Marcio Pina Miranilde Português
Marcio Pina Miranilde Português
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ
CAMPUS CASTANHAL
Português Instrumental
Miranilde Oliveira
Castanhal
2019
1. EXIGÊNCIAS PARA ESCREVER UM TEXTO CIENTÍFICO
Atualmente, os pesquisadores escrevem muito mais, desde um recadinho para a secretária que trabalha
na residência, mensagens no Instagram, WhatsApp, Snapchar, Twitter, e-mail, post em blog, até textos mais
complexos como, por exemplo, o científico.
No científico, o pesquisador precisa saber:
1) Uli1i72r relações de causa e efeito;
2) Comparar, classificar e confrontar;
3) Formular uma proposição e defendê-la (tese);
4) Definir, ordenar, sintetizar, explicar e comentar;
5) Ser original, entre outros.
Não há como negar que a leitura de certos artigos científicos possa ser um pouco previsível. Contudo, a
redação científica expressa nos capítulos da Introdução, Revisão da literatura e da Discussão pode ser mais
atraente, romper com a previsibilidade e equilibrar novas informações com o conhecimento sedimentado. O
texto literário pode partir do clichê para surpreender o leitor, o que não é possível no texto científico.
Assim, quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o Tema de pesquisa, mais facilmente
trabalha. Os subtemas derivados do Problema Central são identificados com rapidez, a estruturação do Sumário
é desenvolvida sem obstáculos e as demais etapas fluem com naturalidade.
A formulação do problema central ou do Objetivo do estudo está vinculado ao Tema da pesquisa, e
juntos formam relação que guia o pesquisador durante todo o trabalho.
Quanto à reescrita, aprende-se muito a escrever ao reescrever. Todavia, muitos pesquisadores não têm
paciência para reler e verificar se o que foi escrito está claro. Aqueles se propuserem a essa tarefa simples vão
melhorar o texto e se aperfeiçoar com mais rapidez.
Deve-se ter em mente que o leitor de texto científico é esclarecido e muito especializado.
Pesquisa científica
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Aplicar técnicas de redação científica para planejar e redigir tese e artigo científico reflete processo de
pesquisa científica que foi bem conduzido.
Um dos propósitos da publicação científica é contribuir para o avanço da ciência por meio da divulgação de
resultados. Portanto, treinar os pesquisadores e oferecer técnicas de redação científica deve ser uma das
finalidades dos programas de pós-graduação lato e stricto sensu.
Receber treinamento em técnicas de redação científica deveria ser um dos pilares do processo de
aprendizado e de formação acadêmica dos mestres e doutores. Louis-Claude de Saint-Martin (1743 1803) -
ensina sobre o "novo homem", que deve reformular-se exteriormente e, de maneira especial, interiormente,
onde habita o seu verdadeiro "Eu".
A redação científica é ferramenta importante à manifestação de habilidades acerca de conhecimentos
adquiridos numa área cio saber.
Se desde o momento inicial, o pesquisador procurar olhar para dentro de si, poderá descobrir certas
inclinações. Possivelmente, motivação, bom-humor, bem como empatia e criatividade brilharão com muito
mais intensidade e a preparação do estudo terá sentido, pois estimula a força positiva.
Ao empregar os recursos latentes em seu âmago, é certo que o pesquisador terá mais facilidade em
trabalhar com o Tema, pois se ocupa (IC algo que lhe traz satisfação.
Da escolha do Tema até a defesa do trabalho perante a banca examinadora, ocorre grande desenvolvimento
humano que pode ser bem aproveitado quando são despertadas algumas habilidades inatas.
O estudo proposto pelo pesquisador representa quem ele é. Desse modo, não é de se estranhar que ele
mude de opinião e até vá dormir com algumas ideias e acorde com outras. Ainda que hoje a moral esteja um
pouco frouxa, não é motivo para o pesquisador imaginar pouco, criar pouco, ler pouco, pensar pouco.
Mahatma Gandhi, o mais completo educador do século XX, disse: "Seja você a mudança que quer ver no
mundo".
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E os bloqueios...
A falta de ideias é desculpa muito frequente para não escrever, porém, a evasiva que ganha de todas, é a
falta de tempo.
O naturalista inglês Charles Darwin tinha graves problemas de saúde, não podia trabalhar mais de duas
horas por dia. Apesar disso, deixou pesquisas fabulosas para a humanidade.
Marie Curie, nome adotado pela polonesa Maria Sklodowska, depois de se casar com Pierre Curie, cm
1895, em Paris, foi a primeira mulher a ganhar o prêmio Nobel e a única até hoje a ganhá-lo por duas vezes. O
primeiro foi em 1903, pelas descobertas na área de radioatividade e dividido com seu marido, e Henri
Becquerel. O segundo em 1911, em química, pela descoberta do rádio e do polônio. Talvez, o que poucas
pessoas saibam, é que ela teve formação científica com seu pai e trabalhou alguns anos como governanta para
custear os estudos, pois a família perdera a fortuiia e as propriedades, afora ter enfrentado o preconceito que a
impedia de estudar por ser mulher, imposto pelas autoridades russas à Polônia.
Se por uni lado, é de pouco resultado e de certo modo simplista, pensar que as ideias surgem de mø(lO
artificial e mecânico, 10r outro elas não aparecem sem que nada seja feito para alcançá-las. Caso os métodos
artificiais e mecânicos fossem infalíveis e exigissem pouco trabalho e esforço por parte do interessado, bastaria,
depois de conseguir as ideias, usar as mais coniventes para o início e guardar as solucionadoras para o fim.
Entretanto, a proposta não parece razoável.
Mudar hábitos é muito difícil. Exige constante vigília dos Pensamentos e intensa disciplina interior.
É provável que os bloqueios, em parte, surjam daí. Ou ainda de quadros depressivos e ansiosos. Seja
como for, os bloqueios impedem ótimos pesquisadores de publicarem artigos, de chegarem a banca
examinadora com a tese, e de evoluírem.
Nesse sentido, as técnicas de redação têm importância sem igual. Funcionam como chaves, e quando
bem aplicadas abrem as portas para o sucesso.
Principais bl.qa.l.s
Sem dúvida, a falta de vontade, as ideias pré-concebidas, a resistência às técnicas Inovadoras e a escassa
reflexão sobre as novas abordagens que estejam em oposição às crenças arraigadas por anos, constituem alguns
dos bloqueios mais comuns.
Acrescenta-se que a má gestão do tempo, a falta de prática, desorganização mental ou rigidez mental
também são bloqueios significativos.
Começar a
redigir
Y
Momentos diferentes
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Diversas regras e princípios regem, de modo implícito ou explícito, o desenvolvimento, tanto cia
"Técnica para começar o trabalho" quanto da "Técnica para começar a redigir."
Na "Técnica para começar o trabalho" está implícita a preparação do Problema central ou de um ou
mais Objetivo do estudo. Por sua vez, na "Técnica para redigir o trabalho" o pesquisador deve preparar todas as
etapas com foco na resolução cio Problema central ou Objetivo cio estudo, isto é, de maneira explícita, expresso
formalmente, de modo claro, desenvolvido, explicado. Para tanto, vale- se de argumentos lógicos e abstratos, de
encadeamento e progressão das ideias e de distanciamento para evitar contradições, informações irrelevantes e
divagações entre determinadas afirmações que costumam ser encontradas ao se comparar a Introdução e a
Discussão, por exemplo.
Em ciência interessa a evidência e também a lógica dos argumentos propostos. Da mesma maneira que
é necessária relação de sentidos entre as partes de um parágrafo, entre os parágrafos e também entre os
capítulos, é essencial a sucessão lógica de raciocínio antes de "Começar o trabalho", como também antes de
"Começar a redigir" para formarem sequência lógica, tanto de forma quanto de conteúdo.
1 começar:om trabalho
São atividades de começar o trabalho e de refletir sobre ele: planejar cada uma das etapas, apresentar
um Assunto, delimitar o Tema, formular o Problema central, encontrar os descritores corretos, propor o
Objetivo do estudo, pois contribuem para o desenvolvimento etc. Deve-se atribuir um título provisório, logo no
início.
Nesta etapa, ainda deve-se considerar as intenções do pesquisador: publicar artigo, preparar projeto,
redigir tese, entre outras.
Exemplo
Amplo
Asswi*o da peiud*a
Obesidade na adolescência
Tema da pesquisa
} Geral
abrangente
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interrupção às informações necessárias e suficientes para o leitor entender o artigo, dissertação ou tese, em
especial entre as seções do Objetivo do estudo, Revisão da literatura, Método e Resultados.
Pergunta de Pesquisa
A pergunta da pesquisa é apresentada logo após a contextualização do Problema Central
(problematização do Tema). Consiste cm expor, numa questão clara e pertinente, o Problema central.
O problema central não pode ser reduzido apenas a uma questão. Ele não é pergunta de questionário
nem de formulário.
Em alguns estudos, a pergunta de pesquisa é formulada como se fosse o Problema central, o que não
pode ocorrer. Essa atitude pode prejudicar:
a) O controle e retenção de informações durante a leitura;
b) O aprofuiidamento dos conhecimentos disponíveis no texto, captação do que for de interesse para
o desenvolvimento do Problema central e de subtemas;
c) A credibilidade do trabalho, pois a validade interna não diz respeito apenas ao Método.
Exemplo
PerMa da pesquisa
Como desenvolver programa educativo para a redução da obesidade, por meio da identificação de hábitos alimentares, direcionado
para adolescentes em escolas públicas de ensino médio?
Observações cuidado para não considerar que qualquer pergunta, por si só, constitua Pergunta de pesquisa ou Problema central 6
(Ideia de pesquisa).
Durante o estudo, é provável que ocorra a retificação do Problema central e também alterações na
Hipótese, em especial, quando o pesquisador avança na leitura e entendimento da literatura científica. E
comum, nesse ponto, o pesquisador se deparar com aspectos dantes não percebidos e modificar a Hipótese, o
Problema central e o Objetivo do estudo, conforme o trabalho. Não há motivo para não redirecionar o rumo
do trabalho.
Objetivo
O Objetivo do estudo é diferente do Objetivo do pesquisador, entre outros Objetivos. O Objetivo do
estudo deve ser redigido de modo a elucidar o que será realizado na pesquisa ou o que será alcançado com ela.
É imprescindível estar relacionado ao Método e aos Resultados, e necessariamente à Conclusão.
Sem dúvida, a falta de concisão, precisão e de clareza na redação do Objetivo não significam apenas
desarticulação das ideias na preparação desta etapa tão importante, mas obstáculos intermináveis no corpo do
trabalho. Também apontam para trabalho mais operário do que intelectual. O objetivo deve ter:
Clareza: evitar termos ambíguos, frases longas ou as que são curtas em exagero também chamadas de
telegráficas.
Precisão: expressar uma ideia com a palavra ou expressão mais adequada.
Concisão: evitar palavras desnecessárias e excesso de termos técnicos.
Como o Método deve ser adequado ao Objetivo, o último pode ser.
Exploratório: verbo identificar.
Descritivo: verbo descrever ou determinar.
Explicativo: verbo verificar.
Sumáno provisório
No que tange à organização do conteúdo, preparar um Sumário provisório é importante para
desenvolver qualquer trabalho e tem função de ordenar cada um dos itens quem compõem o estudo. A redação
de qualquer texto precisa de organização das ideias para garantir a compreensão do leitor. No texto científico,
clareza, precisão e concisão são essenciais.
Quanto à enumeração das principais divisões, a elaboração de Sumário, mesmo que seja provisório,
auxilia no planejamento do estudo que se reflete em estruturação organizada. Cada um dos tópicos orienta o
leitor para pensar sobre o aprofundamento na solução do Problema central ou do Objetivo do estudo.
Trabalhar com Sumario provisório facilita o processo, propicia rápida autoavaliação do rendimento do
pesquisador e da evolução do estudo.
Título provisório
É importante ter em mente que, talvez o Título mais adequado para o estudo não possa ser atribuído
no início do trabalho. Por isso, quando possível deve-se atribuir Título provisório. Para preparar um título
provisório mais adequado, pode-se basear no Tema de pesquisa, contudo, para a elaboração do Título
definitivo o pesquisador tem à disposição diferentes recursos.
,
O ponto inicial da redação do trabalho depende do estudo. Não é regra, mas "Começar a redigir" pela
Revisão da literatura, desde que a técnica de "Começar o trabalho" tenha sido cumprida lia íntegra, facilita
futuros processos e contribui para o sucesso.
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Técnicas para começar a redigir o trabalho
Cumprir as etapas
Cumprir as etapas
D de "Começar o A
r de "Começar o
trabalho"
s t trabalho"
s
e Revisão da literatura
r o Método
t Método
a O E Resultados
Ç Resultados r
a Discussão
o g
Discussão
e n Conclusão
Conclusão a
1 1 EIntrodução
e Introdução
s
e Resumo (Abstract)
Resumo (Abstract)
Título definitivo
Título definitivo
Na redação de qualquer estudo científico o pesquisador (leve utilizar raciocínio lógico para:
> Manter o fio con(lutor durante todo o estudo, ou seja, buscar respostas para o Problema central
ou Objetivo.
> Ser coerente na sequência das ideias.
> Selecionar e organizar argumentos na Discussão ou análise.
Desenvolver o suficiente: a) as ideias centrais; b) a sequência das principais seções.
Apresentar as ideias de modo impessoal. Para tanto, é preciso se distanciar para não transmitir
pessoalidade nem emotividade, mas objetividade, o que nem sempre é fácil de conseguir.
Atender aos propósitos do público-alvo.
> Refletir de modo consciente, moderado, prudente e fundamentado em literatura pertinente ao
estudo.
O adequado emprego das técnicas para "Começar o trabalho" e "Começar a redigir o trabalho" evita a
transformação do estudo científico em vulgar amontoado de boas ideias, apesar de o Método estar bem
ajustado.
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Escrever dissertação e tese no formato de artigo ou tradicional apenas para receber titulação?
Apresentar projeto? Publicar artigo científico? Quer se tornar pesquisador? É pesquisador experiente e busca
aperfeiçoamento e atualização?
Com base nas respostas, foca-se:
Na profundidade ou superflcialidade
A que pode ou iião ocorrer no desenvolvimento da literatura, aplicação do Método, apresentação dos
Resultados, Discussão...
De acordo com a titulação desejada ou com os interesses pessoais, é necessário que o pesquisador
desenvolva certos recursos, expresse determinados conhecimentos teóricos, o que nem sempre ocorre. Não
apenas conhecimentos práticos e relacionados ao Método.
Desse modo, textos que tratam do Problema central de modo superficial expõem ideias vaga, mantêm
as aparências, são produzidos por pesquisadores com pouca experiência com produção textual e, muitas vezes,
sem gosto pelos temas científicos. Em certos casos, textos com tais características têm vagas nuances de
objetividade e imparcialidade, como também tendem a ser desprovidos de cuidados simples.
No leitor
No conjunto das informações que permitam ao leitor entender o texto por completo, isto é, nem
informações demais que o cansem nem de menos que prejudiquem a compreensão.
Para tanto, as informações (levem:
> Expressar o pensamento com clareza.
> Estar organizadas de maneira concatenada e de modo progressivo.
> Estruturar o raciocínio de modo lógico e consistente.
O texto científico não pode ter sempre a máxima quantidade de informação. A nota prévia ou nota
preliminar, por exemplo, trata-se de artigo em que o propósito é a divulgação de trabalhos em
andamento. Entretanto, no escrito científico é preciso adaptar a inlbrmação para atender as
necessidades do público-alvo, as expectativas geradas pelo texto e pelo autor.
9
Ela fez nutrição na USP. (cursou)
Concordância
Lxenplos:
Evitar: Picrethe ETAL. (2016) desenvolveu...
Pieredie e colaboradores desenvolveu
. Repetição de palavras
Exemplos:
Evitar:
Neste estudo, 24 ratas Wistv- adultas e virgens foram distribuídas em dois grupos. O estudo foi
realizado em um modelo experimental com ratas. Após anestesia geral, as ratas do grupo de controle foram
submetidas à laparotomia. Depois de pesadas, as ratas foram submetidas à eutanásia, removeu-se os rins das
ratas.
Preferir:
Neste estudo experimental, foram distribuídas 24 ratas Witar, adultas e rvens, em dois grupos. Após
anestesia geral, os animais do grupo de controle foram submetidas à laparotomia e, depois de pesados,
submetidos à eutanásia, na qual remo veram-se os rins.
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Vocabulário
No texto científico, tanto o vocabulário específico da área de atuação do pesquisador quanto o
vocabulário variado decorrente de leituras diversas e de cultura geral, qualificam o pesquisador, pois o
diferencia dos demais. O uso da palavra adequada torna possível atribuir mais força, clareza e precisão à
mensagem que se quer transmitir.
Frases longas
A falta de pontuação, as conexões com gerúndios, entre outros defeitos, podem comprometer o
entendimento. Às vezes, frases longas são produzidas por pesquisadores que optam por redigir como se fala,
todavia, esse vício costuma prejudicar a organização do pensamento, o que torna o texto menos claro e
inteligível.
iik Autores foram citados, porém a informação não está de acordo com o que se encontrava na publicação,
seja de artigo, seja de livro
Na citação textual (direta) ou na paráfrase (indireta), tanto no sistema numérico do estilo Vancouver ou (Ia
ABNT como no sistema autor-data da ABNT, uma vez que o modelo Vancouver não prevê o sistema autor-
data, diversas impropriedades e inconsistências têm sido verificadas, tais como:
a) Autores são citados com informações pelas quais não apresentaram, visto que não há concordância da
citação com a informação original;
b) Referências não encontradas;
c) Uso de autores não adequados ao conhecimento proposto, ou seja, apoia-se em certos autores para
legitimar informações não pertinentes;
d) Experiências infundadas;
e) Erro de conhecimento ao se basear em premissas falsas.
Quando se emprega citação (direta ou indireta) de modo a não fundamentar, demonstrar, sustentar a
alegação proposta, compromete-se o estudo e perde-se muito daquilo que pode ser mensurável.
Cada vez mais pesquisadores conscienciosos, editores de revistas nacionais e internacionais, professores
orientadores, entre outros, têm refletido sobre o dilema. A citação não é isolada do estudo, faz parte da
pesquisa científica, que, quando baseada no método científico, é mais confiável do que as meras "opiniões",
ainda que sob o véu de "citações extraídas" de artigos científicos.
Assim, deve-se concentrar tanto na criação da ideia e no seu desenvolvimento como na conexão com a
veracidade, fidedignidade e validade das citações que apoiam o pensamento, pois todos os aspectos citados
anteriormente são essenciais a qualquer trabalho: do pôster para apresentar em congresso ao artigo para ser
publicado em revistas de maior relevância científica.
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5. COMO ESCREVER ARTIGO CIENTÍFICO PARA SER PUBLICADO
Escolha do periódico
O artigo escrito para ser publicado é diferente do artigo "ideal". Pode-se dizer que há um "Jogo" C O
pesquisador iniciante precisa aprender a "jogar".
É importante, antes de começar a redigir o manuscrito, escolher o periódico para o qual será submetido
o artigo. Alguns cometem o erro de terminar um manuscrito para só depois discutirem sobre a escolha.
De modo geral, são critérios para selecionar um periódico para submissão do manuscrito: abrangência
do Tema de interesse, público que o produtor do manuscrito pretende atingir, meios de divulgação (acesso livre
ou pago), fator de impacto, prestígio, características dos artigos publicados, acesso ao editor, idioma, indexação
do periódico em bases de dados bibliográficos, prazo de publicação, processo de peer review (revisão por
pares), periodicidade, pagamento para publicar, entre outros.
Também na fase de escolha do periódico deve-se consultar os últimos números do periódico de
interesse para averiguar se foram publicados artigos sobre o tema. Se a resposta for sim, selecione outro
periódico.
Autores de manuscritos com informações pouco relevantes ou publicadas anteriormente e sem
novidades na área, certamente escolherão periódicos de hierarquia não elevada.
Seja como for, a escolha inadequada do periódico é um dos principais motivos para a rejeição de
manuscritos.
Um artigo ainda pode rejeitado por incompatibilidade do escopo ou do campo de atuação do periódico
com o conteúdo do relato.
Desse modo, a leitura e compreensão das orientações aos autores, instruções aos autores ou termos
análogos informam os autores sobre alguns procedimentos (la política editorial, cobertura, posição ideológica,
perfil do periódico, entre outros.
A triagem inicial dos artigos submetidos aos periódicos, peer review e (re) formulação de diferentes
critérios são cada vez mais frequentes.
Depois de escolher o periódico e preparar o manuscrito, a submissão, a resposta do editor, a
publicação e a divulgação (citação em outros trabalhos, ou seja, constar na lista de Referências e também servir
de apoio para outrem) exigem do pesquisador certa paciência. A distinção de cada uma dessas etapas permite
controlar e melhor analisar o material de trabalho.
Submissão do artigo
Apesar de não constituir regra, depois de análise prévia por parte da revista em que são eliminados os
artigos considerados inadequados, os artigos que sobrevivem ao exame costumam ser enviados pelo editor do
periódico para a revisão por pares.
É evidente que não é possível expor certos critérios adotados para o procedimento de seleção do
manuscrito. Todavia, relevância científica e originalidade são fundamentais para influenciar positivamente.
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> Tom pomposo, agressivo ou de superioridade.
Redação deficiente, por exemplo, parágrafos extensos, trechos confusos, contradições, linguagem
circular, divagação, lugar-comum, clichê, chavão, estereótipo, "achismo", repetições estéreis, "queísmo".
> Desvios quanto à sequência lógica Objetivo, Método, Resultados, Discussão, Conclusão.
> Indiferença com o leitor, ou seja, escreveu para "si mesmo", "se fechou em seu mundo". Nesses casos,
apenas o autor entendo o que escreveu.
> Falta de clareza por causa de ambiguidades e incoerências ou por excessivo esmero, ou seja,
rebuscamento.
Relação de causa e efeito sem explicação. O pior é quando o pesquisador não consegue identificar os
eventuais casos ou se nega a reconhecê-los.
» Porquês sem explicações, ainda que implícitos. O uso não moderado de adjetivos, pronomes
demonstrativos, advérbios.
> Apresentar ideias e argumentos baseados em artigos selecionados sobre o Assunto, não sobre o
Problema central ou Objetivo.
> Muitas citações dos próprios trabalhos do autor (pode parecer narcisismo ou exibicionismo).
Nos artigos mais extensos, não desenvolveu subtemas ou subproblemas. Artigos aceitos e publicados
com tais desvios tem apenas servido de exemplo para "o que não fazer" ou entram para a seção "não
tente repetir isso em casa, os resultados podem ser danosos".
Os principais segredos
1) As exigências variam com o tempo. Conforme o manuscrito há detalhes a serem examinados,
observação que também cabe ao periódico a que será submetido.
Uma vez que o propósito do pesquisador é ter seu manuscrito publicado, devem-se analisar com
atenção as orientações para os autores, normas para publicação ou submissão de artigos no site do periódico de
interesse. Ainda deve-se verificar se o manuscrito esta adequado ao perfil do periódico, entre outras
informações.
Caso o pesquisador não atender as normas, o manuscrito poderá ser desconsiderado para publicação
ou gerar má vontade da equipe de triagem inicial.
Se o periódico de interesse oferecer checklist nas instruções aos autores, deve-se conferir se todos os
itens estão em conformidade, ou seja, foram atendidos.
Nas instruções aos autores os editores podem solicitar ainda a quantidade de palavras ou de caracteres.
É importante verificar se a contagem requer somente o texto, sem as Referencias, Abstract (resumo figuras,
quadros, tabelas ou outras ilustrações). Em alguns casos pede-se também a contagem de palavras ou de
caracteres do abstract, mas essa contagem é geralmente realizida em separado.
2) A estrutura e o conteúdo para cada modalidade de artigo são diferentes. Eles tem estruturas e
conteúdos específicos e variam conforme a área do conhecimento e as exigências do periódico.
Para o artigo original (original article, scienlific article, research article) empregar a estrutura
Iiitroductioii, Method, Resuli and Discussion (IMRa1)).
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> Os outros artigos mais conhecidos são:
> Revisão (review) e inclui os artigos de revisão sistemática (systematic review) com ou sem metanálise
(meta-analyse).
> Atualização (update article).
> Relato de caso (case report).
> Caso clínico (clinic case).
> Ponto de vista (point of view).
> Editorial (editorial).
» Comunicação breve (short communication).
> Carta ao editor (letter to the editor).
4) INTRODUÇÃO E DISCUSSÃO.
a)INTRODUÇÃO. Apresenta o Problema central (Ideia de pesquisa) e inclui Revisão da literatura
pertinente e atualizada, contudo, sem ignorar os trabalhos pioneiros. É evidente que muitos foram
publicados há mais de cinco anos. É preferível só incluir artigos científicos de periódicos indexados.
Livros nacionais e outras publicações nacionais podem ter locali7ções comprometidas se a
publicação for dirigida à revista internacional.
É 110 último parágrafo da Introdução que costuma ser redigido o Objetivo do estudo, como
sugerem diversos editores.
b)DISCUSSÃO. Não basta redigi-Ia a qualquer custo nem tentar forçar a adequação ao trabalho
quando o pesquisador cometeu um dos seguintes equívocos:
1)Discussão que se limita a repetir os Resultados;
2)Discussão que extrapola os limites do estudo;
3)Discussão muito longa ou muito curta;
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