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Sgalvo, 01 - NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DO ALZHEIMER

NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DO ALZHEIMER- ARTIGO DE DEFINIÇÃO DA DOENÇA 4 MARÍLIA ROCHA KINTSCHEV¹ MAYARA SANTOS1 JOSÉ ALEXANDRE DE FIGUEIREDO BORGES JÚNIOR2 ATAHUALPA CAUÊ PAIM STRAPASSON2
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NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DO ALZHEIMER- ARTIGO DE DEFINIÇÃO DA DOENÇA 4 MARÍLIA ROCHA KINTSCHEV¹ MAYARA SANTOS1 JOSÉ ALEXANDRE DE FIGUEIREDO BORGES JÚNIOR2 ATAHUALPA CAUÊ PAIM STRAPASSON2
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4

NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DO ALZHEIMER


MARÍLIA ROCHA KINTSCHEV¹
MAYARA SANTOS1
JOSÉ ALEXANDRE DE FIGUEIREDO BORGES JÚNIOR2
ATAHUALPA CAUÊ PAIM STRAPASSON2

As síndromes demenciais constituem um encontrar objetos no campo visual,


grupo de sinais e sintomas que dificuldade para manusear utensílios,
caracterizam algumas doenças para vestir-se, não explicáveis por
geralmente degenerativas, de curso deficiência visual ou motora), linguagem
progressivo e que implicam grandes (afeta expressão, compreensão, leitura
transtornos de ordem mental, física e ou escrita, inclui sintomas como
social. Acometem os grandes domínios dificuldade para encontrar e/ou
cognitivos como: memória (adquirir ou compreender palavras, erros ao falar e
evocar informações recentes, com escrever, com trocas de palavras ou
sintomas que incluem repetição das fonemas, não explicáveis por déficit
mesmas perguntas ou assuntos, sensorial ou motor), personalidade e
esquecimento de eventos, compromissos comportamento (com sintomas que
ou do lugar onde guardou seus incluem alterações do humor, agitação,
pertences), funções executivas apatia, desinteresse, isolamento social,
(responsável pelo raciocínio da perda de empatia, desinibição,
realização de tarefas complexas e do comportamentos obsessivos,
julgamento, com sintomas como compulsivos ou socialmente
compreensão pobre de situações de risco, inaceitáveis). São adquiridas (e não
redução da capacidade para cuidar das congênitas) na maioria das vezes e
finanças, de tomar decisões e de planejar afetam pelo menos dois domínios
atividades complexas ou sequenciais), cognitivos, gerando comprometimento
habilidades visuoespaciais (com nas atividades de vida diária. Geram,
sintomas que incluem incapacidade de assim, um grande sofrimento para os
reconhecer faces ou objetos comuns,

1
Acadêmico de medicina do centro universitário de Várzea Grande – UNIVAG
2
Docente do Centro Universitário de Várzea Grande - UNIVAG
5

pacientes e familiares, levando à nos idosos com 60 anos e mais, de ambos


incapacidade e à dependência. os sexos, principalmente em países de
A prevalência das demências alta e média renda. Idosos mais velhos
aumenta progressivamente com o apresentam, sistematicamente, taxas de
envelhecimento, sendo a idade o maior mortalidade mais elevadas.
fator de risco. A partir dos 65 anos, sua Ainda que a idade seja o maior
prevalência dobra a cada cinco anos. Na fator de risco para a doença, as alterações
maioria dos casos o principal domínio genéticas também podem contribuir para
cognitivo afetado é a memória recente (a seu desenvolvimento, mesmo que em
qual se refere às atividades do dia, por menor grau de importância. As mutações
exemplo), enquanto as lembranças do gene da proteína precursora do
remotas são preservadas inicialmente. amilóide (cromossomo 21), dos genes
Ele está frequentemente acompanhado das pré-senilinas 1 e 2 (cromossomos 14
por distúrbios comportamentais, como e 1, respectivamente), assim como o
agressividade, alucinações, polimorfismo da apolipoproteína E
hiperatividade, irritabilidade e (cromossomo 19) são exemplos de
depressão. Geralmente o grau de vigia, a alterações genéticas que podem
lucidez e a força não são afetadas. aumentar o risco para doença de
A doença de Alzheimer é o tipo Alzheimer. Mesmo na ausência de uma
de demência mais prevalente entre os mutação identificada, a história familiar
idosos no mundo. Atualmente, 35,6 é um fator de risco. Cabe ressaltar
milhões de pessoas convivem com a também a importância do estilo de vida e
doença e a estimativa é de que esse do sedentarismo como fatores de risco.
número praticamente dobre a cada 20 Estudos sugerem que atividade física,
anos, chegando a 65,7 milhões em 2030. dieta saudável e tempo de estudo (treino
Isto ocorre porque a pirâmide cognitivo) podem proteger não só da
demográfica mundial mudou de padrão, doença de Alzheimer, como também de
havendo uma diminuição da taxa de outros tipos de demência.
natalidade e um grande aumento da Outros fatores de risco
população idosa nas últimas décadas. potencialmente associados são trauma
Quanto à mortalidade os cranioencefálico, sexo feminino, etnia
resultados revelam aumento anual caucasiana, intoxicação por alumínio,
constante e significativo em suas taxas
6

hipertensão, dislipidemia, aterosclerose, vitamina B12, e exames de


diabetes e exposição a pesticidas. neuroimagem, para assim esgotar todas
A doença de Alzheimer as possibilidades de outros diagnósticos
caracteriza-se pela maciça perda diferenciais. Uma anamnese e um exame
sináptica e pela morte neuronal, mais neurológico detalhado são essenciais,
observada nas regiões cerebrais associados à análise dos critérios do
responsáveis por funções cognitivas, “National Institute of Neurological and
como a memória recente (mais afetada Communicative Disorders and Stroke;
na síndrome): hipocampo, giro para- Alzheimer’s Disease and Related
hipocampal, córtex entorrinal e estriado Disorders Association Work Group”
ventral. A hipótese mais aceita sobre sua (NINCDS-ADRDA). Os critérios
fisiopatologia é a hipótese da casacata analisados mais importantes são idade de
amiloidal, que está relacionada com a início entre 40 anos e 90 anos de idade,
proteína precursora amilóide. Parece piora progressiva da memória e de outra
haver aumento da produção e/ou redução função cognitiva, alterações na
da sua degradação, com deposição da capacidade de resolver problemas ou
substância β-amilóide no espaço tarefas e ausência de doenças sistêmicas
extracelular, formando “placas” (que são que podem causar a síndrome.
neurotóxicas). Ocorre ainda o acúmulo O tratamento para doença de
de proteína tau hiperfosforilada no Alzheimer (sem cura até a presente data)
espaço intracelular, levando à formação deve ser multidisciplinar e
dos “emaranhados neurofibrilares” – os individualizado. Ele se divide em
quais também ocasionam dano neuronal. medidas farmacológicas e não
Ainda não se sabe quais são os gatilhos farmacológicas.
que, quando associados às mutações O objetivo do tratamento
genéticas e aos demais fatores de risco, medicamentoso será fornecer uma
causam a doença. estabilização do comprometimento
O diagnóstico da doença de cognitivo, do comportamento e da
Alzheimer é essencialmente clínico e de realização de atividades básicas diárias
exclusão. O rastreamento inicial deve com o mínimo de efeitos adversos. Os
incluir avaliação de depressão, exames fármacos pertencem à família dos
de laboratório com ênfase especial na inibidores da colinesterase (donepezil,
função da tireoide e níveis séricos de rivastigmina ou galantamina) ou dos
7

antagonistas do receptor NMDA colinesterase. Costuma ser uma


(memantina). Os inibidores da medicação bem tolerada.
colinesterase aumentam a O tratamento não farmacológico
disponibilidade do neurotransmissor é de suma importância, dada a evolução
acetilcolina, o qual tem sua síntese inexoravelmente progressiva da doença.
reduzida na doença de Alzheimer. Eles Ele refere-se aos cuidados com as
normalmente são a primeira escolha para alterações comportamentais, manejo
a doença, especialmente em seus nutricional, atividade física, reabilitação
estágios leve a moderado. Apresentam cognitiva, terapia ocupacional e os
eficácia semelhante entre si, sendo sua cuidados diários com o paciente – que se
escolha dependente do perfil individual tornam cada vez mais intensos à medida
do paciente e aceitação ao medicamento. que a doença progride.
Os principais efeitos colaterais são Conclui-se que a doença de
náuseas e vômitos, perda de peso e do Alzheimer, apesar de ainda não poder ser
apetite, redução da frequência cardíaca curada, apresenta tratamento de suporte,
(bradicardia) e da pressão arterial que reduz os sintomas e minimiza o
sanguínea (hipotensão) e distúrbios do sofrimento dos pacientes, familiares e
sono. A memantina parece reduzir os cuidadores. Mais relevante é a
efeitos tóxicos do glutamato (outro identificação de fatores de risco
neurotransmissor) por meio da inibição modificáveis, especialmente referentes a
de seu receptor (do subtipo NMDA). Sua estilo de vida, que devem ser trabalhados
eficácia está comprovada especialmente com todos os pacientes a fim de reduzir
nos estágios moderado e avançado da o risco de desenvolvimento dessa
doença, sendo utilizada também em condição.
associação com os inibidores da
8

Referências Bibliográficas:
1. Aprahamian I, Martinelli JE, Yassuda MS. Doença de Alzheimer: Revisão da
Epidemiologia e Diagnóstico. Recebido da Divisão de Gerontologia da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade de Campinas (FCM – UNICAMP), Campinas, SP.
Rev Bras Clin Med, 2008.
2. Teixeira JB et al. Doença de Alzheimer: estudo da mortalidade no Brasil, 2000-2009.
Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 31(4):1-12, abril, 2015.
3. Burlá C, Pessini L, Siqueira JE, Nunes R. Envelhecimento e doença de Alzheimer:
reflexões sobre autonomia e o desafio do cuidado. Rev. bioét. Rio de Janeiro, 22 (1):
85-93, 2014.
4. SerenikiI A, Vital MBF. A doença de Alzheimer: aspectos fisiopatológicos e
farmacológicos. Rev Psiquiatr. Curitiba, PR ;30(1 Supl), 2008.
5. Ministério da Saúde (BR). Portaria SAS/MS nº 1.298, de 21 de novembro de 2013.
Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas do Alzheimer. Brasília: Ministério da
Saúde; 2013.
6. Dirk Keene C, Montine TJ, Kuller LH. Epidemiology, pathology, and pathogenesis
of Alzheimer disease. Rev Med 2013; 64:367.

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