.

Romanos 14: 11 Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante
de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
12 Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.

Se uma pessoa escolheu seguir um sacerdócio que mantém similaridades ao


denominado primeiro, também conforme esta escolha ela será requerida a prestar
contas. Se, por outro lado, ela optou pelo segundo sacerdócio, e nem mesmo a um
similar a ele, pois a sombra e a aparência não constituem um sacerdócio verdadeiro, ela
responderá de acordo com o segundo, o qual é firmado em melhor e superior aliança,
repleta de misericórdia e perdão para aquele que aceita recebê-lo de Deus sem associar
este perdão aos méritos de ter cumprido obras similares às apregoadas pelo primeiro
sacerdócio.
As tentativas de estabelecer um relacionamento com Deus através de um
sacerdócio que procura fazê-lo externamente, por meio de outros ou
através regras de cultos externos, enquanto o outro o faz a partir do
coração e conforme Cristo o orienta a fazer, evidenciam que o primeiro e o
segundo sacerdócios caminham respectivamente para alvos totalmente
distintos, a saber: morte ou vida, trevas ou luz, lei ou graça.
270

O primeiro e o segundo sacerdócios não se misturam e jamais poderão ser fundidos


ou compatibilizados. Assim como morte e vida são opostos e antagônicos, assim o
primeiro sacerdócio é oposto e hostil ao segundo, não importando o quanto uma
pessoa se esforce em cumprir pormenorizadamente o primeiro sacerdócio, pois não
cumprindo um item da lei deste sacerdócio, ela já é condenada pela respectiva lei que
ela optou em seguir.
Se uma pessoa é mais atuante ou menos atuante no primeiro sacerdócio, isto acaba
não sendo tão essencial no final, pois se ela for culpada em um ponto, ela é culpada de
todos assim como aqueles que descumprem muito mais princípios deste sacerdócio.
A mentalidade do primeiro sacerdócio é alcançar uma condição de dignidade por
mérito próprio, e isto inviabiliza qualquer pessoa que permanece sujeita a ele ser salva,
pois todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus.
Somente há uma solução para uma pessoa em relação ao primeiro
sacerdócio: aceitar que este sacerdócio diante de Deus não tem validade,
legalidade ou crédito algum para salvação e para a vida em conformidade
com a vontade do Senhor. A única solução é aceitar o testemunho que Deus
dá tanto sobre a remoção do primeiro sacerdócio como sobre a novidade
de vida que é concedida no segundo sacerdócio.

Gálatas 2: 16 ... sabendo, contudo, que o homem não é justificado por


obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em
Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será
justificado.

1 João 5: 10 Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho.


Aquele que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no
testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.
11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está no seu Filho.

Tentar viver e andar em consonância com o sacerdócio denominado de primeiro ou


levítico é como alguém incorrer em “patinar na lama” e não conseguir sair do lugar,
ficando mais sujo quanto mais tentar sair do atoleiro por esforço próprio.
O primeiro sacerdócio é como a areia movediça da qual uma pessoa não consegue
mais sair. Se tentar sair acirradamente, afunda ainda mais. Se não tentar, pode
demorar mais, mas também afunda. O primeiro sacerdócio é um infindável sacerdócio
de regras, mas que nunca alcança o que tanto procura ou propõe.
Por outro lado, através das experiências do povo hebreu sob o primeiro sacerdócio e
apesar de todos os repetidos pecados e da insistência das pessoas em quererem
permanecer sujeitas ao primeiro sacerdócio, também ficou demonstrado que Deus
sempre amou as pessoas e sempre estava pronto para estender a sua misericórdia
quando elas pediam a ajuda do Senhor enquanto ainda havia tempo para fazê-lo,
apontando para o fato de que somente com o auxílio de Deus um indivíduo pode vir a
encontrar a libertação do jugo opressor do primeiro sacerdócio.
271

Assim, no tempo apropriado, Deus tornou amplamente evidente que somente em


Cristo uma pessoa tem a provisão de Deus para sair do primeiro sacerdócio e deixá-lo
para trás, pois também somente em Cristo está a novidade de vida concedida mediante
a graça do reino celestial.
Na plenitude do tempo, o Pai Celestial revelou a Cristo como a provisão de um
sacerdócio de vida e não de morte. Revelou a Cristo como a expressão da sua
misericórdia eterna, mostrando a Cristo como a essência do segundo sacerdócio e a
expressão do tempo oportuno para fazer a opção pelo sacerdócio no qual está a vida
eterna de Deus para aquele que crer no Senhor e recebê-lo em seu coração.

Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para


Salmos 100: 5
sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.

2 Coríntios 6: 2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te


socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno,
eis, agora, o dia da salvação).

No segundo sacerdócio, o indivíduo que aceita que Cristo o justificou e justifica é


salvo e convidado a se relacionar diretamente com o seu Criador Eterno e a permanecer
para sempre nesta eterna justificação oferecida somente por Cristo, conforme exposto
mais amplamente no estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus e do qual
relembramos abaixo o seguinte texto:

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

E considerando o fato de Cristo ser o bem maior da vida de um cristão, o Salvador e


Senhor sempre presente, e que através do Senhor Jesus ele também pode se relacionar
com o Pai Celestial, o Pai do eterno amor, e com o Espírito de vida, paz e graça, o que
resta de importante nos ritos e nas regras de alianças inferiores, velhas ou caducas para
alguém ainda continuar a se apegar a elas ou até mesmo a algum item isolado destes
tipos de sacerdócios?

1 Pedro 3: 18 Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados,
o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na
carne, mas vivificado no espírito,
...
4: 1 Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós do
mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o
pecado,
2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo
com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
272

O que na Terra poderia valer mais do que Àquele que criou toda a Terra,
os céus e aquilo que neles há?
O denominado primeiro sacerdócio foi permitido para mostrar que nem
o próprio ser humano, o aspecto mais sublime de toda a criação de Deus na
Terra, é digno de tomar o lugar de Deus ou mediar a Deus em seu
relacionamento com as pessoas a quem Ele pessoalmente ama, quer bem e
convida para também virem a ser constituídas na condição de seus filhos
eternos por opção livre da parte de cada indivíduo.

Salmos 73: 23 Todavia, estou sempre contigo, tu me seguras pela minha


mão direita.
24 Tu me guias com o teu conselho e depois me recebes na glória.
25 Quem mais tenho eu no céu? Não há outro em quem eu me
compraza na terra.
26 Ainda que a minha carne e o meu coração desfaleçam, Deus é a
fortaleza do meu coração e a minha herança para sempre.

Salmos 16: 1 Guarda-me, ó Deus, porque em ti me refugio.


2 Digo ao SENHOR: Tu és o meu Senhor; outro bem não possuo,
senão a ti somente.
3 Quanto aos santos que há na terra, são eles os notáveis nos quais
tenho todo o meu prazer.
4 Muitas serão as penas dos que trocam o SENHOR por outros
deuses; não oferecerei as suas libações de sangue, e os meus lábios
não pronunciarão o seu nome.
5 O SENHOR é a porção da minha herança e o meu cálice; tu és o
arrimo da minha sorte.
6 Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha
herança.
7 Bendigo o SENHOR, que me aconselha; pois até durante a noite o
meu coração me ensina.
8 O SENHOR, tenho-o sempre à minha presença; estando ele à minha
direita, não serei abalado.
9 Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito exulta; até o meu
corpo repousará seguro.
10 Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o
teu Santo veja corrupção.
11 Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude
de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente.
----

Um cristão pode se alegrar e ter prazer naqueles que andam segundo a vontade de
Deus e que também tem ao Senhor como a sua porção, mas nenhuma outra pessoa é a
“nossa porção ou a nossa herança”. Antes de tudo, a nossa herança é o Senhor no qual
todos igualmente podem ter herança se receberam a Cristo no coração e Nele
permanecerem.
A distinção entre o primeiro e o segundo sacerdócios, em um dos aspectos mais
centrais e absolutos, é a diferença entre quem uma pessoa quer ter assentada como
“senhor” em seu coração, podendo respectivamente ser a ideia de alguma coisa criada,
uma outra pessoa ou ela própria, ou o Criador Eterno da sua vida.
273

Assim, quando alguém escolhe a Cristo como seu Senhor, também é o sacerdócio
segundo Cristo que ela deveria escolher seguir para viver fundamentada na justiça
eterna.

Romanos 5: 20 Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde


abundou o pecado, superabundou a graça,
21 a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também
reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus
Cristo, nosso Senhor.

O segundo sacerdócio é a oferta de uma vida de relacionamento com Deus de acordo


com a proposição do próprio Senhor e que é de acordo com o conhecimento que o
Senhor tem sobre o ser humano, suas limitações e fraquezas, e no qual o Senhor lembra
que o ser humano habita em um corpo que é pó e que voltará ao pó. E pelo fato da
proposição do segundo sacerdócio ser justa e repleta de misericórdia é que ela também
é perfeita para todo aquele que receber ao Senhor Cristo Jesus mediante a fé.

Salmos 103: 13 Como um pai se compadece de seus filhos, assim o


SENHOR se compadece dos que o temem.
14 Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó.

A proposição de que alguns são chamados a se relacionar mais com Deus


do que outros e que uns podem mediar a outros no relacionamento pessoal
com o Senhor, em contradição à proposição de uma vida de
relacionamento pessoal e direto com Deus oferecida igualmente a todos
em Cristo, é uma questão fundamental que estabelece uma separação
irreparável entre o primeiro e o segundo sacerdócios, e da qual derivam as
demais ou a enorme diversidade de distinções incompatíveis entre estes
sacerdócios.
Se o denominado segundo sacerdócio, o sacerdócio de Cristo, não previsse que todos
que se associam a ele pudessem se achegar pessoalmente a Deus, o que falar sobre os
seguintes textos?

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

2 Coríntios 13: 14 A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a


comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.
274

R. A Aplicação da Remoção do Primeiro e o Estabelecimento do


Segundo na Vida Pessoal

Se há um primeiro a ser removido e um segundo a ser estabelecido, isto indica que


os dois também devem ser diferentes um do outro para que haja a necessidade de uma
mudança, ainda que ambos tratem sobre o mesmo tema.
Se há um primeiro a ser removido e um segundo a ser estabelecido, também é
porque os dois são incompatíveis entre si a ponto de que não seja viabilizada uma
possível convivência conjunta entre eles.
E se há um primeiro a ser removido para um segundo ser estabelecido, é porque o
primeiro, por uma ou por várias razões, tem na realidade na sua constituição uma
característica temporária e descartável diante daquele que é introduzido por último.
Após o estabelecimento dos fatos que revelaram mais amplamente o que veio por
último, para Deus a disponibilização do denominado segundo sacerdócio passou a
implicar a não aceitação ou a rejeição do denominado primeiro sacerdócio.
Muitas são as informações que nos ensinam a respeito da mudança histórica que
houve em relação ao denominado primeiro sacerdócio diante da revelação do segundo,
mas, ainda assim, uma das principais questões que se sobressai no final de tudo refere-
se à qual é a implicação desta mudança histórica também para as pessoas do presente e
como ela pode ser refletida individualmente na vida de cada indivíduo.
Atualmente, quem se depara com o tema do primeiro e o segundo sacerdócios já
encontra definido o que foi estabelecido pelo Senhor no passado, já encontra a condição
de que o primeiro sacerdócio foi revogado perante Deus e o mundo tanto natural como
espiritual, assim como também encontra a condição de que o segundo sacerdócio já foi
estabelecido para sempre diante do Senhor e apresentado como tal ao mundo.
Entretanto, um fato necessita ser notado com atenção especial e que é o ponto de
que apesar do primeiro sacerdócio já ter sido revogado, as pessoas ainda insistem em
querer aderir a ele ou a modelos que parcialmente adotam as características do
primeiro sacerdócio.
Nesse último sentido, as Escrituras nos informam que apesar do primeiro
sacerdócio, a sua lei e a sua antiga aliança já terem sido declarados como antiquados e
ultrapassados diante de um novo sacerdócio, o primeiro ainda permanece exposto ao
mundo por um certo período, ainda que em breve virá a desaparecer por completo.
E olhando para as Escrituras de forma mais ampla, parece-nos que o tempo breve
para que o primeiro sacerdócio desapareça por completo somente ocorrerá
coincidentemente com o término do mundo como ele é conhecido no presente.

Hebreus 8: 13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira.


Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a
desaparecer.

A menção de que algo já revogado, antiquado, obsoleto ou envelhecido ainda


permanece de alguma forma pode soar estranho. Entretanto, as Escrituras nos
mostram que isto é um fato que ocorre no mundo e que muitas pessoas continuaram e
275

ainda continuam a buscar o primeiro sacerdócio após a sua revogação inclusive sob a
esperança de que o Senhor ainda irá reconhecer a sua associação a este sacerdócio.
As Escrituras, entretanto, também comparam a tentativa de reestabelecer o
primeiro sacerdócio na vida das pessoas como uma tentativa e proposta de fascinação
ou um encantamento, como uma obra de sutil astúcia e perversidade.

Gálatas 2: 19 Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim
de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo;
20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que
me amou e a si mesmo se entregou por mim.
21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei,
segue-se que morreu Cristo em vão.
3: 1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante cujos
olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?
2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras
da lei ou pela pregação da fé?

2 Coríntios 3: 14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de


hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu
permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
----

Tendo em vista que foi necessário Cristo morrer na cruz do Calvário para que a lei do
primeiro sacerdócio fosse revogada apropriadamente e para que Deus realizasse a
provisão para a libertação das pessoas da escravidão a esta lei, procurar afirmar que o
sacerdócio revogado ainda é legítimo é uma tentativa distorcida ou perversa de tentar
manter ativo aquilo que escravizava as pessoas para novamente tentar sujeitá-las a um
jugo do qual já foram libertas, conforme nos é advertido no texto a seguir:

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. (RC)

Toda essa questão de revogação de um sacerdócio, da sua lei e da sua aliança pode
parecer um tema não conhecido para muitos, mas no mundo, as pessoas
continuamente estão expostas à mudanças de leis e revogações de outras, criando
direitos e obrigações diferentes em momentos distintos e onde uma pessoa, quer por
opção ou porque está desavisada, pode tentar viver sob uma lei revogada mesmo que
isto já não lhe confira nenhum direito.
E se, porventura, uma pessoa conscientemente tentar viver de acordo com uma lei
antiga depois que esta foi revogada, ela não poderá alegar desconhecimento da nova lei
e pode estar iludindo a si própria de que a sua decisão pessoal poderá superar a
condição de não estar sujeita a uma nova lei porque pessoalmente optou em se sujeitar
uma lei antiquada.
276

Assim, apesar da escolha por uma lei já revogada parecer ser desprovida de
propósito, no mundo sempre há pessoas que tentam viver de acordo com leis
antiquadas mesmo quando já foram avisadas das suas revogações.
As tentativas de sustentar uma lei antiquada ou revogada pode parecer um absurdo
para muitos, mas na prática, este disparate nem sempre é visto da mesma maneira por
todos, principalmente quando as tentativas de manter uma lei antiquada representam a
busca da preservação de algum interesse ou desejos daqueles que pensam que a
manutenção da lei que foi revogada ainda pode lhes prover benefícios.
Desta forma, pensemos, por exemplo, na revogação da posição de uma enormidade
de sacerdotes do primeiro sacerdócio e que através dos serviços de mediação também
extraiam o seu sustento material, além das posições sociais privilegiadas que o antigo
sacerdócio lhes garantia.
Como aqueles sacerdotes, que teriam as suas funções revogadas pelo denominado
segundo sacerdócio, veriam uma lei sendo declarada a eles e que tornava o ofício deles
não somente em um serviço inválido, mas também em um ofício que passava a se opor
ao que Deus estava estabelecendo em favor daqueles que os sacerdotes até então
mediavam, permitindo que cada pessoa pudesse se achegar diretamente a Deus sem a
necessidade de sacerdotes mediadores?
Aqueles sacerdotes que eram mais piedosos, tementes a Deus e que esperavam a
revelação do segundo sacerdócio muito provavelmente passariam a receber de bom
grado a novidade vinda do Deus que amavam e também passariam a confiar no Senhor
para instruí-los a como viver daquele ponto para frente, mas quantos não passariam a
se opor e resistir ao novo que lhes estava sendo anunciado?
Apesar da mudança de um tipo sacerdócio para outro ser primeiramente uma
definição espiritual diante de Deus, os impactos práticos na vida profissional, familiar,
econômica e social também podem ser muito amplos e significativos.
A partir do momento que um sacerdócio passa a perder a sua condição ou função
válida, os seus sacerdotes, templos, construções, serviços, sacrifícios e ofertas
igualmente passam a perder a validade que até então possuíam.
Na história humana, há algumas intervenções que podem causar muito mais
mudanças do que muitas pessoas sequer começam a perceber. E algumas intervenções
na história humana não são aceitas por muitas pessoas como deveriam nem com o
passar dos séculos e nem que sejam para o benefício de todos, como é o caso da
revogação do primeiro sacerdócio e o do estabelecimento do segundo.
Uma pequena frase das Escrituras expressa no começo do livro de Hebreus de que
“Deus outrora nos falava através de certas maneiras, mas agora nos fala através de
outra”, pode desdobrar em muitas implicações espirituais e naturais que não receberão
as boas vindas de todas as pessoas.
Quando Cristo veio em carne ao mundo, havia milhares de sacerdotes e levitas
associados ao primeiro sacerdócio e que supostamente atuavam como mediadores do
povo e que também resultava em milhares de negociações de sacrifícios, ofertas e
dízimos que eram realizadas diariamente.
E uma vez que o dízimo era um dos preceitos do primeiro sacerdócio e que este
sacerdócio era adotado praticamente a nível nacional, a arrecadação deste sacerdócio
englobava quase um décimo de toda a economia advinda das plantações e do
277

incremento dos rebanhos da nação, além dos outros impostos que o povo pagava aos
demais governantes.
Assim, observando a amplitude de aspectos envolvida na troca do tipo de um
sacerdócio, aquela percepção de que muitos não querem aceitar o novo sacerdócio com
uma nova lei e uma nova aliança já passa a deixar de parecer tão absurda.
Conhecer estes aspectos gerais da revogação do primeiro sacerdócio e a não
aceitação desta revogação por muitos pode ser muito relevante ou crucial, pois ela
mostra que apesar do primeiro sacerdócio já estar obsoleto diante de Deus, muitos
ainda querem se associar a ele. E muitos fazem isto para tentar criar diante da
sociedade uma ideia de que cada pessoa pode optar por aquilo que lhe parece melhor e
mesmo assim ter a aprovação de Deus ou para tentar sustentar a ideia de que até a
convivência de um indivíduo com dois sacerdócios simultaneamente poderia vir a ser
aceitável diante do Senhor, onde as pessoas supostamente poderiam escolher partes de
um e partes de outro como melhor lhes convier.
E na prática, muitas pessoas de fato seguem a ideia da suposta possibilidade de
associação simultânea a mais de um sacerdócio, fazendo-o inclusive por pressão de
seus cônjuges, familiares e por outros interesses. Entretanto, não importa quantas
pessoas optem por estas tentativas de viverem associadas à múltiplos sacerdócios, elas
jamais poderão reestabelecer diante de Deus o primeiro sacerdócio ou parte dele.
O primeiro sacerdócio já foi declarado obsoleto ou revogado pelo Senhor, e Cristo já
foi revelado como o fim da lei e, por consequência, também da aliança do primeiro
sacerdócio. Entretanto, muitas pessoas ainda apresentam o primeiro sacerdócio como
uma opção porque também muitos indivíduos ainda insistem em querer sacerdócios de
acordo com o modelo do primeiro e em contrariedade ao segundo a despeito do
primeiro já ter sido revogado pelo Senhor.
Portanto, compreender que as pessoas no presente ainda usam das suas
prerrogativas de poderem fazer escolhas para optarem por sacerdócios com
características do primeiro sacerdócio passa a ser também um ponto fundamental para
o posicionamento de cada pessoa em relação àquilo que Deus lhe oferece.
Depois que o Senhor revogou o primeiro sacerdócio, Ele não aceita mais a adesão de
uma pessoa a este sacerdócio, a sacerdócios similares ao primeiro ou a
posicionamentos mistos de uma pessoa querendo conciliar o primeiro com o segundo
sacerdócio. Ao mesmo tempo, entretanto, as pessoas no mundo continuam tendo a
opção de escolherem por si próprias aquilo que o Senhor já declarou revogado.
O fato de Deus já ter anunciado que o primeiro sacerdócio é contrário à sua vontade
não significa que o Senhor vai impedir as pessoas de continuarem a optar por ele ou se
associarem a ele.
Entretanto, considerando que em sua definição mais recente nas Escrituras, a
circuncisão passou a representar também uma simbologia de qualquer ato de
associação de um indivíduo ao primeiro sacerdócio ou similar a ele, a escolha pela
associação ao primeiro sacerdócio ou algum similar a ele, atualmente não autorizado
pelo Senhor, pode implicar em gravíssimas consequências como, por exemplo, no
desligamento da pessoa do sacerdócio de Cristo e da graça do Senhor, conforme a
exortação abaixo:
278

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de
nada vos aproveitará.
3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está
obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes.
5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé. (RC+RA)
----

Considerando a impossibilidade de responder conjuntamente à duas leis opostas e


contraditórias em relação a um mesmo tema ou a não razoabilidade da associação à
duas leis inteiramente antagônicas, Deus não se associa com um indivíduo se ele
decidir se associar uma aliança sacerdotal contrária ao sacerdócio que há em Cristo.
Tendo em vista que não é possível estabelecer termos comuns entre um sacerdócio
que resiste a Deus e já foi declarado obsoleto com o sacerdócio que atua em
consonância com a vontade do Senhor, Deus não se associa com aquele que quer se
associar a sacerdócios opostos a Ele ainda que um indivíduo intente se associar
somente em partes com aquilo que já teve a validade revogada.
Diante de Deus, por exemplo, não é aceitável uma pessoa querer se justificar pela lei
do primeiro sacerdócio, que é baseado no cumprimento das obras desta lei e onde ela é
considerada culpada se não cumprir um só item, e, ao mesmo tempo, querer ser
justificada pela graça mediante a fé.
Paulo alerta explicitamente que se uma pessoa deliberadamente se associar a um
sistema de sacerdócio onde um indivíduo é justificado pela realização das obras da lei, a
obra de Cristo na cruz do Calvário não lhe será por proveito. Depois de Cristo já ter sido
crucificado, uma pessoa ainda insistir em tentar viver segundo uma lei escrita já não é
mais algo reconhecido por Deus e expressa uma ação em dissonância com o Evangelho
de Cristo.
Ainda que as pessoas não respeitem às suas próprias decisões, Deus respeita as suas
decisões ou escolhas do tipo de sacerdócio ao qual querem se associar, ainda que optem
por um sacerdócio já obsoleto e revogado.
Faz sentido, por exemplo, uma pessoa comprar um carro e querer que o fabricante
concorrente se responsabilize pela garantia do carro comprado? Faz sentido as pessoas
se associarem a um tipo de sacerdócio falho, incapaz de salvá-las e aperfeiçoá-las, e
ainda assim esperarem que Deus sempre intervenha a favor delas quando o sacerdócio
ao qual elas querem ficar sujeitas não lhes atender conforme o desejado?
Portanto, repetindo o que já comentamos nos tópicos anteriores: As diferenças entre
o primeiro sacerdócio e o segundo sacerdócio são gritantes, antagônicas, extremas e
sem qualquer possibilidade de conciliação, combinação e parceria, razão pela qual o
único caminho para passar a viver associado a outro sacerdócio é deixar um para se
associar ao outro.
Nas leis civis no mundo, as vezes ocorre o fato de uma lei condenatória ser parceira
de uma lei de absolvição, mas no caso do primeiro e do segundo sacerdócios isto não se
279

aplica, pois a oposição de um em relação ao outro não permite que eles sejam
mesclados ou combinados.
O primeiro e o segundo sacerdócios são distintos e não compatíveis já desde a sua
constituição e fundamento, conforme já vimos anteriormente.
Optar pelo denominado primeiro sacerdócio automaticamente exclui a escolha pelo
segundo, e vice-versa. A associação a um deles implica, automaticamente, na oposição e
rejeição ao outro, pois eles se opõem como a carne e o Espírito se opõem.

Gálatas 5: 17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito,


contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o
que, porventura, seja do vosso querer.

Assim, uma observação que nos parece ser muito pertinente neste ponto e que talvez
aflija algumas pessoas é que se alguém aceita a remoção do primeiro sacerdócio em
concordância com o que Deus fez, ele não está desonrando nem as Escrituras e nem a
Deus. Pelo contrário, ele está deixando de resistir ao Senhor quanto ao que não é
benéfico para a sua vida para também estar livre para receber aquilo que Deus sempre
quis oferecer a cada ser humano.
Cristo não veio para meramente anunciar a imperfeição do velho, revogar o que era
imperfeito, remover aquilo que pela prática foi demonstrado ineficiente e que por isto
também foi considerado antiquado ou obsoleto pelo Senhor. Cristo não veio
meramente tirar aquilo no qual as pessoas confiaram por tantos séculos e deixá-los sem
direção, sem rumo ou desassistidos. Cristo veio mostrar a imperfeição dos sistemas no
qual as pessoas estavam inseridas no mundo, mas não sem lhes oferecer aquilo que é
superior, perfeito e eterno.
Cristo veio em carne ao mundo para cumprir todas as exigências da lei
do primeiro sacerdócio que eram necessárias para libertar as pessoas do
peso do pecado, do corpo do pecado e da lei de Moisés a fim de revogar a
condenação que estes aspectos impunham sobre as pessoas, mas Cristo
também veio para estabelecer as pessoas na vida de liberdade que elas
podem ter no Senhor que as libertou.
Quando Cristo morreu por seus discípulos para libertá-los do “velho homem” e das
condições às quais este “velho homem” estava inserido e subjugado, Ele também disse
que não os deixaria desamparados ou desassistidos. Pelo contrário, o Senhor disse que
sempre estaria com eles através do Espírito Santo que enviaria aos seus corações.
Deus não se intimida de anunciar a necessidade que as pessoas têm de
abandonar o que não é benéfico a elas ainda que elas pensem ao contrário,
pois o novo que o Senhor oferece é superior, benéfico e visa a verdadeira
salvação daqueles que o recebem.
De muitas maneiras e palavras, o Senhor anunciou e anuncia o que precisa ser
removido e o que precisa ser estabelecido. Entretanto, devido às implicações cruciais
que estas mudanças podem causar na vida de uma pessoa que as aceita ou rejeita, o
Senhor nos concedeu todo um livro das Escrituras voltado ao propósito de
compreendermos quais são estas mudanças e cujo entendimento é tão vital para a vida
das pessoas, a saber: O Livro de Hebreus.
280

O livro de Hebreus não somente é introduzido com uma narrativa sobre a radical
mudança que ocorreu no relacionamento de Deus com as pessoas após a morte e
ressurreição de Cristo. Ele também expõe pormenorizadamente quais são as mudanças
que ocorreram e quais foram as ações que proporcionaram para que estas mudanças
pudessem ser realizadas de forma legítima a fim de que as pessoas também possam ter
a certeza de fé e esperança na justiça e na graça do Senhor, se assim o quiserem.
Também através do livro de Hebreus, por exemplo, o Senhor nos permite traçar
paralelos entre os caminhos ineficientes quanto ao objetivo de salvar perfeitamente as
pessoas em comparação ao caminho que as leva a um relacionamento com o Senhor
que de fato seja proveitoso. E isto, para permitir que as pessoas, com entendimento,
possam fazer a escolha de qual caminho querem seguir.
A vinda de Cristo em carne ao mundo ou a introdução de uma manifestação viva do
reino de Deus através do Senhor Jesus Cristo também pela morte na cruz do Calvário,
seguida da sua ressurreição, introduziram um tempo onde Deus passou a mostrar a sua
glória de uma maneira completamente nova para a humanidade. Entretanto, Deus não
o fez sem revogar a maneira antiga praticada por muitos até a vinda de Cristo ao
mundo como o Filho do Homem.
Depois da morte e ressurreição de Cristo dentre os mortos, Deus anunciou
explicitamente tanto o exclusivo caminho da salvação e reconciliação das pessoas com
Ele como a rejeição a todo e qualquer caminho alternativo que não salva as pessoas de
fato para a vida eterna, e isto, para que as pessoas também saibam o que elas são
chamadas a rejeitar ou afastar de suas vidas.
Por outro lado, se as pessoas não aceitarem a remoção do que através da obra de
Cristo foi considerado obsoleto, elas não somente farão oposição para que o novo
estabelecido em Cristo venha a fazer parte de suas vidas, como também não poderão
mais ter o sistema antigo com a autorização de Deus como era no deserto e antes da
vinda de Cristo em carne ao mundo, pois para Deus, aquele sistema antigo já está
antiquado, sem validade e prestes a desaparecer.
A partir da morte e ressurreição de Cristo dentre os mortos, tentar manter a
afirmação de validade do primeiro sacerdócio passou a ser uma proposição de tentativa
da manutenção de um engano, encantamento ou de um tipo de fascinação.
O fato das pessoas não saberem ou não crerem que na glória e no
ministério de Cristo também está inserido o “tirar ou revogar a validade”
do que Deus declara que foi revogado e daquilo que não condiz com o novo
que o Senhor veio “estabelecer”, faz com que as pessoas tentem continuar
a viver associadas a algo cuja aprovação já expirou. Tentam viver sob algo
que não tem mais legitimidade perante o Senhor, abstendo-se também de
alcançar aquilo que realmente tem a aprovação de Deus e verdadeiramente
lhes é benéfico.
Além disso, algumas pessoas até sabem que certos permissões e ações já têm sua a
sua aprovação expirada, mas por orgulho, interesse ganancioso, por tradição familiar,
ou seja lá qual for o intento, não adotam uma postura adequada em relação àquilo que
já foi revelado e determinado pelo Senhor e não adotam a atitude que João Batista
adotou quando o novo tempo se manifestou diante dele, conforme o texto abaixo:
281

João 3: 30 Convém que ele cresça e que eu diminua.


31 Quem vem das alturas certamente está acima de todos; quem vem
da terra é terreno e fala da terra; quem veio do céu está acima de
todos
32 e testifica o que tem visto e ouvido; contudo, ninguém aceita o seu
testemunho.
33 Quem, todavia, lhe aceita o testemunho, por sua vez, certifica que
Deus é verdadeiro.
----

Por outro lado, se um indivíduo não tem clareza de que Cristo é o fim da lei para
a justiça de todo aquele que Nele crê, se ele não conhece o ministério de Cristo
que remove o velho para depois estabelecer o novo ou se ele nem sabe a qual lei as
Escrituras se referem quando expõem o primeiro sacerdócio, como que ele poderá vir a
compreender a necessidade se abster daquilo que já é obsoleto e conhecer mais
precisamente o novo que o Senhor lhe oferece?
Portanto, sobre este último ponto citado no parágrafo anterior, destacamos mais
uma vez a misericórdia de Deus e o chamado dos que já estão no novo sacerdócio para
orarem ao Senhor, pedindo que Ele estenda a sua misericórdia a cada ser humano, e
para darem testemunho a respeito de Cristo em tempo oportuno:

2 Pedro 3: 9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a


julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco,
não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao
arrependimento.

1 Timóteo 2: 1 Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam


deprecações (súplicas), orações, intercessões e ações de graças por
todos os homens,
2 pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade.
3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador,
4 que quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade.
5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens,
Jesus Cristo, homem,
6 o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para
servir de testemunho a seu tempo. (RC)

Concluindo, entendemos que convém ressaltar aqui ainda que a misericórdia de


Deus não deve ser confundida com a ideia de que Deus de alguma forma será
permissivo ou cúmplice com a opção equivocada das pessoas pelo primeiro sacerdócio
ou similares a ele, pois embora a misericórdia do Senhor se estenda a salvar os
pecadores e aqueles sujeitos às leis de sacerdócios que causam profunda opressão, ela
jamais atuará em contradição a justiça do Senhor.

Hebreus 12: 25 Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não
escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os
282

advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos


daquele que dos céus nos adverte,
26 aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele
promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a
terra, mas também o céu.
27 Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção
dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas
que não são abaladas permaneçam.
28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça,
pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e
santo temor;
29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.
----

Conforme visto no início da presente série de estudos, O Evangelho de Deus é a


expressão da oferta do novo sacerdócio em consonância com a novidade de vida eterna
no Senhor. E para uma oferta ser mantida sob a característica de oferta, ela não pode
ser imposta, cabendo ao destinatário da oferta recebê-la ou rejeitá-la.
Assim, no caso do sacerdócio de Cristo, ele nos é oferecido mediante a graça do
Senhor, mas também por causa desta graça, o recebimento do novo implica na
sequência na necessidade do afastamento do primeiro sacerdócio para que um
indivíduo seja firmemente estabelecido para sempre somente no novo que do céu lhe é
oferecido.

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.

Tito 2: 11 Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos


os homens,
12 educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões
mundanas, vivamos, no presente século, sensata, justa e
piedosamente,
13 aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do
nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus,
14 o qual a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda
iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu,
zeloso de boas obras.

E, por sua vez, a maneira para receber o novo sacerdócio oferecido por Deus através
do Evangelho, diferente dos cerimoniais complicados do sacerdócio revogado, é muito
simples e muito pessoal diante do Senhor, a saber:

Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
283

Em Cristo, ninguém precisa, e também nem é aceito, que alguém


terceirize a sua relação com Deus, porque o próprio Pai quer que todos se
relacionem com Ele, com o Senhor Jesus e com o Espírito Santo através de
Cristo.
Portanto, deixar para trás o sacerdócio temporal denominado de primeiro, ou
similares a ele, e escolher a vida sob o senhorio de Cristo é o caminho oferecido por
Deus para aqueles que recebem a salvação que do céu lhes é oferecida, mediante a graça
do Senhor, para também alcançarem o prefeito sacerdócio para um eterno
relacionamento com Deus.

Atos 10: 36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel,
anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo.
Este é o Senhor de todos.

Deixar o antigo já anunciado como reprovado por Deus após a ressurreição de Cristo
é vital para não retardar o aprofundamento do relacionamento com o novo sacerdócio,
o sacerdócio em Cristo, no qual há tantas novidades preciosas e imensuráveis de vida
aguardando para serem vividas. Por isto, o Senhor nos enviou o Evangelho, e no qual
procuraremos continuar a avançar nos próximos capítulos do presente estudo agora
sabendo um pouco mais de que, em Cristo, há toda uma novidade repleta da graça e da
bondade de Deus nos aguardando.
284

C17. A Glória do Mediador da Nova Aliança, e Não da Velha


Embora o título deste novo capítulo e o que pretendemos abordar nele possam
aparentar serem inicialmente iguais ao capítulo sobre a Glória de Cristo como o Único
Mediador entre Deus e os Homens e a Glória de Cristo como Aquele que Remove o
Primeiro e Estabelece o Segundo, o assunto que gostaríamos de expor na sequência
tanto é singular como complementa os temas referidos.
Como o Único Mediador entre Deus e os Homens, Cristo tem uma posição geral de
mediação entre Deus e todos os seres humanos, fazendo com que tudo seja sustentado
e conhecido por Ele, ainda que uma pessoa não reconheça ou não aceite a Cristo em sua
vida pessoal, conforme podemos ver nos textos exemplificados mais uma vez abaixo:

Colossenses 1: 13 Ele nos libertou do império das trevas e nos


transportou para o reino do Filho do seu amor,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Este (Filho) é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele.
17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito
de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.

Hebreus 1: 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.
3 Ele (Jesus), que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu
Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de
ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da
Majestade, nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.
5 Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu hoje te
gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?
6 E, novamente, ao introduzir o Primogênito no mundo, diz: E todos
os anjos de Deus o adorem.
7 Ainda, quanto aos anjos, diz: Aquele que a seus anjos faz ventos, e
a seus ministros, labareda de fogo;
8 mas acerca do Filho: O teu trono, ó Deus, é para todo o sempre; e:
Cetro de equidade é o cetro do seu reino.
9 Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso, Deus, o teu Deus,
te ungiu com o óleo de alegria como a nenhum dos teus
companheiros.
285

10 Ainda: No princípio, Senhor, lançaste os fundamentos da terra, e


os céus são obra das tuas mãos;
11 eles perecerão; tu, porém, permaneces; sim, todos eles
envelhecerão qual veste;
12 também, qual manto, os enrolarás, e, como vestes, serão
igualmente mudados; tu, porém, és o mesmo, e os teus anos jamais
terão fim.
----

Entretanto, quanto a ser Mediador da nova aliança, a posição de Cristo refere-se a


uma posição de mediação bem mais específica, a qual, diferente da mediação em geral,
refere-se a uma função voltada somente para aqueles que recebem a Cristo em seus
corações e os quais querem ao Senhor Jesus como o Mediador desta nova aliança.
De forma similar, quando vimos que é através de Cristo que o primeiro sacerdócio
foi removido e o segundo foi estabelecido, vimos a ação de Deus através de Cristo tanto
no sentido de Ele ter sido a provisão geral para que todas as pessoas escravizadas à lei
do primeiro sacerdócio possam ser resgatadas, bem como Aquele através de quem Deus
estabeleceu de forma geral o segundo sacerdócio. Porém, quando vemos a Cristo como
o Mediador da nova aliança, podemos ver também a sua posição e atuação para que
aquilo que foi feito no geral possa vir a se tornar pessoal para todo aquele que quer ver
o primeiro sacerdócio removido e o segundo estabelecido na sua vida pessoal.
Cristo é Aquele através de quem Deus estabeleceu e disponibilizou a todos a
provisão geral de salvação e de livramento da escravidão ao pecado e ao primeiro
sacerdócio. Entretanto, Cristo também é o Mediador da nova aliança para que as
provisões gerais realizadas por Deus e os propósitos advindos delas venham a ser
individualizados e sustentados na vida de todos aqueles que os quiserem receber
mediante a graça e a fé no Senhor.
Há, por exemplo, uma grande diferença entre uma pessoa encontrar a solução para
algum assunto concernente à vida humana ou ela também ser aquela que consiga
distribuir e aplicar esta solução para todos aqueles que dela necessitam e que a queiram
receber.
Cristo foi o meio para a provisão da solução da salvação dos seres
humanos ou a própria provisão para esta salvação. Entretanto, Cristo
também é Aquele que realiza a distribuição desta salvação ou o seu
estabelecimento na vida de todos aqueles que dela necessitam e que
também a querem receber.
Cristo é a provisão de salvação das pessoas da escravidão ao pecado e da escravidão
aos sacerdócios que nunca podem levar as pessoas à vida segundo a vontade de Deus.
Entretanto, como o Mediador da nova aliança, Cristo também é aquele que providencia
o oferecimento da salvação junto a todos e a estende a todos aqueles que a querem
receber segundo a graça celestial e a fé em Deus e no próprio Cristo.

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.
286

À medida em que vamos nos aprofundando em conhecer a glória de Cristo, que


também é a exata expressão da glória de Deus, começamos a ver a maravilhosa glória
do Senhor se estendendo aos mínimos detalhes e mostrando que todos os aspectos
tanto da vida natural como da vida espiritual estão completamente abrangidos pelo
cuidado e pela regência de Deus sobre todos e sobre tudo nos mais infinitos aspectos.
Ninguém precisa temer crescer no conhecimento mais amplo das múltiplas posições
e atuações de Cristo e dos detalhes da ação de Deus a nosso favor. Deus nos mostra a
diversidade de aspectos da sua glória para que tenhamos firme confiança de que Nele
tudo está previsto e também para que passemos a estar familiarizados com as diversas
frentes da atuação do Senhor Jesus a nosso favor. E isto, para que possamos nos dispor
cada vez ao seu agir em nós e para que não sejamos achados como aqueles que colocam
obstáculos que se opõem ao que Cristo quer realizar em nós e através de nós a cada
novo dia.
Quando alguém confia a sua vida ao senhorio de Cristo, o Senhor não toma o
controle unilateral desta vida e imputa sobre ela o seu querer. Mesmo tendo sido
colocado como o Senhor no coração por opção da pessoa que o fez, Cristo continua
atuando em consonância com a concordância de cada pessoa a cada passo que esta vai
avançando na vida. E por isto, é tão significativo uma pessoa saber as posições e
funções de Cristo em relação a ela para que também saiba decidir ou se posicionar de
forma adequada nos mais diversos passos do caminho que Cristo lhe for revelando.
Deus, certamente, sempre estará pronto a nos carregar se chegarmos ao ponto de
necessitarmos da sua intervenção desta forma. Porém, de forma geral, as Escrituras nos
instruem que Cristo vai adiante daqueles que Nele creem, deixando a decisão final de
adotar ou não cada passo sugerido pelo Senhor a cada pessoa a quem o caminho é
exposto.
O senhorio de Cristo na vida de uma pessoa não é uma imposição e uma dominação
do Senhor em sua vida independentemente do querer de um indivíduo. O senhorio de
Cristo é sugestivo, instrutivo e que sustenta plenamente aquele que recebe e segue as
instruções do Senhor, mas que não obriga uma pessoa a dar passos que ela não quer
seguir, apesar de todos os passos sugeridos pelo Senhor serem para o bem daqueles que
o seguem.
O Senhor convida as pessoas a viverem e andarem Nele, e chama cada indivíduo a
ser instruído e sustentado na vontade de Deus, mas a decisão de viver e andar em
Cristo permanece com cada pessoa que se relaciona com o Senhor.

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

João 7: 17 Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito


da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.
287

Marcos 8: 34 Então, convocando a multidão e juntamente os seus


discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
negue, tome a sua cruz e siga-me.

Por mais glorioso que seja o poder de Cristo e por mais que Ele tenha pleno direito
sobre todas as vidas, quer por tê-las criado ou por ter feito a provisão, pelo seu sangue,
para salvá-las da escravidão ao pecado e às leis de sacerdócios inadequados, o Senhor
deixa que cada pessoa negue a si mesma e siga a Ele através das escolhas diárias que ela
faz diante do Senhor, de si própria e do mundo.
Assim, os aspectos comentados nos parágrafos anteriores, são essenciais quando o
tema do sacerdócio para com Deus começa a chegar no ponto da aliança que está
associada a cada sacerdócio, pois é no ponto da aliança que a questão do acesso e
adesão a um sacerdócio, ou a questão da rejeição e não adesão a este sacerdócio,
passam a se tornar efetivos e específicos na vida de um indivíduo.
O aspecto da aliança com um sacerdócio é o ponto em que a provisão
genericamente realizada e os seus propósitos tornam-se aplicáveis ou não
aplicáveis à vida de uma pessoa, dependendo, respectivamente, da adesão
à aliança ou da não adesão a ela.
Se, por exemplo, uma pessoa somente ouve falar do segundo sacerdócio e de seus
benefícios, mas não faz uma aliança segundo os moldes da aliança deste segundo
sacerdócio, ela pode vir a ter inúmeras informações sobre este sacerdócio sem ter parte
alguma nele.
Toda a provisão para que uma pessoa possa se vincular ao segundo sacerdócio
certamente já necessita ter sido realizada previamente. E, obviamente, que a realização
desta provisão é o primeiro e mais importante aspecto para uma pessoa poder ter
acesso a este sacerdócio. Entretanto, do ponto de vista estritamente pessoal, o aspecto
da aliança é o fator mais crucial para que uma pessoa possa ter acesso ao segundo
sacerdócio e aquilo que este oferece à vida daquele que se associa a ele.
A aliança com o segundo sacerdócio é um aspecto tão central que tem levado as
pessoas a discuti-lo veemente por séculos e desde o início da manifestação mais
específica do reino de Deus aos seres humanos, pois ele é o ponto onde de fato se
estabelece a conexão entre um indivíduo específico e a provisão já revelada ao mundo a
respeito do segundo sacerdócio ou o sacerdócio disponível em Cristo Jesus.
O Senhor Jesus disse que uma vez que o reino de Deus estivesse disponível entre os
seres humanos para ser acessado, todos passariam a se esforçar para entrar nele.
Entretanto, isto não significa que todos que tentarem fazê-lo também conseguirão
alcançar este objetivo, pois o reino de Deus somente pode ser acessado através da
“nova” aliança.

Lucas 16: 16 A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo,
vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se
esforça por entrar nele.

Mateus 7: 13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o


caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por
ela),
288

14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para


a vida, e são poucos os que acertam com ela.

O fato de alguém estar diante do reino de Deus, e o reino de Deus, em Cristo,


inclusive estar batendo à porta de uma pessoa, não significa que um indivíduo por si
próprio ou por seu esforço conseguirá entrar neste reino ou que ele conseguirá fazer
com que o reino venha a entrar em seu coração, conforme foi exposto mais amplamente
no estudo sobre O Evangelho do Reino de Deus e conforme é relembrado no texto
exemplificado abaixo:

João 3: 1 Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos,


um dos principais dos judeus.
2 Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és
Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes
sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo
velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda
vez?
5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não
nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito.
7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
9 Então, lhe perguntou Nicodemos: Como pode suceder isto? Acudiu
Jesus:
10 Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?
11 Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e
testificamos o que temos visto; contudo, não aceitais o nosso
testemunho.
12 Se, tratando de coisas terrenas, não me credes, como crereis, se
vos falar das celestiais?
13 Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber,
o Filho do Homem que está no céu.
14 E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim
importa que o Filho do Homem seja levantado,
15 para que todo o que nele crê tenha a vida eterna.
16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho
unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna.
----

A entrada no reino de Deus dá-se pelo novo nascimento, mas o novo


nascimento, por sua vez, dá-se através da aliança proposta por Cristo, onde
o próprio Cristo é o Mediador da nova aliança.
As tentativas das pessoas para entrarem no reino ou receberem o reino em suas
vidas têm se multiplicado e diversificado ao longo dos séculos. Entretanto, nenhuma
tentativa de realização deste objetivo pode ser estabelecida unilateralmente segundo o
289

querer dos seres humanos, pois a adesão ao reino celestial somente é feita através da
nova aliança e, por isto, ela somente pode ser feita em torno de uma proposição aceita
por parte daquele que oferece o reino e não daquele que quer entrar no reino.
Para alguém ser aceito para entrar no reino de Deus ou para o reino celestial ser
concedido a uma pessoa, isto não depende, primeiramente, das pessoas, mas Daquele a
quem o reino pertence desde o princípio. Apesar das pessoas se empenharem, alguns a
todo custo, para tentarem entrar no reino de Deus, ele não pode ser tomado por esforço
ou paga de acordo com o que os seres humanos quiserem estabelecer. Aquilo que torna
o reino de Deus disponível às pessoas não cabe a elas estabelecerem, mas cabe a ser
estabelecido por Aquele que detém a propriedade do reino celestial em suas mãos.
O fato do Senhor ter permitido que as pessoas tivessem algum poder em relação ao
seu reino e a Cristo durante o tempo do processo de crucificação do Senhor Jesus, não
significa que o Senhor venha a permitir que isto venha a se realizar novamente. Cristo
se deu uma única vez para sempre por todos os seres humanos. Porém, após a sua
ressurreição, Ele somente se dá a cada indivíduo se este o receber conforme os termos
da nova aliança que o reino dos céus passou a estabelecer.
O que estabelece o direito de uma pessoa entrar no reino de Deus e para
o reino de Deus estar presente na vida de uma pessoa é uma aliança entre
estas duas partes. E no caso do reino de Deus, os termos da aliança para
que as pessoas possam se associar voluntariamente ao reino celestial são
todos definidos pelo detentor deste reino singular.
Apesar do assunto que pretendemos abordar neste novo capítulo já ter sido exposto
sob vários ângulos nos capítulos anteriores e em especial no capítulo que trata a
remoção do primeiro sacerdócio e do estabelecimento do segundo, entendemos ser
necessário abordá-lo de forma mais específica também pelo ângulo da aliança, pois
apesar da aliança ser parte integrante de um sacerdócio, ela também, de certa forma, é
uma parte que se interpõe entre aquilo que é pertinente a um sacerdócio e o que não faz
parte deste sacerdócio.
Apesar da aliança do sacerdócio ser parte integrante do respectivo sacerdócio, ela
exerce uma função à parte que define as fronteiras do sacerdócio e divide o que está
ligado a ele ou o que está dissociado do sacerdócio em questão.
A aliança, por exemplo, é como a porta de entrada e saída de uma casa.
E embora a porta de entrada e saída de uma casa seja parte integrante dela, a porta
divide o que é a casa e o que ela não é. Ela separa o que faz parte da estrutura da casa e
o que não faz parte da casa. Por outro lado, apesar da porta da entrada e saída de uma
casa ser parte dela, a porta, em si mesma, também não é toda a casa, somente o ponto
que conecta e desconecta alguém da casa e separa o interior e exterior de uma
estrutura.
Conhecer o princípio de que a porta da casa faz parte da construção, mas também
que ela estabelece as fronteiras ou a separação do que compõe ou do que não compõe a
casa, pode nos auxiliar a compreender a multiforme glória de Cristo, onde Ele é a
essência do sacerdócio oferecido a nós da parte de Deus, mas onde Ele também é a
porta de acesso àquilo que Deus nos oferece mediante o seu amor e a sua eterna graça.

João 10: 7 Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade


vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
290

Quando vemos os detalhes de um sacerdócio também no que tange à aliança


relacionada a ele, podemos observar que a essência do sacerdócio é o que a aliança
oferece, mas o sacerdócio não é a própria aliança. A aliança é um instrumento através
do qual uma pessoa pode vir a ser associada a tudo o que um sacerdócio oferece, assim
como pode impedir o acesso àquilo que é oferecido se uma pessoa não se associar à
respectiva aliança.
Assim, compreender a aliança de um sacerdócio conjuntamente com aquilo que é
um sacerdócio de forma mais ampla é vital para que haja uma dosagem adequada na
abordagem de um sacerdócio e da sua aliança, pois se um indivíduo somente ficar no
ato da aliança, ele não verá a essência do que a aliança oferece de fato.
E, por outro lado, se um indivíduo tentar focar somente na essência de um
sacerdócio, sem compreender a aliança, ele pode vir a incorrer em somente contemplar
partes externas da essência sem tomar parte de fato desta essência.
Nos dias atuais, muito tem sido falado sobre “A Nova Aliança”. No entanto, em
muitos casos, muitas pessoas têm falado sobre ela sem de fato expor o que está por trás
ou o que está associado a esta aliança, e sem instruir as pessoas de que a aliança
expressa somente o início de uma nova vida em um novo sacerdócio ao qual uma
pessoa passa a se associar mediante a aceitação da aliança a ela oferecida.
Assim como nos dias em que o Senhor estava em carne na Terra, assim muitos
atualmente até têm trazido as pessoas até a porta, mas, contudo, sem ensinar as
pessoas a entrarem naquilo que está além desta porta ou até agindo para impedi-las de
entrarem pela porta, como se uma pessoa pudesse desfrutar do que está dentro de uma
casa vivendo somente à porta desta casa ou sem de fato entrar nela.

Mateus 23: 13 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o


reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais
entrar os que estão entrando!
----

Falando de forma redundante, a aliança é o ponto pelo qual uma oferta concebida
para ser concedida a outros é ofertada efetivamente e através da qual a oferta
apresentada pode ser de fato recebida e acessada.
De certa forma, a aliança é o passo inicial e a garantia de que uma pessoa pode
acessar aquilo que está contido nos termos da aliança.
Assim, no que se refere ao primeiro e segundo sacerdócios, temos para cada um
deles os seguintes pontos centrais:
 Um sacerdócio; → A lei pertinente a este sacerdócio; → A aliança; → O acesso ao
sacerdócio e à sua lei.

Apresentar os elementos que estão envolvidos em uma aliança de sacerdócio, talvez,


possa soar estranho a algumas pessoas, mas no mundo, continuamente os seres
humanos estão estabelecendo acordos e alianças nas mais diversas áreas, os quais se
estendem, por exemplo, aos contratos de serviços, escolas, empregos, aluguéis, assim
como se aplicam inclusive às uniões matrimoniais. E em cada um destes itens,
291

encontram-se grupos de elementos similares aos que compõem uma aliança em torno
de um sacerdócio, ainda que o conteúdo associado a cada um deles obviamente seja
específico e distinto dos demais tipos de alianças.
Portanto, uma vez que a aliança representa um ponto de acesso àquilo que é
proposto através dela e que ela também é o ponto que vincula um indivíduo ao que ele
acorda na mesma aliança, podemos observar a diversidade de alianças um pouco mais
de perto, o que nos leva a perceber que há níveis variáveis de complexidade e maneiras
de uma aliança ser definida e estabelecida entre as partes envolvidas.
As definições das alianças, propriamente ditas, podem variar significativamente de
uma para a outra, podendo algumas estarem firmadas em uma grande lista de detalhes,
outras em curtos termos, outras através de várias etapas e ainda outras apenas por
meio de poucas expressões verbais.
Notemos aqui, então, que aquilo que está definido em uma aliança e como se firma
ou realiza a aliança entre as partes são aspectos distintos.
Há, por exemplo, alianças com longos termos escritos e uma quantidade enorme de
promessas mútuas, mas cujo estabelecimento entre as partes é realizado somente por
uma simples assinatura dos que querem se tornar parte do pacto. Por outro lado,
também há alianças cujos termos e promessas são mais curtos, mas cujo
estabelecimento entre as partes envolvidas é cercada de várias etapas ou até de vários
ritos altamente complicados e intensos.
Quanto ao período de duração de uma aliança ou das consequências de ruptura dela,
há alianças que não são extensas e que têm resultados de curtíssimo prazo, e há outras
cuja continuidade ou os seus efeitos podem inclusive vir a ter duração eterna.
Há alianças que são para o bem e outras que são para o mal.
No mundo, algumas alianças são mais completas ou mais bem definidas, e há outras
que são incompletas, dúbias, falhas ou até escritas com intuito de esconder intenções
para enredar outras partes em compromissos que elas nem estão conscientes que estão
assumindo.
Algumas alianças podem ser firmadas somente entre duas partes, enquanto outras
exigem testemunhas e formalizações diante de pessoas ou órgãos formalmente
estabelecidos para o reconhecimento das alianças firmadas, sem o qual as alianças não
têm de fato validade.
Em algumas alianças, as partes envolvidas exigem exclusividade um da outra.
Enquanto que em outras, os envolvidos em uma aliança específica também estão
autorizados a se aliançarem com outras partes ou outros pactos similares livremente.
E, ainda, há outras alianças, pactos ou contratos que chegam a envolver especialistas
em avaliações de estabelecimento de acordos ou que inclusive se colocam como
mediadores e garantidores dos arranjos que outros intentam estabelecer entre si, quer
pela complexidade e amplitude do que está envolvido nos acordos ou pela exigência das
partes que pretendem firmar uma aliança.
Apesar da realização de uma aliança, um pacto ou um contrato representar o ponto
inicial e introdutório de uma pessoa àquilo que está considerado nos termos do acordo,
a adesão a uma aliança também pode representar a adesão a um caminho de edificação
e vida ou pode ser a adesão a um caminho de destruição e morte.
292

Portanto, aderir a uma aliança ou pacto sem conhecer, ao menos, os termos básicos
dela e o que sustenta e garante um acordo, é como uma pessoa assinar um contrato sem
ter conhecido previamente os seus termos, podendo, por isto, vir a colher, na
sequência, uma série de dissabores e por longo tempo, mostrando-nos isto, que a
própria efetivação de um aliança também é um tópico distinto, crucial e de grande
valia.
A palavra aliança ou pacto é um termo que necessita ser associado ao conjunto
específico ao qual ela faz referência, pois sozinha ela não expressa o que está por trás
dela ou tudo aquilo ao qual uma pessoa se associa ao aderir a ela.
Desta forma, quando passamos a ver a glória de Cristo como o Mediador da
Nova Aliança, é necessário que vejamos este aspecto de forma bem específica e
pontual como ele está declarado e exposto nas Escrituras, mas também sem perder o
foco dos outros aspectos que vimos sobre Cristo e sobre aquilo que está por traz desta
aliança ou associada a ela.
Quando as Escrituras declaram que Cristo é o Mediador da Nova Aliança, elas
nos informam objetivamente a respeito de muito mais aspectos do que a maioria das
pessoas sequer pensa que estão envolvidos nesta declaração.
A começar pela própria expressão o Mediador da Nova Aliança, podemos
passar a saber que a aliança que Deus oferece através de Cristo é o tipo de aliança que
somente pode ser realizada através de um “mediador”, não podendo ser realizada sem
passar por Cristo. Reafirmando, assim, que aquilo que já foi declarado como referencial
para o estabelecimento da reconciliação e comunhão das pessoas com Deus também se
aplica ao contexto da Nova Aliança, conforme texto exposto mais uma vez abaixo:

1 Timóteo 2: 5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e


os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.
----

E um segundo aspecto explicitamente expresso na declaração de que Cristo é o


Mediador da Nova Aliança e que gostaríamos de voltar a destacar aqui, é que
Cristo é o Mediador da Nova Aliança e não o mediador da Antiga ou Primeira
Aliança, conforme apresentado nos textos que exemplificamos a seguir:

Hebreus 8: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.

Hebreus 9: 15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim


de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que
havia sob a primeira aliança, recebam a promessa da eterna
herança aqueles que têm sido chamados.
293

Hebreus 12: 18 Ora, não tendes chegado ao monte palpável e ardente, e


à escuridão, e às trevas, e à tempestade, ...
21 Na verdade, de tal modo era horrível o espetáculo, que Moisés
disse: Sinto-me aterrado e trêmulo!
22(a), 24 Mas tendes chegado ... a Jesus, o Mediador da nova aliança, e
ao sangue da aspersão que fala coisas superiores ao que fala o
próprio Abel. (RC+RA)
----

É interessante observamos que aquilo que é explícito às vezes não é aceito como
evidente pelos seres humanos, especialmente quando isto lhes parece difícil de ser
compreendido ou quando não é do seu agrado.
Por isto, também é necessário ressaltar inúmeras vezes que Cristo não veio ao
mundo para mediar as pessoas para se associaram, através de uma aliança, com o
primeiro sacerdócio, o qual também é chamado pelos nomes de primeira aliança ou de
antiga aliança.
Cristo não veio ao mundo para propor e realizar a associação daqueles
que ainda não estavam associados com o primeiro sacerdócio a este
mesmo primeiro sacerdócio.
Em outras palavras, Cristo não veio para associar os chamados de pagãos, gentios,
gregos, bárbaros ou os outros povos da Terra que não eram hebreus, à aliança do
primeiro sacerdócio, à aliança do povo de Israel feita sob os moldes do sacerdócio e da
lei associados à Moisés e ao pacto feito depois que o povo saiu do Egito.
Cristo não foi revelado ao mundo para que os incircuncisos, não associados ou “não
aliançados” ao sacerdócio de acordo com Moisés fossem ensinados sobre o primeiro
sacerdócio ou circundados para se tornarem parte da aliança mediada por Moisés com
o povo que foi liberto do domínio do Egito.
O que estamos procurando dizer acima é de uma necessidade ou significado de valor
indescritível, pois ao longo dos séculos, aqueles que estão associados à velha aliança e a
um sacerdócio já revogado por Deus através de Cristo, ou aqueles que querem sustentar
ao menos algumas partes deste velho sacerdócio, têm tentado, das formas mais
variadas, produzir um tipo de conceito que transmita a ideia de que o primeiro
sacerdócio ainda continua em pé e com validade diante de Deus.
Se não é pelo fato de apresentarem a proposição direta de que o primeiro sacerdócio
ainda continua válido perante o Senhor, as pessoas e instituições, referidas no
parágrafo anterior, tentam de alguma forma maquiar a revogação do primeiro
sacerdócio expressando com sutileza, por exemplo, que Cristo não veio de fato revogar
o primeiro sacerdócio, mas que o Senhor Jesus, segundo a proposição deles, veio
conceder o “Espírito do Senhor” para que, então, as pessoas supostamente pudessem
passar a ter força para cumprir a lei de Moisés, força que elas não tinham antes da
vinda de Cristo ao mundo.
Ora, se Cristo veio conceder o Espírito do Senhor para que as pessoas pudessem se
associar ao primeiro e obsoleto sacerdócio ou com algumas partes deste ultrapassado
sacerdócio, Cristo não seria de fato um “mediador de uma nova aliança para algo
novo e para a novidade de vida”, mas “o mediador de uma nova aliança para um
velho e mesmo sacerdócio que não poderia jamais conduzir as pessoas a
294

experimentarem a verdadeira novidade de vida enquanto estivessem debaixo deste


velho sacerdócio”.
Assim, o exposto acima mostra mais uma razão pela qual é tão necessário conhecer
com mais detalhes que Cristo veio remover o velho ou o primeiro e estabelecer o novo
ou o segundo, e saber da total incompatibilidade entre os dois, pois estes pontos
evidenciam que Cristo jamais veio ao mundo para revelar uma nova capacidade às
pessoas para elas, então, passarem a estar fortalecidas de algo novo para cumprir o
velho que nunca haviam conseguido cumprir.
Algumas pessoas dizem que Cristo não veio ao mundo remover a lei de Moisés, mas
que Ele veio tirar a “literalidade da lei de Moisés” para que o “espírito da lei de Moisés”
seja seguido mediante a força do “Espírito de Deus”, mas como explicar, então, os
seguintes textos que também já citamos anteriormente?

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.

Romanos 7: 6 Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para


aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade
de espírito e não na caducidade da letra.

Romanos 3: 19 Ora, sabemos que tudo o que a lei diz, aos que vivem na
lei o diz para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável
perante Deus,
20 visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em
razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.

Romanos 6: 14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não
estais debaixo da lei, e sim da graça.

Estar debaixo da lei do primeiro sacerdócio ou estar debaixo do pecado, em certo


sentido, são expressões similares. Estar debaixo da lei do primeiro sacerdócio ou estar
debaixo do pecado somente são variações de condições ou posturas que levaram as
pessoas a estarem sujeitas a um jugo similar de condenação e do qual ninguém
consegue sair ou ser liberto a não ser pela misericórdia e pela salvação provida por
Deus que somente há no novo sacerdócio.
Se Cristo tivesse vindo ao mundo para revelar e oferecer uma nova maneira das
pessoas se associarem ao velho, isto seria uma duplicidade do que já era feito sob a
aliança de Moisés e representaria um desperdício do esforço de Cristo para as pessoas
alcançarem o mesmo que já podiam acessar através da primeira ou antiga aliança.

Gálatas 2: 21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a


lei, segue-se que morreu Cristo em vão.
295

Ainda outro pensamento distorcido que muitas pessoas têm procurado suscitar e
sustentar ao longo dos séculos, após a vinda de Cristo em carne ao mundo, é a alegação
que Cristo veio oferecer uma “nova aliança” para um “novo sacerdócio”, mas somente
para aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de se associarem com o “primeiro
ou velho sacerdócio”.
Ora, se o primeiro sacerdócio foi declarado obsoleto e Deus enviou a Cristo para
salvar a todas as pessoas do pecado, e não somente aqueles que não estavam associados
ao primeiro sacerdócio, pois os sujeitos ao velho sacerdócio igualmente estavam
debaixo do jugo do pecado, não faz sentido algum, em face da obra de Cristo, dizer que
o Senhor não quer resgatar as pessoas sujeitas ao primeiro sacerdócio ou que Ele quer
deixá-las à sorte do antigo sacerdócio que não pode salvar ninguém e somente acentua
a condenação daqueles que lhe estão sujeitos.
Deus permitiu que pessoas vivessem sem qualquer associação ao primeiro
sacerdócio, e Deus também deixou que pessoas se associassem ao primeiro sacerdócio.
E isto, para mostrar que tanto aquele que estava sem lei como aquele que estava
debaixo do primeiro sacerdócio necessitavam e igualmente continuam a necessitar da
salvação e do sacerdócio que do céu lhes é oferecido, o qual não é de acordo com um
mandamento estabelecido a partir de motivações e anelos carnais, conforme vimos no
capítulo anterior e conforme exemplificamos mais uma vez através dos textos a seguir:

Gálatas 3: 10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-
las.

Romanos 4: 9 Vem, pois, esta bem-aventurança exclusivamente sobre


os circuncisos ou também sobre os incircuncisos? Visto que dizemos:
a fé foi imputada a Abraão para justiça.
10 Como, pois, lhe foi atribuída? Estando ele já circuncidado ou
ainda incircunciso? Não no regime da circuncisão, e sim quando
incircunciso.
11 E recebeu o sinal da circuncisão como selo da justiça da fé que teve
quando ainda incircunciso; para vir a ser o pai de todos os que
creem, embora não circuncidados, a fim de que lhes fosse imputada a
justiça,
12 e pai da circuncisão, isto é, daqueles que não são apenas
circuncisos, mas também andam nas pisadas da fé que teve Abraão,
nosso pai, antes de ser circuncidado.
13 Não foi por intermédio da lei que a Abraão ou a sua descendência
coube a promessa de ser herdeiro do mundo, e sim mediante a justiça
da fé.

Romanos 11: 30 Porque assim como vós também, outrora, fostes


desobedientes a Deus, mas, agora, alcançastes misericórdia, à vista
da desobediência deles,
31 assim também estes, agora, foram desobedientes, para que,
igualmente, eles alcancem misericórdia, à vista da que vos foi
concedida.
296

32 Porque Deus a todos encerrou na desobediência, a fim de usar de


misericórdia para com todos.

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,


24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus.
27 Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das
obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.
28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei.
29 É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos
gentios? Sim, também dos gentios,
30 visto que Deus é um só, o qual justificará, por fé, o circunciso e,
mediante a fé, o incircunciso.
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Cristo é o Mediador da nova aliança exatamente porque a nova aliança


de um novo tipo de sacerdócio vem para salvar a todos para o novo e livrá-
los do velho, quer tenham estado associados ao primeiro e obsoleto
sacerdócio ou quer não tenham nem conhecido este primeiro sacerdócio.
O Senhor Jesus é o Mediador da nova aliança precisamente porque aquilo que a
aliança que Ele apresenta e oferece também é completamente novo e para todo e
qualquer ser humano, independentemente do credo ou de qualquer aliança com a qual
uma pessoa tenha se associado antes de conhecer a Cristo.
Como o Mediador das pessoas somente para a nova aliança, o Senhor Jesus só media
as pessoas para esta nova aliança. E por mais que isto seja tão óbvio ou explícito,
muitas pessoas ainda insistem em contrariar esta verdade tão explicitamente declarada
nas Escrituras já desde as promessas declaradas à Abraão e também anunciadas pelo
próprio Moisés, por Davi e tantos outros profetas.
Intentar dizer que Cristo iria se dispor a mediar as pessoas para um relacionamento
com um sacerdócio caduco é tentar alegar que Cristo iria mediar pessoas com aquilo do
qual ele veio salvar as pessoas, o que é um disparate e um absurdo contra toda a ação
de Deus através do Senhor Jesus Cristo em favor de todos os seres humanos.
A glória de Cristo como o Mediador da nova aliança é perfeita
precisamente também por Ele não ser um mediador de uma aliança que
jamais poderia prover a verdadeira novidade de vida tão necessária à cada
ser humano como era a aliança na qual Moisés fora o mediador no Sinai.

Hebreus 8: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.
297

2 Coríntios 3: 7 E, se o ministério da morte, gravado com letras em


pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não
poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto,
ainda que desvanecente,
8 como não será de maior glória o ministério do Espírito!
9 Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior
proporção será glorioso o ministério da justiça.
10 Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste
respeito, já não resplandece, diante da atual sobreexcelente glória.
11 Porque, se o que se desvanecia teve sua glória, muito mais glória
tem o que é permanente.

Atos 13: 32 Nós vos anunciamos o evangelho da promessa feita a


nossos pais,
33 como Deus a cumpriu plenamente a nós, seus filhos,
ressuscitando a Jesus, como também está escrito no Salmo segundo:
Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei.
34 E, que Deus o ressuscitou dentre os mortos para que jamais
voltasse à corrupção, desta maneira o disse: E cumprirei a vosso
favor as santas e fiéis promessas feitas a Davi.
35 Por isso, também diz em outro Salmo: Não permitirás que o teu
Santo veja corrupção.
36 Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria geração,
conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de seus pais
e viu corrupção.
37 Porém aquele a quem Deus ressuscitou não viu corrupção.
38 Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia
remissão de pecados por intermédio deste;
39 e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.
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Quando vemos a questão da nova aliança também quanto ao novo que está
associado àquilo que a nova aliança torna disponível àqueles que se associam a ela, e
não somente a aliança como um item isolado, podemos ver de uma forma ainda muito
mais enaltecida e sublime o que Cristo fez quando veio em carne ao mundo para que “o
primeiro fosse removido” e para que “o segundo fosse estabelecido”.

Hebreus 7: 9 Então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a


tua vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

2 Coríntios 5: 17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as


coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
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298

Portanto, alcançar a reconciliação ou entrar em associação com Deus através Cristo


como o Mediador da nova aliança é passar a estar em Cristo, o próprio Mediador,
onde o primeiro e antigo sacerdócio se torna passado e em quem a novidade de vida do
segundo sacerdócio nos é de direito através da nova aliança.

Romanos 6: 4 Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo;


para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória
do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.

A nova aliança, mediada por Cristo, é exclusiva. É uma aliança que liberta as pessoas
da sujeição ao pecado em geral, mas também do que é do primeiro sacerdócio para que
as pessoas possam ser firmadas em bases justas e inabaláveis que o próprio Senhor
estabeleceu e na qual nenhuma justiça (ou na realidade injustiça) do primeiro
sacerdócio é aceita.

Romanos 3: 20 Visto que ninguém será justificado diante dele por obras
da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.
...
28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,
independentemente das obras da lei.

Apesar de muitos alegarem que há caminhos distintos para uma pessoa estabelecer a
comunhão com Deus, as Escrituras em geral e as palavras de Cristo nos mostram que
isto somente é possível através do eterno e exclusivo Mediador e por meio da única
aliança que Ele media, não havendo qualquer outra alternativa para que um sacerdócio
seja reconhecido e aceito perante o Senhor.
Ressaltamos isso repetidamente porque, especialmente em relação à nova aliança,
muitos ensinos no mundo têm externado algumas considerações equivocadas que
podem levar as pessoas a pensarem que a antiga aliança e a nova aliança, no final das
contas, poderiam ser mescladas ou até que a segunda aliança é uma continuidade e um
aperfeiçoamento da primeira, o que, de fato, não é o caso.
Quando vemos que as alianças referenciadas no parágrafo anterior são as expressões
de adesão a um tipo de sacerdócio, mais especificamente ao primeiro ou ao segundo
sacerdócios, e que o primeiro e o segundo sacerdócios são efetivamente opostos e não
compatibilizáveis, podemos ver que também a primeira e a segunda alianças referem-se
respectivamente a aspectos que não são meramente distintos, mas antagônicas e não
conciliáveis sob nenhuma hipótese.
Reconhecer a posição oposta entre alianças divergentes pode representar um
aspecto crucial para as pessoas, pois a opção de um indivíduo por uma aliança que
contraria a aliança única, singular, gloriosa, perfeita e exclusiva que Cristo oferece pode
dissociá-lo da aliança de vida, da graça e da misericórdia infindáveis que há somente no
segundo sacerdócio, na lei de Cristo e na nova aliança.
Tudo aquilo que Deus nos oferece no sacerdócio e na aliança em que Cristo é o Único
Mediador é o que igualmente também nos é oferecido através do Evangelho do Senhor.
Entretanto, tudo aquilo que o Evangelho nos oferece também pode se tornar nulo para
uma pessoa se ela não optar pela nova aliança em Cristo ou se ela quiser a aliança de
Cristo, mas não de forma exclusiva.
299

Devido ao fato da nova aliança ser exclusiva em relação às demais alianças


sacerdotais, e lembrando que circuncisão é também um tipo de figura de uma
associação de pessoa a uma aliança e o respectivo sacerdócio, entendemos que convém
ressaltar mais uma vez o texto que já foi mencionado várias vezes no presente estudo:

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de
nada vos aproveitará.
3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está
obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes.
5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.
6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão
têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.
7 Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à
verdade?
8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama.
9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.
10 Confio de vós, no Senhor, que não alimentareis nenhum outro
sentimento; mas aquele que vos perturba, seja ele quem for, sofrerá
a condenação.
11 Eu, porém, irmãos, se ainda prego a circuncisão, por que continuo
sendo perseguido? Logo, está desfeito o escândalo da cruz. (RC+RA)
----

Quando Deus intentou introduzir a Cristo como a pedra espiritual de quem flui os
rios de água vida ou como o Anjo que iria à frente do povo no deserto e em Canaã,
Cristo não foi aceito desta forma e passou a seguir as pessoas em vez de ir à sua frente.
E isto o Senhor fez por séculos.
Entretanto, ao se cumprir a plenitude do tempo ou o tempo oportuno perante Deus
para que uma mudança profunda ocorresse, o velho sacerdócio ou a velha proposição
de relacionamento com Deus perdeu totalmente o seu lugar perante o Senhor, dando
espaço precisamente Àquele que por tanto tempo havia sido rejeitado ou negligenciado.

Salmos 118: 22 A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a


principal pedra, angular;
23 isto procede do SENHOR e é maravilhoso aos nossos olhos.
24 Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos
nele.

1 Pedro 2: 7 Para vós outros, portanto, os que credes, é a preciosidade;


mas, para os descrentes, A pedra que os construtores rejeitaram,
essa veio a ser a principal pedra, angular
8 e: Pedra de tropeço e rocha de ofensa. São estes os que tropeçam na
palavra, sendo desobedientes, para o que também foram postos.
300

9 Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de
propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
10 vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de
Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora,
alcançastes misericórdia.

Romanos 9: 33 Como está escrito: Eis que ponho em Sião uma pedra de
tropeço e rocha de escândalo, e aquele que nela crê não será
confundido.
+
Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
----

Por fim, neste capítulo, observando novamente os últimos textos citados acima,
gostaríamos ainda de ressaltar que Cristo é, da parte de Deus, o garantidor da nova
aliança que nos associa ao segundo sacerdócio ou ao sacerdócio segundo Cristo, e não
segundo a lei de Moisés ou de um mandamento carnal.
E uma vez que através de Cristo, Deus já estabeleceu a remoção do velho modelo de
sacerdócio, o Senhor não tem mais qualquer compromisso com este sacerdócio, ao
ponto de que se alguém que já se associou à nova aliança voltar a se associar ao velho
sacerdócio ou similar a ele, este indivíduo também se coloca sob a condição de se
desligar de Cristo ou se dissociar do sacerdócio que é estabelecido sob a graça celestial.
Assim, talvez até por excessivo cuidado, mas devido ao conflito que tem sido gerado
em torno deste tema, gostaríamos de reiterar mais uma vez que:
 1) O Senhor Jesus jamais morreu na cruz para que as pessoas recebessem força
especial para praticarem a lei de Moisés, pois Cristo veio para remover a validade
desta lei e prover libertação às pessoas do jugo pesado da antiga lei;
 2) O Senhor Jesus Cristo não foi, não é, e nunca será um mediador das pessoas
para com a velha aliança, o primeiro ou antigo sacerdócio, com a lei de Moisés ou
com qualquer aspecto similar a estes ou de alguma de suas partes;
 3) O Senhor Jesus nunca foi, não é, e jamais será mediador das pessoas para com
a velha aliança, o velho e obsoleto sacerdócio, e com a lei de Moisés, sendo isto
válido para todas as pessoas do mundo ou para todas as pessoas figuradas ou
denominadas nas Escrituras tanto de “judeu” como “grego” (ou gentio).

Por outro lado, aquele que se associa a Cristo e permanece voluntariamente optando
no seu coração pela associação à nova aliança também tem a garantia do Senhor de que
301

ele será sustentado para sempre nesta nova aliança, ainda que oposições ou rejeições
possam vir a se levantar contra ele precisamente por estar associado a Cristo na única e
nova aliança aceitável diante do Senhor.
Conforme também já vimos anteriormente, Cristo é o firme fundamento de todo
aquele que se associa a Deus através da nova aliança. Cristo é a rocha inabalável que
sustenta o sacerdócio segundo a vontade de Deus. Cristo é o que instrui e ensina
aqueles que se associam a Deus através Dele em tudo o que necessário para a plena e
eterna salvação.

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.
13 Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra
tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;
14 pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual
Moisés nunca atribuiu sacerdotes.
15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de
Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.
17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque.
18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
20 E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem
juramento, são feitos sacerdotes,
21 mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou
e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre);
22 por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.
23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são
impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
----

Através da mediação que Cristo nos oferece para a nova aliança, e não
para a velha, o Senhor Jesus nos oferece para estarmos Nele, porque
também Ele é o fiador ou garantidor em quem a Nova Aliança permanece
para sempre ou jamais pode ser abalada.
Mediante a fé em Cristo, como sendo Ele o enviado por Deus para a nossa redenção
da velha aliança ou da sujeição ao jugo pecado, podemos vir a vivenciar que Cristo nos
resgata, nos introduz à nova aliança, nos auxilia e media em tudo que nos é necessário
para a reconciliação e comunhão com Deus e com o seu reino, e, por fim, que Cristo
ainda nos sustenta para que possamos desfrutar eternamente das preciosas condições e
dádivas que estão associadas ao Evangelho e estão exclusivamente associadas à nova
aliança.
302

Romanos 8: 31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por


nós, quem será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem
os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós.
35 Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou
angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada?
36 Como está escrito: Por amor de ti, somos entregues à morte o dia
todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro.
37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por
meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem
os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.
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Sejam o Pai Celestial e Cristo exaltados pela Eterna Glória que nos é manifesta tão
abundantemente através da glória de Deus na face de Cristo também como o nosso
eterno e inabalável Mediador da Nova Aliança, e associado à qual ainda há tanto a
ser conhecido e vivido.

Hebreus 8: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.
303

C18. Proposições Apregoadas como Nova Aliança, mas que


na Realidade Tem por Base as Motivações da Velha Aliança

A. O Papel das Motivações na Inclinação para os Aspectos


Similares aos Associados à Velha Aliança

Dando sequência ainda ao aspecto abordado no capítulo anterior de que Cristo é o


Mediador da nova aliança e não da velha, entendemos ser necessário nos atermos ainda
um pouco mais neste tema, pois, além do fato de muitas pessoas procurarem alegar que
Cristo veio oferecer uma nova aliança como uma renovada capacidade para viver a
velha aliança, também há muitos que alegam crer que Cristo veio oferecer uma nova
aliança para uma nova condição, e não a velha, mas que, na questão prática das suas
proposições, acabam se inclinando para tentar associar a vida cristã a alguns dos
aspectos da velha aliança.
Portanto, aqueles que alegam crer em Cristo como o enviado de Deus para a sua
salvação, mas que não se conformam ao fato de que, após a crucificação de Cristo, Deus
já estabeleceu a revogação ou remoção completa de qualquer condição válida do
primeiro sacerdócio, da lei de Moisés e da antiga aliança, de uma outra de outra forma
persistem em procurar alternativas para que os referidos aspectos antigos e obsoletos,
ou partes deles, possam ser mantidos ativos em suas vidas.
Quer pela alegação de que Cristo trouxe uma nova aliança para viver o antigo ou pela
alegação de que de fato Cristo veio prover nova aliança e novidade de vida, mas sem
isto implicar na necessidade de um afastamento total dos aspectos da velha aliança, há
muitas pessoas no mundo que não querem se conformar àquilo que Deus declarou
estabelecido a partir da crucificação, sepultamento e ressurreição de Cristo, assim como
da sua ascensão ao céu para se assentar à direita do trono do Pai Celestial.
E aqui entendemos ser oportuno abrir um espaço para perguntar por que tantas
pessoas ainda insistem nos aspectos inerentes à velha aliança se Deus já se manifestou
tão objetivamente e explicitamente quanto à condição obsoleta do primeiro sacerdócio,
da sua lei e da sua aliança?
Considerando que Deus, através de Cristo, já expressou com tanta clareza e firmeza
que Cristo não veio fortalecer as pessoas para tentarem viver novamente aquilo do qual
Cristo veio libertá-las, por que as pessoas ainda insistem em tentar manter aquilo ou
parte daquilo que atua para escravizá-las?
Tendo em mente que Cristo é o fim da lei para a justiça de todo aquele que Nele crê e
que através de Cristo foi cancelado todo o escrito espiritual de dívida que era contrário
às pessoas tanto por causa do pecado como por causa da velha aliança, por que, então,
as pessoas insistem em querer aspectos da velha aliança ou similares a eles?
Se a intervenção de Cristo em favor dos seres humanos através da sua morte na cruz
do Calvário e pelo oferecimento da nova aliança significa a tão necessária oportunidade
para receberem a libertação da sujeição ao pecado acentuado pela lei da velha aliança,
por que as pessoa ainda se sentem tão atraídas a ter vínculo com aquilo do qual foram
libertas e que somente objetiva mantê-las sob o pesado jugo da “letra que mata”?
Assim, visando responder ao menos uma parte significativa das questões acimas
expostas, entendemos ser crucial abordar o tema da nova aliança e da antiga aliança
não somente do ponto de vista dos fatos em si que ocorreram ao longo da história, mas
304

também sob uma ótica mais detalhada sobre as motivações pelas quais as pessoas se
associaram ao primeiro sacerdócio e através das quais, de alguma forma, continuam
tentando associar a vida cristã a aspectos da velha aliança e da sua lei.
Considerando que as Escrituras explicitamente ensinam que o primeiro e o segundo
sacerdócios são incompatíveis já desde seus aspectos fundamentais e de que, perante o
Senhor, o primeiro sacerdócio já está considerado como obsoleto e revogado mediante
a obra de Cristo na cruz do Calvário, pode parecer que o mais razoável ou até óbvio
seria que as pessoas não mais insistissem em carregar a bandeira do primeiro
sacerdócio, partes dele ou de sacerdócios similares a ele. No entanto, este não é o caso
pelo fato de que a remoção do primeiro não implica necessariamente na remoção das
motivações dos seres humanos que os levaram a anelar pela primeira aliança.
A despeito de Deus já ter permitido o mundo vir a conhecer de forma
prática a fraqueza e a inutilidade do primeiro sacerdócio, da lei de Moisés e
da antiga aliança, as pessoas resistem em se apartar deste tipo de
sacerdócio ou partes deles não necessariamente por que lhes falta a devida
informação a respeito do que o Senhor já fez, mas porque deixam as suas
motivações falarem mais alto do que aquilo que Deus já revelou
amplamente e explicitamente ao mundo.
Convém ressaltar aqui, então, que através da revelação dos fatos históricos da
instauração do primeiro sacerdócio, da sua remoção através e a partir da obra de Deus
em Cristo Jesus na cruz do Calvário e da declaração explícita da fraqueza e da
inutilidade do primeiro sacerdócio, o Senhor não tem chamado a nossa atenção
meramente aos fatos históricos em si, mas para que através dos fatos tenhamos o
coração instruído sobre aquilo que motivou os fatos e cujas motivações continuam a
estar presentes nos corações dos seres humanos inclusive depois da remoção do
primeiro sacerdócio.
Quando relembramos que o primeiro sacerdócio originou a partir de uma atração
por um mandamento carnal e que Deus descreveu a associação a ele como a escolha das
pessoas pelos seus próprios caminhos em vez da maneira pela qual o Senhor queria
instruí-las, vemos que os aspectos acentuados por Deus nos anos e séculos que se
seguiram ao estabelecimento da velha aliança passaram a ter o seu destaque
primordialmente direcionados àquilo que estava no coração das pessoas ou àquilo que
as motivou a se inclinarem para os tipos de aspectos associados à primeira aliança.

Jeremias 7: 22 Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da


terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos
ou sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei
o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que
eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.
25 Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje,
enviei-vos todos os meus servos, os profetas, todos os dias;
começando de madrugada, eu os enviei.
26 Mas não me destes ouvidos, nem me atendestes; endurecestes a
cerviz e fizestes pior do que vossos pais.
----
305

Após todo o período histórico da instauração do primeiro sacerdócio até


a declaração da sua condição obsoleta, de fraqueza e inutilidade, vemos
que um dos aspectos essenciais resultantes não foi somente expor a
enormidade de detalhes associados ao antigo sacerdócio, mas tornar
conhecido aqueles pontos que são agentes propulsores para as pessoas
reincidentemente continuarem a almejar vários dos aspectos associados
àquele tipo de sacerdócio.
Em um primeiro momento, nos dias atuais, algumas pessoas talvez possam pensar
que o contexto do primeiro sacerdócio estava relacionado somente àquele momento da
história e que elas atualmente não estão mais sob o risco de serem envolvidas por
aquele contexto após o antigo ter sido declarado obsoleto pelo Senhor. Entretanto,
quando passamos a ver que aquilo que motiva as pessoas a se inclinarem a aspectos
similares ao primeiro sacerdócio ainda continua igualmente ativo nos corações dos
seres humanos, a despeito da primeira aliança já ter a sua condição legítima perante
Deus encerrada, podemos perceber que o Senhor permitiu aqueles fatos para que
também em todas as gerações se faça conhecido aquilo que impulsiona as pessoas a se
inclinarem completamente ou parcialmente a sacerdócios contrários à vontade de
Deus, conforme as seguintes Escrituras similarmente nos ensinam:

1 Coríntios 10: 6 Ora, estas coisas se tornaram exemplos para nós, a fim
de que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.

Ao fazer referência ao tempo passado do povo liberto do domínio do Egito e que


passou a escolher a sujeição à velha aliança, o texto de 1Coríntios 10 nos é concedido
por Deus como mais uma das narrativas que não se limita aos fatos exteriores ou
aparentes, mas, similarmente ao texto de Jeremias 7 e vários outros, ele faz sobressair o
aspecto motivacional associada às atitudes das pessoas ao optarem por este tipo de
caminho.
Além disso, o texto de 1Coríntios 10 explícita que as mesmas questões motivacionais
não cessaram com o fim do primeiro sacerdócio perante o Senhor e que as pessoas em
qualquer geração igualmente estão diante do risco de incorrerem em situações
similares.
Nos dias atuais, muitas pessoas já não propõem mais o cumprimento de toda a lei de
Moisés porque sabem que é um fardo insuportável e impraticável. Entretanto, muitas
dentre elas, ainda assim elegem as partes daquela lei que pensam que mais irão lhes ser
convenientes, e fazem isto pelas mesmas razões que sempre levaram as pessoas no
passado a proporem o primeiro sacerdócio.
Ressaltamos aqui, então, que é a postura pessoal de cada indivíduo que dá espaço ou
não à lei do primeiro sacerdócio ou aos aspectos associados à velha aliança ainda que,
no sentido geral, o primeiro sacerdócio, a sua lei e a sua aliança já tenham sido
declarados obsoletos ou revogados diante do Senhor.
Sob a nova aliança, Cristo não conduz as pessoas a se associarem com aquilo que as
afasta Dele e volta a escravizá-las. Entretanto, como a nova aliança é firmada sob o
conceito de ser uma oferta de vida e não uma imposição, as pessoas continuam a ter a
306

opção de escolherem segundo o seu próprio juízo aquilo que elas próprias querem
escolher.
E ao observarmos a referência mais global ou resumida que é feita em
1Coríntios 10 às motivações que procuram impulsionar as pessoas em
todas as gerações a se inclinarem ao que não lhes é apropriado, inclusive
quanto ao aspecto de tentarem buscar a Deus segundo as suas próprias
proposições, encontramos descrito ainda que um dos principais pontos
entre elas é aquela que é denominada de cobiça ou também traduzida em
alguns versões ou idiomas como desejos.
Por causa daquilo que cobiçaram ou desejaram, as pessoas, à muitos séculos atrás,
almejaram coisas que não eram verdadeiramente caminhos de novidade de vida, mas
de condenação e morte. Por outro lado, conforme nos explica o texto de 1Coríntios 10 e
outros, isto também foi permitido para que viesse a se tornar em exemplo à todas as
gerações para que as pessoas estejam informadas destas motivações inadequadas e não
repitam o erro de igualmente se inclinarem a seguir pelos mesmos caminhos.
Portanto, considerando que associado à palavra cobiça, mencionada em 1Coríntios
capítulo 10 e vários outros textos das Escrituras, há fatores tão significativos e cruciais
para as escolhas dos aspectos centrais para a vida de cada indivíduo, entendemos ser
necessário averiguar mais extensamente neste ponto, aquilo que foi almejado mostrar
como associado à esta palavra e também porque o seu atual uso apresenta algumas
variações que podem limitar ou até distorcer o significado que este termo tinha nos
tempos em que as Escrituras foram produzidas.
No presente, para muitos, e até assim é descrita em alguns dicionários, a palavra
cobiça ressoa como um desejo inadequado ou até como um sinônimo de palavras como
ganância, inveja, avareza ou luxúria.
Entretanto, enquanto a palavra cobiça nos dias atuais tende a ser relacionada por
muitos a uma conotação negativa ou em que a condição negativa sempre prevalece, nos
dias antigos, este termo também tinha uma conotação neutra quanto àquilo que alguém
desejava ou anelava, a ponto do texto de 1Coríntios capítulo 10 nos instruir a não
cobiçarmos as coisas “más” e a ponto desta palavra cobiça, inclusive nos dias atuais,
ainda permanecer sendo descrita por diversos dicionários contemporâneos como um
anelo ou desejo por algo, conforme vários exemplos abaixo:
Cobiça:
Comentários na Online Bible associados ao léxico de Strong:
a) Desejo;
b) Ganância;
c) Girar em torno de algo;
d) Ter um desejo por, anelar por, desejar (inclui-se também o desejo por coisas proibidas).

Dicionário Merriam-Webster (traduzido pelo autor para o português):


Além do uso negativo:
a) Um anelo ou desejo intenso;
b) Entusiasmo.
Uso considerado obsoleto:
a) Inclinação pessoal;
b) Desejo.
307

Definição Apresentada pelo Google:


a) Desejo ardente de possuir algo ou conseguir alguma coisa;
b) Desejo imoderado de bens, riquezas ou honras;
c) Ambição, avidez, concupiscência.

O Novo Dicionário da Bíblia (Edições Vida Nova):


Versão em Português:
a) Qualquer desejo intenso, o qual, se mal orientado, poderá ser concentrado sobre
dinheiro, ... possessões, ... imoralidade, ... vícios, ... avareza, ... tendo como essência a
adoração ao “eu”, caracterizando-se no final em idolatria.
Traduzido da Palavra Luxúria do Dicionário em Inglês (a qual é usada em inglês
também para a palavra cobiça):
a) A palavra em inglês originalmente era um termo neutro, descrevendo qualquer desejo
forte ou intenso;
b) Em seu limitado uso moderno no sentido de paixão sexual, ela não mais espelha o uso
mais antigo;
c) No uso antigo, expressa o intenso anelo, qualquer desejo intenso, sendo que o contexto
ou o adjetivo ao qual ela é associada é que vai determinar a sua natureza se ela é boa
ou má.
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Desta forma, se não nos limitarmos somente ao significado mais comumente


utilizado para a palavra cobiça, e fizermos uso do conceito mais amplo de que ela
expressa um intenso desejo das pessoas por algo, podemos também ampliar a
compreensão daquilo que motivou e ainda continua a motivar as pessoas a anelarem de
forma tão persistente por aspectos similares àqueles que estavam associados à velha
aliança ou ao velho sacerdócio.
Embora a palavra cobiça, em sua condição original nas Escrituras, tenha sido
utilizada mais frequentemente relacionada a desejos impróprios, ressaltamos que este
nem sempre foi o caso, porque no passado, ela também podia ter a conotação somente
de desejo intenso, assim como ela também não foi aplicada somente a alguns desejos,
mas ao conceito em geral daquilo que as pessoas anelam ou desejam em geral de forma
mais intensa.
Assim, quando as Escrituras nos exortam a não cobiçarmos as coisas más que
foram desejadas por aqueles que optaram por um sacerdócio com mediadores humanos
na sua relação com Deus, que não devemos dar lugar a desejos malignos ou que não
devemos nos deixar ser guiados por paixões carnais, elas estão nos alertando para
estarmos atentos de forma geral às motivações às quais o nosso coração pode vir a se
inclinar a fim de não darmos lugar aos maus desejos e sermos guiados por estes e não
pelo Senhor.
Em outras palavras, o que estamos procurando abordar aqui é que embora o Senhor
já tenha declarado o primeiro sacerdócio obsoleto e revogado, as pessoas continuam a
se inclinar às tentativas de mesclar a nova aliança com a antiga aliança porque acabam
dando lugar ou preferência aos seus desejos e não àquilo que o Senhor já fez, anunciou,
ofereceu e instruiu para seguirmos.
Estamos insistindo de forma repetitiva neste ponto porque embora cobiçar as coisas
más possa incluir a cobiça pelo dinheiro ou paixões carnais mais específicas, como
veremos mais adiante, é a inclinação de forma geral para que os seus desejos
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pessoais prevaleçam que faz com que as pessoas acabem incorrendo em


proposições em que querem a bênção de Deus, mas não querem o Senhor
tão próximo a elas a ponto de terem que abrir mão de muitos desejos
pessoais no coração, similarmente àquilo que ocorreu nos tempos antigos.
Assim como as pessoas libertas do domínio do Egito queriam o cuidado de Deus
sobre elas, mas não queriam ao Senhor tão próximo a ponto de terem que se afastar dos
seus desejos inapropriados, sugerindo, portanto, um sacerdócio baseado em
mandamentos de comportamento aparente ou exterior e com mediadores humanos,
assim também muitas pessoas querem a nova aliança em Cristo, mas com certas
similaridades com a velha aliança para que igualmente possam continuar a seguir a sua
inclinação às “más cobiças”.
Portanto, as más cobiças das pessoas que alegam querer a nova aliança, mas que ao
mesmo tempo também atuam na tentativa de corromper esta nova aliança, são o
reflexo das suas insistências em quererem o favor de Deus, mas sem que isto implique
em que Deus de fato seja Senhor em suas vidas para que também não necessitem se
apartar dos maus desígnios de seus corações.
A postura de cobiçar as coisas más que eles cobiçaram, acaba levando as pessoas a
quererem o bem vindo de Deus na medida em que parece propício a eles, mas sem que
necessitem se expor muito ao Senhor para que não se deparem com luz de Deus a fim
de que não sejam iluminadas a respeito dos desejos dos quais não querem se apartar.
Ela é uma posição onde as pessoas querem os benefícios que supõem poder alcançar no
Senhor, mas na qual não querem que Deus intervenha em seus pensamentos e desejos
aos quais querem ficarem apegados.
Um dos pontos centrais que se encontra em cobiçar as coisas más que
eles cobiçaram está na manutenção do objetivo de não perder os favores
advindos do relacionamento com Deus, mas, ao mesmo tempo, tentando
manter o coração independente do Senhor.
A atitude de cobiçar as coisas más que eles cobiçaram se mostra como algo muito
perigoso porque ela pode levar as pessoas ao pensamento de que uma devoção aparente
a Deus pode justificar os desejos inapropriados do coração, podendo levar as pessoas à
ideia de que não há tanto problema assim se um indivíduo se rendeu a algo
inapropriado desde que ele cumpra algumas regras religiosas.
Quanto mais espaço as pessoas dão ao cobiçar as coisas más que eles cobiçaram,
mais elas começam a ficar sujeitas ao pensamento de que os seus desejos justificam
aquilo que almejam, ainda que aquilo que desejam não seja em absoluto razoável. É o
tipo do pensamento que leva alguns a crerem que é o desejo que justifica a busca por
algo ou a realização de algo mesmo que contrário à vontade de Deus.
Quanto mais lugar as pessoas dão ao cobiçar as coisas más que eles
cobiçaram, mais elas passam a se sentir no direito de elas mesmas
definirem o que elas têm direito, como, por exemplo, alegarem que têm
direito a serem felizes a qualquer custo. E é a partir deste tipo de aspecto
que muitos começam a pensar que podem associar à nova aliança aquilo
que elas desejam que venha a compor a nova aliança.
Assim, os detalhes ou aspectos específicos pelos quais as pessoas querem modificar
ou distorcer a nova aliança são muitos, mas aquilo que as equipara àqueles indivíduos
que quiseram um sacerdócio com regras exteriores acaba, de uma ou de outra forma,
estando conectado ao pensamento de que a criação pode propor, ou ao menos propor
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parcialmente, como deveria ser o relacionamento dos seres humanos com o seu
Criador.
A atitude de cobiçar as coisas más que eles cobiçaram é querer as
bênçãos de Deus que são designadas a partir do mundo espiritual, mas sem
que o homem natural precise abrir mão dos seus desejos segundo a sua
natureza humana e assim venha a ser iluminado para passar a viver e
andar segundo o entendimento e a vontade espiritual do reino dos céus.
A postura de cobiçar as coisas más que eles cobiçaram é querer benefícios
espirituais para serem acrescidos ao viver e andar segundo a carne e não em
conformidade com a instrução do Espírito do Senhor, espelhando o desejo de não abrir
mão de uma suposta posição de proeminência do homem natural.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito


de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.

João 3: 19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens


amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram
más.

Deus é notoriamente claro ou explícito quanto à posição exclusiva de


Cristo como o Mediador da nova aliança para a novidade que há
exclusivamente no novo sacerdócio. Entretanto, quando o homem natural
quer que os seus desejos prevaleçam segundo a sua limitada ótica natural e
dissociada da luz do Senhor em seu coração, é segundo o homem natural
que ele também irá tentar compreender, amoldar ou estabelecer o seu
relacionamento com o Senhor.
Quando, por um lado, as pessoas não querem se apartar completamente
do cuidado e do favor de Deus, mas, por outro lado, não querem a Deus
como o Senhor em suas vidas, elas inevitavelmente acabam enveredando
para caminhos nos quais tentarão compatibilizar a nova aliança com
aquilo que almejam fazer ou obter, incorrendo em tentar de alguma forma
compatibilizar os desejos do homem natural com a proposição de nova
aliança oferecida pelo Senhor.
Quando sujeito à limitada mentalidade da criatura, o homem natural pensa que
pode definir formas de relacionamento com o Senhor, onde Deus é bem-vindo a servi-
lo, mas não para ser o seu Senhor de fato a ponto de intervir nos seus maus desígnios,
cobiças ou desejos.
Portanto, apesar de que perante Deus o primeiro sacerdócio já é considerado
revogado e que Cristo é Único Mediador da nova aliança e não da velha, muitas pessoas
em todas as gerações continuarão procurando caminhos para tentar, de alguma forma,
manter partes ou conceitos do primeiro sacerdócio ainda que necessitem se render às
mais variadas dissimulações para tentarem justificar as suas inapropriadas opções ou
as suas inclinações do coração, como também nos é informado nas Escrituras abaixo:
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2 Timóteo 4: 3 Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;


pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias
cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos;
4 e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas.

Ou seja, assim como as pessoas que sugeriram um sacerdócio onde alguns dos seus
semelhantes seriam os seus mediadores porque não queriam se apartar da cobiça por
coisas más, mas ao mesmo tempo, não queriam se apartar por completo do Deus que
havia lhes libertado do Egito, visando manter a proteção e as bênçãos deste Deus para
com eles, assim também, em todas as gerações, continua havendo pessoas que de
alguma forma procuram caminhos fantasiosos onde imaginam que em suas
proposições poderão harmonizar a manutenção de uma vida com uma certa medida de
devoção a Deus sem necessitarem se apartar dos maus desejos dos seus corações.
Em sua busca por modelos que agradam aos seus interesses carnais, há
pessoas em todas as gerações que procuram se cercar de ensinos que lhes
agradam para respaldarem o que desejam, mas através dos quais também
incorrem na rendição ou sujeição a uma variedade de perniciosas e
enganosas fábulas.
Em sua busca por modelos que atuem em consonâncias com as suas cobiças pelas
coisas más, há pessoas, em todas as gerações, que procuram se cercar de ensinos que
lhes proporcionem a ideia, embora ilusória, de que elas podem continuar a sugerir a
Deus algumas formas sacerdotais que lhes agradem, e que elas, inclusive, podem
estabelecer e seguir proposições do que elas próprias entendem que seria apropriado
considerar como aquilo que compõe o segundo sacerdócio ou a nova aliança,
chamando, ainda, estas proposições de suas doutrinas ou das doutrinas dos grupos que
elas constituem.
Ao desejarem manter uma certa devoção a Deus, mas também permitirem que as
suas cobiças pelas coisas más ou outros anelos da carne tomem à frente da direção de
suas vidas, e não a boa, perfeita e agradável vontade de Deus como o Senhor a
apresenta na nova aliança, as pessoas, de uma ou de outra forma, procurarão
estabelecer modelos mistos de sacerdócios onde elas se inclinam a tentar agrupar um
pouco daquilo que as agrada na nova aliança com aquilo que as atrai no primeiro ou
outros sacerdócios contrários a Cristo, pensando ainda, em suas fábulas, que isto até
pode vir a ser aceitável diante de Deus.
Assim, em sua sujeição às fábulas oriundas dos ensinos dos quais eles próprios
escolherem se cercar, muitas pessoas, por exemplo, continuam ousando a propor que
ainda podem eleger os mediadores que lhes convém, mesmo depois da ressurreição de
Cristo e do fato do Pai Celestial já ter estabelecido a Cristo como o Único Mediador
entre Deus e os seres humanos.
Em seu descabimento, muitos chegam inclusive à intrepidez de propagarem ou
ensinarem de que até na nova aliança em Cristo, é tolerável perante Deus que alguns
associados à esta aliança sejam erguidos como mediadores de outros associados à
mesma aliança e, ainda, que estes mediadores humanos inclusive continuam tendo o
direito de cobrar dízimos e ofertas similarmente à velha aliança como se isto ainda
estivesse alinhado com a vontade de Deus.
Portanto, mais uma vez, conhecer os fatos históricos narrados nas Escrituras sobre o
primeiro sacerdócio, com vistas a que as motivações indevidas que procuram afligir os
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corações das pessoas em cada geração venham a estar mais amplamente reveladas,
passa a ser um ponto crucial para que aquilo que está além do aparente ou do aspecto
superficial seja desvendado, pois embora Deus já tenha estabelecido a revogação do
primeiro sacerdócio, as motivações que levaram as pessoas a se inclinarem a ele agora
se canalizam como resistência à nova aliança em Cristo Jesus.
Visando um discernimento sobre aquilo que tenta aparentar como alinhado com o
reino de Deus, mas que na realidade é um conjunto de suposições e proposições
distorcidas segundo o homem natural, entendemos que é crucial saber que os fatores
motivadores da resistência à nova aliança em Cristo, similar ao ocorrido na proposição
do denominado primeiro sacerdócio, podem não se expressar em oposição explícita ou
necessariamente direta contra a nova aliança. Quando, porém, vistas além da
superficialidade, várias resistências apresentarão características motivacionais
similares às associadas aos anelos das pessoas na antiguidade pela antiga aliança.
Apesar do denominado primeiro sacerdócio já ter tido encerrado o seu tempo para
tentar se mostrar apropriado, conhecer as motivações das pessoas em se associar a ele
pode cooperar em evidenciar as razões pelas quais tantas pessoas, de geração em
geração, acabam recaindo na resistência ao caminho de relacionamento com Deus na
forma como lhes é oferecido pelo Senhor.
As tentativas de inserir proposições que tentam mesclar itens da velha e da nova
alianças podem até apresentar um discurso de uma suposta concordância com vontade
de Deus em Cristo de remover o velho para estabelecer o novo, mas estas proposições,
na prática, têm tido um papel de oposição à Cristo, pois elas continuam a refletir o que
reina no coração do homem natural que não quer a Deus como o seu Senhor.
O fato do primeiro sacerdócio ter advindo de uma proposição carnal, e não espiritual
provinda do céu, explica, em vários sentidos, quais eram os alvos que as pessoas tinham
ao propor um sacerdócio deste tipo, o que também acaba explicando as tentativas de
proposições e implantações atuais de ministérios mistos e contrários ao querer de Deus
ou à posição de Cristo na nova aliança.
Por fim neste tópico, gostaríamos de ressaltar ainda que quando as Escrituras nos
chamam para estarmos atentos às motivações das pessoas que estavam presentes no
contexto da opção pelo primeiro sacerdócios, elas ainda nos chamam a atentar para o
fato já anteriormente citado e que menciona que um pouco de fermento leveda
toda a massa, e que embora a nova aliança não possa jamais ser corrompida, um
bom solo, uma boa massa ou um bom coração, se permitido, pode, sim, vir a ser
corrompido pelo “fermento da cobiça pelas coisas más” que também estava presente na
proposição do primeiro sacerdócio.

1 Coríntios 5: 6 Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de


fermento leveda a massa toda?
7 Lançai fora o velho fermento, para que sejais nova massa, como
sois, de fato, sem fermento. Pois também Cristo, nosso Cordeiro
pascal, foi imolado.
8 Por isso, celebremos a festa não com o velho fermento, nem com o
fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da
sinceridade e da verdade.
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B. A Motivação por Andar por Vista e Não Mediante a Fé em


Deus

Após vermos que Cristo é o Mediador exclusivo da nova aliança e que o Senhor Jesus
de forma alguma atua como um mediador da velha aliança, mas que é pelas motivações
em seus corações que as pessoas se movem a tentarem mesclar a nova aliança com os
aspectos do primeiro sacerdócio, entendemos ser interessante também avançar um
pouco mais em direção a observarmos algumas motivações específicas pelas quais as
pessoas procuram associar à nova aliança partes de sacerdócios contrários a Deus.
E como um primeiro ponto mais específico a ser visto neste capítulo, lembramos que
uma referência básica de vida sob a velha aliança é o andar por vista, pelo que é
palpável, pelo tabernáculo materializado, pelo mandamento previamente escrito, pelo
esforço natural ou da carne e pelas obras aparentes. E conforme já visto anteriormente,
é o andar que não é mediante a fé no Senhor.

Gálatas 3: 11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de


Deus, porque o justo viverá pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus
preceitos por eles viverá.

Quando as pessoas não querem viver e andar sob a luz de Cristo em seus corações
para não serem iluminadas a ponto de que vejam que necessitam mudar os seus desejos
pessoais, elas se fecham às coisas do Espírito de Deus, o que, conforme visto no tópico
anterior, as coloca em uma condição em que também deixem de compreender ou
discernir as coisas espirituais, ficando restritos ao conhecimento e sabedoria do homem
natural.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito


de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.

E, por sua vez, quando as pessoas não vivem e não andam mediante a fé em Deus,
elas começam a ter os seus corações inclinados a tentar realizar seus próprios planos ou
agendas, associando-os prioritariamente com atos externos e repetitivos como se, desta
forma, pudessem vir a agradar a Deus e obter a justificação e as bênçãos que almejam
receber da parte do Senhor.
Quando as pessoas começam a focar a sua atenção preponderantemente nas coisas
terrenas, elas não somente passam a se afastar do entendimento da vontade de Deus,
como também começam a se inclinar a caminhos contrários à vida em conformidade
com o reino de Deus, podendo chegar ao ponto de incorrerem na condição de inimizade
para com a obra de Cristo na cruz do Calvário por alegarem querer seguir ao Senhor,
mas preferirem as coisas da carne, naturais ou terrenas em vez daquilo que está
associado à vida segundo o Espírito do Senhor.
Vejamos abaixo mais alguns textos que exemplificam as condutas acima
mencionadas:
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Gálatas 4: 8 Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses


que, por natureza, não o são;
9 mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por
Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e
pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?
10 Guardais dias, e meses, e tempos, e anos.
11 Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco.

Filipenses 3: 17 Irmãos, sede imitadores meus e observai os que andam


segundo o modelo que tendes em nós.
18 Pois muitos andam entre nós, dos quais, repetidas vezes, eu vos
dizia e, agora, vos digo, até chorando, que são inimigos da cruz de
Cristo.
19 O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória
deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas
terrenas.
20 Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo,
21 o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual
ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de
até subordinar a si todas as coisas.

Romanos 8: 5 Porque os que se inclinam para a carne cogitam das


coisas da carne; mas os que se inclinam para o Espírito, das coisas
do Espírito.
6 Porque o pendor da carne dá para a morte, mas o do Espírito, para
a vida e paz.

Colossenses 2: 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do


mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças:
21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,
22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas
estas coisas, com o uso, se destroem.
23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de
si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm
valor algum contra a sensualidade.
3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai
as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
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Além disso, para não nos atermos somente ao aspecto de que o ser humano em sua
escolha por andar por vista e não por fé acaba ficando ainda mais sujeito a valorizar
inapropriadamente o seu relacionamento com Deus e também com as próprias coisas
naturais, gostaríamos ainda de ponderar sobre algumas razões que corroboram para as
pessoas se atentarem em excesso às coisas palpáveis ou tangíveis aos olhos naturais.
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Assim, a motivação que gostaríamos de analisar aqui quando um indivíduo escolhe


andar por vista e não por fé, e assim não consegue compreender as coisas espirituais,
refere-se à sua sensação de vulnerabilidade em relação àquilo que ele não conhece,
tentado, portanto, amenizar este sentimento de vulnerabilidade com a ação de cercar-
se de coisas que ele possa compreender e controlar ao menos em parte ou em certa
medida.
Uma vez que o homem natural não consegue compreender a origem da vida e nem o
seu destino após a sua morte natural, e isto por optar em não querer a Deus como o seu
Senhor, ele tende a se apegar àquilo que lhe é tangível ou parece mais próximo,
passando inclusive a depositar a sua confiança nas coisas naturais para de alguma
forma vislumbrar algum nível de segurança.

Salmos 49: 11 O seu pensamento íntimo é que as suas casas serão


perpétuas e, as suas moradas, para todas as gerações; chegam a dar
seu próprio nome às suas terras.
...
13 Tal proceder é estultícia deles; assim mesmo os seus seguidores
aplaudem o que eles dizem.

O ser humano apresenta uma necessidade de confiar. E ainda que alguém diga que
não confia em nada e em ninguém, ele ainda assim está confiando que a sua opção de
não confiar em nada e em ninguém é o parâmetro da sua confiança.

Provérbios 28: 26 O que confia no seu próprio coração é insensato, mas o


que anda em sabedoria será salvo.

E, por sua vez, em sua demanda por depositar a sua confiança em algo, se o ser
humano não depositar a sua confiança no Senhor e não for instruído a perceber a vida
também sob a ótica espiritual do reino de Deus, ele tenderá a depositar a sua confiança
naquilo que ele possa ver ou materializar de alguma forma, chegando inclusive ao
ponto de criar ídolos para em seguida depositar a sua confiança naquilo que ele mesmo
criou.

Isaías 44: 14 Um homem corta para si cedros, toma um cipreste ou um


carvalho, fazendo escolha entre as árvores do bosque; planta um
pinheiro, e a chuva o faz crescer.
15 Tais árvores servem ao homem para queimar; com parte de sua
madeira se aquenta e coze o pão; e também faz um deus e se prostra
diante dele, esculpe uma imagem e se ajoelha diante dela.
16 Metade queima no fogo e com ela coze a carne para comer; assa-a
e farta-se; também se aquenta e diz: Ah! Já me aquento, contemplo a
luz.
17 Então, do resto faz um deus, uma imagem de escultura; ajoelha-se
diante dela, prostra-se e lhe dirige a sua oração, dizendo: Livra-me,
porque tu és o meu deus.
18 Nada sabem, nem entendem; porque se lhes grudaram os olhos,
para que não vejam, e o seu coração já não pode entender.
19 Nenhum deles cai em si, já não há conhecimento nem
compreensão para dizer: Metade queimei e cozi pão sobre as suas
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brasas, assei sobre elas carne e a comi; e faria eu do resto uma


abominação? Ajoelhar-me-ia eu diante de um pedaço de árvore?
20 Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o
iludiu, de maneira que não pode livrar a sua alma, nem dizer: Não é
mentira aquilo em que confio?
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Enquanto o ser humano não aceita que ele necessita de Deus em tudo, inclusive para
que as suas motivações sejam expostas à luz do Senhor e ele venha a conhecer os
aspectos centrais da vida também pela perspectiva espiritual que somente o reino de
Deus pode lhe conceder, ele continuará a tentar se firmar em coisas materiais ou que
sejam tangíveis naturalmente como referência para depositar a sua confiança.
Portanto, também é por causa da sua falta de confiança em Deus e da sua inclinação
à confiar em coisas palpáveis que as pessoas tentam distorcer a nova aliança e tentam
acrescentar à ela alguns itens que lhes deem um sentimento naturalmente mais
tangível. E isto, sob a pretensa alegação de estarem querendo solidificar mais a sua
associação à esta aliança.
Sob o pretexto de tornar a nova aliança mais consistente e mais tangível
às pessoas, muitos querem acrescentar a ela o fermento da velha aliança,
criando regras e rituais dos quais Cristo veio libertá-los e não para
novamente sujeitá-los a eles.
A firmeza da nova aliança está em Deus, no reino espiritual inabalável,
no fundamento eterno que é o Senhor Jesus Cristo, em quem podemos crer
mesmo que ainda não podemos vê-lo. E tudo isto, precisamente para que a
nossa confiança esteja em Deus e não nas coisas visíveis ou abaláveis que o
homem natural tanto admira e valoriza.
Assim, a alegação da necessidade de se filiar oficialmente à grupos que se dizem
cristãos porque isto representa segurança para os seus membros é um exemplo de
como as pessoas não aceitam o fato de que sua associação com o Senhor na nova
aliança é no Espírito e que o nome daquele que recebeu a condição de filho de Deus em
Cristo Jesus está arrolado no céu e não precisa estar em nenhuma lista humana no
mundo presente para ter reafirmado a sua posição de filho eterno diante do Pai
Celestial.
Em seu afã de querer se assegurar em coisas que são por vista, como se
estas pudessem representar alguma garantia perante Deus, muitos se
apartam da simplicidade que há na associação a Cristo de todo aquele que
nele crê, e, como consequência, criam as coisas mais absurdas sob o nome
de supostamente serem cristãs ou partes necessárias à nova aliança com o
Senhor.

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!
...
7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o
SENHOR.
316

Salmos 20: 7 Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém,


nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus.

Salmos 146: 1 Aleluia! Louva, ó minha alma, ao SENHOR.


2 Louvarei ao SENHOR durante a minha vida; cantarei louvores ao
meu Deus, enquanto eu viver.
3 Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem
não há salvação.
4 Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem
todos os seus desígnios.
5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio,
cuja esperança está no SENHOR, seu Deus,
6 que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e mantém para
sempre a sua fidelidade.

2 Coríntios 5: 7 Visto que andamos por fé e não pelo que vemos.

1 Pedro 1: 17 Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de


pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor
durante o tempo da vossa peregrinação,
18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre
os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança
estejam em Deus.

1 Pedro 1: 6 Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se


necessário, sejais contristados por várias provações,
7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde
em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
8 a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas
crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.

João 1: 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.
317

1 Coríntios 6: 17 Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.

Hebreus 12: 22 Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus


vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à
universal assembleia
23 e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de
todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados,
24 e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão
que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.
...
28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça,
pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e
santo temor.

1 João 5: 11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus.
318

C. A Motivação por Estar no Controle

Um segundo ponto mais específico em função do qual muitas pessoas procuram


associar aspectos similares ao do primeiro sacerdócio à nova aliança está em seu anseio
por estarem em uma suposta posição de controle ou domínio sobre a vida, as coisas em
seu entorno e inclusive sobre Deus.
Em sua devoção às suas próprias vontades, muitos chegam a se inclinar às tentativas
de controlar aquilo e inclusive aqueles que estão ao seu redor. Entretanto, para não
deixar isto tão explícito, muitos tentam ocultar a inclinação inapropriada às suas más
cobiças através de aparentes ou exteriores devoções ao Senhor, conforme exemplificado
pelo texto a seguir:

Mateus 7: 15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam


disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores.
16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos
espinheiros ou figos dos abrolhos?
17 Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má
produz frutos maus.
18 Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má
produzir frutos bons.
19 Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao
fogo.
20 Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus,
mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
22 Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome
não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos
milagres?
23 Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos
de mim, os que praticais a iniquidade.

Em seu afã de se manterem no controle das suas próprias vontades e das situações
em seu entorno, muitos indivíduos chegam ao ponto em que até parecem ser muito
dedicados a Deus, mas na realidade, mesmo quando se mostram servindo a Deus, eles
querem que aquilo que eles querem fazer prevaleça como o aspecto justificador de suas
vidas, o que, por sua vez, é a tentativa de novamente se justificar por obras como era na
velha aliança.
A aparente devoção dos falsos profetas foi denominada pelo Senhor Jesus como
prática de iniquidade, pois estes estavam tentando usar os seus feitos alcançados como
o ponto central da justificação para entrarem no reino de Deus, contrariando o fato de
que Cristo é o fim da lei para a justiça de todo aquele que Nele crê, aspecto abordado
mais amplamente nos estudos sobre O Evangelho da Justiça de Deus e O Evangelho da
Graça de Deus.
Em seus desejos de controlarem inclusive o direito de acesso ao reino celestial, os
falsos profetas estabelecem serviços, obras e metas mensuráveis à vista para usarem do
cumprimento destas metas como parâmetros para serem justificados perante o Juiz
Eterno.
319

Romanos 10: 1 Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica


a Deus a favor deles são para que sejam salvos.
2 Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém
não com entendimento.
3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.

Na nova aliança as pessoas não são salvas mediante as obras exteriores que
praticam, pela quantidade de sacrifícios que fazem, pelo volume de ofertas ou dízimos
que dão, mas são salvas pela graça mediante a fé na obra justificadora feita uma única
vez para sempre por Cristo Jesus. Entretanto, é precisamente em relação à este ponto
em que o homem natural não pode se vangloriar em seus feitos e não pode ter o
controle sobre a vida e sobre Deus que muitos procuram corromper a nova aliança,
incorrendo inevitavelmente nas tentativas de voltar a dar credibilidade aos aspectos
associados à velha aliança.
Entendemos ser muito significativo notar, então, que na nova aliança,
Deus não quer pessoas que façam coisas para Ele conforme elas pensam
que devem fazer.
Deus não quer pessoas devotas a Ele segundo as motivações humanas,
como era na antiga aliança.
Na nova aliança, as pessoas são convidadas para estarem em Cristo e em
comunhão com Ele para que primeiramente Deus as leve a conhecer a sua
vontade e para que andem na vontade do Senhor não por obrigação ou
para serem justificadas através das obras, mas porque compreendem que a
vontade de Deus é boa, agradável e perfeita em tudo.
A iniquidade das pessoas que fizeram obras supostamente sob o “nome
do Senhor” e o chamaram de “Senhor, Senhor”, não era, em primeiro
lugar, as obras que fizeram, mas a posição de terem feito o que eles
queriam fazer para tentarem se justificar na maneira pela qual elas
próprias queriam se justificar perante o Senhor, sendo, portanto,
rejeitadas por Deus.
A iniquidade das pessoas que supostamente fizeram obras para o Senhor e o
chamaram de “Senhor, Senhor”, mas não foram aceitas diante de Deus, foi tentarem
reestabelecer um dos princípios centrais do primeiro sacerdócio, fazendo-o somente
com outros tipos de obras escolhidas segundo a sua vontade ou de acordo com aquilo
que gostaram de realizar.
E quando uma pessoa diz que ela é livre para fazer o que o próprio Deus já revogou,
ela não está declarando que ela pensa que é livre até de Deus para o que intentar fazer?
Algumas pessoas inclusive alegam que elas querem seguir algumas práticas
similares às do primeiro sacerdócio não porque se sentem obrigadas a fazê-lo, mas
porque gostam de fazê-lo ou apreciam aquelas práticas. Entretanto, é também neste
tipo consideração que caem na fascinação da velha aliança como em todas as outras
gerações passadas, pois ao declararem que querem seguir alguns aspectos similares aos
da velha aliança por que gostam, elas estão assumindo uma posição em que alegam que
o que elas gostam é mais relevante do aquilo que Deus declarou como obsoleto e não
benéfico ao ser humano.
320

Quando um indivíduo procura usar o seu desejo pessoal ou a sua voluntariedade


para justificar a sua opção pelos aspectos similares ao da velha aliança, ele está
procurando justificar o seu desejo de fazer de forma autônoma o que ele quer e entende
ser apropriado para o seu relacionamento com Deus, a despeito do Senhor já ter
declarado que a vida sujeita aos princípios do primeiro sacerdócio não é de acordo com
a sua vontade e nem pode conduzir uma pessoa à novidade de vida eterna que há em
Cristo.

Efésios 5: 15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como


néscios, e sim como sábios,
16 remindo o tempo, porque os dias são maus.
17 Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai
compreender qual a vontade do Senhor.
----

Liberdade em Cristo não é uma proposição através da qual uma pessoa


supostamente pode passar fazer o que ela deseja fazer ou como ela deseja
fazê-lo. A liberdade em Cristo é a condição de uma pessoa poder receber a
compreensão da vontade de Deus acompanhada também da força no
coração para decidir e agir em conformidade com esta vontade, inclusive
quando isto implicar em deixar de praticar aquilo que o Senhor já declarou
revogado.
Quem permanece em mim, diz o Senhor, este dará muito fruto. Ele,
porém também diz que sem Ele, nada se pode fazer. Ou seja, se alguém faz
algo pensando ser para Deus sem ter permanecido em Cristo e sem que a
obra seja uma extensão desta comunhão e da instrução do Senhor, esta
pessoa pode estar tentando levantar um conceito de primeiro sacerdócio
onde tenta colocar a realização de obras acima da comunhão com Deus,
como nos tempos antigos.
Um cristão é chamado a fazer obras conjuntamente com Deus porque entende que
aquilo que o Senhor lhe sugere é reto, justo e bom para a sua própria vida e para os que
estão ao redor dele, não necessitando fazer obras de forma dissociada do Senhor ou
para Lhe agradar a fim de tentar acelerar as bênçãos que quer obter de Deus.
Por isto, muitos dos falsos profetas que Cristo mencionou são aqueles que o Senhor
ainda chama de sepulcros pintados de cal que, por fora, se mostram belos e que tem o
objetivo de transmitir a ideia de que são dedicados à piedade e pureza, mas que na
realidade são caminhos de opressão, destruição e morte.

Mateus 23: 27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque sois


semelhantes aos sepulcros caiados, que, por fora, se mostram belos,
mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda
imundícia!

Mateus 23: 4 Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem


sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o
dedo querem movê-los.
----
321

Por fim neste tópico, ressaltamos que em suas motivações de estarem em posições
de controle, muitas pessoas, até quando supostamente servem, atuam para alcançar
posições de proeminência que jamais deveriam ser almejadas por alguém que
verdadeiramente almeja viver e andar segundo a nova aliança em Cristo.
Na velha aliança, as pessoas, em geral, dependiam de outras para poderem
apresentar as suas causas a Deus e serem instruídas pelo Senhor. E isto, também se
dava porque havia aqueles que queriam ficar dependentes de outros e aqueles que
apreciavam que outros dependessem deles, razão pela qual muitos também continuam
tentando inserir estes aspectos na nova aliança.
Em seus anseios por estarem no controle, muitos desprezam as palavras
diretas de Cristo no que tange ao relacionamento entre os cristãos e ainda
procuram se elevar acima dos seus semelhantes, similarmente às divisões
entre clero e povo que havia na velha aliança.

Mateus 23: 1 Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos:


2 Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus.
...
8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso
Mestre, e vós todos sois irmãos.
9 A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso
Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem sereis chamados guias (ou líderes), porque um só é vosso
Guia, o Cristo.

Ao longo da história, muitos tentaram formular o funcionamento da Igreja de Cristo


a partir do modelo do primeiro sacerdócio, gerando ensinos que tentaram inserir a
novidade de vida em Cristo no modelo antigo que não a suporta ou vice-versa,
fracassando vez após a vez e criando um ciclo de dissimulações sobre dissimulações.
E, assim, é também a partir dos modelos distorcidos que foram gerados da tentativa
de conciliar a Igreja de Cristo a algumas partes da lei de Moisés que muitos têm
procurado explicar a Igreja dos dias de Paulo, Timóteo, Tito e outros, gerando um ciclo
cuja raiz sempre é a tentativa de fazer alguma conexão com o primeiro sacerdócio e do
qual parece que não conseguem mais sair.
Tentar ver a Igreja do Senhor a partir dos cargos similares aos do sacerdócio de
acordo com a Lei de Moisés ou tentar ver a Igreja a partir dos modelos atuais cheios de
cargos, títulos, e divisões de cleros e povo, simplesmente é não ver a Igreja do Senhor
de fato, pois a Igreja do Senhor não é sujeita ao controle de cleros ou pessoas que se
apossam dos seus grupos de pessoas, das suas estruturas e ainda os denominam de
suas Igrejas. É não ver a Igreja em concordância com o segundo sacerdócio e com a
nova aliança, onde Cristo é o Único Mediador da nova aliança e o Sumo Sacerdote
Eterno de todos que se achegam diretamente através Dele ao Pai Celestial.
Um pouco antes de ser crucificado, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos que não
os deixaria órfãos, mas que voltaria a eles. Diante do tempo em que a validade do
primeiro sacerdócio seria removida, o Senhor Jesus anunciou que Ele não deixaria
jamais os seus discípulos desassistidos quanto ao relacionamento deles com Deus.
322

Próximo aos dias em que o período permitido por Deus para a velha aliança
chegasse ao fim, o Senhor Jesus disse que não deixaria órfãos aqueles Nele criam, não
os deixariam sem saber o que fazer e que Ele voltaria a eles depois da sua ressurreição.
E assim Ele o fez ao estar com os discípulos após a sua ressurreição e ao enviar o
Espírito Santo ou o Consolar Celestial aos corações daqueles que Nele criam, assim
como o Senhor Jesus continua a fazê-lo ainda agora como o Sumo Sacerdote Eterno
escolhido pelo Pai Celestial para atender a todos que mediante a graça e a fé em Deus o
recebem em seus corações.
Cristo, o Filho Unigênito e Eterno do Pai Celestial, se tornou o nosso
irmão mais velho, nascido de mulher, para que todos os demais filhos da
família daqueles que creem em Deus não precisem mais de nenhum outro
mediador para se achegarem à presença e à comunhão com o Pai Eterno,
assim como também não precisam mais dos supostos irmãos que de uma
de outra forma dizem que receberam uma unção especial para gerenciar
ou controlar a vida dos seus semelhantes.
Assim, um cristão pode orar ao Pai Celestial em favor de outros cristãos e inclusive é
chamado a fazê-lo, mas como irmão ou auxiliador, e jamais como mediador do
relacionamento de uma pessoa com o Pai Eterno e nem como o mestre, guia, líder ou
pastor da vida do seu próximo.
Na nova aliança, cada indivíduo é chamado a compreender e passar a
fazer uso da comunhão direta que lhe está disponível no Senhor para que
também desfrute do amor e da abundância de vida que há em Deus através
de Cristo Jesus.

Efésios 3: 14 Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai,


15 de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a
terra,
16 para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais
fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior;
17 e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor,
18 a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a
largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.
323

D. A Motivação pela Glória Diante das Pessoas ou do Mundo


Presente

Dando sequência aos pontos mais específicos em razão dos quais muitos procuram
associar aspectos similares ao do primeiro sacerdócio à nova aliança, podemos ver nas
Escrituras que a preocupação das pessoas com a glória pessoal perante os seus
semelhantes também tem papel muito representativo, conforme exemplificado nos
textos a seguir:

João 12: 42 Contudo, muitos dentre as próprias autoridades (ou


governantes) creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o
confessavam, para não serem expulsos da sinagoga;
43 porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de
Deus.

Gálatas 6: 12 Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos


constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem
perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13 Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei;
antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa
carne.
14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e
eu, para o mundo.
15 Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o
ser nova criatura.

Mateus 23: 5 Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem
vistos dos homens; pois alargam os seus filacterios e alongam as
suas franjas.

Mateus 6: 1 Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos homens,


com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte, não tereis galardão
junto de vosso Pai celeste.
2 Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti,
como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem
glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já
receberam a recompensa.
3 Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tua mão esquerda o que faz
a tua mão direita;
4 para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará.
----

Uma vez que o primeiro sacerdócio girava em torno do andar por vista e
não mediante a fé, e que ele estava inteiramente associado ao
cumprimento de regras aparentes ou exteriores, é praticamente inevitável
324

que ele não passasse a acentuar a motivação das pessoas pela glória ou
reconhecimento diante dos seus semelhantes.
Considerando que na velha aliança, as pessoas buscavam a aprovação por obras,
ofertas e sacrifícios visíveis ou materialmente tangíveis, também a apreciação por ser
visto como um praticante destas obras passou a ser um aspecto inevitável, a ponto de
que inclusive aquilo que deveria ser feito em particular ou em condição mais reservada
passou a ser feito como exibição pública, como, por exemplo, a prática da oração e do
jejum, conforme mencionado também no texto de Mateus 6.
E tendo em vista ainda que o primeiro sacerdócio tem por base um
mandamento carnal ou um conjunto de motivações do homem natural, não
é de se admirar que muitas pessoas também persistam em tentar associar a
nova aliança com o anelo delas pela glória, reconhecimento e fama diante
dos seus semelhantes.
A fama ou a glória diante do mundo atrai muitas pessoas, pois para aqueles que se
apoiam no andar por vista, ela também é uma forma de obter objetivos, favores,
controle e bens materiais.
Fazendo uso da sua fama, muitas pessoas buscam privilégios, serem servidas,
presentes, poder e muitos outros aspectos.
Por isto, quanto à nova aliança, muitas pessoas tentam associar a ela várias medidas
de desempenho, títulos, cargos ou posições que, embora possam ter nomes
diferenciados do primeiro sacerdócio, são proposições muito similares à velha aliança.
Quando as pessoas, por exemplo, procuram transformar as funções de presbíteros,
diáconos e bispos mencionadas no denominado Novo Testamento em cargos e
posições, elas não estão alinhadas com a nova aliança em que todos são irmãos em
Cristo e onde todos são chamados a servirem uns aos outros com o dom que o Senhor
concede a cada um, mas estão tentando incluir na nova aliança a estrutura daquilo que
já foi removido eternamente pelo Senhor por ser fraco e inútil.
Devido ao anelo por fama e também por interesses gananciosos, como veremos mais
adiante, muitos têm procurado transformar aquilo que representa somente um dom de
serviço e cooperação para com os irmãos em posições estruturais por causa das suas
cobiças más por poder, domínio, controle e lucro.
Entretanto, um dos problemas centrais que acompanham a ambição por fama ou
glória diante dos semelhantes ou do mundo também é o crescente significado que a
opinião das outras pessoas passa a ter para aquele que anela por fama, chegando ao
ponto em que o apego à fama ou desejo pela glória passa a competir com a vontade do
Senhor e se torna mais relevante do que ouvir a voz de Deus.
Assim, em suas ambições por reconhecimento ou aprovação humana, as pessoas
passam a se sentir pressionadas a agir conforme o pensamento humano, recaindo
também por esta via no andar por vista e não mediante a fé no Senhor.
Em suas ambições por reconhecimento humano, as pessoas, então, se dispõem a
serem ousadas, a tomarem a iniciativa e à frente das suas ações, a romperem com as
suas condições de paz, paciência e quietude diante de Deus, e chegam ao ponto de
inclusive pensarem e declararem que por si próprias podem escolher onde e como
praticar o bem para com os seus semelhantes. Alegando, ainda, que se a motivação é
fazer o bem a si próprias ou até aos seus semelhantes, elas podem arriscar fazê-lo
325

inclusive sem consultar ao Senhor em onde fazê-lo e como fazê-lo, semelhantemente ao


que fizeram os falsos profetas mencionados no livro de Mateus capítulo 7.
Quando a fama perante os seus semelhantes e o mundo se torna o ponto de
referência da vida de uma pessoa, não é mais Deus que está em primeiro lugar na sua
vida. E desta forma, as pessoas também negam o que o Senhor nos ensina, por
exemplo, nos seguintes textos:

João 15: 5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e


eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

Romanos 7: 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não


habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o
efetuá-lo.

Isaías 30: 15 Porque assim diz o SENHOR Deus, o Santo de Israel: Em


vos converterdes e em sossegardes, está a vossa salvação; na
tranquilidade e na confiança, a vossa força, mas não o quisestes.

1 João 2: 15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se


alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo.
17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele,
porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.
----

Um cristão ou alguém que está associado à nova aliança nunca pode então ser
exaltado ou ter alguma glória ou posição de honra diante dos seus semelhantes?
Em reposta à pergunta acima, retornamos mais uma vez ao aspecto da velha aliança
onde um dos maiores problemas não era que as pessoas queriam rejeitar a Deus por
completo, mas queriam que Ele viesse atrás delas para abençoá-las nos caminhos que
elas próprias queriam andar.
Portanto, na nova aliança, não é o papel de um indivíduo buscar a fama ou a glória
diante dos seus semelhantes, mas se achegar em humildade a Cristo que é manso e
humilde no coração, se achegar diante de Deus com um espírito quebrantado, deixando
nas mãos do Senhor o ser ou não ser exaltado e o quando ser exaltado.

Mateus 11: 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque
sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma.

Tiago 4: 4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é


inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo
constitui-se inimigo de Deus.
326

5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por


nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes.
7 Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de
vós.
8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos,
pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
9 Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e
a vossa alegria, em tristeza.
10 Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a


eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo
lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.

Mateus 6: 5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque


gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para
serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam
a recompensa.
6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,
orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará.
7 E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque
presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos.
8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o
de que tendes necessidade, antes que lho peçais.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,


buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória.
327

E. A Motivação pelas Tradições, Culturas, Legados, Coisas


Familiares ou Coletividades

Similarmente ao tópico anterior, ainda outro ponto mais específico em função do


qual muitos procuram associar à nova aliança aspectos similares ao do primeiro
sacerdócio, refere-se ao apego inapropriado à tradições, culturas, coisas que lhes sejam
familiares ou coisas que lhes foram transferidas.
Vendo a questão do desejo por fama ou glória diante dos seus semelhante e do
mundo ainda de outro ângulo, podemos ver que um dos pontos pelos quais algumas
pessoas quiserem a Cristo nos dias em que o Senhor Jesus estava em carne no mundo,
mas não se dispuseram a segui-lo, foi o fato de não estarem dispostas a enfrentar o
rompimento com aquilo que o primeiro sacerdócio havia introduzido na vida das
sociedades nas quais estavam inseridos, conforme o texto repetido abaixo:

João 12:42 Contudo, muitos dentre as próprias autoridades (ou


governantes) creram nele, mas, por causa dos fariseus, não o
confessavam, para não serem expulsos da sinagoga.

E aqui também, há um outro aspecto que é muito característico das proposições de


vida similares a como é o primeiro sacerdócio ou a velha aliança.
Uma vez que o primeiro sacerdócio propõe operar através de mediadores que
representam o povo ou um conjunto de pessoas, a condição coletiva, grupal ou não
individual também é altamente acentuada. O que, por sua vez, também acentua uma
dependência praticamente inevitável do coletivo para as tentativas de relacionamento
com Deus.
E quando o coletivo passa a ter uma representatividade sobre um grupo de pessoas
como é o caso do primeiro sacerdócio, as coisas que sob ele são praticadas começam a
se confundir com as tradições, culturas ou legados que vão sendo repassados às pessoas
e às gerações que vem a estar sob a regência deste coletivo. Sob aspectos de
coletividade, várias indivíduos começam a fazer muitas coisas por mera continuidade
ou por sua posição de sucessão daqueles que os precederam.
Assim, quando Deus passou a revelar a nova aliança em Cristo Jesus e que nesta
nova aliança cada pessoa pode se achegar individualmente e diretamente ao Senhor
sem a necessidade do coletivo, Deus não somente anunciou um novo e vivo caminho
individual para o relacionamento com cada ser humano, mas também anunciou o
caminho que possibilita uma pessoa romper com a sua dependência ou sujeição a
muitos aspectos coletivos aos quais ela estava sujeita anteriormente.
Portanto, é em oposição à tão sublime e singular liberdade que a vida em Cristo
também proporciona em relação à dependência do coletivo para o relacionamento com
Deus que muitos levantam proposições com vista a distorcer a nova aliança com o
objetivo de manter suas tradições e culturas ou com o objetivo de repassar os seus
legados religiosos para que outros deem continuidade aos credos, obras e estruturas
aos quais tanto se dedicaram, ainda que a dedicação a eles tenha sido em vão.
Fica ressaltado também aqui, o quanto o andar por vista e não por fé é muito
atrativo ao homem natural, pois aos olhos naturais, a ideia do coletivo pode ser muito
confortante ou dar a ideia de segurança, além de que na coletividade as pessoas não
328

necessariamente precisam ajustar ou corrigir os desejos dos seus coração, pois elas
pensam que podem ir no embalo do coletivo e dos que estão à frente deste, como é
característico da velha aliança.
Muitos apreciam fazer parte formalmente de um grupo para ali poderem saciar o
desejo de fama e glória, como vimos no tópico anterior. Entretanto, muitos também
apreciam fazer parte formalmente de um grupo devido ao sentimento de segurança ou
aceitação que isto lhes proporciona.
Similarmente, o andar por vista e não por fé também aprecia as tradições, culturas
ou coisas familiares devido ao fato de grande parte de suas práticas já serem conhecidas
pela alma. Porém, a novidade de vida em Cristo e a dependência contínua do Senhor
são aspectos a serem conhecidos espiritualmente e de forma renovada a cada novo dia,
razão pela qual o Senhor Jesus nos adverte que:

Lucas 5:39 E ninguém, tendo bebido o vinho velho, prefere o novo;


porque diz: O velho é excelente.

Diante da proposição da nova aliança, muitas pessoas vislumbram a importância


que nela há, mas ainda assim não a recebem totalmente de bom grado porque isto as
desafia a deixar o velho que lhes é mais saboroso do que o novo ou no qual pensam
estarem mais seguras. E, por isto, similarmente às outras cobiças por coisas más, elas
procuram harmonizar o que lhes parece atrativo na nova aliança com o que apreciam
na velha aliança, a qual é uma postura através da qual também incorrem nos princípios
básicos do primeiro sacerdócio que é a vida sob a vista e não mediante a fé em Deus.
Portanto, é inevitável que a característica do primeiro sacerdócio de tentar fazer
prevalecer a vontade humana sobre a vontade de Deus venha a propor uma valorização
das tradições, culturas, legados humanos ou coisas familiares acima da vontade do
Senhor ou do que Deus nos oferece na nova aliança em Cristo Jesus.

Mateus 15: 6(b) E, assim, invalidastes a palavra de Deus, por causa da


vossa tradição.

Marcos 7: 8 Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a


tradição dos homens.
9 E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para
guardardes a vossa própria tradição.
----

Alguns aspectos de tradições e culturas certamente não competem com a vontade de


Deus, como, por exemplo, alguns aspectos da culinária, o idioma de uma nação e outros
que uma pessoa recebe como legado.
Entretanto, quando algo se opõe ao relacionamento pessoal de um indivíduo com
Deus ou quando algo procura tomar as posições e funções que pertencem
exclusivamente a Cristo, isto representa uma resistência do homem natural às coisas do
Espírito, e que, portanto, deveria ser rejeitado e deixado para trás por aquele que quer
andar no caminho de salvação e novidade de vida que o Senhor lhe oferece.
329

A nova aliança em Cristo oferece libertação da sujeição ao pecado e


também da sujeição à velha aliança ou à lei do primeiro sacerdócio, ou
ainda, similares a ele, o que também implica na possibilidade de um
afastamento das coisas que para trás ficam e um avançar para coisas que
estão à frente, por mais que as coisas que para trás ficam sejam
reconhecidas por muitos como tradições ou culturas quase que intocáveis.

Filipenses 3: 13 Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado;


mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e
avançando para as que diante de mim estão,
14 prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus
em Cristo Jesus.

Colossenses 2: 8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua


filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo
principado e potestade.

Conforme comentado também em outro ponto, uma vez que todo aquele que já
experimentou o vinho velho prefere o velho, e não o novo, ressaltamos aqui que o
avançar para a vida em Cristo pode incluir também um posicionamento que
inicialmente não seja aprazível à pessoa que o faz, pois a nova aliança oferece um
caminho que pode desagradar em muito as motivações do homem natural.
Por outro lado, quando uma pessoa opta pelo novo e vivo caminho de vida que o
Senhor lhe oferece, ela logo poderá perceber que ele é um caminho de vida que a liberta
da escravidão aos próprios desejos carnais à qual ela estava sujeita antes e da qual ela
não podia alcançar libertação por si própria.
Assim, visto que a obra de Cristo na cruz do Calvário foi realizada também para
libertar as pessoas de tradições, culturas e legados que lhes foram repassados e que se
opõem ao relacionamento direto com o Senhor ou que elas criaram em contrariedade à
vontade de Deus, nenhum cristão tem a obrigação de dar continuidade à manutenção
de qualquer um destes aspectos que lhe foi transferido por outras gerações ou que
outros querem que ele continue a dar sustentação.
Um cristão, primeiramente, é chamado a viver e andar segundo a vontade de Deus e
não a vontade dos seus semelhantes, da coletividade que está em seu entorno ou do
mundo.

1 Pedro 1: 17 Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de


pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor
durante o tempo da vossa peregrinação,
18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram,
330

19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem


mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre
os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança
estejam em Deus.

Mateus 7: 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino


dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

Mateus 10: 32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos


homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus;
33 mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus.

2 Coríntios 1: 21 Mas aquele que nos confirma convosco em Cristo e nos


ungiu é Deus,
22 que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito em nosso
coração.
----

Quando olhamos atentamente para as Escrituras, podemos ver que não


há dúvida que Deus quer que os cristãos tenham comunhão também entre
si e se beneficiem dos frutos desta comunhão. Entretanto, isto não significa
que a coletividade deva mediar ou reger a vida de uma pessoa e nem que as
pessoas, através desta comunhão, são chamadas para darem continuidade
ou sustentação às tradições e culturas que lhes forem ensinadas em seu
contexto de vida e que são contrárias à nova aliança em Cristo Jesus.

1João 1: 3 O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós


outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco.
Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.
331

F. A Motivação pelas Coisas Materiais ou a Motivação da


Ganância

Além das motivações mais específicas que abordamos nos tópicos anteriores, e em
função das quais muitas pessoas procuram associar aspectos similares ao do primeiro
sacerdócio à nova aliança, ainda há várias outras como, por exemplo, o desejo pelo
poder, fazendo com que muitos querem ter o direito de usar o “nome de Cristo” e o
poder associado a ele, mas sem terem a disposição de aceitar o senhorio de Cristo ou a
vontade de Deus em suas vidas, conforme foi declarado pelo Senhor Jesus em relação
aos falsos profetas no texto de Mateus anteriormente visto.
Entretanto, para não nos delongarmos em demasia nestes aspectos com objetivo de
avançar para conhecermos ainda vários outros pontos da glória do Senhor Jesus Cristo,
iremos considerar neste capítulo ainda somente a questão da motivação pelas coisas
materiais, bens e dinheiro quando esta está associada a uma cobiça disposta a tentar
corromper a nova aliança.
Conforme também já comentamos anteriormente, o fato da velha aliança ser
direcionada a um andar por vista, segundo o querer do homem natural e não mediante
à fé, acrescido do fato de muitos serviços centrais do primeiro sacerdócio estarem
associados a estruturas e ofertas materiais, resultou em uma valorização crescente dos
aspectos materiais e também uma cobiça cada vez mais intensa e aprimorada em
relação a eles.
O andar prioritariamente segundo aquilo que é tangível vai fazendo com que as
pessoas comecem a ficar com os seus olhos focadas cada vez mais nas coisas naturais,
levando também o coração a apreciar estas coisas a ponto dos interesses do coração
ficarem cada vez mais aprisionadas às questões deste mundo e deixando de lado o foco
nas questões segundo a ótica do Pai Celestial, o Pai das Luzes.
Assim, pelo fato do primeiro sacerdócio ter o seu foco nas coisas materiais, as
pessoas também começaram a se entregar ao pensamento de que “a essência das
bênçãos” a serem recebidas da divindade que adoram é alcançar a prosperidade em
coisas terrenas ou materiais.
O primeiro sacerdócio, devido ao fato dele sempre ter tido o foco em
tantos aspectos exteriores, na realidade, ou na prática, acabou cooperando
para potencializar nas pessoas uma mentalidade baseada na barganha, na
negociata, na oferta de alguns bens ou recursos para prioritariamente
receberem um retorno material ainda maior.
A partir da motivações que estavam em seus corações, as pessoas que forma libertas
do domínio do Egito chegaram ao ponto em que estavam prontamente dispostas, por
exemplo, a sacrificarem e ofertarem muitos dos seus pertences para que o “bezerro de
ouro” viesse a ser feito sob o intento de que pudessem alcançar prosperidade material
similar à nação da qual foram libertas.
Desta forma, a proposição de piedade associada à velha aliança acabou se
evidenciando para muitos como uma devoção à lei deste sacerdócio sob o objetivo
principal de obtenção de lucro, enriquecimento material, bem-estar, e segurança social
e territorial.
Entretanto, como a mentalidade de barganha ou de ganância não é algo exclusivo do
primeiro sacerdócio, mas é algo inerente ao coração do ser humano sujeito ao pecado,
332

as pessoas continuam a procurar caminhos para tentar manter conceitos do primeiro


sacerdócio ativos inclusive depois de Deus já ter declarado o antigo sacerdócio como
revogado ou obsoleto.
Para não se verem diante do desafio de abrir mão dos seus interesses gananciosos,
mas tentando ocultá-los perante Deus e até dos seus semelhantes, muitas pessoas
insistem em não se apartar daquilo que já foi demonstrado como uma tentativa vã ou
inútil de piedade, chegando ao ponto de incorrerem em tentativas de distorção
inclusive da sã doutrina ou das palavras do Senhor Jesus Cristo.
E ainda que procurem fazê-lo através de formas com aparências distintas do
primeiro sacerdócio ou usando conotações que supostamente seriam da nova aliança
ou do sacerdócio revelado em Cristo, muitos acabam adotando condutas ou atitudes
que denominam de cristãs, mas que acabam, de uma ou de outra forma, repetindo ou
refletindo o comportamento das pessoas sob o primeiro sacerdócio com sua
mentalidade de barganha. Realidade essa, descrita de forma muito esclarecedora pelo
texto exposto por Paulo ao escrever a Timóteo alertando aos verdadeiros cristãos a se
apartarem dos que assim o fazem, conforme segue:

1 Timóteo 6: 3 Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as


sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a
piedade,
4 é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e
contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação,
difamações, suspeitas malignas,
5 altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e
privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.
Aparta-te dos tais.
6 De fato, grande fonte de lucro é a piedade com o contentamento.
7 Porque nada temos trazido para o mundo, nem coisa alguma
podemos levar dele.
8 Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
9 Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em
muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os
homens na ruína e perdição.
10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns,
nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com
muitas dores.
11 Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.
----

Embora o último texto acima esteja mais amplamente exposto nos estudos sobre O
Outro Evangelho, que se expressa também como um suposto evangelho da piedade
aparente e associada à ganância, e sobre O Cristão e as Riquezas, podemos ver que o
problema mais acentuado, muitas vezes, até não está centrado somente nos atos rituais
do primeiro sacerdócio, mas na mentalidade que leva as pessoas a construírem uma
ideia de vida piedosa em que elas próprias passam a supor o que vem a ser esta piedade
ou um sacerdócio, e não segundo aquilo que Deus define sobre o que vem a ser uma
vida ou um sacerdócio segundo a verdadeira piedade.
333

1 Timóteo 6: 5 ... contendas de homens corruptos de entendimento e


privados da verdade, cuidando (ou supondo) que a piedade seja causa
de ganho (ou fonte de lucro).
Aparta-te dos tais. (RC+RA)

A instrução de Paulo a Timóteo ao dizer apartai-te dos tais reflete o que também
nos é ensinado nas Escrituras quanto à necessidade das pessoas se apartarem do
primeiro sacerdócio, sua lei e sua aliança, pois na sujeição à mentalidade do primeiro
sacerdócio, as pessoas incorrem em privação da verdade porque a mediação do
relacionamento com Deus e com a verdade através de homens ou mulheres nunca
levará as pessoas a conhecerem a verdade e a vontade de Deus no transcorrer diário das
mais variadas áreas de suas vidas.
No mundo, muitos que alegam querer a Cristo, na realidade, querem ao
Senhor de acordo com uma proposição de sacerdócio estabelecido segundo
os seus intentos ou sob o conceito de que a piedade é o caminho para
buscarem a satisfação de suas ganâncias ou para que “Cristo os abençoe a
serem prósperos em seus intentos prioritariamente terrenos, materiais ou
carnais”.
Muitas pessoas querem a Cristo, mas o querem como Aquele que as
segue e as abençoa em toda e qualquer decisão que tomarem, mesmo
quando estas forem opostas à justiça e retidão de Deus, similarmente aos
mesmos desejos maus que uma grande parte das pessoas libertas do
domínio do Egito carregavam em seus corações.
E ao escolherem não dar a Deus o primeiro lugar em suas vidas por causa das suas
buscas pelo que denominam de prosperidade, avanço, desenvolvimento, crescimento
ou até aproveitar a vida ou a boa sorte, muitas pessoas se movem em direção às más
cobiças, ou àquilo que aos seus olhos lhes parece apropriado, e se rendem às suas mais
diversas empreitadas. Elas inclusive passam a confiar mais no que elas propõem e em
seus empreendimentos do que em Deus, similarmente a quando um indivíduo opta em
colocar o desejo pela fama ou glória humana acima da vontade de Senhor.
Entretanto, ao pensarem que indivíduos ou ministérios podem estabelecer os alvos
materiais que lhes parecem apropriados e que Deus os irá abençoar em seus propósitos
somente porque denominam a si mesmos de cristãos ou porque fazem uso do “nome de
Cristo”, eles deixam de levar em conta que estes caminhos também são comparados
com aqueles em que os espinhos ganham espaço, se multiplicam, e sufocam a palavra
de Deus em suas vidas e os levam a ficarem sujeitos às condições que lhes atormentarão
com muitas dores, conforme também os seguintes textos nos ensinam:

1 Timóteo 6: 10 Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e


alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se
atormentaram com muitas dores.

Mateus 13: 22 O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a


palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas
sufocam a palavra, e fica infrutífera.
334

Lucas 8: 14 A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer


dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da
vida; os seus frutos não chegam a amadurecer.
----

Quando Cristo contou a parábola do Semeador que saiu a semear a palavra de Deus,
Ele disse que muitos receberiam a palavra de Deus com alegria, assim como as pessoas
libertas do domínio do Egito receberam com alegria à sua libertação daqueles que
exteriormente os oprimiam.
No entanto, o Senhor também chamou a atenção de seus ouvintes dizendo que, na
sequência, muitos que receberam a palavra deixariam que os espinhos das demandas
dos cuidados da vida, das riquezas e dos deleites da vida recebessem um espaço
indevido a ponto de sufocarem a palavra de salvação e vida que Deus permitiu
receberem.
E similarmente, também neste ponto, como em vários aspectos vistos em tópicos
anteriores, muitas pessoas, ao não querem assumir uma posição explícita de se
apartarem de Cristo, procuram alguma alternativa de combinação entre aquele sistema
de barganha do primeiro sacerdócio e a nova aliança.
Sob o aspecto que estamos procurando destacar neste tópico, não nos parece ser tão
difícil ver porque as pessoas inicialmente receberam a Cristo com muita alegria, mas na
sequência passaram a se escandalizar em vários aspectos da nova proposição de aliança
que Ele veio a lhes oferecer, conforme exemplificado a seguir:

Mateus 6: 19 Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra,


onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e
roubam;
20 mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem
ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam;
21 porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.

João 6: 26 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo:


vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos
pães e vos fartastes.
27 Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste
para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus,
o Pai, o confirmou com o seu selo.
28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para realizar
as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele
que por ele foi enviado.

Lucas 12: 15 Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de


toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste
na abundância dos bens que ele possui.
----
335

Muitas pessoas rejeitaram a nova aliança não somente porque não


apreciaram alguns aspectos novos que Cristo veio lhes oferecer, mas
também ou até principalmente por causa daquilo que, na nova aliança,
precisariam deixar para trás ou abrir mão.
A aceitação da rejeição plena do primeiro sacerdócio ou também conhecido pela
associação ao nome de Moisés, conforme já comentamos em outras palavras
anteriormente, também implicaria no recuo de espaços que a carne, a natureza
humana, os homens e mulheres, principalmente os religiosos e os poderosos, já tinham
alcançado, gerando enormes desconfortos e confrontos entre a proposição da nova
aliança e da remoção da antiga aliança e todo o contexto envolvido com este sacerdócio.
Aquilo que começou como algo onde as pessoas prometeram cumprir, segundo o seu
esforço, um conjunto de regras e sacrifícios para supostamente serem abençoadas por
Deus em contrapartida ao cumprimento das regras e dos sacrifícios, tornou-se em uma
enorme estrutura onde muitos angariavam seus ganhos em detrimento e em opressão
de outros em número ainda muito maior do que no início do primeiro sacerdócio.
Cristo não veio em carne ao mundo somente para fazer uma provisão geral que livra
as pessoas da condenação da sua sujeição ao pecado, algo que até os gananciosos iam
querer receber. Cristo também veio prover libertação às pessoas do sistema sacerdotal
que era um potencializador da ganância e que passou a ser o referencial de vida para
muitos. E era isto que gerava tanto desconforto para muitos indivíduos que tinham
ganhos materiais com toda a estrutura que se desenvolveu a partir de um chamado
“simples tabernáculo no deserto”, pois o fermento cresce e leveda toda a massa,
chegando a levedar quase que toda uma nação.
Nos dias em que Cristo foi crucificado e depois ressuscitou dentre os mortos, havia
muitos sacerdotes, grupos de estudiosos e líderes religiosos como os fariseus e
saduceus, os escribas e os doutores, intérpretes da lei, levitas de diversas classes, os
levitas músicos, os levitas que degolavam os sacrifícios, os levitas que cuidavam do
funcionamento geral do pátio do templo, os levitas da tesouraria, e muitas outras
situações em que as pessoas obtinham os seus ganhos materiais a partir do que girava
em torno da velha aliança.
Nos dias em que Cristo veio em carne ao mundo, todos deveriam ir, ao menos uma
vez ao ano, à Jerusalém. Com isto, além do trânsito de pessoas e suas despesas, 10% da
agricultura ou da pecuária eram designados a virem para o sistema religioso segundo a
velha aliança.
No grande fluxo de recursos que eram movimentados em torno da velha aliança,
inclusive passou a ser instituído no país afora um sistema de cambistas que
transformavam as ofertas e dízimos originais das pessoas em valor monetário para que
as pessoas pudessem viajar a Jerusalém sem terem que levar as pesadas cargas das suas
ofertas propriamente dito.
O sistema de hospedagem e o comércio em geral também extraiam vultuosos ganhos
materiais e econômicos de toda aquela movimentação religiosa.
De repente, porém, diante da oferta de novidade de vida segundo a nova aliança, de
uma dia para o outro, todo um segmento da economia de uma nação atuante por
séculos não tinha mais razão de existir.
A partir da morte de Cristo na cruz do Calvário para expiação de toda a culpa de toda
a humanidade para com o pecado, nenhuma tentativa de obter o perdão dos pecadores
336

e a salvação por meio de diversos sacrifícios segundo a lei de Moisés permaneceu


autorizada pelo Senhor, mas, igualmente, também nenhum sacerdote receptor de
sacrifícios e das confissões dos pecadores continuou sendo necessário.
Não bastando isto, a vinda da nova aliança e o fim da lei de Moisés também tornava
evidente que qualquer sacerdócio similar ao de Moisés, ou seja, qualquer sacerdócio
com mediadores e focado prioritariamente em sacrifícios e obras materiais, igualmente
não era mais necessário, conforme muitas pessoas compreenderem em Éfeso depois
que Paulo lhes anunciou o Evangelho de Cristo e onde ele foi perseguido por aqueles
que tinham os seus ganhos associados ao templo da chamada deusa Diana.
Com a morte de Cristo na cruz do Calvário e o estabelecimento de uma vez e para
sempre do pagamento da dívida de toda a humanidade para com o pecado e com a lei
do primeiro sacerdócio, ou de qualquer outro sacerdócio no mundo, os antigos
sacrifícios e ofertas do primeiro sacerdócio ou similares a ele já não faziam sentido
algum, assim como a necessidade de sacerdotes mediadores também deixou
completamente de ter qualquer finalidade.
Cristo permitiu que o seu sangue fosse derramado na cruz do Calvário
para fazer a provisão de salvação de todos para a vida eterna. Porém, Ele
também morreu na cruz para livrar as pessoas de velhas e caducas alianças
para que elas, já desde o encontro pela fé com Cristo, também pudessem
ficar livres da obrigatoriedade de sacerdócios terrenos e para que o
sacerdócio celestial tomasse o devido lugar exclusivo nos corações
daqueles que recebessem a salvação a eles oferecida por Deus mediante à
sua graça eterna.
Quando os sacerdotes, reis e governantes induziram o povo a pedir a crucificação de
Cristo e deram o seu aval para que esta crucificação fosse de fato realizada, eles,
conjuntamente, endossaram o fim de qualquer validade do primeiro sacerdócio, assim
como também o fim da validade de todas as funções dos sacerdotes, levitas, templos,
serviços, sacrifícios e ofertas que eram praticadas até aquele ponto, pois com a morte de
Cristo na cruz do Calvário, tudo aquilo para o qual os sacerdotes da velha aliança
existiam perdeu efeito imediato e cabal, perdeu o efeito por completo perante Deus.

1 Coríntios 2: 7 Mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora


oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa
glória;
8 sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu;
porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor
da glória.

A partir do estabelecimento e oferecimento da nova aliança em Cristo Jesus, Deus


voltou a reiterar o que havia dito a Davi, a saber, que Ele não habita em templos feitos
por mãos humanos, declarando que a própria finalidade do templo para mostrar a
fraqueza e a inutilidade da velha aliança também já havia expirado e que quem
insistisse no ponto de que o Senhor habita em templos feitos por mãos humanas estaria
se opondo ao Espírito do Senhor.

Atos 7: 46 Este achou graça diante de Deus e lhe suplicou a faculdade


de prover morada para o Deus de Jacó.
337

47 Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa.


48 Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos
humanas; como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa
me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?
50 Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?
51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos,
vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos
pais, também vós o fazeis.

Atos 17: 24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele
Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos
humanas.
----

Quando, no livro de Atos, vemos que um anjo do Senhor instrui aos apóstolos do
Senhor que haviam recém sido liberados da prisão a também irem pregar a “mensagem
completa” aos cristãos em geral e aqueles que ainda iam ao antigo templo, ele não
estava dizendo que as pessoas em Cristo precisavam ir ao templo, mas estava lhes
instruindo a pregarem “a mensagem completa” de que em Cristo cada pessoa é o
templo ou a habitação do Senhor se também permanecer no Senhor e na nova aliança
na maneira como ela é oferecida.

1 Coríntios 3: 16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito


de Deus habita em vós?

Se a vida cristã dependesse de templos feitos por mão humanas, Deus não teria
permitiria a destruição do templo do antigo sacerdócio. Porém, como o reino de Deus
não é estabelecido em coisas abaláveis, mas nas inabaláveis, conforme já vimos no
estudo sobre O Evangelho do Reino de Deus, o Senhor permitiu que muitas coisas tidas
como inabaláveis fossem abaladas por não pertencerem de fato ao reino celestial
revelado em Cristo Jesus mediante a nova aliança.
Deus é justo e não faz acepção de pessoas. Por isto também, o sistema do antigo
sacerdócio, que sempre faz acepção de pessoas já pelo simples fato de requerer que as
pessoas venham aos seus locais de sacerdócio, não poderia mais ser tolerado além da
plenitude do tempo em que sua fraqueza já havia sido plenamente exposta.
Pelo fato de Deus ter considerado encerrado o tempo do primeiro sacerdócio, Deus
também não tem mais compromisso com estes tipos de estruturas, leis, sacerdócios e
alianças que oprimem e escravizam as pessoas. Deus tem compromisso com pessoas ou
indivíduos de todas as raças, povos e classes sociais que o buscam para recebê-lo em
humildade em seus corações.

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a


eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo
lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.
338

No primeiro sacerdócio, “Deus era para ser encontrado no templo”, “se os sacerdotes
e o povo estivessem com os serviços religiosos em dia”. Na nova aliança, porém, Deus
se deixa ser encontrado em qualquer lugar, em qualquer vila, em qualquer casa, em
qualquer lugar onde alguém abre o seu coração a Cristo, mesmo que ninguém mais ao
redor queira a Cristo como Senhor de sua vida.
A respeito do próprio Senhor Jesus Cristo, não há mais relatos que Ele tenha
entrado no templo feito por mãos humanas depois que Ele ressurgiu dentre os mortos e
esteve entre os seus discípulos com um corpo glorificado.
Se antes, o Senhor Jesus Cristo seguiu ou cumpriu a lei de Moisés para resgatar os
que estavam sujeitos a ela, agora ressurreto, tendo o véu do templo sido rasgado, aquele
antigo templo era uma construção de pedras naturais como qualquer outra construção
humana e sem o aval de Deus para continuar sendo chamado de casa de Deus, também
não precisando mais de sacerdócios humanos para mediar a relação com Deus. E isto,
porque Cristo, o próprio caminho a Deus, foi estabelecido como o Novo e Vivo Caminho
da Nova Aliança e que vem ao coração daquele que Nele crê para que, a partir dali, cada
pessoa, em Cristo, seja sacerdote de sua vida perante Deus e para que Cristo seja o
Sumo Sacerdote perfeito que assiste perfeitamente a todos que se achegam através Dele
a Deus.
Após a sua ressurreição, Cristo mostrou aos seus discípulos que Ele era plenamente
habilitado para entrar em uma casa sem que se abrissem as suas portas materiais que
estavam trancadas para que também através disto soubessem que não havia mais
restrições para Ele ir onde fosse necessário ir e para demonstrar que Ele poderia estar
em qualquer lugar onde um coração anelasse por Ele.
Desta forma, se no sacerdócio da velha aliança, por exemplo, os aprisionados por
vários motivos não poderiam ir ao templo, no sacerdócio vindo dos céus, é o Senhor
que vai ao encontro dos aprisionados para lhes consolar e fortalecer o coração se eles o
receberem como a oferta ou a dádiva do amor de Deus para a sua redenção e salvação.
Depois de ressurreto, Cristo foi revelado por Deus como o Sumo Sacerdote perfeito
para todos porque Ele pode atender perfeitamente a qualquer coração em qualquer
lugar e tempo que este precise do Senhor, mas também porque Ele entrou nos céus
para sempre “para comparecer, agora, por nós, diante de Deus”.

Colossenses 1: 20 ... e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz,
por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer
sobre a terra, quer nos céus.

Hebreus 9: 12 ... não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas


pelo seu próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por
todas, tendo obtido eterna redenção.

Hebreus 9: 23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se


acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias
coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.
24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos, figura do
verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nós,
diante de Deus;
339

25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo


sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.

Hebreus 4: 14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa
confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
----

Depois que Ele fez a provisão para o fim da lei de Moisés, o Cristo ressurreto nunca
mais se sujeitou a qualquer coisa ligada àquele antigo sacerdócio, lei, aliança ou
estrutura.
O que antes era extremamente amplo, complexo, custoso, cheio de milhares de
detalhes, sacrifícios, agendas e tanto outras coisas difíceis de serem realizadas em
termos naturais, tanto a curto prazo como a longo prazo, de um instante para o outro,
com a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, se tornou tão simples, muito
simples, a ponto de que qualquer um, iletrado ou instruído, judeu ou grego, homem ou
mulher, escravo ou livre, pudesse recebê-lo e ser participante dele a partir do seu
próprio coração, por onde fosse e em todo o tempo.
Em sua sabedoria soberana, o Senhor permitiu o primeiro sacerdócio,
conforme já comentamos, também para que as pessoas vissem o quanto a
ganância e o apego inapropriado aos bens, estruturas, templos e recursos
deste mundo geram opressão mútua entre aqueles que alegam querer a
Deus sobre as suas vidas, mas não em suas vidas.
A fraqueza do primeiro sacerdócio foi sendo desvendada dia-a-dia durante séculos
diante de todo o povo até que ele teve o véu do seu santuário terreno rasgado de cima
até embaixo pelo poder de Deus quando Cristo foi crucificado, anunciando que o tempo
de permissão de tentativa de viver através deste sacerdócio havia chegado ao fim, pois o
que é segundo a carne não produz a vontade de Deus e jamais poderá fazê-lo.

Romanos 8: 7 Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus,


pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser.
8 Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. (RC)
----

Assim, a despeito do que Deus fez através de Cristo, muitas pessoas tinham grande
interesse na manutenção daquele sistema já praticado há muitos séculos não porque a
velha aliança fosse de fato benéfica às pessoas, pois já estava provado e testemunhado
que não era, mas por causa da ganância e das ambições daqueles que tinham lucros ou
que recebiam poder com aquele sistema, uma postura que perdura sendo feito por
séculos.
340

Por isto, diante do fato de que o processo de tornar evidente as motivações que se
apresentam no coração do homem natural em sua busca de relacionamento com Deus
foi um dos aspectos centrais pelos quais o Senhor autorizou as pessoas a tentarem viver
por um tempo em conformidade com a velha aliança, ressaltamos que Deus também
nos chama a atenção para estarmos atentos a não ceder às condutas de ganância em
nossos dias que tentam associar a nova aliança às práticas antigas já revogadas, como
exemplifica mais um texto a seguir:

2 Pedro 2: 1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas,


assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais
introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto
de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos repentina destruição.
2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles,
será infamado o caminho da verdade;
3 também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com
palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não
tarda, e a sua destruição não dorme.
----

Portanto, quando pessoas propuserem que dízimos e as antigas ofertas que lhes
interessam são cabíveis à nova aliança, não importa o argumento que estiverem
usando, elas estão procurando corromper a nova aliança através da associação a ela de
preceitos da velha aliança, do seu sistema de barganha ou de suas más cobiças similares
às más cobiças da antiguidade, pois o velho sacerdócio foi declarado obsoleto por
completo pelo Senhor, e não só em partes.
O Senhor Jesus, em uma situação específica, falou para os fariseus praticarem o
dízimo. Isto, porém, Ele disse porque eles ainda estavam debaixo da lei de Moisés e
porque Cristo ainda não havia sido crucificado segundo a mesma lei para resgatar os
que estavam debaixo da lei da velha aliança.
Entretanto, depois da ressurreição de Cristo, não há nenhum ensino para um cristão
vir a praticar o dízimo ou qualquer outra oferta da velha aliança. E isto, também por
um razão óbvia, a saber: Se não há mais necessidade de sacerdotes, levitas e templos
feitos por mãos humanas, se o que era feito na velha aliança era para servir a sombra
que não pode aperfeiçoar aqueles que praticam seus atos, também não há razão para
serem mantidos os dízimos e as ofertas exclusivamente criados e implantados para
atender a estrutura do primeiro sacerdócio ou similares a eles.
Os sacerdotes e levitas tinham que passar horas e horas por dia degolando animais
para o sacrifício e se preparando para entrar no tabernáculo ou no templo feito por
mãos humanas, e depois ainda atender o povo que muitas vezes se acumulava em
multidões diante deles. Mas uma vez que acabou a necessidade de qualquer sacrifício
para a justificação das pessoas por causa do sacrifício perfeito que Deus apresentou ao
mundo através do seu Filho Jesus Cristo, nenhum serviço do tipo de sacerdotes e
levitas mediadores continuou sendo necessário, nem mesmo a necessidade dos
próprios sacerdotes e levitas mediadores visto que Cristo foi revelado o Único Mediador
entre Deus e os seres humanos.
Em seu afã de quererem justificar os dízimos, alguns ainda tentam alegar que
Abraão era “dizimista”, mas o que também é uma distorção dos fatos, visto que Abraão
341

dizimou em uma única situação e nem dizimou uma parte dos seus próprios bens, mas
de despojos de guerra de outros reis e os quais inclusive devolveu a eles, conforme
veremos em um dos capítulos mais adiante.
Por outro lado, entendemos que convém lembrar aqui que não foram os sacerdotes e
levitas que pediram a velha aliança, mas as pessoas em geral o fizeram.
Assim, o desejo ou a cobiça má pela manutenção dos dízimos e do sistema de ofertas
da velha aliança, ou similares a ela, não pode ser atribuído somente àqueles que
querem ser sacerdotes, levitas, ministros, líderes, pastores, padres, apóstolos,
reverendos, patriarcas ou qualquer outro nome que se atribua estas funções, pois as
pessoas que se dispõem a seguir os sistemas que propõem os dízimos e as mais variadas
ofertas também veem nestes sistemas uma possibilidade de barganha, de obtenção de
“lucro” ou para procurar atender as suas cobiças por segurança, controle, bens ou
recursos materiais.
E em sua ganância, é interessante observar como vários dos proponentes a receber
as ofertas e dízimos, assim como vários daqueles que querem se sujeitar a este sistema,
se mostram incoerentes ao não se importarem em declarar, por exemplo, que o dízimo
ainda é válido, mas que não é mais necessário as pessoas guardarem o sábado devido a
isto ser um item da lei revogada com a revelação de Cristo ao mundo.
Sujeitas às suas ganâncias, as pessoas chegam a pensar que podem
selecionar os itens da velha aliança que lhes interessam financeiramente e
descartar aqueles que lhes parecem ser excessivamente pesados,
esquecendo-se, porém, de que aquele que quer viver sujeito a um item da
lei também fica obrigado a cumprir todos os itens da lei.
Portanto, depois da ressurreição de Cristo, o Senhor Jesus, Pedro, João, Paulo, o
autor do livro de Hebreus, assim como todas as Escrituras do denominado Novo
Testamento jamais ensinaram sobre guardar o sábado, ir à Jerusalém nos dias de
festas, implantar sacerdotes e levitas, e toda a sua estrutura de serviços e cultos, assim
como também não ensinaram sobre o antigo sistema de ofertas e dízimos, porque
Cristo é o fim de “toda a lei” da velha aliança e não somente das partes que as pessoas
acham interessante deixar para trás.
Na velha aliança, havia tributos que as pessoas ficavam obrigadas a pagar por terem
escolhido transferir o seu sacerdócio ou relacionamento pessoal com Deus para
terceiros. Elas optavam em “terceirizar” o seu relacionamento pessoal com Deus a
outros e ficavam obrigadas a “pagar por este serviço”. E onde houver conceito similar
sendo aplicado, isto caracteriza o uso de um conceito básico da velha aliança
independentemente de como as ofertas ou os dízimos são denominados e
independentemente dos nomes ou títulos pelos quais aqueles que fazem os supostos
serviços para com Deus são chamados, ou ainda, que em tempos contemporâneos
tenham títulos que pareçam mais amenos e menos evidentes que os antigos.
Quando algumas pessoas estabelecem uma relação entre si em que
alguns atuam para realizar supostos serviços diante de Deus em lugar de
outros, tanto aquele que se dispõe a prestar os serviços como aquele que se
sujeita a este tipo de serviços dos seus semelhantes incorrem em um
sistema similar à velha aliança, ainda que queiram propagar que sejam
parte da nova aliança com Cristo.
Uma pessoa que de fato quer viver e andar em conformidade com a nova aliança ou
em Cristo não é chamada pelo Senhor para “coxear entre dois caminhos com
342

destinações opostas”, não havendo diante de Deus nenhuma possibilidade de


harmonizar o desejo de participar simultaneamente de duas alianças sacerdotais que
não podem ser compatibilizadas. Razão pela qual, a insistência em se associar a
aspectos da velha aliança, ainda que somente alguns, é tão perigosa, pois pode levar
uma pessoa que já foi liberta deste sistema pela nova aliança em Cristo a voltar a se
afastar de Cristo e cair da graça, conforme já foi citado algumas vezes anteriormente.
Ainda quanto aos dízimos e ofertas, entendemos ser importante ressaltar aqui que
também não é o mero deixar de pagar ou dar este tipo de oferta que exime uma pessoa
de estar associada a um sacerdócio similar à velha aliança se ela de alguma outra forma
está associada a este tipo de sacerdócio.
Deixar de dar os dízimos ou as ofertas a um sistema não dissocia uma pessoa deste
tipo de sacerdócio se ela continuar fazendo uso ou participando de outra forma daquele
sistema, pois embora os dízimos e as ofertas sejam uma maneira das pessoas se
associarem à sistemas com características da velha aliança, eles não são a única forma.
Se uma pessoa supõe que estar sob um sacerdócio similar à velha aliança a exime de
ser parte daquele sacerdócio porque ela não dá dízimos ou as ofertas requeridas por
este sacerdócio, ela está correndo o risco de querer “coar ou filtrar o mosquito e deixar
passar um grande camelo”.
O que é maior, os dízimos e as ofertas ou o sacerdócio, os sacerdotes e a estrutura
que os recebem?
Se uma pessoa se sujeita à parte maior de um sacerdócio que faz uso de partes dos
aspectos da velha aliança ou similares à ela, este indivíduo continua associado a este
sacerdócio ainda que escolha não cumprir alguns itens nele requeridos, assim como era
na antiguidade.
Além disso, ainda há aqueles que tentam fazer o oposto. Ou seja, procuram não
participar de nenhum aspecto de um sistema sacerdotal humano, mas ainda assim,
quer por receio de deixarem de ser abençoados por Deus ou por ganância, repassam os
seus dízimos ou uma parte dos seus recursos a sistemas religiosos humanos, como se
pudessem não ser parte destes sistemas, mas contar com as supostas bênçãos deles.
Proceder este, que igualmente é uma associação com alianças similares à velha aliança,
pois basta um item da lei para uma pessoa se associar à toda lei de sacerdócios
similares ao primeiro.
Usando uma expressão popular, não adianta “adoçar ou dourar uma pílula
prejudicial” pensando que assim ela vai se tornar em algo benéfico.
Não adianta “dourar” um sacerdócio similar ao primeiro sob a “bandeira” de que ele
é da nova aliança e de acordo com o sacerdócio em Cristo. Se uma proposição de vida
com Deus, na prática, apresenta alguns se colocando como mediadores ou líderes de
outros a despeito de Cristo ter expressamente dito para não fazê-lo, se ela contempla
alguns se oferecendo como obreiros especiais para conduzir outros a Deus e “a cultos de
adoração a Deus”, alegando terem um chamado especial para fazê-lo, se ela está
baseado em um sistema que gira em torno de locais físicos tidos como especiais para
adoração a Deus, ou se ela tenta sustentar qualquer outro aspecto da velha aliança, esta
proposição tem a característica de ser fermento velho ainda que as pessoas veemente se
declarem seguidoras da nova aliança.
Por mais que as pessoas tentem adornar algo corrompido como sendo algo digno de
ser aceito ou seguido por elas, por mais que tentem se mostrar piedosas e por maior
343

que seja o montante de ofertas e dons que alegam estar oferecendo ao Senhor, Deus
olha os corações, conhece as suas motivações e não se deixa ser corrompido.

Jeremias 17: 9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e


desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto
das suas ações.

Deuteronômio 10: 17 Pois o SENHOR, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o


Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que não faz
acepção de pessoas, nem aceita suborno.

Hebreus 4: 12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante


do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração.
13 E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo
contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos
daquele a quem temos de prestar contas.
----

A partir da revelação de Cristo ao mundo como o eterno Salvador e


Senhor, o mistério guardado por séculos foi revelado, mostrando que a
glória que as pessoas tanto necessitam não se encontram nas coisas
palpáveis do presente mundo, mas em Deus que a todos criou.
E desta forma, também todo o sistema de buscar a Deus através de coisas materiais e
que atua para corromper ainda mais o coração humano foi declarado fraco, inútil,
obsoleto ou revogado, permanecendo aceito perante Deus somente o mistério guardado
por séculos e revelado em Cristo Jesus, o qual é Cristo em nós, esperança da glória, e
nós em Cristo.

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem.
2 Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os
que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não
mais teriam consciência de pecados?
3 Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos
os anos,
4 porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova
pecados.
5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não quiseste;
antes, um corpo me formaste;
6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
344

7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
11 Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço
sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca
jamais podem remover pecados;
12 Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício
pelos pecados, assentou-se à destra de Deus,
13 aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos
por estrado dos seus pés.
14 Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos
estão sendo santificados.

Colossenses 1: 27 Aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza
da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a
esperança da glória;
28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a
todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo
homem perfeito em Cristo.
345

G. Sob Motivações Similares até Aquilo que Parece Muito


Distinto se Torna Similar

Por fim, para concluir o presente capítulo sobre as proposições apregoadas como
nova aliança, mas que na realidade tem por base as motivações da velha aliança,
gostaríamos de reiterar que Paulo ensinou que as tentativas de mesclar a lei do
primeiro sacerdócio naquilo que está associado à nova aliança são tentativas de gerar
fascinação, engano e encantamento no entendimento das pessoas para que se apartem
da simplicidade de acesso a Deus que pode ser realizada através de Cristo e da
justificação pela graça feita para sempre e que pode ser recebida individualmente
mediante a fé no Senhor.

2 Coríntios 11: 3 Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se
aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.

Gálatas 3: 1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante


cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?
2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras
da lei ou pela pregação da fé?
3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais,
agora, vos aperfeiçoando na carne?

Gálatas 5: 7 Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a


obedecer à verdade?
8 Esta persuasão não vem daquele que vos chama.
9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.

As Escrituras nos ensinam a rejeitar as fábulas velhas e caducas que tentam


sustentar aspectos do primeiro e obsoleto sacerdócio, da sua lei e da sua aliança.

1 Timóteo 4: 7 Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas caducas.


Exercita-te, pessoalmente, na piedade.

Tito 1: 14 E não se ocupem com fábulas judaicas, nem com


mandamentos de homens desviados da verdade.
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E devido às severas consequências que podem sobrevir a uma pessoa que quer um
relacionamento com Deus segundo a nova aliança, mas também anela por aspectos da
velha aliança ou se deixa fascinar por eles, Paulo ainda escreve aos cristãos algumas
considerações que mostram que inclusive aquilo que pode parecer ser muito distinto,
pode vir a ser equiparado em vários dos seus aspectos fundamentais quando visto a
partir do que motivou o surgimento de uma proposição de vida em particular.
346

Gálatas 4: 21 Dizei-me vós, os que quereis estar sob a lei: acaso, não
ouvis a lei?
22 Pois está escrito que Abraão teve dois filhos, um da mulher
escrava e outro da livre.
23 Mas o da escrava nasceu segundo a carne; o da livre, mediante a
promessa.
24 Estas coisas são alegóricas; porque estas mulheres são duas
alianças; uma, na verdade, se refere ao monte Sinai, que gera para
escravidão; esta é Agar.
25 Ora, Agar é o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à Jerusalém
atual, que está em escravidão com seus filhos.
26 Mas a Jerusalém lá de cima é livre, a qual é nossa mãe;
27 porque está escrito: Alegra-te, ó estéril, que não dás à luz, exulta e
clama, tu que não estás de parto; porque são mais numerosos os
filhos da abandonada que os da que tem marido.
28 Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque.
29 Como, porém, outrora, o que nascera segundo a carne perseguia
ao que nasceu segundo o Espírito, assim também agora.
30 Contudo, que diz a Escritura? Lança fora a escrava e seu filho,
porque de modo algum o filho da escrava será herdeiro com o filho
da livre.

Através deste último texto, Paulo nos mostra como vários aspectos que parecem ser
muito distintos acabam se assemelhando quando são vistos sob a ótica daquilo que lhes
é comum quanto à sua origem ou natureza humana e quanto aos resultados que
produzem na vida das pessoas, ao ponto de Paulo comparar e considerar aspectos que
parecem que jamais poderiam ser equiparados como semelhantes, como, por exemplo,
declarar que Agar, mãe dos descendentes que vieram a constituir o que foi denominado
de Arábia, é a Jerusalém atual ou é o monte Sinai no qual Moisés recebeu a lei do
primeiro sacerdócio ou a velha aliança.
Ora, Moisés não era descendente de Agar, como, então, a lei da qual ele foi mediador
pode ser comparada como se ela fosse da descendência ou da aliança de Agar?
Assim, em outras palavras, o que Paulo está ensinando no livro de Gálatas é que
independentemente da origem natural de um sacerdócio, quer seja o primeiro
sacerdócio ou aquilo que descende de Agar, se algo tem a sua origem de acordo com a
natureza humana ou também denominado de uma obra da carne, ele acaba tendo por
base a vontade humana que resiste à vontade de Deus e que tem por alvo escravizar as
pessoas que se submetem àquilo que é proposto pela criatura em oposição ao caminho
apontado pelo Senhor.
E quando as pessoas procuram amoldar a vida cristã que Cristo oferece
aos seus anelos carnais, à ganância, a um tipo de proposição de barganha,
à uma pretensa piedade que no fundo tem a sua prioridade direcionada ao
andar por vista e não por fé, ao objetivo de estar no controle, à atração pela
glória humana, ao lucro ou ganhos materiais, a modelos religiosos que
procuram estabelecer mediadores no relacionamento de outros com Deus,
elas na realidade estão operando na tentativa de instituir proposições que
aparentam ser relacionadas à nova aliança, mas que na prática são versões
veladas quanto à sua origem e outros pontos que são somente variações de
alguma forma do primeiro sacerdócio ou da velha aliança.
347

Mesmo que demonstrem um interesse aparente ou parcial pela nova


aliança, ou que as proposições que passam a seguir aparentem ter regras e
formatos exteriores muito distintos, quando as pessoas se apegam às
coisas às quais a carne se inclina, às suas ambições ou às suas
concupiscências, elas acabam sendo atraídas por coisas similares ao
primeiro sacerdócio.
Portanto, entendemos que convém relembrar aqui os seguintes textos:

1 Samuel 16: 7(b) ... porque o SENHOR não vê como vê o homem. O


homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.

Mateus 22: 16 E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os


herodianos, para dizer-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro e que
ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te
importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência
dos homens.

João 7: 24 Não julgueis segundo a aparência, e sim pela reta justiça.


----

Devido às suas cobiças por coisas más mencionadas nos tópicos deste
capítulo e várias outras, muitas pessoas têm criado, multiplicado e
expandido obras e ministérios que alegam ser em conformidade com a
nova aliança, a aliança da Jerusalém de cima, com Cristo ou com a vida
cristã. Entretanto, na realidade, são segundo o filho da carne, o filho da
aliança figurativa denominada de Agar, Jerusalém atual ou a velha aliança
estabelecida no monte Sinai, um monte da Arábia, ou ainda outras
variações para aquilo que é nascido da carne e não do Espírito do Senhor.
E em suas corrompidas ambições, muitas obras, ministérios ou obreiros que se
denominam de cristãos ainda têm procurado estender as suas proposições de forma
mundial, incorrendo, assim, no texto já mencionado anteriormente em que Cristo
adverte aqueles que buscam angariar os seus prosélitos até em lugares remotos, mas
que além de não lhes mostrarem de fato a salvação para a libertação dos seus pecados,
ainda querem escravizá-los às proposições semelhantemente cobiçosas como na velha
aliança, aspecto também alertado várias vezes por Paulo.

Mateus 23: 13 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o


reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais
entrar os que estão entrando!
...
15 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque rodeais o mar e a
terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do
inferno duas vezes mais do que vós!
348

Atos 20: 29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão
lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.
30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas
pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.
31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia,
não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
----

Insistir atualmente na velha aliança, ainda que parcialmente, é continuar insistindo


para que o entendimento da liberdade que há em Cristo não chegue às pessoas que dela
tanto necessitam. É continuar a insistir em deixar as pessoas debaixo da sombra e da
região da morte, lembrando, porém, que se antes da vinda de Cristo, antes da vinda da
nova aliança, o primeiro sacerdócio já conduzia as pessoas à condenação, quanto mais
severo não é tentar segui-lo depois que o Senhor já foi anunciou a sua revogação?

Hebreus 10: 26 Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois


de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta
sacrifício pelos pecados;
27 pelo contrário, certa expectação horrível de juízo e fogo vingador
prestes a consumir os adversários.
28 Sem misericórdia morre pelo depoimento de duas ou três
testemunhas quem tiver rejeitado a lei de Moisés.
29 De quanto mais severo castigo julgais vós será considerado digno
aquele que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da
aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça?

Portanto, as questões ligadas a andar segundo homem natural, a carne, o primeiro


sacerdócio, a lei e a aliança do Sinai, as características do filho da aliança denominada
de Agar, e a piedade que procura se basear em coisas aparentes e associadas às más
cobiças, jamais deveriam ser vistas com leviandade, pois elas invariavelmente atuam
para escravizar todo aquele que a elas se submetem.
Ninguém, jamais, deveria desprezar o poder que há na atração pela velha aliança,
pela aliança denominada Agar, Jerusalém atual, primeiro sacerdócio, lei de Moisés,
sacerdócio Levítico e qualquer coisa similar a isto, pois a fascinação que este tipo
proposição apresenta vai muito de encontro com aquilo que o homem natural ou a
denominada carne ambiciona, acrescido ainda do fato de que em sua condição natural,
e não sob a direção do Espírito do Senhor, o homem natural inclusive resiste a tudo
aquilo que procede do Espírito de Deus.

2 Coríntios 3: 14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de


hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu
permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o
coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.
349

Lucas 5: 39 E ninguém, tendo bebido o vinho velho, prefere o novo;


porque diz: O velho é excelente.

As razões que antigamente atuaram para atrair as pessoas a um sacerdócio ineficaz


ou enganoso são as mesmas em todas as gerações, a saber: a carne ou a natureza
humana querendo comandar a Deus com as sugestões humanas e limitadas de como
Deus deveria agir. Razão pela qual, a sua atratividade repete-se de geração em geração.
Quando, por exemplo, Cristo cita a atração que os escribas e fariseus tinham por
vestimentas distintas ou longas, pelos primeiros lugares nos banquetes, pelas cadeiras
principais nos locais de reuniões e ensinos, por serem saudados nas praças e diante das
pessoas ou multidões, e por serem chamados de mestres ou por títulos diferenciados,
Ele não estava expondo somente as motivações que haviam nos corações dos líderes
daquela geração, mas aquilo que as pessoas têm repetido nos mais diversos grupos de
geração em geração.

Marcos 12: 38 E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que


gostam de andar com vestes talares e das saudações nas praças;
39 e das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos primeiros lugares
nos banquetes;
40 os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem
longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo.

Mateus 23: 5 Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem
vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as
suas franjas.
6 Amam o primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas
sinagogas,
7 as saudações nas praças e o serem chamados mestres pelos
homens.
8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso
Mestre, e vós todos sois irmãos.
9 A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso
Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem sereis chamados guias (ou líderes), porque um só é vosso
Guia, o Cristo.
----

A partir das motivações de grupos específicos de pessoas, Cristo estava


nos alertando a nos abstermos destes tipos de motivações e também nos
ensinando para discernirmos aqueles que alegam servir a Deus, mas na
realidade estão servindo aos seus próprios interesses.
O aspecto descrito no parágrafo anterior também encontra-se novamente ratificado
por Paulo, conforme segue:

1 Coríntios 5: 11 Mas, agora, vos escrevo que não vos associeis com
alguém que, dizendo-se irmão, for impuro, ou avarento, ou idólatra,
350

ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal, nem ainda


comais.

Se também recordarmos mais uma vez o texto de Mateus 7 sobre os falsos profetas,
sobre aqueles indivíduos que se apresentam com vestes de ovelhas, mas que por dentro
são lobos roubadores, vemos que a ênfase do discurso deles estava “neles e naquilo que
eles fizeram”. Tudo se voltava a eles, e a motivação do que supostamente fizeram “em o
nome do Senhor”, visava poder para reivindicar coisas de Deus. Em o “nome do
Senhor”, “eles” expeliram demônios, “eles” profetizaram, “eles” fizeram milagres.
E quão diferente não foi a atitude de Cristo quando João Batista enviou seus
discípulos a perguntar ao Senhor Jesus se Ele era de fato o Messias que haveria de vir?
Quando perguntado pelos discípulos de João, o Senhor não direcionou a ênfase da
sua resposta para exaltar cada uma das coisas que “Ele” fez, mas apontou para as
pessoas que eram beneficiadas por elas para que a ação do amor, da misericórdia e da
graça de Deus para com os seres humanos necessitados destes aspectos fosse exaltada.

Mateus 11: 2 Quando João ouviu, no cárcere, falar das obras de Cristo,
mandou por seus discípulos perguntar-lhe:
3 És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?
4 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais
ouvindo e vendo:
5 os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os
surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo
pregado o evangelho.
6 E bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de
tropeço.

Lucas 18: 9 Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em


si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros:
10 Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um,
fariseu, e o outro, publicano.
11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó
Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;
12 jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
13 O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê
propício a mim, pecador!
14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;
porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha
será exaltado.
----

A carência do conhecimento da glória de Cristo como o Mediador da


nova aliança, e jamais da velha ou de qualquer variação desta, tem cegado e
pode cegar a muitos para a realidade da nova aliança, assim como também
pode gerar fascinação quase que inacreditável e inimaginável pela velha
aliança a ponto das pessoas não verem mais que a essência da nova aliança
351

é a Luz desta aliança, a qual é, e sempre será, exclusivamente Cristo Jesus,


o Senhor de todos.
E considerando que Cristo é a Luz de Deus que ilumina o coração de
uma pessoa, também é o que Ele declara sobre o primeiro e o segundo
sacerdócios que ilumina o que, respectivamente, vem a ser de fato a velha
aliança e a nova aliança.
Entretanto, quando as pessoas escolhem colocar outros mediadores na sua relação
com Deus, elas colocam bloqueios à luz, colocam véus sobre seus olhos, obstruem os
seus ouvidos, colocam tetos que se interpõem na relação com o Senhor, e ficam sujeitas
àqueles que não são transparentes e verdadeiros no que dizem e propõem.
As proposições que tentam associar coisas de outras alianças à na nova aliança ou
que são contrárias a ela são tão ardilosas porque atuam no espectro geral da inclinação
das pessoas aos desejos ou cobiças da carne. E se não conseguem atrair uma pessoa por
um determinado tipo de cobiça, eles tentam atuar em outros em relação aos quais um
indivíduo é mais atraído, por isto:

Gálatas 5: 16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à


concupiscência da carne.
17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a
carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que,
porventura, seja do vosso querer.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
----

Assim, saber que muitos aspectos se equiparam diante de Deus por causa dos seus
pontos fundamentais similares, ainda que apresentem itens exteriores que pareçam ser
muito distintos, é um ponto que pode ser muito cooperativo no discernimento que o
Senhor se dispõe a conceder para que as pessoas possam distinguir e rejeitar aquelas
proposições que aparentam ser nova aliança, mas não o são de fato.
Diante de Deus, não há “meia-nova aliança”. Não há nova aliança com
um pouco da velha. Não há a nova aliança com acréscimo do que uma
pessoa gosta da velha, pois a nova aliança é pura, e também o Senhor quer
purificar e santificar (separar) da velha aliança aqueles que a Ele se
achegam para terem comunhão com Ele e para Nele andarem.

Lucas 11: 23 Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não
ajunta espalha.

Hebreus 10: 9 Então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a
tua vontade.
Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.
----
352

Além do Senhor Jesus Cristo ressurreto, vivo e atuando através do


Espírito Santo, não há ninguém que possa conduzir cada cristão a
conhecer a sua nova realidade no Senhor e guiá-lo passo a passo e de tal
forma que o rompimento da associação com a primeira aliança, já provido
na cruz do Calvário, se dê também na vida pessoal daqueles que creem no
Evangelho de Deus.

Hebreus 9: 14 ... muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito


eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a
nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles
que têm sido chamados.

João 8: 31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós
permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus
discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
...
36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
----

Concluindo, diante de tanta resistência do ser humano em geral e individual para


com Deus e para com a nova aliança, não é de admirar que alguns dos primeiros
aspectos que podem ser encontrados para quem se achega ao trono da graça, através da
nova aliança, são a misericórdia e a própria graça para os ajudar em suas debilidades.

Hebreus 4: 14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa
confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
353

C19. A Glória de Cristo como o Sumo Sacerdote Celestial


Um aspecto que nos parece ser muito relevante na abordagem do primeiro
sacerdócio e do segundo sacerdócio, ou da abordagem da antiga aliança e da nova
aliança, é que na troca de um para o outro pode haver um risco de não ser praticada
uma adequada medida de atenção tanto ao antigo como ao novo, podendo, isto,
resultar em prejuízo no que de fato é o alvo da troca, que é deixar o velho e passar a
viver efetivamente no novo.
O conhecimento daquilo que é deixado para trás pode ser crucial para que para que
na sequência uma pessoa saiba rejeitar qualquer proposição que queira fazer com ela
retorne àquilo ao qual não deveria voltar a inclinar o coração depois de ter sido liberta
da sujeição a ele. Por outro lado, avançar para o novo, passa a ser vital para que um
indivíduo seja firmemente estabelecido naquilo que o Senhor lhe oferece. No final das
contas, é a firmeza no novo que irá sustentar uma pessoa na novidade de vida para que
também o alvo novo seja alcançado e estabelecido para sempre.
Ao longo do presente estudo, temos abordado diversos aspectos da condição das
pessoas antes de conhecerem a Cristo para evidenciar a necessidade de sua salvação e
da grandeza da salvação oferecida pelo Senhor. Mas, ao mesmo tempo, também temos
insistido com os leitores deste material para que se sintam animados ou exortados a
colocar a sua atenção cada vez mais ou de forma contínua e crescente naquilo que
passou a estar disponibilizado a eles na novidade de vida em Cristo Jesus.
Se uma pessoa não compreende que há um antigo que precisa ser deixado para trás e
não enxerga aquilo do qual deveria se apartar, ela corre o risco de ficar presa àquilo que
a quer reter e impedir de avançar para o que ela necessita. Entretanto, se uma pessoa
não sabe que é precisamente no novo que está o auxílio para ela conseguir se
desvencilhar de fato do antigo, ela poderá incorrer na tentativa de empenhar grandes
esforços em ações ineficazes no sentido de alcançar a liberdade em relação àquilo do
qual ela tanto precisa ser liberta e permanecer liberta.
Alguns dos principais fatos pelos quais muitos cristãos têm tido tantas frustrações
nas tentativas de resistir ao pecado muitas vezes podem ter tido a sua origem não na
falta de esforço ou desejo do cristão em vencer as suas tentações, mas pelo fato do
cristão talvez não estar combatendo, primeiramente, o bom combate da fé e por não
estar combatendo o bom combate segundo as condições, forças, dons e armas que lhe
são oferecidas somente na nova aliança em Cristo Jesus.
Considerando que uma pessoa jamais poderá conseguir alcançar a sua libertação da
escravidão ao pecado e à lei do primeiro sacerdócio através das condições e armas das
coisas velhas que a aprisionavam, também não serão estas condições ou meios antigos
que lhe concederão vitória contra novas proposições para incorrer novamente em
escravidão ao pecado e à antiga lei depois que alguém já recebeu a salvação de Deus.
A liberdade e a novidade de vida que Cristo oferece às pessoas não referem-se a uma
libertação para as pessoas terem uma nova oportunidade para tentarem realizar
novamente as coisas antigas que ficaram para trás, assim como também não é uma
oportunidade de viverem e andarem em novidade de vida fazendo uso das condições,
formas e instrumentos velhos ou declarados obsoletos pelo Senhor.
Em Cristo, tudo é em conformidade com a novidade da nova aliança ou da lei
perfeita e da liberdade no Senhor. E tudo aquilo que foi declarado obsoleto continua
354

fraco ou inútil tanto para vencer as proposições baseadas no velho sacerdócio como
para viver na nova condição de vida em Deus.
Ninguém, em sã consciência, mistura, por exemplo, um alimento velho contaminado
ou estragado com um alimento novo e saudável esperando que o velho vá proporcionar
mais conservação ao novo. Por mais custoso que o adquirir o alimento estragado tenha
sido para uma pessoa, a solução de lançá-lo fora ainda é muito mais benéfica do que se
expor aos danos que ele pode causar se for usado ou consumido.
Portanto, se nos últimos capítulos talvez adotamos uma medida de abordagem
maior sobre o antigo sacerdócio, sua lei e sua aliança, daqui para frente procuraremos
aumentar a atenção ao novo que nos é oferecido em Cristo para que, por fim, o novo
venha a ser destacado em maior medida e para que a ênfase do novo passe a se
sobressair cada vez mais sobre o antigo, tendo em vista ainda, que a glória do novo,
conforme já vimos anteriormente, é infinitamente e incomparavelmente superior à
glória daquilo que somos exortados a deixar para trás para sempre.
E diante da revelação mais ampla dos aspectos do sacerdócio que Deus nos oferece
em Cristo, gostaríamos de avançar para o fato das Escrituras nos mostrarem que um
dos pontos centrais da glória de Cristo que mais nos é necessário, depois que somos
introduzidos pelo Senhor na nova aliança, refere-se ao conhecimento da revelação de
que Cristo é o Sumo Sacerdote Celestial estabelecido por Deus para com todo aquele
que é introduzido nesta nova aliança.
Assim , em primeiro lugar, quando passamos a observar mais de perto a condição de
Cristo como Sumo Sacerdote Celestial, podemos compreender melhor não somente
aquilo que o Senhor Jesus fez como Cristo na Terra, mas também aquilo que Cristo fez
e faz a partir do céu e do reino celestial depois que Ele ressuscitou e foi elevado à sua
condição presente que Ele exerce no céu.
Na cruz do calvário, todo o escrito de dívida foi exposto diante dos seres humanos e
diante dos principados e potestades, ficando exposto à vergonha e mostrando que tanto
o escrito da dívida para com o pecado como para com a lei de Moisés foram quitados
plenamente através da morte de Cristo em lugar dos devedores ou em lugar daqueles
sobre quem residia a maldição de morte.
Entretanto, em relação à condição de Cristo como o Sumo Sacerdote Eternamente
Perfeito, podemos ver de forma mais evidente que ainda era necessário que o Cristo
ressurreto apresentasse a oferta santa e reta que Ele fizera na Terra em favor de todos
os seres humanos também diante do trono eterno do Pai Celestial. E isto, para que o
perdão concedido às pessoas em relação às suas dívidas para com o pecado e com a lei
também fosse consolidado diante de Deus e servisse de caminho de reconciliação das
pessoas com o Eterno Criador.
Através da sua morte na cruz do Calvário e pelo derramar do seu sangue diante dos
seres humanos, dos principados e das potestades do mundo, Cristo fez a provisão de
quitação de todo o escrito de dívida das pessoas perante os seus cruéis credores, a
saber, o pecado, a lei e a morte. Lembramos aqui, porém, que a ofensa dos seres
humanos não somente representou uma sujeição ao pecado e à lei da velha aliança ou
similares a ela, mas também expressou uma ofensa contra Deus e que causou uma
obstrução da livre comunhão das pessoas com o seu Criador, aspecto abordado mais
amplamente no estudo sobre o Evangelho da Justiça de Deus.
Quando os seres humanos pecaram, além de se sujeitarem ao pecado e depois
muitos também à lei do primeiro sacerdócio, eles também pecaram contra Deus e
355

perderam a condição de serem chamados de filhos de Deus, pois Deus não tem parte
com o pecado e nem com a injustiça do primeiro sacerdócio que prega a justificação
através de obras humanas e não a justificação mediante à graça redentora oferecida
pelo Senhor.
Portanto, após ter sido perfeitamente realizada a provisão para a libertação das
pessoas do jugo do pecado e da lei, ainda era necessário que também a provisão para
que a ofensa dos seres humanos para com o Senhor fosse perfeitamente resolvida
diante do trono celestial de Deus.
A obra de Cristo na cruz do Calvário imediatamente estabeleceu a provisão da
absolvição de todo o escrito de dívida eterna do pecado e da lei que estava sobre todas
pessoas, mas a reconciliação com Deus ainda precisava ser estabelecida nos céus.
Em uma das parábolas apresentadas pelo Senhor Jesus, vemos que o filho mais novo
que deixou a casa de seu pai para tentar viver uma vida dissociada do seu pai declarou
que a principal questão que ele precisava solucionar, quando posteriormente caiu em si
e reconheceu o seu pecado, era se apresentar perante o seu pai para declarar a sua
condição de pecador também contra o céu e o pai, conforme segue:

Lucas 15: 18 Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai,
pequei contra o céu e diante de ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos
teus trabalhadores.
20 E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando
seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou.
21 E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não
sou digno de ser chamado teu filho.
----

Se, por exemplo, Cristo morresse na cruz do Calvário, mas não ressuscitasse, a
dívida da humanidade com o pecado e a lei até poderia estar paga, pois foi através da
morte de um inocente que assumiu a dívida de todos na cruz do Calvário que o pecado e
a lei do primeiro sacerdócio perderam o direito de cobrar as suas dívidas ou passaram a
estar plenamente quitadas. Entretanto, do que adiantaria as pessoas terem a dívida
quitada para com o pecado e para com a lei se não pudessem voltar a ter acesso à vida
eterna que somente é encontrada em Deus?
Desta forma, era necessário alguém subir ao alto e sublime lugar de Deus para
também ali testemunhar o que foi realizado na Terra e estabelecer a paz entre Deus e os
seres humanos também diante do tribunal celestial ou eterno.
Deus enviou o Filho do Seu Amor para realizar uma obra na Terra, mas
também o fez para que Cristo retornasse à presença do Pai Celestial para
testemunhar e apresentar perante Ele a obra de redenção concluída. E isto,
para que ela fosse aprovada diante do trono de Deus para que também em
todas as regiões celestiais fossem removidos os impedimentos que os seres
humanos colocaram entre si e Deus quanto à comunhão com o seu Criador.
Cristo foi enviado em nome do Pai Celestial a partir do seu alto e sublime trono, e é
também por isto que a obra de Cristo necessitava ter a sua validação ou aprovação final
diante do mesmo ponto do qual Ele foi enviado ao mundo.
356

Quando Cristo concluiu a obra que veio fazer no mundo através de sua condição de
Filho do Homem ou quando rendeu o seu espírito ao Pai Celestial e morreu na cruz em
fidelidade ao propósito devido ao qual o Pai o havia enviado ao mundo, o Pai o
ressuscitou para que Cristo também trouxesse diante do seu trono o resultado da obra
para a qual o Pai havia lhe enviado em carne à Terra.
Aquele a quem Deus enviou ao mundo para realizar a vontade celestial para a
redenção das pessoas da sujeição ao pecado e à lei da velha aliança, também era Aquele
de quem o Pai queria receber a apresentação da conclusão do que do que havia sido
feito na Terra em favor de todos os seres humanos.
Assim, se a apresentação do Cristo ressurreto diante dos seus discípulos foi em
glória resplandecente e jamais antes concebida pela mente humana, quanto maior não
foi, então, a glória quando Cristo apresentou o fruto da sua obra, o sangue inocente
vertido em favor da redenção dos pecadores, diante do Pai Celestial e diante de todos os
anjos do Senhor?

João 20: 17 Recomendou-lhe Jesus: Não me detenhas; porque ainda


não subi para meu Pai, mas vai ter com os meus irmãos e dize-lhes:
Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus.

Aquele que desceu ao mundo e desceu aos mais profundos abismos da


Terra para tirar o cativeiro no qual a humanidade estava aprisionada,
também é Aquele que subiu acima de todos os céus para apresentar diante
de Deus a oferta plenamente perfeita para a reconciliação das pessoas com
o Criador e Pai Celestial.

Efésios 4: 8 Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o
cativeiro e concedeu dons aos homens.
9 Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às
regiões inferiores da terra?
10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para encher todas as coisas.

1 Timóteo 3: 16 Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele


que foi manifestado na carne foi justificado em espírito,
contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo,
recebido na glória.

Se antes da obra de Cristo, como Filho do Homem no mundo, havia impedimentos


intransponíveis para os seres humanos se reconciliarem com o Criador e serem
chamados de filhos eternos do Eterno Pai Celestial, pela sua condição indigna e de
escravidão ao pecado e à lei, agora, através de Cristo, a provisão de libertação desta
condição indigna foi inteiramente ou perfeitamente realizada e apresentada diante do
trono celestial de Deus para que todos, através desta provisão, possam também ser
perdoados e aceitos por Deus.

1 João 3: 1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de
sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por
357

essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a


ele mesmo.

2 Coríntios 5: 18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.
----

Cristo “consumou” a obra na Terra, mas Ele também a “consumou” nos


céus para que uma nova aliança de reconciliação e novidade de vida
pudesse ser estabelecida diante de Deus e oferecida pelo Senhor a todos os
seres humanos, a qual pode ser recebida por todos mediante a fé em Deus e
na justificação provida para todos em Cristo Jesus.

João 1: 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.

Era nos necessário um Cristo perfeito na Terra para ser feito um


sacrifício perfeito pelas nossas dívidas, mas também era nos necessário
um Cristo ressurreto e vivo para entrar diante de Deus no céu como uma
oferta perfeita para que o perdão, a reconciliação com o Pai Celestial e a
condição de filhos do reino celestial pudesse nos ser concedida.
Entendemos ser muito significativo notar bem o que aconteceu neste período da
história para perceber que o fim da missão de envio de Cristo ao mundo não foi, então,
encerrada por completo antes de Cristo ter se apresentado diante do Pai Celestial em
nosso favor como o sacrifício perfeito que abrangeu tudo o que era necessário tanto
para podermos ser libertos do que queria nos manter aprisionados eternamente como
para nos conceder o perfeito caminho para a reconciliação com Deus e com a vida
eterna.

1 Pedro 3: 18(a) Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos
pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus.

Quando vemos que a obra de redenção que Cristo fez em prol de todos os
seres humanos culminou com Ele se apresentando diante do Pai Celestial
como o sacrifício perfeito e eterno para que possamos encontrar o perdão
diante de Deus, vemos que o Senhor Jesus não nos foi revelado somente
como a oferta perfeita, mas também como o Sumo Sacerdote perfeito que
apresenta a oferta perfeita diante do Pai Celestial e que perfeitamente
representa diante Dele aqueles pelos quais o sacrifício eterno foi realizado.
Além disso, relembrando o que foi mencionado no início do presente capítulo, o
propósito de Deus em nos libertar do jugo do pecado e da lei da velha aliança, ou
358

similares a ela, e o fato de podermos ser reconciliados com o Pai Celestial mediante
Cristo, novamente não se limitam somente à libertação ou ao deixar a condição
anterior, mas eles se revelam como algo novo e perfeito pelo fato de também
oferecerem o caminho para que as pessoas redimidas possam efetivamente virem a
serem participantes da novidade de vida que o Senhor lhes oferece.
E entre vários dos principais pontos pelos quais vemos que o sacerdócio que é em
conformidade com a nova aliança é um sacerdócio inteiramente distinto do sacerdócio
da velha aliança, encontramos o aspecto de que no sacerdócio da nova aliança, o Sumo
Sacerdote não somente representa as pessoas diante de Deus e apresenta uma oferta
perfeita para o perdão delas, mas Ele também conduz as pessoas a Deus, conforme
descrito no último texto da primeira epístola de Pedro apresentada acima.
Assim, um segundo ponto que gostaríamos de destacar aqui é que também a obra de
Cristo de se apresentar diante o Pai Celestial como o sacrifício perfeito, para concluir a
provisão que precisava ser feita para a reconciliação eterna das pessoas com Deus,
novamente não representou o fim do propósito da obra de amor do Senhor para com os
seres humanos, mas a conclusão de uma etapa que permite o início de outra para a qual
a primeira foi realizada perfeitamente e uma vez para sempre.
A completação de uma etapa específica através do envio de Cristo ao mundo, e cujos
resultados têm validade eterna, foi feita uma única vez de forma plena e para sempre
para inaugurar uma nova etapa que permanecerá eternamente diante de Deus.
A condição de Cristo, como Aquele que se apresentou em nosso favor
diante do Pai Celestial como a oferta perfeita de redenção e de
reconciliação, encerrou perfeitamente e de forma plenamente satisfatória
a missão do Pai de tê-lo enviado em carne ao mundo, mas ela também
revelou a missão da nova aliança e do novo sacerdócio em Cristo após Ele
ter estabelecido o caminho da redenção e da reconciliação das pessoas
diante do Pai Celestial.
Ainda em outras palavras, além do Pai Celestial, através do Filho do Seu Amor, ter
estabelecido a provisão perfeita para a libertação dos seres humanos dos jugos eternos
de condenação aos quais estavam sujeitos e ter reconhecido a Cristo como o Sumo
Sacerdote que se apresentou perfeitamente diante do seu trono para apresentar a oferta
perfeita para todas as pessoas poderem alcançar o perdão perante Ele, o Pai Celestial
ainda revelou a Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno que não somente se apresenta
diante Dele em favor de outros, mas que também conduz as pessoas e as assiste para
que elas mesmas se relacionem pessoalmente com Deus.
Cristo, Aquele que se ofereceu como oferta perfeita e completa, também
é Aquele que veio a ser revelado como o Sumo Sacerdote que apresentou a
oferta perfeita diante de Deus, mas isto, para que também viesse a ser o
Sumo Sacerdote Celestial através de quem as pessoas podem ter acesso à
nova aliança para também serem sustentadas por este mesmo Sumo
Sacerdote e para poderem se relacionar pessoalmente com Deus.
A posição do Senhor Jesus como o singular Sumo Sacerdote Eterno é
vital ou fundamental, porque somente através dela que a obra de Cristo
concluída na cruz do Calvário também foi concluída diante do Pai, mas, ao
mesmo tempo, também porque esta posição nos foi revelada como eterna
para com todo aquele que crê em Cristo e o recebe como o Senhor da sua
vida.
359

Na revelação da glória de Deus na face de Cristo, como sendo Cristo Aquele que foi
revelado pelo Pai Celestial como o Sumo Sacerdote Eterno, temos evidenciada a obra
redentora do Senhor em Cristo de uma maneira ampla, completa e objetiva, mas
também aquilo que adveio desta obra e ainda pode advir para aqueles que receberem a
este mesmo Cristo em seus corações também como o Sumo Sacerdote Eterno que está
acima dos céus diante do Pai Celestial.
Em Cristo Jesus, como Ele sendo o Sumo Sacerdote do verdadeiro tabernáculo, e
não aquele feito por mãos humanas, podemos ter um quadro geral do que no passado
foi feito para a redenção ser completa na Terra e no céu, mas também para que o
propósito da redenção e a maneira pela qual as vidas redimidas são sustentadas
estejam evidenciados, assim como também esteja evidenciado como os resgatados
podem alcançar a instrução e a direção de vida segundo Aquele através de quem foram
remidos ou salvos.
Em Cristo, revelado também como o Sumo Sacerdote Celestial, podemos ver tanto
os aspectos conclusivos que o Senhor fez por nós como aquilo que Ele continua a fazer
para nos auxiliar a permanecermos na confiança em Deus e para sermos mais que
vencedores através desta permanência Nele.
Cristo é o Sumo Sacerdote que nos convinha para a redenção, salvação e para
estabelecer a nossa reconciliação com Deus, mas que também nos é necessário para
sempre, conforme exemplificado em vários textos a seguir:

Hebreus 9: 23 Era necessário, portanto, que as figuras das coisas que se


acham nos céus se purificassem com tais sacrifícios, mas as próprias
coisas celestiais, com sacrifícios a eles superiores.

Hebreus 2: 10 Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem
todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória,
aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
...
17 Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse
semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos
pecados do povo.

Hebreus 7: 26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este,


santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais
alto do que os céus,
27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si
mesmo se ofereceu.
28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à
fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.
360

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
3 Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons
como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo
sacerdote tivesse o que oferecer.
4 Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto
existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim
como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de
acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de
maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.

Hebreus 4: 15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.

Hebreus 7: 25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
----

Em Cristo feito Filho do Homem, a ponto de morrer na cruz do Calvário,


Deus nos revelou a grandeza e a profundidade do seu plano para a nossa
redenção. Entretanto, em Cristo ressurreto, vivo e estabelecido como o
singular Sumo Sacerdote Celestial e Eterno, Deus nos revela a grandeza do
que Cristo fez e continua fazendo após ter feito a provisão que permite as
pessoas terem acesso à nova aliança com Deus e ao novo sacerdócio que o
Senhor oferece a todos através do seu Evangelho.
Portanto, se alguém supõe que com a ressurreição de Cristo dentre os mortos, o
Senhor Jesus também encerrou o seu trabalho prático e continuamente atuante em
nosso favor, é porque esta pessoa ainda não conhece a glória de Cristo como o Sumo
Sacerdote Celestial para com todos aqueles que Nele creem.
Após a morte e ressurreição de Cristo dentre os mortos, é
primeiramente através da sua condição de Sumo Sacerdote Celestial
eternamente estabelecido que o Senhor Jesus exerce de forma prática o
seu senhorio, pastoreio, instrução e cuidado sobre todos aqueles que
permitiram que Ele fosse o seu Mediador Eterno para também serem parte
da nova aliança com Deus.
E se um cristão ainda não consegue perceber como, primeiramente, o
Senhor Jesus quer lhe ajudar, instruir e fortalecer para viver, andar e
361

crescer na novidade de vida que há na nova aliança, é porque ele ainda


carece de conhecer a glória do Senhor Jesus em sua faceta ou função de
Sumo Sacerdote Eterno.
Desta forma, quando falamos da diversidade de atributos e de ações de Deus para
com a vida de uma pessoa, é muito desafiador destacar o que é mais vital ou definir
aqueles pontos que mais são necessários para a vida de cada indivíduo. Entretanto,
depois de receber a salvação em Cristo Jesus, aqueles que permitirem que o Senhor
lhes ensine sobre a sua glória, poderão ver que a posição de Cristo como o seu Sumo
Sacerdote Eterno definitivamente também poderá vir a se tornar em um dos aspectos
mais centrais, essenciais e mais gloriosos para ser conhecido mais de perto para toda a
sua vida presente e eterna.
O próprio livro de Hebreus, que inicia com uma declaração extraordinária sobre
Deus e a revelação do Seu Filho Jesus Cristo, anunciando que nestes dias Deus nos fala
através de Cristo e não mais através dos profetas e da estrutura do primeiro sacerdócio,
conforme já vimos anteriormente, é o mesmo livro que, ao deparar-se com o ponto de
falar sobre o Senhor Jesus como o Sumo Sacerdote Eterno de nossas vidas, parece até
carecer de palavras para explicar e expor, em termos de linguagem humana, o quão
sublime é aquilo que ele deseja realmente comunicar através dos seus textos.
Quando durante todo o livro de Hebreus, o autor procura nos mostrar a
convergência da preciosidade e da grandeza da glória de Deus em Cristo, a posição
elevada que o Pai Celestial atribuiu ao seu Filho Unigênito por causa da obra na cruz do
Calvário e a função do Cristo ressurreto e vivo para sempre também como o Sumo
Sacerdote Celestial assentado nos céus, ele procura dar um destaque todo especial para
que esta sequência de aspectos convergentes em Cristo também seja observada com a
atenção que lhe é devida, conforme vemos abaixo:

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem. (RA)

ou

Hebreus 8: 1 O ponto principal do que estamos dizendo é que temos um


sumo sacerdote tal, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, que o
Senhor fundou, não o homem. (EC)

ou

Hebreus 8: 1 Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo


sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da
Majestade,
2 ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo, o qual o
Senhor fundou, e não o homem. (RC)
362

Que a graça de Deus, que nos ensina a viver uma vida sóbria, justa e piedosa
também no presente mundo, possa nos auxiliar a enxergar com mais clareza e
abrangência também este “ponto principal”, o “essencial das coisas”, “a suma
do que tem sido dito”, assim como possa nos auxiliar a vivenciar os seus efeitos de
forma prática e crescente em todos os dias das nossas vidas.
Assim, também é através posição de Cristo como o singular Sumo Sacerdote
Celestial que o Senhor instrui a cada cristão sobre como exercer a sua própria condição
de sacerdote que é igualmente conferida a todos os cristãos que se unem a Cristo pela
nova aliança.
É em Cristo Jesus que o Pai Celestial estabeleceu tudo aquilo que um
Sumo Sacerdote Celestial perfeito faz diante de Deus em favor de um
cristão e o que o Senhor quer fazer no coração de um cristão, assim como
também é nesta condição de Cristo que Deus revela o que um cristão, como
o sacerdote da sua vida, é chamado a fazer diante de Cristo e do Pai
Celestial.
A compreensão do ministério de Cristo como nosso Sumo Sacerdote
Eterno nos mostra o que o Senhor Jesus faz por nós também para nos
ajudar a podermos fazer aquilo que cabe a nós fazermos diante de Deus.
Por outro lado, sem compreender a posição de Cristo como o Sumo Sacerdote
Eterno, também a compreensão do sacerdócio individual de cada cristão perante Deus
pode ficar muito prejudicada, pois desta maneira, o cristão também pode ficar privado
de saber o que cabe ao Senhor realizar em seu favor e o que cabe ao cristão cooperar
com o Senhor.
Alguns cristãos praticam mais do que outros a sua condição pessoal de sacerdotes
que lhe é conferida em Cristo Jesus. Esta condição na nova aliança, porém, é conferida
igualmente e absolutamente a todos os cristãos. Quer por desconhecimento ou por
negligência, se um cristão não pratica e não exerce a sua condição pessoal de sacerdote
diante de Deus para apresentar-se a si mesmo diante do Senhor, isto não anula, altera
ou nem nega o fato de que todo e qualquer cristão recebe igualmente a posição e a
função de sacerdote em Cristo Jesus.
Em Cristo, em sua posição de nosso Sumo Sacerdote Eterno, temos à
nossa disposição toda a provisão do passado que nos era necessária para a
redenção. Entretanto, sob esta mesma condição, Ele continua a atuar para
salvar “totalmente” aqueles que por Ele chegam a Deus, inclusive vivendo
sempre para interceder por eles para que permaneçam continuamente na
novidade de vida que o Pai Celestial nos oferece na nova aliança.
E se olharmos o texto de Hebreus 7, verso 25, quanto ao aspecto de Cristo estar
vivendo sempre para interceder por eles, podemos saber que caso ocorresse a
situação em que todos os cristãos viessem a falhar em oração pelos seus irmãos de fé
em Cristo, todo cristão ainda permanece com um irmão atuando em oração a seu favor,
ou seja, o irmão mais velho que está assentado à direita do Pai Celestial.
Se ninguém orou no dia de hoje por um cristão específico, Cristo, como o Sumo
Sacerdote perfeito que vive sempre para interceder por aqueles que Nele creem, já o
fez, porque Ele vive para isto e porque não precisa apresentar sacrifícios por si mesmo e
nem pelos outros, pois o sacrifício que Ele fez, foi feito uma vez para todo sempre.
363

O Senhor instrui aos cristãos orarem por todos os seus irmãos que há no mundo
para também serem participantes da obra de oração que Cristo faz junto ao Pai Celeste,
mas, ao mesmo tempo, o Senhor nunca desampara qualquer um daqueles que por parte
do Pai lhe foram confiados à sua condição de Sumo Sacerdote Eterno.

João 10: 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e


elas me seguem.
28 Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as
arrebatará da minha mão.
29 Aquilo que meu Pai me deu é maior do que tudo; e da mão do Pai
ninguém pode arrebatar.
30 Eu e o Pai somos um.
----

Se o primeiro sacerdócio com a lei e a aliança de Moisés representava


um sacerdócio de cobranças, regras e condenações, o segundo sacerdócio,
segundo a lei de Cristo e da nova aliança, começa oferecendo misericórdia,
perdão, auxílio e intercessão do próprio Senhor Jesus para sempre diante
do Pai Celestial em favor de todo aquele que se achega a Deus mediante
Cristo para a salvação e novidade de vida.
Cristo faz a função de não permitir que alguém se apresente diante do
Pai Celestial sob uma condição inaceitável, mas Cristo também é Aquele
que está no coração daqueles que querem se relacionar com Deus para
instruí-los a cada dia em amor e em como podem se apresentar justificados
Nele diante do Senhor.
Como o Sumo Sacerdote Celestial e como o Sumo Sacerdote que atua em
nossos corações, Cristo é o que nos ensina a encontrar todos os demais
atributos, virtudes e dádivas de Deus através do relacionamento vivo com
Ele.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

Cristo é o caminho para nos achegarmos ao Pai Celestial, mas Ele


também é quem nos toma pela mão, como o nosso Sumo Sacerdote Eterno,
para sabermos como percorrer o caminho para chegarmos à paz, graça,
verdade e novidade de vida que há em Deus.

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
364

João 8: 12 De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo;


quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da
vida.

Como nosso Redentor, Cristo é o caminho para a reconciliação do nosso


relacionamento com Deus. Entretanto, como a nossa Luz e como o nosso
Sumo Sacerdote Eterno que nos assiste no coração e junto ao Pai Celestial,
Ele é Aquele que nos instrui e nos sustenta em nossas debilidades e
fraquezas para que também possamos, em paz e pela sua abundante graça,
de fato trilhar o caminho de vida que nos é proposto por Deus.
Cristo é a vereda para a verdade e a vida que estão no próprio Deus, mas
Cristo, como o Sumo Sacerdote Eterno, também é Aquele que nos guia e
sustenta para vivermos, andarmos e crescermos na novidade de vida
eterna a nós oferecida no Senhor.

1 Pedro 2: 4 Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim,


pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa,
5 também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa
espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus
Cristo.
6 Pois isso está na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra
angular, eleita e preciosa; e quem nela crer não será, de modo
algum, envergonhado.

Salmos 37: 23 O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu


caminho se compraz;
24 se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela
mão.
25 Fui moço e já, agora, sou velho, porém jamais vi o justo
desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.
26 É sempre compassivo e empresta, e a sua descendência será uma
bênção.
27 Aparta-te do mal e faze o bem, e será perpétua a tua morada.
28 Pois o SENHOR ama a justiça e não desampara os seus santos;
serão preservados para sempre, mas a descendência dos ímpios será
exterminada.
29 Os justos herdarão a terra e nela habitarão para sempre.
30 A boca do justo profere a sabedoria, e a sua língua fala o que é
justo.
31 No coração, tem ele a lei do seu Deus; os seus passos não
vacilarão.
32 O perverso espreita ao justo e procura tirar-lhe a vida.
33 Mas o SENHOR não o deixará nas suas mãos, nem o condenará
quando for julgado.
365

C20. A Glória de Cristo como o Sumo Sacerdote Segundo a


Ordem de Melquisedeque

A. A Introdução à Expressão Ordem Sacerdotal e à Ordem de


Melquisedeque

A Ordem de Melquisedeque é uma expressão que talvez cause um certo desconforto


a algumas pessoas pelo mero fato do seu desconhecimento tanto em termos do que
pode ser, segundo as Escrituras, uma ordem sacerdotal, como em relação àquilo ou a
quem o próprio nome Melquisedeque esteja se referindo.
Por outro lado, quando a barreira inicial de se relacionar com aquilo que não é
familiar é superada, podemos ver nas Escrituras que a expressão Ordem de
Melquisedeque, apresentada em contraste à Ordem de Arão, é muitíssimo útil para
enriquecer e esclarecer de forma ainda mais ampla e precisa o que já tem sido
comentado nos últimos capítulos sobre o primeiro e o segundo sacerdócios, as leis e as
alianças a eles associados, assim como sobre a importância e o propósito que o tema
sacerdócio representa para a vida de todos os seres humanos.
Lembrando que é através do tipo de sacerdócio ao qual uma pessoa se
associa que ela também poderá ter ou não ter êxito em um relacionamento
apropriado com Deus, estabelecendo assim o tema do sacerdócio como um
dos assuntos mais essenciais de toda a vida, não é de admirar que o
Senhor, através das Escrituras, procure nos mostrar a condição vital e os
detalhes deste tema através de uma diversidade de ângulos e abordagens.
A perspectiva a partir de vários pontos sobre um mesmo tema não somente visa
reafirmar ou fortalecer o entendimento que o Senhor almeja que as pessoas tenham
sobre este tema, mas também para que alguns aspectos ainda não evidenciados possam
vir a ser percebidos de forma mais notória.
Assim, em especial no livro de Hebreus, vemos que a pessoa através de quem ele foi
escrito, faz uma exortação muito explícita da relevância que o tema da Ordem de
Melquisedeque representa para um cristão.
Entretanto, ainda antes de procurarmos avançar no aprofundamento de algumas
características mais específicas do tema em referência, entendemos que convém
destacar que este assunto apresenta uma particularidade muito especial para ser
abordado e aprendido mais apropriadamente.
O tema da Ordem de Melquisedeque é apresentado no livro de Hebreus para poder
ser acessado por todos os cristãos sem distinção, mas, ao mesmo tempo, ele também é
apresentado com uma ressalva de que se uma pessoa não adotar uma postura adequada
em relação a ele, ela poderá vir a pensar que o livro de Hebreus apresenta o tema em
referência como um assunto de difícil interpretação, sendo que não é isto que é descrito
pelo autor deste livro.
O que o livro de Hebreus nos informa é que o tema da Ordem de Melquisedeque é
difícil de explicar se uma pessoa se fizer negligente ou tardia de ouvidos para realmente
compreendê-lo, mostrando que a sua compreensão não é alcançada com uma postura
leviana ou supérflua como muitas pessoas que até se chamam de cristãs adotam em
relação às Escrituras do Senhor.
366

As Escrituras equiparam o tema sobre a Ordem de Melquisedeque ao assunto sobre


a palavra da justiça, explanado mais amplamente no estudo sobre O Evangelho da
Justiça de Deus, mostrando que ele é um alimento sólido ou muito substancial para
aqueles que querem se tornar experimentados pela palavra do Senhor a fim de também
serem habilitados a discernir não somente o bem, mas também o mal.
A proposição das Escrituras de apresentarem a Ordem de
Melquisedeque como um tema associada à palavra da justiça de Deus
intenta cooperar para que um cristão que se dedica a este tema também
passe da condição de infante ou imaturo na fé para uma condição de ser
uma pessoa amadurecida e firmemente estabelecida no Senhor e na nova
aliança que Ele lhe oferece.
Vejamos, então, uma parte do livro de Hebreus que nos introduz mais
especificamente à Ordem de Melquisedeque e que nos mostra uma exortação para que,
de forma alguma, venhamos a nos abster deste tema:

Hebreus 4: 13 E não há criatura que não seja manifesta na sua


presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.
14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote
que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
5: 1 Porque todo sumo sacerdote, sendo tomado dentre os homens, é
constituído nas coisas concernentes a Deus, a favor dos homens,
para oferecer tanto dons como sacrifícios pelos pecados,
2 e é capaz de condoer-se dos ignorantes e dos que erram, pois
também ele mesmo está rodeado de fraquezas.
3 E, por esta razão, deve oferecer sacrifícios pelos pecados, tanto do
povo como de si mesmo.
4 Ninguém, pois, toma esta honra para si mesmo, senão quando
chamado por Deus, como aconteceu com Arão.
5 Assim, também Cristo a si mesmo não se glorificou para se tornar
sumo sacerdote, mas o glorificou aquele que lhe disse: Tu és meu
Filho, eu hoje te gerei;
6 como em outro lugar também diz: Tu és sacerdote para sempre,
segundo a ordem de Melquisedeque.
7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor
e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e
tendo sido ouvido por causa da sua piedade,
8 embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna
para todos os que lhe obedecem,
10 tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque.
+
11 A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar
(ou interpretar), porquanto (ou porque) vos tendes tornado tardios (ou
negligentes) em ouvir.
367

12 Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo


decorrido, tendes, novamente, necessidade de alguém que vos
ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos oráculos de
Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de
alimento sólido.
13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na palavra
da justiça, porque é criança.
14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela
prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não
somente o bem, mas também o mal.
----

O assunto sobre o Senhor Jesus ser também o Sumo Sacerdote segundo


a Ordem de Melquisedeque não é um mero assunto elementar; ele é um
alimento sólido. Por outro lado, ele também não é um tema difícil de ser
compreendido quando uma pessoa se dispõe em Deus para fazê-lo.
Por causa do desprezo a temas como o da Ordem de Melquisedeque, muitos cristãos
têm ficado aquém na compreensão da palavra da justiça de Deus e do reino celestial.
Razão pela qual, também, tantas pessoas têm sido repetidamente e por muito tempo
enganadas por “ministérios” que pregam um “outro evangelho” e por “ministérios” que
tentam usar princípios do primeiro e antiquado sacerdócio em paralelo com a vida
cristã, como se o Senhor Eterno fosse aceitar uma combinação dos dois.
Os que se fazem de infantes e negligentes com temas como a Ordem de
Melquisedeque e a denominada palavra da justiça, ficam vulneráveis a serem
enganados por “orientadores e instrutores” que somente lhes oferecem repetidamente o
leite espiritual ou até ensinos perversos, porque muitos destes “orientadores” sabem
que o dia em que as pessoas passarem a se alimentarem do alimento sólido, elas
também deixarão de ficar sob a tutoria deles e seguirão o caminho que o Sumo
Sacerdote Celestial Jesus lhes mostrar.
Depois que a possibilidade de viver e andar mediante a fé em Cristo foi
revelada ao mundo, ninguém mais precisa dos tutores, pedagogos e da lei
do primeiro sacerdócio para se relacionar com Deus, porque segundo a
Ordem de Melquisedeque, todos os que a recebem também são chamados a
viverem e andarem guiados pelo Eterno e Supremo Sumo Sacerdote
Celestial chamado também de Senhor Jesus Cristo.

Gálatas 3: 24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.
4: 1 Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em
nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo.
368

2 Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado


pelo pai.
3 Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos
servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos
a adoção de filhos.
6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito
de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7 De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus.
8 Outrora, porém, não conhecendo a Deus, servíeis a deuses que, por
natureza, não o são;
9 mas agora que conheceis a Deus ou, antes, sendo conhecidos por
Deus, como estais voltando, outra vez, aos rudimentos fracos e
pobres, aos quais, de novo, quereis ainda escravizar-vos?
----

Algumas vezes, nos “parece” que até o presente momento da história, a maioria dos
cristãos ainda não se ateve à grandeza do que nos é oferecido em Cristo em sua
condição de Sumo Sacerdote Celestial e Eterno porque eles se ativeram somente em
olhar para a história da salvação provida por Deus através do Senhor Jesus Cristo na
cruz do Calvário e o que aconteceu antes disto, e ainda não olharam devidamente para
aquilo que começou com a nova aliança cujo único Mediador é o próprio Senhor Jesus.
E por não avançarem na compreensão da posição atual de Cristo como o Sumo
Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque e do relacionamento com o
Senhor neste atributo é que muitos têm se tornado novamente presas das coisas já
declaradas pelo Senhor como obsoletas.
Devido ao fato de não crescerem e se firmarem no novo que há para elas em Cristo,
como comentamos no capítulo anterior, muitas pessoas têm recaído em escravidões das
quais já haviam sido libertas ou das quais já poderiam estar libertas.
Utilizamos o termo parece em um parágrafo mais acima, pois nos é desconhecido
como foi a vida de milhões de cristão ao longo dos séculos, e pode ser que muitos deles
encontraram essas verdades e as viveram sem que ficassem relatadas na história
escrita, sendo registrada talvez somente no céu. Por isto, sempre é arriscado dizer, por
exemplo, que nunca houve um grupo grande ou que somente a minoria buscou esta
verdade. Mas o fato é que atualmente há pouca literatura, exceto as Escrituras, que
procure abordar a posição do Senhor Jesus como Sumo Sacerdote Celestial vivo, ativo e
interativo com os que creem em Deus através Dele.
Assim, uma vez feita esta consideração inicial de que o tema da Ordem de
Melquisedeque é disponibilizado para todos os cristãos e que ele pode ser aprendido
satisfatoriamente por todos aqueles que se dispuserem no Senhor a crescerem na vida
de fé também através do conhecimento da palavra da justiça, gostaríamos de avançar
para uma abordagem mais específica sobre o termo ordem e a expressão Ordem de
Melquisedeque.
Primeiramente, então, a Ordem de Melquisedeque, falando resumidamente, é uma
outra maneira de expressar, com outras palavras, e sob diferentes ângulos, o que vem a
ser o segundo sacerdócio ou o sacerdócio em Cristo e que Deus manifestou ao mundo
369

através do Senhor Jesus quando também, por meio de Cristo, declarou o primeiro
sacerdócio, a sua lei e a sua velha aliança como revogados, obsoletos ou antiquados.
Se, por outro lado, avançarmos um pouco mais sobre a maneira especial que a
Ordem de Melquisedeque é tratada no livro de Hebreus, poderemos ver que este tema,
de certa forma, conforme também comentamos no início deste capítulo, divide-se em
dois tópicos que se complementam, a saber:
 1) O aspecto do termo ordem ou da expressão ordem sacerdotal;
 2) O aspecto do nome específico da ordem que recebe um maior destaque, ou
seja, o nome Melquisedeque.

Observando, então, primeiramente o aspecto da palavra ordem, destacamos que seu


uso no livro de Hebreus está mais relacionado ao conjunto geral de fatos ocorridos,
fundamentos, instruções, posições, funções e serviços de um sacerdócio ao qual ela faz
referência. Já o nome Melquisedeque está mais relacionado ao perfil do Sumo
Sacerdote que atua na respectiva ordem, o qual as Escrituras também apresentam em
contrapartida à Ordem de Arão para que tenhamos evidenciados alguns pontos de
contraste entre elas ainda que a glória da Ordem de Melquisedeque é descrita como
infinita e incomparavelmente superior.
Assim, para que possamos abordar tanto o aspecto do termo ordem como o nome
Melquisedeque de forma mais apropriada, entendemos ser mais produtivo abordar os
dois pontos em mais de um capítulo, onde no presente capítulo procuraremos ver mais
a questão do conjunto ou da ordem denominada de Melquisedeque, deixando a
observação mais detalhada sobre o nome específico da ordem para o próximo capítulo.
Associada aos sacerdócios em destaque no livro de Hebreus, a palavra ordem tem
nos parecido ter sido apresentada como um termo que visa expressar de forma reunida
todo o conjunto de fatores que poderiam estar associados à Ordem de Melquisedeque
ou à Ordem de Arão sem ter que mencionar repetidamente todos os seus detalhes, o
que também seria impossível. E isto, no sentido de definir estes dois tipos de
sacerdócios como conjuntos que podem ser comparados para evidenciar suas
diferenças e para mostrar também que são completamente distintos e incompatíveis
um com outro.
Ao observarmos o uso do termo ordem no livro de Hebreus, podemos
ver que ele procura abranger, ao mesmo tempo, uma perspectiva sistêmica
ou global das ordens sacerdotais nele mencionadas e também uma
perspectiva sobre alguns pontos centrais a respeito de como elas atuam.
Ao longo do livro de Hebreus, o uso do termo ordem procura abranger não somente
algumas das principais características das duas ordens mencionadas neles, mas
também apontar para a origem e até a sistemática de sucessão e genealogia que é
adotada em cada um dos tipos de sacerdócios nele expostos.
Quando o livro de Hebreus apresenta uma referência à remoção de um
tipo de sacerdócio para o estabelecimento de outro tipo, e isto sob o nome
de ordens sacerdotais, esta referência nos informa que “todo” um
sacerdócio é removido e “todo” um outro sacerdócio é estabelecido, sem
deixar de remover qualquer um dos detalhes que compõem o sacerdócio
declarado como obsoleto e sem deixar de estabelecer qualquer um dos
detalhes que compõem o sacerdócio revelado por Deus em Cristo Jesus.
370

Convém lembrar mais uma vez aqui, que o foco principal do livro de Hebreus é
evidenciar e enaltecer a Ordem de Melquisedeque, mas, em partes, isto também pode
ser feito mostrando o que a Ordem de Melquisedeque não é em comparação com a
ordem sacerdotal que foi removida por Deus através de Cristo Jesus.
Considerando que no presente estudo já foi visto várias vezes que “a mudança de um
sistema de sacerdócio para outro necessariamente implica em troca de lei pertinente a
cada sacerdócio”, também é pela comparação das suas respectivas leis e características
que aquilo que os compõem e aquilo que não lhes é pertinente pode se tornar mais
evidente.
A Ordem de Melquisedeque é muito distinta da Ordem de Arão, e por
isto também, é que o entendimento das características de uma ordem
ajuda a compreender a definição ou as características da outra.
Ver o tema de sacerdócio sob a ótica de uma ordem sacerdotal permite, desta
maneira, ver de forma agrupada algumas das principais características que não
deveriam deixar de serem vistas em um assunto de tamanha relevância e grandeza.
Assim, e com o objetivo de tornar mais produtiva a análise de algumas das principais
características da Ordem de Melquisedeque, procuraremos apresentar algumas das
comparações dela com a Ordem de Arão de forma mais estruturada em alguns novos
tópicos expostos a seguir neste mesmo capítulo.
371

B. A Multiplicidade de Referências e Nomes Associados aos Dois


Sacerdócios em Destaque no Livro de Hebreus

Durante os diversos capítulos que antecederam este presente tópico, várias menções
foram feitas relativas aos dois principais tipos de sacerdócios que encontramos nas
Escrituras.
Entretanto, quando nos deparamos com as expressões Ordem de Melquisedeque e
Ordem de Arão, provavelmente passamos a ter diante de nós um dos melhores pontos
para perceber que os diversos nomes e referências feitas aos dois principais sacerdócios
em questão, na realidade, somente nos expuseram diversos ângulos pelos quais estes
dois sacerdócios foram sendo narrados nas Escrituras, mas que, ao mesmo tempo,
sempre se referiram aos próprios dois sacerdócios que agora podemos observar mais
uma vez e de uma maneira mais objetiva e condensada.
Assim, para que possamos saber a qual sacerdócio, respectivamente, a Ordem de
Melquisedeque e a Ordem de Arão fazem referência, procuramos apresentar abaixo
uma lista de nomes que de alguma forma se aplicam a estes sacerdócios, visando
também facilitar a possibilidade de agrupamento e identificação do que está associado
a cada um deles.
A Ordem de Melquisedeque, então, é a ordem ou o tipo de sacerdócio que também é
referenciado nas Escrituras, dentre outros, como:
 O segundo sacerdócio;
 O sacerdócio que foi manifesto firmemente com a morte e a ressurreição de
Cristo;
 O sacerdócio segundo Cristo;
 O sacerdócio da nova aliança;
 O sacerdócio eterno;
 O sacerdócio da promessa;
 O sacerdócios segundo a lei de Cristo;
 O sacerdócio da lei de Deus escrita no coração através do Espírito Santo;
 O sacerdócio onde “todos são ensinados do Senhor”;
 O sacerdócio perfeito;
 O sacerdócio celestial;
 O sacerdócio do verdadeiro tabernáculo.

A Ordem de Arão, por sua vez, é a ordem ou tipo sacerdotal que também é
referenciado nas Escrituras, dentre outros, como:
 O primeiro sacerdócio;
 O sacerdócio revogado com a morte e ressurreição de Cristo;
 O sacerdócio levítico;
 O sacerdócio segundo a lei de Moisés ou simplesmente o sacerdócio da lei;
 O sacerdócio da primeira ou da antiga aliança;
372

 O sacerdócio segundo a aliança realizada no monte Sinai ou realizada com o


povo depois deste sair do Egito;
 O sacerdócio terreno;
 O sacerdócio de um mandamento carnal;
 O sacerdócio da fraqueza e inutilidade;
 O sacerdócio do tabernáculo de Moisés ou do primeiro tabernáculo;
 O sacerdócio do templo terreno ou de templos feitos por mãos humanas;
 O sacerdócio obsoleto ou antiquado, e que está prestes a desaparecer por
completo;
 O sacerdócio que se tornou em “uma parábola para o tempo presente”.

Observando a lista de nomes e referências que são atribuídas a cada um dos


sacerdócios em consideração, entendemos que ter uma possibilidade de vê-los
nominados por um nome que abranja todos os aspectos e ainda acrescente mais alguns
pontos fundamentais certamente pode auxiliar a elucidar muitos pontos que sem este
complemento poderiam talvez permanecer dispersos ou até desconexos.
373

C. A Origem e a Sucessão dos Personagens Atuantes no


Sacerdócio da Ordem de Arão e da Ordem de Melquisedeque

Começando este novo tópico pela Ordem de Arão, podemos ver nas Escrituras que o
fato desta ordem carregar o nome de Arão deu-se em função do primeiro sumo
sacerdote que nela foi oficialmente estabelecido ser o próprio Arão, o irmão de Moisés.
A Ordem de Arão, segundo a lei desta ordem, somente permitia que alguém que
tivesse nascido da descendência de Arão pudesse exercer o serviço de sumo sacerdote
nela, gerando uma linhagem de descendência biológica designada para exercer esta
função de sumo sacerdote enquanto esta ordem estivesse sob a validade de ser
praticada diante de Deus.
Por outro lado, a Ordem de Arão também é chamada de Ordem Levítica, porque
segundo a lei deste mesmo sacerdócio, os levitas e demais sacerdotes referiam-se a uma
tribo que foi separada das demais onze tribos de Israel para realizar os serviços
necessários ao sacerdócio segundo a Ordem de Arão. Todos os sacerdotes e levitas
desta ordem tinham que ser descendentes da tribo de Levi, um dos doze filhos de Jacó,
por ela ter sido a tribo designada e separada para servir aos demais irmãos e tribos em
todos os serviços que o tipo de sacerdócio escolhido pelo povo iria requerer nos anos e
séculos que se seguiriam após a escolha feita.
Os levitas eram separados para auxiliarem os sacerdotes em todas as atividades
corriqueiras do sacerdócio que, por sua vez, eram separados para auxiliarem o sumo
sacerdote da ordem que recebia o nome de Arão ou de levítica.
E uma vez estabelecida esta linhagem de sucessão dentro da tribo de
Levi, ninguém fora dela poderia jamais vir a ser sumo sacerdote, sacerdote
ou levita desta mesma ordem.
A informação sobre a linhagem sacerdotal inerente à lei da Ordem de Arão é muito
significativa de ser registrada por causa da fraqueza desta linhagem, como veremos
mais adiante, mas também pelo fato de que nos dias presentes, há muitas pessoas que
não têm nenhum vínculo biológico com esta linhagem e que querem se nominar
“levitas” ou querem nominar os “ministérios” delas de “levítico”, como se pudessem ser
introduzidas na linhagem levítica de forma aceitável sem serem descendentes
sanguíneos de Levi, o que segundo a lei de Moisés é inaceitável.
Nos dias atuais, uma pessoa qualquer querer se constituir em “levita”
não somente é incoerente por querer se estabelecer em um serviço que já
foi revogado, como também é incoerente com a própria lei da ordem
sacerdotal que instituía os levitas e os serviços levíticos.
Portanto, a ideia de introdução de levitas no meio cristão não somente demonstra
desconhecimento do ensino de Deus sobre a vida cristã, como também mostra um
amplo desconhecimento da própria lei que instituía levitas.
Querer fazer de cristãos “levitas” ou “ministros que fazem serviços
levíticos” é uma incoerência por qualquer ângulo que se aborda este
aspecto.
Além disso, esse princípio de linhagem genealógica também é muito significativa
para compreender porque a ordem sacerdotal que Deus estabeleceu em Cristo é
completamente dissociada da Ordem de Arão.
374

Quando o Filho de Deus veio ao mundo como Filho do Homem, nascido


de mulher, com o nome Jesus e chamado de Cristo, adotado como filho por
José para ter reconhecimento oficial diante da lei, não havia nenhuma
possibilidade de Ele vir a ser sacerdote da Ordem de Arão, pois a sua
descendência de mãe e por adoção de José era, em ambos os casos, da tribo
de Judá.
O fato da linhagem de Cristo ter sido associada à tribo de Judá é mais uma evidência
irrefutável de que o Senhor Jesus nunca veio em carne ao mundo para a finalidade de
ser sumo sacerdote, sacerdote ou levita na ordem de Arão, nem para tentar desbancar
alguém desta ordem para tomar o lugar deles, e nem, ainda, para dar sequência à obra e
à ordem iniciada em Arão.
Considerando, então, que Cristo é da descendência de Judá no que tange ao seu
nascimento como Filho do Homem e à sua adoção por parte de José, o Senhor Jesus
tentar fazer parte da Ordem de Arão seria ilegal entre o povo Hebreu e diante da
aliança que o povo tinha feito anteriormente com Deus, apesar das pessoas nunca
terem sido fiéis a Deus e nem à aliança que pediram para Deus estabelecer com elas.
Cristo nasceu como Filho do Homem através de outra descendência e explicitamente
é declarado ser de outra descendência que não a de Arão, conforme vemos abaixo:

Hebreus 7: 13 Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a


outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;
14 pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual
Moisés nunca atribuiu sacerdotes.

O Senhor Jesus jamais foi enviado pelo Pai Celestial ao mundo para ser o grande
sumo sacerdote da lei de Moisés ou da Ordem de Arão, e que realizaria uma oferta de
um animal perfeito para dar continuidade ao sacerdócio segundo a lei de Moisés.
Pelo contrário, Cristo foi enviado por Deus para ser a oferta perfeita que libertaria o
povo do pecado e, inclusive, da lei da Ordem de Arão, pois pelo sacerdócio levítico,
jamais alguém poderia alcançar a salvação, mas somente o conhecimento da
condenação que viria sobre eles se permanecessem sujeitos à esta ordem.
Ao Cristo nascer através da tribo de Judá, Deus mostrou que o Senhor
Jesus não tinha qualquer vínculo de descendência com qualquer linhagem
sacerdotal humana, pois à ninguém da linhagem de Judá havia sido
atribuído qualquer atribuição sacerdotal segundo a Ordem de Arão
durante todos os séculos em que esta esteve em operação.
Pelo fato de Cristo ter sido introduzido em carne no mundo através da linhagem de
Judá, da qual ninguém prestou serviço ao altar de qualquer sacerdócio segundo a
Ordem de Arão, Ele também estava livre para receber sua linhagem sacerdotal do céu
segundo Melquisedeque, cujo perfil iremos expor mais detalhadamente no próximo
capítulo.
Vejamos abaixo mais um texto que nos mostra que Cristo não tinha qualquer
vinculação com a sucessão da Ordem de Arão, declarando-o, portanto, livre para a
ordem sacerdotal que Deus estaria revelando mais diretamente a partir da ressurreição
de Cristo dentre os mortos:
375

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
3 Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons
como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo
sacerdote tivesse o que oferecer.
4 Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto
existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim
como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de
acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
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Em Cristo, tudo é diferente da Ordem de Arão até porque Cristo nunca


teve e nem poderia ter qualquer direito na Ordem Levítica, visto que não
tinha as prerrogativas de nascimento para tal.
Se Cristo tivesse um vínculo válido para ser sacerdote ou levita da Ordem de Arão,
também a validade do serviço sacerdotal ou levítico Dele próprio teria sido revogada
quando Deus revogou o primeiro sacerdócio e o declarou obsoleto.
Se Cristo tivesse vindo para ser atuante no velho sacerdócio, Ele teria vindo dos céus
para ser removido juntamente com o que a partir do céu Ele veio para remover. Algo
totalmente incompatível e absurdo.
Assim, compreender que Cristo não tem nada a ver com a linhagem de Arão é
fundamental para aqueles que se associam à nova aliança em Cristo, pois nesta nova
aliança não é aceita a manutenção de nenhum sumo sacerdote ou sacerdotes segundo a
Ordem de Arão e também não há mais a necessidade de qualquer levita. Em Cristo,
nenhum filho de Deus precisa chegar diante de Deus em lugar de outro filho de Deus.
Cristo não somente não nasceu segundo a Ordem de Arão, como
também não tem nenhum vínculo de continuidade com esta antiga ordem e
atualmente já revogada por Deus.
Em Cristo, ou na Ordem de Melquisedeque, Cristo é o Único e Eterno
Sumo Sacerdote de todos e na qual cada filho de Deus é um sacerdote da
sua própria vida em Cristo diante de Deus.
376

D. Linhagem Corruptível e Linhagem Incorruptível

Outro aspecto diretamente resultante das linhagens distintas entre a


Ordem de Melquisedeque e a Ordem de Arão é que a de Melquisedeque não
se corrompe, mas a de Arão é continuamente corrompida porque já foi
constituída a partir do desejo de uma natureza corruptível.
A Ordem de Arão é uma ordem de inferior aliança, pois a base do seu sacerdócio,
que são os sumos sacerdotes humanos, os seus sacerdotes e os seus levitas, também se
corrompe e porque ela tem mediadores inconstantes em suas atitudes e que também
com frequência necessitam ser substituídos.
Por mais que um determinado sumo sacerdote ou sacerdote da Ordem de Arão se
mantenha em sua posição por mais tempo do que a média dos outros sacerdotes ou por
mais que mostre mais determinação e vigor que os demais, mais cedo ou mais tarde ele
acaba saindo do sacerdócio até porque ele é completamente fraco diante do último
inimigo que o ser humano tem a vencer e que as Escrituras nominam como a morte.

Hebreu 7: 22 Por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior


aliança.
23 Ora, aqueles (da velha aliança) são feitos sacerdotes em maior
número, porque são impedidos pela morte de continuar;
24 este (Jesus), no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.

Se um sumo sacerdote ou um sacerdote da Ordem de Arão não consegue livrar a si


mesmo da morte e nem oferecer vida eterna para a sua própria vida, sendo sacerdote de
tempo integral, quanto menos ainda poderá ele livrar as pessoas que por ele são
servidas e que igualmente estão sujeitas às condições que as conduzem para a morte
sem provisão para a vida eterna?
A Ordem de Arão é a ordem que coloca em suas “funções ou ofícios sacerdotais”
indivíduos sujeitos à mesma fraqueza que aqueles que eles representam, esperando que
de algo imperfeito saia algo perfeito ou que de algo corruptível saia algo incorruptível.
Ou seja, quanto mais atribuições os sacerdotes da Ordem de Arão assumem e quanto
mais ampliam os seus ministérios, também mais os seus defeitos e fraquezas
aparecerão, mais expostos à imperfeição ficarão, mais do véu que tenta esconder as
suas imperfeições precisarão ser usados para esconderem do povo as muitas falhas e a
fraqueza à qual estão sujeitos, e que todos os obreiros segundo a Ordem de Arão
similarmente têm diante dos inimigos mais expressivos do ser humano.

Hebreus 7: 28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos


à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.

Na Ordem de Arão, a cada troca de turno de um sacerdote ou cada transição de um


indivíduo para a sujeição a outro sacerdote, a pessoa perde a sua representatividade
anterior, pois o outro sacerdote que assume o novo turno, muitas vezes, nem conhece a
pessoa que a ele é entregue para ser mediada e instruída a partir da troca de turno.
377

Na Ordem de Arão, quando parece que um sacerdote começa a compreender um


pouco mais detalhadamente as pessoas que ele intenta representar, sempre ocorre uma
troca de sacerdote, quer porque trocaram o turno deste sacerdote por conveniência da
ordem e dos seus líderes, quer porque a pessoa assistida pelo sacerdote teve que mudar
de local por questão de trabalho ou qualquer outro detalhe da vida, quer porque o
sacerdote entrou em contenda com outros sacerdotes e foi desqualificado da ordem,
quer porque as pessoas começam a perceber de forma mais evidente as falhas dos seus
sacerdotes, ou ainda, porque todos os sacerdotes humanos morrem.
A linhagem sacerdotal da Ordem de Arão nunca chegará à sua perfeição também
pelo fato de que aqueles que a conduzem serem pessoas inconstantes e mais temporais
do que muitos deles pensam que são.
Já na Ordem de Melquisedeque, nada do que ocorre sob a fraqueza da linhagem de
sacerdotes da Ordem de Arão a afeta, pois no sacerdócio de Cristo, nem o Sumo
Sacerdote é passageiro ou temporal e nem há troca de Sumo Sacerdotes, pois a
palavra do juramento, que foi posterior à lei, constitui o Filho, perfeito
para sempre e porque este (Jesus), no entanto, porque continua para
sempre, tem o seu sacerdócio imutável.
Entender a condição imutável, permanente ou eterna do Sumo Sacerdote da Ordem
de Melquisedeque pode soar de certa forma óbvio para muitos cristãos, mas, ao mesmo
tempo, muitos deles não se dão conta que falam exatamente o contrário quando dizem
que “são como ovelhas que não têm pastor” quando perdem ou trocam os “pastores
humanos que eles mesmos elegeram para si”.
Ora, se na Ordem de Melquisedeque, o Sumo Sacerdote, que também é o
Sumo Sacerdote e Bispo das almas daqueles que Nele creem, é um Sumo
Sacerdote imutável, que não pode ser trocado, que é eterno e nunca mais
estará sujeito à qualquer ação da morte contra ele, como que uma pessoa
que diz que é desta Ordem de Melquisedeque pode ainda querer declarar
que ela é uma “ovelha sem pastor”?
Considerando que todo aquele que está na Ordem de Melquisedeque tem um Sumo
Sacerdote e Pastor Eterno para com a sua vida, se alguém desta ordem disser que ainda
é “ovelha sem pastor” por não ter pastores humanos sobre a sua vida, ele está dizendo,
na realidade, que ele não é da nova aliança ou está demonstrando grande ignorância
tanto sobre a nova aliança à qual ele se associou como sobre a aliança antiga que já foi
removida e da qual ele já desligou.
Somente quem está dissociado de Cristo é que também pode ser como “uma ovelha
que não tem pastor”, mas isto, de forma alguma, se aplica àqueles que estão em Cristo.
Há pessoas que acham “bonitinho” dizer algumas frases formuladas em suas
comunidades e repeti-las porque estão na “modinha”. Entretanto, podem estar
esquecendo que as suas palavras podem estar negando diante dos homens que há um
Pastor e Sumo Sacerdote Eterno que nunca deixa ou abandona as ovelhas que o Pai
Celestial confiou a Ele.
“Brincar de negar” o pastoreio eterno e contínuo de Cristo porque é “bonitinho” ou
para querer se fazer de vítima diante de outras pessoas, não é verdadeiramente uma
brincadeira, mas é algo altamente perigoso de se lidar, conforme o Senhor Jesus nos
advertiu:
378

Mateus 10: 32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos


homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus;
33 mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus.

Na Ordem de Melquisedeque, o Sumo Sacerdote é eterno e imutável. Se,


porém, uma pessoa quiser negá-lo na sua própria vida diante dos homens,
Cristo diz que o testemunho desta pessoa que o fizer é que estabelecerá o
tipo da colheita que ela terá no céu diante de Cristo e do Pai Celestial.
Depois de liberto da ordem que tornava as pessoas escravizadas a outras
pessoas igualmente escravas debaixo da lei e da vida temporal, não cabe
mais a um cristão continuar andando “segundo os homens”, pois Cristo
está sempre presente com todo aquele que Nele crê, e continuamente Ele
vive para manifestar esta presença para todos os filhos de Deus.

1 Coríntios 3: 4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu,


de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens?

1 Coríntios 1: 12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de


Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós
ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?

Romanos 6: 9 sabedores de que, havendo Cristo ressuscitado dentre os


mortos, já não morre; a morte já não tem domínio sobre ele.
10 Pois, quanto a ter morrido, de uma vez para sempre morreu para
o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus.

Por causa da condição corruptível dos principais agentes da Ordem de Arão, a


Ordem de Melquisedeque não podia ter qualquer associação com a velha aliança. E
também por isto, o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo não é da linhagem de Levi, mas
segundo a Ordem de Melquisedeque, conforme evidenciamos mais uma vez abaixo:

Hebreus 7: 15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança


de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.
17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque.
18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
379

E. Promessas Corruptíveis ou Promessas Incorruptíveis

Outro ângulo que evidencia a superioridade da Ordem de


Melquisedeque e a expressa inferioridade da Ordem de Arão é todo o
sistema de promessas que cada ordem apresenta, assim como a capacidade
de sustentar as promessas que cada uma anuncia.
A Ordem de Arão apresenta promessas defeituosas ou até enganosas, mas que
atraem as pessoas pelas ilusões e expectativas que promovem junto aos seus ouvintes,
sendo equiparadas nas Escrituras a fascinações ou encantamentos.
As promessas da Ordem de Arão são distorcidas pelo fato desta ordem nem poder
sustentar o que promete ou porque se conseguir sustentar alguma promessa, as
promessas que ela oferece, no seu final, são terrenas e, portanto, passageiras e
efêmeras.
A Ordem de Arão não tem sustentação para cumprir o que promete pelo fato do
cumprimento das promessas nela ser condicionada a um funcionamento perfeito de
toda a coletividade de pessoas e de todo o conjunto de preceitos que a ela é associado,
sendo que nem ao menos um só indivíduo dela consegue cumprir o que promete diante
de Deus e dos outros.
Uma pessoa associada à Ordem de Arão somente poderia alcançar as promessas
desta ordem se cumprisse todos os preceitos da lei desta ordem, o que já foi
demonstrado, na história e nas Escrituras, ser impossível de ser realizado por um ser
humano sujeito e escravizado à fraquezas, pecados e pesados jugos de condenações.
E como a Ordem de Arão promete o que é temporal e que no fim não é benéfico
eternamente para uma pessoa, e também porque não consegue cumprir o que promete,
ela é uma ordem que precisava ser exposta para depois ser removida por algo perfeito e
superior a ela a fim de que as pessoas pudessem vir a ter uma esperança apropriada e
em promessas verdadeiras.

Hebreus 7: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.
7 Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de
maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.
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Proposições de servir a Deus pela motivação principal de bem-estar material, social


e de enriquecimento sempre atraíram e engodaram muitas pessoas na antiguidade
como também nos dias contemporâneos, mas também é nestas promessas que residem
a temporalidade e a fraqueza das suas promessas, conforme está mais amplamente
exposto também no estudo sobre O Cristão e as Riquezas, do qual relembramos abaixo
os seguintes textos:

Provérbios 23: 4 Não te canses para enriqueceres; dá de mão à tua


própria sabedoria.
5 Porventura, fitarás os olhos naquilo que não é nada? Porque,
certamente, isso se fará asas e voará ao céu como a águia. (RC)
380

1 Timóteo 6: 9 Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço,


e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os
homens na perdição e ruína. (RC)
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Deus é um Senhor amplamente generoso. Entretanto, na ordem


sacerdotal que Ele oferece, que é a de Melquisedeque, jamais algo de valor
terreno, carnal ou material irá superar o valor da salvação eterna de uma
alma.
A Ordem de Arão é uma ordem de barganha para um bem-estar material
e que relega a salvação eterna a um segundo plano. A Ordem de
Melquisedeque, por sua vez, é uma ordem que expressa as suas promessas
com verdade porque aquilo que ela oferece é a verdadeira e eterna benção
que cada ser humano necessita.
A Ordem de Melquisedeque não está baseada em promessas de cargos e títulos em
estruturas humanas ou ganhos materiais infinitos e tantas outras coisas altivas que
repetidamente são almejadas por aqueles que se sujeitam à Ordem de Arão. Por outro
lado, ela promete e pode sustentar plenamente uma pessoa para a vida eterna e para
eternamente estar junto ao Deus Altíssimo que oferece amor justo e verdadeiro a todos
que Nele permanecem.
Se uma pessoa não aprecia a Ordem de Melquisedeque pela sua origem e
constituição, no mínimo deveria olhar para ela com carinho, respeito,
reverência e temor pelo que somente esta ordem sacerdotal pode oferecer
e sustentar, pois ela é a única que pode prometer e sustentar a vida no
presente e para a eternidade.

2 Coríntios 1: 20 Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm


nele o sim; porquanto também por ele é o amém para glória de Deus,
por nosso intermédio.
381

F. Serviço Sacerdotal e Tabernáculo Terreno ou Serviço


Sacerdotal e Tabernáculo Celestial

Dando sequência aos tópicos que evidenciam as diferenças entre o sacerdócio da


Ordem de Melquisedeque e da Ordem de Arão, e aproveitando um texto do livro de
Hebreus recém exposto acima, podemos também ver que além da linhagem ou
procedência distinta de cada um destes sacerdócios, também há uma diferença abismal
em relação ao local no qual os serviços sacerdotais de cada um são exercidos.
Vamos rever uma parte do texto anteriormente citado:

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.

A Ordem de Melquisedeque não somente é distinta da Ordem de Arão


por ter um Sumo Sacerdote Eterno que não é segundo a linhagem de Arão
ou de Levi, mas também porque na Ordem de Melquisedeque, as funções
sacerdotais são realizadas em locais eternos e não em locais abaláveis ou
temporais.
Visto que todas as coisas naturais ou que são da Terra são abaláveis e serão abaladas
mais uma vez segundo a promessa de Deus, é necessário que o sacerdócio da Ordem de
Melquisedeque atue também em locais eternos para que os seus serviços e frutos
advindos deles possam permanecer eternamente.
Como somente aquilo que é parte do reino de Deus permanecerá eternamente em
comunhão com o Senhor, conforme já foi exposto no estudo sobre O Evangelho do
Reino Deus, somente aquilo que é produzido no reino celestial e a partir deste reino é
que terá frutos para a vida eterna.
Portanto, considerando que o reino de Deus encontra-se no céu e no coração das
pessoas que recebem a Cristo Jesus como Senhor, também são nestes dois locais que os
serviços do sacerdócio da Ordem de Melquisedeque são realizados e ministrados. Como
Sumo Sacerdote Eterno, Cristo realiza as suas funções no céu diante de Deus e naqueles
que Nele creem.
Desta forma, há um tabernáculo eterno nos céus que está associado ao trono do Pai
Celeste e há também um tabernáculo celestial e eterno no coração de cada pessoa que
tem a Cristo em sua vida, conforme já foi exposto anteriormente em outros estudos e
textos referenciados acima e conforme nos é confirmado pelos versos exemplificados
mais uma vez abaixo:

Apocalipse 7: 14 Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me


disse: São estes os que vêm da grande tribulação, lavaram suas
vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro,
15 razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia
e de noite no seu santuário; e aquele que se assenta no trono
estenderá sobre eles o seu tabernáculo.
382

2 Coríntios 6: 16 Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?


Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse:
Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.

1 Coríntios 3: 16 Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito


de Deus habita em vós?

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a


eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo
lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.
----

Cristo veio em carne ao mundo, morreu na cruz do calvário e ressuscitou não para
edificar sacerdócios e tabernáculos terrenos, e jamais o fará no presente ou no porvir.
Cristo vir ao mundo para edificar sacerdócios e templos terrenos seria uma
incoerência diante das palavras do próprio Deus proferidas pela boca do profeta Isaías
mencionadas logo acima, assim como também através das palavras que Estevão, cheio
do Espírito Santo, proferiu e que foram registradas no livro de Atos, conforme segue
abaixo:

Atos 7: 48 Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos


humanas; como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa
me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?
50 Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?
51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos,
vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos
pais, também vós o fazeis.

Cristo jamais teve o intento de ser sacerdote terreno, e também por isto
nunca fez parte da linhagem de Arão. Entretanto, Ele também nunca teve o
intento de ser um Sumo Sacerdote Celestial para ministrar como Sumo
Sacerdote no templo dos hebreus ou qualquer outro templo terreno, pois
se o quisesse, Ele estaria indo no caminho contrário ao que Deus disse
sobre si próprio e sobre os templos feitos por mãos humanas.
Deus permitiu que o povo sob a Ordem de Arão edificasse um tabernáculo como o de
Moisés e depois até permitiu que edificassem um maior que o primeiro e em forma de
templo, sendo o templo de Salomão o mais suntuoso de todos. Entretanto, isto o
Senhor permitiu para mostrar-lhes que mesmo aumentando o tabernáculo de Moisés e
edificando um templo enorme, isto não iria solucionar as principais necessidades das
pessoas.
O problema das pessoas, no que concerne ao relacionamento com Deus, jamais foi o
tamanho do local, da tenda ou do templo para adorar a Deus ou, ainda, em que monte
383

ou vale o santuário seria erguido ou construído. A questão sempre foi o tipo e a forma
do sacerdócio de mediação que tentaram usar ou aos quais se sujeitaram, onde todos
eles, de uma ou de outra forma, apresentaram alguma variação do que sempre foi e
continua sendo “um serviço sacerdotal amparado por sacerdotes e santuários terrenos”.
Se a essência de algo errado não for removida, o incorreto no pequeno
continua incorreto no grande ou até potencializa a sua condição
inadequada ainda mais no grande.
O infiel no pouco continua infiel no grande se as bases ou os princípios
dele são infiéis e carnais, como era a Ordem de Arão.

Lucas 16: 10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é


injusto no pouco também é injusto no muito.
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Fidelidade e justiça não são relativas ao tamanho da obra ou do templo, mas estão
associadas às atitudes e princípios que as pessoas adotam em seus corações,
independentemente se é relacionado a uma medida pequena ou grande.
A Ordem de Arão é a antiga aliança firmada pelas pessoas que saíram do Egito. É a
ordem ou a aliança feita no deserto a partir de corações contrários ao querer de Deus,
tornando-se, assim, toda a aliança antiga em uma aliança de infidelidade contínua ou
repetitiva do povo para com Deus, independentemente de onde na Terra os serviços
sacerdotais seriam realizados ou dos tipos de ambientes nos quais seriam praticados.

Hebreus 8: 8 E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o


Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá,
9 não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os
tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles
não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o
Senhor.

Se uma pessoa quer se esquivar para que a Luz de Deus não brilhe individualmente
em seu coração, por um acaso o aumento do tamanho do tabernáculo irá modificar a
intenção do seu coração?
Se nos serviços de uma tenda, chamada de tabernáculo de Moisés, já havia injustiça
e infidelidade no serviço dos sacerdotes, quanto mais não haveria no templo onde
aumentasse o número de sacerdotes, serviços, sacrifícios e os montantes econômicos
neles envolvidos?
Recordando os capítulos anteriores, sempre convém lembrar que a Ordem de Arão
também é o “sistema onde o serviço do sacerdócio é feito na Terra”. Ou seja, indivíduos
na Terra tentam fazer a mediação de outras pessoas para com Deus para coisas
terrenas. E por isto, nesta ordem, há tanta busca pela “glória nas coisas materiais,
visíveis ou relacionados às aparências exteriores”, relegando, na prática, aquilo que
acontece no coração a planos secundários, por mais que as pessoas declarem que os
seus corações estão desejosos de seguir a Deus.
384

Marcos 7: 6 Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós,


hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas
o seu coração está longe de mim.

Mateus 13: 15 Porque o coração deste povo está endurecido, de mau


grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não
suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam
com o coração, se convertam e sejam por mim curados.

O sacerdócio da Ordem de Arão não é o sacerdócio da verdadeira luz de Deus que


ilumina uma pessoa em seu interior, mas é uma versão denominada de sombra das
coisas verdadeiras. E uma sombra pode até dar um certo vislumbre do que está sendo
projetado, mas estar debaixo da sombra, por outro lado, também obscurece aquele
sobre quem ela é projetada.
O sacerdócio terreno ou a Ordem de Arão, nas suas versões tanto em tenda como em
templos, teve amplo tempo para tentar se estabelecer durante séculos, mas
repetidamente mostrou a sua ineficácia pelo fato de ser, na essência, fraco, inútil e
sujeito a ser exposto à vergonha devido à sua condição instável e às suas imperfeições.
O livro de Hebreus apresenta isto de diversas maneiras, o que é interessante de ser
observado mais uma vez abaixo:

Hebreus 7: 11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o


sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo
a ordem de Arão?
...
15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de
Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.

Conforme já comentamos neste tópico, se nem a Terra e nem o corpo natural


humano é eterno, se os Céus e a Terra como os vemos em nossos dias vão passar, e tudo
o que há de material neles, tudo o que a Ordem de Arão edifica também é passageiro,
exceto o testemunho que deixou para que a sua temporalidade ficasse registrada e
evidenciada perante todas as pessoas.

Hebreus 9: 1 Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço


sagrado e o seu santuário terrestre. ...
9(a) É isto uma parábola para a época presente, ...

Conforme também já mencionado, a Ordem de Arão foi constituída a partir de um


anelo por um sacerdócio humano ou natural por ter sido sugerido a partir de
motivações carnais. E por causa da sua origem, ela jamais poderá alcançar a perfeição
que exigiria da parte de meros seres humanos um conhecimento divino e pleno da
humanidade nas suas mais variadas circunstâncias.
385

A Ordem de Arão é rudimentar ou espelha os rudimentos do mundo, pensando que


através de um conjunto de regras fixas, o ser humano poderá reger toda as
circunstâncias da vida que é amplamente dinâmica.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

O véu que os sacerdotes e levitas da Ordem de Arão precisam usar para esconderem
suas imperfeições dos seus semelhantes e, isto, para que os seus semelhantes não
percam por completo a confiança neles, deixem de se associar a esta ordem e deixem de
dar suas ofertas a ela, também é associado pelo Senhor Jesus Cristo à hipocrisia.
Lembrando aqui, ainda, que a palavra hipocrisia tem como base as dissimulações que
um ator faz no palco de teatro quando a sua simulação não ocorre como planejada.

Mateus 16: 6 E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos


fariseus e dos saduceus.

Marcos 8: 15 Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do


fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.

Lucas 12: 1 Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de


uns aos outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo,
aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia.

O sacerdócio da Ordem de Arão gira em torno de uma pretensão de ser celestial. É


um “faz de conta” de prover novidade de vida, pois, conforme mencionado acima, ele
propõe que a novidade de vida pode ser alcançada através da sombra e não da
substância. Ele tenta fazer das coisas terrenas, que são passageiras, coisas eternas e
duradouras.
Na Ordem de Arão, os sacerdotes servem em modelos que somente aparentam
estarem fundamentados na verdade e no que é eterno. E ao estar somente sob o que é
aparente, um indivíduo fica extremamente limitado a alcançar um conhecimento sob a
perspectiva celestial de Deus ou mais preciso sobre aquilo que se refere às questões
espirituais.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito


de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.
----
386

A ordem de Arão não tem acesso à “mente de Cristo”, pois os seus sacerdotes se
apresentam como opositores ao que o Pai Celestial sempre intentou fazer através de
Cristo e da justiça que Cristo oferece às pessoas.
O sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas da Ordem de Arão concorrem com
Cristo para tentar tomar a primazia que pertence a Cristo no coração das pessoas.
Assim, é evidente que quando os obreiros da Ordem de Arão forem inqueridos a
responder sobre como de fato é o verdadeiro, eles não o saberão fazer, apelando,
geralmente, para o caminho da dissimulação, da mentira, da profecia de que no futuro
isto será revelado ou até no sentido de ameaçar o indivíduo que os indagar. Além disso,
como eles não têm o conhecimento do verdadeiro por estarem sujeitos a um véu, ainda
se escondem atrás da dissimulação de que qualquer um que lhes indaga está se
“opondo à sua autoridade”.
Portanto, quando Deus rasgou o véu do templo nos dias de Herodes em duas partes,
o Senhor o rasgou também para mostrar que naquele sacerdócio a presença de Deus
não era contínua ou que não era ali que o Senhor era encontrado como deveria ser
encontrado por cada ser humano.
O rasgar do véu expôs as coisas temporais e frágeis para que ninguém mais buscasse
ao Senhor naquele local uma vez que qualquer validade da velha aliança foi anulada
diante de Deus, pois o sacerdócio que somente podia ver um pouco da glória de Deus
uma vez a cada ano, e através de uma só pessoa, jamais aperfeiçoaria a qualquer
indivíduo associado a ele.
No tempo oportuno, juntamente com a fraqueza do seu templo e do seu
véu, o sacerdócio antigo e terreno foi exposto para que as pessoas não se
deixassem mais iludir pelo pensamento de que ali poderia habitar a
presença de Deus como o Senhor a queria revelar aos seres humanos e
para que as pessoas passassem a se atentar para o tipo de presença de Deus
que realmente lhes era necessária não somente para o tempo presente,
mas também eternidade. A qual, por sua vez, está no reino celestial, em
Cristo e no coração daqueles que recebem a Cristo como a dádiva de
novidade de vida e da presença de Deus com eles concedida do céu.
Com seus templos terrenos e seus sacerdotes limitados em muitos aspectos, a
Ordem de Arão nunca pôde prover o acesso das pessoas diante de Deus como elas
necessitavam e nem pôde prover o Emanuel, Deus conosco, em todos os lugares que as
pessoas necessitavam da presença e da instrução do Senhor com elas.
O fim da aridez e da escassez de acesso a Deus e da presença de Deus
com as pessoas na condição de seu Emanuel somente chega ao fim quando
aquele que tem fome e sede respectivamente do pão e da água da vida passa
a crer em Cristo ou no Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque.

João 6: 35 E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a
mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede.

João 4: 14 Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá
sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a
jorrar para a vida eterna.
387

A partir da ampla revelação do sacerdócio segundo a Ordem de


Melquisedeque, todo “aquele que vem a mim e crer em mim”, diz o Sumo
Sacerdote da Ordem de Melquisedeque, se fará NELE uma fonte de água a
jorrar para a vida eterna, e não em algum templo externo, acampamento,
casa ou em algum outro mediador.
No Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque, não somente há a água
perfeita que sacia a mais profunda sede de uma pessoa, mas também o
poder para estabelecer o fluir de rios de água viva através da presença do
Espírito Santo no coração daqueles que creem em Cristo, daqueles que
creem no Senhor segundo a revelação que as Escrituras nos dão a respeito
de Cristo e não segundo o ensino que o clero sacerdotal de Arão propõe.

João 7: 38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior


fluirão rios de água viva.
39(a) Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os
que nele cressem.

Considerando que Cristo é o Singular Sumo Sacerdote Eterno que pode


atender a todos em qualquer lugar e pode representá-los em todo o tempo
também diante do trono celestial de Deus, e considerando o coração de
uma pessoa como uma cisterna ou poço a partir do qual Cristo revela rios
de água viva àqueles que Nele creem, podemos entender porque o livro de
Provérbios nos ensina a não dependermos das manifestações das grandes
congregações, mas daquilo que Deus deposita em nossos corações.

Provérbios 5: 14 Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio


da assembleia e da congregação.
15 Bebe a água da tua própria cisterna e das correntes do teu poço.
16 Derramar-se-iam por fora as tuas fontes, e, pelas praças, os
ribeiros de águas?
+
Provérbios 4: 23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração,
porque dele procedem as fontes da vida.
----

Considerando que Cristo, em Espírito, é plenamente capaz de estar ao mesmo tempo


assentado à direita do trono do Pai Celestial e também no coração daqueles que Nele
creem, Ele não depende de outros locais físicos, instalações ou montes para manifestar
a presença divina do Senhor no coração de um indivíduo em todo o tempo e em todo
lugar, e nem depende de uma casta sacerdotal imperfeita, inconstante ou infiel que
tenta mediar a relação das pessoas com Deus.
Portanto, entendemos ser muito significativo dar um destaque especial aqui à
posição da qual o Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque exerce o seu
sacerdócio, pois também através deste aspecto, podemos ver a enorme diferença que há
deste sacerdócio para com a Ordem de Arão.
388

Uma vez que na Ordem de Arão as pessoas queriam andar por vista e não por fé, elas
também estavam rejeitando o Sumo Sacerdote que não lhes era visível e ao qual
somente poderiam ter acesso mediante a fé em Deus.
Quando as pessoas que foram libertas do domínio do Egito quiseram um sacerdócio
baseado em coisas palpáveis ou visíveis aos seus olhos naturais, estava implícita
também a questão de estarem optando por um sumo sacerdote natural ou segundo a
natureza visível, humana, não celestial ou não espiritual. Este ponto, por sua vez, não
representava meramente uma inversão da posição do serviço do sumo sacerdote, mas
também o local a partir do qual Deus se manifestaria a este sumo sacerdote para que
este representasse o povo perante o Senhor.
Considerando que os sumos sacerdotes da Ordem de Arão não podiam subir ao céu
por estarem sujeitos às mesmas fraquezas que aqueles que eles representavam, estes
sumos sacerdotes necessitavam de lugares separados na Terra para exercerem funções
sacerdotais na tentativa de fazer “Deus descer do céu e vir à Terra”.
Em sua obstinação por quererem transformar as coisas espirituais em
coisas visíveis aos olhos naturais para continuarem a tentar administrar o
mundo espiritual, e isto, para não precisarem se apartar das cobiças más
de seus corações, as pessoas passaram a depositar expectativas da sua
representação divina a seus semelhantes igualmente falhos e que, por isto,
teriam que tentar representá-los sob condições, locais e sacrifícios também
visíveis ou naturais.
Embora a forma e alguns detalhes serem distintos em relação ao
ocorrido na construção da denominada Torre de Babel, quando as pessoas
libertas do domínio do Egito quiseram mediadores visíveis ou naturais
para se relacionarem com Deus, elas repetiram o erro dos construtores da
Torre de Babel em quererem ter um ponto natural de referência para o
relacionamento com o Eterno Criador.
Se para os construtores da Torre de Babel a própria torre seria um ponto no qual
elas poderiam determinar quando e como poderiam buscar a Deus, no caso da Ordem
de Arão, o sumo sacerdote palpável e todo o aparato em torno dele fazia papel
semelhante ao da Torre de Babel.
E a atitude mencionada nestes últimos parágrafos perdura até os dias atuais quando
as mais variadas religiões procuram estabelecer os pontos fixos onde as pessoas devem
servir às suas divindades, mas, principalmente, onde as suas divindades também
“deveriam” ouvi-las e atendê-las se tão somente cumprirem os rituais estabelecidos
pela respectiva religião. Ponto este, que se aplica também a uma enormidade de grupos
ou instituições que se denominam cristãos, mas que se amparam em seus templos,
sacerdotes humanos e ritos em vez de se ampararem diretamente e individualmente no
Senhor e no sacerdócio que é segundo a Ordem de Melquisedeque e não de Arão.
Assim, na tentativa de assemelhar um sacerdócio e um sumo sacerdote carnal à um
sacerdócio e um sumo sacerdote espiritual que ministra diante de um Deus espiritual,
era necessário, na Ordem de Arão, separar várias indivíduos do povo ou santificá-los
para o sacerdócio, assim como era necessário prover-lhes de estrutura também visível
onde supostamente viveriam em oração e santificação na expectativa ou com o intuito
de fazer “Deus descer dos Céus e vir à Terra” ao encontro dos indivíduos separados
nos locais considerados santificados para ali eles terem os seus denominados
“encontros com Deus”.
389

Uma enormidade de rituais de sacrifícios de animais, lavagem do corpo dos


sacerdotes e dos sumos sacerdotes, vestes especiais e a sua preparação durante um ano
inteiro eram dedicados para invocar “a descida de Deus à Terra” sem que este sumo
sacerdote e nem o povo fossem mortos pela poderosa presença de Deus perto deles.
Como as pessoas quiseram um sacerdócio que anda por vista e não por fé, ou que
está amparado em coisas naturais ou da Terra, e não em coisas espirituais ou do reino
celestial, elas estavam querendo que Deus não somente aceitasse um sumo sacerdote
carnal, mas também mudasse a jurisdição do sacerdócio celestial para um local terreno
para que a presença de Deus entre elas também fosse visível aos seus olhos, mostrando
mais uma vez que o apego inadequado às coisas materiais desemboca em uma devoção
cada vez maior aos aspectos naturais.
E, por sua vez, a preparação para a denominada “vinda de Deus à Terra”
demandava uma estrutura com um custo muito caro, pois se o local para tentar abrigar
Deus na Terra pretendesse apresentar alguma aparência similar à perfeição do local da
presença de Deus no céu, também era necessário fazer uso dos recursos mais especiais
existentes na Terra.
No final das contas, a Ordem de Arão representava o ser humano custeando a busca
pela presença de Deus similarmente ao modelo da Torre de Babel, dos egípcios, e de
todos os povos da Terra, e os quais tentavam agradar aos seus deuses com coisas
naturais para que as divindades que adoravam “descessem até os homens para lhes
abençoar” ou para que o clamor delas chegassem a Deus acompanhadas de suas
tentativas de barganhar com Ele ou de suborná-lo.
Quando o ser humano procura estabelecer o “modus operandi” do seu
relacionamento com Deus, invariavelmente ele acabar recaindo em
proposições semelhantes às quais milhões e milhões de pessoas
indevidamente e sem êxito já tentarem fazer ao longo de toda a história
humana e que de uma ou de outra forma apresentam proposições onde as
pessoas pensam que podem definir a maneira como se justificar perante
Deus e como podem ser aceitas perante o Senhor.
Quando o ser humano procura tomar a dianteira da sua reconciliação e do se
relacionamento com Deus, ele invariavelmente recai naquilo que várias gerações já
tentaram fazer em suas limitadas tentativas de se estabelecer em lugares altos, em
tabernáculos terrenos, em religiões geridas por sacerdotes ou mediadores humanos, ou
em suas filosofias, pois quando a proposição parte dos seres humanos, ela sempre
incorre em alguma proposição de sacerdócio terreno e não celestial.
Por mais que o ser humano natural procure ser espiritual, mostrar-se desenvolvido
em sua espiritualidade ou especular sobre as coisas espirituais, ele acaba recaindo
continuamente nos modelos de sacerdócios que de alguma forma são terrenos, pois,
dissociado da instrução do Espírito do Senhor, o ser humano não compreende as coisas
de Deus ou do reino celestial.

1 Coríntios 2: 11 Porque qual dos homens sabe as coisas do homem,


senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas
de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus.
12 Ora, nós não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito
que vem de Deus, para que conheçamos o que por Deus nos foi dado
gratuitamente.
390

13 Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria


humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais
com espirituais.
14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus,
porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se
discernem espiritualmente.
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Portanto, em sua limitada compreensão, o homem natural pensa que um nível mais
amplo de relacionamento com Deus depende do ser humano. Entretanto, quem é o
homem natural para afirmar que esta é a única alternativa?
Será que não poderia ser o contrário?
Será que não poderia existir um representante no céu a favor das pessoas que vivem
na Terra?
Pois é, parece que nunca ninguém pensou na possibilidade inversa do que os seres
humanos pensaram durante tantos séculos, pois, afinal de contas, que outra alternativa
os seres humanos em sua perspectiva limitada poderiam sugerir a Deus?
Entretanto, alguém pensou na possibilidade de haver um representante dos homens
diante de Deus no céu.
Apesar dos seres humanos não terem se atentado à possibilidade de um Sumo
Sacerdote que os representasse no céu e não na Terra, Deus já tinha esta proposição
preparada antes que os fundamentos do mundo já tivessem sido criados, mas por
muitos séculos a grande maioria das pessoas não quis ouvir a oferta de Deus.
Quando o ser humano, a criatura, pensa que o mundo criado é o seu
destino final ou que cabe à criatura achar as soluções para os seus
problemas, ele começa a se enroscar em pensamentos que o prendem à
limitada perspectiva da criatura, não vendo e não entendendo aquilo que o
Senhor vê dos céus e quer lhe instruir.
Além disso, se o representante dos seres humanos estivesse na Terra para mediar o
relacionamento com o Senhor, quem o faria depois que as suas vidas naturais
chegassem ao fim, conforme vimos no tópico da linhagem temporal e corruptível da
Ordem de Arão?
Considerando que Deus não nos criou com propósitos limitados ao
mundo natural, mas para estarmos com Ele pela eternidade, é muito mais
crucial ter um Sumo Sacerdote eterno nos céus do que um sacerdócio
temporal e limitado na Terra, e que não pode acompanhar uma pessoa
quando o dia do seu julgamento final perante Deus ocorrer.
Deus nos criou para sermos Dele e estarmos com Ele para sempre. Ele
nos criou para sermos eternos e termos vida junto a Ele também
eternamente, evidenciando mais uma diferença não conciliável entre a
Ordem de Melquisedeque e a Ordem de Arão.
O pensamento do sacerdócio segundo a ordem de Arão está sujeito à ideia de que
tudo o que é relevante em termos sacerdotais tem que acontecer no mundo material ou
em tabernáculos terrenos. Entretanto, a história em torno da Ordem de Arão já
evidenciou que as pessoas não se satisfizeram com este sacerdócio nem ainda em
relação às suas provisões materiais e os seus anelos terrenos.
391

Inicialmente, o povo escravo no Egito queria ser livre da dura escravidão que os
afligia. Depois queriam a sombra, a água fresca e o pão de graça que lhes era dado no
deserto. E não bastando isto, Deus lhes concedeu terras boas e férteis, e ainda permitiu
que os indivíduos que antes eram escravos, agora em liberdade, recebessem inclusive
cidades que não construíram e vinhas que não plantaram.
As pessoas libertas do domínio do Egito almejavam terras, Deus lhes concedeu.
Almejavam riqueza e abundância, foi lhes acrescido. Quiseram reis como os outros
povos, assim foi estabelecido. Ambicionaram templos suntuosos também como outros
povos para não ficarem somente com a tenda de Moisés, e também isto lhe foi
permitido, tendo por consequência a edificação de um dos mais belos e imponentes
templos que já existiu na face da Terra, senão o mais belo e majestoso que já existiu.
Entretanto, por mais atraentes que as bênçãos materiais pudessem parecer, elas não
completaram ou supriram aquilo que as pessoas buscavam ou realmente necessitavam,
pois o sacerdócio ao qual seguiam não era dotado de provisão para a angústia da alma
quando se trata das coisas celestiais e da vida eterna.
A Ordem de Arão queria Deus na Terra para servir as pessoas nas coisas
da Terra, e não queria Deus nos céus para que as pessoas pudessem se
achegar ao Deus celestial segundo o reino e os princípios celestiais.
Em Cristo, porém, tudo mudou completamente. Em Cristo, auxiliado por Ele como o
Sumo Sacerdote Eterno e Celestial, uma pessoa pode buscar as coisas que são de cima.
Uma pessoa pode se achegar ao trono da graça celeste. Ela pode, em Cristo, pela fé
Nele, se assentar nas regiões celestiais. Ela pode entrar no verdadeiro Santo dos Santos,
e não da sombra, pelo novo e vivo caminho que, por sua vez, também é Cristo em nós e
nós em Cristo.
No sacerdócio da Ordem de Melquisedeque, nós podemos estar
justificados diante de Deus em Cristo e Cristo pode estar em nós, e não nos
templos feitos por mãos humanas ou nos lugares fisicamente retirados,
como o próprio Cristo nos advertiu explicitamente ou diretamente.

Mateus 24: 23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo
ali! Não acrediteis;
24 porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes
sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.
25 Vede que vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!, não saiais.
Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis.
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Para o homem natural, é muito difícil conceber que no seu relacionamento com
Deus não precisa haver templo ou tabernáculo erigido por mãos humanas, nem mesmo
casas terrenas que as pessoas querem transformar em templos santificados para Deus.
Lembrando o que foi mencionado no início deste estudo, destacamos mais uma vez
que o sacerdócio é o que permite uma pessoa se apresentar a Deus ou ser apresentada
por alguém a Deus e vice-versa. E, por isto, sendo o sacerdócio o meio para o principal
e mais necessário relacionamento de um ser humano, este somente deveria ser
confiado Àquele Sumo Sacerdote da Ordem que pode oferecer um relacionamento que
seja estabelecido adequadamente ou de fato para a eternidade.
392

O Senhor Jesus não veio para erigir um templo na Terra e nunca virá
para fazê-lo. Razão pela qual, a mentalidade de um templo na Terra é um
resquício da Ordem de Arão ou, visto de forma mais ampla, do homem
natural tentando solucionar, a seu modo, o seu relacionamento com Deus.
Noé, Enoque, Abraão, Sara, Isaque, Jacó, José, Raabe, Rute e Daniel no exílio, por
exemplo, não tiveram um santuário ou um templo para frequentar. E ainda assim,
foram homens e mulheres com os quais Deus falou e os instruiu pela fé que tiveram no
Senhor inclusive já antes de Cristo ter vindo em carne ao mundo. Quanto mais, então,
Deus não irá se relacionar com as pessoas depois que Cristo triunfou na cruz do
Calvário sobre o pecado e a escravidão associada à lei da Ordem de Arão?
Assim, o problema de um sacerdócio e seus santuários comandados pelos seres
humanos, ainda que aleguem que é Deus quem os guia, não é o tamanho do ministério,
o local de reuniões, quantas pessoas cabem nestes locais, se é simples, luxuoso ou
suntuosos, mas é o seu conceito de dependência das coisas terrenas e que, de uma ou
de outra forma, está correlacionado com a Ordem de Arão que corrompe como o
fermento se for dado espaço aos princípios que ela tenta propagar.

Hebreus 7: 11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o


sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo
a ordem de Arão?

Na Ordem de Arão, muitas obras eram realizadas e inúmeros sacrifícios eram


apresentados para que Deus “eventualmente descesse a um lugar físico em específico”.
Entretanto, conforme já comentamos, na Ordem de Melquisedeque, Cristo abriu um
novo e vivo caminho para que qualquer um possa receber o Sumo Sacerdote Celestial
em seu coração para que também possa chegar a Deus a qualquer hora, momento e
lugar, não importando de qual povo, raça, tribo, nação ou língua ele seja, nem
importando se está limitado a ficar fisicamente onde se encontra ou livre para se
locomover.
Na Ordem de Melquisedeque, a salvação é oferecida a todos igualmente,
e a posição do Sumo Sacerdote é eterna nas regiões celestiais e também
junto àquele que a recebe mediante a nova aliança em Cristo.
A Ordem de Melquisedeque não nos providenciou um caminho para um
tabernáculo terreno, mas um caminho para a presença de Deus de forma
livre da dependência de construções, locais terrenos ou outras pessoas.

Hebreus 10: 19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos
Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é,
pela sua carne.

O que era impossível aos seres humanos até pensarem ou imaginarem,


Deus providenciou através de Jesus Cristo, nosso Senhor, para que
qualquer pessoa, de qualquer lugar, a qualquer tempo, possa se achegar a
Deus.
393

E é também por tudo isso que Paulo registrou as seguintes palavras:

2Coríntios 3: 7 E, se o ministério da morte, gravado com letras em


pedras, se revestiu de glória, a ponto de os filhos de Israel não
poderem fitar a face de Moisés, por causa da glória do seu rosto,
ainda que desvanecente,
8 como não será de maior glória o ministério do Espírito!
9 Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior
proporção será glorioso o ministério da justiça.
10 Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste
respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória.
11 Porque, se o que se desvanecia teve sua glória, muito mais glória
tem o que é permanente.
----

Se algumas vezes Deus concordou em se mostrar glorioso no tabernáculo de Moisés,


no templo de Salomão e em outros lugares fixos, como parte do processo de ensino da
fraqueza destes sistemas ainda que por um tempo Deus tenha sido favoráveis a eles em
algumas situações, de quanto maior glória não seria ou é o novo e vivo caminho que
permite às pessoas na Terra terem acesso ao Santo dos Santos Celestial, ao verdadeiro
tabernáculo, à presença de Deus em seu reino celestial através de Cristo Jesus e de
acordo com o que Deus sempre intentou para cada ser humano?

Efésios 2: 5 E estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida


juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

Cristo veio para oferecer uma Ordem de Sacerdócio que permite que
pessoas de qualquer lugar e em todo o tempo possam, mediante a fé,
acessar individualmente a Deus, e isto, inclusive nas regiões celestiais.
A Ordem de Melquisedeque não é oferecida para funcionar a partir de templos
terrestres ou santuários feitos pelas mãos humanas ainda que feitos em locais de
proeminência ou especialmente selecionados. Ela é oferecida para atuar no coração que
crê em Cristo e que se dirige pessoalmente a Deus, pois através do Espírito, o Pai
Celestial e o Senhor Jesus Cristo estão em todo lugar, em todo o momento e cuja
atuação livre a partir do céu jamais poderá ser confinada em paredes e edificações
humanas.
A Ordem de Arão é a ordem do confinamento em apriscos dos quais as pessoas
precisam ser libertos pelo Senhor. A Ordem de Melquisedeque é a ordem da liberdade
no Espírito do Senhor.

João 3: 8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes
donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do
Espírito.
394

2 Coríntios 3: 16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o


véu lhe é retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.

Cristo não veio libertar as pessoas de um cativeiro de uma ordem terrena, e por isto
limitada e imperfeita, para encaminhá-las outra vez a esta mesma ordem temporal e
fraca ou qualquer outra similar a ela.
Cristo não veio fazer uma reforma na Ordem de Arão para tentar mudá-la para uma
ordem celestial.
A mudança que Deus estabeleceu através de Cristo foi remover o conjunto completo
do primeiro sacerdócio, com todas as suas imperfeições, para estabelecer e oferecer
perante os seres humanos uma ordem sacerdotal inteiramente nova para eles. Uma
ordem sacerdotal nascida no reino celestial para também ministrar, a partir das regiões
celestiais, no coração daqueles que acolheram o reino de Deus em suas vidas.
Quando o Senhor Jesus Cristo foi indagado por uma mulher samaritana sedenta
para saber sobre qual monte era o correto para alguém adorar a Deus para que o vazio
do seu coração fosse preenchido, o Senhor nos deixou um dos ensinos mais preciosos e
objetivos da vida sob a Ordem de Melquisedeque, e com o qual também gostaríamos de
encerrar o presente tópico para deixar os princípios deste texto ecoando para as demais
partes do presente estudo.
Ao falar com a mulher samaritana, o Senhor Jesus lhe ensinou que para receber a
novidade de vida vinda de Deus, não lhe era necessário passar por cultos, cerimoniais,
rituais, sacerdotes, levitas, pastores, padres, patriarcas, dízimos e variadas ofertas, e
nem era necessário ela subir algum monte ou cumprir a agenda de grupos pequenos ou
grandes. O que era lhe necessário, a partir do conhecimento da revelação de Cristo, era
crer em Cristo em seu coração e, assim, ela receberia a novidade de vida pela qual tanto
anelava. E ainda, a receberia não só temporalmente, mas para a vida eterna, porque o
próprio Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque é Aquele que habita no coração
daqueles que o recebem para supri-los e sustentá-los eternamente.

João 4: 19 Senhor, disse-lhe a mulher, vejo que tu és profeta.


20Nossos pais adoravam neste monte; vós, entretanto, dizeis que em
Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
21 Disse-lhe Jesus: Mulher, podes crer-me que a hora vem, quando
nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
22 Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos,
porque a salvação vem dos judeus.
23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores
adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores.
24 Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade.
25 Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado
Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas.
26 Disse-lhe Jesus:
“Eu sou o Cristo, eu que falo contigo”.
395

G. Justiça Humana ou Justiça de Deus

Outro aspecto que de forma alguma deveria ser deixado de lado quando alguém
objetiva conhecer mais amplamente a Ordem de Melquisedeque também através da
comparação com a Ordem de Arão, refere-se ao aspecto da justiça associada
respectivamente à cada uma destas duas ordens.
Relembrando que o Evangelho da Glória de Deus e da Glória de Cristo
também é apresentado pelo Senhor ao mundo como o Evangelho da Justiça
de Deus, podemos observar nas Escrituras que o aspecto da justiça
certamente é um dos pontos mais proeminentes para evidenciar o quão
distintos e quão incompatíveis são a Ordem de Melquisedeque e a Ordem
de Arão ou qualquer outra ordem sacerdotal que apresente alguma
característica semelhante à Ordem Levítica.

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego;
17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé,
como está escrito: O justo viverá por fé.

Por outro lado, visto que este tema já foi tratado no estudo sobre O Evangelho da
Justiça de Deus e que ele ainda será abordado em um capítulo mais adiante do presente
estudo sob o tema do Senhor Jesus Cristo também ser o Rei da Justiça, neste ponto
gostaríamos de mencionar resumidamente somente alguns dos aspectos que nos
parecem pertinentes a serem mencionados neste contexto da comparação entre as duas
ordens sacerdotais em referência no presente capítulo.
E um dos primeiros pontos que gostaríamos de ressaltar aqui, é que a justiça da
Ordem de Melquisedeque e a justiça da Ordem de Arão recebem, perante o Senhor,
identificações ou classificações distintas, onde a justiça da Ordem de Melquisedeque é
denominada de justiça de Deus, de Cristo, do reino celestial, da fé ou que vem de Deus,
e onde a justiça da Ordem de Arão é denominada de justiça própria, da lei, que
procede da lei, que há na lei, que procede de obras praticadas por nós ou que é
segundo a criatura, conforme exemplificado, em parte, também nos textos a seguir:

Romanos 10: 3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e


procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem
de Deus.

Filipenses 3: 8 Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da


sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor
do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
ganhar a Cristo
9 e ser achado nele, não tendo justiça própria, que procede de lei,
senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus,
baseada na fé.
396

Portanto, se olharmos para o aspecto da justiça sob o conceito da sua glória,


podemos notar que cada ordem sacerdotal também apresenta uma justiça cuja glória é
correspondente aos seus respectivos fundamentos e leis, o que mais uma vez acentua o
ponto de que a Ordem de Melquisedeque e a Ordem de Arão têm critérios centrais que
não possibilitam que elas sejam compatibilizadas.
A Ordem de Melquisedeque, a ordem da justiça segundo Deus, e a
Ordem de Arão, a ordem segundo a justiça dos seres humanos, a justiça
própria ou segundo o esforço da carne, apresentam em relação à
verdadeira justiça, uma das suas mais acentuadas e principais
divergências.
Por isto, Deus é tão enfático e até repetitivo nas Escrituras quanto a exortar as
pessoas para não inclinarem os seus corações à Ordem de Arão, porque ela, quanto à
gloria da sua justiça própria, é uma fonte de geração de muitas injustiças, acrescida do
maléfico agravante de procurar ocultar as suas injustiças sob aparências de piedade ou
devoção a Deus.
Se retornarmos a considerar o texto de Romanos 10 citado acima, podemos perceber
que a origem da tentativa da sustentação da Ordem de Arão, também denominada de
mandamento carnal no livro de Hebreus, pode similarmente ser expressa através da
rejeição da justiça de Deus quando as pessoas preferem as tentativas de estabelecer a
sua própria justiça.
Também pela ótica da justiça, a Ordem de Arão, em contraste à Ordem de
Melquisedeque, se mostra um berço que gesta injustiças já a partir da sua constituição
fundamentada não em Deus, mas no ser humano ou nos esforços das pessoas para
tentarem alcançar a sua justificação e a aceitação perante Deus.
Em um dos seus ângulos, a Ordem de Arão não quer negar ou rejeitar a Deus,
inclusive quer Deus apoiando as pessoas, mas quer que o apoio de Deus venha a ser
alcançado pelos caminhos que as próprias pessoas escolhem para que Deus as abençoe
ou por mérito por terem cumprido um conjunto de obras segundo a lei do respectivo
sacerdócio.
Entretanto, considerando que os sacrifícios da Ordem de Arão nunca puderam
remover a sujeição das pessoas ao pecado e ao corpo do pecado, somente cobrir a culpa
da sujeição ao pecado por um tempo para gerar uma postergação da condenação
advinda da obediência ao pecado, a justiça desta ordem é carregada de injustiças. Ela é
uma proposição de justiça que requer devoção à sua lei repleta de preceitos ou regras
sem que jamais possa resolver os problemas mais graves das pessoas que a servem e
aos quais ela alega querer servir, os quais, por sua vez, são a necessidade de libertação
das pessoas da sujeição ao pecado, do corpo do pecado e de justificação para de fato
poderem ser aceitas diante de Deus.
Entre outros aspectos, a justiça da Ordem de Arão é fonte de injustiça porque:
 1) Não consegue remir as pessoas daquilo que ela se propõe a remi-las;
 2) Chama as pessoas para realizarem obras para com Deus que jamais poderão
agradar a Deus;
 3) Requer serviços, obras e recursos sob o pretexto de beneficiar as pessoas, mas
que atuam exatamente contra o principal benefício que as pessoas necessitam
para as suas vidas, que é a reconciliação com Deus;
397

 4) Atrai e instiga as pessoas a quererem depender de Deus, mas se interpõe junto


à porta do relacionamento com Deus para que ninguém, no aspecto prático,
consiga se relacionar com Deus satisfatoriamente.

Assim, além de não libertar as pessoas da sujeição ao pecado em geral, todas as


demais derivações da injusta justiça da Ordem de Arão nascem da principal injustiça
que ela impõe sobre àqueles que se sujeitam a ela, a qual é manter as pessoas afastadas
da verdadeira reconciliação com Deus, acrescido, porém, do objetivo de colocar as
pessoas sob um torpor ou uma ilusão de que fazendo as obras desta ordem, elas estarão
no caminho em que, um dia, com ainda mais esforço humano, conseguirão se
reconciliar com Deus.
A interrupção de um adequado relacionamento da criatura com o Único
Deus Criador sempre foi e continua sendo a fonte de toda e qualquer
injustiça, mas a Ordem de Arão tem na sua proposição de justiça colocar
um véu sobre as pessoas para que estas acreditem que é a partir da obra e
dos esforços humanos que a reconciliação com Deus pode ser alcançada.
Muitas pessoas que nos dias atuais continuam sujeitas ao pecado e ao corpo do
pecado, não o estão pela falta de volume de conhecimento natural, o qual encontra-se
abundante nas mais variadas áreas, assim como muitos não o estão por falta de esforço
em relação aos preceitos da Ordem de Arão ou similares a ela, mas estão sujeitas à este
tipo de injustiça porque, ao tentarem estabelecer a sua própria justiça, também se
privam de conhecer a justiça de Deus e ao Senhor justo e reto na medida apropriada
como deveriam conhecê-lo.

Romanos 10: 3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e


procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem
de Deus.

Tito 1: 16 No tocante a Deus, professam conhecê-lo; entretanto, o


negam por suas obras; é por isso que são abomináveis,
desobedientes e reprovados para toda boa obra.

Jeremias 7: 23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz,
e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o
caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.

Oséias 4: 1 Ouvi a palavra do SENHOR, vós, filhos de Israel, porque o


SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra, porque não
há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus na terra.
398

1 Coríntios 15: 34 Tornai-vos à sobriedade, como é justo, e não pequeis;


porque alguns ainda não têm conhecimento de Deus; isto digo para
vergonha vossa.
----

Deus é amor, verdade e nossa justiça, mas como as pessoas conhecerão esta
realidade se elas insistem em permanecer sujeitas a uma “justiça injusta” que, além de
não ser capaz de remover os obstáculos para as pessoas poderem se reconciliar com o
Senhor Eterno, ainda acrescenta outro conjunto enorme de mais obstáculos que se
opõem à justiça do reino celestial?
Por isto, na Ordem de Melquisedeque, um dos primeiros pontos que o Sumo
Sacerdote desta ordem evidencia a ser buscado por todo aquele se associa à sua nova
aliança refere-se precisamente à justiça que é verdadeira e eterna perante Deus, aspecto
relembrado no texto a seguir:

Mateus 6: 33 Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua


justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.

Em contraste à Ordem de Arão que se baseia na não disposição das pessoas em


conhecer a justiça de Deus e a Deus pessoalmente, resultando em uma das principais
razões para a propagação da injustiça ou para as pessoas procurarem estabelecer a sua
própria justiça, a Ordem de Melquisedeque repete o que foi dito, por exemplo, pelo
profeta Oséias, conforme segue:

Oséias 6: 3 Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como


a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva,
como chuva serôdia que rega a terra.

Oséias 10: 12 Então, eu disse: semeai para vós outros em justiça, ceifai
segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de
buscar ao SENHOR, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós.
----

Na Ordem de Melquisedeque, a sua justiça é:


 1) A justiça justificadora mediante a graça de Deus;
 2) A justiça misericordiosa e perdoadora;
 3) A justiça cuja iniciativa de reconciliação do relacionamento das pessoas com
Deus foi feita pelo próprio Senhor Eterno;
 4) A justiça que chove do céu sobre aqueles que a recebem e não emerge da
criatura tentando se justificar por seus próprios esforços;
 5) A justiça eterna que fundamenta o próprio trono de Deus.

Romanos 4: 6 E é assim também que Davi declara ser bem-aventurado o


homem a quem Deus atribui justiça, independentemente de obras.
399

Romanos 3: 28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé,


independentemente das obras da lei.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

Efésios 2: 8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie.

2 Coríntios 5: 19 A saber, que Deus estava em Cristo reconciliando


consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões,
e nos confiou a palavra da reconciliação.

Salmos 89: 14 Justiça e direito são o fundamento do teu trono; graça e


verdade te precedem.
----

Portanto, só o aspecto falho da Ordem de Arão em propor a justificação das pessoas


perante Deus através de meios indevidos ou o aspecto de propor as pessoas a viverem
uma pretensa ou falsa forma de buscar esta justificação, consumindo a vida das pessoas
em serviços vãos, já seria mais do que suficiente para que ninguém mais quisesse
inclinar o coração para este tipo de ordem sacerdotal.
Entretanto, assim como o conhecimento de Deus leva ao recebimento de chuvas de
justiça e ao conhecimento da verdade que liberta, assim o desconhecer a Deus e a falta
de um relacionamento apropriado com o Senhor Eterno leva a sucessivas injustiças, e
por isto, a Ordem de Arão se alastra também em muitas outras injustiças.
A Ordem de Arão pode até enaltecer e satisfazer por um tempo o ego daquele que
sob ela presta cultos, frequenta as suas reuniões ou oferece sacrifícios, ou, ainda, pode
apresentar diversos tipos de proposições de “autoajuda” na tentativa de justificação
perante Deus, o que é uma outra maneira de fazer referência à justiça própria.
Entretanto, ela jamais é capaz de apresentar uma provisão para verdadeiramente tratar
com a raiz dos problemas centrais dos seres humanos ou o pecado gerador dos demais
pecados, pois a solução contra a atuação da raiz dos problemas somente pode ser
encontrada na comunhão de cada pessoa com Deus e que é fundamentada na justiça do
Criador e não da criatura.
Sem a justiça procedente do reino celestial, não é possível um indivíduo estar
reconciliado com Deus e ter comunhão apropriada com o Senhor, sem a qual, por sua
vez, uma pessoa não consegue nem discernir o que se passa em seu coração. Somente
400

Deus pode iluminar tanto a injustiça que há no coração de um indivíduo como o


caminho de justiça para o qual uma pessoa é chamada a viver e andar. Um aspecto
exposto já desde a antiguidade também pelos profetas e salmistas:

Jeremias 17: 9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e


desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto
das suas ações.

Salmos 139: 1 SENHOR, tu me sondas e me conheces.


2 Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras
os meus pensamentos.
3 Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus
caminhos.
4 Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a
conheces toda.
5 Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão.
6 Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim: é sobremodo
elevado, não o posso atingir.
...
23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece
os meus pensamentos;
24 vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho
eterno.

Salmos 23: 1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.


2 Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das
águas de descanso;
3 refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do
seu nome.
----

E além do exposto acima, retornando mais uma vez à questão de sumo sacerdotes e
tabernáculos terrenos em contrasta ao sacerdócio e tabernáculo do reino de Deus no
qual o Sumo Sacerdote Eterno Jesus Cristo opera, relembramos que a Ordem de Arão
não podia oferecer uma solução e nem sacerdócio eternos porque tanto ela como os
seus sumo sacerdotes eram temporais, mas também porque na sua proposta de
atuação, esta ordem era discriminatório e resultava em muitas injustiças em relação a
Deus e às pessoas.
No formato e no pensamento da Ordem de Arão não cabe o conceito de justiça para
todos, pois se para os fortes e saudáveis segundo a carne já era impossível seguir toda a
lei, como, então, os fracos ou debilitados iriam poder atender a lei da velha aliança?
A Ordem de Arão estava estabelecida sob o conceito da necessidade de locais físicos
para que os sacerdotes pudessem exercer seus serviços sacerdotais, e já por isto, ela
dependia de templos ou santuários terrestres, como já foi exposto anteriormente.
401

Assim, qualquer religião que se estabeleça sob um conceito de templos ou de pontos


de referência terrenos não poderá ser justa para com todos, pois, de alguma forma, ela
acaba se inclinando a reconhecer de forma distinta aqueles que têm condições de irem
aos seus templos ou pontos de encontro que estabelecem.
Olhando somente para a sua proposição de adoração ou culto, a Ordem de Arão já
neste ponto é discriminatória no sentido de que nem todos podem chegar aos templos
que ela constrói ou aos locais que estabelece para as pessoas se reunirem com os seus
sacerdotes.
Na Ordem de Arão os fisicamente incapacitados, os enfermos, os debilitados pela
idade, as crianças, os que não têm condições financeiras e tempo para se deslocarem
aos locais de encontro, e assim por diante, são privados do contato com a manifestação
de Deus, pois nesta ordem é esperado que Deus se manifeste no templo ou nos locais
pré-determinados pelos sacerdotes da ordem sacerdotal. Na Ordem de Arão,
essencialmente, Deus era convidado e esperado a vir a locais pré-estabelecidos.
E sob o conceito de que Deus deve vir a um lugar definido pelas pessoas para que ali
elas obtenham o acesso à presença ou à manifestação de Deus, a justiça da Ordem de
Arão sempre será discriminatória para com alguém, de nada adiantando fazer a
construção de santuários maiores e melhores, menores ou mais simples, concentrando
as reuniões em um local ou espalhando-as pelas casas.
Se as restrições de acesso aos locais onde Deus supostamente deve se manifestar
continuam a existir para alguns, o que sempre ocorrerá na Ordem de Arão,
independentemente das mais elaboradas estratégias, técnicas ou tecnologias que
procure utilizar, a injustiça continua presente, variando, talvez, em quantidade de
pessoas, mas alguns sempre serão deixados de lado ou excluídos pelas regras que
requerem que as pessoas acessem algum ponto remoto e mediadores para tentarem se
relacionar com Deus.
Uma vez que a Ordem de Arão, em contraste à Ordem de Melquisedeque, foi
constituída sobre a base das pessoas “não quererem a Deus no coração ou
continuamente muito próxima a elas”, e o que resulta no andar por parâmetros
exteriores e não por fé, não há como ela se libertar da necessidade de atrair as pessoas à
coisas também visíveis, cujo acesso, por sua vez, de uma ou de outra forma, gera
discriminação entre as pessoas.
Portanto, uma ordem sacerdotal fundamentada na fraqueza da justiça humana não
produzirá a justiça de Deus. Pelo contrário, um sacerdócio fundamentado na fraqueza
humana tende a crescer na escala da injustiça.
Por outro lado, na sua Ordem Sacerdotal, a de Melquisedeque, Cristo disse que Ele
sempre estaria tanto com cada pessoa individualmente como em qualquer lugar que
aqueles que Nele creem se encontrassem em seu nome, não fazendo qualquer menção a
tipos de locais ou meios específicos para os seus encontros.
Uma vez que o Sacerdócio de Cristo é livre e atua pelo Espírito de Deus, e
não segundo as limitações da carne e das coisas materiais, este sacerdócio
também é livre para sempre estar com aqueles que creem no Senhor, assim
como para acompanhá-los a qualquer lugar que forem, não estando sujeito
à injustiça de privar as pessoas de estarem em continua comunhão com
Deus através de Cristo onde eles estiverem.
402

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Na Ordem de Melquisedeque, o Sumo Sacerdote está com as pessoas em suas vidas


pessoais o dia todo e não somente parcialmente como invariavelmente o fazem os
sumos sacerdotes da Ordem de Arão ou seus representantes.

Mateus 1: 23 Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será
chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).

Mateus 1: 20(b) E eis que estou convosco todos os dias até à consumação
do século.

Mateus 18: 20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu


nome, ali estou no meio deles.
----

Notemos bem que Cristo diz que está com cada um sempre. Ou seja, não
há a necessidade de dois ou três estarem reunidos para Ele estar com cada
pessoa que Nele crê.
Entretanto, Cristo também diz que “onde estiverem dois ou três” reunidos em nome
Dele, ali também Ele estará, ensinando-nos que para que haja uma reunião coletiva de
cristãos, dois ou três já podem fazer com que ela ocorra desde que se reúnam no nome
de Cristo e não nome da “instituição a, b ou c”, ou em nome do “grupo x, y ou z”, ou,
ainda, em nome do “líder, pastor, padre, bispo, reverendo ou patriarca a, b ou c”.
Não importa quantos obreiros a Ordem de Arão alicie, quantos pontos de
atendimento às pessoas ela disponibilize, quantos chamados “líderes” treine, fazendo-o
inclusive à revelia do que Cristo ensinou sobre “não haver líderes entre os irmãos de fé
no Senhor”, a Ordem de Arão sempre continuará sendo injusta na sua proposição de
cobertura espiritual, porque ela não consegue estar com todos e nem sequer com um só
indivíduo em todo o tempo da sua vida.
Somente na Ordem de Melquisedeque temos um Sumo Sacerdote que
pode continuar a nos ensinar até quando dormimos ou estejamos de
alguma outra forma limitados a nos relacionarmos com outras pessoas.
Quando o Senhor Jesus Cristo veio para revelar o novo e vivo caminho para a nova
aliança, segundo a Ordem de Melquisedeque, Ele começou a atender as pessoas nas
ruas e foi às vilas e aldeias em que elas viviam, sinalizando que uma grande inversão do
atendimento de Deus às pessoas ocorreria após Cristo revelar a justiça celestial também
pela sua morte na cruz do Calvário em favor de todos os seres humanos.
O Senhor Jesus começou a mostrar que Deus estava disposto a ir, sempre, onde cada
uma das pessoas estavam.
O Senhor Jesus não veio implantar outra ordem terrena, pois se o fizesse,
inevitavelmente esta ação também incorreria nas mesmas limitações e injustiças da
Ordem de Arão.
403

A concepção e a execução dos serviços da Ordem de Melquisedeque são


completamente distintas de qualquer conceito que o ser humano já tivesse
visto e totalmente firmadas na justiça na qual o trono de Deus também está
eternamente firmado.

Romanos 5: 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é


derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado.
6 Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu
tempo pelos ímpios.
7 Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que
pelo bom alguém se anime a morrer.
8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter
Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus
mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida;
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a
reconciliação.

Não importa se uma assembleia ou grupos de pessoas se encontram em um grande


templo, em grupos pequenos nas casas ou até via alguma tecnologia digital, se as
pessoas não deixarem o conceito da Ordem de Arão para trás para viverem segundo
Ordem de Melquisedeque como ela é oferecida para estar no coração de cada indivíduo,
eles continuam sujeitos à ideia de que o ponto central da benção de Deus está de
alguma forma associada aos pontos de referência naturais e não pela presença de Cristo
e do reino de Deus no coração de cada cristão.
Cristo em nós e nós em Cristo é a primeiro e principal condição através
da qual a Ordem de Melquisedeque almeja manifestar a glória de Deus
para cada pessoa.
Deus, certamente, pode se manifestar de diversas maneiras, através de
vários dons e acrescentar muitos benefícios quando os cristãos se
encontram uns com os outros, mas isto jamais visa substituir o
acompanhamento em tempo integral que o Sumo Sacerdote segundo a
Ordem de Melquisedeque oferece a cada pessoa que Nele crê.
Retornando a este aspecto mais uma vez, se em alguma ordem sacerdotal as pessoas
precisam estabelecer vínculos exteriores quer com pessoas ou lugares denominadas de
“santificados ou sagrados” para poderem se relacionar satisfatoriamente com Deus,
este sistema está sujeito à um condição de injustiça para com aqueles que não podem
ter acesso a estes pontos referenciais.
A justiça da Ordem de Arão ou similares a ela produz injustiça desde o momento da
sua concepção quando já estabelece um público alvo seleto que quer ou pode atingir,
contrariando à justiça de Deus que não faz acepção de pessoas.
Podemos ver nas Escrituras que a escolha de pontos denominados “santificados” e
de uma classe especial de pessoas para realizar serviços sacerdotais no lugar de outros
404

acaba, inevitavelmente, dividindo as pessoas entre líderes e liderados, mas também


acabava fazendo com que os próprios líderes da Ordem de Arão passem a advogar a si
mesmos como sendo justos e distintos do “povo espiritualmente leigo ou pobre” que
supostamente não compreende o que eles, líderes, dizem compreender sobre Deus.
Entretanto, aos olhos de Deus estes que se intitulavam líderes foram chamados de raça
de víboras, porque acabavam priorizando os seus locais chamados de “sagrados” ou as
suas estruturas religiosas, deixando de ter misericórdia com o seu próximo, muito
menos com aqueles que não participavam de seus encontros coletivos.
Assim, Deus declarou a Ordem de Arão obsoleta também porque, em sua justiça, ela
sempre foi injusta para com as pessoas criadas por Deus por não mostrar o verdadeiro
caminho para a reconciliação com o Senhor, mas também por dividir as pessoas entre
aquelas que teriam direito e as que não teriam direito de serem atendidas por Deus,
completando o ciclo da sua injustiça perante Deus e perante as pessoas no mundo.
Cumprindo-se a plenitude do tempo para o Pai Celestial revelar o sacerdócio que Ele
viria a oferecer em Cristo Jesus, Deus não permitiria que as pessoas continuassem sem
uma provisão justa para todos poderem, em tempo apropriado, se relacionar com Deus
e alcançar a vida eterna.

1 João 2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.

Romanos 3: 21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus


testemunhada pela lei e pelos profetas;
22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre
todos os que creem; porque não há distinção.

Quando os seres humanos encheram a medida da sua iniquidade,


quando esgotaram suas tentativas e ideias, quando tudo seria somente
uma repetição ou variação do que já era feito indevidamente por séculos,
Deus disse basta, interveio, anulou a velha aliança e introduziu uma
superior, justa, eterna e disponível a todo aquele que recebe a justiça
mediante a graça de Deus e a fé no Senhor Jesus Cristo.
Portanto, depois da vinda de Cristo ao mundo e da provisão de Cristo feita para
remir as pessoas do pecado e da Ordem de Arão, insistir nos preceitos da Ordem de
Arão já revogada é ainda mais agravante do que era antes de Cristo ser revelado ao
mundo, pois é uma tentativa de sustentar a justiça injusta e já declarada por Deus como
tal perante o mundo e perante todos os céus.
Quando alguma ordem sacerdotal procura reestabelecer conceitos da Ordem de
Arão depois da vinda de Cristo ao mundo, ela tenta reatribuir o escrito de dívida já
exposto e cancelado por Cristo na cruz do Calvário novamente sobre as pessoas.
Em outras palavras, uma vez que um sacerdócio segundo a Ordem de Arão existe
basicamente para tentar justificar e reconciliar as pessoas com Deus através de obras da
lei de um mandamento carnal, voltar a tentar reestabelecer a Ordem de Arão é uma
405

tentativa de voltar a dar crédito ao um escrito de dívida das pessoas associadas a esta
ordem que já foi quitado plenamente, pois se alguém ainda precisa de obras da lei ou
frequentar reuniões para ser justificado e aceito diante de Deus, Cristo teria morrido
em vão ou a sua morte e ressurreição teriam sido ineficazes e sem validade.
Em sua escalada de injustiças, a tentativa de reestabelecer a Ordem de Arão não
somente se opõe à justiça de Deus em Cristo, mas também se volta contra as pessoas,
pois o que a Ordem de Arão propõe às pessoas é elas voltarem a se sujeitar aos escritos
de dívidas que elas não precisam mais tomar sobre os seus ombros. Ou seja, a tentativa
de reestabelecer a Ordem de Arão é uma tentativa de reintroduzir a culpa do pecado e
perante a lei que já teve a sua dívida quitada perante o pecado, a lei, a morte e Deus.
E não são estas ações e intentos similares à Ordem de Arão uma clara expressão de
imputação de injustiça para os que já têm à disposição deles o recibo da quitação de
suas dívidas para com a lei e para com o pecado?

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
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Indo ainda um pouco mais adiante, outro ponto de injustiças que a justiça que é
segundo a lei da Ordem de Arão ou similares a ela gera em contraste à Ordem de
Melquisedeque está relacionado a fato dela, mais cedo ou mais tarde, incorrer na
inversão da pretendida ordem de quem serve e de quem é servido.
Para quem conhece as histórias da Bíblia em torno dos templos e para quem conhece
a história de vários grupos que ao longo dos séculos se chamaram de cristãos e também
se denominarem segundo os nomes dos grupos que constituíram, facilmente poderá
observar que os cultos em templos ou em torno de castas distintas de pessoas no grupo
acabaram culminando em serviços ao templo e aos seus cleros em detrimento do povo a
quem os sacerdotes supostamente deveriam servir.
Na Ordem de Arão, o fluxo da proposição dos sacerdotes servirem ao
povo logo se inverte, e o povo é que passa a ser cobrado para servir os
sacerdotes que se apresentaram ou foram apresentados para servir às
pessoas em geral.
Uma vez constituído o conjunto de aspectos de um sacerdócio que de alguma forma
está sujeito a algumas características da Ordem de Arão, o povo passa a ser requerido a
fazer grandes sacrifícios para que o templo, o santuário ou qualquer outra estrutura
terrena seja estabelecida. Mas depois, as pessoas ainda precisam fazer outro tanto de
esforço, e ainda mais, para sustentar a estrutura erguida e suas classes de obreiros e
sacerdotes, gerando uma demanda enorme de serviços exteriores e físicos para buscar a
garantia de alguma benção ou até para não ser acusado de ser negligente para com toda
a estrutura estabelecida.
Uma vez que a Ordem de Arão está associada a uma justiça própria fraca
e ao conceito de condenação que a sua lei ressalta precisamente pela
ineficácia da sua justiça, esta ordem também incorre na cobrança de
engajamento das pessoas em muitas obras a serem exibidas diante dos
outros e no uso do medo, das ameaças contínuas ou das acusações de seus
406

semelhantes promovida pelos seus líderes como alguns dos seus principais
instrumentos para tentar manter as pessoas sujeitas às suas injustiças.

1 João 4: 18(b) Ora, o medo produz tormento..

Romanos 8: 15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para


viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de
adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.

O legado pesado do templo de Salomão, por exemplo, fez a injustiça recair sobre o
povo em forma de pesada carga de tributos, o que, posteriormente, gerou guerras e
uma divisão política e territorial da nação, enfraquecendo o povo que antes havia sido
liberto do Egito a tal ponto que uma parte significativa dele chegou a ser espalhado por
séculos pelas nações do mundo.
O legado do templo de Herodes, o qual era rei nos dias em que Cristo veio em carne
no mundo, se tornou em um “covil de ladrões e salteadores”, inclusive com expressiva
participação dos próprios sacerdotes e levitas como se todo aquele fardo pesado
estivesse sendo atribuído às pessoas supostamente “em nome de Deus”.
Conforme já comentamos anteriormente, a suposta devoção a Deus
primordialmente através de coisas exteriores invariavelmente corrompia aqueles que
estavam sujeitos a este tipo de ordem sacerdotal, desde as pessoas em geral como
também os cleros.

Isaías 1: 21 Como se fez prostituta a cidade fiel! Ela, que estava cheia de
justiça! Nela, habitava a retidão, mas, agora, homicidas.
22 A tua prata se tornou em escórias, o teu licor se misturou com
água.
23 Os teus príncipes são rebeldes e companheiros de ladrões; cada
um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas. Não
defendem o direito do órfão, e não chega perante eles a causa das
viúvas.

Jeremias 5: 30 Coisa espantosa e horrenda se anda fazendo na terra:


31 os profetas profetizam falsamente, e os sacerdotes dominam de
mãos dadas com eles; e é o que deseja o meu povo. Porém que fareis
quando estas coisas chegarem ao seu fim?

Jeremias 12: 10 Muitos pastores destruíram a minha vinha e pisaram o


meu quinhão; a porção que era o meu prazer, tornaram-na em
deserto.

Isaías 56: 11 Tais cães são gulosos, nunca se fartam; são pastores que
nada compreendem, e todos se tornam para o seu caminho, cada um
para a sua ganância, todos sem exceção.
407

12 Vinde, dizem eles, trarei vinho, e nos encharcaremos de bebida


forte; o dia de amanhã será como este e ainda maior e mais famoso.
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Assim, olhando vários fatos históricos tão desoladores e que tão frequentemente se
repetiam na história das tentativas de sujeição das pessoas à Ordem de Arão, não é de
admirar que Deus já de antemão profetizou muitas vezes que ao chegar a se cumprir a
plenitude do tempo, Ele estabeleceria, em contraste ao fraco sacerdócio Levítico, um
sacerdócio provido pelo próprio Senhor. E no qual, o Pai Celestial estabeleceria um
Único e Eterno Sumo Sacerdote e Pastor vindo da descendência de Judá e de Davi, e
não da linhagem do sacerdócio a ser removido, conforme descrito, por exemplo, no
capítulo 34 do livro do profeta Ezequiel.
Por fim, neste tópico, podemos ver que a Ordem de Arão também é fundamentada
em uma justiça humana e não na justiça de Deus porque ela procura inverter a glória de
Deus na vida das pessoas para que a glória referente a aspectos que somente são
pertinentes a Deus seja atribuída aos seres humanos falhos e corruptíveis.
A Ordem de Arão é tão hostil a Cristo também porque ela quer que o ser humano
seja exaltado perante Deus e o mundo pelos seus feitos ou obras, e não que o ser
humano se apresente em humildade, fraqueza e como aquele que necessita da
misericórdia, do perdão e do cuidada do seu Criador em todos os aspectos da sua vida.
Em seu afã de promover o ser humano, a sujeição à Ordem de Arão ou similares a
ela logo chega ao ponto de querer que a glória devida a Deus na vida de cada indivíduo
passe a ser atribuída às pessoas que estão em posição de maior destaque nesta ordem,
pois aquele ou aqueles a quem uma pessoa se submete em termos de sacerdócio, ou de
quem um indivíduo busca cobertura espiritual, também são aqueles a quem ele passa a
conferir a glória concernente à sua vida.
Por isto, considerando que o Pai Celestial estabeleceu a Cristo como o Cabeça de
todo homem, quando um homem cobre a sua cabeça espiritualmente com a cobertura
de um semelhante seu ou de algum aspecto da criação, ele desonra a Cristo. Ele desonra
o sacrifício único e perfeito de Cristo na cruz do Calvário, o qual também foi
apresentado diante de Deus nos céus eternos por Aquele que foi feito o nosso Sumo
Sacerdote Eterno para que nunca mais venhamos a precisar de outros mediadores para
um apropriado relacionamento com o Pai Celestial.

1 Coríntios 11: 4 Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça


coberta, desonra a sua própria cabeça.
...
7(a) Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser
ele imagem e glória de Deus.

Em sua justiça própria que procura se justificar pelo zelo e feitos humanos, e não
pela justificação oferecida por Deus em Cristo Jesus, a Ordem de Arão também acaba
incorrendo no desejo de receber para si própria ou dos seus líderes a glória referente
aos feitos daqueles que estão sujeitos a ela, incorrendo na busca de cada vez mais elevar
a figura do ser humano através dos seus pretensos atos de justiça.
Assim, se em alguma proposição sacerdotal houver uma tentativa de
estabelecimento de cobertura espiritual de pessoas sobre pessoas ou instituições sobre
408

pessoas, ela tem sintomas e características da Ordem de Arão, pouco importando o


nome que uma pessoa tenta atribuir à posição de ser mediadora espiritual de outra ou à
condição de se sujeitar à cobertura de outros sobre a sua vida.
Ressaltamos aqui, então, que na Ordem de Melquisedeque está muito explícito que
Cristo é o novo e vivo caminho para um relacionamento pessoal e adequado com Deus.
E Cristo é o caminho exclusivo de novidade de vida e não conjuntamente com mais um
grupo de pessoas que querem se elevar a sacerdotes ou cobertura espiritual de outros e
que alegam terem sido especialmente selecionados por Deus para este propósito.

1 Coríntios 1: 12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de


Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós
ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?

1 Timóteo 2: 5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e


os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.
----

Inteiramente diferente da Ordem de Arão, a Ordem de Melquisedeque


atua para que a glória da justiça eterna seja sempre atribuída à quem ela é
devida eternamente.

Romanos 3: 24 Sendo justificados gratuitamente, por sua graça,


mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus.

2 Timóteo 2: 19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece,


tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais:
Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.
409

H. Sacerdócio Simbólico ou da Parábola para o Tempo Presente,


ou Sacerdócio Verdadeiro e Eterno

Hebreus 9: 1 Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço


sagrado e o seu santuário terrestre.
...
6 Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram
no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços
sagrados;
7 mas, no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano,
não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do
povo,
...
9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se
oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à
consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta
culto,
10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente
em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo
oportuno de reforma.

Hebreus 8: 13 Quando ele diz Nova, torna antiquada (obsoleta) a


primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado (obsoleto) e envelhecido
está prestes a desaparecer. (RA)
ou
Hebreus 8: 13 Dizendo novo concerto, envelheceu o primeiro. Ora, o que
foi tornado velho e se envelhece perto está de acabar. (RC)
----

Quando começamos a ver mais de perto a Ordem de Melquisedeque também em


contraste à Ordem de Arão, e quando nos aproximamos mais dos aspectos sobre como
as Escrituras expõem estas ordens depois da morte e ressurreição de Cristo, que é a
ótica pertinente também ao nosso tempo presente de vida, também podemos ver como
as Escrituras reposicionam cada uma destas ordens após a Ordem de Arão ter sido
declarada obsoleta ou envelhecida pela revelação da Ordem de Melquisedeque ao
mundo.
Este ponto é um aspecto crucial a ser compreendido e cuja carência de compreensão
tem levado milhões e milhões pessoas a não perceberam a condição atual da Ordem de
Arão e feito com que muitos ainda sejam influenciados inapropriadamente pelos
princípios desta ordem.
Portanto, nos dias presentes, faz-se necessário uma atenção especial a um ponto
mencionado nos últimos textos de Hebreus expostos acima, e que é a seguinte
referência feita em relação ao sacerdócio da Ordem de Arão, a saber: É isto uma
parábola para a época presente.
410

Quando a carta de Hebreus foi escrita, Cristo já havia sido ressuscitado pelo Pai
Celestial, já se assentara à destra do Pai e o sacerdócio da Ordem de Arão já havia sido
declarado obsoleto, conforme também está exposto no texto de Hebreus 8 citado acima.
Como, então, podemos compreender que a Ordem de Arão ainda poderia ser “para
a época presente” se ela já se tornou obsoleta?
Assim, a junção de Hebreus 9, verso 9, e de Hebreus 8, verso 13, pode, inicialmente,
parecer incompatível, mas ela, pelo contrário, é muito esclarecedora.
Depois que a nova aliança tornou a primeira aliança antiquada ou
também chamada de obsoleta, a envelhecida aliança foi realocada para o
nível de ser equiparada a uma parábola. Ou seja, ela passou a não ter mais
validade diante de Deus para alguém aderir a ela, mas, ao mesmo tempo,
passou a permanecer como uma parábola ou figura para ensino para que
ninguém tente viver através dela e continue a desperdiçar dons e
sacrifícios que, no final, no tocante à consciência, são ineficazes para
aperfeiçoar aquele que presta culto.
O ponto acima é muito relevante, pois considerando que a Ordem de Arão sempre
propôs a tentativa de viver e andar mediante a sombra do verdadeiro e não do próprio
verdadeiro, ela acabou, no final das contas, tornando-se efetivamente em uma
parábola, um ícone, uma alegoria, um símbolo muito exposto e provado por séculos
sobre algo que nunca pode aperfeiçoar aqueles que quiserem voltar a viver sujeitos a
coisas similares a esta parábola na época presente. E isto, precisamente para que
também ninguém mais tente fazê-lo sem ter sido alertado antes sobre o fim ao qual esta
parábola conduz o indivíduo que quiser viver sujeito à velha aliança.
O fato da Ordem de Arão ser uma parábola para a época presente existe
exatamente porque as pessoas de geração em geração tentarão fazer algo parecido ou
que tenha semelhanças com a Ordem de Arão. E para alertá-las e instruí-las a não fazê-
lo, já há uma parábola ou figura de centenas e milhares de anos mostrando a fraqueza e
a inutilidade de qualquer tentativa de sujeição a algo similar a esta parábola.
Assim, a parábola para a época presente serve, no mínimo, para dois grandes
pontos:
 1) Alertar as pessoas para não iniciarem uma ordem de sacerdócio com
similaridades com a Ordem de Arão, visto que ela consumirá dons e sacrifícios
sem proveito algum para aquele que se associar à esta opção;
 2) Amparar as pessoas para que estejam providas para discernir e reconhecer
atividades formais, institucionalizadas ou até informais que já se colocaram ou
que querem se colocar em caminhos similares aos da Ordem de Arão e que dão
guarida aos preceitos relativos à parábola para a época presente. E isto,
com a finalidade de lhes conceder orientação abundante para não virem a ser
envolvidas outra vez por atividades similares à Ordem de Arão e para não terem
os seus dons e o seu precioso tempo consumidos por estes tipos de sacerdócios.

Mesmo após a ressurreição de Cristo e da ampla divulgação do seu Evangelho, as


pessoas continuaram e ainda continuam tentando viver segundo aquilo que somente
deveria ser uma parábola para a época presente, o que faz com que aqueles que
querem viver segundo a nova aliança também necessitem estar atentos àquilo que lhes
é proposto ou oferecido. Por isto, se eles conhecerem que a Ordem de Arão é uma
411

parábola para a época presente, eles também podem usar esta compreensão, em
conjunto com o relacionamento pessoal com o Sumo Sacerdote Jesus, para discernirem
com clareza aquilo do que definitivamente deveriam se apartar.
Independentemente do tempo que uma pessoa se expunha à Ordem de Arão, esta
ordem, já antes de ser revogada, jamais conseguiu aperfeiçoar as pessoas que sob ela
prestavam serviços ou ofereciam dons, ofertas, dízimos ou sacrifícios, pois ela nunca
conseguiu prover aquilo que era necessário para livrar as pessoas de seus problemas
mais significativos ou mais profundos no coração. Quanto mais ineficaz, então, não é
esta ordem depois de realocada para a condição de uma parábola para a época
presente?
Vejamos mais uma vez os textos abaixo:

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem. (RA)
ou
Hebreus 10: 1 A lei, tendo a sombra dos bens futuros, não a imagem
exata das coisas, “não pode nunca”, pelos mesmos sacrifícios que
continuamente se oferecem de ano em ano, aperfeiçoar os que
chegam ao culto. (EC)

Hebreus 10: 11 Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer
o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios,
que nunca jamais podem remover pecados.

Se todo e qualquer sumo sacerdote humano na Ordem de Arão era estabelecido em


fraquezas, e também as pessoas em geral eram aperfeiçoadas somente segundo estas
fraquezas, ambos permaneciam limitados àquilo que passavam a servir, fazendo-se
necessário um Sumo Sacerdote perfeito de outra ordem, conforme já comentado
anteriormente.
Entretanto, quanto mais agravada não ficou, então, a debilidade da Ordem de Arão
depois que Deus já a realocou ao status de uma parábola para a época presente
para que todos tenham um firme testemunho da fraqueza desta ordem e para que
ninguém mais venha a intentar aderir a ela?
A Ordem de Arão chama as pessoas para serem fortes em seus esforços, mas o que
ela lhes oferece a praticarem é aquilo que mantém as pessoas fracas debaixo de uma
fascinação de que seus cultos, talvez, um dia trarão o aperfeiçoamento. Entretanto,
quanto mais evidente não se tornou a fraqueza desta ordem depois que foi revogada,
declarada antiquada e tornada obsoleta?
A Ordem de Arão é uma parábola para a época presente para
exemplificar como é esta ordem. E sendo ela contrária a Cristo, está
parábola também mostra como não é a Ordem de Melquisedeque.
Quando lemos as cartas de Paulo e de seus companheiros, de Tiago, Pedro, João, e
também o livro de Hebreus, fica explícita a tendência do ser humano em querer se
412

justificar através das suas próprias obras. E por isto, o Senhor evidenciou este
inadequado comportamento humano de muitas maneiras.
Assim, por várias gerações, Deus permitiu que as pessoas tentassem estabelecer e
exemplificassem o funcionamento fraco do mais perfeito sistema de obras e
religiosidade humana que poderia existir no mundo, a Ordem de Arão. A qual, contudo,
jamais conseguiu estabelecer um relacionamento apropriado e individual dos seres
humanos com Deus.
Vindo, porém, a plenitude daquele tempo, ou seja, não havendo mais o
que fazer na Ordem de Arão que não fosse repetitivo ou em que as pessoas
passaram somente a girar em torno do mesmo círculo vicioso já adotado
várias vezes, Deus, mediante a sua misericórdia, interrompeu esse fluxo
infrutífero enviando a sua alternativa de salvação e vida para as pessoas,
que também é denominada como a Ordem de Melquisedeque.
Neste estudo, já vimos o texto que diz que se a Ordem de Arão tivesse tido êxito,
Deus não teria enviado a sua alternativa, pois não seria necessária, e a criatura teria
mostrado a Deus que ela poderia, a partir de si própria ou da sua própria justiça, achar
o caminho ou os caminhos para a sua salvação, conforme repetido também abaixo:

Hebreus 7: 11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o


sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que
necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo
a ordem de Arão?

Na denominada primeira aliança, aspecto também já explicado neste material, Deus


permitiu que a criatura tentasse e esgotasse as tentativas desta forma de sacerdócio.
Quando eram infiéis e buscavam a misericórdia de Deus, o Senhor renovava seu
cuidado sobre eles ainda que estivessem fazendo algo que Deus já sabia que não teria
êxito. Deus não os boicotava nas suas tentativas, pelo contrário, lhes concedia as
condições que pediram para realizarem estas tentativas.
Em outras palavras, talvez, poderíamos dizer que Deus lhes deu suporte em sua
obstinação pela primeira aliança para verem com os seus próprios olhos, e através de
sua própria experiência, que aquele modelo da Ordem de Arão, ainda que explorado até
os seus limites extremos, não conseguiria lhes conceder o que de fato necessitavam.
Todavia, uma vez que esse experimento foi esgotado ou que, por todas as maneiras,
foi comprovada a ineficácia da Ordem de Arão, Deus revelou o problema central do ser
humano, o qual é o anelo de viver e andar independentemente de Deus ou parcialmente
independente de Deus, e enviou a sua solução ao mundo em contraste à velha aliança.
Citando isto mais uma vez, em Cristo, Deus proveu solução completa e eterna aos
seres humanos para serem libertos da condenação eterna advinda da sujeição ao
pecado e da rebelião do homem para com Deus. Entretanto, o que gostaríamos de
ressaltar aqui, ainda em outras palavras, é que esta provisão de Deus também
representava precisamente o encerramento de qualquer finalidade de continuidade da
Ordem de Arão, pois onde há remissão de pecados através de uma única, perfeita e
eterna oferta, não há mais a necessidade de haver outras ofertas e sacrifícios para
libertar as pessoas da sujeição ao pecado e à condenação que dela advém.
413

Hebreus 10: 18 Ora, onde há remissão destes (pecados e iniquidades), já


não há oferta pelo pecado.

A partir do momento que uma Ordem Sacerdotal distinta da Ordem de


Arão solucionou o que o sacerdócio segundo Moisés procurava resolver
por séculos, e jamais conseguiria, toda a razão da existência da Ordem de
Arão perdeu por completo a razão de ser mantida ou considerada válida,
permanecendo somente a finalidade de ser mantida como uma parábola
para o tempo presente para que as pessoas saibam da sua fraqueza e
inutilidade a fim de não incorrerem novamente em caminhos similares.

Hebreus 7: 15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança


de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.
17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque.
18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.

Atos 13: 36 Porque, na verdade, tendo Davi servido à sua própria


geração, conforme o desígnio de Deus, adormeceu, foi para junto de
seus pais e viu corrupção.
37 Porém aquele a quem Deus ressuscitou não viu corrupção.
38 Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia
remissão de pecados por intermédio deste;
39 e, por meio dele, todo o que crê é justificado de todas as coisas das
quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés.
----

Olhando somente para os últimos três textos citados acima já teríamos o suficiente
para entender que não há mais nenhum sentido ocorrer qualquer adesão à Ordem de
Arão, pois esta ordem:
 1) Não tem mais razão de existir, visto que o serviço de intermediação para
tentar cobrir o pecado não é mais necessário, pois o Senhor Jesus já morreu na
cruz do Calvário para pagar a dívida de todos e livrá-los para sempre do jugo da
condenação do pecado e da lei da Ordem de Arão;
 2) Foi revogada ou anulada por Deus. Uma vez que ficaram demonstradas a sua
fraqueza e inutilidade, Deus não endossa mais qualquer vínculo com a Ordem de
Arão. E se uma pessoa optar em se sujeitar a esta ordem, ela está se associando a
ela em contrariedade à vontade de Deus, pois Deus não tem mais nenhum
compromisso com a Ordem de Arão a não ser permitir que ela sirva de
parábola para o tempo presente para demonstração de sua fraqueza e
inutilidade;
414

 3) Nunca poderá justificar ninguém perante Deus, ainda muito mais como uma
parábola, visto que a justificação somente é alcançada pela fé na justificação
oferecida na Ordem de Melquisedeque, conforme nos mostra também a lista de
textos abaixo:

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,


24 sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção
que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que
ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus.
27 Onde, pois, a jactância? Foi de todo excluída. Por que lei? Das
obras? Não; pelo contrário, pela lei da fé.
28 Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras
da lei.

Romanos 5: 1 Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo;

Gálatas 2: 16 Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei,


mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo,
para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei,
porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.
----

Devido à sua fraqueza e inutilidade em relação àquilo que o ser humano mais precisa
de solução em toda a sua existência, e devido à infidelidade do ser humano na antiga
aliança ou na sua proposição de justiça própria, a Ordem de Arão foi revogada, mas não
sem ser realocada para uma parábola para a época presente.
Assim, a Ordem de Arão, provavelmente, é a “maior parábola” que existe na história
da humanidade. E isto, para que todos tenham ao seu dispor um testemunho
muitíssimo amplo de que não há nenhum caminho de salvação e reconciliação com o
Criador proveniente da criatura, nem pelo desprezo e afastamento da criatura em
relação a Deus, mas também não pelas tentativas da criatura tentar vir a Deus pela
força ou pelos caminhos da carne.
Apesar da insistência da criatura em buscar a salvação através de obras
que não podem salvá-la de fato, Deus, nem por esta razão, abandonou as
pessoas, nem aqueles sem a lei de Moisés e nem aqueles da Ordem de Arão.
Apesar da oposição ao Criador Eterno, Deus ofereceu e oferece a todos
uma opção de saída das suas condições contrárias ao Senhor, oferecendo-
lhes salvação mediante a única ordem sacerdotal que realmente pode
conceder novidade de vida, a saber: a Ordem chamada de Melquisedeque.
A Ordem de Melquisedeque não é uma versão melhorada ou
aperfeiçoada da Ordem de Arão. A Ordem de Melquisedeque é baseada em
415

uma oferta perfeita, inigualável e única vinda do céu à humanidade, e que é


expressa também como o Evangelho, as boas novas de vida eterna segundo
a proposição de Deus.

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.

A Ordem de Melquisedeque é a ordem da nova aliança exatamente


porque em nada é igual a velha e nem tem parte alguma com ela. Razão
pela qual, a velha aliança passou a estar limitada a ser somente uma
parábola para o tempo presente depois que Deus revelou a sua nova
aliança ao mundo.
A Ordem de Melquisedeque foi manifestada por Deus ao mundo também
revelando o antiquado sacerdócio como uma parábola para o tempo
presente para tornar evidente que somente na Ordem de Melquisedeque há
a remoção da dívida humana com o pecado e com a lei, e para que não haja
qualquer dúvida em relação à quem todas as Escrituras se referem como
sendo Aquele à quem o Pai Celestial conferiu toda a autoridade sobre toda
a vida e para conceder vida eterna, a saber: O Senhor Jesus Cristo.

João 1: 29 No dia seguinte, viu João a Jesus, que vinha para ele, e
disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
----

Cristo veio em carne ao mundo através de uma tribo à qual Moisés


nunca atribuiu sacerdotes. E isto, para que Cristo pudesse introduzir
perante todos o sacerdócio eterno vindo diretamente do céu ou o único
sacerdócio que jamais se tornará em somente uma figura de ensino, pois o
sacerdócio de Cristo veio do trono de Deus, atua no céu e para sempre
416

continuará atuando em favor de todo aquele que recebe a Cristo como


Senhor em sua vida.

Hebreus 7: 28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos


à fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.

Hebreus 5: 6 Como em outro lugar também diz:


Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
417

I. Um Sacerdócio que Consome Dons, Sacrifícios e Vida ou Um


Sacerdócio que Concede Graça, Novidade de Vida e Dádivas

A Ordem de Arão, o denominado primeiro sacerdócio, era baseada em ordenanças


de culto ou serviços segundo a natureza da carne, pois uma vez que os seus templos ou
santuários eram terrenos e materiais, a exigência da manutenção deles também faria
com que a maior quantidade de serviços passasse a ser em torno de coisas materiais.
Sem templos ou pontos de referência materiais ou naturais, a Ordem de Arão ou
similares a ela têm dificuldades enormes para funcionar. Uma vez que estas ordens não
visam iluminar o coração de cada indivíduo e levar as pessoas a se fortalecerem
diretamente em Deus, mas sujeitá-las às próprias ordens sacerdotais, elas precisam se
ocupar com coisas materiais ou de alguma forma visíveis para manterem o público alvo
ligado a elas, ainda que chamem as suas atividades de espirituais e as distribuam em
múltiplos e menores pontos de encontro ou referência.
Através dos seus sistemas de cultos litúrgicos e repetitivos em seus templos ou
pontos de referência, os sacerdócios com as características similares aos da Ordem de
Arão executam seus serviços rotineiros e os chamam de “sagrados” apesar de que nunca
conseguem aperfeiçoar os corações daqueles que oferecem dons e serviços, tanto os dos
sacerdotes como os dos indivíduos do povo.
O que acontece, então, nos cultos ou serviços similares à Ordem de Arão, nos
sacerdócios similares a uma parábola para a época presente?
Vejamos mais uma vez o texto que já visto no tópico anterior, mas sob a ênfase
direcionada a tipos de reuniões e cultos:

Hebreus 9: 1 Ora, a primeira aliança também tinha preceitos de serviço


sagrado e o seu santuário terrestre.
...
6 Ora, depois de tudo isto assim preparado, continuamente entram
no primeiro tabernáculo os sacerdotes, para realizar os serviços
sagrados;
7 mas, no segundo, o sumo sacerdote, ele sozinho, uma vez por ano,
não sem sangue, que oferece por si e pelos pecados de ignorância do
povo,
...
9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo esta, se
oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à
consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta
culto,
10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente
em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo
oportuno de reforma.

Assim, a resposta à última pergunta acima sobre o que acontece nos cultos ou
reuniões de uma parábola para a época presente é: e, segundo esta, se
oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no tocante à
consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que presta culto, os
quais não passam de ordenanças da carne.
418

A Ordem de Arão é insistente e exigente em suas rotinas com aqueles que nela
prestam culto ou serviços a fim de fidelizá-los a si, e ainda cobra altos preços pelos seus
serviços. Entretanto, a Ordem de Arão não consegue se separar de sua condição de
fraqueza e inutilidade nem mesmo cobrando altos preços e contínuos esforços daqueles
que se associam a ela.
Independentemente da amplitude da dedicação das pessoas à Ordem de Arão, ela
continua sob a condição de não conseguir cooperar para que os indivíduos que se
agregam a ela alcancem justificação ou aperfeiçoamento no tocante à consciência, pois,
mencionando isto mais uma vez, o problema maior é que esta ordem não aperfeiçoa o
coração daquele que nesta ordem presta culto, adoração ou serviços.
Uma ordem que subjuga alguns irmãos continuamente a um grupo de outros irmãos
de uma mesma família não opera para a liberdade de todos perante Deus, colocando-se
com um grande obstáculo para o aperfeiçoamento dos membros desta família.

Hebreus 7: 5 Ora,
os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm
mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou
seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão.

Portanto, uma vez que a Ordem de Arão não consegue realizar o que intenta ou
promete fazer, ela também representa uma indústria de desperdício de dons,
sacrifícios, os mais variados recursos e, o pior de tudo, a força e o tempo útil da vida das
pessoas em itens que não colaboram para a sua eternidade.
A Ordem de Arão ou outras com características similares a ela representam um
sistema sacerdotal onde aquele que presta culta, a pessoa comum, pensa que pode
“terceirizar” o seu relacionamento com Deus para que outros o façam em seu lugar, o
que, na maioria dos casos, implica também em alguma forma de pagamento pelo
serviço tomado ainda que este sistema não produza mudança efetivamente benéfica
naquele que participa dele ou não consiga conceder o que é necessário para uma pessoa
alcançar a justificação para a vida eterna.
Mas ainda que uma pessoa não tenha “que pagar nada” ao recorrer a sistemas que
tenham características da denominada velha aliança, se ela se expõe a mediadores na
sua relação com Deus, mediadores com perfis da Ordem de Arão ainda que se
denominem com outro nome, esta pessoa que recorre aos mediadores, no mínimo, está
emprestando seus ouvidos e o tempo da sua vida em algo que não lhe será de real
proveito para viver e andar na vontade de Deus.
Ainda que uma pessoa “não precise pagar” para ser participante de alguma ordem
sacerdotal com características da Ordem de Arão, se ela se expor a este tipo de ordem,
ela não está atuando para remir o tempo da sua vida para viver e andar segundo o
querer de Deus que cada pessoa deveria se dispor a buscar diretamente junto a Cristo,
conforme nos ensina o seguinte texto:

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.
15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e
sim como sábios,
16 remindo o tempo, porque os dias são maus.
419

17 Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai


compreender qual a vontade do Senhor.
----

Sistemas sacerdotais como o da Ordem de Arão são aqueles em que se alega que as
ofertas de dons, sacrifícios, cultos ou outros serviços são feitos para Deus, mas onde, na
realidade, os recursos são administrados por aqueles que dizem buscar a Deus em
nome do povo e em lugar dos indivíduos do povo que alegam representar.
Entretanto, vejamos mais uma vez o que o Senhor diz sobre as ofertas e sacrifícios
da Ordem de Arão ou segundo a parábola para o tempo presente quando as
pessoas alegam que estas ofertas são realizadas não a homens, mas para Deus,
conforme os textos abaixo:

Hebreus 10: 5 Por isso, ao entrar no mundo, diz: Sacrifício e oferta não
quiseste; antes, um corpo me formaste;
6 não te deleitaste com holocaustos e ofertas pelo pecado.
7 Então, eu disse: Eis aqui estou (no rolo do livro está escrito a meu
respeito), para fazer, ó Deus, a tua vontade.
8 Depois de dizer, como acima: Sacrifícios e ofertas não quiseste,
nem holocaustos e oblações pelo pecado, nem com isto te deleitaste
(coisas que se oferecem segundo a lei),
9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Remove o primeiro para estabelecer o segundo.
10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do
corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

Jeremias 7: 21 Assim diz o SENHOR dos Exércitos, o Deus de Israel:


Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios e comei carne.
22 Porque nada falei a vossos pais, no dia em que os tirei da terra do
Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou
sacrifícios.
23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei
o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que
eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.

Isaías 29: 13 O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e
com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração
está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em
mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu.
----

Assim, se antes da vinda de Cristo em carne ao mundo o Senhor já não queria os


holocaustos, sacrifícios, ofertas e dízimos do povo, pois todos estes aspectos eram
meios para tentar alguma sustentação da ordem que sempre se opôs à justificação
mediante a graça do Senhor e a fé em Deus, muito menos o Senhor irá querer qualquer
um destes aspectos depois que Cristo veio em carne ao mundo, morreu na cruz do
420

Calvário como a oferta perfeita em prol de todos e para todo o sempre, ressuscitou
dentre os mortos e foi assentado à direita do Pai Celestial como o Único Sumo
Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque.
No texto de Hebreus 9, verso 10, exposto acima, podemos ver que aqueles que se
sujeitaram à lei da Ordem de Arão também aderiam a um sistema no qual era
obrigatório ofertar dons e sacrifícios. Entretanto, a partir da remoção do envelhecido
sacerdócio, esta imposição caducou juntamente com a transformação da Ordem de
Arão em uma parábola para o tempo presente.
Deus não quer que as pessoas continuem a repetir as ofertas e sacrifícios
de recursos e dons conforme era feito na Ordem de Arão. Muito pelo
contrário, o que Deus quer é que as pessoas creiam e aceitem o que Ele fez
em favor delas eternamente, a saber: Deus “removeu o sacerdócio velho”, e
isto para que somente o “novo sacerdócio” já estabelecido de forma geral
no céu também seja aceito mediante a graça ou gratuitamente para ser
estabelecido individualmente em cada coração.
Ora, quem em sã consciência, e com intuito de encontrar verdadeira novidade de
vida, colocaria dons e recursos à disposição de algo que já se provou inábil a prover
novidade de vida, que já ficou obsoleto e que é representado atualmente como uma
parábola somente para indicar o quão inapropriada é qualquer associação com ele?
Ainda que alguém chame uma reunião ou um serviço como “culto cristão”, se esta
reunião ou serviço tiver características do culto da parábola para a época
presente, ele também terá a característica de desperdício, pois não poderá aperfeiçoar
aquele que dá as ofertas materiais ou que faz sacrifícios para obter o favor de Deus.
Deus não concede a justificação e o aperfeiçoamento aos “seus filhos” à
base de troca de dons e sacrifícios. Deus aperfeiçoa os “seus filhos” por
causa do seu amor e graça quando estes “filhos” tão somente confiam no
Senhor e na sua ação direta em suas vidas.
A vida e aquilo que Deus deu e dá aos homens e mulheres para usarem a
fim de serem canais de bênçãos, sal da Terra e luz do mundo, para usarem
nas suas famílias e na sociedade em geral por onde forem e em todos os
dias das suas vidas, a Ordem de Arão procura tomar das pessoas para
realizar serviços que não propiciam o proveito de uma vida transformada,
segundo a vontade de Deus, aos que servem esta ordem fraca e obsoleta.
Além disso, por que Deus iria querer que alguém devolvesse um dom que Ele mesmo
deu à uma pessoa para ela usar em sua vida e em prol de outras pessoas?
Quando os sacerdotes ou líderes de ordens similares à Ordem de Arão, da ordem da
parábola para a época presente, passam a tomar o que era para uma pessoa usar
segundo a orientação do Senhor Eterno, eles não somente estão tomando um dom ou
recurso que era para ela usar em sua vida, mas também estão agindo para manter a
pessoa como um infante e insegura em relação à fé em Deus exatamente por privá-la de
aprender a usar o dom ou recurso segundo a instrução que o Senhor daria a ela.
Deus dá dádivas para as pessoas as usarem em suas vidas e para
abençoarem a outras, mas o Senhor também concede os dons e recursos
para que as pessoas sejam aperfeiçoadas através da própria maneira como
são ensinadas diretamente por Deus a usarem estes dons.
421

A Ordem de Arão, por uma via, inibe o acesso direto de uma pessoa a Deus e, por
outra via, inibe a pessoa a ser instruída pelo próprio Senhor sobre como usar aquilo que
da parte de Deus é concedido a esta pessoa.
A Ordem de Arão pode chegar, inclusive, às raias de produzir líderes humanos que
chegam a pressupor e até a acreditar que de fato eles poderão reportar a Deus tudo o
que as pessoas que estão sujeitas a eles necessitam reportar ao Senhor, acrescido ainda
da presunção de que saberão ouvir Deus para instruir as pessoas a como cada uma
delas poderá usar as dádivas de Deus nas mais variadas atividades das suas vidas, como
se a unção que receberam da Ordem de Arão os fizesse tão altamente capacitados.
Assim, a Ordem de Arão é cercada de tão grande fraqueza e inutilidade também por
ser tão ilusória quanto ao que os líderes nela estabelecidos imaginam que supostamente
são capazes de realizar.

Hebreus 7: 28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos


à fraqueza, ...

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade.
----

Passar a estar associado a uma ordem sacerdotal que toma dons e


recursos de outros para usá-los segundo a direção dos que lideram aquela
ordem, e não segundo a direção pessoal do Senhor para aquele a quem o
dom foi dado, também é estar associado a uma condição de escravidão que
desvia recursos e, principalmente, vidas da finalidade para a qual foram
concedidos.
Cristo pagou um preço de valor inestimável para conceder o dom da vida
que pode ser vivida sob a direção direta e livre do Espírito do Senhor. E por
isto, Cristo não quer que ninguém confie a direção da sua vida àqueles que
não têm uma designação válida de Deus para mediar os outros perante o
Senhor.
Somente a Cristo pertence a glória de ter feito a provisão para a
libertação das pessoas do jugo de escravidão do pecado e das leis
associadas aos sacerdócios que querem atuar segundo a justiça própria da
criatura. E por isto, também, somente ao Senhor pertence a glória de ser o
principal instrutor e guia daqueles que por Ele foram libertos.

1 Coríntios 6: 20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,


glorificai a Deus no vosso corpo.

1 Coríntios 7: 23 Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos


de homens.
422

2 Coríntios 5: 14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós


isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.
15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
----

As ordens similares à Ordem de Arão apreciam hierarquias clericais, pois como são
ineficientes para atenderem a quem pretendem atender, acabam se vendo obrigadas a
multiplicar e escalonar os seus obreiros, o que também acaba levando a uma demanda
ainda maior de recursos.
E, por sua vez, as suas hierarquias começam na figura do sacerdote “Sênior” ou de
um gestor principal, cargo pelo qual há grandes disputas dos querem ser os próximos a
herdarem o primeiro assento. E depois, vão descendo a diversos outros escalões,
variando entre diversos tipos de sacerdotes auxiliares, uma longa cadeia de “ministros,
levitas ou servidores” de toda a sorte, ficando na parte mais baixa, no final da linha ou
na base da pirâmide, o povo a quem deveriam servir. Por último está o povo sujeito aos
sacerdotes ou líderes, mas que, por fim, acaba sendo cobrado para prover os recursos
para a toda a estrutura ou acusado de ser o culpado por não atuar o suficiente quando a
ordem sacerdotal toda inevitavelmente não funciona como o esperado.
A inteira estrutura necessária para tentar suportar e acomodar as diversas
hierarquias clericais, ou também chamadas de “grupo ministerial” do sacerdócio ou
“grupo ministerial” do “ministério” a, b ou c, obviamente tem um “custo” que é
agregado ao custo da manutenção do templo e que também é imposto sobre o povo que
supostamente “se serve” do “ministério” ao qual as pessoas se associam.
Além disso, outro aspecto relacionado à toda questão envolvida com o custo
mencionado no parágrafo anterior é que ele não engloba somente um custo material.
Pelo fato da estrutura das ordens sacerdotais similares à de Arão
gerarem um custo que não pode, através do que é oferecido, salvar a vida
das pessoas e nem aperfeiçoá-las para uma vida segundo o querer de Deus,
o custo ainda maior para aquele que se associa a este tipo de sacerdócio
não envolve somente os bens materiais que ele disponibiliza para a ordem,
mas o bem maior que é o tempo precioso de sua vida.
Se a salvação eterna pudesse ser alcançada mediante a Ordem de Arão ou
ministérios que se assemelham a ela, o custo, talvez, seria somente um mero detalhe,
mas a questão é que esta ordem cobra pelo que jamais poderá entregar.
Neste ponto, entendemos que convém uma atenção especial, pois muitas pessoas
avaliam que as maiores perdas que uma pessoa pode ter na associação aos sacerdócios
similares à Ordem de Arão são, principalmente, voltadas ao aspecto do valor financeiro
que ali ela despende com suas ofertas. Entretanto, como os sacerdotes ou obreiros
desta ordem passam a dizer que são eles que fazem o papel principal de apresentar as
causas do povo a Deus, uma das principais e mais danosas perdas que este tipo de
sacerdócio impõe sobre os que são associados a ele é a atrofia que ele cria e produze nas
pessoas quanto ao seu relacionamento pessoal ou individual com Deus.
À medida em que as pessoas tentam “terceirizar” o relacionamento
delas com Deus a outros, elas também se privam de aprender como se
relacionar diretamente com o Senhor em todos os detalhes das suas vidas.
423

E assim, cada vez mais, vão se afastando da certeza de que elas próprias
poderiam achegar-se a Deus sem a necessidade dos mediadores.
A “terceirização da vida espiritual” a outros gera uma dependência dos
outros e uma atrofia em relação à prática do que uma pessoa poderia fazer
pessoalmente junto ao Senhor.
E esta atrofia ou estado de torpor pode chegar ao ponto em que o próprio anúncio de
que um indivíduo não precisa de fato de mediadores para se relacionar com Deus
venha, inclusive, a soar, para alguns, até como uma ofensa, algo estranho ou que não
poderia ser possível de ser realizado.
Visto que na Ordem de Melquisedeque, o Senhor concede a nós e em nós o Espírito
Santo, ou se o Senhor nos dá o Espírito da Graça e da Paz para que a Paz de Cristo seja
o árbitro ou ponto referencial de discernimento em nossos corações, não é, no mínimo,
estranho dizer que um cristão precisa “terceirizar” o seu relacionamento com Deus a
outros ou fazê-lo através de outros?
Considerando ainda que a comunhão pessoal com o Senhor é comparada a cear com
o Senhor, não é, no mínimo, estranho alguns quererem cear com o Senhor no lugar dos
outros que são deixados para fora para não receberem o alimento diretamente da mesa
do Senhor?
Nas Escrituras, está claro que os cristãos são chamados a compartilhar com outros
irmãos vários aspectos que o Senhor compartilhou com eles e várias partes do que
aprenderam com o Senhor nas suas Escrituras, o que pode ser útil até para agilizar o
aprendizado mútuo sobre estas Escrituras. Entretanto, isto é muito diferente de uma
proposição onde alguns querem dar a entender que alguns filhos são convidados a
participaram mais da comunhão com o Senhor do que outros, como é no caso da
Ordem de Arão ou similares a ela.
A direção específica ou final do que um cristão deveria ou não deveria
fazer na sua vida é uma prerrogativa que pertence a Cristo, o qual é o Único
Senhor Eterno desta pessoa. E para isto, Cristo se oferece a nós como
nosso perfeito Sumo Sacerdote Eterno e nos concede, em nossos corações,
o Espírito Santo, o Espírito da Verdade que nos guia no querer do Senhor.
Conforme já foi citado no texto acima de Efésios 5, quando alguém se apresenta a
Cristo, disposto a receber a Luz de Cristo e disposto a conhecer e fazer a vontade de
Deus, é Cristo, como o Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque, que orienta
diretamente a cada um dos filhos de Deus sobre qual é a vontade do Pai Celestial para a
sua vida.

Romanos 8: 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de


fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
...
14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus.
15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes,
outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção,
baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
424

Ora, um filho de Deus não tem medo de ser guiado pelo Espírito concedido pelo
Senhor que morreu para lhe prover a salvação e não tem medo de ser guiado por
Aquele que ele elegeu como o Senhor da sua vida ou a quem ele confia a sua vida
eterna.
Já a Ordem de Arão foge das questões personalizadas, pois ela não tem respostas
individualizadas. E por isto, ela apela ao que pode ser visto pela coletividade ou para
aquilo que é aceito na comunidade exteriormente.
A Ordem de Arão não tem a ênfase naquilo que acontece no coração de cada pessoa e
na intimidade de cada indivíduo diante de Deus no seu dia-a-dia. E por isto, também
fica exposta a produzir situações onde as pessoas, apesar de estarem em grandes
aglomerações, continuam a estar debaixo de males destruidores que, em muitas
situações, sequer são percebidos ou que ficam ocultos sob as tentativas que a Ordem de
Arão procura usar para manter as aparências externas de piedade.

Colossenses 2: 23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria,


como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético;
todavia, não têm valor algum contra a sensualidade.

Provérbios 5: 14 Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio


da assembleia e da congregação.

O aspecto coletivo encontrado na Ordem de Arão atrai e fascina muitas pessoas pelo
fato delas ali não precisarem tratar com algumas condições pessoais mais profundas.
Entretanto, também é nesta fascinação da Ordem de Arão de atentar a todos de forma
primordialmente coletiva e superficial que as pessoas podem estar rumando para
caminhos que jamais produzirão uma verdadeira libertação da escravidão aos seus
maiores temores.
É também para manter a aparência coletiva ou perante às suas ordens sacerdotais
comunitárias que muitos indevidamente oferecem dons, sacrifícios de recursos, mas
principalmente o precioso tempo das suas vidas, conforme já comentamos
anteriormente.
A Ordem de Arão oferece uma proposição de nuvem coletiva e um consolo através de
honrarias às obras aparentes para as pessoas se esconderem e se manterem escondidas
do contato direto com a Luz de Deus, atuando ainda sob a repetida proclamação de que
estão buscando a Deus com ofertas e sacrifícios. Entretanto, é nesta proposição que
reside um dos maiores perigos em um indivíduo se sujeitar a ela.
Embora a Ordem de Arão tenha o foco direcionado às coisas aparentes ou
superficiais, e não à uma intervenção pessoal e mais profunda de Deus no coração de
cada indivíduo, ela não é tão isenta quanto deseja aparentar em relação ao coração das
pessoas, pois é precisamente em sua proposição de evitar que as pessoas necessitem
ter um contato individual e contínuo com a luz de Deus que um sacerdócio segundo a
Ordem de Arão acaba levando aqueles que a ele estão associados a também viverem e
andarem em superficialidade ou segundo aquilo que é aparente.
A Ordem Arão é o sacerdócio que instiga as pessoas a oferecerem dons e
sacrifícios para correrem em vão ou por uma coroa corruptível, e onde a
425

vida consumida nestes propósitos vãos é o dom mais precioso de tudo o


que é sacrificado nos cultos ou serviços que não aperfeiçoam os que vivem
e andam segundo esta ordem.
Em suas proposições muito atrativas à carne ou à alma, ou em suas proposições de
aromas agradáveis que atraem multidões a se sujeitarem a ela, a Ordem de Arão ou
similares a ela também se assemelham à postura da mulher adúltera que com suas
suaves palavras atrai e engoda as pessoas a entregarem o melhor de suas vidas e as suas
próprias vidas às proposições contrárias à vontade de Deus e àqueles que estão à frente
destas ordens.

Provérbios 5: 6 Ela não pondera a vereda da vida; anda errante nos seus
caminhos e não o sabe.
7 Agora, pois, filho, dá-me ouvidos e não te desvies das palavras da
minha boca.
8 Afasta o teu caminho da mulher adúltera e não te aproximes da
porta da sua casa;
9 para que não dês a outrem a tua honra, nem os teus anos, a cruéis;
10 para que dos teus bens não se fartem os estranhos, e o fruto do teu
trabalho não entre em casa alheia;
11 e gemas no fim de tua vida, quando se consumirem a tua carne e o
teu corpo.

A Ordem de Arão, ou que usam os seus princípios ou parte deles, são


ordens que querem tomar para si o que Deus deu para as pessoas usarem
sob a direção do Senhor e não de outros ou as suas instituições.
A Ordem de Arão, ou similares a ela, são aquelas que querem fazer com
que as pessoas entreguem o que receberam de Deus à quem não é devido
recebê-lo e à quem nem é devido instruir um indivíduo a como fazer uso
daquilo que o Senhor lhe concedeu através da graça celestial.
Quando as pessoas deixam de olhar para Jesus Cristo através de um relacionamento
vivo e pessoal de dependência do Senhor, elas podem ficar sujeitas a correrem
conduzidas pelas mais variadas distrações que se apresentam diante de suas vidas,
inclusive, aquelas que parecem ser obras para Cristo, mas que Cristo jamais pediu para
serem feitas.

Hebreus 12: 1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão
grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e
do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança,
a carreira que nos está proposta,
2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o
qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz,
não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de
Deus.

Olhar firmemente para o Senhor Jesus é olhar para “as coisas que são de
cima”. É olhar para o local de regência que Cristo tem ao lado do trono de
Deus sobre toda a vida. É olhar e receber a Cristo como o Único Mediador e
Único Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque.
426

Na Ordem de Melquisedeque, uma pessoa não precisa estar debaixo de


uma nuvem de religião, da coletividade da lei que promove a busca pela
justiça própria, pois na Ordem de Melquisedeque, a vida daquele que está
associado a ela, está oculta no próprio Sumo Sacerdote Eterno desta ordem
e no Eterno Pai Celestial.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,


buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.

Salmos 91: 14 Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei


a salvo, porque conhece o meu nome.
15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei
com ele, livrá-lo-ei e o glorificarei.
16 Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação.
----

Na Ordem de Arão, toda a estrutura sacerdotal-levítica recebia os dons,


ofertas e sacrifícios para oferecê-los a Deus em nome dos outros e também
para deles viverem, mas isto sempre associado ao conceito de busca pela
justiça própria dos ofertantes. Entretanto, na Ordem de Melquisedeque,
Cristo foi feito a oferta por todos e derramou o seu próprio sangue para ser
eternamente o Sumo Sacerdote daqueles por quem Ele morreu.

Hebreus 9: 24 Porque Cristo não entrou em santuário feito por mãos,


figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora,
por nós, diante de Deus;
25 nem ainda para se oferecer a si mesmo muitas vezes, como o sumo
sacerdote cada ano entra no Santo dos Santos com sangue alheio.
26 Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas
vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os
tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo
sacrifício de si mesmo, o pecado.

E se Deus nos deu a Cristo pela graça e se Cristo também já deu a sua
preciosa vida mediante a graça para salvar as pessoas, não nos dará Ele
ainda mais da sua vida também “mediante a graça” para sermos guiados
por Ele em vida?

Romanos 8: 32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por
todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com
ele todas as coisas?

Romanos 5: 17 Porque, se, pela ofensa de um só, a morte reinou por


esse, muito mais os que recebem a abundância da graça e do dom da
justiça reinarão em vida por um só, Jesus Cristo. (RC)
427

Gálatas 3: 1 Ó gálatas insensatos! Quem vos fascinou a vós outros, ante


cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado?
2 Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras
da lei ou pela pregação da fé?
3 Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais,
agora, vos aperfeiçoando na carne?
----

Cristo não precisa que as pessoas lhe ofereçam dons, ofertas e um templo material
para serem justificadas da culpa advinda da sujeição ao pecado ou para lhes conceder
graça do reino celestial, pois como o Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque e do
Santuário Celestial e Eterno, Cristo nem precisa de templos físicos e das suas
atividades. E uma vez que não há a necessidade de templos físicos e nem de sacrifícios e
dons para justificar as pessoas eternamente, Cristo também não precisa dos cleros para
manter os templos e os cultos que tomam dons, ofertas ou sacrifícios.
Uma vez que Cristo não precisa e nem requer dons e sacrifícios materiais das
pessoas para templos e para a sua justificação, os lugares que se estabelecem para
promoverem cultos para tomar ofertas e dízimos dos “irmãos” não o fazem segundo o
sacerdócio da Ordem de Melquisedeque. Estes locais, antes, passam a se equiparar a
Ordem de Arão, serva da lei de Moisés, ainda que parcialmente, e onde a pessoa que
paga (ou dá) ofertas, dons e dízimo ergue sobre si própria como sacerdotes aqueles que
recebem da mão dela as ofertas, dízimos e dons que ela entrega, gerando um fluxo
repetitivo de fraqueza e inutilidade da Ordem de Arão que já era assim inclusive antes
de ser revogada.
Portanto, uma vez que Cristo concede o seu sacerdócio mediante a graça para nos
conceder virtudes e dádivas de Deus para vivermos e andarmos segundo a justiça e fé
em Deus, e não mediante a justiça da própria criatura, aqueles tipos de sacerdócios que
procuram manter esforços ou ofertas das pessoas como meio tangível para alcançarem
a justificação e a benção do Senhor acabam repetindo vez após vez as ações daquilo que
jamais pode agradar a Deus e nem coopera com o bem eterno de suas vidas.

Hebreus 11: 6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é


necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e
que se torna galardoador dos que o buscam.

João 6: 29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais


naquele que por ele foi enviado.

O único sacerdócio que aperfeiçoa as pessoas para a necessidade que


elas têm de se relacionar com Deus e para obterem a vida eterna é também
aquele que não cobra pela salvação e pelo aperfeiçoamento dos corações, e
muito menos pelo relacionamento de um filho de Deus com o Pai Celestial,
pois a base de atuação da Ordem de Melquisedeque é o dom gratuito de
Deus.
428

Romanos 6: 23 Porque o salário do pecado é a morte, mas


o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus,
nosso Senhor.

A Ordem de Melquisedeque é o sacerdócio que concede graça, vida e


dons, mas em contraste, a Ordem de Arão e seus sacerdotes requerem
dons, ofertas, sacrifícios e vidas para consumi-los naquilo que não há
proveito e naquilo que já foi revogado por Deus depois que a Ordem de
Arão foi reposicionada para ser lembrada somente como uma parábola
para o tempo presente.
Finalizando, então, mais este tópico, gostaríamos de sugerir mais uma vez uma
leitura de alguns textos abaixo com especial atenção, reflexão e com a esperança de que
o Senhor possa abrir os olhos do nosso entendimento e também mantê-los abertos para
que a clareza da condição de Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno da Ordem do Dom
Gratuito esteja sempre presente e evidente no nosso coração.

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem.
2(a) Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos ... ?

Hebreus 9: 9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo


esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no
tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que
presta culto,
10 os quais não passam de ordenanças da carne, baseadas somente
em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo
oportuno de reforma.

Hebreus 7: 18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança,


por causa de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
20 E, visto que não é sem prestar juramento (porque aqueles, sem
juramento, são feitos sacerdotes,
21 mas este, com juramento, por aquele que lhe disse: O Senhor jurou
e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre);
22 por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior aliança.

Colossenses 2: 8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua


filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.
10(a) Também, nele, estais aperfeiçoados.
429

J. Um Sacerdócio que Dissimula a Respeito dos Sintomas,


Diagnóstico e Soluções ou Um Sacerdócio que Ilumina o
Coração e Oferece Verdadeiro Diagnóstico e Solução

Dependendo da necessidade ou do problema que uma pessoa tiver na sua vida, a


obtenção da solução, em muitos casos, dependerá de uma satisfatória compreensão dos
sintomas do problema, do diagnóstico do problema e da solução esperada para o
problema.
Os sintomas manifestam o que já está presente, o que já está em curso, enquanto o
diagnóstico procura definir a causa ou fato gerador que está por detrás daqueles
sintomas. E isto, para que a raiz do problema possa ser confrontada e,
preferencialmente, erradicada.
Há sintomas que sinalizam um problema a ser diagnosticado para que somente
então uma solução possa ser prescrita. Se, porém, os sintomas forem dissimulados, o
diagnóstico poderá ser severamente afetado, o que também implicará em um impacto
diferencial sobre a prescrição da solução.
Entretanto, mesmo quando os sintomas não são dissimulados, se não houver
conhecimento suficiente sobre eles ou se a pessoa que os estiver avaliando não for
suficientemente habilitada, a realização da fase do diagnóstico poderá sofrer sérias
dificuldades em obter resultados corretos, fazendo com que mais uma vez a prescrição
da solução sofra com este processo.
O fato de uma pessoa estar cercada de sintomas não significa, automaticamente, que
ela terá as condições de fazer um diagnóstico adequado do problema.
Quando alguns problemas começam a crescer e gerar uma demanda de solução, mas
sem que haja um devido diagnóstico sobre eles, um dos recursos ao qual muitas vezes
as pessoas recorrem, devidamente ou indevidamente, é para a fase de tentativas de
aplicação de algumas soluções por proximidade de problemas, mas sem terem uma
certeza mais acentuada dos efeitos que estas tentativas podem gerar em todo o
processo.
Assim, quando vemos este quadro de sintomas, diagnósticos e prescrições de
soluções em face de um dos mais essenciais aspectos da vida, o qual é o tema do
sacerdócio, podemos ver que isto igualmente é muito pertinente a este assunto
específico e também, em especial, quando a comparação entre a Ordem de Arão e a
Ordem de Melquisedeque é realizada.
E por que o alinhamento dos sintomas, diagnóstico e prescrição de uma solução é
tão crucial para um tema tão essencial como o sacerdócio e mais especificamente para
as duas ordens sacerdotais em referência?
Uma percepção mais precisa ou acurada do tema de sintomas,
diagnósticos e soluções quando relacionado às ordens sacerdotais de Arão
e de Melquisedeque torna-se especialmente relevante porque também
nestes aspectos há um contraste ou uma distinção enorme entre estas duas
ordens.
Enquanto a Ordem de Arão é oferecida às pessoas sob a ótica de
evitarem um contato mais intenso com a luz que pode tornar os sintomas,
diagnósticos e soluções mais evidentes, a Ordem de Melquisedeque é
430

oferecida para que as pessoas possam conhecer mais precisamente não


somente os sintomas do que lhes é contrário, mas também a raiz daquilo
que procura afastá-las do diagnóstico e da solução que necessitam para as
suas vidas.
Conforme já foi mencionado em tópicos anteriores, para tentarem evitar a
necessidade de se apartarem de suas cobiças más, as pessoas livres do domínio cruel do
Egito preferiram a opção por um sistema de sacerdócio focado em regras exteriores
para não rejeitarem a Deus por completo, mas, ao mesmo tempo, para também não
terem a Deus muito próximo aos seus corações, incorrendo naquilo que posteriormente
também foi anunciado pelo Senhor Jesus Cristo da seguinte maneira:

João 3: 19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens


amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram
más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega
para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas
obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

Portanto, a opção pela sujeição à Ordem de Arão ou similares a ela é uma escolha
por um sistema de vida que não somente procura se fundamentar na justiça própria do
ser humano, mas que também rejeita a avaliação de Deus sobre a qualidade ou
integridade da justiça própria daqueles que estão associados à esta ordem.
Em outras palavras, a Ordem de Arão é improdutiva quanto à questão da avaliação
de sintomas, diagnósticos e soluções verdadeiramente necessárias para as pessoas
porque ela é uma opção pela rejeição do conhecimento da verdade que liberta.
Dito ainda de outra forma, uma vida sujeita à Ordem de Arão, à velha aliança, ao
primeiro sacerdócio ou similares a ela é uma escolha pelo uso de um véu de
dissimulação que obscurece e mantém obscurecido o entendimento das pessoas sobre a
sua própria real condição de vida.
Assim como há pessoas que se habituam com alguns sintomas físicos anormais a
ponto de pensarem que eles são normais, assim também já abordamos o aspecto de que
há muitas pessoas que escolhem se colocar e permanecer sob condições de anomalia
espiritual ao ponto em que nem mais perceberem os sintomas que lhes alertam sobre a
sua situação inadequada de vida, conforme exemplificamos mais uma vez abaixo:

2 Coríntios 3: 14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de


hoje, quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu
permanece, não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o
coração deles.

A situação mencionada no texto acima parece ser muito desafiadora de ser


compreendida, pois ela também aponta para o fato de que uma pessoa que já está com
o véu da Ordem de Arão posto sobre o seu coração, pode, inclusive, deixar de perceber
que ela está debaixo deste véu. Ela pode deixar de perceber sintomas que inclusive são
431

amplamente evidentes ou notórios para aqueles que não estão sob o mesmo tipo de
véu.
Entretanto, haveria ainda alguma solução para uma pessoa que acabou incorrendo
na sujeição à ordens sacerdotais que também implicam na sujeição a um véu sobre os
olhos do entendimento e que se interpõem para ela não vir a conhecer o Sacerdócio de
Cristo ou que é segundo a Ordem de Melquisedeque?
Certamente que há solução, pois assim como há a possibilidade de uma pessoa não
perceber uma doença por também não sentir os seus sintomas, mas poder vê-la
detectada quando vai fazer um exame periódico com algum médico, assim também há a
possibilidade das questões relacionadas aos sacerdócios serem detectadas se alguém
procura Aquele que é o médico apropriado em relação a estes aspectos.
Há uma série de doenças que um médico habilitado pode perceber com mais
precisão mesmo antes delas terem se expressado em sintomas mais perceptíveis ao
paciente. O médico, em princípio, é treinado para perceber muitos sintomas que as
pessoas em geral não são treinadas para ver ou detectar.
Portanto, o que estamos procurando dizer é que por mais confiante que uma pessoa
esteja de que ela está no local onde deveria estar no que concerne à sua vida sacerdotal,
ela na realidade não tem condições de fazer um avaliação completa sozinha e também
não tem condições de fazer esta avaliação sem alguém mais especializado para fazê-lo.
Em suas avaliações próprias ou limitadas à percepção natural da vida, o
ser humano pode incorrer em uma das piores pretensões da sua existência,
a qual é chegar a cogitar que ele pode se autodiagnosticar naquilo que vai
além da sua capacidade de diagnosticar, inclusive quando está muito
empenhado “em servir a Deus” segundo o próprio entendimento humano.
Em muitas partes das Escrituras, encontramos instruções que nos alertam sobre o
fato de que uma pessoa não é apta a avaliar a si mesma em todos os aspectos da sua
vida e que, para uma série de questões espirituais, inclusive as outras pessoas também
não são aptas a avaliarem umas às outras.
Vejamos somente alguns exemplos abaixo visto que vários outros já foram citados
anteriormente:

1 Coríntios 4: 3 Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por


vós ou por algum juízo humano; nem eu tampouco a mim mesmo me
julgo.
4 Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero
justificado, pois quem me julga é o Senhor.

Provérbios 3: 5 Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te


estribes no teu próprio entendimento.
6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas
veredas.
7 Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao SENHOR e aparta-te
do mal.

Salmos 139: 23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e


conhece os meus pensamentos.
432

24 E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho


eterno.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito


de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.
----

Quando Deus declara, através das palavras do profeta Jeremias, que maldito é o
homem que confia no homem, Ele também o diz no contexto de que o próprio ser
humano não é apto a perceber todos os aspectos que atuam no seu coração contra a sua
própria vida. Portanto, um ser humano guiando outro ser humano nas questões
espirituais ou de sacerdócio pode ser comparado a um indivíduo com o entendimento
cegado guiando outro cego.
E também no mesmo contexto, o profeta Jeremias escreve que somente o Senhor é
que conhece as profundezas do coração humano, o qual, portanto, somente pode ter os
seus segredos ou até enganos mais profundos expostos quando revelados pelo Senhor
Eterno que a todos e a tudo conhecesse.

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!
...
7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o
SENHOR.
8 Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as
suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a
sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem
deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto
das suas ações.

Assim, por mais que uma pessoa venha a pensar que está correta no que ela está
fazendo, ela deveria estar atenta a não fechar a porta para Aquele que vê o quadro todo
e vê com precisão o que está no mais íntimo de cada coração.
Se uma pessoa se fechar para qualquer possibilidade de ser diagnosticada pelo
Senhor ou ela somente recorrer aos seus semelhantes para alcançar uma avaliação
sobre a sua vida, ela pode vir a se colocar em uma posição extremamente complicada de
não conseguir perceber nem mesmo os sintomas de uma situação inadequada à qual
pode estar sujeita.
Quando Cristo veio ao mundo e lançou luz sobre a cegueira que a sujeição à Ordem
de Arão causava no coração das pessoas, Ele também veio oferecer uma possibilidade
das pessoas se depararem com a realidade de que talvez não estivessem no caminho
correto tanto quanto pensavam estar.
433

Cristo veio ao mundo também para oferecer uma possibilidade para que
as pessoas passassem a ser esclarecidas inclusive a respeito dos sintomas
que não percebiam. E isto, para igualmente mostrar-lhes um diagnóstico
que apontava para a raiz dos maiores problemas aos quais estavam
associadas, obviamente oferecendo-lhes também em conjunto o caminho
para a solução ou salvação que tanto necessitavam.
Retornando, então, mais uma vez à Ordem de Arão, por que as pessoas debaixo do
véu desta ordem, da lei de Moisés ou de ordens similares a ela não veem com nitidez os
sintomas que atuam contra as suas vidas?
As pessoas sujeitas ao véu da antiga aliança não veem o que deveriam ver porque a
Ordem de Arão é uma ordem que propõe o afastamento das pessoas de uma relação
pessoal com a única fonte que pode fazê-las ver o que precisam ver, a qual é o Senhor
Eterno e do qual se afastam quando escolhem outras pessoas ou as suas estruturas para
os mediarem parcialmente ou integralmente.
As pessoas debaixo do véu de ordens sacerdotais que expressam a
parábola para a época presente não veem a realidade de sua própria
situação por uma razão muito simples: Elas perguntam a homens e
mulheres sobre a condição da sua própria vida espiritual em vez de
perguntá-lo diretamente, intimamente e pessoalmente a Deus,
contrariando aquilo que o Senhor Jesus instruiu as pessoas a fazerem.

Mateus 6: 6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a


porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em
secreto, te recompensará.

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.

Se as pessoas ousassem perguntar a Deus e se achegassem mais ao


Senhor com o desejo sincero de saber a instrução do reino celestial para as
suas vidas, e não ficassem limitadas à mentalidade do homem natural para
discernir a condição dos seus corações e do relacionamento com o seu
Criador, elas também receberiam a luz de Cristo e poderiam passar a ver
muitos aspectos segundo a perspectiva de Deus.
O caminho oposto à sujeição ao véu da Ordem de Arão, à dependência inapropriada
do pensamento da coletividade ou aos torpores causados por religiões com ênfase na
justiça própria do homem natural, é atender pessoalmente o chamado do Senhor para
se dispor diante Dele ainda que no contexto ao redor muitos estejam como que
adormecidos em relação à vontade do Senhor, conforme relembrado nos textos a
seguir:

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, e levanta-te dentre


os mortos, e Cristo te esclarecerá (iluminará). (RC)
434

2 Coríntios 3: 15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto
sobre o coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.

João 8: 12 Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do


mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da
vida. (RC)

Ninguém deveria rever ou avaliar a sua vida somente em função daquilo


que outras pessoas dizem, pois o chamado do Senhor também engloba as
pessoas se prontificarem diante Dele com disposição de serem iluminadas
por Ele para a verdade.
Nas Escrituras, Deus ensina que é invocando a Ele como Senhor em seu
coração que um indivíduo é salvo pelo próprio Senhor daquilo que ele
precisa ser salvo para receber a vida eterna.
O Senhor é livre para em várias situações orientar um indivíduo a buscar outras
pessoas para receber destas algum conhecimento sobre as Escrituras, mas ainda assim
é o Senhor que instrui uma pessoa a buscar aos seus semelhantes. Apesar de Deus
cooperar na edificação de pessoas através dos dons onde uns servem aos outros, todo
cristão é chamado a perceber que a primazia da instrução para a sua vida sempre
pertencerá ao Senhor.
O Senhor pode considerar e leva em conta a ajuda de pessoas para anunciar à outras
que elas podem buscar pessoalmente ou individualmente a Cristo. Mas para estabelecer
um relacionamento mais próximo com a Luz de Cristo, Deus chama cada pessoa se
levantar em fé diante de Cristo disposta a ser iluminada e esclarecida pelo próprio
Senhor Jesus, pois somente Ele é o Sumo Sacerdote Celestial segundo a Ordem de
Melquisedeque que pode dar novidade de vida interior e verdadeira instrução a todos.
Pessoas podem cooperar e anunciar as verdades das Escrituras, proclamá-las aos
seus semelhantes para animá-los a buscarem a instrução para as suas vida em Deus,
mas quem convence pessoas no mundo de tudo o que é mais relevante na vida é Cristo,
através do Espírito Santo:

João 16: 7 Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá,
porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for,
enviar-vo-lo-ei.
8 E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e
do juízo:
9 do pecado, porque não creem em mim;
10 da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais;
11 e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado.
...
13 Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em
toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.
14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar.
435

15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso, vos disse que há de receber
do que é meu e vo-lo há de anunciar.

1 João 2: 27 Quanto a vós outros, a unção que dele recebestes


permanece em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos
ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as
coisas, e é verdadeira, e não é falsa, permanecei nele, como também
ela vos ensinou.
----

Quando uma pessoa se dispõe a ter o seu estado real avaliado por Cristo
através da comunhão pessoal com Ele, o Senhor, através do Espírito Santo,
envia-lhe a palavra viva que é afiada e poderosa para dividir todas as
divergências entre o que é segundo a alma e o que é segundo o Espírito de
Deus. A palavra que permite distinguir o que é apoio temporário e o que é
fonte de vida eterna, e que separa aquilo tem aparência de verdade da
verdade eterna, e assim por diante.

Hebreus 4: 12 Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante


do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de
dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração.
13 E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo
contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos
daquele a quem temos de prestar contas.
14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo sacerdote
que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
----

Diversas ordens similares à de Arão até não se importam muito quando uma pessoa
quer trocar para outra ordem similar. Entretanto, muitas vezes elas se opõem
intensamente quando alguém intenta ir diretamente a Cristo, em quem encontra-se a
luz contra a qual as trevas ou os enganos mais dissimulados não conseguem prevalecer.
As ordens similares à de Arão visam manter as pessoas afastadas do contato pessoal
e contínuo com Cristo, o Cabeça de todo o corpo. E para isto, criam até cultos
denominados de especiais em torno de pregadores ou mensageiros (anjos) para
divulgarem as mais mirabolantes visões que criaram em suas almas, chegando ao ponto
de inclusive alegarem que Deus os escolheu para falar das suas visões a outros para que
estes nem precisem buscar a Deus individualmente sobre qual “visão” deveriam seguir.
E não é isto um dos aspectos centrais do que a Ordem de Arão sempre propôs, ou
seja, uma relação das pessoas com Deus baseada integralmente ou parcialmente em
mediadores humanos fracos e inconstantes em seus propósitos e ações?
436

Colossenses 2: 18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros,


pretextando humildade e culto dos anjos (ou mensageiros), baseando-
se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal,
19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem
vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que
procede de Deus.
20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo, por que,
como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças:
21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro,
22 segundo os preceitos e doutrinas dos homens? Pois que todas
estas coisas, com o uso, se destroem.

ou

Colossenses 2: 18 Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de


humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu;
estando debalde inchado na sua carnal compreensão,
19 e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado
pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus.
20 Se, pois, estais mortos com Cristo quanto aos rudimentos do
mundo, por que vos carregam ainda de ordenanças, como se
vivêsseis no mundo,
21 tais como: não toques, não proves, não manuseies?
22 As quais coisas todas perecem pelo uso, segundo os preceitos e
doutrinas dos homens;
23 as quais têm, na verdade, alguma aparência de sabedoria, em
devoção voluntária, humildade e em disciplina do corpo, mas não
são de valor algum, senão para a satisfação da carne. (RC)
----

Conforme já comentado também no tópico anterior, a Ordem de Arão é semelhante


a uma mulher adúltera que se diz ser de um, mas se inclina na prática a
relacionamentos com outros a ponto de nem saber mais quais são os sintomas da sua
própria deslealdade e daqueles que com ela se associam. Se declara ser de Deus, mas é
a que menos quer que os seus associados tenham intimidade e relacionamento pessoal
com Deus.
A Ordem de Arão quer o “nome de pertencer a Deus” para obter benefícios deste
nome, mas não quer a fidelidade ao Único e Eterno Deus a ponto de ter que abrir mão
de seguir as cobiças más da carne. E para isto, se associa a preceitos que obscurecem o
entendimento dos males aos quais ela se sujeita.

Provérbios 5: 1 Filho meu, atende a minha sabedoria; à minha


inteligência inclina os ouvidos
2 para que conserves a discrição, e os teus lábios guardem o
conhecimento;
3 porque os lábios da mulher adúltera destilam favos de mel, e as
suas palavras são mais suaves do que o azeite;
4 mas o fim dela é amargoso como o absinto, agudo, como a espada
de dois gumes.
437

5 Os seus pés descem à morte; os seus passos conduzem-na ao


inferno.
6 Ela não pondera a vereda da vida; anda errante nos seus caminhos
e não o sabe.
----

Deus já revogou a Ordem de Arão através de Cristo Jesus. No entanto, ela também
foi realocada para uma parábola para a época presente para servir de ensino que
a raiz ou a causa do problema que gerou a Ordem de Arão ainda continua igualmente
presente entre os seres humanos em todas as gerações.
O fato da Ordem de Arão ainda permanecer como uma parábola para a época
presente é para que esta parábola sirva como parâmetro de detecção ou percepção de
situações similares na vida das pessoas quando proposições e ações similares às da
Ordem de Arão voltarem a tentar assolar as pessoas a cada nova geração.
A fonte geradora de injustiça sempre foi derivada da desconexão de
indivíduos de um relacionamento pessoal e adequado com Deus, a qual, até
hoje, procura se manifestar também através das proposições com
aparência de piedade, mas que ocultam a tentativa de desconectar as
pessoas de Cristo, o Sumo Sacerdote da única Ordem Sacerdotal aceita
pelo Pai Celestial.
Se as pessoas podem vir a nem perceber que estão debaixo de um véu quando estão
dissociadas da comunhão com Cristo e da sua luz por causa da associação à ordens
sacerdotais similares à de Arão, ou se elas não conseguem nem ver os sintomas e o
estado espiritual em que elas se encontram, elas estarão ainda muito mais limitadas
para alcançarem por si próprias um adequado diagnóstico e solução para as suas vidas.
Desta forma, a não exposição de um indivíduo à luz Deus em seu coração não
somente ofusca uma percepção apropriada da sua condição espiritual precária, mas
também o leva a atuar sem a luz apropriada nos mais diversos aspectos práticos ou
produtivos da sua vida.
Quando as pessoas não têm a luz do Senhor atuante em seus corações,
elas replicam esta ausência de luz também para os seus relacionamentos
familiares, para as suas profissões e para as mais diversas obras que
realizam em suas vidas.
Portanto, reiterando mais uma vez este aspecto, uma avalição adequada de
sintomas, diagnósticos e prescrição de soluções para a vida espiritual, e por
consequência também a natural, não o inverso, somente ocorre junto a Àquele que vê
tudo e a todos, a saber: O Senhor Cristo Jesus, o Senhor sobre tudo e todos.

Mateus 11: 27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
438

Considerando que o Senhor conhece a tudo e a todos, e tem autoridade


sobre tudo e sobre todos, ainda que uma pessoa não esteja consciente do
estado do seu próprio coração, se ela em oração se dirige a Cristo e clama
pela sua ajuda, ela pode encontrar no Senhor a verdadeira luz para ver
tanto os sintomas e o diagnóstico daquilo que os causa, assim como para
encontrar a tão necessária salvação.
Nas Escrituras, encontramos muitas descrições de sintomas, diagnósticos e sobre a
solução de Deus para as pessoas em todas as partes do mundo, mas ainda assim é
Cristo que deseja guiar cada pessoa a compreender como ela pode vir a ter as Escrituras
aplicadas em sua vida pessoal.
Cristo é aquele que instrui cada pessoa adequadamente para que esta também venha
de fato a experimentar a “remoção sobre a sua vida de sacerdócios similares ao
denominado primeiro sacerdócio” e que tentam impedi-la de inclusive ver a sua
precária condição, assim como para que seja “estabelecida em sua vida o denominado
segundo sacerdócio”, o sacerdócio da Ordem de Melquisedeque.
Nas Escrituras, há uma descrição ampla de onde a novidade de vida é encontrada e
onde ela não é encontrada, mas assim como a leitura da bula de um remédio não
caracteriza uma pessoa estar se expondo de fato ao remédio, assim também é
necessário que uma pessoa que queira conhecer a provisão de Deus para a sua vida
interior não se restrinja à letra escrita e avance para um relacionamento vivo com o
Cristo que é o Sumo Sacerdote Eterno e em que está a novidade de vida eterna.
Portanto, também neste ponto entendemos que convém repetir um dos texto bases
do material intitulado de Letra ou Vida, conforme segue:

João 5: 39 Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida


eterna, e são elas mesmas que testificam de mim.
40 Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.

É em Cristo Jesus que as Escrituras são associadas à sabedoria tão


necessária a cada indivíduo para discernir o bem como também o mal, e
para também vir a experimentar a salvação para a novidade de vida que do
céu lhe é oferecida pelo Pai Celestial.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.

Salmos 25: 5 Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da


minha salvação, em quem eu espero todo o dia.

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.
439

K. Eis a Questão: Troca Periódica de Sacerdotes, Templos,


Estruturas e Métodos ou Uma Troca Única para um
Sacerdócio Único, Perfeito e que Permanece para Sempre?

Após abordar vários tópicos em que as Escrituras nos mostram os enormes


contrastes que há entre a Ordem sacerdotal de Arão e a Ordem sacerdotal de
Melquisedeque, gostaríamos de concluir o presente capítulo destacando mais uma vez o
aspecto da inconstância que há na Ordem de Arão em contraste à firmeza ou condição
inabalável da Ordem de Melquisedeque.
Tendo em mente que a Ordem de Arão é associada à fraca, infiel e volátil justiça
própria do ser humano ou à inconstância da vida sob o governo da carne, ou ainda, do
andar por vista e não por fé, as tentativas de viver e andar sob esta ordem ou similares a
ela invariavelmente também acabam desembocando em caminhos e proposições
inconstantes.
Pelo fato de que na Ordem de Arão (1) nem os sumos sacerdotes são constantes e
permanentes, mas são sujeitos às mais diversas fraquezas e à morte, (2) a linhagem e as
promessas desta ordem são corruptíveis, (3) as suas estruturas são terrenas e, portanto,
sujeitas às fragilidades das coisas naturais, (4) esta ordem consume dons, recursos e
vida sem poder corresponder o que as pessoas de fato necessitam, e pelo fato de (5)
propor um caminho de negligência para com a luz celestial e uma avaliação do real
estado da alma das pessoas, a Ordem de Arão inevitavelmente também conduz as
pessoas associadas a ela a um ciclo vicioso de inconstância.
E, por sua vez, neste ciclo de inconstância, fica evidente que as pessoas associadas
aos sacerdócios que usam princípios similares à Ordem de Arão muito frequentemente
se tornam insatisfeitas com a condição na qual se encontram, levando-as ainda a outro
pensamento igualmente inapropriado de que a solução para elas talvez esteja em fazem
mudanças em sua ordem sacerdotal ou até mudarem para outros segmentos similares à
ordem da qual estavam participando.
Sob o véu gerado pela associação à ordens sacerdotais com fundamentos fracos e
inconstantes, e sem retornarem a Cristo e à sua ordem eterna, constante e inabalável,
muitas pessoas ainda tentam aprimorar ou modificar àquilo ao qual estão associadas ou
inclusive criar novas vertentes do que imaginam ser uma possível solução para as suas
vidas, expondo-se a um contínuo ou periódico desafio de tentativas de mudanças dos
tipos de sacerdócios aos quais servem e de readaptação à estas mudanças.
Sob o véu gerado pela associação à ordens sacerdotais com fundamentos fracos e
instáveis, e sem retornarem a Cristo e à sua ordem eterna, constante e inabalável,
muitas pessoas acabam entregando as suas preciosas vidas a um ciclo de tentativas e
erros na expectativa de que poderão aperfeiçoar aquilo que não tem um fundamento
constante e que, portanto, jamais poderá ser aperfeiçoado por mais empenho e recursos
que sejam aplicados nestas tentativas.
Quando as pessoas insistem em permanecer associadas às ordens sacerdotais que se
opõem à comunhão pessoal e direta com Deus, as pessoas começam a pensar nas mais
diversas alternativas para tentarem eliminar as falhas destas ordens, variando desde a
tentativa de substituição dos mediadores até as variações em seus pontos de referência
de reunião e o que realizam nestes encontros.
440

Por negligenciarem a luz que pode iluminar a raiz dos problemas dos quais precisam
ser libertas, muitas pessoas em ordens similares à Ordem de Arão vão de segmento em
segmento destas ordens, vão de templo em templo ou escolhem trocar os sacerdote aos
quais se expõem achando que a troca de segmento, templo, local, obreiro ou grupo de
pessoas de uma parte da Ordem de Arão vai resolver o problema que somente pode ser
resolvido se deixarem esta ordem e se voltarem para a ordem sacerdotal de Cristo.
Uma vez que as ordens que têm características similares à Ordem de Arão são
fundamentadas em proposições do homem natural ou também do denominado
mandamento carnal, é inevitável que também muitas divisões ocorram nelas, pois
algumas das obras da carne mais evidenciadas nas Escrituras são precisamente as
contendas, disputas, porfias e assim por diante.

Gálatas 5: 19 a 21 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: ...


idolatria, ... inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
facções, invejas, ... e coisas semelhantes a estas, a respeito das quais
eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o
reino de Deus os que tais coisas praticam.

Através das Escrituras, já vimos nos capítulos anteriores que se uma pessoa se diz
ser de Paulo, Apolo, Pedro ou seja qualquer outra pessoa que não Cristo, ela demonstra
um sintoma claro de que está agindo contrariamente a Ordem de Melquisedeque e sob
o conceito da Ordem de Arão, evidenciado por Paulo ao descrever que isto é “andar
segundo os homens ou a carne” e não segundo Deus.
E também é nesta opção de “andar segundo os homens” que um indivíduo se coloca
sob uma condição de ficar exposto à inconstância das “coisas do homem natural”.
Alguns sacerdócios que se sujeitam aos preceitos da Ordem de Arão, ainda que
somente em parte, podem inclusive ser aqueles que alegam que a “Igreja do Senhor”
são os seus templos, instituições ou “as pessoas que são chamadas para saírem de suas
casas e virem para os templos, congregações ou assembleias”, mas não conhecem ou se
negam a reconhecer que a “Igreja do Senhor” são aqueles que individualmente tem a
Cristo em suas vidas, que se mantém unidos ao Único Cabeça do corpo e que não
aceitam que Cristo seja dividido segundo as bandeiras e denominações que muitos a
bel-prazer inventam e atribuem a si.
Entretanto, não importa quantas mudanças uma pessoa tente introduzir nos
preceitos de ordens similares à Ordem de Arão ou quantas vezes uma pessoa tente
trocar de segmento ou de sacerdotes em um dos ramos desta ordem, ela nunca
encontrará nelas a solução de ser verdadeiramente livre no Espírito do Senhor, pois as
ordens que procedem da Ordem de Arão tem o DNA da velha aliança e que se opõe ao
livre e direto viver e andar de uma pessoa com Deus.
Se os sacerdotes ou obreiros da Ordem de Arão ou ordens similares a ela viessem a
ensinar a verdade sem distorcê-la em seguida, eles estariam militando contra as suas
próprias ordens, pois se eles reconhecerem o fato de que somente a Ordem de
Melquisedeque é a verdadeira ordem sacerdotal que concede a novidade de vida vinda
do reino celestial, eles mais uma vez estariam reafirmando a fraqueza, inutilidade e a
razão pela qual estas ordens não são aceitáveis perante Deus.
Algo muito relevante a ser observado com especial a atenção nos
sacerdócios similares ao da Ordem de Arão é que o primeiro ou o maior
441

problema deles não são as pessoas que nele ministram, mas o próprio
conceito desta ordem sacerdotal que é constituído sob bases fracas e
corruptíveis de um mandamento carnal.
A associação de pessoas à sacerdócios com características similares à Ordem de Arão
corrompe os indivíduos que a eles se associam porque eles essencialmente são sistemas
fracos, corruptíveis e corruptores de quem se associa a eles. E é isto que as Escrituras
mencionam em Gálatas 5, em diversos outros textos e quando, em várias partes, se
referem ao fermento que corrompe.
As ordens com características da Ordem de Arão até pregam e ensinam a palavra de
Deus, mas o fazem com o fermento da doutrina da dependência de mediadores
embutida em suas mensagens e ensinos. E onde o fermento é permitido atuar, é ele que
prevalece naquela massa.

Gálatas 5: 9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.

Na velha aliança, por séculos, as pessoas tinham a expectativa de que em cada troca
do seu sumo sacerdote por outro poderia ocorrer uma solução melhor e duradoura.
Entretanto, a espera sempre foi em vão porque aquilo que precisava ser trocado era
todo o sistema sacerdotal, que finalmente foi declarado obsoleto pela vinda da superior
aliança, não segundo a Ordem de Arão, mas segundo a Ordem de Melquisedeque.
O tabernáculo de Moisés, em relação ao qual as pessoas se alegraram ou celebraram
no início do seu estabelecimento, na sequência virou um fardo difícil de ser carregado a
cada deslocamento que o povo fazia.
Notemos bem: uma vez que as pessoas quiseram a visita de Deus em um local físico
limitado e confinado, toda vez que o povo se locomovia, ele também tinha que levar o
tabernáculo junto para o novo local, pois se não o fizessem, eles deixariam o local em
que Deus deveria visitá-los para trás. Entretanto, pelo cansaço de carregar tão pesado
fardo, muitas vezes de fato deixaram que aquele tabernáculo caísse em desprezo ou
esquecimento.
Ainda em outro dos seus itens relacionados à tentativa de variar as suas atividades e
de ocultar a sua contrariedade à vontade de Deus, os sacerdócios que usam preceitos da
Ordem de Arão se enaltecem pelo fato de serem um meio de grande valia para o ensino
dos filhos daqueles que são associados a eles. Entretanto, que benefício eles produzem
para as crianças e jovens ensinando-os a serem dependentes de religiões e de
mediadores humanos, e não do Senhor Jesus Cristo como é a vontade do Pai Celestial?
Assim, o contraste entre a Ordem de Arão e a Ordem de Melquisedeque continua
tendo a mesma questão central que acompanhou a humanidade desde o dia que ela foi
abordada pela serpente no jardim do Éden, e que, respectivamente, é viver e andar
instruído e guiado por alguma parte da criação quanto aos aspectos fundamentais da
vida ou viver e andar em comunhão com Deus e instruído pelo Senhor.
Se uma pessoa procurar se afastar de Deus ou também tentar viver pela Ordem de
Arão, que é uma forma velada de querer ficar afastada de Deus e permanecer sendo
guiada pela carne, ela poderá tentar trocar inúmeras vezes de sacerdotes, templos,
estruturas, atividades, sistemáticas de ofertas, eventos e assim por diante, mas em
todas estas tentativas, ela ainda estará tentando fugir do encontro pessoal e essencial
442

com Aquele Único diante do qual ela poderá se colocar para ser iluminada para a vida
presente e também para a vida eterna, a saber, o Senhor Jesus Cristo.

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
----

Como os sacerdócios com características similares à de Arão se opõem ao aspecto


essencial do que Deus nos ensina ser a vida eterna, pois eles, de uma ou de outra forma,
procuram apartar as pessoas de um contínuo relacionamento pessoal ou direto com
Deus, o que eles acabam propondo também acabará sendo dissociado da característica
de ser inabalável.
Como as ordens com características similares à Ordem de Arão oferecem
alternativas de justificação segundo a instável justiça própria do ser humano, o que elas
acabam propondo também sofrerá variações segundo a sua própria instabilidade.
Já em relação à Ordem Sacerdotal que procede do reino celestial, Deus
nos ensina que somente há um caminho para uma pessoa encontrar um
relacionamento adequado e vivo com o Senhor. E este caminho é, e sempre
será, o Único Sumo Sacerdote Eterno da Ordem de Melquisedeque, Aquele
que está assentado eternamente junto ao trono do Pai Celestial para
atender e conceder plena salvação a todos que se achegarem a Deus através
Dele.

Hebreus 7: 23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número,


porque são impedidos pela morte de continuar;
24 este (Jesus), no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
----

Revendo aqui, então, alguns dos aspectos da Ordem de Melquisedeque,


relembramos que esta ordem é a expressão do sacerdócio imutável, irrepreensível,
incorruptível e inabalável para sempre, assim como é o Sumo Sacerdote Eterno
designado pelo Pai Celestial para ela.
Portanto, quanto à escolha por um tipo de sacerdócio, voltamos às considerações do
título do presente tópico, ou seja: Escolher um sacerdócio que periodicamente será
exposto à troca de sacerdotes, templos, estruturas ou métodos, ou fazer uma escolha
única e eterna para o único eterno e perfeito Sumo Sacerdote que é estabelecido
segundo a Ordem de Melquisedeque que permanece para sempre?
Quão maravilhoso é sabermos que apesar de estarmos em um contexto
tão inconstante ao nosso redor, temos em Deus a nosso dispor uma opção
perfeita e eterna para nos salvar de todo inconstância humana e firmar os
443

nossos pés no fundamento que pode proporcionar também a nós uma


condição eternamente inabalável.

Hebreus 12: 26 Aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém,
ele promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a
terra, mas também o céu.
27 Ora, esta palavra: Ainda uma vez por todas significa a remoção
dessas coisas abaladas, como tinham sido feitas, para que as coisas
que não são abaladas permaneçam.
28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável, retenhamos a graça,
pela qual sirvamos a Deus de modo agradável, com reverência e
santo temor;
29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.
444

C21. Quem era Melquisedeque?


No capítulo anterior, comentamos que o entendimento de algumas das principais
características da Ordem de Melquisedeque poderia ser mais amplamente alcançado se
fosse compreendido tanto o que vem a ser o termo Ordem e o que a vem ser o próprio
nome de Melquisedeque.
Referir-se a um tipo de sacerdócio também pelo termo ordem é uma forma de fazer
uma referência que visa abranger, ao mesmo tempo, todo o conjunto de leis, alianças,
estruturas e comportamentos adotados em um sacerdócio, bem como o tipo de
linhagem dos sumos sacerdotes que atuaram ou atuam em um determinado sacerdócio.
Referir-se a um tipo de sacerdócio também pelo termo ordem é agrupar
absolutamente tudo o que é pertinente a um tipo de sacerdócio, fazendo, contudo, uma
referência especial à origem e ao perfil dos sumos sacerdotes desta ordem.
O perfil ou tipo dos sumos sacerdotes de um determinado de sacerdócio é o que, na
prática, definirá como este sacerdócio atuará de fato. Um tipo de sacerdócio, no final
das contas, não poderá alcançar mais do que o sumo sacerdote daquela ordem poderá
alcançar, ainda que a lei deste sacerdócio almeje e prometa alcançar mais do que o
respectivo ou os respectivos sumos sacerdotes podem realizar.
Portanto, o nome de uma ordem sacerdotal, baseado no primeiro sumo sacerdote da
ordem, define o limite, a capacidade e os defeitos de todos os sumos sacerdotes daquele
tipo de sacerdócio ou, por outro lado, também define a condição ilimitada e perfeita do
sumo sacerdote de uma ordem, se este for o caso.
A Ordem de Arão, por exemplo, foi introduzida na linhagem familiar ou genealogia
de Levi, filho de Jacó, mostrando-nos que Arão foi o primeiro sumo sacerdote
oficializado nesta ordem, mas mostrando-nos também o tipo do perfil que os demais
sumo sacerdotes teriam.
Conforme já vimos no capítulo anterior, a linhagem de sumo sacerdotes da Ordem
de Arão era sujeita à fraquezas como todo o povo que pretendiam representar. Além de
serem também pecadores como o povo, necessitando oferecer sacrifícios por si próprios
até antes de iniciarem o oferecimento dos sacrifícios em nome das pessoas que
mediavam, os sacerdotes desta ordem eram sujeitos à morte e à inevitável substituição.
Uma vez que na Ordem de Arão nem mesmo o sumo sacerdote era perfeito, ou nem
mesmo ele poderia chegar à perfeição através do próprio sacerdócio no qual servia,
ficava evidente que todo o povo a quem este tipo de sacerdócio servia também não viria
a ser aperfeiçoado.
Assim, seguindo as mesmas conceituações gerais sobre uma ordem sacerdotal,
podemos passar a ver que o conceito de que o primeiro sumo sacerdote define toda a
continuidade de um sacerdócio também se aplica à Ordem de Melquisedeque. E isto,
para que possamos conhecer a linhagem do sumo sacerdote deste tipo de sacerdócio e
as garantias que temos nesta linhagem.
Inicialmente, então, é essencial lembrar mais uma vez que a Ordem de
Melquisedeque não tem nenhuma relação com a linhagem da Ordem de Arão. A Ordem
de Melquisedeque não é herdeira da Ordem de Arão, e assim, ela não tem nenhum
compromisso com a continuidade do tipo de sacerdócio chamado também de Levítico.
Vejamos mais uma vez abaixo o texto que expõe este princípio:
445

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.
13 Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra
tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar;
14 pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual
Moisés nunca atribuiu sacerdotes.
15 E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de
Melquisedeque, se levanta outro sacerdote,
16 constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas
segundo o poder de vida indissolúvel.
17 Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a
ordem de Melquisedeque.
18 Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa
de sua fraqueza e inutilidade
19 (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se
introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus.
----

Mas quando ou como, então, foi apresentado o primeiro sacerdote da Ordem de


Melquisedeque a alguma pessoa no mundo?
Quem era este tal de Melquisedeque que serviu como referência à ordem sacerdotal
na qual Deus estabeleceu a Cristo como o único Sumo Sacerdote Eterno?
Quem era este Melquisedeque que precedeu a revelação ao mundo do Sumo
Sacerdote que não morre, que não tem defeitos e que também tem a perfeita provisão
para ajudar nas debilidades aqueles que se achegam a Deus através Dele?
E precisamente em relação a este tema, encontramos um belíssimo enigma ou
mistério da antiguidade que nos foi revelado em Cristo, em quem todos os tesouros
da sabedoria e do conhecimento estão ocultos para serem revelados no tempo
apropriado para aqueles que buscam compreendê-los no Senhor.
Levi, um dos descendentes de Jacó, gerou também os seus descendentes. E de um
descendentes, nasceu Arão, o qual foi feito o primeiro Sumo Sacerdote do povo que foi
liberto da escravidão no Egito, sendo este sacerdócio também considerado como aquele
que é de acordo com a lei de Moisés.
Entretanto, com Melquisedeque, tudo foi muito diferente.
Quando apareceu citado pela primeira vez nas Escrituras, Melquisedeque nem
descendente de Abraão era.
Melquisedeque já era sacerdote do Deus Altíssimo antes sequer de Abraão ter tido
um filho.
Portanto, apesar do Senhor Jesus ser considerado como descendente de Abraão, ele
não recebeu o seu sacerdócio a partir de Abraão ou de qualquer um da linhagem de
Abraão.
A primeira referência feita na Bíblia à Melquisedeque está em Gêneses 14 quando é
descrito que Abraão voltava de uma guerra onde ele libertou a Ló, seu sobrinho, e
diversas outras pessoas que foram aprisionadas por reis maus, conforme está exibido
abaixo em uma parte do texto em referência:
446

Gênesis 14: 17 Após voltar Abrão de ferir a Quedorlaomer e aos reis que
estavam com ele, saiu-lhe ao encontro o rei de Sodoma no vale de
Savé, que é o vale do Rei.
18 Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do
Deus Altíssimo;
19 abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus
Altíssimo, que possui os céus e a terra;
20 e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários
nas tuas mãos. E de tudo lhe deu Abrão o dízimo.
21 Então, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, e os bens
ficarão contigo.
22 Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR, o Deus
Altíssimo, o que possui os céus e a terra,
23 e juro que nada tomarei de tudo o que te pertence, nem um fio,
nem uma correia de sandália, para que não digas: Eu enriqueci a
Abrão;
24 nada quero para mim, senão o que os rapazes comeram e a parte
que toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; estes
que tomem o seu quinhão.
----

Apesar do breve relato deste último texto, ele é muito significativo na compreensão
da origem do sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque.
Depois que Abraão retornou vitorioso de uma grande batalha, e quando ainda era
chamado de Abrão, ele estava no vale de Savé e que quer dizer vale do Rei.
Abraão não era rei. Era um homem comum que Deus visitara em Ur dos Caldeus,
chamando-o para sair da sua terra natal a fim de seguir, mediante a fé, a instrução do
Senhor para onde Ele o guiasse a ir.
E Abraão, mediante a fé, de fato seguiu a Deus que havia falado com ele. Em seu
coração, Abraão confiou que o Senhor estava falando com ele, e por isto, adotou a
postura de continuar seguindo as suas instruções até chegar à terra na qual Deus
prometeu estabelecê-lo e torná-lo em uma grande nação.
Mediante a fé, Abraão foi um homem que livremente optou em confiar em Deus e
seguir aquilo que o Senhor lhe instruía a fazer, alcançando também desta forma o lugar
que Deus lhe apontou para se estabelecer.
Posteriormente, porém, quando Abraão já habitava na terra prometida, houve uma
guerra da qual vimos o resultado no último texto exposto acima.
Seguindo ainda o texto em referência, podemos ver que depois que Abraão voltou da
mencionada batalha, dois reis se apresentam a ele no vale de Savé.
Naquela época, era costume as pessoas fazerem alianças com reis para contarem
com seu apoio e proteção.
Entretanto, pelo que podemos extrair da história de Gênesis 14, nenhum rei havia
procurado Abraão para fazer uma aliança com ele até o momento referenciado no texto.
Além disso, no mesmo contexto, podemos também ver que pela primeira vez surge a
figura de Melquisedeque. E este Melquisedeque era completamente novo no cenário,
enquanto o rei de Sodoma já habitava ali há algum tempo e pelo visto jamais havia
procurado a Abraão até os dias que sucederam a batalha narrada acima.
447

Os reis que atacaram a Sodoma e levaram a Ló e a sua família cativos também


saquearam as cidades de Sodoma e Gomorra, e levaram cativo uma parte do povo
destas cidades.
Desta forma, fica notório que o rei de Sodoma, e outros reis associados a ele, tinham
interesse em encontrar com Abraão, pois como vencedor da batalha, Abraão agora
tinha sob sua tutela o povo destes reis e grande parte dos seus bens.
O que cinco reis não conseguiram fazer contra quatro reis que os atacaram, Abraão
fez só com os valentes que moravam na sua casa. E por isto, certamente este homem
chamado naquele tempo de Abrão ficou em grande evidência entre as pessoas de sua
região.
Entretanto, antes do encontro de Abraão com o rei de Sodoma que habitava em
terras próximas ao local em que Abraão estava se estabelecendo, ou mesmo junto com
este encontro, ou ainda em meio a este encontro, aparece um rei inusitado, o rei
chamado de Melquisedeque, ou também referenciado no texto como o rei de Salém.
Além disso, Melquisedeque, ao se introduzir diante de Abraão, trouxe algo consigo.
Ele trouxe pão e vinho, porque este Melquisedeque também era sacerdote do Deus
Altíssimo, do Deus Criador dos Céus e da Terra, e do Senhor de quem Abraão ouvira a
voz e a quem ele seguiu mediante a fé.
E como sacerdote, juntamente com o pão e vinho que trouxera, Melquisedeque, já ao
chegar, abençoou a Abraão dizendo:

Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que possui os céus e a terra;
e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários
nas tuas mãos.

Relendo o texto acima outra vez, podemos observar nele vários detalhes do que
Melquisedeque disse, tais como:
 1) Ele declarou que Abraão fosse Bendito (abençoado) pelo Deus Altíssimo;
 2) Ele declarou que este Deus Altíssimo é o Deus que tudo possui nos Céus e na
Terra;
 3) Ele declarou que o Deus Altíssimo também fosse bendito pelo que fez por
Abraão;
 4) Ele declarou que foi Deus que entregou os adversários de Abraão nas suas
mãos, e assim, que não foi primeiramente a estratégia e a força dos guerreiros de
Abraão que lhe permitiram alcançar a vitória.

O que, então, este Melquisedeque, que de repente se apresentou a Abraão, estava


fazendo?
Quando Melquisedeque se apresentou diante de Abraão, ele se
apresentou como aquele que estava “mediando e mostrando de maneira
mais ampla” a relação de Deus com Abraão e de Abraão com Deus, onde a
base desta “mediação” era o pão e o vinho que o próprio Melquisedeque
trouxera.
448

Ora, pão e vinho são os elementos simbólicos em toda a Bíblia para fazer referência a
uma apropriada comunhão.
Melquisedeque se apresentou à Abraão para que este pudesse tomar
mais consciência de como Deus era com ele na prática, guardando-o e
fazendo-o vitorioso quando se levantava para andar em fé e fazer o bem.
Melquisedeque também falou que “Deus fosse bendito” pelo que o
próprio Deus fizera através de Abraão.
Melquisedeque se apresentou diante de Abraão para lhe para mostrar que Deus já
havia abençoado a Abraão antes mesmo deste entrar na batalha, assim como para
tornar claro a Abraão que ele só havia vencido os inimigos porque Deus havia estado
com ele.
Assim, o serviço do Sacerdote Melquisedeque foi “mediar” a benção de Deus para
aqueles que confiam em Deus e, por outro lado, bendizer a Deus pelo que o Senhor faz
na Terra, para com as pessoas e através das pessoas que o Senhor abençoa.
Notemos ainda, que Melquisedeque não esperou receber algo de Abraão para lhe
oferecer comunhão, assim como Melquisedeque não esperou receber algo de Abraão
para lhe abençoar.
Melquisedeque veio “em nome de Deus” e bendisse a Abraão, e isto, sem
pedir qualquer coisa da parte de Abraão.
Tudo o que Melquisedeque fez no encontro com Abraão, ele o fez previamente ou
independentemente de qualquer ação de retribuição de Abraão.
No texto em referência, lemos que depois que Abraão foi abençoado pelas palavras
de Melquisedeque, ele deu, por sua própria e livre vontade, o dízimo do despojo da
batalha a este sacerdote que havia vindo ao seu encontro. E notemos ainda que “ele
deu”, “não pagou”.

Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; era sacerdote do


Deus Altíssimo;
abençoou ele a Abrão e disse: Bendito seja Abrão pelo Deus
Altíssimo, que possui os céus e a terra;
e bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários
nas tuas mãos.
E de tudo (de todo despojo da batalha) lhe deu Abrão o dízimo.
----

E depois do ocorrido acima, o texto que encontramos em todo o livro de Gênesis não
fala mais nada especificamente sobre o relacionamento entre Melquisedeque e Abraão.
Continuando ainda um pouco mais, vemos que depois que as descrições das ações
entre Melquisedeque e Abraão finalizam em Gênesis 14, o rei de Sodoma se introduz e
oferece um acordo ou até uma paga para Abraão pelo que Abraão fizera em favor do
povo de Sodoma.

Então, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, e os bens


ficarão contigo.
449

A posição adotada pelo rei de Sodoma parece até uma atitude razoável a ser feita.
Entretanto, Abraão percebeu ou sabia que o rei de Sodoma não era um rei confiável ,
assim como também não era a sua proposta.
Mas por que Abraão entendeu a proposição do rei de Sodoma como não correta ou
não apropriada?
Vamos ver abaixo mais alguns detalhes sobre os fatos em referência.
Não havia Melquisedeque recém acabado de mostrar a Abraão que fora Deus que lhe
havia concedido a vitória, e não o braço de Abraão, sua força e seu exército caseiro?
Portanto, se Abraão recebesse a paga do rei de Sodoma para liberar o povo desta
cidade, ele aceitaria a glória da conquista para si e para o seu próprio exército, e estaria
tomando para si próprio a glória pertencente ao Deus Altíssimo. E desta forma,
também estaria desprezando a comunhão, a benção e as palavras que Melquisedeque
recém havia lhe conferido.
Abraão entendeu que ele não poderia receber a paga de homens por aquilo que Deus
havia feito naquela situação para libertar o seu sobrinho Ló e o povo que havia sido
levado cativo.
Abraão entendeu que Deus poderia usá-lo para que vidas fossem salvas
sem que ele tivesse que cobrar ou tomar das vidas salvas o que pertencia a
elas antes de serem salvas, sinalizando provavelmente também que a
salvação a ser oferecida séculos depois pelo Senhor para libertar as
pessoas do cativeiro do pecado e da lei seria concedida mediante a graça e
não por paga ou obra de justiça humana.
Através da comunhão com Abraão, Melquisedeque esclareceu que foi Deus que
concedeu aquela vitória específica a Abraão para salvar as vidas que haviam sido
aprisionadas por reis maus.
A guerra entre os referidos reis, em princípio, não era uma guerra que havia sido
feita diretamente contra Abraão, a sua casa ou seus pertences. Abraão acabou fazendo
parte deste cenário de guerra para salvar a vida do seu sobrinho Ló e da sua família da
escravidão e opressão daqueles reis maus. E neste intento de libertar o seu sobrinho e,
por consequência, também muitas outras pessoas, Deus abençoou a Abraão.
Depois do fim da referida batalha, Abraão não precisava cobrar pela ação que fez,
pois ele já era um homem abençoado e provido por Deus antes desta guerra. Somente
pelo fato de estar seguindo em fé o que Deus havia lhe instruído a fazer, Abraão já
desfrutava da graça de ser considerado um homem abençoado diante de Deus. Ele não
precisava pilhar ou espoliar as pessoas que foram libertas na batalha e muito menos
receber a paga pelo que Deus fizera por intermédio dele neste evento.
Da mesma forma, pelo fato de ter podido atuar para beneficiar as pessoas que foram
libertas na batalha, Abraão não reivindicou aquelas pessoas para passarem a estar
debaixo do seu domínio.
Além disso, Abraão ainda realizou outro gesto nobre. Ele não impôs a outros a sua
opção pessoal de não aceitar a paga pela libertação que por meio dele foi provida a
muitos, deixando os outros livres para decidirem por si próprios se adotariam ou não
uma postura similar.
450

Assim, depois que a guerra havia acabado e Melquisedeque havia vindo ao seu
encontro, Abraão se recusou a ficar com qualquer coisa do rei de Sodoma que pudesse
manchar aquilo que Deus lhe tinha permitido realizar:

Então, disse o rei de Sodoma a Abrão: Dá-me as pessoas, e os bens


ficarão contigo.
Mas Abrão lhe respondeu: Levanto a mão ao SENHOR, o Deus
Altíssimo, o que possui os céus e a terra, e juro que nada tomarei de
tudo o que te pertence, nem um fio, nem uma correia de sandália,
para que não digas: Eu enriqueci a Abrão;
nada quero para mim, senão o que os rapazes comeram e a parte que
toca aos homens Aner, Escol e Manre, que foram comigo; estes que
tomem o seu quinhão.
----

Continuando ainda na sequência dos fatos acima mencionados ou depois que


Abraão recusou a proposta feita a ele pelo rei de Sodoma, e isto para permanecer sob as
palavras e a benção de Melquisedeque e do Deus Altíssimo, vemos que as Escrituras, a
partir de Genesis 15, nos informam que Deus fez uma aliança com Abraão, dizendo que
lhe daria um descendente, um herdeiro de todas as promessas que Deus lhe fizera para
a benção de todos os povos e famílias da Terra, cujo texto começa da seguinte forma:

Gênesis 15: 1 Depois destes acontecimentos, veio a palavra do SENHOR


a Abrão, numa visão, e disse: Não temas, Abrão, eu sou o teu escudo,
e teu galardão será sobremodo grande.

O que foi anunciado a Abraão naqueles dias que sucederam à visita de


Melquisedeque, de forma alguma foram palavras de pouco significado e de pouca
repercussão sobre as gerações vindouras dos descendentes de Abraão, mas também
para o mundo inteiro. Repercussão está, que se tornou muito mais evidente quando o
eterno herdeiro de Abraão foi amplamente revelado por Deus ao mundo, conforme nos
é explicado também no seguinte texto escrito vários séculos após:

Gálatas 3: 8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela


fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão
abençoados todos os povos.
...
16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente.
Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como
de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.
17 E digo isto: uma aliança já anteriormente confirmada por Deus, a
lei, que veio quatrocentos e trinta anos depois, não a pode ab-rogar,
de forma que venha a desfazer a promessa.
18 Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa;
mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão.

Ao retornar a estes fatos da história de Abraão, entendemos ser muito significativo


destacar mais uma vez que a promessa de Deus de conceder a Abraão um herdeiro no
451

qual os povos da Terra e as suas famílias seriam abençoados foi dada antes da
existência de qualquer aspecto da lei de Moisés ou da Ordem de Arão, e foi dada de tal
forma que a lei de Moisés, que veio posteriormente, não tivesse qualquer força ou valia
para revogar a promessa anteriormente feita por Deus.
A promessa dada por Deus à Abraão, logo após a visita de
Melquisedeque e que fazia referência a um herdeiro eterno que
representaria uma benção para as pessoas de todas as nações e povos, era
superior à qualquer lei que pudesse vir a ser introduzida posteriormente.
Deus permitiu que a lei de Moisés fosse introduzida somente séculos após a
promessa e por um intervalo com início e fim estabelecidos para que, no tempo
oportuno, e não de acordo com a lei, a promessa feita a Abraão se cumprisse em Cristo
Jesus.

Gálaras 3: 18 Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de


promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu
gratuitamente a Abraão.
19 Qual, pois, a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das
transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a
promessa, e foi promulgada por meio de anjos, pela mão de um
mediador.
20 Ora, o mediador não é de um, mas Deus é um.
21 É, porventura, a lei contrária às promessas de Deus? De modo
nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida,
a justiça, na verdade, seria procedente de lei.

Portanto, como um dos primeiros pontos a respeito de quem Melquisedeque era,


gostaríamos de destacar que o fato dele ser citado somente uma vez e muito
brevemente no livro de Gênesis não significa que esta menção seja de pouco significado
ou esclarecimento no que tange à questão de ordens sacerdotais, pois esta menção
única de Melquisedeque no tempo de vida de Abraão também nos confirma que um
sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque inclusive é precedente à promessa do
herdeiro. Assim, ele também é precedente à existência de Arão e precedente à
existência de qualquer aspecto da lei de Moisés, da primeira aliança, do denominado
primeiro sacerdócio ou do sacerdócio levítico.
Avançando um pouco mais nas Escrituras, como um segundo aspecto na
averiguação de quem era Melquisedeque, podemos ver que o seu nome é citado ainda
mais uma vez nos Salmos antes de ser citado e esclarecido posteriormente no livro de
Hebreus, a saber um salmo proferido pelo Rei Davi, conforme segue:

Salmos 110: 1 Disse o SENHOR ao meu senhor: Assenta-te à minha


direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
2 O SENHOR enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo: Domina
entre os teus inimigos.
3 Apresentar-se-á voluntariamente o teu povo, no dia do teu poder;
com santos ornamentos, como o orvalho emergindo da aurora, serão
os teus jovens.
4 O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para
sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.
----
452

Podemos notar que neste Salmo, é dito que “o Senhor disse ao meu Senhor”
que Ele, o segundo Senhor em referência, era sacerdote eterno segundo a ordem de
Melquisedeque.
Séculos mais tarde, o Senhor Jesus Cristo cita o salmo acima, fazendo referência a si
próprio como o Cristo a quem o Senhor falou e ao qual Davi fez referência, conforme
segue:

Mateus 22: 41 Reunidos os fariseus, interrogou-os Jesus:


42 Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe eles:
De Davi.
43 Replicou-lhes Jesus: Como, pois, Davi, pelo Espírito, chama-lhe
Senhor, dizendo:
44 Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que
eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés?
45 Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?
46 E ninguém lhe podia responder palavra, nem ousou alguém, a
partir daquele dia, fazer-lhe perguntas.

Marcos 12: 35 Jesus, ensinando no templo, perguntou: Como dizem os


escribas que o Cristo é filho de Davi?
36 O próprio Davi falou, pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu
Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus
inimigos debaixo dos teus pés.
37 O mesmo Davi chama-lhe Senhor; como, pois, é ele seu filho? E a
grande multidão o ouvia com prazer.
----

Ainda Pedro, no primeiro discurso dele descrito em Atos, também faz referência à
condição superior de Cristo, afirmando que o Senhor Jesus é o Senhor de Davi a quem
o Senhor do Senhor havia falado.

Atos 2: 25 Porque a respeito dele diz Davi: Diante de mim via sempre o
Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado.
26 Por isso, se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; além
disto, também a minha própria carne repousará em esperança,
27 porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que
o teu Santo veja corrupção.
28 Fizeste-me conhecer os caminhos da vida, encher-me-ás de alegria
na tua presença.
29 Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do
patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo
permanece entre nós até hoje.
30 Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um
dos seus descendentes se assentaria no seu trono,
31 prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi
deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção.
32 A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas.
453

33 Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa


do Espírito Santo, derramou isto que vedes e ouvis.
34 Porque Davi não subiu aos céus, mas ele mesmo declara: Disse o
Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
35 até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.
36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a
este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
----

Assim, as referências do próprio Senhor Jesus e de Pedro ao Salmo 110 apontam,


igualmente, para o Senhor Jesus Cristo.
Também outro aspecto interessante a ser observado no Salmo 110 é que o Senhor
Deus diz ao Senhor de Davi, ou seja, ao Senhor Jesus Cristo, que:

Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque.

No Salmo 110, não diz que o Senhor a quem o Senhor se refere foi sacerdote ou que
Ele viria a ser sacerdote, mas diz que “Tu és Sacerdote para sempre”.
Seguindo ainda nos Salmos, outra referência pela qual pode ser observada a questão
eterna ou celestial da Ordem de Melquisedeque é a menção à Salém, onde o sacerdote
Melquisedeque também é rei, e quando Salém é equiparada à Sião, o local da morada
eterna de Deus, conforme o segue:

Salmo 76: 1 Conhecido é Deus em Judá; grande, o seu nome em Israel.


2 Em Salém, está o seu tabernáculo, e, em Sião, a sua morada.

A Ordem de Melquisedeque procede de Salém, quer dizer paz. Ou seja, ela vem da
morada de Deus, do lugar da eterna paz de Deus. Ela vem do tabernáculo celestial que
já estava preparado no céu antes de existir o terreno, pois o tabernáculo de Moisés era
somente como uma sombra do verdadeiro que já existia.
Quem, então, era Melquisedeque?
Vamos observar mais uma vez o Salmo 110 sob a ótica do Senhor Jesus Cristo ter
considerado as palavras proferidas neste salmo como relacionados a si próprio.
Quando o Senhor Jesus correlaciona as palavras de Davi a si próprio,
Ele anuncia que apesar Dele ser considerado como descendente de Davi,
Ele, Jesus, já era o Senhor de Davi quando Davi proferiu o referido Salmo.
Similarmente, em seu testemunho, e apesar de João Batista ter nascido antes do
nascimento de Cristo como o Filho do Homem, João Batista declara que o Senhor Jesus
tinha a primazia sobre ele porque Cristo já existia antes dele.

João 1: 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e


de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.
15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem eu
disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porquanto
já existia antes de mim.
454

Quando o Senhor Jesus disse que Davi disse que Ele, Jesus, era o seu
Senhor, Davi estava dizendo que o rei que descenderia dele era e seria
também o Senhor da sua vida. Ou seja, Davi estava de antemão
profetizando que o Senhor Jesus, apesar de seu descendente, era maior
que ele porque este Jesus é Aquele que se assenta à destra do trono de
Deus.
Como rei e antecessor na questão de linhagem real, Davi estava dizendo que o seu
descendente era e seria rei inclusive sobre ele.
Ainda em outra conversa do Senhor Jesus Cristo com alguns judeus, Ele disse:

João 8: 49 Replicou Jesus: Eu não tenho demônio; pelo contrário,


honro a meu Pai, e vós me desonrais.
50 Eu não procuro a minha própria glória; há quem a busque e
julgue.
51 Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha
palavra, não verá a morte, eternamente.
52 Disseram-lhe os judeus: Agora, estamos certos de que tens
demônio. Abraão morreu, e também os profetas, e tu dizes: Se
alguém guardar a minha palavra, não provará a morte,
eternamente.
53 És maior do que Abraão, o nosso pai, que morreu? Também os
profetas morreram. Quem, pois, te fazes ser?
54 Respondeu Jesus: Se eu me glorifico a mim mesmo, a minha glória
nada é; quem me glorifica é meu Pai, o qual vós dizeis que é vosso
Deus.
55 Entretanto, vós não o tendes conhecido; eu, porém, o conheço. Se
eu disser que não o conheço, serei como vós: mentiroso; mas eu o
conheço e guardo a sua palavra.
56 Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-
se.
57 Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos
e viste Abraão?
58 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo:
antes que Abraão existisse, EU SOU.

Quem era, então, aquele que surgiu perante Abraão como sacerdote do
Deus Altíssimo com o nome de Melquisedeque e trouxe pão e vinho, os
elementos da aliança de Cristo conosco?
Para focarmos a resposta à pergunta acima mais objetivamente, vejamos ainda o
texto no livro de Hebreus que nos expõe o referido tema mais amplamente:

Hebreus 6: 20 ... onde Jesus, como precursor, entrou por nós, tendo-se
tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de
Melquisedeque.
7: 1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus
Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou,
455

2 para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo


(primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de
Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.

Ora, observemos bem o texto do livro de Hebreus citado acima.


O Melquisedeque que se apresentou a Abraão, não tinha pai e mãe no
sentido da genealogia humana, assim como não teve princípio de dias, nem
fim de existência. Quem, então, poderia ele ser?
Quem existiu antes de qualquer ser humano ter sido criado? Quem veio do Pai
Celestial para prover a oferta perfeita para um sumo sacerdote perfeito apresentá-la a
Deus em favor de todos os seres humanos para estes poderem ter um caminho de
reconciliação com o Pai Celestial?
Se uma ordem sacerdotal somente tem um sumo sacerdote ativo e
Melquisedeque não tem fim de existência, e Cristo foi feito o Sumo
Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque, quem mais poderia
ser este Melquisedeque a não ser Aquele que estava com Deus, era Deus e
desde sempre teve a primazia sobre toda criação?

João 1: 1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o


Verbo era Deus.
2 Ele estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada
do que foi feito se fez.
4 A vida estava nele e a vida era a luz dos homens.
5 A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra
ela.
...
9 a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo
homem.

A referência de Hebreus 7 a respeito de Melquisedeque ainda nos informa que: feito


semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.
Portanto, qual outro, a não ser o Senhor Jesus Cristo, que sempre nos foi
apresentado pelo Pai Celestial como o seu Filho Unigênito e que também assumiu a
condição de Filho do Homem para nos prover redenção e salvação eterna?

João 3: 16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna.

Se recordarmos também o aspecto de que Melquisedeque era rei de


Salém, que significa paz, isto não nos arremete semelhantemente para o
único que é chamado de Príncipe da Paz nas Escrituras e que nos é
oferecido como o caminho para a paz com Deus?
456

Isaías 9: 6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o


governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo.
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

Além disso, olhando ainda para o último texto acima, através de quem Abraão foi
iluminado para saber que a vitória que obtivera sobre os reis maus lhe fora dada pelo
Deus Altíssimo?
Quem ensinou a Abraão atribuir toda a glória a Deus a não ser Aquele através de
quem toda a glória eterna é atribuída ao Deus único e eternamente sábio?

Romanos 16: 24 A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos
vós. Amém!
25 Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu
evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do
mistério guardado em silêncio nos tempos eternos,
26 e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio
das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno,
para a obediência por fé, entre todas as nações,
27 ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo,
pelos séculos dos séculos. Amém!
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Ainda outro aspecto relacionado à Melquisedeque e ao Senhor Jesus Cristo é o fato


de que Melquisedeque significa meu rei é Sedeque e, por sua vez, Sedeque significa
justiça, ou ainda, que Melquisedeque equivale também a dizer rei da justiça.
(Definições de acordo com os comentários associados ao Léxico de Strong na Online
Bible).
E conforme já comentamos em capítulos anteriores, no estudo do Evangelho da
Justiça de Deus e ainda iremos abordar em capítulos mais à frente, o Senhor Jesus
Cristo também é aquele que foi feito “nossa justiça” ou “nossa justificação”
para todo o sempre, e que, portanto, é o eterno “Rei da Justiça”.

Romanos 3: 24 … sendo justificados gratuitamente, por sua graça,


mediante a redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus.
457

1 Coríntios 6: 11(b) ... mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus


Cristo e no Espírito do nosso Deus.

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.
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Portanto, apesar de não haver nas Escrituras uma expressão direta dizendo que
Melquisedeque é o próprio Senhor Jesus, todas as característica apontam e evidenciam
que Cristo, o Filho eterno do Deus Altíssimo, sempre foi eternamente o Único
Sacerdote Eterno perante o Pai Celestial.
Após a vinda do Filho de Deus em carne ao mundo, ter nascido de
mulher e ter se tornado Filho do Homem, o Melquisedeque Eterno também
passou a ser revelado ao mundo através do nome de Jesus. E em Jesus, o
Cristo, o Filho de Deus Eterno que sempre existiu, temos o Sumo Sacerdote
Eterno e agora também o Filho do Homem ressurreto revelado numa só
pessoa, sendo Ele Aquele que sempre esteve diante de Deus como o
Melquisedeque Eterno, aquele que não teve princípio de dias, nem fim de
existência.
O Filho de Deus sempre foi o Sumo Sacerdote diante de Deus.
Entretanto, depois que Ele foi feito Filho do Homem, agora Ele também é o
Sumo Sacerdote Eterno que viveu a condição do homem e demonstrou que
pode compadecer-se perfeitamente das fraquezas daqueles que a Ele se
achegam para, através Dele, também se achegarem com confiança a Deus.

Hebreus 4: 14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa
confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.

O Filho de Deus, e que se apresentou a Abraão também como


Melquisedeque, sempre esteve diante de Deus. Entretanto, para se
manifestar perfeito aos homens para que estes cressem Nele, Ele se fez
carne, habitou entre nós, tomou sobre si a culpa do nosso pecado, morreu
458

como o sacrifício perfeito, mas também ressuscitou dentre os mortos e


voltou à posição de Filho de Deus e Sumo Sacerdote Eterno diante do trono
de Deus.
E agora, como Filho de Deus, Soberano Eternamente, existente antes de
Abraão, Davi e João Batista, mas também como Filho do Homem
descendente de Abraão, de Judá e de Davi, Ele está à direita de Deus para
nos assistir também no presente e na eternidade que está por vir.

João 8: 56 Respondeu Jesus: ... Abraão, vosso pai, alegrou-se por ver o
meu dia, viu-o e regozijou-se.

Hebreus 2: 10 Porque convinha que aquele, por cuja causa e por quem
todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à glória,
aperfeiçoasse, por meio de sofrimentos, o Autor da salvação deles.
11 Pois, tanto o que santifica como os que são santificados, todos vêm
de um só. Por isso, é que ele não se envergonha de lhes chamar
irmãos,
12 dizendo: A meus irmãos declararei o teu nome, cantar-te-ei
louvores no meio da congregação.
13 E outra vez: Eu porei nele a minha confiança. E ainda: Eis aqui
estou eu e os filhos que Deus me deu.
14 Visto, pois, que os filhos têm participação comum de carne e
sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que, por
sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber, o
diabo,
15 e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida.
16 Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a
descendência de Abraão.
17 Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse
semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos
pecados do povo.
18 Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é
poderoso para socorrer os que são tentados.
3: 1 Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial,
considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão, Jesus,
2 o qual é fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em
toda a casa de Deus.
3 Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória
do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a
estabeleceu.
4 Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que
estabeleceu todas as coisas é Deus.
5 E Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para
testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas;
6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.
459

Hebreus 7: 26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este,


santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais
alto do que os céus,
27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si
mesmo se ofereceu.
28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à
fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.
----

O Senhor Jesus não deve seu sacerdócio a nenhum homem ou qualquer linhagem
humana. Como Filho de Deus, Ele já estava pré-estabelecido por Deus nos céus antes
dos homens elegerem sacerdotes humanos para si.
O sacerdócio de Cristo é livre também porque ele sempre foi livre.
Assim, notemos ainda o seguinte: Antes que a lei viesse, Abraão já tinha consentido
com condição de Melquisedeque ser o Sacerdote ou Mediador entre Deus e ele e ele e
Deus.
Quando Melquisedeque se apresentou a Abraão sendo maior que este, e
Abraão o reconheceu como tal, Abraão fez como Davi declarou em um dos
seus Salmos. Abraão também, de antemão, já estabeleceu que o seu
descendente seria também o seu Sumo Sacerdote junto ao Deus Altíssimo.
Ou seja, Melquisedeque era o Filho de Deus que se tornaria descendente de Abraão
para ser o Sumo Sacerdote de Abraão mesmo sendo descendente deste, porque antes de
ser descendente de Abraão, Ele já era Filho de Deus e Sacerdote do Deus Altíssimo.
Davi declarou que o seu descendente seria o seu rei porque o seu
descendente já era rei antes dele.
Abraão elegeu o seu descendente como seu Sumo Sacerdote porque já
era Sumo Sacerdote antes dele.
João Batista testemunhou que o Senhor Jesus, embora nascido depois e
como seu parente como Filho do Homem, tinha a primazia ou
preeminência sobre sua vida porque o Senhor Jesus já era antes dele.
Quando Abraão aceitou que o Filho de Deus, o Melquisedeque eterno,
fosse seu sacerdote, Deus concedeu a Abraão que este Melquisedeque
também viesse a ser seu descendente entre os filhos do homem para ser o
Cordeiro Perfeito que se compadeceria de todos os povos e de cada um dos
indivíduos nestes povos, o qual também foi revelado posteriormente pelo
nome Jesus, que quer dizer “Deus é a salvação”.
Portanto, Abraão só poderia ter Jesus por descendente se ele, primeiramente ou de
antemão, consentisse que Jesus fosse maior que ele mesmo e apesar dele, Abraão, ser
pai da genealogia humana através da qual Cristo viria a nascer como Filho do Homem.

João 8: 57Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta


anos e viste Abraão?
58 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo:
460

antes que Abraão existisse, EU SOU.

Nos dias de Abraão na Terra, o Senhor Jesus ainda não tinha sido manifestado ao
mundo como o “Verbo Encarnado” para prover a todos o caminho da redenção e
salvação.
Entretanto, como o Melquisedeque eterno, sem começo e nem fim de dias, Ele já
tinha servido pessoalmente pão e vinho a Abraão porque este assentara em seu coração
ter ao Senhor como o seu eterno Deus e porque Abraão já em seu tempo se relacionava
com Deus mediante a fé que no tempo oportuno seria revelada mais amplamente como
um dos pontos centrais da nova aliança oferecida por Deus a todos os seres humanos.
Considerando que Cristo é o Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem
de Melquisedeque e também revelado a nós como o único Mediador entre
Deus e os homens, e que Cristo é Mediador da nova aliança que tem o pão e
vinho por símbolo referencial de comunhão com Deus, também era
somente Ele que poderia ter de antemão se apresentado para Abraão para
sinalizar o tipo de aliança superior e exclusiva que o descendente de
Abraão viria a oferecer posteriormente e na plenitude do tempo a todos os
seres humanos.

1 Timóteo 2: 5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e


os homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.

Hebreus 8: 6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais


excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança
instituída com base em superiores promessas.

Hebreus 12: 24 ... e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da


aspersão que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.

Lucas 22: 19 E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes


deu, dizendo: Isto é o meu corpo oferecido por vós; fazei isto em
memória de mim.
20 Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é
o cálice da nova aliança no meu sangue derramado em favor de vós.
----

A comunhão que Melquisedeque ofereceu a Abraão com o Deus


Altíssimo era inteiramente distinta e que não poderia ser equiparada por
nenhum outro reino no mundo, ainda que estes oferecessem a sua
proteção e as suas muitas riquezas a Abraão.
461

Salmos 146: 3 Não confieis em príncipes nem em filhos de homens, em


quem não há salvação.
4 Sai-lhes o espírito, e eles tornam para sua terra; naquele mesmo
dia, perecem os seus pensamentos.
5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio e
cuja esperança está posta no SENHOR, seu Deus,
6 que fez os céus e a terra, o mar e tudo quanto há neles e que guarda
a verdade para sempre. (RC)
----

Por fim, neste capítulo, no que tange à identificação de Melquisedeque, gostaríamos


de abordar ainda alguns aspectos relacionados à questão do dízimo que Abraão deu a
Melquisedeque.
Além do texto de Gênesis, vejamos, então, também o que texto do livro de Hebreus
tem a dizer sobre o tópico do dízimo de Abraão ou que Abraão deu a Melquisedeque:

Hebreus 7: 1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou,
2 para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo
(primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de
Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.
4 Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca
Abraão deu os dízimos dos despojos. (RA+RC)
----

Em primeiro lugar, é crucial fazer uma clara distinção entre o dízimo de Abraão e os
dízimos da lei de Moisés, conforme também é complementado a seguir:

Hebreus 7: 5 Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio


têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do
povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de
Abraão;
6 entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu
dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas.
7 Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é
abençoado pelo superior.
8 Aliás, aqui (na ordem segundo Levi) são homens mortais os que
recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive.
9 E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na
pessoa de Abraão.
10 Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando
Melquisedeque saiu ao encontro deste.
11 Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio
levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade
haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a
462

ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem


de Arão?
----

O dízimo que Abraão deu foi um ato feito somente uma única vez e ainda
sobre os despojos da batalha da qual estava retornando.
O dízimo de Abraão é um fato isolado, e jamais se referiu a um dízimo
sobre aquilo que Deus já tinha abençoado a Abraão pelos anos que havia
andado em fé com Deus.
A Bíblia também nunca mais cita qualquer outra situação na qual
Abraão tenha praticado o ato de dar o dízimo uma segunda vez sequer. E
nem menciona um retorno periódico de Melquisedeque para receber
outros dízimos.
O dízimo dado por Abraão à Melquisedeque, portanto, representa um fato único ou
isolado!
Qual foi, então, o significado deste ato singular de Abraão dar o dízimo para
Melquisedeque uma única vez?
Apesar de não termos outra a explicação direta sobre este ponto a não ser o texto de
Hebreus 7, entendemos que o fato de Abraão ter dado dízimo a Melquisedeque uma
única vez em sua vida, e especificamente sobre o despojo de uma batalha em particular,
representou a expressão de uma decisão pessoal e de um testemunho público válido
para sempre que Abraão fez em reconhecimento e concordância de que Melquisedeque
era grande, digno de honra e total confiança, o representante ou sacerdote legítimo do
Deus Altíssimo, e, por isto, superior ao próprio Abraão.

Hebreus 7: 4 Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o


patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos.
...
7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior.
(RC)

A razão pela qual Abraão escolheu dar o dízimo para mostrar o reconhecimento da
glória associada a Melquisedeque, e não através de alguma outra maneira, talvez, era a
forma ou o costume praticado em seus dias para reconhecer a condição distinta de
alguém, e esta não recebe muita atenção nos textos da Bíblia.
As Escrituras têm a sua ênfase muito mais voltada à postura de coração
e de fé de Abraão em demonstrar o seu reconhecimento e aceitação da
comunhão para sempre com Aquele que era Sacerdote do Deus Altíssimo e
Rei da Justiça e da Paz procedentes de Deus.
O que as Escrituras destacam como essencial é que Abraão reconheceu e
aceitou Melquisedeque como o Mediador entre ele e Deus. Ele aceitou a
Melquisedeque como o sacerdote que lhe abençoasse e o aceitou como o
sacerdote que bendissesse a Deus pelo que Deus havia feito por ele.
Se Abraão tivesse agido de forma inapropriada em relação a Melquisedeque e tivesse
reconhecido como o seu rei, protetor ou sacerdote um mero homem como, por
463

exemplo, o rei de Sodoma, Deus jamais teria feito com ele a aliança que lhe prometera
um descendente em quem convergiriam o cumprimento de todas as promessas feitas
por Deus quanto ao caminho de redenção e benção para as pessoas de todos dos povos.
E se olharmos o texto Hebreus 7 com a devida atenção, podemos ver que
este ato de único de Abraão de dar o dízimo a Melquisedeque representou
um ato único aplicável inclusive à todos os descendentes de Abraão, não
sendo mais necessário ser repetido em qualquer geração.
O dízimo que Abraão deu a Melquisedeque uma única vez foi
considerado pelo Senhor como um testemunho aplicável para todas as
épocas, não havendo qualquer necessidade de ser repetido em tempos
futuros por qualquer pessoa do mundo.

Hebreus 7: 9 E, para assim dizer, por meio de Abraão, até Levi, que
recebe dízimos, pagou dízimos.
10 Porque ainda ele estava nos lombos de seu pai, quando
Melquisedeque lhe saiu ao encontro. (RC)

Em Abraão, ainda em seus lombos, ainda uma semente futura em


Abraão, Levi já tinha repassado o dízimo para sempre na pessoa de
Abraão. Ou seja, aquele ato de Abraão feito diante de Melquisedeque foi
um ato único para toda a sua descendência.
O texto de Hebreus 7 divide a questão do dízimo distinguindo
explicitamente o dízimo de Abraão à Melquisedeque dos dízimos tomados
pelos filhos de Levi, os quais eram repassados segundo a lei de Moisés ou o
sacerdócio levítico. E ainda termina afirmando que os dízimos
relacionados a Levi ou à lei de Moisés demonstraram-se completamente
ineficazes.
Ou seja, muito antes que Levi veio a nascer, Abraão já havia elegido Melquisedeque
como o Sumo Sacerdote Eterno da sua vida. E como testemunho do reconhecimento da
condição superior de Melquisedeque para sempre, Abraão espontaneamente lhe deu os
dízimos dos despojos da batalha na qual havia sido vencedor. Portanto, a lei de Moisés,
vinda depois, e que constitui por lei uma forma de dízimo das pessoas aos seus irmãos,
foi aceita somente por um intervalo determinado para que a tentativa do povo viver
diferentemente do que Deus havia acordado com Abraão ficasse evidenciada como
fraca e inútil.
Pelo fato da Ordem de Arão ou o sacerdócio segundo Levi e Moises ser
completamente ineficaz quanto à justificação das pessoas e à vida que é mediante a fé, o
denominado de primeiro sacerdócio ou da lei de Moisés não podia jamais remover a
aliança e a promessa que Deus havia apresentado no início ou anteriormente a Abraão.
O que vemos em Hebreus 7 é o mesmo conceito de Gálatas 3 verso 17 visto no início
do presente capítulo. Ou seja, a lei vinda após a promessa imutável de Deus a Abraão
não pode mudar ou revogar o que Deus prometeu que viria a ser cumprido mediante o
descendente eterno de Abraão, o Senhor Jesus Cristo.
O sistema de dízimo que era praticado na Ordem de Arão, e no qual os
levitas tinham ordem de tomá-lo de seus irmãos segundo a lei de Moisés,
nunca foi e nunca será equiparável ao dízimo que Abraão deu uma única
464

vez dos despojos de guerra e o qual Abraão já deu inclusive por Levi e pelos
seus filhos antes mesmo de Levi nascer.

Hebreus 7: 5 Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio


têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do
povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de
Abraão;
6 entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu
dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas.

O dízimo segundo o sacerdócio levítico, que é um dízimo das pessoas


que aceitam terceirizar o sacerdócio para aqueles que pretensiosamente
dizem que irão mediá-los ou guiá-los, é um dízimo que liga as pessoas a
sistemas segundo a Ordem de Arão, um tipo de sacerdócio já declarado
fraco, inútil e obsoleto por Deus.
Os filhos de Levi recebem, segundo a lei de Moisés, dízimo dos seus próprios irmãos.
Entretanto, Melquisedeque, cuja genealogia não é contada entre os filhos de Levi, que
nunca fez parte das ações de Levi e da lei, não recebe dízimos de seus irmãos, mas só os
recebeu de Abraão em uma situação especial, pois Melquisedeque já havia previamente
abençoado a Abraão e seus descendentes por todas as gerações se tão somente
permanecerem na vida mediante a fé e a comunhão com o descendente Jesus Cristo,
em quem está o direito de acesso e cumprimento de todas as promessas feitas à Abraão.
Em outras palavras, Melquisedeque, Aquele que se testifica que vive eternamente,
mas também Aquele que nunca foi participante da Ordem dos Levitas, nunca recebeu
dízimo dos seus irmãos, como os levitas faziam. Ele recebeu dízimos somente uma vez
de Abraão que o fez livremente, e não por lei, como um gesto de testemunho para as
pessoas e reinos ao seu redor, assim como para a sua descendência, anunciando de
antemão que Melquisedeque era o Sacerdote Eterno e que ele, Abraão, o aceitava desta
forma em sua vida e para que todas as suas gerações também viessem a ter a
possibilidade de crer neste mesmo Senhor Eterno.
Quando no deserto, após a saída do Egito, as pessoas sugeriram sacerdotes humanos
mediadores separados do próprio povo, irmãos mediando a relação de seus irmãos com
o Deus de todos, esta estrutura de sacerdotes passou a receber por um período os
dízimos de todos os irmãos, mas seu sacerdócio foi ineficaz, e o povo nunca foi
continuamente fiel em dar os dízimos conforme a lei ordenava. Tanto o povo como os
sacerdotes agiram inapropriadamente porque ambos escolheram andar não segundo a
Ordem de Melquisedeque que o próprio pai Abraão já havia escolhido para sempre.
Além do sacerdócio segundo a Ordem de Arão ter sido contrário à
proposição de Deus para o povo, ele ainda foi uma tentativa de
estabelecimento de um sacerdócio contrário ao que o próprio Abraão de
antemão escolhera e anelava que a sua descendência seguisse.
Quando o Senhor Jesus Cristo começou a revelar e restaurar o que Deus havia
acordado com Abraão, o Senhor Jesus explicitamente disse:

Mateus 23: 8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é


vosso Mestre, e vós todos sois irmãos.
...
465

10 Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo.

Se tivéssemos somente estes dois últimos versos acima para entender a Ordem de
Melquisedeque, isto já seria o suficiente para saber que qualquer sacerdócio que
considere alguns irmãos como guias dos seus semelhantes ou mediadores de outros
diante de Deus é expressamente oposto ao que o Senhor declarou e contrário ao que
Deus e Abraão já acordaram entre si desde a antiguidade.

1 Timóteo 6: 3 Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as


sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a
piedade,
4 é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e
contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação,
difamações, suspeitas malignas,
5 altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e
privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.
Apartai-vos dos tais. (RA+RC)
----

A Ordem de Levi, ou similares a ela, divide os irmãos em categorias distintas, e por


isto, dividem famílias, povos e nações, ainda cobrando por este “desserviço” de
contendas, provocações, divisão e ineficácia nas tentativas de trazer a paz entre as
pessoas e Deus.
Considerando que um pouco de fermento leveda toda a massa, os
sacerdócios que se espelham atualmente no que lhes interessa da Ordem
de Arão, apesar desta já ter sido revogada pelo Senhor, tornam-se, por isto
mesmo, ainda muito mais severos do que a própria Ordem de Arão.
Os sacerdócio que atualmente tentam se valer de uma lei obsoleta, por
isto mesmo, não têm pudor de inclusive propor a velha lei com acréscimos
segundo as suas próprias interpretações.
Em sua avidez pelos recursos das pessoas, esses sacerdócios associados ao fermento
da Ordem de Arão cobram o dízimo de toda a renda dos seus membros e alguns,
inclusive, do tempo deles, enquanto que na Ordem de Arão, o dízimo era limitado
somente à produção de colheita e aumento de gado, nunca sobre transações, serviços
ou comércio entre as pessoas, e muito menos ainda sobre o tempo dos indivíduos.
Em sua avidez pelos recursos das pessoas, muitos que se denominam de “ministérios
de Deus” criam todos os tipos de fórmulas estranhas e abusivas para cobrar dízimos ou
ofertas dos seus associados, escondendo-as muitas vezes inclusive atrás do discurso de
que incentivam o dízimo voluntário e não obrigatória, mas, ao mesmo tempo, o fazem
também sob a bandeira da ameaça dizendo que se um indivíduo não for generoso nos
dízimos, ele está sob forte risco de ficar sujeito à maldições ou danos.
E ainda que de fato não deem ênfase no dízimo, muitos dos referidos sacerdócios já
se caracterizam com semelhanças à Ordem de Arão por exigirem que as pessoas que
fazem parte deles realizem atos exteriores ou tangíveis de associação com eles, algo que
de forma alguma é necessário na nova aliança com Cristo e que acaba, ainda que
através de outro ato exterior, equivalendo-se ao que está associado à ideia da antiga
466

circuncisão. Ponto abordado mais amplamente nos estudos O Evangelho da Justiça de


Deus e A Nova Criatura em Cristo.
Além disso, convém destacar que o dízimo previsto na lei de Moisés ainda deveria
ser dividido ou compartilhado com os pobres, as viúvas e estrangeiros para que os
necessitados fossem assistidos, algo que muitos que tomam dízimos em nossos dias
nem pensam em fazer ou o fazem em parte para manter uma aparência de piedade.
Atualmente há proposições de sacerdócios que tributam o dízimo sobre tudo e sobre
todos, mostrando que algum resquício de misericórdia que pudesse ter havido por um
tempo na Ordem de Arão também se consome pelo fermento com o passar dos anos,
tornando-se assim, a cada nova versão, mais dura, severa ou acrescida ainda de mais
impiedade.
Portanto, os que creem no Sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque, também
aceitam aquilo que Abraão fez uma vez por todas, não querendo tentar repetir o que
não precisa ser repetido quando Abraão reconheceu Aquele que era antes dele, que
Abraão escolheu como o seu Único e Eterno Sumo Sacerdote, e que para fins de
redenção e salvação das pessoas de todos os povos se tornou seu descendente vindo ao
mundo também como Filho do Homem.
Deus abençoou a Abraão, mediante a fé deste, antes de Abraão dar algo a
Deus, pois é pela fé que a justificação, a salvação e a vida eterna são
alcançadas em Deus, e nunca por obras de justiça própria ou por
sacrifícios humanos.

Gálatas 3: 7 Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.


8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os
gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados
todos os povos.
9 De modo que os da fé são abençoados com o crente Abraão.

Romanos 4: 2 Porque, se Abraão foi justificado por obras, tem de que se


gloriar, porém não diante de Deus.
3 Pois que diz a Escritura? Abraão creu em Deus, e isso lhe foi
imputado para justiça.

O que justifica uma pessoa não é ela dar dízimos supostamente a Deus,
mas é graça que pode ser recebida mediante a fé de um indivíduo na pessoa
e na obra de Cristo Jesus, assim como Abraão creu no Senhor.

Efésios 2: 8 Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus;
9 não de obras, para que ninguém se glorie.

Em todo o contexto da visita de Melquisedeque à Abraão, o foco estava


em apontar para a glória devida ao Deus Altíssimo e para a comunhão com
o Senhor, e não para a glória das obras das pessoas como se elas próprias
pudessem realizar obras de justificação e salvação.
467

Gálatas 5: 4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos


na lei; da graça decaístes.

Tito 3: 4 Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso


Salvador, e o seu amor para com todos,
5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua
misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo,
6 que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo,
nosso Salvador,
7 a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros,
segundo a esperança da vida eterna.

Além disso, se alguém recebesse a salvação para depois ter que dar “dízimos” e
“ofertas” periódicas ao Senhor, ele não teria recebido uma salvação mediante a graça,
mas um escrito de dívida, o qual é a base do sacerdócio segundo a Ordem de Arão e não
segundo a Ordem de Melquisedeque.
Em Cristo, somos chamados para a comunhão com base na obra de
Cristo na cruz do Calvário, com base no corpo partido mediante a
misericórdia e graça de Deus por nós e pelo sangue inocente vertido em
nosso favor, simbolizados respectivamente pelo pão e pelo vinho que
Melquisedeque trouxe por si próprio e ofereceu à Abraão.
E depois que somos justificados gratuitamente pela justiça de Cristo, e
passamos a participar de uma comunhão ativa com o Senhor também para
sermos restaurados, fortalecidos Nele e instruídos por Ele para que
compreendamos a vontade de Deus, é que podemos, com entendimento,
fazer o que é correto aos olhos do Senhor não porque isto pode nos
justificar perante Ele, mas pelo fato de entendermos que aquilo que é
correto é o certo a ser feito, e porque o que é correto é como o Justo e Reto
Sumo Sacerdote Eterno atua para o bem de todas as pessoas.

João 6: 29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais


naquele que por ele foi enviado.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

Gálatas 3: 24 De maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir
a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio.
468

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.
----

Antes de tudo, não foi a comunhão que Melquisedeque veio oferecer à Abraão?
E também não é a mesma comunhão que Melquisedeque veio oferecer a todo àquele
que também, primeiramente, crê em Deus e naquele Melquisedeque que o Senhor
enviou como Sacerdote do Deus Altíssimo para ser Mediador entre Deus e os homens?

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Abraão escolheu uma ordem sacerdotal, e uma parte dos seus


descendentes escolheu outra ordem. Entretanto, somente a ordem
sacerdotal que foi escolhida pela fé, e não segundo as obras dos homens, é
que prevaleceu, e diante da qual, a Ordem de Arão foi revogada no tempo
oportuno para que as pessoas saibam que somente no sacerdócio da fé, na
Ordem de Melquisedeque ou em Cristo é que há salvação e vida eterna
junto ao Deus Altíssimo.
Assim, cristãos darem ou pagarem dízimos aos seus irmãos, irmãs ou suas
instituições para, através deles, serem mais aceitáveis diante de Deus ou para deles
receber proteção ou direção de vida é inapropriado de várias maneiras, pois os cristãos
deveriam ser sabedores que eles são considerados como descendentes de Abraão
mediante a fé e não por causa de preceitos similares à lei de Moisés.
Muitos daqueles que alegam ser cristãos e que nos dias presentes requerem dízimos
e ofertas contínuas de seus semelhantes ainda o fazem porque continuam a pensar
indevidamente que eles mesmos e os cristãos precisam realizar obras para que sejam
justificados e aceitos perante Deus ou porque se enquadram entre aqueles que são
guiados pelos seus olhos gananciosos e que veem a piedade como fonte de lucro,
conforme descrito no texto de 1Timóteo 6 exposto mais acima.
Por outro lado, muitos cristãos têm permitido serem repetidamente ou
continuamente espoliados por outras pessoas ou suas instituições porque não
reconhecem de fato que Cristo é o fim da lei para a justiça de todo aquele que
crê, que eles são chamados para a nova aliança que é segundo a Ordem de
Melquisedeque e em nenhum aspecto segundo a Ordem de Arão, e que eles são
chamados a ser guiados por Deus e não mais por tutores desnecessários àqueles que
escolhem andar por fé e não por vista.
A título figurativo, decidir por um sacerdócio que não provém de Deus, é como
entrar por uma via da bifurcação que no começo pode parecer similar à Ordem de
Melquisedeque e até apresentar a declaração de que almeja o mesmo objetivo e o
destino da nova aliança, mas que, na sequência, vai se distanciando mais e mais até se
manifestar como um caminho inteiramente oposto e contrário ao que Deus oferece
segundo a sua sabedoria celestial.
Por isto, é tão crucial conhecer a origem da linhagem de um tipo de sacerdócio, pois
se ele iniciou sob um fundamento temporal, em uma linhagem sacerdotal carnal, fraca
469

e limitada pela morte, e não em um fundamento eterno, ele também somente poderá,
no máximo, atender ao que é temporal.

2 Coríntios 4: 18 ... não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas
que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se
não veem são eternas.

Uma ordem sacerdotal que é contrária à justiça de Deus a nos oferecida em Cristo
Jesus, contrária à paz que procede da reconciliação com o Pai Celestial mediante a
comunhão que é concedida pela graça que está em Cristo, e ainda, que é contrária ao
Espírito de Deus por preferir o esforço e as obras da carne, não poderá, jamais, por suas
obras e sacrifícios prover o reino celestial ao coração das pessoas, pois:

Romanos 14: 17 Porque o reino de Deus ... é ... justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.
----

Quem, então, sempre foi, é, e sempre será o Melquisedeque que não


depende de ofertas, sacrifícios e dízimos das pessoas para exercer o seu
sacerdócio diante do Pai Celestial e para abençoar as pessoas que o
recebem no coração mediante à fé similar à que Abraão exerceu em relação
ao Deus Altíssimo?
Quem, então, sempre foi, é, e sempre será o Melquisedeque que não teve
princípio de dias, nem fim de existência, que precede e é maior do que
Abraão, Davi e João Batista, que foi contemplado em visão por Isaías como
o sacrifício perfeito para a nossa redenção e salvação, e que foi revelado
pelo autor de Hebreus como o Sumo Sacerdote Singular que pode nos
assistir para sempre porque vive eternamente?

Hebreus 13: 8 Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para


sempre.
470

C22. A Gloriosa Obra ou Ministério Vivo do Singular Sumo


Sacerdote Jesus em Prol da Novidade de Vida, Consciência
e Comunhão com Deus de Cada Pessoa que Nele Crê
Uma vez que Abraão reconheceu de antemão a Melquisedeque como Sacerdote do
Deus Altíssimo e deu testemunho a respeito para ser crido por toda a sua descendência
que é mediante a fé em Deus, e uma vez que o Senhor Jesus, também como Filho do
Homem, já foi exaltado por Deus como Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque, passamos a ter evidenciado pelas Escrituras que temos em Cristo Jesus
o perfeito Sumo Sacerdote Eterno e o perfeito Mediador entre Deus e os homens.
O Senhor Jesus Cristo já foi exaltado por Deus à posição referenciada no parágrafo
anterior. Esta questão não é algo ainda a ser feito no futuro. E é imprescindível que
saibamos os pontos centrais por causa dos quais Ele está estabelecido nesta condição,
assim como também é vital que saibamos que independentemente do que fizermos ou
deixarmos de fazer, Ele continuará sendo o Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem
de Melquisedeque e nada mais poderá mudar isto.
Assim, nos parece muito necessário seguirmos adiante e sabermos qual é a atuação
do Senhor Jesus Cristo neste papel de Sumo Sacerdote Eterno.
Quais seriam, então, as funções práticas de um Sumo Sacerdote de um tabernáculo
celestial a favor das pessoas na Terra?
Encontrar palavras apropriadas para descrever o quão significativa é a posição de
Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno é muito desafiador diante da mentalidade
terrena das pessoas e o quão breve muitas pessoas esquecem de olhar para as coisas
que são de cima enquanto ainda habitam no presente mundo.
Conhecer a Cristo pessoalmente como o Sumo Sacerdote Eterno é
conhecê-lo não somente pelos fatos históricos que narram que Ele veio ao
mundo como menino, morreu na cruz do Calvário e ressuscitou dentre os
mortos, mas é conhecê-lo de forma viva, presente e na condição em que Ele
se encontra hoje e na qual permanecerá eternamente a favor daqueles que
Nele creem.
O encontro de uma pessoa com a salvação do Senhor Jesus Cristo e do
entendimento de que isto ocasiona uma troca de tipo de sacerdócio,
conjuntamente com a troca da respectiva lei, pode afetar mais áreas e
muito mais aspectos para as pessoas que receberam este entendimento do
que sequer elas possam ter imaginado antes de conhecerem a Cristo
também nesta posição e função.
Em diversos casos, pode até ser que o entendimento da posição de Cristo como
Sumo Sacerdote Eterno seja até mais fácil de ser alcançado para uma pessoa que nunca
esteve envolvida com algum sistema organizado de religião do que para aquelas que
estão ou já estiverem em algum destes sistemas que têm por característica os
sacerdócios humanos sobre os seus semelhantes.

Lucas 5: 39 E ninguém, tendo bebido o velho, quer logo o novo, porque


diz: Melhor é o velho.
471

Aqueles que já estiveram envolvidos com estruturas similares à primeira aliança,


sacerdócios similares ao da Ordem de Arão, podem ter passado por certos aspectos que
os levaram a fortes frustrações e desapontamentos com sacerdócios humanos. E por
isto, podem se colocar em uma posição de indevida precaução ao assunto sobre
sacerdócio como um todo.
Entretanto, uma aspecto relevante a ser destacado aqui é que não é o tema
sacerdócio em si mesmo que causou a frustração para muitos, mas o tipo de sacerdócio
ao qual se associaram.
Por isto, ressaltamos aqui novamente que Cristo não é equiparável a nada do que há
no mundo em termos de sacerdócio. E também é por isto que o Senhor Jesus veio para
tirar o sacerdócio denominado de primeiro ou de velha aliança e estabelecer o
segundo, no qual o Senhor Jesus também é o Mediador da nova aliança.
O fato de alguém deixar para trás a velha aliança não implica, de forma automática,
que ela já conheça a nova aliança e saiba viver de acordo com ela. E é também para
atender ao propósito de nos ensinar a viver e andar na nova aliança que o Senhor Jesus
nos é oferecido como Mediador.
Ou seja, Cristo é Aquele que ajuda uma pessoa a ser introduzida à nova aliança, mas
também é Aquele que ajuda esta pessoa a compreender a novidade de vida que lhe está
disponível depois que ela já estiver associada com Deus nesta nova aliança.
Relembrando o estudo sobre O Evangelho do Reino de Deus, destacamos que o
processo de renovação do entendimento quanto à nova aliança ou do novo sacerdócio
começa no coração. O reino de Deus vem ao coração das pessoas que se encontram no
presente mundo, e é a partir do coração que o Senhor começa a orientar os indivíduos
na compreensão da novidade de vida celestial, mas também quanto às mudanças
práticas que se seguem quando esta novidade de vida passa a ser conhecida.
Portanto, gostaríamos de destacar o quão relevante é que um cristão tenha a
informação e o entendimento de que o Senhor Jesus é Aquele através de quem Deus
manifesta o seu amor por todas as pessoas do mundo e ainda muito mais depois que
alguém recebe a salvação advinda do Senhor.

Romanos 5: 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira.

Na Ordem de Melquisedeque, nenhuma pessoa é somente um número a


mais para ser contabilizado nas estatísticas, mas cada pessoa é um
indivíduo amado pessoalmente pelo Senhor e Sumo Sacerdote Eterno das
nossas vidas.
Tendo em vista que Cristo amou todas as pessoas quando elas ainda estavam
sujeitas ao pecado, ao corpo do pecado e à lei condenatória das religiões que seguiam, a
ponto de dar a sua vida na cruz do Calvário em favor de todos os seres humanos, não
manifestará Ele ainda muito mais o seu amor com cada indivíduo que recebe a sua
salvação depois que Ele ressuscitou dentre os mortos e vive para assistir ou ajudar para
sempre aqueles que Nele creem?
472

Quando Deus nos chama para a comunhão com Cristo, Ele já declara o
intento de se relacionar com cada pessoa, não oferecendo-a somente
coletivamente, mas pessoalmente entre as partes que participam da
comunhão.

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.

O Senhor Jesus está à direita do Pai Celestial para atender ao clamor e


prover a salvação a “todo aquele que invocar o seu nome”. Entretanto, Ele
também está nesta posição para uma série muito extensa de outras funções
que necessitamos para as nossas vidas e das quais aqueles que creem em
Cristo e se achegam a Ele são os grandes beneficiados.

Hebreus 7: 22 Por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior


aliança.
23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são
impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
----

Notemos bem o quão maravilhoso também é este último texto apresentado acima!
Além do Senhor Jesus ser o Mediador para que uma pessoa possa vir a
se tornar parte da nova aliança, Cristo também foi estabelecido pelo Pai
Celestial para ser o fiador da nova aliança, ou seja, o patrocinador e
garantidor desta nova aliança.
Em outras palavras, o Senhor Jesus é a provisão de justificação e caminho para a
salvação e novidade de vida eterna. Entretanto, Ele nos salvou para que tenhamos
novidade ou abundância de vida NELE.
O Senhor Jesus Cristo nos oferece a salvação eterna para nos conceder
novidade de vida precisamente em conjunto ou pela comunhão com Ele.
E por isso:
 1) Pode salvar totalmente os que que por ELE se chegam a Deus;
 2) Vive sempre para intercede por eles.

O Senhor Jesus não é só o nosso meio para a salvação eterna. Ele não é
somente o Mediador para nos associarmos à nova aliança ou o Mediador
do início desta aliança. Pelo contrário, Ele continua a estar conosco e nos
acompanha em tudo da vida que a nova aliança nos proporciona.
Cristo é Aquele que está diante do Pai Celestial e em nosso coração,
através do Espírito Santo, para crescermos nesta salvação e sermos
473

completamente salvos por meio Dele para desfrutarmos Nele da vida que
Deus nos oferece na nova aliança que é segundo o seu Eterno Evangelho.
O Pai Celestial estabeleceu a posição do Senhor Jesus Cristo como Sumo Sacerdote
Eterno ao seu lado para que, a partir desta posição elevada acima de tudo e de todos,
Cristo esteja de prontidão contínua para nos ajudar a crescer na salvação eterna e para
que esta salvação atinja todas as áreas da nossa vida.
Como Cristo não precisa ficar oferecendo sacrifícios todos os dias como os
sacerdotes da Ordem de Arão, Ele está junto ao Pai Celestial para continuamente
interceder por nós a fim de que o Pai libere a sua graça, a sua misericórdia e todas as
provisões que precisamos para sermos cada vez mais livres no Senhor e para
desfrutarmos da novidade de vida que acompanha a salvação que Deus nos oferece em
Cristo Jesus.
Entretanto, entendemos ser crucial destacar mais uma vez que a atuação de Cristo
como o nosso Sumo Sacerdote em nosso favor não é em tudo automática.
O Senhor Jesus coloca a sua função de Sumo Sacerdote a disposição de todos
aqueles que se achegam a Deus através Dele. Se, contudo, alguém se abstém de se
achegar a Ele, a sua atuação como Sumo Sacerdote a favor deste indivíduo também
pode vir a sofrer restrições.
O Senhor Jesus Cristo disse que se alguém permanecer Nele, e Ele permanecer
naquele que Nele permanece, este também se coloca em posição de receber abundante
frutificação em sua nova condição de vida no Senhor. Entretanto, se alguém não
permanecer no Senhor, também a possibilidade de ser frutífero na novidade de vida
celestial passa a ficar significativamente prejudicada.
Deus estabeleceu a provisão da salvação e da remissão dos pecados
independentemente de qualquer opinião favorável dos seres humanos. Quando a
iniquidade dos seres humanos se tornou evidente nas mais variadas formas, Deus, em
vez de destruí-los, fez com que a dívida da prática do pecado e da lei recaísse sobre o
seu Filho Amado para que os pecadores pudessem ter uma opção de salvação de sua
sujeição ao pecado e à lei caduca que jamais poderia lhes proporcionar novidade de
vida e salvação eterna.
O mundo, porém, que se escandalizou e que se escandaliza com esta atitude do Pai
Celestial ter dado o seu Unigênito Filho para a redenção de pecadores, não conhecia o
poder de Deus de vencer a morte pela ressurreição de Cristo dentre os mortos uma vez
que a dívida do pecado e da lei estivessem quitadas.
Assim, Deus já realizou a provisão de salvação em favor de todos e
independentemente da concordância dos pecadores. Este aspecto já está feito ou está
consumado para sempre.
Quer as pessoas aceitem e sejam favoráveis ao que Deus fez a favor delas ou quer
elas rejeitem e até se oponham com intensidade contra esta obra de Deus, nada poderá
mudar ou anular o que foi feito em favor de todos uma vez para sempre. O que o
Senhor já fez, tem efeitos eternos e imutáveis que não podem ser mudados.
Entretanto, quanto ao serviço de Mediador da nova aliança e de Sumo Sacerdote,
vimos no último texto acima, que Cristo o realiza para aqueles que o recebem em seus
corações e para aqueles que continuam se achegando a Deus através Dele.
474

O texto em referência não diz que Cristo é o Sumo Sacerdote Eterno que está
disponível a realizar a salvação completa de todos que tentam se achegar a Deus por
qualquer via ou maneira, mas que Ele é o Sumo Sacerdote que pode salvar
completamente aqueles que se achegam a Deus através Dele.
Em outros partes das Escrituras, o Senhor Jesus ainda declarou que a sua atuação
em favor de cada indivíduo junto ao Pai Celestial também está associada à como uma
pessoa o reconhece diante dos seus semelhantes, conforme segue:

Lucas 9: 26 Porque qualquer que de mim e das minhas palavras se


envergonhar, dele se envergonhará o Filho do Homem, quando vier
na sua glória e na do Pai e dos santos anjos.

Mateus 10: 32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos


homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus;
33 mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei
diante de meu Pai, que está nos céus.

A salvação oferecida por Deus está disponível a todas as pessoas!


Entretanto, a glória de Cristo no que tange a interação Dele como Sumo Sacerdote
Eterno diante do Pai Celestial a favor de um indivíduo, para que este seja aperfeiçoado
Nele e na novidade de vida eterna, é para aqueles que se achegam através Dele a Deus,
que o confessam como Senhor diante dos homens, que não se envergonham Dele como
Senhor de suas vidas e que não tentam se achegar a Ele e ao Pai Celestial através de
outros sacerdotes ou meios que eram usados na Ordem de Arão ou similares a ela.

Salmos 118: 8 Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar no


homem.
9 Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar em príncipes.

Salmos 146: 3 Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em
quem não há salvação.

Salmos 20: 7 Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém,


nos gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus.

Quando uma pessoa assenta em seu coração que o Senhor Jesus é o seu
único Mediador da nova aliança e Aquele que aperfeiçoa quem adere a esta
aliança, e não se envergonha disto diante de outras pessoas, ela tem, junto
ao Pai Celestial, um Sumo Sacerdote Perfeito que não cessa de interceder
por ela para que o Pai Celestial a conduza a ser salva completamente e para
que venha a ser frutífera em sua nova condição de vida no Senhor.
475

João 15: 4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não


pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na
videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu,
nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à
semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o
queimam.

Notemos bem o último texto acima. Ele não diz, primeiramente, que alguém pode
vir a ser lançado fora por não ter produzido fruto ou alguma obra em conjunto com
Deus, mas por “não permanecer em Cristo”, pois é através Dele que alguém pode se
achegar ao Pai Celestial para andar no caminho do Senhor.
Se alguém é desligado da videira, é porque, na vida prática, ele já tem vivido
desligado dela e não porque ele não dá fruto, pois uma pessoa somente é inteiramente
infrutífera diante de Deus se, primeiramente, não permanecer em Cristo.
Cristo declara que ninguém pode arrebatar da sua mão uma pessoa que está Nele.
Entretanto, por vontade própria, uma pessoa pode se apartar de Cristo, pode deixar de
permanecer em Cristo ou permitir que outros a façam se apartar de Cristo.
Conforme já vimos várias vezes nos capítulos anteriores, quando uma pessoa volta a
um sacerdócio que apresenta alguma característica de mediação do seu relacionamento
com Deus que não seja através de Cristo, ela fica sujeita ao risco de se desligar de Cristo
e ficar dissociada da graça do reino celestial.
Quando, porém, alguém permanece em comunhão com Cristo, ele experimenta o
que está associado a Cristo e ao seu nome. E o nome do nosso Senhor é o Senhor Jesus
Cristo, o Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque, o Sumo Sacerdote
perfeito e perpétuo para que nós também possamos viver sob um sacerdócio repleto de
graça e inteiramente adequado diante Dele e do Pai Celestial.
Quando uma pessoa atende ao chamado que recebe de Deus para ter
comunhão com Cristo a ponto de estar em Cristo e de Cristo permanecer
em seu coração como o seu Senhor Eterno, esta pessoa pode passar a ver
aspectos da salvação e da atuação de Cristo que ela jamais poderia pensar
que necessitasse ou que fossem possíveis de serem realizados na sua vida.
E para destacarmos aqui um dos aspectos centrais que resultam da atuação de Cristo
como Sumo Sacerdote em favor daqueles que Nele creem e que permanecem na
comunhão com Ele para a qual são chamados, gostaríamos de ver abaixo mais uma vez
um texto que expõe um aspecto em particular que apresenta uma distinção enorme
quando visto, respectivamente, segundo a Ordem de Arão e segundo a Ordem de
Melquisedeque:

Ordem de Arão:

Hebreus 9: 9 É isto uma parábola para a época presente; e, segundo


esta, se oferecem tanto dons como sacrifícios, embora estes, no
tocante à consciência, sejam ineficazes para aperfeiçoar aquele que
presta culto.
476

Ordem de Melquisedeque ou de Cristo:

Hebreus 9: 11 Quando, porém, veio Cristo como sumo sacerdote dos


bens já realizados, mediante o maior e mais perfeito tabernáculo,
não feito por mãos, quer dizer, não desta criação,
12 não por meio de sangue de bodes e de bezerros, mas pelo seu
próprio sangue, entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas,
tendo obtido eterna redenção.
13 Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma
novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à
purificação da carne,
14 muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si
mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa
consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que,
intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles
que têm sido chamados.
----

No capítulo anterior, já abordamos diversas considerações sobre a Ordem de Arão. E


neste ponto, não objetivamos retornar àquilo que já foi mencionado. Aqui, porém,
gostaríamos de destacar mais uma vez um dos aspectos centrais daquilo que a Ordem
de Arão não faz. Ou seja, a Ordem de Arão não oferece condições para que a
consciência daquele que nela presta culto ou adoração seja aperfeiçoada.
Por outro lado, temos a Ordem de Cristo ou de Melquisedeque, a qual também supre
exatamente o aspecto acima mencionado, e todos os que vêm na sequência, que a
Ordem de Arão não consegue proporcionar.
Considerando que o ponto mencionado acima é apresentado no capítulo 9 de
Hebreus como um aspecto diferencial essencial do resultado da ação das duas ordens,
nos parece, então, ser de grandíssimo significado conhecer este aspecto em particular
mais de perto.
Assim, podemos ver que o último texto apresentado acima nos ensina que o sangue
de Cristo, vertido em nosso favor quando Cristo, mediante o Espírito Eterno, se
ofereceu como sacrifício perfeito para a nossa redenção, “purificará a nossa
consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!”
Ora, que obras mortas, então, são essas que também são considerados como
associadas à primeira aliança ou à Ordem de Arão?
O que é a referida consciência que necessita ser purificada de obras mortas?
Entre um dos seus principais aspectos, a palavra consciência está associada:
 1) Ao estar consciente sobre algo;
 2) Ter uma convicção de que algo deve ser feito;
 3) Ter uma convicção de que algo deve ser feito ou deixado de lado
respectivamente por causa da consciência de se sentir obrigado a realizar algo ou
da consciência de ser proibido de realizar algo.
477

A Ordem de Arão era uma ordem repleta de obrigações externas que tinham que ser
cumpridas, e ainda sob ameaças severas se alguém não as cumprisse.
Assim, por exemplo, “uma criança que cresceu ouvindo que ela tinha que ir ao culto
semanalmente para não estar em grave pecado e sujeita à condenação”, pode ter vindo
a ter constituída uma “consciência” ou “convicção pessoal inquestionável” de que ela
precisa ir a um culto toda semana para atender a vontade de Deus, ainda que a vontade
do Senhor não condiga com esta convicção que ela carrega em seu coração.
Ou seja, uma pessoa pode ficar sujeita, restrita ou até escrava àquilo que ela carrega
consigo em sua própria consciência!
Considerando que seja amplamente possível que as convicções de uma pessoa
possam ser contrárias à vontade de Deus, inclusive sem que ela se aperceba disto,
aquilo que foi armazenado no mais profundo das convicções de uma pessoa (ou em sua
consciência), também pode vir a restringi-la ou aprisioná-la a uma vida sujeita às suas
próprias convicções quando esta adota a atitude de “nunca agir contra o conjunto de
parâmetros que compõem as suas convicções ou a sua consciência”.
Um indivíduo que somente segue a sua própria consciência ou o seu conjunto de
parâmetros formatados ao longo dos anos pelas tradições e culturas humanas para
discernir o que é bom e o que é mal, pode chegar ao ponto de se tornar insensível a
sintomas que sinalizam que ela precisa de ajuda, conforme foi visto a dois capítulos
atrás.
O efeito das obras requeridas pelos sacerdócios com características da
Ordem de Arão ou da primeira aliança pode ser tão intenso no coração das
pessoas que apesar de suas obras serem contrárias a Deus, muitas
indivíduos continuam a praticá-las pelo fato de terem uma convicção que é
para Deus que devem fazer estas obras.
O resultado das obras dos sacerdócios que seguem preceitos similares
aos da Ordem de Arão, ainda que só em partes, pode levar àqueles que se
sujeitam a eles a terem um desejo profundo e sincero de agradar a Deus,
mas que, ao mesmo tempo, é contrário a Deus por causa natureza das
obras que ensinam as pessoas a praticarem.
Há muitas situações nas quais uma pessoa resiste a algo diferente do que a sua
consciência diz, porque ela, honestamente ou sinceramente, não quer ir contra a sua
consciência, mas, ainda assim, ela pode estar equivocada apesar de toda a sua intenção
de honestidade e sinceridade.
A “consciência de uma pessoa” ou “o conjunto de convicções interiores”
pode vir a se tornar um sistema ou um conjunto de parâmetros quase que
impenetrável.
Dissemos quase no parágrafo anterior, porque para Deus não há impossível. E para
o Senhor, não há trevas que a Luz de Cristo não possa iluminar.
Se alguém disser à criança exemplificada acima, depois que ela se tornou uma
pessoa adulta, que, perante Deus, ela não está obrigada a guardar o mandamento de ir
ao culto toda semana, isto pode parecer a ela um absurdo ou até uma enorme ofensa,
pois ela tem registrado em sua consciência, ou convicções profundas, alguns princípios
que são muitos difíceis para serem contrariados por ela.
478

Assim, se por um lado, a Ordem de Arão apresenta uma ênfase à obras exteriores ou
de aparência perante as pessoas, por outro lado, ela procura sedimentar, assentar ou
firmar regras e conceitos pela constante repetição para que sejam assimilados no mais
íntimo da convicção de um indivíduo, procurando gerar grande apreço e dependência
de alma em relação a estas obras, mas as quais, nem por isto, têm valor algum diante do
Senhor.

Isaías 29: 13 O Senhor disse: Visto que este povo se aproxima de mim e
com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração
está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em
mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu,
14 continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim,
obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos
seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá.
15 Ai dos que escondem profundamente o seu propósito do SENHOR,
e as suas próprias obras fazem às escuras, e dizem: Quem nos vê?
Quem nos conhece?
16 Que perversidade a vossa! Como se o oleiro fosse igual ao barro, e
a obra dissesse do seu artífice: Ele não me fez; e a coisa feita dissesse
do seu oleiro: Ele nada sabe.

A Ordem de Arão é assentada em fundamento fraco. E por isto, ela recorre às


tentativas de disciplina ou ao uso de recursos para escrever os seus preceitos em
“umbrais, na testa, junto à mão”, assim como ela precisa de reuniões e eventos
periódicos para amplificar e relembrar os seus preceitos para que o povo não os deixe e
não se afaste deles por esquecimento. Este esforço, contudo, é vão.
A Ordem de Arão necessita de firmes disciplinas e agendas para manter-se ativa. E
no princípio, para uma pessoa muito indisciplinada, até parece que a disciplina e as
repetidas agendas trazem alguns benefícios. Entretanto, com o passar dos anos, todas
estes obrigações e agendas tornam-se em fardos, pois são imposições externas sobre
corações não transformados a partir de uma apropriada mudança interior.
E uma vez que o Senhor já declarou o primeiro sacerdócio, a velha aliança ou o
sacerdócio da Ordem de Arão revogado, obsoleto e realocado para uma parábola
para a época presente, quanto mais não serão consideradas mortas as obras que
são feitas no presente em consonância a este sacerdócio declarado como fraco e inútil?
Por outro lado, a postura de um pessoa em não querer contrariar à sua consciência,
em si mesma, é boa.
Não é bom um indivíduo adotar uma postura de vida de agir contra a sua
própria consciência, pois a consciência é um sinalizador de proteção dado
pelo próprio Deus aos seres humanos. Entretanto, quando a consciência
está baseada em parâmetros ou conceitos inadequados em relação à
vontade Deus, esta consciência precisa que dela seja tirado o que não
provém de Deus para, então, uma pessoa viver e andar de fato segundo
uma “boa consciência”.
Para tentar manter os indivíduos sujeitas a ela, a Ordem de Arão até enaltece uma
virtude boa das pessoas, a qual é o sistema de alertas que a consciência gera no que
concerne às suas decisões. Por outro lado, porém, ela atua de forma prejudicial às
479

pessoas quando procura incutir nelas conteúdos inadequados, de acordo com à sua lei
ou que de fato não são bons parâmetros para a consciência de cada pessoa.
Portanto, quanto à este último ponto, entendemos ser crucial destacar que o
Sacerdócio de Cristo não objetiva remover a dádiva da consciência e dos alertas que
esta produz, mas ele nos é oferecida pelo Senhor para que possamos trocar o conteúdo
que há na consciência.
A atuação de Cristo como nosso Sumo Sacerdote nos é oferecida
segundo a Ordem de Melquisedeque, e não a Ordem de Arão, porque ela a
única capaz de purificar a nossa consciência ou o nosso conjunto de
convicções para que sejamos de fato libertos do conteúdo velho, revogado
ou obsoleto. E isto, para que, agora sem o véu da velha aliança e sob o
cuidado Cristo na sua condição de Sumo Pastor e Bispo das nossas almas,
possamos passar compreender a instrução de Deus que Cristo quer nos
ensinar para também passarmos a viver e a andar segundo a verdade.
É para uma renovação de entendimento, a ponto de corrigir as mais
profundas convicções da consciência, que as Escrituras declaram que
muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se
ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras
mortas, para servirmos ao Deus vivo!
Uma pessoa que facilmente ou levianamente age contra a sua consciência pode se
tornar uma pessoa muito vulnerável a ficar insensível e se inclinar cada vez mais a
caminhos muito maus ou perversos. Por esta razão, o Senhor Jesus não atua para
anular a consciência. Pelo contrário, o Senhor atua naqueles que Nele confiam para
fortalecer as suas consciências para estarem amparadas para saberem rejeitar o mal ou
aquilo que não provém de Deus e para cooperarem para o estabelecimento do ensino
ou da instrução daquilo que é de acordo com o querer eterno de Deus.

1 Timóteo 4: 1 Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos


tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios,
2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a
própria consciência,

Tito 1: 13 Tal testemunho é exato. Portanto, repreende-os severamente,


para que sejam sadios na fé
14 e não se ocupem com fábulas judaicas, nem com mandamentos de
homens desviados da verdade.
15 Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros
e descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência
deles estão corrompidas.

Filipenses 2: 12 Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes,


não só na minha presença, porém, muito mais agora, na minha
ausência, desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor;
13 porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar,
segundo a sua boa vontade.
----
480

Conforme já comentamos, na sua função de Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus não


quer atuar no sentido de levar uma pessoa a “violar” a sua consciência e tornar esta
inativa. Pelo contrário, Cristo quer auxiliar a pessoa para que ela tenha uma
consciência acertada ou alinhada com a verdade.
O Senhor Jesus quer que cada pessoa tenha convicções de entendimento, mas isto,
em coisas verdadeiras perante Deus e não nas coisas que o homem natural tenha
tentado lhe impor, aspecto também confirmado várias vezes por Paulo, conforme
exemplificado abaixo:

1 Ts 1: 5 Porque o nosso evangelho não chegou até vós tão-somente em


palavra, mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena
convicção, assim como sabeis ter sido o nosso procedimento entre
vós e por amor de vós.

Atos 24: 16 Por isso, também me esforço por ter sempre consciência
pura diante de Deus e dos homens.

Colossenses 2: 1 Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho


mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram
face a face;
2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente
em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do
entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus,
Cristo,
3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos.

Colossenses 4: 12 Saúda-vos Epafras, que é dentre vós, servo de Cristo


Jesus, o qual se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas
orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos
em toda a vontade de Deus.

A atribuição de efetuar o querer e o realizar naquele que segue a


instrução de buscar a Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno é devida a
Deus. E como o querer e o realizar passam também pelo sistema de
aprovação de uma pessoa ou da sua consciência, também é neste conjunto
de convicções que o Senhor Jesus se dispõe a auxiliar àqueles que anelam
por viver e andar na vontade de Deus e não na vontade do mundo, dos seus
semelhantes ou na vontade que procura se amparar na justiça própria de
um indivíduo ou de suas obras.
Quanto ao conjunto de convicções de um indivíduo virem a ser alinhados com a
verdade ou a vontade de Deus, nenhum cristão tem o direito de tentar impor a sua
vontade sobre o seu próximo ou tentar levá-lo a realizar a sua vontade e não a vontade
481

do Senhor. A tentativa de impor o querer pessoal sobre os seus semelhantes é uma volta
ao flerte com os princípios da mediação ou lei da aliança da Ordem de Arão.
Portanto:

2 Coríntios 1: 12 Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa


consciência, de que, com santidade e sinceridade de Deus, não com
sabedoria humana, mas, na graça divina, temos vivido no mundo e
mais especialmente para convosco.

1 Timóteo 1: 5 Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que


procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia.
...
19 mantendo fé e boa consciência, porquanto alguns, tendo rejeitado
a boa consciência, vieram a naufragar na fé.
----

Assim, os textos que vimos acima nos mostram que existe tanto a boa consciência
como a consciência corrompida, e que, inclusive, existem aqueles que têm a
consciência como que cauterizada, o que é mau e os leva a ser ainda mais perversos.
Conforme já mencionamos, Deus não almeja que a consciência das pessoas se torne
inativa, mas provê-las de uma consciência que esteja em conformidade com a vontade
do Senhor e com a maneira de realizá-la segundo as coisas que são do alto.
E ainda, no aspecto sobre a condição de cada pessoa alcançar uma consciência
renovada em Deus também em relação ao contato passado com as obras mortas e as
transgressões sob a primeira aliança, parece-nos ser produtivo citar, de tempos em
tempos, o exemplo da vida de Pedro, um dos apóstolos de Cristo.
Quando pela primeira vez teve um encontro com o Senhor Jesus, Pedro creu em
Cristo e prontamente seguiu ao Mestre.
Mais adiante, quando o Senhor ressurgiu dentre os mortos e apareceu aos seus
discípulos, o Senhor disse aos seus apóstolos para irem às nações e fazerem “discípulos
de Cristo”, não deles mesmos, e fazê-lo em todos os povos e pregando o Evangelho a
toda a criatura, declaração que claramente também foi direcionada a Pedro (conforme
Mateus 28).
Nestes mesmos dias, o Senhor Jesus também disse aos Seus discípulos que eles
seriam testemunhas Dele até os confins da Terra após receberem o poder através da
descida do Espírito Santo sobre eles.
Parece-nos, então, até aqui, que a instrução de Cristo de que a salvação de Deus era
para todos os povos, e não somente para os judeus ou os descendentes de Abraão
segundo a carne, estava muito clara, não precisando ser mais objetiva do que foi.
Entretanto, na consciência de Pedro, o que Cristo disse tão explicitamente não
estava tão claro e não era tão objetivo assim. Apesar de Cristo ter dito o que disse, a
consciência de Pedro não registrou, naquele momento, o significado do que Cristo disse
a ele.
Assim, quando mais adiante, inclusive depois que Cristo já havia sido elevado ao
céu, o Senhor Jesus chama Pedro para pregar o Evangelho aos gentios (aos não judeus
482

segundo a carne), o Senhor, conforme Atos 10, precisou primeiramente lidar com a
consciência de Pedro, porque mesmo depois de ter encontrada a salvação no Senhor, a
consciência de Pedro ainda continha em seu sistema de filtros diversas instruções da
Ordem de Arão. Embora salvo, discípulo de Cristo, e um daqueles que havia visto Jesus
sendo crucificado, morto, sepultado e ressurreto em seu favor, Pedro ainda estava com
algumas convicções associadas a alguns conceitos da Ordem de Arão que ainda lhe
retinham para não seguir a vontade de Deus em certas áreas.
Para contar com a disposição voluntária e livre de Pedro para realizar a vontade do
Pai Celestial, o Senhor Jesus precisou lidar com o conteúdo da consciência de Pedro
para que este pudesse ir em paz e pregar o evangelho à casa de Cornélio que era gentio,
um homem da corte ou do exército dos romanos.
Mas o Senhor já não havia dito objetivamente aos discípulos e a Pedro, no mínimo
duas vezes, que eles deveriam ir a todos os povos e anunciar o Evangelho para que
também os indivíduos destes pudessem vir a serem discípulos segundo este mesmo
Evangelho?
Sim, o Senhor já tinha declarado que o Evangelho a ser pregado é para todos os
povos. Entretanto, segundo o filtro da sua consciência, Pedro simplesmente não
percebeu ou não viu o que Cristo lhe falou ou, ao menos, não via como Cristo via aquilo
que Ele anunciou aos seus discípulos.
O Senhor precisou lidar à parte ou pessoalmente com Pedro para mostrar o que
estava no coração do seu discípulo e para prover a libertação a Pedro de profundas ou
enraizadas convicções na sua consciência para que, então, Pedro pudesse seguir
servindo ao Senhor conforme a vontade do Senhor e não segundo o conteúdo obsoleto
que até aquele momento ainda estava na consciência de Pedro.

Atos 10: 10 Estando Pedro com fome, quis comer; mas, enquanto lhe
preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase;
11 então, viu o céu aberto e descendo um objeto como se fosse um
grande lençol, o qual era baixado à terra pelas quatro pontas,
12 contendo toda sorte de quadrúpedes, répteis da terra e aves do
céu.
13 E ouviu-se uma voz que se dirigia a ele: Levanta-te, Pedro! Mata e
come.
14 Mas Pedro replicou: De modo nenhum, Senhor! Porque jamais
comi coisa alguma comum e imunda.
15 Segunda vez, a voz lhe falou: Ao que Deus purificou não consideres
comum.
16 Sucedeu isto por três vezes, e, logo, aquele objeto foi recolhido ao
céu.
17 Enquanto Pedro estava perplexo sobre qual seria o significado da
visão, eis que os homens enviados da parte de Cornélio, tendo
perguntado pela casa de Simão, pararam junto à porta;
18 e, chamando, indagavam se estava ali hospedado Simão, por
sobrenome Pedro.
19 Enquanto meditava Pedro acerca da visão, disse-lhe o Espírito:
Estão aí dois homens que te procuram;
20 levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu
os enviei.
----
483

Conforme a narrativa do texto acima, Pedro não estava tendo dificuldades em


“querer e se dispor” em fazer a vontade de Deus. Pedro estava tendo dificuldade de
concordar com a vontade do Senhor porque o que foi apresentado a ele contrariava o
que estava enrustido firmemente na sua consciência, mas que, ao mesmo tempo,
também precisava ser removido dela à luz da verdade Daquele que é nosso Sumo
Sacerdote Eterno.
Pedro tinha por convicção que aquilo que ele pensava em determinado assunto era
correto, mas que, na realidade, não era verdade à luz da Ordem Sacerdotal de Cristo. O
que Pedro considerava como verdade era ainda um resquício da velha aliança que já
havia sido declarada obsoleta.
Entretanto, como Pedro tinha escolhido estar sob a Ordem de Melquisedeque, o
Sumo Sacerdote desta ordem veio a Pedro para ajudá-lo na remissão das
transgressões que havia sob a primeira aliança e para purificar a sua
consciência de obras mortas para que ele pudesse servir ao Deus vivo.
Como Sumo Sacerdote da Ordem Celestial de Melquisedeque, o Senhor
Jesus conhece o nosso interior e sabe como nos livrar daquelas convicções
que parecem ser boas, mas que não o são, que são contrárias a Ele ou
contrárias à vontade celestial.
O Senhor Jesus sabe expor a nós até o que convictamente pensamos
estar correto, mas que de fato não é de acordo com a verdade ou que não
estamos vendo como deveria ser visto por causa das culturas e tradições
que nos foram ensinadas. E ainda, o Senhor sabe fazê-lo com perfeição e
sem destruir a nossa consciência.
Assim, aquele mesmo Pedro citado acima, vários anos depois da experiência narrada
no livro de Atos, escreve:

1Pedro 1: 17 Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de


pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor
durante o tempo da vossa peregrinação,
18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre
os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança
estejam em Deus.
22 Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade,
tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração,
uns aos outros ardentemente,
23 pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de
incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é
permanente.
----
484

Aquele Pedro que pensava que sinceramente estava fazendo algo correto ao se abster
dos gentios, e que ainda tinha reservas na consciência quanto ao fato de que Deus
querer salvar pessoas que eram de povos distintos daquele no qual ele nascera, mais
adiante em sua vida descreve que Deus não faz acepção de pessoas e que o Senhor, por
causa do seu sangue derramado na cruz do Calvário em favor de todos, também é
plenamente poderoso para purificar a consciência e a alma de todos aqueles que se
expõem a Cristo como o Senhor e o Sumo Sacerdote de suas vidas.
Somente depois que Pedro foi exposto pessoalmente à atuação do seu Sumo
Sacerdote Cristo que ele passou a ver que já não era apropriado chamar de imundo
aquilo em favor do qual Deus fizera um provisão perfeita para reconciliar tudo consigo
mesmo, quer na Terra ou nos Céus, conforme Paulo também descreve no texto a seguir:

Colossenses 1: 19 Porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a


plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.
----

Considerando que o pecado e a lei da Ordem de Arão são meios para sujeitar a
criação à escravidão, uma vez que Cristo condenou o pecado e a lei na sua ineficácia e
fraqueza, ou removeu os obstáculos que impediam a reconciliação de tudo com Deus,
também todo o conceito do que era puro ou imundo segundo a lei de Moisés foi
condenado ou tornado obsoleto. E era esta uma das principais convicções à qual Pedro
precisava ter a sua consciência ajustada.
Pedro havia ouvido Cristo falar que o Evangelho era para todos. Entretanto, ele
ainda necessitou uma intervenção mais profunda do Senhor a seu favor para também
entender apropriadamente o que lhe fora dito anteriormente pelo Senhor Jesus.
Embora Pedro tenha sido exposto várias vezes à palavra do Senhor Jesus quanto à
questão do Evangelho ter sido revelado ao mundo como uma oferta de salvação e
novidade de vida a todos os seres humanos, Pedro somente veio a compreender o que o
Senhor lhe havia dito porque permaneceu em comunhão com Cristo mesmo depois do
Senhor Jesus já ter sido assunto ao céu para a partir dali exercer a sua função de Sumo
Sacerdote Eterno.
Portanto, notemos que as Escrituras nos ensinam que o poder de Cristo manifestado
também através do seu sangue derramado na cruz do Calvário para nos perdoar dos
nossos pecados e da associação à leis sacerdotais contrárias a Deus não é limitado ao
passado e ao aspecto do perdão, mas ele continua a atuar de forma viva naqueles que
têm comunhão com o Senhor para que os seus corações sejam perscrutados quanto à
purificação da consciência para que possam deixar os caminhos maus e para que
possam ver e seguir o caminho de vida eterna.

Salmos 139: 1 SENHOR, tu me sondas e me conheces.


2 Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras
os meus pensamentos.
3 Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar e conheces todos os meus
caminhos.
...
485

23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, prova-me e conhece


os meus pensamentos;
24 vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho
eterno.

1 João 1: 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para


nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

O que a ordem de Arão jamais poderá sondar, muito menos purificar, o


Senhor Jesus é poderoso para sondar e nos instruir de tal forma que
possamos receber o perdão que Ele nos oferece e ter a nossa consciência
purificada das convicções mais profundas que não procedem de Deus.
O benefício de poder alcançar uma mente renovada além do perdão dos
pecados é indescritível, e ele é vivo, real, poderoso e disponível para
aqueles que permitirem que o Senhor Jesus Cristo seja o Sumo Sacerdote
diário e eterno em seus corações e a seu favor diante de Deus.

Salmos 19: 14 As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração


sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor
meu!

E o exemplo de Paulo, mais conhecido anteriormente também pelo nome Saulo?


Quantas convicções e zelos sinceros, mas errados, este homem não tinha em sua
consciência?
Entretanto, através de uma contínua comunhão viva com o Senhor Jesus, Paulo foi
purificado daquelas convicções e zelos sinceros, mas que não tinha a verdade e a justiça
de Deus por fundamento.
Assim, ao descrever o batismo que o Pai Celestial nos oferece em Cristo, Pedro diz
que o batismo no Senhor Jesus não é a remoção da imundícia da carne, mas a
indagação de uma “boa consciência” para com Deus.
O batismo em Cristo, vivido diariamente na comunhão com Cristo, nos
faz mergulhar ou imergir no Senhor Jesus. E através deste processo, o
Senhor nos mostra que Ele é poderoso para purificar a nossa consciência,
mostrando-nos para o que fomos incluídos na sua morte e sepultamento,
assim como para aquilo que temos sido incluídos na sua ressurreição para
a novidade de vida proveniente de Deus.

1 Pedro 3: 18 Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados,
o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na
carne, mas vivificado no espírito,
19 no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão,
20 os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a
longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se
preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram
salvos, através da água,
21 a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a
remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa
486

consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus


Cristo;
22 o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe
subordinados anjos, e potestades, e poderes.

A figura da imersão na água é um exemplo didático, um símbolo ou uma figura do


que é ser batizado no batismo de comunhão com o Senhor em sua condição de nosso
Único Sumo Sacerdote Eterno e dos resultados que podemos esperar para a nossa alma
ou consciência advindos desta comunhão com este Sumo Sacerdote e Senhor Eterno.
Através da nossa associação a Cristo ou através do sermos batizados em
Cristo, temos Nele a nosso favor os benefícios proporcionados pela sua
morte na cruz do Calvário ou pelo sangue que por nós foi derramado em
sua morte.
Entretanto, os benefícios proporcionados pela morte do Senhor Jesus, por sua vez,
nos são oferecidos para que também possamos ter os benefícios da comunhão com o
Cristo ressurreto, eternamente vivo e presente diante do Pai Celestial e em nossos
corações, sendo um deles podermos ser purificados de convicções ou entendimentos
contrários a Deus para também podermos ter uma boa consciência para com o Pai das
Luzes.
Permanecer no batismo que nos é proporcionado por Deus em Cristo também é
expresso pela permanência no relacionamento com a atuação viva do Senhor Jesus
exaltado a favor daqueles que Nele foram inseridos e Nele permanecem.
Portanto, muitos princípios ou práticas da vida dissociada da vontade de Deus,
inclusive aquelas oriundas da velha aliança ou da Ordem de Arão, ainda permanecem
tão ativas inclusive nas vidas de muitos cristãos que já creram na salvação
proporcionada pela obra de Cristo na cruz do Calvário porque muitos cristãos não
conhecem, não foram ensinados ou não acessam a glória de Cristo como o Sumo
Sacerdote Eterno capaz ou poderoso tanto para lhes purificar a consciência como para
lhes conceder o necessário entendimento do que verdadeiramente é a vontade de Deus
para as suas vidas.
Não é por acaso que o diabo se empenha tanto em tentar manter obscura a Luz do
Evangelho da Glória de Cristo perante as pessoas, conforme já vimos no capítulo sobre
a Glória de Cristo também como a Luz do Evangelho de Deus.

2 Coríntios 4: 3 Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para


os que se perdem que está encoberto,
4 nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos,
para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de
Cristo, o qual é a imagem de Deus.
----

E ainda especificamente quanto a ter uma consciência ou convicção apropriada


diante de Deus ou ter uma consciência renovada em Cristo, gostaríamos de destacar
também que uma das principais estratégias que o diabo tenta usar para tentar
confundir as pessoas para não alcançarem uma boa consciência é a via da pregação de
partes do próprio Evangelho, mas sob o foco ou a bandeira de exaltar aos supostos
pregadores.
487

Por isto, Paulo declarava:

2 Coríntios 4: 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo


Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de
Jesus.

Em outras palavras, umas das estratégias mais aguerridas do diabo é tentar


promover pregadores que fazem uso de partes das Escrituras associadas ao Evangelho
para pregarem a si próprios e não a Cristo Jesus como Senhor, Único Mediador e Único
Sumo Sacerdote para a vida de um cristão.
Em vez dos pregadores apontarem para a grandeza exclusiva de Cristo e da
necessidade da ajuda do Senhor que eles próprios apresentam por causa das suas
muitas fraquezas, a estratégia contrária aos cristãos visa procurar enaltecer cada vez
mais os pregadores, tentando assim obscurecer a glória do Único Pastor e Bispo das
nossas almas, o Senhor Jesus Cristo.
Apesar de cada cristão já ter um Sumo Pastor da sua alma, no mundo há muitos que
também querem ser os pastores dos cristãos e que usam de suas pregações para
tentarem persuadir as pessoas a segui-los. São pregadores que em parte pregam o
Evangelho, mas que o fazem para atrair a confiança de indivíduos e até multidões para
seus próprios sistemas sacerdotais, os quais, de uma ou de outra forma, apresentarão
características da Ordem de Arão, pois são baseados em intentos carnais como era o
sacerdócio da velha aliança.
De uma ou de outra forma, os pregadores com as características acima tentam
resgatar a diferenciação de classes que havia na velha aliança com o intuito de se
elevarem sobre os outros em vez de indicarem que somente há um caminho que pode
purificar as profundezas da consciência de uma pessoa, e que é o relacionamento
pessoal de cada indivíduo com o seu Senhor e Sumo Sacerdote Eterno Jesus Cristo.
Contrariando o ensino de que Cristo está presente com cada cristão também como o
Sumo Sacerdote daqueles que Nele creem, muitos homens e mulheres tentam impor
suas palavras de aparência de piedade nas consciências dos seus semelhantes com o
objetivo de sutilmente ofuscar a comunhão pessoal, simples e direta deles com Cristo
para que estes passem a andar segundo os preceitos que eles ensinam e não segundo a
vontade do Senhor.

1 Coríntios 1: 12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de


Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós
ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?
...
3: 3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim
que sois carnais e andais segundo o homem?
4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e
isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
488

Atos 20: 29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão
lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.
30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas
pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.
31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia,
não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
32 Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça,
que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são
santificados.
----

O que, entretanto, o Senhor Jesus Cristo providenciou para cada indivíduo é:

Hebreus 10: 19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos
Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é,
pela sua carne,
21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé,
tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com
água pura.
23 Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois
quem fez a promessa é fiel.
----

Em relação ao último texto acima, alguém ainda pode vir a pensar: “Mas eu ainda
não posso chegar a Deus, pois ainda não tenho sincero coração e a consciência
purificada.”
Entretanto, é também precisamente em relação a este ponto que Cristo nos auxilia
como o Nosso Sumo Sacerdote Eterno assentado junto ao Pai Celestial.
Se alguém ainda pensa que precisa de alguma justiça própria para se
achegar ao Pai Celestial, ele deveria rever esta posição, pois ele sempre
pode se achegar a Jesus, que, como Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque, está prontamente disposto a auxiliar este indivíduo a ser
liberto daquilo poderia impedi-lo de vir a se reconciliar com Deus. E o
próprio Cristo pode ensinar esta pessoa sobre a convicção de que por causa
do sangue do Senhor derramado na cruz do Calvário ela pode se achegar a
Deus em fé na certeza de que também será aceita pelo Pai Celestial.
Os sacerdotes da Ordem de Arão entravam em tabernáculos terrenos em nome dos
outros para tentar representá-los perante Deus a fim de que os seus pecados pudessem
ser cobertos por um período de tempo, como que postergando a execução da sentença
de condenação daqueles que a ela estavam associados. Mas sob a velha aliança, jamais
alguém era definitivamente perdoado, e nem tinha a sua alma purificada das obras
mortas da própria Ordem Sacerdotal à qual estava sujeito, porque, neste sacerdócio,
ninguém conseguia ir além da confissão de pecados e avançar para uma contínua
comunhão com Deus.
Em Cristo, porém, além de termos Nele o perdão dos pecados e das
obras mortas da velha aliança ou similares a ela, podemos avançar, através
489

Dele, para as etapas de ser aperfeiçoado pelo Senhor inclusive na


consciência para com Deus e para a rejeição do que se opõe ao caminho da
novidade de vida no Senhor.
O Senhor Jesus representa perante Deus aqueles que se achegam a Ele. Mas no
tabernáculo celestial, no Santo dos Santos verdadeiro e eterno, Ele vai muito mais além
do que isto. Além de representar os que Nele creem como o seu Singular Sumo
Sacerdote, o Senhor Jesus os prepara para que cada um deles também possa se achegar
continuamente diante do Pai Celestial e ter a mente renovada para compreender a
vontade de Deus e não ficar em posição de resistência ao Senhor.
O ministério do Senhor Jesus é um sacerdócio de compaixão e
misericórdia, mas também de graça e amor que, diferentemente da Ordem
de Arão, não deixa a pessoa afastada da comunhão enquanto o Sumo
Sacerdote vai ao lugar mais santo.
Em seu ministério de Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque, Cristo prepara aquele que nele crê para poder viver
conjuntamente com Ele a cada dia diante do Pai Celestial.

Efésios 1: 3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo,
4 assim como nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para
sermos santos e irrepreensíveis perante ele em amor.

Efésios 1: 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande


amor com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente
com Cristo, (pela graça sois salvos),
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.
----

Desta forma, através da sua posição de Sumo Sacerdote segundo a Ordem de


Melquisedeque, e não da Ordem de Arão, o Senhor Jesus Cristo:
 1) Apresentou diante de Deus o sacrifício perfeito e único para a salvação de
todos os homens;
 2) Providencia que a salvação se torne a experiência pessoal de todo aquele que o
invoca como Senhor e crê que Deus o ressuscitou dentre os mortos;
 3) Através de atuação viva, contínua e crescente em relação àqueles que Nele
creem, Ele purifica a consciência de convicções ou entendimentos que são
contrários à vontade de Deus e que produzem obras mortas;
 4) Introduz o indivíduo salvo à presença do Pai Celestial para a comunhão com o
Criador e para que conheça a vontade do Pai para a sua vida;
490

 5) Continua a se compadecer daqueles que Nele creem, atuando continuamente


como intercessor e auxiliador daqueles que o recebem também na sua condição
de seu Exclusivo Sumo Sacerdote Eterno.

Conforme vimos no início do presente material, Deus designou ao Senhor Jesus


Cristo para falar conosco nos presentes dias, nos dias que sucedem à morte e a
ressurreição de Cristo, porque o Pai Celestial sabe que Ele também será completamente
fiel de trazer aqueles que Nele crerem à presença do próprio Pai.
O Pai designou ao Senhor Jesus como o mensageiro vivo e como o
exclusivo Mediador do relacionamento da cada indivíduo com Deus porque
Cristo em tudo é o fiel e vivo caminho para que as pessoas, mediante a
justiça do reino celestial e a não dos homens, retornem ao Criador e Pai
Celestial para uma íntima comunhão com Ele em sua condição de Pai
Eterno.

João 16: 23 Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em


verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la
concederá em meu nome.
24 Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis,
para que a vossa alegria seja completa.
25 Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em
que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei
claramente a respeito do Pai.
26 Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao
Pai por vós.
27 Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes
crido que eu vim da parte de Deus.

Quando alguém se achega ao Sumo Sacerdote e Senhor Jesus também


para que o Senhor lhe instrua para a purificação da consciência e lhe
conceda uma consciência alinhada com uma vida segundo a perspectiva da
vontade de Deus, o Senhor o está fortalecendo para passar a experimentar
o que é denominado nas Escrituras de “VIVER EM CRISTO”.
A revelação da glória de Cristo como Salvador também é acrescida de
Cristo em sua posição de Senhor e depois ainda como o Sumo Sacerdote
Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque. E se aceitarmos o fato de
Cristo ser o nosso representante diante do Pai Celestial e representante de
Deus em nossos corações, Ele estará continuamente em nós, e nós
estaremos continuamente Nele diante do Pai das Luzes.
Quando somos “Dele”?
Quando confiamos que Cristo nos representa plenamente diante do Pai
Celestial e quando aceitamos que o Senhor Jesus em tudo também pode
representar o Pai Eterno em nossos corações, passamos a nos posicionar
naquilo que as Escrituras chamam de sermos Dele ou estarmos Nele.
E se Cristo está em nós, e nós estamos em Cristo, também podemos estar
em Espírito onde Ele está, ou seja, diante do Pai Celestial.
491

Se alguém meramente declarar que ele está assentado nas regiões celestiais, isto não
faz com que este indivíduo de fato esteja nesta condição, pois é através da comunhão
com o Sumo Sacerdote Eterno da Ordem de Melquisedeque, que nos assiste diante do
Pai Celestial, que alguém está em Cristo.
Somente podemos estar nas regiões celestiais de Deus se estivermos em
Cristo, pois é em Cristo que temos a Ele como nossa justiça eterna para
podermos estar diante do Pai Celestial e para podermos estar devidamente
assistidos para também continuarmos a estar diante do Pai Celestial.

Colossenses 1: 26 O mistério que estivera oculto dos séculos e das


gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos;
27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória
deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória;
28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a
todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo
homem perfeito em Cristo.

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.

Efésios 2: 11 Portanto, lembrai-vos de que, outrora, vós, gentios na


carne, chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam
circuncisos, na carne, por mãos humanas,
12 naquele tempo, estáveis sem Cristo, separados da comunidade de
Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e
sem Deus no mundo.
13 Mas, agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes
aproximados pelo sangue de Cristo.
----

Como nosso Sumo Sacerdote Eterno, Cristo nos aproxima e apresenta


diante do Pai Celestial também como sacerdotes. Cristo jamais quer atuar
por nós para nos manter afastados do Pai das Luzes e de todo verdadeiro
amor, pois para nos reconciliar com Deus e também para nos assistir como
Sumo Sacerdote que vive para sempre é que Ele morreu em nosso lugar.
Quando passamos a ter a Cristo como a nossa luz, podemos conhecer
mais o Pai das Luzes, pois o Senhor é o perfeito Mediador da Nova Aliança
e também é o perfeito Sumo Sacerdote que nos assiste para chegarmos ao
Pai Celestial e para permanecermos perante o Pai Eterno todos os dias da
nossa vida.

Apocalipse 1: 4 João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja
convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos
sete Espíritos que estão diante do seu trono;
492

5 e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito


dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em
seu sangue nos lavou dos nossos pecados,
6 e nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder
para todo o sempre. Amém! (RC)

O chamado do Pai Celestial para as pessoas se relacionarem diariamente com Ele ou


praticarem continuamente o sacerdócio diante Dele é um chamado para uma condição
oferecida pelo Senhor a todos e que realmente pode ser vivenciada.
Entretanto, o chamado para estar continuamente diante de Deus também refere-se a
uma experiência pessoal que somente pode ser alcançada em conjunto com Cristo em
sua posição eterna de Sumo Sacerdote daqueles que Nele creem.
Depois que uma pessoa passa a permitir que Cristo a ensine a ver e se
relacionar com Ele como o Sumo Sacerdote Eterno e que lhe oferece um
jugo leve e suave, onde Cristo é o Sumo Sacerdote Eterno e o cristão é
sacerdote juntamente com Cristo, o Senhor Jesus a ensina a descansar
Nele e a ver, crer, receber e agir cada vez mais na vontade do Pai Celestial,
levando este cristão a desfrutar da presença do Pai Celestial, do querer do
Pai Celestial, bem como também a viver uma vida que glorifica ao Senhor.
Portanto, a nossa oração neste ponto é para que Deus conceda a graça também aos
cristãos dos nossos dias e as gerações futuras para que possam ter sempre os olhos
iluminados com a “Luz do Evangelho da Glória de Cristo e da Glória de Deus” para que
nunca se afastem do entendimento de que Cristo também é o Único Sumo Sacerdotes
Eterno que pode ajudar cada cristão a exercer a posição que cada um tem como
sacerdote da sua vida diante do Pai Celestial.

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.

Filipenses 3: 9 E também faço esta oração: que o vosso amor aumente


mais e mais em pleno conhecimento e toda a percepção,
10 para aprovardes as coisas excelentes e serdes sinceros e
inculpáveis para o Dia de Cristo,
11 cheios do fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a
glória e louvor de Deus.
493

C23. A Glória Cheia de Amor e de Misericórdia do Sumo


Sacerdote Jesus que nos Conduz às demais Facetas da
Glória de Deus

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

A denominada nova aliança é o único meio pelo qual uma pessoa pode vir a ter um
relacionamento adequado, satisfatório, contínuo e crescente estabelecido com Deus.
Por outro lado, a nova aliança é uma aliança ou um acordo entre partes tão especial
e sublime que ela necessita de um Mediador perfeitamente apropriado para que possa
ser devidamente colocada em prática ou estabelecida, e em relação à qual, Cristo é o
Único Mediador autorizado por Deus, pois Cristo também se tornou o Filho do Homem
prometido como descendente de Abraão que morreu na cruz do Calvário para a
redenção dos pecadores e para ser o representante legal de todos os seres humanos
perante Deus.
Como Mediador da nova aliança, Cristo conhece todos os aspectos da vida tanto das
pessoas que ainda não se reconciliaram com o Eterno Criador como das pessoas que já
se reconciliarem com Deus, pois Ele é o Único Mediador de Deus concernente a todos
os aspectos da vida de todos os seres humanos, conforme já vimos anteriormente.
Como Mediador da nova aliança, Cristo ouve o clamor dos aflitos que ainda não
conhecem a salvação oferecida por Deus, oferece o Evangelho desta salvação a todas as
pessoas do mundo, introduz na nova aliança aqueles que recebem a salvação oferecida
por Deus e continua a dar suporte e instrução a todo aquele que recebe a salvação e a
vida eterna concedida pelo Pai Celestial.
Por um lado, Cristo é o perfeito e único Mediador da nova aliança porque somente
Ele é a exata expressão da glória que manifesta aos seres humanos quem e como é
Deus. Por outro lado, Ele é o singular Mediador porque somente Ele é um
representante legal e perfeito dos seres humanos perante Deus e que tem uma plena ou
perfeita provisão feita através da sua morte na cruz do Calvário para demonstrar diante
de Deus que todos os seres humanos tiveram suas dívidas eternas com o pecado e com
a lei do primeiro sacerdócio, ou similares a ele, quitadas.
Cristo, por um lado, é o perfeito e único Mediador que permite que as pessoas na
Terra, mesmo em suas fraquezas, limitações e debilidades, conheçam a Deus na medida
que necessitam, mas também na medida que podem suportar enquanto ainda estão no
presente mundo. E, por outro lado, Cristo é o perfeito e único Mediador que permite
que as pessoas se apresentem a Deus devidamente justificadas e amparadas para que
Deus não as rejeite por suas falhas, pecados e obras que as colocariam em condição de
condenação eterna diante da justiça e do juízo de Deus.
Cristo é a perfeita revelação celestial de Deus ao mundo e o perfeito meio de conexão
de Deus com os seres humanos, mas Cristo também é o que pode apresentar cada ser
humano imperfeito de forma aceitável diante de Deus para que cada pessoa,
individualmente e por opção própria, possa voltar a se conectar (relacionar) com Deus
na medida que de fato lhe é necessária e não somente permanecer como se ela fosse
meramente mais um elemento existente na criação ou no mundo.
494

Entretanto, quando avançamos ainda mais para ver a Cristo como o Sumo Sacerdote
Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque, além de podermos ver a confirmação de
que Cristo é o Único Caminho vivo para nos achegarmos à comunhão com o Pai
Celestial, também podemos passar a aprender e experimentar de forma mais próxima
outros aspectos relacionados a este Senhor Jesus que nos proporciona a reconciliação e
a comunhão de Deus com os seres humanos e dos seres humanos com Deus.
Conhecer a Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de
Melquisedeque é ir além do conhecimento informativo e geral de que
Cristo é o Caminho para a Vida Eterna, passando para um conhecimento
mais prático ou tangível de quem é este Senhor que prontamente se dispõe
a nos guiar neste Caminho, a nos conceder a Verdade e a Novidade de Vida
Eterna, e a nos ensinar a viver e andar na Verdade e na Novidade de Vida a
nós concedida juntamente com o Evangelho.
Conhecer a Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de
Melquisedeque é avançar no conhecimento prático de como Cristo atua nas
suas funções de Caminho, Verdade e Vida, e ainda, como Ele se dispõe a
nos suportar e ensinar para que também nós possamos viver e andar
naquilo que nos é oferecido juntamente com a salvação eterna.
Dizer que Cristo é o Único Mediador da nova aliança, jamais da velha aliança, dizer
que Cristo é o Caminho sem o qual ninguém tem acesso a Deus ou dizer que Cristo é o
Único Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque são, de certa forma,
sinônimos, tendo, porém, como diferença, o fato de que quando conhecemos o Senhor
também como Mediador da nova aliança e Sumo Sacerdote segundo esta nova aliança,
também passamos a ter acesso a vários aspectos sobre como Cristo, de forma prática,
exerce a função de ser para nós o Caminho, a Verdade e a Vida.
Sem que uma pessoa venha a ser exposta à posição de Cristo como o Sumo Sacerdote
Eterno da Ordem de Melquisedeque, ela pode ter mais dificuldades de compreender o
acesso a um relacionamento apropriado com Deus, pois esta posição de Sumo
Sacerdote de Cristo é uma via tangível pela qual Cristo realiza a sua função de Caminho,
Verdade e Vida Eterna para conosco.
Ainda que muitas pessoas, ao longo dos séculos, tiveram acesso a Cristo e a um
intenso relacionamento com Deus mesmo sem um conhecimento mais específico a
respeito do fato de que o Senhor Jesus é o Sumo Sacerdote de suas vidas, elas somente
tiveram este relacionamento mais próximo a Deus por causa da posição de Cristo como
o Sumo Sacerdote de suas vidas.
Ressaltamos aqui, então, que Cristo é o Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque quer as pessoas o reconheçam como tal, quer não o reconheçam ou
quer nem tenham conhecimento desta verdade. Entretanto, se as pessoas passarem a
conhecer este aspecto mais precisamente ou amplamente, elas poderão crescer de
forma ainda mais intensa em seu relacionamento com Deus.
O fato das pessoas desconhecerem a verdade de que Cristo é o Sumo Sacerdote
Eterno das suas vidas não é um impedimento para a salvação. Se alguém clamar a
Cristo como o Senhor de sua vida, ele já recebe a salvação por este ato. Entretanto, se
aqueles que receberem a Cristo também vierem a conhecer a glória de Cristo como o
Sumo Sacerdote das suas vidas, estes poderão ser beneficiados ainda muito mais em
aspectos práticos da sua nova condição de relacionamento com Deus.
495

Pelo fato de nem saberem o que representa a posição de Cristo como Sumo
Sacerdote para a vida de uma pessoa ou por somente conhecerem de forma superficial
o que significa esta condição gloriosa de Cristo, muitas pessoas têm deixado de se
beneficiar de inúmeros aspectos que podem advir em favor delas a partir de um
relacionamento mais apropriado com o Senhor também nesta sua posição sacerdotal.
Portanto, a posição ou a função de Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno não é algo
a ser desprezado e nem temido, pois Cristo não foi estabelecido eternamente por Deus
nesta condição para a condenação dos seres humanos, mas Ele foi estabelecido nela
para, em misericórdia, amor e paz, ajudar as pessoas na sua reconciliação e
relacionamento com Deus.
Como Sumo Sacerdote Eterno, Cristo apresentou uma única provisão eterna diante
de Deus para que toda dívida eterna das pessoas com o pecado e com as leis de
sacerdócios condenatórios viesse a estar quitada.
Entretanto, Cristo apresentou a provisão eterna uma vez para sempre precisamente
também para que agora, e a cada novo dia, possamos nos beneficiar dos benefícios
desta obra já realizada pelo Senhor, sendo o maior deles, indubitavelmente, o
relacionamento com Deus, pois também é partir deste relacionamento que o Senhor
manifesta a nós mais amplamente a provisão dos demais aspectos da novidade de vida
que Nele se encontra.
Vejamos mais uma vez alguns textos já mencionados no presente estudo, mas com a
atenção mais enfaticamente direcionada à reconciliação com Deus e à grande condição
de ajuda e misericórdia que nos é ofertada na posição de Cristo como o Sumo Sacerdote
Eterno que nos foi concedido eternamente por Deus:

Romanos 5: 10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados


com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a
reconciliação.

2 Coríntios 5: 18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.
20(b) Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com
Deus.

Colossenses 1: 21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e


inimigos no entendimento pelas vossas obras malignas,
22 Agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a
sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis,
23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando
afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a
toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
496

Hebreus 2: 17 Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se


tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos
pecados do povo.
...
4: 15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
----

Quando passamos a ver mais de perto a condição de Cristo como o Sumo Sacerdote
da Ordem de Melquisedeque, colocado nesta posição a nosso favor, passamos até a nos
deparar com um desafio de ressaltar aquilo que é sobremaneira precioso e sublime
entre tantos outros aspectos que também são tão preciosos e sublimes.
Entretanto, se colocarmos em destaque o propósito pelo qual Cristo foi estabelecido
como Sumo Sacerdote, podemos ver que tudo o que Cristo já fez no passado sempre
almejou e ainda almeja que nos beneficiemos do maior bem que todas as suas ações
podem nos proporcionar, o qual é: O relacionamento com o Pai Celestial, com Cristo e
com o Espírito Santo mediante a graça eterna de Deus.
Nos estudos sobre O Evangelho da Salvação, O Evangelho da Justiça de Deus e O
Evangelho da Graça do Senhor abordamos várias vezes o aspectos de que a salvação nos
é oferecida em Cristo não somente para a nossa remissão de uma condição de perdidos,
mas para que, após remidos, venhamos a viver e andar sob a condição de pessoas salvas
e livres no Senhor.
Similarmente, abordamos o aspecto de que a justiça de Deus nos é oferecida como
meio de justificação e reconciliação com o Pai Celestial para também vivermos e
andarmos como pessoas livres de condenações eternas, assim como a graça redentora
nos é oferecida para também passarmos a viver e andar sob a graça eterna do Senhor.
Aqui, porém, gostaríamos de ressaltar que na condição de Cristo como Sumo
Sacerdote Eterno daqueles que Nele creem, Deus nos quer mostrar e ensinar sobre
Aquele que está prontamente disposto a nos ensinar e suportar para vivermos e
andarmos como justificados, salvos e mediante a graça eterna do Pai Celestial.
Como o Sumo Sacerdote Eterno do Deus Vivo segundo a Ordem de
Melquisedeque, Cristo foi estabelecido nesta condição por Deus como o
Novo e Vivo Caminho precisamente para que, após termos recebido a
salvação, possamos continuar a nos achegar livremente e continuamente
ao único e sublime trono da graça e de misericórdia, e para que a partir
deste trono, o Senhor possa continuar a designar sobre nós a sua
superabundante e infindável bondade em todos os dias das nossas vidas.
Cristo é o Caminho ou o Mediador revelado pela misericórdia de Deus para com
todos e para que todos possam escolher receber a salvação no Senhor, conforme já foi
explanado mais amplamente nos estudos acima mencionados.
497

Salmos 25: 8 Bom e reto é o SENHOR, por isso, aponta o caminho aos
pecadores.

1 Timóteo 2: 3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,


4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
pleno conhecimento da verdade.
5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.

Entretanto, quando as Escrituras nos ensinam que Cristo é o Novo e Vivo Caminho
para nos achegarmos a Deus, elas não estão se restringindo somente ao meio para um
indivíduo receber a salvação de Deus, mas também para que o indivíduo salvo possa
continuamente continuar se achegando a Deus ou até continuamente permanecer no
Senhor.
A posição de Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno que se dispõe a atuar
em favor daqueles que já creem Nele vem ressaltar que continuamos
precisando Dele como Caminho para avançar no conhecimento da Verdade
e da Novidade de Vida Eterna, assim como para sermos instruídos e
suportados para viver e andar em consonância com a Verdade e a nova
condição de vida que nos é oferecida no Senhor.
Ressaltamos aqui também que, por um lado, o livro de Hebreus certamente pode
servir de apoio à uma pessoa não cristã vir a receber informações para passar a decidir
a favor de Cristo e receber através Dele a salvação eterna. Mas por outro lado,
gostaríamos de destacar que o livro de Hebreus primordialmente é endereçado aos
cristãos para que eles venham a saber com quem podem contar no Céu e na Terra para
viverem e andarem na nova condição que receberam mediante à salvação que lhes foi
concedida pelo Senhor.
Em um dos seus aspectos centrais ou primordiais, o livro de Hebreus foi
nos concedido por Deus para que os cristãos se apercebam de quem eles
necessitam e com quem eles podem contar após terem sido salvos!
O livro de Hebreus é uma dádiva de Deus para aqueles que creem no Senhor para
saberem que é em Cristo Jesus que eles têm o Caminho para conhecerem a Verdade e
Novidade de Vida que lhes está disponível após a salvação, para que sejam instruídos e
fortalecidos na Verdade e na Novidade de Vida no Senhor, e para que venham a
alcançar os benefícios que acompanham o viver e andar no Caminho de Deus, na
Verdade e na Novidade de Vida que há no Senhor.
Apesar de que jamais poderemos expressar com palavras humanas de forma plena a
sublimidade e a grandeza da graça e da misericórdia a nós revelada na redenção que
nos é oferecida por Deus em Cristo Jesus, a posição de Cristo como Sumo Sacerdote
acrescenta ainda mais glória à esta graça e misericórdia, mostrando-nos Deus, que a
graça e a misericórdia continuam a nos serem oferecidas de maneira superabundante
para nos acompanhar em todos os dias a partir do momento em que recebemos a
salvação e a vida eterna no Senhor.
498

Conforme foi abordado no estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus, a justiça


celestial que justifica uma pessoa mediante a graça e a misericórdia do Senhor para a
salvação é a mesma justiça que continua a justificá-la segundo a graça e a misericórdia
de Deus depois de ter recebido a salvação no Senhor.

Romanos 5: 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira.

Assim como Cristo é o Mediador para as pessoas poderem vir a receber a


salvação para fazerem parte da nova aliança, assim Cristo é a expressão da
graça e misericórdia para as pessoas serem guiadas e auxiliadas por Deus
para viverem e andarem sob esta nova aliança e para continuarem a
receber abundante graça e misericórdia todos os dias de suas vidas.
Nas Escrituras, podemos ver claramente que o favor do Senhor não é limitado a
conduzir as pessoas a um encontro com a salvação eterna. A bondade do Senhor
igualmente lhes é oferecida para que também as acompanhe a partir do momento em
passam a estar sob a condição de remidas pelo Senhor, conforme exemplificado abaixo:

Tito 2: 11 Porquanto a graça de Deus se manifestou salvadora a todos


os homens,
12 ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências
mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente,
13 aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da
glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo,
14 o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda
iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas
obras. (RC)

Salmos 23: 6 Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os


dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o
sempre.
----

Através de Cristo, uma pessoa é chamada a receber a salvação para


poder ser parte da Casa Celestial do Senhor. Entretanto, através de Cristo,
uma pessoa também é chamada a desfrutar dos benefícios que há nesta
Casa Celestial do Pai Eterno.
Através da posição de Cristo como Sumo Sacerdote Eterno no
tabernáculo celestial, Deus tem reservado abundância de bênçãos àqueles
que, também mediante Cristo, receberam a salvação que o Senhor lhes
ofereceu mediante a sua graça e misericórdia.

Efésios 1: 3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões
celestiais em Cristo.
499

Efésios 2: 4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande


amor com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente
com Cristo, —pela graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

Se alguém ainda não sabe como receber a graça redentora de Deus, é porque ele
ainda não conhece a glória do Senhor e Salvador que pode conduzi-lo a receber,
mediante a fé, esta graça salvadora.
Entretanto, se alguém que já foi salvo ainda não conhece o Caminho para avançar
para a abundância da graça e misericórdia para todos os dias da sua vida, isto pode ser
devido ao fato de ainda não conhecer a glória de Cristo como seu Único e pessoal Sumo
Sacerdote Eterno segundo a Ordem Sacerdotal do amor, da paz e da graça celestial, e
não segundo as condições limitadas e carnais de sacerdócios similares à Ordem de
Arão.
Pelo fato de que Cristo, tanto na Terra e no Céu, concretizou a consagração
plenamente satisfatória do caminho de reconciliação entre Deus e os seres humanos e
entre as pessoas e Deus, o Pai Celestial também revelou o ressurreto Senhor Jesus
Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno através de quem o relacionamento com Deus
pode ser realizado por aqueles que receberam a salvação eterna concedida a eles
mediante a misericórdia e graça do Senhor.
Portanto, considerando que Cristo nos amou até o fim em seu tempo como Filho do
Homem na Terra para que o Caminho da reconciliação com Deus fosse perfeitamente
estabelecido, não manifestará Ele muito mais do seu amor para que também
conheçamos muito mais o amor do Pai Celestial após o caminho da reconciliação ter
sido revelado tão maravilhosamente tanto na Terra como no Céu?

João 13: 1 Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era
chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado
os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.

João 17: 25 (Oração do Senhor Jesus) Pai justo, o mundo não te conheceu;
eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me
enviaste.
26 Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de
que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.

Romanos 5: 17(b) ... os que recebem a abundância da graça e o dom da


justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
----
500

Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida porque através Dele e Nele, temos acesso ao
Único Deus de toda a Verdade e Vida. Entretanto, é também através da função de Sumo
Sacerdote Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, que Cristo nos fortalece em
Deus para que possamos sempre estar recebendo de forma viva e prática também em
nós a Verdade e a Vida de Deus.
Cristo nos é dado como a salvação eterna porque Ele é a provisão perfeita para a
nossa remissão do jugo eterno do pecado e porque ele é o Sumo Sacerdote que nos
introduz à reconciliação com Deus. Entretanto, juntamente com a salvação, Ele
também nos é dado como Sumo Sacerdote para nos instruir e guiar a viver
reconciliados com Deus e a continuar a acessar o trono da graça para, desta forma,
também ser em nós o Auxiliador e o Rei da Glória que em tudo pode nos guiar a sermos
mais que vencedores Nele.
Todo acesso a Deus e todo acesso de Deus a nós passa pela posição de
Cristo também como Sumo Sacerdote. Também é a partir da posição de
Cristo como o nosso Sumo Sacerdote, e da nossa reconciliação com Deus
através desta posição, que todas as demais facetas da graça e da glória de
Deus e de Cristo nos são manifestas e disponibilizadas, tais como ter a
Cristo também como o Sumo Pastor e o Rei da Glória sobre as nossas vidas.
Assim, juntamente com a salvação recebemos a Cristo no coração para que Ele nos
conduza a estarmos Nele, pois estando Nele, estamos diante de Deus nas regiões
celestiais para, a partir deste lugar altíssimo, Cristo ser a nossa fortaleza, o nosso Pastor
e o Rei da Glória sobre as nossas vidas. E isto, por sua vez, para também andarmos
segundo a vontade de Deus para podermos ver a glória de Deus nos instruindo em
todos os dias e afazeres das nossas vidas.
Se uma pessoa já souber que Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida ela já poderá se
beneficiar muito disto e se relacionar com Deus sob este entendimento. Entretanto,
quando alguém passa a conhecer mais de perto o amor, a graça e a misericórdia através
dos quais Cristo, como o Sumo Sacerdote Eterno, quer instruir esta pessoa e lhe
conceder a Verdade e a Vida, ela poderá vir a ser fortalecida ainda mais para avançar na
confiança no Senhor ou na vida mediante a fé em Deus nas mais diversas áreas da sua
vida.
O ser humano nem sequer sabe orar adequadamente a Deus. Portanto, como Sumo
Sacerdote Eterno e imutável, Cristo, através do Espírito Santo, se oferece a ajudar os
cristãos em tudo e em todo o tempo se tão somente eles permanecerem Nele.
E além de nos ajudar a orar a Deus, o próprio Cristo também intercede
por nós no Céu diante de Deus e estando em nós na Terra através do
Espírito do Senhor que nos foi outorgado ao nosso coração.
Em Cristo, temos representação constante diante de Deus tanto no Céu e
na Terra, mostrando que em tudo, o amor de Cristo está conosco para nos
proteger, fortalecer e auxiliar a viver e andar continuamente sob a
bondade e a graça eterna de Deus.

Romanos 8: 26 Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em


nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis.
501

27 E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito,


porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.
28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
29 Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o
primogênito entre muitos irmãos.
30 E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que
chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses
também glorificou.
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as
coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem
os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós.

Hebreus 7: 23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número,


porque são impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
----

Por fim, neste capítulo, entendemos que ainda outra razão pela qual Deus quer que
conheçamos a Glória de Cristo em sua posição de Sumo Sacerdote a nosso favor diante
do Pai Celestial, e que já atuou em nosso favor ao apresentar diante do Pai Celestial a
provisão perfeita de amor para a nossa redenção, é para que saibamos que o amor com
o qual fomos amados para podermos receber a salvação eterna não é uma fonte de
amor temporária ou que talvez se limitasse a nos salvar, mas é uma fonte que nos
permite sermos revestidos eternamente do amor do Pai Celestial.
Enquanto estava na condição de Filho do Homem no mundo para demonstrar o
amor de Deus por nós enquanto nós ainda éramos pecadores, a ponto de dar a sua vida
em sacrifício por nós, Cristo prometeu vida abundante e rios de água viva a fluir do
interior daqueles que Nele cressem.
Assim, como o Filho de Deus e agora também como Filho do Homem ressurreto
dentre os mortos e assentado à direita do Pai Celestial como o Sumo Sacerdote Eterno,
Cristo vive para continuar a estender a sua graça, misericórdia e amor para que aquilo
que foi prometido a muitos séculos atrás possa se cumprir através do amor celestial na
vida de todo aquele que crê no Senhor e naquilo que Cristo prometeu.

1 Coríntios 13: 8(a) O amor nunca falha (ou jamais acaba). RC+RA
502

Como o Sumo Sacerdote Eterno daqueles que Nele creem, Cristo é o


nosso Caminho para conhecermos as profundezas do amor de Deus, ao
próprio Deus, as virtudes de Deus ou as características da plenitude de
Deus tendo em vista também que Deus é amor.

Efésios 3: 17 E, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando


vós arraigados e alicerçados em amor,
18 a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a
largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.

Assim como a salvação oferecida a todos pelo Pai Celestial tem por
fundamento o seu amor revelado a nós em Cristo Jesus, assim também a
vida no amor do Pai Celestial nos é revelada por Deus em Cristo Jesus em
sua posição de Sumo Sacerdote Eterno que se dispõe a nos suportar,
auxiliar e instruir para que em tudo possamos estar firmados neste amor
inabalável e eterno do Senhor.

Romanos 8: 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que


vencedores, por meio daquele que nos amou.
38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem
os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do
porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.
----

O livro de Hebreus inicia declarando que nestes dias Deus nos fala através do Filho
do seu Amor porque este Filho é a expressa imagem da sua pessoa. Entretanto, este
mesmo livro de Hebreus não para nesta parte. Ele avança nos ensinando que uma das
principais maneiras que este Filho do Amor de Deus nos fala é através da sua posição,
condição ou função de Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque e
que sabe ajudar perfeitamente, em amor, a todos aqueles que a Ele se achegam para
também estarem junto ao amor eterno do Pai Celestial.
O livro de Hebreus inicia nos informando através de quem podemos nos comunicar
continuamente com Deus. Entretanto, ao descrever a Cristo como o nosso Sumo
Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque, e não da Ordem de Arão, ele
esclarece como podemos ter a nossa comunicação e comunhão com Deus estabelecida
apropriadamente ou como podemos vir a estar sob um sacerdócio que tem por
característica a graça, a misericórdia e o amor eterno do Pai Celestial.
Por isto:

Colossenses 2: 6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim


andai nele,
7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças.
503

8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos
do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.

Mateus 11:29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque
sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma.
504

C24. A Glória do Sacerdócio cuja Liberdade de Atuação e


de Aceitação de Pessoas Não É Limitada às Barreiras
Naturais: Em Cristo Não Há “nem” e “nem”

A. A Liberdade e a Aceitação de Pessoas que Acompanham as


Pessoas

Na medida em que começamos a avançar no tema do Sumo Sacerdote Eterno que


Deus nos oferece em Cristo e na medida que começamos a permitir que este mesmo
Sumo Sacerdote renove o nosso entendimento e nos conceda uma consciência renovada
segundo o reino celestial, e não segundo os reinos humanos, Cristo também começa a
revelar ou evidenciar os aspectos mais relevantes da vida em Deus daqueles que se
achegam a Ele e Nele permanecem.
Quando um cristão, em confiança, permite que o seu Sumo Sacerdote Eterno seja
mais presente em sua vida, Cristo começa a revelar as verdades do reino de Deus de
forma mais intensa, aprofundada e precisa, mas também começa a lançar luz nos
pensamentos mais íntimos que a pessoa agasalha em sua consciência, ainda que a
própria pessoa nem esteja consciente de alguns pensamentos que ela guarda em seu
coração, conforme já comentado em capítulos anteriores.
Quando uma pessoa, em confiança, passa a se relacionar de forma mais próxima
com o Sumo Sacerdote Eterno Cristo para conhecer mais de Deus e para saber mais a
respeito da glória Daquele que a chama para um contínuo relacionamento pessoal, o
próprio Sumo Sacerdote Eterno também ajuda este indivíduo a perscrutar o próprio
coração para que ele possa ser liberto também em sua mente para conhecer a Deus e a
sua vontade segundo o entendimento concedido pelo reino celestial.
Quando uma pessoa conhece a Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno que faz a
mediação de todos os aspectos na nova aliança e permanece na comunhão com Ele, ela
também pode descansar no Senhor sabendo que Cristo também a ajudará a ver o que
ainda não consegue ver ou a corrigir o que precisa ser corrigido a fim de que veja com
clareza o que o Senhor está mostrando a ela.
E entre os vários aspectos centrais que Cristo se oferece a mostrar sob a luz do reino
celestial àqueles que recebem ao Senhor no coração, encontram-se aqueles que
enaltecem a glória eterna de Deus, mas também aqueles que nos permitem passar a
conhecer mais amplamente como podemos ou deveríamos ver o ser humano ou a nós
mesmos em face do fato de Cristo já ter morrido em nosso lugar como a provisão para a
redenção e ter sido ressuscitado pelo Pai Celestial para nos conceder novidade de vida
espiritual.
Portanto, como Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque, Cristo
atua para que as pessoas conheçam mais amplamente a glória de Deus em sua
majestade, mas também para que possam ver mais apropriadamente a si próprias após
receberem a salvação e para que possam conhecer melhor como Deus vê os seres
humanos segundo a perspectiva espiritual do reino de Deus ou à luz da obra redentora
que Cristo já manifestou ao mundo.

2 Coríntios 5: 14 Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando nós


assim: que, se um morreu por todos, logo, todos morreram.
505

15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
16 Assim que, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a
carne; e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a
carne, contudo, agora, já o não conhecemos desse modo.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não compreende as coisas do


Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-
las, porque elas se discernem espiritualmente.
...
9 Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não
ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus
preparou para os que o amam.
10 Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito
penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. (RC)
----

Através do Espírito Santo, e em sua posição de Sumo Sacerdote segundo a Ordem de


Melquisedeque, Cristo revela a glória de Deus às pessoas, mas Ele também mostra
como são as pessoas na perspectiva de Deus para que elas possam deixar o que não
provém de Deus e para que possam ser transformadas pela renovação do entendimento
segundo a glória de Deus, e não segundo a glória do mundo ou da humanidade.
Lembrando que sacerdócio, em seu conceito geral, é expresso pelo relacionamento
de uma pessoa com Deus e que o Sacerdócio em Cristo segundo a Ordem de
Melquisedeque tem os referenciais deste relacionamento estabelecido segundo o reino
celestial e não a mentalidade natural humana, também torna-se muito relevante que
aqueles que se achegam à nova aliança passem a conhecer como eles são vistos sob a
perspectiva do reino celestial.
Um indivíduo, por exemplo, pode estar em uma condição de destaque aparente
diante do mundo, mas que é desprezível diante de Deus, enquanto outro pode ter uma
aparência insignificante diante das demais pessoas, mas que é excelsa e sublime diante
do Senhor.

1 Samuel 16: 7(b) Porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem


vê o exterior, porém o SENHOR, o coração.

1 Coríntios 1: 26 Porque vede, irmãos, a vossa vocação, que não são


muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem
muitos os nobres que são chamados.
27 Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir
as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para
confundir as fortes.
28 E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as
que não são para aniquilar as que são;
29 para que nenhuma carne se glorie perante ele. (RC)
506

Lucas 12: 15 Então, lhes recomendou: Tende cuidado e guardai-vos de


toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste
na abundância dos bens que ele possui.

Lucas 16: 15 E disse-lhes: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos
diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração, porque o que
entre os homens é elevado perante Deus é abominação.
----

Assim, conhecer o que está exposto acima pode vir a ser crucial porque, sob a nova
aliança com Cristo, uma pessoa pode ter uma condição no plano espiritual que seja
muito distinta do que a sua situação no plano natural.
O Sacerdócio segundo Cristo, vê as pessoas sob princípios de aceitação e de
liberdade muito mais amplos, favoráveis ou distintos do que o homem natural
considera como parâmetros de liberdade e de possibilidade das pessoas serem aceitas
perante Deus, conforme mencionado também nos textos a seguir:

João 8: 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres.

Colossenses 3:9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes
do velho homem com os seus feitos
e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
10
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou (Cristo);
11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em
todos.

Gálatas 3: 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo


Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.
----

Entendemos que olhar o aspecto da liberdade de uma pessoa em conjunto com o


aspecto da aceitação de um indivíduo é muito necessário no tema do sacerdócio ou de
relacionamento com Deus, pois em muitas circunstâncias no mundo, a liberdade ou a
falta de liberdade de um indivíduo também é vista, respectivamente, como um fator de
aceitação ou de rejeição desta pessoa.
Por isto, quando os textos de Colossenses e Gálatas apresentados acima mencionam
que em Cristo não há escravo ou liberto, ou escravo e livre, eles nos mostram
507

que no Sacerdócio segundo Cristo não é aceita a aplicação de barreiras quanto ao


relacionamento das pessoas com Deus similares às que as pessoas atribuem umas às
outras.
No mundo, há muitas situações em que as pessoas podem se encontrar
restritas ou até aprisionadas no plano natural, quer seja devido à
debilidades físicas, a um delito cometido ou até porque incorreram em
escravidão. Entretanto, ainda assim, elas podem ser pessoas amplamente
livres em Cristo e desfrutarem muito mais o acesso a Deus do que muitos
indivíduos que têm uma condição natural de ampla liberdade e que não
estão no Senhor.
No sacerdócio segundo a lei de Moisés, por exemplo, um aprisionado não tinha
como ter acesso ao templo e ao tabernáculo, sendo privado dos serviços sacerdotais ali
realizados. Mas, em Cristo, por outro lado, também como um exemplo, podemos ver
que foi em prisões ou cadeias que Paulo escreveu uma expressiva parte das maiores
revelações que os seres humanos anteriormente jamais haviam ouvido a respeito de
Deus e do seu Evangelho.
Paulo chegou a declarar que o fato dele ter vindo a ser aprisionado colaborou em
muito para que ficasse manifestada e demonstrada a liberdade da palavra de Deus ou
do Evangelho do Senhor no mundo mesmo diante de oposições e resistências.

2 Timóteo 1: 8 Não te envergonhes, portanto, do testemunho de nosso


Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário,
participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o
poder de Deus,
9 que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as
nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que
nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos,
10 e manifestada, agora, pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo
Jesus, o qual não só destruiu a morte, como trouxe à luz a vida e a
imortalidade, mediante o evangelho,
11 para o qual eu fui designado pregador, apóstolo e mestre
12 e, por isso, estou sofrendo estas coisas; todavia, não me
envergonho, porque sei em quem tenho crido e estou certo de que ele
é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.

2 Timóteo 2: 8 Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de


Davi, ressuscitou dos mortos, segundo o meu evangelho;
9 pelo que sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a
palavra de Deus não está presa. (RC)
----

Por outro lado, se Paulo estivesse na Ordem de Arão, a prisão poderia impedi-lo de
continuar a exercer o seu ministério. Em Cristo, porém, ainda que aprisionado em
termos físicos, a vida de Paulo continuava a cooperar para que a palavra do Senhor
ganhasse ainda mais força de expressão.
As prisões às quais Paulo foi submetido nunca foram impedimento para seu o
relacionamento com o seu Senhor e Sumo Sacerdote que estava com ele no seu coração,
508

mas que também estava diante do Pai Celestial intercedendo para que o Pai o
sustentasse também nas situações de extrema adversidade nas coisas do mundo
presente.
Anteriormente, quando ainda era mais conhecido como Saulo, o próprio Paulo
tentou se opor a Cristo como o singular Sumo Sacerdote de cada pessoa, pensando que
ações externas de resistência aos cristãos poderiam parar o Evangelho de Cristo e
aqueles que aderiam ao Senhor Jesus. Entretanto, por mais que Saulo tentasse fazê-lo,
mais o Evangelho se propagava.

Atos 8: 3 E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e,


arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão.
4 Mas os que andavam dispersos iam por toda parte anunciando a
palavra. (RC)

Embora as suas ações em oposição ao Evangelho fossem poderosas aos olhos


humanos, o entendimento de Saulo sobre o Evangelho era muito limitada e frágil, pois
o que ele conhecia sobre o assunto de sacerdócio ou do relacionamento com Deus era
somente segundo a Ordem de Arão, onde qualquer pessoa poderia com certa facilidade
ser impedida de entrar no tabernáculo ou no templo material.
Aquele Saulo que tentou frear o Evangelho através de ações externas, até de extrema
violência, depois veio a conhecer qual é o tipo de poder de Cristo que pode ser
manifestado livremente a um indivíduo quando o Senhor Jesus habita no seu coração e
quando uma pessoa também se mantém perante Deus para por Ele ser sustentado em
todos os momentos ou circunstâncias.
Olhando aqui, então, ainda para o aspecto da liberdade, destacamos que a liberdade
natural está sujeita a muitas variações, mas em relação à liberdade espiritual, as
pessoas na realidade restringem-se à duas divisões, a saber:
 1) Aqueles que são livres para se relacionar com Deus através de Cristo e, através
Dele, serem instruídas pelo Senhor no coração quer sejam ou não sejam privados
de liberdade natural;
 2) Aqueles que ainda não fazem uso do acesso a Deus que o Evangelho lhes
oferece, ficando, por isto, sujeitos a um viver meramente sob a ótica natural,
efêmero ou que não discerne as coisas espirituais provenientes de Deus, pois
estas, somente se discernem de forma adequada espiritualmente e através do
Espírito Santo que o Senhor concede àqueles que se tornaram filhos de Deus
através de Cristo Jesus.

Depois que Saulo pessoalmente conheceu a Cristo e permaneceu na Luz do Senhor,


ele descobriu que a Igreja de Cristo não é constituída de templos, de casas ou de
qualquer edificação material, mas de pessoas às quais Cristo pode se manifestar
livremente onde estas estiverem.
Quando Saulo conheceu a Cristo e o reconheceu como Senhor de sua
vida, ele aprendeu que “não poderia aprisionar o que não poderia ser
aprisionado” e que a Igreja de Cristo está onde as pessoas que são de Cristo
estão, pois Cristo está no coração daqueles que Nele creem.
509

Anos mais tarde, agora servindo ao Senhor Jesus e sofrendo restrições no plano
natural que outros estavam colocando sobre a sua vida, Paulo também experimentou
pessoalmente que ainda que um cristão sofra restrições externas, Cristo está com este
cristão, e portanto, que a Igreja do Senhor, o Corpo de Cristo ou a Noiva do Senhor está
onde um cristão está.
E se o Senhor Jesus está com um cristão mesmo em circunstâncias de restrições
externas, o coração deste cristão continua livre a despeito dos fatores externos, pois o
Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
Cristo é tudo “em todos”, e não nos templos, nos lugares retirados, nos montes,
nas tendas e nem nas casas. E este é um dos pontos centrais por causa dos quais a
liberdade e aceitação das pessoas na Ordem de Melquisedeque são incomparavelmente
distintas daquilo que a Ordem de Arão oferece em suas condições limitadas a tantos
aspectos materiais, terrenos ou naturais.
Voltamos aqui, portanto, novamente à uma questão apresentada no estudo sobre o
Evangelho do Reino de Deus. Ou seja, se o reino de Deus é revelado na Terra no
coração das pessoas que creem em Cristo e não nas coisas visíveis e aparentes, por que,
então, as pessoas buscam tanto fora e nos mais diversos locais externos o que pode
estar nelas mesmas pela presença de Cristo em seus corações e ainda que
temporariamente possam estar sob diversas restrições do mundo natural?

Mateus 1: 23(b) ... e Ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer
dizer: Deus conosco).
510

B. A Liberdade e a Aceitação de Pessoas que Operam segundo A


Misericórdia de Deus e Não segundo o Auto Julgamento das
Pessoas

Avançando aqui mais um pouco, mas ainda atendo-nos à acirrada ação de Saulo em
tentar aprisionar a liberdade de relacionamento das pessoas com Deus e a
transformação que ocorreu em sua própria vida ao receber a Cristo como Senhor no
coração, podemos notar outro aspecto que também pode ser determinante para
reconhecer a glória da liberdade de atuação e de aceitação de pessoas que há no
sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque.
Utilizando como exemplo a misericórdia e a bondade do Senhor para com ele, Paulo
procura ressaltar várias vezes em suas cartas o quão significativo é reconhecer que a
glória do Sacerdócio de Cristo quanto à aceitação das pessoas não é segundo o que as
pessoas pensam e definem a respeito nem o que a Ordem de Arão ou similares a ela
definem.
Embora as pessoas tenham a liberdade de se achegar a Cristo a qualquer
momento e nos mais diversos locais que se encontram, muitas vezes elas
não percebem esta liberdade por causa de pensamentos restritivos que
criaram em suas mentes ou que lhes foram repassados e nos quais
passaram a crer.
Apesar de termos comentado no presente material que cada pessoa tem um papel
crucial quanto ao aspecto de se achegar a Deus, entendemos ser necessário também
abordar este ponto sob o ângulo de que, em diversas situações, as pessoas talvez não se
acheguem a Deus não porque não gostariam de fazê-lo, mas porque têm em sua mente
alguns conceitos inapropriados a respeito de como um indivíduo pode se achegar a
Deus.
Se abordarmos o aspecto das pessoas se achegarem ou não se achegarem a Deus
também sob a ótica de que alguns não o fazem por causa de como pensam ou foram
instruídos sobre a possibilidade de um indivíduo se achegar ao Senhor, poderemos
observar que muitas pessoas não se achegam com liberdade a Cristo, em sua posição de
Sumo Sacerdote Eterno, porque (1) não se veem dignas para fazê-lo, (2) não
compreendem que em Cristo toda e qualquer barreira de divisão natural já foi abolida,
ou porque (3) não se atentaram ainda que em Cristo foram abolidas todas limitações
restritivas de acesso a Deus que haviam nas proposições da lei de Moisés.
Por isto, em sua condição de anteriormente ter sido ativo e intenso contra Cristo,
mas depois alcançado pela graça redentora de Deus, Paulo diz que ele se tornou um
modelo para que todas as pessoas saibam que, em Cristo, elas encontram misericórdia,
redenção e novidade vida por mais opostas a Cristo, descrentes, religiosas ou
fracassadas que tenham sido anteriormente no mundo ou sob os sacerdócios aos quais
estiveram associados.

1 Timóteo 1: 12 E dou graças ao que me tem confortado, a Cristo Jesus,


Senhor nosso, porque me teve por fiel, pondo-me no ministério,
13 a mim, que, dantes, fui blasfemo, e perseguidor, e opressor; mas
alcancei misericórdia, porque o fiz ignorantemente, na
incredulidade.
511

14 E a graça de nosso Senhor superabundou com a fé e o amor que há


em Jesus Cristo.
15 Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus
veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o
principal.
16 Mas, por isso, alcancei misericórdia, para que em mim, que sou o
principal, Jesus Cristo mostrasse toda a sua longanimidade, para
exemplo dos que haviam de crer nele para a vida eterna.
17 Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus seja
honra e glória para todo o sempre. Amém!

Aquele Saulo que veemente se opôs ao Sumo Sacerdote Celestial, o Eterno Cristo e o
Redentor de sua vida, mais tarde declara que se apesar de ter sido tão opositor ao
Senhor, ele pôde ser salvo e alcançar livre acesso ao Senhor quer em liberdade natural
ou quer em prisões dos homens, também todos os outros pecadores podem saber que a
mesma possibilidade de perdão e de acesso a Deus lhes está disponível em Cristo.
Diante da glória da liberdade que o Senhor oferece para as pessoas
poderem se achegar a Ele em Cristo Jesus, Paulo diz que nem o fato de ele
ter se visto como o principal pecador entre os homens poderia ser
considerado como um obstáculo ou impedimento para ser aceito pelo
Senhor e para poder se relacionar com o Sumo Sacerdote Cristo em todos
os lugares e momentos da sua vida.
Enquanto muitas outras pessoas talvez somente desprezaram a Cristo, Saulo foi
objetivamente e intensamente contra Cristo, e isto, inclusive depois que Cristo já havia
sido ressuscitado dentre os mortos. Entretanto, nem uma oposição direta contra Cristo
que Paulo havia praticado antes de reconhecer a Cristo como Senhor em sua vida lhe foi
imputada como impedimento para ser aceito diante do Senhor e para ter uma
comunhão pessoal e direta com Deus.
Portanto, aqui, mais uma vez, lembramos o seguinte texto:

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

Se o Senhor Jesus tivesse restrições a que pessoas cansadas ou


sobrecarregadas com o jugo do pecado, da lei e das preocupações do
mundo viessem a Ele, Ele não teria convidado precisamente a estas pessoas
para virem a Ele.
Se alguém não pudesse vir a Cristo para confessar o seu pecado, como ele faria para
vir ao próprio Cristo para ser perdoado e purificado pelo Senhor?
O próprio Senhor Jesus Cristo nos convida para irmos a Ele em confiança levando a
Ele todas as nossas cargas para sermos aliviados por Ele e instruídos no caminho da
verdade, mostrando assim que os conceitos ou pensamentos de que alguma pessoa
poderia estar impedida de vir a Cristo por algo que ela cometeu ou carrega no coração
não estão em linha com o tipo de sacerdócio para o qual o Senhor chama a todos.
512

Em Cristo, toda a obra de provisão para o perdão dos pecados de todos os seres
humanos já foi realizada, mas quando uma pessoa se apresenta a Cristo para receber a
provisão eterna do perdão já feita a seu favor, o Senhor purifica especificamente o
indivíduo que se apresenta a Ele.
Quanto ao pagamento da dívida para com o pecado e para com a lei da condenação,
Cristo o fez uma vez para sempre e em favor de todos. Entretanto, considerando que o
Evangelho refere-se à uma oferta a ser aceita por aqueles a quem é endereçada, a
purificação específica de um indivíduo ocorre diante do Cristo ressurreto e vivo, e
estabelecido como o Sumo Sacerdote Eterno, quando uma pessoa em fé se coloca diante
do Senhor para ser purificada por Ele.
Cristo é plenamente capaz de conceder perdão e libertação a qualquer pessoa que se
achega a Ele. Por isto, Ele também não restringe ninguém de se achegar a Ele.
Na Ordem de Arão, um só sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos um vez por
ano em favor dele mesmo e do povo para buscar a aceitação diante de Deus para cobrir
o pecado por mais um tempo ou a fim de postergar a devida condenação.
Entretanto, em Cristo, todos são convidados a se apresentarem pessoalmente e
diretamente para também serem perdoados e purificados individualmente, mesmo
aqueles que, semelhantemente a Saulo, perseguiram, torturaram e até participaram de
ações que sentenciaram cristãos à morte por causa da fé destes em Cristo Jesus.
Mesmo com as nossas fraquezas, cansaços e erros cometidos, o Senhor Jesus nos
recebe para nos tornar conscientes do perdão que Ele oferece igualmente a todos, para
nos purificar da injustiça e para que a comunhão com Ele esteja cada vez mais
firmemente estabelecida.
Deus quer a cada um de nós perto Dele. E se há algo que precisa ser confessado, Ele
é fiel para nos perdoar do pecado e purificar de toda a injustiça.

1João 1: 7 Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos
comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos
purifica de todo pecado.
8 Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos
enganamos, e a verdade não está em nós.
9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se,
todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o
Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.

Se somente pessoas sem pecado pudessem se achegar a Cristo, ninguém na Terra


poderia fazê-lo. Entretanto, como Cristo não é da Ordem de Arão, mas sim da Ordem
de Melquisedeque, Ele pode salvar totalmente aqueles que por Ele se chegam
a Deus.
O mundo, as pessoas no mundo e o diabo tentam criar todo tipo de barreiras e
empecilhos para alguém se achegar a Deus. Por outro lado, Deus já estabeleceu em
513

Cristo a plena provisão para que estas barreiras sejam vencidas. E quem nos mostra
como é esta provisão é o próprio Senhor Jesus, o nosso Sumo Sacerdote Eterno junto a
Deus.
Se alguém se sente indigno devido a qualquer característica natural ou porque
alguém levantou uma acusação contra ele de qualquer ordem baseada em regras
humanas ou ditas serem de Deus segundo alguma ordem similar à de Arão, ou ainda, se
alguém cometeu delitos dignos de morte diante dos tribunais humanos, ainda assim
não há restrições para ele acessar a salvação em Cristo e a mediação que o Senhor
oferece a ele para passar a se relacionar com o próprio Cristo e através Dele com o Pai
Eterno.
Em Deus, tanto os opositores do Senhor como os condenados pelos
homens, e de certa forma todos o são, podem ser vivificados se crerem na
oferta de reconciliação que Deus lhes oferece em Cristo Jesus e se
receberem a este Cristo também como o Senhor Eterno.

Lucas 23: 39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele,


dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao
menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os
nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu
reino.
43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo
no paraíso.

1 Pedro 4: 6 Pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a


mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens,
vivam no espírito segundo Deus.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.
...
9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
----

Por fim, neste tópico, ressaltamos que toda esta liberdade para todos poderem se
achegar a Cristo jamais deveria, obviamente, ser confundida com a permissividade de
uma pessoa continuar a se entregar ao pecado ou com alguma ideia de conivência de
Cristo com o pecado, conforme foi exposto mais amplamente no estudo sobre O
Evangelho da Justiça de Deus.
O Senhor chama a todos a receberem o perdão e a salvação eterna, mas Ele também
chama as pessoas que recebem a salvação a permanecerem Nele para que sejam
514

auxiliadas por Ele a não mais precisarem estar sujeitas ao pecado e às obras da lei de
sacerdócios humanos.
O fato de Cristo aceitar a todos sem diferenciação do estado das pessoas
antes de virem a Ele é para que todos possam também passar a estar em
Cristo para também poderem desfrutar de um novo viver e andar segundo
o querer e o realizar de Deus, e não para retornarem ao estado do qual
vieram.

1 João 2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
...
5 Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele,
verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto
sabemos que estamos nele:
6 aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim
como ele andou.

Efésios 5: 8 Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no


Senhor; andai como filhos da luz
9 (porque o fruto da luz consiste em toda bondade, e justiça, e
verdade),
10 provando sempre o que é agradável ao Senhor.
----

Assim, relembramos abaixo mais uma vez o tipo de sacerdócio que nos é oferecido
em Cristo e o convite que é feito a todos, mas que, ao mesmo tempo, é para ser usado
individualmente por cada pessoa que aceita o convite do Senhor feito a ela.

Hebreus 4: 15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
515

C. A Liberdade e a Aceitação de Pessoas que Não Têm por Base


as Características Naturais dos Indivíduos

Após termos visto que a liberdade e a aceitação de pessoas na Ordem de


Melquisedeque não estão sujeitas às limitações naturais de locais e dos julgamentos que
as pessoas fazem de si próprias porque a atuação da Ordem de Melquisedeque ocorre
primeiramente no coração daqueles que creem no Senhor e opera segundo a
misericórdia e perdão que Deus oferece às pessoas em Cristo Jesus, gostaríamos de
abordar neste tópico um terceiro ponto que ressalta que o chamado de Cristo para que
as pessoas se relacionem com Deus tem como parâmetro a liberdade segundo os
atributos que as pessoas vem a ter no reino celestial.
Desta forma, as tentativas de impedimentos ou diferenciação do relacionamento das
pessoas com o Senhor que procuram se basear em diversas características naturais dos
indivíduos não são aceitas ou não têm valia no Sacerdócio segundo Cristo.
Vejamos abaixo, então, novamente os textos de Colossenses e Gálatas mencionados
nos tópicos anteriores:

Colossenses 3: 9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes
do velho homem com os seus feitos
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou (Cristo);
11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em
todos.

Gálatas 3: 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo


Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.
----

Embora já vimos em capítulos anteriores o exemplo da atuação do Senhor na vida de


Pedro quanto a ele passar a estar consciente de que Cristo é a provisão de salvação não
somente para aqueles que eram do povo de Pedro, mas também para aqueles
considerados como gentios e alheios à velha aliança, entendemos que a abrangência
deste ponto fica ainda mais amplamente exposta nos textos acima apresentados.
Os textos em referência acima são muito abrangentes, pois além de apresentarem o
fato de que as divisões naturais relacionadas ao homem natural não são pertinentes à
vida de uma pessoa no que se refere à sua condição de estar em Cristo, estes textos
ainda descrevem algumas das razões pelas quais as divisões às quais o homem natural
está sujeito não se aplicam ao Sacerdócio segundo Cristo.
516

Ou seja, na condição que é denominada nas Escrituras pela expressão em Cristo,


que também abrange o aspecto da liberdade de relacionamento das pessoas com Deus
segundo a Ordem de Melquisedeque, as bases deste relacionamento são singulares
porque as condições que permitem uma pessoa estar na posição de se relacionar com
liberdade com o Senhor também são singulares ou muito distintas.
No último texto de Colossenses apresentados acima, é exposto que não é o homem
natural que é chamado para se relacionar com Deus com base em seu entendimento e
seus feitos, mas que em Cristo, é o novo homem que é chamado para estar no Senhor e
para permanecer na comunhão com o seu Criador.
Similarmente, no texto de Gálatas, o Senhor nos ensina que um fator determinante
no relacionamento de um indivíduo com Deus que é proporcionado àqueles que creem
no Senhor é fato de que todos os que passam a estar em Cristo são vistos igualmente
como filhos de Deus mediante a fé em Cristo, herdeiros da promessa, descendentes de
Abraão segundo a fé em Deus e aptos a se revestirem do novo homem ou de Cristo.
Portanto, a glória do Sacerdócio segundo Cristo não é somente distinta da glória da
Ordem de Arão ou de qualquer proposição do homem natural porque ela oferece um
Novo e Vivo Caminho para que as pessoas se acheguem a Deus, mas também porque as
pessoas que se achegam a Cristo para receberem a salvação também recebem,
juntamente com ela, uma nova condição de quem elas próprias são ou que passam a ser
diante de Deus.
Ainda em outras palavras, no Sacerdócio segundo Cristo, as pessoas são chamadas a
se relacionarem com Deus com base na condição de nova criatura que receberam
através do novo nascimento que é concedido àqueles que recebem a Cristo como o
Senhor no coração.
Na nova aliança, as pessoas não são chamadas a se relacionarem com Deus com base
no entendimento e nos feitos aos quais eram associadas antes deste novo nascimento, o
qual, por sua vez, está abordado mais amplamente no estudo A Nova Criatura em
Cristo.
Na condição de filhos de Deus, novo homem, nova criatura ou cristãos,
as pessoas são chamadas a verem a possibilidade do seu relacionamento
com o Sumo Sacerdote Eterno Cristo não mais segundo a carne, mas
segundo a condição espiritual que passaram a ter no Senhor a partir do
momento que se tornaram parte da nova aliança em Cristo e na qual não
há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita,
homem ou mulher, servo ou livre.
Assim, em sua condição natural, as pessoas nascem em nações específicas, são parte
de povos em particular, se movem para outros povos e países, nascem homem ou
mulher, são sujeitas a maior ou menor liberdade no plano natural, e assim por diante.
Entretanto, por causa do novo nascimento representar o que é chamado nas
Escrituras de nascido não da carne, mas do Espírito, nenhuma das divisões aplicáveis
ao homem natural é aplicável à nova criatura em Cristo. E, portanto, também não
constituem os parâmetros para o sacerdócio ou o relacionamento espiritual individual
de cada pessoa com o Senhor Jesus Cristo, com o Pai Celestial e com o Espírito do
Senhor.
Desta forma, o princípio de como as pessoas são vistas em sua condição em Cristo e
a razão pela qual são vistas desta maneira no relacionamento com o Senhor revela não
517

somente aspectos da glória de Cristo em sua posição de Sumo Sacerdote, mas também
aspectos centrais da glória da condição que as pessoas passam a ter quando do Senhor
recebem o novo nascimento ou a condição de nova criatura em Cristo.
Cristo é o convite para todos se reconciliarem com Deus, mas Cristo também é “o
ingresso” para sermos adotados como filhos de Deus e para não permanecermos na
condição de nascidos somente do homem natural.
Através de Cristo, somos regenerados para a condição de vivificados no
Espírito para sermos filhos espirituais de Deus, pois Deus não nos quer
somente de forma temporal, como é a condição no corpo natural. A
vontade de Deus é que todos sejam seus filhos espirituais em Cristo para
também se relacionarem com Ele em Espírito e em Verdade por toda a
eternidade.

João 1: 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.

João 3: 6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do


Espírito é espírito.
7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.

João 4: 23 Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros


adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são
estes que o Pai procura para seus adoradores.
24 Deus é espírito; e importa que os seus adoradores o adorem em
espírito e em verdade.

Em Adão, nascemos filhos segundo a natureza do homem. Em Cristo,


pelo novo nascimento que um cristão recebe quando recebe a Cristo em
seu coração, nós nascemos segundo a natureza eterna de Cristo, na qual
somos irmãos de Cristo, herdeiros do Deus Eterno e coerdeiros do Eterno
Cristo.
Carne e sangue não herdam o reino de Deus, portanto, se alguém era
desqualificado pelo mundo por algum aspecto natural, em Cristo, não há
as mesmas distinções que o mundo faz das pessoas.

Gálatas 4: 3 Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos


servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos
a adoção de filhos.
518

6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito


de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7 De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus.

A liberdade de acesso a Cristo e a liberdade para que qualquer pessoa


em Cristo possa se achegar a Deus sem restrições naturais e de recursos
são tão vastas e para todos em todos os povos que para muitos parece um
escândalo, e para outros, uma loucura, mas para os que creem nesta
verdade celestial e eterna, ela é poder para salvação e para a vida eterna.

1 Coríntios 1: 18 Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se


perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus.
...
22 Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam
sabedoria;
23 mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus,
loucura para os gentios;
24 mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos,
pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus.

O significado, o valor, o poder do sangue Cristo vertido na cruz do


Calvário é o mesmo em favor do homem ou da mulher; é o mesmo em
favor da criança e do idoso; é o mesmo em favor do judeu e do grego; foi
vertido igualmente pelo livre e pelo escravo, e pelo saudável fisicamente
falando ou pelo enfermo; e é o mesmo que foi derramado pelo
mentalmente são e pelo que apresenta debilidade mentais.
Em sua obra de provisão para a redenção de todos, Cristo amou
igualmente a todos, sofreu de forma igual por todos e morreu por todos da
mesma maneira.

Romanos 3: 21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus


testemunhada pela lei e pelos profetas;
22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre
todos os que creem; porque não há distinção,
23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,
24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus.
----

E assim como Jesus não dividiu “as gotas” do seu sangue por perfis de
pessoas ou em função das características naturais distintas que as pessoas
apresentam no mundo natural, assim Ele também não divide as pessoas
em função de seus atributos naturais no que se refere à quem pode se
achegar a Ele para um relacionamento pessoal com Ele, com o Pai Celestial
e com o Espírito Santo.
Tendo em mente que Cristo morreu em favor de todos sem fazer
distinção entre as pessoas de todos os locais e povos para que todos
519

possam escolher se reconciliar com o Senhor, podemos saber que Cristo


também não faz distinção das pessoas em critérios naturais no que se
refere ao relacionamento delas com Deus.
Se, por exemplo, uma pessoa considerada mentalmente debilitada perante os
homens entender que Jesus a recebe mesmo na sua loucura, ela entendeu mais do que
muitos que são considerados saudáveis mentalmente e que não entendem a “loucura do
amor de Deus em Cristo por todos”.
Deus seja louvado porque a salvação é dada a todos os que Nele creem,
assim como também é o chamado para a comunhão pessoal com Ele
através do Senhor Jesus Cristo.
Lembramos aqui ainda que na condição que é denominada em Cristo, Deus também
não tem netos, bisnetos, sobrinhos, e assim por diante, pois todos vós sois filhos de
Deus mediante a fé em Cristo Jesus.
Não sei se estaríamos dizendo isto de maneira totalmente correta, mas parece que
uma grande parcela dos cristãos dos nossos dias têm uma acentuada dificuldade em
compreender o princípio de que Deus não olha para as características naturais ou
exteriores das pessoas para se relacionar com elas porque eles confundem o acesso
individual e pessoal de comunhão com Cristo com o fluxo de execução de obras em
geral da vida ou para o Senhor, o que é um assunto bem distinto.
Embora Deus possa chamar as pessoas para realizarem funções ou obras distintas
em função de características naturais que possuem ou sob as quais se encontrem, o que
é um tema a ser visto mais adiante, no que tange à liberdade de relacionamento com o
Senhor, é a condição de nova criatura no Senhor que prevalece e não as variadas
condições naturais de um indivíduo ou às quais ele esteja sujeito.
Portanto, na questão de acesso ao Senhor Jesus para a comunhão com Ele, quanto
ao estar em Cristo e quanto ao estar diante de Deus, também não é levado em conta
qualquer distinção de hierarquia das pessoas, a não ser a fé individual e a busca pessoal
por Cristo como o Senhor e o Sumo Sacerdote Eterno daqueles que Nele creem.
Uma esposa, por exemplo, não precisa pedir permissão ao esposo para orar
pessoalmente ao Senhor Jesus; o esposo não precisa do consentimento da sua esposa
para ter comunhão com Cristo; um filho ou uma filha não precisa pedir permissão aos
pais para orar pessoalmente ao Sumo Sacerdote Eterno que está assentado à direita do
trono do Pai Celestial; um escravo não precisa pedir permissão àquele que o mantém
em sujeição para poder orar pessoalmente ao seu Eterno Senhor e Salvador; um
funcionário não depende do chefe para poder orar a Cristo; um aluno não precisa da
autorização do seu professor para se relacionar no coração com Cristo.
Uma mulher com um filho ou filha em necessidade, e que em um determinado
momento não tenha acesso ao marido, não precisa esperar pelo marido para pedir que
Deus a socorra e socorra a sua criança, pois tanto ela como a criança tem acesso a Deus
mediante a fé no Senhor Jesus Cristo, algo que se aplica também em caso do marido
incorrer em alguma necessidade similar.
Tendo em vista que o Reino de Deus (abordado no estudo sobre O Evangelho do
Reino de Deus) é concedido ao coração das pessoas que creem em Cristo, é inabalável, e
não vem ao mundo para estar fora de um indivíduo, uma pessoa pode orar ao Senhor e
ouvir ao Senhor através do Espírito Santo a partir do seu coração e não depende,
portanto, da autorização ou da mediação de outros para fazê-lo e nem depende de
520

alguma função natural que exerce ou de alguma função de outros à qual esteja
temporariamente sujeita.
Em sua soberana e perfeita sabedoria, Deus proporcionou um Caminho
livre a todas as pessoas nas suas mais variadas circunstâncias e funções
para se relacionarem com Ele, com o Seu Filho Unigênito e com o Espírito
Santo. E este Caminho é o mesmo para todas as pessoas em todos os
lugares do mundo, a saber: O Senhor Jesus Cristo habitando no coração
daquele que o recebeu como Senhor e Sumo Sacerdote Eterno.
O que estamos procurando dizer acima não significa, por exemplo, que um
funcionário cristão, a seu bel-prazer, vai passar a confrontar o seu chefe em algum
momento controverso para no meio do expediente parar as suas atividades para se
ajoelhar no chão e ficar orando só porque ele tem liberdade de acesso ao Senhor e
aceitação de Deus em todos os momentos da sua vida. Um cristão não precisa agir
assim porque não é necessário ele fazê-lo desta forma, pois ele pode orar ao Senhor a
partir do seu coração, na sua quietude e com humildade pedir a Deus em fé para que o
Senhor também o ajude em suas funções ou em relação à qualquer outra situação.

Romanos 14: 22 A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-
aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.

Quando um cristão permanece em Cristo, e o seu testemunho verbalizado for


necessário ou importante em um determinado momento, Cristo pode providenciar a
oportunidade para que este cristão venha a expressar o seu testemunho aos outros.
O cristão que santificou a Cristo no seu coração sempre deve estar pronto para
explicar a razão da sua esperança, mas também deve estar em comunhão com Cristo
para saber quando e como fazê-lo.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,


buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória.

1 Pedro 3: 13 Ora, quem é que vos há de maltratar, se fordes zelosos do


que é bom?
14 Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-
aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas
ameaças, nem fiqueis alarmados;
15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando
sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir
razão da esperança que há em vós,
16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência,
de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem
envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em
Cristo,
521

17 porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por


praticardes o que é bom do que praticando o mal.

Quando os cristãos, porém, não permanecem ocultos em Cristo e estão muito


atuantes em seus próprios pensamentos e ações na carne, eles passam a desconhecer a
vontade de Deus no que concerne à quando e como agir ou não agir.
Ainda quanto a oração a Deus, quando consultado pelos discípulos sobre como orar,
conforme já mencionado, o Senhor Jesus lhes instruiu, dizendo:

Mateus 6: 5 E, quando orardes, não sereis como os hipócritas; porque


gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para
serem vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam
a recompensa.
6 Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,
orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te
recompensará.

A palavra hipócrita deriva de hipocrisia, a qual, por sua vez, significa atuar como
ator numa plataforma, num palco.
Portanto, orar para ser visto pelos outros é fazer uma performance de palco que de
forma alguma é apreciada pelo Senhor.
Assim, além do aposento pessoal que alguns têm em suas casas, qual é o único
quarto individual e pessoal que uma pessoa pode fechar a porta, mesmo aqueles que
têm dificuldade de encontrar um quarto material para ficarem realmente a sós? Não
seria ele o coração de cada pessoa?
Notemos a intimidade à qual o Senhor Jesus faz referência ao falar sobre a oração, a
saber: E fechada a porta!
Muitas aspectos da vida de um indivíduo são pessoais e precisam primeiro ser
tratados diante do Senhor antes de virem a público.
Fechada a porta, ora ao Pai que está em secreto, e depois segue a instrução que o
Senhor conceder.
Quando em outra parte das Escrituras, o Senhor Jesus diz que está à porta e bate
para ter comunhão com aquele que abre a porta, não é de portas físicas dos lugares
onde as pessoas estão morando que o Senhor está falando, mas do coração de cada
indivíduo.

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.

Salmos 62: 8 Confiai nele, ó povo, em todo tempo; derramai perante ele
o vosso coração; Deus é o nosso refúgio.
522

Romanos 5: 5 Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é


derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi
outorgado.

Provérbios 4: 23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração,


porque dele procedem as fontes da vida.
----

Além disso, através das Escrituras, sabemos que o esconderijo que nos revela a
glória de Deus é Cristo, e que quando estamos ocultos em Cristo, estamos também em
Deus.
Logo, o lugar secreto de Deus mencionado por Cristo ao responder a indagação dos
discípulos a respeito de como orar é o Senhor Jesus Cristo, o Nosso Sumo Sacerdote
segundo a Ordem de Melquisedeque. E no qual, podemos estar mediante a fé e em
espírito como que assentados nas regiões celestiais perante o Pai Celestial.
É necessário observar o texto de Mateus 6 sobre a oração com atenção para que não
venhamos pensar que o Senhor Jesus estava se referindo a um lugar secreto nosso, pois
o que Cristo disse é que o Pai Celestial é que está em secreto.
Se formos considerar o contexto todo, nenhum indivíduo tem um lugar que de fato
possa ser completamente considerado como o seu secreto, pois perante Deus, ninguém
pode se ocultar por completo. Deus vê a todos, conhece a todos e sabe todas as coisas de
cada pessoa.

Hebreus 4: 13 E não há criatura que não seja manifesta na sua


presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas.

Salmos 139: 7 Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde


fugirei da tua face?
8 Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo
abismo, lá estás também;
9 se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares,
10 ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá.
11 Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz ao redor de
mim se fará noite,
12 até as próprias trevas não te serão escuras: as trevas e a luz são a
mesma coisa.

Através do seu próprio lugar secreto é que Deus ouve e responde as orações que
cada pessoa faz em seu mais íntimo aposento, o coração. Ou seja, é através do único
Mediador, que é Cristo, que o Pai Celestial nos convida a orarmos a Ele
independentemente das mais variadas características naturais que possamos vir a ter
ou às quais possamos estar sujeitos.
Quando alguém ora e expõe livremente e diretamente a Deus os seus pensamentos,
ideias e confissões de pecados, independentemente de sua condição natural, ele está
523

dizendo a Deus que quer que Ele participe na sua vida sobre aquele assunto. Deus de
antemão já sabe todos as aspectos da vida de um indivíduo, mas Ele se agrada de ser
convidado a participar ou agir na vida de uma pessoa conforme a concessão que esta
pessoa dá ao Senhor.
Se nós pudéssemos fazer um “lugar secreto”, materialmente falando, como que um
“quartinho de oração”, nós não estaríamos voltando à ordem de Arão, querendo
confinar Deus num templo feito por mãos humanas e confinar a Deus nos horários em
que nós pudéssemos ir a este “nosso lugar secreto”?
Não é este último pensamento um conceito de um “mini tabernáculo” de Moisés
personalizado ou dentro da casa das pessoas?
Não é que uma pessoa não possa ter um quarto de oração preferido, mas se ela o
tiver, sempre haverá o risco dela ser induzida a pensar que é ali que Deus a atende, ou
seja, no seu próprio “lugarzinho alto” ou “montezinho de oração”.
O Senhor Jesus já declarou que não é “neste ou naquele monte” que alguém deve
tentar “adorar”, “servir” ou fazer o serviço de sacerdote diante de Cristo e do Pai
Celestial.
E se esta pessoa que tem o “quarto especial de oração” estiver em seu local externo
de trabalho ou viajando, ela simplesmente deixaria de orar, ou Deus deixaria de ouvi-la
em todos os lugares em que ela se encontrar?
Assim, o acesso a Cristo como nosso Sumo Sacerdote é direto, sem intermediadores,
disponível em qualquer lugar e em qualquer hora. E por esta razão, ele é disponível
igualmente a todos independentemente de suas características naturais. Ele não
depende de onde uma pessoa esteja ou do que ela tem em termos de aspectos naturais.

Salmos 121: 1 Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?


2 O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra.
3 Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele
que te guarda.
4 É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel.
5 O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua sombra à tua
direita.
6 De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua.
7 O SENHOR te guardará de todo mal; guardará a tua alma.
8 O SENHOR guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e
para sempre.

O socorro que mais as pessoas necessitam não vem dos altos montes,
dos lugares elevados na Terra ou que as pessoas edificam, e nem dos “mini
montes ou templos caseiros.” O socorro que o ser humano mais necessita
vem de Deus, que pode concedê-lo em qualquer hora e em qualquer lugar a
quem Ele quiser concedê-lo.
Inclusive as crianças que aprenderam que o Senhor Jesus é o Sumo Sacerdote do
papai e da mamãe, mas também pessoalmente delas, podem, por exemplo, na sua
escola, orarem ao Senhor em seu coração e contarem com Cristo para orientá-las
inclusive quando seus pais naturais não estão próximos a elas.
524

Mateus 19: 14 Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os


embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.

Provérbios 22: 6 Ensina a criança no caminho em que deve andar, e,


ainda quando for velho, não se desviará dele.

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

Ensinar a criança no caminho em que deve andar, é ensinar a criança que Cristo é o
Caminho, o Mediador e o Sumo Sacerdote Exclusivo do relacionamento mais
importante da vida desta criança. É ensinar que a própria criança já pode se relacionar
com o Pai Celestial através de Cristo. É ensinar a criança que qualquer pessoa no
mundo inteiro pode se achegar direto a Deus se ela também se achegar a Deus através
de Cristo, a quem Deus designou com Mediador da nova aliança.
Os sacerdotes segundo a Ordem de Arão quiseram repreender as crianças quando
estas clamaram a Cristo dizendo, “Hosana, Bendito o que vem em Nome do Senhor”,
porque as crianças os aborreciam por serem mais um grupo de pessoas que eles teriam
que atender nos seus serviços sacerdotais e tendo em vista que já nem conseguiam
atender às demais pessoas do povo.
Cristo, porém, nunca fica aborrecido em atender uma criança, um adulto ou um
idoso. O reino de Deus é também das crianças, e, por isto, elas têm acesso a Deus
sempre disponível através de Cristo.
Portanto, o fato do Senhor Jesus dizer que o Pai vê em secreto e que a oração, em
primeiro lugar, é algo íntimo ou pessoal que qualquer cristão pode fazer a Deus é mais
uma maneira de declarar que no aspecto da oração perante o Senhor e na comunhão
com Ele não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro,
cita, homem ou mulher, servo ou livre, pois todos os cristãos são filhos de
Deus mediante a fé em Cristo Jesus.
Ao pensarem que a oração deve ser primordialmente perante os seus semelhantes,
muitas pessoas incorrem em vários reveses porque tornam públicas as coisas antes de
terem abordado elas particularmente ou em secreto diante de Deus.
Há várias coisas, por exemplo, que uma pessoa pode vir a pensar que são boas, mas
que não são apropriadas aos olhos de Deus e a respeito das quais o Senhor pode lhe
alertar quando ela ora a Ele e espera Dele a resposta. Se uma pessoa aguarda em Deus
antes de expor precipitadamente algo aos outros, esta pessoa pode evitar passar pelo
transtorno de ter espalhado uma informação inadequada ou em tempo impróprio.
Se um cristão considerar que Cristo é o seu Senhor, Salvador, Sumo
Sacerdote e Pastor Eterno, o Senhor Jesus sempre deveria ser o 1º a quem
ele deveria confidenciar tudo, pois, repetindo este ponto, o Único Senhor e
Sumo Sacerdote Eterno aceito por Deus e capaz de ser o Mediador da nova
aliança e do que é concedido nesta aliança aos cristãos é, e sempre será, o
próprio Cristo no coração daqueles que Nele creem.
525

Nem mesmo o marido pode suprir a necessidade que a sua esposa tem de se
relacionar pessoalmente com Deus, nem a esposa do esposo, nem os pais dos filhos e
nem os filhos dos pais, nem os irmãos naturais dos seus outros irmãos, nem irmãos de
fé dos seus outros irmãos de fé. Nem o mundo e nem os anjos de Deus podem suprir o
que o Pai Celestial atribuiu a Cristo para ser provido por Ele. Só Cristo pode vir em
resposta à necessidade que cada pessoa tem individualmente de Deus.
É em Cristo que toda criação encontra a reconciliação com Deus, conforme o texto
que foi exibido no capítulo anterior.
Cristo, o Filho Unigênito de Deus, que veio ao mundo em carne para prover o que
nos era necessário para a nossa reconciliação com Deus, é o único que deu a sua vida
igualmente por todos para que esta reconciliação pudesse tomar lugar. E também por
esta razão, o Pai Celestial estabeleceu somente a Cristo como o único Sumo Sacerdote e
Bom Pastor que conhece a cada um daqueles que vem a crer Nele.

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas.


João 10: 11
12 O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas,
vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e
dispersa.
13 O mercenário foge, porque é mercenário e não tem cuidado com as
ovelhas.
14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me
conhecem a mim,
15 assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a
minha vida pelas ovelhas.
16 Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e
um pastor.
17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a
reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este
mandato recebi de meu Pai.

Vejamos mais uma vez as palavras do Eterno Cristo: Eu sou o bom pastor;
conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o Pai
me conhece a mim, e eu conheço o Pai.
Quem mais na Terra, então, pode conhecer cada uma das pessoa assim como Cristo
as conhece para ser o Sumo Sacerdote de cada indivíduo diante de Deus?
E quem mais pode conhecer ao Pai Celestial como Cristo conhece para ser um
perfeito Sumo Sacerdote e Mediador da nova aliança no coração ou diante de cada
pessoa?

João 1: 15 João testemunha a respeito dele e exclama: Este é o de quem


eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia,
porquanto já existia antes de mim.
16 Porque todos nós temos recebido da sua plenitude e graça sobre
graça.
17 Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a
verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
526

18 Ninguém jamais viu a Deus; o Deus unigênito, que está no seio do


Pai, é quem o revelou.

Ressaltamos aqui, então, mais uma vez, que algo que é extremamente crucial para
todo cristão compreender é que em Cristo, absolutamente todos, sem exceção, têm o
mesmo caminho aberto para Deus, a provisão de salvação para poderem vir a ser filhos
de Deus e a condição de acesso direto a Cristo como seu Sumo Sacerdote Celestial e ao
Eterno Pai Celestial.
Assim, como outro exemplo, também um adolescente cristão não precisa esperar seu
pai ou sua mãe conhecerem a Cristo para que ele possa orar ao Senhor Jesus
diretamente. Pelo contrário, ele pessoalmente pode inclusive orar livremente a Deus a
favor de seus pais, pedindo que o Senhor conceda a bondade e a graça aos seus pais
naturais para que estes também venham conhecer a oferta de salvação em Cristo e de
relacionamento direto com Ele.
Por outro lado, isso não quer dizer que o adolescente exemplificado, que já ora a
Deus pessoalmente, poderá fazer o que ele quiser na casa dos seus pais naturais. Como
ele está na casa dos pais, existe uma ordem de funcionamento da casa, existe uma
necessidade de respeito e obediência aos pais em vários pontos, mas isto é outro
assunto que será visto em capítulos mais adiantes.
O que está sendo abordado no presente capítulo é referente ao acesso pessoal a
Deus, em relação ao qual todas as pessoas, sem distinção quanto às suas características
naturais, podem chegar a Deus sem qualquer necessidade de algum mediador que não
seja o Filho de Deus e também o Filho do Homem perfeito em tudo, a saber: o Senhor
Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque.
Ainda em relação à outra circunstância, as Escrituras advertem àqueles que estão em
qualquer posição de “senhores” para não maltratarem aqueles que lhes servem, pois as
mesmas Escrituras também ensinam que o Senhor ouve as pessoas independentemente
da sua condição social ou de hierarquia, inclusive para que os servos apresentem as
suas queixas em relação aos seus senhores e para pedirem que Deus intervenha a favor
deles em seu estado de servos ou relação à alguma postura má que os seus senhores
venham a adotar.

Efésios 6: 9 E vós, senhores, de igual modo procedei para com eles,


deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso,
está nos céus e que para com ele não há acepção de pessoas.

Tiago 5: 4 Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram os vossos


campos e que por vós foi retido com fraude está clamando; e os
clamores dos ceifeiros penetraram até aos ouvidos do Senhor dos
Exércitos.

Uma vez que a confiança dos servos mencionados nos textos acima está em Deus e
não em suas condições sociais ou habilidades, eles com esperança podem buscar ao
Senhor como livres em Cristo para pedirem que Deus intervenha a favor deles ou lhes
dê uma orientação de como devem proceder. E o Senhor é plenamente capaz de ouvi-
527

los e guiá-los para que não precisem agir na carne ou mediante os seus próprios
entendimentos e forças.
Ainda em outra situação, algo interessante a ser observado em pessoas que “se
sujeitam a outras na questão da busca a Deus”, ou que alegam que “precisam de líderes
ou pastores para guiá-los no relacionamento com o Senhor”, é que quando elas estão
em “perigo eminente”, elas mesmas clamam a Deus direto.
Ou seja, as mesmas pessoas que buscam outros mediadores, como se realmente
necessitassem deles, muitas vezes também são aquelas que procuram se dirigir
diretamente a Deus quando os mediadores que escolheram falham, algo que é narrado
na Bíblia como um proceder que certamente precisa ser revisto e reconsiderado,
conforme exemplificado a seguir:

Jeremias 2: 25 Guarda-te de que os teus pés andem desnudos e a tua


garganta tenha sede. Mas tu dizes: Não, é inútil; porque amo os
estranhos e após eles irei.
26 Como se envergonha o ladrão quando o apanham, assim se
envergonham os da casa de Israel; eles, os seus reis, os seus
príncipes, os seus sacerdotes e os seus profetas,
27 que dizem a um pedaço de madeira: Tu és meu pai; e à pedra: Tu
me geraste. Pois me viraram as costas e não o rosto; mas, em vindo a
angústia, dizem: Levanta-te e livra-nos.
28 Onde, pois, estão os teus deuses, que para ti mesmo fizeste? Eles
que se levantem se te podem livrar no tempo da tua angústia; porque
os teus deuses, ó Judá, são tantos como as tuas cidades.
29 Por que contendeis comigo? Todos vós transgredistes contra mim,
diz o SENHOR.

Ora, se quando o assunto é urgente, as pessoas pensam que podem acessar a Deus
direto, por que, então, quando o caso não é urgente, elas pensam que precisam de
outros que orem por elas como que servindo de mediadores na relação delas com o
Senhor?
Um dos grandes males gerados pela dependência contínua ou repetitiva de outros na
tentativa de relacionamento pessoal com Deus, é que na proporção em que uma pessoa
fica dependente de outra, ela desenvolve uma “atrofia no relacionamento pessoal com
Deus”. Quando o suposto amparo externo não está presente, ela sente-se vulnerável,
desamparada e, muitas vezes, desesperada e angustiada em sua alma. E ainda que
clame a Deus diretamente, ela fica confusa se Deus a ouve ou não.
Um dos grandes males gerados pela ideia de dependência de outros e de
suas supostas funções para a busca do relacionamento pessoal com Deus é
o desencadear de “pensamentos e sentimentos distorcidos” de que Deus
ouve alguns que são “mais especiais que outros” e não ouve as pessoas
“comuns”.
Conforme também já comentamos anteriormente, os cristãos podem orar uns pelos
outros e são chamados a fazê-lo inclusive quando estão em oração pessoal diante de
Deus. Entretanto, isto não os faz substitutos do relacionamento pessoal de cada pessoa
com o Senhor, assim como um irmão que ajuda a outro irmão não se torna, por causa
disto, o pai do seu irmão.
528

Efésios 6: 17 Tomai também o capacete da salvação e a espada do


Espírito, que é a palavra de Deus;
18 com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e
para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os
santos
19 e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha
boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do
evangelho,
20 pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja
ousado para falar, como me cumpre fazê-lo.

Quando Paulo exorta aos cristãos a orarem uns pelos outros, ele exorta a “todos”
para orarem por “todos” e não somente “alguns por todos”, como é costume em
sacerdócios com características similares à Ordem de Arão.
E Paulo também conclama a “todos” orarem em “todo o tempo no Espírito”,
mostrando que a oração dos cristãos pelos outros cristãos é muito mais uma condição
de oração pessoal diante de Deus do que uma reunião conjunta de oração, pois “todos
não podem estar juntos com todos em todo o tempo”.
Voltando ao exemplo do profeta Jeremias citado um pouco mais acima, podemos ver
que as pessoas que se intitulavam como o povo do Único Deus Criador, mas que
estavam debaixo da Ordem de Arão, acabavam incorrendo cada vez mais na confiança
em aspectos da criação e não em Deus, como a confiança em “pedaços de madeira” e
“pedras”, ao ponto de que em cada uma das suas cidades, ou em cada concentração e
ajuntamento de habitantes, tinham no mínimo um “deus” de “pedra ou de pau”.
Ora, para quem conhece mais amplamente as Escrituras, sabe que “árvore ou um
pedaço de madeira” são também simbologias para os seres humanos. As pessoas são
comparadas às árvores plantadas junto ao ribeiro, ou às árvores em quem pode estar
posto o machado junto à raiz, etc. Similarmente, “uma pedra” também é simbologia
para pessoas. O Senhor Jesus disse a Simão que ele seria chamado de Pedro, que quer
dizer uma pequena pedra. E Pedro, mais tarde, diz que os cristãos são pedras vivas
edificadas em Cristo.
Assim, quando o profeta Jeremias alerta ao povo sobre o desvio que adotaram em
relação à confiança pessoal, direta e exclusiva em Deus, passando a depositarem esta
confiança em um sacerdócio com mediadores humanos, isto pode estar simbolizando “a
confiança de pessoas em pessoas” como sendo elas os seus “deuses, ídolos ou guias”.
E quando a confiança que um indivíduo deveria depositar em Deus é canalizada para
“pessoas vivas”, a questão da idolatria, muitas vezes, é até bem mais desafiadora de ser
detectada ou diagnosticada com precisão do que quando as pessoas têm deuses
inanimados ou sem vida.
Além disso, essa dependência de pessoas em pessoas para as tentativas de
relacionamento com o Senhor pode ser em várias esferas. Pode ser a dependência que
pessoas têm de um sacerdote da comunidade, a confiança desproporcional das pessoas
no líder do estudo bíblico caseiro, a dependência excessiva de um líder social, a
dependência de um líder governamental e pode ser também dentro de um lar.
529

O marido, por exemplo, pode pensar que sua esposa é “mais espiritual” que ele e,
assim, pensar que ele pode deixar que a sua esposa o represente perante Deus. Por
outro lado, a esposa pode pensar isto do seu marido.
Entretanto, quanto ao estar em Cristo, não há nem homem e nem mulher ou nem
macho e nem fêmea. O Senhor recebe a ambos de igual modo.
Há coisas pessoais no coração da mulher que o marido jamais poderá suprir e vice-
versa. Há aspectos pessoais que somente serão supridas quando cada pessoa se
relaciona diretamente com Deus, e vice-versa.
Cristo é o Sumo Sacerdote pessoalmente do marido tanto quanto é também
pessoalmente da mulher, e em Cristo todos são um.
Quando uma mulher ora a Deus a sua oração não é inferior à do marido e vice-versa,
nem a dos filhos é inferior à dos pais e vice-versa.
E tanto é assim, como mencionado nos últimos parágrafos, que o Senhor Jesus nos
ensina que quando Ele vier para tomar para si eternamente os que Nele creem, poderá
ocorrer de ser levado um cônjuge para estar com Cristo e o outro não. Pode ser levado o
marido e não a esposa ou pode ser levada a esposa e não o marido. Pode ser levado um
dos pais e não o filho. Ou ainda, pode ser levado um filho e não um dos pais, mostrando
que “cada um” é individualmente responsável por sua vida diante do Senhor.

Romanos 14: 12 Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a


Deus.

Para as pessoas casadas, por exemplo, aprender a conviver com Cristo e ouvir ao
Senhor como Sumo Sacerdote Eterno é algo que cada um dos dois cônjuges precisa se
dispor a fazer pessoalmente. Inclusive, seria muito proveitoso para o marido, para a
esposa e para o matrimônio se ambos, homem e mulher, já estivessem praticando o
relacionamento pessoal com o Senhor quando se uniram em casamento.
As Escrituras nos ensinam que quando um homem e uma mulher se casam, eles se
tornam uma só carne. Entretanto, eles continuam sendo duas almas completamente
distintas. Em Cristo, cada um dos cônjuges tem um espírito a ser fortalecido no Senhor.
E na realidade, os dois, espiritualmente, só são um se ambos estiverem vivendo cada
um pessoalmente ou individualmente em Cristo.
Assim, qualquer pessoa que recebe a Cristo como o Senhor no coração também pode
se dirigir a Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno da sua vida, independentemente do
seu contexto natural e inclusive se ninguém mais ao seu redor quiser fazê-lo.
Para Deus também não importa se aquele que se achega a Ele é advindo daquilo que
as pessoas consideram como de descendência nobre ou especial, se ele é requintado ou
se é grosseiro, se é judeu, grego, bárbaro ou cita, lembrando que os citas, nos tempos
antigos, eram considerado, entre os bárbaros, um dos povos mais bárbaros, rudes ou
embrutecidos.
O provisão de Deus para o perdão do pecado de todos as pessoas não elegeu perfis
distintos segundo o homem natural. E por isto, este fator também nunca foi
estabelecido como uma parâmetros desqualificador das pessoas quanto à serem aceitas
pelo Senhor Jesus Cristo para serem perdoadas, purificadas e amadas por Deus na nova
aliança.
530

Para Deus não importa se uma pessoa tem uma formação com modos finos ou rudes,
se a pessoa é sofisticada ou tem uma formação mais rudimentar, pois Deus não enviou
seu Filho ao mundo somente para alguns e de acordo com o perfil que as pessoas
acham que as qualifica melhor do que outras.
Deus enviou seu Filho Unigênito “igualmente para todos”, porque todos ficaram
sujeitos ao pecado e suas condenações, ainda que alguns pensem não terem incorrido
em necessidade igual de salvação por terem adotado algumas condutas naturais
diferentes ou por terem uma condição natural ou social distinta diante dos seus
semelhantes.

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,


24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus.
...
10: 12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o
mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
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A Ordem de Arão apregoa que os fortes é que alcançam o favor de Deus; que são os
que se empenham em cumprir os mandamentos no seu próprio esforço é que têm
direito às bênçãos de Deus; que são aqueles que fazem muitas obras visíveis ao mundo
para mostrarem como servem a Deus que o Senhor atende; ou que aqueles que podem
ser favorecidos pelo Senhor são aqueles que dão grandes ofertas, ainda que tenham
obtido os seus recursos com opressão, manipulação e com fraude.
Aqueles que são das ordens referentes a uma parábola para a época presente,
ou seja, similares à Ordem de Arão, é que dividem as pessoas segundo o conceito dos
que podem mais, dos que sabem mais e dos que têm mais em comparação aos mais
debilitados, menos sábios aos olhos humanos ou os que têm menos, pensando que o
cumprimento de suas ações feitas a partir de “mandamentos carnais revestidos de
aparência espiritual” é que os credenciam mais diante do Senhor do que os outros que
não são “tão afortunados” como eles são em riquezas, habilidades e devoção religiosa.
A Ordem de Arão é a ordem da pressuposição de que se uma pessoa se dedicar
verdadeiramente, se empenhar e se disciplinar com afinco, ela, no final das contas,
conseguirá cumprir a vontade de Deus e agradar a Deus através de suas ações e pelos
alvos que ela atingiu. Esquecendo, porém, que se a salvação e a justificação fossem por
obras humanas, nenhuma pessoa, naturalmente falando, poderia ser salva, nem eles
mesmos. Ignorando que é neste mesmo pensamento de justificação mediante obras e
condições naturais que cada um da Ordem de Arão, ou similares a ela, condenam a si
mesmos, pois nenhuma pessoa pode alcançar o êxito de justificação mediante obras ou
justiça própria.

Lucas 18: 10 Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar:


um, fariseu, e o outro, publicano.
11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó
Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;
12 jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
531

13 O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda


levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê
propício a mim, pecador!
14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;
porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha
será exaltado.

Por mais que uma pessoa sob a Ordem de Arão, ou similares a ela, cumprir mais leis
que outros e realizar no natural mais do que outros, a ponto de inclusive se elevar sobre
os seus semelhantes, procurando classificar as pessoas em fortes e fracos, se ela não
cumprir um só item da lei, ela igualmente está sujeito à condenação do pecado e da lei.
A Ordem de Arão, ou similares a ela, por se basearem em obras ou condições
exteriores, acabam tentando diferenciar as pessoas que são do mesmo povo ou até na
mesma família, mas sempre acabam tornando todos iguais perante a condenação da
sua lei. Nestas ordens sacerdotais, os que não fazem questão de acertar tanto e os que
querem muito seguir a lei, mas não o conseguem em todos aspectos, no fim, se unem
em um só grupo onde ninguém consegue alcançar de fato tudo o que seria necessário
ser cumprido para a justificação e aceitação perante Deus.

Jeremias 10: 6 Ninguém há semelhante a ti, ó SENHOR; tu és grande, e


grande é o poder do teu nome.
7 Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações?
Pois isto é a ti devido; porquanto, entre todos os sábios das nações e
em todo o seu reino, ninguém há semelhante a ti.
8 Mas eles todos se tornaram estúpidos e loucos; seu ensino é “vão” e
“morto” como um “pedaço de madeira”.
----

E, ainda, se considerássemos que as pessoas fossem salvas por obras, não seria a
obra de gestar uma criança e trazê-la à luz uma das maiores obras no plano natural que
uma pessoa poderia fazer?
Entretanto, nem a obra de dar a luz a uma criança pode justificar uma pessoa. Razão
pela qual, Paulo exorta as mulheres que derem à luz a uma criança a não se apartarem
daquilo que de fato pode fazer com que recebam a salvação eterna, o qual é a
permanência na fé no Senhor, na sua justiça e no seu amor.

1 Timóteo 2: 15 Todavia, será preservada através de sua missão de mãe,


se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso.
----

Completamente diferente da Ordem de Arão, a base da justiça em Cristo sempre é o


mesmo e único Cristo para todos e a obra que Ele fez em favor de todos, o qual oferece a
sua justiça igualmente a todos, sem qualquer distinção feita segundo os padrões do
homem natural e que é compartilhada com todos que creem em Cristo como o Caminho
de Deus para salvá-los e conceder-lhes vida eterna.
532

Portanto, ao estudar todo este tema da glória do Senhor Jesus e de seu sacerdócio,
temos a forte impressão de que entre os piores dos piores males que podem afetar o
relacionamento das pessoas com Deus está a ideia de que as características naturais ou
a estrutura de funções das pessoas no mundo definem uma maior ou menor
possibilidade de cada um poder se achegar a Deus ou que um indivíduo depende de
outras pessoas para achegar-se a Cristo e a Deus para ter comunhão com o Senhor.
Por outro lado, as mais variadas tentativas de ocultar a glória que há na liberdade e
na aceitação das pessoas na Ordem de Melquisedeque no que tange ao seu
relacionamento pessoal com Deus não podem prevalecer quando uma pessoa crê em
Cristo e abre o coração para a comunhão com Ele.

2 Coríntios 3: 16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o


véu lhe é retirado.

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.
21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim
como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Romanos 8: 38 Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a


vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente,
nem do porvir, nem os poderes,
39 nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura
poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus,
nosso Senhor.
533

C25. A Glória do Sumo Sacerdote que nos Chama para


Estarmos Nele ou para o que é Denominado de Estar Em
Cristo
Nos capítulos anteriores, vimos que parte do processo do crescimento de um cristão
na salvação recebida em Cristo é ele se achegar em confiança ao Senhor Jesus também
para que o Senhor o guie ou auxilie na remoção de convicções no seu entendimento que
não procedem de Deus, inclusive aquelas que antes até lhe pareciam estar em linha com
a vontade de Deus.
À medida que um cristão cresce no conhecimento da verdade à luz do que o Senhor
lhe ensina, ele é convidado ao que as Escriturar chamam de despojar-se do velho
homem, de seus conceitos e das suas práticas, o que, de certa forma, pode ser
comparado a um desnudar-se em confiança diante do Senhor.
Por outro lado, à medida que nos desnudamos diante de Deus, também passamos a
estar preparados para sermos revestidos das novas vestes que o Senhor nos oferece, o
que, igualmente, faz parte do ministério do Sumo Sacerdote Eterno Jesus Cristo.
Quando uma pessoa está com vestes sujas, não é usual ela colocar vestes limpas por
cima das sujas, pois antes ela tira as sujas, lava o seu corpo e depois põe vestes limpas.
Desta forma, quando o Senhor Jesus quer nos auxiliar e nos purificar, é isto que Ele
está nos propondo. Ele deseja que tiremos as roupas velhas porque estão sujas, são
inadequadas ou já estão obsoletas para que, principalmente, possamos nos vestir das
roupas novas.
Assim como as pessoas podem se apegar às vestes antigas materialmente falando,
assim elas também podem apegar-se à pensamentos e conceitos antigos com os quais
as suas consciências estavam revestidas.
Assim como uma roupa natural é uma vestimenta para o corpo natural, assim o
conjunto de pensamentos e conceitos de atitudes também é exposto nas Escrituras
como uma vestimenta para a alma, a consciência ou o entendimento de uma pessoa.
Assim, ao adotar e guardar pensamentos e conceitos, uma pessoas se mantém vestida
deles.
E quando consideramos que os pensamentos sobre a forma de viver a vida também
podem ser equiparados à vestes com as quais uma pessoa reveste o seu entendimento
ou a sua consciência, isto inclusive implica em dizer que as pessoas podem ter se
vestido de pensamentos que não foram criados por elas próprias, mas que ao vesti-los,
eles se tornaram como se fossem delas também.
Também vimos nos capítulos anteriores, que o batismo cristão não é a figura do
despojamento de algo material ou da lavagem externa do corpo, mas uma renovação da
nossa consciência em primeiro lugar para com Deus.

1Pedro 3: 18 Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados,
o justo pelos injustos, para conduzir-vos a Deus; morto, sim, na
carne, mas vivificado no espírito,
19 no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão,
20 os quais, noutro tempo, foram desobedientes quando a
longanimidade de Deus aguardava nos dias de Noé, enquanto se
534

preparava a arca, na qual poucos, a saber, oito pessoas, foram


salvos, através da água,
21 a qual, figurando o batismo, agora também vos salva, não sendo a
remoção da imundícia da carne, mas a indagação de uma boa
consciência para com Deus, por meio da ressurreição de Jesus
Cristo;
22 o qual, depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe
subordinados anjos, e potestades, e poderes.

O batismo cristão, ou o considerar-se morto para a carne mediante a fé na obra de


Cristo na cruz do Calvário e o considerar-se vivo mediante a fé na ressurreição de
Cristo, é expresso também como a possibilidade de uma imersão em Deus, através da
vida viva do Cristo ressurreto, que faz com que a consciência de quem é imerso em
Cristo seja lavada dos conteúdos que não provem de Deus e receba os princípios que
são de Deus.
A comunhão com Deus gera uma renovação da mente ou do entendimento, expondo
o que é diferente da verdade ou do pensamento de Deus para que o cristão possa se
despojar dos pensamentos contrários ao Senhor, assim como a comunhão visa gerar
um despertar para aquilo que é o pensamento de Deus a fim de que o mesmo cristão
possa vir a se vestir ou agasalhar com o entendimento concedido por Deus.
Vejamos atentamente o texto a seguir:

Isaías 55: 6 Buscai o SENHOR enquanto se pode achar, invocai-o


enquanto está perto.
7 Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus pensamentos;
converta-se ao SENHOR, que se compadecerá dele, e volte-se para o
nosso Deus, porque é rico em perdoar.
8 Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem
os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR,
9 porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim
são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os
meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.

Usando o princípio de palavras coligadas que há nas Escrituras (abordado na Série


sobre Sugestões de Leitura e Estudo da Bíblia), podemos ver que o texto da carta de
Pedro que vimos mais acima explica de forma similar o que o profeta Isaías séculos
antes também instruiu a ser feito.
Ou seja, quando buscamos ao Senhor ou nos convertemos a Deus, Ele se compadece
de nós, é rico em perdão, e nos mostra os pensamentos que não procedem Dele, mas
não o faz sem também nos ensinar os seus pensamentos, pois é no conhecimento do
que é segundo Deus é que verdadeiramente podemos ver aquilo que não é procedente
de Deus.
Portanto, em sua função de Sumo Sacerdote Eterno, o Senhor Jesus Cristo nos
mostra do que devemos nos despir, mas também nos mostra do que devemos nos
vestir.
535

Conforme já mencionado acima, o despojar-se da má consciência e o revestir-se da


instrução e da novidade de vida de Deus é uma das facetas centrais do batismo
continuado de um cristão em Cristo.
À medida que deixamos o nosso próprio caminho ou o caminhar sem a direção de
Deus, e à medida que inclinamos o nosso coração ao Senhor, ele se compadece de nós e
nos guia a troca ou renovação dos conteúdos da nossa consciência.

2 Coríntios 3: 15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto
sobre o coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.

Quando uma pessoa se achega a Cristo e passa a ser estabelecida na comunhão com
Ele, o Senhor torna evidente a ela que aqueles pensamentos que antes lhe serviam de
aparente proteção, propósito e guia de conduta são na realidade velhos, sujos ou
inadequados. E isto, para que ela possa escolher deixá-los para trás e ver com clareza o
as vestimentas novas que lhe estão disponíveis em Deus.
Um exemplo bem prático citado em Efésios 4 a respeito do que está sendo
mencionada acima é a expressão não mintais uns aos outros, uma vez que vos
despistes do velho homem com os seus feitos ou deixai a mentira e falai a
verdade cada um com o seu próximo; porque somos membros uns dos
outros.
Antes de uma ser reconciliado com Deus, um indivíduo pode ter aprendido que
através das mentiras poderia obter vantagens e que isto faz parte do que é apregoado
como a “’lei da sobrevivência dos mais fortes”. Agora, porém, em Deus, a pessoa sem o
véu dos conceitos humanos, é chamada a ver como Deus odeia a mentira e que o
Senhor é Luz e ama a verdade. E ainda, diante desta percepção de que Deus se agrada
da verdade e rejeita a mentira, uma pessoa pode escolher deixar o conceito equivocado
de que possa haver benefícios em usar a mentira e pode passar a adotar o conceito de
que amparar-se na verdade é a vontade de Deus e proteção para a sua vida, pois Cristo
é o Caminho, mas também é a Verdade que guarda a todo aquele que se cinge com a
Verdade.
Por outro lado, as Escrituras mencionam vestes no plural, e não somente uma veste,
o que, por exemplo, pode chamar a atenção para que uma pessoa que se revestiu da
disposição de andar na verdade também venha ter em mente que ela igualmente é
chamada a se revestir do pensamento da prudência (visto no capítulo anterior) de que
nem tudo ela deveria sair contando a todos sem que antes tenha orado a respeito ao
Senhor.
O fato de um indivíduo compreender que é necessário ele se apartar da mentira e
andar na verdade não é um princípio isolado de vida ou uma veste única dissociada da
necessidade de se revestir de prudência. O fato de uma pessoa se revestir da verdade
não significa necessariamente que os assuntos que ela ainda está tratando com Deus de
forma pessoal devam ser todos revelados a outros. Trocar a veste da mentira pela veste
da verdade não implica em sair contando tudo às pessoas indiscriminadamente, mas,
sim, usar sempre da verdade também com sobriedade e prudência.
536

1 Ts 5: 8 Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-


nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a
esperança da salvação.
----

E se retornarmos aos textos de Pedro e Isaías expostos acima, podemos observar que
aquilo que Isaías explica como resultado da busca pelo Senhor é descrito por Pedro
quanto a como esta busca pode ser feita.
Pedro escreve que o processo de renovação do entendimento pelo despojamento do
velho para se revestir do novo, dá-se pelo que é figurado como o batismo que uma
pessoa pode alcançar através do Senhor Jesus Cristo vivo e ressurreto.
Pedro nos informa que a arca de Noé foi o meio através do qual Deus salvou as
pessoas que nela estavam, mas que o fato da arca ter sido lançado nas águas volumosas
também figurou o despojamento de todo um conjunto de pensamentos e condutas que
eram contrárias a Deus ou que se opunham ao querer do Senhor. Aqueles que estavam
na arca foram salvos para não serem consumidos pelas águas, mas também a
experiência destes figura o fim de um conjunto de pensamentos e condutas que as
pessoas de forma generalizada haviam adotado até os dias em que ocorreu o dilúvio.
Ora, a arca é também uma figura de Cristo. E quem é batizado em Cristo, quem é
escondido ou imerso em Cristo, apesar de também ter sido parte do mundo, é protegido
para não ser consumido pelo poder que há em toda a palavra de Deus, colhendo
também, juntamente com a imersão na comunhão com Cristo, o despojamento da
consciência antiga para receber de Cristo um entendimento renovado segundo a
instrução de Deus.
Ou, ainda, quando uma pessoa se converte ao Senhor Jesus Cristo e permanece
convertida a Ele, imerge Nele continuadamente, o Senhor a insere Nele para que ela
possa ser exposta à vontade de Deus de tal forma que possa ver, sem ser destruída, o
que não é bom para a sua vida a fim de que possa despir-se do que lhe foi manifestado
como inadequado, para que também possa ver os pensamentos que são segundo a
verdade de Deus e para que possa se revestir destes à medida que se despoja dos
antigos e os deixa para trás.
Através das palavras que escreveu aos cristãos ou santos que estavam em vários
lugares distintos, também Paulo diversas vezes atesta as considerações às quais Pedro
se referiu, conforme exemplificado a seguir:

Efésios 4: 1 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de


modo digno da vocação a que fostes chamados,
2 com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor,
3 esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito
no vínculo da paz;
4 há somente um corpo e um Espírito, como também fostes
chamados numa só esperança da vossa vocação;
5 há um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de
todos e está em todos.
537

7 e a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do


dom de Cristo.
8 Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens.
9 Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às
regiões inferiores da terra?
10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para encher todas as coisas.

Efésios 2: 1 Ele vos deu vida, estando vós mortos nos vossos delitos e
pecados,
2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo,
segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua
nos filhos da desobediência;
3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os
demais.
4 Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor
com que nos amou,
5 e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente
com Cristo, —pela graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus;
7 para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua
graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com


Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à
direita de Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória.
----

Simbolizado também pela arca, Cristo é aquele através do qual recebemos um


chamado nobre para deixar uma vida dissociada do propósito eterno para andarmos de
maneira digna diante do Senhor. Cristo é quem levou cativo o cativeiro para nos
oferecer e conceder novidade de vida a despeito de anteriormente termos vivido sujeito
ao pecado e a leis condenatórios como a da Ordem de Arão.
Cristo é aquele em que uma pessoa é liberta de uma condição em que ela é
considerada como morta em delitos e ofensas que são baseados em pensamentos
humanos instigados pelo príncipe do mundo que jaz no maligno, mas Cristo também é
aquele em que uma pessoa é assentada pela fé junto a Deus, nas regiões celestiais, para
ter a mente renovada e vivificada pela palavra e pela vontade viva de Deus.
538

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.

Cristo é Aquele em quem um indivíduo, figurado pelas pessoas na arca, morre para
todo um passado dissociado da direção de Deus para passar para um novo tempo a ser
vivido segundo a direção de Deus e em Deus através de Cristo. E isto, para que quando
Cristo se manifestar ao mundo, este indivíduo também se manifeste juntamente com
Cristo.
Quando atendemos ao convite de Deus para a comunhão com Cristo, o Senhor nos
perdoa e nos ajuda a tirarmos as vestes antigas à medida que concordamos
pessoalmente com Ele de que elas de fato não são apropriadas para as nossas vidas e na
medida em que desejamos nos despojar delas. Da mesma forma, quando aceitamos o
convite para a comunhão com Cristo, o Senhor nos auxilia a sermos revestidos do novo
à medida que concordamos com Ele sobre algo que é apropriado à nossa vida.
Compreender como o Senhor renova o nosso entendimento é vital, pois Ele não nos
impõe a sua vontade, mas nos ensina sobre ela para que nós possamos optar por ela
com liberdade. O Senhor nos oferece a novidade de vida Nele através do Evangelho que
é expresso como uma oferta. E como tal, ela é apresentada a todos, mas somente torna-
se pessoal para aqueles que a recebem como uma oferta.
As Escrituras chamam a forma de interação com Deus descrita acima também como
a Lei do Entendimento, cujo tema também está abordado em um estudo com o mesmo
título na série sobre A Vida do Cristão no Mundo e exemplificado no texto abaixo:

Romanos 7: 25 Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. Assim
que eu mesmo, com o entendimento, sirvo à lei de Deus, mas, com a
carne, à lei do pecado.

Em todo este processo de ser transformado pela renovação do


entendimento, é crucial observar que o Senhor não intenta fazê-lo somente
através da ação das pessoas de se desvestirem das suas vestes antigas. Para
o Senhor, o revestir-se do novo deveria ocorrer quase que
concomitantemente com o primeiro ato de despojamento do velho.
O Senhor não deseja que um cristão seja uma pessoa que se despoje do
velho pensar e fique sem um novo pensar ou se torne em um indivíduo sem
convicções interiores.
O processo cristão do despojar-se das vestes antigas ou inapropriadas,
de certa forma, somente é considerado realizado quando a pessoa também
se reveste do novo.
Se o despojar do velho é simbolizado pela figura do imergir nas águas para ali o
velho ficar sepultado, o revestir-se do novo é a figura do ressuscitar e do ressurgir para
a novidade de vida no Senhor.
Se as pessoas na arca de Noé tivessem sido libertas do dilúvio que destruiu o mundo
anterior em que elas viviam, mas as águas do dilúvio não tivessem baixado para elas
poderem voltar a viver na Terra, as pessoas da arca igualmente teriam perecido pelo
mesmo dilúvio não resultante efetivamente em alguma nova condição de vida.
539

Assim, o cristão que pensa que só o despojar do velho seria o suficiente para uma
nova vida pode ficar exposto à vergonha, pois aí ele só terá argumentos contra o velho,
mas não terá nada de novo para oferecer para a sua vida e para quem lhe perguntar
sobre a sua nova condição.
Cristo diz:

Apocalipse 3: 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo


fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim
de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para
ungires os olhos, a fim de que vejas.

O que, por exemplo, completa um ciclo de atividades de um dia de uma criança que
brincou na areia ou na terra, e que por isto ficou toda suja, é quando ela, após um
banho, pode vestir uma roupa bem limpinha e cheirosa que alguém lhe preparou.
Portanto, o revestir-se do novo ou do limpo é como a coroação do processo do
despir-se e da lavagem.
Quando o último texto acima diz que Cristo chama as pessoas para virem e comprar
vestes brancas Dele, Ele obviamente não está dizendo para comprá-las por dinheiro ou
por sacrifício, mas simplesmente mediante a fé Nele, lembrando que o profeta Isaías e o
livro de Apocalipse declaram que podemos comprar do Senhor o que precisamos não
por preço ou por dinheiro, mas simplesmente por mantermos comunhão com o Senhor.
Além disso, depois de vermos nos capítulos anteriores que os pensamentos
inadequados também incluem aqueles relacionados à Ordem de Arão e similares à ela,
podemos perceber que nós vivemos inseridos em um ambiente com muitos conceitos
distorcidos, maldades e perversidades nas mais diversas frentes da vida que há no
presente mundo. Razão pela qual, em tudo, necessitamos a misericórdia e a Luz do
Senhor tanto para podermos nos despojar dos conceitos inapropriados como para
receber os princípios segundo o reino celestial.
Muitas vezes, as manchas mais impregnadas nos pensamentos de um indivíduos são
aqueles que advêm de coisas que têm aparência de piedade ou de devoção a Deus, mas
que na realidade são atos praticados segundo a Ordem de Arão ou em conformidade
com a parábola para a época presente.
Muitos conceitos ou obras que tentam obscurecer a luz da vontade de Deus na vida
de uma pessoa não parecem maus aos olhos naturais, têm aparência de boa obra para
com Deus e ainda são apresentados sob intensa dedicação e zelo. Entretanto, se eles
forem usados como meio para tentar a justificação de uma pessoa perante o Senhor,
eles são, indubitavelmente, obras más ou de iniquidade porque desprezam o sofrimento
de Cristo na cruz do Calvário e a graça que o Senhor Jesus nos concede depois da sua
morte e ressurreição dentre os mortos.
Mas graças a Deus que através do Sumo Sacerdote Jesus nos ajuda para ficarmos
livres tanto das vestes das coisas inapropriadas do mundo em geral como das coisas de
ordens sacerdotais similares às da Ordem de Arão.

Hebreus 9: 14 ... muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito


eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a
nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!
540

15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da nova aliança, a fim de que,


intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a
primeira aliança, recebam a promessa da eterna herança aqueles
que têm sido chamados.
----

Mencionando, então, isso mais uma vez, na exposição das Escrituras, o


despojamento de algo expressa também o morrer ou considerar-se morto para aquilo.
Quando nos despimos de algum pensamento ou o refutamos, morremos para a
conservação e prática daquele pensamento.
A figura do batismo à qual Pedro faz referência quando cita Noé e a Arca
que este construiu é uma simbologia do real batismo em Cristo pela fé e
comunhão com Ele, no qual, quando somos inseridos mais e mais em Deus
pela condução do nosso Sumo Sacerdote Jesus, morremos para os
conceitos inapropriados do mundo, mas também para os conceitos da
Ordem de Arão ou similares a ela.
Quando no livro de Hebreus é descrito que a troca de Sacerdócio implica
em troca de lei, também está implícito que isto significa que morremos
para aqueles conceitos e práticas de sacerdócios anteriores para ressurgir
juntamente com Cristo para um novo conjunto de princípios encontrados
na lei de Cristo, na verdade, na sua justiça ou na lei da liberdade no
Espírito de Deus.

Romanos 7: 6 Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para


aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade
de espírito e não na caducidade da letra.
...
4 Assim, meus irmãos, também vós morrestes relativamente à lei,
por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, a saber,
aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que frutifiquemos
para Deus.

Outros textos que também expõem o que foi mencionado acima são, por exemplo:

Tiago 1: 21 Portanto, despojando-vos de toda impureza e acúmulo de


maldade, acolhei, com mansidão, a palavra em vós implantada, a
qual é poderosa para salvar a vossa alma.

Colossenses 3: 5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena:


prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza,
que é idolatria;
6 por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência.
7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo,
quando vivíeis nelas.
8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira,
indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso
falar.
541

9Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho
homem com os seus feitos
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em
todos.

Notemos como é amplo o conjunto de aspectos que podemos extrair dos textos
apresentados acima, entre os quais reforçamos, então, que despojar-se de um
pensamento ou linha de conduta é morrer para este aspecto, ou seja, não agasalhar
mais um pensamento também é, consequentemente, deixá-lo para trás e não praticá-lo
mais.
Olhando ainda para o último texto acima em referência, podemos ver evidenciada
uma das razões pelas quais o Senhor nos ensina através da figura da arca e do batismo
quanto ao despojar-se do velho homem ou do morrer para as coisas do velho homem,
pois ao encontrarmos no mesmo texto a expressão “noutro tempo, quando vivíeis
nelas”, podemos ver que as coisas do velho homem também são consideradas como
uma forma de viver a vida.
Portanto, estar sendo guiado por um conjunto de conceitos e condutas é similar a
dizer que uma pessoa pode “viver neles” ou “estar neles”.
Por outro lado, para deixar de “estar neles”, é preciso abandoná-las ou estar morto
para eles, não se vestir mais deles, não agasalhar-se mais deles, o que envolve uma
atitude prática de se apartar deles ou de realmente deixá-los para trás.
Um dos aspectos de “estar em Cristo”, então, é não estar vivendo nas
coisas do velho homem, nos seus conceitos e nem segundo as suas
condutas. E, por outro lado, é estar revestido dos conceitos e condutas
condizentes com a novidade de vida que nos é oferecida através do
Evangelho de Deus.

Efésios 4: 17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais


andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus
próprios pensamentos,
18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa da
ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução
para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza.
20 Mas não foi assim que aprendestes a Cristo,
21 se é que, de fato, o tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é
a verdade em Jesus,
22 no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho
homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano,
23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,
24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e
retidão procedentes da verdade.
----
542

Neste último texto, podemos ver de forma reiterada que as pessoas praticam muitos
males precisamente por causa do que pensam, ou seja, por causa da vaidade dos
seus próprios pensamentos ou porque estão obscurecidas de entendimento.
Assim, quando o Senhor Jesus oferece a nós o seu ministério ou serviço de Eterno
Sumo Sacerdote, Ele está nos oferecendo um entendimento do bem e do mal quanto às
suas respectivas raízes para que abandonemos a prática do mal e para que nos
inclinemos à verdade, à justiça celestial e à prática do bem.
O Senhor Jesus nos oferece um discernimento ou entendimento do bem e do mal
mais profundo ou consistente para que não deixemos que a raiz do mal continue a nos
fortalecer para o mal e para que passemos a viver e andar segundo a raiz da verdade, da
justiça de Deus e dos dons que o Senhor quer conceder àqueles que Nele depositam a
sua confiança.
Entretanto, reprisada esta questão da atuação do Senhor Jesus Cristo em sua função
de Sumo Sacerdote que nos ensina a nos despojarmos dos pensamentos e dos feitos do
velho homem para nos revestirmos do novo homem que é segundo a verdade e a justiça
de Deus, gostaríamos de destacar de maneira ainda mais explícita um aspecto
sobremaneira excelente do sacerdócio da Ordem de Melquisedeque que nos é oferecido
em Cristo na sua posição de Sumo Sacerdote Eterno e que a Ordem de Arão ou
similares a ela jamais puderem ou poderão vir a oferecer.
Após a introdução de certa forma longa deste capítulo para destacar ou repetir o
auxílio que Cristo nos oferecer para termos uma mente renovada segundo a verdade e a
justiça de Deus, auxílio este figurado também pela arca construída por Noé e pelo
batismo, gostaríamos, então, de passar a ressaltar o tema apresentado no título do
presente capítulo, a saber: A Glória do Sumo Sacerdote que nos Chama para Estarmos
Nele ou para o que é Denominado de Estar Em Cristo.
Entendemos ser muito significativo e até crucial abordar este aspecto diante do que
foi exposto anteriormente no presente capítulo para que aqui fique ressaltado que a
renovação de entendimento e o discernimento que um cristão necessita para a sua vida
lhe é oferecido no Sacerdócio de Cristo de maneira muito distinta de como o mundo em
geral ou os sacerdócios similares à Ordem de Arão propõem a renovação de
entendimento, da consciência ou de discernimento.
Enquanto o mundo em sua grande maioria e as ordens sacerdotais
similares à Ordem de Arão pensam que a transformação de entendimento,
da consciência ou do discernimento tem a sua base no conhecimento
acumulado ou regras que vão de encontro aos seus anelos por gerenciar o
conhecimento adquirido e a vida, na Ordem de Melquisedeque a sabedoria,
o entendimento, o discernimento e toda a vida estão fundamentados no
Sumo Sacerdote Eterno e no relacionamento com este Sumo Sacerdote.
Assim, quando permitirmos que o Senhor Jesus, como o Sumo Sacerdote Eterno,
nos instrua e guie segundo a verdade, Ele primeiramente nos chama para estarmos em
íntima comunhão com Ele para, através desta comunhão, nos instruir e fortalecer na
verdade ou naquilo que necessitamos conhecer à luz dos pensamentos de Deus.
Desta forma, um discernimento primordial ou um dos aspectos primordiais da
renovação de entendimento ao qual Cristo quer nos conduzir refere-se ao ponto de que
no sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque, esta ação não é realizada por uma
mera transferência de conhecimento e onde as pessoas ficam com toda a atribuição de
viverem e buscarem o crescimento segundo o conhecimento que lhes foi transmitido,
543

mas ela é realizada primeiramente pela permanência de uma pessoa no Cristo ou no


Sumo Sacerdote Eterno que a atende e assiste.
Na Ordem de Melquisedeque, a renovação de entendimento, a concessão de
discernimento e o crescimento é uma obra contínua realizada segundo o amor e a
misericórdia celestial que está disponível no Senhor a todos aqueles que creem Nele.

1 Coríntios 8: 1(b) A ciência incha, mas o amor edifica.


2 E, se alguém cuida saber alguma coisa, ainda não sabe como
convém saber.
3 Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido dele. (RC)

1 Coríntios 3: 7(b) Deus, que dá o crescimento.

Também através da faceta amor de Deus, somos chamados a nos atentar


de que o conhecimento da verdade e a sabedoria do Senhor nos estão
disponíveis Nele e no relacionamento com o Senhor.

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.
----

Portanto, se retornamos à arca de Noé como uma figura do batismo, podemos ver
que o que salvou a Noé e sua família não foi o mero conhecimento de que haveria um
dilúvio, mas o fato de estarem dentro da arca ou “inseridos” nela.
De forma similar, se retornarmos à figura do batismo associado ao chamado para
nos despojarmos do velho homem por causa da morte de Cristo na cruz do Calvário e
para nos revestirmos do novo homem criado segundo a verdade e a justiça de Deus,
podemos observar ainda em outros textos das Escrituras que o batismo em Cristo
também é um ato contínuo de inserção, conforme segue:

Romanos 6: 3 Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos


batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte?

Gálatas 3: 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo


Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
----
544

Enquanto os sacerdotes na Ordem de Arão ou em qualquer ordem que usa de


mediadores limitados em suas próprias fraquezas procuram a Deus para obterem
informações para repassarem ao povo que representam para que, então, as pessoas
procurem viver e andar com base em suas próprias forças e nas informações a elas
repassadas, na Ordem de Melquisedeque o Sumo Sacerdote nos convida a estarmos
continuamente associados a Ele, inseridos Nele ou revestidos Dele.
Mais do que poder ter o privilégio de ter informações, obter
conhecimento ou ter discernimento da verdade, o Sumo Sacerdote Eterno
segundo a Ordem de Melquisedeque nos chama a permanecermos
continuamente na fonte da verdade, sabedoria e novidade de vida para que
esta fonte também esteja conosco continuamente ou em tudo o que
fizermos.
Relembrando o que também já foi comentado anteriormente, através do ministério
de Sumo Sacerdote Eterno, o Senhor Jesus pode atuar em nós purificando também as
nossas consciências para que o nosso coração permanece Nele, para que estando Nele,
possamos nos assentar juntamente com Ele nas regiões celestiais e para que Ele esteja
conosco em todo o tempo das nossas vidas.
Ainda em outras palavras, no sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque,
podemos ter acesso contínuo à mente de Cristo ou do Sumo Sacerdote Eterno em quem
estão ocultos todos os tesouros do conhecimento e da sabedoria daquilo que conduz ao
crescimento para a vida eterna, também do que não é benéfico e daquilo que nunca fica
desatualizado ou obsoleto diante de tantos novos desafios com os quais uma pessoa
pode se deparar em sua vida.

1 Coríntios 2: 14 Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito


de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas
se discernem espiritualmente.
15 Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo
não é julgado por ninguém.
16 Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós,
porém, temos a mente de Cristo.

Devido a um cristão poder ter acesso contínuo à mente de Cristo “em


Cristo”, ele não precisa viver e andar limitado aos rudimentos, culturas ou
tradições do mundo ou às informações que são armazenadas em poças ou
cisternas do homem natural, pois “em Cristo”, lhe é oferecido rios de água
viva que fluem da presença de Cristo mediante o Espírito Santo no coração
daqueles que creem no Senhor e permanecem na comunhão com Ele.

João 7: 38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior


fluirão rios de água viva.

Portanto, em um dos seus aspectos, o denominado estar em Cristo é expresso pelo


estar ou permanecer em comunhão com o Senhor Jesus de tal maneira que a cada
momento da vida de um cristão ele possa estar exposto à verdade, à instrução do
Senhor, à luz de Cristo ou à percepção do que é bom ou mal segundo o que o Senhor vê.
545

Salmos 32: 8 Instruir-te-ei e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir;


guiar-te-ei com os meus olhos. (RC)

Se alguém está em Cristo, ele está ligado diretamente ao Cabeça do


Corpo de Cristo, o qual é o próprio Cristo, e no qual uma pessoa não
precisa mais ser sábia aos seus próprios olhos, ela não precisa mais se
estribar naquilo que é frágil e limitado, pois ela tem acesso à mente
Daquele no qual ela está inserida e que conhece tudo e a todos
perfeitamente.
Estamos insistindo na menção do ponto acima porque a vida no Senhor não é
meramente baseada em conhecimento transferido e porque a não compreensão de que
a atuação de Cristo como Sumo Sacerdote se manifesta a um indivíduo pela
permanência na comunhão com Ele tem levado muitas pessoas a ficarem à parte da
novidade de vida que já lhes está disponível no Senhor.
Assim, convém ressaltar especificamente aqui em relação ao acesso à “mente de
Cristo”, que se alguém deixa de “estar em Cristo”, ele obviamente também não tem
mais o acesso à “mente de Cristo”, pois a “mente de Cristo” é de “Cristo”, e não da
pessoa que se associou a Ele em algum momento anterior da sua vida e que
supostamente teria recebido um “download” da “mente de Cristo” na “sua própria
mente”.
O Senhor Jesus Cristo prometeu o Espírito Santo para estar no coração daqueles que
creem no Evangelho para guiá-los na verdade e naquilo que Ele (Cristo) e o Pai
Celestial quiserem anunciar a uma pessoa. Entretanto, se um indivíduo se mantém à
parte da comunhão com o Senhor e com o Espírito Santo, ele não está mais amparado
para discernir a verdade e andar na vontade de Deus ainda que em tempos anteriores o
tenha feito.
Na sua posição de Sumo Sacerdote Eterno, Cristo pode e quer nos
proporcionar o privilégio de podermos estar Nele também porque, sem
Ele, não temos a suficiência para viver e andar segundo a vontade de Deus
no mundo.

João 15: 4(a) Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. ...


5(b) ... porque sem mim nada podeis fazer.

A renovação do entendimento que um cristão tanto necessita não é passar a decorar


todos os textos da Bíblia, similarmente ao que era praticado em relação à lei de Moisés
na Antiga Aliança, mas é compreender que toda a provisão de entendimento, de
discernimento do bem e do mal, e de fortalecimento para viver e andar segundo a
vontade de Deus não está separada do Senhor ou somente pode ser encontrada na
pessoa de Cristo e na comunhão com Ele.

2 Coríntios 3: 4 E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em


Deus;
5 não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma
coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus,
546

6 o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança,


não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.

Em sua posição de Sumo Sacerdote Eterno que nos assiste e intercede por nós junto
ao Pai Celestial, Cristo chama a cada cristão para apresentar continuamente a Ele todo
pensamento, discernimento ou entendimento, pois também é em Cristo que cada
cristão tem as seu dispor as poderosas armas espirituais para a destruição das
fortalezas que são baseadas em pensamentos, conselhos ou altivez que se levantam
contra o conhecimento de Deus ou que são contrários à vontade do Senhor.

2 Coríntios 10: 3 Porque, embora andando na carne, não militamos


segundo a carne.
4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim,
poderosas em Deus, para destruição das fortalezas;
5 destruindo os conselhos e toda altivez que se levanta contra o
conhecimento de Deus, e levando cativo todo entendimento à
obediência de Cristo,
6 e estando prontos para vingar toda desobediência, quando for
cumprida a vossa obediência. (RC)

Por que, então, muitas pessoas erram tão seguidamente ou tão repetidamente no
que pensam e, por consequência, no que fazem?
Muitas pessoas no mundo se sujeitam a uma continuidade tão acentuada de erros
porque não conhecem ou desprezam as Escrituras que dizem que Cristo é o Único
Mediador para conhecerem a vontade de Deus segundo a Nova Aliança e porque, não
sabendo ou não crendo no Senhor, não vem a Cristo para terem a luz da instrução de
Deus que conduz para a vida e não para o caminho de morte.
Em primeiro lugar, Deus não nos conferiu as Escrituras para tentarmos
viver através dos próprios escritos ou através do conhecimento adquirido.
Deus nos deu as Escrituras para que, através delas, saibamos que a vida
está em Cristo e para que saibamos que em Cristo temos acesso a Deus
para a Nova Aliança e para a ajuda de um Sumo Sacerdote que em todo o
tempo pode nos instruir e assistir.

João 5: 38 Também não tendes a sua palavra permanente em vós,


porque não credes naquele a quem ele enviou.
39 Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e
são elas mesmas que testificam de mim.
40 Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida.

Inclinar-se a tentar viver e andar pelo conhecimento adquirido ou que está nas
Escrituras, e não mediante à comunhão contínua com o Senhor Jesus, é uma inclinação
para a negação do lugar no qual a novidade de vida do Senhor se encontra, como
descrito nas próprias palavras de Cristo. É voltar às tentativas de “viver através da letra
que não tem vida em si mesma”, similarmente a como era sob a Ordem de Arão.
547

Deus não chama as pessoas para fazerem o que elas próprias acham que é bom e
certo fazer “para Deus”, assim como Deus também não quer que as pessoas façam o que
elas mesmas acham bom fazer por gratidão a Deus.
O que Deus quer que as pessoas façam é que elas permaneçam
continuamente em Cristo para que continuamente possam viver e andar
conjuntamente com o Senhor.
Portanto, retornando ao aspecto de revestir-se de Cristo, podemos também
compreender por este aspecto que o chamado do Senhor para todo cristão é que cada
um “entre em Cristo” ou “se vista de Cristo” para saber como Cristo pensa, como Ele
nos instrui para agirmos e para que em tudo estejamos amparados pela graça, justiça e
força que o Senhor quer nos conceder.

1Pedro 1: 13 Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e


esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na
revelação de Jesus Cristo.

Romanos 13: 13 Andemos dignamente, como em pleno dia, não em


orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não em
contendas e ciúmes;
14 mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a
carne no tocante às suas concupiscências.

Infelizmente, muitos cristãos têm a ideia de que a oração é chegar diante de Deus e
despejar diante Dele um conjunto de pedidos, depois virar as costas e esperar que Deus
atenda todos os pedidos. E fazem isto por acharem que como “bons cristãos”, eles têm
que “cumprir esta obrigação”. Entretanto, este tipo de oração desconsidera que quando
Cristo chama as pessoas cansadas e sobrecarregadas para virem a Ele para serem
aliviadas dos seus fardos, Ele também as chama para estarem em comunhão com Ele
para Nele serem ensinadas a fim de que assim encontrem o refrigério para a alma.
Embora a libertação de pesos e sobrecargas da vida seja parte
imprescindível da salvação para a qual Cristo nos chama, é a permanência
da presença de Cristo junto a uma pessoa e a permanência dela junto a
Cristo que concede aquilo que uma pessoa tanto necessita continuamente
em seu coração.

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.
548

Uma pessoa somente despejar diante de Deus o que ela quer não é a prática do que é
denominado nas Escrituras de estar em Cristo e nem do que é oração.
Quando o Pai Celestial nos oferece a Cristo como o nosso Sumo
Sacerdote Eterno no qual podemos estar continuamente, Ele nos oferece
privilégio de estar em Cristo para continuamente conhecermos mais a
glória de Cristo e do próprio Pai Celestial para sermos também
transformados no Senhor de glória em glória.

2 Coríntios 3: 18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito.
----

Portanto, também devido a tudo aquilo que o Senhor oferece àqueles que
permanecem Nele ou que aceitam o chamado de estarem em Cristo que a ideia de
mediadores que não sejam o Senhor Jesus para o relacionamento das pessoas com
Deus é tão inapropriada, sem sentido e desprezível aos olhos do Senhor, e a qual
também deveria ser vista da mesma maneira por todo aquele que almeja a vida eterna
no Senhor.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
----

Por fim, neste capítulo, gostaríamos de ressaltar que devido à grandeza e


essencialidade do tema de podermos estar em Cristo, sabemos que ainda há muitas
outras partes maravilhosas a serem acrescentadas a ele. Entretanto, para que possamos
continuar mais especificamente focados no Evangelho da Glória de Deus e da Glória de
Cristo, e para que primeiramente venhamos a conhecer mais a respeito do Senhor que
nos é oferecido para ser o nosso Sumo Sacerdote Eterno, estaremos tratando de forma
mais específica o assunto do estar em Cristo no estudo intitulado O Princípio Central
do Viver do Cristão da série A Vida do Cristão no Mundo, bem como nos diversos
estudos da série Nova Criatura em Cristo e Andando em Novidade de Vida.

1 Coríntios 1: 2(b) … aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser


santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso
Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:
3 graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor
Jesus Cristo.
4 Sempre dou graças a meu Deus a vosso respeito, a propósito da sua
graça, que vos foi dada em Cristo Jesus;
5 porque, em tudo, fostes enriquecidos nele, em toda a palavra e em
todo o conhecimento;
6 assim como o testemunho de Cristo tem sido confirmado em vós.
7 de maneira que não vos falte nenhum dom, aguardando vós a
revelação de nosso Senhor Jesus Cristo,
8 o qual também vos confirmará até ao fim, para serdes
irrepreensíveis no Dia de nosso Senhor Jesus Cristo.
549

C26. A Glória do Sumo Sacerdote que é Advogado Amigo


Junto ao Pai Celestial
Ao longo dos últimos capítulos, procuramos descrever alguns dos maravilhosos
feitos que uma pessoa pode passar a experimentar quando ela compreende e também
passa a aceitar a atuação de Cristo em seu favor como o Sumo Sacerdote Eterno
segundo a Ordem de Melquisedeque.
Conhecer esta posição e ministério (função ou serviço) de Cristo é
particularmente e maravilhosamente desafiador, pois, na posição de Sumo
Sacerdote Eterno, o Senhor exerce funções diante de Deus e do seu trono
celestial, bem como diante das pessoas atuando em seu favor em seus
corações.
O conceito do ministério de um Sumo Sacerdote é a representação de
pessoas diante de quem elas esperam ser representadas, o que pode
demandar um fluxo prático em que o Sumo Sacerdote em alguns
momentos necessite interagir individualmente com as pessoas a serem
representadas, em outros diante de quem elas esperam ser representadas,
e ainda, no caso da Ordem de Melquisedeque, diante de ambas as partes
quando estas estão uma diante da outra.
E, por sua vez, a condição de uma pessoa representada por um Sumo Sacerdote
também poder estar junto com o Sumo Sacerdote diante de quem a pessoa almeja ser
representada não é algo aceito ou até possível de ser feito em todos os tipos de
sacerdócios. Sob a Ordem de Arão, por exemplo, o sumo sacerdote do povo entrava
sozinho no lugar denominado de Santo dos Santos, e somente uma vez por ano.
Na Ordem de Arão, quando as pessoas aderiam a esta ordem, elas aderiam a um
sacerdócio onde o Sumo Sacerdote daquela ordem tinha como que uma procuração
para representar a todos uma vez por ano, mas onde os representados que aderiram à
procuração jamais podiam acompanhar o Sumo Sacerdote eleito para representá-los.
O serviço sacerdotal da Ordem de Arão era terreno, externo e confinado a ser
exercido em um lugar consagrado e limitado, sendo que somente naquele lugar o Sumo
Sacerdote poderia apresentar as suas próprias causas e de todo o povo. Em seguida, o
Sumo Sacerdote vinha a transmitir ao povo a sua experiência breve que tivera com
Deus e a relatava segundo o seu entendimento e com as ênfases das suas emoções sobre
o que havia visto e ouvido. Entretanto, o povo representado nunca podia participar
diretamente da manifestação de Deus ao Sumo Sacerdote.
Esses pontos iniciais que estamos considerando no presente capítulo, mostram mais
uma vez o quão diferente é a Ordem de Melquisedeque da Ordem de Arão e porque a de
Arão é tão fraca e incapaz de “aperfeiçoar aqueles que nela prestavam culto”
periodicamente, desperdiçando assim sacrifícios e dons sem alcançarem um proveito
verdadeiramente duradouro e transformador.
Convém somente lembrar que o próprio povo pediu este modelo de sacerdócio em
contraposição ao que Deus lhe oferecera, onde o Senhor queria apresentar ao povo um
plano onde Ele viria estabelecer um relacionamento com cada indivíduo, ponto exposto
anteriormente e ao qual não gostaríamos de retornar em detalhes aqui.
Na Ordem de Arão ou outras ordens que propõem estabelecer sacerdotes, obreiros
ou ministros mediadores entre Deus e o povo, e que acabam elegendo entre os
550

sacerdotes aquele que recebe um título superior aos outros, como, por exemplo, líder
sênior, chefe do ministério, pai dos demais ministros, e muitas outras variações, os
riscos das pessoas ouvirem distorcidamente o que estes mediadores dizem ter ouvido
de Deus são enormes e potencialmente fadadas a distorções de toda ordem.
Se, por exemplo, um sacerdote humano tem que apresentar as questões de dezenas,
centenas ou até milhares de pessoas, como ele saberá, para início de conversa, o que
cada indivíduo precisa se ele não tem tempo e capacidade para ouvi-las nem nas
questões mais gerais e muito menos nas questões mais particulares?
Jamais uma ordem sacerdotal humana poderá oferecer as mínimas condições para
representar uma pessoa diante de Deus visto que nem uma esposa sabe tudo o que se
passa no coração do marido e nem o marido o que se passa no coração da esposa. Por
mais que um casal desfrute de um matrimônio saudável e por mais que tanto o marido
como a esposa procurem viver de forma transparente, respeitosa e sincera em relação
ao outro, cada um ainda tem pontos pessoais que somente eles próprios podem
apresentar a Deus.
Um coração somente é perscrutável em suas profundezas por Aquele
para o qual não existe algo que não possa ser perscrutado e para o qual não
existe escuridão que não possa ser exposta à luz.
Somente o Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque é que pode
representar uma pessoa verdadeiramente diante de Deus e apresentar a ela o que Deus
também fala a esta pessoa, porque somente quem é completamente verdadeiro é que
pode atuar em plena verdade.
Assim, quando o Senhor Jesus Cristo prometeu que Ele nos enviaria o Espírito Santo
para nos guiar em toda verdade ou para toda a verdade, Ele estava anunciando que o
Espírito Santo estaria nos guiando para andarmos Nele ou em Deus, pois somente no
Senhor há plenitude da verdade.
Por outro lado, apesar do ser guiado na verdade ou para a verdade ser
imensuravelmente excelso, precioso e estar associado ao caminho de vida eterna, este
processo requer disposição das pessoas para se exporem à luz do Senhor e atenção
especial quanto a como este processo pode ser realizado para a sua edificação.
Em um primeiro momento, podemos pensar que toda a pessoa que não enxerga bem
gostaria de ver com nitidez e que toda a pessoa que carece de luz gostaria de ter luz
satisfatória para ver tudo com clareza. Entretanto, a partir das Escrituras e de exemplos
da vida prática, fica evidenciado que o desejo de ver e de ter luz nem sempre é o que as
pessoas de fato querem ou não é algo em relação ao elas sempre se sentem confortáveis
ou seguras.
Portanto, apesar do ponto a ser abordado a seguir, em certo sentido, relembrar
alguns aspectos que já foram vistos nos últimos capítulos, acreditamos que a
abordagem da reação das pessoas em relação à luz celestial que pode expor
as questões mais profundas dos seus corações é um tema que ainda merece
uma maior atenção especial, pois trata-se de um assunto crucial que pode
ser determinante para um indivíduo tanto para a sua vida presente como
eterna.
Aqueles que leram os capítulos anteriores do presente material, onde foram exibidos
os textos dos fatos que deram origem à Ordem de Arão, certamente se lembrarão das
menções que apontam para o fato de que o povo pediu o sacerdócio segundo Moisés
551

exatamente para que não precisassem ter as suas vidas pessoais expostas em um
relacionamento pessoal com Deus.
Além disso, no livro de Hebreus, encontramos descrito que a rejeição daquilo que
Deus ofereceu no deserto às pessoas libertas do domínio do Egito ocorreu a partir dos
seus coração, algo que também foi registrado pelos profetas de Deus e em outros textos
das Escrituras, conforme segue:

Hebreus 3: 10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes


sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus
caminhos.

Êxodo 32: 9 Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto este povo, e eis
que é povo de dura cerviz.

Mateus 13: 15 Porque o coração deste povo está endurecido, de mau


grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não
suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam
com o coração, se convertam e sejam por mim curados.
----

Entender a origem da Ordem de Arão e porque tantas pessoas se sentem tão atraídas
por ela ou similares a ela é algo que de forma alguma deveria ser desprezado, pois a
Ordem de Arão nasceu a partir do desejo das pessoas de se manterem afastadas da luz
de Deus em seus coração, mas também, ao mesmo tempo, para tentar remediar este
desejo de abstenção da luz com atos externos de obras e sacrifícios que deveriam ser
apresentados ao Senhor através de mediadores humanos.
A origem da Ordem de Arão também nos mostra o quanto as pessoas gostariam de
contar com as bênçãos de Deus, mas, ao mesmo tempo, o quão desafiador é para elas
terem expostos diante de Deus os intentos pessoais de seus corações.
Em seu propósito antagônico de obter o favor de Deus, mas sem precisarem ter o
coração iluminado pelo Senhor, as pessoas se deixam levar a conceitos através dos
quais pensam que podem propor ao Senhor caminhos alternativos que fazem uso de
uma diversidade de supostos mediadores e os mais diversos sistemas religiosos para
agradar a Deus sem que haja a necessidade de que aquilo que está em seus corações
seja tratado à luz, verdade ou vontade do Senhor.
Onde estava, então, o problema mais central do povo liberto do Egito e
onde está uma fonte central do problema mais profundo das pessoas no
mundo?
Seriam as paixões da carne? Seriam as pressões externas? Seriam a escassez de
recursos? Seriam os principados do mundo? Seriam as forças espirituais do mal nas
regiões celestiais?
O povo que se inclinou para o desejo de um sacerdócio com mediadores humanos
havia sido recém liberto do Egito, e Deus gradativamente estava lhes concedendo a
provisão do que necessitavam para viverem como um povo liberto. Entretanto, ainda
assim, a grande maioria das pessoas não queria Deus excessivamente perto.
552

Por não almejar tratar o verdadeiro problema das pessoas diante de Deus, a Ordem
de Arão não passou de uma fachada de aparente piedade quer porque as pessoas não
querem uma real solução de Deus para as suas vidas, quer porque têm medo da solução
de Deus para elas ou ainda porque nem ao menos sabem que existe uma solução para
tão profundo problema.
Portanto, um dos aspectos mais centrais do problema de cada ser humano, se não o
mais central, é o próprio coração de cada indivíduo, acrescido de não saber como
solucionar o que precisa ser solucionado, ter medo de solucionar o que precisa ser
solucionado ou de não querer solucionar o que precisa ser solucionado.
Vejamos abaixo mais alguns exemplos de condições contrárias a Deus que o coração
de um indivíduo pode incorrer e do posicionamento das pessoas em relação à presença
da luz do Senhor individualmente sobre as suas vidas:

Tiago 1: 13 Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus;


porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém
tenta.
14 Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando
esta o atrai e seduz.
15 Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o
pecado, uma vez consumado, gera a morte.
16 Não vos enganeis, meus amados irmãos.
17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do
Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de
mudança.

Tiago 4: 1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De


onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?
2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter;
viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;
3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em
vossos prazeres.

Efésios 4: 17 Isto, portanto, digo e no Senhor testifico que não mais


andeis como também andam os gentios, na vaidade dos seus
próprios pensamentos,
18 obscurecidos de entendimento, alheios à vida de Deus por causa
da ignorância em que vivem, pela dureza do seu coração,
19 os quais, tendo-se tornado insensíveis, se entregaram à dissolução
para, com avidez, cometerem toda sorte de impureza.

Provérbios 4: 20 Filho meu, atenta para as minhas palavras; aos meus


ensinamentos inclina os ouvidos.
21 Não os deixes apartar-se dos teus olhos; guarda-os no mais íntimo
do teu coração.
22 Porque são vida para quem os acha e saúde, para o seu corpo.
23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele
procedem as fontes da vida.
553

João 3: 19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens


amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram
más.
20 Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem para a
luz para que as suas obras não sejam reprovadas.
21 Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas
obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.
----

Diante dos desafios da vida de uma pessoa, a condição do seu coração é


um ponto central que ninguém deveria desprezar ou até colocar em
segundo em plano.
Quando a Ordem de Arão é exposta diante do fato das pessoas não quererem a luz de
Deus em seus corações porque elas sabem ou temem que suas obras sejam contrárias
ao Senhor, fica evidenciada a distorcida motivação desta ordem sacerdotal ao propor
paliativos, atos externos ou até sacrifícios na tentativa de abrandar o relacionamento
delas com Deus sem, contudo, torná-lo muito aprofundado.
Em diversos sentidos, a proposição da Ordem de Arão ou similares a ela têm uma
postura até mais distorcida contra Deus do que algumas pessoas que nem querem
buscar a Deus, porque neste tipo de sacerdócios, as pessoas estão tentando comprar o
favor de Deus com bens e obras materiais para, no final, tentar corromper a Deus na
sua santidade, pois se o Senhor aceitasse ser subornado, Ele também não mais teria
autoridade de reto juiz para julgar aqueles que se mantiverem em trevas porque
amavam mais as trevas do que a luz.
O ser humano que não ama a luz de Deus mais do que o seu próprio coração pode
ficar propenso a tentar mover as mais diversas coisas do mundo e oferecer os mais
impressionantes serviços, sacrifícios e ofertas somente para que a condição real do seu
coração não seja exposta diante de Deus, como se o Senhor já não a conhecesse.
O ser humano que não ama a luz de Deus mais do que a sua atração pelas coisas
criadas, inclusive a sua própria vida, faz as coisas mais mirabolantes para tentar
esconder do Senhor o que já está plenamente exposto diante do Deus Eterno.
À parte da luz do Senhor, o ser humano chega a pensar que poderá continuar
pecando indefinidamente se tão somente agradar a Deus com sacrifícios que ele, o ser
humano, quer dar a Deus para tentar aplacar a ira do Senhor. Em seu coração, ele pode
até vir a pensar que Deus é sujeito a ser corrompido ou que Deus é conivente com a
injustiça assim como é o ser humano sujeito ao pecado.
O ser humano que não ama a luz de Deus acima do seu amor pelas coisas criadas,
inclusive a sua própria vida, ama a injustiça mais do que a justiça, se mantendo assim à
parte do conhecimento do Evangelho da Justiça de Deus.

Salmos 10: 1 Por que te conservas longe, SENHOR? Por que te escondes
nos tempos de angústia?
2 Os ímpios, na sua arrogância, perseguem furiosamente o pobre;
sejam apanhados nas ciladas que maquinaram.
554

3 Porque o ímpio gloria-se do desejo da sua alma, bendiz ao


avarento e blasfema do SENHOR.
4 Por causa do seu orgulho, o ímpio não investiga; todas as suas
cogitações são: Não há Deus.
5 Os seus caminhos são sempre atormentadores; os teus juízos estão
longe dele, em grande altura; trata com desprezo os seus
adversários.
6 Diz em seu coração: Não serei abalado, porque nunca me verei na
adversidade.
7 A sua boca está cheia de imprecações, de enganos e de astúcia;
debaixo da sua língua há malícia e maldade.
8 Põe-se nos cerrados das aldeias; nos lugares ocultos mata o
inocente; os seus olhos estão ocultamente fixos sobre o pobre.
9 Arma ciladas em esconderijos, como o leão no seu covil; arma
ciladas para roubar o pobre; rouba-o colhendo-o na sua rede.
10 Encolhe-se, abaixa-se, para que os pobres caiam em suas fortes
garras.
11 Diz em seu coração: Deus esqueceu-se; cobriu o seu rosto e nunca
verá isto. (RC)
----

O ímpio pode ser precisamente aquele que dá grandes ofertas às chamadas “casas de
Deus”, pensando que com isto, ele poderá livrar as partes mais profundas do seu
coração do confronto com a verdade e a justiça de Deus. O ímpio pode ser aquele que
pensa que Deus é comprável com dízimos e que estes fazem a mediação para que a
benção de Deus lhes seja concedida ainda que não permaneçam na comunhão com o
Senhor e sob a luz do Senhor nas ações diárias de suas vidas. O ímpio pode ser aquele
que pensa que um culto semanal, algumas ofertas ou alguma outra reunião podem
aplacar a negação que faz do chamado de estar continuamente em Deus onde a sua vida
sempre deveria estar guardada.
Uma vez que nenhuma pessoa é justificada por obras, o ímpio pode ser aquele que
insiste em fazer algumas obras para ser aceito diante de Deus e que ainda tenta exigir
que outros também o façam para se igualarem a ele. O ímpio também pode se expressar
como aquele que insiste em sua justiça própria em vez de se quebrantar pessoalmente
diante de Deus e deixar que Cristo o ilumine, o auxilie a mortificar as obras más que
aprecia no coração e para que Cristo o levante como uma nova pessoa com uma
consciência alinhada com a vontade de Deus.

Gálatas 5: 3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar


que está obrigado a guardar toda a lei.

Gálatas 6:12 Todos os que querem mostrar boa aparência na carne,


esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem
perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13 Porque nem ainda esses mesmos que se circuncidam guardam a
lei, mas querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa
carne.
14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e
eu, para o mundo.
555

15 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão nem a incircuncisão


têm virtude alguma, mas sim o ser uma nova criatura. (RC)
----

Quer estejam ligados a alguma instituição religiosa ou não participem em nenhuma,


aqueles que estão dissociados de Cristo também estão dissociados da luz do Senhor e da
vida segundo o querer de Deus.
O último texto acima descreve que muitos que se fiam no modelo religioso de obras,
fazem-no porque querem apresentar uma aparência externa de santidade, como se com
isto pudessem ser salvos diante do Deus que vê o coração e não somente
superficialmente.
Outros, ainda, tentam impor aos seus semelhantes a obrigatoriedade de
participarem de suas “associações religiosas”, muitas inclusive com nome de serem
cristãs, talvez, na ideia de que ao formarem uma grande assembleia, inclusive com
muitos recursos materiais, Deus não atentará para o que é feito nesta assembleia ou
para aquilo que, principalmente, é feito pelos membros da assembleia quando em seu
dia-a-dia estão agindo em contrariedade a Deus.
Não consistia a Ordem de Arão, precisamente, na proposição de que o sumo
sacerdote desta ordem apresentasse sacrifícios a Deus para expiação do pecado que o
povo cometia estando com o coração longe de Deus, tornando-se isto em um ciclo
repetitivo e degenerativo onde o povo nunca era aperfeiçoado?
Portanto, ver o próprio coração pode se tornar em um dos maiores desafios ou
medos que uma pessoa enfrente em toda a sua vida, porque:

Jeremias 17: 9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e


perverso; quem o conhecerá? (RC)
----

Dessa forma, aqui entendemos ser essencial refletir de forma um pouco mais
profunda sobre o tema exposto acima, mas também de forma mais óbvia e sóbria, pois
por que uma pessoa deveria ter medo de ter o seu coração exposto a Deus se o Senhor
já conhece completamente o seu coração?
A atitude de recear expor o coração a Deus não é, então, algo incoerente?
A não ser que um indivíduo não saiba que Deus é Onisciente e que Ele
sabe o que se passa em seu coração, uma pessoa jamais deveria ter medo
de expor o seu coração ao Senhor visto que o Senhor já a conhece e de
antemão já sabe tudo o que está inclusive no mais íntimo de seu coração,
lembrando ainda que o medo gera tormento e pode subjugar uma pessoa à
uma escravidão desnecessária.

1 João 4: 18(b) ... Ora, o medo produz tormento; ...

Romanos 8: 15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para


viverdes, outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de
adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
556

Conforme já vimos acima, há pessoas que se apegam ao mal e não querem a luz de
Deus. Entretanto, muitos daqueles que querem a luz nas suas vidas, têm, ao mesmo
tempo, receio de se expor ao Senhor mais provavelmente por causa dos três motivos a
seguir:
 1) Temem conhecer o próprio coração, temem que Deus mostre a elas quem elas
são de fato, sem máscara, sem rodeios, sem desculpas;
 2) Temem não saber o que fazer com o conhecimento de quem são e da
motivação com que fizeram e ainda fazem muitas coisas;
 3) Temem se tornar conscientes do que são diante da verdade que há na glória de
Deus por causa do medo de serem, por isto, condenadas por Deus e pelos outros,
podendo inclusive chegar a pensar que a opção intencional pela ignorância talvez
possa ser melhor para as suas vidas do que conhecerem a verdade.

Os temores que foram descritos no parágrafo anterior expressam temores que


também o profeta Isaías teve quando Deus revelou uma parte considerável da sua
glória que ainda não era conhecida por Isaías, conforme segue:

Isaías 6: 1 No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado


sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o
templo.
2 Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas
cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava.
3 E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o
SENHOR dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.
4 As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se
encheu de fumaça.
5 Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de
lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os
meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!
----

Diante da luz da revelação da glória de Deus, Isaías imediatamente viu a sua


precária condição de ser humano pecador e passou a concluir que não havia esperança
para Ele diante de tão elevada revelação do Senhor à qual foi exposto.
Entretanto, apesar do temor que havia em seu coração, Isaías não morreu. Isaías não
foi condenado pelo Senhor porque ele adotou a postura de abrir o seu coração para
Deus e confessar o seu pecado a Ele. Isaías não morreu diante da glória de Deus a ele
revelada porque aceitou aquilo que a luz de Deus lhe revelou e porque abriu o seu
coração perante Deus, passando a ver, então, outra faceta da glória da misericórdia do
Senhor que triunfa sobre o juízo, a qual mais tarde também foi assim descrita por
Tiago, conforme segue respectivamente:

Isaías 6: 5 Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou


homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros
lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos Exércitos!
557

6 Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma


brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7 com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus
lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.

Tiago 2: 13 Porque o juízo é sem misericórdia para com aquele que não
usou de misericórdia. A misericórdia triunfa sobre o juízo.
----

A glória de Deus aos olhos da Ordem de Arão, ao contrário da experiência de Isaías,


era terrível e as pessoas viam a glória de Deus como vinda para destruição. E se o povo
se aproximasse dela, sob a antiga aliança que fizeram, realmente seriam condenados e
mortos. E por isto, o Senhor os instruía a se manterem afastados desta glória.
Entretanto, o Senhor falava assim àquelas pessoas porque não quiseram confiar os seus
corações aos cuidados de Deus.

Hebreus 12: 20 ... porque não podiam suportar o que se lhes mandava:
Se até um animal tocar o monte, será apedrejado.
21 E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo
assombrado e tremendo.

E aqui, novamente, vemos a evidência da incomparável glória da Ordem de


Melquisedeque em contraste com a Ordem de Arão.
Enquanto a Ordem de Arão lutava para que a mediação escolhida pelo povo
conseguisse colocar um véu ou uma cobertura entre a luz de Deus e o povo, a outra, a
Ordem de Melquisedeque, lança fora o véu e expõe a pessoa que se achega a ela diante
de ampla luz para que veja a sua própria imperfeição. Mas isto, para que também veja a
glória da misericórdia do Deus das Eternas Misericórdias e que perdoa as iniquidades
daqueles que recebem o seu Evangelho Eterno.
Enquanto a Ordem de Arão quer cobrir o que deveria ser exposto para postergar o
encontro inevitável de condenação que virá mais adiante, fazendo com que o povo
tenha que se esconder de Deus toda vez que o Senhor se manifesta, a Ordem de
Melquisedeque propõe que cada indivíduo pessoalmente venha direto a Deus para ver e
também ser individualmente liberto no coração. E isto, com o propósito de poder
desfrutar sempre e em tudo da presença e da luz de Deus no coração.

1 João 4: 18 No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora
o medo. Ora, o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é
aperfeiçoado no amor.
----

Se retornarmos ao caso de Isaías, podemos ver que o Senhor não o expôs diante de
outras pessoas e para ser envergonhado perante todo o povo. Deus mostrou a sua glória
pessoalmente a Isaías, e também foi na intimidade diante do Senhor que Isaías foi
liberto e curado do seu mal.
558

O que o povo de coração endurecido ou de dura cerviz não alcançou, e não podia
alcançar mediante a Ordem de Arão, foi concedido no particular a Isaías porque Deus
sabia que Isaías estava disposto a confessar o que era devido confessar ao Senhor,
permitindo assim que o Senhor o curasse.
A Ordem de Arão nunca pôde e nunca poderá aperfeiçoar uma pessoa que está
associada a ela porque ela atua sob o medo. E atuando sujeita ao medo, ela não atua no
perfeito amor.
Na Ordem de Arão, os sacerdotes ensinam que os pecados do povo os impedem de
orar. Mas como, então, poderão ser perdoados e curados se não podem orar a Deus?
Já na Ordem de Melquisedeque, o Senhor convida as pessoas para virem
a Ele para conhecerem a verdade e confessarem pessoalmente os seus
pecados diante do Senhor. E isto, para que sejam purificados da injustiça,
assim como Isaías foi.

1 João 1: 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para


nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

Não foi Deus quem queria a Ordem de Arão; foi o povo. Deus somente consentiu
com este tipo de sacerdócio por um determinado tempo para que as pessoas vissem que
a solução para a verdadeira novidade de vida nunca é se esconder do Senhor, mas se
expor ao Deus de toda a misericórdia. Portanto, é impressionante observar como a
mentalidade da Ordem de Arão e similares a ela procuram confundir as pessoas e
atormentá-las apresentando Deus a elas de forma tão distorcida.
E não é a misericórdia o primeiro aspecto oferecido a quem chega ao trono da graça
através do Sumo Sacerdote Cristo, o qual está nesta posição segundo a Ordem de
Melquisedeque, conforme o texto que repetimos abaixo?

Hebreus 4: 14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa
confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
----

Quando Isaías viu a glória de Deus, ele a viu sem véu ou sem as condições da Lei de
Moisés. Ao ver uma primeira parte da glória de Deus, Isaías ficou maravilhado com o
Senhor e o seu trono, depois ficou temeroso, mas ousou confessar o seu pecado. E por
isto, por fim, Isaías viu ainda outra parte que ele não conhecia da surpreendente glória
do Senhor Eterno.
Já a Ordem de Arão nunca tinha ensinado a Isaías que o Deus de toda a glória nos
surpreende com a superabundância da sua graça e da misericórdia que há em sua
glória, inclusive ao ponto de nos perdoar e purificar a nossa consciência da injustiça e
das obras mortas da primeira aliança. Por isto, depois que a Ordem de Arão cumpriu o
559

seu papel de exaltar a condenação associada à ofensa e servir de testemunho da sua


fraqueza e inutilidade, ela já não é mais necessária ou se tornou obsoleta diante de
Deus.

Romanos 5: 20 Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde


abundou o pecado, superabundou a graça,
21 a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também
reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus
Cristo, nosso Senhor.

2 Coríntios 3: 13 E não somos como Moisés, que punha véu sobre a face,
para que os filhos de Israel não atentassem na terminação do que se
desvanecia.
14 Mas os sentidos deles se embotaram. Pois até ao dia de hoje,
quando fazem a leitura da antiga aliança, o mesmo véu permanece,
não lhes sendo revelado que, em Cristo, é removido.
15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o
coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.
17 Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade.
18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por
espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de glória em
glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.
----

Em Cristo ou na nova aliança segundo a Ordem de Melquisedeque,


somos livres para conhecer o que mais as pessoas têm medo de ficarem
cientes, que é conhecer o seu próprio coração, pois diante do Espírito do
Senhor, que a tudo perscruta, também há provisão de misericórdia para
confissão, perdão, cura e restauração de vida.

2 Coríntios 1: 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o


Pai de misericórdias e Deus de toda consolação!

Assim, em Cristo, uma pessoa pode viver em paz e viver com alegria no coração de
que o Senhor está com ela e que caso ela venha a tropeçar, não porque ela quer se
entregar novamente a uma vida sujeita ao pecado, o Senhor também está pronto a
ajudá-la, revelando-nos neste ponto em particular mais uma grande faceta da glória
eterna de Cristo Jesus a nosso favor, conforme descrita a seguir:

1 João 2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
560

Estamos mencionando este último ponto de forma destacada aqui porque


entendemos que também em relação a ele é necessário observar de forma separada o
que Cristo fez por nós daquilo que Cristo continua a fazer por nós ou continua a se
oferecer para fazer em nosso favor.
Conforme temos mencionado desde o início do assunto sobre O Evangelho da Glória
de Deus e da Glória de Cristo, aquilo que o Senhor nos oferece em seu Evangelho é
imensuravelmente precioso por causa de toda a provisão de salvação já feita pelo Pai
Celestial em Cristo Jesus, mas também porque toda a provisão feita encontra inabalável
fundamento para cumprir a concessão de novidade de vida para a qual a salvação nos é
oferecida no Senhor.
Devido ao fato de focarem aquilo que Cristo fez a favor delas no passado,
mas não conhecerem ou não darem atenção à posição e ministérios atuais
do Senhor Jesus Cristo, muitas pessoas se restringem de serem assistidas
de maneira mais ampla pelo Senhor e de acessarem muitos benefícios que
já estão disponíveis a elas em Deus.
Portanto, ressaltamos aqui que no texto da primeira epístola de João citado acima,
encontra-se evidenciada mais uma vez a maravilhosa propiciação que Cristo
providenciou a nosso favor para sermos libertos da sujeição ao pecado, mas o mesmo
texto também descreve que Cristo continua atuante a nosso favor e ainda avança na
menção de como Cristo atua em nosso benefício.
Juntamente com a declaração de que Cristo é a provisão eterna para o perdão dos
nossos pecados com base no que Ele fez por nós na cruz do Calvário, podemos perceber
no texto em referência, ainda outro aspecto associado ao Senhor Jesus Cristo em nosso
favor, o qual, por sua vez, gostaríamos de dividir em dois pontos, a saber:
 1) Cristo é o nosso “Advogado”;
 2) Cristo é o nosso Advogado “junto ao Pai”.

E por que estamos abordando a posição de Cristo Jesus como a propiciação pelos
nossos pecados e como o nosso Sumo Sacerdote, também expresso pelo papel de nosso
Advogado, em conjunto com o chamado de Deus para expormos o nosso coração
diante Dele sem medo ou confiantes na misericórdia que o Pai Celestial nos oferece em
Cristo?
Neste capítulo, estamos ressaltando mais uma faceta da glória de Cristo ou do seu
ministério presente para mostrar através de mais uma maneira o quanto o Senhor nos
quer bem e quer nos assistir para que de fato façamos uso da reconciliação e da
comunhão para a qual Cristo se ofereceu como o Cordeiro Perfeito na cruz do Calvário
em nosso favor.
Além de ter providenciado em Cristo tudo o que nos é necessário para a
reconciliação com Ele, o Pai Celestial tanto quer a comunhão com as
pessoas que recebem o seu Evangelho que Ele ainda lhes oferece tudo o que
necessitam para que possam ser auxiliadas ou assistidas em Cristo para de
fato poderem desfrutar da comunhão com Ele e da novidade de vida que
Nele se encontra.

Romanos 8: 31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por


nós, quem será contra nós?
561

32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?
33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem
os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós.

Desta forma, a palavra utilizada para nos apresentar a Cristo como o nosso
Advogado junto ao Pai, entre outros aspectos, nos é apresentado por alguns
dicionários e léxicos da seguinte forma:

Comentários associados ao léxico de Strong na Online Bible:


1) Consolador;
2) Chamado, convocado a estar do lado de alguém, especificamente convocado a ajudar
alguém;
3) Alguém que pleiteia a causa de outro diante de um juiz, intercessor, conselheiro de
defesa, assistente legal, advogado;
4) Pessoa que pleiteia a causa de outro com alguém, intercessor;
5) No sentido mais amplo, ajudador, amparador, assistente, alguém que presta socorro.

Dicionário Online Cambridge:


1) Suportar ou sugerir publicamente uma ideia, desenvolvimento ou o caminho para fazer
algo. (Traduzido pelo autor).

Dicionário Online Google:


1) Representante;
2) Defensor.

Assim, se retornarmos ao exemplo de Isaías, que diante do trono de Deus encontrou


a revelação, perdão e cura do pecado que lhe afligia, e olharmos este exemplo à luz do
texto que declara que Cristo é o nosso Advogado junto ao Pai, podemos também vir
a saber que, através de Cristo, uma pessoa pode ser amparada para vencer tanto o
medo como outros obstáculos que de alguma forma tentam se interpor em sua
comunhão com o Pai Celestial.
E se abordarmos primeiramente o aspecto junto ao Pai mencionado no texto de
1João, podemos ver que o local no qual o nosso Advogado está posicionado não está
mencionado por um mero acaso e somente a título de uma mera informação.
Pelo fato de não discernirem alguns aspectos fundamentais que há na menção a
respeito do lugar diante do trono celestial de Deus e a posição de Cristo como o nosso
Advogado junto ao Pai Celestial, muitas pessoas têm ficado privadas de conhecer
mais da graça e da misericórdia de Deus.
Relembrando este ponto mais uma vez, nas Escrituras, encontramos claramente que
Cristo nos é concedido para habitar em nossos corações e nos fortalecer a partir do
nosso interior, mas também vemos no livro de Hebreus que Cristo é o Sumo Sacerdote
que ministra a nosso favor nas regiões celestiais ou no lugar mais alto onde o Pai
Celestial está assentado Soberano em seu trono celestial, conforme segue:
562

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
3 Pois todo sumo sacerdote é constituído para oferecer tanto dons
como sacrifícios; por isso, era necessário que também esse sumo
sacerdote tivesse o que oferecer.
4 Ora, se ele estivesse na terra, nem mesmo sacerdote seria, visto
existirem aqueles que oferecem os dons segundo a lei,
5 os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes, assim
como foi Moisés divinamente instruído, quando estava para
construir o tabernáculo; pois diz ele: Vê que faças todas as coisas de
acordo com o modelo que te foi mostrado no monte.
6 Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.

Conforme comentamos no início deste capítulo, uma das atribuições de um Sumo


Sacerdote é interagir com aqueles que ele vai representar, mas o outro aspecto é ele se
apresentar no local estabelecido por aquele diante de quem ele representa os que o
escolheram como Sumo Sacerdote para representá-los.
Na Ordem de Melquisedeque, Deus estabeleceu que o local do Sumo Sacerdote se
apresentar diante Dele é nos céus e diante do trono eterno do Pai Celestial, do trono
que Deus permitiu Isaías ver uma série de aspectos.
Assim, conforme já mencionamos, Cristo tem uma atuação no coração daquele que o
recebe e em quem Ele está através do Espírito Santo com o qual o Senhor é um.
Entretanto, Cristo também tem uma atuação perante o trono do Pai Celestial ou
conjunta com Pai, posição em relação à qual Ele precisa permanecer fielmente também
em prol de cada indivíduo que crê Nele na Terra.
Jamais um sumo sacerdote terreno e humano poderia sequer cogitar
fazer o que Cristo faz como Sumo Sacerdote estando plenamente
representado nos dois lugares essenciais que um Sumo Sacerdote deveria
estar.
Entretanto, antes de falarmos da condição de Cristo como o nosso Advogado
junto ao Pai Celestial, a questão a ser destacada aqui é que anteriormente
mencionamos que Cristo não é um Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Arão que
deixa aqueles a quem ele representa sem possibilidades de acesso pessoal ao Pai
Celestial. Pelo contrário, o Senhor Jesus disse que através Dele, uma pessoa também
poderia vir ao próprio Pai Celestial diante de quem Cristo está.
Quando uma pessoa ora a Deus, a avaliação ou o julgamento se sua oração será
atendida ou não é feito primeiramente no trono celestial e não na Terra.
Portanto, todo este contexto, agora nos faz chegar a um ponto muito impressionante
e desafiador de ser compreendido pela mente natural desprovida do conhecimento
espiritual que o Senhor nos concede através do Espírito Santo, e que é o aspecto de que
um cristão que vive na Terra pode também estar espiritualmente diante do trono
celestial de Deus.
563

Apocalipse 5: 9 E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de


tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com o teu
sangue compraste para Deus homens de toda tribo, e língua, e povo,
e nação;
10 e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão
sobre a terra. (RC)

Ora, como rei, ou reino de sacerdotes como dizem algumas traduções, um cristão
pode reinar sobre aquilo que Deus confia às suas mãos para ele cuidar. Entretanto,
como sacerdote, há um lugar especial para o serviço sacerdotal ser feito que pode ser
acessado mediante a fé em qualquer lugar que um cristão se encontra, o qual é o alto e
sublime lugar de Deus uma vez que Cristo nos comprou com seu sangue para sermos
sacerdotes para o nosso Deus, sendo o Senhor Jesus o nosso Sumo Sacerdote Eterno.
E uma vez que Deus quer que nos apresentemos diante do seu trono para ali realizar
o serviço sacerdotal, isso também precisa ser conciliado com a questão de somente
Cristo ser Mediador entre Deus e as pessoas. (A questão do cristão receber a condição
de rei para o nosso Deus será vista mais adiante, depois que vermos que Cristo é
também o Rei da Glória sobre todos).
As Escrituras nos ensinam que Cristo abriu para nós um “novo e vivo caminho” para
o Santo dos Santos. E uma vez que o Santo dos Santos do sacerdócio de Moisés já foi
anunciado como obsoleto e que o véu da Ordem de Arão já foi rasgado para este
sacerdócio antigo ser removido, o Santo dos Santos autorizado por Deus para ser
acessado por uma pessoa após a ressurreição de Cristo é o Santo dos Santos nos céus ou
onde está o trono eterno de Deus.
Quando o Pai Celestial convida os cristãos para se achegarem ao Santo dos Santos
Eterno e Verdadeiro, Ele chama as pessoas para chegarem diante do seu trono
mediante a fé de que, através de Cristo, elas estão se apresentado diante do local
soberano da sua presença.
Mas por que Deus quer que as pessoas cheguem a Ele precisamente em um lugar tão
sublime e elevado?
O Senhor convida as pessoas a se achegarem diante do seu trono eterno
porque é deste trono que o Senhor governa sobre todos e sobre todas as
coisas.
É a partir do seu trono que um rei reina. É a partir do seu trono que um regente
confere as suas sentenças ou vereditos. E é partir do seu trono que um regente designa
a sua vontade e como as pessoas são chamadas a agir para que a sua vontade seja
seguida.
A relevância de um cristão compreender que ele presta contas, em
primeiro lugar, a um trono celestial, e não terreno, é de uma grandeza que
nem olhos viram e nem ouvidos ouviram, mas que nos foi revelada pelo
Espírito Santo de Deus no tempo oportuno e no tempo da revelação da
glória eterna do Cristo ressurreto, exaltado e assentado à direito do trono
do Pai Celestial.
Quando uma pessoa recebe a Cristo em seu coração, ela também recebe
a cidadania nos céus, o que faz com que ela tenha uma nova pátria e um
novo Senhor e Rei. E como tal, o cristão também tem novas instruções e
564

direções designadas a partir deste novo trono sobre como viver a vida a
partir desta nova pátria.
Um cristão é embaixador de Cristo na Terra. E portanto, ele também foi enviado
segundo o reino que lhe enviou, e ao qual deveria continuar a se reportar em todos os
momentos da sua vida.
O ponto exposto no último parágrafo pode parecer muito intrigante, mas quando
vemos que Cristo está, ao mesmo tempo, diante do trono de Deus como o nosso Sumo
Sacerdote e também está em nós como o Senhor, mediante o Espírito do Senhor, para
nos instruir, conformar e guiar em tudo o que fazemos, também nós podemos começar
a compreender de que, em forma semelhante a Cristo, nós também podemos estar na
Terra e diante do trono do Senhor.
Se Cristo está ao lado do Pai Celestial e através do Espírito do Senhor em
nós, também nós podemos estar no mundo e diante de Deus através do
Espírito do Senhor.
Ou talvez dito de uma maneira mais extensa: Se Cristo está diante do Pai Celestial e
pelo Espírito Santo em nós, e se nós estamos em Cristo, também é através do Espírito
do Senhor que habita em nós que nós também podemos estar onde Cristo está, estando,
assim, também diante de Deus em Cristo e vendo cumprido desta maneira o que nos
declara o texto que expomos abaixo mais uma vez:

Efésios 2: 5 ... e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida
juntamente com Cristo, —pela graça sois salvos,
6 e, juntamente com ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos
lugares celestiais em Cristo Jesus.

Ou ainda em outras palavras, para não apresentar o princípio acima de forma


equivocada: Quando alguém está em Cristo, ele também está perante Aquele ao lado de
quem Cristo está assentado.

João 14: 9 Disse-lhe Jesus: ... Quem me vê a mim vê o Pai; ...

Romanos 10: 6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes


em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a
Cristo;
7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os
mortos.
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu
coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
----

O posicionamento para um cristão estar em Cristo é um posicionamento de fé e não


de um local físico. Estar em Cristo é um posicionamento de inclinação e atenção do
espírito de um indivíduo para se expressar para Deus, mas também para perceber Deus
lhe respondendo e instruindo através do Espírito Santo em seu coração.
565

Veremos mais adiante que este princípio de estar assentado nos lugares celestiais em
Cristo também é chamado de viver em Cristo ou viver no Espírito, onde a pessoa
entende que ela pode estar sempre diante do Senhor e que ela sempre pode viver
pronta para ser iluminada, ensinada, orientada e até corrigida em amor pelo Senhor. E
ainda, que quando o Senhor a chama para um período mais intenso de atenção ao que
Senhor lhe quer falar, ela sabe se aquietar diante do Senhor e ouvi-lo assim como Maria
fez enquanto Marta se ocupava de fazer obras sem primeiro ter sido instruída pelo
Senhor.
Como filhos do homem natural ou de Adão, somos carne e sangue. Entretanto, como
filhos de Deus através da fé no Evangelho do Senhor, somos espírito vivificado por
Cristo. E, por sua vez, como espírito vivificado, o Senhor pode interagir conosco além
das restrições de limites naturais e até nos ensinar enquanto estamos dormindo no
nosso corpo natural, conforme já vimos no Salmo 16.
Por outro lado, quando os cristãos não compreendem que nasceram como filhos do
homem natural que também vieram a ser feitos filhos de Deus mediante a fé em Cristo,
e que, por isto, têm o Espírito do Senhor para guiá-los, relembrá-los que são filhos de
Deus e para colocar neles um anelo para sempre clamarem e se dirigirem ao Pai
Celestial, eles também tendem a se inclinar novamente somente às coisas naturais e
que se são da Terra, e não as que são de cima.

Colossenses 2: 20 Se morrestes com Cristo para os rudimentos do mundo,


por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: ...
3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai
as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.

Ao chamar os cristão para estarem atentos a buscar as coisas que são do


alto, o Senhor nos ensina que várias coisas que são do alto somente são
concedidas se alguém buscá-las em Cristo e permanecer Nele, o que
também é permanecer diante de Deus.
Assim, quando nos achegamos ao Senhor Jesus, como Ele já está nos céus, nos
achegamos também ao Pai Celestial, a Deus que está assentado no alto e sublime trono.
Quando inclinamos o nosso espírito a Cristo com a atenção de interagir com o
Senhor, em qualquer lugar que estivermos, “em Espírito” estamos adorando o Senhor
na Terra e no Céu.
Destacando este princípio mais uma vez, quando uma pessoa recebe a Cristo, ela
recebe de Cristo um espírito vivificado através do qual ela pode interagir “em Espírito”
com Deus, conforme já comentamos acima.

1Coríntios 15: 45 Pois assim está escrito: O primeiro homem, Adão, foi
feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante.

1 Coríntios 6: 17 Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.


----
566

Adão também significa iniciador de raça.


Assim, mediante o 1º Adão, nós recebemos um corpo de carne e sangue e uma alma
vivente.
Por meio do último Adão, que é Jesus, o Cristo ressurreto, nosso
Senhor, recebemos um espírito vivificado.
Os cristãos que estão na Terra ainda não receberam de Cristo um novo corpo, e por
isto, não podem estar corporalmente com Cristo no céu. Entretanto, eles podem estar
com Cristo mediante o Espírito do Senhor assim como Ele está com eles através do
mesmo Espírito Santo.

João 3: 1 Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um


dos principais dos judeus.
2 Este, de noite, foi ter com Jesus e lhe disse: Rabi, sabemos que és
Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes
sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se
alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
4 Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo
velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda
vez?
5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não
nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito.
7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.
8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.

2 Coríntios 1: 22 ... que também nos selou e nos deu o penhor do Espírito
em nosso coração.

Gálatas 4: 6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o


Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
----

A todos aqueles que creem em Cristo e o recebem como Senhor e Salvador, Deus
concede uma dádiva eterna e imensuravelmente valiosa, o qual é vida espiritual que é
denominada também de novidade de vida em Cristo, novo homem segundo a verdade
e a justiça de Deus, novo homem interior ou nova criatura em Cristo Jesus,
exemplificado através de mais um texto abaixo:

2 Coríntios 4: 16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que


o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem
interior se renova de dia em dia.
567

Relembramos aqui também que a palavra homem mencionada acima não tem nesse
texto a conotação de macho para distinguir de fêmea ou mulher, pois na condição
espiritual em Cristo ou nas regiões celestiais diante do Pai Celestial, “não há judeu nem
grego, nem escravo e nem livre, nem homem e nem mulher”.
Em alemão, por exemplo, Martinho Lutero traduziu a palavra homem por Mensch,
que significa um ser segundo a sua origem, segundo à sua ascendência.
Nos comentários associados ao léxico de Strong na Online Bible, encontramos a
palavra homem expressa também como Anthropos, ou seja, um ser humano, seja homem
ou mulher.
O homem interior, o ser interior, o espírito vivificado em nós por Cristo, é diferente
do ser natural. Ele é um espírito eterno, e como tal, tem similaridades com os anjos.

Mateus 22: 29 Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as


Escrituras nem o poder de Deus.
30 Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento;
são, porém, como os anjos no céu.

A condição natural de homem ou mulher é uma condição temporal que Deus


designou para cada um segundo a sua boa vontade e para que cada pessoa, através do
seu corpo, desempenhe na Terra uma série de ações que o Senhor lhe permite ou
instrui a realizar. Entretanto, quando um homem e uma mulher oram a Deus ou
adoram (servem) a Deus “nas regiões celestiais em Cristo Jesus” e o fazem “em Espírito
e em Verdade”, como é descrito em João 4, tanto este homem como esta mulher o
fazem “em espírito”, ou seja, como o novo homem interior, situação na qual ambos têm
uma condição equivalente de filhos de Deus diante de Cristo e do Pai Celestial.
Conforme já expusemos nos capítulos anteriores, independentemente de várias
condições naturais de uma pessoa, diante de Cristo e, por consequência diante de Deus,
em espírito vivificado, todos são filhos amados de Deus, todos são livres diante do
Senhor para se achegarem a Ele em oração, todos são livres para adorar ao Pai Eterno e
ao Cordeiro perfeito. É uma liberdade singular e justa onde todos que estão em Cristo
são, aos olhos de Deus, preciosos filhos não somente de homens, mas também nascidos
do Senhor através novo nascimento em Cristo Jesus.

João 1: 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.
----

Assim, por termos sido vivificados em espírito por Cristo, podemos nos achegar a
Deus em oração. E quando o fazemos mediante a fé, conversamos com o Senhor Jesus
Cristo na condição de estarmos diante de Deus no céu onde Cristo também está
assentado para nos assistir.
Ainda que um cristão não veja a Deus ou que ele não veja com olhos naturais a
grandeza da glória que Isaías viu, o cristão que se achega a Deus em Espírito e em
Verdade, ou seja, se achega a Deus em Cristo que é a Verdade e o Espírito Vivificante,
568

também se achega ao mesmo trono diante do qual Isaías se viu e sobre o qual João
procura descrever uma série de aspectos no livro de Apocalipse.
O Pai Celestial não somente está disposto a receber os que se achegam a Ele diante
do seu trono, como Ele “procura” aqueles que o adorem em Espírito e em Verdade na
sua presença.
Mas quantos têm crido de que podem se achegar assim a Deus? E quantos têm
praticado a oração a Deus em sua intimidade como que estando diante do trono do
Senhor?

1 Pedro 1: 6 Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se


necessário, sejais contristados por várias provações,
7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde
em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
8 a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas
crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.
----

Aqui, porém, mais uma vez retornamos ao ponto que queremos chegar a partir da
pausa que fizemos mais acima, o qual é a questão de que Cristo nos é apresentado
também como o nosso Advogado junto ao Pai Celestial.
Retornando, então, ao nosso ponto de que todo cristão é chamado por Deus para se
achegar a Ele, gostaríamos de seguir adiante mais especificamente sobre alguns
aspectos práticos de como um cristão pode se achegar em Espírito e Verdade diante do
trono celestial da graça ou inclusive como ele pode se achegar a Deus para ser aceito ali
quando o foco ainda é confessar os seus pecados, uma vez que Deus é santo e não tem
cumplicidade com o pecado.
Portanto, similarmente à situação de Isaías, o primeiro ponto que necessitaremos
para nos achegarmos ao Pai Celestial em fé e também sermos recebidos por Deus sem
que fiquemos atemorizados de ousar avançar para um relacionamento mais
intensamente com Deus é a sua misericórdia, que também é o primeiro aspecto que nos
é oferecido pelo trono da graça.

Salmos 40: 11 Não retenhas de mim, SENHOR, as tuas misericórdias;


guardem-me sempre a tua graça e a tua verdade.

Salmos 69: 16 Responde-me, SENHOR, pois compassiva é a tua graça;


volta-te para mim segundo a riqueza das tuas misericórdias.

Salmos 119: 41 Venham também sobre mim as tuas misericórdias,


SENHOR, e a tua salvação, segundo a tua promessa.
569

Lamentações 3: 22 As misericórdias do SENHOR são a causa de não


sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
----

E também é precisamente neste ponto da necessidade de misericórdia é


que Deus nos oferece a Cristo como o Sumo Sacerdote que também é o
nosso Advogado.
Quando Deus nos chama a nos dirigirmos a Ele em oração diante do seu trono ou
para termos comunhão com Ele, é para um relacionamento com o Pai de Amor que
somos chamados. Entretanto, ou ao mesmo tempo, o Pai de Amor também é o
Soberano Justo Juiz que discerne todos os intentos dos corações, que estabelece
sentenças e que delibera ações segundo a sua eterna e perfeita justiça.
Desta forma, quando nos inclinamos ao relacionamento com o Pai Celestial, há
várias questões das nossas vidas que precisam ser tratadas primeiramente com o
Senhor Jesus Cristo ou serem assessoradas por Ele para que também o nosso
relacionamento com o Pai Celestial possa ser apropriado.
Ora, sabemos que diante de um trono de um tribunal tanto a pessoa que está
buscando ser atendida pelo juiz como o réu não podem se manifestar de qualquer
maneira diante do juiz ou do tribunal como um todo.
Entretanto, o advogado que assiste um requerente ou um réu pode pedir permissão
para se pronunciar a hora que ele quiser. Às vezes lhe é concedida a permissão de
continuar, às vezes não, mas ele sempre é livre para pedir permissão de
pronunciamento.
As outras pessoas que não estão acompanhadas de um advogados em um caso
específico somente podem se pronunciar quando autorizadas pelo juiz. Um requerente
ou um réu somente pode falar livremente com os seus respectivos advogados, os quais,
antes de tornar algo público, vão discutir com os seus clientes se aquilo está de acordo
com a lei e se é pertinente ser pronunciado ou não diante daquele tribunal.
E embora o tribunal de Deus apresente inúmeras diferenças em relação
aos tribunais humanos, vários aspectos de conduta diante do trono
celestial que o Senhor quer nos ensinar jamais deveriam ser desprezados,
razão pela qual Cristo nos é oferecido por Deus como o Sumo Sacerdote
Eterno que também pode atuar perfeitamente na função de Advogado que
em tudo pode nos assistir diante do Pai Celestial.
Devido ao seu ministério também de nosso Advogado junto ao Pai, podemos
tratar todas as nossas questões com Cristo, tais como o que seria interessante falarmos
ao Pai Celestial, como deveríamos falar com o Pai das Luzes ou quando devemos
aguardar em silêncio o pronunciamento do Pai Eterno.
Conforme mencionamos acima, o Pai Celestial procura aqueles que o adorem (se
acheguem a Ele e o servem) em Espírito e em Verdade. E como Cristo é aquele que
vivifica o nosso espírito e é a Verdade, Ele é o perfeito Advogado que pode nos
ensinar e assistir para que o nosso relacionamento com o Pai Celestial alcance a
condição de verdadeiramente ser baseado no Espírito do Senhor e na Verdade.
570

Ressaltamos aqui também que o fato de Cristo nos ser oferecido como o nosso
Advogado junto ao Pai torna evidente que Ele nos é oferecido como Advogado de
defesa ou que nos assiste diante do Pai, e não como um advogado de acusação.
O Senhor Jesus se oferece a nos ensinar, mostrar o que precisamos
rever em nosso entendimento ou ações, o que precisamos confessar a Deus
como pecado, o que nos é necessário, o que podemos pedir ao Pai em
cooperação com o cumprimento da sua vontade no mundo, e assim por
diante. Ou seja, como Sumo Sacerdote Eterno e Advogado, Cristo é o nosso
assessor, auxiliador, mediador e companheiro junto ao Pai Celestial para
nos assessorar justamente no relacionamento com o Pai Celestial.

1 João 2: 1(b) ... temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.

Somente através de Cristo ou do endosso Dele junto ao Pai Celestial é


que o Pai nos recebe, sendo este mais um aspecto que ressalta que Cristo é
o único Mediador entre Deus e todos os seres humanos.
Assim, como nosso Advogado junto ao Pai, o Senhor Jesus tem um papel
fundamental de nos orientar em tudo como podemos nos portar apropriadamente
diante do Pai Celestial. Ou seja, em sua função de Advogado, Cristo nos assiste ou
prepara para que o nosso relacionamento com o Pai Celestial seja para a nossa
edificação e não para a rejeição.
Por exemplo, em seu ministério de nosso Advogado junto ao Pai, o Senhor Jesus
pode nos assistir quanto ao que devemos “trajar” e o que não devemos “trajar” para o
relacionamento com Deus, lembrando que estes atos se referem aos trajes espirituais
que foram mencionados no capítulo anterior.
Como Sumo Sacerdote e nosso Advogado, Cristo nos mostra aquilo que diante do
Pai Celestial é considerado como “trapo de imundícia” e do que, portanto, devemos nos
despir. Ou ainda, nos mostra aquilo que precisa passar na lavanderia celestial antes de
ser usado diante do Pai em seu trono eterno.
Se alguém, por exemplo, chegar de forma soberba diante do Pai Celestial, nada
obterá Dele. Pelo contrário, passará a ter a resistência do Pai em relação a ele.
Por outro lado, se alguém está em Cristo e está buscando a comunhão com Ele,
Cristo como Advogado pode instruir este cristão a aprender com Ele como ser
humilde diante de Deus, pois Ele, Cristo, é manso e humilde de coração. O Senhor
Jesus é o nosso exemplo a ser seguido em todos as nossas atitudes e comportamentos.

Tiago 4: 6(b) Pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes.

Filipenses 2: 5 Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em


Cristo Jesus.

1 João 2: 6 Aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar
assim como ele andou.
----
571

Além disso, se retornarmos à condição de Cristo como aquele que realizou a perfeita
provisão para a nossa redenção da sujeição ao pecado e como o Sumo Sacerdote que
apresentou o sacrifício perfeito diante do Pai Celestial para a nossa reconciliação com
Ele, podemos saber que como o nosso Advogado, Cristo tem em suas mãos tudo o que
é necessário para comprovar que toda a nossa dívida eterna para com o pecado, a lei
condenatória e a morte já foi inteiramente paga.
Desta forma, o nosso Sumo Sacerdote e Advogado está nesta posição para nos
assistir antes, durante e depois da nossa audiência com o Pai Celestial. Ele nos
compreende, conhece as nossas fraquezas, sabe das nossa iras, frustações ou decepções,
e conhece plenamente inclusive aquilo que talvez queiramos esconder do Pai das Luzes.
Por isto, Ele é o nosso Advogado em quem podemos ter plena confiança e a quem
podemos contar todas as coisas que se passam em nosso coração.
Se confessarmos os nossos pecados ao nosso Advogado, e o Pai perguntar a Ele
sobre uma determinada transgressão nossa, o nosso Advogado pode dizer que o “seu
cliente” lhe contou esta parte e que ela já foi devidamente deixada para trás.
É claro que o Senhor Jesus não precisa que contemos a Ele todos os detalhes dos
nossos pecados, pois Ele já os conhece. Entretanto, quando Cristo pede que nós
confessemos os nossos pecados, não é por causa Dele que Ele quer que confessemos,
mas é por causa de nós mesmos, é para o nosso bem, conforme é mencionado também
no texto a seguir:

Provérbios 28: 13 O que encobre as suas transgressões jamais


prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.

A dívida eterna de todos os nossos pecados já foi quitada integralmente na cruz do


Calvário. Entretanto, se confessamos os nossos pecados a Cristo, o Senhor nos torna
conscientes de que Ele já pagou a dívida relacionada a cada um deles para que não
carreguemos o peso da culpa destes pecados, para que a nossa consciência seja
purificada deles e da injustiça que está associada a eles, e para que possamos prosseguir
avante segundo a misericórdia e a graça eterna do Senhor.
Quando confessamos os nossos pecados, Cristo volta a reforçar o quão perdoadora é
a justiça de Deus para que possamos avançar para a comunhão com o Pai Celestial sem
estarmos debaixo de acusação, visto que também isto é muito expressivo para a vida de
oração de um cristão diante de Deus.
E também, quando insistimos em confessar repetidamente os mesmos os pecados
que já confessados a Deus, Cristo, como nosso Advogado, pode se manifestar para
nos interromper e instruir que aqueles pecados confessados e perdoados nem são mais
nossos para termos que continuar a confessá-los indefinidamente como ocorria na
Ordem de Arão, a qual, por sua vez, não tirava o pecado, mas somente o cobria na
tentativa de postergar a execução da sentença condenatória sobre a vida dos pecadores.
Quando o nosso coração quer retomar uma culpa já paga e encerrada, Cristo, como
nosso Advogado, volta a nos assegurar que o trono celestial já deliberou sobre nós o
perdão eterno em relação aos nossos pecados ou à sujeição ao pecado e à lei
condenatória de Moisés ou similares a ela.
572

Quando alguém também quer confessar algo que pensa que fez erroneamente, mas
não o fez de fato, ou quando alguém quer assumir uma culpa que não é de fato sua, ou,
ainda, que tentam atribuir a ele, o Senhor Jesus, como o nosso Advogado, nos
permite discernir que foram outras pessoas que erraram e que estão tentando transferir
a sua culpa a nós, mas a qual não precisamos e não deveríamos de fato assumir.
Muitas pessoas no mundo carregam uma enormidade de culpas que outros lhes
colocaram sobre seus ombros, ou melhor, no coração, mas que de fato nem são
propriamente suas culpas.
Assim, em sua função de nosso Advogado junto ao trono eterno e fundamentado
na justiça de Deus, o Senhor Jesus se oferece a nos ajudar a filtrar o que era nossa culpa
e o que não era nosso pecado. A ainda, se oferece a nos ajudar a confessar qual era de
fato a nossa condição para que sejamos purificados da injustiça que o pecado tenta
impor sobre aquele que sujeitou a ele, assim como também para que possamos nos
apartar das acusações infundadas contra nós.

Romanos 8: 33 Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É


Deus quem os justifica.
34 Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem
ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por
nós.

Ainda quanto ao carregar a culpa de outros, no livro de Ezequiel, capítulo 18, as


Escrituras são muito explícitas em afirmar que cada pessoa presta contas de si própria
diante do Senhor. Neste texto, Deus nos ensina que o pensamento que um filho é
corresponsável por cada um dos pecados que o seu pai praticou não é visto desta
maneira aos olhos do Senhor, e, por isto, nem deve ser repassado adiante desta
maneira por aqueles que creem na justiça redentora do reino celestial.
Por outro lado, o nosso Advogado junto ao Pai também sabe muito bem quando
acusamos outros dos pecados que de fato fomos nós que cometemos.
Quando o Senhor Jesus mostra que uma pessoa precisa despir as suas vestes, seus
pensamentos ou seus sentimentos contrários à Deus, Ele está junto ao Pai Celestial,
mas também está junto à pessoa para ajudá-la diante do trono de graça e misericórdia
de Deus. Assim, de certa forma, o Pai Celestial confia no Advogado e não imputa
acusações a um indivíduo enquanto o seu Advogado não se pronunciar.
Em outras palavras, o Pai Celestial vê a pessoa redimida mediante o seu Evangelho
através do Advogado desta pessoa junto ao seu trono, e, por consequência, segundo a
lei da nova aliança na qual este Advogado está amparado.
Notemos bem, então, nos próximos parágrafos, mais uma vez, a enorme diferença
que há na Ordem de Melquisedeque em relação à Ordem de Arão.
Na Ordem de Arão, o homem que se apresentava perante Deus para representar as
outras pessoas cheias de falhas, pecados e culpa era, ele mesmo, também um homem
sujeito à fraquezas, transgressões e culpa.
Se um sacerdote da Ordem de Arão fizesse o seu serviço corretamente conforme a lei
de Moisés, o máximo que ele conseguiria era obter um adiamento da causa das pessoas,
mas jamais a eliminação da culpa e do escrito de dívida por completo.
573

A Ordem de Arão é da espécie que tem advogados (sacerdotes) que querem ganhar
tempo, achando que vão fazer com que eles próprios e os seus “clientes” consigam
postergar as suas causas para sempre. Tornam-se especialistas em postergação ou
procrastinação de causas, mas nunca de uma solução definitiva ou eterna.
Na Ordem de Arão, que atua na Terra em seus templos ou santuários humanos, os
representantes do povo reivindicam a Deus a postergação das causas de si próprios e
daqueles que eles representam. Entretanto, quando eles, os seus “clientes” ou os
“representados” morrerem, quem lhes representará no tribunal eterno?
Quando os “representados” pelos obreiros de Ordens sacerdotais similares à de Arão
estiverem junto ao trono de julgamento eterno, como eles agirão sem a ajuda dos seus
advogados temporais e que não podem mais apelar para uma postergação das causas
em nome daqueles que eles representavam e que já não estão na mais Terra?
Insistir na busca pela postergação daquilo que uma pessoa já poderia e deveria
solucionar mediante Cristo diante de Deus representa um caminho de fuga de algo que
mais cedo ou mais tarde não mais poderá ser evitado, razão pela qual, João Batista
exorta as pessoas a não se fiarem em suas próprias escusas, conforme segue:

Mateus 3: 5 Então, saíam a ter com ele Jerusalém, toda a Judeia e toda
a circunvizinhança do Jordão;
6 e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus
pecados.
7 Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao
batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira
vindoura?
8 Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
9 e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão;
porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a
Abraão.
10 Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que
não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.

Ainda em relação às palavras de João Batista acima, podemos observar que em


relação ao verso 7, outra versão diz: “quem vos ensinou a fugir da ira futura?”
Notemos, então, que parte da plateia à qual João Batista estava pregando era
composta de pessoas que foram ensinadas, que aprenderam, e que passaram a gostar
da ideia de postergação do reflexo da luz celestial sobre os seus pensamentos e atos na
expectativa de não serem esclarecidos da necessidade de se apartarem deles ainda em
seu tempo de vida no presente mundo.
Em outro momento, também o próprio Senhor Jesus advertiu que as pessoas que
buscavam os seus próprios meios de justificação estavam seguindo uma alternativa
muito contrária ao Caminho de novidade de vida que Cristo veio revelar ao mundo.

Lucas 16: 15 Mas Jesus lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós
mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração; pois
aquilo que é elevado entre homens é abominação diante de Deus.

Vamos observar abaixo atenciosamente ainda o seguinte texto:


574

Gálatas 3: 10 Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de
maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-
las.
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus,
porque o justo viverá pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus
preceitos por eles viverá.
13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio
maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele
que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus
Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.

Muitos obreiros da Ordem de Arão, ou similares, diziam que as pessoas estariam


bem se elas guardassem o sábado, fossem circuncidadas, trouxessem seus sacrifícios,
ofertas, dízimos e praticassem diversas outras regras exteriores. Entretanto,
propagavam uma enorme inverdade (ou mentira) e a postergação da verdadeira cura do
coração dos seus seguidores, pois estes jamais conseguiriam ser justificados pela sua
lei. E faziam isto, também porque não queriam deixar de receber os recursos que o
povo lhes trazia pelo seu serviço religioso. Recursos que eram usados para mantê-los na
posição de representantes com aparência de eficácia, mas que, na realidade, sempre foi
um sistema fraco e inútil.
Convém, então, destacar aqui, mais uma vez, que riquezas, amigos da injustiça e
obras de justiça própria serão completamente inúteis quando as pessoas estiverem
diante do julgamento perante o eterno trono celestial e quando não puderem mais
postergar a denominada ira vindoura.

Hebreus 9: 27 E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma


só vez, vindo, depois disto, o juízo.
----

E somando ainda outro ponto aos aspectos mencionados acima, gostaríamos de


relembrar que o Evangelho nos é oferecido livremente, o que também implica em dizer
que o Senhor Jesus Cristo, como nosso Advogado junto ao Pai, oferece ajuda ou
assistência à quem Nele crê através da mesma e superabundante graça de Deus.
O Senhor Jesus não cobra honorários nem antes e nem depois pelos benefícios que
uma pessoa obtém por receber de bom grado a sua assistência como Advogado junto
ao Pai. Cristo somente quer que a pessoa assistida por Ele reconheça e confesse a
verdade de que foi Ele que a ajudou para que a glória dos fatos também seja de acordo
com a verdade e, desta maneira, seja atribuída ao Deus que é digno de toda a glória.
Graças a Deus pelo nosso Advogado Celestial junto ao Pai Eterno, a saber: o
Senhor Jesus Cristo, Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque!
Portanto, esta é outra faceta da sublime, excelsa e incomparavelmente superior
glória de Cristo revelada a nós pelo Evangelho da Glória de Deus.
575

Como Sumo Sacerdote segundo a Ordem de Melquisedeque e nosso


Advogado junto ao Pai, o Senhor Jesus se compadece de nós para que
todas as coisas relacionadas à nossa vida eterna possam ser sanadas em
tempo oportuno e sem que seja necessário ficarmos protelando as
questões fundamentais, visto que de antemão Ele já saldou a dívida eterna
do pecado na cruz do Calvário.
E ainda que a redenção de um indivíduo seja uma questão de última hora e somente
houver tempo para poucas palavras, o Advogado junto ao Pai Celestial sabe lidar
com todas as situações em que as pessoas o buscam, conforme exemplificado na
narrativa repetida abaixo:

Lucas 23: 39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele,


dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.
40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao
menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os
nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu
reino.
43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo
no paraíso.

Graças a Deus que o Senhor Jesus é o Advogado junto ao Pai inclusive de


última hora e que continuamente está de plantão caso alguém o acione sob esta
condição. Pelo fato de Cristo ser um Advogado humilde e agir segundo o reino
celestial, alguns o desprezam até o fim. Mas ainda assim, Ele não rejeita e salva aqueles
que o invocam como Senhor, ainda que seja nos últimos momentos em que isto possa
ser feito.
Por outro lado, voltamos a destacar que não são somente os casos de iminentes
urgências que recebem a atenção do Senhor Jesus. O Senhor também sabe como
conduzir todas as questões que preparam as pessoas para que sejam frutíferas ainda no
seu tempo de vida na Terra, pois este é o desejo do Senhor para aqueles que creem em
seu nome ainda em tempo de viverem e andarem no Senhor no presente mundo:

João 20: 30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro.
31Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.

1 Coríntios 10: 31 Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra


coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.

Do ponto de vista eterno ou da vida após a morte, tanto o ladrão na cruz como João
que escreveu o denominado Evangelho de João herdaram a vida eterna. Entretanto,
João teve o privilégio de viver em Cristo ainda no tempo em que estava no corpo
terreno e assim glorificá-lo no mundo através da sua vida, experimentando ainda na
Terra o que o Senhor nos declara nos textos que a seguir:
576

Romanos 8: 11 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a


Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio
do seu Espírito, que em vós habita.

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.

Muitos são salvos em condições extremas ou diante do fim da sua vida na Terra,
semelhantemente ao malfeitor crucificado ao lado do Senhor Jesus. Entretanto, aqueles
que recebem a Cristo em tempo de ainda poderem estar “em Cristo” também no mundo
presente, estes podem ter o privilégio de serem testemunhas do poder de Deus nas suas
vidas apesar das suas fraquezas e de sua condição frágil em seus corpos temporais.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.
7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a
excelência do poder seja de Deus e não de nós.

Portanto, nenhuma pessoa deveria, jamais, desprezar o dia da visitação do Senhor


na sua vida, pois sem a bondade de Deus concedida a uma pessoa, ninguém consegue,
sequer, se arrepender e voltar ao Senhor.

Romanos 2: 4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e


longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?

2 Coríntios 6: 1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também


vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus
2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri
no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis,
agora, o dia da salvação).
----

O nosso Advogado junto ao Pai, apesar de não ter cometido pecado, foi
feito homem semelhante a nós para nos assegurar que Ele nos
compreende, que Ele pode nos representar perfeitamente junto ao Pai e
que Ele é plenamente poderoso para remover qualquer impedimento que
tente se interpor no nosso relacionamento com o Pai Celestial e com aquilo
que necessitamos para sermos aperfeiçoados no Senhor desde o momento
que passamos a crer no seu Evangelho.
577

Hebreus 2: 17 Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se


tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo
sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos
pecados do povo.
18 Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso
para socorrer os que são tentados.
3: 1 Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial,
considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa
confissão, Jesus,
2 o qual é fiel àquele que o constituiu, como também o era Moisés em
toda a casa de Deus.
3 Jesus, todavia, tem sido considerado digno de tanto maior glória
do que Moisés, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a
estabeleceu.
4 Pois toda casa é estabelecida por alguém, mas aquele que
estabeleceu todas as coisas é Deus.
5 E Moisés era fiel, em toda a casa de Deus, como servo, para
testemunho das coisas que haviam de ser anunciadas;
6 Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se
guardarmos firme, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança.
----

O Senhor Jesus Cristo é o nosso justo Advogado porque Ele também é


sempre justo para com o Juiz que está assentado no trono da eterna
justiça, para com a vontade de Deus e para conosco.
Em Cristo, o Pai Celestial nos oferece a justiça redentora e
reconciliadora. Entretanto, ao apresentar a Cristo a nós como o nosso
Advogado junto ao seu trono, Deus também nos oferece a assistência
perfeita para sabermos como acessar e nos relacionarmos com a justiça
celestial.

Hebreus 10: 19 Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos
Santos, pelo sangue de Jesus,
20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é,
pela sua carne,
21 e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus,
22 aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé,
tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com
água pura.
----

Por que, então, as tentativas de muitos cristãos de acesso ao Pai Celestial


fracassam tanto quanto ao estabelecimento da sua comunhão com o Pai
Eterno?
Primeiramente, muitos cristãos se privam de uma comunhão mais intensa
com o Senhor porque não ousam em humildade chegar diante de Deus de
fato, e talvez, muitos ainda em não se atentaram de que podem fazê-lo.
Alguns receberam a Jesus como Salvador, falam sobre ter comunhão com Cristo,
mas raramente buscam a Ele para uma comunhão no nível pessoal e individual.
578

Raramente aquietam o coração e inclinam a sua atenção para realmente conversarem


com o Senhor e estarem atentos à resposta do Senhor.
Outros, porém, procuram o acesso ao Senhor pelos métodos da Ordem de Arão, a
qual não é uma ordem que atua em prol da comunhão; pelo contrário, ela atua para que
esta não ocorra. Creem que Cristo morreu em favor delas e que Ele perdoou os pecados
que cometeram antes de serem cristãs. Entretanto, pensam que depois de convertidas a
Cristo, precisam de obras para serem aceitos pelo Senhor, esquecendo-se que ninguém
é justificado ou continua justificado diante do Senhor mediante obras humanas ou da
lei. (Aspecto amplamente abordado no estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus.)
Outros, ainda, se achegam a Deus já não por obras próprias e indicam corretamente
a obra de Cristo, o perdão mediante o sangue do Perfeito Cordeiro, e reconhecem que o
Senhor Jesus morreu na cruz em favor deles para que o caminho para se achegarem a
Deus fosse aberto. Entretanto, tentam se achegar ao Pai Celestial sem primeiro ter ao
Senhor Jesus como seu Sumo Sacerdote, Advogado pessoal e Mediador diante de
Deus.
Esse último grupo é composto das pessoas que já creem que estão perdoadas pelo
sangue de Cristo e que isto é um fato irrevogável, mas que ainda não foram ensinadas
pelo Advogado junto ao Pai de que também precisam colocar de lado as vestes,
pensamentos e atitudes que o Senhor Jesus quer orientá-los a tirar para poderem
entender a vontade de Deus. São pessoas que não alcançam a renovação do
entendimento porque não se achegam a Deus através de Jesus como aquele que tem
grande sacerdócio sobre a casa de Deus a favor de suas vidas.
Quando alguém inclina o seu coração a Deus, é Jesus Cristo, que tem um
grande sacerdócio sobre a casa de Deus, que o quer auxiliar em todo o
posicionamento que deve ter no Santo dos Santos. E como Deus
estabeleceu a Cristo como tal, o Pai Celestial também respeita a posição
para a qual Ele próprio nomeou ao Senhor Jesus.
Uma vez que Deus estabeleceu a Cristo como o Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque e como o Advogado junto ao trono celeste daqueles que creem
Nele, a questão de chegar a Deus de forma aceitável não está associada somente ao
perdão prévio do pecado pelo fato de Cristo ter morrido por todos os pecadores de uma
vez para sempre, mas também está relacionado a reconhecer quem Deus estabeleceu
para as pessoas se achegarem a Ele em comunhão.
Depois que uma pessoa crê que já é justificada pela fé em Cristo, a
questão não está somente em ela querer chegar a Deus porque um novo e
vivo caminho foi aberto, mas é chegar a Deus através do próprio Novo e
Vivo Caminho que Deus nos oferece, e o qual se chama Cristo.
Conforme já comentamos anteriormente, a provisão de perdão dos pecados da
humanidade não significa que as pessoas podem se achegar a Deus por qualquer
caminho somente porque proclamam sobre elas a provisão que Cristo fez, pois Cristo
fez a propiciação por todos, mas Ele também é a própria provisão em favor de todos.
Dissociado de Cristo, não há propiciação pelos pecados. E não havendo a
propiciação, Deus não ouve aqueles que vêm a Ele sob o pretexto de quererem
comunhão dissociados da provisão viva e eterna que é o próprio Cristo.
579

Se uma pessoa se dissociar do Advogado Jesus e quiser reivindicar a sua causa


diretamente diante de Deus, ela jamais terá possibilidade de encontrar absolvição e,
muito menos, comunhão com o Senhor.
Entretanto, o que está mencionado no parágrafo anterior é o que muitos têm tentado
fazer, pensando que Cristo lhes deu um direito, um termo ou um ingresso com o qual
eles mesmos podem se apresentar a Deus sem passar pelo próprio Cristo. Querem a
vida cristã e os seus benefícios sem querer a própria vida cristã que é Cristo. Querem a
novidade de vida, mas, ao mesmo tempo, desprezam a essência da novidade de vida. E
por isto, não alcançam de Deus o que tanto necessitam.
Apesar da obra de Cristo na cruz do Calvário, como uma pessoa poderá compreender
a vontade de Deus para a sua vida se tudo o que ela pensa está ainda contaminado para
se opor ao que Deus quer lhe conceder?
Assim, também é em função ao ponto mencionado nestes últimos parágrafos que
Cristo quer interagir conosco para nos mostrar o que precisa ser abandonado para que
vários aspectos da novidade de vida Nele nos sejam acrescentados por Deus.
Em Cristo, Deus já fez a provisão para o perdão do pecado de todas as pessoas.
Entretanto, quando uma pessoa vem a Deus através de Cristo, o Sumo Sacerdote e
Advogado Celeste, o Senhor faz com que aquilo que foi provido na cruz do Calvário
seja aplicado à sua vida para que ela experimente pessoalmente a liberdade que foi
disponibilizada a ela na cruz do Calvário.
Retornando ao ponto mencionado no início do presente capítulo de que Cristo é a
Verdade, uma pessoa já poderá ter compreendido que a obra de Cristo na cruz do
Calvário foi para saldar o escrito de dívida que estava sobre ela, mas, ainda assim, ela
não poder vir a Deus em “Espírito e Verdade” se ela quiser vir a Deus dissociada de
Cristo que é a própria Verdade e o Advogado da Verdade.
A dívida eterna da sujeição do ser humano ao pecado foi saldada na cruz de Cristo,
mas a mentalidade que leva a pessoa a continuar optando pela sujeição ao pecado é
como uma vestidura que precisa ser tirada. E ninguém é aceito para vir advogar a
verdade diante de Deus com os seus próprios argumentos humanos e dissociados da
Verdade que é Cristo.
Quando uma pessoa quer vir ao Pai Celestial perdoada dos pecados, mas não quer
vir a Ele através de Cristo, ela quer se apresentar diante de Deus com base na obra de
Cristo, mas desprovida de vestimentas da Verdade, pois para uma pessoas que quer
estar em Cristo, Cristo é a própria Verdade da qual uma pessoa necessita se revestir
para se apresentar ao Pai Eterno.

Romanos 13: 14 ... mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e nada


disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências.

Efésios 4: 24 ... e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em


justiça e retidão procedentes da verdade.

Quando uma pessoa quer se apresentar a Deus sem estar revestida de Cristo ou sem
estar “em Cristo”, ela quer entrar no Santo dos Santos celestial mediante a sua condição
natural ou carnal, a qual não pode entrar ou herdar o reino dos céus.
580

Portanto, a pessoa que anela uma comunhão com o Pai Celestial deveria
compreender que o caminho de estabelecê-lo em paz e conforme a vontade do Pai
Celestial é estar praticando uma contínua e intensa comunhão com o Senhor Jesus
Cristo.

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

O caminho para alguém vir a Deus é inseparável de Cristo. Razão pela qual nenhum
indivíduo deveria desprezar este Caminho do amor de Deus, deixando que Cristo o
conduza em seus próximos passos para crescer adequadamente também na comunhão
com o Pai Celestial.

João 14: 6 Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.
----

Por fim, gostaríamos de destacar neste capítulo ainda o aspecto de que também é na
comunhão com Cristo que está a nossa preparação para sermos ensinados a orar em
nome de Jesus diante do Pai Celestial e para orarmos segundo a vontade do próprio Pai
Celeste.
No devido tempo, O Senhor Jesus nos anuncia previamente aquilo que o Pai
Celestial deseja que peçamos a Ele e o que o Pai deseja que estejamos dispostos a fazer,
para que, juntamente com Cristo, sejamos preparados para o momento em que o Pai
nos perguntar o que queremos pedir ou para o momento em que o Pai nos perguntar o
que perguntou a Isaías: “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”
Também em sua posição de Advogado junto ao Pai, Cristo nos oferece a
sua ajuda e inclusive amizade para nos assistir para que como seus amigos
e irmãos, saibamos nos portar diante de Deus também como um amigo de
Cristo e irmão de Cristo deveria se portar diante do Pai Celestial.
Aquele que Cristo introduz ao Pai Celestial para ser atendido pelo Pai
Eterno para pedir o que o Senhor lhe instruiu, o Pai Celestial também o
atende quanto ao que este pedir a Ele em nome do seu Filho Amado Jesus
Cristo.
Depois que alguns dos discípulos que andaram mais perto do Senhor foram
também, por isto, ensinados por Cristo sobre a verdade e vários aspectos fundamentais
da vontade de Deus, Ele mostrou a eles o quanto os tinha em consideração e qual viria a
ser condição deles diante do Pai Celestial se também permanecessem na comunhão
com Ele, conforme segue:

João 15: 9 Como o Pai me amou, também eu vos amei; permanecei no


meu amor.
10 Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu
amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de
meu Pai e no seu amor permaneço.
581

11 Tenho-vos dito estas coisas para que o meu gozo esteja em vós, e o
vosso gozo seja completo.
12 O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim
como eu vos amei.
13 Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria
vida em favor dos seus amigos.
14 Vós sois meus amigos, se fazeis o que eu vos mando.
15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu
senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de
meu Pai vos tenho dado a conhecer.
16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos
escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em
meu nome, ele vo-lo conceda.

João 16: 23 Naquele dia, nada me perguntareis. Em verdade, em


verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la
concederá em meu nome.
24 Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis,
para que a vossa alegria seja completa.
25 Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora em
que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei
claramente a respeito do Pai.
26 Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao
Pai por vós.
27 Porque o próprio Pai vos ama, visto que me tendes amado e tendes
crido que eu vim da parte de Deus.
----

“Naquele dia”, mencionado no texto acima, é o dia quando nos apresentamos ao


Pai Celestial preparados pelo Senhor Jesus Cristo para nos apresentarmos diante do Pai
como Cristo nos ensinou a fazermos.
E novamente aqui, perguntamos por que, então, as pessoas não têm obtido tantas e
tantas coisas que pedem a Deus?
Muitos não têm alcançado o favor do Pai Celestial no que pedem a Ele
porque, primeiramente, não têm desenvolvido uma amizade com o Filho
de Deus que morreu por eles na cruz, mas que também ressuscitou dentre
os mortos para se relacionar pessoalmente com cada indivíduo.
Muitos não têm obtido respostas às questões que apresentam ao Pai
Celestial porque não têm visto a Cristo como o Sumo Sacerdote de amor
que o Pai deu em perfeito amor a eles para os ajudá-los e aperfeiçoá-los
para se achegarem ao Pai, e também porque muitos não têm aceitado de
bom grado e com respeito Aquele que lhes é dado como Advogado para
assisti-los diante de Deus em toda a verdade.
Muitas pessoas têm procurado a Deus até com zelo e perseverança, mas não têm tido
a intensão de fazê-lo em verdade, a qual, por sua vez, só é encontrada em Cristo Jesus.
E por isto, oram, usam de vãs repetições, mas como não têm o respaldo do Advogado
junto ao Pai, também não têm amparo do reino celestial no que pedem.
582

O Senhor Jesus quer que nos apresentemos com uma mente e atitudes
renovadas diante de Deus, e também é exatamente por isto que Deus o
estabeleceu como Mediador, Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque e Advogado da nova aliança.
Cristo quer nos ensinar a orar ao Pai Celestial porque é muito comum as pessoas
orarem a Deus objetivando somente os seus prazeres e deleites, fazendo-o sob a postura
de arrogância.

Tiago 4: 2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis


obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não
pedis;
3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos
prazeres.
4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de
Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se
inimigo de Deus.

Cristo nos ensina a pedirmos segundo a vontade de Deus, pois o nosso


Advogado nos reveste de um espírito com entendimento e de humildade.
Por outro lado, se uma pessoa não é ensinada previamente por Cristo sobre a
vontade de Cristo, ela muitas vezes apresenta pedidos ao Pai Celestial que de forma
alguma são para o benefício da sua vida ou se seus semelhantes.
Portanto, meramente adicionar o “nome de Cristo” à uma oração ou para o desfecho
de um pedido não faz com que esta oração seja de fato em “nome de Cristo” se ela for
contrária à real vontade do Senhor Jesus e do Pai Celestial.
Se uma pessoa está com a sua vida alinhada com Cristo, o entendimento
e sentimento de Cristo sobre aquilo que é apropriado ou o que não é
apropriado acompanha também está pessoa que está Nele.

Colossenses 3: 15 Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração, à qual,


também, fostes chamados em um só corpo; e sede agradecidos.
----

Gostaríamos de mencionar aqui mais uma vez que aqueles que creem em Cristo e
pedem ajuda a Cristo, como Sumo Sacerdote e Advogado junto ao Pai Celestial, são
ensinados pelo Senhor a serem sinceros e confiarem Nele para abrirem a Ele o seu
coração em confiança.
Cristo ensina aqueles que Nele creem a serem sempre sinceros de coração, mesmo
quando erram, pois, assim, podem ter a consciência purificada dos pecados e das obras
mortas da primeira aliança. Podem ter o corpo lavado pela palavra e verem removidas
as manchas dos pensamentos e das práticas de injustiça. E ainda, Cristo se oferece a
ensiná-los para que aprendam com Ele a usarem vestes do reino de Deus como às que
Ele usa.
Assim, procurando falar de forma muito resumida o que foi procurado ser exposto
neste capítulo, a comunhão contínua com Cristo também como o nosso Sumo
583

Sacerdote e Advogado é a perfeita forma de sermos preparados para falar


continuamente e apropriadamente também com o Pai Celestial.
Em Cristo, antes de chegarmos diante do Pai Celestial com palavras
apressadas, podemos com humildade pedir que o Senhor Jesus
previamente nos ajude, purifique e nos ensine como pedir algo em
humildade a Deus para que falemos com o Pai também com amor,
reverência e respeito, assim como Cristo também sempre o faz e como Ele
nos deixou exemplificado mesmo na hora da sua maior agonia na Terra.

Marcos 14: 36 E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este
cálice; contudo, não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.

Mateus 11: 29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque
sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa
alma.
----

Cristo é o Advogado designado por Deus para nos preparar para


chegarmos ao Pai Celestial e para cuidar de nós diante Dele.
Portanto, o nosso clamor neste ponto a Deus é para que o Espírito Santo nos auxilie
a jamais esquecermos de também esse tão sublime aspecto da glória do Senhor Jesus
Cristo e da bondade do Pai Celestial que nos designou o Filho do Seu Amor para esta
assistência tão maravilhosa e transbordante de amor.

1João 1: 9 Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos


perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
10 Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo
mentiroso, e a sua palavra não está em nós.
2:1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não pequeis. Se,
todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o
Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.
584

C27. A Glória do Sumo Sacerdote que é o Autor e


Consumador da Fé

A. A Condição Imprescindível da Fé na Vida de cada Ser


Humano e de cada Cristão

Apesar de tudo o que o Senhor Jesus Cristo fez por nós, faz em nós e faz por nós até
diante do Pai Celestial, como vimos no capítulo anterior, a assistência que Ele nos
oferece e com a qual nos assiste como nosso Advogado, que também é o nosso Amigo, é
parte de uma obra ainda mais ampla que Ele quer realizar em nós.
Na medida em que Cristo nos ajuda a confiarmos Nele e no Pai Celestial também
para que o nosso coração seja iluminado para ser curado, o próprio Senhor continua a
sua obra para conosco e se prontifica a edificar em nós tudo aquilo que necessitamos
para uma vida segundo a vontade de Deus.
E, conforme já vimos anteriormente neste estudo e no estudo sobre O Evangelho da
Promessa, a vida edificada em Deus é edificada também através de um elemento
essencial que é a fé. A fé que atua pelo amor, através da qual o justo vive em Deus e sem
a qual ninguém pode agradar a Deus.

Gálatas 5: 6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a


incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.

O assunto sobre a fé é um tema amplamente abordado na Bíblia. E o objetivo aqui


não visa, de forma alguma, estender este assunto tão crucial para as mais variadas
questões específicas da fé na vida cristã, pois a meta maior do presente estudo é focar
no Evangelho da Glória Daquele que é “tudo em todos”, a saber: O Senhor Jesus.
Entretanto, quando trata-se do livro de Hebreus e da atuação de Cristo como o Sumo
Sacerdote Eterno, entendemos que o assunto da fé não poderia deixar de ser
mencionado destacadamente neste ponto, pois ele tem um papel indispensável e todo
especial em tudo o que envolve a ação de Cristo na vida de um cristão.
Convém lembrar também que a fé não é a realização de um ato praticado uma única
vez quando a pessoa recebe a salvação. A fé, pela qual uma pessoa recebe a salvação a
ela oferecida pelo Senhor e experimenta o novo nascimento através do Espírito de
Deus, é uma dádiva que uma pessoa necessita em toda a vida e a cada instante dela,
similarmente a como uma pessoa, por exemplo, precisa se alimentar diariamente em
sua condição natural.
A fé é concedida para que uma pessoa possa optar por receber a Cristo em seu
coração, mas a fé também é concedida para que uma pessoa possa continuar optando
em viver a vida cristã a cada novo dia. A fé é um aspecto essencial para que um “não
cristão” possa vir a receber a condição de “cristão”, mas ela também é um meio vital
para que aquele que se tornou “cristão” possa viver na nova condição de vida que lhe foi
concedida.
585

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego;
17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé,
como está escrito: O justo viverá por fé.

Nenhuma pessoa pode viver na Terra sem que ela tenha passado pela concepção e
por um nascimento, mas ninguém continua vivendo e se alimentando do ato que gerou
o seu nascimento propriamente dito. Os fatos do nascimento possibilitaram o
surgimento da vida, mas a vida passa a ser sustentada pelos fatos e condições
específicas que também dão sustentação a ela posteriormente, havendo também a
necessidade de ações e alimentações apropriadas para as diversas etapas desta vida.
Devido à grandeza do papel da fé em Deus na vida do cristão, não é muito fácil
estabelecer um paralelo com ela na vida natural de uma pessoa. Entretanto, se
tentássemos fazê-lo, poderíamos talvez dizer que a fé é uma virtude espiritual de vida
que Deus concede a uma pessoa para ela agir a favor de si própria e até de outros no
mundo, e através da qual o Senhor vivifica muitas partes da novidade de vida que ela
pode ter em Deus. Assim como a capacidade que uma pessoa tem para decidir respirar,
comer, beber, agir, trabalhar, se lavar e assim por diante a mantém ativa no mundo
natural, assim a fé coopera para a sua vida espiritual no Senhor.
A dádiva da fé, concedida pelo Senhor, é o que permite uma pessoa tomar decisões
na esfera espiritual que movimentam aspectos vivos a seu favor em todas as áreas da
sua vida, assim como as decisões na vida natural movimentam aspectos vivos em
relação ao corpo de uma pessoa, sendo a fé, por isto, tão valorosa e indispensável.
Assim como uma pessoa que tem a sua capacidade natural de tomar decisões afetada
pode vir a não conseguir nem mais suprir os aspectos mais básicos da sua vida natural,
assim também a pessoa debilitada em sua fé pode vir a não conseguir mais alcançar os
aspectos essenciais da sua vida espiritual que inclusive acabam afetando também vários
aspectos centrais da vida natural.
Considerando que o Evangelho de Deus é todo constituído sob a
característica de ser uma oferta a quem ele é oferecido, a fé em Deus que
uma pessoa pode ter é o aspecto que permite que ela decida
voluntariamente se ela quer receber algo que da parte de Deus já está
oferecido e disponível a ela.
Figuradamente e sob um dos seus aspectos, a fé em Deus é como ter o acesso Àquele
que tem o conjunto de chaves que o próprio Deus dá a uma pessoa e que permite a ela
abrir cada um das dádivas que o Senhor de antemão já ofereceu a esta pessoa através
do Evangelho. A fé em Deus é como ter acesso Àquele que está disposto a conceder as
combinações dos cofres que contém os mais diversos dons que uma pessoa necessita ou
necessitará ter acesso durante a sua vida.
Continuando no exemplo do parágrafo anterior, se uma pessoa tem fé em Deus, ela
pode acessar Àquele que detém as chaves de todos os aspectos que ela necessita, ou até
alguns aspectos que ela simplesmente deseja ter e que pode pedir Àquele que concede
todas as boas dádivas da vida. Se uma pessoa não tem a fé em Deus, ela nem tem acesso
a realizar o pedido pelas chaves, muito menos tem acesso às dádivas que necessita ou
almeja.
586

Quando o Senhor Jesus Cristo disse aos seus discípulos que Ele lhes concederia as
chaves do reino dos céus, Ele estava se referindo também a conceder a eles a fé que
permitiria que tivessem o acesso eterno a Ele próprio, em quem estão ocultos todos os
tesouros e mistérios do conhecimento e da sabedoria.

Colossenses 2: 1 Gostaria, pois, que soubésseis quão grande luta venho


mantendo por vós, pelos laodicenses e por quantos não me viram
face a face;
2 para que o coração deles seja confortado e vinculado juntamente
em amor, e eles tenham toda a riqueza da forte convicção do
entendimento, para compreenderem plenamente o mistério de Deus,
Cristo,
3 em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão
ocultos.
4 Assim digo para que ninguém vos engane com raciocínios falazes.

Ora, a fé é a certeza e o firme fundamento da esperança. E a certeza e o firme


fundamento da esperança somente podem ser Aquele que pode garantir que a
esperança possa ser cumprida satisfatoriamente e completamente conforme ela foi
proposta, o que foi mais amplamente exposto no estudo sobre O Evangelho da
Promessa.
Por isso, uma pessoa é salva quando, mediante a fé, invoca a Cristo como o Senhor,
porque somente Cristo é apto para salvá-la de fato.
Como temos mencionado repetidamente em todos os estudos da presente série,
Cristo é o ponto central para conhecermos o reino de Deus. Cristo é a salvação oferecida
por Deus. Cristo é a justiça, a paz, o poder, a graça, o cumprimento das promessas de
Deus e a sustentação da esperança das promessas do Senhor cujo cumprimento ainda
há de ser revelado. E era por causa desta convicção que Paulo, assim como o autor do
livro de Judas, mantinham tão grande luta a favor da fé dos que já haviam conhecido a
Cristo.
A fé em Deus é uma condição onde uma pessoa tem a opção clara e a
sobriedade ao menos suficiente de conseguir optar por confiar no
verdadeiro Deus, o Único que efetivamente pode salvá-la e continuar
auxiliando-a depois de lhe conceder a salvação e a novidade de vida
celestial.
A fé em Deus, vista de forma concisa, é a condição dada por Deus a uma
pessoa para que esta possa crer que Deus existe, que o Senhor é o firme
fundamento da vida e que Deus também é a certeza de toda esperança, ao
ponto dela confiar Nele e nas suas palavras ou instruções.
Se uma pessoa se diz confiante em Deus, também é de se esperar que ela confie nas
palavras e orientações que o Senhor lhe concede, pois se uma pessoa tem confiança em
Deus, ela também confiará que tudo o que o Senhor a instruir a fazer é segundo a
justiça celestial e para um benefício verdadeiro e eterno para a sua vida.
A fé em Deus é um convite ou um ingresso que o Senhor concede a uma pessoa e
pelo qual o Senhor confere a ela a capacidade e a opção de poder confiar no próprio
Senhor, e que se for usado para confiar Nele, também garante que o Senhor se
posicione a favor da pessoa que Nele crê para providenciar a realização do que esta
pessoa creu para a salvação e para viver a vida como salva no Senhor.
587

Um dos aspectos relacionados a estar firme na fé, então, é “saber em quem se tem
crido”, assim como ocorreu na vida de Sara.
A fé em Deus é o que Sara fez uso quando Deus falou com ela e com Abraão,
conforme descrito abaixo:

Hebreus 11: 11 Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser
mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele
que lhe havia feito a promessa.
----

Assim, no que diz respeito às decisões das pessoas quanto à sua vida espiritual e a
vida eterna, a fé em Deus, inicialmente, é o que elas têm de mais precioso na Terra.
De modo geral, Deus definitivamente é o que as pessoas têm de mais
precioso na vida. Entretanto, olhando pelo lado das principais decisões
com as quais uma pessoa pode se deparar, a fé é, inicialmente, o que elas
têm de mais precioso.
Ou seja, a fé é a primeira virtude ou dádiva celestial que um indivíduo pode receber
pessoalmente para optar em se conectar a um relacionamento adequado com Deus que
sustenta toda a sua vida.
Sem a fé em Deus, uma pessoa não está amparada para estabelecer uma conexão
adequada entre ela e tudo o que Deus é e lhe quer dar através do Evangelho. Uma
pessoa sem fé é como uma pessoa sem Deus no mundo quanto à salvação eterna e
quanto ao Evangelho que o Senhor quer conceder a este indivíduo, apesar de Deus,
através do seu Espírito, estar em todo lugar e sustentar a tudo e a todos.
Citamos que a fé em Deus, inicialmente, é o ponto mais importante que uma pessoa
necessita na sua relação para com Deus porque também é pela cooperação da atuação
da fé no Senhor, que há na vida de um indivíduo, que Deus fortalece cada pessoa para
também alcançar a esperança e o amor. A Bíblia declara que o amor é o maior entre
estes três aspectos, mas para chegar à compreensão do amor, uma pessoa também
passa pela esperança e pela fé em Deus.
Em termos de estabelecimento da comunhão do ser humano com Deus,
a fé em Deus é absolutamente essencial, pois é somente pela graça que
pode ser recebida mediante a fé que uma pessoa é associada à novidade de
vida celestial que há exclusivamente em Deus.
Se for visto no sentido oposto, a expressão “o justo viverá mediante a sua fé”
também significa que “não há vida espiritual verdadeira” ou “não há vida de um justo”
se uma pessoa se dissociar da fé, mostrando-nos, também desta maneira, a condição
imprescindível da fé para a vida eterna de cada ser humano e também para cada
indivíduo que já se encontra na condição de cristão.
588

B. O Autor e Consumador da Dádiva Chamada Fé

Apesar de ter sido citado no tópico anterior que a fé é “uma virtude ou uma dádiva
que Deus concede às pessoas”, entendemos ser altamente necessário reafirmar isto em
um tópico específico para evidenciar esta característica da fé.
Devido à essencial relevância da fé e o que é apregoado que pode ser alcançado
mediante a fé, muitas pessoas podem ser despertadas, e têm sido, a querer obter esta fé
a qualquer custo ou de qualquer maneira por causa dos benefícios que passam a pensar
que podem obter através da fé.
Entretanto, o fato de uma pessoa querer “ter fé” não significa que ela de fato saiba o
que vem a ser fé, onde a fé é localizada e como ela pode ser obtida.
Saber que algo extremamente vital existe e saber da necessidade disto não significa
automaticamente saber onde exatamente localizar o que se deseja e nem significa saber
como obter aquilo que se deseja ainda que, eventualmente, até já se saiba o local para
encontrá-lo.
Quando as pessoas ouvem sobre algo que é muito significativo e do qual necessitam,
muitas entre elas logo ficam ávidas para obtê-lo, mas não ouvem a parte sobre “como”
aquilo que elas necessitam pode ser alcançado. Muitas vezes ao ouvirem sobre algo que
lhes poderia ser favorável, as pessoas já começam, elas próprias, a pensar e planejar
como elas irão fazer para obter o que lhes foi informado que necessitam, como se tudo o
que elas precisam dependesse do seu esforço e das suas ações para ser alcançado.
Sob este ímpeto de pensar que podem e devem alcançar por esforço o que lhes é
ensinado ser necessário, crucial ou vital, as pessoas inclusive podem vir a compreender
de forma distorcida a principal obra que Cristo admoesta a cada ser humano realizar e
que se encontra descrita no texto abaixo:

João 6: 28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para


realizar as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele
que por ele foi enviado.

Portanto, para avançarmos mais sobre o aspecto sobre “como” uma pessoa pode ter
fé em Deus ou exercer a fé no Senhor, gostaríamos de abordar a seguir o ponto de que a
fé em Deus se divide ao menos em dois grandes itens, a saber:
 1) A fé em Cristo Jesus como o Enviado do Pai Celestial ao mundo para prover a
salvação à todo aquele que crê Nele nesta condição;
 2) A fé em Deus que Cristo concede como uma dádiva ou virtude à todo aquele
que já creu que Ele é o Enviado de Deus para salvação ou que já recebeu a Cristo
como o Senhor da sua vida.

Começando, então, pelo primeiro aspecto da fé descrito no parágrafo anterior,


podemos ver nas Escrituras que ele é oferecido através do anúncio do Evangelho à
todas as pessoas do mundo.
Já quanto ao segundo aspecto da fé destacado no parágrafo acima, podemos ver que
ele é concedido somente àqueles que recebem o primeiro aspecto oferecido à todos.
589

O primeiro aspecto central da fé em Deus é oferecido às pessoas para ser obtido


quando elas inclinam os seus ouvidos para ouvir o que a palavra de Deus proclamada
tem a falar a elas sobre o Cristo Redentor e a salvação que lhes está disponível Nele. E
também é fruto da atuação do Espírito Santo e da bondade de Deus para que uma
pessoa encontre o arrependimento do seu pecado de afastamento de Deus e para que
possa optar livremente por receber a Cristo como Senhor em seu coração.

Romanos 10: 16 Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz:
Senhor, quem creu na nossa pregação?
17 De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus. (RC)

João 16: 8 Quando ele (o Espírito Santo) vier, convencerá o mundo do


pecado, e da justiça, e do juízo:
9 do pecado, porque não creem em mim;
10 da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais;
11 do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.

Romanos 2: 4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e


longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?

2 Coríntios 6: 2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te


socorri no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno,
eis, agora, o dia da salvação).
----

A questão da fé que Deus permite uma pessoa alcançar para a salvação é muito
simples de ser praticada.
A questão do primeiro aspecto principal da fé está à disposição de todos na medida
em que uma pessoa ouve sobre o Evangelho que lhe oferece novidade de vida eterna em
Cristo, podendo ela ter duas opções em relação a este Evangelho: Aceitar a Cristo como
Senhor da sua vida ou rejeitá-lo quer passivamente ou quer ativamente.

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele
que crê.

Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
590

10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa


a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
----

O primeiro aspecto da fé mencionado acima é simples assim como exposto nos


textos acima, onde um dos principais fatores que pode se interpor para uma pessoa não
optar por ele é se ela ainda não teve a oportunidade de ouvir sobre as referidas boas
novas de Deus, chamadas também de Evangelho de Deus, de Cristo, do Reino de Deus,
da Salvação e de tantos outros aspectos.
E considerando que este primeiro grande aspecto da fé já foi mais amplamente
tratado em estudos como O Evangelho da Salvação, O Evangelho da Graça e O
Evangelho da Justiça de Deus, não queremos avançar nele no presente material e
também porque de fato os versos recém citados acima já contêm a descrição de “como”
este aspecto da fé pode ser obtido, a saber mais uma vez: Crer em Cristo e clamar a Ele
como Senhor para ser salvo por Ele.
O que Cristo fez para nos estender a salvação é algo imensurável quanto
à riqueza e profundidade de detalhes como em quantidade de ações.
Entretanto, tudo o que foi necessário foi feito para que a salvação pudesse
ser nos oferecida de forma muito simples ou segundo a simplicidade que
somente há em Cristo Jesus para que todos que quiserem recebê-lo possam
também ser salvos.
Já quanto ao segundo grande aspecto da fé, a fé em Deus depois de ter recebido a
Cristo como Senhor e ter sido incluído na salvação de Deus, podemos observar que este
aspecto de fé já passa a requerer um ensino mais amplo de como ela nos é concedida e
como ela pode ser usada em todo o tempo e em todas as atividades da vida de um
cristão.
Convém salientar aqui mais uma vez que este segundo aspecto da fé é exclusivo para
aqueles que receberam a Cristo em suas vidas. Assim, não faz sentido requerer de um
não cristão a compreensão do que ele ainda não recebeu, assim como também não faz
sentido querer que um não cristão aja de acordo com este segundo aspecto da fé ou que
ele se empenhe a ter este tipo de fé, visto que ele somente pode ser obtido por quem
exercer em relação a Cristo, primeiramente, o primeiro grande aspecto da fé.
Em seu segundo aspecto central, a fé em Deus é exclusiva para quem
recebeu um novo coração. É exclusiva para quem “nasceu de novo através
de Cristo”, o Espírito Vivificante. É exclusiva para quem abriu o coração
para voluntariamente receber o Reino de Deus em sua vida.
Tentar requerer que alguém viva mediante a fé em Deus, sem que antes tenha
recebido a Cristo, é exigir de um indivíduo que o seu coração esteja firmado em um
novo fundamento sem oferecer, antes, que ele possa vir a se colocar no novo
fundamento. É exigir que uma pessoa tenha novas atitudes a partir do interior do seu
coração sem, contudo, ter recebido o novo no coração para que este novo possa dele ser
extraído.
591

Tentar exigir que alguém viva mediante a fé em Deus sem que antes tenha recebido a
Cristo é tentar impor um fardo pesadíssimo à uma outra pessoa. É tentar estabelecer
um padrão de conduta para uma pessoa sem dar as condições para que ela possa
alcançar o que é requerido.
Conforme já foi comentado no estudo sobre O Evangelho da Promessa, a fé em Deus
não é uma convicção pessoal em que um indivíduo crê que a própria convicção pessoal
pode fazer o mundo ou partes dele se moverem. Isto está na linha que propõe a ideia do
“pensamento positivo”. É pensar que a fé é crer que a crença pessoal tem poder em si
mesma para fazer acontecer o que se espera ou deseja. É pensar que a obra de
convicção humana é capaz de produzir as obras que movem o universo.
O universo se move quer uma pessoa creia ou não creia que Deus o sustente, pois é
Cristo que tudo sustenta através do poder da sua própria palavra, conforme já vimos
várias vezes no presente estudo.
A fé em Deus, em conformidade com o segundo aspecto central da fé abordado neste
tópico, não é algo que uma pessoa possa exercer, praticar ou crescer antes de recebê-la,
pois como alguém poderá crescer naquilo que ainda não lhe foi concedido?
A fé em Deus, tanto no seu primeiro como no seu segundo aspecto
central, é uma dádiva oferecida por Deus aos seres humanos, pois se Deus
não tivesse enviado a Cristo ao mundo ninguém poderia crer Nele.
Entretanto, similarmente, convém destacar que a fé em Deus, no seu
segundo grande aspecto, também somente é possível ser acessada se ela
antes foi recebida como uma dádiva celestial.
Considerando que a fé em Deus é um benefício ou uma boa e perfeita dádiva, ela não
poderia ter outra origem a não ser como uma dádiva vinda do alto para aqueles que a
recebem:

Tiago 1: 16 Não vos enganeis, meus amados irmãos.


17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá do alto, descendo do
Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de
mudança.
----

Assim, por que é impossível alguém agradar a Deus se não for mediante a fé? Por
que, então, não é possível um justo viver sem que seja mediante a fé?
A impossibilidade de agradar a Deus, a não ser pela fé, reside no fato da
pessoa desprezar o que o próprio Deus concedeu a ela para poder viver a
vida segundo a vontade de Deus e não segundo a carne, o mundo e as
trevas.
Quem despreza a fé em Deus, despreza também uma dádiva que Deus dá
às pessoas para que elas possam estabelecer uma vida de confiança Nele e
de amor por Ele.
Deus requer que as pessoas vivam mediante a fé Nele para se
relacionarem com Ele, porque Ele, primeiramente, já nos deu a dádiva da
fé para, exatamente, podermos confiar Nele.
Deus não requer que as pessoas usem o que não lhes foi primeiramente
provido do céu.
592

Além disso, a fé em Deus vai muito além do conhecimento que uma pessoa pode ter
sobre um fato ou até sobre a convicção que ela tem sobre um fato. Uma pessoa pode
crer que algo seja de fato como é dito que é e, ainda assim, não ter fé naquilo que ela crê
que é verdade.
Meramente crer que alguém ou algo existe, ou simplesmente crer que
alguém ou algo pode, eventualmente, vir a realizar alguma coisa, não é o
que é chamado de fé em Deus. E insistir nisto, é tentar introduzir uma
dissimulação do que vem a ser verdadeiramente a fé em Deus ou até o que
vem a ser a fé mencionada nas Escrituras.

Tiago 2: 19 Crês, tu, que Deus é um só? Fazes bem. Até os demônios
creem e tremem.

No quesito de meramente crer que algo existe ou possa existir, muitas pessoas
inclusive estão em posição até inferior aos demônios, porque nem creem naquilo que os
demônios já creem, e que é a existência de um só e Eterno Deus.
Apesar do próprio príncipe do mundo das trevas e suas hostes tentarem induzir as
pessoas a não crerem em um só Deus para manter elas afastadas do Criador Eterno, o
império das trevas sabe que as evidências de toda a criação proclamam a glória de Deus
e cooperam para que as pessoas creiam que Deus existe e está presente na sustentação
de todo o universo.
Entretanto, o que Deus oferece às pessoas em Cristo é mais do que um
conhecimento geral de que Deus existe e a mera crença nesta existência.
O que Deus oferece às pessoas através de Cristo ou em Cristo é para que
elas possam passar da crença geral na existência de Deus para a “fé em
Deus” segundo aquilo que está descrito sobre esta fé nas Escrituras.
Diferentemente do crer no sentido de saber que algo existe e é real, a “fé em Deus”,
conforme já comentado, é uma dádiva em que uma pessoa alcança uma condição, ao
menos mínima, de sobriedade para optar por também confiar a sua vida à Deus, além
do crer que Deus exista.
Diante disso, uma pessoa incrédula, então, é um indivíduo que ainda não crê em
Cristo como o Senhor da sua vida ou um indivíduo que não exerce a fé que lhe foi dada
por Deus se ele já recebeu a Cristo no coração. Portanto, aquele que crê que Deus
existe, mas não confia Nele ou não confia a sua vida aos cuidados de Deus segundo o
Senhor a orienta a fazer, também é uma pessoa sem fé, uma pessoa que não exerce a fé
que lhe foi dada por Deus ou um indivíduo que não vive mediante a fé no Senhor.
Em alguns textos expostos nos capítulos anteriores, acabamos de ver que aqueles
que querem se valer das suas obras para se justificarem para se relacionarem com o
Criador Eterno, também são as pessoas que não agem mediante fé ou são desprovidas
de fé embora creiam no mesmo Deus que um cristão crê e embora creiam que Deus
pode recompensá-los se tão somente fizerem as obras estipuladas na lei à qual estão
associadas.
As pessoas sujeitas Ordem de Arão ou similares a ela, por exemplo, podem crer que
Deus existe e que Ele é o Único Deus do qual podem e deveriam obter bênçãos, mas
ainda assim não terem a “fé em Deus” ou a “fé dada por Deus”. E isto, por não crerem
em Cristo como Deus as instrui a crer.
593

1 João 5: 9 Se admitimos o testemunho dos homens, o testemunho de


Deus é maior; ora, este é o testemunho de Deus, que ele dá acerca do
seu Filho.
10 Aquele que crê no Filho de Deus tem, em si, o testemunho. Aquele
que não dá crédito a Deus o faz mentiroso, porque não crê no
testemunho que Deus dá acerca do seu Filho.
11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida
está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.

João 20: 30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro.
31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.

João 7: 38 Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior


fluirão rios de água viva.
----

À luz das Escrituras, não crer em Cristo como o Filho de Deus em quem
está toda a vida e toda a provisão para a vida eterna é ser incrédulo. É não
viver segundo a fé em Deus ou a fé de Deus, ainda que um indivíduo alegue
ter convicção de que Deus existe como o Único Criador do Universo.
Não crer em Deus ou crer em Deus segundo aquilo que as pessoas pensam que
devem crer em Deus é igualmente carecer da fé em Deus. É não usar da fé em
concordância com os termos que Deus estabeleceu para uma pessoa viver mediante a
fé, o que, em outras palavras, é não crer de fato em Deus como Ele se apresenta a nós
em Cristo Jesus.
Portanto, quando nos deparamos com este fato de que a fé não são as fortes
convicções de uma pessoa, mas que a fé é uma dádiva concedida por Deus para que um
indivíduo, em humildade e até em fraqueza, possa confiar em Deus que é forte e todo-
poderoso para sustentá-lo e guiá-lo em toda a sua vida, também nos deparamos com o
fato de que precisamos ser ensinados sobre como esta fé nos é concedida, o que é esta
fé e como podemos viver com entendimento celestial de acordo com esta fé.
Uma vez que a fé, em seu segundo aspecto central, é uma dádiva vinda de Deus para
quem aceitou a Cristo, a fé e a forma de viver mediante esta fé não são conhecidas
amplamente já no primeiro momento em que uma pessoa recebe o dom da fé em Deus
mediante a graça.
Enquanto o mundo apregoa a vida pelo esforço e justiça própria, pela força da carne,
pelas convicções pessoais ou pela convicção dos seus rudimentos, as Escrituras, quanto
à fé, nos apregoam a aprendermos a chegar mesmo com as nossas fraquezas a Deus na
confiança e expectativa de que Ele nos ajudará apesar delas e nos instruirá inclusive
naquilo sobre o que não temos conhecimento ou qualquer convicção.
594

Assim, em um das suas primeiras características, o lugar de descanso para a alma


humana está em usar da fé que Deus concede a um indivíduo para confiar no próprio
Deus e para receber de Deus a convicção de que Ele estará sempre com ela.

2 Coríntios 12: 9 Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o


poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me
gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de
Cristo.

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.

2 Timóteo 1: 12(b) ... porque sei em quem tenho crido e estou certo de que
ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.
----

Desta forma, podemos ver que o tema da fé em Deus, associado ao contexto da glória
de Cristo em que o Senhor é o Sumo Sacerdote Eterno e Advogado Amigo dos cristãos,
é muito útil e esclarecedor quanto a como é a tão imprescindível e valiosa fé e como ela
pode vir a ser estabelecida em cada coração humano.
Ver a fé em Deus sob o contexto do Evangelho da Glória de Cristo é
particularmente significativo e valioso porque ele evidencia que a fé em
Deus é uma dádiva para ser usada pelas pessoas em relação ao próprio
Senhor e que esta fé não pode ser alcançada e estabelecida pelas próprias
pessoas ainda que elas tentem alcançá-la através de muitas ações, esforços
ou intensa busca por méritos ou justiça própria.
No seu segundo grande aspecto que mencionamos neste tópico, a fé em Deus é uma
dádiva celestial dada a nós mediante a graça eterna de nosso Senhor e Salvador, assim
como são a salvação, a justiça, a paz e o poder de Deus.
A fé nos é concedida para ser recebida e usada mediante a graça assim como
podemos, pela mesma graça, acessar os outros atributos do Senhor.
Assim como as demais dádivas de Deus são encontradas em Cristo
Jesus, visto que Ele é o Mediador da nova aliança e a manifestação viva dos
atributos de Deus, assim também a dádiva da fé em Deus é somente
encontrada em Cristo Jesus.
Tendo em vista a condição essencial que a fé em Deus representa na vida de cada
cristão, Deus jamais nos deixaria desamparados no que se refere a termos acesso à fé
que Ele nos concede para confiarmos Nele, assim como também jamais nos deixaria
desamparados e desassistidos no conhecimento de como podemos viver e andar na fé
que Ele graciosamente nos concede.
Portanto, quando uma pessoa passa a compreender que a fé em Deus é uma dádiva
que acompanha a salvação e a nova aliança, e quando ela passa a compreender que,
além da fé, o Senhor lhe oferece plena assistência para aprender a viver segundo a fé
595

em Deus, todo um horizonte ou uma nova perspectiva da vida com Deus começa a ser
exposta e tornada clara diante da pessoa que alcançou estas compreensões.
Saber que a fé nos é dada juntamente com Cristo e saber que Cristo nos é
dado como Aquele que nos assiste a aprendermos a andar, crescer e ser
estabelecidos nesta fé em Deus descortina toda uma nova maneira de viver
e nos mostra um dos principais aspectos de como Deus quer que vivamos
para alcançarmos a sua boa, perfeita e agradável vontade celestial.
“Em Cristo” está a nossa fonte de fé para que esta dádiva possa ser
utilizada amplamente. E é também “em Cristo” que está a provisão para
que esta fé se estabeleça para o propósito que nos foi designada.
O mesmo Sumo Sacerdote Eterno que nos assiste em tudo diante de
Deus é aquele que nos assiste para termos a nossa confiança Nele e em
Deus sempre diante dos olhos do nosso entendimento bem estabelecida e
firmada, se tão somente permanecermos Nele e com os olhos fitos Nele.

Hebreus 12: 1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão
grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e
do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança,
a carreira que nos está proposta,
2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o
qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz,
não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de
Deus.

Romanos 8: 32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por
todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com
ele todas as coisas?

Assim, o Senhor Jesus Cristo, como nosso Sumo Sacerdote Eterno, também é nosso
Autor e Consumador da Fé em Deus, através da qual podemos viver de forma
agradável a Deus e conforme uma pessoa justificada em Cristo é chamada a viver e
andar.
Quando Deus chama um cristão a viver pela fé, Ele somente está pedindo
para este cristão usar aquilo que o Senhor já depositou nele quando lhe
concedeu o Senhor Jesus Cristo no seu coração e como instrutor que se
dispõe a lhe ensinar pessoalmente a viver e ser consolidado na fé em Deus.

1Pedro 1: 20 (Cristo) foi conhecido, com efeito, antes da fundação do


mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre
os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança
estejam em Deus.

2Pedro 1: 1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que


conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e
Salvador Jesus Cristo.
596

----

Se retornarmos ainda ao exemplo dos capítulos anteriores, onde Isaías se viu na


presença de Deus ou diante do majestoso trono de Deus, vemos que Isaías jamais teria
fé para se oferecer a Deus para fazer uma obra de profeta para com o seu povo, pois ele
se via como um homem de lábios impuros. Entretanto, depois que Isaias foi curado na
presença do Senhor através do que Deus fez nele e por ele, e quando, em seguida, Deus
perguntou quem iria por Ele para falar a um povo a quem Deus queria enviar uma
mensagem, Isaias se prontificou em fé ou em firme confiança diante de Deus para se
oferecer a realizar o que Senhor perguntou para ser feito, cujo texto repetimos a seguir:

Isaias 6: 6 Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão


uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz;
7 com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus
lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado.
8 Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e
quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.

O que sucedeu com Isaías diante do trono celestial é o que o Pai Celestial
semelhantemente quer fazer em nós e por nós através do Senhor Jesus Cristo.
O Senhor Jesus Cristo primeiro nos concede fé para que possamos usá-la para crer
Nele e confiar Nele. Depois que confiamos Nele e permitimos que Ele nos guie, o
Senhor Jesus Cristo passa a atuar em nosso favor como o Sumo Sacerdote Eterno e nos
assiste para venhamos a nos conhecer como somos diante da luz de Deus, mas também
como Advogado para obtermos um veredito de perdão e misericórdia, acrescido da fé
para crer neste perdão.
Entretanto, ainda há outros passos ou conjuntamente com os anteriores em que o
Senhor Jesus vai mais adiante e edifica em nós uma certeza de que somos aceitos
diante de Deus para ouvir o querer de Deus e pedirmos segundo esta vontade na
confiança de que também seremos atendidos pelo Pai Celestial.

1 João 5: 13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a


vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus, e
para que continueis a crer em o nome do Filho de Deus.
14 E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos
alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.
15 E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos,
estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito.
(RA+NKJV)

Sem um relacionamento com Cristo uma pessoa nem poderá vir a conhecer mais
amplamente a vontade de Deus para a sua vida, pois Cristo é o Mediador de tudo o que
se refere à nova aliança, Entretanto, o Senhor também nos mostra que Ele é o Mediador
da fé e que Ele inclusive é chamado nas Escrituras de Autor e Consumador da
nossa fé, conforme já mencionamos acima.
E novamente neste ponto, podemos ver que a fé, em primeiro lugar, não depende do
ser humano. Se um indivíduo rejeitar a Cristo e a graça que Deus lhe oferece mediante
597

o Senhor Jesus, ele também fica desprovido da possibilidade de ter a fé concedida por
Deus à sua vida, pois se ele rejeita o Autor e Consumador da fé, ele implicitamente
também rejeita a fé que este Autor e Consumador poderia lhe conceder.

Romanos 9: 16 Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem


corre, mas de usar Deus a sua misericórdia.

2 Ts 3: 1 Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do


Senhor se propague e seja glorificada, como também está
acontecendo entre vós;
2 e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a
fé não é de todos.
----

Ainda quanto ao aspecto de Cristo ser o Autor e Consumador da fé em Deus,


gostaríamos de destacar que no livro de Hebreus vemos uma grande lista de pessoas
que receberam a graça de terem a fé em Deus. Entretanto, entendemos que não é
apropriado chamá-los de “grandes homens ou mulheres da fé” ou “generais da fé”, pois
eles em si próprios não eram grandes, somente Deus que lhes concedeu a fé é que era.
As pessoas descritas no capítulo 11 do livro de Hebreus eram pessoas comuns e que
creram em Deus quando Deus lhes deu a oportunidade de, através do Senhor, terem a
fé vinda de Deus para crerem naquilo que o Senhor lhes chamou a crer.
Portanto, quando as Escrituras nos ensinam para considerarmos aquelas pessoas
descritas no livro de Hebreus, capítulo 11, como modelo de vida de fé em Deus, elas
estão apontando para o aspecto de que a fé em Deus também nos está disponível se a
buscarmos junto ao Autor e Consumador da nossa fé ou, sendo mais específico, se
mantivermos os olhos fitos no Autor e Consumador da nossa fé.
As pessoas narradas no capítulo 11 do livro Hebreus já se foram da Terra e não tem
mais atuação no presente mundo. Entretanto, o mesmo Deus continua operando com o
mesmo poder. E tentar alegar que que Deus não opera mais com o mesmo poder é
negar o poder eterno do Soberano Deus que atua em todas as gerações.
Além disso, o mesmo texto do capítulo 11 do livro de Hebreus declara que Deus não
somente nos estende a mesma possibilidade de fé que foi concedida às gerações
passadas como ainda declara que o Senhor separou coisa superior para nós.
E o que poderia ser este aspecto superior que Deus preparou para aqueles que vivem
no mundo a partir da obra de Cristo na cruz do Calvário, da sua ressurreição dentre os
mortos e da revelação do seu ministério de Sumo Sacerdote segundo a Ordem de
Melquisedeque?

Hebreus 11: 39 Ora, todos estes que obtiveram bom testemunho por sua
fé não obtiveram, contudo, a concretização da promessa,
40 por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que
eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados.
12: 1 Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande
nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do
598

pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a


carreira que nos está proposta,
2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o
qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz,
não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de
Deus.
----

O ponto superior que o Pai Celestial nos preparou ou de maior destaque


em relação a todos os outros sempre é o Senhor Jesus Cristo que Deus nos
concede graciosamente para ser tudo em todos.
Desta forma, Deus coroa o chamado para andarmos mediante a fé Nele nos
provendo de um Sumo Sacerdote perfeito e eterno para auxiliar a todos que querem a
vida Deus mediante esta fé no Senhor a alcançarem este propósito tão especial e
sublime, e também nele serem estabelecidos.
Um cristão “não tem que ter fé por si próprio”, mas ele pode aceitar o convite de
Deus e usar “da medida de fé que Deus lhe deu para olhar para Jesus”, o Autor e
Consumador da fé, e não mais tirar os olhos Dele para a cada dia crescer e ser mais
firmemente estabelecido nesta dádiva preciosa e imprescindível que há exclusivamente
no Senhor.
A fé que Deus inicialmente dá aos cristãos através de Cristo
primordialmente é a fé para olhar para o Senhor Jesus, o nosso Sumo
Sacerdote perfeito que nos ajuda em todos os outros passos da fé e da qual
ninguém jamais deveria se apartar.

Judas 1: 3 Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência


acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e
exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos. (RC)

Portanto, o Senhor Jesus Cristo, o Sumo Sacerdote Eterno e o nosso Advogado junto
ao Pai Celestial, também é o Autor e Consumador da nossa fé tanto diante de
Deus como também quando estamos diante dos mais diversos desafios no presente
mundo.
Se um cristão pensa que ainda não tem fé para algo específico que Deus
lhe orienta a fazer, mas crê em Jesus como seu Sumo Sacerdote e
Advogado, e abre os olhos e olha para Ele, fixa a atenção do seu coração em
Jesus, este cristão se abre para que o próprio Senhor produza e complete
nele a fé que necessita para crer nas demais orientações dadas a ele por
Deus.

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.

Ou seja, depois que uma pessoa recebe a Cristo no coração, qual é a primeira obra
que ele deverá continuar fazendo em toda a sua vida?
599

A resposta à pergunta anterior sempre continua sendo a mesma que permitiu que
ele se tornasse cristão. Vejamos esta obra mais uma vez:

João 6: 29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais


naquele que por ele foi enviado.
----

Se a fé fosse desenvolvida e estabelecida através da força humana e não pelo olhar


para Cristo, o Autor e Consumador da fé, ela seria concebida por obras da carne, e
não pela graça, recaindo novamente em obras da injustiça e não da justiça celestial.
Assim, quanto a fé, Deus primeiramente pede para os seus filhos crerem que o
próprio Senhor Jesus Cristo é também o Autor e Consumador da sua fé. E se isto
fizerem e permanecerem em Cristo, os demais frutos da fé brotarão pela graça a partir
deste relacionamento.
Em relação a alguns aspectos, o Senhor Jesus Cristo concede a fé para uma atuação
quase que instantaneamente. Em relação a outros, porém, pode ser que a preparação
da fé para eles ocorra durante anos. Entretanto, o aspecto crucial em tudo, em todos os
momentos ou para cada etapa do processo, é sempre ter os olhos fitos no Senhor Jesus.
Em Cristo Jesus, que é o Autor e Consumador da nossa fé, mas também
Aquele que, apesar de Senhor, é manso e humilde no coração, o cristão tem Aquele que
tira os fardos de crenças e de performance que o Senhor não lhe impôs. E ainda, tem no
Senhor Aquele que lhe concede força para suportar todos os desafios de fé que o Pai
Celestial lhe propuser durante a jornada da sua vida no mundo presente.
Assim, ninguém precisa se achar pequeno demais diante de Deus, pois na obra de fé
no Senhor, não são as pessoas que são grandes, mas o Soberano Deus das pessoas que
creem Nele é que é.

1Coríntios 1: 26 Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não


foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos
poderosos, nem muitos de nobre nascimento;
27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para
envergonhar as fortes;
28 e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e
aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;
29 a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte
de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.

1 Coríntios 12: 4 Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o mesmo.


5 E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é o mesmo.
6 E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus é quem opera
tudo em todos.
600

Filipenses 2: 13 Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o


realizar, segundo a sua boa vontade.
----

Sem Cristo ninguém pode vir ao Pai Celestial, pois somente Ele é quem
concede a fé e assiste as pessoas para poderem chegar ao trono da graça de
Deus.
Entretanto, “em Cristo” podemos exercer um sacerdócio diante de Deus amparados
e em conjunto com o nosso Sumo Sacerdote Eterno, segundo a Ordem de
Melquisedeque, para que conheçamos ao nosso Eterno Pai Celestial e sejamos
capacitados na fé para podermos crer no Senhor e viver aquilo que, segundo a preciosa
e perfeita vontade de Deus, já nos foi tornado disponível no Evangelho de Deus.
Assim:

Romanos 1: 16 Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder


de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e
também do grego;
17 visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé,
como está escrito: O justo viverá por fé.

2Pedro 2: 1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que


conosco alcançaram fé igualmente preciosa pela justiça do nosso
Deus e Salvador Jesus Cristo:
2 graça e paz vos sejam multiplicadas, pelo conhecimento de Deus e
de Jesus, nosso Senhor.
601

C. A Fé em Deus: Uma Dádiva Amplamente Combatida

Na medida que começamos a avançar mais na compreensão da fé em Deus e na


medida em que passamos a ver que a fé no Senhor é o meio através do qual uma pessoa
pode decidir receber a graça do Senhor para sair de uma vida dissociada de um
relacionamento adequado com seu o Criador, não há mais razão para uma pessoa
pensar que a decisão de aderir a uma vida de fé em Deus também será uma decisão que
irá agradar a todos aqueles que querem se manter em uma vida dissociada da fé em
Deus.
O ensino sobre a fé tem sofrido árdua oposição durante a existência humana devido
a imprescindível condição que ela apresenta para uma pessoa alcançar a vida que é
oferecida pelo reino de Deus através do Evangelho da Justiça e da Graça do Senhor, e
por isto, o tema da fé precisa ser rememorado e realçado com frequência.
Visando combater a fé em Deus no coração das pessoas, o conceito da fé tem sido
exposto à severas oposições e inclusive à muitas tentativas de distorções que tentam
revesti-lo de toda a sorte de ideias e pensamentos do mundo e dos poderes das trevas.
Uma vez que os poderes das trevas não podem combater a Deus e
prevalecer diretamente contra Ele, é a fé das pessoas no Senhor que elas
tentam combater para que os jugos que elas tentam impor sobre a
humanidade não se rompam e para que os seres humanos não alcancem o
verdadeiro sacerdócio da vida celestial e eterna que há em Cristo.
Se observarmos a Epístola de Judas, podemos ver já em seu início o quanto o tema
da fé e o destaque da oposição a ela precisa ser colocado em proeminência em certos
momentos, ao ponto de que Judas precisou postergar a abordagem de vários outros
tópicos encontrados na salvação que Deus nos oferece em Cristo.
Devido à necessidade emergente dos cristãos compreenderem a condição
fundamental da fé para a sua salvação e suas vidas, Judas foi redirecionado por Deus a
escrever a eles para batalharem a favor da fé que uma vez por todas lhes foi entregue,
mostrando-nos a condição essencial que a fé tem em relação à salvação recebida por
uma pessoa, assim como para o crescimento nesta salvação, conforme segue:

Judas 1: 1 Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos


chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo,
2 a misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados.
3 Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos
acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a
corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes,
diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos
santos.
4 Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais,
desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta
condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a
graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus
Cristo.
----

Conforme comentamos no tópico anterior, da parte do ser humano, a fé é o aspecto


inicial mais crucial a ser usado para que uma pessoa possa retornar efetivamente ao
602

relacionamento adequado com o Senhor e para passar a viver segundo a novidade de


vida que Deus lhe oferece a partir do reino celestial.
Devido à importância que há na fé para o cristão para toda a sua vida
cristã, é crucial que não somente o conceito básico da fé seja conhecido,
mas também como alguém pode crescer na fé e ser firmado nela, assim
como quais são as ações que se opõem à fé na vida de um cristão para ela
não ser estabelecida em seu coração.
Quando vemos as Escrituras recomendando que devemos seguir o exemplo de
pessoas do passado que obtiveram bom testemunho diante do Senhor, vemos que a
maior ênfase dada em relação a eles é que imitemos ou sigamos o exemplo de fé em
Deus que eles tiveram, assim como nas referências negativas a outras pessoas nos é
instruído a não seguirmos a sua incredulidade ou o não uso da fé em Deus que
poderiam ter utilizado.
Vejamos aqui mais alguns exemplos a serem seguidos, assim como a serem evitados:

Hebreus 6: 11 Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando,


até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança;
12 para que não vos torneis indolentes (negligentes), mas imitadores
daqueles que, pela fé e pela longanimidade, herdam as promessas.

1 Timóteo 4:12 Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos


fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza.

Romanos 4: 18 Abraão, esperando contra a esperança, creu, para vir a


ser pai de muitas nações, segundo lhe fora dito: Assim será a tua
descendência.
19 E, sem enfraquecer na fé, embora levasse em conta o seu próprio
corpo amortecido, sendo já de cem anos, e a idade avançada de Sara,
20 não duvidou, por incredulidade, da promessa de Deus; mas, pela
fé, se fortaleceu, dando glória a Deus,
21 estando plenamente convicto de que ele era poderoso para
cumprir o que prometera.

Hebreus 3: 19 Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da


incredulidade.
----

Paulo, assim como Judas, também nos acentua a importância de uma pessoa
entender que a fé é combatida e que ela não somente deve ser recebida em alegria como
uma dádiva celestial, mas que ela também deve ser guardada com amor e diligência até
o fim, até o dia do encontro eterno com Deus na glória eterna de Cristo, conforme
exemplificado abaixo:

Filipenses 1: 27 Somente deveis portar-vos dignamente conforme o


evangelho de Cristo, para que, quer vá e vos veja, quer esteja
603

ausente, ouça acerca de vós que estais num mesmo espírito,


combatendo juntamente com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
(RC)

2 Timóteo 4: 6 Porque eu já estou sendo oferecido por aspersão de


sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.
7 Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. (RC)
----

De forma similar, também Pedro acentua a condição vital da fé na vida de uma


pessoa, mostrando que é por esta dádiva que Deus permite que um cristão alcance não
somente um relacionamento adequado com Deus durante a sua vida na Terra, mas que
a fé também é o meio pelo qual Deus permite uma pessoa alcançar o propósito maior
da fé ter lhe sido concedida, o qual é a salvação eterna da sua alma.

1 Pedro 1: 3 Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo para uma
viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
4 para uma herança incorruptível, incontaminável e que se não pode
murchar, guardada nos céus para vós
5 que, mediante a fé, estais guardados na virtude de Deus, para a
salvação já prestes para se revelar no último tempo,
6 em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa,
sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias
tentações,
7 para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro
que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória
na revelação de Jesus Cristo;
8 ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora,
mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso,
9 alcançando o fim da vossa fé, a salvação da alma. (RC)
----

A fé e o que ela proporciona alcançar são aspectos preciosos demais para alguém vê-
los com leviandade, para alguém não se tornar uma pessoa que conheça a fé de maneira
mais aprofundada ou para alguém simplesmente não procurar conhecer o que tanto
milita contra esta dádiva tão essencial concedida a partir do reino celestial e através do
Senhor Jesus Cristo.
Proteger ou guardar a fé em Deus, oferecida e concedida a uma pessoa
através do Senhor Jesus Cristo, pode vir a ser mais vital que a própria vida
na Terra, pois a fé é vital para a vida de um cristão no mundo presente,
mas muito mais ainda para a sua vida eterna.
Entretanto, quando observamos com mais atenção o texto de Judas, exposto acima,
podemos ver que a resistência à fé nem sempre é um confronto direto a ela, como Saulo
de Tarso procurava realizar contra a divulgação da fé em Cristo.
Em sua carta, Judas nos ensina que o combate à fé também pode vir com
intensidade ou até com uma intensidade ainda maior através de meios
604

sutis que tentam gradativamente afastar as pessoas de sua posição firme


de fé em Deus.
Judas estava se dispondo a escrever aos irmãos na fé em Deus sobre vários aspectos
muito significativos que são parte integrante da salvação em Cristo Jesus, mas ele teve
que interromper este propósito por causa de um forte sentimento de necessidade para,
prioritariamente, alertar aos irmãos de fé a preservarem aquilo que podia mantê-los
associados à esta salvação.
O que Judas passou a escrever tomou uma condição de prioridade sobre outros
pontos, pois de nada adiantaria Judas escrever sobre diversos aspectos que há salvação
em Deus se aqueles à quem ele estava escrevendo se dissociassem da fé em Deus e visto
que, sem esta fé, também estariam se dissociando da própria salvação oferecida pelo
Senhor.
Vejamos abaixo o texto de Judas ainda sob a ótica de outra versão:

Judas 1: 3 Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência


acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e
exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
4 Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para
este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a
graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso,
Jesus Cristo. (RC)

Em sua epístola, Judas nos informa que há pessoas que tentam se introduzir entre
os próprios cristãos através de dissimulações ou, como diz em outras versões, de
formas secretas e veladas para combater a fé destes, procurando atacar também a graça
com dissoluções. Ou seja, procuram propor uma graça dissoluta, dissolvida e dissociada
da verdade, e não como ela é de fato.
Ainda em outras palavras, Judas nos informa que há pessoas que exteriormente ou
publicamente procuram não se se mostrar opositoras a fé e até se mostram
simpatizantes a ela, mas que, por interesses escusos e sorrateiros, procuram combater a
fé tentando minar sutilmente e gradativamente o entendimento das pessoas quanto aos
fundamentos que compõem a fé em Deus e a graça celestial que é inseparável da
própria fé no Senhor.

Judas 1: 12 Estes são manchas em vossas festas de caridade,


banqueteando-se convosco e apascentando-se a si mesmos sem
temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para
outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes
mortas, desarraigadas;
13 ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas
abominações, estrelas errantes, para os quais está eternamente
reservada a negrura das trevas.
...
16 Estes são murmuradores, queixosos da sua sorte, andando
segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas mui
arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse. (RC)

ou
605

Judas 1: 12 Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas


de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato,
pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água
impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes
desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas;
13 ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades;
estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das
trevas, para sempre.
...
16 Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as
suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são
aduladores dos outros, por motivos interesseiros. (RA)
----

Judas nos adverte que alguns dos mais acentuados combates à fé podem vir
exatamente através daquelas pessoas que se aproximam dos cristãos para os adularem
ou para mostrar a admiração, pretensiosa e falsa, que eles têm por aqueles que vivem
na fé em Deus. Os quais, porém, fazem isto para poderem introduzir os seus próprios
conceitos humanos e interesseiros do que viria a ser a fé em Deus e a graça do Senhor.
Aquilo que alguns tentam introduzir na fé e na graça cristã para tentar
corrompê-las não necessariamente é uma ação voltada a ensinar as
pessoas a deixarem de procurar a Deus e deixarem de procurar viver para
Deus. O que eles propõem para corromper a fé é algo muito sutil e perigoso
porque eles continuam propondo as pessoas a buscarem a Deus e servirem
a Deus, mas não através dos meios e condições que Deus ensina para que
uma pessoa viva em relação a Ele.
Ora, não foram precisamente essas mesmas atitudes que levaram as pessoas que
saíram do domínio do Egito a proporem o sacerdócio segundo a lei de Moisés ou o
sacerdócio segundo a Ordem de Arão?
Não foi exatamente a busca de Deus através dos meios propostos pelas pessoas em
oposição à proposição do Senhor que fez com que elas sugerissem e continuassem a
insistir em sugerir caminhos de relacionamento com Deus que eram baseados em obras
da carne e da justiça própria dissociadas de uma vida de fé diária no Senhor?

Hebreus 3: 7 Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a


sua voz,
8 não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da
tentação no deserto,
9 onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as
minhas obras por quarenta anos.
10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes sempre
erram no coração; eles também não conheceram os meus caminhos.
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós
perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo;
13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o
tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja
endurecido pelo engano do pecado.
----
606

O engano do pecado não procura atuar somente no aspecto de uma


pessoa pensar que ela não precisa de Deus, mas também no sentido de
tentar fazer com que uma pessoa creia intensamente que ela precise de
Deus, mas que pode buscá-lo e alcançar o seu favor através de métodos
sugeridos por homens e mulheres, e não conforme a graça e fé de Deus
segundo o que o Senhor estabelece como sendo graça e fé.
Judas não estava alertando aos seus irmãos de fé em Cristo contra aqueles que não
queriam ter comunhão com eles ou que rejeitavam diretamente a fé deles em Deus.
Judas estava alertando aos seus irmãos de fé a tomarem cuidado e estarem atentos a
discernir e evitar aqueles que queriam fazer parte da sua comunhão por interesses
próprios escusos e com o propósito de impor sutilmente a eles a visão e os conceitos
humanos sobre a fé e a graça de Deus.
Judas estava proclamando um alerta para que as pessoas não se demovam da fé de
Deus que lhes foi entregue uma vez para sempre e para que não se deixem levar por
crenças que outras pessoas lhes propõem e que propagam que a fé em Deus e a graça
podem se amoldar ao querer ou aos mais variados desejos dos seres humanos.
A fé em Deus, e que é concedida por Deus através de Cristo Jesus, é
como ela é, e não pode ser mudada. Se alguém intentar fazê-lo, aquilo que
ele irá colher não será verdadeiramente fé, mas alguma crença distorcida e
não condizente com o que de fato é chamado de fé diante de Deus.
Neste ponto, retornamos ao aspecto da enorme relevância de conhecermos e
sabermos o princípio da Adequada Divisão da Palavra da Verdade e de sabermos alguns
aspectos básicos também sobre a velha aliança e porque ela já foi revogada, tornada
obsoleta e somente permanece como uma parábola para a época presente para
o nosso alerta e ensino dos perigos que nela há e que são tão atrativos a tantas pessoas.
Algo que atrai, e muito, as pessoas a conceitos da antiga Ordem de Arão, ou
similares, é que eles podem vir a envolver grandes somas econômicas, em formas de
ofertas e dízimos, e também porque eles geralmente são associados a uma série de
titulações, cargos e posições distribuídas na sua pirâmide de comando, levando as
pessoas a uma vida em que almejam galgar, ao menos, algumas posições consideradas
honrosas nesta “pirâmide sacerdotal”.
Quando homens e mulheres dizem que alguns são mais especiais e têm chamados
“especiais” da parte de Deus em detrimento de outros que supostamente deveriam se
sujeitar às suas ordenanças, eles estão procurando sutilmente e perversamente elevar
os corações daqueles que serão colocados como “líderes” sobre “seus denominados
irmãos de fé”, pois fazem isto para fisgá-los na arrogância e para que estes “líderes” os
ajudem a subjugar o povo que intentam dominar e do qual querem extrair as mais
diversas vantagens para si próprios.
As pessoas com as quais Judas diz que um cristão deve ter especial cuidado são
aqueles que se propõem a serem irmãos de fé, que os bajulam e adulam com
“calorosos” elogios, que são muito carismáticos e atenciosos com eles, mas que, na
sequência, se isto lhes for permitido e não for radicalmente interrompido, se erguem
sobre os que adularam e, com uma frieza quase indescritível, tomam por espólio as suas
vida e tudo o que estes têm.
Eliú, que verdadeiramente proferiu palavras de Deus a Jó, já nos alertou na
antiguidade sobre o risco da busca de titulações para criar divisão entre pessoas que
Deus não almejou que fossem feitas, conforme segue:
607

Jó 32: 21 Não farei acepção de pessoas, nem usarei de lisonjas com o


homem.
22 Porque não sei lisonjear; em caso contrário, em breve me levaria
o meu Criador. (RA)

ou

Jó 32: 21 Queira Deus que eu não faça acepção de pessoas, nem use de
lisonjas com o homem!
22 Porque não sei usar de lisonjas; em breve me levaria o meu
Criador. (RC)

Também Davi declara a posição contrária que Deus tem para com aqueles que usam
de lábios lisonjeiros, línguas que falam coisas altivas para atribuir títulos a outros com
o propósito de ganhar a sua atenção para depois também fazer uso insensível e
exploratório dos outros:

Salmos 12: 3 Corte o SENHOR todos os lábios bajuladores, a língua que


fala soberbamente,
4 pois dizem: Com a língua prevaleceremos, os lábios são nossos;
quem é senhor sobre nós?
5 Por causa da opressão dos pobres e do gemido dos necessitados, eu
me levantarei agora, diz o SENHOR; e porei a salvo a quem por isso
suspira.
6 As palavras do SENHOR são palavras puras, prata refinada em
cadinho de barro, depurada sete vezes.
7 Sim, SENHOR, tu nos guardarás; desta geração nos livrarás para
sempre.
8 Por todos os lugares andam os perversos, quando entre os filhos
dos homens a vileza é exaltada.

Os aspectos expostos acima, de forma similar, também nos são expostos no livro de
Provérbios e por Paulo, respectivamente:

Provérbios 26: 28 A língua falsa aborrece a quem feriu, e a boca


lisonjeira é causa de ruína.

1 Ts 2: 5 A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação,


como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus disto é testemunha.

E ainda, e o principal, é quando olhamos para aquilo que o Senhor Jesus nos
ensinou sobre não tratarmos os irmãos da fé em Deus com distinções similares aos da
Ordem de Arão, aspecto exposto amplamente no livro de Mateus, capítulo 23, e do qual
citamos os versos que nos expõem o motivo pelo qual não devemos acatar a sugestão de
lisonjas de alguns irmãos de fé em detrimento de outros:

Mateus 23: 8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é


vosso Mestre, e vós todos sois irmãos.
608

9 A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso


Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem sereis chamados guias (ou líderes), porque um só é vosso
Guia, o Cristo.
----

Por que o Senhor Jesus Cristo instrui as pessoas que receberam a fé de Deus em seus
corações a não se “intitularem” umas às outras além de irmãos de fé, salvos pela mesma
graça e pelo mesmo Senhor?
Se olharmos o contexto dos versos acima expostos, vemos que uma das principais
razões pelas quais os irmãos de fé não devem dar títulos de destaque uns aos outros é
porque, além de ir contra a verdade de quem é Cristo e de quem é Deus Pai, isto
realimenta as pessoas com o fermento das divisões de classes de pessoas da velha
aliança, a aliança segundo Moisés e seguida pelos fariseus, saduceus e escribas.
A velha aliança é uma ordem sacerdotal baseada em um mandamento carnal. E
a vida segundo a carne atua para “dividir uma família de irmãos”. Ela é uma ordem
repleta de disputas e contendas que em vez de produzirem vida, produzem toda a sorte
de confusão, porfias e muros de separação.
Qualquer ordem sacerdotal que tenta dividir a família de Deus em
categorias distintas de pessoas é uma ordem que tem alguma equivalência
com a Ordem de Arão ou, no mínimo, que já está dando guarida ao
fermento desta ordem, pois se assemelha no mesmo fundamento carnal ou
nas cobiças más que deram origem a esta ordem.
E Deus não concede a sua graça e o dom da fé para as pessoas voltarem a
viver e edificar as suas vidas sobre o fundamento fraco e passageiro da
carne.

1 Coríntios 3: 3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é


assim que sois carnais e andais segundo o homem?
4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?
...
10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento
como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um
veja como edifica.
11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi
posto, o qual é Jesus Cristo.

Tiago 3: 16 Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e


toda espécie de coisas ruins.
----

Ainda em outro momento, Cristo firmemente advertiu os seus discípulos sobre o


tipo do fermento da velha aliança e dos seus líderes, mostrando que, apesar de Ele ter
vindo para que o primeiro sacerdócio fosse removido para que o segundo passasse a ser
estabelecido, o fermento do velho sacerdócio ainda é poderoso para fermentar inclusive
quem já recebeu a novidade de vida do Senhor, se alguém assim o permitir.
609

Vejamos abaixo mais alguns dos textos que evidenciam de forma muito clara essa
última consideração:

Mateus 16: 6 E Jesus lhes disse: Vede e acautelai-vos do fermento dos


fariseus e dos saduceus.

Mateus 16: 11 Como não compreendeis que não vos falei a respeito de
pães? E sim: acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
12 Então, entenderam que não lhes dissera que se acautelassem do
fermento de pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.

Marcos 8: 15 Preveniu-os Jesus, dizendo: Vede, guardai-vos do


fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.

Lucas 12: 1 Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de


uns aos outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo,
aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia.

Em várias situações dos textos recém mencionados, podemos ver também um


ajuntamento de pessoas, pois a fé em ação várias vezes atrai pessoas. O poder de Deus
que atua através da fé muitas vezes chama a atenção de pessoas. E é nestas
circunstâncias que o Senhor Jesus Cristo disse para os seus discípulos se “acautelarem”
ou adotarem atitudes de precauções para que a hipocrisia, a dissimulação ou a
dissolução não tenham abrigo em suas vidas e venham a destruir a graça e a fé uma vez
para sempre depositada em seus corações.
O que o Senhor nos alertou nos textos acima é o que Paulo também nos alerta em
outro texto sobre a velha aliança, o primeiro sacerdócio ou a Ordem de Arão, a saber:

Gálatas 5: 9 Um pouco de fermento leveda toda a massa.

Assim, especificamente também em relação à fé, é crucial que se faça uma clara
distinção entre o sacerdócio segundo a Ordem de Arão e o sacerdócio segundo a Ordem
de Melquisedeque, pois a Ordem de Arão não atua pela fé enquanto que a Ordem de
Melquisedeque, por outro lado, é amplamente associada à fé, conforme relembramos
abaixo:

Romanos 4: 14 Pois, se os da lei é que são os herdeiros, anula-se a fé e


cancela-se a promessa.

Gálatas 3: 5 Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera


milagres entre vós, porventura, o faz pelas obras da lei ou pela
pregação da fé?
610

Gálatas 3: 12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os
seus preceitos por eles viverá.

Gálatas 3: 11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de


Deus, porque o justo viverá pela fé.
----

Ver a fé em Deus sob o contexto do Evangelho da Glória de Cristo, das duas ordens
sacerdotais referenciadas acima e da posição de Cristo na Ordem de Melquisedeque é
particularmente significativo e valioso porque:
 1) A fé é uma dádiva concedida por Deus às pessoas através de Cristo Jesus;
 2) A fé não é e nem pode ser gerada, concedida e estabelecida pelo próprio ser
humano e nem por ações, esforços, sacrifícios e busca de méritos que este venha
procurar realizar para se justificar.

Assim, o conhecimento do que vem a ser a fé em Deus e do que não é fé em Deus,


inevitavelmente, nos leva novamente à necessidade de nos depararmos mais um pouco
com a glória de Cristo e dos dois sacerdócios que mais expressam as duas únicas opções
sacerdotais que as pessoas, no final das contas, tem para escolher na vida, a saber:
 1) Viver segundo Deus orienta as pessoas a viverem, inclusive sobre o
como viver naquilo que Deus concede a elas mediante a graça;
 2) Viver segundo o que alguma parte da criação as orienta a viverem,
lembrando sempre que esta segunda opção pode vir disfarçada das mais diversas
formas, variando desde a declaração da criação de que Deus não existe até as
declarações da criação de que a novidade de vida em Deus pode ser alcançada
através obras e esforços humanos.

Por que, então, o tema da fé em Deus nos conduz mais uma vez à glória de Cristo e
ao tema do antigo e do novo sacerdócios?
Uma apropriada abordagem do assunto da fé em Deus inevitavelmente
nos leva à necessidade de olhar para a glória de Cristo, pois considerando
que a fé de Deus é uma dádiva do Senhor, uma virtude do reino de Deus e
uma característica específica da nova aliança, ela somente pode ser
concedida aos seres humanos através do Único Mediador entre Deus e a
humanidade.
Uma vez que a antiga aliança tinha por base obras humanas para tentar justificar as
pessoas diante de Deus e que isto é completamente incompatível com a Ordem de
Melquisedeque quanto à justificação e o aperfeiçoamento das pessoas quanto à
renovação e restauração da consciência, e que a fé é o meio pelo qual uma pessoa
justificada é chamada a viver e andar, podemos ver que a Ordem de Arão também é
completamente incompatível no quesito da fé em relação ao sacerdócio de Cristo,
611

lembrando ainda que na primeira aliança nem é possível existir o que as Escrituras
chamam de fé.
Uma vez posto o que acima foi comentado, podemos perceber que uma ordem
sacerdotal, a de Arão, milita contra ou se opõe à fé, enquanto a outra ordem, a de
Melquisedeque, não somente concede fé, como também opera ou atua em favor desta fé
e através desta fé.
Considerando que a Ordem de Arão e a Ordem de Melquisedeque estão sobre
fundamentos completamente distintos quanto ao que define a fé segundo o que Deus
estabelece o que realmente é a fé, as duas ordens, respectivamente, também estão
diante de caminhos distintos quanto ao viver mediante a fé e que são contrários,
opostos e conflitantes um com o outro.
Sendo mais específico ainda, uma vez que a Ordem de Arão, ou qualquer ordem
similar a ela, carece do que realmente é fé, quem escolhe viver sujeito a ela também não
poderá viver mediante a fé se continuar associado aos seus preceitos. Ou seja, para
trocar a condição de incrédulo para vir a ser uma pessoa que vive mediante a fé em
Deus é necessário mudança de sacerdócio, implicando, como consequência, também a
troca da lei do sacerdócio.

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.

Uma vez que a essência da Ordem de Arão não é o viver mediante a fé, mas pelas
tentativas de justiça própria que supostamente provém das obras humanas, a busca da
fé através desta ordem antiga pode se tornar um processo muito frustrante e
desgastante.
Por outro lado, a Ordem de Melquisedeque é uma ordem onde as pessoas já desde o
primeiro ato de associação a esta nova ordem são ensinadas a fazê-lo através da fé em
Cristo.
Enquanto o sacerdócio de Arão induz e ensina a negação da vida
mediante a fé ao sugerir a vida sujeita a uma lei com uma lista de preceitos,
o sacerdócio segundo Cristo nem aceita a associação de uma pessoa a ele se
esta não ocorrer mediante o caminho da fé em Deus.
Assim, um princípio benéfico que pode ser extraído da Ordem de Arão a respeito da
vida mediante a fé é o fato desta ordem ser um exemplo de como não se chega à fé,
permitindo que as pessoas fiquem mais conscientes de que que a fé em Deus somente
pode ser encontrada em Cristo e em seu sacerdócio celestial.

Gálatas 3: 23 Mas, antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e
nela encerrados, para essa fé que, de futuro, haveria de revelar-se.
24 De maneira que a lei nos serviu de aio (tutor) para nos conduzir a
Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.
25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos subordinados ao aio
(ou tutores).
----
612

Cristo é a manifestação do caminho da fé ou o meio para ela se tornar


disponível. A dádiva de ter acesso a Cristo, então, é a expressão de ter
acesso ao que a fé é diante de Deus.
Portanto, a expressão tendo vindo a fé, do livro de Gálatas, capítulo 3, é
equivalente a Cristo ter nos sido revelado por Deus para que possamos viver e andar em
Cristo.
Em Cristo está a fé assim como em Cristo está a justificação, o amor, a paz, a luz e
todas as demais virtudes de Deus que são oferecidas abertamente através do Evangelho
do Senhor e que podem ser recebidas por todo aquele que crê que Cristo é a novidade
de vida oferecida pelo Pai Celestial.
Antes de Cristo vir em carne ao mundo, a “fé” ainda não havia vindo ao mundo no
sentido de ser tornada disponível amplamente e para todos os seres humanos.
Cristo veio em carne ao mundo para nos mostrar e ensinar, através do
seu próprio exemplo, como uma pessoa pode viver segundo a fé em Deus,
mesmo quando sob severas ou terríveis aflições.
Entretanto, Cristo também veio para tornar a fé disponível a todo aquele que a
quiser receber para viver através dela e para não precisar mais viver limitado às
condições dos homens naturais e de seus rudimentos, inclusive os rudimentos que
fazem parte da Ordem de Arão ou similares a ela.

Gálatas 3: 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo


Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.
4: 1 Digo, pois, que, durante o tempo em que o herdeiro é menor, em
nada difere de escravo, posto que é ele senhor de tudo.
2 Mas está sob tutores e curadores até ao tempo predeterminado
pelo pai.
3 Assim, também nós, quando éramos menores, estávamos
servilmente sujeitos aos rudimentos do mundo;
4 vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido
de mulher, nascido sob a lei,
5 para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos
a adoção de filhos.
6 E, porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração o Espírito
de seu Filho, que clama: Aba, Pai!
7 De sorte que já não és escravo, porém filho; e, sendo filho, também
herdeiro por Deus.
----

Deus não procura encontrar nas pessoas ou requer delas o que Ele não
deu a elas primeiramente.
613

Assim, ou também por isso, Deus nos oferece o Filho do seu Amor para que ao
recebê-lo, também possamos receber juntamente com Ele a dádiva para viver a vida
que é vivida mediante a fé e não por vista.

Jó 41: 11 Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-


lhe? Pois o que está debaixo de todos os céus é meu.

Romanos 11: 34 Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o


seu conselheiro?
35 Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído?
36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele,
pois, a glória eternamente. Amém!
----

Enquanto as pessoas na Ordem de Arão são cobradas e instigadas para obterem a


justificação mediante as obras da lei, mas o que nunca poderão fazer através da ordem
que tem um fundamento destituído de fé, na Ordem de Melquisedeque a fé é dada e
tem um Autor designado por Deus para distribuí-la e para consolidá-la de forma que
seja eternamente estabelecida na vida daquele a quem ela é concedida, se tão somente a
pessoa que quer correr a carreira que Deus lhe propõe não se esquecer ou não tirar os
olhos Daquele que dá a fé e a consolida no coração daqueles que Nele permanecem.
O ensino da Ordem de Arão que propõe a interposição de mediadores humanos
entre Deus e as pessoas é tão fraca e mal sucedida porque ela propõe que as pessoas
olhem para os seus semelhantes, desviando assim o olhar do Único Autor e
Consumador da fé.
E quando as pessoas olham para mediadores humanos ou para outros aspectos da
criação, à medida que as falhas das atitudes da criação começam a emergir, elas ficam
confusas em suas crenças e começam a pensar que estão perdendo a fé em Deus que na
realidade nem estava direcionada a Deus, mas aos seus semelhantes humanos ou
aspectos da criação igualmente falhos.
A Ordem de Arão é a ordem que ensina a buscar a Deus pelo modelo humano, pelo
modelo do esforço, pela disciplina e determinação humana, atuando no sentido
contrário e virando as costas para o que é oferecido graciosamente e gratuitamente por
Deus.
Assim como Judas, Pedro e o próprio Senhor Jesus Cristo, também Paulo nos
alertou que certas pessoas apreciarão ter seguidores de si próprias e que estas até
surgirão entre os próprios supostos irmãos de fé, conforme segue:

Atos 20: 30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando


coisas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.

Em Cristo, Deus oferece a virtude da fé Nele. Entretanto, se uma pessoa rejeita a


Cristo, ela também despreza a fé, não importando quem siga, mesmo que pudesse vir a
seguir a Paulo, Cefas, Apólo, João ou qualquer outra pessoa.
614

Quando as pessoas procuram encontrar em seus semelhantes ou coisas criadas a fé


que somente podem encontrar diretamente em Cristo, elas rejeitam tanto a fé em Deus
como as virtudes do Senhor que são oferecidas através do seu Evangelho, pois assim
elas descartam o Autor e Consumador da fé mediante à qual poderiam ter acesso aos
demais aspectos do Evangelho da Graça do Senhor.
Assim, no mundo, há muitas doutrinas ou proposições que tentam ensinar que as
pessoas “devem ter fé” e “devem crescer na fé” que nem receberam ou da qual estão
dissociadas por não estarem em comunhão com a fonte da fé, desprezando, com isto,
também mais uma vez o Autor e Consumador da fé.
Muitas doutrinas e proposições no mundo tentam impor sobre as pessoas um
conjunto de tarefas que não têm associação com a fonte de vida eterna que desprezam.
São proposições sacerdotais que tentam impor ordenanças às pessoas para alcançarem
os alvos que elas almejam, mas, ao mesmo tempo, estas mesmas ordenanças atam as
pessoas para não poderem de fato alcançar os alvos que elas almejam.
Portanto, vendo repetidamente as insistentes tentativas dos seres humanos em
estabelecer diante de Deus o que o Senhor já quer lhes disponibilizar através do amor e
da graça, e não por obras, não é de admirar porque o Pai Celestial estabeleceu a Cristo
como o nosso Advogado junto ao seu trono celestial.
De dia e noite precisamos da intercessão do Senhor a nosso favor para que não
venhamos a ser enredados, outra vez, pela vida regida por obras ou mandamentos a
serem cumpridos que tanto os homens sugerem uns aos outros e que tentam lhes impor
para afastá-los da fé em Deus.

Gálatas 2: 19 Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim
de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo;
20 logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse
viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que
me amou e a si mesmo se entregou por mim.

1 Coríntios 2: 4 A minha palavra e a minha pregação não consistiram


em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do
Espírito e de poder,
5 para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim
no poder de Deus.
615

D. Ressaltando a Dissimulação ou Hipocrisia como Arma que


Milita Contra a Fé em Deus

Lucas 12: 1 Posto que miríades de pessoas se aglomeraram, a ponto de


uns aos outros se atropelarem, passou Jesus a dizer, antes de tudo,
aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a
hipocrisia.

2 Pedro 2: 1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas,


assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais
introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto
de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos repentina destruição.

Judas 1: 3 Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência


acerca da comum salvação, tive por necessidade escrever-vos e
exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos.
4 Porque se introduziram alguns, que já antes estavam escritos para
este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a
graça de Deus e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso,
Jesus Cristo. (RC)

1 Timóteo 1: 5 Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que


procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia
(ou de uma fé sincera ou não fingida).
----

No tópico anterior, abordamos a iminente necessidade que Judas apresentou para


escrever aos seus irmãos de fé sobre o quão crucial era que eles batalhassem pela fé que
uma vez já havia lhes sido dada da parte de Deus. E isto, por causa de pessoas que
estavam querendo se introduzir entre eles com intuito de corromper ou até destruir
neles a dádiva que lhes havia sido concedida do reino celestial.
Entretanto, se formos observarmos o texto de Judas mais de perto, podemos ver que
a palavra usada por Judas para se introduzirem é a mesma que Pedro usa para
introduzirão encobertamente ou dissimuladamente, o que também faz com que
algumas traduções se refiram a estes opositores da fé como aqueles que procuram se
introduzir usando de dissimulações.
Ora, a palavra dissimulação é um dos sinônimos da palavra hipocrisia, a qual, por
sua vez, é associada ao fermento do qual o Senhor nos avisou para nos acautelarmos
contra os seus efeitos muito danosos.
A começar pelo texto de Judas, podemos ver que o alvo maior daqueles que usam de
hipocrisias ou disfarces para esconder falsos intentos para se introduzirem no meio
dos cristãos é, na realidade, fazerem oposição a Cristo, tentando negar a Ele a sua
posição exclusiva de Senhor sobre tudo e todos que lhe foi conferida pelo Pai Celestial.
616

A oposição à dádiva da fé que Cristo concede a uma pessoa, na realidade, é uma


oposição contra a posição soberana de Cristo para que uma pessoa não se relacione
livremente com Cristo, com o Pai Celestial e com o Espírito Santo, pois a liberdade de
ter acesso pessoal à sabedoria de Cristo e a direção de Cristo impede os falsos irmãos de
terem ascendência ou a primazia sobre o coração daqueles que têm e vivem segundo a
fé em Deus que Cristo lhes confere mediante a graça.
A oposição que se levanta em libertinagem, em ousada maldade ou em perversidade,
se levanta contra a graça de Deus procurando, em uma das suas principais ações,
redefinir a graça segundo os conceitos humanos e procurando definir que uma pessoa
não tem um acesso tão direto a Deus como as Escrituras dizem que elas têm. Procuram
corromper a graça no ponto mais importante que a graça oferece, que é a pessoa
retornar ao relacionamento ou à comunhão pessoal com Aquele de quem dependem
toda a sua vida presente e eterna.
As tentativas de corrupção da graça obviamente não são tão explícitas, por isto é que
elas são comparadas às dissoluções ou às tentativas de associar a hipocrisia à fé.
Ora, quais são algumas dissimulações ou hipocrisias que mais se opõem
à fé senão aquelas que querem se apresentar como “fés alternativas” que
tentam imitar parcialmente a fé concedida por Deus?

Mateus 23: 27 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois


semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem
formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de
toda imundícia.
28 Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens,
mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.

Dissociado de Cristo e da conexão direta com o Cabeça do Corpo de


Cristo, que é Cristo, uma pessoa não tem acesso nem à graça de Deus e nem
à fé de Deus para crer Nele, pois é do Cabeça do Corpo de Cristo que
provém todo e qualquer suprimento de todas as partes deste corpo
espiritual.
Uma vez que Cristo é a novidade de vida provinda de Deus, a maneira mais óbvia de
uma pessoa tentar destruir a vida vivida mediante fé em Deus passa a ser, então, tentar
dissociar uma pessoa de Cristo. E se este alvo for alcançado, a pessoa passa a ficar
sujeita a ser asfixiada pela falta de novidade de vida devido ao seu naufrágio em relação
à fé e a graça do Senhor.

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de
nada vos aproveitará.
3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está
obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes.
5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.
6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão
têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. (RC+RA)
617

Colossenses 2: 18 Ninguém se faça árbitro contra vós outros,


pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões,
enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal,
19 e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem
vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que
procede de Deus.

Dissociar alguém de Cristo, da fé em Deus, da verdadeira graça ou da novidade de


vida no Senhor são todas expressões que referem-se também a dissociar uma pessoa de
uma mesma e única fonte. Estas expressões são inseparáveis umas das outras. E o alvo
da dissociação também sempre é o mesmo, o qual é tentar colocar a pessoa de novo sob
o jugo da escravidão e da morte, quer seja pelo pecado em geral ou pelo pecado da
proposição de caminhar de acordo com uma ordem sacerdotal já revogada e obsoleta.
A fé em Deus ou a fé concedida por Deus é singular, incomparável e jamais pode
realmente ser equiparada ou copiada por proposições dos seres humanos, pois ela é
dada por Deus, e por isto, ela também tem o selo de Deus.

Gálatas 5: 6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a


incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.

Qual é, então, o selo da singular e verdadeira fé em Deus?


O selo da fé em Deus somente pode ser um, semelhantemente à todas as
dádivas de Deus, a saber: “EM CRISTO”.
Portanto, se alguma proposição de fé é apresentada dissociada de uma pessoa “estar
em Cristo”, ela não é verdadeira e não tem o amor por fundamento, antes é uma
proposição de uma tentativa de dissimulação da fé ou do acréscimo de hipocrisia à fé.
Somente existe uma fé genuína ou autêntica, o que na realidade é uma redundância,
pois se alguma proposição de fé não é a original, essa proposição nem é fé de fato
segundo o conceito de fé descrito em Hebreus 11, verso 1. (Conceito abordado mais
amplamente no estudo sobre O Evangelho da Promessa).
Assim, a fé, a fé em Deus ou a fé autêntica e verdadeira somente existe em
Cristo, fazendo com que a fé em Deus somente esteja disponível para quem
primeiro crer em Cristo para também “estar em Cristo”.

João 6: 29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais


naquele que por ele foi enviado.

Quem crê em Cristo crê Naquele em quem estão todas as outras


provisões e instruções para também viver pela fé em Deus, inclusive a
própria provisão da fé em Deus.
E devido ao fato da fé ser tão crucial para o acesso a tudo o que Deus oferece através
do seu Evangelho, ela também é alvo de tantos ataques ou oposições, conforme já
comentamos anteriormente.
618

Entretanto, tendo em mente que a fé é algo tão precioso, não é de admirar que as
pessoas não queiram mais abrir mão dela ainda que queiram se apartar de Cristo. E é
por isto que muitos dos mais expressivos ataques à fé vem revestidos de hipocrisias ou
dissimulações.
Entendemos que convém notar e ressaltar aqui que a oposição à fé, descrita nas
Escrituras, não se limita somente às simulações, mas também avança para as esferas
das dissimulações.
Apesar de já termos citado a dissimulação várias vezes no presente estudo,
entendemos que ainda não tivemos uma oportunidade apropriada para procurar
explicá-la de forma mais específica. Entretanto, tendo em vista o papel opositor que ela
faz a Cristo e à fé que Ele concede, parece-nos ser muito relevante fazê-lo neste ponto
antes de avançarmos em mais aspectos que também estão inclusos na salvação em
Cristo Jesus.
A simulação, não a dissimulação, é uma proposição, exposição ou apresentação de
algo que não é real, ainda não é real ou ainda está em fase de experimentação.
Uma pessoa, por exemplo, pode simular ser alguém que ela não é ou ainda não é.
A simulação, por sua vez, não necessariamente é má quando ela não é feita sob
intenção de mentira, sob intenção de ocultação do que deveria ser exposto ou sob a
intenção de dolo, mas ainda assim, no devido tempo, deverá permitir que seja
conhecida como uma simulação.
As crianças, por exemplo, gostam de simular que são adultas em suas brincadeiras,
o que, dependendo de cada caso, pode ser até salutar, pois, de certa forma, pode ser
uma espécie de “treinamento”.
Indústrias simulam acidentes com seus produtos para avaliar a sua confiabilidade,
assim como equipes de emergências simulam situações de risco para se preparem para
situações reais, e assim por diante.
Quando neste estudo usamos algumas vezes de exemplos hipotéticos, ou quando as
Escrituras mencionam parábolas, também pode ter ocorrido o uso de simulações.
Existem, porém, simulações que podem ser muito perversas e que visam induzir
pessoas ao erro ou que são associadas às tentativas de obtenção de vantagens para
aquele que propõe as simulações em detrimento daqueles que são o alvo delas, as quais,
nestes casos, inevitavelmente irão desembocar em dissimulações.
Assim, a dissimulação é o passo seguinte à uma simulação que não foi revelada
como tal em tempo apropriado.
A dissimulação é o conjunto de ações que são feitas para esconder ou disfarçar a
simulação, podendo chegar às situações mais degradantes de caráter que o ser humano
pode imaginar, como exemplificado também a seguir:

Provérbios 26: 18 Como o louco que lança fogo, flechas e morte,


19 assim é o homem que engana a seu próximo e diz: Fiz isso por
brincadeira.

Em outro exemplo, a dissimulação seria como uma empresa ter feito um teste
simulado de um carro, ter descoberto um defeito grave, mas por interesses escusos,
tentar fazer uma maquiagem do defeito esperando que ele nunca seja descoberto. Em
619

vez de arcar com o custo do acerto do defeito descoberto no teste simulado, a empresa
dissimula que está tudo correto e esconde o defeito dizendo que está tudo bem, fazendo
de tudo para sustentar a dissimulação mesmo diante de fatos que já evidenciaram ou
evidenciam o erro.
Quando começam a aparecer os primeiros sinais por detrás de alguma dissimulação,
muitas vezes um festival ainda maior de dissimulações começa a ser usado para tentar
esconder aquilo que não foi revelado com deveria no tempo devido.
Eventualmente, o disfarce para tentar esconder um problema eventualmente ainda
pode ser parte de uma simulação, mas o disfarce repetitivo ou continuado do problema
já avança intensamente para a esfera da dissimulação.
A tentativa da manutenção indevida da simulação, o esforço para ocultar algo
inapropriado na simulação ou a tentativa de disfarçar algum interesse perverso
associado à simulação, mesmo diante do disfarce já perdendo a sua eficácia, é um dos
principais aspectos do que é chamado de dissimulação.
Toda pessoa com um mínimo de conhecimento do assunto sabe que o objetivo de
um “mágico” é duplo: primeiro fazer uma boa simulação, e, depois, fazê-la de tal forma
que ninguém descubra a simulação. O “mágico hábil” precisa ser hábil nas duas coisas.
Portanto, quando retornamos ao texto exposto por Judas, vemos que ele nos
informa e alerta que há mágicos da vida real que procuram se infiltrar entre as pessoas
de fé com simulações, mas também com dissimulações para corromper o entendimento
da graça de Deus visando, por fim, afetar a fé das pessoas em Deus.
E aqui mais uma vez, também para finalizarmos o capítulo sobre O Sumo Sacerdote
que é o Autor e Consumador da Fé, entendemos que não poderíamos deixar de
mencionar que algumas das mais fortes tentativas de dissimulações acabam também se
reportando à Ordem de Arão, que sempre foi uma forte oponente da vida mediante a fé
em Deus.
Assim, tentar ressuscitar a Ordem de Arão ou similares a ela entre os cristãos, depois
de Cristo ter ressurgido dentre os mortos, é uma tentativa de dissimular, através das
chamadas fábulas ou fábulas judaicas dos tempos antigos, a revogação do que já foi
declarado obsoleto por Deus.
As referidas fábulas são terríveis para quem as acolhe ou revestem o seu
entendimento com elas, pois elas criam ilusões de soluções e provisões de fontes que
nunca poderão prover o que é prometido ser concedido através delas, fazendo com as
pessoas desperdicem dons, recursos e tempo de vida com aquilo que somente tem
aparência de piedade, mas não de verdadeira novidade de vida.
A Ordem da Arão não era e nunca será uma ordem que ensina as pessoas a irem
pessoalmente à fonte de fé que é Cristo para também passarem a viver desta fonte.
A Ordem de Arão cobrava e requeria sacrifícios e ofertas repetidamente, e mesmo
quando as pessoas enriqueciam materialmente, conforme já vimos também, elas não
tinham descanso no coração. As pessoas sob a Ordem de Arão sempre estiveram
agitadas pensando que algo exterior lhes faltava, não sendo ensinadas, por esta ordem,
que o que lhes faltava era alguém que lhes concedesse a fé em Deus e a estabelecesse no
coração de cada indivíduo.
Desta forma, um dos problemas centrais do sistema piramidal da Ordem de Arão é
que ele afasta as pessoas da busca pela verdadeira fonte de fé ao sugerir que elas
620

coloquem as suas expectativas em proposições de que os seus semelhantes irão tomar


atitudes e fazer por elas as ações que as próprias pessoas deveriam fazer pessoalmente.
Quando ordens sacerdotais com características da Ordem de Arão pensam que a
graça de Deus lhes permite introduzir seus variados mandamentos carnais e propor
ilusões às pessoas com dissimulações dizendo que outros indivíduos ou ministros
especialmente capacitados podem ser os “solucionadores” das suas coisas espirituais, as
pessoas passam a se abster cada vez mais de buscar em Deus a fé pessoal e se tornam
“dependentes” dos que estão acima deles na cadeia da pirâmide à qual se associaram.
As pessoas sujeitas às proposições similares à Ordem de Arão, no final das contas,
são ensinadas a pensarem que não precisam da fé diretamente em Deus pelo fato de
haver outros que alegam cuidar da sua vida espiritual. Porém, por outro lado, são
tratadas com severidade segundo os preceitos similares à Lei de Moisés para
obedecerem as suas regras.
As pessoas sujeitas à ordens sacerdotais similares à de Arão tornam-se
temerosas e obedientes a seus semelhantes, passando, ao mesmo tempo, a
desagradarem e não temerem a Deus conforme o Senhor gostaria que o
fizessem.
Frisando mais uma vez: Um ponto central quando as pessoas se deixam envolver
pelas pretensas alegações de que podem servir a Deus através de líderes e através de
sacerdotes humanos é que elas não se achegam pessoalmente à fonte da fé em Deus e
nem desenvolvem um relacionamento real de fé no Senhor. E isto, por não verem com
frequência a glória do Senhor guiando-as diretamente ou individualmente e por não
usarem pessoalmente da fé que Deus quer lhes conceder.
Se uma pessoa reluta viver mediante a fé achando que pode viver através das crenças
e proposições de outros, ela também não aprenderá de fato e pessoalmente a viver
através da fé em Deus, pois a fé em Deus é para ser direcionada a Deus e não a qualquer
outra parte da criação.

Hebreus 11: 6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é


necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e
que se torna galardoador dos que o buscam.

Gálatas 3: 11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de


Deus, porque o justo viverá pela fé.

Vejamos mais uma vez também o seguinte texto:

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!
6 Porque será como o arbusto solitário no deserto e não verá quando
vier o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra
salgada e inabitável.
7 Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o
SENHOR.
621

8 Porque ele é como a árvore plantada junto às águas, que estende as


suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas a
sua folha fica verde; e, no ano de sequidão, não se perturba, nem
deixa de dar fruto.
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
10 Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, eu provo os pensamentos;
e isto para dar a cada um segundo o seu proceder, segundo o fruto
das suas ações.

A fé é dada pelo Senhor para cada pessoa se aproximar de Deus, e não


para ser direcionada a outros ou terceirizada a outros.

Romanos 14: 22 (a) A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus.
----

Sacerdócios que usam preceitos segundo a Ordem de Arão as vezes chegam ao ponto
de abertamente declararem que um liderado que está associada a eles pode até nem
precisar “viver e andar em fé”, bastando somente confiar nos líderes da sua respectiva
ordem e ser fiel nas ofertas para com ela. E estes sacerdócios usam destas
dissimulações porque na Ordem de Arão de fato nem existe a fé, como já vimos
anteriormente.
Entretanto, ao dizerem que as pessoas não precisam de fé e nem precisam se
achegar diretamente a Deus, como os referidos tipos de sacerdócios respondem à
afirmação do seguinte texto que também já mencionamos várias vezes?

Hebreus 11: 6 De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é


necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e
que se torna galardoador dos que o buscam.

Ainda que os danos materiais não venham sobre um indivíduo que é adepto à
Ordens similares à de Arão, pois isto também não é o ponto principal, os estragos no
relacionamento desta pessoa com a fé em Deus, ou para impedir que ela venha a ter fé,
são devastadores se uma pessoa não se arrepender desta associação a este tipo ordem
sacerdotal já obsoleta diante do Senhor.
Jetro, sogro de Moisés e sacerdote de Midiã, propôs um projeto a seu genro que,
somado à proposição das pessoas de que Deus era para falar com elas através de
Moisés, praticamente aniquilou a fé individual em Deus de cada pessoa de quase toda
uma geração.
Quando eram para ficar 2 anos no deserto, as pessoas libertas do domínio do Egito
ficaram ali por 40 anos. Elas ficaram 38 anos a mais do que era necessário, pois quando
Deus disse para irem à Canaã, e que Ele seria com elas, as referidas pessoas não
tiveram fé ou não conseguiram crer na promessa de Deus, pois foram ensinadas por
sacerdócios humanos. E depois de 40 anos, somente 2 homens de toda uma geração
acima de 20 anos de idade quando saíram do Egito avançaram para a terra de Canaã.
622

Um conselho de um sacerdote de Midiã associado aos corações propensos a não


andar pela fé, mas por vista, foi a causa de levar quase uma geração inteira à
incredulidade.
Assim, o sistema proposto por Jetro a Moisés sucumbiu no deserto, mas também já
no deserto o sistema de Arão e da Lei de Moisés se mostrou envolto em dissimulações
que nunca conseguiram estabelecer as pessoas em um verdadeiro descanso interior.
A simulação de piedade da Ordem de Arão, acompanhada de muitas e
muitas dissimulações, veio a ser interrompida somente em Cristo.

2 Coríntios 3: 15 Mas até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto
sobre o coração deles.
16 Quando, porém, algum deles se converte ao Senhor, o véu lhe é
retirado.

Quando Cristo cumpriu o que precisava ser cumprido para também


encerrar o que precisava ser encerrado, é que toda dissimulação da Ordem
Sacerdotal Velha foi exposta pela Luz de Deus diante de todo o mundo.
Assim, mais uma vez:

Romanos 10: 1 Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica


a Deus a favor deles são para que sejam salvos.
2 Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém
não com entendimento.
3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.
5 Ora, Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça
decorrente da lei viverá por ela.
6 Mas a justiça decorrente da fé assim diz: Não perguntes em teu
coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo;
7 ou: Quem descerá ao abismo?, isto é, para levantar Cristo dentre os
mortos.
8 Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu
coração; isto é, a palavra da fé que pregamos.
9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu
coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
----

Na justiça de Deus e na vida mediante fé no Senhor, não há qualquer necessidade de


haver templos, lei de Moisés ou similares, sumo sacerdotes humanos, mas somente um
coração disposto a crer que Cristo é tudo em todos e também disposto a confessar a
Cristo como Senhor da sua vida pessoal, mesmo que o coletivo não o faça.
Por isto, tentar alegar que o Sumo Sacerdote Eterno Jesus Cristo não pode atender a
todos pessoalmente é uma afirmação que apresenta as mesmas características
distorcidas da velha aliança, pois similarmente procura estabelecer limites para a
atuação do Senhor que é tudo em todos.
623

No livro de Atos, quando os cristãos foram dispersos de Jerusalém e desafiados a


andarem ainda mais sob uma dependência pessoal de Deus, vemos que o testemunho
de Cristo de cada cristão não foi enfraquecido. Pelo contrário, foi fortalecido, e por
onde iam, elas falavam de Cristo e do Evangelho do seu amor.
Qualquer pessoa com um razoável senso de família sabe que nenhum filho mais
velho é posto para mediar o acesso do pai ao recém-nascido, e que nenhum filho é pai
do seu irmão. Por mais que possam ajudar o pai no cuidado de uns para com os outros,
irmãos são somente irmãos e o pai continua sendo o pai.
Quanto mais o Pai Celestial não atenderá os pequeninos filhos na fé que chegam a
Ele “em Cristo”?

Gálatas 3: 25 Mas, tendo vindo a fé, já não permanecemos


subordinados ao aio.
26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
29 E, se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa.

Romanos 8: 14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus.
15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes,
outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção,
baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
16 O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus.
----

Judas disse que ele se dispôs a escrever sobre as maravilhas da salvação comum a ele
e aos outros cristãos, mas se sentiu fortemente redirecionado por Deus, através Espírito
Santo, a escrever sobre um tema mais necessário naquele momento, pois os seus
irmãos estavam sob iminente perigo de ter sua fé atacada por dissimuladores, mágicos
de pretensos evangelhos, sacerdotes opostos a Cristo ou pessoas voltadas somente a si
mesmas para tentarem estabelecer o conceito de que “os seres humanos podem
pastorear a si próprios”.
E se posteriormente à ressurreição de Cristo e ao anúncio de que a velha aliança já se
tornara obsoleta, Deus moveu Judas a alertar aos seus irmãos de fé em Deus, é porque
opositores similares aos dos tempos antigos também estariam se levantando mesmo
após o tempo da vinda da fé ao mundo em Cristo, e também para alertar que similares a
estes tentarão se levantar em todas as gerações.
Uma intensa oposição à fé não foi algo que ocorreu somente nos dias antigos. Ela
sempre existiu, existe e existirá até que o Senhor volte nos céus à Terra para levar
consigo para sempre aqueles que Nele creem.
Muitas coisas distorcidas têm sido ditas sobre a fé que precisam ser rejeitadas.
624

Em muitas casos, parece inclusive que muitas pessoas passaram a confiar nas suas
convicções em vez de confiarem em Deus. Elas têm pensado ter fé crendo nas crenças
delas e não na própria “fé em Deus”. Comportamento este que novamente é o próprio
conceito que está por trás da motivação do surgimento da Ordem de Arão, mas com
outras palavras ou palavras dissimuladas ajustadas para os dias presentes.
Muitas pessoas têm dito que algo “vai acontecer porque elas creem que vai
acontecer” ou “vai acontecer porque elas disseram que vai acontecer”. Isto, porém, não
é uma “crença nas próprias crenças”? Aspecto que, por sua vez, não tem vínculo algum
com a fé em Deus ou a fé que é concedida por Deus.
Quando uma pessoa diz que algo vai acontecer “porque ela crê que vai acontecer”,
ela está simulando algo que nem sempre vai conseguir se sustentar. E aí, quando o que
ela disse não se sustenta, ela começa a dissimular e anexar uma enormidade de
apetrechos e justificativas para esconder o fato de ter confiado na sua própria palavra
ou na palavra de outra pessoa, sem ter de fato andado na fé em Deus.
A fé não é algo que uma pessoa decide ter e em outro momento decide não ter.
Entretanto, por crerem que a fé é algo que elas podem ou devem produzir é que
muitas pessoas vão às chamadas reuniões de estímulo da fé. Como é dito popularmente
em alguns lugares, “vão tentar turbinar a sua fé”. São reuniões nas quais uns dizem a
outros expressões como “você tem que ter fé” ou “tenha a fé que você chega aonde você
quer chegar”, como se o ter fé ou não ter fé dependesse exclusivamente das pessoas e
não de sua comunhão pessoal com a fonte da dádiva da fé que provém do reino
celestial.
E quando alguém falha neste aspecto do “tem que ter fé” ou “chegar onde disse que
podia chegar”, os mesmos que disseram para uma pessoa que ela “tinha que ter fé”,
também são os que imputam aos outros acusações como, por exemplo, “eu disse que
você tinha que ter fé”, ou seja:
 1) Primeiramente, a pessoa é levada à simulação falsa que ela pode ter fé a hora
que ele quiser ter, que ela pode produzir por si própria o “tem que ter fé”;
 2) Quando, porém, o “você tem que ter fé” não funciona, a culpa nunca é daquele
que disse para que o outro tivesse que ter fé. Quando a suposta fé não funciona, o
instrutor que diz que o outro “tem ter fé” dissimula acusando que outros não
tiveram fé suficiente para alcançar o que queriam alcançar.

Os divulgadores que tentam impor aos outros que “eles têm que ter fé”, primeiro
induzem as pessoas a acreditarem que elas podem ter fé a hora que quiserem, mas
quando esta proposição não funciona como declarada, fazem com que aquele que
falhou na suposta fé venha a acreditar que se algo deu errado, isto foi “porque ele não
creu o suficiente”. Primeiramente propõem uma simulação de algo irreal e depois usam
de dissimulações para esconder a primeira mentira.
As pessoas muitas vezes falam da fé como se ela dependesse somente do ser humano
ou que elas pudessem controlar a fé como um controle remoto de TV que liga, desliga,
muda de canal, aumenta o volume e abaixa o volume.
A fé, porém, não é algo que uma pessoa designa a outra a “ter que ter”, mas é algo
que uma pessoa obtém em Deus e presta contas a Deus em como ela deve usar esta fé
segundo o querer do Senhor.
625

Deus não tem obrigação e nem compromisso de atender o que as


pessoas creem por si próprias ou aquilo que outros disseram que elas
devem crer. Deus tem compromisso em atender aquilo que Cristo as
conduziu a crerem de acordo com o que Deus lhes revelou para crerem ou
de acordo com o que Ele quer fazer nelas e através de suas vidas.
E por que nos dias atuais, quando alguma estrutura eclesiástica fica abalada ou
perde um líder, seus membros ficam tão desesperados e aflitos nas suas almas? Por que
se afligem tanto pelas coisas tangíveis? Não bastaria confiarem no seu Deus para
seguirem adiante?
O fato de uma estrutura ou instituição eclesiástica se desestabilizar, por um acaso,
pode abalar a Deus e a Cristo no trono celestial ou no coração de uma pessoa?
Se o abalo da Ordem de Arão, a ponto de declará-la como obsoleta e revogada, não
pôde abalar o plano da fé que Deus concede em Cristo, também não é o abalo de uma
instituição religiosa que poderá abalar a soberania de Deus em nossos dias.
Portanto, o engano da dissimulação ou hipocrisia procura atuar através do
desconhecimento que as pessoas têm da Glória de Cristo, da negação da Soberania de
Cristo e da negação de que Cristo é o Sumo Sacerdote Eterno e Advogado que as
pessoas necessitam, inclusive, para serem perdoadas das tentativa de negarem que
Cristo é o Autor e Consumador da fé.
Entretanto, uma vez removido o véu que impedia de ver que Jesus é o Autor e o
Consumador da fé, os fardos pesados advindos do “ter que ter fé” podem ser por Ele
tirados para que em Cristo possamos ser edificados na “fé que nos é dada pela única
graça verdadeira e incorruptível”, como todos os demais aspectos do Evangelho.
Por isso, mesmo diante do objetivo de avançar para ver mais aspectos sobre o
Evangelho da Glória de Cristo, entendemos que se fez necessário abordar as
considerações deste tópico. No mundo, inúmeras vezes se levantaram e continuam a
surgir muitas pessoas que querem abalar a fé pessoal em Deus dos justificados em
Cristo. Em cada nova geração, há aqueles que continuam a criar muitas dissimulações e
coisas que delas derivam.
Se Paulo, que conheceu tanto de Deus a partir de seu relacionamento pessoal com
Cristo, precisou “guardar” com diligência aquilo que é tão valioso e lhe foi dado como
uma dádiva para a sua salvação e novidade vida no Senhor, quanto mais todos os
outros cristãos não deveriam também estar atentos à guardar a fé que já lhes foi
concedida em Cristo?
E como as pessoas crerão naquilo que Cristo quer que elas creiam se não se
relacionam com Ele segundo a graça e a maneira como Deus estabeleceu para o
fazerem?
A fé de Deus é nos concedida para crer em Cristo e em Deus, e para
vivermos e andarmos em fé segundo a instrução do Senhor para os demais
aspectos da vida.
E aquilo que vier a se opor à fé em Cristo, e através de Cristo, é forte
candidato à esfera das dissimulações e das aparências de fé e de piedade,
devendo por isto ser firmemente rejeitado.
626

2 Coríntios 11: 3 Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se
aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.

João 6: 28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para


realizar as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele
que por ele foi enviado.

2 Timóteo 4:7 Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a


fé.

Muitas pessoas procuram fórmulas, lista de passos ou métodos para


alcançarem a fé ou o viver e andar mediante a fé. Entretanto, muitas vezes,
não se atém ao fato de que a fórmula da fé, da verdade e do caminho de
Deus é um Ser Divino e o relacionamento com Aquele que é o Autor e
Consumador da fé, a saber: O Eterno Senhor Jesus Cristo.
A fé é uma dádiva, um meio e uma virtude que Deus nos dá para,
primeiramente, ser canalizada em direção a Cristo, pois somente no
sacerdócio de Cristo é que temos um Sumo Sacerdote e Advogado que
continua a fortalecer esta fé em nós para que estejamos cada vez mais
estabelecidos na razão da fé, a qual é sermos estabelecidos eternamente
em firmeza como filhos do nosso Pai Celestial.

Gálatas 2: 16 Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por


obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em
Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será
justificado.

Gálatas 3:26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo
Jesus.

A vida de fé é uma vida a ser vivida em humildade diante de Cristo,


diante Daquele que é o Autor e Consumador da fé em nossos corações. E se
algo vir a se cumprir pela fé, é porque Ele nos deu promessas e nos ajudou
a crer para a glória do Pai Celestial, e não para a nossa.

2 Coríntios 4: 7 Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que


a excelência do poder seja de Deus e não de nós.

Que o Senhor possa estender a sua misericórdia também sobre a nossa geração e
sobre nós para nos fortalecer na fé que também nos é conferida segundo a sua eterna
627

graça. Sim Deus, pedimos que o Senhor estenda a sua misericórdia nestes dias sobre
nós como o Senhor também fez a outras gerações até o presente dia!
628

C28. Viver Em Cristo e Andar Em Cristo

Efésios 3: 8 A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça


de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de
Cristo.

Nos capítulos anteriores, já vimos que um dos aspectos centrais do Evangelho das
insondáveis riquezas de Cristo, que nos é oferecido por Deus, está no fato de que,
através deste Evangelho, nos é permitido receber a Cristo em nossos corações, o qual é
a razão da esperança de conhecermos a manifestação da glória do Senhor para também
sermos transformados de glória em glória como que pelo Espírito do Senhor.
Cristo em nós é o local e a forma perfeita que o Pai Celestial estabeleceu para que a
glória do seu Filho Amado e a sua própria glória pudessem vir a ser conhecidas na
medida plenamente satisfatória e possível de ser assimilada pelos indivíduos que ainda
habitam no mundo sem serem consumidos e destruídos por esta glória infindável.
Cristo em nós é a perfeita opção da manifestação da glória de Deus daquilo que
necessitamos conhecer sobre o nosso Deus.
O que o Pai Celestial anela que conheçamos sobre Cristo é o que precisamos que
Cristo seja em nós e a favor de nós, lembrando mais uma vez que Cristo é a exata
expressão da glória de Deus.

Hebreus 1: 1 Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas


maneiras, aos pais, pelos profetas,
2 nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.
3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser,
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter
feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.

Quando o Pai Celestial nos concede o seu Filho Jesus Cristo para estar em nós e para
conhecermos a parte da sua glória que já nos é necessária conhecer ainda enquanto na
Terra, o Pai também está nos concedendo todos os aspectos da novidade de vida do
reino celestial que uma pessoa necessita tanto para o tempo que ainda lhe resta na
Terra como para toda a eternidade.

1 João 5: 11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e


esta vida está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus, e para
que continueis a crer em o nome do Filho de Deus. (RA+NKJV)
629

1 Coríntios 15: 22 Porque, assim como, em Adão, todos morrem, assim


também todos serão vivificados em Cristo.

Receber a Cristo no coração ou ter Cristo em nós é o começo da maior mudança que
uma pessoa pode experimentar em toda a sua existência. Do ponto de vista espiritual e
eterno, receber a Cristo no coração é onde começa de fato, para um indivíduo, a vida
que Deus anela que todo ser humano venha a conhecer e experimentar desde agora e
para sempre. O recebimento de Cristo no coração é o ato que torna uma pessoa nascida
também espiritualmente de Deus, não somente nascida do sangue e da carne.

1 Timóteo 2: 3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,


4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
pleno conhecimento da verdade.

João 3: 3 A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que,


se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
...
5 Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não
nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.
6 O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é
espírito.

João 1: 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de


serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
----

Entretanto, quando Deus nos concede que o seu Filho Amado habite em nós para
que conheçamos a sua glória a fim de que tenhamos a novidade de vida no Senhor,
também é de se esperar que a pessoa que recebeu a Cristo venha a dar passos em
direção à novidade de vida recebida para desfrutar daquilo que lhe foi concedido pelo
Senhor.
Depois que o Senhor nos concede novidade de vida em Cristo, também é esperado,
obviamente, que passemos a nos inclinar para a novidade de vida que nos foi concedida
e que passemos a inclinar o coração para sermos instruídos sobre esta nova condição de
vida.
Depois que o Senhor nos concede novidade de vida através do habitar de Cristo em
nossos corações por meio do Espírito Santo, também é esperado, obviamente, que
passemos a acessar a vida que nos foi conferida do reino de Deus e que em nós passou a
habitar.
630

Depois que uma pessoa recebeu individualmente a Cristo como o Senhor, a condição
de Cristo em nós agora precisa passar para a etapa de nós em Cristo, que é a expressão
que as Escrituras utilizam para fazer a referência a alguém estar em Cristo, tema que
também expusemos como o título de um dos capítulos anteriores.

Colossenses 1: 28 (Cristo), o qual nós anunciamos, advertindo a todo


homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo.

Se, por um lado, toda a glória Deus e a novidade de vida que o Senhor
quer nos manifestar encontra-se na dádiva de podermos ter Cristo em nós,
é na condição de nós em Cristo que podemos conhecer toda a glória e
novidade de vida de Deus que nos são necessárias.
Quando o Senhor oferece e concede que Cristo habite o coração de uma
pessoa, porque a pessoa recebeu a Cristo voluntariamente em sua vida,
Cristo, ao vir habitar o coração desta pessoa, continua a oferecer e não
impor a novidade de vida que Nele está para a pessoa que o recebeu. Ele
convida a pessoa para adentrar na novidade de vida que agora passou a
estar tão próxima e tão disponível para ser acessada por ela.
Quando uma pessoa recebe a Cristo como Senhor em seu coração, Cristo se coloca
nela, através do Espírito Santo, plenamente disponível de ser acessado, deixando,
contudo, a critério da pessoa realizar a opção de acessá-lo de fato.
O Senhor, no coração de um indivíduo, continuamente lembra esta pessoa de que
Ele está nela. Ele a recorda de que ela é uma nova criatura. Ele a faz lembrar de que
necessita do Pai Celestial e coloca nela um anelo e um clamor por Deus. Cristo
constantemente a alerta sobre perigos e pecados que tentam enredá-la novamente.
Entretanto, ainda assim, Cristo deixa cada pessoa decidir se ela quer dar ouvidos ou
não à sua voz e se ela quer ou não se aprofundar no relacionamento com Aquele que foi
concedido pelo Pai Celestial para estar em seu coração.
Cristo nos é concedido ao nosso coração pelo Pai Celestial para que Ele
sempre esteja conosco e para que absolutamente nada externo a nós possa
se interpor quando quisermos nos relacionar com o Senhor. Mas ainda
assim, Deus deixa que a decisão final de um relacionamento mais próximo
com Cristo seja feita pela pessoa que recebeu ao Senhor Jesus no coração.
Enquanto o príncipe das trevas e os dominadores do presente mundo tentam se
impor e estabelecer a dominação sobre todos aqueles que se sujeitam a eles, Cristo,
mesmo eleito voluntariamente como Senhor por uma pessoa, continua se oferecendo
para guiar a vida da pessoa de tal forma que esta possa sempre optar em seguir ou não
seguir as instruções que Ele concede a ela.
Cristo nos é oferecido do céu como a dádiva em Quem estão todas as outras dádivas
celestiais oferecidas a nós através do Evangelho, o qual, por sua vez, tem por
característica essencial ser uma oferta. E isto, para que aquilo que necessitamos do
Senhor para a vida segundo a vontade de Deus possa ser acessado voluntariamente a
partir do nosso coração.
E ainda outra maneira de expressarmos a diferença entre termos Cristo em nós e nós
estarmos em Cristo é o que o próprio Senhor Jesus nos declarou no seguinte texto:
631

João 15: 5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e


eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à
semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o
queimam.
7 Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem
em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos
tornareis meus discípulos.

No contexto de Cristo estar em nós e nós estarmos em Cristo, sugerimos observar


mais uma vez com atenção especial o último texto acima para percebermos o que está
descrito a seguir, ou seja:
 1) Quando uma pessoa recebe a Cristo em seu coração, esta pessoa passa a ter
Cristo na sua vida para poder estar em Cristo. Porém, se uma pessoa não recebe
a Cristo em seu coração, ela nem pode se conectar a uma série de atributos de
Cristo. Ela nem tem a possibilidade de estar em Cristo e permanecer Nele.
 2) Quando, porém, alguém recebe a Cristo, esta pessoa passa a ter duas opções.
Ou seja, ela passa a poder permanecer Naquele que nela está ou escolher não
permanecer Naquele que nela está.
 3) Quando alguém opta em permanecer em Cristo que nele está, Cristo, que nele
está, também permanece nele. Entretanto, se alguém recebe a Cristo no coração
e constantemente ou repetidamente despreza a presença do Senhor em seu
coração e não permanece Nele, embora Cristo esteja tão próximo, o Senhor
Jesus também pode optar em não permanecer neste indivíduo.

Ou ainda, se uma pessoa recebe a Cristo através da graça de Deus, se conecta à graça
de Deus e a Cristo, ou vice-versa, ela recebe a Cristo e a graça no coração para desfrutar
desta presença em sua vida. Entretanto, se ela, conforme visto várias vezes nos
capítulos anteriores, resolve, por exemplo, voltar a se associar a um sacerdócio similar à
Ordem de Arão, ela pode vir a se desligar tanto da graça como de Cristo, visto que a
graça de Deus e Cristo são aspectos inseparáveis.
Cristo é concedido por Deus àqueles que o recebem para habitar
eternamente em seus coração, mas Ele é também concedido para que a
pessoa viva Nele, seja ensinada segundo a sua vontade e ande Nele,
situação em relação à qual, o desprezo pela novidade de vida que o Senhor
Jesus vem a oferecer também representa, diante de Deus, o desprezo pelo
próprio Cristo.
Se uma pessoa, por exemplo, está perecendo por não ter acesso à água, ela
igualmente perecerá se ela passar a ter acesso à água, mas se recusar a acessá-la por
mais que lhe esteja amplamente disponível.
E uma narrativa das Escrituras que exemplifica figuradamente o que acontece com
algumas pessoas que recebem a Cristo, mas não o acessam como poderiam e como
deveriam fazê-lo, está apresentado no texto a seguir:
632

Lucas 10: 38 Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa
mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.
39 Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada
aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
40 Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos
serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor, não te
importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir
sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.
41 Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te
preocupas com muitas coisas.
42 Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria,
pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.
----

A título figurativo, receber a Cristo no coração é como receber um hóspede


sobremaneira ilustre na vida individual e particular onde uma pessoa pode ter, entre
outras, duas atitudes completamente distintas. Ela pode receber a Cristo e tê-lo em sua
vida para primeiramente querer servi-lo e fazer muitas coisas diante do Senhor, mas o
que pode representar “o não permanecer Nele”, ou ela pode assentar-se primeiramente
em quietude diante do Senhor para aproveitar a presença deste hóspede e, antes de
tudo, ser ensinada pela mais ilustre pessoa que um indivíduo pode receber em toda a
sua existência.
Cristo em nós não é nada menos do que Deus em nós. É Deus conosco. É
o Criador dos Céus e da Terra fazendo habitação individual e pessoal em
nossas vidas para nos relacionarmos com Ele como filhos de Deus e irmãos
em Cristo, e para isto ser estabelecido para toda a eternidade.
Cristo é um hóspede que tem tudo, é tudo e que não necessita que lhe sirvamos antes
de recebermos o que Ele tem a nos oferecer, pois, de nós mesmos, a única dádiva que
inicialmente temos uma mais ampla autonomia para oferecer a Ele é o nosso coração,
pois todas as outras dádivas que necessitamos para servir a Deus vêm primeiro de Deus
a nós para serem usadas segundo a instrução do Senhor.

1 João 4: 19 Nós o amamos porque ele nos amou primeiro. (RC)


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No texto do livro de Lucas, capítulo 10, visto acima, Marta se assemelha a uma figura
do primeiro sacerdócio, a Ordem de Arão, que “não se aquieta” em suas obras e com
isto evita ter o coração iluminado pela Luz Eterna e Celeste. Marta pode representar a
figura daqueles que se escondem atrás de obras e mais obras, mas não escolhem o
“pouco que lhes é necessário”, o “único que lhes é necessário”, o qual, por sua vez, é
quedar-se assentado aos pés do Senhor para ser instruído por Ele antes da execução
das obras.
No texto do livro de Lucas em referência, podemos ver que Marta acolhe a Cristo em
sua casa, não o rejeita por completo ou não quer ficar afastada de Deus. Entretanto, ao
mesmo tempo, ela também não quer muita proximidade de Deus. Ela consente em ter
Cristo por perto e até o convida para isto, mas não se aquieta para estar ou permanecer
em comunhão com Ele no tempo oportuno.
633

Na circunstância ocorrida, não há nenhuma menção de que Marta estivesse fazendo


alguma tarefa que em si mesmo fosse inapropriada. Cristo não chamou a atenção dela
para alguma atividade específica com a qual estava envolvido, mas comentou que ela
não fizera uma escolha apropriada no sentido mais amplo. E isto, obviamente, o Senhor
fez para que ela se arrependesse e passasse a mudar a sua atitude.
Por outro lado, observando ainda o mesmo texto, Maria pode se assemelhar a uma
figura do novo sacerdócio, do sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque, onde
uma pessoa é primeiramente edificada através do permanecer em Cristo que está
hospedado em sua casa para ser instruída por Ele para, no tempo oportuno, também
caminhar segundo às veredas e instruções vivas do Senhor.

Provérbios 3: 5 Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te


estribes no teu próprio entendimento.

Salmos 86: 11 Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua


verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome.

Quando, além de receber a Cristo no coração, uma pessoa também se


dispõe a permanecer Nele e sob a instrução viva do Senhor, pois o Senhor
também é o Verbo Vivo de Deus para conosco, esta pessoa tem a promessa
do Senhor de ser frutífera segundo a perspectiva de Deus, pois ela escolhe
já não agir mais segundo o seu próprio entendimento, mas segundo a
vontade do Senhor ou a direção do Espírito do Senhor.
Ainda outro texto que procura nos expor a diferença entre ter a Cristo no coração ou
estar em Cristo, é o texto narrado no livro de Romanos escrito por intermédio de Paulo
e que segue abaixo:

Romanos 8: 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de


fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

Um indivíduo somente pode viver a vida cristã se ele, primeiramente, receber a


Cristo em seu coração, o qual é o meio para também ter o Espírito de Deus habitando
nele.
Entretanto, uma pessoa também é chamada a compreender que o Espírito de Deus é
nos concedido para que sejamos auxiliados a ter o mesmo sentimento que houve em
Cristo Jesus de se render à direção de Deus e permanecer no Senhor em todo o tempo e
em todos os atos. E se alguém não intenta permanecer em Cristo, mesmo que Cristo
tenha vindo ao seu coração, ele de fato não vê a Cristo como o Senhor e ainda pode
estar resistindo a ser Dele, a ser de Cristo.
Nenhuma outra obra, nenhum conjunto de obras, nenhum conjunto de esforços,
quer no plano natural ou no plano espiritual, nenhum conjunto de ofertas, dízimos,
sacrifícios de bens, ou até tempo de vida, podem compensar o não permanecer
pessoalmente e individualmente em Cristo, visto que as obras supostamente feitas para
Deus, por si só, não fazem as pessoas obterem o favor de Deus.
634

As obras feitas em Deus não são realizadas para obter a justificação para as bênçãos.
Elas são resultado da benção maior advinda do permanecer em Cristo, ser iluminado
pelo Senhor e ser instruído por Ele.

Romanos 4: 5 Mas, ao que não trabalha, porém crê naquele que


justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça.

João 3: 21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as


suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

As obras feitas em Deus são fruto do discernimento do que é bom e do que é mal que
verdadeiramente somente Cristo pode conceder a uma pessoa. (Conforme exposto mais
amplamente no estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus).
A tentativa de realizar obras para Deus sem elas terem sido instruídas por Cristo,
como no caso de Marta e da primeira ou antiga aliança, obscurece e cega as pessoas
para o que Cristo quer falar a elas ainda que Ele esteja muito próximo à uma pessoa ou
ainda que Ele esteja em sua casa ou em seu coração.

Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te


preocupas com muitas coisas.
Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois,
escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.

Nada e ninguém pode substituir o permanecer em Cristo quando Cristo já está em


alguém para que este permaneça Nele.
Uma pessoa pode sofrer expressivas resistências externas e interiores para que não
venha a receber a Cristo em seu coração, mas ela também poderá receber significativas
resistências que tentam atuar contra o permanecer em Cristo que já está nela, e isto
porque a carne milita conta o Espírito e o Espírito contra a carne.

Gálatas 5: 17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito,


contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o
que, porventura, seja do vosso querer.

1 Coríntios 15: 50 Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem
herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção.

A resistência que a carne faz ao Espírito, porém, não precisa amedrontar um cristão,
pois também é para prevalecermos sobre a carne que Cristo foi concedido para habitar
em nós.
Cristo em nós, e nós em Cristo, não é uma promessa de Deus para que
todas as lutas cessem, mas é a promessa e a garantia de que mediante a fé e
permanência Nele, temos a vitória que nos torna mais que vencedores
também no que concerne toda a agitação e oposição da carne e do mundo
sujeito às trevas.
635

1 João 4: 4 Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos


profetas, porque maior é aquele que está em vós do que aquele que
está no mundo.

1 João 5: 3 Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus


mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos,
4 porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a
vitória que vence o mundo: a nossa fé.
5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho
de Deus?

1 João 2: 15 Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se


alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;
16 porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai,
mas procede do mundo.
17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele,
porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.

Romanos 8: 37 Em todas estas coisas, porém, somos mais que


vencedores, por meio daquele que nos amou.

João 16: 33 Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim.
No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o
mundo.

A paz e a vitória de uma pessoa sobre o mundo e o pecado estão em


Cristo. Ou seja, estão disponíveis no Cristo em nós, mas são acessadas
quando alguém também permanece Naquele que lhe é concedido ao
coração pelo Pai Celestial.
Por isto, considerando ainda o exemplo de Marta, quando uma pessoa lê textos
sobre guardar os mandamentos de Deus, ela precisa estar muito atenta a não ler estes
textos sob a ótica da Ordem de Arão ou que use preceitos similares ao da Lei de Moisés,
pois em Cristo, no sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque, o mandamento é:

1 João 5: 5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus
o Filho de Deus?

João 6: 28 Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando: Que faremos para


realizar as obras de Deus?
29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais naquele
que por ele foi enviado.
636

João 15: 4 Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. Como não


pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na
videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
----

A partir da confiança em Cristo, que nos é dado ao coração, e a partir da confiança a


tal ponto de permanecer Nele, para sermos instruídos e fortalecidos por Ele, é que
vários outros aspectos da novidade de vida no Senhor são edificados no cristão.
Receber a Cristo no coração é o evento espiritual mais crucial e
imprescindível que uma pessoa pode experimentar em toda a sua
existência como ser humano. Entretanto, é pela permanência em Cristo
que este evento inicial é desenvolvido e estabelecido naquele que
voluntariamente recebeu ao Senhor.
Assim como é possível uma criança, no aspecto natural, poder nascer perfeitamente
saudável, mas eventualmente vir a morrer mais adiante por deficiência na alimentação,
assim uma pessoa pode inicialmente receber a novidade de vida espiritual e morrer
mais adiante para esta novidade de vida devido à inanição espiritual por não desfrutar
da novidade de vida que nela foi tornada disponível.
Depois que alguém recebe a Cristo no coração, o permanecer em Cristo, para através
Dele ser alimentado, instruído, purificado e fortalecido para desfrutar a novidade de
vida concedida pelo Senhor, é chamado também de estar em Cristo, conforme já
vimos anteriormente.
Portanto, após receber a Cristo no coração, o estar em Cristo também faz parte da
essência para uma pessoa desfrutar da novidade de vida que a ela foi concedida quando
Cristo lhe foi dado como a dádiva central da vida eterna.

João 6: 57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e igualmente eu vivo


pelo Pai, também quem de mim se alimenta por mim viverá.
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Apesar de já termos exposto isto várias vezes durante o presente estudo, entendemos
que a realidade do estar em Cristo precisa ser apresentada e reapresentada
continuamente para que jamais nos afastemos deste princípio essencial que nos
conecta de fato à novidade de vida que Deus tem disponível à todos que a querem
receber como resultado da exposição à graça celestial.
A meta central de Paulo no seu ministério de apóstolo, mestre e pregador do
Evangelho era instruir as pessoas para que entendessem que elas precisavam estar em
Cristo, porque uma vez que estão em Cristo, é claro que Cristo pode salvar
perfeitamente os que se achegam por Ele a Deus e pode instruí-los a avançar na vida
cristã nas diversas áreas de suas vidas, conforme respectivamente é exposto também no
livro de Hebreus. Relembrando, ainda, que a palavra “homem”, mencionada no texto
abaixo, refere-se ao termo “Mensch” usado por Martinho Lutero no sentido de se
aplicar ao ser humano em geral, tanto o homem como a mulher.
637

Colossense 1: 28 O qual (Cristo), nós anunciamos, advertindo a todo


homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo;
29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais
possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.

Hebreus 7: 22 Por isso mesmo, Jesus se tem tornado fiador de superior


aliança.
23 Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número, porque são
impedidos pela morte de continuar;
24 este, no entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
----

No texto de Colossenses apresentado acima, sob nenhuma hipótese, Paulo está


dizendo que ele, como apóstolo, era mediador para com Deus e que as pessoas eram
dependentes dele para acessarem a Cristo, mas que ele se empenhava e ensinava com
dedicação para que cada um pudesse compreender e buscar o estar em Cristo, o estar
em comunhão pessoal, direta e contínua com o Senhor Jesus, a fonte de toda a vida e a
expressão exata da glória de Deus.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com


Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à
direita de Deus.

Paulo nunca teve uma meta de ter discípulos seus, mas levar cada pessoa a entender
e experimentar que ela pode ser um discípulo do Senhor Jesus Cristo. E a partir do
momento em que um indivíduo aprende este princípio de seguir a Cristo para também
estar em Cristo, o Senhor instrui e guia a pessoa em seus passos para ela ir se
amoldando à vontade do Senhor nos diversos aspectos da sua jornada.
Como todos os seres humanos, Paulo teve uma passagem temporal na vida terrena e
nem podia estar com os cristãos todo o tempo do seu ministério, e nunca nem intentou
fazê-lo. Paulo se apresentou às pessoas como alguém através de quem ouviram a
pregação ou o Evangelho de que poderiam receber a Cristo e depois estarem se
relacionando pessoalmente e diretamente com Cristo em seus corações. Paulo se
apresentou aos seres humanos como um servo de Cristo que veio anunciar a eles que
alguém maior do que ele era o único fundamento da salvação, mas que Cristo também
era o único sobre quem as pessoas deveriam edificar as suas vidas.
O processo de salvação em Cristo nunca esteve dissociado do fundamento e da
instrução da pessoa edificar ou ser edificada no mesmo Cristo que é o fundamento
desta salvação e também o fundamento da vida da pessoa salva.
Assim, estar em Cristo também é estar com os alicerces da vida pessoal
fundamentados no único fundamento eterno que é Cristo.
638

Quando uma pessoa recebe a Cristo, ela recebe o fundamento da


salvação e da vida. Entretanto, mas quando uma pessoa permanece em
Cristo, ela é firmada no fundamento que lhe foi concedido. Ela escolhe se
manter vinculada ao fundamento de vida eterna que jamais poderá ser
abalado para também passar a ser estabelecida nele.

1Coríntios 3: 5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem


crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
6 Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.
7 De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega,
mas Deus, que dá o crescimento.
8 Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu
galardão, segundo o seu próprio trabalho.
9 Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de
Deus sois vós.
10Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento
como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um
veja como edifica.
11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi
posto, o qual é Jesus Cristo.
----

Se uma pessoa edificar a sua vida sobre um fundamento frágil ou alheio à Cristo,
toda a edificação será perdida na sequência.
Cada pessoa é chamada para edificar a sua vida diretamente em Cristo, onde,
primeiramente, ela mesma é o edifício a ser edificado. Cristo é o único fundamento
eternamente inabalável, e ninguém pode por outro fundamento duradoura e confiável,
conforme declara a Bíblia, a palavra escrita de Deus ou da verdade.
Se alguém propuser que um cristão edifique sua vida de fé em outra pessoas que não
seja Cristo, em algum líder, qualquer outro aspecto da criação ou qualquer tipo de
sacerdócio, esta pessoa está tentando roubar a edificação deste cristão em Cristo,
tentando fazê-lo mover-se do único fundamento da vida eterna.
Se desejar e tiver recursos, uma pessoa pode comprar um apartamento,
materialmente falando, onde outros o edificaram para ela e onde outros definem o
fundamento e tudo mais. Entretanto, quando o assunto é vida eterna ou vida mediante
a fé, ninguém está autorizado a ser fundamento para outra pessoa. Isto é ir contra a
expressa vontade de Deus.
Muitas pessoas têm sofrido grandes perdas na sua vida de fé porque edificaram
sobre as crenças de homens e mulheres, e sobre muitos que inclusive se dizem cristãos.
Entretanto, tudo aquilo que não é edificado diretamente em Cristo vai ruir mais cedo
ou mais tarde.
Conforme já vimos anteriormente, Diversas pessoas têm dito que os cristãos devem
edificar sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, apontando para si mesmas como
sendo este fundamento e baseando a sua alegação indevidamente no seguinte texto:

Efésios 2: 20 ... edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas,


sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; ...
639

Ora, conforme já perguntamos em outra ocasião: Qual sempre foi o fundamento dos
apóstolos?
Conforme acabamos de ler acima, o único fundamento dos apóstolos de Cristo
sempre foi o próprio Cristo, conforme Paulo escreveu: NINGUÉM pode por OUTRO
fundamento a não ser o que está posto, que é JESUS CRISTO.
E qual era a esperança e o fundamento para o qual os profetas de Deus sempre
apontaram?
Pedro nos ensina que os verdadeiros profetas de Deus tinham os olhos voltados a
Cristo e testemunhavam todos a respeito de Cristo que haveria de vir no tempo
oportuno ou na chamada plenitude do tempo.

1Pedro 1: 10 Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e


inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros
destinada,
11 investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as
circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que
neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos
referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam.
12 A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros,
ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por
aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o
evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar.
13 Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai
inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de
Jesus Cristo.

Os apóstolos de Cristo e os profetas de Deus apontaram, todos, somente


para um Único Senhor e Fundamento de todos aqueles que Nele creem: O
Senhor Jesus Cristo.
Nenhum homem que já viveu na Terra ou que vive na Terra, exceto o
Filho de Deus que se fez homem e foi exaltado por Deus como o Cristo,
serve para ser o fundamento de fé e de vida eterna de outra pessoa.
E se os meros seres humanos não podem e não são aceitos pelo Senhor nem para
serem mediadores entre Deus e as pessoas, muito menos ainda poderão eles ser
fundamento uns dos outros.
Pode um mero ser humano ser fundamento de outro no momento da morte e na sua
transição para a vida após a morte? Se não pode, de que adianta ser fundamento de
outro no tempo terreno de vida se na hora da maior necessidade nada pode fazer?
Portanto, os cristãos jamais deveriam se afastar da sobriedade concernente ao estar
em Cristo e continuamente permanecer Nele!
No livro de Romanos, capítulo 1, vemos descrito que os homens quiseram reduzir a
glória de Deus ao nível da glória do homem corruptível, mas quando um ser humano
quer ser fundamento de vida eterna de outros, não seria isto o “o ser humano tentando
elevar a sua glória à condição única de Cristo”?
640

Por outro lado, o mesmo livro de Romanos também declara que a criação aguarda a
revelação dos filhos de Deus e a gloriosa liberdade que eles têm de permanecerem
sempre num sólido e único fundamento que nunca se abala.
Por isso, a criação fica confusa quando os próprios cristãos correm de um lado para
o outro, de um fundamento a outro, se é que de fato são cristãos. E Paulo adverte que
quem volta a andar atrás de outros seres humanos fica sujeito a voltar para a lei de um
sacerdócio carnal ou similar à Ordem de Arão e de Moisés, e por fim, ele pode ficar
sujeito a ser desligado de Cristo.
Correr atrás da criação na tentativa de obter nela segurança na fé não se
compatibiliza com estar estabelecido em Cristo. Correr atrás da criação é uma postura
de infante onde a pessoa fica sujeita a ser “levada por todo vento de doutrinas pelos
quais homens astutos querem induzir as pessoas ao erro” (conforme Efésios 4).
O Senhor Jesus jamais colocaria a alma de uma pessoa em risco por apoiá-la em
outra pedra entre Ele e esta pessoa. Por isto, cada um veja que edifique diretamente em
Cristo, no único Mediador entre Deus e cada ser humano, no único fundamento igual
para todos os que Nele edificam e que não necessita de outras pedras mediadoras de
apoio entre o Ele e aquele que é edificado Nele.
Inclusive Jó na sua aflição, e ainda não compreendendo os males que vieram sobre
ele, profetizou dizendo estas esplêndidas ou lindas palavras:

Jó 19: 23 Quem me dera fossem agora escritas as minhas palavras!


Quem me dera fossem gravadas em livro!
24 Que, com pena de ferro e com chumbo, para sempre fossem
esculpidas na rocha!
25 Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará
sobre a terra.
26 Depois, revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne
verei a Deus.
27 Vê-lo-ei por mim mesmo, os meus olhos o verão, e não outros; de
saudade me desfalece o coração dentro de mim.

Um coração somente poderá ter a sua mais profunda necessidade verdadeiramente


atendida por Aquele que é o Único que pode fazê-lo, por Aquele que é o Único que pode
saciar a mais profunda sede, por Aquele que é o Único que poder sanar a mais profunda
angústia ao conceder a novidade de vida não só temporal, mas eterna.
Quando, mais adiante, Jó viu a Deus, teve um encontro pessoal com Ele, e não como
na Ordem de Arão que propõe mediadores fracos para o relacionamento das pessoas
com Deus, o anelo de Jó foi amplamente suprido, conforme descrito a seguir:

Jó 42: 1 Então, respondeu Jó ao SENHOR:


2 Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser
frustrado.
3 Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o
conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas
maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.
4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me
ensinarás.
5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.
6 Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.
641

----

Quem é o ser humano para pensar que poderá suprir na vida do seu próximo o que
somente o Deus Todo-poderoso poderá suprir através de Cristo?
Quem é o marido ou a esposa que poderá querer dominar a vida do outro e não
deixá-lo orar e consultar a Deus sobre a sua vida, como se um casal pudesse ser pleno
sem a direção do Senhor na vida individual de cada cônjuge?
A criação aguarda a revelação dos filhos de Deus ou dos cristãos com esta firmeza de
fundamento no próprio Cristo. E o Senhor Jesus está aguardando que os cristãos
cheguem a Ele para que Ele os firme neste fundamento eterno.
À medida que um cristão permanece em Cristo, o Senhor quer atender o anelo da
criação e se manifestar às demais pessoas através dos filhos de Deus para estes
anunciarem aos seus semelhantes de que a vida está em Cristo.
A criação ou as pessoas que ainda não receberam a Cristo no coração não aguardam
para ver os filhos de Deus propriamente dito. O que eles querem saber é a respeito da
gloriosa liberdade que os filhos de Deus têm, e esta é o Senhor Jesus Cristo, que os
libertou dos seus fardos e pode sustentá-los firmemente na liberdade que há Nele.
A criação não quer saber de mais religião, muito menos uma “religião cristã” criada
pelos seres humanos com suas leis e dogmas que tentam misturar a velha aliança com a
nova aliança, criando toda sorte de confusão, extorsão de recursos e, principalmente,
extorsão do tempo de relacionamento das pessoas com o seu Salvador e Senhor Eterno.
A falta da definição clara e pessoal de quem é ou de quem não é o
fundamento da vida de uma pessoa tem levado milhões de indivíduos a
ficarem discutindo em quem ou em qual instituição religiosa deveriam ou
não deveriam estar fundamentados, desviando-as, assim, de edificar, de
uma vez por todas, no Único que o Pai Celestial já estabeleceu como o
fundamento de todo o universo e de cada pessoa individualmente.
Quando as pessoas não definem que somente Cristo seja o seu
fundamento, elas permitem que o tempo de suas vidas seja consumido com
obras mortas, inúteis e que não poderão estabelecê-las firmemente na vida
cristã e na novidade de vida em Deus.

Hebreus 10: 1 Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a
imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os
ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano,
perpetuamente, eles oferecem.

O fundamento da salvação é Cristo, mas também o fundamento para conhecer a


vontade de Deus e crescer nela, igualmente, é Cristo, conforme o texto abaixo que já
vimos várias vezes neste estudo:

Efésios 5: 15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como


néscios, e sim como sábios,
16 remindo o tempo, porque os dias são maus.
17 Por esta razão, (para remir o tempo), não vos torneis insensatos,
mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.
642

...
11 E não sejais cúmplices nas obras infrutíferas das trevas; antes,
porém, reprovai-as.
12 Porque o que eles fazem em oculto, o só referir é vergonha.
13 Mas todas as coisas, quando reprovadas pela luz, se tornam
manifestas; porque tudo que se manifesta é luz.
14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre os
mortos, e Cristo te iluminará.
----

Por que, então, muitos que receberam a Cristo não experimentam e não
manifestam a vida de Cristo em seu dia-a-dia?
Muitos cristãos não experimentam a novidade de vida no Senhor simplesmente
porque não permanecem no Cristo que neles está ou não se mantém em Cristo que está
tão próximo deles, não inclinando os corações ao alimento sólido, ao alimento da
palavra da justiça de Deus, ao alimento que lhes ensina em Quem somos a chamados a
estar ou permanecer, conforme já foi exposto no início deste estudo, no estudo sobre O
Evangelho da Justiça de Deus, no material sobre O Evangelho da Salvação e também
relembrado no texto a seguir:

Hebreus 5: 10 (Jesus) chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a


ordem de Melquisedeque.
11 Do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação, porquanto
vos fizestes negligentes para ouvir.
12 Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de
que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das
palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não
de sólido mantimento. (RC)
----

Quando uma pessoa se dissocia da ordem sacerdotal que negligencia o


achegar-se a Deus, a Ordem de Arão, e vem para a Ordem de
Melquisedeque, o ordem na qual o cristão não somente pode receber a
Cristo em seu coração, mas também pode estar Nele, um novo tempo de
vida se inicia para aquele que o faz diante do Senhor Eterno.
Quando uma pessoa se inclina para também estar e permanecer em Cristo, Cristo,
mais uma vez e de forma viva, revela-se a esta pessoa como Aquele que:
 1) Manifesta a Luz Celestial da glória de Deus aos olhos da pessoa;
 2) Manifesta a sublime e soberana função de mediação que há Nele para
apresentar Deus a uma pessoa e uma pessoa a Deus;
 3) Manifesta a poderosa função de remover todo os resquícios das ordens
sacerdotais antigas para estabelecer a pessoa na sua ordem sacerdotal onde Ele é
o Sumo Sacerdote Eterno e onde cada pessoa, conjuntamente com Ele, pode ser
sacerdote diante de Cristo e do Pai Celestial;
 4) Manifesta a extraordinária função Dele ser o Advogado Amigo daqueles que se
achegam através Dele diante do Pai Celestial inclusive quando há pecados a
643

serem confessados, e isto, para sejam purificados das injustiças e para serem
fortalecidos mesmo em suas fraquezas;
 5) Manifesta a sua função exclusiva de Autor e Consumador da fé em Deus ou da
fé de Deus no coração daquele que anela por viver a vida mediante a fé, a qual é o
singular meio possível para agradar a Deus e andar nos caminhos do Senhor;
 6) Oferece muito mais que ainda está para ser descrito neste capítulo e nos
seguintes, mas, principalmente, para ser experimentado por aqueles que se
achegarem a Cristo que está em seus corações e permanecerem em Cristo para
Nele viverem e andarem.

Como o Sumo Sacerdote Eterno, o Senhor Jesus nos chama com amor
para estarmos Nele, pois Cristo nos concede vida quando estamos Nele. Se
estamos em Cristo, nos assentamos com Ele nas regiões celestiais, pois é a
partir desta posição celestial que Deus nos faz ver a vida sob a sua ótica.
Uma vez que um cristão permanece em Cristo Jesus e aprende a conhecê-lo como
seu Sumo Sacerdote Eterno, Advogado e o Autor e Consumador da sua fé, apesar da
pequenez e da fragilidade do vaso de barro em que um ser humano vive na Terra, o
Senhor produz objetivos de fé e obras de fé geradas por Deus somente quando alguém
está em Deus estando em Cristo.
Se fôssemos pensar em fluxo de processo, é como se aquilo que Senhor Jesus mais
quer que aconteça na vida de um indivíduo, a partir da salvação, é que ele aprenda a se
aproximar Dele e se apresente a Ele disposto a permitir que o Senhor atue em sua vida
para que, como o Sumo Sacerdote, Cristo auxilie este cristão em todo processo de
deixar as coisas antigas inapropriadas, o assista para que possa estar diante do Pai
Celestial, mas também o auxilie para que, pela fé, ele passe a compreender a instrução
que o Pai Celestial confere a cada filho de acordo com a sua vontade celestial.
Conforme já falamos, o Senhor Jesus recebe cada cristão na condição Dele se
oferecer como Sumo Sacerdote Eterno, Advogado e Autor e Consumador da fé.
Entretanto, também é intenção do Senhor Jesus que este cristão desfrute da novidade
de vida sendo frutífera em Deus. E para isto, Ele auxilia o cristão a entender as coisas
que são de cima ou do reino celestial.
O Senhor Jesus nos auxilia para que nos desvestirmos do velho homem e para nos
revestirmos do novo para que possamos vivenciar de fato uma nova condição de vida
no Senhor.
Depois que o Senhor reconhece que a confissão do pecado que Ele nos instruiu a
confessar foi realizada e uma renovação ocorreu em nós, Ele também se prontifica a
nos vivificar, encorajar e fortalecer para que nos ofereçamos a Deus como instrumentos
da justiça celestial.

Romanos 6: 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de


maneira que obedeçais às suas paixões;
13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como
instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça.
----
644

Neste ponto, porém, não gostaríamos somente de repetir, com outras palavras, o que
já foi dito anteriormente, mas também gostaríamos de avançar e expor um pouco mais
sobre como este estar em Cristo e permanecer Nele se manifesta de uma forma prática
a ponto de poder alcançar as diversas áreas da vida de um indivíduo.
Depois que compreendemos que o estar em Cristo ou o permanecer em
Cristo é essencial para que a vida celestial venha a se manifestar e
desenvolver em nós em conformidade ao propósito pela qual ela nos é
concedida, podemos ver também que este estar em Cristo caminha para
dois aspectos distintos, mas que se completam perfeitamente e que são
denominados, respectivamente, de:
 1) Viver em Cristo;
 2) Andar em Cristo.

O desconhecimento deste princípio vital ou imprescindível de que o permanecer


em Cristo ou estar em Cristo se manifesta através de duas vias distintas, chamadas,
respectivamente, de viver em Cristo e andar em Cristo, é um dos motivos centrais
que tem levado muitas pessoas a terem tão grande dificuldade de compreender o que
vem a ser o próprio estar em Cristo ou, ainda, até o próprio aspecto do Cristo em
vós, esperança da glória.
Portanto, um momento singular de grande mudança na vida de uma pessoa pode
ocorrer quando ela se depara com a compreensão do que vem a ser Cristo em vós,
esperança da glória, estar em Cristo e permanecer em Cristo, acrescido
ainda da compreensão de que o estar em Cristo se manifesta pelas vias do viver em
Cristo e do andar em Cristo.
É altamente significativo conhecer o princípio do viver em Cristo e do andar em
Cristo, pois a comunhão com Cristo não nos é oferecida para sermos instruídos em um
conjunto novo de códigos e regras para tentarmos viver a vida cristã mediante o nosso
próprio esforço, pois se assim fosse, ela seria similar à Ordem de Arão, onde as pessoas
eram responsáveis, segundo as forças da carne, para obedecerem a lei do sacerdócio ao
qual estavam vinculadas.
Em Cristo, o princípio de vida é completamente diferente daquele que havia na
Ordem de Arão, não somente em termos de princípios a serem seguidos, mas também
em como o cristão pode seguir o que do céu é lhe instruído ao coração.
Na antiga aliança, as pessoas recebiam as instruções e procuravam vivê-
las e aplicá-las através de suas capacidades e esforços humanos ou
meramente naturais. Entretanto, em Cristo, tudo aquilo que Deus nos
chama a fazer é para ser realizado em Cristo e através de Cristo. Através
de Cristo em nós e mediante nós em Cristo. Por isto, o estar em Cristo
também é expresso como o viver em Cristo e o andar em Cristo.
Vimos um pouco mais acima, que a criação aguarda a revelação da gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. E qual é, então, a liberdade que os filhos de Deus têm e
que aqueles que ainda não são filhos de Deus não têm?
Entre vários outros aspectos, a liberdade que os filhos de Deus têm no Senhor, e que
os outros não têm até virem a Cristo, é que:
645

 1) Em Cristo, um cristão não precisa de mediadores para se relacionar com Deus;


 2) Em Cristo, um cristão tem Cristo direto em seu coração e Cristo com ele em
todo o lugar que ele for, a despeito de como a situação externa possa estar;
 3) Em Cristo, um cristão pode viver sempre em Cristo, e não somente quando
está em sua casa ou em algum lugar especial retirado, e nem precisa ir às
denominadas “casas de cultos” para ter um “encontro com Deus”;
 4) Em Cristo, o cristão pode andar sempre em Cristo, e não precisa ir aos
lugares que são chamados de sagrados pelos homens. Em Cristo, o lugar alto, o
lugar baixo, o vale e o monte são todos aplainados, pois para Cristo não há
lugares altos e baixos que possam impedi-lo de guiar a vida daquele que Nele
confia.

Lucas 3: 5 Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; e o


que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se
aplanarão;
6 e toda carne verá a salvação de Deus. (RC)
----

Qual é, então, a liberdade que um cristão tem em Cristo?


Em Cristo, um cristão tem a liberdade de ser instruído sobre a verdade.
Entretanto, em Cristo, o cristão também tem a liberdade para remir
(redimir ou resgatar) o tempo da sua vida, para ser guiado sobre como
poderá realizar a vontade do Pai Celeste e para de fato realizar a vontade
do Pai das Luzes, porque, em Cristo, o cristão também é capacitado a
realizar o que precisa ser realizado em conformidade com o querer de
Deus.

2 Coríntios 3: 4 E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em


Deus;
5 não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma
coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus,
6 o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança,
não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.

2 Coríntios 9: 8 E Deus é poderoso para tornar abundante em vós toda


graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, toda suficiência,
superabundeis em toda boa obra, (RC)

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a


eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo
lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.
646

Romanos 8: 11 Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a


Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio
do seu Espírito, que em vós habita.

Filipenses 2: 13 Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o


realizar, segundo a sua boa vontade.
----

Quando uma pessoa permanece em Cristo, o propósito da concessão de Cristo ao


seu coração se manifesta, e que é vivificar todo aquele que Nele permanece para que
este possa viver no Senhor e andar no Senhor.
Assim, resumidamente, o estar em Cristo se divide, então, em:
 1) No viver em Cristo, através do qual conhecemos o “querer” de Deus e
somos fortalecidos na fé para crer neste querer;
 2) No andar em Cristo, através do qual somos fortalecidos no “realizar” o
querer quando as ações relacionadas ao que o Senhor nos guiou a crer se fizerem
necessárias para serem executadas e manifestas.

O viver em Cristo engloba o conjunto de ações que adotamos para


permanecermos em Cristo, no sentido de nos ocultarmos Nele para Ele nos
instruir, purificar, consolar e corrigir, para fortalecer a alma, trocar as
vestes de cinzas por vestes de louvor, para nos fazer ver a grandeza da sua
justiça, para nos dar a sua paz e para nos encher do Espírito Santo,
concedendo em nós um espírito renovado e fortalecido.

Salmos 51: 12 Restitui-me a alegria da tua salvação e sustenta-me com


um espírito voluntário.

Romanos 14: 17 Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
----

O andar em Cristo, por sua vez, é o conjunto de ações que adotamos


como resultado do viver em Cristo.
O andar em Cristo é o conjunto de ações onde, continuando a
permanecer em Cristo, fazemos o que o Senhor nos instrui a fazer em
direção às coisas tangíveis no mundo natural e nas funções que o Senhor
nos confiou para andarmos nelas enquanto estamos ainda na Terra.
Considerando que o andar refere-se à quando tocamos a Terra, quando estamos
diante dos afazeres práticos cotidianos e onde o contato com a carne e o mundo é
intenso e constante, e considerando que viver em Cristo e o andar em Cristo são
647

sinônimos, respectivamente, do viver no Espírito e do andar no Espírito, é também em


relação à carne que as Escrituras nos dizem que:

Gálatas 5: 16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à


concupiscência da carne.
17 Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a
carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que,
porventura, seja do vosso querer.
18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
...
24 E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas
paixões e concupiscências.
25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.
26 Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos
outros, tendo inveja uns dos outros.

Romanos 8: 14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus.

Ainda que para fins de explicação tenhamos dito que o estar em Cristo
se divide em dois aspectos distintos, podemos ver que na realidade o andar
em Cristo, em muitos aspectos, é resultado direto ou dependente do viver
em Cristo. Ou seja, o estar preparado para andar em Cristo também é uma
consequência do viver em Cristo, e neste sentido, os dois são indivisíveis e
inseparáveis.

1 Coríntios 10: 31 Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra


coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.
----

Assim, ainda que chamados por Deus para fazê-lo, por que muitos cristãos não
andam no Espírito?
Em primeiro lugar, muitos cristãos não andam no Espírito porque nem praticam o
viver em Cristo ou no Espírito no sentido de se exporem ao seu Sumo Sacerdote
Eterno. Entretanto, muitos até buscam a presença do Senhor pessoalmente, mas não
discernem o aspecto complementar que há entre o viver em Cristo e o andar em Cristo.
Devido a não praticarem antes o viver em Cristo com vistas a também andar em
Cristo, porque têm uma comunhão muito escassa com o Senhor no sentido de que esta
comunhão também visa prepará-los para as ações do seu dia-a-dia no mundo ou até
porque pensam que o relacionamento com Deus é algo que somente se aplica à esfera
espiritual e que não se estende a todos os aspectos naturais da vida, muitos cristãos não
avançam para o andar diário ou contínuo em Cristo.
Muitos cristãos se abstém de avançar para o andar no Espírito porque não separam
o devido tempo para procurar “as coisas que são do alto” também para estarem
preparados pelo Senhor para lidar com as coisas do mundo.
648

Por que, então, Deus quer tanto nos revelar a sua glória para que saibamos que
podemos viver em Cristo, mas também com o foco de sabermos que podermos andar
em Cristo?
Por que Deus nos revela a sua glória em Cristo como sendo o Senhor Jesus o nosso
Salvador, Justiça, Paz, Graça, Amor, Esperança, a Promessa de Vida Eterna, o
Emanuel, a Luz da Vida, a Luz do Evangelho, o Mediador da nova aliança e não da
velha, o Sumo Sacerdote que nos auxilia, perdoa, purifica e fortalece, o Advogado
Amigo que nos assiste junto ao Pai Celestial, o Autor e Consumador da fé, e muito
mais?
Deus nos oferece revelar a sua glória em Cristo para nos atrair em amor a Cristo a
fim de que também passemos a confiar Nele e viver Nele para que em tudo tenhamos o
anelo de buscá-lo e conhecer a sua vontade declarada a partir da sua soberana posição
celestial, mas também para que o Senhor esteja conosco, através do nosso andar Nele,
em todos os nossos afazeres no presente mundo.
Deus quer que conheçamos a Ele através de Cristo para nos mostrar como Ele é,
como Ele age e o quanto Ele nos ama, e isto, para que também possamos optar por agir
em tudo em conjunto com Ele e segundo o amor e a justiça que Nele há.
Através do viver em Cristo, Deus quer que conheçamos a misericórdia e o amor de
Cristo para conosco nas questões pessoais ou íntimas do coração, para nos revelar a sua
vontade e para nos fortalecer na esperança e na fé antes de cada novo desafio que o
viver em Cristo nos revela. Entretanto, tudo isto também objetiva sabermos que, no
Senhor, temos toda a suficiência para cada novo momento da nossa vida no mundo.
É de glória em glória revelada a nós através do viver em Cristo que o
Senhor nos guia e nos transforma para efetuar em nós o seu querer, mas
também o realizar.
Compreender o funcionamento distinto do viver em Cristo e do andar
em Cristo é essencial para perceber melhor como adotar as ações para
praticar a ambos. Entretanto, compreender o funcionamento conjunto e
cooperativo destes dois aspectos da vida cristã também pode contribuir
para vermos um quadro mais amplo da ação de Deus em nós quanto à
recebermos o seu querer no coração e participarmos do seu realizar.
Quando uma pessoa não conhece os princípios que estão associados ao viver em
Cristo e ao andar em Cristo, e como um coopera com o outro, ela pode vir a pensar que
poderá andar na vontade de Deus segundo o que ela própria compreende ser a vontade
de Deus e sem ter sido instruída antes pelo Senhor Jesus Cristo. Ou ainda, no caso
contrário, ela poderá ter recebido a instrução de Deus para a sua vida, mas permanecer
apenas numa posição contemplativa desta vontade sem avançar para a sua realização
na prática.
Portanto, o fortalecimento da fé para algo específico ou a exposição à Cristo para Ele
ser o Autor e Consumador da fé está mais relacionada ao viver em Cristo, enquanto o
praticar a obra relacionada àquela fé específica está mais relacionado ao andar em
Cristo.
A fé é concedida para ser seguida de uma ação que lhe é pertinente no tempo
apropriado. Se Cristo, por exemplo, diz para uma pessoa esperar Nele e que Ele vai agir
em favor desta pessoa, o ato de fé ou a obra de fé é esperar até Cristo agir. Se,
entretanto, em outro momento, Cristo diz para uma pessoa agir em certa situação e que
649

Ele estará com ela, o ato de fé, a obra da fé ou o andar pela fé é agir conforme foi
instruído por Cristo, agindo na confiança de que o Senhor proverá a força e os recursos
para que a ação possa ser concluída conforme o querer e a instrução do Senhor.
No caso de Paulo, logo após a sua conversão ao Senhor Jesus Cristo, o Senhor o
separou para estar mais intensamente dedicado ao viver em Cristo até que Paulo
pudesse compreender a diferença entre a lei de Moisés a qual ele servia anteriormente e
a novidade de vida e sacerdócio em Cristo. Entretanto, depois disto, o Senhor começou
a intercalar com mais frequência o chamado para Paulo continuar a viver em Cristo,
mas também para andar em Cristo.
Na medida em que Cristo, como o nosso Sumo Sacerdote Eterno, vai nos
introduzindo cada vez mais no conhecimento da sua glória e da glória de
Deus, Ele vai se manifestando a nós como Aquele que não somente nos
recebe diante do Pai, mas também como Aquele que está conosco e nos
fortalece a andar segundo o que Ele nos manifestou e instrui a fazer.
Na medida em que Cristo vai nos introduzindo cada vez mais no
conhecimento da sua glória e da glória de Deus, é como se Cristo, apesar
Dele sempre ser a mesma pessoa e o Senhor que nos ama, passasse a
mostrar outras funções que também estão Nele a fim de nos dar suporte e
auxílio para o andar de acordo com aquilo que aprendemos no viver Nele.
É altamente significativo um cristão estar atento a perceber a diferença de posições
ou funções de Cristo conforme os momentos distintos da sua vida.
E aspectos similares aos que foram mencionados nos últimos parágrafos, acontecem
com muitas pessoas em muitas situações também da sua vida natural. Por exemplo, um
pai, em um determinado momento, pode estar em um relacionamento de ensino com
um filho para lhe expor o conceito sobre algo, e, em um momento seguinte, chamar este
filho para auxiliá-lo a realizar uma tarefa aplicando o que lhe foi ensinado no momento
anterior ou em momentos anteriores.
Compreender mais sobre o estar em Cristo sob as perspectivas do viver
em Cristo e do andar em Cristo, ou no Espírito de Deus, permite que
vejamos melhor o que de nós é esperado em momentos distintos, mas
também permite que vejamos a posição e a função de Cristo para nos dar
suporte e ajuda em cada um destes momentos.
Quando começamos a avançar do viver em Cristo também para o andar em Cristo,
podemos ver também porque necessitamos de um Sumo Sacerdote Eterno que também
seja “Rei Eterno”, conforme nos é exposto sobre o Sumo Sacerdote Jesus estabelecido
segundo a Ordem de Melquisedeque:

Hebreus 7: 1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou,
2 para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo
(primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de
Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.
----
650

Como Sumo Sacerdote Eterno, junto ao Pai Celestial, Cristo nos assiste
para estarmos diante do nosso Pai Eterno e para nos fortalece no coração.
Entretanto, inúmeras circunstâncias das nossas vidas necessitam que
também tenhamos a Cristo como o nosso representante que tem
autoridade sobre o mundo em que nos encontramos, como o regente que
pode mover circunstâncias para que possamos realizar o querer que
aprendemos de Cristo e do Pai Celestial através do viver em Cristo.
Como Sumo Sacerdote Eterno, Cristo nos ajuda a pedirmos ao Pai Eterno segundo a
vontade do Senhor. Entretanto, como o Sumo Sacerdote que também é Rei, Cristo está
assentado à direita do trono do Pai Celestial como o nosso regente através de quem
Deus delibera o que nós devemos fazer no andar em Cristo ou o que no mundo deve ser
feito a partir da vontade de Deus e do que foi pedido ao Deus Eterno para ser realizado
no mundo segundo esta mesma vontade.
Quando diante do Senhor oramos aspectos mencionados na oração denominada por
muitos de “Pai Nosso”, o fazemos através do viver em Cristo. Entretanto, se
observarmos o início desta oração, podemos ver que muitas ações precisam ser
deliberadas para que o Nome do Pai seja santificado no mundo, para que o reino de
Deus venha à Terra e para que a vontade do Pai seja feita na Terra como ela também é
feita no Céu.
As ações que resultam do viver em Cristo, e da posição de Cristo como o
Sumo Sacerdote que intercede junto ao Pai Celestial em favor das pessoas
na Terra, são todas deliberadas e realizadas através do Senhor Jesus.
Considerando que Cristo é o Sumo Sacerdote que é o Rei da Justiça e da
Paz, Ele também é responsável diante de Deus para que tudo no Universo
seja feito em consonância com o fundamento desta justiça, retidão e paz.
O viver em Cristo somente pode ser complementado a contento pelo andar em
Cristo porque, em Cristo, temos, em harmonia, tanto a função do perfeito Sacerdócio
como a perfeita Regência sobre o mundo, conforme figurado de antemão pela profecia
de Zacarias:

Zacarias 6: 13 Ele mesmo edificará o templo do SENHOR e será


revestido de glória; assentar-se-á no seu trono, e dominará, e será
sacerdote no seu trono; e reinará perfeita união entre ambos os
ofícios.

Quando os cristãos aprendem que Cristo lhes é dado para estarem Nele para
viverem em Espírito e andarem em Espírito, e praticam este chamado, algo novo que a
criação aguarda será revelado a ela, e que é a glória Daquele que recebe os cristãos
como Sumo Sacerdote Eterno, mas também como o Rei Eterno e Perfeito que os
sustenta através do Espírito do Senhor enquanto ainda estão em um corpo carnal e no
presente mundo.

Romanos 8: 19 A ardente expectativa da criação aguarda a revelação


dos filhos de Deus.
20 Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas
por causa daquele que a sujeitou,
651

21 na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro


da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
----

Qual é, então, mais uma vez, a gloriosa liberdade que está disponível aos filhos de
Deus?
Em primeiro lugar cada filho de Deus poder ter acesso ao Pai Celestial a qualquer
momento diretamente através do Senhor Jesus Cristo ou sem outros mediadores, mas
isto também para que cada um passe a andar em novidade de vida e livre do cativeiro
do pecado, do corpo do pecado, da lei opressora da primeira aliança e da condenação da
lei da antiga aliança.
Quando um cristão passa a viver em Cristo de fato, coisas maravilhosas
também podem acontecer no seu andar em Cristo, pois é através do andar
no Senhor que o Rei da Glória está com o cristão para que ele se manifeste
no mundo através deste Rei.
Como o Sumo Sacerdote Eterno, Cristo se compadece de nós, nos acolhe, advoga as
nossas causas diante do Pai Celestial, nos ajuda a nos estabelecermos na fé em Deus.
Entretanto, como Rei da Glória, Ele é a resposta para um indivíduo vir a atuar em
justiça e segundo o amor e a paz de Deus.
Fomos ressuscitados em Cristo para vivermos Nele e estarmos
guardados Nele até que o Rei da Glória se manifeste para sermos
manifestados juntamente com Ele, porque quer estejamos vivendo Nele ou
quer estejamos andando Nele, o propósito de Deus é que em tudo
estejamos Nele para também em tudo atuar em conjunto com Ele.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,


buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus.
2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória.
----

Podemos observar que os versos 1 a 3, do último texto citado acima, são mais
voltados ao que falamos até aqui nos capítulos anteriores, no sentido de vermos a
Cristo como o Sumo Sacerdote, Advogado junto ao Pai Celestial e Autor e Consumador
da fé, onde o cristão é chamado para se achegar a Cristo para ouvir a sua instrução, ser
auxiliado na troca de vestes, ou seja, na renovação dos pensamentos segundo o reino
celestial. Na comunhão com Cristo, o Senhor concede os pensamentos que são mais
altos que os nossos pensamentos, e o cristão pode fazer uso do benefício do acesso que
ele tem de viver no seu Senhor e Sumo Sacerdote.
Por outro lado, se este mesmo cristão ainda está na Terra, ele também está diante de
suas funções do dia-a-dia, como ser pai, mãe, filho, irmão, profissional ou estudante, e
nas quais está envolvido nas tarefas que ele entende que Deus lhe chamou a participar,
e nas quais também aguarda, juntamente com o continuado viver em Cristo, que o
652

Senhor se manifesta para lhe mostrar através de quais caminhos deve andar e quais
são ações a serem adotadas ou evitadas em cada um destes caminhos.
Quando um cristão permanece vivendo em Cristo, mesmo quando, no tempo
oportuno e necessário, precisa andar nas coisas práticas do mundo, o Senhor Jesus o
fortalece e instrui, através do Espírito Santo, a como se manifestar diante das mais
variadas circunstâncias da sua vida.
O cristão que pratica o viver em Cristo se coloca em posição de receber do alto a
percepção e os princípios de Deus sobre as mais variadas áreas da sua vida, mas ele
também está em posição de receber de Deus a força e a sabedoria do alto para a
aplicação dos princípios de Deus nas suas funções e ações relacionadas à sua condição
no mundo presente, pois, conforme já vimos anteriormente, Paulo declara:

2 Coríntios 3: 4 E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em


Deus;
5 não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma
coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus,
6 o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança,
não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.
----

Na comunhão do viver em Cristo, o cristão se expõe a Cristo para que o Senhor o


instrua nos ajustes que precisa fazer em quem ele é como cristão e para obter o
entendimento do Senhor sobre os princípios da vida.
Já na comunhão do andar em Cristo, o cristão continua com o canal aberto para
ouvir ao Senhor, mas muitas vezes já mais direcionado a como se portar na Terra
diante de Deus, dos seus próximos e em todas as atividades no mundo. Quanto mais
um cristão conhece a voz do Senhor através do viver Nele, mais em fé e em paz também
pode andar em Cristo na sua vida diária.
No convívio conjunto do viver em Cristo e do andar em Cristo, o Senhor Jesus vai
realizando aquilo que é necessário ser tratado no coração daquele que se achega ao seu
trono, mas também vai à frente daquele que se achega a Ele para guiá-lo e suportá-lo
para que aquilo que este indivíduo precisa realizar diante do mundo também possa ser
feito conforme a vontade do Pai Celestial.

Romanos 8: 26 Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em


nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis.
27 E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito,
porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.
28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
----
653

Através do viver em Cristo, um cristão é chamado a permanecer


assentado com Cristo nas regiões celestiais para continuamente ser
instruído segundo o reino de Deus. Mas através do andar em Cristo, um
cristão é suportado pelo Senhor para andar na vontade de Deus no mundo
presente e para realizar esta vontade em conjunto com Cristo, pois Deus
não chama os cristãos para fazerem coisas para Ele, mas em conjunto com
Ele.
O Senhor chama a todos para terem uma intensa interação com Ele, a qual, por sua
vez, é pessoal e que cada um precisa descobrir junto ao Senhor como ela é feita
pessoalmente. Nenhum irmão pode viver em Cristo no lugar do outro e, portanto, nem
pode lhe ensinar de fato como fazê-lo.
E de forma similar, como a preparação para o andar em Cristo advém do viver em
Cristo, o ensino e o fortalecimento para cada cristão se relacionar com os seus
semelhantes e com as situações que lhe são confiadas a fazer na Terra também está
associado à sua contínua permanência em Cristo.
Através da comunhão com Cristo, é oferecido a cada cristão descobrir como o
Senhor se comunica com ele pessoalmente estando este cristão em casa, ao estar
fazendo uma atividade no trabalho, viajando, ou em qualquer uma das suas ações,
conforme exposto em Hebreus 8 sobre a nova aliança e o relacionamento do Senhor
com os seus filhos, descrito mais amplamente também no estudo sobre Conhecer sobre
Deus ou Conhecer a Deus.
Assim, em um momento o Senhor pode instruir um cristão sobre aspectos da sua
família, no outro sobre o cuidado pessoal consigo mesmo e nas suas condutas
profissionais, em outro momento o Senhor pode conduzir um cristão a aprender a
conviver com irmãos da fé em Cristo, e ainda em outro, o cristão pode estar abatido e
cansado necessitando somente que o Senhor o fortaleça, e assim por diante.
Através do viver em Cristo, o cristão é edificado no seu interior, mas isto também
para que, no tempo devido ou apropriado para cada área da vida do cristão, o Senhor
atue em conjunto com este cristão nas ações para “o realizar” a vontade de Deus,
completando o que é necessário para que o andar do cristão no mundo presente
também seja feito em Cristo e através de Cristo.
Através do Espírito Santo, o Senhor Jesus quer nos conduzir nos dois
aspectos incluídos no estar em Cristo para que cada cristão seja guiado
quando vive no Espírito e quando anda no Espírito. Auxílio que Cristo
oferece em relação à todas as atividades daqueles que Nele creem.

Gálatas 5: 25 Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito.

Gálatas 5: 16 Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à


concupiscência da carne.

Colossenses 2: 6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim


andai nele,
7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças.
654

----

Se as Escrituras nos ensinam a estarmos atentos aos dois aspectos em referência,


viver em Cristo e andar em Cristo, é porque isto é possível de ser alcançado. O próprio
Senhor Jesus, e outras partes das Escrituras, nos exemplificam como isto é possível,
mostrando que o viver no Espírito e o andar no Espírito sempre deveriam, ambos,
serem buscados no Senhor sem que um deles seja negligenciado.
Abaixo apresentamos, então, mais um texto que nos mostra a necessidade de um
cristão perceber o quanto o ouvir ao Senhor ou o viver em Cristo também deveria ter
uma repercussão prática nos atos relacionados àquilo que foi aprendido ou gerado
através do viver no Senhor.

Mateus 7: 24 Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as


pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua
casa sobre a rocha;
25 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e
deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora
edificada sobre a rocha.
26 E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica
será comparado a um homem insensato que edificou a sua casa
sobre a areia;
27 e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e
deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a
sua ruína.
----

O tema do viver em Cristo, conforme já comentamos, na realidade, já vem sendo


abordado em todo o presente material sobre O Evangelho da Glória de Cristo,
chamando as pessoas para estarem em comunhão com o Senhor em sua posição de Luz,
Mediador, Sumo Sacerdote, Advogado e Autor e Consumador da fé, o que, por sua vez,
precisa ser praticado para que alguém de fato viva em Cristo.
Entretanto, o tema do andar em Cristo começa a ser mais amplamente exposto
daqui para a frente, quando procuraremos avançar de forma mais intensa para a glória
de Cristo como o Sumo Sacerdote que também é Rei.
Devido à grandeza do que aguarda um cristão no estar em Cristo, tanto através do
viver em Cristo como do andar em Cristo, entendemos que uma vez deixadas as vestes
do velho homem ou da velha aliança para trás, há muito a ser descoberto no que é
passar a andar em Cristo no mundo ou andar como uma Nova Criatura em Cristo.
Precioso e imensuravelmente valioso é aquilo que uma pessoa pode experimentar na
medida em que avança mais e mais no estar em Cristo nos dois sentidos que lhe são
pertinentes.
E diante da grandeza do que há nesta realidade do estar em Cristo, através do viver
e Nele e do andar Nele, procuraremos avançar nestes aspectos ainda na sequência do
presente estudo sobre a glória do Senhor, mas também dando sequência ao mesmo
tema em séries especificamente voltadas a ele, a saber: A Vida do Cristão no Mundo,
Nova Criatura em Cristo e Andando em Novidade de Vida.
655

Estar em Cristo não é uma ato único. É um processo que se estende por
toda a vida. E por isto, ele é tão rico, repleto de diversidades e tão amplo,
mostrando mais uma vez a grandeza do nosso Senhor Eterno, Aquele que
nos amou ao ponto de dar a sua vida por nós para podermos tê-lo sempre
em nós, mas também para que nós, em liberdade, possamos escolher estar
sempre Nele, no Espírito Santo e no Pai Celestial.
Conforme temos mencionado na introdução de todos os estudos do Ensino
Sistêmico sobre a Vida Cristã, o objetivo destes materiais visam cooperar para que as
pessoas sejam despertadas a não serem somente ouvintes e conhecedoras teóricas do
Evangelho de Deus, mas praticantes, desde já e para sempre, do relacionamento vivo
com o Único e Eterno Senhor Soberano, o Único que pode ser tudo em todos tanto no
sentido de viverem Nele como de andarem Nele.

João 12: 36(a) Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis
filhos da luz.

Efésios 5: 8 Pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no


Senhor; andai como filhos da luz.
656

C29. A Glória do Sumo Sacerdote que também é Rei e o


Fundamento para o Andar em Cristo
Embora o nosso objetivo no capítulo anterior fosse abordar a questão do estar em
Cristo sob a perspectiva das duas vertentes de viver em Cristo e de andar em Cristo,
nós também iniciamos uma breve abordagem de que Cristo tem, da parte de Deus, uma
posição de Sumo Sacerdote que também é Rei além de ser o Sumo Sacerdote Eterno,
Advogado, Autor e Consumador da fé.

Hebreus 7: 1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou,
2 para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo
(primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de
Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.

A razão pela qual apresentamos o tema do viver em Cristo e do andar


em Cristo conjuntamente com a menção de que Cristo é um Sumo
Sacerdote que também é Rei, deu-se em função de que a condição de andar
em Cristo somente pode ser alcançada pelo fato de Cristo também ter esta
posição de Rei para fundamentar tudo o que é necessário para nos oferecer
a possibilidade de andar Nele.
Se Cristo não fosse também o Rei que fundamenta o nosso andar Nele e nos
acompanha em todo o processo do “andar nos caminhos” que Ele nos ensina como
Sumo Sacerdote, e para o qual ainda nos concede a fé, nós iríamos recair em uma das
piores ou mais marcantes falhas que fazem parte da Ordem de Arão ou a ordem da
primeira ou antiga aliança.
Saber que em Cristo nós temos tanto o fundamento do viver Nele como do andar
Nele é muitíssimo relevante, pois também neste ponto, o sacerdócio segundo Cristo, o
sacerdócio da nova aliança, é extremamente distinto do antigo e obsoleto sacerdócio,
levando-nos mais uma vez a enfatizar o seguinte texto:

Hebreus 7: 12 Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há


também mudança de lei.

Na Ordem de Arão, podemos ver que a função dos seus Sumos Sacerdotes, ou
mesmo dos demais sacerdotes, não se estendia para a posição de acompanhar cada um
dos indivíduos em suas tarefas do dia-a-dia ou em seu “andar diário”, pois estes
sacerdotes não podiam exercer uma função dupla também pelo simples fato de não
poderem estar onde as pessoas estivessem sem deixarem da sua posição de receberem o
povo como sacerdotes nos lugares apontados para os seus serviços sacerdotais.
Além de não ser perfeita e útil quanto ao propósito de um sacerdócio apropriado, a
glória dos sacerdotes da Ordem de Arão também se mostrou amplamente incapaz de
acompanhar os indivíduos do povo quando estes eram desafiados a andar nos
657

caminhos que os sacerdotes lhes indicavam, mostrando mais uma vez, que nesta ordem
sacerdotal, os indivíduos do povo, além de não terem comunhão direta com Deus
devido a esta ter sido delegada aos sacerdotes, também não tinham a companhia dos
sacerdotes quando necessitavam praticar diariamente as leis que deles eram
requeridas.
No sacerdócio da Ordem Arão, os pessoas do povo vinham aos sacerdotes, mas os
sacerdotes não iam ao povo, pois eram limitados e já nem conseguiam realizar a
contento a recepção das demandas do povo, quanto mais acompanhar cada família na
sua atuação fora dos lugares separados para a atuação dos sacerdotes.
Para que cada pessoa pudesse ser acompanhada pelos sacerdotes mediadores em
tudo também nas execuções de cada uma de suas atividades, seria necessário que
houvesse um sacerdote ou até um sumo sacerdote para cada pessoa e que, inclusive,
jamais poderia vir a dormir para não deixar de cuidar em todo o tempo daquele para
quem estivesse designado a acompanhar.
Sem querer retornar à tudo que já foi mencionado anteriormente sobre a fraqueza
da Ordem de Arão, ressaltamos aqui somente que ela simplesmente era incapaz de
atender os mais diversos desafios que a dinâmica da vida apresentava continuamente
diante do povo.
Portanto, o fato de Deus ter estabelecido a Cristo como o Sumo Sacerdote que
também é Rei representa a única condição que permite que não haja vácuos ou
divergências entre o que é instruído a uma pessoa quando ela busca a Deus e o que é
instruído a uma pessoa quando ela está diante da realização daquilo que lhe foi
ensinado como a vontade do Senhor para a sua vida, pois a condição para uma pessoa
poder vir a executar a vontade de Deus vai muito além da disposição de uma pessoa
para fazê-lo.
Se, em certo sentido, a salvação de uma pessoa depende somente dela crer em Cristo
e “invocar o Senhor para ser salva”, a realização efetiva da salvação por parte do Senhor
de “todo aquele que crê e invoca ao seu Nome” pode envolver uma enormidade de
fatores para ser completada.
Se, em certo sentido, uma pessoa pode se achegar a Cristo a partir do seu coração
para viver em Cristo, ainda que o ambiente externo esteja se opondo a isto, o estar
amparado para andar em Cristo já envolve muitos fatores externos para que a pessoa
possa de fato andar naquilo que lhe Deus lhe orienta a seguir.
Em diversas situações, quando Cristo chama um indivíduo a andar Nele, há uma
série de fatores externos que precisam também passar a cooperar com esta pessoa para
que ela tenha o caminho aplanado diante dela para andar neste caminho, conforme é
exemplificado nos seguintes textos:

Salmos 5: 8 SENHOR, guia-me na tua justiça, por causa dos meus


adversários; endireita diante de mim o teu caminho;

Salmos 3: 5 Confia no SENHOR de todo o teu coração e não te estribes


no teu próprio entendimento.
6 Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas
veredas.
----
658

Assim, se na condição de Sumo Sacerdote Eterno, a glória do Senhor Jesus já é


imensurável no aspecto Dele poder receber e conduzir cada uma das pessoas
perfeitamente para estarem diante do Pai Celestial, quão sobre-excelente não é também
a sua glória quando passamos a ver que Cristo também é Rei Eterno e que tem o poder
e todo o domínio de tudo no mundo para deliberar e fazer com que todas as coisas
cooperem com todos aqueles que andam na vontade que Ele revela aos que ouvem e
seguem à sua voz?
Cristo é o firme fundamento daqueles que escolhem viver Nele porque Ele fez a
perfeita obra para conceder perdão e reconciliação com Deus à todos que Nele creem.
Entretanto, Cristo também é o fundamento inabalável daqueles que andam Nele
porque Deus estabeleceu que, em Cristo, todo o universo é sustentado pelo poder da
sua palavra. Ponto expresso no texto do início do livro de Hebreus que já mencionamos
por diversas vezes no presente estudo e o qual repetimos mais uma vez abaixo:

Hebreus 1: 2 Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem


constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o
universo.
3 Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser,
sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter
feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade,
nas alturas,
4 tendo-se tornado tão superior aos anjos quanto herdou mais
excelente nome do que eles.
----

Quando uma pessoa permite que Cristo se mostre a ela como o Sumo Sacerdote
Eterno, o Advogado junto ao Pai Celestial e o Autor e Consumador da fé, o Senhor
Jesus Cristo a acolhe, conduz à purificação da consciência ou do entendimento, lhe
concede o alimento que procede do reino celestial e lhe fortalece na fé em Deus.
Entretanto, se esta pessoa permanecer no viver em Cristo, o Senhor também se
mostrará a ela como o Senhor Todo-Poderoso, Deus Forte, Pai da Eternidade, o Deus
de toda a glória, o Deus contra Quem ninguém pode se levantar com êxito e o Deus em
Quem a vida daqueles que Nele creem está guardada ou protegida, e principalmente
para a eternidade.

Efésios 1: 15 Por isso, também eu, tendo ouvido da fé que há entre vós
no Senhor Jesus e o amor para com todos os santos,
16 não cesso de dar graças por vós, fazendo menção de vós nas
minhas orações,
17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos
conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento
dele,
18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a
esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua
herança nos santos
19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos,
segundo a eficácia da força do seu poder;
659

20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e


fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas
também no vindouro.
22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre
todas as coisas, o deu à igreja,
23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em
todas as coisas.
----

Quando as pessoas se apartam da atitude de ter olhos fitos em Cristo, o Sumo


Sacerdote Eterno das suas vidas, ou quando as pessoas deixam de buscar as coisas do
alto onde Cristo está assentado à direita do Pai Celestial, elas ficam sujeitas a se
apartarem da perspectiva apropriada para as suas vidas também quanto ao andarem
na vontade de Deus no período que ainda habitam no mundo, pois já não veem mais
Aquele que as recebe diante do Pai, mas também que lhes é designado como firme
fundamento por onde elas andam.
E uma vez que as pessoas perdem a perspectiva de Quem é o Rei de toda a Terra,
elas começam a agir baseado em seus próprios pensamentos e entendimentos do que
vem a ser viver ou sobreviver no mundo, incorrendo cada vez mais nos caminhos que as
afastam da vida no Senhor e daquilo que é para o seu bem e de seus semelhantes.
Quando o Senhor chama os seus discípulos a seguirem a Ele como o caminho de
novidade de vida no Senhor ou quando Cristo os chama para que andem Nele, Ele o faz
para o benefício deles e porque, de fato, somente Nele há sustentação e refúgio seguro
para que possam andar apropriadamente no mundo presente.
O viver em Cristo somente é uma opção com firme fundamento porque
Aquele que nos recebe como Sumo Sacerdote também é Aquele que é Fiel e
totalmente capaz para realizar o que nos promete e para nos sustentar em
tudo quando andamos Nele.
Toda ordem sacerdotal que não tem um rei que dê igualmente sustentação ao que é
prometido naquela ordem, é um sacerdócio fadado a não cumprir o que é apregoado
por ele, como era o sacerdócio, por exemplo, da Ordem de Arão. Se não há um rei
plenamente capaz para conduzir as pessoas a realizarem o que um sacerdócio apregoa,
este sacerdócio não passa de uma proposição vã, vazia, sem fundamento ou sem lastro
para cumprir o que é proferido.
Portanto, como Rei Eterno, Cristo é o perfeito complemento do sacerdócio segundo
a Ordem de Melquisedeque para que estejamos sustentados a fim de que seja realizado
e estabelecido o propósito de sermos chamados a estar Nele, no Espírito Santo e no Pai
Celestial também enquanto estamos no presente mundo.
Se nem um fio de cabelo cai da nossa cabeça sem que Deus o permita, se nem um
pardal cai na terra sem que o Senhor o consinta na sua soberana e justa sabedoria, não
cuidaria o Senhor também dos demais feitos que envolvem a vida daqueles que se
dispõem a andar Nele?
Através da posição de Sumo Sacerdote Eterno, o Senhor Jesus nos ensina a nos
aquietarmos Nele, nos instrui a não tomarmos sobrepesos que vão além do que convém
a nós. Entretanto, estando também na posição de Rei Todo-Poderoso e plenamente
Justo, o Senhor Jesus nos concede uma perspectiva que pode aquietar o nosso coração
660

pelo fato de podermos passar a saber de que tudo está nas suas mãos e que em tudo Ele
é poderoso para, no devido tempo e através do seu amor, realizar aquilo que é
necessário ser realizado em favor daqueles Nele confiam e o amam.

Romanos 5: 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.
9 Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue,
seremos por ele salvos da ira.
10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados com Deus
mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já reconciliados,
seremos salvos pela sua vida.
...
17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito
mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça
reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.

Romanos 8: 26 Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em


nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o
mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos
inexprimíveis.
27 E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito,
porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos.
28 Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que
amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.
...
31 Que diremos, pois, à vista destas coisas? Se Deus é por nós, quem
será contra nós?
32 Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o
entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as
coisas?
----

Aquilo que nos Salmos foi anunciado sobre a condição do Senhor reinar
sobre tudo e sobre todos é nos revelado por Deus como algo que o Pai
Celestial designou ao Senhor Jesus Cristo para que também andemos Nele
além de vivermos Nele, confiantes de que Ele também sempre estará
conosco nos caminhos que Ele for à nossa frente e nos instruir a andar.

Salmos 47: 8 Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo
trono.

Salmos 93: 1 Reina o SENHOR. Revestiu-se de majestade; de poder se


revestiu o SENHOR e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila.

Salmos 96: 10 Dizei entre as nações: Reina o SENHOR. Ele firmou o


mundo para que não se abale e julga os povos com equidade.
661

Salmos 97: 1 Reina o SENHOR. Regozije-se a terra, alegrem-se as


muitas ilhas.

Salmos 99: 1 Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado


acima dos querubins; abale-se a terra.

Salmos 146: 10 O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina
de geração em geração. Aleluia!

Efésios 1: 19 ... e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que
cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;
20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e
fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas
também no vindouro.

Apocalipse 1: 5(a) ... e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o


Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra.
----

Para concluir este capítulo, com o propósito de abordar o presente tema mais
amplamente nos que ainda seguem, vejamos, então, abaixo, mais alguns exemplos de
textos que nos mostram a posição de Cristo como Rei Eterno ou com plena autoridade
para reinar sobre tudo e sobre todas as nações:

Mateus 11: 27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

Lucas 10: 22 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o
Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
23 E, voltando-se para os seus discípulos, disse-lhes particularmente:
Bem-aventurados os olhos que veem as coisas que vós vedes.
24 Pois eu vos afirmo que muitos profetas e reis quiseram ver o que
vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não o ouviram.
662

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

Mateus 28: 18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a


autoridade me foi dada no céu e na terra.
...
20(b) E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do
século.

Apocalipse 17: 14 Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os


vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão
também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.

Apocalipse 19: 16 Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito:


REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES.
----

Por isto:

Isaías 52: 7 Quão formosos são sobre os montes os pés do que anuncia
as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz
ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!
663

C30. A Glória do Rei Eterno segundo a Ordem de


Melquisedeque

A. O Rei Eterno que Permanece Sacerdote para Sempre

Hebreus 7: 1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, ...
2(b) (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei
de Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.

Ao longo de vários capítulos do presente estudo, procuramos expor o quão singular


ou distinta é a glória do Sumo Sacerdote Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque, a
qual nos oferece um Sumo Sacerdote que atua não em templos feitos por mãos
humanas, que nos representa diretamente e eternamente diante de Deus e que não é
fraco, debilitado e sujeito à substituições como eram os Sumos Sacerdotes da revogada
Ordem de Arão ou de qualquer ordem que adota princípios similares a esta.
Entretanto, quando começamos a ver que uma pessoa, além de ser assistida por um
Sumo Sacerdote Perfeito diante de Deus precisa também ser assistida para andar
amparada e fortalecida em todas as suas atividades em geral da vida, passamos a notar
que a mesma pessoa precisa ter alguém igualmente perfeito que a assista e sustente em
todas as suas funções e ações também diante do mundo.
E conforme começamos a ver de forma mais específica nos últimos dois capítulos, a
assistência e a sustentação perfeita para andar apropriadamente diante do mundo
somente poderia ser realizada por alguém que tenha uma condição de autoridade,
regência ou governo sobre todas as coisas para que uma pessoa possa ser guiada de tal
forma que alcance este propósito.
Um aspecto, porém, que gostaríamos de ressaltar aqui mais uma vez a respeito do
viver em Cristo e do andar em Cristo, ou do estar assistido de um perfeito Sumo
Sacerdote e de um perfeito Rei, respectivamente, é que o viver e o andar muitas vezes
também se sobrepõem um ao outro ou são necessários serem realizados
simultaneamente.
Apesar das ações de relacionamento com o Sumo Sacerdote poderem ser distintas
dos atos do relacionamento com o Rei que guia uma pessoa no seu andar no mundo
presente, na prática da dinâmica da vida, a distinção destas duas vias de
relacionamento, muitas vezes, poderá não ser possível de ser dividida tão
explicitamente, didaticamente ou vista sob tempos tão distintos como podemos
apresentar em um estudo conceitual sobre eles.
Em algumas situações, por exemplo, uma pessoa poderá estar andando segundo a
instrução de Deus, mas tropeçar em algum detalhe e necessitar se achegar, ali mesmo,
ao Senhor como o Sumo Sacerdote da sua vida para lhe confessar aquele erro e receber
ajuda para continuar, em seguida, o seu processo de andar no Senhor.
664

1 João 2: 1 Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não
pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado junto ao Pai,
Jesus Cristo, o Justo;
2 e ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos
nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro.

Salmos 37: 23 O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu


caminho se compraz;
24 se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela
mão.
----

Para algumas pessoas, pode parecer que a condição simultânea de relacionamento


com o Senhor tanto para viver Nele como para andar Nele em qualquer lugar e em
qualquer tempo soe um pouco estranha ou complicada. Entretanto, a realidade de que
isto é possível de ser feito de fato demonstra mais uma das maravilhosas facetas da
glória da Ordem de Melquisedeque e o quão distinta ela em relação à Ordem de Arão ou
à qualquer ordem similar à esta última.
Na Ordem de Arão, por exemplo, os sumos sacerdotes, sacerdotes e levitas não podia
estar todo o tempo com o povo, conforme já mencionamos, mas também nem o povo
podia estar o tempo todo com os sacerdotes, pois se o fizessem, estariam
negligenciando várias das suas atividades que precisavam realizar em seu dia-a-dia. Se
todos permanecessem junto aos sacerdotes e levitas em todo o tempo, quem iria
plantar, quem iria alimentar o gado, quem iria colher, quem iria tirar o leite, quem iria
preparar a comida e quem iria fazer os inúmeros serviços dos quais depende a vida
natural das pessoas e de uma sociedade?
A mentalidade de separação do sacerdócio e da regência ou governo da
vida em geral de um indivíduo, e nos seus mais diversos detalhes, pode até
ter um apelo atrativo no sentido de propor que as pessoas sejam mais
focadas em cada uma destas atividades em momentos distintos, mas, na
realidade ou na prática, esta proposição é inviável ou insuficiente, pois ela
é contrária à dinâmica e às necessidades da própria vida.
Se um profissional, por exemplo, se depara com uma condição urgente em seu
trabalho, como poderá ele esperar até o próximo “culto” para “buscar do Senhor” e
saber o que Ele tem a falar sobre aquela questão específica ou o que precisa ser feito
para ir de encontra à necessária solução?
No texto que segue abaixo, as Escrituras nos ensinam que um cristão não deve
deixar o sol se pôr sobre a sua ira e dar lugar ao diabo. Mas como, então, ele poderia
fazer isto na Ordem de Arão se nela ele somente poderia ir aos sacerdotes no sábado
seguinte ou como alguns outros que somente poderiam ir uma vez por ano a
Jerusalém?

Efésios 4: 26 Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa


ira.
27 Não deis lugar ao diabo.
665

Em Cristo, e ainda que uma pessoa ande no caminho que o Senhor lhe apontou, ela
poderá se deparar com situações de oposição que a instigam a ter ira. Entretanto, uma
vez que em Cristo ela também tem o suporte do Sumo Sacerdote Eterno junto ao seu
coração, ela pode, em qualquer lugar ou em qualquer momento, apresentar ao Senhor
a tentação de ficar irada e pedir que o Sumo Sacerdote Eterno a ajude a encontrar paz
no coração e continuar a ser instruída adiante em seu caminhar.
Quando, na Nova Aliança, Deus nos concede acesso à Ordem de Melquisedeque, o
Senhor nos concede de forma plenamente satisfatória, algo que nenhuma ordem
sacerdotal humana poderia realizar exatamente porque estes estes tipos de ordens
sacerdotais são limitados pelos aspectos das próprias limitações humanas dos seus
sacerdotes já em seu sacerdócio e ainda muito mais nas questões relacionadas à
regência da vida.
A mentalidade de dissociação ou de separação do sacerdócio e da posição de
regência na vida pessoal que sempre houve e continua a existir debaixo das ordens
sacerdotais humanas precisa ser abandonada por aquele que quer estar em linha com a
vontade de Deus, pois ela em nada é compatível com a proposição e o funcionamento
da Ordem de Melquisedeque.
Portanto, em Cristo, ou na Ordem de Melquisedeque, o Sumo Sacerdote permanece
Sacerdote para sempre, inclusive quando Ele assume ou desempenha a função de Rei.
E, por outro lado, na Ordem de Melquisedeque, o Rei Eterno igualmente permanece
como Rei para sempre, inclusive quando Ele está na posição de Sumo Sacerdote.
A Ordem de Melquisedeque é a única ordem sacerdotal perfeita, em
primeiro lugar, por causa do sacerdócio perfeito que ela oferece.
Entretanto, ela também é perfeita porque somente nela a regência, o
reinado ou o governo sobre tudo é unificado perfeitamente ao sacerdócio,
e vice-versa.
Considerando que Cristo também é chamado como Aquele que viria a ser o nosso
Renovo que ressuscitaria da morte para ser tudo em todos, podemos ver mais uma
vez, também através da profecia de Zacarias, que aquilo que nos era necessário num
Rei e num Sacerdócio somente poderia ser feito em união, paz ou harmonia se fosse
unificado em um só, se fosse unificado por Aquele que edifica em nós o santuário de
Deus, ou seja, um novo coração, que nos faz assentar junto com Ele nas regiões
celestiais diante do trono do Pai Celestial e nos fortalece para andar no caminho do
Senhor.

Zacarias 6: 12 E dize-lhe: Assim diz o SENHOR dos Exércitos: Eis aqui o


homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar e edificará o
templo do SENHOR.
13 Ele mesmo edificará o templo do SENHOR e será revestido de
glória;
assentar-se-á no seu trono, e dominará,
e será sacerdote no seu trono;
e reinará perfeita união entre ambos os ofícios.
----
666

Aqueles que querem edificar e manter santuários ou templos feitos por mãos
humanas para neles serem sacerdotes ou colocarem outros como seus sacerdotes, não
somente são aqueles que tentam estabelecer mediadores não autorizados por Deus,
mas também são aqueles que tentam impor às pessoas que lhe seguem uma
mentalidade de divisão de tempo e local entre o sacerdócio e a regência da vida pessoal,
como se algumas coisas fossem mais santas ou não seculares do que outras na vida de
um indivíduo ou como se o que a pessoa faz em um determinado local pudesse vir a ser
mais santo meramente por esta razão do que aquilo que a pessoa faz em outro local.
Justiça e injustiça não dependem somente do local em que são praticadas, pois a
origem delas está no coração independentemente se uma pessoa está fora no mundo ou
se ela está confinada em um aprisco, reduto ou espaço religioso segundo as construções
e definições dos seres humanos.

Mateus 15: 16 Jesus, porém, disse: Também vós não entendeis ainda?
17 Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o
ventre e, depois, é lançado em lugar escuso?
18 Mas o que sai da boca vem do coração, e é isso que contamina o
homem.
19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios,
adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
20 São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem
lavar as mãos não o contamina.
----

A separação do sacerdócio da regência ou do governo da vida pessoal,


assim praticado pelas pessoas devido às imperfeições e limitações
humanas, somente encontra um fim e uma solução apropriada e perfeita
em Cristo Jesus, pois Ele é o Único que pôde e pode manter os dois ofícios
unificados e em harmonia eternamente.
Cristo é o Sumo Sacerdote perfeito porque Ele tem toda a autoridade e
domínio para realizar o que a salvação do seu sacerdócio nos oferece.
Entretanto, Cristo também é o nosso Rei perfeito porque Ele é um Rei que
tem a misericórdia do Sumo Sacerdote Eterno que se compadece
perfeitamente de nós e pode nos sustentar para sempre.
Assim, dizer que Cristo é o Sumo Sacerdote Eterno e perfeito segundo a Ordem de
Melquisedeque é igualmente dizer que Ele é o Sumo Sacerdote que também é o Rei
perfeito segundo esta mesma Ordem.
E dizer que Cristo é o Rei perfeito, segundo a Ordem de Melquisedeque,
é igualmente dizer que Ele é o Sumo Sacerdote perfeito segundo esta
Ordem, pois tanto como o Sumo Sacerdote e como Rei Eterno, Cristo é o
mesmo e Único Filho de Deus e Filho do Homem perfeito para sempre.
Em Cristo, temos tudo o que precisamos em um Sumo Sacerdote para
nos achegarmos a Deus. Entretanto, em Cristo, igualmente, temos tudo o
que precisamos em um Rei Soberano que, apesar de nossas fraquezas,
pode nos assistir perfeitamente para andarmos na vontade de Deus em
todas as áreas da vida às quais o Senhor nos conduzir.
667

B. O Rei Eterno que Já É Rei e não que Virá a Ser Rei

Hebreus 4: 14 Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo


sacerdote que penetrou os céus, conservemos firmes a nossa
confissão.
15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se
das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à
nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.

Através do seu Sacerdócio Eterno, Cristo hoje já nos recebe diante do Pai Celestial a
fim de que nos acheguemos ao trono da graça para obtermos a sua misericórdia e graça.
Entretanto, quando avançamos ao ponto de andar em Cristo, nós começamos a ver
que, além de nos conceder a reconciliação com Deus, a mesma graça de Cristo também
é a graça já disponibilizada em Cristo para passarmos a andar em tudo segundo esta
mesma graça.
A graça que nos é concedida através do Sumo Sacerdote Cristo é a graça
que também tem um propósito de nos fortalecer e guiar em todos os
aspectos da nossa vida diante do mundo.

Tito 2: 11 Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo


salvação a todos os homens,
12 ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências
mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente,
13 aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da
glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo,
14 o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda
iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas
obras. (RC)

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.

Entretanto, um dos aspectos que procura se interpor para que as pessoas não
percebam que elas já podem andar segundo a vontade de Deus, ou reinar em vida,
está no fato delas não saberem ou não crerem que Cristo, sendo da Ordem de
Melquisedeque, está posto na posição de Rei da Justiça e Rei da Paz sobre todo o
mundo e sobre toda a Terra já no tempo presente.
Em vez de crerem naquilo que Deus anuncia através das Escrituras, muitos se
deixam levar pela crença que diretamente ou sutilmente alega que Cristo somente será
estabelecido como o Rei sobre tudo e todos em um tempo futuro ou ainda por vir.
668

As Escrituras que já vimos nos capítulos anteriores, não ensinam que Deus irá
assentar a Cristo num dia futuro acima de todo o principado e poder e em uma posição
na qual Cristo irá sustentar todo o universo com a palavra do seu poder. Pelo contrário,
as Escrituras nos reiteram vez após vez que Deus já assentou a Cristo sobre tudo e sobre
todos, exceto em relação ao próprio Pai Celestial que tudo outorgou a Cristo.

Atos 2: 36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de


que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

Efésios 1: 19 ... e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que
cremos, segundo a eficácia da força do seu poder;
20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e
fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas
também no vindouro.

1 Coríntios 15: 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E,


quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui
aquele que tudo lhe subordinou.
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A partir do momento da ressurreição de Cristo dentre os mortos, o lugar


do Senhor Jesus como Rei Eterno segundo a Ordem de Melquisedeque,
agora também como o Filho do Homem que ressuscitou dentre os mortos,
já naquele presente século e por todos os demais, já foi revelado e
estabelecido para toda a eternidade.
O fato de Cristo estar governando o mundo e manifestar situações diferenciadas do
seu governo através dos séculos, não tira Dele nenhuma autoridade e não macula em
nada a sua condição presente de Rei Eterno e já estabelecido.
O fato de ainda vermos aspectos da injustiça atuando no mundo não tem nenhuma
relação com Cristo já estar em plena posição de Rei sobre todo o universo, mas está
relacionada aos eventos que o Senhor permite que ocorram para testemunho às nações
de que as escolhas contrárias à vontade de Deus conduzem à destruição e morte. E isto
também, e principalmente, para que as pessoas possam ser informadas de que apesar
de ainda continuarem a se sujeitarem tão intensamente ao pecado ou se manterem
afastadas da comunhão com Deus, ainda há a possibilidade delas acessarem a
misericórdia do Senhor antes que venha o grande e terrível dia narrado por Pedro e no
qual Deus requererá, perante o seu trono eterno, a prestação de contas de todos aqueles
que não receberem a Cristo como Ele lhes é oferecido mediante o Evangelho.

2 Pedro 3: 1 Amados, esta é, agora, a segunda epístola que vos escrevo;


em ambas, procuro despertar com lembranças a vossa mente
esclarecida,
2 para que vos recordeis das palavras que, anteriormente, foram
ditas pelos santos profetas, bem como do mandamento do Senhor e
Salvador, ensinado pelos vossos apóstolos,
669

3 tendo em conta, antes de tudo, que, nos últimos dias, virão


escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias
paixões
4 e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que
os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o
princípio da criação.
5 Porque, deliberadamente, esquecem que, de longo tempo, houve
céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água pela
palavra de Deus,
6 pela qual veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado em água.
7 Ora, os céus que agora existem e a terra, pela mesma palavra, têm
sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo
e destruição dos homens ímpios.
8 Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que,
para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia.
9 Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam
demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não
querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao
arrependimento.
10 Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus
passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão
abrasados; também a terra e as obras que nela existem serão
atingidas.
11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser
tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual
os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se
derreterão.

2 Coríntios 6: 1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também


vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus
2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri
no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis,
agora, o dia da salvação).
----

Se Cristo já não estivesse estabelecido como Rei segundo a Ordem de


Melquisedeque no tempo presente, a possibilidade da realização da
própria salvação das pessoas e de tudo o que o Senhor ensina a um
indivíduo através do viver em Cristo ou através do seu sacerdócio não
teriam fundamento para ser sustentado na vida das pessoas que recebem a
Cristo em seus corações, o que, por sua vez, iria equiparar o seu sacerdócio
a um sacerdócio fraco e inútil como sempre foi o da Ordem de Arão ou
similares a ele.
As pessoas que tentam propagar que Cristo somente virá a ser Rei que reinará num
tempo que ainda está por vir, são as mesmas pessoas que procuram destruir a fé dos
cristãos no Único Soberano Senhor de suas vidas, aplicando-se os mesmos princípios
opositores à fé em Deus que já vimos no capítulo sobre A Glória do Sumo Sacerdote que
é o Autor e Consumador da Fé.
670

Procurar negar a Cristo como o Rei da Ordem de Melquisedeque já estabelecido


como tal no presente e para sempre, é tão grave quanto tentar perverter a graça de
Deus e negar a Cristo como o único Mediador entre Deus e todos os seres humanos.
Aqueles que resistem à posição de Cristo como aquele que é Rei Eterno já no tempo
presente, são aqueles dos quais as Escrituras nos dizem para nos apartarmos, pois
devido a seus interesses e paixões pessoais, são traidores e atrevidos contra o próprio
Deus.
Aqueles que se opõem à posição de Cristo como Rei no tempo presente ao tentarem
afastar as pessoas da realidade de que Cristo é o Rei conosco, o Rei Emanuel, e que é
plenamente capaz de ensinar e suportar a todos que Nele creem a conduzirem as suas
vidas em consonância à vontade de Deus nas mais diversas áreas, também são aqueles
que tentam se interpor para que as pessoas não venham a chegar ao conhecimento da
verdade, pois a verdade somente encontra-se em Cristo, no viver em Cristo e no andar
em Cristo também na sua condição de Rei Eterno.

2 Timóteo 3: 4 Traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos


prazeres que amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge
também destes.
6 Pois entre estes se encontram os que penetram sorrateiramente
nas casas e conseguem cativar mulherinhas sobrecarregadas de
pecados, conduzidas de várias paixões,
7 que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da
verdade.
----

Se no tempo presente Cristo já não estivesse em uma posição perfeita no aspecto de


reinado sobre tudo, Ele jamais poderia nos instruir e nos conduzir em todas as áreas da
vida para também andarmos no Espírito, além de vivermos no Espírito.
Pelo fato de Cristo ser Rei e estar estabelecido sobre tudo e sobre todos,
exceto o Pai Celestial, é que Ele também tem todo o poder e autoridade
para nos instruir através do Espírito Santo em todos os caminhos que
somos chamados pelo Senhor a andar, pois de antemão, Ele como Rei, já
prepara e aplaina os caminhos e nos concede, com plena autoridade, tudo
o que precisa ser concedido também já no tempo presente.
Cristo foi elevado ao céu para estar à direita do Pai Celestial precisamente para
poder nos enviar do trono celestial o Consolador, o Espírito Santo, o Espírito de Poder,
o Espírito da Verdade, para, através do Espírito do Senhor, manifestar a nós também a
sua perfeita condição de Rei sobre tudo e sobre todos.

João 16: 7 Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se
eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for,
eu vo-lo enviarei.
8 Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do
juízo:
9 do pecado, porque não creem em mim;
10 da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais;
11 do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
671

12 Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar
agora;
13 quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a
verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver
ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.
14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar.
15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.
----

Ora, se tudo o que é do Pai Celestial é também de Cristo, inclusive a autoridade


sobre toda a criação e sobre a possibilidade de designar todas as instruções celestiais às
pessoas na Terra através do Espírito Santo, o que mais o Senhor Jesus precisaria para
ter a plena condição de Rei já no tempo presente?
Portanto:

Colossenses 2: 6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim


andai nele,
7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças.
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos
do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo
principado e potestade.

Apocalipse 1: 5 ... e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o


primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que
nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados,
...
8 Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e
que era, e que há de vir, o Todo-poderoso.
672

C. A Posição do Trono do Rei Eterno

Há muitas pessoas que vislumbram em suas mentes ou anelam o dia em que Cristo
virá a ser colocado como Rei sobre toda a Terra e aguardam que Cristo se assentará em
um trono terreno para a partir dele reinar. Entretanto, elas não se dão conta ou
resistem em reconhecer que Cristo já está posto como o Rei sobre toda a Terra e que Ele
já está posto em um trono muito superior a qualquer trono da Terra.
Cristo não necessita vir a se assentar em qualquer trono inferior ao trono eterno de
Deus e que está rodeado da glória e do poder do Senhor, conforme descrito, em parte,
no primeiro capítulo de Apocalipse, conforme segue:

Apocalipse 1: 4 João, às sete igrejas que se encontram na Ásia, graça e


paz a vós outros, da parte daquele que é, que era e que há de vir, da
parte dos sete Espíritos que se acham diante do seu trono
5 e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos
mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo
seu sangue, nos libertou dos nossos pecados,
6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
7 Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o
traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele.
Certamente. Amém!
8 Eu sou o Alfa e Ômega, o primeiro e o último, diz o Senhor Deus,
aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.
9 Eu, João, irmão vosso e companheiro na tribulação, no reino e na
perseverança, em Jesus, achei-me na ilha chamada Patmos, por
causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus.
10 Achei-me em espírito, no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim,
grande voz, como de trombeta,
11 dizendo: Eu sou o Alfa e Ômega, o primeiro e o último, o que vês
escreve em livro e manda às sete igrejas que estão na Ásia: Éfeso,
Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia.
12 Voltei-me para ver quem falava comigo e, voltado, vi sete
candeeiros de ouro
13 e, no meio dos candeeiros, um semelhante a filho de homem, com
vestes talares e cingido, à altura do peito, com uma cinta de ouro.
14 A sua cabeça e cabelos eram brancos como alva lã, como neve; os
olhos, como chama de fogo;
15 os pés, semelhantes ao bronze polido, como que refinado numa
fornalha; a voz, como voz de muitas águas.
16 Tinha na mão direita sete estrelas, e da boca saía-lhe uma afiada
espada de dois gumes. O seu rosto brilhava como o sol na sua força.
17 Quando o vi, caí a seus pés como morto. Porém ele pôs sobre mim
a mão direita, dizendo: Não temas; eu sou o primeiro e o último
18 e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos
séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno.
(RA+NKJV) ----

E de qual posição terrena Cristo poderia ter a condição que Ele tem à direita do
trono do Pai Celestial e de qual posição terrena Cristo poderia ter as chaves da morte e
do inferno em suas mãos, considerando ainda que a vida e a morte quanto ao aspecto
eterno não são determinadas a partir de tronos terrenos?
673

Qual trono terreno poderia suportar a glória de Cristo conforme revelada a João já
nas primeiras palavras a serem escritas por ele no livro de Apocalipse?
Assim como Cristo não veio fazer habitação em templos terrenos feitos
por mãos humanas, mas veio para mostrar que a habitação de Deus é num
alto e sublime trono nos céus e no coração das pessoas, assim também
Cristo não veio para edificar e assumir um trono terreno em palácios
terrenos.
Cristo veio para anunciar que o trono celestial está acima de tudo, de
todos e que Ele igualmente veio como Rei à Terra para habitar o coração
das pessoas e nos manifestar o Reino Celestial em primeiro lugar em seus
corações.

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a


eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo
lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.

É impressionante como as pessoas insistem em querer afirmar que Deus necessita


de templos e também de tronos feitos por mãos humanas para ter autoridade sobre
toda a Terra, mas esquecem aquilo que o Senhor Jesus Cristo disse a Pilatos ao declarar
que toda a autoridade ou poder que Pilatos tinha somente lhe havia lhe sido concedida
porque provinha de um trono superior.
Portanto, o trono do reino de Cristo é um trono que pode conceder ou retirar
autoridade de qualquer trono e governante terreno.
Quando Pilatos estava para decidir sobre a crucificação ou não de Cristo, o próprio
Senhor Jesus falou-lhe da condição de autoridade que Pilatos tinha como governador
romano em relação à autoridade de Cristo, a qual o próprio Pilatos não conhecia,
conforme segue:

João 19: 8 Pilatos, ouvindo tal declaração, ainda mais atemorizado


ficou,
9 e, tornando a entrar no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu?
Mas Jesus não lhe deu resposta.
10 Então, Pilatos o advertiu: Não me respondes? Não sabes que tenho
autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?
11 Respondeu Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de
cima não te fosse dada; por isso, quem me entregou a ti maior
pecado tem.

Em outra parte, o Senhor Jesus respondeu a Pilatos da seguinte maneira:

João 18: 35 Replicou Pilatos: Porventura, sou judeu? A tua própria


gente e os principais sacerdotes é que te entregaram a mim. Que
fizeste?
36 Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino
fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim,
674

para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino
não é daqui.
37 Então, lhe disse Pilatos: Logo, tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes
que sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de
dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a
minha voz.

E ainda em outro trecho, o Senhor Jesus declara:

João 10: 17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a
reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este
mandato recebi de meu Pai.
----

Quando passamos a observar o surgimento da questão sobre haver ou não a


necessidade de que houvesse um rei terreno sobre o povo liberto do Egito e chamado
para seguir a Deus, podemos ver que o Senhor, já na antiguidade, não intentou que o
povo optasse por reis humanos como os gentios ou demais povos faziam, pois isto
acarretaria opressões e custos terríveis aos quais o povo não precisaria se sujeitar se
escolhessem seguir a vontade do Senhor (conforme 1Samuel 8).
Entretanto, assim como o povo não quis o sacerdócio oferecido por Deus sem
primeiro experimentar o sacerdócio segundo um mandamento carnal e conduzido a
partir da própria criação, assim também as pessoas não quiseram uma regência ou um
governo direto de Deus sobre as suas vidas sem primeiro passar pela experiência por
tipos de governos propostos por povos dissociados da comunhão com o seu Criador.
E assim como nenhum sacerdócio humano pode atender as pessoas adequadamente
em todas as áreas de suas vidas e nem pode atender a todos, assim também nenhum
governo humano poderá atender às demandas mais profundas das pessoas que lhe
estão sujeitas.
Deus estabeleceu que o sacerdócio segundo a Ordem de Melquisedeque fosse
estabelecido no céu para que Cristo possa atender igualmente a todos na Terra
mediante a fé, sem restrições de local físico e de acesso à sua presença.
E quanto à questão do trono real, o mesmo princípio também precisava ser
estabelecido por Deus. Se Cristo não tivesse o seu trono junto a Deus, do que adiantaria
um acesso sacerdotal de qualquer lugar a qualquer hora se a resposta não pudesse,
igualmente, ser ordenada e enviada do céu para qualquer lugar e na devida hora
necessária a um indivíduo?
Portanto, assim como o sacerdócio de Cristo é superior e perfeito porque é feito
primeiramente no céu, assim a posição de Cristo como Rei na Ordem de Melquisedeque
somente é perfeita porque ela também está primeiramente no lugar altíssimo junto ao
Pai Celestial.
Deus estabeleceu o trono de Cristo nos céu porque este é o melhor e o
único local perfeito para que Cristo possa atuar em plenitude na sua
condição de Rei sobre tudo, sobre todas as nações e sobre todas as pessoas.
675

E a partir do trono celestial, Cristo não compete com outros reinos e reis
terrenos, pois todos lhe estão sujeitos em posição e autoridade.

Salmos 47: 8 Deus reina sobre as nações; Deus se assenta no seu santo
trono.

Salmos 93: 1 Reina o SENHOR. Revestiu-se de majestade; de poder se


revestiu o SENHOR e se cingiu. Firmou o mundo, que não vacila.

Salmos 96: 10 Dizei entre as nações: Reina o SENHOR. Ele firmou o


mundo para que não se abale e julga os povos com equidade.

Salmos 99: 1 Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado


acima dos querubins; abale-se a terra.
----

Qual trono terreno que Cristo poderia vir a querer e cuja majestade pudesse chegar
perto da majestade que Ele tem junto ao Pai Celestial?
Qual trono no mundo natural poderia firmar o mundo e os seus fundamentos?
Em qual trono terreno Cristo poderia atender a todos que clamam por seu auxílio e
dar ordens aos seus anjos para atenderem àqueles que fazem do Senhor o refúgio de
suas vidas?

Salmos 91: 9 Pois disseste: O SENHOR é o meu refúgio. Fizeste do


Altíssimo a tua morada.
10 Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te
guardem em todos os teus caminhos.

Quando Cristo veio em carne ao mundo, Ele não veio estabelecer o tão esperado
reino terreno que as pessoas queriam. Mas também por isto, que o diabo não conseguiu
derrotar a Cristo na tentação quando lhe ofereceu a glória dos reinos terrenos.
Cristo veio ao mundo para revelar às pessoas que é não do mundo que
vem a provisão eterna de sacerdócio e de governo para as suas vidas, mas
que tudo o que elas necessitam vem, primeiramente, do Pai das Luzes que
está acima de qualquer trono e expectativa que a criação possa criar ou
propor.
Cristo não veio ao mundo para mostrar às pessoas como elas poderiam
se tornar eternas no presente mundo tentando fazer com que Deus viesse a
estar “eternalizado” com elas na Terra. Cristo veio mostrar às pessoas que
o seu Criador é maior do que o mundo natural que elas conhecem e que no
Pai Celestial há vida eterna ainda que o mundo presente, na concepção
atual, venha a deixar de existir.
676

Cristo veio ao mundo para mostrar que os reinos e as nações terrenas


são temporais e passageiras, mas que o trono superior do Senhor é um
trono de uma realeza eterna e cuja glória é incomparavelmente maior do
que tudo o que existe em qualquer reino na Terra.
Nações vem e vão, assim como os seus reis e os seus tronos, mas Cristo e o trono do
qual Ele reina são eternos e eternamente inabaláveis.

Jó 12: 23 Multiplica as nações e as faz perecer; dispersa-as e de novo


as congrega.

Salmos 9: 15 Afundam-se as nações na cova que fizeram, no laço que


esconderam, prendeu-se-lhes o pé.

Salmos 9: 20 Infunde-lhes, SENHOR, o medo; saibam as nações que não


passam de mortais.

Salmos 10: 16 O SENHOR é rei eterno: da sua terra somem-se as nações.

Salmos 22: 28 Pois do SENHOR é o reino, é ele quem governa as nações.

Salmos 46: 10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre
as nações, sou exaltado na terra.

Salmos 113: 4 Excelso é o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua


glória, acima dos céus.
----

E para concluir este tópico, gostaríamos de lembrar do fato de que se Cristo tivesse
que vir assumir um trono terreno, isto implicaria em Ele deixar vaga a sua posição de
Sumo Sacerdote Eterno que sempre deve estar junto ao Pai Celestial para atender a
todos aqueles que se achegam a Deus para serem salvos através Dele, o que seria
completamente incompatível com a condição da vontade de Deus de que ninguém que
vem a Cristo venha a perecer.
Além disso, mais um dos motivos do sacerdócio de Ordem de Arão e similares a ele
serem tão contrários à vontade de Deus, fracos e inúteis é porque neles há e sempre
haverá uma disputa de poder entre os sacerdotes e os governantes sobre o povo, onde
um grupo procura ter maior domínio sobre o povo do que o outro. E Deus, segundo a
Ordem de Melquisedeque, jamais deixaria que o seu trono fosse dividido por causar
desta disputa entre sacerdócio e a posição de governo. Estabelecendo, portanto, que
ambos estejam em uma mesma pessoa e um mesmo ponto de referência, a saber, mais
uma vez: O Senhor Jesus Cristo, Sumo Sacerdote Eterno e Rei Eterno junto ao trono
eterno do Pai Celestial.
677

Por mais que uma ordem sacerdotal conduzida pelas pessoas na Terra venha a
propor um acompanhamento das pessoas em seus diversos afazeres, mesmo que o
tentem fazer através de multiplicação de líderes, grupos e subgrupos de
acompanhamento, as ordens sacerdotais segundo a ótica dos seres humanos sempre
estarão em falta com muitos daqueles a quem eles propõem atender, o que
semelhantemente ocorre também em qualquer proposição de governo humano sobre os
seus semelhantes.
Portanto, assim como somente Cristo é a resposta perfeita de Deus para todos os
pontos essenciais que uma pessoa necessita para um sacerdócio adequado, assim
também, somente Cristo é a resposta perfeita de Deus quanto aos aspectos mais
necessários de governo sobre a sua vida. E isto, pelo fato de somente Cristo ser o
Mediador que atua simultaneamente e continuamente como o Sumo Sacerdote e Rei
Eterno junto à presença de Deus no seu alto e sublime trono celestial.

Hebreus 7: 1(a) Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, ...
2(b) (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei
de Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
----

Na Ordem de Melquisedeque, a função de Sumo Sacerdote e de Rei


encontram-se em uma mesma pessoa, o Senhor Jesus Cristo, assim como o
santuário e o trono eterno de governo também encontram-se no mesmo
local eterno e eternamente inabalável do Deus Único, Todo-Poderoso e
Eterno. E ninguém deveria tentar dividir ou separar o que o próprio Pai
Celestial revelou unificado no seu Filho Amado.

Colossenses 1: 13 Ele nos libertou do império das trevas e nos


transportou para o reino do Filho do seu amor.
678

D. A Abrangência do Reinado do Rei segundo a Ordem de


Melquisedeque

Embora nos tópicos anteriores deste capítulo já tenhamos abordado, de uma ou de


outra maneira, uma parte sobre a abrangência do reinado do Rei segundo a Ordem de
Melquisedeque, ou seja do reinado de Cristo, entendemos que este é um ponto que
necessita ser detalhado mais amplamente e, ao mesmo tempo, mais profundamente
pelo fato de ele estar associado a muitos aspectos práticos na vida de todas as pessoas
que ainda habitam a Terra.
A abrangência do reinado de Cristo, a partir do trono celestial, de forma
alguma restringe-se somente ao que acontece nos céus, mas também está
relacionado a tudo o que está envolvido na vida sobre a Terra.
Quando o Senhor Jesus Cristo nos ensinou uma parábola sobre o chamado para orar
continuamente, Ele nos ensinou que Deus está sempre pronto a nos ouvir quando
clamamos a Ele por sua intervenção justa. Entretanto, ao final deste ensino específico,
o Senhor também lançou uma indagação aos seus ouvintes sobre o aspecto se Ele iria
encontrar fé na Terra no sentido das pessoas crerem na intervenção do Senhor no
mundo presente e em suas circunstâncias pessoais nele, conforme segue:

Lucas 18: 7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam
dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?
8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o
Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?

Quando o Senhor Jesus Cristo nos mostra a pergunta sobre encontrar fé


na Terra para ser usada nas orações para pedir que Deus manifeste a sua
intervenção de justiça, Ele está nos mostrando que a abrangência do trono
da justiça também engloba toda a esfera de acontecimentos que ocorrem
no mundo presente ou natural.
Nos tópicos anteriores, já vimos também que a abundância da graça de Deus e o
dom da justiça são nos concedidos para reinarmos em vida, assim como também vimos
que o Senhor Jesus é o Senhor soberano sobre todos os reis da Terra.
Em outro trecho das Escrituras no qual o Senhor Jesus também nos ensina sobre
oração, Ele nos instrui a orarmos para que o reino de Deus venha a nós e para que a
vontade do Senhor seja feita na Terra como no Céu, mostrando-nos mais uma vez que é
do trono celestial que advém todas as ordens do Senhor ou que é deste trono que
iniciam-se todas as ações que fazem o reino celestial e a vontade de Deus se
manifestarem de maneira mais presentes também entre os seres humanos.
Similarmente, quando Cristo estava a poucos dias ou instantes da sua crucificação,
Ele declarou de forma muito explícita e precisa sobre a condição que o Pai lhe havia
concedido também sobre toda a carne e todas as demais coisas, conforme segue:

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.
679

João 13: 3 Sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele
viera de Deus, e voltava para Deus,
4 levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma
toalha, cingiu-se com ela.
----

Portanto, a abrangência do reinado de Cristo vai de um extremo do universo a outro,


quer no Céu ou quer na Terra, exceto, conforme já comentamos, sobre o próprio Pai
Celestial de quem Cristo recebeu a autoridade sobre tudo.

1 Coríntios 15: 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés. E,


quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente, exclui
aquele que tudo lhe subordinou.

Além disso, quando vemos a abrangência do reinado de Cristo e de como Cristo se


oferece a estar com cada pessoa que o recebe como Senhor, podemos notar que o
reinado geral de Cristo sobre o mundo não é somente um governo nos aspectos globais
do universo e da Terra, distante dos indivíduos ou impessoal.
Por isto, ainda outra maneira do reinado de Cristo sobre as pessoas ser referenciado,
está ligado à expressão de Cristo ser o Cabeça sobre aquilo que Ele reina, o que visa nos
mostrar que Cristo tem uma ligação pessoal com muitas partes que lhe estão sujeitas e
sobre as quais reina do seu trono também de forma personificada.
Assim, para um cristão, o ponto central sobre a abrangência do reinado de Cristo
jamais deveria ficar focada no aspecto do Senhor Jesus ser ou não ser o Rei Eterno
designado por Deus sobre todos e sobre todas as coisas, pois este aspecto está
explicitamente e amplamente declarado nas Escrituras.
Para um cristão, a questão sobre a abrangência do reinado de Cristo,
deveria ser focada em compreender como o Senhor reina sobre tudo a
partir do trono celestial e a respeito de como um cristão é chamado a se
portar em cooperação com este reinado do Senhor.
Por exemplo, quando vemos que Cristo é o Cabeça de cada um dos membros do seu
corpo espiritual, chamado de Igreja e composto por aqueles que têm a Cristo como
Senhor no coração, podemos ver que cada cristão é tocado diretamente pelo reinado do
Senhor. E por isto, cada um deles também deveria buscar no Senhor a instrução a
respeito de como ele pode se expor cada vez mais a este reinado celestial.
Desta forma, a abrangência da regência do Senhor, quando vista sob a perspectiva
de um reinado que atende pessoalmente à cada pessoa, passa a representar um tema
muitíssimo significativo, sendo, por isto mesmo, somente possível de ser conhecido à
luz da revelação da glória Daquele que também é Deus e Todo-Poderoso para atender o
todo ou o global, mas também a cada uma das partes deste todo.
Por outro lado, visando não estender muito a visão global do presente tópico e
visando poder tratar mais especificamente a abrangência do reinado do Senhor sobre
algumas das principais partes que envolvem diretamente os seres humanos, e dentre
680

elas também sobre a vida dos cristãos, continuaremos o desmembramento de algumas


partes mais específicas deste tema em capítulos que seguem mais adiante.
E para concluir o presente tópico, lembramos aqui que as Escrituras também nos
ensinam a ver separadamente, em vários aspectos, o que vem a ser o reino de Deus e o
que vem a ser os reinos dos homens. Entretanto, quando vemos a questão de Cristo
como Rei e a abrangência do seu reinado, entendemos que convém destacar
repetidamente que apesar de Cristo ser Rei no reino de Deus, esta sua posição de Rei e
de regência lhe confere também toda autoridade sobre todos os reinos dos homens,
pois também todos estes estão sujeitos ao reino dos céus. (Conforme visto também no
estudo sobre O Evangelho do Reino de Deus.)

Daniel 2: 20 Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a


eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece
reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.

Daniel 4: 17 Esta sentença é por decreto dos vigilantes, e esta ordem,


por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o
Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens; e o dá a quem quer
e até ao mais humilde dos homens constitui sobre eles.

Mateus 28: 18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a


autoridade me foi dada no céu e na terra.

Considerando que Deus estabeleceu a Cristo para em tudo ter a


primazia, também é em relação à sua posição de Rei Eterno que esta
primazia lhe é devida e digna de toda honra.

Colossenses 1: 13 Ele nos libertou do império das trevas e nos


transportou para o reino do Filho do seu amor,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Este (Filho do Seu Amor) é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele.
17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito
de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.
681

E. Rei Eterno, Nascido Rei e Feito Rei

O aspecto da realeza de Cristo é particularmente interessante de ser observado


quando o vemos também pela ótica da condição de Cristo como Filho de Deus e Cristo
como Filho do Homem.
Cristo, como Filho de Deus, e que na plenitude do tempo veio em carne ao mundo e
se tornou também o Filho do Homem, não somente já é Rei no tempo presente, mas
sempre já foi Rei. E mesmo antes do mundo ser criado, Ele já tinha a sua posição de
glória junto ao Pai Celestial.
Nos tópicos anteriores, vimos alguns textos que anunciam a condição de glória de
Cristo antes da sua vinda em carne ao mundo e como Deus criou todas as coisas através
do Filho do Seu Amor, como exemplificado mais uma vez a seguir:

João 1: 3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele,
nada do que foi feito se fez.

Entretanto, como Rei Eterno, o Filho Unigênito de Deus não se ateve à sua posição
de glória junto ao Pai Celestial e veio ao mundo também em uma condição de homem.
E como tal, Ele veio como servo para morrer na cruz a fim de prover o caminho da
redenção e salvação para todas as pessoas.

João 1: 14 E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e


de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.

Hebreus 2: 9 Vemos, todavia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito
menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi
coroado de glória e de honra, para que, pela graça de Deus, provasse
a morte por todo homem.
----

Assim, quando Cristo nasceu como Filho do Homem, Ele já nasceu Rei ainda que
grande maioria das pessoas não o reconhecesse, ainda que tivesse vindo ao mundo para
atuar como servo ou ainda que Ele tivesse vindo como aquele que veio para servir as
pessoas segundo a vontade de Deus.
Quando alguns magos do Oriente vieram ver ao recém-nascido menino Jesus,
seguindo a estrela que os guiou até a cidade onde o Senhor nasceu, eles não
perguntaram pelo nascimento de um menino qualquer, mas perguntaram por Aquele
que já era nascido Rei dos judeus:

Mateus 2: 1 E, tendo nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei


Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém,
2 e perguntaram: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?
Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-lo. (RC)
682

E ao se deparar com a declaração dos magos sobre a condição de realeza de Cristo,


alguém talvez poderia perguntar sobre como o Senhor Jesus já poderia ter nascido Rei
se as pessoas ainda não o reconheceram como tal?
Neste ponto, é preciso notar que já não estamos mais nos referindo a Cristo ser o
Soberano Filho de Deus e Rei no reino de Deus, mas estamos nos referindo a Cristo ser
Rei como homem entre os homens.
Apesar de Cristo, como Filho de Deus, ter todo o direito de reinar sobre todos, pois
através Dele todos foram criados, Deus respeita algumas decisões de delegação de
governo que os seres humanos fazem entre eles para estabelecerem governantes sobre
si próprios, conforme veremos mais adiante.
Assim, para afirmar que Cristo já havia nascido como Rei dos Judeus também na
condição de homem, pois era em relação à esta condição que os magos estavam se
referindo a Cristo, não seria necessário que entre os seres humanos já houvesse sido
feita alguma atribuição desta condição a Cristo?
Para Cristo ser chamado de Rei dos Judeus também na condição de Filho do
Homem, já a partir do seu nascimento, havia a necessidade Dele já ter recebido este
atributo sobre uma nação específica ao nascer ou mesmo muito antes do seu
nascimento.
E para encurtar a narrativa da história, podemos ver que o fato de Cristo já ter
nascido como Rei dos judeus está baseado no fato de que Ele já havia sido reconhecido
como Rei também pelo pai de toda a nação hebreia, e isto antes mesmo do primeiro
descendente deste povo ter nascido.
Quando Abraão, antes mesmo de ver o nascimento de Isaque, recebeu a
Melquisedeque e o reconheceu como o Rei de Salém, que interpreta-se como Rei da
Justiça e da Paz, Abraão deu as boas-vindas a este Melquisedeque como o Sacerdote do
Deus Altíssimo, mas igualmente o recebeu na qualidade do Sacerdote do Deus
Altíssimo que, ao mesmo tempo, também era Rei.
No capítulo deste estudo intitulado como “Quem era Melquisedeque”, já expusemos
quem era este Melquisedeque que apareceu a Abraão e veio ao seu encontro para
comunhão e para manifestar a glória do Deus Altíssimo, anunciando a Abraão que
havia sido Deus que lhe conferiu a vitória na batalha da qual havia acabado de voltar
exitoso.
Ora, se o Melquisedeque que se apresentou a Abraão, é Aquele que é sem pai, sem
mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, e que é a
expressão de Cristo que foi revelado como sendo o Sumo Sacerdote Eterno de todo
aquele que Nele crê para a salvação, este mesmo Melquisedeque também é Aquele que
é Rei junto ao Pai Celestial desde a eternidade.
Assim, quando Abraão reconheceu ao Melquisedeque eterno para ser o Sumo
Sacerdote de toda a sua descendência que também viesse a seguir os passos da fé em
Deus e da justificação mediante a fé em Cristo, Abraão também reconheceu, de
antemão, ao mesmo Melquisedeque como o Rei Eterno sobre os seus descendentes que
viriam a crer em Cristo.
Cristo já nasceu entre homens como o Rei dos judeus também porque
Abraão já tinha selado este princípio com o Senhor antes mesmo que
Cristo viesse a ser um descendente de Abraão.
683

Quando Abraão recebeu o pão e vinho que Melquisedeque lhe ofereceu, ele
reconheceu e aceitou a comunhão de alguém que era maior do que ele, Abraão, tanto
em sacerdócio como em posição de realeza.
Quando Abraão aceitou a comunhão com Melquisedeque, ele aceitou a
Melquisedeque por completo. E por isto que, ao recebê-lo para a comunhão, tanto o
reconhecimento da posição de Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno e como Rei
Eterno da Justiça e da Paz já passou a estar acordado entre Deus e Abraão para o futuro
da sua descendência.
Quando Abraão escolheu o sacerdócio segundo a Ordem de
Melquisedeque diante de Deus, ele também aceitou os princípios da
respectiva Ordem de Melquisedeque, os quais desde o início estabelecem
que o mesmo Sumo Sacerdote perante Deus também é Aquele que é Rei da
Justiça e da Paz.
O texto do livro de Hebreus que temos usado como a principal referência do
presente capítulo, reitera que a questão do sacerdócio da Ordem de Melquisedeque e a
condição de realeza do Sumo Sacerdote desta Ordem estão associados a uma mesma
pessoa e são inseparáveis, conforme podemos ver mais uma vez abaixo:

Hebreus 7: 1 Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do


Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da
matança dos reis, e o abençoou,
2 para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo
(primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de
Salém, ou seja, rei de paz;
3 sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias,
nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de
Deus), permanece sacerdote perpetuamente.
----

A grandeza explícita de Melquisedeque foi acolhida por Abraão ao receber a este


Melquisedeque, mas também foi testemunhada por Abraão diante dos outros povos ao
entregar um dízimo específico e único a este mesmo Melquisedeque em seu nome e em
nome de toda a sua descendência.
Não querendo retornar aos aspectos sobre o dízimo dado por Abraão que já foram
abordados no capítulo recém referenciado acima, gostaríamos somente reforçar mais
uma vez que Abraão não deu dízimos para vencer a guerra, pois ele já a havia vencido.
Abraão também não deu o dízimo dos seus bens à Melquisedeque como se este tivesse
vindo cobrar de Abraão pelas bênçãos concedidas a ele durante toda a sua vida.
Abraão deu voluntariamente o dízimo do despojo da guerra específica que havia
vencido e do qual ele não reteve nada para si, devolvendo o despojo aos reis e ao povo
de quem haviam sido roubados por outros reis.
As Escrituras não dizem isto expressamente, mas como Abraão deu do dízimo dos
bens de outros que ele havia recuperado para eles, isto indica que Abraão o fez para dar
testemunho aos povos que ainda não criam em Deus de que é ao Senhor Eterno que
eles deveriam servir e no qual deveriam buscar a segurança para as suas vidas, e não
nas meras alianças entre reis que estes povos costumavam fazer na tentativa de se
protegerem.
684

Salmos 146: 3 Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em
quem não há salvação.
4 Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem
todos os seus desígnios.
5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio,
cuja esperança está no SENHOR, seu Deus,
6 que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há e mantém para
sempre a sua fidelidade.
----

Em tempos antigos, era bem provável que alguns povos pilhados (roubados) por
outros povos tinham o costume de oferecer um reconhecimento ou uma paga àqueles
que recuperassem os seus bens. E assim, Abraão estava mostrando que se alguém era
digno de receber qualquer reconhecimento de glória pela vitória por ele alcançada, este
alguém era o Rei que lhe abençoara para ajudar os outros, o Rei da Justiça e da Paz,
chamado também de Rei segundo a Ordem de Melquisedeque.
O ato de Abraão perante Melquisedeque foi um testemunho singular e público ou
diante dos outros povos de que as pessoas não deveriam confiar nem nele mesmo,
Abraão, como um rei sobre eles, pois na realidade Abraão somente havia sido vitorioso
por causa da ação de Deus para com ele quando subiu ao campo de batalha.
Quando Abraão separou o dízimo dos despojos que passaram a estar nas suas mãos
para repassá-lo à Melquisedeque, ele deu testemunho da grandeza deste Sacerdote-Rei
Soberano perante a sua casa, mas também aos povos vizinhos ou ao seu redor.

Hebreus 7: 4 Considerai, pois, quão grande era este Melquisedeque, a


quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. (RC)

Quando Abraão honrou a Melquisedeque dando-lhe voluntariamente o dízimo dos


despojos de guerra, ele não pagou um imposto a Melquisedeque pelo pão e vinho que
este trouxera, pois nunca Deus ofereceu salvação, comunhão e segurança por preço,
mas sempre através da sua graça e do seu amor.
Abraão deu o dízimo reconhecendo a grandeza de Melquisedeque como Sacerdote
do Deus Altíssimo, Rei de Salém, Rei Celestial, Rei que veio da parte de Deus, para
testemunho para que outros povos soubessem que somente no Deus Eterno e no seu
Rei Melquisedeque é que haveria a possibilidade de um reinado fundamentado em
verdadeira justiça e paz.
Melquisedeque já tinha trazido pão e vinho e oferecido a sua comunhão à Abraão
independentemente de qualquer dízimo em retorno. Melquisedeque também já havia
abençoado de antemão a Abraão para ser vitorioso.
Abraão, porém, percebeu que algo mais poderia estar envolvido naquela visita de
Melquisedeque.
Abraão não era rei. Abraão estava como peregrino em terra estrangeira. Abraão
tinha uma palavra de que Deus o conduziria a uma terra que Ele lhe daria, mas a terra
somente poderia ser-lhe dada por alguém que tivesse legalidade sobre “as terras no
mundo”.
685

Ora, um sacerdote não tem a função de dar terras, pois esta função é atribuída a reis.
Assim, neste contexto todo, Abraão se ateve a um detalhe muito significativo. Ele
sabia que o Sacerdote que o visitara era incomum, pois aquele Sacerdote do Deus
Altíssimo também era Rei de Justiça e Rei de Paz, ou seja, Rei de Salém.
Abraão recém tinha vindo de uma guerra contra quatro reis poderosos que tomaram
o despojo de outros cinco reis. Abraão vencera os reis mais poderosos e agora estava
com os despojos que aqueles reis haviam tomado inapropriadamente dos povos
vizinhos. Em outras palavras, Abraão não era rei, mas ainda assim acabou ficando em
posição mais proeminente e poderosa do que todos os reis da sua região. Some-se a isto
ainda, as bênçãos que recebera do Sacerdote Melquisedeque.
O que mais um homem precisaria?
Abraão tinha um exército fiel e robusto. Tinha vencido os reis da região em que
estava. Tinha recursos em abundância na sua casa e havia conseguido mais um volume
extra de despojos de guerra. E tinha as bênçãos do Sacerdote do Deus Altíssimo.
Necessitaria ele, então, se aliançar com reis perdedores? Necessitaria ele pedir
favores aos reis daquela terra? Uma vez que tinha salvado as vidas deles, necessitaria
Abraão respeitar aqueles que já estavam anteriormente naquelas terras?
Entretanto, o que é lindo nesta história é que Abraão havia chegado até esta terra
pelo guiar de Deus. E mesmo quando aparentemente tinha todo o poder e força ao seu
lado para tomá-la para si, Abraão não andou segundo o seu próprio entendimento.
Diante da vitória e do poder que recém havia experimentado, Abraão não tomou o
governo da sua vida nas suas próprias mãos, assim como não tomou o controle sobre
outras vidas só porque era considerado “um homem abençoado” e que atuou para livrá-
las.
Abraão se manteve em sua posição e não se auto denominou como rei da sua própria
vida e muito menos da vida dos outros. Abraão nunca foi elevado ao status de rei por
Aquele que o guiou até a terra que lhe havia prometido, e também não era Abraão que
iria fazê-lo por si próprio.
Ao longo da história de Abraão, podemos ver que para ele não fazia sentido ter sido
guiado por Deus à terra que Deus lhe mostraria, ter sido abençoado pelo Senhor e, em
seguida, ele próprio voltar a guiar a sua vida.
Abraão não quis somente a comunhão com Deus para obter somente algumas
bênçãos, mas viu que Melquisedeque também era o Eterno Rei da Justiça e da Paz.
Abraão não foi o tipo de homem que queria ter comunhão com Deus somente para
obter Dele alguns favores, recursos ou terras no presente mundo, mas Abraão queria a
Deus para que DEUS para sempre fosse o seu GUIA e REI!

Hebreus 11: 8 Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir


para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber
aonde ia.
9 Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia,
habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma
promessa;
10 porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é
o arquiteto e edificador.
686

Sem ter alguém para lhe guiar efetivamente em justiça e em paz para desfrutar
destes aspectos eternamente, do que adiantariam status, bens, riquezas, terras e poder
à Abraão?
Ao reconhecer a Soberania de Deus também em Melquisedeque, Abraão demonstrou
que ele não havia atendido o chamado de Deus para sair da sua terra natal
primeiramente porque queria mais terras, mas porque depositou a sua confiança no
Deus que havia falado com ele. Abraão saiu porque havia ouvido a voz de alguém
superior que iria lhe guiar e revelar através dele uma benção para todas as nações.
E para que de fato ele fosse um canal que cooperasse com a benção do Senhor a
todos os povos, Abraão também teria que estar fundamentado na base da justiça e da
paz de Deus que somente pode ser alcançada por um indivíduo se o Senhor for o seu
fundamento e Rei eternamente Justo.
Ao reconhecer à singular posição de Melquisedeque, Abraão demonstrou que não
ambicionava ser rei, mas queria que Deus continuasse a guiá-lo mesmo depois que
Deus o abençoasse. Abraão não ambicionava ser rei nem de si próprio, nem sobre
outros reis e povos, e nem tinha em seu coração o desejo de subjugar Deus a si. O que
Abraão queria é que um Rei, superior a ele e justo em tudo, fosse o Rei da sua vida para
guiá-lo para sempre em justiça e paz.
Abraão almejou uma aliança com Melquisedeque que se estendesse além
das bênçãos no mundo natural. Ele almejou que Melquisedeque viesse a
ser seu Rei pessoal, da sua casa e da sua descendência de fé eternamente.
Com um único ato de dar o dízimo dos despojos de uma batalha específica, atitude
nunca mais repetido na sequência, Abraão deu testemunho aos povos ao seu redor de
que Melquisedeque era maior do que ele ou que ele o reconhecia como o seu Rei
perante os outros povos também para testemunho a estes povos.
Quando Abraão deu o dízimo dos despojos, demonstrou aos outros reis e povos que
havia aceitado o testemunho de Melquisedeque que declarava que não fora ele, Abraão,
que os havia libertado, mas que fora a mão do Deus Altíssimo que havia concedido
aquela vitória. Abraão estava lhes mostrando que ele não era o salvador e nem o rei em
que deveriam depositar a sua confiança. Estava lhes mostrando que ao Deus Altíssimo
é que deviam dar glória e honra, pois havia sido o Deus Altíssimo, e não ele, que
permitiu que fossem libertas de fato.
Com o ato do dízimo, feito uma única vez durante a sua vida, Abraão testemunhou
que ele havia escolhido para sempre o singular Rei Eterno para guiá-lo, assim como os
seus descendentes e os outros povos também deveriam escolher dar todo louvor e toda
a glória ao único que é digno de recebê-lo, ao eterno Deus Altíssimo.
Através da guerra em que foi vitorioso, Abraão tinha conquistado um certo direito
sobre algumas pessoas de outros povos e seus bens. O próprio rei de Sodoma
reconhecia que Abraão tinha autoridade sobre o despojo, pois esta era a maneira que
muitos reis na Terra conquistavam as coisas e estruturavam os seus reinos.
Abraão havia libertado aquelas pessoas de reis dominadores. Entretanto, quando ele
reconheceu a Melquisedeque como o seu Rei e amparo eternos, Abraão também
declarou aquelas pessoas livres de qualquer direito humano que porventura tivesse
sobre elas, deixando aberta a possibilidade de elas também voluntariamente optarem
por se sujeitar ao Rei Eterno da Justiça e da Paz.
687

Pelo direito reconhecido entre as pessoas e seus reis naqueles dias, parte de seus
povos e bens vieram a estar sujeitos à Abraão. Entretanto, Abraão lhes sinalizou que na
realidade era à Melquisedeque, que se apresentou como o representante do Senhor que
lhe concedeu a vitória, que eles igualmente deveriam inclinar os seus corações.
Por uma só atitude voluntário de Abraão, ele, como um homem de fé, testemunhou
aos demais seres humanos, e de antemão aos seus descendentes, que a verdadeira
liberdade que todas as pessoas necessitam está na comunhão e no reconhecimento do
Sacerdote do Deus Altíssimo que, ao mesmo tempo, é Rei Eterno da Justiça e da Paz.
Pelo fato de Abraão não querer ser o rei de si próprio, nem querer ser dominador de
seus semelhantes e nem querer subjugar ao Senhor a si, Deus fez uma promessa a
Abraão de que através de sua descendência viria Aquele que libertaria os seres
humanos da escravidão eterna ao jugo do pecado e às trevas.
Quando Abraão aceitou o testemunho de Melquisedeque de que havia sido Deus que
lhe havia concedido a vitória e quando Abraão testemunhou perante os homens sobre a
sua escolha por este Melquisedeque como seu Sacerdote e Rei, através da maneira que
estes provavelmente tinham o costume de fazer naqueles dias, Abraão rejeitou se
inclinar ao desejo de sujeitar os seus semelhantes a si, qualificando-se, assim, para a
promessa de que o Filho de Deus viria ao mundo também como Filho do Homem que
seria considerado como o descendente de Abraão.
E mais uma vez, por que, então, Abraão reconheceu a Melquisedeque e testemunhou
a outros a respeito da grandeza deste Rei?
Abraão o fez porque reconheceu que Melquisedeque era maior que ele e que ele
próprio precisava de alguém que o ajudasse a andar em justiça e em paz.
Perante a sua casa e de outros reis, Abraão deu testemunho de que a
justiça e paz do Deus Altíssimo somente poderiam ser-lhe concedidas
através de alguém vindo diretamente da parte de Deus, e este era o Rei de
Salém ou o próprio Melquisedeque.
À sua maneira, segundo a época em que vivia, Abraão fez o que o Senhor
Jesus Cristo mais tarde nos orientou sobre confessá-lo como o Senhor
também perante o mundo.

Mateus 10: 32 Portanto, todo aquele que me confessar diante dos


homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos
céus;
33 mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus.

Lucas 12: 8 Digo-vos ainda: todo aquele que me confessar diante dos
homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos anjos de
Deus;
9 mas o que me negar diante dos homens será negado diante dos
anjos de Deus.
----

Melquisedeque se apresentou como Sacerdote do Deus Altíssimo, e, portanto, o


mediador entre Deus e os seres humanos. E como Abraão o recebeu para a comunhão
688

em torno do pão e vinho, símbolos do corpo partido de Cristo e do seu sangue vertido
na cruz do Calvário para a nossa salvação, mas também o confessou diante de outros
povos e outros reis, Melquisedeque também confessou a Abraão diante de Deus como
um homem digno de ter a Cristo considerado como seu descendente na condição de
Filho do Homem e como o Rei Eterno para abençoar todos os povos da Terra.
Se Abraão não tivesse recebido a Melquisedeque também como Rei Eterno, Deus
não teria lhe conferido o privilégio de ter a Cristo como Filho do Homem sendo
considerado como o seu descendente, pois o anúncio da vinda de Cristo ao mundo
como Filho do Homem também como Rei sempre apontou para a libertação das
pessoas e não para que elas voltassem a ser aprisionados pelos seus semelhantes.
O Melquisedeque a quem Abraão acolheu para comunhão, previamente
o aceitou como seu Rei Eterno e a respeito de quem Abraão não teve dúvida
de dar testemunho público aos povos e aos reis da sua geração, é o mesmo
Melquisedeque que no futuro veio a ser considerado como o descendente
eterno de Abraão e através de quem se manifesta a perfeita salvação e
novidade de vida eterna, razão pela qual “já nasceu Rei entre os seres
humanos”.

Gálatas 3: 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu


descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de
muitos, porém como de um só:
E ao teu descendente, que é Cristo.

Já desde a antiguidade, Abraão testemunhou e cooperou com a preparação do


caminho da vinda do Sumo Sacerdote e do Rei de Salém, segundo a Ordem de
Melquisedeque.
Esses relatos da antiguidade são de altíssima relevância, pois nos mostram a
autoridade de Deus sobre reis, nações, alianças e pessoas ao redor do mundo em todas
as épocas e em todas as gerações.
O Senhor Jesus já era Rei dos descendentes de Abraão antes mesmo destes
começarem a existir como povo. E mesmo sendo crucificado, continuou sendo Rei, e o
testemunho de que Ele era Rei continuou sendo exposto publicamente.
Como Rei sobre os descendentes de Abraão e de toda a criação, Cristo foi fiel até a
morte, e morte de cruz, pois sempre teve em mente prover e oferecer a libertação de
todos os seres humanos do vil jugo do pecado e do príncipe deste mundo que queria
tomar o domínio sobre eles para si próprio.

João 8: 58 Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade eu vos digo:


antes que Abraão existisse, EU SOU.

Hebreus 2: 14 Visto, pois, que os filhos têm participação comum de


carne e sangue, destes também ele, igualmente, participou, para que,
por sua morte, destruísse aquele que tem o poder da morte, a saber,
o diabo,
15 e livrasse todos que, pelo pavor da morte, estavam sujeitos à
escravidão por toda a vida.
689

16 Pois ele, evidentemente, não socorre anjos, mas socorre a


descendência de Abraão.
----

Uma vez que Abraão creu que Melquisedeque era o Rei da Justiça e o Rei da Paz, o
Senhor Jesus, na cruz do Calvário, veio realizar o que Abraão aceitou previamente
mediante a fé.
Através da cruz do Calvário, o Senhor revelou a provisão completa ou prefeita para a
libertação dos descendentes de Abraão da injustiça eterna à qual estavam condenados e
da inimizade eterna para com Deus à qual estavam sujeitos, a qual o diabo queria lhes
impor para sempre.
E através da obra na cruz do Calvário, Cristo também abriu o caminho da salvação e
novidade de vida que Deus prometeu a Abraão ao dizer de antemão que todos as
famílias da Terra seriam abençoadas através do seu descendente.
Portanto, Cristo já nasceu Rei porque o Senhor Jesus, mesmo antes de Abraão
existir, já era o Sumo Sacerdote entre Deus e os homens, assim como já era Rei eterno
sobre todas as coisas quer no Céu ou na Terra. E também é em relação à essas duas
posições de Cristo que Abraão o reconheceu, acolheu e a respeito Dele deu testemunho.
Conforme já comentamos no capítulo anterior sobre “Quem era Melquisedeque”, o
ato de Abraão dizimar foi único e com reflexo sobre toda descendência de Abraão que
anda mediante a fé, pois por meio deste ato único, Abraão o fez de uma vez para
sempre, cabendo aos descendentes crerem neste mesmo Melquisedeque e cabendo a
eles confessarem com os seus lábios a este Melquisedeque igualmente como Senhor e
Rei para serem participante para sempre da mesma salvação que Abraão recebeu pela
fé.

Gálatas 3: 7 Sabei, pois, que os da fé é que são filhos de Abraão.

Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.

O dízimo dos despojos de guerra que Abraão deu à Melquisedeque também ocorreu
em um ato isolado e único na história porque Melquisedeque se apresentou de forma
visível daquele maneira somente uma única vez ao mundo.
Entretanto, considerando que hoje Cristo está em um trono celeste e em um
santuário diante de Deus que não é feito por mãos humanas, por mais que uma pessoa
quisesse dar dízimos a Cristo atualmente, ela não teria ninguém na Terra para entregá-
los, pois Cristo não deixou mediadores terrenos entre Deus e as pessoas nem na
questão de sacerdócio e nem não na questão da sua posição de Rei Eterno.
Voltando aqui, então, mais uma vez ao aspecto de Cristo “já ter nascido Rei dos
judeus”, Cristo já nasceu Rei pelo reconhecimento e testemunho de Abraão como
antecessor de toda a nação que descendeu da promessa de Deus a ele.
690

Assim, quando Pilatos mandou escrever sobre a cruz de Cristo que o Senhor Jesus,
mesmo pendurado na cruz do Calvário, era o Rei dos Judeus, ele não estava fazendo
nada contrário a quem Cristo realmente era desde antes da nação hebreia ter o seu
primeiro descendente. Pilatos somente estava sendo mais um instrumento para
declarar e reafirmar um testemunho que a milhares de anos antes já havia sido feito por
Abraão perante Melquisedeque.

João 19: 19 Pilatos escreveu também um título e o colocou no cimo da


cruz; o que estava escrito era: JESUS NAZARENO, O REI DOS
JUDEUS.
20 Muitos judeus leram este título, porque o lugar em que Jesus fora
crucificado era perto da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e
grego.
21 Os principais sacerdotes diziam a Pilatos: Não escrevas: Rei dos
judeus, e sim que ele disse: Sou o rei dos judeus.
22 Respondeu Pilatos: O que escrevi escrevi.

A questão toda a respeito de Cristo ser o Rei sobre os judeus era legal segundo os
séculos de história daquele povo. Entretanto, as pessoas não queriam um rei que não
fosse segundo os seus desejos carnais. Elas não queriam um rei que governasse a partir
da transformação de seus corações, mas um rei que governasse para o interesse delas,
similarmente ao motivo pelo qual escolheram a Ordem Sacerdotal de Arão.
E, também em nossos dias, muitas pessoas querem o poder da glória de um rei a seu
favor, mas não querem que este rei governe em seus corações.
Muitas pessoas querem o poder da glória de um rei justo e reto a seu
favor, mas não querem ser instruídas e preparadas sobre o propósito do
poder e da glória de um rei justo e reto.
Por fim, neste tópico, entendemos que ainda falta abordarmos a condição de Cristo
também ter sido “feito Rei como Filho do Homem” sobre todos os seres humanos,
todos os principados, todas as potestades ou todo poder.
Através de Abraão, vimos que Melquisedeque foi recebido e anunciado como o Rei
da Justiça e o Rei da Paz. Entretanto, para que estas características da realeza de
Melquisedeque fossem atestadas e testemunhadas à toda a geração de hebreus e a todos
os povos, também foi necessário que estas características fossem demonstradas como
sendo de fato parte do “já nascido Rei” segundo a Ordem de Melquisedeque.
Portanto, em Cristo, quando Ele veio ao mundo em carne, as declarações de que o
Melquisedeque era Rei da Justiça e Rei da Paz foram postas à prova ao extremo do que
poderia ser feito, mas foi também através destas severas provas que a condição de
realeza de Melquisedeque triunfou e foi demonstrada ser o que ela era de fato.
Em Cristo, que veio ao mundo “já nascido Rei”, foi demonstrado e comprovado que
Ele de fato era o Rei da Justiça e Rei da Paz diante da condição extrema de injustiça que
sobre Ele foi lançada e diante da situação extrema de ofensas que contra Ele foram
lançadas, conforme já havia sido de antemão anunciado também pelo profeta Isaías,
conforme segue:

Isaías 53: 1 Quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o


braço do SENHOR?
691

2 Porque foi subindo como renovo perante ele e como raiz de uma
terra seca; não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas
nenhuma beleza havia que nos agradasse.
3 Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de
dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens
escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso.
4 Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas
dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e
oprimido.
5 Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e
pelas suas pisaduras fomos sarados.
6 Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se
desviava pelo caminho, mas o SENHOR fez cair sobre ele a
iniquidade de nós todos.
7 Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro
foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus
tosquiadores, ele não abriu a boca.
8 Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua linhagem, quem dela
cogitou? Porquanto foi cortado da terra dos viventes; por causa da
transgressão do meu povo, foi ele ferido.
9 Designaram-lhe a sepultura com os perversos, mas com o rico
esteve na sua morte, posto que nunca fez injustiça, nem dolo algum
se achou em sua boca.
10 Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar;
quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua
posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR
prosperará nas suas mãos.
11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito;
o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos,
porque as iniquidades deles levará sobre si.
12 Por isso, eu lhe darei muitos como a sua parte, e com os poderosos
repartirá ele o despojo, porquanto derramou a sua alma na morte;
foi contado com os transgressores; contudo, levou sobre si o pecado
de muitos e pelos transgressores intercedeu.
----

Na cruz do Calvário, Cristo suportou as injustiças e os pecados de toda a


humanidade, declarou perdão aos seres humanos e ainda demonstrou, até o último
instante e sob grande aflição, que Ele era o caminho de salvação para todo aquele que
se achega a Deus através Dele, como foi o caso do ladrão que foi crucificado ao lado do
Senhor e que clamou por salvação nos instantes finais da sua vida.
Como Filho Eterno de Deus, Cristo já era Rei Eterno sobre tudo e sobre
todos por direito da sua posição de Criador Eterno.
Considerado também como descendente de Abraão, Cristo já era Rei por
direito da opção que Abraão fizera para os seus descendentes, pois foi
também por causa desta opção de Abraão que os seus descentes tinham
promessas do Senhor a eles endereçadas.
E, por fim, Cristo veio a ser “feito Rei” sobre tudo e sobre todos também
como o Filho do Homem por causa da prova de demonstração de justiça e
692

por direito de aquisição, com o seu sangue, de todos os que estavam


escravizados eternamente ao pecado e à lei segundo a Ordem de Arão.

Atos 2: 36 Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de


que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.

Aqui ainda, como uma observação adicional no sentido de ver mais aspectos da
legalidade de Cristo “feito Senhor” sobre tudo por causa da sua obra de justiça na cruz
do Calvário, sugerimos ver também o estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus.
Portanto, em Cristo, temos o Rei Eterno como Filho de Deus, mas em Cristo,
também temos o Rei Eterno feito Rei Eterno por direito de descendência dentre os
seres humanos e, ainda, através do direito que Cristo, como Filho do Homem, obteve ao
fazer a perfeita provisão de libertação para todas as pessoas e da criação da escravidão
ao pecado, à lei condenatória e ao reino das trevas.
E, agora, no Rei Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, temos
unificado o Sumo Sacerdote Perfeito, o Filho Eterno de Deus como o Rei
Eterno e perfeito, e o Filho do Homem perfeito também como Rei Eterno e
perfeito assentado à direita do Pai Celestial acima de tudo e de todos.

Hebreus 7: 26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este,


santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais
alto do que os céus,
27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si
mesmo se ofereceu.
28 Porque a lei constitui sumos sacerdotes a homens sujeitos à
fraqueza, mas a palavra do juramento, que foi posterior à lei,
constitui o Filho, perfeito para sempre.

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.

Apocalipse 1: 5 ... e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o


Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra.
Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos
pecados,
6 e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a
glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!
693

C31. A Glória do Rei da Justiça e Rei da Paz

A. Aspectos do Caráter e das Posturas do Rei Eterno que


Destoam dos Reis na Terra

Uma vez visto alguns dos aspectos do estabelecimento de Cristo como Rei à direita
do trono do Pai Celestial também como o Filho do Homem ressurreto, e uma vez visto
alguns pontos sobre a abrangência do seu reinado, entendemos que um próximo passo
que pode ser muito precioso e útil para a vida de um cristão é passar a conhecer
algumas das principais características que este Rei Eterno têm e alguns aspectos de
ações que este mesmo Rei adota em seu reinado.
Considerando que é do Rei Eterno que saem todas as instruções e
formas de condutas a serem praticadas no seu reinado ou que são
permitidas nos reinos que estão subordinados a Ele, também é no
conhecimento dos atributos do próprio Rei que mais amplamente poderão
ser conhecidas as características de como é o seu governo.
Além disso, conhecer especificamente alguns dos principais aspectos do caráter e
das posturas do Rei Eterno Jesus Cristo se mostra também essencial porque as suas
características não têm por base aquelas que os seres humanos tentam definir a
respeito deste Rei, mas aquilo que o próprio reino celestial define sobre quem é o Rei
deste reino e, consequentemente, sobre todos os reinos da Terra.
Assim como a definições do reino, da justiça, da salvação, da graça, do poder e da
paz de Deus, por exemplo, não são de acordo com as definições dos seres humanos
sobre estes aspectos, assim também as características e os atributos do Rei Eterno não
têm por base o que os seres humanos dizem sobre este Rei e sobre o seu reinado.
Muitas pessoas têm tentado extrair dos modelos humanos de reis e de governos de
como o Rei Eterno é, deveria ser ou como deveria ser o seu reinado. Entretanto, elas se
esquecem ou desprezam o fato de que os modelos humanos não servem de padrão para
o Rei Eterno, e que, pelo contrário, é o padrão do Rei Eterno é que as pessoas deveriam
compreender primeiro para também saberem como atuar em suas próprias vidas e para
com os seus semelhantes.
O Senhor Jesus Cristo claramente nos alertou que os governantes do
mundo não são o padrão a ser seguido por aqueles que querem ter a Cristo
como Senhor em suas vidas.

Mateus 20: 25 Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os


governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem
autoridade sobre eles.
26 Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se
grande entre vós, será esse o que vos sirva;
27 e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo;
28 tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
694

Lucas 22: 25 E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e
os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores.
26 Mas não sereis vós assim; antes, o maior entre vós seja como o
menor; e quem governa, como quem serve.
27 Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura,
não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou como aquele que
serve. (RC)
----

Quando vimos no capítulo anterior que em Cristo somos chamados a reinar em vida
através Dele, isto de forma alguma significa que Cristo chamou os cristãos a exercerem
domínio sobre os seus irmãos de fé ou reinarem sobre eles segundo as características e
atributos que muitos reinos do mundo estabelecem como seus padrões de governo.
Quando as pessoas têm expectativa de encontrar em Cristo o tipo de reinado
segundo os padrões dos poderosos da Terra, elas poderão vir a se frustrar com Cristo e
com quem Ele é, pois o Senhor Jesus jamais se equiparou e se deixará equiparar com
aquilo que as pessoas por si próprias definem sobre o que deveria ser e como deveria
agir um governante.
Similarmente, quando as pessoas têm expectativas de serem investidas de poder
pelo Rei Jesus segundo os padrões dos poderosos da Terra, elas também podem vir a se
frustrar com Cristo, pois Ele não lhes concederá este tipo de poder ou autoridade.
Como o Rei Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, Cristo é o Rei que está
assentado acima de todos os céus à direita do Pai Celestial ou com a posição mais
elevada e poderosa que pode existir em todo universo, estando sujeito somente ao
próprio Pai das Luzes.
Entretanto, ao mesmo tempo, as Escrituras nos informam que Cristo também é o
Rei perfeito em humildade, mansidão, justiça e paz, distinguindo a Cristo dos demais
reis e governantes já ou principalmente a partir dos atributos ou das virtudes da sua
própria pessoa.
Assim, um dos aspectos que mais confundiu muitas pessoas no passado e ainda
confunde a muitos quanto à autoridade do Senhor Jesus Cristo como o Rei Eterno,
sobre todos e todas as coisas, exceto sobre o Pai Celestial, refere-se aos atributos
singulares da sua pessoa e às posturas distintas de todos os outros reis que Ele adota.
Por exemplo, ainda que com alto grau de poder, qual outro rei em todo o universo
poderá declarar com propriedade as seguintes palavras que Cristo declarou?

Mateus 11: 27 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece o
Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar.
28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu
vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.
----
695

Qual rei na Terra, ainda que tivesse um altíssimo grau de poder, poderia dizer com
propriedade que “todos” os cansados e oprimidos poderiam vir a ele, pessoalmente ou
individualmente, que ele atenderiam a todos, que ele aliviaria cada um das suas cargas
eternas e que Ele ensinaria a cada pessoa de tal maneira que ela realmente encontrasse
o tão necessário descanso, não somente físico e material, mas também para a sua alma?
Qual é o rei na Terra, com alto grau de poder, poderia dizer com propriedade que
todos poderiam aprender Dele porque ele é “manso e humilde de coração”?
Ora, se um reino acaba refletindo em muitos aspectos a expressão de quem é o seu
rei, nenhum reino humano pode ser comparado com o reino de Deus e o reinado de
Cristo pelo simples fato de quem nenhum rei humano pode ser o que somente o Senhor
Jesus Cristo foi, é, e será para sempre, a saber: Perfeitamente manso e humilde de
coração, apesar do tudo me foi entregue por meu Pai.
O que confundia muitas pessoas no passado, e ainda intriga a muitos hoje, refere-se
à sua perplexidade de como que o Rei Eterno, que tem autoridade sobre tudo e sobre
todos, foi apresentado por Deus diante das pessoas quando Ele veio em carne ao
mundo, por exemplo, da maneira descrita nos textos a seguir:

Mateus 21: 5 Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde,
montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.

Isaías 42: 1 Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em
quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele
promulgará o direito para os gentios.
2 Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir a sua voz na praça.
3 Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que
fumega; em verdade, promulgará o direito.
4 Não desanimará, nem se quebrará até que ponha na terra o
direito; e as terras do mar aguardarão a sua doutrina.
5 Assim diz Deus, o SENHOR, que criou os céus e os estendeu, formou
a terra e a tudo quanto produz; que dá fôlego de vida ao povo que
nela está e o espírito aos que andam nela.
6 Eu, o SENHOR, te chamei em justiça, tomar-te-ei pela mão, e te
guardarei, e te farei mediador da aliança com o povo e luz para os
gentios;
7 para abrires os olhos aos cegos, para tirares da prisão o cativo e do
cárcere, os que jazem em trevas.
8 Eu sou o SENHOR, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a
darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura.
9 Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas eu
vos anuncio; e, antes que sucedam, eu vo-las farei ouvir.
----

O que confundia muitas pessoas no passado, e ainda intriga a muitos, refere-se à sua
indagação ou desprezo em relação ao fato que o Rei Eterno, que tem autoridade sobre
todos, adotou posturas que são consideradas como atitudes de servos e que Ele ainda
ensinou que aqueles que voluntariamente querem segui-lo também são chamados a
adotar posturas de humildade tais como Ele adotou, conforme também exemplificadas
abaixo:
696

Filipenses 2: 5 De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve


também em Cristo Jesus,
6 pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como
usurpação o ser igual a Deus;
7 antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura
humana,
8 a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e
morte de cruz.

Romanos 12: 16 Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas,
mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos.
17 A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas
perante todos os homens.

1 Coríntios 1: 26 Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não


foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos
poderosos, nem muitos de nobre nascimento;
27 pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para
envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para
envergonhar as fortes;
28 e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e
aquelas que não são, para reduzir a nada as que são;
29 a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.
30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou, da parte
de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.
----

Qual é o rei na Terra que as pessoas conheceram que era humilde e estaria disposto
a morrer humilhado, desprezado, ferido e completamente exposto numa vergonhosa
cruz, envergonhado perante o seu próprio povo e pelo seu próprio povo, sendo ele
plenamente inocente?
Qual rei no mundo presente iniciaria um projeto sabendo com certeza já de antemão
de que ele seria exposto à plena vergonha ou ignomínia como Cristo o fez?

Hebreus 12: 2 ... olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé,


Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou
a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do
trono de Deus.

Portanto, que tipo de reino é este que introduz o seu Rei em uma simples
manjedoura?
E o que, então, aquele que já era nascido Rei realmente veio oferecer?
Ou, principalmente, que tipo de Rei nos é oferecido em Cristo?
697

Parece que essas são questões para as quais muitas pessoas tendem a querer deduzir
as respostas por si mesmas ou do seu próprio agrado em vez de perguntarem e se
interessarem pelas respostas que o reino celestial que lhes é oferecido apresenta.
O Senhor Jesus nos ensina que o Reino de Deus não vem ao mundo com aparência
visível ou através de muitos aspectos que são tão significativos aos olhos naturais das
pessoas, conforme visto no estudo sobre O Evangelho do Reino de Deus. E nem o Rei
Jesus é um rei com características segundo os reinos da Terra. E Ele nunca o será,
porque Ele é Rei Segundo a ordem de Melquisedeque, ou seja, Ele é Rei da Justiça
Eterna e Rei da Paz Eterna.
Quando Cristo nos é apresentado e oferecido como o Sumo Sacerdote segundo a
Ordem de Melquisedeque, ele nos é apresentado como o Sumo Sacerdote com
características inteiramente distintas dos Sumo Sacerdotes da Ordem de Arão
precisamente por ser de uma ordem sacerdotal inteiramente distinta e associada à uma
lei inteiramente distinta da lei da Ordem de Arão ou similares a ela.
Similarmente, o fato do Senhor Jesus Cristo ser Rei Eterno segundo a Ordem de
Melquisedeque, denominado também de Rei da Justiça e Rei da Paz, também nos
mostra que os aspectos fundamentais da sua condição de regente estão amparados
pelos princípios da sua respectiva Ordem de Governo.
Justiça, paz e mansidão, por exemplo, nunca combinaram e nunca combinarão com
orgulho ou arrogância.
Por isso, Deus nos concedeu um Rei para também nos ensinar a “andar nas veredas
da justiça”, pois é pela justiça de Deus que, no final das contas, temos acesso à graça, à
paz e ao amor eterno de Deus também para as questões de governo sobre as nossas
vidas.

Romanos 5: 21 ... para que, assim como o pecado reinou na morte,


também a graça reinasse pela justiça para a vida eterna, por Jesus
Cristo, nosso Senhor. (RC)

Salmos 23: 1 O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.


...
3(b) ... Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.
----

Se através do sacerdócio eterno de Cristo somos chamados a ver a


misericórdia e amor de Deus baseada em sua justiça para permitir cada
indivíduo vir a “viver Nele”, pelo lado da posição de Cristo como o Rei
Eterno da Justiça e da Paz, vemos o compromisso que o amor de Deus tem
com a verdade e a sua justiça em não ser parte de nenhuma injustiça.

1 Coríntios 13: 6 (O amor) não se alegra com a injustiça, mas regozija-se


com a verdade.

Da mesma forma que o Senhor Jesus é o Sumo Sacerdote plenamente


distinto e incomparável a qualquer sacerdócio humano por causa do seu
698

caráter de verdade e de justiça, assim Ele também é Rei incomparável com


qualquer rei ou governante que possa existir entre os seres humanos, quer
tenham pouco poder ou tenham muito poder aos olhos das pessoas do
mundo.
Portanto, em sua glória eterna, o Senhor Jesus Cristo sempre foi Rei, nasceu Rei e
foi feito Rei segundo as características do reino de Deus e não segundo o pensamento
ou o desejo inapropriado de muitas pessoas ou de outros reis.
O Senhor Jesus Cristo já era Rei Eterno e também foi estabelecido como
Rei como Filho do Homem, mas tudo isto para ser o Rei segundo o que as
pessoas precisam que Ele seja nelas e para elas.
O fato de precisarmos de um Sumo Sacerdote perfeito que pode nos salvar e
reconciliar com Deus, por outro lado, também implica que necessitamos de um Rei que
seja poderoso para fazê-lo de tal forma que tudo seja realizado segundo a verdade e a
justiça do Senhor, mostrando-nos que a justiça do sacerdócio de Cristo e da realeza de
Cristo se complementam em perfeição e são aspectos absolutamente inseparáveis
porque ambos igualmente atuam em tudo segundo a base do mesmo e único trono
eterno de Deus.

Salmos 89: 14 Justiça e juízo são a base do teu trono; misericórdia e


verdade vão adiante do teu rosto.

Apesar de Rei Eterno, Cristo permanece como Sumo Sacerdote Eterno


porque é nesta posição de sacerdócio que encontramos toda a provisão da
verdadeira justiça para podermos ter a nossa comunhão com Deus
restaurada. Entretanto, apesar de Sumo Sacerdote Eterno, Cristo também
é Rei Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, para que tudo o que é
realizado pelo Rei Eterno na vida de um indivíduo salvo também seja feito
segundo a verdade e a justiça de Deus.

Efésios 4: 22 ... quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem,


que se corrompe segundo as concupiscências do engano,
23 e vos renoveis no espírito do vosso entendimento,
24 e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e
retidão procedentes da verdade.

Conforme vimos no livro de Hebreus, nos é necessário um Sumo Sacerdote perfeito


e que possa se compadecer de nós em nossas fraquezas. Entretanto, também vemos no
mesmo livro de Hebreus que igualmente nos é necessário um Rei Soberano segundo a
justiça e a paz para que a salvação que nos foi provida também possa ser em tudo
sustentada eternamente segundo a justiça e a paz de Deus.

Hebreus 7: 1 ... este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus


Altíssimo, ...
2(b) primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei
de Salém, ou seja, rei de paz.
699

As manifestações das riquezas da glória de Cristo vão se somando e


atuando em cooperação para que saibamos que tudo o que Nele há, tudo o
que Ele faz e também tudo o que Ele nos instrui a fazer sempre está
alinhado com a justiça e os seus perfeitos atributos.
O Rei Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, não chama as pessoas salvas
através da justiça celestial da sujeição à injustiça para propor-lhes o reino de Deus para
voltarem a agir de forma contrária a justiça na qual o trono celestial está
fundamentado.

Apocalipse 15: 3 ... e entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o


cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas
obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus
caminhos, ó Rei das nações!
----

E similarmente à justiça celestial também ocorre em relação ao aspecto da paz.


Em Cristo, uma vez justificadas Nele para viverem e andarem em justiça, as pessoas
também são chamadas a uma paz distinta do que o mundo pode lhes oferecer, a
começar pela reconciliação ou paz com Deus e pela paz que o Senhor Jesus lhes confere
ao coração, conforme abordado mais amplamente no estudo sobre O Evangelho da Paz
e do qual relembramos os seguintes textos:

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

João 14: 27 Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a
dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

Romanos 14: 17 Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.

Ainda que algum rei ou governo no mundo possa cooperar para que as pessoas que
fazem parte da extensão do seu domínio venham a ter um alto grau de paz social em
seu território, a paz que se estende ao coração de cada indivíduo e para além da vida no
plano natural jamais pode ser proporcionada por um governante humano, pois a
concessão desta vem exclusivamente do Deus de toda paz, do reino que é paz e do Rei
de Salém ou Eterno Príncipe da Paz.

Isaías 9: 6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o


governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;
700

7 para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o
trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar
mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do
SENHOR dos Exércitos fará isto.

Atos 10: 36 Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel,
anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é
o Senhor de todos.

2 Pedro 1: 2 Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno


conhecimento de Deus e de Jesus, nosso Senhor.

Concluindo este tópico, ressaltamos ainda que igualmente ao chamado para


andarmos em justiça porque Cristo é a nossa justiça, assim também somos chamados a
cooperar com a paz vinda a nós através do governo do Eterno Rei da Paz.

Romanos 6: 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de


maneira que obedeçais às suas paixões;
13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como
instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça.
14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais
debaixo da lei, e sim da graça.

Romanos 12: 17 Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por
fazer o bem perante todos os homens;
18 se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os
homens.

Mateus 5: 9 Bem-aventurados os pacificadores, porque serão


chamados filhos de Deus.
701

B. O Aspecto da Justiça e da Paz no Nível Individual e Coletivo

Considerando que a base ou o fundamento dos temas da justiça e da paz de Deus em


Cristo já foram amplamente abordados nos estudos sobre O Evangelho da Justiça de
Deus e o sobre O Evangelho da Paz, não gostaríamos de tratá-los pormenorizadamente
neste ponto, onde o nosso foco está mais voltado a evidenciar mais enfaticamente o que
a glória de Cristo, segundo a Ordem de Melquisedeque, nos oferece não somente como
o nosso Sumo Sacerdote Eterno e perfeito, mas também como um Rei que é
perfeitamente fundamentado na justiça e na paz de Deus.
Entretanto, nos estudos referenciados no parágrafo anterior, há algumas ênfases
sobre a justiça e a paz de Deus que não foram abordadas neles visto que, em certo
sentido, necessitavam também ser precedidos de uma maior compreensão da condição
ora abordada de Cristo ser o Rei Eterno e responsável diante de Deus para que todas as
coisas estejam em funcionamento segundo a justiça do trono do Senhor.
Se, por um lado, Cristo veio em carne ao mundo para andar em plena justiça para
poder fazer uma provisão perfeita e justa para a salvação de todos os escravizados ao
pecado e à lei do sacerdócio da Ordem de Arão, por outro lado, depois de ressurreto, o
Pai Celestial manifestou a Cristo também como o Rei Eterno da Justiça e da Paz, junto
ao seu trono celestial. E isto, para que a realização e a sustentação da salvação de cada
indivíduo possa igualmente ser feita em plena justiça diante de Deus como diante de
todo o mundo para que ninguém, jamais, possa questionar a retidão da salvação de
Deus e aquilo que o Senhor ainda faz e fará em prol daqueles que são salvos.
O fato de Cristo não estar intervindo no mundo da maneira como muitas pessoas
gostariam nas suas limitadas percepções, não significa que Ele não esteja em pleno
exercício da sua posição de Rei da Justiça e Rei da Paz.
Sem o governo de Deus e se não fosse a presença de Cristo reinando sobre tudo, o
mundo já teria entrado em colapso, ainda que, as vezes, possa parecer aos seres
humanos que Cristo tarde a intervir.
Durante os vários capítulos que têm composto este estudo até o presente ponto,
procuramos abordar o aspecto de Cristo ser a dádiva de Deus para a salvação, vida e
instrução de cada indivíduo que Nele crê e que o invoca como Senhor.
A salvação de Deus é oferecida a todas as pessoas, sem distinção. Entretanto, ao
mesmo tempo, ela pode ser aceita individualmente no coração por uma pessoa ainda
que ninguém ao redor a receba conjuntamente com ela, mostrando que Cristo tem
pleno compromisso em salvar a todo e qualquer um que clamar a Ele como Senhor para
também receber esta salvação.
Uma vez que o Senhor Jesus Cristo fez um perfeito sacrifício eterno para a redenção
de todos, Ele também pode perfeitamente salvar a todos aqueles que se achegam a
Deus através Dele, ainda que outros ao redor dos que vão sendo salvos não queiram a
Cristo como Senhor em suas vidas ou ainda não inclinaram o coração a esta escolha.

Hebreus 7: 25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

Entretanto, na medida em que a salvação de uma pessoa vai sendo vivenciada e


expressa nas mais diversas áreas da sua vida, entendemos que se faz necessário saber
702

que a salvação que o Senhor estende a uma pessoa também acabará tendo reflexos na
vida coletiva em que esta pessoa está inserida.
Assim, por sua vez, o aspecto de uma pessoa viver em um ambiente coletivo faz com
que o Senhor Jesus também precise ser, ao mesmo tempo, um Sumo Sacerdote Eterno
e poderoso para receber e ouvir cada indivíduo nos seus mais diversos clamores
pessoais, bem como um Senhor que sabe ponderar o atendimento ou as repostas a cada
indivíduo naquilo que estiver de acordo com a justiça e a retidão de Deus para com as
demais pessoas e para com os demais aspectos que sustém o universo.
Quando pensamos na vida prática na Terra, sabemos que, em muitos aspectos, a
vida também tem inevitavelmente um lado “coletivo”. E tudo o que é coletivo entre os
seres humanos, apresenta o risco de injustiças, contendas, desavenças, opiniões
divergentes, e muitas coisas que as pessoas sabem muito bem que acontecem.
Na coletividade, nem todos tem ao Senhor Jesus como seu Eterno Sumo Sacerdote.
Similarmente, aqueles que têm a Cristo como Senhor também nem sempre estão em
comunhão como Ele e, por isso, nem sempre agem de acordo com a vontade de Deus.
Sem a direção do Senhor, as pessoas fazem as obras de acordo com a vontade da
carne, o que, por sua vez, acarreta em consequências não harmonizadas com Deus e
nem com o próximo.
Paulo nos informa que essas obras da carne não são um segredo desconhecido que
não possa ser entendido. Pelo contrário, as obras da carne são muito explícitas, e
através delas, muita injustiça e contendas são introduzidas. Através das obras da carne
surgem muitos dos denominados “conflitos de interesses”.

Gálatas 5: 19 Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição,


impureza, lascívia,
20idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias,
dissensões, facções,
21 invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, a
respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que
não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam.

No estudo sobre O Evangelho da Paz, foi abordado que os aspectos dos conflitos das
obras da carne podem variar de pequenas desavenças a grandes eventos mundiais. As
contendas podem crescer e se tornarem até em guerras de grandes dimensões. O fato é
que tanto os pequenos e grandes conflitos podem gerar dissabores, dores e injustiças.
E sempre que há injustiças, também a paz é confrontada.
Agora, se olharmos o contexto descrito acima a partir da perspectiva em que um rei
precisa administrar ou governar sobre tudo o que é justo e tudo o que é injusto que está
sujeito ao seu governo, quão grande não é a missão ou a tarefa deste rei?
Assim, se a grandeza de Cristo como o Sumo Sacerdote Eterno, Advogado e Autor e
Consumador da Fé em Deus já é de uma riqueza e de uma abrangência imensurável a
ponto Dele poder receber cada pessoa individualmente e continuamente diante do Pai
Celestial, quão sublime e imensurável igualmente não é a posição de Cristo como Rei
Eterno sobre tudo e sobre todos, inclusive, sobre justos e injustos?
Na posição de Rei, e Rei da Justiça e Rei da Paz, segundo a Ordem de
Melquisedeque, o Senhor Jesus também é responsável pela administração
703

de tudo o que existe e do funcionamento conjunto de todas as coisas sem


que Ele seja cúmplice de qualquer injustiça.
Da mesma maneira que necessitamos ter os olhos do entendimento iluminados para
a grandeza do nosso Eterno Sumo Sacerdote para de vê-lo adequadamente mediante a
fé e de acordo com a ordem em que atua, precisamos também ter os olhos do
entendimento iluminados para ver o Rei Jesus Cristo segundo a Ordem de
Melquisedeque, Rei de Salém e que se interpreta Rei da Justiça e Rei da Paz.
Se os desafios de Cristo para ser um Sumo Sacerdote Eterno perfeito para mediar a
Deus para com todas as pessoas e para mediar todas as pessoas diante de Deus já
extrapola qualquer possibilidade humana de compreensão, ainda muito mais
engrandecida se revela a glória do Senhor já imensurável quando passamos a ver
adicionado a ela que Cristo é também o Rei sobre cada indivíduo e, ao mesmo tempo,
sobre todos os conjuntos coletivos que há no universo.
Entretanto, uma perspectiva minimamente satisfatória sobre a condição de Cristo
como o Rei Eterno sobre tudo e sobre todos, no individual e no coletivo, não somente é
relevante, mas também é crucial para que uma pessoa não crie uma ideia incorreta de
quem vem a ser o próprio Senhor como Sumo Sacerdote e Rei Eterno.
Na medida em que as pessoas perdem a perspectiva da condição de
Cristo ser o Rei Eterno plenamente correto ou justo para com todos e que
Ele faz tudo com base na justiça celestial, as pessoas tendem a criar
“fantasias” do que Cristo pode fazer através delas ou até do que acham que
Cristo deveria fazer a seu favor.
Quando as pessoas perdem a perspectiva, minimamente satisfatória, de
Cristo como Rei da Justiça e Rei da Paz sobre todo o universo, elas tendem
a se inclinar ao pensamento de que Cristo, e também o Pai Celestial e o
Espírito Santo, estão à sua disposição para lhes servirem nos seus mais
diversos interesses, esquecendo-se, porém, que o Senhor somente serve as
pessoas e somente coopera com as pessoas segundo a sua retidão, verdade
e justiça.
Quando as pessoas perdem a perspectiva da condição de Cristo como Rei segundo a
Ordem de Melquisedeque, elas também começam a perder a noção de que procurar a
Cristo para que Deus supra os seus desejos carnais inclusive caracteriza uma inimizade
para com o Senhor.

Tiago 3: 16 Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e


toda espécie de coisas ruins.
17 A sabedoria, porém, lá do alto é, primeiramente, pura; depois,
pacífica, indulgente, tratável, plena de misericórdia e de bons frutos,
imparcial, sem fingimento.
18 Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que
promovem a paz.
4: 1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De
onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?
2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter;
viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;
3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em
vossos prazeres.
704

4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de


Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se
inimigo de Deus.
5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por
nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos,
mas dá graça aos humildes.
7 Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de
vós.
8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos,
pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
9 Afligi-vos, lamentai e chorai. Converta-se o vosso riso em pranto, e
a vossa alegria, em tristeza.
10 Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos exaltará.
----

Se Cristo, como Sumo Sacerdote Eterno, é misericordioso e conhece as aflições que


sofremos no mundo, por outro lado, como Rei, Cristo tem um compromisso, acima de
tudo, com a verdade e a justiça para com o Pai Celestial e para com todas as pessoas.
Quando passamos ver a Cristo como o Rei da Justiça e Rei da Paz,
precisamos entender que para Ele ser justo e reto, é necessário que Ele
guie cada pessoa que recorre a Ele de forma que cada instrução dada a este
indivíduo seja cooperativa com toda a regência geral da justiça que está sob
o governo do Senhor, e não contrária a ela.
Portanto, quão elevado ou extraordinário não é, então, a administração do conjunto
de opções que os mais diversos seres do universo querem adotar simultaneamente?
Razão pela qual, o Pai Celestial estabeleceu exclusivamente a Cristo como o Rei Fiel
sobre todos para fazê-lo sempre segundo a justiça celestial.
Cristo é Aquele que restaura a presença de Deus no coração daqueles que creem no
Senhor e no seu Evangelho, e ainda os chama para estarem Nele. Entretanto, Ele
também o faz para que aqueles que tiveram a comunhão restaurada com Deus possam
deixar de servir ao pecado e possam ser restaurados à condição de justiça e de
instrumentos da justiça do Senhor.

2 Coríntios 5: 18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.
20 De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se
Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois,
rogamos que vos reconcilieis com Deus.
21 Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para
que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.

Romanos 6: 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de


maneira que obedeçais às suas paixões;
705

13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como


instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça.

Cristo nos foi concedido para que pudéssemos ser libertos do “reinado
do pecado e das paixões da carne”, mas fez isto para que também
pudéssemos ser colocados sob um “reinado de justiça e verdade”.
Dessa forma, se, por um lado, Cristo se doou em favor da salvação de todos e é
longânime com os pecadores, por outro lado, Cristo tem uma agenda de justiça a ser
estabelecida e que pode implicar em que Ele não irá esperar indefinidamente até que
uma pessoa se arrependa da sua sujeição ao pecado para que somente então Ele
estabeleça a justiça de Deus.
O Senhor Jesus não é o tipo de rei que dá “circo e pão para o povo”. Ele não é o rei
que evita que todas as pessoas, independente do que fazem, jamais sofram as
consequências de atos contrários a Deus que adotam. Cristo não é o rei que tem que
patrocinar extensas e demoradas empreitadas de más cobiças das pessoas e ainda
assim protegê-las de todos os danos, e assim por diante.
Portanto, o assunto da posição de Cristo como o Rei da Justiça e da Paz jamais
deveria ser visto de forma leviana.
O desejo de Deus de fato é de que vivamos na Terra em mansidão e tranquilidade.
Entretanto, ou ao mesmo tempo, o Senhor quer que tenhamos esta quietude e sossego
para serem usadas para um propósito nobre, justo e que promovam a justiça e a paz,
conforme Paulo escreve à Timóteo:

1Timóteo 1: 19 ... conservando a fé e a boa consciência, rejeitando a qual


alguns fizeram naufrágio na fé.
20 E entre esses foram Himeneu e Alexandre, os quais entreguei a
Satanás, para que aprendam a não blasfemar.
2: 1 Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações,
orações, intercessões e ações de graças por todos os homens,
2 pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade.
3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador,
4 que quer que todos os homens se salvem e venham ao
conhecimento da verdade.
5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens,
Jesus Cristo, homem,
6 o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para
servir de testemunho a seu tempo. (RC)
----

No texto do livro de Timóteo exposto acima, podemos observar que a vontade de


Deus expressa a todos os homens é voltada ao bem de todos, mas também podemos ver
que alguns “tendo rejeitado a boa consciência, vieram a naufragar na fé”.
E por sua vez, podemos notar que aqueles que naufragaram na fé estavam adotando
uma posição de blasfemarem contra Deus, o que em si mesmo não afeta a Deus ou faz
706

que o Senhor deixe de ser quem Ele é. Entretanto, como a atitude pessoal dos
blasfemadores poderia ter reflexos muito negativos sobre outras pessoas, o Senhor
interveio severamente contra eles ainda que estes anteriormente já tivessem crido em
Cristo Jesus.
Por que, então, Himeneu e Alexandre foram entregues a Satanás? Porque
blasfemaram contra a justiça de Cristo que produz fé e uma boa consciência.
Rejeitaram a Cristo como Sumo Sacerdote Eterno na purificação da consciência, mas
também rejeitaram a Cristo como o Rei da Justiça que concede todas as instruções
segundo uma boa consciência em conformidade com a retidão de Deus.
Aqueles que rejeitaram a consciência e a justiça segundo o Senhor Jesus Cristo
naufragaram na fé, chegando, inclusive, ao ponto de blasfemarem contra o Rei da
Justiça.
Assim, apesar de sua imensurável misericórdia e compaixão com o pecador, o
Senhor Jesus Cristo, como o Rei da Justiça, também atua para tratar com a raiz da
injustiça e das contendas, e não somente para apaziguar as manifestações externas ou
superficiais como era feito sob a Ordem de Arão.
O Senhor Jesus Cristo jamais abrirá mão do comprometimento com a
verdade e a justiça nas quais o seu trono está fundamentado. O Senhor
Jesus, embora imensuravelmente misericordioso e paciente para com
todos os pecadores, tem um compromisso inegociável em permanecer na
justiça celestial e dela não será demovido nem que isto implique em que
uma pessoa que o rejeitou se coloque sob a condição de perecer.
Desta forma, quando uma pessoa escolhe a Cristo como Salvador, ela também é
chamada a conhecer e reconhecer que este mesmo Cristo é o Rei da Justiça que jamais
se apartará da justiça que é parte integrante do reino celestial.

Salmos 98: 2 O SENHOR fez notória a sua salvação; manifestou a sua


justiça perante os olhos das nações.

Malaquias 4: 2(a) Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o
sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas

Romanos 10: 10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca
se confessa a respeito da salvação.
----

Conforme já comentamos anteriormente, a graça de Deus tem a sustentação do seu


reinado na justiça de Deus, e ela jamais se apartará da justiça do Senhor.

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
707

Romanos 5: 18 Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre
todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de
justiça, veio a graça sobre todos os homens para a justificação que
dá vida.

Romanos 5: 20 Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde


abundou o pecado, superabundou a graça,
21 a fim de que, como o pecado reinou pela morte, assim também
reinasse a graça pela justiça para a vida eterna, mediante Jesus
Cristo, nosso Senhor.

Gálatas 2: 21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a


lei, segue-se que morreu Cristo em vão.
----

Cristo tem a provisão superabundante da graça para a salvação de todo


aquele que Nele crer.
Cristo também tem a provisão superabundante da graça para que uma
pessoa salva possa vir a experimentar, ainda em vida na Terra, a novidade
de vida segundo esta graça mesmo que esteja rodeada de injustiças que há
no mundo.
Entretanto, a graça de Cristo jamais se manifesta dissociada da condição de Cristo
ser o Rei da Justiça, assim como jamais pode haver graça e paz dissociada desta posição
de realeza de Cristo sobre tudo e sobre todos para reinar sempre segundo a justiça do
Pai Celestial.

2 Pedro 1: 1 Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que


conosco obtiveram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e
Salvador Jesus Cristo,
2 graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno conhecimento de
Deus e de Jesus, nosso Senhor.

Quer no menor dos detalhes da vida de cada indivíduo ou quer nos


acontecimentos relacionados a grandes multidões e ao universo, Cristo
jamais reinará contrário à sua condição de Rei da Justiça e Rei da Paz
segundo a Ordem de Melquisedeque e para a qual o Pai Celestial o
estabeleceu para sempre.

Provérbios 16: 12 A prática da impiedade é abominável para os reis,


porque com justiça se estabelece o trono.

Romanos 14: 17 Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas
justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
708

Jeremias 23: 5 Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que levantarei a
Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e
executará o juízo e a justiça na terra.

Salmos 99: 1 Reina o SENHOR; tremam os povos. Ele está entronizado


acima dos querubins; abale-se a terra.
2 O SENHOR é grande em Sião e sobremodo elevado acima de todos
os povos.
3 Celebrem eles o teu nome grande e tremendo, porque é santo.
4 És rei poderoso que ama a justiça; tu firmas a equidade, executas o
juízo e a justiça em Jacó.
5 Exaltai ao SENHOR, nosso Deus, e prostrai-vos ante o escabelo de
seus pés, porque ele é santo.
709

C. O Rei que Serve Segundo a Vontade de Deus e Não Segundo a


Vontade da Criatura

Ver a glória do Senhor Jesus Cristo sob a perspectiva de Ele ser o nosso Rei da
Justiça e Rei da Paz não somente é interessante, mas também vital para que vejamos a
glória da justiça e da paz celestial como aspectos inseparáveis de qualquer ação do
Senhor.
Entretanto, o entendimento de que Cristo tem na sua glória a condição de Rei da
Justiça e Rei da Paz também pode ser muito significativo para o ajuste de uma outra
percepção sobre como é o nosso Senhor Jesus Cristo na sua relação para conosco, a
saber: A condição de Cristo ser também o Rei que serve.
Muita literatura tem sido produzida no mundo sobre a condição humilde de Cristo
como servo. Entretanto, muitas vezes, parece que há mais literatura sobre o estado de
Cristo ser servo do que a condição de Cristo ser antes o Rei sobre tudo e sobre todos. E
ainda, parece que muitos dos materiais literários sobre Cristo como servo
simplesmente nem cogitam abordar a questão de Cristo ser o Rei da Justiça e da Paz, o
Rei elevado junto ao Pai Celestial e acima de toda a criação.
Como servo, Cristo nunca deixou de estar sob plena direção do Pai
Celestial através do Espírito Santo, e nunca deixou de estar em posição de
regência sobre os fatos que estavam ao seu redor enquanto servia as
pessoas.
Portanto, assim como a posição de Rei segundo a Ordem de Melquisedeque não
pode ser definida a partir do entendimento que a criação tem sobre o que vem a ser
realeza celestial, assim também o entendimento do que vem a ser servo ou de Cristo
como servo não pode ser definido com base nos conceitos de servos e escravidão que o
mundo adota.
Quando as Escrituras nos orientam a buscar as coisas que são do alto, e não as
terrenas, e quando nos orientam a sermos transformados pela renovação de
entendimento, elas incluem todos os assuntos da vida, mas também os assuntos
pertinentes ao Doador e Rei sobre toda a vida.
E diante disso, o Senhor Jesus Cristo não foi revelado como Rei acima de todas as
coisas para realizar o desejo de todas as pessoas, mas para fazer, acima de tudo, o
desejo do Pai Celestial que o estabeleceu na função de Rei Eterno ou de Senhor sobre
todos.
O Senhor Jesus Cristo faz o bem às pessoas porque o Pai Celestial as quer bem e o
Senhor Jesus Cristo, em última análise, só presta contas ao Pai Celestial. O Senhor
Jesus Cristo, em última análise, serve ao Pai Celestial e somente serve às pessoas se o
Pai Eterno quiser que Ele sirva as pessoas.

João 8: 28 Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do


Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim
mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.

Se, por um lado, no Sacerdócio Eterno de Cristo, temos alguém que se compadece de
nós, nos auxilia em nossas fraquezas, nos purifica, nos concede vestes da nova criatura
em Deus, por outro lado, em Cristo como Rei, nós temos alguém que sabe muito bem o
710

que precisa ser feito em todo o mundo e que tem uma agenda muito específica junto ao
Pai Celestial para cumprir.
O Senhor Jesus Cristo não é o servo que virou rei. O Senhor Jesus é o Rei
Eterno que serve ou assume a posição de servo, mas sem nunca ter se
apartado do seu chamado de ser Rei e Soberano sobre tudo e sobre todos.
Quando esteve em carne na Terra, o Senhor Jesus Cristo se doou pelas pessoas até a
morte, mas não qualquer morte. Cristo deu a sua vida por todas as pessoas através da
morte que Ele precisava morrer. A morte a respeito da qual havia sido profetizado ao
longo de séculos e sobre a qual havia sido instruído especificamente pelo Pai Celestial.

João 10: 17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a
reassumir.
Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
18
dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este
mandato recebi de meu Pai.

Lucas 22: 42 ... dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.

João 18: 11 Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não
beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?
----

Similarmente, no episódio em que o Senhor Jesus lavou os pés dos seus discípulos
para lhes ensinar a respeito de uns servirem aos outros, Cristo, em momento algum,
entregou o controle da reunião aos seus discípulos.
Ainda que servindo aos seus discípulos e ensinando-os a servirem uns
aos outros, o Senhor Jesus sabia o que fazia e onde queira chegar, porque
Ele nunca deixou de ser Rei apesar de servir.
Conforme vimos no capítulo anterior, lembremos aqui que Cristo como recém-
nascido já nasceu Rei.
A seguir notemos, então, mais alguns versículos que mostram a humildade do
Senhor Jesus e, ao mesmo tempo, a sua humildade na sua grandeza.

João 13: 3Sabendo Jesus que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele
viera de Deus, e voltava para Deus,
4 levantou-se da ceia, tirou a vestimenta de cima e, tomando uma
toalha, cingiu-se com ela.
5 Depois, deitou água na bacia e passou a lavar os pés aos discípulos
e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
6 Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, e este lhe disse: Senhor, tu me
lavas os pés a mim?
7 Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço não o sabes agora;
compreendê-lo-ás depois.
8 Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se
eu não te lavar, não tens parte comigo.
711

9 Então, Pedro lhe pediu: Senhor, não somente os pés, mas também
as mãos e a cabeça.
10 Declarou-lhe Jesus: Quem já se banhou não necessita de lavar
senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo. Ora, vós estais
limpos, mas não todos.
11 Pois ele sabia quem era o traidor. Foi por isso que disse: Nem todos
estais limpos.
12 Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à
mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz?
13 Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou.
14 Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós
deveis lavar os pés uns dos outros.
15 Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós
também.
16 Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que
seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.
17 Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as
praticardes.
----

No mundo, muitas pessoas pensam que a vida cristã é uma vida de rendição e ajuda
aos outros até o esgotamento das suas forças, independentemente se aquilo que as
pessoas lhes pedem é segundo a vontade de Deus ou não. E pensam que “isso é o amor
que todo crente deveria ter”.
Até devido ao desejo de seguir o exemplo de Cristo, vários cristãos
podem chegar a pensar inapropriadamente que servir é fazer os caprichos
dos outros. Isto, porém, é um disparate ou um absurdo!
Se alguém observar o relato descrito acima por João, poderá perceber que o Senhor
Jesus nunca perdeu o controle de nenhuma situação quando servia as pessoas.
Assim, quando Pedro disse que não deixaria o Senhor lavar os seus pés, o Senhor
não lhe deu espaço algum porque Pedro estava tentando tomar o controle das ações da
reunião e, por consequência, das ações que ele achava que Cristo deveria fazer.
Embora tivesse vindo ao mundo para servir as pessoas, Cristo jamais
entregaria a outros a condução do que a Ele cabia conduzir.
Cristo se apresentou como servo, mas, ao mesmo tempo, deixou
explicitamente claro que Ele era o Senhor e o Mestre maior que qualquer
um dos seus seguidores e discípulos.
A grandeza de Cristo ter lavado os pés dos discípulos, como exemplo
sibre servir, não estava no fato de que um escravo dos discípulos o fez, mas
estava no fato do “Rei do Universo” e “Senhor das suas vidas” ter feito o
que fez.
A posição firme e inabalável do Senhor na sua humildade é algo que
confunde muitas pessoas. E jamais a humildade e o servir de Cristo deveria
levar uma pessoa a deduzir ou pensar que Cristo pode ficar sujeita a ela,
pois como Abraão já descobriu quando conheceu a Melquisedeque, o
menor é abençoado pelo mais proeminente.
712

Hebreus 7: 7 Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo


maior. (RC)

O fato de Cristo estar servindo aos seus discípulos não foi feito em desacordo como o
princípio do maior abençoar o menor. Entretanto, ainda que servindo e ter vindo em
carne ao mundo para servir, Cristo deixou notoriamente claro que a ordem da sua
posição e dos seus discípulos jamais poderia ser invertida.

Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do


João 13: 16
que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou.

Apocalipse 19: 16 Tem no seu manto e na sua coxa um nome inscrito:


REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES.
----

Pessoas dissociadas de uma boa consciência em relação à glória de Cristo como o Rei
da Justiça e Rei da Paz muitas vezes também são aquelas que tentam confundir a
outros para levá-los a crer que podem ter a Deus por seu servo e ter a Cristo como o
cumpridor das mais diversas declarações que estes fazem em suas arrogantes condutas
e posições.
Quando Pedro replicou ao convite de Cristo quando o Senhor Jesus disse que lavaria
os seus pés, Cristo não impôs a Pedro que ele deixasse que seus pés fossem lavados. O
Senhor não disse a Pedro: “senta aí porque sou eu que mando e vou lavar os teus pés”.
Entretanto, Cristo também não permitiu Pedro tomar conta da condução dos
eventos durante a ceia que iria ter com os seus discípulos. E firmemente deu a Pedro
uma alternativa para que este optasse o que queria fazer, dizendo-lhe: Se eu não te
lavar, não tens parte comigo!
Pedro poderia ter escolhido ir embora, mas o Senhor não abriu mão do serviço que
iria realizar e da maneira que iria fazê-lo a Pedro, pois Cristo não veio à Terra fazer o
que “Pedros” querem que seja feito, mas Ele veio para fazer a vontade do Pai Celestial e
falar o que o Pai Celestial queria que falasse. E também é devido a isto que o Pai
Celestial confiou a autoridade sobre tudo exclusivamente a Cristo.
Mais uma vez, então, por que o Senhor agiu assim para com Pedro?
Através do exemplo de Pedro, entre outros aspectos, o Senhor Jesus nos ensinou que
Ele somente nos serve naquilo que visa o nosso bem. E jamais seria bom para Pedro e
para nós se o Senhor deixasse a criatura assumir domínio sobre o nosso Criador.
No referido episódio, Cristo deixou claro que Ele é que era de fato o Senhor e o
Mestre, e que Ele serviria os seus discípulos naquela situação, mas desde que eles o
respeitassem como o Senhor e Mestre que serve. E Cristo serviu aos seus discípulos
mesmo sabendo que algumas horas após aquela reunião, Ele seria pregado em uma
cruz no lugar chamado Calvário.
O Jesus Salvador, o Cordeiro de Deus, o Sumo Sacerdote Eterno que se
compadece de nós, é o Cristo, o Rei sobre tudo e todos, mas sempre
subordinado e fiel ao Pai Celestial e a vontade do Deus Altíssimo, condição
713

que Ele não abrirá mão por nenhuma pessoa e por nenhum desejo da
criação.
Se em um momento particular da história Cristo permitiu que as trevas triunfassem
sobre Ele, também foi porque nesta concessão de triunfo das trevas estava a
demonstração da vitória de Deus através de Cristo sobre as próprias trevas e estava a
condenação das trevas naquilo que elas achavam que poderiam ser o seu maior triunfo.

1 Coríntios 1: 25 Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os


homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.

1 Coríntios 2: 6 Entretanto, expomos sabedoria entre os


experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos
poderosos desta época, que se reduzem a nada;
7 mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a
qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória;
8 sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu;
porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor
da glória;
9 mas, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram,
nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado
para aqueles que o amam.

Apocalipse 17: 14 Pelejarão eles contra o Cordeiro, e o Cordeiro os


vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão
também os chamados, eleitos e fiéis que se acham com ele.
----

Se, por um lado, Cristo tem todo o tempo que é necessário para nos atender, por
outro, Ele está sujeito a uma linha de comando diante do Pai Celestial na qual Ele é
chamado a agir em tudo com justiça e conforme o Pai lhe orienta.
Por causa da condição geral de Cristo como o Rei da Justiça e Rei da Paz,
assim como também sujeito à realizar todo o querer de Deus, ninguém
deveria desprezar o dia da graça e o dia da salvação em qualquer área da
vida, pois, no aspecto geral, Cristo também é o Senhor que dará a devida
sequência àquilo que o Pai Celestial lhe instruir a realizar.

2 Coríntios 6: 1 E nós, na qualidade de cooperadores com ele, também


vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus
2 (porque ele diz: Eu te ouvi no tempo da oportunidade e te socorri
no dia da salvação; eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis,
agora, o dia da salvação).

Assim, quando chegamos ao nosso Sumo Sacerdote perfeito e eterno e deixamos que
Ele nos conduza ao Pai Celestial, o Pai Eterno, por sua vez, exalta ao Senhor Jesus
diante dos nossos olhos, e nos faz vê-lo também como seu Filho Eterno, o Cristo, o Rei
sobre todos os Reis e o Senhor de todos os Senhores a quem, em tudo, somos chamados
714

a ouvir e obedecer. E jamais alguma pessoa conseguirá inverter qualquer plano que o
Pai Celestial tenha para com o Filho e Rei Jesus Cristo ou qualquer agenda que Cristo
tenha para como o Pai Eterno, pois foi o Pai que o exaltou à estas posições.

Mateus 17: 1 Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos
Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte.
2 E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o
sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
3 E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4 Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se
queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés,
outra para Elias.
5 Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis,
vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo; a ele ouvi.
6 Ouvindo-a os discípulos, caíram de bruços, tomados de grande
medo.
7 Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo: Erguei-vos e não
temais!

Hebreus 4: 6 Visto, portanto, que resta entrarem alguns nele e que, por
causa da desobediência, não entraram aqueles aos quais
anteriormente foram anunciadas as boas-novas,
7 de novo, determina certo dia, Hoje, falando por Davi, muito tempo
depois, segundo antes fora declarado: Hoje, se ouvirdes a sua voz,
não endureçais o vosso coração.
----

Apesar de Rei Soberano e Eterno, Cristo sempre está pronto a servir a todos.
Entretanto, se uma pessoa não quiser que Ele a sirva segundo a vontade de Deus, Cristo
permite a pessoa negligenciar o seu serviço para com ela, mas jamais aceitará ser
dominado por quem quer que seja a pessoa ou por qualquer posição que esta pessoa
tenha no mundo e diante dos demais seres humanos.
Como vimos no caso de Pedro, o Senhor serve para o bem, mas caso uma pessoa não
queira a maneira do Senhor lhe assistir, Ele claramente diz: não tens parte comigo.
O Senhor Jesus jamais é enganado com propostas de humildade fingida como era a
sugestão de Pedro para que ele lavasse os pés do Senhor Jesus, mas que, na realidade,
estava questionando o que o Senhor havia dito que faria como se Pedro soubesse
melhor do que Cristo o que era mais apropriado realizar naquele momento.
Do Senhor procede toda boa dádiva e todo bom conselho. Por isto, Cristo não
necessita tomar conselho advindo das pretensas humildades das pessoas.

Provérbios 8: 14 Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria, eu sou o


Entendimento, minha é a fortaleza.

Isaías 40: 13 Quem guiou o Espírito do SENHOR? Ou, como seu


conselheiro, o ensinou?
715

14 Com quem tomou ele conselho, para que lhe desse compreensão?
Quem o instruiu na vereda do juízo, e lhe ensinou sabedoria, e lhe
mostrou o caminho de entendimento?
15 Eis que as nações são consideradas por ele como um pingo que cai
de um balde e como um grão de pó na balança; as ilhas são como pó
fino que se levanta.

Isaías 9: 6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o


governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz;
7 Do incremento deste principado e da paz, não haverá fim, sobre o
trono de Davi e no seu reino, para o firmar e o fortificar em juízo e
em justiça, desde agora e para sempre;
o zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto. (RA+RC)
----

Quando o Senhor Jesus se propôs a lavar os pés dos seus discípulos, Ele não foi pego
de surpresa pela reação de Pedro, pois Ele o conhecia muito bem. E Ele também não fez
isto para expor Pedro à vergonha diante dos outros, mas para que Pedro pudesse se
deparar com o desejo que ele próprio tinha de fazer as coisas sempre a seu modo. Pedro
precisava entender muitas coisas ali. Pedro precisava ver o distorcido desejo que ele
tinha de controlar as situações da sua vida, bem como também dos outros e até de
Cristo.
Várias vezes, Pedro se mostrou como a ovelha que queria conduzir o Pastor, em vez
de ter “o Senhor” como o “Pastor das Ovelhas”.
Várias vezes em sua vida, Pedro se mostrou impetuoso para tentar liderar inclusive o
Senhor Jesus nos seus caminhos, e por isto também por várias vezes era humilhado
apesar de querer seguir ao Senhor.
Portanto, a revelação de que em Cristo há um Rei-Servo e não um servo-rei é algo
para o qual todo cristão deveria estar atento, pois falta do entendimento da grandeza da
glória de Cristo como Rei da Justiça e da Paz pode servir para corromper a consciência
dos cristãos, levando-os a pensar que podem governar sobre Aquele que jamais poderá
ser governado por criatura alguma, pois nenhuma criatura poderá, jamais, ser colocada
na mesma posição de Deus.

Isaías 45: 22 Olhai para mim e sede salvos, vós, todos os limites da
terra; porque eu sou Deus, e não há outro.

Quando as pessoas querem estabelecer a Cristo como seu servo e quando querem
estabelecer os próprios seres humanos como aqueles que determinam os destinos das
nações, a Terra estremece e não pode subsistir, pois qual ser humano poderá, sequer,
chegar próximo ao que Cristo é na sua glória Eterna como Rei da Justiça e Rei da Paz?
Quando o Senhor Jesus caminhou na Terra, Ele era o Rei-Servo vindo de Deus e que
seguia a orientação do Pai Celestial em tudo para servir somente àqueles aos quais lhe
eram designado servir e como do alto lhe era designado para servi-los. Na condição de
Filho do Homem, Cristo aprendeu a crer que tanto o que devia ser feito como o tempo e
716

a maneira que algo deveria ser feito sempre deveriam estar em conformidade com a
vontade do Pai Celestial pelo fato desta vontade ser boa, perfeita e agradável em todos
os seus aspectos. E este exemplo de Cristo também é o que nós somos chamados a
seguir.
Cristo precisou passar pela morte e morte de cruz para revelar a provisão da nossa
salvação. Ele até podia conversar com o Pai em aflição sobre isto, podia pedir para o Pai
o livrar da morte de cruz, mas o fez somente sob a condição de que isto não alterasse a
vontade do Pai. Cristo cria no fato do Pai Eterno saber o que era justo e reto. Ele tinha o
Pai Celestial como firme fundamento da sua fé e tinha as suas promessas como a base
de toda a sua esperança.
E devido a Cristo se render integralmente ao Pai Celestial, o Pai Eterno o
fez Autor da Salvação e também como Filho do Homem o estabeleceu sobre
toda a criação para ser obedecido segundo a obediência que vem pela fé e
somente através da qual Cristo está disposto a nos servir eternamente
como Sumo Sacerdote Eterno e como o Rei Todo-Poderoso.

Hebreus 5: 7 Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com
forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da
morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade,
8 embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu
9 e, tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna
para todos os que lhe obedecem,
10 tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem
de Melquisedeque.

Romanos 16: 25 Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo
o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação
do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos,
26 e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio
das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno,
para a obediência por fé, entre todas as nações,
27 ao Deus único e sábio seja dada glória, por meio de Jesus Cristo,
pelos séculos dos séculos. Amém!
----

Somente na vontade de Deus há salvação, retidão, amor, paz e


verdadeira justiça. E por isto, é que Cristo nos serve de maneiras
superabundantes somente de acordo com esta vontade soberana, celestial
e na qual Ele mesmo sempre andou no mundo sem jamais dela se desviar.
717

D. O Rei que Reina com Concessões de Escolhas

Quando começamos a ver a questão de Cristo ser também o Rei da Justiça e o Rei da
Paz, podemos observar que certamente um dos pontos que deixam muitas pessoas
intrigadas está relacionado com a questão do ser humano ter a opção de fazer algumas
escolhas fundamentais na sua vida, mesmo quando estas podem não lhe ser favoráveis
e ainda que sejam opções por caminhos de injustiça.
Retornando ao exemplo de Pedro abordado no tópico anterior deste capítulo,
podemos ver que Cristo concedeu a Pedro a escolha deste deixar que o Senhor lavasse
os seus pés ou não, mas, por outro lado, não o fez sem alertar a Pedro da consequência
que ele incorreria pela opção que fizesse.
Como o Rei Eterno, Cristo, por exemplo, não obriga ninguém a aceitar o seu
Evangelho, sua justiça, paz, luz, salvação, graça, seu sacerdócio, seu reinado e assim por
diante, mas, por consequência, as pessoas também ficam sujeitas a colherem da
rejeição que fazem destas ofertas do Senhor.
Conforme mencionamos no primeiro estudo desta série, o Evangelho de Deus tem
na sua essência a característica de ser uma oferta. E assim, se fosse imposto ao coração
das pessoas, ele deixaria de ser verdadeiramente uma oferta. Por outro lado, a rejeição
à oferta tão graciosa de Cristo não significa que o Senhor, como Rei, poderá deixar que
o desprezo do bem não reflita consequências à vida de uma pessoa, pois neste último
caso, o Senhor também não pode agir a favor desta pessoa como Ele poderia fazer se ela
tivesse aceito o que do céu lhe foi oferecido.
Por um lado, a escolha do ser humano é muito ampla, pois ele pode decidir seguir a
instrução de Deus ou não escolher a favor da orientação que Deus lhe oferece. Por outro
lado, a abrangência da sua escolha não é tão ampla como alguns apregoam ser, pois se
uma pessoa rejeita a luz do Evangelho de Deus, que é o próprio Cristo, ela também
escolhe, por exemplo, ficar restrita quanto a conhecer de maneira mais próxima a glória
de Deus e de Cristo que é revelada neste Evangelho.
Em outro exemplo citado anteriormente, também vimos que se uma pessoa optar
em se sujeitar à aliança segundo Moisés, ela escolhe pela alternativa onde um véu lhe é
posto e que a impede, inclusive, de ver que somente em Cristo o véu pode ser tirado.
Embora o ser humano tenha grande poder de escolha, as escolhas pelos
caminhos contrários a Deus vão limitando fortemente a liberdade que uma
pessoa possui para fazer as opções corretas.
Embora algumas pessoas apregoem um “livre arbítrio” completo do ser humano,
podemos observar nas Escrituras que isto se aplica efetivamente em alguns pontos de
decisão, mas não se aplica à todas as decisão que uma pessoa adota ou pretende adotar.
Se as pessoas tivessem plena possibilidade de optar sempre pelo que
quisessem, não haveria a necessidade de um Rei da Justiça e Rei da Paz,
pois se as pessoas não tivessem restrições e limitações em relação às suas
escolhas, este Rei da Justiça e da Paz também não teria autoridade e poder
para intervir e restringir as consequências das decisões das pessoas.
Neste ponto, mais uma vez, convém destacar a relevância de Deus nos revelar a sua
glória e a glória de Cristo, pois somente através da glória do Senhor é que podemos
saber que tudo no reinado de Cristo é feito segundo a justiça eterna de Deus.
718

Somente através da revelação da glória de que Cristo é o Rei Eterno, Justo, Santo e
Todo-poderoso é que podemos compreender e crer que Cristo, como Sumo Sacerdote
Eterno, também está disponível a atender a todos que buscam a Deus para se
reconciliar com o Senhor, sendo isto impossível de ser compreendido segundo as
condições da capacidade do ser humano.
Somente através da revelação da glória de que Cristo é o Rei Eterno é que podemos
compreender que Cristo reina justamente e simultaneamente sobre todos
individualmente e coletivamente.
Se, porém, os pontos mencionados nos últimos dois parágrafos já são elevadas acima
de qualquer similaridade que possa haver na criação, ainda muito mais elevada se
mostra a posição de Cristo quando também vemos que ela é acrescida da possibilidade
de opções livres a serem realizadas pelas pessoas, mas que, ao mesmo tempo, também
são cercadas de restrições e limitações para que em todo o reinado de Cristo jamais haja
atuações que comprometam a justiça celestial.
Para que possa haver um reinado em justiça em relação à todas as
circunstâncias, faz-se necessário um sistema misto de decisões para o ser
humano que vive no mundo, onde, em alguns aspectos, as pessoas têm
pleno poder de decisão pessoal, mas onde, em outros aspectos, elas se
deparam com restrições, limitações e fronteiras que lhe são estabelecidas
pelo Rei da Justiça e Rei da Paz ou até por outros seres humanos e,
inclusive, por agentes do reino das trevas.
O tal “sistema de plena independência de escolhas” que muitos gostam de alardear
que o ser humano tem não condiz com as Escrituras. E bem sabemos que também não
condiz à própria vida civil e societária na qual os seres humanos se encontram.
A começar pelo básico do básico, uma pessoa, na realidade, somente tem
opção de fazer, de fato, escolhas livres pelo bem ou pelo mal se Cristo lhe
conceder situações onde ela pode fazê-lo com sobriedade e se Cristo lhe
conceder circunstâncias onde uma pessoa pode se arrepender dos
caminhos contrários à Deus que optou em seguir.
Se Cristo não conceder a uma pessoa ter o acesso à bondade de Deus, ela
jamais poderá encontrar o lugar da verdadeira opção pela justiça e pelo
bem que provém do Senhor.

Romanos 2: 4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e


longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?

O fato das pessoas não serem completamente consumidas ou destruídas em suas


más opções depende, antes de tudo, de uma opção do Rei da Justiça em usar de
misericórdia para com elas, conforme é exposto em muitos textos das Escrituras e
exemplificado por mais alguns abaixo:

Salmos 25: 6 Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas


bondades, que são desde a eternidade.
719

Salmos 40: 11 Não retenhas de mim, SENHOR, as tuas misericórdias;


guardem-me sempre a tua graça e a tua verdade.

Salmos 69: 16 Responde-me, SENHOR, pois compassiva é a tua graça;


volta-te para mim segundo a riqueza das tuas misericórdias.

Salmos 145: 9 O SENHOR é bom para todos, e as suas ternas


misericórdias permeiam todas as suas obras.

Lamentações 3: 22 As misericórdias do SENHOR são a causa de não


sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
23 renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade.
----

Por que, então, o Senhor Jesus Cristo é o Rei pleno em justiça?


Cristo é o Rei perfeito em justiça também porque naquilo que uma
pessoa precisa ter toda a autonomia de decisão, o Senhor não se interpõe
na sua escolha, mas naquilo que o Senhor é o regente geral da justiça, Ele
estabelece limites e ações para que o fundamento da justiça do trono de
Deus jamais seja abalado, entre os quais está também o oferecimento da
misericórdia que permite as pessoas se arrependerem dos seus maus
caminhos e regressarem à comunhão com o Criador Eterno.
Apesar de ninguém ser merecedor delas e apesar de nem todos as acolherem, Cristo
oferece a todos as misericórdias de Deus, e nisto, ninguém pode se interpor contra a
vontade do Rei da Justiça.
Não há falta de misericórdia em Deus para salvar a todos, mas há pessoas que
decidem rejeitar a misericórdia de Deus e, por consequência, também rejeitam a
salvação que o Senhor lhes oferece em Cristo Jesus.
Ninguém é condenado por Deus por ter sido parte de injustiças, mas aqueles que
estão sujeitos a condenação eterna, o estão por causa da rejeição que fazem da provisão
de Deus para não precisarem permanecer condenados. E neste aspecto, uma pessoa
tem a autonomia de escolher como ela quer se posicionar, inclusive se a sua opção for
contrária à vontade do Senhor e prejudicial à sua própria vida.

João 3: 16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu
Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha
a vida eterna.
17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que
julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado,
porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.

Cristo é o Rei da perfeita justiça celestial porque Nele está a perfeita salvação. E se
uma pessoa incorre na condenação perante Deus quanto à vida eterna, isto ocorre
720

porque a pessoa escolheu rejeitar a provisão que a libertaria de toda a condenação


eterna do pecado e da lei de sacerdócios que jamais podem aperfeiçoar aqueles que se
submetem a eles.
Lembrando aqui o Evangelho da Justiça de Deus, entendemos que repetidamente
convém relembrar que a justiça de Deus para com o ser humano não é expressa
essencialmente como condenação, mas é oferecida a todas as pessoas como a provisão
de Deus para a salvação eterna de todo aquele que a recebe através da graça de Deus e
mediante a fé no Senhor.
Entretanto, a rejeição da justiça do Senhor é um caminho de condenação. É
condenação pela rejeição do perdão e da reconciliação que Deus oferece a todos através
da justiça celestial.
Assim, uma decisão crucial a ser feita por cada pessoa, e que está diretamente
associada à liberdade para as demais escolhas na vida, é receber, voluntariamente, a
Cristo como o Rei da Justiça porque Cristo é o fim da “lei da condenação” para
a justiça de todo aquele que Nele crê e para que, a partir desta justificação, esta
pessoa passe a estar livre do jugo da injustiça que atua para se interpor para as pessoas
não conhecerem a verdade e inclinarem o coração ao Senhor e aos seus caminhos.
Se uma pessoa, porém, rejeita a essência de toda a justiça ou rejeita ao Rei da Justiça
que poderá conduzi-la mediante a graça segundo o querer de Deus, como ela poderá
fazer as demais opções da sua vida em conformidade com a justiça eterna?
Como uma pessoa desprovida da justiça de Deus, porque que a rejeita, poderá
escolher com sobriedade pelos caminhos desta justiça, ainda que tente manifestar um
grau zelo por Deus em outros aspectos?

Romanos 10: 1 Irmãos, a boa vontade do meu coração e a minha súplica


a Deus a favor deles são para que sejam salvos.
2 Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém
não com entendimento.
3 Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.
4 Porque o fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê.

O Espírito do Senhor continuamente está atuando no mundo para que as pessoas


venham a ser alertadas para não incorrerem cada vez mais no pecado e se
aprofundarem mais e mais na sujeição a ele. Entretanto, passar a viver uma vida em
verdadeira sobriedade para discernir tanto o bem como o mal é algo que não pode ser
alcançado de forma dissociada da justiça celestial que há em Cristo Jesus.

Hebreus 5: 13 Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente


na palavra da justiça, porque é criança.
14 Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela
prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir não
somente o bem, mas também o mal.

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
721

31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no


Senhor.

Quando as pessoas pensam que são livres para escolherem o bem para as suas vidas
e rejeitarem o mal sem, contudo, discernirem a essência da justiça celestial e andarem
segundo esta justiça, elas na realidade ainda não percebem que a verdadeira liberdade
não pode ser conhecida e experimentada se elas se mantiverem dissociadas do único
caminho no qual encontra-se o bem ou a novidade de vida do Senhor.

Provérbios 12: 28 Na vereda da justiça, está a vida, e no caminho da sua


carreira não há morte.

João 8: 31 Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós
permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus
discípulos;
32 e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
----

Cristo é o meio para uma pessoa andar em veredas retas. Cristo é o Rei
que, segundo a justiça celestial, aplana os caminhos daqueles que Nele
creem. E é somente pela fé em Cristo que alguém recebe o dom da justiça
para ser guiada em verdadeira justiça.

Isaías 26: 7 A vereda do justo é plana; tu, que és justo, aplanas a vereda
do justo.
8 Também através dos teus juízos, SENHOR, te esperamos; no teu
nome e na tua memória está o desejo da nossa alma.

Salmos 5: 8 SENHOR, guia-me na tua justiça, por causa dos meus


adversários; endireita diante de mim o teu caminho.

Salmos 86: 11 Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua


verdade; dispõe-me o coração para só temer o teu nome.

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.
----

Se uma pessoa pensa que é livre pelo fato de poder fazer algumas obras que aos seus
olhos pareçam ser boas, mas não está livre para mudar das veredas da injustiça para o
caminho da justiça, a sua aparente liberdade de escolha não se refere à verdadeira
liberdade que Cristo quer lhe proporcionar e nem ela está discernindo de fato tanto o
722

bem como o mal quanto às questões mais relevantes da vida e, principalmente, para a
vida eterna.

Isaías 59: 8 Desconhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus


passos; fizeram para si veredas tortuosas; quem anda por elas não
conhece a paz.

Romanos 3: 9(b) ... pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus
como gregos, estão debaixo do pecado;
...
23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.

Gálatas 2: 16 Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por


obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos
crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em
Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será
justificado.
----

Se não fosse o próprio Deus que desse a opção para uma pessoa escolher entre o
caminho da justiça e o caminho da injustiça, uma pessoa sujeita ao pecado jamais
sequer se disporia a buscar a Deus, visto que sujeito ao pecado, um indivíduo também
tem os olhos do seu entendimento em relação a Deus obscurecidos.

Romanos 5: 12 Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado


no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a
todos os homens, porque todos pecaram.

2 Coríntios 4: 6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz,


ele mesmo resplandeceu em nosso coração, para iluminação do
conhecimento da glória de Deus, na face de Cristo.

João 16: 7 Mas eu vos digo a verdade: convém-vos que eu vá, porque, se
eu não for, o Consolador não virá para vós outros; se, porém, eu for,
eu vo-lo enviarei.
8 Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do
juízo:
9 do pecado, porque não creem em mim;
10 da justiça, porque vou para o Pai, e não me vereis mais;
11 do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.

Assim, fazer a opção por praticar algumas obras intituladas de “boas obras” não
justifica uma pessoa que tem uma dívida de morte para com o pecado ou para com a lei
segundo a Ordem de Arão.
723

A dívida concernente à condenação de morte somente pôde ser paga através de uma
vida inocente que se doou em favor dos pecadores. E isto, nenhum ser humano com a
natureza herdada de Adão teve ou tem opção ou pré-requisitos para fazê-lo, pois
ninguém era e ninguém é de fato livre, por si só, para escolher pelo bem eterno depois
que o ser humano se sujeitou ao domínio do pecado e este entrou no mundo.
A verdadeira liberdade de opção somente é alcançada quando Deus a
concede a um indivíduo, e a qual é dada, acima de tudo, para uma pessoa
poder escolher livremente por Cristo e, por sua vez, estando em Cristo,
continuar optando por viver e andar Nele.
A justiça de Deus, e por consequência a liberdade para discernir tanto o
do bem como o mal e para escolher o bem principalmente também sob a
ótica eterna, não pode ser encontrada sob nenhum outro governo a não ser
o governo do Rei Eterno da Justiça e Paz.

João 8: 36 Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.

Se uma pessoa pudesse optar em fazer o bem exclusivamente a partir da sua própria
decisão, ninguém necessitaria de Cristo, ninguém necessitaria de um Rei Soberano da
Justiça, pois o andar ou não andar na justiça dependeria de cada ser humano, o qual
assim até poderia fazê-lo sem Deus se tão somente tivesse a informação do que seria
justo e do que não seria apropriado. E não era exatamente esta a proposta do reinado
sob a Ordem de Arão, sob o reinado da lei que durou de Moisés até a vinda da revelação
de Cristo ao mundo?

Gálatas 2: 21 Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a


lei, segue-se que morreu Cristo em vão.

Depois que uma pessoa opta por não seguir a Cristo, por mais que ela pense que ela
é livre para escolher o bem a hora que ela quiser, ela é uma pessoa chamada por Paulo
de “miserável homem” e, em outro texto, como filho da desobediência sujeito ao curso
do mundo e do príncipe das trevas, e não segundo a instrução de Deus.

Romanos 7: 18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não


habita bem algum; e, com efeito, o querer está em mim, mas não
consigo realizar o bem.
19 Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse
faço.
...
23 Mas vejo nos meus membros outra lei que batalha contra a lei do
meu entendimento e me prende debaixo da lei do pecado que está nos
meus membros.
24 Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta
morte? (RC)

Efésios 2: 1(b) ... estando vós mortos nos vossos delitos e pecados,
724

2 nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo,


segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua
nos filhos da desobediência;
3 entre os quais também todos nós andamos outrora, segundo as
inclinações da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos
pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os
demais.

Efésios 5: 8(a) Pois, outrora, éreis trevas, ...


----

Muitas pessoas têm rejeitado a orientação do Rei da Justiça, o Rei Jesus Cristo,
porque elas têm sido colocadas debaixo de um torpor de engano sob o pensamento de
que pelo fato de poderem escolher não buscar a justiça que há em Cristo, elas estariam
em condição de livre escolha ou na condição de exercer um “pleno livre arbítrio”, não
percebendo que dissociadas de Cristo, as obras da carne e as forças maiores da maldade
têm significativo poder de influência em suas decisões.
Dissociado de Cristo, a alegação de que uma pessoa tem “pleno livre
arbítrio” é uma forma disfarçada ou dissimulada de ocultar o fato de que a
pessoa está sob um torpor de engano por rejeitar “a liberdade de escolha
em favor do amor da verdade de Deus”.

2Tessalonicenses 2: 9 Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia


de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira,
10 e com todo engano de injustiça aos que perecem, porque não
acolheram o amor da verdade para serem salvos.
11 É por este motivo, pois, que Deus lhes manda a operação do erro,
para darem crédito à mentira,
12 a fim de serem julgados todos quantos não deram crédito à
verdade; antes, pelo contrário, deleitaram-se com a injustiça.

Quando uma pessoa pensa que ela realmente é livre para decidir, a hora que quiser,
entre faze o bem e o mal, e segundo a sua própria disposição, ela de fato ainda não
compreendeu o quão vital é a posição e a atuação de Cristo como o Rei da Justiça.
Entretanto, quando vemos a maneira como o Senhor atua para com aqueles que
rejeitam o amor da verdade, vemos que mesmo diante da opção das pessoas escolherem
pela rejeição da justiça que Ele lhes oferece, o Senhor reina sobre elas inclusive quanto
ao aspecto de que elas incorram nos erros advindos da escolha de rejeitarem o amor da
verdade.
Até diante das opções das pessoas pelos caminhos da injustiça ou da rejeição ao
amor da verdade, o Rei da Justiça é justo para com as pessoas quando permite que elas
colham resultados das suas más escolhas.
Se uma pessoa optasse pela injustiça e não estivesse sujeita a colher resultados
advindos desta escolha, como ela e como as outras pessoas poderiam ver o quão
destrutivas e perversas são as escolhas relacionadas à rejeição do amor da verdade?
725

Gálatas 6: 7 Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o
homem semear, isso também ceifará.
8 Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá
corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá
vida eterna.

Primeiramente, o Rei da Justiça atua oferecendo a misericórdia, a verdade e o amor


da verdade. Depois ainda atua oferecendo restrições e limitações à prática do mal
através de governantes na Terra, tais como os pais, os regentes nas escolas e os demais
regentes de uma cidade ou de uma nação. Entretanto, se uma pessoa continua a
escolher pela rejeição das alternativas que são oferecidas para a sua proteção, o Senhor
também permite que as pessoas colham da injustiça que adotam para que venham a
conhecer a “verdade” sobre as más consequências que a escolha pela injustiça pode
acarretar na vida daquele que a ela se sujeita.
O Rei da Justiça não deixa o soberbo ou o arrogante inteiramente livre em seus
caminhos, mas antes o resiste em vários sentidos, além do fato de que uma pessoa
dissociada da graça e da verdade de Deus ainda fica sujeita a também seguir sendo
enganada pelo fato de estar dissociada da luz que em verdade poderia iluminar o seu
coração e o caminho da novidade de vida no Senhor.
Repetidamente e através de várias maneiras, o Senhor alerta as pessoas sobre as más
decisões às quais inclinam os seus corações e as adverte para que se arrependam. Se,
porém, elas insistirem em perseverar no mal, o Senhor também permite que colham
dos enganos aos quais vão se entregando, podendo, inclusive, acentuar a sujeição delas
aos seus erros para que elas e o mundo vejam o quão mal é a opção pelo engano em
detrimento da opção pelo caminho da verdade.

2 Timóteo 3: 13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a


pior, enganando e sendo enganados.

Provérbios 22: 5 Espinhos e laços há no caminho do perverso; o que


guarda a sua alma retira-se para longe deles.

E considerando que a fascinação das riquezas é figurada no ensino do Senhor Jesus


Cristo como espinhos, e ainda, que o amor do dinheiro é raiz de todos os males, uma
pessoa que enriquece sem que a sua riqueza tenha vinda com a aprovação do Senhor, é
uma pessoa que pode estar sendo envolta cada vez mais em espinhos à medida em que
enriquece. Várias prosperidades humanas tidas como nobres entre eles, muitas vezes
são, na realidade, a prosperidade de espinhos e laços. (Assunto abordado mais
amplamente no estudo sobre O Cristão e as Riquezas da série A Vida do Cristão no
Mundo.)

João 3: 27 Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma


se do céu não lhe for dada.

Por que, então, o Rei da Justiça permite que espinhos e laços se multipliquem no
caminho dos perversos?
726

Entre os outros aspectos, para que tanto os perversos como aqueles que os rodeiam
testemunhem o quão danoso é inclinar o coração aos caminhos da injustiça, da
iniquidade, da perversidade e do engano.
Deus jamais se omitiu de permitir que as pessoas viessem a saber da
existência do mal e de quão danoso é escolher viver e andar nos caminhos
da perversidade, sendo isto também parte da revelação da justiça de Deus e
da injustiça que se opõe ao Senhor.
Se o assunto da justiça e da injustiça fosse visto somente pelo perspectiva da justiça
na Terra e não englobasse a justiça eterna e celestial, jamais a justiça do Rei da Justiça
poderia ser compreendida e crida através da fé no Senhor, visto que muitos efeitos da
justiça de Senhor somente terão o cumprimento pleno na vida de uma pessoa após o
tempo de vida na Terra.
Para a mente natural humana, ou a mente dissociada da fé no Senhor e da instrução
de Cristo, entender a justiça onde crianças morrem, ou onde crianças até são mortas, é
algo que vai além da capacidade humana de compreensão. Entretanto, saber que o
reino dos céus é das crianças é uma instrução que permite elevarmos os nossos olhos à
percepção de que na justiça eterna, este tipo de injustiça não prevalece para sempre e
de que no devido tempo tudo passará a estar apropriadamente esclarecido àqueles que
confiam na justiça do Rei Eterno.
Por outro lado, o Rei da Justiça também não permite que as pessoas
cometam pecados e delitos por tempos indeterminados, inteiramente sem
limites e sem que sejam severamente punidos, mostrando-nos que o
Senhor, na sua sabedoria eterna e no conhecimento pleno de tudo e de
todos, também estabelece limites de tempos para as ações do mal provendo
fortes intervenções contra 0 mal.

2 Pedro 2: 1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas,


assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais
introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto
de renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si
mesmos repentina destruição.
2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles,
será infamado o caminho da verdade;
3 também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com
palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não
tarda, e a sua destruição não dorme.

No presente estudo e nos anteriores, por diversas vezes, já vimos que a vinda de
Cristo em carne ao mundo deu-se na plenitude do tempo, deu-se no tempo perfeito
para que tanto o bem como o mal, ou a essência da justiça e da injustiça, ficassem
expostos em plenitude diante de Cristo e diante da cruz do Calvário, mostrando-nos o
absoluto domínio que Deus tem sobre todas as coisas e sobre o tempo para cada uma
delas serem expostas à luz para também serem julgadas diante desta luz.

1 Coríntios 4: 5 Portanto, nada julgueis antes do tempo, até que venha o


Senhor, o qual não somente trará à plena luz as coisas ocultas das
trevas, mas também manifestará os desígnios dos corações; e, então,
cada um receberá o seu louvor da parte de Deus.
727

Já mostramos também várias vezes que a vontade de Deus é que todos venham ao
conhecimento da verdade, da verdade de que Cristo é o Único Mediador entre Deus e as
pessoas no mundo, e por isto, Deus tem sido longânime em reter o encerramento
completo do mundo na concepção que o conhecêssemos em nossos dias.
Portanto, com a mente natural ou restritas às coisas que estão debaixo do sol é difícil
compreender a atitude do Rei da Justiça em ser generoso, bondoso, misericordioso com
todos ainda que sejam vis pecadores. Mas se assim Ele não fosse, quem dos que já
receberam a salvação do Senhor poderiam ter sido salvos, visto que todos pecaram e
estavam apartados da glória de Deus?
Ao ver a repetida ênfase que Deus dá à sua misericórdia através das
Escrituras, parece-nos ser apropriado extrair delas o pensamento de que o
Senhor não desiste de uma pessoa até que a pessoa tenha assentado
decididamente no coração rejeitar a bondade e a misericórdia de Deus
para com ela.
No sentido eterno da vida, o fato do malfeitor na cruz estar ao lado de Cristo no
momento da crucificação foi crucial para ele, pois ele pôde se deparar com a
possibilidade do amor do Senhor Jesus bem diante de sua própria iminente
condenação não só no plano natural, mas também eterna. Se este ladrão estivesse à
soltas nas ruas, teria ele prestado atenção a Cristo, teria ele aberto o coração para a
salvação que Deus nos oferece no Senhor Jesus?
De forma alguma estamos aqui defendendo a pena de morte ou este tipo de prática,
mas dizendo que o Senhor, ao perdoar aquele malfeitor na iminência de sua morte,
exemplificou mais uma vez que a salvação não é por obras, mas pela misericórdia e
graça de Deus. E ainda que pelo sistema judiciário de sua época aquele criminoso foi
merecedor da pena que lhe foi imposta pelos governantes humanos, conforme ele
próprio confessou, Cristo o perdoou porque ele aproveitou a oportunidade de ter ficado
frente a frente com a salvação que Deus estava revelando e oferecendo a todas as
pessoas no mundo.
Por outro lado, Deus também nos mostrou que mesmo em posição de iminente
morte, outros podem resistir até o fim diante da oportunidade e da graça que lhes é
oferecida e não recebê-la em seus corações. O segundo malfeitor crucificado ao lado de
Cristo, como também grande parte da multidão que assistia a crucificação, continuou a
blasfemar de Cristo até o fim, inclusive “exigindo” que Cristo saísse da cruz e também o
tirasse de lá.

Lucas 23: 39 Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele,


dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também.

Embora a narrativa do contexto da crucificação de Cristo seja resumida ou breve,


podemos observar através dela o quão imensuravelmente desafiador é exercer com
justiça a regência de todos os aspectos ali envolvidos, onde estavam colocadas lado a
lado (1) a condenação do Filho do Homem completamente inocente e que escolheu
permitir que ali estivesse para prover a salvação aos pecadores, (2) a condenação
através de governantes humanos e permitida por Deus de um malfeitor que embora
condenado perante os homens escolheu se arrepender perante o Senhor e (3) a
728

condenação de um criminoso que escolheu não se arrepender diante da provisão


salvadora de Deus que estava bem diante dos seus olhos.

Lucas 23: 40 Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo:


Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença?
41 Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os
nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez.
42 E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu
reino.
43 Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo
no paraíso.
44 Já era quase a hora sexta, e, escurecendo-se o sol, houve trevas
sobre toda a terra até à hora nona.
45 E rasgou-se pelo meio o véu do santuário.
46 Então, Jesus clamou em alta voz: Pai, nas tuas mãos entrego o
meu espírito! E, dito isto, expirou.

Mesmo na hora da sua maior dor, sofrimento e confrontado intensamente pela


injustiça, o Senhor Jesus continuou a reinar mediante a justiça e o oferecimento de
reconciliação e paz, não livrando, aos olhos naturais, um dos ladrões como este
demandava Dele, mas livrando o outro eternamente, embora também tenha permitido
que este morresse ali na cruz segundo o juízo dos homens.
E se na cruz do Calvário, o momento da maior aflição do Senhor Jesus, Ele
continuou fiel ao reinado da justiça e da paz porque almejava mais a vida eterna dos
pecadores do que somente oferecer-lhes um livramento no plano natural, Ele também
será eternamente fiel, justo e reto nas suas ações para com todos agora que está junto
ao Pai Celestial no mais alto lugar e acima de todos os tronos.
Entretanto, se uma pessoa continuar a rejeitar a justiça de Deus que o Senhor
oferece a seu favor, a despeito de toda a longanimidade, misericórdia e prova do amor
de Deus que há em Cristo, esta mesma justiça também atuará em conjunto com o reto
juízo contra a pessoa que a rejeitou.
Se retornarmos ao exemplo dos malfeitores crucificados ao lado de Cristo, vemos
que Cristo, no aspecto eterno, não condenou a nenhum dos dois malfeitores, mas foi a
resistência a Cristo como a provisão de salvação eterna que se interpôs para que um
deles não ouvisse a promessa de que estaria para sempre com o Senhor.

Romanos 5: 8 Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo
fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.

Romanos 2: 3 Tu, ó homem, que condenas os que praticam tais coisas e


fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?
4 Ou desprezas a riqueza da sua bondade, e tolerância, e
longanimidade, ignorando que a bondade de Deus é que te conduz ao
arrependimento?
5 Mas, segundo a tua dureza e coração impenitente, acumulas contra
ti mesmo ira para o dia da ira e da revelação do justo juízo de Deus,
6 que retribuirá a cada um segundo o seu procedimento:
729

a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram


7
glória, honra e incorruptibilidade;
8 mas ira e indignação aos facciosos, que desobedecem à verdade e
obedecem à injustiça.
9 Tribulação e angústia virão sobre a alma de qualquer homem que
faz o mal, ao judeu primeiro e também ao grego;
10 glória, porém, e honra, e paz a todo aquele que pratica o bem, ao
judeu primeiro e também ao grego.
11 Porque para com Deus não há acepção de pessoas.

João 6: 29 Respondeu-lhes Jesus: A obra de Deus é esta: que creiais


naquele que por ele foi enviado.
----

A missão que o Pai Celestial conferiu ao Rei Jesus Cristo não é, primeiramente, sair
erradicando os maus, mas é oferecer-lhes abundantemente o caminho da redenção
para que possam alcançar a sobriedade para escolherem, mediante a fé, o bem eterno, a
salvação eterna, ainda que o Senhor nem sempre os livre de restrições ou condenações
humanas.

1 Pedro 4: 6 Pois, para este fim, foi o evangelho pregado também a


mortos, para que, mesmo julgados na carne segundo os homens,
vivam no espírito segundo Deus.

Como Rei da Justiça, Cristo conhece a “maldade, as artimanhas e as estratégias” do


coração humano e precisa saber agir de tal forma que não os repreenda a ponto de
destruí-los. Por outro lado, também não pode deixá-los viver no pecado sem os alertar
firmemente para não incorrermos em males piores e nem pode reter o juízo dos
malfeitores indeterminadamente.
Portanto, administrar a justiça diante das opções feitas por cada pessoa e
diante da realidade coletiva na qual elas estão inseridas tanto no aspecto
temporal como eterno é algo que somente o Rei da Justiça e o Rei da Paz,
acima de tudo no Céu e na Terra, pode fazer.
Cristo desceu diante do mais vil mal produzido para manifestar a justiça soberana de
Deus sobre tudo e sobre todos. E também por isto, o Pai Celestial o colocou no lugar
mais exaltado, a saber: À sua destra.

Efésios 4: 7 E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a


proporção do dom de Cristo.
8 Por isso, diz: Quando ele subiu às alturas, levou cativo o cativeiro e
concedeu dons aos homens.
9 Ora, que quer dizer subiu, senão que também havia descido às
regiões inferiores da terra?
10 Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os
céus, para encher todas as coisas.
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730

A salvação de Deus ocorre no coração de uma pessoa quando ela recebe a Cristo e
através da qual a vida eterna já passar a estar nela, pois todo aquele que tem o Filho de
Deus tem a vida. Entretanto, algumas partes da ação de Deus no mundo serão
reveladas somente no fim do chamado presente século. E até este tempo final do
presente mundo, embora tudo esteja sempre sob o governo Daquele que é plenamente
poderoso para nos guardar até o fim mediante a fé em Deus, as pessoas que nele
habitam permanecem em um ambiente onde há a presença da justiça de Deus
simultaneamente com a injustiça.

1Timóteo 5: 24 Os pecados de alguns homens são notórios e levam a


juízo, ao passo que os de outros só mais tarde se manifestam.
25 Da mesma sorte também as boas obras, antecipadamente, se
evidenciam e, quando assim não seja, não podem ocultar-se.

Assim, a condição de longanimidade de Deus pode implicar em algumas injustiças


da parte do mundo para com os próprios filhos Deus, pois, para o Senhor, é mais
importante que alguns dos seus filhos, firmes na fé, sofram alguma injustiça que não
lhe comprometa a vida eterna do que proteger os seus filhos de todos os males e com
isto não ser dado uma oportunidade para os pecadores conhecerem a verdade e terem a
chance de se arrependerem.

1 Pedro 1: 3 Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,


segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva
esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos,
4 para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível,
reservada nos céus para vós outros
5 que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a
salvação preparada para revelar-se no último tempo.
6 Nisso exultais, embora, no presente, por breve tempo, se
necessário, sejais contristados por várias provações,
7 para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais
preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde
em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo;
8 a quem, não havendo visto, amais; no qual, não vendo agora, mas
crendo, exultais com alegria indizível e cheia de glória,
9 obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma.

Há aflições no mundo que sobrevêm também aos cristãos para que as pessoas
venham a conhecer a glória da presença de Cristo no coração dos cristãos e da vitória
que o Senhor concede aos filhos de Deus mesmo diante das injustiças.

1 Pedro 3: 14 Mas, ainda que venhais a sofrer por causa da justiça, bem-
aventurados sois. Não vos amedronteis, portanto, com as suas
ameaças, nem fiqueis alarmados;
15 antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando
sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir
razão da esperança que há em vós,
16 fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência,
de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem
731

envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em


Cristo,
17 porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por
praticardes o que é bom do que praticando o mal.

1 Pedro 4: 12 Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio


de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária
vos estivesse acontecendo;
13 pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois coparticipantes
dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de sua
glória, vos alegreis exultando.
14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois,
porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.
15 Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou
malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem;
16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes,
glorifique a Deus com esse nome.
----

Em seu reinado de justiça e paz, Cristo permite, inclusive, que aqueles que o servem
e que já o conheceram como o Rei da Justiça venham a passar por tribulações que
cooperam com a própria divulgação da glória do Senhor como Rei da Justiça e da Paz,
sendo isto considerado por Paulo até como uma privilégio caso venha a ocorrer.

Filipenses 1: 29 Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por


Cristo e não somente de crerdes nele,
30 pois tendes o mesmo combate que vistes em mim e, ainda agora,
ouvis que é o meu.

2 Timóteo 3: 12 Ora, todos quantos querem viver piedosamente em


Cristo Jesus serão perseguidos.
13 Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior,
enganando e sendo enganados.
---- ----

Aqui, porém, gostaríamos de destacar ainda, e de maneira acentuada, que nem todo
sofrimento que sobrevém a um cristão lhe sobrevém para contribuir para a glória de
Deus. Nem todo sofrimento de um cristão coopera com a glória de Cristo e nem todo
prolongamento de um sofrimento na vida de um cristão deveria ser estendido além
daquilo que contribui para o testemunho do Senhor ou edificação.
E quanto aos sofrimentos que não cooperam para que a glória de Cristo seja
conhecida na vida de um cristão ou anunciada ao mundo que resiste a Deus, o Senhor
nos permite recorrer ao seu trono de justiça onde há um conjunto de ações que Cristo
adota em função das atitudes, orações ou súplicas dos cristãos em prol da manifestação
da justiça e da intervenção do Senhor em suas vidas e no mundo em geral.
Embora nem todo o sofrimento possa ser evitado na vida de um cristão, o Senhor
repetidamente nos ensina a não sermos complacentes com os sofrimentos e com as
732

injustiças que há no mundo, mostrando-nos que a nossa cooperação pode ter


expressiva participação em relação à intensidade ou à quantidade de injustiças que
ocorrem no mundo.

1 Pedro 4: 15 Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou


ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de
outrem;
16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes,
glorifique a Deus com esse nome.

Romanos 6: 12 Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de


maneira que obedeçais às suas paixões;
13 nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como
instrumentos de iniquidade; mas oferecei-vos a Deus, como
ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como
instrumentos de justiça.
14 Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais
debaixo da lei, e sim da graça.
15 E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, e sim
da graça? De modo nenhum!
16 Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para
obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do
pecado para a morte ou da obediência para a justiça?
----

Paulo orava e pedia orações aos seus irmãos de fé em Cristo para que ele fosse
guardado de homens maus e perversos, assim como ele pedia para orarem para que a
palavra de Deus também fosse divulgada intensamente no mundo. E se ele orava e
pedia oração a outros cristãos é porque as suas orações têm participação no reinado do
Rei da Justiça e da Paz.

2 Ts 3: 1 Finalmente, irmãos, orai por nós, para que a palavra do


Senhor se propague e seja glorificada, como também está
acontecendo entre vós;
2 e para que sejamos livres dos homens perversos e maus; porque a
fé não é de todos.
3 Todavia, o Senhor é fiel; ele vos confirmará e guardará do Maligno.

Filipenses 4: 6 Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém,


sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e
pela súplica, com ações de graças.
7 E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso
coração e a vossa mente em Cristo Jesus.

Quando um cristão ora ao Rei da Justiça e ao Rei da Paz para que o Senhor conceda
mais da sua justiça e paz sobre a Terra, o Senhor também intensifica a manifestação da
sua misericórdia, justiça e paz a estes que oram, bem como àqueles a favor de quem um
cristão ora.
733

A atuação do mal encontra limites diante de Cristo, mas, por outro lado,
há decisões pessoais de um indivíduo que Cristo jamais violará. E também
por isto, parte da intervenção de Deus a favor das pessoas depende da
exposição de suas questões diante do Senhor e de serem acompanhadas de
pedidos de intervenção de Cristo a seu favor.
Deus enviou seu Filho ao mundo para morrer por todos para livrá-los do jugo do
pecado e da condenação eterna que dele advém. Se, porém, alguém quiser ficar sujeito
ao jugo do pecado e da condenação que dele advém e não busca o Senhor em oração,
mesmo sabendo que não precisa fazê-lo ou que Cristo já realizou a provisão de
redenção e perdão, Deus permite que as pessoas façam esta opção.
Apesar de Cristo ter o governo sobre o estabelecimento dos limites para
a atuação da injustiça, uma parte significativa deste estabelecimento
depende das pessoas quando pedem a Cristo para intervir a seu favor ou
quando não pedem a Cristo para intervir a seu favor.
Uma vez que o Senhor reina usando princípios que concedem alternativas de
escolhas às pessoas, o Senhor também lhes concede algumas permissões e uma medida
de tempo para que cada geração e cada indivíduo caminhe conforme suas decisões e
para que venham a descobrir os efeitos que delas podem advir. Nesses períodos, os
resultados das coisas boas e das más vão se tornando mais evidentes, também levando
a tempos da intervenção inevitável do Senhor, mas os quais, em várias situações,
podem ser antecipados e abreviados se os cristãos orarem ao Senhor para que Ele
manifeste a sua justiça na Terra.
Se as gerações atuais consultassem mais as Escrituras sobre a posição de Cristo
como o Rei da Justiça e vissem o que as Escrituras testificam sobre esta condição do
Senhor, e ainda, orassem para que Cristo se manifestasse ainda mais em justiça a seu
favor, elas não precisariam experimentar muitas coisas ruins que outras gerações
optaram passar ou que passaram por negligenciar ao Senhor. E a cada nova geração, as
evidências da justiça e da injustiça estão mais notórias, o que faz, também, que a
responsabilidade das gerações atuais para com a justiça seja mais iminente, conforme
exemplificado nos textos abaixo:

1 Coríntios 10: 11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram


escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins
dos séculos têm chegado.

Hebreus 12: 25 Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não
escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os
advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos
daquele que dos céus nos adverte,
26 aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele
promete, dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a
terra, mas também o céu.

2 Pedro 3: 11 Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas,
deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
734

12 esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual


os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se
derreterão.

Para o nosso bem e para a manifestação ainda mais abundante da sua


justiça, Cristo anela que pessoas exerçam sua liberdade de escolha para
pedirem ao Senhor o bem, fazendo orações por todos em toda a Terra e
também clamando ao Senhor em favor de todos aqueles que estão em
posição de eminência para que as suas ações cooperem para uma vida
tranquila e mansa com vistas à piedade, reverência e honestidade.

1 Timóteo 2: 1 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de


súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os
homens,
2 pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade.
3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,
4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade.
5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos.
----

O Senhor Jesus disse que os seus seguidores são o sal da Terra e a luz do mundo. E
isto começa, “antes de tudo”, com a oração junto ao trono de Deus, onde o Rei da
Justiça e o Rei da Paz está assentado.
Orar ao Senhor em favor de todas as pessoas no mundo e daqueles que estão em
posição de eminência é uma obra (ou ministério) que todo cristão é chamado a fazer!
No sistema onde as pessoas têm alternativas de escolhas em vários aspectos de suas
vidas, o Senhor anela por indivíduos que o amem e que também, por livre escolha,
desejem o bem para as pessoas do mundo ao ponto de orarem a seu favor ao Senhor. E
desta forma, a alternativa coletiva do mal encontra também resistência de pessoas que
habitam no mundo, pois como há cristãos orando pela justiça de Deus, Cristo
intensifica a manifestação da sua luz, misericórdia, justiça, graça e paz sobre as mais
diversas áreas da vida na Terra na geração daqueles que oram a Ele.
Assim, a começar pela oração, todo cristão tem um papel de cooperação com o
Senhor Jesus Cristo na multiplicação do reino celestial e da justiça de Deus entre as
pessoas.
O pensamento de que “se eu temo a Deus, Ele deve me abençoar como eu quero ou
somente a mim”, não contribui com o reinado de Cristo. Pelo contrário, é mais um
caminho que se inclina a entrar no fluxo de vida egocêntrica e de injustiça que há na
Terra.
O Senhor Jesus Cristo diz:
735

Mateus 6: 31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos?


Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos?
32 Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso
Pai celeste sabe que necessitais de todas elas;
33 buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas
estas coisas vos serão acrescentadas.

Apesar da injustiça não poder prevalecer contra Cristo e o Senhor ser pleno no
reinado em justiça, o Senhor convida as pessoas a amarem o seu reinado e a sua justiça.
E à medida que o fazem, elas se colocam em posição de serem testemunhas e agentes
para que esta justiça se estenda para ser conhecida e oferecida mais amplamente
também aos que estão ao seu redor.
Se, porém, um cristão não conhece os aspectos básicos da justiça de Deus, conforme
já vimos anteriormente, este cristão se coloca em uma posição de ser “carnal” por não
discernir o bem e o mal. E assim, ele pode acabar sendo mais um promotor das obras
da carne, da injustiças e de contendas como tantos não cristãos são, sendo, as vezes, até
pior do que estes, pois o faz usando o “nome de Deus” para querer dar base ou ar de
justiça às suas cobiças más.
Portanto, uma significativa parte das injustiças na Terra ocorre também por causa
dos cristãos não praticarem a alternativa que a eles é dada para buscarem o reino e a
justiça de Deus em primeiro lugar.
Um cristão que não busca a justiça de Deus em primeiro lugar, ou as vezes nem a
busca de qualquer modo, carece do entendimento de que a manifestação da justiça
celestial também é concedida para que o Rei da Justiça seja exaltado entre as nações e
para que as nações se beneficiem conhecendo a salvação mediante esta justiça em vez
de somente conhecerem a injustiça.
Quando o Senhor se referiu à participação dos cristãos como coparticipantes da
justiça celestial, ele fez referência duas vezes a ela na lista daqueles que são chamados
de bem-aventurados diante de Deus e o fez similarmente usando uma parábola para
mostrar o quão atento está o Senhor para a oração dos cristãos em prol da sua
intervenção também nas coisas na Terra, conforme segue respectivamente:

Mateus 5: 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque


eles serão fartos;
...
10 bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça,
porque deles é o Reino dos céus.

Lucas 18: 1 Disse-lhes Jesus uma parábola sobre o dever de orar


sempre e nunca esmorecer:
2Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem
respeitava homem algum.
3 Havia também, naquela mesma cidade, uma viúva que vinha ter
com ele, dizendo: Julga a minha causa contra o meu adversário.
4 Ele, por algum tempo, não a quis atender; mas, depois, disse
consigo: Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum;
736

5 todavia, como esta viúva me importuna, julgarei a sua causa, para


não suceder que, por fim, venha a molestar-me.
6 Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este juiz iníquo.
7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e
noite, embora pareça demorado em defendê-los?
8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o
Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?
----

Em várias partes as Escrituras, o Senhor nos mostra que a participação do reino do


céus na Terra é, em diversos aspectos, resultante da cooperação dos cristãos para com
Cristo e que ela está associada à prática da fé em Cristo Jesus e no Pai Celestial por
parte daqueles que se encontram habitando na Terra.
Assim, entendemos a respeito do último texto acima, que o Senhor Jesus nos
mostrou claramente que a sua atuação de justiça na Terra em partes também está
associada à responsabilidade das pessoas pedirem com fé para Deus manifestá-la.
Na parábola mencionada acima, Cristo inicia ensinando-os sobre o quão
perseverantes nós deveríamos ser em orar continuamente a Deus uma vez que já
passamos a saber que temos um Senhor que está pronto para nos atender na medida
em que é possível que a sua intervenção possa nos ser manifestada em plena justiça.
Diferentemente do juiz citado na parábola que relutou em atender a causa da viúva
que o importunava, Deus recebe com alegria e aguarda com expectativa que os seus
filhos clamem pela sua intervenção. Assim, qual não deveria ser a perseverança dos
cristãos em orarem a favor da justiça em todos os lugares que estiverem durante a sua
vida na Terra?
A pergunta do Senhor no texto acima volta ao tema de Jesus Cristo ser o Autor e
Consumador da fé que vimos em capítulos anteriores, pois a questão do texto exposto
culmina na seguinte questão: Haverá “FÉ NA TERRA” quanto aos cristãos crerem que
Cristo já é o Rei da Justiça e Rei da Paz e que Ele pode intervir agora no mundo e não
somente num futuro distante?
Haverá “FÉ NA TERRA” quanto a crer que tudo aquilo que Cristo sugere como Rei
da Justiça e Rei da Paz de fato é o caminho da justiça e da paz inclusive para vida no
presente mundo?
Haverá “FÉ NA TERRA” para os cristãos deixarem Cristo ser o seu Rei e deixarem a
Cristo guiá-los pelas veredas da sua justiça?
Não é fé no céu à qual Cristo está se referindo, mas é fé na Terra, pois, sem fé, é
impossível agradar a Deus e sequer se tornar participante da justiça de Deus.
Haverá, então, cristãos com fé “na Terra” que, ao mesmo tempo em que apresentam
suas debilidades ao Sumo Sacerdote Celestial, orem também a Ele como o Rei da
Justiça que está no céu e que creem que ele pode e age na Terra com toda a eficácia do
seu poder?
Crerão os cristãos na Terra de que o Senhor é o Rei da Justiça e o Rei da Paz para
intervir de fato também na vida presente para executar ou manifestar justiça e paz para
as pessoas em todas as nações e povos?
737

Quando o Senhor, com seu olhar de compaixão, olhar para a Terra, encontrará nela
alguns que estão em oração com fé e com compaixão pelos seus semelhantes pedindo
ao Senhor que intervenha pelas pessoas por todo o mundo presente?
Pode um Rei “Celestial” de fato ter uma atuação tão influente e prática na “Terra” a
ponto de mudar os fatos para que a justiça de Deus seja conhecida mais amplamente
entre todos os povos?
Não foi o Evangelho pré-anunciado à Abraão milhares de anos antes da revelação
mais ampla do Rei da Justiça ao mundo pré-anunciado exatamente para proclamar que
a benção em Cristo viesse sobre todos os povos e todas as famílias da Terra?

Gálatas 3: 8 Ora, tendo a Escritura previsto que Deus havia de


justificar pela fé os gentios, anunciou primeiro o evangelho a
Abraão, dizendo: Todas as nações serão benditas em ti.

Gênesis 12: 3 Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te


amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.

Optarão os cristãos da presente geração a darem preferência à oração, ou


continuarão a focar a sua esperança primeiramente nos sistemas humanos que atuam
sob muitas limitações e distorções da justiça?

Salmos 118: 9 Melhor é buscar refúgio no SENHOR do que confiar em


príncipes.

Em outras palavras, haverá cristãos nos dias presentes que orarão ao Rei Jesus
Cristo crendo que, do alto, Ele poderá governar a Terra, trazendo justiça e paz do Reino
de Deus para a Terra entre todos aqueles a quem ele quer bem, realizando assim os
cristãos um dos principais papéis deles de sal da Terra e luz do mundo?
Quando as Escrituras mencionam amplamente o tema da justiça de Deus e o tema
da Ordem de Melquisedeque, elas não o fazem como um mero comentário, mas o fazem
referindo-se as estes temas como um alimento sólido e que fortalece verdadeiramente
os cristãos para perceberem quem é o Rei da Justiça e Rei da Paz ao qual são chamados
a ouvir, seguir e servir.
Qual é o ponto limite em que há uma ampla manifestação da injustiça antes de
Cristo intervir, e qual é o ponto exato em que Cristo intervém quando um cristão ora
pela justiça talvez sejam aspectos que nenhum cristão poderá discernir com exatidão,
pois há aspectos do reinado de Cristo que somente a Ele pertencem. Entretanto, a fé em
Cristo como o Rei segundo a Ordem de Melquisedeque e a oração a Ele para que
depressa se manifeste na Terra têm a promessa do Senhor de que não são aspectos que
atuam em vão.
Considerando que Cristo nos instruiu a buscar a justiça de Deus em primeiro lugar e
nos instruiu a oramos sempre para que a bondade de Deus se manifesta na Terra e
sobre todos os seres humanos sob todos os reinos, com certeza isto é justo a ser
praticado, pois em tudo o que Ele nos orienta a realizar, a justiça sempre está
amparando o seu trono e o seu reinado.
738

Somente Deus sabe os extremos e os limites de muitos fatos na vida. Entretanto, ao


confiarmos no Senhor, podemos em fé passar a praticar o que Ele nos pede para fazer,
e, certamente, quando seguimos as suas instruções, benefícios advirão delas de forma
mais ampla do que até podemos pedir ou pensar.

Efésios 3: 20 Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o
poder que em nós opera, ...

Nem sempre é fácil para uma pessoa temente a Deus compreender o que o Rei da
Justiça e o Rei da Paz está permitindo em sua soberana sabedoria, mas se ele estiver
“em Cristo”, ele pode saber que o Senhor é fiel e poderoso para guardá-lo até o último
tempo onde a sua justiça vai lhe ser manifestada como “o brilhar do sol ao meio-dia”.
O jovem Daniel, que mais tarde também veio a ser profeta do Senhor, foi levado
cativo à Babilônia por causa dos pecados do seu povo e não por causa dos seus próprios
pecados. Entretanto, pela sua fidelidade pessoal a Deus, Daniel se tornou um
instrumento de benção para muitos povos, e no final da sua vida, ainda serviu como
instrumento para o retorno do seu povo à sua terra da qual havia sido removido.
Apesar das injustiças que Daniel viu e a muitas que foi sujeitado, Daniel não deixou
de crer no Deus Justo e Reto eternamente.
Sim, o tema da condição soberana de Cristo como o Rei da Justiça e o Rei da Paz
diante de tantas injustiças e diante de tantas guerras tem sido um dos aspectos no qual
as pessoas mais se escandalizaram e escandalizam no Senhor. Mas se não fosse
exatamente a forma como o Senhor lida com tudo em justiça, ninguém poderia ter
encontrado a salvação, e ninguém poderia continuar a encontrá-la.
Já desde os dias antigos de Jó, o tema da justiça e da posição de Deus
como o Reto Juiz e que age em retidão era o tema central entre as pessoas e
das pessoas para com Deus. Mas também já naquela época o Senhor,
através de Eliú, nos ensinou que a resposta para a compreensão da única
justiça verdadeira era a rendição do coração em confiança ao próprio
Senhor e não o caminho da confrontação desta santa e justa justiça.

Jó 34: 31 Se alguém diz a Deus: Sofri, não pecarei mais;


32 o que não vejo, ensina-mo tu; se cometi injustiça, jamais a
tornarei a praticar,
33 acaso, deve ele recompensar-te segundo tu queres ou não queres?
Acaso, deve ele dizer-te: Escolhe tu, e não eu; declara o que sabes,
fala?
34 Os homens sensatos dir-me-ão, dir-me-á o sábio que me ouve:
35 Jó falou sem conhecimento, e nas suas palavras não há sabedoria.
36 Tomara fosse Jó provado até ao fim, porque ele respondeu como
homem de iniquidade.
37 Pois ao seu pecado acrescenta rebelião, entre nós, com desprezo,
bate ele palmas e multiplica as suas palavras contra Deus.

35: 1 Disse mais Eliú:


2 Achas que é justo dizeres: Maior é a minha justiça do que a de
Deus?
739

3 Porque dizes: De que me serviria ela? Que proveito tiraria dela


mais do que do meu pecado?
4 Dar-te-ei resposta, a ti e aos teus amigos contigo.
5 Atenta para os céus e vê; contempla as altas nuvens acima de ti.
6 Se pecas, que mal lhe causas tu? Se as tuas transgressões se
multiplicam, que lhe fazes?
7 Se és justo, que lhe dás ou que recebe ele da tua mão?
8 A tua impiedade só pode fazer o mal ao homem como tu mesmo; e a
tua justiça, dar proveito ao filho do homem.
9 Por causa das muitas opressões, os homens clamam, clamam por
socorro contra o braço dos poderosos.
10 Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira canções
de louvor durante a noite,
11 que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais
sábios do que as aves dos céus?
12 Clamam, porém ele não responde, por causa da arrogância dos
maus.
13 Só gritos vazios Deus não ouvirá, nem atentará para eles o Todo-
Poderoso.
14 Jó, ainda que dizes que não o vês, a tua causa está diante dele; por
isso, espera nele.
15 Mas agora, porque Deus na sua ira não está punindo, nem fazendo
muito caso das transgressões,
16 abres a tua boca, com palavras vãs, amontoando frases de
ignorante.

36: 1 Prosseguiu Eliú e disse:


2 Mais um pouco de paciência, e te mostrarei que ainda tenho
argumentos a favor de Deus.
3 De longe trarei o meu conhecimento e ao meu Criador atribuirei a
justiça.
4 Porque, na verdade, as minhas palavras não são falsas; contigo
está quem é senhor do assunto.
5 Eis que Deus é mui grande; contudo a ninguém despreza; é grande
na força da sua compreensão.
6 Não poupa a vida ao perverso, mas faz justiça aos aflitos.
7 Dos justos não tira os olhos; antes, com os reis, no trono os assenta
para sempre, e são exaltados.
8 Se estão presos em grilhões e amarrados com cordas de aflição,
9 ele lhes faz ver as suas obras, as suas transgressões, e que se
houveram com soberba.
10 Abre-lhes também os ouvidos para a instrução e manda-lhes que
se convertam da iniquidade.
11 Se o ouvirem e o servirem, acabarão seus dias em felicidade e os
seus anos em delícias.
12 Porém, se não o ouvirem, serão traspassados pela lança e
morrerão na sua cegueira.
13 Os ímpios de coração amontoam para si a ira; e, agrilhoados por
Deus, não clamam por socorro.
14 Perdem a vida na sua mocidade e morrem entre os prostitutos
cultuais.
15 Ao aflito livra por meio da sua aflição e pela opressão lhe abre os
ouvidos.
740

16 Assim também procura tirar-te das fauces da angústia para um


lugar espaçoso, em que não há aperto, e as iguarias da tua mesa
seriam cheias de gordura;
17 mas tu te enches do juízo do perverso, e, por isso, o juízo e a justiça
te alcançarão.
18 Guarda-te, pois, de que a ira não te induza a escarnecer, nem te
desvie a grande quantia do resgate.
19 Estimaria ele as tuas lamúrias e todos os teus grandes esforços,
para que te vejas livre da tua angústia?
20 Não suspires pela noite, em que povos serão tomados do seu
lugar.
21 Guarda-te, não te inclines para a iniquidade; pois isso preferes à
tua miséria.
22 Eis que Deus se mostra grande em seu poder! Quem é mestre como
ele?
23 Quem lhe prescreveu o seu caminho ou quem lhe pode dizer:
Praticaste a injustiça?
24 Lembra-te de lhe magnificares as obras que os homens celebram.
25 Todos os homens as contemplam; de longe as admira o homem.
26 Eis que Deus é grande, e não o podemos compreender; o número
dos seus anos não se pode calcular.
----

Considerando que o significado do nome de Eliú é “Ele é o meu Deus”, este


personagem que visitou a Jó em suas aflições para lhe abrir os olhos para a verdadeira
justiça celestial, prefigurou, para Jó, Aquele que seria manifesto como o Rei Eterno e
Soberano da Justiça e da Paz, segundo a Ordem de Melquisedeque.
Enquanto os outros amigos de Jó tentaram mediar Deus para Jó sem serem
mediadores definidos para este papel por Deus, Eliú prefigurou o perfeito mediador no
assunto da justiça, o Rei da Justiça designado por Deus. E por isto, Ele pôde conduzir
Jó ao genuíno arrependimento.

Jó 36:1 Prosseguiu Eliú e disse:


2 Mais um pouco de paciência, e te mostrarei que ainda tenho
argumentos a favor de Deus.
3 De longe trarei o meu conhecimento e ao meu Criador atribuirei a
justiça.
4 Porque, na verdade, as minhas palavras não são falsas; contigo
está quem é senhor do assunto.
5 Eis que Deus é mui grande; contudo a ninguém despreza; é grande
na força da sua compreensão.
6 Não poupa a vida ao perverso, mas faz justiça aos aflitos.
----

Se toda ação de injustiça sofresse imediatamente a condenação extrema, ninguém


seria salvo, conforme já mencionamos, mas também ninguém poderia andar mediante
a fé na justiça de Deus, pois se tudo fosse resolvido imediatamente, as pessoas somente
andariam por vista no que lhes seria visível e não pela fé no Cristo justo que também é
longânime com os pecadores para que estes venham a se arrepender.
Diante da condição de Cristo como o Rei da Justiça e o Rei da Paz não nos resta, de
certa forma, muito mais a dizer do que aquilo que Jó declarou ao ter sido exposto à
741

revelação da grandeza de Deus e da justiça de Deus sobre tudo e sobre todos, assim
como aquilo que Paulo falou a respeito dos tempos de tribulação aos quais os cristãos
no mundo estão expostos, conforme segue respectivamente abaixo:

Jó 42: 1 Então, respondeu Jó ao SENHOR:


2 Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser
frustrado.
3 Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o
conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas
maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia.
4 Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me
ensinarás.
5 Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem.
6 Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.

2 Coríntios 4: 13 Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está


escrito: Eu cri; por isso, é que falei. Também nós cremos; por isso,
também falamos,
14 sabendo que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos
ressuscitará com Jesus e nos apresentará convosco.
15 Porque todas as coisas existem por amor de vós, para que a graça,
multiplicando-se, torne abundantes as ações de graças por meio de
muitos, para glória de Deus.
16 Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso
homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se
renova de dia em dia.
17 Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós
eterno peso de glória, acima de toda comparação,
18 não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não
veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são
eternas.
742

C32. A Oposição Central ao Rei Eterno segundo a Ordem


de Melquisedeque
Quando no título deste capítulo mencionamos a oposição ao Rei Eterno segundo a
Ordem de Melquisedeque, procuramos expor nele que existe uma oposição
especificamente direcionada à condição de Cristo como o Rei, pois não pretendemos
reprisar aqui as oposições que já foram descritas neste estudo quanto à questão de
Cristo ser o Único Mediador e Sumo Sacerdote Eterno, e visto que também não
pretendemos reprisar as oposições à justiça celestial que já foram mencionadas no
estudo sobre O Evangelho da Justiça de Deus.
A posição específica de Cristo ser o Rei da Justiça e Rei da Paz é uma condição que
apresenta oposições também específicas no sentido de tentar evitar que as pessoas
vejam nesta posição de Cristo o que somente Ele pode proporcionar às suas vidas.
Muitos cristãos têm deixado de alcançar muitos aspectos da vida cristã por se
negarem ou negligenciarem a comer do alimento sólido chamado palavra da justiça e
chamado de Ordem de Melquisedeque. E isto, pelo fato específico de resistirem à
condição de Cristo como o Rei Eterno sobre as suas vidas.
Quando começamos a ver a resistência das pessoas à justiça de Deus a
partir da perspectiva da condição de Cristo como Rei, também podemos
observar que, em muitos casos, ela resulta da questão de uma escolha mais
fundamental sobre o tipo de reinado ao qual as pessoas querem estar ou
não querem estar sujeitas.
Se na questão de Cristo ser o Sumo Sacerdote Eterno, o ponto em evidência está em
uma pessoa se expor à luz do Senhor para passar a se relacionar com Deus para por Ele
ter a consciência purificada ou curada, no aspecto de Cristo ser o Rei da Justiça e Rei da
Paz, o ponto em evidência está em uma pessoa permitir que Cristo a instrua a andar
nos caminhos do Senhor e não mais segundo o entendimento da própria pessoa ou de
qualquer outro aspecto da criação. E é deste último aspecto que muitos não querem
abrir mão.
Em várias situações relacionadas à vida na Terra, muitas indivíduos até gostariam de
ter a Cristo como Sumo Sacerdote Eterno e Amigo para recorrerem a Ele quando se
encontram em aflição. Entretanto, quando é cogitada a possibilidade de Cristo também
guiar as suas ações nos mais diversos afazeres do dia-a-dia, muitos se opõem a buscar a
Cristo, preferindo optar pelos caminhos humanos em detrimento dos caminhos
instruídos a partir do reino celestial.
Muitas pessoas resistem à oferta de salvação precisamente por causa do
que a salvação propõe produzir no seu estágio mais avançado, no seu
estágio em que ela concede a real possibilidade de uma pessoa mudar suas
condutas nas mais diversas áreas das suas vidas, permitindo um indivíduo
passar a “andar na justiça de Deus” e não mais “andar na injustiça que
resiste a Deus”.

João 1: 11 Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.


743

João 3: 19 O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens


amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram
más.
20 Pois todo aquele que pratica o mal aborrece a luz e não se chega
para a luz, a fim de não serem arguidas as suas obras.
21 Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas
obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.

João 12: 42 Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas
não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos
da sinagoga.
43 Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de
Deus. (RC)

Apesar do andar em Cristo ser fruto do viver em Cristo, fazendo com que o viver
deva preceder o andar, muitas pessoas não optam pelo viver em Cristo exatamente
porque não querem ter alterações no aspecto do andar, conforme exemplificado no
texto abaixo e o qual já vimos várias vezes ao longo do presente material:

Jeremias 7: 23 Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à minha voz,
e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o
caminho que eu vos ordeno, para que vos vá bem.
24 Mas não deram ouvidos, nem atenderam, porém andaram nos
seus próprios conselhos e na dureza do seu coração maligno;
andaram para trás e não para diante.

Muitas pessoas até procuram ler as Escrituras, praticar algumas partes do que elas
ensinam e citam uma série dos seus textos durante seus diversos afazeres, mas tudo
isto ainda pode estar dissociado do ponto central aqui em questão, e o qual é render-se
ao Senhorio do Rei da Justiça e da Paz, acompanhado ainda do reconhecimento de que
uma pessoa sem Cristo não consegue discernir apropriadamente a vontade de Deus
para sua vida.
Outras pessoas até tentam ser assíduas na tentativa de manter um relacionamento
sacerdotal com Cristo, mas não cogitam a possibilidade de serem guiadas em tudo pelo
Espírito do Senhor, pensando que o render-se ao guiar do Senhor seria um tipo de
diminuição da sua autoestima ou uma forma de restrição à independência para
poderem tomar as decisões como quiserem fazê-las.
Ora, se somos chamados para viver em Cristo e também para andar em Cristo para
o nosso bem e salvação eterna, é porque também fomos criados para viver e andar em
Deus, e não para viver ou andar dissociados do estar em Deus.
Estar em Cristo, tanto para viver e andar Nele, não é uma posição de demérito
perante Deus, pois Ele mesmo nos chamou para isto e anela que aceitemos o convite
para estar Nele e ser guiado por Ele. O guiar de Deus é uma das características
essenciais dos filhos de Deus e não uma posição de vergonha diante do Senhor.

Romanos 8: 14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus.
744

O ser guiado por Deus ou por Cristo é denominado nas Escrituras de reto caminho, o
Caminho Santo ou, simplesmente, de O Caminho.
Se Deus nos criou para Ele e para vivermos e andarmos Nele, por que seria, como
muitos pensam, uma vergonha vivermos e andarmos segundo o propósito para o qual
fomos criados?
Uma vez que Cristo se deu por completo e por amor a nós para nos salvar e conceder
novidade de vida em Deus, por que seria vergonhoso e depreciativo o ser humano,
criado por Deus, render a sua vida em confiança ao Deus que o criou, que lhe oferece
toda a provisão de salvação e que lhe oferece abundância de vida Nele?

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.

Romanos 11: 36 Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as
coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!

A questão da opção por Cristo como Rei, para muitos, esbarra em um


dos aspectos mais essenciais que Ele oferece neste seu Senhorio, e o qual é
um reinado plenamente estabelecido e realizado segundo a justiça eterna e
celestial.
Embora, perante Deus, o andar segundo a instrução de Cristo ou o andar em
dependência do Rei da Justiça é indescritivelmente nobre, valioso e digno de honra,
para muitas pessoas isto é vergonhoso, pois muitos, assim como Balaão, passaram a ser
amantes da injustiça ou do prêmio da injustiça e têm vergonha de renunciar perante os
outros os caminhos perversos aos quais tanto se entregaram.

2 Pedro 2: 15 Abandonando o reto caminho, se extraviaram, seguindo


pelo caminho de Balaão, filho de Beor, que amou o prêmio da
injustiça.

Manter-se submisso ao Rei da Justiça e ao Rei da Paz nem sempre é o caminho dos
lucros humanos abundantes ou dos resultados ágeis e aparentemente mais fáceis de
serem alcançados, podendo acarretar inclusive em uma pessoa ser desonrada por
outros pelo fato de se manter fiel ao Senhor Jesus Cristo. E também por isto, é que
muitos não querem ter a Cristo pessoalmente como o Rei nas suas vidas.
A postura pessoal em favor da fidelidade na confiança em Deus e do amor pela
justiça celestial tem um papel determinante no aspecto de querer ou de não querer ter a
Cristo como o Rei da Justiça, conforme exemplificado também nos seguintes textos:

1 Coríntios 4: 1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem


como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.
745

2 Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um


deles seja encontrado fiel.

Lucas 16: 10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é


injusto no pouco também é injusto no muito.
...
13 Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-
se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro.
Não podeis servir a Deus e às riquezas.

A instrução do Rei da Justiça visa nos levar à fidelidade a Deus e à sua vontade em
muito mais detalhes da vida do que é proposto pelos sistemas de regras de uma vida
sujeita a uma lei pré-estabelecida, como era, por exemplo, a sujeição à lei de Moisés. E
esta opção de em tudo ser guiado pelo Rei da Justiça é um desafio ao qual muitos não
querem se render.

Gálatas 5: 18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
...
22 Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade,
23 mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei.

Conforme já mencionamos várias vezes neste estudo e nos anteriores sobre o


Evangelho de Deus, a ação de Cristo como Rei ou como Senhor na vida de uma pessoa
inicia-se nas mudanças interiores, nas mudanças no coração de um indivíduo e não
somente em atos, leis e obrigatoriedades externas pelas quais uma pessoa não pode
encontrar o caminho da justiça mediante a fé em Cristo.
Portanto, um dos principais fatores da oposição ao Rei da Justiça é, antes de tudo,
uma resistência interior para que de fato a sua justiça não venha a reinar no local que
mais precisa do seu reinado, a saber: O coração de cada indivíduo.

Mateus 15: 19 Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios,


adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.

Tiago 4: 1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De


onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?

Por que, então, muitas pessoas evitam um encontro mais intenso com o Rei da
Justiça e o Príncipe da Paz?
Além de muitos não saberem da condição presente de Cristo no universo já como o
Rei da Justiça, muitos não querem este Rei porque não querem a vida deste Rei
atuando neles ou porque temem a ação de Cristo em seus corações, como já vimos
também em relação a Cristo ser o Advogado a nosso favor junto ao Pai Celestial.
746

Muitas pessoas gostariam de ter a Cristo como o Rei da Justiça que atuasse a seu
favor em relação aos outros e sobre as condições externas que favoreceriam as suas
vidas, mas também gostariam que Cristo o fizesse sem envolver diretamente a elas
naquilo que pedem a atuação de Cristo como o Rei da Justiça sobre os outros.
Muitas pessoas querem ver a atuação do Rei da Justiça, mas desde que
isto não se iniciasse nelas próprias como as primeiras a serem exortadas a
abandonarem as injustiças do coração e as suas práticas.
Muitos querem ver a atuação do Rei da Justiça, mas não querem que o alvo da
atuação deste Rei seja primeiramente eles próprios para mudar-lhes o coração, pois
sabem que a sujeição voluntária ao Rei da Justiça implicará em liberdade para
abandonarem injustiças às quais se apegaram e das quais não querem abrir mão.
Há pessoas que preferem não “dar crédito” ou “espaço” em suas vidas à condição de
Cristo como o Rei da Justiça para não sofrerem eventuais dissabores, oposições ou
perseguições que podem lhes sobrevir se abandonarem o caminho da injustiça.

Gálatas 6: 12 Todos os que querem ostentar-se na carne, esses vos


constrangem a vos circuncidardes, somente para não serem
perseguidos por causa da cruz de Cristo.
13 Pois nem mesmo aqueles que se deixam circuncidar guardam a lei;
antes, querem que vos circuncideis, para se gloriarem na vossa
carne.
14 Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso
Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e
eu, para o mundo.

Muitas indivíduos até gostariam de desfrutar da justiça do Rei Jesus Cristo, mas
desde que o Senhor não fosse tão resoluto em ensinar, guiar e auxiliar as pessoas que o
seguem a abandonarem a injustiça a fim de seguirem a justiça celestial.

João 12: 42 Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas
não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos
da sinagoga.
43 Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de
Deus.
44 E Jesus clamou e disse: Quem crê em mim crê não (somente) em
mim, mas naquele que me enviou.
45 E quem me vê a mim vê aquele que me enviou.
46 Eu sou a luz que vim ao mundo, para que todo aquele que crê em
mim não permaneça nas trevas.
----

É através da justiça de Deus que temos paz com o Senhor, e é mediante a


paz recebida através da justiça que podemos passar a gerar frutos desta
justiça. Entretanto, muitas vezes é este aspecto tão prático e poderoso da
justiça que faz muitas pessoas se manterem recuadas na ação de
renderem-se em confiança ao Rei da Justiça.
No estudo sobre O Evangelho da Graça de Deus, vimos que uma pessoa não precisa
saber por si própria como andar na graça e na justiça que vem mediante a fé, pois a
747

própria graça é que ensina as pessoas a andarem na justiça. Entretanto, quando a


questão chega no ponto de Cristo ser o Rei da Justiça, ela também chega ao fato de que
nem todos querem, de fato, ser ensinados pela graça do Senhor.
Cristo faz o convite e diz que quem vier a Ele será ensinado e encontrará descanso na
sua alma, mas, conforme já mencionamos, muitos não querem se render ao Senhorio
de Jesus devido ao fato de que Ela as guiará à verdade e às veredas do justiça também
por amor do seu nome.

Romanos 5: 1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por
meio de nosso Senhor Jesus Cristo;
2 por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a
esta graça na qual estamos firmes; e gloriamo-nos na esperança da
glória de Deus.

Tiago 3: 18 Ora, é em paz que se semeia o fruto da justiça, para os que


promovem a paz.

Romanos 10: 4 Porque o fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele
que crê.
...
10 Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação.
...
16 Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor,
quem creu na nossa pregação?
----

A escalada da oposição e da resistência ao Rei da Justiça, o Rei segundo a Ordem de


Melquisedeque, pode alcançar, inclusive, proporções gigantescas, como as citadas no
Salmo 2, o qual também foi referenciado por Pedro séculos após conforme descrito no
livro de Atos capítulo 4.
Entretanto, ainda assim é no coração que uma pessoa crê na justiça de Deus ou
resiste ao reinado da justiça celestial.
É no coração que está o centro da aceitação ou da oposição ao Rei Jesus, pois quanto
às oposições dos regentes da Terra que procuram se agrupar contra o Senhor, destas se
ri o Senhor na pequenez e fragilidades dos seus planos contra Cristo.

Salmos 2: 1 Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam


coisas vãs?
2 Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o
SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:
3 Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas.
4 Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.
5 Na sua ira, a seu tempo, lhes há de falar e no seu furor os
confundirá.
6 Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte Sião.
748

7 Proclamarei o decreto do SENHOR: Ele me disse: Tu és meu Filho,


eu, hoje, te gerei.
8 Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da
terra por tua possessão.
9 Com vara de ferro as regerás e as despedaçarás como um vaso de
oleiro.
10 Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir, juízes da
terra.
11 Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor.
12 Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho;
porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados
todos os que nele se refugiam.
----

No mundo há muitas terríveis e incalculáveis injustiças e que se avolumam em cada


geração, mas ainda assim, a oposição mais proeminente ao Senhor da qual uma pessoa
pode se tornar participante ocorre quando ela não recebe no coração o Rei da Justiça
que é digno e apto a conduzi-la pessoalmente à justiça verdadeira, a justiça segundo o
reino de Deus.
Muitas pessoas querem que Deus exerça juízo sobre os outros ou em
relação a outros, e até requerem isto do Senhor com orações e brados
diante dos céus, mas elas mesmas se opõem à justiça celestial ao não
seguirem, primeiramente, o que Cristo disse para elas fazerem em
primeiro lugar nas suas vidas, a saber: Buscai, pois, em primeiro lugar, o
seu reino e a sua justiça.
Por que Deus deveria atender o clamor ou a súplica daqueles que não querem que
Deus comece a manifestar a justiça primeiramente neles e que pessoalmente fazem
oposição a Deus resistindo a Cristo em seu próprio coração, não aceitando ao Rei da
Justiça para atuar antes de tudo também neles?
Por que Deus deveria atender o pedido por justiça daqueles que rejeitam a maior
dádiva da justiça celestial que já lhes está disponível para ser recebida no coração, a
qual é Cristo como o Rei da Justiça na vida pessoal?
Por que Deus deveria atender a oração por justiça daqueles que pessoalmente
rejeitam o próprio trono estabelecido para fazer toda a regência da justiça de Deus
sobre o mundo?
Conforme já vimos no capítulo anterior, muitas pessoas que se apresentam como
defensoras da justiça para a humanidade e bradam por justiça, até exigindo-a de Deus,
também, muitas vezes, são aquelas que não têm a ousadia ou humildade, ou a soma dos
dois, para renderem o seu coração a Cristo para que Ele as ilumine com a luz da
verdade e da justiça eterna.
Quando uma pessoa não aceita a Cristo Jesus como o Rei da Justiça na sua própria
vida, ela é a primeira a fazer a “obstrução à justiça verdadeira”, por mais que proclame
ou brade ser promotora e defensora da justiça.
Ninguém é justo perante Deus. E por isto, é diante de Deus, através de Cristo, que
uma pessoa precisa primeiramente encontrar o caminho da justiça e da sua justificação.
749

A verdadeira justiça é estabelecida pelo Senhor na vida de um indivíduo a partir da


sua condição de fé perante Deus, sendo que este caminho não pode ser substituído por
um ato externo ou pela soma de dezenas, centenas ou até milhares de atos externos.

Lucas 18: 7 Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam
dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?
8 Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o
Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?
9 Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si
mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os outros:
10 Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um,
fariseu, e o outro, publicano.
11 O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó
Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano;
12 jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
13 O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda
levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê
propício a mim, pecador!
14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele;
porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha
será exaltado.
----

Assim, a soberba ou a altivez do coração humano, ao ponto de pensar que não


necessita do Rei da Justiça e do Rei da Paz para conduzi-lo à verdadeira salvação e
redenção através da justiça celestial, acaba sendo uma das oposições mais intensas e
contínuas ao Rei segundo a Ordem de Melquisedeque.
A essência da oposição ao Rei da Justiça engloba, então, alguém não
querer ser de Cristo para não lhe estar sujeito a fim de ser guiado
pessoalmente no caminho da justiça eterna.
Querer atribuir a outros a culpa de estar em uma condição de injustiça,
já tendo a possibilidade de optar pessoalmente pela justiça que há em
Cristo, e não o fazendo, também é um meio vil de apegar-se ainda à
injustiça em vez de se render à justiça que o Senhor já nos oferece.
Quando injustiçado, Cristo fez o que Deus também nos deixou de
exemplo a ser seguido.
Quando maltratado, Cristo rendia-se Àquele que era a sua fonte de
justiça e juízo para ser por Deus instruído a viver e andar em justiça.

1 Pedro 2: 21 Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que


também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para
seguirdes os seus passos,
22 o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua
boca;
23 pois ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje; quando
maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga
retamente,
750

24 carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos


pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a
justiça; por suas chagas, fostes sarados.
----

É no coração que se crê para a justiça.


É no coração que se crê que Cristo é a justiça e o Rei da Justiça para a
justiça de todo aquele que Nele crê.
Portanto, crer no coração em Cristo como a Nossa Justiça sempre é o principal
ponto decisório da aceitação de Cristo como o Rei da Ordem de Melquisedeque ou da
rejeição de Cristo nesta sua posição de Rei.
Não querer ao Rei da Justiça ou não querer a Cristo são sinônimos, pois
Cristo e a justiça, assim como Cristo e a graça, são em tudo e em todo o
tempo inseparáveis.

Romanos 3: 23 Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,


24 sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus,
25 a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante
a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância,
deixado impunes os pecados anteriormente cometidos;
26 tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente,
para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em
Jesus.

2 Timóteo 2: 19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece,


tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais:
Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.

Romanos 6: 15 E daí? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da


lei, e sim da graça? De modo nenhum!
16 Não sabeis que daquele a quem vos ofereceis como servos para
obediência, desse mesmo a quem obedeceis sois servos, seja do
pecado para a morte ou da obediência para a justiça?
17 Mas graças a Deus porque, outrora, escravos do pecado, contudo,
viestes a obedecer de coração à forma de doutrina a que fostes
entregues;
18 e, uma vez libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça.

Oséias 10: 12 Então, eu disse: semeai para vós outros em justiça, ceifai
segundo a misericórdia; arai o campo de pousio; porque é tempo de
buscar ao SENHOR, até que ele venha, e chova a justiça sobre vós.
751

C33. A Glória de Cristo como o Sumo Sacerdote e Rei


Eterno que também É “o Cabeça”
Para conhecer mais amplamente ao nosso Criador, ainda que não podemos
presenciar toda a grandeza do Senhor, Deus permite que conheçamos vários aspectos
fundamentais da sua glória que nos revelam os seus atributos de uma forma
plenamente satisfatória para que possamos crer e confiar as nossas vidas ao cuidado do
Senhor.
Por sua vez, a forma mais expressiva definida por Deus para nos manifestar a sua
glória, encontra-se no Senhor Jesus Cristo, que é o resplendor da glória e a
expressão exata do seu Ser.
Para que possamos saber quais são os atributos fundamentais de Deus e para que
saibamos o quanto o Senhor nos ama e estende a sua bondade e misericórdia a fim de
que tenhamos sempre um relacionamento vivo e intenso com Ele, Deus nos apresenta,
em Cristo Jesus, a revelação dos atributos da sua natureza divina. Em Cristo Jesus, o
Senhor nos mostra os seus atributos através da condição de Cristo como o seu Filho
Eterno, bem como na condição do Filho do Homem que veio em carne ao mundo,
morreu na cruz do Calvário em favor de todos os pecadores, ressuscitou dentre os
mortos e que foi assentado junto ao Pai Celestial nas mais altas regiões celestiais.
Quando, através do Evangelho da Glória de Cristo, as Escrituras nos ensinam que
Cristo é a Luz do mundo e a Luz do próprio Evangelho, elas estão nos anunciando que
Deus é a Luz do mundo e a Luz do Evangelho.
Quando as Escrituras nos ensinam que Cristo está assentado em Majestade à direita
do Pai Celestial acima de qualquer outro trono que exista no universo, elas estão nos
anunciando que não há outro Deus e não há outro ser que esteja acima da posição em
que o Pai Celestial e Cristo estão assentados para reinar, e assim por diante.
Cada atributo que Deus nos revela em Cristo, através do seu santo
Evangelho, é um atributo que nos é exibido para que saibamos quem é o
nosso Deus Eterno, mas também nos é revelado porque esta revelação é
proveitosa e necessária para o nosso viver e andar em Deus.
Assim, quando Deus nos mostra, por exemplo, que Cristo é o nosso Sumo Sacerdote
Eterno e Rei Eterno, segundo a Ordem de Melquisedeque, Ele não o faz somente para
nos conceder uma mera informação, mas o faz para que saibamos com mais precisão
quais são os atributos da sua divindade que nos são oferecidos em Cristo Jesus e
através dos quais o Senhor se oferece para atuar em nós e a nosso favor, visto que Deus
é quem opera tudo em todos que Nele creem.
Quando Deus especifica de forma mais detalhada os atributos que há em
Cristo Jesus, Ele também o faz porque, diversas vezes, a revelação dos
atributos mais básicos de quem Cristo é podem não ser suficientes para
algumas pessoas compreenderem o que representa Cristo ser o Senhor
sobre toda a vida criada.
Dizer que Cristo é o Senhor sobre tudo e sobre todos, exceto sobre o próprio Pai
Celestial que lhe outorgou este senhorio, já abrange a plenitude da soberania de Cristo
sobre tudo e sobre todos, mas no entendimento humano, esta amplitude e clareza pode
não estar tão evidente e tão abrangente, razão pela qual Deus também expõe esta
soberania através de referências à condição de Cristo ainda através de outros termos.
752

Para alguns, dizer que Cristo é o Senhor Soberano pode não soar com clareza de que
Cristo é o Senhor que perfeitamente os recebe nas suas debilidades e que os introduz
junto ao Pai Celestial. Cristo como o Senhor é Aquele que também exerce o senhorio do
acesso das pessoas a Deus, mas para alguns, o senhorio de Cristo pode ter uma
conotação equivocada de que Cristo somente quer dar ordens a eles.
Dizer que Cristo é o Senhor Soberano, para alguns, pode não soar com clareza de
que Cristo é o Rei de toda a criação e que também pode fazer com que a criação coopere
em favor daqueles que se rendem ao senhorio de Cristo, pensando alguns, novamente e
equivocadamente, que o senhorio de Jesus somente representa o estabelecimento de
ordens para aqueles que lhe estão sujeitos.
No sentido oposto, alguns podem pensar que o fato de Cristo ser-lhes apresentado
como o Senhor que serve implicaria em dizer que Ele deveria atendê-los e servi-los em
tudo, mesmo que isto fosse contra a justiça e a retidão de Deus.
Portanto, acrescentar o esclarecimento de que Cristo, além de Salvador e Senhor, é o
Sumo Sacerdote e Rei segundo a Ordem de Melquisedeque pode cooperar para que o
entendimento das pessoas sobre quem Cristo é venha a se tornar mais preciso, pois o
fato de Cristo ser o Senhor Soberano segundo a Ordem Sacerdotal e Real da justiça e da
paz representa que Ele é Sumo Sacerdote pleno de misericórdia e graça, mas que, ao
mesmo tempo, jamais despreza a justiça e a fidelidade ao Pai Celestial que
fundamentam o seu senhorio.
De muitas maneiras ou através de aspectos diversificados, o Pai Celestial
quer nos mostrar quem Ele é em Cristo e quem Cristo é para conosco, visto
que o conceito de um correto e justo senhorio foi tão distorcido e
corrompido entre os seres humanos e também para que saibamos que o
Senhorio de Cristo é singular e sem paralelos equivalentes entre os seres
humanos.
O senhorio de Cristo é tão amplo, mas também tão específico, que a sua
exposição acaba necessitando a soma de várias outras especificações para
que a sua amplitude e singularidade sejam expostas de forma mais
abrangente e precisa.
O senhorio de Cristo sobre o mundo, sobre as pessoas em geral e sobre as pessoas
que Nele creem é diferenciado de qualquer outro senhorio, quer em amplitude ou quer
em suas mais diversas características.
Um “senhor” sobre um projeto específico e sobre as pessoas no que tange à sua
associação a este projeto, por exemplo, não precisa ser o “senhor” da vida particular
daqueles que trabalham neste projeto, o que já é completamente diferente do Senhor da
vida e que é a fonte de toda a vida.
Um “rei ou um governante terreno”, também como exemplo, não é responsável por
prover salvação eterna àqueles que estão debaixo do seu governo, pois esta atribuição
não é de sua competência uma vez que ele nem capacitado é para fazer este tipo de
provisão. Entretanto, o Senhor da vida eterna tem atribuições tanto sobre a vida
natural presente como sobre a vida espiritual que segue por toda a eternidade.
Quando Deus nos oferece conhecermos a sua glória em Cristo Jesus, Ele usa termos
que são conhecidos no mundo natural para se comunicar conosco em uma linguagem
que nos é familiar. Entretanto, quando o faz, também associa que tipo de condição
753

Cristo tem em relação a cada um dos termos referenciados a Ele e que outros que usam
estes mesmos termos não têm.
Muito do que Deus quer que conheçamos sobre Cristo não está somente nos títulos
dos atributos que Cristo tem, mas também na especificação singular que cada um
destes títulos recebe nas Escrituras quando são usados em relação ao Senhor Jesus.
Quando as Escrituras, por exemplo, nos ensinam que Cristo é um Senhor que é o
Sumo Sacerdote Eterno, Rei da Justiça e Rei da Paz, elas já distinguem Cristo de
qualquer outra conceituação e abrangência de senhorio que existe no mundo,
mostrando a glória de Cristo como Senhor Eterno, mas também expondo a sua glória
pela apresentação de que tipo de Senhor Eterno Ele é no seu senhorio.
Para compreendermos a glória de Cristo não pela ótica do que o mundo conceitua
sobre as características dos títulos dos atributos das pessoas, precisamos conhecer o
que as Escrituras falam diretamente sobre cada título e também através do que as
Escrituras nos ensinam ao associar as características de Cristo a mais de um título ou a
uma pluralidade de títulos, posições e funções.
E é nesta última perspectiva, mencionada no parágrafo anterior, que podemos ver
que as Escrituras nos ensinam que a glória de Cristo como Senhor, que é o Sumo
Sacerdote e Rei Eterno, também é expressa como Cristo sendo apresentado ao mundo
como o “Cabeça” sobre tudo, conforme exemplificado a seguir:

Efésios 1: 22(a) E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para (Cristo) ser
o cabeça sobre todas as coisas, ...

Em outros textos, os quais veremos mais especificamente nos próximos capítulos,


pode ser observado, então, que Cristo é mencionado também como o Cabeça que está:
 1) Sobre cada membro do seu corpo;
 2) Sobre cada matrimônio estabelecido segundo a vontade do Pai Celestial;
 3) Sobre a Igreja do Senhor como um todo;
 4) Sobre cada principado e potestade que há no universo.

Passar a ver o senhorio, o sacerdócio, a condição de rei e a luz que há em


Cristo, também como o Cabeça, passa a expor ou revelar toda uma
maneira nova ou particular sobre todos estes demais atributos do Senhor.
Uma pessoa ter uma condição de rei, senhor ou sacerdócio sobre outras
pessoas é uma situação que não necessariamente estabelece uma
proximidade e uma relação pessoal do regente para com aqueles sobre
quem ele governa e também não dos governados para com o seu regente.
Quando, porém, dizemos que o Rei, Senhor e Sumo Sacerdote Jesus
também é o Cabeça, um suposto distanciamento entre Cristo e a pessoa
sobre quem Ele está estabelecido é colocado sob uma perspectiva muito
peculiar.
A condição de Cristo ser também o Cabeça sobre o que Ele foi
estabelecido pelo Pai Celestial reafirma, mais uma vez, o que já lhe foi
outorgado quando foi estabelecido como Senhor, Mediador, Sumo
754

Sacerdote e Rei. Entretanto, ela também acrescenta o esclarecimento de


uma condição singular e muito específica de proximidade que pode
ocorrer entre Cristo e aqueles sobre quem o Pai Celestial o estabeleceu.
A revelação de Cristo ser o Senhor que também é o Cabeça estabelece de forma
ainda mais precisa e objetiva o que o Senhor Jesus disse ao declarar: porque sem
mim nada podeis fazer.
A revelação de que Cristo é o Sumo Sacerdote e Rei que também é o Cabeça,
também nos faz relembrar do texto em que Paulo afirma:

2 Coríntios 3: 5 Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar


alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa
suficiência vem de Deus.

Ou ainda, quando vemos a revelação de Cristo ser o Senhor que também é o Cabeça,
podemos ver de forma ainda mais afirmativa este outro texto também apresentado por
Paulo:

2 Coríntios 10: 3 Porque, embora andando na carne, não militamos


segundo a carne.
4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas
em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas
5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e
levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo,
6 e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez
completa a vossa submissão.
----

Quando uma pessoa entende que Cristo é o Senhor que também é o


Cabeça da sua vida, ela começa a compreender que a proximidade com
Cristo é tão expressiva que até os pensamentos que há em seu coração
podem e deveriam estar sujeitos à Cristo, sendo que somente em Cristo,
como o Cabeça, é que uma pessoa tem verdadeiramente um discernimento
sóbrio e espiritual sobre todas as coisas que ela necessita discernir.
Um cristão pode “ter a mente de Cristo” não porque Cristo transfere um “pacote de
sabedoria” a uma pessoa, mas porque Cristo é o Cabeça da sua vida e ao qual ele pode
ter e deveria ter constante acesso através da fé e da comunhão.
O fato de Cristo ser apresentado como o Senhor que também é o Cabeça
reforça ainda mais a condição de somente Cristo ser o Único Mediador
entre Deus e os seres humanos, pois uma pessoa e um corpo não são feitos
para serem administrados e guiados por mais do que uma cabeça.
Uma pessoa ou um corpo sujeito a mais de uma cabeça, inevitavelmente, tornar-se-á
em uma casa dividida, a qual não poderá subsistir por causa da divisão que nela ocorre
no ponto em que não deveria haver uma divisão.
755

Mateus 12: 25 Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse:


Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou
casa dividida contra si mesma não subsistirá.

A divisão do comando da vida sob mais de uma cabeça sempre foi um dos principais
aspectos controversos e falhos da fraca e inútil Ordem de Arão no que se refere a
aperfeiçoar as pessoas que estavam associadas a ela.
A Ordem de Arão, ou segundo Moisés, sempre se debateu entre a discrepância de
comando e de interesses que havia entre o aspecto sacerdotal e o aspecto civil que
estava sob o governo de um rei, apesar de que o rei, em teoria, também deveria estar
sujeito à Ordem de Arão, pois esta última era a legisladora para os sacerdotes e levitas,
bem como também para o povo e os reis, conforme exemplificado abaixo:

Deuteronômio 17: 14 Quando entrares na terra que te dá o SENHOR, teu


Deus, e a possuíres, e nela habitares, e disseres: Estabelecerei sobre
mim um rei, como todas as nações que se acham em redor de mim,
15 estabelecerás, com efeito, sobre ti como rei aquele que o SENHOR,
teu Deus, escolher; homem estranho, que não seja dentre os teus
irmãos, não estabelecerás sobre ti, e sim um dentre eles.
16 Porém este não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar o
povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o SENHOR vos disse:
Nunca mais voltareis por este caminho.
17 Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração
se não desvie; nem multiplicará muito para si prata ou ouro.
18 Também, quando se assentar no trono do seu reino, escreverá
para si um traslado desta lei num livro, do que está diante dos
levitas sacerdotes.
19 E o terá consigo e nele lerá todos os dias da sua vida, para que
aprenda a temer o SENHOR, seu Deus, a fim de guardar todas as
palavras desta lei e estes estatutos, para os cumprir.
20 Isto fará para que o seu coração não se eleve sobre os seus irmãos
e não se aparte do mandamento, nem para a direita nem para a
esquerda; de sorte que prolongue os dias no seu reino, ele e seus
filhos no meio de Israel.
----

As palavras deste último texto acima até podem soar como bonitas e inspiradoras,
mas na prática, e como a cabeça de governo era dividida entre os sacerdotes e os reis,
os reis não se mantinham fiéis aos escritos da lei de Moisés, pois também estes reis
careciam da instrução e comunhão mais diretas, completas e pessoais junto ao Senhor
uma vez que parte destas cabia aos sacerdotes fazê-lo em nome dos reis.
Por mais amplamente elaborados que fossem a lei, o sistema de sacerdócio e o
sistema de reinado segundo a Ordem de Arão ou de Moisés, os seus modelos nunca
subsistiram também porque atuavam com a cabeça dividida sobre a mesma casa
chamada de Israel e sobre cada uma das pessoas debaixo desta condição. Também pelo
aspecto da divisão de poder, foi demonstrada a necessidade desta ordem ser revogada,
declarada como obsoleta e ser transformada somente em uma parábola para a
época presente para que ninguém mais precise incorrer no equívoco de seguir estes
modelos inapropriados para as suas vidas pessoais.
756

Quando, por exemplo, uma pessoa do povo recebia uma instrução dos sacerdotes
para fazer algo que dependesse também do consenso ou do favor do rei para conseguir
fazê-lo, e o rei optasse em não liberá-lo ou não ser favorável a este indivíduo, mesmo
que tivesse recebido uma boa palavra dos sacerdotes, esta pessoa ficava de mãos atadas
entre o que era instruída a fazer e o que de fato era autorizada e favorecida para fazer.
Por outro lado, se um rei quisesse beneficiar o povo sujeito a ele, mas os sacerdotes
não lhe atendesse em buscar verdadeiramente o conselho de Deus, o rei e o povo,
apesar terem recursos para fazer algo, ficavam com as mãos atadas sem saber ao certo
se o que pretendiam realizar era ou não era da vontade de Deus.
Agora, pensemos neste trâmite entre reis e sacerdotes estabelecidos para atender
milhares e centenas de milhares de pessoas. Qual não era a fragilidade ou a debilidade
da proposição da Ordem de Arão?
Assim, em Cristo, como o Cabeça, temos um mesmo ponto que recebe pessoalmente
e intimamente o que apresentamos a Ele, bem como o que Ele pessoalmente nos instrui
a fazer, permitindo que haja o estabelecimento da paz entre o querer e o realizar para
cada indivíduo que se relaciona com o Senhor.
Quando as Escrituras nos mostram que Cristo é o Senhor que também é
o Cabeça, podemos saber que Nele uma pessoa tem unificada a condição de
Cristo ser o Sumo Sacerdote Perfeito e o Rei Perfeito da sua vida para que
também obtenha as instruções unificadas e sem contradições entre os
aspectos do viver em Deus e do andar em Deus.
Diante da exposição da glória de Cristo como o Senhor que também é o Cabeça,
qualquer pensamento de que o sacerdócio e a governança de Cristo são realizados
somente de forma genérica e impessoal fica exposto à condição de engano e de mentira,
mostrando-nos Deus, que em Cristo tudo é sustentado pelo poder da sua palavra, mas
que também cada aspecto deste todo é sustentado individualmente pelo Senhor, que
também é Cabeça.
Quando os salmistas do livro dos Salmos declaram que “O Senhor é o MEU Pastor”,
“O Senhor é o MEU refúgio”, “O Senhor é a MINHA Rocha”, e assim por diante, e
quando pediam para o Senhor “vê se há EM MIM algum caminho mal e guia-
ME pelo caminho eterno”, eles não estavam falando de aspectos distantes e
impessoais da glória do Senhor, mas exaltando a grandeza do Senhor poder ser em
cada um o que cada um necessita que Deus seja para ele e nele.
Se tudo foi criado por Cristo com individualidade, não poderia Ele também cuidar de
cada aspectos criado com individualidade?
Visto que somente Deus é poderoso para atender a todos em todas as suas questões,
o ser humano dissociado da comunhão com o Senhor e também o império das trevas,
devido às suas limitadas condições, é que tentam impor às pessoas o pensamento de
tratamentos dos indivíduos somente por sistemas coletivos e sem a devida
pessoalidade.
A exposição da glória de Cristo, também como Cabeça, se opõe à toda
tentativa de descaracterizar a condição individual que Cristo tem para com
cada pessoa e cada aspecto da sua criação, reafirmando mais uma vez que
Cristo é soberano sobre todos, mas que Ele também é soberano sobre cada
vida e detalhe do universo.
757

Colossenses 1: 13 Ele nos libertou do império das trevas e nos


transportou para o reino do Filho do seu amor,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele.
17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito
de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.

2 Timóteo 2: 19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece,


tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais:
Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.

1Coríntios 8: 2 Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não


aprendeu ainda como convém saber.
3 Mas, se alguém ama a Deus, esse é conhecido por ele.

Salmos 32: 8 Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e,


sob as minhas vistas, te darei conselho.
9 Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais
com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te
obedecem.
10 Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no
SENHOR, a misericórdia o assistirá.
11 Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos
que sois retos de coração.
758

C34. A Glória de Cristo Como o Cabeça de Cada Pessoa que


Nele Crê
Uma vez que passamos a ver a glória de Cristo também como Aquele que é Cabeça,
mostrando-nos que tudo o que Deus decidiu oferecer e realizar em Cristo é também
unificado e sem divisões em Cristo, podemos passar a ver mais de perto alguns aspectos
específicos da condição de Cristo ser também chamado de Cabeça.
Visto que um dos aspectos centrais almejados com a vinda de Cristo em carne ao
mundo foi a reconciliação das pessoas que Nele creem com Deus, gostaríamos também
de iniciar as considerações mais detalhadas de Cristo como Cabeça em relação ao
aspecto Dele ser o Cabeça de cada indivíduo que Nele crê.
Para exemplificar a posição de Cristo como o Cabeça de cada indivíduo que Nele crê,
Deus, nas suas Escrituras, nos apresenta uma figura da posição de Cristo como o
Cabeça de um corpo, o Cabeça do chamado corpo de Cristo.
A posição de Cristo como o Cabeça do que é chamado de seu corpo, por sua vez,
divide-se em dois aspectos que se complementam mutuamente. A posição de Cristo
como o Cabeça do seu corpo, abrange Cristo ser:
 1) O Cabeça de cada parte do seu corpo;
 2) O Cabeça do corpo como um todo, o Cabeça que está colocado também sobre
o funcionamento coletivo e global do seu corpo.

Vejamos abaixo alguns textos que reiteram a posição de Cristo como o Cabeça do seu
corpo:

Efésios 1: 22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça
sobre todas as coisas, o deu à igreja,
23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em
todas as coisas.

Efésios 4: 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo


naquele que é a cabeça, Cristo,
16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de
toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu
próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.

Colossenses 1: 18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o


primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a
primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.
759

Colossenses 2: 18 Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de


humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu;
estando debalde inchado na sua carnal compreensão,
19 e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado
pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. (RC)

ou

Colossenses 2: 18 Ninguém vos prive do prêmio, alegando humildade ou


culto aos anjos, baseando-se em visões, enfatuado sem motivo algum
na sua mente carnal,
19 e não se mantendo unido à Cabeça, da qual todo o corpo, provido e
organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento
concedido por Deus. (EC)
----

E para podermos observar de forma mais apropriada os dois aspectos mencionados


no parágrafo logo acima, entendemos ser melhor separá-los, para fins de apresentação,
em dois capítulos distintos, sendo que neste presente capítulo procuraremos começar a
ver o primeiro dos dois aspectos supracitados, o qual é Cristo ser o Cabeça de cada um
dos membros do seu corpo.
Quando lidamos com palavras como a expressão todos, entendemos ser significativo
observar que o termo todos também é sinônimo de todas as partes do todo, bem como
também é sinônimo da expressão relativa à cada uma das partes do todo.
Embora a expressão todos, por um lado, tenha o alvo de referir-se à completa
inclusão de todas as partes, sem que nenhuma seja deixada de fora, por outro lado, a
expressão todos também tem o caráter que procura expor a importância individual de
cada uma das partes, a ponto de visar que nenhuma parte seja deixada de lado ou seja
tratada de forma inferior ou diferenciada.
Assim, quando as Escrituras nos dizem que Cristo é o Cabeça que provê e sustenta
cada uma das partes e todas as partes do seu corpo, elas também estão nos ensinando
que no corpo de Cristo, todas as partes, sem nenhuma exceção, estão ligadas ao Cabeça
e tem igual direito e possibilidade de acesso a este mesmo Cabeça.

1 Coríntios 12: 12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos


membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim
é Cristo também.
...
20 Agora, pois, há muitos membros, mas um corpo.

Efésios 5: 29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a


alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 porque somos membros do seu corpo, de sua carne e de seus ossos.

Romanos 12: 5 ... assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em
Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.
760

1 Coríntios 12: 27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente,


membros desse corpo.
----

No corpo de Cristo, cada membro individualmente está ligado ao Cabeça


e é provido e nutrido pelo Cabeça.
Portanto, um aspecto muito relevante a ser observado quando vemos a comparação
dos cristãos serem parte de um corpo que tem muitos membros e que tem somente um
Cabeça, assim como o corpo humano tem muitos membros e uma só cabeça, é que a
comparação do corpo de Cristo com o corpo humano é figurativa e não a tentativa do
estabelecimento de uma igualdade entre os dois tipos de corpos.
O denominado corpo de Cristo é um corpo espiritual e não um corpo
físico, sendo que a glória de cada um deles é completamente distinta ainda
que se possa estabelecer algumas comparações figurativas entre os dois.

1 Coríntios 15: 40 Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem


dúvida, uma é a glória dos celestiais, e outra, a dos terrestres.

Quando passamos a ver as Escrituras, precisamos estar atentos a não confundir as


comparações simbólicas com aquilo que é o verdadeiro, genuíno ou a base do que está
sendo comparado. E deveríamos estar atentos para não querer definir o verdadeiro a
partir de um detalhamento que nem as Escrituras fazem das figuras de comparação.
Se não compreendermos que as figuras de comparação somente apontam para o
verdadeiro e que elas não são o verdadeiro de fato, podemos voltar a incorrer na
sistemática de tentar viver através das sombras do verdadeiro, como era o caso da
Ordem de Arão ou também conhecida como a Ordem Levítica ou de Moisés.
Paulo nos exorta firmemente de que devemos buscar as coisas que são
do alto, onde Cristo está assentado, e não as que são da Terra. Portanto,
depois que sabemos da breve analogia que há na comparação do corpo
terreno com o corpo de Cristo, deveríamos procurar conhecer como é de
fato o corpo de Cristo segundo o que o Senhor nos informa sobre ele.
As Escrituras nos dizem que assim como o corpo humano tem vários membros,
assim também o corpo espiritual tem vários membros. Entretanto, ao mesmo tempo, as
Escrituras não declaram que os membros do corpo de Cristo e suas funções são as
mesmas de corpo natural. Pelo contrário, as Escrituras nos mostram que as
funções dos membros do corpo espiritual de Cristo são completamente
diferentes das funções dos membros do corpo natural, conforme
exemplificado no texto abaixo:

Romanos 12: 4 Porque assim como num só corpo temos muitos


membros, mas nem todos os membros têm a mesma função,
...
6 tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada: se
profecia, seja segundo a proporção da fé;
7 se ministério, dediquemo-nos ao ministério; ou o que ensina
esmere-se no fazê-lo;
761

8 ou o que exorta faça-o com dedicação; o que contribui, com


liberalidade; o que preside, com diligência; quem exerce
misericórdia, com alegria.

Enquanto as funções dos membros do corpo físico cooperam para um corpo natural,
as funções dos membros do corpo espiritual cooperam também para um corpo
espiritual, sendo que as funções do corpo espiritual são nos mostradas nas Escrituras,
por exemplo, pelos dons e ações que os membros do corpo devem ter para com Cristo e
em relação aos outros membros, e que são, por exemplo, o amor por Deus, pelos
irmãos, a ajuda, o socorro, o ensino, a misericórdia, os dons de administração e assim
por diante.
Se as pessoas não compreenderem que a comparação figurativa não é exata e que as
funções dos membros de um corpo natural não se equivalem em completo como os
membros do corpo espiritual, elas poderão começar a querer definir entre os irmão
qual, por exemplo, é estômago, qual é intestino, qual é dedo anelar, quem é o dedo
indicador, e assim por diante, o que seria um verdadeiro disparate uma vez que o corpo
espiritual nem tem estas mesmas divisões e características do corpo natural.
O próprio Senhor Jesus Cristo, quando em carne no mundo, disse que a linguagem
simbólica precisa ser seguida de uma linguagem não figurativa a fim de que uma pessoa
possa compreender a vontade do Pai Celestial e para que venha a crer no que é celestial
e superior ao terreno, conforme exemplificado abaixo:

João 15: 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz
o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.

João 16: 25 Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras; vem a hora
em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei
claramente a respeito do Pai.

João 16: 13 Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a
toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir.
14 Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de
anunciar.
15 Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso é que vos disse que há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar.

Lucas 8: 10 Respondeu-lhes Jesus: A vós outros é dado conhecer os


mistérios do reino de Deus; aos demais, fala-se por parábolas, para
que, vendo, não vejam; e, ouvindo, não entendam.

Cristo nos mostrou que o ensino somente no nível das parábolas não leva as pessoas
a compreensão dos fatos mais profundos expostos a elas, fazendo, inclusive, que a
persistência no modo figurativo leve à cegueira e à surdez, as quais, por sua vez,
762

resultam na compreensão enganosa e distorcida do que é verdadeiro ou segundo o


reino de Deus.
Se, por exemplo, no corpo humano existe uma hierarquia de membros que dão
sustentação para outros membros estarem ligados à cabeça, no corpo de Cristo não é
assim, pois todos têm acesso ao Cabeça e cada um é pessoalmente responsável a se
manter “Unido ao Cabeça”.
Se no corpo humano um braço for amputado, isto implica também que a mão se
desliga do corpo e da cabeça do corpo. Contudo, o desligamento de um membro do
corpo de Cristo, se vier a ocorrer, é individual, personalizado e se dá pelo motivo de
uma pessoa passar a se afastar da graça de Deus e da fé em Cristo, conforme já vimos
várias vezes e exemplificamos mais uma vez no texto abaixo:

Gálatas 5: 3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar


que está obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes.
5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.
6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão
têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor.
7 Vós corríeis bem; quem vos impediu de continuardes a obedecer à
verdade?

Se no corpo natural um membro pode vir a ficar separado do corpo porque outro
membro que se interpunha entre ele e a cabeça foi amputado, no corpo de Cristo, uma
pessoa somente é separada dele se ela pessoalmente ou individualmente adotar as
ações que a levem a se dissociar deste corpo.

João 15: 5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e


eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à
semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o
queimam.

Apesar das Escrituras nos ensinarem que também no corpo espiritual de Cristo um
membro sofre se os outros membros sofrerem, a forma de isto ocorrer e as
consequências que advém deste sofrimento são muito distintas do corpo natural.
Se um indivíduo morasse em uma cidade onde a maioria das pessoas fosse cristã, e
cada cristão estivesse vivendo e andando segundo o querer de Cristo, este indivíduo,
certamente, teria muitos benefícios coletivos pelo fato de outros membros do corpo de
Cristo também estarem em conformidade com a graça e a justiça de Deus. Entretanto,
ou ainda assim, o sofrimento que pode sobrevir a um membro do corpo de Cristo
quando outro membro sofre ou até venha a ser separado do corpo não é equiparado ao
desligamento de um membro do corpo físico, pois eles são tipos de corpos distintos.
Paulo adverte claramente a todos os cristãos para que ninguém deixe que outros se
interponham contra eles ao ponto de permitirem que a união deles com Cristo seja
interrompida, conforme já vimos acima e cujo texto repetimos abaixo:
763

Colossenses 2: 18 Ninguém vos prive do prêmio, alegando humildade ou


culto aos anjos, baseando-se em visões, enfatuado sem motivo algum
na sua mente carnal,
19 e não se mantendo unido à Cabeça, da qual todo o corpo, provido e
organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento
concedido por Deus. (EC)

No corpo natural, a provisão, por exemplo, não vem do próprio corpo e nem vem da
cabeça deste corpo. Ela vem do exterior ao corpo, sendo processada pelo corpo para ser
distribuída aos demais órgãos deste corpo. O corpo natural busca o oxigênio
externamente, busca a vitamina D pela exposição ao sol, busca exteriormente os mais
diversos alimentos, e após recebê-los ou ingeri-los, os processa através dos pulmões,
estômago, fígado, intestino e outros órgãos, e assim por diante.
No corpo espiritual, quanto à provisão, por exemplo, tudo é muito
diferente do corpo natural. As Escrituras nos dizem que no corpo
espiritual, todo o corpo, ou seja, cada uma das suas partes, cada um dos
seus membros, é nutrido diretamente pelo Cabeça, motivo pelo qual a
permanência constante na dependência direta da provisão vinda deste
Cabeça também é vital.
Cristo explicitamente disse: porque sem mim nada podeis fazer. Ponto
essencial que Paulo também reitera ainda em outro texto:

Colossenses 2: 8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua


filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.

Ainda através de outra figura, Paulo também nos ensina que cada indivíduo é um
edifício a ser edificado diretamente em Cristo e não em cima de outros, sendo que cada
um deve zelar a respeito de onde é edificado e o que vai sendo edificado na sua vida.

1 Coríntios 3: 9 Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus,


edifício de Deus sois vós.
10 Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento
como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um
veja como edifica.
11 Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi
posto, o qual é Jesus Cristo.

Paulo anunciava a possibilidade de cada pessoa poder receber a Cristo em seu


coração e como esta oferta de Cristo ser o fundamento podia ser recebida na vida de
cada indivíduo. Entretanto, a partir do lançamento do fundamento no coração, Cristo o
Senhor, cada um deve ver como se relaciona com o fundamento a fim de que também
seja edificado segundo o querer deste fundamento.
764

Nos ensinos de Deus que ele nos transmite em suas cartas, Paulo
claramente chama os cristãos a não andarem mais segundo a sombra do
verdadeiro como era feito na velha aliança, mas chama os cristãos a
erguerem os olhos para verem o quão mais superior e distinto é a condição
do genuíno ou verdadeiro em comparação ao figurativo.

2 Coríntios 3: 8 ... como não será de maior glória o ministério do


Espírito!
9 Porque, se o ministério da condenação foi glória, em muito maior
proporção será glorioso o ministério da justiça.
10 Porquanto, na verdade, o que, outrora, foi glorificado, neste
respeito, já não resplandece, diante da atual sobre-excelente glória.

No corpo de Cristo, cada indivíduo é convidado a crescer em amor


“diretamente” naquele que é o Único Cabeça de todo o seu corpo.

Efésios 4: 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo


naquele que é a cabeça, Cristo,
16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de
toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu
próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.
----

Quando um membro cresce diretamente e pessoalmente em Cristo, ele está seguindo


a verdade em amor, pois Cristo é a verdade. E ele também está fazendo a sua justa
cooperação para a edificação da sua vida em amor, pois é no Filho do Amor de Deus
que o Senhor nos edifica em amor.
Conforme vimos nos textos acima, o corpo de Cristo é auxiliado por juntas e
ligamentos, mas, novamente, as juntas e ligamentos no corpo de Cristo não são
estruturas hierárquicas entre os membros espirituais como existe em uma estrutura
hierárquica nos membros do corpo físico.
Os ligamentos do corpo espiritual são, por exemplo, o “vínculo da paz”, o “vínculo do
amor” e a “fé no Senhor”. Já as justas cooperações deste corpo são, em primeiro lugar,
as funções de Cristo como o nosso Único Mediador para com Deus, o Sumo Sacerdote
Eterno, o Advogado, Autor e Consumador da Fé, e o Rei da Justiça e Rei da Paz, através
de quem somos convidados a “andar unidos com o Senhor” e segundo a vontade do Pai
Celestial, seguidos depois da cooperação de cada membro.

Efésios 4: 3 ... esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade


do Espírito no vínculo da paz.

Colossenses 3: 14 Acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o


vínculo da perfeição.
765

Romanos 5: 11 E não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus


por nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos,
agora, a reconciliação.
+
2 Coríntios 5: 20(b) ... Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos
reconcilieis com Deus.

Hebreus 4: 15 Porque não temos sumo sacerdote que não possa


compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas
as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado.
16 Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da
graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para
socorro em ocasião oportuna.
----

O corpo espiritual de Cristo é um corpo onde cada membro é um filho do


Pai Celestial e, por isto, com a possibilidade de um acesso individual e
direto também ao seu Pai Eterno através de Cristo.
O corpo espiritual de Cristo é um corpo que tem um único irmão
primogênito que deu a vida para que outros irmãos pudessem ser adotados
na família de Deus. E também por isto, somente este irmão primogênito é
as primícias dos demais irmãos e tem a primazia igual sobre todos aqueles
que se achegam através Dele a Deus, vetando claramente que entre os
demais irmãos seja estabelecida qualquer conceituação de hierarquia e
liderança no que se refere a este corpo espiritual.

Mateus 23: 8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é


vosso Mestre, e vós todos sois irmãos.
9 A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso
Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem sereis chamados guias, porque um só é vosso Guia, o Cristo.

Em sua condição de apóstolo do Senhor Jesus, Paulo declarou as seguintes palavras


e jamais se ergueu sobre os irmãos de fé para subjugá-los a ele:

1 Coríntios 4: 1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem


como ministros (servos) de Cristo e despenseiros dos mistérios de
Deus.

1 Coríntios 3: 5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de


quem crestes, e isto conforme o Senhor concedeu a cada um.

Colossenses 1: 28 ... o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e


ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que
apresentemos todo homem perfeito em Cristo.
----
766

Querer conceituar o corpo de Cristo segundo a figura terrena ou o corpo natural


somente interessa àqueles que pensam nas coisas terrenas mais do que nas coisas que
são do alto, onde Cristo está assentado. E muitos assim o querem fazer porque querem
desligar os outros de Cristo para tentar subjugá-los a si.
Por outro lado, podemos ver a fragilidade daqueles que querem se colocar entre
Cristo e os membros do corpo de Cristo sob a alegação de que isto é devido porque o
corpo natural tem uma hierarquia de membros, pois ainda que usem o corpo natural de
exemplo, também no próprio corpo natural somente há uma cabeça a comandar todo o
corpo.
De uma ou de outra forma, aqueles que se negam a aceitar a primazia e a soberania
do Senhor Jesus sobre o corpo de Cristo sempre cairão em grandes e graves
contradições que, fatalmente, os levam à criarem as mais impressionantes hipocrisias
ou dissimulações em relação aos seus intentos de dominação daqueles que eles querem
ter como seus seguidores, conforme já vimos em capítulos anteriores.
Inclusive no corpo natural, apesar de neste caso um membro poder vir a
invalidar a atuação de outro membro, nenhum membro tem a vocação de
ser cabeça sobre outro membro.
No corpo espiritual, quando um membro tem êxito em alguma tarefa específica, ele
não deveria, jamais, por causa disto, querer passar a gerenciar os outros membros com
base no seu êxito, pois este somente ocorreu por ele ter seguido a instrução e a provisão
advinda do único Cabeça do corpo espiritual.
No corpo espiritual, quando um membro consegue completar uma obra,
ele sempre deveria sinalizar para os outros membros também buscarem a
instrução e a provisão no Único Cabeça deste corpo, ensinando assim aos
seus irmãos a dependerem da mesma fonte única que é Cristo e que está
igualmente disponível a todos os membros do corpo.
Quando um membro do corpo espiritual de Cristo começa a esquecer que ele é
somente um membro como os seus demais irmãos, ele começa a ficar sujeito a pensar
que ele também pode mediar os outros membros naquelas necessidades que somente
podem ser supridas pelo Cabeça do corpo, incorrendo, muitas vezes, nos seguintes
aspectos:
 1) Querer deixar de ser um simples membro do corpo como os demais, ficando
ele mesmo sujeito a ser desconectado do Cabeça do corpo espiritual;
 2) Pensar que tem um chamado para ser líder de outros e, por isto, também
começar a presumir que ele mesmo tem alguns dos atributos que são exclusivos
do Cabeça do corpo de Cristo;
 3) Falar dos membros do corpo de Cristo na terceira pessoa e sem que se veja
incluso neles, criando uma separação entre clero e leigos, entre líderes e povo,
considerando este último, o povo, sempre como mais ignorante e menos
favorecido;
 4) Deixar de fazer o que deveria fazer como membro porque passa a ter muitas
tarefas no seu suposto e pretenso chamado de mediador e líder.
767

Quando um membro passa a pensar que ele é chamado para ser um tipo de cabeça
ou “sub cabeça” de outros membros, nem ele mesmo passa a ser o que deveria ser para
o corpo e nem o corpo é para ele o que deveria ser, pois os membros que ele intenta
comandar, passam a fazer o que um membro do corpo quer e não o que o Cabeça quer
que seja feito, trazendo dano ou até destruição para todos os envolvidos nesta oposição
ao Único Cabeça verdadeiro.
Quando as pessoas estão dissociadas da ligação direta ao verdadeiro e único Cabeça,
elas também não discernem o corpo, criando toda a sorte de injustiças entre aqueles
que andam em contrariedade àquilo que lhes foi instruído pelo Senhor.
Quando as pessoas tentam colocar “cabeças” ou mesmo “sub cabeças” no corpo de
Cristo, ato que nunca foi autorizado por Cristo para ser estabelecido no seu corpo, elas
começam a incorrer no que as Escrituras chamam de não discernir o corpo de Cristo
como deveriam discerni-lo. E também por isto, não adianta realizarem supostas ceias
de comunhão, pois estão em desunião com a principal parte do corpo, a qual é o Único
Cabeça sobre todos.

1 Coríntios 11: 28 Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma


do pão, e beba do cálice;
29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo
para si.

Celebrar uma ceia e denominá-la de comunhão cristã entre irmãos, mas onde alguns
se interpõem entre os membros e o Cabeça do corpo, e onde alguns se elevam sobre os
outros como supostos “cabeças” ou “sub cabeças” sem jamais terem sido nomeados por
Deus para isto, é celebrar uma ceia carente do discernimento do corpo de Cristo e ainda
muito mais do Cabeça deste corpo.
Quando algumas pessoas querem se interpor como líderes, sacerdotes, pais
espirituais (ou padres), pastores ou qualquer outro termo pelos quais tentam se elevar
sobre os cristãos, eles estão tentando reduzir o corpo espiritual de Cristo a um corpo
carnal, terreno e corruptível a fim de tentarem manipular e dominar este corpo
segundo os seus interesses carnais.

1 Coríntios 3: 4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu,


de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens?

1 Coríntios 1: 12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de


Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós
ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?
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Como o Eterno Sumo Sacerdote, Cristo percebe todo o sentimento que


cada membro do seu corpo sente, Ele sabe tudo o que acontece com cada
membro, mas se uma pessoa se desliga de Cristo e se liga a outras pessoas,
ainda que Cristo conheça a tudo e a todos, ela fica na dependência destas
pessoas sentirem suas dores para ser socorrida por elas quando precisar.
768

E quando um membro tem um necessidade em que vários membros do corpo


precisam ser mobilizados para ajudá-la, quem irá comandar esta coletividade de ajudas
nas horas mais críticas se ele não tem a Cristo como Cabeça?
Se um membro, exemplificado no parágrafo anterior, estiver ligado a Cristo, o
Cabeça, o Senhor tem todo o poder de comandar todos os demais membros que são
necessários para socorrer aquele que está em necessidade ou para que se voltem àquele
que deles precisa de ajuda.
Somente Cristo é O Cabeça de todo aquele que Nele crê, não cedendo
jamais esta posição a nenhum outro membro, nem ainda se este tivesse
sido um apóstolo.
Paulo explicitamente disse que assim como todos os cristãos igualmente têm um só
fundamento e podem ser edificados diretamente no mesmo fundamento que ele e os
demais apóstolos e profetas foram edificados, assim também todo aquele que crê no
Senhor Jesus têm um Único Cabeça ao qual individualmente deveria se reportar.
Portanto, Cristo é tudo em cada um dos seus membros desde o fundamento que
sustenta a vida até o Cabeça que instrui e guia a pessoa que Nele está fundamentada.
Cristo é o Cabeça de cada um dos membros do seu corpo espiritual, lembrando que
Nele, no seu corpo espiritual, não há escravo ou livre, homem ou mulher, judeu ou
grego, e assim por diante, conforme já comentamos em capítulos anteriores.
A partir da revelação e exaltação do Senhor Jesus como o Sumo Sacerdote e Rei
Eterno, não existe na vontade de Deus qualquer possibilidade de um ser humano ser o
mediador diante de Deus de outro ser humano, o que, obviamente, se aplica ainda mais
quando vemos a posição de Cristo como o Cabeça de cada um dos membros do seu
corpo.
Muitos daqueles que dizem que uma pessoa precisa de mediadores entre ela e Deus
podem até falar de que isto é temporário e que um dia a própria pessoa poderá ter
acesso direto a Deus. Na prática, porém, nunca deixam realmente as pessoas crescerem
a este ponto, pois se o fizessem, perderiam a sua razão de existirem como supostos
mediadores. Eles atuam para manter as pessoas imaturas porque querem a primazia
para si, conforme exemplificado na terceira epístola de João.
Há mediadores que ensinam que aqueles que eles mediam um dia poderão se
achegar direto a Deus como eles fazem, mas nunca definem os passos e o tempo para
que isto ocorra. Dizem que isto “é um mistério que só o tempo mostrará”. Mas na
realidade, é um embuste ou um engodo.
E fazendo aqui uma pergunta óbvia: Se as pessoas precisam de mediadores entre
elas e Deus, não é evidente que os mediadores também precisariam de mediadores? E
quem mediaria o topo da cadeia de mediadores de mediadores?
O que faz os pretensos mediadores pensarem que são tão distintos dos outros para
não precisarem, eles mesmos, de mediadores? São eles uma classe especial de
indivíduos eleitos e mais privilegiados que o resto dos seres humanos?
E quando perguntados da razão deles mesmos não terem mediadores, estes mesmos
pretensos mediadores, sempre dão respostas evasivas, dissimuladas ou que tentam
distorcer a verdade.
Por que, então, as suas respostas não são verdadeiras?
769

As resposta dos pretensos mediadores não é verdadeira por uma razão muito básica:
Porque as Escrituras explicitamente dizem que o Único Mediador entre Deus e os seres
humanos é Cristo, o Único Cabeça do seu corpo.
Diante das Escrituras, as pessoas que se advogam mediadoras entre Deus e outras
pessoas não são de fato o que alegam ser. Se fossem, as Escrituras estariam mentindo.
Não é ao Senhor Jesus Cristo que aqueles dizem mediar a Cristo servem de fato, antes
resistem a soberania e posição de Cristo como o Único Cabeça.
Cada cristão é templo do Deus vivente e pode se relacionar com o Senhor
Jesus Cristo em seu coração para ali receber o reino e a justiça de Deus e
para se relacionar com Cristo como seu Sumo Sacerdote, sua Luz, seu Rei
da Justiça e da Paz, tendo todos os ministérios de Cristo unificados na sua
posição de Cabeça sobre o seu corpo.
Entretanto, aqueles que não creem que Cristo pode fazer tudo o que é requerido Dele
como o Cabeça e que Ele tenha todo este poder, e que ainda tentam estabelecer outros
para fazer o que somente é pertinente a Cristo, acabam se entregando à discursos e
proposições idólatras, visto que o significado da palavra idolatria está relacionado com
“aquilo que é a réplica ou a imagem de algo + um serviço retribuído por salário”.
(Conforme comentários associados ao Léxico grego de Strong na Online Bible).
Pelo fato de haver pessoas que estão dispostas a pagar para que outros tentem fazer
o relacionamento delas com Deus, ainda que parcial, também há aqueles que oferecem
“réplicas ou falsificações de cabeças” que oferecem uma suposta “cobertura espiritual”
sobre outros, como se um mero membro do corpo pudesse ter a vocação de ser cabeça
de outro membro, conforme já comentamos acima.
A ambição pelo lucro que a pretensa “cobertura espiritual” tem gerado ao longo da
história atrai muitos a quererem também se estabelecer como mais uma réplica do
Cabeça Cristo para obterem os supostos salários que pensam ser devidos a este tipo de
serviço.

1 Timóteo 6: 3 Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as


sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a
piedade,
4 é enfatuado, nada entende, mas tem mania por questões e
contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação,
difamações, suspeitas malignas,
5 altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e
privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro. Aparta-
te dos tais.

Sendo a idolatria o uso da réplica de algo que é servido por retribuição de salário,
aquele que se oferece como réplica de cobertura espiritual, e recebe a paga por oferecer
este serviço ou ministério, se caracteriza como o “ídolo idolatrado”. E em relação a
estes, o Senhor nos instrui no texto a seguir:

2 Coríntios 6: 16 Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?


Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse:
Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu
povo.
770

17 Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não


toqueis em coisas impuras; e eu vos receberei,
18 serei vosso Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor
Todo-Poderoso.

Aqueles que se apresentam como réplicas do Cabeça Cristo, e como tais recebem
salário por retribuição de tentarem ser réplicas de Cristo, se colocam como ídolos que
tentam se interpor para que as pessoas não acessem o relacionamento com o Pai
Celestial conforme o Pai intenta ter com cada um dos seus filhos.
Cristo firmemente nos advertiu que viriam muitos que tentariam se estabelecer
como uma réplica de Cristo, mas também advertiu o que fazer em relação a estes
pretensos ou falsos “cabeças”.

Marcos 13: 21 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo
ali! Não acrediteis;
22 pois surgirão falsos cristos e falsos profetas, operando sinais e
prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos.
23 Estai vós de sobreaviso; tudo vos tenho predito.

Em outro texto, Paulo ainda nos diz:

1 Coríntios 10: 14 Portanto, meus amados, fugi da idolatria.

Cristo, o Mediador estabelecido por Deus com exclusividade, não


repassou e jamais delegará esta função a outros, pois é para podermos nos
achegar a Ele e ao Pai Celestial que Ele veio em carne ao mundo e veio para
tornar isto claro diante de todos. Quando nos achegamos direto ao Senhor
Jesus, Ele nos conduz para estarmos cada vez mais diretamente Nele, Em
Cristo, e através Dele, no Pai Celestial e o Pai entre nós.
O Senhor tem o direito de ser o exclusivo Cabeça de cada pessoa. Cristo tem este
direito por ser Criador de todos e por ter-lhes comprado a liberdade na cruz do Calvário
com o seu sangue perfeito vertido como o Cordeiro Perfeito, algo que ninguém e
nenhuma pessoa fez por um dos seus semelhantes, quanto mais por todos.
Independentemente da condição natural que um cristão esteja, ele é livre para
acessar a Deus no seu coração sem qualquer jugo de mediação de outros, pois Cristo lhe
comprou esta liberdade. E esta é a liberdade que não deve ser jamais desprezada.

1 Coríntios 7: 23 Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos


de homens.

1 Coríntios 6: 20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois,


glorificai a Deus no vosso corpo.
771

Apocalipse 1: 5 ... e da parte de Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o


Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra. Àquele que
nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos nossos pecados, ...

Os que querem se colocar, indevidamente, como cabeça de outros, quer como seus
sacerdotes ou quer como os líderes ou regentes das suas vidas, são como ladrões de
vidas alheias. Tentam roubar o controle das vidas alheias para si. Tentam matar aquilo
que Deus tem para as pessoas. E assim, tentam destruir todas as possibilidades de
produção de frutos que estes poderiam gerar segundo a vontade de Deus.

Eclesiastes 8: 9 Tudo isto vi quando me apliquei a toda obra que se faz


debaixo do sol; há tempo em que um homem tem domínio sobre
outro homem, para arruiná-lo.

João 10: 10(a) O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir.

Terrível coisa é quando uma pessoa tenta mediar a outra como seu
cabeça, pois com isto ela tenta dominá-la sob um sacerdócio em que a
pessoa não aprende ou desaprende a ouvir diretamente a Deus, mas
também porque tenta dominá-la sob uma regência que se interpõe para
que esta pessoa não venha a ouvir a instrução do Rei Jesus sobre como ela
deveria andar em sua vida.
Notemos bem aqui o seguinte mais uma vez: Se alguém não acessa a Deus para se
relacionar com o Senhor, ele também não terá o caminho inverso de receber a
orientação de Deus. E assim, fica entregue a ser guiado também no andar sob a direção
de outras fontes.
Não estamos aqui dizendo que uma pessoa não possa ouvir sugestões de pessoas em
áreas que outros são mais especializados do que ela. Entretanto, isto é diferente de
alguém querer determinar ao seu próximo o que ele deve fazer ou deixar de fazer. É
diferente de uma pessoa permitir que o seu semelhante lhe seja por cabeça.
Um cristão, por exemplo, pode falar aos seus irmãos de fé sobre as virtudes de Deus
e que Deus quer o relacionamento pessoal com cada um. Entretanto, um irmão não é
chamado para fazer o papel de mediar a Deus aos irmãos ou os irmãos a Deus, pois isto
se opõe completamente à nova aliança em Cristo. (Aspecto exposto mais amplamente
no estudo Conhecer sobre Deus ou Conhecer a Deus).
Uma outra questão triste relacionada aos supostos mediadores humanos é que
quando os problemas das pessoas mediadas começam a surgir, os mediadores deixam a
culpa e a conta nas costas de quem orientaram e não assumem o custo das suas
mediações e dos conselhos que deram, dizendo que os indivíduos mediados eram livres
para escolherem e adotarem ou não os seus conselhos. Assim, até na hora do fracasso
os falsificadores ou falsas cabeças tentam dissimular a vergonha dos seus sistemas.
Os supostos mediadores humanos repetidamente tentam lançar fardos pesados
sobre as costas das pessoas que dizem orientar. Conforme já vimos anteriormente, eles
o fazem:
772

 1) Naquilo que orientam, pois não foram designados por Deus para fazê-lo e
assim não instruem os outros na verdade ou na vontade de Deus;
 2) Naquilo que exigem;
 3) Naquilo que ameaçam, caso os mediados não sigam suas orientações;
 4) Nas acusações e condenações que lançam sobre os que seguiram as suas
instruções quando os fracassos vem e quando começam a ver as coisas se
desmoronarem nas suas vidas;
 5) Quando blasfemam e tentam amaldiçoar àqueles que já não suportam seus
fardos e se retiram dos seus sistemas pesados e cruéis.

As pessoas colhem dos supostos mediadores humanos aquilo que o ser humano em
suas limitações e falhas lhes oferecem.

Gálatas 6: 7 Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o
homem semear, isso também ceifará.
8 Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá
corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá
vida eterna.

Se, por exemplo, alguém confiou na suposta ou pretensa mediação de um ser


humano, ele não poderá contar com ela para assuntos que vão além dos seus limites.
Assim, se na hora de prestar contas ao Senhor cada pessoa o fará pessoalmente e
diretamente a Ele, por que então ser guiado por outros e não diretamente pela fonte, ou
seja, pelo Pai através de Jesus Cristo?

Romanos 14: 11 Como está escrito: Por minha vida, diz o Senhor, diante
de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.
12 Assim, pois, cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus.

Colossenses 3: 23 Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como


para o Senhor e não para homens,
24 cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A
Cristo, o Senhor, é que estais servindo;
25 pois aquele que faz injustiça receberá em troco a injustiça feita; e
nisto não há acepção de pessoas.

Glória a Deus que através do relacionamento direto com Cristo, como o Cabeça do
seu corpo, a vida não é como nos sistemas em que as pessoas oferecem réplicas ou
imagens de mediação, pois Cristo é Aquele que já deu prova do seu amor para com cada
um dos membros do seu corpo quando em favor deles morreu na cruz do Calvário.
E ainda, se Cristo é dado ao cristão para habitar no seu coração para que não haja
interferências externas entre Cristo e o novo homem interior cuja condição é concedida
a todo aquele que recebe a Cristo, por que este novo homem interior precisaria de um
cabeça externo e de uma cobertura espiritual externa para guiar a sua vida?
773

Cristo habita em cada membro do seu corpo através do Espírito do


Senhor. E o Espírito Santo nos é dado para habitar em nós para não
precisarmos mais da cobertura espiritual exterior conforme havia na
Ordem segundo Moisés.
Só a título de esclarecimento, de forma alguma neste capítulo estamos dizendo que
um cristão não deve respeitar os regentes civis da sua nação. Um aluno deve respeitar
um professor, um filho ao pai, um cidadão aos dirigentes da nação e assim por diante.
Respeitar autoridades é um aspecto ensinado pelos Senhor e será tratado num capítulo
mais adiante.
Entretanto, se um regente ou governante atua contra a vida em si e tenta coibir
alguém de buscar a Cristo como o Cabeça da sua vida, esta pessoa na posição de
regência não está agindo conforme a autoridade maior que está sobre ele, e, portanto,
sempre a posição de Cristo deve prevalecer no coração daquele que serve ao Senhor,
conforme também foi testemunhado pelos apóstolos de acordo com o texto a seguir:

Atos 5: 29 Então, Pedro e os demais apóstolos afirmaram: Antes,


importa obedecer a Deus do que aos homens.

Cristo pode orientar um filho de Deus a seguir a instrução de uma governante ou de


um chefe de um departamento numa empresa, mas um cristão, em última análise,
segue a orientação de um regente humano quando Cristo lhe orienta a segui-la.
O cristão se submete aos governantes por causa da orientação do próprio Cristo e
segundo a orientação que o Senhor dá a eles. O cristão é chamado se sujeitar
primeiramente a Cristo como o seu Cabeça e tem acesso direto a Ele para conferir as
direções ou instruções que recebe de regentes humanos.
Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração. Não é isto que dizem as
Escrituras?
Quando o assunto trata-se de mediadores espirituais, nenhum mediador humano
tem da parte de Deus a autoridade legal ou reconhecida para fazer este papel, pois estes
sistemas de mediação já foram expostos como obsoletos juntamente com a revogação
da Ordem de Arão.
E por fim, neste capítulo, e diante destas afirmações de Cristo ser o Cabeça e o
fundamento de cada um dos membros do seu corpo espiritual, podemos observar que
muitas pessoas se veem em dificuldade de enxergar que isto se aplica, de fato, para todo
o corpo, alegando a necessidade de que, ao menos, os recém-nascidos espirituais são
dependentes de mediadores humanos sobre as suas vidas.
Ora, se observarmos os pais de uma criança recém-nascida, naturalmente falando,
não são os irmãos mais experientes que têm a prioridade de acesso ao novo membro da
família, mas sempre os pais. Embora os irmãos mais velhos possam ajudar os pais a
cuidar dos mais novos, eles não são os pais.
E quanto mais prioridade de acesso aos seus filhos não terá o Eterno Pai Celestial e o
Senhor Jesus Cristo através de quem podem ter acesso ao Pai das Luzes?
Vejamos a seguir alguns exemplos do que disse Cristo sobre a relação de Deus com
os pequeninos:
774

Mateus 18: 10 Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos;


porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus veem
incessantemente a face de meu Pai celeste.
...
14 Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um
só destes pequeninos.

Mateus 11: 25 Por aquele tempo, exclamou Jesus: Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e
instruídos e as revelaste aos pequeninos.

Mateus 21: 15 Mas, vendo os principais sacerdotes e os escribas as


maravilhas que Jesus fazia e os meninos clamando: Hosana ao Filho
de Davi!, indignaram-se e perguntaram-lhe:
16 Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim;
nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste
perfeito louvor?

Em outro o momento, o Senhor disse:

Mateus 19: 14 Jesus, porém, disse: Deixai os pequeninos, não os


embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus.
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Querer alegar que pessoas recém-nascidas espiritualmente precisam de mediadores


para com Deus e de que Deus não pode cuidar delas é uma afronta ao Pai Celestial do
qual estas crianças espirituais nasceram e é um insulto ao poder do Cabeça que
vivificou estes “pequeninos” através de seu próprio Espírito.
Ainda que o Senhor tenha prazer em que os cristãos mais experientes ajudem os
mais novos, e os chame para fazê-lo em amor e sem a dominação de uns sobre os
outros, dizer que Deus não pode cuidar dos seus filhos, ou que os mais novos
necessitam de mediadores entre eles e o Senhor, continua sendo ainda uma tentativa
velada de criar ou manter cabeças humanas sobre o corpo de Cristo.
Se Deus não pudesse cuidar dos filhos que gera espiritualmente, como que Felipe
poderia despedir em paz o etíope que estava no caminho que descia para Gaza após este
receber a Cristo e ser batizado em nome do Senhor Jesus Cristo? (Conforme Atos 8)
Se Deus não pudesse cuidar dos filhos que vivifica espiritualmente, como Ele
poderia ter separado o recém convertido Paulo para ser instruído por Cristo durante os
primeiros três anos da sua vida cristã?
Uma pessoa recém-nata espiritualmente é a que mais precisa ser
ensinada de que a fonte da sua vida vem de Deus diretamente através de
Cristo Jesus, a Quem ela pode acessar em todos os lugares e a qualquer
tempo mediante a fé no Senhor.
775

O Senhor Jesus Cristo disse para ninguém embaraçar os pequeninos impedindo-os


de irem a Ele. E quão não é grande o embaraço que uma pessoa pode causar em dizer
que um recém-nato filho de Deus não pode ir direto a Deus?
Dizer que uma pessoa precisa de outros para se achegar a Deus é uma das maiores e
mais danosas obstruções que alguém pode criar na vida dos recém-natos em Cristo
uma vez que eles tanto necessitam ser providos, exatamente, do Único Cabeça de quem
procede toda a provisão da novidade de vida espiritual concedida pelo reino celestial.
Cristo pode chamar vários membros do seu corpo a ajudarem novos
membros a se desenvolverem, e muitas vezes o faz. Entretanto, desde o
momento do nascimento de um filho espiritual de Deus até a plena glória
junto a Cristo, o Senhor Jesus é o Único Cabeça de todos, e Ele suscita
destes novos não somente um louvor, mas “o perfeito louvor”.
Cristo é “o Cabeça de todo indivíduo do seu corpo espiritual”, quer uma
pessoa já faça parte deste corpo a muito tempo ou tenha recém sido
associada a ele.
Cristo sabe como tocar, sentir e orientar cada um dos membros do seu
corpo, independentemente da maturidade espiritual de cada membro e
independentemente do tempo que esta pessoa faz parte do seu corpo.

Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo


Efésios 4: 15
naquele que é a cabeça, Cristo,
16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de
toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu
próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.

O texto que chama cada cristão a permanecer ligado ao Cabeça e o texto que
descreve de quem todo o corpo recebe provisão e vida não dizem para que somente os
cristãos espirituais “adultos” o façam.
O relacionamento de um filho espiritual recém-nato com Deus, em
primeiro lugar, não depende da capacidade deste recém-nato de saber
fazê-lo apropriadamente, mas depende de Deus saber receber a todos e a
cada um que se chega a Ele através de Cristo.

Hebreus 7: 25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se
chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.

É impressionante observar a insistência do ser humano no sentido do quanto ele


tenta denegrir o fato de que Deus pode atender a todos que o buscam e o quanto muitos
pensam que eles poderiam fazer coisas que pensam que Deus estaria limitado a fazer.
É impressionante notar o quanto muitas pessoas querem ser um complemento do
Caminho para Deus, resistindo à verdade de que somente Cristo é o Mediador e o Novo
e Vivo Caminho para o Pai Celestial e para a novidade de vida celestial.
E também é impressionante ver como muitas pessoas pensam ou querem pensar que
elas podem ter diante de Deus e dos homens a vocação de ser cabeça de outros ou de
serem “sub cabeças” de Cristo.
776

Somente Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo é que são Deus, e o
ser humano jamais poderá verdadeiramente ser “deus” para si e muito
menos para os outros.
A instrução explícita das Escrituras é que só há um Único Deus. E por
isto, elas alertam tão veemente para que cada um permaneça “ligado direto
ao Único Cabeça” e para que cada um cuide para não acompanhar aqueles
membros que se afastam “do Cabeça” e querem ser “cabeça” de outros.
Os membros guiados pelo Cabeça Cristo são chamados a serem cooperativos com
outros membros ou a se ajudarem mutuamente, conforme a orientação que cada um
recebe do “Único Cabeça”. Eles são chamados a se ajudarem como irmãos assim como
uma família faz, mas jamais para tentarem se interpor para que os outros membros
sejam privados de desfrutarem do acesso livre que lhes está disponível em Cristo Jesus.
Já muitos daqueles que não são guiados “pelo Único Cabeça”, também são aqueles
que procuram dividir o corpo em agrupamentos de membros onde eles mesmos
pensam e alegam que podem ser a cabeça ou sub cabeça de outros, opondo-se
diretamente ao Único Cabeça, que é Cristo. Estes, não sendo cabeça de fato, intentam
criar “corpos de membros guiados por membros”, tornando-se em cegos guiando
outros cegos. São corpos acéfalos, sem cabeça de fato. São homens e mulheres de
entendimento corrompido e dissociado da verdade e da novidade de vida que é Cristo,
tentando guiar outros que igualmente ficam privados de se relacionarem com o Senhor
Jesus como deveriam fazê-lo.
Aqueles que querem comandar os outros membros do corpo pensam de
Deus e de Cristo menos do que convém e pensam de si próprios mais do
que convém.

Romanos 12: 3 Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um
dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes,
pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a
cada um.

A crença de alguém pensar que pode ser cabeça, líder ou mediador de


outros nas questões espirituais não se refere à fé que vem de Deus ou,
ainda, nem é fé, pois Deus nunca autorizou membros do corpo de Cristo a
serem cabeça e mediadores de outros.
Onde há assembleias, congregações, grupos grandes ou grupos pequenos edificados
de forma que consideram outros membros como fundamento, que andam sob a direção
de membros como cabeças, e que, portanto, se afastaram do Único Cabeça na tentativa
de serem guiados pelos seus semelhantes, a edificação que fazem é um corpo estranho,
e não o corpo de Cristo que é unido a um só como Cabeça de todo o corpo.
Os membros que se desconectaram do cabeça e se conectaram a outra rede podem se
arrepender e voltar ao Único Cabeça, pois Ele é poderoso para “reconectá-los” na
verdadeira e única fonte de vida, Cristo, o Único Cabeça do seu próprio corpo.
Entretanto, se permanecerem desconectados do Único Cabeça, quão terrível não é fim
destes que se desligaram da graça de Deus?
Pedro, um discípulo de Jesus, algumas vezes tinha um impulso de querer ser cabeça
de outros membros e, por vezes, até do Senhor Jesus. O Senhor, porém, lhe advertiu e
777

ensinou várias vezes que só Ele, o Cristo, é o Cabeça e que somente ou exclusivamente
ao Senhor pertencem as ovelhas que a Ele estão ligadas num só corpo.
Infelizmente, no mundo, há muitas pessoas inclinadas a alguns impulsos similares
aos que Pedro adotou em certos momentos. Em vez de olharem firmemente para o
Senhor Jesus, o Autor e Consumador da fé, querem saber em demasia sobre a vida de
outros e pensam que podem tomar a direção da vida de outros em suas mãos. O Senhor
Jesus, porém, claramente disse a Pedro a quem é que cabe designar a direção de vida
dos membros do corpo de Cristo e também a quem Pedro deveria seguir.

João 21: 20 Então, Pedro, voltando-se, viu que também o ia seguindo o


discípulo a quem Jesus amava, o qual na ceia se reclinara sobre o
peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o traidor?
21 Vendo-o, pois, Pedro perguntou a Jesus: E quanto a este?
22 Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu
venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.

Sob a revelação de que o Senhor Jesus é o Cristo, o Único Cabeça, o Senhor disse a
Pedro que Ele mesmo, o Cristo, edificaria a SUA Igreja e não a igreja de Pedro.
O Corpo de Cristo jamais terá a cabeça dividida em duas ou mais
cabeças. Pensar isto é uma completa aberração. Quando um membro tenta
se colocar como cabeça de outro membro, mesmo depois de advertido para
o arrependimento, ele se coloca em posição de ser desligado do corpo que
em Cristo é indivisível e que permanece unido ao Eterno e Único Cabeça.
Portanto, a Igreja de Cristo é o conjunto dos membros que se mantêm unidos ao
Único ou Exclusivo Cabeça. E quem não se mantém unido ao Único Cabeça, também
não se mantém unido ao corpo de Cristo, a Igreja.
Quando um grupo de pessoas se torna dominador espiritual de outras pessoas,
Cristo não se mantém unido a estes indivíduos, não tem parte em suas obras e, ainda,
com poder e autoridade, chama para fora e para Si aqueles que ouvem a sua voz.

João 10: 1 Em verdade, em verdade vos digo: o que não entra pela
porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão
e salteador.
2 Aquele, porém, que entra pela porta, esse é o pastor das ovelhas.
3 Para este o porteiro abre, as ovelhas ouvem a sua voz, ele chama
pelo nome as suas próprias ovelhas e as conduz para fora.
4 Depois de fazer sair todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e
elas o seguem, porque lhe reconhecem a voz;
5 mas de modo nenhum seguirão o estranho; antes, fugirão dele,
porque não conhecem a voz dos estranhos.
6 Jesus lhes propôs esta parábola, mas eles não compreenderam o
sentido daquilo que lhes falava.
7 Jesus, pois, lhes afirmou de novo: Em verdade, em verdade vos
digo: eu sou a porta das ovelhas.
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O lugar das ovelhas de Cristo, ou os membros do corpo de Cristo, não é ficarem


aprisionadas em apriscos de pastores, sub pastores e dominadores. O lugar das ovelhas
778

de Cristo é estarem ligadas ao Cabeça. E para estarem ligadas ao Cabeça, elas precisam
estar onde Cristo está e não onde os dominadores querem que elas estejam.
Os apriscos não podem ir onde a todos os lugares que as ovelhas vão. Por isto, a ideia
de aprisco ou refúgio físico ou institucional de ovelhas espirituais não funciona, pois os
apriscos não conseguem ser sacerdócio, proteção e guia em todos os lugares que as
ovelhas precisam ir.
Quando, porém, Cristo é o Cabeça, as ovelha estão onde Cristo está, e
Cristo está onde Ele conduz as ovelhas para estarem.
Somente o “Único Pastor” que pode estar em todo o tempo e em todos os lugares
com as suas ovelhas é quem pode efetivamente pastoreá-las, pois não é limitado como
são os apriscos e os seus líderes em suas mais diversas limitações.
O jovem Davi, cedo na vida, descobriu quem era e como era o Pastor pessoal da sua
vida e o que isto representava para ele, declarando:

Salmos 23: 1(a) O SENHOR é o meu pastor.

Centenas de anos depois de Davi, e após ter sido repetidamente ensinado pelo
Senhor, Pedro declara que o refúgio verdadeiro das ovelhas está no mesmo Senhor que
Davi declarou como sendo o Pastor da sua vida, conforme texto abaixo:

1 Pedro 2: 25 Porque estáveis desgarrados como ovelhas;


agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma.

E ainda, também o próprio Senhor Jesus, o amado do Pai Celestial, a quem o Pai
declarou o seu amor em alta voz do céu, dizendo que “Este é o meu Filho Amado,
em quem me comprazo”, Ele mesmo nos revelou explicitamente quem Ele era:

João 10: 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me


conhecem a mim,
15 assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a
minha vida pelas ovelhas.
16 Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e
um pastor.

Ao compararmos os últimos textos acima, podemos observar que não existe neles
nenhuma referência de divisão do uso do cajado de pastor por mais de um cabeça e que
esta tarefa é exclusivamente de Cristo, o Único Pastor.
Os cristãos são chamados para serem testemunhas da justiça do seu Cabeça e do
Amor do seu Pastor, são chamados para serem benção na vida de outros e são
chamados para cooperar com o pastoreio de Cristo nas suas vidas. Entretanto, eles não
são chamados para ser “Cabeça e Pastor” de outros, mesmo que digam que o façam “em
nome do Único Pastor”.
Uma das piores injustiças que alguém pode tentar impor a outras
pessoas é tentar impedir que Cristo seja para os outros aquilo que Cristo
779

foi designado pelo Pai Celestial para ser nas suas vidas como o Único
Pastor e Único Cabeça.
A criação geme pela revelação da liberdade da glória dos filhos de Deus. E a
liberdade da glória dos filhos de Deus, por sua vez, é ter o acesso à Luz celestial mesmo
no mundo em trevas, porque se tiverem a Cristo como Cabeça, estes filhos de Deus têm
Nele toda a Luz que necessitam, conforme já vimos em capítulos anteriores.
Entretanto, se os cristãos se eximem de se colocarem em pé diante de Cristo para
serem iluminados pelo Único Cabeça que Deus designou para eles, não é debaixo de
coberturas espirituais inferiores que eles encontrarão o que tanto necessitam de fato.
Quando o Senhor ressuscitou dentre os mortos, a primeira pessoa que o viu
ressurreto foi Maria Madalena (conforme João 20). E também ela foi a primeira a
quem o Senhor deu uma orientação para testemunhar aos seus discípulos sobre a
condição Dele ter ressuscitado. Ora, Maria Madalena não era um dos 12 apóstolos,
mostrando-nos Cristo que o relacionamento de cada membro do seu corpo com Ele
como Cabeça é direto e pessoal, e que nem os 12 apóstolos foram chamados para
mediar os outros neste relacionamento com o Senhor Jesus.
Maria Madalena estava junto ao sepulcro chorando porque ninguém podia fazê-la
saber onde estava o corpo do seu Mestre. Entretanto, o próprio Senhor veio ao seu
encontro, consolou-a como o Sumo Sacerdote Eterno e lhe instruiu como Rei a respeito
do que ela deveria fazer, mostrando-se como o Cabeça e Pastor que está vivo e apto a
atender a todos segundo a justiça de Deus em todos os aspectos das suas vidas.
Embora declarem que creem que Cristo ressuscitou, muitas pessoas relacionam-se
com Cristo como se Ele não estivesse vivo de fato ou como se Ele não fosse habilitado
para ser Cabeça de cada um dos membros do seu corpo, esquecendo-se, vez após vez,
que é a Cristo que Deus estabeleceu para sustentar cada um dos aspectos do universo,
quanto mais àqueles que o amam e lhe reconhecem como o Cabeça de suas vidas.
Se um membro do corpo de Cristo se mantiver ligado no Cabeça, o
Cabeça do corpo nunca o esquecerá ou o deixará desassistido, antes se
dispõe a andar em ampla comunhão com aquele que se mantém unido a
Ele.

Efésios 5: 29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a


alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 porque somos membros do seu corpo.

1 Coríntios 12: 27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente,


membros desse corpo.

Salmos 25: 5 Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da


minha salvação, em quem eu espero todo o dia.
780

C35. A Glória de Cristo como o Cabeça do Coletivo de Dois


Chamado de Matrimônio

A. O Primeiro Relacionamento Horizontal e Coletivo do Ser


Humano

No capítulo anterior, passamos a ver que Cristo, como o Cabeça do seu corpo,
apresenta esta condição tanto sobre cada indivíduo que Nele crê como sobre o aspecto
coletivo do seu corpo, que também é chamado de Igreja.
No capítulo anterior, também passamos a ver, de forma mais detalhada, a condição
de Cristo como o Cabeça sobre cada membro individual do seu corpo, fazendo uma
menção de que a abordagem de Cristo também ser o Cabeça da coletividade dos
membros seria realizada em um capítulo mais adiante.
Entretanto, antes de abordarmos esta segunda parte da posição de Cristo como o
Cabeça de todo o seu corpo, coletivamente falando, gostaríamos previamente de
abordar um outro aspecto onde Cristo também é o Cabeça, e o qual é a condição de
Cristo ser o Cabeça daqueles que estabeleceram um matrimônio segundo o princípio
conjugal estabelecido pelo Senhor.
O fato de abordarmos a posição de Cristo como o Cabeça nos matrimônios
estabelecidos diante de Deus, antes de abordamos a posição de Cristo sobre todo o seu
corpo, não faz desta condição do Senhor em relação ao aspecto conjugal ser mais
importante do que a sua condição de Cabeça do seu corpo, pois estas duas condições se
complementam e cooperam uma com a outra.
A abordagem da posição de Cristo como o Cabeça sobre matrimônios está sendo
feita previamente pela razão desta condição nos arremeter a ver o primeiro
relacionamento horizontal coletivo que o ser humano realizou com outro ser humano.
Ainda em outro capítulo anterior, também vimos que o fato de Cristo ser o Rei da
Justiça e Rei da Paz tanto sobre indivíduos como sobre a coletividade, torna a tarefa de
reinado de Cristo muito amplificada, sendo esta abrangência já muito evidenciada na
coletividade criada pela união de 1 + 1 através do matrimônio.
A partir do momento que Adão se uniu conjugalmente à Eva, toda uma nova e
singular forma de relacionamento foi introduzida na humanidade, fazendo com que, a
partir daquele momento, Adão e Eva não tivessem mais somente uma aliança de vida
com Deus, mas também uma aliança em diversos aspectos da vida entre eles.
Antes da união matrimonial, o ser humano se relacionava com Deus sem nenhum
vínculo de aliança com outro ser que não fosse o Senhor. Mas esta situação passou a
apresentar grandes diferenças a partir do momento da união conjugal de Adão e Eva.
A união conjugal é um coletivo de 1 + 1 que pode resultar em filhos como fruto desta
união, frutos que somente podem ser alcançados pela união do que o homem tem a
oferecer e o que a mulher tem a oferecer, e que introduziu também um conceito
completamente novo de cooperação e de ação conjunta a fim de que propósitos
específicos possam ser alcançados por esta atuação conjunta.
781

E pelo fato da união conjugal ser tão singular, ela também tem uma atenção toda
especial da parte de Deus, visto que foi Deus que também estabeleceu em seus planos
este tipo de união.
A união conjugal entre o homem e a mulher, ou também chamada de matrimônio, é
algo que faz parte da humanidade desde o seu início, e, obviamente, sem ela, a própria
humanidade teria deixado de existir.
Desde o princípio da humanidade, Deus tem a união matrimonial em alta honra e
em alto valor, dizendo, inclusive, que todos também devem vê-la deste modo, conforme
o texto a seguir:

Hebreus 13: 4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como
o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.
782

B. O Princípio Conjugal que Permanece Inalterado desde o


Começo

Embora o nosso propósito neste capítulo não seja realizar um estudo sobre o
matrimônio propriamente dito e do que se segue a ele, visto que o nosso propósito é
evidenciar a posição de Cristo como Cabeça nesta questão, entendemos ser necessário
retornarmos um pouco a alguns princípios básicos sobre a união conjugal conforme ela
nos é apresentada pelo Senhor nas Escrituras precisamente para vermos, de forma
mais objetiva, a posição de Cristo em relação a ela.
Outro aspecto que torna a união conjugal singular, diferentemente de diversos
outros fatores relacionados a humanidade, é que ela, diante de Deus, foi estabelecida
por alguns princípios básicos dos quais o Senhor nunca abriu mão de serem ensinados
e utilizados como princípios essenciais para qualquer união conjugal reconhecida por
Deus.
Para Deus, os princípios do primeiro matrimônio ou da primeira união conjugal são
os que encontramos descritos da seguinte forma nas partes iniciais do livro de Gênesis:

Gênesis 2: 21 Então o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre o


homem, e este adormeceu; tomou, então, uma das suas costelas, e
fechou a carne em seu lugar.
22 Então da costela que o SENHOR Deus tomou do homem, formou a
mulher, e a trouxe ao homem.
23 Disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da
minha carne; ela será chamada de mulher, pois do homem foi
tomada.
24 Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua
mulher, e serão os dois uma só carne. (EC)

Passados aproximadamente quatro mil anos, o Senhor Jesus Cristo, quando


consultado sobre questões relativas ao matrimônio, reiterou as mesmas palavras que
Deus falara desde o início do estabelecimento de um matrimônio, desde a primeira vez
que o homem e a mulher foram apresentados um ao outro, reafirmando assim que, na
ótica de Deus, este assunto nunca sofreu qualquer alteração com o passar dos séculos, a
despeito dos seres humanos muitas vezes terem tentado estabelecer outros parâmetros
para a questão conjugal.

Mateus 19: 4 Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que,
no princípio, o Criador os fez macho e fêmea
5 e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua
mulher, e serão dois numa só carne?
6 Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus
ajuntou não separe o homem. (RC)

Marcos 10: 5 E Jesus, respondendo, disse-lhes: Pela dureza do vosso


coração vos deixou ele escrito esse mandamento;
6 porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e a sua mãe e unir-se-á a sua
mulher.
783

8 E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma
só carne.
9 Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem. (RC)
----

A forma de união de um homem com uma mulher foi estabelecida já desde o


matrimônio do primeiro casal sobre a face da Terra e passou a ser, diante de Deus, a
base para todos os filhos descendentes de Adão e Eva em todos os povos. A maneira
apropriada da união matrimonial não é algo que Deus deixou para os homens e
mulheres definirem, mas Ele, como o Criador de ambos, como Deus sobre a criação,
mostrou o seu intento e a forma por Ele definida para o matrimônio.
Já desde o início, já diante da primeira união do primeiro homem com a primeira
mulher, Deus estabeleceu como deveriam se dar as uniões conjugais de todos os filhos e
filhas que deles descendessem.
E sem reconhecer o que para Deus é o matrimônio digno de honra entre
todos, e sem o reconhecimento de como é estabelecido um matrimônio
diante do Senhor, também não há como o tema de Cristo ser o Cabeça
nesta questão ser abordado de forma apropriada.
Veremos mais adiante que na vida conjugal, Cristo é o Cabeça do marido e o marido
o cabeça da sua esposa para que haja um funcionamento adequada do matrimônio, mas
isto, por sua vez, aplica-se aos matrimônios que são estabelecidos segundo os
princípios que Deus deixou definido para que eles sejam estabelecidos.
Ao longo dos séculos e por introduzir variações culturais, o ser humano procurou
modificar muitas vezes a essência do que é um matrimônio verdadeiro diante de Deus.
Entretanto, o fato de muitas culturas definirem o matrimônio segundo os seus próprios
conceitos, não altera o que para Deus é um matrimônio de acordo com a sua instrução.
O fato das sociedades civis, através dos seus costumes, leis e magistrados, aceitarem
e reconhecerem matrimônios que estão em desacordo com o que é reconhecido como
matrimônio diante de Deus, não implica em que o Senhor reconheça como matrimônio
aquilo que os povos estabelecem como sendo uma união conjugal aceitável civilmente.
Se durante o período da Ordem de Arão, Deus tolerou algumas condutas contrárias
ao matrimônio por causa da dureza do coração do povo em rejeitar o sacerdócio direto
de Deus para com cada pessoa e por causa do período temporário da Ordem de Arão,
para fins de testemunho da sua fraqueza e inutilidade, conforme já vimos
anteriormente, a partir da vinda de Cristo em carne ao mundo, e a partir da
manifestação do estabelecimento da Ordem de Melquisedeque, o Senhor Jesus passou
a reiterar o princípio estabelecido desde o princípio, não aceitando mais a
temporalidade do que foi adotado sob a revogada Ordem de Arão.
Cristo, como o Sumo Sacerdote Eterno, o Rei da Justiça e o Rei da Paz, é
também Cabeça das uniões conjugais, mas somente daquelas que estão
alinhadas com os princípios de Deus sobre o que de fato é uma união
conjugal e não sobre aquilo que os seres humanos, em suas próprias
conjecturas, consideram como sendo um matrimônio.
A glória de Cristo como o Cabeça sobre um casal unido em matrimônio refere-se
àquelas uniões matrimoniais que Deus reconhece, independentemente se uma
sociedade civil reconhece ou não reconhece os princípios estabelecidos pelo Senhor.
784

Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e


disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher,
e serão dois numa só carne?
Assim não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.
785

C. A Condição de Cristo como Cabeça que se Aplica de Forma


Específica às Pessoas Casadas

Ainda outro ponto que entendemos ser significativo abordar antes de vermos a
condição de Cristo como o Cabeça sobre uma união conjugal, é que este princípio se
aplica aos casados segundo o princípio matrimonial estabelecido por Deus e não sobre
aqueles que não estão unidos pelo matrimônio.
Quando as Escrituras nos informam que Cristo é Cabeça de todo homem, que o
homem é o cabeça da mulher e que Deus é o Cabeça de Cristo, conforme veremos mais
adiante, a sua primeira e segunda partes não estão fazendo referência àqueles que são,
por exemplo, solteiros, viúvos ou separados de forma aceitável diante do Senhor.
A condição de Deus dizer que o homem é o cabeça da mulher não é uma condição
geral em que qualquer homem é cabeça de qualquer mulher, mas isto é uma condição
restrita para um homem especificamente para com a sua própria e única esposa.
A relação conjugal é de um para um, conforme Cristo já nos mostrou nos textos
vistos no tópico anterior e conforme Paulo também nos mostra nos textos a seguir:

1 Coríntios 7: 1 Quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não


toque em mulher;
2 mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa,
e cada uma, o seu próprio marido.
3 O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também,
semelhantemente, a esposa, ao seu marido.

Colossenses 3: 18 Esposas, sede submissas ao próprio marido, como


convém no Senhor.
19 Maridos, amai vossa esposa e não a trateis com amargura.
----

Além de ser de um para uma, e vice-versa, o relacionamento descrito acima ainda é


restrito para quem se une pelo matrimônio, não se aplicando àqueles que não se
encontram nesta condição.
Pessoas podem optar em permanecer sob uma condição que não se unem à outras
para uma vida conjugal e serem muito abençoadas por Deus e viverem vidas produtivas
e em grande paz perante o Senhor Celestial, conforme Paulo nos ensina nos textos a
seguir:

1 Coríntios 7: 7 Quero que todos os homens sejam tais como também eu


sou; no entanto, cada um tem de Deus o seu próprio dom; um, na
verdade, de um modo; outro, de outro.
8 E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem
no estado em que também eu vivo.
9 Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor
casar do que viver abrasado.
786

1 Coríntios 7: 32 O que realmente eu quero é que estejais livres de


preocupações. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de
como agradar ao Senhor;
33 mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à
esposa,
34 e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a
virgem, cuida das coisas do Senhor, para ser santa, assim no corpo
como no espírito; a que se casou, porém, se preocupa com as coisas
do mundo, de como agradar ao marido.
35 Digo isto em favor dos vossos próprios interesses; não que eu
pretenda enredar-vos, mas somente para o que é decoroso e vos
facilite o consagrar-vos, desimpedidamente, ao Senhor.
----

As pessoas adultas que creem em Cristo e que optam por não viverem uma vida
conjugal respondem direto ao Senhor em tudo, e o Senhor lhes é por Cabeça em todos
os aspectos de suas vidas, aplicando-se a eles de forma mais exclusiva o que foi visto no
capítulo anterior sobre o Senhor ser o Cabeça de todo membro do seu corpo.
Similarmente acontece com o viúvo ou com a viúva, uma vez que o relacionamento
matrimonial foi interrompido pela morte da outra parte, fazendo com que aquele que
permanece vivo na Terra passe a estar ligado de forma ainda mais exclusiva no Senhor.
As Escrituras, por várias vezes, reiteram que Deus, por exemplo, é o Deus defensor das
viúvas e que tem zelo para que elas sejam bem cuidadas. (Por exemplo: Romanos 7: 1 a
4; 1 Coríntios 7; Salmos 68:5).
Ainda existem outras situações em que a posição do marido ser o cabeça da mulher
pode ser afetado e que ocorrem por algumas separações muito específicas, conforme
exposto por Paulo no texto a seguir:

1 Coríntios 7: 10 Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o Senhor, que a
mulher não se separe do marido
11 (se, porém, ela vier a separar-se, que não se case ou que se
reconcilie com seu marido); e que o marido não se aparte de sua
mulher.
12 Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem mulher
incrédula, e esta consente em morar com ele, não a abandone;
13 e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com
ela, não deixe o marido.
14 Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a
esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra
sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.
15 Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais
casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos
tem chamado à paz.
16 Pois, como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como
sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?
----

Assim, os princípios sobre o que pretendemos abordar sobre o matrimônio nos


próximos tópicos deste capítulo, não se aplicam diretamente àqueles que estão fora do
matrimônio de acordo com os casos que citamos acima, a não ser que intentem mudar
as suas condições para uma condição de casados.
787

Nem aquele que quer se casar é mais importante que aquele não quer se casar e nem
aquele que não quer se casar é mais importante que os outros que querem se casar, mas
tanto o que opta em não se casar como aquele que opta pelo matrimônio recebem de
Deus a vontade geral de como viver e andar conforme cada uma destas opções.
Se uma pessoa optar em não se casar, existe uma vontade aprovada por Deus de
como ela deveria viver a vida como não casada, bem como existe uma vontade aprovada
por Deus de como uma pessoa deveria viver se optar por se casar.
Cada um é chamado a viver diante de Deus de acordo com a situação específica que
opta viver.
Deus não é um Deus de desordem, mas um Deus de ordem!
Se uma pessoa não quer casar, isto pode ser perfeitamente aceitável por Deus, e
Deus pode abençoar muito a vida desta pessoa. Se por outro lado almeja casar, também
isto é digno de honra diante de Deus e também o deveria ser diante das demais pessoas.
Todavia, Deus não aprova a mistura destas coisas, ou seja, o solteiro, por exemplo,
querer viver um “meio casamento” ou o casado querer viver uma condição de “meio
solteiro”. Simplesmente esta não é a vontade geral de Deus e isto entra na esfera da
fornicação, lascívia, prostituição e adultério (conforme 1Coríntios 7: 7 até 9).
A pessoa solteira, de certa forma, pode servir ao Senhor com mais exclusividade. E
como não está envolvida num casamento, as questões do casamento simplesmente não
se aplicam a ela. Entretanto, se ela passar a abrasar-se com outras pessoas, ela se coloca
em situações de grande risco inclusive quanto à sua vida eterna, conforme nos
admoesta a palavra do Senhor:

1 Coríntios 6: 9 Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de


Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem
adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas,
10 nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem
roubadores herdarão o reino de Deus.
11 Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes
santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus
Cristo e no Espírito do nosso Deus.

1 Coríntios 6: 13 Os alimentos são para o estômago, e o estômago, para


os alimentos; mas Deus destruirá tanto estes como aquele. Porém o
corpo não é para a impureza, mas, para o Senhor, e o Senhor, para o
corpo.
14 Deus ressuscitou o Senhor e também nos ressuscitará a nós pelo
seu poder.
15 Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu,
porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de
meretriz? Absolutamente, não.
16 Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só
corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.
17 Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.
18 Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa
cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca
contra o próprio corpo.
788

19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,


que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos?
20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus
no vosso corpo.
----

Da mesma forma, os casados são chamados para serem fiéis cada um ao seu cônjuge,
tendo em vista mais uma vez que:

Hebreus 13: 4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como
o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

Efésios 5: 28 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como


ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama.
29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e
dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 porque somos membros do seu corpo.
31 Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua
mulher, e se tornarão os dois uma só carne.
----

Na questão matrimonial, podemos ver, então, que na vontade mais ampla de Deus
para a vida das pessoas, existem, de forma geral, duas alternativas bem distintas a seres
escolhidas, e que são: (1) não casar ou (2) casar segundo os princípios de Deus.
Entretanto, uma vez que uma pessoa opta por um ou por outro caminho, cada caminho
também tem particularidades que lhes são pertinentes.
789

D. A Condição de Cristo como Cabeça que Auxilia a Esclarecer a


União Conjugal segundo o Princípio de Deus – Parte 1

1 Coríntios 11: 3 Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de


todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de
Cristo.

Efésios 5: 23 Porque o marido é o cabeça da mulher, como também


Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.
----

Quando uma pessoa se associa a outra através de uma união conjugal, há uma série
de situações específicas em relação às quais esta pessoa passa a estar sob uma condição
não tão individualizada ou independente de outras pessoas como ela estaria se não
estivesse unida pelo matrimônio.
A união pelo matrimônio, por sua própria natureza, introduz vários aspectos que são
feitos em conjunto com o cônjuge e em relação aos quais uma pessoa também deixa de
ter a individualidade que ela teria não unida a outra pessoa por este tipo de união.
Entretanto, sem compreender a posição de Cristo em relação a cada indivíduo, assim
como em relação ao marido e à esposa que se uniram em casamento, fica muito
dificultada a compreensão da própria união conjugal.
Além de se oferecer para guiar as vidas individuais que Ele criou, Deus também
deseja fazer parte das decisões das alianças que os cristãos fazem com outras pessoas e
quer guiá-las nestas alianças que eles fazem uns com outros através do matrimônio.
Após a união conjugal, diversos aspectos da vida do casal deixam de ter uma
conotação individual e passam a ser vistos de uma forma agrupada. A união
matrimonial, em alguns pontos, faz com que Deus veja dois como um e unidos em um
mesmo ponto, conforme o texto já visto acima e o qual repetimos a seguir:

Mateus 19: 4 Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde
o princípio, os fez homem e mulher
5 e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?
6 De modo que já não são mais dois, porém uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.

Por outro lado, também não devemos considerar a união matrimonial em demasia e
além do que é dito sobre ela nas Escrituras, chegando ao ponto de querer considerar
unificado o que não cabe à união matrimonial tornar unificado.
Quando lemos as palavras declaradas por Deus no livro de Gênesis e reiteradas
posteriormente por Cristo, podemos ver que aquilo que a união conjugal unifica entre o
homem e a mulher, que se unem desta forma, é que ambos passam a ser como “uma só
carne”, mas as Escrituras do Senhor não dizem que eles se tornam em uma só alma.
790

A união em “uma só carne” é algo muito abrangente e com extensas derivações, mas
ela não vem para anular os indivíduos que foram concebidos, individualmente, como
pessoas distintas. A alma que uma pessoa recebe juntamente com a concepção natural e
o espírito vivificado que uma pessoa passa a ter ao receber a Cristo como o Senhor da
sua vida, mantêm características individuais mesmo depois da união conjugal.
Já no início de Gênesis, as Escrituras claramente nos instruem que na criação da
raça humana tanto o homem como a mulher foram formados por Deus e, inclusive,
foram criados através de maneiras distintas.
Adão foi criado primeiro. E a partir de uma parte de Adão, Deus formou a Eva, mas
ainda assim foi Deus quem criou individualmente a cada um.
Adão, portanto, não é o pai de Eva. Deus é o Pai de Adão tanto quanto é o Pai de Eva.
Milênios mais tarde, o Senhor Jesus Cristo reafirma o que já no início foi declarado,
dizendo que foi Deus quem criou a ambos, homem e mulher os criou, macho e
fêmea os criou.
Assim, para compreender a união matrimonial é crucial compreender a condição
individual, quanto a alma e o espírito, que uma pessoa tem na vida e diante do Pai
Celestial e de Cristo.
Cristo é “o Cabeça” de todo membro do seu corpo, é o Pastor de toda
ovelha, é o Mestre de todo discípulo e é o Guia de todo seguidor, e, ainda, o
Pai Celestial é o Pai de todo indivíduo da sua família.
E esta possibilidade de relacionamento de Deus para com cada pessoa é
uma parte da glória do Senhor Jesus Cristo, como o Sumo Sacerdote e Rei
segundo a Ordem de Melquisedeque, que não sofre alteração ou
impedimento com a união matrimonial.
Como o Sumo Sacerdote Eterno, Cristo fala diretamente com “cada indivíduo” que
crê Nele e o recebe para a comunhão pessoal. Como Rei, Cristo guia “cada indivíduo”,
orienta-o e ensina-o a ver a vontade geral de Deus para que cada um possa andar nesta
vontade, assim como revela a cada um a sua vontade específica. E o casamento,
segundo o princípio de Deus, não vem com o propósito de tirar esta possibilidade de
relacionamento individual de uma pessoa salva com o Senhor que a salvou.
Se, por exemplo, a união matrimonial viesse a cortar a possibilidade de comunhão
direta de uma mulher com Deus ou da comunhão dos filhos com Deus, Deus estaria
colocando “maridos mediadores” entre Deus e os seres humanos. E assim, Deus estaria
contradizendo a sua declaração que tantas vezes já vimos no presente estudo, a
afirmação de que Cristo é o Único Mediador entre Deus e as pessoas que habitam no
mundo.
O fato das Escrituras dizerem que Cristo é o Cabeça do marido e que o marido é o
cabeça da mulher refere-se aos aspectos da união matrimonial, mas não refere-se à
condição de Cristo ser o Cabeça que é “tudo em todos”.
Veremos mais adiante que a posição do marido ser o cabeça da mulher é relacionado
à uma questão de postura conjunta do casal como tal para a execução e realização dos
diversos aspectos que precisam ser realizados pelo casal e para poderem andar em
unidade no que deriva da união conjugal, mas isto não coloca o marido como um
“sacerdote mediador” sobre a sua esposa e sobre sua família.
791

Se uma mulher ou um filho fossem privados de se achegarem diretamente a Cristo,


ao Espírito Santo e ao Pai Celestial, e fossem privados de exercerem o papel individual
de sacerdotes junto ao Sumo Sacerdote Eterno Jesus Cristo, eles nem poderiam orar a
Deus e nem poderiam ser instruídos diretamente pelo Senhor em seus corações, o que
contradiz tudo o que as Escrituras nos ensinam sobre o amor de Deus em Cristo Jesus
por cada indivíduo.
“Em Cristo”, na comunhão com o Senhor, na permanência na comunhão com Cristo
e no andar em Cristo, as Escrituras declaram e ensinam que:

Gálatas 3: 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo


Jesus;
27 porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos
revestistes.
28 Dessarte, não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem
liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus.
ou
Gálatas 3: 28 Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre;
não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.
(RC)
----

O que une um homem e uma mulher na carne é o ato conjugal, mas o


que os une espiritualmente, o que os une no Espírito de Deus, é a fé de cada
um em Cristo Jesus.
E quanto a esta união “em Cristo”, não pode haver ou não há distinção
entre homem e mulher, macho e fêmea, assim como “em Cristo” não pode
haver distinção de pessoas por causa das nações, povos, raças ou línguas
das quais descendem.

Colossenses 3: 9 Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes
do velho homem com os seus feitos
10 e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno
conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou;
11 no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem
incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em
todos.
12 Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos
afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de
longanimidade.

O “ser interior” ou o “novo homem” que é criado segundo a verdade e a


justiça de Deus quando alguém recebe ao Senhor no coração é espiritual, e,
portanto, tem acesso livre a Cristo segundo as características de ser
espiritual e não de ser carnal.
Se um homem cristão ou mulher cristã tem um cônjuge não cristão, eles podem
estar unidos pela união matrimonial, serem uma só carne, mas não são unificados no
Espírito, pois um deles ainda não se revestiu de Cristo e não está “em Cristo”.
792

E no caso do não cristão ser o marido, ficaria a mulher impedida de orar ao Senhor
pelo fato do marido ser o seu cabeça no aspecto matrimonial? Certamente que não!
Se uma mulher casada perdesse a sua condição de ouvir diretamente ao Senhor
Jesus Cristo que a salvou e habita em seu coração, ela também não poderia ser
instruída diretamente por Deus para adotar voluntariamente uma posição de
submissão ao marido.
Notemos aqui que quando as Escrituras falam para a mulher se
submeter ao marido, como ao Senhor, elas acrescentam de que a sua
submissão ao marido deve ser equiparada à submissão que ela já pratica
em relação ao Senhor, mostrando-nos que submeter-se ao Senhor é
prioritário e uma pré-condição à própria submissão ao marido.

Efésios 5: 22 As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido,


como ao Senhor.

Se a mulher, ao casar, perdesse a sua condição de submissão, em primeiro lugar, ao


Senhor, o Senhor diria para os maridos dizerem para as mulheres serem submissas a
eles. Entretanto, as Escrituras não se dirigem aos maridos quando falam da submissão
das mulheres. Elas se dirigem à cada mulher para que esta faça a opção voluntária de se
submeter ao marido, como ela já deveria ter feito previamente ao Senhor Jesus Cristo.
Na união matrimonial, Cristo é o Cabeça do marido, para o marido ser o
cabeça da mulher na vida conjugal. Entretanto, na condição de filha de
Deus e na condição de “estar em Cristo”, cada mulher tem também a Cristo
como o Cabeça pessoalmente e diretamente, assim como o tem cada um
dos membros do Corpo do Senhor.
“Em Cristo” ou no relacionamento individual com Cristo, a mulher tem
a mesma posição que o marido. E nesta posição, nem pode haver a
separação de macho ou fêmea. “Em Cristo”, todos os homens ou mulheres
que têm o Senhor no coração são igualmente filhos do Pai Celestial e
membros do Corpo do Senhor Jesus.
Uma esposa pode “viver e andar no Senhor”, ou pode viver e andar pessoalmente no
temor do Senhor, ainda que o marido não o faça, podendo, inclusive, ser testemunha de
Deus para o marido se ela agir de forma apropriada para que ele veja nela a vida
segundo a vontade de Deus.

1 Pedro 3: 1 Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio


marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho,
sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,
2 ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.

Por outro lado, se o marido quiser impedir a esposa de poder se relacionar


pessoalmente com Cristo ou de “estar em Cristo”, encontramos nas Escrituras a
instrução que se isto perdurar, a mulher pode optar por Cristo em detrimento de ficar
sujeita ao marido, mostrando-nos a soberana condição que Cristo tem inclusive sobre a
união conjugal desta mulher, aplicando-se isto também para o caso inverso, onde o
marido quer estar sujeito a Cristo e a mulher não quer consenti-lo.
793

1 Coríntios 7: 12 Aos mais digo eu, não o Senhor: se algum irmão tem
mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a
abandone;
13 e a mulher que tem marido incrédulo, e este consente em viver com
ela, não deixe o marido.
14 Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da esposa, e a
esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra
sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos.
15 Mas, se o descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais
casos, não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos
tem chamado à paz.
16 Pois, como sabes, ó mulher, se salvarás teu marido? Ou, como
sabes, ó marido, se salvarás tua mulher?

Hebreus 12: 9 Além disso, tínhamos os nossos pais segundo a carne, que
nos corrigiam, e os respeitávamos; não havemos de estar em muito
maior submissão ao Pai espiritual e, então, viveremos?
----

A esposa é chamada a se submeter ao seu marido como convém no


Senhor, mas para ela saber como convém se submeter ao marido “estando
no Senhor”, ela precisa estar pessoalmente em comunhão com Cristo e
ouvir as instruções do Senhor em como se submeter em sabedoria também
ao marido.

Colossenses 3: 18 Esposas, sede submissas ao próprio marido, como


convém no Senhor.

Se uma esposa não está “em Cristo”, se ela não “permanece em Cristo”, se ela não
“está no Senhor”, ela também não saberá se submeter ao marido como ao Senhor ou
como convém no Senhor.
Segundo o livro de Cantares de Salomão, uma esposa é para o esposo, além de sua
amada, também a sua irmã em Deus, sua amiga e sua companheira, porque “em
Cristo”, ela tem a mesma condição de acesso ao Senhor que o marido tem para poder
ser instruída e edificada individualmente pelo Senhor e também para o bem do casal.

Cantares 4: 9 Arrebataste-me o coração, minha irmã, noiva minha;


arrebataste-me o coração com um só dos teus olhares, com uma só
pérola do teu colar.
10 Que belo é o teu amor, ó minha irmã, noiva minha! Quanto melhor
é o teu amor do que o vinho, e o aroma dos teus unguentos do que
toda sorte de especiarias!

Por outro lado, se o marido não reconhece a Cristo como o Cabeça da sua vida ou
nem se apresenta para estar em comunhão com o Senhor para “estar e permanecer em
Cristo”, ele também não tem como oferecer à sua esposa uma direção segundo a
794

vontade de Deus. E também por isto, é crucial que a esposa esteja em comunhão com o
Senhor para inclusive saber quando não é salutar se sujeitar ao marido naquilo que ele
pede em contrariedade ao que o Senhor instruiu a esposa a seguir.
Por diversas vezes, foi ressaltado acima que o casamento não anula a condição de
que Cristo é individualmente “o Cabeça” de cada pessoa do casal, pois o casamento não
cancela o que cada um dos dois já tinha alcançado “em Cristo” quando se tornou parte
do corpo de Cristo.
Assim, a posição de Cristo, como Cabeça, que recebe indistintamente e pessoalmente
o homem ou a mulher para a comunhão e para instruir-lhes no querer de Deus, jamais
deveria ser desprezada por nenhuma parte do casal.
Para um casal caminhar em unidade na vontade de Deus, cada um dos
cônjuges precisa se expor diante do Senhor para o conhecimento da
vontade de Deus, a qual, primeiramente, é edificada por Cristo
pessoalmente no coração de cada pessoa que Nele crê, pois é Ele que é o
Autor e Consumador da fé de todos e de cada um daqueles que Nele creem.
A unidade dos cristãos que é de acordo com a vontade de Deus é estabelecida
primeiramente quando eles individualmente estão “em Cristo e no Pai Celestial”, e este
princípio aplica-se igualmente a um casal cristão.

1 João 1: 3 O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós


outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco.
Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.

Assim, uma condição é o casal estar em unidade sobre algo, e outra bem diferente, é
o casal estar em unidade na vontade de Deus.
Este ponto é muito significativo e necessário de ser conhecido. Por isto, será
exemplificado logo a seguir também com um exemplo negativo.
Algo que convém notar aqui, então, é que nem toda unidade é proveitosa e salutar,
pois os casais podem unir-se em bons propósitos, mas também em conveniências,
conivências e cumplicidades não apropriadas.
Infelizmente, podemos dizer que podem haver ações de unidades entre um casal que
não ocorrem sempre somente “em Cristo”. A unidade pode ocorrer entre o marido e a
esposa de acordo com as suas próprias vontades ou até em torno da vontade de outros.
Por isso, voltamos a frisar a relevância de cada um dos cônjuges, pessoalmente,
sempre procurar estar em comunhão com Cristo também com intuito de evitarem a
adoção de caminhos e ações contrárias a Deus que, eventualmente, um dos cônjuges
sugere ao outro e para que não se unam em propósitos que possam ser danosos para
eles.
Há várias narrativas nas Escrituras que exemplificam a unidade de um casal em
torno de propósitos inapropriados. E quando isto acontece, o casal pode incorrer em
uma intensa via de multiplicação do erro e do mal.
Procuremos observar no exemplo a seguir o que comentamos acima:

Atos 5: 1 Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher


Safira, vendeu uma propriedade,
795

2 mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o


restante, depositou-o aos pés dos apóstolos.
3 Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do
campo?
4 Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria
em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não
mentiste aos homens, mas a Deus.
5 Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande
temor a todos os ouvintes.
6 Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo e, levando-o, o
sepultaram.
7 Quase três horas depois, entrou a mulher de Ananias, não sabendo
o que ocorrera.
8 Então, Pedro, dirigindo-se a ela, perguntou-lhe: Dize-me, vendestes
por tanto aquela terra? Ela respondeu: Sim, por tanto.
9 Tornou-lhe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o
Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu
marido, e eles também te levarão.
10 No mesmo instante, caiu ela aos pés de Pedro e expirou. Entrando
os moços, acharam-na morta e, levando-a, sepultaram-na junto do
marido.
----

No último texto exposto acima, temos o exemplo de um casal que entrou em acordo
para “mentir”. O texto não diz ao certo, mas parece que este casal queria “aparentar o
que não era” perante outros cristãos, queria o reconhecimento perante os irmãos por
algo que os dois não fizeram completo ou almejavam alguma outra coisa que não está
narrada. O texto não foca o objetivo deles com o ato, mas foca a ação em si.
Ananias e Safira não haviam roubado ninguém, mas entraram em acordo para
mentirem por alguma razão. Não sabemos o que almejavam ao certo, mas o foco que
queremos ver aqui é a unidade que estabeleceram no erro e o dano que isto lhes causou.
Na pergunta de Pedro, no texto acima, podemos observar que a esposa poderia ter
optado em não entrar em acordo com o seu marido, pois a atitude do marido não era
condizente com a verdade. Quando Pedro perguntou, “por que entraste em acordo”, ele
está assinalando que ela tinha opção de não tê-lo feito.
Safira poderia ter buscado diretamente a Deus e ter buscado sabedoria do que fazer
na mencionada situação. Todavia, ela entrou em acordo direto com o marido. O texto
não diz porque ela entrou em acordo, mas diz que ela efetivamente entrou em acordo.
Entretanto, este acordo com o marido, se mostrou como um ato de submissão ao
marido que Safira não deveria ter feito, ou seja, no qual ela deveria ter resistido ao
marido para se manter em submissão “ao Senhor”.
O erro de Ananias, exposto acima, obviamente foi tão grave quanto o erro de Safira
ou até pior por ele ser o cabeça da esposa na vida conjugal. Entretanto, devido ao
contexto que queremos mostrar sobre qual é o tipo de submissão que Deus pede às
esposas, e que elas não perdem a possibilidade de se relacionarem diretamente com
Deus por causa do casamento, é que também estamos evidenciando primeiramente a
posição da esposa “em Cristo” e “de Cristo” para com ela.
796

Ao entrar em acordo com a esposa, Ananias também não ouviu ao Cabeça a quem ele
deveria estar sujeito, preferindo ouvir ao diabo. Por isto, Safira, se estivesse “em
Cristo”, poderia ter resistido àquele que estava atuando no coração do seu marido.
Portanto, entendemos que convém ressaltar aqui algumas considerações, conforme
segue:
 1) Pessoas muito próximas, da mesma casa e da mesma cama, podem fazer
propostas da carne ou até do maligno uns aos outros como Ananias e Safira
fizeram;
 2) Não é a simples unidade do casal que traz a vitória, e nem a unidade entre eles
e em torno de suas próprias ideias deveriam ser o alvo de unidade de um casal;
 3) Não é no ambiente coletivo ou em várias pessoas concordando sobre um
pensamento que está a garantia de que as suas ideias sempre estão corretas;
 4) Não é a cumplicidade de um cônjuge com o outro que os protege da
destruição;
 5) O fato de um cônjuge decidir por algo errado não implica em que o outro
tenha que seguir este cônjuge e fazer o mesmo ou ser conivente com o outro.

Se o marido não está em um apropriado relacionamento pessoal com


Cristo, ele também terá dificuldades de ter Cristo como o Cabeça do seu
matrimônio, afetando, assim, a sua conduta como o cabeça da sua esposa
neste matrimônio.
Por outro lado, se a esposa não está com um relacionamento pessoal adequado com
Cristo, ela também terá dificuldade de discernir como cooperar e se submeter
corretamente ao marido, podendo se opor ao que vem de Deus ou podendo consentir
com o que não vem de Deus.
Assim, ou por causa do exposto nestes últimos parágrafos, é que também há tanta
insistência ao longo de todo este estudo sobre o assunto da comunhão pessoal e
individual do homem e da mulher com Cristo ou no relacionamento direto de cada
cristão com o Senhor e Salvador de sua vida.
Depois que se casou, uma mulher pode vir a pensar que a responsabilidade de
buscar a vontade de Deus é toda do marido ou o marido pode vir a pensar que a mulher
tem toda a responsabilidade de buscar a vontade de Deus para eles. Entretanto, este
tipo de pensamento não condiz com o querer de Deus. O Senhor ama igualmente ao
marido e a esposa, e quer que ambos continuem “em Cristo”. Ele quer que ambos
continuem buscando pessoalmente ao Senhor Jesus e ao Pai Celestial mesmo depois de
casados.
Antes de falar sobre como um casal se relaciona entre si e como se
relaciona como casal com Deus, é necessário frisar que cada um conheça a
sua relação pessoal com Deus e com o Senhor da sua vida, com o Senhor
que é o Sumo Sacerdote e Rei Eterno para com cada um deles
individualmente, e depois, também para com eles como um casal unido
diante de Deus.
Quando os casais começam a querer entender o casamento como um
relacionamento primeiramente horizontal, destituído da condição pessoal de cada um
797

deles perante o Senhor, eles começam a ver tudo segundo a ótica terrena. E também
por isto, começam a ver os conceitos e ações matrimoniais de forma distorcida.
Portanto, o primeiro grande desafio matrimonial não é o matrimônio propriamente
dito, mas é que tanto o marido como a esposa permaneçam, primeiramente e
pessoalmente, “em Cristo”. Cada cônjuge é chamado a permanecer continuamente no
Senhor de cada um individualmente para que, somado a isto, Ele também seja o Senhor
na condição coletiva do casal.
O primeiro grande desafio do matrimônio é cada um dos cônjuges
permanecer pessoalmente “em Cristo” mesmo depois de casado.
Mediante o casamento, um desafio novo é estabelecido, o qual é dois convergirem a
propósitos em comum a fim de que os efeitos sobre uma só carne sejam benéficos e não
contribuam para o mal. Por outro lado, também é vital que sejam mantidas algumas
condutas pessoais, individuais e essenciais no relacionamento de cada um com o
Senhor, as quais Deus nunca intentou ou intenta tirar da vida daqueles que,
primeiramente, são os seus filhos.
O primeiro lugar no qual Cristo quer conceder justiça e paz é no coração de cada
pessoa individualmente, e isto não muda com o casamento. Não há autoridade na Terra
ou no céu designada por Deus para se interpor na aliança pessoal que Deus fez com
cada indivíduo, e isto também não se aplica ao marido para com a esposa ou da esposa
para com o marido.
A comunhão pessoal com Deus, tanto do marido como da esposa, é o caminho para a
unidade em torno da vontade de Deus. É o caminho da unidade em torno do que vai
edificar o lar e não dividir o lar e as vidas que dele fazem parte.
Na Nova Aliança em Cristo, cada um dos filhos ou filhas do Senhor é
instruído ou ensinado a buscar o seu próprio relacionamento com Deus,
mesmo depois de unidos pelo matrimônio.

Hebreus 8: 11 E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada


um ao seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior.

A união em uma só carne ocorre a partir do momento em que o marido e a mulher se


unem pela união conjugal, mas é pela permanência de cada cônjuge também
individualmente “em Cristo” que a unidade apropriada de propósito pode ser
encontrada e é onde a vitória em Deus é estabelecida para este casal. E ainda que um
dos cônjuges não queira e não pratique o “estar em Cristo”, a outra parte pode
permanecer fiel no Pai Celestial e no seu Filho Amado e pode continuar alcançando a
dádiva da novidade de vida no Senhor, pois é primeiramente Cristo que sustenta a cada
um que é um membro individualmente do seu Corpo espiritual.

1 Coríntios 12: 27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente,


membros desse corpo.

Efésios 5: 29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a


alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 porque somos membros do seu corpo.
798

E. A Condição de Cristo como Cabeça que Auxilia a Esclarecer a


União Conjugal segundo o Princípio de Deus – Parte 2

Marcos 10: 6 Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e


mulher.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher,
8 e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não
são dois, mas uma só carne.

1 Coríntios 11: 1 Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo.


2 E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim e
retendes os preceitos como vo-los entreguei.
3 Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo varão, e o
varão, a cabeça da mulher; e Deus, a cabeça de Cristo. (RC)
----

Um segundo aspecto importante que a posição de Cristo como o Cabeça nos ensina e
esclarece em relação ao matrimônio está relacionado à condição em que “deixará o
homem a seu pai e sua mãe e unir-se-á a sua mulher”.
E por que aqueles que se unem em matrimônio devem deixar pai e mãe para
efetivamente realizarem a união conjugal?
Uma das principais razões relacionadas a esta última pergunta é esclarecida pela
posição narrada por Paulo no texto do livro de Coríntios exposto acima.
Um homem e uma mulher que querem se unir pelo matrimônio são
chamados a deixarem seu pai e sua mãe para que, na sua vida conjugal,
Cristo tenha a primazia de ser o único Cabeça das suas vidas e da sua união
matrimonial.
O deixar pai e mãe é parte integrante e indispensável para que um
matrimônio seja estabelecido conforme o princípio declarado por Deus,
pois os cônjuges passam a constituir uma nova família diante de Deus, e
somente Cristo é autorizado e designado pelo Pai Celestial para ser o
Cabeça de cada nova família.
Desde o início, Deus confiou aos pais o ensino e o cuidado de grande parte da vida
dos filhos que Ele concede a uma casal. Entretanto, o privilégio de tutelar os filhos é
temporário, pois Deus, na medida em que os filhos crescem, intenta se relacionar cada
vez mais de forma direta com os filhos e filhas dos pais pelos quais eles foram gerados.
Deus concede aos pais o enorme e até indescritível privilégio de serem meios para
conceberem filhos, mas estes filhos, antes e acima de tudo, pertencem a Deus. Os filhos
são propriedade de Deus que o Senhor permite que pais terrenos nutram, ensinem e
cuidem por um período de tempo, mas sempre com o entendimento de que estes são a
herança do Senhor Eterno e herdeiros de Deus.

Salmos 127: 3 Eis que os filhos são herança do SENHOR, e o fruto do


ventre, o seu galardão. (RC)
799

Romanos 8: 17 Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros


de Deus e coerdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com
ele seremos glorificados.

Efésios 1: 11 Nele, digo, no qual fomos também feitos herança,


predestinados segundo o propósito daquele que faz todas as coisas
conforme o conselho da sua vontade,
12 a fim de sermos para louvor da sua glória, nós, os que de antemão
esperamos em Cristo.
----

Deus não tem netos, e o Senhor não se dirige às gerações descendentes de outras
como netos, bisnetos ou qualquer um destes tipos de linha genealógica, mas Deus
chama a cada geração como filhos, ainda que venham a ser filhos de filhos de filhos.
Quando Deus disse a Adão e Eva para frutificarem e se multiplicarem, e depois
também a Noé em relação aos seus filhos e noras, o Senhor jamais intentou estabelecer
uma hierarquia ou pirâmide patriarcal ou matriarcal que sujeitasse os filhos, netos e
suas sucessões aos seus progenitores.
Conforme vimos anteriormente, Deus, já desde o princípio, disse a Adão e Eva que
deveriam deixar pai e mãe quanto ao quesito de se unirem em matrimônio, observando
ainda que quando Deus o falou, nem Adão e nem Eva tinham pais para deixarem.
Quando Deus disse que a união conjugal deve ser precedida do deixar pai e mãe, Ele
o disse para Adão e Eva no sentido de que, quando viessem a ser pais, ensinassem seus
filhos este princípio, bem como também permitissem que os seus filhos deixassem de
estar sob a tutela deles para iniciarem um novo tempo diante do Senhor.
Quando os filhos deixam pai e mãe para se unirem pelo matrimônio
segundo o princípio de Deus, eles passam a ter uma posição singular diante
de Deus para cuidarem de suas próprias famílias, assim como os seus pais
também tiveram a sua condição de cuidarem anteriormente da sua
respectiva família.
As Escrituras nos ensinam que os filhos continuamente devem ter em grande honra
os seus progenitores e, se necessário, devem até cooperar no seu cuidado, o que é muito
honroso diante do Senhor.
Entretanto, a partir do momento em que um matrimônio é estabelecido diante de
Deus e segundo o princípio do Senhor, a soberania da direção das vidas do novo casal
constituído pela união matrimonial é do Senhor Jesus Cristo.
Os filhos, obviamente, deveriam procurar manter comunhão com os
seus pais, podem procurar ouvir o que estes têm a lhes dizer, e deveriam
observar às experiências e o exemplo de fé em Deus que seus pais lhes
deixam. Entretanto, as decisões que um casal unido conjugalmente de
acordo com o princípio de Deus devem passar a fazer, sempre deveriam ser
de acordo com o que Cristo orienta a este casal para fazer.
800

O fato dos filhos serem instruídos por Deus para deixarem os pais
quando forem se unir pelo matrimônio visa estabelecer de forma explícita
que sobre cada casal e cada família somente deve haver um “cabeça” sobre
eles, pois esta posição deveria ser exclusiva do Senhor Jesus Cristo.
Considerando que todos os seres humanos descendem de Adão e Eva, e uma vez que
Deus nos ensina que somente Cristo é o Cabeça de todo varão, deixar pai e mãe para se
unir em matrimônio, além de significar deixar os progenitores diretos, também
significa deixar todo o conjunto de progenitores desde Adão e Eva, fazendo com que
cada casal possa estar sob a instrução direta de Cristo como sempre foi intentado por
Deus desde o princípio da criação.
A união conjugal é um dos meios pelo qual Deus se manifesta à cada nova geração de
forma renovada como o Senhor ou como o Cabeça sobre tudo e sobre todos, fazendo-
nos lembrar o que nos é declarado em vários textos das Escrituras, a saber:

Salmos 89: 4 Para sempre estabelecerei a tua posteridade e firmarei o


teu trono de geração em geração.

Salmos 90: 1 Senhor, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em


geração.

Salmos 100: 5 Porque o SENHOR é bom, a sua misericórdia dura para


sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade.

Lucas 1: 50 A sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que


o temem.

Salmos 102: 12 Tu, porém, SENHOR, permaneces para sempre, e a


memória do teu nome, de geração em geração.

Salmos 119: 90 A tua fidelidade estende-se de geração em geração;


fundaste a terra, e ela permanece.

Daniel 4: 3 Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas, as suas


maravilhas! O seu reino é reino sempiterno, e o seu domínio, de
geração em geração.

Lamentações 5: 19 Tu, SENHOR, reinas eternamente, o teu trono subsiste


de geração em geração.

Salmos 146: 10 O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina
de geração em geração. Aleluia!
801

F. A Condição de Cristo como Cabeça que Auxilia a Esclarecer a


União Conjugal segundo o Princípio de Deus – Parte 3

1 Coríntios 11: 1 Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo.


2 E louvo-vos, irmãos, porque em tudo vos lembrais de mim e
retendes os preceitos como vo-los entreguei.
3 Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo varão, e o
varão, a cabeça da mulher; e Deus, a cabeça de Cristo. (RC)
----

No tópico anterior, vimos que um dos motivos para que os filhos deixem os pais para
estabelecerem o matrimônio está relacionado ao fato de Cristo ter sido estabelecido
pelo Pai Celestial, que é o Cabeça de Cristo, como o Cabeça sobre cada casal constituído
e no qual o homem é também considerado como o cabeça da sua esposa.
Entretanto, quando observamos o texto no qual Paulo declara que Cristo é o Cabeça
do marido, pode ser observado que Paulo não está fazendo esta referência somente sob
o contexto do marido deixar pai e mãe para que o casal tenha a Cristo como o Cabeça
do seu matrimônio.
Quando Paulo apresenta a condição de Cristo ser o Cabeça, ele o faz em referência a
ele mesmo, ou seja, ele está fazendo uma referência a si próprio para exemplificar um
princípio mais amplo.
Quando Paulo diz, “mas quero que saibais”, ele está dando sequência ao aspecto
onde ele disse para as pessoas serem imitadoras dele no que concerne a serem também,
pessoalmente e individualmente, imitadoras de Cristo e no que concerne a estas
pessoas terem sido fiéis em terem retido os princípios de Cristo que ele, Paulo,
compartilhou com elas.
“Mas quero que saibais” significa que Paulo estava deixando claro que ele não
era “cabeça” para nenhum cristão, apesar de ser um exemplo de como alguém deve
imitar a Cristo e apesar ter sido usado por Deus para falar e escrever aos cristãos
muitos dos princípios centrais sobre a vida cristã.
Através das declarações acima referenciadas, Paulo vem esclarecer que, além de
deixar pai e mãe para ter Cristo como Cabeça da vida e do matrimônio, nenhum casal
deveria adotar qualquer outra “cobertura” sobre as suas vidas, pois esta é uma posição
exclusiva de Cristo Jesus sobre todo marido e sobre toda a união conjugal.
Ora, se Paulo sendo quem ele era diante de Deus, sendo apóstolo do Senhor Jesus
Cristo, disse que ninguém deveria ter outro Cabeça a não ser Cristo, muito menos ainda
poderão outras pessoas serem cabeças de maridos e de outros casais.
A exclusividade que Paulo, no início da primeira carta aos Coríntios, declarou sobre
o fato de Cristo ser o único fundamento sobre o qual uma pessoa deveria edificar a sua
vida, agora, em uma parte mais avançada desta mesma carta, é declarada por Paulo
também em relação a Cristo ser o Cabeça exclusivo de um matrimônio.
Convém observar ainda que Paulo não diz que o marido é o fundamento da esposa,
pois este somente Cristo é, mas Paulo declara que Cristo, em relação ao marido e à
mulher, é o Cabeça exclusivo do marido, assim como o marido é da sua própria esposa.
802

Nos versos seguintes aos citados na introdução deste tópico, Paulo ainda esclarece a
exclusividade de Cristo como o Cabeça da seguinte maneira:

1 Coríntios 11: 4 Todo homem que ora ou profetiza, tendo a cabeça


coberta, desonra a sua própria cabeça.

1 Coríntios 11: 7 O varão, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a


imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do varão. (RC)
----

Ora, se juntarmos o verso 3 do capítulo 11, que declara que Cristo é a cabeça de
todo homem, ao que é dito no verso 4, que declara que todo homem que ora ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça, podemos
ver que o varão casado, o homem unido pelo matrimônio à sua mulher, que cobre a sua
cabeça com outros instrutores, guias, filosofias e rudimentos humanos ou até com a
cobertura dos pais, é um homem que desonra a Cristo.
Não bastando isto, juntamente com a desonra a Cristo, o varão adulto que se sujeita
a uma cobertura ou tutela espiritual sobre a sua vida, que não seja exclusivamente o
Senhor Jesus, impede que a glória sobre a sua vida, que é devida exclusivamente a
Deus, seja atribuída ao Senhor, lembrando que Deus não autoriza, jamais, que a sua
glória seja dada a outrem.

Isaías 42: 8 Eu sou o SENHOR; este é o meu nome; a minha glória, pois,
a outrem não darei, nem o meu louvor, às imagens de escultura.

Isaías 48: 11 Por amor de mim, por amor de mim, o farei, porque como
seria profanado o meu nome? E a minha glória não a darei a outrem.

Salmos 115: 1 Não a nós, SENHOR, não a nós, mas ao teu nome dá
glória, por amor da tua benignidade e da tua verdade.

Um varão adulto ou casado segundo o princípio de Deus que aceita


cobertura tutelar ou espiritual sobre a sua vida que não seja a cobertura
exclusiva de Cristo como o seu Cabeça, desonra a Cristo e entra na esfera
de profanar o nome de Deus, tentando ir contra Deus ao procurar atribuir
a glória de Deus a outrem.
Assim como toda mediação que não é feita através de Cristo não é aceita
entre Deus e as pessoas em geral, assim também nenhuma mediação que
não seja feita por intermédio de Cristo é aceita entre Deus e os casais
estabelecidos por uma união matrimonial segundo o princípio do Senhor.
Nem ainda para que um matrimônio tenha seu início reconhecido diante de Deus é
necessário que haja mediadores que realizem este casamento, pois as Escrituras nos
dizem que deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher, e,
com sua mulher, serão os dois uma só carne.
803

Segundo o que foi estabelecido por Deus desde o início, aqueles que
fazem ou materializam um matrimônio de um homem e de uma mulher
são o homem e a mulher quando se unem um ao outro depois de deixarem
pai e mãe.
Na vida de Isaque, vemos que Abraão, o seu pai, o auxiliou na escolha da sua esposa
e atuou para a apresentá-la como uma opção a seu filho, e não sem a concordância de
Rebeca. Entretanto, ela somente se tornou de fato a esposa de Isaque quando este
também a tomou para si como a sua esposa, conforme narrado a seguir:

Gênesis 24: 62 Ora, Isaque vinha do caminho do poço de Laai-Roi,


porque habitava na terra do Sul.
63 E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os
olhos, e olhou e eis que os camelos vinham.
64 Rebeca também levantou os olhos, e viu a Isaque, e lançou-se do
camelo,
65 e disse ao servo: Quem é aquele varão que vem pelo campo ao
nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então, tomou ela
o véu e cobriu-se.
66 E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera.
67 E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe, Sara, e tomou a
Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado
depois da morte de sua mãe. (RC)

Nos dias de Isaque, não era necessário dizer que um casal não necessitava de um
sacerdote para tornar-se unido diante de Deus, pois nem Abraão e nem Isaque estavam
sujeitos a sacerdotes humanos. O único sacerdote a quem Abraão se submeteu foi a
Melquisedeque, que também era Rei Eterno da Justiça e da Paz conforme já
procuramos explicar anteriormente.
Desde o princípio, quem estabelece o matrimônio diante de Deus é o noivo e a noiva,
sendo que as questões de demandas por sacerdotes “espirituais” para fazerem esta
celebração somente surgiram ao longo dos anos. E isto, por questões de tradições e
filosofias dos próprios seres humanos e para tentar dar um crédito às funções
sacerdotais que nem são reconhecidas perante o Senhor.
Várias vezes nas Escrituras, o Senhor nos ensina a estarmos atentos a não sermos
enredados por tradições e filosofias segundo os homens, e ainda repete a admoestação
para permanecermos firmes em Cristo Jesus, conforme exemplificado abaixo:

Colossenses 2: 8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua


filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme
os rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.

Além disso, nem mesmo na revogada e obsoleta Ordem de Arão, a ordem sacerdotal
segundo a lei de Moisés, havia qualquer indicação da participação dos sacerdotes ou
levitas quanto à celebração de casamentos ou matrimônios.
804

Nos dias atuais, há pessoas que se dizem ser ministros do Evangelho de Cristo e que,
por causa disto, tem “autoridade para declarar um casal como marido e mulher diante
de Deus”. Entretanto, em nenhum lugar do Evangelho de Cristo há o estabelecimento
de tal prerrogativa. Pelo contrário, é a partir da vinda de Cristo em carne ao mundo e da
pregação do Evangelho de Deus que a simplicidade para o estabelecimento de um
matrimônio é reenfatizada. É a partir da vinda de Cristo em carne ao mundo, e da sua
ressurreição dentre os mortos, que a questão de Cristo ser o único Cabeça sobre o casal
é declarada de forma ainda mais clara, enfática ou evidente.
Ninguém na história humana respeitou tanto as mulheres como Cristo o fez. E
ninguém recebe tanto o homem como a mulher, sem distinção de um em detrimento de
outro, para “estarem Nele” como Cristo fez.
Os sacerdotes que se dizem autorizados por Deus para realizarem matrimônios não
somente não estão autorizados pelo Senhor para fazê-lo, pois a pregação do Evangelho
de Deus não confere a ninguém esta autorização, como também nem estão autorizados
para serem sacerdotes espirituais na vida de outros, pois Cristo é o único Sumo
Sacerdote Eterno que faz a mediação das pessoas, em tudo, com o Deus Eterno.
Se a própria posição sacerdotal de uma pessoa que se intitula “ministro do
Evangelho” em relação a mediação de outros já não tem qualquer validade diante de
Deus, pois isto é uma forma velada de tentar reestabelecer princípios da Ordem de
Arão, e se nem na Ordem de Arão os sacerdotes eram estabelecidos para realizarem
matrimônios, muito menos válida, diante de Deus, é a realização de um matrimônio
por aqueles que nem são aceitos pelo Senhor para esta função.
Aqueles que “fazem o casamento” de um casal, segundo o princípio de
Deus, são o noivo e a noiva depois de deixarem pai e mãe para se unirem
um ao outro.
Se for possível e for do interesse dos noivos ou dos pais dos noivos fazerem uma
celebração do casamento, isto é algo que pode ser feito e que, inclusive, é exemplificado
em diversas ocasiões nas Escrituras. Entretanto, ainda assim, quem “faz o casamento”,
é o noivo com a noiva, deixando pai e mãe e unindo-se em uma só carne ao cônjuge,
sabendo que eles dois o fazem perante Deus.
Um noivo e uma noiva que compreenderam o princípio de Deus para o casamento,
ao serem perguntados sobre “quem fez o seu casamento”, deveriam estar prontos a
responder, com convicção, que eles mesmos é que se casaram ou se uniram, eles
mesmo é que “fizeram o seu casamento” e que Deus foi a principal testemunha da
união de um com o outro.
A pergunta “quem fez o casamento”, biblicamente falando, é até bizarra, pois visto
que é o noivo que casa com a noiva, como alguém externo a eles poderia fazer o que
somente os noivos podem fazer?
Algumas pessoas podem achar “bonitinha” a realização do casamento em um templo
chamado de espiritual ou acharem muito espiritual diante de Deus ter um sacerdote
que celebre o pacto dos noivos, mas tudo isto simplesmente não condiz com as
Escrituras em nenhum de seus aspectos.
Se, por exemplo, um sacerdote “oficia o casamento”, o noivo ou a noiva podem vir a
pensar que foi o sacerdote que os uniu e podem não entender que toda a
responsabilidade da sua união é por opção própria dos noivos diante de Deus, pois eles
próprios se uniram no ato conjugal.
805

Se um sacerdote “oficia o casamento”, o casal pode vir a pensar inapropriadamente:


 1) Que é a suposta benção de sacerdotes que os fará prosperar;
 2) Que depois de casados, precisam continuar “correndo atrás das supostas
bençãos” de sacerdotes para a continuidade exitosa da sua vida conjugal;
 3) Que ao transferir aos sacerdotes o estabelecimento do matrimônio, também
devem continuar buscando a orientação para as suas vidas junto a estes em vez
de buscá-la direto em Deus;
 4) Que devem fidelidade à ordem de sacerdotes que “fez o casamento deles”.

Ou seja, quando uma casamento começa sob a ideia de necessitar de “mediadores”


para que seja estabelecido, o casal também tenderá a pensar que precisará dos
sacerdotes mediadores para a vida que segue após a sua união conjugal.
Quando os cônjuges pensam que o casamento deles se estabelece através de
sacerdócios humanos, eles também tenderão a pensar que precisarão de sacerdotes
similares quando tiverem desafios a serem enfrentados. Eles tenderão a pensar que
necessitam recorrer primeiramente às pessoas externas ao casamento, e não
diretamente a Cristo, para obterem soluções para os seus desafios e problemas.
Entretanto, uma vez que um homem se uniu à própria esposa, a aliança foi de um
para um diante de Deus, e os dois são, primeiramente, e através da graça e da ajuda de
Deus, responsáveis diante do Senhor pela sua vida conjugal.
Deus nunca chamou e nem quer “oficiadores espirituais” de casamento, pois a
realização efetiva de um matrimônio é entre o noivo e a noiva diante do Senhor que os
vê em todo o lugar em que estiverem.
A realização do matrimônio segundo o princípio anunciado desde o início é simples
assim:
 1º) O pretendente ao matrimônio deixará pai e mãe;
 2º) O homem unir-se-á à sua mulher;
 3º) O homem e a mulher se tornarão uma só carne entre eles e diante de Deus;
 4º) Cristo é o Cabeça de cada um dos cônjuges como membros do corpo de
Cristo, e Cristo, ao mesmo tempo, é o Cabeça do marido, e o marido da esposa na
questão da vida conjugal daqueles que se uniram pelo matrimônio.

E uma vez que a realização efetiva do casamento é feita de fato entre os dois que se
uniram, também são eles que vão responder por este matrimônio diante de Deus,
diante de si próprios e diante da sociedade.
Além disso, conforme foi visto no capítulo anterior, se cada pessoa prestará contas
de si mesma a Deus, e de que os guias humanos nada podem fazer por outra pessoa na
prestação de contas de cada um dos noivos perante o Senhor, por que o casal vai querer
ter outros guias a não ser, primeiramente, o Senhor Jesus Cristo?
Pessoas podem ajudar casais na sua vida conjugal, podem se oferecer como irmãos
de fé e de oração, ou como amigos. Entretanto, ninguém tem uma autorização dada por
Deus para a posição de querer liderar, guiar, chefiar ou ser sacerdote de um casal
estabelecido pelo matrimônio segundo o princípio do Senhor.
806

Tendo em vista que Cristo é o mediador individual do homem e da


mulher que se casam, Cristo também é o mediador do casal para com Deus,
não fazendo sentido cada um do casal ser guiado individualmente por
Cristo, ser abençoado por Ele e, quando se casam, passarem a precisar de
alguém externo para lhes mediar perante Deus.
A união matrimonial que é segundo o princípio de Deus não prevê na aliança
conjugal também uma associação com a estrutura religiosa a, b ou c, e nem os noivos
passam a fazer parte de alguma associação dos casados. Nada disto! Eles,
simplesmente, são um homem e uma mulher que se uniram para viverem como marido
e mulher também, primeiramente, diante do Senhor de suas vidas.
Algumas pessoas insistem em dizer que no casamento, os noivos também precisam
fazer uma aliança com Deus. Entretanto, se os dois já estavam “aliançados
individualmente com Deus” através da nova aliança e Deus reconhece a união de um
homem que deixa pai e mãe e se une a sua esposa, por que teriam que fazer ainda um
outro tipo de aliança com Deus?
No princípio, era simples e não complicado como as pessoas passaram a fazê-lo.
Através do casamento, ninguém faz aliança com Deus. A única aliança com Deus
possível de ser feita é a “nova aliança” mediada individualmente pelo único Mediador
que é Cristo.
E quanto à aliança com Cristo, cada um a faz pessoalmente pela fé no Senhor!
O casamento é a união do noivo com a noiva. É a união 1 + 1, testemunhada por
Deus.
Neste ponto, nos parece que ainda cabe mais uma ressalva sobre a celebração do
casamento, pois o fato de uma união matrimonial estar sendo feita entre o noivo com a
sua noiva não implica em dizer que os noivos não possam comemorar ou festejar a sua
união como testemunho perante outros.
Uma festa de casamento pode ser um momento de grande alegria. Pode ser o
testemunho do desejo dos noivos se unirem um ao outro sob a união matrimonial.
Porém, se eles estabelecerem o matrimônio sob o regime de algum sacerdócio que não
seja diretamente o Senhor Jesus Cristo, este matrimônio começa a ficar sujeito a estar
em desonra a Cristo e a Deus, a quem exclusivamente deveria ser atribuída a glória,
independentemente do tamanho da celebração do casamento.
Na celebração do casamento, os pais, obviamente, podem orar e pedir que o Senhor
abençoe os seus filhos e filhas no novo passo de vida que estes passam a dar, se alegrar
com eles, falar algumas palavras de carinho a eles, bem como os filhos podem honrar
aos seus pais que cuidaram deles até este momento. Entretanto, ainda assim a essência
da realização do matrimônio é deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a
sua mulher, e, com sua mulher, serão os dois uma só carne.
Um noivo e uma noiva podem desejar celebrar com seus pais, parentes e amigos a
união que passarão a estabelecer. Ou os pais podem querer oferecer uma festa aos
noivos e convidados para comemorarem o começo de uma nova união conjugal que irá
iniciar. Entretanto, quem está fazendo a união efetivamente, são o noivo, o homem, e a
sua noiva, a mulher. E novamente aqui, segundo o princípio de Deus para o
matrimônio, não há a necessidade de nenhum “oficiador espiritual” desta união
conjugal.
807

Por outro lado, se um homem realmente deixou o seu pai e a sua mãe, e se une no
matrimônio à sua própria e única esposa, isto perante Deus está feito, quer tenha festa
ou quer seja um simples momento singelo entre os noivos.
Quando observamos o exemplo de Isaque e Rebeca citado acima, vemos que não
houve nenhuma festa e nem os pais de Rebeca estavam presentes quando a sua união
com Isaque foi estabelecida.
O primeiro casal que se uniu em matrimônio após um ter sido apresentado ao outro
foi Adão e Eva, e só Deus estava lá para testemunhar e reconhecer esta união.
Portanto, quando o Senhor Jesus reafirma o princípio dito desde o início, de forma
alguma ele está retornando à lei de Moisés e suas regras, pois esta somente veio a
existir depois de mais de 400 anos da aliança de Deus com Abraão. O Senhor Jesus
estava reafirmando a maneira simples, mas muito assertiva que havia sido estabelecida
por Deus desde o princípio e a qual diante de Deus nunca sofreu alteração até os dias
atuais.
Assim, de forma alguma, estamos incentivando aqui que casais unam-se sem falar
com os seus pais ou que desprezam o seu consentimento, pois parte do deixar os pais
para unir-se em casamento também pode implicar em consultar e avaliar com os pais
sobre a decisão de deixá-los. Entretanto, ou por outro lado, também estamos querendo
evidenciar a simplicidade que há em relação ao estabelecimento de um matrimônio
entre um homem e uma mulher perante Deus.
Além disso, é depois de deixar o seu pai e a sua mãe é que o homem unir-se-á à sua
mulher, não antes. Todo o processo de aliança pode ser muito simples, mas isto não
significa que não há um caminho apropriado a ser seguido.
Se um homem se unir a uma mulher, mas não de acordo com o princípio de Deus,
ele não está nem na vontade geral de Deus para o solteiro e nem na vontade geral de
Deus para o casado. Logo, ele não está na vontade geral de Deus para o matrimônio e
estará diante de empecilhos para alcançar a vontade específica de Deus para a sua vida.
Uma pessoa pode não concordar com a forma de união conjugal que Deus definiu, e
ainda, praticá-la de forma diferente. E de fato, muitas vezes, Deus permite que isto
ocorra ainda que não consentindo com a ação praticada, pois Cristo também reina
permitindo as pessoas fazerem opções e buscarem seus próprios caminhos, conforme
vimos no capítulo sobre Cristo reinar sobre tudo apesar das pessoas fazerem opções
contrárias à vontade de Deus.
A questão que está em foco aqui, porém, não é se uma pessoa pode ou se não pode
algo, se consegue ou se não consegue fazer alguma coisa, mas a questão é se um homem
e uma mulher amam a vontade de Deus acima dos preceitos humanos ou se amam mais
a forma que eles próprios querem usar para conduzirem as suas vidas e alcançarem os
seus almejados prazeres.
Em muitas situações, um indivíduo pode optar pela sua própria vontade, mas com
isto, também rejeita a vontade de Deus, amando mais a sua própria vontade do que a
vontade do Senhor. E conforme a sua opção, a pessoa também se coloca em posição de
colher segundo os caminhos nos quais escolheu viver e andar.
O fato das pessoas não seguirem a instrução de Deus para o matrimônio não
significa automaticamente que Deus vai castigá-las, por exemplo, com infertilidade, que
não vão conseguir obter riquezas materiais ou que não vão ser prósperos
profissionalmente aos olhos do mundo. Deus não age assim, e muitas vezes o Senhor
808

continua concedendo coisas boas inclusive para pessoas sob erro para constrangê-las
por seu amor por elas. Mas enquanto as pessoas persistirem em resistência à vontade
geral de Deus que em tudo é “boa, perfeita e agradável”, elas não experimentarão o
melhor da vida do Senhor para elas, podendo, algumas vezes, até ficarem sujeitas a ter
uma vida abundante na Terra, mas sem, contudo, receberem a salvação eterna.
A Bíblia afirma que a vontade de Deus é “boa, perfeita e agradável”, mas muitos
preferem às suas próprias vontades ou as que são sugeridas pela sociedade, pelo mundo
e pelo diabo. E se uma pessoa escolher as vontades que não sejam a de Deus, e não se
arrepender delas em tempo, estas escolhas a conduzirão também aos caminhos das
respectivas colheitas destruidoras, ainda que estas às vezes pareçam tardar.
Por fim, neste tópico, entendemos que outro aspecto relevante sobre o casamento
em nossos dias é a questão do seguir as leis civis para realizá-lo, podendo estas leis,
inclusive, serem para proteção dos noivos e dos filhos que eventualmente venham a ter.
Entretanto, ainda assim, é o noivo e a noiva que tem a responsabilidade diante de Deus
de terem realizado a união conjugal entre eles.
Desta forma, se houverem pessoas tentando, através de leis, proibir o que Deus
estabeleceu para a união conjugal ou houverem pessoas na sociedade consentindo com
o que Deus não consentiu, mais importa obedecer a Deus do que aos homens.

1 Timóteo 4: 1 Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos


tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos
enganadores e a ensinos de demônios,
2 pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a
própria consciência,
3 que proíbem o casamento e exigem abstinência de alimentos que
Deus criou para serem recebidos, com ações de graças, pelos fiéis e
por quantos conhecem plenamente a verdade;
4 pois tudo que Deus criou é bom, e, recebido com ações de graças,
nada é recusável,
5 porque, pela palavra de Deus e pela oração, é santificado.
----

Deus criou os alimentos, e também criou o casamento. E tudo o que


Deus criou é bom, ainda que as pessoas queiram negá-lo ou desprezá-lo.
Ainda que alguns queiram proibir o casamento ou distorcer as instruções celestiais,
se um casal estabelecer um casamento de acordo com o princípio de Deus, o que foi
estabelecido segundo Deus e diante de Deus é o que prevalece perante o Senhor.
Embora o matrimônio civil possa vir a ser muito útil para muitos casais e o
testemunho civil possa somar em benefício aos casamentos em vários povos, a grande
ou principal testemunha de todos os matrimônios segundo o que foi estabelecido desde
o princípio ainda assim sempre foi e sempre será o próprio Senhor Eterno.

Malaquias 2: 14 E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha


entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal,
sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
15 E não fez ele somente um, sobejando-lhe espírito? E por que
somente um? Ele buscava uma semente de piedosos; portanto,
guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja desleal para com a
mulher da sua mocidade. (RC)
809

Por mais que venha a seguir procedimentos de leis civis, o casamento é


primeiramente uma união do noivo com a noiva perante Deus e pela qual eles
respondem a Deus ainda que as leis do país mudem e venham a tornar flexível o
estabelecimento ou o rompimento dos matrimônios em discordância com a vontade de
Deus. Uma união civilmente aceita não é necessariamente aceita diante de Deus, e uma
separação civilmente permitida não é necessariamente aceita por Deus. Assim, a
questão da fidelidade de um casal diante de Deus é, acima de tudo, de acordo com os
princípios que o Senhor estabeleceu.
Quando o homem deixa pai e mãe e se une à sua própria e única mulher,
eles passam a estar unidos diante de Deus pelos atos que eles próprios
fizeram e que foram testemunhados pelo Senhor.
Concluindo, gostaríamos de considerar ainda que muitas pessoas, ao verem ou
reverem os princípios estabelecidos por Deus para a questão conjugal, talvez os estejam
vendo depois que já estabeleceram uniões conjugais e que talvez ainda não estejam
alinhadas com a vontade de Deus. Nestes casos, cabe a elas se apresentarem em
humildade e arrependimento diante de Deus para também buscarem do Senhor a
instrução para saberem o que fazer para que as ações indevidas que adotaram possam
ser perdoadas, mas também tratadas sob a direção pessoal de Cristo.

Salmos 25: 1 A ti, SENHOR, elevo a minha alma.


2 Deus meu, em ti confio; não seja eu envergonhado, nem exultem
sobre mim os meus inimigos.
3 Com efeito, dos que em ti esperam, ninguém será envergonhado;
envergonhados serão os que, sem causa, procedem traiçoeiramente.
4 Faze-me, SENHOR, conhecer os teus caminhos, ensina-me as tuas
veredas.
5 Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha
salvação, em quem eu espero todo o dia.
6 Lembra-te, SENHOR, das tuas misericórdias e das tuas bondades,
que são desde a eternidade.
7 Não te lembres dos meus pecados da mocidade, nem das minhas
transgressões. Lembra-te de mim, segundo a tua misericórdia, por
causa da tua bondade, ó SENHOR.
8 Bom e reto é o SENHOR, por isso, aponta o caminho aos pecadores.
9 Guia os humildes na justiça e ensina aos mansos o seu caminho.
10 Todas as veredas do SENHOR são misericórdia e verdade para os
que guardam a sua aliança e os seus testemunhos.
11 Por causa do teu nome, SENHOR, perdoa a minha iniquidade, que
é grande.
12 Ao homem que teme ao SENHOR, ele o instruirá no caminho que
deve escolher.
810

G. Serão os Dois Uma Só Carne

Marcos 10: 6 Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e


mulher.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher,
8 e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não
são dois, mas uma só carne.
9 Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.
----

Depois que os filhos deixam os pais para se unirem em matrimônio, podemos ver
que o aspecto do marido com a sua esposa se tornarem uma só carne é o ponto que
mais é evidenciado no texto exposto acima.
Entretanto, compreender toda a amplitude e, ao mesmo tempo, os limites desta
união que faz de dois uma só carne parece ser especialmente desafiador, pois as
Escrituras não mencionam uma grande lista de detalhes do que este aspecto da união
que os torna um representa nos seus mais diversos detalhes.
Por outro lado, os textos que mencionam a união conjugal nos mostram o quão
significativa é esta união e o quanto o Senhor anela para que ela seja respeitada tanto
pelo marido como pela esposa.
No livro de Efésios, por exemplo, vemos que a união conjugal que é segundo os
princípios de Deus faz com que, para o Senhor, a mulher seja como parte do corpo do
homem e que se homem não cuidar bem da sua esposa, é como se ele fosse negligente
com si próprio.

Efésios 5: 28 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como


ao próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama.
29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e
dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja.

Já em outro texto do livro de 1Coríntios, vemos que a união conjugal é uma


concessão do corpo de um cônjuge em favor do outro e é o estabelecimento de vários
direitos que um passa ter em relação ao outro, obviamente não por dominação, mas
sempre sujeito ao princípio de amor de um pelo outro.

1 Coríntios 7: 3 O marido conceda à esposa o que lhe é devido, e também,


semelhantemente, a esposa, ao seu marido.
4 A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido;
e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu
próprio corpo, e sim a mulher.
5 Não vos priveis um ao outro, salvo talvez por mútuo
consentimento, por algum tempo, para vos dedicardes à oração e,
novamente, vos ajuntardes, para que Satanás não vos tente por
causa da incontinência.
6 E isto vos digo como concessão e não por mandamento.
811

Aqui, entretanto, novamente por outro ângulo, vemos que a união do noivo e da
noiva a ponto de se tornarem uma só carne, não apresenta uma condição literal de um
ser a carne do outro, tanto é que um pode adoecer e o outro não, um pode falecer e o
outro não, sendo, inclusive, estabelecido que o matrimônio é uma união por tempo
determinado, pois perante Deus, ele é estabelecido no máximo até a morte de um dos
cônjuges.
O Senhor Jesus, claramente, explicou que na ressurreição dos mortos, as pessoas
não se casam e não se darão em casamento, e que o máximo da duração de um
casamento é até a morte de um dos cônjuges. Ocorrendo a morte física, todo o pacto da
aliança matrimonial ao qual os respectivos cônjuges estavam associados passa a estar
desfeito ou encerrado. (Conforme Marcos 12: 25).
E por que ocorrendo a morte de um dos cônjuges cessa o pacto conjugal?
Um matrimônio se desfaz com a morte porque a união que tornava os cônjuges um
era quanto à carne, temporária para a vida na Terra, podendo, inclusive, um dos
cônjuges herdar a vida eterna com Deus e outro não, e assim ficarem separados
eternamente um do outro apesar de terem vivido como casados na Terra.
Nada do que as pessoas na Terra definam sobre o casamento, e que seja diferente do
que Deus definiu, pode alterar o que Deus reconhece como casamento. Já a partir da
primeira união conjugal na Terra, Deus estabeleceu como deveriam ser todas as demais
uniões conjugais em todas as gerações.
De acordo com o princípio de Deus, o casamento tem início definido, mas também
tem fim definido. Tem limites de impacto ou abrangência definidos, e tem limites de
tempo de atuação definidos. E o que vai além disto também não provém de Deus.
A dimensão de um homem e de uma mulher “tornarem-se uma só carne
pelo matrimônio é incalculável ou imensurável”, mas ainda assim, esta
união precisa ser vista com sobriedade e sensatez, objetivando não ficar
aquém do que nela está incluso, mas também não avançar além do que é
devido à esta união.
A aliança matrimonial é muito especial e singular em função dos aspectos associados
à união de dois em um só na carne e que são tão desafiadores de serem conhecidos e
vividos, onde um homem e uma mulher optam em viver em conjunto, deixando grande
parte da sua independência para trás. Ao mesmo tempo, porém, cada um dos cônjuges
também tem uma participação e uma relevância individual crucial para que tanto a vida
individual de cada um com Deus continue bem firmada como também para que a vida
em conjunto seja bem estabelecida.
E uma vez mencionados mais alguns aspectos que não estão abrangidos pela questão
de dois se tornarem um através do matrimônio, gostaríamos de retornar a alguns
pontos que podem ou até deveriam ser observados na unidade de dois em só carne que
passa a estar em curso quando um homem se une à sua mulher através do casamento e
vice-versa.
Assim, a união conjugal é o início de um tempo de vida onde um homem e mulher
optam por abrir mão de uma parte da liberdade individual que eles têm para passarem
a compartilhar parte das suas vidas com uma pessoa amada, chamada também de
cônjuge.
Tanto o homem como a mulher “em Cristo” têm a liberdade de não optarem pelo
casamento. Entretanto, se o fizerem, optam também pela companhia de outra pessoa e
812

pela condição que pode vir a possibilitar alcançarem propósitos que de forma
individual não poderiam alcançar.
Conforme já comentamos em tópicos anteriores, uma pessoa casada ou uma pessoa
não casada não se tornam superiores ou mais importantes pelo estado civil que
escolhem viver, mas o que é fato é que cada uma destas opções têm as suas próprias
características e desafios.
Sob o conceito cristão, é evidente que quando é citada acima a opção pela “vida
individual” em vez da vida de casado, esta menção não está fazendo uma referência à
uma vida individual separada de Cristo, mas à uma vida individual não associada com
outra pessoa através de uma aliança matrimonial.
A união através do matrimônio ocorre de um para um, de um para com o outro. A
união pelo casamento é expressa pelas ações de duas pessoas, um homem, e uma
mulher, que passam a constituir “um só e inteiramente novo conjunto de dois
indivíduos”, o qual, no presente estudo, também temos chamado de “um coletivo de
dois”.
Depois da aliança de uma pessoa com Cristo na nova aliança, a aliança mais antiga e
mais próxima segundo a vontade de Deus que pode existir na Terra é a aliança feita
entre um homem e uma mulher, inclusive pela proximidade do relacionamento físico
que estabelecem entre si.
E a aliança matrimonial também é tão intensa e ampla porque, a partir da união
conjugal, o que um cônjuge faz afeta o outro em muitos aspectos da vida, pois através
do matrimônio, os cônjuges passam a se associar, diante de Deus e do mundo, a uma
aliança através da qual, em muitas coisas naturais, passam a serem vistos como uma só
unidade, como um só conjunto ou como “uma só carne”.
Quando um homem e uma mulher optam em se unir pelo matrimônio,
eles também decidem se unir com outra pessoa para passarem a decidir
em conjunto muitos aspectos relevantes de suas vidas.
Se um homem solteiro ou uma mulher solteira, por exemplo, podiam estar dispostos
a aceitar um emprego em diversos locais distintos ou distantes, depois de unidos pelo
matrimônio, esta decisão não cabe mais somente a um, pois, por direito de casamento,
nenhum deles deveria privar o companheiro de estar junto a ele ou ela sem a
concordância mútua.
Depois de estabelecida a união conjugal, um cônjuge passa a estar colocado em
posição de cuidar de aspectos da vida do outro e também para lhe agradar, conforme o
texto abaixo:

1 Coríntios 7: 32 O que realmente eu quero é que estejais livres de


preocupações. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de
como agradar ao Senhor;
33 mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como agradar à
esposa,
34 e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a
virgem, cuida das coisas do Senhor, para ser santa, assim no corpo
como no espírito; a que se casou, porém, se preocupa com as coisas
do mundo, de como agradar ao marido.
813

Apesar de um união conjugal poder ser maravilhosa, definida por Deus como digna
de honra entre todos e como um meio apropriado para que muitos propósitos do
Senhor possam ser alcançados, está inserida nesta escolha, a necessidade de atenção
especial para com o cônjuge com o qual uma pessoa se uniu e cuja posição dever ser
considerada com respeito e em grande estima.
A união conjugal é uma aliança de um para um como um pacto de
fidelidade e respeito exclusivos em muitos aspectos, e sob a qual, as
primeiras pessoas que precisam se respeitar no casamento e quanto à
participação de cada um em sua vida conjugal são o marido e a esposa.
Diante do Senhor, e para viver uma vida que sirva a Deus, uma pessoa
não precisa optar pelo matrimônio. Entretanto, uma vez que o fizer, é
crucial que cada um dos cônjuges saiba que eles estão se unindo a uma
outra pessoa de igual valor diante do Senhor e de que o Senhor não
atenderá somente a um se isto não estiver em linha com a sua justiça.

1 Pedro 3: 1 Mulheres, sede vós, igualmente, submissas a vosso próprio


marido, para que, se ele ainda não obedece à palavra, seja ganho,
sem palavra alguma, por meio do procedimento de sua esposa,
2 ao observar o vosso honesto comportamento cheio de temor.
+
1 Pedro 3: 7 Igualmente vós, maridos, coabitai com ela com
entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como
sendo vós os seus coerdeiros da graça da vida; para que não sejam
impedidas as vossas orações.
----

Unir-se conjugalmente implica em habitar junto com o cônjuge, mas


também fazê-lo com entendimento e de forma cooperativa para o bem de
cada um dos cônjuges, bem como para bem do que passam a edificar em
conjunto.
Assim, a renovação da compreensão sóbria à luz das Escrituras dos aspectos centrais
envolvidos na união conjugal parece ser altamente necessária e urgente também em
nossos dias como na realidade sempre foi em todas as outras gerações.
A união conjugal é uma união para também edificar aspectos da vida em
conjunto e onde, depois de Deus, o cônjuge é o primeiro a ter direito de
opinar, participar e desfrutar dos benefícios, e onde ninguém outro pode
ter esta primazia, pois somente o cônjuge é uma só carne com o outro
cônjuge.
O matrimônio estabelece uma união onde todas as outras pessoas, inclusive pais,
irmãos e amigos, passam a ter uma posição secundária, pois nenhum dos outros é uma
só carne ou um só conjunto com o homem ou a mulher unidos em só carne pelo
matrimônio.
A união conjugal não visa estabelecer um impedimento de uma pessoa poder ter
relacionamentos de irmandade, amizade e profissionais com outras pessoas. Porém, ela
estabelece, sim, limites nestes relacionamentos visto que “o cônjuge passou a ser o
próximo mais próximo que uma pessoa tem além do próprio Senhor”, o qual sempre é o
mais próximo de todos, pois Ele habita no coração daquele que o recebeu em sua vida.
814

A aliança matrimonial, autorizada e testemunhada por Deus, jamais


poderá ser superior à aliança feita por uma pessoa com o Senhor. Porém,
no que tange a aliança com outras pessoas, nenhuma outra aliança no
mundo deveria superar a aliança que um homem fez com a sua mulher
pela união conjugal e vice-versa.
Se uma pessoa não respeitar a aliança que ela mesma fez a ponto do seu cônjuge se
tornar a sua própria carne, a ponto de que o cuidar do cônjuge é como cuidar do
próprio corpo, como esta mesma pessoa será respeitosa e digna de confiança em
eventuais outros pactos que fizer na vida?
A união conjugal vai muito além de um acordo onde dois indivíduos passam a
compartilhar a mesma casa e a mesma cama, pois, pela aliança matrimonial, eles se
tornam parte intensa da vida um do outro.
Quando voltamos aos textos iniciais de Gênesis, vemos que Deus não designou à
Adão a missão de frutificar, multiplicar, encher a Terra e sujeitá-la, mas ele a designou
tanto a Adão como a Eva. Deus designou a missão a Adão e também a Eva
conjuntamente, embora cada um deles tivesse funções distintas nesta mesma missão.
No livro de Gênesis, podemos ver que no Éden, Deus não viu a Eva dissociada de
Adão para aquilo que Ele tinha como propósito para o homem e para a mulher que
havia criado, conforme podemos observar no texto abaixo:

Gênesis 1: 27 Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de


Deus o criou; homem e mulher os criou.
28 E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos,
enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as
aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
29 E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão
semente e se acham na superfície de toda a terra e todas as árvores
em que há fruto que dê semente; isso vos será para mantimento.

De acordo com o texto acima, o único plural “vos” que podia ser composto no
momento em que Deus falou aos seres humanos no Éden era Adão e Eva. Não havia
outras pessoas na Terra a quem o “vos”, “o coletivo”, pudesse ser aplicado.
Na referência do verso 27 acima, vemos mais uma vez exposto o que já explicamos
anteriormente de que existe o conceito “homem” que se aplica a qualquer ser humano,
no sentido de raça humana, e existe o conceito “homem” no sentido do homem macho,
distinto de “mulher” ou fêmea.
A união que torna um homem e uma mulher em uma só carne aos olhos de Deus,
não anula a condição pessoal da alma e do espírito de cada um, conforme já
comentamos anteriormente. Entretanto, no sentido do que um homem e uma mulher
realizam na Terra, nas coisas naturais, para Deus, após o matrimônio, não há mais
indivíduos completamente separados e independentes um do outro, pois aquilo que
realizam afeta a vida do casal. E neste quesito, Deus os vê como um.
Quando uma união matrimonial é feita segundo os princípios do Senhor, o que um
cônjuge faz está associado a reflexos sobre outro, e as suas ações já não são aspectos
inteiramente independentes.
815

1 Coríntios 11: 11 No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do


homem, nem o homem, independente da mulher.

Se, por exemplo, um dos cônjuges tem um emprego próspero e ele pode realizá-lo a
contento porque o outro cônjuge lhe dá suporte cuidando mais das coisas cotidianas do
seu lar, não é somente aquele cônjuge que, diante de Deus, é próspero em seu trabalho,
mas é “uma só carne”, é o casal, que é próspero em sua empreitada conjunta.
Da mesma forma, se na vida de outro casal, ambos os cônjuges trabalham
externamente além das atividades do lar, e os dois prosperam em caminhos justos pelo
apoio que um dá ao outro, diante de Deus, “uma só carne” está alcançando o favor e a
prosperidade segundo a vontade do Senhor.
Por outro lado, se um homem for insensato ou se uma mulher for insensata, a
insensatez individual de cada um pode vir a produzir a ruína do lar conjunto que
intentam edificar, pois o que um faz afeta a vida do outro no aspecto conjunto e no qual
se uniram.

Provérbios 21: 20 Tesouro desejável e azeite há na casa do sábio, mas o


homem insensato o devora.

Provérbios 14: 1 A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com
as próprias mãos, a derriba.
----

Nos tópicos anteriores, já vimos que uma pessoa não precisa se distanciar de Deus
pelo fato do seu cônjuge fazê-lo. E um indivíduo não precisa se privar da salvação
eterna em Deus porque o outro cônjuge despreza esta salvação. Entretanto, ou ainda
assim, quanto ao projeto matrimônio e família, muitos aspectos que cada cônjuge faz
afetam os dois cônjuges, pois neste quesito, eles são uma só carne.
Uma vez que, ao se unir, um casal constitui perante Deus um novo
“conjunto”, composto de dois indivíduos, tudo o que o casal fizer ou
sobrevier aos cônjuges poderá ter um impacto neste conjunto.
Se um homem, por uma infelicidade, sofre, por exemplo, um grave acidente que lhe
cause uma invalidez, mesmo que temporária, a sua vida não será mais a mesma como
seria sem aquele acidente. Mas, por outro lado, a vida da sua esposa também não será
mais a mesma, pois a mudança da rotina do marido afeta também a vida da esposa,
considerando ainda que o exemplo poderia também ser ao contrário.
Além disso, aquilo que um casal construiu com esforço conjunto, já não é mais
possível de ser atribuído individualmente a cada um, mas à soma das ações e a
participações de ambos e de Deus em ambos.
Se um casal tem um filho ou uma filha, não há como definir com precisão nos filhos
o que veio do pai ou da mãe, e nem dissociar cada uma das partes dos filhos que
supostamente seriam pertinentes a cada um dos pais. Os filhos são algo totalmente
novo e com uma alma nova concedida por Deus, mas também são fruto de partes que
vieram de cada um dos pais.
816

Se um casal unido pelo matrimônio entender que tudo o que cada um fizer afetará
automaticamente o “novo conjunto singular que decidiram constituir”, eles veriam que
a concorrência e a competição entre os cônjuges de um mesmo matrimônio são coisas
bizarras e contrárias ao que eles mesmos estão constituindo. Por que, então, cônjuges
iriam competir entre si e não se ajudariam se estão edificando o mesmo conjunto?
Apesar de um homem e de uma mulher unidos pelo matrimônio manterem a alma e
o espírito com características individuais, o que eles edificam é o resultado do conjunto
das ações de ambos. Depois do casamento, a vida não é mais totalmente dissociada do
cônjuge com o qual uma pessoa se uniu.
Um casal, por exemplo, pode até definir um carro para o marido e outro para a
esposa conforme a preferência de cada um, ter a pia no banheiro separada para cada
um, mas isto só tem finalidade funcional, pois todas estas coisas são dos dois perante
Deus. Nos quesitos materiais, Deus os vê como um conjunto, apesar de também
continuar a levar em consideração as atuações individuais de cada um dos cônjuges.
Um homem, por exemplo, pode ser temente ao Senhor, piedoso e viver em
comunhão com Deus, mas a sua esposa não, ou o contrário. Entretanto, o fato de um se
omitir de um relacionamento apropriado com Deus afetará o lar que eles têm em
conjunto, ou seja, aquilo que edificam juntos e a vida que passaram a viver juntos.
Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, conforme já dissemos,
algumas coisas se tornam “um”, a saber, por exemplo:
 1) Eles passam a ser “um só casal”;
 2) Passam a constituir “um só lar” ou também chamado de “casa”;
 3) Passam a constituir “uma família singular na Terra”;
 4) Passam a realizar propósitos que são fruto da soma da participação e das
ações de ambos.

Assim, se uma parte se omitir do relacionamento com Deus, o “casal” não poderá
alcançar tudo aquilo que Deus poderia conceder para os dois como uma só carne, pois
uma parte daquilo que é uma só carne se absteve de viver em comunhão com o Senhor
das suas vidas.
Por outro lado, uma vez que os dois cônjuges se conscientizam que tudo o que
fizerem há de afetar de alguma forma o outro, ainda que cada um tenha um espírito e
uma alma individual com opções pessoais de decisão, os dois cônjuges podem edificar
de forma muito mais apropriada as coisas que Deus tem preparado para eles na sua
vida matrimonial.
817

H. Cristo como o Cabeça de Uma Só Carne Já Estabelecida –


Parte 1

Marcos 10: 6 Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e


mulher.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher,
8 e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não
são dois, mas uma só carne.
9 Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.

1 Coríntios 11: 3 Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de


todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de
Cristo.
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O tema da unidade entre seres humanos atrai a atenção de muitas pessoas e muitas
vezes também é acompanhado de muito romantismo e especulações difíceis de serem
efetivamente praticadas na vida conjunta, ainda que englobe somente duas pessoas.
A partir do momento que um casal se uniu pelo matrimônio e constituiu um
conjunto de dois considerado também como “uma só carne”, ou seja, 1 + 1 = 1, tudo o
que eles fazem, passa a refletir de alguma maneira sobre os dois ainda que nem sempre
o percebam. Entretanto, conforme já mencionado, o matrimônio não torna as duas
almas em uma. Consequentemente, também não elimina a possibilidade de cada um
tomar decisões a cada novo dia e nos diversos momentos de um mesmo dia.
Se por uma lado o noivo e a noiva se tornaram em uma só carne, pode ser que nas
suas vontades, eles se mantenham opostos um ao outro, podendo, obviamente, trazer
prejuízos àquilo que já é um entre eles.
A união matrimonial é um desafio interessante de ser observado e
também de ser vivido, pois ele estabelece uma união daquilo que é mais
tangível, mas deixa como opção a realização diária da união daquilo que
não é tão material e tangível.
Por mais que os noivos queiram se preparar previamente para a vida conjugal, o que
pode ser benéfico, no dia-a-dia, ainda surgirão uma enormidade de divergências de
opiniões e pontos de vista que estarão envolvidos na vida após o início do matrimônio.
Um casal que se ama e que se uniu em matrimônio para o bem conjunto dos dois
cônjuges certamente também quer o bem de cada um deles e daquilo que vão edificar.
Entretanto, uma questão prática que se apresenta nos matrimônios é que os
conceitos do que é bom para o casal e do que é de acordo com a verdade podem variar
muito de um cônjuge para o outro se a base de parâmetros for os próprios cônjuges.
Cônjuges que se amam e se respeitam podem ter opiniões distintas do
que eles consideram bom para si próprios e para o cônjuge com o qual se
uniram. E muitas destas opiniões distintas não foram unificadas na união
que fez dos dois uma só carne.
818

Por mais que ambos os cônjuges queiram cooperar naquilo em que se tornaram um,
é impressionante observar como as complexidades da vida aumentam quando se coloca
somente duas pessoas distintas para viverem em conjunto, ainda que ambas almejem o
mesmo propósito.
Aqui, então, há algo muito significativo a ser notado tanto pelo homem como pela
mulher unidos pelo matrimônio, a saber: Como cada um dos cônjuges saberá o que é de
fato bom para si próprio, para o outro cônjuge e para o conjunto de “dois em uma só
carne” que constituíram pela união conjugal?
Um aspecto altamente relevante na vida conjugal é encontrar um consenso sobre a
maioria dos assuntos que envolvem a vida do casal. Mas qual é o ponto de convergência
que eles devem adotar para chegarem ao consenso?
Portanto, diante das muitas demandas por consenso e diante das muitas pequenas
ou grandes divergências que se apresentam na vida matrimonial, mostra-se evidente a
necessidade de cada um dos cônjuges ter como ponto referencial alguém maior que os
dois, que tenha sabedoria superior à do casal e em torno de quem os cônjuges podem
encontrar unidade e consenso.
Assim, para que, além da união em uma só carne, um casal também possa viver e
andar em unidade de propósito, caminhos e ações, os cônjuges precisam manter-se sob
a condição de Cristo como o Senhor da suas vidas pessoais, mas também ter a Cristo
como o Senhor sobre o seu matrimônio.
É no “viver e andar em Cristo” que também os cônjuges da união
matrimonial encontram o caminho da unidade de propósito, de ações e do
caminho da paz entre eles e em relação àquilo que eles são um.
A vida conjugal não é firmada somente pelo aspecto dos cônjuges se
doarem ao interesse do outro cônjuge, mas é fortalecida também ou
principalmente através da ação de cada um deles seguirem o propósito e a
direção que o seu Criador lhes ensina pessoalmente e também no que
concerne ao seu matrimônio em seus vários aspectos.
A coordenação do conjunto coletivo de dois, mas de indivíduos tão distintos mesmo
depois de unidos pelo matrimônio, é um grande desafio. Entretanto, também para isto,
Cristo se oferece para ajudar a cada um pessoalmente e ajudar os dois juntos ou como
casal, oferecendo-se a eles como Rei da Justiça e Rei da Paz também nas questões da
vida a dois ou apresentando-se para ser o Cabeça do novo conjunto de dois que o casal
constituiu ao se unirem pelo casamento.
Quando os cônjuges buscam a Cristo individualmente e também como
casal, é o Senhor que lhes instrui como podem atuar em conjunto e como
cada um pode cooperar para que o conjunto que constituíram seja
alinhado ao querer de Deus e assim também seja frutífero e proveitoso
para ambos.
Adão e Eva eram duas almas distintas, mas que, como casal, compunham um só
carne. E como tal, também tinham partes de uma missão conjunta dada por Deus a
eles.
Adão não poderia cumprir a missão que havia recebido de Deus sem a efetiva
participação de Eva. Nada na principal missão designada ao “casal Adão e Eva” poderia
ser concretizado se um dos dois não colaborasse com o propósito que lhes foi proposto.
819

Individualmente, Adão e Eva até poderiam fazer muitas coisas. Podiam cultivar
plantas no Éden, passear pelo jardim, comer, interagir com os animais e etc.
Entretanto, se os dois não se unissem no propósito de frutificarem segundo a sua
espécie, o propósito central dado a eles pelo Senhor jamais aconteceria. Havia um
propósito de Deus para ser feito em conjunto pelos dois.
Abraão e Sara tinham uma promessa de receberem um herdeiro ainda que Sara
fosse estéril. E em sua condição de estéril, Sara cogitou solucionar o problema através
de uma concubina por meio da qual pensou que poderia prover um filho a Abraão.
Entretanto, Deus não reconheceu o filho da concubina como o herdeiro prometido,
pois quando Deus fez a promessa à Abraão, este já era uma só carne com Sara.
Portanto, para Deus, não havia a hipótese do herdeiro prometido vir só da metade
daqueles que eram uma só carne. Para Deus era óbvio que Sara estava envolvida
diretamente na promessa feita, pois para Deus, Sara era a mulher da aliança de Abraão.
Deus reconheceu o filho de Abraão com a concubina como filho de Abraão. Isso era
um fato inegável. Porém, o Senhor não reconheceu este filho como o filho do seu
propósito para com Abraão, o filho do chamado que Deus tinha para Abraão e Sara.
Deus não deixou o filho de Abraão com a concubina sem proteção ou sem provisão.
Deus o protegeu e o fez prosperar, pois as ações que os seus pais escolheram praticar
não foram escolhas do filho, e porque o Senhor também atende o clamor de todos por
misericórdia. Entretanto, ainda assim, este menino não era o filho da promessa dada a
Abraão porque ele também não era filho de “uma só carne de Abraão e Sara”, não era
filho de Sara.
Ismael, o filho da concubina, não era fruto da direção de Deus na vida de Abraão e
Sara. Ismael veio a nascer como fruto de Sara e Abraão se estribarem no seu próprio
entendimento, o qual, por sua vez, adveio da ação de não permanecerem na unidade
nos princípios e promessas do Senhor.
Quando, mais tarde, Deus confirmou a promessa do filho da promessa, Deus o
prometeu a Abraão, mas também o fez na presença de Sara. O Senhor o fez falando
também com a própria Sara, pois ela era a mulher do matrimônio de Abraão diante de
Deus e “uma só carne com Abraão” quando Deus havia lhes chamado a seguirem os
caminhos que Ele, o Senhor, lhes mostraria.
Deus tem alguns propósitos para um homem e uma mulher que se unem pelo
matrimônio e que somente são possíveis de ocorrer se os dois trabalharem juntos em
cooperação. Serão realizações, se vierem a se cumprir, nas quais não se poderá separar
com precisão onde está a participação de cada cônjuge, porque são projetos que têm
várias interações e colaborações tanto do marido como da esposa.
Filhos, por exemplo, são um projeto completamente conjunto. E a educação destes
filhos é uma empreitada que também deveria contar com a cooperação de ambos os
cônjuges.
O apoio profissional mútuo àquilo que cada um é chamado a fazer, a edificação do
lar, a escolha de amigos, a opção de se encontrar com outros cristãos, e tantas outras
coisas, são aspectos que sempre têm ou deveriam ter um lado conjunto para edificar e
firmar cada vez mais a união conjugal.
820

Nos mais diversos aspectos de um matrimônio, é imprescindível que o


casal caminhe em discernimento que vá além do mero discernimento
natural, e o qual somente pode lhes ser conferido pelo Senhor.
A mesma prudência referente à buscar ao Senhor para as questões pessoais também
se aplicam às questões conjugais, o que, por mais evidente que pareça, precisa ser
ressaltado de forma especial, pois várias vezes pode ocorrer de um cônjuge pensar que
a sugestão do outro cônjuge sempre está em concordância com Deus sem de fato estar.
Se o marido e a esposa estivessem sempre “vivendo e andando em Cristo”
pessoalmente, e cada um estivesse ouvindo perfeitamente o que Cristo lhe instrui, os
dois sempre estariam operando em harmonia. Na prática, porém, o homem e a mulher,
também como indivíduos distintos apesar da união conjugal, podem “não estar”
“vivendo e andando em Cristo” e, assim, introduzirem intenções humanas, carnais e
não segundo Deus para a sua vida conjugal.
Desta forma, quando há conflitos de interesse, pode também haver impasses,
divergências de opiniões e desejos distintos que tentam obter o seu espaço na vida “de
uma só carne”, sendo que algumas destas divergências podem procurar introduzir o
que as Escrituras nominam de “casa dividida”.
Quando as Escrituras mencionam a unidade entre um casal, entendemos que não
necessariamente está sendo considerado que os cônjuges devem concordar em tudo e
gostarem em tudo das mesmas coisas. Por exemplo, o fato de um gostar de chocolate e
o outro não gostar, não precisaria ser motivo de discórdia dos objetivos coletivos do
casal.
O cônjuge A, por exemplo, pode gostar de chocolate e o B não, e os dois podem se
respeitar nestas divergências, pois também no respeito mútuo pelas características
pessoais de cada um está a unidade em alguns assuntos. Aceitar e respeitar a diferença
do outro também pode ser uma posição de unidade. Entretanto, se, por exemplo, a
questão do chocolate começa a representar prejuízo da saúde de um dos cônjuges ou
começa a levar a um prejuízo financeiro diante de outras necessidades mais iminentes,
o casal composto de dois indivíduos sujeitos ao Espírito de Deus e não à carne, deveria
chegar a um acordo sobre medidas de consumo que praticam, pois em tudo são
chamados a glorificar a Deus, quer individualmente ou conjuntamente.

1 Coríntios 10: 31 Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra


qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus.

Portanto, assim como o “viver e andar em Cristo” é o caminho para uma pessoa
caminhar na vontade de Deus e atuar segundo o querer celestial, assim também é na
vida conjugal. E também por esta razão, Cristo é estabelecido pelo Pai Celestial como o
Cabeça de um casal unido pelo matrimônio.
Se à nossa equação do “coletivo de dois que se tornam um” ainda acrescentarmos a
inclusão de filhos, quanto mais diversidade e variáveis não são acrescentadas ao
relacionamento entre o marido e a mulher?
Considerando que os filhos, incluindo filhos e filhas, são indivíduos que também têm
uma vontade própria intensa, é impressionante o número de variáveis e hipóteses que
se multiplicam para serem administrados tanto pelo marido como pela mulher com a
chegada de cada um dos filhos que venham a ter.
821

Em diversos casos, um casal até pode caminhar em boa sintonia quando são
somente dois indivíduos. Porém, quando chegam os filhos, isto pode se complicar, pois
muitas vezes cada cônjuge quer educar os seus filhos nos moldes que ele ou ela foi
educado quando criança, não se dando conta que o filho não é de uma só parte do casal,
mas de ambos.
Em um só “conjunto familiar” podem haver muitas divergências em
muitos assuntos, mas o Senhor não deseja que isto permaneça
continuamente. O Senhor deseja que haja paz no lar. E para isto, é
necessário que todos se unam no Senhor, se unam em torno do seu
Senhorio ou em torna da sua posição de Cabeça que o Pai Celestial atribui a
Cristo.
É no Senhor que ocorre a renovação de entendimento para que os cônjuges
alcancem sabedoria celestial também para a vida matrimonial e para a sua posição de
pai e mãe, podendo ser que ambos os cônjuges tenham que renovar o entendimento de
suas posturas frente àquilo que o Senhor lhes instrui, pois ambos podem também ter
herdado culturas e tradições infrutuosas e podem ter mentes não renovados em relação
à conceitos que o mundo tenta impor sobre eles.

1 Pedro 1: 17 Ora, se invocais como Pai aquele que, sem acepção de


pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor
durante o tempo da vossa peregrinação,
18 sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos
pais vos legaram,
19 mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem
mácula, o sangue de Cristo,
20 conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém
manifestado no fim dos tempos, por amor de vós
21 que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre
os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança
estejam em Deus.

Romanos 12: 1 Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que


apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a
Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus.
----

As respostas sobre como “viver e andar pessoalmente em Cristo” ou


segundo a vontade de Deus estão no Senhor, mas também àquelas que se
referem à vida conjugal e à como cuidar dos filhos que Deus confiou aos
cuidados de um casal. Razão pela qual também, Deus estabeleceu a Cristo
com o Cabeça de cada matrimônio realizado segundo o princípio de Deus.
822

1 Pedro 4: 1 Ora, tendo Cristo sofrido na carne, armai-vos também vós


do mesmo pensamento; pois aquele que sofreu na carne deixou o
pecado,
2 para que, no tempo que vos resta na carne, já não vivais de acordo
com as paixões dos homens, mas segundo a vontade de Deus.
3 Porque basta o tempo decorrido para terdes executado a vontade
dos gentios, tendo andado em dissoluções, concupiscências,
borracheiras, orgias, bebedices e em detestáveis idolatrias.
----

É no Senhor que estão as respostas para um vida pessoal piedosa, mas também é no
Senhor que estão as respostas para um vida conjugal, paternal e maternal piedosa, o
que nos faz lembrar mais uma vez o que o Senhor Jesus Cristo nos deixou dito:

João 15: 5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e


eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

Assim, considerando que Cristo é o ponto de unidade para milhares e milhares de


homens, mulheres e crianças que Nele creem, quanto mais Ele não pode também ser o
ponto de unidade de um casal unido conjugalmente e de uma família, e visto ainda que
é em relação a Cristo que Deus declarou à Abraão que todas as famílias da Terra seriam
abençoadas?
823

I. Cristo como o Cabeça de Uma Só Carne Já Estabelecida –


Parte 2

Marcos 10: 6 Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e


mulher.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher,
8 e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não
são dois, mas uma só carne.
9 Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.

1 Coríntios 11: 3 Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de


todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de
Cristo.
----

No tópico anterior, mencionamos que uma vez que Cristo opera a paz no coração de
cada cônjuge, também é Cristo que é designado pelo Pai Celestial para ser o Rei da
Justiça e o Rei da Paz no ambiente da vida matrimonial e de uma família.
Primeiro, Cristo quer conceder a paz em cada coração. Depois o Senhor
Jesus quer conceder a justiça e a paz do reino de Deus no relacionamento
entre o casal e na família que os cônjuges vêm a constituir.
Portanto, primeiramente, o melhor bem que um cônjuge pode querer para o outro, é
que cada um, individualmente, esteja em paz com o Senhor e esteja usufruindo
amplamente do reino de Deus que encontra-se no coração de todo aquele que tem a
Cristo como Senhor.
Quando as pessoas se rendem à instrução de vida segundo o reino de Deus, é
interessante observar como a direção do Senhor vai remodelando o interior de uma
pessoa e o quanto isto também começa a trazer manifestações benéficas sobre a vida
conjugal, o lar e a vida externa daqueles que entregam o coração a Cristo e o seguem
como Senhor.
Entretanto, ou ainda assim, na união conjugal são dois que se unem. E se eles
tiverem ou adotarem filhos, ainda serão mais pessoas participando da mesma família,
estabelecendo um conjunto coletivo que também necessita de uma ordem de
funcionamento visto que Deus não é um Deus de confusão, mas um Deus de ordem.
E muitas ações coletivas entre pessoas, de uma forma ou de outra,
acabam necessitando de uma instrução de quais atividades serão
atribuídas a cada uma das partes, o que também se aplica ao matrimônio.
Assim, embora “em Cristo” não há distinção entre homem e mulher para se
relacionarem pessoalmente com o Senhor, na vida conjugal há funções distintas que
Deus atribuiu e atribui distintamente ao homem e à mulher.
A começar por funções biológicas básicas, o homem e a mulher, respectivamente,
têm partes diferentes dos elementos essenciais necessários para a geração de uma nova
vida.
824

No relacionamento pessoal e espiritual “em Cristo”, tanto o homem


como a mulher são vistos igualmente como filhos de Deus nascidos
segundo o Espírito do Senhor. Porém, em relação à vida conjugal, o
Senhor, desde o início da criação, atribuiu algumas funções distintas ao
homem e à mulher.
O homem não é mais importante ou mais valoroso perante Deus do que a mulher e
nem vice-versa. Entretanto, isto não implica em dizer que Deus não lhes concedeu
funções distintas no matrimônio, pois isto seria contradizer a própria maneira como o
Senhor estabeleceu a sua criação.
Apesar da condição de homem e mulher ser temporária e não ter os mesmos efeitos
na vida celestial que se segue após à vida na Terra, conforme declarado pelo Senhor no
texto abaixo, na Terra e na união conjugal, o Senhor estabeleceu algumas funções
distintas para eles para que a cooperação do marido e da mulher atue para o bem desta
união e para que haja harmonia neste caminhar.

Lucas 20: 27 Chegando alguns dos saduceus, homens que dizem não
haver ressurreição,
28 perguntaram-lhe: Mestre, Moisés nos deixou escrito que, se
morrer o irmão de alguém, sendo aquele casado e não deixando
filhos, seu irmão deve casar com a viúva e suscitar descendência ao
falecido.
29 Ora, havia sete irmãos: o primeiro casou e morreu sem filhos;
30 o segundo e o terceiro também desposaram a viúva;
31 igualmente os sete não tiveram filhos e morreram.
32 Por fim, morreu também a mulher.
33 Esta mulher, pois, no dia da ressurreição, de qual deles será
esposa? Porque os sete a desposaram.
34 Então, lhes acrescentou Jesus: Os filhos deste mundo casam-se e
dão-se em casamento;
35 mas os que são havidos por dignos de alcançar a era vindoura e a
ressurreição dentre os mortos não casam, nem se dão em casamento.
36 Pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são
filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
37 E que os mortos hão de ressuscitar, Moisés o indicou no trecho
referente à sarça, quando chama ao Senhor o Deus de Abraão, o
Deus de Isaque e o Deus de Jacó.
38 Ora, Deus não é Deus de mortos, e sim de vivos; porque para ele
todos vivem.

Ainda em outra narrativa do mesmo evento exposto acima e registrada por outro
escritor, o Senhor disse:

Mateus 22: 29 Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as


Escrituras nem o poder de Deus.

Assim, a questão do casamento e de alguém ser homem ou mulher não qualifica uma
pessoa mais do que a outra para viverem em Deus, pois na ressurreição para a vida
eterna, estes também são detalhes que ficam para trás.
825

A posição que Deus estabelece para um homem e uma mulher no


matrimônio também não é para que um tenha dominação sobre o outro,
pois se havia algum espaço para isto na maldição após o pecado, em Cristo
Jesus toda as maldições que foram proferidas sobre o ser humano por
causa da prática do pecado tiveram suas dívidas quitadas.

Gálatas 3: 13 Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele


próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo
aquele que for pendurado em madeiro),
14 para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios, em Jesus
Cristo, a fim de que recebêssemos, pela fé, o Espírito prometido.

Portanto, a posição funcional em um matrimônio em que Cristo é o Cabeça do


homem, e o homem o cabeça da mulher, de forma alguma está associada com algum
tipo de punição para a mulher, mas refere-se a uma condição funcional definida por
Deus já na criação, conforme já comentamos anteriormente, e não torna o homem mais
valioso que a mulher e nem torna o homem independente da mulher.
A posição funcional no matrimônio em que Cristo é o Cabeça do homem, e o homem
o cabeça da mulher, refere-se a uma questão operacional para os propósitos de Deus
através da união conjugal para aqueles que optam por ela.

1 Coríntios 11: 7 Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça,


por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do
homem.
8 Porque o homem não foi feito da mulher, e sim a mulher, do
homem.
9 Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e
sim a mulher, por causa do homem.
...
11 No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem
o homem, independente da mulher.
12 Porque, como provém a mulher do homem, assim também o
homem é nascido da mulher; e tudo vem de Deus.
----

Nas questões que envolvem o estabelecimento de uma união que torna 1 + 1 = “uma
só carne”, surgem necessidades de decisões e conduções que precisam convergir para
propósitos e ações em comum, e que deveriam visar o bem comum de todos os
participantes do respectivo conjunto.
Conforme já citamos, a união de pessoas distintas, e muitas vezes acrescida ainda de
filhos e filhas, vira um universo à parte de diversidade e de anelos a serem atendidos,
mas que, ao mesmo tempo, precisam ser levados em consideração sob o foco do bem
comum a todos os indivíduos do respectivo grupo.
Um casal unido conjugalmente e a família que os cônjuges constituem, além de suas
próprias diversidades, são bombardeadas diariamente com informações sobre como
devem viver a vida, gerando uma necessidade de que alguém dentro deste casamento
precise ser escolhido para estar à frente em algumas decisões centrais ou finais do que
pode ser acatado e o que não pode ser acatado nesta família específica.
826

Desde o marketing em geral, com suas propagandas que insinuam saber o que
deixará as pessoas e as famílias felizes, até os pais, mães, sogros e sogras, irmãos,
amigos, vizinhos, e até desconhecidos, todos acham que têm algum direito ou inclusive
a obrigação de saberem resolver as questões da vida matrimonial de outros. E tudo
isto, precisa ser filtrado individualmente pelos membros da família, mas também
demanda um filtro no aspecto coletivo para o bem geral de todos.
Visando suprir a necessidade de um lar ser administrado
harmonicamente referente aos assuntos do casal e da família, o Senhor
definiu uma ordem funcional, não para gerar opressão e injustiças, mas
justamente para que Cristo possa conceder a sua justiça e paz também para
o casal e o seu lar.
Entre tantas sugestões, itens e decisões que envolvem uma união de
dois, o lar e a família que advém desta união, o Senhor Jesus estabeleceu
um caminho de instrução que possa unificar a todos naquilo que nesta
unidade se fizer necessário.
Pessoalmente, cada um pode orar e estar em comunhão com Cristo. Entretanto,
basta um indivíduo do conjunto não estar alinhado com Cristo por um intervalo de
tempo que as coisas já podem vir a se desarrumarem. E se não houverem intervenções
em tempo devido, os membros deste conjunto podem vir a caminhar para maus
caminhos e até para a destruição de um união conjugal e, por consequência, também
vários aspectos que estão edificando em conjunto.
De certa forma, alguém na família precisa ser aquele através do qual
Deus instrua o conjunto geral quando nem todos estão seguindo a
orientação pessoal de Cristo ou até quando há a necessidade de prévias
definições da participação de cada indivíduo que está debaixo desta mesma
união conjugal ou do que a partir dela é edificado.
Por exemplo, um filho pode estar pedindo algo a Deus em suas orações, assim como
também o seu irmão ou sua irmã podem estar fazendo cada um os seus pedidos. Mas
digamos que não é viável para que todos sejam atendidos naquele momento por causa
do orçamento familiar. Assim, Deus usa alguém com autoridade sobre todos os filhos
para organizar estas questões comunitárias e para definir uma palavra final sobre o
assunto, se assim for preciso.
Para administrar todas as coisas com uma ótica global de tal forma que
todos possam ser atendidos apropriadamente segundo a vontade de Deus,
e para que resulte em paz, o Senhor definiu a Cristo como o Cabeça da
família. Porém, o Senhor Jesus também atua nesta sua posição através de
uma ordem de funções em uma família.
E se Deus estabeleceu funções distintas neste pequeno complexo
coletivo de dois que se tornaram em uma só carne, podendo edificar uma
família de dois ou até de mais pessoas com a chegada de filhos e filhas, é
porque de fato isto se faz necessário e porque também isto é benéfico à
vida de toda a família.
Deus escolheu dar esta atribuição de coordenador geral da vida conjugal
e da família a quem Ele também concede a graça de alinhar o conjunto
global das coisas. Deus escolheu o marido para a referida atribuição, e é
primeiramente para ele que o Senhor designa também a graça e a
habilidade para fazê-lo segundo a vontade de Deus.
827

Mais uma vez, conforme já mencionamos várias vezes, o fato do marido ser
considerado por Deus como o cabeça da esposa na vida conjugal, não quer dizer que
Deus não vai falar direto com a mulher ou que a esposa não possa falar pessoalmente
ou diretamente com o Senhor.
O marido ser o cabeça da esposa não quer dizer que a mulher e nem os filhos são
privados do acesso pessoal a Deus. Isto também não quer dizer que a mulher e os filhos
não poderão participar e dar sugestões na vida conjunta. Porém, significa dizer que
Deus elegeu, entre todos os membros da família, um a quem ele concede a função de
ordenar globalmente o coletivo. E aquele à quem Deus confere uma atribuição, à este o
Senhor também concede a graça e autoridade para fazê-lo.
Quando Deus concede essa atribuição e graça ao marido para ser o cabeça da esposa
na vida conjugal, isto não é definido para que este homem imponha os seus desejos e as
suas vontades e torne os membros da família em seus servos.
Muito pelo contrário, a responsabilidade que Deus dá ao homem que se uniu a uma
mulher é para ele ser cooperador de Deus para que as condições para cada membro da
família poder fazer a vontade de Deus também sejam repassadas para cada um
adequadamente.
O marido recebe de Deus a posição de cabeça da sua esposa para que
cada um da família receba ajuda para fazer o que Deus quer realizar em
cada um e através de cada um dos integrantes daquele lar.
Deus pode falar diretamente com cada membro da família. Deus pode
conceder que cada um alcance dádivas e dons não somente através do
marido, mas para que a soma de todas estas dádivas seja usada para a
edificação conjunta de todos na família, o Senhor optou em estabelecer que
o marido tenha a Cristo como o Cabeça e que o marido também seja o
cabeça de sua esposa.
Em uma família, Cristo quer o bem da esposa, dos filhos e filhas tanto
quanto quer o bem do marido. Entretanto, para que o bem direcionado a
cada um dos membros da família e também para a sua condição coletiva
seja estendido a todos eles, Deus designou o marido como o cabeça ou um
supervisor da vontade do Senhor na união conjugal.
Aqui, porém, entendemos que há um aspecto muito significativo e até essencial a ser
compreendido e destacado, e que parece que tantos maridos têm se esquecido ou têm
evitado de lembrar, que é saber que Cristo é o cabeça de todo homem.
O que todo marido deveria saber é que antes dele ser chamado para ser
o cabeça da sua esposa na vida conjugal, ele é chamado para compreender
que Cristo é o cabeça de todo homem e que somente quando o marido,
primeiramente, está sujeito a Cristo, é que ele também pode ser um bom
cabeça para a sua esposa.
Todo marido deveria saber que antes de servir a mulher como o cabeça
da sua esposa, ele é chamado a ser instruído por Cristo como o cabeça da
sua própria condição de marido.
Em primeiro lugar, o marido é chamado a estar sujeito à Cristo antes de
servir à esposa, aos filhos e as filhas para que, na sequência, instrua a
esposa, aos filhos e as filhas segundo a vontade do Senhor e não segundo a
sua própria vontade.
828

No estar sujeito a Cristo e no servir primeiro ao Senhor, o marido pode, inclusive,


ser instruído pelo Senhor a resistir à vontade da esposa ou dos filhos em alguns
intentos que estes querem fazer e que não estão em acordo com o querer de Deus.
Quando, por exemplo, um filho ou uma filha pede algo a Deus que não lhe fará bem,
Deus, através do pai dos filhos, pode resistir à vontade daquele filho ou filha.
Por outro lado, Deus também pode mostrar ao marido a importância do filho ou da
filha serem preparados em algo que os filhos ainda não entendam ser importante para
eles, mas que será importante para eles no futuro.
Enquanto os filhos e as filhas ainda não sabem ouvir a Deus com discernimento
apropriado, o marido também é instrumento para ajudá-los a permanecerem naquilo
que Deus quer para eles e para ensiná-los a buscarem cada vez mais a instrução do
Senhor.
Todo o marido é chamado para estar em Cristo e servir ao Senhor. E em
sua condição de fidelidade a Cristo, Deus concede este marido à família
para ele ser como um dispenseiro que serve a família em vários aspectos da
vontade de Deus, ainda que esta família nem sempre veja isto de imediato.
E àqueles que são chamados para serem despenseiros de Deus, vemos a seguinte
instrução:

1 Coríntios 4: 1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem


como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.
2 Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um
deles seja encontrado fiel.

E, por outro lado, a esposa, os filhos e as filhas (à medida que vão crescendo na
comunhão com Deus), podem acessar sempre a Cristo para checar ou averiguar se as
coisas que o marido apresenta conferem ou colidem com o querer de Deus para eles.
O fato do marido ser o cabeça da sua esposa, conforme já expusemos anteriormente,
não implica em uma submissão obrigatória ou compulsória, mas voluntária e
cooperativa diante do Senhor daqueles que estão sujeitos a este marido em uma
família.
Se Safira, do exemplo de Atos 5, e exposto anteriormente, tivesse negado entrar em
acordo com o plano perverso e mentiroso do marido, e tivesse se apegado pessoalmente
ao Senhor Jesus Cristo, o Senhor Soberano de sua vida, ela teria evitado dano a si
própria. E quem sabe, ela talvez até tivesse colaborado de alguma maneira para
inclusive salvar o seu próprio marido da loucura que ele estava fazendo?
As mesmas Escrituras que dizem que o marido é o cabeça da mulher e que instruem
à esposa a ser voluntariamente submissa ao marido, também instruem a mulher a ser
submissa ao seu marido “no Senhor”, conforme já mencionamos anteriormente.
Assim, a esposa é chamada, acima de tudo, a estar “em Cristo” e estar ouvindo do
Senhor a vontade do Pai Celestial, ainda que ela respeite que Deus entregue diversas
coisas a ela e à família através do seu marido, pois se o marido não está sujeito à Cristo
como o cabeça do seu matrimônio, ele é o primeiro a romper o fluxo da instrução de
Deus sobre a sua vida conjugal.
829

Há muito que aprender neste processo na vida prática, mas temos o consolo de que o
Senhor Jesus Cristo se propõe a nos ensinar e a nos guiar em todos os seus detalhes.
Porém, sem um alinhamento pessoal com o Senhor nas funções pertinentes a cada um
neste assunto do “coletivo de dois”, também as demais coisas da vida conjugal ficam
sujeitas a ficarem desarranjadas.
Portanto, depois que cada cônjuge individualmente permanece em Cristo, o
primeiro grande desafio do casamento não está na “mulher se submeter ao marido”,
mas está “no marido se submeter a Cristo”.
E será que a não prática deste aspecto tão essencial mencionado no parágrafo
anterior por parte de muitos maridos também não é uma das principais causas e raízes
de haver no mundo tantos problemas em tantas uniões matrimoniais?
Já mencionamos vários aspectos a respeito da coletividade ser um enorme desafio,
pois nela existe um potencial enorme de divergências. Entretanto, também nisto se
sobressai mais uma vez a glória de Cristo, pois o Senhor é capaz de atender tanto as
pessoas individualmente como de atender todos os homens e mulheres que se uniram
em matrimônio. Mas assim como muitos não buscam ao Senhor Jesus pessoalmente,
assim também muitos não o buscam como o Cabeça da vida matrimonial.
Se for descuidada ou ficar dissociada da instrução de Cristo como o
Cabeça, a vida conjugal facilmente pode vir a se tornar em um pesado
fardo. Mas com Cristo como cabeça, a realização das funções do homem e
da mulher na vida conjunta também podem vir a ser um jugo leve e suave,
e podem ser de grande valia e alegria para o casal e sua família, assim
como para o reino de Deus e a sua justiça.
Se uma união conjugal está em crise e se os cônjuges estão mutuamente feridos ou
até divididos, a primeira coisa a ajustar, então, é o retorno pessoal de cada um a Cristo.
Entretanto, em especial ao marido, caberia buscar a Cristo especificamente a fim de
receber de Deus a sabedoria para saber administrar as respostas do Senhor sobre a vida
conjugal como um todo e apropriadamente à todos os envolvidos na respectiva família.
Tentar arrumar as coisas dentro da união conjugal se o casamento não estiver em
ordem diante de Deus e conforme as funções que Deus apresenta a serem nela
adotadas, esta tarefa pode se tornar muito desgastante e com resultados muito
inapropriados aos que nela estão envolvidos.
Depois que cada cônjuge busca pessoalmente a Cristo e cada um tem ao
Senhor Jesus como “seu Cabeça”, individualmente falando, a primeira
coisa a ser colocada em ordem em sua vida como casados é o marido ter a
Cristo como o cabeça do seu matrimônio para que a esposa também possa
se sentir segura para seguir as instruções que o Senhor lhe confirmar
também através do seu marido.
Mais uma vez, destacamos que a ordem funcional no matrimônio se dá ao fato desta
ser a ordem inicial da criação ou a ordem na qual o homem e a mulher foram criados,
na qual o homem foi criado primeiro e a mulher foi criada a partir de Adão. E isto não
significa que Adão é superior ou mais importante que Eva, mas que eles só tinham
funções diferentes para missões em comum.
Em vários idiomas, a palavra submissão também pode ser vista como “sub missão”.
Ou seja, uma parte da missão é dividida em uma “sub missão” ou em uma parte
distinta, na qual a mulher tem essencial participação, mas onde Cristo atribui ao
830

marido a supervisão pelo todo. Além de também receber partes específicas para ele
desempenhar, o marido ainda é chamado por Deus para a supervisão da missão geral
no seu próprio matrimônio.
Na união conjugal, o marido é aquele que deveria ser um facilitador do
processo todo para todos. Mas ele só saberá fazer isto se receber a
instrução de Cristo. Assim, isto não está primeiramente relacionado à sua
capacidade administrativa, mas está em saber ouvir e seguir as instruções
do Senhor Jesus Cristo na sua vida também como esposo.
Quando Deus designou o marido como cabeça da sua esposa para servir a ela e a
família, o Senhor o fez para o bem de todos desta família. E uma das condições que o
Senhor requer do marido é que ele não entregue esta posição a outros da família, assim
como Cristo não entregou o controle ou comando quando foi lavar os pés dos discípulos
apesar de servi-los. O marido deveria se manter fiel à posição de cabeça ou supervisão
da união conjugal não porque ele quer ter poder sobre a esposa e sobre a família, mas
porque quer ser fiel ao Senhor que lhe confiou tarefa tão sublime, e a quem, ele jamais
deveria deixar de estar submisso.
E quando esta posição de “Cristo ser o cabeça de todo homem” é desprezada ou
colocada de lado?
Quando a posição de “Cristo ser o cabeça de todo homem” é desprezada, Cristo é
desonrado, pois o casal que o faz já não vive mais diretamente sob a direção de Cristo e
se mantém em posição de ser privado de produzir a vontade de Deus como poderia
fazê-lo, o que não glorifica nem a Cristo, nem ao Espírito do Senhor, nem ao Pai
Celestial, e nem os próprios cônjuges unidos matrimonialmente.
O homem não sujeito a Cristo passa a envergonhar aquele que é o seu
Cabeça e já não traz o bem que Deus queria para a sua própria vida, da sua
esposa e para aqueles que se encontram debaixo da sua união conjugal com
a sua esposa.
Considerando que o maior tesouro que uma pessoa pode ter é a vida eterna que é
concedida pela graça e mediante a fé e a comunhão com Deus, o ponto que o diabo mais
almeja atacar na vida de uma pessoa é o relacionamento direto de um indivíduo com
Cristo.
Entretanto, de forma similar, o ponto mais atacado na vida conjugal do marido é o
seu relacionamento direto com Cristo para que ele não tenha a Cristo como Cabeça da
sua vida conjugal e assim não possa ser um cabeça apropriado para a sua esposa.
Quando o marido e a esposa, individualmente, estão em Cristo, e o
marido também está em Cristo em favor de sua vida conjugal, ele pode
verdadeiramente exercer a posição de cabeça da sua esposa, mas também é
onde a esposa é coluna de sustentação do casal, pois a união conjugal é a
união de dois que se tornam uma só carne para que ambos cooperem em
prol da sua vida e do conjunto que passaram a constituir e edificar.
831

J. O Que Deus Ajuntou Não Separe o Homem

Marcos 10: 6 Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez homem e


mulher.
7 Por isso, deixará o homem a seu pai e mãe e unir-se-á a sua mulher,
8 e, com sua mulher, serão os dois uma só carne. De modo que já não
são dois, mas uma só carne.
9 Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem.
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A união em uma só carne que “Deus ajunta” não é uma união qualquer. E também
não é qualquer união em uma só carne que pode ser considerada como uma união que
“Deus ajuntou”.
A união que é considerada a “união que Deus ajuntou”, é a união em que um homem
deixa pai e mãe, une-se à sua própria e única mulher, que evidentemente também é
chamada a deixar pai e mãe, pois ela também passa a estar sob um novo cabeça em sua
vida conjugal, e onde o homem com a sua mulher tornam-se em uma só carne. E é em
relação à esta união que Cristo disse: o que Deus ajuntou não separe o homem.
Reapresentamos aqui a menção acima, pois há outras ações que muitas pessoas
adotam em suas vidas que também podem torná-las “uma só carne” com outras, mas as
quais a pessoa que vem a Cristo, evidentemente, não deve realizar ou se as realizou
deve se arrepender e se separar desta união a fim de não continuar entregue à
escravidão das obras da carne e do pecado, conforme exemplificado a seguir:

1 Coríntios 6: 15 Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo?


E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros
de meretriz? Absolutamente, não.
16 Ou não sabeis que o homem que se une à prostituta forma um só
corpo com ela? Porque, como se diz, serão os dois uma só carne.
17 Mas aquele que se une ao Senhor é um espírito com ele.
18 Fugi da impureza. Qualquer outro pecado que uma pessoa
cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica a imoralidade peca
contra o próprio corpo.
19 Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo,
que está em vós, o qual tendes da parte de Deus, e que não sois de vós
mesmos?
20 Porque fostes comprados por preço. Agora, pois, glorificai a Deus
no vosso corpo.

A união conjugal que o Senhor tem por digno de honra entre todos não é qualquer
união estabelecida pela relação sexual, apesar destas tornarem os praticantes
participantes uns dos outros. Assim, todo cristão deve fugir de todas estas relações
indevidas para zelar pela sua pureza para a qual é também chamado em Cristo Jesus.

Colossenses 3: 1 Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo,


buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de
Deus.
832

2 Pensai nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da terra;
3 porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com
Cristo, em Deus.
4 Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós
também sereis manifestados com ele, em glória.
5 Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição,
impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é
idolatria;
6 por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência.
7 Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo,
quando vivíeis nelas.
8 Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira,
indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso
falar.

1 Ts 4: 3 Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos


abstenhais da prostituição;
4 que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e
honra,
5 não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a
Deus;
6 e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão;
porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos
e testificamos claramente, é o vingador,
7 porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a
santificação.
----

Conforme já vimos acima, o matrimônio realizado segundo a instrução de Deus é


digno de honra entre todos, mas assim também é o leito sem mácula.

Hebreus 13: 4 Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como
o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

Por outro lado, quando é declarado nas Escrituras que o que Deus ajuntou não
separe o homem, elas não estão se referindo somente à intervenção no matrimônio
pela infidelidade relacionada às questões de atos extraconjugais.
Sob o propósito de Deus, nenhuma matrimônio apropriadamente estabelecido
deveria sofrer separação, a não ser por causa da morte de um dos cônjuges.
Apesar do divórcio ser inevitável em algumas situações porque uma das partes
pratica a infidelidade conjugal ou porque uma parte se nega a querer viver em
comunhão com Deus e ainda quer negar este direito ao seu cônjuge, Deus nunca
apreciou ou aprecia o divórcio de um matrimônio testemunhado por Ele e em relação
ao qual o Senhor considerou que dois foram ajuntados em uma só carne segundo o
princípio por Ele anunciado desde o princípio.
833

Malaquias 2: 14 E perguntais: Por quê? Porque o SENHOR foi


testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade, com a
qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira e a mulher da tua
aliança.
15 Não fez o SENHOR um, mesmo que havendo nele um pouco de
espírito? E por que somente um? Ele buscava a descendência que
prometera (uma descendência piedosa). Portanto, cuidai de vós
mesmos, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
16 Porque o SENHOR, Deus de Israel, diz que odeia o repúdio (o
divórcio) e também aquele que cobre de violência as suas vestes, diz o
SENHOR dos Exércitos; portanto, cuidai de vós mesmos e não sejais
infiéis.
----

Apesar de haverem muitos divórcios no mundo, Deus não se agrada desta prática,
pois esta muitas vezes deriva primeiramente ou principalmente da dureza do coração
das pessoas como resultado do seu afastamento da comunhão com o Senhor.
Entretanto, a advertência de “não separe o ser humano o que Deus ajuntou”
não é aplicável somente ao ato final onde um cônjuge deixa o outro por completo, mas
ela também já deveria ser observada durante toda a vida conjugal e deveria ser
observada, inclusive, nas pequenas ações do dia-a-dia.
Uma significativa parcela dos divórcios que ocorrem no mundo não resulta somente
dos atos próximos ao final do processo de separação, mas no acúmulo de pequenos atos
de distanciamento e separação que os casais vão adotando e permitindo acontecer ao
longo de suas vidas matrimoniais.
Uma vez que, pela união matrimonial, os cônjuges fizeram uma aliança de união
para serem uma só carne, outros seres humanos não deveriam tentar se interporem
continuamente neste pacto ou aliança, ainda que somente em alguns detalhes de uma
união conjugal.
Da mesma forma como os seres humanos não são convidados ou
autorizados por Deus a serem mediadores do relacionamento de uma
pessoa com o Senhor, assim também os seres humanos não recebem de
Deus a vocação para tentarem se interpor na vida conjugal de outros.
Cristo é o Cabeça de cada pessoa cristã, pois “em Cristo”, todos são
membros do Corpo do Senhor. Porém, Cristo também é o Cabeça de todo
homem que é cabeça de sua própria esposa, não havendo nas Escrituras a
menção para outros regularmente se interporem entre Cristo e o homem
casado ou entre o homem casado e a sua esposa.
Já vimos em textos anteriores, que o marido é instruído a voluntariamente se
submeter a Cristo e que a mulher é instruída a voluntariamente se submeter ao seu
próprio marido, e não a outros homens e mulheres para que a união “Cristo e o marido”
e “marido e a esposa” não sofram divisão ou separação.
Não importa se uma pessoa se apresente como sacerdote, pastor, padre, religioso de
qualquer sorte, líder social, pai, mãe, sogro e sogra, filho ou filha, ninguém é chamado,
segundo as Escrituras de Deus, para se colocar como mediador do relacionamento
entre um marido e Cristo e ente o marido e a sua esposa e cuja vida matrimonial esteja
em conformidade com a vontade do Senhor.
834

Existem situações extremas em que, pelo desrespeito às leis civis e pelo desrespeito
humano para com o cônjuge, os governantes precisam intervir em alguns matrimônios
que já não estão em conformidade com o querer de Deus. Entretanto, isto não significa
que estes mesmos governantes possam determinar, regularmente, o que os casais que
estão caminhando segundo o querer de Deus devem praticar ou deixar de praticar nas
suas vidas conjugais em particular.
Assim como na “simplicidade que há em Cristo”, todos podem se achegar
pessoalmente e livremente a Deus em seus corações, assim também, na “simplicidade
que há em Cristo”, o canal para o marido e a mulher se achegarem a Cristo sempre está
aberto.
Entretanto, quando o princípio da liberdade de acesso ao Senhor que há na
“simplicidade que há em Cristo” já está corrompida na mente dos indivíduos através da
ideia de mediadores entre Deus e estas pessoas, mesmo que se chamem de mediadores
parciais, esta mentalidade distorcida também tenderá a levar os cônjuges a aceitarem
os mediadores nas questões da sua vida conjugal.
Por outro lado, enquanto os cônjuges se mantiverem na “simplicidade que há em
Cristo”, eles saberão que não há razão, diante do Senhor, para eles convidarem outros a
interferirem no relacionamento conjugal entre eles e deles com o Senhor.
Conforme já vimos anteriormente no exemplo de Abraão e Sara, quando Deus deu a
promessa a Abraão de que ele receberia um herdeiro, para Deus sempre esteve
implícito que o cumprimento desta promessa se daria em Abraão com a sua própria
esposa Sara e que era a mulher da sua aliança perante o Senhor. Abraão e Sara eram
uma só carne diante de Deus, e Deus não separaria o que Ele considerava um. Mas
quando Sara e Abraão consentiram em uma terceira parte se interpor no seu
matrimônio, um capítulo à parte e complicado também entrou em cena nas suas vidas.
Quando, porém, falamos das pessoas da antiguidade, sempre convém lembrar do
texto abaixo:

1 Coríntios 10: 11 Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram


escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins
dos séculos têm chegado.

Portanto, em todo o processo do estabelecimento do casamento ou da vida conjugal,


o primeiro a respeitar a união estabelecida por um homem e uma mulher segundo o
princípio do Senhor com certeza é o próprio Deus.
Deus zela por aquilo que estabeleceu como princípio imutável. E o que Deus
estabeleceu como princípio imutável é perfeitamente bom.
Nenhuma pessoa da antiguidade tinha as Escrituras que nós temos, o histórico de
experiências humanas relatadas que nós temos e nem tinham a revelação de Cristo
como o Cabeça de cada vida e de cada matrimônio feito segundo Deus como nós temos,
mas ainda assim, e apesar de cometerem alguns erros, vários casais, pela fé, acabaram
seguindo o que Deus lhes mostrou ou instruiu.
Em segundo lugar, evidentemente, quem mais deveria respeitar a união
que cada um dos cônjuges fez segundo o princípio de Deus, é o próprio
homem e a própria mulher que se uniram pelo matrimônio.
835

Quando o Senhor Jesus disse que “o que Deus ajuntou não separe o homem”,
esta instrução não se refere ao homem somente, mas sim à toda e qualquer pessoa, pois
neste caso, a palavra homem utilizada é a palavra ser humano e não a palavra homem
no sentido do ser macho, do ser masculino.
Aqui, então, recorremos novamente a tradução feita por Martinho Lutero em
Alemão. Quando a situação aplica-se a um ser humano em geral, Lutero faz a tradução
do termo homem para a palavra “Mensch”, expressando a ideia de pessoa. Assim,
usando este conceito no assunto em referência, apresentamos abaixo uma edição
adaptada do texto que narra a fala do Senhor Jesus, conforme segue:

Mateus 19: 4 Então, respondeu ele: Não tendes lido que o Criador, desde
o princípio, os fez homem e mulher
5 e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a
sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?
6 De modo que já não são mais dois, porém uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe “o ser humano” ou
“qualquer pessoa”. (RA+LUT)

Assim, ao falar do assunto matrimonial em referência, o Senhor Jesus usa palavras


distintas, distinguindo quando trata de uma e de outra situação.
Quando o Senhor diz que “não o separe o homem”, na realidade, Ele
está dizendo “não o separe qualquer pessoa”. Ou seja, o Senhor está
dizendo que nenhum homem ou nenhuma mulher devem separar o que
Deus ajuntou, a começar, em primeiro lugar, pelos próprios cônjuges que
estabeleceram a sua união conjugal segundo o princípio de Deus.
Repetindo mais uma vez, as primeiras pessoas que devem zelar pela manutenção da
união matrimonial que eles próprios fizeram diante de Deus obviamente são o marido e
a esposa.
O marido e a esposa são os primeiros chamados a vigiarem pessoalmente e
conjuntamente para que outros não comecem a dividi-los e para que outros não
comecem a interferir na sua unidade matrimonial, pois quando um homem se uniu à
sua esposa, e isto está firmado diante de Deus, esta união, apesar de reconhecida por
Deus, não é isenta de ser exposta à várias tentativas de interferências na unidade dos
cônjuges com Deus e entre eles.
Deus concede graça para que os cônjuges honrem o compromisso tão significativo e
sublime que fazem através da união conjugal, mas apesar de avisá-los a vigiarem em
oração e amor um pelo outro e pela aliança que fizeram um com o outro, Deus não os
obriga ou força a permanecerem juntos.
O Senhor Jesus firmemente exorta para ninguém promover a separação entre um
homem e uma mulher que Deus ajuntou, mas também ao adverti-lo, Cristo está
mostrando a realidade de que pessoas irão tentar fazê-lo.
Conforme já vimos, perante o Senhor, nenhum cristão precisa deixar a sua condição
de solteiro para ser abençoado por Deus e para servir ao Senhor. Entretanto, se vier a
casar, também deveria fazê-lo com temor e reverência diante do Senhor, pois Ele
respeita muito a união conjugal e adverte que nenhuma pessoa seja agente de sua
separação, principalmente aqueles que fizeram esta aliança entre si.
836

Quando o Senhor Jesus relembrou as pessoas sobre o assunto da instrução de Deus


sobre o matrimônio, Ele mencionou que as variações que as pessoas criaram em relação
ao que Deus estabeleceu desde princípio foram criadas por causa da dureza dos seus
corações. E quando há dureza de coração envolvida, torna-se complicado tratar com
sobriedade de um assunto tão nobre como a união conjugal e a fidelidade entre os
cônjuges.
Além disso, a vida conjugal também é combatida pelo inimigo de nossas almas, o
qual tenta descaracterizá-la e distorcê-la nas mais diversas formas, porque o
matrimônio é um projeto estabelecido por Deus já desde o princípio da criação do ser
humano e porque, através dele, o Senhor realiza maravilhosos propósitos, tais como
trazer novas pessoas à vida e ensiná-las desde cedo a amarem a Deus.
Conforme vimos no texto do livro de Malaquias exposto acima, o Senhor estabeleceu
que dois se tornem uma só carne porque Ele almeja uma descendência piedosa. O
Senhor estabeleceu o matrimônio para que os cônjuges exerçam fidelidade de um para
com o outro para também aprenderem a ser ainda mais fiéis a Deus em todos os atos de
suas vidas. E é por isto que o diabo e as pessoas que resistem a Deus também resistem
tanto ao princípio do matrimônio na forma como Deus o estabeleceu.
O diabo se opõem tão veemente ao casamento segundo a instrução de Deus também
porque:

Lucas 16: 10 Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é


injusto no pouco também é injusto no muito.

Se um homem e uma mulher aprendem a respeitar continuamente o seu cônjuge, a


pessoa que lhe está tão próxima a ponto de compartilhar o mesmo leito, a pessoa com
quem compartilham vitórias e dissabores, eles também aprenderão a ser fiéis em outros
princípios. E é isto que o inimigo das almas e os infiéis não querem que uma pessoa
alcance, pois o indivíduo fiel nas condutas do dia-a-dia também é fortalecido para
permanecer fiel ao Senhor Eterno.
Assim como Cristo ama a sua noiva chamada de sua Igreja, e é fiel a ela,
assim, por exemplo, o marido é chamado para ser fiel e amar a sua esposa
e a Cristo, para que o conjunto no qual vive com a esposa também possa se
manter unido no Senhor e segundo a vontade de Deus.
Quando Paulo nos exorta dizendo que Cristo é o Cabeça de todo homem, que o
homem é o cabeça da sua esposa e que o Pai Celestial é o Cabeça de Cristo, ele está nos
declarando e ensinando um princípio de unidade, fidelidade e vitória, e não um
princípio de subjugação e opressão. É o diabo e os infiéis que tentam repassar a ideia de
que a instrução de Deus para o matrimônio é injusta ou vergonhosa de ser seguida,
pois não querem as pessoas sendo guiadas pelo Senhor também em suas uniões
conjugais.

Efésios 5: 22 As mulheres sejam submissas ao seu próprio marido,


como ao Senhor;
23 porque o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o
cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.
24 Como, porém, a igreja está sujeita a Cristo, assim também as
mulheres sejam em tudo submissas ao seu marido.
837

25 Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e


a si mesmo se entregou por ela,
26 para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem
de água pela palavra,
27 para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem
ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
28 Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao
próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama.
29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e
dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 porque somos membros do seu corpo.
31 Eis por que deixará o homem a seu pai e a sua mãe e se unirá à sua
mulher, e se tornarão os dois uma só carne.
32 Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja.
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O que Deus estabeleceu e instrui para o marido e a esposa seguirem na vida


conjugal, é similar ao que Ele estabeleceu em relação à Cristo e à Igreja. O que Deus
estabeleceu a ser seguido no matrimônio é para o bem, para a unidade de propósito,
proteção e cuidado do casal, assim como é o relacionamento de Cristo com a sua Igreja.
Assim como Cristo e a Igreja são o modelo de referência para vários
aspectos do matrimônio, assim também a unidade e a fidelidade no
matrimônio entre um homem e uma mulher exemplificam ou simbolizam,
em partes, como é o relacionamento dos membros do corpo de Cristo como
o Senhor Jesus.
Através do exemplo de fidelidade do “papai e mamãe vivendo sob a instrução de
Cristo e em respeito mútuo”, os filhos deste casal já podem observar, em partes, como
poderá ser o relacionamento de cada um deles com o Senhor à medida que vão
crescendo no entendimento do relacionamento pessoal com Cristo.
Se o marido voluntariamente se sujeita a Cristo como seu único Cabeça e
a mulher voluntariamente se sujeita “no Senhor” também ao marido, a
mulher honra a atitude do marido que se sujeitou a Cristo, e assim, Cristo
recebe a honra pelo casal que se sujeita a Ele.
Entretanto, quando ocorre uma quebra nesta ordem operacional ou esta ordem
funcional da união conjugal é desrespeitada, há também uma resistência à própria
glória do Senhor Eterno, glória pela qual há tanta disputa entre os seres humanos ao
tentarem se opor ao testemunho de que há um só Deus Criador dos Céus e da Terra que
está sobre todos e que todas as pessoas são criaturas diante do Senhor.

1 Coríntios 11: 7 Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça,


por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do
homem.

Quando um marido se submete a Cristo como seu Cabeça, ele não se coloca em
posição depreciativa. Pelo contrário, ele exalta ao Deus eterno, assim como uma mulher
que voluntariamente se submete no Senhor ao marido não se deprecia, mas exalta ao
Senhor ao seguir a forma que Deus estabeleceu para guiar a sua vida conjugal e
familiar.
838

O último texto acima do livro de 1Coríntios nos mostra que uma pessoa atribui
glória para aquele ou aquela de quem ela toma cobertura e não
necessariamente a quem ela diz atribuir glória.
E o Senhor não quer que ninguém, além Dele, receba a glória pertinente a Ele. Por
isso, Deus estabeleceu uma maneira para que a glória da união matrimonial e da vida
conjugal também possa ser atribuída a Ele, pois foi o Senhor que criou o homem e a
mulher também para a união conjugal.
Se não é Cristo que dá cobertura direta a um homem e uma mulher, outros ou coisas
recebem a glória ou reivindicam a glória que somente cabe a Deus, produzindo, mais
cedo ou mais tarde, uma ruptura crescente no processo do relacionamento do marido e
da esposa com Cristo, mas também no relacionamento do marido com a esposa.
Se um homem que se declara cristão, mas acaba adotando um mentor humano, for
perguntado de quem ele recebeu o ensino daquilo que ele sabe, o que ele irá responder?
O homem que se sujeita à cobertura de outra pessoa, grupo ou alguma instituição,
na maioria do casos, vai acabar respondendo que recebeu a instrução dos seus
mentores. E ao não se expor diretamente a Cristo como o seu Cabeça, estará
desonrando a Cristo e dando a glória de Deus a outrem, gerando desconexão entre ele e
Deus, mas também criando separação entre ele e a esposa, pois não estará edificando,
no Senhor, a via operacional da sua unidade com a sua esposa.
Se um homem ou uma mulher casados precisam de um mentor para guiar seu
casamento, por que, então, a Bíblia diria para eles deixarem pai e mãe? Os pais não
poderiam, então, ser os seus mentores? E se Deus não autoriza nem que o pai e que a
mãe sejam os mentores do homem e de uma mulher que recém casaram, por que Deus
escolheria uma pessoa externa ou outras coisas para fazê-lo?
Se um casal buscar outros mediadores na relação com Deus quanto ao casamento,
eles passam a se encaminhar de volta à sujeição à ordens sacerdotais similares à Ordem
de Arão, e em relação às quais mais uma vez lembramos: “um pouco de fermento
leveda toda a massa”.
Um casal pode ser tentado a buscar “cobertura sobre suas cabeças” quando começa a
pensar no futuro, na educação dos filhos, na casa a ser construída e em tantos outros
desafios que podem lhes causar insegurança e temor, mas Cristo lhes diz que Ele é o
Cabeça individualmente de cada pessoa e do casal através do marido, englobando nisto
os mais diversos assuntos com os quais os casais se deparam na vida.
Similarmente, se a esposa buscar mentores ou mentoras matrimoniais em vez de
buscar primeiramente a Cristo e de se colocar, no Senhor, em posição de cooperação
com o seu marido, não estará ela abrindo a porta da divisão do seu lar?
Se o marido ou a esposa não tiverem a instrução suficiente para algum assunto
específico, Cristo sabe orientá-los a buscarem estas instruções em outros lugares e até
em outras pessoas. Entretanto, “buscar informação” sobre algum assunto é muito
diferente do que “deixar outros guiarem a vida conjugal e da família” e é muito
diferente do que transferir para outros a responsabilidade que o marido e a mulher têm
diante de Deus e diante de um para com o outro em relação às decisões de sua vida
conjugal.
Diante do Senhor, não há o que alguns chamam de “espiritualidade” em buscar a
benção dos filhos através do sacerdócio de outros homens, mulheres ou instituições,
pois Cristo é único mediador entre Deus e os seres humanos e visto que qualquer outra
839

mediação já foi declarada revogada e obsoleta juntamente com a revogação da Ordem


de Arão, da ordem segundo a lei de Moisés.
A oração a Deus em favor do cônjuge e dos filhos, a educação e o cuidado dos filhos,
e o cuidado mútuo de um cônjuge para com outro, antes de qualquer outra pessoa, é de
responsabilidade de cada cônjuge para com o outro e para com a sua família segundo a
instrução que recebem de Cristo.
Abraão era um homem comum da sociedade e que tinha uma mulher estéril.
Quando Abraão e Sara apresentaram a sua causa a Deus, o Senhor lhes orientou o que
poderiam fazer para alcançar o que necessitavam. Deus os visitou, instruiu e concedeu
que Sara ficasse grávida do filho que chamaram de Isaque. E Abraão e Sara, conforme
Deus lhes guiou, educaram o seu próprio filho.
Quando Rebeca, a esposa de Isaque, filho de Abraão e Sara, também apresentou
esterilidade, Isaque não pediu a Abraão para orar por sua esposa, mas ele mesmo orou
a Deus pela sua esposa, e o Senhor lhe ouviu e concedeu que também Isaque e Rebeca
tivessem filhos.
E como nós podemos vir a ser filhos de Deus mediante a fé, similar à fé de Abraão e
de Isaque, nós temos similar possibilidade de nos relacionarmos com o Senhor ou
ainda mais ampla depois que Cristo nos é dado para habitar em nossos corações.
Aquela antiga forma direta e simples de Deus guiar as pessoas, também em suas
vidas conjugais, de forma alguma envelheceu com os séculos.
O que se manifestou antiquada ou obsoleta foi a proposição temporária de
mediadores humanos da Ordem de Arão, mas nunca a direção direta de Deus para um
casal unido conjugalmente em concordância com o princípio de Deus.
Mais uma vez, não estamos dizendo aqui que os cônjuges não devem se aprimorar
profissionalmente em sua área de trabalho e buscar informações sobre o contexto em
que vivem, que os filhos e as filhas não devem ir à escola, aprender a ler e escrever,
aprender matemática, ciência e tantas outras coisas. Entretanto, a educação de fé, de
valores centrais sobre a vida e do que é mais relevante para a vida eterna e para o
relacionamento com Cristo deveria ser algo praticado por cada cônjuge no Senhor,
entre eles e repassado, primeiramente, pelos pais aos seus filhos e filhas.
E mesmo quando a sabedoria dos pais em como ensinar aos filhos e as filhas a se
relacionarem com Cristo e com o seu contexto de vida não é suficiente, o próprio
Senhor se manifesta a estes filhos e filhas segundo o amor que tem por eles, falando
também pessoalmente aos seus corações.
São muitas as maneiras que o diabo, o mundo, as religiões e as pessoas
em geral tentam usar para dividir a vida de um casal unido segundo o
princípio de Deus. Porém, se uma casal permanecer em Cristo e em
fidelidade de um para com o outro, o Cabeça da união conjugal, Cristo,
também os guiará e susterá até o fim.
Destacamos aqui ainda que com a era tecnológica dos nossos dias, muitos agentes
externos tentam entrar nos lares também através de diversas mídias, mas também
diante destes, um casal deveria estar atento para que cada um dos cônjuge não tenha o
seu coração dividido para com Deus e nem para com o companheiro da aliança feita
entre eles e testemunhada pelo Senhor.
840

Quando o Senhor disse o que Deus ajuntou não separe o ser humano (ou
qualquer pessoa), Ele não especificou o meio pelo qual as pessoas tentam separar os
cônjuges, mas é evidente que por nenhum meio a divisão para com Deus e no
casamento deveria ser aceita na vida de um casal.
Os meios oferecidos pela tecnologia podem vir a se tornar em significativos
benefícios profissionais, educacionais e até como instrumentos para lazer, mas os
mesmos princípios de santidade que se aplicam à vida perante Deus e para com o
cônjuge também se aplicam para o manuseio apropriado do que é oferecido através da
tecnologia. Lembrando ainda, que a tecnologia deste mundo passa, mas o amor, a
verdade, a esperança, a fé e o relacionamento de fidelidade entre os cônjuges produz
frutos eternos.

1 João 2:17 Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência;


aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.

Mesmo sem as tecnologias humanas modernas, Deus já falava com Adão e Eva,
Abraão e Sara, Isaque e Rebeca. Por séculos, Deus falou com casais que serviram ao
Senhor independentemente das tecnologias atualmente disponíveis.
No pentecostes, sem a tecnologia humana moderna, Deus fez com que milhares de
pessoas ouvissem e compreendessem umas às outras ainda que falando idiomas
distintos. Não poderá, então, este mesmo Deus instruir um casal para auxiliar os
cônjuges a andarem em unidade de fé e de propósito depois que estão unidos em uma
só carne diante de Deus?
Paulo louva os cristãos de Corinto por terem recebido os ensinos do Senhor que ele
lhes havia repassado, mas ainda assim ele ressaltou as seguintes palavras:

1 Coríntios 11:3 Quero, entretanto, que saibais ser Cristo o cabeça de


todo homem, e o homem, o cabeça da mulher, e Deus, o cabeça de
Cristo.

Muitos problemas podem se agravar na vida conjugal quando o marido começa a


ouvir opiniões de outros sem checá-las com Aquele que é o seu “Cabeça” e também com
aquela que é a sua companheira de aliança, assim como também pode ocorrer quando a
esposa se afasta de estar no Senhor e também se afasta de ver o marido na posição que
o Senhor o estabeleceu.
Assim, se outras pessoas forem a denominada “cobertura espiritual” de um casal,
são estas pessoas que tentarão guiá-las, tentando tomar o lugar que somente deveria
pertencer ao Senhor, separando ou distanciando as pessoas do Único que pode mantê-
las de fato unidas no propósito de Deus.
Se um homem tem uma “cobertura espiritual” de outro homem, ou mesmo de um
grupo de pessoas ou instituições, ele não está em Cristo e coloca obstáculos para Cristo
ser o seu cabeça. E assim, tanto ele como a sua esposa ficam expostos a estarem
submissos a outros homens e mulheres. E será que não é esta a causa do incômodo ou
da inquietação que algumas mulheres sentem quando pensam em aceitar os seus
maridos como cabeça da sua vida matrimonial?
841

A resistência de uma mulher ao seu próprio marido muitas vezes pode vir a ocorrer
exatamente porque há nela uma inquietação e percepção de que algo está desalinhado
no relacionamento do seu marido com Cristo, ainda que as vezes ela não saiba
exatamente como explicá-lo.
A esposa que se submete ao marido que, por sua vez, se submete a outro homem ou
mulher ou grupo de indivíduos como seus mediadores, e não exclusivamente a Cristo,
não está, obviamente, sujeita a Cristo ou à linha funcional que Deus definiu. Assim, esta
esposa poderá sofrer angústias por não entender porque não sente paz em se submeter
ao seu próprio marido, pois se a esposa se submeter ao seu próprio marido neste caso,
ela indiretamente está se submetendo a outras pessoas e não ao Senhor Celestial.
Pedro instrui às esposas a voluntariamente se sujeitarem, cada uma, ao seu
PRÓPRIO MARIDO, NO SENHOR. Entretanto, quando o marido se sujeita
espiritualmente à outra pessoa, a esposa fica sob a condição de poder vir a ficar sujeita
indiretamente também a outra pessoa. E nisto, o Espírito do Senhor, que habita no
coração da filha de Deus, não concordará com o marido e não concederá paz à esposa,
pois o processo em questão está contrário ao querer de Deus.
E se uma esposa deseja ver mudada a situação descrita nos últimos parágrafos e
deseja estar em submissão a Cristo também na questão matrimonial, ela precisará usar
do caminho que ela tem de acesso direto a Cristo como filha de Deus. E na sua
comunhão com o Senhor, ela pode pedir em oração que Deus alinhe a sua condição, do
seu marido, e de toda a sua casa para serem libertos da cobertura indevida para
voltarem ao que foi estabelecido pelo Senhor para todos os cristãos.
De forma similar, o marido que perceber que deixou de estar sujeito direto a Cristo
pode retornar a Cristo e pedir-lhe perdão para que o Senhor seja o seu Cabeça e para
que ele, o marido, e não mais outros, seja o cabeça da sua própria esposa naquilo que
isto é pertinente a ele, evitando assim que outros separem o que Deus ajuntou em uma
só carne para estar debaixo do Senhorio bondoso de Cristo.
Como vimos no texto de Hebreus 5 no início do presente estudo, se não avançarmos
para além do leite espiritual e ouvirmos sobre a Ordem de Melquisedeque e da
grandeza do Senhorio de Cristo para com cada pessoa, haverá carência de
discernimento do bem e do mal através luz do Senhor, o que também se aplica às
questões que mantêm um casal unido diante do Senhor.
Pelo seu próprio exemplo como apóstolo, Paulo nos mostra que nem
mesmo a Igreja do Senhor, que é o corpo de Cristo, tem, através dos seus
membros, a autorização do Senhor para se interpor entre Cristo, o marido
e a esposa. A Igreja de Cristo não nasceu com vocação de ser cabeça de
indivíduos, de matrimônios e de famílias, pois isto Deus estabeleceu
exclusivamente em Cristo Jesus.
É essencial ver os assuntos da união conjugal com sobriedade e em oração
continuamente junto ao Senhor Jesus, pois somente Cristo pode explicar como Ele vê o
posicionamento de cada cônjuge, cada casal e aquilo que necessita ser ajustado para o
marido e a esposa não virem a ficar divididos entre eles ou virem a se encontrar em
posição de desacordo com o Senhor.
Portanto, destacamos mais uma vez que cabe ao casal ouvir mais a Deus do que as
outras pessoas. A aliança entre marido e esposa é feita entre eles principalmente
perante Deus, e Deus é testemunha desta aliança e quer guiá-los em tudo através de
Cristo.
842

Deus disse a Adão e Eva o que queria deles. Deus disse a Noé e sua esposa o que
queria deles. O Senhor disse a Abraão e Sara o que queria deles. Deus disse a José e a
Maria o que queria deles no cuidado do Senhor Jesus Cristo quando este veio em carne
ao mundo. Entretanto, todos estes sabiam bem o que Deus queria deles porque eram
instruídos direto da fonte.
As instruções centrais da vida conjugal para um casal estão no Senhor, e Ele, como o
Senhor, instrui os cônjuges a viverem e a andarem Nele e um para com o outro de
forma fiel. Porém, se Deus não é a cobertura direta dos cônjuges, o casal também se
coloca em caminhos vulneráveis diante do mundo.
Concluindo, então, se um homem e uma mulher unidos pelo matrimônio aceitarem
e deixarem que o próprio Deus, através de Cristo, lhes seja por cobertura espiritual, por
fundamento, por Sumo Sacerdote, por Rei, por Senhor, enfim, por Cabeça, Deus se
compromete a guiá-los, protegê-los e instruí-los também nos mais variados aspectos da
união que fizeram e que foi testemunhada e considerada unida pelo Senhor.
843

K. A União Conjugal e a Casa

Continuando ainda sobre a questão da unidade conjugal e de que ninguém deveria


tentar separar a união feita por um homem e uma mulher que foi unida por Deus,
podemos observar que quando um homem se une a sua mulher, surge uma figura nova
na história deste casal e que é chamada de casa ou também de lar deste casal.
Quando um homem e uma mulher se unem de acordo com a instrução de Deus, eles
começam a edificar a casa ou o lar que também resulta desta união e que deveria
pertencer, debaixo da direção do Senhor, exclusivamente aos membros desta casa ou
deste lar.
Quanto aos aspectos da vida como casal, vimos que Cristo é o Cabeça do marido e o
marido da esposa, mas quanto à casa, vemos que o casal alinhado com Cristo e entre si
atua em conjunto na sua administração.

Salmos 128: 1 Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos


seus caminhos!
2 Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem.
3 Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera;
teus filhos, como rebentos da oliveira, à roda da tua mesa.
4 Eis como será abençoado o homem que teme ao SENHOR!

Provérbios 14: 1 A mulher sábia edifica a sua casa, mas a insensata, com
as próprias mãos, a derriba.

Quanto mais alinhados os dois cônjuges de uma união conjugal estiverem com
Cristo e entre si, mais justiça e paz terão também na casa ou no lar que passam a
edificar.
A casa mencionada neste tópico, evidentemente, não está se referindo à casa física
ou material, ao apartamento, ao local de moradia, mas ao conceito de um ambiente ou
conjunto de convívio mútuo daqueles que pertencem à esta casa.
A casa, no sentido conceitual, e com o passar do tempo, vai criando como uma
identidade, hábitos, costumes e tradições, ao ponto das pessoas passarem a usar o
termo casa ou lar como algo vivo ou até como se tivesse uma personalidade própria.
Em relação às suas casas, as pessoas, por exemplo, dizem: “Nesta casa não se faz
isto ou nesta casa sempre se faz assim”. “Nesta casa não se come isto ou come-se
aquilo”. “Esta casa não apoia a preguiça ou esta casa é refúgio de descanso”, e aí por
diante. Cada casa, como uma unidade, vai estabelecendo seu jeito de ser.
E qual é a vantagem das pessoas reconhecerem que têm uma “casa” ou um “lar”?
Uma dos aspectos do reconhecimento de uma lar é que a chamada casa pode criar
uma identidade de um local para os seus membros se abrigarem, encontrarem suporte,
descanso, renovação de forças, e assim por diante.
Por outro lado, se não for feita com sabedoria e com a devida medida, a
personalização de uma casa ou de um lar pode também representar um risco para um
casal ou para a família associada àquela casa.
844

Quando uma casa começa a ser tratada excessivamente como se tivesse uma
identidade própria, há um risco real das pessoas começarem a usá-la para tentar
governar as vidas associadas a esta casa via o próprio “conceito da casa” que criaram.
Em seu conjunto de conceitos e condutas que foram agrupados pelas pessoas que a
compõe e por não ser realmente uma pessoa, uma casa pode passar a ficar exposta a
uma visão excessiva do coletivo e negligenciar as individualidades de cada pessoa
daquela casa. Uma casa, inclusive, pode ser uma forte via para tornar o relacionamento
das pessoas de um lar em um relacionamento indiferente e insensível às questões
individuais e até chegar a ser muito cruel com os seus membros.
Se, por exemplo, em uma casa, lar ou família, os pais são músicos e os dois
primeiros filhos também tem uma inclinação forte para a música, logo os membros
desta casa poderão querer definir que naquela casa todos precisam ser músicos e que
aquela lar é uma casa de músicos. Quando, porém, chega um terceiro filho, que não
tem vocação e inclinação para a música, como será tratado este filho em uma lar onde
“todos têm que ser músicos”?
Uma casa poderá querer impor à condição da maioria e dizer: “Nesta casa, todos
tem que ser músicos”. E assim, esta casa, que não é tangível fisicamente, mas que quer
tomar a forma de um ser, pode passar a ser amplamente injusta e cruel com aqueles
que não tem a mínima aptidão para serem músicos ou que não querem ser músicos.
Assim, ocorrendo algo similar ao nosso exemplo acima também em qualquer outra
área da família, cabe aos cônjuges da casa estarem atentos à percepção de Cristo sobre
as particularidades presentes em seu lar para agirem com graça junto à sua família e
para evitarem abordagens inadequadas que poderão ocorrer em relação a algum dos
seus membros a partir de “algumas regras coletivas da casa” que perante Deus não
são de fato tão significativas.
Em seu conjunto de conceitos acordados ou aceitos ao longo do tempo,
uma lar pode tentar insistir em algumas determinadas regras. Entretanto,
um lar sempre deveria estar sujeita à alguém ou às pessoas que são reais,
vivas e que tenham autonomia de fazer a remoção daquelas afirmações e
práticas que não são de acordo com a justiça e a vontade de Deus para com
os membros da casa.
Quando, por exemplo, um marido ouve a Cristo e segue o que Cristo lhe instrui a
fazer, a despeito do que já se convencionou na casa, o marido se mantém como um
instrumento de cooperação da justiça e da paz de Cristo para cada um dos indivíduos
que fazem parte daquele lar.
Portanto, como um marido e um pai pode ser um instrumento de justiça na mão de
Cristo?
Um marido pode ser um instrumento de Cristo em seu lar também “ao não deixar a
casa governar”, “não deixar a casa ser o cabeça da família”, “não deixar a casa tomar o
lugar que não lhe cabe tomar”.
Por outro lado, se o marido quiser impor a mudança na casa sem a cooperação da
esposa, a casa continuará dividida e ficará mais propensa a não subsistir.
O processo de divisão em torno do que é aceito ou não aceito em uma casa poderá ir
se extremando ao ponto de alguns dos seus membros poderem vir a serem expostos à
fortes opressões injustas que a casa tenta lhes impor.
845

Entendemos, então, que também aqui convém relembrar a importância do marido e


a esposa se relacionarem em amor mútuo e juntos ou sem divisão mudarem “as regras
da sua casa” sempre que estas, segundo a instrução do Senhor, precisam ser alteradas.
Ainda no exemplo do lar de músicos, qual pode vir a ser uma injustiça da casa?
A injustiça na casa pode vir a ser “não permitir que cada filho seja quem Deus quer
que ele seja”.
Neste exemplo, ainda pode ocorrer também a situação em que o marido não percebe
a injustiça da casa com algum filho, mas a esposa sim.
Assim, quando uma esposa percebe algo que não está edificando a sua casa, ela com
respeito pode falar com o marido e se ele passar a perceber isto, eles podem
simplesmente mudar o “conceito da casa”. Porém, se ele não der ouvidos ou não quiser
mudar a sua posição inapropriada, a esposa talvez não deva de imediato iniciar um
enfrentamento daquele que é o seu cabeça no matrimônio, pois ela sempre tem, antes
de qualquer outra opção, o recurso de recorrer direto ao Cabeça do seu marido, que é o
Senhor Jesus e que também é o Cabeça da mulher no sentido dela ser filha de Deus e de
que em Cristo não há macho ou fêmea.
Em oração, a esposa sempre pode recorrer a Cristo e pode pedir que o Senhor atue
junto ao seu esposo sobre um assunto em que este resiste em mudar ou pode pedir que
Cristo a ajude a expor ao marido a necessidade tanto de alguma mudança ou a
manutenção de um princípio que seja benéfico à toda a casa.
Cristo pode instruir a esposa respondendo algumas coisas diretamente a ela ou Ele
mesmo pode interagir junto ao cabeça da esposa, com o marido. Como Cristo é o
Cabeça do marido, Ele pode dizer à esposa para ficar em paz e esperar um pouco, pois
Ele vai atuar junto ao marido, ou o Senhor pode dizer a ela uma estratégia para ela, em
sabedoria, falar com o marido, visto que esse pode não estar atento ao próprio Cristo.
Ou ainda, Cristo pode lhe mostrar outra sugestão adequada de como ela pode proceder
em alguma questão em particular.
Observemos bem que o objetivo do Senhor em relação à casa é a unidade do casal
em relação ao seu lar para que a justiça e a paz de Deus reine naquele pequeno reino
chamado casa e para que seja afastada a respectiva divisão.
Um homem ou uma mulher podem edificar a sua casa com sabedoria ou podem agir
de forma que venham a destruí-la. A sabedoria para os dois vem do Pai Celestial através
de Cristo e pode ser aplicada pela cooperação de cada parte segundo a maneira
funcional que Deus estabeleceu.
Sabedoria no matrimônio engloba compreender a vontade de Deus e saber como
agir para que a unidade ocorra em prol da edificação de todos associados à casa.
Quando uma mulher tem alguma discordância do marido, isto pode ser por causa de
uma visão limitada que ela tem do todo ou uma inclinação dela à injustiça, mas
também há discordâncias da mulher que podem ser um sinalizador e alerta de que
aquilo que o homem quer para sua casa não é apropriado e não procede de Deus.
Por isso, sempre é sábio o marido e a esposa consultarem pessoalmente a Cristo
antes de exporem todas as suas propostas um ao outro e para toda a casa.
O marido é posicionado por Cristo para governar a casa de uma forma geral, mas a
esposa, por outro lado, também é a “fiel da balança” para que o homem, quando não
estiver em boa conexão ao Cabeça Cristo não venha a conduzir a casa sob cegueira ou
846

para que a própria casa não venha a conduzir a todos em vez do marido e da mulher em
conjunto conduzirem o seu lar.
Pedro também nos instrui sobre este processo de cooperação mútua dos cônjuges no
Senhor:

1Pedro 3: 5 Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram,


outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando
submissas a seu próprio marido,
6 como fazia Sara, que obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor, da
qual vós vos tornastes filhas, praticando o bem e não temendo
perturbação alguma.
7 Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com
discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como
parte mais frágil, tratai-a com dignidade, porque sois, juntamente,
herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as
vossas orações.
----

Em uma casa, primeiramente e individualmente, todos pertencem a Cristo. E por


isto, todos deveriam ser tratados segundo esta individualidade que recebem do Senhor,
mas, ao mesmo tempo, também segundo a função que Deus atribui a cada um que está
na mesma casa.
Em relação à casa, também lembramos mais uma vez que o marido não é o
sacerdote do lar, pois isto seria transformar a casa numa “mini paróquia” ou em um
“mini templo” segundo a Ordem de Arão. Apesar de ser a vontade de Deus que o
marido esteja sujeito a Cristo e que seja o cabeça da sua esposa nas coisas pertinentes à
vida conjugal, o marido não é mediador entre Deus e as pessoas da sua casa, pois
somente Cristo morreu na cruz do Calvário e ressuscitou dentre os mortos em favor de
cada indivíduo.
Em certo sentido, o marido é como um mordomo designado por Cristo
para com a casa que Deus permitiu que ele estabelecesse junto com a sua
esposa. O marido é como um servo fiel ao Senhor designado por Deus para
ajudar aos da casa e a ele próprio a alcançarem a vontade de Deus.
Como mordomo de uma casa, o marido precisa se importar com o que ocorre
naquela casa. Porém, semelhante a um mordomo da casa, ele também é
primeiramente servo de Cristo, depois da sua esposa e família.
O marido às vezes pode ter ideias mirabolantes, mas antes de querer implantá-las na
casa deveria conversar sobre cada uma delas com o seu Cabeça Cristo. Antes de tudo, o
marido é chamado a viver e andar em comunhão com Cristo e ser sensível à instrução
de Deus sobre o que convém e o que não convém na casa sobre a qual ele está posto
para cooperar na sua edificação.

Provérbios 16: 1 O coração do homem pode fazer planos, mas a resposta


certa dos lábios vem do SENHOR.
2 Todos os caminhos do homem são puros aos seus olhos, mas o
SENHOR pesa o espírito.
3 Confia ao SENHOR as tuas obras, e os teus desígnios serão
estabelecidos.
847

Jessé era um homem temente a Deus e tinha vários filhos. Um dia o profeta Samuel
veio à sua casa e disse que havia vindo para ungir um dos seus filhos como rei de Israel
porque Deus assim o mandara fazer. Estes dias ocorreram “antes de Cristo” e era mais
usual Deus falar ao povo através de profetas e juízes.
Jessé, por sua vez, apresentou os filhos em ordem sequencial, pensando que o mais
velho seria o eleito para ser rei. Mas quando supostamente apresentou todos filhos, um
após o outros, o profeta Samuel (representante de Deus diante de Jessé naquela época
da Ordem de Arão), perguntou se Jessé não teria mais um filho, pois nenhum dos que
havia apresentado era o eleito para ser rei. E somente então é que Jessé lembrou-se do
seu filho caçula Davi que pastoreava as ovelhas do seu pai no campo e que compunha e
cantava salmos de louvor a Deus enquanto pastoreava o rebanho.
Assim, se a decisão da escolha do novo rei para a nação de Israel tivesse sido de
Jessé e não de Deus, Jessé escolheria o filho que não era para ser o rei, mostrando-nos
que o fato de Deus ver o marido por cabeça da sua esposa no matrimônio não coloca o
marido na posição de ter a palavra final em tudo.
Mas o interessante dessa história de Jessé e Davi, é que Davi, já como menino, tinha
acesso direto a Deus em tudo o que fazia. Davi não dependia somente do pai para
buscar a Deus, e Deus se revelou amoroso e poderoso para com Davi ali no campo de
ovelhas onde Davi estava já muito antes do profeta Samuel vir à sua casa. Ainda que
tendo um pai sobre a sua vida, chamado de Jesse, o acesso pessoal de Davi a Deus,
tendo ao Senhor como o seu Sacerdote e Rei, era feito diretamente.
Entretanto, quando o assunto foi uma instrução de Deus que precisava passar pela
casa de Jessé para que a benção de Deus chegasse a Davi ou onde havia a necessidade
de um determinado fluxo operacional, Deus o fez através do seu pai Jessé, ainda que
Jessé estivesse mais focado em administrar a sua família pelo “conceito tradicional da
casa” em vez de ver a cada filho individualmente e ouvir de Deus o que o Senhor tinha
para cada um dos seus filhos.
Aqui, poderíamos até pensar que Jessé fora injusto em colocar Davi sozinho no
campo, mas na realidade, Deus tornou a condição de Davi em bem para a sua vida
porque foi também no campo que Deus treinou a Davi para confiar pessoalmente e
diretamente no Senhor a ponto de Davi, ainda jovem, declarar: “O Senhor é o meu
Pastor”.
Conforme já foi comentado, o marido não tem a missão de inserir a sua própria
vontade em sua família, mas ajudar a todos alcançarem a vontade de Deus.
Portanto, Deus não quer que o casamento seja um local de disputas de vontades
entre o marido e a esposa. A vontade de Deus é que os dois unam força para ajudarem
um ao outro ou se apoiem mutuamente para superarem as oposições do mundo e da
carne para que na sua casa a vontade de Deus prevaleça.

Eclesiastes 4: 9 Melhor é serem dois do que um, porque têm melhor paga
do seu trabalho.
10 Porque, se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do
que estiver só; pois, caindo, não haverá outro que o levante.
----
848

A cooperação em torno da vontade de Deus sempre é melhor opção.


Por outro lado, nem ainda uma casa grande e bem estruturada deveria querer se
colocar acima do marido e da esposa que a edificaram e nem deveria ela se colocar
como agente que atue para a separação de um casal unido segundo o princípio do
Senhor, pois é ao marido e à mulher que o Senhor designou, prioritariamente, a
administração do lar.
É altamente significativo o entendimento de alguns aspectos centrais da função da
casa e a submissão que o lar deve ter ao marido e à esposa. A casa deve estar sujeita ao
marido e a esposa, pois ela resulta da sua união e sempre deveria ter o propósito de
auxiliá-los, mas não de governar aqueles que a constituíram.
A casa tem um papel de contribuir para a família, mas o marido e a
mulher têm a incumbência de serem fiéis a Cristo e estarem acima da casa
para supervisionarem as ações que nela acontecem a fim de que a vontade
de Deus seja cumprida e não as demandas indevidas da casa.
Se retornarmos ao exemplo da vida de Abraão, podemos ver que Deus lhe instruiu a
ensinar tanto aos seus filhos, bem como à sua casa, mostrando-nos que a casa não deve
estar acima das pessoas que a compõem, embora a casa possa ser uma grande
ferramenta de ajuda a todos os seus membros.

Gênesis 18: 17 Disse o SENHOR: Ocultarei a Abraão o que estou para


fazer,
18 visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa
nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?
19 Porque eu o escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa
depois dele, a fim de que guardem o caminho do SENHOR e
pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR faça vir sobre
Abraão o que tem falado a seu respeito.
----

O principal ensino que os pais devem repassar aos seus filhos e filhas é que cada um
viva e ande no caminho do Senhor, o qual é Cristo, sob a justiça celestial que é Cristo, e
no juízo segundo Deus que é todo realizado em retidão através de Cristo Jesus como o
Rei da Justiça e Rei da Paz para que também eles aprendam que o Senhor concede
muitas coisas para cooperar com a sua jornada na Terra, como, por exemplo, a casa ou
o lar. Entretanto, também para que saibam que nenhuma destas coisas é superior ou
maior que o próprio Deus e a direção da vida que o Senhor Jesus Cristo concede.
Nenhuma casa é concedida por Deus para ser edificada para sobrepujar a condição
exclusiva do Senhor na vida dos indivíduos que dela fazem parte.
Um cônjuge não é “o caminho do outro cônjuge”, os pais não são “o caminho dos
filhos e filhas” e nem a casa que constituem tem a última palavra sobre como é vida,
pois esta posição pertence exclusivamente ao Senhor, Aquele que é O Caminho no qual
uma pessoa deveria começar a aprender a viver e andar já desde a infância.

Provérbios 22: 6 Ensina a criança “no caminho” em que deve andar, e,


ainda quando for velho, não se desviará dele.
849

E, por sua vez, “O Caminho” para todos não é somente uma série de histórias
bíblicas, alguns conhecimentos sobre Deus. “O Caminho” é uma pessoa e tem um
nome, a saber: O Senhor Jesus Cristo.

João 14: 6(a) Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a


vida.

Por mais que um matrimônio e uma casa possam cooperar em muito com aqueles
que deles fazem parte, há muitos aspectos que só Deus pode suprir na vida de um
indivíduo.
Se o marido quiser prover aos indivíduos da sua casa o que cabe ao Senhor fazê-lo,
ele se sobrecarregará e passará a ficar sob o risco de dissimular quando não conseguir
fazer aquilo que é ação exclusiva de Deus.
Todo cônjuge deveria entender que o outro cônjuge não é o seu “deus”, que ambos
têm fraquezas e defeitos, e que eles nunca poderão cumprir todos os anseios uns dos
outros e dos seus filhos e filhas, assim como também os filhos e as filhas não são os
deuses a quem os pais devem servir segundo a sua vontade ou a vontade dos filhos e
filhas, pois a principal provisão interior de novidade de vida e paz também para os
filhos e filhas vem do Senhor Eterno.
Um marido e uma esposa não são chamados para abençoar a sua casa em seu
próprio nome, mas no nome de Cristo que lhes é por cobertura e proteção para que eles
e também outros saibam que todo o bem e toda a dádiva perfeita que alcançam ou
recebem procedem do Pai das Luzes através do Senhor Jesus Cristo e para que aqueles
que são do mesmo lar saibam que mesmo quando não estiverem juntos devido a algum
afazer externo, o Senhor sempre está com eles para guiá-los e protegê-los.

Colossenses 3: 17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação,


fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.

É em Cristo que se cumpre a promessa dada por Deus à Abraão de que todas as
nações e famílias da Terra seriam abençoadas. E isto, aplica-se também às uniões
conjugais feitas segundo o princípio de Deus e às casas que são edificadas segundo a
instrução do Senhor.

Gálatas 3: 16 Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu


descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de
muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo.
----

Portanto, à Cristo seja dada a glória por Ele ser o Cabeça de cada membro do seu
Corpo, mas também por Ele ser o Cabeça da união matrimonial dos filhos de Deus e das
casas ou lares que os filhos do Pai Celestial constituem.
E ainda, para concluir este tópico, sem querer entrar nos pormenores da união
conjugal, pois o nosso alvo neste capítulo é exaltar a posição de Cristo como Cabeça,
entendemos ser significativo frisar que mesmo que uma pessoa não se encontre em
850

uma posição que expresse uma casa sujeita aos principais aspectos envolvidos em uma
união conjugal segundo o princípio de Deus, o Senhor Jesus Cristo é o Salvador que se
oferece, sem distinção, a todos que querem a sua instrução e ajuda. E Ele saberá guiar a
cada um pelo Caminho de novidade de vida e em conformidade com a necessidade
individual de cada pessoa que se achega através Dele a Deus.

Hebreus 7: 24 (Jesus), no entanto, porque continua para sempre, tem o


seu sacerdócio imutável.
25 Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam
a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.
26 Com efeito, nos convinha um sumo sacerdote como este, santo,
inculpável, sem mácula, separado dos pecadores e feito mais alto do
que os céus,
27 que não tem necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro, por seus próprios pecados,
depois, pelos do povo; porque fez isto uma vez por todas, quando a si
mesmo se ofereceu.
851

C36. A Glória do Senhor Jesus Como Rei e Cabeça do


Corpo de Cristo ou da Igreja de Cristo

A. O Corpo do Qual Cristo é o Cabeça

1 Coríntios 12: 12 Porque, assim como o corpo é um e tem muitos


membros, e todos os membros, sendo muitos, constituem um só
corpo, assim também com respeito a Cristo.
...
20 O certo é que há muitos membros, mas um só corpo.
...
27 Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse
corpo.

Nos últimos dois capítulos, comentamos que depois de termos visto a posição de
Cristo como o Cabeça direto de cada pessoa que Nele crê e como o Cabeça de cada casal
unido pelo matrimônio segundo o princípio de Deus, também seria importante e
necessário ver a posição de Cristo como o Cabeça do seu corpo como um todo.
Entretanto, para que possamos ver a posição de Cristo como o Cabeça do seu corpo,
deveríamos saber antes a qual corpo que as Escrituras se referem quando dizem que
Cristo é o Cabeça do seu corpo.
Conforme já ressaltamos anteriormente, embora Deus, através das Escrituras, use
de figuras comparativas entre o corpo humano e o corpo de Cristo, as referências na
Bíblia ao “corpo de Cristo que têm muitos membros” não se referem ao corpo
individual e pessoal que Cristo tinha enquanto estava em carne no mundo, assim como
também não se referem ao corpo individual ou pessoal com o qual o Senhor se
manifestou aos seus discípulos depois de sua ressurreição.
Em função da necessidade que cada pessoa tem para cuidar e lidar diariamente com
o seu próprio corpo e pelo fato de vermos o corpo de cada indivíduo como uma unidade
singular e distinta dos demais indivíduos, as pessoas podem vir a esquecer que o termo
corpo também pode ser aplicado e utilizado para um conjunto plural de indivíduos que
estão unidos numa mesma sociedade, família, corpo social ou ético, ou outras formas
de agrupamento.
Um grupo de colaboradores de uma equipe ou de uma empresa, por exemplo, e que
têm funções individuais, mas, ao mesmo tempo, procuram atuar em prol de objetivos
em comum, também pode perfeitamente ser chamado como o corpo de colaboradores
de uma empresa ou equipe.
Assim, o fato de sabermos que em Cristo há um só corpo composto por muitos
membros que, individualmente, estão associados a este corpo, nos mostra que as
pessoas que recebem a Cristo também passam a fazer parte de um conjunto global
específico do qual Cristo tem o comando geral e através do qual Cristo pode estabelecer
e realizar propósitos que são alcançados através de ações realizadas por mais de um
membro deste conjunto global.
852

O fato das Escrituras nos mostrarem que Cristo é o Cabeça também do


seu corpo de múltiplos membros, nos mostra um corpo com membros que
têm funções individuais ou particulares, mas também que há um corpo que
expressa um funcionamento coletivo e global coordenado e guiado por
Cristo.
Quando um indivíduo recebe a Cristo em seu coração e vem a ser cristão através do
novo nascimento por meio do Espírito de Deus, ele recebe a Cristo no coração para ser
guiado pessoalmente pelo Senhor Jesus. Entretanto, pelo fato deste indivíduo também
vir a ser considerado como um membro de um só corpo de Cristo, é muito significativo
ele saber que a direção que Cristo quer lhe conceder também será uma direção que visa
cooperar e caminhar em harmonia com os demais direcionamentos que Cristo está
concedendo a todo o seu corpo.

Efésios 4: 1 Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de


modo digno da vocação a que fostes chamados,
2 com toda a humildade e mansidão, com longanimidade,
suportando-vos uns aos outros em amor,
3 esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito
no vínculo da paz;
4 há somente um corpo e um Espírito, como também fostes
chamados numa só esperança da vossa vocação;
5 há um só Senhor, uma só fé, um só batismo;
6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de
todos e está em todos.
----

Como o Cabeça de cada pessoa que Nele crê, Cristo é perfeitamente


habilitado e poderoso para guiar a cada um que o recebe em seu coração,
mas, ao mesmo tempo, Cristo também é perfeitamente habilitado e
poderoso para guiar a cada pessoa que Nele crê em conformidade com os
propósitos que Ele estabelece e apresenta para o seu corpo de uma forma
global.
Assim como pode haver alguém que distribua funções a cada colaborador de um
grupo, equipe ou corpo de participantes, mas em consonância com os propósitos em
comum para os quais toda a equipe trabalha, assim Cristo é o distribuidor de funções
individuais que também, ao mesmo tempo, cooperam para os propósitos que o Senhor
estabeleceu para serem alcançados através das ações de muitos membros do seu corpo.
Voltamos a lembrar aqui, mais uma vez, que em algumas partes das Escrituras, o
corpo de Cristo é figuradamente comparado ao corpo humano para nos mostrar a ideia
de um conjunto funcionando como um todo e estando submisso a uma única cabeça,
mas o tipo do Corpo de Cristo não é como um corpo humano e nem a sua Cabeça e os
seus membros são segundo a espécie dos membros de um corpo natural.
O corpo de Cristo é um corpo distinto de qualquer “corpo individual”
que há no mundo, mas ele também é um corpo diferente de qualquer
“corpo coletivo” que há no mundo.
Sem conhecer alguns aspectos básicos da individualidade e, ao mesmo tempo, da
pluralidade dos membros do corpo de Cristo, sem entender que tipos de membros
compõem o corpo de Cristo e sem compreender como os membros deste corpo são
853

agrupados e coordenados, também uma compreensão minimamente apropriada do


próprio corpo de Cristo pode ficar significativamente prejudicada, pois o corpo de
Cristo, essencialmente, é a soma dos membros que compõem este corpo e a posição que
este corpo tem em relação ao seu Cabeça que lhe confere toda a vida.
Os primeiros e principais aspectos que definem a composição do corpo
de Cristo, que é um corpo único de muitos membros, encontram-se no tipo
do Cabeça deste corpo, no tipo de membros do corpo de Cristo e na forma
como cada membro está ligado ao Cabeça deste corpo.
A começar pela maneira de um membro do corpo de Cristo estar ligado a este corpo,
podemos observar que os mais diversos corpos individuais ou coletivos, similarmente
neste aspecto ao corpo humano, têm por característica básica ser a soma de todos os
membros que estão ligados a este corpo. E se um membro é desligado deste corpo, ele
também já não pertence mais a este corpo.
Olhando o que foi dito no parágrafo anterior por outro ângulo, também podemos
dizer que qualquer outro membro que não esteja ligado a um corpo, quer individual ou
coletivo, também efetivamente não é o corpo em si.
Assim, em certo sentido, o princípio dos últimos dois parágrafos também se aplica
ao corpo de Cristo. Entretanto, em relação a Cristo e ao seu corpo, este princípio
sempre é acrescido da condição indispensável de cada membro deste corpo também
estar ligado diretamente ao Cabeça deste corpo.
Se em um corpo de colaborares de uma equipe, algumas pessoas podem não ter a
possibilidade de acesso direto e pessoal aos dirigentes deste corpo de colaboradores,
isto não é aceito quando trata-se do corpo de Cristo.
Seguindo ainda na conceituação que se está sendo exposta nos últimos parágrafos,
destacamos que o ponto essencial que torna uma pessoa em um membro do corpo de
Cristo e, portanto, uma parte do próprio corpo de Cristo, é se uma pessoa está ligada
individualmente ou diretamente ao Cabeça deste corpo e se ela permanece ligada desta
maneira ao Cabeça.
E olhando também esta última consideração por outro ângulo, podemos dizer que
nada do que não está ligado ao corpo de Cristo, e respectivamente ao Cabeça deste
corpo, é parte deste corpo ou parte que compõem este corpo.
Ainda em outras palavras, o Corpo de Cristo é a soma de todos os membros que
estão ligados pessoalmente e diretamente ao Cabeça do corpo, sendo vedada a
validação da inclusão ou manutenção de um membro neste corpo que não siga este
princípio essencial.
Cada tipo de corpo tem suas próprias características e uma definição quanto à
espécie de seus membros e como estes se ligam ou se desligam do corpo. E no caso do
corpo de Cristo, a definição do pertencer ou não pertencer a este corpo nunca é feita de
forma dissociada da conexão de uma pessoa diretamente e pessoalmente a Cristo.

João 15: 5 Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e


eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à
semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o
queimam.
----
854

Olhando, então, simplificadamente, o corpo de Cristo é a soma de todas


pessoas que pessoalmente e individualmente tem a Cristo como o seu
Cabeça.
Ou seja, basicamente, o Corpo de Cristo é o próprio conjunto daqueles que têm e
mantêm a Cristo individualmente como Senhor em seus corações, conforme já foi
descrito no capítulo sobre A Glória de Cristo como o Cabeça de Cada Pessoa que Nele
Crê.
Quando vemos o tema do corpo de Cristo mais atentamente, podemos
ver que não existe nenhuma diferença entre o conjunto das pessoas que
têm a Cristo como o Senhor das suas vidas e as pessoas que compõem o
corpo de Cristo, pois o corpo de Cristo é uma forma de se referir de forma
conjunta às pessoas que tem a Cristo no coração e que permanecem em
Cristo e Cristo nelas.
O tipo de membros do corpo de Cristo ou os membros segundo a espécie
do corpo de Cristo que compõem este corpo são caracterizados como os
indivíduos que vieram a ser concebidos como seres humanos e que
receberam a Cristo no coração como o Senhor, sendo o nome corpo de
Cristo a forma de se referir ao conjunto total destes indivíduos.
Por fim, neste tópico, saber que Cristo é o Cabeça de um corpo que é composto
exclusivamente de membros que o receberam como o Senhor em suas vidas e que
permanecem em Cristo, nos mostra claramente que o conjunto de membros do corpo
de Cristo é constituído exclusivamente por pessoas.
O corpo do qual Cristo é o Cabeça não existe e nem é algo que pode ser
constituído dissociado das pessoas que o compõe.
Assim, mais uma vez, dizer que Cristo é o Cabeça do seu corpo é sinônimo de Cristo
ser o Cabeça do conjunto de pessoas que individualmente creem Nele e que o
receberam em seus corações, pois a definição do corpo do qual o Senhor Jesus Cristo é
o Cabeça não pode ser definida de forma dissociada dos membros que compõem este
corpo e uma vez que a constituição do corpo de Cristo é estabelecida no ajuntamento
Nele dos muitos membros que compõem este corpo.
A expressão corpo de Cristo é uma forma de fazer referência, atribuir
um nome e apontar características ao conjunto de pessoas que têm a Cristo
no coração, mas ele também é uma forma de esclarecer quem ou o que não
faz parte do corpo de Cristo.
Absolutamente nada do que não seja uma pessoa pode fazer parte do
corpo de Cristo, e também nenhuma pessoa que não esteja ligada
pessoalmente a Cristo, como o Ele sendo o seu Cabeça, pode fazer parte do
corpo de Cristo.
O corpo do qual Cristo é o Cabeça, é o corpo composto por todos aqueles
nos quais Cristo habita no coração e os quais permanecem tendo a Cristo
como o Senhor em seus corações.
855

B. Cristo como o Cabeça do Seu Corpo Esclarece o Que É a


Igreja de Cristo

Quando passamos a ver de maneira mais objetiva e pormenorizada o que vem a ser o
corpo de Cristo ao qual as Escrituras tantas vezes fazem referência, e no qual vemos que
Cristo é posto por Cabeça, logo poderemos ver que este corpo de Cristo também é
chamado de Igreja de Cristo.
A expressão Igreja de Cristo é uma outra maneira de fazer referência ao
corpo de Cristo e da qual Cristo é igualmente o Cabeça, mostrando-nos que
as referências ao corpo de Cristo e à Igreja de Cristo são na realidade
referências distintas a um só e mesmo conjunto de pessoas que creem no
Senhor Jesus Cristo e que têm a Cristo como Senhor no coração.
No texto do livro de Colossenses que está exposto abaixo, pode ser visto claramente
que o corpo de Cristo é a Igreja do Senhor e que a Igreja, sendo o corpo de Cristo,
também tem somente um Cabeça estabelecido por Deus sobre ela.

Colossenses 1: 13 Ele nos libertou do império das trevas e nos


transportou para o reino do Filho do seu amor,
14 no qual temos a redenção, a remissão dos pecados.
15 Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação;
16 pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra,
as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer
principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para
ele.
17 Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste.
18 Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito
de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.
21 E a vós outros também que, outrora, éreis estranhos e inimigos no
entendimento pelas vossas obras malignas,
22 agora, porém, vos reconciliou no corpo da sua carne, mediante a
sua morte, para apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis,
23 se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando
afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a
toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro.
24 Agora, me regozijo nos meus sofrimentos por vós; e preencho o
que resta das aflições de Cristo, na minha carne, a favor do seu
corpo, que é a igreja;
25 da qual me tornei ministro de acordo com a dispensação da parte
de Deus, que me foi confiada a vosso favor, para dar pleno
cumprimento à palavra de Deus:
26 o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora,
todavia, se manifestou aos seus santos;
27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória
deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória;
856

28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a


todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo
homem perfeito em Cristo;
29 para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais
possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim.
----

Ainda em outro texto que se encontra descrito no livro de Efésios, vemos a mesma
exposição do livro de Colossenses que mostra o corpo de Cristo como sendo a Igreja e
que, portanto, mostra Cristo sendo o cabeça do seu corpo ou da sua Igreja.
Visto que o conjunto corpo de Cristo e o conjunto denominado de Igreja
de Cristo se equivalem completamente e expressam um mesmo e único
conjunto de pessoas, fica também evidenciado que Cristo ser o Cabeça do
corpo é idêntico a Cristo ser o Cabeça da sua Igreja.

Efésios 5: 23 Porque o marido é o cabeça da mulher, como também


Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador do corpo.
...
29 Porque ninguém jamais odiou a própria carne; antes, a alimenta e
dela cuida, como também Cristo o faz com a igreja;
30 porque somos membros do seu corpo.

Assim, dizer que Cristo é o Salvador do seu corpo ou dizer que Cristo é o Salvador da
sua Igreja são expressões perfeitamente equivalentes, mostrando que aquilo que está
exposto como a definição do que é o corpo de Cristo é igual ao que é a Igreja ou que
aquilo que é exposto como a definição da Igreja se equivale perfeitamente ao que é o
corpo de Cristo.
Por consequência, ser membro do corpo de Cristo, que só tem um Cabeça sobre todo
o corpo, e que é o Cabeça de cada um dos membros deste corpo individualmente e
coletivamente, é inteiramente equivalente a dizer que uma pessoa também é membro
da Igreja de Cristo, a qual, igualmente, também só tem um Cabeça sobre ela.
Quando as Escrituras nos informam que Cristo cuida e nutre de cada um dos
membros do seu corpo, isto é equivalente a dizer que Cristo cuida e nutre cada um dos
membros da sua Igreja.
Considerando que o corpo de Cristo é composto somente por pessoas e
por pessoas ligadas ao Cabeça do corpo, também a Igreja de Cristo é a
expressão exclusiva de pessoas ligadas ao Único Cabeça do corpo de Cristo.
Se alguém pertence ao corpo de Cristo, ele pertence a Igreja de Cristo. E
se alguém não pertence ao corpo de Cristo, ele também não pertence a
Igreja de Cristo, pois nada do que não é considerado corpo de Cristo pode
ser considerado como a Igreja do Senhor.
Assim, considerando que um corpo sem a cabeça não têm vida, o corpo de Cristo ou
a Igreja de Cristo é o conjunto das pessoas que têm a novidade de vida no Senhor
porque estão ligadas diretamente ao Cabeça do corpo ou da Igreja, o qual é o próprio
Senhor Jesus Cristo.
857

C. O Que Não É a Igreja de Cristo diante do Fato de que a Igreja


de Cristo É o Corpo de Cristo

Após considerar, no tópico anterior, que a Igreja de Cristo é o corpo de Cristo e que
tanto o corpo como a Igreja referem-se ao mesmo conjunto de pessoas que
individualmente creram em Cristo como o Salvador e o receberam em seus corações
como Senhor e Cabeça de suas vidas, e que assim permanecem em Cristo, torna-se
também muito facilitada a percepção do que não vem a ser a Igreja do Senhor Jesus
Cristo.
Se alguém não está ligado a Cristo, no sentido de Cristo ser o seu Cabeça, ou se
alguém não está como um ramo na videira verdadeira, este alguém também não faz
parte do corpo de Cristo e, por conseguinte, também não faz parte da Igreja de Deus,
ainda que frequente reuniões religiosas que de alguma forma são denominadas de
cristãs.
A Igreja de Cristo é um corpo vivo de membros vivos e que estão ligados
diretamente ao Cabeça Vivo de todo o corpo. Entretanto, isto também
define explicitamente o que ou quem não faz parte da Igreja de Cristo.
A Igreja de Cristo é ampla, é composta de milhares e milhares de pessoas dos mais
diversos séculos da história humana, mas nenhuma pessoa que não atenda as
prerrogativas necessárias para fazer parte da Igreja de Cristo pôde ou poderá fazer
parte do corpo do Senhor Jesus.
Nenhuma pessoa que não venha a ser vinculada pessoalmente e diretamente ao
Cabeça da Igreja de Cristo, e também nenhuma pessoa que não permaneça ligada
diretamente a este Cabeça, é ou poderá fazer parte da Igreja do Senhor Jesus Cristo ou
do seu corpo espiritual.
Se uma pessoa não se ligar pessoalmente a Cristo e não permanecer ligada a Cristo
depois que já se tenha se associado a Cristo como o seu Senhor pessoal, por mais que
frequente reuniões e grupos religiosos, ela não tem parte no corpo de Cristo e, portanto,
não é parte da Igreja de Cristo.
Uma vez que vemos que a Igreja e o corpo de Cristo são completamente
equivalentes e que eles são constituídos das pessoas que têm a Cristo como
o Senhor no coração, podemos ver que:
 1) A Igreja de Cristo não é um prédio, um templo ou um santuário onde as
pessoas se encontram;
 2) A Igreja de Cristo não é uma casa onde pessoas se encontram para buscar a
Deus e a Cristo;
 3) A Igreja de Cristo não é a reunião cristã em si mesma;
 4) A Igreja de Cristo não é uma instituição humana quer informal ou quer
juridicamente constituída;
 5) A Igreja de Cristo não é um estatuto que constitui um assembleia, uma
associação ou seja qualquer outro termo que se queira utilizar, nem ela é uma
assembleia, comunidade ou uma associação que os estatutos civis constituem.
858

Uma vez que o corpo de Cristo somente aceita receber membros que são pessoas, e
pessoas que estão ligadas diretamente e pessoalmente a Cristo, nada do que não é uma
pessoa pode ser a Igreja de Cristo.
A Igreja de Cristo é o povo composto pelas pessoas que,
individualmente, creem em Cristo e se mantém unidas diretamente e Ele. E
qualquer coisa ou pessoa que seja intitulada de Igreja e que esteja em uma
condição que não seja condizente com esta definição não é uma expressão
daquilo que é de fato a Igreja de Cristo.
Mais uma vez: O que determina o que é o corpo de Cristo, cujo Único Cabeça é
Aquele de quem o corpo recebe o seu nome, também define o que é a Igreja de Cristo.
Portanto, a definição da Igreja de Cristo não é o que os dicionários dos homens
dizem sobre a palavra igreja e nem é o que vários dicionários dizem sobre a palavra em
grego que deu origem à palavra atual que usamos como igreja, a qual é a palavra
“ekklesia”.
Assim como as definições humanas não comportam a definição que vem
a ser a justiça de Deus, a graça de Deus e tantos outros aspectos que
provêm do reino de Deus, e cujas características o próprio reino nos faz
compreender através do Espírito do Senhor e pelo que nos é exposto sobre
ele nas Escrituras, a definição do que vem a ser a “Ekklesia de Cristo ou de
Deus” é o que estas mesmas Escrituras nos dizem ser a Igreja de Cristo e
não a mera definição linguística de um termo que pode ser usado
genericamente para muitos aspectos da vida humana.
A palavra “ekklesia” ou igreja, de forma geral, refere-se a “uma assembleia
constituída de pessoas que saíram de suas casas para um encontro em lugar comum ou
público para deliberar sobre algumas questões”. Porém, a Igreja ou “Ekklesia” de Cristo
é muito mais do que um encontro de pessoas, é muito mais do que uma assembleia no
sentido de reunião de pessoas para deliberar algo.
A Igreja ou “Ekklesia” de Cristo é o conjunto vivo das pessoas que estão
ligadas ao Cabeça do corpo, quer estejam reunidas com outras em um local
ou quer não estejam reunidas, pois, repetindo mais uma vez, o que torna
uma pessoa como sendo parte da “Ekklesia” de Cristo é ela ser um membro
ligado a Cristo ou ao Cabeça do corpo do Senhor.
A união ou a restauração da união de uma pessoa a Cristo é que torna um indivíduo
em membro e parte do corpo de Cristo, e não o frequentar uma reunião ou o encontro
de uma assembleia como é definido de forma mais geral pelo termo igreja ou “ekklesia”
quando visto segundo alguns dicionários.
No sentido genérico da palavra “ekklesia”, chamar uma reunião de pessoas ou uma
assembleia deliberativa de igreja não está errado, pois esta é a definição da palavra em
si. Porém, isto está muito longe de definir o que vem a ser o corpo de Cristo, o qual não
se resume à reuniões ou encontros terrenos, pois, apesar de manifestar a multiforme
sabedoria de Deus também na Terra, o corpo de Cristo não é terreno, temporal ou
natural.
Chamar de igreja uma instituição que reúne um grupo de pessoas para se
encontrar e deliberar conjuntamente não está errado quanto ao termo “ekklesia”.
Porém, é crucial que uma pessoa tenha em mente de que isto não expressa o que é o
“Corpo de Cristo” ou a “Igreja de Cristo”.
859

Muitos grupos de pessoas que se reúnem sob o título de “suas igrejas”


de fato estão realizando uma “ekklesia” no sentido literal da palavra.
Entretanto, se a reunião ou associação natural das pessoas as caracteriza
como uma “igreja”, esta “igreja” é uma associação humana e terrena como
são as assembleias de clubes, empresas, partidos políticos, associações
assistências e tantas outras que há no mundo, mas não é, de forma alguma,
“A” Igreja e “O” Corpo de Cristo.
Já séculos antes da vinda de Cristo em carne ao mundo, Deus alertou ao profeta
Isaías para admoestar ao povo de que nem tudo o que as pessoas chamam de
conjuração deveria ser chamado de conjuração, porque o próprio Deus é o santuário
das pessoas do seu povo.
E uma conjuração é um pacto associativo que as pessoas fazem. É uma aliança em
que as pessoas se associam a algo que elas querem ter em comum, ou, em outras
palavras, é um conjunto ao qual elas chamam de associação entre elas. Porém, nem
tudo que as pessoas chamam de conjuração, aliança ou associação é equivalente
àquilo que o Senhor considera por aliança ou ajuntamento segundo a sua vontade.

Isaías 8: 11 Porque assim o SENHOR me disse, tendo forte a mão sobre


mim, e me advertiu que não andasse pelo caminho deste povo,
dizendo:
12 Não chameis conjuração a tudo quanto este povo chama
conjuração; não temais o que ele teme, nem tomeis isso por temível.
13 Ao SENHOR dos Exércitos, a ele santificai; seja ele o vosso temor,
seja ele o vosso espanto.
14 Ele vos será santuário; mas será pedra de tropeço e rocha de
ofensa às duas casas de Israel, laço e armadilha aos moradores de
Jerusalém.
----

Se alguma associação de pessoas não for a expressão direta de pessoas


ligadas diretamente ao Cabeça do corpo de Cristo, que tem muitos
membros, mas um só Cabeça, esta associação pode até ser uma “igreja que
faz referência indireta ou até direta ao nome de Cristo”, mas ela não é a
própria Igreja de Cristo e nem tem parte alguma na Igreja de Cristo ou no
corpo de Cristo.
860

D. A Igreja de Cristo É Um Só Corpo de Cristo em Vários Lugares

Por várias vezes nos tópicos anteriores, mencionamos que a Igreja de Cristo é uma
só ou representa um só corpo de Cristo que contém associado a ele todos as pessoas
salvas em Cristo e que permanecem ligadas a Cristo como o seu Cabeça individual.
Entretanto, diante deste fato, alguém talvez poderia pensar em textos que citam a
Igreja de Cristo estando em algumas cidades, ou até em casas, e sendo chamada, por
isto, de Igrejas no plural, assim como também é mencionado em relação às cartas do
início de Apocalipse, referindo-se às sete Igrejas para quem estas cartas foram
endereçadas, conforme exemplificado a seguir:

1Coríntios 1: 1 Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo


de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes,
2 à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo
Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar
invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:

Apocalipse 1: 11 dizendo: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último,


o Princípio e o Fim, e, o que vês escreve em livro e manda às sete
igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e
Laodicéia.

Romanos 16: 3 Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo


Jesus,
4 os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça; e isto
lhes agradeço, não somente eu, mas também todas as igrejas dos
gentios;
5 saudai igualmente a igreja que se reúne na casa deles. Saudai meu
querido Epêneto, primícias da Ásia para Cristo.
----

Portanto, o fato das Escrituras mencionarem a Igreja de Cristo com referência a


algum lugar precisa ser visto mais acuradamente, mas de forma alguma deveria ser
visto como uma divisão do corpo de Cristo em várias partes e sim como a expressão do
mesmo e único corpo de Cristo ou da mesma Igreja de Cristo em vários lugares.
No texto de 1Coríntios, visto por último acima, podemos observar que a Igreja de
Deus ou de Cristo são os santificados em Cristo Jesus e chamados para serem santos
juntamente com todos os que em todo lugar invocam a Cristo como Senhor, apesar de
também podermos ver que a carta é endereçada por Paulo a um grupo desta Igreja
Única que se encontra em uma determinada cidade.
De forma similar, podemos ver na referência a Priscila e Áquila, que a saudação a
eles dirigida não é em relação à uma igreja que fosse deles, mas para a parcela da Igreja
do Senhor que se reunia na sua casa.
A Igreja de Cristo de uma cidade, então, são todos os indivíduos que são
santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que
em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor
861

deles, ainda que se encontrem ou reúnam em casas ou locais distintos, ou ainda que
algumas destas pessoas nem se reúnam com as outras.
A Igreja de Cristo não é como a Ordem de Arão, a qual excluía da comunhão com
Deus aqueles que não podiam ir ao templo ou tinham restrições que as impediam de
entrar no templo.
Em Cristo Jesus, se uma pessoa, por exemplo, está enferma em sua casa e não pode
se reunir com outras pessoas, ela é Igreja de Cristo quer que esteja reunindo-se ou não
com outros cristãos desde que ela permaneça ligada em fé ao Cabeça do corpo de
Cristo, a saber o Senhor Jesus.
Nos textos expressos acima como exemplo, vemos novamente que a Igreja de Cristo
são as pessoas propriamente dito, e que os locais são onde uma parcela das pessoas que
são a Igreja de Cristo se localizam ou onde elas se reúnem.
Os textos expostos acima, mostram que a Igreja do Senhor não é o local onde os
cristãos se encontram, não é pertencente àqueles quem recebem as pessoas da Igreja de
Cristo para se reunirem e nem ainda é o próprio encontro das pessoas.
Se os membros da Igreja de Cristo dos locais mencionados passassem a se reunir em
outro lugar, a Igreja estaria automaticamente reunida em outro local. E mesmo se não
estivessem reunidos, eles continuavam sendo “as pessoas crentes em Jesus” ou a Igreja
do Senhor em todos os locais que cada um destes indivíduos viessem a estar.
Considerando que as pessoas que estão em Cristo é que são o corpo de
Cristo ou a Igreja de Cristo, elas são e continuam sendo a Igreja de Cristo
em todos os lugares e independentemente se elas estão reunidas em algum
local físico.
Lugares físicos ou naturais aos quais as pessoas atribuem o nome de igreja são casas
ou templos feitos por mãos humanas ou são locais separados humanamente para este
propósito. Entretanto, não é nestes locais e nestas denominadas igrejas que Deus
habita, conforme já mostramos várias vezes no presente estudo e também nos textos
repetidos abaixo:

Atos 7: 48 Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos


humanas; como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa
me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?
50 Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?
51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos,
vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos
pais, também vós o fazeis.
ou
Atos 7: 48 Mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de
homens, como diz o profeta: (RC)

Isaías 57: 15 Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a


eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo
lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para
vivificar o espírito dos abatidos e vivificar o coração dos contritos.
862

Em outro momento, Cristo disse também:

Mateus 24: 23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo
ali! Não acrediteis;
24 porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes
sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.
25 Vede que vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!, não saiais.
Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis.
----

Insistir nas alegações ou tentativas de que a Igreja de Cristo pode ser constituída de
locais, casas, encontros, templos, associações e instituições é adotar a atitude daqueles
que têm a cerviz endurecida, são incircuncisos de coração e de ouvidos, e que resistem
ao Espírito Santo, esperando que Deus vá algum dia reconhecer estes locais, o que o
Senhor, certamente, não fará.
O fato de Deus ter consentido na edificação do tabernáculo de Moisés e do templo de
Salomão não deveria mais ser confundido com a Igreja de Cristo visto que a antiga
aliança e a Ordem de Arão já foram revogadas e declaradas completamente obsoletas,
pois o Senhor permitiu a edificação dos referidos templos físicos para as pessoas
perceberem e reconhecerem que esta forma de culto é injusta, imperfeita e inútil para
aperfeiçoar, quanto às suas consciências diante de Deus, os que prestam estes cultos.
O fato das Escrituras se referirem algumas vezes à Igreja de Cristo no plural como
igrejas jamais está relacionado ao conceito da velha aliança com os seus templos, casas
de culto ou sinagogas, mas são referências usadas no sentido do corpo de Cristo estar
representado em todos os lugares em que há pessoas verdadeiramente cristãs.
Dizer que Cristo tem igrejas em várias cidades ou locais de forma alguma divide o
Corpo Único de Cristo, não faz com que estas igrejas sejam pertencentes aos locais em
que se encontram e nem que devem estar sujeitas às pessoas que querem se colocar
como líderes destes grupos de membros do corpo de Cristo.
As pessoas unidas ao Senhor são a Igreja de Cristo, e o local é onde elas estão. E
neste último sentido, alguns agrupamentos de membros do corpo único de Cristo são
chamados como a Igreja de Cristo que está em um local x, y ou z, ou até referenciada
algumas poucas vezes como a Igreja de tal local.
A soma de todos os verdadeiros cristãos de uma cidade, quer se reúnam
ou não, é a Igreja do Senhor naquela cidade, mas também estes cristãos
são parte da única Igreja e corpo de Cristo juntamente com todos os
demais cristãos. São rebanho de Cristo em um local específico, mas sem
jamais deixar de serem “um só rebanho do Senhor”.
A Igreja é constituída das pessoas ligadas ao Único Cabeça Cristo. E em relação à
onde os cristãos se localizam, reunidos ou não, a Igreja, somente neste sentido, pode
ser referenciada como as “Igrejas de Cristo”.
863

E. Ser Membro e Fazer Parte do Rol de Membros da Igreja de


Cristo

Um fato que ocorre com frequência quando as pessoas confundem a Igreja de Cristo
com assembleias, grupos ou instituições religiosas constituídos pelos seres humanos, é
o surgimento de algumas questões que giram, de uma forma ou de outra, em torno de
perguntas tais como:
 De que igreja você faz parte?
 Que igreja você frequenta?
 Em que local você é membro da Igreja de Jesus?
 Você é da igreja de quem?

Ora, ter nascido de novo através do Espírito de Deus, pelo fato de ter recebido a
Cristo no coração, ou ser cristão é indissociável da condição de uma pessoa se tornar
membro do corpo de Cristo.
Assim, se a Igreja de Cristo é o Corpo Único de muitos membros de Cristo, faz algum
sentido, por exemplo, perguntar a um cristão de que igreja ele faz parte ou a igreja de
quem ele frequenta?
Além disso, o corpo de Cristo, que é a Igreja de Cristo e de Deus, também é o que as
Escrituras chamam da família de Deus, a qual é única e composta por aqueles que
nasceram como filhos de Deus mediante o recebimento de Cristo em seus corações. E
Deus tem somente uma família celestial da qual os seus filhos podem fazer parte.

João 1: 12 Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder (o


direito) de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu
nome;
13 os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus.

1 João 3: 1 Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de
sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por
essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não o conheceu a
ele mesmo.
----

Portanto, assim como o corpo de Cristo se equivale ao que é a Igreja de Cristo, assim
também a Igreja de Cristo se equivale ao que é a família de Deus, conforme pode ser
visto abaixo no texto exposto por Paulo no livro de Efésios:

Efésios 3: 8 A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça


de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo
9 e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos,
oculto em Deus, que criou todas as coisas,
864

10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne


conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares
celestiais,
11 segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso
Senhor,
12 pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé
nele.
13 Portanto, vos peço que não desfaleçais nas minhas tribulações por
vós, pois nisso está a vossa glória.
14 Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai,
15 de quem toma o nome toda família, tanto no céu como sobre a
terra,
16 para que, segundo a riqueza da sua glória, vos conceda que sejais
fortalecidos com poder, mediante o seu Espírito no homem interior;
17 e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós
arraigados e alicerçados em amor,
18 a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a
largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade
19 e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para
que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.
20 Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que
tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera
em nós,
21 a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as
gerações, para todo o sempre. Amém!
----

Juntamente com o anúncio de que Deus intenta tornar conhecida a sua multiforme
sabedoria aos principados e potestades nas regiões celestiais através da sua Igreja, o
corpo de Cristo composto pelas pessoas que estão ligadas a Cristo como o seu Cabeça,
Paulo ora para que aqueles que são da família de Deus como filhos do Pai Celestial
sejam fortificados para que o propósito que o Senhor intenta fazer através da sua Igreja
seja realizado, mostrando-nos que os mesmos indivíduos que compõem a Igreja de
Cristo também são aqueles que são chamados a tomar o nome do Pai Celestial sobre si.
Conhecer o fato de que a Igreja de Cristo, o corpo de Cristo e a família de
Deus se equivalem é muito significativo também para saber como uma
pessoa se torna membro da Igreja, do corpo de Cristo ou da família de
Deus, uma vez que o mesmo processo que torna uma pessoa membro de
um dos aspectos em referência também a torna membro dos outros
aspectos.
Tornar-se membro do corpo de Cristo, tornar-se membro da Igreja de
Deus ou tornar-se membro da família de Deus, ocorre por um único e
mesmo processo, e não há como uma pessoa tornar-se parte de um destes
aspectos sem se tornar também parte dos outros.
E quando é que um indivíduo que crê e recebe a Cristo torna-se filho de Deus?
Um indivíduo torna-se filho de Deus quando recebe a Cristo em seu
coração, ato no qual ele também, simultaneamente, se torna membro da
família de Deus, membro do corpo de Cristo e, igualmente, membro da
Igreja de Cristo que é o próprio corpo de Cristo.
865

Quando as pessoas não compreendem que a união à Igreja de Cristo, que é o corpo
de Cristo, dá-se pela união pessoal à família de Deus através do novo nascimento no
Senhor, elas começam a dizer que um cristão não deve ficar “separado ou fora do corpo
de Cristo”, pensando que isto pode se dar pelo fato de uma pessoa não estar associado a
uma “ekklesia terrena” e constituída pelos seres humanos, e não por Deus.
Imaginemos que a associação a uma “igreja terrena ou naturalmente tangível” é que
fosse a maneira para uma pessoa se associar a Cristo. Isto, então, também significaria
que quando a pessoa fosse mudar de endereço e tivesse que trocar de “igreja”, ela teria
que se desligaria do Corpo de Cristo, deixaria de ser da família de Deus e teria que ser
reinserida na família de Deus de novo quando chegasse a outra “ekklesia” ou “igreja”
igualmente terrena, algo que é um completo absurdo no que se refere à condição de
uma pessoa ser ou não ser parte da família de Deus.
Em outras palavras, a ideia da necessidade de se tornar membro de “associações
terrenas” ou “ekklesias terrenas” levaria as pessoas, a cada troca de local ou extinção
de um local, terem que se desligar do corpo de Cristo, deixarem de ser filhos de Deus e
parte da família de Deus para então voltarem a se ligar via outro lugar terreno ao corpo
de Cristo a fim de voltarem a ser filhos de Deus e parte da família do Senhor.
E se durante o percurso e o período de transição a pessoa viesse a falecer, ela ficaria
desprovida da salvação uma vez que ela não seria filha de Deus no período transitório?
Ou a carta de transferência de uma instituição poderia dar a garantia dela ser filho de
Deus para a salvação eterna se algo trágico lhe sobreviesse?
Portanto, pensar em um rol de membros ou uma lista terrena referente aos
membros do corpo de Cristo é algo destoante do que as Escrituras nos apresentam
sobre ser membro da família de Deus, da Igreja do Senhor e do Corpo de Cristo.
A associação por atos externos e por circuncisão (um selo externo da adesão a um
grupo ou sacerdócio) era realizada pela Ordem de Arão. Entretanto, diante de Deus,
esta ordem já foi declarada obsoleta, não passa de uma parábola para o tempo
presente e não pode aperfeiçoar perante o Senhor àqueles que a ela se associam.
Se o tornar-se membro de um rol terreno de membros fosse uma condição para uma
pessoa vir a ser um verdadeiro cristão e filho de Deus, o malfeitor na cruz da Calvário
não poderia ter sido salvo, o eunuco etíope teria sido privado da salvação, assim como
milhares e milhares de pessoas que aceitaram a Cristo durante os séculos e não vieram
a ser membros de uma instituição humana ou nem tomaram conhecimento desta regra
humana e não divina.
Os próprios propagadores da suposta necessidade da “membresia” em instituições
terrenas são os mesmos que se contradizem quando falam a uma pessoa no leito de
morte que ela pode receber a Cristo ali mesma e ser salva apenas por receber a Cristo
no coração.
Ora, se alguns não precisam de uma “membresia” em um órgão religioso terreno, em
uma igreja naturalmente tangível ou alguma instituição reconhecida socialmente ou
civilmente, e podem ser salvos em Cristo e acrescidos à família de Deus, por que outros
precisariam fazê-lo a não ser por interesses corrompidos daqueles que querem aliciar
as pessoas para os seus apriscos ou sistemas de dominação e controle da vida alheia?
A circuncisão verdadeiramente cristã, ou seja, o selo da adesão a Cristo, é espiritual e
não carnal ou exterior. Ela ocorre no coração e não nas associações que as pessoas
fazem com coisas do mundo natural, assim como também é o rol de membros do corpo
866

espiritual de Cristo, conforme podemos ver explicitamente exemplificado nos textos


abaixo:

Romanos 2: 28 Porque não é judeu quem o é apenas exteriormente, nem


é circuncisão a que é somente na carne.
29 Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é
do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não
procede dos homens, mas de Deus.

Hebreus 12: 22 Mas tendes chegado ao monte Sião e à cidade do Deus


vivo, a Jerusalém celestial, e a incontáveis hostes de anjos, e à
universal assembleia
23 e igreja dos primogênitos arrolados nos céus, e a Deus, o Juiz de
todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados,
24 e a Jesus, o Mediador da nova aliança, e ao sangue da aspersão
que fala coisas superiores ao que fala o próprio Abel.
----

Vir a se tornar membro do corpo de Cristo, “chegar” à Igreja dos


primogênitos arrolados nos céus e “chegar” à Jerusalém Celestial ocorre
igualmente e conjuntamente com o “chegar” pela fé a Cristo Jesus como o
Senhor e Mediador da nova aliança, a Deus e à sua família celestial.

Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.

Tornar-se membro da Igreja e do corpo de Cristo ou ser feito membro do


corpo e da Igreja de Cristo é tão simples como a salvação, pois a salvação
de Deus é passar a fazer parte da família do Pai Celestial, da Igreja de
Cristo e de Deus ou do corpo de Cristo.
Quem crê e recebe a Cristo como Senhor e é salvo pelo Senhor,
automaticamente e simultaneamente, também está arrolado entre os
salvos por Cristo e que compõem individualmente o corpo eterno do
Senhor.
O rol de membros da Igreja de Cristo está nos céus, e ele é espiritual,
assim como é a adesão a Cristo e é o selo da salvação de Deus oferecida a
nós na nova aliança.
A relação de membros da Igreja de Cristo não se encontra na Terra, não
tem alguma réplica na Terra, e jamais poderia ser verdadeiramente
867

administrada por pessoas ou instituições na Terra, pois somente o Senhor


sabe o que ocorre no coração de todos os indivíduos.
Quem controlava a adesão ao sacerdócio segundo a lei de Moisés por uma adesão
exterior era, conforme já comentamos, a Ordem de Arão, os seus sacerdotes e os levitas
desta ordem porque também eles controlavam os tabernáculos terrenos e as
contribuições do povo para esta ordem, a qual, porém, já caducou diante da obra
superior de Cristo.
Para os que querem fazer parte de um rol de membros terreno e de uma instituição
religiosa terrena, e que se fiam na associação a uma instituição religiosa terrena para
tentarem se sentir seguros quanto a sua salvação ou que pensam que precisam fazê-lo
para serem abençoados por Deus, as Escrituras advertem que:

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
2 Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de
nada vos aproveitará.
3 De novo, testifico a todo homem que se deixa circuncidar que está
obrigado a guardar toda a lei.
4 De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da
graça decaístes.
5 Porque nós, pelo Espírito, aguardamos a esperança da justiça que
provém da fé.
6 Porque, em Cristo Jesus, nem a circuncisão, nem a incircuncisão
têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor. (RC+RA)
----

Em Cristo, não há benefício algum para uma pessoa ver o seu nome
constando da lista humana de membros de uma assembleia ou
congregação, pois o que salva uma pessoa eternamente não é ela estar em
uma lista terrena de membros ou estar ligada a alguma igreja da sua
cidade, mas o fato dela ter a fé de Deus e através dela crer em Cristo e ser
salva pela graça do Senhor.
Ninguém na Terra está apto a ver a lista exata de membros do corpo de Cristo, pois a
lista dos membros da Igreja do Senhor está no céu, e somente compete a Cristo e ao Pai
Celestial administrarem esta lista. E ainda, em Cristo, cada pessoa pode ter a certeza
em seu coração, mediante a fé, de que ela recebeu a Cristo e que ela consta da lista
eterna de membros do corpo de Cristo, não precisando constar absolutamente de
qualquer lista terrena de qualquer sacerdócio.

Gálatas 3: 26 Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo


Jesus.

Romanos 8: 14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus.
15 Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes,
outra vez, atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção,
baseados no qual clamamos: Aba, Pai.
16 O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos
de Deus.
868

1 João 5:11 E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e
esta vida está no seu Filho.
12 Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de
Deus não tem a vida.
13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida
eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus, e para
que continueis a crer no nome do Filho de Deus. (RA+NKJV)

O “espírito” que atua através daqueles que dizem que um cristão precisa ter o seu
nome arrolado em um rol de membros de alguma instituição religiosa, ou até em
grupos informais no mundo presente, é um “espírito de engano e de escravidão” que
quer produzir tormentos e medo, mas que, principalmente, quer fazer com que as
pessoas voltem à escravidão às leis das instituições pelas quais este “espírito” opera
para aprisionar as pessoas debaixo destas leis e para tentar desligar as pessoas de Cristo
e fazê-las decair da graça do Senhor Eterno.
Se alguém não é de Cristo, mediante a fé de que Cristo é o único Mediador de Deus
para com os seres humanos, uma pessoa pode ser membro de uma ou de várias
instituições terrenas por longos anos e ainda assim não ser realmente parte da Igreja e
do corpo de Cristo.

Romanos 8: 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de


fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele.

A pessoa que se torna membro de um rol de membros no mundo presente, pensando


que nesta atitude ela encontrará a salvação ou o favor de Deus, é uma pessoa que está
optando em andar por vista e não por fé, pois se apoia no status de membro em algo
tangível que ela vê e pode controlar. Porém, a posição de fé em Cristo e de ser membro
do rol celestial não depende de uma condição carnal e tangível, mas de um
relacionamento pessoal a partir do coração com Cristo Jesus mediante a fé no Senhor.
Quando o homem cego de nascença, mencionado em João 9, foi expulso do “rol de
membros” do templo de Jerusalém pelo fato de ter sido curado por Cristo e por dar
testemunho de que Cristo o curou, é que os seus olhos espirituais se abriram para ver o
Cristo que o havia curado e que agora se apresentava ao homem curado para também
ser o seu Cabeça e Senhor Eterno. Quando aquele que havia sido curado foi expulso do
“rol de membros controlados pelos líderes humanos” e creu em Cristo, Cristo o recebeu
para fazer parte do “rol eterno de membros” que está diante do Deus Eterno.
Graças a Deus que o tornar-se membro do corpo de Cristo e da Igreja de Deus não é
estabelecido pelos padrões das instituições humanas. E graças a Deus que a
“membresia” no corpo de Cristo é segundo a fé no Senhor, segundo à sua misericórdia e
graça que não julgam as pessoas como as instituições comandadas pelos seres humanos
as julgam.
Em Cristo, todos são considerados primogênitos da Igreja que tem os
filhos de Deus arrolados nos céus e onde pessoa alguma pode interferir e
manipular quem pode e quem não pode constar nesta lista.
869

As listas humanas ou do mundo presente que são intituladas de cristãs, mas


manipuladas pelos seres humanos ao longo da história, são listas que atuam em prol da
injustiça e da qual um verdadeiro cristão deveria se afastar, pois as listas terrenas não
podem realizar a justiça de Deus, mais um motivo pelo qual a Ordem de Arão também
foi revogada.
O firme fundamento em Deus é ser conhecido junto a Deus. E este ser
conhecido por Deus é que determina a qual corpo e rol de membros uma
pessoa pertence.

2 Timóteo 2: 19 Entretanto, o firme fundamento de Deus permanece,


tendo este selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais:
Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor.
----

Assim como o Sumo Sacerdote Eterno, que também é Rei da Justiça e da


Paz, intercede no céu junto ao Pai Celestial por cada membro do seu corpo
e a partir de onde Ele também lhes fala e ensina, assim também Cristo, o
Sumo Sacerdote Eterno da Igreja eterna e livre, arrola ou registra nos céus
os membros que verdadeiramente são parte do seu corpo eterno.

Hebreus 12: 25 Tende cuidado, não recuseis ao que fala. Pois, se não
escaparam aqueles que recusaram ouvir quem, divinamente, os
advertia sobre a terra, muito menos nós, os que nos desviamos
daquele que dos céus nos adverte,
26 aquele, cuja voz abalou, então, a terra; agora, porém, ele promete,
dizendo: Ainda uma vez por todas, farei abalar não só a terra, mas
também o céu.
----

É diante do Pai Celestial e de Cristo nas regiões celestiais eternas que


importa estar arrolado no rol celestial de membros da Igreja do Senhor
Jesus Cristo.

Lucas 10: 19 Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e


escorpiões e sobre todo o poder do inimigo, e nada, absolutamente,
vos causará dano.
20 Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos
submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus.
21 Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças
te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas
aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.
Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
22 Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho,
senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e
aquele a quem o Filho o quiser revelar.
870

F. A Igreja é o Corpo de Cristo e Jamais a Cabeça do Corpo

Uma maneira de esclarecer uma série de características do que a Igreja de Cristo é


em sua essência é ver a equivalência que ela tem com a sua exposição também como
corpo de Cristo constituído pelas pessoas que creem em Cristo Jesus e que tem a Ele
como o Senhor de suas vidas.
Quando, porém, alguém também pretende avançar mais em direção ao objetivo de
ver as principais características do funcionamento da Igreja de Cristo, é imprescindível
que a posição de Cristo, como o Cabeça do seu corpo ou da sua Igreja, também seja
compreendida de forma sóbria e clara.
O aspecto de que Cristo é o Cabeça do seu corpo, ou da sua Igreja, precisa ser
repetidamente mencionado, pois embora muitas pessoas o pronunciem com os lábios,
muitas delas, na prática diária da vida, não creem realmente nesta posição de Cristo.
Muitas pessoas que se dizem cristãs nem sequer estão conscientes que Cristo é o
Cabeça da sua vida pessoal e ainda muitos menos cientes elas estão de que Cristo é o
Único Cabeça de todo o seu corpo e de toda a sua Igreja.
Outras pessoas, por outro lado, até alegam entender alguns aspectos da direção
individual e pessoal que Cristo oferece à cada pessoa e para cada matrimônio
estabelecido segundo o princípio de Deus, mas ainda se mostram persistentes em
querer argumentar que precisam de outros cristãos que estejam como líderes sobre
suas vidas e que liderem os encontros e a coexistência coletivo dos cristãos.
Em outras palavras, muitas vezes, os mesmos indivíduos que dizem que Cristo é
suficiente para dirigir a vida de cada pessoa, são os mesmos que dizem que os membros
do corpo ou da Igreja de Cristo também necessitam de “mediadores” ou no mínimo
necessitam de “mediadores” para os aspectos “coletivos”. Eles tentam vender a ideia de
que os cristãos necessitam de “mediadores” que falem em nome de um grupo de
cristãos quando se trata da sua expressão “coletiva” ou do “mútuo relacionamento” dos
membros do corpo ou da Igreja de Cristo.
Entretanto, as Escrituras não nos informam que Cristo somente é o Cabeça dos
membros do seu corpo e que Ele não o é no coletivo. Pelo contrário, as Escrituras nos
ensinam que o Senhor Jesus Cristo é “o Cabeça” do seu corpo no todo ou no coletivo
assim como Ele é o Cabeça de cada um dos membros do seu corpo, sendo, portanto,
também o Cabeça de toda a sua Igreja.

Ele é a cabeça do corpo, da igreja.


Colossenses 1: 18
Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as
coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.

Considerando que a Igreja de Cristo é o conjunto dos próprios membros


da sua Igreja e que Cristo é o Cabeça de cada membro, isto nos mostra que
a questão de Cristo ser Cabeça também do seu corpo na perspectiva
coletiva é inseparável do aspecto Dele ser Cabeça em relação à cada
membro.
871

Quando as pessoas pensam na Igreja do Senhor Jesus Cristo como uma instituição
ou como um grupo de pessoas na Terra ao qual elas precisam se filiar como membros
enquanto vivem no presente mundo, também é quando correm o risco de pensar
institucionalmente segundo as instituições humanas que necessitam ou demandam
dirigentes, estatutos ou normas terrenas para funcionarem.
A Igreja de Cristo, porém, existe independentemente do conceito
humano de instituição, liderança, estatuto e das definições e constituições
dos seus ajuntamentos.
Se, por exemplo, houver só um cristão em uma cidade, a Igreja do Senhor já está
presente naquela cidade, e Cristo pode perfeitamente guiar este cristão sem precisar
estabelecer outro cabeça sobre ele. De forma similar, se houverem dois cristão em um
local que se conhecem e se comunicam como irmãos em Cristo, a Igreja não somente já
está naquela cidade, como ela também já se reúne ali através da comunhão que um
irmão tem com o outro, e isto sem precisar de liderança entre eles, pois Cristo disse:

Mateus 18: 20 Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu


nome, ali estou no meio deles.

Ao dizer que Ele está no meio daqueles que se reúnem em seu nome,
Cristo nos mostra porque Ele é e pode ser Senhor do seu próprio corpo ou
da sua Igreja também no aspecto coletivo.
Em relação ao último verso citado acima, lembramos que o texto precisa ser visto
apropriadamente para uma pessoa não passar a pensar que a Igreja é a própria reunião
de dois, três ou mais. A Igreja são as pessoas que se reúnem, tendo cada uma,
individualmente, a Cristo como o Senhor da sua vida, motivo pelo qual Cristo se
manifesta no meio deles.
Quando dois ou três cristãos estão reunidos em o nome do Senhor
Jesus, eles estão promovendo uma reunião daqueles que já são Igreja. E
isto se refere somente a uma reunião da Igreja de Cristo, destacando mais
uma vez, que a reunião em si mesma não é a Igreja propriamente dita.
Lembramos mais uma vez também que a Igreja de Cristo em um local ou em uma
cidade são as pessoas que creem no Senhor Jesus Cristo e que tem a Cristo no coração
como o Senhor e Cabeça da sua vidas. E é isto o que caracteriza uma pessoa ser a Igreja
de Cristo, um membro do corpo de Cristo ou parte da família de Deus.
Agora, quer em uma cidade ou local tenha um só membro do corpo de Cristo, quer
tenha dois membros, quer tenha milhares de membros, quer os membros deste local se
encontrem todos e se conheçam todos ou, ainda, quer eles se encontrem em locais
distintos e muitos nem saibam quem são os outros cristãos da mesma região na qual
eles habitam, a Igreja continua tendo a característica de ser constituída por todos os
cristãos que estão ligados diretamente ao Cabeça, assim como continua tendo a
característica de ter um só e único Cabeça, a saber: O Senhor Jesus Cristo.
Quer a Igreja seja pequena ou grande, em termos de quantidade de
membros em algum lugar específico, ela continua sendo o corpo de Cristo.
E Cristo continua sendo o Cabeça deste corpo quer os membros estão
separados em suas mais diversas atividades ou quando os membros estão
em alguma atividade conjunta.
872

Ainda que a Igreja de Cristo venha a constituir a maioria dos habitantes de um local
ou de uma cidade, ela ainda seria somente “corpo” de Cristo, não cabeça, porque Cristo
é o único Cabeça da sua Igreja.
Uma coletividade pequena ou grande jamais pode fazer com que a Igreja
de Cristo alcance o status de ser um pouco ou muito a cabeça do corpo ou
da Igreja de Cristo.
A Igreja de Cristo simplesmente não recebeu a vocação de ser cabeça de
si própria nem em pequenas e nem em grandes partes e nem em temas
relacionados aos membros pelos quais ela é composta.
Quando vemos a promessa de Deus de que os cristãos que recebem a abundância da
graça e o dom da justiça também reinarão em vida, jamais deveríamos nos esquecer
que um cristão somente reina quando está em Cristo e através de Cristo, o que também
se aplica à toda a Igreja de Cristo que essencialmente são pessoas em Cristo.
Um cristão somente se torna apto a reinar conforme a vontade de Deus sobre
situações da sua vida através do Cabeça de toda a Igreja.

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.

A questão da Igreja de Cristo não ser chamada para ser cabeça de si mesma, e nem
de pequenas partes de si, deveria estar muito bem firmada no entendimento de um
cristão, pois muitas pessoas, de muitas formas, não querem se conformar à esta
realidade e procuram corromper de várias formas a vocação da Igreja de Cristo de ser
corpo e não cabeça.
E uma questão prática do que está sendo dito nestes últimos parágrafos, por
exemplo, é que uma vez que a Igreja de Cristo é corpo e não cabeça do corpo, a Igreja
também não é credenciada a falar “em nome da Igreja” para os seus membros e nem
para os que são de fora, para o mundo, pois esta posição não lhe é conferida por Cristo
e porque o único nome pelo qual a Igreja pode se pronunciar em verdade é o nome do
seu Única Cabeça, a saber: O Senhor Jesus Cristo.
Tentar fazer algo “em nome da Igreja” é uma tentativa gravíssima de
distorção de comando do corpo, pois os que tentam dizer que falam “em
nome da Igreja” estão tentando afirmar que a Igreja tem autoridade
independente sobre os seus membros. E com isto, tentam afirmar que a
Igreja tornou-se o cabeça em vez de Cristo.
Assim, tentam afirmar que o “corpo” pode tomar o lugar de Cristo quando parte
deste corpo entender ser conveniente a ela fazê-lo, sem, contudo, ser autorizada para
isto por Cristo ou por Deus.
Quando, no tópico anterior, abordamos o aspecto de casamento e família,
mencionamos que “a casa” jamais recebeu de Deus a vocação para designar o que cada
um dos membros da “casa” deveria ser e fazer na vida, pois as definições do
funcionamento da “casa” são dadas à família pelo Cabeça da família e individualmente
de cada um dos seus membros, a saber novamente: O Senhor Jesus Cristo.
873

“A casa” tem vocação de auxiliar e servir aqueles que a edificam, mas


não tem vocação dada por Deus para ser cabeça dos seus membros, o que
se aplica também à Igreja de Cristo visto que ela também é chamada de
“casa de Deus”.
Quando as pessoas, “em nome da Igreja”, começam a dizer aos membros o que eles
devem fazer ou porque “aquela casa ou Igreja” funciona de uma ou de outra forma, é
porque o afastamento deles de Cristo já se instalou de forma muito acentuada e grave.
Além disso, a Igreja não tem autorização de Deus para ter a “sua própria
doutrina”, pois a “doutrina da Igreja” deveria ser sempre seguir a
“doutrina de Cristo”, o seu Único Cabeça.
Quando um grupo de pessoas começa a compilar a “sua própria doutrina”, é à
doutrina de homens e mulheres que este grupo está se inclinando e não a Cristo, ainda
que a “doutrina” que o grupo diz seguir tenha grandes parcelas das Escrituras.
No capítulo anterior, quando foi tratado o assunto do casal constituir uma “casa”,
vimos que a “casa” pode querer se tornar um conceito pelo qual as pessoas começam a
tentar governar e comandar a própria “casa”. Mas assim como a “casa ou um lar”
deveria estar sujeita ao governo do casal, assim a “casa chamada Igreja”, que é o
conjunto de pessoas que individualmente tem a Cristo no coração, também deveria
sempre estar sujeita à Cristo como o Único Cabeça desta “casa”.
Até com frequência, grupos de pessoas podem vir a pensar que a Igreja,
a casa de Deus, no seu aspecto coletivo tem vocação coletiva de governar a
si própria e a seus integrantes, mas isto simplesmente não é encontrado na
nova aliança, pois a Igreja da nova aliança é “corpo” e “não cabeça”, tendo
somente a Cristo como o Cabeça sobre ela.
Considerando que a Igreja é uma figura feminina em relação a Cristo e que ela
também é equiparada à noiva de Cristo, quando uma parte da Igreja de Cristo começa a
querer comandar outras partes desta Igreja, ou seja, outras pessoas da Igreja, esta parte
da Igreja procura fazer o que nos é alertado pelo profeta Isaías, a saber:

Isaías 3: 12 Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres estão à


testa do seu governo. Oh! Povo meu! Os que te guiam te enganam e
destroem o caminho por onde deves seguir.
----

Repetindo, então, mais uma vez:


A Casa, a Igreja, o Corpo, o Coletivo de membros, nunca recebeu de
Cristo a vocação de ser “cabeça”.
E quando um grupo insiste em querer ser cabeça da Igreja, ele destrói o caminho ou
as veredas daqueles que se deixam guiar pela “casa” ou pela suposta “igreja”, a qual
desta forma, se permanecer neste caminho, também deixa de ser, na sua essência, uma
Igreja de Cristo e torna-se um corpo estranho de pessoas guiadas por pessoas, cegos
dirigindo outros cegos, pessoas sem cabeça liderando outras pessoas igualmente sem
cabeça, sendo uma “igreja” sim, mas não a Igreja do Senhor Jesus Cristo.
874

G. O Corpo de Cristo Não Está Autorizado a Ter Sub-bandeiras


ou Subalianças

Quando começamos a ver que no mundo há muitas possibilidades para as pessoas se


tornarem associadas a rol de membros terrenos relativos às questões espirituais e
religiosas, e até muitos deles denominados de cristãs, podemos observar que isto
somente se dá pelo fato das pessoas também criarem os grupos ou instituições que se
prestam a este propósito.
Entretanto, quanto ao corpo de Cristo ou a Igreja de Cristo, convém ressaltar que em
nenhum lugar das Escrituras o Pai Celestial e o Senhor Jesus autorizaram os cristãos a
criarem os seus próprios grupos, com seus próprios nomes ou com suas próprias sub-
bandeiras, ainda que debaixo do título maior do nome de Cristo ou cristão.
O único nome e a única bandeira que um cristão está autorizado a usar
para se apresentar “como cristão” e para se referir à Igreja do Senhor é o
nome de Cristo ou de cristão.

Colossenses 3: 17 E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação,


fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai.

O texto acima não poderia ser mais direto, mais simples, mais abrangente ou mais
objetivo do que ele já é.
Em nenhum lugar Deus autorizou as pessoas a “fatiarem” a sua Igreja por temas, por
pessoas que lideram um determinado grupo ou por objetivos, visões e missões que
determinados grupos de indivíduos querem estabelecer ou almejam alcançar.

1 Coríntios 1: 11 Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos


da casa de Cloe, de que há contendas entre vós.
12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu,
de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós
ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?

1 Coríntios 3: 3 ... porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós
inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não
andais segundo os homens?
4 Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo;
porventura, não sois carnais?
----

O cristão é chamado a carregar um só nome ou uma só bandeira de fé,


pois ele está ligado a um só Cabeça e que tem o Nome que está acima de
todo nome.

1Pedro 5: 14 Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados


sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus.
875

15 Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou


malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem;
16 mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes,
glorifique a Deus com esse nome.

Quando um cristão precisa ficar explicando a que “grupo de cristãos” ele pertence e
se este grupo é de evangélicos, protestantes, católicos, anglicanos, ortodoxos ou
qualquer outra variação que os homens ou mulheres criaram, e se somente o nome de
Cristo ou cristão já não é suficiente, este cristão começa a se afastar da simplicidade que
há em Cristo e começa a incorrer no risco de querer ver a Cristo dividido em sub-
bandeiras para as quais os cristãos não foram chamados pelo Senhor a tomar parte.
Quando as pessoas confundem a Igreja de Cristo com o conceito
meramente linguístico da palavra grega “ekklesia”, onde a reunião e uma
assembleia local podem definir o que é uma determinada igreja, estas
pessoas também começam a usar o nome de suas sub-bandeiras por não
compreenderem que a Igreja de Cristo não é uma associação terrena, mas
é o conjunto de membros vivos ou indivíduos do corpo eterno de Cristo.
Quando as pessoas confundem a Igreja de Cristo com o conceito do grupo que
formam ou do qual fazem parte, elas começam a chamar as suas instituições e os seus
grupos de “igreja”, e começam também a esquecer que a verdadeira Igreja de Cristo é
constituída de todos os cristãos genuínos, não importando onde se encontrem ou
estejam localizados desde que se mantenham unidos no Cabeça de todo o Corpo, o
Senhor Jesus Cristo.
O “o primeiro amor de um cristão” é Cristo. E Dele, uma pessoa salva
por Deus jamais deveria se afastar e cujo nome ela jamais deveria deixar de
exaltar por causa de envolvimentos com a promoção de supostos
subnomes do corpo de Cristo que lhe são sugeridos ou aos quais outras
pessoas querem que ela se associe.
Ora, “o primeiro amor de um cristão” só pode ser “Cristo”, pois Cristo é o único que
morreu em seu favor e é o único que nos foi concedido por Deus para mediar as pessoas
com Ele, para habitar em nosso coração e para ser o nosso Cabeça de agora e para
sempre.
Nenhum outro ser ou nenhum grupo de pessoas, a não ser Cristo, morreu em favor
da salvação dos pecadores a ponto destes poderem ser remidos da culpa do pecado, da
condenação de morte e para torná-los, mediante à graça de Deus, em indivíduos dignos
de terem sobre si o nome do Senhor e a bandeira daquele que para eles é a justiça,
santificação e redenção do reino celestial.

1 Coríntios 1: 30 Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual se nos tornou,
da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção,
31 para que, como está escrito: Aquele que se gloria, glorie-se no
Senhor.

Nem mesmo se somarmos todos os membros do corpo de Cristo ou nem mesmo a


soma das vidas de todos os membros da Igreja de Cristo poderia vir a ser apresentada
como a provisão de propiciação dos pecados de um só dos seus membros ou de uma só
pessoa perdida. Somente Cristo, o Cabeça do seu corpo, é que fez a provisão em favor
876

de cada indivíduo da sua Igreja, tendo, por isto, o “único Nome” digno de estar
coletivamente sobre todo o seu corpo, mas também sobre cada um dos membros do seu
do corpo.
Nem a Igreja toda de Cristo, e muito menos uma parcela dela, pode
salvar uma única pessoa sequer. SÓ CRISTO É O SALVADOR DA SUA
IGREJA, tendo por isto a condição exclusiva de Cabeça e do Nome sobre
cada cristão.
A Igreja não salva ninguém. As pessoas somente são salvas em Cristo. E
por isto, a primazia do nome e da bandeira que um cristão carrega e que
lhe dá cobertura é pertinente “exclusivamente” a Cristo.
É a bandeira de Cristo que o mundo aguarda ser vista sobre os cristãos, sobre os
filhos de Deus, e não as sub-bandeiras de homens, mulheres ou de suas instituições,
pois estas não tem nenhum poder para a salvação eterna das almas perdidas, assim
como não têm nenhum poder para conceder novidade de vida eterna vinda do reino de
Deus.

Salmos 20: 5 Celebraremos com júbilo a tua vitória e em nome do nosso


Deus hastearemos pendões (banners, bandeiras); satisfaça o
SENHOR a todos os teus votos.
6 Agora, sei que o SENHOR salva o seu ungido; ele lhe responderá do
seu santo céu com a vitoriosa força de sua destra.
7 Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos
gloriaremos em o nome do SENHOR, nosso Deus.

Atos 4: 8 Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades


do povo e anciãos,
9 visto que hoje somos interrogados a propósito do benefício feito a
um homem enfermo e do modo por que foi curado,
10 tomai conhecimento, vós todos e todo o povo de Israel, de que, em
nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem
Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está
curado perante vós.
11 Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se
tornou a pedra angular.
12 E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa
que sejamos salvos.
----

Além disso, nenhum cristão é a carta em nome de Paulo ao mundo, a carta de Pedro
ao mundo, a carta de Apolo ao mundo, a carta da associação ou do grupo a, b ou c ao
mundo, a carta da assembleia x, y ou z ao mundo.
Um cristão não é chamado a carregar sub-bandeiras de homens e mulheres ou de
suas criações, ideias, agrupamentos ou instituições, pois o cristão é a Carta de Cristo ao
mundo, a carta escrita pelo Espírito de Deus para que Cristo seja enaltecido, pois,
afinal de contas, é somente em Cristo que as pessoas podem encontrar a salvação e a
novidade de vida eterna de Deus.
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Quando Paulo mencionou que os cristãos são como uma carta a ser apresentada
para ser conhecida e lida por todos, ele sabia muito bem quem era Aquele em nome de
quem estas cartas foram escritas.

2Coríntios 3: 1 Começamos, porventura, outra vez a recomendar-nos a


nós mesmos? Ou temos necessidade, como alguns, de cartas de
recomendação para vós outros ou de vós?
2 Vós sois a nossa carta, escrita em nosso coração, conhecida e lida
por todos os homens,
3 estando já manifestos como carta de Cristo, produzida pelo nosso
ministério, escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente,
não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos
corações.
4 E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus;
5 não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma
coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus,
6 o qual nos habilitou para sermos ministros de uma nova aliança,
não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito
vivifica.
----

E ainda, para concluir este tópico, além de não ser chamado a usar sub-bandeiras
que lhe são apresentadas como supostas opções de nomes subcristãos, podemos ver
que um cristão, em Cristo, também não é chamado a se associar a subalianças em
relação à vida cristã como se alguém delas necessitasse.
No tópico anterior, mencionamos que se uma pessoa, para alcançar a salvação, para
se tornar parte de Cristo ou para permanecer sendo considerada salva precisasse se
associar a um grupo terreno chamado de alguma forma direta ou indireta de “grupo
cristão”, esta pessoa estaria sendo exposta a um conceito vil de que por uma aliança
com este grupo é que ela estaria se associando a Cristo.
Quando um grupo propaga que uma pessoa precisa firmar uma aliança com ele para
ser parte do corpo de Cristo, este grupo está anunciando que através da aliança com o
grupo específico, um indivíduo pode tornar-se parte do grupo maior, que é a Igreja de
Cristo. E isto, caracterizaria o oferecimento de uma aliança menor para ser parte de
uma aliança maior e o que chamamos aqui de uma subaliança para ser parte da aliança
com Cristo. Entretanto, este caminho de ação não tem qualquer respaldo do Senhor
para ser proposto e adotado.
As proposições de subalianças são tentativas de espalhar falsamente o conceito de
que Cristo teria distribuído agências ou cartórios terrenos para que as pessoas
pudessem se ligar a Ele indiretamente via estas agências, usando estas agências para
angariar os membros da Igreja de Cristo.
Ora, se um grupo ou agência se intitula como um local onde as pessoas
podem se filiar na Terra para se filiarem a Cristo, esta agência não está se
apresentando como uma “mediadora” entre Deus e os seres humanos?
Assim, quando Deus declarou que Cristo é Único Mediador entre Deus e os seres
humanos, o Pai Celestial não estava se referindo somente a outras pessoas tentarem
fazer esta mediação, mas também estava se referindo às instituições e aos grupos que as
878

pessoas tanto gostam de criar e manter para tentarem representar a Deus na Terra,
apesar de nenhuma delas ser reconhecida como válida diante do Senhor Eterno.
Portanto, a Igreja de Cristo não é uma agência ou uma série de agências onde as
pessoas podem se ligar a Cristo. A Igreja de Cristo são os membros do corpo de Cristo
que estão diretamente e individualmente no Senhor e que são chamados a testemunhar
à outras pessoas que estas também podem se ligar diretamente ou pessoalmente ao
Senhor Jesus.

Filipenses 2: 9 Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu


o nome que está acima de todo nome,
10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra
e debaixo da terra,
11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de
Deus Pai.

O vínculo de uma pessoa com Cristo é estabelecido diretamente com


Cristo e não entre uma pessoa através de outra pessoa, mas também não é
através de um grupo ou instituição que um indivíduo pode fazer uma
aliança com o Senhor Jesus ou vir a se tornar membro do corpo de Cristo.
Independentemente do nome que se dê à forma que é oferecida para uma pessoa se
associar a um grupo terreno para esta também poder obter a sua associação ao corpo de
Cristo, o ato exigido para uma pessoa se associar a um grupo sempre é uma forma ou
um tipo que se assemelha à circuncisão humana ou carnal, e sempre é uma proposição
humana de mediação entre Deus e os seres humanos que o Senhor jamais aceitará e
sempre repudiará.
Não existe um meio horizontal e nem uma via humana pela qual uma
pessoa possa se ligar ao corpo ou à Igreja de Cristo, quer seja por
associação a outras pessoas ou quer seja por associação à grupos e
instituições que as pessoas constituem.
Se um indivíduo não se ligar primeiramente, diretamente e
pessoalmente a Cristo, ele não consegue se ligar ao corpo ou à Igreja de
Cristo. Ou seja, não existem caminhos alternativos na Terra e nas
proposições humanas para alguém poder a vir a ser parte da Igreja do
Senhor.

João 14: 6 Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.


Ninguém vem ao Pai senão por mim.

Por maior ou mais ostensivo que seja um agrupamento de pessoas ou uma


instituição que os seres humanos criam, ou por menor e mais simples que seja o seu
agrupamento, se houver alguma exigência adicional à simplicidade da fé em Cristo para
se tornar parte do corpo de Cristo, assim como para se manter ligado a Cristo, este
agrupamento de pessoas é um tipo de tentativa de “mediação” entre Deus e os seres
humanos, e portanto, equivalente à uma aliança do tipo da Ordem de Arão, a qual já
não tem mais validade e reconhecimento diante de Deus.
879

As pessoas que exigem associação, pacto ou filiação à elas ou aos seus grupos,
comunidades e instituições, sob a bandeira de que é esta a forma dos indivíduos se
ligarem à Igreja de Cristo, são indivíduos que chamam as pessoas até a porta do reino
de Deus, cuja porta é Cristo para todo aquele que Nele crê, mas que ali, diante da porta,
não deixam os que chegam a eles entrarem de fato no reino do Senhor por exigirem que
se filiem a eles ou aos seus grupos. Atitude esta, que tem impedido a muitos de se
achegarem ao reino de Deus em liberdade como deveriam se achegar.

Mateus 23: 13 Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque fechais o


reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, nem deixais
entrar os que estão entrando!

Os promotores de sub-bandeiras e subalianças gostam de contabilizar quantos


indivíduos entram ou se filiam de uma só vez nas suas associações. Entretanto, em
Cristo, não é assim. Em Cristo, cada pessoa é um indivíduo especial e não um número.
Cada pessoa é tão singular que o próprio Cristo se encarrega de estabelecer com cada
uma a nova aliança.
Somente Cristo é a porta estreita através da qual uma pessoa somente
passar individualmente para entrar no reino de Deus. Mas também por
isto, essa porta leva àquele que passa por ela a um relacionamento direto
com a única verdadeira fonte de novidade vida, assim como à uma vida
guiada pelo Único Cabeça que a todos pode guiar individualmente e, ao
mesmo tempo, coletivamente.

Mateus 7: 13 Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o


caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por
ela),
14 porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para
a vida, e são poucos os que acertam com ela.

João 20: 30 Na verdade, fez Jesus diante dos discípulos muitos outros
sinais que não estão escritos neste livro.
31 Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o
Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.

1 João 5: 13 Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a


vida eterna, a vós outros que credes em o nome do Filho de Deus, e
para continueis a crer no nome do Filho de Deus. (RA+KKJV)

Salmos 148: 13 Louvem o nome do SENHOR, porque só o seu nome é


excelso; a sua majestade é acima da terra e do céu.
880

H. O Governo da Igreja de Cristo É Segundo o Reino de Deus e


Não Segundo os Reinos do Mundo

Conforme já comentamos em vários estudos da presente série sobre O Evangelho, As


Boas Novas da Parte de Deus, tudo o que se refere àquilo que Deus nos revela através
do seu Evangelho tem a característica de ser distinto do que há no mundo, visto que o
Evangelho de Deus também é o Evangelho que procede do reino de Deus e não dos
reinos do mundo.
E considerando também que é através do Evangelho do Senhor que nós tomamos
conhecimento da glória de Cristo como o Rei e Cabeça do seu corpo ou da sua Igreja,
podemos observar, neste mesmo Evangelho, que a regência ou o governo de Cristo
como o Cabeça igualmente é em conformidade ao reino de Deus e não segundo os
reinos dos seres humanos.
A posição e a atuação de Cristo como o Cabeça da sua Igreja não seguem
nem os princípios de governo que há entre os povos e nem as formas
estruturais sob as quais os governos terrenos procuram exercer as suas
funções, mas os critérios próprios ou singulares do reino eterno de Deus.
A maneira como Cristo está posicionado e exerce a sua condição de Cabeça do seu
corpo ou da sua Igreja, não tem um paralelo completo no mundo e em nenhum dos
mais variados modelos humanos de regência. O conhecimento de como é a regência de
Cristo sobre o seu corpo nos é concedido pelas próprias características do reino eterno
que Deus nos revela a partir dos céus.
Tentar compreender e estabelecer os padrões de regência, governo ou
administração do corpo ou da Igreja de Cristo baseado em conceitos
humanos ou terrenos desembocará, certamente, em caminhos e ações
através dos quais se tentará distorcer a verdadeira maneira de
funcionamento da Igreja do Senhor e a verdadeira forma pela qual o
Senhor estabeleceu para conduzir o seu corpo.
Quando uma pessoa recebe a Cristo no coração, ela automaticamente já é inserida
em uma condição espiritual de governo inteiramente nova quando comparada com
àquilo que provavelmente viu como definição do que é regência e a posição de um
regente em relação à vida dos outros. Entretanto, pelo fato dos modelos de governo do
mundo lhe serem mais familiares, esta pessoa muitas vezes também pode acabar
buscando ou se envolvendo com tipos de governo para a sua vida cristã segundo os
modelos do mundo e não segundo a novidade de vida que lhe está disponível em Cristo.
Depois que uma pessoa recebe a Cristo no coração, ela passa a ter disponível em
Cristo tudo aquilo que ela necessita para viver e andar segundo a vida cristã.
Entretanto, esta pessoa também precisa se expor para uma renovação de entendimento
para compreender melhor esta mudança em sua vida, mudança que também se aplica,
ou prioritariamente deveria se aplicar, à questão da maneira como Cristo, o Cabeça da
Igreja, estabeleceu a regência sobre cada um dos membros, sobre o coletivo de
membros e sobre o relacionamento entre os membros da Igreja do Senhor.

Romanos 12: 2 E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-
vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis
qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
881

A maneira como Deus estabeleceu o governo de Cristo sobre a sua Igreja realmente é
muito distinta de qualquer regência do mundo, pois ela não somente define o governo
de Cristo sobre todo o seu corpo, mas ela também estabelece os princípios de regência
relacionados a como os membros do seu corpo ou da sua Igreja são chamados a se
relacionarem uns com os outros.
Cristo veio oferecer às pessoas do mundo um caminho de salvação para a vida eterna
acompanhada de novidade de vida celestial já de imediato para aqueles que recebem
esta salvação. Entretanto, Cristo também veio oferecer toda uma nova maneira das
pessoas se relacionarem com Ele, com o Pai Celestial e com o Espírito Santo para, a
partir deste novo relacionamento, também poderem se relacionar diferentemente com
as outras pessoas que também constituem o corpo ou a Igreja de Cristo.
Ressaltando mais uma vez o que foi dito nestes últimos parágrafos, quando o
Evangelho do Senhor nos ensina sobre a glória de Cristo ser o Cabeça do seu corpo ou
da sua Igreja, ele nos ensina que a regência de Cristo sobre a sua Igreja abrange, no
mínimo, os seguintes três aspectos:
 1º) A posição de Cristo em relação a cada membro da sua Igreja e a posição de
cada membro em relação a Cristo como o Cabeça pessoal deste membro;
 2º) A posição de Cristo em relação ao coletivo de membros da sua Igreja e a
posição deste coletivo de membros em relação a Cristo como o Cabeça de todo o
seu corpo ou Igreja;
 3º) A posição de cada membro em relação aos outros membros da Igreja de
Cristo.

Sem uma compreensão mínima e conjunta dos três aspectos citados no parágrafo
anterior, uma pessoa também poderá ter muita dificuldade para uma compreensão
minimamente apropriada sobre a posição de governo de Cristo sobre a sua Igreja, pois
se um destes aspectos for compreendido e praticado de forma inapropriada também os
outros tendem a serem compreendidos de forma inadequada.
Somente se cada cristão fosse um indivíduo inteiramente isolada de outras pessoas é
que nós poderíamos falar somente do primeiro aspecto acima referenciado. Entretanto,
uma vez que houver mais de um cristão envolvido no relacionamento com Cristo, os
demais aspectos também estarão presentes.
Pelo fato de muitos cristãos não verem os três aspectos em referência de forma
conjunta, muitos acabam sendo envolvidos em proposições de regência relacionadas à
sua vida cristã que de fato não procedem de Deus e que acabam tentando estabelecer
uma grande confusão que mistura conceitos de governo ou regência do mundo com o
governo que é pertinente ao corpo ou à Igreja de Cristo.
Uma dos principais pontos que deveria ficar evidente a respeito da regência de
Cristo sobre a sua Igreja, é que os seus variados aspectos estão entrelaçados entre si e
que o abandono ou a distorção de apenas um critério pode afetar automaticamente
também os outros.
Considerando que Cristo é o Cabeça direto de cada membro da sua
Igreja, se, por exemplo, um membro intentar ser cabeça de outro membro,
esta atitude também contraria o governo de Cristo sobre cada membro da
882

sua Igreja, sobre todo o seu corpo e o relacionamento entre os próprios


membros do corpo de Cristo.
No que se refere ao governo sobre a vida pessoal de um indivíduo, não há como
inverter, por exemplo, a posição de um membro da Igreja de Cristo em relação a outro
sem que isto também reflita em outros aspectos de governo que há no corpo de Cristo.
O corpo ou a Igreja de Cristo não se assemelha às instituições ou governos humanos
onde é possível fazer repetidas mudanças nas ordens hierárquicas e nos sistemas de
governos aos quais estão sujeitos. O corpo ou a Igreja de Cristo somente aceita uma
forma hierárquica e um caminho de governo que jamais poderá ser alterado.
As pessoas que persistirem na tentativa de mudar a hierarquia que há na Igreja de
Cristo podem inclusive virem a ficar sujeitas a serem desligadas do corpo de Cristo, se é
que de fato pertenciam ao corpo de Cristo. Nenhuma pessoa poderá prevalecer na sua
intenção de desvirtuar a ordem de governo da Igreja que pertence exclusivamente ao
Senhor Jesus, Aquele que guarda e protege a Igreja que lhe pertence para não ser
tomada pelas distorcidas proposições humanas.
Aqueles que insistem em querer estabelecer na Igreja de Cristo os seus próprios
objetivos, visões, missões, planos ou qualquer outro nome que queiram dar às suas
intenções, ou que insistem em reger ou governar a vida dos outros membros do corpo
de Cristo, querem dominar os outros para desligá-los de Cristo assim como eles não se
mantiveram unidos ao Cabeça por causa das suas mentalidades e compreensões
carnais.

Colossenses 2: 18 Ninguém vos prive do prêmio, alegando humildade ou


culto aos anjos, baseando-se em visões, enfatuado (inchado e
soberbo) sem motivo algum na sua mente carnal.
19 e não se mantendo unido à Cabeça, da qual todo o corpo, provido e
organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo com o aumento
concedido por Deus. (EC)

O crescimento na novidade de vida do Senhor e o prêmio que dela advém está em


Cristo. Porém, essa novidade de vida somente pode ser alcançada por aqueles membros
do corpo ou da Igreja de Cristo que estiverem ligado diretamente ao Cabeça do corpo
que é Cristo. Por esta razão, é esta conexão direta de cada membro com o Cabeça da
Igreja que muitos não querem aceitar, pois ela contraria as maneiras de regência que há
no mundo e que muitos tentam introduzir e impor sobre a Igreja do Senhor.
Ainda em outra versão das Escrituras, encontramos o texto exposto acima da
seguinte maneira:

Colossenses 2: 18 Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de


humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu;
estando debalde inchado na sua carnal compreensão,
19 e não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado
pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus. (RC)
----

Assim, sob a perspectiva de ver o governo do Cabeça Cristo sobre o seu corpo a
partir dos critérios do reino de Deus, podemos observar que um dos pontos que
883

mais intriga ou até confronta o entendimento de muitas pessoas sobre a


Igreja de Cristo refere-se à liberdade que cada um dos membros da Igreja
do Senhor encontra sob o governo exercido por Cristo para poder viver e
andar diretamente em Cristo apesar de ter irmãos ou irmãs em Cristo com
os quais podem ter comunhão.
Quando as Escrituras nos anunciam que todos os membros do corpo de
Cristo podem ter acesso pessoal, individual e direto ao Cabeça da Igreja,
muitas pessoas, e dentre elas até muitos cristãos, não se dão conta e não
percebem que este acesso direto e pessoal a Cristo também define que na
Igreja de Cristo:
 1) Não há hierarquias humanas para um cristão acessar pessoalmente o Cabeça
da Igreja;
 2) Não há hierarquias humanas para um cristão pessoalmente ser guiado por
Cristo;
 3) Não há hierarquias humanas para um cristão poder se relacionar com outros
cristãos ou não há hierarquias humanas previstas para o relacionamento mútuo
dos cristãos no que se refere ao relacionamento como membros do corpo ou da
Igreja de Cristo.

Na Igreja do Senhor Jesus Cristo a hierarquia é muito simplificada, pois


ela é composta de Cristo, o Único Cabeça de todos, e cada membro ligado
ao Cabeça se sujeitando ao Cabeça, estando todos os membros em posição
igual em relação à Cristo e uns em relação aos outros.
Em Cristo, no corpo de Cristo, na Igreja de Cristo ou na família de Deus,
cada membro é designado para ser fundamentado diretamente em Cristo
assim como é chamado para ser regido e guiado por Cristo, permitindo que
cada membro possa estar “da planta dos pés à cabeça em Cristo”.
Em Cristo, cada membro da sua Igreja, corpo ou família é chamado a
viver e andar no Senhor sem quaisquer mediadores nem no que tange à
fundamentação em Cristo e nem quanto ao governo de Cristo sobre cada
um dos membros do seu corpo.

Colossenses 2: 6 Como, pois, recebestes o Senhor Jesus Cristo, assim


também andai nele,
7 arraigados e edificados nele e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, crescendo em ação de graças.
8 Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de
filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os
rudimentos do mundo e não segundo Cristo;
9 porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
10 E estais perfeitos nele ... (RC)

Não há no corpo de Cristo membros que não pertençam, primeiramente


e totalmente, a Cristo Jesus. E não há membros na Igreja de Cristo que
tenham mais direitos do que outros para estarem em Cristo e para se
relacionarem diretamente com o Senhor.
884

E as tentativas de revogação ou alteração desta hierarquia simples que


há na vida de um membro da Igreja de Cristo em relação ao Cabeça desta
Igreja e aos demais membros jamais são aceitas por Deus, nem mesmo no
que se refere à expressão coletiva da Igreja de Cristo.

1 Coríntios 3: 21 Portanto, ninguém se glorie nos homens; porque tudo é


vosso:
22 seja Paulo, seja Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a
morte, sejam as coisas presentes, sejam as futuras, tudo é vosso,
23 e vós, de Cristo, e Cristo, de Deus.

Se os membros do corpo de Cristo não respeitarem a hierarquia simples na qual


cada um pode acessar a Cristo diretamente e na qual todos os membros se encontram
na mesma posição de uns para com os outros, a convivência ou comunhão mútua dos
membros da Igreja de Cristo também será prejudicada.
Ainda em outras palavras, se alguns cristãos que pretendem se encontrar e ter
comunhão com os outros cristãos não compreenderem e não respeitarem que os seus
irmãos e irmãs de fé ou da Igreja de Cristo têm somente um Senhor e que nenhum
membro da Igreja de Cristo é chamado ou tem vocação para ser cabeça de outro
membro, estes cristãos ainda não estão preparados para conviverem com os demais e
necessitam, com urgência, reverem se o que eles querem alcançar no relacionamento
com os demais não é segundo os preceitos de regência do mundo em vez dos princípios
do reino de Deus.
Em termos da hierarquia segundo o governo de Cristo, a Igreja de Cristo
que está sujeita ao Pai Celestial somente tem dois níveis hierárquicos, a
saber:
 1º) Cristo como o Único Cabeça de todo o seu corpo ou de toda a sua Igreja;
 2º) Os membros do corpo ou da Igreja de Cristo sem distinção de superioridade
ou inferioridade de uns para com outros.

Quando as Escrituras declaram que Cristo é o Único Fundamento da


vida segundo o reino de Deus e também o Único Cabeça a partir de quem
toda a vida é provida e organizada para crescimento em Deus, elas nos
ensinam que todos aqueles que recebem o reino são:
 1) Pessoalmente edificados diretamente sobre este fundamento, um ao lado do
outro e não alguns sobre outros;
 2) Pessoalmente colocados lado a lado com outros cristãos sob o Senhorio de Um
Só Senhor e Pastor, e não um debaixo de outros ou atrás de outros.

Respeitadas várias peculiaridades de cada pessoa e dos dons que Cristo


concede a cada membro do seu corpo ou da sua Igreja, quanto ao estar no
fundamento da vida eterna e quanto ao ser posto sob o Cabeça do corpo de
Cristo, todos os cristãos tem a mesma posição diante de Cristo e são iguais
em posição hierárquica a todos os seus semelhantes que estão em Cristo.
Cristo e várias outras partes da Escrituras claramente já definiram que:
885

 1) Há um só Salvador para todos os pecadores e perdidos;


 2) Há um só Nome que está acima de todo nome pelo qual importa que as
pessoas sejam salvas;
 3) Há um só Mestre para todos os irmãos e irmãs da família de Deus;
 4) Há um só Guia para todos os seguidores e discípulos de Cristo;
 5) Há um só Mediador entre Deus e todos os seres humanos;
 6) Há um só Pai Celestial para todos os seus filhos eternos e nascidos em Cristo,
e há só um Pai Eterno digno de ser chamado de “nosso Pai”;
 7) Há um só Pastor para todas as ovelhas de um só rebanho do Senhor;
 8) Há um só Rei dos reis, e há um só Senhor dos senhores;
 9) Há um só Fundamento sobre o qual todos os cristãos podem ser edificados;
 10) Há um só Cabeça sobre todos os membros do corpo ou da Igreja de Cristo.

Abaixo relacionamos, então, alguns textos para relembrar os princípios recém


mencionados acima:

1 Timóteo 2: 5 Porque há um só Deus e um só mediador entre Deus e os


homens, Jesus Cristo, homem,
6 o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para
servir de testemunho a seu tempo. (RC)

Mateus 23: 1 Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos:


...
8 Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso
Mestre, e vós todos sois irmãos.
9 A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é vosso
Pai, aquele que está nos céus.
10 Nem sereis chamados guias (ou líderes), porque um só é vosso
Guia, o Cristo.
11 Mas o maior dentre vós será vosso servo.
12 Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se
humilhar será exaltado.

João 10: 14 Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me


conhecem a mim,
15 assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a
minha vida pelas ovelhas.
16 Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém
conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e
um pastor.
----

Como o Único Cabeça da sua Igreja, Cristo nunca designou uma pessoa
sequer para esta fazer discípulos de si mesma ou das visões, instituições e
886

organizações que esta pessoa cria ou com as quais ela se associa no


presente mundo.
O Senhor Jesus chamou as pessoas a serem discípulos Dele e para
fazerem discípulos e seguidores de Cristo de tal forma que Ele seja o Único
Guia e Cabeça destes discípulos ou seguidores.

Colossenses 1: 26 ... o mistério que estivera oculto dos séculos e das


gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos;
27 aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória
deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da
glória;
28 o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a
todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo
homem perfeito em Cristo.
----

A mentalidade ou a proposição de definições de governo através de mediações


plurais foi permitida por Deus durante o período autorizado para o funcionamento da
Ordem de Arão. Entretanto, visto a fraqueza e a inutilidade daquela forma de regência
sobre a vida das pessoas, Deus, já desde os tempos antigos e também através do profeta
Ezequiel, profetizou o fim da regência espiritual plural sobre o seu povo, anunciando
também a condição única de Cristo que acabamos de mencionar acima e conforme
exemplificamos mais uma vez abaixo:

Ezequiel 34: 1 Veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo:


2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e
dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus: Ai dos pastores de Israel que se
apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas?
3 Comeis a gordura, vestis-vos da lã e degolais o cevado; mas não
apascentais as ovelhas.
4 A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não
ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não
buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.
5 Assim, se espalharam, por não haver pastor, e se tornaram pasto
para todas as feras do campo.
6 As minhas ovelhas andam desgarradas por todos os montes e por
todo elevado outeiro; as minhas ovelhas andam espalhadas por toda
a terra, sem haver quem as procure ou quem as busque.
7 Portanto, ó pastores, ouvi a palavra do SENHOR:
8 Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, visto que as minhas
ovelhas foram entregues à rapina e se tornaram pasto para todas as
feras do campo, por não haver pastor, e que os meus pastores não
procuram as minhas ovelhas, pois se apascentam a si mesmos e não
apascentam as minhas ovelhas, —
9 portanto, ó pastores, ouvi a palavra do SENHOR:
10 Assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu estou contra os pastores e
deles demandarei as minhas ovelhas; porei termo no seu pastoreio, e
não se apascentarão mais a si mesmos; livrarei as minhas ovelhas
da sua boca, para que já não lhes sirvam de pasto.
11 Porque assim diz o SENHOR Deus: Eis que eu mesmo procurarei as
minhas ovelhas e as buscarei.
887

12 Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra


ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de
todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de
escuridão.
13 Tirá-las-ei dos povos, e as congregarei dos diversos países, e as
introduzirei na sua terra; apascentá-las-ei nos montes de Israel,
junto às correntes e em todos os lugares habitados da terra.
14 Apascentá-las-ei de bons pastos, e nos altos montes de Israel será
a sua pastagem; deitar-se-ão ali em boa pastagem e terão pastos
bons nos montes de Israel.
15 Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz
o SENHOR Deus.
16 A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada
ligarei e a enferma fortalecerei; mas a gorda e a forte destruirei;
apascentá-las-ei com justiça.
17 Quanto a vós outras, ó ovelhas minhas, assim diz o SENHOR Deus:
Eis que julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.
18 Acaso, não vos basta a boa pastagem? Haveis de pisar aos pés o
resto do vosso pasto? E não vos basta o terdes bebido as águas
claras? Haveis de turvar o resto com os pés?
19 Quanto às minhas ovelhas, elas pastam o que haveis pisado com
os pés e bebem o que haveis turvado com os pés.
20 Por isso, assim lhes diz o SENHOR Deus: Eis que eu mesmo
julgarei entre ovelhas gordas e ovelhas magras.
21 Visto que, com o lado e com o ombro, dais empurrões e, com os
chifres, impelis as fracas até as espalhardes fora,
22 eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não sirvam de rapina, e
julgarei entre ovelhas e ovelhas.
23 Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu
servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor.
24 Eu, o SENHOR, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será
príncipe no meio delas; eu, o SENHOR, o disse.
25 Farei com elas aliança de paz e acabarei com as bestas-feras da
terra; seguras habitarão no deserto e dormirão nos bosques.
26 Delas e dos lugares ao redor do meu outeiro, eu farei bênção; farei
descer a chuva a seu tempo, serão chuvas de bênçãos.
27 As árvores do campo darão o seu fruto, e a terra dará a sua
novidade, e estarão seguras na sua terra; e saberão que eu sou o
SENHOR, quando eu quebrar as varas do seu jugo e as livrar das
mãos dos que as escravizavam.
28 Já não servirão de rapina aos gentios, e as feras da terra nunca
mais as comerão; e habitarão seguramente, e ninguém haverá que
as espante.
29 Levantar-lhes-ei plantação memorável, e nunca mais serão
consumidas pela fome na terra, nem mais levarão sobre si o
opróbrio dos gentios.
30 Saberão, porém, que eu, o SENHOR, seu Deus, estou com elas e
que elas são o meu povo, a casa de Israel, diz o SENHOR Deus.
31 Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto; homens sois,
mas eu sou o vosso Deus, diz o SENHOR Deus.
----
888

Por que Deus interrompeu a continuidade do sistema de regência plural de pastores


sobre aqueles que creem Nele e que constituem o seu povo, incluindo no termo
pastores também os sacerdotes, escribas, príncipes, reis e profetas?
Conforme já exposto amplamente em capítulos anteriores, Deus permitiu aos seres
humanos tentarem viver por uma aliança segundo o intento carnal dos homens para
conhecerem a fraqueza e inutilidade das proposições sugeridas por eles. Entretanto,
vindo a “plenitude do tempo” em que a fraqueza das referidas propostas já estava
amplamente demonstrada, Deus, através de Cristo Jesus, interrompeu aquela antiga
aliança e a declarou obsoleta e revogada uma vez que Deus não criou os seres humanos
para serem como filhos que não tenham acesso direto e pessoal ao seu Pai Eterno.
A regência exclusiva e direta do Senhor Jesus Cristo como o Cabeça
sobre toda a sua Igreja ou sobre toda a família de Deus é a manifestação
clara do propósito que sempre esteve no coração de Deus para com todas
as pessoas a fim de que cada pessoa possa conhecer e ter comunhão
pessoal com o seu Criador Eterno.

Romanos 5: 10 Porque, se nós, quando inimigos, fomos reconciliados


com Deus mediante a morte do seu Filho, muito mais, estando já
reconciliados, seremos salvos pela sua vida;
11 e não apenas isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso
Senhor Jesus Cristo, por intermédio de quem recebemos, agora, a
reconciliação.

2 Coríntios 5: 18 Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo


mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação,
19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o
mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos
confiou a palavra da reconciliação.

Ora, considerando que o sistema de mediação sacerdotal ou pastoral da Ordem de


Arão não funcionou e se mostrou fraco e inútil, acrescido ainda de ser destrutivo para a
vida das pessoas que o seguem, Deus não iria querer libertar as pessoas das antigas
escravidões das dominações de outras pessoas e reconciliá-las consigo mesmo em
Cristo para depois voltar a escravizá-las àquilo que já foi provado que não funciona.
Na nova aliança oferecida por Deus em Cristo Jesus, conforme está exposto no
estudo Conhecendo Sobre Deus ou Conhecendo a Deus, somos convidados a conhecer
pessoalmente a Deus para que também sejamos instruídos, primeiramente, pelo
Senhor através do seu precioso e imensurável Espírito Santo.

Hebreus 8: 8 E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o


Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de
Judá,
9 não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os
tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito; pois eles
não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o
Senhor.
889

10 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois


daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis,
também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo.
11 E não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao
seu irmão, dizendo: Conhece ao Senhor; porque todos me
conhecerão, desde o menor deles até ao maior.
12 Pois, para com as suas iniquidades, usarei de misericórdia e dos
seus pecados jamais me lembrarei.
13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que
se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.

Mateus 11: 28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
29 Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso
e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma.
30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve.

João 14: 26 ... mas o Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará
em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar
de tudo o que vos tenho dito.
----

No cumprimento da missão que havia recebido do Senhor, Paulo, como um apóstolo


de Cristo, por exemplo, jamais se apresentou para ser “cabeça” de outros cristãos,
deixando explícito, por diversas vezes, quem ele era e quem Cristo era para com os
demais membros do corpo ou da Igreja de Cristo.
Paulo disse que importa, e muito, como as pessoas consideram umas às outras,
inclusive aquelas que pregam e ensinam mais intensamente sobre o Evangelho de Deus
para que ninguém venham a enaltecer os servos de Cristo em demasia e em
contrariedade à condição exclusiva de Cristo sobre a sua Igreja, conforme
exemplificado mais uma vez abaixo:

1 Coríntios 4: 1 Assim, pois, importa que os homens nos considerem


como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus.
2 Ora, além disso, o que se requer dos despenseiros é que cada um
deles seja encontrado fiel.

1 Coríntios 3: 4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu,


de Apolo, não é evidente que andais segundo os homens?
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e
isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
6 Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.
7 De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega,
mas Deus, que dá o crescimento.
----
890

Paulo escreve a nós que no relacionamento entre os membros do corpo


de Cristo, é crucial que uns não considerem aos outros além do que eles
são, ou, em outras palavras, não os considerem mais do que cada um é
diante de Deus e do corpo de Cristo.
Quando Paulo diz que as pessoas deveriam considerá-lo como “ministro ou servo de
Cristo” e “despenseiro dos mistérios de Deus”, ele não tinha a mentalidade distorcida
dos nossos dias onde as pessoas veem a expressão “ministro de Deus” como um título,
um cargo e uma posição elevada acima dos demais cristãos, mas ele considerava a si
próprio e vivia segundo o que a palavra ministro ou servo significava em seus dias.
A palavra ministro à qual Paulo faz referência, por exemplo, segundo as anotações
associadas na Online Bible ao léxico de Strong, significa:

Criado;
Remador de baixa categoria, remador subordinado;
Qualquer que serve com as mãos: criado;
No NT, dos empregados ou serventes dos magistrados;
Servos de um rei, criados, acompanhantes, os soldados de um rei, dos atendentes de uma
sinagoga;
Servos de alguém que ministra ou presta serviços;
Alguém que ajuda outro em algum trabalho;
Assistente.

Um “ministro ou servo de Cristo”, de acordo com o descrito pelo significado da


palavra exposta acima, não é chamado para reinar sobre os seus irmãos ou dominá-los,
antes é chamado para servir em nome do Único Rei a quem todos são chamados a ter
como o Cabeça das suas vidas.
Já como “despenseiros dos mistérios de Deus”, vemos que Paulo se apresenta como
um mordomo ou distribuidor dos mistérios de Deus.
Mas quais eram os mistérios de Deus que Paulo foi chamado a apresentar às
pessoas?
Os mistérios de Deus que Paulo e outros servos do Senhor anunciavam
depois da vinda de Cristo em carne ao mundo eram as boas novas de
salvação eterna e do Evangelho que revelavam às pessoas o fato de que
somente Cristo é o Salvador, Senhor, Sumo Sacerdote Eterno, Rei da
Justiça e Rei da Paz, ou ainda, que somente Cristo é o Cabeça do seu corpo
ou da sua Igreja.
E o verdadeiro “ministro de Cristo” é humilde, é servo de Cristo e não
aceita ser visto pelas demais pessoas acima do que convém a ele como
membro do corpo de Cristo, e também é aquele que sempre aponta para
Cristo como o Único e Soberano Cabeça de toda a sua Igreja, não aceitando
jamais ser posto em posição equivalente à de Cristo, nem ainda em
pequena medida.
O verdadeiro “ministro de Cristo”, o que serve ao Senhor, apesar de
também ser filho de Deus, não compete com Aquele que ele serve, não
compete para ter a posição de quem Ele é servo ou ministro, e não entra
em disputa com Aquele que o chamou no sentido de tentar tomar a glória
do Senhor para si diante daqueles a quem ele foi enviado a servir.
891

Todo indivíduo que se diz “ministro ou servo de Cristo”, mas também quer ser
cabeça de outros cristãos, ou quer parcialmente ser cabeça, é um indivíduo agindo em
falsidade e em contrariedade à posição de Cristo como o Único Cabeça e, portanto, não
deve ser aceito como “ministro de Cristo”, pois apesar de usar o termo ministro, não é a
Cristo que ele serve de fato.

Lucas 11: 23 Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não
ajunta espalha.

Tanto através de ensinos como seu exemplo pessoal, Paulo nos instrui
repetidamente que um membro do corpo não é cabeça e mediador de outro membro do
corpo, mas como membro, sempre deveria permanecer na condição de membro.
Ainda que um membro, em certos momentos, pôde ou pode ser útil e de grande
auxílio a outros membros, isto não lhe transforma em cabeça e nem lhe confere o
direito de ser líder de outro membro do corpo ou da Igreja de Cristo.
Como é precioso o conceito de uma família saudável no seu relacionamento quando
se reúne. Entretanto, como é triste e doentio quando um irmão ou irmã quer impor-se
sobre o outro irmão ou irmã por que, por exemplo, tem um cargo e uma profissão mais
valorizada na sociedade ou porque acha que serviu mais aos outros que os outros lhe
serviram.
Cristo nos apresenta uma nova aliança e um novo sacerdócio. E já vimos
que a troca de sacerdócio implica em mudança de lei. E, por sua vez, a
troca de lei também inclui deixar para trás o sistema associado àquela lei,
inclusive o sistema de governo plural sobre o povo que havia na antiga
aliança.
A lei da nova aliança é a lei de Cristo e a lei da liberdade no Senhor. E
sob esta lei, todos são livres para se achegarem a Cristo e, por meio Dele,
ao Pai Celestial para serem também instruídos e guiados por Aquele a
quem Deus estabeleceu como o Cabeça de toda a sua Igreja, na qual todos
são irmãos e irmãs, mediante a fé em Deus, da mesma família de filhos do
Pai Celestial, e na qual todos são chamados a considerar uns aos outros em
respeito e amor.

1 João 4: 21 Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele


que ama a Deus ame também a seu irmão.

1 Coríntios 7: 23 Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos


de homens.

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão. (RC)
892

I. Um Aspecto Altamente Negativo da Resistência a Cristo como


o Cabeça da Sua Igreja

Na medida em que passamos a ver a glória de Cristo estabelecido por Deus como o
Cabeça, passamos a ver que Cristo é o Cabeça (1) de cada pessoa que Nele crê e o recebe
como o Senhor, (2) de cada matrimônio estabelecido segundo o princípio de Deus e (3)
de todo o conjunto de cristãos genuínos também chamado de corpo de Cristo, a Igreja
de Cristo ou a Igreja de Deus.
E um dos aspectos essenciais da posição de Cristo como o Cabeça de toda a pessoa
que Nele crê e de toda a sua Igreja está relacionado ao estabelecimento da reconciliação
de cada indivíduo com Deus a tal ponto que cada um possa ser guiado diretamente pelo
Senhor, mas também para que cada indivíduo possa cooperar com as ações de Deus
realizadas através de muitos cristãos, conforme exemplificado respectivamente abaixo:

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

Efésios 3: 8 A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça


de pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo
9 e manifestar qual seja a dispensação do mistério, desde os séculos,
oculto em Deus, que criou todas as coisas,
10 para que, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus se torne
conhecida, agora, dos principados e potestades nos lugares
celestiais,
11 segundo o eterno propósito que estabeleceu em Cristo Jesus, nosso
Senhor,
12 pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé
nele.

2 Coríntios 1: 11 ... ajudando-nos também vós, com as vossas orações a


nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nosso
respeito, pelo benefício que nos foi concedido por meio de muitos.
----

Quando, porém, passamos a abordar o tema sobre a Igreja de Cristo, há alguns


aspectos muito relevantes que precisam ser observados devido à uma série de
conceituações equivocadas sobre a Igreja do Senhor que foi se espalhando pelo mundo
com o passar dos séculos.
Conforme já comentamos nos tópicos anteriores, a governo de Cristo, como o
Cabeça da sua Igreja, não é segundo os reinos da Terra, e nem a Igreja foi chamada
para ser cabeça de si mesma ou de partes de si própria. Aspectos estes, que tornam a
regência sobre a Igreja de Cristo singular e distinta, mas que também desperta oposição
precisamente por ser tão diferente das regências ou das formas de governar segundo os
seres humanos e os reinos do presente mundo.
893

Considerando que muitas pessoas no mundo não querem a Cristo guiando as suas
próprias vidas, é evidente também que elas não irão querer a Cristo guiando os
aspectos coletivos nos quais elas vivem.
Entretanto, o aspecto que leva muitas pessoas resistirem à posição exclusiva de
Cristo como o Cabeça da sua Igreja é particularmente intrigante visto que a adesão à
Igreja de Cristo é completamente voluntária e opcional, o que nem sempre ocorre em
relação aos demais aspectos da sociedade na qual uma pessoa vive.
O que é intrigante na questão da oposição à regência exclusiva de Cristo
sobre a Igreja que pertence a Ele é o fato de pessoas quererem fazer parte
da Igreja de Cristo, mas não quererem aceitar as características de
funcionamento desta mesma Igreja.
Uma vez que, da parte de Deus, nenhuma pessoa é obrigada a participar da Igreja de
Cristo, pois a possibilidade de ser parte dela é um oferecimento de Deus através do
Evangelho e que somente pode ser aceito por voluntariedade de fé em Cristo, por que,
então, as pessoas querem tanto fazer parte da Igreja do Senhor e mudar as
características de governo desta Igreja se podem optar em nem fazer parte dela?
Diante desta última pergunta, passamos a ver mais uma vez a importância de Deus
ter permitido, para testemunho histórico, que um grupo de pessoas pudesse tentar
viver segundo a Ordem de Arão ou segundo a ordem sujeita à lei de Moisés, pois os
mesmos aspectos carnais que levaram as pessoas a optarem pelo primeiro
e falho sacerdócio levítico, também são os mesmos aspectos que levam as
pessoas a quererem ser parte da Igreja de Cristo, mas, ao mesmo tempo,
não quererem o governo direto de Cristo sobre suas vidas pessoais.
As pessoas que querem fazer parte da Igreja de Deus, mas não querem que Cristo
reine sobre as suas vidas pessoais, adotam, com outros nomes, as mesmas atitudes que
as pessoas do povo liberto da dominação do Egito adotaram no deserto quando
queriam a salvação, proteção e o cuidado do Único Deus verdadeiro, mas que não
queriam que este Deus se relacionasse pessoalmente com cada indivíduo para que os
seus corações não fossem iluminados com a instrução e os caminhos do Senhor.
Há muitas pessoas no mundo que querem ser parte da Igreja de Cristo devido à
salvação e bênçãos que pensam poder obter por estarem associadas a ela, pois
reconhecem que a Igreja de Cristo é um caminho essencial pelo qual Deus atua, mas, ao
mesmo tempo, não querem Cristo regendo as suas vidas, colocando-se desta forma
entre aqueles que “coxeiam entre dois pensamentos” que não podem ser
compatibilizados.
Muitas pessoas que resistem à posição de Cristo como o Cabeça da sua Igreja são
aquelas que querem fazer parte da Igreja do Senhor pelos benefícios que pensam que
poderão obter da associação à Igreja do Senhor, mas que não querem de fato o governo
ou senhorio do próprio Cristo sobre as suas vidas.
E quando vemos a resistência que as pessoas fazem à posição de Cristo como o
Cabeça da sua Igreja, mas, ao mesmo tempo, querendo ser parte da Igreja de Cristo por
causa dos benefícios que pensam poder alcançar desta associação, podemos observar
mais uma vez como o ser humano, confiante em si mesmo, pode ser soberbo e
presunçoso, pensando que Deus deve lhe abençoar pelo fato de praticar algumas obras
externas ainda que não venha a ter um coração humilde ou contrito diante do Senhor.
894

O mesmo pensamento de realização de obras e adesão externa que havia nas pessoas
da antiguidade em relação à Ordem de Arão, também é um pensamento que muitos
têm como sendo algo possível de ser feito em relação à Igreja de Cristo, não se dando
conta, porém, que quando se muda o sacerdócio, necessariamente há
também mudança de lei, e ainda, que em Cristo, ninguém é justificado por
associações exteriores, circuncisão ou prática de obras mesmo que as pessoas aleguem
que suas obras estão sendo feitas em associação à Igreja de Cristo.
Quando vemos a resistência que as pessoas fazem à posição de Cristo
como o Cabeça da sua Igreja, mas querendo ao mesmo tempo ser parte da
Igreja de Cristo por causa dos benefícios que pretendem alcançar da
associação a ela, podemos observar mais uma vez como o ser humano,
confiante em si mesmo ou em outros seres humanos, resiste a dar a
primazia da sua vida e a devida glória ao Deus que o criou.
E, por sua vez, quando passamos a retornar à questão de quem terá a primazia na
vida de cada pessoa, voltamos, novamente, ao mesmo ponto do pecado de Adão e Eva,
assim como do pecado de resistência à primazia de Deus que havia por trás da Ordem
de Arão.

Hebreus 3: 10 Por isso, me indignei contra essa geração e disse: Estes


sempre erram no coração; eles também não conheceram os meus
caminhos.
11 Assim, jurei na minha ira: Não entrarão no meu descanso.
12 Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós
perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo;
13 pelo contrário, exortai-vos mutuamente cada dia, durante o
tempo que se chama Hoje, a fim de que nenhum de vós seja
endurecido pelo engano do pecado.
----

Apesar das pessoas que não querem a Cristo em seus corações e não querem fazer
parte da Igreja de Cristo também não experimentarem a salvação de Deus e os
benefícios que acompanham esta salvação, em alguns sentidos, a atitude delas é ao
menos mais explícita do que aqueles que dizem querer fazer parte da Igreja, mas não
querem na realidade que a primazia em suas vidas pertença ao Único Cabeça da Igreja
de Deus.
A condição intermediária entre querer a Igreja, mas não querer as condições que
acompanham a associação à esta Igreja para ser de fato parte dela, que resumem-se em
estar ligado e manter-se ligado ao Cabeça do corpo, coloca uma pessoa que a adota em
uma posição muito precária e na qual, diante de Cristo, não será permitido que ela
permaneça desta forma, mesmo que tente mostrar uma aparente devoção a Deus ou
tente se ocultar por detrás de uma aparente fidelidade para com o Senhor e à sua Igreja.

Apocalipse 3: 15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente.


Quem dera fosses frio ou quente!
16 Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de
vomitar-te da minha boca;
17 pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e
nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu.
----
895

Portanto, nenhuma pessoa pode ser fiel à Igreja de Cristo se ela não for,
primeiramente, fiel a Cristo, o Único estabelecido por Deus como o Cabeça de cada
indivíduo que crê e permanece Nele.
Nenhuma ação horizontal para com a Igreja de Cristo pode compensar a
ausência da permanência em Cristo e de se submeter a Cristo como Ele
sendo o Senhor ou Cabeça da vida individual daquele que Nele crê.
A comunhão e o amor entre aqueles que são da Igreja do Senhor
somente são possíveis de serem praticados por aqueles cristãos que,
primeiramente, tem comunhão com o Senhor Jesus e a Ele se sujeitam.

1 João 1: 1 O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos
visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas
mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida
2 (e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos
testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o
Pai e nos foi manifestada),
3 o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para
que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa
comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo.

1 João 5: 2 Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando


amamos a Deus e praticamos os seus mandamentos.
----

A não aceitação da primazia, soberania e governo de Cristo como o


Cabeça na vida pessoal, mas ainda assim querer os benefícios de Deus,
assim como ocorreu no deserto com o povo liberto do Egito, é uma das
razões mais proeminentes que fazem surgirem tantas tentativas de
estabelecer conceitos variados de igrejas, mas que, ao mesmo tempo,
também contrariam tanto o que é de fato a verdadeira Igreja do Senhor.
É em Cristo que uma pessoa é convidada a ser habilitada para ser
instruída e capacitada também para reger a sua vida de comunhão com os
outros sem querer dominar os seus semelhantes. E se uma pessoa se
afastou desta simplicidade que há no relacionamento entre Cristo e os
membros da sua Igreja, cabe a ela um genuíno arrependimento diante do
Senhor a quem exclusivamente pertence a condição de Cabeça da sua
própria Igreja.

Apocalipse 3: 19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois,


zeloso e arrepende-te.
20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.
21 Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim
como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
896

Romanos 5: 17 Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a


morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da
justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.

Tiago 4: 7 Sujeitai-vos, portanto, a Deus; mas resisti ao diabo, e ele


fugirá de vós.
897

J. A Igreja Celestial e as Perversas Tentativas de Torná-la


Terrena

Como resultado do anelo por fazer parte da Igreja de Cristo para obter benefícios a
partir dela, mas, ao mesmo tempo, como resultado de não querer o governo de Cristo
como o Cabeça ou não saber desta regência do Senhor, muitas oposições à soberania e à
exclusividade de Cristo sobre o seu corpo têm sido adotadas ao longo dos séculos após o
Senhor ter revelado a existência da sua Igreja aos seres humanos.
Estas oposições, motivadas por aspectos já expostos no tópico anterior, variam
desde pessoais e pequenas resistências até oposições organizadas e institucionalizadas
de formas muito extensas ou grandes.
E novamente, para compreender algumas das principais oposições à posição de
Cristo como o Único Cabeça da sua Igreja, é imprescindível compreender que a Igreja
de Cristo não pode ser dissociada das pessoas que tem a Cristo como o Senhor.
Algo que é muito significativo ter em mente ao ler as Escrituras sobre a Igreja de
Cristo é o aspecto de que nos dias em que as Escrituras foram produzidas, não havia
ainda uma cultura tão expressiva de pessoas jurídicas e de instituições que há nos dias
contemporâneos, permitindo fazer referências à Igreja sem o peso e a ênfase que as
instituições jurídicas têm nos dias atuais.
Quando, por exemplo, as Escrituras mencionam sobre funções como as de diáconos,
anciãos ou presbíteros, elas não estão se referindo às titulações de cargos que as
pessoas ocupam nas instituições jurídicas como, por exemplo, nas empresas, clubes ou
instituições religiosas como nos dias recentes.
O crescimento industrial e a urbanização das pessoas nos últimos e recentes séculos
acentuaram muito as questões das organizações jurídicas ou formalmente instituídas, e
as quais foram criadas para que a população pudesse ter um referencial mais definido
dos seus diversos ajuntamentos que passaram a fazer em torno de áreas comuns de
trabalho ou de encontro.
Até a poucos séculos atrás, era muito mais comum se fazer a referência às próprias
pessoas de acordo com as suas profissões do que a uma empresa na qual alguém
trabalhasse. Antigamente fazia-se muito mais referência ao cabeleireiro, ao padeiro, ao
marceneiro, ao ferreiro, ao fazendeiro, ao agricultor do que à barbearia, padaria,
oficina, fazenda ou empresa agrícola como se faz nos dias atuais.
Com o advento do crescimento institucional e do estabelecimento da contabilidade
empresarial e tributária, de certa forma, houve uma despersonalização de pessoas em
muitas áreas, levando ao fato de que atualmente, muitas vezes, as pessoas falam mais
das suas relações com entidades jurídicas do que dos seus relacionamentos com as
pessoas que nelas trabalham.
Entretanto, em relação à Igreja de Cristo, esta concepção institucional é
completamente inapropriada, pois a Igreja de Cristo não é e nunca virá a ser um órgão
organizacional humano e que possa ser concebido e registrado como tal na Terra, assim
como o reino de Deus na Terra não vem com forma aparente e visível.

Lucas 17: 20 Interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de


Deus, Jesus lhes respondeu: Não vem o reino de Deus com visível
aparência.
898

21 Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está
dentro de vós.

Muitas instituições registradas podem receber o nome de “igreja”, mas


considerando que a “Igreja de Cristo”, basicamente ou essencialmente, é
constituída de pessoas, e pessoas salvas em Cristo Jesus, absolutamente
nenhum registro humano institucional que se intitula de “igreja” é de fato
“a Igreja de Cristo”.
As tentativas de institucionalização da Igreja de Cristo sob parâmetros
terrenos e humanos são tentativas carnais e distorcidas para tentar
registrar na Terra o que não pode ser registrado no mundo natural.
A Ordem de Arão tinha templos e registros terrenos. Já a Igreja de
Cristo tem um santuário nos céus e em cada coração, e jamais tem ou
poderá ter um santuário feito por mãos humanas, tanto é que a permissão,
por parte de Deus, para a edificação de templos humanos cessou também
junto com a revogação da antiga aliança e da declaração de obsolescência
da Ordem de Arão, Moisés ou Levítica.

Hebreus 8: 1 Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos
tal sumo sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade
nos céus,
2 como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.

A não ser o coração, a tentativa de transformar um prédio, uma casa,


uma tenda ou qualquer outro aspecto humano em um templo cristão ou
chamar isto de Igreja de Cristo é resistir ao Espírito Santo e é resistir ao
que Cristo veio prover a partir de sua morte na cruz do Calvário, da sua
ressurreição e da sua posição celestial na qual foi assentado pelo Pai
Eterno.

Atos 7: 47 Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa.


48 Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos
humanas; como diz o profeta:
49 O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa
me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso?
50 Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?
51 Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos,
vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos
pais, também vós o fazeis.

Reuniões em que os cristãos se encontrarem pessoalmente, obviamente, precisam de


um local físico ou terreno para fazê-lo, e isto pode ser uma casa ou suas casas, uma
praça, um parque, um salão que alguém disponibiliza e outras áreas. Entretanto, sob
nenhuma hipótese, algum destes locais poderá vir a se tornar na Igreja de Cristo, pois a
Igreja do Senhor são pessoas e não locais, imóveis, instituições ou outras coisas
terrenas.
899

Portanto, insistir em tentar transformar a “Igreja de Cristo” em “igrejas” atreladas a


algo tangível fisicamente ou juridicamente é, em essência, uma oposição ao que vem a
ser a verdadeira “Igreja de Cristo”. É uma oposição que procura afastar as pessoas do
entendimento de que a “Igreja de Cristo” são as pessoas e não as condições e os locais
nos quais se reúnem.
A insistência nas tentativas de associar a “Igreja de Cristo” à “igrejas
associadas às coisas terrenas” é uma das mais eminentes oposições e
resistências à “Igreja de Deus” ao longo dos séculos, e também um dos
meios que mais patrocina o surgimento de sucessivas distorções do que
efetivamente é a “Igreja de Cristo” e de como a “Igreja do Senhor” é
governada pelo Senhor Jesus.
É através das tentativas de tornar a “Igreja de Cristo” em “igrejas
terrenas” que surgem as mais diversas distorções sobre o entendimento
das funções dos membros do corpo de Cristo, assim como surgem as
equivocadas concepções de títulos e cargos aos quais os seres humanos
tanto se apegam.
O Senhor Jesus Cristo disse que “onde dois ou três” se reunissem em seu nome, “lá
Ele estaria”, e isto, também no sentido de dizer que ali estaria manifesto um encontro
do seu corpo ou da sua Igreja, mostrando-nos que são as pessoas que determinam
quando a Igreja está reunida ou não, e não os supostos locais ou as instituições que elas
poderiam vir a criar ou definir para estes encontros.
Quando pessoas começam a dizer que elas “vão a igreja”, “frequentam a
igreja a, b ou c” ou que elas “vão edificar a Igreja” pensando em locais
físicos, elas já se desviaram da essência do que é o corpo de Cristo e se
enveredaram para concepções e termos que usam o nome de “igreja”, mas
que não são, de fato, a “Igreja de Cristo”.
Quando vemos Paulo, quando ainda era mais conhecido pelo nome Saulo, entrar nas
casas e perseguir aos cristãos, nós vemos narrado que ele perseguia a Igreja de Cristo
perseguindo as pessoas da Igreja do Senhor, e não propriamente as suas casas.
Entretanto, as suas perseguições eram ineficazes porque a Igreja viva de Cristo,
constituída por seus membros vivos e não por locais ou prédios, saía andando por todos
os lugares que eram dispersos pregando e testemunhando sobre Cristo Jesus.

Atos 8: 3 Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas; e,


arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere.
4 Entrementes, os que foram dispersos iam por toda parte pregando
a palavra.
----

A tentativa de institucionalizar a Igreja de Cristo é muito almejada pelos


inimigos da Igreja do Senhor, porque é muito mais fácil perseguir
instituições e agrupamentos formalmente estabelecidos e agrupados, mas
também é muito mais tangível dominar instituições do que pessoas livres e
não agrupadas formalmente nos padrões humanos.
O templo físico de Jerusalém construído sob o governo de Herodes, por exemplo, foi
derrubado pelos romanos alguns anos depois que Cristo veio em carne ao mundo e não
foi mais reedificado até os dias presentes. Entretanto, nem todo o poderoso império
900

romano foi capaz de apagar a chama crescente da fé cristã no coração de milhares e


milhares de homens, mulheres, crianças, livres ou escravos que passaram a crer em
Cristo Jesus.
Conforme já mencionamos nos tópicos anteriores, a Igreja de Cristo não tem
estrutura institucional ou hierárquica na Terra. E também é isto que a torna tão
singular e, ao mesmo tempo, tão resistida por aqueles que querem algum tipo de
dominação e controle sobre os membros do corpo de Cristo.
A tentativa de institucionalização da Igreja de Cristo é muito almejada
porque é nas instituições ou nos agrupamentos humanos estruturados que
as pessoas conseguem “fatiar” o conjunto todo em partes e de tal forma
que estas partes possam ser concedidas ou loteadas àqueles que procuram
obter algum espaço de dominação sobre os outros.
Enquanto as pessoas na Igreja de Cristo recebem dons e funções para
servirem aos outros, e cada membro é chamado a considerar os seus
semelhante superiores que a si mesmo, nas instituições ou agrupamentos
formais, a demanda é por líderes, sublíderes, auxiliares de líderes e
auxiliares de auxiliares de líderes.
As proposições que querem institucionalizar a Igreja de Cristo são
tentativas de transformar a Igreja de Deus em modelos de governo dos
seres humanos, não sendo isto diferente daquilo que o povo liberto
territorialmente da dominação do Egito pediu a Deus ao requerer
sacerdotes e, mais tarde, reis mediadores e suas estruturas entre as
pessoas deste povo e Deus.
Já vimos nos tópicos anteriores que o Senhor Jesus Cristo explicitamente advertiu
aos seus discípulos a não se intitularem de mestres, guias ou líderes de uns para com os
outros, porque eles foram chamados a serem uma família e porque eles foram
chamados para serem irmãos e irmãs da família de Deus e não membros de uma
instituição ou organização na qual alguns precisam se elevar sobre os outros para
governarem as instituições.
Procurar estabelecer a Igreja de Cristo como uma organização humana
já é uma severa deturpação daquilo para o qual a Igreja de Cristo é
chamada, mas esta pretensão também visa se opor contra a própria
definição do que essencialmente é família de Deus.
Em outra situação, o Senhor Jesus Cristo também claramente admoestou aos seus
seguidores a não pensarem na Igreja do Senhor como os governantes do mundo
pensam, e os admoestou a agirem segundo os princípios de Cristo para com o seu
corpo, conforme exposto a seguir:

Mateus 20: 25 Então, Jesus, chamando-os, disse: Sabeis que os


governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem
autoridade sobre eles.
26 Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se
grande entre vós, será esse o que vos sirva;
27 e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo;
28 tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
901

Lucas 22: 25 Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre
eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores.
26 Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja
como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve.
27 Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura,
não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem
serve.
----

Há muito material a ser explorado nestes dois últimos textos expostos acima quando
os vemos na perspectiva da Igreja de Cristo. Porém, estes textos somente podem ser
vistos de forma apropriada se uma pessoa estiver desvestida dos óculos da tentativa de
institucionalizar a Igreja de Cristo.
A compreensão do que estamos procurando expor pode ser crucial, pois há várias
pessoas no mundo afora que dizem que Cristo falou muito pouco sobre a sua Igreja
enquanto esteve em carne no mundo, e que, por isto, carecemos de mais conhecimento
vindo de Cristo sobre a Igreja e o qual somente nos foi suprido posteriormente de
forma mais extensa por Paulo.
Entretanto, o pensamento do parágrafo anterior não é procedente ou correto se
entendermos que a Igreja de Cristo não é uma instituição ou uma figura terrena que
tem vida por si só ou dissociada dos membros do corpo de Cristo, como muitos gostam
de se referir ao que supõem ser a Igreja do Senhor.
O pensamento de que Cristo ensinou efetivamente pouco sobre a sua
Igreja somente ganha guarida e cresce se as pessoas desprezarem o fato de
que a Igreja do Senhor são as pessoas que creem em Cristo e o recebem
como Senhor nos seus corações.
Assim, por exemplo, quando o Senhor Jesus declara que “bem-aventurados” são
aqueles que Nele creem e o seguem, ele está falando diretamente da Igreja, pois está
falando daqueles que compõem esta Igreja.
Cada ensino do Senhor Jesus sobre como uma pessoa se torna ligada a
Ele, como uma pessoa permanece Nele e como uma pessoa pode viver e
andar Nele é um ensino sobre a Igreja, pois Ele está se referindo à parte
essencial do que é a própria composição da Igreja, aspecto que muitos não
veem porque deixaram se distrair por explicações fascinadoras e falsas
sobre o que vem a ser o corpo ou a Igreja de Cristo.
Quando pessoas aceitam a ideia de que a Igreja de Cristo precisa de líderes que
estejam à frente da Igreja, muitas delas aceitam este tipo de instrução porque pensam
em igreja na terceira pessoa independente de seus membros e pensam na igreja como
algo terreno, tangível aos olhos e como algo que pode ser constituído em bases
humanas.
Um “rebanho” de ovelhas, por exemplo, é só um conceito. E, por sua vez, o conceito
“rebanho de ovelhas” em si próprio, nada pode fazer, pois ele é inerte e sem vida se
desprovido das ovelhas.
Desta forma, quando alguém diz que o “rebanho” fez algo ou deixou de fazer algo,
isto, na realidade, somente pode apresentar algum sentido se a referência é direcionada
ao que as “diversas ovelhas de um mesmo conjunto” fizeram ou deixaram de fazer.
902

Até mesmo as instituições não funcionam se não houverem pessoas que deem força
e vida para elas atuarem, ficando com isto demonstrado que por detrás das ações das
chamadas instituições, na realidade, há ações de pessoas que usam destas instituições
para realizarem os seus intentos, atos ou obras.
Conforme também já vimos anteriormente, a Igreja de Cristo não existe dissociada
de pessoas, o que nos leva a ver que a igreja meramente em seu “termo coletivo” na
realidade não pode realizar absolutamente nada, pois o que uma igreja faz somente
expressa o que pessoas desta igreja fizeram e ainda fazem.
Portanto, quando Cristo ensina aos membros da sua Igreja sobre como eles devem
se relacionar com outros membros desta mesma Igreja, Ele está apresentando
essencialmente ensinos sobre a própria Igreja de Cristo.
Qualquer instrução do Senhor sobre as formas de conduta das pessoas
que são seguidoras de Cristo, quer em relação a Ele, ao mundo e aos
membros do corpo de Cristo, são também definições pertinentes à Igreja
de Cristo.
Quando o Senhor Jesus Cristo diz, “não é assim entre vós” e “mas vós
não sois assim”, Ele, ao definir como são os membros que compõem esta
Igreja, está apresentando características de como é a sua Igreja ou como
esta Igreja deveria viver e andar.
Ao definir como é o relacionamento dos membros da Igreja de Cristo e
de Deus com Aquele a quem a Igreja pertence, e ao definir como deveria
ser o relacionamento entre os membros do corpo de Cristo, o próprio
Senhor Jesus revelou características fundamentais da sua Igreja.
Pessoalmente, o Senhor Jesus Cristo de fato não utilizou muitas vezes a palavra
igreja enquanto estava em carne no mundo. Porém, Ele continuamente ensinou o que
são os membros que efetivamente compõem a sua própria Igreja, o que deles Ele espera
e como eles devem se portar, mostrando-nos, através do seu exemplo de ensino aos
seus seguidores, que é na definição sobre os membros da sua Igreja que se encontra
também a definição da sua Igreja, sendo, portanto, um aspecto inseparável do outro.
Qualquer definição sobre a Igreja de Cristo que não seja consistente com a absoluta
soberania de Cristo sobre a sua Igreja, com o que o Senhor ensinou sobre as
características dos membros do seu corpo ou dos seus seguidores e com as suas
instruções a respeito do apropriado funcionamento da sua Igreja é contrária à Cristo e
não define o verdadeiro corpo de Cristo, fazendo nos lembrar mais uma vez do texto
que segue abaixo:

1 Timóteo 6: 3 Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as


sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a
piedade,
4 é enfatuado (soberbo), nada entende, mas tem mania por questões
e contendas de palavras, de que nascem inveja, provocação,
difamações, suspeitas malignas,
5 altercações sem fim, por homens cuja mente é pervertida e
privados da verdade, supondo que a piedade é fonte de lucro.
Aparta-te dos tais.
----
903

Cristo declarou aos Seus seguidores que eles devem ser diferentes dos dominadores
dos povos, porque em essência, como seguidores de Cristo e membros do corpo de
Cristo, eles já não são do mundo e não são chamados a agir de acordo com o mundo.

João 15: 15 Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz
o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto
ouvi de meu Pai vos tenho dado a conhecer.
16 Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos
escolhi a vós outros e vos designei para que vades e deis fruto, e o
vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em
meu nome, ele vo-lo conceda.
17 Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
18 Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me
odiou a mim.
19 Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como,
todavia, não sois do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso,
o mundo vos odeia.

João 17: 15 Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do
mal.
16 Eles não são do mundo, como também eu não sou.
----

Aqueles que são da Igreja de Cristo têm diferenças substanciais em


relação às pessoas que não são do corpo de Cristo. E eles são chamados a
critérios diferentes do mundo para o seu relacionamento com os outros
membros do corpo de Cristo, ensinando-nos o Senhor, que há condutas
que podem se aplicar aos povos em geral, mas que não necessariamente se
aplicam à Igreja do Senhor ou que nem devem fazer parte desta Igreja.
Nas poucas palavras dos últimos textos expostos neste tópico, podemos ver que em
seu ensino segundo o seu Evangelho, o Senhor Jesus deixou muito claro que há uma
conceituação de uso de autoridade na sociedade em geral que é muito distinta de como
é ou deve funcionar a Igreja que é composta pelos seguidores de Cristo e que têm a
Cristo como o Cabeça das suas vidas.
Quando o Senhor Jesus nos mostra um paralelo entre duas realidades amplamente
distintas e diz que os seus discípulos eram sabedores da forma de funcionamento dos
povos e de seus regentes, Ele também nos mostrou que não devemos ser ignorantes e
alienados quanto ao funcionamento dos povos em geral, mas, ao mesmo tempo,
também mostrou que os membros do corpo de Cristo são chamados a agirem e serem
diferentes do que viram e veem no mundo em que ainda vivem.
Os cristãos são chamados de sal da Terra e luz do mundo, e não é a vida terrena que
deveria ser o padrão de conduta dos cristãos e entre os cristãos. E isto, também é
ensino direto sobre o que é a Igreja de Cristo, pois a Igreja de Cristo são os próprios
cristãos e não templos, associações, ajuntamentos e todas as outras variações do que as
pessoas chamam de “igreja”.
Quando os cristãos começam a adotar posturas ou atitudes sugeridas pelos líderes
não cristãos para os seus relacionamentos entre irmãos e irmãs da fé, eles ficam
904

sujeitos ao risco de receberem instruções de pessoas como “Jetro”, (sogro de Moisés),


mas que também era sacerdote de Midiã, conforme vimos em capítulos anteriores.
Evidentemente, isto não significa que um cristão não possa ou não deva usar de
descobertas científicas, matemáticas e tecnológicas que as pessoas em geral descobrem
e desenvolvem, pois Deus dá alguns dons e boas dádivas naturais tanto aos que creem
em Cristo como aqueles que não creem. Entretanto, não é disto que o Senhor Jesus está
tratando. O assunto abordado pelo Senhor Jesus nos textos que vimos acima é bem
específico e direcionado ao relacionamento entre cristãos, ou seja, o relacionamento
entre os membros da sua Igreja ou os membros do seu corpo.
O que o Senhor destacou nos textos em referência é que quando os
seguidores de Cristo se relacionam com outros seguidores de Cristo, as
regras das autoridades dominadoras entre os povos não se aplicam, sob
nenhuma hipótese, à comunhão dos cristãos, dos irmãos e irmãs da sua
Igreja, pois “não é assim entre vós” e “vós não sois assim”.
O Senhor Jesus claramente estabeleceu que nenhum cristão tem
vocação da parte de Deus para reger ou dominar qualquer outro cristão
porque os cristãos são a Igreja ou o corpo de Cristo. Ou seja, como Igreja,
noiva ou corpo de Cristo, nenhum membro desta Igreja têm vocação de ser
cabeça sobre os outros, posição na qual Deus estabeleceu a Cristo com
“exclusividade”.
Por que, então, o Senhor Jesus definiu isto tão claramente?
A Igreja de Cristo é diferenciada de tudo que há na Terra exatamente por
ela não ter cabeças, guias, líderes, pastores ou pais terrenos designados a
estarem sobre a vida dos membros do corpo de Cristo. E é também isto que
incomoda de forma tão acentuada tanto aqueles que querem dominar a
outros, assim como aqueles que querem estar debaixo de dominadores e
chamá-los de benfeitores apesar de suas dominações cruéis e injustas.
Sem a direção de Deus no seu coração, o ser humano tende a querer dominar o seu
próximo, razão pela qual também Cristo definiu que o conceito de hierarquias e
estruturas de dominadores é um modelo segundo os povos da Terra ou das pessoas que
ainda não o receberam no coração como Senhor e Salvador.
Se o Senhor permitisse que entre os cristãos houvesse uma multiplicidade de
hierarquias como há nas instituições humanas, o Senhor estaria adotando ou
autorizando que também na sua nova aliança os conceitos dos povos gentios pudesse
vir a ser utilizado na Igreja e estaria permitindo que o conselho de Jetro a Moisés e o
conselho de sacerdotes mediadores do povo entrasse na relação dos irmãos e irmãs de
fé em Cristo.
Portanto, a Igreja da Nova Aliança, a Jerusalém Celestial, a Livre, é composta de
homens e mulheres libertas e salvas por Cristo para acessarem livremente o Cabeça de
todo o corpo. E nenhuma influência ou ação humana poderá alterar o que a Igreja de
Cristo é de fato eternamente diante do Deus Eterno.

Gálatas 4: 26(a) Mas a Jerusalém lá de cima é livre.


905

K. Os Pretensos Ministros e Doutrinas por Trás das Igrejas


Terrenas

Se algumas pessoas passam a pensar que a Igreja de Cristo é algo materializado


como um prédio, uma assembleia social, uma associação civil ou instituição terrena, e
não essencialmente o corpo composto pelas pessoas que têm a Cristo no coração como
o seu Senhor, estas pessoas também começam a ficar propensas a deixarem se iludir
com a ideia de que a Igreja de Deus precisa de administração terrena e humana, o que,
porém, não é verdade.
A consequência natural da entrega ao pensamento equivocado de que a Igreja de
Cristo é natural ou terrena, também, obviamente, leva as pessoas a avançarem em
pensamentos naturais ou mundanos em como a sua regência poderia ser realizada.
Se a Igreja de Cristo fosse uma figura de algo natural, um corpo terreno
ou uma corporação, ela também precisaria de administração e métodos
terrenos. E é por isto que muitos tentam passar este conceito sobre a Igreja
de Cristo, pois intentam que eles mesmos sejam aqueles que irão
preencher estas lacunas de posições de regência que uma “igreja” ou
“igrejas” terrenas iriam necessitar.
Assim, quando em tópicos anteriores, mencionamos que pode ocorrer de uma parte
da Igreja querer se colocar à testa de outras partes da Igreja, ainda que não autorizada
por Cristo para isto, vemos que, na realidade, são pessoas, membros da Igreja ou até
membros externos à Igreja, que podem tentar se erguer sobre outros membros com o
intuito de tentarem ser “cabeça” ou “regentes” sobre os membros desta Igreja.
Podemos ver, então, que a “parte da igreja” que tenta se colocar à testa no lugar de
Cristo na realidade não é um subconjunto abstrato da Igreja, mas sempre “são pessoas”
que estão por trás das ações que procuram dominar partes do corpo de Cristo.

2 Pedro 2: 17 Esses tais são como fonte sem água, como névoas
impelidas por temporal. Para eles está reservada a negridão das
trevas;
18 porquanto, proferindo palavras jactanciosas de vaidade,
engodam com paixões carnais, por suas libertinagens, aqueles que
estavam prestes a fugir dos que andam no erro,
19 prometendo-lhes liberdade, quando eles mesmos são escravos da
corrupção, pois aquele que é vencido fica escravo do vencedor.

Mateus 15: 14 Deixai-os; são cegos, guias de cegos. Ora, se um cego


guiar outro cego, cairão ambos no barranco.
----

Conforme também já mencionamos, uma igreja sem pessoas não tem vida em si
mesma e de fato nem existe, pois os seus meios de ações são os membros que
constituem uma igreja.
Assim, saber que por trás de cada ação de uma igreja, quer seja a de Cristo ou outras
igrejas terrenas, também há sempre indivíduos que realizam estas ações, nos conduz a
vermos de forma mais específica que por trás das tentativas de institucionalizar ou
906

tornar a Igreja de Cristo terrena, há, na realidade, pessoas que se prestam a


introduzirem e conduzirem estas tentativas.
E quando chegamos ao ponto de ver que sempre há pessoas envolvidas por trás das
tentativas de estruturar a Igreja de Cristo em instituições, hierarquias e organizações
similares às humanas, fica mais fácil observar o que pretendem alcançar aqueles que se
opõem à forma de governo da Igreja de Deus “em Cristo” e que querem modelos que
sigam parâmetros humanos de regência.
O que estamos procurando destacar neste ponto, contrário ao que muitos querem
dar a entender, é que as organizações humanas não têm vida autônoma e não são
independentes daqueles que criam ou dão sustentação à estas organizações.
Quando as pessoas dizem que uma certa igreja faz algo ou deixa de fazer algo, muitas
vezes eles falam da igreja como se esta tivesse poder de ação no seu aspecto
institucional, o que não é possível sem que haja indivíduos que efetivamente confiram
este poder ao que chamam de igreja.
Se, por uma lado, pessoas usam das organizações que criam e mantêm, por outro
lado, estas organizações somente conseguem atuar efetivamente se há pessoas que as
edificam e sustentam.
Quando se fala em pessoas e as organizações ou instituições que elas criam e
sustentam, quer informais ou formais, nem as organizações são independentes das
pessoas e nem as pessoas são completamente independentes das organizações que
mantêm, havendo, antes, uma atuação mesclada realizada pelas pessoas através das
suas organizações ou instituições.
Apesar das organizações, em vários segmentos, serem auxiliadoras da população,
como, por exemplo, diversas empresas, diversos órgãos governamentais, hospitais e
outros, e apesar das organizações poderem agrupar recursos e serem meios para as
pessoas realizarem diversos aspectos que sem elas talvez não conseguissem realizar,
são as pessoas que, no final das contas, dão movimentação às organizações.
Por outro lado, quando no presente capítulo abordamos o aspecto de que a Igreja de
Cristo não pode ser de fato institucionalizada ou organizada segundo os padrões de
organização humana e nem segundo às hierarquias das organizações humanas, não
estamos dizendo que nenhuma instituição humana deve ser criada para outras diversas
atividades na Terra e nem que estas organizações humanas não devam ter hierarquias.
O tema que está sendo abordado neste capítulo é o corpo ou a Igreja de Cristo, e
este, especificamente como tal, não existe para estar sujeito à organizações humanas
que queiram reger a Igreja do Senhor.
É quanto à Igreja de Cristo que estamos tratando sobre não haver a necessidade de
instituições humanas para o seu funcionamento, assim como irmãos e irmãs de uma
mesma família não precisam de instituições para se encontrarem como família.
Entretanto, isto também não significa que os membros da Igreja de Cristo irão se
encontrar de forma desordenada e sem respeito de uns para com os outros. O amor e o
respeito apropriado deveria fazer parte da conduta de cada cristão, o que, portanto, não
necessita do estabelecimento de instituições formais para ser praticado entre os
membros do corpo de Cristo.
Assim, retornando ao aspecto das tentativas de enquadrar a Igreja de Cristo em
instituições humanas, é altamente significativo sabermos que as pessoas tentam fazê-lo
907

por causa daquilo que pensam sobre a Igreja e almejam poder extrair da aglutinação de
cristãos debaixo de uma forma organizacional humana.
É sabido, por muitos, que o agrupamento de pessoas para propósitos em comum a
elas pode aumentar a força, os recursos, habilidades e muitos outros aspectos, mas
também é por isto, que muitas pessoas almejam dominar estes agrupamentos quando o
assunto refere-se à Igreja do Senhor.
Há pessoas que querem institucionalizar a Igreja de Cristo com o
objetivo de transformá-la em suas agências através das quais pretendem
realizar as suas vontades e para que possam crescer em poder para a
realização destas vontades e não a vontade do Cabeça Cristo.
Há pessoas que querem institucionalizar a Igreja de Cristo ou manter as
instituições que já existem com esta finalidade porque veem nestas opções
um meio para criarem os seus próprios “reinos”.
Muitas pessoas intentam sujeitar a Igreja de Cristo à instituições
humanas porque pensam nestas estruturas como uma via para crescerem
em poder e recursos ao fazerem uso dos membros e dos recursos que
seriam pertinentes exclusivamente a Cristo e jamais a eles.
Conforme já vimos no tópico anterior, há pessoas que literalmente pensam que a
dedicação deles à uma vida religiosa lhes confere o direito de fazerem desta devoção
uma fonte de lucro e através da qual intentam obter os seus lucros a partir daqueles à
quem eles alegam servir, mas o que, em seguida, também os leva a pensar que podem
dominar os seus semelhantes através de suas instituições. Aqueles que não têm pudor
de explorar aos que chamam de seus irmãos ou irmãs da igreja, também são aqueles
que tentam inserir conceitos carnais para dentro de suas organizações, como se a vida
segundo os padrões humanos e a vida em Cristo fossem iguais.
Os cristãos não necessitam de agências organizacionais cristãs para se
apresentarem ao mundo, pois cada cristão é chamado para ser sal da Terra
e luz do mundo em tudo o que ele faz, desde a sua conduta no lar perante
aqueles com os quais convive de forma tão próxima, bem como em todos os
seus atos que faz diante de outros cristãos e também de não cristãos.
A ideia de que o cristão tem que ser cristão através de instituições ou organizações
humanas pode causar efeitos desastrosos e terríveis para a vida dos cristãos desatentos
à verdade ensinada pelo Senhor, pois se eles assimilarem este tipo de pensamento, eles
podem vir a ficar destituídos da essência da vida cristã, a qual é a presença de Cristo
neles e com eles para viverem e andarem em Cristo.
Uma vez que um cristão genuíno, aquele que é nascido do Espírito de Deus, é
chamado para a liberdade de fé no Senhor a fim de estar livre para seguir aquilo que o
Senhor lhe orienta a fazer, o Senhor não chama um cristão para se associar a alianças
horizontais de organizações humanas que lhe dizem o que fazer em sua vida pessoal e
que se opõem à sua liberdade de ser guiado em Cristo.

João 3: 7 Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo.


8 O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde
vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.
908

Romanos 8: 14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são
filhos de Deus.

Gálatas 5: 18 Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.
----

Paulo, o apóstolo de Cristo que mais amplamente instruiu pessoas sobre a vida cristã
depois do próprio Senhor Jesus, não se associou à instituições para pregar o Evangelho
e nem para ensinar os discípulos de Cristo, pois ele sabia em Quem cria e sabia a
posição exclusiva do Senhor como Cabeça da sua Igreja, bem como sabia Quem de fato
edificava os membros do corpo de Cristo.
Paulo não sujeitou a si mesmo os cristãos a quem ele havia pregado e ensinado sobre
Cristo Jesus. Pelo contrário, ele chorou com profunda tristeza por saber que entre os
próprios cristãos surgiriam aqueles que acabariam cedendo e se rendendo ao intento de
dominar os seus semelhantes com suas aparentes ou falsas proposições de estarem
servindo a Cristo e à sua Igreja.

Atos 20: 29 Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão
lobos vorazes, que não pouparão o rebanho.
30 E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando coisas
pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles.
31 Portanto, vigiai, lembrando-vos de que, por três anos, noite e dia,
não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um.
32 Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à palavra da sua graça,
que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são
santificados.

Quando se ausentou dos irmãos com os quais estivera por três anos, Paulo não
reivindicou a fidelidade deles a ele. Inclusive na sua partida, chamou aqueles cristãos
para estarem diretamente sob os cuidados Daquele que é o Cabeça de toda a Igreja, não
deixando para trás de si alguma instituição ou organização humana à qual as pessoas
deveriam se associar ou através da qual tivessem que se reportar a ele como apóstolo de
Cristo, pois nem como apóstolo, Paulo tinha recebido de Deus alguma vocação para
dominar, subjugar ou controlar as pessoas que através da sua pregação do Evangelho e
da ação do Espírito Santo vieram a conhecer a Cristo.
Paulo inclusive ensinou que um cristão se filiar à outras pessoas cristãs
e nominar-se seguidor delas, o que atualmente também diríamos em
relação às suas instituições, constituem tentativas de dividir a Cristo, e,
portanto, são a expressão de atitudes carnais e tentativas humanas de
estabelecer o que não cabe ser estabelecido na Igreja de Cristo sob
nenhuma hipótese.

1 Coríntios 1: 11 Pois a vosso respeito, meus irmãos, fui informado, pelos


da casa de Cloe, de que há contendas entre vós.
12 Refiro-me ao fato de cada um de vós dizer: Eu sou de Paulo, e eu,
de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo.
909

13 Acaso, Cristo está dividido? Foi Paulo crucificado em favor de vós


ou fostes, porventura, batizados em nome de Paulo?

1 Coríntios 3: 3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é


assim que sois carnais e andais segundo o homem?
4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?
5 Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e
isto conforme o Senhor concedeu a cada um.
6 Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.
----

Por mais amplamente elaborada que seja uma proposição de agrupar


cristãos sob uma organização humana em torno de líderes humanos, todas
estas tentativas são carnais e opostas ao que o Senhor, o Cabeça e o Rei da
sua própria Igreja estabeleceu para ela.
A questão de querer sujeitar a Igreja de Cristo aos conceitos
organizacionais humanos não é só uma questão de não ser uma ideia
apropriada, mas ela também é uma oposição direta à posição de Cristo na
tentativa de dividir o corpo ou a Igreja de Cristo para que mais pessoas,
além de Cristo, possam ter posições de primazia ou proeminência sobre
outras pessoas.
No texto de Atos 20 apresentado acima, vemos que Paulo não assumiu a primazia
sobre nenhuma vida, não fez aliança de cobertura espiritual com parte dos membros do
corpo de Cristo, não prometeu monitorá-los e nem acompanhá-los. Pelo contrário,
disse que havia lhes ensinado o que deveria ter ensinado e que que havia lhes mostrado
que deveriam viver e andar mediante fé em Deus e serem fortalecidos pelo Senhor.
Entretanto, antes de partir, com intensidade, perseverança e com lágrimas, Paulo
admoestou aos cristãos que dentre eles se levantariam homens que falariam coisas
perversas para arrastarem discípulos atrás de si, ou seja, “discipuladores que querem
ter seus próprios discípulos”, pessoas que “fazem discipulado”, “mentoria”, e assim por
diante, para terem seguidores das suas visões. No mundo, há muitos homens e
mulheres que se apresentam como cristãs, mas que, ao mesmo tempo, também se
apresentam com conversas falsas e sedutoras para terem “seus próprios adeptos fiéis a
eles”, mesmo que isto lhes custe a fidelidade para com o Único Cabeça da Igreja, o
Senhor Jesus Cristo.
É completamente diferente uma pessoa falar a outros sobre Jesus
Cristo, ensiná-los e motivá-los a buscarem um relacionamento direto com
o Senhor, e ensiná-los sobre o chamado de serem discípulos do Senhor,
onde somente Cristo é Cabeça de todos, do que tentar atrair outros atrás de
si própria dizendo estar atuando em nome do Senhor Jesus.
Diante disto, repetiremos mais uma vez abaixo um texto já mencionado acima para
destacar que o foco central das contendas e ciúmes entre os cristãos de Corinto, a Igreja
em Corinto, era a tentativa de divisão da Igreja de Cristo que alguns estavam
procurando fazer ao tentarem seguir a homens e não exclusivamente ao próprio Cristo.
910

1Coríntios 3: 3 Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é


assim que sois carnais e andais segundo o homem?
4 Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo, e outro: Eu, de Apolo,
não é evidente que andais segundo os homens?

As tentativas de fazer prevalecer persuasões distorcidas através de


posições e títulos que pessoas procuram introduzir de tempos em tempos
entre os “cristãos” não é algo que deveria ser visto com leviandade, pois
este tipo de tentação pode vir a se tornar muito atrativo, um inimigo muito
expressivo e opor-se diretamente àquilo que é o correto diante do Senhor e
muito mais simples de ser seguido.

2 Coríntios 11: 3 Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva
com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se
aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.
4 Se, na verdade, vindo alguém, prega outro Jesus que não temos
pregado, ou se aceitais espírito diferente que não tendes recebido, ou
evangelho diferente que não tendes abraçado, a esse, de boa mente, o
tolerais.
----

E aqui, novamente, retornamos ao que já foi dito nos tópicos anteriores, onde vimos
o quanto a criatura resiste em aceitar voluntariamente que o Senhor Eterno tenha a
regência ou o senhorio sobre a sua vida.
Sem a regência do seu Criador sobre as suas vidas, os seres humanos,
tornam-se tão cegados que eles preferem que outras pessoas ou
instituições que elas criam tenham ascensão sobre as suas vidas pessoais,
resistindo tão repetidamente para que o Criador que os fez e que deu a sua
vida na cruz em favor deles venha a ser reconhecido como o Senhor em
seus corações ou como o Cabeça de suas vidas.
O fato de Cristo, no presente, não estar pessoalmente em um corpo físico na Terra,
também faz muitos pensarem que eles necessitam de líderes sobre as suas vidas
pessoais e que supostamente seriam representantes do senhorio de Cristo na Terra.
Porém, porque Cristo iria colocar representantes Dele sobre outros nas questões
espirituais se o próprio Cristo habita o coração do cristão que Nele permanece?
Precisaria o Senhor, estando no coração de alguém, eleger outros para guiarem a Ele
próprio na vida daqueles que Nele creem?
Além disso, uma ovelha sempre será ovelha. E por mais que uma ovelha se torne
experiente e possa ser considerada como um exemplo de como seguir ao Único Pastor e
cooperar com Ele no cuidado das demais ovelhas, as ovelhas mais experientes jamais
deixam de ser ovelhas e jamais são chamadas a intentar reger as ovelhas que pertencem
somente ao Único Pastor sobre todas elas.
O ser humano contende com Deus e disputa com Deus a posição que somente é e
pode ser de Deus. E por isto, cria tantos subterfúgios para tentar se igualar ou até se
erguer acima de Deus, mas cujos intentos são vãos e jamais poderão alcançar êxito.
911

Ora, se através de Cristo, o Pai Celestial pode reconciliar consigo todas as coisas,
quer na Terra e quer nos Céus, por que, então, através de Cristo, o Pai das Luzes não
poderia reinar sobre todas as pessoas e coisas reconciliadas?
Considerando que cada cristão genuíno é um Filho de Deus, cada um
tem acesso direto a Cristo e, através Dele, ao Pai Celestial. E somente a
Cristo pertence a primazia em tudo e sobre todos porque Ele é o Filho
Unigênito de Deus que veio do céu para apresentar Deus ao mundo e para
resgatar, através do seu sangue derramado na cruz do Calvário, todos
aqueles que aceitam o seu convite de reconciliação.
Ter a primazia significa “ter a preeminência”, “ser o primeiro” e significa também
“manter o primeiro lugar” para sempre.
Entretanto, ao longo da história cristã, e também em nossos dias, sempre há aqueles
que gostam de disputar a primazia e de ter os seus próprios seguidores.

3João1: 9 Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de


exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida.
10Por isso, se eu for aí, far-lhe-ei lembradas as obras que ele pratica,
proferindo contra nós palavras maliciosas. E, não satisfeito com
estas coisas, nem ele mesmo acolhe os irmãos, como impede os que
querem recebê-los e os expulsa da igreja.
11 Amado, não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que
pratica o bem procede de Deus; aquele que pratica o mal jamais viu a
Deus.
----

Diante do Senhor, quem quer ter a primazia em relação aos irmãos e irmãs na fé em
Deus é tido como mau ou praticante do mal. O qual, portanto, em nada deve ser
imitado.
E também é a partir desta postura de anelo por lugares mais elevados que tantas
pessoas anelam e trabalham para criar as suas organizações, pois, através destas,
procuram se elevar sobre aqueles que supostamente chamam de irmãos e irmãs.
Muitos que resistem à primazia de Cristo em suas vidas pessoais acabam também se
inclinando para as tentativas e ações de criação de organizações humanas onde possam
ter uma posição de destaque em relação aos outros ou porque pensam que, desta forma,
podem ter tratamento distinto diante de Deus.
Algumas pessoas talvez até não queiram competir com Cristo. Entretanto, quando
veem que em Cristo necessitarão se verem no mesmo nível hierárquico que todos os
outros cristãos e que em Cristo não há nem judeu e nem grego, nem macho e nem
fêmea, nem escravo e nem livre, mas que todos são aceitos diante de Deus sem acepção
de pessoas, elas acabam procurando se elevar sobre os outros para não se verem em
posição semelhante àqueles que consideram mais simples na Igreja do Senhor ou em
suas supostas igrejas.
Multidões de indivíduos que se dizem líderes da Igreja de Cristo, se
investigados acuradamente, são pessoas que usam das suas proposições
estruturais e de liderança para fugirem da possibilidade de serem vistos
sob condições semelhantes a outros perante os outros, o mundo e Deus.
912

Muitos dos que propõem serem líderes nas igrejas querem preservar as
distinções que têm em relação aos outros na sociedade em geral ou porque
simplesmente não estão dispostos a se humilharem diante de outros,
confundindo a Igreja de Cristo, que é um corpo à parte em Cristo, com
mais um corpo social ou civil qualquer da sociedade.
Entretanto, a Igreja de Cristo não é o lugar no qual se possa estabelecer as coisas
altivas. Pelo contrário, a Igreja de Deus é onde as pessoas são chamadas a se
associarem às coisas humildes.

Romanos 12: 16 Tende o mesmo sentimento uns para com os outros; em


lugar de serdes orgulhosos, condescendei com o que é humilde; não
sejais sábios aos vossos próprios olhos.

ou

Romanos 12: 16 Sede unânimes entre vós; não ambicioneis coisas altas,
mas acomodai-vos às humildes; não sejais sábios em vós mesmos.

A postura de coração que Cristo espera dos membros do seu corpo ou da sua Igreja é
a mesma que o Cabeça de toda a Igreja tem, a saber:

Mateus 11: 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou
manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa
alma.
----

Muitos indivíduos que se intitulam líderes da Igreja de Cristo, o fazem


porque amam posições de liderança mais do que ao próprio Cristo, não
sendo eles, portanto, líderes da Igreja de Cristo de fato, pois Cristo
intensamente admoestou a todos que o anelo de querer ser líder de outros
não é aceito na sua Igreja ou que Ele não chama e elege pessoas para isto.
Assim, o comentário do parágrafo anterior mais uma vez nos mostra uma das
principais razões porque pessoas criam as “suas próprias igrejas”.
Além da ignorância, uma das principais motivações de muitos para criarem os seus
próprios redutos e organizações que chamam de igrejas é a apreciação ou paixão
intensa que eles têm por posições, títulos, cargos, poder, reconhecimento humano ou
por suas instituições em vez do amor pelo Senhor Jesus Cristo.

João 12: 42 Apesar de tudo, até muitos dos principais creram nele; mas
não o confessavam por causa dos fariseus, para não serem expulsos
da sinagoga.
43 Porque amavam mais a glória dos homens do que a glória de
Deus. (RC)

Muitos pessoas dizem que amam ser líderes de outras pessoas em suas
vidas cristãs e que têm prazer em fazê-lo para ajudar aos outros. Porém,
913

uma vez que Cristo disse para não fazê-lo, é à elas próprias e à glória dos
homens que elas amam mais do que amam a Cristo.
Muitos que dizem amar liderar aos “irmãos e irmãs de fé” com intuito de ajudá-los, o
fazem olhando para si mesmos e para os ganhos que eles próprios almejam alcançar.

Judas 1: 12 Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas


de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato,
pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água
impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, destes
desprovidas, duplamente mortas, desarraigadas.

E uma vez que pessoas, inclusive as cristãs ou que se dizem cristãs, se desviam
daquilo que o próprio Senhor Jesus Cristo lhes disse, uma série de outros desvios e
distorções também pode começar a se introduzir nas suas vidas, assim como naquilo
que propagam liderar, conduzir ou reger.
Sendo só uma questão de tempo, muitos líderes que dizem querer servir aos cristãos
através das organizações terrenas que criam, ao longo do percurso logo começam a
dizer que “suas ovelhas estão em rebelião” quando não lhes obedecem em algum ponto
e que precisam ser severamente advertidas por eles de tempos em tempos. Atitude
através da qual atestam o quanto a sua postura não é tão branda como disseram e o
quanto começam a se ver como “donos das ovelhas”, ainda que não o digam com
palavras literais ou explícitas.
Aquele que diz que “suas ovelhas estão em rebelião” é aquele que também denuncia,
primeiramente, a si próprio como alguém que está em rebelião para com o próprio
Cristo, pois é de Cristo que ele está tentando roubar as ovelhas e contra o ensino da
soberania exclusiva de Cristo que ele está se levantando.
Conforme já vimos acima, entre o rebanho de ovelhas, pode haver aquelas que já
aprenderam que o melhor que podem fazer é seguir prontamente o seu Único Pastor
Jesus e, desta forma, elas podem servir de exemplo para outras ovelhas de como é bom
seguir a instrução do próprio Senhor ou podem servir de encorajamento às ovelhas
menos experientes. Entretanto, o fato de uma ovelha ter servido de exemplo às demais
no aspecto de seguir a Cristo não deveria ser motivo para ela deixar de ser uma ovelha
humilde diante do Senhor e das demais ovelhas.
Assim como uma ovelha sempre permanecerá ovelha, por mais
cooperadora que seja com o Pastor e com as outras ovelhas, assim também
um membro do corpo de Cristo é chamado para sempre permanecer um
membro do corpo por mais útil que seja ao Cabeça e a outros membros do
corpo.

Ezequiel 34: 31 Vós, pois, ó ovelhas minhas, ovelhas do meu pasto;


homens sois,
mas eu sou o vosso Deus, diz o SENHOR Deus.
----

Quando alguns grupos de pessoas perdem aqueles que eles consideram como seus
“pastores humanos” ou os seus supostos mediadores, e dizem que são “como ovelhas
914

que não têm pastor”, eles estão dizendo, em suas próprias palavras e afirmações, que
pertencem aos rebanhos de líderes humanos, pois o Pastor do Rebanho Celestial é
Cristo, o qual nunca deixa as suas ovelhas e é Aquele que vive para sempre.
Parte da oposição à posição exclusiva de Cristo, onde supostos irmãos ou irmãs se
advogam mestres, pastores, cabeça, tutores ou mentores de seus semelhantes, vem
como que por resquício dos conceitos da Ordem de Arão. Entretanto, uma grande parte
também vem das presunções que há nestes indivíduos e que são similares às mesmas
presunções que havia no povo que escolheu tentar alcançar o caminho de novidade de
vida através do sacerdócio segundo a lei de Moisés.
No afã de tentar perdurar o velho sistema sacerdotal, o diabo tenta atuar com “todo
engano da injustiça” para preservar os conceitos da ordem da antiga aliança já
revogada, mas com termos novos supostamente relacionados à vida cristã. O diabo
procurar introduzir mentiras e enganos que visam ofuscar a visão das pessoas para que
a “luz do Evangelho da Glória de Cristo” não ilumine os olhos do seu entendimento. E
isto, com a finalidade de que estas assim não vejam a justiça e a paz que poderiam
sobrevir a elas por meio do governo de Cristo sobre as suas vidas.
Já citamos várias vezes que a primeira aliança e a segunda aliança não podem ser
mescladas umas nas outras e que “um pouco de fermento leveda toda a massa”.
Repetindo mais uma vez, quem quer liderar a Igreja de Cristo, quer ser uma ovelha
que quer deixar de ser ovelha para, de um modo ou de outro, ser cabeça das outros
ovelhas ou “subcabeças” de Cristo sobre os outros. Há muitos que usam de palavras
persuasivas sobre os benefícios delas serem líderes sobre outras e fazem isto para não
falarem de forma tão objetiva os seus pervertidos intentos de dominar aos seus
semelhantes.
Para muitas pessoas, a ideia de poderem ser cabeça de outros ou “subcabeças” com
Cristo sobre os outros literalmente “subiu-lhes à cabeça”, mas com certeza isto não é
bom para eles e nem para aqueles que venham a se sujeitar a eles.

Eclesiastes 8: 9 Tudo isto vi quando me apliquei a toda obra que se faz


debaixo do sol; há tempo em que um homem tem domínio sobre
outro homem, para arruiná-lo.

ou

Eclesiastes 8: 9 Tudo isso vi quando apliquei o meu coração a toda obra


que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio
sobre outro homem, para desgraça sua. (RC)
----

É impressionante observar como a arrogância, a presunção, o orgulho, a avareza, a


ambição, a inveja podem cegar o entendimento de uma pessoa a ponto dela não ver os
propósitos apropriados de Deus, assim como para não ver o quão danoso são os
propósitos inapropriados e que se opõem ao Senhor.

Jeremias 17: 5 Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no


homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do
SENHOR!
915

...
9 Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e
desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?
----

Considerando que no presente estudo já foi abordado várias vezes o ponto de que
Deus não aceita mediadores a não ser Cristo na relação com os seres humanos,
gostaríamos de ressaltar aqui mais uma vez que este princípio também se aplica na
relação de qualquer membro da Igreja de Deus com Cristo.
O Senhor Jesus Cristo não precisa passar por “outras cabeças” ou
“subcabeças” para se relacionar com os membros do seu próprio corpo e
não aceitará que isto seja instaurado em sua Igreja, a ponto das Escrituras
explicitamente declararem que aqueles que insistirem em fazê-lo são
inflados (enfatuados) em sua mente carnal e que já não se mantêm unidos
ao Cabeça de toda a Igreja.
Assim, uma pessoa que não se mantém submissa ao Único Cabeça da Igreja de
Cristo não é um verdadeiro servo de Deus e não atua para o bem dos seus semelhantes,
por mais que se apresente como um personagem que diz querer servir a Cristo e à sua
Igreja.
Quando as pessoas distorcem o entendimento do que é ser “ministro e despenseiro
fiel de Cristo”, e não entendem que o servo não é enviado para competir com Aquele
por quem foi enviado e nem tomar o lugar Dele, elas distorcem também funções e
títulos tentando transformar as funções em títulos, cargos ou posições sobre os outros,
tentando assim transformar posições de serviços, como diácono, anciãos, bispos e
outras, em posições de dominação dos supostos irmãos e irmãs.
Muitos daqueles que não se contentam com o aspecto de somente Cristo ser o
Cabeça da sua Igreja, mas querem usar da ideia de igreja cristã para os seus próprios
interesses, também são aqueles que se inclinam ao desejo de criar os “corpos coletivos”
sujeitos a eles e que supostamente seriam “Igrejas do Senhor”.
Em outras palavras, aqueles que não querem a Cristo como o Cabeça exclusivo da
sua vida pessoal, mas querem estar envolvidos com “igrejas” segundo os seus próprios
interesses ou as suas próprias visões, criam ou sustentam “igrejas” nas quais possam
ser os cabeças que regem estas “igrejas” ou onde possam determinar como estas
“igrejas” devem funcionar segundo o que lhes parece conveniente.
Tentar estruturar “igrejas” em organizações e instituições humanas pode ser muito
conveniente àqueles que querem liderar e se exaltar sobre outras pessoas, pois através
destas organizações, eles tentam governar e dominar as pessoas sem passar a ideia de
que eles são os líderes que as querem dominar.
Falar em “nome das igrejas”, o que Cristo nunca autorizou à sua verdadeira Igreja
que fala “em nome do seu Único Cabeça”, pode ser muito conveniente para aqueles
líderes que não ousam falar diretamente os intentos que estão em seus corações,
fazendo-o de forma velada e apresentada “em nome” de uma figura coletiva.
Ainda em outras palavras, e conforme já comentamos anteriormente, há muitos que
se intitulam líderes que tanto apreciam as instituições porque se escondem atrás das
instituições e de suas organizações tentando intimidar os seus subalternos através
coletivo que criam e dos conceitos que associam a ele.
916

E quando pessoas que se intitulam líderes usam da figura de suas organizações, uma
figura de instituição atrás da qual se ocultam, vemos ocorrer repetidamente o que está
descrito no texto que já vimos anteriormente e que apresentamos mais uma vez abaixo:

Isaías 3: 12 Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres estão à


testa do seu governo. Oh! Povo meu! Os que te guiam te enganam e
destroem o caminho por onde deves seguir.
----

Cristo como o Cabeça da sua Igreja não precisa se ocultar atrás da sua Igreja e
inclusive habita no coração de cada membro para guiar a cada vida através do seu
Espírito, mas aqueles que usam das suas organizações, para comandar a outros,
mostram o quanto não são líderes maduros e verdadeiros, pois quando algo das suas
orientações dá errado, eles culpam os membros dos “corpos coletivos” que criaram.
E quando chegamos ao ponto de uma instituição ou de uma organização ser usada
para tentar sujeitar àqueles que a ela estão associados, retornamos ao aspecto que
vimos no capítulo anterior, onde mencionamos que “a casa” não é chamada para
governar os ocupantes dela, antes “a casa” é ferramenta de ajuda e apoio aos que a
governam e aos que nela vivem.
Desta forma, quando um grupo de pessoas permite que líderes de uma instituição
humana chamada de igreja comecem a erguer a organização sobre os membros que
dela fazem parte, uma série de novas distorções começam a ser criadas e estabelecidas
contra os membros desta instituição, ainda que seja dito que é para o benefício de cada
indivíduo e de todo o grupo.
Da arrogância, da soberba, da ganância ou da mente inflada com ideias humanas e
carnais, surgem as mais diversas e criativas posturas, visões e missões para as pessoas
deixarem a posição de humildade de se sujeitarem voluntariamente a Cristo como o
Único Cabeça sobre todos os membros da sua Igreja, levando estas pessoas também às
mais variadas ideias, filosofias e tentativas para estabelecerem “igrejas” em
organizações e instituições segundo os padrões da mente carnal ou humana.
Depois que uma organização humana que é denominada de igreja passa
a ser vista como um meio de governo sobre as pessoas que a ela estão
ligadas, os líderes destas organizações logo também tratam de criar as suas
regras para esta organização, atribuindo as estas regras o nome de
“doutrina da casa a, b ou c”.
Quando pessoas criam figuras “fictícias de igrejas”, elas logo também
começam a exigir que as suas doutrinas e parâmetros de unidade sejam
seguidos na “casa” que passam a edificar visando alcançar seus próprios
propósitos.
Entretanto, Cristo nunca autorizou alguém a criar “uma doutrina específica para um
subgrupo da Igreja”, porque Cristo também nunca autorizou alguém a criar um
subgrupo específico do seu corpo ou da sua Igreja.
Doutrinas de grupos específicos ou subdoutrinas da doutrina de Cristo
somente são criadas porque as pessoas, primeiramente, não se mantém
unidas ao Único Cabeça da Igreja do Senhor e às suas instruções, pois o
Cabeça da Igreja nunca dividirá o seu próprio corpo e o seu ensino.
917

A Igreja de Cristo pertence exclusivamente a Cristo. A Igreja de Cristo é


a Única Noiva de Cristo, e em relação à qual, Cristo é o Único Noivo e
Cabeça.

Romanos 7: 4 Assim, meus irmãos, também vós morrestes


relativamente à lei, por meio do corpo de Cristo, para pertencerdes a
outro, a saber, aquele que ressuscitou dentre os mortos, a fim de que
frutifiquemos para Deus.
5 Porque, quando vivíamos segundo a carne, as paixões
pecaminosas postas em realce pela lei operavam em nossos
membros, a fim de frutificarem para a morte.
6 Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que
estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e
não na caducidade da letra.

2 Coríntios 5: 14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós


isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.
15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.

João 3: 29(a) O que tem a noiva é o noivo.


----

Aqueles que escolhem voluntariamente pertencer a Cristo não necessitam dominar


aqueles que juntamente com eles também são de Cristo, pois sabem e creem no fato de
que somente Cristo é o Senhor que morreu e ressuscitou por cada pessoa.
Entretanto, aqueles que resistem para que eles próprios não pertençam a Cristo e
não estejam sujeitos ao Cabeça do corpo também são aqueles que querem dominar
outros para que estes sejam deles e não de Cristo. Porém, para não dizê-lo de forma tão
direta ou explícita, eles apresentam ensinos sutis e perversos perante as pessoas na
tentativa de ocultar os seus objetivos de dominarem seus semelhantes.
Os que querem dominar os outros através de uma igreja estruturada segundo
preceitos humanos, atuam também através de seus ensinamentos de dominação para
manter os indivíduos dominados como meninos ou imaturos na fé e atuam no sentido
oposto do que está apresentado nos versos a seguir:

Efésios 4: 14 ... para que não mais sejamos como meninos, agitados de
um lado para outro e levados ao redor por todo vento de doutrina,
pela artimanha dos homens, pela astúcia com que induzem ao erro.
15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele
que é a cabeça, Cristo,
16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de
toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu
próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.
918

Os que querem dominar os outros usam de suas “vãs doutrinas” para afastar de
Cristo àqueles que querem dominar, pois sabem que se ensinarem as pessoas a
buscarem a Cristo, estas não mais necessitarão estarem sujeitas às suas dominações.
Diferentemente de Paulo, aqueles que se intitulam de “líderes de igreja” não tem, de
fato, coragem de fazer como Paulo fez em relação às pessoas de Efésios quando disse a
elas que ele lhes havia ensinado tudo o que necessitavam para viverem e andarem em
Cristo e que ele pedia a Deus para que o próprio Senhor as edificasse.
Os pretensos ou supostos ministros de Cristo e que se chamam de
líderes, a despeito de Cristo dizer para eles não agirem desta maneira,
também são aqueles que criam doutrinas variáveis conforme os seus
intentos para tentarem sustentar as suas posições, incorrendo, porém,
invariavelmente em ações que de alguma maneira ou em algum ponto
tentam invalidar o verdadeiro ensino de Cristo.

Marcos 7: 9 E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de


Deus para guardardes a vossa própria tradição.
----

Um grupo de cristãos pode e deveria sempre reconhecer que a unidade


deles está em Cristo ser o Cabeça de suas vidas e igualmente da vida de
seus irmãos ou irmãs na fé no Senhor. Entretanto, também deveriam
unanimemente reconhecer que Cristo não autorizou a unidade da sua
Igreja em torno de algumas pessoas, de suas organizações e de suas
doutrinas como se líderes ou pessoas agrupadas pudessem se tornar
“senhores” ou “senhoras” do corpo de Cristo ou de parte deste corpo.
Quando, através das pessoas que a compõem, uma instituição ou
organização procura estar à testa do governo do corpo de Cristo, isto
representa uma enorme tentativa de oposição a todo o projeto de Cristo
para o seu corpo ou da sua Igreja.
Quando pessoas diretamente ou através de suas organizações e
doutrinas querem ser cabeça dos membros da Igreja de Cristo, elas estão
tentando tirar a Cristo do trono e do governo da Igreja que pertence ao
próprio Cristo, tentando assim negar o poder de Deus através de uma falsa
ou aparente piedade.

2 Timóteo 3: 1 Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos


difíceis,
2 pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos,
arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos,
irreverentes,
3 desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si,
cruéis, inimigos do bem,
4 traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que
amigos de Deus,
5 tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.
Foge também destes.
----
919

As cartas de Paulo aos cristãos em Corinto e Gálatas são cartas repletas de


advertências do risco que há em as pessoas aceitarem supostos ministros de Cristo que
se apresentam como obreiros especialmente chamados para liderarem aos outros
membros da Igreja de Cristo, mas ao mostrar as intenções destes falsos obreiros, Paulo
também nos mostra o caminho que há em Cristo para permanecer fiel ao Único Senhor
e para rejeitar estes maus, perversos e supostos obreiros.

2 Coríntios 11: 12 Mas o que faço e farei é para cortar ocasião àqueles
que a buscam com o intuito de serem considerados iguais a nós,
naquilo em que se gloriam.
13 Porque os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos,
transformando-se em apóstolos de Cristo.
14 E não é de admirar, porque o próprio Satanás se transforma em
anjo de luz.
15 Não é muito, pois, que os seus próprios ministros se transformem
em ministros de justiça; e o fim deles será conforme as suas obras.

Gálatas 2: 4 E isto por causa dos falsos irmãos que se entremeteram


com o fim de espreitar a nossa liberdade que temos em Cristo Jesus e
reduzir -nos à escravidão;
5 aos quais nem ainda por uma hora nos submetemos, para que a
verdade do evangelho permanecesse entre vós.

2 Timóteo 1: 12(b) ... porque sei em quem tenho crido e estou certo de que
ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele Dia.

Em suas cartas, Paulo reafirma o que Cristo já havia anunciado que viria a acontecer
no mundo no que se refere a Cristo ter nos alertado que muitos “cristos” e muitas
pessoas viriam em “seu nome” sem de fato terem sido designadas por Ele para aquilo
que estas pessoas advogam terem sido chamadas.
Lembrando que a palavra Cristo também significa ungido, convém
destacar que o próprio Senhor Jesus Cristo disse que viriam muitos que se
apresentariam como cristos ou especialmente ungidos pelo Senhor para
edificarem “casas ou organizações feitas por mãos humanas” para através
delas fazerem supostos discípulos e liderar as pessoas nestas organizações,
mas sem de fato terem sido chamadas e ungidas pelo Único Cristo para tal
missão, pois as missões destes indivíduos são contrárias ao próprio Cristo
e o resistem como o Único Cabeça da sua Igreja.

Mateus 24: 23 Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! Ou: Ei-lo
ali! Não acrediteis;
24 porque surgirão falsos cristos e falsos profetas operando grandes
sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos.
25 Vede que vo-lo tenho predito.
26 Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto!, não saiais.
Ou: Ei-lo no interior da casa!, não acrediteis.
920

Lucas 21: 8 Respondeu ele: Vede que não sejais enganados; porque
muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E também: Chegou a
hora!
Não os sigais.

Por desconhecerem a glória de Cristo como o Único Cabeça do seu corpo


ou da sua Igreja, muitas pessoas têm se deixado tornar em escravas dos
que se chamam de ungidos, mas que não foram de fato chamados e
ungidos por Cristo para fazerem o que apregoam terem sido chamados
para fazerem.

1 Coríntios 7: 23 Por preço fostes comprados; não vos torneis escravos


de homens.

Gálatas 5: 1 Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou
e não torneis a meter-vos debaixo do jugo da servidão.
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Assim como Cristo não designou pessoas para serem “oficiadores espirituais de
casamentos” e para serem ministros que interfiram na vida de casais, Cristo também
não designou pessoas para serem “oficiadores de cultos” e nem para guiarem a vida de
outros irmãos, nem no particular e nem na coletividade.
O que um cristão em Cristo é chamado para fazer em relação a outro
cristão é encorajá-lo a também buscar a Cristo pessoalmente e permanecer
em Cristo assim como ele já deveria estar fazendo.
Os “oficiadores profissionais de cultos” e as funções de mediadores e líderes do povo
eram práticas realizadas sob a lei de Moisés ou a Ordem de Arão, a qual Deus já
declarou obsoleta para quem está em Cristo Jesus.
Alertar as pessoas sobre as ações inapropriadas de elegerem homens ou mulheres
como referenciais em vez de buscarem a comunhão pessoal com Cristo, foi uma área
que Paulo precisou ser intenso e insistentemente ensinar aos santos de todos os
lugares. Paulo declara que chorou muitas vezes com profunda tristeza pelo fato de
várias pessoas aceitarem tão frequentemente e tão rapidamente o surgimento destas
distorções entre aqueles que já tiveram conhecimento da glória de Cristo como o
Senhor da sua Igreja.
Assim, destacamos aqui que o fato de uma pessoa ser usada através do dom de
ensino que lhe foi concedido do alto para ensinar sobre Deus e sobre o Caminho para
Deus, que é Cristo, não lhe constitui o mestre e guia das decisões pessoais que cada
indivíduo vai adotar ou que um casal vai adotar em suas vidas pessoais. O Senhor Jesus
disse, o próprio Cristo disse: “a ninguém chameis de mestre ou de guia porque somente
tendes um Guia e Mestre, e vocês todos são irmãos”.
O fato de alguém apontar o caminho através do qual as pessoas possam se relacionar
de forma apropriada com o Senhor não o torna o próprio caminho de quem as pessoas
921

dependem para andarem no caminho indicado. Cristo disse claramente que Ele é o
Caminho e também que Ele é a verdade de como caminhar neste Caminho.

João 10: 27 As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e


elas me seguem.

Assim como os membros de uma família podem ficar sujeitos a andarem em


caminhos dissociados da vontade de Deus quando não recorrem direto a Cristo para
serem guiados pelo Senhor, assim também os santos da Igreja de Deus podem ficar
expostos a muitos reveses desnecessários quando adotam as decisões de suas ações em
comunidades ou em seus encontros e sem deixar Cristo ser o Cabeça de cada um dos
membros da sua própria Igreja ou do seu próprio Corpo.
Quando alguém se advoga como guia dos cristãos e não uma guia que aponta para o
Verdadeiro Guia, ele se advoga ser cabeça destes membros do corpo de Cristo,
reivindicando para si a primazia sobre determinado grupo de santos que na realidade
deveriam pertencer somente a Cristo. E em relação a estes que se apresentam como
líderes dos outros, o Senhor declara que eles não são dignos de crédito e nem dignos de
serem seguidos, e dos quais o Senhor nos adverte a “fugir ou se afastar deles”.
E por fim, neste tópico, se, por um lado, há homens e mulheres ávidos pela primazia,
preeminência e liderança sobre os que chamam de irmãos e irmãs, por outro lado,
também há pessoas que são negligentes ou preguiçosas no quesito de buscar seu
suprimento e suporte junto à fonte que é Cristo, o Cabeça de cada indivíduo do povo de
Deus.
Se no mundo, há muitas pessoas que querem liderar àqueles que
chamam de irmãos ou irmãs por não quererem se submeter a Cristo e por
não quererem ser vistos em posição igual aos demais cristãos, também há
muitos que não buscam a Cristo como o Cabeça das suas vidas por
pensarem que é mais fácil serem instruídos por membros do corpo de
Cristo ou por desejarem que assim seja.
Entretanto, conforme já vimos acima, as reuniões denominadas de cristãs onde
pessoas correm atrás de líderes humanos para guiá-las, na sequência, resultam em
contendas e confusões que, por fim, como a Ordem de Arão, jamais podem aperfeiçoar
aqueles que se envolvem nestas práticas.
O mantimento espiritual de um cristão, em primeiro lugar, sempre está
em Cristo. Entretanto, se dispor a estar continuamente diante do Senhor é
uma questão que requer dedicação. E por isto, o preguiçoso,
desinteressado ou até desinformado prefere um líder, um “oficiador de
atos religiosos”, alguém que comande a sua vida, ainda que Deus não
reconheça aqueles a quem uma pessoa “terceiriza o serviço” de
supostamente se alimentar no Senhor.
Deus não aceita a “terceirização espiritual” para alguém se alimentar no
lugar do seu semelhante visto que isto não é funcional, assim como uma
pessoa não pode comer uma comida natural esperando que outro fique
alimentado ou saciado.
Lembremos aqui mais uma vez o que o Senhor nos ensina através das Escrituras:
922

Efésios 5: 14 Pelo que diz: Desperta, ó tu que dormes, levanta-te de entre


os mortos, e Cristo te iluminará.
15 Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e
sim como sábios,
16 remindo o tempo, porque os dias são maus.
17 Por esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai
compreender qual a vontade do Senhor.
----

O objetivo do presente estudo é exaltar a glória de Cristo como o Cabeça e não entrar
em pormenores da Igreja. Mas ainda assim, entendemos que é muito significativo
destacar neste ponto que os termos usados no Novo Testamento para bispos, anciãos
(ou presbíteros) e diáconos nunca se referem a estes assumirem a posição de cabeça
sobre vidas individuais ou famílias, nem serem os “oficiadores profissionais de culto”
ou, ainda, receberem títulos e cargos em organizações que Cristo nem autorizou a
serem criadas em seu nome.
Os dons e as funções que Deus confere aos membros da Igreja de Cristo são para
serem usados como o Senhor Jesus mostrou aos seus discípulos, são para que os
cristãos sirvam e exortem uns aos outros em amor a “permanecerem firmes e fiéis ao
Único que é digno de ser o Fundamento e o Cabeça da vida de cada cristão”.
Os dons e os papéis a serem exercidos pelos membros do corpo ou da Igreja de
Cristo devem ser usados de acordo com os propósitos do Único Cabeça e não segundo
os conceitos de liderança que homens e mulheres distorcidamente tentam infiltrar
entre os cristãos ou segundo as ordens sacerdotais já declaradas obsoletas ou caducas.
Ter sua fonte de fé e vida direto em Cristo pode ser um enorme desafio
aos olhos de um cristão. Entretanto, para Cristo, isto não é um desafio que
uma pessoa não possa alcançar, pois Ele é poderoso para cuidar de todos e
ter comunhão com cada um dos membros da sua Igreja.
O Senhor Jesus é plenamente poderoso para guiar a todos os que Nele
confiam em todas as áreas das suas vida, inclusive nos aspectos da
comunhão do cristão com outros membros da Igreja do Senhor.

1 Coríntios 1: 9 Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados à comunhão de


seu Filho Jesus Cristo, nosso Senhor.

1Tessalonicenses 5: 24 Fiel é o que vos chama, o qual também o fará.


----

Por mais que as pessoas tentem comprometer a posição de Cristo como o Cabeça da
sua Igreja e por mais que tentem dividir o corpo de Cristo oferecendo supostas opções
alternativas de liderança e doutrinas, a Igreja de Cristo jamais será comprometida, pois
o Cabeça da Igreja de Deus é também Aquele que se interpõe continuamente para
guardá-la, amá-la e salvá-la sempre quando isto se faz necessário.

Colossenses 1: 18 Ele (Cristo) é a cabeça do corpo, da igreja.


923

Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as


coisas ter a primazia,
19 porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude
20 e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus.

Efésios 5: 23(b) Cristo é o cabeça da igreja, sendo este mesmo o salvador


do corpo.

Na Igreja de Cristo, quando uma pessoa quiser se exaltar sobre os


outros, ela deveria ser exortada à retornar à humildade para se manter no
lugar que lhe é pertinente e para que saiba que a Igreja de Cristo não é
regida segundo os “moldes do mundo”, segundo os parâmetros que os
príncipes do mundo usam para governar as pessoas, e para que saiba que
não lhe cabe assumir o que é exclusivamente do Senhor Jesus Cristo.
Em princípio ninguém deveria querer ser primeiro na Igreja de Cristo
visto que esta posição pertence somente ao Senhor Eterno. Entretanto, se
ainda assim alguém insistir em querer se elevar sobre os outros, este deve
ser considerado como servo ou escravo de todos para que não prospere em
seu intento de querer ter preeminência sobre os outros e para que não se
afaste da humildade que é devida a cada cristão.
O Evangelho da Glória de Cristo nos mostra e ensina sobre Cristo como o
Cabeça do conjunto de membros ligados a Ele e que sabe mover o seu
corpo individualmente e coletivamente segundo a sua boa vontade. E a
nenhuma pessoa ou doutrina que se oponha à esta soberania do Senhor
Jesus deve ser dado espaço de atuação no corpo ou na Igreja de Cristo.

Marcos 10: 42 Mas Jesus, chamando-os a si, disse-lhes: Sabeis que os


que julgam ser príncipes das gentes delas se assenhoreiam, e os seus
grandes usam de autoridade sobre elas;
43 mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós,
quiser ser grande será vosso serviçal.
44 E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de
todos. (RC)
924

L. Cristo disse: “Eu Edificarei a Minha Igreja” e Não Aquilo que


os Seres Humanos Denominam de Igreja de Cristo ou de Deus

Nos diversos tópicos anteriores referentes ao presente capítulo sobre a glória de


Cristo como o Cabeça do seu corpo, vimos que toda a edificação que o Senhor realizar
na vida de uma pessoa que está ligada a Ele mediante a fé em Deus é também,
automaticamente, uma edificação da sua Igreja.
Uma vez que a Igreja do Senhor é composta dos membros do corpo de
Cristo, e que os membros do corpo de Cristo são as pessoas que têm a
Cristo como o Senhor e Cabeça de suas vidas, toda edificação que Deus
realiza nestas vidas é também uma edificação da Igreja de Cristo.
Entretanto, o texto que provavelmente mais contém palavras diretas do Senhor
Jesus Cristo de uma forma específica sobre o termo igreja aplicado à Igreja do Senhor
é o texto que encontra-se exposto a seguir:

Mateus 16: 13 Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou


a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?
14 E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e
outros: Jeremias ou algum dos profetas.
15 Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?
16 Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo.
17 Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas,
porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que
está nos céus.
18 Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
----

O texto acima é de grandíssima e imprescindível riqueza, pois nele, o próprio Senhor


Jesus Cristo nos esclarece, em poucas palavras, vários aspectos imprescindíveis sobre a
edificação da Igreja de Deus.
No texto acima, em primeiro lugar, encontramos o Senhor Jesus definindo qual é o
fundamento sobre o qual Ele edifica e edificará a sua Igreja.
Em segundo lugar, encontramos o Senhor Jesus Cristo definindo a quem
pertence a sua Igreja.
E em terceiro lugar, também podemos saber qual é “a igreja” ou quais
são “as igrejas” que o Senhor Jesus Cristo não tem compromisso de
edificar.
Se uma pessoa observasse o texto acima somente a partir do verso 20 ou de forma
não atenta, ela até poderia vir a pensar que Cristo estivesse se referindo a Pedro como o
fundamento da Igreja. Entretanto, quando vemos o contexto todo relacionado à
pergunta iniciada sobre “quem diz o povo ser o Filho do Homem”, vemos que o
ponto central ou de destaque do contexto é a revelação de que o Senhor
Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, mostrando-nos que o grande fundamento
sobre o qual Cristo edificará a sua Igreja é o que está contido na revelação
sobre o próprio Cristo, e jamais sobre Pedro.
925

Se olharmos ainda o texto acima a partir da tradução em outros idiomas e também


vermos o significado das palavras Pedro e pedra nele utilizado, podemos ver que o
significado do nome Pedro é uma “pequena pedra” e que a palavra pedra, traduzida
deste modo para a maioria das versões em português, refere-se à “uma grande rocha”,
a uma rocha que pode ser usada como fundamento de uma grande edificação.
Portanto, depois que o Senhor Jesus Cristo disse a Pedro que Deus havia lhe
concedido uma revelação vinda dos céus e não alcançada por “carne e sangue”, o
Senhor Jesus também reiterou que “Pedro era uma pequena pedra”, mas que a Igreja
do Senhor seria edificada sobre “a grande revelação ou rocha de que o Senhor Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus”.
Quando Deus revelou a Pedro que o Senhor Jesus era o Cristo, o Filho de
Deus sobre quem seria edificada a Igreja do Senhor, Deus estava revelando
que apesar de Jesus estar diante dos seus discípulos como o Filho do
Homem, Jesus como o Cristo, como o Filho de Deus, não era uma
“pequena pedra” como Pedro, mas era uma “rocha” capaz de suportar
toda a Igreja de Deus que sobre o Senhor Jesus viesse a ser edificada
durante todos os séculos que estavam por vir.
Aqui, porém, considerando que já vimos várias vezes o aspecto de que Cristo é o
fundamento de todo aquele que Nele crê, não pretendemos expandir este aspecto neste
ponto a não ser evidenciá-lo mais uma vez também na edificação da Igreja de Cristo.
Assim, como a palavra Cristo significa o ungido, é sobre o “Ungido de Deus”, o
Único Digno de receber este nome, que a Igreja do Senhor é edificada.
Avançando agora para o segundo aspecto acima mencionado, podemos ver que o
fato da Igreja de Cristo ser edificada na “Rocha da nossa salvação e na Rocha do nosso
refúgio” também caracteriza a Igreja do Senhor como ela sendo a “Igreja de Cristo” e a
qual Ele chama de “Minha Igreja”.
O Senhor Jesus Cristo declarou diretamente e objetivamente que a edificação da
Igreja com a qual Ele se comprometeu a edificar está relacionada somente à “sua
Igreja”, o que também nos responde o terceiro aspecto acima referenciado.
A Igreja que o Senhor Jesus Cristo declarou se comprometer a edificar é
a “sua Igreja”, a qual, por sua vez, é caracterizada como aquela que tem o
Cristo, o Filho de Deus, como o seu fundamento e que tem o mesmo Cristo
como o seu Único Cabeça, mas o que também evidencia que Cristo não se
comprometeu a edificar aquelas “igrejas que não são suas”.
Dizer que Cristo vai edificar a “sua Igreja” sobre a “Rocha de que Ele é o
Cristo e o Filho de Deus que sustenta toda a Igreja” implica, então, em
dizer que qualquer texto que fala do compromisso do Senhor na edificação
da sua Igreja restringe-se à pessoas, mas também se restringe às pessoas
que estão fundamentadas em Cristo e que individualmente têm ao Filho de
Deus como o Único Cabeça de suas vidas.
Depois que aceitamos ser corpo de Cristo, membros individuais deste corpo, ter
Cristo como Cabeça do corpo e da vida pessoal, carregar somente o nome de Cristo
sobre a sua Igreja e nos desvencilhamos das “sub-bandeiras” de “igrejas de homens ou
de mulheres”, Cristo nos edifica porque desta forma somos Dele. E uma vez que somos
Dele, somos a sua Igreja que Ele edifica por estar fundamentada Nele e sob sua direção.
926

Uma vez que alguém está fundamentado em Cristo e não em outros seres humanos
ou ídolos, e uma vez que alguém tem a Cristo como Cabeça e não tem mais aspectos da
criação como cabeça de sua vida, o próprio Cristo se comprometeu a edificar este
indivíduo que é a “sua Igreja”.
Se alguém não está fundamentado no Senhor Jesus e se alguém não está
ligado ao Cabeça Celestial do singular corpo de Cristo, este indivíduo não
pode ser edificado como a Igreja de Cristo ou como a Igreja que o Senhor
chama de “minha Igreja” porque este indivíduo não é, de fato, da Igreja de
Cristo para também ser edificado como dela sendo parte.
Quando Cristo disse que Ele edificaria a sua Igreja sobre a rocha de que
Ele mesmo é o Cristo, o Filho de Deus, o Senhor Jesus Cristo definiu o local
exato onde Ele edificaria a sua Igreja, mas Ele também definiu, por
exceção, todos os outros locais em que Ele não edificaria a sua Igreja.
Muitas pessoas alegam se escandalizar com os problemas que veem nas chamadas
“igrejas de Cristo”, mas muitas vezes não se apercebem que aquilo que chamam de
uma Igreja de Cristo nem é de fato a Igreja do Senhor e nem é a Igreja a qual Cristo
chama de “minha”.
Há muitas “igrejas” que no sentido da palavra “ekklesia” são realmente “igrejas”,
mas não a Igreja de Cristo. São “igrejas” que não são o corpo de Cristo, mas são corpos
ou grupos de pessoas em que homens e mulheres estão à testa de “suas igrejas” e que
destroem as veredas de vida daqueles que lhes seguem. E como não estão na “rocha
exclusiva sobre a qual Cristo edifica a sua Igreja”, os que estão nas “igrejas” onde
outras pessoas estão à testa, também não são edificadas como a Igreja em Cristo.
No mundo, há muitas “igrejas” que têm seus pastores, profetas, ou
sacerdotes, mas que também, ao mesmo tempo, enganam o povo por não
estarem sobre Cristo e sujeitas a Cristo, não sendo, por consequência, a
Igreja de Cristo.
E se alguma “igreja” não é a Igreja de Cristo, os seus “ministros”, quer
se denominem apóstolos, mestres, guias, e assim por diante, também não
são “ministros, servos ou despenseiros” de Cristo e nem da verdadeira
Igreja de Cristo.

Romanos 16: 17 Rogo-vos, irmãos, que noteis bem aqueles que provocam
divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que
aprendestes; afastai-vos deles,
18 porque esses tais não servem a Cristo, nosso Senhor, e sim a seu
próprio ventre; e, com suaves palavras e lisonjas, enganam o
coração dos incautos.

Se os membros de um corpo estão debaixo de mediadores ou cabeças que não são o


próprio Senhor Jesus, como Cristo poderá ser o exclusivo Cabeça de suas vidas e guiá-
los conforme o querer de Deus uma vez que estes membros estão procuram ouvir mais
de um mediador ou cabeça ao mesmo tempo?

Gálatas 1: 10 Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o


de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a
homens, não seria servo de Cristo.
927

Romanos 8: 9 Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se, de


fato, o Espírito de Deus habita em vós. E, se alguém não tem o
Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
...
12 Assim, pois, irmãos, somos devedores, não à carne como se
constrangidos a viver segundo a carne.
13 Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte;
mas, se, pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente,
vivereis.
14 Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus.
----

Cristo declarou o seu compromisso de edificar aqueles que são seus,


mas para isto, aqueles que são seus também são chamados a ter, acima de
tudo, um coração rendido e fiel ao Senhor que elegeram para as suas vidas.

Colossenses 3: 23 Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como


para o Senhor e não para homens,
24 cientes de que recebereis do Senhor a recompensa da herança. A
Cristo, o Senhor, é que estais servindo.

2 Coríntios 5: 14 Pois o amor de Cristo nos constrange, julgando nós


isto: um morreu por todos; logo, todos morreram.
15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais
para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.
----

E depois que os cristãos estão em Cristo e seguem a Cristo como o Cabeça de suas
vidas, eles também se habilitam a se relacionar de forma apropriada com outros
cristãos. Assunto abordado de forma mais específica na série sobre A Vida do Cristão
no Mundo. Entretanto, sem a sustentação, a instrução e a edificação de Cristo em suas
vidas, as palavras “sem mim nada podeis fazer” ditas pelo Senhor também se
aplicam à comunhão entre os membros do corpo de Cristo.
O lugar fundamental de edificação e crescimento ao qual e sob o qual um
cristão é chamado para estar sempre é a própria fonte de toda a sua vida
cristã. É a fonte que edifica e sustenta a “Igreja Eterna” arraigada no amor
eterno de Deus, a saber: em Cristo Jesus.

1 Ts 3: 12 E o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para


com os outros e para com todos, como também nós para convosco.

Efésios 4: 15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo


naquele que é a cabeça, Cristo,
16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de
toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu
próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.
928

C37. A Glória de Cristo Como Rei e Cabeça de Todo


Principado e de Toda Potestade do Universo

Mateus 28: 18 Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo:


Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.

João 17: 1 Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e
disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te
glorifique a ti,
2 assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de
que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste.

Efésio 1: 20 ... o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os


mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais,
21 acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio, e de
todo nome que se possa referir, não só no presente século, mas
também no vindouro.
22 E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre
todas as coisas, o deu à igreja,
23 a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em
todas as coisas.

1Coríntios 15: 27 Porque todas as coisas sujeitou debaixo dos pés.


E, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas, certamente,
exclui aquele que tudo lhe subordinou.

Colossenses 2: 10 Também, nele, estais aperfeiçoados.


Ele é o cabeça de todo principado e potestade.
----

No capítulo sobre A Glória do Rei Segundo a Ordem de Melquisedeque, procuramos


dar início à abordagem da amplitude do que as Escrituras nos revelam sobre o atributo
de regência ou governo que Deus depositou sobre os ombros do Senhor Jesus a fim de
mostrar que Cristo, sendo da Ordem de Melquisedeque já estabelecida, não é um Rei
que há de reinar em um futuro longínquo, mas que já está plenamente em atuação de
regência sobre todas as pessoas e todos os detalhes do universo.
Ao relatarem a glória de Cristo, as Escrituras nos mostram que a posição
de regência do Senhor Jesus Cristo abrange indivíduos e famílias que
anelam por ter ao Senhor como o Cabeça de suas vidas, mas que, ao mesmo
tempo, também se estende sobre todos os regentes dos reinos que há no
mundo.
929

Assim como um rei é regente sobre todos os territórios e todos os regentes que estão
sob seu governo, ainda que alguns não lhe obedeçam, assim também Cristo está sobre
todos os reinos e povos que há no universo ainda que muitos regentes e muitos povos
resistem em se submeter ao seu governo.
Entretanto, através das Escrituras que nos mostram que Cristo é o Cabeça de todo
principado e toda potestade, podemos ver que a posição de Cristo ainda vai muito além
da posição de um rei humano, pois Cristo não somente é Rei sobre todos os
governantes, mas Ele também é o Cabeça sobre cada regente individual, ainda que
muitos deles não queiram reconhecer este fato.
Apesar de rei sobre os regentes no seu reino, um rei de um reino terreno nem
sempre sabe o que se passa na mente daqueles sobre os quais ele reina e nem sempre
consegue fazer com que eles atuem sob um governo geral que os limite nos intentos que
querem realizar. Porém, isto é muito diferente em relação a Cristo quando vemos que
além de Rei, Ele também é o Cabeça de cada regente que há no universo.
Portanto, Cristo, assentado à direita de Deus, é Rei e Senhor de regentes cristãos,
não cristãos e também é Rei e Senhor sobre todo o mundo espiritual.
O Pai Celestial estabeleceu que tudo esteja sujeito a Cristo e que o Senhor Jesus é o
Cabeça sobre todas as posições de regência.
Quando as Escrituras nos ensinam que Cristo é o Cabeça de “todo
principado” e de “toda a potestade”, elas nos ensinam que Cristo é o
Cabeça geral sobre todos os regentes, mas que Cristo também é o Cabeça
de cada um dos governantes existentes sobre os mais diversos principados,
assim como sobre cada regente que há em cada um dos principados.
E segundo os comentários associados ao léxico de Strong na Online Bible, um
principado apresenta os seguintes significados:

Começo, origem;
A pessoa ou coisa que começa, a primeira pessoa ou coisa numa série, o líder;
Aquilo pelo qual algo começa a ser, a origem, a causa ativa;
A extremidade de uma coisa;
As extremidades de um navio;
O primeiro lugar, principado, reinado, magistrado, inclusive, de anjos e demônios.
----

Já a palavra potestade usada nos textos acima mencionados, segundo os


comentários associados ao léxico de Strong, apresenta os seguintes significados:

Poder, autoridade, direito, liberdade, jurisdição, força;


Poder de escolher, liberdade de fazer como se quer;
Licença ou permissão;
Poder físico e mental;
Habilidade ou força com a qual alguém é dotado, que ele possui ou exercita;
O poder da autoridade (influência) e do direito (privilégio);
O poder de reger ou governar (o poder de alguém de quem a vontade e as ordens devem ser
obedecidas pelos outros), quer seja universalmente, especificamente como o poder de
decisões judiciais ou da autoridade de administrar os afazeres domésticos;
Alguém que possui autoridade;
Governador, magistrado humano;
O principal e mais poderoso entre os seres criados, superior ao homem, potestades
espirituais;
930

Sinal de autoridade real, coroa.


----

Assim, se, por exemplo, inicialmente pensássemos em um reino com um rei para
compreender o que vem a ser um principado e uma potestade, poderíamos dizer que a
posição do rei é um principado, mas que também está assessorada por muitas
potestades, as quais, por sua vez, referem-se à toda pessoa que está como um sub-
regente desta posição do rei no reino. As potestades podem compreender, então, os
governadores de regiões, assim como todos os legisladores, judiciários e executivos que
há em cada região.
Em outros modelos governamentais que, por exemplo, adotam a combinação da
divisão de regência entre o executivo, o legislativo e o judiciário, poderíamos, talvez,
dizer que os principados são as posições de chefe do executivo ou presidente, do chefe
do legislativo e do chefe do judiciário, sendo todos os escalões abaixo deles alguma
forma de potestade.
Sem querer pormenorizar os mais diversos modelos de principados e potestades que
existiram e que existem no mundo, o que queremos destacar aqui é que Deus nos
ensina que Cristo está como Cabeça acima de cada pessoa que está em alguma posição
de principado ou sobre cada pessoa que tem algum tipo de regência e autoridade sobre
outros, quer dos mais elevados ou quer dos menos elevados, quer dos bons ou quer dos
maus que resistem a Deus.
Desde o principado, que é, em princípio, a primeira ou mais elevada
potestade de um determinado conjunto de potestades, até as potestades
que estão estabelecidas somente sobre algumas poucas áreas ou pessoas,
toda posição de regência está sujeita a Cristo como o Cabeça tanto sobre os
principados como sobre as potestades.
Inclusive quando Pilatos, uma potestade romana, Caifás e Anas, principados
sacerdotais, e Herodes, principado real sobre Israel, conspiraram juntos contra Cristo,
não eram eles que tinham o controle da história segundo os seus intentos, mas eles, em
suas posições, acabaram cumprindo o que já havia sido anunciado séculos antes pelo
Senhor através dos profetas. Desta forma, eles não tomaram a vida de Cristo pelo poder
que tinham, mas porque Cristo entregou a sua vida em sacrifício vivo e permitiu que ela
fosse tomada por eles.

João 10: 17 Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a
reassumir.
18 Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este
mandato recebi de meu Pai.

Assim, quando Deus nos ensina que Cristo “reina” sobre tudo e sobre todos, exceto
sobre o Pai Celestial que lhe conferiu esta posição tão elevada de regência, podemos
saber que não há nada no universo que não esteja sob seu governo, o que também
implica em dizer que não há principado e potestade que possa fazer tudo o que intentar
de forma dissociada do governo de Cristo sobre mundo ou ainda que muitos tentem
agir independentemente da soberania do Senhor.
931

Salmos 99: 1 Reina o SENHOR; tremam os povos.


Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra.
----

Portanto, para o cristão, aquele que crê em Cristo como o Senhor da sua vida e que
crê também nas declarações de Deus sobre Cristo nas Escrituras, a questão não deveria
mais ser se Cristo é ou não é Cabeça sobre todos os regentes do universo, pois o Pai
Celestial já o estabeleceu como tal. A questão, então, deveria ser sobre aquilo que este
cristão precisa saber sobre esta posição em que Cristo está sobre tudo e sobre todos e
como cada cristão é chamado a se portar em relação à esta verdade já anunciada a nós
desde a antiguidade.
Compreender que Cristo é o Cabeça sobre todo principado e toda
potestade, e saber que os filhos de Deus estão seguros em Cristo a despeito
do que ocorre no mundo, deveria despertar ou encorajar ainda mais a fé
no coração dos cristãos, pois aquilo que o mundo e os seus poderosos
anunciam que farão, somente se cumprirá se Cristo, o Cabeça, permitir
que se cumpra.

João 16: 33 Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim.
No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o
mundo.

1 João 5: 5 Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus
o Filho de Deus?

Há muitas pessoas que até creem que um homem chamado Jesus foi
crucificado na cruz do Calvário, mas por não crerem que este Filho do
Homem é também e antes de tudo o Filho Unigênito de Deus, muitos têm
dificuldade em ver, com os olhos da fé em Deus, a posição sobremodo
elevada de governo de Cristo.
Além disso, o Rei Jesus Cristo, como Filho do Homem e também como o Filho de
Deus, jamais será abalado da sua posição eterna à qual foi designado pelo Pai Eterno.
Os que servem a Cristo não precisam empunhar um tipo específico de batalha para
que o reino Celestial não seja abalado, e nem eles precisam se empenhar para protegê-
lo no sentido de evitar que Cristo seja abalado na sua posição de Rei Eterno. Cristo ser
abalado é algo inconcebível, e não é esta a luta de um cristão. O cristão não tem a
responsabilidade e a capacidade para sustentar a posição de Cristo sobre o universo, é o
próprio Pai Celestial que a sustenta.
Cristo é o Rei inabalável de um reino inabalável, conforme foi visto no
estudo sobre O Evangelho do Reino de Deus.

Hebreus 12: 28 Por isso, recebendo nós um reino inabalável,


retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus de modo agradável,
com reverência e santo temor;
29 porque o nosso Deus é fogo consumidor.
----
932

Deus se ri de reis e poderosos que pensam que poderão abalar a Cristo no seu trono:

Salmos 2: 1 Por que se enfurecem os gentios e os povos imaginam


coisas vãs?
2 Os reis da terra se levantam, e os príncipes conspiram contra o
SENHOR e contra o seu Ungido, dizendo:
3 Rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas.
4 Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles.

Os reis imaginam coisas vãs, mas algo ainda mais triste é quando os cristãos se
deixam envolver nestas coisas vãs e começam a achar que Cristo pode porventura ser
abalado na sua posição de regência sobre todas as nações e povos ou quando pensam
que eles é que têm que sustentar a Cristo em seu reinado sobre os outros.
A posição de Cristo no trono de Deus está firmemente estabelecido para sempre ou
eternamente e acima de todas as nações e povos. E absolutamente nada poderá alterar
isto.
A oposição à posição de Cristo como o Cabeça sobre os principados e potestades não
enfraquece a Cristo.
Por outro lado, a oposição à posição de Cristo como Cabeça podem vir a enfraquecer
e provocar sofrimento àqueles que se sujeitam às crenças que buscam propagar que
Cristo não é, já no presente, Rei sobre todos e tudo ou que o mundo está entregue ao
domínio do que se vê no mundo natural.
Embora ninguém possa abalar a posição presente e eterna da majestade de Cristo,
muitos aspectos da vida no mundo poderiam ser diferentes se as pessoas em geral e
também em seus papéis de principados e potestades se sujeitassem e descansassem no
governo do seu Cristo, do Rei Eterno, Daquele a quem Deus conferiu a posição para ter
a primazia sobre tudo e sobre todos, pois, conforme vimos em capítulos anteriores,
parte do governo de Cristo sobre as pessoas também inclui a opção das pessoas
escolherem semear na carne ou no Espírito e colherem de acordo com o que semeiam.
Muitos aspectos da vida poderiam ser significativamente diferentes se os
principados e potestades do mundo aceitassem e praticassem a advertência que o
Senhor anuncia à todas as gerações:

Salmos 2: 10 Agora, pois, ó reis, sede prudentes; deixai-vos advertir,


juízes da terra.
11 Servi ao SENHOR com temor e alegrai-vos nele com tremor.
12 Beijai o Filho para que se não irrite, e não pereçais no caminho;
porque dentro em pouco se lhe inflamará a ira. Bem-aventurados
todos os que nele se refugiam.
----

Além disso, por mais que as pessoas do mundo digam que elas têm o poder de
estabelecer ou tirar os regentes dos principados e potestades dos seus tronos, é
somente sob a permissão do Senhor que regentes são postos ou são tirados.
933

Daniel 2: 20 Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus, de eternidade a


eternidade, porque dele é a sabedoria e o poder;
21 é ele quem muda o tempo e as estações, remove reis e estabelece
reis; ele dá sabedoria aos sábios e entendimento aos inteligentes.
22 Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas,
e com ele mora a luz.

Considerando que para o Senhor todos os cabelos da nossa cabeça estão contados,
considerando que o Senhor conhece as galáxias e cada estrela por um nome, e
considerando que o Senhor não permite que um pardal caia por terra sem a sua
permissão, quanto mais o Senhor não cuidará dos aspectos mais significativos que se
referem às vidas das pessoas em favor das quais Cristo morreu na cruz do Calvário?
Portanto, repetindo mais uma vez:

1 Timóteo 2: 1 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de


súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os
homens,
2 pelos reis e por todos os que estão em eminência, para que
tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e
honestidade.
3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,
4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao
pleno conhecimento da verdade.
5 Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Cristo Jesus, homem,
6 o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se
deve prestar em tempos oportunos. (RA+RC)
----

Por fim, considerando que o detalhamento da condição de Cristo como o regente


sobre as nações e povos encontra-se também descrita nos capítulos anteriores sobre
Cristo como o Rei da Justiça e da Paz, na série de estudos sobre A Vida do Cristão no
Mundo, e nos estudos sobre O Evangelho do Reino de Deus, O Evangelho da Justiça de
Deus e o Evangelho da Paz, gostaríamos, então, de encerrar este capítulo neste ponto,
apenas mencionando mais uma vez uma série de textos que exaltam a posição de
governo do Senhor sobre todas as pessoas, povos e nações.

Colossenses 2: 6 Ora, como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim


andai nele,
7 nele radicados, e edificados, e confirmados na fé, tal como fostes
instruídos, crescendo em ações de graças.
8 Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs
sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos
do mundo e não segundo Cristo;
9 porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da
Divindade.
10 Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo
principado e potestade.
934

Salmos 22: 28 Pois do SENHOR é o reino, é ele quem governa as nações.

Salmos 113: 4 Excelso é o SENHOR, acima de todas as nações, e a sua


glória, acima dos céus.

Salmos 8: 1 Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra


é o teu nome! Pois expuseste nos céus a tua majestade.

Salmos 9: 8 Ele mesmo julga o mundo com justiça; administra os povos


com retidão.

Salmos 24: 1 Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o


mundo e os que nele habitam.

Salmos 66: 7 Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos


vigiam as nações; não se exaltem os rebeldes.

Salmos 33: 10 O SENHOR frustra os desígnios das nações e anula os


intentos dos povos.

Salmos 77: 14 Tu és o Deus que operas maravilhas e, entre os povos,


tens feito notório o teu poder.

Salmos 98: 2 O SENHOR fez notória a sua salvação; manifestou a sua


justiça perante os olhos das nações.

Salmos 46: 10 Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus; sou exaltado entre
as nações, sou exaltado na terra.
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C38. Levantai, ó Portas, as Vossas Cabeças, Levantai-vos, ó


Portais Eternos para que Entre o Rei da Glória

2Coríntios 4: 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo


Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de
Jesus.
6 Porque Deus, que disse: Das trevas resplandecerá a luz, ele mesmo
resplandeceu em nosso coração, para iluminação do conhecimento
da glória de Deus, na face de Cristo.
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Ao longo dos diversos capítulos do presente estudo sobre O Evangelho da Glória de


Deus e da Glória de Cristo, nós procuramos expor alguns dos principais pontos do que
Deus nos ensina sobre a posição do Senhor Jesus Cristo a nosso favor ou para o nosso
bem se também o recebermos através da maneira como Ele nos é oferecido pelo Pai
Celestial.
E certamente, ainda há muitos e muitos outros detalhes que poderiam ser
explorados de forma mais ampla ou aprofundada, mas considerando que o Evangelho
de Deus é uma oferta a nós direcionada por Deus através da sua graça eterna e não
somente uma mensagem e um conjunto de informações, conforme exposto nos dois
primeiros estudos da presente série sobre o Evangelho, nós gostaríamos de concluir o
presente tema mais uma vez sob a referência de que é na prática da aceitação deste
Evangelho que uma pessoa verdadeiramente pode passar a desfrutar do que há na
glória de Cristo a nós revelada.
Apesar da glória de Cristo conter riquezas insondáveis, a maneira como a glória de
Cristo pode ser aceita ou recebida é simples e pode ser recebida por qualquer indivíduo
que creia no Senhor Jesus Cristo e o queira receber em seu coração.
A mesma simplicidade com que uma pessoa pode receber a Cristo como
o Salvador de sua vida e pode receber a presença de Cristo em seu coração,
é a mesma simplicidade com a qual uma pessoa pode receber ao Cristo cuja
glória contém riquezas insondáveis, pois o mesmo Cristo humilde que se
dispõe a se relacionar com cada um que o recebe, também é o Cristo que é
o Rei da Glória Eterna e o Senhor forte e poderoso, o Senhor dos Exércitos.
Quando uma pessoa recebe a Cristo como o Senhor e Salvador da sua
vida, ela também recebe ao mesmo Senhor rico em glória e poder como nos
é revelado no Evangelho da Glória de Cristo, sendo que um aspecto não
pode ser dissociado do outro.
Ao mesmo tempo que uma pessoa recebe ao Cristo humilde e manso em seu
coração, esta mesma pessoa também recebe ao Sumo Sacerdote e Rei Eterno da Ordem
de Melquisedeque, o Rei poderoso em glória e em força que sustenta a todo o universo
e em relação a quem todos estão debaixo da sua regência, inclusive aqueles que se
opõem a Ele e à forma com que Ele reina ou governa.
Ainda que uma pessoa não compreenda e não consiga enxergar minimamente como
Cristo reina sobre todo o universo, ela pode receber em seu coração Aquele que reina
sobre tudo e sobre todos, pois o receber a Cristo individualmente é uma posição pessoal
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e nenhuma regência do mundo presente tem autoridade para impedi-lo, a não ser a
própria pessoa a quem o Evangelho de Deus é oferecido.
Apesar de muitas pessoas procurarem posições de grande poder nos
mais diversos reinos do mundo e apesar de muitos procurarem ocupar
lugares de principados e potestades, é no coração de cada indivíduo que é
feita a maior decisão de associação ao verdadeiro poder ou ao único poder
que pode em amor salvar uma pessoa para a vida eterna.
Assim, diante da consideração de que é vital passar da fase da informação sobre
Cristo para a vida em comunhão com Cristo, e diante do fato de que o coração é a única
porta ou portal na Terra que também se estende para a vida eterna, nós gostaríamos de
avançar para o término deste presente estudo ressaltando ainda os seguintes textos:

Salmos 24: 1 Ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o


mundo e os que nele habitam.
2 Fundou-a ele sobre os mares e sobre as correntes a estabeleceu.
...
7 Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais
eternos, para que entre o Rei da Glória.
8 Quem é o Rei da Glória? O SENHOR, forte e poderoso, o SENHOR,
poderoso nas batalhas.
9 Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais
eternos, para que entre o Rei da Glória.
10 Quem é esse Rei da Glória? O SENHOR dos Exércitos, ele é o Rei da
Glória.

Jeremias 10: 6 Ninguém há semelhante a ti, ó SENHOR; tu és grande, e


grande é o poder do teu nome.
7 Quem te não temeria a ti, ó Rei das nações?
Pois isto é a ti devido; porquanto, entre todos os sábios das nações e
em todo o seu reino, ninguém há semelhante a ti.

Apocalipse 3: 20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha


voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele,
comigo.

1Pedro 3: 15 Antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,


estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos
pedir razão da esperança que há em vós.

Romanos 10: 9 Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em
teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo.
10 Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa
a respeito da salvação.
11 Porquanto a Escritura diz: Todo aquele que nele crê não será
confundido.
937

12 Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é
o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam.
13 Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
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Concluindo, então, ressaltamos ainda que um estudo sobre a glória de Deus e da


glória de Cristo jamais termina, visto que ele se refere à uma experiência eterna de vida
junto ao próprio Deus para todo aquele que já recebeu a Cristo no coração e que
permanece em Cristo.

João 17: 3 E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

2 Coríntios 3: 18 E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando,


como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados, de
glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o
Espírito.

2 Ts 3: 5 Ora, o Senhor conduza o vosso coração ao amor de Deus e à


constância de Cristo.

Habacuque 2: 14 Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do


SENHOR, como as águas cobrem o mar.

Hebreus 7: 1 até 3
Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus
Altíssimo, ... (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois
também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem
genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência,
entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote
perpetuamente.

Hebreus 8: 1, 2 e 6
Ora, o essencial das coisas que temos dito é que possuímos tal sumo
sacerdote, que se assentou à destra do trono da Majestade nos céus,
como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo que o
Senhor erigiu, não o homem.
Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente,
quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com
base em superiores promessas.
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Bibliografia
Observação sobre Textos Bíblicos referenciados:

1) Os textos bíblicos sem indicação específica de referência foram extraídos


da Bíblia RA, conforme indicado abaixo.

2) Os destaques nos textos bíblicos, como sublinhado, negrito, ou similares,


foram acrescentados pelo autor deste estudo.

Bíblia EC - João Ferreira de Almeida Edição Comtemporânea (1990).

Editora Vida.

Bíblia LUT - Alemão - Tradução de Martinho Lutero (1912) - CD Online

Bible.

Bíblia NKJV - Inglês - New King James Version (2000) - CD Online

Bible.

Bíblia RA - Almeida Revista e Atualizada (1999) - CD OnLine Bible.

Bíblia RC - Almeida Revista e Corrigida (1995) - CD OnLine Bible.

James Strong, LL.D, S.T.D. - Léxico Hebraico e Grego de Strong - CD

Online Bible.

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