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CENTRO UNIVERSITÁRIO - FIAMFAAM

BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

FLÁVIO LIMA FERREIRA

HIS - HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM USO MISTO


VILA ANDRADE

SÃO PAULO - SP
2023
FLÁVIO LIMA FERREIRA

HIS - HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM USO MISTO


VILA ANDRADE

Trabalho Final de Graduação à Banca Examinadora do


FIAM FAAM Centro Universitário, como exigência parcial
para a obtenção de título de bacharel em Arquitetura e
Urbanismo sob a orientação do Prof. Braz Casagrande.

SÃO PAULO - SP
2023
AUTORIDO A REPDORUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO
CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

FERREIRA, Flávio Lima – HIS – Habitação de Interesse Social com uso misto – Vila Andrade, Vila Andrade /
Flávio Lima Ferreira – São Paulo, 2023. 64 páginas.

Notas:

1. HIS – Habitação de Interesse Social com uso misto


FLÁVIO LIMA FERREIRA

HIS - HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM USO MISTO


VILA ANDRADE

Trabalho Final de Arquitetura e Urbanismo sob a orien-


tação do Prof. Braz Casagrande, defendido em 16 de
Junho de 2023.

Prof. Braz Casagrande Prof.ª Lígia Teresa Paludetto Silva Prof.ª Katia Luli Nakashigue
FIAM – FAAM – Orientador FIAM – FAAM – Orientadora Convidada

SÃO PAULO - SP
2023
LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Estudo de uso do solo parcial, Vila Andrade pág. 8


Figura 02 Maquete do entorno e área de intervenção pág. 9
Figura 03 Mapa de gabarito de alturas pág. 10
Figura 04 Mapa da concentração de favela na Vila Andrade pág. 11
Figura 05 Mapa de risco geológico pág. 12
Figura 06 Área de implantação do projeto: Levantamento fotográfico mostrando o processo de ocupação pág. 13
Figura 07 Croqui quadra fiscal pág. 16
Figura 08 Acessos ao lote pág. 17
Figura 09 Fotos: Visão rua Chicó Gomes pág. 18
Figura 10 Fotos: Terreno vegetação pág. 19
Figura 11 Fotos: Terreno entulhos pág. 20
Figura 12 Mapa dos principais eixos viários pág. 22
Figura 13 Marcação Zona de Risco R3 no terreno pág. 24
Figura 14 Espécimes árvores náticas brasileira pág. 25
Figura 15 Perímetro de muro de contenção e permeabilidade pág. 26
Figura 16 Corte – Permeabilidade entre Rua Chicó Gomes x Rua Alexandre Archipen-ko pág. 27
Figura 17 Vista do projeto final pág. 28
Figura 18 Implantação térrea pág. 29
LISTA DE FIGURAS

Figura 19 Unidades habitacionais – Tipo A, Tipo A Adaptada e Tipo B pág. 31


Figura 20 Foto do Conjunto Heliópolis pág. 32
Figura 21 Plantas + Setorização SEHAB Heliópolis pág. 33
Figura 22 Cortes + Setorização pág. 34
Figura 23 Gráfico percentual de ocupação + Área de ocupação por setores + Tabela de Setorização pág. 34
Figura 24 Foto do Conjunto Habitacional Jardim Edite pág. 35
Figura 25 Plantas – Restaurante + UBS + Implantação Jardim Edite + Planta Tipo Lâ-mina + Planta Torre pág. 36
Figura 26 Gráfico área de ocupação por setores pág. 37
Figura 27 Tabela de Setorização: Creche / UBS / Restaurante / Lâmina / Torre pág. 38
Figura 28 Quadro de áreas da Habitação de Interesse Social com uso misto – Vila Andrade pág. 40
Figura 29 Setorização: Implantação térreo + 1º pavimento pág. 41
Figura 30 Setorização: Torre A + Torre B pág. 42
Figura 31 Residência Tipo A pág. 43
Figura 32 Residência Tipo A adaptada pág. 44
Figura 33 Residência Tipo B pág. 44
Figura 34 Variações de plantas nas unidades garden pág. 45
Figura 35 Seção transversal para o muro de gabião pág. 47
Figura 36 Pilares + Vigas pré moldado (Esqueleto estrutural) pág. 48
LISTA DE FIGURAS

Figura 37 Laje externamente aparente pág. 44


Figura 38 Piso drenante comum em placas pág. 50
LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Município de São Paulo - Déficit habitacional por componente pág. 6


LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

MCMV Minha Casa minha Vida C.A. min. Coeficiente de Aproveitamento mínimo
COHAB Companhia de Habitação Popular C.A máx. Coeficiente de Aproveitamento máximo
CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano T.O. Taxa de Ocupação Máxima
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Q.A. min Quota Ambiental Mínima
SHP Serviço de Habitações Populares UBS Unidade Básica de Saúde
RMSP Região Metropolitana de São Paulo
PIB Produto Interno Bruto
FJP Fundação João Pinheiro
PMSP Prefeitura do Município de São Paulo
PDE Plano Diretor Estratégico
MEM Microárea de Estruturação Metropolitana
R1 Risco Baixo
R2 Risco Médio
R3 Risco Alto
R4 Risco muito alto
ZEIS-1 Zona Especial de Interesse Social – 1
MA MEM Subsetor Arco Jurubaruba
PA 4 Perímetro de Qualificação Ambiental
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO pág. 1
CAPÍTULO 1 – PROBLEMAS HABITACIONAIS E AUMENTO DAS MORADIAS IRREGULARES EM SÃO PAULO pág. 2
1.1. Políticas de moradia e o crescimento de vulnerabilidade social pág. 2
1.2. Habitação De Interesse Social pág. 7
1.3. Bairro e região pág. 8
1.3.1. Análise do terreno – Área de implantação e índices urbanísticos pág. 13
1.3.2. Mobilidade Urbana pág. 21
CAPÍTULO 2 – HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM USO MISTO VILA ANDRADE pág. 23
2.1. Partido Arquitetônico pág. 23
2.2. Programa Arquitetônico e Setorização pág. 32
2.2.1. SEHAB Conjunto Heliópolis Gleba G (Biseli + Katchborian Arquitetos) pág. 32
2.2.2. Conjunto Habitacional Jardim Edite pág. 35
2.2.3 HIS com uso misto Vila Andrade pág. 39
2.3 Memorial descritivo – Materiais e estrutura pág. 47
CONCLUSÃO pág. 51
REFERÊNCIAS pág. 52
INTRODUÇÃO

Este trabalho de final de graduação aborda o grande aspecto relacionado a habitação de


interesse social, entendendo suas premissas, problemáticas e questões sociais que impactam
o aspecto urbano, levando em consideração como base estipulada no Plano Diretor Estratégico
de São Paulo.

No primeiro capítulo, é apresentado o problema habitacional envolvendo as questões sociais


e a o amplo contexto, juntamente com suas evoluções sociais e seus efeitos políticos no país,
evidenciando o crescimento desenfreado nas grandes áreas mais afastadas.

No segundo e último capítulo, são realizadas analises urbanas com levantamento de dados,
mapas, pesquisas e publicações, afim de melhor compreender a infraestrutura, onde aplica-se
diretamente no projeto, considerando todos os dados coletados para desenvolver uma propos-
ta que se integre a cidade.

Assim apresentado o projeto urbanístico da habitação de interesse social da Vila Andrade,


considerando em responder positivamente as problemáticas levantadas, como integração e
relação com o entorno.

1
CAPÍTULO 1
PROBLEMAS HABITACIONAIS E AUMENTO DAS MORADIAS IRREGULARES EM SÃO PAULO

1.1 Políticas de moradia e o crescimento da vulnerabilidade social

O direito à moradia digna é um dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal


de 1988 e representa um desafio para o Estado brasileiro. Diversas políticas públicas de mora-
dia foram implementadas ao longo das últimas décadas, mas ainda há uma grande demanda
por habitação e muitas famílias vivem em situação de vulnerabilidade social. Conforme reforça
Villaça (2008):
“Todo ser humano precisa de abrigo e proteção contra as intempéries e
outras agressões da natureza, e mesmo contra as agressões de seus
semelhantes, precisa de privacidade e de abrigo para desenvolver sua
vida individual, familiar e social”. (VILLAÇA, pág.03)

No Brasil, as políticas públicas de moradia tiveram início nos anos 60, com a criação do
Banco Nacional da Habitação (BNH), responsável por financiar a construção de moradias po-
pulares. Nos anos 80, o BNH foi extinto e as políticas de moradia passaram a ser executadas
por programas habitacionais do governo federal, estadual e municipal, como o Programa Minha
Casa, Minha Vida, o Programa de Arrendamento Residencial (PAR) e o Programa Casa Verde
e Amarela.

As políticas públicas de habitação são uma questão que afeta todas as pessoas, não apenas
aquelas em situação de vulnerabilidade social. O direito a uma moradia digna é fundamen-
tal para o desenvolvimento humano e a qualidade de vida da população. Dentre as políticas
existentes voltadas para esse direito está o programa Casa Verde e Amarelo (anteriormente

2
conhecido como Minha Casa Minha Vida¹ - MCMV), que oferece condições facilitadas para que
famílias com baixa renda possam adquirir suas próprias casas. Além disso, há programas de
construção de moradias populares e de recuperação de áreas urbanas, como a Companhia
de Habitação Popular (COHAB) e a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano
(CDHU), que foram criados com o objetivo de oferecer moradias dignas para famílias de baixa
renda.
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a pro-
teção à maternidade e a infância, a sua assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição (BRASIL CONSTITUIÇÃO 1988, 1988. Art.
6º pela EC nº 26/2000 e EC nº 64/2010, pág. 19).

Apesar dos avanços conquistados, a demanda por moradia continua alta no país, e muitas
famílias vivem em situação de precariedade habitacional. Além disso, a pandemia de COVID-19
agravou ainda mais a situação habitacional de muitos brasileiros, que perderam empregos e
renda.

No atual panorama, as políticas de moradia têm enfrentado desafios como a falta de re-
cursos públicos e a concentração de recursos em grandes empreendimentos, muitas vezes
localizados em áreas afastadas dos centros urbanos e sem acesso a serviços públicos e equi-
pamentos sociais.

Vale ressaltar que a moradia é um dos fatores fundamentais que influenciam a vulnerabili-
dade social, uma vez que ela afeta diretamente as condições de vida, saúde e bem-estar das
pessoas. A falta de acesso a uma moradia adequada ou o acesso precário a serviços básicos
de infraestrutura, como água potável, energia elétrica e saneamento, são fatores que contri-
buem significativamente para a vulnerabilidade social.

3
A população em situação de vulnerabilidade social, tais quais moradores de rua, favelas e
assentamentos precários, muitas vezes enfrentam condições de habitação insalubres e insegu-
ras, que afetam diretamente sua saúde física e mental. Além disso, a falta de moradia adequa-
da pode limitar o acesso a empregos, serviços de saúde e educação, dificultando a mobilidade
social e contribuindo para a perpetuação da pobreza.

A falta de moradia adequada também pode aumentar a exposição a riscos, como desastres
naturais, violência e criminalidade. Populações que vivem em áreas de risco, como encostas,
áreas de inundação e regiões propensas a deslizamentos de terra, correm o risco de serem
afetadas por desastres naturais, o que pode levar à perda de suas casas e bens e, em casos
extremos, à perda de vidas.

Por outro lado, a implementação de políticas públicas de moradia adequada e inclusiva pode
contribuir para a redução da vulnerabilidade social, proporcionando condições de vida mais
dignas para as pessoas e possibilitando o acesso a oportunidades de desenvolvimento pessoal
e profissional. O acesso a moradia digna pode melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas,
além de promover a integração social e a participação cívica, cuja disponibilidade de moradias
seguras e acessíveis pode ajudar a reduzir a criminalidade e a violência em áreas urbanas.

O contexto das moradias e ocupações na região metropolitana de São Paulo é fortemente


influenciado por fatores socioeconômicos, especialmente relacionados ao emprego e à mora-
dia na cidade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a eco-
nomia do estado corresponde a 56% do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP) entre os 644 municípios que caracterizam o estado, e cerca de 26,7%
da população estadual.

De acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), existem 445.112 domicílios em favelas na
RMSP, sendo que 385.080 deles são loteamentos irregulares, perfazendo um total de 830.192
4
ras, que afetam diretamente sua saúde física e mental. Além disso, a falta de moradia ade-
quada pode limitar o acesso a empregos, serviços de saúde e educação, dificultando a mobili-
dade social e contribuindo para a perpetuação da pobreza.

A falta de moradia adequada também pode aumentar a exposição a riscos, como desastres
naturais, violência e criminalidade. Populações que vivem em áreas de risco, como encostas,
áreas de inundação e regiões propensas a deslizamentos de terra, correm o risco de serem
afetadas por desastres naturais, o que pode levar à perda de suas casas e bens e, em casos
extremos, à perda de vidas.

Por outro lado, a implementação de políticas públicas de moradia adequada e inclusiva pode
contribuir para a redução da vulnerabilidade social, proporcionando condições de vida mais
dignas para as pessoas e possibilitando o acesso a oportunidades de desenvolvimento pessoal
e profissional. O acesso a moradia digna pode melhorar a saúde e o bem-estar das pessoas,
além de promover a integração social e a participação cívica, cuja disponibilidade de moradias
seguras e acessíveis pode ajudar a reduzir a criminalidade e a violência em áreas urbanas.

O contexto das moradias e ocupações na região metropolitana de São Paulo é fortemente


influenciado por fatores socioeconômicos, especialmente relacionados ao emprego e à mora-
dia na cidade. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a eco-
nomia do estado corresponde a 56% do Produto Interno Bruto (PIB) da Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP) entre os 644 municípios que caracterizam o estado, e cerca de 26,7%
da população estadual.

De acordo com a Fundação João Pinheiro (FJP), existem 445.112 domicílios em favelas na
RMSP, sendo que 385.080 deles são loteamentos irregulares, perfazendo um total de 830.192
domicílios. Além disso, a FJP estima um déficit habitacional de 485.870 domicílios na região,
divididos em diversas categorias, conforme indicado na Tabela 01.
5
Tabela 01 – Município de São Paulo - Déficit habitacional por componente

Fonte: Secretaria Municipal de Habitação (SEHAB/SP) – PMH/FJP, 2016.

Esses números demonstram a dimensão do problema habitacional na região metropolitana


de São Paulo e sua relação direta com a vulnerabilidade social. A falta de moradias adequadas
e a presença de favelas e loteamentos irregulares são fatores que contribuem para a exclusão
social e para o aumento da vulnerabilidade de grande parte da população da região, sendo
preciso que as políticas públicas de habitação sejam efetivas e tenham como objetivo não
apenas reduzir o déficit habitacional, mas também garantir a moradia digna como um direito
fundamental de todos os cidadãos.

É importante mencionar que segregação espacial é uma questão que tem impacto signifi-
cativo na vida urbana, tanto para a cidade em si quanto para seus habitantes. Em São Paulo,
essa segregação se manifesta através da concentração de empregos e serviços no centro da
cidade, enquanto a periferia é composta principalmente por bairros residenciais de baixa renda,
muitas vezes distantes do centro e com acesso precário a serviços básicos de infraestrutura.

As consequências dessa segregação são diversas e abrangentes. Uma das principais é a


dificuldade de acesso a serviços básicos, como saúde, educação, transporte e lazer, nas áreas
mais distantes do centro, o que acaba gerando uma baixa qualidade de vida para essas popu-

6
lações. Além disso, a segregação espacial pode contribuir para o aumento da violência urbana,
já que áreas periféricas e desprotegidas acabam se tornando alvo de ações criminosas.

Outro impacto negativo da segregação espacial é o aumento da desigualdade social e eco-


nômica. Com a concentração de renda no centro da cidade, os moradores da periferia muitas
vezes têm acesso limitado a oportunidades de emprego e educação, o que perpetua um ciclo
de pobreza e exclusão social. Isso pode levar ao desequilíbrio na relação entre o trabalho e o
emprego, uma vez que as áreas periféricas muitas vezes dependem de empregos precários e
mal remunerados.

Outra consequência da segregação espacial é a desvalorização dos imóveis nos núcleos ur-
banos centrais, que se tornam cada vez mais escassos e disputados. Por outro lado, a oferta de
serviços públicos e privados nessas áreas também pode ser reduzida, já que muitas empresas
e instituições acabam se deslocando para as regiões mais valorizadas.

1.2 Habitação De Interesse Social

Habitação de Interesse Social (HIS) é utilizado para se referir a moradias voltadas para a
população de baixa renda, que não possui condições adequadas de moradia. Essas habita-
ções têm o objetivo de proporcionar moradia digna e dar acessibilidade para pessoas que não
possuem condições financeiras para adquirir uma moradia.

As HIS podem ser construídas pelo poder público, por meio de programas habitacionais e
políticas públicas específicas, ou por meio de parcerias com entidades sem fins lucrativos ou
até mesmo com o setor privado. As características das HIS podem variar, mas geralmente são
unidades habitacionais de tamanho reduzido, com infraestrutura básica, como água, energia
elétrica e saneamento básico, e localizadas em áreas próximas a serviços e transporte público.

7
1.3 Bairro e região

Com base no levantamento aproximado do local de intervenção, nota-se a predominância no


uso do solo residencial, dispondo de residências de baixa renda (favela) há médio padrão. São
poucos lotes que são de uso misto e comercial, dispondo de grande parte empreendedores de
porte pequeno, e uma pequena parcela fazendo seus comércios no quintal de suas casas.

O bairro sofre com a precariedade de áreas institucionais, lazer, cultura e principalmente de


áreas verdes. Porém, umas pequenas manchas arbóreas ocorrem no bairro, com maior con-
centração situada no bairro nobre próximo. (Figura 01)
Figura 01 - Estudo de Uso do Solo parcial, Vila Andrade

Legenda
Uso do Solo
Terreno
Terreno sem uso
Industrial e Armazéns
Institucional
Comércio e Serviços
Misto - Residencial e Comercial
Residencial Baixa Renda - Favela
Residencial Médio Padrão Fonte – Geosampa. Elaborado por Flávio Lima, 2021

8
No mapa (Figura 01), constata-se o grande declive da região, tratando-se de uma área
muito acidentada, tendo o ponto mais alto (Terreno do projeto) na cota 785, e a mais baixa na
cota 740, sendo o nível da Avenida Carlos Caldeira Filho, tendo uma diferença de 45 metros.
(Figura 02)

Na Av. Carlos Caldeira Filho, está o curso do córrego Morro do “S”, canalizado de forma
aberta, sendo da Estação Capão Redondo cruzando o bairro e vindo a ser canalizado de forma
fechada entre as estações Vila das Belezas e Giovanni Gronchi. Porém, quando há chuvas de
média/grande intensidade acontece diversos pontos de alagamento nessa avenida.
Figura 02 – Maquete entorno e área de intervenção

Legenda
Terreno
Fonte – Maquete produzida por Flávio Lima, 2021

9
Quanto ao gabarito de altura da região é predominantemente composto por térreo mais um
pavimento, é um bairro composto por gabarito baixo. Os pontos demarcados em cinza escuro
na figura 03, correspondem aos prédios residências de alto padrão e o residencial Cingapura¹.

Figura 03 – Mapa de gabarito de alturas

Legenda
Terreno
Córrego
Residência de até 2 Pav.
Residência de 3 à 4 Pav.
Residência de 4 à 7 Pav.
Acima de 8 Pav.
Favela - De 1 à 3 Pav.
Fonte – Geosampa. Elaborado por Flávio Lima, 2021
1. Segundo a fonte Folha de São Paulo, na publicação de 27 de março de 1995, o Projeto Cingapura constitui uma proposta de urbanização de favelas com verticalização. Criado pelo secretário da Hab-
itação Lair Alberto Krahenbuhl, o projeto foge do remendo da urbanização pura e simples de favelas ou do confinamento do favelado em áreas distantes.

10
Porém, o entorno do lote da intervenção e imediações, contém uma aglomeração de lotes
irregulares (favela) como vemos na figura 04, com gabaritos que vão de pavimento térreo a
mais dois pavimentos.
Figura 04 – Mapa da concentração de favela na Vila Andrade

Legenda
Terreno
Córrego
Favela
Fonte – Geosampa. Elaborado por Flávio Lima, 2021

11
O local da implantação tem em seu entorno quatro Zonas de Risco Geológico², variando do
R1 (Risco Baixo) até o R4 (Risco Muito Alto). No perímetro do terreno uma pequena parte está
dentro da zona de R3 (Risco Alto) devido à sua alta inclinação, podendo estar sujeito a proces-
sos de deslizamento e solapamento.

As moradias irregulares em sua totalidade se encontram dentro dessa zona de risco, dentre
elas uma parcela grande se encontra na zona R2 (Risco Médio), e outras dentro da categoria
R3, conforme figura 05.
Figura 05 – Mapa de risco geológico

Legenda
Terreno
Córrego
Risco Baixo (R1)
Risco Médio (R2)
Risco Alto (R3)
Riscxo multo alto (R4)
Fonte – Geosampa. Elaborado por Flávio Lima, 2021
2. Áreas de Risco Geológico são aquelas sujeitas a sofrerem perdas ou danos causados por eventos adversos de natureza geológica

12
1.3.1 Análise do terreno: Área de implantação e índices urbanísticos

A área de implantação está situada no Distrito da Vila Andrade sobre os cuidados da Prefei-
tura do Campo Limpo, sendo Zona Sul de São Paulo. Encontra-se na Macrozona de Estrutura-
ção e Qualificação Urbana, e Microárea de Estruturação Metropolitana (MEM).

No processo de levantamento de dados para o projeto, verificou-se uma grande movimenta-


ção em massa de famílias buscando espaço para construir sua moradia. Com base nesse fator,
foi ampliado o aspecto de pesquisa fotográfico afim de averiguar o tempo de não uso deste
terreno, sendo que o mesmo está enquadrado na MEM.

Através do estudo fotográfico realizado foi constatado que nunca houve algum tipo de cons-
trução, está desocupado há pelo menos 65 anos, segundo levantamento de 1958 até o ano de
2020, ano da última atualização aérea feita até o momento. Pode-se observar pela figura 06 a
evolução do bairro e o lote permanecendo sem ocupação.
Figura 06 – Área de implantação do projeto: Levantamento fotográfico mostrando o
processo de ocupação
Foto ano 1958

Legenda
Terreno

13
Foto ano 1996 Foto ano 2001

Foto ano 2004 Foto ano 2017

14
Foto ano 2020

Fonte – Geosampa, GeoPortal. Editado por Flávio Lima, 2023

O terreno é composto por 27 lotes (Figura 07) com a metragem total de 9.406m², sendo
enquadrado pelo Plano Diretor como Zona Especial de Interesse Social-1 (ZEIS-1), com Perí-
metro de Qualificação Ambiental (PA 4).

Dentro dessas características é necessário ser considerado um Coeficiente de aproveita-


mento Mínimo (C.A. min.) de 0,5 dando uma metragem de 4.703m² de área, e com o Coefi-
ciente de Aproveitamento Máximo (C.A. máx.) de 2,5(f)³ dando uma metragem de 23.515m² de
área.

A Taxa de Ocupação Máxima (T.O) é de 0,70 (70%), tendo seus recuos laterais e fundos

3. (f) – O C.A.máx. será igual a 2 nos casos em que o lote for menor que que 1.000m² (mil metros quadrados)

15
mínimos de 3,00 metros (j)⁴, e frontal de 5,00 metros(i)⁵ sem limite de altura de gabarito. Sua
taxa de permeabilidade mínima é de 0,25 (25%).

Figura 07 – Croqui quadra fiscal

Legenda
Terrenos
Fonte – Geosampa, 2021.
4. (j) – Os recuos laterais e de fundo para altura da edificação superior a 10m (dez metros) serão dispensados conforme disposições estabelecidas nos incisos II e III do artigo 66 desta lei.
5. (i) – O recuo frontal será facultativo quando atendido o disposto nos artigos 67 ou 69 desta lei.

16
O acesso ao terreno é feito pelas ruas Chicó Gomes e Alexandre Archipenko, que são uma
via de acesso pela Rua Maria José da Conceição, que liga diretamente à estação Vila das Be-
lezas. Um segundo acesso se dá na Avenida Giovanni Gronchi, onde a Rua Alexandre Archi-
penko faz conexão com à avenida, conforme a figura 08.
Figura 08 – Acessos ao lote

Legenda
Principais eixos
Terreno
Rua Maria José da Conceição
Rua Chicó Gomes
Rua Alexandre Archipenko
Avenida Giovanni Gronchi
Linha 5 - Estação Vila das Belezasa

Fonte – Google Maps, editado por Flávio Lima, 2023.

17
A ligação entre as duas ruas se dá por meio da esquina no nível 774. A rua Chicó Gomes,
cujo ponto mais alto está na cota 780, o terreno na sua maior cota está na 785, como é possível
visualizar na figura 09 acaba acontecendo uma barreira visual.
Figura 09 – Fotos: Visão rua Chicó Gomes

Fonte – Google Earth, 2021.

18
Na Rua Alexandre, o ponto mais baixo para chegar ao limite do terreno é na cota 762, ambas
as ruas têm faces de ligação com o terreno, e o único ponto de ligação é na intersecção das
duas ruas na cota 774.

No levantamento (Figura 06), a vegetação de 1958 a 2017 consistia em vegetação rasteira,


como grama e suas variedades de espécimes, variando entre 10 cm a 70 cm de altura em al-
guns locais, conforme mostrado na figura 10.
Figura 10 – Fotos: Terreno vegetação

Fonte – Tiradas por Flávio Lima, 2020.

19
Fonte – Tiradas por Flávio Lima, 2020.

O levantamento revela ainda que o terreno nunca foi utilizado para habitação ou qualquer
relação, mas os habitantes (até à ocupação) utilizavam o terreno para pastagem de pequenos
gado e cavalos (informações de moradores locais), e despejo de entulho conforme figura 11.
Figura 11 – Fotos: Terreno entulhos

Fonte – Tiradas por Flávio Lima, 2020.

20
1.3.2 Mobilidade Urbana

O local da implantação é composto por 5 eixos principais com fluxo de alta intensidade,
sendo uma delas a Avenida Carlos Caldeira Filho, que se encontra praticamente em paralelo
com a Estrada de Itapecerica, sendo uma das principais conexões da Zona Sul, juntamente
com a Avenida João Dias, a avenida de maior importância e relevância de conexão do Bairro
no sentido centro de São Paulo.

O acesso à área de intervenção, acontece pelas vias locais Rua Maria José da Conceição
e Rua Alexandre Archipenko, ruas essas de extrema importância, devido a serem as únicas
formas de acesso. Estas vias podem ser observadas na figura 12.

A linha de metrô 5 lilás tem sua extensão entre Capão Redondo e Chácara Klabin, com co-
nexões entre Linha 9 Esmeralda – Santo Amaro, Linha 1 Azul – Santa Cruz e – Linha 2 verde –
Chácara Klabin, também fazendo interligação com o Corredor Metropolitano de Ônibus (EMTU)
na Estação Brooklin da mesma.

O terminal de ônibus João Dias oferece uma grande diversidade de linhas locais que abran-
ge a grande Zona Sul, também possui linhas que dão acesso ao Centro e Zona Oeste.

21
Figura 12 – Mapa principais eixos viários

Legenda
Principais eixos
Terreno
Avenida João Dias
Avenida Carlos Caldeira Filho
Avenida das Belezas
Avenida Giovanni Gronchi
Estrada de Itapecerica

Acesso de ligação
Rua Maria José da Conceição
Rua Chicó Gomes
Rua Alexandre Archipenko
Terminal de ônibus João Dias / Linha
5 - Estação Giovanni Gronchi
Linha 5 - Estação Vila das Belezasa Fonte – Google Maps. Editado por Flávio Lima, 2021

22
CAPÍTULO 2
HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL COM USO MISTO – VILA ANDRADE

Através do estudo realizado foi constatada a necessidade de um projeto de um conjunto


habitacional de interesse social (HIS) com uso misto, a fim de agregar novas áreas de lazer,
comércio e integração com ao bairro, sendo que as HIS têm como papel principal a construção
de relação bairro/cidade com o morador.

Cabe ressaltar que o grande adensamento de moradias irregulares resulta em problemas


sociais para a cidade, distanciando sua população de equipamentos e o mínimo de infraestrutu-
ra para seus moradores e o bairro, surgindo novas necessidades e demandas para articulações
no implemento do Plano Diretor Estratégico (PDE)da cidade de São Paulo.

2.1 Partido Arquitetônico

A proposta do partido arquitetônico foi fundamentada em dois pontos importantes: o enfren-


tamento da precariedade das ocupações irregulares, com a sujeição dos moradores de baixa
renda a se estabelecer de forma precária em locais que oferecem risco à vida (Figura 05); e de
equipamentos e serviços de apoio que atendam os moradores desta região, conforme análise
(Figura 01).

23
Figura 13 – Marcação Zona de Risco R3 no terreno

750
5
76

770

755

750
77

76

74
5

5
775
0
76
76
5

770
780

740
775

Legenda
Perímetro de Risco 3

Fonte – Base GeoSampa. Elaborado por Flávio Lima, 2023.


Observa-se na figura 13 que de sua área total de 9.406m² (100%) em torno de 3.044m²
(32,36%) está dentro de uma área R3, devido à grande possibilidade de instabilidade (trincas
no solo, degraus de abatimentos em taludes, etc.) por isso foi implantado um muro de arrimo
de contenção feito de gabião em torno deste perímetro, conforme figura 15.

O paisagismo acontece dentro desse perímetro, a vegetação existente foi substituída por

24
uma grama da família Bermudas (Cynodon Dactilon), esta variante tem raízes mais profundas,
que acabam ajudando nessa contenção do solo, as árvores implantadas são nativas brasi-
leiras com característica primordial de possuírem raízes profundas, e elas são: Quaresmeira
(Tibouchina granulosa), Ipê Rosa (Tabebuia avellanedae ou Handroanthus avellanedae), e Ipê
Amarelo (Handroanthus ochraceus ou Tabebuia ochracea).

Elas estão dispostas de forma a trazer um aspecto diferenciado ao bairro, pois florescem
em diferentes épocas do ano e apresentam cores bem diferentes. A Quaresma floresce duas
vezes ao ano, no outono e na primavera, enquanto o Ipê Rosa floresce com mais frequência,
florescendo em tons de rosa e roxo entre junho e agosto, já Ipé Amarelo floresce do final de
julho a setembro.

Figura 14 – Espécimes árvores náticas brasileira

Quaresmeira Ipê Rosa Ipê Amarela

Fonte – Instituto Brasileiro de Florestas, 2021.

25
Figura 15 – Perímetro muro de contenção e permeabilidade

Legenda
Muro de contenção
Permeabilidade entre quadras

Fonte – Base GeoSampa. Elaborado por Flávio Lima, 2023.


Para melhor adequação ao projeto, o muro de contenção acontece em intervalos de 5 metros
de desnível, funcionando não apenas como uma contenção, mas também tirando proveito da
topografia, assim oferecendo uma forma de explorar vistas a partir dessa criação de permeabili-

26
dade com o perfil topográfico (Figura 16). Neste eixo proposto, uma escadaria oferece diversos
mirantes em alguns dos patamares, tornando o percurso do pedestre mais agradável, com uma
visto privilegiada, já que o projeto está localizado numa área de grande declive entre as Ruas
Chicó Gomes, situada na cota mais alta (780.00), e a Rua Alexandre Archipenko, na cota mais
baixa (765.00), num total de 15 metros. Consegue-se ter acesso ao terreno através de ambas
as ruas, porém, antes dessa permeabilidade não havia relação devido à esta alta declividade.

Figura 16 – Corte: Permeabilidade entre Rua Chicó Gomes x Rua Alexandre


Archipenko

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

Conforme levantamento de fluxos de vias (Figura 12), e análise do entorno (figura 01), o
projeto toma sua forma e implantação com fachada ativa, sendo uma lâmina em “I” no ângulo
de 27º Graus, e outra lâmina em “L” no ângulo de 15º Graus, ambas com gabaritos diferentes.
(Figura 17)

27
Figura 17 – Vista do projeto final

Fonte – Projeto por Flávio Lima, 2023. Modelagem e renderização Luan Nabil, 2023.
A implantação térrea ela dividida por duas lâminas, mas está funcionalmente separada por
3 categorias. Voltado à rua Chicó Gomes está estabelecido um núcleo comercial, concentran-
do uma parte do comércio, este eixo estabelecido cria uma aproximação de comércio com o
bairro, essa conexão também acontece do lado voltado aos demais programas, fazendo um
convite para população a se voltar para dentro do projeto, conforme figura 18.

No canto superior direito, temos o importantíssimo equipamento social para o funcionamento

28
Figura 18 – Implantação térrea

Fonte – Projeto por Flávio Lima, 2023.

29
desse bairro carente, a UBS, que possui um programa bastante diversificado de atendimento
às necessidades do bairro. Localizado em um ponto mais reservado e privilegiado em questão
de acessibilidade, sendo de fácil acesso aos moradores da região e condôminos, é de impor-
tante locomoção de pedestre em caso de emergência e acesso para as ambulâncias.

Descendo um pouco temos o funcionamento de uma biblioteca, com uma estrutural e pro-
grama que consegue atender essa população carente de programas sociais. Contando com
acesso independente e disposta que ruídos externos não atrapalhem o funcionamento que é
necessário para se ter uma biblioteca em funcionamento.

Para fazer ligação entre os programas e dar essa conexão temos uma praça/pátio central
na qual acima se estrutura as passarelas de conexões entre as torres. Esse centro possui uma
abertura grande com a implantação de Ipê Amarelo dando destaque, o sistema permeabilidade
é fluido, onde os moradores da região e condôminos conseguem transitar e forma a ter acesso
a todos os programas estabelecidos e o cruzamento entre as lâminas, sendo que os setores
públicos e privados têm seus acessos diferenciados.

A implantação ainda conta com uma quadra poliesportiva de uso privado/publico, será gerido
pela administração do condomínio que se encontra próximo da mesma.

A lâmina em “I” é voltada para a Rua Chicó Gomes, visto que está rua possui uma maior
dinâmica de fluxo e visibilidade como polo comercial, assim dando um ganho ao seu entorno.

A lâmina em “L” invervitada conta com uma Unidade de Básica de Saúde (UBS), e uma bib-
lioteca comunitária, fazendo esse agregamento com seu entorno, sem que haja conflitos nos
quesitos de uso público, com o uso privado. Ocorre de maneira fluida por conta da transposição
de caminhos pelo térreo, sendo todo aberto.

As lâminas no térreo são totalmente desconectadas uma da outra, tendo seu acesso privado
30
(Habitação) separados para ambas as torres, mas se conectam em um grande terraço exclusi-
vo dos moradores, sendo de livre acesso habitacional.

A modulação e forma do projeto surgiu de uma simples distribuição simétrica das habitações,
sendo que são de alvenaria estrutural de forma que se encaixam como blocos isolados, funcio-
nando como se fossem pilares em eixos equidistantes

O projeto contempla três tipologias habitacionais, sendo todas de 50m². As plantas tipo A
ocupam as pontas, e tipo B ao longo do eixo compondo. as plantas de meio.
Figura 19 – Unidades habitacionais: Tipo A, Tipo A Adaptada e Tipo B

Fonte – Elaborado por Flávio Lima. 2023.

31
2.2 Programa Arquitetônico e Setorização

Para elaboração do programa arquitetônico, foram utilizados dois estudos de casos que
assemelham aproximadamente há área C.A. máxima do projeto elaborado. Os estudos são:
SEHAB Conjunto Heliópolis Gleba G (Biseli + Katchborian Arquitetos), e o Conjunto Habitacion-
al Jardim Edite (M+F Arquietos, MMBB Arquitetos).

A análise a seguir, mostra o programa de forma didática, junto à separação de setores indi-
cados.

2.2.1 SEHAB Conjunto Heliópolis Gleba G (Biseli + Katchborian Arquitetos)

Projetado pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos, o conjunto localiza-se em uma área
de comunidade na favela do Bairro Ipiranga, sendo umas das maiores comunidades carentes
de São Paulo. Projeto construído no ano de 2011, conta com uma área total de 31.329m².
Figura 20 – Foto conjunto Heliópolis

Fonte – ArchDaily, 2022. Fotomontagem por Fabio Knoll.

32
Figura 21 – Plantas + Setorização SEHAB Heliópolis

Legenda
Administração
Apoio / Área Técnica
Circulação Horizontal
Circulação Vertical
Convivência
Educacional
Habitação
Saúde

Fonte – ArchDaily, 2020. Editado por – Flávio Lima, 2022.

33
Figura 22 – Cortes + Setorização

Fonte – ArchDaily, 2020. Editado por – Flávio Lima, 2022.

Figura 23 – Gráfico área de ocupação por setores + Tabela de setorização

Fonte – Tabelas e gráficos desenvolvidos por Flávio Lima, 2022.

34
2.2.2 Conjunto Habitacional Jardim Edite

Projetado pelos escritórios M+F Arquietos, MMBB Arquitetos o conjunto localiza-se em uma
área comercial de grande fluxo e importância da Zona Sul de Bairro Itaim Bibi, onde anterior-
mente se concentrava uma das maiores comunidades da Água Espraiada. Projeto construído
no ano de 2010, conta com uma área total de 25.714m².

Figura 24 – Foto conjunto Habitacional Jardim Edite

Fonte – ArchDaily, 2022. Fotografia de Nelson Kon.

35
Figura 25 – Plantas: Restaurante + UBS + Implantação Jardim Edite + Planta Tipo Lâmina + Planta Torre

Legenda
Administração
Apoio / Área Técnica
Circulação Horizontal
Circulação Vertical
Convivência
Educacional
Habitação
Saúde

36
Fonte – ArchDaily, 2020. Editado por – Flávio Lima, 2022.
Figura 26 – Gráfico área de ocupação por setores

Fonte – Gráficos desenvolvidos por Flávio Lima, 2022.

37
Figura 27 – Tabela de Setorização: Creche / UBS / Restaurante / Lâmina / Torre

38
Fonte – Tabelas desenvolvida por Flávio Lima, 2022.

2.2.3 HIS com uso misto Vila Andrade

Analisando os estudos de casos apresentados acima, foi elaborado um programa de setor-


ização (Figura 28), que aborda os aspectos sociais e comerciais para atender o bairro, também
visando a qualidade e conforto das residências. Pode-se observar a distribuição da setorização
nas figuras 29 e 30.

39
Figura 28 – Quadro de áreas da Habitação de Interesse Social com uso misto Vila Andrade

Fonte – Tabela desenvolvida por Flávio Lima, 2022/2023.

40
Figura 29 – Setorização: Implantação térreo + 1º pavimento

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

41
Figura 30 – Setorização: Torre A + Torre B

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

42
O setor residencial é composto por 3 tipologias, sendo elas:

• Tipo A – Constituída de dois quartos, banheiro, sala integrada com mini varanda, jantar,
cozinha e lavanderia integrada;

• Tipo A adaptada – Unidade acessível com dois quartos, banheiro, sala integrada com
mini varanda, jantar/cozinha e lavanderia integrada, planta mantendo os espaços inte-
grados com amplos corredores, mantendo os padrões de acessibilidade;

• Tipo B – Dois quartos integrados com banheiro, sala, mini varanda, jantar, cozinhae e
lavanderia integrada.

Estas plantas podem ser observadas nas figuras 31, 32 e 33.

Figura 31 – Residência Tipo A

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

43
Figura 32 – Residência Tipo A adaptada

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

Figura 33 – Residência Tipo B

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

44
No 1º pavimento contamos com uma situação diferente nas unidades, por ser um pavimento
de conexão e convívio, todas as unidades nesse pavimento ganharam o aspecto “Garden”, un-
idades que contam com área externa própria, também conhecido como jardim privativo. Essa
foi uma forma de valorizar as unidades térreas, já que está localizada em local de muito barulho
e falta de privacidade. Conforme podemos ver as plantas na figura 34.
Figura 34 – Variações de plantas nas unidades garden
Unidade habitacional - Tipo A Variação 1 Unidade habitacional - Tipo A Variação 2

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

45
Unidade habitacional - Tipo B Variação 1 Unidade habitacional - Tipo B Variação 2

Unidade habitacional - Tipo B Variação 3

Fonte – Elaborado por Flávio Lima, 2023.

46
2.3 Memorial descritivo – Materiais e estrutura

O projeto foi desenvolvido a partir da topografia do terreno, sendo necessário a utilização de


muros de arrimo para a contenção nas zonas de risco, o tipo de muro usado foi gabião, com
enchimento pedra no tipo rachão de granulometria entre 75 mm à 125 mm, gabião reforçado
no tipo caixa com malha hexagonal (Zinco e Alumínio) de 2,00 x 1,00 x 0,5 m com cauda de 4
metros (Figura 35), o muro possui altura de 5 metros.
Figura 35 – Seção transversal para o muro de gabião

Fonte – SINAPI – Sistema Nacional de pesquisa de custos e índices da construção civil – Caixa. 2023.

O sistema estrutural do projeto é misto, sendo seu térreo composto por vigas e pilares pré-
-moldados, os pilares com dimensões de 0,4 x 0,6 x 6,00 m de altura, e as vigas 0,4 x 0,8 m
dispostos por uma malha com variações, sendo o maior vão de 15,42 m e o menor 4,74 m (Fi-
gura 36). Já laje usada foi a protendida pré-molda de 0,35 x 1,56 x 12 m.

47
Figura 36 – Pilares + Vigas pré moldado (Esqueleto estrutural)

Fonte – Flávio Lima, 2023


O segundo usado foi alvenaria estrutural para a construção das habitações, feitos com blo-
cos de concreto família 29, os tipos de blocos usados foram: pastilhas (0,14 x 0,19 x 0,04 m e
0,14 x 0,19 x 0,09 m), blocos de ½ (0,14 x 0,19 x 0,14 m) bloco padrão (0,14 x 0,19 x 0,29 m) e
bloco T (0,14 x 0,19 x 0,44 m). A ligação da alvenaria com a laje foi de feita de modo aparente,
usando bloco no estilo canaleta. (Figura 37)

48
Figura 37 – Laje externamente aparente

Fonte – Glasser, 2023.

Os materiais para acabamento nas unidades são caixilhos com fechamentos em vidro fumê,
e nas varandas são usados guarda-corpos de ferro e alumínio tubular na cor branca.

No térreo e 1.º pavimento, os guarda-corpos também são de ferro e alumínio tubular, porém
na cor original.

Para pavimentação condominial, circulação e áreas técnicas está sendo adotado piso porce-
lanato. As unidades habitacionais serão entregues no contrapiso flutuante (Laje + Manta acús-
tica + Contrapiso), com forro de gesso nas áreas molhadas cobrindo as instalações hidráulicas.
Para pavimentação da praça/pátio de convívio público, calçadas e passeio será adotado o piso
drenante para escoamento de água para o solo. (Figura 38).

No paisagismo, a grama original será substituída por uma grama da família das Bermudas
(Cynodon Dactilon), grama que apresenta maior resistência e raízes mais profundas. As árvo-

49
res a serem implantadas são nativas brasileiras com uma característica em comum, todas pos-
suem raízes profundas que ajudará principalmente das áreas contidas pelos muros de arrimo,
e elas são: Quaresmeira (Tibouchina granulosa) de porte pequeno para médio, Ipê Rosa (Ta-
bebuia avellanedae ou Handroanthus avellanedae), porte grande e Ipê Amarelo (Handroanthus
ochraceus ou Tabebuia ochracea) porte médio.

Figura 38 – Piso drenante comum em placas

Fonte – Master plate, 2023

50
CONCLUSÃO
Com base em todas as informações fornecidas, o principal objetivo do projeto do complexo
habitacional é suprir o déficit habitacional. Os serviços oferecidos atendem tanto os moradores
do conjunto habitacional quanto a comunidade local e visam principalmente garantir condições
adequadas de equipamentos, conforto e segurança de caráter social. De forma a beneficiar a
população carente contemplada com a implantação do projeto.

O bairro de Vila Andrade, cujas características se centravam mais num carácter residencial,
fez com que a programação aplicada trouxesse mais vida ao bairro, integrando-o no meio ur-
bano existente e reforçando o seu potencial de utilização comercial e social, afim de aproximar
as pessoas da cidade. Além disso, há o cuidado de integrá-lo à área urbana, para que o bairro
interaja com a área por meio de seus espaços públicos e semipúblicos.

51
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