O homem é um ser ontogeneticamente inacabado, isto é, quando nasce
ainda não esta desenvolvido na sua totalidade, e necessita da
sociogénese para poder completar este processo.
Direito- conjunto de normas, com valores subjacentes que serão
transpostos para casos concretos, procurando compatibilizar as diferentes
expectativas e interesses dos indivíduos.
O Direito tem diferentes funções:
Função Ordenadora- cria e aplica normas que regulam a liberdade
individual de cada indivíduo.
Função Estabilizadora- O direito cria segurança e certeza jurídicas,
permitindo aos indivíduos criar planos e expectativas para o futuro, pois
estes têm a consciência de que para além de a lei se aplicar a si, também
se aplica aos restantes indivíduos.
Função Conformadora- O direito procura evoluir a sociedade,
modificando e moldando o indivíduo, através das normas, tornando-o
aquilo que deve ser.
As instituições são estruturas ordenadoras, onde cada indivíduo
desempenha um papel, agindo de acordo com as normas da sua função e
posição dentro de cada uma das instituições.
Funções das instituições:
Função normativa: Assegurar a interiorização das normas e valores
fundamentais, garantindo um bom funcionamento social.
Função de integração entre várias unidades: Dentro das diferentes
instituições, cada indivíduo, dentro de cada uma delas, desempenha um
papel distinto.
Função de libertar as pessoas de decisões constantes: Ao
implementar normas gerais que se aplicam a todos, a pessoa não tem que
estar preocupada em refletir sobre os seus atos, pois todos sabem como
se devem comportar e qual o seu papel a desempenhar dentro de cada
instituição.
Direito e a coação-
A coação é a capacidade de impor uma sanção a alguém que não tenha
cumprido uma norma.
A coercibilidade é a capacidade de impor uma norma à força.
Visão Sociológica: esta diz que as normas jurídicas se distinguem das
restantes por estarem dotadas de coercibilidade, isto é, por estarem
subjacentes sanções aplicadas quando a norma jurídica não é cumprida.
Visão Jurídica: Já segundo esta visão, o Direito é uma ordem orientada
pela Justiça, a convivência humana é orientada pela ideia de uma ordem
“justa”. Contudo, o Direito pretende ser um direito eficaz, e assim para
que tal aconteça, é intrínseca e necessária a existência de coercibilidade.
Assim, para a visão jurídica, o Direito é dependente da coação, mas este
não é o valor que define e caracteriza a sua essência, sendo este a
justiça.
Direito e o Poder Político-
O estado está submetido ao Direito, isto é, a lei regula e legitima o poder
político (Estado de Direito Democrático)
Justiça e Segurança-
Segurança jurídica- capacidade de os indivíduo criarem planos e
expectativas para o futuro, pois têm a consciência de que as normas se
aplicam a todos, e que o seu incumprimento acarreta sanções.
A justiça e a Segurança estão em constante tensão, pois por vezes o que
é considerado mais justo não é o que transmite mais segurança, ou pelo
contrário, aquilo que transmite mais ordem nem sempre é o mais justo.
Ex: lei da maioridade diz que só a partir dos 18 anos temos maturidade
para tomar as decisões, no entanto por vezes alguém pode ter
maturidade antes dos 18 anos para tomar estas decisões, ou não. Então
foi fixada esta idade, para garintir uma maior ordem, embora, em certos
casos, possa não ser o mais justo.
Direito e Moral
Critério do mínimo ético- O Direito deve orientar-se pela moral, desta
forma dentro das regras morais, existem regras e princípios fundamentais
(normas jurídicas) que são imprescindíveis para o bom funcionamento da
sociedade.
Assim, todas as normas jurídicas são normas morais, mas nem todas as
normas morais são normas jurídicas
Críticas:
Apesar do critério afirmar que todas a normas jurídicas são normas
morais, isto não se verifica na totalidade, pois existem normas jurídicas
que não têm valor moral.
Ex: o facto de estar previsto no código civil que temos que circular o mais
à direita possível, podendo ter sido escolhido o lado esquerdo, e nada está
relacionado com a moral
Por outro lado, existem normas moralmente aceitáveis, que são
reprovadas juridicamente
Ex: um inquilino não paga o arrendamento devido a um motivo grave que
o impossibilita, por muito que a moral possa aceitar e legitimar esta
prescrição do pagamento o direito reprova esta conduta.
Critério da heteronomia e coercibilidade- Segundo este critério as
normas jurídicas são heterónomas (surgem através da imposição do
direito numa sociedade), e estas são dotadas de coercibilidade, isto é,
podem ser aplicadas sanções pelo seu incumprimento. Já as normas
morais são autónomas, sendo criada conforme a consciência de cada
indivíduo, não estando consequentemente dotadas de coercibilidade.
Críticas:
Heteronomia- Existem normas jurídicas autónomas, como é exemplo dos
contratos, criados para cada um dos indivíduos
Coercibilidade-Existem normas jurídicas facultativas, isto é, que não são
dotadas de coercibilidade. Por outro lado, existem normas morais que
apesar de não terem uma sanção jurídica subjacente, têm sanções
morais, como o desprezo social, muitas vezes mais intenso.
Critério da exterioridade- Para o Direito é valorizada o exterior da ação
e dos comportamentos, isto é o ato em si. Por outro lado, para a Moral é
relevante a parte interior da ação, isto é, a intenção e as motivações do
sujeito que a pratica.
Crítica:
O Direito não valoriza apenas o comportamento do sujeito, mas por vezes
recorre também à avaliação das suas intenções e motivações.
Ex: Um homicídio doloso não será sancionado da mesma forma que um
homícido por negligência.
Por outro lado, a Moral não desvaloriza completamente o ato praticado,
pois muitas vezes o ato praticado pode ser muito mais punível que a
intenção de realizar esse ato
Ex: um homicídio é muito mais punível que uma intenção de homicídio
(Sem a exteriorização dessa intenção)
Direito Objetivo e Direito Subjetivo
Direito Objetivo- conjunto de normas gerais e abstratas utilizadas para
organizar e regulas as relações sociais, evitando conflitos
Direito Subjetivo- direito, poder ou faculdade atribuída a um sujeito,
que lhe permite exigir algo a alguém. Esta faculdade é conferida ao
indivíduo através da aplicação do Direito.
Critérios de distinção entre Direito Público e Direito Privado:
Teoria dos interesses: Se uma norma visar proteger os interesses de
uma entidade pública, então estamos perante uma norma de Direito
Público.
Se pelo contrário, uma norma visar proteger os interesses de uma
entidade privada/particular, estamos perante uma norma do Direito
Privado.
Crítica:
Existem normas de Direito Público que visam proteger os interesses
privados
Ex: concurso nacional de professores ao ensino secundário
Por outro lado, existem normas de Direito Privado que visam proteger os
interesses públicos
Ex: Quando alguém morre, na falta de herdeiros, legítimos ou designados
pelo testamento, os seus bens são atribuídos ao Estado
Teoria da supra e infra-ordenação: Estamos perante Direito Público,
quando existe uma relação de supremacia entre as partes envolvidas
(estrutura vertical). Por outro lado, estamos perante Direito Privado
quando não existe uma relação de supremacia entre as partes envolvidas,
existindo assim, uma relação de paridade (Estrutura Horizontal).
Críticas:
Dentro do Direito Público, existem situações em que as entidades
envolvidas que não têm entre si qualquer relação de supremacia.
Ex: Relação entre duas autarquias locais
Por outro lado, dentro do Direito Privado existem situações em que as
entidades envolvidas não estão numa relação de paridade, mas sim numa
relação de supremacia.
Ex: Direito da Família, em que existem responsabilidades parentais sobre
os filhos; Direito do Trabalho, o poder da entidade patronal sobre os
trabalhadores.
Teoria da qualidade dos sujeitos: Estamos perante uma norma de
Direito Privado, quando esta é geral, isto é, tem validade para todos os
sujeitos. Por outro lado, quando a norma concede aos entes públicos
poderes excecionais, poderes que eles não tinham previamente.
Norma jurídica:
A norma jurídica é um comando abstrato, geral e coercível, ditado por
uma autoridade competente.
Estrutura da norma jurídica:
Hipótese Legal: a parte da norma jurídica que descreve o “momento” da
situação do facto, o facto ou conjunto de factos, a situação típica da vida,
que uma vez verificada em concreto desencadeia a consequência jurídica
fixada na estatuição.
Estatuição: parte da norma jurídica que estabelece os efeitos jurídicos
(constituição, modificação e extinção da situação jurídica) que decorrem
da verificação em concreto da hipótese legal
Características da norma jurídica:
Geral- Pois tem validade para todos os sujeitos, não tendo um destinatário
determinado.
Abstrata- aplica-se para um conjunto de conflitos, e não apenas para um
conflito em específico.
Facto jurídico- é um acontecimento social com relevância jurídica, que irá
produzir efeitos jurídicos
1. Factos jurídicos voluntários (através da vontade humana produzem
efeitos jurídicos):
a. Negócios jurídicos- declarações de vontade cujos efeitos
jurídicos estão de acordo com a mesma declaração de
vontade
Ex: Extinção de um contrato, a escolha pela separação de
bens num casamento.
b. Declarações quase-negociais: declarações de vontade (Ex:
emissão de cheques) ou de ciência (Ex: testemunho) cujos
efeitos jurídicos estão previstos na lei.
c. Atos materiais ou reais: ato sem conteúdo declarativo cujos
efeitos jurídicos estão previsto na hipótese legal
Ex: Prestação de um serviço, entrega de um bem
2. Factos jurídicos involuntários ou puros factos jurídicos
(independentes da vontade humana):
a. Exteriores ao individuo: quando o facto não depende da ação
do indivíduo.
Ex: inundações causadas por uma tempestade
b. Interiores ao indivíduo: quando depende da ação do sujeito
Ex: testemunho- caminho pela rua e presencio um acidente,
não fui eu que causei o acidente, no entanto o facto de estar
presente naquele determinado foi dependente de uma
escolha e de uma ação minha.
Situação Jurídica- conjunto de direitos e deveres de um determinado
indivíduo num determinado momento.
Relação jurídica- relação entre duas ou mais pessoas disciplinadas pelo
Direito. Esta relação é constituída pelo lado ativo (lado que tem os
direitos) e um lado passivo (lado que tem os deveres)
Dever jurídico- comportamento que estamos obrigados a adotar. A pessoa
que não cumpre o seu dever jurídico, isto é o comportamento que está
obrigado a adotar, terá de indemnizar/ressarcir os danos causados pelo
seu incumprimento.
Ónus Jurídico- comportamento sem carácter obrigatório, isto é, o sujeito
tem a liberdade de adotar ou não o comportamento. No entanto, se não
adotarmos o comportamento podemos deixar de obter uma vantagem, ou
até mesmo obter uma vantagem.
Estado de sujeição- situação de um indivíduo estar na iminência de ver
produzidos, na sua esfera jurídica, efeitos jurídicos que este não controla.
(Ex: réu durante um julgamento)
Direitos subjetivos propriamente ditos- faculdade de poder exigir ou
pretender de outrem um comportamento, seja esta positivo ou negativo.
Direitos de personalidade- direitos de todos os humanos, atribuídos à
nascença
Inatos, pessoais (manifestações da personalidade), intransmissíveis (não
podem ser vendidos) e irrenunciáveis (não podem abdicar totalmente
destes)
Podem ser aceites limitações, no entanto estas são inválidas se forem
conta os bons costumes e a boa-fé
São absolutos, têm de ser cumpridos e respeitados por todos,
consequentemente podem ser violados por todos
Direitos de domínio- direito que atribuem ao seu titular o uso exclusivo de
determinada coisa, podendo usufruir de todas as suas utilidades.
(titularidade de uma ideia ou propriedade de um bem)
Direitos de crédito- direito de exigir uma prestação, isto é um
comportamento, a uma determinada pessoa. Na ,maioria dos casos, estes
direito resultam de contratos.
Estes contrariamente aos restantes são direitos relativos.
Ex: pagamento de um bem, contrato de compra e venda
Direitos potestativos- faculdade de produzir efeitos jurídicos na esfera
jurídica de outra pessoa por ato unilateral, sem que esta o possa impedir.
(Estado de sujeição)
Personalidade jurídica- capacidade legal de ser titular de direitos e
obrigações, tornando assim o indivíduo num centro de imputação de
direitos e obrigações.
(Art.66 ponto 1 e 2)A personalidade jurídica é reconhecida aos
particulares no momento do seu nascimento, por outro pode ser
concedida às entidades públicas personalidade jurídica, se estas
cumprirem com as formalidades necessárias.
Capacidade de querer entender é a vontade de querer conhecer e
entender aquilo que no rodeia (não é um conceito jurídico)
Capacidade delitual- capacidade de um sujeito ser responsável por atos
ilícitos. Esta é reconhecida aos 7 anos. (Art 488)
Capacidader neogial de gozo- capacidade de praticar por atos próprios
atos de natureza pessoas:
Capacidade para perfilhar (16 anos)- Art.1601
Capacidade para casar (16 anos)- Art 1601 e Art. 1850
Capacidade para testar (18 anos) –
Capacidade negocial de exercício- capacidade de adquirir direitos e
assumir obrigações, sejam estes quaisquer direitos e obrigações.
Critério de classificação das normas jurídicas:
Critério da autonomia privada
Imperativas- o sujeito não as pode deixar de cumprir, no entanto se o fizer
poderá ser sancionado
Preceptivas
Proibitivas
Dispositivias-
Facultativas (405)
Interpretativas (237)
Supletivas (885)