Obras de Canais e de Drenagem
Obras de Canais e de Drenagem
Você vai entender o que são as obras de canais a céu aberto, de galerias e travessias, de sistema de
drenagem urbana e como são elaboradas as obras de reservatórios para controle de cheias.
Profª. Larissa Camporez Araújo
1. Itens iniciais
Propósito
O conhecimento dos sistemas de drenagem urbana e das obras que formam esse sistema de coleta e
transporte das águas pluviais é fundamental para a vida do engenheiro, pois irá auxiliar na escolha do sistema
adequado para solucionar problemas relativos a enchentes e inundações nas cidades.
Objetivos
• Reconhecer os sistemas de drenagem urbana e os cálculos que auxiliam no dimensionamento das
obras.
• Identificar os elementos que compõem as obras de macrodrenagem e as vantagens de seu
planejamento.
• Reconhecer os elementos que compõem as obras de microdrenagem.
• Identificar os cálculos utilizados para obras de reservatório para controle de cheias e exemplos de
soluções.
Introdução
Olá! Antes de começarmos, assista ao vídeo e entenda os sistemas de drenagem urbana e os cálculos que
auxiliam no dimensionamento das obras, assim como os elementos que compõem as obras de
macrodrenagem e de microdrenagem.
Introdução
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1. Obras de sistemas de drenagem urbana
Drenagem urbana
Neste vídeo, abordaremos conceitos básicos dos componentes do sistema de drenagem pluvial, dados de
precipitação e cálculo de vazões, bem como o dimensionamento de elementos do sistema de drenagem.
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O sistema de drenagem pluvial urbana é formado tanto por estruturas quanto por técnicas de engenharia para
captar e transportar águas pluviais que escoam nas zonas urbanas de forma superficial. O objetivo dos
componentes desse sistema é garantir que as águas pluviais não provocarão impactos negativos, como
enchentes e inundações, que causam prejuízos ambientais e sociais.
Antes de iniciarmos os estudos dos elementos de drenagem urbana, vamos entender a diferença entre
alagamento, enchente e inundação. A imagem a seguir nos ajuda a compreender que o alagamento
corresponde ao acúmulo de água na superfície urbana impermeabilizada em locais com sistema de drenagem
ineficiente; a enchente é a elevação do nível d’água sem extravasamento; e a inundação é quando ocorre o
extravasamento dos cursos de água.
É o sistema inicial de drenagem, sendo a parte do sistema responsável por coletar e transportar as
águas pluviais superficiais em pequenas e médias escalas: em loteamentos e redes primárias
urbanas. Considera a coleta e o transporte das águas superficiais ou subterrâneas através de
pequenas e médias galerias, ou seja, em elementos com . Todos os componentes
utilizados para que isso que ocorra são considerados da microdrenagem.
Macrodrenagem
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As grandes áreas de superfícies impermeáveis nas regiões urbanas são responsáveis pelo desvio necessário
das águas das chuvas por um sistema de drenagem local. A fim de evitar transtornos, danos, inundações e
outros riscos à saúde provocados pelo acúmulo das águas pluviais, são realizados cálculos de vazões para o
correto dimensionamento das obras de drenagem pluvial urbana.
Para o dimensionamento adequado dos sistemas de drenagem, é realizado o cálculo das vazões com o estudo
das áreas para a compreensão e previsão do comportamento das águas pluviais e assim adotar o melhor
sistema de drenagem urbano. No estudo, as chuvas são transformadas em vazão, a partir de dois critérios:
Os dados de precipitação e clima de diversas cidades brasileiras podem ser obtidos em sites disponibilizados
pelas prefeituras e pelos governos estaduais e federais. Os dados de precipitação são disponibilizados em
séries históricas na Rede Hidrometeorológica Nacional do Sistema Nacional de Recursos Hídricos (SNIRH) em
colaboração com a Agência Nacional de Águas (ANA) ou no Portal Hidroweb.
Cálculo da precipitação
Para o cálculo da precipitação podemos considerar a relação entre a intensidade , a duração ea
frequência e a recorrência das chuvas, ou seja, o período de retorno que é o inverso da frequência,
veja!
As curvas IDF (intensidade-duração-frequência) são utilizadas para definir o tempo com base nas
precipitações regionais. A partir delas é possível determinar uma chuva para o dimensionamento das obras
hidráulicas do sistema de drenagem. Agora estudaremos dois métodos para estimar as vazões máximas, a
partir das chuvas em bacias urbanas.
Método racional
Utilizado para calcular a vazão de pico das bacias urbanas, é baseado no pressuposto de que há uma
intensidade constante de chuva uniformemente espaçada por determinada área e que uma chuva que cai na
parte mais distante da bacia leva um tempo para chegar até a saída da bacia, e, com isso, a taxa máxima de
vazão ocorrerá quando a duração da chuva for igual ao tempo de concentração. A vazão, pelo método
racional, é calculada utilizando a equação:
Sendo a intensidade da chuva de projeto ( ), a área da bacia hidrográfica , a vazão
máxima e o coeficiente de escoamento superficial, também chamado de runoff, do método
apresentado no quadro a seguir.
Asfalto 0,83
Concreto 0,88
Calçadas 0,80
Telhado 0,85
O método racional é aplicado para bacias com área até 80 ha. Para bacias com área entre 80 e 200 ha, utiliza-
se a seguinte equação:
Em que é o comprimento axial da bacia .
Lembrando que a área de drenagem pode ser determinada a partir de levantamentos topográficos e a
intensidade da chuva a partir de curvas IDF. Observe um conjunto de curvas IDF para um evento com um
período de retorno específico em que a intensidade e a duração da chuva estão inversamente relacionadas,
ou seja, conforme a duração aumenta, a intensidade diminui.
Ao observar a curva IDF do gráfico, vemos que tempestades fortes duram pouco tempo, mas as chuvas fracas
podem durar um período longo. É possível verificar, também, que eventos mais raros, com períodos de retorno
maiores, tendem a ter maior intensidade.
Método SCS - CN
Este método vem do inglês curve number (CN) do Soil Conservation Service (SCS), desenvolvido pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, Serviço de Conservação do solo. Neste método, utiliza-se a
seguinte equação:
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Para os canais, a estimativa da vazão de escoamento em um canal aberto a partir de área de seção
transversal, raio hidráulico, inclinação da linha de grade de energia e respectivo coeficiente de rugosidade é
obtida pela equação de Manning. Veja!
Sendo a vazão , a área da seção transversal o raio hidráulico e o coeficiente
de rugosidade de Manning. Para o escoamento em seções plenas, temos:
Podemos observar no quadro a seguir os valores usuais para o coeficiente de Manning de acordo com o
material do tubo.
De acordo com a ABNT NBR 15645, os principais critérios a serem adotados no dimensionamento de
drenagem pluvial são:
•
Velocidade mínima de escoamento na tubulação:
•
Velocidade máxima de escoamento na tubulação:
•
Material da tubulação (concreto):
•
Distância máxima entre os poços de visita:
•
Sarjetas: declividade do leito carroçável da rua (seção transversal)
•
Declividade longitudinal:
•
Altura da água na sarjeta: (altura da lâmina d'água)
• Diâmetro mínimo da tubulação:
As bocas coletoras recolhem as águas pluviais que escoam nas áreas urbanizadas superficialmente. Essas
estruturas são indispensáveis no sistema de drenagem e o seu dimensionamento deve ser realizado de acordo
com o escoamento que deverá captar. É importante que estejam em locais estratégicos como nos dois lados
das vias, se as vazões de captação exigirem. Há algumas recomendações quanto às bocas coletoras:
A situação não recomendada é a implantação não adequada das bocas coletoras próximas aos vértices do
ângulo de interseção das sarjetas de duas ruas convergentes, pela possível dificuldade que os pedestres
teriam para atravessar a rua no trecho de máxima vazão superficial.
Para o dimensionamento hidráulico das galerias das águas pluviais, utilizamos a equação de Manning para
determinar o diâmetro das galerias :
- Altura da lâmina de :
Suponha que seja necessário implantar uma galeria pluvial em um projeto de drenagem pluvial urbana.
Trata-se de uma estrutura circular a ser inserida em seção plena. A vazão máxima a ser transportada
pela galeria é de , a inclinação do tubo é de e o tubo é constituído de
concreto. Sabendo que o coeficiente de rugosidade de Manning é igual a , qual seria o
diâmetro ideal da galeria?
Solução:
Para a seção plena, temos:
Verificando o aprendizado
Questão 1
Os sistemas de drenagem urbana têm como principal objetivo impedir ou mitigar os danos causados por
enchentes e inundações nas cidades. Com base nessa informação, analise as afirmativas a seguir.
I. As obras do sistema de drenagem urbana captam águas do escoamento superficial das áreas urbanas e as
transportam.
II. As enchentes correspondem ao acúmulo de água na superfície urbana impermeabilizada, onde há falhas no
sistema de drenagem.
III. As obras que captam as águas pluviais de loteamentos e redes primárias urbanas são constituintes da
microdrenagem.
IV. Os canais, tanto naturais quanto artificiais, são elementos constituintes da macrodrenagem.
Estão corretas
Questão 2
Um engenheiro precisa determinar a vazão máxima a ser transportada em uma galeria pluvial de drenagem
urbana. O projeto em análise contempla uma estrutura circular com seção plena, inclinação do tubo de
, tubo de concreto com coeficiente de rugosidade de Manning de e diâmetro da galeria
de . Marque a opção que apresenta a vazão máxima encontrada pelo engenheiro.
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Macrodrenagem
Neste vídeo, você compreenderá como deve ser realizado o desenvolvimento do projeto do sistema de
macrodrenagem.
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Agora, abordaremos as obras de macrodrenagem que contemplam os canais a céu aberto. Além dos canais
naturais e artificiais a céu aberto, responsáveis por receber as águas pluviais captadas e transportadas pelo
sistema de microdrenagem, também falaremos sobre os reservatórios de amortecimento e as galerias de
grandes dimensões.
O sistema de macrodrenagem é o responsável pelo escoamento final das águas pluviais provenientes dos
sistemas de microdrenagem das regiões urbanizadas.
Atenção
É importante que o sistema de macrodrenagem tenha capacidade para receber a precipitação em
volume superior ao captado e transportado pelo sistema de microdrenagem, de maneira a não permitir
os impactos negativos, como enchentes, inundações, processos erosivos etc.
A macrodrenagem existe sempre, mesmo quando não projetada, formada pelos fundos de vale, córregos, rios
e cursos d’água. As obras desse sistema têm por objetivo otimizar o escoamento das águas pluviais e
melhorando as características hidráulicas. São de grande porte, pois precisam retirar o excesso de água de
solo e acumulá-la em áreas grandes ou em microbacias hidrográficas.
O projeto do sistema de macrodrenagem
Segundo Tucci (2002), um projeto de macrodrenagem deve considerar o escoamento das águas pluviais que
ocorre no curso das águas naturais, analisar esses canais antes de implantação da área urbanizada, mesmo
que sofram alterações, como canalizações, modificações dos seus meandros, implantação de reservatórios,
diques, entre outros. E precisa seguir as seguintes etapas:
O método racional pode ser utilizado para obter a vazão máxima de escoamento em uma bacia hidrográfica,
ou seja, a vazão de pico. Logo, ele é aplicado para o dimensionamento de macrodrenagem.
Para a realização do projeto, é importante definir a bacia hidrográfica em que a área está inserida. Um
município pode estar inserido em mais de uma bacia hidrográfica e precisamos considerar os aspectos
geológicos, morfológicos, de permeabilidades (permeável ou impermeável), baseados na cobertura vegetal do
solo e outros.
Elementos da macrodrenagem
Neste vídeo, você conhecerá as propriedades e características dos principais elementos que constituem o
sistema de macrodrenagem.
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Os elementos que constituem o sistema de macrodrenagem possuem, em sua maioria, estruturas de grandes
dimensões, canais naturais ou construídos, reservatórios de amortecimento e estruturas auxiliares. Vamos
conhecê-los!
Galeria de macrodrenagem.
Reservatórios de amortecimento
São estruturas que apresentam capacidade de armazenamento das águas pluviais que escoam
superficialmente durante o período de chuvas. Elas liberam a água armazenada de maneira mais lenta, por
meio de saídas controladas, ou seja, atuam como um caminho de fluxo superficial para acomodar com
segurança eventos severos de inundação.
• Irrigação
• bacia de amortecimento.
Tipo de Geração de energia elétrica
• Regulação do baixo fluxo de água para navegação
• Abastecimento de água público e industrial
• Recreação
Esses reservatórios podem ser classificados como reservatórios de detenção e reservatórios de retenção. Nos
reservatórios de detenção ocorre o armazenamento temporário de águas pluviais que são liberadas,
geralmente, por uma saída com medição não controlada. Nos reservatórios de retenção ocorre o
armazenamento por um período prolongado, em uma instalação sem saída positiva.
Observe a vista aérea de lagoas para coleta de águas pluviais, que são bacias de retenção de águas pluviais
ou piscinas artificiais utilizadas para sistema de irrigação.
Bacias de retenção.
Os reservatórios de detenção podem ser em linha – in-line – ou fora de linha – off-line (BRASIL, 2018):
Reservatórios de detenção.
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Em áreas de superfície permeável, como a cobertura vegetal predominante, temos a infiltração bem maior do
que o escoamento superficial. O oposto ocorre nos centros urbanos, onde temos a grande parte das
superfícies com coberturas impermeáveis, logo, existe o favorecimento do escoamento superficial. O
desenvolvimento de áreas urbanas próximas às margens de rios tem contribuído para inundações em áreas
que anteriormente não sofriam com esse problema.
É ideal que o sistema de drenagem urbano seja planejado adequadamente desde o início da concepção da
urbanização, pois os problemas se agravam e o custo das obras se elevam com a urbanização desordenada
somada à ausência de planejamento. Por isso, é importante que a área a ser urbanizada seja planejada de
forma integrada e que todo o plano urbanístico de expansão contenha ações para a drenagem e o manejo das
águas pluviais urbanas. O plano urbanístico deve apresentar a delimitação das áreas mais baixas, que são
potencialmente inundáveis com a finalidade de diagnosticar a viabilidade ou não de ocupação dessas áreas.
Entre os benefícios de um sistema de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas bem planejadas, temos
(BRASIL, 2018):
• Garantir que os traçados naturais dos rios sejam mantidos o máximo possível.
• Manter as declividades naturais, ou reduzir a declividade dos canais com a construção de degraus.
• Adotar revestimentos rugosos ou naturais (vegetação e grama), para adequar a velocidade de
escoamento pretendida.
Verificando o aprendizado
Questão 1
A macrodrenagem é responsável pelo escoamento final das águas pluviais e deve apresentar capacidade para
receber e transportar as águas do sistema de microdrenagem. Analise as afirmativas a seguir.
II. A macrodrenagem formada pelos fundos dos vales, córregos, rios e cursos d’água naturais existe mesmo
sem projetos.
III. As obras de macrodrenagem dimensionadas e projetadas visam à melhoria das características hidráulicas
dos elementos.
IV. A subdivisão da área a ser drenada em sub-bacias, o desenho da rede com padrões urbanos e cursos
d’água naturais e a definição da precipitação são estadas do projeto de macrodrenagem.
V. Os canais da macrodrenagem são os responsáveis por receber e conduzir as águas pluviais do escoamento
superficial das cidades para os rios.
Estão corretas
apenas as afirmativas I, II e V.
A maioria das obras de macrodrenagem são obras de grande porte com capacidade de receber um elevado
volume de água. Assinale a alternativa que contenha o elemento preferencial para o escoamento das águas
pluviais desse sistema.
Galeria
Reservatório de detenção
Reservatório de retenção
Canal natural
Canal artificial
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As galerias correspondem ao conjunto de elementos, tubulações, que tem como objetivo captar e transportar
as águas pluviais do escoamento superficial das áreas urbanas até rios, córregos ou canais artificiais. Aqui,
trataremos da microdrenagem urbana.
A microdrenagem é parte constituinte dos sistemas de drenagem urbana. Nela, compreendem obras de
engenharia com a finalidade de escoar a água (principalmente, a pluvial) para locais que evitem danos à
população ou à infraestrutura. Ou seja, a microdrenagem é um sistema com elementos interligados,
destinados a captar águas pluviais que escoam na superfície e a conduzir essa água de maneira segura a um
destino final.
• Reduz a exposição da população e das propriedades aos riscos e danos das inundações e enchentes.
• Articula com o projeto de desenvolvimento urbano e de ocupação do solo.
• Minimiza alterações hidrossedimentológicas com redução dos problemas de erosão e sedimentação.
• Preserva as várzeas não urbanizadas, minimizando as interferências com o escoamento das vazões de
cheias com sua capacidade de armazenamento.
• Promove o uso das várzeas para atividades de lazer em harmonia com as funções do ecossistema
fluvial.
• Protege a qualidade ambiental e o bem-estar da comunidade.
São elementos básicos da microdrenagem: meios-fios, guias, sarjetas, bocas de lobo, bocas coletoras,
galerias, poços de visita, tubos de ligações e caixas de ligações. Esses elementos em conjunto devem ser
capazes de captar as águas pluviais de locais públicos (drenagem municipal) e conduzi-las para a rede de
macrodrenagem com rapidez e segurança, para não ocorrer o acúmulo dessas águas nas áreas urbanas e
evitar ou diminuir os riscos de alagamentos que causam prejuízos econômicos e sociais.
Observe a captação e a condução das águas pluviais de ambiente privado (residência) e público (rua):
Planta baixa mostrando os elementos básicos de um sistema de microdrenagem.
Os projetos de microdrenagem são únicos para cada local e, por isso, deve-se analisar os índices
pluviométricos e o tipo de solo da região. Nas áreas permeáveis, quando a quantidade de chuva supera a
capacidade de infiltração de água no solo, tem-se o escoamento superficial.
Existem muitos fatores que influenciam a capacidade de infiltração do solo. Vamos conhecê-los!
Tipo de solo Granulometria do solo
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Como vimos, nas obras hidráulicas, a relação chuva-vazão é o principal fator a ser considerado para o projeto,
o dimensionamento e a operação de estruturas de controle. Além disso, precisamos conhecer a vazão de pico
(maior vazão correspondente ao evento pluviométrico) nos estudos de drenagem urbana para o
dimensionamento da microdrenagem.
Podemos observar na imagem a seguir um rio com nível normal, na enchente e com inundação. O leito menor
corresponde ao nível normal do reio (calha fluvial). O leito maior corresponde a elevação temporária do nível
d’água nas calhas fluviais (também conhecidas como canais de drenagem), atingindo a cota máxima na seção
do canal antes do transbordamento; nesse caso, ocorre uma enchente, ou cheia. A inundação acontece
quando a elevação do nível atinge as áreas marginais, chamadas de planícies de inundação, ou áreas de
várzea.
(a) Nível normal de um rio; (b) enchente; (c) inundação.
Tanto as enchentes quanto as inundações são agravadas por falhas nos sistemas de microdrenagem e
macrodrenagem. Por exemplo, o entupimento das bocas de lobo ou das galerias impede a captação e a
condução adequada das águas pluviais pelo sistema de microdrenagem, acarretando um acúmulo de água na
superfície urbana. Outro exemplo é a falta de capacidade de captação e da condução das águas superficiais,
por subdimensionamento dos elementos de drenagem.
Alguns problemas comuns nos sistemas de microdrenagem são: erro de concepção, falha na previsão do pico
de projeto, falta de manutenção, envelhecimento de partes do sistema e crescimento urbano não planejado.
Esses problemas podem tornar o sistema incapaz de comportar as necessidades de escoamento. Como
principais falhas de integração do projeto de drenagem e a urbanização, podemos citar:
Se a macrodrenagem não suportar o volume de água vindo da microdrenagem, ainda que a microdrenagem
esteja adequadamente dimensionada, a água superficial ficará sobre a área urbana, ocasionando alagamentos
e escoamento sobre as ruas, por causa do represamento. Assim, as ruas passam a funcionar como canais
conduzindo as águas superficiais para regiões mais baixas.
Os projetos de microdrenagem e macrodrenagem devem ser realizados com atenção pelos profissionais
envolvidos, considerando a dinâmica das cidades que crescem e alteram com o passar do tempo.
Meios-fios e sarjetas
São estruturas que recebem as águas pluviais que incidem sobre as vias públicas (ruas, avenidas etc.) e lotes
que não se comunicam com a rede através dos ramais prediais. A água coletada pelas sarjetas é transportada
para os bueiros. As sarjetas precisam ser rebaixadas em relação às vias para que as águas superficiais
escoem para elas em direção às bocas coletoras (bueiros).
Exemplo de sarjeta.
Para calcular a capacidade hidráulica de uma sarjeta, é preciso considerar a vazão escoada, a área da seção
da sarjeta, a altura do meio-fio e o declive longitudinal da rua. Um critério utilizado para determinar a largura
da sarjeta é garantir que uma pessoa comum consiga passar sobre ela com um passo, sem pisar na água.
As sarjetas, também conhecidas como valetas, podem ser abertas ou fechadas. Normalmente, adota-se a
aberta por suas vantagens: facilidade de manutenção e limpeza, economia, possibilidade de interação
paisagística e maior facilidade para ampliações futuras, caso necessário.
Confira três tipos básicos de bocas de lobo, elementos que podem ser empregados com ou sem depressão,
no meio ou nos pontos mais baixos da sarjeta.
Tipos de bocas coletoras.
Para o dimensionamento dos bueiros é necessário conhecer as características do escoamento que será
transportado para evitar enchentes a montante. A capacidade de escoamento depende da altura de água no
trecho da sarjeta imediatamente a montante.
Boca coletora.
A água recolhida na boca coletora é destinada para as galerias de drenagem, por meio de tubulações
chamadas corpo. Veja na imagem:
Colocação de bueiros de concreto e tubos de drenagem para o sistema de águas
pluviais.
Galerias de drenagem
São canais artificiais com seções fechadas especiais, com o objetivo de transportar as águas pluviais
captadas pelos sistemas de microdrenagem até o local de despejo, normalmente, os canais de
macrodrenagem.
A depender do tamanho da cidade e do índice pluviométrico, é comum que as galerias desaguem em outras
galerias de drenagem de dimensões maiores. Elas podem ter seção transversal circular, retangular ou oval.
Construção de galeria de drenagem.
Poços de visita
São aberturas na parte exterior superior que permitem a visitação para limpeza e manutenção do sistema
interno de drenagem. Unem dois ou mais trechos da rede coletora, a partir de passagens e junções.
Tampa de poço de visita com design temático na cidade histórica de Narai Juku,
Japão.
Verificando o aprendizado
Questão 1
I. Deve mitigar a exposição da população aos riscos e danos da enchentes e inundações e promover o bem-
estar da comunidade.
II. Deve ser projetada aliada ao projeto de desenvolvimento urbano e de ocupação do solo.
Estão corretas
A
Questão 2
As bocas de lobo ou bocas coletoras ou, apenas, bueiro, são elementos da microdrenagem que têm como
função
funcionar como barreira para que a água pluvial escoe pela sarjeta.
captar as águas superficiais com livre passagem das águas do leito da estrada.
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Na fase do projeto hidráulico dos reservatórios, recomenda-se a realização de estudos detalhados que
envolvam simulações matemáticas de amortecimento de cheias (routing). Conheça os dados de entrada do
projeto:
• Hidrograma de projeto
• Características físicas do reservatório (níveis de água máximo e mínimo admissíveis)
• Curva (cota x vazão) da estrutura de controle de saída
Com esses dados, determinamos o hidrograma das vazões efluentes, os níveis d’água atingidos na bacia de
detenção e o volume armazenado (CANHOLI, 2014).
Segundo Canholi (2014), a variação do volume armazenado em um reservatório pode ser determinada pela
equação:
Em que é a vazão afluente, é a vazão efluente e é o volume. Veja na imagem um routing típico.
Amortecimento de cheias em reservatórios.
Para um intervalo de tempo, , a equação pode ser descrita por diferenças finitas:
As incógnitas da equação acima são e e podem ser determinadas pelas relações das curvas (cotax
volume), (cotax vazão efluente), e curvas auxiliares, conforme apresentado a seguir.
(Solução no instante 2)
Em que é o volume do reservatório abaixo da altura é a altura d'água para o qual se deseja obter o
volume e e são parâmetros dependentes da forma do reservatório, por exemplo: se o reservatório tiver
paredes verticais, . Sendo adimensional e a constante com dimensão . Podendo ser
determinadas pelas equações:
Em que é o número de pares tabelados . E a área da superfície molhada do reservatório pode ser
descrita pela derivada da função de volume:
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É comum adotar um orifício de fundo com orifícios complementares localizados em cotas superiores ou por
meio de vertedores de soleiras livres. Já para os extravasores de emergência, que têm o objetivo de garantir o
nível d’água máximo a ser atingido na bacia de detenção, são preferencialmente formados por vertedouros de
soleiras livres, ou seja, sem controle por comportas.
Veja na imagem um exemplo esquemático de um vertedor vertical com soleira livre delgada.
Em bacias off-line, para verificar as vazões efluentes a jusante, geralmente, só interessa a curva de vazões no
estágio inicial, pois as vazões bombeadas são muito pequenas. É comum o tempo adotado para o
esvaziamento por bombeamento ser de 12 horas.
Pode haver bacias off-line operando apenas por gravidade, sendo controladas por comportas, assim, seu
esvaziamento é semelhante ao dos reservatórios on-line.
Neste estudo, conheceremos um pouco mais sobre as obras com extravasores tipo orifício, galerias de fundo
com controle de entrada e galerias de fundo com controle de saída.
Em que é o coeficiente de descarga do orifício (adimensional, com valor típico para orifícios com cantos
vivos de ), é a área da seção transversal do orifício, a lâmina ou altura de água, acima do eixo
central orifício para orifício livre, ou a diferença de nível d'água para orifício afogado.
Escoamento em orifício.
Casos 1 e 2
Quando ocorre o escoamento crítico à entrada da galeria de fundo, o qual, para uma seção retangular, é
descrito como:
Casos 3 e 4
Quando a entrada é submersa, o escoamento pode ser considerado semelhante ao orifício se houver um
canto vivo ou reentrância que promova o deslocamento do fluxo na face superior da galeria. Sendo
medido entre o nível d'água de montante e o fundo da abertura:
Ao passar uma enchente pela bacia de detenção, à medida que o nível d’água do reservatório sobe, podem
ocorrer alguns casos de escoamento na galeria de saída (ilustrados na imagem que acabamos de ver), que
são:
Caso 5
Quando a lei cota x vazão pode ser determinada pelo cálculo da linha d’água no interior da galeria,
considerando o escoamento gradualmente variado. Nesse caso, para cada nível d’água de jusante e vazão,
obtém-se o correspondente nível d’água de montante (reservatório). Deverão ser consideradas tanto as
perdas localizadas na tomada d’água quanto as perdas distribuídas ao longo da galeria.
Casos 6 e 7
Quando temos o escoamento forçado (à pressão), e a obtenção da relação cota x vazão pode ser realizada
pela equação:
Em que é o desnível total (m), é o somatório dos coeficientes de perda de carga ao longo da
galeria, velocidade média na galeria . Sendo a vazão obtida por:
Temos:
Portanto:
Tubos de concreto
Chanfrado conforme aterro
Perdas distribuídas,
A perda distribuída é a energia potencial requerida na entrada da galeria para vencer o atrito provocado pela
rugosidade das paredes, e é calculada pela equação:
Portanto,
Perdas na saída,
A perda na saída corresponde a uma parcela da altura cinética do escoamento na saída, sendo calculada pela
equação:
Em que é a velocidade média do escoamento na seção de saída e para normalmente adota-
se 1.
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Agora vamos imaginar uma situação para compreendermos o que estudamos até aqui.
Dado um extravasor composto por uma galeria de fundo, de seção quadrada, de concreto com acabamento
rugoso, com seção de , entrada com muros-ala paralelos, declividade longitudinal e
comprimento de . Defina o regime de escoamento na galeria e o desnível montante-jusante necessário
para que seja escoada uma vazão de . Suponha a não interferência do nível de água a jusante e
coeficiente de Manning igual a (CANHOLI, 2014, seção 15-5.1).
Supondo:
Como: , na condição solicitada a galeria operará afogada, com controle de saída.
A seção plena e
Para:
Portanto:
O desnível necessário é de .
Verificando o aprendizado
Questão 1
Observe a imagem a seguir.
quando a vazão de afluente é maior que a vazão de efluente ocorre o aumento do volume armazenado na
bacia de detenção.
quando a vazão de afluente é menor que a vazão de efluente ocorre o aumento do volume armazenado na
bacia de detenção.
quando a vazão de afluente é maior que a vazão de efluente ocorre a redução do volume armazenado na
bacia de detenção.
quando a vazão de afluente é maior que a vazão de efluente ocorre a estagnação do volume armazenado na
bacia de detenção.
quando a vazão de afluente é igual a vazão de efluente ocorre o aumento do volume armazenado na bacia de
detenção.
Para:
Portanto:
Para:
Portanto:
5. Conclusão
Considerações finais
Você agora sabe identificar e caracterizar os elementos e as obras dos sistemas de drenagem urbana, seja de
microdrenagem ou de macrodrenagem. Também é capaz de distinguir os problemas envolvendo as falhas nas
obras dos sistemas de drenagem (alagamentos, enchentes e inundações), além de apresentar os quesitos
para considerar uma obra de drenagem eficiente.
Diversos profissionais trabalham cotidianamente com os conceitos que aprendemos, seja com projeto,
execução de obra ou manutenção dos sistemas de drenagem urbana.
Podcast
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Leia o texto Gestão de drenagem urbana, de Carlos Tucci, publicado pela Cepal e pelo Ipea, em 2012, e veja
como o autor aborda o conceito. Vale conferir!
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT. NBR 15645 – Execução de obras utilizando tubos e
aduelas pré-moldados em concreto. Rio de Janeiro, 2020.
BRASIL. Fundação Nacional da Saúde. Drenagem e Manejo das águas pluviais urbanas. Consultado na internet
em: 10 mar. 2023.
CANHOLI, A. Drenagem Urbana e Controle de Enchentes. 2. ed. São Paulo: Oficina de textos, 2014. E-book.
SANTOS, A. N.; PRETTO, M. E. J.; ABREU, M. S. P.; SCOPELL, V. G.; ALBERTIN, R. M.; SANTOS, F. M.; LUIZ, T. B.
P. Saneamento Ambiental. Porto Alegre: SAGAH, 2021.
STEIN, R. T.; SANTOS, F. M.; PELINSON, N. S; SCHOENELL, E. K; BOTELHO, L. A.; SILVA, L. M. L.; MACHADO, V.
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TUCCI, C. E. M. (org.). Hidrologia: ciência e aplicação. 3. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2002.