AF Na Gestao Municipal Nivel Superior Vol2
AF Na Gestao Municipal Nivel Superior Vol2
Central de
Farmácia
Gestão e planejamento da
Abastecimento
Farmacêutico
Pública
Assistência Farmacêutica
no SUS
Unidade
de Pronto
Atendimento
Central de
Abastecimento
Farmacêutico COLEÇÃO
Assistência Farmacêutica na gestão municipal:
USF/UBS da instrumentalização às práticas de profissionais de
nível superior nos serviços de saúde
PROJETO
Atenção Básica: capacitação, qualificação dos
serviços de Assistência Farmacêutica e integração
das práticas de cuidado na equipe de saúde
Centro de
referência em
IST/AIDS
BRASILIA - DF 2020
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção Primária à Saúde
Departamento de Promoção da Saúde
Gestão e planejamento da
Assistência Farmacêutica no SUS
VOLUME 2
COLEÇÃO
Assistência Farmacêutica na gestão municipal: da instrumentalização às práticas
de profissionais de nível superior nos serviços de saúde
PROJETO
Atenção Básica: capacitação, qualificação dos serviços de Assistência Farmacêutica e
integração das práticas de cuidado na equipe de saúde
BRASILIA - DF
2020
2020 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional.
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na
Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br.
Elaboração, distribuição e informações: Grupo executivo: Innovativ – HAOC: Noemia Urruth Leão Tavares
MINISTÉRIO DA SAÚDE Hospital Alemão Oswaldo Cruz: Gestão dos processos de EaD: Rangel Ray Godoy
Secretaria de Atenção Primária à Saúde Aline Fajardo Débora Schuskel Rondineli Mendes da Silva
Departamento de Promoção da Saúde Karen Sarmento Costa Modelagem Instrucional e Pedagógica: Suetônio Queiroz de Araújo
Esplanada dos Ministérios, Samara Kielmann Débora Schuskel Tiago Marques dos Reis
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CEP: 70058-900 - Brasília/DF Elton da Silva Chaves Gicelma Rosa dos Santos Revisão técnica:
Tel.: (61) 3315-6101 Hisham Mohamad Hamida Adrielly Saron Alves Silva Lopes Camila Tavares de Sousa
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Samara Kielmann Elaboração do conteúdo e texto: Júlio César de Carvalho e Silva
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS Coordenação técnica do curso: Adriane Lopes Medeiros Simone Revisão de texto:
MUNICIPAIS DE SAÚDE Karen Sarmento Costa Andréia Turmina Fontanella Julia Nader Dietrich – Educomunicação e
Esplanada dos Ministérios, bloco G, André Yoshikane Shoshima
Gestão do projeto: Jornalismo
anexo B, sala 144 Anna Heliza Silva Giomo
Zona Cívico-Administrativo Aline Fajardo Karina Santos Rocha Projeto gráfico e capa:
CEP: 70058-900 – Brasília/DF Camila Tavares de Sousa Luciane Anita Savi Laura Camilo – L7 Design
Tel.: (61) 3022-8900 Flávia Landucci Landgraf Marco Aurélio Pereira Normalização:
Site: www.conasems.org.br Mariana Castagna Dall’Acqua Maria Cristina Sette de Lima Delano de Aquino Silva – Editora MS/CGDI
Ficha Catalográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde.
Assistência Farmacêutica na gestão municipal : da instrumentalização às práticas de profissionais de nível superior nos serviços de saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2020.
4 v. : il.
Conteúdo: v. 1. Assistência Farmacêutica: da organização ao acesso a medicamentos e os desafios de sua integração à rede de atenção do SUS. v. 2. Gestão e planejamento da Assistência
Farmacêutica no SUS. v. 3. Serviços farmacêuticos técnico-gerenciais: operacionalização e prática nos municípios. v. 4. Os serviços farmacêuticos gerenciais na qualificação do cuidado em saúde.
Modo de acesso: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestao_planejamento_assistencia_farmaceutica_sus.pdf
ISBN 978-85-334-2867-6 (coleção)
ISBN 978-85-334-2869-0 (volume 2)
1. Prática farmacêutica baseada em evidências. 2. Atenção Primária à Saúde. 3. Procedimentos clínicos. I. Título.
CDU 615.12
a Abertura 08
Desafios para a gestão municipal:
qualificação e integração da Assistência Farmacêutica na Atenção Básica/Atenção Primária à Saúde
Síntese da Aula 36
Referências 37
A6 Financiamento da Assistência Farmacêutica no SUS 40
i Introdução 42
Síntese da Aula 63
Referências 64
Material Complementar 66
A7 Planejamento no âmbito do SUS 68
i Introdução 70
Aspectos normativos 72
Síntese da Aula 91
Referências 91
Material Complementar 93
A8 Planejamento da Assistência Farmacêutica municipal:
métodos e aplicações 95
i Introdução 97
Importância do planejamento 98
Referências 126
PROJETO ATENÇÃO BÁSICA
Prefácio
Esta obra é fruto de uma parceria entre o Ministério da Saúde (MS), na fi- e reflexões críticas e agrega materiais para a promoção do aperfeiçoamento
gura da Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS), o Hospital Alemão conceitual e das práticas dos profissionais que atuam na gestão da AF dos
Oswaldo Cruz (HAOC) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de municípios, em prol da qualificação da Rede de Atenção à Saúde (RAS) e,
Saúde (CONASEMS). principalmente, da melhoria das condições de saúde das pessoas, sempre
considerando as necessidades de saúde locais e a organização própria do
Por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sis-
trabalho e da gestão dos territórios.
tema Único de Saúde (PROADI-SUS) realizou-se o projeto Atenção Básica:
capacitação, qualificação dos serviços de assistência farmacêutica e inte- Ainda no âmbito do projeto, foram desenvolvidos outros três cursos, cada
gração das práticas de cuidado na equipe de saúde, com objetivo de for- qual voltado a diferentes agentes da AF municipal, da gestão central ao
talecer a Atenção Primária à Saúde (APS) mediante o aprimoramento dos balcão, ressaltando a importância do trabalho corresponsabilizado e inte-
serviços da Assistência Farmacêutica (AF) e sua inserção nos processos de grado. O material elaborado para subsidiar estas formações foi também
cuidado em conjunto às equipes nas unidades de saúde. publicado, resultando nas coleções Assistência Farmacêutica na gestão
municipal: da instrumentalização às práticas de profissionais de nível médio
Segundo dados obtidos da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização e
e/ou técnico nos serviços de saúde, Cuidado Farmacêutico na Atenção
Promoção do Uso Racional de Medicamentos no Brasil (PNAUM)1, realiza-
Básica: aplicação do método clínico e no livro Gestão do Cuidado Farma-
da em 2015, dentre os desafios para a melhoria da AF em municípios estão:
cêutico na Atenção Básica.
sua ausência no organograma das secretarias (24%) e no plano de saúde
(18%), a falta de autonomia financeira (61,5%) e de conhecimento dos va- Os produtos deste projeto – incluindo este volume – foram estruturados na
lores disponíveis (81,7%), a falta de adoção de procedimentos operacionais perspectiva de desenvolvimento de uma RAS capaz de responder e poten-
para seleção, programação e aquisição (cerca de 50%), e o fato da maioria cializar o desempenho do Sistema Único de Saúde, em termos da garantia
dos responsáveis pela assistência farmacêutica avaliar a organização da AF do acesso, qualidade e eficiência econômica, objetivando a integralidade
como boa e ótima (58,8%) apesar dos indicadores preocupantes. do cuidado e a resolutividade das ações em saúde, passos importantes
para a evolução dos serviços de atenção na saúde pública brasileira.
Ademais, o Brasil figura entre os maiores consumidores globais de medica-
mentos, o que denota a necessidade do acompanhamento e orientação com Em nome da Secretaria de Atenção Primária à Saúde, parabenizamos a
vistas ao uso racional, e demanda a implantação de registros estruturados que equipe técnica que elaborou e sistematizou os conteúdos da obra e convi-
favoreçam a análise dos impactos gerados por estas tecnologias de cuidado. damos os leitores a uma boa leitura.
Por tais razões, torna-se fundamental fomentar o progresso dos serviços farma-
cêuticos na APS, tanto os técnico-gerenciais quanto os técnico-assistenciais.
Coordenação-Geral de Prevenção de
O conteúdo desta publicação, resultante do curso Assistência Farmacêuti-
Doenças Crônicas e Controle do Tabagismo
ca na gestão municipal: da instrumentalização à prática nos serviços (pro-
fissionais de nível superior) oferecido pelo projeto, é baseado em conceitos Ministério da Saúde
Assistência Farmacêutica e sua integração na Rede de Atenção do SUS: da organização ao acesso a medicamentos | 6 |
PROJETO ATENÇÃO BÁSICA
Referências
1. Gerlack LF, Karnikowski MG, Areda CA, Galato D, Oliveira AG, Álvares
J, Leite SN, Costa EA, Guibu IA, Soeiro OM, Costa KS. Gestão da as-
sistência farmacêutica na atenção primária no Brasil. Revista de Saúde
Pública. 2017 Nov 13;51:15s.
Assistência Farmacêutica e sua integração na Rede de Atenção do SUS: da organização ao acesso a medicamentos | 7 |
PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
APS
RAS
Abertura
Autores: Samara Kielmann, Aline Fajardo, Mariana Castagna Dall’Acqua, Flávia Landucci Landgraf, Camila Tavares
de Sousa, Karen Sarmento Costa, Patrícia Silveira Rodrigues, Olivia Lucena de Medeiros, Hannah Carolina Tavares
Domingos, Izabella Barbosa de Brito, Elton da Silva Chaves, Hisham Mohamad Hamida
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PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
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PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
No que se refere à Assistência Farmacêutica no SUS, mesmo identifican- poração de tecnologias e estratégias de acesso a medicamentos no
do um conjunto de avanços significativos - por exemplo, a melhor orga- SUS, aos aspectos relacionados à gestão interfederativa, planejamen-
nização das responsabilidades executivas no âmbito do pacto federativo, to, financiamento e avaliação da assistência farmacêutica e às aborda-
ampliação do investimento na área pelos entes federados e do acesso gens da operacionalização e práticas dos serviços farmacêuticos nos
a medicamentos, melhor estruturação de serviços farmacêuticos nos municípios e as contribuições destes para a qualificação do cuidado
municípios e presença de sistemas informatizados - reconhece-se que em saúde.
ainda persistem barreiras e desafios a serem enfrentados2. Entre eles, a
Adotou-se no curso que os
não implementação na totalidade dos municípios da política de assistên-
cia farmacêutica, deficiências nos processos de planejamento e gestão,
ações focadas no medicamento e no insumo e não no usuário, recursos
serviços farmacêuticos constituem-se no conjunto de ativida-
humanos pouco qualificados, inadequação de procedimentos técnico-
des e processos de trabalho relacionados ao medicamento,
-gerenciais, ambientes pouco adequados às exigências e necessidades
protagonizados pelo farmacêutico (em especial nas ações fi-
dos serviços farmacêuticos, relações municipais de medicamentos pouco
nalísticas), e desenvolvidos no âmbito da atenção em saúde
baseadas em critérios técnico-científicos, nível de integração baixo entre
com vistas a potencializar sua resolubilidade. Esse conjunto
os diferentes serviços farmacêuticos e destes com os demais serviços de
de atividades compreende tanto atividades técnico-gerenciais
saúde da rede e a incipiência dos serviços farmacêuticos assistenciais4,5.
(atividades de apoio) quanto clínicas (atividades finalísticas) di-
Neste cenário, torna-se premente o desenvolvimento de ações pedagógi- rigidas a indivíduos, família e comunidades2:115.
cas para capacitar profissionais que atuam na gestão da Assistência Farma-
cêutica municipal. Tendo em vista a demanda de formação aos profissionais
de nível superior que atuam nos serviços farmacêuticos técnico-gerenciais,
O percurso pedagógico fundamenta-se no construtivismo com ênfa-
a equipe do Projeto da Atenção Básica, elaborou, desenvolveu e dispo-
se na participação ativa dos profissionais, que são instigados a expe-
nibilizou aos municípios brasileiros o Curso Assistência Farmacêutica
rimentar e (re)construir o conhecimento. Esta abordagem pedagógica
na gestão municipal: da instrumentalização à prática nos serviços
contribui para o desenvolvimento de estruturas conceituais e para
(profissionais de nível superior). A formação tem como objetivo instru-
a construção reflexiva e crítica do conhecimento dos profissionais
mentalizar e capacitar os profissionais de nível superior que atuam na ges-
de nível superior, elementos estruturantes da aprendizagem signifi-
tão da Assistência Farmacêutica municipal visando o aperfeiçoamento das
cativa proposta pelo curso. Esse tipo de abordagem requer desses
práticas profissionais, contribuindo para a qualificação do sistema de apoio
profissionais uma postura proativa no processo de ensino-aprendiza-
da Rede de Atenção à Saúde e integração com o cuidado em saúde.
gem para estudarem com autonomia e com comprometimento com
Os conteúdos abordam desde a contextualização do Sistema Único o curso, planejando o tempo de dedicação e criando uma rotina de
de Saúde na perspectiva da organização e integração da Assistência estudos adequada às suas vidas pessoais e profissionais, como es-
Farmacêutica nas Redes de Atenção à Saúde, com avaliação e incor- quematizado na Figura 1.
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PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
Módulo
• Vídeo de abertura
• Cenário reflexivo
Roteiro de
Aprendizagem
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Considerando o ineditismo e a importância desse material para a for- Para apoiar a compreensão dos leitores, seguindo a própria organização
mação de profissionais de nível superior que atuam nos serviços far- dos cursos, cada volume e suas respectivas unidades de aprendizagem
macêuticos técnico gerenciais no SUS, e levando em conta a situação são ilustradas com quadros e figuras que facilitam a apresentação das
imposta pela pandemia da doença COVID-19, que exige respostas mais informações, bem como referências e indicações de leituras complemen-
imediatas dos serviços farmacêuticos com vistas à garantia do acesso tares. A cada aula, também são apresentados os objetivos de aprendiza-
aos medicamentos necessários dentro da realidade da Atenção Básica, gem e um breve resumo do conteúdo apresentado.
o Grupo Executivo do Projeto, constituído pelo Hospital Alemão Oswal-
Esperamos que os gestores e profissionais que atuam nos serviços far-
do Cruz, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde e Mi-
macêuticos no contexto da Atenção Básica possam utilizar esse material
nistério da Saúde - Secretaria de Atenção Primária à Saúde (MS/SAPS),
para ações de educação permanente com a equipe, visando o aprimora-
propôs a organização dessa coleção, a partir do material didático elabo-
mento e a maior integração das práticas entre os diferentes profissionais
rado no curso, com a expectativa de ampliar o conhecimento e as opor-
e a melhoria na qualidade da oferta desses serviços à população.
tunidades dos profissionais na qualificação dos serviços farmacêuticos.
Desejamos que esta publicação democratize o conhecimento voltado à
O conteúdo dos módulos, aqui apresentados em formato de volumes, foi
formação desses profissionais e seja um incentivo para a qualificação dos
pensado de forma encadeada para que o profissional caminhe por todas
serviços farmacêuticos na Atenção Básica/Atenção Primária à Saúde a
as unidades de aprendizagem de forma fluída e organizada como um
fim de avançarmos nas conquistas nessa área e superarmos as barreias
ciclo, com foco na discussão de casos práticos, próximos do cotidiano
e desafios apontados, tendo como perspectiva a oferta de serviços de
vivenciado, discussões para a operacionalização dos serviços farmacêu-
qualidade e humanizados alinhada aos princípios e diretrizes do SUS.
ticos técnico-gerenciais e apoio nos serviços farmacêuticos clínicos.
Boa Leitura!
Por essa razão esta coleção está organizada em quatro volumes, com-
postos por um conjunto de capítulos (unidades de aprendizagem):
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Referências
1. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº. 4.279, de 30 de dezembro de
2010. Estabelece as diretrizes para organização da Rede de Atenção
à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da
União. 30 dez 2010.
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
Departamento de Saúde da Família. Gestão do Cuidado Farmacêutico na
Atenção Básica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Primária
Saúde, Departamento de Saúde da Família – Brasília: Ministério da Saúde;
2019. 384 p.
3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de
2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a
revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Diário Oficial da União. 22 set 2017.
4. Manual do(a) Gestor(a) Municipal do SUS: “Diálogos no Cotidiano” /
CONASEMS-COSEMS-RJ-LAPPIS/IMS/UERJ. Rio de Janeiro: CEPESC/
IMS/UERJ; 2016. 324p. ISBN: 9788595360006.
5. Costa KS et al. Avanços e desafios da assistência farmacêutica na
atenção primária no Sistema Único de Saúde. Rev. Saúde Pública. 2017.
51 (supl 2), 3s.
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Aula
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Ementa da aula
Objetivo de aprendizagem
*Nota do editor: Este livro integra a coleção Assistência Farmacêutica na gestão municipal: da instrumentalização às práticas de profissionais de nível médio e/ou técnico nos serviços de saúde e apresenta o
conteúdo das aulas do Módulo 2 de curso homônimo oferecido pelo Projeto Atenção Básica, realizado no âmbito do PROADI-SUS. As aulas do Módulo 1 podem ser acessadas no vol. 1 desta mesma coleção,
Assistência Farmacêutica: da organização ao acesso a medicamentos e os desafios de sua integração à rede de atenção do SUS.
A Lei nº 8.080/1990, como posto, “dispõe sobre as condições para a pro- Para que a descentralização ocorra de maneira a não penalizar apenas um dos
moção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento entes federados, ela deve se pautar no princípio da hierarquização e da regiona-
dos serviços correspondentes e dá outras providências”3. Em seu artigo 7º, lização. Nesse caso, a hierarquização significa que o SUS deve estar organizado
está determinado que, além das diretrizes previstas na Constituição Federal, com base em níveis crescentes de complexidade, ou seja, da atenção primária
o SUS será desenvolvido com base em um conjunto de princípios, dentre à alta complexidade. Assim, busca-se que “casos de menor urgência possam
os quais destacamos, em virtude da abordagem desta aula, os princípios da ser resolvidos em instâncias que não cheguem a centros especializados de alta
descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera complexidade, melhorando a eficiência e a eficácia de todo o sistema”.
de governo e com ênfase na descentralização dos serviços para os municí-
A regionalização, um grande desafio para a gestão do SUS, pode ser
pios e regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde.
definida como:
A descentralização, que, além de ser um dos princípios organizativos ou
técnico-gerenciais do Sistema Único de Saúde, também é determinada
como uma das diretrizes do SUS, conforme dispõe a Constituição Federal, […] um processo de articulação funcional
e está relacionada com a redistribuição de recursos e de responsabilidades
entre União, estados e municípios. Esse princípio tem como objetivo uma
em um determinado território, onde se busca
prestação de serviços com maiores qualidade e eficiência, devendo estes integrar todas as ações e serviços em uma
estarem organizados em níveis crescentes de complexidade, em unidades ampla rede de atenção à saúde. Essa deve
geográficas específicas e para clientelas definidas4,5. se fundamentar em um trabalho coordenado
entre as unidades de saúde de diversos níveis e
densidades tecnológicas, a partir de mecanismos
clínicos, gerenciais e de governança que
permitam aos usuários uma atenção contínua e
integral, abrangendo a promoção, a prevenção, a
cura e a reabilitação (p. 89)7.
Fonte: Imagem - Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Imagem - Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
Por fim, um outro princípio que precisa ser destacado é o da “participação ticipativa direta, os cidadãos discutem e votam diretamente sobre as prin-
da comunidade”. Inicialmente, vale destacar que o Sistema Único de Saú- cipais questões de seus interesses, sem a necessidade de haver alguém
de é um patrimônio do povo brasileiro, sobre o qual todos nós possuímos que os represente6.
direitos e deveres. Ao mesmo tempo em que está definido um conjunto
de responsabilidades do Estado para com os cidadãos, também existem
responsabilidades dos cidadãos para com o SUS, de forma a garantir que
o seu tratamento e recuperação sejam adequados8.
Para falar um pouco mais sobre isso, vamos retornar à nossa Constitui-
ção Federal, que, em seu artigo 1º, determina que:
Você sabe o que significa ser um Estado Democrático de Direito? Vale res-
saltar o que diz a própria CF 88, no parágrafo único do artigo 1º: “Todo o
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição”. Isso significa que vivemos
em uma república, cujo poder do povo será exercido de maneira indireta
Fonte: Imagem - Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
ou direta. Essas formas de participação são denominadas de democracia
representativa e democracia participativa direta.
No caso da saúde, existem instâncias deliberativas, de relevância reco-
A democracia representativa é aquela em que os cidadãos escolhem re- nhecida, que contribuem com o processo democrático de participação da
presentantes por meio dos processos eleitorais, nos quais pessoas são comunidade na gestão participativa do SUS, conforme previsto na Consti-
eleitas para diferentes cargos, com o objetivo de representar os interesses tuição Federal vigente. São os Conselhos de Saúde e as Conferências de
do povo na tomada de decisões no âmbito público. Já na democracia par- Saúde que compõem o controle social da saúde9,10.
Os Conselhos de Políticas Públicas apresentam-se como espaços onde Enfim, fica evidente que controle social pode ser compreendido como a
a população participa da tomada de decisões na Administração Pública, participação do cidadão na gestão pública, seja na fiscalização, no mo-
além de contribuir com o processo de fiscalização e de controle dos gastos nitoramento ou no controle de ações da Administração Pública. Também
públicos, colaborando com a avaliação das ações governamentais. Assim, representa um mecanismo de fortalecimento do exercício da cidadania6.
Os Conselhos e as Conferências de Saúde foram instituídos pela Lei nº Em relação ao processo de gestão, vale destacar que, para que municí-
8.142, de 28 de dezembro de 1990, enquanto instâncias colegiadas do pios, estados e Distrito Federal recebam recursos para a cobertura das
SUS, com base no princípio da participação da comunidade na gestão ações e dos serviços de saúde a serem implementados, os entes deverão
do SUS. É preciso lembrar que essa lei define a participação social na contar com o Conselho de Saúde, com composição paritária. Além disso,
saúde a partir da criação do SUS. Antes de 1990, ou seja, antes do SUS, deverão contar com Relatórios de Gestão, instrumento de gestão que tere-
já havia sido criado o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e já haviam mos a oportunidade de aprofundar os conhecimentos na Aula 7.
ocorrido oito Conferências Nacionais de Saúde, sendo que somente na
E você? Já participou de alguma Conferência de Saúde ou de uma
oitava houve participação da população, como passamos a ter a partir da
reunião do Conselho de Saúde?
aprovação da Lei14.
De acordo com a Lei, as Conferências de Saúde passaram a se reunir
a cada quatro anos, com a representação paritária dos diversos seg-
mentos que atuam no SUS, com a finalidade de “avaliar a situação da
Governança e Gestão:
saúde e propor diretrizes para a formulação da política de saúde nos
níveis correspondentes”. Estas são convocadas pelo Poder Executivo e,
responsabilidades dos
extraordinariamente, pelo próprio Conselho. A sua organização e normas
de funcionamento serão definidas em regimento próprio, aprovadas pelo
gestores do SUS
respectivo Conselho14.
Como já vimos anteriormente, o SUS prevê que a sua gestão seja participa-
Os Conselhos de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, devem ser tiva, ou seja, que a comunidade seja protagonista na avaliação e na proposi-
compostos por: ção de políticas públicas.
Nesse contexto e trazendo a agenda atual do SUS, discutindo-se as atividades
de governança e gestão em saúde, é necessário apontar alguns aspectos e
[...] representantes do governo, prestadores diretrizes que precisam nortear a agenda dos gestores municipais à luz das
de serviço, profissionais de saúde e novas práticas e exigências, inclusive de órgãos de fiscalização e controle.
usuários, atua na formulação de estratégias Dessa forma, é necessário conhecer um outro conceito, também bastan-
e no controle da execução da política de te importante: o da governança. Este conceito, muito divulgado na década
saúde na instância correspondente, inclusive de 1990 nos Estados Unidos, segundo alguns autores, foi construído origi-
nalmente para a área privada. Outros autores apontam que o conceito de
nos aspectos econômicos e financeiros, governança foi amplamente divulgado a partir de um documento do Banco
cujas decisões serão homologadas pelo Mundial, publicado em 1992, intitulado Governance and Development, no
chefe do poder legalmente constituído em contexto de se analisar o papel do Estado no desenvolvimento, em busca da
cada esfera do governo14. maior efetividade das políticas públicas. O fato é que esse tema se tornou um
importante campo de pesquisa em ciências políticas e sociais em geral15.16.
A governança pode ser definida como: Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a governança no setor
da saúde refere-se a diversas funções governamentais, realizadas pelos
governos e decisores, para atingir os objetivos da Política Nacional de Saú-
[…] a capacidade dos governos de exercer de favoráveis à sua cobertura universal. É um processo político que envolve
equilibrar diferentes influências e demandas, por exemplo, as dos usuários
autoridade, controle e poder na administração dos serviços de saúde, de profissionais da área e de fornecedores de insu-
dos recursos sociais e econômicos de mos e medicamentos17.
um país por meio do planejamento, da Para o Tribunal de Contas da União (TCU), por um lado, a governança
formulação e da implementação de políticas ocupa-se de avaliar a situação, determinar a direção e monitorar os aconte-
e do cumprimento de funções para o cimentos para acompanhar se a direção determinada está sendo seguida,
desenvolvimento (p. 1077)16. ao passo que a gestão ocupa-se de elaborar os processos de trabalho
para executar o ciclo Planejar-Executar-Avaliar-Agir, com o objetivo de ir na
direção determinada pela governança18.
Assim, entende-se governança como um conjunto de instrumentos que tem Essa governança no SUS, assim como apontam os órgãos de controle e a
como objetivo avaliar, direcionar e acompanhar a atuação do administrador literatura, precisa se articular, principalmente, com as demandas da socie-
público, com vistas a que sejam garantidos serviços públicos de qualidade15. dade, e esse papel de representação deliberativa está a cargo do controle
social, por meio dos Conselhos de Saúde18.
Figura 2. Relação entre Governança e Gestão
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GOVERNANÇA GESTÃO
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Fonte: Imagem - Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: TCU (p. 26)18.
L
Legalidade é o próprio alicerce do Estado Democrático
de Direito, traduzindo a ideia de que o administrador
público só pode fazer o que a lei autoriza.
I
Fonte: Imagem - Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
administrador público não deve ser identificada quando
Em virtude da abordagem desta aula, precisamos ter a compreensão do a Administração Pública estiver atuando, assim como
que significa “gestão pública”, pela dimensão da responsabilidade do impede a promoção pessoal do próprio administrador.
gestor em compatibilizar os recursos, que são finitos, com as múltiplas e
complexas necessidades da sociedade. Além disso, também para aten-
der e dar respostas às recorrentes críticas da sociedade, justas ou não,
em relação à qualidade do serviço público. Assim, a gestão pública ba- Moralidade relaciona-se com as decisões legais
seia-se em organizar o atendimento dos serviços aos anseios do “princi-
pal cliente do Estado: a sociedade” (p. 33)15.
Um ponto importante a ser considerado nesse caso é que não se pode
M tomadas pelo agente público, com bases éticas,
acompanhadas pela honestidade, visando obter uma
finalidade de interesse público.
fazer uma simples comparação entre as práticas e as ações desenvolvi-
das na gestão pública e na gestão privada. É comum que alguns falem
sobre a baixa eficiência do Estado, apontando que, se fosse privado, o Publicidade tem por objetivo tornar do conhecimento
P
serviço prestado seria melhor. Vale lembrar que a gestão pública possui público os atos da administração e tem ligação estreita
um conjunto de regras que determinam limites, não podendo o(a) ges- com a transparência, além de conferir eficácia jurídica
tor(a) simplesmente ignorá-las, conforme o princípio constitucional da le- aos atos administrativos, não podendo ser usada como
galidade, sobre o qual falaremos a seguir. forma de propaganda pessoal do administrador.
Cabe fazer apenas o que a lei autoriza e tem como meta o bem-estar
social. Já ao gestor privado, é possível fazer aquilo que a lei não proíbe15.
A Constituição Federal, em seu artigo 37, determina que a “administração
E
Eficiência é o dever de fazer uma boa gestão, a fim
pública direta e indireta de qualquer dos poderes da União, dos estados, de atender os anseios da sociedade, conseguindo
do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos princípios da legali- resultados positivos e satisfatórios ao menor custo.
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência”2, que podem
ser assim definidos2,11:
O(A) gestor(a) deve pautar as suas atividades e planos de trabalho sob es- direta ou indiretamente20. A gestão participativa objetiva gerar um clima or-
ses princípios, tendo a certeza de que as suas ações podem ter impactos ganizacional “para que todos os colaboradores possam contribuir com a
positivos na vida das pessoas, assim como podem ser catastróficos para o organização e se sentir parte integrante da equipe” (p. 62)15.
coletivo e, também, para si mesmo.
As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde são algumas des-
Sobre a governança e gestão da Assistência Farmacêutica no SUS, te- sas instâncias, com as quais o(a) gestor(a) deve ter diálogo, mas não por
remos a oportunidade de aprofundar essas discussões nas aulas Plane- simples visão burocrática ou legalista. Enquanto conselhos de políticas
jamento no âmbito do SUS e Planejamento da Assistência Farmacêutica públicas, eles objetivam garantir maior democracia, na qual os cidadãos
municipal: métodos e aplicações (Aulas 7 e 8). Com o que foi exposto até participam de forma ativa na avaliação e no monitoramento das ações go-
agora, precisamos sublinhar alguns apontamentos sobre características da vernamentais11.
gestão pública:
A Emenda Constitucional nº 29/2000 deu maior relevância aos Conselhos,
pois determinou que: “os recursos dos estados, do Distrito Federal e dos
municípios destinados às ações e serviços públicos de saúde e os trans-
» O(A) gestor(a) precisa ter a capacidade de compreender os seus
feridos pela União para a mesma finalidade serão aplicados por meio de
limites legais, conhecer as regras e, dentro delas, estabelecer as
Fundo de Saúde que será acompanhado e fiscalizado por Conselho de
suas atividades, de forma a atingir objetivos que devem ser previa-
Saúde, sem prejuízo do disposto no artigo 74 da Constituição Federal”. A
mente elaborados.
Lei Complementar nº 141/2012 consolidou as competências dos Conse-
» Da mesma forma como se deve respeitar o que determina as leis, lhos de Saúde, que até então estavam definidas em Resolução do Conse-
é preciso buscar a eficiência, enquanto um dos princípios da ad- lho Nacional de Saúde9.
ministração pública.
Articulação interfederativa
Como o SUS tem responsabilidades dos três entes da Federação, foram
Agora que você já viu uma série de conceitos, vamos destacar algumas constituídos, inicialmente, por meio de portaria, fóruns permanentes de
das características da gestão do SUS. Como já foi dito anteriormente, o pactuação e negociação entre os gestores, nos âmbitos federal, regio-
Sistema Único de Saúde, além do que prevê a Constituição Federal, possui nais e estaduais.
leis que o organizam e outras normas que dão a ele condições exclusivas,
A Lei nº 12.466/2011, que modificou a Lei nº 8.080/1990, reconheceu
quando comparadas com outras áreas. Vamos a elas.
como foros de negociação, ou “instâncias de pactuação” entre gestores,
quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS), a
Gestão participativa Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e as Comissões Intergestores Bipar-
Como já conceituamos anteriormente, uma das características da gestão tite (CIB). A CIT é composta pelo Ministério da Saúde, o Conselho Nacional
do SUS é que há, nela, outros atores, além dos gestores, que contribuem de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias
na Elaboração, implantação e monitoramento de políticas públicas. A es- Municipais de Saúde (Conasems). Em cada estado, a CIB é composta pela
sência da criação do SUS fortalece a concepção de Estado Democrático Secretaria Estadual de Saúde e pelo Conselho de Secretarias Municipais
de Direito, no qual a sociedade tem participação nos processos decisórios, de Saúde (Cosems).
O Conass é a entidade nacional que representa as Secretarias de Estado A atuação da CIT e das CIB tem como objetivos: decidir sobre os aspectos
da Saúde dos 27 estados, incluindo o Distrito Federal, nas pactuações operacionais, financeiros e administrativos da gestão compartilhada do SUS,
nacionais, na CIT, com o Ministério da Saúde e com o representante das em conformidade com a definição da política consubstanciada em planos
5.570 secretarias municipais de saúde, o Conasems. de saúde, aprovados pelos Conselhos de Saúde; definir diretrizes, de âmbito
nacional, regional e intermunicipal, a respeito da organização das redes de
ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua governança
institucional e à integração das ações e dos serviços dos entes federados;
Saiba mais! fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integração de
Navegue pelos os sites dos Conselhos: territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos vinculados à in-
tegração das ações e aos serviços de saúde entre os entes federados.
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de O Decreto nº 7.508/2011, que regulamenta a Lei nº 8.080/90, instituiu também
Saúde (Conasems); a Comissão Intergestores Regional (CIR), que, no âmbito regional, está vincula-
da à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos administrativos e operacionais,
devendo observar as diretrizes da CIB. Sobre o Decreto, o Conasems mani-
festou que: “evidenciou-se como ação das mais urgentes, já que se configura
Fonte: Imagem – Flaticon ©. como instrumento de controle e de incentivo à transparência, à melhor gover-
nança regional e à maior responsabilização entre os entes” (p. 31)11.
As pactuações no âmbito Estadual, na CIB e na CIR, ocorrem entre os re-
presentantes locais, da Secretaria de Estado da Saúde e das Secretarias Figura 3. Estrutura de pactuação intergestores na Gestão do SUS
Municipais de Saúde, estas últimas sendo representadas pelo Cosems local.
Comissão Intergestores Tripartite
Responsável pelas pactuações no âmbito
nacional entre os gestores CIT
(Ministério da Saúde, CONASS e CONASEMS)
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Elaboração própria.
Nesse momento, a articulação entre os profissionais do Controle Interno Controladoria Geral da União (CGU)
e da Assistência Farmacêutica é fundamental, pensando na eficiência
Conforme está descrito em sua página na internet,
das atividades da gestão e para, conjuntamente, observarem as norma-
tivas dos Tribunais de Contas (TC) e os aspectos técnicos da área da
saúde, incluindo as exigências sanitárias, de infraestrutura, gestão de
estoques, gestões orçamentária e financeira, gestão de riscos e trans- a Controladoria-Geral da União (CGU) é
parência e uso de dados a serem utilizados e padronizados no âmbito o órgão de controle interno do Governo
da gestão da AF. Federal responsável por realizar atividades
relacionadas à defesa do patrimônio público e
ao incremento da transparência da gestão, por
meio de ações de auditoria pública, correição,
Saiba mais! prevenção e combate à corrupção e ouvidoria.
Você sabe se o seu município possui controle
A CGU também deve exercer, como Órgão
interno? A Assistência Farmacêutica possui alguma Central, a supervisão técnica dos órgãos que
articulação com o controle interno? Vamos, então, saber um compõem o Sistema de Controle Interno
pouco mais sobre os órgãos de controle. e o Sistema de Correição e das unidades
de ouvidoria do Poder Executivo Federal,
prestando a orientação normativa necessária22.
Fonte: Imagem – Flaticon ©.
da Assistência Farmacêutica são consideradas como importantes estraté- Então o que é importante identificar na compreensão da situação inicial?
gias para a garantia de acesso qualificado aos medicamentos e, também,
Um primeiro aspecto fundamental é conhecer a situação da saúde e do
para consolidar o próprio sistema de saúde19,25.
sistema de saúde local. Esse processo não pode ser considerado apenas
E por onde começar? Como o Gestor da Assistência Farmacêutica para análise da situação inicial, já que esse ponto deve ser avaliado con-
no meu município daria os seus primeiros passos para estruturar e tinuamente. Ao analisar a situação da saúde, você poderá caracterizar o
organizar os serviços farmacêuticos? perfil epidemiológico da população, reconhecendo doenças mais preva-
lentes por faixa etária e sexo, hábitos e costumes, perfil de morbimortali-
A primeira palavra que deve vir à sua mente é PLANEJAMENTO, que é definido
dade, entre outros. A análise do sistema de saúde permitirá, por exemplo,
como “um processo que busca estabelecer com clareza e de forma integrada
conhecer o funcionamento e a organização da rede local, a capacidade
o conjunto de ações e iniciativas a serem adotadas para que a organização
instalada, a oferta de serviços e as demandas, a estrutura física, os equi-
alcance uma situação futura desejada com base em conjunto situacional exis-
pamentos e os recursos humanos envolvidos. Para isso, é importante
tente no presente” (p. 44)15. Além disso, para se garantir um gerenciamento
definir o que se deseja verificar, quais as fontes de informação e o que se
qualificado da Assistência Farmacêutica, além do planejamento, estão a orga-
deseja aferir (indicadores)26.
nização e a estruturação das atividades que são desenvolvidas15,27.
O passo seguinte é conhecer como a Assistência Farmacêutica está
Contudo, não será possível dar nenhum passo se não tivermos certeza sobre
relacionada dentro da estrutura do município, ou seja, a que área ela
o caminho que queremos seguir e aonde queremos chegar. Mas, sobre isso,
está subordinada. Identificar, portanto, se está vinculada ao gabinete
nos aprofundaremos nas Aulas 7 e 8.
do secretário, à coordenação responsável pelas ações de saúde ou à
Como parte do processo para se elaborar um bom planejamento está a com- estrutura administrativa. Verificar se está presente enquanto diretoria,
preensão da situação inicial, ou seja, qual é o diagnóstico sobre em como se coordenação ou uma gerência e observar se ela está ligada diretamente
encontra a Assistência Farmacêutica. Vale destacar que, em virtude dos di- ao secretário. Enfim, conhecer, dentro do organograma, como a As-
versos atores envolvidos no SUS – usuários, trabalhadores e gestores –, além sistência Farmacêutica está localizada. Este é um aspecto importante,
da percepção de cada um deles, que pode ser diferente a partir do ângulo pois entender hierarquicamente como os processos ocorrem contribui
em que se avalia, é preciso buscar isso de forma dialogada. As ferramentas e também para avaliar quais os fluxos e os aspectos políticos – como as
os dados a serem utilizados para se encontrar o correto diagnóstico, precisa articulações e negociações necessárias para que se possa colocar o
levar em conta que esta construção precisa ser coletiva19. planejamento em prática19,27.
Também é importante conhecer qual estrutura organizacional, que aqui con-
ceituaremos como sendo a “definição de papéis, competências e respon-
sabilidades, cuja representação formal deve constar no organograma e na
matriz de competências e responsabilidades, entre outros instrumentos de
gestão das organizações” (p. 53)19.
É preciso saber quais são níveis hierárquicos, competências, normas e pro-
cedimentos existentes19,26.
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
Vale destacar que a ausência de uma estrutura organizacional bem definida Um último aspecto a ser observado, com o mesmo grau de importância,
e de diretrizes organizacionais, assim como as questões relacionadas à am- é como está estruturada a Assistência Farmacêutica, física e administra-
biência física e às relações trabalhistas e falhas de comunicação, são gera- tivamente, e em relação aos recursos humanos e às atividades clínicas
dores de conflitos organizacionais19. desenvolvidas no território. Aqui, é preciso identificar como está orga-
nizada a AF do ponto de vista das atividades técnico-gerenciais desen-
volvidas, consideradas fundamentais para viabilização do funcionamento
dos serviços de saúde na rede. No Módulo 3*, será abordado de forma
mais detalhada como cada um dos serviços farmacêuticos de apoio à
rede contribui na disponibilidade dos medicamentos e na qualificação da
Assistência Farmacêutica do município11,26.
Com base nas informações que comporão a análise sobre a situação ini-
cial, a gestão da Assistência Farmacêutica tem o desafio de organizar o seu
planejamento, integrando “de forma articulada, os produtos, os serviços e
o fazer coletivo; a disponibilização e o uso de medicamentos, os resultados
logísticos, os clínicos e sociais, considerando os seguintes fatores que in-
fluenciam sua execução” (p. 126)11.
*Nota do editor: Este livro integra a coleção Assistência Farmacêutica na gestão municipal: da instrumentalização às práticas de profissionais de nível superior nos serviços de saúde e apresenta o conteúdo das
aulas que compõem o Módulo 2 de curso homônimo oferecido pelo projeto Atenção Básica: capacitação, qualificação dos serviços de Assistência Farmacêutica e integração das práticas de cuidado na equipe de
saúde, realizado no âmbito do PROADI-SUS. As aulas do Módulo 3 podem ser acessadas no vol. 3 desta mesma coleção, Serviços farmacêuticos técnico-gerenciais: operacionalização e prática nos municípios.
Modelo Centralizado
Para esse modelo, a opção da gestão é realizar todas as etapas e pro-
cedimentos da Assistência Farmacêutica, incluindo o gerenciamento de
estoques e a dispensação em um único estabelecimento, independente-
mente da distribuição territorial da população e dos estabelecimentos de
saúde no município. Nesse modelo de centralização da gestão também
se inclui a gestão financeira, ou seja, a rede de serviços farmacêuticos
realiza a sua programação de ações e serviços da AF, porém, a despesa
por esses serviços (quando privado e/ou conveniado), bem como a com-
pra do produto (medicamentos e produtos para a saúde), se dá integral-
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. mente no nível central.
Modelo Descentralizado de contratos por parte do ente público e rompimentos de contratos por
irregularidades agravadas por situações de perda de informações geren-
Nesse modelo, a gestão opta por descentralizar as etapas e procedi-
ciais ao final do contrato terceirizado. Essas questões acarretam des-
mentos da Assistência Farmacêutica, incluindo a gestão de estoques e
continuidades, muitas vezes assistenciais, principalmente quando esses
a dispensação em todos os estabelecimentos farmacêuticos, observan-
aspectos técnicos e de gestão de longo prazo não são pensados no
do alguns aspectos de distribuição territorial da população e dos esta-
momento da contratação.
belecimentos de saúde no município, agregando questões relacionadas
ao acesso como estratégicas para a descentralização. Além disso, são
observadas outras formas de contratação de prestação de serviços no
território, sob gestão direta ou contratada de entidades públicas, tais
como consórcios, seja por Organizações Sociais da Saúde (OSS), seja
por outras formas de terceirização diretamente ao setor privado previs-
tas em lei. Pode ocorrer também parcerias com o Estado para absorver
a prestação de serviços das farmácias do componente especializado
com responsabilidades e financiamento compartilhados.
Esse modelo descentraliza as etapas e procedimentos, incluindo a ges-
tão financeira por meio de contratos específicos ou convênios, em que
a rede realiza a sua programação de ações e de serviços da AF. Nesse
modelo, a remuneração pelo serviço (quando privado ou conveniado) e
a compra do produto (medicamentos e produtos para a saúde) serão
realizadas globalmente nos moldes contratuais, quando terceirizado,
ou transformando os estabelecimentos em unidades gestoras do seu
orçamento, no caso das públicas. Cabe às unidades gestoras descen-
tralizadas ou terceirizadas toda a gestão de estoques, compras, pro-
gramações, armazenagem, distribuição, transporte e atendimento aos
usuários e/ou as prescrições no próprio estabelecimento, além de ou-
tros serviços clínicos prestados pelo profissional farmacêutico. Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
Para esse modelo, adotado por boa parte dos municípios considerados Em contratos terceirizados (ou mesmo em outras formas de parcerias pú-
de médio e grande porte, percebe-se uma forte indução de formas tercei- blico-privadas, ou a opção por modelos de gestão 100% pública, porém
rizadas de contratação, especialmente de logística farmacêutica, incluin- descentralizada), percebemos claramente que a decisão agrega outras
do transporte. Porém, alguns problemas relevantes nessas contratações prioridades técnicas, como o acesso do usuário e a incorporação de as-
são identificados em auditorias de órgãos de controle (municipais, esta- pectos epidemiológicos e nosológicos, para além daqueles financeiros e
duais e federais), demonstrando, por exemplo, algumas falhas na gestão de controle estoques.
Síntese da Aula
Nesta aula, buscamos tratar da gestão do SUS e da Assistência Farma-
cêutica do ponto de vista conceitual, das suas especificidades e da sua
Modelo Parcialmente Descentralizado relação com o controle social. Foram abordados ainda os aspectos legais
do controle externo e interno e dos modelos de gestão. Esperamos que
após a compreensão do que foi abordado nesta aula, articulado com o que
vimos e veremos nas outras aulas, os profissionais farmacêuticos possam
aprofundar seus conhecimentos sobre os desafios da gestão pública, es-
pecialmente da Assistência Farmacêutica.
Modelo Descentralizado
Autores
Marco Aurélio Pereira Suetônio Queiroz de Araújo
Graduação em Farmácia pela Universidade Católica de Santos (UNISAN- Doutorando e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasí-
TOS), especialização em Farmacologia e Mestrado em Saúde Pública lia, especialização em Gestão e Auditoria no Sistema Único de Saúde
área de atuação Gestão em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Públi- (SUS), atuando há mais de 20 anos nas áreas da gestão pública e saúde
ca “Sergio Arouca” pela Fiocruz. Atuou em farmácia, drogaria e em far- pública com ênfase na assistência farmacêutica, gestão e planejamento,
mácia hospitalar. Foi professor da Universidade Santa Cecília e professor além de controle e gestão na saúde com foco nos gastos e compras
adjunto da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, nas disciplinas públicas. Atua como consultor do Escritório das Nações Unidas para
História da Farmácia; Introdução às ciências farmacêuticas; Saúde Pú- Serviços em Projetos (UNOPS) e Organização Pan-Americana da Saú-
blica; Deontologia e Legislação Farmacêutica. Foi Coordenador Geral de de (OPAS), com a Elaboração e supervisão de projetos de cooperação
Gestão do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da com organismos internacionais (Banco Mundial e OPAS) contemplando
Saúde, onde coordenou o Programa Farmácia Popular do Brasil, de 2009 pesquisas de campo para o fortalecimento do sistema de saúde e na
a 2016. Tem experiência na área de Farmácia, atuando principalmente integração e organização das redes de atenção à saúde. Desenvolveu
nos temas saúde pública, assistência farmacêutica, uso racional de medi- consultorias para consórcios públicos na saúde e projetos educacionais
camentos, política nacional de assistência farmacêutica e Programa Far- na modalidade à distância. No Brasil essas consultorias priorizaram o
mácia Popular do Brasil. Conselho Nacional de Saúde (CNS), Ministério da Saúde (MS), Organi-
zação Pan-Americana da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo e Mato Grosso, bem como assessoramento técnico na Assistên-
cia Farmacêutica para o Colegiado de Secretários Municipais de Saúde
e Ministério Público na área da Promotoria da Saúde, além de exercer
cargos na gestão da Assistência Farmacêutica na Secretaria de Estado
da Saúde de Alagoas e em municípios.
Aula
Financiamento da Assistência
Farmacêutica no SUS
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PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
Ementa da aula
Objetivo de aprendizagem
Introdução Isso toma contornos mais complexos quando se está diante de cenário
de constantes restrições orçamentárias e financeiras, cuja alocação de
recursos de forma equânime em um país com tantas desigualdades so-
Você sabia que o tema do financiamento à saúde tem se constituído numa
ciais pode afetar o êxito das ações de saúde que, como você pode ter
preocupação permanente dos gestores, que envolve todos os países do
percebido no seu cotidiano, se reflete no campo de Assistência Farma-
mundo, tanto as esferas de macrogestão como de microgestão?
cêutica (AF). Ademais, outro fato está ligado ao crônico subfinanciamento
Esse assunto está presente na agenda de debates dos sistemas de do SUS, que dificulta ainda mais o cumprimento dos preceitos constitu-
saúde, inclusive o SUS. Isso se dá pela sua importância social e pela cionais do direito à saúde.
participação, cada vez maior, não só na economia como um todo, mas,
Na seara das ações e serviços públicos de saúde (ASPS) ofereci-
em particular, nas contas públicas e nos orçamentos das famílias. Ou
dos no campo da saúde, os medicamentos são responsáveis por boa
seja, trata-se de uma questão central para o acesso a medicamentos.
parte do consumo de recursos financeiros, muitas vezes escassos.
Todos os envolvidos diretamente com a construção de sistemas de São produtos de ampla utilização, totalmente imbricados nas diferen-
saúde, principalmente daqueles doutrinariamente estabelecidos em pa- tes fases do processo de atenção em saúde. Além de ser elemento
drões conceituais do estado de bem-estar social, são desafiados per- central para conferir credibilidade do serviço prestado e melhoria da
manentemente em garantir, por meio das questões do financiamento da qualidade de vida do usuário. A falta de acesso pode incorrer em pre-
saúde, a universalidade e a integralidade, com sustentabilidade. juízos efetivos à saúde.
De acordo com a Constituição de 1988, o SUS é financiado com recursos partir de 2018, vigoraria o limite do exercício anterior, atualizado pela
do orçamento da seguridade social (OSS) da União, dos estados, do Dis- inflação de doze meses. Na prática, a EC 95 congela as despesas pri-
trito Federal e dos municípios. As fontes podem ser: (a) o faturamento das márias, reduzindo-as em relação ao PIB ou em termos per capita por
empresas, por meio da Contribuição para o Financiamento da Seguridade duas décadas. Essa questão certamente terá consequências negativas,
Social (Cofins); (b) o Programa de Integração Social e de Formação do pois pode comprometer o funcionamento do SUS11.
Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep); (c) o lucro líquido das empre-
sas com a criação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
(d) parcela da receita de concursos de prognósticos (loterias) e receitas
próprias, e (e) contribuição sobre a folha de pagamento das empresas
(considerada a principal fonte de custeio do seguro social)6. No caso da
saúde, as principais fontes de financiamento são a CSLL e a Cofins, pa-
gas pelas empresas à União.
Desde a Constituição de 1988, uma questão pungente tem sido o de-
bate sobre a existência de estabilidade de fontes de recursos para a
execução das ações de saúde pública, isso envolveu nos anos 1990 a
instituição da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
(CPMF), que depois foi extinta, sem resultar em aumentos de recursos
para a saúde.
Já em 2000, foi aprovada a Emenda Constitucional nº 29, que buscou
trazer maior regularidade do financiamento da saúde7. Assim, foram fi-
xados percentuais de gasto em Saúde para estados e municípios, res-
pectivamente 12% e 15 % de suas receitas próprias. Para a União, no
entanto, não há vinculação de percentual. Em janeiro de 2012, por meio
da Lei Complementar nº 141, essa organização foi finalmente regula-
mentada mantendo-se a regra até então vigente, segundo a qual os
gastos mínimos a serem realizados pela União seguem a correção dos
valores empenhados no ano anterior pela variação nominal do Produto
Interno Bruto (PIB)8,9.
Você deve estar acompanhando as diversas discussões sobre a Emen-
da Constitucional nº 95/2016 (EC 95), que introduziu um novo regime
fiscal10, determinando que, em 2017, as despesas primárias teriam
como limite a despesa executada em 2016, corrigida em 7,2%. E a Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
No seu dia a dia, você já deve ter presenciado discussões ligadas ao finan-
ciamento, mas percebeu que existem diversos empregos para essa pala-
vra? Existem distintas abordagens dedicadas a esse tema, uma delas se
refere à entrada de recursos econômicos para financiar o sistema de saúde,
tendo relação mais próxima com as fontes de financiamento; uma outra
está ligada à partição interna dos recursos para as diversas ações e servi-
ços de saúde, que podem ser empregados para atenção primária, média e
alta complexidade, assistência farmacêutica etc.
Afirmar que o SUS é subfinanciado significa que, no Brasil, o padrão dos
gastos públicos em saúde corresponde a menos de 50% do gasto total em
saúde, ou seja, o gasto privado é proporcionalmente superior ao qual ape-
nas 23% da população têm acesso12. Isso torna evidente o paradoxo do
financiamento da saúde em um país que tem organicamente um sistema
universal, no qual a saúde é direito de cidadania.
Duas grandes pesquisas13,14 de caráter nacional apontam dados interes-
santes sobre a elevação dos gastos privados das famílias brasileiras com
medicamentos, que despendem recursos financeiros de forma expressiva
com sua compra direta (out of pocket) apesar das possíveis melhorias no
setor público. Tal situação fica mais patente quando se verifica o grande de- Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
Figura 4. Relação entre o planejamento e o orçamento Quadro 1. Características centrais dos instrumentos legais de
planejamento orçamentário
Instrumentos
legais de
planejamento
do gasto
LOA: público Algumas características
operacional PPA
Plano que estabelece as diretrizes, os objetivos e
as metas do Governo pelo período de quatro anos,
sendo revisado anualmente. Também denominado
LDO: de planejamento estratégico de médio prazo da
tático administração pública brasileira
LDO
Anterior à lei orçamentária, define as prioridades e metas
PPA: da administração pública para o exercício financeiro
estratégico seguinte e orienta a Elaboração da LOA. Inclui as despesas
de capital (investimento), dispõe sobre mudanças na
legislação tributária, estabelece a política de aplicação
Fonte: ENAP (p. 11)16. das agências de fomento e define as metas fiscais. É a
LDO que diz quais são as despesas mais importantes
que o Poder Executivo deve fazer a cada ano. Em
No Brasil, temos como característica a adoção do orçamento-programa, outras palavras, é a LDO que faz a ligação entre o plano
pois sua concepção está ligada à ideia de planejamento. Desse modo, o estratégico de médio prazo, estabelecido no PPA, com o
orçamento deve considerar os objetivos que o governo pretende alcançar plano operacional de curto prazo, representado pela LOA
durante um determinado período15.
LOA
A integração orçamentária e financeira tem o propósito de estabelecer, de Estima as receitas e autoriza as despesas do Governo para
forma objetiva, o inter-relacionamento entre a execução orçamentária e a o exercício financeiro seguinte, de acordo com a previsão de
execução financeira. Apresentamos a seguir os pontos comuns entre as arrecadação. É definido como orçamento propriamente dito.
etapas que compõem os fluxos e processos pertinentes, na qual ocorre a Contém as ações e os programas de trabalho, atrelados
compatibilização com o fluxo de caixa. com seus respectivos valores orçados para o ano
Como mencionado no quadro anterior, a LOA é o instrumento que significa Quadro 2. Execução do Programa do PPA 0330 - Assistência Farmacêutica
o orçamento em si. O Quadro 2, a seguir, exemplifica hipoteticamente os - Apoio financeiro para aquisição e distribuição de medicamentos do
valores executados no Programa de Trabalho do PPA, denominado Assis- Componente Básico da Assistência Farmacêutica no exercício de 2018
tência Farmacêutica, e que foram apresentados em um Relatório Anual de
Gestão aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. Cada município pode
ter formatação específica, mas, em geral, tanto as informações de execu- Órgão 19 - Secretaria Municipal de Saúde
ção orçamentária como de cumprimento de metas físicas ou de indicadores Programa 0330 – Assistência Farmacêutica
são necessárias. Os conteúdos referentes aos recursos orçamentários pro-
gramados normalmente levam em conta os valores oriundos dos repasses Garantir o fornecimento de medicamentos no contexto da
somados das contrapartidas de cada esfera de gestão. No entanto, outras atenção primária em saúde para os pacientes atendidos nas
Objetivo
ações além da aquisição de medicamentos podem ser incorporadas, como unidades da rede, permitindo aos usuários a continuidade de
atividades de qualificação, melhorias na infraestrutura etc. seu tratamento
Assistência R$ R$
500.000.000 506.756.055
Farmacêutica 80.754.188,47 79.568.802,36
Medicamentos
R$ R$
consumidos 500.000.000 506.756.055
80.754.188,47 79.568.802,36
na APS
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Elaboração própria.
Além da Elaboração da proposta orçamentária do SUS, os entes federati- Um estudo recente17, que mapeou em uma amostra de municípios a par-
vos, em seu âmbito administrativo, conforme determina a Lei nº 8.080/1990 ticipação e o conhecimento dos profissionais responsáveis pela AF na Ela-
e para uma relação mais direta com a política de saúde, precisam elaborar boração dos conteúdos relacionados aos instrumentos de planejamento
seus planos de saúde. orçamentário (PPA, LOA, LDO) e da saúde (PMS, PAS, RAG), identificou
pontos preocupantes. A participação dos atores responsáveis pela AF no
A Portaria de Consolidação nº 1, de 28 de setembro de 2017, estabelece
processo de Elaboração da LOA foi de 12% e no PPA 24%. Com relação
diretrizes para o planejamento do SUS e traz quatro instrumentos relaciona-
aos instrumentos gerais do planejamento da saúde, a participação no PMS
dos ao planejamento em saúde, com repercussão para o financiamento da
e no RAG foi, respectivamente, 52% e 33%. Os resultados em geral indi-
AF, são eles: (a) Plano Municipal de Saúde (PMS); (b) Programação Anual
cam baixo envolvimento dos técnicos da AF e isso já aponta deficiências da
da Saúde (PAS); (c) Relatório Anual de Gestão (RAG); (d) Relatório Detalha-
gestão farmacêutica pública municipal, que vai requerer, dentre inúmeros
do do Quadrimestre Anterior (RDQA)16.
elementos, a concretização de ações dirigidas à melhoria na qualidade das
Em geral, a área de AF não é a responsável direta pela consecução tan- atividades técnico-administrativas locais.
to do planejamento orçamentário quanto dos instrumentos característicos
previstos na Portaria de Consolidação nº 1/2017. Não obstante, a inserção
técnica dos profissionais da gestão da AF pode trazer ganhos de qualidade
no processo de Elaboração do planejamento local, minuciando o desenvol-
vimento da gestão e do planejamento mais integrado.
Saiba mais!
A publicação intitulada Manual do(a) Gestor(a)
Municipal do SUS: “Diálogos no Cotidiano” aborda
elementos do escopo temático e do cotidiano do
planejamento em saúde aplicado à gestão municipal. De forma
abrangente aborda também os instrumentos de planejamento
do SUS anteriormente retratados, com os quais a AF precisa
contribuir. Para ler o manual clique aqui.
Orçamentos próprios
Orçamento Fundo Nacional
Nacional de Saúde MS
DICAS! LEIS
Você sabia que a transferência fundo A Lei Complementar nº 141/2012
a fundo, comum no financiamento também destaca que os fluxos de
na assistência farmacêutica básica, recursos financeiros devem ocorrer Orçamentos próprios
de Saúde
Unidades
é um fluxo de repasses entre por meio dos fundos de saúde (Figura
contas bancárias, e podem ser 5). E mais, o fundo de saúde, mantido Orçamento Fundo Estadual
acompanhadas regularmente por em funcionamento pela administração Estadual de Saúde SES
extratos bancários? O Ministério da direta da União, dos estados, do
Saúde, por meio do portal do Distrito Federal e dos municípios é
Fundo Nacional de Saúde a unidade orçamentária e gestora
apresenta de forma transparente dos recursos destinados às ASPS. O
os dados de repasses! Fundo Nacional de Saúde (FNS) é o
Além do sítio do FNS, existem
gestor financeiro, na esfera federal, Orçamentos próprios
dos recursos do SUS18.
outras duas ferramentas de
Orçamento Fundo Municipal
monitoramento bastante úteis: a A transferência fundo a fundo SMS
primeira é o aplicativo InvestSUS, consiste no repasse de valores, Municipal de Saúde
disponível para smartphones, que regular e automático, diretamente do
retrata os repasses do FNS. Instale FNS para os Estados e Municípios,
no seu celular e acompanhe os independentemente de convênio ou
repasses de seu município. instrumento similar, de acordo com as
condições de gestão do beneficiário,
O outro é o Sistema de Apoio à
estabelecidas desde a Norma Transferências intergovernamentais
Elaboração do Relatório Anual
Operacional Básica 01/1996.
de Gestão do SUS (SargSUS)
que permite o acesso público ao Pagamento a prestadores
RAG dos municípios. Verifique a
situação do seu município no site Legenda: MS - Ministério da Saúde; SES - Secretaria de Estado de Saúde; SMS - Secretaria
do SargSUS. Municipal de Saúde.
Desde os anos 1990, com a instituição do SUS no Brasil, as regras de fi- Já o Bloco de Investimentos, destinado à aquisição de equipamentos,
nanciamento têm passado por inúmeras transformações. Uma importante obras de novas construções para as ASPS, e obras de reforma e/ou ade-
organização foi relativa à constituição dos blocos de financiamento, em quações de imóveis já existentes também tem conta corrente única.
2006 na qual a AF figurava explicitamente como bloco. Não obstante, a
Há muitos debates em torno do financiamento ser constituído por inúmeras
partir de janeiro de 2018 os recursos do Ministério da Saúde (MS), des-
“caixinhas” e essa mudança poderia ser uma tentativa de reduzir isso. Mes-
tinados a despesas com as ASPS, a serem repassados aos estados, ao
mo com as controvérsias nesse cenário, essa alteração reforça ainda mais
Distrito Federal e aos municípios, estão organizados e transferidos na forma
a necessidade de qualificação dos gestores municipais para dar conta dos
de dois blocos de financiamento: custeio e capital.
procedimentos de planejamento orçamentário-financeiro.
Desse modo, os cinco blocos (Atenção Básica, Atenção de Média e Alta
Assim, o bloco de financiamento da AF (associado aos outros cinco) se
Complexidade, Vigilância em Saúde, Assistência Farmacêutica, Gestão do
juntaram ao bloco de custeio. Contudo, isso não impede que, em termos
SUS) passam então a compor unicamente o Bloco de Custeio, no qual os
organizacionais, a administração pública organize seus orçamentos em
respectivos repasses destinados à manutenção da prestação das ASPS
“grandes temas”, tais como os cinco blocos antes existentes.
e ao funcionamento dos órgãos são realizados fundo a fundo, para uma
única conta financeira.
Pesquise e reflita!
Há diversos debates quanto aos reflexos da
unificação dos blocos de financiamento no SUS.
Para estimular sua reflexão, assista à videoaula da
professora Blenda Leite, produzida pelo Conasems, que traz
aportes sobre esse tema.
Já nos anos 1970, foi instituída no governo militar a Central de Medi- Tal característica traz responsabilidades maiores para a gestão da AF,
camentos (CEME). O documento de base para a organização da CEME desde a etapa de obtenção até a dispensação desses produtos, em
trazia inúmeros propósitos, como atingir acesso a medicamentos aos conformidade com a perspectiva da PNM.
75% da população com baixo poder aquisitivo26. Essa foi uma fase his-
Nos 30 anos do SUS, o movimento descentralizador no financia-
tórica marcante, cujo caráter centralizador esteve fortemente presente.
mento da AF, especialmente voltado ao contexto da atenção bási-
A Central vigorou entre 1971 e 1997, sendo um ator relevante no cená-
ca/atenção primária em saúde tem sido um processo constante. Em
rio aplicado à promoção do acesso a medicamentos.
1999 foi inaugurado, pela vigência da Portaria GM nº 176, o incen-
Com o processo de promulgação da Constituição Federativa do Brasil tivo à assistência farmacêutica básica, competindo ao MS a gestão
de 1988, logo em seguida com o advento do SUS, foi necessário rever a central dos Programas Estratégicos. Estabeleceu-se o repasse fi-
operacionalização das políticas públicas de saúde, especialmente a de nanceiro direto do fundo federal aos fundos estaduais e/ou muni-
medicamentos. Assim, o papel descentralizador do MS para os municí- cipais, permitindo a estes entes governamentais maior autonomia
pios é marcante no advento do SUS. na aquisição de medicamentos, mobilizando sua própria estrutura
administrativa e de serviços 11.
Até meados dos anos 2000, o financiamento era de um recurso
mínimo de R$ 2,00 por habitante/ano. Existiam, ainda, normas es-
pecíficas e focais, como financiamento para área de saúde mental,
que não envolvia os municípios, até então. Em 2005, foram publi-
cadas diversas portarias que proporcionaram aumentos no aporte
de recursos.
Os mecanismos de financiamento do SUS foram sucessivamente
se aprimorando, tendo impacto direto nas atividades e gestão da
AF, tanto que o Pacto de Gestão instituído em 2006 reforçou que o
financiamento da AF era de responsabilidade dos três gestores do
SUS, devendo agregar a aquisição de medicamentos e insumos,
e também a necessária organização da AF, que deveria envolver a
estruturação dos serviços de saúde 27. Além disso, estabeleceu-se a
AF como um dos blocos de financiamento do SUS.
A existência de normativas e definição de responsabilidades de fi-
nanciamento vão além das regras relativas aos medicamentos bá-
sicos, pois outros grupos de medicamentos, com normas específi-
cas, também estiveram presentes concomitantemente ao longo do
tempo.
Fonte: Imagem – Shutterstock ©.
rganização do financiamento da
O Componente Estratégico da Assistência Farmacêutica (CESAF)
Assistência Farmacêutica no SUS Esse componente tem financiamento exclusivo do Ministério da Saúde
para o custeio dos medicamentos destinados ao tratamento de doen-
Na Aula 3 do Módulo 1* apresentamos o financiamento da Assistência ças que, por sua natureza, possuam abordagem terapêutica estabeleci-
Farmacêutica pública na perspectiva da operacionalização do acesso da, com perfil endêmico, que tenham impacto socioeconômico e sejam
aos medicamentos. Vamos agora aprofundar nossa discussão sobre consideradas problemas de saúde pública pelo gestor federal. O CESAF
esse assunto. objetiva disponibilizar medicamentos para o atendimento de programas
estratégicos de saúde, congregando medicamentos para controle da tu-
Desde a instituição do antigo bloco de financiamento da AF, os re-
berculose, da hanseníase, antirretrovirais dos programas de DST/AIDS,
cursos estão categorizados em três componentes: Estratégico, Espe-
endemias focais como malária, leishmaniose, doença de Chagas e outras
cializado e Básico, em que os entes gestores do SUS, dependendo
doenças endêmicas de abrangência nacional ou regional, sangue e he-
da especificidade de cada grupo, participam financiando, através da
moderivados, entre outros.
aquisição direta ou por repasse de contrapartidas financeiras. Mesmo
por meio da organização dos blocos não se percebeu grande expan- Esse grupo possui uma logística de funcionamento própria, tendo a par-
são nos recursos para a AF11. ticipação das três instâncias de gestão do SUS. Ao MS cabe, principal-
mente, programar, adquirir e distribuir aos estados. As Secretarias Es-
Ressalta-se que existem outras formas de financiamento de medicamen-
taduais de Saúde podem armazenar, distribuir e apoiar a programação,
tos no SUS, como o caso dos oncológicos. Esses produtos requerem
enquanto os municípios também armazenam, distribuem aos pontos de
procedimentos específicos, fornecidos por estabelecimentos habilitados
cuidado e promovem a dispensação.
em oncologia. São informados como procedimentos quimioterápicos
no subsistema de autorização de procedimentos de alta complexidade
(APAC), do Sistema de Informação Ambulatorial do SUS (SIA-SUS).
Assim, mesmo com a extinção dos blocos, por meio da Portaria Mi-
nisterial nº 3.992, de 28 de dezembro de 2017, a Portaria de Consoli-
dação nº 6, de 28 de setembro de 2017, que trata das normas sobre
o financiamento e a transferência dos recursos federais para as ASPS
do SUS, manteve a conformação dos Componentes de Financiamento
da AF28.
Nos subitens a seguir são descritos cada um dos três componentes
da AF no SUS. Fonte: Imagem – Shutterstock ©.
*Nota do editor: Este livro integra a coleção Assistência Farmacêutica na gestão municipal: da instrumentalização às práticas de profissionais de nível médio e/ou técnico nos serviços de saúde e apresenta o
conteúdo das aulas do Módulo 2 de curso homônimo oferecido pelo Projeto Atenção Básica, realizado no âmbito do PROADI-SUS. As aulas do Módulo 1 podem ser acessadas no vol. 1 desta mesma coleção,
Assistência Farmacêutica: da organização ao acesso a medicamentos e os desafios de sua integração à rede de atenção do SUS.
» adoção do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) para ajuste do valor per capita na contrapartida federal, na tentativa
de considerar a equidade no financiamento da AF. Os valores por habitante poderão variar segundo classificação dos municípios nos
cinco grupos do IDHM, conforme apresentado no Quadro 4;
» atualização da população de referência para o repasse, utilizando a estimativa Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019
para as contrapartidas dos três entes, sem redução de custeio;
» manutenção dos valores atuais das contrapartidas estaduais e municipais, ambos permanecendo em R$ 2,36.
Quadro 4. Valores de contrapartida federal por habitante ano do CBAF segundo as faixas de Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
Baixo R$ 6,00
Médio R$ 5,95
Alto R$ 5,90
» ao Ministério da Saúde cabe o financiamento, aquisição e repasse Não obstante, esses arranjos de financiamento podem ser mais comple-
direto da insulina humana NPH 100 UI/ml, insulina humana regular xos, pois ao serem consideradas as pactuações em instâncias de delibera-
100 UI/ml, medicamentos contraceptivos e insumos do Programa ção pelas CIB, envolvendo os estados e municípios, é possível a existência
Saúde da Mulher (DIU, diafragma e preservativos). de valores mínimos superiores aos contidos nas normas do MS.
Outra ponderação decorre da possibilidade de existência de outros gas-
tos na aquisição de medicamentos na atenção básica, realizados pelos
O acesso a esses medicamentos acontece em diferentes níveis de atenção Apesar da portaria vigente que regulamenta o CEAF tratar de sua organiza-
à saúde, razão pela qual a Elaboração e a aprovação do CEAF ocorreram ção por meio de três grupos, os medicamentos do grupo 3 são financiados
simultaneamente à atualização da Portaria relacionada ao CBAF. conforme regras do CBAF, já apresentados anteriormente.
Independentemente do grupo ao qual pertença o medicamento no CEAF,
Quadro 5. Características e responsabilidades de financiamento no CEAF
seu acesso em nível ambulatorial deve ter por base os critérios de diagnós-
tico, indicação de tratamento, inclusão e exclusão de pacientes, esque-
Grupos Características Responsabilidade de
mas terapêuticos, monitoramento, acompanhamento e demais parâmetros financiamento
contidos nos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) estabe-
lecidos pelo Ministério da Saúde. Esses PCDT definem quais são os medi- I Elevado impacto financeiro para o CEAF Grupo 1A -
camentos disponibilizados para o tratamento das doenças contempladas, Produtos indicados para doenças financiamento e
com seus respectivos códigos de classificação internacional de doença. mais complexas aquisição centralizada
no MS
A incorporação, exclusão, ampliação ou redução de cobertura de medica- Utilizados em casos de refratariedade ou
intolerância à primeira e/ou à segunda Grupo 1B - financiados
mentos no âmbito do CEAF ocorre mediante decisão do Ministério da Saú- pelo MS com
linha de tratamento
de, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias transferência de
no SUS (CONITEC). Envolvidos em ações de
recursos financeiros aos
desenvolvimento produtivo no complexo
estados e DF
industrial da saúde
Divididos em dois subgrupos:
» 1 A - depende de informação dos
estados para sua programação, que
ocorre no âmbito do MS
» 1B - aquisição, programação, armaze-
namento, distribuição e dispensação
realizadas pelos estados e DF
Com a finalidade de sintetizar a ampla discussão sobre os Componentes de Finan- Cabe ainda frisar que, ao longo do tempo, as regras definidas pelo MS no
ciamento da AF, atualmente contemplados no bloco de custeio do SUS, o Quadro tocante ao financiamento da AF estavam estritas hegemonicamente à aqui-
6 sumariza as principais características de funcionamento e responsabilidades de sição de medicamentos, sendo tímidas as previsões de recursos para estru-
financiamento público da AF brasileira, conforme seus três componentes. turação e organização dos serviços farmacêuticos, elemento relevante para
o êxito das ações de AF. Entretanto, esse panorama mudou em 2006, após
Quadro 6. Características e responsabilidades de financiamento da AF no Brasil o Pacto pela Saúde, quando passou a existir a possibilidade de destinação
de recursos a esse objetivo.
Responsabilidade
Componente Características Ainda vigora, através do Bloco de Custeio de Gestão do SUS, outra possibili-
de financiamento
dade de financiamento para a estruturação de serviços e organização de ações
Ministério da Saúde de assistência farmacêutica, no Componente para a Qualificação da Gestão28.
Tratamento de grupo de agravos
compra e distribui
específicos, agudos ou crônicos, Dados da PNAUM-serviços31 mostram baixo investimento (11,9%) em ati-
Estratégico medicamentos às SES
contemplados em programas vidades dirigidas à qualificação ou capacitação de profissionais da AF nos
CESAF ou diretamente aos
estratégicos do MS com protocolos
Municípios, dependendo municípios. Quanto às despesas com estruturação e manutenção da AF,
e normas estabelecidas
do porte 54,3% dos municípios mobilizaram recursos para essa finalidade. Tanto as
Estratégia de acesso a Divididos em três grupos:
deficiências no emprego de recursos voltadas à capacitação como na es-
medicamentos no âmbito do SUS, » Grupo I - MS truturação dos serviços farmacêuticos são preocupantes, impondo outros
que visa a garantia da integralidade » Grupo II - SES desafios para a concretização de uma assistência farmacêutica capaz de
Especializado contribuir efetivamente na melhoria da saúde da população.
do tratamento, em nível ambulatorial » Grupo III - União,
CEAF
Abordagens terapêuticas estados, DF e
estabelecidas em PCDT, municípios (segue as
publicadas pelo MS regras do CBAF)
Aquisição de medicamentos e
insumos no âmbito da APS Três esferas de gestão,
Elenco de referência de com contrapartidas
medicamentos e insumos mínimas definidas
Básico complementares, com base na As contrapartidas
CBAF Rename vigente estaduais ou municipais
Adoção do princípio da equidade podem ser aumentadas,
por parte do ente federal, conforme conforme pactuação
classificação do IDHM dos na CIB
municípios no financiamento
Legenda: IDHM: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, MS: Ministério da Saúde, SES: Secretaria
de Estado de Saúde, SMS: Secretaria Municipal de Saúde, CIB: Comissão Intergestores Bipartite
Uma iniciativa para superação desses problemas tem sido executada por
meio do Programa Nacional de Qualificação da Assistência Farmacêutica
Desafios da gestão municipal no financiamento
no âmbito do Sistema Único de Saúde (Qualifar-SUS). Seu financiamento da Assistência Farmacêutica
é exclusivo do Ministério da Saúde e desde 2012 possui linhas de apoio a
O financiamento da AF é apenas uma etapa que vai muito além dos valores
estrutura, educação, informação e cuidado farmacêutico.
orçamentários, planos que cabem no papel, ou das apreensões pertinen-
Esse Programa, voltado à melhoria das condições estruturais da AF, tem tes ao ciclo logístico. A gestão também precisa apoiar a estruturação de
como foco os municípios brasileiros de extrema pobreza, priorizando municí- serviços farmacêuticos no sistema de saúde, com o objetivo de apoiar os
pios de até 500 mil habitantes. Sucessivamente municípios têm sido habilita- usuários e a equipe de saúde, favorecendo e, muitas vezes, determinando
dos no Programa, foram 629 em 2017 e mais 651 em 2018. Com essa evolu- o uso seguro de medicamentos, maximizando seus resultados positivos.
ção, chegou-se a um total de 2.862 habilitados a receber incentivo financeiro,
É cogente no atual cenário político-econômico a proposição de ações à
representando pouco mais da metade dos municípios brasileiros33. Apesar
sustentabilidade e garantia de recursos para o financiamento de medica-
disso, o estudo da PNAUM-serviços trouxe questionamentos quanto ao real
mentos no Brasil. Ainda mais quando se debate quais são os limites atuais
impacto e à situação da baixa cobertura populacional do Qualifar-SUS31.
e os critérios de acesso universal à assistência farmacêutica integral garan-
tida pelo poder público no Brasil.
Nitidamente estamos frente a um aumento necessário no gasto com medi-
camentos no SUS. Dados da Pesquisa Nacional sobre Acesso, Utilização
e Promoção do Uso Racional de Medicamentos, efetuada entre 2013 e
201434,35 mostram maior acesso gratuito a um importante elenco de medi-
camentos essenciais entre as populações mais pobres.
Síntese da Aula
Esta aula revisitou o tema do financiamento no contexto da assistência far- Por fim, foram elencados alguns desafios, principalmente no esforço para
macêutica pública do SUS. Sem dúvida essa temática sempre está presen- que a AF, no âmbito dos municípios, cumpra seu papel social de promoção
te nos debates ligados ao desenvolvimento de políticas públicas e sociais, do acesso qualificado a medicamentos seguros e eficazes. Nesse sentido,
ainda mais no cenário da saúde, que tem no medicamento um elemento faz-se necessário o desenvolvimento de competências para a realização de
central e que possui especificidades mercadológicas e de acesso que o planejamento para uma melhor gestão dos recursos da AF e para a garan-
diferenciam de qualquer outro bem de consumo. tia de um financiamento adequado, resultando, portanto, na melhoria dos
resultados em saúde para a população.
Assim, é importante compreender o pano de fundo do financiamento da
saúde que no Brasil possui relação direta com a seguridade social e que
depende de fontes de recursos estáveis para dar conta dos inúmeros de-
safios coerentes com os princípios ético-doutrinários do SUS. Esforços
como a Emenda Constitucional nº 29/2000 seguida da promulgação da Lei
Complementar nº 141/2012 ainda não solucionaram plenamente o crônico
subfinanciamento e ainda estão sob constante ameaça, como o congela-
mento de gastos.
Os elementos característicos da gestão pública-orçamentaria e do planeja-
mento do SUS (plano municipal de saúde, relatório de gestão, entre outros) são
apresentados no sentido de trazer conhecimento aos atores envolvidos com a
AF e fazer um convite a esses profissionais no processo de sua construção. As
leituras de aprofundamento indicadas ao longo do texto visam promover uma
integração no cotidiano da AF com o planejamento e a gestão.
Foram abordadas as características do financiamento da saúde no Brasil,
como os repasses fundo a fundo e as novas alterações nos mecanismos
de repasse, buscando associá-los a alguns marcos evolutivos, assim como
os elementos inerentes aos repasses em uma única conta, por meio do
Bloco de Custeio, que nesse caso poderá exigir maior capacidade técnica
e de gestão para uma adequada alocação dos já escassos recursos.
Além disso, foi feita uma breve contextualização histórica sobre o finan-
ciamento da AF no Brasil, até o estágio que engloba os Componentes de
Financiamento, principalmente o Básico da AF, em que os municípios pos-
suem maior governabilidade na gestão.
16. Brasil, Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 1, de 28 de 22. Luiza VL, Silva RM da, Mattos LV, Bahia L. Fortalezas e desafios dos
setembro de 2017. Consolidação das Normas sobre os direitos e modelos de provisão e financiamento de medicamentos no Brasil.
deveres dos usuários da saúde, a organização e o funcionamento In: Vulnerabilidades das Políticas Industrial e Tecnológica de Saúde
do Sistema Único de Saúde [Internet]. [Acesso em 28 nov. 2019]. na Produção Local e na Assistência Farmacêutica. Rio de Janeiro:
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/ E-papers; 2018.
prc0001_03_10_2017.html.
23. Belloni A, Morgan D, Paris V. Pharmaceutical expenditure and policies:
17. Nora LCD, Costa KS, Araújo SQ, Tavares NUL. Análise da assistência past trends and future challenges. Report OECD Health Working
farmacêutica no planejamento: participação dos profissionais e a Papers n. 87. Paris: OECD; 2016. 75p.
qualificação da gestão. Cad Saúde Coletiva. Set. 2019;27(3):278-86.
24. Samuels A. Control of the cost of medicines and medical supplies to
18. Brasil. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. the NHS: Health Service and Medical Supplies (Costs) Act 2017. Med
Regulamenta o § 3º do Art. 198 da Constituição Federal para dispor Leg J. Mar. 2018;86(1):16-18.
sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela
25. Vieira FS. Evolução do gasto com medicamentos do Sistema único
União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços
de Saúde no período 2010 a 2016. Texto para Discussão n. 2356.
públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de
Brasília; Rio de Janeiro: IPEA; Jan. 2018.
transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e
controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; 26. Bermudez J. Indústria farmacêutica, estado e sociedade: crítica da
revoga dispositivos das Leis nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, política de medicamentos no Brasil. São Paulo: Editora Hucitec;
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ccivil_03/leis/LCP/Lcp141.htm.
27. Silva RM da. Programa “Aqui tem Farmácia Popular”: expansão entre
19. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 338, de 6 de maio de 2004. 2006-2012 e comparação com os custos da assistência farmacêutica
Aprova a Política nacional de Assistência Farmacêutica. [Internet]. na Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. [Tese]. Rio de
2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/ Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro; 2014.
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20. Velasquez G. El papel del Estado em el financiamiento de Consolidação nº 6, de 28 de setembro de 2017. Consolidação das
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organizadores. Acceso a medicamentos: derecho fundamental, papel para as ações e os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde.
del Estado. Rio de Janeiro: ENSP/Fiocruz; 2004. p. 25-40. [Internet] [acesso em 28 nov. 2019]. Disponível em: http://bvsms.
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21. Velásquez G, Madrid Y, Quick JD. Reforma sanitaria y financiación de
los medicamentos. Ginebra: OMS; 1998. 29. Brasil, Ministério da Saúde. Pauta - 9ª Reunião Ordinária da Comissão
Intergestores Tripartite/2019 [Internet]. 2019 [acesso em 28 nov.
2019]. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/
pdf/2019/outubro/31/PAUTA-DA-CIT-Outubro.pdf.
Autor
Rondineli Mendes da Silva
Graduado em farmácia industrial pela Universidade Federal Fluminense
(UFF). Doutorado e mestrado em Saúde Coletiva pelo Instituto de Medicina
Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). Atual-
mente é pesquisador em saúde pública do Departamento de Política de
Medicamentos e Assistência Farmacêutica da Escola Nacional de Saúde
Pública Sérgio Arouca (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz e docente do
quadro permanente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da
ENSP/Fiocruz. Especialista em farmácia hospitalar (UFF), vigilância sanitária
de produtos (ENSP/Fiocruz) e em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde
(ENSP/Fiocruz). Tem experiência de coordenação e gestão da assistên-
cia farmacêutica na administração pública. Exerce atividades docentes no
campo da saúde pública, com ênfase em assistência farmacêutica, econo-
mia da saúde e estudos de avaliação de tecnologias de saúde.
Aula
| 68 |
PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
Ementa da aula
Objetivo de aprendizagem
Entender esse processo na saúde e como ele se articula com o seu dia a
Introdução dia nos municípios é um dos objetivos desta aula, que será complemen-
tada pela Aula 8, a qual abordará em detalhes o Planejamento Estratégi-
O planejamento no Sistema Único de Saúde (SUS) é uma função gestora co Situacional (PES) e as diferentes ferramentas e etapas desse processo
que, além de requisito legal, é um dos mecanismos relevantes para assegu- para a Assistência Farmacêutica. Nesse momento, é preciso entender que
rar a unicidade e os princípios constitucionais do SUS. Expressa as respon- o planejamento no modelo de Gestão Pública no país tem seu início nas
sabilidades dos gestores de cada esfera de governo em relação à saúde estratégias de governo que muitas vezes são norteadas ainda no processo
da população do território quanto à integração da organização sistêmica. A eleitoral municipal, estadual, distrital e federal, quando algumas propos-
tarefa de planejar exige conhecimento técnico que por sua vez se expressa tas, majoritariamente vencedoras podem vir a ser implementadas, inclusive
em instrumentos e ferramentas desenvolvidas em processos de trabalho1,2. aquelas que envolvem o Sistema Único de Saúde.
No setor público foram estabelecidas, desde a Constituição Federal de Assim, é fundamental destacar, conforme ilustra a Figura 6, que para ini-
1988, algumas regras para planejamento e após algumas décadas diferen- ciar o planejamento no setor público, especificamente no SUS e nas três
tes metodologias e ferramentas de apoio a esse processo, especialmente esferas de governo, é necessário observar, principalmente no escopo mu-
aquelas de caráter contábil e financeira, avançaram significativamente. Di- nicipal, a estruturação do Plano de Governo, que trará muito das particu-
ferentes abordagens e tecnologias passaram a fazer parte deste processo laridades e propostas estabelecidas ainda no processo eleitoral, para, em
de planejamento nas diferentes esferas de governo compondo o dia a dia seguida, se estabelecerem as estratégias da Política Econômica e Social, e
da gestão pública, especialmente na saúde. posteriormente traçar as prioridades fiscais, traduzidas anualmente na Lei
de Diretrizes Orçamentária e Lei Orçamentária Anual, que trarão na estrutu-
ra formal as informações sobre as prioridades de investimentos no Sistema
Único de Saúde local, organizadas a partir do Plano de Saúde1.
Plano de
Governo
Políticas
Econômicas e Sociais Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
I.
União, vinculada ao Ministério da Saúde para efeitos Saiba mais!
administrativos e operacionais;”4 membros: Ministério Para saber mais sobre as Comissões Intergestores, o
da Saúde, CONASS (representando os estados) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass)
CONASEMS (representando os municípios) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de
Saúde (Conasems) acesse a Lei nº 12.466/2011.
Comissão Intergestores Bipartite (CIB), “no âmbito do
II.
Estado, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para
efeitos administrativos e operacionais […]”4. Membros: Fonte: Imagem – Flaticon ©.
representante do estado, Secretaria Estadual de Saúde,
representação dos municípios e COSEMS. De uma forma geral, a organização das atividades previstas para Elabo-
ração e execução do planejamento no setor público e, no nosso caso,
Comissão Intergestores Regional (CIR), “no âmbito especificamente no SUS necessariamente seguem alguns ritos formais es-
III.
regional, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para tabelecidos em lei.
efeitos administrativos e operacionais, devendo observar Para além do Decreto nº 7.508/2011 e ainda abordando os aspectos le-
as diretrizes da CIB.”4 Membros: representante do estado, gais do planejamento no SUS, é importante destacar que as disposições
Secretaria Estadual de Saúde e representantes dos orçamentárias e financeiras apontadas na Emenda Constitucional (EC) nº
municípios da região de saúde da respectiva CIR. 29/2000, apesar de 12 anos passados até a definição do que seriam os
gastos e regras das despesas em saúde, foram normatizadas a partir da
Lei Complementar (LC) nº 141/20125, inclusive com o apontamento de uso
de software oficial para publicização das informações orçamentárias, indis-
pensáveis à prestação de contas, como é o caso do Sistema de Informa-
ção sobre Orçamento Público em Saúde (Siops).
Saiba mais!
Emenda 29 – site do Planalto - EC 29/2000.
Lei complementar 141 – site do Planalto - LC 141/2012.
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Imagem – Flaticon ©.
A LC 141/2012 regulamenta o § 3o do Art. 198 da Constituição Federal Cabe destacar que, desde 2018, algumas das regras previstas na LC
para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela 141/2012 para o investimento mínimo em Saúde pela União deixaram
União, estados, Distrito Federal e municípios em ações e serviços públicos de vigorar, transformando o que seria piso de investimento em teto, o
de Saúde, bem como estabelece os critérios de rateio dos recursos de que ocorreu após as regras estabelecidas pela Emenda Constitucional
transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e con- nº 95/2016 que estipula um teto para aumento dos gastos públicos da
trole das despesas com saúde nas três esferas de governo5. União por 20 anos. Essa medida já implicou em redução dos investi-
mentos em saúde, impactando diretamente o aumento de investimento
Logo, as estruturas de Governança e Gestão da Saúde no Brasil passam a
por parte dos estados e municípios8,9, como demonstra a Figura 7. Esse
ter uma conformação legal estruturada inclusive em papéis claros de atua-
aspecto é de fundamental relevância para o planejamento municipal e
ção e participação da sociedade, bem como das responsabilidades dos
especificamente para a área da Assistência Farmacêutica.
gestores perante a gestão e transparência dos gastos públicos comple-
mentados pelas Leis nos 8.080/1990 e 8.142/19906,7.
Figura 7. Composição dos gastos com ações e serviços públicos de saúde
Federal
72,0%
52,4%
50,5% 49,3%
48,2%
46,7% 45,8% 46,6%
44,7% 45,3% 45,3%
43,4% 42,6% 42,4% 43,0% 42,8% 43,4%
31,6%
29,0% 30,7% 31,1% 31,0% 30,8%
27,3% 27,6% 28,4% 28,8% 29,4%
25,6% 24,7% 26,3% 27,0%
25,5%
27,6%
26,9% 26,9%
26,3% 25,8% 26,0% 25,3% 26,7% 26,5% 26,0% 25,5% 25,8%
24,0% 26,0% 25,5%
Municipal 16,0% 22,1%
12,0%
Estadual
1993 ... 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
A Portaria de Consolidação nº 1/2017, em seu Capítulo I, Título I, estabelece diretrizes para o planejamento do SUS e define como instrumentos do plane-
jamento em saúde o Plano Municipal de Saúde (PMS), a Programação Anual da Saúde (PAS), o Relatório Anual de Gestão (RAG) e o Relatório Detalhado
do Quadrimestre Anterior (RDQA), além de orientar os pressupostos para o planejamento6.
O Quadro 7 a seguir resume os referidos instrumentos do Planejamento em Saúde.
O PMS é o instrumento central de planejamento para definição e implementação de todas as iniciativas no âmbito da saúde
de cada esfera da gestão do SUS para o período de quatro anos. É esse plano que norteia a Elaboração do planejamento e
Plano Municipal de Saúde (PMS) orçamento do governo no tocante à saúde
Marco Legal: § 8°, Art. 15, Lei O Plano Municipal de Saúde consolida as políticas e compromissos de saúde numa determinada esfera de governo. Nesse sentido,
n° 8.080/1990 reflete, a partir da análise situacional, as necessidades de saúde da população e as peculiaridades próprias de cada esfera
No PMS estão retratados os objetivos macro da gestão, os quais são apresentados com as grandes metas e indicadores para
o quadriênio seguinte
A PAS é o instrumento que operacionaliza as intenções expressas no Plano Municipal de Saúde e tem por objetivo anualizar as
Programação Anual de Saúde (PAS) metas do PMS e prever a alocação dos recursos orçamentários a serem executados
Marco Legal: § 2°, Art. 36, LC Na Programação Anual de Saúde são detalhadas as ações e serviços, conforme a Relação Nacional de Ações e Serviços de
n° 141/2012 Saúde (Renases) e a Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename); as metas anuais; os indicadores; e a previsão
de alocação de recursos orçamentários no ano
Relatório Anual de Gestão (RAG) O RAG é o instrumento que apresenta os resultados alcançados com a execução da PAS, apurados com base no conjunto de
diretrizes, objetivos e indicadores do Plano Municipal de Saúde, além de orientar eventuais redirecionamentos que se fizerem
Marco Legal: Art. 36, LC necessários ao PMS e às PAS seguintes. Por essas características, é por meio desse instrumento que os gestores do SUS
n° 141/2012 prestam contas das ações do Plano Municipal de Saúde operacionalizadas pela PAS e que foram executadas no ano anterior
Relatório Detalhado do
Quadrimestre Anterior (RDQA) O RDQA é um instrumento de monitoramento e acompanhamento da execução da PAS. Deve ser apresentado pelo gestor
do SUS até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, em audiência pública, na Casa Legislativa do respectivo ente
Marco Legal: § 5°, Art. 36, LC da federação
n° 141/2012
Assim, ao olhar para a Assistência Farmacêutica planejada enquanto um Figura 9. Ciclo do PDCA e a adaptação para o Planejamento no SUS
dos capítulos do Plano Municipal de Saúde, fica evidente que ela deve en-
volver todos os seus atores, uma vez que é transversal a todas as ações e
serviços da rede, bem como fonte significativa de informações e de cuida-
• Planejar • Fazer • PPA • PAS
do que são preciosas para a tomada de decisão dos gestores.
(Plan) (Do) • PMS • LOA
Todas as áreas e setores envolvidos no PMS precisam traduzir suas de-
mandas em Ações, Objetivos, Metas e Indicadores que podem ou não ser
atrelados a rubricas orçamentárias, mas, uma vez contempladas no plano, Planejar Executar
essas metas e indicadores precisam responder aos objetivos propostos de P D e Replanejar
acordo com uma das políticas estabelecidas no SUS. Portanto, é preciso
entender que o ciclo do PDCA estará presente permanentemente em cada
local estabelecido no planejamento do seu município.
A C Avaliar Monitorar
Fonte: Adaptada do Manual de orçamento e finanças públicas para Conselheiros e Conselheiras de Saúde1.
Dessa forma, ao iniciar o planejamento e tentar estabelecer as estratégias Figura 10. Etapas do Planejamento Ascendente e Integrado: atores,
prioritárias para o seu município é preciso entender a aplicabilidade do ciclo análises de informações e instrumentos da Política Fiscal e da Saúde
do PDCA em todo momento e local que se propõe realizar atividades de
planejamento na lógica ascendente, ou seja, esse ciclo precisa ser aplicado Política Relatórios Relatórios
desde a Unidade Básica de Saúde até o nível central das secretarias de LDO LOA
Fiscal Quadrimestrais Bimestrais
saúde, segundo as boas práticas da Governança e Gestão e observando
sempre os aspectos da regionalização, do Planejamento Regional Integra-
do (PRI) e da governança das Redes de Atenção à Saúde (RAS) no âmbito Política de
PNS PAS RDQA RAG
Saúde
do SUS, na lógica de organização de macrorregiões de saúde1,6,7,9.
Esse processo de construção coletiva e ascendente precisa contemplar as Figura 11. Cronograma dos instrumentos de planejamento e orçamento
percepções regionais e macrorregionais, para que sejam atendidos os as-
pectos estabelecidos na agenda de regionalização, do Planejamento Regio-
nal Integrado (PRI) e da governança das Redes de Atenção à Saúde (RAS).
ano
ano
Para orientar o processo de trabalho durante o planejamento municipal (Figu-
ra 11) é preciso conhecer os prazos estabelecidos para cada instrumento a • PMS e PPA • PAS, LDO
ser construído durante esse processo de priorização de ações e metas para e LOA
os gestores e profissionais da saúde. • PAS, LDO e LOA
03. 04.
• RAG • RAG
• 3 RDQA • 3 RDQA
ano
ano
• PAS, LDO • PAS, LDO
e LOA e LOA
Fonte: Imagem – Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Adaptada do Manual do Gestor Municipal3.
Com esse escopo e a definição cronológica no quadriênio já é possível começar a organizar suas atividades com o objetivo de construir parte do capítulo
da Assistência Farmacêutica nesse Plano Municipal de Saúde e articular os demais instrumentos anuais e quadrimestrais necessários para garantir a trans-
parência dos resultados alcançados versus investimentos alocados e gastos com as Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS).
O PMS deve conter uma análise situacional da saúde do município (estrutura do sistema, sua rede de saúde, condições sociossanitárias, fluxos de acesso,
recursos financeiros, descrição dos processos de gestão do trabalho e da educação na saúde e descrição dos processos de inovação tecnológica em
saúde), uma descrição dos objetivos, diretrizes, metas e indicadores e uma descrição dos processos de monitoramento e avaliação. Sua validade é de
quatro anos – a contar a partir do segundo ano do governo recém-eleito até o primeiro ano do próximo governo – devendo ser apresentado até março do
primeiro ano de governo e, consequentemente, subsidiando o planejamento orçamentário do município3.
Assim, diante desse cenário e dessa cronologia, inicia-se, por exemplo, um dos métodos referenciados pelo Conasems para a realização do planejamento
em saúde, ou seja, o método do Planejamento Estratégico Situacional (PES), tomando por base, a premissa de um diagnóstico situacional para, em segui-
da, aplicar as etapas do método e as ferramentas de apoio ao processo e a priorização dos objetivos, diretrizes, metas e indicadores, bem como estruturar
o processo de monitoramento e avaliação do PMS. Essa sequência de instrumentos e conteúdos fica mais clara no Quadro 8.
(continua)
(continuação)
Momento explicativo:
- Identificação de problemas
- Seleção de problemas prioritários/estratégicos (classificação criteriosa dos problemas)
- Descrição dos problemas (uso de indicadores e descritores qualitativos e quantitativos)
- Elaboração da rede de causalidade dos descritores de problemas e identificação dos nós críticos
(ponto da rede de causalidade em que se avalia estrategicamente a intervenção e sobre a qual se
formulará uma ação)
Planejamento Estratégico Momento normativo:
Situacional (PES):
- Definição da situação-objetivo (transformação dos descritores em resultado esperado)
a Elaboração do Plano
- Elaboração do plano de operações (cada operação é um conjunto de ações)
Municipal de Saúde precisa
ser participativa, então, - Reconhecimento de cenários possíveis
3ª Etapa é estratégico para o seu - Definição dos recursos necessários e dos produtos e resultados esperados em cada ação
êxito envolver as áreas da Momento estratégico:
Assistência Farmacêutica e
- Análise de viabilidade (segundo as diversas dimensões do plano: política, econômica, cognitiva,
articular para garantir o apoio
organizativa etc.)
do setor de planejamento
da SMS - Elaboração de uma agenda estratégica
- Discriminação dos recursos necessários
- Identificação de quais atores controlam os recursos necessários e quais são as suas motivações
perante o plano
- Definição de operações estratégicas (operações necessárias e não viáveis)
Momento tático-operacional:
- Definição das ações a serem executadas com responsáveis e agenda, avaliação do plano, segundo
variáveis como os descritores dos problemas, os nós críticos, o andamento das operações, entre outros
(continua)
(continuação)
Submeter ao CMS
Deve ser validado pelo CMS para atender os quatro anos de gestão: do segundo ano da gestão que
se inicia ao primeiro ano da gestão subsequente
Plano Municipal de Saúde Na estrutura final do PMS submetida ao CMS deve constar:
(PMS) – Versão Final: hora de
5ª Etapa - Análise situacional da saúde do município
submetê-lo para avaliação do
Conselho Municipal de Saúde - Objetivos, diretrizes, metas e indicadores
- Monitoramento e avaliação
O Conselho Municipal de Saúde realizará a análise e emitirá o parecer conclusivo para aprovação do
PMS no DigiSUS Gestor
(continua)
(continuação)
Uma vez consolidadas as informações da saúde municipal, a equipe de pla- Figura 13. Imagem do ambiente de acesso por esfera e perfil no Módulo
nejamento alimentará o Plano Municipal de Saúde com todas as metas e in- Planejamento do DigiSUS Gestor
dicadores que serão priorizados, acompanhados e monitorados pelos quatro
anos de vigência do plano. Lembrando que o PMS inicia sua construção no
primeiro ano da gestão atual, mas só entrará em vigência no segundo ano
da gestão, finalizando no primeiro ano do governo ou gestão subsequente.
À medida que a execução da PAS começa a acontecer é possível informar Figura 15. Imagem da Programação Anual de Saúde no módulo
o alcance das metas da Assistência Farmacêutica naquele ano e esse resul- planejamento do DigiSUS Gestor
tado anual será consolidado e fará parte da prestação de contas da Secre-
taria de Saúde por meio do Relatório Anual de Gestão a ser submetido ao
Conselho Municipal de Saúde para análise.
5. Brasil. Lei Complementar nº141, de 13 de janeiro de 2012. 10. Brasil. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016.
Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor Altera o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para instituir
sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços União, Brasília, DF, dez. 2016 [acesso em 10 dez. 2019]. Disponível
públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/
transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e emc95.htm.
controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo;
11. Brasil, Ministério da Saúde. DigiSUS Gestor. [Internet] [acesso em
revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e
10 dez. 2019]. Disponível em: http://digisus.saude.gov.br/gestor/#/
8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Diário Oficial
planejamento.
da União, Brasília, DF, jan. 2012 [acesso em 8 dez. 2019]. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp141.htm.
6. Brasil, Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 1, de 28
de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre os direitos
e deveres dos usuários da saúde, a organização e o funcionamento
do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da União, Brasília, DF, set.
2017 [acesso em 10 dez. 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.
gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0001_03_10_2017.html.
7. Brasil, Tribunal de Contas da União (TCU). Guia de governança e
gestão em saúde: aplicável a secretarias e conselhos de saúde.
Brasília: TCU, Secretaria de Controle Externo da Saúde; 2018.
Disponível em: https://portal.tcu.gov.br/biblioteca-digital/guia-de-
governanca-e-gestao-em-saude.htm.
8. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Documento político e técnico para diálogo com os candidatos nas
eleições em 2018. [Internet] [acesso em 10 dez. 2019]. Disponível em:
https://www.conasems.org.br/wp-content/uploads/2018/07/livreto_
presidenciaveis_tela_F02.pdf
9. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems).
Regionalização da Saúde. Posicionamentos e Orientações. Brasília:
Conasems; 2019. [Internet] [acesso em 10 dez. 2019]. Disponível em:
https://www.conasems.org.br/orientacoes-ao-gestor/publicacoes/.
Material Complementar
1. Brasil. Constituição Federal de 1988 [acesso em 10 dez. 2019]. 10. Brasil, Ministério da Saúde. Portal DigiSUS Gestor. [acesso em 10 dez.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ 2019]. Disponível em: http://digisus.saude.gov.br/gestor/#/planejamento
constituicao.htm
11. Brasil, Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 1, 28 de
2. Brasil. Emenda Constitucional nº 29/2000 [acesso em 10 dez. 2019]. setembro de 2017. [acesso em 10 dez. 2019]. Disponível em: http://
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0001_03_10_2017.
Emendas/Emc/emc29.htm html
3. Brasil. Lei Complementar nº 101/2000 [acesso em 13 dez. 2019]. 12. Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS). Planejamento
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm Regional Integrado. Orientações Tripartite para o Planejamento
Regional Integrado. [acesso em 14 dez. 2019]. Disponível em: https://
4. Brasil. Lei Complementar nº 131/2009 [acesso em 15 dez. 2019].
www.conass.org.br/guiainformacao/planejamentoregional-integrado/
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp131.htm
13. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
5. Brasil. Lei nº 12.466/2011 [acesso em 8 dez. 2019]. disponível
Painel de Apoio à Gestão do CONASEMS. [acesso em 10 dez. 2019].
em: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
Disponível em: https://www.conasems.org.br/painel-de-apoio-a-
2014/2011/Lei/L12466.htm
gestao-ferramenta-reune-informacoes-para-auxiliar-planejamento-do-
6. Brasil. Lei nº 4.320/1964 [acesso em 13 dez. 2019]. Disponível em: gestor/
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm
14. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS).
7. Brasil. Lei nº 8.080/1990 [acesso em 11 dez. 2019]. Disponível em: Regionalização da Saúde. Posicionamentos e Orientações. [acesso
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm em 10 dez. 2019]. Disponível em: https://www.conasems.org.br/
orientacoes-ao-gestor/publicacoes/
8. Brasil. Lei nº 8.142/1990. [acesso em 10 dez. 2019]. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm
9. Brasil, Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz. Manual de
planejamento no SUS. 1ª ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2016
[acesso em 8 dez. 2019]. (Série Articulação Interfederativa, volume 4).
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/articulacao_
interfederativa_v4_manual_planejamento_atual.pdf
Autores
Marco Aurélio Pereira Suetônio Queiroz de Araújo
Graduação em Farmácia pela Universidade Católica de Santos (UNISAN- Doutorando e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasí-
TOS), especialização em Farmacologia e Mestrado em Saúde Pública lia, especialização em Gestão e Auditoria no Sistema Único de Saúde
área de atuação Gestão em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Públi- (SUS), atuando há mais de 20 anos nas áreas da gestão pública e saúde
ca “Sergio Arouca” pela Fiocruz. Atuou em farmácia, drogaria e em far- pública com ênfase na assistência farmacêutica, gestão e planejamento,
mácia hospitalar. Foi professor da Universidade Santa Cecília e professor além de controle e gestão na saúde com foco nos gastos e compras públi-
adjunto da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, nas disciplinas cas. Atua como consultor do Escritório das Nações Unidas para Serviços
História da Farmácia; Introdução às ciências farmacêuticas; Saúde Pú- em Projetos (UNOPS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
blica; Deontologia e Legislação Farmacêutica. Foi Coordenador Geral de com a Elaboração e supervisão de projetos de cooperação com organis-
Gestão do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da mos internacionais (Banco Mundial e OPAS) contemplando pesquisas de
Saúde, onde coordenou o Programa Farmácia Popular do Brasil, de 2009 campo para o fortalecimento do sistema de saúde e na integração e or-
a 2016. Tem experiência na área de Farmácia, atuando principalmente ganização das redes de atenção à saúde. Desenvolveu consultorias para
nos temas saúde pública, assistência farmacêutica, uso racional de medi- consórcios públicos na saúde e projetos educacionais na modalidade à
camentos, política nacional de assistência farmacêutica e Programa Far- distância. No Brasil essas consultorias priorizaram o Conselho Nacional
mácia Popular do Brasil. de Saúde (CNS), Ministério da Saúde (MS), Organização Pan-Americana
da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e Mato Grosso,
bem como assessoramento técnico na Assistência Farmacêutica para o
Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) e Ministério Pú-
blico na área da Promotoria da Saúde, além de exercer cargos na gestão
da Assistência Farmacêutica na Secretaria de Estado da Saúde de Ala-
goas e em municípios.
Aula
| 95 |
PROJETO ATENÇÃO BÁSICA A5 A6 A7 A8
Ementa da aula
Objetivo de aprendizagem
*Nota do editor: Este livro integra a coleção Assistência Farmacêutica na gestão municipal: da instrumentalização às práticas de profissionais de nível médio e/ou técnico nos serviços de saúde e apresenta o
conteúdo das aulas do Módulo 2 de curso homônimo oferecido pelo Projeto Atenção Básica, realizado no âmbito do PROADI-SUS. As aulas do Módulo 1 podem ser acessadas no vol. 1 desta mesma coleção,
Assistência Farmacêutica: da organização ao acesso a medicamentos e os desafios de sua integração à rede de atenção do SUS.
Importância do planejamento
Com base no que foi exposto até o momento, fica evidente que planejar é
um ato indispensável e como estamos tratando do planejamento na esfera
pública, vale considerar as ideias defendidas por Carlos Matus, que nos
ajudam a compreender a gerência como um ato de governar, especialmen-
te a que ficou conhecida como “triângulo de governo”5, ilustrada na Figura
16 a seguir.
Projeto de
governo
Do (fazer):
Esse é o momento em que as ações planejadas são
Act Check executadas, ou seja, quando o plano entra em ação.
Agir Verificar
Fonte: Imagem – Flaticon ©.
Check (verificar):
Nessa etapa, em que estão presentes os processos a eficiência é definida como a relação
de monitoramento e avaliação, busca-se observar, entre os produtos (bens e serviços)
com base nos resultados acumulados até então, se
o plano está sendo executado conforme planejado.
gerados por uma atividade e os custos
dos insumos empregados para produzi-
los, em um determinado período
Fonte: Imagem – Flaticon ©.
de tempo, mantidos os padrões de
qualidade. Essa dimensão refere-se ao
Essa verificação, ou monitoramento, do que será feito precisará ser descri- esforço do processo de transformação
ta no Relatório Anual de Gestão e nos Relatórios Quadrimestrais. de insumos em produtos. […] (p. 12)8.
Act (agir):
É nesse momento que se busca corrigir o que
foi identificado como problema ou falha na etapa
anterior, de monitoramento e avaliação, e que
compromete o alcance dos resultados. O objetivo dessa
etapa é aprimorar a execução do plano, na busca por maior
qualidade, eficiência e eficácia5.
cas, administrativas, legais e econômicas. Se não houver o entendimento de Portanto, se as etapas anteriores forem bem executadas, a gestão poderá
que essas características se complementam, podemos ter comprometido o ter como resultado um maior alcance das metas planejadas, demonstrando
padrão eficiência dessa ação, pelo fato de, por exemplo, este se tornar um eficácia nos serviços prestados na Assistência Farmacêutica.
procedimento meramente burocrático. Ou, ainda, ter os medicamentos dis-
Vale destacar o que foi abordado na Aula 5, sobre gestão do SUS e da
poníveis, porém adquiridos por um valor que poderia ser menor3.
Assistência Farmacêutica Municipal, quanto aos conceitos de gestão e go-
E eficácia diz respeito: vernança e a relação com o planejamento.
Como vimos anteriormente, o planejamento é uma das ferramentas funda-
[…] à capacidade da gestão de cumprir mentais de suporte à gestão, lembrando que gestão é um instrumento ado-
tado pela instituição para se alcançar resultados previamente definidos, utili-
objetivos imediatos, traduzidos em zando-se de recursos materiais, de pessoal, processos e práticas para isso8.
metas de produção ou de atendimento,
Já a governança trata de todas as medidas que auxiliam na avaliação de
ou seja, a capacidade de prover bens ou condições e opções, determinando a “direção, o monitoramento, a con-
serviços de acordo com o estabelecido formidade o desempenho e o progresso, alinhando, desta forma, planos e
no planejamento das ações (p. 12)8. objetivos […]”. (p. 247)8.
A governança, por meio de permanente avaliação, direcionamento e moni-
toramento, não se responsabiliza pelas tarefas a serem executadas. Cabe
a ela, a partir da definição de estratégias para a gestão, esta, sim, respon-
sável pela execução das tarefas, a avaliação da existência de mecanismos
de controle das tarefas executivas, de forma a monitorá-las e adotar as
devidas medidas corretivas, se necessário8,9.
Saiba mais!
Para saber mais sobre o ciclo PDCA, acesse:
Fonte: Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Ferramentas para Gestão de Processos – ENAP
Gestão da Assistência Farmacêutica (MS/UFSC)
Eficiência, portanto, está relacionada com a melhor relação possível entre o Manual de Planejamento no SUS (Ministério da Saúde)
impacto ou benefício de determinada ação e o custo para o seu alcance,
buscando fazer mais com menos recursos. Já eficácia está relacionada em
realizar, da melhor forma, as ações que foram planejadas, alcançando o me-
lhor resultado, em uma situação ideal, em relação aos objetivos concebidos3,5. Fonte: Imagem – Flaticon ©.
Tipo de planejamento
Saiba mais!
Fonte: Imagem – Flaticon ©. Fonte: Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©.
Ambiente externo
Ambiente interno
sistêmica. A tarefa de planejar
exige conhecimento técnico que
se expressa em instrumentos e
ferramentas desenvolvidas em
processos de trabalho (p. 24) 7. Ameaças
Fraquezas
Já o planejamento estratégico: Observe no Quadro 9 abaixo algumas diferenças entre o planejamento nor-
mativo e o planejamento estratégico.
é um método de raciocínio capaz de verificar Quadro 9. Diferenças entre o planejamento tradicional ou normativo e o
planejamento estratégico
a coerência das proposições possíveis em
relação ao objetivo perseguido. Esse método Planejamento Tradicional/ Planejamento estratégico
busca definir um conjunto de operações que Normativo
devem ser utilizadas com a finalidade de
mudar a realidade (p. 57)3.
Unidimensional – feito Multidimensional – considera aspectos
considerando-se, em geral, econômicos, políticos, sociais, cognitivos
apenas os recursos econômicos etc.
Fonte: Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Fonte: Adaptado de Marin et al. (p. 58)3.
Saiba mais!
Sobre parâmetros de priorização de problemas,
recomendamos a leitura do livro Gestão da
Assistência Farmacêutica (p. 127-132)5. Consequências
Causas
O objetivo da construção da árvore explicativa é que fique estabelecida a relação do problema com as suas causas, e destas com as suas próprias
causas. Além disso, é preciso que ela seja Elaborada da forma mais detalhada possível, ramificando ao máximo as causas e consequências, e buscando
a relação entre elas. Dessa forma ficará estabelecido um fluxo de causalidade, permitindo assim a identificação de nós críticos3,5.
Para melhor compreensão, vamos usar como exemplo uma árvore explicativa cujo problema central é a falta de medicamentos, apresentado por Marin et
al., no livro Assistência Farmacêutica para Gerentes Municipais3.
Piora na qualidade da
atenção à saúde
Consequências
Insatisfação Retorno do paciente
do usuário à farmácia
Dispensação
incompleta
Falta de
medicamentos Problema central
Causas
essenciais padronizado
Aquisição Armazenamento
inadequada inadequado
Nesse caso, os descritores propostos seriam: “diminuição na resolutividade das ações em saúde; grande percentual de demanda não atendida na
farmácia; reclamações do usuário em relação à falta de medicamento” (p. 64)3.
Após a Elaboração da árvore explicativa, os sujeitos devem desenvolver a árvore dos objetivos, na qual serão elencadas as situações imaginadas e de-
sejadas, como resultado da mudança que será produzida pelo planejamento. Ao final, ao se comparar as duas árvores, será possível identificar as causas
que possuem impactos significativos na derivação de um problema, os denominados nós críticos.
Vamos novamente demonstrar por meio do exemplo apresentado por Marin et al.:
Capacitação de RH
Momento normativo
Nesse momento são desenhados os planos, definidas as operações e ações que devem refletir a situação ideal a partir do momento explicativo. Aqui
se busca detalhar as ações e a operação, relacionadas a um objetivo específico e a serem executadas durante a vigência do plano, buscando sanar os
nós críticos que foram identificados na etapa anterior3,5.
O resultado dessa etapa será demonstrado por meio de uma planilha operacional ou matriz operacional, definindo quais as operações e ações deverão
ser operacionalizadas para o alcance dos objetivos específicos5.
Análises de eficiência
Ações Prazo Responsável Grupos de Apoios Recursos
e eficácia
Palestras
Lei de Licitações Redução de erros nos
30 dias Paulo Universidade Materiais Cognitivos
e Aquisição de processos de aquisição
Medicamentos
Momento tático-operacional
Esse é o momento de agir, da execução propriamente dita. As análises rea-
lizadas nas etapas anteriores são transformadas em ações concretas. Nos
momentos anteriores um plano foi definido, indicando responsáveis, prazos
e as estratégias de viabilidade e de factibilidade3,5.
Não existe um modelo único ou ideal sobre como organizar e executar um
plano, porém é preciso ter um grupo responsável pelas operações, coorde-
nação permanente do plano e avaliações periódicas3.
Agora, após toda a teoria apresentada nesta aula, você, como responsável
pela Assistência Farmacêutica, deverá ter condições de se organizar diante
dessa agenda de planejamento municipal e regional que é prioridade na
gestão da saúde neste momento.
Pensando nessa organização das atividades e tentando compilar diversas
literaturas e ferramentas utilizadas, no caso do planejamento estratégico
situacional, estruturamos uma proposta de agenda (Quadro 11) para o pla-
nejamento da AF frente às prioridades para construção e monitoramento do
Plano Municipal de Saúde e dos demais instrumentos obrigatórios para a
gestão municipal e também para o Planejamento Regional Integrado (PRI).
Fonte: Webdoc Brasil, aqui tem SUS/Levante Filmes/Conasems ©. Vamos planejar?
(continua)
(continuação)
Atividades Método(s), ferramenta(s)
Instrumentos Responsável Prazos
e conteúdos básicos e software(s)
Nessa etapa, que ocorre quase
simultaneamente à 2ª etapa, você poderá
utilizar várias ferramentas e metodologias
Momento explicativo: de apoio para identificação dos problemas
- Identificação de problemas e priorizá-los utilizando ao menos duas
- Seleção de problemas prioritários/ ferramentas, dentre as quais sugerimos:
estratégicos (classificação criteriosa - Brainstorming (chuva de ideias), árvore de
dos problemas) problemas e objetivos, análise SWOT diagrama
- Descrição dos problemas (uso de de ishikawa (espinha de peixe), diagrama
de pareto, matriz GUT, parâmetros ou (Nome da
indicadores e descritores qualitativos 2º mês
critérios de priorização adaptada (magnitude; pessoa
e quantitativos) da gestão
Planejamento estratégico transcendência; vulnerabilidade; urgência e responsável)
situacional (PES): - Elaboração da rede de causalidade factibilidade), matriz de esforço e impacto,
dos descritores de problemas e entre outras
A Elaboração do plano
identificação dos nós críticos (ponto da
municipal de saúde Essas ferramentas ajudarão a responder as
rede de causalidade em que se avalia
precisa ser participativa, atividades propostas nessa etapa
3ª Etapa estrategicamente a intervenção
então, é estratégico para Obs.: Assim como na análise situacional,
e sobre a qual se formulará uma ação)
o seu êxito envolver as ressalta-se a necessidade de dialogar com
áreas da assistência o conselho de saúde para contribuir na
farmacêutica e articular identificação dos principais problemas
com o setor de
planejamento da SMS Momento normativo:
Nesse momento a proposta é, a partir dos
- Definição da situação-objetivo problemas identificados e priorizados, construir
(transformação dos descritores em uma planilha operacional, definindo quais
resultado esperado) são as operações e ações que deverão ser
- Elaboração do plano de operações operacionalizadas para o alcance dos (Nome da
(cada operação é um conjunto de ações) objetivos específicos 2º mês
pessoa
de gestão
- Reconhecimento de cenários possíveis Aqui você também poderá usar nas reuniões responsável)
- Definição dos recursos necessários e de equipe as ferramentas de priorização
dos produtos e resultados esperados sugeridas na 3ª etapa caso surjam muitas
em cada ação estratégias e ações para atingimento do
objetivo específico
(continua)
(continuação)
(continua)
(continuação)
Atividades Método(s), ferramenta(s)
Instrumentos Responsável Prazos
e conteúdos básicos e software(s)
Utilize o Triângulo de Governo (TG) – suporte para avaliar
a governabilidade das propostas, pois trata-se de uma
ferramenta para a análise das possibilidades de governança.
O TG é composto por três aspectos da governança:
Avaliação da governabilidade: - plano, projeto ou política, ou seja, o que
Plano municipal de
- durante a construção das propostas se estabelece como objetivo ou o que se deseja realizar
saúde (PMS) – versão
da AF para o PMS é preciso realizar a - capacidade de governo, as habilidades com as quais a gestão Março do
preliminar: hora (Nome da
governabilidade de cada uma delas, pode contar primeiro
4ª Etapa de avaliá-lo antes pessoa
mas, também pode ser realizada - governabilidade, que corresponde aos fatores que influenciam ano de
de submetê-lo ao responsável)
após concluída a estruturação do a governança governo
conselho municipal
plano, sendo feita na totalidade das - variáveis relacionadas aos recursos necessários à gestão e
de saúde
propostas ao plano (recursos financeiros, humanos, técnicos, estruturais
etc.). Sobre os quais se tem maior ou menor capacidades de
controle
- Quanto maior o controle sobre os recursos, maior a
governabilidade do ator
Submeter ao CMS:
Deve ser validado pelo CMS para Nessa etapa é importante subsidiar o secretário municipal de
atender os quatro anos de gestão: saúde nas agendas em conjunto com o conselho municipal
do segundo ano da gestão que se de saúde tendo em vista questões técnicas e operacionais
inicia ao primeiro ano da gestão pertinentes à área da assistência farmacêutica
Plano municipal subsequente O responsável pela AF precisa se apoiar nessas agendas e
de saúde (PMS) – Na estrutura final do pms submetida traçar estratégias de atualização permanente das informações Final de
versão final: hora ao cms deve constar: estratégicas para a gestão, ou seja, precisa atuar diretamente na (Nome da março do
5ª Etapa de submetê-lo - Análise situacional da saúde gestão da informação com as áreas da ses, assim como com a pessoa primeiro
para avaliação do do município comunicação responsável) ano de
conselho municipal - Objetivos, diretrizes, metas No DigiSUS Gestor serão disponibilizadas as informações do governo
de saúde e indicadores Plano e suas metas e indicadores para possíveis alterações/
- Monitoramento e avaliação ajustes após recomendações do Conselho Municipal de Saúde
O Conselho Municipal de Saúde e para futuro monitoramento do PMS, da Programação Anual de
realizará a análise e emitirá o parecer Saúde (PAS) e Relatório Anual de Gestão (RAG), bem como da
conclusivo para aprovação do PMS no parte orçamentária e financeira
DigiSUS Gestor
(continua)
(continuação)
- LDO: o
encaminhamento
À câmara de
vereadores deve ser
feito 8 meses e meio
Essas informações serão alimentadas antes do encerramento
pela equipe da SMS no DigiSus Gestor do exercício financeiro
LDO e LOA: serão - Apoiar a Elaboração dos projetos (15 de abril)
e SIOPS, mas a área da assistência (Nome da
elaboradas a cada ano, de lei (PLDO e PLOA) com base - LOA: o
7ª Etapa farmacêutica precisará monitorar o pessoa
de acordo com a PAS na PAS e após aprovação encaminhamento
que planejou e sempre que necessário responsável)
estabelecida pela SMS pelo legislativo
realizar os ajustes recomendados pelo À câmara de
CMS ou pelo legislativo municipal vereadores
Deve ser feito até 4
meses antes do final
do exercício financeiro
(31 de agosto)
(continua)
(continuação)
(continuação)
Autores
Marco Aurélio Pereira Suetônio Queiroz de Araújo
Graduação em Farmácia pela Universidade Católica de Santos (UNISAN- Doutorando e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade de Brasí-
TOS), especialização em Farmacologia e Mestrado em Saúde Pública lia, especialização em Gestão e Auditoria no Sistema Único de Saúde
área de atuação Gestão em Saúde pela Escola Nacional de Saúde Públi- (SUS), atuando há mais de 20 anos nas áreas da gestão pública e saúde
ca “Sergio Arouca” pela Fiocruz. Atuou em farmácia, drogaria e em far- pública com ênfase na assistência farmacêutica, gestão e planejamento,
mácia hospitalar. Foi professor da Universidade Santa Cecília e professor além de controle e gestão na saúde com foco nos gastos e compras públi-
adjunto da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, nas disciplinas cas. Atua como consultor do Escritório das Nações Unidas para Serviços
História da Farmácia; Introdução às ciências farmacêuticas; Saúde Pú- em Projetos (UNOPS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS),
blica; Deontologia e Legislação Farmacêutica. Foi Coordenador Geral de com a Elaboração e supervisão de projetos de cooperação com organis-
Gestão do Departamento de Assistência Farmacêutica do Ministério da mos internacionais (Banco Mundial e OPAS) contemplando pesquisas de
Saúde, onde coordenou o Programa Farmácia Popular do Brasil, de 2009 campo para o fortalecimento do sistema de saúde e na integração e or-
a 2016. Tem experiência na área de Farmácia, atuando principalmente ganização das redes de atenção à saúde. Desenvolveu consultorias para
nos temas saúde pública, assistência farmacêutica, uso racional de medi- consórcios públicos na saúde e projetos educacionais na modalidade à
camentos, política nacional de assistência farmacêutica e Programa Far- distância. No Brasil essas consultorias priorizaram o Conselho Nacional
mácia Popular do Brasil. de Saúde (CNS), Ministério da Saúde (MS), Organização Pan-Americana
da Saúde, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e Mato Grosso,
bem como assessoramento técnico na Assistência Farmacêutica para o
Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS) e Ministério Pú-
blico na área da Promotoria da Saúde, além de exercer cargos na gestão
da Assistência Farmacêutica na Secretaria de Estado da Saúde de Ala-
goas e em municípios.