Miocardiopatias
SUMÁRIO
1. Introdução...........................................................................................................3
2. Cardiomiopatia dilatada.......................................................................................3
Patogenia....................................................................................................................... 4
Morfologia...................................................................................................................... 5
Aspectos clínicos.......................................................................................................... 7
3. Cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito..............................................7
Morfologia...................................................................................................................... 7
4. Cardiomiopatia hipertrófica.................................................................................8
Patogenia....................................................................................................................... 8
Morfologia...................................................................................................................... 9
Aspectos clínicos........................................................................................................ 10
5. Cardiomiopatia restritiva............................................................................................ 11
6. Miocardite.................................................................................................................... 12
Morfologia.................................................................................................................... 13
Aspectos clínicos........................................................................................................ 14
Miocardite infecciosa.................................................................................................. 14
Miocardite não infecciosa.......................................................................................... 15
Referências bibliográficas................................................................................................ 17
1. INTRODUÇÃO
As miocardiopatias (ou cardiomiopatias) são definidas como doenças próprias do
miocárdio associadas à disfunção cardíaca. Sendo assim, são um grupo heterogêneo,
as quais possuem manifestações relacionadas à falha no desempenho cardíaco,
tanto mecânica (disfunção sistólica ou diastólica), podendo evoluir com ICC, quanto
arritmias, podendo ser fatais. Possuem etiologias diversas, dentre elas: inflamatória,
imunológica, metabólica e genética.
Conceito: Cardiomiopatias primárias: são doenças do próprio
miocárdio, desde causas genéticas a adquiridas;
Cardiomiopatias secundárias: é quando a alteração miocárdica é secundária a
um distúrbio sistêmico ou multiorgânico.
As cardiomiopatias são divididas em 4 padrões funcionais clássicos:
• Cardiomiopatia dilatada;
• Cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito;
• Cardiomiopatia hipertrófica;
• Cardiomiopatia restritiva.
Dentre esses padrões a cardiomiopatia dilatada é a de maior ocorrência (90% dos
casos) e cardiomiopatia restritiva a de menor ocorrência. Importante salientar que
cada padrão pode ter uma etiologia bem definida e identificável ou pode ser idiopáti-
ca, ou seja, não se consegue estabelecer uma causa básica.
2. CARDIOMIOPATIA DILATADA
A cardiomiopatia dilatada (CMD), como o próprio nome diz, é uma dilatação da
câmara cardíaca, podendo estar acompanhada de hipertrofia. Esse padrão funcio-
nal tem uma importante herança familiar, possuindo como outras causas: álcool,
periparto, miocardite, hemocromatose, anemia crônica, toxicidade da doxorrubicina
(Adriamicina), sarcoidose e idiopática.
Tuberculose 3
Figura 1: Comparação entre um coração normal e um coração com cardiomiopatia dilatada
Fonte: Akarat Phasura/shutterstock.com
Patogenia
A cardiomiopatia dilatada (CMD) é uma das principais responsáveis pela insufici-
ência cardíaca congestiva (ICC) e transplantes cardíacos em todo o mundo. A CDM é
uma doença que tende a ser reconhecida em estágio mais tardio, no qual o coração
já se encontra debilitado e se torna muito difícil um diagnóstico etiológico. Como já
citado, a CMD tem um forte componente genético, contudo, durante a progressão da
doença, diversos outros componentes podem influenciar no seu estágio final, devido
a sucessivas agressões passadas no miocárdio, dentre esses componentes de influ-
ência, temos:
• Genética: influenciando de 30% a 50% dos casos, ocorre por mutação em di-
versas proteínas, dentre essas as envolvidas no citoesqueleto, sarcolema e
envoltório nuclear. O padrão genético predominante é a herança autossômica
dominante, tendo como outras formas menos comuns, a herança ligada ao cro-
mossomo X (tendendo a se manifestar na puberdade e no início da vida adulta),
autossômica recessiva e a mitocondrial (tendendo a se manifestar na popula-
ção pediátrica);
Tuberculose 4
Saiba mais! Anormalidades congênitas da condução cardíaca
podem ter associação com a cardiomiopatia dilatada, devido à origem comum
dos miócitos de contração e dos elementos de condução.
• Miocardite: a miocardite pode evoluir para cardiomiopatia dilatada, particular-
mente pelos enterovírus (Coxsackie), tendo como possível explicação anor-
malidades na resposta imunológica por formação de autoanticorpos e/ou por
citotoxicidade direta nos cardiomiócitos.
• Álcool e outros tóxicos: o álcool pode promover a cardiomiopatia alcoólica por
alguns mecanismos como por toxicidade direta do etanol, por distúrbio nutricio-
nal secundário ou por deficiência de tiamina (podendo evoluir com beribéri). A
cardiomiopatia alcoólica é morfologicamente indistinguível da cardiomiopatia
dilatada idiopática. Quanto aos outros tóxicos, podemos citar: os agentes qui-
mioterápicos, a doxorrubicina, terapias para o câncer e cobalto;
• Gravidez: por meio da cardiomiopatia periparto (que nada mais é do que uma
cardiomiopatia dilatada desenvolvida durante a gestação). Ainda não se sabe
a fisiopatologia para tal, mas se acredita que esteja relacionada à hipertensão
gestacional, à sobrecarga de volume, deficiência nutricional, alguns transtornos
metabólicos e reações imunológicas. Acredita-se que possa estar relacionada
a lesões isquêmicas funcionais decorrentes de um desequilíbrio angiogênico
microvascular;
• Sobrecarga de ferro: pensando principalmente na hemocromatose, o mecanis-
mo de lesão pode ocorrer por interferência em processos enzimáticos ou por
estímulo à produção de espécies reativas de oxigênio;
• Estresse suprafisiológico: como em excessos de catecolaminas, podendo ser
provocada por um feocromocitoma. Tem como mecanismos prováveis cardio-
toxicidade direta ou por vasoconstricção na macro e microcirculação das arté-
rias coronárias. Além disso, efeitos semelhantes podem ser alcançados com o
uso de cocaína e agentes vasopressores.
Morfologia
A histologia da CMD geralmente não indica um diagnóstico etiológico e o grau de
suas anormalidades não estão diretamente relacionadas com a gravidade do caso e
do seu prognóstico. Quanto às alterações na macroscopia, podemos encontrar um
coração pesado (normalmente entre 400 e 600 g, devido à hipertrofia), aumentado,
flácido (pois se lembre de que o coração está dilatado), com uma parede ventricular
mais fina, com todas as câmaras cardíacas dilatadas e ainda podem ser visualizados
Tuberculose 5
trombos murais (principalmente em átrios e no ápice ventricular). Já nas alterações
microscópicas podemos visualizar:
• Miócitos hipertrofiados com núcleos aumentados, irregulares e
hipercromáticos;
• Fibrose intersticial e endocárdica de variados graus.
Figura 2: Dilatação nas quatro cavidades cardíacas
Fonte: Autoria própria.
Figura 3: Microscopia com hipertrofia dos cardiomiócitos e fibrose intersticial (em azul)
Fonte: Autoria própria.
Tuberculose 6
Saiba mais! A cardiomiopatia dilatada gera alterações morfoló-
gicas cardíacas, sendo assim essas alterações podem provocar a formação de
regurgitação mitral ou tricúspide. Portanto, será uma valvopatia secundária a
alteração morfológica e não o contrário.
Aspectos clínicos
A CMD comumente acomete indivíduos entre 20 e 50 anos. Evolui lentamente e
progressivamente, principalmente, com sintomas de ICC, como dispneia, cansaço e
baixa capacidade de esforço. Pode ainda apresentar ritmos cardíacos anormais e, co-
mo já citado, apresentar regurgitação mitral secundária. Quanto aos trombos, podem
tornar-se êmbolos pulmonares ou sistêmicos. A CMD devido à disfunção contrátil, se-
cundária à dilatação cardíaca, tende a se apresentar com fração de ejeção (FE) < 40%,
contudo em estágios mais avançado tende a se apresentar com FE < 25%.
3. CARDIOMIOPATIA
ARRITMOGÊNICA DO VENTRÍCULO
DIREITO
É uma cardiomiopatia hereditária, marcada por uma atuação exclusiva, ou quase
exclusiva, no ventrículo direito, se manifestando com sinais de insuficiência cardíaca
direita e distúrbios de ritmo, como uma taquicardia ventricular (TV). A TV pode evo-
luir, por sua vez, para fibrilação ventricular e morte súbita cardíaca (MSC). Quanto à
sua fisiopatologia, acredita-se que esteja relacionada a proteínas de adesão celular
defeituosas nos desmossomos que ligam os cardiomiócitos.
Morfologia
Morfologicamente pode ser visualizado um adelgaçamento da parede do ven-
trículo direito e uma extensa infiltração de gordura e fibrose em substituição dos
cardiomiócitos.
Tuberculose 7
Figura 4: Microscopia de substituição do miocárdio por fibrose (seta)
Fonte: Autoria própria.
4. CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA
A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é um distúrbio genético, caracterizado por
uma hipertrofia do miocárdio (então pense que o coração agora está com a parede
espessada e hipercontrátil, ou seja, terá dificuldade na complacência). Sendo assim,
a função sistólica tende a estar preservada e a disfunção é diastólica, ou seja, o co-
ração terá dificuldade de relaxar para receber o sangue. A partir disso, já a diferen-
ciamos da cardiomiopatia dilatada. Outras doenças que devemos tentar distinguir da
CMH são as doenças de depósito, como a amiloidose, e a cardiopatia hipertensiva
(que está relacionado à hipertrofia septal subaórtica).
Patogenia
A patogenia está relacionada a mutações de genes que codificam proteínas rela-
cionadas à contração. Existem diversos tipos de mutações, contudo, 70% a 80% dos
casos são mutações nos genes que codificam a cadeia pesada da Beta-miosina, da
TnT cardíaca, da alfa-tropomiosina e da proteína C ligadora de miosina. Acredita-se
ainda originar-se de uma transferência defeituosa de energia da mitocôndria ao sar-
cômero. Em suma, devemos ter em mente que é uma doença de geração anormal de
força, transmissão de força ou sinalização de miócitos.
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Morfologia
Macroscopicamente, tende a se apresentar com ventrículos hipertróficos associa-
do a cavidades de tamanho normal ou reduzidos. Essa hipertrofia ventricular pode se
apresentar sob alguns padrões:
• Hipertrofia septal assimétrica: sendo a forma mais comum, onde o septo hiper-
trofia 3x mais que a parede livre ventricular, criando um formato semelhante a
uma banana;
• Hipertrofia concêntrica e simétrica: responsável por cerca de 10% dos casos.
Se liga! É comum encontrar, principalmente na hipertrofia septal
assimétrica, um espessamento fibroso na via de saída do ventrículo esquerdo,
gerado pelo contato do folheto anterior da valva mitral com o endocárdio, o que
pode agravar a obstrução do fluxo sanguíneo.
Microscopicamente, os aspectos mais relevantes para a identificação da cardio-
miopatia hipertrófica são:
• Hipertrofia maciça dos miócitos;
• Desarranjo espacial: dos cardiomiócitos ou dos feixes de fibras cardíacas;
• Fibrose intersticial e espessamento de pequenas artérias intramurais.
Figura 5: Cardiomiopatia hipertrófica com hipertrofia septal assimétrica
Fonte: Autoria própria
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Figura 6: Cardiomiócitos hipertróficos dispostos desordenadamente
Fonte: Autoria própria
Aspectos clínicos
A partir da patogenia e da morfologia podemos compreender seus achados clíni-
cos. Como já citado, a CMH gera uma disfunção diastólica, não conseguindo receber
adequadamente o sangue. Além disso, gera uma dificuldade na saída sanguínea do
ventrículo, tanto pela hipertrofia quanto pela fibrose. Logo ocorre uma redução do dé-
bito cardíaco e, secundariamente, um aumento da pressão venosa pulmonar, reper-
cutindo em dispneia. Associado também a essa dificuldade na saída do sangue do
ventrículo, devido à fibrose decorrente do contato do folheto anterior da valva mitral
com o endocárdio, é possível auscultar um sopro sistólico de ejeção áspero. Outro
achado é o espessamento de pequenas artérias intramurais, pode ocorrer mecanis-
mo de isquemia focal mesmo na ausência de doença arterial coronariana, além de
possível ocorrência de trombos. Arritmias, como a fibrilação atrial (FA), embolização
de trombos, e morte súbita também podem ocorrer nesses pacientes.
Saiba mais! Para identificação do sopro por CMH, solicita-se que
o paciente assuma a posição de cócoras, na qual todos os sopros se intensifi-
cam, exceto o da CMH.
Tuberculose 10
Se liga! Uma das causas mais comuns de morte súbita sem expli-
cação em atletas jovens é a CMH.
5. CARDIOMIOPATIA RESTRITIVA
A cardiomiopatia restritiva é basicamente uma condição em que o coração está
“duro”, ou seja, com uma complacência reduzida, o que dificulta o enchimento do
ventrículo, contudo sua função sistólica tende a estar preservada. A biopsia normal-
mente fecha o diagnóstico etiológico, sendo possíveis causas: idiopática, fibrose por
radiação, amiloidose, sarcoidose, tumores metastáticos ou deposição de metabóli-
tos por erro inato do metabolismo. Além disso, existem algumas condições restriti-
vas importantes:
• Amiloidose: trata-se de um acúmulo extracelular de fibrilas de proteínas. Pode
se manifestar de algumas formas, sendo uma delas a cardiomiopatia restritiva.
A amiloidose pode ocorrer tanto por uma amiloidose sistêmica, quanto por uma
amiloidose cardíaca senil, a qual possui um melhor prognóstico. A forma cardí-
aca senil é constituída por um deposito predominante de transtirretina; quando
a transtirretina está mutada, essa deposição tende a ser mais rápida.
Saiba mais! A transtirretina é uma proteína sintetizada no fígado,
que circula normalmente no sangue.
• Fibrose endomiocárdica: é uma fibrose do endocárdio do ventrículo e do su-
bendocárdio que se estende desde o ápice, podendo envolver as valvas atrio-
ventriculares. Pode acometer qualquer um dos ventrículos, ocorrendo mais em
jovens e crianças. Não possui etiologia muito bem estabelecida, mas acredita
estar relacionada a infecções endomiocárdicas, ação tóxica de eosinófilos,
alteração na concentração sérica de cério e tório no miocárdio, toxicidade por
serotonina ou toxicidade por alimentos presentes em dietas pobres, como a
mandioca e a banana;
• Endomiocardite de Loeffler: é uma condição onde ocorre um infiltrado eosinofí-
lico em diversos órgãos, como o coração. Nesse órgão, provavelmente devido a
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liberação de produtos tóxicos pelos eosinófilos, ocorre necrose com sucessiva
cicatrização endomiocárdica e formação de trombos;
Se liga! A fase cicatricial da endomiocardite de Loeffler tem grande
semelhança morfológica com a fibrose endomiocárdica.
Quanto à morfologia, não é definidora, podendo apresentar um miocárdio rígido,
com dilatação biatrial e com ventrículos preservados ou levemente aumentados. Já
na microscopia, os achados são de fibrose intersticial.
**
Figura 7: Penetração do miocárdio por tecido fibroso (asterisco)
Fonte: Autoria própria
6. MIOCARDITE
A miocardite é definida como uma inflamação associada a lesão dos cardiomióci-
tos. Possui diversas etiologias, desde microrganismos infecciosos à uma inflamação
primária do coração.
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Se liga! Para considerarmos uma miocardite, a inflamação deve ser
causa da lesão dos cardiomiócitos. Portanto, a cardiopatia isquêmica não é ca-
racterizada como uma miocardite.
Morfologia
No exame macroscópico, podemos observar um coração dilatado ou normal,
podendo estar associado a uma hipertrofia e a trombos murais. Já no exame mi-
croscópico, é caracterizado por um infiltrado inflamatório intersticial, que tende a ser
linfocitário, com necrose focal dos miócitos. Com o evoluir da doença, pode ocorrer
regressão do infiltrado, podendo ser substituído por tecido cicatricial ou sem altera-
ções residuais, além de poder evoluir para uma cardiomiopatia dilatada. Existem ain-
da alguns outros padrões morfológicos específicos:
• Miocardite por hipersensibilidade: no qual o infiltrado inflamatório é composto
por linfócitos, macrófagos e por muitos eosinófilos, principalmente em região
perivascular.
• Miocardite de célula gigante: possuindo um prognóstico ruim, é caracterizado
pela presença de células gigantes multinucleadas.
• Doença de chagas: caracterizada por parasitismo dos tripanossomos nas mio-
fibrilas dispersas, associado a infiltrado inflamatório composto por neutrófilos,
linfócitos, macrófagos e eosinófilos.
Figura 8: A:Miocardite linfocítica; B: Miocardite por hipersensibilidade; C: Miocardite de células gigan-
tes; D: Miocardite da doença de Chagas
Fonte: Autoria própria
Tuberculose 13
Saiba mais! Quando o infiltrado inflamatório se apresenta fo-
cal ou não uniforme, podem ocorrer resultados falso-negativos na biopsia
endocárdica.
Aspectos clínicos
Os sinais clínicos de miocardite são febre, fadiga, desconforto precordial, palpita-
ções, insuficiência cardíaca ou arritmia de início súbito. As alterações laboratoriais
estão relacionadas a elevação das enzimas cardíacas, sugerindo uma inflamação.
Sendo assim, é um diagnóstico difícil de ser feito. Dessa forma, surgiu um método
padrão-ouro para análise anatomopatológica no paciente vivo, que é a biópsia en-
domiocárdica. Nessa biópsia foram estabelecidos critérios para o diagnóstico de
miocardite, conhecido como critérios de Dallas, sendo definida a miocardite como:
infiltrado inflamatório no miocárdio com necrose e/ou degeneração dos miócitos adja-
centes não decorrentes de dano isquêmico associado à doença arterial coronariana.
Conceito: Miocardite borderline: quando há inflamação miocár-
dica, contudo, não é possível observar dano nos cardiomiócitos.
Miocardite infecciosa
Existem diversas causas de miocardite infecciosa, dentre elas temos:
• Miocardite viral: é a principal causa de miocardite nos EUA. Sendo os vírus
Coxsackie A e B os principais responsáveis nesse grupo. Outros vírus também
possíveis de gerar a miocardite viral, como: ECHO, pólio, influenza, HIV, Epstein-
Barr, parvovírus, vírus da hepatite C, caxumba, varicela, sarampo, dentre outros.
Suspeitamos dessa condição quando o paciente apresenta descompensação
cardíaca e arritmias dias ou semanas após um quadro de infecção viral. O diag-
nóstico por sua vez é pela elevação de anticorpos séricos e a biopsia endocár-
dica com infiltração linfo-histiocitária, sendo confirmada pela demonstração
dos ácidos nucleicos do vírus pela PCR.
• Miocardite bacteriana: essa condição é resultante da infecção do miocárdio
por bactérias que podem advir por disseminação hematogênica ou, menos
comumente, por extensão direta de infecção no mediastino. Os mecanismos
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de patogenia estão relacionados a ação de toxinas das bactérias ou uma ação
imunitária à hipersensibilidade de produtos bacterianos. Quanto ao diagnóstico,
ocorre um processo inflamatório nítido, composto normalmente por neutrófilos,
exceto nas micobactérias, que é granulomatoso. Algumas doenças como a dif-
teria e a leptospirose em casos fatais é comum o comprometimento cardíaco;
mais raramente outras doenças como a sífilis e a tuberculose também podem
acometer as fibras cardíacas.
• Miocardite fúngica: é uma forma mais rara, podendo ser causada por fungos,
como Candida, Aspergillus, Paracoccidioides e Hystoplasma. É caracterizada
por infiltrado inflamatório granulomatoso com células gigantes, além de poder
ser identificado o fungo na necrose central.
• Miocardite por protozoário: ocorre principalmente por 2 protozoários com im-
portância clínica, o Toxoplasma gondii e o Trypanosoma cruzi. O infiltrado infla-
matório é linfo-histiocitário.
Miocardite não infecciosa
Dentre as causas de miocardite não infecciosa, temos:
• Miocardite por hipersensibilidade: tende a ocorrer por reação a fármacos, co-
mo a penicilina e a sulfonamida. É histopatologicamente identificado por ede-
ma e infiltrado polimórfico com grande número de eosinófilos, podendo evoluir
para necrose e vasculite.
• Miocardite em doenças imunitárias: pode ocorrer decorrente de algumas doen-
ças como lúpus eritematoso sistêmico (LES), esclerose sistêmica e polimiosite,
ocorrendo um padrão linfo-histiocitário.
Conceito: Miocardite autoimune: inflamação linfo-histiocitária
do miocárdio na ausência de doença autoimune sistêmica e de miocardite
infecciosa.
Tuberculose 15
MAPA MENTAL
Cardiomiopatia dilatada Arritmogênica do VD Cardiomiopatia hipertrófica
Patogenia Morfologia Disfunção diastólica
Adelgaçamento da parede
Multifatorial Patogenia
do VD; Infiltração de
gordura e fibrose.
Genética; Mutação da cadeia
Miocardite; pesada da Beta-miosina,
Álcool e outros tóxicos; Aspectos clínicos
Gravidez; da TnT cardíaca, alfa-
Sobrecarga de ferro; tropomiosina e proteína C
Estresse suprafisiológico. ligadora de miosina
Sintomas de IC direita
Morfologia Morfologia
Distúrbios do ritmo
Miócitos hipertrofiados;
Hipertrofia maciça
Fibrose intersticial.
Cardiomiopatia restritiva dos miócitos;
Desarranjo espacial;
Aspectos clínicos Fibrose intersticial.
Complacência reduzida
Sintomas de ICC Aspectos clínicos
Função sistólica preservada
Ritmos cardíacos anormais Dispneia
Etiologias
Regurgitação mitral
Sopro sistólico
secundária Idiopática;
Amiloidose;
Fibrose por radiação;
Trombos Sarcoidose; Isquemia focal
Tumores metastáticos;
Deposição de metabólitos.
Miocardite
Infiltrado inflamatório no miocárdio com necrose e/ou degeneração dos miócitos
adjacentes não decorrentes de dano isquêmico associado à doença arterial coronariana.
Miocardite infecciosa
Morfologia Aspectos clínicos
Viral, bacteriana,
fúngica e protozoário
Infiltrado inflamatório; Febre, fadiga e palpitações
Dilatação cardíaca; Miocardite não infecciosa
Hipertrofia;
Hipersensibilidade e
Trombos murais. IC e arritmias
imunitária
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Kumar V. Robbins: Patologia básica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018.
Brasileiro Filho G. Bogliolo: Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.
Rocco JR. Semiologia médica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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