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Argumentação

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Texto Dissertativo Argumentativo

O texto dissertativo-argumentativo, ou a dissertação, envolve um ponto de


vista (ou tese central) e argumentos utilizados para defendê-lo.
A dissertação sempre terá relação com um tema a ser discutido. Desse modo, o
autor apresentará seu ponto de vista sobre o assunto, que deve se apoiar em argumentos
que promovam credibilidade.
É importante lembrar que todas as etapas do texto vão partir desse ponto de vista,
da introdução até a conclusão. Assim, seu principal objetivo é não apenas informar a
respeito de algo, mas promover a reflexão do leitor, estimulando esse indivíduo a pensar
criticamente sobre a tese central.

Estrutura padrão de um texto dissertativo-argumentativo

A estrutura padrão de um texto dissertativo-argumentativo


é: introdução, desenvolvimento e conclusão.

1.Introdução:
Para exemplificar utilizaremos como exemplo trechos da redação escrita pela
aluna Maria Eduarda Graciano, que gabaritou a redação do Enem 2022. O tema da
proposta foi: "Os desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no
Brasil".

Ex.:
Conhecida como "Cidadã", a Constituição Federal de 1988, promulgada durante
o processo de redemocratização do Brasil, garante os direitos sociais, políticos e civis de
todos os cidadãos brasileiros, incluindo os povos originários. No entanto, apesar da
garantia constitucional, na atualidade, tal minoria ainda sofre com a desvalorização e com
o preconceito na sociedade, tendo seus direitos negligenciados, em contraste com a Carta
Magna.

A aluna inicia o texto apresentando um repertório (Constituição Federal) para


contextualizar o tema: ela afirma que a Constituição garante os direitos dos cidadãos, mas
que, mesmo assim, os povos originários ainda têm os seus direitos negligenciados.
Posteriormente, ela introduz a tese:

Tal exclusão tem origem no racismo estrutural e é fomentada pelo


desconhecimento populacional. Assim, é preciso estudar maneiras de superar os desafios
que impedem a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.

Veja que, ao expor uma causa (racismo estrutural) e um agravante do problema


(desconhecimento populacional), ela não está fazendo a contextualização, mas colocando
a sua opinião sobre esse problema. A contextualização é uma informação já dada, ou seja,
uma exposição das informações. Já a tese contém informações introduzidas pelo autor do
texto e que fazem parte do seu ponto de vista.

2, Desenvolvimento
Enquanto na introdução apresentamos os pontos a discutir, no desenvolvimento
eles são destrinchados.
Agora, é o momento retomar o que foi pontuado na tese. Lembre-se: tudo o que
está nela deve ser desenvolvido na dissertação. Caso isso não seja feito, há uma falha
grave no projeto de texto.
No desenvolvimento, você deve buscar estratégias para desenvolver a tese
utilizando argumentos e repertórios.
• Argumentos: são elementos que fundamentam um ponto de vista. Desse modo,
não basta apresentar uma opinião, é imprescindível desenvolvê-la e justificá-la.
• Repertórios: são informações de terceiros que ajudam a fortalecer esse ponto de
vista, a exemplo das citações de autores reconhecidos e fatos históricos. Em
alguns modelos (como no Enem), é possível trazer outros tipos de repertórios,
como filmes, músicas e séries, que também fortalecem a argumentação.

Veja, mais uma vez na redação da Duda, como ficou a argumentação:

Em primeiro plano, cabe relacionar tal adversidade ao racismo estrutural presente


no país desde a colonização. Esse racismo foi sustentado e estruturado por teorias
etnocêntricas advindas dos países colonizadores, as quais sustentavam a superioridade
branca e a necessidade de catequizar os nativos - que eram considerados inferiores.
Paralelamente, tais teorias eurocêntricas foram responsáveis por estruturar o racismo,
marginalizar as etnias e destruir o acervo cultural étnico do país, trazendo consequências
até a atualidade, visto que tais minorias ainda estão em situação de exclusão e
desvalorização. Logo, visto as consequências do etnocentrismo para a sociedade
contemporânea, é preciso incentivar a valorização das comunidades originárias.
Ademais, outro desafio para a efetivação da valorização é o desconhecimento
populacional, já que a própria sociedade brasileira não conhece a diversidade étnica
brasileira e a identidade multiétnica do Brasil. Nesse sentido, essa ignorância - originada
pela educação também etnocêntrica - impede tal valorização e auxilia na disseminação de
preconceitos. Nesse raciocínio, vale citar a série "Anne with an e", já que, na obra, uma
comunidade indígena sofre preconceito por parte da população devido tal ignorância.
Fora da ficção, a realidade não é diferente, visto que o preconceito é vigente na sociedade
brasileira. Dessa forma, é necessário educar a população, a fim de acabar com o
preconceito.

Veja que a aluna se aprofunda nos dois pontos da tese no desenvolvimento. No


primeiro parágrafo, ela fala sobre o racismo estrutural e, no segundo, sobre
o desconhecimento populacional.
No primeiro parágrafo, ela traz como repertório um fato histórico, isto é,
a colonização. Como argumento, diz que a colonização causou a inferiorização desses
povos e que isso trouxe como consequência a exclusão e a desvalorização dessas pessoas.
Já no segundo parágrafo, ela cita como repertório a série “Anne with an e”, que ilustra na
ficção esse desconhecimento populacional citado na tese. Na argumentação, afirma que a
população não conhece a diversidade étnica e que isso implica o preconceito.

3.Conclusão
A conclusão é o momento de sintetizar e retomar todas as informações. O modelo
Enem exige uma proposta de intervenção, mas isso não acontece em todos os
vestibulares. Ainda assim, o ponto principal da conclusão é retomar as informações que
estão na tese.
No modelo Enem, devemos apresentar propostas de intervenção para os todos os
problemas introduzidos. Em outros casos, o aluno pode elaborar uma síntese do que
apareceu em todo o texto.
Vamos observar a conclusão da Duda:

Fica evidente, portanto, a necessidade de incluir e valorizar tais povos, a partir do


combate às teorias etnocêntricas e ao preconceito. Com isso, o Ministério da Educação e
da Cultura - principal promotor da educação no país - deve, com auxílio das mídias, criar
campanhas publicitárias educativas com intuito de educar a população brasileira sobre o
assunto. Tais campanhas devem contar com a perspectiva dessas minorias, a fim de incluí-
las na sociedade. Além disso, o mesmo órgão deve criar projetos nas escolas e
universidades, com participação dessas comunidades, a fim de conscientizar também
jovens e crianças sobre o assunto. Somente com tais medidas, a Constituição Federal será
obedecida, com os direitos de todos os brasileiros garantidos.

Veja que essa conclusão retoma as duas partes da tese. Primeiramente, ela afirma
que é necessário combater as teorias etnocêntricas, o que retoma a questão do racismo
estrutural. Logo depois, fala sobre o preconceito, o que volta ao desconhecimento da
população. Retoma também a introdução quando cita a Constituição.

Tipos de Introdução

O que é introdução?
A introdução é o espaço inicial do texto dissertativo, no qual você apresenta suas
ideias, revelando ao leitor sua interpretação sobre o tema, as relações que definiu e o que
fez você defender um ponto de vista específico, estabelecendo prioridades.
É necessário se atentar a isso, no entanto, sem excessos. Caso ultrapasse os limites
e escreva uma introdução longa e com muitos detalhes, não terá um início de texto
objetivo e claro, resultando no não cumprimento da finalidade do conteúdo dissertativo.

1. Introdução Expositiva
A introdução expositiva é aquela que precede o texto dissertativo-expositivo.
Nela, você apresentará o assunto que será tratado, definindo o posicionamento defendido
ao longo da redação, sendo rica em detalhes.
Um recurso útil para a introdução expositiva é o conceito. Usar definições para
construir um texto dissertativo confere mais autoridade ao redator. Para isso, você pode
usar:
• dicionários;
• definições históricas;
• teorias.
Como o assunto mais importante é evidente, não é necessário que o leitor busque
qual é o tema ao longo da dissertação. Dessa forma, o tema já fica visível nas primeiras
linhas, sem a necessidade de pesquisar nas entrelinhas.

2. Introdução Descritiva
A introdução para texto dissertativo do tipo descritivo consiste em apresentar, em
sentenças breves e claras, o tema da redação.
A descrição é o ato de detalhar ou tornar conhecidas as principais características
de algo ou de alguém. Na introdução descritiva de um texto dissertativo, portanto, o
redator deve descrever, por exemplo, um determinado cenário.
Assim, considerando que o tema seja “O efeito das drogas na sociedade”, o candidato
pode fazer uma introdução descrevendo a situação social diante o uso de substâncias
ilícitas, como:
• aumento de doenças mentais e problemas psicológicos;
• dependência química;
• endividamento;
• aumento da criminalidade.
Dessa forma, você abre caminho para o desenvolvimento do tema, em que explanará
suas ideias e seu posicionamento por meio de argumentações.

Ex.:
A globalização levou ao consumismo, que por sua vez atingiu em cheio as
crianças, fascinadas pela multiplicidade de itens disponíveis e deseducadas em famílias
que não sabem os riscos a que estão submetidas. A regulamentação da publicidade infantil
constitui, assim, um fator imprescindível, visando à preservação da integridade mental
desse público.

3. Introdução que aborda a problemática

A introdução que trata da problemática é comum nos textos cujo tema aborda
questões polêmicas que afetam:
• sociedade;
• política;
• economia.
No exemplo citado acima, você deveria montar uma introdução abordando a
problemática e apresentando dados sobre ela, resumindo a questão com o cenário atual e
abrindo caminho para possíveis soluções.
O uso de dados nesse tipo de introdução para texto dissertativo é essencial para
agregar valor à argumentação.
No entanto, é fundamental utilizar materiais de apoio e dados confiáveis, evitando
informações equivocadas ou falsas.
Além disso, citar ou descrever leis e regulamentos também são formas de
introduzir um texto a partir de uma problemática.

Ex.: 130 mortes violentas por dia, 30% da população ganhando menos de 500 reais
por mês. Mesmo diante dessa triste realidade do Brasil, boa parte parece não se
constranger, preferindo fingir que nada está ocorrendo. É preciso que a sociedade se
posicione frente à ética nacional, de forma a honrar seus direitos e valores humanos e,
assim, evitar o pior.

4. Introdução com retórica


Você também pode usar uma linguagem retórica para introduzir seu texto. A
retórica se caracteriza por falar bem, com eloquência, mas de forma clara e
compreensível. Você deve transmitir ideias com convicção.
A retórica se relaciona com a oratória e com a dialética. A dialética, segundo
Hegel, é um recurso que propõe uma tese e uma antítese e, ao final, uma síntese do que
foi tratado.
Ou seja, você deve colocar pontos e contrapontos na introdução antes de chegar
ao desenvolvimento. Na conclusão, você pode fazer a síntese de sua abordagem.
Se você deseja introduzir texto dissertativo com retórica, vale a pena ler autores
clássicos e se familiarizar com grandes oradores da atualidade, como:
• líderes religiosos;
• economistas;
• políticos;
• educadores.

5. Introdução com contextualização histórica


Nesse tipo de introdução, você deve aludir a um fato ou a um período histórico e
fazer uma comparação com o presente, ou seja, com a situação atual.
A comparação permite avaliar se a situação permanece a mesma, melhorou ou
piorou ao longo do tempo.
Por exemplo, ao falar de racismo, você pode rememorar o passado referente à
escravidão, no Brasil e no mundo, e compará-lo aos eventos que acontecem atualmente,
demonstrando as conexões.
Por exemplo, se sua redação fala do trabalho infantil nos dias de hoje, não vale
citar a Revolução Industrial que marcou uma mudança nas relações de trabalho! São
quase dois séculos de distância no tempo

6. Introdução com citação


Outra forma de fazer uma introdução para texto dissertativo é usando uma citação
importante e relacionada ao assunto da redação. Ela serve como gancho para o
desenvolvimento do texto. Aqui, ter o hábito da leitura auxilia na memorização de falas
relevantes.
Para essa introdução, por exemplo, em um texto em que o tema seja intolerância,
o candidato pode usar uma frase célebre de Voltaire: “Não concordo com uma palavra do
que dizes, mas defenderei até à morte o direito de dizê-las”.
Dessa forma, vale ressaltar que há muitas citações que podem ser utilizadas. Não
precisam ser citações famosas: se você conhece alguma frase de um pensador ou de outra
pessoa que tenha ligação com o assunto, como um professor, você pode usá-la na
introdução.
Pode ser até mesmo algo de um livro de fantasia, um filme ou música. No entanto,
não atribua frases a quem não as disse, evitando qualquer invenção de conteúdo.

Ex.:
Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma
denúncia à condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais,
vulneráveis socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica
continua válida nos dias atuais, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros
que não possuem registro civil de nascimento. É fundamental discutir o principal entrave
que impede que tantas pessoas não se registrem.

7. Interrogação
Nada supera a força de uma pergunta lançada ao leitor! Ela levanta uma
curiosidade e anseio pela resposta em seu texto.
Você pode transformar simples frases em perguntas, de um jeito fácil. Veja este
exemplo em que a pergunta embute a própria tese:
Ex.:
É comum vermos comerciais direcionados ao público infantil. Com a existência
de personagens famosos, músicas para crianças e parques temáticos, a indústria de
produtos destinados a essa faixa etária cresce de forma nunca vista antes. No entanto,
tendo em vista a idade desse público, surge a pergunta: as crianças estariam preparadas
para o bombardeio de consumo que as propagandas veiculam?

Como mencionado, existem alguns tipos de introdução para texto dissertativo.


Com isso, é possível perceber que não se trata de uma classificação rígida, pois você
consegue combinar mais de um tipo para montar seu conteúdo.
No entanto, é relevante entender todos os tipos e escolher a opção mais adequada
para o tema, garantindo que seu texto tenha destaque e seja bem avaliado.
Portanto, seja criativo na redação e respeite as normas gramaticais. Dessa forma,
você estará apto para melhorar sua escrita e fazer um vestibular para faculdade ou
concurso.

Na introdução, o candidato deve contextualizar o tema e já apresentar seu ponto de


vista. Aqui, é preciso deixar clara a temática abordada e delimitar a tese que será
defendida no corpo do texto e retomada em todos os outros parágrafos.
• Contextualização: é a apresentação do tema. Ela pode ser feita a partir de uma
definição ou apresentação de um repertório.
• Tese: é o ponto de vista que guiará todo o texto. Isso significa que os argumentos
debatidos nos outros parágrafos também servirão para fundamentar esse ponto de
vista. Ela pode aparecer de diferentes formas.

Tipos de Argumentação para o desenvolvimento

1. Exemplificação
Na estratégia de exemplificação, você vai inserir e desenvolver um exemplo
específico como foco principal do parágrafo, tendo o propósito de justificar a sua ideia.
Esse exemplo deve ser, preferencialmente, de conhecimento geral.
Alguns operadores argumentativos para esse tipo de argumento são:
para contextualizar;
• por exemplo;
• a exemplo de;
• a título de exemplificação;
• como acontece no caso etc.

Veja um exemplo de como a exemplificação pode ser utilizada no parágrafo de um


texto:
“Em 2013, milhares de manifestantes ocuparam as ruas da capital de São Paulo em
reivindicação por melhorias e redução dos preços dos transportes públicos. Nota-se
como fatores socioeconômicos também são responsáveis pelos casos. A Revolução
Francesa, por exemplo, é considerada o símbolo de “liberdade, igualdade e
fraternidade”, visto que mobilizou as camadas sociais infladas da crise econômica no
respectivo país. Assim, é evidente que a política externa e interna influenciam na
quantidade de manifestações ocorrentes.”
2. Enumeração
A enumeração é o segundo dos tipos de argumentos que abordaremos aqui. Nela,
você deve citar os vários argumentos que tem sobre a sua tese, um a um, de modo a,
literalmente, enumerar uma série de fatos que comprovam a relevância do que você está
defendendo.
É importante que você explicite bem que haverá uma ordem de ideias no
desenvolvimento. Você pode citar, por exemplo, que há dois problemas e destrinchá-los
em parágrafos diferentes.

Alguns operadores argumentativos para esse tipo de parágrafo são:


• em primeiro lugar;
• primeiramente;
• além disso;
• ademais;
• outro fator importante etc.

Confira o exemplo que preparamos para você:


“Em primeiro lugar, é imprescindível ressaltar como a carência de medidas públicas
gera a ocorrência de tal problema em sociedade. De acordo com Jürgen Habermas,
filósofo alemão, para que haja a comunicação plena e o acordo de interesses deve-se
existir o agir comunicativo. No entanto, manifestações populares que possuem o objetivo
de reivindicar direitos e melhorias são menosprezadas por parte da população e dos
políticos, devido à ocorrência de destruição e badernas realizadas por malfeitores que
não integram os movimentos.”

3. Comparação
Para você desenvolver um parágrafo por comparação, é necessário apresentar
duas ideias e ressaltar as semelhanças e/ou diferenças entre elas.
Aqui, os operadores argumentativos são essenciais. Alguns deles são:
• igualmente;
• como se;
• da mesma forma;
• bem como;
• assim também;
• assim como;
• do mesmo modo;
• tanto quanto;
• semelhantemente acontece com/quando etc.

Aqui está um exemplo:


“Semelhantemente, essas mesmas autoridades possuem interesses financeiros na má
alimentação dos brasileiros. Conforme Marx, em um mundo capitalizado, a busca pelo
lucro ultrapassa valores éticos e morais. Nesse sentido, as grande empresas alimentícias
vendem a imagem dos seus produtos atrelados à felicidade e à realização pessoal,
quando, na maioria das vezes, essas mercadorias são responsáveis pela degradação da
saúde do consumidor. Ainda, de acordo com dados da UnB, as propagandas dessas
indústrias induzem a uma má alimentação e atingem fortemente o público infantil.”
4. Causas e efeitos
Muito comum como estratégia argumentativa, nesse modelo você apresenta os
motivos, os porquês, as razões de um determinado problema acontecer e, em seguida, as
consequências, os resultados e os desdobramentos.

Os operadores argumentativos podem ser:


• porque;
• já que;
• visto que;
• graças a;
• em virtude de;
• como reflexo disso;
• com efeito;
• assim;
• consequentemente etc.

Fica assim:
“É importante pontuar, de início, a omissão do meio acadêmico quanto à má alimentação
dos jovens. À guisa de Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele. As
escolas brasileiras, entretanto, negligenciam a saúde dos estudantes ao não instruí-los
sobre os riscos da obesidade e as formas de preveni-la. Como reflexo de uma população
ignorante frente aos hábitos alimentares ideais, 8,4% dos adolescentes são obesos e mais
de 30% das crianças apresentam excesso de peso, segundo pesquisa recente do
Ministério da Saúde.”

5. Evolução histórica
Esse tipo de argumento envolve cronologia, ou seja, tempo e espaço. Você precisa
saber abordar um fato histórico referente ao assunto em pauta, com datas, locais e fatos
ocorridos.

Confira alguns operadores argumentativos para esse tipo de parágrafo:


• antes; • pouco antes;
• depois; • pouco depois;
• posteriormente; • atualmente;
• quando; • hoje;
• logo que; • frequentemente;
• assim que; • nesse meio tempo;
• logo após; • sempre que;
• a princípio; • assim que;
• no momento em que; • desde que etc.

Confira o exemplo:
“Em primeira instância, cabe destacar o panorama histórico-político da
segurança pública que influi em seu perfil hodiernamente. Na época do período militar,
acentuou-se o esfacelamento de uma sociedade democrática em virtude da doutrina de
segurança nacional, uma lógica puramente autoritária de conduta. Os modelos e as
ações de segurança pública limitavam-se à contenção social, com o uso da força e de
armas para a repressão. Contudo, essa ótica é perceptível no comportamento das ações
policiais que são enfatizadas pelo terror e violência. Um exemplo que permite ilustrar
isso, foi a ocupação militar da comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, marcada pelas
guerras entre traficantes e os próprios policiais, ceifando centenas de vidas inocentes no
meio do conflito.”

6. Contraposição
Aqui, você pode contestar uma ideia, por exemplo, afirmando como algo acontece
e em seguida dizendo o porquê de não funcionar. Você pode mostrar duas perspectivas
diferentes sobre um mesmo argumento, denotando um contraste de opiniões.
Alguns operadores argumentativos para esse tipo de parágrafo são:
• mas; • embora;
• porém; • ainda que;
• todavia; • mesmo que;
• contudo; • mesmo quando;
• entretanto; • apesar de que;
• no entanto; • se bem que;
• senão; • não obstante etc.

Veja um exemplo:

“Outrossim, é importante destacar o papel da educação no combate a essa


situação, já que, assim como preconizado pelo educador brasileiro Paulo Freire, se a
educação não pode transformar uma sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.
Tal pensamento evidencia o poder transformador da educação. No entanto, a educação
oferecida no Brasil pelo sistema público ainda não é expansiva e de qualidade,
principalmente, em comunidades carentes, na qual muitos jovens acabam recorrendo ao
mundo da criminalidade, aumentando os índices de violência e prejudicando o sistema
público de segurança.”

7. Autoridade
Este tipo de argumento se baseia na credibilidade de fontes respeitáveis. Por
exemplo, ao citar especialistas, instituições renomadas ou figuras de autoridade.
Alguns operadores argumentativos para esse tipo de parágrafo são:
• Segundo [nome da fonte ou especialista]…
• De acordo com [nome da instituição ou organização]…
• Conforme afirmado por [nome do especialista]…
• Segundo os dados de [instituição ou agência ]…
• Como mencionado por [nome da pessoa ou organização]…
• De acordo com a pesquisa realizada por [instituição reconhecida]…
• Conforme observado por [especialista ou autoridade no assunto]…
• De acordo com o relatório emitido por [entidade respeitada]…
• Segundo a opinião de [nome do especialista]…
• Conforme descrito por [fonte confiável]…

Veja um exemplo:
“É crucial destacar a ausência de medidas eficazes no combate à violência
doméstica. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, uma em cada três
mulheres no Brasil já foi vítima de violência física ou sexual. Como afirmado pela ONU
Mulheres, a violência doméstica é uma violação grave dos direitos humanos e tem efeitos
devastadores na vida das vítimas. No entanto, o sistema de proteção às mulheres
frequentemente falha em garantir sua segurança e oferecer apoio adequado. Isso resulta
em um número alarmante de casos impunes e subnotificação significativa devido ao medo
e à falta de confiança nas instituições.”

Como fazer uma Conclusão

A conclusão é a parte final de uma redação. E, como último parágrafo do seu texto,
precisa ter alguns elementos importantes, como um tom de encerramento e o reforço do
ponto de vista desenvolvido ao longo do texto. O ideal é que a conclusão leve o leitor a
refletir sobre as suas ideias a respeito do tema da redação.

1) Retome o tema da redação


De forma clara e objetiva, retome na conclusão o tema da redação e o seu posicionamento
central. Isso pode ser feito com o uso de palavras-chave, por exemplo.

2) Relembre as propostas de intervenção


Relembre os tópicos que foram trabalhados no desenvolvimento do seu texto. O objetivo
não é explicar tudo de novo, mas amarrar as ideias para o leitor refletir sobre o assunto.

3) Use uma frase de efeito


Você pode terminar a redação com uma frase de efeito que enfatize o seu ponto de vista
e chame a atenção de quem está lendo.

4) Não acrescente nada novo


O último parágrafo do seu texto não é o momento de introduzir outros pontos de
discussão. Por isso, evite apresentar novas informações;

5) Cuidado com o tamanho parágrafo


A conclusão não pode ser o parágrafo mais extenso da redação. O ideal é tentar usar de 8
a 10 linhas.

Veja um exemplo de redação e como a conclusão foi construída:

Tema: "Tudo bem não estar bem? A tristeza em tempos de felicidade


compulsória".

Na obra "Sociedade do cansaço", Byung Chul Han analisa a transição da


sociedade disciplinar foucaultiana para a sociedade do desempenho, na qual o sujeito
internalizou as cobranças tornando-se gestor de si. Nesse processo, segundo o sociólogo,
o discurso da positividade foi fundamental para promover a motivação e construir uma
utopia em que impera a felicidade. Sob essa lógica, a ideia de estar sempre alegre
sobrepôs-se ao discurso de que "está tudo bem não estar bem", criando uma espécie de
ditadura da felicidade. Nesse contexto, observa-se a tentativa de aniquilar a tristeza em
tempos de felicidade compulsória como forma de atender às demandas de produtividade
do capitalismo, o que resulta em diversos transtornos psicológicos.

Em primeiro lugar, é notório pontuar a relação entre as exigências do mercado e a


supressão do sofrimento. No sistema capitalista neoliberal, a competitividade voraz
demanda altos níveis de produtividade e eficiência. Ainda que tais padrões restrinjam-se
às máquinas, frases motivacionais e a ilusão de realização propagadas por essas frases
perpetuam a necessidade de dedicação integral ao trabalho, sem que haja desperdício do
tempo com sofrimentos considerados banais e capazes de reduzir a produtividade. Essa
anulação da tristeza através da positividade motivacional é percebida, por exemplo, em
posts do Twitter que, pautados na máxima "Yes, we can!", criticam a desistência da
ginasta estadunidense em participar das Olimpíadas de Tokyo para priorizar a sua saúde
mental. Dessa forma, observa-se a composição de um viés estimulante, internalizado no
senso comum, através da demanda por um estado constante de felicidade. Essa condição
que visa aproximar o homem de uma máquina, impede que a tristeza prejudique o
mercado, como ressalta a obra de Byung Chul Han.

Consequentemente, essa ditadura da felicidade cria um cenário ilusório de


realizações inalcançáveis, gerando uma realidade propícia ao aumento de doenças
psíquicas. Ao passo que o sujeito assume a felicidade como dever e cobra-se para alcançá-
la, ele omite sua tristeza e colabora com a construção de tal falácia. A exemplo disso está
o uso das redes sociais para compartilhar apenas momentos divertidos e conquistas,
promovendo a impressão errônea de que essas fotos são equivalentes à totalidade. Diante
dessa ficção, aumenta-se a frustração causada pela interpretação da tristeza como caso
isolado e como símbolo do fracasso, podendo desencadear quadros de depressão e
ansiedade. Assim, percebe-se o malefício provocado por essa tirania que oprime a tristeza
e cria mecanismos para disfarçá-lo.

Portanto, a tristeza é suprimida em tempos de felicidade compulsória, haja vista


que o sofrimento representa um fator capaz de reduzir a produção do trabalhador e
ameaçar a lógica da motivação. A partir da promoção de uma ilusão, a felicidade parece
reinar e não alcançá-la gera uma série de transtornos à saúde, afinal o homem não é uma
máquina.

(Texto retirado da apostila com redações acima da média da Unesp, organizada por
alunos).

Análise da conclusão:

• Retomada do posicionamento central: "a tristeza é suprimida em tempos de felicidade


compulsória".

• Retomada de ideais centrais do desenvolvimento 1: "que o sofrimento representa um


fator capaz de reduzir a produção do trabalhador e ameaçar a lógica da motivação".

• Retomada de ideais centrais do desenvolvimento 2: "a partir da promoção de uma ilusão,


a felicidade parece reinar e não alcançá-la gera uma série de transtornos à saúde".

Quais são os 5 elementos da conclusão da redação do Enem

Embora a redação do Enem também seja um texto dissertativo-argumentativo, a


conclusão é um pouco diferente. O exame pede que o aluno faça uma proposta de
intervenção no último parágrafo do texto. Mas o que isso significa?

É necessário elaborar uma ação que ajude a enfrentar o problema que foi discutido
na redação. Essa sugestão não precisa ser uma solução definitiva para a questão, mas deve
ser uma medida possível de ser colocada em prática e que respeite os direitos humanos.
A proposta de intervenção do Enem deve apresentar cinco elementos. São os seguintes:

1) Agente (quem?): citar quem vai realizar a intervenção que você propõe. Exemplo:
órgãos públicos ou privados, ONGs, etc.;

2) Ação (o que deve ser feito?): dizer o que precisa ser feito para enfrentar o problema.
Essa ação deve ser específica e relacionada ao que foi discutido ao longo do texto;

3) Modo/Meio (como? por meio do quê?): explicar como a ação vai ser desenvolvida,
colocada em prática. Quais medidas deverão ser tomadas para que a ação seja efetivada?;

4) Efeito (para quê?): citar qual é a finalidade dessa ação. Qual o efeito dela no problema?
O que se pretende alcançar?;

5) Detalhamento (explicação e exemplos): incluir uma informação complementar de


algum dos elementos anteriores. O aluno pode escolher qual elemento quer detalhar:
agente, ação, modo/meio ou efeito. Esse detalhamento deve ser uma exemplificação, uma
especificação, uma explicação ou uma justificativa.

Exemplos de conclusão do Enem com a proposta de intervenção:


1.
Então, cabe ao Estado o papel de promover campanhas publicitárias que alertem
e conscientizem a população sobre a importância sobre a informação dos produtos e
serviços contratados virtualmente, além de garantir a segurança dos dados bancários e
pessoais dos usuários através de políticas que exijam dos sites informações claras sobre
o sigilo dos seus dados. Dessa forma, é inegável que a manipulação de comportamento
virtual da população será combatida salvaguardando o direito ao lazer e ao entretenimento
seguro garantido pela Constituição Brasileira de 1988. (Texto retirado do apostila do Inep, Enem Redações
2019).

Análise da conclusão

• Agente: "o Estado".

• Ação: "garantir a segurança dos dados bancários e pessoais dos usuários".

• Modo/meio: "através de políticas que exijam dos sites informações claras sobre o sigilo
dos seus dados".

• Efeito: "dessa forma, é inegável que a manipulação do comportamento virtual da


população será combatida".

• Detalhamento do efeito: "salvaguardando o direito ao lazer e ao entretenimento seguro


garantido pela Constituição Brasileira de 1988".

2.
Portanto, o registro civil deve ser incentivado de maneira mais efetiva no país. O
Estado criará um mutirão nacional intitulado "Meu Registro, Minha Identidade". Esse
projeto funcionará por meio da união entre movimentos sociais, comunidades locais e
órgãos governamentais municipais, estaduais e federais, visto que é necessária uma ação
coletiva visando a consolidação da cidadania brasileira. Com o trabalho desses agentes,
serão enviados profissionais a todas as cidades em busca de pessoas que, finalmente, terão
suas certidões de nascimento confeccionadas, além de receberem acompanhamento e
incentivo para a realização de cadastro em outros serviços importantes do sistema
nacional. Por conseguinte, o Brasil estará agindo ativamente para reparar suas injustiças
históricas e para solidificar sua democracia, de maneira que os seus cidadãos sejam vistos
igualmente. (Trecho da redação nota 1.000 de Gabriel Borges, Enem 2021. Tema: Invisibilidade e registro civil: garantia de
acesso à cidadania no Brasil).

Análise da conclusão

• Uso de conectivo, retomada da tese, agente e ação: "Portanto, o registro civil deve ser
incentivado de maneira mais efetiva no país. O Estado criará um mutirão nacional
intitulado 'Meu Registro, Minha Identidade'".

• Explica o funcionamento (modo/meio) e detalha a ação: "Esse projeto funcionará por


meio da união entre movimentos sociais, comunidades locais e órgãos governamentais
municipais, estaduais e federais, visto que é necessária uma ação coletiva visando a
consolidação da cidadania brasileira. Com o trabalho desses agentes, serão enviados
profissionais a todas as cidades em busca de pessoas que, finalmente, terão suas certidões
de nascimento confeccionadas, além de receberem acompanhamento e incentivo para a
realização de cadastro em outros serviços importantes do sistema nacional."

• Explica o impacto da ação (efeito): "Por conseguinte, o Brasil estará agindo ativamente
para reparar suas injustiças históricas e para solidificar sua democracia, de maneira que
os seus cidadãos sejam vistos igualmente."

Quais palavras usar para terminar uma redação?


Segundo professores, também é muito importante incluir conectivos de conclusão
no parágrafo final da redação. Veja alguns exemplos que podem ser usados:

Assim;
Conclui-se;
Dessa forma;
Desse modo;
Diante disso;
Diante do exposto / dos fatos apresentados;
Em resumo;
Em síntese;
Nesse sentido;
Portanto;
Por conseguinte.
Mais um exemplo de uma redação nota 1000

Por fim, outra redação nota 1000 na redação do Enem 2022. Leia o texto da Juliana
Moreau, também sobre o tema: "Os desafios para a valorização de comunidades e povos
tradicionais no Brasil"

Declarado patrimônio imaterial brasileiro, o ofício das quebradeiras de coco é


exemplo da preservação de conhecimentos populares que marcam a cultura, a economia
e as relações interpessoais dos povos envolvidos. Similarmente, muitos outros grupos
tradicionais possuem saberes de extrema importância e, no entanto, não recebem o
respeito merecido, o que cria uma urgente necessidade de promover a valorização dessas
comunidades. Nesse contexto, é válido analisar como a negligência estatal e a existência
de uma visão capitalizada da natureza representam desafios para a resolução de tal
problemática.

Diante desse cenário, nota-se a inoperância governamental como fator agravante


do descaso em relação às culturas tradicionais. Para a pensadora contemporânea Djamila
Ribeiro, é preciso tirar as situações da invisibilidade para que soluções sejam encontradas,
perspectiva que demonstra a falha cometida pelo Estado, uma vez que existe uma forte
carência de conscientização popular sobre o assunto - causada pelo baixo estímulo
governamental a essas discussões, tanto nas salas de aula quanto no âmbito político. Nesse
sentido, fica evidente que, por não dar notoriedade à luta desses povos, o governo permite
o esquecimento e a minimização de seus costumes, o que gera não somente a massiva
perda cultural de um legado cultivado por gerações, mas também o prejuízo da
desestruturação econômica.

Ademais, percebe-se a influência de uma ideologia que mercantiliza o ambiente


na manutenção de tal entrave. "Para a ganância, toda natureza é insuficiente" - a frase, do
filósofo Sêneca, critica uma concepção recorrente na atual conjuntura brasileira, segundo
a qual o meio ambiente é visto como um objeto para o lucro humano. Logicamente, tal
visão mercadológica se choca com o modo de vida experienciado pelos povos
tradicionais, que vivenciam um relacionamento respeitoso e recíproco com o ecossistema,
fazendo uso de seus recursos sem fins exploratórios. Por conseguinte, as comunidades
que vivem dessa intimidade com a natureza são altamente reprimidas pelas classes que se
beneficiam do uso capitalizado e desigual do meio natural, como grandes empresas
pecuaristas, que lucram da concentração de terras e do monopólio comercial, o que exclui
- ainda mais - a população originária e resulta no declínio de sua cultura.

Portanto, cabe ao Estado - em sua função de promotor do bem-estar social -


estabelecer uma ampla fiscalização do uso comercial do meio ambiente em áreas com
maior volume de povos tradicionais, mediante a criação de mais delegacias especializadas
no setor ambiental, a fim de garantir a preservação do estilo de vida desses indivíduos.
Outrossim, é dever do Governo Federal organizar uma campanha de valorização de tais
grupos, por meio da divulgação de informativos em redes sociais e da realização de
palestras em escolas, de modo a enfatizar a contribuição socioambiental desses cidadãos,
para, assim, conscientizar a população e possibilitar a exaltação das culturas tradicionais
brasileiras.

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